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Política de Assistência Social 1 -Legislação de Referência LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social (Lei Nº 8.742 de 7 de Dezembro de 1993) Constituição Federal de 1988. 2- Órgãos Gestores Coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Sistema é composto pelo poder público e sociedade civil, que participam diretamente do processo de gestão compartilhada. 3- Instâncias Político-administrativas A Assistência Social se organiza com base na descentralização e na participação social. A descentralização significa distribuição de responsabilidades entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. A participação social ocorre por meio dos Conselhos de Assistência Social e da parceria com as Entidades Beneficentes de Assistência Social. Compete à União coordenar a Política Nacional de Assistência Social; conceder o Benefício de Prestação Continuada aos idosos e portadores de deficiência carentes e prestar apoio financeiro aos Estados, DF e Municípios. Compete aos Estados coordenar o Plano Estadual de Assistência Social e

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Política de Assistência Social

1 -Legislação de Referência

LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social (Lei Nº 8.742 de 7 de Dezembro de 1993)

Constituição Federal de 1988.

2- Órgãos Gestores

Coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Sistema é composto pelo poder público e sociedade civil, que participam diretamente do processo de gestão compartilhada.

3- Instâncias Político-administrativas

A Assistência Social se organiza com base na descentralização e na

participação social. A descentralização significa distribuição de

responsabilidades entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os

Municípios. A participação social ocorre por meio dos Conselhos de Assistência

Social e da parceria com as Entidades Beneficentes de Assistência Social.

Compete à União coordenar a Política Nacional de Assistência Social;

conceder o Benefício de Prestação Continuada aos idosos e portadores de

deficiência carentes e prestar apoio financeiro aos Estados, DF e Municípios.

Compete aos Estados coordenar o Plano Estadual de Assistência Social e

prestar apoio financeiro aos Municípios, inclusive para o pagamento do auxílio-

natalidade e do auxílio-funeral. Compete aos Municípios coordenar o Plano

Municipal da Assistência Social; destinar recursos para a execução dos

programas e projetos de Assistência Social; efetuar o pagamento do auxílio-

natalidade e do auxílio-funeral; e executar as ações de assistência social.

3.1 Conselhos de Assistência Social

Page 2: Política de Assistência Social.docx

Os Conselhos de Assistência Social são órgãos deliberativos, de atuação

permanente, instituídos em cada esfera de Governo. Têm composição paritária,

com metade dos membros representando o Governo e metade representando

a sociedade. 8 O Conselho Nacional de Assistência Social é composto por 18

(dezoito) membros, sendo 9 (nove) representantes do Governo Federal e 9

(nove) representantes de organizações da sociedade civil. São suas

atribuições:

Expedir as normas gerais para a Assistência Social;

Aprovar a Política Nacional de Assistência Social;

Aprovar a proposta orçamentária para a Assistência Social;

Acompanhar e avaliar a gestão dos recursos e a execução dos

programas e projetos pelos Estados e Municípios.

Os Conselhos de Assistência Social dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios devem aprovar os respectivos Planos de Assistência Social e

exercer as funções de fiscalização e controle dos programas e projetos de

assistência social em cada uma dessas esferas de Governo.

3.2 Financiamento da Assistência Social

O financiamento da Assistência Social é feito com recursos orçamentários da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como por meio

de contribuições sociais pagas pelas empresas e pelos trabalhadores, além de

percentual da arrecadação dos concursos de prognósticos ou loterias

administradas pela Caixa Econômica Federal. No âmbito da União, esses

recursos são alocados no Fundo Nacional de Assistência Social. Nos Estados,

Distrito Federal e Municípios, os recursos vão para os respectivos Fundos de

Assistência Social.

3.3 Fundo Nacional de Assistência Social

O Fundo Nacional de Assistência Social é responsável pelo pagamento do

Benefício de Prestação Continuada aos idosos e aos portadores de deficiência

Page 3: Política de Assistência Social.docx

carentes, bem como pelo apoio financeiro aos programas e projetos de

Assistência Social executados pelos Estados, DF e Municípios. Para que

recebam recursos do Fundo Nacional de Assistência Social, os Estados, o

Distrito Federal e os Municípios devem organizar-se, criando o Conselho e o

Fundo de Assistência Social e elaborando o Plano de Assistência Social.

