64

Pólo Agro-Industrial de Capanda · Aplicação de calcário ou correctivo de ... Tecnologia de sementeira que é realizada após um ... Em relação aos agroquímicos ou os defensivos

Embed Size (px)

Citation preview

Pólo Agro-Industrial de Capanda

Capítulo 6

TECNOLOGIA PARA AGRICULTURA EM CLIMA TROPICAL

ÍNDICE

6. TECNOLOGIA PARA AGRICULTURA EM CLIMA TROPICAL ............................. 529

6.1. O CONTEXTO INTERNACIONAL E O DO CASO BRASIL ....................................... 529

6.2. BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS – BPA .................................................................. 535

6.2.1. Preservação das áreas de protecção ambiental ....................................................... 537

6.2.2. Aplicação de calcário ou correctivo de acidez do solo .............................................. 538

6.2.3. Sistemas de conservação de solo e água ................................................................ 539

6.2.3.1. Curvas de nível de base larga.......................................................................... 541

6.2.3.2. Sementeira directa ......................................................................................... 542

6.2.3.3. Adequação de Estradas .................................................................................. 544

6.2.4. Fixação biológica de azoto (nitrogénio) ................................................................... 545

6.2.5. Rotação de culturas .............................................................................................. 547

6.2.6. Adubação verde .................................................................................................... 548

6.2.7. Protecção integrada - Controlo integrado de pragas e doenças ................................ 549

6.2.8. Uso responsável de agroquímicos .......................................................................... 552

6.2.9. Central de recolha de embalagens utilizadas de agroquímicos .................................. 553

6.2.10. Pastoreio rotacionado de pastagens ....................................................................... 554

6.2.11. Integração lavoura-pecuária – ILP ......................................................................... 555

6.2.12. Integração lavoura-pecuária-floresta – ILPF ........................................................ 557

6.2.13. Gestão de rega .................................................................................................. 564

6.2.14. Barragens para fins de irrigação ......................................................................... 565

6.2.15. Tratamento e destino correcto dos dejectos de animais em confinamento e de

resíduos agro-industriais .................................................................................... 566

6.2.16. Evitar e controlar queimadas .............................................................................. 567

6.2.17. Recuperação de áreas degradadas com floresta .................................................. 569

6.3. IRRIGAÇÃO ........................................................................................................ 571

FIGURAS ........................................................................................................................ 575

GRÁFICOS ..................................................................................................................... 575

FOTOS ........................................................................................................................... 575

BIBLIOGRAFIA .............................................................................................................. 579

ABREVIAÇÕES

ANDEF Associação Nacional de Defesa Vegetal (Brasil)

BPA Boas Práticas Agrícolas (para uma agricultura sustentável)

CTC Capacidade de troca de catiões

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EPI Equipamentos de Protecção Individual

FBN Fixação Biológica de Nitrogénio (Azoto)

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ILP Integração lavoura-pecuária

ILPF Integração lavoura-pecuária-floresta

UEA Unidade Educacional Agrícola (PAC)

GLOSSÁRIO Acidez do Solo Fenómeno causado pelo excesso de azoto (hidrogénio) e alumínio no solo.

Agricultura de Precisão A partir de dados específicos sobre a fertilidade do solo e disponibilidade

de nutrientes para as culturas em de áreas geograficamente referenciadas, a agricultura de precisão visa a racionalização do uso de fertilizantes e correctivos para obtenção de culturas bem nutridas, de economia de recursos naturais e económicos no processo de produção e de melhores produtividades.

Agroquímicos Produtos químicos destinados ao uso em sectores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na protecção de florestas nativas ou implantadas e de outros ecossistemas, e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, com o propósito de preservá-las da acção danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do crescimento.

Aspersão Aplicação de água ou outro líquido, em forma de pequenas gotas aplicadas simultaneamente em várias direcções.

Calagem Método que consiste em adicionar substâncias cálcicas (cal e calcário) à terra para corrigir a acidez.

Correctivo do solo Qualquer substância ou material usado para corrigir uma (ou mais) característica(s) do solo que seja(m) desfavorável(is) ao seu cultivo.

Capacidade de troca de catiões

CTC, (1) que tem um solo de reter ou liberar nutrientes para serem absorvidos e aproveitados pelas plantas; (2) quantidade de catiões (alumínio, hidrogénio, cálcio, magnésio e potássio) que o solo é capaz de reter.

Condição edafo-climática

Condição de solo e clima.

El Niño / La Niña É um fenómeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal / esfriamento anormal das águas no oceano Pacifico tropical, que pode afectar o clima regional e global, mudando os padrões de vento, afectando os regimes de chuva em regiões tropicais.

Erosão Desgaste progressivo do solo decorrente do arraste de partículas de tamanho variável que o compõe, normalmente provocado pela acção da

água, do vento, do homem ou dos animais.

Fitossanitário Medidas sanitárias adoptadas na defesa dos vegetais.

Fotoperíodo É a duração do período luminoso do dia, o intervalo entre o nascer e o pôr-do-sol, em geral expresso em horas. A resposta da planta ao fotoperíodo é denominada fotoperiodismo.

Microrganismo Forma de vida de dimensões microscópicas, tais como os fungos, bactérias, vírus e microplasmas.

