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CURSO DE GRADUAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA
SUPORTE BÁSICO À VIDA NA ATIVIDADE POLICIAL MILITAR: uma proposta de
formação continuada.
THIAGO MATIAS FONSECA
FLORIANÓPOLIS
2009
POLÍCIA MILITAR DE SANTA CATARINA UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
DIRETORIA DE INSTRUÇÃO E ENSINO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
E JURÍDICAS DE BIGUAÇU
THIAGO MATIAS FONSECA
SUPORTE BÁSICO À VIDA NA ATIVIDADE POLICIAL MILITAR: uma proposta de
formação continuada.
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em
Segurança Pública pela Universidade do
Vale do Itajaí.
Orientador: Cap BM Guideverson de Lourenço Heisler
FLORIANÓPOLIS
2009
THIAGO MATIAS FONSECA
SUPORTE BÁSICO À VIDA NA ATIVIDADE POLICIAL MILITAR: uma proposta de
formação continuada.
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado e aprovado em sua
forma final pela Coordenação do Curso de Segurança Pública da Universidade do
Vale do Itajaí, em 08 de Outubro de 2008.
_____________________________________________ Prof. Moacir José Serpa, Msc Univali – CEJURPS Biguaçu
Coordenador do Curso
Banca examinadora:
_____________________________________________ Cap BM Guideverson de Lourenço Heisler, Esp
Professor Orientador
_____________________________________________ Maj PM José Luiz Gonçalves da Silveira, Pós-Doutor
Membro
_____________________________________________ Cap BM Giovanni Matiuzzi Zacarias, Esp
Membro
Dedico este trabalho: Ao meu querido pai, João Matias Fonseca, exemplo de pai e companheiro, por me apoiar e estar ao meu lado na conquista dos meus sonhos. Te amo pai! À minha amada mãe, Osvalda Nascimento Fonseca, que me deu a vida com amor e, ao longo desta caminhada, sofreu com as minhas tristezas e celebrou com as alegrias. BBPP. Te amo mãe! Ao meu mano, Fernando Luiz Fonseca, figura indescritível e extraordinária, por me aturar e pelo imenso carinho que tem por mim. Te amo cara! À minha noiva e futura esposa, Renatha Christine Silva Veber, linda flor que brotou no meu jardim, por compreender as minhas dificuldades e compartilhar todos os momentos felizes ao meu lado. Te amo amorinha, pra sempre! Aos meus avós, João e Dalci, pais do meu pai, e Auta e Eleutério, in memorian, pais da minha mãe, meus anjos, minha vida. Amo vocês! Aos demais familiares: meus infinitos tios e tias e primos e primas, meus padrinhos Déia e Emanuel, meu afilhado Vítor, minha sogra Bia, minha cunhada Juh e àqueles que eu não tive a oportunidade de citar. Aos amigos civis, os quais compreenderam minha ausência e sempre me deram força e incentivo e, principalmente, aos verdadeiros amigos do CFO, por tornar os dias de Academia mais felizes.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente à Deus, por me dar a oportunidade de chegar até aqui, com saúde e ao lado de pessoas maravilhosas.
Aos meus familiares, principais responsáveis pela minha felicidade e minhas conquistas.
Aos verdadeiros amigos de Academia que deixarão saudades.
Ao meu orientador, Cap BM Guideverson de Lourenço Heisler, pela disposição e dedicação durante a confecção deste trabalho e ao longo do curso.
À Polícia Militar de Santa Catarina, em especial à Academia de Polícia Militar da Trindade.
“Se alguém salvar uma vida, será como se tivesse salvado toda a humanidade" Alcorão
RESUMO
O presente trabalho apresenta a temática atinente à importância da prestação adequada do suporte básico à vida, pelos policiais militares de Santa Catarina, propondo a implantação da matéria em atividade de formação continuada. O Estado é responsável pela organização social e pelos direitos comuns, dentre eles a segurança. Neste contexto, a polícia surge com o intuito de melhorar a ordem e a estabilidade social levando em conta o interesse coletivo. Frente à ampla competência das Polícias Militares brasileiras, prestando serviços à sociedade diuturnamente, esta se vê em posição de destaque para solucionar circunstâncias incomuns, incluindo o atendimento às ocorrências de socorros de urgência à comunidade e aos próprios policiais de serviço. O estudo está consubstanciado em base teórica, apresentando a competência das Polícias Militares, e enfocando nos socorros de urgência. Explicita as concepções acerca do atendimento pré-hospitalar, bem como, relaciona as instituições que realizam esta atividade no Estado de Santa Catarina. Recorreu-se também ao levantamento de dados estatísticos de ocorrências de socorros de urgência registradas na central de emergência da Polícia Militar de Santa Catarina e identificou a formação dos policiais militares catarinenses acerca do tema. A revisão de literatura teve como último item, a contextualização sobre formação continuada, focalizando nas atividades de ensino oferecidas pela instituição militar. Concluiu-se, sem a pretensão de esgotar o tema, mas com a convicção da necessidade e da relevância deste, apresentar uma proposta de implantação de atividade de formação continuada a respeito da atividade de socorros de urgência para os integrantes da Polícia Militar de Santa Catarina. Palavras-chave: Polícia Militar de Santa Catarina. Atendimento Pré-Hospitalar. Suporte Básico à Vida. Formação Continuada.
ABSTRACT
This paper present the importance of suitable assisting of basic life support by Santa Catarina‟s military policemen, suggesting to stabilish a continuous education activity about the topic. The State is responsible for social organization and common rights, including public safety. In this context, police appear with the purpose of improve public order and social stability, taking into consideration the social interest. Brazilian military polices are in eminence to solve diferents situations, in view of its extensive attributions, providing lasting services, comprehending urgent aid for citizenry and policemen on service. The study is consolidate in theoretical basis, presenting the attributions of military polices, focalizing in urgent aid. It also explores: conceptions about prehospital emergency care, Santa Catarina state‟s departments that execute this activity, statistician analysis of phone calls demand requiring urgent aid received from military police‟s emergency service and check the military policemen formation about the topic. Thereafter, provide to inquire about continuous education, focalizing on instructions offered by Santa Catarina‟s Military Police. Finally, it achieve, without pretension to finish the discussion, but with conviction of significance and necessity of this, suggest to stabilish a continuous education activity about urgent aid for Santa Catarina state‟s military Police agents. Key words: Santa Catarina‟s Military Police. Prehospital Emergency Care. Basic Support Life. Continuous Education.
LISTA DE TABELAS
TABELA 01: Ocorrências por Área – Ano 2006 (Santa Catarina) ............................. 58
TABELA 02: Ocorrências por Área – Ano 2007 (Santa Catarina) ............................. 59
TABELA 03: Ocorrências por Área – Ano 2008 (Santa Catarina) ............................. 59
LISTA DE QUADROS E GRÁFICOS
GRÁFICO 01: Ocorrências Por Área – Ano 2006 (Santa Catarina) .......................... 60
GRÁFICO 02: Ocorrências Por Área – Ano 2007 (Santa Catarina) .......................... 60
GRÁFICO 02: Ocorrências Por Área – Ano 2008 (Santa Catarina) .......................... 61
QUADRO 01: Programa de Matérias da Instrução de Revitalização de Tropa para
Praças ....................................................................................................................... 71
QUADRO 02: Sugestão de Programa de Matérias da Instrução de Revitalização de
Tropa para Praças ..................................................................................................... 73
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APH – Atendimento Pré-Hospitalar
BAPM – Batalhão de Aviação da Polícia Militar
BPMRv – Batalhão de Polícia Militar Rodoviário
CBMSC – Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina
CRFB – Constituição da República Federativa do Brasil
DPRF – Departamento de Polícia Rodoviária Federal
NGE – Normas Gerais de Ensino
PGE – Plano Geral de Ensino
PMSC – Polícia Militar de Santa Catarina
SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SAV – Suporte Avançado à Vida
SBV – Suporte Básico à Vida
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13
1.1 TEMA ................................................................................................................. 14
1.2 PROBLEMA ....................................................................................................... 15
1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................... 15
1.3.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 15
1.3.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 15
1.4 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 16
2 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA .............................................................. 18
2.1 MÉTODO ............................................................................................................ 18
2.2 TIPO DE PESQUISA .......................................................................................... 19
2.3 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................... 20
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 22
3.1 A POLÍCIA MILITAR E A COMPETÊNCIA PARA O ATENDIMENTO A
SOCORROS DE URGÊNCIA .................................................................................... 22
3.1.1 Segurança Pública: breve histórico ............................................................. 22
3.1.2 A Competência Constitucional da Polícia Militar ....................................... 25
3.1.2.1 Polícia Ostensiva ......................................................................................... 28
3.1.2.2 Preservação da Ordem Pública ................................................................... 29
3.1.3 A Competência da Polícia Militar para atender as Ocorrências de
Socorros de Urgência ............................................................................................. 33
3.2 O POLICIAL MILITAR EM ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR ........................ 37
3.2.1 Atendimento Pré-Hospitalar: Conceitos e Origem ..................................... 37
3.2.1.1 Conceituação ............................................................................................... 37
3.2.1.2 Aspectos Históricos ...................................................................................... 39
3.2.2 Instituições Prestadoras do Atendimento Pré-Hospitalar em Santa
Catarina .................................................................................................................... 43
3.2.2.1 Serviço de Atendimento Móvel de Urgência ................................................ 44
3.2.2.2 Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina ............................................ 45
3.2.2.3 Bombeiros Comunitários .............................................................................. 47
3.2.2.4 Bombeiros Voluntários ................................................................................. 47
3.2.2.5 Departamento de Polícia Rodoviária Federal ............................................... 48
3.2.2.6 Polícia Militar de Santa Catarina .................................................................. 49
3.2.3 Atividades de Ensino na PMSC com atenção aos Socorros de Urgência 52
3.2.4 Demanda de chamadas recebidas pela Central de Emergência 190 ........ 57
3.3 O MÉTODO DE ENSINO PARA O ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR ........... 62
3.3.1 A Educação no Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar ........................... 62
3.3.2 Concepções acerca da Formação Continuada ........................................... 64
3.3.3 Formação Continuada na Polícia Militar de Santa Catarina ...................... 67
3.3.4 Proposta de inclusão da disciplina de Suporte Básico à Vida na Instrução
de Revitalização para Praças ................................................................................. 71
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 74
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76
13
1 INTRODUÇÃO
A sociedade desde os primórdios da sua existência sempre sentiu a
necessidade de proteção. Os primeiros homens sociais começaram a interagir com
seus semelhantes e desta interação surgiram as diferenças que dificultavam a vida
em sociedade. Com as diferenças, apareceram os conflitos que se tornaram cada
vez mais constantes e vultosos, passando a existir assim as primeiras regras
buscando regular a vida social e estabelecer uma certa ordem, visando o bem
comum. A partir desta necessidade de regulação foram criados os primeiros grupos,
aos quais foram confiadas as funções de organizar e proteger estas sociedades,
nascendo a figura do Estado.
O Estado, então, fica responsável pela manutenção da organização social e
pelos direitos comuns, incluindo entre estes a segurança. É neste momento que
surge a polícia, uma organização estatal incumbida de manter a ordem e a
estabilidade social levando em conta o interesse coletivo.
As civilizações se desenvolveram e sofreram grandes mudanças até chegar
aos moldes atuais e, não diferentes, os entes estatais também ampliaram suas
atividades. Todavia, apesar de assumir diferentes formas, as instituições policiais
sempre conservaram em sua essência as funções de manutenção da ordem social e
proteção dos cidadãos.
No Brasil, com a promulgação da Constituição da República Federativa do
Brasil em 1988, dentro da concepção de Estado Democrático de Direito, a
Segurança Pública recebeu uma atenção especial, sendo exercida para a
preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio e,
mais especificamente as Polícias Militares, além da preservação da ordem pública,
foram incumbidas também com a atividade de polícia ostensiva.
Diante desta ampla competência conferida às Polícias Militares, é difícil
compreender toda a gama de situações, das mais simples às mais complexas, em
que um policial pode lidar no seu dia a dia. A população em presença de uma
circunstância adversa sempre procura o primeiro aparato estatal disponível e pronto
14
para auxiliá-la. Como os serviços da Polícia Militar são contínuos e ininterruptos,
operando diuturnamente, esta se vê em uma posição de destaque.
Ainda, com o aumento da violência, em todas suas formas, e das doenças
respiratórias, cardiovasculares, metabólicas, entre outras responsáveis pelas
ocorrências de socorros de urgências, cresce consideravelmente a necessidade de
atendimento das vítimas no local da ocorrência.
Assim, apesar das limitações para uma assistência de qualidade no mais
moderno aparato tecnológico em favor da manutenção da vida humana e, por esta
ser uma das atividades específicas dos Corpos de Bombeiros Militares e do Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência, torna-se necessário um conhecimento científico
adequado aos profissionais de segurança pública e principalmente aos policiais
militares, quase sempre os primeiros a serem contatados ou a chegarem ao local
das ocorrências, objetivando a manutenção da vida dos cidadãos até a chegada de
um dos serviços especializados em primeiros socorros.
A adequação deste conhecimento científico, já adquirido durante os cursos de
formação da Polícia Militar de Santa Catarina, deve ser efetivada através de
atividades de formação continuada, as quais buscam estimular e ampliar, de
maneira ininterrupta, os conhecimentos e, conseqüentemente, proporcionar uma
melhor prestação do serviço público na área de segurança pública.
1.1 TEMA
Suporte Básico à Vida na atividade policial militar: uma proposta de formação
continuada
15
1.2 PROBLEMA
Diante da necessidade de proteção da sociedade por parte do Estado e das
constantes mudanças nas técnicas para a manutenção da vida de vítimas em
ocorrências de socorros de urgência, vê-se necessário a atualização periódica dos
profissionais responsáveis por esta atividade. Diante dessa demanda, surge a
questão problema: Como manter o policial militar preparado para realizar
atendimentos de suporte básico à vida?
1.3 OBJETIVOS
Para responder ao problema de pesquisa proposto foram elaborados os
objetivos a seguir.
1.3.1 Objetivo Geral
Analisar a formação dos Policiais Militares de Santa Catarina visando
estruturar uma proposta de formação continuada em suporte básico à vida.
1.3.2 Objetivos Específicos
Relacionar a missão constitucional das Polícias Militares ao atendimento de
vítimas em ocorrências de socorros de urgência.
Descrever o histórico e conceitos acerca do atendimento pré-hospitalar.
16
Verificar os cursos providos pela Polícia Militar de Santa Catarina que incluem
disciplinas sobre socorros de urgência.
Identificar o conceito acerca de formação continuada sugeridos por autores e
as atividades de ensino, relacionadas à matéria, na Polícia Militar de Santa
Catarina.
Apresentar uma proposta de formação continuada em suporte básico à vida
para o efetivo da Polícia Militar de Santa Catarina.
1.4 JUSTIFICATIVA
O policial militar no seu dia a dia de trabalho depara-se com diversas
ocorrências onde há a necessidade de realizar procedimentos de suporte básico à
vida para a manutenção da vida de pessoas. No entanto, qualquer procedimento
incorreto pode, em vez de salvar a vida, ofender ainda mais a integridade física
daquele que necessita ser amparado.
