Política Social e Serviço Social

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Poltica Social e Servio Social: os desafios da interveno profissionalRegina Celia Tamaso MiotoI; Vera Maria Ribeiro NogueiraIIIUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC)IIUniversidade Catlica de Pelotas (Ucpel)

RESUMOEste artigo discute poltica social e Servio Social e os desafios que esta relao apresenta para a interveno profissional. Enfatiza o florescimento e o aprofundamento desse debate ao longo das duas ltimas dcadas do sculo 20, e a sua consolidao no incio do sculo 21, que se expressam atravs da consistente produo de conhecimento e da insero peculiar dos rgos representativos da categoria profissional no processo de luta pela institucionalizao das polticas pblicas compatveis com os valores contidos no Cdigo de tica Profissional dos assistentes sociais. O enfoque maior recai sobre a questo da interveno dos assistentes sociais, no campo da poltica social, ao implementar o projeto profissional, comprometido com a defesa dos direitos sociais de carter universal. Nessa perspectiva, trata a poltica social como um campo contraditrio, permeado por interesses e projetos societrios antagnicos, no qual se reatualizam questes diretamente articuladas especificidade e autonomia profissional.Palavras-chave:Servio Social. Interveno profissional. Poltica social.

IntroduoO movimento ocorrido no mbito do Servio Social latino-americano, a partir da dcada de 1970, mudou decisivamente os rumos da profisso no continente. Esse processo, denominado Movimento de Reconceituao, desloca o debate da profisso do "metodologismo" at ento reinante, para o debate das relaes sociais nos marcos do capitalismo, e com ele passa a dar ampla visibilidade poltica social como espao de luta para a garantia dos direitos sociais (FALEIROS, 1990).Nesse contexto, segundo Campos (1988, p. 13), a poltica social alou um estatuto terico, no mbito do Servio Social, que lhe permitiu realizar a articulao entre a perspectiva analtica de sociedade e de profisso. No Brasil, ao final da dcada de 1970, os assistentes sociais j se posicionavam fortemente em relao "formulao das polticas sociais enquanto interveno estatal". Essa trajetria lhes possibilitou o dilogo com uma argumentao mais consistente junto aos defensores do "produtivismo econmico" da tecnocracia brasileira.Isso foi possvel, por um lado, em razo da gnese da profisso vincular-se ao contexto de enfrentamento da questo social atravs das polticas sociais, assegurando as condies necessrias para a expanso do capitalismo monopolista (CARVALHO; IAMAMOTO, 1982; NETTO, 1992; MONTAO, 1998). Por outro lado, h o reconhecimento de que a poltica social reveste-se de um carter contraditrio, pois, ao mesmo tempo em que atende aos interesses do capital, atende tambm s necessidades da classe trabalhadora. Portanto, a sua expanso marcada pela luta dos trabalhadores na perspectiva da conquista e da consolidao dos direitos sociais (IAMAMOTO, 2003; YAZBEK, 2000; PEREIRA, 2008)1.No Brasil, o debate instaurado em torno da profisso, e sobre a relao visceral entre Servio Social e poltica social, floresceu e aprofundou-se significativamente ao longo das duas ltimas dcadas do sculo 20 e consolida-se no incio do sculo 21. Isso pode ser explicado pela alterao nos sistemas de proteo social brasileiros, aps o retorno do pas ao Estado de Direito, em 1985. Perodo de intensa mobilizao de segmentos da sociedade civil, no sentido de ampliar e garantir direitos em setores de ponta, ou seja, o ncleo duro da poltica social sade, previdncia e assistncia , e de forte investimento nos marcos profissionais, para expandir os saberes sobre a relao entre questo social e poltica social. Estabelece-se um amplo processo de produo de conhecimento em torno da poltica social, que tem se constitudo em um pilar central na consolidao do Servio Social como rea de conhecimento no campo das cincias sociais. Este fato favoreceu tanto a insero da profisso e de seus profissionais no embate poltico da sociedade brasileira como, tambm, a discusso sobre a interveno profissional dos assistentes sociais no terreno da poltica social.Em relao ao conhecimento produzido, Iamamoto (2004, p.11) destaca o privilgio de uma categoria profissional que atua "na transversalidade das mltiplas expresses da questo social, na defesa dos direitos sociais e humanos e das polticas pblicas que os materializam". Esta situao, de acordo com Simionatto (2004), no significou unicamente o aumento da produo de conhecimento sobre o tema, mas uma crescente qualificao em termos de rigor terico-metodolgico e um sensvel aprofundamento da discusso dos processos sociais contemporneos.Com referncia a interveno profissional, observa-se que a incluso da poltica social no debate da profisso permitiu situar mais