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FUNDADOR E DIRETOR-PRESIDENTE: SEBASTIÃO BARBOSA DA SILVA tribunadoplanalto.com.br Redação: [email protected] - Departamento Comercial: [email protected]Telefone: (62) 3226-4600 Goianos vão à Nasa participar de campeonato mundial de robótica Lava Jato balança a política em Goiás A esperada lista de envolvidos nas delações premiadas dos 78 executivos e ex-executivos do Grupo Odebrecht atingiu Goiás de forma contundente. O PMDB vê seu virtual candidato a governador, Daniel Vilela, e outras lideranças entre os investigados. No PSDB, Marconi Perillo também também foi citado. Pág. 3 Duas equipes de alunos do Colégio Sesi/Senai da Vila Canãa, em Goiânia, vão aos Estados Unidos em julho apresentar na Nasa trabalho de pesquisa e estudo sobre robótica. Os 20 alunos foram selecionados para representar o Brasil no exterior após serem classificados entre os 10 melhores dos 74 projetos tecnológicos de robôs de lego no Torneio Nacional de Robótica First Lego League (FLL). Conheça os projetos desenvolvidos pelas duas equipes. Goiás lidera crescimento industrial no país Página 6 ANO 30 - Nº 1.576 ENTREVISTA/ JOSÉ VIRGÍLIO DIAS DE SOUSA Bacharel em Direito, com pós-graduação em Direito Administrativo Constitucional, José Virgílio Dias de Sousa é um dos coordenadores do Fórum de Entidades em Defesa dos Servidores e Serviços Públicos de Goiás. Enquanto organiza mais uma mobilização em Brasília, marcada para esta terça-feira, dia 18, quando trabalhadores pressionarão políticos na votação do relatório da PEC da Previdência, ele conversou com a Tribuna do Planalto sobre os principais pontos da emenda constitucional. “A PEC da previdência desmonta o sistema da seguridade social” Tema que volta e meia é discutido no Congresso Nacional, a criação de uma nova unidade federativa no entorno do Distrito Federal tem gerado debates entre os representantes municipais daquela região. A criação de um novo estado englobaria 18 municípios vizinhos a Brasília e a capital seria Luziânia. Mas o tema não é unanimidade entre os prefeitos. O deputado Célio Silveira é entusiasta da proposta e afirma que garantiria mais recursos para as cidades da região. Página 4 Página 5 POLÊMICA A proposta de criação do Estado do Planalto A via crucis de uma mala desaparecida dentro de um ônibus O repórter Yago Sales reconstitui a labuta de uma estudante universitária atrás de sua mala que ficou dentro do ônibus em Goiânia quando ela voltava do Tocantins. Ana Clara recebeu passou sete dias buscando a mala e finalmente soube que estava em Goianira,aApós um rapaz da limpeza dar a mala para um taxista, que não quis e deu para um passageiro, que deu para uma moça da cidade. Página 7 R$ 2,00 PAULO JOSÉ GO I Â NIA, 16 A 22 DE ABRIL DE 2017

POLÊMICA Lava Jato A proposta de criação do Estado do ...tribunadoplanalto.com.br/wp-content/uploads/2017/... · A esperada lista de envolvidos nas delações premiadas dos 78

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FUNDADOR E DIRETOR-PRESIDENTE: SEBASTIÃO BARBOSA DA SILVA tri bu na do pla nal to.com.br

Redação: [email protected] - Departamento Comercial: [email protected] – Telefone: (62) 3226-4600

Goianos vão à Nasa participar de campeonatomundial de robótica

Lava Jatobalança apolíticaem GoiásA esperada lista de envolvidos nasdelações premiadas dos 78executivos e ex-executivos do GrupoOdebrecht atingiu Goiás de formacontundente. O PMDB vê seuvirtual candidato a governador,Daniel Vilela, e outras liderançasentre os investigados. No PSDB,Marconi Perillo também tambémfoi citado. Pág. 3

Duas equipes de alunos do Colégio Sesi/Senai da Vila Canãa, emGoiânia, vão aos Estados Unidos em julho apresentar na Nasatrabalho de pesquisa e estudo sobre robótica. Os 20 alunos foramselecionados para representar o Brasil no exterior após seremclassificados entre os 10 melhores dos 74 projetos tecnológicos derobôs de lego no Torneio Nacional de Robótica First Lego League(FLL). Conheça os projetos desenvolvidos pelas duas equipes.

Goiás lideracrescimentoindustrialno país

Página 6

ANO 30 - Nº 1.576

ENTREVISTA/ JOSÉ VIRGÍLIO DIAS DE SOUSA

Bacharel em Direito, com pós-graduação em Direito Administrativo Constitucional, José Virgílio Dias deSousa é um dos coordenadores do Fórum de Entidades em Defesa dos Servidores e Serviços Públicos deGoiás. Enquanto organiza mais uma mobilização em Brasília, marcada para esta terça-feira, dia 18,quando trabalhadores pressionarão políticos na votação do relatório da PEC da Previdência, eleconversou com a Tribuna do Planalto sobre os principais pontos da emenda constitucional.

“A PEC da previdênciadesmonta o sistemada seguridade social”

Tema que volta e meia é discutidono Congresso Nacional, a criaçãode uma nova unidade federativa noentorno do Distrito Federal temgerado debates entre os

representantes municipais daquelaregião. A criação de um novoestado englobaria 18 municípiosvizinhos a Brasília e a capital seriaLuziânia. Mas o tema não é

unanimidade entre os prefeitos. Odeputado Célio Silveira éentusiasta da proposta e afirmaque garantiria mais recursos paraas cidades da região. Página 4

Página 5

POLÊMICA

A proposta de criaçãodo Estado do Planalto

A via crucis de umamala desaparecidadentro de um ônibusO repórter Yago Sales reconstitui a labuta de uma estudanteuniversitária atrás de sua mala que ficou dentro do ônibusem Goiânia quando ela voltava do Tocantins. Ana Clararecebeu passou sete dias buscando a mala e finalmente soubeque estava em Goianira,aApós um rapaz da limpeza dar amala para um taxista, que não quis e deu para umpassageiro, que deu para uma moça da cidade. Página 7

R$ 2,00

PAULO JO

GO I Â NIA, 16 A 22 DE ABRIL DE 2017

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Opinião CENA URBANAFLAGRANTE DO DIA A DIA DA CAPITAL, ESTADO, BRASIL E MUNDO

CARTA AO LEITORDANIELA MARTINS

MANOEL MESSIAS RODRIGUES – EDITOR EXECUTIVO

O bullying é uma ação cada dia mais comum no meioescolar, porém, o que a grande maioria não se dá conta,é que ela pode ter consequências graves em todas as ins-tâncias da vida da pessoa. Recentemente, a Netflix lançouuma série que trata sobre o tema: 13 reasons why. Agrande discussão entorno da série é a pratica do bullyingno meio escolar, os danos que ele pode causar e o papelda sociedade e escola no combate e conscientização doato.

Hanna Beker é uma adolescente recém-chegada emuma pequena escola no interior, que sofre as mais varia-das ações e agressões por parte dos novos colegas. Sema ajuda e acompanhamento adequado, ela toma uma de-cisão extrema: o suicídio. Para alguns, pode até parecerexagero, mas o fato é que esses casos vem se tornandomais e mais comuns entre crianças e adolescentes. Nasérie, a escola nega conhecimento dos casos de bullyinge essa é uma consequência grave. Mas afinal, qual o papelda escola nesse caso? Como nós educadores podemosprevenir e conscientizar pais e alunos sobre tal ação?

Nosso papel é entender esse conceito e lutar para ocombate de sua progressão no meio escolar. Como mes-tre e pesquisadora da Educação, é possível compreenderque a escola precisa trabalhar e se desenvolver para quea tomada de consciência aconteça de modo geral, desdea equipe pedagógica, o administrativo até os discentes.Devemos sim estar sempre atentos para detectar o pro-cesso e trabalhar em prol dos alunos vitimizados pelo bul-lying.

Fechar os olhos para o que acontece em nosso dia adia é um erro, devemos prestar atenção e ao menor sinal

de bullying, tomar as devidas provi-dências. Só essa mobilização podediminuir tal sofrimento. Cabe ao nú-cleo escolar deixar esses alunos am-parados e mais à vontade no meio. Da mesma maneira,a prevenção e tratamento devem ser multidisciplinar e in-cluir vários profissionais. É de extrema importância a in-tervenção na família e na escola, com planos que possammelhorar a vida daquela criança ou adolescente. Nagrande maioria das vezes, como no caso de Hanna nasérie, sabemos que esses jovens não terão atendimentoadequado, e, em alguns casos, nem o reconhecimento dasituação.

Diante disso, a principal forma de lutar para evitar obullying, é investir em prevenção e estimular a discussãoaberta com todos os atores da cena escolar, incluindo paise alunos. Orientar os pais para que possam ajudar, poisa família deve estar sempre alerta para o problema, sejao filho vítima ou agressor, ambos precisam de ajuda eapoio psicológico. Em muitos casos é esquecida a práticade cuidar do agressor, este também pede socorro. 

O bullying é um problema sério, que pode levar a gra-ves consequências e precisa ser extinto. Em meio a era di-gital e a tantas mudanças sociais e culturais, nós, comopais e educadores devemos estar ainda mais atentos parao que está acontecendo. E a reversão desses casos só serápossível com o apoio da escola, pais e próprios alunos.

*Ana Regina Caminha Braga é escritora, psicopeda-goga e especialista em educação especial e em gestão es-colar. E-mail: [email protected]

GOIÂNIA, 16 A 22 ABRIL DE 2017

X

A falência do sistemaeleitoral brasileiro

A lista de inquéritos autorizados pelo ministro Edson Fachin, relator daOperação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), com base nas de-lações premiadas da empreiteira Odebrecht, é demonstração inequívoca deque o sistema político, especialmente as campanhas eleitorais, é viciado e pre-cisa ser superado. Uma ampla reforma política se faz necessária.

A lista de investigados chama a atenção pela quantidade de políticos –mais de 200 – que serão alvos de investigação. Se a princípio não significaque eles sejam culpados ou sequer réu em ação penal, evidencia uma grandefalha na fiscalização dos gastos de campanha. Em outras palavras, o sistemaeleitoral brasileiro é viciado pelos bilhões de propina e recursos injetados pelasgrandes empresas. Daí, a representatividade do voto está contaminada, ine-xiste.

Vamos aos números estarrecedores de envolvidos. A relação envolve emsuspeitas de corrupção nove ministros do governo do presidente Michel Temer(PMDB), 28 senadores e 42 deputados federais, além de governadores de es-tado, ex-ministros, prefeitos e lideranças de partido, indicando a existência deum vasto esquema de corrupção e financiamento irregular de campanhas, nasmais diversas esferas de poder do país. Olha que estamos falando de delaçõesde uma empreiteira, a Odebrecht. Na Operação Lava Jato, esse é apenas umdos tentáculos da corrupção.

Apesar do alarde – e realmente devemos ficar estarrecidos com a quanti-dade de políticos envolvidos e com o calibre dos cargos que ocupam –, até omomento as delações dos executivos da Odebrecht já tiveram seus aponta-mentos considerados consistentes duas vezes – pela Procuradoria Geral daRepública (PGR) pelo ministro Fachin –, sem, no entanto, existir ainda qual-quer comprovação quanto à culpa efetiva dos citados.

Isso porque as decisões de Fachin que vieram a público não emitem ne-nhum juízo de valor sobre as acusações que pesam contra os citados e forambaseadas em outra famosa lista que movimentou os bastidores de Brasília, a“a lista de Janot”. Após analisar as contribuições de executivos e ex-executivosda construtora, a (PGR) elaborou e enviou ao STF uma relação de nomes,recomendando a Fachin qual o destino que o Ministério Público Federal(MPF) acredita que deveria ser dado a cada questão: ser alvo de inquérito noSupremo, ser alvo de inquérito em uma das várias outras instâncias do PoderJudiciário ou até, nos casos onde os indícios não são consistentes, o arquiva-mento.

Fachin analisou estas recomendações e deliberou sobre os pedidos, acei-tando algumas sugestões feitas pela PGR, descartando outras. Dos inquéritos,83 foram acolhidos pelo STF, 201 encaminhados para instâncias inferiores esete arquivados. O Supremo se responsabilizará pelos casos que envolvemministros, senadores e deputados federais, enquanto o Superior Tribunal deJustiça (STJ) abriga as ações contra governadores e os Tribunais RegionaisFederais (TRF) contra prefeitos. Aqueles que não detém foro especial serãoencaminhados à Justiça Federal de primeira instância.

Um longo caminho começa agora para se provar a culpa ou inocência dosenvolvidos, mas o fato é que a democracia brasileira está maculada, com tantopolítico importante envolvido em atos de corrupção, desvio de verba pública.

Setor Campinas, em Goiânia – A cena traz duas realidades bastante comuns nas grandes cidades nessestempos de cise: comércios fechados, com imóveis para alugar; e crianças nas ruas, em meio ao trânsitopesado, pedindo ajuda ou vendendo produtos. Vale lembrar: lugar de criança é na escola!