3.4 Fundos Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de Assistência

Social

Em cada Estado e Município e no Distrito Federal, deve ser criado o próprio

Fundo de Assistência Social. Para esses Fundos são repassados recursos

orçamentários da União, com vistas ao co-financiamento dos programas e

projetos de Assistência Social. Os 9 Estados também devem repassar recursos

do Fundo Estadual de Assistência Social para os Fundos Municipais de

Assistência Social, cumprindo a sua responsabilidade no co-financiamento de

programas e projetos e do pagamento do auxílilo-natalidade e do auxílio-

funeral.

3.5 Sistema Único de Assistência Social

Constitui nova forma de organização da Assistência Social, inspirada no

Sistema Único de Saúde, visando à criação de uma rede de serviços

socioassistenciais, com foco prioritário nas famílias, pautada na padronização e

qualidade no atendimento, bem como na avaliação de resultados. Para isso,

será implantado o repasse simplificado dos recursos da União, diretamente do

Fundo Nacional de Assistência Social para os Fundos Estaduais, do Distrito

Federal e Municipais de Assistência Social; a remuneração dos serviços

prestados observará uma tabela única; haverá maior autonomia para a

aplicação dos recursos pelos Estados e Municípios, o que se refletirá no

estímulo à participação desses entes no custeio dos serviços, o co-

financiamento.

3.6 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS

Page 4: Política de Assistência Social.docx

É responsável pelas políticas nacionais de desenvolvimento social, de

segurança alimentar e nutricional, de assistência social e de renda de

cidadania no Brasil. É também gestor do Fundo Nacional de Assistência Social.

3.7 Estrutura do MDS

Secretaria Nacional de Assistência Social – órgão responsável pela gestão

nacional da Política Nacional de Assistência Social, com o objetivo de

consolidar o direito à Assistência Social em todo o país; Secretaria Nacional de

Renda de Cidadania – órgão responsável pela implementação da Política

Nacional de Renda e de Cidadania no país, por meio do Programa Bolsa

Família e do Cadastramento Único (identificação das famílias em situação de

pobreza de todos os Municípios brasileiros); Secretaria Nacional de Segurança

Alimentar e Nutricional – órgão promotor de ações voltadas ao combate à

fome, para assegurar o direito do cidadão ao acesso diário à comida, em

quantidade, qualidade e regularidade.

4- Instrumentos de Gestão

a) Plano de Assistência Social

b) Orçamento e o Financiamento

c) Gestão da Informação

d) Monitoramento e a Avaliação

e) Relatório Anual de Gestão

a- Plano de Assistência Social

É um instrumento técnico, político e operacional, que organiza, regula e norteia

a execução da Política de Assistência social e define as ações prioritárias a

serem desenvolvidas.

A estrutura do plano comporta, em especial, os objetivos gerais e específicos;

as diretrizes e prioridades deliberadas; as ações e estratégias correspondentes

Page 5: Política de Assistência Social.docx

para sua implementação; as metas estabelecidas; os resultados e impactos

esperados; os recursos materiais humanos e financeiros disponíveis e

necessários; os mecanismos e fontes de financiamento; a cobertura da rede

prestadora de serviços; os indicadores de monitoramento e avaliação e o

espaço temporal de execução. No âmbito dos municípios, do Distrito Federal e

dos estados, quando respondendo pela gestão financeira dos municípios não-

habilitados, esse Plano deverá se desdobrar, anualmente, em um Plano de

Ação.

b- Orçamento e o Financiamento

O financiamento da política de Assistência Social é detalhado no processo de

planejamento, por meio do Orçamento plurianual e anual, que expressa a

projeção das receitas e autoriza os limites de gastos nos projetos e atividades

propostos pelo órgão gestor e aprovados pelos conselhos, com base na

legislação, nos princípios e instrumentos orçamentários e na instituição de

fundos de Assistência Social, na forma preconizada pela LOAS e pela Lei nº

4.320/64. Os instrumentos de planejamento orçamentário, na administração

pública, se desdobram no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias

e na Lei Orçamentária Anual.