Potencial hidrogeniónico (pH)

É uma escala usada para medir a acidez ou a alcalinidade de soluções através da medida de concentração do íon hidrogénio em solução.

Pragas Qualquer forma de vida vegetal ou animal, ou qualquer agente patogénico potencialmente daninho para os vegetais e produtos vegetais.

Sementeira (Plantio) Convencional

Tecnologia de sementeira que é realizada após um período de pausa ou de uma campanha (colheita), envolvendo os métodos de preparo convencional do solo como limpar, arar, gradear, corrigir, fertilizar, semear, etc. Para tanto, são utilizados máquinas, equipamentos e implementos, sementes modificadas ou melhoradas e produtos químicos.

Sementeira (Plantio) Directa

Tecnologia que consiste em semear/plantar as espécies sem fazer revolvimento ou preparo do solo com utilização de máquinas adequadas para este fim, efectuando rotação de culturas e mantendo a cobertura com resíduo vegetal da cultura anterior ou de uma cultura semeada para este propósito, para protecção do solo contra erosão e perda de nutrientes.

Pequeno Cacimbo Corresponde a uma pequena estiagem durante o período de chuva, também conhecido como veranico no sector agrícola. 1

Cf. FONTES: Centro de previsão de Tempo e Estudos climáticos CPTEC; Campo Centro de Tecnologia Agrícola Ambiental, Embrapa Arroz e Feijão: Sistemas de Produção, em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Feijao/FeijaoVarzeaTropical/glossario.htm 

1

529

6. TECNOLOGIA PARA AGRICULTURA EM CLIMA

TROPICAL

Neste capítulo, são tratados os temas que envolvem as tecnologias desenvolvidas e validadas

para a agricultura em clima tropical, que nasceram em consequência do surgimento da “Revolução

Verde” iniciada nos anos 60 nos Estados Unidos, adaptadas às condições de clima temperado. O

desenvolvimento da tecnologia agrícola para os trópicos propiciou grandes oportunidades para a

produção de alimentos em regiões com condições edafo-climáticas similares, e vem a contribuir desta

forma, para o advento da segurança alimentar e o bem-estar social da população nesta zona

(tropical) e para a humanidade.

6.1. O contexto internacional e o do caso Brasil

Desde a chamada “Revolução Verde”, toda a tecnologia empregada na agricultura envolvendo

tanto nutrição quanta sanidade, foi desenvolvida para maximizar o potencial de produção e aumento

da produtividade agrícola, com a utilização de produtos químicos, visando eliminar o risco de que as

taxas de crescimento da oferta de alimentos fossem inferiores às do crescimento populacional.

Esse modelo tecnológico foi adoptado no Brasil a partir da década de 70 e, desde então, tem

vindo a ser aperfeiçoado e desenvolvido para as condições locais, gerando sucessivos ganhos de

produtividade na agricultura brasileira. Porém, a transferência desse pacote tecnológico para as

condições brasileiras não se deu sem prejuízos.

As condições climáticas marcadamente diferentes entre países de clima temperado e de clima

tropical contribuíram para que a adopção de certas práticas agrícolas gerasse externalidades

negativas. Em regiões de clima tropical, os dias são mais curtos (entre 12 a 13 horas), enquanto que

em regiões de clima temperado o fotoperíodo estende-se por pelo menos duas horas adicionais a

partir do início da primavera e se ampliando no verão.

Nas condições de clima temperado, a fotossíntese processa-se num período maior, com uma

maior fixação de CO² do que nas regiões de clima tropical. Nos trópicos, as temperaturas médias do

ar em todos os meses do ano são superiores a 18 °C e a variação diurna da temperatura é maior do

que a variação anual da temperatura média, isto é, entre o mês mais quente e o mês mais frio do

ano.

530

Além disto, as noites são mais quentes e longas, aumentando a respiração das plantas e a

perda de CO². O clima tropical caracteriza-se ainda, pelos altos índices e intensidades da pluviometria

e pela inexistência de estação invernosa.

Igualmente, a inconstância climática entre os anos, causada, entre outros, por fenómenos

climatológicos como por exemplo os fenómenos “El Niño” e “La Niña”, tornam os problemas

enfrentados pela agricultura mais numerosos e complexos, dado o alto grau de imprevisibilidade.

As condições climáticas afectam directamente os meios físicos e biológicos utilizados na

produção agrícola. Plantas, insectos e microrganismos são especialmente dependentes das condições

climáticas para o seu desenvolvimento e reprodução.

Condições de alta temperatura e humidade, características das regiões de clima tropical,

induzem a redução do ciclo reprodutivo daqueles seres vivos, permitindo, por um lado, um maior

número de colheitas e, por outro, um maior número de acções para o controlo de pragas e doenças.

As condições de alta precipitação das regiões tropicais, além de determinantes da baixa

fertilidade dos seus solos, promovem os processos de erosão e lixiviação dos solos agrícolas,

contribuindo ainda mais para a redução da sua fertilidade.

A transferência do modelo tecnológico adaptada às condições de clima temperado para as

condições tropicais só foi possível com a adaptação de cultivares às condições climáticas de

temperatura e fotoperiodismo, com a correcção da acidez característica dos solos tropicais, entre

outras.