A prática do suporte básico à vida não é a principal atividade das Polícias
Militares, porém, intrínseco à sua missão constitucional de preservação da ordem
pública e do direito da população ao socorro público, em não havendo profissionais
especializados para executar tais procedimentos, vê-se de grande valia o
conhecimento em procedimentos de suporte básico à vida para os policiais militares
que se deparam com ocorrências de socorros de urgência.
Neste sentido, o presente trabalho propõe uma alternativa na formação
continuada da corporação, a qual poderá contar com mais um elemento essencial a
atividade do policial militar e, e que poderá resultar em uma solução para promover
a melhoria da qualidade dos serviços prestados pela Polícia Militar de Santa
Catarina na área de socorros de urgência. Desvendando, no entanto, a forma mais
eficaz de manter o policial que está na ponta, atendendo às inúmeras ocorrências,
preparado para prestar os primeiros cuidados às vitimas com distúrbios traumáticos
ou clínicos utilizando de conhecimentos científicos adequados e atualizados,
17
propiciando uma maior estabilidade até a chegada de um dos serviços
especializados em primeiros socorros.
Este estudo poderá contribuir com a melhoria dos serviços prestados por
estes profissionais, trazendo benefícios, não somente para a Polícia Militar de Santa
Catarina por executar suas funções com eficiência e de acordo com os preceitos
constitucionais, mas também à população de Santa Catarina que se sente segura e
protegida ao saber que pode contar com estes serviços quando se encontrar em
uma situação emergencial.
Ainda, esta pesquisa é considerada de suprema relevância para o acadêmico,
pois este possui afinidade com o tema e interesse em buscar informações que
subsidiem a atividade de socorro prestada, em muitos casos, pela Polícia Militar, não
só para o aprimoramento profissional pessoal, como também daqueles policiais que
estarão atuando ao seu lado na vida laboral.
18
2 FUNDAMENTAÇÃO METODOLÓGICA
Neste capítulo demonstrar-se-á as metodologias empregadas para a
construção desta pesquisa científica. Para uma melhor compreensão deste item,
alguns conceitos devem ser trazidos à tona. Desta forma, Marconi e Lakatos (2006,
p. 157), definem pesquisa como “um procedimento formal, com método de
pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho
para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”.
Para Gil (2002, p. 162), “nesta parte, descrevem-se os procedimentos a
serem seguidos na realização da pesquisa. Sua organização varia de acordo com as
peculiaridades de cada pesquisa”.
Nos itens seguintes, serão explanados: o método de pesquisa, o tipo e
técnica de pesquisa e a análise de dados, elementos fundamentais para caracterizar
a metodologia que será aplicada no trabalho.
2.1 MÉTODO
Para Marconi e Lakatos (2006), todas as ciências caracterizam-se pelo uso de
métodos científicos, e neste sentido conceituam método como:
o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros –, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões de cientistas. (MARCONI E LAKATOS, 2006, p. 157)
Seguindo esta linha de raciocínio, Fachin (2001, p. 27) afirma que:
O método é um instrumento do conhecimento que proporciona aos pesquisadores, em qualquer área de sua formação, orientação geral que facilita planejar uma pesquisa, formular hipóteses, coordenar investigações, realizar experiências e interpretar os resultados.
19
Resumindo em um conceito mais genérico, Fachin (2001) ainda define que
método é a seleção de procedimentos ordenados para descrever e elucidar o
estudo.
Como a presente pesquisa tem como foco a análise da formação dos policiais
militares e objetiva estruturar uma proposta de formação continuada em suporte
básico à vida, utilizou-se, dentre os métodos científicos, o dedutivo. Neste caso, o
método dedutivo se caracteriza por partir de uma totalidade de conhecimentos sobre
um determinado assunto e alcança-se um conhecimento característico.
Por este caminho, Gil (2002, p. 27) doutrina que esse método:
[...] de acordo com a acepção clássica, é o método que parte do geral e, a seguir, desce ao particular. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica.
Consoante, Pasold (2000, p. 85) esclarece que o método dedutivo tem como
escopo “estabelecer uma formulação geral e, em seguida, buscar as partes do
fenômeno de modo a sustentar a formulação geral”.
2.2 TIPO DE PESQUISA
O tipo de pesquisa utilizado foi o exploratório, pois:
[...] têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições” (GIL, 2002, p. 41)
Para atender os objetivos propostos no estudo utilizou-se uma técnica, que
para Pasold (2000, p. 86) nada mais é que “um conjunto diferenciado de
informações reunidas e acionadas em forma instrumental para realizar
20
operações intelectuais ou físicas, sob o comando de uma ou mais bases
investigatórias” (grifo do autor).
Então, para a confecção deste trabalho, sob o aspecto da pesquisa
exploratória, optou-se pelas seguintes técnicas de pesquisa: bibliográfica e
documental.
A pesquisa bibliográfica refere-se à investigação em materiais já elaborados,
como livros, artigos, monografias, entre outros. (GIL, 2002).
Corroborando, Marconi e Lakatos (2006, p. 185) relatam que a pesquisa
bibliográfica “[...] abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de
estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas,
monografias [...]”.
Quanto à pesquisa documental, Gil (2002, p. 45) destaca que:
A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa.
Marconi e Lakatos (2006, p. 176) ainda relatam que “a característica da
pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos,
escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias”.
2.3 ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos dados foi realizada no decorrer do trabalho através das
informações trazidas pela pesquisa bibliográfica e documental.
Por análise de dados, Pasold (2005, p. 228) conceitua como:
[...] apreciação fundamentada sobre o conteúdo examinado, tendo como desiderato uma crítica cientificamente responsável, ou seja, logicamente coerente com a fundamentação do exame efetuado; a crítica pode, obviamente, ser positiva e/ou negativa, e incidir sobre o todo ou partes do conteúdo em questão.
21
Diante disso, os dados apresentados têm como objetivo possibilitar a
organização das respostas às indagações apresentadas pelo problema de pesquisa,
objetivos geral e específicos da pesquisa em tela.
22
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
3.1 A POLÍCIA MILITAR E A COMPETÊNCIA PARA O ATENDIMENTO A
SOCORROS DE URGÊNCIA
Para relacionar a missão constitucional da Polícia Militar de Santa Catarina ao
atendimento às ocorrências de socorros de urgência, far-se-á um breve relato da
segurança pública e sua evolução histórica e uma análise à luz da Constituição da
República Federativa do Brasil (CRFB) de 1988 e das legislações
infraconstitucionais pertinentes.
3.1.1 Segurança Pública: breve histórico
O direito à segurança pública é evidente no Brasil, visto que o disposto no
caput do art. 144 da Constituição Federal considera como dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, e sendo exercida para a preservação da ordem pública e
da incolumidade das pessoas e do patrimônio. Implicando ainda nos direitos e
garantias fundamentais dos cidadãos implícitos nos art. 5º caput e art 6º da CRFB.
Contudo, este direito não é uma inovação dos preceitos constitucionais, pois
sempre foi encontrado presente na vida em sociedade. Conforme Marcineiro e
Pacheco (2005, p. 22):
A preocupação do homem com a segurança remonta à era pré-histórica. Foi pela necessidade de garantir a sua sobrevivência que o homem organizou-se em grupos, dando origem assim aos agrupamentos sociais que mais tarde formariam a sociedade moderna. A necessidade de segurança representou uma das causas mais importantes para o agrupamento social.
Continuando, Marcineiro e Pacheco (2005, p. 22) relatam que:
23
[...] a idéia de segurança que se tinha naquela época nada tem a ver com a idéia contemporânea de segurança pública. A situação atual é fruto da evolução da forma como esta necessidade de segurança se representa nos diferentes momentos históricos pelos quais a humanidade passou.
Para a garantia deste direito, os primeiros grupamentos sociais
estabeleceram regras que regulassem as ações interpessoais para que fosse
mantida certa ordem e possibilitasse a convivência harmoniosa entre os homens. E,
segundo Marcineiro e Pacheco (2005), para garantir o cumprimento das regras
instituídas se fez necessário estabelecer relações de poder, conferindo autoridade a
alguns membros do grupo para com esta finalidade.
Martins (2008) constata através de registros históricos, que a necessidade de
criação destas instituições esta ligada à história da maioria dos povos, destacando
as civilizações Gregas e Romanas como berços da expressão “polícia” e da
formação de um “órgão policial público”, respectivamente, que foram base para a
formação das instituições policiais hodiernas.
Até chegar aos moldes atuais, os órgãos policiais evoluíram em sincronia com
a sociedade. Na Idade Média o controle social “visava única e tão somente a
manutenção do poder, a defesa territorial e a intimidação do povo para que não
insurgissem contra os senhores feudais ou os monarcas, nem contra os dogmas da
igreja” (MARCINEIRO E PACHECO, 2004). Já no período de transação entre a
Idade Média e o Estado Moderno, Martins (2008, p. 48) ressalta que:
[...] ocorreu na Europa um processo de reestruturação das instituições policiais, vinculado ao do sistema político, que antecedeu o nascimento das polícias modernas. As polícias que ressurgem apresentam modelos e características estruturais diversas, citam-se como exemplos a Maréchaussée francesa, estruturada de forma semelhante ao Exército, e o sherif inglês, um representante da coroa nos distritos (uma espécie de prefeito) com atribuições policiais. Esses incipientes modelos influenciaram a caracterização da polícia moderna e hodierna.
No século XVIII, durante o Estado Moderno, a Revolução Francesa assolou o
Estado Absolutista, passando a instituir o esboço do Estado de Direito, apoiado na
juridicidade e na defesa da dignidade da pessoa humana, tendo como base a
24
Declaração dos Direitos Humanos e do Cidadão e a Constituição dos Estados
Unidos da América de 1776. (MARCINEIRO E PACHECO, 2004). O surgimento
deste Estado de Direito:
[...] redimensionou a função policial, atribuindo-lhe a missão de proteger a ordem jurídica e de manter a segurança. A polícia não reside na vontade do monarca, mas na vontade legislativa. Esta estabelece seu objetivo e limites. A polícia tem por função adotar medidas necessárias para a manutenção da paz, segurança e da ordem pública e proteger a sociedade. (FACHINI 1998 apud MARCINEIRO E PACHECO, 2004, p. 25)
No Brasil a história da polícia nos remete à vinda da Família Real Portuguesa
em 1808 que trouxe consigo a Guarda Real de Polícia, instituição que deu origem à
Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e assim às demais polícias no país
(MARCINEIRO E PACHECO, 2004). Com o tempo as instituições policiais foram se
modificando, extinguiram-se algumas polícias, criaram-se outras, mudou-se a sua
função, estrutura e, por vezes, a sua competência.
A situação política do Brasil sempre se demonstrou instável desde o período
Imperial, estas mudanças afetam não só o modus vivendi das pessoas, mas também
todas as instituições da nação. Neste sentido, Marcineiro e Pacheco (2004, p.39)
relatam que:
A situação política do país sempre oscilou entre os regimes de exceção e os regimes democráticos. O golpe militar que proclamou a República, a Revolução de 1930 que iniciou o período ditatorial de Getúlio Vargas, a Revolução de 31 de março de 1964, que instalou no Brasil o regime militar que governou o país até 1985, são marcos históricos de períodos em que a democracia foi posta de lado.
Marcineiro e Pacheco (2004, p.39) prosseguem:
Da mesma forma que o cotidiano da nação ia sendo afetado a cada mudança de regime, também as instituições e, dentre elas, as forças policiais, iam alternando sua forma de atuar, ora visando garantir a segurança pública e a defesa da sociedade, ora visando a segurança nacional e a defesa do Estado.
Em 1985, com o fim do período ditatorial, o país iniciou a fase de
redemocratização e em 1988 foi promulgada a Constituição da República Federativa
25
do Brasil, quando o país começa a viver um Estado Democrático de Direito (Art. 1º),
garantindo assim o exercício da cidadania, dos direitos e garantias fundamentais.
Destarte, para que o Estado Democrático de Direito mantenha um estado de
normalidade social e jurídica, “há que haver uma determinada ordem para que a
sociedade viva em harmonia e possa atingir seu objetivo principal, qual seja, o bem
comum” (MARCINEIRO E PACHECO, 2004, p. 40). Neste sentido, o constituinte
estabelece como sendo esta normalidade a expressão “Ordem Pública”, encontrada
principalmente no Capítulo III, “Da Segurança Pública”, no título V, da CRFB de
1988, onde também estão incluídas as missões constitucionais dos órgãos policiais
brasileiros.
Seguindo esta linha, será apresentada no próximo item a competência das
Polícias Militares estaduais conforme preceitua a Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988.
3.1.2 A Competência Constitucional da Polícia Militar
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 destacou em um de
seus títulos as competências dos órgãos de Segurança Pública. Percebemos aí uma
preocupação dos constituintes com esta matéria, já que na Carta Magna de 1967
não fora dada tal dimensão. Esta preocupação é considerada proveniente da
relevância dada aos serviços de segurança pública na sociedade atual, em que a
própria Constituição vigente cita como direito social (art. 6º) “a segurança”. Neste
sentido Santin (2004, p. 54-55) alega que apesar de o art. 197 da CRFB considerar
apenas “as ações e serviços de saúde” como de “relevância pública”:
A interpretação mais adequada é a consideração de todos os serviços relativos aos direitos sociais (art. 6.º, CF) como de relevância pública [...] Os serviços de relevância pública devem ser considerados como um serviço essencial especial, respeitante aos direitos assegurados na Constituição Federal, principalmente rotulados como direitos sociais. [...] que têm relação direta com a dignidade da pessoa humana, fundamental no Estado Democrático de Direito (art. 1.º, III, CF). (grifo nosso).