PPA – expressa o planejamento das ações governamentais de médio

prazo e envolve quatro exercícios financeiros, tendo vigência do

segundo ano de um mandato até o primeiro ano do mandato seguinte.

LDO – define as prioridades, metas e estabelece estimativas de receita

e limites de despesa a cada ano, orientando a elaboração da Lei

Orçamentária Anual.

LOA – explicita as prioridades e as possibilidades de gasto em rubricas

de receita e despesa para o ano respectivo, identificando os benefícios

tributários, financeiros e creditícios. É composta pelo Orçamento Fiscal,

que compreende os fundos, órgãos e entidades da administração direta

e indireta e as fundações públicas; pelo Orçamento de Investimentos

Page 6: Política de Assistência Social.docx

das Estatais, nas empresas em que o poder público detenha maioria do

capital social com direito a voto; e pelo Orçamento da Seguridade

Social, que congrega as Políticas de Saúde, de Previdência e de

Assistência Social, abrangendo todas as entidades e órgãos a elas

vinculados, seja da administração direta ou indireta, os fundos e

fundações públicas.

Para efetivamente expressarem o conteúdo da PNAS/2004 e do SUAS, tais

instrumentos de planejamento público deverão contemplar a apresentação dos

programas e das ações, em coerência com os Planos de Assistência Social,

considerando os níveis de complexidade dos serviços, programas, projetos e

benefícios, alocando-os como sendo de proteção social básica e proteção

social especial de média e/ou de alta complexidade.

Além disso, o orçamento da Assistência Social deverá ser inserido na proposta

de Lei Orçamentária, na função 08 – Assistência Social, sendo os recursos

destinados às despesas correntes e de capital relacionadas aos serviços,

programas, projetos e benefícios governamentais e não-governamentais

alocados nos Fundos de Assistência Social (constituídos como unidades

orçamentárias) e aqueles voltados às atividades-meio, alocados no orçamento

do órgão gestor dessa política na referida esfera de governo.

c- Gestão da informação, monitoramento e Avaliação

A gestão da informação tem como objetivo produzir condições estruturais para

as operações de gestão, monitoramento e avaliação do SUAS, conforme as

determinações dessa Norma. Opera a gestão dos dados e dos fluxos de

informação do SUAS com a definição de estratégias referentes à produção,

armazenamento, organização, classificação e disseminação de dado, por meio

de componentes de tecnologia de informação, obedecendo padrão nacional e

eletrônico. Fica instituído que a forma de operacionalização da gestão da

informação se efetivará nos termos da REDE-SUAS (módulo 1), sistema de

Page 7: Política de Assistência Social.docx

informação do SUAS, suporte para a gestão, o monitoramento e a avaliação de

programas, serviços, projetos e benefícios de Assistência Social contemplando

gestores, profissionais, conselheiros, entidades, usuários e sociedade civil,

ensejando as seguintes providências:

Desenvolvimento e administração do Cadastro Nacional de entidades

prestadoras de serviços socioassistenciais;

Construção e administração de ambiente informacional georreferenciado

das cidades brasileiras e estabelecimento de política de

geoprocessamento de informações em escala municipal, envolvendo as

ações de Assistência Social e a base de referência sóciodemográfica

para apoiar o princípio da territorialização e a construção de indicadores

próprios do SUAS, em articulação com municípios, Distrito Federal e

estados;

Incremento do Sistema SUAS-WEB, objetivando o atendimento dos

dispositivos dessa NOB no que se refere à nova sistemática de

financiamento e co-financiamento do SUAS;

Automatização dos processos referentes à gestão de convênios de

forma a padronizar, informatizar e agilizar as rotinas afetas ao

financiamento de projetos e programas; aperfeiçoamento e

disseminação dos instrumentos e técnicas de avaliação de resultados e

do impacto das ações do SUAS, sobre as condições de vida da

população, realizado permanentemente pelos gestores e apreciados

pelos respectivos Conselhos de Assistência Social, com base em

informações sistematizadas e indicadores próprios e relativos

provenientes de subsistemas e aplicativos da REDE-SUAS;

Desenvolvimento de interface web: portal com acesso diferenciado para

a disponibilização dos produtos da REDE-SUAS.

