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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE GOIÁS 8ª VARA PROCESSO 2003.35.00.017556-4 CLASSE 7100 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA AUTOR MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e UNIÃO RÉUS GLÁUCIA MARIA TEODORO REIS E OUTROS SENTENÇA 1. Relatório O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, em litisconsórcio com a UNIÃO, propôs ação civil pública, com pedido de antecipação de tutela, contra GLÁUCIA MARIA TEODORO REIS, KISLEU GONÇALVES FERREIRA, PEDRO PAULO ALVES DA COSTA, NICOLE MENEZES NERY, SHIRLEY DE CARVALHO SOUZA, ROSANE CAMARGO ROCHA, RONALDO SABINO PAIXÃO, MARXCILENE FERREIRA DE ABREU, MÁRCIA BEATRIZ MARCOS MACHADO e MARIANA RASSI FLEURY, visando obter a declaração de nulidade dos atos de nomeação dos requeridos, afastando-os dos cargos e funções de confiança que exercem no TRE/GO. Os REQUERENTES narram que, através dos inquéritos civis públicos nºs 1.18.000.005554/2001-01, 1.18.000.005553/2001-58 e 1.18.000.005180/2001-15, instaurados a partir de representações formuladas pelo Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário no Estado de Goiás, apurou-se que os Requeridos, atualmente exercentes de cargos em comissão ou funções de confiança no TRE/GO, são parentes de desembargadores do Tribunal de Justiça de Goiás, todos eles ex-membros do Tribunal Regional Eleitoral.

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL SEÇÃO JUDICIÁRIA … · requeridos nicole menezes nery e shirley de carvalho souza (fls. 378/387), glÁucia maria teodoro reis , pedro paulo

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PODER JUDICIÁRIOJUSTIÇA FEDERAL

SEÇÃO JUDICIÁRIA DO ESTADO DE GOIÁS8ª VARA

PROCESSO 2003.35.00.017556-4

CLASSE 7100 - AÇÃO CIVIL PÚBLICA

AUTOR MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL e UNIÃO

RÉUS GLÁUCIA MARIA TEODORO REIS E OUTROS

SENTENÇA

1. Relatório

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, em litisconsórcio com a

UNIÃO, propôs ação civil pública, com pedido de antecipação de tutela, contra

GLÁUCIA MARIA TEODORO REIS, KISLEU GONÇALVES FERREIRA, PEDRO

PAULO ALVES DA COSTA, NICOLE MENEZES NERY, SHIRLEY DE CARVALHO

SOUZA, ROSANE CAMARGO ROCHA, RONALDO SABINO PAIXÃO,

MARXCILENE FERREIRA DE ABREU, MÁRCIA BEATRIZ MARCOS MACHADO e

MARIANA RASSI FLEURY, visando obter a declaração de nulidade dos atos de

nomeação dos requeridos, afastando-os dos cargos e funções de confiança que

exercem no TRE/GO.

Os REQUERENTES narram que, através dos inquéritos civis

públicos nºs 1.18.000.005554/2001-01, 1.18.000.005553/2001-58 e

1.18.000.005180/2001-15, instaurados a partir de representações formuladas pelo

Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário no Estado de Goiás, apurou-se que os

Requeridos, atualmente exercentes de cargos em comissão ou funções de

confiança no TRE/GO, são parentes de desembargadores do Tribunal de Justiça de

Goiás, todos eles ex-membros do Tribunal Regional Eleitoral.

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Afirmam que, para burlar a expressa proibição de nomeação de

parentes para o exercício dos mencionados cargos, criou-se a praxe de os atuais

membros do TRE/GO nomearem os parentes dos desembargadores do TJ/GO

recém-egressos do TRE/GO, em detrimento dos servidores ocupantes de cargo

efetivo.

Sustentam que as reiteradas nomeações de parentes para cargos

em comissão ou funções comissionadas configuram nepotismo, violam os princípios

da impessoalidade, da isonomia, da motivação, da hierarquia sob a qual se

fundamenta o serviço público, a moralidade, bem como contrariam o disposto nos

arts. 37, I, II e V da CF/88, e os arts. 1º, 5º e 10 da Lei 9.421/96.

Com a inicial, vieram os documentos de fls. 15/247.

Deixou-se para apreciar o pedido de liminar após o contraditório

mínimo, oportunidade em que se determinou fosse oficiado o Presidente do

TRE/GO para se manifestar sobre o pedido liminar em 72 horas (fls. 249/251).

A Requerida ROSANE CAMARGO ROCHA, através da petição de

fls. 254/256, alegou que não possui laços de parentesco com o Des. João Alves da

Costa, conforme afirmado pela parte requerente, e que este nunca foi presidente do

TRE/GO. Informou, ainda, que foi regularmente requisitada junto à EMCIDEC (atual

PRODAGO) no exclusivo interesse do Serviço Eleitoral (TRE/GO), onde presta

serviços desde 1991, ininterruptamente. Pediu, ao final, sua exclusão do feito ou,

caso contrário, fosse negado o pedido de liminar, oportunizando-lhe o direito de

defesa, através de regular citação. Juntou os documentos de fls. 257/258.

O Exmo. Sr. Presidente do TRE/GO se manifestou nos seguintes

termos (fls. 266/286): a) os Requeridos RONALDO SABINO DA PAIXÃO e

MARXCILENE FERREIRA DE ABREU foram desligados desde o início de 2002 e

devolvidos aos órgãos de origem; b) os demais Requeridos são ocupantes de cargo

de provimento efetivo perante o TJ/GO, à exceção de ROSANE CAMARGO

ROCHA, servidora da PRODAGO; c) não há nenhum servidor requisitado que tenha

grau de parentesco até o 3º grau com membros integrantes do TRE/GO; d) não

subsiste o óbice de parentesco em relação às Requeridas GLÁUCIA MARIA

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TEODORO REIS, SHIRLEY DE CARVALHO SOUZA, MÁRCIA BEATRIZ MARCOS

MACHADO e MARIANA RASSI FLEURY, pois os Desembargadores indicados já se

encontram na inatividade; e) em relação aos demais Requeridos, o parentesco com

os Desembargadores indicados não é capaz de ocasionar o óbice apontado na

inicial, uma vez que não atuam como membros da Corte Eleitoral; f) em relação aos

Requeridos KISLEU GONÇALVES FERREIRA, PEDRO PAULO ALVES DA COSTA

e NICOLE MENEZES NERY, o objeto desta ação já foi motivo de questionamento

junto ao TCU, que concluiu pela legalidade das investiduras. Assevera que se

encontra ausente a fumaça do bom direito, já que estaria cumprindo a determinação

do art. 9º da Lei 10.475/2002 e que, no tocante ao perigo da demora, a retirada dos

Requeridos do quadro comprometeria a execução das atividades da Justiça

Eleitoral.

Em juízo de prelibação restou decidido o seguinte (fls. 333/344): a)

foi deferida a liminar para determinar o imediato afastamento dos servidores

GLÁUCIA MARIA TEODORO REIS, MARIANA RASSI FLEURY, NICOLE

MENEZES NERY, PEDRO PAULO ALVES DA COSTA e SHIRLEY DE CARVALHO

SOUZA; b) os servidores RONALDO SABINO DA PAIXÃO E MARXCILENE

FERREIRA DE ABREU foram excluídos da relação processual por serem partes

ilegítimas, já que devolvidos aos órgão de origem desde fevereiro/2002; c)

relativamente às servidoras ROSANE DE CAMARGO ROCHA e MÁRCIA BEATRIZ

MARCOS MACHADO, postergou-se a análise dos pedidos para momento oportuno,

após a produção de provas documentais.

Foram interpostos agravos da decisão de fls. 333/344 pelos

Requeridos NICOLE MENEZES NERY e SHIRLEY DE CARVALHO SOUZA (fls.

378/387), GLÁUCIA MARIA TEODORO REIS , PEDRO PAULO ALVES DA COSTA

e MARIANA RASSI FLEURY (fls. 388/413). Foi conferido efeito suspensivo aos

agravos (fls. 421/424).

Também o MPF agravou da decisão (fls. 605/612), tendo sido

negado efeito suspensivo ao seu recurso no juízo ad quem (fl. 615).

KISLEU GONÇALVES FERREIRA e NICOLE MENEZES NERY,através de contestação (fls. 346/363 e 425/428), alegaram: a) preliminarmente,

ilegitimidade passiva ad causam, uma vez que a ação civil pública só pode ser

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direcionada contra as pessoas que praticaram o ato lesivo ao patrimônio público, no

caso, as nomeações impugnadas; b) não foram investidos em seus cargos no

TRE/GO por força de nepotismo tácito ou disfarçado; c) ausência de ofensa ao art.

10 da Lei 9.421/96, pois, conforme esclareceu o douto Presidente do TRE/GO, “não

existe, no momento, um só servidor requisitado que tenha grau de parentesco até o

3º grau com membro da Corte”; d) a vedação trazida pelo art. 10 da Lei 9.421/96 se

restringe ao âmbito da jurisdição de cada Tribunal ou Juízo, não podendo ser

aplicada em relação a outros Tribunais, exatamente para não criar o absurdo de

vedar a possibilidade de trabalho dos filhos das autoridade públicas em qualquer

parte do país; e) se a Lei 9.421/96 pode ser aplicável para restringir a nomeação

dos Requeridos por serem parentes de membros do TJ/GO, ela também deve ser

aplicada para se admitir a exceção prevista pela própria norma para os ocupantes

de cargos efetivos; f) de acordo com entendimento firmado no STF e nos termos da

Emenda Constitucional 19/1998, os servidores ocupantes de cargo efetivo podem

ocupar funções de confiança, ainda que em outro órgão; g) é inverídica a afirmação

de que o Poder Judiciário do Estado de Goiás não tem plano de carreira e que

nunca realizou um concurso público, pois os Requeridos KISLEU GONÇALVES

FERREIRA e NICOLE MENEZES NERY foram aprovados em concurso público para

o próprio TJ/GO e a Requerida MÁRCIA BEATRIZ MARCOS MACHADO integra o

quadro do TJ/GO há mais de 20 anos; h) a competência profissional dos Requeridos

coloca o grau de parentesco em posição irrelevante para lhes credenciarem ao

exercício de cargos públicos no TRE/GO; i) inexiste nos autos prova de que a

nomeação dos REQUERIDOS deu-se em função exclusiva do nepotismo; j) o

provimento dos cargos de que trata o presente feito deve se dar por pessoas de

confiança da autoridade a que são imediatamente subordinadas, não cabendo ao

Poder Judiciário se pronunciar sobre o mérito administrativo do ato de nomeação; l)

o TRE/GO só realizou até hoje um único concurso público, sendo que a quase

maioria de seus servidores efetivos também foram enquadrados sem concurso

público; m) os atos de nomeação de servidores estaduais não interessam à UNIÃO

(art. 18 c/c 109 da CF/88); n) para o exercício dos cargos em comissão não se exige

vinculação com outro órgão público, muito menos correspondência do cargo efetivo

com o cargo comissionado; o) estão ausentes os requisitos legais para a concessão

da liminar.

