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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA MONOGRAFIA DE BACHARELADO POLÍTICAS PÚBLICAS DA UNIÃO EUROPÉIA NA PROMOÇÃO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO SETOR ELÉTRICO: O CASO DA ENERGIA EÓLICA NA ALEMANHA DE 1989 AOS DIAS DE HOJE JULIANA MONIZ FREIRE MESQUITA matrícula nº: 107385559 ORIENTADOR: Prof. Hélder Queiroz Pinto Jr. JUNHO 2011

POLÍTICAS PÚBLICAS DA UNIÃO EUROPÉIA NA PROMOÇÃO DE ...pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/2185/1/JMMesquita.pdf · Agradeço a todos que me apoiaram durante essa jornada na qual

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE ECONOMIA

MONOGRAFIA DE BACHARELADO

POLÍTICAS PÚBLICAS DA UNIÃO EUROPÉIA NA

PROMOÇÃO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO SETOR

ELÉTRICO: O CASO DA ENERGIA EÓLICA NA

ALEMANHA DE 1989 AOS DIAS DE HOJE

JULIANA MONIZ FREIRE MESQUITA

matrícula nº: 107385559

ORIENTADOR: Prof. Hélder Queiroz Pinto Jr.

JUNHO 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE ECONOMIA

MONOGRAFIA DE BACHARELADO

POLÍTICAS PÚBLICAS DA UNIÃO EUROPÉIA NA

PROMOÇÃO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO SETOR

ELÉTRICO: O CASO DA ENERGIA EÓLICA NA

ALEMANHA DE 1989 AOS DIAS DE HOJE

__________________________________________

JULIANA MONIZ FREIRE MESQUITA

matrícula nº: 107385559

ORIENTADOR: Prof. Hélder Queiroz Pinto Jr.

JUNHO 2011

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As opiniões expressas neste trabalho são de exclusiva responsabilidade da autora

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que me apoiaram durante essa jornada na qual me aventurei e que tenho

muito orgulho em estar concluindo.

Ao meu orientador, Helder Queiroz, pela paciência, generosidade e por ter ajudado na

realização de um sonho. Obrigada!

Aos professores do Instituto de Economia da UFRJ, em especial à professora Lucia Kubrusly

pela confiança e carinho.

Agradeço à minha família em especial ao meu pai, minha avo, ao Marcus Tulio, à minha mãe,

por seu amor incondicional e por ser o pilar da minha vida e à minha irmã pelo amor,

amizade, força e por ter me dado os maiores tesouros da vida: Pedro e Alice.

Agradeço aos meus amigos e principalmente àqueles que são os melhores que alguém pode

sonhar em ter: Si, Paulinha, Ciça, Cecilinha, Flávio, Dri, Paula Sonic: a família que escolhi!

Agradeço também aos amigos tão queridos que fiz na faculdade e de quem certamente jamais

me esquecerei: Cássia, Natassja, Thauan e Lunna. Muito sucesso para vocês!

Agradeço à vida por ter sido sempre tão generosa comigo!!!

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RESUMO

Durante os últimos anos, diferentes governos nacionais vêm seguindo uma tendência mundial

e se mobilizando para criar estruturas a fim de promover as fontes renováveis de energia. O

cenário atual mundial é de combate ao aquecimento global conseqüente das crescentes

emissões de gases oriundos da queima de combustíveis fósseis e de possibilidade de escassez

dessas fontes convencionais de energia num futuro próximo. Com esta motivação, o presente

trabalho tem como objetivo elencar as principais medidas e políticas supranacionais de

incentivo ao uso de fontes renováveis no setor de eletricidade na União Européia (UE) e

avaliar como a energia eólica foi desenvolvida na Alemanha a partir da tradução destas

políticas internamente e seus resultados até o presente momento.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................... 7

1 - CAPÍTULO I - MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AS FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA ................... 9

1.1 - O FENÔMENO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS ..................................................................................................... 9 1.2 - FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA E SEU PAPEL NO SETOR DE ELETRICIDADE ................................................. 12

1.2.1 - Hidráulica ............................................................................................................................................. 13 1.2.2 - Solar ...................................................................................................................................................... 14 1.2.3 - Biomassa ............................................................................................................................................... 16 1.2.4 - Geotérmica ............................................................................................................................................ 16 1.2.5 - Eólica .................................................................................................................................................... 17

2 - CAPÍTULO II: POLÍTICAS SUPRANACIONAIS DA UNIÃO EUROPÉIA PARA INCENTIVO AO

USO DE FONTES RENOVÁVEIS NO SETOR DE ELETRICIDADE ........................................................ 22

2.1 - O CONTEXTO ENERGÉTICO EUROPEU .............................................................................................................. 22 2.2 - POLÍTICAS SUPRANACIONAIS DA UNIÃO EUROPÉIA NA PROMOÇÃO DE FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA ..... 24

2.2.1 - Os Livros Verde e Branco: “Energia para o Futuro: Fontes Renováveis de Energia” de 1996 e 199728 2.2.2 - A Diretiva relativa à promoção da eletricidade produzida a partir de fontes de energia renováveis no

mercado interno da eletricidade de 2001 ......................................................................................................... 30 2.2.3 - Livro Verde: “Estratégia Européia para uma energia sustentável, competitiva e segura” e Roteiro

para Energias Renováveis de 2006 .................................................................................................................. 32 2.2.4 - Diretiva "Promoção do uso de energia a partir de fonte renováveis” de 2009 .................................... 35

3 - CAPÍTULO III – INSTRUMENTOS DE POLÍTICA PARA O INCENTIVO DE ENERGIAS

RENOVÁVEIS .................................................................................................................................................... 38

3.1 - INSTRUMENTOS DE POLÍTICA PARA PROMOÇÃO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS ................................................... 39 3.1.1 - Tarifa feed – in ...................................................................................................................................... 40 3.1.2 - Prêmio feed-in ....................................................................................................................................... 42 3.1.3 - Sistema de Cotas/Certificados Verdes ................................................................................................... 42 3.1.4 - Sistema de Leilão................................................................................................................................... 43 3.1.5 - Incentivos aos investimentos ................................................................................................................. 45 3.1.6 - Incentivos fiscais ................................................................................................................................... 45

4 - CAPITULO IV – A EXPERIÊNCIA ALEMÃ NO DESENVOLVIMENTO DE ENERGIA EÓLICA DE

1989 AOS DIAS DE HOJE ................................................................................................................................. 46

4.1 - PRINCIPAIS MARCOS REGULATÓRIOS E INSTRUMENTOS ADOTADOS NA ALEMANHA PARA PROMOÇÃO DE

ENERGIA EÓLICA – 1989 A 2010 ............................................................................................................................. 46 4.1.1 - O Programa 100/ 250 MW .................................................................................................................... 46 4.1.2 - A Lei Feed In de Eletricidade de 1991 .................................................................................................. 47 4.1.3 - Lei das Energias Renováveis de 2000 ................................................................................................... 49

4.2 - ANÁLISE DA EFETIVIDADE DOS INSTRUMENTOS ADOTADOS NA ALEMANHA PARA A PROMOÇÃO DE ENERGIA

EÓLICA ................................................................................................................................................................... 52 4.3 - O FUTURO DA ENERGIA EÓLICA NA ALEMANHA ............................................................................................. 55

CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................... 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................................... 59

7

INTRODUÇÃO

O atual padrão de consumo do mundo moderno industrializado é possível, em grande

parte, pela disponibilidade de energia elétrica. Assegurar um fornecimento confiável é

de extrema importância na pauta das políticas energéticas nacionais.

O mundo de hoje é dependente dos combustíveis fósseis, onde o setor de transportes,

por exemplo, é quase que totalmente movido por derivados de petróleo. O setor de

geração de eletricidade ainda depende enormemente de carvão para funcionar e muitos

especialistas acreditam que os padrões atuais desta atividade não são sustentáveis no

longo prazo, devido à extinção desses combustíveis.

Entretanto, não é somente a segurança de suprimento que preocupa os especialistas. A

questão ambiental vem se tornando cada vez mais presente na agenda internacional. A

queima de combustíveis fósseis para movimentar carros, máquinas e turbinas lançam

uma quantidade muito grande de gases de efeito estufa, como o CO2 na atmosfera. Há

diversos estudos que mostram o aumento progressivo da temperatura do planeta e suas

drásticas conseqüências para o meio ambiente, como anomalias climáticas, o

derretimento das calotas polares, com conseqüente aumento do nível dos oceanos,

períodos de secas e de chuvas intensos, resultados do fenômeno chamado efeito estufa.

Diante desse quadro, tornou-se mais do que urgente a busca por novas tecnologias

capazes de garantir o suprimento confiável de energia e que auxiliem na redução da

emissão de gases de efeito estufa.

Por essas razões, este trabalho tem como objetivo analisar a evolução histórica referente

às principais medidas de incentivo ao uso de fontes renováveis na geração de

eletricidade na União Européia e avaliar, como estudo de caso, de que forma a

Alemanha incorporou tais políticas internamente e seus resultados até o presente

momento.

O primeiro capítulo inicia-se com a contextualização do fenômeno das mudanças

climáticas, detalhando suas características, causas e conseqüências. Ademais, visa

8

introduzir as principais fontes renováveis de energia e como estas são utilizadas no

processo de geração de eletricidade, com ênfase à tecnologia eólica.

O capítulo II tem como objetivo fazer uma recapitulação dos principais marcos

regulatórios supranacionais da União Européia referentes à promoção das fontes

renováveis de energia.

No capítulo seguinte, uma breve descrição dos principais instrumentos utilizados em um

nível nacional para a promoção das fontes renováveis de energia nos Estados- membros

da União Européia é realizada, uma vez que faz-se altamente necessário o apoio do

governo na difusão destas novas tecnologias para que possam tornar-se competitivas

com as fontes convencionais.

Por último, os instrumentos adotados pela Alemanha na promoção de energia eólica e

uma breve análise dos resultados destas iniciativas são apresentados. Esse país foi

escolhido como estudo de caso, pois se destaca como líder no desenvolvimento desta

fonte energética na União Européia.

9

1 - CAPÍTULO I - MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AS FONTES RENOVÁVEIS DE

ENERGIA

Este capítulo tem como objetivo introduzir a problemática das mudanças climáticas,

suas características, causas e conseqüências para a o meio ambiente e para a sociedade.

Além disso, visa introduzir os conceitos de fontes renováveis de energia como

alternativas para a redução da emissão de gases de efeito estufa, tomados como os

principais causadores desse fenômeno.

1.1 - O fenômeno das mudanças climáticas

O fenômeno das mudanças climáticas é um dos maiores desafios que a humanidade terá

de enfrentar nos próximos anos. Segundo o IPCC (International Painel of Climate

Changes), ele é caracterizado por uma variação estatisticamente significante em um

parâmetro climático (como temperatura, precipitação ou ventos) médio ou na sua

variabilidade, durante um período extenso (que pode durar de décadas a milhões de

anos) (IPCC, 2007).

De acordo com a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), o ano de

2010, juntamente com 2005, apresentou recorde na temperatura da superficie global, em

uma série histórica que começa em 1880. O ano de 2010 foi o 34º consecutivo com

temperaturas globais acima da média do século XX. (NOAA, 2011)

O aquecimento global, conseqüência do fenômeno conhecido como efeito estufa, e as

mudanças no padrão climático mundial associadas a ele, têm sido aceitos como a maior

ameaça à humanidade no século XXI. Os riscos ambientais e para a saúde humana em

larga escala em nível global incluí mudança climática, depleção da camada de ozônio,

perda de biodiversidade, mudanças nos sistemas hidrológicos e no fornecimento de

água potável, degradação da terra e problemas nos sistemas de produção de alimentos.

Os níveis de poluição atmosférica nas cidades mais populosas do mundo são altos e

continuam a crescer. (SAIDUR et al. 2010)

O efeito estufa consiste no aquecimento do planeta devido ao excesso dos gases de

efeito estufa (GEE) como o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), o vapor d’água,

ozônio (O3) óxido nitroso (N20), clorofluorcarbonos (CFCs), hidrofluorcarbonos

10

(HFCs), perfluorcarbonos (PFCs), hexafluoreto de enxofre (SF6) na atmosfera.