concretamente os seus objetivos na sociedade capitalista. Pde-se sobrepor, no campo da interveno, a questo do "por que fazer" do "como fazer". Com o aprofundamento da investigao sobre a inter-relao poltica social e Servio Social nas bases da teoria social crtica2, pde-se avanar o conhecimento em direo ao "para que fazer". As proposies da advindas constituram as bases de um projeto profissional para os assistentes sociais brasileiros, construdo coletivamente e conhecido como Projeto tico-Poltico Profissional (MIOTO, 2009, p. 214).A partir da Constituio Federal de 1988, foi possvel vislumbrar, no campo da poltica social, uma confluncia virtuosa entre os dispositivos legais que foram sendo criados para a implementao do projeto da Seguridade Social brasileiro Lei Orgnica da Sade, Lei Orgnica da Assistncia Social e o movimento da categoria profissional em torno de seu Projeto tico-poltico Profissional. Um projeto que postula o "posicionamento em favor da equidade e justia social, que assegura a universalidade de acesso aos bens e servios relativos aos programas e s polticas sociais, bem como sua gesto democrtica", alm do "compromisso com a qualidade dos servios prestados populao e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competncia profissional" (CFESS, 1993,on-line).Porm, duas situaes provocaram a ruptura desta relao virtuosa, encaminhando-se para uma divergncia sria que merece ser trazida ao debate. Primeiramente, a reverso praticada, ainda na dcada de 1990, nas proposies fundamentais da Seguridade Social brasileira, quebrando as expectativas de parte da sociedade de ampliao de direitos sociais E, em segundo, a forma complexa das demandas, em termos quantitativos e qualitativos, alm do desenho e da maneira de institucionalizao dos programas sociais, influenciados pelas matrizes de regulao das agncias multilaterais de financiamento e fomento, com exigncias de avaliao de ordem quantitativa e de intenso controle gerencial-burocrtico sobre as aes desenvolvidas e os resultados obtidos. As duas situaes, alm de produzirem impactos significativos nos processos interventivos dos assistentes sociais, revelam a existncia de questes relativas ao tratamento da interveno nas polticas sociais, no mbito da profisso, que merecem ser abordadas. justamente sobre a questo da interveno profissional no campo da poltica social que versa o presente artigo. Busca-se, atravs dele, aprofundar o debate sobre as particularidades das aes profissionais no mbito da poltica social, especialmente a autonomia e a especificidade, relacionadas insero dos assistentes sociais em espaos tradicionais das polticas pblicas, vinculados prestao direta de servios populao.A exposio est organizada em dois tpicos. O primeiro, trata da relao entre a poltica social brasileira e a interveno profissional, em uma breve retrospectiva histrica, marcando os valores profissionais, o espao da interveno e a sua convergncia ou divergncia com as polticas pblicas da rea social. O segundo, particulariza o debate sobre a interveno e sua relao com a poltica social, compreenso favorecida a partir do enquadre do primeiro tpico, no que se refere expanso e complexidade das demandas e s respostas oferecidas em termos de princpios e desenhos institucionais.A poltica social como campo privilegiado da interveno profissionalEmbora a proposta deste texto seja analisar a relao entre a poltica social e a interveno profissional do assistente social a partir da dcada de 1970, uma breve incurso histrica torna-se necessria visto que as alteraes profissionais so herdeiras de traos passados e as novas funcionalidades contm um lastro anterior, seja para negao ou consolidao.Um recorrido sobre a trajetria da profisso no Brasil, desde a sua institucionalizao no pas at a poca recortada para anlise, localiza a interveno profissional margem do debate sobre o enfrentamento das demandas sociais pela sociedade brasileira, embora com a presena de profissionais nos quadros estatais, especialmente de mbito federal3, alm da insero em sistemas4e organizaes de cunho religioso e confessional5.As funes desempenhadas pelos assistentes sociais, at meados da dcada de 1960, evidenciavam a preocupao com a integrao dos indivduos e a normalizao das suas condutas. No se discutia a relao com as polticas sociais, as quais no eram igualmente tratadas no plano analtico, tanto pelo Servio Social como por outras reas do conhecimento. Questes mais graves com explicaes tericas mais densas no faziam parte do cotidiano profissional. A interveno convergia aos objetivos institucionais de integrao social e reduo dos "desvios de conduta".H que se levar em conta o momento particular do Servio Social, buscando a sua consolidao como profisso em uma rea supostamente considerada como benemerncia e desempenhando aes no sentido de organizao