Pediram, ao final, fosse acolhida a preliminar de ilegitimidade

passiva e, caso superada, fossem julgados improcedentes os pedidos.

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A Requerida SHIRLEY DE CARVALHO SOUZA, em sua

contestação, alega (fls. 431/445): a) sua ilegitimidade passiva ad causam; b) é

servidora do TRE/GO há treze anos, antes mesmo da promulgação das Leis

9.421/96 e 8.868/94, já exerceu diversas funções comissionadas, nunca exerceu

cargo em comissão e, durante alguns anos, sequer exerceu função comissionada, o

que demonstra a completa inexistência de favoritismo em virtude de parentesco; c)

acompanhou, no mais, a tese de defesa dos Requeridos KISLEU GONÇALVES

FERREIRA e NICOLE MENEZES NERY.

GLAÚCIA MARIA TEODORO REIS, PEDRO PAULO ALVES DA

COSTA, MÁRCIA BEATRIZ MARCOS MACHADO, MARIANA RASSI FLEURY e

ROSANE CAMARGO ROCHA, através de contestação (fls. 451/497), alegaram, em

preliminar: a) impropriedade da ação; b) ilegitimidade de partes no pólo ativo e no

pólo passivo; c) incompetência absoluta do Juízo Federal para o julgamento de

inconstitucionalidade de lei estadual, através de ação civil pública; d) inépcia da

inicial no que diz respeito à questão da nulidade da admissão de alguns servidores

no quadro de pessoal do TJ/GO, sem concurso público.

No mérito, faz as seguintes ponderações: a) os Requeridos não

guardam parentesco em grau proibido com qualquer membro do TRE/GO; b) os

Requeridos ocupantes de cargo em comissão (GLÁUCIA MARIA TEODORO REIS,

PEDRO PAULO ALVES DA COSTA e MÁRCIA BEATRIZ MARCOS MACHADO)

são servidores efetivos da carreira judiciária e, as ocupantes de funções

comissionadas (MARIANA RASSI e ROSANE CAMARGO), são servidoras efetivas

em seus órgãos de origem (TJ/GO e PRODAGO, respectivamente); c) a Lei

8.868/94 criou funções comissionadas no âmbito dos Tribunais Eleitorais e previu a

designação de servidores não pertencentes aos quadros de pessoal dos Tribunais

Eleitorais, até o máximo de 20%, para exerce-las, tendo tal posicionamento sido

mantido pela Lei 9.421/96; d) o TCU já se posicionou sobre a questão, tendo

afastado a idéia de nepotismo na nomeação de servidores; e) nenhuma

irregularidade contamina o ingresso dos Requeridos no TRE/GO, uma vez que

GLÁUCIA MARIA TEODORO, PEDRO ALVES DA COSTA e MÁRCIA BEATRIZ

MARCOS MACHADO foram admitidos por Portaria que os designaram para ocupar

cargos em comissão e MARIANA RASSI FLEURY e ROSANE CAMARGO ROCHA

foram requisitadas pelo TRE/GO para exercerem função comissionada, tudo em

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consonância com os arts. 5º, §3º e 12 e seus parágrafos, da Lei 8.868/94, § 1º,

do art. 9º e art. 10, da Lei 9.421/96 e incisos II e V, do art. 37, da CF/88.

Juntaram os documentos de fls. 498/543.

A UNIÃO, por intermédio da AGU, rechaçou o pedido doTRE/GO de ingresso no feito como assistente litisconsorcial em razão daausência de personalidade jurídica do referido órgão e também em virtude daposição que o TRE/GO pretende assumir no feito, contrária aos interesses daUNIÃO. Pediu fossem desentranhadas as manifestações do TRE/GO de fls.547/562 e 570/572 e salientou que aguarda intimação para oferecer réplica àscontestações (fls. 591/593). O MPF manifestou concordância com asargumentações da UNIÃO (fls. 602/603).

Na fase de produção de provas, a UNIÃO requereu a oitiva dosRequeridos, ratificou o pedido de desentranhamento das petições do TRE/GOe informou que não lhe foi oportunizada a apresentação de réplica (fls.621/622). O MPF juntou aos autos cópia do Ofício 142/2004, que noticia queas Requeridas MARIANA RASI FLEURY e WILDA ROCHA não foramadmitidas por concurso público (fls. 624/625). Posteriormente, desistiu daoitiva dos Requeridos, à exceção de ROSANE CAMARGO ROCHA (fl. 683).

O Juiz condutor do feito deu-se por suspeito para julgamentoda ação e determinou a remessa dos autos ao seu substituto legal (fl. 626).

Remetidos os autos a esta 9ª Vara, determinou-se asubstituição da capa dos autos, o desapensamento dos presentes autos doprocesso conexo (2003.35.00.017832-0), o desentranhamento da contestaçãoe petição do TRE/GO (fls. 547/567 e 570/586) e abriu-se prazo à parterequerente para apresentar réplica às contestações (fl. 629).

O MPF apresentou réplica às contestações de fls. 346/363,425/428, 431/445 e 451/497 (fls. 632/652). A UNIÃO apresentou réplica às

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contestações às fls. 684/703.

SHIRLEY DE CARVALHO SOUZA, NICOLE MENEZES NERYe KISLEU GONÇALVES FERREIRA pediram a produção de provastestemunhais, documentais e depoimento pessoal dos Requeridos (fl. 654).GLÁUCIA MARIA TEODORO REIS, PEDRO PAULO ALVES DA COSTA eMÁRCIA BEATRIZ MARCOS MACHADO juntaram cópia do pedido deexoneração dos cargos por ele exercidos e pediram o julgamento antecipadoda lide (fls. 656/664).

O MPF informou não ter outras provas a produzir e requereu

fosse oficiado ao TRE/GO para enviar comprovante de exoneração de WildaRocha (fl. 666). O TRE/GO apresentou informações acerca da situação

funcional de Wilda Rocha (fls. 673/679).

NICOLE MENEZES NERY colacionou aos autos o decreto deaposentadoria de seu pai (fls. 670/671).

Perguntadas as partes sobre a existência de outras provas aacrescer e sobre a possibilidade de conciliação (fl. 704), os Requeridos (fls.705/706) e o MPF (fl. 708) pediram o julgamento antecipado da lide. A UNIÃOpugnou pelo depoimento pessoal da Requerida ROSANE CAMARGOROCHA, a fim de esclarecer sua situação pessoal (fl. 710).

2. Fundamentação do Julgado

Não há necessidade de produzir provas em audiência, a questão doparentesco, matéria de fato que demandaria maior dilação probatória, foi admitidanos autos ou comprovada por meio documental, razão pela qual passo aojulgamento da lide (art. 330, II, do CPC)

Inicialmente, cumpre a este Juízo enfrentar as questões preliminaressuscitadas pelos requeridos nos autos.

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Legitimidade do Ministério Público Federal e adequaçãoprocessual da ação civil pública para o caso.

As preliminares de ilegitimidade ativa do MPF para propor Ação CivilPública e a inadequação do veículo processual respectivo foram suscitadas emcontestação GLAÚCIA MARIA TEODORO REIS, PEDRO PAULO ALVES DACOSTA, MÁRCIA BEATRIZ MARCOS MACHADO, MARIANA RASSI FLEURY eROSANE CAMARGO ROCHA, através de contestação (fls. 451/497).

Nos termos do art. 129, III, da Constituição Federal é funçãoinstitucional do Ministério Público "promover o inquérito civil e a ação civil pública,para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outrosinteresses difusos e coletivos”, explicitando o art. 6º, XIV, "f", da Lei Complementarnº 75/93, sua legitimidade para velar pela probidade administrativa, no caso, peladefesa da ordem jurídica alegadamente lesada em razão da nomeação irregular deparentes de membros do TJ/GO, membros ou ex-membros do TRE/GO, paraassumir cargos em comissão ou função comissionada junto à Justiça Eleitoral emGoiás.

Assim, a legitimação da parte autora para atuar em defesa dopatrimônio público é evidente (CF/88, art.129).

Por seu turno, a pertinência da ação em que se persegue adevolução de requisitados, cuja permanência em órgão da Administração PúblicaDireta se mostra ilegal, questão sujeita a controle estatal é, em tese, indiscutível.Para sua propositura, bastam indícios de prática de atos lesivos1.

Ainda, os atos administrativos de requisição que, segundo épossível inferir da petição inicial, atentaram contra os princípios da moralidade,impessoalidade, eficiência, acessibilidade aos cargos púbicos e legalidade, dentreoutros, atingiram, também, interesses diversos, que vão desde aquele consistentena expectativa de administração ótima e lisura nos pleitos conduzidos pelo TRE/GO,por parte dos cidadãos goianos em geral, em específico, dos eleitores, decandidatos potenciais a cargos eletivos até o interesse de eventuais candidatos aconcurso público para suprir as atividades dos requisitados (cuja permanênciadenota a necessidade da administração de ampliar seus quadros), ou seja, afetainteresses de um número incalculável de pessoas.

1(AG 95.01.26895-0 /GO ; AGRAVO DE INSTRUMENTO. Relator JUIZ EUSTÁQUIOSILVEIRA (205 ). Relator Convocado JUIZ REYNALDO SOARES DA FONSECA (CONV.)(2053). Órgão Julgador TERCEIRA TURMA. Publicação DJ 07 /12 /2000 P.109)

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Assim, também por este aspecto, está presente o interesse difuso,desse universo de pessoas indeterminadas e indetermináveis, o que legitima oMinistério Público à proposição da ação em questão2.