As tecnologias desenvolvidas e adaptadas para a agricultura em clima tropical são altamente

bem sucedidas, como comprovam os patamares de produtividade alcançados pelos mais diversos

cultivos “tropicalizados” semeados no Brasil.

Para contornar os problemas de erosão e degradação dos solos, decorrentes das

precipitações de alta intensidade em curto período de tempo, associadas ao

incremento da mecanização agrícola, foram desenvolvidas e melhoradas tecnologias de

conservação e de não revolvimento do solo para a sementeira, como é o caso da

sementeira directa (plantio direto no Brasil). Esta prática também contribuiu para a

melhoria das características físicas dos solos.

531

Nas questões de nutrição e sanidade dos cultivos, também houve ajustes tecnológicos.

Concentrou-se a questão de nutrição de plantas nas suas deficiências químicas,

principalmente quanto aos macroelementos (N, P, K: Nitrogénio (Azoto), Fósforo e

Potássio), bem como nas necessidades bioquímicas e biológica, microelementos (Zinco

- Zn, Manganês - Mg, Cobre - Cu, Boro - B, Molibdénio - Mo, Cobalto - Co) e

aminoácidos.

 

Nas condições de clima tropical, as pragas e doenças, têm como característica a rápida

multiplicação, igualmente as plantas invasoras têm um rápido crescimento quando há

humidade no solo. O controlo de pragas, doenças e plantas invasoras, tem como

objectivo minimizar as perdas de produtividade. Para o controlo, foram desenvolvidas

tecnologias para o controlo orgânico e químico.

As tecnologias orgânicas com maior eficiência são o controlo de pragas com inimigos

naturais e insecticidas à base de produtos naturais, também a sementeira directa, com

o decorrer do tempo, reduz a infestação de plantas invasoras.

Em relação aos agroquímicos ou os defensivos agrícolas, os mesmos, estão em

constante aperfeiçoamento de novos princípios activos para o controlo desses seres

(pragas, doenças e plantas invasoras). O desenvolvimento dos produtos passa pela

busca na redução das múltiplas aplicações para o controlo, que tornam o processo

caro, além de contribuir para a selecção de seres resistentes.

 

Igualmente o desenvolvimento dos produtos fitossanitários (agroquímicos) procura a

selectividade e eficiência contra os principais alvos que afectam a sanidade e a

produtividade dos cultivos, a redução da dosagem para minimizar o risco de exposição

e contaminação e, produtos de baixo impacto e pouca persistência no ambiente.

Assim, apesar da redução nas doses e na toxidade, a eficiência dos produtos é

aumentada quando aliada às boas práticas de manejo integrado de pragas e doenças,

agricultura de precisão e sementeira directa2.

As condições existentes nas regiões de clima tropical exigem que se desenvolvam tecnologias

locais, tanto para a nutrição quanto para o controlo de pragas, doenças e de plantas invasoras.

2 ANDEF – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL: http://www.andef.com.br/defensivos/index.asp?cod=4, acessado em 16/05/2012.

532

Emerge, assim, um novo conceito, que envolve uma mudança de visão e atitude no trato dos

problemas tipicamente tropicais. Hoje, a biotecnologia traz ferramentas que possibilitam a utilização

dos conhecimentos de biologia e bioquímica para a solução de problemas oriundos da complexidade

dos sistemas biológicos em condições tropicais. Com o uso de práticas adequadas a cada cultivo e

região/solo, é possível manter em equilíbrio permanente o sistema de produção.

No que diz respeito ao desenvolvimento de tecnologia de agricultura em clima tropical, o

Brasil é uma referência e lidera hoje um processo de inovação tecnológica. O seu legado é uma

agricultura com identidade própria para os trópicos, com a participação efectiva de entidades públicas

em todas as esferas governamentais e de entidades privadas, em especial, o pioneirismo de Embrapa

– Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-pecuária, iniciado na década dos anos 70.

A Embrapa juntamente com várias outras entidades de investigação agrária, passaram a

trabalhar tendo em vista sistemas de produção mais sustentáveis, paralelamente as indústrias de

máquinas e equipamentos agrícolas, fizeram seu trabalho de desenvolvimento, principalmente de

alfaias para as condições de terras tropicais. A evolução das máquinas e equipamentos tem sido um

dos importantes impulsionadores do desempenho das actividades do campo, desde a agricultura

familiar à de larga escala.

Outro aspecto importante com o desenvolvimento de tecnologias para a agricultura nos

trópicos, é a perspectiva de incorporar milhões de hectares já antropizados, para produzir alimentos

em terras antes consideradas inaptas à agricultura em diversas regiões do planeta, principalmente as

regiões com maiores necessidades de alimentos.

Essa liderança brasileira, foi construída especialmente nos últimos quarenta anos, com

profundas transformações no sector primário e para a sociedade, tais como3:

Incremento acelerado da produtividade;

Produtos agrícolas com preços reduzidos e de melhor qualidade;

Agregação de valor à produção.

Esses benefícios económicos e sociais, baseiam-se em iniciativas voltadas:

Ao manejo dos recursos naturais em sistemas de produção sustentáveis;

Às pesquisas multidisciplinares conduzidas em diferentes instituições;

3 http://www.agroanalysis.com.br/especiais_detalhe.php?idEspecial=31,consultado em 05/06/2012.