(SIMIONI, 2006). Esses gases permitem a entrada do calor, mas impedem a saída do

mesmo para o espaço, como os painéis de vidro de uma estufa. (Figura 1)

Figura 1 - O efeito estufa

Fonte: CEPAC, 2011

De acordo com o IPCC, as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera têm

crescido progressivamente desde o final do século XIX (Figura 2)

Figura 2 - Concentrações de GEE do ano 0 a 2005

Fonte: IPCC, 2007

Dióxido de Carbono (CO2)

Metano (CH4)

Óxido Nitroso (N2O)

Ano

11

As causas associadas às mudanças climáticas são um assunto amplamente discutido e

podem ser divididas em duas categorias: causas naturais e causas antropogênicas.

(Climate Change Challenge, 2011)

O clima da terra é influenciado e modificado por causas naturais como erupções

vulcânicas, correntes oceânicas, mudanças na órbita da terra e variações solares. As

erupções vulcânicas lançam uma grande quantidade de dióxido de enxofre, vapores

d’água, poeira e cinzas na atmosfera e esse grande volume de gases pode influenciar os

padrões climáticos por anos ao aumentar a refletividade do planeta causando

resfriamento atmosférico. As correntes oceânicas são os maiores componentes do

sistema climático e desempenham um papel fundamental na concentração de CO2 na

atmosfera. Mudanças na órbita terrestre também levam a pequenas, mas importantes

mudanças climáticas na força das estações. Já pequenas alterações no fornecimento de

energia solar em um extenso período podem levar à mudanças climáticas. (Climate

Change Challenge, 2011)

Já dentre as causas antropogênicas destacam-se: (i) o uso em larga escala de

combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão) na produção de energia,

responsável pela emissão de gases de efeito estufa; (ii) o desmatamento para a

agropecuária e uso do solo; (iii) a utilização industrial de gases fluoretados e (iv) a

decomposição de lixo em aterros sanitários. (EEAa, 2011)

O IPCC afirma que “É provável que a maior parte do aumento das temperaturas médias

globais desde a metade do século XX seja devido ao aumento observado das emissões

antropogênicas de GEE”. (IPCC, 2007)

O setor de eletricidade contribui para aproximadamente um quarto das emissões de

gases de efeito estufa no mundo. Três quartos da energia usada no setor de eletricidade

advêm de combustíveis fósseis, sendo o carvão o mais utilizado. A América do Norte

contribuí, de longe, com a maior parte das emissões no setor de eletricidade (3 gigatons

de dióxido de carbono), seguida da China (1.7 gigatons), União Européia (1.6 gigatons)

e de economias em transição (1.4 gigatons) (World Bank, 2008).

Por essa razão, as fontes renováveis são consideradas um fator chave na mitigação das

mudanças climáticas globais no futuro.

12

1.2 - Fontes renováveis de energia e seu papel no setor de eletricidade

Segundo Januzzi (1997), a princípio nenhuma fonte pode ser considerada absolutamente

inesgotável. Todavia, fontes de energia são consideradas renováveis se seu uso pela

humanidade não causa uma variação significativa nos seus potenciais e se suas

reposições em curto prazo são relativamente certas.

Essas fontes são também chamadas de energias limpas, pois, diferentemente das fontes

fósseis de energia, não emitem gases de efeito estufa. As tecnologias atualmente mais

desenvolvidas são as seguintes: eólica (onshore e offshore), hidráulica, maremotriz,

biomassa, solar e geotermal e são utilizadas nos setores de transporte, aquecimento e

refrigeração, assim como na geração de eletricidade.

A capacidade existente de eletricidade instalada de fontes renováveis no mundo

alcançou aproximadamente 1230 GW em 2009, o que representa um aumento de 7%

com relação a 2008. As energias renováveis compõem cerca de um quarto da

capacidade de geração de eletricidade global (estimada em 4800 GW em 2009) e

fornecem cerca de 18% da produção de eletricidade (Figura 3). Dentre as renováveis, a

energia eólica foi a que mais cresceu em 2009 em 38 GW. A energia hidráulica vem

crescendo anualmente 30 GW e a capacidade solar fotovoltaica cresceu mais de 7 GW

em 2009.

Figura 3 - Participação das Energias Renováveis na Eletricidade Global, 2010

13

Fonte: REN 21, 2010

O principal obstáculo à difusão do uso das fontes renováveis são os preços relativos

dessas formas de energia quando comparadas as fontes convencionais de energia

(combustíveis fósseis) na geração de eletricidade. Isso porque os preços das fontes

fósseis não internalizam os custos gerados pelos danos saúde e ao meio ambiente

(custos externos). Se esses custos fossem incluídos, os preços da eletricidade na UE

oriunda do carvão dobrariam e do gás aumentariam em 30%. (World Nuclear

Association, 2011)

As fontes de energia renováveis vêm se destacando como um fator chave na redução da

emissão de gases de efeito estufa, além de contribuírem para a segurança do

fornecimento, ao reduzirem a dependência de fontes externas de energia.

As principais fontes renováveis utilizadas na geração de eletricidade são:

1.2.1 - Hidráulica

A água constantemente se move através de um complexo ciclo global, evaporando de

lagos e oceanos, formando nuvens, precipitando na forma de chuva e neve e voltando

novamente para os corpos d’água. A energia do ciclo da água, que é orientado pelo sol,

pode ser explorada para produzir eletricidade ou para tarefas mecânicas, como a

moagem de grãos. A energia hidráulica utiliza um combustível – a água – que não é

Combustíveis Fósseis

69%

Nuclear

13%

Hidrelétrica15%

Outras renováveis (não hidro)

3%

14

reduzida ou consumida nesse processo. Pelo fato do ciclo da água ser infinito, a energia

hidráulica é considerada uma fonte renovável. (EERE, 2011)

O principio básico do funcionamento das turbinas hidráulicas é transformar a energia

potencial gravitacional da água represada em um reservatório elevado em energia

cinética do movimento das pás das turbinas. Nas usinas hidráulicas, a água represada, ao

cair, faz girar as turbinas que irão acionar o gerador: nesse caso, a água represada é a

fonte para a geração de energia elétrica. A quantidade de energia gerada é proporcional

a dois fatores: a massa de água e a altura da queda. (BURATTINI, 2008).

As emissões das hidrelétricas são insignificantes, pois não há queima de combustíveis.

Entretanto, se há uma grande quantidade de vegetação no leito do rio quando uma

barragem é construída, esta pode se decompor quando o lago for criado, causando

acúmulo e liberação de metano, um potente gás de efeito estufa. (EPA, 2011)

Apesar da energia hidráulica não gerar impactos na qualidade do ar, a construção e

operação de barragens podem afetar significativamente os sistemas naturais dos rios,

assim como a população de peixes e fauna local. (EPA, 2011)

A construção da hidrelétrica também pode alterar grandes porções de terras quando são

construídas as barragens e são criados os lagos, já que há a inundação de áreas que

podem servir de habitat para espécies e áreas de produção agrária. (EPA, 2011)

Em 2008, a energia hidráulica foi responsável pelo fornecimento de 15% da produção

global de eletricidade. Uma capacidade estimada de 31 GW foi adicionada em 2008 e

mais 31 GW em 2009. A capacidade global das hidrelétricas alcançou uma capacidade

estimada de 980 GW ao final de 2009, que incluem 60 GW de energia oriundas de

pequenas centrais hidrelétricas (PCH). (REN 21, 2010)

1.2.2 - Solar

A energia solar é a energia obtida através da conversão direta da luz do sol em energia

elétrica, mecânica ou para aquecimento. (CRESESB, 2011).

15

A conversão direta da energia solar em energia elétrica ocorre pelos efeitos da radiação

(calor e luz) sobre determinados materiais, particularmente os semicondutores. Entre

esses, destacam-se os efeitos termoelétrico e fotovoltaico. O primeiro caracteriza-se

pelo surgimento de uma diferença de potencial, provocada pela junção de dois metais,

em condições específicas. No segundo, os fótons contidos na luz solar são convertidos

em energia elétrica, por meio do uso de células solares. (ANEEL, 2005)

As principais vantagens da energia solar são:

O uso da energia solar não emite nenhum tipo de gases de efeito estufa;

As centrais necessitam de manutenção mínima;

A tecnologia vem sendo bastante desenvolvida ao longo dos anos, com a

redução progressiva dos custos, tornando-a econômica viável, e o

desenvolvimento de painéis mais potentes;

A energia solar consegue alcançar facilmente zonas de difícil acesso

onde as redes tradicionais de energia têm mais dificuldade de chegar.

Entretanto, a energia solar ainda apresenta um custo por unidade de kWh superior a

outras fontes renováveis, como a eólica e hidráulica, tornando-a menos competitiva e

dificultando a difusão de sua implementação. (Tabela 1),

Tabela 1- Status das Tecnologias Renováveis, Características e Custos

Fonte: Adaptado de REN 21, 2010

Tecnologia Características

Custos de energia

típicos (centavos

US$/ kWh)

Grande hidrelétrica Tamanho da planta: 10 (MW)–18,000 MW 3–5

Pequena hidrelétrica Tamanho da planta 1–10 MW 5–12

Eólica Onshore Tamanho da turbina: 1.5–3.5 MW 5–9

Diâmetro da pá: 60–100 metros

Eólica Offshore Tamanho da turbina: 1.5–5 MW 10–14

Diâmetro da pá: 70–125 metros

Biomassa Tamanho da planta: 1–20 MW 5–12

Geotermal Tamanho da planta: 1–100 MW; 4–7

Solar PV Capacidade do pico: 2–5 kW-pico 20–50

Solar PV Utility-scale Capacidade do pico: 200 kW to 100 MW 15–30

16

Mesmo tendo um custo superior às demais fontes alternativas, de acordo com o relatório

da European Photovoltaic Industry Association (EPIA, 2011), no ano de 2010, a

capacidade adicionada aumentou de 7.2 GW instalados em 2009 para 16.6 GW. A

capacidade total instalada no mundo é de 40 GW que produzem em torno de 50 TWh de

energia elétrica todos os anos. O maior aumento está relacionado ao rápido crescimento

tanto nos mercados da Alemanha quanto da Itália.

1.2.3 - Biomassa

De acordo com a Diretiva de Energias Renováveis de 2009 (2009/28/EC) , a definição

de biomassa é “a fração biodegradável de produtos, resíduos de origem biológica da

agricultura (incluindo substâncias vegetais e animais), da silvicultura e indústrias

correlatas, incluindo a pesca e aqüacultura, assim com a porção biodegradável de

resíduos industriais e municipais”. Alguns exemplos de fontes primárias são: lenha,

cana de açucar, resíduos florestais, casca de côco, etc.

A principal vantagem da biomassa está na eliminação de resíduos diversos, diminuindo

a necessidade de sua deposição em aterros. (SIMIONI, 2006). A geração de eletricidade

a partir da biomassa vem da queima direta de biomassa sólida em plantas de geração

que utilizam somente biomassa ou plantas de co-combustão em plantas de carvão.

A Agência do Meio Ambiente britânica (Environment Agency, 2009) em 2009 publicou

o relatório “Biomass: Carbon sink or carbon sinner?” que comparou as emissões de

gases de efeito estufa na produção de eletricidade utilizando biomassa, carvão e gás

natural. Desse relatório foi concluído que as emissões de gases de efeito estufa

utilizando biomassa são geralmente, mas não sempre, menores do que as dos

combustíveis fósseis. Além disso, a co-geração com biomassa é uma boa medida de

curto prazo para reduzir as emissões, mas, a não ser que mecanismos de captura de

carbono sejam implementados, essa tecnologia não terá um papel no longo prazo.

1.2.4 - Geotérmica

A maior parte das plantas de geração precisam de vapor para produzir eletricidade. O

vapor roda a turbina que ativa o gerador que, por sua vez, gera eletricidade. Muitas

plantas de geração de energia ainda utilizam combustiveis fósseis para aquecer agua

17

para gerar vapor. Plantas de energia geotérmicas utilizam vapor produzidos em

reservatórios de águas quentes localizadas abaixo da superficie terrestre.