Por fim, a inteligência do art. 109, I, que trata da competência daJustiça Federal, combinada com o art. 129, III, todos artigos da Constituição e o art.6º, XII, do Estatuto do Ministério Público da União, que enumera, dentre outras, asfunções do Ministério Público Federal, assim como o artigo 5º da Lei da Ação CivilPública, Lei nº 7.347/85, leva a concluir-se pela legitimidade do MPF para propor apresente Ação Civil Pública.

Deve ser admitido, destarte, o processamento do feito.

Competência do Juízo Federal para afastar norma estadual porinconstitucionalidade declarada incidenter tantum.

GLAÚCIA MARIA TEODORO REIS, PEDRO PAULO ALVES DACOSTA, MÁRCIA BEATRIZ MARCOS MACHADO, MARIANA RASSI FLEURY eROSANE CAMARGO ROCHA, através de contestação (fls. 451/497), afirmam aimpossibilidade de o Juízo Federal decretar nulidade de ato e de lei estadual porinconstitucionalidade.

Especificamente, a preliminar volta-se contra as razões de decidirdeduzidas às fls. 333/344, em que o douto magistrado consignou ainconstitucionalidade dos atos de nomeação de alguns requeridos para os cargosefetivos junto ao Poder Judiciário Estadual e, de conseqüência, a impossibilidade deserem requisitados para ocupar funções de confiança junto ao TRE/GO.

A Constituição Federal é clara, em seu artigo 37, V, no sentido deque as funções de confiança (FCs) são exercidas exclusivamente por servidoresocupantes de cargo efetivo.

Consoante a redação desse dispositivo constitucional, com aredação que lhe foi dada pela Emenda Constitucional 19/98, o exercício de funçõesde confiança é exclusivo de servidores ocupantes de cargo efetivo no âmbito da

2(EIAC 2001.01.00.048500-4 /MG; EMBARGOS INFRINGENTES NA APELAÇÃO CÍVEL.Relator DESEMBARGADOR FEDERAL EUSTÁQUIO SILVEIRA (205). Relator ConvocadoJUIZ VELASCO NASCIMENTO (CONV.) (1831). Órgão Julgador, PRIMEIRA SEÇÃO.Publicação DJ 19 /09 /2003 P.83).

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Administração Pública, de qualquer dos poderes e de qualquer ente federado(União, estados, Distrito Federal e municípios).

Empregado público não exerce cargo efetivo, seu regime é diverso,ditado pela Consolidação das Leis Trabalhistas. Tampouco se pode considerarnessa situação o servidor que veio a ocupar o cargo público de provimento efetivosem observância da imprescindível formalidade constitucional – a prévia aprovaçãoem concurso público.

Destarte, para que se concretize a hipótese do artigo 93, I, da Lei8.112/90, imprescindível se faz, por força constitucional, que o indivíduo requisitadopara assumir função de confiança seja servidor público efetivo.

Por outro lado, a Lei nº 9.421/96, instituidora do plano de carreirados servidores do Poder Judiciário, previu no seu art. 14, § 2º, que: "Ao servidorintegrante de carreira judiciária e ao requisitado, investidos em função comissionadaé facultado optar pela remuneração de seu cargo efetivo mais setenta por cento dovalor-base da FC, fixado no Anexo IV" (grifo nosso).

O art. 15 dessa mesma Lei esclarecia: "aos servidores das carreirasjudiciárias, ocupantes de Função Comissionada, aplica-se a legislação geral deincorporação de parcela mensal da remuneração de cargo em comissão ou funçãode confiança".

Como já se disse, a expressão “carreiras judiciárias” restringe-seaos servidores efetivos do Poder Judiciário da União, Distrito Federal e Territórios,não albergando os estaduais. Também, não abrange aqueles que não sesubmeteram ao regular concurso público. Outrossim, a opção pela remuneração decargo efetivo somente pode ser exercida por quem é titular de cargo efetivo, o queafasta a possibilidade de empregados celetistas ocuparem funções comissionadasno âmbito do Judiciário Federal, especificamente, da Justiça Eleitoral.

Os suscitantes transcrevem, em sua preliminar, parecer do MinistroGilmar Ferreira Mendes, do E. STF, que afirma ser inidônea a ação civil públicacomo instrumento de controle de constitucionalidade. Trata-se de argumentaçãoretórica, haja vista tratar a argumentação acima do controle concentrado deconstitucionalidade. Não do controle difuso, incidental, que é o caso.

Como é cediço, o controle de constitucionalidade das leis (tambémde atos infralegais) pode ser feito por qualquer juiz ou tribunal, em pronunciamento

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incidente no curso de uma causa. Somente o controle via direta está reservado aórgãos jurisdicionais específicos.

Assim é que peço vênia para transcrever excerto da decisãoexarada às fls. 333/344, cujos fundamentos adoto como razões de decidir destasentença:

Como se pode detectar do cânon 37, V da CF/88, as funções de confiança devem serexercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, enquanto os cargos decomissão prescindem preenchimento por servidores de carreira. Daí, partindo da idéia queaos réus não se aplica a situação dos cargos em comissão, já que não seriam servidores decarreira do TRE/GO, conforme assevera o Ilustre Presidente daquele órgão, e testificam aspeças de fls. 287/288, naturalmente deve-se analisar a pretensão liminar unicamente sob ocrivo da ocupação de cargo efetivo pelos ora réus. Neste aspecto, indispensável partir da premissa preconizada nos preceptivos 91 e 101 daLei 8.112/90 (Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos da União), e cânon 17 da Lei10.460/88 (Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado de Goiás e de suasAutarquias), em ordem :

Art. 9º A nomeação far-se-á: I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isolado de provimento efetivo ou de carreira; II - em comissão, inclusive na condição de interino, para cargos de confiança vagos. (Redaçãodada pela Lei n1 9.527, de 10.12.97)Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em comissão ou de natureza especial poderá sernomeado para ter exercício, interinamente, em outro cargo de confiança, sem prejuízo dasatribuições do que atualmente ocupa, hipótese em que deverá optar pela remuneração de umdeles durante o período da interinidade. (Redação dada pela Lei n1 9.527, de 10.12.97)

Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende deprévia habilitação em concurso público de provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem declassificação e o prazo de sua validade. Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso e o desenvolvimento do servidor nacarreira, mediante promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do sistema decarreira na Administração Pública Federal e seus regulamentos. (Redação dada pela Lei n19.527, de 10.12.97) (Lei 8.112/90).

Art. 17 - A primeira investidura em cargo de provimento efetivo dependerá de prévia habilitaçãoem concurso público, nos termos do capítulo anterior, obedecida a ordem de classificação.@(Lei 10.460/88).

Faz-se mister, portanto, que a função de confiança seja exercida tão-só porservidores ocupantes de cargos efetivos, que, por sua vez, quer na esferaAdministrativa Estadual, quer na órbita Administrativa Federal, reclamam préviahabilitação em concurso público de provas e/ou provas e títulos. Destarte,inafastável a perscrutação de cada um dos réus para se poder, constitucional elegalmente, afirmar se os mesmos estariam investidos em cargo efetivo perante osseus órgãos de origem, o que se faz, adiante.(...)Fixadas as premissas fático-legais, apresenta-se pertinente a cognição sobre aefetivação ou não de concurso público a referendar a classificação dos réus comoocupantes de cargos de provimento efetivo. Partindo do pressuposto queGLAUCIA MARIA TEODORO REIS, NICOLE MENEZES NERY, PEDROPAULO ALVES DA COSTA foram efetivados em cargos no quadro do TJ/GOsem a devida realização de certame público (conferir os extratos dos depoimentostranscritos), intui-se que não se pode, permissa venia, enquadrá-los comopertencentes à categoria de servidores ocupantes de cargo efetivo.(...)

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Quadra notar, ainda, que não se aplicaria, concessa venia, à espécie, a orientaçãopromanada no MS 22321/MA, do STF, que alterou o entendimento do TCU sobrea matéria objeto desta, conforme excerto transcrito pelo Nobre Presidente doTRE/GO em fls. 276/280, justamente porque à época da decisão em comento aredação prevalecente no art. 37, inciso V da Lei Fundamental utilizava-se doadvérbio “preferencialmente” que, a seu turno, foi modificado com a nova redaçãoadvinda pela Emenda Constitucional n1 19/98, que substituiu o destacadovocábulo pelo advérbio “exclusivamente”.(...)Tecendo comentários sobre o perigo da demora, denota-se que, em perdurando asituação que ora se pretende expungir, ainda mais tardio será o preenchimento dosclaros que surgirão com a exclusão dos ora réus dos quadros do TRE/GO,dificultando, sobremodo, a realização oportuna, de concurso público para acolmatação dos vazios do pessoal retirado.

Assim, não se afigura de bom tom a perpetuação de situação que se toma porirregular, havendo mecanismos legais aptos a inserir nos claros os servidoresfuturamente aprovados no certame de admissão. Destaque-se, por conveniente,que a decisão em referência não fere a Resolução 21.412 do TSE, mas apenasestabelece que a requisição de servidores deve dar-se dentro dos parâmetros legaise constitucionais, o que não se evidenciou, permissa venia, para a maioria dos réusdesta ação civil pública. Da ilegitimidade passiva suscitada pelos requeridos.

KISLEU GONÇALVES FERREIRA e NICOLE MENEZES NERY (fls.346/363 e 425/428), SHIRLEY DE CARVALHO SOUZA, em sua contestação, alega(fls. 431/445), GLAÚCIA MARIA TEODORO REIS, PEDRO PAULO ALVES DACOSTA, MÁRCIA BEATRIZ MARCOS MACHADO, MARIANA RASSI FLEURY eROSANE CAMARGO ROCHA (fls. 451/497), alegaram, em preliminar ailegitimidade de partes no pólo passivo.

Quanto às preliminares de ilegitimidade passiva ad causam,suscitadas nas contestações, mister dizer que seus fundamentos se confundemcom as matérias de fato relatadas na inicial, razão pela qual a pertinência dessasquestões formais será analisada quando da apreciação das situações individuais.