5- Participação no Orçamento e Financiamento

Page 8: Política de Assistência Social.docx

A Constituição Federal de 1988, marcada pela intensa participação da

sociedade no processo constituinte, optou pela articulação entre a necessidade

de um novo modelo de desenvolvimento econômico e um regime de proteção

social. Como resultado desse processo, a Seguridade Social foi incluída no

texto constitucional, no Capítulo II, do Título “Da Ordem Social”.

O financiamento da Seguridade Social está previsto no art. 195, da

Constituição Federal de 1988, instituindo que, através de orçamento próprio, as

fontes de custeio das políticas que compõem o tripé devem ser financiadas por

toda a sociedade, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,

dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das contribuições sociais.

Tendo sido a assistência social inserida constitucionalmente no tripé da

Seguridade Social, é o financiamento desta a base para o financiamento da

política de assistência social, uma vez que este se dá com:

A participação de toda a sociedade.

De forma direta e indireta.

Nos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios.

Mediante contribuições sociais:

o Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na

forma da lei, incidentes sobre: a folha de salários e demais

rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à

pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo

empregatício; a receita ou o faturamento; o lucro.

o Do trabalhador e dos demais segurados da Previdência Social.

Sobre a receita de concursos de prognósticos.

Do importador de bens ou serviços do exterior ou de quem a lei a ele

equiparar.

Page 9: Política de Assistência Social.docx

No Sistema Descentralizado e Participativo da Assistência Social, que toma

corpo através da proposta de um Sistema Único, a instância de financiamento

é representada pelos Fundos de Assistência Social nas três esferas de

governo. No âmbito federal, o Fundo Nacional, criado pela LOAS e

regulamentado pelo Decreto nº 1605/95, tem o seguinte objetivo: “proporcionar

recursos e meios para financiar o benefício de prestação continuada e apoiar

serviços, programas e projetos de assistência social” (art. 1º, do Decreto nº

1605/95).

Com base nessa definição, o financiamento dos benefícios se dá de forma

direta

aos seus destinatários, e o financiamento da rede socioassistencial se dá

mediante aporte próprio e repasse de recursos fundo a fundo, bem como de

repasses de recursos para projetos e programas que venham a ser

considerados relevantes para o desenvolvimento da política de assistência

social em cada esfera de governo, de acordo com os critérios de partilha e

elegibilidade de municípios, regiões e, ou, estados e o Distrito Federal,

pactuados nas comissões intergestoras e deliberados nos conselhos de

assistência social. Assim, o propósito é o de respeitar as instâncias de gestão

compartilhada e de deliberação da política nas definições afetas ao

financiamento dos serviços, programas, projetos e benefícios componentes do

Sistema Único de Assistência Social.

De acordo com a diretriz da descentralização e, em consonância com o

pressuposto do co-financiamento, essa rede deve contar com a previsão de

recursos das três esferas de governo, em razão da co-responsabilidade que

perpassa a provisão da proteção social brasileira. O financiamento deve ter

como base os diagnósticos socioterritoriais apontados pelo Sistema Nacional

de Informações de Assistência Social14 que considerem as demandas e

prioridades que se apresentam de forma específica, de acordo com as

diversidades e parte de cada região ou território, a capacidade de gestão e de

atendimento e de arrecadação de cada município/região, bem como os

diferentes níveis de complexidade dos serviços, através de pactuações e

deliberações estabelecidas com os entes federados e os respectivos

conselhos.

Page 10: Política de Assistência Social.docx

No entanto, tradicionalmente, o financiamento da política de assistência social

brasileira tem sido marcado por práticas centralizadas, genéricas e

segmentadas, que se configuram numa série histórica engessada e perpetuada

com o passar dos anos. Tal processo se caracteriza pelo formato de

atendimentos pontuais e, em alguns casos, até paralelos, direcionados a

programas que, muitas vezes, não correspondem às necessidades estaduais,

regionais e municipais. Tal desenho não fomenta a capacidade criativa destas

esferas e nem permite que sejam propostas ações complementares para a

aplicação dos recursos públicos repassados.