Áreas extensas de recursos hidrotermais que ocorrem naturalmente são chamadas

reservatórios geotermais. A maioria dos reservatórios encontra-se no subsolo, porem á

fontes que podem ser encontradas na superfície nas formas de vulcões e fumarolas, e

gêiseres.

Existem três tipos de plantas geotérmicas de geração de energia: vapor seco, e ciclos

binários e plantas vaporizadas, sendo estas as mais comuns. Elas utilizam reservatórios

geotermais de água com temperaturas acima de 182º C. Essa água quente flui através de

poços para a superfície utilizando sua própria pressão. Enquanto flui para cima, a

pressão diminui e a água quente aquece para a forma de vapor. O vapor é então

separado da água e utilizado na turbina/ gerador.

No fim de 2009, havia plantas de eletricidade geotermais operando em 29 países com

capacidade total de 10.7 GW gerando mais de 67 TWh de eletricidade anualmente.

Aproximadamente 88% desta capacidade concentram-se em sete países: Estados Unidos

(3,150 MW), Filipinas (2,030 MW), Indonésia (1,200 MW), México (960 MW), Itália

(840 MW), Nova Zelândia (630 MW), e Islândia (580 MW) que gera cerca de 25% de

toda sua energia utilizando esta fonte. (REN 21, 2010)

1.2.5 - Eólica

Denomina-se energia eólica a energia cinética contida nas massas de ar em movimento

(vento). Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão da energia cinética de

translação em energia cinética de rotação, com o emprego de turbinas eólicas, também

denominadas aerogeradores, para a geração de eletricidade, ou cata-ventos (e moinhos),

para trabalhos mecânicos como bombeamento d’água. Assim como a energia hidráulica,

a energia eólica é utilizada há milhares de anos com as mesmas finalidades, a saber:

bombeamento de água, moagem de grãos e outras aplicações que envolvem energia

mecânica. Para a geração de eletricidade, as primeiras tentativas surgiram no final do

século XIX, mas somente um século depois, com a crise internacional do petróleo

(década de 1970), é que houve interesse e investimentos suficientes para viabilizar o

desenvolvimento e aplicação de equipamentos em escala comercial. (ANEEL, 2005)

18

As turbinas modernas são classificadas em dois grupos: as variedades de eixo horizontal

e as de eixo vertical. As escalas das turbinas variam de tamanho de 100 kW até turbinas

que produzem MW, instaladas juntas em fazendas eólicas que fornecem energia em

voluma para a rede elétrica. As turbinas menores, abaixo de 100 kW, são de uso

doméstico utilizadas em locais remotos sem acesso à rede elétrica em conjunto com

geradores a diesel, baterias e sistemas fotovoltaicos.

Muito do aumento do suprimento da energia renovável no mundo é oriunda da energia

eólica. Dos 4.5 trilhões de KWh do aumento da geração de renováveis num período de

projeção de 2007 – 2035, 1.2 trilhões de KWh (26%) são atribuídos ao vento. (EIA,

2010) e estima-se que o desastre nuclear no Japão e o vazamento de petróleo no Golfo

do México terão um impacto de longo prazo no desenvolvimento da energia eólica.

(WWEA, 2010)

O potencial bruto de energia eólica no mundo é estimado em 500.000 TWh por ano.

Devido à restrições sociais e ambientais, apenas 53.000 TWh (cerca de 10%) são

considerados tecnicamente aproveitáveis. Esse potencial líquido corresponde a quatro

vezes o consumo de eletricidade mundial. (Tabela 2) (ANEEL, 2005)

Tabela 2 – Estimativas do potencial eólico mundial

Região Porcentagem de terra ocupada

Potencial Bruto (TWh/ ano)

Densidade Demográfica

(hab/ km2)

Potencial líquido

(TWh/ ano)

África 24 106.000 20 10.600 Áustralia 17 30.000 2 3.000 América do Norte 35 139.000 15 14.000 América Latina 18 54.000 15 5.400 Europa Ocidental 42 31.400 102 4.800 Europa Oriental & ex-URSS

29 106.000 13 10.600

Ásia 9 32.000 100 4.900 MUNDO 23 498.400 - 53.000

Fonte: GRUBB et al apud In: ANEEL, 2005

A energia eólica possui custos de operação e manutenção insignificantes, mas alto custo

de capital. Aproximadamente 75% to custo total da energia que vem dos ventos é

relativo a custos adiantados como o custo da turbina, fundação, equipamento elétrico e a

19

ligação à rede. As flutuações nos custos de combustíveis não impactam os custos de

geração. Uma turbina eólica é capital intensiva se comparada com tecnologias de

queima de combustíveis fosseis convencionais, como plantas de gás natural, onde entre

40% – 70% dos custos estão relacionados com combustível e com operação e

manutenção (EWEA, 2009).

O uso da energia eólica possui diversas vantagens, dentre as quais se destacam: a não

emissão de CO2 e resíduos nucleares, a possibilidade em se utilizar áreas juntamente

com agronegócio, sem a necessidade de expropriação das terras e o não consumo de

água como elemento motriz ou como fluido de refrigeração.

Entretanto, fontes tradicionais são mais estáveis devido à possibilidade de estocagem de

combustível e material de geração. Também pode produzir ruídos altos impactando o

ecossistema e interferindo na fauna local. As hélices podem interferir nas transmissões

de rádio e televisão como resultado de interferências eletromagnéticas

(TOMALSQUIM, 2003). Além disso, um estudo de 2009 concluiu que cada MW de

energia eólica instalado destrói 4.27 postos de trabalho. (CALZADA ÁLVAREZ et al,

2009).

A Europa apresentou, em termos absolutos, a maior capacidade instalada de eólica no

mundo com 86000 MW em 2010, seguida da Ásia com 61000 MW e da América do

Norte com 44000 MW. No outro extremo, verifica-se a baixa participação da América

Latina (2000 MW), Austrália e Oceania (2400 MW) e África (1000 MW) na geração de

eletricidade por eólica, no ano de 2010 (Figura 4)

Esses dados também mostram que, enquanto a Europa menos que dobrou a capacidade

instalada de 2006 para 2010 (de 47000 MW para 86000 MW, respectivamente), a Ásia

multiplicou em 5.5 vezes sua capacidade eólica instalada no mesmo período (de 11000

MW para 61000 MW).

20

Figura 4 - Instalações acumuladas totais de capacidade eólica (MW), 2006 - 2010

Fonte: Elaboração própria com dados do WWEA, 2010

Além disso, em termos percentuais, a participação da Europa na capacidade instalada

global caiu de 66% para 44% de 2006 para 2010, enquanto que a Ásia apresentou

aumento de 14% para 31% no mesmo período, conforme mostrado na Tabela 3:

Tabela 3- Participação da energia eólica na capacidade instalada global (%)

Fonte: Elaboração própria com dados de WWEA, 2010

Em 2010, pela primeira vez, o as instalações de novas capacidades de energia eólica de

países em desenvolvimento superaram os mercados eólicos tradicionais da OECD

(Organisation for Economic Co-operation and Development). Esse crescimento se deu

principalmente pelo boom econômico da China que, atualmente, é o país com maior

capacidade de energia eólica instalada no mundo. Em uma escala menor, o mercado

0

10000

20000

30000

40000

50000

60000

70000

80000

90000

2006 2007 2008 2009 2010

África

Ásia

Austrália e Oceania

Europa

América Latina

América do Norte

Instalações totais de capacidade eólica (MW)

2006 2007 2008 2009 2010

África 0% 1% 0% 0% 0%

Ásia 14% 17% 20% 26% 31%

Austrália e Oceania 1% 1% 2% 1% 1%

Europa 66% 61% 55% 48% 44%

América Latina 1% 1% 1% 1% 1%

América do Norte 18% 20% 23% 24% 23%

21

eólico indiano impulsionou a produção doméstica e 17 empresas produzem

equipamentos para energia eólica. (WWEA, 2010)

De acordo com IHS (IHS Emerging Energy Research, 2011), a China irá contribuir com

pelo menos 79% dos MW instalados na Ásia e aproximadamente 38% instalados no

mundo até 2025. A Índia irá continuar liderando a segunda frente do mercado eólico

asiático no mesmo período.

22

2 - CAPÍTULO II: POLÍTICAS SUPRANACIONAIS DA UNIÃO EUROPÉIA

PARA INCENTIVO AO USO DE FONTES RENOVÁVEIS NO SETOR DE

ELETRICIDADE

Neste capítulo serão apresentados os principais marcos regulatórios adotados pela União

Européia desde a década de 70, quando ocorreram os choques do petróleo, até o

presente momento. Esses marcos estabelecem estratégias, diretrizes, metas, planos de

ações, etc. a fim de promover o uso de fontes renováveis de energia na geração e

consumo de eletricidade na União Européia.

2.1 - O contexto energético europeu

A União Européia é a segunda maior consumidora de energia do mundo. Em 2009,

cerca de 30% do consumo energético mundial foi atribuído ao bloco. Entretanto, é

bastante pobre em recursos naturais e possui, segundo um relatório da British Petroleum

(British Petroleum, 2010), apenas 0.5% das reservas provadas de petróleo e gás natural.

Por essa razão, é a maior importadora de energia do mundo, onde mais da metade da

energia consumida vem de países não membros do bloco. Essa proporção vem

crescendo ao longo dos anos e sua dependência aumentou de 47% no final dos anos 90

para aproximadamente 55% em 2008 (Tabela 4). A importação de petróleo cru passou,

de 1998 a 2008, de 76% para 84.2% e a de gás natural, de 45.6% para 62.3%. No caso

dos combustíveis sólidos, dentre os quais se encontra o carvão mineral, a principal fonte

na geração de eletricidade da União Européia, as importações passaram de 26.6%

em1998 para 44.9% em 2008.

Tabela 4 - % de dependência energética da UE-27 (% da importação liquida no

consumo bruto) em Mtoe

Fonte: Eurostat, 2010

1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Todos os produtos

46.1 45.2 46.8 47.5 47.6 49.0 50.3 52.6 53.8 53.1 54.8

Combustível sólido

26.6 27.8 30.7 33.8 33.1 34.9 38.1 39.9 41.1 41.5 44.9

Petróleo cru 76.0 73.0 74.5 76.7 75.4 77.7 80.0 81.6 83.2 82.9 84.2 Gás natural 45.6 47.9 48.9 47.3 51.2 52.5 54.0 57.7 60.8 60.3 62.3

23

A segurança no abastecimento de energias primárias da UE-271 pode ser ameaçada se

grandes proporções das importações ficarem concentradas em poucos parceiros, como

tem ocorrido ultimamente. Mais de dois terços (68%) da importação de gás natural da

UE-27 em 2008 vieram da Rússia, Noruega e Argélia. Uma análise similar mostrou que

52.4% das importações de petróleo cru da UE-27 vieram da Rússia, Noruega e Líbia,

enquanto que 51.4% das importações de carvão vieram da Rússia, África do Sul e

Estados Unidos. (Eurostat, 2010)

Na União Européia, os combustíveis fósseis são a principal fonte de geração de

eletricidade. Juntos, o petróleo, o carvão mineral e o gás natural representam

aproximadamente 50% dos combustíveis utilizados no consumo de eletricidade. (Figura

5).

Desde o início dos anos 90, o carvão aparece como a principal fonte com cerca de 30%

de participação no consumo de eletricidade da UE-27. Em segundo lugar, o gás natural,

que contribuía com 200 GWh em 1990, em 2008 apresentou uma participação de 700

GWh no consumo dos Estados- membros.

1 A União Européia é atualmente constituída por 27 países (UE-27), que transferiram parte da

sua soberania e competências legislativas para as respectivas instituições e são eles: Áustria,

Bélgica, Bulgária, Chipre, República Checa, Dinamarca, Estônia, Finlândia, França,

Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países

Baixos, Polônia, Portugal, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Suécia e Reino Unido.

24

Figura 5 - Consumo bruto de eletricidade e energia primária por combustível na

UE-27, 1990–2008

Fonte: EEA, 2011b

A fim de contornar essas questões, desde a década de 70 do século XX, quando

ocorreram os choques do petróleo, a União Européia vem se destacando na implantação

de medidas e políticas a fim de incentivar o uso de fontes renováveis na geração e

consumo nos setores de eletricidade, transportes e aquecimento e refrigeração.