Eduardo Shinyashiki

O poder da gentileza

As 13 razões do Bullying

Buscamos cada vez mais a interatividade, por meiodo avanço tecnológico e do desenvolvimento da civili-zação. Passamos o dia inteiro conectados a pessoas dasmais variadas localidades, somos capazes de estabelecercontato com praticamente todos os cantos do planeta,a hora que quisermos. Porém, as relações interpessoaispróximas parecem cada vez mais superficiais, e, se-guindo por este caminho, da distância e indiferença, pa-lavras como cortesia, empatia e amabilidade parecemmais além da nossa realidade, dia após dia.

Afinal, será que a vida moderna dificulta relaçõescom gentileza, ou é possível ser uma pessoa ocupada,sem abrir mão da delicadeza no trato com o outro?Como ser gentil enquanto enfrentamos o trânsito caó-tico das grandes cidades e o dia-a-dia tão cheio de tare-fas e obrigações? São tantos os motivos que podemosfacilmente nos convencer de que a falta de cuidado como próximo não é nossa culpa, assim como a forma comosomos tratados. Estamos acostumados a ver a agressi-vidade exaltada, considerada um meio indispensávelpara o sucesso, é elogiado o homem forte, o executivoagressivo, duro e arrogante. Será que essas atitudes con-quistam a confiança alheia e o sucesso duradouro?

O que acabamos esquecendo é que, antes de tudo, oato de ser gentil beneficia, mais do que a qualquer outro,a nós mesmos. Uma teoria publicada pelo professorSam Bowles, do Instituto Santa Fé (EUA), chamada de“sobrevivência do mais gentil”, afirma que a espécie hu-mana sobreviveu graças à gentileza. Segundo Bowles, osgrupos altruístas cooperam e colaboram mais para obem-estar do próximo e da comunidade, a fim de garan-tir a sobrevivência. Outro estudo, realizado pela profes-sora Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia,demonstrou também que a gentileza pode nos deixarmais felizes. Ela pediu a um grupo que praticasse atitu-des gentis durante dez semanas, e verificou que a felici-dade aumentou consideravelmente no período doestudo.

Gentileza significa uma boa educação emocional,aprendida e desenvolvida em todos os ambientes que

convivemos. É o bom tratamento,uma qualidade ou caráter de alguémnobre, generoso, que ajuda a mantere fortalecer os laços entre as pessoas.As pesquisas nos mostram que sergentil tem uma finalidade pessoal e coletiva, é a provade que quando tomamos atitudes em prol do outro, au-tomaticamente, e muitas vezes sem perceber, recebemosde volta o bem que fizemos.

A teoria do professor Sam Bowles pode ser demons-trada por brigas no trânsito, por exemplo, em lugarescom uma concentração grande de pessoas, onde vidasse perdem pela simples falta de compreensão com as ati-tudes alheias.

Vivemos na defensiva, temendo que os outros pos-sam nos machucar. Mas há diversas formas de se com-provar que atitudes mais solícitas e gentis só tendem amelhorar a qualidade de vida e as relações interpessoais.Sabemos, também, que só temos a ganhar quando pri-vilegiamos a gentileza, ao invés da brutalidade e igno-rância.

A grande característica da gentileza é que ela estápresente, na maioria das vezes, nas atitudes cotidianase simples. Ouvir mais, por exemplo, ser paciente, justo esolidário, são atitudes simples, mas importantes paratornar-se uma pessoa mais próxima perante o outro. Es-timular a amizade pode ser uma forma de se exercer agenerosidade e a gentileza.

O que nunca devemos nos esquecer é que o poder demodificar aquilo que nos cerca está dentro de nós, aparte mais importante do trabalho acontece no interiordo nosso ser, purificando nossos corações. Somente nósmesmos transformaremos nossas vidas em existênciasmais dignas, plenas e verdadeiras.

Eduardo Shinyashiki é palestrante, consultor organizacio-nal, conferencista e especialista em Desenvolvimento dasCompetências de Liderança aplicadas à Administração eEducação, além de mestre em neuropsicologia. Mais em:www.edushin.com.br.

Ana Regina Caminha Braga

ESFERA PÚBLICAESPAÇO PARA FOMENTAR O DEBATE, OS ARTIGOS PUBLICADOS NESTA SEÇÃO NÃO TRADUZEM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO JORNAL

Rua An tô nio de Mo ra is Ne to, 330, Setor Castelo Branco, Go i â nia - Go i ás CEP: 74.403-070 Fo ne: (62) 3226-4600

Edi ta do e im pres so porRede de Notícia Planalto Ltda-ME

Fun da do em 7 de ju lho de 1986

Di re tor de Pro du ção Cleyton Ataí des Bar bo sacleyton@tri bu na do pla nal to.com.br

Fun da dor e Di re tor-Pre si den teSe bas ti ão Bar bo sa da Sil vase bas ti ao@tri bu na do pla nal to.com.br

De par ta men to Co mer cialco mer cial@tri bu na do pla nal to.com.br

62 99977-6161

Redaçãoredacao@tri bu na do pla nal to.com.br

tri bu na do pla nal to.com.br

Edi to ra

Edi to r-Executivo

Daniela [email protected]

Manoel Messias [email protected]

Paulo José (Fotografia)[email protected]

Marcione Barreira

Fabiola Rodrigues [email protected]

Yago [email protected]

[email protected]é Deusmar Rodrigues

[email protected]

RepórteresFotografia

Diagramação

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Opinião CENA URBANAFLAGRANTE DO DIA A DIA DA CAPITAL, ESTADO, BRASIL E MUNDO

CARTA AO LEITORDANIELA MARTINS

MANOEL MESSIAS RODRIGUES – EDITOR EXECUTIVO

O bullying é uma ação cada dia mais comum no meioescolar, porém, o que a grande maioria não se dá conta,é que ela pode ter consequências graves em todas as ins-tâncias da vida da pessoa. Recentemente, a Netflix lançouuma série que trata sobre o tema: 13 reasons why. Agrande discussão entorno da série é a pratica do bullyingno meio escolar, os danos que ele pode causar e o papelda sociedade e escola no combate e conscientização doato.

Hanna Beker é uma adolescente recém-chegada emuma pequena escola no interior, que sofre as mais varia-das ações e agressões por parte dos novos colegas. Sema ajuda e acompanhamento adequado, ela toma uma de-cisão extrema: o suicídio. Para alguns, pode até parecerexagero, mas o fato é que esses casos vem se tornandomais e mais comuns entre crianças e adolescentes. Nasérie, a escola nega conhecimento dos casos de bullyinge essa é uma consequência grave. Mas afinal, qual o papelda escola nesse caso? Como nós educadores podemosprevenir e conscientizar pais e alunos sobre tal ação?

Nosso papel é entender esse conceito e lutar para ocombate de sua progressão no meio escolar. Como mes-tre e pesquisadora da Educação, é possível compreenderque a escola precisa trabalhar e se desenvolver para quea tomada de consciência aconteça de modo geral, desdea equipe pedagógica, o administrativo até os discentes.Devemos sim estar sempre atentos para detectar o pro-cesso e trabalhar em prol dos alunos vitimizados pelo bul-lying.

Fechar os olhos para o que acontece em nosso dia adia é um erro, devemos prestar atenção e ao menor sinal

de bullying, tomar as devidas provi-dências. Só essa mobilização podediminuir tal sofrimento. Cabe ao nú-cleo escolar deixar esses alunos am-parados e mais à vontade no meio. Da mesma maneira,a prevenção e tratamento devem ser multidisciplinar e in-cluir vários profissionais. É de extrema importância a in-tervenção na família e na escola, com planos que possammelhorar a vida daquela criança ou adolescente. Nagrande maioria das vezes, como no caso de Hanna nasérie, sabemos que esses jovens não terão atendimentoadequado, e, em alguns casos, nem o reconhecimento dasituação.

Diante disso, a principal forma de lutar para evitar obullying, é investir em prevenção e estimular a discussãoaberta com todos os atores da cena escolar, incluindo paise alunos. Orientar os pais para que possam ajudar, poisa família deve estar sempre alerta para o problema, sejao filho vítima ou agressor, ambos precisam de ajuda eapoio psicológico. Em muitos casos é esquecida a práticade cuidar do agressor, este também pede socorro. 

O bullying é um problema sério, que pode levar a gra-ves consequências e precisa ser extinto. Em meio a era di-gital e a tantas mudanças sociais e culturais, nós, comopais e educadores devemos estar ainda mais atentos parao que está acontecendo. E a reversão desses casos só serápossível com o apoio da escola, pais e próprios alunos.

*Ana Regina Caminha Braga é escritora, psicopeda-goga e especialista em educação especial e em gestão es-colar. E-mail: [email protected]

GOIÂNIA, 16 A 22 ABRIL DE 2017

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A falência do sistemaeleitoral brasileiro

A lista de inquéritos autorizados pelo ministro Edson Fachin, relator daOperação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), com base nas de-lações premiadas da empreiteira Odebrecht, é demonstração inequívoca deque o sistema político, especialmente as campanhas eleitorais, é viciado e pre-cisa ser superado. Uma ampla reforma política se faz necessária.

A lista de investigados chama a atenção pela quantidade de políticos –mais de 200 – que serão alvos de investigação. Se a princípio não significaque eles sejam culpados ou sequer réu em ação penal, evidencia uma grandefalha na fiscalização dos gastos de campanha. Em outras palavras, o sistemaeleitoral brasileiro é viciado pelos bilhões de propina e recursos injetados pelasgrandes empresas. Daí, a representatividade do voto está contaminada, ine-xiste.

Vamos aos números estarrecedores de envolvidos. A relação envolve emsuspeitas de corrupção nove ministros do governo do presidente Michel Temer(PMDB), 28 senadores e 42 deputados federais, além de governadores de es-tado, ex-ministros, prefeitos e lideranças de partido, indicando a existência deum vasto esquema de corrupção e financiamento irregular de campanhas, nasmais diversas esferas de poder do país. Olha que estamos falando de delaçõesde uma empreiteira, a Odebrecht. Na Operação Lava Jato, esse é apenas umdos tentáculos da corrupção.

Apesar do alarde – e realmente devemos ficar estarrecidos com a quanti-dade de políticos envolvidos e com o calibre dos cargos que ocupam –, até omomento as delações dos executivos da Odebrecht já tiveram seus aponta-mentos considerados consistentes duas vezes – pela Procuradoria Geral daRepública (PGR) pelo ministro Fachin –, sem, no entanto, existir ainda qual-quer comprovação quanto à culpa efetiva dos citados.

Isso porque as decisões de Fachin que vieram a público não emitem ne-nhum juízo de valor sobre as acusações que pesam contra os citados e forambaseadas em outra famosa lista que movimentou os bastidores de Brasília, a“a lista de Janot”. Após analisar as contribuições de executivos e ex-executivosda construtora, a (PGR) elaborou e enviou ao STF uma relação de nomes,recomendando a Fachin qual o destino que o Ministério Público Federal(MPF) acredita que deveria ser dado a cada questão: ser alvo de inquérito noSupremo, ser alvo de inquérito em uma das várias outras instâncias do PoderJudiciário ou até, nos casos onde os indícios não são consistentes, o arquiva-mento.

Fachin analisou estas recomendações e deliberou sobre os pedidos, acei-tando algumas sugestões feitas pela PGR, descartando outras. Dos inquéritos,83 foram acolhidos pelo STF, 201 encaminhados para instâncias inferiores esete arquivados. O Supremo se responsabilizará pelos casos que envolvemministros, senadores e deputados federais, enquanto o Superior Tribunal deJustiça (STJ) abriga as ações contra governadores e os Tribunais RegionaisFederais (TRF) contra prefeitos. Aqueles que não detém foro especial serãoencaminhados à Justiça Federal de primeira instância.

Um longo caminho começa agora para se provar a culpa ou inocência dosenvolvidos, mas o fato é que a democracia brasileira está maculada, com tantopolítico importante envolvido em atos de corrupção, desvio de verba pública.

Setor Campinas, em Goiânia – A cena traz duas realidades bastante comuns nas grandes cidades nessestempos de cise: comércios fechados, com imóveis para alugar; e crianças nas ruas, em meio ao trânsitopesado, pedindo ajuda ou vendendo produtos. Vale lembrar: lugar de criança é na escola!

Eduardo Shinyashiki

O poder da gentileza

As 13 razões do Bullying

Buscamos cada vez mais a interatividade, por meiodo avanço tecnológico e do desenvolvimento da civili-zação. Passamos o dia inteiro conectados a pessoas dasmais variadas localidades, somos capazes de estabelecercontato com praticamente todos os cantos do planeta,a hora que quisermos. Porém, as relações interpessoaispróximas parecem cada vez mais superficiais, e, se-guindo por este caminho, da distância e indiferença, pa-lavras como cortesia, empatia e amabilidade parecemmais além da nossa realidade, dia após dia.

Afinal, será que a vida moderna dificulta relaçõescom gentileza, ou é possível ser uma pessoa ocupada,sem abrir mão da delicadeza no trato com o outro?Como ser gentil enquanto enfrentamos o trânsito caó-tico das grandes cidades e o dia-a-dia tão cheio de tare-fas e obrigações? São tantos os motivos que podemosfacilmente nos convencer de que a falta de cuidado como próximo não é nossa culpa, assim como a forma comosomos tratados. Estamos acostumados a ver a agressi-vidade exaltada, considerada um meio indispensávelpara o sucesso, é elogiado o homem forte, o executivoagressivo, duro e arrogante. Será que essas atitudes con-quistam a confiança alheia e o sucesso duradouro?