da demanda aos servios e benefcios oferecidos pelo aparato institucional pblico e privado. O debate sobre o significado das funes no trato das questes sociais, e destas com as questes estruturais e conjunturais passava ao largo das preocupaes profissionais. Essas funes eram centradas de forma bastante endgena no interior do Servio Social, nos processos e mtodos de interveno, autonomizados das instncias institucionais, at meados da dcada de 1970. Internacionalmente, conectava-se com as questes relativas ao desenvolvimento e ao progresso social como uma trajetria natural a ser seguida pelos pases, poca considerados subdesenvolvidos.J a partir da segunda metade da dcada de cinquenta, em clima de grande expectativa, decorrente da filosofia do ps-guerra a do desenvolvimento e dos primeiros planos desenvolvimentistas em implantao, o Servio Social, ao mesmo tempo que incorporava a filosofia, reconhecia a necessidade de uma reviso de sua teoria, de sua postura e de seus mtodos, como condio de melhor integrar-se nesse processo (JUNQUEIRA, 1980, p. 5).A ditadura militar, instituda em 1964, no apenas sufocou o debate sobre os rumos do Servio Social, iniciado nos anos 1960, como isolou a categoria profissional do movimento de reviso crtica vivido na Amrica Latina.Quando se pauta a relao da ditadura militar com o campo da proteo social, observa-se o uso da organizao estatal para expandir a base de apoio ao governo militar atravs de alguns benefcios previdencirios e a implantao de programas nacionais de cunho social. Entre esses, os Centros Sociais Urbanos e Rurais, a Fundao Nacional de Bem-Estar do Menor (Funabem) e a Legio Brasileira de Assistncia (LBA). Esta ltima ampliou seu raio de ao tanto em relao s reas geogrficas como no mbito de sua ao protetiva. A prestao de servios e benefcios da assistncia social, ou o "trato da pobreza", configurava-se como restrito s organizaes da sociedade civil, geralmente de cunho confessional.Com o rpido processo de urbanizao, vivenciado na dcada de 1970, e o empobrecimento populacional, ampliaram-se as demandas por aes no campo da proteo social aos estados e municpios. Aumentou-se a oferta de servios, consolidando-se a rede pblico-privado, especialmente na proteo criana e ao adolescente. Identifica-se a expanso dos quadros profissionais, cuja ao polarizada entre iniciativas de desenvolvimento comunitrio, ateno a segmentos populacionais bem definidos, tanto em organismos governamentais como no governamentais. Situa-se, nessa poca, a criao das primeiras secretarias estaduais e municipais para dar conta das novas demandas6. Instaura-se o discurso do bem-estar, fazendo eco ao debate internacional. H umaggiornamento7da profisso, que passa a assumir uma funo mais definida em termos de posio jurdico-administrativa, e, aparentemente, mais qualificada e com melhor posio hierrquica nas instituies recm-criadas.No final deste mesmo perodo, experincias isoladas trazem uma perspectiva crtica ao fazer do assistente social, descolando-se do discurso dominante do tecnicismo, decorrente este tanto da influncia americana como da influncia tcnica/gerencial prpria da ditadura militar, e tambm das explicaes reducionistas sobre a relao entre estrutura e questo social8. A lgica dos programas e projetos sociais aparece no bojo do racionalismo tcnico institudo, configurando o momento da emergncia dos processos de planejamento como forma de orientar e controlar as mudanas sociais. Entretanto, o mtodo de formulao e acompanhamento do planejamento estatal, em quaisquer dos nveis federativos, foi feito de maneira pontual e assistemtica, sempre em termos dos grandes objetivos. Tal favorecia a autonomia da ao profissional, mesmo quando divergente da postura oficial dominante, pois as instncias de controle no detinham a apreenso dos processos interventivos locais e particulares. interessante observar, no mbito da categoria profissional, o incio do debate sobre a poltica social e a relao com o fazer profissional, sendo expresso maior deste fatoo lanamento pela Editora Cortez do primeiro nmero da revistaServio Social & Sociedade. Publicada em setembro de 1979, tem como tema central a poltica social e traz no primeiro artigo a manifestao do ento Conselho Federal de Assistentes Sociais (CFAS), intituladoPela prtica dos direitos sociais, abordando "a dimenso poltica da Poltica Social a partir da compreenso prpria do Servio Social" (CFAS, 1979, p. 5). Traz ao debate a questo dos direitos sociais, manifestando-se de forma contundente sobre temas como democracia e exerccio da liberdade, dominao e prtica social e os direitos sociais. Identifica-se, nesse artigo, uma posio de vanguarda que evidencia, entre os profissionais, as crticas ao processo de formao profissional. As crticas dirigem-se execuo dos servios, de um lado, e, de outro, gesto