2.2 - Políticas supranacionais da União Européia na promoção de fontes renováveis

de energia

Os objetivos considerados mais relevantes na elaboração das políticas energéticas na

União Européia são (i) a segurança no abastecimento, (ii) a competitividade da

economia e (iii) as questões ambientais.

A competitividade é buscada pela liberalização do mercado europeu de eletricidade e

gás ao separar as atividades de produção, transporte e distribuição. A Comissão

Eólica

Gás

Biomassa

Petróleo

Hidráulica

Carvão

Nuclear

25

Européia visa um único mercado europeu que requer a integração dos mercados

individuais europeus que engloba o mercado das fontes renováveis. (JANSEN, 2003)

A segurança do suprimento se reflete na preocupação gerada pelo aumento da

dependência na importação de energia, principalmente de petróleo e gás, cujas fontes

encontram-se a grandes distâncias da Europa em áreas politicamente instáveis. As

fontes renováveis de energia têm um papel importante na redução da importação de

energia e, por conseqüência, na segurança de abastecimento.

As questões ambientais, por sua vez, estão diretamente ligadas às questões do

aquecimento global e ao cumprimento das metas de redução da emissão dos GEE

estabelecidas em Quioto. O Protocolo de Quioto, adotado em 1997 durante a terceira

seção da Convenção das Partes – COP, entrou em período de vigência em março de

2005. Este protocolo estabelece um compromisso específico de redução de emissões

líquidas de gases de efeito estufa para os principais países desenvolvidos e em

economias de transição (COSTA, 2006).

O primeiro choque do petróleo ocorreu em 1973, devido ao embargo declarado pela

Arábia Saudita em resposta à ajuda militar americana aos israelenses na guerra do Yom

Kippur. Esse embargo elevou o preço do petróleo de US$ 1,77 (1972) para US$ 11,65

(novembro de 1973). Após cinco anos com o preço estabilizado nesse patamar, um novo

choque, agora causado pela Revolução Iraniana que levou à queda do Xá da Pérsia,

elevou o preço do barril a valores superiores a US$ 35,00. (Figura 6)

26

Figura 6 - US$ por barril, 1970 – 2008

Fonte: OECD, 2010

Essas crises levaram vários países a começarem a explorar fontes alternativas de

energia. A dependência energética dos Estados – membros na importação de energia e a

vulnerabilidade às altas dos preços e à possibilidade de escassez conduziram medidas

que visavam à restrição da demanda por energia (especialmente petróleo) e à promoção

de um mix mais diverso de energia. (European Information Association, 2007)

Em 1974, a União Européia lançou o programa de Pesquisa, Desenvolvimento e

Demonstração (RD&D). Este programa consistiu em financiar projetos de pesquisa e

desenvolvimento de tecnologias que tivessem potencial de prover os consumidores com

fontes alternativas de energia em um ambiente altamente dependente de combustíveis

fósseis, reduzindo a vulnerabilidade dos países em situações de escassez de energia.

Em Setembro de 1986, a União Européia divulgou a “Comunicação da Comissão para

orientação comunitária de desenvolvimento de fontes de energia novas e renováveis”

(União Européia, 1986) Segundo esse documento, a principal motivação por trás do

aumento do uso das renováveis era a segurança e o aumento do suprimento de energia.

Preocupações ambientais também foram listadas, juntamente com questões ligadas à

geração de emprego, desenvolvimento industrial, regiões menos favorecidas e

problemas do terceiro mundo (GJØLBERG, 2004).

Em 1993, a União Européia adotou o Programa ALTENER (1993 – 1997) (União

Européia, 1993) que foi substituído em 1998 pelo ALTENER II (1998 – 2002) (União

Preço oficial do Saudi Light Custo de aquisiçao da refinaria do petroleo cru importado (IRAC)

Embargo árabe

Revolução Iraniana

Guerra Irã-Iraque

Fim do preçoadministrado

Iraque invade Kwait

Aumento de quota da OPEP; crise financeira asiática

Redução das metas da OPEP Segunda crise no

Golfo

Aumento da demanda e decolagem da China

Furacões Katrina e Rita no Golfo do México

Aumento da demanda; cortes da Nigéria, Iraque e Mar do

Norte

Preço Nominal Preço Real, em US$ de 1970

27

Européia, 1998). O ALTENER de 1993 foi o primeiro instrumento financeiro adotado

pelo Conselho para promover fontes renováveis de energia ao incentivar investimentos

públicos e privados. Além disso, estabeleceu que a contribuição dessas fontes no

consumo da UE-12 deveria aumentar de 4 % em 1991 para 8 % em 2005. A meta

estabelecida para a capacidade de produção elétrica a partir das fonte renováveis, foi de

8 GW e 25 TWh em 1991 para 27 GW e 80 TWh em 2005 (exceto as grandes centrais

hidroelétricas).

Em 1995, foi divulgado o Livro Branco “Política Energética para a União Européia”

(União Européia, 1995) que estabeleceu uma gama de princípios que deveriam ser

contemplados nos desenhos das políticas energéticas da União Européia. Estas deveriam

ser parte dos objetivos gerais das políticas econômicas da Comunidade baseadas em

integração do mercado, desregulamentação, limitação da intervenção pública,

desenvolvimento sustentável, proteção do consumidor e coesão econômica e social.

(JANSEN, 2003). A política energética deveria visar o aumento da competitividade

econômica da Europa, a segurança de suprimento e contribuir para a realização dos

objetivos mais amplos relacionados à geração de empregos e proteção ambiental,

consagrada como um dos três fatores chave na política energética da União Européia.

Com relação às fontes renováveis, este documento ressalta o esforço da comunidade

européia em desenvolver o potencial de dessas fontes ao “apoiar programas de pesquisa,

estimular a cooperação do desenvolvimento e a disseminação de tecnologias novas e

competitivas, introduzir padrões apropriados para os diversos equipamentos e

estabelecer uma estrutura da Comunidade para incentivos fiscais nacionais e de outras

naturezas a fim de traduzir os avanços tecnológicos em produtos comerciáveis”.

Em 1996, a liberalização do setor elétrico já era um processo em andamento em todos

os Estados – membros da União Européia desde a Diretiva 96/92/EC (União Européia,

1996a) sobre as regras comuns para o mercado de eletricidade interno. (CIARRETA et

al, 2009 ). Até esse momento, em muitos países da União Européia, o estado (central,

regional ou local) ou era o dono de algumas empresas ou detinha o monopólio do setor

elétrico. A liberalização foi concentrada na abertura dos mercados geração e

comercialização, onde os consumidores teriam o direito de gradualmente escolher seus

fornecedores.

28

Essa Diretiva estabeleceu regras comuns para a geração, transmissão e distribuição de

eletricidade e regras para a organização e funcionamento do setor elétrico, acesso ao

mercado, critérios e procedimentos aplicáveis para a convocação de leilões, a concessão

de autorizações e a operação dos sistemas. Era esperado que os serviços de energia

fossem desenvolvidos, que as emissões de gases de efeito estufa fossem reduzidas e que

os preços caíssem devido ao aumento da competitividade.

Com relação às fontes renováveis de energia, esse documento estabeleceu que os

Estados – membros poderiam obrigar o operador do sistema, no momento do despacho

da geração, a dar prioridade aos geradores que utilizassem fontes de energias renováveis

ou de resíduos ou produção combinada de calor e eletricidade.

A primeira política exclusivamente voltada para a promoção das fontes renováveis de

energia foi o Livro Branco “Energia para o Futuro: Fontes Renováveis de Energia”

publicado em 1997. Este documento, assim como outros marcos principais relativos às

fontes renováveis, serão descritos a seguir.

2.2.1 - Os Livros Verde e Branco: ―Energia para o Futuro: Fontes

Renováveis de Energia‖ de 1996 e 1997

O Livro Branco “Energia para o Futuro: Fontes Renováveis de Energia” (União

Européia, 1997) foi publicado em 1997, um ano após o lançamento do Livro Verde

homônimo. (União Européia, 1996b)

O Livro Verde teve por objetivo abrir o debate para as medidas a serem tomadas

relacionadas às fontes renováveis de energia e sugeriu o aumento na contribuição das

renováveis no balanço energético da Comunidade onde sua participação no consumo

energético interno bruto deveria ser de 12% em 2010, o que permitiria a criação líquida

de mais de 500000 postos de trabalho.

Em 1997, a Comissão publicou o Livro Branco que foi direcionado pela necessidade da

descarbonização do setor de energia e pelo aumento da dependência da importação de

29

combustíveis fósseis que girava em torno de 50% naquela época, com estimativas de

aumento para 70% em 2020 e foi considerado um marco na adoção de políticias

públicas para a promoção de fontes renováveis de energia.

Esse documento também comentou sobre a exploração desigual de fontes renováveis de

energia nos diferentes Estados-membros e reconheceu o papel dessas fontes como um

dos passos necessário ao cumprimento das metas de redução de gases de efeito estufa,

que na época estavam em negociação para o Protocolo de Quioto. (COSTA, 2006)

Dessa forma, foi estabelecido um objetivo norteador para a Comunidade onde a

participação de fontes renováveis de energia no consumo bruto de energia deveria

aumentar para 12% até 2010. A produção de eletricidade a partir de fontes renováveis,

por sua vez, deveria ir de 14.3% para 23.5% (Tabela 5).

Tabela 5 - Produção de eletricidade atual e projetada por fontes renováveis (TWh)

para 2010

Fonte: União Européia, 1997

São listadas também as principais medidas relacionadas aos mercados internos que

deveriam ser tomadas em nível naiconal a fim de favorecer o mercado das fontes

renováveis e alcançar o objetivo estabelecido até 2010. Essas medidas eram:

Tipo de Energia TWh % do total TWh % do total

Total 2,366

2,870

(Pré Quioto)

1.. Eolica 4 0.2 80 2.8

2. Total Hidrelétrica 307 13 355 12.4

2.a Grandes hidrelétricas -270 -300

2.b Pequenas -37 -55

3. Fotovoltaicas 0.03 3 0.1

4. Biomassa 22.5 0.95 230 8.0

5. Geotermal 3.5 0.15 7 0.2

Total Energias Renováveis 337 14.3 675 23.5

Atual em 1995 Projetada para 2010

30

Promover o acesso justo da eletricidade oriunda de fontes renováveis ao

mercado elétrico a preços justos;

Medidas fiscais e financeiras como, flexibilização da depreciação dos

investimentos em energias renováveis, tratamento fiscal favorável à terceira

parte financiadora das fontes renováveis, subsídios para novas plantas geradoras,

incentivos financeiros para consumidores na compra de equipamentos e serviços

relacionados à fontes renováveis.

Iniciativas para promoção de bioenergia para transporte, eletricidade e

aquecimento, sendo o incentivo ao uso de biogás direcionado para o setor

elétrico

Melhora na regulação da construção civil impactando no planejamento de

cidades e países, ao incentivar o uso de energia solar para diversos fins.

Nele também foram estimados os potenciais de exploração de cada uma das fontes

renováveis, e foram pontuados os planos de ação para cada Estado-membro no

desenvolvimento dessas fontes.

Com relação à energia eólica, este documento sugere a montagem de parques eólicos

com capacidade de 10000 MW, num primeiro momento, que representaria 25% da meta

estabelecida para 2010 (40 GW). Ele comenta sobre a competitividade desta tecnologia

e sobre seu potencial principalmente offshore, mas destaca a necessidade de se criar um

ambiente de acesso justo às redes dos geradores eólicos.

2.2.2 - A Diretiva relativa à promoção da eletricidade produzida a partir de

fontes de energia renováveis no mercado interno da eletricidade de

2001

A Diretiva relativa à promoção da eletricidade produzida a partir de fontes de energia

renováveis no mercado interno da eletricidade (2001/77/CE) (União Européia, 2001)

segue o Livro Branco de 1997 que estabeleceu o objetivo de que as energias renováveis

teriam que representar 12% do consumo nacional bruto de energia na UE-15 para o ano

de 2010 e a eletricidade gerada a partir dessas fontes, 22,1%. Em 2004, quando oito

países da Europa Central e Oriental (Estônia, Eslováquia, Eslovênia, Hungria, Letônia,

31

Lituânia, Polônia e República Checa) aderem à União Européia, o objetivo global da

UE - 25 passava a ser 21%.

