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Universidade Federal de Minas Gerais Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública Policiamento Comunitário: A Visão dos Policiais Belo Horizonte, Abril de 2009.

Policiamento Comunitário: A Visão dos Policiais³rio... · crescimento da ocorrência de crimes, bem como a publicisação de situações dramáticas, tem acirrado as discussões

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Universidade Federal de Minas Gerais Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública

Policiamento Comunitário: A Visão dos Policiais

Belo Horizonte, Abril de 2009.

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Sumário: 1. Apresentação ____________________________________________________________ 3

2. Justificativa e Exposição do Problema ________________________________________ 4

3. Objetivos e Instrumentos __________________________________________________ 12

3.1 Objetivo Geral _____________________________________________________________ 12

3.2 Objetivos Específicos ________________________________________________________ 12

3.3 Instrumentos_______________________________________________________________ 13

4. Procedimentos Metodológicos______________________________________________ 14

5. Abordagens Oriundas de Pesquisas de Vitimização. ____________________________ 23

5.1 Como as Comunidades Vêem as Polícias________________________________________ 23

6. Pesquisa Policiamento Comunitário: A Visão dos Policiais Segundo Sargentos, Cabos e

Soldados _________________________________________________________________ 28

6.1 Variáveis individuais _______________________________________________________ 28

6.2 Ambiente para a Realização do Policiamento Comunitário ________________________ 33

6.3 Policiamento Comunitário ___________________________________________________ 39

6.5 Como os Policiais Veem as Comunidades _______________________________________ 46

7. Pesquisa Policiamento Comunitário: A Visão dos Policiais Segundo Oficiais _______ 60

7.2 Aspectos Estruturais dos Batalhões com Policiamento Comunitário _________________ 62

7.4 Auto-avaliação da Imagem Pública do Batalhão e Iniciativas para Melhorar a Mesma_ 67

7.5 Métodos de Estudos e Análises Internas dos Serviços Prestados pelos Batalhões _______ 69

7.6 Policiais Especialmente Treinados para Lidar com Públicos Específicos _____________ 75

7.7 Publicização das Ações Policiais_______________________________________________ 76

7.8 Grau de Cumprimento das Nove Etapas do Policiamento Comunitário ______________ 78

8. Distribuições das Proporções de “Questões Chaves” Discriminado por Batalhões.___ 79

9. Sobre os Cursos de Policiamento Comunitário ________________________________ 86

10. Os Efeitos dos Cursos na Percepção de Policiamento Comunitário_______________ 88

11. O Efeito do Tamanho dos Batalhões _______________________________________ 91

12. Considerações Finais __________________________________________________ 103

13. Bibliografia __________________________________________________________ 105

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Equipe: COORDENADOR GERAL:

Cláudio Beato, Dr. – Depto. Sociologia - FAFICH / UFMG

COORDENAÇÃO DE EQUIPE:

Karina Rabelo Leite Marinho - Doutoranda em Sociologia (UFMG)

PESQUISADORES:

Karina Rabelo Leite Marinho – Doutoranda em Sociologia (UFMG)

Diogo Alves Caminhas – Mestrando em Sociologia (UFMG)

Cristiane Kazuko Torisu – Mestre em Sociologia (UFMG)

Vinicius Assis Couto – Mestrando em Sociologia (UFMG)

ESTAGIÁRIOS:

Mateus Rennó – Graduando em Ciências Sociais (UFMG)

Aline Nogueira Menezes Mourão– Graduanda em Ciências Sociais (UFMG)

Luiza Lobato Andrade– Graduanda em Ciências Sociais (UFMG)

ELABORAÇÃO DO RELATÓRIO:

Karina Rabelo Leite Marinho – Doutoranda em Sociologia (UFMG)

Diogo Alves Caminhas – Mestrando em Sociologia (UFMG)

Lívia Henriques de Oliveira – Bacharel em Ciências Sociais (UFMG)

Mateus Rennó – Graduando em Ciências Sociais (UFMG)

Vinicius Assis Couto – Mestrando em Sociologia (UFMG)

Aline Nogueira Menezes Mourão – Graduanda em Ciências Sociais (UFMG)

Luiza Lobato Andrade – Graduando em Ciências Sociais (UFMG)

AMOSTRA:

Emilio Suyama, Dr. – Depto. Estatística - ICEX /UFMG

Rodrigo A. Fernandes – Mestre em Sociologia (UFMG)

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1. Apresentação

Este documento tem como objetivo apresentar os resultados da pesquisa

(survey) realizada em Companhias e Batalhões de Polícia Militar, em Minas Gerais,

em 2008 / 2009. De forma geral, tal trabalho objetivou obter informações acerca do

processo de implementação do Policiamento Comunitário em Minas Gerais. Para

tanto, procuramos conhecer, também, as percepções policiais acerca dos seus

diferentes públicos de atuação, os modos como essas percepções afetam a rotina

da atuação policial e, de maneira mais ampla, seus impactos sobre o processo de

implementação do policiamento comunitário. De maneira compreensiva, e através da

análise de informações de natureza qualitativa e quantitativa, a pesquisa tem como

objetivo inverter a abordagem tradicional e tem como ponto de partida as

percepções do público sobre as organizações policiais, perspectiva abordada por

uma série de pesquisas de vitimização, como aquelas realizadas em Belo Horizonte

e Região Metropolitana, Curitiba e Foz do Iguaçu (CRISP, 2002 e 2005). Além disso,

utilizamos também informações obtidas por meio de entrevistas e grupos focais

realizados com policiais de linha e lideranças organizacionais das instituições

policiais, além de análises de dados coletados através de surveys.

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2. Justificativa e Exposição do Problema

As formas de atuação policial estão sujeitas a um rol de críticas tão amplo

quanto o público que as emite, em relação aos problemas enfrentados no cotidiano

das comunidades, ou mesmo suas causas. De um lado, espera-se das organizações

policiais o combate à criminalidade violenta, o controle e a prevenção da ocorrência

de crimes, a diminuição das tensões oriundas do medo da vitimização e a prestação

de contas sob a forma da boa relação polícia / comunidade. De outro lado, o

crescimento da ocorrência de crimes, bem como a publicisação de situações

dramáticas, tem acirrado as discussões a respeito da capacidade policial de

satisfazer a demandas tão múltiplas e heterogêneas, incluindo em seu conjunto de

problemas o sentimento de medo das populações.

A cada situação dramática tornada pública surge uma coleção de soluções

que vão desde o aumento do efetivo policial, melhor armamento, melhor

treinamento, até alterações profundas no sistema judiciário, como diminuição da

maioridade penal, endurecimento das penas e, conseqüentemente, mais “encargos”

policiais1. De um ponto de vista organizacional, assim, as polícias são instituições

que se vêem a cada dia diante de soluções as mais distintas, para os mesmos

problemas ou, de maneira irônica, mesmas soluções para problemas tão distintos.

Segundo Wilson, apenas 10% do trabalho policial se refere à implementação da lei -

roubo, residências invadidas, prisões e apreensões, etc. Atividades relacionadas a

serviços - acidentes, chamadas de ambulância, pessoas bêbadas - correspondem a

1 O incremento do conteúdo da formação policial – por si só – não parece afetar significativamente este estado de coisas. Dados fornecidos pela Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça (SENASP 2001) mostram que as disciplinas presentes nos currículos de cursos de formação do policial militar e do policial civil brasileiro variam consideravelmente entre uma unidade e outra da federação. De um modo geral, no entanto, são bastante freqüentes as disciplinas relacionadas à defesa pessoal, direitos humanos (oferecida em 21 organizações policiais militares e 18 organizações policiais civis do país), arma de fogo, ética/cidadania, saúde física, telecomunicações (em organizações militares) e disciplinas relacionadas ao direito, como direito penal e direito processual penal, no caso das organizações militares e direito administrativo e medicina legal aplicada, no caso das organizações civis. Organizações policiais militares de 18 dos estados brasileiros oferecem, em seus cursos de formação, disciplinas relacionadas ao policiamento comunitário. Em cursos específicos, são oferecidas temáticas como técnicas para minimizar o emprego da força física e de armas de fogo em ações policiais (temática oferecida por 17 organizações policiais militares e 11 organizações civis dos estados brasileiros) e problemas relacionados a grupos minoritários (oferecida em 8 organizações policiais militares e 5 organizações civis no país). (MJ / SENASP, 2001)

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38% da atividade policial, enquanto a manutenção da ordem - disputas de gangues,

brigas familiares e entre vizinhos - equivale a 30%. (DYE, 1987).

No que diz respeito aos critérios relativos à eficiência, a crítica afirma que a

polícia não tem se mostrado capaz de prevenir a ocorrência de crimes (BAYLEY,

2001, MOORE e TOJANOWICZ, apud CERQUEIRA, 1999). Suas estratégias

apresentam pouco ou nenhum efeito sobre as taxas de criminalidade, bem como

não há uma relação entre o número de policiais e a ocorrência de delitos. Segundo

Bayley (2001), isso se dá devido ao fato de que as atividades práticas da polícia têm

pouca relação com as condições que produzem a criminalidade.

É deste modo que a prestação de contas se torna tão central quanto o

combate à criminalidade e as relações estabelecidas entre polícia e comunidade

passam a ser tópico de grande importância em qualquer discussão a respeito da

atuação policial. Neste sentido, deve ser enfatizada não apenas a ocorrência de

delitos em si mesma, ou o comportamento das taxas de criminalidade, mas,

principalmente a sensação de segurança dos membros das comunidades (WILSON

e KELLIG, 2000). Os modos de atuação implicados pelo atual modelo policial, assim,

são colocados em cheque rotineiramente. (BEATO, 2001)

Essas mudanças são comumente associadas à implementação de estratégias

comunitárias de policiamento. Segundo Beato (2001), em artigo que procura avaliar

o processo de implementação do programa de policiamento comunitário em Belo

Horizonte:

Mais que uma mudança de estratégia, o policiamento comunitário tem representado uma espécie de apelo moral em favor da mudança no relacionamento da polícia com a sociedade. Esta mudança deveria orientar-se por um modelo de relacionamento calcado na confiança, compreensão e respeito. (BEATO, 200, p. 02)

O que se espera é que as necessidades sejam publicamente definidas. Se

aos especialistas / policiais / implementadores de políticas de segurança cabe

combater os problemas, à sociedade cabe a identificação desses problemas, por

maior a heterogeneidade de sua natureza, implicada nesta perspectiva. Assim,

estratégias de policiamento comunitário sugerem logicamente o bom relacionamento

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entre polícia e comunidade. À polícia cabe a definição de estratégias eficientes para

a solução de problemas delineados pelas comunidades e, a relação entre elas é,

portanto, uma implicação óbvia.

Por mais clara que seja, no entanto, a necessidade de boas relações entre

polícia e comunidade, elas não são facilmente conquistadas. Do modo como são

estabelecidos, os contatos entre policiais e membros das comunidades ocorrem,

quase exclusivamente, em situações de tensão e conflito. A presença policial, por si

só, pode ser um indicador de que algum problema ocorreu ou está ocorrendo, o que

direciona a uma determinada percepção das pessoas com relação aos policiais,

sejam elas vítimas ou agentes. Goldstein, por exemplo, assinala que uma simples

multa de trânsito pode gerar uma reação de indignação, assim como as vítimas

sempre esperam ações policiais complexas para os mais simples dos problemas

(GOLDSTEIN, 2003). A polícia de patrulha, que atua rotineiramente junto ao público,

encontra-se mais freqüentemente sob seu escrutínio e, conseqüentemente, está

mais sujeita às tensões daí advindas.

Soma-se a isso a necessidade de transparência – ou visibilidade das ações e

desempenho institucional – que toda agência pública deve ter sobre suas ações

para obter legitimidade e aceitação. De um modo geral, as sociedades

contemporâneas têm vivenciado mudanças estruturais no âmbito social, econômico

e político, que se refletem em suas instituições; estas passam a ser vistas como

prestadoras de serviços na medida em que sua sobrevivência vincula-se à crença de

seus clientes na pertinência do que nelas é produzido. (PRATES, 2000)

A transparência institucional é fundamental também por se constituir como um

instrumento de controle da sociedade civil sobre as instituições do Estado. O acesso

à boa qualidade de informações sobre as agências policiais, assim, pode gerar

melhorias na qualidade das relações estabelecidas com o público, por um lado, e,

por outro lado em sua maior sistematização e, portanto, maior embasamento para o

planejamento e formulação de projetos e políticas públicas.

Em suma, a relação polícia / comunidade é geralmente tensa, seja pela

natureza do evento que gerou a interação, pelas expectativas construídas pelo

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público, pela insuficiente transparência das agências policiais, ou, ainda, pela

heterogeneidade de situações em que a interação se dá – muitas vezes complexa

para o público e padronizável para os policiais (LEITE, 2002).

Todo esse contexto afeta o modo como a polícia é vista pelas comunidades.

E a polícia sabe disto. A percepção dos policiais a este respeito é, de uma maneira

geral, negativa. Para eles, a polícia só é socialmente valorizada quando tida como

necessária, em situações muito específicas vividas pelos indivíduos, ou situações

dramáticas tornadas públicas pela mídia. Além disso, ainda é forte a associação

entre polícia e punição, segundo os policiais, devido, em parte, ao estigma da polícia

como instituição repressora ligada ao Estado autoritário, e, em parte, pelo descrédito

na eficiência das instituições públicas, inclusive (ou, sobretudo) na polícia e nas leis.

(SENASP, 2005). De fato, as mais recentes pesquisas de vitimização têm mostrado

Percentuais importantes de membros da população que creditam às organizações

policiais baixa confiança, eficiência e preparo para o desempenho de suas tarefas,

referente às organizações policiais militares em Belo Horizonte e Região

Metropolitana, Curitiba, Foz do Iguaçu e Rio de Janeiro2.

A imprensa e a mídia também parecem ter papel de destaque no processo de

conformação das relações polícia / comunidade. (SENASP, 2005). Ao divulgar falhas e

deficiências das organizações policiais, incentiva-se – de acordo com a perspectiva

de determinados grupos policiais – a construção de imagens preponderantemente

negativas, papel que, de certo modo, é desempenhado também por grupos de

direitos humanos. Finalmente, a presença policial pode ser repudiada por membros

de comunidades onde o crime organizado ou a presença de gangues são

identificados por representar o desencadeamento de situações de violência ou pela

ruptura da rotina estabelecida entre grupos criminosos organizados e população.

Esta ruptura é passível de representar riscos maiores do que aqueles oferecidos

pela presença de criminosos em si.

2 Tal afirmação é confirmada pelas pesquisas do CRISP / UFMG/ Pesquisas de Vitimização em Belo Horizonte (2002), Curitiba e Foz do Iguaçu (2005), Região Metropolitana de Belo Horizonte (2005) e NUPEVI / IMS / UERJ / CRISP / UFMG / Pesquisa Domiciliar de Vitimização na Cidade do Rio de Janeiro (2006) e serão vistas com mais detalhes neste relatório na parte referente às “Abordagens Oriundas de Pesquisas de Vitimização”.

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Mas a relação polícia / comunidade não é dificultada exclusivamente pelos

modos como a população vê a polícia. A natureza da classificação que a polícia

constrói acerca da sociedade civil também é peça fundamental para a montagem

completa deste “quebra-cabeça”. Como destaca Paixão (1981), os policiais, no

intuito de distinguir quem deve ser protegido e quem deve ser vigiado, passam não

apenas e executar leis, como produzi-las, em um contexto em que se estabelecem

relações diferenciadas entre diferentes grupos sociais e definem-se, na chamada

prática em uso, os eventos e indivíduos como criminosos ou não. (PAIXÃO in

PINHEIRO, 1981)

Pouco se tem discutido acerca da relevância de abordagens que enfatizem os

modos como os policiais vêem tanto as comunidades como as iniciativas em torno

do policiamento comunitário. Mas eles se dão de maneira muitas vezes negativas, o

que dificulta o estabelecimento de boas relações polícia / comunidade. Além disto, a

polícia muitas vezes divide a sociedade civil em setores, compartimentos que se

organizam a partir da construção de mapas cognitivos, norteadores da atuação

policial. Deste modo, deve-se agir de determinado modo diante de determinados

grupos ou setores e de modo distinto diante de outros. Ou seja, o relacionamento

com a sociedade civil pode variar, por exemplo, de acordo com o estrato social de

origem do público. Para alguns, o contato com membros de classes populares é

mais satisfatório, enquanto as classes abastadas – clientes menos contumazes do

trabalho de polícia – entendem o policial como um indivíduo que não obteve sucesso

na estrutura social, colocando-o, assim, em uma situação de subordinação, quando

a interação ocorre (SENASP, 2005)3.

A perspectiva policial também varia em função de fatores como idade dos

indivíduos abordados ou que procuram a ação da polícia – os mais velhos, menos

sujeitos à abordagem policial, são tidos como aqueles que melhor interagem com a

polícia – grupos sociais ou profissionais – como comerciantes, com quem a relação

muitas vezes é prejudicada por interesses de natureza privada – e associações

3 A classe pobre, segundo a pesquisa financiada pela SENASP, é tanto vista como a que mais contribui para o trabalho do policial, por ter maior necessidade, como a que tem maiores problemas em acionar a polícia. Nesse caso, devido à retaliação que sofrem por parte de traficantes, que não querem a polícia em aglomerados e impõem a lei do silêncio.

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comunitárias são capazes de fornecer informações que facilitam e direcionam a

atividade dos policiais diretamente para o que mais aflige a comunidade em

determinado momento. Os modos de atuação dos grupos de defesa dos direitos

humanos são comumente criticados por policiais sob a acusação de não manterem a

imparcialidade, atuando de modo favorável somente àqueles abordados pela ação

policial. (Idem).

O surgimento do policiamento comunitário como mecanismo de solução de

problemas e prevenção de ocorrências criminais coloca todas essas questões na

centralidade das discussões acerca da segurança pública. Segundo essa

perspectiva, a atuação policial deve ser balizada pelo trabalho conjunto e efetivo

entre polícia e comunidade, e esta atuação deve ser preventiva. Ou seja,

tradicionalmente o trabalho policial poderia se restringir às respostas realizadas o

mais rápido possível às chamadas dos cidadãos com o intuito de identificar e deter o

ofensor, agora este deve ser redefinido de modo a incluir medidas preventivas que

se refiram ao cidadão e aos ambientes em que transitam. (GOLDSTEIN, 2000)

Os cidadãos, assim, desempenham papel fundamental na definição de

problemas, como mencionado anteriormente. Os esforços policiais deverão ser

melhor articulados e mobilizados, de modo a satisfazer aos critérios relativos aos

resultados e uso econômico de recursos. Os membros das comunidades, grupos,

organizações governamentais e não governamentais, igrejas, escolas, instituições

públicas e privadas, políticos e polícia são os parceiros em potencial para tornar

possível este tipo de policiamento, que se caracteriza como um processo contínuo

de construção de relações de confiança entre essa última e a comunidade. Tal

confiança é essencial no desenvolvimento de um programa como esse, que

depende da ação conjunta e da troca eficiente de informações.

A centralidade do relacionamento entre policiais e cidadãos faz com que as

atitudes dos policiais ao entrarem em contato com o público sejam importantes

indicadores do sucesso da implementação de estratégias de policiamento

comunitário. É neste sentido que a presente proposta de trabalho tem como objetivo

delinear informações sobre a implementação da filosofia de polícia comunitária na

Polícia Militar de Minas Gerais e identificar padrões de comportamento policial diante

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de diferentes públicos, como eles orientam os comportamentos, quais as formas de

classificação que os policiais realizam dos diferentes setores da sociedade, e como

essas classificações afetam o processo de implementação do policiamento em

moldes comunitários, ou seja, quais os seus impactos sobre as instituições de

polícia.

Especificidades das Organizações Policiais Militares em Belo Horizonte

As iniciativas de policiamento comunitário em Minas Gerais ocorreram em

direção da busca por uma nova doutrina operacional, a partir da parceria com a

comunidade, apoiada pela DPO (Destacamento de Policiamento Ostensivo) nº

3008/93. No entanto, apesar dos esforços e aprovação dos níveis estratégicos e

táticos da polícia, o nível operacional acabou apresentando significativa resistência à

implementação do projeto.