dos programas sociais.Nessa poca, a poltica social vai sendo apreendida em sua relao com a questo social, e a criao dos programas de ps-graduao favorece uma leitura mais crtica sobre a realidade brasileira, com a perspectiva marxiana paulatinamente inscrita na produo terica de segmentos da categoria profissional.O retorno ao Estado de Direito, em 1985, traz um novo alento profisso, principalmente com a Constituio, em 1988. Esta incorpora o iderio dos direitos sociais, definindo uma perspectiva, no plano constitucional, de valores ticos, caros aos assistentes sociais. Assim como a garantia da proteo social universal sob a responsabilidade do Estado, especialmente no campo da sade e da assistncia social.A interveno profissional volta-se para a implementao das polticas nacionais. No primeiro momento, logo aps o fim da ditadura, observada a identificao entre os valores profissionais e os dispositivos constitucionais relativos aos direitos sociais. Verifica-se, entretanto, uma assimetria entre a prtica do assistente social, continuando o fazer de pocas anteriores, em contraste com os valores atualizados, como a igualdade na fruio dos direitos, a participao democrtica e a proteo universal, sob a gide do Estado em algumas polticas sociais.Dura pouco tempo a convergncia de princpios e valores entre o Servio Social e as polticas governamentais. O crculo virtuoso rompe-se, pelo menos em duas direes no campo profissional e no plano das polticas nacionais de proteo social.No plano profissional, no houve o tempo necessrio para o reordenamento das prticas para uma perspectiva condizente com as possibilidades de sedimentao dos direitos sociais, oferecidas pelo novo momento. Uma das explicaes possveis para este fato foi a forma de apropriao do novo currculo, construdo com base na teoria crtica que, no plano tico, posiciona-se radicalmente ao lado da classe trabalhadora. Este currculo mnimo, aprovado pelo Ministrio da Educao e Cultura para os Cursos de Servio Social, em 1982 com prazo para implantao at 1985, incorporado de forma bastante heterognea pelas unidades de ensino, com ajustes que repem as antigas prticas em um novo eixo argumentativo, conforme analisado por Carvalho (1992). Devido a este fato, o processo de formao provoca reduzidas alteraes em termos de interveno profissional, o que, aliado expanso das unidades de ensino de Servio Social, contribui para a manuteno de prticas reiterativas, embora com discurso terico-metodolgico aparentemente crtico e condizente com o novo paradigma de proteo social brasileiro. Ainda nesse campo, outra grande transformao relaciona-se s demandas que se apresentam ao assistente social. Essas se tornam complexas, multifacetadas, ampliadas qualitativa e quantitativamente9. Surgem novos espaos scio-ocupacionais e duas implicaes no plano da interveno. A primeira, a exigncia de se contextualizar e apreender o significado das novas requisies, constituindo-se, por conta de sua complexidade, em campos de conhecimento compartilhado com diversas reas profissionais. O aprofundamento desta apreenso vai desvelando as especificidades das reas profissionais envolvidas, produzindo um conhecimento que deve ser incorporado ao saber e ao fazer profissional. A segunda, a exigncia de aparatos institucionais mais densos em termos de suporte fsico e operacional para dar conta dos novos perfis de demanda, tendo em vista a sua diversificao e expanso.No campo institucional, a crise mundial das economias capitalistas ocidentais leva a uma violenta reduo dos ideais universalistas e igualitrios na rea dos direitos sociais, sendo estes substitudos pela exigncia da focalizao em populaes vulnerveis e de risco social, conforme apregoado pelas agncias mundiais de fomento e financiamento10. Vai-se confirmando uma divergncia entre o definido sobre a proteo social na Constituio de 1988 e a operacionalizao das polticas sociais e os valores profissionais.A consequncia para a interveno profissional, em decorrncia das formas de operacionalizao das polticas sociais, logo se fez evidente. Os novos modelos institucionalizados nacionalmente e bastante rgidos, no que diz respeito ao controle da implantao das polticas sociais, inexistentes anteriormente, reduzem a autonomia relativa do assistente social. Sua ao prende-se aos trmites burocrticos no desenvolvimento dos programas e na exigncia constante da quantificao de resultados. A relativa independncia profissional, decorrente de sua leitura do real e da implementao de aes vinculadas aos valores ticos da profisso, estreita-se pela impossibilidade de programar a ao, subsumida pelo controle gerencial, favorecido pela informatizao das etapas de implementao e avaliao das polticas sociais setoriais. A funcionalidade da interveno profissional no campo das polticas sociais altera e condiciona