O que acabamos esquecendo é que, antes de tudo, oato de ser gentil beneficia, mais do que a qualquer outro,a nós mesmos. Uma teoria publicada pelo professorSam Bowles, do Instituto Santa Fé (EUA), chamada de“sobrevivência do mais gentil”, afirma que a espécie hu-mana sobreviveu graças à gentileza. Segundo Bowles, osgrupos altruístas cooperam e colaboram mais para obem-estar do próximo e da comunidade, a fim de garan-tir a sobrevivência. Outro estudo, realizado pela profes-sora Sonja Lyubomirsky, da Universidade da Califórnia,demonstrou também que a gentileza pode nos deixarmais felizes. Ela pediu a um grupo que praticasse atitu-des gentis durante dez semanas, e verificou que a felici-dade aumentou consideravelmente no período doestudo.

Gentileza significa uma boa educação emocional,aprendida e desenvolvida em todos os ambientes que

convivemos. É o bom tratamento,uma qualidade ou caráter de alguémnobre, generoso, que ajuda a mantere fortalecer os laços entre as pessoas.As pesquisas nos mostram que sergentil tem uma finalidade pessoal e coletiva, é a provade que quando tomamos atitudes em prol do outro, au-tomaticamente, e muitas vezes sem perceber, recebemosde volta o bem que fizemos.

A teoria do professor Sam Bowles pode ser demons-trada por brigas no trânsito, por exemplo, em lugarescom uma concentração grande de pessoas, onde vidasse perdem pela simples falta de compreensão com as ati-tudes alheias.

Vivemos na defensiva, temendo que os outros pos-sam nos machucar. Mas há diversas formas de se com-provar que atitudes mais solícitas e gentis só tendem amelhorar a qualidade de vida e as relações interpessoais.Sabemos, também, que só temos a ganhar quando pri-vilegiamos a gentileza, ao invés da brutalidade e igno-rância.

A grande característica da gentileza é que ela estápresente, na maioria das vezes, nas atitudes cotidianase simples. Ouvir mais, por exemplo, ser paciente, justo esolidário, são atitudes simples, mas importantes paratornar-se uma pessoa mais próxima perante o outro. Es-timular a amizade pode ser uma forma de se exercer agenerosidade e a gentileza.

O que nunca devemos nos esquecer é que o poder demodificar aquilo que nos cerca está dentro de nós, aparte mais importante do trabalho acontece no interiordo nosso ser, purificando nossos corações. Somente nósmesmos transformaremos nossas vidas em existênciasmais dignas, plenas e verdadeiras.

Eduardo Shinyashiki é palestrante, consultor organizacio-nal, conferencista e especialista em Desenvolvimento dasCompetências de Liderança aplicadas à Administração eEducação, além de mestre em neuropsicologia. Mais em:www.edushin.com.br.

Ana Regina Caminha Braga

ESFERA PÚBLICAESPAÇO PARA FOMENTAR O DEBATE, OS ARTIGOS PUBLICADOS NESTA SEÇÃO NÃO TRADUZEM NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DO JORNAL

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Fun da do em 7 de ju lho de 1986

Di re tor de Pro du ção Cleyton Ataí des Bar bo sacleyton@tri bu na do pla nal to.com.br

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Edi to ra

Edi to r-Executivo

Daniela [email protected]

Manoel Messias [email protected]

Paulo José (Fotografia)[email protected]

Marcione Barreira

Fabiola Rodrigues [email protected]

Yago [email protected]

[email protected]é Deusmar Rodrigues

[email protected]

RepórteresFotografia

Diagramação

POLÍTICA 3GOIÂNIA, 16 A 22 DE ABRIL DE 2017

XMarcione Barreira

[email protected] DIRETAPEC dos Gastos

O relator da proposta que limita os gastos dogoverno, deputado Gustavo Sebba (PSDB), de-ve entregar seu relatório na próxima terça-feira,18, à Comissão de Constituição e Justiça da As-sembleia. O parecer deve ser analisado pela CCJe, se aprovado, seguirá para plenário, onde serávotado.

LimiteA PEC estabelece como limite da despesa

primária o montante realizado no exercício ante-rior, acrescido da variação da inflação ou da Re-ceita Corrente Líquida (RCL), sendo escolhida amenor. Em caso de descumprimento do limite,são previstas várias punições, entre elas a sus-pensão ou não realização de concursos.

ReuniõesDesde que começaram as discussões sobre a

PEC dos Gastos tem sido intensos os debatescom segmentos organizados. Além disso, na se-mana passada, a bancada da situação se reuniucom o governador e com secretários envolvidospara discutir sobre a proposta. O relator já estevereunido também com técnicos do Executivo e re-presentantes sindicais.

PMDBO PMDB é contrário à PEC dos Gastos por-

que, segundo os deputados do partido, a medidaserá prejudicial aos servidores públicos.O partidoconta com cinco deputados e pretende unir forçascom outras legendas para tentar barrar a medida,que ainda não tem data para ir a plenário.

Lava Jato na oposiçãoO líder do PMDB na Assembleia Legislativa,

José Nelto, garantiu que o prefeito Iris Rezende eDaniel Vilela, ambos peemedebistas, irão provarinocência nas denúncias da operação Lava Jato.Além dos dois citados, aparece o nome o ex-pre-feito de Aparecida de Goiânia Maguito Vilela.

Lava Jato na situaçãoAo defender seus aliados, o parlamentar tam-

bém ressaltou que o nome do governador deGoiás, Marconi Perillo (PSDB), foi citado na listacom petições e o acusou de ter recebido propinada Odebrecht. “Quem está falando isso é a PolíciaFederal. É isso que foi dito na delação premiada”,disse.

Trem Goiânia-BrasíliaO governo estadual e o governo federal estão

discutido o projeto de implantação do Trem dePassageiros que vai ligar as duas cidades. Atual-mente o projeto encontra-se na área técnica daAgência Nacional de Transportes Urbanos(ANTT). Os estudos acabaram de ser concluídospelo governo de Goiás e entregues à Agência aquem cabe avaliar.

RÁPIDASO titular da Secretaria de Segurança Pública

afirmou que os policiais de Goiás fazem traba-lho heróico.

...

Ricardo Balestreri ressaltou que os índices decriminalidade estão em queda pelo trabalho dospoliciais.

Goiás liderou o crescimento industrial noPaís entre dezembro 2016 e fevereiro desde ano,com alta de 3,7%.

...

Com isso, o estado alcançou o terceiro lugarno primeiro trimestre deste ano, com expansão de4,9%.

Manoel Messias Rodrigues

Com informações da Agência Brasil

A esperada lista de envolvidosnas delações premiadas dos 78executivos e ex-executivos doGrupo Odebrecht atingiu Goiásde forma contundente. Apesar denos bastidores ser esperado o en-volvimento de políticos goianos,já que a Odebrecht tem importan-tes negócios no estado, não dei-xou de ser surpresa o aparecimen-to, entre os citados, do ex-gover-nador e prefeito de Aparecida deGoiânia, Maguito Vilela, e seu fi-lho, deputado federal Daniel Vile-la, ambos do PMDB, além doprefeito de Goiânia, Iris Rezende,do mesmo partido. Nas delaçõeshá indícios de envolvimento aindado governador Marconi Perillo(PSDB), do ex-senador Demóste-nes Torres, do ex-deputado fede-ral Sandro Mabel e do ex-prefeitode Trindade Ricardo Fortunato,

todos estão na lista de despachosdo ministro Edson Fachin, do Su-premo Tribunal Federal (STF) e,agora, devem ser investigados eminquéritos, alguns no STF, outrosno Superior Tribunal de Justiça(governadores) e na Justiça Fede-ral de primeira instâncias (pes-soas sem foro privilegiado).

Reator da Lava Jato no STF,Fachin autorizou a abertura de 76novos inquéritos ligados à opera-ção. Os despachos foram assina-dos no dia 4 de abril e divulgadosna terça-feira, dia 11. Com a au-torização da abertura dos inqué-ritos, as 108 pessoas, incluindo 83políticos, passaram à condição desuspeitos investigados no Supre-mo. Mas um longo caminho pro-cessual ainda deve ser percorridoantes que possam ser, porventura,condenados ou absolvidos.

Como os inquéritos são deresponsabilidade do STF, caberáagora ao Ministério Público Fe-deral (MPF) conduzir as investi-gações. Sob a supervisão do pro-curador-geral da República, Ro-drigo Janot, uma equipe de pro-curadores deverá tomar providên-cias para a produção de novasprovas contra os suspeitos. Cadapasso da investigação, como arealização de diligências policiais,deverá ser autorizado por Fachin.

Outras diligências poderão sersolicitadas pelo MPF, de modo aacrescentar novos elementos aosautos do processo. As defesas dossuspeitos também podem fazerpedidos a Fachin.

Não há prazo para a conclu-são das investigações. No mo-mento em que julgar haver ele-mentos suficientes de que o sus-peito de fato cometeu algum cri-

me, a acusação oferece uma de-núncia. O procurador-geral daRepública pode também, confor-me o caso, considerar que não háelementos suficientes para com-

provar o crime, e pedir o arquiva-mento.

Após a denúncia chegar aoSTF, os ministros da SegundaTurma da Corte, responsável poranalisar as questões relativas àLava Jato, devem analisar se acei-tam a acusação ou se ela é impro-cedente. No caso dos presidentesda Câmara e do Senado, caberáao plenário do tribunal decidir.

Se a denúncia for aceita, so-mente então o suspeito passa àcondição de réu acusado de tercometido crime previsto no Códi-go Penal. Se for recusada, o casoé arquivado.

Com a aceitação da denúncia,o inquérito criminal passa à con-dição de Ação Penal (AP), quepossui uma série de prazos espe-cíficos para a apresentação de re-cursos e solicitação de diligências.O primeiro passo da AP é a aber-tura da fase de instrução, em queo juiz analisa as provas disponí-veis, interroga testemunhas deacusação e defesa e avalia a ne-cessidade de coleta de elementosadicionais.

Após o final da fase de instru-ção do processo, contam-se no-vos prazos para defesa e acusaçãose manifestarem em alegações fi-nais e, só então, o caso pode serjulgado em seu mérito pelos mi-nistros do STF.

STJO pedido para investigar a ci-

tação de Marconi Perillo, paraabertura de inquérito ou o seu ar-

quivamento, foi encaminhado aoSuperior Tribunal de Justiça(STJ), onde governadores sãojulgados. As demais petições fei-tas por Janot que envolvem goia-nos foram remetidas à Justiça Fe-deral em Goiás. Delações que en-volvem a licitação da Ferrovia deIntegração Oeste-Leste e asobras do Aeroporto de Goiâniaforam remetidas à Justiça Federalno Estado.

Nos 83 inquéritos abertos porFachin estão oito ministros do go-verno Temer, 24 senadores e 39deputados federais. Entre eles es-tão os presidentes do Senado, Eu-nício Oliveira (PMDB-CE), e daCâmara dos Deputados, RodrigoMaia (DEM-RJ).

Em nota divulgada no dia 11,o governador Marconi Perillo dis-se que só irá se manifestar apósconhecimento integral do teor dasdeclarações apresentadas.

O governador reitera queacredita na Justiça e que irá escla-recer qualquer eventual questio-namento, mesmo porque, até opresente momento, não há qual-quer inquérito autorizado peloPoder Judiciário em tramitaçãono STJ, sendo impossível umamanifestação acerca de citaçãosem a devida contextualização.

O governador ressalta quenunca pediu ou autorizou quesolicitassem em seu nome qual-quer contribuição de campanhaque não fosse oficial e rigorosa-mente de acordo com a legisla-ção eleitoral.

DELAÇÃO DO FIM DO MUNDO

“Essa é a beleza da democracia.O PMDB, que bate tanto,foi agora privilegiado”

Deputado estadual Santana Gomes (PSL) sobre a decisão do STF de pedir investigação contra IrisRezende, Daniel Vilela e Maguito Vilela

CustoO custo para a implantação do sistema fer-

roviário é de R$ 9,5 bilhões, sendo R$ 7,5 bi-lhões vindos da iniciativa privada e R$ 2 bi-lhões divididos entre os governos de Goiás,Distrito Federal e União. O estudo de viabili-dade técnico-econômica e ambiental prevê quea viagem de Brasília a Goiânia seja de aproxi-madamente 70 minutos. O valor da passagemdeve ser de R$ 100.

ProjetoO vereador Welington Peixoto (PMDB)

apresentou projeto de lei à Câmara Municipalde Goiânia que prevê a cassação do alvará defuncionamento e também da licença ambientaldo estabelecimento que adquirir, distribuir,transportar, estocar ou revender derivados depetróleo frutos de furto ou roubo.

