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PODER JUDICIÁRIO SÃO PAULO 17481
SÃO PAULO - CAPITAL HELY LOPES MEIRELLES
JUÍZO DE DIREITO DA 13' VARA DA FAZENDA PÚBLICA 13° OFÍCIO DA FAZENDA PÚBLICA
Viaduto Dona Paulina, 80 - Centro- São PauloISP - CEP: 01501-908 — Telefone: 3242-2333
Processo n° 583.53.2007.123342-4/000000-000 Ordem n° 1454/2007
Ação: Procedimento Ordinário (em geral) Requerente: SEBASTIANA DE ALCANTARA Requerido: ESTADO DE SÃO PAULO
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO À Procuradoria Judicial são--p ulo 2 L7 SET. 2p07
N.Y\
R OS E LY SUCENA PASTORE PROCURADORA DO ESTADO ASSISTENTE
MANDADO DE CITAÇÃO
0(A) Doutor(a) Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi Sacchi, Meritíssimo(a) Juiz(a) de Direito da 13a. Vara da Fazenda Pública da Comarca de São Paulo, Estado de São Paulo, na forma da Lei,
MANDA, a qualquer Oficial de Justiça de sua jurisdição que, em cumprimento ao presente, extraído do processo acima indicado, CITE ESTADO DE SÃO PAULO, residente(ou estabelecido) à R. Pamplona, 227, para os atos da ação proposta conforme petição por cópia em anexo, que fica fazendo parte integrante deste, e de acordo com o seguinte despacho: "Defiro a gratuidade processual. Anote-se. Cite-se e com a oportunidade da réplica tornem cls.."
Prazo: 60 (sessenta) dias p/ contestação.
ADVERTÊNCIA: Nos termos do artigo 285 do Código de Processo Civil, não sendo CONTESTADA a ação no prazo de 60 dias, presumir-se-ão verdadeiros os fatos articulados pelo(s) autor(es), ficando ainda, cientificado(s) de que as audiências desse Juízo realizam-se nesta vara, neste Fórum.
Cumpra-se, observadas as formalidades legais. São Paulo, Estado, de São Paulo, aos 13 de setembro de 2007. Eu, ,,Escrevente, digitei. Eu, (NLZA TOSHIKO YOSHITOME), Diretora, subscrevi e as-sino poYdeterminação judicial.
xá
Oficial: ANTONIO Carga: JUSTIÇA GRATUITA
ITENS 4 e 5 DO CAPÍTULO VI DAS NORMAS DE SERVIÇO DA EGRÉGIA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA, TOMO 1 4. É vedado ao oficial de justiça o recebimento de qualquer numerário diretamente da parte. 4.1. As despesas em caso de transporte e depósito de bens e outras
necessárias ao cumprimento de mandados, ressalvadas aquelas relativas à condução, serão adiantadas pela parte mediante depósito do valor indicado pelo oficial de justiça nos autos, em conta corrente á disposição do juizo. 4.2. Vencido o prazo para cumprimento de mandado sem que efetuado o depósito (4.1.). o oficial de justiça o devolvera, certificando a ocorrência. 4.3. Quando o interessado oferecer meios para o cumprimento do mandado (4.1), devera desde logo especifica-los, indicando dia. hora e local em que estarão à disposição, não havendo nesta hipótese depósito para tais diligencias. 5. A identificação do oficial de justiça, no desempenho de suas funções. será feita mediante apresentação de carteira funcional, obrigatória em todas as diligências.
ADVOCACIA XAVIER
Leopoldina de Lurdes Xavier Marcelo Martins Henrique Alcesander Xavier de Medeiros Leopoldina A Xavier de Medeiros
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO
FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SÃO PAULO
e'M
DA VARA DA
CA;vriv.",
SEBASTIANA DE ALCANTARA, brasileira, divorciada, Lácn i.ca de laboratório, nascida em 05/05/1953,
portadora da cédula de identidade PC n. 6.191.091-0 SSP/SP e
inscrita no CPP/MF sob n. 290.358.268-81, residente e
domiciliada na Rua Bonifácio de Monfierrat, 234, casa 04,
Jardim Klein, São Paulo SP, CPI? 05831-010, por seu
procurador infra-assinado, vem. respeitosamente é presença de
Vossa Excelência, ajuizar
AÇÃO ORDINÁRIA DE REPARAÇÃO POR PERDAS E DANOS
em face do ESTADO DE SÃO PAULO, o que Lar pelas razões de fato e de direito que passa a expor:
I - DO FATO
1. A autora ingressou nos quadros de servidores da ré em dezembro de 1.9/1, após aprovação em
concurso público sendo contraLada pelo regime da LC 500/74,/
para dbsempenhac as funções de Lécnica de 1aboratório junto a
Rua Capitão Gabriel, 177, sala 02, Centro, Guarulhos — SP — CEP: 07011-010, Fones: 6409-0153 — 6468-9847
ADVOCACIA XAVIER
Secretaria de Estado da Saúde no InsLituLo Adolfo Lute
Serviço de Parasitologia (Setor de Parasitoses Sistêmicas).
2. A autora sempre desempenhou adequadamente
e a contento suas funções, sem qualquer reclamação anterior por parte de seus colegas de trabalho ou superiores hierárquicos.
3. Fato é que, no início do ano de 2.003, a
autora passou a ser perseguida pela cheria, sem qualquer
justificativa aparente, oportunidade na qual passou a receber
tratamento direrenciado frente aos demais colegas.
Comprova-se a perseguição através da aplicação, de forma indevida e sem justa causa, de sanções à
autora, instauração de processo administrativo a fim de apurar
infrações disciplinares e por ter sido a autora colocado à
disposição, oportunidade na qual deixou dc desempenhar a
função de técnica. de laboratório para laborar no Setor de
Material. e PatriMnio, realizando tarefas única e
exclusivamente burocráticas, como arquivar documentos, entrega
de documentos ao diversos setores, numeração de processos, tirar copia de documentos etc.
4. Comprova-se a alegada perseguição à
autora., pela aplicação dc penalidade indevidamente, pois em
24/04/2003 fora ADVERTIDA por infringir o artigo 242 da Lei n.
10.261/68, ou seja, retirar qualquer documento ou objeto
existente no órgão sem autorização e não comparecer ao serviço
sem causa justificada no inicio do mês de abril de 2.003.
5. Ocorre que, referida penalidade é indevida, pois a autora apresentou justificativa esclarecendo os fatos, haja vista que, muito embora Lenha laborado
normalmente, a autora assim como vários outros funcionários,
por esquecimento ou mesmo faita dc hábito ou por encontrar o
local de guarda dos cartões de ponto fechado, permaneceu sem
assinalar o cartão de ponto. A autora apenas deixou de laborar
por dois dias no mês de abril de 2.003, devidamente justificados pela ausência de transporte público, em virtude
da greve de ônibus que ocorrera.
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5.1. :.sclarece-se, por oportuno, que sempre fora autorizado aos Funcionários, no final de cada mês,
preencher o cartão de ponto, assinalando os dias que estavam
abertos, com o consentimento da chefia, a qual até mesmo
deixava lembretes aos funcionários para que completassem o cartão.
Ou seja, a autora não havia faltado ao serviço, conlorme consta da penalidade que lhe fora aplicada,
laborando normalmente, exceto por dois dias, os quais foram
devidamente justificados, razão pela qual indevida se mostra a aplicação da penalidade de advertência.
6. Por outro Lado, a alegação de ter a autora retirado qualquer documento ou objeto existente no órgão sem
autorização também não procede, pois a autora não retirou
qualquer documento do órgão, razão pela qual, novamente,
mostra.-se indevida a aplicação da penalidade à autora, o que configura a perseguição sofrida.
6.1. Ocorre que, em abri[ de 2.003 a autora fora surpreendida ao verificar que seu cartão de ponto estava
riscado a caneta, sendo certo que os cartões dos demais
funcionários estavam separados e com lembretes para que fossem preenchidos.
Esciarece-se que, na oportunidade, a autora cumulava as funções de técnica de laboratório com funções de escrituraria, razão pela qual. Linha acesso as controles de
jornada dos demais funcionários e constatou o tratamento distinto recebido.
6.2. Por estranhar o tratamento distinto recebido, a autora procurou imediatamente a chefe, Sra. Márcia
a fim de apurar as razões do ocorrido. Por não localizar a
Sra. Márcia, a qual não estava laborando na oportunidade, a
autora, então, dirigiu-se até a Diretora de Divisão, Sra.
Júlia, portando as pastas com as folhas de freqüência dos
funcionários, a fim de comprovar a adoção de tratamento diferenciado.
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6.3. Ou seja, a autora não retirou qualquer
documento ou objeto existente no órgão, apenas levou ao
conhecimento da chefia que estava sendo perseguida, diante da
evidente adoção de tratamento diferenciado, razão pela qual,
novamente, tem-se por indevida a penalidade aplicada.
7. Assim é que, a autora recebeu
indevidamente a penalidade de advertência, o que comprova a
perseguição sofrida no ambiente laborai.
0. A perseguição perpetuou-se novamente,
oportunidade na qual, sem maiores justificativas, solicitou-se
que a penalidade de advertência imposta a autora fosse
convertida em Repreensão.
Ou seja, sequer havia razões para a aplicação
da penalidade de advertência imposta e mesmo assim houve-se
por bem converte-1a em REPRRPNISÃO.
9. Assim é que, em 20/05/2003 fora autuado
processo de repreensão ri. 001.0701.000.749/2003 em desfavor da
autora, por violação ao artigo 253, Capítulo VII da Lei n.
10.261/68, após o que, nos Lermos da Portaria da Diretora do
Serviço dc Parasitologia dc 26/05/2003, fora aplicada pena de
Repreensão à autora, conforme publicação do Diário Oficiai de
28/05/2003.
10. Após o recurso interposto pela autora no
referido processo administrativo, no qual se requeria a
nulidade do Leito por violação ao devido processo legal, fora
reconsiderada a aplicação da penalidade de repreensão aplicada
à autora, contudo, solicitou-se a instauração de sindicância
punitiva ou processo administrativo para apurar alguns
ilícitos administrativos imputados à autora, quais sejam:
retiradas dos documentos da Diretoria de Parasitologia- e
condução ate a Diretoria de Divisão de Biologia Médica, falta
no serviço no mês de abril de 2.003, assinatura de folha de
freqüência sobre a linha de corte feita e posse das chaves
fora do horário de serviço.
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li. Ou seja, novamente tom-se comprovada a
perseguição sofrida pela autora, haja. vista que sequer havia
justa causa à aplicação da penalidade de advertência, quanto
mais a sua conversão em repreensão. Ainda, a perseguição resta
evidente à medida em que não fora permitido à autora
apresentar defesa. Pior, insistiu-se na perseguição, com a
determinação de instauração de procedimento investigativo.
12. Isclarece-se, por oportuno, que o
processo administrativo instaurado foi devidamente arquivado,
nos termos do artigo 265, 4 3' da Lei n. 10.261/68, haja vista
não ter sido constatada a prática de qualquer infração pela
autora, razão peia qual determinou-se ainda, a regularização
da freqüência da servidora no período de 1' a 17 de abril de
2.003 e adoção das medidas para reposição dos descontos que
foram feitos e demais acertos necessários.
13. Certo é que, conforme se verifica do
processo administrafivo, a autora fora tratada distintamente
dos demais funcionários, sem -justa causa e, mais grave foi
indevida e injustamente perseguida pela chefia, com a
aplicação de sanção sem adoção dos procedimentos devidos, bem
como Leve altera a penalidade aplicada sem justificativa.
14. Impende esclarecer, por oportuno, que a
perseguição sofrida pela autora não se restringe a aplicação
de sanções e instaurações de procedimentos administrativos
investigatórios. Desde maio de 2.003 a autora [ora transferido
de função, passando a desempenhar atividades exclusivamente
burocráticas no Setor de Material e Património, como auxiliar
no almoxarifado, fato este que repercute negativamente não
apenas na vida social da autora, frente aos demais colegas de
trabalho, bem corno em sua vida profissional, haja vista que ao
deixar de desempenhar sua função habitual de técnica de
laboratório a autora fica impedida de progredir na carreira.
1.5. Ainda, em meados de 2.003 a autora fora
impedida de participar como auxiliar de pesquisa
"Características Ppidemioldgicas e Sorediagnostico das
teishmanioses Humanas peias Técnicas de imunofluerescência
indireta (iP1) e de Cnzimaimunoensalo (1LhISA) para Validação
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de Teste Diagnóstico em Laboratório de Rede Pública no Estado
de São Paulo", haja vista que [ora transferido de setor, em
decorrência da instauração do processo administrativo
investigatório em seu desfavor.
16. Latente, assim, a perseguição sofrida
pela autora em seu ambiente de trabalho, pela aplicação
indevida de sanções, pela abusividade na instauração de
processo administrativo investlgativd, bem como na alteração
de função sofrida, por caráter única e exclusivamente
perseguidor e pelo impedimento de participar de projetos,
fatos estes que causam, a toda evidência, danos à honra e
imagem da autora.
II. DO DIREITO
17. Do exposto supra tem-se que a autora fora
indevidamente perseguida em seu ambiente laborai, o que pode
ser evidenciado pelas seguintes condutas adotadas em seu
desfavor: a) aplicação de penalidades (advertência e repreensão) indevidamente e sem qualquer justificativa plausível; b) instauração de procedimento administrativo
investigaLivo sem justa causa e indevidamente (após todos os
equívocos da Administração, o qual acabou por concluir pela
ausência de qualquer conduta indevida da autora); c)
afastamento da autora do exercício de suas funções habituais
de técnica de Laboratório e determinação de desempenho de
função meramente burocrática e d) impossibilidade da autora
auxiliar em pesquisa de leishmanlose.
18. Él certo que, da leitura do procedimento
administrativo instaurado em desfavor da autora verifica-se o
nítido caráter perseguidor, haja vista o tratamento
diferenciado adotado à autora frente aos demais funcionários,
o que não se admite como conduta administrativa válida e
adequada, nos Lermos dos princípios as quais a Administração
está vinculada nos termos do artigo 37, capuL da Constituição Federal.
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a) Da aplicação das penalidades
19. Inegável que a Administração possui o
poder-dever de aplicar sanções aos funcionários, diante do
poder disciplinar do empregador.
20. Contudo, não se pode admitir que, sob
alegação de exercício do poder disciplinar a Administração
imponha sanções indevidas e abusivas, notadamente por ausência
de justa causa, com finalidade única e exclusiva de perseguir
um funcionário.
21. Ora, no caso em exame fora aplicada a
autora a penalidade de advertência e, posteriormente
convertida em repreensão, sob alegação de falta no serviço e
retirada de documento existente no órgão soro autorização.
22. Contudo, conforme oportunamente
-
▪
lstificado a autora não faltou ao serviço, apenas deixou de
"marcar o ponto", assim como diversos outros funcionários
fizeram e nenhuma atitude fora adotada contra esses.
Ainda, a autora não retirou documentos do
órgão, apenas levou as fichas de controle de presença dos
funcionários (do oitavo ou décimo andar) a fim de mostrá-las à
superior hierárquica, a fim de discutir situação concreta de
discriminação.
23. Ou seja, justificou-se .adequadamente a
inocorrência de qualquer falta disciplinar capaz de justificar
a aplicação de penalidades à autora.
29. Ocorre que, mesmo após a autora ter
justificado a inocorrência de qualquer infração disciplinar,
solicitou-se a conversão da penalidade de advertência para a
de repreensão, o que evidencia o nítido caráter persecutório
do empregador.
25. Tem-se, portanto, no caso em exame,
evidente desvio de finalidade, pois a sanção aplicada à autora
não decorre da punição de lnfrações disciplinares, as quais
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não existiram, mas deveu-se a perseguição infringida à autora por seus superiores.
26 . Não se pode admj Li r como legítima e
válida a aplicação de sanções a funcionários com nítido
caráter de perseguição, quando nenhuma :infração fora cometida,
como no caso em exame.
27. Acerca da finalidade do ato administrativo a douLriáa de Celso AnLonio Bandeira de Mellol esclarece que:
"Finalidade é o bem jurídico objetivado pelo ato. Vale dizer, é o resultado previsto legalmente como o correspondente à tipologia do ato administrativo, consistindo no alcance dos objetivos por ele comportados. Em outras palavras: é o objetivo inerente à categoria do ato. "Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei", pois o ato administrativo caracteriza-se por sua tipicidade, que é "o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder às figuras definidas previamente em lei como aptas a produzir determinado resultado", conforme ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro.
Não se pode buscar através de um dado ato a proteção de bem jurídico cuja satisfação deveria ser, em face da lei, obtida por outro tipo ou categoria de ato. Ou seja: cada ato tem a finalidade em vista da qual a lei o concebeu. Por isso, por via dele só se pode buscar a finalidade que lhe é correspondente, segundo o modelo legal. Com efeito, bem o disse Eduardo Garcia de Enterría, com a habitual proficiência, que "os poderes administrativos não são abstratos, utilizáveis para qualquer finalidade; são poderes funcionais, outorgados pelo ordenamento em vista de um fim específico, com o quê apartar-se do mesmo obscurece sua fonte de legitimidade".
Então, se o agente dispõe de competências distintas para a prática de atos distintos, não pode, sob pena de invalidade, valer-se de uma competência expressada pelo ato "x" com o fito de alcançar a finalidade "z" que deveria ser atingida por meio do ato "y"'.
28. Ou seja, não é crivei admitir que a
Administração aplique sanções disciplinares, não para
penalizar o funcionário, Mas para persegui-lo.
- i n C, Iurso de direito administrativo, 12" edição, 2" tiragem, rev. atual e ampliada. São Paulo: Malheiros editores, 2000,
p. 347/348.
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ADVOCACIA XAVIER
29. No caso cm exame, houve evidente desvio
de finalidade quando da aplicação de penalidades indevidas e
sem justa causa, conforme reconhecido na esfera administrativa, pois a sanção aplicada é apenas a concretização da perseguição infligida contra a autora.
30. Evidente, portanto, que a aplicação de
penalidades à autora somente ocorreu por um único e exclusivo
motivo, que' seja, perseguir e sancionar a autora.
b) Da necessidade de justa causa para investigações
disciplinares
31. Tem-se que no campo disciplinar, os
abusos de direito do Estado são ainda mais acentuados, eis que
inúmeros processos são instaurados genericamente e em evidente
desvio de finalidade, como forma de perseguição ao indivíduo.
32. Assim é que, para instaurar procedimento
administrativo investigetivo, necessário se faz, em atenção ao
princípio da legalidade ao qual a Administração está
vinculada, a fundamentação com a apresentação das supostas
infrações cometidas, bem como da materialidade.
33. Ressalva-se que a validade do ato investigative está vinculada com a validade das razões
apontadas, de forma que não se pode admitir como válida a
instauração de procedimento administrativo investigativo como forma de perseguir funcionários.
31. Assim é que, exige-se para a instauração
do procedimento administrativo a apresentação de justa causa,
bem como a validade desta.
35. No caso em exame, não há justa causa a
instauração do procedimento administrativo jnvestigatório em
desfavor da autora, pois sequer constou quajqüer justificativa
no processo administrativo, conforme se verifica do documento anexo.
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36. Registre-se, por oportuno, que a doutrina
já se manifestou acerca da possibilidade de instauração de
procedimento disciplinar apenas quando houver justa causa para
a investigação, vejamos2:
"Sucede que a atuação conforme a lei e o direito, retira do Estado a
ampla, geral e irrestrita discricionariedade, devendo a
Administração Pública obedecer ao princípio da segurança jurídica,
só instaurando o processo disciplinar quando estiver presente com
toda certeza e materialidade, uma justa causa para sua instauração,
sob pena de indevida invasão da privacidade do agente público."
37. Ou seja, a utilização irresponsável do
processo administrativo disciplinar, traz a figura do abuso do
direito de investigar, não mais tolerado em nosso ordenamento
jurídico pátrio, nos termos do artigo 187 do Código Civil, bem
como nas garantias constitucionais fundamentais da
invaolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da
imagem das pessoas (art. 5', X, da CV).
38. Na atual rase do direito público, onde as
constituições f xam limites e prerrogativas, não é mais licito
que o poder de investigar possa chegar à excessiva
perseguição, na tentativa de punir por punir determinada
pessoa, agente público ou autoridade, ou puni-ta por vingança,
como se afigura no caso concreto. É que a Administração não
possui "cheque em branco", capaz de preenchã-lo como bem lhe
aprouver, escolhendo este ou aquele para ser fiscalizado.
Assim, a instauração de procedimento administrativo sem que
haja um mínimo de plausibilidade de sua existência, distorce o
direito e ofende o interesse público, pois o "desvio de poder"
ou "desvio de finalidade" vicia o ato público, contaminando
sua raiz.