Essa Diretiva afirma que as fontes renováveis de energia são subutilizadas na União

Euorpéia e reconhece a necessidade de promovê-las para contribuir à proteção do meio

ambiente, geração de empregos, coesão social, segurança no suprimento e nos objetivos

do Protocolo de Quioto sobre a redução das emissões dos gases de efeito estufa,

constituindo-se uma parte importante das medidas necessárias para cumprir os

compromissos feitos pela União Européia nesse acordo.

Esse documento estabeleceu metas para cada Estado-membro em relação ao consumo

de eletricidade a partir de fontes renováveis (apresentadas na Tabela 6); e, comentava a

necessidade da simplificação dos procedimentos nacionais para autorização dessas

fontes e da garantia de acesso à rede dos produtores de energia renovável. Além disso,

determinava que cada Estado-membro estabelecesse um sistema de garantias de origem

da energia renovável. (COSTA, 2006)

Ela não incluí, entrentato, quais instrumentos políticos seriam favoráveis, deixando a

cargo dos Estados – membros decidir sobre qual mix de instrumentos seria mais

interessante para estimular as fontes renováveis de energia.

Tabela 6- Valores de referência para a determinação das metas indicativas

nacionais relativas a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis de

energia

32

Além disso, esta Diretiva comenta sobre a avaliação dos marcos legais e regulatórios

existentes aplicáveis a centrais geradoras de eletricidade, de forma a reduzir barreiras à

entrada, reduzir a burocracia e assegurar clareza e transparência.

2.2.3 - Livro Verde: ―Estratégia Européia para uma energia sustentável,

competitiva e segura‖ e Roteiro para Energias Renováveis de 2006

No Livro Verde “Estratégia Européia para uma energia sustentável, competitiva e

segura” (COM(2006) 105) (União Européia, 2006a), a Comissão propõe uma política

energética européia comum que permita a Europa enfrentar desafios de (i) suprimento,

coordenando melhor a oferta e demanda de energia dentro de um contexto internacional,

(ii) sustentabilidade, ao atuar ativamente no combate às mudanaças climáticas ao

incentivar fontes renováveis de energia e (iii) competitividade, ao melhorar a eficiência

da rede européia de energia criando um mercado interno verdadeiramente competitivo.

No âmbito das fontes renováveis, comenta sobre o grande potencial de crescimento que

deve ser apoiado por uma estrutura política que estimule o aumento da competitividade.

Eletricidade de

fontes renováveis

(TWh) 1997

Eletricidade de

fontes renováveis

1997 %

Eletricidade de

fontes renováveis

2010 %

Bélgica 0,86 1,1 6

Dinamarca 3,21 8,7 29

Alemanha 24,91 4,5 12,5

Grécia 3,94 8,6 20,1

Espanha 37,15 19,9 29,4

França 66 15 21

Irlanda 0,84 3,6 13,2

Itália 46,46 16 25

Luxemburgo 0,14 2,1 5,7

Países Baixos 3,45 3,5 9

Áustria 39,05 70 78,1

Portugal 14,3 38,5 39

Finlândia 19,03 24,7 31,5

Suécia 72,03 49,1 60

Reino Unido 7,04 1,7 10

Comunidade 338,41 1 3,90% 22%

33

O “Roteiro Energias Renováveis no Século XXI: construir um futuro mais sustentável”

(COM(2006) 848) (União Européia, 2006b) que se seguiu ao Livro Verde de 2006 faz

parte da “Strategic European Energy Review” que visa reduzir as emissões de gases de

efeito estufa e aumentar a garantia do suprimento energético. Esse documento

estabeleceu uma visão de longo prazo das fontes de energia renováveis na União

Européia, uma vez que os objetivos estabelecidos em no Livro Branco de 1997 e

corroborados pela Diretiva de 2001 (12% de participação de fontes renováveis no

consumo nacional bruto de energia) não seriam alcançados. Algumas razões são

elencadas abaixo para tal resultado:

O elevado custo de investimento e a não inclusão de custos externos nos

preços confere vantagens aos combustíveis fósseis frente aos renováveis;

Descriminação no acesso à rede;

Informação assimétrica para fornecedores, clientes e instaladores.

Neste documento, a Comissão estabeleceu um objetivo obrigatório de 20% para a

participação das fontes renováveis no consumo de energia até 2020 para os setores de

eletricidade, biocombustíveis e aquecimento e resfriamento.

Para o setor de eletricidade, como já discutido anteriormente, de acordo com a Diretiva

de 2001, todos os Estados-membros adotaram metas nacionais para a proporção do

consumo de eletricidade oriunda de fontes renováveis de energia. Se todos os Estados-

membros alcançassem esse objetivo, 21% do consumo de eletricidade da União

Européia seriam produzidos de fontes renováveis até 2010. Entretanto, apesar de alguns

Estados-membros estarem no caminho de cumprir as metas, a maioria dos Estados

estava atrasada o que levaria a União Européia a gerar 19% da eletricidade de fontes

renováveis até 2010. (IEA, 2011a)

Apesar do objetivo global para a eletricidade não ter sido totalmente alcançado, a

energia eólica, em particular, ultrapassou a meta de 40 GW para 2010 estabelecida em

1996. Por essa razão, a EWEA (European Wind Energy Association) ajustou a meta

para 75 GW em 2010.

34

Especificamente para a energia eólica, em Outubro de 2006 foi lançada a Plataforma

Européia Tecnológica para Energia Eólica. Essa iniciativa visou desenvolver e

implementar uma visão comum para determinado setor ou área tecnológica ao desenhar

um programa de longo prazo para a pesquisa e desenvolvimento tecnológico numa certa

plataforma tecnológica.

Em 2007, os líderes da União Européia aprovaram uma abordagem integrada para as

políticas climáticas e energéticas e se comprometeram a transformar a Europa em uma

economia de baixo carbono, altamente eficiente energeticamente. (European Comission,

2011). Essa abordagem reiterou o compromisso acordado de 20% de energias

renováveis até 2020.

Seu objetivo era combater as mudanças climáticas e impulsionar a segurança energética

e competitividade européia.

Reduzir a emissão de GEE em ao menos de 20% (comparado aos níveis

de 1990) até 2020;

Aumentar a eficiência energética em 20% até 2020;

Aumentar a participação das energias renováveis para 20% até 2020

Aumentar o nível de bicombustíveis no setor de transporte em 10% até

2020

Em 2008, a Comissão Européia propôs uma estrutura legal para as renováveis na União

Européia, incluindo a distribuição dos 20% entre os Estados – membros e planos de

ação nacionais contendo metas para os setores de eletricidade, aquecimento e

refrigeração e transporte. A fim de alcançar a meta de 20% para as fontes renováveis, a

Comissão espera que 34% da eletricidade venham de fontes renováveis até 2020 e

acredita que a energia eólica possa contribuir com 12% da eletricidade da União

Européia até 2020. (Wind Facts, 2009)

Esses acordos vêm sendo implementados através de um pacote de legislações.

35

2.2.4 - Diretiva "Promoção do uso de energia a partir de fonte renováveis‖

de 2009

A Diretiva “Promoção do uso de energia a partir de fonte renováveis” de abril de 2009

(2009/28/EC) (União Européia, 2009) revogou as Diretivas de 2001 (União Européia,

2001) e de 2003 sobre biocombustíveis (2003/30/EC) e continua atualmente em vigor.

Essa Diretiva confirmou a meta global estabelecida no Roteiro de 2006 de 20% de

participação das fontes renováveis na matriz energética da União Européia até 2020.

Além disso, a melhora da eficiência energética é um objetivo chave e visa alcançar 20%

de aumento até 2020.

Ela estabeleceu objetivos obrigatórios para os Estados – membros da União Européia

para a participação das fontes renováveis de energia no consumo bruto final de energia

até 2020 (Tabela 7). Nacionalmente, os Estados-membros deveriam desenvolver e

submeter seus Planos de Ação Nacionais as Energias Renováveis (NREAP),

estabelecendo metas para os setores de transporte, eletricidade e aquecimento e

resfriamento para 2020 e uma trajetória de como os países deveriam alcançá-los.

Tabela 7 - Objetivos nacionais para a % de participação das fontes renováveis de

energia no consumo final bruto em 2010

36

Fonte: União Européia, 2009

Em 2011, a Comunicação “Energias Renováveis: Progredindo em direção ao objetivo

de 2020” (COM(2011) 31) (União Européia, 2011) apresentou um panorama do setor

das energias renováveis na Europa. Esse estudo apresentou os seguintes resultados:

Países com progresso já realizado entre 67% - 100% para a meta de 2020:

Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Hungria, Irlanda, Holanda, Suécia;

Pariticipação de

energia de fonte

renováveis no consumo

final bruto de energia ,

2005

Objetivo de energia de

fonte renováveis no

consumo final bruto de

energia , 2020

Bélgica 2,2 % 13 %

Bulgária 9,4 % 16 %

República Tcheca 6,1 % 13 %

Dinamarca 17,0 % 30 %

Alemanha 5,8 % 18 %

Estônia 18,0 % 25 %

Irlanda 3,1 % 16 %

Grécia 6,9 % 18 %

Espanha 8,7 % 20 %

França 10,3 % 23 %

Itália 5,2 % 17 %

Chipre 2,9 % 13 %

Letônia 32,6 % 40 %

Lituânia 15,0 % 23 %

Luxemburgo 0,9 % 11 %

Hungria 4,3 % 13 %

Malta 0,0 % 10 %

Países Baixos 2,4 % 14 %

Áustria 23,3 % 34 %

Polônia 7,2 % 15 %

Portugal 20,5 % 31 %

Romênia 17,8 % 24 %

Eslovênia 16,0 % 25 %

República Eslovaca 6,7 % 14 %

Finlândia 28,5 % 38 %

Suécia 39,8 % 49 %

Reino Unido 1,30% 15%

37

Países com progresso já realizado entre 34% - 66% para a meta de 2020:

Bulgária, Rep. Checa, Lituânia, Polônia, Portugal e Espanha;

Países com progresso já realizado entre 0% - 33% para a meta de 2020: Áustria,

Chipre, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Itália, Letônia, Malta, Luxemburgo,

Romênia, Eslováquia, Eslovênia e Reino Unido

Esse documento afirma que os objetivos para 2020 podem ser alcançados, e até

superados, se os Estados-membros implementarem integralmente seus planos de ação e

se os instrumentos de financiamento forem melhorados. Também salienta a necessidade

da maior cooperação entre os Estados-membros e uma melhor integração das energias

renováveis dentro de um único mercado europeu de energia. Ele estima que a adoção de

tais medidas poderiam levar a uma economia de € 10 bilhões anualmente.