533

À disseminação de novas tecnologias;

À promoção do desenvolvimento rural.

Em termos estatísticos, o desenvolvimento de tecnologia e competitividade, representou

ganhos económicos e sociais para a sociedade brasileira.

Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), a

produtividade agrícola brasileira cresceu 3,56 % ao ano desde 1961 até 2007, enquanto nos países

desenvolvidos esse crescimento foi de 0,86 % e nos países em vias de desenvolvimento foi 1,96%4.

Na última década a produção brasileira cresceu 68 % enquanto o aumento da área plantada

foi de apenas 27%5. O gráfico a seguir demonstra o ganho de produtividade em relação à utilização

de área para o cultivo de cereais, leguminosas e oleaginosas. Observar que em 2012, há uma

previsão de queda da produção devido ao período prolongado de estiagens que passaram algumas

regiões produtoras do Brasil.

Gráfico 6.1. Evolução da produtividade, em relação à área cultivada com cereais, leguminosas e oleaginosas, no período de 1980 a 20126

O maior benefício para a sociedade, foi a redução sensível do custo da cesta básica para

metade. Conforme pode ser observado no gráfico a seguir7.

4 Cf. http://www.agricultura.gov.br/politica-agricola/noticias/2012/01/produtividade-agricola-do-brasil-cresce-mais-do-que-a-mundial acessado em 11/06/2012. 5 Cf. http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/lspa/2012.pdf acessado em 11/06/2012 6 Cf. IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA: Indicadores do IBGE, Estatística da Produção Agrícola, Março de 2012. 7 http://www.cnpms.embrapa.br/milhotrans/palestra.pdf acessado em 12/06/2012.

534

Gráfico 6.2. Redução da cesta básica no Brasil quando comparado em Janeiro de 1975 a Abril de 2010

No caso de Angola e mais especificamente a região do planalto do Pólo Agro-industrial de

Capanda, há uma grande similaridade das condições edafo-climáticas com a região do planalto

central (cerrado) brasileiro, hoje a maior região produtora de grãos do Brasil.

Essa similaridade edafo-climática entre a “savana” angolana e a brasileira, passa a ser uma

importante vantagem, pois as tecnologias já desenvolvidas para estas condições, após passar por

devidos ajustes e adaptações às particularidades locais, podem ser utilizadas para o desenvolvimento

do PAC através de uma agricultura sustentável e competitiva, que assegura a produção de alimentos

de qualidade e em quantidade adequada.

Para Angola e o PAC a adopção e validação de tecnologia de produção em clima tropical,

representa um ganho de recursos, tanto de tempo como financeiro, assim como, evita os erros

cometidos até chegar às tecnologias adequadas. Igualmente deve-se aproveitar as sinergias e a

cooperação entre os Países.

Neste contexto, a Unidade Educacional Agrícola (UEA) prevista para o PAC é uma importante

ferramenta para a validação, geração de conhecimento local e difusão dessas tecnologias que

suportarão a produção da agricultura familiar e de larga escala do PAC, da região de influência e de

regiões com condições similares ao do País.

535

6.2. Boas Práticas Agrícolas – BPA

Em Angola, o advento da paz traz como consequência lógica a revitalização rápida do sector

agrícola. A intensificação da actividade agrícola terá que ser acompanhada de adequadas medidas

agro-ambientais, de forma a evitar ou a minimizar os impactos ambientais que se podem constatar

actualmente em Angola: erosão e degradação dos solos, com a formação de ravinas e processos de

desertificação; perda de biodiversidade por práticas agrícolas inadequadas e por desmatamento;

contaminação dos solos por resíduos urbanos, industriais e agroquímicos; “perda” de terras

potencialmente agrícolas para outros fins; degradação dos recursos hídricos.

Entretanto, deve-se reconhecer que qualquer actividade humana tanto urbana como no meio

rural, por menor que seja, pode causar impacto ambiental. Por outro lado, podem-se minimizar ou

mitigar esses impactos com a implementação de medidas de boas práticas e, no caso agrícola, as

mesmas podem aumentar a produtividade.

Diante disso, neste Master Plan (Plano Director) os temas sociais, de sustentabilidade e meio

ambiente são transversais em todas as actividades e acções que estão a ser abordadas e tratadas no

âmbito agro-produtivo.

Nesse sentido, deve-se atentar para a necessidade de a actividade agro-silvo-pastoril ser

economicamente viável, socialmente justa, ambientalmente correcta, politicamente legal e

transparente, no sentido da saudável agregação de valores para a geração de trabalho e renda. Isso

sinaliza para a adopção de procedimentos correctos e duradouros que resultem em vantagens

comparativas e competitivas do processo produtivo, as chamadas Boas Práticas Agrícolas (BPAs).

Para garantir o futuro, tem-se de garantir um ambiente adequado para o desenvolvimento dos

processos produtivos, que permitam melhorar, manter e/ou restaurar a qualidade de vida das

comunidades incorporadas no PAC. Por tratar-se de um ambiente frágil, é recomendada uma série de

medidas e métodos para atenuar os impactos negativos associados à implantação do PAC.