26
Corroborando, Gomes (1993 apud SANTIN 2004) considera, além dos
serviços de saúde manifestado no art. 197 da CRFB, todos os demais serviços
públicos como de relevância pública. E ainda continua o autor:
Desarrazoado seria imaginar que a Constituição, reputando como de relevância pública apenas os serviços de saúde, reputaria irrelevantes todos os demais serviços públicos a exemplo dos de segurança pública, de educação, de telecomunicações, de correios, de transportes públicos, de fornecimentos de água e de energia elétrica, de radiodifusão, e tantos outros. (GOMES, 1993 apud SANTIN, 2004, p. 54)
Como competência das Polícias Militares, a Constituição Federal de 1967,
anterior à atual vigente, alegava aquelas serem “instituídas para a manutenção da
ordem e segurança interna” e ainda “força reserva do Exército”. Nesta acepção,
segundo Martins (2008, p. 97) “a atual Constituição ratificou as competências das
Polícias Militares quanto à “ordem pública” e à condição de força auxiliar reserva do
Exército”. Assim sendo, a CRFB de 1988 traz o seguinte texto quanto às atribuições
das Polícias Militares:
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...] V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. [...] § 5º - às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. § 6º - As polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. § 7º - A lei disciplinará a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. [...] (grifo nosso)
Percebe-se nitidamente as diferenças entre a Carta de 1988 e os preceitos
legais anteriores, quanto à inserção da expressão “polícia ostensiva” em vez
“policiamento ostensivo”, a alteração do termo “manutenção da ordem publica” por
“preservação ordem pública” e a supressão da “segurança interna nos Estados”
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dentro das atribuições às Polícias Militares, comparando o dispositivo supracitado ao
art. 13, §4º da CRFB de 1967:
Art. 13 [...] [...] § 4º - As polícias militares, instituídas para a manutenção da ordem e segurança interna nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal, e os corpos de bombeiros militares são considerados forças auxiliares reserva do Exército [...] [...] (grifo nosso)
E ao art. 3º do Decreto-lei nº. 667 de, de 1969:
Art. 3º - Instituídas para a manutenção da ordem pública e segurança interna nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal, compete às Polícias Militares, no âmbito de suas respectivas jurisdições: a) executar com exclusividade, ressalvas as missões peculiares das Forças Armadas, o policiamento ostensivo, fardado, planejado pela autoridade competente, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos; (grifo nosso)
Confinante à CRFB de 1988, a Constituição Estadual de Santa Catarina de
1989 reitera a competência, mais especificamente, da Polícia Militar de Santa
Catarina de acordo com o que consta no art. 105: “A segurança pública, dever do
Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos
seguintes órgãos: [...] II - Polícia Militar. [...]” (grifo nosso). E ainda no artigo com as
competências privativas da PMSC:
Art. 107. À Polícia Militar, órgão permanente, força auxiliar, reserva do Exército, organizada com base na hierarquia e na disciplina, subordinada ao Governador do Estado, cabe, nos limites de sua competência, além de outras atribuições estabelecidas em Lei: I – exercer a polícia ostensiva relacionada com: a) a preservação da ordem e da segurança pública; b) o radiopatrulhamento terrestre, aéreo, lacustre e fluvial; c) o patrulhamento rodoviário; d) a guarda e a fiscalização das florestas e dos mananciais; e) a guarda e a fiscalização do trânsito urbano; f) a polícia judiciária militar, nos termos de lei federal; g) a proteção do meio ambiente;
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h) a garantia do exercício do poder de polícia dos órgãos e entidades públicas, especialmente da área fazendária, sanitária, de proteção ambiental, de uso e ocupação do solo e de patrimônio cultural; II – cooperar com órgãos de defesa civil; e III – atuar preventivamente como força de dissuasão e repressivamente como de restauração da ordem pública. (grifo nosso)
Logo, para compreender melhor a missão constitucional das Polícias
Militares, serão abordados separadamente os conceitos de “Polícia Ostensiva” e
“Preservação da Ordem Pública”.
3.1.2.1 Polícia Ostensiva
Já de início, cabe lembrar que a definição de “Polícia Ostensiva” é diferente
da expressão “Policiamento Ostensivo” abarcada pelo art. 2º, item 27 do Decreto nº.
88.777 de 1983 (R-200), que regulamenta o Decreto-lei n. 667 de 1969, ao
considerá-lo como a:
Ação policial, exclusiva das Policias Militares em cujo emprego o homem ou a fração de tropa engajados sejam identificados de relance, quer pela farda quer pelo equipamento, ou viatura, objetivando a manutenção da ordem pública.
Distinguindo as expressões, Diogo de Figueiredo Moreira Neto (1991 apud
LAZZARINI, 1999, p. 103) entende que:
A polícia ostensiva [...] é uma expressão nova, não só no texto constitucional, como na nomenclatura da especialidade. Foi adotada por dois motivos: o primeiro, já aludido, de estabelecer a exclusividade constitucional e, o segundo, para marcar a expansão da competência policial dos policiais militares, além do “policiamento” ostensivo. Para bem entender este segundo aspecto, é mister ter presente que o policiamento é apenas uma fase da atividade de polícia. A atuação do Estado, no exercício de seu poder de polícia, se desenvolve em quatro fases: a ordem de polícia, o consentimento de polícia, a fiscalização de polícia e a sanção de polícia. (grifo nosso)
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Diogo de Figueiredo Moreira Neto (1991 apud LAZZARINI, 1999, p. 103-104),
continua observando que:
[...] o policiamento corresponde apenas à atividade de fiscalização; por este motivo, a expressão utilizada, polícia ostensiva, expande a atuação das Polícias Militares à integralidade das fases do exercício do poder de polícia. O adjetivo “ostensivo” refere-se à ação da dissuasão, característica do policial fardado e armado, reforçada pelo aparato militar utilizado, que evoca o poder de uma corporação eficientemente unificada pela hierarquia e disciplina. (grifo nosso)
No mesmo viés, Dra. Thereza Helena S. de Miranda Lima (2001 apud
MARTINS, 2008, p.105-106), consultora da União, ilustra que:
[...] houve a expansão da atribuição das polícias militares, que antes se restringia ao policiamento ostensivo, correlativo à atividade de fiscalização, também para as demais fases em que o Estado exerce o seu poder de polícia: a ordem de polícia, o consentimento de polícia e a sanção de polícia. (grifo nosso)
Desta forma, com o alargamento das atribuições das Polícias Militares, com a
Constituição da República ao trazer a expressão “Polícia Ostensiva”, passando a
estabelecer a competência das Polícias Militares para agir em todas as fases do
poder de polícia, permite um melhor desempenho, fazendo com que os anseios
sociais de segurança sejam atendidos. (MARTINS, 2008).
Constata-se que a Constituição da República Federativa Brasileira de 1988
conferiu a ampliação de competência das Polícias Militares além da fiscalização,
permitindo-a atuar, a partir de sua promulgação, em todas as fases do poder de
polícia, seja na ordem, na fiscalização, no consentimento ou na sanção.
3.1.2.2 Preservação da Ordem Pública
Para melhor entender qual o papel que a polícia deve realizar na garantia
dessa Ordem, de antemão vamos descrever o conceito da expressão Ordem Pública
acompanhando o raciocínio de alguns doutrinadores e, posteriormente, conferir a
30
diferença entre os conceitos dos vocábulos “manutenção” e “preservação”, mudança
trazida pelo constituinte de 1988 dentro do título referente à Segurança Pública.
Primeiramente vamos recorrer à conceituação legal de “ordem pública”,
encontrada no art. 2º, item 21 do Decreto nº. 88.777, 30 de setembro de 1983
(Regulamento das Polícias Militares e corpos de bombeiros militares – R-200):
Ordem Pública – Conjunto de regras formais, que emanam do ordenamento jurídico da Nação, tendo por escopo regular as relações sociais de todos os níveis, do interesse público, estabelecendo um clima de convivência harmoniosa e pacífica, fiscalizado pelo poder de polícia, e constituindo uma situação ou condição que conduza ao bem comum.
Não obstante, Lazzarini (1999) doutrina que a expressão “ordem pública”
ainda é interpretada de diversas formas, não tendo uma conceituação sedimentada,
podendo ser variada entre os doutrinadores e, modifica dependendo da nação e da
época em que ela é aplicada. E ainda que:
A noção de ordem pública, em verdade, é mais fácil de ser sentida do que definida e resulta, [...] de um conjunto de princípios de ordem superior, políticos, econômicos, morais e algumas vezes religiosos, aos quais uma sociedade considera estreitamente vinculada à existência e conservação da organização social estabelecida. A noção obedece a um critério contingente, histórico e nacional.
José Cretella Júnior (1978 apud LAZZARINI, 2003, p. 283) preceitua que
Ordem Pública:
[...] não é apenas a manutenção da ordem nas ruas, mas também, [...] manutenção de uma certa ordem moral, [...] porque a ordem pública é constituída por um mínimo de condições essenciais a uma vida social conveniente, formando-lhes o fundamento à segurança dos bens e das pessoas, à salubridade e à tranqüilidade [...] .
Valla (2004, p. 113) conclui que “a ordem pública é uma realidade mais ampla
do que a dissuasão e a contenção da desordem ou investigação e a repressão do
delito, refletindo as dinâmicas globais e locais” e a coloca em dois planos, o ideal e o
jurídico:
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No plano ideal, a ordem pública é uma situação ou estado que se caracteriza pela ausência de desordem, isto é, a disposição dos cidadãos de se respeitarem mutuamente, não ferindo uns o direito dos outros. Já no plano jurídico, a ordem pública é uma situação não apenas de legalidade e moralidade, mas, sobretudo, de boa convivência, condição pela qual prevalece a harmonia da coletividade, fundamentada nos princípios éticos vigentes na sociedade. Portanto deve ser legal, legítima e moral. (grifo nosso).
Atinente à ordem pública, Vedel (1978 apud MARCINEIRO e PACHECO,
2005, p. 41) leciona que:
A noção de ordem pública é básica em direito administrativo, sendo constituída por um mínimo de condições essenciais a uma vida social conveniente. A segurança dos bens e das pessoas, a salubridade e a tranqüilidade formam-lhe o fundamento. (grifo nosso).
Acompanhando este viés, Louis Rolland (1947 apud LAZARINNI, 1999, p.
52):
[...] ao cuidar da polícia administrativa, partindo de textos legais franceses, disse ter a polícia por objeto assegurar a boa ordem, isto é a tranqüilidade pública, a segurança pública, a salubridade pública, concluindo por asseverar essa três coisas, pois a ordem pública é tudo aquilo, nada mais que aquilo.
Portanto, como se pode observar, a expressão ordem pública é considerada
pelos doutrinadores mais ampla que o conceito limitado trazido pela legislação em
vigor, sendo assegurada por três elementos componentes: a segurança pública, a
salubridade pública e a tranqüilidade pública.
Corroborando com esta idéia, para Dominique Turpin (2005 apud MARTINEZ,
2007, p. 37) ordem pública compreende:
1. A tranqüilidade pública, que engloba a luta contra as rixas, os tumultos, os ruídos, etc; 2. A segurança pública que implica tudo o que diz respeito à comodidade do trânsito nas ruas, praças e vias públicas, compreendendo ainda a limpeza das ruas, a sua iluminação, etc; 3. A salubridade pública que implica tudo o que diz respeito salubridade dos produtos comestíveis que se vendem ao público, tudo que diz respeito às inspeções sanitárias, etc. (grifo nosso)
32
Por segurança pública, Lazzarini (2003, p. 284) entende ser:
[...] o estado antidelitual, que resulta da observância dos preceitos tutelados pelos códigos penais comuns e pela lei das contravenções penais, com ações de polícia repressiva ou preventiva típicas, afastando-se, assim, por meio de organizações próprias, de todo perigo, ou de todo mal que possa afetar a ordem pública em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedades das pessoas, limitando as liberdades individuais [...] .
Já a tranqüilidade pública é avaliada como um estado de paz interior de cada
pessoa, onde estas encontram-se despreocupadas, serenas, sem perturbações,
sem interferências em seu modus vivendi e, por conseguinte, não intervêm no
quietude alheia. (LAZZARINI, 2003).
Por fim, a salubridade pública. Em conformidade com os dizeres de De
Plácido e Silva, a palavra salubridade interpreta-se com equivalência àquilo que é
saudável, sadio, salutar, benéfico à saúde (SILVA, 2000). E ainda acompanhando os
ensinamentos de Lazzarini (2003, p. 285), é a alusão às condições saudáveis de
vida e “designa também o estado de sanidade e higiene de um lugar, em razão do
qual se mostram propícias as condições de vida de seus habitantes”.
Por derradeiro, para permitir a compreensão e amplitude da expressão
“preservação da ordem pública”, faz-se necessário sopesar a diferença entre
“manutenção” e “preservação”. Conforme Ferreira (1999):
Manutenção: ato ou efeito de manter; conservar, sustentar. Preservação: ato ou efeito de preservar, livrar de algum mal, manter livre de corrupção, perigo ou dano, livrar, defender, resguardar.
Nota-se imediatamente que o significado da expressão “preservação” é mais
amplo que “manutenção”. Inclusive, entende-se que englobaria a competência
residual, ou seja, atribuições que não tenham sido definidas para outras instituições
firmadas no art. 144 da CRFB. Neste sentido Lazzarini (1999, p. 72):
[...] Lembre-se que a repressão imediata pode ser exercida pelo policial militar, sem que haja violação do dispositivo constitucional, pois, quem tem a incumbência de preservar a ordem pública, tem o dever de restaurá-la, quando de sua violação. [...] A competência ampla da Polícia Militar na
33
preservação da ordem pública engloba inclusive, a competência específica dos demais órgãos policiais, no caso de falência operacional deles, a exemplo de greves ou outras causas, que os tornem inoperantes ou ainda incapazes de dar conta de suas atribuições, funcionando, então, a Polícia Militar como um verdadeiro exército da sociedade. Bem por isso as Polícias Militares constituem os órgãos de preservação da ordem pública para todo o universo da atividade policial em tema da “ordem pública” e, especificamente, da “segurança pública.
Compete, então, especificamente às Polícias Militares a preservação da
ordem pública, conglomerando a manutenção e a restauração da ordem quando
infringida, a atuação em ocasional substituição de outras instituições policiais, assim
como, residualmente, atribuições que não foram definidas para outras órgãos
policiais, dentro do art. 144 da CRFB.
3.1.3 A Competência da Polícia Militar para Atender as Ocorrências de
Socorros de Urgência
O presente tópico visa extrair, através dos conceitos antes trazidos e outras
percepções doutrinárias, a competência das Polícias Militares na atuação em
ocorrências de socorros de urgência. Há vários autores retratando as diversas
funções da polícia, segue adiante então os entendimentos trazidos por grandes
estudiosos das polícias pelo mundo.
Robert Reiner (2004, p. 163), um dos mais respeitados pesquisadores da
polícia na sociedade moderna, verificou que em geral a polícia:
[...] não funciona, na maior parte das vezes, como combatente do crime ou como aplicadora da lei, mas, ao invés, como provedora de uma série de serviços para os membros da população, numa variedade de serviços que supera todas as descrições. (grifo nosso).
Reiner ainda traz uma constatação feita por Michael Banton através de
estudos em diversas polícias que:
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O policial em patrulha é, principalmente, mais um “policial da paz” do que um “policial da lei”. Relativamente muito pouco de seu tempo é gasto aplicando a lei, no sentido de prender criminoso; muito mais tempo é gasto “mantendo a paz”, supervisionando a ronda e respondendo a pedidos de ajuda. (BANTON 1964 apud REINER, 2004, p. 163, grifo nosso)
Bayley (2002, p. 118), ao redigir sobre a generalidade das tarefas policiais,
refere-se a três pontos: primeiro, “ao que a polícia é designada para fazer”; segundo,
“a situações com as quais ela tem que lidar”; e terceiro, “às ações que ela deve
tomar ao lidar com as situações”.
O primeiro trata das atribuições policiais por parte das organizações onde
estão inseridos, sendo que o patrulhamento, tarefa com múltiplas funções, é a
atividade mais desempenhada pela maior parte dos policiais em todo o mundo,
sendo os oficiais de patrulha considerados “pau-pra-toda-obra”. (BAYLEY, 2002, p.
118).
Quanto ao segundo ponto, Bayley (2002, p. 119) narra que:
O trabalho policial também é comumente descrito em termos de situações com as quais a polícia se envolve: crimes em andamento, brigas domésticas, crianças perdidas, acidentes de automóvel, pessoas suspeitas, supostos arrombamentos, distúrbios públicos e mortes não-naturais.
E, por fim, Bayley (2002, p. 119) descreve o trabalho da polícia através de
ações executadas ao lidar com situações (resultados), tais como: “prender, relatar,
tranqüilizar, advertir, prestar primeiros socorros, aconselhar, mediar, interromper,
ameaçar, citar e assim por diante” (grifo nosso).