ComplexoO prefeito Iris Rezende afirmou na última se-

mana que os primeiros 100 dias de administraçãodele à frente da prefeitura de Goiânia têm sido osmais complexos. Segundo ele, a decadência finan-ceira da prefeitura tem inviabilizado um trabalhomais consistente.programa Goiás Sem Fronteira.A matéria foi enviada pelo governador MarconiPerillo (PSDB) e tem como objetivo proporcionareducação e capacitação a estudantes do ensinomédio, superior, pós-graduação, pesquisadores epessoas com iniciativas empreendedoras em áreastidas como prioritárias para o Estado de Goiás.

PSB O presidente do PSB em Goiás, Vanderlan

Cardoso (foto), declarou que o partido podeter um candidato ao governo estadual em2018. Além dele, o partido tem como uma desuas principais lideranças a senadora LúciaVânia (PSB). Ela, no entanto, está de olho nasua permanência no Senado. Será que ele querse candidatar novamente?

Apesar de mexer com omundo político,especialmente em um anopré-eleitoral, a abertura deinvestigação contra asprincipais liderançaspolíticas do estado éapenas o começo delongos processos naJustiça

Lei estadual do concursopúblico começa a valer

Entrou em vigor na última semana a Lei do Concurso Público, que estabelece normas geraispara a realização de concursos públicos no Estado de Goiás. Depois de ser encaminhado pelogovernador Marconi Perillo (PSDB) à Assembleia Legislativa, o projeto foi discutido e aprovadopela Casa. A lei tem como objetivos disciplinar o ingresso na carreira do serviço público e aindaatender à exigência constitucional que trata o concurso público como uma conquista do cidadão.A norma visa também combater a tentativa de burlar os concursos públicos, define normas de or-ganização e procedimentos, prevê garantias que possibilitem seu pleno exercício pelos cidadãose busca reduzir a judicialização do tema. As discussões sobre a nova lei são antigas e a matériavinha tramitando desde 2015. A lei que trata de concurso público é daquele ano e é de autoria dodeputado estadual Virmondes Cruvinel (PPS). A proposta foi enviada à Governadoria, mas re-cebeu recomendação de veto pela Procuradoria Geral do Estado que a considerou com vício deiniciativa – quando a ação é reservada ao poder executivo e não pode ser decorrente de emendaparlamentar. O governador Marconi Perillo atendeu a recomendação e vetou integralmente o au-tógrafo de lei ainda em 2015. Entretanto, em janeiro de 2016, o secretário da Casa Civil, JoãoFurtado, atendendo determinação do governador Marconi Perillo, recomendou ao chefe do poderestadual o aproveitamento do texto do deputado Virmondes Cruvinel (foto).

Lista de Fachin atinge políticos goianos

Daniel e Maguito VilelaOs dois teriam recebido, em caixa dois, R$ 1 milhão e R$ 500 milpara as campanhas de 2014 e 2012, respectivamente, em troca desupostos favorecimentos na prefeitura de Aparecida. Eles negam asacusações.

Marconi PerilloEx-executivos da empreiteira afirmam que o governador MarconiPerillo recebeu R$ 8 milhões de caixa dois nas campanhas de 2010e 2014, como contrapartidas do governo do Estado na forma de"favorecimento do Grupo Odebrecht na área de saneamento básico".

Iris RezendeA empreiteira teria efetuado o pagamento de vantagens indevidas,não contabilizadas, no valor de R$ 300 mil para a campanhaeleitoral de Iris Rezende ao Governo de Goiás, em 2010. O prefeitode Goiânia nega as acusações.

Demóstenes TorresO ex-senador teria recebido dinheiro disfarçado de doação àcampanha eleitoral no ano de 2010. O senador, através de seusadvogados, afirmou que nunca recebeu qualquer doação sem adevida declaração eleitoral.

Ricardo FortunatoO ex-prefeito de Trindade teria recebido R$ 500 mil irregularmentepara a campanha eleitoral do ano de 2012, para favorecer o GrupoOdebrecht na área de saneamento básico. Fortunato disse quenunca recebeu doação sem declarar à Justiça Eleitoral.

Sandro MabelMabel teria recebido R$ 10 milhões quando era deputado, além deoutros valores, como contrapartida para defesa de interesse daOdebrecht no governo federal.

Veja o que pesa sobre cada um

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POLÍTICA4 GOIÂNIA, 16 A 22 DE ABRIL DE 2017

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POLÊMICA

Recém-aprovada nade Comissão deIntegração Nacional eDesenvolvimentoRegional, moção decriação do novo entefederativo começa adar os primeirospassos

Marcione Barreira

Tema que volta e meia é dis-cutido no Congresso Nacional,a criação de uma nova unidadefederativa no entorno do Distri-to Federal tem gerado debatesentre os representantes munici-pais daquela região. A criaçãode um novo estado englobaria18 municípios vizinhos a Brasí-lia e a capital seria Luziânia.Mas o tema não é unanimidadeentre os prefeitos. Umas das re-giões mais carentes do estado, oEntorno tem visto um rápidocrescimento demográfico, o queaumenta a quantidade de pro-blemas para os municípios ad-ministrarem.

Os moradores da regiãoconvivem cada vez mais comvários problemas estruturais,dentre eles a falta de escolas ehospitais. Grande parte dos 1.1milhão de habitantes daquela

região trabalha em Brasília eusa os municípios do Entornoapenas como cidade dormitó-rio.

Os prefeitos de algumas ci-dades do Entorno pedem quealgo seja feito para a diminui-ção das dificuldades cada vezmais crescentes, mas não en-xergam a criação de um novoestado a solução para os entra-ves que assolam a região. Al-guns prefeitos defendem quehaja parcerias mais profundasentre município, governo esta-dual e União. Há também naconcepção deles a necessidadeda criação de um fundo consti-tucional similar ao FundoCons ti tucional do Distrito Fe-deral (FCDF) que favoreça oenvio de verbas federais para

saúde, educação e segurançapública.

Pela proposta, o estado seriaconstituído pelo desmembra-mento das áreas onde estão 18municípios goianos: Abadiânia,Água Fria de Goiás, Águas Lin-das de Goiás, Alexânia, Cabe-ceiras, Cidade Ocidental,Cocalzinho de Goiás, Corumbáde Goiás, Cristalina, Formosa,Luziânia, Mimoso de Goiás,Novo Gama, Padre Bernardo,Planaltina, Santo Antônio doDescoberto, Valparaíso deGoiás e Vila Boa.

O prefeito da cidade de Lu-ziânia, Cristovam Tormin(PSD), é moderado quando oassunto é a criação do novo es-tado. Para ele, algo precisa serfeito na região, que carece de in-vestimentos. Tormin acreditaque, caso aumentem os repas-ses de recursos, ele pode até sera favor da causa.

“Sou a favor de qualqueração que vá melhorar a situa-ção dessa região”, diz.

Administrando uma cidadecom cerca de 180 mil habitan-tes, Tormin acredita que faltaaos prefeitos que compõem es-sa região maior envolvimento.Na visão dele, os administrado-res não estão inteirados do pro-jeto.

“Não há envolvimento damaioria. A grande parte não sa-be o teor do projeto”, observa.

O prefeito de Luziânia saiem defesa da criação de umfundo que seja destinado àquelaregião.

“Eu acho que poderia sercriado um fundo destinado àscausas mais graves da nossa re-gião. Talvez fosse algo mais pal-pável”, assegura.

O prefeito de Águas Lindasde Goiás, Hildo do Candango(PSDB), não vê com bonsolhos a criação do novo ente fe-derativo. Conduzindo uma ci-dade com cerca de 200 milhabitantes, ele acredita que adiscussão precisa ser mais de-batida.

“É muito prematura essaproposta de criação de um novoestado”, diz.

No entanto, da mesma for-ma que Tormin, Hildo observaque algo tem que ser feito nosentido de aumentar as receitasdos municípios. Com a crise fi-nanceira, as prefeituras têm tidodificuldades em arcar compro-missos e promover investimen-tos. Por esta razão, segundoHildo outras ações são mais ur-gentes que a criação de um no-vo estado.

“A criação de um novo esta-do não resolve nada para a gen-te”, declara o prefeito da ÁguasLindas. Hildo pediu ainda açãoda Assembleia Legislativa nosentido de aprovar projetos quedeem maior atenção à região.

Célio Silveira:separação trazdesenvolvimento

O prefeito da cidade de For-mosa, Ernesto Roller (PMDB),é crítico contundente da pro-posta de Célio Silveira. Admi-nistrador de uma cidade comcerca de 110 mil habitantes, eleacredita que a criação de umnovo estado não vai trazer be-nefício algum para a região. Se-gundo Roller, a proposta deSilveira tem um viés eleitoreiro.

“Todas as vezes que chega-mos na época de eleição apare-

cem essas propostas mirabo-lantes, que são eleitoreiras”,critica o prefeito de Formosa.

Na opinião de Roller, a re-gião precisa de um tratamentodiferenciado em termos fiscaispara favorecer a geração deemprego.

“Para você atrair empresasvocê precisa de um tratamentofiscal diferenciado para a con-solidação da economia da re-gião. É isso que precisa ser

feito”, argumenta.O prefeito acredita que há

necessidade de discutir projetosmais viáveis para resolver osproblemas da região.

“O que precisamos é de re-cursos e não de título”, pontua.

Segundo Roller, a criaçãode outro estado é utópica e, decerta forma, inviável.

“Vamos trabalhar com omundo real. Falta muito boavontade para discutirmos pro-

jetos mais viáveis”, diz.Ainda segundo Roller, não

há espaço para a criação de umnovo estado e que precisa serdiscutido é extensão dos recur-sos para a região do Entorno.

“Não vejo ninguém abrirdiscussão sobre estender o fun-do constitucional para os mu-nicípios do Entorno. Isso sim éimportante e mais viável, masnão vejo ninguém trabalharnesse sentido”, afirma Ernesto

Roller.Ele lembra que a discussão

não é nova, mas que não há ne-nhuma razão fática ou possibi-lidade de resultado efetivo parao surgimento de outro estado.Para o prefeito, os parlamenta-res que se preocupam com a re-gião podem, em vez debuscarem essa solução, apre-sentar propostas para levar re-cursos e melhorias para osmunicípios do entorno.

Criação do Estado doEntorno avança naCâmara dos Deputados

Prefeito critica proposta:“Precisamos é de recursos”

A ideia da criação do esta-do do Entorno não é nova. Omais antigo dos projetos é oque propõe a criação do Esta-do do Planalto Central, que te-ria sua capital sediada emTaguatinga. A outra sugestão éa de criação do Estado do Iti-quira, sendo capital a cidadede Formosa. Além dos municí-pios goianos do Entorno, o Iti-quira englobaria cidades doNordeste goiano.

A atual proposta é do de-putado federal Célio Silveira(PSDB), ex-prefeito de Luziâ-nia. A Região do Entorno doDF, de acordo com Silveira, vi-vencia dificuldades com pres-tação insuficiente dos serviçospúblicos de educação, saúde,saneamento, habitação e segu-rança e, com isso, pressiona oDistrito Federal.

Ainda segundo o deputado,a Região Integrada de Desen-volvimento do Distrito Federale Entorno (Ride), criada pelaLei Complementar 94/98, nãoconseguiu atingir os objetivoseconômicos e sociais, apesardo crescimento da populaçãoda região.

No início da década de1990, a população dos 18 mu-nicípios goianos era de cercade 450 mil habitantes e chegoua mais de 1,1 milhão em 2014,segundo o Instituto Brasileirode Geografia e Estatística (IB-

GE). De acordo com estimati-va feita Silveira, a partir de fór-mulas de cálculo do Tribunalde Contas da União e dadosda Secretaria do Tesouro Na-cional e IBGE, o estado do En-torno teria recebido em 2014cerca de R$ 1 bilhão de Fundode Participação dos Estados(FPE). Esse valor é semelhanteao recebido por estados comoMato Grosso do Sul, MatoGrosso, Paraná e Espírito San-to.

A proposta de convocaçãode plebiscito que vai decidir so-bre a criação ou não do novoestado já foi aprovada pelaComissão de Integração Na-cional e Desenvolvimento Re-gional e deve seguir paraanálise da Comissão de Cons-tituição e Justiça da Câmarados Deputados. Caso sejaaprovada na CCJ, a matériaserá apreciada pelo plenário daCâmara.

Caso o legislativo federalaprove a convocação de con-sulta popular e a populaçãoaprove a criação do novo esta-do, será apresentado projetode lei complementar com amedida, para formalizar a de-cisão.

“A criação do novo entegerará desenvolvimento paraa região e melhor atendimentoà coletividade”, afirmou Sil-veira.

O território do novo estado englobaria 18 municípios vizinhos ao Distrito Federal e a capital seria a cidade de Luziânia

Hildo do Candango, prefeitode Águas Lindas: novoestado não seria a solução

Ernesto Roller, prefeito deFormosa: “Ideia é utópica”

Deputado federal Célio Silveira, defensor da ideia dacriação do Estado do Entorno: mais recursos para a região

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POLÍTICA 5

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GO I Â NIA, 16 A 22 DE ABRIL DE 2017

ENTREVISTA / JOSÉ VIRGÍLIO DIAS DE SOUSA

Daniela Martinse Manoel Messias Rodrigues

Tribuna do Planalto – O Sr.como representante dosservidores públicos está numaverdadeira cruzada nos últimosmeses para evitar que ostrabalhadores percam direitosprevidenciários, caso sejaaprovada a reforma daprevidência proposta pelogoverno Temer. O querepresentam, para otrabalhador, essas mudanças nosistema previdenciário?José Virgílio – Estamos cha-

mando a proposta de reforma daprevidência de PEC da Miséria,porque há um desmonte total daseguridade social no Brasil, queé garantida constitucionalmente.No Brasil, a seguridade socialcompreende saúde, assistênciasocial e previdência social. EssaPEC vai deixar muita gente emcondições de miséria mesmo naparte assistencial e previdenciá-ria. Essa proposta representa umdesmonte do sistema da seguri-dade social do País.