Passo ao exame do mérito.

A questão central na presente demanda é saber, objetivamente,sem passionalismo, se há ou não nepotismo no e. TRE/GO.

Os diversos termos de declaração oriundos de inquérito civil públicoinstaurado pelo MPF demonstram, com suficiente clareza, que não é infreqüentehaver no TRE/GO parentesco entre servidores que ocupam Cargos Comissionadose Funções Comissionadas e Desembargadores, ex-Desembargadores do TJ/GO e,ainda, alguns Juízes de Direito.

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Para ilustrar, cito os seguintes casos: a) MARTA MENDES, FC-3,companheira do Juiz de Direito Silvio Mesquita, então membro do TRE, fl. 17; b)NILZA SOARES DE CASTRO CARNEIRO, FC-5, irmã do ex-Desembargador JoséSoares de Castro, fl. 58; SUELENE SEABRA GUIMARÃES, FC-05, irmã doDesembargador Byron Seabra Guimarães, fl. 61; SHIRLEY DE CARVALHOSOUZA, FC-05, fl. 62, filha do Desembargador José Pereira, fl. 62; ANA MARIA DESOUSA CALDAS, FC-05, sobrinha do Desembargador Aluísio Ataíde de Souza, fl.65; LUIZ ANTONIO DA VEIGA JARDIM, FC-05, sobrinho do falecidoDesembargador Jairo Domingos Ramos Jubé, fl. 67; RONALDO SABINO DAPAIXÃO, FC-05, sobrinho do Desembargador Homero Sabino de Freitas, fl. 68;MARXCILENE FERREIRA DE ABREU, FC-05, cunhada do Desembargador NoéGonçalves (ex-Presidente do TRE), fl. 72; MARIANA RASSI FLEURY, FC-04, norado ex-Desembargador Arinam da Loyola Fleury, fl. 74 e 05; PEDRO PAULO ALVESDA COSTA, FC-08, filho do Desembargador Gercino Carlos Alves da Costa, fl. 152e 213; GLÁUCIA MARIA TEODORO REIS, CJ-3, filha do Desembargadoraposentado Fenelon Teodoro, fl. 174 e 223; KISLEU GONÇALVES FERREIRA, FC-08, filho do Desembargador Noé Gonçalves, fl. 174; NICOLE MENEZES NERY, CJ-2, filha do Desembargador Antônio Nery da Silva, fl. 221; MÁRCIA BEATRIZMARCOS MACHADO, CJ-2, filha do Desembargador João Canedo, fl. 174.

De mais a mais, o TCU, no processo n. 011.336/2001-6 já teveoportunidade de acolher denúncia em desfavor do TRE/GO, visto que, a fl. 15,pontuou que "(...) Ressalte-se que, na mesma oportunidade a quese refere o item 8 desta Proposta de Decisão (Decisão n.126/2001 - TCU - Plenário), este Tribunal manifestouentendimento no sentido de que casos da espécie violam aintenção moralizadora da Lei, constituindo transgressão aoart. 10 da Lei n. 9.421/1996. No feito em análise, portanto,resta comprovada tal irregularidade nas nomeações efetivadasmediante as Portarias ns. 398/1997 (Suelena Seabra Guimarães,irmã do Desembargador Byron Seabra, do TJ/GO), 279/1999 (MariaCelestino Chaves, esposa do Desembargador Arivaldo Chaves,atual Vice-Presidente do TRE/GO e que, à época da nomeação,era do TJ/GO) E 90/2001 (Ana Maria de Sousa Caldas, sobrinhado Desembargador Aluísio Ataíde, do TJ/GO)". GRIFEI

Ora, diante de tal quadro probatório, não há como se negar aexistência de nepotismo junto ao TRE/GO, ainda que algumas ou muitas dessassituações tenham sido desconstituídas no tempo. O temor da sociedade,representada pelo MPF, está alicerçado em dados objetivos que, combinados com

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fatores do mundo empírico, recomendam uma análise minuciosa da pretensãoentabulada pelo parquet Federal, a luz da legalidade e constitucionalidade.

Para início da análise da matéria de direito em debate, mister aludirao artigo 37, II, CF, que dispõe: "A administração pública direta eindireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, doDistrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios delegalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade eeficiência e, também, ao seguinte: V- as funções de confiança,exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargoefetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos porservidores de carreira nos casos, condições e percentuaismínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições dedireção, chefia e assessoramento;". grifei

O fato é que, com assento em tal dispositivo constitucional,sobreveio a Lei 9.421/1996, a qual teve o fim de criar as carreiras dos servidores doPoder Judiciário da União, fixar os valores de sua remuneração e dar outrasprovidências.

Aliás, o artigo 1.º da referida Lei 9.421/1996 preceituou que "Ficamcriadas as carreiras de Auxiliar Judiciário, Técnico Judiciário e Analista Judiciário,nos Quadros de Pessoal do Poder Judiciário da União e do Distrito Federal eTerritórios, na forma estabelecida nesta Lei". negritei

Com vistas a por fim em nepotismo dentro do Poder Judiciário daUnião, revestindo-se de um inegável conteúdo moralizador, o artigo 10 da Lei9.421/1996 prescreveu que, verbis: "No âmbito da jurisdição de cada Tribunal ouJuízo é vedada a nomeação ou designação, para os Cargos em Comissão e para asFunções Comissionadas de que trata o art. 9.º, de cônjuge, companheiro ou parenteaté o terceiro grau, inclusive, dos respectivos membros ou juízes vinculados, salvo ade servidor ocupante de cargo de provimento efetivo das Carreiras Judiciárias, casoem que a vedação é restrita à nomeação ou designação para servir junto aoMagistrado determinante da incompatibilidade".

Ora, logo se vislumbra que é o preceptivo legal acima indicado oponto de partida para a solução da lide em tela. É crucial que se defina, portanto,seu sentido e alcance.

Salta aos olhos que o artigo 10, da Lei 9.421/1996, contém, numprimeiro plano, uma regra geral e, num segundo plano, uma exceção.

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A regra geral consiste em que no âmbito da jurisdição de cadaTribunal ou Juízo, integrante do Poder Judiciário da União, é vedada a nomeaçãoou designação, para os Cargos em Comissão e para as Funções Comissionadas deque trata o art. 9.º, de cônjuge, companheiro ou parente até o terceiro grau,inclusive, dos respectivos membros ou juízes vinculados.

A exceção, porém, consiste em que a regra geral acima enunciadasomente não se aplica nos casos de servidor ocupante de cargo de provimentoefetivo das Carreiras Judiciárias, caso em que a vedação é restrita à nomeação oudesignação para servir junto ao Magistrado determinante da incompatibilidade.

Não tenho dúvida que, quando o artigo 10, Lei 9.421/1996 fazalusão a membros ou juízes vinculados, tocante aos TRE's, projetou seu alcancetanto sobre Juízes Federais, Juízes Federais Substitutos, Desembargadores eJuízes de Direito da Justiça Comum Estadual, de uma mesma unidade federativa,estejam ou não integrando a Justiça Eleitoral, até pela peculiaridade dos TRE's,marcados pelo exercício temporário de jurisdição por parte de seus componentes(artigo121, §2º, CF).

Não se pode negar, ainda, a forte presença de Juízes eDesembargadores Estaduais em um Tribunal custeado, integralmente, pela União.Com efeito, os TRE's são compostos de dois juízes dentre os desembargadores doTribunal de Justiça; dois juízes, dentre juízes de direito escolhidos pelo Tribunal deJustiça respectivo; de um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na capital doEstado ou no Distrito Federal, ou não havendo, de um juiz federal, escolhido, emqualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; e, por fim, por nomeação,do Presidente da República, de dois juízes dentre advogados de notável saberjurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça.

O vinculo entre os TRE's e os Tribunais de Justiça é, pois,umbilicalmente estreito, já que, potencialmente, um Desembargador é, foi ou seráum futuro membro de um TRE. Isto significa que os TRE's se constituem emextensão do poder institucional de Desembargadores dos TJ's que, de modo algum,podem tirar proveito disso para favorecer este ou aquele ente querido, como ficoucopiosamente comprovado nestes autos.

As regras que regem o quadro de pessoal da União provém delaprópria, tendo que haver máxima observância quanto aos seus comandos, quepossuem forte conotação moralizadora.

Friso que este ponto-de-vista comunga com o do TCU, quando, no

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processo TC-011.336/2001-6, acolheu denúncia assentada em nepotismo contra oTRE/GO. Nesse voto, inserto a fl. 115, ficou assinalado que "(...)Embora setenha evitado a afronta direta ao comando literal da Lei n.9.421/1996, impende ponderar sobre o estreito vínculo entre osmembros dos Tribunais Eleitorais, notadamente seus dirigentesprincipais, e os membros do Tribunal de Justiça, pois,conforme é sabido, a Constituição Federal estabelece que osTribunais Regionais Eleitorais compor-se-ão de dois juízes,dentre desembargadores do Tribunal de Justiça, que serãoeleitos para a Presidência e Vice-Presidência (art. 120 daCF/1988)".

Por outro lado, já assinalei que o artigo 10 da Lei 9.421/1996 abriuuma exceção à vedação do nepotismo, quando, em sua segunda parte, pontuouque a regra geral acima enunciada somente não se aplica nos casos de servidorocupante de cargo de provimento efetivo das Carreiras Judiciárias, caso em que avedação é restrita à nomeação ou designação para servir junto ao Magistradodeterminante da incompatibilidade.

O alcance da expressão carreiras judiciárias deve cingir-se aoslindes da Lei 9.421/1996, que tratou tão-somente do Poder Judiciário da União.

Sendo assim, o provimento de cargos comissionados e funçõescomissionadas, por parte de parentes de membros ou juízes vinculados ao Tribunaissomente é excepcionado para servidor ocupante de cargo efetivo das CarreirasJudiciárias da União (Justiça do Trabalho, Eleitoral, Militar, Comum Federal,Tribunais Superiores, STF), que foram aquelas visadas pela Lei 9.421/1996.