Monet (2002, p.104), após analisar alguns textos legais de diversos países,
constata a orientação das missões policiais em duas grandes direções:
[...] uma voltada para a proteção das pessoas e dos bens, para as missões de socorro e de assistência, para a luta contra a criminalidade, isso quanto ao modo preventivo ou repressivo; a outra voltada para a manutenção da ordem pública, a defesa do direito de cada cidadão de gozar pacificamente das liberdades que lhe são reconhecidas e, em definitivo, a proteção das instituições públicas. [...] . (grifo nosso).
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Ainda reiterando, Monet (2002, p. 107) inclui também nas atividades de
segurança pública exercidas pelas polícias, além de muitas outras, as “operações de
socorros de urgência”.
No mesmo sentido dos demais doutrinadores, o professor norte-americano
Herman Goldstein (2004, p. 42), profundo conhecedor das polícias nos Estados
Unidos, analisou diversas pesquisas feitas nas organizações policiais e chegou à
conclusão de que o maior tempo gasto é, além de outras atividades, “devotada a
cuidar de acidentes e pessoas doentes” (grifo nosso)
Continuando os ensinamentos trazidos por estudiosos, destaca-se também
James Q. Wilson (WILSON 1963 apud GOLDSTEIN, 2004, p. 46), que estudou o
comportamento da polícia em algumas comunidades, dividindo as atividades
policiais em “administração de serviços e administração da lei”, sendo que a
primeira, no seu entender abrange funções como ministrar “primeiros-socorros,
dirigir trânsito, recuperar bens roubados e ajudar senhoras idosas”. (grifo nosso).
Ante estas exposições, é evidente a constatação de que as funções policiais
têm ligação direta às ocorrências de socorros de urgência, quando destacamos os
principais termos utilizados para demonstrar as atividades policiais praticadas neste
sentido. Porém, não basta fundamentar esta competência policial apenas em
constatações apresentadas por estudiosos quando vivemos em um Estado
Democrático de Direito e temos uma Constituição Federal em vigor estabelecendo
as competências legais para cada órgão.
A CRFB de 1988, como já foi abordado, traz no caput do seu art. 144 que a
atividade de segurança pública “é exercida para a preservação da ordem pública e
da incolumidade das pessoas e do patrimônio” através das polícias: federal,
rodoviária federal, ferroviária federal, civis, militares; e dos corpos de bombeiros
militares. Contudo, neste mesmo artigo, ao articular as competências específicas de
cada um destes órgãos, a Constituição confia às Polícias Militares, no §5º, a
competência, em stricto senso, de “preservação da ordem pública”.
Como pode-se perceber, a expressão “preservação” é muito mais ampla que
manutenção. Então, entende-se que a competência das Polícias Militares
36
conglomera atribuições não definidas para os outros órgãos do art. 144 da Carta
Magna. Nesta acepção, Lazzarini (1999, p. 72) considera que:
Às Polícias Militares, instituídas para o exercício da policia ostensiva e preservação da ordem pública [...], compete todo o universo policial que não seja atribuição constitucional prevista para os demais seis órgãos elencados no art. 144 da Constituição da República de 1988. [...] no tocante à preservação da ordem pública, às Polícias Militares não só cabe o exercício da polícia ostensiva, [...] como também a competência residual de exercício de toda atividade policial de segurança pública não atribuída aos demais órgãos.
Partindo desta competência residual, por parte das Polícias Militares, devido
às extensas atribuições para a preservação da ordem pública, entende-se que em
havendo falência ou incapacidade dos demais órgãos da segurança pública no
cumprimento de suas atribuições constitucionais, cabe às Polícias Militares substituí-
los, atuando em todo o universo de atividades no que se refere à Ordem Pública.
(LAZZARINI, 1999).
Portanto, diante das posições doutrinárias e da clara demonstração do
constituinte de 1988 em depositar a responsabilidade plena de preservação da
ordem pública através da polícia ostensiva, observa-se que as Polícias Militares
possuem clara competência para o atendimento de ocorrências de socorros de
urgência, resguardando o direito à vida e minimizando os riscos à saúde das
pessoas.
37
3.2 O POLICIAL MILITAR EM ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
3.2.1 Atendimento Pré-Hospitalar: Conceitos e Origem
Como forma de entender como funcionam os sistemas vigentes de
atendimento a ocorrências de socorros de urgência, faz-se necessário compreender
alguns conceitos que permeiam esta atividade, os procedimentos empregados na
sua execução, bem como suas origens.
3.2.1.1 Conceituação
Conhecido popularmente como primeiros socorros, o atendimento pré-
hospitalar (APH) é compreendido por LOPES e FERNANDES (1999, p. 381) como:
[...] toda e qualquer assistência realizada, direta ou indiretamente, fora do âmbito hospitalar, através dos diversos meios e métodos disponíveis, com uma resposta adequada à solicitação, a qual poderá variar de um simples conselho ou orientação médica ao envio de uma viatura de suporte básico ou avançado ao local da ocorrência, visando a manutenção da vida e/ou a minimização das seqüelas.
A Portaria nº. 2.048, de 05 de novembro de 2002, do Ministério da Saúde, que
regulamenta os Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, considera o serviço
de atendimento pré-hospitalar móvel como aquele que:
[...] procura chegar precocemente à vítima, após ter ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza clínica, cirúrgica, traumática, inclusive as psiquiátricas), que possa levar a sofrimento, seqüelas ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado a um serviço de saúde [...] (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002)
38
Portanto, o APH resume-se no suporte, principalmente, às vítimas de traumas
ou emergências médicas, realizado fora do ambiente hospitalar, seja no local da
emergência ou durante o transporte, visando a manutenção da vida ou minimização
das conseqüências advindas do agravo à saúde. E subdivide-se em Suporte Básico
à Vida (SBV) e Suporte Avançado à Vida (SAV).
Como suporte avançado à vida, Oliveira (2004, p. 6) entende que:
[...] consiste, além dos procedimentos de SBV, na utilização de equipamentos de suporte avançados, tais como acessórios para ventilação, acesso intravenosso, administracao de fármacos, etc. as quais são consideradas manobras invasivas e somente poderão ser executadas por pessoal médico [...]
E o mesmo autor ainda conceitua suporte básico à vida como:
[...] uma medida de emergência que consiste no reconhecimento e na correção imediata da falência dos sistemas respiratório e/ou cardiovascular, ou seja, avaliar e manter a vítima respirando, com batimento cardíaco e sem hemorragias graves. [...] até que possa receber melhor tratamento, através de um serviço de socorro pré-hospitalar profissional. (OLIVEIRA, 2004, p. 6)
E assim, conclui:
Portanto, podemos conceituar o SBV como as intervenções ou ações que podem ser realizadas rapidamente na cena da emergência por qualquer pessoa treinada para avaliar e tratar a vítima de forma a garantir a manutenção da vida. (OLIVEIRA, 2004, p.6)
Temos ainda, como definição de suporte básico à vida, o conjunto de técnicas
e meios materiais aplicados às emergências que tem como objetivo a reversão e
manutenção dos sinais vitais da vítima, com intervenção nos sistemas respiratórios
e/ou cardiovascular, utilizando procedimentos básicos e simples por pessoas
previamente treinadas. (PMSC, 2000).
Logo, o primeiro promove apoio a pacientes com risco de morte através de
procedimentos e instrumentos avançados, podendo proceder por intermédio de
39
medidas invasivas e, o segundo, a breve utilização de métodos simples e não
invasivos, visando restabelecer e manter a vida de uma vítima.
Resumidamente, Bergeron et al. (2007) descrevem os procedimentos do
Suporte Básico à Vida: a) Avaliação do local da emergência, incluindo adoção de
medidas de proteção individual, observação dos mecanismos de trauma do paciente
e o número de vítimas; b) Avaliação inicial do paciente, verificando suas condições
emocionais, nível de consciência, respiração e circulação, incluindo possíveis
hemorragias; c) Realização dos procedimentos básicos, como a abertura e
desobstrução de vias aéreas, a ventilação artificial, as técnicas ressuscitação
cardiopulmonar e o controle de sangramentos e cuidados com choque hipovolêmico;
d) Determinar prioridades de transporte dos pacientes conforme suas condições.
Contudo, existe uma lacuna entre os conceitos apresentados, considerando
como suporte avançado à vida, principalmente, a utilização de procedimentos e
instrumentos avançados e processos invasivos, e, o suporte básico à vida,
intervindo, sobretudo nos sistemas respiratórios e/ou cardiovascular e hemorragias.
Não classificando procedimentos como, por exemplo: imobilizações, cuidados com
ferimentos, curativos, partos, entre outros.
3.2.1.2 Aspectos Históricos
Para compreender a origem da atividade de suporte básico à vida, deve-se
partir para as raízes históricas do atendimento pré-hospitalar, já que, como visto,
este termo engloba o suporte básico e avançado à vida.
O atendimento pré-hospitalar, como forma de socorro médico realizado com o
deslocamento de uma equipe treinada até o local onde se encontra a vítima de mal-
súbito ou traumatismo, origina-se na França, por volta de 1972. Os registros do
nascimento desta prática foram nas batalhas napoleônicas, na Prússia, quando o
cirurgião de guerra Dominique Jean Larrey utilizava carros puxados por homens ou
animais para alcançar o local de combate onde havia feridos, prestando os primeiros
40
atendimentos a estes e transportando-os aos hospitais de campanha, reduzindo as
complicações e aumentando as chances de vida dos feridos. (BRINK et al., 1993).
Contudo, é na guerra do Vietnã a principal referência para a evolução da
assistência pré-hospitalar. Os resgates eram feitos através de helicópteros, fazendo
com que os atendimentos e transportes levassem de 1 a 4 horas, duração bem
menor, apesar da evolução na medicina, comparada à I Guerra Mundial,
aproximadamente 13 horas. Vale lembrar ainda que a assistência feita no local do
acidente mantinha-se durante todo o transporte. E, é a partir deste marco que
surgem nas grandes cidades, adaptadas das experiências obtidas na guerra, as
duas grandes vertentes de atendimento móvel de urgência: a americana e a
francesa. (ALBINO; IGGENBACH, 2004).
Nos Estados Unidos foi criado o Serviço de Emergência Médica (SEM),
sistema baseado na guerra do Vietnã em que soldados foram treinados, devido a
insuficiência de contingente médico para atuar em todas as frentes de batalha, para
realizarem assistência necessária, e que constatou-se o aumento das chances de
vida das vítimas traumatizadas mesmo com o atendimento de técnicos não médicos.
Este modelo, operado através da uma central telefônica 911, despacha, seguindo
um protocolo criado por um profissional da medicina, o socorro de suporte básico à
vida através dos bombeiros, polícia ou ambulância, sem a presença de um médico.
Em 1968, na França, foi criado o SAMU (Service d’Aide Medicale d’Urgence)
mediante a constatação da inexistência de meios adequados no atendimento pré-
hospitalar até então existente. Foi então constatada a necessidade do
aprimoramento dos treinamentos das equipes de socorro e da participação de
médicos no local, para aumentar as chances de sobrevida das vítimas através dos
cuidados básicos iniciais e os avançados essenciais. (LOPES; FERNANDES, 1999).
Em 1987 as atividades do SAMU francês foram regulamentadas através de um
decreto, e conforme Meira (2007, p. 33) sua forma de atendimento resume-se em:
[...] receber chamadas para o atendimento de emergências clínicas e cirúrgicas. É feita uma triagem através do médico regulador e a equipe é enviada ao local composta, exclusivamente, pelo binômio médico-enfermeiro e motorista socorrista. (grifo nosso)
41
Uma vez considerados modelos díspares, a motivação da criação são
convergentes. Segundo Alves (p. 17-18):
O incremento tecnológico advindo da Revolução Industrial promoveu o vertiginoso crescimento das cidades, outrora eminentemente rurais. O êxodo rural, por ocasião das oportunidades de empregos nas fábricas das grandes cidades, acentuou o fenômeno da urbanização. Com isto, a modalidade de atendimento originada nos campos de batalha enveredou para um outro caminho, tendo em vista as novas formas de violência que passaram a imperar no cenário caótico das metrópoles, sobretudo a violência no trânsito e interpessoal.
Estes modelos tornaram-se referência para diversas nações, dentre elas o
Brasil. Porém, a preocupação com o atendimento às vítimas no local da emergência
é tão antiga quanto nos demais países.
Segundo Meira (2007, p. 33), no início da década de 50, no século passado,
“foi criado o SAMDU (Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência), o qual
pertencia ao antigo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social
(INAMPS)” com o objetivo de “prestar assistência médica previdenciária a uma
parcela da população crescente, devido ao maior desenvolvimento industrial,
conseqüente à aceleração da urbanização e assalariamento destes”. Porém pela
falta de regulação médica o serviço foi extinto.
Nitschke (2003 apud MARTINS, 2004, p. 73) relata que ao longo do tempo,
principalmente nas décadas de 60 e 70, “diversos serviços privados de atendimento
domiciliar de urgência foram inaugurados no Brasil.”
Por volta de 1989 que o APH começa a ser prestado pelos Corpos de
Bombeiros Militares no Brasil, assim como a Polícia Militar e a Polícia Rodoviária
Federal, porém o treinamento dos profissionais destas instituições limita-se ao SBV.
As ligações são recebidas através da central telefônica de cada instituição e são
despachadas, sem seguir protocolos médicos, por um socorrista. Implantado
baseado no modelo norte-americano, sem a presença de profissionais da área
médica, este veio como forma de preencher a falta de investimentos estatais no
setor da saúde para a execução desta atividade. (MARTINS, 2004).
Com o passar do tempo, os socorristas foram sendo solicitados para atender
os mais diversos tipos de emergências, inclusive as de causas naturais, tornando
42
estes limitados por não possuírem formação na área da saúde. Criou-se então, em
2003, um sistema de atendimento, a nível nacional, nos mesmos moldes do SAMU
originário na França. Alves (2008, p. 22) descreve que:
O SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi instaurado em 2003, através de um acordo bilateral entre o governo brasileiro e a França, por meio de uma solicitação do Ministério da Saúde, onde as viaturas de suporte avançado possuem obrigatoriamente a presença de um médico.
Conforme o sítio do Ministério da Saúde (2009), os procedimentos de
atendimento às chamadas ao SAMU são os que seguem:
O socorro é feito após chamada gratuita, feita para o telefone 192. A ligação é atendida por técnicos na Central de Regulação que identificam a emergência e, imediatamente, transferem o telefonema para o médico regulador. Esse profissional faz o diagnóstico da situação e inicia o atendimento no mesmo instante, orientando o paciente, ou a pessoa que fez a chamada, sobre as primeiras ações. Ao mesmo tempo, o médico regulador avalia qual o melhor procedimento para o paciente: orienta a pessoa a procurar um posto de saúde; designa uma ambulância de suporte básico de vida, com auxiliar de enfermagem e socorrista para o atendimento no local; ou, de acordo com a gravidade do caso, envia uma UTI móvel, com médico e enfermeiro.
Mais especificamente em Santa Catarina, os serviços de socorro público
tiveram como marco inicial a cidade de Blumenau, no ano de 1983, através de
bombeiros militares socorristas que participavam de cursos, ministrados por
profissionais da saúde no Pronto Socorro do Hospital Santa Isabel, e da doação de
uma ambulância à unidade do Corpo de Bombeiros Militar de Blumenau pela
Associação Comercial e Industrial de Blumenau. (CBMSC, 2009). Em 1990, através
do Programa de Enfrentamento às Emergências e Traumas do Ministério da Saúde
que os Corpos de Bombeiros Militares do Brasil receberam incentivos na preparação
de recursos humanos e na operacionalização de recursos materiais específicos para
o atendimento inicial de emergências. (SANTOS, p. 22).