Quais são as mudanças maisimportantes na parteprevidenciária?A PEC é toda ruim, mas pon-

tualmente podemos dizer que aidade mínima de 65 anos, com nomínimo 25 anos de contribuição,como requisitos para se poderaposentar, com 51% da média do

salário que você tiver é um dospontos mais negativos. Outroponto muito ruim é o fim da apo-sentadoria especial para os pro-fessores e as forças de segurança,que são duas exceções que estãona Constituição, além da mu-dança da forma de aposentadoriado trabalhador rural. Toda a so-ciedade ficará prejudicada comessas medidas, mas os trabalha-dores que se enquadram nessescasos mencionados, que têmgrande desgaste no trabalho,adoecem mais cedo, serão terri-velmente prejudicados. Outroponto é igualar homens e mulhe-res, na hora de requerer a apo-sentadoria. Isso evidentemente éinjusto devido à condição da mu-lher na sociedade, que muitasvezes tem jornada dupla ou maispesada que isso. E ainda o fatodo pensionista não poder maisacumular a aposentadoria do seutrabalho com a pensão do côn-juge falecido, que representa umcorte direto no ganho do servidor.

Por que as contas daprevidência não fecham?Há vários problemas. Mas é

importante observar que ogrande problema da previdêncianão são a grande maioria doscontribuintes e beneficiários queestão na faixa de até dois saláriosmínimos. Parte do rombo da pre-vidência é causada por grandessalários, algo em torno de 15%do total de beneficiários, pessoas

que ficam com quase todo o or-çamento da previdência. O res-tante que fica é para distribuiraos 85%, 80% dos aposentados.Então a reforma não está corretadessa maneira. Entendemos quealguns pontos da atual legislaçãoprecisam ser revistos, como osaltos salários de aposentadoshoje, que chegam a R$ 60 mil.Talvez um ponto positivo dessareforma, seria igualar todos noteto de benefício a ser pago.Quero deixar claro que falamosmuito em servidor público por-que fazemos parte dessa catego-ria, mas essa reforma representaum golpe nos direitos sociais,atinge a dignidade humana dotrabalhador brasileiro, não ape-nas o servidor público, emboraos servidores tenham prejuízos amais.

Juízes, que recebem R$ 30 mil,serão atingidos pelo teto?Estariam todos sujeitos ao

teto de R$ 5,189,00, mas achoque ao final não prevalecerá essanorma, porque a própria Lei daMagistratura e na Própria PECprevê que os integrantes do Judi-ciário têm a irredutibilidade desalário. Então, já está passível dereversão essa situação deles. En-tendo que esse teto deveria serválido para todos, sem distinçãoalguma, e que você pudesse nãoprivatizar ou terceirizar total-mente a previdência, porquequando se privatiza, se precariza

toda a situação e acaba comqualquer contribuinte, seja doserviço público ou privado, por-que nesse sistema de contribui-ção da previdênciacomplementar se passa quaseuma vida toda contribuindo e aofinal se terá quase nada de con-trapartida daquilo que contri-buiu.

O que representou o recuo dopresidente Temer, que excluiu daPEC no Congresso Nacional osservidores estaduais emunicipais?O governo utilizou uma arti-

manha, um artifício que encon-traram para jogar aresponsabilidade de parte dodesgaste político dessas mudan-ças para os estados e municípios.Mas no frigir dos ovos não mudanada para os servidores. Ele vailegislar para os servidores fede-rais e demais trabalhadores dainiciativa privada e vai jogar essa“bomba” para os estados e mu-nicípios. A proposta do governojá trará dispositivo estabelecendoque, se em seis meses, estados emunicípios não se adequarem àsmudanças, deverão seguir o queestá na Constituição, ou seja,passam a aceitar as novas regrasestabelecidas pelo governo fede-ral. Em Goiás, temos notícia deque já existe um projeto forma-tado nesse sentido para piorarum pouco a situação do servidorpúblico.

A eleição do ano que vem,quando a Câmara dosDeputados e dois terços dossenadores serão renovados,pode ajudar nessamobilização?Temos convicção plena de

que os traidores do povo serãorechaçados nas urnas. Acho queessa é uma resposta que a socie-dade tem que dar, não pode seenganar, não pode trocar seuvoto por favor algum, porque opreço que ele pagará será muitoalto. São direitos conquistadoshá mais de 70 anos que nãopodem ser perdidos dessaforma. Com certeza isso reper-cutirá nas urnas. Havendo pres-são pública, a grande maioriados parlamentares deve refluir.Em Goiás, tivemos o caso dadeputada federal Magda Mof-fato, que mandou retirar a fotodela de um outdoor, mas man-damos fazer outro e vamos co-locar lá de novo, já que estamosapenas perguntando ao político,representante do povo, de quelado ele está.

O que a população pode fazer?

Cobrar, como estamos fa-zendo: mandar e-mail paratodos, ligar nos gabinetes, parti-cipar nas enquetes nos sites daCâmara e Senado, ir nos escritó-rios políticos, se mobilizar detodas as formas possíveis. Nósestamos fazendo isso, indo naCâmara, exigindo um posiciona-mento a favor do trabalhador.

Os policiais querem tratamentodiferenciado na hora deaposentador?Queremos tratamento espe-

cífico para os trabalhadores dasatividades de risco, como os dasegurança pública, porque essetratamento é mundial. Pesquisa-mos e chegamos à conclusão deque em nenhum lugar do planetase exige do policial idade mínimasuperior a 55 anos para se apo-sentar, com 25 anos em média decontribuição. Isso porque é umaatividade excessivamente estres-sante, com baixíssima qualidadede vida após a aposentadoria,além de alto índice de suicídio e,no caso do Brasil, elevadíssimoíndice de morte em função dotrabalho.

Que tipo de impacto negativohaverá para o trabalhador dainiciativa privada?A regra das pensões, por

exemplo, valerá igualmente paratodos, da iniciativa privada e ser-viço público. Qualquer trabalha-dor da iniciativa que tenha umrendimento de R$ 10 mil e, paraefeito de comprovação da médiasalarial, consegue chegar a R$ 8mil e ele tenha o mínimo de 25anos de contribuição e 65 anos deidade, sendo que a idade é exigên-cia primordial; mesmo com amédia salarial de R$ 8 mil, elenão receberá esse valor. Ele co-meça a aposentadoria com 51%do valor da média, dos R$ 8 mil,ou seja R$ 4 mil; assim, para che-gar a 100% da média (R$ 8 mil),com as novas regras propostas,ele terá que trabalhar no mínimomais 24 anos, para chegar a umtotal de 49 anos de contribuição.Se ele tiver começado a trabalharaos 16 anos, ininterruptamente,ele chegaria com 65 anos aos 49

anos de contribuição; mas evi-dentemente isso é quase impossí-vel. A média que temos é que apessoa conseguiria se aposentarem torno de 74 anos. Esse pre-juízo enorme é para qualquer tra-balhador. Da mesma forma,viúvo ou pensionista terá pre-juízo, já que começará a recebercom 50% do valor da média(mais 10% para cada depen-dente) e não mais integral até oteto. No caso do trabalhador queganha R$ 2 mil, quando morre, aviúva ficaria com menos de umsalário mínimo de pensão; se tiverdois filhos dependentes, receberáR$ 160 a cada um, ou seja, R$320 no total. Se a mãe ou paipensionista morrer, o dependenteficará em situação de miséria,apenas com os R$ 320,00.

Após a repercussão negativa, ogoverno parece que vai ceder emalguns pontos e o relator daPEC já fala que isso deve estarem seu relatório. Isso é um

avanço para os trabalhadores?Não vemos como avanço sig-

nificativo. No caso do trabalha-dor rural, deve diminuir a idade aser exigida; a questão da pensãonão avançou nada; na regra detransição, o pedágio pode haveruma maior flexibilização, consi-derando o tempo de contribuiçãoe não mais apenas a idade mí-nima de 50 anos para ter direitoao pedágio. Não acreditamos queos avanços sejam tantos. Mas háum aceno para mudança das re-gras para professores e trabalha-dores de atividade de risco, comoos da segurança pública. Masnão conhecemos ainda o teor dorelatório. E temos uma mobiliza-ção muito grande de vários seg-mentos, no próximo dia 18, emBrasília, com saída às 8h, emfrente ao posto da Polícia Rodo-viária Federal, na saída de Aná-polis, com uma comitiva para umgrande ato em Brasília com par-ticipação de trabalhadores detodo o país.

Também estão sendo feitospanfletos com o posicionamentodos deputados federais?Fizemos panfletos, cartilhas,

divulgando em outdoors, junta-mente com a União das Políciasdo Brasil, divulgando de todas asformas o que está acontecendo,mostrando quem está do lado dotrabalhador e quem está contra,nesta reforma da previdência. Di-vulgamos fotografias com nomesdos parlamentares indecisos eque estão a favor da reforma. Atéagora os deputados federais JoãoCampos, Flávia Morais, RubensOtoni, Delegado Waldir e DanielVilela já se declaram contra a re-forma. Devido à repercussão ne-gativa, alguns já estão mudandoseu posicionamento, como FábioSousa, que sinalizou que votarácontra a reforma. O que está sefazendo é uma covardia, umatraição contra a sociedade, quevotou nessas pessoas. O eleitorestá sendo apunhalado pelas cos-tas por aqueles que ele elegeu.

“Continuaremos mostrando quem está do lado do trabalhador e quem está contra”

O que representa a decisão doSupremo Tribunal Federal deconsiderar que policiais civis (etodos os integrantes decarreiras da segurança pública)são impedidos legalmente defazer greve?Essa decisão proíbe, mas em

certo momento, a depender doposicionamento dos governos,haverá greve. Quanto à decisãodo STF, consideramos que éeminentemente política e não ju-rídica, como deveria ser nessecaso. Sabemos que a segurançapública é um segmento de es-tado que garante a democraciado país. Não há democracia, se-gurança, paz social, direito àpropriedade, o direito de ir e vir,a democracia, quando não setem uma segurança eficaz numpaís. Tudo isso depende dobraço forte do estado pra garan-tir esses direitos a todos. E é issoque as forças de segurançafazem. É a regra. Claro queexistem os pecados, em todosos segmentos e profissões, etemos os nossos. Agora,quando o STF age dessa forma,não reconhecendo que há umdispositivo constitucional asse-gurando o direito de greve, de-terminando uma lei pararegulamentá-lo, e após 30 anosnão foi regulamentado, consi-deramos que o STF pecou, per-deu uma grande oportunidade

de disciplinar a matéria, talvezestabelecendo um prazo para aregulamentação. Então, paranós foi uma decisão absoluta-mente contraditória, infeliz-mente não temos mais nenhumrecurso jurídico para recorrer-mos. Essa decisão atropela umdireito, de greve, asseguradoconstitucionalmente.

A decisão impede a greve, masdetermina que os governantesestaduais devem dialogar comas categorias da segurançapública. É algo bizarro nodireito brasileiro…Também é contraditória,

porque os governadores, emregra, pelo princípio democrá-tico dele ser o administradormáximo do estado, ele tem aobrigação de dialogar, mas agrande maioria dos governado-res não querem conversar, masimpõem suas decisões unilate-ralmente aos servidores. Entãoquem faz a defesa dos servido-res são as associações represen-tativas sindicais, são essasagremiações que fazem essa de-fesa. Então essa decisão vemtentar diminuir a representativi-dade do servidor. A verdade éque o governo recebe quem elequer, não é possível isso ser dis-ciplinado pelo STF. Portantoocorre também uma entrada doSTF na seara do sindicalismo.

“O STF perdeu umagrande portunidadede disciplinar a greveno serviço público”

“A PEC da previdência desmontao sistema da seguridade social”

“Havendo pressãopública, a maioria dos parlamentares deve refluir”

Bacharel em Direito, com pós-graduação em DireitoAdministrativo Constitucional, José Virgílio Dias de Sousa épresidente da União Goiana dos Policiais Civis e um doscoordenadores do Fórum de Entidades em Defesa dosServidores e Serviços Públicos de Goiás. Foi vice-presidente (2010/2012) e presidente do ConselhoEstadual de Previdência (2012/2014). E é sobre a reformada previdência, proposta pelo Governo do presidenteMichel Temer, que Virgílio conversou com a Tribuna doPlanalto na terça-feira, dia 11. Ele parou a articulação, asreuniões e correria para organizar mais uma mobilizaçãoem Brasília, marcada para esta terça, dia 18, quandotrabalhadores pressionarão políticos na votação dorelatório da PEC da Previdência, a proposta de emendaconstitucional que altera importantes efundamentais dispositivos da Constituição Federal,exigindo, por exemplo, mais tempo decontribuição e maior idade para que o trabalhador,público ou da iniciativa privada, possa se aposentador.Virgílio comenta também a recente decisão do STF queimpede a greve dos profissionais da área de segurançapública, mas determina que os governantes estaduaisdevem dialogar com essa categoria.