39. Nesse sentido, é dever da autoridade
instauradora do procedimento um juízo preliminar, mesmo em
sumaria cogolLo, onde fique caracterizado um justo motivo
2 MATTOS, Mauro Roberto Gomes de, "Necessidade de Justa Causa para a Instauração de Processo Administrativo Disciplinar. Impossibilidade do Procedimento genérico para que no curso se apure se houve ou não Falta Funcional", in Revista Ibero-Americana de Direito Público, volume IX, 1° trimestre de 2003, ed. América Jurídica, 2003, p. 176_
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lastreado por indícios ou por uma fundamentação compatível com
a imputação, sem que ela seja construída pela intelectualidade
do subscritor da peça.
40. Assim é que, para romper o prjncípio da
presunção do inocência, som que haja violações a. direitos
(infimidúde, honra, segurança juridjea e dignidade) de quem é
investigado, é necessário uma "lusfa a 1m de
possiP4 'Mar o equjjíbrio entre o dever de parir do Estado e a
preservação do direild de jntimidade e de Hbereade do suposto
infrator da norma positiva penal ou administraLiva.
41. hoge, e justa causa é e condição mínima
erigida pela norma legal, pela jurisprudência e pela doutrina
para que não ocorra uma acusação leviana e temerária, movida
por interesses que não são júrid cos, totalmente desatrelado
de provas e de fundamentos sérios_
Funciona e ■ust.a causa, então, como condição da instauração do processo administrativo
discipinar, em rUP:;ãfl da agressão ao ,s'Larus digniLatis d.o
investigado. O processo administrativo discipiJnar deverá ser
instaurado sempre que e autoridade publica l,.ver ciência de
qualquer jrrequiarjdade funcional perpetrada por agente
público. Mas esse ojência deverá vir composta por elementos
que comprovam 1:a1-ta aos deveres da função, e não uma acusação
leviana e pol1Lica, baseada em interesses escusas, como se
afigura n Caso e tela. Atiro de discriminatei-), esse tipo de
conduta merece o devido repádio por parte do direito
adminisrat1vo, que não admite iccv iot ou excesso de poder por
parte da Açminstração PnbLicá.
Co= djt bera assim como restará provada
na j nstruç processuaj, o piv)ced:bnent0 adminibtrab*vo
realizado se deu em foLá! areonta Li imagem e honra de autora,
urna vex que desprode de usta causa e legitimai-1o. Tanto é
verdade oco posteriormente for determlinado o arouibamento
Pe; aC
44. Verifica prirricir:fw=e sequer
fora expLiciLdo an condutas praticadas Pela autora que
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ensejariam violação ao artigo 253 da fel n. 10.261/68, até
mesmo porque a conduta praticada pela autora não ensejaria
violação a qualquer dispositivo legal, corno muito bem
observado pelo aparador.
45. Ora, na própria esfera administrativa
restou evidenciado a ausência de justa causa para apuração de
infração disciplinar pela autora, pois não fora apontado desde
logo quais as condutas ilícitas praticadas.
Ainda que assim não fosse, após a justificativa apresentada pela autora, quando da sua ciência
da penalidade de advertência, restou evidenciado a ausência de
qualquer infração disciplinar, razão pela qual sequer deveria
ter sido instaurado o procedimento administrativo.
46. Ademais, não se pode perder de vista que
a Administração está vinculada ao Princípio da Legalidade, ou
seja, somente pode fazer ou deixar de fazer algo mediante
expressa previsão legal.
Assim, ao apurar um ilícito ou aplicar
penalidade, deve ser observado a estrita. legalidade que
vincula a Administração, razão pela qual não se mostra
possível a instauração de qualquer procedimento disciplinar
sem que estejam devidamente justificadas suas razões, quais os
fatos a serem apurados etc., o que de fato não ocorreu no caso
em exame.
47. Como se não bastasse, a perseguição é
evidente pela conduta da Chefia que determinou a alteração da
sanção aplicável, de advertência para repreensão, a qual
ocorreu sem qualquer justificativa.
48. É certo que o procedimento investigatório
deve apurar fatos certos e determinados, o que não ocorrera no
caso em exame, pois no inicio sequer fora descrito quais as
condutas ilícitas Leriam sido praticadas, sendo as acusações
lacónicas, sem explicitar, concretamente, quais as condutas
indevidas praticadas pela autora.
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Por exemplo, cita-se o conteúdo de fl. 04- verso, oportunidade na qual se afirma ter a autora praticado
falta pela maneira desrespeitosa com que trata as superiores,
mas sem indicar, em nenhum momento, corno esta "maneira desrespeitosa" se verifica.
19. Assim é que, verifica-se que a autora
fora vítima de perseguição pelos superiores no ambiente de
trabalho, recebendo tratamento incompatível com as garantias
constitucionais e princípios administrativos, o que não pode ser admitido.
c) do afastamento das funções habituais
50. Fato é que, a autora desde maio de 2.003 fora, sem justa causa, afastada do exercício de suas funções
habituais de técnica de laboratório, passando a desempenhar-
atividades única e exclusivamente burocráticas no Setor de Material e Património.
51. Ora, ainda que se justificasse o afastamento da autora de suas funções habituais enquanto
estivesse em curso o procedimento disciplinar investigativo, o
que se admite apenas para argumentar diante da ausência de
qualquer requerimento do apurador neste sentido, fato é que,
mesmo após o arquivamento determinado pelo apurador, a autora não mais voltou a desempenhar sua antiga função.
52. Eidente, portanto, que a alteração de função da autora somente ocorreu em virtude da perseguição
sofrida no ambiente de trabalho, pois não há qualquer razão que a justifique.
53. Da mesma forma, a autora fora indevidamente impedida de auxiliar em pesquisa a ser realizada
no ambiente de trabalho, sob alegação de não mais estar lotada no Setor de Parasitologla.
54. Ora, nítido, portanto, o prejuízo funcional suportado pela autora, haja vista que por não mais
estar laborando em seu local habitua], fato este que ocorre
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sem qualquer justLEicativa, por nítida perseguição suportada
no ambiente Jaboral, fora impedjda de anxLliar em pesquisas e
teve Limitado o acesso ao crescjmento na carreira.
d) do tratamento discriminatório
55. Da leitura do procedimento administrativo
anexo, verifica-se que a autora recebe tratamento distinto dos
demais funcionários, o que somente decorre da perseguição
sofrida no ambiente laborai, haja vista que, ainda conforme se
verifica do documento anexo, sempre desempenhou sua função a
contento e de forma adequada, sem qualquer queixa.
56. Os depoimentos colhidos em sede
administrativa são uníssonos em comprovar que os funcionários
não assinam, diariamente, o cartão de ponto, por falta de
hábito, esquecimento ou mesmo por encontrarem a sala fechada.
57. Da mesma forma, os testemunhos indicam
que a chefia sempre autorixou a assinatura posterior do
"cartão de ponto-, sendo certo que em muitas oportunidades até
mesmo deixava lembretes para que não fosse esquecido.
58. Ora, se era permitido aos funcionários
que preenchessem o "cartão de ponto" posteriormente, qual a
razão de impedir, única e exclusivamente, que a autora o
fizesse?
59. Addmais, conforme se verifica do
documento de fl. 53 do processo administrativo, a freqüência
de outros funcionários restou sem anotação, mas ao que se
sabe, não fora instaurado nenhum procedimento administrativo
contra qualquer uru desses funcionários, ou sequer fora
aplicada qualquer sanção.
60. Evidencia-se, portanto, o caráter
perseguidor ao qual a autora fora submetida, pois passou a
receber tratamento distinto e dispare ao dos demais
funcionários.
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e) da responsabilidade da Administração
61. No Lermos do artigo 37, § 6° da Constituição Federal, tem-se que a responsabilidade dos entes administrativos é objetiva, ou seja, sua. caracterização prescindo do eiemenio culpa.
62. sim s respor objetiva admr. M -m com se soo adm .strar resta cauacre-r-iaca sofrer um. ano deco -nte da
_L-viddde púbi miuba não Lenna exorbitado sua e fera de ingerência, desde mexe de causali ade
63. Tem-se, portanto, presentes no caso concreto Lodos os elementos caracterizadores da responsabilidade objetiva da ré.
6l. Todavia, caso se entenda ser aplicável ao caso a responsabilidade subjetiva, em que há necessidade de
demonstração da culpa, o que se admite apenas para argumentar,
de rigor sua caracterização_ que, como dito, não havia
elementos a ensejar a aplicação de qualquer sanção à autora ou
a justificar a instauração de procedimento administrativo ou a
alteração de função, de forma que ao assim proceder, em
contrariedade aos ditames legais, atuou-se no mínimo com imprudência, em manifesto abuso e desvio de poder.
65. A conduta imputada a ré é a perseguição impetrada em desfavor da ré no ambiente laboral, haja vista
que sofrera indevida penalização, teve instaurado em seu
desfavor processo administrativo discipiinar investigativo,
fora alterada sua função habitual, o que evidencia a prática
de atos em desvio de poder ou mesmo abuso de direito da ré, em violação ao artigo 187 do Código Civil.
Ainda, resta evidenciada a conduta ilícita pela adoção de tratamento distinto entre os funcionários, haja
vista que somente a autora fora punida por conduta rotineira e admita como usual no procedimento administartivo.
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enitre o da Administração o
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66. Os danos são evidentes, pois para o homem
de bem, a simples inclusão de seu nome em procedimentos investigatórios, sem um justo motivo, é suficiente para desestabilizar a vida da sua familia e a sua própria, pois não
existe vergonha maior para quem não cometeu um ato ilícito do
que conviver com a dor de ser confundido com um infrator.
66.1. Essa dor, causada por investigações ilegais e abusivas, mutila a pessoa, que não suporta a carga negativa dessa terrível injustiça e, a posLeriori, mesmo sendo inocentadas, impinge-lhe seqüelas psicológicas pela eternidade.
67. Ainda, no caso em exame os danos ainda
restam comprovados pela impossibilidade da autora desempenhar
sua função habitual de técnica de laboratório, desempenhando
função meramente burocrática e distinta de sua qualificação
profissional, fato este que repercute negativamente perante os
demais colegas de trabalho, bem como Impede o crescimento
profissional, pois a autora fora impedida de participar como
auxiliar de pesquisa cientifica, por não mais laborar no seu setor habitual de parasitologia.
68. Ou seja, evidente os danos suportados pela autora en virtude das perseguições sofridas no ambiente laborai.
69. Por fim, o nexo de causalidade é nítido, a medida em que os danos suportados pela autora decorrem diretamente das condutas atribuídas a ré.
70. Esclarece-se, por oportuno, que não há qualquer óbice a reparação dos danos exclusivamente morais,
notadamente a partir da Constituição Lederal de 1988, quando a
reparação do dano ganhou tutela especial, elevada que foi,
expressamente, ao nível de garantia constitucional
fundamental. De fato, prescreve a Lei Maior em seu artigo 5°, incisos V e X:
"Art. 5°. ("omissis") V é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem;
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("omissis")
X— são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;"
Da mesma forma, a possibilidade de
ocorrência de dano exclusivamente moral é assegurada no
ordenamento i_nlraconsL_Lucjonal, conforme se observa da
prescrição do artigo 186 do Código Civil, verbis:
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito."
"Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes."
"Art. 927. Aquele guie, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo" (acrescentamos).
72. Assim sendo, toda lesão não patrimonial
que venha a sofrer o indivíduo que cause repercussão no seu
interior é, em Lese, passível de reparação, como se afigura no
caso em concreto.
73. Especi ri camon te acerca do dano moral
decorrente de a Los de perseguição no ambion Le de trabalho, a
jurisprudência já se manifestou reconhecendo sua ocorrência, conforme se ver i ri ca das seguintes ementas, verbis:
"DANO MORAL. INDENIZAÇÃO. O constrangimento causado pela perseguição contra o trabalhador, após este ter denunciado suas superioras hierárquicas pelo comércio irregular de material da instituição, causa inequívoco dano moral e impõe a reparação da vítima. A conduta do empregador que desborda dos limites da dignidade e pratica pessoalmente ou por seus prepostos, atos abusivos e injustos, consubstanciados em perseguições e represálias, configura procedimento vexatório e humilhante que impõe a indenização por danos morais ao trabalhador (art. 5°, inc. V, CFR/88), pois são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, direitos estes assegurados por norma de status constitucional (art. 5°, inc. X da Constituição Federal de 1988)". (TRT 2, AC 20050584256, 4" T., Rel. Des. Paulo Augusto Câmara, Rev. Carlos Roberto Husek, DOE 13/09/2005)
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"ASSÉDIO MORAL. ABUSO DE DIREITO POR PARTE DO EMPREGADOR.
Segundo a autora Marie-France Hirigoyen, o assédio moral no trabalho é qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude...) que atente, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou fpisica de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho. O assédio moral se configura pela utilização tática de ataques repetitivos sobre a figura de outrem, seja com o intuito de desestabilizá-lo emocionalmente, seja com o intuito de se conseguir alcançar determinados objetivos empresariais.
Se, por um lado, o objetivo pode ser apenas e tão somente a "perseguição" de uma pessoa específica, objetivando a sua iniciativa na saída dos quadros funcionais, pode, também, configurar o assédio moral na acirrada competição, na busca por maiores lucros, instando os empregados à venda de produtos, ou seja, a uma produção sempre maior.
O assédio ocorre pelo abuso do direito do empregador de exercer o seu poder diretivo ou disciplinar: as medias empregadas têm por único objetivo deteriorar, intencionalmente, as condições em que o trabalhador desenvolve o seu trabalho, numa desenfreada busca para atingir os objetivos empresariais. O empregado, diante da velada ameaça constante do desemprego, se vê obrigado a atingir as metas sorrateiramente lhe impostas -- ferindo o decoro profissional". (TRT 3, RO 01301-2003-011-03-00-9, T., Rel. Des. Adriana Goulart de Sena, DJMG 20/08/2004, p. 07)
71. Por rlm, é de se consignar que é pacífico o entendimento jurisprudenciai no sentido da desnecessidade da
comprovação do abalo morai sofrido, que não se pode afirmar
inexistente tão-só por faltar exteriorização, pela vítima, de
comportamento que evidencie seu sofrimento. Nesse sentido, tem-se a seguinte ementa do Egrégio super i c)r Tribunal de Justiça:
"DANOS PATRIMONIAL E MORAL — A concepção atual da doutrina orienta-se no sentido de que responsabilização do agente causador do dano moral opera-se por força do simples fato da violação (danum in re ipsa). Verificado o evento danoso, surge a necessidade da reparação, não havendo que se cogitar da prova do prejuízo, se presentes os pressupostos legais para que haja a responsabilidade civil (nexo de causalidade e culpa). Assim, o só fato de o r. acórdão guerreado ter reconhecido a perda em 30% da capacidade laborativa da recorrente, conseqüente de ato culposo atribuído à recorrida, já é bastante, por si mesmo, para se ter como
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existente a lesão moral e, por decorrência, o direito daquela a ser indenizada e desta de arrostar com o ônus da reparação." (STJ REsp 23.575 DF -- 4" - Rel. Min. Cesar Asfor Rocha — DJU 01.09.97)
75. Patente assim os danos morais causados a
autora, em função da perseguição sofrida no ambiente laboral,
com a aplicação de sanções indevidas, instauração de processo
administrativo jnvestigaterio sem justa causa, alteração de função da autora.
76. Acerca da quantificação do dano moral, tem-se que, conforme afirmado pela melhor doutrina, a dificuldade em se avaliar o dano moral puro não deve
constituir obstáculo para a indenização da dor moral. De fato,
conforme observou De Pago, citado por Rui Stoco3 :
"A dificuldade de avaliar não apaga a realidade do dano e, por conseguinte, não dispensa da obrigação de repará-lo"
77. Assim, a reparação no caso de dano moral
deve ser feita através de compensação, via indireta do dinheiro. A indenização é, pois, arbitrável, conforme prescreve o art. 1.533, do Código Civil, devendo-se observar
seu duplo objetivo: por um lado, seu caráter punitivo do
agente, a fim de desestimulá-lo da prática futura de atos
semelhantes; por outro, deve Ler um conteúdo compensatório da
dor e humilhação suportadas.
78. Nesse sentido já se manifestou nosso
Egrégio Tribunal de Justiça, como se pode observar nas seguintes ementas:
"INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ATO ILÍCITO. DANO MORAL. CONCRETIZAÇÃO DE OFENSA A UM DIREITO, APESAR DA INOCORRENCIA DE PREJUÍZO MATERIAL. RECURSO PROVIDO PARA ESSE FIM. Hoje em dia, a boa doutrina inclina-se no sentido de conferir à indenização do dano moral caráter dúplice, tanto punitivo do agente, quanto compensatório, em relação à vítima (cf. Caio Mário da Silva Pereira, "Responsabilidade Civil", ed. Forense, 1989, p.
3 Traité Élémentaire, vol. II, n. 915 .
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67). Assim, a vítima de lesão a direitos de natureza nãO patrimonial (CR, art. 5', incs. V e X) deve receber uma soma que lhe compense a dor e a humilhação sofridas, e arbitrada segundo as circunstâncias. Não deve ser fonte de enriquecimento, nem ser inexpressiva." (TJSP — C., Ap., Rel. Des. Campos Mello, j. 30.10.91 — RJTJESP 137/186-187).
"A indenização por dano moral é arbitrável mediante estimativa prudencial que leve em conta a necessidade de, com a quantia, satisfazer a dor da vítima e dissuadir, de igual e novo atentado, o autor da ofensa". (TJSP C.. Ap., Rel. Des. Cezar Peluso, j. 21.12.93 — RJTJESP 156/94 e RT 706/67).
III - DO PEDIDO
79. Diante do exposto, vem, respeitosamente,
à presença de Vossa Excelência, requerer a citação da ré para
todos os termos da inicial e, querendo, apresente a defesa que
tiver, no prazo legal, sob pena de lhe ser aplicado os efeitos
da revelia, para ao final julgar inteiramente procedente a demanda, para:
a) condenar a ré a pagar a autora, a titulo
de indenização pelos danos morais causados, a importância
correspondente a 200 (duzentos) salários mínimos, vigentes e
nacionalmente unificados, corrigidos monetariamente;
b) determinar que a autora volte a desempenhar suas funções habituais de técnica de laboratório
junto ao Setor de Parasitoses Sistêmicas, deixando de exercer
funções meramente burocráticas no Setor de Material e
Patrimônio, a tim de restabelecer o status que ante;
c) condenar a ré n.o pagamento das custas e
despesas processuais e honorários advocaticios a ser fixado em
20% (vinte por cento) da condenação e demais consectarios legais.
Requer provar o alegado por Lodos os meios
admitidos em direito, notadamente pelo depoimento pessoal da
ré, sob pena de confesso, oitivas de testemunhas, juntada de
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ldina- e Lurdes Xavier
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documentos, expeddção dc ofícios e cartas precatórias, produção de provas periciais, e tantas outras que se fizerem necessárias.
Requer-se, ainda, seja concedido a autora os
benefícios da justiça gratuita, nos Lermos do artigo 5°, LXXIV
da Constituição Vederal e da Lei n. 1.060/50, por não ter
condições de arcar com as custas e despesas processuais sem
prejuízo dos sustentos próprio e de sua família (conforme
declaração anexo). Pela concessão ao Sr. Oficial de Justiça
das benesses do artigo 172 e parágrafos do CPC.
Dá à causa o valor dc R$ 76.000,00 (setenta e seis reais).
Termos em que,
pede deferimento.
Guarulhos, 07 de agosto de 2.007
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OAB/SP 36.362
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 13' VARA DE FAZENDA PÚBLICA VIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo - SP - CEP 01501-020
SENTENÇA
Processo n°: Classe - Assunto
Requerente: Requerido:
053.07.123342-4 Procedimento Ordinário - Assunto Principal do Processo << Nenhuma informação disponível >> Sebastiana de Alcantara Estado de São Paulo
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi
VISTOS.
SEBASTIANA DE ALCÂNTARA, qualificada e
representada nos autos, ajuizou a presente Ação de Reparação por Perdas e Danos
em face do ESTADO DE SÃO PAULO. Objetiva o reconhecimento de seu direito
de retornar ao exercício de suas funções habituais de técnica de laboratório junto ao
Setor de Parasitoses Sistêmicas, deixando de exercer funções meramente
burocráticas no Setor de Material e Patrimônio. Requer, ainda, a condenação do
pólo passivo no dever de pagar-lhe, a título de indenização por danos morais, a
importância correspondente a duzentos salários mínimos.