Anos depois, a implantação do policiamento comunitário tornou-se realidade

na capital. No ano de 1999 foi implantado o programa “Polícia de Resultados” que

tinha como objetivo a elaboração e atuação de políticas mais amplas de

policiamento preventivo. Neste contexto, foram criados os Conselhos Comunitários

de Segurança - CONSEPs, em um total de 25 conselhos -, no sentido de

desenvolver parcerias comunitárias para implementação de programas de

prevenção, em um amplo projeto voltado para a descentralização das atividades

policiais, o estabelecimento de metas e avaliação de resultados, tendo como base

os princípios do policiamento comunitário. (BEATO, 2001).

Belo Horizonte apresenta uma série de peculiaridades com relação às demais

experiências já estudadas, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Ela se

diferencia das demais experiências brasileiras por envolver, ao contrário dessas,

todos os batalhões de polícia da cidade, conferindo (potencialmente) à comunidade

a oportunidade de participação efetiva no planejamento das estratégias de ação de

sua companhia de polícia. Com relação aos EUA, a peculiaridade de estar a polícia

militar de Belo Horizonte sob jurisdição estadual e não municipal, como ocorre

naquele país, levanta uma série de questionamentos ligados à relação entre os

líderes comunitários, a prefeitura e suas regionais, e a ação das Companhias de

Polícia.

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Por sua especificidade, a análise da implantação do Policiamento Comunitário

em Belo Horizonte pode trazer grandes subsídios, não só aos estudos teóricos na

área de sociologia do crime e de políticas públicas, como pode ser uma importante

fonte de referência para a efetiva implementação de políticas públicas na área de

segurança, bem como para a elaboração de projetos de continuidade da citada

experiência.

Assim, conforme o termo de referência no qual o presente projeto se baseia,

seus objetivos são:

“(...) identificar a opinião dos policiais a respeito da filosofia do policiamento comunitário; comparar a percepção dos policiais que atuam no policiamento comunitário com os demais; identificar focos de resistência internos ao policiamento comunitário; subsidiar o planejamento da formação e ações futuras na área de policiamento comunitário, entre outros.”(Secretaria de Estado de Defesa Social, Superintendência de Avaliação e Qualidade da Atuação do Sistema de Defesa Social, Diretoria de Análise e Avaliação do Desempenho Operacional, Termo de Referência II.)

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3. Objetivos e Instrumentos

3.1 Objetivo Geral

Identificar as percepções de policiais – de linha e lideranças – acerca das

comunidades em que atuam e seus impactos sobre a implementação das atividades

cotidianas de policiamento e sobre o processo de adesão institucional às estratégias

de policiamento comunitário.

3.2 Objetivos Específicos

Conforme o termo de referência citado acima,

1. Identificar a opinião dos policiais a respeito da filosofia do policiamento

comunitário;

2. Comparar a percepção dos policiais que atuam no policiamento comunitário

com os demais;

3. Identificar focos de resistência internos ao policiamento comunitário;

4. Identificar as opiniões e percepções policiais a respeito de seu público de

atuação;

5. Identificar e testar os efeitos dos cursos de policiamento comunitário na

percepção e atuação do policial com a comunidade;

6. Identificar e testar os efeitos dos cursos do tamanho do batalhão na

percepção e atuação do policial com a comunidade;

7. Comparar as proporções de algumas “questões chave” em cada batalhão de

forma discriminada;

8. Subsidiar o planejamento da formação e ações futuras na área de

policiamento comunitário.

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3.3 Instrumentos

O tipo de instrumento de coleta de dados utilizado para essa pesquisa foi

questionário auto-aplicado, num Survey realizado em Companhias e Batalhões de

Polícia Militar em Minas Gerais, em 2008 / 2009. No entanto, visando ao maior

enriquecimento deste trabalho, utilizaremos também dados das Entrevistas em

profundidade, realizadas junto às principais lideranças organizacionais, oficiais,

comandantes de companhias e batalhões da Polícia Militar de Minas Gerais, e dos

Grupos focais realizados com o pessoal de linha organizacional, soldados e cabos

da Polícia Militar de Minas Gerais, em Belo Horizonte, no ano de 2005.

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4. Procedimentos Metodológicos

Sistema de Referência da Amostra

O sistema de referência adotado varia em relação à quantidade de subtenentes,

sargentos, cabos e soldados (praças) à disposição da Polícia Militar de Minas

Gerais. Esse conjunto de militares totaliza um efetivo de 24.678 policiais. O conjunto

de policiais, objeto dessa pesquisa, está alocado em Batalhões de Polícia Militar

(BPMs), que por sua vez estão distribuídos em áreas de interesse da instituição

Polícia Militar. O Estado de Minas Gerais foi regionalizado em 16 mesorregiões,

essas áreas são denominadas de Regiões de Polícia Militar (RPMs), cada RPM

contém no mínimo dois Batalhões.

Estratificação

Os Batalhões de Polícia Militar foram classificados segundo o seu tamanho,

expressado pela quantidade de subtenentes, sargentos, cabos e soldados à sua

disposição. Foram criados dois extratos: batalhões grandes e pequenos. Os BPMs

classificados como grandes foram aqueles que possuíam um número de praças

superior ao número médio4 de praças alocados nos batalhões do Estado. Já os

batalhões considerados pequenos foram aqueles com um número de praças inferior

à média. Desta forma, o conjunto de BPMs no estado ficou assim distribuído entre

os extratos da pesquisa: 28 batalhões grandes e 36 pequenos. A 3ª RPM e a 16ª

RPM só possuem batalhões pequenos, e a 8ª RPM possui apenas batalhões

grandes.

Os praças foram classificados segundo sua patente em dois grupos: Subtenentes

e Sargentos no primeiro grupo, totalizando 4.684 policiais, e Cabos e Soldados no

segundo grupo, totalizando 24.578 policiais.

A tabela abaixo apresenta a distribuição do universo da pesquisa segundo RPM

e Batalhões de Polícia Militar.

4 Em média no estado de Minas Gerais os BPMs possuem 457 praças alocados à sua disposição.

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TABELA 1. Tamanho da População e distribuição segundo Batalhões de Polícia Militar

RPMs BPMs Município Sede do BPM

Subtenentes e Sargentos

Cabos e Soldados

Efetivo total de praças Extratos

1 BPM Belo Horizonte 160 671 831 GRANDE

13 BPM Belo Horizonte 213 680 893 GRANDE

16 BPM Belo Horizonte 172 518 690 GRANDE

22 BPM Belo Horizonte 133 515 648 GRANDE

34 BPM Belo Horizonte 176 510 686 GRANDE

5 BPM Belo Horizonte 101 323 424 PEQUENO

1 RPM

41 BPM Belo Horizonte 70 339 409 PEQUENO

18 BPM Contagem 114 533 647 GRANDE

33 BPM Betim 68 499 567 GRANDE

39 BPM Contagem 74 500 574 GRANDE

40 BPM Contagem 60 419 479 GRANDE

48 BPM Ibirité 49 307 356 PEQUENO

2 RPM

7 CIA PM IND Igarapé 34 234 268 PEQUENO

35 BPM Santa Luzia 53 353 406 PEQUENO

36 BPM Vespasiano 61 362 423 PEQUENO

1 CIA PM IND Nova Lima 20 125 145 PEQUENO

8 CIA PM IND Ouro Preto 26 146 172 PEQUENO

3 RPM

15 CIA PM IND Sabará 32 187 219 PEQUENO

2 BPM Juíz de Fora 93 627 720 GRANDE

21 BPM Ubá 104 581 685 GRANDE

27 BPM Juíz de Fora 104 398 502 GRANDE 4 RPM

47 BPM Muriaé 88 356 444 PEQUENO

4 BPM Uberaba 80 610 690 GRANDE

37 BPM Araxá 62 229 291 PEQUENO

3 CIA PM IND Iturama 21 105 126 PEQUENO 5 RPM

4 CIA PM IND Frutal 27 141 168 PEQUENO

8 BPM Lavras 103 712 815 GRANDE

20 BPM Pouso Alegre 91 386 477 GRANDE

24 BPM Varginha 108 530 638 GRANDE

29 BPM Poços de Caldas 64 329 393 PEQUENO

5 CIA PM IND Itajubá 36 196 232 PEQUENO

6 RPM

14 CIA PM IND São Lourenço 38 200 238 PEQUENO

7 BPM Bom Despacho 100 730 830 GRANDE

12 BPM Passos 93 492 585 GRANDE

23 BPM Divinópolis 72 341 413 PEQUENO 7 RPM

13 CIA PM IND Formiga 22 149 171 PEQUENO

6 BPM Gov. Valadares 79 554 633 GRANDE 8 RPM

43 BPM Gov. Valadares 91 468 559 GRANDE

9 RPM 17 BPM Uberlândia 70 750 820 GRANDE

16

32 BPM Uberlândia 63 392 455 PEQUENO

9 CIA PM IND Araguari 40 156 196 PEQUENO

10 CIA PM IND Ituiutaba 55 282 337 PEQUENO

15 BPM Patos de Minas 65 413 478 GRANDE

46 BPM Patrocínio 35 175 210 PEQUENO 10 RPM

10 CIA PM IND MAT

Patrocínio 27 84 111 PEQUENO

10 BPM Montes Claros 124 833 957 GRANDE

30 BPM Januária 41 197 238 PEQUENO

2 CIA PM IND Taiobeiras 25 84 109 PEQUENO 11 RPM

12 CIA PM IND Janaúba 36 132 168 PEQUENO

11 BPM Manhuaçu 131 733 864 GRANDE

14 BPM Ipatinga 164 846 1010 GRANDE

26 BPM Itabira 66 357 423 PEQUENO 12 RPM

17 CIA PM IND João Monlevade 27 189 216 PEQUENO

9 BPM Barbacena 76 461 537 GRANDE

31 BPM Cons Lafaiete 63 323 386 PEQUENO 13 RPM

38 BPM São João Del Rei 41 222 263 PEQUENO

25 BPM Sete Lagoas 89 432 521 GRANDE

3 BPM Diamantina 55 382 437 PEQUENO

42 BPM Curvelo 46 169 215 PEQUENO 14 RPM

11 CIA PM IND Pirapora 23 104 127 PEQUENO

19 BPM Teófilo Otoni 111 686 797 GRANDE 15 RPM

44 BPM Almenara 48 269 317 PEQUENO

28 BPM Unaí 45 365 410 PEQUENO 16 RPM

45 BPM Paracatu 26 187 213 PEQUENO FONTE: Diretoria de Análise e Avaliação do Desempenho Operacional / SEDS

Alocação da Amostra

Propôs-se obter uma amostra estratificada de conglomerados em dois estágios.

No primeiro estágio, as RPMs e os tamanhos dos batalhões são as classificações

que definiram os 29 estratos selecionados que levam em consideração a RPM e os

BPMS divididos em grande e pequeno, em cada um desses estratos foram

selecionados 40 policiais, totalizando 1.160 entrevistas. Amostras de tamanhos

iguais nos estratos permitem comparações entre os mesmos com maior precisão,

especialmente quando as variâncias nos estratos forem iguais.

17

Os batalhões são as unidades de referência primária (conglomerados de

tamanhos desiguais). No primeiro estágio, dois BPMs foram selecionados, com

reposição, em cada estrato tendo probabilidade proporcional ao seu tamanho, sua

classificação em grande ou pequeno.

No segundo estágio utilizou-se a classificação dos policiais segundo sua patente

hierárquica. Foram selecionadas aleatoriamente e sem reposição, 20 praças em

cada grupo da patente, ou seja, selecionaram-se 20 policiais de maior graduação

(Subtenentes e Sargentos) e 20 policiais no grupo de menor patente (Cabos e

Soldados).

Neste esquema de seleção:

a) um mesmo batalhão ou grupo de patentes pode fornecer os dois grupos de 20

pessoas cada, desde que o mesmo seja selecionado duas vezes para a amostra, ou

quando houver apenas um batalhão no estrato;

b) cada grupo de 20 pessoas é considerado um conglomerado de tamanho fixo

(que é um simplificador na estimação), esse conglomerado é selecionado com

probabilidade constante dentro de cada estrato, porém diferentes em estratos

diferentes;

c) na amostra, a existência de dois grupos de 20 pessoas em cada estrato

permite calcular o seu erro de estimação.

A tabela abaixo apresenta a distribuição da amostra segundo os 29 estratos

selecionados. A última coluna se refere à probabilidade de seleção de cada pessoa

na amostra. A amostra resultou em 200 entrevistas de Subtenentes ou Sargentos, e

em 960 entrevistas entre Cabos ou Soldados, o que é quase proporcional aos

tamanhos dos dois grupos.

18

TABELA 2. Distribuição da amostra segundo Batalhões de Polícia Militar e estratos de referência

RPMs BPMs Extratos Município Sede do BPM

Subtenentes e Sargentos

Cabos e Soldados P(seleção)

1 BPM GRANDE Belo Horizonte 20 0,01067

22 BPM GRANDE Belo Horizonte 20 0,01067 1 RPM

5 BPM PEQUENO Belo Horizonte 20 20 0,04802

33 BPM GRANDE Betim 20 0,01764

39 BPM GRANDE Contagem 20 0,01764

48 BPM PEQUENO Ibirité 20 0,06410 2 RPM

7 CIA PM IND PEQUENO Igarapé 20 0,06410

35 BPM PEQUENO Santa Luzia 20 0,02930 3 RPM

8 CIA PM IND PEQUENO Ouro Preto 20 0,02930

2 BPM GRANDE Juíz de Fora 40 0,02098 4 RPM

47 BPM PEQUENO Muriaé 40 0,09009

4 BPM GRANDE Uberaba 40 0,05797 5 RPM

37 BPM PEQUENO Araxá 20 20 0,06838

8 BPM GRANDE Lavras 20 0,02073

20 BPM GRANDE Pouso Alegre 20 0,02073 6 RPM

5 CIA PM IND PEQUENO Itajubá 40 0,04635

7 BPM GRANDE Bom Despacho 20 0,02827

12 BPM GRANDE Passos 20 0,02827

23 BPM PEQUENO Divinópolis 20 0,06849 7 RPM

13 CIA PM IND PEQUENO Formiga 20 0,06849

8 RPM 43 BPM GRANDE Gov Valadares 20 20 0,03356

17 BPM GRANDE Uberlândia 40 0,04878

32 BPM PEQUENO Uberlândia 20 0,04049 9 RPM

10 CIA PM IND PEQUENO Ituiutaba 20 0,04049

15 BPM GRANDE Patos de Minas 40 0,08368 10 RPM 10 CIA PM IND

MAT PEQUENO Patrocínio 40 0,12461

10 BPM GRANDE Montes Claros 40 0,04180

30 BPM PEQUENO Januária 20 0,07767 11 RPM

2 CIA PM IND PEQUENO Taiobeiras 20 0,07767

11 BPM GRANDE Manhuaçu 20 0,02135

14 BPM GRANDE Ipatinga 20 0,02135 12 RPM

26 BPM PEQUENO Itabira 40 0,06260

9 BPM GRANDE Barbacena 40 0,07449 13 RPM

38 BPM PEQUENO São João Del Rei 40 0,06163

25 BPM GRANDE Sete Lagoas 20 20 0,07678 14 RPM

42 BPM PEQUENO Curvelo 40 0,05135

19 BPM GRANDE Teófilo Otoni 40 0,05019 15 RPM

44 BPM PEQUENO Almenara 20 20 0,12618

16 RPM 45 BPM PEQUENO Paracatu 20 20 0,06421 FONTE: CRISP / Elaboração própria

19

Estimadores de Médias

Média em cada conglomerado α = 1 ou 2, de 20 pessoas, na RPM r = 1, 2, ..., 16 e

tamanho t = 1 ou 2:

20

1

20rt rty yα αββ =

=∑

Média e Variância dentro do estrato (r,t):

1 2

2

rt rtrt

y yy

+= ; ( ) 21

var2

rtrt rta

fy s

−= , onde 40rt rtf N= é a probabilidade de seleção de

um conglomerado ou uma pessoa na RPM r e tamanho do batalhão t, e

( )2

1 22

2

rt rt

rt

y ys α

−= é a variância amostral da média no estrato (r,t), sendo rtN o seu

tamanho.

Média e Variância em cada RPM: r = 1, 2, ..., 16:

2

1

r rt rt

t

y W y=

=∑ ; ( ) ( )2

2

1

var varr rt rt

t

y W y=

=∑ , onde rtrt

r

NW

N= , sendo

rN o tamanho da RPM

r.

Média e Variância para cada estrato de batalhões de tamanho t = 1 ou 2:

16*

1

t rt rt

r

y W y=

=∑ ; ( ) ( )16

*2

1

var vart rt rt

r

y W y=

=∑ , onde * rtrt

t

NW

N= , sendo

16

1

t rt

r

N N=

=∑ o tamanho

do estrato t.

Média e Variância para cada grupo de patente p = 1 ou 2:

Propõe-se utilizar o estimador de Horvitz e Thompson (JASA 47,1952, p. 663-85):

20

1

1 pn

pi

p

ip pi

yy

N π=

= ∑ é a média estimada da variável y no grupo de patentes p, com

pN pessoas na população e p

n na amostra, sendo pi

π a sua probabilidade de

inclusão.

Sua variância pode ser aproximada (Brewer e Hanif, 1983, p. 68) por:

( )2

2

1var 1

p tp

p

p p p

n sy

N N n

= −

, onde

( )2

2 1

1

pn

pi p p

itp

p

t N y

sn

=

=−

∑, com p pi

pi

pi

n yt

π= .

A Coleta dos Dados

Recentemente, têm sido feitas várias experiências de coleta de dados com a

entrega domiciliar e auto-aplicada dos questionários em países com tradição em

surveys, como Estados Unidos e Inglaterra, por exemplo. A técnica básica deste

desenho de pesquisa consiste no seguinte procedimento: os pesquisadores

entregam os questionários nas residências dos respondentes e explicam a pesquisa;

o questionário é deixado para ser respondido e, posteriormente recolhido pela

equipe de pesquisa (BABBIE,1999:247).

Conforme sugere Babbie (ib idem), o survey com entrega dos questionários

via correio é a forma típica de pesquisa auto-administrada, sendo conveniente

administrá-lo a um grupo de respondentes reunidos num único local ao mesmo

tempo. Nesta perspectiva, aplicamos exatamente este tipo de survey como forma de

coleta de dados para esta pesquisa.

No primeiro momento, fizemos a listagem e construímos a amostra dos

Batalhões e nossos entrevistados, seguindo critérios já destacados anteriormente.

Em seguida, fizemos vários contatos por telefone com os comandantes dos

29 Batalhões amostrados. Nosso objetivo neste momento se resumiu em três

etapas:

• Explicar a pesquisa (seu objetivo, metodologia e sua importância);

• pedir autorização aos comandantes para a realização dessa em seus

respectivos batalhões;

21

• identificar um informante chave, ou seja, um responsável para receber,

no batalhão, os questionários e distribuí-los segundo informações

previamente detalhadas no malote e nos questionários5.

Um adendo importante a ser ressaltado foi o apoio e cooperação de toda a

Policia Militar de Minas Gerais para com a equipe de pesquisadores do CRISP.

Houve amplo apoio do Comando Geral, o qual também entrou em contato com todos

os Batalhões autorizando e incentivando a participação desses na pesquisa. Além

disso, disponibilizou e autorizou aos Batalhões o reenvio dos questionários

respondidos ao CRISP utilizando o serviço interno de correspondência da PM. Por

fim, colocou a equipe de pesquisa em contato com um representante da PM5 para

que este entrasse em contato com os Batalhões quando novas informações fossem

necessárias.