Não se pode isolar o artigo 10 da Lei 9.421/1996, a fim de impingir-lhe interpretação alheia ao contexto normativo do qual é originário. Logo, naexpressão carreiras judiciárias não se compreendem os cargos efetivos da JustiçaEstadual. Entender o contrário seria, efetivamente, abrir as portas dos TRE's para onepotismo, ferindo-se de morte a auspiciosa finalidade legal, visto que não haveriaempecilho, por exemplo, para o filho de um Desembargador, ocupante de um cargoefetivo de motorista de um Tribunal de Justiça, ser nomeado para CargoComissionado ou Função Comissionada da mais alta envergadura de um TRE.

Não pode ser essa a finalidade (elemento teleológico) da Lei9.421/1996.

Leciona a melhor doutrina que "Por umas normas se conheceo espírito das outras. Procura-se conciliar as palavras

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antecedentes com as consequentes, e do exame das regras emconjunto deduzir o sentido de cada uma(1).". sublinhei(MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito.13.ed.SãoPaulo:Forense,1993.p.128)

Sobre hermenêutica jurídica, também não se pode olvidar deaspectos teleológicos, visto que "(...) O hermeneuta sempre terá emvista o fim da lei, o resultado que a mesma precisa atingir emsua atuação prática. A norma enfeixa um conjunto deprovidências, protetoras, julgadas necessárias para satisfazera certas exigências econômicas e sociais; será interpretada demodo que melhor corresponda àquela finalidade e assegureplenamente a tutela de interesse para qual foi redigida (6).".sublinhei (MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação doDireito.13.ed.São Paulo:Forense,1993.p.151/2)

Mudando de foco, creio que a exegese do artigo 10, da referida Lei9.421/1996 não pode esquecer os princípios da impessoalidade e moralidadeadministrativa, inseridos no artigo 37, caput, CF.

O princípio da impessoalidade foi lesado no caso em debate, já queo ato administrativo de nomeação em desalinho com o sentido e alcance do artigo10 da Lei 9.421/1996 ofende a finalidade pública que deve nortear toda atividadeadministrativa.

Por sua vez, o princípio da moralidade administrativa, que inspirou oartigo 10 da Lei 9.421/1996, é apresentado pela doutrina da seguinte forma, verbis:"Em resumo, sempre que em matéria administrativa se verificarque o comportamento da Administração ou do administrado quecom ela se relaciona juridicamente, embora em consonância coma lei, ofende a moral, os bons costumes, as regras de boaadministração, os princípios de justiça e de equidade, a idéiacomum de honestidade, estará havendo ofensa ao princípio damoralidade administrativa" (DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella,Direito Administrativo, 14ª ed: 2002 - Ed. Atlas: São Paulo,p. 79).

Com efeito, é dever de todo administrador público se atentar para ofato de que vivemos em um país marcado por profundas desigualdades sociais epara o de que toda riqueza mal distribuída deste país tem uma única fonte, ou seja,o trabalhador, o operário (expressão aqui usada despida de ranço ideológico). Aessas pessoas, não tenho dúvida, deve o administrador prestar conta de tudo aquilo

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que faz. Não é aceitável que em uma República, como a nossa, o Estado sejaapropriado e manipulado como coisa privada de alguns.

O Poder Judiciário tem tido sua imagem duramente maculadaperante a sociedade pela insistência de alguns (uma minoria, para ser justo) emmanter velhos privilégios, absolutamente incompatíveis com o estado demiserabilidade da grande maioria da população.

É, sem dúvida, em tal contexto, que deve ser vislumbrado o artigo10, da Lei 9.421/1996, que nasceu para atender a uma legitima aspiraçãomoralizante de toda a sociedade. Quem ainda não entendeu isso, certamente,aprofundou o descompasso com seu próprio tempo.

Enfatizo que essa interpretação se estende aos parentes demagistrados em atividade e inativos (aposentados), eleitorais ou não (estaduais oufederais).

Sobre esse aspecto, o legislador, preocupado com a deferênciaespecial que normal e naturalmente é dedicada aos membros inativos damagistratura por seus pares em atividade, através da Emenda Constitucional nº 45,de 8 de dezembro de 2004, fez inserir a seguinte vedação no artigo 95 daConstituição Federal:

Art. 95 (...)Parágrafo único. Aos juízes é vedado:V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes dedecorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ouexoneração;(...).

Dos autos é possível verificar a prática de nomeação para funçõesde confiança e cargos em comissão de parentes de ex-membros da Corte Eleitoral.

Como já se frisou, a prática nefasta que se pretende afastar é onepotismo, o privilégio aristocrático, decorrente do sangue, do berço, abolido pelaRepública. E não se pode admitir que seja praticado de forma indireta, pois aindaestariam violados os princípios constitucionais que ora se busca resguardar.Destarte, o desatendimento da lei por via oblíqua, mediante nomeação de parentesde membros, potenciais membros ou ex-membros do TRE/GO, para cargos emcomissão e funções de confiança, implicam burla à proibição legal.

Feita essa fundamentação, passo a tratar da situação concreta de

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cada requerido.

1) GLÁUCIA MARIA TEODORO REIS.

Foi suscitado pelo MPF que se trata de servidora pública estadual,titular do cargo de Técnico Judiciário, pertencente aos quadros do E. TJ/GO.

A requerida GLÁUCIA MARIA TEODORO REIS é filha doDesembargador aposentado FENELON TEODORO REIS – o vínculo de parentescoé confirmado pelo MM. Presidente do Tribunal Eleitoral em peça de sua lavra,juntada à fl. 271 dos autos, in verbis: “Gláucia Maria Teodoro Reis, filha doDesembargador Fenelon Teodoro Reis, já aposentado, conforme Decreto Judiciárionº 065/2002.”

O aludido magistrado exerceu suas funções como membro doTRE/GO no período de 02/09/1983 a 02/09/1984, como Presidente, e no período de1984 a 07/02/1985 como Vice-Presidente e Corregedor-Geral.

Cópia do Decreto Judiciário que veiculou o ato de aposentadoria dopai da requerida Gláucia Maria Teodoro Reis encontra-se encartada nos autos àsfls. 294.

Segundo documento de fl. 288, assinado pelo Coordenador dePessoal do TRE/GO, a servidora em questão foi requisitada em 22/02/1999 paraocupar função junto à Secretaria de Administração, Gab., da Corte Eleitoral.

Dos documentos acostados nos autos, conclui-se que a requerida éfilha de ex-membro do TRE/GO, não sendo titular de cargo efetivo de nenhuma dascarreiras judiciárias enunciadas pela Lei nº 9.241/96, incorrendo na vedação doartigo 10 do diploma legal.

Ademais, subsiste, também o obstáculo do art. 10 da Lei 9.421/96,porquanto irmã da Ilustre Juíza Eleitoral Drº. Sandra Regina Teodoro Reis comjurisdição eleitoral na segunda zona desta capital, no período de 13.08.2003 a12.08.2005 (fl. 300).

Ainda, acresço às razões de decidir, a par daquelas oraalinhadas, os fundamentos específicos deduzidos na decisão de fls. 333/344 dosautos, conforme excerto adiante transcrito:

Referente a GLAUCIA MARIA TEODORO REIS, tem-se que a destacada,conforme termo de declaração de fls. 46, afirmou que “.....no final do ano de

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1992, através de decreto do então governador Iris Resende, a CAESGO entrou emprocesso de liquidação, abrindo-se, assim, a possibilidade de que os empregadosque estivessem à disposição de outros órgãos viessem a ser enquadrados, semnecessidade de concurso público; que, nesta ocasião, a declarante foienquadrada no cargo de técnica judiciária do TJ/GO, sem precisar prestarconcurso público; que, de janeiro de 1993 a novembro de 1994, exerceu o cargode assessor especial de abastecimento alimentar, da Prefeitura de Goiânia, tendopedido demissão por discordar da forma de administrar do então prefeito; queretornou ao TJ/GO em novembro de 1998...".(...)Cogitando sobre a situação da ré GLAUCIA MARIA TEODORO REIS,vislumbra-se maior dificuldade, ainda, no aproveitamento, uma vez que não sesubmeteu a concurso público, não se podendo tolerar por infringente ao cânon 37,I, a estipulação de enquadramento a outro cargo público de órgão e Poder diverso(Executivo para o Judiciário). Ademais, subsistiria, também o obstáculo do art. 10da Lei 9.421/96, porquanto irmã da Ilustre Juíza Eleitoral Drº. Sandra ReginaTeodoro Reis com jurisdição eleitoral na segunda zona desta capital, no períodode 13.08.2003 a 12.08.2005 (fls. 300).

Ainda que não se considere o fato de essa requerida ter sidoefetivada no cargo de Técnico Judiciário, junto ao TJ/GO, sem concurso público(fl. 46), a situação jurídica de Gláucia Maria Teodoro Reis em face da AdministraçãoPública, pelo disposto nos fundamentos de direito desta sentença e nos fatos acimaverificados, já é fator suficiente e determinante de sua exoneração de cargo emcomissão ou função de confiança que ocupe perante o TRE/GO.

2) KISLEU GONÇALVES FERREIRA.

Foi suscitado e comprovado pelo MPF que se trata de servidorpúblico estadual, titular do cargo de Digitador PJ GO – PRO 403, Classe 5,Referência Base, do Grupo Processamento de Dados (requisito – 2º Grau),investido no cargo respectivo pertencente aos quadros do E. TJ/GO, pelo DecretoJudiciário nº 79, de 23/01/1997 (fl. 287).

Segundo documento de fl. 288, assinado pelo Coordenador dePessoal do TRE/GO, esse requerido foi requisitado para exercer função deAssessor – FC-8/CJ–2, junto ao Pleno do TRE/GO.

O requerido KISLEU GONÇALVES FERREIRA é filho doDesembargador aposentado NOÉ GONÇALVES FERREIRA – o vínculo deparentesco é confirmado pelo MM. Presidente do Tribunal Eleitoral, à fl. 275 dosautos.

O pai do requerido, Dr. Noé Gonçalves Ferreira, conformedocumento de fl. 304, foi nomeado pelo critério de merecimento ao cargo deDesembargador do Tribunal de Justiça de Goiás pelo Decreto Judiciário de nº 1.210,

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de 11/08/1993, a partir de 27/08/1993 até a presente data – segundo documento defl. 298 – tomou posse e entrou em exercício no dia 17/05/1988, afastou-se emlicença em 08/03/1989; reassumiu suas funções em 03/08/1989; tomou posse em11/02/1999 no cargo de Vice-Presidente e Corregedor Regional Eleitoral; em16/02/2000 tomou posse como Presidente do Tribunal Regional Eleitoral.