Ainda deve ser ressaltado no modelo de financiamento em vigor, a fixação de

valores per capita, que atribuem recursos com base no número total de

atendimentos e não pela conformação do serviço às necessidades da

população, com determinada capacidade instalada. Essa orientação, muitas

vezes, leva a práticas equivocadas, em especial no que tange aos serviços de

longa permanência, que acabam por voltar-se para a manutenção irreversível

dos usuários desagregados de vínculos familiares e comunitários.

Outro elemento importante nessa análise da forma tradicional de financiamento

da política de assistência social, são as emendas parlamentares que financiam

ações definidas desarticulada do conjunto das instâncias do sistema

descentralizado e participativo.

Isso em âmbito federal, de forma desarticulada do conjunto das instâncias do

sistema 14 Vide conteúdo do item “Informações, Monitoramento e Avaliação”.

50 descentralizado e participativo. Isso se dá, muitas vezes, pela não

articulação entre os poderes Legislativo e Executivo no debate acerca da

Política Nacional de Assistência Social, o que se pretende alterar com a atual

proposta.

Ao longo dos 10 anos de promulgação da LOAS, algumas bandeiras têm sido

levantadas em prol do financiamento da assistência social, construído sobre

bases mais sólidas e em maior consonância com a realidade brasileira.

Juntamente com a busca de vinculação constitucional de percentual de

recursos para o financiamento desta política nas três esferas de governo,

figuram reivindicações que, no debate da construção do SUAS, têm

protagonizado as decisões do órgão gestor Federal.

Page 11: Política de Assistência Social.docx

São elas: o financiamento com base no território, considerando os portes dos

municípios e a complexidade dos serviços, pensados de maneira hierarquizada

e complementar; a não exigibilidade da Certidão Negativa de Débitos junto ao

INSS como condição para os repasses desta política; a não descontinuidade

do financiamento a cada início de exercício financeiro; o repasse automático de

recursos do Fundo Nacional para os Estaduais, do Distrito Federal e Municipais

para o co-financiamento das ações afetas a esta política; o estabelecimento de

pisos de atenção, entre outros.

Com base nessas reivindicações e, respeitando as deliberações da IV

Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em dezembro de 2003,

nova sistemática de financiamento deve ser instituída, ultrapassando o modelo

convenial e estabelecendo o repasse automático fundo a fundo no caso do

financiamento dos serviços, programas e projetos de assistência social. Essa

nova sistemática deverá constar na Norma Operacional Básica que será

elaborada com base nos pressupostos elencados na nova política.

Esse movimento deve extrapolar a tradicional fixação de valores per capita,

passando-se à definição de um modelo de financiamento que atenda ao

desenho ora proposto para a Política Nacional, primando pelo co-financiamento

construído a partir do pacto federativo, baseado em pisos de atenção. Tais

pisos devem assim ser identificados em função dos níveis de complexidade,

atentando para a particularidade dos serviços de média e alta complexidade, os

quais devem ser substituídos progressivamente pela identificação do

atendimento das necessidades das famílias e indivíduos, frente aos direitos

afirmados pela assistência social.

Concomitante a esse processo tem-se operado a revisão dos atuais

instrumentos de planejamento público, em especial o Plano Plurianual, que se

constitui em um guia programático para as ações do poder público, e traduz a

síntese dos esforços de planejamento de toda a administração para contemplar

os princípios e concepções do SUAS. Essa revisão deve dar conta de duas

realidades que atualmente convivem, ou seja, a construção do novo processo e

a preocupação com a não ruptura radical com o que vige atualmente, para que

não se caracterize descontinuidade nos atendimentos prestados aos usuários

Page 12: Política de Assistência Social.docx

da assistência social. Portanto, essa é uma proposta de transição que

vislumbra projeções para a universalização dos serviços de proteção básica,

com revisão também de suas regulações, ampliação da cobertura da rede de

proteção especial, também com base em novas normatizações, bem como a

definição de diretrizes para a gestão dos benefícios preconizados pela LOAS.