Retomando, acreditamos que para esta pesquisa, os questionários auto-

aplicados seriam ideais, sobretudo, por se tratar de um público que, via de regra,

possui um significativo nível educacional (o que nos dá segurança que o nosso

objeto tenha compreendido de fato as nossas questões) e pela distância física entre

os Batalhões (o que reduz os custos com viagens, diárias, entrevistadores, etc.).

Um dos pontos mais sensíveis de tal procedimento é o retorno dos

questionários, uma vez que é quase impossível que se tenha o retorno de todos os

questionários enviados. Conforme esperado, apesar de termos seguidos todos os

procedimentos necessários para minimizar a perda de questionários não

respondidos, não tivemos o retorno de 100% da amostra.

Fato é que dos 1160 questionários enviados no total, tivemos um retorno de

905 questionários respondidos; dos 960 questionários enviados aos praças

(Soldados, Cabos e Sargentos) retornaram 805; e dos 200 questionários enviados

aos oficiais tivemos um retorno de 100. O problema é que, em grande parte dos

casos, nem todos os batalhões reenviavam a mesma quantidade de questionários

por eles recebidos e, além disso, um dos batalhões não enviou nenhum

questionário.

De acordo com Babbie (1999, p. 253), “uma taxa de resposta de pelo menos

50% é geralmente considerada adequada para análise e relatórios. Uma taxa de

5 Muitas vezes este informante chave foi o próprio comandante do Batalhão, quando isso não ocorreu o mesmo indicou outro oficial para realização de tal tarefa.

22

resposta de pelo menos 60% é considerada boa e uma taxa de pelo menos 70% é

considerada muito boa”. Logo, temos uma amostra tida como “adequada” para os

oficiais e “muito boa” para os praças.

Atividades Realizadas:

• Construção do desenho de pesquisa;

• Elaboração dos instrumentos de coleta de dados quantitativos;

• Sistematização dos dados qualitativos;

• Validação do instrumento;

• Capacitação dos pesquisadores;

• Realização do trabalho de campo;

• Processamento dos dados;

• Produção do relatório final de pesquisa.

Temáticas Consideradas nos Questionários:

• Características demográficas e profissionais dos atores organizacionais;

• Tipo de relação do ator organizacional com as atividades de polícia;

• Perfil profissional;

• Relação polícia/comunidade;

• Qualificação da atividade fim da organização;

• Natureza da estrutura hierárquica – grau de liberdade de atuação;

• Definição da “matéria prima” organizacional e de seu nível de complexidade.

23

5. Abordagens Oriundas de Pesquisas de Vitimização.

5.1 Como as Comunidades Vêem as Polícias

Antes de entrarmos nos resultados do survey sobre “Policiamento

Comunitário: a Visão dos Policiais - 2009”, propriamente dito, achamos interessante

apontar pesquisas anteriores que revelam como as comunidades vêem a Polícia. A

idéia, portanto, é destacar não somente como os policiais vêem a comunidade, mas

também como eles são vistos por ela e, desta forma, tentar desenhar um panorama

mais amplo da relação entre estes dois atores.

Sendo assim, neste tópico, abordaremos dados referentes às ”Pesquisas de

Vitimização” realizadas pelo CRISP e outros centros de pesquisa6, os quais

destacam diversas categorias junto aos entrevistados como, por exemplo, nível de

confiança, nível de eficiência e nível de preparo. No caso do município de Belo

Horizonte, a pesquisa se deu em dois momentos, em 2002 e 2005, sendo possível,

portanto, a comparação entre o período.

6 CRISP / UFMG. Pesquisas de Vitimização em Belo Horizonte (2002), Curitiba e Foz do Iguaçu (2005), Região Metropolitana de Belo Horizonte (2005) e NUPEVI / IMS / UERJ / CRISP / UFMG / Pesquisa Domiciliar de Vitimização na Cidade do Rio de Janeiro (2006).

24

TABELA 3: Avaliações Feitas pelas Populações Acerca do Desempenho das Polícias Militares

FONTE: CRISP / UFMG. Pesquisas de Vitimização em Belo Horizonte (2002), Curitiba e Foz do Iguaçu (2005), Região Metropolitana de Belo Horizonte (2005) e NUPEVI / IMS / UERJ / CRISP / UFMG / Pesquisa Domiciliar de Vitimização na Cidade do Rio de Janeiro (2006).

Neste sentido, a tabela acima aponta as avaliações feitas pelas populações

de Belo Horizonte (2002), Curitiba e Foz do Iguaçu (2005), Região Metropolitana de

Belo Horizonte (2005) e da Cidade do Rio de Janeiro (2006) sobre o desempenho

das Policias Militares.

Notamos que, de uma forma geral, em todos os municípios há um percentual

elevado de entrevistados que avaliaram negativamente o desempenho da polícia.

Destacam-se a cidade do Rio de Janeiro com os Percentuais relativamente mais

elevados (acima de 55%) e Foz do Iguaçu com os Percentuais relativamente mais

baixos (abaixo de 42%).

No caso específico da cidade de Belo Horizonte, comparando o período de

2002 e 2005, notamos que para todas as categorias abordadas houve avanço na

percepção da população acerca do desempenho da Polícia Militar. Tal interpretação

se dá na medida em que houve queda no percentual de entrevistados que possuíam

uma percepção mais negativa em relação ao trabalho policial.

Em termos do nível de confiança, nota-se a redução de 8,7% dos que

afirmaram ter baixa confiança na PM, passando, em 2005, a representar 38,8%.

Quanto ao nível de eficiência, 37,9% consideraram a polícia pouco ou nada

eficiente, em contraponto aos 44,3% do primeiro levantamento. Todavia, o maior

avanço verificado foi em relação ao nível de preparo dos policiais. Em 2002, mais da

0

10

20

30

40

50

60

70

Belo Horizonte 2002 47,5 44,3 53,8

Belo Horizonte 2005 38,8 37,9 43,8

RMBH 40,2 38,1 43,3

Curitiba 40,5 41,9 48,4

Foz do Iguaçu 30,1 32,3 42

Rio de Janeiro 60,9 55,7 0

Baixa

Confiança

Pouco ou Nada

Eficiente

Pouco ou Nada

Preparada

25

metade dos entrevistados (53,8%) afirmaram ser a PM pouco ou nada preparada,

enquanto em 2005 esse percentual caiu para 43,8%.

Esse quadro quando comparado ao da Região Metropolitana (RM), em 2005,

é ligeiramente mais positivo. Nos municípios que compõem esse recorte, 40,2% da

população afirma ter baixa confiança na polícia, 38,1% considera-a pouco ou nada

eficiente e para 43,3% os policiais são pouco ou nada preparados.

GRÁFICO 1: Vítimas de Violência Policial

FONTE: CRISP / UFMG. Pesquisa de Vitimização na Região Metropolitana de Belo Horizonte (2005)

A pesquisa também levantou a ocorrência de violência policial em Belo

Horizonte e na RM, em 2005. Quanto a esse aspecto, as duas localidades

apresentaram dados praticamente idênticos: em ambas, cerca de 6% afirmou já ter

sido vítima dessa violência. No caso de agressão verbal, especificamente, 10% dos

entrevistados já foram vítimas ou residem com alguém que já foi. Por fim, 1,8%

afirmou que já foi extorquido ou reside com alguém que sofreu alguma extorsão por

parte de policiais.

6,1

10

1,8

6,4

10,1

1,8

0

2

4

6

8

10

12

Vitima de Violência Policial Entrevistado ou Co Residente

Vítima de Insulto ou Agressão

Verbal

Entrevistado ou Co Residente

Vítima de Extorsão

Belo Horizonte RMBH

26

GRÁFICO 2: Risco Percebido de Vitimização por Policiais

FONTE: CRISP / UFMG. Pesquisa de Vitimização na Região Metropolitana de Belo Horizonte (2005)

A pesquisa também procurou mensurar o risco percebido de vitimização por

policiais, ou seja, questionou ao entrevistado qual o risco de ele ser vítima de

violência policial. Em Belo Horizonte, 23,3% acreditam ser grande ou muito grande

esse risco. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a média foi 22,2%, sendo o

município de Ribeirão das Neves o que possui o maior risco percebido (26,8%),

enquanto Lagoa Santa (7,4%) e Nova Lima (7,9%), o menor.

Outro dado relevante a ser destacado é que em todos os municípios da

RMBH, o percentual de entrevistados que acreditam ter risco muito grande e grande

de ser vítima de violência policial em outros locais da cidade é relativamente maior

que de entrevistados que acreditam ter este risco em suas respectivas vizinhanças.

Em outras palavras, a maior parte dos entrevistados sente-se mais propensa a sofrer

agressão policial em outros locais da cidade de que em sua própria vizinhança.

23,3 22,921,9

18,4

7,4 7,9

26,8

19,720,6

17,1

22,2

0

5

10

15

20

25

30

Bel

o Hor

izon

te

Bet

im

Conta

gem

Ibiri

Lagoa

San

ta

Nov

a Lim

a

Ribei

rão

das N

eves

Sabar

á

Santa

Luz

ia

Ves

pasian

o

RM

BH

Risco de Ser Vìtima de Violência Policial na Vizinhança (Grande e Muito Grande)

Risco de Ser Vítima de Violência Policial em Outros Locais da Cidade (Grande e Muito Grande)

27

TABELA 4: Principal Motivo para Não Acionar a Polícia em Situações de Vitimização por Furto

Belo Horizonte

2002 Não ia adiantar chamar a polícia, pois a polícia não poderia resgatar o bem

furtado (49,8%)

Belo Horizonte

2005 Não tinha informações que pudessem ajudar a polícia (33,3%)

RMBH Não tinha informações que pudessem ajudar a polícia (35,7%)

FONTE: CRISP / UFMG. Pesquisa de Vitimização na Região Metropolitana de Belo Horizonte (2005)

TABELA 5: Principal Motivo para Não Acionar a Polícia em Situações de Vitimização por Roubo

Belo Horizonte

2002 Não ia adiantar chamar a polícia, pois a polícia não poderia resgatar o bem

roubado (53,4%)

Belo Horizonte

2005 Não tinha informações que pudessem ajudar a polícia (27,3%)

RMBH Não tinha informações que pudessem ajudar a polícia (30,3%)

FONTE: CRISP / UFMG. Pesquisa de Vitimização na Região Metropolitana de Belo Horizonte (2005)

As duas tabelas acima apontam os motivos pelos quais os entrevistados não

acionaram a polícia em situações de vitimização por Furto e por Roubo. No caso

dos entrevistados que afirmaram não ter acionado a polícia da última vez que foi

vítima de furto e roubo, em Belo Horizonte, em 2002, a maioria afirmou que “não ia

adiantar chamar a polícia, pois ela não poderia resgatar o bem furtado/roubado”. Já

no ano de 2005, tanto em Belo Horizonte quanto na RM, o principal motivo

apresentado foi que “não tinha informações que pudessem ajudar a polícia”.

Notamos, portanto, talvez um indicativo de mudança na argumentação dos

entrevistados, em Belo Horizonte, nos anos de 2002 e 2005, quanto à razão para

não acionar a polícia que sugere que para resolver um crime também é preciso a

ajuda da vitima e não somente da eficiência da polícia.

28

6. Pesquisa Policiamento Comunitário: A Visão dos Policiais Segundo Sargentos, Cabos e Soldados

6.1 Variáveis individuais

As informações que compõem a categoria das variáveis individuais permitem

caracterizar o perfil demográfico e profissional dos cabos, soldados e sargentos da

Polícia Militar de Minas Gerais pesquisados. Tais dados serão apresentados a seguir

e referem-se ao tempo de serviço, idade, patente, gênero, religião, escolaridade e

estado civil.

TABELA 6. Entrevistados Segundo Tempo de Serviço na Companhia

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

0 a 5 anos 457 56,8 60,1 60,1 6 a 10 anos 118 14,7 15,5 75,7 11 a 15 anos 106 13,2 13,9 89,6 15 a 20 anos 41 5,1 5,4 95,0 Acima de 21 anos 38 4,7 5,0 100,0

Válido

Total 760 94,4 100,0 Inválido Não Respondeu 45 5,6 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Quanto ao tempo de serviço na Companhia em que atua, a maior parte, 60,1% dos

respondentes, tem no máximo 5 anos de serviço. Os praças que estão em suas

respectivas Companhias por um período de 6 a 15 anos representam 29,4% dos

entrevistados. Apenas 10,4% dos praças possuem um tempo de serviço na

Companhia superior a 15 anos.

29

TABELA 7. Entrevistados Segundo Tempo de serviço na PMMG

Freqüência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

0 a 5 anos 245 30,4 31,2 31,2 6 a 10 anos 100 12,4 12,7 43,9 11 a 15 anos 202 25,1 25,7 69,6 16 a 20 anos 118 14,7 15,0 84,6 Acima de 21 anos 121 15,0 15,4 100,0

Válido

Total 786 97,6 100,0 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

De acordo com os dados sobre o tempo de serviço declarado pelos sargentos,

cabos e soldados da PMMG, a maioria dos entrevistados (69,6%) possui até 15 anos

de atuação, sendo que destes, a maior parte (31,2%) encontra-se na faixa entre 0 a

05 anos. 15% têm de 16 a 20 anos de serviço, e 15,4% compõem o grupo daqueles

que tem um tempo de atuação superior a 21 anos.

TABELA 8. Entrevistados Segundo Patente

Freqüência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo

Soldado 349 43,4 43,4 43,4 Cabo 409 50,8 50,8 94,2 Sargento 29 3,6 3,6 97,8 Não Respondeu 18 2,2 2,2 100,0

Válido

Total 805 100,0 100,0 N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Em termos da patente militar, quase a totalidade dos entrevistados, 94,2%, é

representada por cabos e soldados, sendo os sargentos apenas 3,6% dos

respondentes.

30

TABELA 9. Entrevistados Segundo Sexo

Freqüência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo

Masculino 732 90,9 91,2 91,2 Feminino 71 8,8 8,8 100,0

Válido

Total 803 99,8 100,0 Inválido Não respondeu 2 ,2 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

A distribuição segundo o gênero mostra grande prevalência do sexo masculino

(91,2%). Menos de 10% dos praças da PMMG entrevistados são mulheres.

TABELA 10. Entrevistados Segundo Religião

Freqüência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Católico 524 65,1 65,6 65,6 Evangélico 184 22,9 23,0 88,6 Espírita 35 4,3 4,4 93,0 Não tem religião 41 5,1 5,1 98,1 Outra religião 15 1,9 1,9 100,0

Válido

Total 799 99,3 100,0 Inválido Não Respondeu 6 ,7 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

A religião declarada pelos sargentos, cabos e soldados revela uma

predominância de católicos (65,6%) entre eles. Os que se declaram evangélicos

representam 23% dos respondentes. Apenas 4,4% declaram-se espíritas, e cerca de

5% afirmam não ter religião.

31

GRÁFICO 3: Entrevistados Segundo Escolaridade

2

3,6

7,5

62,6

13,9

8,9

1,4

0,1

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Ensino Fundamental/ 1º grau incompleto

Ensino Fundamental/ 1º grau completo

Ensino Médio / 2º grau incompleto

Ensino Médio / 2º grau completo

Ensino Superior / Graduação incompleto

Ensino Superior / Graduação completo

Especialização

MestradoC

ate

go

ria

s d

e r

esp

ost

a

Percentual Válido

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

No tocante à escolaridade, observa-se que a maioria, 62,6%, possui ensino

médio completo, e 7,5% não chegaram a concluí-lo. Os praças que possuem no

máximo o ensino fundamental completo representam 5,6%. Aqueles que iniciaram o

ensino superior representam 13,9% dos respondentes, sendo que apenas 8,9% o

concluíram. Apenas 1,5% dos policiais possui uma Especialização ou um curso de

Mestrado.

TABELA 11. Entrevistados Segundo Estado Civil

Freqüência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Solteiro 224 27,8 28,7 28,7 Casado 446 55,4 57,1 85,8 União consensual 53 6,6 6,8 92,6 Separado / divorciado 57 7,1 7,3 99,9 Viúvo 1 ,1 ,1 100,0

Válido

Total 781 97,0 100,0 Inválido Não Respondeu 24 3,0 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

32

Com relação ao estado civil, tem-se que a maioria dos policiais (63,9%)

possui companheiros, sendo 57,1% casados. Os solteiros e separados/divorciados

perfazem 36%.

GRÁFICO 4. Perfil das Características Individuais Predominantes dos Entrevistados

31,20%

60,10%

40,70%

50,80%

91,20%

65,60%

62,60%

57,10%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

0 a 05 anos de PMMG;

0 a 05 anos de atuação na Companhia

32 a 40 anos de idade

Patente Militar - Cabo

Sexo Masculino

Católicos

Ensino Médio completo

Casados

Ca

rac

teri

sti

ca

s in

div

idu

ais

mai

s f

req

uen

tes

Percentual Válido

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Em suma, compilando-se esses dados, pode-se traçar o seguinte perfil geral dos

entrevistados:

• 31,2% possuem de 0 a 05 anos de PMMG;

• 60,1% tem de 0 a 05 anos de atuação na Companhia;

• 40,7% possuem de 32 a 40 anos de idade;

• 50,8% possuem patente militar de Cabo;

• 91,2% são do sexo masculino;

• 65,6% declararam-se católicos;

• 62,6% possuem o Ensino Médio completo;

• 57,1% são casados.

33

6.2 Ambiente para a Realização do Policiamento Comunitário

Com o objetivo de compreender o ambiente no qual se dá o policiamento

comunitário, a pesquisa levantou as percepções dos entrevistados acerca de

diversas categorias: natureza das atividades policiais, dificuldades para a realização

do policiamento comunitário, definição de metas para a atuação policial comunitária,

consideração da atuação comunitária nos assuntos de segurança pública,

autonomia para a consecução do trabalho policial e troca de experiências entre

policiais.

GRÁFICO 5. Entrevistados Segundo Proporção de Concordância às Afirmações Apresentadas (Concordo Totalmente + Concordo em Parte):

69,2

74,3

84,0

88,1

96,1

96,6

97,0

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

"As atividades da polícia devem ser do conhecimento dapopulação, ou seja, a polícia deve prestar contas à

comunidade sobre seus atos."

"As patrulhas da Polícia Militar devem ser distribuídasconforme a necessidade da comunidade e não conforme o

pico de ocorrências"

"A Polícia Militar deve privilegiar a atuação preventiva emdetrimento do seu emprego repressivo."

"As formas de policiamento devem privilegiar os métodosque permitem maior contato com a comunidade, tal como

ocorre no policiamento a pé."

"A segurança pública é uma questão cuja solução deveenvolver a comunidade e as outras agências de defesa

social"

"A comunidade deve ser ouvida para melhor identificaçãode problemas que possam estar ocorrendo na localidadealém de discutir junto à polícia as possíveis soluções"

"Para que a Polícia Militar possa atingir todas as suaspotencialidades em relação à sua atuação em umacomunidade deve contar com o apoio da população"

Ca

teg

ori

as

de

Re

sp

os

ta

Percentual Válido

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

34

Com relação à natureza do trabalho policial, foram feitas afirmativas sobre as

quais os entrevistados afirmaram concordar. Para fins de melhor compreensão

agrupamos as duas categorias de resposta mais positivas (concordo totalmente e

concordo em parte). Neste sentido podemos destacar o seguinte panorama:

• As atividades da polícia devem ser do conhecimento da população, ou seja, a

polícia deve prestar contas à comunidade sobre seus atos (69,2%);

• As patrulhas da Polícia Militar devem ser distribuídas conforme a necessidade

da comunidade e não conforme o pico de ocorrências (74,4%);

• A Polícia Militar deve privilegiar a atuação preventiva em detrimento do seu

emprego repressivo (84,1%);

• As formas de policiamento devem privilegiar os métodos que permitem maior

contato com a comunidade, tal como ocorre no policiamento a pé (88,1%);

• A segurança pública é uma questão cuja solução deve envolver a

comunidade e as outras agências de defesa social (96,1%);

• A comunidade deve ser ouvida para melhor identificação de problemas que

possam estar ocorrendo na localidade além de discutir junto à polícia as

possíveis soluções (96,6%);

• Para que a Polícia Militar possa atingir todas as suas potencialidades em

relação a sua atuação em uma comunidade deve contar com o apoio da

população (97%).