053.07.123342-4 - lauda 1
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 13' VARA DE FAZENDA PÚBLICA VIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo - SP - CEP 01501-020
Nos termos da inicial, a autora ingressou nos quadros
de servidores da ré em dezembro de 1971, após aprovação em concurso público e
foi contratada pelo regime da Lei n° 500/74 para desempenhar as funções de técnica
de laboratório junto à Secretaria de Estado da Saúde no Instituto Adolfo Lutz —
Serviço de Parasitologia. Sempre desempenhou a contento as suas funções. No
entanto, a partir do início de 2003, passou a ser perseguida por sua chefia de sorte a
passar a receber tratamento diferenciado em relação aos demais colegas. E assim
se operou a imposição de sanções, sem justa causa, com a instauração imotivada de
processos administrativos. Ato contínuo, deixou de desempenhar suas funções de
técnica de laboratório para trabalhar no Setor de Material e Patrimônio de sorte a
realizar, exclusivamente, funções burocráticas. Mais precisamente, passou a
arquivar documentos, entregar documentos a diversos setores, proceder à
numeração de processos e extração de cópias.
A tese inicial nega a prática das infrações que
imputadas à autora — quais sejam a falta imotivada no início de abril de 2003 ou
retirada de documento ou objeto existente no órgão, sem autorização do superior
hierárquico. Após relatar o procedimento adotado, à época, para a assinatura dos
cartões de presença de todos os servidores, o pólo ativo conclui por apontar o
tratamento diferenciado que lhe foi dedicado em relação aos demais funcionários. E
ainda que se concluísse pela prática infracional, certamente deveria limitar-se à
repreensão. A autora, ainda, sustenta nulidades no processo administrativo que
veio, por sua vez, após recurso, a ser arquivado, com a deteiuiinação de
regularização da presença da autora no período compreendido entre 01 a 17 de abril
de 2003 bem como a reposição dos descontos salariais sofridos. Prossegue no
sentido de que as transferência para Setor Burocrático prejudica, inclusive, sua vida
053.07.123342-4 - lauda 2
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profissional pois impede sua progressão.
O pólo ativo sustenta a necessidade de justa causa para
investigações disciplinares e concluiu no sentido de que a mantença de seu
afastamento das funções habituais, mesmo após arquivado o processo
investigatório, revela caráter abusivo.
A petição inicial veio acompanhada pelos documentos
de folhas 23/160.
Defesa na modalidade de contestação a folhas 166/173.
Não suscitou preliminar. Destacou-se que a apreciação da justiça do ato
administrativo é matéria afeta à discricionariedade — para o qual não pode se
direcionar a revisão pelo Poder Judiciário. Apontou-se, ainda, para o fato de que as
irregularidades indicadas foram regularizadas pela própria Administração de forma
que, para o pedido indenizatório, inexiste amparo jurídico.
A autora replicou a folhas 176/186.
O processo foi saneado a folhas 194/195, oportunidade
em que restou deferida a produção de prova testemunhal e a juntada de cópia do
processo administrativo.
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Foram ouvidas três testemunhas arroladas pela autora.
Por fim, as partes pronunciaram-se por memoriais.
Do essencial, o relatório.
FUNDAMENTO E DECIDO.
Cuida-se de ação de indenização por danos morais
promovida por servidora que integra os quadros da Secretaria de Estado da Saúde,
lotada no Instituto Adolfo Lutz, que, por motivos pessoais de perseguição
perpetrada por sua chefia imediata, vê-se, ainda, penalizada pela impossibilidade de
dar continuidade ao exercício de suas funções de técnica de laboratório para
atender a trabalhos de caráter meramente burocrático em setor diverso. Labora-se,
nestes autos, pela condenação da ré no dever de reconduzir a autora às funções para
as quais foi, efetivamente, contratada.
Porquanto não suscitadas preliminares, passo à análise
imediata do mérito.
Prospera a pretensão inicial.
Tem-se por incontroverso que a autora integra os
quadros da Secretaria da Saúde desde 1971 e sua formação é Técnica de
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 13a VARA DE FAZENDA PÚBLICA VIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo - SP - CEP 0L501-020
Laboratório (folhas 71).
Incontroverso, ainda, que desde seu ingresso para a
Secretaria da Saúde, a mesma sempre exerceu suas funções no Laboratório até idos
de 2003, totalizando 31 anos de efetivo exercício (74). A partir de abril de 2003,
por alegada perseguição perpetrada por sua chefe superior, a autora foi transferida
para setor diverso onde executa serviços de caráter extremamente burocrático,
como numeração de folhas, extração de cópias, armazenamento e entrega de 'O
documentos, dentre outros.
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À autora foi imputada a prática das seguintes infrações: • á
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a) Retirada de documento ou objeto existente no órgão em que trabalhava, sem o c\J - up
• ° autorização; 2 O O)
J <s b) Falta injustificada ao serviço. o_
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Por estas duas infrações, a autora foi penalizada, > CL
primeiramente, com advertência conforme se extrai do teor de folhas 28, em <
24.04.2003. -
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ciJ < cr) cc
g- 5
Em 25.04.2003, a autora, de próprio punho, externou 0_, o .
seu inconfon iismo com a penalidade imposta - oportunidade em que infoimou que e r e E 2 To o
a falta decorreu da greve de ônibus, destacou o procedimento adotado por todos os a 2 -(5 ei o
servidores do setor em relação à assinatura do cartão de ponto e explicou os -0 ,,J .a> c - • ai ,, motivos que a levaram a retirar do setor competente, para análise, os documentos ol O d (xl o ca E a) o P uà 053.07.123342-4 - lauda 5 2 2 O 15_ ,.. C) ,A a) LIJ Cr)
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 13' VARA DE FAZENDA PÚBLICA VIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo - SP - CEP 01501-020
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atrelados ao ponto dos demais funcionários, para motivar a tese de tratamento
diferenciado.
Veja-se que, a folhas 30, a Diretora de Divisão de
Biologia Médica, quando do pedido de adoção de providências para que a
advertência feita à autora fosse efetivada, sugere a sua respectiva substituição por
repreensão. E assim manteve sua decisão, mesmo após orientada quanto à
necessidade de a pena de repreensão ser feita por escrito (folhas 31). E a pena de
repreensão veio a ser averbada conforme folhas 33. Por certo que esta penalidade
de repreensão foi imposta, de início, com desprezo ao
princípio da ampla defesa.
Contra esta penalidade, a autora manifestou-se e em
setembro de 2003, adveio a decisão de folhas 45 que, após reconhecer
irregularidade no trâmite processual, reconsiderou-se a pena de repreensão e
determinou-se a instauração de sindicância para apuração de quatro infrações, quais
sejam:
a) Retirada, no dia 22.04.2003, de duas pastas contendo todas as folhas de
freqüência dos funcionários da Seção de Parasitoses Sistêmicas que se
encontrava na sala da Diretoria de Serviço de Parasitoses Sistêmicas que se
encontrava na sala da Diretoria;
b) Falta ao serviço nos dias 01 a 17 de abril de 2003 por motivo não justificado
em papeleta adequada;
c) Assinatura em 22.04.2003 na folha de freqüência referente aos dias 03.04,
04.04, 11.04 e 22.04 sobre a linha de corte feita pela Diretoria;
053.07.123342-4 - lauda 6
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d) Posse das chaves da Seção fora do horário de serviço, nos dias 03.04, 04.04,
11.04 e 22.04, sem o consentimento da Chefia Imediata ou Mediata.
Instaurados os autos para apuração preliminar,
constatou-se a retificação das falhas anteriores, de sorte que restou reservada a
oportunidade de a autora exercer seu direito à ampla defesa.
Ao longo do processo administrativo, foram sendo
esclarecidas as imputações feitas à autora. A sra. Diretora, por exemplo, ao apontar
a não justificativa das faltas nos dias 01 a 17.04, elencou alguns dos dias neste
período em que a autora permaneceu com as chaves — o que continuou o desacerto
da imputação de que houve, efetivamente, falta ao serviço. Aliás, a mesma Sra.
Diretora ratificou, a folhas 47, que a autora justificou suas faltas, verbalmente, no
período compreendido entre 01 a 17.04.2003.
Por outro lado, restou fartamente comprovado que era
habitual os servidores assinarem o ponto depois de alguns dias de trabalho. A
assinatura diária do controle de presença não era hábito entre todos os servidores do
setor. É o que se extrai da leitura do depoimento das testemunhas ouvidas a folhas
209/214:
"Via de regra, o livro de ponto tem que ser assinado diariamente. Só que, na
prática, nós costumávamos a assinar só de final de mês. Nenhum funcionário foi
punido por não assinar o ponto".
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Quanto à assinatura da autora sobre linha de corte de
freqüência fill iada pela sua chefia, resta por concluir no sentido de que a autora
esteve, sim, presente. E quanto aos dias de ausência, justificou verbalmente à sua
chefia.
Veja-se a folhas 210 que a testemunha Maria Lúcia foi
clara quanto ao fato de que "No dia em que o ponto de Sebastiana foi riscad,ela
esteve presente no serviço, pois tínhamos muita coisa para fazer. Saímos,
inclusive, as 19 horas".
Nem mesmo a posse das chaves de determinado setor,
sem o consentimento da Chefia, restou configurada para fins disciplinares.
Como bem expresso a folhas 118 "essa atitude da servidora Sebastiana de
Alcântara Lopes não infringiu qualquer norma regulamentar, não causou
prejuízo ao serviço e foi praticada no único intuito de esclarecer situação pessoal
de seu interesse, além de ter sido praticada depois de procurar por seu superior
imediato, no caso, a Diretora do Serviço de Parasitologia (...) A posse da chave
da Seção, no estrito temo necessário para se locomover até a Portaria e vice-versa
não constitui infração, além de ser prática usual, conforme consta de
depoimentos prestados".
E por não restar caracterizada infração disciplinar, tem-
se por certo que ao fim do procedimento administrativo restou configurada a
ausência de infração com a imposição do dever de serem regularizados a frequência
da autora bem como o pagamento dos valores pertinentes à diferença de Prêmio de
Incentivo, férias, auxílio transporte e vale refeição da autora.
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O tratamento diferenciado conferido à autora em
relação aos demais funcionários restou patente ao longo da instrução.
E esta hostilidade, igualmente, é ratificada pelo teor do
depoimento das testemunhas ouvidas sob o pálio do contraditório.
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A desproporcionalidade da conduta de Márcia em face CO cn
da postura da autora revela-se incompatível, inclusive, com suas funções de Qci
Direção. Leia-se, a propósito, o teor lançado ainda a folhas 209, no sentido de que Q _
"nesse mesmo dia, Márcia abriu o armário de Sebastiana no banheiro e tirou as o 0 0
coisas dela de lá. Colocou em duas caixas e as levou para o corredor, sem avisar l-t)
a Sebastiana". E foi a testemunha Maria Lúcia — contra a qual não há qualquer -6 o O
elemento indicativo a desabonar a credibilidade de seu depoimento — que cuidou de õi 9- u) ou o 5 ,j O c'"" c 0-
053.07.123342-4 - lauda 9
A folhas 209 tem-se a indicação de que se a diretora
Márcia se invoca com algum funcionário, nem Deus consegue controlar suas
perseguições.
E com este perfil, restou clara sua perseguição em
desfavor da autora. Comportamento hostil que, após a transferência imotivada da
autora para Setor de Vendas e Compras, vedou qualquer permissão de a autora
"aparecer" no andar e nem mesmo no Setor para o qual se dedicou anos e anos a
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pegar os pertences da autora e guardá-los para que os mesmos não
desaparecessem. Infoima-se, ainda, que "Márcia era mais rude com Sebastiana do
que com relação aos demais funcionários e que ela perseguia a autora".
A folhas 211/212, a testemunha Rosângela foi 'clara
quanto ao fato de que "uns três ou quatro anos antes da mudança de setor de
Sebastiana, começou a surgir um clima diferenciado entre a diretora Márcia e a
autora. Foi algo ligado à necessidade de desocupação de armários (..) para
organizar o almoxarifado (para o qual a autora trabalhava voluntariamente). A
partir de então, Márcia dispensava um tratamento à Sebastiana. A proibição feita
à autora de comparecer ao Setor, ou mesmo ao andar onde, por tantos anos
trabalhou, subscrita pela Diretora, restou confirmada, igualmente, por esta
testemunha.
A gravidade e desproporcionalidade de conduta da Sra
Márcia, em desfavor de sua subordinada Sebastiana, é evidenciada no relatório
lançado pelas testemunhas em torno de uma reunião convocada pela Diretora
Márcia, com todos os funcionários, na qual Sebastiana foi acusada de roubo de
documentos por Mcircia.Desta reunião participou Sebastiana e foi um ato típico
de coação, praticado por Márcia contra Sebastiana perante os demais (..) Houve
também uma determinação de Márcia para arrombamento do armário pessoal
utilizado por Sebastiana. Foram chamados por ela, funcionários que
arrombaram o armário e retiraram os objetos pessoais de Sebastiana, colocando-
os em duas caixas, sem que à autora tivesse sido dada oportunidade de verificar
se faltava alguma coisa, melhor ainda, de ela própria guardar os seus pertences.
Em virtude da proibição de Márcia para que Sebastiana andasse no nosso andar,
faz cinco anos que Sebastiana não pode buscar essas caixas com seus pertences
053.07.123342-4 - lauda 10
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES EP VARA DE FAZENDA PUBLICA VIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo - SP - CEP 01501-020
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quais pudesse "se invocar", colheram-se indícios, ou mesmo prova indicativas de < a_ 8a> up cn
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Como dar abrigo a uma acusação pública, em local de < —1 —a
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trabalho, na presença dos mais de vinte e dois funcionários de um mesmo setor, no CL a co
sentido de que a autora teria roubado documentos? A exposição de uma condição (n
delinqüente, sem condenação criminal com trânsito em julgado, atenta contra 2 3 o
garantia constitucional fundamental. E o Poder Público está vinculado não apenas -E- O
à legalidade formal mas à juridicidade — conceito mais abrangente que inclui a E Q) u,
ru própria Constituição Federal. —
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053.07.123342-4 - lauda 11
Em relação à autora foram trazidas infoilliações de
cunho exclusivamente favoráveis ao se perfil profissional. Desde a dedicação
satisfatória às suas funções, ao seu perfil de coleguismo, à sua dedicação inclusive
voluntária para com outros setores (como almoxarifado), à sua credibilidade que a
fez digna de trabalhar no setor de compras e, inclusive, de subordinação para quem
não mais exercia, sobre ela, o poder de chefia. Veja-se que, mesmo transcorridos
mais de cinco anos da determinação, o tom da proibição de se dirigir ao Setor e
mesmo ao andar faz-se tão alto que a autora sequer foi buscar seus pertences
pessoais.
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 13a VARA DE FAZENDA PÚBLICA VIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo - SP - CEP 01501-020
A founa diferenciada do tratamento dado à autora, por
parte de seus sua Chefia, pelo conjunto de provas carreadas aos autos, revelou-se
inadequado e sem supedâneo. Firmou-se em nota intrínseca da Sra. Diretora.
Por que admitir que todos os servidores assinem seu
ponto no final do mês e, de forma repentina, desigualar uma funcionária com atos
trajados de efetiva implicância? 0
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Ausentes os motivos que justificariam o tratamento 0
diferenciado. Iguais foram tratados de forma desigual - o que é ofensivo ao .0 o
princípio isonâmico que a Constituição consagra e que é inerente ao regime
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Imotivada a discriminação que se funda em questões < a_ o w w o_
pessoais como no caso dos autos. E a verificação desta postura é passível de o ,, -J
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avaliação pelo Poder Judiciário, sem afronta ao disposto pelo artigo 2°, da o_ O O-
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Constituição Federal mas em atenção à garantia de princípios basilares como o da > <
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Desta conclusão tem-se que a mudança da autora para 2 E- 5 :2
setor diverso decorreu de ato imotivado. Não tende às necessidades do Setor a) ia `E o
original - que reclama mão de obra especializada. Nem às da autora - que deixa de a.) E ol <11. ') ..C7) 2
exercer as funções próprias de sua formação e para a qual veio a ser contratada. -5 0J o .3 -0 c Não consta dos autos qualquer elemento indicativo no sentido de que tenha c - ,7, . -E
decorrido da necessidade do próprio serviço público. Por conseqüência, reclama ,c5 5 ,j o 5 -C c=
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retificação.
Por fim, resta por fixar o valor dos danos morais cuja
ocorrência restou comprovada.
Por certo que a dor do vexame, do tratamento
diferenciado, da agressividade imotivada, é imensurável. E a indenização a ser
fixada não é suficiente para, a ela, fazer frente. Espera-se, apenas, que esta
indenização tenha o cunho, acima de tudo, inibitório, em prol de situações futuras.
Inexistentes parâmetros legais para o arbitramento do
valor da reparação do dano moral, pela equidade e razoabilidade, entende-e por
satisfatório fixá-lo em R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais).
Feitas essas considerações e por tudo o mais que dos
autos consta, JULGO PROCEDENTE o pedido deduzido por SEBATIANA DE
ALCÂNTARA nestes autos da Ação Ordinária promovida em face do ESTADO
DE SÃO PAULO, nos termos do artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil,
para:
a) CONDENAR a ré no dever de reconduzir ao Setor de Origem para regular
exercício das funções de técnica de laboratório junto ao Setor de Parasitoses
Sistêmicas do Instituto Adolfo Lutz, para as quais foi contratada;
b) CONDENAR a ré no dever de indenizar a autora pelos danos morais
sofridos, em quantia que arbitro de fornia fixa em R$35.000,00 (trinta e
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cinco mil reais), atualizáveis a partir da data da publicação desta sentença,
pelos índices expressos na Tabela Prática emitida pelo Tribunal de Justiça
para atualização dos débitos judiciais;
c) CONDENAR a ré no dever de pagar as custas, despesas processuais
comprovadas e honorários advocatícios que arbitro em 1% sobre o valor
atualizado da condenação.
Sentença sujeita ao reexame necessário.
P.R.I.C.
São Paulo, 18 de fevereiro de 2010.
MARIA GABRIELLA PAVLÓPOULOS SPAOLONZI Juíza de Direito
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2011.0000064069
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Reexame Necessário n° 0123342-45.2007.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é apelante/apelado SEBASTIANA DE ALCÂNTARA e Apelante JUÍZO EX-OFFICIO sendo apelado/apelante FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
ACORDAM, em 12' Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Recurso da Fazenda Pública improvido e deram provimento ao reexame necessário e ao recurso voluntário da autora. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores WANDERLEY JOSÉ FEDERIGHI (Presidente sem voto), VENICIO SALLES E J. M. RIBEIRO DE PAULA.
São Paulo, 25 de maio de 2011.
BURZA NETO RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
APELACÃO.N0: 0123342-45.2007.8.26.0053. COMARCA : SÃO PAULO. RECORRENTE : JUIZO EX—OFFICIO. APELANTE. : SEBASTIANA DE ALCÂNTARA (E OUTRO). APELADO. : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
JUIZ 1' INSTÂNCIA: Maria Gabriella Pavlopoulos
Spaolonzi.
VOTO N°: 18.917. EMENTA: Ação Ordinária — Danos Morais — Servidora Pública Estadual — Técnica de Laboratório —Circunstâncias em que a autora passou a receber tratamento diferenciado em relação aos demais colegas, sendo designada a trabalhar em outro setor (compras e vendas). — Perseguição por parte da Direção — Dano moral caracterizado — Valor mantido — Honorários advocatícios — Aplicação do artigo 20 § 4° do Código de Processo Civil — Lei Federal n° 11.960/09 — Inaplicabilidade em demandas ajuizadas antes da sua vigência — Recurso da Fazenda Pública improvido e, parcialmente provido o da autora e o reexame necessário.
Trata-se de apelações e reexame
necessário voltados contra a sentença de fls. 245/258, de relatório adotado que julgou procedente a ação, nos termos do artigo 269, I, do Código de Processo Civil para, condenar a ré no dever de reconduzir a autora ao Setor de Origem para regular exercício das funções de técnicas de laboratório junto ao Setor de Parasitoses Sistêmicas do Instituto Adolfo Lutz, para as quais foi contratada; a indenizar a autora pelos danos morais sofridos, em quantia fixada em R$ 35.000,00, atualizáveis a partir da publicação da sentença, pelos índices expressos na Tabela Prática do TJ/SP; bem como no dever de pagar as custas, despesas processuais e, verba honorária fixada em 1% sobre o valor atualizado da
condenação.
Inconformada, apela a autora requerendo o provimento do recurso para que a r. sentença seja parcialmente reformada, para aumentar a importância
Apelação / Reexame Necessário n° 0123342-45.2007.8.26.0053 Voto n° 18.917 2
PODER JUDICIÁRIO
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referente à indenização dos danos morais, bem como para majorar a condenação dos honorários advocatícios.
Apela também, a Fazenda Pública do Estado de São Paulo requerendo o provimento do recurso a fim de reformar a r. sentença, julgando-se improcedente a ação ante a não comprovação de que a abertura do processo disciplinar tenha sido instaurado com a finalidade única de perseguiçãO; bem como para que a correção monetária e os juros sejam aplicados nos moldes da Lei Federal n°
11.960/2009.