“Temos convicção plena de que ostraidores do povo serão rechaçados

nas urnas. Essa é uma resposta que asociedade tem que dar”

DANIELA MARTINS

José Virgílio: “Essa reforma representa um golpe nosdireitos sociais, atinge a dignidade humana dotrabalhador brasileiro”

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POLÍTICA 5

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GO I Â NIA, 16 A 22 DE ABRIL DE 2017

ENTREVISTA / JOSÉ VIRGÍLIO DIAS DE SOUSA

Daniela Martinse Manoel Messias Rodrigues

Tribuna do Planalto – O Sr.como representante dosservidores públicos está numaverdadeira cruzada nos últimosmeses para evitar que ostrabalhadores percam direitosprevidenciários, caso sejaaprovada a reforma daprevidência proposta pelogoverno Temer. O querepresentam, para otrabalhador, essas mudanças nosistema previdenciário?José Virgílio – Estamos cha-

mando a proposta de reforma daprevidência de PEC da Miséria,porque há um desmonte total daseguridade social no Brasil, queé garantida constitucionalmente.No Brasil, a seguridade socialcompreende saúde, assistênciasocial e previdência social. EssaPEC vai deixar muita gente emcondições de miséria mesmo naparte assistencial e previdenciá-ria. Essa proposta representa umdesmonte do sistema da seguri-dade social do País.

Quais são as mudanças maisimportantes na parteprevidenciária?A PEC é toda ruim, mas pon-

tualmente podemos dizer que aidade mínima de 65 anos, com nomínimo 25 anos de contribuição,como requisitos para se poderaposentar, com 51% da média do

salário que você tiver é um dospontos mais negativos. Outroponto muito ruim é o fim da apo-sentadoria especial para os pro-fessores e as forças de segurança,que são duas exceções que estãona Constituição, além da mu-dança da forma de aposentadoriado trabalhador rural. Toda a so-ciedade ficará prejudicada comessas medidas, mas os trabalha-dores que se enquadram nessescasos mencionados, que têmgrande desgaste no trabalho,adoecem mais cedo, serão terri-velmente prejudicados. Outroponto é igualar homens e mulhe-res, na hora de requerer a apo-sentadoria. Isso evidentemente éinjusto devido à condição da mu-lher na sociedade, que muitasvezes tem jornada dupla ou maispesada que isso. E ainda o fatodo pensionista não poder maisacumular a aposentadoria do seutrabalho com a pensão do côn-juge falecido, que representa umcorte direto no ganho do servidor.

Por que as contas daprevidência não fecham?Há vários problemas. Mas é

importante observar que ogrande problema da previdêncianão são a grande maioria doscontribuintes e beneficiários queestão na faixa de até dois saláriosmínimos. Parte do rombo da pre-vidência é causada por grandessalários, algo em torno de 15%do total de beneficiários, pessoas

que ficam com quase todo o or-çamento da previdência. O res-tante que fica é para distribuiraos 85%, 80% dos aposentados.Então a reforma não está corretadessa maneira. Entendemos quealguns pontos da atual legislaçãoprecisam ser revistos, como osaltos salários de aposentadoshoje, que chegam a R$ 60 mil.Talvez um ponto positivo dessareforma, seria igualar todos noteto de benefício a ser pago.Quero deixar claro que falamosmuito em servidor público por-que fazemos parte dessa catego-ria, mas essa reforma representaum golpe nos direitos sociais,atinge a dignidade humana dotrabalhador brasileiro, não ape-nas o servidor público, emboraos servidores tenham prejuízos amais.

Juízes, que recebem R$ 30 mil,serão atingidos pelo teto?Estariam todos sujeitos ao

teto de R$ 5,189,00, mas achoque ao final não prevalecerá essanorma, porque a própria Lei daMagistratura e na Própria PECprevê que os integrantes do Judi-ciário têm a irredutibilidade desalário. Então, já está passível dereversão essa situação deles. En-tendo que esse teto deveria serválido para todos, sem distinçãoalguma, e que você pudesse nãoprivatizar ou terceirizar total-mente a previdência, porquequando se privatiza, se precariza

toda a situação e acaba comqualquer contribuinte, seja doserviço público ou privado, por-que nesse sistema de contribui-ção da previdênciacomplementar se passa quaseuma vida toda contribuindo e aofinal se terá quase nada de con-trapartida daquilo que contri-buiu.

O que representou o recuo dopresidente Temer, que excluiu daPEC no Congresso Nacional osservidores estaduais emunicipais?O governo utilizou uma arti-

manha, um artifício que encon-traram para jogar aresponsabilidade de parte dodesgaste político dessas mudan-ças para os estados e municípios.Mas no frigir dos ovos não mudanada para os servidores. Ele vailegislar para os servidores fede-rais e demais trabalhadores dainiciativa privada e vai jogar essa“bomba” para os estados e mu-nicípios. A proposta do governojá trará dispositivo estabelecendoque, se em seis meses, estados emunicípios não se adequarem àsmudanças, deverão seguir o queestá na Constituição, ou seja,passam a aceitar as novas regrasestabelecidas pelo governo fede-ral. Em Goiás, temos notícia deque já existe um projeto forma-tado nesse sentido para piorarum pouco a situação do servidorpúblico.

A eleição do ano que vem,quando a Câmara dosDeputados e dois terços dossenadores serão renovados,pode ajudar nessamobilização?Temos convicção plena de

que os traidores do povo serãorechaçados nas urnas. Acho queessa é uma resposta que a socie-dade tem que dar, não pode seenganar, não pode trocar seuvoto por favor algum, porque opreço que ele pagará será muitoalto. São direitos conquistadoshá mais de 70 anos que nãopodem ser perdidos dessaforma. Com certeza isso reper-cutirá nas urnas. Havendo pres-são pública, a grande maioriados parlamentares deve refluir.Em Goiás, tivemos o caso dadeputada federal Magda Mof-fato, que mandou retirar a fotodela de um outdoor, mas man-damos fazer outro e vamos co-locar lá de novo, já que estamosapenas perguntando ao político,representante do povo, de quelado ele está.

O que a população pode fazer?

Cobrar, como estamos fa-zendo: mandar e-mail paratodos, ligar nos gabinetes, parti-cipar nas enquetes nos sites daCâmara e Senado, ir nos escritó-rios políticos, se mobilizar detodas as formas possíveis. Nósestamos fazendo isso, indo naCâmara, exigindo um posiciona-mento a favor do trabalhador.

Os policiais querem tratamentodiferenciado na hora deaposentador?Queremos tratamento espe-

cífico para os trabalhadores dasatividades de risco, como os dasegurança pública, porque essetratamento é mundial. Pesquisa-mos e chegamos à conclusão deque em nenhum lugar do planetase exige do policial idade mínimasuperior a 55 anos para se apo-sentar, com 25 anos em média decontribuição. Isso porque é umaatividade excessivamente estres-sante, com baixíssima qualidadede vida após a aposentadoria,além de alto índice de suicídio e,no caso do Brasil, elevadíssimoíndice de morte em função dotrabalho.

Que tipo de impacto negativohaverá para o trabalhador dainiciativa privada?A regra das pensões, por

exemplo, valerá igualmente paratodos, da iniciativa privada e ser-viço público. Qualquer trabalha-dor da iniciativa que tenha umrendimento de R$ 10 mil e, paraefeito de comprovação da médiasalarial, consegue chegar a R$ 8mil e ele tenha o mínimo de 25anos de contribuição e 65 anos deidade, sendo que a idade é exigên-cia primordial; mesmo com amédia salarial de R$ 8 mil, elenão receberá esse valor. Ele co-meça a aposentadoria com 51%do valor da média, dos R$ 8 mil,ou seja R$ 4 mil; assim, para che-gar a 100% da média (R$ 8 mil),com as novas regras propostas,ele terá que trabalhar no mínimomais 24 anos, para chegar a umtotal de 49 anos de contribuição.Se ele tiver começado a trabalharaos 16 anos, ininterruptamente,ele chegaria com 65 anos aos 49

anos de contribuição; mas evi-dentemente isso é quase impossí-vel. A média que temos é que apessoa conseguiria se aposentarem torno de 74 anos. Esse pre-juízo enorme é para qualquer tra-balhador. Da mesma forma,viúvo ou pensionista terá pre-juízo, já que começará a recebercom 50% do valor da média(mais 10% para cada depen-dente) e não mais integral até oteto. No caso do trabalhador queganha R$ 2 mil, quando morre, aviúva ficaria com menos de umsalário mínimo de pensão; se tiverdois filhos dependentes, receberáR$ 160 a cada um, ou seja, R$320 no total. Se a mãe ou paipensionista morrer, o dependenteficará em situação de miséria,apenas com os R$ 320,00.

Após a repercussão negativa, ogoverno parece que vai ceder emalguns pontos e o relator daPEC já fala que isso deve estarem seu relatório. Isso é um

avanço para os trabalhadores?Não vemos como avanço sig-

nificativo. No caso do trabalha-dor rural, deve diminuir a idade aser exigida; a questão da pensãonão avançou nada; na regra detransição, o pedágio pode haveruma maior flexibilização, consi-derando o tempo de contribuiçãoe não mais apenas a idade mí-nima de 50 anos para ter direitoao pedágio. Não acreditamos queos avanços sejam tantos. Mas háum aceno para mudança das re-gras para professores e trabalha-dores de atividade de risco, comoos da segurança pública. Masnão conhecemos ainda o teor dorelatório. E temos uma mobiliza-ção muito grande de vários seg-mentos, no próximo dia 18, emBrasília, com saída às 8h, emfrente ao posto da Polícia Rodo-viária Federal, na saída de Aná-polis, com uma comitiva para umgrande ato em Brasília com par-ticipação de trabalhadores detodo o país.

Também estão sendo feitospanfletos com o posicionamentodos deputados federais?Fizemos panfletos, cartilhas,

divulgando em outdoors, junta-mente com a União das Políciasdo Brasil, divulgando de todas asformas o que está acontecendo,mostrando quem está do lado dotrabalhador e quem está contra,nesta reforma da previdência. Di-vulgamos fotografias com nomesdos parlamentares indecisos eque estão a favor da reforma. Atéagora os deputados federais JoãoCampos, Flávia Morais, RubensOtoni, Delegado Waldir e DanielVilela já se declaram contra a re-forma. Devido à repercussão ne-gativa, alguns já estão mudandoseu posicionamento, como FábioSousa, que sinalizou que votarácontra a reforma. O que está sefazendo é uma covardia, umatraição contra a sociedade, quevotou nessas pessoas. O eleitorestá sendo apunhalado pelas cos-tas por aqueles que ele elegeu.

“Continuaremos mostrando quem está do lado do trabalhador e quem está contra”

O que representa a decisão doSupremo Tribunal Federal deconsiderar que policiais civis (etodos os integrantes decarreiras da segurança pública)são impedidos legalmente defazer greve?Essa decisão proíbe, mas em

certo momento, a depender doposicionamento dos governos,haverá greve. Quanto à decisãodo STF, consideramos que éeminentemente política e não ju-rídica, como deveria ser nessecaso. Sabemos que a segurançapública é um segmento de es-tado que garante a democraciado país. Não há democracia, se-gurança, paz social, direito àpropriedade, o direito de ir e vir,a democracia, quando não setem uma segurança eficaz numpaís. Tudo isso depende dobraço forte do estado pra garan-tir esses direitos a todos. E é issoque as forças de segurançafazem. É a regra. Claro queexistem os pecados, em todosos segmentos e profissões, etemos os nossos. Agora,quando o STF age dessa forma,não reconhecendo que há umdispositivo constitucional asse-gurando o direito de greve, de-terminando uma lei pararegulamentá-lo, e após 30 anosnão foi regulamentado, consi-deramos que o STF pecou, per-deu uma grande oportunidade

de disciplinar a matéria, talvezestabelecendo um prazo para aregulamentação. Então, paranós foi uma decisão absoluta-mente contraditória, infeliz-mente não temos mais nenhumrecurso jurídico para recorrer-mos. Essa decisão atropela umdireito, de greve, asseguradoconstitucionalmente.

A decisão impede a greve, masdetermina que os governantesestaduais devem dialogar comas categorias da segurançapública. É algo bizarro nodireito brasileiro…Também é contraditória,

porque os governadores, emregra, pelo princípio democrá-tico dele ser o administradormáximo do estado, ele tem aobrigação de dialogar, mas agrande maioria dos governado-res não querem conversar, masimpõem suas decisões unilate-ralmente aos servidores. Entãoquem faz a defesa dos servido-res são as associações represen-tativas sindicais, são essasagremiações que fazem essa de-fesa. Então essa decisão vemtentar diminuir a representativi-dade do servidor. A verdade éque o governo recebe quem elequer, não é possível isso ser dis-ciplinado pelo STF. Portantoocorre também uma entrada doSTF na seara do sindicalismo.