seu contedo de acordo com as possibilidades de um determinado momento histrico.A interveno profissional no campo da poltica social e seus desafios na atualidadeO trabalho desenvolvido pelos profissionais nas esferas de formulao, gesto e execuo da poltica social , indiscutivelmente, pea importante para o processo de institucionalizao das polticas pblicas, tanto para a afirmao da lgica da garantia dos direitos sociais, como para a consolidao do projeto tico-poltico da profisso. Portanto, o enfrentamento dos desafios nesta rea torna-se uma questo fundamental para a legitimidade tica, terica e tcnica da profisso.Sobre isso, a leitura de resultados de pesquisas, que versam sobre a prtica profissional em diferentes polticas setoriais, e o contato sistemtico com assistentes sociais, inseridos nessas polticas, tm indicado a necessidade de aprofundar o conhecimento acerca da interveno profissional, contextualizado-a no campo da poltica social. Isso porque, ao se introduzirem nos inmeros espaos scio-ocupacionais, exigido dos assistentes sociais a apropriao do debate sobre interveno profissional travado na sua rea de conhecimento, e a necessidade de coloc-lo em movimento. Em movimento em um campo extremamente tensionado por projetos profissionais e societrios em disputa, em uma dinmica que expressa as contradies e os interesses sociais pblicos e privados no contexto de processos coletivos de trabalho. Nessas circunstncias, os assistentes sociais se deparam com duas questes cruciais: a autonomia e a especificidade profissional. Em tese, significa enfrentar os dilemas que ainda persistem no debate sobre a prtica profissional no Servio Social11e que no novo cenrio brasileiro se reatualizam.Sobre a autonomia profissional, o desenvolvimento do pensamento social crtico e a postulao de que a profisso se insere na diviso sociotcnica permitiram o avano no debate relacionado condio do assistente social como trabalhador assalariado. Tal condio impe limites conduo de seu trabalho e, consequentemente, implementao do projeto profissional, confirmando sua relativa autonomia, que condicionada pelas lutas travadas na sociedade entre os diferentes projetos societrios. Ou seja, tal autonomia pode ser dilatada ou comprimida, dependendo das bases sociais que sustentam a direo social projetada pelo profissional nas suas aes (IAMAMOTO, 2003, 2007).Nesse debate, Iamamoto (2007) assinala que a tenso gerada entre o projeto profissional, que designa o assistente social como ser dotado de liberdade e teleologia, e a sua situao de trabalhador assalariado, ao serem apreendidas subjetivamente, expressam-se atravs de reclamaes acerca do distanciamento entre o projeto profissional e a realidade, ou sobre a discrepncia entre teoria e prtica. Nessa anlise da autora, merece destaque o chamamento que faz sobre as questes decorrentes dessas expresses, ou dessas "denncias", que so:(a) a existncia de um campo de mediaes que necessita ser considerado para realizar o trnsito da anlise da profisso ao seu exerccio efetivo na diversidade dos espaos ocupacionais em que ele se inscreve; (b) a exigncia de ruptura de anlises unilaterais, que enfatizam um dos polos daquela tenso transversal ao trabalho do assistente social, destituindo as relaes sociais de suas contradies (IAMAMOTO, 2007, p. 9).Seguindo o pensamento da autora, possvel afirmar que o processo de interveno profissional particulariza-se no campo setorial da poltica social, com implicao imediata na reconstruo do objeto a partir de tal particularidade. Afirmam Wellen e Carli (2010, p. 127) ser "peculiar ao marxismo que cada circunstncia concreta demande uma modalidade de anlise particular". Portanto, compreender como o objeto de interveno particulariza-se nos diferentes contextos da poltica social e quais as matrizes tericas que sustentam as diferentes prticas incidentes nesses contextos, constitui-se a primeira das mediaes necessrias ao campo contraditrio em que se formulam e implementam as polticas sociais. Condio indispensvel para, por um lado, desvencilhar-se de "anlises unilaterais" que bloqueiam a interlocuo com os gestores (federais, estaduais, municipais) das polticas e dos servios sociais e com outros profissionais. Interlocuo que se realiza no mbito de "complexos procesos de negociacin e lucha poltica que dan lugar a la gestacin de Polticas Sociales, los cuales no se dirimen en ningn campo profesional, sino en la arena de la poltica, sin adjetivos" (GONZLES; AQUIN, 1992, p. 6). E para, por outro lado, considerar que, mesmo sob determinadas condies objetivas, o assistente social exercita sua relativa autonomia terica, poltica, tica e tcnica (MOTA; AMARAL, 1998). Tal particularizao torna-se fundamental para que ele possa visualizar e se posicionar diante dos processos em curso e no se reduzir, nos termos de Aquin (2009, p. 156), a "mero brao instrumental" da poltica social.Esses processos buscam romper com a tendncia, ainda persistente da relao mimtica entre Servio Social e poltica social. Um mimetismo que se traduz em aes rotineiras, prescritivas e burocratizadas, fomentado no s pela permanncia de uma perspectiva tecnicista da profisso, mas tambm estimulado pelos redesenhos e pelas formas de gesto da poltica social, a partir dos anos 1990. Essas formas, embora gestadas no bojo da lgica republicana, com o compromisso do Estado de ampliao do direito de proteo social, atravs de polticas e programas abrangentes, com fontes de financiamento abrangentes e com a previso de recursos humanos (RIZZOTTI, 2010), tm sido tambm redefinidas. Redefinidas na lgica da eficcia e da eficincia com reduo de custos e, consequentemente, com intensificao do trabalho no mbito dos servios sociais (BRITOS, 2006).A utilizao massiva da tecnologia, a padronizao de procedimentos e controle da produtividade nos servios atravs de aes pr-determinadas, mesmo advogadas em nome da transparncia e da qualidade da oferta de servios (RIZZOTTI, 2010), parecem ter aumentado as dificuldades para o exerccio da autonomia profissional. Cada vez mais se observa os assistentes sociais envoltos nas tarefas de alimentao dos sistemas de informaes e no desenvolvimento de aes prescritas no nvel da administrao central e menos concentrados na realizao de um processo interventivo que busque responder s necessidades postas pelos seus usurios no contexto das realidades locais. Dessa forma, as caractersticas centralizadoras das polticas sociais vm condicionando a interveno profissional, a seleo de alternativas de soluo e as possibilidades de definir os prprios usurios. O fortalecimento da estratgia de focalizao no campo da poltica social tambm imprime na interveno profissional a dinmica da emergncia e da conjuntura, estabelecendo prioridades para as aes dos assistentes sociais (MONIEC; GONZLES, 2009).Ao tratar da realidade argentina, Malacalza (2009, p. 191) afirma que a despolitizao das demandas sociais em direo culpabilizao dos indivduos foi um dos principais triunfos do neoliberalismo. Para a autora, o Servio Social no est alheio a essa lgica, pois parte importante da categoria profissional "la incorpora de una manera casi fatalista, configurando una tendncia que redujo a las polticas sociales, y por lo tanto a su prpria intervencin, a un tecnicismo aggiornado que pretende autonomizar-se de la dimension poltica constitutiva de ambas."Raichelis (2010), ao discutir a questo do assistente social enquanto trabalhador na organizao do trabalho no Sistema nico de Assistncia Social (SUAS), chama a ateno para a qualificao do exerccio profissional. Afirma que no se pode desvincular tal exerccio da dinmica macrossocietria, e que a qualificao dos profissionais passa, por um lado, pela superao de uma cultura histrica do pragmatismo, da naturalizao e da criminalizao da pobreza, bem como das aes improvisadas. Por outro, pela crtica e resistncia ao produtivismo quantitativo, medido pelo nmero de reunies, visitas domiciliares, dentre outros, sem a clareza necessria da direo tico-poltica quanto ao realizada.Para complicar ainda mais o exerccio da autonomia profissional, no se pode esquecer outra injuno da atual poltica social brasileira que o aumento significativo da participao das entidades de cunho privado e filantrpico na prestao de servios sociais, financiadas pelo Estado12. Isso expe os profissionais a operarem em lgicas bastante contraditrias. Ao mesmo tempo em que se colocam diretrizes, guias e parmetros, emanados a partir da "garantia de direitos sociais" pautada pelo Estado, as referidas entidades buscam tambm atender s respectivas lgicas que sustentam a sua existncia, exigindo um processo de acomodao de interesses por parte dos profissionais. Ou, tendem a um forte apego a documentos e legislaes emanados do Estado, consoantes ao projeto profissional. Isso tanto obscurece o carter contraditrio, imanente ao campo da poltica social, como dificulta o rompimento da relao mimtica entre a profisso e a poltica social, tornando mais distante as possibilidades de exerccio de uma possvel autonomia. Assim, mais uma vez reitera-se que uma das mediaes fundamentais para desenvolvimento do processo interventivo consiste na particularizao do debate do marco terico-metodolgico da profissoe das matrizes tericas da rea disciplinar nos respectivos campos setoriais da poltica social.A partir dessa particularizao, ser possvel debruar-se sobre um velho problema da profisso: a recorrente indistino entre objetivos institucionais e objetivos profissionais no mbito dos servios sociais. Os primeiros, mesmo quando caudatrios dos objetivos expressos nas legislaes que pautam a execuo da poltica social, no deixam de expressar