Já a implantação do SAMU em Santa Catarina, conforme relatado por Meira
(2007, p. 42):
[...] teve inicio em 5 de novembro de 2004 pelo oeste, região mais necessitada da implantação de um serviço deste tipo, sendo a primeira
43
central de regulação implantada em Chapecó. Seguiu-se em Florianópolis, Joinville, Criciúma, Blumenau, Joaçaba e, por último Lages, em julho de 2005.
Hoje, em Santa Catarina, além do Corpo de Bombeiros Militares e do SAMU,
há outros órgãos que também praticam o atendimento a ocorrências de socorros de
urgência, mais especificamente a atividade do suporte básico à vida, seja por ter
uma equipe formada e especializada para este tipo de atendimento ou até mesmo,
como por exemplo, a Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Federal que, apesar de
missões constitucionais sem enfoque no tema, se deparam com ocorrências
violentas, como os acidentes de trânsito e outras infrações penais que afetam a
integridade física das pessoas.
Em seguida serão apresentados os principais órgãos que, de certa forma,
exercem o atendimento pré-hospitalar no Estado de Santa Catarina, seja através do
suporte básico ou avançado à vida.
3.2.2 Instituições Prestadoras do Atendimento Pré-Hospitalar em Santa
Catarina
Em Santa Catarina o atendimento pré-hospitalar é realizado por diversas
instituições, e estão vinculadas principalmente à área da saúde e da segurança
pública. Assim sendo, a seguir, destacou-se as principais características destes
órgãos, quais sejam, o SAMU, o Corpo de Bombeiros Militares, os Bombeiro
Comunitários, os Corpos de Bombeiros Voluntários, a Polícia Rodoviária Federal e a
Polícia Militar.
44
3.2.2.1 Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
Estruturado conforme o modelo francês de atendimento a emergência e
urgência, o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) brasileiro, criado em
2003, através da portaria nº 1864/GM do Ministério da Saúde, com a implementação
da Política Nacional de Atenção às Urgências, tem como finalidade prestar o socorro
à população em casos de emergência. (SAMU, 2009).
Em Santa Catarina, o SAMU foi desenvolvido pela Secretaria de Estado da
Saúde, em parceria com o Ministério da Saúde e com as Secretarias Municipais de
Saúde organizadas macrorregionalmente.
O SAMU de Santa Catarina possui ligação por rádio e telefone com as demais
centrais de emergências do Estado, visando a atuação em conjunto e o melhor
atendimento ao cidadão.
As Centrais de Regulação Médica de Urgência do SAMU estão inter-conectadas por rádio e telefone, em sua área de abrangência, com as centrais de atendimento da Polícia Rodoviária Federal (191), da Polícia Militar (190), da Polícia Rodoviária Estadual(198), com as centrais de atendimento dos bombeiros (193), assim como com as centrais de atendimento da defesa civil e de todas as outras centrais que se fizerem necessárias e, através de protocolos de ativação e, de acordo com suas competências, trabalharão em conjunto. (SAMU, 2009).
A distribuição das Centrais de Regulação do SAMU recebeu uma
configuração através do Plano de Atenção às Urgências do Estado de Santa
Catarina, instituído em dezembro de 2003. Ficando assim distribuídas as 8 (oito)
centrais de abrangência macrorregionais: Chapecó (extremo oeste), Florianópolis
(grande Florianópolis), Sul, Norte-Nordeste, Vale do Itajaí, Foz do Itajaí, Meio-Oeste
e Planalto Serrano. Além das centrais regionais, estas ainda contam com o apoio do
regulador estadual que orienta os médicos reguladores e auxilia com os meios
possíveis quando houver necessidade. (SAMU, 2009).
Conforme o sítio do Ministério da Saúde (2009), o SAMU realiza
atendimentos em qualquer lugar e atua da seguinte forma:
45
O socorro é feito após chamada gratuita, feita para o telefone 192. A ligação é atendida por técnicos na Central de Regulação que identificam a emergência e, imediatamente, transferem o telefonema para o médico regulador. Esse profissional faz o diagnóstico da situação e inicia o atendimento no mesmo instante, orientando o paciente, ou a pessoa que fez a chamada, sobre as primeiras ações. Ao mesmo tempo, o médico regulador avalia qual o melhor procedimento para o paciente: orienta a pessoa a procurar um posto de saúde; designa uma ambulância de suporte básico de vida, com auxiliar de enfermagem e socorrista para o atendimento no local; ou, de acordo com a gravidade do caso, envia uma UTI móvel, com médico e enfermeiro. Com poder de autoridade sanitária, o médico regulador comunica a urgência ou emergência aos hospitais públicos e, dessa maneira, reserva leitos para que o atendimento de urgência tenha continuidade.
As unidades terrestres do SAMU operam 24 horas por dia, todos os dias da
semana, e contam com as seguintes equipes: a) Unidades de Suporte Avançado à
Vida: Médico, Enfermeiro e Motorista-socorrista; b) Unidades de Suporte Básico à
Vida: Técnico em enfermagem e Motorista-socorrista. (SAMU, 2009).
Além das unidades terrestres, o SAMU catarinense ainda possui o serviço
aeromédico, sob responsabilidade do regulador estadual, que atende em todo o
Estado, operando apenas em vôos diurnos. Este serviço foi criado através de uma
parceria com a Polícia Rodoviária Federal, utilizando um helicóptero configurado
como UTI aérea. A equipe que realiza os atendimentos nesta unidade é composta
por: Médico, Enfermeiro, Piloto (DPRF) e um Técnico de Operações Especiais
(DPRF). (SAMU, 2009).
No entanto, apesar da intenção de concentrar o atendimento às ocorrências
de socorros de urgência junto à área da saúde, o SAMU não consegue acolher a
demanda de emergências em todo o Estado, tornando necessário existir outros
sistemas de atendimento pré-hospitalar.
3.2.2.2 Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Santa Catarina (CBMSC) é um
órgão Estadual, força auxiliar e reserva do Exército Brasileiro, fazendo parte do
Sistema Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, estando subordinado ao
46
Governo do Estado de Santa Catarina, através da Secretaria Estadual de Segurança
Pública e Defesa do Cidadão. Possui como missão, a execução de atividades de
defesa civil, prevenção e combate a incêndios, buscas, salvamentos, atendimento
pré-hospitalar, entre outras. (SANTA CATARINA, 2008).
Apesar de não possuir quartéis em todas as cidades do Estado, o
CBMSC presta atendimento na totalidade dos municípios de Santa Catarina. O
serviço é realizado 24 horas por dia, todos os dias da semana e cada viatura de
atendimento pré-hospitalar opera com 3 bombeiros militares, praças, que possuem o
curso de socorrista (120 h/a), sendo um deles o motorista da viatura.
Segundo Alves (2008), o processo de atendimento às emergências pelo
CBMSC dá-se resumidamente da seguinte maneira: uma chamada telefônica
gratuita é realizada por um cidadão para o número 193 - Centro de Operações do
Bombeiro Militar (COBOM) -, onde um bombeiro militar solicita informações sobre a
emergência, as vítimas e o local do acidente. É verificada a necessidade de envio de
uma unidade de emergência ao local e, havendo disponibilidade, é despachada
aquela que estiver mais próxima da ocorrência. Chegando ao local, a equipe realiza
os procedimentos de suporte básico à vida e transporta a(s) vítima(s), com os
devidos cuidados, ao hospital mais próximo se houver necessidade. Lembrando que
o CBMSC possui ligação via rádio e telefone com os demais sistemas de
emergências, propiciando uma prestação de serviços integrada aos demais órgãos
estatais.
Em havendo impossibilidade de uma guarnição de atendimento móvel do
CBMSC alcançar o local da ocorrência ou o atendimento necessitar ser realizado em
tempo hábil, o helicóptero da PMSC é acionado para efetuar o resgate e estabelecer
os primeiros atendimentos às vítimas e efetuar o transporte até o hospital mais
próximo.
47
3.2.2.3 Bombeiros Comunitários
Em 1998, com a aprovação da lei do voluntariado, o CBMSC implantou um
novo programa de participação comunitária nas atividades pertinentes à instituição.
Com a intenção de corrigir a distorção existente na estruturação dos bombeiros
voluntários já enraizados no Estado, os quais executam ações constitucionalmente
restritas ao CBMSC, sem respaldo legal, a proposta central foi de alterar e corrigir os
estatutos conflitantes. (BOMBEIRO COMUNITÁRIO, 2009). Os bombeiros
comunitários passaram a ser capacitados nas áreas de prevenção, controle de
incêndios e primeiros socorros, e atuarem, eventualmente, no serviço voluntário
junto ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado.
Para tornar-se capacitado, o cidadão interessado deve ser aprovado em um
curso de 400 h/a ministrado pelo CBMSC, incluindo matérias de combate a incêndio,
atendimento pré-hospitalar, resgate e salvamento, passando por fases de
treinamentos básicos e específicos, e participação em estágio operacional. A partir
deste momento estarão aptos a atuarem no serviço voluntário junto ao Corpo de
Bombeiros Militar, devendo atender aos preceitos estabelecidos no Regulamento do
Serviço Voluntário no CBMSC. (BOMBEIRO COMUNITÁRIO, 2009).
Os bombeiros comunitários atuam junto às guarnições do Bombeiro Militar,
auxiliando nas atividades contempladas no curso de formação e sob supervisão
destes.
3.2.2.4 Bombeiros Voluntários
Sob grande inspiração alemã, os corpos de bombeiros voluntários foram
criados em Santa Catarina. Precisamente em 13 de julho de 1892, após dois
incêndios devastadores, respectivamente, em um comércio e uma residência,
Joinville foi a primeira cidade do Brasil a criar este tipo de serviço:
48
Com a crescente prosperidade econômica da cidade, as construções de casas e comércios estavam em prática, e, junto a elas, começaram os incêndios. Então, com o intuito de proteger a comunidade surgiu o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville. (CBVJ, 2009).
No início, as equipes eram formadas por moradores locais voluntários que
prestavam serviços à comunidade. Com o passar do tempo, a instituição se
desenvolveu e, a partir de 1972, criou-se uma equipe fixa e remunerada, pela
Associação Comercial e Industrial de Joinville, que deixou de atuar somente em
casos de incêndio, garantindo a salvação de patrimônios e vidas em casos de
socorro público. (CBVJ, 2009). Assim como em Joinville, foram criadas instituições
de bombeiros voluntários em outros municípios do Estado, atuando principalmente
nas seguintes áreas: combate a incêndios, busca e salvamento terrestre e aquático,
alagamentos, destelhamentos, desabamentos, atendimento pré-hospitalar,
salvamento em altura, captura de animais, corte de árvores, etc.
Vale lembrar que os bombeiros voluntários em Santa Catarina utilizam
uniformes, procedimentos e equipamentos similares aos utilizados pelo CBMSC e
atendem à população através de chamadas realizadas ao número 193.
Normalmente, nas cidades onde há bombeiros voluntários, as missões
constitucionais do CBMSC, por conveniência estatal e por falta de contingente, são
executadas por estas instituições apesar de se tratarem de entidades de direito
privado, não devendo executar serviço público de competência do Estado e podendo
apenas auxiliar os órgãos estaduais, sob supervisão e fiscalização destes. Contudo,
a discussão acerca da legalidade de atuação dos bombeiros voluntários não é o foco
deste trabalho.
3.2.2.5 Departamento de Polícia Rodoviária Federal
O Departamento de Polícia Rodoviária Federal (DPRF), como o próprio nome
já menciona, é uma polícia federal. Está subordinada ao Ministério da Justiça, e
possui como papel principal o combate a crimes nas rodovias e estradas federais,
bem como a fiscalização e monitoramento de veículos.
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Sua competência é definida pela CFRB no artigo 144, §2º: “A polícia
rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das
rodovias federais”. E ainda, pelo Decreto Federal nº. 1.655, de 03 de outubro de
1995.
O artigo 1º do Decreto supracitado destaca, como uma das competências do
DPRF, o socorro às vítimas de acidentes em rodovias federais:
Art. 1° À Polícia Rodoviária Federal, órgão permanente, integrante da estrutura regimental do Ministério da Justiça, no âmbito das rodovias federais, compete:[...] IV - executar serviços de prevenção, atendimento de acidentes e salvamento de vítimas nas rodovias federais; [...] (BRASIL, 1969, grifo nosso)
Em alguns Estados, a Polícia Rodoviária Federal possui convênio com o
Corpo de Bombeiros Militar e executa o serviço de socorro às vítimas de acidentes
em conjunto. Em outros, este convênio é firmado com o SAMU, o qual o DPRF
disponibiliza viaturas e helicóptero para fazer tal atendimento. Neste caso, policiais
federais treinados em socorros de urgência e emergência trabalham com médicos e
enfermeiros. Em Santa Catarina o DPRF tem deixado a cargo do CBMSC e do
SAMU o atendimento móvel terrestre a este tipo de ocorrência em rodovias federais,
porém, possui um convênio com o SAMU, o qual utiliza um helicóptero do DPRF,
com uma tripulação formada por um médico, um enfermeiro e um piloto socorrista
policial federal, para a realização do serviço aéreo de atendimento pré-hospitalar.
(DPRF, 2009).
3.2.2.6 Polícia Militar de Santa Catarina
A Polícia Militar de Santa Catarina (PMSC), órgão da administração direta do
Governo do Estado de Santa Catarina, integrante da Secretaria Estadual de
50
Segurança Pública e Defesa do Cidadão, é uma instituição prestadora de serviços
públicos na área de segurança pública, atuando em todo o território catarinense.
Conforme abordado no capítulo anterior, a CRFB de 1988 traz no caput do
seu art. 144 que a atividade de segurança pública “é exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio” através das polícias:
federal, rodoviária federal, ferroviária federal, civis, militares e dos corpos de
bombeiros militares. Contudo, neste mesmo artigo, ao articular as competências
específicas de cada um destes órgãos, a Constituição confia às Polícias Militares, no
§5º, a competência, em stricto senso, de “preservação da ordem pública”. Cabendo
assim a competência residual por parte das Polícias Militares, entendida por
Lazzarini (1999), que em havendo falência ou incapacidade dos demais órgãos da
segurança pública no cumprimento de suas atribuições constitucionais, cabe às
Polícias Militares substituí-los, atuando em todo o universo de atividades no que se
refere à Ordem Pública, incluindo o atendimento pré-hospitalar às vítimas de
traumatismos ou mal súbitos, resguardando o direito à vida e minimizando os riscos
à saúde das pessoas.
Presente em todo o território catarinense e operando 24 horas por dia, não é
incomum guarnições de radiopatrulhamento da PMSC se depararem com
ocorrências em que há vítimas carentes de atendimento pré-hospitalar. Nestes
casos os policiais prioritariamente acionam o Corpo de Bombeiros Militares,
preferencialmente ao receber a chamada na Central de Emergências 190, visando
um melhor atendimento às vítimas devido à especialização e missão plena destes
em socorros de urgência. Contudo, nem sempre isto é viável, seja devido à falta de
contingente pelos sistemas de atendimento móvel a urgências ou pela necessidade
de realizar procedimentos, como, por exemplo, a ressuscitação cardiopulmonar ou
contenção de hemorragias, os quais podem agravar o estado da vítima, ou levá-la
ao óbito em um curto espaço de tempo.