“O STF perdeu umagrande portunidadede disciplinar a greveno serviço público”

“A PEC da previdência desmontao sistema da seguridade social”

“Havendo pressãopública, a maioria dos parlamentares deve refluir”

Bacharel em Direito, com pós-graduação em DireitoAdministrativo Constitucional, José Virgílio Dias de Sousa épresidente da União Goiana dos Policiais Civis e um doscoordenadores do Fórum de Entidades em Defesa dosServidores e Serviços Públicos de Goiás. Foi vice-presidente (2010/2012) e presidente do ConselhoEstadual de Previdência (2012/2014). E é sobre a reformada previdência, proposta pelo Governo do presidenteMichel Temer, que Virgílio conversou com a Tribuna doPlanalto na terça-feira, dia 11. Ele parou a articulação, asreuniões e correria para organizar mais uma mobilizaçãoem Brasília, marcada para esta terça, dia 18, quandotrabalhadores pressionarão políticos na votação dorelatório da PEC da Previdência, a proposta de emendaconstitucional que altera importantes efundamentais dispositivos da Constituição Federal,exigindo, por exemplo, mais tempo decontribuição e maior idade para que o trabalhador,público ou da iniciativa privada, possa se aposentador.Virgílio comenta também a recente decisão do STF queimpede a greve dos profissionais da área de segurançapública, mas determina que os governantes estaduaisdevem dialogar com essa categoria.

“Temos convicção plena de que ostraidores do povo serão rechaçados

nas urnas. Essa é uma resposta que asociedade tem que dar”

DANIELA MARTINS

José Virgílio: “Essa reforma representa um golpe nosdireitos sociais, atinge a dignidade humana dotrabalhador brasileiro”

POLÍTICA6 GOIÂNIA, 16 A 22 ABRIL DE 2017

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PROGRAMA SOCIAL

Recurso é utilizadopor entidades paraincrementar asrefeições diárias queservem às pessoascarentes queatendem

O Governo de Goiás anun-ciará em evento nesta terça-feira, dia 18 de abril, umaumento de 25% nos repassesàs entidades beneficiárias doPrograma Pão e Leite. Oevento está marcado paraacontecer às 14 horas no audi-tório Mauro Borges doPalácio Pedro Ludovico, emGoiânia.

Criado em 2001 pelogovernador Marconi Perillo, oPrograma Pão e Leite benefi-cia atualmente 385 entidadesem 89 municípios, com apoio

financeiro, em valor per capitaque passa agora de R$ 1,20para R$ 1,50, uma alta de25%. Com esse recurso, asentidades incrementam asrefeições diárias que servem àspessoas carentes que atendem.

“A cada suspiro que ganha-mos no orçamento do Estado,vencendo esse difícil períodoeconômico que ainda enfren-tamos, procuramos reajustaras dotações orçamentárias denossos programas sociais. Éisso que estamos conseguindofazer agora com o Pão e Leite,assim como já fizemos comoutros programas e vamoscontinuar fazendo”, comentaa secretária Lêda Borges, quegerencia o Pão e Leite, assimcomo outros programas dogênero, como o Água eEnergia.

Somados, o Pão e Leite e oÁgua e Energia atendem acerca de 190 mil pessoas em

todo o Estado, por meio dotrabalho social de entidades,hospitais filantrópicos, santascasas de saúde e associaçõescomunitárias. Com recursosgarantidos pelo Fundo Protege,essas ações terão um orçamen-

to total de R$ 30,6 milhões esteano. São 385 entidades benefi-ciárias do Pão e Leite em 89municípios, 314 instituiçõessubvencionadas na conta deenergia elétrica em 75 municí-pios e 264 subvencionadas na

conta de água e esgoto em 65municípios.

Nota Fiscal GoianaOutra inovação no aporte

de recursos às entidades sociaiscadastradas na SecretariaCidadã veio com a decisão dogovernador Marconi Perillo dedestinar a elas parte dos prê-mios pagos no programa NotaFiscal Goiana. Todos os consu-midores inscritos no programada Secretaria da Fazenda(Sefaz) podem acessar o site doprograma para indicar umaentidade social que poderáganhar prêmio em dinheiro deR$ 50 mil.

A entidade que ganhará oprêmio mensal será aquelaescolhida pelo ganhador doprêmio principal de R$ 200 mil,porém a escolha deve ser ante-rior ao sorteio e, por isso, o sis-tema está disponível para quetodos façam suas indicações.

Caso o ganhador do prêmioprincipal não escolha a entida-de até o sorteio, o prêmio serásorteado entre as entidadesselecionadas pelos outros 150concorrentes aos prêmiosmenores da mesma edição – 50de R$ 1 mil e 100 de R$ 500. Ese nenhum premiado indicaruma entidade, a Sefaz fará umsorteio entre todas as entidadescadastradas na SecretariaCidadã.

A Superintendência deProgramas Especiais daSecretaria Cidadã informa que,para uma entidade se cadastrarpara participar dos programassociais da pasta é necessárioser comprovadamente filantró-pica, ter ao menos dois anos defuncionamento regular, atuarde forma contínua, com presta-ção de serviço diário à comuni-dade que atende e ter carátersocioeducativo com vistas àinclusão social.

Governador Marconi Perillo e a secretária de Cidadania,Lêda Borges: reforço o orçamento para população carente

Governo de Goiás aumenta em25% repasse para Pão e Leite

Números do InstitutoBrasileiro de Geografia eEstatística (IBGE) sobre odesempenho da indústria, divul-gados na terça-feira da semanapassada, dia 11, confirmam arápida recuperação da economiade Goiás após a crise nacional: oEstado liderou o crescimentoindustrial entre dezembro de2016 e fevereiro de 2017, comalta de 3,7%, e alcançou o tercei-

ro lugar no primeiro trimestredeste ano, com expansão de4,9%.

A expansão industrial mostrao efeito das medidas de estímuloà economia implantadas peloGoverno de Goiás para mitigaros efeitos da crise nacional, comdestaque para o programa deincentivos fiscais, as missõescomerciais para o exterior e asmedidas de austeridade. O

levantamento do IBGE compro-va que o equilíbrio fiscal e a polí-tica de investimentos têm permi-tido que a economia goiana sejauma das primeiras a superarema crise brasileira.

De acordo com a PesquisaIndustrial Mensal, a indústriagoiana teve o terceiro melhordesempenho no País no primeirobimestre de 2017, com alta de4,9%, em relação ao mesmo

período do ano passado.Segundo a pesquisa, o cresci-mento de Goiás ficou bem acimada média nacional, que foi de0,3%.

Apenas Amazonas (6,6%) ePernambuco (6,5%) superaramo crescimento da indústria goia-na. Porém, quando o institutosoma o trimestre que inicia emdezembro de 2016, Goiás sobepara o primeiro lugar nacional,

com crescimento da produçãoindustrial de 3,7%, acima doCeará e Santa Catarina, amboscom 2,3%.

Segundo os dados divulga-dos, 14 Estados observaramcrescimento na produção indus-trial em fevereiro de 2017, nocomparativo com janeiro. Osdestaques neste recorte de tempoforam Bahia e Santa Catarina,com alta de 2,8% e do Rio de

Janeiro e Rio Grande do Sul,com 2,2%. Goiás vem logo emseguida, com crescimento de2,1%.

Com base nas informaçõesdo IBGE, o Instituto MauroBorges (IMB), da Secretaria deGestão e Planejamento de Goiás(Segplan), indica que já é o ter-ceiro mês consecutivo de cresci-mento da produção industrial noEstado.

FOTO: WESLEY COSTA

Estado lidera crescimento industrial no País

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COMUNIDADES 7

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GOIÂNIA, 16 A 22 DE ABRIL DE 2017

Tribuna reconstitui alabuta de uma estudanteatrás de sua mala queficou dentro do ônibusdepois que ela voltava doTocantins a Goiânia

Yago Sales

O calor de 40°, a lua meio alaran-jada e um vento quente. O som ficava acargo das teclas barulhentas. Tique-taque-tique-taque. Tudo isso permeavaas noites da estudante Ana Clara Ri-beiro Prado, 22 anos, em Palmas (TO),durante o mês de férias do curso deCiências Sociais, da Universidade Fe-deral de Goiás (UFG). Ela estava des-lumbrada, mas não imaginava no quese converteria sua volta a Goiânia: umaperegrinação em busca de sua mala. Quando Ana Clara chegou a Pal-

mas no dia 23 de março para visitar amãe, ela não imaginava que realizaria osonho de ganhar uma máquina Olivetti-Lettera, de 1982, do padrasto. Todadela. Não perdeu tempo e aproveitouque ficaria longe da vida corrida da uni-versidade, longe da internet, para dati-lografar cartas aos amigos. O tilintar damáquina se misturava ao som do seupeito cheio de gozo. Escrevia sem pre-tensão. Os dedos, ordenados pelo co-ração sensível, escreviam sob ainspiração de Manoel de Barros, um deseus autores favoritos. De vez emquando, lia o poema Árvore:"Um passarinho pediu a meu irmão

para ser sua árvore.Meu irmão aceitou de ser a árvore

daquele passarinho." Voltou a Goiânia um mês depois,

como o esperado, no dia 12 de março.Na mala, tênis, óculos originais, roupase material de higiene pessoal. E ainda:as cartas datilografadas, as "Obrascompletas" de Manoel de Barros; livrode contos e crônicas de BartolomeuCampos de Queiros; um livro da pro-fessora e jornalista, Clarissa PinkolaEstés na Universidade Federal do To-cantis (UFT), "Mulheres que corremcom os lobos"; e A desigualdade de gê-nero no Brasil", de Eliane Gonçalves. Na mala, roupas que dona Terezi-

nha, de 75 anos, costurou para a netaesses anos todos. Dona Terezinha cos-tura desde os 14 anos e veste Ana Claradesde que ela nascera. Lenços, saias,shorts, blusas, cada uma escolhida adedo, cada roupa feita conforme ocorpo. Ela toda dentro da mala, do-brado, com seu perfume. Antes das 7h da quinta-feira, depois

de 12 horas de estrada, Ana Clara atra-vessou o Shopping Araguaia, anexo àrodoviária de Goiânia. Com dificulda-des, ela carregava a mala marrom derodinhas, um travesseiro com fronhabranca agarrado debaixo do braço, al-gumas flores que a mãe lhe dera aosprantos na despedida e a Olivette quecoube certinho dentro de uma bolsa decouro de lado.Quando chegou no ponto de ônibus

da Praça do Trabalhador, esperou alinha 169, que faz o percurso do Centroe o setor Morada Nova. Estava ansiosapara acomodar a máquina em umcanto especial do quarto, no setor Ci-dade Jardim. Como de praxe de todosos viajantes que chegam a Goiâniacom grandes bagagens na parada frenteà rodoviária, Ana Clara aproveitou queos passageiros desciam pela porta detrás e colocou a mala e o travesseirodentro do ônibus, com o auxílio de umrapaz. Quando se dirigia à porta dafrente, o motorista fechou a porta. Elateve tempo apenas de bater com os pu-nhos no vidro, mas o motorista a enca-rou com desdém e seguiu, mesmo comos gritos de "abre, motorista, abre,minha mala!". Ana Clara não teria tempo para de-

sespero. Tinha de agir rapidamente.Com a máquina de escrever penduradanos ombros, as flores que a mãe lhedera, Ana pediu a um moto táxi paraseguir o ônibus. Mas ela não tinha di-nheiro suficiente e o mototaxista aabandou na avenida T-2. O ônibus pas-sou cerca de três minutos depois noponto mais próximo. Quando embar-cou, encontrou um motorista indife-rente ao seu drama. Percorreu o interiordo ônibus com olhos aflitos. Mas nadada mala.

VIDA URBANA

A via crucisde uma maladesaparecida

"Não é minha obrigação olhar quementra e quem sai do ônibus", respondeuo motorista a uma jovem desamparada,irrequieta, sem sua mala, as roupas quea avó costurava, cortava, pregada bo-tões. Sem as cartas, sem os livros, semos perfumes, os sapatos. Fragmentos desua história sumira. Nesse momento, já dentro do ôni-

bus, ela ligou para a irmã contando quenão encontrou a mala. Ela chorava.Uma moça lhe disse que um rapaz des-ceu no ponto da avenida T-7 com a ave-nida Assis Chateaubriand carregando amala e o travesseiro. Antes de descer do ônibus, discutiu

com o motorista. Na troca de afrontas,disse que processaria a empresa. Eledeu de ombros. Bufando, ela anotou onúmero do ônibus, a placa e o horário.No mesmo dia Ana Clara voltou ao

ponto que passageiros indicaram que orapaz, com uma mochila preta às cos-tas, teria descido. Andou por toda a re-gião em busca do moço. "Andei deprédio em prédio, deixei meu telefonenas portarias, nos comércios", lembra.Ela contava a história repetindo os por-menores, sem se esquecer da fisionomiado rapaz, que descrevia já com cansaço.Quando escreveu no perfil do Face-book, a história viralizou. Alguém a su-geriu que escrevesse cartazes. Assim elafez. Voltou no ponto onde o rapaz teriadescido e colocou os cartazes. "Moçoque está com a minha mala, me de-volva, por favor", escreveu, colocando onome e o número de telefone. Dias após a mala desaparecer, ela

voltou ao ponto no mesmo horário dodia que chegou a Goiânia, às sete damanhã. "Tinha a esperança de o rapazdescer ali, mas ninguém apareceu". De-pois Ana Clara foi ao Juizado de Pe-quenas Causas e denunciou a RedeMetropolitana de Transportes Coleti-vos (RMTC) por danos morais e danosmateriais. Ela saiu de lá com audiênciamarcada. Enquanto isso, centenas decompartilhamentos davam conta dahistória do desaparecimento da malada estudante nas redes sociais e em gru-pos da UFG. "Nos terminais, as pessoas me reco-

nheciam". O tempo ia passando, masAna Clara não se esquecia. "Eu tentavaesquecer para ter uma vida normal",disse. No dia 26 de março, Ana Clararecebeu uma mensagem do rapaz infor-mando que ele tinha ficado com a mala."Achei minha mala", ela pensou.