38

3 - CAPÍTULO III – INSTRUMENTOS DE POLÍTICA PARA O INCENTIVO DE

ENERGIAS RENOVÁVEIS

A fim de assegurar o desenvolvimento das tecnologias de energias renováveis, o

envolvimento do governo é e essencial na fase inicial para protegê-las da competição

direta com as tecnologias convencionais. Sem esse apoio, as forças do mercado agindo

sozinhas resultariam na difusão limitada das fontes renováveis em alguns poucos nichos

de mercado. A difusão não seria suficiente para que essas tecnologias se beneficiassem

dos efeitos da aprendizagem dinâmica e se tornarem competitivas com as tecnologias

existentes. (MENANTEAU et al, 2003)

As políticas energéticas são a maneira e a estratégia de um país na qual uma dada

entidade (freqüentemente o governo) decide tratar de questões relacionadas ao

desenvolvimento energético juntamente com o desenvolvimento da indústria de energia

a fim de manter seu crescimento, incluindo produção, distribuição e consumo. Os

atributos das políticas energéticas podem incluir dimensões legislativas, tratados

internacionais, incentivos ao investimento, a meta de um país para a geração de energia,

diretrizes para a conservação de energia, estratégias para estimular a indústria de

energia, tributação e outras técnicas assim como o foco nas novas (usualmente

renováveis) fontes de energia. (SAIDUR et al, 2010)

Diferentes padrões de portfólio de renováveis nos diferentes países possuem variações

consideráveis nos objetivos da política e em seu desenho. A maior parte dos objetivos

das políticas visa facilitar a diversificação dos mixes de geração de eletricidade,

aumentar a implementação de renováveis, reduzir a dependência dos Estados nos

combustíveis fosseis e ajudar as fontes de energia renováveis a tornarem-se mais

competitivas em custo quando comparadas às fontes convencionais. (CARLEY, 2009)

Devido às diferentes naturezas dos vários esquemas de políticas, os efeitos destes

instrumentos no desenvolvimento tecnológico, a difusão do mercado de fontes

renováveis e a evolução dos custos de geração assim como os custos para a sociedade

diferem significantemente. (RAGWITZ et al, 2006)

39

As novas tecnologias são obrigadas a competir com as tecnologias convencionais de

geração de energia. Dentre outras dificuldades, as energias renováveis são muito

intensivas em capital, necessitam mobilizar efeitos de produção em massa ao invés de

efeitos de economia de escala devido as limitações de seu tamanho e, em alguns casos, a

impossibilidade de gerar energia de uma forma contínua. (MENANTEAU et al, 2003)

3.1 - Instrumentos de política para promoção de energias renováveis

Os instrumentos de política utilizados pelos países a fim de incentivar e desenvolver as

tecnologias de energia renováveis nascentes são classificados em diretos e indiretos. Os

instrumentos de política diretos podem ser medidas financeiras ou de regulação e visam

estimular a instalação de tecnologias de fontes renováveis de energia imediatamente. Os

instrumentos indiretos são ações tomadas em outros setores que podem influenciar o

uso de energias renováveis. A Tabela 8 mostra um resumo dos instrumentos diretos,

mais freqüentemente utilizados na União Européia.

Tabela 8 - Classificação dos instrumentos diretos de promoção das fontes de

energia renováveis

Mecanismos baseados em preço Mecanismos baseados em quantidade

Tarifa feed-in Sistema de Cota/ Certificados Verdes

Prêmio feed-in Sistema de leilão

Incentivos fiscais

Subsídios para investimento

Fonte: Elaboração própria

Nos sistemas baseados em preço, os geradores de eletricidade a partir de fontes

renováveis de energia recebem um apoio financeiro em termos de subsídio por kW de

capacidade instalada ou pagamento por kWh produzido e vendido.

Nos mecanismos baseados em quantidade, os produtores são obrigados pelo governo a

produzirem uma parte de energias renováveis que é fixa pelo governo. Esse apoio é

determinado através de mecanismos de competição. Dois diferentes mecanismos

40

operam no presente: os sistemas de cotas de certificados verdes (RPS - Renewable

Portfolio Standards) e os sistemas de leilão (CIARRETA et al, 2010).

A seguir, será dada uma breve descrição destes mecanismos.

3.1.1 - Tarifa feed – in

Esse sistema permite que geradores independentes de eletricidade vendam seus produtos

a uma tarifa fixa por um período determinado de tempo. A principal vantagem desse

sistema é a certeza em longo prazo de um recebimento fixo que reduz os riscos de

investimentos. Os custos de capital para investimentos em energias renováveis

observados em países que adotaram esse esquema provaram ser significantemente

menores do que em países que adotaram outros instrumentos que envolvem riscos

maiores no retorno futuro dos investimentos. (Ecofys, 2011) Outra vantagem é a

possibilidade da difusão de mercados recentes de tecnologias menos maduras.

Entretanto, Ragwitz (RAGWITZ et al, 2004) destaca que esse sistema foi freqüentemente

criticado por não estimular a competição entre os geradores de eletricidade a um grau

suficiente capaz de diminuir os custos de investimentos das tecnologias renováveis.

A fim de classificar uma tarifa como sendo feed – in, o instrumento deve conter pelo

menos as duas características seguintes: uma obrigação de compra e um pagamento de

tarifa estável garantido por um longo período de tempo. Primeiro, a obrigação de

compra obriga o operador de rede mais próximo a comprar toda a eletricidade de fonte

renovável – independente da demanda de eletricidade. Em segundo lugar, ao produtor

de energia renovável é garantida uma certa quantia de dinheiro por unidade de

eletricidade que é produzida. Em terceiro lugar, esse pagamento é garantido por um

longo período de tempo (de 15 a 20 anos), o que aumenta a segurança no investimento e

permite a amortização do custo (JACOBS, 2010).

Essa tarifa é regulada pelo governo federal ou provincial. Esse mecanismo mostrou-se

um dos mais efetivos no início da produção e da adoção das energias renováveis ao

41

recompensar pequenos e médios produtores assim como produtores de escala industrial

de energia verde. (SAIDUR et al, 2010)

No caso simples da adoção de uma tarifa uniforme, todos os produtores que

apresentarem uma curva de custo marginal inferior à tarifa estabelecida pelo feed-in

terão um pagamento adicional representado pela diferença entre a tarifa p e o ponto

equivalente da curva do custo marginal. Em uma análise estática, esta representa uma

renda diferencial que pode ser garantida aos produtores que, no caso da energia eólica,

instalem seus projetos de melhor potencial eólico (locais estes melhores do que aqueles

calculados para definição da tarifa). Esta renda diferencial é representada pela área

(cAp) que está entre a curva dos custos marginais (Cm) e a tarifa p. (DUTRA, 2007)

(Figura 8)

Figura 7 – Sistema Feed-In: Tarifas fixas

Fonte: DUTRA, 2007

Esse sistema está sendo utilizado pelos seguintes países: França, Alemanha, Espanha,

Grécia, Irlanda, Luxemburgo, Áustria, Hungria, Portugal, Bulgária, Chipre, Malta,

Lituânia, Letônia e Eslováquia.

42

3.1.2 - Prêmio feed-in

Nesse esquema, um prêmio garantido é pago aos produtores adicionalmente à renda que

eles recebem da venda da eletricidade de fontes renováveis no mercado elétrico.

Ele fornece um retorno seguro adicional para os produtores, enquanto são expostos ao

risco dos preços da eletricidade. Quando comparada à tarifa feed-in, o prêmio oferece

menos garantia aos investidores aumentando os valores dos prêmios de risco e o custo

total do capital. O nível dos prêmios é baseado nas expectativas futuras em relação aos

custos de geração da eletricidade de fontes renováveis e à renda média do mercado

elétrico. Esse sistema aumenta o risco de indução de custos adicionais para a sociedade

e lucros extraordinários para os produtores quando os custos são superestimados ou

quando os preços da eletricidade e taxas de crescimento são subestimadas pelos

responsáveis pelas diretrizes políticas. (Ecofys, 2011)

Esse sistema tem ganhado espaço nos últimos anos e esta sendo utilizado na Dinamarca

e Países Baixos. Na Espanha, República Tcheca, Estônia e Eslovênia, os prêmios

existem em paralelo com os sistemas de tarifa feed-in. Esses países introduziram a

possibilidade de escolha entre tarifas feed-in e prêmios para uma seleção de tecnologias.

(Ecofys, 2011)

3.1.3 - Sistema de Cotas/Certificados Verdes

Esquemas de cotas baseados em certificados verdes negociáveis se tornaram um

instrumento de política bastante popular para promover a expansão de geração elétrica

de fontes renováveis de energia e foi adotado por diversos países como Suécia,

Inglaterra, Itália e Bélgica, Romênia e Polônia.

Em países com obrigações de cotas, os governos através de mecanismos legais obrigam

fornecedores (lado da oferta) ou usuários (lado da demanda) a prover uma certa

porcentagem de eletricidade de fontes renováveis até um dado ano.

Nesse sistema, os valores das energias renováveis da geração são separados da

eletricidade subjacente. Essa separação de valores é aplicada a “certificados” que

43

representam o valor da eletricidade de fontes renováveis num dado período. Esses

certificados são utilizados para rastrear o cumprimento das metas e são comercializados

entre fornecedores de eletricidade.

A venda dos certificados garante aos produtores de eletricidade de fontes renováveis um

valor adicional em relação ao valor da venda da eletricidade no mercado. (COSTA,

2006). Além disso, os fornecedores que não conseguem ou decidem não instalar sua

própria capacidade de geração renovável pode cumprir sua obrigação ao comprar

certificados de algum fornecedor que tenha excedente. (GIPE, 2006)

Uma vantagem desse sistema quando comparado à tarifa feed-in e ao sistema de prêmio

é o fato de que o suporte é automaticamente eliminado uma vez que a tecnologia torna-

se competitiva. Quando os custos das tecnologias renováveis diminuem através de

aprendizado, há o ajuste do preço dos certificados. Por outro lado, isso pode ser um

desafio para plantas já em operação que não se beneficiaram de aprendizado

tecnológico. A incerteza sobre o preço corrente e futuro dos certificados aumenta os

riscos financeiros dos investidores e tem um impacto negativo na disposição para

investir. Já que os produtores não vendem somente sua eletricidade no mercado, mas

também seus certificados, o risco do mercado dos certificados é adicionado ao risco do

mercado elétrico aumentando o risco do capital. Como esses custos são geralmente

transferidos para os consumidores, os custos sociais do suporte à eletricidade renovável

geralmente são maiores do que nos esquemas de tarifa feed-in e prêmios feed-in.

(Ecofys, 2011)

3.1.4 - Sistema de Leilão

Consiste em um processo de leilão organizado pelo regulador ou autoridade em que

uma quantidade de eletricidade a ser produzida de fontes renováveis é previamente

definida. A competição foca o preço do kWh proposto durante o processo de licitação.

As propostas são classificadas em ordem crescente de custo ate que toda a quantidade

seja contratada. Cada gerador selecionado é premiado com um contrato de longo termo

para fornecer eletricidade ao preço final do leilão.

44

O custo marginal (Pout) é o preço pago pelo último projeto selecionado que permite a

quantidade Qin ser alcançada (Figura 8) . Os subsídios implícitos atribuídos a cada

gerador correspondem ao preço de compra e o preço de atacado do mercado.

Figura 8 – Sistema de leilão competitivo

Fonte: MENANTEAU et al., 2003

O custo geral de alcançar o objetivo é dado pela área situada abaixo da curva de custo

marginal. Neste caso, os produtores não recebem nenhuma renda diferencial como na

possibilidade apresentada no sistema de tarifa feed-in. (MENANTEAU et al., 2003)

Por outro lado, esse sistema desestimula o desenvolvimento tecnológico. Segundo

Dutra (DUTRA, 2007), quando ocorre um desenvolvimento tecnológico deslocando a

curva dos custos marginais, os máximos preços praticados antes do desenvolvimento

tecnológico são automaticamente substituídos por preços menores. Este processo

cancela automaticamente o potencial de renda extra proveniente do desenvolvimento

tecnológico.

Esse sistema direciona dois elementos de desenvolvimento: acesso e preço. Ao premiar

um contrato de longo prazo, a instituição ofertante fornece acesso e pagamento baseado

na proposta vencedora. (GIPE, 2006)

Podem existir leilões separados por tipos de tecnologias e as empresas de energia são

obrigadas normalmente a comprar a eletricidade pelo preço proposto pelo ganhador do

contrato (às vezes apoiado por um fundo governamental). Esse mecanismo foi utilizado

no Reino Unido, França.

Quantidade

Preço

45

3.1.5 - Incentivos aos investimentos

Estabelece um incentivo como uma porcentagem sobre os custos totais ou como uma

quantia pré definida de € por kW instalado. O nível de incentivo é usualmente

especifico para casa tecnologia. (RAGWITZ et al,2006)

A principal vantagem desse mecanismo é reduzir o montante de capital inicial próprio

necessário para iniciar o projeto. (DUTRA, 2007)

3.1.6 - Incentivos fiscais

São instrumentos de política flexíveis e poderosos que incluem um dado nível de

subsidio ou dedução de impostos para promover o desenvolvimento de tecnologias em

expansão, como reembolso de taxas para eletricidade verde; redução de impostos;

benefícios fiscais para aqueles que investirem em fontes de energia renovável; que

criam uma fonte de renda (custo evitado) para o projeto ao longo do período do

benefício fiscal.