sua filiao a determinados valores e concepes que direcionam decisivamente a organizao do processo de trabalho. Numa anlise mais acurada pode no haver uma real sinergia entre os objetivos profissionais e os institucionais com as proposies constitucionais, marcadas pela lgica da cidadania, e nem com o projeto defendido pelo conjunto profissional, expresso no seu cdigo de tica. So os antagonismos entre as demandas institucionais e as demandas dos usurios que levam os profissionais a estabelecerem tenso com o institudo atravs de seus processos de trabalho. Como consequncia, a anlise dos processos institucionais que caracterizam os diferentes espaos scio-ocupacionais, constitui uma segunda ordem de mediaes necessrias para a interveno profissional. Apropriar-se dos processos institucionais em curso condio fundamental para planejar e decidir sobre aes profissionais e movimentar-se no apertado campo da autonomia profissional.Paradoxalmente, quanto mais se estreita o crculo da autonomia profissional, dado pelos diferentes fatores elencados, maior a exigncia de conhecimento dos limites impostos para o exerccio dessa autonomia.A segunda questo, colocada na ordem do dia do cotidiano dos profissionais que trabalham no contexto da poltica social, a especificidade profissional. No debate do campo disciplinar do Servio Social, esta questo est, pode-se dizer, resolvida, se for entendida, de acordo com Argueta (2006, p. 220), dialticamente como "la perspectiva desde la cual se abordan determinados campos de lo social y se interviene en ellos en forma fundamentada y sistemtica desde una ptica especfica". Ainda, segundo o autor, traduz uma disposio de focalizar, dentro do social, aquilo que possa ser atendido pela profisso e tambm como condio de interdisciplinaridade.Porm, a insero dos assistentes sociais nas diferentes polticas setoriais vem demonstrando dificuldades na definio de seu papel nas equipes multiprofissionais. A postulao da interdisciplinaridade como diretriz dos processos de trabalho nas polticas sociais, particularmente nos servios sociais, tem exigido em tempos de acirramento de corporativismos e de busca pela expanso dos campos disciplinares , cada vez mais, uma definio objetiva acerca do que compete aos diferentes profissionais.Iamamoto (2002) clara ao defender que a identidade das equipes profissionais em torno de coordenadas comuns no dilui as particularidades profissionais. Para ela o assistente social, mesmo partilhando o trabalho com os outros profissionais, dispe de ngulos particulares na interpretao dos mesmos processos sociais e de uma competncia distinta para a realizao das aes profissionais. Esta decorre de vrios fatores, dentre eles a formao profissional, a sua capacitao terico-metodolgica, bem como a sua competncia na habilidade para desenvolver determinadas aes. Nesse sentido, um projeto profissional crtico vai alm da postulao de um quadro de valores, implica na existncia de um corpo de conhecimentos que sustente a definio e a execuo das aes profissionais (AQUIN, 2009; CAZZANIGA, 2005). Em relao ao Projeto tico-poltico do Servio Social brasileiro importante recordar que este contempla, tanto no mbito da formao como no do exerccio profissional, a indissociabilidade das dimenses terico-metodolgica, tico-poltica e tcnico-operativa.Netto (2005, p. 291), ao referir-se ao projeto tico-poltico, lembra que "no se desenvolveram suficientemente suas possibilidades, por exemplo, no domnio dos indicativos para a orientao de modalidades de prticas profissionais (nesse terreno se tem muito que fazer)". Assim reafirma o que dizia em 1996:[...] no quadro das transformaes societrias tpicas do capitalismo tardio, das demandas do mercado de trabalho e da cultura profissional, coloca-se a necessidade de se elaborar respostas mais qualificadas (do ponto de vista operativo) e mais legitimadas (do ponto de vista sociopoltico) para as questes que caem no seu mbito de interveno institucional (NETTO, 1996, p. 124).Com isso, sinaliza que "as possibilidades objetivas de ampliao e enriquecimento do espao profissional [...] s sero convertidas em ganhos profissionais [...] se o Servio Social puder antecip-las". E que tais possibilidades tendero a estar permeadas "por tenses e conflitos na definio de papis e atribuies com outras categorias socioprofissionais."Estas consideraes podem ser indicativas que a especificidade da profisso no campo das polticas sociais afirma-se medida em que os profissionais disponham de um campo organizado de conhecimento em torno das aes. Aes que estruturam a sua especificidade ao longo de sua histria e que se expressam atravs das atribuies e competncias profissionais avalizadas socialmente13. Uma especificidade dada pelo seu objeto de interveno profissional so as expresses da questo social (IAMAMOTO, 2003), com