Dos documentos acostados nos autos, conclui-se que o requerido éfilho de ex-membro do TRE/GO, membro em atividade do TJ/GO, não sendo titularde cargo efetivo de nenhuma das carreiras judiciárias enunciadas pela Lei nº9.241/96, incorrendo na vedação do artigo 10 do diploma legal.

A situação jurídica de Kisleu Gonçalves em face da AdministraçãoPública, pelo disposto nos fundamentos de direito desta sentença e nos fatos acimaverificados, é fator suficiente e determinante de sua exoneração de cargo emcomissão ou função de confiança que ocupe perante o TRE/GO.

3) PEDRO PAULO ALVES DA COSTA.

Segundo narra e comprova o MPF, mediante documento de fl. 287, orequerido PEDRO PAULO ALVES DA COSTA é ocupante do cargo de Oficial deJustiça do Tribunal de Justiça de Goiás, conforme Decreto Judiciário nº 1.299, de30/12/1992, pertencente à Classe “X” e Referência “Base” – sendo escolaridadeexigida para o cargo o Ensino Médio (2º Grau).

O requerido foi requisitado pelo TRE/GO ao TJ/GO para desempenho deCargo em Comissão (Chefia de Cartório na Capital - FC-8/CJ02), junto à 136ª ZonaEleitoral de Goiânia (documento de fl. 288).

Pedro Paulo Alves da Costa é filho do Desembargador GERCINOCARLOS ALVES DA COSTA, informação confirmada pelo MM. Presidente doTRE/GO à fl. 275 dos autos.

Segundo informação prestada pela Secretaria de Recursos Humanos doTRE/GO, fls. 298/299, o “Excelentíssimo Sr. Desembargador Gercino Carlos Alvesda Costa exerceu os cargos de Corregedor/Vice-Presidente e Presidente desteTribunal Regional Eleitoral, nos períodos de 16/02/1998 a 10/02/1999 e 11/02/1999a 15/02/2000”.

Dos documentos acostados nos autos, conclui-se que o requerido é filho

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de ex-membro do TRE/GO, membro em atividade do TJ/GO, não sendo titular decargo efetivo de nenhuma das carreiras judiciárias enunciadas pela Lei nº 9.241/96,incorrendo na vedação do artigo 10 do diploma legal.

Ainda, acresço às razões de decidir, a par daquelas ora alinhadas, osfundamentos específicos deduzidos na decisão de fls. 333/344 dos autos, conformeexcerto adiante transcrito:

No que tange a PEDRO PAULO ALVES DA COSTA, o referido confessou emseu termo de declaração de fls. 36 que “.....assumiu o cargo de provimento emcomissão oficial de justiça do Fórum da Comarca de Goiânia, cargo que exerceuaté 1993, quando foi enquadrado no cargo de provimento efetivo de oficial dejustiça, classe X, 30 entrância, sem concurso público; que exerceu uma funçãocomissionada na Secretaria de Informática do TJ durante aproximadamente 1ano...”.(...)A circunstância de PEDRO PAULO ALVES DA COSTA e NICOLE MENEZESNERY terem adentrado mediante concurso público em cargos perante a JustiçaEstadual (Comarca de Goiânia) de 1º grau não permite concluir que sejam efetivosem cargos do quadro do TJ/GO, eis que se tratam de esferas distintas do mesmopoder (um de primeiro grau e outro de segundo), não se podendo aproveitar aaprovação em certame público de um para outro, sob pena de burla do art. 37, I daCF/88.

Ainda que não se leve em consideração fato de esse requerido tersido efetivado no cargo de Oficial de Justiça (reenquadramento) junto ao TJ/GO,sem concurso público (fl. 36), a situação jurídica de Pedro Paulo Alves da Costaem face da Administração Pública, pelo disposto nos fundamentos de direito destasentença e nos fatos acima verificados, é fator suficiente e determinante de suaexoneração de cargo em comissão ou função de confiança que ocupe perante oTRE/GO.

4) NICOLE MENEZES NERY

Segundo aduz o autor, e comprova, mediante documento de fl.287, a requerida NICOLE MENEZES NERY é servidora do Poder Judiciário Estadualde Goiás, onde ocupa o cargo de Técnico Judiciário PJ GO AJ-201, Classe 10,Referência A, para o qual se exigiu nível superior. Segundo o mesmo documento,ato de nomeação foi veiculado pelo Decreto Judiciário nº 1.477, de 29 de novembrode 1994.

A requerida foi requisitada ao TJ/GO pelo TRE/GO para oexercício de Cargo em Comissão (FC-08/CJ-02), atuando como Coordenadora deJurisprudência, Legislação e Normas da Corte Eleitoral desde 31/01/2004, como seapreende do documento de fl. 288, firmado pelo Coordenador de Pessoal do órgão.

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Nicole Menezes Nery é filha do Desembargador em atividade noTJ/GO, Dr. ANTÔNIO NERY DA SILVA, informação que se confirma a partir da peçada lavra do MM. Presidente do TRE/GO, à fl. 275.

O Desembargador Antônio Nery da Silva, segundo documentode fls. 298/299, da Secretaria de Recursos Humanos do TRE/GO, “- através doOfício nº 275/94 – TP, de 14/09/1994, DO Presidente do Tribunal de Justiça doEstado de Goiás, foi indicado para compor o Tribunal Regional Eleitoral comosuplente do Desembargador Talles Ferreira da Costa. – Mediante Ofício doPresidente do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, em 14/02/1996, foi indicadopara no próximo biênio ocupar a vaga, de Presidente, aberta do Sr. DesembargadorSebastião de Oliveira Castro Filho. – Em 16/02/1996 tomou posse nos cargos deCorregedor e Vice-Presidente, 1º Suplente do Des. Jamil Pereira de Macedo e como2º Suplente do Des. Gercino Carlos Alves da Costa. – Foi empossado no dia17/02/1997 no exercício do cargo de Presidente”.

Dos documentos acostados nos autos, conclui-se que arequerido é filha de ex-membro do TRE/GO, membro em atividade do TJ/GO, nãosendo titular de cargo efetivo de nenhuma das carreiras judiciárias enunciadaspela Lei nº 9.241/96, incorrendo na vedação do artigo 10 do diploma legal.

Extrai-se da declaração de fl. 44 que a requerida Nicole MenezesNery “(...) ingressou no Fórum de Goiânia no ano de 1988, no cargo de escreventeoficializado, para o qual prestou concurso e foi aprovada em primeiro lugar; que, noFórum trabalhou em vários cartórios cíveis e criminais, bem como na seção de apoioaos juízes e em várias áreas administrativas; que em 1992 ou 1994 salvo engano,após ser enquadrado no cargo técnica judiciária sem concurso público foi lotada noTribunal de Justiça, inicialmente no gabinete da Presidência.”

Ainda, acresço às razões de decidir, a par daquelas oraalinhadas, os fundamentos específicos deduzidos na decisão de fls. 333/344 dosautos, conforme excerto adiante transcrito:

Concernente a NICOLE MENEZES NERI, esta, no termo de declaração de fls. 44,afirmou que “... ingressou no Fórum de Goiânia no ano de 1988, no cargo deescrevente oficializado, para o qual prestou concurso e foi aprovada em primeirolugar; que, no Fórum trabalhou em vários cartórios cíveis e criminais, bem comona seção de apoio aos juízes e em várias áreas administrativas; que em 1992 ou1994 salvo engano, após ser enquadrado no cargo técnica judiciária semconcurso público foi lotada no Tribunal de Justiça, inicialmente no gabinete daPresidência...”.(...)A circunstância de PEDRO PAULO ALVES DA COSTA e NICOLE MENEZES

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NERY terem adentrado mediante concurso público em cargos perante a JustiçaEstadual (Comarca de Goiânia) de 1º grau não permite concluir que sejam efetivosem cargos do quadro do TJ/GO, eis que se tratam de esferas distintas do mesmopoder (um de primeiro grau e outro de segundo), não se podendo aproveitar aaprovação em certame público de um para outro, sob pena de burla do art. 37, I daCF/88.

Assim, ainda que se considere ter essa requerida ingressado noserviço público sem prévia aprovação em concurso público, a situação jurídicade Nicole Menezes Nery em face da Administração Pública, pelo disposto nosfundamentos de direito desta sentença e nos fatos acima verificados, é fatorsuficiente e determinante de sua exoneração de cargo em comissão ou funçãode confiança que ocupe perante o TRE/GO.

5) SHIRLEY DE CARVALHO SOUZA.

Segundo alega e comprova o Ministério Público Federal arequerida SHIRLEY DE CARVALHO SOUZA é ocupante de cargo de provimentoefetivo do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, onde ingressou em 01/03/1984,sendo que exerce, atualmente, o cargo de Auxiliar Judiciário Classe “6”, Ref. ”D” -Decreto Judiciário nº 1.477, de 29/11/1994, tendo por requisito de escolaridade o 2ºGrau.

Shirley de Carvalho Souza foi requisitada em 16/10/1990 pelaCorte Eleitoral junto ao TJ/GO, para assumir a função gratificada de CHEFE DEREGISTROS FUNCIONAIS DA Secretaria de Recursos Humanos – FC-05, como seextrai do documento emitido pela Coordenadoria de Pessoal do TRE/GO.

A requerida em questão é filha do Desembargador aposentadoJOSÉ PEREIRA DE SOUZA REIS, dado confirmado pela Presidência do TRE/GO,

O ex-Desembargador José Pereira de Souza Reis foiaposentado pelo Decreto Judiciário nº 281/2002 (documento de fl. 295), sendo queatuou como membro da Corte Eleitoral no período de 16/03/1989 a 14/03/1991,conforme informação de fl. 299, firmada pela Coordenação de Pessoal do TRE/GO.