Recurso recebido e processado em ambos os efeitos, inclusive com as contra-razões, estando em termos para julgamento.
Relatório.
O recurso da autora e o reexame necessário comportam parcial provimento, apenas no que tange aos honorários advocatícios.
Por primeiro a fixação de 1% sobre o valor da condenação mostra-se irrisório e fora dos parâmetros estabelecidos pelo Código de Processo Civil
(§ 3° do artigo 20).
Segundo porque, vencida a Fazenda Pública aplica-se a regra estabelecida no § 4° do referido
diploma legal.
"Discrimina o artigo 20 §4° do Código de Processo Cível, que nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública os honorários serão fixados consoante apreciação
eqüitativa do Juiz".
O arbitramento de honorários, quando vencida a Fazenda Pública, deve se proceder mediante a apreciação eqüitativa do Juiz, e não nos percentuais mínimo e máximo previstos no artigo supra mencionado.
Sendo assim, respeitado o disposto no §
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Apelação / Reexame Necessário n° 0123342-45.2007.8.26.0053 Voto n° 18.917 3
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4°, do mencionado artigo, fixa-se os honorários à razão
de R$ 1.000,00.
Do dano moral.
Não há o que se falar em majoração do
valor fixado a título de danos morais.
Segundo o ensinamento de YOUSSEF SAID
CAHALI:
"parece mais razoável, assim, caracterizar o
dano moral pelos seus próprios elementos: portanto, como a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranqüilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos"; e se classificando, assim, em dano que afeta "a parte social do patrimônio moral (honra, reputação,etc...) e dano que moleste a parte afetiva do patrimônio moral (dor, tristeza, saudade, etc...) e dano moral que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz, deformante, etc) e dano moral puro (dor, tristeza etc...)" "in" Dano e Indenização, Ed. 1980,
Pg.p.7.
Para TEREZA ANCONA LOPEZ DE MAGALHÃES, os danos morais podem ser das mais variadas espécies,
apurando-se entre eles aqueles que dizem respeito à reputação, à segurança e tranqüilidade, à liberdade, aos sentimentos afetivos de qualquer espécie, etc... (O dano estético, responsabilidade civil — Pg.8, Ed.1980.).
NO entendimento do Eminente CAIO MARIO DA
SILVA PEREIRA:
"É preciso entender que, a par do patrimônio como complexo de relações jurídicas de uma pessoa, economicamente apreciáveis (CLOVIS BEVILACQUA, Teoria Geral, § 29), o indivíduo é titular de direitos integrantes de sua personalidade, o bom conceito de que desfruta na sociedade, os sentimentos que exornam a sua consciência, os valores afetivos, merecedores todos de igual proteção da ordem jurídica" (Responsabilidade
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Apelação / Reexame Necessário n° 0123342-45.2007.8.26.0053 Voto ri° 18.917 4
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Civil, Pg.66, Ed.1990).
É o que aliás anota o Magistrado Paulista
IRINEU ANTONIO PEDROTTI, in verbis:
Há um conjunto de bens ligados ao espírito, aos sentimentos, à inteligência, que também completam o patrimônio de uma personalidade. O sofrimento da perda inesperada de um ente querido; o abalo emocional pelo impacto de uma injúria; a contrariedade e perda de ânimo causados pela queda de crédito; a humilhação do encarceramento — são danos certamente". (Responsabilidade Civil, vol.2, Pg.992, Ed.1190).
O artigo 5° da Constituição Federal, por seu inciso X, proclama ser inviolável a honra assegurando indenização pelos danos materiais e morais decorrentes da respectiva violação.
O direito à vida e à honra, como se sabe, se traduz juridicamente em larga série de expressões compreendidas como princípios da dignidade humana: o bom nome, a fama, o prestígio, a reputação, a estima, o decoro, a consideração, o respeito, a convivência, o
conforto.
Não havia necessidade de declará-lo a
Constituição, nem a lei ordinária; é um direito onipresente no ordenamento civil, penal e público e, por isso mesmo, já encontrava tutela na Constituição anterior que, sem embargo de conter o princípio da resposta (Constitucional, muito mais ampla que a resposta no âmbito da imprensa), garantia no § 36 do artigo 153 os direitos "decorrentes do regime e dos princípios" da Carta.
Trata-se de um direito universal e natural da pessoa humana, como tal considerado pela doutrina civil recente (H. HUBBMANN, Das Personllckeitsrecht, 39, R. Lindon, Les Droits de La Personnalité, 464 e seguintes; Santos Cifuentes, Los Derechos Personalisimos, Pg.280 e seguintes), como mais antiga ( Gierke, D. Privatrecht, Pg.82,III; Ferrara,
Apelação / Reexame Necessário n° 0123342-45.2007.8.26.0053 Voto n° 18.917 5
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Trattato Pg.85),e muito antiga (V.G. De Soto, De Justitia et Jure, V, Q.9.1), e também brasileira (Pontes de Miranda, Tratado... vol.VII/737; Orlando Gomes, Direitos da Personalidade, RF 216; W. Morais, Direito à Honra, Enciclopédia Saraiva..., XXV/207).
No entendimento do Jurista alemão Josef Kohler, "Não é justo que nada se dê, somente por não se poder dar o exato" ; assim, deve o Juiz no momento da fixação da indenização ater-se com a devida prudência e parcimônia, a fim de não incentivar o ócio.
A III Conferência Nacional de Desembargadores do Brasil, levada a efeito na Guanabara em dezembro de 1965, firmou entre suas conclusões:
"2' - que o arbitramento do dano moral fosse apreciado ao inteiro arbítrio do Juiz que, não obstante, em cada caso, deverá atender a repercussão econômica dele, a prova da dor e ao grau de dolo ou culpa do ofensor".(Cf. WILSON MELO DA SILVA,Ob. Cit. Pg.365)".
O acima citado IRINEU ANTONIO PEDROTTI, lembra que:
"O Juiz, ao apreciar o caso concreto submetido a exame fará a entrega da prestação Jurisdicional de forma livre e consciente à luz das provas que forem produzidas. Verificará as condições das partes, o nível social, o grau de escolaridade, prejuízo sofrido pela vítima, a intensidade da culpa e os demais fatores concorrentes para fixação do dano, haja vista que costumeiramente a regra do direito pode se revestir de flexibilidade para dar a cada um o que é seu".
Ainda é de ter-se presente que o Anteprojeto do Código de Obrigações de 1941 (Orozimbo Nonato, Hahanenann Guimarães, Philadelpho Azevedo)
115
deveria recomendava que a reparação por dano moral "moderadamente arbitrada". Essa finalidade evitar a perspectiva generoso, em fim, do locupletamento
ser tem por fácil e
moderação de lucro indevido.
Apelação / Reexame Necessário n° 0123342-45.2007.8.26.0053 Voto no 18.917 6
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
5.
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Do recurso de apelação da Fazenda
Pública.
Por primeiro, convém esclarecer que a aplicabilidade da Lei Federal n° 11.960/09 referente a correção monetária e aos juros, não se enquadra ao caso em tela.
Conforme ficou definido na ata da reunião Extraordinária do Centro de Apoio do Direito Público, realizada em 26/11/2009, por votação unânime ficou decidido que:
"A lei n° 11.960/2009, não se aplica aos processos com trãnsito em julgado, em respeito à coisa julgada".
E ainda que:
"A lei n° 11.960/2009, somente se aplica às ações ajuizadas após a sua vigência, ressalvada a eventual declaração de inconstitucionalidade dessa norma".
Desta maneira, como a ação foi distribuída antes da referida Lei, razão alguma assiste á apelante.
No mérito, nada há ser modificado.
Ficou bem comprovada a perseguição que
sofreu a autora em decorrência dos processos
administrativos disciplinares e sua transferência imotivada para o setor de Vendas e Compras.
Ao longo do processo restou demonstrada que a conduta da Sr. Márcia (Superiora Hierárquica da autora) revelou-se incompatível, inclusive com suas funções de Direção.
Aliás, todas as testemunhas arroladas na instrução foram unânimes em alegar a perseguição e o tratamento diferenciado que a autora sofreu pela Sr.
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Márcia.
Nesses termos, reporto-me ao quanto decidido pela bem lançada sentença:
"Em relação a uma profissional assim descrita, a Sra. Diretora conhecida por sua impertinência em relação aos funcionários com os quais pudesse "se invocar", colheram-se indícios, ou mesmo prova indicativas de intolerância e irrazoabilidade.".
Vale ressaltar que a mudança da autora para outro setor, decorreu de ato imotivado, inclusive pelo cargo a que prestou o concurso público.
Por derradeiro, considera-se prequestionada toda matéria infraconstitucional e constitucional, observando-se que é pacífico no Superior Tribunal de Justiça que, tratando-se de pré-questionamento, é desnecessária a citação numérica dos dispositivos legais, bastando que a questão posta tenha sido decidida.
E mais, os embargos declaratórios, mesmo para fins de prequestionamento, só são admissíveis se a decisão embargada estiver eivada de algum dos vícios que ensejariam a oposição dessa espécie recursal (EDROMS-18205/SP, Ministro FELIX FISCHER, DJ-08.05.2006 p.240).
Ante o exposto, NEGA-SE provimento ao ' recurso de apelação da Fazenda Pública e, DÁ-SE PARCIAL provimento ao recurso da autora e ao reexame necessário, somente no que tange aos honorários advocatícios.
LUIZ BURZA NETO
Relator
Apelação / Reexame Necessário n° 0123342-45.2007.8.26.0053 Voto n° 18.917 8
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO PROCURADORIA JUDICIAL — PJ 1
Rua Maria Paula, 172, São Paulo — SP Telefone 3291-7100
Interessado(s): Sebastiana de Alcantara
Recurso de Apelação n° 0123342-45.2007.8.26.0053
Senhor Procurador do Estado Chefe — PJ-1:
Trata-se de ação ajuizada por servidora pública estadual,
ocupante do cargo de Técnica de Laboratório, que alega ter sofrido
perseguição por parte da Direção, o que teria resultado na sua designação
para trabalhar em outro setor. Pleiteia a recondução para o setor de origem e a
condenação da FESP em danos morais.
O MM. Juízo de primeiro grau houve por bem julgar
procedente a ação, determinando a recondução da autora ao setor de origem e
condenando a FESP ao pagamento de R$ 35.000,00 a título de danos morais,
com base nas provas produzidas nos autos, inclusive testemunhal, e nos
processos administrativos disciplinares instaurados.
Interposto recurso de apelação pela FESP, o mesmo teve
seu provimento negado pelo E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,
mantida a r. sentença, alterando-se apenas o valor da condenação a título de
honorários sucumbenciais.
Analisando-se o expediente, não se constata a presença
de elementos que autorizem a interposição de recurso contra o v. acórdão, pois
ausente questão federal a ser suscitada em Recurso Especial ou ofensa a
Constituição Federal a ser discutida em Recurso Extraordinário.
DE ACORDO. AO D. GPJ, PARA ANÁLISE SUPERIOR.
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO PROCURADORIA JUDICIAL — PJ 1
Rua Maria Paula, 172, São Paulo — SP Telefone 3291-7100
1/7
Ao que consta, a matéria suscitada envolveria análise de
fatos, o que esbarraria no óbice das Súmulas 279 do STF e 7 do STJ. Além do
mais, restringir-se-ia à discussão de direito local (Decreto 29.180/88), o que
igualmente esbarraria na vedação da súmula n° 280 do STF.
Por tais razões, requeiro a dispensa de interposição de
recursos extremos, sem prejuízo da interposição de Recurso Especial
relativo ao critério de cálculo de juros e correção monetária.
À consideração superior.
São Paulo, 21 de julho de 2011.
Leonardo Castro de Sá Vintena
Procurador do Estado
OAB/SP 302.015
t_ve C;,,c 5c0'
Rcig'ino S. Airiloi Procuradora do Estado
0A,5 - 105,450 SP
rai:-.)q-fg:h1OS TERMOS DO ART. 3D
ResoLuçAo PC-rE n.o 54/94.
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GPJ,
prd. a - O • 0.8 4.
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5. TJ-SP Disponibilização: quinta-feira, 10 de outubro de 2013. Arquivo: 627 Publicação: 176 SEÇÃO III Subseção IX - Intimações de Acórdãos Seção de Direito Público
Processamento 6° Grupo - 12a Câmara Direito Público - Av. Brig. Luiz Antonio, 849 - sala 304
RETIFICAÇÃO No 0123342-45.2007.8.26.0053 - Apelação / Reexame Necessário -
São Paulo - Apelante: Juízo Ex-officio - Apte/Apdo: Sebastiana de Alcântara - Apdo/Apte: Fazenda do Estado de São Paulo - Magistrado(a) Burza Neto - Consideraram a adequação do Acórdão de fls. 318/329, ao que ficou decidido no Resp. n.o 1.205.946-SP.v.u. ART. 511 CPC - EVENTUAL RECURSO - SE AO STJ: CUSTAS R$ 131,87 - CÓD. 18832-8 E PORTE DE REMESSA E RETORNO R$ 84,20 - CÓD. 10825-1 (AMBOS GUIA GRU NO SITE http://www.stj.jus.br) - BANCO DO BRASIL - RESOLUÇÃO No 04/2013 DO STJ - DJU DE 04/02/2013; SE AO STF: CUSTAS R$ 145,36 - GUIA GRU - COBRANÇA - FICHA DE COMPENSAÇÃO - CÓD. 18826-3 (EMITIDA ATRAVÉS DO SITE www.stf.jus.br) E PORTE DE REMESSA E RETORNO R$ 84,20 - GUIA FEDTJ - CÓD. 140-6 - BANCO DO BRASIL OU INTERNET - RESOLUÇÃO No 500 de 16/01/2013 DO STF.Os valores referentes ao PORTE DE REMESSA E RETORNO, não se aplicam aos PROCESSOS ELETRÔNICOS, de acordo com o art. 4°. Inciso III, da Resolução ri. 505/2013 do STF e art. 6° da Resolução n. 4/2013 do STJ. - Advs: Leopoldina Alecsander Xavier de Medeiros Solano (OAB: 223103/SP) - Anita Maria Vaz de Lima Marchiori Keller (OAB: 87821/SP) - Av. Brigadeiro Luiz Antônio, 849, sala 304
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2013.0000567109
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação / Reexame Necessário n° 0123342-45.2007.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é apelante/apelado SEBASTIANA DE ALCÂNTARA e Apelante JUÍZO EX-OFFICIO, é apelado/apelante FAZENDA DO
ESTADO DE SÃO PAULO.
ACORDAM, em 12a Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Consideraram a adequação do Acórdão de fls. 318/329, ao que ficou decidido no Resp. n.° 1.205 946- SP.v.u.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores J. M. RIBEIRO DE PAULA (Presidente) e
VENICIO SALLES.
São Paulo, 18 de setembro de 2013.
BURZA NETO RELATOR
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
APELAÇÃO N°: 0123342-45.2007.8.26.0053. COMARCA : SÃO PAULO. APELANTE : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO. APELADO : SEBASTIANA DE ALCÂNTARA.
JUIZ 1' INSTÂNCIA: Maria Gabriella Pavlópoulos
Spaolonzi.
VOTO N°: 32.425.
EMENTA: ADEQUAÇÃO DE ACORDÃO
Trata-se de recurso especial interposto contra o V. acórdão de fls. 318/329 que, negou provimento ao recurso de apelação da Fazenda Pública, no sentido de negar aplicabilidade da Lei n. 11.960/2009.
Pelo despacho de fls. 398, exarado pelo E. Presidente desta Seção de Direito Público, considerando o julgamento do mérito dos embargos de declaração no recurso especial n° 1.205946/SP, publicado no DJE de 26/10/12, foi determinada a adequação do V. Acórdão para reconhecer o direito à aplicação imediata aos processos em curso, quando da vigência do art. 5°, da Lei n° 11.960/09, que alterou o art. lf da Lei n° 9.494/97, sem efeitos retroativos, no tocante aos juros de mora.
Desta forma, considera-se adequado do Acórdão de fls. 318/329, ao que ficou decidido no Resp. n.° 1.205.946-SP (fls. 398/400).
LUIZ BURZA NETO
Relator
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Data de disponibilização: 05/02/2015 - Órgão Judicial: DJSP - CADERNO 3 JUDICIAL la INSTÂNCIA CAPITAL. Fórum Hely Lopes / 13' Vara da Fazenda Pública
RELACAO N 0037/2015Processo 0123342-45.2007.8.26.0053 (053.07.123342-4) -Procedimento Ordinario - Transferencia - Sebastiana de Alcantara - Estado de Sao Paulo - istos. Nos termos do art. 461 do CPC, cumpra a re o julgado. FIXO desde logo o prazo de 90 dias, para que a Fazenda Publica cumpra a condenacao A praxe tem demonstrado que 30 dias e prazo apertado para pratica das medidas administrativas necessarias, autorizando a fixacao em intervalo maior previsto no art. 604, §1°, do CPC, apresente planilha dos valores devidos em razao do julgado, facultada a retirada dos autos por ate 10 (dez) dias para obtencao dos elementos necessarios ao cumprimento do julgado. Sem prejuizo, manifeste-se a re sobre os calculos apresentados pela exequente. Intime-se. - ADV: ANITA MARIA VAZ DE LIMA MARCHIORI KELLER (OAB 87821/SP), LEOPOLDINA DE LURDES XAVIER (OAB 36362/SP)
fls. 2
Ação: Procedimento Ordinário (em geral) Requerente: SEBASTIANA DE ALCANTARA Requerido: ESTADO DE SÃO PAULO
Processo n° 583.53.2007.123342-4/000000-000 Ordem n° 1454/2007
ROSELY SUCENA PASTORE PROCURADORA DO ESTADO ASSISTENTE
MANDADO DE CITAÇÃO
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO À Procuradoria Judicial são ulo 2 4 SET 2p07
5:2
PODER JUDICIÁRIO SÃO PAULO 17480
SÃO PAULO - CAPITAL HELY LOPES MEIRELLES
JUÍZO DE DIREITO DA 13a VARA DA FAZENDA PÚBLICA 13° OFÍCIO DA FAZENDA PÚBLICA
Viaduto Dona Paulina, 80 - Centro- São Paulo/SP - CEP: 01501-908 - Telefone: 3242-2333
0(A) Doutor(a) Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi Sacchi, Meritissimo(a) Juiz(a) de Direito da 13'. Vara da Fazenda Pública da Comarca de São Paulo, Estado de São Paulo, na forma da Lei,
MANDA, a qualquer Oficial de Justiça de sua jurisdição que, em cumprimento ao presente, extraído do processo acima indicado, CITE ESTADO DE SÃO PAULO, residente(ou estabelecido) à R. Pamplona, 227, para os atos da ação proposta conforme petição por cópia em anexo, que fica fazendo parte integrante deste, e de acordo com o seguinte despacho: "Defiro a gratuidade processual. Anote-se. Cite-se e com a oportunidade da réplica tornem cls.."
Prazo: 60 (sessenta) dias p/ contestação.
ADVERTÊNCIA: Nos termos do artigo 285 do Código de Processo Civil, não sendo CONTESTADA a ação no prazo de 60 dias, presumir-se-ão verdadeiros os fatos articulados pelo(s) autor(es), ficando ainda, cientificado(s) de que as audiências desse Juízo realizam-se nesta vara, neste Fórum.
Cumpra-se, obseiNadas as formalidades legais. São Paulo, Estado, de São Paulo, aos 13 de setembro de 2007. Eu, -Escrevente, digitei. Eu, (NILZA TOSHIKO YOSHITOME), Diretora, subscrevi e assino pOfrieterminação judicial.
■3,
Oficial: ANTONIO
Carga: JUSTIÇA GRATUITA
ITENS 4 e 5 DO CAPÍTULO VI DAS NORMAS DE SERVIÇO DA EGRÉGIA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA, TOMO I 4. É vedado ao oficial de justiça o recebimento de qualquer numerário diretamente da parte. 4.1. As despesas em caso de transporte e depôsito de bens e outras necessárias ao cumprimento de mandados, ressalvadas aquelas relativas à condução, serão adiantadas pela parte mediante depósito do valor indicado pelo oficial de justiça nos autos, em conta corrente à disposição do juizo. 4.2. Vencido o prazo para cumprimento do mandado sem que efetuado o depósito (4,1.), o oficial de justiça o devolverá, certificando a ocorrência, 4.3. Quando o interessado oferecer meios para o cumprimento do mandado (4.1), deverá desde logo especifica-los, indicando dia, hora e local em que estarão à disposição, não havendo nesta hipótese depósito para tais diligências. 5. A identificação do oficial de justiça, no desempenho de suas funções, será feita mediante apresentação de carteira funcional, obrigatória em todas as diligências.
ADVOCACIA XAVIER
Leopoldina de Lurdes Xavier
Marcelo Martins
Henrique Aleesander Xavier dc Medeiros
Leopoldina A Xavier de Medeiros
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SÃO PAULO
Vi,Ct
1)'194M 12.359Z'-
G \ÁITY.X.