É neste contexto que as Boas Práticas Agrícolas são fundamentais para o PAC. As

BPAs caracterizam-se pela adopção de técnicas de produção de menor impacto

ambiental, com o emprego de tecnologias mais limpas. Aliam a rentabilidade agrícola, o

equilíbrio ambiental e a responsabilidade social, em busca do desenvolvimento

sustentável, fazendo com que as actividades humanas funcionem em harmonia com o

536

sistema natural, de forma a preservar as funções de manutenção da vida por um tempo

indeterminado.

As necessidades cada vez maiores e urgentes por grandes quantidades de alimentos

ensejaram o aparecimento de produtos fitossanitários (agroquímicos). Estes produtos, quando usados

inadequadamente podem causar a degradação do solo e dos recursos hídricos. Paralelamente a isso,

o desmatamento de áreas cada vez maiores está a provocar a eliminação de espécies animais,

inclusive dos predadores naturais de pragas da agricultura, incrementando a população e acentuando

o poder devastador das espécies nocivas aos cultivos.

Ao adoptarem práticas preocupadas com a sustentabilidade, os agricultores poderão manter

uma biodiversidade protectora nas áreas de cultivo e impedir o ataque constante de pragas,

reduzindo, desse modo, a quantidade e a frequência do uso de agroquímicos.

Ao contrário da tecnologia agrícola tradicional, que se concentra na planta e nos seus

sintomas, a agricultura sustentável prevê o uso de técnicas que privilegiam os cuidados com o solo,

pois parte do princípio de que um solo bem conduzido e conservado produz plantas sadias e

vigorosas, mais resistentes a pragas e intempéries.

Desta maneira, a aplicação de conhecimento e o desenvolvimento da sustentabilidade na

agricultura promove uma maior conservação dos recursos naturais e contribue para um aumento da

produtividade das áreas exploradas, reduzindo drasticamente o impacto da produção sobre o meio

ambiente e optimizando a produção (e os lucros) com um mínimo de influência de elementos

artificiais.

Essas técnicas podem ser aplicadas a qualquer nível de produção, desde a agricultura familiar

a de larga escala. No que diz respeito ao PAC, as mesmas podem ser difundidas nas comunidades

internas e perimetrais do Pólo, para gerar novas oportunidades de melhoria das condições de vida e

fomentando o desenvolvimento das comunidades ali existentes.

É com este propósito, que nos tópicos a seguir, apresenta-se uma descrição sucinta dos

principais aspectos ligados às Boas Práticas Agrícolas - BPA, inerentes à agricultura sustentável

de baixo impacto ambiental e socialmente inclusiva, com experiencias já comprovadas, difundidas e

aplicadas em condições similares à PAC. Não menos importante e que deve ser abordado novamente,

537

é a Promoção da Educação Ambiental no âmbito escolar e para toda a população envolvida com

o desenvolvimento do PAC.

6.2.1. Preservação das áreas de protecção ambiental

Consiste na preservação e adequação a área do PAC conforme as Directrizes estabelecidas

neste MasterPlan, na Legislação Ambiental do País e requisitos internacionais. Dentro dos diversos

requisitos determinados, cabe destacar alguns de interesse à agricultura e ao PAC.

Preservar ou recompor a vegetação para proteger contra o assoreamento:

As margens de recursos hídricos (rios e albufeira de Capanda) e de drenagens naturais de

grande caudal no período de precipitação ou mesmo intermitentes;

As envolventes dos monumentos naturais (exemplo: Pedras de Pungo Andongo e da

Rainha Ginga);

As áreas com relevo acidentado ou de grande declive.

Foto 6.1. Preservação e recomposição de vegetação nas margens da albufeira de Itaipu, Estado do Paraná – Brasil.

538

Foto 6.2. Vegetação preservada ao logo de rios com áreas de cultivo de sequeiro e irrigado (pivot central), Estado do Mato Grosso. Savana Brasileira (Imagem Google Earth).

6.2.2. Aplicação de calcário ou correctivo de acidez do solo

A acidez é uma característica dos solos tropicais, particularmente das savanas, e inibe o

crescimento das raízes e a absorção de nutrientes.

A aplicação de calcário na abertura da área e, quando necessário, conforme a

indicação das análises laboratoriais de solo, traz diversos benefícios ao solo:

Corrige a acidez do solo;

Reduz a saturação por alumínio;

Melhora a solubilização dos fertilizantes;

Favorece a actividade biológica;

Propicia aumento na disponibilidade do fósforo;

Com o solo “corrigido” torna-se mais eficiente a absorção de água e nutrientes pela planta.

Foto 6.3. Aplicação de (calcário) numa uma área nova, recentemente aberta. “Savana” brasileira.

539

Foto 6.4. Recalagem (reposição de calcário) numa área com sementeira directa. “Savana” brasileira.

Os efeitos indirectos causados pela correcção da acidez do solo podem manifestar-se através

de algumas características fenológicas das plantas, como a maior distribuição do sistema radicular em

profundidade e a sua relação com a maior resistência aos défices hídricos dos períodos de pequenas

estiagens durante a temporada de chuvas (pequeno cacimbo). Em ambos os casos, os efeitos do

calcário estão directamente ligados a aumentos da produção e da qualidade da biomassa, tanto para

grãos como para matéria seca na produção de silagem.