A requerida, à fl. 163, em depoimento tomado em ICP, arequerida assevera que: “era servidora do Tribunal de Justiça de Goiás, tendo aliingressado em 1984, como contratada pelo regime da CLT, tendo sido transformadaem servidora estatutária no ano de 1988, por força da Constituição; trabalhavacomo Assistente Judiciária no TJ, na própria Assistência Judiciária e depois em vara

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criminal e vara de família, não se recordando de ter recebido Funções Gratificadasna quel Tribunal; a pedido do presidente do TRE/GO , à época, cujo nome, salvoengano, é Pedro Correia, ingressou naquele órgão em 16/10//1990, ali passando aexercer as funções de Assessora da Presidência, o que não impedia de auxiliarcomo Oficial de Gabinete e na Secretaria de Recursos Humanos (...)”

Dos documentos acostados nos autos, conclui-se que arequerida é filha de ex-membro do TRE/GO, membro aposentado do TJ/GO, nãosendo titular de cargo efetivo de nenhuma das carreiras judiciárias enunciadaspela Lei nº 9.241/96, incorrendo na vedação do artigo 10 do diploma legal.

Ainda, acresço às razões de decidir, a par daquelas ora alinhadas,os fundamentos específicos deduzidos na decisão de fls. 333/344 dos autos,conforme excerto adiante transcrito:

Em alusão à ré SHIRLEY DE CARVALHO SOUZA, convém transcreverexcerto de seu depoimento (fls. 163), onde verberou que “...era servidora doTribunal de Justiça de Goiás, tendo ali ingressado em 1984, como contratadapelo regime da CLT, tendo sido transformada em servidora estatutária no ano de1998, por força da constituição; trabalhava como assistente judiciária no TJ naprópria assistência judiciária e depois em vara criminal e em vara de família,não se recordando de ter recebido funções gratificadas naquele tribunal; apedido do presidente do TRE/GO à época (....), ingressou naquele órgão em16.10.1990, ali passado a exercer as funções de assessora da Presidência, o quenão impedia de auxiliar como oficial de gabinete e na secretaria de recursoshumanos; ....”.(...)Verberando sobre SHIRLEY DE CARVALHO SOUZA e MARIANA RASSIFLEURY, as referidas alegam a condição de estáveis no serviço público emrespeito ao art. 19 do ADCT. Porém, pelos trechos já citados supra, constata-seque entre a data da promulgação da Constituição Federal (5.10.1988) e osperíodos em que as interessadas ingressaram ou foram contratadas (1984 e7.01.1985, respectivamente), apura-se não ter transcorrido o quinquênioinafastável, dentre outros requisitos, à consolidação da estabilidade. Assim,permissa venia, não há que se falar em ocupação de cargos de provimento efetivose inviabilizada a hipótese do cânon 19 do ADCT.

Rememore-se que (a exemplo da situação do conjunto de réus pela qual iniciou-sea apreciação), para situação ora em cogitação, também se faz inarredável averificação da exteriorização ou não da efetivação pois só assim poder-se-áaquilatar a validade da requisição e nomeação objurgada nesta ação ideológica.

Assim, ainda que se considere ter essa requerida ingressado noserviço público sem prévia aprovação em concurso público, a situação jurídicade Shirley de Carvalho Souza em face da Administração Pública, pelo disposto nosfundamentos de direito desta sentença e nos fatos acima verificados, é fatorsuficiente e determinante de sua exoneração de cargo em comissão ou funçãode confiança que ocupe perante o TRE/GO.

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6) ROSANE CAMARGO ROCHA.

A requerida ROSANE DE CAMARGO ROCHA, segundo alega ecomprova o MPF, é servidora da Empresa de Processamento de Dados do Estadode Goiás – PRODAGO, ocupante do cargo de Controlador de Qualidade(documentos de fls. 226,

Ao que parece, o nome dessa requerida foi incluído no pólopassivo desse feito por uma série de equívocos, para os quais ela própriaconcorreu.

Em petição de fls. 254/256, a requerida alegou que não possuilaços de parentesco com o Des. João Alves da Costa, conforme afirmado pelo MPF.

Outrossim, este nunca foi membro do TRE/GO. Informou, ainda, que foiregularmente requisitada junto à EMCIDEC (atual PRODAGO) no exclusivointeresse do Serviço Eleitoral (TRE/GO), onde presta serviços desde 1991,ininterruptamente. Pediu, ao final, sua exclusão do feito ou, caso contrário, fossenegado o pedido de liminar, oportunizando-lhe o direito de defesa, através deregular citação. Juntou os documentos de fls. 257/258.

Consta do documento de fl. 301, em primeiro lugar, que oDesembargador JOÃO ALVES DA COSTA foi Presidente da Corte Eleitoral doTocantins, não do TRE/GO.

Não há provas nos autos de que o referido magistrado tenhaintegrado o Tribunal Eleitoral de Goiás, como membro. Sequer há provas de que oDesembargador tenha sido membro do TJ/GO ou Juiz de Direito a ele vinculado.

Por outro lado, consta do depoimento tomado no ICP, cópia à fl.165, afirmação da requerida de “que o Desembargador João Alves, ex-presidentedo TRE/GO, atualmente aposentado e, salvo engano, exercendo o cargo deSecretário de Justiça do Tocantins, foi casado com a pessoa de Dalva, que é tia dadepoente”.

Além da inconsistência verificada na declaração quanto ao cargoocupado pelo Desembargador, o próprio Dr. João Alves, em declaração de fl. 302(cópia), afirma não possuir laço de parentesco, consangüíneo ou por afinidade, coma requerida Rosane Camargo Rocha.

Não é possível afirmar, tampouco infirmar em relação à

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requerida, portanto, a existência do vínculo de parentesco legalmente vedado paraacesso a funções de confiança e cargos em comissão junto ao TRE/GO.

As judiciosas argumentações do MPF não prosperam quanto aessa requerida, pela falta de provas a sustentá-las, devendo ser a requeridaexcluída da relação processual, relativamente à qual deve ser o feito extinto, semapreciação de mérito.

7) RONALDO SABINO DA PAIXÃO.

Segundo informação prestada pelo MM. Presidente do TRE/GOàs fl.s 266/286 o Requerido RONALDO SABINO DA PAIXÃO foi desligado desde oinício de 2002 e devolvido ao órgão de origem.

Em informação prestada pela Secretaria de Recursos Humanosdo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás – fls. 289/290, constata-se que RONALDOSABINO DA PAIXÃO era servidor requisitado junto ao extinto Ministério daIntegração Regional, onde ocupava o cargo de Engenheiro, colocado à disposiçãodo Regional pela Portaria datada de 17/08/1995, oriunda do Ministério daAdministração Federal e Reforma do Estado (antigo MARE). Com a extinção do MIRo servidor passou aos quadros do DNER, tendo exercido diversas funções de chefiano Tribunal Eleitoral Assistente de Chefia da Secretaria de Administração – FC-04,Portaria 149, de 24/04/1997; Chefe da Seção do Suporte Operacional – FC-05 –Portaria 301, de 14/08/1997; Chefe da Seção de Licitações e Contratos – FC-05 -Portaria 398, de 24/11/1997; Chefe do Setor de Informações de ProcessosAdministrativos – FC-04 – Portaria 123, de 04/05/1998; Assistente de Chefia daSecretaria de Informática – FC-04 – Portaria nº 221, de 15/03/1999; Chefe da Seçãode Controle Patrimonial e Arquivo – FC-05 – Portaria 105, de 16/02/2001.

No mesmo documento consta que o “aludido servidor foidevolvido ao seu órgão de origem, conforme comunicação feita através do OF.nº 049/2002, da lavra da Presidência, com efeito a partir de 27.02.02”.

O documento é assinado pelo Coordenador de Pessoal doTRE/GO.

Não subsiste interesse processual quanto ao servidorRONALDO SABINO DA PAIXÃO, mormente considerando que não consta dospedidos formulados na inicial, a restituição de valores percebidos em situação deirregularidade. Com razão não foi inserto tal pedido, tendo em vista a

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impossibilidade fática de restauração integral do statu quo ante.

8) MARXCILENE FERREIRA DE ABREU.

Segundo informação prestada pelo MM. Presidente do TRE/GOàs fl.s 266/286 o Requerido MARXCILENE FERREIRA DE ABREU foi desligadadesde o início de 2002 e devolvida ao órgão de origem.

Em informação prestada pela Secretaria de Recursos Humanosdo Tribunal Regional Eleitoral de Goiás – fls. 292/293, constata-se queMARXCILENE FERREIRA DE ABREU era servidora requisitada junto ao Tribunal deJustiça do Estado de Goiás, onde é titular do cargo de Técnico Judiciário, colocadoà disposição do Regional pelo Decreto Judiciário nº 214, de 0903/2000. No TRE aservidora exerceu diversas funções de chefia – Chefe de Cartório da 127ª ZonaEleitoral – FC-8, atual CJ-2 – Portaria nº 185, de 09/03/2000; Chefe da Seção deControle de Juízes, Promotores, Escrivães e Chefes de Cartório – FC-05 – Portaria090, de 18/02/2002.

No mesmo documento consta que o “a servidora foi devolvidaao seu órgão de origem, com efeito a partir de 20.02.02”.

O documento é assinado pelo Coordenador de Pessoal doTRE/GO.

Não subsiste interesse processual quanto à servidoraMARXCILENE FERREIRA DE ABREU, mormente considerando que não consta dospedidos formulados na inicial, a restituição de valores percebidos em situação deirregularidade. Com razão não foi inserto tal pedido, tendo em vista aimpossibilidade fática de restauração integral do statu quo ante.

9) MÁRCIA BEATRIZ MARCOS MACHADO.

Segundo se extrai dos autos (fl. 287), a requerida MÁRCIABEATRIZ MARCOS MACHADO é titular do cargo de Técnico Judiciário PJ GO AJ-201, Classe “12”, Referência “D”, a partir do Decreto Judiciário nº 1.477,de29/11/1994.

Foi requisitada para o TRE/GO em 20/02/2002, sendo lotada naPresidência do órgão, onde ocupa FC-08/CJ-02, como Assessora, segundodocumento de fl. 288, expedido pela Coordenadoria de Pessoal da Corte.

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A requerida é filha do Desembargador aposentado JOÃOCANÊDO MACHADO, informação confirmada por peça da lavra da Presidência daCorte Eleitoral de Goiás, à fl. 271 dos autos.