SEBASTIANA DE ALCANTARA, brasileira, divorciada, técnica de laboratório, nascida em 05/05/1953,
portadora da cédula de identidade RG n. 6.191.091-0 SSP/SP e inscrita no CPV/MF sob n. 290.358.268-84, residente e domiciliada na Rua Bonifácio dc Montterret, 234, casa 04, Jardim Klein, São Paulo SP, CEP 05831-040, por seu procurador .lri Era-assinado, vem Vossa Excelência, ajuizar
respeitosamente à presença de
AÇÃO ORDINÁRIA DE REPARAÇÃO POR PERDAS E DANOS
em face do ESTADO DE SÃO PAULO, o que faz pelas razões de fato e de direito que passa a expor:
I — DO FATO
1. A autora ingressou rios quadros de servidores da ré em dezembro de 1.971, após aprovação em
concurso público sendo contratada pelo regime da LC 500/74,/ para desempenha as funções de técnica de laboratório junto a
Rua Capitão Gabriel, 177, sala 02, Centro, Guarulhos — SP — CEP 07011-010, Fones: 6409-0153 — 6468-9847
ADVOCACIA XAVIER
Secretaria de Estado da Saúde no Instituto Adolfo Lutz
Serviço de Parasitologia (Setor de Parasitoses Sistemicas).
2. A autora sempre desempenhou adequadamente e a contento suas funções, sem qualquer reclamação anterior
por parte de seus colegas de trabalho ou superiores hierárquicos.
3. Pato é que, no início do ano de 2.003, a autora passou a ser perseguida pela chefia, sem qualquer
justificativa aparente, oportunidade na qual passou a receber
tratamento diferenciado frente aos demais colegas.
Comprova-se a perseguição através da aplicação, de forma indevida e sem justa causa, de sanções à
autora, instauração de processo administrativo a fim de apurar
infrações disciplinares e por Ler sido a autora colocado à
disposição, oportunidade na qual deixou de desempenhar a
função de técnica de laboratório para laborar no Setor de
Material e Patrimônio, reali/ando tarefas única e
exclusivamente burocráticas, corno arquivar documentos, entrega
de documentos ao diversos setores, numeração de processos, tirar cópia de documentos etc.
4. Comprova-se a alegada perseguição à
autora., pela aplicação de penalidade .ndevidamente, pois em
24/04/2003 fora. ADVERTIDA por infringir o artigo 242 da Lei n.
10.261/68, ou seja, retirar qualquer documento ou. objeto
existente no órgão sem autorização e não comparecer ao serviço
sem causa justificada no início do mês de abril de 2.003.
5. Ocorre que, referida penalidade é indevida, pois a autora apresentou justificativa esclarecendo os fatos, haja vista que, muito embora Lenha laborado
normalmente, a autora assim como vários outros funcionários,
por esquecimento ou mesmo falta de hábito ou por encontrar o
local de guarda dos cartões de ponto fechado, permaneceu sem
assinalar o cartão de ponto. A autora apenas deixou de laborar
por dois dias no mês de abril de 2.003, devidamente justificados pela ausência de transporte público, em vÁrtude
da greve de ônibus que ocorrera_
Rua Capitão Gabriel, 177, sala 02, Centro, Guarulhos — SP — CEP: 07011-010, Fones: 6409-0153 — 6468-9847
§41
ADVOCACIA XAVIER
5.1. Esclarece-se, por oportuno, que sempre fora autorizado aos funcionários, no finai de cada mês,
preencher o cartão de ponto, assinalando os dias que estavam
abertos, com o consentimento da chefia, a qual até mesmo
deixava lembretes aos funcionários para que completassem o cartão.
Ou seja, a autora não havia faltado ao serviço, conforme consta da penalidade que Lhe fora aplicada,
laborando normalmente, exceto por dois dias, os quais foram
devidamente justificados, razão pela qual indevida se mostra a aplicação da penalidade de advertência.
6. Por outro lado, a alegação de ter a autora retirado qualquer documento ou objeto existente no órgão sem
autorização também não procede, pois a autora não retirou
qualquer documento do órgão, razão pela qual, novamente,
mostra-se indevida a aplicação da penalidade à autora, o que configura a perseguição sofrida.
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6.1. Ocorre que, em abrii de 2.003 a fora surpreendida ao verificar que seu cartão de ponto
riscado a. caneta, sendo certo que os cartões dos
funcionários estavam separados e com lembretes para. que preenchidos.
autora
estava
demais
fossem
Esclarece-se que, na oportunidade, a autora cumulava as funções de técnica de laboratório com funções de
escrituraria, razão pela qual Linha acesso as controles de
jornada dos demais funcionários e constatou o tratamento distinto recebidb.
6.2. Por recebido, a autora procurou
a fim de apurar as razões
estranhar o tratamento distinto
imediatamente a chefe, Sra. Márcia
do ocorrido. Por não localizar a Sra. Márcia, a qual não estava laborando na oportunidade, a autora, então, d i rigiu-se ate a Diretora de Divisão, Sra. Júlia, portando as pastas com as folhas de freqüência dos
funcionários, a fim de comprovar a adoção de tratamento diferenciado.
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6.3. Ou soja, a autora não retirou qualquer
documento ou objeto existente no órgão, apenas levou ao
conhecimento da chefia que estava sendo perseguida, diante da
evidente adoção de tratamento diferenciado, razão pela qual,
novamente, tem-se por indevida a penalidade aplicada.
7. Assim é que, a autora recebeu
indevidamente a penalidade de advertência, o que comprova a
perseguição sofrida no ambiente laborai.
8. A perseguição perpetuou-se novamente,
oportunidade na qual, sem maiores justificativas, solicitou-se
que a penalidade de advertência imposta a autora fosse
convertida em Repreensão.
Ou seja, sequer havia razões para a aplicação
da penalidade de advertência imposta e mesmo assim houve-se
por bem convertê-la em RtPROVNSAO.
9. Assim é que, em 20/05/2003 fora autuado
processo de repreensão n. 001.0701.000.749/2003 em desfavor da
autora, por violação ao artigo 253, Capítulo VII da Lei n.
10.261/68, após o que, nos Lermos da Portaria da Diretora do
Serviço de Parasitologia de 26/05/2003, fora aplicada pena de
Repreensão à autora, conforme publicação do Diário Oficial de
28/05/2003.
10. Após o recurso interposto pela autora no
referido processo administrativo, no qual se requeria a
nulidade do feito por violação ao devido processo legal, fora
reconsiderada a aplicação da penalidade de repreensão aplicada
à autora, contudo, solicitou-se a instauração de sindicância
punitiva ou processo administrativo para apurar alguns
ilícitos administrativos imputados à autora, quais sejam:
retiradas dos documentos da Diretoria de Parasitologia- e
condução ate a Diretoria de Divisão de Biologia Médica, falta
no serviço no mês de abril de 2.003, assinatura de folha de
freqüência sobre a linha de corte feita e posse das chaves
fora do horário de serviço.
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11. Ou seja., novamente tem-se comprovada a
perseguição sofrida pela autora, haja vista que sequer havia
justa causa à aplicação da penalidade de advertência, quanto
mais a sua conversão em repreensão. Ainda, a perseguição resta
evidente à medida em que não fora permitido à autora
apresentar defesa. Pior, insistiu-se na perseguição, com a
determinação de instauração de procedimento investigativo.
12. Esclarece-se, por oportuno, que o
processo administrativo instaurado foi devidamente arquivado,
nos termos do artigo 267, § 3° da. Lei n. 10.261/68, haja vista
não ter sido constatada a prática de qualquer infração pela
autora, razão pela qual determinou-se ainda, a regularização
da freqüência da servidora no período de 1' a 17 de abril de
2.003 e adoção das medidas para reposição dos descontos que
foram feitos e demais acertos necessários.
13. Certo é que, conforme se verifica do
processo administrativo, a autora fora tratada distintamente
dos demais funcionários, sem justa causa e, mais grave foi
indevida e injustamente perseguida pela chefia, com a
aplicação de sanção sem adoção dos procedimentos devidos, bem
como Leve altera a penalidade aplicada sem justificativa.
14. Impende esclarecer, por oportuno, que a
perseguição sofrida pela autora não se restringe a aplicação
de sanções c instaurações de procedimentos administrativos
investigatórios. Desde maio de 2.003 a autora fora transferida
de função, passando a desempenhar atividades exclusivamente
burocráticas no Setor de Material e Património, como auxiliar
no almoxarifadb, fato este que repercute negativamente não
apenas na vida social da autora, frente aos demais colegas de
trabalho, bem como em sua vida profissionat, haja vista que ao
deixar de desempenhar sua função habitual de técnica de
laboratório a autora fica impedida de progredir na carreira.
15. Ainda, em meados de 2.003 a autora fora
impedida de participar como auxiliar de pesquisa
"Características MpidemiológLeas e Sorodiagnosttico das
Leishmanioses Humanas pe [as Técnicas de lmunofluorescência
Indireta (11M e de Enzimaimunoensaio (ELISA) para Validação
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ADVOCACIA XAVIER
de Teste Diagnóstico em Laboratório de Rode DCblica no Estado
de São Paulo", haja vista que [ora translierida de setor, em
decorrência da instauração do processo administrativo
investigatorio em seu desfavor.
16. Latente, assim, a perseguição sofrida
pela autora em seu ambiente de trabalho, pela aplicação
indevida de sanções, pela abusividade na instauração de
processo administrativo investigativo, bem corno na alteração
de função sofrida, por caráter única e exclusivamente
perseguidor e pelo impedimento de participar de projetos,
fatos estes que causam, a toda evidência, danos à honra e imagem da autora.
II. DO DIREITO
17. Do exposto supra tem-se que a autora fora
indevidamente perseguida em seu ambiente laborai, o que pode
ser evidenciado pelas seguintes condutas adotadas em seu
desfavor: a) aplicação de penalidades (advertência e repreensão) indevidamente e sem qualquer justificativa plausível; b) instauração de procedimento administrativo
investigativo sem justa causa e indevidamente (após todos os
equívocos da Administração, o qual acabou por concluir pela
ausência de qualquer conduta indevida da autora); c)
afastamento da autora do exercício de suas funções habituais
de técnica de laboratório e determinação de desempenho de
função meramente burocrática e d) impossibilidade da autora
auxiliar em pesquisa de leishmaniose.
18. I certo que, da leitura do procedimento
administrativo instaurado em desfavor da autora verifica-se o nítido caráter perseguidor, haja vista o tratamento diferenciado adotado à autora frente aos demais funcionários,
o que não se admite como conduta administrativa válida e
adequada, nos Lermos dos princípios as quais a Administração
está vinculada nos termos do artigo 37, capuL da Constituição Federal.
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a) Da aplicação das penalidades
19. Inegável que a Administração possui o
poder-dever de aplicar sanções aos runclonários, diante do
poder disciplinar do empregador.
20. Contudo, não se pode admitir que, sob
alegação de exercício do poder disciplinar a Administração
imponha sanções indevidas e abusivas, notadamente por ausência
de justa causa, com finalidade única e exclusiva de perseguir
um funcionário.
21. Ora, no caso em exame fora aplicada a autora a penalidade de advertência e, posteriormente convertida em repreensão, sob alegação de falta no serviço e
retirada de documento existente no órgão sem autorização.
22. Contudo, conforme oportunamente justificado, a autora não faltou ao serviço, apenas deixou de
"marcar o ponto", assim como diversos outros funcionários
fizeram e nenhuma atitude fora adotada. contra esses.
Ainda, a autora não retirou documentos do
órgão, apenas levou as fichas de controle de presença dos
funcionários (do oitavo ou décimo andar) a fim de mostrá-las à
superior hierárquica, a rim de discutir situação concreta de discriminação.
23. Ou seja, justificou-se adequadamente a
inocorrência de quúlquer falta disciplinar capaz d.e justificar
a aplicação de penalidades à autora.
24. Ocorre que, mesmo após a autora ter
justificado a inocorrência de qualquer infração disciplinar,
solicitou-se a conversão da penalidade de advertência para a
de repreensão, o que evidencia o nítido caráter persecutório
do empregador.
25. Tem-se, portanto, no caso em exame,
evidente desvio de finalidade, pois a sanção aplicada à autora
não decorre da punição de infrações disciplinares, as quais
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não existiram, mas deveu-se a perseguição infringida à autora por seus superiores.
26. Não se pode admiLir corno legítima e
válida a aplicação de sanções a funcionários com nítido
caráter de perseguição, quando nenhuma infração fora cometida,
como no caso em exame.
27. Acerca da finalidade do ato administrativo a doutrina de Celso AnLónio Bandeira de Mello' esclarece que:
"Finalidade é o bem jurídico objetivado pelo ato. Vale dizer, é o resultado previsto legalmente como o correspondente à tipologia do ato administrativo, consistindo no alcance dos objetivos por ele comportados. Em outras palavras: é o objetivo inerente à categoria do ato. "Para cada finalidade que a Administração pretende alcançar existe um ato definido em lei", pois o ato administrativo caracteriza-se por sua tipicidade, que é "o atributo pelo qual o ato administrativo deve corresponder às figuras definidas previamente em lei corno aptas a produzir determinado resultado", conforme ensinamentos de Maria Sylvia Zanella Di Pietro.
(...). Não se pode buscar através de um dado ato a proteção de
bem jurídico cuja satisfação deveria ser, em face da lei, obtida por outro tipo ou categoria de ato. Ou seja: cada ato tem a finalidade em vista da qual a lei o concebeu. Por isso, por via dele só se pode buscar a finalidade que lhe é correspondente, segundo o modelo legal. Com efeito, bem o disse Eduardo Garcia de Enterría, com a habitual proficiência, que "os poderes administrativos não são abstratos, utilizáveis para qualquer finalidade; são poderes funcionais, outorgados pelo ordenamento em vista de um fim específico, com o quê apartar-se do mesmo obscurece sua fonte de legitimidade".
Então, se o agente dispõe de competências distintas para a prática de atos distintos, não pode, sob pena de invalidade, valer-se de uma competência expressada pelo ato "x" com o fito de alcançar a finalidade "z" que deveria ser atingida por meio do ato "y"".
28 . Ou seja, não é cr i ve 1 admitir que a
Administração aplique sanções dá sciplinares, não para
penalizar o funcionário, mas para persegui-io.
in Curso de direito administrativo, 12" edição, 2" tiragem, rev. atual e ampliada. São Paulo: Malheiros editores, 2000, p. 347/348.
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29. No caso em exame, houve evidente desvio de finalidade quando da aplicação de penalidades indevidas e sem justa causa, conforme reconhecido na esfera administrativa, pois a sanção aplicada é apenas a concretização da perseguição infligida contra a autora.
30. Evidente, portanto, que a aplicação de
penalidades à autora somente ocorreu por um único e exclusivo
motivo, qual seja, perseguir e sancionar a autora.
b) Da necessidade de justa causa para investigações
disciplinares
31. Tem-se que no campo disciplinar, os abusos de direito do Estado são ainda mais acentuados, eis que
inúmeros processos são instaurados genericamente e em evidente
desvio de finalidade, como forma de perseguição ao indivíduo.
32. Assim é que, para instaurar procedimento
administrativo invbstigativo, necessário se faz, em atenção ao
princípio da legalidade ao qual a Administração está
vinculada, a fundamentação com a apresentação das supostas
infrações cometidas, bem como da materialidade.
33. Ressalva-se que a validade do ato
investigativo está vinculada com a validade das razões
apontadas, de forma que não se pode admitir corno válida a
instauração de procedimento administrativo investigativo como forma de perseguir funcionários.
3/I. Assim é que, exige-se para a instauração
do procedimento administrativo a apresentação de justa causa,
bem como a validade desta.
35. No caso em exame, não há justa causa a
instauração do procedimento administrativo investigatório em
desfavor da autora, pois sequer constou qualdtler justificativa
no processo administrativo, conforme se verifica do documento anexo.
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36. Registre-se, por oportuno, que a doutrina
j á se manifestou acerca da possibilidade de instauração de
procedimento disciplinar apenas quando houver justa causa para
a investigação, vejamos':
"Sucede que a atuação conforme a lei e o direito, retira do Estado a ampla, geral e irrestrita discricionariedade, devendo a Administração Pública obedecer ao princípio da segurança jurídica, só instaurando o processo disciplinar quando estiver presente com toda certeza e materialidade, uma justa causa para sua instauração, sob pena de indevida invasão da privacidade do agente público."
37. Ou seja, a utilização irresponsável do
processo administrativo disciplinar, traz a rigura do abuso do
direito de investigar, não mais tolerado em nosso ordenamento
jurídico pátrio, nos termos do artigo 187 do Código Civil, bem
como nas garantias constitucionais fundamentais da
inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da honra e da
imagem das pessoas (art. ó', X, da Cf).
38. Na atual rase do direito público, onde as
constituições fixam limites e prerrogativas, não é mais lícito
que o poder de investigar possa chegar à excessiva
perseguição, na tentativa de punir por púllir determinada
pessoa, agen.Le público ou auloridade, ou puni-la por vingança,
como se afigura no caso concreto. que a Administração não
possui "cheque cru branco", capaz de preencliâ-lo como bem lhe
aprouver, escolhendo este ou aquele para ser fiscalizado.
Assim, a instauração de procedimento administrativo sem que
haja um mínimo de plausibilidade de sua existência, distorce o
direito e ofende o interesse público, pois o "desvio de poder"
ou "desvio de finalidade" vicia o ato público, contaminando
sua raiz.
39. Nesse sentido, é dever da autoridade
instauradora do procedimenlo um juizo preliminar, mesmo em
sumaria cogrilLo, onde fique caracterizado um justo motivo
MATTOS, Mauro Roberto Gomes de, "Necessidade de Justa Causa para a Instauração de Processo Administrativo Disciplinar. Impossibilidade do Procedimento genérico para que no curso se apure se houve ou não Falta Funcional", in Revista Ibero-Americana de Direito Público, volume IX, 1° trimestre de 2003, ed. América Jurídica, 2003, p. 176.
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lastreado por indícios ou por uma fundamentação compatível com
a imputação, sem que ela seja construída pela intelectualidade
do subscritor da peça.
10. Assim é que, para romper o principio da
presunção de inocência, sem que haja vioiações a direitos
(intimidado, honra, segurança . jurdica e dignidade) de quem é
investigado, é necessário uma ""justa causa", a fim de
pos,ribilitar o equilíbtio entre o dever de pãnir do Estado e a
preerviação do dlreila de intimidade e de iibcráade do suposto
infrator da norma positiva penai_ OU administraLiva.
11. Logo, a justa causa e a condição mínima
erigida pela norma legal, pela jurisprudência e pela doutrina
para que não ocorra uma acusação leviana e temerária, movida
por interesses que não são Thrídacos, totalmente desatrelado
de provas e de fundamentos sérios.
12. Eunelona a justa causa, então, corno
condição da instauração do processo administrativo
discipiinar, em rurcão da agressão ao ,s'Laras dignitatis do
invesLigado. O processo administrativo discipLinçr deverá ser
instaurado sempre que a autoridade pUblica tiver clJ_incia de
qualquer irregularidade runcional perpetrada por auente
público. Mas essa ciência deverá vir composta por elementos
que comprovam r.alLa aos deveres da função, e não uma acusação
leviana e politica, baseada em interesses escusas, coma se
afigura no C2S0 e tela. Alem de discriminatória, esse tipo de
conduta merece o devido repúdic por i ..i.rte do direito
administra'Hve, que não admite des\Hos ou excesso de poder por
parte da Administração Pública.
Como diro, bem assim corno restará provada
na instrução processual, o procedimento administrativa
realizado se dou em Lotai aironia à imagem e honra cio autora,
urna ver que dasprm,:do de asna causa a legitima-ib. Tanto e
verdade que posteriormente ia co determinado o arquivamento
peio
. Ver i r Leu - crí , que pr i rriciremenne seune r
tora exi ici Ladn condu J.15 qrat..icadas nela autora que
li
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ensejariam violação ao artigo 253 da Lei n. 10.261/68, até
mesmo porque a conduta praticada pela autora não ensejaria
violação a qualquer dispositivo legal, como muito bem observado pelo apurador.
IS. Ora, na própria esfera administrativa
restou evidenciado a ausência de justa causa para apuração de
infração disciplinar pela autora, pois não fora apontado desde
logo quais as condutas ilícitas praticadas.
Ainda que assim não fosse, após a justificativa apresentada pela autora, quando da sua ciência
da penalidade de advertência, restou evidenciado a ausência de
qualquer infração disciplinar, razão pela qual sequer deveria
ter sido instaurado o procedimento administrativo.
46. Ademais, não se pode perder de vista que
a Administração está vinculada ao Princípio da Legalidade, ou
seja, somente pode fazer ou deixar de fazer algo mediante expressa previsão legal.