Geralmente são utilizados como complementos a outros tipos de políticas e, por essa

razão, é difícil avaliar os resultados desse instrumento na promoção das fontes

renováveis. (ANDREEA, 2009)

46

4 - CAPITULO IV – A EXPERIÊNCIA ALEMÃ NO DESENVOLVIMENTO DE

ENERGIA EÓLICA DE 1989 AOS DIAS DE HOJE

As políticas de energias renováveis na Alemanha começaram em 1974, após a primeira

crise do petróleo. (SAIDUR et al, 2010). Por uma década e meia, essa política consistiu

em quase que exclusivamente na promoção de pesquisa de treinamento de pessoal para

o desenvolvimento de protótipos e produção de laboratório. Em 1974, o gasto anual

começou em € 10 milhões, atingiu seu ápice em 1982 com € 153 milhões e declinou

até seu ponto mínimo em 1986 com € 83 milhões. Um exemplo do resultado de tais

investimentos é que ao final dos anos 80, turbinas eólicas confiáveis, que já haviam

passado pelo estágio de protótipo, estavam disponíveis na Alemanha.

Os principais marcos regulatórios adotados pelo governo alemão a partir do final da

década de 80 e que foram responsáveis pela rápida difusão das fontes renováveis, em

especial da capacidade eólica, são o objetivo deste capítulo e serão apresentados a

seguir.

4.1 - Principais marcos regulatórios e instrumentos adotados na Alemanha para

promoção de energia eólica – 1989 a 2010

4.1.1 - O Programa 100/ 250 MW

O “Programa Eólico 100 MW”, que foi iniciado em Junho de 1989 e estendido para

“Programa Eólico 250 MW” em fevereiro de 1991, fornecia subsídios para a instalação

e operação de turbinas eólicas.

O principal objetivo do programa foi aumentar a implantação de energia eólica na

Alemanha e obter dados estatísticos da operação prática dessas turbinas. Durante um

período de 10 anos, turbinas eólicas de um grande número de diferentes fornecedores

foram instaladas e testadas em vários locais e para uma variedade de aplicações.

47

Os fatores chave para a aprovação dos projetos eólicos eram a maturidade tecnológica

dos tipos de equipamentos, a necessidade da demonstração dos projetos em locais

relevantes, a estrutura de gestão e o potencial de inovação. (HEMMELSKAMP, 1998)

A avaliação contínua e a publicação dos resultados desse programa apoiaram o

desenvolvimento posterior da tecnologia eólica e sua integração com o fornecimento de

energia alemão.

O programa forneceu subsídios de investimentos de € 102 por kW. Além disso, foram

fornecidos subsídios de até 60% do total do investimento até o máximo de € 46000.

Alternativamente, o programa forneceu prêmios de € 0.041 até 1991 e € 0.031 após

1991 baseados na operação para cada kWh alimentado na rede pública por um período

de 10 anos. Esses prêmios eram somados à remuneração dos projetos eólicos que os

operadores recebiam das concessionárias de energia pela sua produção de eletricidade.

Após a Lei Feed-In de Eletricidade, que estabeleceu um esquema maior de remuneração

para energia eólica em Dezembro de 1990, o prêmio de operação foi reduzido para €

0.031 em 1991. (LANGNISS, 2006)

Ele foi muito importante para reduzir a distância entre a pesquisa pura e aplicada, apoiar

a implantação no mercado propriamente dita e colocar a Alemanha na liderança do

desenvolvimento desta tecnologia.

4.1.2 - A Lei Feed In de Eletricidade de 1991

A primeira lei de feed-in real na Alemanha foi a Stromeinspeisungsgesetz (StrEG)

introduzida em 1990 e iniciada em 1991, também conhecida como a Lei Feed-In de

Eletricidade. Essa lei foi a progenitora do desenvolvimento da energia eólica na

Alemanha em 1991.

Esse esquema estabeleceu que empresas de fornecimento públicas comprassem

eletricidade gerada de renováveis a 90% do preço médio da eletricidade cobrada aos

consumidores finais do ano anterior. (BUTLER et al, 2008)

48

Essa tarifa assegurava um negócio lucrativo para geradores de energia eólica situados

em boas localidades, mas não foi suficientemente alta para permitir plantas solares

fotovoltaicas para operar lucrativamente nem incluiu tarifas garantidas para outras

fontes de energias renováveis, como a biomassa. Como a tarifa era calculada em

sistema de porcentagem, quando houve a liberalização do setor em 1998 e os preços da

eletricidade caíram, simultaneamente houve redução da renda dos produtores de

energias renováveis. (E-Parliament, 2011).

Ademais, quando a Lei Feed-in de Eletricidade começou a ter impacto na difusão das

turbinas eólicas, as grandes empresas de energia atacaram tanto politicamente, quando

juridicamente, refletindo mais do que a pura oposição à geração de menor escala e

descentralizada. Primeiramente, nenhuma provisão foi feita para repartir

equitativamente os encargos da lei em termos geográficos, o que só veio a ocorrer em

2000. Em segundo lugar, as concessionárias estavam marcadas pela experiência de

subsídios impostos politicamente para o carvão utilizado na geração de eletricidade.

(JACOBSSON, 2006)

Mesmo assim, esses incentivos estimularam a formação de mercados e levaram à

expansão da energia eólica de 20 MW em 1989, para mais de 1,100 MW em 1995.

(MEZ, 2004)

Em 1997, o Código de Construção Federal incluiu turbinas eólicas como “projetos de

construção privilegiados” e representa um ponto chave na regulação para o

desenvolvimento da energia eólica na Alemanha. Ao categorizada como “projetos

privilegiados”, as autoridades locais devem designar prioridades específicas ou zonas

específicas para projetos eólicos. Entretanto, elas também podem restringir construções

a zonas específicas. (GWEC, 2006)

Em 1998, a Alemanha formulou um objetivo nacional para a penetração das fontes

renováveis de energia. O objetivo era:

Dobrar a participação das fontes renováveis no consumo de energia primário de

2 para 4% até o ano de 2010;

49

Aumentar a participação das fontes renováveis no consumo de energia primário

para 25% até 2030 e para 50% em 2050;

Dobrar a participação das fontes renováveis na produção de eletricidade de 5

para 10 % até 2010

4.1.3 - Lei das Energias Renováveis de 2000

A Lei Feed-In de Eletricidade foi modificada em diversas maneiras em Abril de 1998

com a adoção do Energy Supply Industry Act e em 2000, com o Erneuerbare-Energien-

Gesetz (Lei das Energias Renováveis), também conhecido como o Ato de Fontes

Renováveis de Energia (Renewable Energy Sources Act) introduzido em resposta a

liberalização do mercado de eletricidade alemão em 1998 e devido a vários problemas

com a Lei Feed-In de Eletricidade. Essa Lei representou uma atualização, refinamento

e substituição da política energética alemã. (E-Parliament, 2011)

Essa nova lei contemplava várias fontes de energia como a eólica, fotovoltaica,

geotermal, pequenas hidrelétricas (< 5 MW) e certas formas de plantas de biomassa. A

eletricidade gerada de parques eólicos offshore, geotérmicas e de gás de minas também

foi coberta.

Esse documento seguiu as diretrizes do Livro Branco de 1997 que estipulou para o país

aumentar de 4.5% (em 1997) para 12.5% a participação de tecnologias renováveis na

geração de eletricidade até 2010.

Esse Ato suprimiu a Lei Feed-In de Eletricidade de 1990, mas manteve a característica

essencial: tarifas feed-in para estimular o desenvolvimento de eletricidade de fontes

renováveis. (MEZ, 2004)

Ela criou um marco legal e econômico estável capaz de sustentar o crescimento das

renováveis no setor de eletricidade, garantindo a conexão de todos os produtores de

eletricidade de fontes renováveis de energia à rede elétrica, assim como permitia que

eles se “alimentassem” e vendessem a eletricidade por um período de 20 anos pelas

taxas mínimas especificada no Ato. (HINRICHS-RAHLWES et al,2009)

50

Se algum produtor tivesse interesse em alimentar a rede com eletricidade renovável, o

operador de rede era obrigado a otimizar, estimular e expandir a rede de acordo com a

melhor tecnologia disponível a fim de garantir a compra, transmissão e distribuição da

eletricidade. (§ 9 par. 1 EEG). O operador de rede era obrigado a expandir sua rede,

caso fosse economicamente viável, de forma a permitir a conexão das instalações

planejadas ao ponto mais próximo e mais adequado econômica e tecnicamente.

Além disso, o operador que se encontrasse mais próximo da localização da instalação da

fonte tinha a obrigação de pagar pela tarifa. A eletricidade de uma fonte renovável

deveria ser transportada e cobrada do consumidor final e os preços pagos eram baseados

em um esquema de preço fixo combinado com o decréscimo do elemento do preço.

A Lei das Energias Renováveis mudava a obrigação do acesso à rede das plantas

renováveis e o pagamento da eletricidade a um preço prêmio das concessionárias de

energia para os operadores de rede. (IEA, 2011b)

No caso da eólica, para instalações que datavam de 2000 ou 2001, essa tarifa foi

estabelecida em 9.1 c/ kWh pelos primeiros 5 anos de operação e em 6.19 c/ kWh para

os 15 anos subseqüentes. Para os primeiros anos de operação, isso significou um

aumento de mais de 10% da taxa aplicada no sistema anterior em 1998 e 1999.

(HIRSCHL et al., 2002 apud In: JACOBSSON, 2006). A tarifa também variava com a

qualidade da localização das plantas e com a performance da turbina.

Para turbinas instaladas em 2002, essa tarifa seria 1.5% mais baixa, com um declínio

contínuo a uma taxa anual (somente para novas instalações) para os anos subseqüentes,

reforçada pela inflação, já que as taxas não estavam ajustadas para considerar essa

variável. (STAISS, 2003 apud in: JACOBSON).

Em 21 de julho de 2004 a Lei das Energias Renováveis passou por uma revisão onde

novas fontes de energias renováveis foram incluídas. A Alemanha também se

comprometeu a aumentar a participação das energias renováveis no total da capacidade

de fornecimento para 12.5% em 2010 e 20% ao menos em 2020. As tarifas passaram

51

para €0.0539 por kWh de eletricidade gerada por eólica e €0.5953 para eletricidade

solar de pequenos sistemas. (E-Parliament, 2011)

Em Dezembro de 2006 começou a vigorar o “Infrastructure Planning Acceleration Act”

para conexão de geradores eólicos offshore à rede. Esse Ato “obriga os operadores da

rede a assegurar a conexão à rede para todas as plantas eólicas offshore para construções

que tenham começado antes de 31 de Dezembro de 2011. Nesta ata, as fazendas eólicas

offshore com uma produção de 1500 MW poderiam ser instaladas e a capacidade de

produção deveria ter expandido suficientemente para permitir níveis altos de

crescimento anual regular de 2011 em diante”. Esse Ato se deveu ao fato de mais de

30% dos custos das fazendas eólicas offshore serem de conexão à rede. (ALBERS,

2007)

Em Janeiro de 2009, outra revisão da Lei das Energias Renováveis entrou em vigor.

Além de visar o aumento da participação das fontes renováveis no consumo bruto total

para ao menos 30% em 2020, ela também forneceu uma tarifa feed-in maior para a

energia eólica e outras medidas para estimular o desenvolvimento tanto da eólica

onshore quanto da offshore.

A tarifa onshore foi aumentada de € 8.03 para € 9.2 centavos/kWh para os primeiros 5

anos de operação e € 5.02 centavos/kWh após isso. Essa tarifa seria diminuída todos os

anos para novas instalações em 1%, ao contrário dos 2% estabelecidos anteriormente.

(IEA, 2011b)

A tarifa para eólicas offshore foi aumentada para € 13 centavos /kWh mais um bônus

adicional de € 2 centavos /kWh para projetos que começassem a operar antes do fim de

2015. Os € 15 centavos /kWh seriam pagos por um período de 12 anos com redução de

5% ao ano.