Conforme podemos notar, as afirmações que tiveram os maiores percentuais de

concordância dizem respeito justamente à percepção da importância da parceria da

polícia com a comunidade. Reforçando tal dado, mas de forma qualitativa, a

pesquisa sobre a “estratégia organizacional de policiamento comunitário nas cidades

de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Vitória”, realizada pelo CRISP (2005: 54), nos

apresenta esta mesma argumentação, conforme podemos ver nas seguintes falas

de policiais de Belo Horizonte.

“Eu já passei por vários setores dentro da polícia militar nesses 24 (vinte e quatro) anos que estou na corporação. Eu creio que a relação hoje do policia e sociedade é muito mais fácil. Tem aquele entrosamento igual não tinha antigamente, porque polícia é polícia, sociedade é sociedade. Quer dizer, “robô, vamo puni, vamo prendê, identifica, joga na parede”. Então, hoje já não funciona dessa maneira, mas a polícia já dialoga mais com as pessoas.” (Cabo, Belo Horizonte)

35

“E a polícia mais antiga não tinha esse contato com a comunidade. Hoje é o contrário, e a polícia de comando antigamente não achava certo que o policial fazia o contato com a comunidade, hoje em dia, é essencial esse contato.” (Cabo, Belo Horizonte)

GRÁFICO 6. Entrevistados Segundo Dificuldades Para Implementação do Policiamento Comunitário

6,9

8,9

18,9

23,4

56

60,6

65,3

0 10 20 30 40 50 60 70

Não encontra dificuldades narealização do trabalho

"Falta de apoio dos superiores"

"Falta de recursos materiais"

"Falta de recursos humanos(efetivo)"

Cat

ego

rias

de

Res

po

sta

Percentual Válido

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

No que se refere às dificuldades para a implementação do policiamento comunitário,

os seguintes problemas foram os mais apontados pelos entrevistados:

• Falta ou insuficiência de recursos humanos (65,3%);

• Resistência da comunidade em relação à atuação policial (60,6%);

• Falta ou deficiência de recursos materiais (56%);

• Falta ou insuficiência de treinamento para o trabalho (23,4%);

• Falta ou insuficiência de apoio dos superiores (18,9%);

• Outro tipo de dificuldade (8,9%);

• Não há dificuldades para a realização do policiamento comunitário (6,9%).

36

TABELA 12. Entrevistados Segundo Distribuição se a Opinião dos Moradores é Levada em Consideração, nas Decisões Tomadas para Resolver os Problemas da Comunidade

Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo

Sim 676 84,0 84,6 84,6 Não 123 15,3 15,4 100,0

Válido

Total 799 99,3 100,0 Inválido Não Respondeu 6 0,7 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Quando questionados sobre se a Polícia Militar leva em consideração a

opinião dos moradores para decidir sobre formas de resolução dos problemas da

comunidade, a maioria, 84,6%, responde afirmativamente.

TABELA 13. Entrevistados Segundo a Existência de Metas para Resolução dos Problemas Comunitários

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

São estabelecidas metas 394 48,9 49,6 49,6 Os problemas vão sendo resolvidos à medida que surgem 401 49,8 50,4 100,0

Válido

Total 795 98,8 100,0 Não se Aplica 1 0,1 Não Respondeu 8 1,0

Inválido

Total 10 1,2 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Em relação ao estabelecimento de metas para a solução de problemas

comunitários, aproximadamente a metade dos respondentes declara que estas são

definidas com antecedência. A outra metade (50,4%) dos praças afirma que não são

estabelecidas metas, mas solucionam-se os problemas à medida que surgem.

37

TABELA 14. Entrevistados Segundo a Existência da Opinião da Comunidade no

Estabelecimento dessas Metas

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Sim 418 51,9 53,0 53,0 Não 217 27,0 27,5 80,6 Não há estabelecimento de metas 153 19,0 19,4 100,0

Válido

Total 788 97,9 100,0 Não Sabe 1 ,1 Não Respondeu 16 2,0

Inválido

Total 17 2,1 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Quando questionados se a comunidade é ouvida para o estabelecimento das metas,

a maioria, 53%, afirmou que sim, 27,5% que não, e 19,4% afirmaram ainda que não

há estabelecimento de metas.

TABELA 15. Entrevistados Segundo a Possuir Autonomia para Decidir Ações a Serem

Executadas no Trabalho

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Tenho autonomia diante de algumas situações 580 72,0 73,0 73,0

Tenho autonomia diante de todas as situações 46 5,7 5,8 78,7

Sempre me reporto aos superiores 169 21,0 21,3 100,0

Válido

Total 795 98,8 100,0 Não Respondeu 9 1,1 Inválido

Total 10 1,2 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

A maioria dos policiais entrevistados, 73%, afirma ter autonomia apenas diante de

algumas situações para decidir o que fazer em seu trabalho. Somente 5,8% afirmam

ter autonomia diante de todas as situações, e 21,2% declaram sempre se reportarem

aos superiores.

38

GRÁFICO 7. Entrevistados Segundo Grau de “Autonomia Completa” Para a Realização de Elementos da Atividade Policial

21,4

24,7

31,9

40,4

67,5

68,8

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

"Aplicação da metodologia de solução deproblemas"

"Conhecer e procurar resolver os problemas dacomunidade"

"Identificar membros da comunidade, comolideranças comunitárias."

"Trabalhar em conjunto com a comunidade"

"Responder às chamadas, efetuar prisões,registrar ocorrências"

"Aplicação da lei"

Cat

ego

rias

de

Res

po

sta

Percentual Válido

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Quando questionados se possuem autonomia completa para exercer certas

atividades, a maioria dos policiais respondeu afirmativamente nas categorias

“Aplicação da lei” (68,8%) e “Responder às chamadas, efetuar prisões e registrar

ocorrências” (67,5%). Em seguida, tem-se que 40,4% dos entrevistados declaram ter

autonomia completa para “trabalhar em conjunto com a comunidade”, e 31,9% para

“identificar membros da comunidade, como lideranças comunitárias”. Uma

porcentagem menor de policias afirma ter completa autonomia para “conhecer e

procurar resolver os problemas da comunidade” (24,7%), e para a “aplicação de

metodologia de solução de problemas” (21,4%).

39

TABELA 16. Entrevistados Segundo a Existência de Troca de Experiências e/ou Discussões

com os Colegas Acerca dos Possíveis Problemas a Serem Enfrentados.

Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo

Sim 769 95,5 95,9 95,9 Não 32 4,0 4,0 99,9

Válido

Total 802 99,6 100,0 Inválido Não Respondeu 3 0,4 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Quando questionados se há troca de experiências entre os colegas, ou seja,

se os problemas que surgem são discutidos entre os mesmo, quase a totalidade dos

entrevistados (95,9%) respondeu que sim.

6.3 Policiamento Comunitário

A fim de mensurar a percepção dos entrevistados acerca da natureza do

policiamento comunitário, bem como identificar elementos pertinentes à realização

dessa atividade, foram englobadas as seguintes categorias: avaliação do

policiamento comunitário, presença de elementos para o policiamento comunitário,

participação em cursos de policiamento comunitário, locais da cidade onde há maior

cooperação para o policiamento comunitário e critérios para definição da abordagem

policial.

TABELA 17. Entrevistados Segundo Avaliação do Policiamento Comunitário?

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Muito positivo 308 38,3 38,5 38,5 Positivo 407 50,6 50,8 89,3 Nem positivo nem negativo 73 9,1 9,1 98,4 Negativo 12 1,5 1,5 99,9 Muito Negativo 1 ,1 ,1 100,0

Válido

Total 801 99,5 100,0 Inválido Não Respondeu 4 ,5 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

40

Sobre a avaliação feita pelos sargentos, cabos e soldados em relação ao

policiamento comunitário, tem-se que a maioria deles, 50,8%, considera tal

policiamento como positivo. 38,5% consideram-no como muito positivo. Cerca de 9%

dos entrevistados não acreditam ser positivo ou negativo o policiamento comunitário,

e somente 1,6% possui uma avaliação negativa ou muito negativa desta prática.

GRÁFICO 8. Entrevistados Segundo Ações que Ocorrem “Frequentemente” na Atividade Policial:

28,2

46,1

52,3

55,9

56,3

57,6

61,2

70,2

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

"Há, na maior parte das vezes, preferência pelo policiamento a pé."

"As decisões são descentralizadas, ou seja, são tomadas porvários policiais, oficiais e não of iciais. O policial tem autonomia para

resolver problemas."

"Todas as ações policiais são transparentes, ou seja, sãodivulgadas aos membros das comunidades, as informações são

compartilhadas com a comunidade."

"Os comandantes entendem que criminalidade e segurança públicanão são questões que devem ser resolvidas exclusivamente pela

polícia."

"A rotatividade policial é baixa, ou seja, os policiais tendem asempre trabalhar nas mesmas comunidades."

"São feitas reuniões com membros das comunidades paraidentif icação de problemas, conscientização, divulgação de ações

seguras, etc."

"Existem parcerias entre a polícia e comunidade na identif icação deproblemas"

"As ações policiais são avaliadas. Ou seja, há formas de medir seelas funcionam ou não."

Cat

ego

rias

de

Res

po

stas

Percentual Válido

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

No que se refere à presença de elementos para o policiamento comunitário,

algumas ações foram apontadas como de ocorrência freqüente na atividade policial:

41

• Há, na maior parte das vezes, preferência pelo policiamento a pé (28,3%);

• As decisões são descentralizadas, ou seja, são tomadas por vários policiais,

oficiais e não-oficiais. O policial tem autonomia para resolver problemas

(46,3%);

• Todas as ações policiais são transparentes, ou seja, são divulgadas aos

membros das comunidades, as informações são compartilhadas com a

comunidade (52,1%);

• Os comandantes entendem que criminalidade e segurança pública não são

questões que devem ser resolvidas exclusivamente pela polícia (56,1%);

• A rotatividade policial é baixa, ou seja, os policiais tendem a sempre trabalhar

nas mesmas comunidades (56,5%);

• Existem parcerias entre a polícia e a comunidade na identificação de

problemas (61,3%);

• As ações policiais são avaliadas, ou seja, há formas de medir se elas

funcionam ou não (70,1%);

• Há preferência pela atuação policial preventiva (79,9%).

TABELA 18. Entrevistados Segundo a Distribuição Fizeram Algum Curso Específico em

Policiamento Comunitário

Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo

Sim 235 29,2 30,1 30,1 Não 545 67,7 69,9 100,0

Válido

Total 780 96,9 100,0 Não se Aplica 1 ,1 Não Respondeu 24 3,0

Inválido

Total 25 3,1 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Em termos de capacitação dos policiais, a maioria dos entrevistados (69,9%)

afirmou não ter participado de nenhum curso de policiamento comunitário.

Retomaremos mais analiticamente sobre questões referentes aos cursos de

policiamento comunitário, ainda neste relatório, no tópico “Sobre os Cursos de

Policiamento Comunitário” nas páginas 86 a 88.

42

GRÁFICO 9. Entrevistados Segundo a Percepção dos Locais da Cidade aonde há “Muita Cooperação” para o Policiamento Comunitário

17,6

26,8

35,3

58,2

70,5

0 20 40 60 80 100

"Áreas mais ricas da cidade"

"Áreas mais pobres da cidade"

"Áreas com maior concentração deresidências"

"Regiões do centro da cidade"

"Áreas com muita concentração decomércio"

Ca

teg

ori

as

de

Re

spo

sta

Percentual Válido

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Com relação aos locais da cidade onde há muita cooperação com o trabalho

policial, os locais mais citados foram áreas com maior concentração de residências

(35,3%) e áreas com muita concentração de comércio (70,5%). Elas são seguidas

por regiões do centro da cidade (58,2%) e áreas mais pobres da cidade (26,8%). De

acordo com os entrevistados, as áreas mais ricas da cidade são as menos

cooperativas, tendo sido citadas por apenas 17,6% dos policiais.

43

6.4 Situações ou perfis levados em consideração para a abordagem policial

TABELA 19. Entrevistados Segundo a Possibilidade da Localização Ser Levada em consideração na Abordagem Policial

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Áreas de risco 548 68,1 69,1 69,1 Áreas nobres 9 1,1 1,1 70,2 Não há diferenciação 235 29,2 29,6 99,9

Válido

Total 793 98,5 100,0 Inválido Não Respondeu 12 1,5 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

A grande maioria dos entrevistados, aproximadamente 69%, afirmam que as

áreas de risco são mais abordadas em relação às áreas nobres, em contrapartida as

áreas nobres foram apontadas por apenas 1,1% deles. Cerca de 30% diz não haver

diferenciação.

Mais uma vez, é importante destacar a outra pesquisa realizada pelo CRISP

(2005: 60-61), que também apontou este tipo de diferenciação em suas entrevistas e

grupos focais.

“Às vezes com problemas iguais. A sociedade alta e a baixa ali, os problemas são iguais, mas só de ser regiões diferentes, o tratamento já é outro”. (Soldado, Belo Horizonte)

“Há diferenciamento no tratamento da abordagem, não pela pessoa, mas pelo local que você se encontra, você tá dentro de um aglomerado, favela, não tem como você entrar pra dentro da favela fardado sem tá com a arma na mão pra pronta-resposta. Agora, você vai abordar uma pessoa na Praça Sete, rodeada de pessoas, num ambiente totalmente diferenciado, onde há mais pessoas idôneas do que ilegais, então, o tratamento é diferente porque quando você entra num aglomerado você já entra tenso, você nos corredores, nos becos, às vezes, você tá chegando as pessoas correndo pra lá, correndo pra cá, às vezes, com arma. Então, o tratamento é diferente, não pela pessoa, mas o tratamento do local. Você tem uma pronta-resposta mais imediata, você tá pronto para agir o pior naquele local”. (Cabo, Belo Horizonte)

44

TABELA 20. Entrevistados Segundo a Possibilidade da Raça Ser Levada em Consideração na Abordagem Policial

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Brancos 5 ,6 ,6 ,6 Negros/pardos 92 11,4 11,6 12,3 Não há diferenciação 694 86,2 87,7 100,0

Válido

Total 791 98,3 100,0 Inválido Não Respondeu 14 1,7 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Quase 90% dos entrevistados dizem que não há diferenciação em relação à

cor ou raça nas abordagens policiais. Dos que afirmaram que a cor ou raça é levada

em consideração, a maioria crê que negros ou pardos são mais abordados do que

brancos.

TABELA 21. Entrevistados Segundo a Possibilidade do Sexo Ser Levado em Consideração na

Abordagem Policial

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Homens 400 49,7 50,8 50,8 Mulheres 9 1,1 1,1 52,0 Não há diferenciação 378 47,0 48,0 100,0

Válido

Total 787 97,8 100,0 Inválido Não Respondeu 18 2,2 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Quando perguntados se o fator sexo é levado em consideração nas

abordagens policiais, as respostas se dividem praticamente ao meio: cerca de

metade dos entrevistados afirma que os homens são mais abordados (50,8%) e a

outra metade diz não haver diferenciação (48%).

45

TABELA 22. Entrevistados Segundo a Possibilidade da Idade Ser Levada em Consideração na

Abordagem Policial

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Mais jovens 409 50,8 51,5 51,5 Mais velhos 13 1,6 1,6 53,1 Não há diferenciação 372 46,2 46,9 100,0

Válido

Total 794 98,6 100,0 Inválido Não Respondeu 11 1,4 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Pensando em termos de perfil etário, notamos que 51,5% dos policiais

afirmam que os mais jovens são os mais abordados pelos policiais, enquanto 46,9%

deles dizem que não existe essa diferenciação.

TABELA 23. Entrevistados Segundo a Possibilidade do Comportamento (acompanhando ou desacompanhado) Ser Levado em Consideração na Abordagem Policial

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Indivíduo desacompanhado 29 3,6 3,7 3,7 Grupos 255 31,7 32,2 35,9 Não há diferenciação 507 63,0 64,1 100,0

Válido

Total 791 98,3 100,0 Inválido Não Respondeu 14 1,7 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

A maioria dos entrevistados (64,1%) acredita que o fato do indivíduo estar

desacompanhado ou em grupo não influencia a abordagem policial. Entre os que

pensam que esse é um fator que tem influência, 32,2 % dizem que grupos são mais

abordados.

46

6.5 Como os Policiais Veem as Comunidades

A percepção dos policiais acerca da comunidade em que atuam é largamente

influenciada por diversos fatores como, por exemplo, as relações que se

estabelecem entre polícia e demais atores sociais. Sendo assim, a abordagem

dessa categoria incorporou variáveis que buscassem compreender como se dá essa

interação, a saber: cooperação dos membros da sociedade civil, relação com a

comunidade, imagem percebida da polícia, contato com a população, cooperação

dos membros das comunidades, atores que dificultam e atores que facilitam a

atuação policial, proximidade com a comunidade, controle da atividade policial e

participação e autonomia comunitária.

47

GRÁFICO 10. Entrevistados Segundo Relação Percebida de Cooperação com Atores Sociais (cooperativo):

42,3

44,5

49,4

55,8

55,9

56,1

59,6

60,1

61,5

63,8

66,6

66,9

79,4

83,1

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

"Síndicos de condomínios residenciais;"

"Vizinhança de locais de risco identif icados."

"Líderes políticos;"

"Organizações não governamentais;"

"Universidades e Faculdades em geral;"

"Entidades de classe em geral;"

"Clubes de serviço e associações f ilantrópicas;"

"Entidades desportivas, artísticas e culturais;"

"Outros líderes comunitários;"

"Imprensa;"

"Líderes religiosos;"

"Entidades assistenciais;"

"Associações comunitárias;"

"Órgãos integrantes dos sistemas de defesa social e de segurançapública;

Cat

ego

rias

de

Res

po

sta

Percentua Válido

N= 805 questionários

FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Foi levantado junto aos entrevistados como eles avaliam a relação de

cooperação entre diversos atores da sociedade civil e a polícia. De acordo com os

dados, os membros mais cooperativos são:

• Órgãos integrantes dos sistemas de defesa social e de segurança pública

(83,1%);

• Associações comunitárias (79,4%);

• Entidades assistenciais (66,9%);

48

• Líderes políticos (49,4%);

• Imprensa (63,8%);

• Outros líderes comunitários (61,5%);

• Entidades desportivas, artísticas e culturais (60,1%);

• Clubes de serviço e associações filantrópicas (59,6%);

• Universidades e faculdades em geral (55,9, %);

• Entidades de classe em geral (56,1%);

• Organizações não-governamentais (55,8%);

• Líderes religiosos: (66,6%);

• Vizinhança de locais de risco identificados: (44,5%);

• Síndicos de condomínios residenciais: (42,3%).

TABELA 24. Entrevistados Segundo a Distribuição Sobre a Imagem que a Polícia Possui na Opinião Pública

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Positiva 540 67,1 68,2 68,2 Negativa 252 31,3 31,8 100,0

Válido

Total 792 98,4 100,0 Inválido Não Respondeu 13 1,6 Total 787 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

No que diz respeito à imagem percebida da polícia, para 31,8 % é negativa a

forma como a opinião pública vê a polícia, mas a maioria (68,2%) acredita que ela é

positiva.

TABELA 25. Entrevistados Segundo a Opinião se o Relacionamento da Polícia com a Comunidade é Satisfatório

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Sim, totalmente 82 10,2 10,3 10,3 Sim, em parte 636 79,0 79,5 89,8 Não é satisfatório 82 10,2 10,3 100,0

Válido

Total 800 99,4 100,0 Inválido Não Respondeu 5 ,6 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

49

Em termos de relacionamento entre polícia e comunidade, 79,5% dos

entrevistados afirmou ser parcialmente satisfatório. Apenas 10,2% consideram ser

totalmente satisfatória essa relação e outros 10% pensam que ela não é satisfatória.