Assim, ao apurar um ilícito ou aplicar
penalidade, deve ser observado a estriLa Legalidade que
vincula. a Administração, razão pela qual não se mostra
possível a instauração de qualquer procedimento disciplinar
sem que estejam devidamente justificadas suas razões, quais os
fatos a serem apurados etc., o que de rato não ocorreu no caso em exame.
47. Como se não bastasse, a perseguição é
evidente pela conduta da Chefia que determinou a alteração da
sanção aplicável, de advdrUincia para repreensão, a qual
ocorreu sem qualquer justificativa.
48. É certo que o procedimento investigatório
deve apurar fatos certos e determinados, o que não ocorrera no
caso em exame, pois no inicio sequer fora descrito quais as
condutas Mc:Luas Leriam sido praticadas, sendo as acusações
lacónicas, sem explicitar, concretamente, quais as condutas
indevidas praticadas pela autora.
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Por exemplo, cita-se o conteúdo de fl. 04- Verse, oportunidade na qual se afirma ter a autora praticado
falta pela maneira desrespeitosa com que trata as superiores,
mas sem indicar, em nenhum momento, como esta "maneira desrespeitosa" se verifica.
49. Assim é que, verifica-se que a autora fora vítima de perseguição pelos superiores no ambiente de
trabalho, recebendo tratamento incompatível com as garantias
constitucionais e princípios administrativos, o que não pode ser admitido.
c) do afastamento das funções habituais
50. Fato é que, a autora desde maio de 2.003 fora, sem justa causa, afastada do exercício de suas funções
habituais de técnica de laboratório, passando a desempenhar
atividades única e exclusivamente burocráticas no Setor de Material e Patrimônio.
51. Ora, ainda que se justificasse o afastamento da autora de suas funções habituais enquanto
estivesse em curso o procedimento disciplinar investigativo, o
que se admite apenas para argumentar diante da ausência de
qualquer requerimento do aparador neste sentido, fato é que,
mesmo após o arquivamento determinado pelo apurador, a autora não mais voltou a desempenhar sua antiga função.
52. Evidente, portanto, que a alteração de função da autora somente ocorreu em virtude da perseguição
sofrida no ambiente de trabalho, pois não há qualquer razão que a justifique.
53- Da mesma forma, a autora fora indevidamente impedida de auxiliar em pesquisa a ser realizada
no ambiente de trabalho, sob alegação de não mais estar lotada no Setor de Parasitologia.
54. Ora, nítido, portanto, o prejuízo funcional suportado pela autora, haja vista que por não mais
estar laborando em seu local. habitual, Lato este que ocorre
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sem qualquer justificativa, por nítida perseguição suportada
no ambiente laborai, fora impedida de auxiliar em pesquisas e
teve limitado o acesso ao crescimento na carreira.
d) do tratamento discriminatório
55. Da Leitura do procedimento administrativo
anexo, verifica-se que a autora recebe tratamento distinto dos
demais funcionários, o que somente decorre da perseguição
sofrida no ambiente laborai, haja vista que, ainda conforme se
verifica do documento anexo, sempre desempenhou sua função a
contento e de forma adequada, sem qualquer queixa.
56. Os depoimentos colhidos em sede
administrativa são uníssonos em comprovar que os funcionários
não assinam, diariamente, o cartão de ponto, por falta de
hábito, esquecimento ou. mesmo por encontrarem a sala fechada.
57. Da mesma forma, os testemunhos indicam
que a chefia sempre autorizou a assinatura posterior do
"cartão de ponto", sendo certo que em muitas oportunidades até
mesmo deixava lembretes para que não fosse esquecido.
58. Ora, se era permitido aos funcionários
que preenchessem o "cartão de ponto" posteriormente, qual a
razão de impedir, única e exclusivamente, que a autora o
fizesse?
59. Ademais, conforme se verifica do
documento de fl. 53 do processo administrativo, a freqüência
de outros funcionários restou sem anotação, mas ao que se
sabe, não fora instaurado nenhum procedimento administrativo
contra qualquer um desses funcionários, ou sequer fora
aplicada qualquer sanção.
60. Evidencia-se, portanto, o caráter
perseguidor ao qual a autora fora submetida, pois passou a
receber tratamento distinto e dispare ao dos demais funcionários.
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e) da responsabilidade da Administração
61. No Lermos do artigo 37, § 6° da Constituição federal, tem-se que a responsabilidade dos entes adminisLra tivos e objetiva, ou seja, sua caracterização prescinde do eLemenLo culpa.
adn
caracterizada- guan,' 1 Ude satrr atidildade pub_=r ainda que es.La faa. de ingere ezi
entre u aj-a da Adm'inistraça o cian.o.
caLiv7' resta um. dono decorrente da.
ezorbJtado sua
ode
63. Tem-se, portanto, presentes no caso concreto todos os elementos caracterizadores da responsabilidade objetiva da ré.
64. Todavia, caso se entenda ser aplicável ao caso a responsabilidade subjetiva, em que há necessidade de
demonstração da culpa, o que se admite apenas para argumentar,
de rigor sua caracterização. E que, corno dito, não havia
elementos a ensejar a aplicação de qualquer sanção à autora ou
a justificar a instauração de procedimento administrativo ou a
alteração de função, de forma que ao assim proceder, em
contrariedade aos ditames legais, atuou-se no mínimo com imprudência, em manifesto abuso e desvio de poder.
65. A conduta imputada a ré é a perseguição impetrado em desfavor da ré no ambiente labora', haja vista
que sofrera indevida penalização, teve instaurado em seu
desfavor processo administrativo disciplinar investigativo,
fora alterada sua função habitual, o que evidencia a prática
de atos em desvio de poder ou mesmo abuso de direito da ré, em violação ao artigo 187 do Código Civil.
Ainda, resta evidenciada a conduta ilícita pela adoção de tratamento distinto entre os funcionários, haja
vista que somente a autora fora punida por conduta rotineira e admita corno usual. no procedimenlo administartvo.
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66. Os danos são evidentes, pois para o homem de bem, a sLmples inclusão de seu nome em procedimentos
investigatórios, sem um :Justo motivo, é suficiente para
desestabilizar a vida da sua famMa e a sua própria, pois não
existe vergonha maior para quem não cometeu um ato ilícito do
que conviver com a dor de ser confundido com um infrator.
66.1. Essa dor, causada por investigações ilegais e abusivas, mutila a pessoa, que não suporta a carga negativa dessa terrível injustiça e, a posLeriori, mesmo sendo inocentadas, impinge-lhe seqüelas psicológicas pela eternidade.
67. Ainda, no caso em exame os danos ainda restam comprovados pela impossibilidade da autora desempenhar
sua função habitual de técnica de laboratório, desempenhando
função meramente burocrática e distinta de sua qualificação
profissional, fato este que repercute negativamente perante os
demais colegas de trabalho, bem como impede o crescimento
profissional, pois a autora Fora impedida de participar como
auxiliar de pesquisa científica, por não mais laborar no seu setor habitual de parasitologia.
68. Ou seja, evidente os danos suportados pela autora em virtude das perseguições sofridas no ambiente laborai.
69. Por fim, o nexo de causalidade é nítido,
a medida em que os danos suportados pela autora decorrem diretamente das condutas atribuídas a ré.
70. Esclarece-se, por oportuno, que não há qualquer óbice a reparação dos danos exclusivamente morais,
notadamente a partir da Constituição Mederal de 1988, quando a
reparação do dano ganhou tutela especial, elevada que foi, expressamente, ao nível de garantia constitucional fundamental. De fato, prescreve a Lei Maior em seu artigo 5°, incisos V e X:
"Art. 5°. ("omissis") V --- é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além de indenização por dano material, moral ou à imagem;
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("omissis")
X— são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;"
71 - Da mesma forma, a possibilidade de ocorrência de dano exclusivamente morai é assegurada no ordenamento tnfraconsti.tuc_i_ona1
, conforme se observa da prescrição do artigo 186 do Código Cl v:i 1., verbis:
"Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito."
"Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes."
"Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo" (acrescentamos).
12. Assim sendo, toda lesão não patrimonial que venha a sofrer o indivíduo que cause repercussão no seu
interior é, em Lese, passível de reparação, como se afigura no caso em concreto.
73. Espec_iL camen Le acerca do dano moral
decorrente dc a Los de persegLri cão no ambien Le de trabalho, a
jurisprudência já se manifestou reconhecendo sua ocorrência,
conforme se verifica das segui ntes ementas, verbis:
"DANO MORAL. INDENIZAÇÃO. O constrangimento causado pela perseguição contra o trabalhador, após este ter denunciado suas superioras hierárquicas pelo comércio irregular de material da instituição, causa inequívoco dano moral e impõe a reparação da vítima. A conduta do empregados- que desborda dos limites da dignidade e pratica pessoalmente ou por seus prepostos, atos abusivos e injustos, consubstanciados em perseguições e represálias, configura procedimento vexatório e humilhante que impõe a indenização por danos morais ao trabalhador (art. 5°, inc. V, CFR/88), pois são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, direitos estes assegurados por norma de status constitucional (art. 5°, inc. X da Constituição Federal de 1988)". (TRT 2, AC 20050584256, 4' T., Rel. Des. Paulo Augusto Câmara, Rev. Carlos Roberto Husek, DOE 13/09/2005)
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"ASSÉDIO MORAL. ABUSO DE DIREITO POR PARTE DO EMPREGADOR.
Segundo a autora Marie-France Hirigoyen, o assédio moral no trabalho é qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude...) que atente, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou fpisica de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho. O assédio moral se configura pela utilização tática de ataques repetitivos sobre a figura de outrem, seja com o intuito de desestabilizá-lo emocionalmente, seja com o intuito de se conseguir alcançar determinados objetivos empresariais.
Se, por um lado, o objetivo pode ser apenas e tão somente a "perseguição" de urna pessoa específica, objetivando a sua iniciativa na saída dos quadros funcionais, pode, também, configurar o assédio moral na acirrada competição, na busca por maiores lucros, instando os empregados à venda de produtos, ou seja, a uma produção sempre maior.
O assédio ocorre pelo abuso do direito do empregador de exercer o seu poder diretivo ou disciplinar: as medias empregadas têm por único objetivo deteriorar, intencionalmente, as condições em que o trabalhador desenvolve o seu trabalho, numa desenfreada busca para atingir os objetivos empresariais. O empregado, diante da velada ameaça constante do desemprego, se vê obrigado a atingir as metas sorrateiramente lhe impostas --- ferindo o decoro profissional". (TRT 3, RO 01301-2003-011-03-00-9, U T., Rel. Des. Adriana Goulart de Sena, DiMG 20/08/2004, p. 07)
71. Por fjm, é de se consignar que é pacífico
o entendimento jurisprudencial no sentido da desnecessidade da
comprovação do abalo moral sofrido, que não se pode afirmar
inexistente tão-só por faltar exteriorização, pela vítima, de
comportamento que evidencie seu sofrimento. Nesse sentido,
tem-se a seguinte ementa do t:gregio Superior_ Tribunal de Justiça:
"DANOS PATRIMONIAL E MORAL - A concepção atual da doutrina orienta-se no sentido de que responsabilização do agente causador do dano moral opera-se por força do simples fato da violação (danum in re ipsa). Verificado o evento danoso, surge a necessidade da reparação, não havendo que se cogitar da prova do prejuízo, se presentes os pressupostos legais para que haja a responsabilidade civil (nexo de causalidade e culpa). Assim, o só fato de o r. acórdão guerreado ter reconhecido a perda em 30% da capacidade laborativa da recorrente, conseqüente de ato culposo atribuído à recorrida, já é bastante, por si mesmo, para se ter como
is
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existente a lesão moral e, por decorrência, o direito daquela a ser indenizada e desta de arrostar com o ônus da reparação." (STJ - REsp 23.575 - DF - T. - Rel. Min. Cesar Asfor Rocha — DJU 01.09.97)
75. Patente assim Os danos morais causados a autora, em função da perseguição sofrida no ambiente laborai,
com a aplicação de sanções :indevidas, jus Lauração de processo administrativo inves Liga. ti ort o sem jusLa causa, alteração de função da autora_
76. Acerca da quantificação do dano moral, tem-se que, conforme afirmado pela melhor doutrina, a dificuldade em se avaliar o dano moral puro não deve
constituir obstáculo para a indenização da dor moral. De fato, conforme observou De Page, citado por. Rui SLoco3 :
"A dificuldade de avaliar não apaga a realidade do dano e, por conseguinte, não dispensa da obrigação de repará-lo"
77. Assim, a reparação no caso d.e dano moral
deve ser feita através de compensação, via indireta do dinheiro. A indenização é, pois, arbitrável, conforme prescreve o art. 1.533, do Código Civil, devendo-se observar seu duplo objetivo: por um lado, seu caráter punitivo do agente, a fim de desestimulá-lo da prática futura de atos
semelhantes; por outro, deve ter um conteúdo compensatório da dor e humilhação suportadas.
78. Nesse sentido já se manifestou nosso Egrégio Tribunal de Justiça, como se pode observar nas seguintes ementas:
"INDENIZAÇÃO. RESPONSABILIDADE CIVIL. ATO ILÍCITO. DANO MORAL. CONCRETIZAÇÃO DE OFENSA A UM DIREITO, APESAR DA INOCORRÊNCIA DE PREJUÍZO MATERIAL. RECURSO PROVIDO PARA ESSE FIM. Hoje em dia, a boa doutrina inclina-se no sentido de conferir à indenização do dano moral caráter dúplice, tanto punitivo do agente, quanto compensatório, em relação à vítima (cf. Caio Mário da Silva Pereira, "Responsabilidade Civil", ed. Forense, 1989, p.
$ Traité Élémentaire, vol. II, n. 915 .
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67). Assim, a vítima cie lesão a direitos de natureza não patrimonial (CR, art. 5', incs. V e X) deve receber uma soma que lhe compense a dor e a humilhação sofridas, e arbitrada segundo as circunstâncias. Não deve ser fonte de enriquecimento, nem ser inexpressiva." (TJSP — 7" C., Ap., Rel. Des. Campos Mello, j. 30.10.91 —RJTJESP 137/186-187).
"A indenização por dano moral é arbitrável mediante estimativa prudencial que leve em conta a necessidade de, com a quantia, satisfazer a dor da vítima e dissuadir, de igual e novo atentado, o autor da ofensa". (TJSP — 2" C., Ap., Rel. Des. Cezar Peluso, j. 21.12.93 — RJTJESP 156/94 e RT 706/67).
III — DO PEDIDO
79. Diante do exposto, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, requerer a citação da ré para todos os termos da inicial e, querendo, apresente a defesa que
tiver, no prazo legal, sob pena de lhe ser aplicado os efeitos da revelia, para ao final -julgar inteiramente procedente a demanda, para:
a) condenar a ré a pagar a autora, a título de indenização pelos danos morais causados, a importância
correspondente a 200 (duzentos) salários mínimos, vigentes e
nacionalmente unificados, corrigidos monetariamente;
b) determinar que a autora volte a desempenhar suas funções habituais de técnica de laboratório
junto ao Setor de Parasitoses Sistêmicas, deixando de exercer
funções meramente burocráticas no Setor de Material e
Patrimônio, a Lim de restabelecer o status que ante;
c) condenar a ré no pagamento das custas e
despesas processuais e honorários advocatícios a. ser fixado em
20% (vinte por cento) da condenação e demais consectários legais.
Requer provar o alegado por todos os meios
admitidos em direito, notadamente pelo depoimento pessoal da
ré, sob pena de confesso, oitivas de testemunhas, juntada de
20
Rua Capitão Gabriel, 177, sala 02, Centro, Guarulhos — SP — CEP: 07011-010, Fones: 6409-0153 — 6468-9847
ADVOCACIA XAVIER
documentos, expedição de ofícios e cartas precatórias, produção de provas periciais, e tantas outras que se fizerem necessárias.
Requer-se, ainda, seja concedido a autora os benefícios da justiça gratuita, nos Lermos do artigo 5°, LXXIV
da Constituição Federal e da Lei n. 1.060/50, por não ter
condições de arcar com as custas e despesas processuais sem
prejuízo dos sustentos próprio e de sua familia (conforme
declaração anexo). Pela concessão ao Sr. Oficial de Justiça das benesses do artigo 172 e parágrafos do CPC.
Dá à causa o valor de R$ 76.000,00 (setenta e seis reais).
Termos em que,
pede deferimento.
Guarulhos, 07 de agosto de 2.007
ldina- e Lurdes Xavier
OAB/SP 36.362
21
Rua Capitão Gabriel, 177, sala 02, Centro, Guarulhos — SP — CEP: 07011-010, Fones: 6409-0153 — 6468-9847
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SENTENÇA
Processo n°: Classe - Assunto
Requerente: Requerido:
053.07.123342-4 Procedimento Ordinário - Assunto Principal do Processo << Nenhuma informação disponível >> Sebastiana de Alcantara Estado de São Paulo
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi
VISTOS.
SEBASTIANA DE ALCÂNTARA, qualificada e
representada nos autos, ajuizou a presente Ação de Reparação por Perdas e Danos
em face do ESTADO DE SÃO PAULO. Objetiva o reconhecimento de seu direito
de retornar ao exercício de suas funções habituais de técnica de laboratório junto ao
Setor de Parasitoses Sistêmicas, deixando de exercer funções meramente
burocráticas no Setor de Material e Patrimônio. Requer, ainda, a condenação do
pólo passivo no dever de pagar-lhe, a título de indenização por danos morais, a
importância correspondente a duzentos salários mínimos.
053.07.123342-4 - lauda 1
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9.5
Nos termos da inicial, a autora ingressou nos quadros
de servidores da ré em dezembro de 1971, após aprovação em concurso público e
foi contratada pelo regime da Lei n° 500/74 para desempenhar as funções de técnica
de laboratório junto à Secretaria de Estado da Saúde no Instituto Adolfo Lutz —
Serviço de Parasitologia. Sempre desempenhou a contento as suas funções. No
entanto, a partir do início de 2003, passou a ser perseguida por sua chefia de sorte a
passar a receber tratamento diferenciado em relação aos demais colegas. E assim c
se operou a imposição de sanções, sem justa causa, com a instauração imotivada de c
processos administrativos. Ato contínuo, deixou de desempenhar suas funções de — = c
técnica de laboratório para trabalhar no Setor de Material e Patrimônio de sorte a c
realizar, exclusivamente, funções burocráticas. Mais precisamente, passou a <1.) • <,
arquivar documentos, entregar documentos a diversos setores, proceder à E ,r o o") C.) cm
numeração de processos e extração de cópias. (.0 ,...: < ,--
N— Z o '2 ' s < C .
up 6)
A tese inicial nega a prática das infrações que 9op ci
imputadas à autora — quais sejam a falta imotivada no início de abril de 2003 ou o E = a) o_ O.
retirada de documento ou objeto existente no órgão, sem autorização do superior 9 —
hierárquico. Após relatar o procedimento adotado, à época, para a assinatura dos < o_ _, -a
cartões de presença de todos os servidores, o pólo ativo conclui por apontar o Lu — a) o cE
tratamento diferenciado que lhe foi dedicado em relação aos demais funcionários. E cg --, < `
_.. '
s-11
ainda que se concluísse pela prática infracional, certamente deveria limitar-se à E ✓ ..2
repreensão. A autora, ainda, sustenta nulidades no processo administrativo que 6 a, 0 o,
veio, por sua vez, após recurso, a ser arquivado, com a determinação de 'd -a' o
e.) regularização da presença da autora no período compreendido entre 01 a 17 de abril r 6. <1 'Es. ro
de 2003 bem como a reposição dos descontos salariais sofridos. Prossegue no -c c u, ru .1)
sentido de que as transferência para Setor Burocrático prejudica, inclusive, sua vida T o, (u . c- ,,, c ',3
-E g'
053.07.123342-4 - lauda 2 E
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profissional pois impede sua progressão.
O pólo ativo sustenta a necessidade de justa causa para
investigações disciplinares e concluiu no sentido de que a mantença de seu
afastamento das funções habituais, mesmo após arquivado o processo
investigatório, revela caráter abusivo.
A petição inicial veio acompanhada pelos documentos
de folhas 23/160.
Defesa na modalidade de contestação a folhas 166/173.
Não suscitou preliminar. Destacou-se que a apreciação da justiça do ato
administrativo é matéria afeta à discricionariedade — para o qual não pode se
direcionar a revisão pelo Poder Judiciário. Apontou-se, ainda, para o fato de que as
irregularidades indicadas foram regularizadas pela própria Administração de forma
que, para o pedido indenizatório, inexiste amparo jurídico.
A autora replicou a folhas 176/186.
O processo foi saneado a folhas 194/195, oportunidade
em que restou deferida a produção de prova testemunhal e a juntada de cópia do
processo administrativo.