Destarte, os policiais militares, devem realizar procedimentos básicos através
dos conhecimentos adquiridos durante os cursos de formação, dentro das
possibilidades técnicas e instrumentais e priorizando a segurança da guarnição, para
o restabelecimento ou manutenção da vida dos vitimados, evitando até mesmo
incorrer na infração penal de omissão de socorro.
51
Assim como o DPRF, o Batalhão de Polícia Militar Rodoviário (BPMRv), que
efetua a fiscalização de trânsito nas rodovias e estradas estaduais, também realiza o
salvamento de vítimas de acidentes de trânsito. Em Florianópolis, por exemplo, há
uma viatura do BPMRv que é utilizada por um motorista policial militar e bombeiros
militares, especialmente para atender às urgências nas rodovias estaduais do
município. Recentemente, em alguns locais do Estado, o BPMRv está cedendo um
espaço para o SAMU junto aos postos, servindo de base e auxílio no atendimento
de vítima de acidentes de trânsito.
Além das guarnições que operam no policiamento ostensivo terrestre, a
PMSC possui dois helicópteros utilizados para patrulhamento aéreo e operações de
resgate e salvamento. O Batalhão de Aviação da Polícia Militar (BAPM) conta com
policiais militares socorristas que atuam em ocorrências de socorros de urgência, as
quais necessitam de atendimento ou transporte mais ágil e/ou de difícil acesso para
os meios terrestres. Lembrando que, tanto os policiais lotados no BPMRv e no
BAPM possuem a mesma formação inicial dos demais integrantes da PMSC, no
entanto, para um policial tornar-se tripulante operacional a bordo de aeronaves
operadas pelo BAPM, este deve possuir habilitação através do Curso de Tripulante
Operacional Multimissão (TOM-M), o qual possui, em seu programa de disciplinas,
70 horas/aula exclusivas para o SBV. (PMSC, 2004).
Destaca-se ainda a existência do único Pelotão de Socorristas da Polícia
Militar sediado no 8º BPM em Joinville.
O Pelotão de Socorristas do 8º BPM, carinhosamente chamado pela população joinvillense de “Paramédicos”, iniciou suas atividades operacionais em 29 de Julho de 1990, data de início do primeiro curso de atendimento pré-hospitalar em Joinville, elaborado e organizado pelo Ten PM Araújo Gomes e o Dr. Hercílio Fornza Jr. em parceria com a PMSC, Secretaria Estadual da Saúde e a Prefeitura Municipal de Joinville, através do Hospital Municipal São José. É atualmente, o segundo serviço de atendimento pré-hospitalar mais antigo em Santa Catarina e o primeiro e único serviço executado por um batalhão de Policia Militar. (PMSC, 2009).
O Pelotão de socorristas está localizado próximo a área central de Joinville,
atende a população 24 horas por dia, onde desloca para o atendimento das
ocorrências geradas pelo telefone 190 através do Centro Integrado de Emergência
(CIEMER 190). Possui atualmente 3 (três) ambulâncias para suporte básico de vida
52
e uma viatura de médio porte para atendimento em situações de risco, ora
denominada APH Tático, onde os socorristas são treinados para atuarem no socorro
a policiais e agentes em combates armados. O Pelotão dispõe também de uma
motocicleta, a ASU-Moto, modificada para o atendimento rápido em acidentes ou
urgências clínicas, otimizando o tempo resposta, principalmente em períodos de
grande congestionamento urbano. Os socorristas do 8º BPM são treinados para
realizar o atendimento inicial, estabilização e transporte adequado de pacientes com
alterações clínicas ou politraumatizados ao hospital de referência da região de
Joinville, de acordo com o tipo de agravo. O efetivo conta atualmente com 19
policiais, todos com formação na área da saúde, como enfermeiros, técnicos de
enfermagem e socorristas. (PMSC, 2009).
Percebeu-se que apenas em algumas áreas especializadas da PMSC há uma
formação mais adequada no que concerne aos socorros de urgência, abrangendo
apenas uma pequena parcela do efetivo total da instituição. Portanto, o que mais
interessa para este trabalho acadêmico é que todos os policiais militares,
principalmente as praças, estejam aptos para realizarem os procedimentos pré-
hospitalares necessários em ocorrências de urgência. Neste viés, na próxima seção
será feita uma breve análise dos cursos de formação da PMSC com enfoque na
atividade de socorrismo.
3.2.3 Atividades de Ensino na PMSC com atenção aos Socorros de Urgência
Esta seção tem como finalidade verificar os cursos, proporcionados pela
PMSC aos policiais militares, com disciplinas relacionadas à atividade de socorros
de urgência.
O ingresso na PMSC se dá através de concurso público. Para se tornar
Praça, o candidato deve possuir como requisito o 2º grau escolar completo e, para
ingressar como Oficial deve possuir título de bacharel em Direito ou em Ciências
Jurídicas. A carreira das praças possui as seguintes graduações: Soldado, Cabo, 3º
Sargento, 2º Sargento, 1º Sargento e Sub Tenente. As praças exercem funções de
53
execução (Soldados e Cabos) e de fiscalização (Sargentos e Sub Tenentes). E os
Oficiais exercem funções de comando, diretoria e chefia nas diversas atividades da
Polícia Militar e possuem os seguintes postos: 2º Tenente, 1º Tenente, Capitão,
Major, Tenente Coronel e Coronel. (PMSC, 2009).
Assim sendo, para ascender na carreira, além de cumprir o interstício, tempo
mínimo que um militar deve permanecer num posto ou graduação antes de ser
promovido, os policiais militares devem, na maioria das vezes, realizar um curso de
formação ou de aperfeiçoamento.
Na PMSC, para a carreira de praças há os seguintes cursos: Curso de
Formação de Soldados (CFSd), com ingresso através de concurso público; Curso de
Formação de Cabos (CFC), realizado pelos Soldados mais antigos e que possuem
os requisitos para promoção; Curso de Formação de Sargentos (CFS), realizado
pelos Cabos mais antigos e que possuem os requisitos para promoção; Curso de
Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS), para os 2º Sargentos, que possuem os
requisitos de promoção, ascenderem para a próxima graduação.
Na carreira de Oficiais da PMSC há três cursos: Curso de Formação de
Oficiais (CFO), com ingresso através de concurso público; Curso de
Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO), para os Capitães ascenderam ao posto de
Major; Curso Superior de Polícia Militar (CSPM) para os Tenentes Coronéis
ascenderem ao posto de Coronel.
O Plano Geral de Ensino (PGE) de 2009 prevê em seu planejamento, além
dos cursos supracitados, diversas instruções de Educação Continuada, como por
exemplo: treinamentos de educação ambiental, de policiamento de trânsito e de
socorros de urgência; estágios de técnicas de polícia preventivas e de agente de
inteligência; e, cursos de instrutor de educação física, de comunicação social e de
táticas policiais; além de muitos outros relacionados a atividade policial militar (PGE,
2009). Contudo poucos destes cursos são realmente implantados na instituição,
permanecendo apenas na etapa de planejamento.
Atualmente a PGE (2009) prevê também a instrução de Revitalização, a qual,
com o intuito da manutenção de conhecimentos básicos policiais militares, é
realizada com praças e oficiais da PMSC durante todo o ano. Esta instrução iniciou-
54
se no ano de 2008, e, conforme relatório elaborado, do total das 2386 praças lotadas
nas unidades de Florianópolis, foram instruídos 1048 policiais militares naquele ano.
Após esta breve ressalva acerca das principais atividades de ensino
promovidas pela PMSC, entrar-se-á no foco desta seção, que é identificar os cursos
que possuem carga horária reservada aos ensinamentos sobre socorros de
urgência. Segue, através da leitura dos currículos atuais das atividades
supracitadas, a duração, carga horária e ementa das disciplinas relacionadas ao
tema:
a) CFSd
Duração: 23 semanas
Disciplina: Pronto Socorrismo
Carga Horária: 20 horas/aula
Ementa: Conceituações e noções gerais de pronto socorrismo.
Avaliação geral do paciente. Ressuscitação cardiopulmonar.
OVACE. Hemorragias e choques. Convulsões. Ferimentos em
tecidos moles. Traumas em ossos. Manipulação e transporte de
vítimas.
b) CFC
Duração: 10 semanas
Não há disciplina relacionada
c) CFS
Duração: 24 semanas
Disciplina: Pronto Socorrismo
Carga Horária: 15 horas/aula
Ementa: Conceituações e noções gerais de pronto socorrismo.
Ocorrência de socorros de urgência. Avaliação geral do
paciente. Ressuscitação cardiopulmonar. OVACE. Hemorragias
e choques. Convulsões. Ferimentos em tecidos moles. Traumas
em ossos. Queimaduras. Parto emergencial. Manipulação e
transporte de vítimas.
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d) CAS
Duração: 10 semanas
Não há disciplina relacionada
e) CFO (modelo antigo – ingresso com 2º grau)
Duração: 3 anos e 6 meses
Disciplina: Socorros de Urgência I
Carga Horária: 60 horas/aula
Ementa: Considerações gerais. Traumas, aspectos sociais e
econômicos. Aptidões do socorrista. Equipamentos de proteção
individual. Noções de anatomia e fisiologia. Sinais vitais. Exames
primários e secundários. Parada respiratória e meios auxiliares.
Desobstrução de vias aéreas. Parada cardíaca. Prática de
reanimação cardiopulmonar. Hemorragias. Traumas pediátricos.
Ocorrências com material energizado. Desinfecção de
equipamentos. Fraturas, luxações e entorses.
Disciplina: Socorros de Urgência II
Carga Horária: 60 horas/aula
Ementa: Remoções em veículos. Imobilizações e remoções.
Reanimação cardiopulmonar e avaliação primária e secundária.
Traumatismo crânio encefálico. Lesões de tórax e abdome.
Intoxicação e envenenamento. Partos emergenciais.
Queimaduras. Sinais de morte. Estado de inconsciência.
Desmaios e convulsões. Oxigenação e aspiração. Métodos
operacionais. Relatórios e registros. Noções de aplicação e
reposição volêmica. Noções de entubação endotraqueal. Noções
de inconsciência.
f) CFO – (modelo atual – ingresso com curso superior)
Duração: 2 anos
Disciplina: Socorros de Urgência II
Carga Horária: 45 horas/aula
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Ementa: Conceituações e noções gerais de pronto socorrismo.
Sistema de emergência médica e o socorrista. Avaliação geral
do paciente. O corpo humano. Ressuscitação cardiopulmonar.
OVACE. Hemorragias e choque. Convulsões. Ferimentos em
tecidos moles, Traumas em extremidades. Manipulação e
transporte de vítimas. Queimaduras.
g) CAO
Duração: 3 meses e 2 semanas
Não há disciplina relacionada
h) CSPM
Duração: 7 meses e 2 semanas
Não há disciplina relacionada
i) Instrução de Revitalização
Duração: 35 horas
Não há disciplina relacionada
Percebe-se que apenas três cursos possuem disciplinas relacionadas aos
socorros de urgência. O CFO, modelo antigo, possui uma carga horária maior,
aprofundando e abrangendo mais áreas sobre o tema, porém, para a formação do
currículo do novo modelo, algumas disciplinas tiveram sua carga horária alterada,
neste caso para menos, de 120 h/a para 45 h/a. O CFSd e o CFS têm apenas,
respectivamente, 20 e 15 horas/aula, sendo que os praças são os policiais militares
que estão mais propensos a utilizar os procedimentos aprendidos por estarem mais
próximo da atividade fim da PMSC. E quanto à Instrução de Revitalização, principal
ferramenta para a manutenção e atualização do conhecimento acerca da atividade
policial, esta não engloba a atividade de socorros de urgência em sua grade
curricular. Portanto, a única forma de o policial militar manter-se constantemente
atualizado para executar os procedimentos básicos de atendimento pré-hospitalar
com confiança e competência é através da realização de cursos externos à
corporação. Cursos estes que normalmente não são custeados pela PMSC,
trazendo ônus ao policial interessado.
57
Desta maneira, pressupõe-se uma formação prejudicada pela pouca
quantidade de horas/aula exclusivas à formação em socorros de urgência e, ainda,
pela falta de continuidade e atualização do tema durante a carreira dos policiais
militares de Santa Catarina, através de incentivo e planejamento do próprio Estado.
Por conseguinte, verificar-se-á a demanda de ocorrências de socorros de
urgência recebidas através da central de emergência 190, as quais, os policiais
militares deparam-se no seu dia-a-dia.
3.2.4 Demanda de chamadas recebidas pela Central de Emergência 190
Cabe salientar a importância de apurar a demanda de chamadas recebidas
pela PMSC através da Central de Emergência 190 para verificar a freqüência em
que os serviços, principalmente o atendimento a ocorrências de socorros de
urgência, são solicitados pela comunidade. Os dados a seguir foram extraídos do
Sistema de Ocorrências da PMSC, criado para o gerenciamento das ocorrências
registradas na Central de Emergência 190, e, conforme a Diretriz Permanente n.
007/94 do Comando Geral da PMSC estão classificadas e codificadas em três
grandes Campos:
1) AUXÍLIOS/APOIOS À COMUNIDADE Neste Campo enquadram-se os atendimentos prestados pela Policia Militar, em que a característica fundamental e o apoio a órgãos públicos/privados e a comunidade em geral. 2) OCORRÊNCIAS Neste Campo enquadram-se os atendimentos oriundos de solicitações/denuncias relacionadas a fatos concretos, reais e de cunho eminentemente policial, não se confundindo com serviços/atividades nem com auxílios/apoios a comunidade. 3) SERVIÇOS/ATIVIDADES Neste Campo enquadram-se todos os serviços/atividades operacionais e afins que visem, no limite de atuação especializada de cada órgão, a tomada de providencias de cunho preventivo, fiscalizativo ou informativo.
Cada um desses Campos de Atendimentos está estruturado em Áreas, e
cada área em Grupos:
58
a) Campo "Auxílios/Apoios à comunidade"
Área "A": Auxílios à comunidade
b) Campo "Ocorrências"
Área "C": Crimes e contravenções
Área "E": Emergências, traumas e acidentes
Área "F": Contra o meio ambiente
Área "I": Incêndio
Área "D": Ocorrências diversas
c) Campo "Serviços/Atividades"
Área "P": Serviços/Atividades operacionais
Área "T": Serviços/Atividades de fiscalização do trânsito
Área "S": Serviços/Atividades afins
Todavia, serão analisados principalmente os dados do campo “Ocorrências”,
área E, os quais tratam especificamente de Emergências, Traumas e Acidentes.
Assim sendo, foram coletados dados comparativos entre as Áreas referentes
aos anos de 2006, 2007 e 2008, para verificar a quantidade de ocorrências
registradas na área E em relação ao total.