De forma geral, notamos que quase todos os entrevistados reconhecem a

importância de um contato mais direto e próximo da comunidade. No entanto,

percebem certos entraves no grau de satisfação do relacionamento dos mesmos,

dado que a maior parte dos respondentes afirmou que este relacionamento é

satisfatório, mas em parte.

A pesquisa realizada pelo CRISP (2005: 56,57), com policiais de Belo

Horizonte, nos ajuda a entender um pouco esta questão. De acordo com este

trabalho, a aproximação com as comunidades tem exercido impactos positivos sobre

determinados estigmas sofridos por policiais. No entanto, ainda é forte a associação

entre presença policial e situação de crise (ocorrência de algum evento criminal) ou

entre polícia e punição, conforme podemos notar nas da Polícia Militar de Minas

Gerais.

“Então, a partir de uma semana que nós estamos fazendo essa visita às pessoas que tão incomodando, a tendência delas é sair do local. Mas a gente continua e chega determinado momento, aquela pessoa já tá enjoada da gente, não quer vê mais a gente entendeu? Então, aquele menor ou aquele marginal que estava incomodando ela, agora já passa a ser a própria polícia militar, então, o passo da gente ser mal recebido numa dessas visitas nossa” (Soldado, Belo Horizonte)

“Eu não vou dizer medo, mas um certo receio da própria sociedade, da população da polícia, nós mesmo paramos em certos lugares nós somos indagados por diversas pessoas, perguntando: - tá acontecendo alguma coisa? - Aconteceu alguma coisa? - Assaltou aí de novo? Entendeu? Nós somos mesmo abordados diversas vezes”. (Soldado, Belo Horizonte)

TABELA 26. Entrevistados Segundo a Possibilidade de Conhecer as Pessoas que Vivem ou Trabalham na Região Onde Se Situa sua Companhia

Frequência Percentual Percentual válido

Percentual cumulativo

Sim, a maior parte das pessoas 343 42,6 42,9 42,9 Sim, mas apenas algumas pessoas 393 48,8 49,1 92,0

Válido

Não 64 8,0 8,0 100,0 Total 800 99,4 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

50

Apenas 42,9% dos policiais entrevistados afirmaram conhecer a maior parte

das pessoas da região onde se localiza sua companhia. Contudo, agrupando os

dados, pode-se dizer que quase todos (92%) têm no mínimo certo grau de contato

com a população, conhecendo pelo menos algumas das pessoas. 8% deles dizem

não conhecer as pessoas da região.

TABELA 27. Entrevistados Segundo a Possibilidade das Pessoas da Comunidade a

Cooperarem com a Polícia

Frequência Percentual Percentual válido

Percentual cumulativo

Sempre 83 10,3 10,3 10,3 Às vezes 583 72,4 72,7 83,0 Raramente 131 16,3 16,3 99,4 Nunca 5 0,6 0,6 100,0

Válido

Total 802 99,6 100,0 Inválido Não Respondeu 3 0,4 Total 787 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Segundo os entrevistados, apenas às vezes (72,7%) a população coopera

com o trabalho policial. Cabe destacar que somente 10,3% dos entrevistados

afirmam haver sempre uma relação de cooperação entre as partes.

TABELA 28. Entrevistados Segundo a Opinião se Considera Próxima sua Relação com os Moradores da(s) Comunidade(s) onde atua

Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo

Sim 579 71,9 72,6 72,6 Não 218 27,1 27,4 100,0

Válido

Total 797 99,0 100,0 Inválido Não Respondeu 8 1,0 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

51

TABELA 29. Entrevistados Segundo a Opinião se Sente Bem Tratado pelos moradores da(s) Comunidade(s) onde atua

Freqüência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo

Sim 663 82,4 84,1 84,1 Não 124 15,4 15,7 99,9

Válido

Total 788 97,9 100,0 Não Sabe 1 ,1 Não Respondeu 17 1,9

Inválido

Total 17 2,1 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

No que se refere à proximidade do entrevistado com a comunidade em que

atua, notamos na tabela 28 que a grande maioria dos entrevistados (72,6%) afirmou

considerar próxima sua relação com os moradores. E, de acordo com a tabela 29,

mais de 80% dos entrevistados se sente bem tratado pelos moradores da

comunidade onde atua.

TABELA 30. Entrevistados Segundo a Opinião se o Relacionamento com as Pessoas da Comunidade Facilita ou Dificulta seu trabalho

Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo

Facilita 767 95,3 96,5 96,5 Dificulta 28 3,5 3,5 100,0

Válido

Total 795 98,8 100,0 Não Sabe 1 0,1 Não Respondeu 9 1,1

Inválido

Total 10 1,2 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Praticamente todos os policiais (96,5%) acreditam que o relacionamento com

as pessoas da comunidade facilita o seu trabalho.

52

TABELA 31. Entrevistados Segundo a Opinião se Sente Vigiado/Fiscalizado Pela Comunidade em Relação ao seu Trabalho Policial

Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo

Sim 673 83,6 84,4 84,4 Não 124 15,4 15,6 100,0

Válido

Total 797 99,0 100,0 Inválido Não Respondeu 8 1,0 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Em termos de controle da atividade policial, a grande maioria (84,4%) sente-

se fiscalizada pela comunidade no cumprimento de seu trabalho.

TABELA 32. Entrevistados Segundo a Percepção da Participação da População nas Questões

de Segurança Pública na Comunidade onde Atua

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Muito participativos 21 2,6 2,6 2,6 Participativos 256 31,8 32,0 34,6 Pouco participativos 489 60,7 61,1 95,8 Nada participativos 34 4,2 4,3 100,0

Válido

Total 800 99,4 100,0 Inválido Não Respondeu 5 0,6 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Em relação à participação da população nas questões de segurança pública

na comunidade, 61,1% dos PMs consideram os moradores pouco participativos. Em

seguida, tem-se 32% que afirmam serem participativos.

53

TABELA 33. Entrevistados Segundo a Percepção em Relação as Organizações comunitárias

da região onde atua

Freqüência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

As organizações comunitárias tem autonomia em relação aos recursos policiais, trabalhando numa perspectiva de parceria.

116 14,4 14,9 14,9

As organizações comunitárias possuem certo grau de autonomia, mas ainda dependem muitos de recursos policiais para atuar.

351 43,6 45,0 59,9

As organizações comunitárias são completamente dependentes dos recursos policiais para atuar.

312 38,8 40,0 99,9

Válido

Total 780 96,9 100,0 Inválido Não Respondeu 26 3,2 Total 805 100,0

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

No que tange às organizações comunitárias da região em que atua, a maior

parte dos policiais entrevistados (45%) considera que estas possuem certo grau de

autonomia, mas ainda dependem muito dos recursos policiais para atuar, enquanto

que, para 40%, elas são completamente dependentes. Apenas 14,9% afirmaram que

as organizações comunitárias têm autonomia em relação aos recursos policiais,

trabalhando numa perspectiva de parceria.

54

GRÁFICO 11. Entrevistados Segundo Percepção dos Atores Sociais que mais dificultam a Atividade Policial

3,4

3,5

5,8

8,5

11,4

19,1

30,2

41,8

47,7

80,4

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

Membros de Conselhos Comunitários de Segurança

Membros de associações comunitárias

Os mais velhos

Os comerciantes

Membros de grupos de proteção da criança e do adolescente,como conselho tutelar e outros

Pessoas mais pobres

Membros da imprensa

Membros de grupos de defesa de direitos humanos

Pessoas mais ricas estão entre os que mais dif icultam o trabalhoda polícia?

Os mais jovens

Ca

teg

ori

as

de

Re

sp

os

ta

Percentual Válido

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

A pesquisa buscou saber também quais são os atores que dificultam o

trabalho policial, o seguinte perfil foi o mais apontado pelos entrevistados: os mais

jovens (80,4%), os mais ricos (47,7%), membros de grupos de defesa dos direitos

humanos (41,8%), membros da imprensa (30,2%). Os comerciantes (8,5%), os mais

velhos (5,8%), os membros de associações comunitárias (3,5%) e membros de

CONSEPs (3,4%) foram os menos citados.

55

GRÁFICO 12. Entrevistados Segundo Motivos Porque Dificultam o Trabalho Policial

12,7

27,2

33,7

34,0

37,1

45,0

56,7

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Outros motivos

São agressivos com os policiais

Buscam favores pessoais

Sentem-se perseguidos

Não compreendem a filosofia de policiamentocomunitário

Sentem-se superiores

Não respeitam o trabalho policial

Cat

ego

rias

de

Res

po

sta

Percentual Válido

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Com relação aos motivos pelos quais esses atores dificultam a atuação

policial, a maioria (56,7%) acredita que não há respeito pelo trabalho dos policiais.

Os outros motivos mais destacados foram o fato de se sentirem superiores (45%) e

não compreenderem a filosofia do policiamento comunitário (37,1%). Os motivos

relativamente menos citados foram porque sentem-se perseguidos (34%), buscam

favores pessoais (33,7%) e por fim, são agressivos com os policiais (27,2%).

56

GRÁFICO 13. Entrevistados Segundo a Percepção dos Atores que Mais Facilitam o

Trabalho Policial

3,8

4

5,6

11,5

17,8

22,8

36,5

38,4

59,6

79,4

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Membros de grupos de defesa de direitos humanos

Os mais jovens

Pessoas mais ricas

Membros da imprensa

Membros de grupos de proteção da criança e doadolescente

Pessoas mais pobres

Membros de associações comunitárias

Membros de Conselhos Comunitários de Segurança

Os comerciantes

Os mais velhos

Cat

ego

rias

de

Res

po

sta

Percentual Válido

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Uma observação mais atenta, nos mostra os gráficos 11 e 13 são têm muito

em comum, haja vista, o seu objetivo e suas categorias de respostas. No entanto, o

gráfico 11 mensurou os atores que mais “dificultam” o trabalho policial e o gráfico 13

os atores que mais “facilitam”. Tal estratégia foi criada intencionalmente, como uma

forma de espelho, objetivando perceber se, de fato, os atores que mais facilitam (no

gráfico 11) são também os que menos dificultam (no gráfico 13).

Conforme o esperado, foi exatamente isso que ocorreu, de maneira que

notamos o seguinte: mais velhos (79,4%), comerciantes (59,6%), membros de

Conselhos Comunitários de Segurança Pública - CONSEPs (38,4%) e associações

comunitárias (36,5%) são os mais referidos como agentes facilitadores do trabalho

policial. Por outro lado, notamos que os membros da imprensa (11,5%), pessoas

ricas (5,6%), os mais jovens (4%) e os membros de grupos de defesa dos direitos

57

humanos (3,8%), foram os menos citados quanto os atores que mais facilitam.

As falas de dois policiais, a seguir, extraídas de uma pesquisa sobre a

“estratégia organizacional de policiamento comunitário nas cidades de Belo

Horizonte, Rio de Janeiro e Vitória”, realizada pelo CRISP (2005), nos sugerem o

motivo pelo qual os membros dos Direitos Humanos e jovens são os que mais

dificultam o trabalho policial em Belo Horizonte.

Com relação aos membros dos Direitos humanos, os “policias participantes

dos grupos focais, da pesquisa em questão, foram unânimes ao criticar os modos de

atuação dos grupos de defesa dos direitos humanos. Segundo suas críticas, não há

imparcialidade na atuação desses grupos, que atuam de modo favorável somente

àqueles abordados pela ação policial” (CRISP:2005:64).

“O que acontece é o seguinte, a polícia, hoje, ela... por causa do... Eu não sou contra os Direitos Humanos, eu não sou contra não, mas por causa dos Direitos Humanos, a polícia perdeu muita a credibilidade dela na rua, caiu muito a confiança dela na rua”. (Soldado, Belo Horizonte) “A visão dos Direitos Humanos é ampla. Contudo, aqueles que gerem ou alguns que estão gerenciando o órgão dos Direitos Humanos de uma forma política, da forma que vai gerar pra eles voto, que ele entra lá, no ano que vem tem eleição, então, o quê que ele faz, ele vai direcionar onde tem ibope, onde a imprensa vai focalizar onde ele vai ficar na mídia”. (Soldado, Belo Horizonte) “Então, hoje os direitos humanos ainda olha simplesmente os fatos em que há abuso de autoridade em geral. Não em geral, somente dos policiais, porque você vai numa ocorrência onde que a pessoa te deu tiro, uma troca de tiro recentemente, atingindo viatura, atiraram numa criança no meio da rua e um marginal foi morto e o outro foi atingido, não teve ninguém, ninguém, ninguém pra ir na casa do menino que foi atingido, mas apareceu gente dos Direitos Humanos pra olhar se houve excesso na hora”. (Soldado, Belo Horizonte)

Já em relação aos jovens, esta pesquisa mostrou também que os motivos

pelos quais os jovens dificultam o trabalho policial, seriam, em grande medida,

devidos há uma falta de respeito para com o policial.

“A faixa de idade, assim, de adolescente, ou de dezoito, de vinte e cinco anos, trinta, é um pessoal mais enérgico. Às vezes você vai abordar, a pessoa tá achando ruim. É o nosso serviço, cê vê uma pessoa, independente da estar suja, de estar limpa ou não, cê tem que abordar. Tem gente que acha ruim, tem gente que fala: - ‘Não, tem que abordar mesmo, tá certo, a gente gosta disso’”. (Soldado, Belo Horizonte)

58

“...dezenove anos, e começa logo a chamar a gente de fí, de véi, ô véi, quantas horas aí, desse jeito, entendeu? A gente nota que o pessoal mais... dessa faixa etária aí, eles são, eu não sei, a cultura de hoje é totalmente diferente”. (Soldado, Belo Horizonte)

Mais uma vez, reforçando os dados apontados pelo gráfico 13, a mesma

pesquisa do CRISP (2005: 59-60) também mostrou que os mais velhos e os

comerciantes são os que menos dificultam o trabalho policial. Em relação aos mais

velhos, como se sabe comumente menos sujeitos à abordagem policia – foram

também citados como aqueles que mais respeitam os policiais e que melhor

interagem com a polícia.

“A pessoa quando é mais velha tem a tendência a aceitar mais o nosso serviço” (Soldado, Belo Horizonte)

Por sua vez, os comerciantes também foram outro grupo muito destacado nas

falas. No entanto, a proximidade entre esse grupo e os policiais muitas vezes é

prejudicada por interesses de natureza privada. Isso ocorre principalmente entre

comerciantes que participam dos Conselhos Comunitários de Segurança e acabam

demonstrando a crença de que a polícia é um órgão privado, passível de servir aos

seus interesses. Tal argumentação pode ser resumida pela seguinte fala:

“Quem trata melhor a polícia, no meu modo de vista, no meu modo de ver aqui, é finalmente os comerciantes, esses sim, dependem da gente 24 horas, porque eles tão lá no comércio deles lá, gera dinheiro no estabelecimento deles ali. Então nós, pra eles, como se diz, nós somos pra eles ali o fator principal, pra eles ali o ganho deles tranqüilo ali, eles depende de nós!” (Cabo, Belo Horizonte)

59

GRÁFICO 14. Entrevistados Segundo a Percepção dos Locais da Cidade aonde há “Muita Cooperação” para o Policiamento Comunitário

17,6

26,8

35,3

58,2

70,5

0 20 40 60 80 100

"Áreas mais ricas da cidade"

"Áreas mais pobres da cidade"

"Áreas com maior concentração deresidências"

"Regiões do centro da cidade"

"Áreas com muita concentração decomércio"

Ca

teg

ori

as

de

Re

spo

sta

Percentual Válido

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Com relação aos locais da cidade onde há muita cooperação com o trabalho

policial, os mais citados foram áreas com maior concentração de residências

(35,3%) e áreas com muita concentração de comércio (70,5%). Elas são seguidas

por regiões do centro da cidade (58,2%) e áreas mais pobres da cidade (26,8%).

De acordo com os entrevistados, as áreas mais ricas da cidade são as menos

cooperativas, tendo sido citadas por apenas 17,6% dos policiais. A pesquisa

realizada pelo CRISP (2005: 60), apontou que pessoas ricas tendem a contribuir

menos com a polícia, pois necessitam menos de seus serviços. Mal recebem

policiais em casos de necessidade, porque sentem medo e buscam se isolar, mas se

necessário, passam informações e se tranqüilizam com uma viatura que aborda

“suspeitos”, reconhecidos por estarem mal vestidos.

“Classe alta é gente que não depende da gente, como se diz, a sociedade tá mais em cima lá que eles tem uns contato direto com os advogados lá (...), segurança 24 horas, cerca elétrica, cães adestrados. Tem tudo lá e ai eles nem depende da gente, aí eles não fazem a mínima questão da PM. E quando a gente chega em certos locais desse pessoal, eles assustam! ‘Uai, por que chegou polícia aqui? O que você tá fazendo aqui?’” (Soldado, Belo Horizonte)

60

7. Pesquisa Policiamento Comunitário: A Visão dos Policiais Segundo Oficiais

Doravante, trataremos fundamentalmente dos dados obtidos através das percepções

dos oficiais. Um pouco diferente dos temas abordados na parte acerca da visão dos

praças sobre o policiamento comunitário (que contempla questões mais

operacionais), neste tópico destacaremos questões mais organizacionais dos

Batalhões. Neste sentido, os seguintes temas serão contemplados:

• Tempo de serviço (na PMMG e na Companhia PMMG);

• Aspectos estruturais dos Batalhões com Policiamento Comunitário;

• Relacionamento Batalhão/ Comunidade;

• Auto-avaliação da imagem pública do batalhão e iniciativas para melhorá-la;

• Métodos de estudos e análises internas dos serviços prestados pelos

Batalhões;

• Presença de policiais especialmente treinados para lidar com públicos

específicos;

• Publicização das ações policiais;

• Grau de Cumprimento das Nove Etapas do Policiamento Comunitário.

61

7.1 Variáveis Individuais

GRÁFICO 15. Entrevistados Segundo Tempo de serviço na PMMG e na Companhia PMMG

11,1

85,1

40

12,6

48,9

2,3

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Per

cen

tual

Vál

ido

0 - 10 anos 11 – 20 anos Acima 21 anosTempo de Serviço

Tempo de serviço naPMMG

Tempo de serviço naCompanhia

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Dentre as características individuais dos oficiais, a pesquisa aponta que a maior

parte deles possui mais de 21 anos de tempo de serviço prestados à Polícia Militar

(48,9%), enquanto 40% tem de 11 a 20 anos e 11,1% de 0 a 10 anos. No entanto,

pensando em termos de tempo de serviço na Companhia de Policia em que trabalha

no momento em que respondeu a pesquisa, notamos que 85% deles têm de 0 a 10

anos de serviços prestados àquela e apenas 2,3% deles tem mais de 21 anos. Em

suma, de uma forma geral, os entrevistados indicaram uma alta rotatividade entre os

Batalhões e um alto tempo de serviço na Policia Militar.

62

7.2 Aspectos Estruturais dos Batalhões com Policiamento Comunitário

TABELA 34. Entrevistados Segundo Implementação de Policiamento Comunitário no Batalhão

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Sim 86 86,0 91,5 91,5 Não 8 8,0 8,5 100,0

Válido

Total 94 94,0 100,0 Inválido Não Respondeu 6 6,0 Total 100 100,0

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009. TABELA 35. Entrevistados Segundo Oferta de Curso Específico de Policiamento Comunitário

no Batalhão

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Sim 94 94,0 94,0 94,0 Não 6 6,0 6,0 100,0

Válido

Total 100 100,0 100,0 N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

TABELA 36. Entrevistados Segundo a Existência de Perfil Específico de Policial a Quem é Ofertado o Curso

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Sim. 65 65,0 67,0 67,0 Não, todos os policiais do Batalhão recebem o curso 27 27,0 27,8 94,8

Não foram oferecidos cursos em Policiamento Comunitário 5 5,0 5,2 100,0

Válido

Total 97 97,0 100,0 Não Sabe 1 1,0 Não Respondeu 2 2,0

Inválido

Total 3 3,0 Total 100 100,0

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

De acordo com entrevistados, 91,5% deles afirmaram que nos Batalhões em

que eram responsáveis havia o Policiamento Comunitário. Além disso, em 94% dos

Batalhões foram oferecidos cursos de policiamento comunitário aos seus membros.