053.07.123342-4 - lauda 3
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Foram ouvidas três testemunhas arroladas pela autora.
Por fim, as partes pronunciaram-se por memoriais.
Do essencial, o relatório.
FUNDAMENTO E DECIDO.
Cuida-se de ação de indenização por danos morais
promovida por servidora que integra os quadros da Secretaria de Estado da Saúde,
lotada no Instituto Adolfo Lutz, que, por motivos pessoais de perseguição
perpetrada por sua chefia imediata, vê-se, ainda, penalizada pela impossibilidade de
dar continuidade ao exercício de suas funções de técnica de laboratório para
atender a trabalhos de caráter meramente burocrático em setor diverso. Labora-se,
nestes autos, pela condenação da ré no dever de reconduzir a autora às funções para
as quais foi, efetivamente, contratada.
Porquanto não suscitadas preliminares, passo à análise
imediata do mérito.
Prospera a pretensão inicial.
Tem-se por incontroverso que a autora integra os
quadros da Secretaria da Saúde desde 1971 e sua formação é Técnica de
053.07.123342-4 - lauda 4
o o o o o
O o
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Laboratório (folhas 71).
Incontroverso, ainda, que desde seu ingresso para a
Secretaria da Saúde, a mesma sempre exerceu suas funções no Laboratório até idos
de 2003, totalizando 31 anos de efetivo exercício (74). A partir de abril de 2003,
por alegada perseguição perpetrada por sua chefe superior, a autora foi transferida
para setor diverso onde executa serviços de caráter extremamente burocrático,
oo o o o o
o 0)
o o 0
À autora foi imputada a prática das seguintes infrações: • E .1-
C C'3 a) Retirada de documento ou objeto existente no órgão em que trabalhava, sem c.) —
o) N: autorização; N
—
Z o
o b) Falta injustificada ao serviço. a O
a. ri.) o) 2 cr) 6_ 2 o E o_ o o > a; Q eL o
primeiramente, com advertência conforme se extrai do teor de folhas 28, em a -J -° _J 24.04.2003. — c: Li, 0
CG co cn
o_
---
-2 `uir rr a)
✓
•
-13- Em 25.04.2003, a autora, de próprio punho, externou E)o.,
a) A seu inconformismo com a penalidade imposta — oportunidade em que infoimou que "a' o
E 2 7e ,D a falta decorreu da greve de ônibus, destacou o procedimento adotado por todos os e) 2 -o' cri
servidores do setor em relação à assinatura do cartão de ponto e explicou os -c o ,,, , N motivos que a levaram a retirar do setor competente, para análise, os documentos ,e o . c c) o o ei E 0-
053.07.123342-4 - lauda 5
como numeração de folhas, extração de cópias, armazenamento e entrega de
documentos, dentre outros.
Por estas duas infrações, a autora foi penalizada,
2 o o_ -o o E tA LU G')
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1g
atrelados ao ponto dos demais funcionários, para motivar a tese de tratamento
diferenciado.
Veja-se que, a folhas 30, a Diretora de Divisão de
Biologia Médica, quando do pedido de adoção de providências para que a
advertência feita à autora fosse efetivada, sugere a sua respectiva substituição por
repreensão. E assim manteve sua decisão, mesmo após orientada quanto à
necessidade de a pena de repreensão ser feita por escrito (folhas 31). E a pena de '5
repreensão veio a ser averbada confoline folhas 33. Por certo que esta penalidade
de repreensão foi imposta, de início, com desprezo ao
princípio da ampla defesa. o
c.) o cm")
Contra esta penalidade, a autora manifestou-se e em N: °
z ) setembro de 2003, adveio a decisão de folhas 45 que, após reconhecer
o 8 a. a)
irregularidade no trâmite processual, reconsiderou-se a pena de repreensão e ca cA
determinou-se a instauração de sindicância para apuração de quatro infrações, quais sejam: O
o .5
a) Retirada, no dia 22.04.2003, de duas pastas contendo todas as folhas de CaL a)
—I -a
freqüência dos funcionários da Seção de Parasitoses Sistêmicas que se LJJ O CC
encontrava na sala da Diretoria de Serviço de Parasitoses Sistêmicas que se < cn
encontrava na sala da Diretoria; E 5-1'
b) Falta ao serviço nos dias 01 a 17 de abril de 2003 por motivo não justificado
o_ o
em papeleta adequada;
rS
c) Assinatura em 22.04.2003 na folha de freqüência referente aos dias 03.04, o u) -o c =a)
04.04, 11.04 e 22.04 sobre a linha de corte feita pela Diretoria; c
ccl O
O E o-
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053.07.123342-4 - lauda 6 E O -o 1.) E
U)
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d) Posse das chaves da Seção fora do horário de serviço, nos dias 03.04, 04.04,
11.04 e 22.04, sem o consentimento da Chefia Imediata ou Mediata.
Instaurados os autos para apuração preliminar,
constatou-se a retificação das falhas anteriores, de sorte que restou reservada a
oportunidade de a autora exercer seu direito à ampla defesa.
o
Ao longo do processo administrativo, foram sendo
esclarecidas as imputações feitas à autora. A sra. Diretora, por exemplo, ao apontar o
a não justificativa das faltas nos dias 01 a 17.04, elencou alguns dos dias neste o
período em que a autora permaneceu com as chaves — o que confirmou o desacerto • cJ •zr
da imputação de que houve, efetivamente, falta ao serviço. Aliás, a mesma Sra. c.) „c') ar ■ Diretora ratificou, a folhas 47, que a autora justificou suas faltas, verbalmente, no R
N. °
z 5 período compreendido entre 01 a 17.04.2003. 52 )
O c_ a) w 8 ca O o
(I) Por outro lado, restou fartamente comprovado que era O E o_ o
O a habitual os servidores assinarem o ponto depois de alguns dias de trabalho. A > • {,, a_ o assinatura ja- diária do controle de presença não era hábito entre todos os servidores do
LIJ o setor. É o que se extrai da leitura do depoimento das testemunhas ouvidas a folhas co
209/214:
"Via de regra, o livro de ponto tem que ser assinado diariamente. Só que, na 'o a, 0.) prática, nós costumávamos a assinar só de final de mês. Nenhum funcionário foi E o • a.) E 2
punido por não assinar o ponto”. ru
O
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O 053.07.123342-4 - lauda 7 ,e2
8 - a) E V) a) 111 cr)
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Quanto à assinatura da autora sobre linha de corte de
freqüência firmada pela sua chefia, resta por concluir no sentido de que a autora
esteve, sim, presente. E quanto aos dias de ausência, justificou verbalmente à sua
chefia.
Veja-se a folhas 210 que a testemunha Maria Lúcia foi
clara quanto ao fato de que "No dia em que o ponto de Sebastiana foi riscad,ela
esteve presente no serviço, pois tínhamos muita coisa para fazer. Saímos,
inclusive, as 19 horas".
o
o O
Nem mesmo a posse das chaves de deteiminado setor, •
sem o consentimento da Chefia, restou configurada para fins disciplinares. cn ,c" c.)
Como bem expresso a folhas 118 "essa atitude da servidora Sebastiana de N c) z c )̀
Alcântara Lopes não infringiu qualquer norma regulamentar, não causou o 2
prejuízo ao serviço e foi praticada no único intuito de esclarecer situação pessoal (13 o_
•
o
O c=1 de seu interesse, além de ter sido praticada depois de procurar por seu superior O E
imediato, no caso, a Diretora do Serviço de Parasitologia (...) A posse da chave a_ O- "E
da Seção, no estrito temo necessário para se locomover até a Portaria e vice-versa <
não constitui infração, além de ser prática usual, conforme consta de -o J
uJ o
depoimentos prestados". CG
<
o a,
E por não restar caracterizada infração disciplinar, tem- ci) a_
▪ o se por certo que ao fim do procedimento administrativo restou configurada a E
•
a) d a > • o
ausência de infração com a imposição do dever de serem regularizados a frequência O u.>
da autora bem como o pagamento dos valores pertinentes à diferença de Prêmio de ■CL) C '-- C7) ,-1) (f) o Incentivo, férias, auxílio transporte e vale refeição da autora. Cd
o “1 ▪ CL • c.7 P 053.07.123342-4 - lauda 8 o a) o É
-cs E
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 13" VARA DE FAZENDA PÚBLICA VIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo - SP - CEP 01501-020
O tratamento diferenciado conferido à autora em
relação aos demais funcionários restou patente ao longo da instrução.
E esta hostilidade, igualmente, é ratificada pelo teor do
depoimento das testemunhas ouvidas sob o pálio do contraditório.
A folhas 209 tem-se a indicação de que se a diretora
Márcia se invoca com algum funcionário, nem Deus consegue controlar suas
perseguições.
E com este perfil, restou clara sua perseguição em
desfavor da autora. Comportamento hostil que, após a transferência imotivada da
autora para Setor de Vendas e Compras, vedou qualquer petinissão de a autora
"aparecer" no andar e nem mesmo no Setor para o qual se dedicou anos e anos a
fio.
A desproporcionalidade da conduta de Márcia em face
da postura da autora revela-se incompatível, inclusive, com suas funções de
Direção. Leia-se, a propósito, o teor lançado ainda a folhas 209, no sentido de que
"nesse mesmo dia, Márcia abriu o armário de Sebastiana no banheiro e tirou as
coisas dela de lá. Colocou em duas caixas e as levou para o corredor, sem avisar
a Sebastiana". E foi a testemunha Maria Lúcia — contra a qual não há qualquer
elemento indicativo a desabonar a credibilidade de seu depoimento — que cuidou de
053.07.123342-4 - lauda 9
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 13' VARA DE FAZENDA PÚBLICA VIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo - SP - CEP 01501-020
q.9
pegar os pertences da autora e guardá-los para que os mesmos não
desaparecessem. Informa-se, ainda, que "Márcia era mais rude com Sebastiana do
que com relação aos demais funcionários e que ela perseguia a autora".
A folhas 211/212, a testemunha Rosângela foi clara
quanto ao fato de que "uns três ou quatro anos antes da mudança de setor de
Sebastiana, começou a surgir um clima diferenciado entre a diretora Márcia e a
autora. Foi algo ligado à necessidade de desocupação de armários (...) para
organizar o almoxarifado (para o qual a autora trabalhava voluntariamente). A
partir de então, Márcia dispensava um tratamento à Sebastiana. A proibição feita
à autora de comparecer ao Setor, ou mesmo ao andar onde, por tantos anos
trabalhou. subscrita pela Diretora, restou confirmada, igualmente, por esta
testemunha.
A gravidade e desproporcionalidade de conduta da Sra
Márcia, em desfavor de sua subordinada Sebastiana, é evidenciada no relatório
lançado pelas testemunhas em torno de uma reunião convocada pela Diretora
Márcia, com todos os funcionários, na qual Sebastiana foi acusada de roubo de
documentos por Mcircia.Desta reunião participou Sebastiana e foi um ato típico
de coação, praticado por Márcia contra Sebastiana perante os demais (...) Houve
também uma determinação de Márcia para arrombamento do armário pessoal
utilizado por Sebastiana. Foram chamados por ela, funcionários que
arrombaram o armário e retiraram os objetos pessoais de Sebastiana, colocando-
os em duas caixas, sem que à autora tivesse sido dada oportunidade de verificar
se faltava alguma coisa, melhor ainda, de ela própria guardar os seus pertences.
Em virtude da proibição de Márcia para que Sebastiana andasse no nosso andar,
faz cinco anos que Sebastiana não pode buscar essas caixas com seus pertences
053.07.123342-4 - lauda 10
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 13' VARA DE FAZENDA PÚBLICA VIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo - SP - CEP 01501-020
9i/
pessoais".
Em relação à autora foram trazidas info inações de
cunho exclusivamente favoráveis ao se perfil profissional. Desde a dedicação
satisfatória às suas funções, ao seu perfil de coleguismo, à sua dedicação inclusive
voluntária para com outros setores (como almoxarifado), à sua credibilidade que a
fez digna de trabalhar no setor de compras e, inclusive, de subordinação para quem
não mais exercia, sobre ela, o poder de chefia. Veja-se que, mesmo transcorridos
mais de cinco anos da determinação, o tom da proibição de se dirigir ao Setor e 0 —
mesmo ao andar faz-se tão alto que a autora sequer foi buscar seus pertences o
pessoais.
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Q cm <
Em relação a uma profissional assim descrita, a Sra. N.:
N — c)
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Diretora — conhecida por sua impertinência em relação aos funcionários com os 9 o cn
quais pudesse "se invocar", colheram-se indícios, ou mesmo prova indicativas de < a.
8c)
c/) cn c_ O e intolerância e irrazoabilidade. o a_ o O "E >
`,1, N Como dar abrigo a uma acusação pública, em local de
--I ui o — CP
trabalho, na presença dos mais de vinte e dois funcionários de um mesmo setor, no CC co
sentido de que a autora teria roubado documentos? A exposição de uma condição CC
delinqüente, sem condenação criminal com trânsito em julgado, atenta contra 2 R
garantia constitucional fundamental. E o Poder Público está vinculado não apenas o O
É
à legalidade formal mas à juridicidade — conceito mais abrangente que inclui a E cd O'
própria Constituição Federal. o U) 'O
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053.07.123342-4 - lauda 11 E g U 2 o c- a E 77.) LiJ
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A fonnia diferenciada do tratamento dado à autora, por
parte de seus sua Chefia, pelo conjunto de provas camadas aos autos, revelou-se
inadequado e sem supedâneo. Firmou-se em nota intrínseca da Sra. Diretora.
Por que admitir que todos os servidores assinem seu
ponto no final do mês e, de forma repentina, desigualar uma funcionária com atos
trajados de efetiva implicância?
Ausentes os motivos que justificariam o tratamento
diferenciado. Iguais foram tratados de forma desigual — o que é ofensivo ao
princípio isonômico que a Constituição
democrático e à República.
consagra e que é inerente ao regime
Imotivada a discriminação que se funda em questões
pessoais como no caso dos autos. E a verificação desta postura é passível de
avaliação pelo Poder Judiciário, sem afronta ao disposto pelo artigo 2°, da
Constituição Federal mas em atenção à garantia de princípios basilares como o da
Dignidade Humana.
Desta conclusão tem-se que a mudança da autora para
setor diverso decorreu de ato imotivado. Não tende às necessidades do Setor
original — que reclama mão de obra especializada. Nem às da autora — que deixa de
exercer as funções próprias de sua formação e para a qual veio a ser contratada.
Não consta dos autos qualquer elemento indicativo no sentido de que tenha
decorrido da necessidade do próprio serviço público. Por conseqüência, reclama
053.07.123342-4 - lauda 12
o --) c•J
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 13' VARA DE FAZENDA PÚBLICA VIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo - SP - CEP 01501-020
retificação.
Por fim, resta por fixar o valor dos danos morais cuja
ocorrência restou comprovada.
Por certo que a dor do vexame, do tratamento
diferenciado, da agressividade imotivada, é imensurável. E a indenização a ser
fixada não é suficiente para, a ela, fazer frente. Espera-se, apenas, que esta
indenização tenha o cunho, acima de tudo, inibitório, em prol de situações futuras.
Inexistentes parâmetros legais para o arbitramento do
valor da reparação do dano moral, pela equidade e razoabilidade, entende-e por
satisfatório fixá-lo em R$35.000,00 (trinta e cinco mil reais).
Feitas essas considerações e por tudo o mais que dos
autos consta, JULGO PROCEDENTE o pedido deduzido por SEBATIANA DE
ALCÂNTARA nestes autos da Ação Ordinária promovida em face do ESTADO
DE SÃO PAULO, nos termos do artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil,
para:
a) CONDENAR a ré no dever de reconduzir ao Setor de Origem para regular
exercício das funções de técnica de laboratório junto ao Setor de Parasitoses
Sistêmicas do Instituto Adolfo Lutz, para as quais foi contratada;
b) CONDENAR a ré no dever de indenizar a autora pelos danos morais
sofridos, em quantia que arbitro de forma fixa em R535.000,00 (trinta e
053.07.123342-4 - lauda 13
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 13' VARA DE FAZENDA PÚBLICA VIADUTO DONA PAULINA, 80, São Paulo - SP - CEP 01501-020
cinco mil reais), atualizáveis a partir da data da publicação desta sentença,
pelos índices expressos na Tabela Prática emitida pelo Tribunal de Justiça
para atualização dos débitos judiciais;
c) CONDENAR a ré no dever de pagar as custas, despesas processuais
comprovadas e honorários advocatícios que arbitro em 1% sobre o valor
atualizado da condenação.
Sentença sujeita ao reexame necessário.
P.R.I.C.
São Paulo, 18 de fevereiro de 2010.
MARIA GABRIELLA PAVLÓPOULOS SPAOLONZI Juíza de Direito
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2011.0000064069
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Reexame Necessário n° 0123342-45.2007.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é apelante/apelado SEBASTIANA DE ALCÂNTARA e Apelante JUÍZO EX-OFFICIO sendo apelado/apelante FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
ACORDAM, em 12a Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Recurso da Fazenda Pública improvido e deram provimento ao reexame necessário e ao recurso voluntário da autora. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores WANDERLEY JOSÉ FEDERIGHI (Presidente sem voto), VENICIO SALLES E J. M. RIBEIRO DE PAULA.
São Paulo, 25 de maio de 2011.
BURZA NETO RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
APELAÇÃO.N0: 0123342-45.2007.8.26.0053. COMARCA : SÃO PAULO. RECORRENTE : JUIZO EX-OFFICIO. APELANTE. : SEBASTIANA DE ALCÃNTARA (E OUTRO). APELADO. : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
JUIZ i a INSTÂNCIA: Maria Gabriella Pavlópoulos Spaolonzi.
VOTO N°: 18.917. EMENTA: Ação Ordinária - Danos Morais - Servidora Pública Estadual - Técnica de Laboratório -Circunstâncias em que a autora passou a receber tratamento diferenciado em relação aos demais colegas, sendo designada a trabalhar em outro setor (compras e vendas). - Perseguição por parte da Direção - Dano moral caracterizado - Valor mantido - Honorários advocatícios - Aplicação do artigo 20 § 4° do Código de Processo Civil - Lei Federal n° 11.960/09 - Inaplicabilidade em demandas ajuizadas antes da sua vigência - Recurso da Fazenda Pública improvido e, parcialmente provido o da autora e o reexame necessário.
Trata-se de apelações e reexame necessário voltados contra a sentença de fls. 245/258, de relatório adotado que julgou procedente a ação, nos termos do artigo 269, I, do Código de Processo Civil para, condenar a ré no dever de reconduzir a autora ao Setor de Origem para regular exercício das funções de técnicas de laboratório junto ao Setor de Parasitoses Sistêmicas do Instituto Adolfo Lutz, para as quais foi contratada; a indenizar a autora pelos danos morais sofridos, em quantia fixada em R$ 35.000,00, atualizáveis a partir da publicação da sentença, pelos índices expressos na Tabela Prática do TJ/SP; bem como no dever de pagar as custas, despesas processuais e, verba honorária fixada em 1% sobre o valor atualizado da condenação.
Inconformada, apela a autora requerendo o provimento do recurso para que a r. sentença seja parcialmente reformada, para aumentar a importância
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referente à indenização dos danos morais, bem como para majorar a condenação dos honorários advocatícios.
Apela também, a Fazenda Pública do Estado de São Paulo requerendo o provimento do recurso a fim de reformar a r. sentença, julgando-se improcedente a ação ante a não comprovação de que a abertura do processo disciplinar tenha sido instaurado com a finalidade única de perseguiçãO; bem como para que a correção monetária e os juros sejam aplicados nos moldes da Lei Federal n°
11.960/2009.
Recurso recebido e processado em ambos os efeitos, inclusive com as contra-razões, estando em termos para julgamento.
É o Relatório.
O recurso da autora e o reexame necessário comportam parcial provimento, apenas no que tange aos honorários advocatícios.
Por primeiro a fixação de 1% sobre o valor da condenação mostra-se irrisório e fora dos parâmetros estabelecidos pelo Código de Processo Civil (§ 3° do artigo 20).
Segundo porque, vencida a Fazenda Pública aplica-se a regra estabelecida no § 4° do referido
diploma legal.
"Discrimina o artigo 20 §4° do Código de Processo Cível, que nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública os honorários serão fixados consoante apreciação
eqüitativa do Juiz".
O arbitramento de honorários, quando vencida a Fazenda Pública, deve se proceder mediante a apreciação eqüitativa do Juiz, e não nos percentuais mínimo e máximo previstos no artigo supra mencionado.
Sendo assim, respeitado o disposto no §
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4°, do mencionado artigo, fixa-se os honorários à razão de R$ 1.000,00.
Do dano moral.
Não há o que se falar em majoração do valor fixado a título de danos morais.