Ainda compõe o rol das propostas da Política Nacional de Assistência Social a

negociação e a assinatura de protocolos intersetoriais com as políticas de

saúde e de educação, para que seja viabilizada a transição do financiamento

dos serviços afetos a essas áreas, que ainda são assumidos pela política de

assistência social, bem como a definição das responsabilidades e papéis das

entidades sociais declaradas de utilidade pública federal, estadual e, ou,

municipal e inscritas nos respectivos conselhos de assistência social, no que

tange à prestação de serviços inerentes a esta política, incluindo-se as

organizações que contam com financiamento indireto mediante isenções

oportunizadas pelo Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social

- CEAS.

Os instrumentos de planejamento orçamentário, na administração pública, se

desdobram no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei

Orçamentária Anual.

PPA – expressa o planejamento das ações governamentais de médio

prazo e envolve quatro exercícios financeiros, tendo vigência do

segundo ano de um mandato até o primeiro ano do mandato seguinte.

LDO – define as prioridades, metas e estabelece estimativas de receita

e limites de despesa a cada ano, orientando a elaboração da Lei

Orçamentária Anual.

LOA – explicita as prioridades e as possibilidades de gasto em rubricas

de receita e despesa para o ano respectivo, identificando os benefícios

tributários, financeiros e creditícios. É composta pelo Orçamento Fiscal,

que compreende os fundos, órgãos e entidades da administração direta

e indireta e as fundações públicas; pelo Orçamento de Investimentos

das Estatais, nas empresas em que o poder público detenha maioria do

capital social com direito a voto; e pelo Orçamento da Seguridade

Page 13: Política de Assistência Social.docx

Social, que congrega as Políticas de Saúde, de Previdência e de

Assistência Social, abrangendo todas as entidades e órgãos a elas

vinculados, seja da administração direta ou indireta, os fundos e

fundações públicas.

Para efetivamente expressarem o conteúdo da PNAS/2004 e do SUAS, tais

instrumentos de planejamento público deverão contemplar a apresentação dos

programas e das ações, em coerência com os Planos de Assistência Social,

considerando os níveis de complexidade dos serviços, programas, projetos e

benefícios, alocando-os como sendo de proteção social básica e proteção

social especial de média e/ou de alta complexidade.

Além disso, o orçamento da Assistência Social deverá ser inserido na proposta

de Lei Orçamentária, na função 08 – Assistência Social, sendo os recursos

destinados às despesas correntes e de capital relacionadas aos serviços,

programas, projetos e benefícios governamentais e não-governamentais

alocados nos Fundos de Assistência Social (constituídos como unidades

orçamentárias) e aqueles voltados às atividades-meio, alocados no orçamento

do órgão gestor dessa política na referida esfera de governo.

6 - Principais Programas

a) Bolsa Família

b) Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)

a - Programa Bolsa Família - PBF

O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda que beneficia

famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o país. O Bolsa

Família integra o Plano Brasil Sem Miséria, que tem como foco de atuação os

milhões de brasileiros com renda familiar per capita inferior a R$ 77 mensais e

Page 14: Política de Assistência Social.docx

está baseado na garantia de renda, inclusão produtiva e no acesso aos

serviços públicos.

O Bolsa Família possui três eixos principais: a transferência de renda promove

o alívio imediato da pobreza; as condicionalidades reforçam o acesso a direitos

sociais básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social; e as ações

e programas complementares objetivam o desenvolvimento das famílias, de

modo que os beneficiários consigam superar a situação de vulnerabilidade.

Todos os meses, o governo federal deposita uma quantia para as famílias que

fazem parte do programa. O saque é feito com cartão magnético, emitido

preferencialmente em nome da mulher. O valor repassado depende do

tamanho da família, da idade dos seus membros e da sua renda. Há benefícios

específicos para famílias com crianças, jovens até 17 anos, gestantes e mães

que amamentam. 

A gestão do programa instituído pela Lei 10.836/2004 e regulamentado

pelo Decreto nº 5.209/2004, é descentralizada e compartilhada entre a União,

estados, Distrito Federal e municípios. Os entes federados trabalham em

conjunto para aperfeiçoar, ampliar e fiscalizar a execução.