Os solos tropicais também apresentam problemas de acidez subsuperficial, uma vez que a

incorporação profunda (>20cm) do calcário nem sempre é possível. Assim, camadas mais profundas

do solo (abaixo de 35cm ou 40cm) podem continuar com excesso de alumínio tóxico. Esse problema,

aliado à baixa capacidade de retenção de água desses solos, limita a produtividade, principalmente

nas regiões onde é mais frequente a ocorrência de pequenos cacimbos. A aplicação de gesso agrícola

diminui, em menor tempo, a saturação de alumínio nessas camadas mais profundas, com

consequente aumento de cálcio nessas camadas. Desse modo, criam-se condições para o sistema

radicular das plantas se aprofundarem no solo e, assim, minimizar o efeito de pequenos cacimbos.

O calcário também é fonte de cálcio (Ca) e Magnésio (Mg) para as culturas.

6.2.3. Sistemas de conservação de solo e água

O solo deve ter todos os elementos nutritivos necessários e uma humidade adequada para

permitir o correcto crescimento e desenvolvimento das plantas. A estrutura do solo deve permitir a

penetração do ar e da água, de modo a que o sistema radicular da planta se possa desenvolver. Sem

um bom sistema radicular, as plantas não podem retirar eficazmente os nutrientes do solo. A

estrutura do solo deve também permitir a eliminação do excesso de água.

540

O solo é um sistema vivo e está em constante interacção com as plantas. A maior parte dos

nutrientes vegetais são reciclados de modo natural; vão do solo para as raízes, depois voltam ao solo

através das folhas caídas, das plantas mortas e dos resíduos das colheitas. Os vermes da terra, os

insectos e microrganismos alimentam-se dos restos vegetais e transformam-nos em húmus, que dá à

camada agricultável a sua cor escura e lhe confere uma boa estrutura.

Essa camada agricultável ou horizonte A, leva muitos anos a formar-se e é a parte mais

produtiva do solo. É rica em nutrientes vegetais e em organismos benéficos, como os vermes. No

entanto, essa camada e o húmus são facilmente destruídos pela erosão causada pela chuva ou pelo

vento e pelas técnicas tradicionais de cultivo do solo.

A incidência directa das chuvas e do sol produz uma crosta na superfície do solo que diminui

tanto a circulação de ar no solo como a capacidade de infiltração das águas precipitadas. Em terrenos

inclinados, essa condição aumenta o escoamento superficial das águas da chuva, propiciando o

surgimento de processos erosivos e de enchentes. Nesse tipo de terreno, a pouca água infiltrada

pelas chuvas é, em seguida, rapidamente evaporada pelo sol. Estas condições, são potencializadas

nos trópicos, que se caracteriza por chuvas de alta intensidade em um curto período de tempo, assim

como a alta incidência do sol na superfície da área.

Em terrenos planos, embora não haja propensão ao desencadeamento de processos erosivos,

a diminuição da capacidade de infiltração conduz ao encharcamento da água que, por sua vez,

diminui a circulação de ar no solo e promove a sua compactação.

Solos desprotegidos são, portanto, sujeitos a serem erodidos mais facilmente; formam, nas

camadas mais profundas, camadas duras que dificultam o desenvolvimento das raízes; e atingem

temperaturas que prejudicam ou mesmo impedem a absorção de água pelas plantas,

comprometendo o rendimento dos cultivos.

Desta forma, as medidas de conservação e melhoramento do solo deverão estar voltadas

fundamentalmente para o combate à erosão, o melhoramento da estrutura, a gestão da fertilidade e

a gestão da água.

541

6.2.3.1. Curvas de nível de base larga

Uma das práticas adoptadas para a conservação de solo e água é a construção de curvas de

níveis de base larga8. Esta pratica, consiste na construção de uma estrutura transversal ao sentido do

maior declive do terreno.

A recomendação é construir um sistema contínuo de “terraços” por meio de curvas de

nível de base larga, não respeitando limites ou parcelas de áreas de cultivo (construída

com o implemento “terraceador”) perpendicular à pendente, criando, com isto, barreiras

para cortar o fluxo e a velocidade da água. No final das curvas de nível de base larga,

caso seja necessário, devem ser construídas pequenas bacias para que o excesso de água

do escorrimento se armazene e infiltre nestes pontos.

Foto 6.5. Tractor com implemento “terraceador” a construir o sistema de curva de nível para conservação de solo. “Savana” brasileira.

Foto 6.6. Área com parcelas de culturas com sistema conservação do solo logo após uma chuva. Observar que, onde há o sistema de sementeira directa a água infiltrou-se, antes de acumular-se na base das curvas de nível de base larga (sementeira convencional).

8 Curvas de nível de base larga: No Brasil também conhecido como: “Terraço ou terraceamento”. 

542

A função da curva de nível de base larga – “terraço” é a de reduzir o comprimento da rampa,

área contínua por onde há escoamento das águas das chuvas, e, com isso, diminuir a velocidade de

escoamento da água superficial, reter e infiltrar as águas no solo. Ademais, contribui para a recarga

de aquíferos. Essa prática, aliada a um conjunto de outras práticas conservacionistas, reduz

sensivelmente o risco de perdas de solos por erosão, do assoreamento de mananciais e

consequentemente a contaminação dos mesmos por resíduos de fertilizantes e defensivos agrícolas.

Foto 6.7. Ilustração – Área de cultura sem sistema de conservação de solo em processo de erosão.