TABELA 01: Ocorrências por Área – Ano 2006 (Santa Catarina)
ÁREA JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
A000 12199 11466 11963 10189 9479 9738 10154 10367 9858 10750 10606 11098 127867
C000 20831 19266 19618 18839 15757 16270 16776 16677 16676 18392 17296 20124 216522
E000 7819 7579 7244 6600 6624 6069 6105 6529 6415 6615 6736 7500 81835
F000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
I000 210 168 177 159 164 114 157 204 157 120 137 123 1890
D000 22544 21564 19152 19038 18463 19119 18918 19818 19131 20897 19834 23803 242281
P000 4138 3901 4038 3909 3786 4196 4294 4833 4681 5254 4722 4520 52272
T000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
S000 1007 897 958 812 827 842 808 801 863 783 783 754 10135
TOTAL 68748 64841 63150 59546 55100 56348 57212 59229 57781 62811 60114 67922 732802
Fonte: Sistema de Ocorrências da PMSC, 2009
59
TABELA 02: Ocorrências por Área – Ano 2007 (Santa Catarina)
ÁREA JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
A000 11185 10165 11398 10421 9201 9043 8971 8587 9460 10024 9696 10293 118444
C000 19707 18309 19667 18671 15463 15058 14694 14401 17304 17120 16946 19717 207057
E000 6228 5930 6868 6781 6648 5994 6172 5978 6438 6717 6766 7959 78479
F000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
I000 159 115 113 113 99 122 89 129 133 109 113 135 1429
D000 22078 19089 21692 20639 16988 15173 15000 15876 19462 20324 19911 24872 231104
P000 4405 4339 4800 4697 4206 4481 4945 4840 5171 5231 4816 5194 57125
T000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
S000 764 725 870 772 748 722 880 904 1068 970 1011 987 10421
TOTAL 64526 58672 65408 62094 53353 50593 50751 50715 59036 60495 59259 69157 704059
Fonte: Sistema de Ocorrências da PMSC, 2009
TABELA 03: Ocorrências por Área – Ano 2008 (Santa Catarina)
ÁREA JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
A000 10718 10626 11481 10879 10908 11242 11816 11946 11780 12777 11960 11547 137680
C000 19124 18987 19655 18162 18711 17521 18512 19141 17883 19836 18948 20389 226869
E000 6459 6439 7122 7191 7630 7340 6858 7271 7729 7686 7361 7585 86671
F000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
I000 121 110 109 127 165 103 143 137 132 125 100 142 1514
D000 22645 20875 21418 17951 18128 16694 17773 18840 16857 18689 18337 20817 229024
P000 5164 5932 7569 7930 7812 7806 8121 7345 6936 6706 5591 5652 82564
T000 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
S000 917 1036 1179 1194 1152 1030 1128 1052 1262 1517 1316 1303 14086
TOTAL 65148 64005 68533 63434 64506 61736 64351 65732 62579 67336 63613 67435 778408
Fonte: Sistema de Ocorrências da PMSC, 2009
60
Para uma melhor visualização, os dados foram projetados em gráficos. Deste
modo, temos:
Gráfico 01: Ocorrências por Área – Ano 2006 (Santa Catarina) Fonte: Sistema de Ocorrências da PMSC, 2009
Gráfico 02: Ocorrências por Área – Ano 2007 (Santa Catarina) Fonte: Sistema de Ocorrências da PMSC, 2009
61
Gráfico 02: Ocorrências por Área – Ano 2008 (Santa Catarina) Fonte: Sistema de Ocorrências da PMSC, 2009
Destarte, percebe-se que a Polícia Militar de Santa Catarina atende a um
grande número de ocorrências de socorros de urgência em relação ao total, um
pouco mais de 10% das chamadas recebidas. No entanto é preciso verificar a fundo
cada ocorrência, pois em muitas delas o atendimento é efetuado juntamente com o
CBMSC ou com o SAMU. A PMSC nestes casos atua apenas na segurança e no
isolamento do local, ficando o atendimento pré-hospitalar das vítimas às entidades
especializadas. Porém, não se descarta a possibilidade de os policiais militares
auxiliarem estes órgãos na execução de procedimentos de suporte básico à vida ou,
até mesmo, efetuarem os primeiros atendimentos antes da chegada dos mesmos.
Com isto, nota-se a importância que se deve dar à formação dos policiais
militares para o atendimento a ocorrências de socorros de urgência, sendo um dos
principais motivos que levam a população a solicitar os serviços da PMSC nesta
área, visualizado mediante este levantamento de dados estatísticos na Central de
Atendimento 190.
62
3.3 O MÉTODO DE ENSINO PARA O ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
3.3.1 A Educação no Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar
As profissões progridem e se desenvolvem junto à evolução humana, e
exigem dos trabalhadores respostas adequadas para satisfazer aos anseios das
instituições e da sociedade, tanto no setor público quanto no privado. O atendimento
a ocorrências de socorros de urgência, por ser uma área de atuação específica,
exige dos profissionais uma boa formação e que esta atenda as expectativas da
população.
O APH se desenvolveu principalmente na década de 80, quando foram
criados, por academias médicas norte-americanas, protocolos baseados, sobretudo,
nos programas médicos Advanced Trauma Life Support (ATLS), Advanced Cardiac
Life Support (ACLS) e Prehospital Trauma Life Support (PHTLS). (CARVALHO Jr,
2002). Utilizando um processo de memorização ABCDE, estes protocolos tiveram
como objetivo a padronização do treinamento dos profissionais, paramédicos ou
técnicos de emergência médica, e também de pessoas voluntárias para exercer tal
atividade. Contudo, estes voluntários, para garantir sua qualidade profissional,
tinham como obrigação a realização de treinamentos contínuos, com a finalidade de
se atualizarem e serem reavaliados. (GRUPO RESGATE EMERGÊNCIA, 2009).
Ao longo do tempo estes padrões de treinamento foram sendo desenvolvidos
e aplicados por diversos órgãos e, atualmente, por agências norte-americanas como
a American Heart Association e a American Academy of Orthopedics Surgeons que
treinam anualmente milhares de profissionais nos mais distintos segmentos da
sociedade. (GRUPO RESGATE EMERGÊNCIA, 2009). Não só nos Estados Unidos,
mas também na Europa em que o APH é vinculado ao Sistema de Saúde, esta
metodologia foi adotada e aproveitada. (MARTINS, 2004).
Muitos serviços de atendimento a ocorrências de socorros de urgência, como
por exemplo, o SAMU, também utilizam estes procedimentos ministrados nos cursos
ATLS, ACLS e PHTLS. No entanto, esta protocolação fica subentendida já que nem
63
todos os profissionais têm os cursos citados e não há uma regulação interna sobre o
mesmo. (MEIRA, 2007).
Aos policiais e bombeiros militares de Santa Catarina, as instruções de
socorros de urgência são fornecidas baseadas em um protocolo criado pelo CBMSC
e autores renomados na área.
Martins (2004) observa também que, além de seguir determinados
procedimentos, estes cursos devem levar em consideração a realidade de sua
aplicação, se atendo à disponibilidade de equipamentos e recursos humanos
necessários e às condições legais e profissionais de cada local, evitando o
cometimento de infrações já que os procedimentos preconizados no protocolo
possuem pouca flexibilidade quanto a sua aplicação.
Além disto, estes cursos devem ser providos periodicamente, já que com o
passar do tempo as informações acerca dos procedimentos podem ser esquecidas,
evoluírem, ou até mesmo, quem sabe, adquirir interpretações próprias, desvirtuando
o seu objetivo. (RIBEIRO, 2001).
Por conseguinte, levando em consideração que as urgências não fazem parte
de especialidade médica ou de enfermagem e que os profissionais que venham a
atuar nos serviços de APH móvel devem ser habilitados para exercer tais atividades,
foi instituído na Portaria nº 2.048, de 5 de novembro de 2002, do Ministério da
Saúde, o Núcleo de Educação em Urgência (NEU), realçando a necessidade de
criação de programas de capacitação e habilitação como requisitos mínimos para a
prática do APH, padronizando os conteúdos, cargas horárias e adequando os
diversos cursos existentes, no setor público e privado, à realidade e às diretrizes do
Sistema Único de Saúde.
Tais núcleos devem se organizar como espaços de saber inter-institucional de formação, capacitação, habilitação e educação continuada de recursos humanos para as urgências. São definidos programas (temas, conteúdos, habilidades), com cargas horárias mínimas para a habilitação e certificação dos profissionais da área de Atendimento às Urgências e Emergências. Na realidade, encontramos um NEU adormecido em nosso estado. Os recursos financeiros são poucos e por isso, segundo a coordenação do NEU não há “treinamento” das equipes. (MEIRA, 2007, p. 47, grifo nosso)
64
Portanto, diante desta realidade, a portaria do Ministério da Saúde que foi
instaurada com o objetivo de regular os serviços de APH móvel no Brasil e instituir
uma padronização na formação, capacitação, habilitação e educação continuada no
atendimento às ocorrências de urgência, pouco influenciou no atual sistema de APH
móvel em Santa Catarina. Assim, o CBMSC permanece como principal órgão
atuante na área, atendendo, sobretudo, as ocorrências de SBV e formando seus
integrantes de maneira diversa da proposta pela portaria supracitada.
3.3.2 Concepções acerca da Formação Continuada
Diante das novas tecnologias e da grande quantidade de informações
geradas e partilhadas na atualidade, a educação é considerada meio essencial para
transmitir estes conhecimentos e manter as pessoas conhecedoras das novas
práxis, pautando-se em concepções de desenvolvimento individuais e coletivos.
Não é suficiente, para toda a extensão da vida, apenas o conhecimento aprendido
inicialmente, mas sim o aprofundamento, o enriquecimento e a atualização destes e
a adequação às mudanças evidentes. (DELORS, 1996).
Assim sendo, segundo Delors (1996, p. 90), a educação deve organizar-se
essencialmente, ao longo de toda a vida, através de quatro pilares:
[...] aprender a conhecer, isto é adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. É claro que estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado que existem entre elas múltiplos pontos de contato, de relacionamento e de permuta. (grifo do autor).
Delors (1996, p. 104) completa:
Doravante, temos de aprender ao longo de toda a vida e uns saberes penetram e enriquecem os outros. [...] as missões que cabem à educação e as múltiplas formas que pode revestir fazem com que englobe todos os processos que levem as pessoas, desde a infância até ao fim da vida, a um
65
conhecimento dinâmico do mundo, dos outros e de si mesmas, combinando de maneira flexível as quatro aprendizagens fundamentais [...]
Pela expressão formação continuada, existem muitas terminologias
semelhantes que nos remetem a mesma linha de entendimento, como por exemplo:
formação permanente, reciclagem contínua, educação recorrente, educação
continuada, educação permanente, treinamento, reciclagem, entre outros.
A interpretação basilar para o termo formação continuada está fundamentada
em uma interpretação da educação como “um processo que deve alongar por toda a
vida” (TEIXEIRA, 2005), ou seja, prolongar-se durante a existência do ser humano,
como já observado nos parágrafos anteriores.
Nesta nova perspectiva, a formação continuada, conforme Delors (1996, p.
117) constata:
[...] é concebida como indo muito mais além do que já se pratica, especialmente nos países desenvolvidos: atualização, reciclagem e conversão e promoção profissionais dos adultos. Deve ampliar a todos as possibilidades de educação, com vários objetivos, quer se trate de oferecer uma segunda ou uma terceira oportunidade, de dar resposta à sede de conhecimento, de beleza ou de superação de si mesmo, ou ainda, ao desejo de aperfeiçoar e ampliar as formações estritamente ligadas às exigências da vida profissional, incluindo as formações práticas.
A finalidade principal da formação continuada é fazer com que o ser humano
mantenha-se atualizado técnica, cultural e profissionalmente. E, ainda, execute suas
atividades com competência e eficiência, sentindo-se valorizado e capaz para
realizar todas suas funções com confiança. (SANTOS, 1999).
Mundim (2002, p. 63-64) conclui que:
Educação continuada é, portanto, o conjunto de práticas educacionais planejadas para promover oportunidades de desenvolvimento do funcionário, com a finalidade de ajudá-lo a atuar mais efetiva e eficazmente em sua vida institucional.
Santos (2005, p. 13), ainda reflete:
66
Percebe-se que a busca de atualização constante, tanto específica quanto multidisciplinar, acaba configurando-se como uma exigência do mercado e da vida nos dias de hoje, dando, a cada dia, mais ênfase na educação continuada. Assim, investir na educação continuada com permanente capacitação profissional torna-se um imperativo de competitividade, por parte das empresas, dos profissionais e da universidade.
Além disso, o avanço tecnológico e científico é um dos fatores que mais
influenciam na formação dos profissionais. Os conhecimentos adquiridos na
formação inicial tornam-se rapidamente arcaicos e fazem com que haja necessidade
de uma formação contínua destes profissionais. Principalmente no setor privado, a
educação ao longo da carreira responde a uma necessidade econômica, mantendo
o nível dos empregados e aumentando a competitividade das empresas. Além disto,
possibilita ao funcionário ascender a cargos mais elevados. (TEIXEIRA, 2005). No
entanto, esta visão não é muito diferente do setor público, se excetuando apenas a
visão do lucro e da competitividade entre os órgãos estatais, objetivando a melhor
prestação de serviços à sociedade.
Essas necessidades hodiernas levam a sociedade a um estado cuja
reclamação por inovações faça parte do seu dia-a-dia:
[...] impondo que avalie conceitos e práticas para definir o que precisa ser mudado. Ter de „acompanhar‟ essas mudanças e transformações faz com que sejam tomadas decisões sobre novas práticas e conteúdos institucionais de gestão e de vida. Inova-se, por se ter de inovar, intencionando acertar. Embora inovações venham sendo a tônica no campo educacional e nas diversas áreas da vida humana, seu sucesso tem sido limitado e insuficiente, visto o grande número de analfabetos, de crianças de rua, de toda forma de violência, de exclusão e de discriminação que se alastra a cada dia, bem como corrupção, fraudes, desemprego, miséria e todas as demais „aberrações‟ da vida humana que compõe os setores de nossa vida social. (FERREIRA, 1999, p. 205).
A sociedade foi invadida por componentes eletrônicos, computadores e robôs
de última geração, mesmo assim o ser humano continua sendo, ao menos por
enquanto, o “instrumento” principal para manipular toda essas ferramentas. Pode-se
dizer que são inevitáveis as mudanças nas relações e valores sociais e culturais no
mundo, fato que leva as instituições a se adequarem, o tempo todo, às
transformações. E a melhor maneira para efetuar essas adaptações é através da
formação continuada.
67
Como ressalta Chiavenatto (2007), muita das vezes as organizações em
geral, com o intuito de atingir seus objetivos adequadamente, erroneamente
concentram seus esforços em recursos mais problemáticos, e desfocando a atenção
dos trabalhadores.
Direcionando a atenção às Polícias Militares, o Capitão Eduardo Henrique de
Souza (2003, p. 37), da Polícia Militar de Mato Grosso, em seu trabalho acadêmico
que versa acerca da capacitação continuada dos profissionais desta instituição, diz
que:
Em se tratando de corporações policiais militares, sempre o que ouvimos dizer para justificar o crescimento da criminalidade frente às ações policiais é que faltam recursos financeiros e policiais para se colocar nas ruas, mas pouco se vê quanto à busca de melhoria da mão-de-obra dos que já estão dentro dessas organizações, sobretudo como estão desenvolvendo seus trabalhos com relação à missão da instituição, em que precisam ser melhorados para esse fim, como conseguir a eficiência nesses serviços que são voltados à população, como estão tecnicamente esses homens e mulheres para saírem às ruas, ou, ao menos, quem são eles.