Segundo o ensinamento de YOUSSEF SAID CAHALI:
"parece mais razoável, assim, caracterizar o dano moral pelos seus próprios elementos: portanto, como a privação ou diminuição daqueles bens que têm um valor precípuo na vida do homem e que são a paz, a tranqüilidade de espírito, a liberdade individual, a integridade física, a honra e os demais sagrados afetos"; e se classificando, assim, em dano que afeta "a parte social do patrimônio moral (honra, reputação,etc...) e dano que moleste a parte afetiva do patrimônio moral (dor, tristeza, saudade, etc...) e dano moral que provoca direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz, deformante, etc) e dano moral puro (dor, tristeza etc...)" "in" Dano e Indenização, Ed. 1980, Pg.p.7.
Para TEREZA ANCONA LOPEZ DE MAGALHÃES, os danos morais podem ser das mais variadas espécies, apurando-se entre eles aqueles que dizem respeito à reputação, à segurança e tranqüilidade, à liberdade, aos sentimentos afetivos de qualquer espécie, etc... (O dano estético, responsabilidade civil — Pg.8, Ed.1980.).
NO entendimento do Eminente CAIO MARIO DA SILVA PEREIRA:
"E preciso entender que, a par do patrimônio como complexo de relações jurídicas de uma pessoa, economicamente apreciáveis (CLOVIS BEVILACQUA, Teoria Geral, § 29), o indivíduo é titular de direitos integrantes de sua personalidade, o bom conceito de que desfruta na sociedade, os sentimentos que exornam a sua consciência, os valores afetivos, merecedores todos de igual proteção da ordem jurídica" (Responsabilidade
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Civil, Pg.66, Ed.1990).
É o que aliás anota o Magistrado Paulista IRINEU ANTONIO PEDROTTI, in verbis:
Há um conjunto de bens ligados ao espírito, aos sentimentos, à inteligência, que também completam o patrimônio de uma personalidade. O sofrimento da perda inesperada de um ente querido; o abalo emocional pelo impacto de uma injúria; a contrariedade e perda de ânimo causados pela queda de crédito; a humilhação do encarceramento — são danos certamente". (Responsabilidade Civil, vol.2, Pg.992, Ed.1190).
O artigo 5° da Constituição Federal, por seu inciso X, proclama ser inviolável a honra assegurando indenização pelos danos materiais e morais decorrentes da respectiva violação.
O direito à vida e à honra, como se sabe, se traduz juridicamente em larga série de expressões compreendidas como princípios da dignidade humana: o bom nome, a fama, o prestígio, a reputação, a estima, o decoro, a consideração, o respeito, a convivência, o conforto.
Não havia necessidade de declará-lo a Constituição, nem a lei ordinária; é um direito onipresente no ordenamento civil, penal e público e, por isso mesmo, já encontrava tutela na Constituição anterior que, sem embargo de conter o princípio da resposta (Constitucional, muito mais ampla que a resposta no âmbito da imprensa), garantia no § 36 do artigo 153 os direitos "decorrentes do regime e dos princípios" da Carta.
Trata-se de um direito universal e natural da pessoa humana, como tal considerado pela doutrina civil recente (H. HUBBMANN, Das Personllckeitsrecht, 39, R. Lindon, Les Droits de La Personnalité, 464 e seguintes; Santos Cifuentes, Los Derechos Personalisímos, Pg.280 e seguintes), como mais antiga ( Gierke, D. Privatrecht, Pg.82,III; Ferrara,
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Trattato Pg.85),e muito antiga (V.G. De Soto, De Justitia et Jure, V, Q.9.1), e também brasileira (Pontes de Miranda, Tratado... vol.V11/737; Orlando Gomes, Direitos da Personalidade, RF 216; W. Morais, Direito à Honra, Enciclopédia Saraiva..., XXV/207).
No entendimento do Jurista alemão Josef Kohler, "Não é justo que nada se dê, somente por não se poder dar o exato" ; assim, deve o Juiz no momento da fixação da indenização ater-se com a devida prudência e parcimônia, a fim de não incentivar o ócio.
A III Conferência Nacional de Desembargadores do Brasil, levada a efeito na Guanabara em dezembro de 1965, firmou entre suas conclusões:
"2" - que o arbitramento do dano moral fosse apreciado ao inteiro arbítrio do Juiz que, não obstante, em cada caso, deverá atender a repercussão econômica dele, a prova da dor e ao grau de dolo ou culpa do ofensor".(Cf. WILSON MELO DA SILVA,Ob. Cit. Pg.365)".
O acima citado IRINEU ANTONIO PEDROTTI, lembra que:
"O Juiz, ao apreciar o caso concreto submetido a exame fará a entrega da prestação Jurisdicional de forma livre e consciente à luz das provas que forem produzidas. Verificará as condições das partes, o nível social, o grau de escolaridade, prejuízo sofrido pela vítima, a intensidade da culpa e os demais fatores concorrentes para fixação do dano, haja vista que costumeiramente a regra do direito pode se revestir de flexibilidade para dar a cada um o que é seu".
Ainda é de ter-se presente que o Anteprojeto do Código de Obrigações de 1941 (Orozimbo Nonato, Hahanenann Guimarães, Philadelpho Azevedo) recomendava que a reparação por dano moral deveria ser "moderadamente arbitrada". Essa moderação tem por finalidade evitar a perspectiva de lucro fácil e generoso, em fim, do locupletamento indevido.
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Ante tais razões, deve ser mantido o valor fixado na r. sentença.
Do recurso de apelação da Fazenda Pública.
Por primeiro, convém esclarecer que a aplicabilidade da Lei Federal n° 11.960/09 referente a correção monetária e aos juros, não se enquadra ao caso em tela.
Conforme ficou definido na ata da reunião Extraordinária do Centro de Apoio do Direito Público, realizada em 26/11/2009, por votação unânime ficou decidido que:
"A lei n° 11.960/2009, não se aplica aos processos com trânsito em julgado, em respeito à coisa julgada".
E ainda que:
ss.A. lei n° 11.960/2009, somente se aplica às ações ajuizadas após a sua vigência, ressalvada a eventual declaração de inconstitucionalidade dessa norma".
Desta maneira, como a ação foi distribuída antes da referida Lei, razão alguma assiste á apelante.
No mérito, nada há ser modificado.
Ficou bem comprovada a perseguição que sofreu a autora em decorrência dos processos administrativos disciplinares e sua transferência imotivada para o setor de Vendas e Compras.
Ao longo do processo restou demonstrada que a conduta da Sr. Márcia (Superiora Hierárquica da autora) revelou-se incompatível, inclusive com suas funções de Direção.
Aliás, todas as testemunhas arroladas na instrução foram unânimes em alegar a perseguição e o tratamento diferenciado que a autora sofreu pela Sr.
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Márcia.
Nesses termos, reporto-me ao quanto decidido pela bem lançada sentença:
"Em relação a uma profissional assim descrita, a Sra. Diretora conhecida por sua impertinência em relação aos funcionários com os quais pudesse "se invocar", colheram-se indícios, ou mesmo prova indicativas de intolerância e irrazoabilidade.".
Vale ressaltar que a mudança da autora para outro setor, decorreu de ato imotivado, inclusive pelo cargo a que prestou o concurso público.
Por derradeiro, considera-se prequestionada toda matéria infraconstitucional e constitucional, observando-se que é pacífico no Superior Tribunal de Justiça que, tratando-se de pré-questionamento, é desnecessária a citação numérica dos dispositivos legais, bastando que a questão posta tenha sido decidida.
E mais, os embargos declaratórios, mesmo para fins de prequestionamento, só são admissíveis se a decisão embargada estiver eivada de algum dos vícios que ensejariam a oposição dessa espécie recursal (EDROMS-18205/SP, Ministro FELIX FISCHER, DJ-08.05.2006 p.240).
Ante o exposto, NEGA-SE provimento ao recurso de apelação da Fazenda Pública e, DÁ-SE PARCIAL provimento ao recurso da autora e ao reexame necessário, somente no que tange aos honorários advocatícios.
LUIZ BURZA NETO
Relator
Apelação / Reexame Necessário n° 0123342-45.2007.8.26.0053 Voto n° 18.917 8
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO PROCURADORIA JUDICIAL — PJ 1
Rua Maria Paula, 172, São Paulo — SP Telefone 3291-7100
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Interessado(s): Sebastiana de Alcantara
Recurso de Apelação n° 0123342-45.2007.8.26.0053
Senhor Procurador do Estado Chefe — PJ-1:
Trata-se de ação ajuizada por servidora pública estadual,
ocupante do cargo de Técnica de Laboratório, que alega ter sofrido
perseguição por parte da Direção, o que teria resultado na sua designação
para trabalhar em outro setor. Pleiteia a recondução para o setor de origem e a
condenação da FESP em danos morais.
O MM. Juízo de primeiro grau houve por bem julgar
procedente a ação, determinando a recondução da autora ao setor de origem e
condenando a FESP ao pagamento de R$ 35.000,00 a título de danos morais,
com base nas provas produzidas nos autos, inclusive testemunhal, e nos
processos administrativos disciplinares instaurados.
Interposto recurso de apelação pela FESP, o mesmo teve
seu provimento negado pelo E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,
mantida a r. sentença, alterando-se apenas o valor da condenação a título de
honorários sucumbenciais.
Analisando-se o expediente, não se constata a presença
de elementos que autorizem a interposição de recurso contra o v. acórdão, pois
ausente questão federal a ser suscitada em Recurso Especial ou ofensa a
Constituição Federal a ser discutida em Recurso Extraordinário.
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO PROCURADORIA JUDICIAL — PJ 1
Rua Maria Paula, 172, São Paulo — SP Telefone 3291-7100
Ao que consta, a matéria suscitada envolveria análise de
fatos, o que esbarraria no óbice das Súmulas 279 do STF e 7 do STJ. Além do
mais, restringir-se-ia à discussão de direito local (Decreto 29.180/88), o que
igualmente esbarraria na vedação da súmula n° 280 do STF.
Por tais razões, requeiro a dispensa de interposição de
recursos extremos, sem prejuízo da interposição de Recurso Especial
relativo ao critério de cálculo de juros e correção monetária.
À consideração superior.
São Paulo, 21 de julho de 2011.
Leonardo Castro de Sá Vintena
Procurador do Estado
OAB/SP 302.015
DE ACORDO. AO D, GPJ, PARA ANÁLISE SUPERIOR.
Rinjwo S. Artiov Procuradora do Estado
OAB - 105,450 - SP
UENTE. NOS TERmos DO ART, 23 DA
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PG0f:E n.° 54/94.
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5. TJ-SP Disponibilização: quinta-feira, 10 de outubro de 2013. Arquivo: 627 Publicação: 176 SEÇÃO III Subseção IX - Intimações de Acórdãos Seção de Direito Público
Processamento 6° Grupo - 12a Câmara Direito Público - Av. Brig. Luiz Antonio, 849 - sala 304
RETIFICAÇÃO N° 0123342-45.2007.8.26.0053 - Apelação / Reexame Necessário -
São Paulo - Apelante: Juízo Ex-officio - Apte/Apdo: Sebastiana de Alcântara - Apdo/Apte: Fazenda do Estado de São Paulo - Magistrado(a) Burza Neto - Consideraram a adequação do Acórdão de fls. 318/329, ao que ficou decidido no Resp. n.o 1.205.946-SP.v.u. ART. 511 CPC - EVENTUAL RECURSO - SE AO STJ: CUSTAS R$ 131,87 - CÓD. 18832-8 E PORTE DE REMESSA E RETORNO R$ 84,20 - CÓD. 10825-1 (AMBOS GUIA GRU NO SITE http://www.stj.jus.br) - BANCO DO BRASIL - RESOLUÇÃO No 04/2013 DO STJ DJU DE 04/02/2013; SE AO STF: CUSTAS R$ 145,36 - GUIA GRU - COBRANÇA - FICHA DE COMPENSAÇÃO - CÓD. 18826-3 (EMITIDA ATRAVÉS DO SITE www.stf.jus.br) E PORTE DE REMESSA E RETORNO R$ 84,20 - GUIA FEDTJ - CÓD. 140-6 - BANCO DO BRASIL OU INTERNET - RESOLUÇÃO N° 500 de 16/01/2013 DO STF.Os valores referentes ao PORTE DE REMESSA E RETORNO, não se aplicam aos PROCESSOS ELETRÔNICOS, de acordo com o art. 4°. Inciso III, da Resolução n. 505/2013 do STF e art. 6° da Resolução n. 4/2013 do STJ. - Advs: Leopoldina Alecsander Xavier de Medeiros Solano (OAB: 223103/SP) - Anita Maria Vaz de Lima Marchiori Keller (OAB: 87821/SP) - Av. Brigadeiro Luiz Antônio, 849, sala 304
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2013.0000567109
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Reexame Necessário n° 0123342-45.2007.8.26.0053, da Comarca de São Paulo, em que é apelante/apelado SEBASTIANA DE ALCÂNTARA e Apelante JUÍZO EX-OFFICIO, é apelado/apelante FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO.
ACORDAM, em 12' Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Consideraram a adequação do Acórdão de fls. 318/329, ao que ficou decidido no Resp. n.° 1.205.946- SP.v.u.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores J. M. RIBEIRO DE PAULA (Presidente) e VENICIO SALLES.
São Paulo, 18 de setembro de 2013.
BURZA NETO RELATOR
Assinatura Eletrônica
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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
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400
APELAÇÃO N°: 0123342-45.2007.8.26.0053. COMARCA
SÃO PAULO. APELANTE : FAZENDA DO ESTADO DE SÃO PAULO. APELADO SEBASTIANA DE ALCÂNTARA.
JUIZ l'
INSTÂNCIA: Maria Gabriella Pavlópoulos
Spaolonzi.
VOTO N°: 32.425.
EMENTA: ADEQUAÇÃO DE ACORDÃO
Trata-se de recurso especial interposto contra o V. acórdão de fls. 318/329 que, negou provimento ao recurso de apelação da Fazenda Pública, no sentido de negar aplicabilidade da Lei n. 11.960/2009.
Pelo despacho de fls. 398, exarado pelo E. Presidente desta Seção de Direito Público, considerando o julgamento do mérito dos embargos de declaração no recurso especial n° 1.205946/SP, publicado no DJE de 26/10/12, foi determinada a adequação do V. Acórdão para reconhecer o direito à aplicação imediata aos processos em curso, quando da vigência do art. 5°, da Lei n° 11.960/09, que alterou o art. if da Lei n° 9.494/97, sem efeitos retroativos, no tocante aos juros de mora.
Desta forma, considera-se adequado do Acórdão de fls. 318/329, ao que ficou decidido no Resp. n.° 1.205.946-SP (fls. 398/400).
LUIZ BURZA NETO
Relator
Apelação / Reexame Necessário n° 0123342-45.2007.8.26.0053 Voto n° 32.425.. 2
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Data de disponibilização: 05/02/2015 - Órgão Judicial: DJSP - CADERNO 3 JUDICIAL I" INSTÂNCIA CAPITAL. Fórum Hely Lopes / 13' Vara da Fazenda Pública
RELACAO N 0037/2015Processo 0123342-45.2007.8.26.0053 (053.07.123342-4) -Procedimento Ordinario - Transferencia - Sebastiana de Alcantara - Estado de Sao Paulo - istos. Nos termos do art. 461 do CPC, cumpra a re o julgado. FIXO desde logo o prazo de 90 dias, para que a Fazenda Publica cumpra a condenacao A praxe tem demonstrado que 30 dias e prazo apertado para pratica das medidas administrativas necessarias, autorizando a fixacao em intervalo maior previsto no art. 604, §1°, do CPC, apresente planilha dos valores devidos em razao do julgado, facultada a retirada dos autos por ate 10 (dez) dias para obtencao dos elementos necessarios ao cumprimento do julgado. Sem prejuizo, manifeste-se a re sobre os calculos apresentados pela exequente. Intime-se. - ADV: ANITA MARIA VAZ DE LIMA MARCHIORI KELLER (OAB 87821/SP), LEOPOLDINA DE LURDES XAVIER (OAB 36362/SP)
log4
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO PROCURADORIA JUDICIAL
INTERESSADO(A) : SEBASTIANA DE ALCANTARA
PROCESSO JUDICIAL: 0123342-45.2007.8.26.0053
COMARCA DA CAPITAL - FAZENDA PÚBLICA
13' VARA DE FAZENDA PÚBLICA EXECUÇÃO DE SENTENÇA : OBRIGAÇÃO DE FAZER
AUTOS DE PROCEDIMENTO : ORDINÁRIO
BANCA:
Secretaria/órgão/Entidade onde se dará o cumprimento: CAF
Venho propor o encaminhamento para a CAF, para cumprimento da obrigação de fazer, conforme cópias anexadas (recondução ao cargo e planilha de cálculo decorrente de condenação em danos morais).
São Paulo, 05 de fevereiro de 2015.
DANIELLE GONÇALVES PINHEIRO
Procuradora do Estado
OAB/SP N° 226.424
Rua Maria Paula, 67, lo Andar, Bela Vista, São Paulo-SP 2007.01.016960
403
PROCURADORIA GERAL DO ESTADO PROCURADORIA JUDICIAL
INTERESSADO(A) : SEBASTIANA DE ALCANTARA
PROCESSO JUDICIAL: 0123342-45.2007.8.26.0053
COMARCA DA CAPITAL - FAZENDA PÚBLICA
13' VARA DE FAZENDA PÚBLICA EXECUÇÃO DE SENTENÇA : OBRIGAÇÃO DE FAZER
AUTOS DE PROCEDIMENTO : ORDINÁRIO
BANCA:
Secretaria/Órgão/Entidade onde se dará o cumprimento: SECRETARIA DA SAÚDE
Venho propor o encaminhamento para a SECRETARIA DA SAÚDE, para cumprimento da obrigação de fazer, conforme cópias anexadas.(recondução ao cargo e planilha de cálculo decorrente de condenação em danos morais).
São Paulo, 05 de fevereiro de 1 15.
DANIELLE GONÇALVES PINHEIRO
Procuradora do Estado
OAB/SP N° 226.424
Rua Maria Paula, 67, lo Andar, Bela Vista, São Paulo-SP 2007.01.016960
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO P ÚDE AULO
SECRETARIA DE ESTADO DA SA COORDENADORIA GERAL DE ADMINISTRAÇÃO
CENTRAL DE PROTOCOLO EXPEDIÇÃO E ARQUIV O
TERMO DE APENSAMENTO
Nesta data, atendendo à solicitação da Douta Consultoria
Jurídica da Pasta, apensamos ao processo n° 001/0941/016.960/2007, o
processo n° 001/0001/000.586/2015.
Devidamente providenciado, encaminhe-se a unidade supra.
CGA/CPEA/PROTOCOLO
13/02/2015
Xettnni
Diretor-I-CPEA
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
CONSULTORIA JURÍDICA
Fls 105
N° DO PROCESSO 001/0941/016.960/2007
DATA DE ENTRADA: 19/ 02/2015
DISTRIBUIDO AO DR(a): Nuhad
EM 19/02±2015_
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
CONSULTORIA JURÍDICA
Processo n° 001/0941/016.960/2007 (Apenso 001/0001/000.586/2015).
Interessado: SEBASTIANA DE ALCANTARA.
(Ação Ordinária n° 583.53.2007.123342-4/000000-000 Ordem n° 1454/07 da 13' Vara da Fazenda Pública/SP- Banca: 12-A.
À GGP-NAA,
para cumprimento da OBRIGAÇÃO DE FAZER, em
caráter de URGÊNCIA, devendo ser a eles juntados todos os elementos hábeis à defesa do
Estado em Juízo, inclusive cópias de todos os documentos, processos ou expedientes referentes
ao assunto.
C.J., em 19 de fevereiro de 2015.
NUHAD SAID OLIVER Procuradora do Estado Chefe da
Consultoria Jurídica
sb
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
PORTARIA DA DIRETORA DE
A DIRETORA DO CENTRO DE CONTROLE DE RECURSOS
HUMANOS, DO GRUPO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL, DA
COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS, no uso de suas atribuições legais,
DECLARA, à vista da decisão judicial transitada em julgado, constante do Processo n.°
0123342-45.2007.8.26.0053(13' Vara de Fazenda Pública - Foro Central , SP), P.1/1; n°.
016960/2007 e AP n°. 001/0001/000.586/2015, em nome de SEBASTIANA DE
ALCANTARA, que a interessada abaixo faz jus à "ser reconduzida ao setor de origem
para regular exercício das funções de técnica de laboratório junto ao setor de
Parasitoses Sistêmicas do Instituto Adolfo Lutz, bem corno a indenização por danos
morais sofridos no valor de RS 35.000,00 (trinta e cinco mil reais)."
Instituto Adolfo Lutz
Sebastiana de Alcantâra, RG 6191091:
CENTRO DE CONTROLE DE RECURSOS HUMANOS, DO GRUPO
DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL, aos
MÁRCIA ALVES DE BARROS Diretor Técnico II
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