Foto 6.8. Ilustração – Área de cultura com sistema de conservação de solos por curvas de base larga (terraço). Observar que a água do reservatório está limpa.

6.2.3.2. Sementeira directa

É uma técnica de maneio do solo que minimiza as perdas, ajuda a mitigar ameaças e a

fomentar a sustentabilidade no ambiente de produção.

Consiste em cultivar sem reviramento do solo, o que elimina as operações de aração e

gradagem, ou seja, a sementeira é realizada sobre a camada de resíduo vegetal da campanha

anterior ou sobre o resíduo de uma cultura semeada especificamente para a formação da camada

vegetal. Os restos da cultura anterior são mantidos sobre a terra, ajudando na ciclagem de

nutrientes, na retenção da humidade e protecção contra o calor, assim como a protegendo contra a

erosão hídrica e eólica.

543

Cabe destacar que essa tecnologia no Brasil, conhecida como “plantio direto”, é aplicada em

32 milhões de hectares, que representa 75% da área cultivada com grãos do País9

A sementeira directa proporciona:

Aumento de matéria orgânica no solo, facilitando a disponibilidade dos fertilizantes

para o cultivo;

Aumento da actividade biológica do solo (minhocas, artrópodes, bactérias, fungos,

nematóides etc.), que produzem húmus e aumentam a sua porosidade;

Maior retenção de água no solo (70% maior em comparação com o sistema

convencional), reduzindo a evaporação da água do solo, por estar protegido pela

camada de resíduo vegetal;

Redução no risco de erosão hídrica, assim como de erosão eólica;

Redução de custos e de emissão de gás carbónico devido à redução de uso de

máquinas agrícolas para o preparo do solo;

Aumento da fertilidade do solo a longo prazo, levando a um certo grau de economia de

fertilizantes, ao reduzir-se a necessidade de compensações com fertilizantes químicos;

Menor custo de manutenção de máquinas e de alfaias agrícolas devido à redução do

uso.

Foto 6.9. Ilustração de um solo cultivado com sementeira directa. Observar a camada de resíduo vegetal.

9 Embrapa Soja, 2012. 

544

Foto 6.10. Tractor com alfaia adequada realizando a sementeira directa sobre os resíduos da colheita de milho. “Savana” brasileira.

Em solos sob sementeira directa a presença de resíduo vegetal contribui para aumentar a rugosidade

do terreno, estabilizar os agregados do solo e impedir a desagregação das partículas pelo contacto

directo com as gotas de chuvas, o que resulta em maiores taxas de infiltração e diminuição do

volume de escoamento da água pela enxurrada.

A redução de perda de solos por essa prática, em algumas situações, significa que as

propriedades rurais que antes degradavam o solo, passam a ser prestadoras de serviços ambientais.

Contudo, é importante a associação da sementeira directa com curvas de nível de base larga.

A maior rugosidade do terreno e menor “desagregação” dos agregados do solo sob sistema de

sementeira directa contribuem para a maior conservação do solo.

6.2.3.3. Adequação de Estradas

Tem como objectivo impedir o escorrimento do excesso de água das chuvas ao longo das

margens da estrada. Pode ser aplicado em qualquer tipo de estrada: principais, vicinais e internas nas

parcelas produtivas.

Consiste na construção de uma sequência de pequenas bacias, em um ou em ambos

os lados da estrada, que receberão a água desviada do leito para contenção e infiltração.

Esta prática reduz o custo de manutenção e aumenta a vida útil das estradas, por

evitar o processo erosivo que pode surgir nos canais de drenagem paralelos ao leito

das estradas, evita também o assoreamento de cursos de água e facilita a infiltração e

recarga do lençol freático.

545

Foto 6.11. Ilustração de pequenas bacias adequadas para a contenção e infiltração da água de chuvas. Estrada terciaria na região da “Savana” brasileira.

Foto 6.12. Ilustração de pequenas bacias, idem a foto acima, porém em estrada pavimentada. Região da “Savana” brasileira.

6.2.4. Fixação biológica de azoto (nitrogénio)

A fixação é realizada por bactérias que captam o nitrogénio (azoto) da atmosfera e o

transforma em matéria orgânica para ser usado pela planta.

A planta interage com as bactérias fixadoras de azoto transformando o “N” em formas

absorvíveis (amónio ou nitrato), como a formação de ”nódulos” nas raízes. É uma relação simbiótica

entre a planta e as bactérias.

Actualmente existe no mercado agentes inoculares com bactérias fixadoras de azoto para

espécies de plantas leguminosas e gramíneas. As sementes são inoculadas com as bactérias horas

antes da sementeira.

A fixação biológica do nitrogénio promove vários benefícios para as culturas

agrícolas, dentre os quais destacam-se:

546

Redução do uso de fertilizantes nitrogenados químicos (pode reduzir em até 50%),

que resulta em economia para o produtor;

A característica de contribuir para o auto-fornecimento do azoto utilizado para a

formação da planta minimiza os impactos do mesmo sobre o meio ambiente, pois o N

do fertilizante químico lixívia (carregado pela água das chuvas que infiltram abaixo do

sistema radicular), desnitrifica (processo que o “N” retorna a atmosfera em forma de

gás quase inerte) e volatiza (transforma-se em gás ou vapor) com muita facilidade;

Aumento de produtividade, especialmente em solos deficientes em nitrogénio

disponível;

O uso de leguminosas como adubos verdes eficientes para Fixação Biológica de

Nitrogénio – FBN fornece nitrogénio para o solo e melhora suas propriedades físicas,

químicas e biológicas.