A seleção das famílias para o Bolsa Família é feita com base nas informações

registradas pelo município no Cadastro Único para Programas Sociais do

Governo Federal, instrumento de coleta e gestão de dados que tem como

objetivo identificar todas as famílias de baixa renda existentes no Brasil.

Com base nesses dados, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome (MDS) seleciona, de forma automatizada, as famílias que serão incluídas

para receber o benefício. No entanto, o cadastramento não implica a entrada

imediata das famílias no programa e o recebimento do benefício.

b - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)

Este programa articula um conjunto de ações para retirar crianças e

adolescentes com idade inferior a 16 anos da prática do trabalho precoce,

Page 15: Política de Assistência Social.docx

exceto quando na condição de aprendiz, a partir de 14 anos. O programa

compreende transferência de renda – prioritariamente por meio do Programa

Bolsa Família –, acompanhamento familiar e oferta de serviços

socioassistenciais, atuando de forma articulada com estados e municípios e

com a participação da sociedade civil.

 

O Peti está estruturado estrategicamente em cinco eixos de atuação:

informação e mobilização, com realização de campanhas e audiências

públicas; busca ativa e registro no Cadastro Único para Programas Sociais do

Governo Federal; transferência de renda, inserção das crianças, adolescentes

e suas famílias em serviços socioassistenciais e encaminhamento para

serviços de saúde, educação, cultura, esporte, lazer ou trabalho; reforço das

ações de fiscalização, acompanhamento das famílias com aplicação de

medidas protetivas, articuladas com Poder Judiciário, Ministério Público e

Conselhos Tutelares; e monitoramento.

Polêmicas e Debates atuais

Atualmente está em discursão a implantação do Marco Regulatório das

Organizações da Sociedade Civil, que é um projeto de Lei que tornará mais

clara e transparente as parcerias celebradas entre estas organizações e o

governo federal, será sancionado nesta quinta-feira (31), pela presidenta Dilma

Rousseff. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), em 2010, mais de 290 mil fundações privadas e

associações sem fins lucrativos atuavam no País.

A principal mudança do projeto de lei aprovado pelo Senado está na criação de

dois tipos de contrato entre governo e organizações da sociedade civil: “termo

de colaboração” e “termo de fomento”. Os gestores públicos serão obrigados a

realizar um “chamamento público”, uma espécie de edital de concorrência entre

ONGs.

Page 16: Política de Assistência Social.docx

Para receber verbas públicas, as organizações precisarão ter, no mínimo, três

anos de existência e comprovar experiência no serviço a ser prestado. Elas

serão ficha limpa e poderão cobrir despesas como remuneração da equipe

dimensionada no plano de trabalho, diárias referentes a deslocamento,

hospedagem e alimentação e a aquisição de equipamentos e materiais

permanentes com recursos da parceria com o governo.

7 - Referências Bibliográficas

http://www.mds.gov.br/ MDS

PNAS/2004

NOB/SUAS

8 - Análise

O Sistema Único de Assistência Social integra uma política pactuada

nacionalmente, que prevê uma organização participativa e descentralizada da

assistência social, com ações voltadas para o fortalecimento da família.

Baseado em critérios e procedimentos transparentes, o Sistema alterou

fundamentalmente operações como o repasse de recursos federais para

Estados, Municípios e Distrito Federal, a prestação de contas e a maneira

como serviços e Municípios estão hoje organizados. Sob a concepção da

Política Pública de Assistência Social, em que a assistência social é dever do

Estado e direito do cidadão, o Brasil experimenta, portanto, mudanças

significativas na oferta de serviços socioassistenciais, para romper com a ideia

de política assistencialista. Cada esfera do governo tem o compromisso de

assegurar o direito da população aos serviços de qualidade. Embora sejam

tradicionais os programas públicos dirigidos aos grupos carentes da população,

no atual Governo Federal pode ser identificada no Brasil uma política nacional

de assistência social dotada de objetivos, recursos e densidade institucional.