aes incidindo na articulao de recursos necessrios para viabilizar a proteo social de sujeitos singulares ou grupos de sujeitos, usurios das diferentes polticas setoriais.A conformao da proteo social acontece condicionada pelos processos sociais em curso num determinado momento histrico e tambm pela maneira como o profissional configura e viabiliza suas aes. Ou seja, depende: da matriz terico-metodolgica, particularizada no campo especfico da ao, a qual lhe d direcionalidade; da forma como interpreta as demandas postas pelos seus usurios, e do conhecimento estruturado da natureza e do contedo das aes profissionais necessrias para a consecuo dos objetivos profissionais. So aspectos sempre vinculados, no campo da poltica social, s possibilidades de conformao da proteo social, que requerem outros desdobramentos, relacionados tanto ao contedo das aes como ao conhecimento acerca do conjunto de instrumentos e tcnicas necessrios para a abordagem dos sujeitos de interveno que colocam o projeto profissional em movimento.Consideraes finaisDebater a prtica dos assistentes sociais no campo da poltica social no se confunde com o debate da prtica profissional travado no campo de conhecimento do Servio Social. Embora a interveno do assistente social no campo da poltica social seja determinada peloethosprofissional, ela se recobre de caractersticas que vo exigir no somente um alinhamento a determinado projeto profissional. Traz, tambm, a exigncia de como colocar este projeto em movimento, num espao onde no se tem a direo do processo e onde a autonomia relativa. O trabalho no campo da poltica social, sob a os auspcios do projeto crtico estratgico, nos termos de Netto (1996), requer a explicitao das mediaes necessrias para que o profissional possa decidir sobre a sua prtica.RefernciasAQUIN, N. El Trabajo Social en la institucionalidad de las polticas pblicas. Comprender los limites, potenciar las possibilidades.In: AQUIN, N.; CARO, R. (Org.).Polticas Pblicas, derechos y Trabajo Social en el Mercosul. Buenos Aires: Espacio Editorial, 2009, p. 151-166. [Links]ARGUETA, J. C. D. Naturaleza y especificidad del Trabajo Social: un desafo pendiente de resolver.Revista Katlysis, v. 9, n. 2, p. 217-226, jul./dez. 2006. Disponvel em: . Acesso em: 4 jun. 2012. [Links]BRITOS, N.mbito profesional y mundo do trabajo.Polticas Sociales y Trabajo Social en los noventa. Buenos Aires: Espacio Editorial, 2006. [Links]CAMPOS, M. S. Assistente Social: confidente, juiz, bombeiro, agitador social. 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[Links]Notas1Em todo o texto, a abordagem feita reconhecendo as contradies no campo das polticas sociais.2Sobre o processo de apropriao da teoria social crtica no Brasil, so emblemticos os livros de Iamamoto e Carvalho (1982) e Netto (1991, 1992).3Legio Brasileira de Assistncia, Previdncia Social.4Servio Social da Indstria (SESI), Servio Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e Servio Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac).5Caritas Diocesana, Santas Casas de Misericrdia.6Secretarias, como, de Desenvolvimento Social, Bem-Estar Social e Promoo Social.7Atualizao.8Destaca-se, neste perodo, a perspectiva formulada por professores da Escola de Servio Social da Universidade Catlica de Belo Horizonte, a qual ficou conhecida como Mtodo BH e considerada por Netto (1991) como sendo realmente uma inteno de ruptura com o Servio Social tradicional.9Um aprofundamento desta questo pode ser localizado em Netto (1996).10Essa situao analisada por autores como Harvey (1993), Netto (1993, 1996), Mota (1995) e Iamamoto (1982), entre outros.11Sobre essas questes, consultar Santos (2010) e Forti e Guerra (2010).12Sobre essa questo, consultar Simionatto e Luza (2011).13As atribuies e competncias compem o texto da Lei de Regulamentao da Profisso (CFESS, 1993).Recebido em 30.08.2012. Aprovado em 15.10.2012.Regina Celia Tamaso [email protected], Istittuto de Etnologia e Antropologia Culturalle, Universit di PerugiaDoutorado em Sade Mental, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)Professora no Programa de Ps-Graduao em Servio Social, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)Vera Maria Ribeiro [email protected] em Polticas Pblicas, Universitat Autnoma de Barcelona (UAB)Doutorado em Enfermagem, UFSCProfessora adjunta da Escola de Servio Social/Programa de Mestrado em Poltica Social da Universidade Catlica de Pelotas (Ucpel) e do Programa de Ps-Graduao em Servio Social, UFSCPrograma de Ps-Graduao em Servio Social UFSCCampus Universitrio Reitor Joo David Ferreira LimaTrindadeFlorianpolis Santa Catarina BrasilCEP: 88040-970Universidade Catlica de Pelotas UcpelCentro de Cincias Jurdicas Sociais e da AdministraoRua Felix da Cunha, 412 Sala 305BCentroPelotas Rio Grande do Sul BrasilCEP: 96010-000