Por seu turno, o ex-Desembargador João Canêdo Machado,aposentado em 06/02/2002, pelo Decreto Judiciário nº 167 (fl. 296), atuou comomembro do TRE/GO no período de 03/01/1983 a 03/09/1982 como Presidente e noperíodo de 03/09/1982 a 31/01/1983 como Corregedor Eleitoral.

Dos documentos acostados nos autos, conclui-se que arequerida é filha de ex-membro do TRE/GO, membro aposentado do TJ/GO, nãosendo titular de cargo efetivo de nenhuma das carreiras judiciárias enunciadaspela Lei nº 9.241/96, incorrendo na vedação do artigo 10 do diploma legal.

A situação jurídica de MÁRCIA BEATRIZ MARCOS MACHADOem face da Administração Pública, pelo disposto nos fundamentos de direito destasentença e nos fatos acima verificados, é fator suficiente e determinante de suaexoneração de cargo em comissão ou função de confiança que ocupe perante oTRE/GO.

10)MARIANA RASSI FLEURY.

O MPF assevera e faz prova (documento de fl. 287) de queMARIANA RASSI FLEURY é servidora do Poder Judiciário do Estado de Goiás,onde exerce o cargo de Auxiliar Judiciário Classe “6”, Ref: “B” – Decreto Judiciárionº 1.477, de 29/11/1994, cujo preenchimento exige o 2º Grau (Ensino Médio).

Segundo se extrai do documento de fl. 288, a requeridaencontra-se ocupando a função de Assistente de Chefia da Secretaria deAdministração – FC – 04, para cujo exercício foi requisitada pelo E. TRE/GO em19/02/2001.

Confirma a Presidência da Corte Eleitoral, em peça de fl. 272,que Mariana Rassi Fleury guarda para com o Desembargador aposentado Dr.ARINAN DE LOYOLA FLEURY vínculo de parentesco por afinidade, de vez que ésua nora.

O Desembargador ARINAN DE LOYOLA FLEURY tomou possee entrou em exercício como membro do TRE/GO em 21/08/1979, tendo atuadocomo Presidente no período de 26/08/1980 a 21/08/1981 (relato de fl. 273 e

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documento de fl. 299).

Repise-se que, à luz dos princípios inscritos no artigo 37, caput,da Constituição, o fato de ter-se inativado ex-membro do TRE/GO não afasta, paraseu parente, o óbice imposto pelo artigo 10 da Lei nº 9.241/96. Não há como saberse houve ou não ingerência do vínculo familiar na requisição e nomeação de pessoapara o exercício de função de confiança ou cargo em comissão. Optaram oConstituinte e o Legislador Ordinário pela vedação, em prol da supremacia dointeresse público.

Dos documentos acostados nos autos, conclui-se que arequerido é nora de ex-membro do TRE/GO, membro inativo do TJ/GO, não sendotitular de cargo efetivo de nenhuma das carreiras judiciárias enunciadas pelaLei nº 9.241/96, incorrendo, portanto, na vedação do artigo 10 do diploma legal.

Retira-se do depoimento prestado em sede de Inquérito CivilPúblico, colacionado à fl. 175, que a requerida “vinha exercendo suas funções noTJ/GO, tendo sido contratada em 07.01.1985, passando a estatutária em virtude daContituição de 1988”. Oportuno salientar que não se concretizou a hipótese deefetivação constante do artigo 19 do ADCT, pois não transcorreu, no caso, otranscurso do qüinqüênio, mostrando-se a efetivação da servidora atoinconstitucional.

Ainda, acresço às razões de decidir, a par daquelas ora alinhadas,os fundamentos específicos deduzidos na decisão de fls. 333/344 dos autos,conforme excerto adiante transcrito:

Finalmente, condizente à ré MARIANA RASSI FLEURY, há de se levar emconsideração, o termo de depoimento prestado pela mesma em pág. 175, ondealinhavou que “...antes de ingressar no TRE/GO a depoente vinha exercendo suasfunções no TJ/GO, tendo sido contratada em 07.01.1985, passando a estatutáriaem virtude da Constituição de 1988; que há seis anos vem trabalhando naSecretaria da Presidência do TJ/GO, na digitação de processos jurídicos; queingressou no TRE/GO em 19 de fevereiro do presente ano, por força exclusiva derequisição do atual Presidente desta Corte...”.(...)Verberando sobre SHIRLEY DE CARVALHO SOUZA e MARIANA RASSIFLEURY, as referidas alegam a condição de estáveis no serviço público emrespeito ao art. 19 do ADCT. Porém, pelos trechos já citados supra, constata-seque entre a data da promulgação da Constituição Federal (5.10.1988) e osperíodos em que as interessadas ingressaram ou foram contratadas (1984 e7.01.1985, respectivamente), apura-se não ter transcorrido o quinquênioinafastável, dentre outros requisitos, à consolidação da estabilidade. Assim,permissa venia, não há que se falar em ocupação de cargos de provimento efetivose inviabilizada a hipótese do cânon 19 do ADCT.

Rememore-se que (a exemplo da situação do conjunto de réus pela qual iniciou-se

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a apreciação), para situação ora em cogitação, também se faz inarredável averificação da exteriorização ou não da efetivação pois só assim poder-se-áaquilatar a validade da requisição e nomeação objurgada nesta ação ideológica.

Ainda que não se considere o fato de essa requerida ter ingressadonos quadros do TJ/GO sem submeter-se a concurso público, situação jurídica deMARIANA RASSI FLEURY em face da Administração Pública, pelo disposto nosfundamentos de direito desta sentença e nos fatos acima verificados, é fatorsuficiente e determinante de sua exoneração de cargo em comissão ou função deconfiança que ocupe perante o TRE/GO.

3. Dispositivo

Ante o exposto, decreto a extinção do processo:

1) com julgamento de mérito, com fundamento no artigo 269,I, do CPC, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO e, concedendo liminar detutela específica, como autoriza o artigo 461 e parágrafos, por fundamentosdiversos dos que motivaram a decisão de fls. :

a) DECLARO a nulidade dos atos de nomeação dos requeridosGLÁUCIA MARIA TEODORO REIS, KISLEU GONÇALVESFERREIRA, PEDRO PAULO ALVES DA COSTA, NICOLEMENEZES NERY, SHIRLEY DE CARVALHO SOUZA,MÁRCIA BEATRIZ MARCOS MACHADO e MARIANARASSI FLEURY;

b) CONDENO a UNIÃO, através do Exmo. Presidente doTribunal Regional Eleitoral do Estado de Goiás, em obrigaçãode fazer, consistente em exonerar, no prazo de 15 (quinze)dias, os requeridos GLÁUCIA MARIA TEODORO REIS,KISLEU GONÇALVES FERREIRA, PEDRO PAULO ALVESDA COSTA, NICOLE MENEZES NERY, SHIRLEY DECARVALHO SOUZA, MÁRCIA BEATRIZ MARCOSMACHADO e MARIANA RASSI FLEURY dos cargos emcomissão ou funções de confiança que exerçam perante a CorteEleitoral;

c) CONDENO a UNIÃO, através do Exmo. Presidente doTribunal Regional Eleitoral do Estado de Goiás, em obrigaçãode não fazer, consistente na vedação de novas nomeações oudesignações dos requeridos GLÁUCIA MARIA TEODOROREIS, KISLEU GONÇALVES FERREIRA, PEDRO PAULOALVES DA COSTA, NICOLE MENEZES NERY, SHIRLEYDE CARVALHO SOUZA, MÁRCIA BEATRIZ MARCOS

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MACHADO e MARIANA RASSI FLEURY para cargos emcomissão e funções comissionadas do quadro de pessoal daJustiça Eleitoral (Tribunal, Cartórios e Zonas Eleitorais), salvose vierem a ocupar, mediante concurso público, cargo deprovimento efetivo das Carreiras Judiciárias do Poder Judiciárioda União, assim definidas na Lei nº 9.241/96, caso em que avedação é restrita à nomeação ou designação para servir juntoao Magistrado determinante da incompatibilidade;

d) ESTIPULO contra o Presidente do e. Tribunal RegionalEleitoral de Goiás multa pessoal diária, no valor deR$30.000,00 (trinta mil reais), por ato que configuredescumprimento da determinação contida nas alíneas supra,devida até a sua efetiva desconstituição, limitada a trinta dias, aser recolhida em favor do Fundo de Defesa dos DireitosDifusos;

e) DETERMINO à União que adote providências administrativase judiciais contra a autoridade que, por culpa ou dolo, der causaà retribuição econômica por trabalho prestado junto ao E.TRE/GO por parte dos requeridos GLÁUCIA MARIATEODORO REIS, KISLEU GONÇALVES FERREIRA,PEDRO PAULO ALVES DA COSTA, NICOLE MENEZESNERY, SHIRLEY DE CARVALHO SOUZA, MÁRCIABEATRIZ MARCOS MACHADO e MARIANA RASSIFLEURY, tanto para fins disciplinares quanto com o objetivode exercer o direito de regresso, na forma do art. 37, § 6º, daConstituição Federal, sem prejuízo das sanções previstas na LeiPenal e na Lei de Improbidade Administrativa, salvo se aludidaspessoas vierem a ocupar, mediante concurso público, cargo deprovimento efetivo das Carreiras Judiciárias do Poder Judiciárioda União, assim definidas na Lei nº 9.241/96, caso em que avedação é restrita à nomeação ou designação para servir juntoao Magistrado determinante da incompatibilidade;

1) sem julgamento de mérito, com fundamento noartigo 267, VI, do CPC aos requeridos ROSANE CAMARGO ROCHA,RONALDO SABINO PAIXÃO e MARXCILENE FERREIRA DE ABREU,que excluo da relação processual.

Sem custas (art. 4º, da Lei n.º 9.289/96). Sem honorários (art.128, § 5º, II, a, CF).

Com urgência, para ciência do inteiro teor desta, intimem-se a União e o MPF. Notifique-se o Excelentíssimo Senhor Presidente do E.

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Tribunal Regional Eleitoral de Goiás.

Sentença sujeita ao reexame necessário.

P. R. I.

Goiânia, 11 de março de 2005.

JOÃO BOSCO COSTA SOARES DA SILVAJuiz Federal

(em substituição)