A Lei também estabeleceu um bônus para a melhora da compatibilidade da rede para

novas turbinas. Isso permitiu um aumento de € 5 centavos/ kWh a ser pago na

remuneração inicial. (BWE, 2010)

52

Os operadores da rede são obrigados a aceitar a eletricidade produzida de fonte

renováveis e comprar a um preço mínimo dentro da sua área de fornecimento. Ademais,

a emenda obrigou operadores da rede não só a aumentar a rede existente, mas como

otimizar e melhorá-la. (BWE, 2010)

Também em Janeiro 2009, o Programa KfW para Energias Renováveis (KfW

Renewable Energies Programme) de investimentos para projetos de fontes renováveis

de energia começou a vigorar. Seu escopo incluí projetos pequenos a grandes para:

Eletricidade de fontes solar, biomassa, biogás, eólica, hidráulica e geotermal e

Eletricidade e aquecimento de fontes renováveis geradas em estações

combinadas de calor e eletricidade

4.2 - Análise da efetividade dos instrumentos adotados na Alemanha para a

promoção de energia eólica

Uma das formas de se avaliar o sucesso dos instrumentos adotados para a promoção das

fontes renováveis de energia é quantificar o aumento da capacidade instalada de

determinada tecnologia num período de tempo.

O Programa 100/250 MW, que vigorou de 1989 a 2006, promoveu 1560 turbinas

eólicas com um total de capacidade de 362 MW.

Os principais resultados observados deste programa foram: (i) uma melhora geral no

desenvolvimento da tecnologia eólica, (ii) um aumento na disponibilidade de turbinas

eólicas na Alemanha de 98%, (iii) ganhos relevantes de know-how na manutenção e

operação, (iv) contribuição para o contexto internacional de avanços sobre a energia

eólica.

Entre 1990 e 2000, quando a Lei Feed-in de Eletricidade vigorou na Alemanha, a

capacidade total instalada de energia eólica passou de 62 MW em 1990 para 4430 MW

ao fim de 1999, com uma média de 500 MW instalados ao ano. (Figura 9)

53

Dentro deste período, após a inclusão no Código de Construção Federal das turbinas

eólicas como “projetos de construção privilegiados”, em três anos (de 1997 ao fim de

1999), a capacidade total instalada cresceu 2200 MW (de 2033 MW em 1997 para 4430

ao fim de 1999) contra os 2000 MW totais instalados nos sete anos anteriores.

Desde 2000, quando a Lei Feed-in de Eletricidade foi revogada e a Lei de Energias

Renováveis passou a vigorar, a capacidade instalada cresceu de 6095 MW de 2000 para

27214 MW em 2010, com uma média instalada de 1920 MW por ano, o que representa

uma média 4 vezes maior do que no período anterior.

Figura 9 – Capacidade total instalada de energia eólica na Alemanha (MW),

1989 - 2010

Fonte: Elaboração própria com dados da Eurostat

Em uma visão recente mais aprofundada, ao final de 2010, a Alemanha continuou na

liderança da UE-27 em capacidade total instalada com 27215 MW (Tabela 9) valor

correspondente a 32.3% de toda capacidade da União Européia (UE-27), gerando 37.3

TWh de eletricidade e suprindo 6.2 % do consumo total de eletricidade do país. Ela foi

seguida pela Espanha que chegou ao fim de 2010 com 20676 MW de potencial eólico

instalado que correspondeu a 24.5% do total instalado na UE-27. A Itália aparece em

terceiro lugar com 5797 MW instalados (6,87% do total instalado na União Européia) e,

em quarto lugar, o Reino Unido, com 5204 MW (6.17% do total instalado na União

Européia). Juntos, esses quatro países representaram 69.87 % da capacidade eólica

instalada na União Européia ao final de 2010.

20 62 111 183 334 643 1120 1546 20332874

44306095

8754

11994

14609

16629

18415

2062222247

23903

2577727214

0

5000

10000

15000

20000

25000

30000

1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

54

Em termos de capacidade instalada no ano, a Espanha instalou, em 2010, 1516 MW

contra 1493 MW instalados na Alemanha. Também é interessante notar que a

capacidade instalada pela Alemanha em 2010 foi menor que a capacidade instalada no

ano anterior (1917 MW).

É provável que os efeito positivo introduzidos pelo aumento da tarifa eólica onshore e

offshore na emenda de Janeiro de 2009 da Lei de Energias Renováveis e o novo

programa de financiamento também de Janeiro de 2009 ainda não tiveram tempo de

produzir os resultados desejados. Esse fato teria sido agravado pela crise financeira

mundial, e por conta de uma insegurança de investimento criada pelas decisões do

governo em 2010 para prolongar a vida das plantas nucleares na Alemanha.

Tabela 9: Capacidade instalada de eólica na UE-27 (MW), 2009 e 2010

55

Fonte: EWEA, 2010

4.3 - O futuro da energia eólica na Alemanha

A Associação de Energia Eólica Alemã (BWE) estima que, em 2020, a Alemanha, pode

chegar a 45000 MW de capacidade onshore e 10000 MW offshore gerando

aproximadamente 150 TWh/ ano e suprindo cerca de 25% do consumo de eletricidade

do país. Esses números indicam que a energia eólica seria então responsável por 62.5%

da meta estimada pelo governo alemão para a eletricidade de fontes renováveis em

2020.

País/ Capacidade MW Instalado

em 2009

Fim de

2009

Instalado

em 2010

Fim de

2010

Áustria 0 995 16 1,011

Bélgica 149 563 359 911

Bulgaria 57 177 198 375

Chipre 0 0 82 82

República Tcheca 44 192 23 215

Dinamarca 334 3,465 327 3,752

Estônia 64 142 7 149

Finlandia 4 147 52 197

França 1,088 4,574 1,086 5,66

Alemanha 1,917 25,777 1,493 27,214

Grécia 102 1,087 123 1,208

Hungria 74 201 94 295

Irlanda 233 1,31 118 1,428

Itália 1,114 4,849 948 5,797

Letônia 2 28 2 31

Lituânia 37 91 63 154

Luxemburgo 0 35 7 42

Malta 0 0 0 0

Países Baixos 39 2,215 32 2,237

Polônia 180 725 382 1,107

Portugal 673 3,535 363 3,898

Romênia 3 14 448 462

Eslováquia 0 3 0 3

Eslovênia 0.02 0,03 0 0,03

Espanha 2,459 19,16 1,516 20,676

Suécia 512 1,56 604 2,163

Reino Unido 1,077 4,245 962 5,204

Total EU -27 10,486 75,09 9,295 84,278

Total EU -15 10,025 73,516 7,997 81,406

Total EU -12 461 1,574 1,298 2,872

Das quais offshore e "near shore" 582 2,064 883 2,946

56

Além disso, o atual governo liberal-conservador havia adotado um novo conceito de

energia em 2010, que revertia uma decisão do governo anterior de terminar com a

energia nuclear na Alemanha ao prolongar a vida de diversas plantas nucleares no país.

A indústria eólica temeu que esse passo pudesse prejudicar o desenvolvimento desta

tecnologia no futuro, uma vez que as renováveis teriam que competir com a energia

nuclear na rede elétrica. Entretanto, o desastre de Fukushima no Japão no início de 2011

levou o governo a declarar o fechamento de todas as usinas nucleares até 2022, criando

nova expectativa para o setor eólico.

O GWEC (Conselho Global de Energia Eólica) afirma que o repowering (troca de

aerogeradores usados por equipamentos mais novos e mais potentes) terá um papel

importante no futuro e será capaz de dobrar a quantidade de capacidade eólica onshore e

triplicar a geração com menos turbinas instaladas. Entretanto, o repowering tem

ganhado fôlego vagarosamente, pois, na maioria dos casos, só é economicamente viável

para turbinas em operação há mais de 15 anos. Apenas 183 MW foram instalados em

2010 via repowering, mas essa taxa deve aumentar significativamente e, até 2015, 6000

MW que terão mais de 15 anos estarão prontos para o repowering.(GWEC, 2010)

O setor eólico offshore também tem um peso importante quando se fala em tendências

futuras desta tecnologia. A Alemanha chegou ao fim de 2010 com uma capacidade

instalada de 108.3 MW colocando-a em 7º lugar no mundo, atrás de países como Reino

Unido (1341 MW instalados), Dinamarca (854 MW) e Holanda (249 MW). O motivo

para esse resultado está nas características das fazendas eólicas offshore alemãs que se

encontram a grandes distâncias da costa e em águas profundas, o que aumenta seus

custos de capital e de operação e manutenção. Além disso, a indústria eólica offshore

mundial ainda está no início da sua curva de aprendizado e não possuí maturidade

tecnológica e economias de escala. Por outro lado, a Alemanha inaugurou o primeiro

parque eólico offshore com fins comerciais (Báltico 1) em Maio de 2011 e, de acordo

com o governo, “foi o primeiro de muitos projetos”.

57

CONCLUSÃO

O mundo tem presenciado um aumento significativo da participação de fonte renováveis

na produção de energia, em especial no setor de eletricidade. Num mundo ainda

dominado pelos combustíveis fósseis, elas estão cada vez mais disseminadas e

competitivas. Nesse novo cenário, a energia eólica se destaca como uma possibilidade

ainda incipiente, mas real, da redução do uso e dependência de combustíveis fósseis.

A União Européia aparece na vanguarda desta tendência mundial. Desde o final do

século XX, tem estruturado regras e diretrizes que norteiam os Estados-membros no

desenvolvimento dessas tecnologias. Recentemente, estabeleceu um uma meta ousada

para 2020: seu consumo de energia deve ser suprido em 20% por fontes renováveis e as

emissões de gases de efeito estufa devem se reduzidas em 20%. Essa política busca

uma economia de baixo carbono e menos dependente de importações de energia.

Entretanto, o ano de 2010 apresentou uma menor instalação de renováveis devido a

queda da demanda de energia causada pela crise financeira de 2008. Os obstáculos que

tem de ser enfrentados para o aumento do desenvolvimento destas tecnologias incluem

o aumento da complexidade no acesso ao capital, regulações legais, dificuldades em

achar capital humano com competências técnicas, a baixa velocidade de expansão da

rede elétrica, empecilhos políticos de governos locais

Os instrumentos utilizados para a promoção das fontes renováveis são diversos, mas

estudos apontam que o mais eficiente tem sido a tarifa feed-in. Nos países onde tem sido

adotada, a implementação de fontes renováveis tem sido significativamente superior aos

países que adotaram outros mecanismos, como o sistema de cotas/certificados verdes.

Atualmente, a Alemanha é a líder na União Européia na promoção de renováveis, com

destaque para a energia eólica, e tem a meta de promover 38.6% de eletricidade de

fontes renováveis até 2020. De acordo com uma comunicação da Comissão Européia de

Janeiro de 2011, a Alemanha encontra-se na faixa “67 – 100% de progresso feito para

os objetivos de 2020” no tocante à geração de eletricidade.

O futuro também parece promissor. As decisões tomadas com relação ao fechamento

das usinas nucleares se, por um lado causaram preocupação uma vez que a energia

58

nuclear fornece 23% da energia consumida do país, por outro lado, criaram uma nova

expectativa para o setor eólico como um candidato viável para a substituição da energia

nuclear. Somado a isso, é esperado que a recente atualização da Lei das Energias

Renováveis, que aumentou as tarifas do setor onshore e offshore, o processo de

repowering e o sistema de financiamento introduzido em 2009 impulsionem o

crescimento do setor nos anos que virão.

Em suma, o país tem aumentando gradualmente a ênfase em programas de

implementação de energias renováveis dentro do seu portfólio de políticas energéticas e

tecnológicas. As políticas e instrumentos adotados têm sido bastante eficazes no

incentivo das tecnologias renováveis e existe uma grande possibilidade da Alemanha ir

além dos objetivos estabelecidos para 2020 no tocante à geração de eletricidade por

fontes renováveis. Ademais, a retomada do crescimento econômico nacional, a redução

dos custos devido ao crescente aprendizado e progresso técnico, aliados aos

acontecimentos internacionais são de grande importância para o aumento da expectativa

de uma tendência sustentada do desenvolvimento desta tecnologia no futuro.

59

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