No entanto, foi apontado significativamente que existe um perfil específico de policial

63

para quem é oferecido este curso (65%), destaca-se também que 5,2% dos

Batalhões ainda não tiveram tal oportunidade.

Esse panorama foi detectado por outra pesquisa realizada pelo CRISP (2005,

43), que também indicou que “são justamente os oficiais que recebem um

investimento bem maior em cursos de formação. Dessa forma a filosofia de

policiamento comunitário acaba ficando apenas no nível mais abstrato dos objetivos

mais genéricos da polícia”.

TABELA 37. Entrevistados Segundo o Emprego do Policiamento Rotineiro neste Batalhão

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

A maior parte do policiamento de rotina é feita a pé 5 5,0 5,4 5,4

A maior parte do policiamento de rotina é feita em viaturas 78 78,0 84,8 90,2

Depende da área de patrulhamento. 9 9,0 9,8 100,0

Válido

Total 92 92,0 100,0 Inválido Não Respondeu 8 8,0 Total 100 100,0

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Ao inferirmos sobre os meios de transportes que geralmente são empregados

no policiamento de rotina, foi nos informado que 84,8% desse policiamento é feito

em viaturas. Sendo 5,4% do policiamento feito a pé e 9,8 % depende da área onde é

feito o patrulhamento.

64

7.3 Relacionamento Batalhão/ Comunidade

TABELA 38. Entrevistados Segundo o Grau de Qualidade do Relacionamento do Batalhão

com a Comunidade

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Excelente 36 36,0 36,7 36,7 Bom 51 51,0 52,0 88,8 Regular 10 10,0 10,2 99,0 Ruim 1 1,0 1,0 100,0

Válido

Total 98 98,0 100,0 Inválido Não Respondeu 2 2,0 Total 100 100,0

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

No que tange a relação dos Batalhões com a comunidade, de uma forma geral, a

pesquisa aponta uma avaliação positiva dos entrevistados, onde 36,7% a considera

excelente e 52% a considera boa. Apenas 1% a considera ruim e 10,2% regular.

65

GRÁFICO 16. Entrevistados Segundo Órgãos/Lideranças identificadas na Área de Abrangência do Batalhão

21

34

37

41

41

48

50

56,6

60,6

69,7

75

75,8

85

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Síndicos de condomínios residenciais

Entidades de classe em geral

Organizações não governamentais

Outros líderes comunitários

Vizinhança de locais de riscoidentificados

Entidades desportivas, artísticas eculturais

Clubes de serviço e associaçõesfilantrópicas

Universidades e Faculdades em geral

Líderes religiosos

Líderes políticos

Imprensa

Órgãos integrantes dos sistemas dedefesa social e de segurança pública

Associações comunitárias

Cate

go

rias d

e R

esp

osta

Percentual Válido

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Quando inferimos sobre órgãos/lideranças que foram identificados pelos

Batalhões, as associações comunitárias, com 85%, foi a mais citada. Outros órgãos

que integram os sistemas de segurança pública e defesa social na área do batalhão

foram os segundos mais citados (75,8%), seguida da imprensa e dos líderes

comunitários, com 75% e 69,7% respectivamente. Por sua vez, os síndicos de

condomínios residenciais (21%), organizações não governamentais (37%) e

entidades de classes em geral (40%) foram as menos citadas.

66

GRÁFICO 17. Entrevistados Segundo Proporção de Cooperação de Alguns Atores Sociais para o Trabalho da Polícia (freqüentemente)

7,4

9,2

12,2

30,5

40,8

41,7

42,9

44,3

57,6

68,4

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Instituições Públicas Federais

Organizações não governamentais

Igrejas

Instituições Públicas Estaduais

Comerciantes

Moradores

Instituições Públicas Municipais

Associações Comunitárias

Escolas, diretoras de escolas

Conselhos comunitários de segurança

Ca

teg

ori

as

de

Re

sp

os

ta

Percentual Válido

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Entretanto, pensado em grau de cooperação com atores sociais específicos,

notamos que não há uma distribuição homogênea entre eles, conforme indica o

gráfico acima. Existe uma significativa cooperação entre a polícia e os conselhos de

segurança e escolas (68,4% e 57,6% respectivamente), mas pouca entre Igrejas

(12,2%), entre Organizações Não Governamentais (9,2%) e Instituições Públicas

Federais (7,4%).

TABELA 39. Entrevistados Segundo a Ocorrência de Reuniões do Batalhão com a

Comunidade

Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo

Sim 92 92,0 92,0 92,0 Não 8 8,0 8,0 100,0

Válido

Total 100 100,0 100,0 N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

67

TABELA 40. Entrevistados Segundo o Principal Objetivo das reuniões

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Facilitar a expressão de sentimentos quanto aos problemas aparentes; 11 11,0 17,5 17,5

Encorajar grupos relevantes a trocar pontos de vista sobre cada um deles. 2 2,0 3,2 20,6

Criar um clima favorável ao diálogo, a fim de resolver mau entendidos e falsas opiniões.

28 28,0 44,4 65,1

Identificar os grupos de auto-interesse, e mostrar como os grupos se beneficiará da cooperação na resolução de problema

22 22,0 34,9 100,0

Válido

Total 63 63,0 100,0

Não se Aplica 1 1,0 Não Respondeu 36 36,0

Inválido

Total 37 37,0 Total 100 100,0

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

A pesquisa apontou também presença expressiva de reuniões entre policiais

e membros da comunidade (92%), cujos objetivos mais comuns seriam “criar um

clima favorável ao diálogo, a fim de resolver mau entendidos e falsas opiniões”

(44,4%) e “Identificar os grupos de auto-interesse e mostrar como os grupos se

beneficiarão da cooperação na resolução de problema” (34,9). Para 17,5% de

entrevistados um dos principais objetivos seria “facilitar a expressão de sentimentos

quanto aos problemas aparentes” e para 3,4% seria “encorajar grupos relevantes a

trocar pontos de vista sobre cada um deles”.

7.4 Auto-avaliação da Imagem Pública do Batalhão e Iniciativas para Melhorar a Mesma

TABELA 41. Entrevistados Segundo a Avaliação da Imagem Pública do Batalhão

Frequência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo

Muito Boa 45 45,0 45,0 45,0 Boa 53 53,0 53,0 98,0 Regular 2 2,0 2,0 100,0

Válido

Total 100 100,0 100,0 N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

68

A auto-avaliação da imagem pública do Batalhão e iniciativas para a iniciativa

da mesma foi verificada também em nossa pesquisa. De uma forma geral, tal

imagem é auto-avaliada de forma muito positiva, onde 45% dos entrevistados a

consideram muito boa e 53% consideram-na boa; apenas 2% afirmaram ser regular.

GRÁFICO 18. Entrevistados Segundo Cooperação de Alguns Atores Sociais para o Trabalho da Polícia (freqüentemente)

1,0

41,0

42,0

52,0

58,0

60,0

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Ninguem nunca se responsabilizou por este tipo deiniciativa

Campanhas que esclarecem sobre a atividade policial

Através da organizacao de eventos da comunidade

Programas de seguranca publica em escolas, centros desaude, etc.

Campanhas para incentivar o comportamento preventivoda comunidade

Através da participacao em eventos organizados pelacomunidade

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Buscamos saber, além disso, se haveria iniciativas desenvolvidas para

melhorar a imagem do Batalhão e quais são elas. De acordo com 1% dos

entrevistados, ninguém nunca se responsabilizou por este tipo de iniciativa em seu

respectivo batalhão. No entanto, conforme podemos notar no gráfico acima, as

atividades mais comuns seriam por meio da participação em eventos organizados

pela comunidade (60%), campanhas para incentivar o comportamento preventivo da

comunidade (58%) e programas de segurança pública em escolas, centros de

saúde, etc (52%).

69

7.5 Métodos de Estudos e Análises Internas dos Serviços Prestados pelos Batalhões

GRÁFICO 19. Entrevistados Segundo Métodos de Estudos e Análises Internas dos Serviços Prestados pelos Batalhões

6,0

30,0

34,0

87,0

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

NÃO existem estudos que buscam compreender ascaracterísticas dos tipos de solicitações recebidas

Análises temporais da distribuição das ocorrências

Análises espaciais da distribuição das ocorrências

Análises estatísticas dos boletins de ocorrência

Cat

ego

rias

de

Res

po

sta

Percentual Válido

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Quanto aos métodos de estudos e análises internos dos serviços prestados,

percebemos que segundo 6% dos entrevistados não existem estudos neste sentido

em seus Batalhões. No entanto, os métodos mais comuns se baseiam em análises

de estatísticas dos boletins de ocorrência (87%), análises espaciais de distribuição

de ocorrências (34%) e análises temporais da distribuição das ocorrências (30%).

70

TABELA 42. Entrevistados Segundo Influência de Análises/ Estudos no Planejamento do Batalhão

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Sim. 79 79,0 86,8 80,6 Não afetam o planejamento policial. 12 12,0 13,2 100,0

Válido

Total 91 91,0 100,0 Inválido Não existem estudos para a

compreensão das solicitações feitas ao Batalhão. Não Respondeu

9 2

9,0

2,0

Total 100 100,0 N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Posto que, existem estudos cujo foco é compreender as características dos

tipos de solicitações recebidas, a próxima indagação foi saber se estes estudos

afetam o planejamento do Batalhão. Daqueles que responderam que seus batalhões

há algum tipo de análise 86,8% responderam que estas influenciam em seus

planejamentos. Sendo, que 13,2% declaram que os planejamentos não são afetados

pelas análises.

GRÁFICO 20. Entrevistados Segundo Órgãos em que Há Compartilhamento Destes Estudos e Análises Internas.

66,2

69,7

79,2

85,5

85,7

97,5

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Judiciário

Ministério Público

Outros Batalhões de Polícia Militar

Órgãos da Polícia Civil

Conselhos Comunitários de Segurança

Companhias de Polícia Militar

Ca

tego

rias

de

resp

osta

Percentual Válido

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

71

O próximo ponto levantado foi se estes estudos e análises internas eram

compartilhados com outros órgãos de segurança pública. De uma forma geral, todos

os itens apresentados nesta questão apresentaram Percentuais superiores a 66%,

destacando-se as Companhias de Polícia Militar que apresentaram um Percentual

bastante elevado de freqüência de respostas (97,5%). Os conselhos comunitários de

segurança (85,7%), Órgãos da Polícia Civil (85,5%) e outros Batalhões de Polícia

Militar (79,2%) apresentaram Percentuais relativamente intermediários. Já o

Ministério Público (69,7%) e o Judiciário (66,2%) foram os que apresentaram os

Percentuais comparativamente mais baixos.

TABELA 43. Entrevistados Segundo o Uso de Informações Fornecidas por Alguma outra

Organização do Sistema de Segurança Pública e Defesa Social

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Sim 81 81,0 86,2 86,2 Não 13 13,0 13,8 100,0

Válido

Total 94 94,0 100,0 Não Sabe 1 1,0 Não Respondeu 5 5,0

Inválido

Total 6 6,0 Total 100 100,0

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Quando foi inferido se o Batalhão faz uso de informações advindas de outras

organizações do sistema de Segurança Pública e Defesa Social a grande maioria

(86%) dos entrevistados responderam de forma positiva, isto é, que faziam uso de

informações de outros órgãos. Sendo que apenas 13,8% declaram não usar tais

dados.

72

GRÁFICO 21. Entrevistados Segundo Existência de Avaliação do Impacto de suas Ações Através do Controle de Eficiência e Efetividade nos Seguintes

Critérios:

85,7

91,7

96,9

75 80 85 90 95 100

Na prevenção dacriminalidade

Na manutenção da ordem

No controle dacriminalidade

Cate

go

rias d

e R

esp

osta

Percentual Válido

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

No que se refere ao Batalhão avaliar o impacto de suas ações através do

critério de eficiência e efetividade, 96,9% dos entrevistados responderam que

avaliam o controle da criminalidade. A segunda resposta que teve um maior índice

de resposta positiva foi aquela avaliação que mensura a manutenção da ordem, com

81,7%. Por fim, as avaliações de prevenção da criminalidade, com 85,7%.

TABELA 44. Entrevistados Segundo a Existência de Programas Especiais de Intervenção em Áreas Problemáticas

Freqüência Percentual Percentual Válido Percentual Cumulativo

Sim 74 74,0 76,3 76,3 Não 23 23,0 23,7 100,0

Válido

Total 97 97,0 100,0 Não Sabe 1 1,0 Não Respondeu 2 2,0

Inválido

Total 3 3,0 Total 100 100,0

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

73

TABELA 45. Entrevistados Segundo a Existência de Avaliação destes Programas

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Sim, e tem demonstrado ser úteis 69 69,0 88,5 88,5 Sim, mas não tem demonstrado grande utilidade 1 1,0 1,3 89,7

Não, nunca foram avaliados 8 8,0 10,3 100,0

Válido

Total 78 78,0 100,0 Não existem programas especiais de intervenção em áreas problemáticas 18 18,0

Não Respondeu 4 4,0

Inválido

Total 22 22,0 Total 100 100,0

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

No que se refere à existência de programas especiais de intervenção em

áreas de alta incidência de crimes ou de vulnerabilidade social mais de ¾ dos

entrevistados (76,3%) informaram que em seus batalhões há algum tipo de

programa atento para essas áreas. Daqueles que informaram essa existência de

avaliação, 71,9% deles afirmou que o mesmo possui uma avaliação positiva acerca

da utilidade desses programas. Enquanto, apenas 1,3% declararam que esses

programas não possuem utilidade significativa. Por sua vez, 10,3% dos

entrevistados que possuem esses programas declaram que não há nem tipo de

avaliação desses programas.

74

GRÁFICO 22. Entrevistados Segundo Existência de Critérios que Garantam a Diversidade ou Heterogeneidade dos Membros do Batalhão

1

12

18,8

59

0 10 20 30 40 50 60 70

critérios de raça. percentual minimo de negros oupardos

Outros critérios

critérios de sexo. percentual minimo de mulheres

NÃO Existem critérios que garantam a diversidadeou heterogeneidade dos membros neste Batalhão

Ca

teg

ori

as d

e r

esp

os

ta

Percentual Válido

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Quando inferidos se há algum tipo de critério no intuito de garantir a

diversidade no Batalhão 59% declaram não haver nenhum tipo de critério. Sendo

que 18,8% dos Batalhões adotam a questão de gênero como critérios e apenas 1%

a questão racial. Por fim, 12% dos Batalhões adotam um outro tipo de critério que

não é nem o de gênero e nem o de raça.

75

7.6 Policiais Especialmente Treinados para Lidar com Públicos Específicos

GRÁFICO 23. Entrevistados Segundo Presença de Policiais Especialmente Treinados para Lidar com Públicos Específicos

4,6

4,6

6,9

6,9

11,4

42,2

66,3

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Minorias raciais ou sexuais

Vendedores ambulantes

Mulheres infratoras

Moradores de rua

Mulheres em situação de risco

Crianças e adolescentes infratores

Crianças e adolescentes em situação de risco

Cate

go

rias d

e R

esp

osta

Percentual Válido

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Outro ponto tocado pela pesquisa é sobre a presença de policiais

especialmente treinados para lidar com alguns públicos específicos. Neste sentido,

vemos que há poucos policiais especializados para lidar com vendedores

ambulantes (4,6%), minorias raciais ou sexuais (4,6%), moradores de rua (6,9%),

mulheres infratoras (6,9%) e mulheres em situação de risco (12%). A maior parte de

um corpo policial treinado destina-se a crianças e adolescentes infratores (42,2%) e

crianças e adolescentes em situação de risco (66,3%).

76

TABELA 46. Entrevistados Segundo a Existência de Treinamento Específico destinados a Policiais que Lidam com Públicos Específicos

Frequência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Sim 59 59,0 61,5 61,5 Não 37 37,0 38,5 100,0

Válido

Total 96 96,0 100,0 Inválido Não Respondeu 4 4,0 Total 100 100,0

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Posto que há policiais especializados para lidar com os casos supracitados,

perguntamos se há algum tipo de treinamento para esses. Do total de entrevistados,

61,5% declarou que esses policiais passaram por algum tipo de treinamento.

7.7 Publicização das Ações Policiais As ações policiais são tornadas públicas?

TABELA 47. Entrevistados Segundo a Publicização das Ações Policiais

Freqüência Percentual Percentual Válido

Percentual Cumulativo

Sim, todas elas 26 26,0 26,8 26,8 Sim, com exceção das atividades de inteligência policial 66 66,0 68,0 94,8

Não 5 5,0 5,2 100,0

Válido

Total 97 97,0 100,0 Inválido Não Respondeu 3 3,0 Total 100 100,0

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Em relação à publicidade das ações policiais, destacamos que 26,8% de

nossos entrevistados afirmaram que todas as ações são expostas ao público em

geral, para 68% todas as ações são publicizadas, com exceção das atividades de

inteligência; por fim, 5,2% disseram que não há publicização das ações policiais.

77

GRÁFICO 24. Entrevistados Segundo Presença de Policiais Especialmente Treinados para Lidar com Públicos Específicos

3,0

7,0

22,0

62,0

89,0

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Não existem publicisaçãodas ações policiais

Outras formas

Circulação de boletins ououtra publicacao feita pelo

Batalhão

Participação da polícia emreuniões de associações

comunitárias ou CONSEPs

Notícias em veículos deinformação como jornais, tv

e rádio

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Das notícias publicizadas, para 89% dos nossos respondentes a forma usada

se dá por meio de notícias em veículos de informação como jornais, televisão e

rádio, seguido por participação da polícia em reuniões de associações comunitárias

ou CONSEPS (62%) e via circulação de boletins ou outra publicação feita pelo

Batalhão (22%).

78

7.8 Grau de Cumprimento das Nove Etapas do Policiamento Comunitário

GRÁFICO 25. Entrevistados Segundo Grau de Cumprimento das Nove Etapas do Policiamento Comunitário (Cumprida inteiramente)

23,4

28,0

38,3

44,2

44,9

45,7

54,3

69,1

73,2

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Estratégia de Sedimentação

Controle de qualidade, desenvolvimento contínuo eatualização dos trabalhos

Coleta de informações (características sócio-econômicas,características geográficas e ambientais)

Indicativos dos problemas locais

Fixação de metas

Palestra sobre polícia comunitária

Identificação dos problemas do bairro

Contato com as lideranças locais

Identificação das lideranças locais

Ca

teg

ori

as

de

Re

sp

os

ta

Percentual Válido

N= 100 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Dentre as nove etapas postas na diretriz para Prestação de Serviços de

Segurança Pública da Polícia Militar (DPSSP, No. 04/2002 – CG) percebemos que

as que estão num grau mais avançado, ou seja, num grau de cumprimento

inteiramente completo seriam as de “identificação das lideranças locais” (73,2%) e o

“contato com as lideranças locais” (69,1%). Já as “estratégias de sedimentação” e

“controle de qualidade, desenvolvimento contínuo e atualização dos trabalhos” estão

menos avançadas, apresentando Percentuais relativamente baixos, com 23,4% e

28% respectivamente. As demais, como a “identificação dos problemas do bairro”

(54,3%), as “palestras sobre a polícia comunitária” (45,7%), “fixação de metas”

(44,9%), “indicativos dos problemas locais” (44,2%) e coletas de informações sócio-

79

econômicas, geográficas e ambientais (38,3%) encontram-se numa posição

intermediária.

8. Distribuições das Proporções de “Questões Chaves” Discriminado por Batalhões.

Neste tópico apresentaremos a distribuição das proporções de algumas questões

consideradas chaves quanto aos objetivos desta pesquisa. Veremos, portanto, como

se apresenta cada batalhão quanto às seguintes questões:

• Existência de Consulta da comunidade para a tomada de decisões;

• Existência de Relação Próxima do Batalhão com a comunidade;

• Avaliação do Policiamento Comunitário;

• Realização de Curso de Policiamento Específico de Policiamento

Comunitário.