Ou seja, o elemento principal das organizações, especialmente da polícia
militar, o ser humano, está sendo pouco trabalhado e valorizado. Nesta ótica que
este trabalho vem ressaltar sua importância, como elemento favorável para o
desenvolvimento das habilidades funcionais, especialmente em atividades de
socorros de urgência, dos policiais militares de Santa Catarina.
3.3.3 Formação Continuada na Polícia Militar de Santa Catarina
Com tendência a desatualizarem-se e tornarem-se ineficientes, os processos
de ensino devem ser avaliados e revisados periodicamente. A formação dos policiais
militares não se difere desta lógica, devendo ter a continuidade como uma das
principais formas de preservação do conhecimento.
68
O Capitão PM Francisco Luiz Gonçalves da Silveira, enalteceu bem a
necessidade deste processo contínuo de educação na Polícia Militar de Santa
Catarina:
Instrução, (re)treinamento, reciclagem, (particularmente o mais correto seria formação continuada), ou como queiram denominar, é um tema recorrente, que faz parte da retórica da grande maioria de nossos Cmts., mas, na prática, em razão do acúmulo de clamor por mais policiamento, não conseguem passar para a ação efetiva. Na realidade não existe educação continuada na Corporação. Há sim um faz de conta. Todas as grandes organizações privadas, competitivas, têm como capital estratégico, o capital intelectual, o ativo intangível – o conhecimento. Nossos comandantes não se aperceberam o quanto os beneficiará uma tropa mais atualizada, esclarecida, ouvida e discutida. Não despertaram para o quanto deixarão de se incomodar por abordagens mal feitas, palavras mal colocadas, enfim, procedimentos obsoletos que os nossos Policiais Militares, no afã de resolver, passam a gerar nas ocorrências. (SILVEIRA, 2004 apud SOUZA, 2004).
Ressalta-se que mudanças de paradigmas educacionais ocorreram na PMSC
desde a confecção desta comunicação supracitada. Hoje já encontramos nas
legislações internas de ensino referências acerca da formação continuada.
As Normas Gerais de Ensino (NGE) da Polícia Militar de Santa Catarina, do
ano de 2009, abarcam a continuidade como um dos princípios que norteia o ensino
policial militar:
Art.11. São princípios do Ensino Policial Militar: I – objetividade – [...] ; II – progressividade – [...] ; III – flexibilidade – [...] ; IV – continuidade - o ensino deve ser um processo contínuo, evolutivo e permanente; V – produtividade – [...] ; VI – oportunidade – [...] ; VII – iniciativa – [...] ; VIII – conhecimento – [...] . (NGE, 2009)
A NGE (2009) ainda preceitua que o sistema de ensino próprio da instituição
compreende o “ensino básico”, o “ensino profissional técnico”, o “ensino superior” e
a “educação continuada”. Esclarecendo, em seu artigo 7º, que:
69
A educação continuada tem como finalidade atualizar conhecimentos e repassar aos integrantes da Corporação novas técnicas e táticas de atuação, buscando o constante aprimoramento do efetivo para o desenvolvimento de suas atividades. Abrange todos os cursos, estágios e treinamentos desenvolvidos com esse objetivo pela Corporação ou freqüentados por seus integrantes em outras instituições. (NGE, 2009)
E, combinadas com o artigo 7º, as atividades de educação continuada
classificam-se em três formas:
I - Treinamento: com carga horária de até 40 horas aula que será desenvolvida e coordenada a nível das OPM; II - Estágio: com carga horária de 41 a 160 horas aula que será desenvolvida e coordenada por intermédio dos Comandos Regionais; III - Curso: com carga horária superior a 160 horas aula, cujo desenvolvimento e coordenação será a nível de Comando Geral da Corporação. (NGE, 2009)
Além dos treinamentos, estágios e cursos, há a Instrução na Polícia Militar
como atividade pautada na educação continuada, que, em concordância com a PGE
(2009), possui a subseqüente definição:
É toda atividade educacional, com foco técnico-profissional, desenvolvida em todos os níveis organizacionais da PMSC, visando à manutenção do conhecimento básico necessário aos assuntos atinentes a atividade policial militar
Diante disto, percebe-se a preocupação do Comando Geral da PMSC em
manter seus integrantes constantemente atualizados e preparados para suas
atividades funcionais.
Como principal exemplo das atividades de ensino, relacionadas à formação
continuada, temos hoje na PMSC a previsão de cursos de extensão e instruções
anuais, com foco técnico-profissional, atinentes à função policial militar. Dentre as
atividades previstas e realmente concretizadas, a que mais se destaca é a instrução
de Revitalização, a qual está sendo desenvolvida em todos os níveis organizacionais
da PMSC. (PGE, 2009).
Conforme o Plano Geral de Ensino (2009) da PMSC, assim como em 2008, a
instrução de Revitalização deste ano, com regime presencial, tem como objetivo
70
capacitar Oficiais (subalternos e intermediários) e Praças, de todas as unidades da
instituição.
No entanto, enfocar-se-á na instrução Revitalização das Praças, razão a qual
estes são os policiais militares que estão mais diretamente relacionados à atividade
operacional da PMSC.
A instrução de Revitalização das praças é de responsabilidade das Regiões
Policiais Militares para sua realização junto às unidades subordinadas. É efetivada
em três dias, preferencialmente de terça-feira a quinta-feira, no período
compreendido entre 08h00 e 12h00 horas e entre 14h00 e 18h00 horas. A tropa é
dividida em turmas de, no máximo, 30 policiais, que durante a participação na
instrução estão isentos de escalas ordinárias de serviço. Tem-se como exigência
para as unidades, a capacitação da totalidade do seu efetivo durante os meses de
Março e Novembro. (PGE, 2009).
O anexo “A” da PGE (2009) traz o respectivo programa de matérias para a
Instrução de Revitalização das praças, completando o total de 35 horas/aula:
Nº Matéria Conteúdo Programático C/H
01 Ações de Polícia Ostensiva
Preventiva
1. Conceito e Tipos de policiamento ostensivo 2. Uso da Algema 3. Abordagem de pessoas 4. Abordagem de veículos 5. Abordagem de edificações 6. Uso Progressivo da Força
10
02 Noção Direito Penal na
Atividade Policial Militar
1. Principais conceitos no Direito Penal e
Penal Militar.
2. Principais Crimes e Contravenções
3. Lei Maria da Penha
4. Orientações sobre Termo
Circunstanciado
5. Orientação - Direito Ambiental
6. Estatuto da Criança e do Adolescente
05
03 Direitos Humanos 1. Aspectos da Atividade PM 02
04 Policiamento Ostensivo de
Trânsito
Legislação de Trânsito;
(Teoria e Prática) 05
71
05 Tiro Policial Defensivo
1. Normas de segurança
2. Fundamentos do Tiro
3. Técnicas de Tiro
4. Práticas de Tiro
08
06 Atividade Prática Policial Operações Barreiras (Trânsito) 05
Total de horas/aula 35
QUADRO 01: Programa de Matérias da Instrução de Revitalização de Tropa para Praças Fonte: Anexo A do PGE (2009)
Portanto, considerando as informações analisadas até este momento, na
próxima seção será apresentada uma proposta de inserção dos conhecimentos de
suporte básico à vida na atividade de formação continuada da PMSC, visando a
ininterrupção e, conseqüentemente, a atualização e aprimoramento educacional
quanto às noções fundamentais de socorros de urgência.
3.3.4 Proposta de inclusão da disciplina de Suporte Básico à Vida na
Instrução de Revitalização para Praças
Portanto, refletindo sobre a necessidade das organizações na busca de
atualização periódica dos recursos humanos, diante do clamor social e das
inovações tecnológicas e científicas, exigindo uma atenção acentuada na formação
continuada e valorização de pessoal. (SANTOS, 2005).
Além disso, considerando a instrução de Revitalização para Praças, atividade
disseminada e operacionalizada recentemente na PMSC, uma das principais
ferramentas de atualização e manutenção dos conhecimentos atinentes às atuações
policiais militares, corroborada no Plano Geral de Ensino como:
[...] atividade educacional, com foco técnico-profissional, desenvolvida em todos os níveis organizacionais da PMSC, visando à manutenção do conhecimento básico necessário aos assuntos atinentes a atividade policial militar. (PGE, 2009)
72
Não deixando de ressaltar a importância da atividade pré-hospitalar, o
quantitativo de atendimentos às ocorrências de socorros de urgência efetuados pela
PMSC e a falta de instruções recorrentes visíveis acerca da matéria.
Chega-se ao ponto fulcral desta pesquisa, consubstanciando tudo que foi
analisado até então, qual seja, a proposição de formação continuada na atividade de
socorros de urgência, tratando mais especificamente do suporte básico à vida.
Como fruto desta obra, tem-se a efetivação de um novo programa de disciplinas
para a instrução de Revitalização para as Praças, incluindo a disciplina de Socorros
de Urgência, com a finalidade de reavivar e atualizar o conhecimento dos policiais
militares de Santa Catarina, os quais estão diuturnamente em contato direto com a
população, acerca do tema, possibilitando atendimentos mais proficientes à
sociedade quando da atuação em ocorrências de socorros de urgência.
Portanto, as alterações alvitradas na instrução de Revitalização são as que
seguem:
a) Inclusão da matéria de Socorros de Urgência, com carga horária de 05
horas/aula, abordando os procedimentos de Suporte Básico à Vida
delineados por Bergeron et al. (2007) e Oliveira (2004):
Avaliação do local da emergência, incluindo adoção de medidas de
proteção individual, observação dos mecanismos de trauma do
paciente e o número de vítimas.
Avaliação inicial do paciente, verificando suas condições
emocionais, nível de consciência, respiração e circulação, incluindo
possíveis hemorragias.
Realização dos procedimentos básicos, como a abertura e
desobstrução de vias aéreas, a ventilação artificial, as técnicas
ressuscitação cardiopulmonar e o controle de sangramentos.
b) Conseqüentemente à inclusão da matéria de Socorros de Urgência, há de
se somar 05 horas/aula ao total de carga horária. Destarte, com 40
horas/aula, a instrução deverá ser realizada em 4 dias.
73
Logo, segue a efetivação do programa de matérias da instrução de
Revitalização sugerido:
Nº Matéria Conteúdo Programático C/H
01 Ações de Polícia Ostensiva
Preventiva
1. Conceito e Tipos de policiamento ostensivo 2. Uso da Algema 3. Abordagem de pessoas 4. Abordagem de veículos 5. Abordagem de edificações 6. Uso Progressivo da Força
10
02 Noção Direito Penal na
Atividade Policial Militar
1. Principais conceitos no Direito Penal e
Penal Militar.
2. Principais Crimes e Contravenções
3. Lei Maria da Penha
4. Orientações sobre Termo
Circunstanciado
5. Orientação - Direito Ambiental
6. Estatuto da Criança e do Adolescente
05
03 Direitos Humanos 1. Aspectos da Atividade PM 02
04
Socorros de
Urgência/Suporte Básico à
Vida
1. Avaliação do Local
2. Avaliação Inicial do Paciente
3. Medidas de Proteção Individual
2. Abertura/Desobstrução de vias
aéreas
3. Ressuscitação Cardiopulmonar
4. Controle de Hemorragias
05
05 Policiamento Ostensivo de
Trânsito
Legislação de Trânsito;
(Teoria e Prática) 05
06 Tiro Policial Defensivo
1. Normas de segurança
2. Fundamentos do Tiro
3. Técnicas de Tiro
4. Práticas de Tiro
08
07 Atividade Prática Policial Operações Barreiras (Trânsito) 05
Total de horas/aula 40
QUADRO 02: Sugestão de Programa de Matérias da Instrução de Revitalização de Tropa para Praças Fonte: Adaptado do Anexo “A” do PGE (2009)
74
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Notamos na construção deste trabalho, através das legislações e doutrinas, a
clara competência das Polícias Militares, através das ações de polícia ostensiva da
preservação da ordem pública, que em razão da amplitude desta missão
constitucional, torna-se responsável também pelo atendimento às vítimas de
socorros de urgência.
Os socorros de urgência, abrangendo procedimentos de atendimento pré-
hospitalar, subdivide-se em suporte básico e avançado à vida. O primeiro inclui
medidas de avaliação, correção e manutenção imediata da falência dos sistemas
respiratório e cardiovascular, e o segundo, além de incluir os processos do primeiro,
compreende manobras invasivas e que somente podem ser executadas por
médicos.
Atualmente, o SAMU e o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina são
os principais responsáveis pela atividade pré-hospitalar, constituindo equipes
especializadas e bem preparadas, porém não possuem efetivo suficiente para
abranger todo o Estado, ou nem sempre conseguem alcançar os locais de
atendimento precocemente.
Neste sentido, a Polícia Militar de Santa Catarina, pela razão de também
operar diuturnamente atendendo aos mais diversos casos de desordem pública,
encontra-se em posição de destaque perante a sociedade. Comprovou-se isto
através do levantamento da demanda de chamadas recebidas, pela central de
emergência da PMSC, no que se refere às ocorrências de socorros de urgência.
Onde, nos últimos três anos, em média, um pouco mais de 10% das chamadas são
relacionadas à área E, ou seja, emergências, traumas e acidentes.
No entanto, percebeu-se que, apesar da existência de unidades
especializadas que requerem conhecimentos específicos em socorros de urgência,
como o Batalhão de Aviação e o Pelotão de Socorristas do 8º BPM, não é mais dado
tanto ênfase para atividade de atendimento pré-hospitalar na formação inicial dos
policiais militares de Santa Catarina. Durante os cursos de formação, principalmente
das Praças, o tempo reservado para o ensinamento de socorros de urgência é muito
75
reduzido. Ou seja, os conhecimentos aprendidos na formação inicial estão fadados
ao esquecimento e à arcaicidade.
Partindo do pressuposto que a educação deve prolongar-se por toda a vida
do ser humano, mantendo-se atualizado técnica, cultural e profissionalmente,
executando suas atividades com proficiência, recorreu-se às atividades de formação
continuada para a atualização dos policiais militares na atividade de suporte básico à
vida, visto que a PMSC não fornece instrução continuada que trate sobre o tema.
Neste sentido, ao analisar as atividades de ensino continuado, deu-se
enfoque à Instrução de Revitalização, implantada em 2008 e que busca capacitar
todo o efetivo da PMSC periodicamente. Esta instrução é a forma, atualmente em
aplicação, mais efetiva para a atualização dos conhecimentos dos policiais militares
e inclui diversas disciplinas atinentes à função policial militar.
A inclusão da disciplina de Socorros de Urgência no programa de matérias da
Instrução de Revitalização, compreendendo procedimentos básicos do atendimento
pré-hospitalar, conhecidos como suporte básico à vida, os quais garantem a vida de
vítimas até a chegada de profissionais especializados, foi a solução encontrada mais
oportuna para reavivar e modernizar os conhecimentos, acerca da matéria, aos
policiais militares de Santa Catarina.
Não esgotando o tema, mas com a convicção da necessidade e relevância
deste, espera-se a efetividade desta proposta e com isto a prestação adequada de
serviços, no que se refere aos socorros de urgência, pela Polícia Militar de Santa
Catarina aos cidadãos catarinenses. Contudo, esta é apenas uma pequena parcela
de contribuição para a formação profissional dos policiais militares. É imprescindível
para qualquer instituição, seja pública ou privada, o investimento em profissionais,
considerado um dos pilares fundamentais para alcançar seus objetivos e a eficiência
e efetividade de suas ações.
76
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