DoadaEla estava enganada. A via crucis

estava ainda pelo meio. "Liguei para elena hora, mas ele disse que tinha dei-xado a mala no guichê da empresa queme trouxe". Ana correu para a rodoviá-ria. No guichê, lembraram de sua his-tória. Ligaram para um encarregadoque disse que a mala estaria no achadose perdidos. Lá, Ana encontrou de quasetudo, menos uma mala com as descri-ções da sua no mês de março. Disseramque a mala havia sido entregue parauma pessoa da limpeza. "Conversei com o pessoal da segu-

rança e uma encarregada da limpeza enada". Horas depois, um homem, quepara Ana poderia ser um encarregadodo achados e perdidos, chegou e disseque a mala havia sido doada a um fun-cionário da limpeza que não trabalhavamais na empresa. "Ele ficou 15 dias edesapareceu", conta. Sete dias depois Ana Clara recebeu

uma ligação. "Eu soube que a mala es-tava em Goianira. Sem saber a proce-dência da mala eles decidiram dar paraalguém". Ana Clara ficou com medo de nunca

mais ver as coisas. "Praticamente tudoestá dentro da mala". De quebra, ostênis estavam lavados. As roupas limpase passadas. "Os óculos todos dentro damala, meus livros, meus lenços!". O rapaz da limpeza deu a mala para

um taxista, que não quis e deu para umpassageiro, que deu para uma moça deGoianira. "Pelo esforço da empresa de meajudar, não vou processá-los, mas a em-presa de transporte coletivo de Goiânia,sim", disse, guardando os livros que vie-ram com as roupas, mas lamentando ascartas que escreveu sob o luar de fevereiroem Palmas. Com sofrimento, a meninaque quer estudar mestrado em Antropo-logia, ainda reclama seu caderninho comreceitas, poemas copiados, anotações depalestras, memorias e "coisas do tipo" quecertamente nunca mais verá.

Ana Clara posa, semacreditar, que encontrou amala. Mesmo com partede seus pertences, elaconsidera “uma sorte” tê-los de volta. Abaixo, oslivros e a máquina deescrever na mesinha queusa para ler, escrever e,agora, datilografar. Àdireita, a mala, com umdos lenços cortados ecosturados pela avó e amala, sã e salva, noquarto

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COMUNIDADES8 GO I Â NIA, 16 A 22 DE ABRIL DE 2017

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BazarDaniela Martins - [email protected]

En tre em con ta to com es ta co lu na tam bém pe lo email: [email protected] ou car ta - Rua An tô nio de Mo ra is Ne to, 330, St. Castelo Branco, Go i â nia-Go i ás - CEP: 74.403-070

G. Fogaça e Pitágoras expõem no ChileOs artistas plásticos goianos Gerson Fogaça e Pitágoras Lopes expõem, a partir deste

mês, seus trabalhos no Museu Histórico e Militar, em Santiago, no Chile. A mostra intituladaInstinto é composta por 22 obras, 11 de cada artista, sob a curadoria da cubana Dayalis Gon-záles Perdomo e do goiano Gilmar Camilo. O público chileno poderá apreciar as telas até 16de julho. Em seguida, a exposição, que é itinerante, virá para o Museu de Arte de Goiânia(MAG).

O projeto tem apoio institucional do Fundo de Arte e Cultura, gerido pela Secretaria deEducação, Cultura e Esporte (Seduce), e da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Goiânia(Prefeitura de Goiânia). No Chile, a coordenação da exposição está a cargo da UniversidadeTecnológica Metropolitana do Estado do Chile, com apoio da Embaixada do Brasil.

Cursos gratuitos de violão,canto coral e balé no Itego

O Instituto Tecnológico do Estado de Goiás(Itego) Dr. Luiz Rassi, em Aparecida de Goiâ-nia, está com inscrições abertas para os cursosde música e dança até o dia 20 de abril. Ao todoserão oferecidas 175 vagas para os cursos deviolão, canto coral e balé, com aulas ministradasgratuitamente pelos professores do Itego em Ar-tes Basileu França.

As inscrições para a seleção e as matrículasserão gratuitas e os interessados devem procurarpessoalmente a Secretaria do Itego Dr. LuizRassi (Rua Rezende, quadra 300-A, Setor BuritiSereno, Aparecida de Goiânia).

Festival Goiânia Canto de OuroA Prefeitura de Goiânia anunciou para o

próximo mês a realização da 7ª edição do Festi-val Goiânia Canto de Ouro. O festival terá iníciono dia 18 de maio, e irá movimentar o CentroMunicipal de Cultura Goiânia Ouro. Serão 13semanas de shows às quintas, sextas, sábados edomingos, com apresentações de mais de 70 ar-tistas por semana. A programação será divulga-da em breve.

OnlinePaulo Gustavo estará em Goiânia nos dias 29

e 30 de abril com o espetáculo Online, no TeatroRio Vermelho. No palco, ele atua, canta, dança earranca gargalhadas da plateia com o enredo,que retrata um dia na vida de um homem o tem-po todo online, fazendo tantas e variadas coisas,que acaba por não fazer bem coisa nenhuma. Oespetáculo é um misto de musical, dança, dra-maturgia e stand up. No Rio de Janeiro, onde es-treou no começo do ano, o espetáculo foi vistopor mais de cem mil pessoas.

Centro de Convivência deAdolescentes no Novo Mundo

O Jardim Novo Mundo terá, a partir demaio, um Centro de Convivência de Adolescen-tes, gerido pela Organização das Voluntárias deGoiás (OVG), e que funcionará no prédio da an-tiga Oficina Educacional Comunitária (OEC).No local serão desenvolvidas atividades gratuitasde cultura e lazer para moradores do bairro e re-gião, de 15 a 17 anos, de ambos os sexos.

A unidade terá sala de leitura e filmoteca; sa-lão de jogos; oficinas de inclusão digital e de ma-terial reciclável; aulas de basquete, vôlei, futebol,capoeira e dança e muito mais. Os adolescentesinteressados em participar podem fazer a pré-inscrição pelos telefones 3201-6950 e 3201-6951.

Frederico RibeiroEspecial para a Tribuna do Planalto

Sempre me considerei mais para pessi-mista do que otimista. Lógico que, pela vai-dade inerente ao ser humano, geralmentetendemos a nos considerar realistas – nemum extremo, nem outro. Fiz esse comentá-rio para dizer que nos últimos tempos te-nho me flagrado tendo pensamentospositivos, mais do que considero normalpara minha pessoa.

Um exemplo é que procuro ver o ladobom dessa depressão econômica – tambémconhecida como crise – pela qual o paíspassa.

Reparo que os lugares estão mais va-zios. Supermercados, loja, shoppings, ban-cos (lógico que estes ainda ficam muitocheios em começos de mês) etc. A conse-quência disso são menos filas e, a não serque você seja masoquista, isto é bom. Às ve-zes penso que até o trânsito melhorou umpouco, embora aí devo estar enganado...

Ah, também aviões e ônibus estão mais

vazios. As pessoas, óbvio, com menos di-nheiro, viajam menos.

A propósito do tema viagem, vem aí,até julho, uma sequência de feriados quevão dar ou nas segundas ou nas sextas-fei-ras, à exceção de Corpus Christi, em junho,que cai numa quinta-feira, o que não mudamuito as coisas – na cultura brasileira,emendar feriados é sagrado.

Com tantos dias de folga, a tentação deviajar é grande, então o que fazer se até via-jar com o próprio veículo fica caro, porque,por conta de nossos impostos, o combustí-vel no Brasil é caríssimo? Aliás, um absur-do de caro. Mais caro que em todos nossospaíses vizinhos. Todos. E olha que produ-zimos grande parte do petróleo que consu-mimos. O Paraguai, por exemplo, queimporta 100% de seu óleo, vende a gasolinapela metade do preço da nossa. O que fa-zer, então?

Na minha humilde opinião, e, seguindoessa coisa nova, pra mim, de ser positivo,podemos aproveitar os feriados para ali-mentar nosso lado cinéfilo. Sim, relaxar as-

sistindo filmes – em casa, porque os preçosdo cinema também estão impeditivos. É oque vou fazer.

Pensemos na Síria, mergulhada hámais de cinco anos num confronto queparece não ter fim; nas famintas criançasafricanas; nos refugiados sem lares, nasbalsas superlotadas que ceifam a vida detantos desses que emigram das guerras,do terrorismo. Vamos lembrar das vítimasdeste terrorismo, fenômeno cada vez fre-quente no mundo todo... Porque, se nãopodemos ajudar essas pessoas, podemosponderar que, apesar da incerteza e inse-gurança que essa crise gera, ainda somosafortunados por vivermos em tempos depaz e que, mesmo levando em conta aviolência do cotidiano de uma grande me-trópole, muita gente gostaria de imigrarpara cá.

*Frederico Ribeiro é escritor, jornalistae colaborador da Tribuna do Planalto. Ci-néfilo e cineasta. Email: [email protected]

Feriados inúteis?

COTIDIANO

Feira veganaNo próximo sábado, 22, tem mais uma edi-

ção da Go Vegan - Feira Criativa e Gastronômi-ca. Será na Av.T-1, nº 26, no Coimbra, das 16hàs 22h. A feira pretende divulgar o veganismo,uma ideia que vai muito além da culinária, alémde ser um espaço para compartilhar ideias e aprática de consumos sustentáveis, com exposi-ção de produtos de pequenos produtores, em-preendedores e revendedores.

LAYZA-VASCONCELOS

Dança e literatura reunidos em O Crivo

O espetáculo O Crivo será apresentado nopalco do Teatro Sesc Centro nos dias 19 e 20.O projeto tem apoio do Fundo de Arte e Cul-tura, da Secretaria de Educação, Cultura eEsporte de Goiás (Seduce) e deve passar pordez cidades brasileiras em 2017. Depois deGoiânia, Campo Grande recebe a mon-tagem e, em maio, a trupe partici-pará do Festival TANEC Praha2017, em Praga, capital da Repúbli-ca Tcheca. Todas as atividades são gratui-tas.

Inspirado na obra Primeiras Estórias, deJoão Guimarães Rosa, o espetáculo reúnedança contemporânea e literatura numa espe-

cie de diálogo. Três contos da obra do escritorinspiraram João Paulo Gross, que assina a di-reção e a coreografia de O Crivo: A TerceiraMargem do Rio, O Espelho e Nada e a NossaCondição.

n Clube do Povo Hidroginástica e natação

n Parque Municipal Odilon Soares Pilates,circuito funcional, ginástica localizada,futsal, voleibol e tênis de campo

n Eseffego (Vila Nova) Atletismo

n Centro Promocional da Vila Redenção Futebol de Campo

n Centro Esportivo do S. Pedro Ludovico Atletismo

n Praça da Juventude (Jardim das Aroeiras) Futsal

n Centro Esportivo do Jardim Guanabara II Artes Marciais

n Clube do Sindigoiânia HidroginásticaNatação

n Unidade de Saúde (UASS) Ginástica aeróbica e localizada, alongamento

Iniciação esportivaatende 800 alunos

Cerca de 800 pessoas, desdecrianças a idosos, são atendidosgratuitamente com exercícios fí-sicos e atividades esportivas emnove polos espalhados pela ca-pital. As oficinas da Prefeiturade Goiânia, coordenadas pelaSecretaria Municipal de Educa-ção e Esporte (SME), aindatêm vagas disponíveis em algu-mas modalidades coletivas e in-dividuais, nos turnos matutino evespertino.

Para crianças e jovens, comidade entre 8 e 17 anos, a inicia-

ção esportiva oferece natação,futsal, futebol de campo, futebolrecreativo, ginástica, artes mar-ciais, voleibol e tênis de campo.Conforme disponibilidade de va-gas, adultos podem frequentaraulas de hidroginástica, atletis-mo, alongamento, circuito fun-cional, pilates, ginástica aeróbicae localizada. Mais informaçõespodem ser obtidas pelo telefone:3524-7306. Interessados podemprocurar os professores respon-sáveis nos polos, de acordo comas modalidades.

(Setor Faiçalville)

(Parque Amazonas)

Setor Leste Universitário

(Setor Alto do Vale)

Locais Modalidades

CAPITAL