80

TABELA 48. Distribuição das Proporções de Existência de Consulta da comunidade para a tomada de decisões, Discriminado por Batalhão

Nas decisões tomadas para resolver os problemas da comunidade, a

opinião dos moradores é levada em consideração?

Sim Não

Total

1º BPM 89,5% 10,5% 100,0% 4º BPM 81,0% 19,0% 100,0% 7º BPM 100,0% 0,0% 100,0% 8º BPM 89,5% 10,5% 100,0% 9º BPM 87,5% 12,5% 100,0% 10º BPM 92,7% 7,3% 100,0% 11º BPM 73,7% 26,3% 100,0% 12º BPM 90,0% 10,0% 100,0% 14º BPM 90,0% 10,0% 100,0% 15º BPM 91,9% 8,1% 100,0% 17º BPM 97,2% 2,8% 100,0% 19º BPM 81,3% 18,8% 100,0% 22º BPM 89,5% 10,5% 100,0% 25º BPM 88,9% 11,1% 100,0% 26º BPM 77,1% 22,9% 100,0% 27º BPM 78,4% 21,6% 100,0% 30º BPM 100,0% 0,0% 100,0% 32º BPM 73,7% 26,3% 100,0% 33º BPM 88,9% 11,1% 100,0% 37º BPM 72,2% 27,8% 100,0% 38º BPM 81,1% 18,9% 100,0% 42º BPM 84,2% 15,8% 100,0% 43º BPM 94,1% 5,9% 100,0% 44º BPM 100,0% 0,0% 100,0% 45º BPM 66,7% 33,3% 100,0% 46º BPM 81,8% 18,2% 100,0% 47º BPM 83,9% 16,1% 100,0% 48º BPM 85,0% 15,0% 100,0% 2º CIA IND 80,0% 20,0% 100,0% 5º CIA IND 68,6% 31,4% 100,0% 7º CIA IND 81,3% 18,8% 100,0% 8º CIA IND 90,0% 10,0% 100,0% 10º CIA IND 86,7% 13,3% 100,0%

Batalhão

13º CIA IND 80,0% 20,0% 100,0% Total 84,6% 15,4% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário – A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009

81

Observa-se que, de forma quase generalizada, os policiais declararam que,

em seus batalhões, há o costume de levar a opinião da comunidade em

consideração na tomada de decisões. Além disso, há de se ressaltar que esta é uma

posição que não se distingue de forma significativa entre os batalhões, dado que

todos eles tiveram mais de 60% de respondentes que responderam ser isso algo

existente em seus trabalhos.

As companhias que se desviaram, de forma mínima, do padrão corrente das

outras foram apenas o 45º BPM e a 5ª CIA Independente, todos com mais de 30%

de policiais que responderam não haver consulta à comunidade na tomada de

decisão. No outro extremo, vemos que o 7º, 30º e 44º BPM tiveram todos uma

proporção de resposta de 100% de policiais que afirmaram que esta consulta à

comunidade existe.

82

TABELA 49. Distribuição das Proporções de Respostas Acerca da Existência de Relação Próxima com a Comunidade, Discriminado por Batalhão

Você considera próxima sua relação com os moradores da(s) comunidade(s) onde atua?

Sim Não

Total

1º BPM 52,6% 47,4% 100,0% 4º BPM 76,7% 23,3% 100,0% 7º BPM 75,0% 25,0% 100,0% 8º BPM 78,9% 21,1% 100,0% 9º BPM 74,2% 25,8% 100,0% 10º BPM 75,6% 24,4% 100,0% 11º BPM 89,5% 10,5% 100,0% 12º BPM 52,6% 47,4% 100,0% 14º BPM 75,0% 25,0% 100,0% 15º BPM 67,6% 32,4% 100,0% 17º BPM 73,0% 27,0% 100,0% 19º BPM 93,8% 6,3% 100,0% 22º BPM 52,6% 47,4% 100,0% 25º BPM 72,2% 27,8% 100,0% 26º BPM 72,2% 27,8% 100,0% 27º BPM 76,3% 23,7% 100,0% 30º BPM 83,3% 16,7% 100,0% 32º BPM 66,7% 33,3% 100,0% 33º BPM 64,7% 35,3% 100,0% 37º BPM 72,2% 27,8% 100,0% 38º BPM 83,8% 16,2% 100,0% 42º BPM 84,2% 15,8% 100,0% 43º BPM 66,7% 33,3% 100,0% 44º BPM 100,0% 0,0% 100,0% 45º BPM 53,3% 46,7% 100,0% 46º BPM 72,7% 27,3% 100,0% 47º BPM 76,7% 23,3% 100,0% 48º BPM 50,0% 50,0% 100,0% 2º CIA IND 60,0% 40,0% 100,0% 5º CIA IND 77,1% 22,9% 100,0% 7º CIA IND 71,4% 28,6% 100,0% 8º CIA IND 65,0% 35,0% 100,0% 10º CIA IND 93,3% 6,7% 100,0%

Batalhão

13º CIA IND 75,0% 25,0% 100,0% Total 72,6% 27,4% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário – A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009

83

A tabela acima se refere à proximidade que os policiais atribuem à sua

relação com os moradores das comunidades onde atuam. Analisando dados de

todos os batalhões de maneira agregada, essa relação é vista como próxima por

cerca de ¾ dos entrevistados (72,6%). Em geral, a distribuição de respostas é mais

ou menos uniforme, porém algumas assimetrias devem ser observadas:

• Nos batalhões 19º e 44º, assim como na 10ª Cia Independente, um alto

Percentual dos entrevistados se considera próximo da população local -mais

de 90% deles. Dentre eles, se destaca o 44º batalhão, no qual 100% dos

policiais pensam que essa é uma relação próxima.

• Já nos batalhões 12º, 22º, 45º e 48º, há um grande Percentual de policiais

que se pensam distantes da comunidade que patrulham. Mais de 45% dos

PMs de cada um desses batalhões compartilham essa opinião.

84

TABELA 50. Distribuição de Proporção da Avaliação do Policiamento Comunitário, Discriminado por Batalhão

Como o Sr. avalia o policiamento comunitário?

Positivo Nem positivo nem negativo Negativo

Total

1º BPM 89,5% 10,5% 0,0% 100,0% 4º BPM 93,0% 7,0% 0,0% 100,0% 7º BPM 87,5% 12,5% 0,0% 100,0% 8º BPM 94,7% 5,3% 0,0% 100,0% 9º BPM 87,1% 12,9% 0,0% 100,0% 10º BPM 95,1% 4,9% 0,0% 100,0% 11º BPM 100,0% 0,0% 0,0% 100,0% 12º BPM 90,0% 10,0% 0,0% 100,0% 14º BPM 95,0% 5,0% 0,0% 100,0% 15º BPM 94,6% 5,4% 0,0% 100,0% 17º BPM 83,3% 13,9% 2,8% 100,0% 19º BPM 100,0% 0,0% 0,0% 100,0% 22º BPM 89,5% 10,5% 0,0% 100,0% 25º BPM 94,4% 5,6% 0,0% 100,0% 26º BPM 100,0% 0,0% 0,0% 100,0% 27º BPM 81,6% 15,8% 2,6% 100,0% 30º BPM 100,0% 0,0% 0,0% 100,0% 32º BPM 78,9% 21,1% 0,0% 100,0% 33º BPM 77,8% 16,7% 5,6% 100,0% 37º BPM 88,9% 11,1% 0,0% 100,0% 38º BPM 91,9% 8,1% 0,0% 100,0% 42º BPM 78,9% 21,1% 0,0% 100,0% 43º BPM 88,9% 11,1% 0,0% 100,0% 44º BPM 100,0% 0,0% 0,0% 100,0% 45º BPM 80,0% 20,0% 0,0% 100,0% 46º BPM 87,9% 12,1% 0,0% 100,0% 47º BPM 93,5% 3,2% 3,2% 100,0% 48º BPM 90,0% 10,0% 0,0% 100,0% 2º CIA IND 90,0% 10,0% 0,0% 100,0% 5º CIA IND 74,3% 5,7% 20,0% 100,0% 7º CIA IND 87,5% 6,3% 6,3% 100,0% 8º CIA IND 90,0% 10,0% 0,0% 100,0% 10º CIA IND 92,9% 7,1% 0,0% 100,0%

Batalhão

13º CIA IND 80,0% 15,0% 5,0% 100,0% Total 89,3% 9,1% 1,6% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário – A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009

85

A tabela acima apresenta as proporções de policiais de cada Batalhão ou

Companhias Independentes e suas respectivas avaliações sobre o policiamento

comunitário.

Percebe-se que, quando analisados de forma conjunta, 89,3% dos

respondentes de todos os Batalhões e Companhias Independentes avaliam

positivamente tal forma de policiamento, variando as proporções de avaliação

positiva entre 74,3% na 5ª CIA Ind., até 100% nos 11°, 19°, 26°, 30°, 44° Batalhões.

A 5ª CIA Ind., localizada no município de Itajubá, foi o agrupamento que obteve um

maior Percentual de declarações negativas (20%) sobre o policiamento comunitário.

Os Batalhões que obtiveram um percentual mais expressivo de respostas neutras,

com avaliações nem positivas nem negativas, estão o 32° e o 45°, com cerca de

20% das respostas; e o 17°, 27°, 33° e a 13ª CIA Independente, com percentuais

próximos de 15% que não consideram o policiamento comunitário como positivo ou

negativo.

86

9. Sobre os Cursos de Policiamento Comunitário

TABELA 51. Distribuição das Proporções da Realização de Curso de Policiamento Comunitário, Discriminado por Batalhão

O Sr. Fez algum curso específico em policiamento comunitário?

Total

Sim Não Sim

1º BPM 31,6% 68,4% 100,0% 4º BPM 34,9% 65,1% 100,0% 7º BPM 13,3% 86,7% 100,0% 8º BPM 36,8% 63,2% 100,0% 9º BPM 17,2% 82,8% 100,0% 10º BPM 36,6% 63,4% 100,0% 11º BPM 31,6% 68,4% 100,0% 12º BPM 21,1% 78,9% 100,0% 14º BPM 20,0% 80,0% 100,0% 15º BPM 37,8% 62,2% 100,0% 17º BPM 43,2% 56,8% 100,0% 19º BPM 92,9% 7,1% 100,0% 22º BPM 16,7% 83,3% 100,0% 25º BPM 22,2% 77,8% 100,0% 26º BPM 28,6% 71,4% 100,0% 27º BPM 24,3% 75,7% 100,0% 30º BPM 20,0% 80,0% 100,0% 32º BPM 26,3% 73,7% 100,0% 33º BPM 38,9% 61,1% 100,0% 37º BPM 47,1% 52,9% 100,0% 38º BPM 27,0% 73,0% 100,0% 42º BPM 11,1% 88,9% 100,0% 43º BPM 28,6% 71,4% 100,0% 44º BPM 50,0% 50,0% 100,0% 45º BPM 20,0% 80,0% 100,0% 46º BPM 30,3% 69,7% 100,0% 47º BPM 29,0% 71,0% 100,0% 48º BPM 23,5% 76,5% 100,0% 2º CIA IND 10,0% 90,0% 100,0% 5º CIA IND 26,5% 73,5% 100,0% 7º CIA IND 25,0% 75,0% 100,0% 8º CIA IND 45,0% 55,0% 100,0% 10º CIA IND 42,9% 57,1% 100,0%

Batalhão

13º CIA IND 20,0% 80,0% 100,0% Total 30,2% 69,8% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário – A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009 o

Teste do Qui-Quadrado Referente a TABELA 51

Valor gl Sig.

Qui-Quadrado de Pearson 69,939(a) 34 0,000 Likelihood Ratio 70,927 34 0,000 N of Válido Cases 776

87

A tabela acima se remete à realização de algum curso de policiamento

comunitário, discriminado por região e município de cada batalhão. Observa-se, a

partir dela, uma grande assimetria no que se refere à proporção de policiais que

fizeram esta capacitação. Enquanto há poucos lugares com um alto percentual de

policiais que realizaram algum curso, em muitos outros infere-se ser pequeno o

número de agentes que realizaram tal capacitação.

Observando os dados de forma agregada, constata-se que, do total de

policiais, a maioria (69,8%) não realizou nenhum curso de policiamento comunitário,

em oposição apenas a uma minoria (30,2%) que os fez. Entre esses últimos,

destacou-se o 19º BPM, com 92,9% de participação, o único dentre todos os locais

pesquisados com mais de 50% de policiais capacitados em policiamento

comunitário. Por outro lado, são bem mais numerosos os municípios que

apresentaram uma baixa proporção de agentes que possuem essa qualificação, em

específico os batalhões, 7º, 9º, 14º, 22º, 30º, 42º, 45º e as companhias

independentes 2ª e 13ª, obtiveram, todos, percentual igual ou superior a 80% de

policiais não qualificados em curso algum de policiamento comunitário.

Ambos os batalhões, com alta e baixa proporção de participação no curso,

estão em destaque na tabela acima.

88

10. Os Efeitos dos Cursos na Percepção de Policiamento Comunitário

Como definido pela proposta desta pesquisa, um dos objetivos primordiais do

trabalho foi o de identificar e testar os efeitos dos cursos de policiamento comunitário

na percepção e no trabalho do policial com a comunidade. Acreditava-se que, de

alguma forma, a realização de cursos desta natureza teria um efeito positivo no

sentido de tornar a percepção de policial sobre seu trabalho, e mesmo sua atuação,

mais próxima às diretrizes do policiamento comunitário.

A partir dos dados coletados no survey realizado com os praças na “Pesquisa

Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais”, foi observado que distinções a

partir da realização de algum curso de policiamento comunitário, ao contrário do que

se esperava, não se mostraram analiticamente produtivas. Como indicam as tabelas

abaixo (52, 53 e 54), não foi possível identificar diferenças significativas entre o

grupo de policiais que realizaram estes cursos e aquele que não os fizeram.

TABELA 52. Distribuição dos Entrevistados que Fizeram e (não fizeram) Curso de Policiamento Comunitário Segundo

Grau de Concordância que "A Polícia Militar deve privilegiar a atuação preventiva em detrimento do seu emprego repressivo."

Grau de concordância que "A Polícia Militar deve privilegiar a atuação preventiva em detrimento do seu emprego

repressivo."

Concordo Totalmente

Concordo em Parte

Nem concordo nem

discordo

Discordo em Parte

Discordo Totalmente

Total

Sim 41,7% 44,3% 3,9% 5,2% 4,8% 100,0% O Sr. Fez algum curso específico em policiamento comunitário?

Não 40,0% 43,6% 4,2% 7,8% 4,5% 100,0%

Total 40,5% 43,8% 4,1% 7,0% 4,6% 100,0% N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 52

Valor GL Significância

Qui-Quadrado de Pearson 1,680(a) 4 0,794 Likelihood Ratio 1,764 4 0,779 Linear-by-Linear Association ,581 1 0,446 N of Válido Cases 758

89

TABELA 53. Distribuição dos Entrevistados que Fizeram e (não fizeram) Curso de Policiamento

Comunitário Segundo Grau de Concordância que “A segurança pública é uma questão cuja solução deve envolver a comunidade e as outras agências de defesa social"

Grau de concordância que"A segurança pública é uma questão cuja solução deve envolver a comunidade e as outras agências

de defesa social"

Concordo Totalmente

Concordo em Parte

Nem concordo nem

discordo

Discordo em Parte

Discordo Totalmente

Total

Sim 88,3% 7,4% 1,3% 1,3% 1,7% 100,0% O Sr. Fez algum curso específico em policiamento comunitário?

Não 84,9% 11,5% 2,1% ,8% ,8% 100,0%

Total 85,9% 10,2% 1,8% ,9% 1,1% 100,0%

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Teste do Qui-Quadrado referente à tabela 53

Valor GL Significância

Qui-Quadrado de Pearson 5,426(a) 4 0,246 Likelihood Ratio 5,487 4 0,241 Linear-by-Linear Association ,001 1 0,973 N of Válido Cases 761

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 54

Valor GL Significância

Qui-Quadrado de Pearson ,321(a) 2 0,852 Likelihood Ratio ,341 2 0,843 Linear-by-Linear Association ,208 1 0,648 N of Válido Cases 754

A fim de suportar de forma mais consistente a falta de existência de efeito no

curso, foi realizado um teste estatístico de dependência denominado Qui-Quadrado

(χ²). De forma resumida, este teste consiste em comparar as proporções das

TABELA 54. Distribuição dos Entrevistados que fizeram e (não fizeram) curso de Policiamento Comunitário Segundo Grau de Concordância que " Raça é levada em consideração para a

abordagem policial"

Raça é levada em consideração para a abordagem policial?

Brancos Negros/pardos Não há diferenciação

Total

Sim ,4% 11,0% 88,6% 100,0% O Sr. Fez algum curso específico em policiamento comunitário? Não ,8% 11,6% 87,6% 100,0% Total ,7% 11,4% 87,9% 100,0%

N= 805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

90

categorias de resposta entre os diferentes grupos, neste caso aqueles que

realizaram ou não algum curso, observando se existe entre essas proporções uma

diferença significativa o suficiente para que se possa atribuí-la a toda a população, a

partir da amostra original. O resultado deste teste é exposto sob a forma de um

índice, denominado significância (sig.). Quanto menor o valor desta significância,

maior é a confiabilidade em se afirmar que existe uma diferença entre as proporções

dos grupos, sendo esta diferença aceita como válida nos casos em que ela é inferior

a 0,1.

TABELA 55. Resumo dos valores, graus de liberdade e Significância das tabelas 52; 53 e 54

Valor GL Significância

Tabela 1 1,680(a) 4 0,794 Tabela 2 5,426(a) 4 0,246 Tabela 3 0,321(a) 2 0,852

FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário. A visão dos Policiais. CRISP/UFMG, 2009.

Em suma, o teste de Qui-Quadrado reforçou que o curso de policiamento

comunitário não tem efeito sobre a percepção dos policiais na atividade exercida por

eles, haja vista que as respostas dadas pelos policiais foram proporcionalmente as

mesmas, independente da realização ou não desta capacitação.

91

11. O Efeito do Tamanho dos Batalhões

Este tópico se remete ao diagnóstico sobre quais dimensões do policiamento

comunitário são influenciadas significativamente pelo tamanho do batalhão. No

primeiro momento, serão apresentadas somente as tabelas que mostraram a

existência de um efeito suficientemente grande do tamanho dos batalhões (sig.

menor que 0,1), tomando por base o teste Qui-quadrado, conforme foi explicado

anteriormente.

O critério de classificação de um batalhão grande ou pequeno foi o mesmo

utilizado para a construção da amostra. Recapitulando, os BPMs classificados como

grandes, foram aqueles que possuíam um número de praças superior ao número

médio de praças alocados nos batalhões do Estado. Já os Batalhões considerados

pequenos foram aqueles com um número de praças inferior a essa mesma média.

Posto isso, vejamos os dados em que o tamanho do batalhão foi um fator de

efeito relevante na distribuição.

TABELA 56. A Falta de Treinamento para o Trabalho enquanto um dos Principais Problemas de Acordo com o Tamanho do Batalhão

Um dos principais problemas para o trabalho é "Falta de treinamento

para o trabalho"

Sim Não Total

Pequeno 26,4% 73,6% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 20,8% 79,2% 100,0% Total 23,4% 76,6% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 56

Valor gl Sig.

Qui-Quadrado de Pearson 3,435(b) 1 0,064 Continuity Correction(a) 3,129 1 0,077 Likelihood Ratio 3,426 1 0,064 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association 3,430 1 0,064 N of Válido Cases 790

92

A tabela acima demonstra ser expressiva a diferença entre Batalhões grandes

e pequenos com relação à consideração da falta de treinamento para o trabalho

como um problema relevante. Apesar de não ser um problema freqüentemente

apontado, nota-se que Batalhões pequenos tendem a encontrar mais déficit nesta

área, dado que 26,4% dos policias afirmaram ser este um problema contra 20,8%

dos policiais de Batalhões grandes.

TABELA 57. Existência de Consulta à Comunidade para Tomada de Decisões de Acordo com o Tamanho do Batalhão

Nas decisões tomadas para resolver os problemas da comunidade, a opinião dos moradores é levada em

consideração?

Sim Não

Total

Pequeno 80,2% 19,8% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 88,3% 11,7% 100,0% Total 84,5% 15,5% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 57

Valor gl Sig.

Qui-Quadrado de Pearson 9,895(b) 1 0,002 Continuity Correction(a) 9,286 1 0,002 Likelihood Ratio 9,888 1 0,002 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association 9,882 1 0,002 N of Válido Cases 794

Há uma diferença expressiva entre batalhões grandes e pequenos na

proporção de policiais que afirmam levar em consideração a opinião dos moradores

quando atuam na resolução de problemas da comunidade. Apesar de ser

predominante a tendência em se ouvir os moradores, ,independente do tamanho do

agrupamento, observa-se que em batalhões maiores há uma porcentagem

consideravelmente maior de policiais (88,3%) que afirma levar este fator em

consideração em comparação aos menores (80,2%).

93

TABELA 58. Existência de Estabelecimentos de Metas de Acordo com o Tamanho do Batalhão

De maneira geral, existe o estabelecimento de metas em relação aos problemas comunitários ou

estes são resolvidos à medida que surgem?

São estabelecidas metas

Os problemas vão sendo resolvidos à medida que

surgem Total

Pequeno 43,8% 56,2% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 54,4% 45,6% 100,0% Total 49,5% 50,5% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.

Batalhão

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 58

Valor gl Sig.

Qui-Quadrado de Pearson 8,689(b) 1 0,003 Continuity Correction(a) 8,273 1 0,004 Likelihood Ratio 8,706 1 0,003 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association 8,678 1 0,003 N of Válido Cases 790

É notável que os Batalhões grandes costumam, segundo os entrevistados,

privilegiar o estabelecimento de metas (54,4%) a resolver os problemas à medida

que eles surgem (45,6%). Ao contrário dos batalhões pequenos que, com mais

freqüência, resolvem os problemas à medida que eles surgem (56,2%) em

detrimento do estabelecimento de metas (43,8%). É perceptível então que existe

diferença significativa entre batalhões grandes e pequenos no que se refere o

estabelecimento de metas, sendo este procedimento expressivamente mais comum

em agrupamentos grandes.

94

TABELA 59. Existência de Consulta à Comunidade para o Estabelecimento de Metas de Acordo com o

Tamanho do Batalhão

A comunidade é ouvida no estabelecimento dessas metas?

Sim Não Não há

estabelecimento de metas

Total

Pequeno 49,0% 29,2% 21,7% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 56,8% 25,7% 17,5% 100,0% Total 53,3% 27,3% 19,4% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 59

Valor GL Sig.

Qui-Quadrado de Pearson 4,950(a) 2 0,084 Likelihood Ratio 4,951 2 0,084 Linear-by-Linear Association 4,635 1 0,031 N of Válido Cases 783

Os policiais provenientes de batalhões grandes afirmam com mais freqüência

(56,8%) que a comunidade é ouvida no estabelecimento das metas do batalhão, em

comparação com os policiais de agrupamentos pequenos, nos quais menos da

metade (49,0%) dos praças afirmam o mesmo.

Confirmando a tabela 58, 21,7% dos policiais de pequenos batalhões

disseram que não há estabelecimento de metas, uma porcentagem maior do que os

policiais de grandes batalhões que dizem o mesmo (17,5%). As variações

percentuais são expressivas e indicam que batalhões de tamanhos diferentes

tendem a ter posições diferentes sobre esta questão.

95

TABELA 60. A Avaliação do Policiamento Comunitário de Acordo com o Tamanho do Batalhão

Como o Sr. avalia o policiamento comunitário?

Muito positivo Positivo

Nem positivo nem negativo

Negativo Muito Negativo Total

Pequeno 33,7% 54,3% 9,2% 2,7% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 42,8% 47,7% 8,9% ,5% ,2% 100,0% Total 38,6% 50,8% 9,0% 1,5% ,1% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 60

Valor gl Sig.

Qui-Quadrado de Pearson 13,488(a) 4 0,009 Likelihood Ratio 14,353 4 0,006 Linear-by-Linear Association 7,205 1 0,007 N of Válido Cases 796

%

A grande maioria dos entrevistados avalia positivamente o policiamento

comunitário: cerca de 40% deles pensa que esse tipo de policiamento é muito

positivo e cerca 50% acredita que ele é positivo. Há, porém, algumas diferenças

entre batalhões grandes e pequenos que devem ser percebidas:

Os policiais de batalhões grandes tendem a avaliar o policiamento

comunitário como muito positivo (42,8%) com mais freqüência do que os policiais de

batalhões pequenos (33,7%). Já mais da metade (54,3%) dos policiais provenientes

de batalhões pequenos o avaliam como positivo. A porcentagem dos entrevistados

que pensam que o policiamento comunitário não é nem positivo nem negativo é

bastante semelhante nos dois batalhões (9,2% e 8,9%).

Entre os poucos entrevistados que avaliam negativamente (opção negativo +

opção muito negativo) o policiamento comunitário, a maioria provém de batalhões

pequenos (2,7%), uma porcentagem maior do que a dada por policiais provenientes

de batalhões grandes (0,7%).

Essas diferenças indicam que o fato de o policial vir de um batalhão grande

ou de um pequeno tem influência sobre a avaliação dele sobre o policiamento

comunitário, mas é difícil se saber ao certo qual o sentido desta diferença.

96

Por fim, vejamos a seguir as tabelas em que o tamanho do batalhão não foi

um fator de efeito relevante na distribuição de alguns fatores.

TABELA 61. A Falta de Recursos Humanos enquanto um dos Principais Problemas de

Acordo com o Tamanho do Batalhão Um dos principais problemas para o

trabalho é "Falta de recursos humanos (efetivo)"

Sim Não

Total

Pequeno 68,0% 32,0% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 63,0% 37,0% 100,0% Total 65,3% 34,7% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 61

Valor gl Sig.

Qui-Quadrado de Pearson 2,206(b) 1 0,138 Continuity Correction(a) 1,988 1 0,159 Likelihood Ratio 2,211 1 0,137 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association 2,203 1 0,138 N of Válido Cases 790

O tamanho insuficiente do efetivo foi um problema bastante apresentado tanto

por batalhões grandes quanto pequenos, sendo as proporções semelhantes em

ambos os grupos. Assim, não é possível inferir sobre a existência de um efeito direto

entre o tamanho do batalhão e a ocorrência da falta de recursos humanos. Conclui-

se então que existe uma demanda, igualmente expressiva tanto para batalhões

grandes quanto para os pequenos, de que se amplie e capacite melhor o efetivo de

seus batalhões, haja vista que este foi um problema apresentado e presente nos

agrupamentos por 65,3% dos respondentes.

97

TABELA 62. A Falta de Recursos Materiais enquanto um dos Principais Problemas de Acordo com o Tamanho do Batalhão

Um dos principais problemas para o trabalho é "Falta de

recursos materiais"

Sim Não

Total

Pequeno 56,5% 43,5% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 55,7% 44,3% 100,0% Total 56,1% 43,9% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 62

Valor gl Sig.

Qui-Quadrado de Pearson ,043(b) 1 0,835 Continuity Correction(a) ,018 1 0,892 Likelihood Ratio ,043 1 0,835 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association ,043 1 0,836 N of Válido Cases 790

A falta de recursos materiais foi considerada como um dos principais

problemas para o trabalho em uma porcentagem semelhante tanto por batalhões

pequenos (56,5%) quanto por grandes (55,7%). Tal diferença pouco expressiva

expõe a dificuldade em se inferir a ocorrência deste problema a partir do tamanho

dos agrupamentos, já que em ambos, cerca de 56% dos respondentes apontaram

tal falta de recursos materiais como um grave problema para a sua atuação.

TABELA 63. A Resistência da Comunidade em Relação a Atuação da Polícia

enquanto um dos Principais Problemas de Acordo com o Tamanho do Batalhão Um dos principais problemas

para o trabalho é "Resistência da comunidade em relação a atuação da

polícia"

Sim Não

Total

Pequeno 58,1% 41,9% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 63,0% 37,0% 100,0% Total 60,8% 39,2% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.

98

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 63

Valor gl Sig.

Qui-Quadrado de Pearson 1,952(b) 1 0,162 Continuity Correction(a) 1,754 1 0,185 Likelihood Ratio 1,951 1 0,162 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association 1,950 1 0,163 N of Válido Cases 790

A resistência da comunidade à atuação policial é apontada como um dos

principais problemas em proporções muito semelhantes para batalhões grandes e

pequenos. Com isso, não se pode inferir que há diferença na ocorrência de tal

problema a partir do tamanho dos agrupamentos. Independentemente deste fator, a

resistência da comunidade à atuação policial foi apontada pela maioria dos

respondentes, cerca de 61%.

TABELA 64. A Falta de Apoio dos Superiores enquanto um dos Principais Problemas de Acordo com o Tamanho do Batalhão

Um dos principais problemas para o trabalho é "Falta de apoio dos

superiores"

Sim Não

Total

Pequeno 20,4% 79,6% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 17,6% 82,4% 100,0% Total 18,9% 81,1% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 64

Valor gl Sig.

Qui-Quadrado de Pearson 1,020(b) 1 0,312 Continuity Correction(a) ,844 1 0,358 Likelihood Ratio 1,018 1 0,313 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association 1,019 1 0,313 N of Válido Cases 790

99

A falta de apoio dos superiores é apontada pela menor parte dos policiais

(18,9% no total) como um dos principais problemas para a realização do trabalho,

sendo semelhantes às proporções de resposta para batalhões pequenos e grandes.

TABELA 65. Grau de Satisfação do Relacionamento com a Comunidade de Acordo com o Tamanho do Batalhão

Em sua opinião, o relacionamento da polícia com a comunidade é satisfatório?

Sim, totalmente Sim, em parte Não é

satisfatório Total

Pequeno 12,0% 79,0% 9,0% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 8,9% 79,7% 11,4% 100,0% Total 10,3% 79,4% 10,3% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 65

Valor gl Sig.

Qui-Quadrado de Pearson 3,020(a) 2 0,221 Likelihood Ratio 3,023 2 0,221 Linear-by-Linear Association 2,965 1 0,085 N of Válido Cases 795

Em geral, as opiniões de policiais de batalhões grandes e pequenos diferem

muito pouco no que se refere ao relacionamento da polícia com a comunidade.

Podemos perceber que o tamanho do batalhão não tem influência sobre a relação

que o policial tem com a comunidade onde atua: a grande maioria dos entrevistados

(cerca de 80%), sejam eles de agrupamentos pequenos ou grandes, afirmam ter um

relacionamento satisfatório em parte com a comunidade. Aproximadamente 10%

deles acreditam que o relacionamento é totalmente satisfatório e os outros 10%

afirmam que ainda há muito a ser melhorado, já que o relacionamento não é

satisfatório.

100

TABELA 66. Grau de Cooperação da Comunidade de Acordo com o Tamanho do Batalhão

De maneira geral, as pessoas da comunidade tendem a cooperar com a Polícia?

Sempre Às vezes Raramente Nunca Total

Pequeno 10,9% 74,5% 13,9% ,8% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 9,8% 71,6% 18,2% ,5% 100,0% Total 10,3% 72,9% 16,2% ,6% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 66

Valor gl Sig.

Qui-Quadrado de Pearson 3,124(a) 3 0,373 Likelihood Ratio 3,145 3 0,370 Linear-by-Linear Association 1,538 1 0,215 N of Válido Cases 797

Observa-se na tabela acima que, independente do tamanho do batalhão, os

policiais acreditam que só às vezes (72,9%) as pessoas tendem a cooperar com o

trabalho da polícia, proporção essa bem superior a dos PMs que vêem sempre

cooperação (10,3%). É importante ressaltar, no entanto, que as proporções de

respostas de batalhões grandes e pequenos se colocaram de forma bastante

homogênea, não sendo assim possível se observar um efeito de tamanho sobre o

grau de cooperação da comunidade.

TABELA 67. Existência de Relação Próxima com a Comunidade de Acordo com o Tamanho do Batalhão Você considera próxima sua relação

com os moradores da(s) comunidade(s) onde atua?

Sim Não

Total

Pequeno 73,4% 26,6% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 72,1% 27,9% 100,0% Total 72,7% 27,3% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.

101

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 67

Valor gl Sig.

Qui-Quadrado de Pearson ,166(b) 1 0,684 Continuity Correction(a) ,107 1 0,743 Likelihood Ratio ,166 1 0,684 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association ,166 1 0,684 N of Válido Cases 792

Praticamente inexiste divergência de opiniões entre policiais de pequenos e

grandes batalhões no que se refere à proximidade com os moradores da

comunidade. Cerca de ¾ deles diz ter uma relação próxima com os moradores das

comunidades onde atuam e as variações Percentuais são muito pequenas.

do Batalhão

TABELA 68. Grau de Autonomia na Tomada de Decisões de Acordo com o Tamanho do Batalhão

O Sr. tem autonomia para decidir o que fazer em seu trabalho ou precisa se reportar sempre ao superior?

Tenho autonomia diante de algumas

situações

Tenho autonomia diante de todas as

situações

Sempre me reporto aos superiores Total

Pequeno 71,4% 5,7% 22,9% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 74,2% 5,9% 19,9% 100,0% Total 72,9% 5,8% 21,3% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 68

Valor gl Sig.

Qui-Quadrado de Pearson 1,078(a) 2 0,583 Likelihood Ratio 1,076 2 0,584 Linear-by-Linear Association 1,003 1 0,317 N of Válido Cases 790

Uma parcela pequena dos entrevistados (5,9% para batalhões grandes e

5,7% para batalhões pequenos) afirma possuir autonomia diante de todas as

situações. A maioria dos entrevistados (74,2% para batalhões grandes e 71,4% para

batalhões pequenos- parcela ligeiramente maior nos batalhões grandes) diz ter

autonomia diante de algumas situações. Por fim, 22,9% dos policiais de batalhões

pequenos e 19,9% dos de batalhões grandes afirmam sempre se reportar a seus

102

superiores. No entanto, apesar de visualmente distintas, essas variações

percentuais são pequenas demais para podermos considerar relevante o efeito de

tamanho sobre a autonomia de trabalho.

TABELA 69. Proporção de Execução de Curso Específico de Policiamento Comunitário de Acordo com o Tamanho do Batalhão

O Sr. Fez algum curso específico em policiamento

comunitário? Total

Sim Não Sim

Pequeno 27,9% 72,1% 100,0% Tamanho do Batalhão Grande 32,1% 67,9% 100,0% Total 30,2% 69,8% 100,0%

N=805 questionários FONTE: Pesquisa Policiamento Comunitário - A Visão dos Policiais. CRISP/UFMG,2009.

Teste do Qui-Quadrado referente à TABELA 69

Valor gl Sig.

Qui-Quadrado de Pearson 1,677(b) 1 0,195 Continuity Correction(a) 1,480 1 0,224 Likelihood Ratio 1,682 1 0,195 Fisher's Exact Test Linear-by-Linear Association 1,675 1 0,196 N of Válido Cases 776

A partir da expressiva semelhança nas proporções da tabela, além do

embasamento no teste Qui-Quadrado, observa-se que o tamanho do Batalhão não

tem influência expressiva para a participação dos PMs em cursos de policiamento

comunitário. Ambos os grupos entrevistados, independente do tamanho, tendem a

majoritariamente ter policiais que não executaram essas qualificações (em torno de

70% contra aproximadamente 30% que as fizeram).

103

12. Considerações Finais

De forma geral, esta pesquisa levantou informações importantes acerca do

Policiamento Comunitário em Minas Gerais e, como de praxe, também deixou

questões para serem reavaliadas.

Talvez, a impressão mais evidente dessa pesquisa é que quase todos os

entrevistados (tanto praças, quanto oficiais) concordam que para a Polícia Militar

atingir todas as suas potencialidades deve contar com o apoio da Comunidade,

identificar os problemas do bairro e seus lideres comunitários, promover reuniões

com a população, etc. Isso assinala uma questão muito positiva frente à filosofia do

Policiamento Comunitário, porém insuficiente para a sua consolidação.

Conforme aponta Marinho (2002:91),

“o termo policiamento comunitário diz respeito a mudanças no contexto organizacional como um todo, bem como nas lideranças dos departamentos de polícia, entre o staff, supervisão, no processo de recrutamento, treinamento, avaliação, ambiente de trabalho e na relação que a polícia mantém com o ambiente institucional no qual se situa. Portanto, alterações nessa direção requerem, se forem efetivadas, mudanças simultâneas nas mais diversas áreas afetadas pelo empreendimento”.

Desta forma notamos que, embora os entrevistados apresentem uma

percepção que a comunidade deve ser compreendida como elemento importante na

identificação e solução de problemas, ainda há carência de modificações nas

questões mais institucionais dos Batalhões. Isso é demonstrado, por exemplo, pelo

gráfico 25 que indica que, das nove etapas do policiamento comunitário, as

“estratégias de sedimentação” e “controle de qualidade, desenvolvimento contínuo e

atualização dos trabalhos” são as duas que apresentaram os percentuais

relativamente mais baixos de grau de cumprimento (23,4% e 28% respectivamente).

E, por sua vez, tais estratégias são exatamente as que requerem uma mudança

significativa nas estruturas administrativa, organizacional e operacional, abrangendo

todos os níveis da instituição policial.

A pesquisa apontou também que as grandes dificuldades para a

implementação do Policiamento Comunitário, segundo a visão dos policiais, são a

104

falta ou insuficiência de recursos humanos e materiais e a resistência da

comunidade a esta metodologia de trabalho.

Sobre os cursos específicos em Policiamento Comunitário, notamos que dois

terços dos praças entrevistados já o fizeram e que tais cursos também não foram

oferecidos e distribuídos de forma homogênea pelos batalhões que compõe o

Estado. No entanto, quando identificamos e testamos os efeitos dos cursos de

policiamento comunitário na percepção do policial sobre seu trabalho e sua forma de

atuação, vimos que, ao contrário que se esperava, não foi possível identificar

diferenças significativas entre o grupo de policiais que fizeram estes cursos e

aqueles que não o fizeram.

Diante disso, uma das questões que nos chamam atenção (e que, no entanto,

não foram mensuradas nesta pesquisa) é sobre a natureza e conteúdo destes

cursos. O curso tem um caráter exclusivo de transmissão de preceitos reais das

diretrizes do policiamento comunitário ou ele também tem conteúdo de

operacionalização prática destes preceitos?

Tal abordagem foi tocada em outra pesquisa realizada pelo CRISP (2005) e

foi verificado que quem fez o curso específico de policiamento comunitário acredita

que há muita teoria e pouca prática, o que faz com que a experiência anterior do

policial seja importante para a prática nas ruas. A fala de um policial de Belo

Horizonte ilustra bem isso:

“Nosso curso, pra falar a verdade, ele foi muito teórico. A prática a gente teve pouca, então, o que a gente queria na verdade mais era... era aproveitar, era juntar as duas coisas e buscar experiência dos mais antigos e juntar com a prática que a gente temos e ver no quê que dá, na verdade” (Entrevistado – soldado da PMMG)

Por fim, notamos algumas questões em que o tamanho do batalhão teve

efeito significativo. De uma forma geral, os batalhões grandes tendem a avaliar mais

positivamente o policiamento comunitário, estabelecer metas e consultar mais a

comunidade que os batalhões pequenos. No entanto, em outras questões, estes

preceitos não foram significantes, ou seja, não houve diferenças significativas entre

os dois tipos de batalhões, sobretudo no que toca a falta ou insuficiência de recursos

humanos e materiais, a resistência da comunidade a esta metodologia de trabalho e

autonomia na tomada de decisões.

105

13. Bibliografia BABBIE, Earl. Métodos de Pesquisas de Survey. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2001, 519 p.

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107