Foto 6.13. Ilustração de um sistema radicular de uma planta leguminosa com nódulos de bactérias fixadoras de nitrogénio.

Foto 6.14. Sistema radicular com os nódulos de bactérias fixadoras de nitrogênio. “Savana” brasileira.

Igualmente a semente pode ser inoculada com micronutrientes (molibdénio, cobalto, zinco,

boro, etc.) proporcionando condições para a origem de plantas vigorosas e resistentes a doenças.

Entretanto a escolha e respectiva concentração vão depender da cultura a ser plantada.

547

6.2.5. Rotação de culturas

É uma técnica agrícola de conservação que visa diminuir a exaustão do solo. Isto é feito

trocando as culturas a cada nova sementeira de forma que as necessidades de adubação sejam

diferentes a cada ciclo.

Consiste em alternar, ordenadamente, diferentes culturas, num espaço de tempo,

na mesma área agrícola, com os propósitos de recuperar o solo, reduzir a incidência de pragas,

doenças e plantas daninhas, melhorar as características físicas, químicas e biológicas do solo, repõem

a matéria orgânica, protege o solo da acção dos agentes climáticos, ajuda a viabilização da

sementeira directa. As espécies escolhidas devem ter, ao mesmo tempo, propósitos comerciais e de

recuperação do solo.

Escalando diferentes culturas, promovendo a rotação de herbicidas e insecticidas, melhora o

controlo de plantas invasoras e insectos, pela quebra do seu ciclo de desenvolvimento,

variação da absorção de nutrientes, e ainda variação da profundidade do sistema radicular

explorando de diferentes formas o perfil do solo.

A monocultura ou mesmo o sistema contínuo de sucessão tende a provocar a degradação

física, química e biológica do solo e a queda da produtividade das culturas. Também

proporciona condições mais favoráveis para o desenvolvimento de doenças, pragas e plantas

invasoras.

Foto 6.15. Ilustração de um cultivo de milho em sementeira directa, sobre a cama de resíduo do capim brachiaria. Região “Savana” brasileira.

548

Foto 6.16. Ilustração de um cultivo de soja em sementeira directa, sobre a cama de resíduo do cultivo de milho. “Savana” brasileira.

6.2.6. Adubação verde

O cultivo de plantas com essa finalidade contribui significativamente para melhorar o solo,

devido, principalmente, ao aporte de matéria orgânica e à mobilização de nutrientes. Normalmente,

usam-se leguminosas que são capazes de fixar o azoto na planta e disponibilizá-lo no solo para a

próxima sementeira. No entanto, outras culturas não leguminosas, também trazem benefícios ao

incorporar outros nutrientes, como por exemplo o potássio.

Desse modo, além das condições locais onde será plantada, a escolha da planta mais

adequada para a adubação verde depende do que especificamente se pretende melhorar com a sua

aplicação.

Quanto ao uso, as plantas cultivadas para esse fim devem ser simplesmente roçadas e

dispostas como cobertura morta sobre o solo. Podem ser consorciadas com a cultura principal,

plantadas entre campanhas, de modo a manter a terra coberta, ou, ainda, plantadas como faixa

quebra-vento.

A adubação verde proporciona:

Maior quantidade de matéria orgânica no solo;

Maior disponibilidade de nutrientes;

Maior capacidade de intercâmbio catiónico do solo;

Favorecimento da produção de ácidos orgânicos, importantes para a solubilização dos

minerais;

Redução do alumínio intercambiáveis;

Maior capacidade de reciclagem;

Absorção de nutrientes lixiviados ou pouco solúveis nas camadas mais profundas do perfil.

549

Foto 6.17. Ilustração de uma área com cultivo de crotalária juncea para adubação verde. “Savana” brasileira.

Foto 6.18. Ilustração de cultivo de nabo forrageiro (à direita) para adubação verde e massambala/sorgo como cultivo comercial (à esquerda). Observar as bacias de contenção/infiltração de água à direita na via de acesso às parcelas de cultivo. “Savana” brasileira.

6.2.7. Protecção integrada - Controlo integrado de pragas e doenças

Na direcção da agricultura sustentável, o controlo integrado de pragas é uma prática

recomendável, pois integra métodos de controlo cultural, mecânico, biológico e químico, visando

restabelecer a população de pragas e doenças de determinada cultura a níveis populacionais

aceitáveis à sua produção comercial. Consiste em um maneio (preventivo e/ou curativo) de toda a

zona de cultivo.

A protecção integrada de pragas e doenças, considera factores relacionados à resistência

genética das plantas, qualidade do produto, barreiras quarentenárias, socioeconómicas e

manipulação ambiental. Medidas de controlo baseadas no escape ou evasão, visam a prevenção da

praga ou da doença pela fuga em relação ao patógeno e/ou às condições ambientes mais favoráveis

ao seu desenvolvimento. Na ausência de variedades imunes ou resistentes, o escape é a primeira

opção de controlo de doenças de plantas, seja em grandes áreas, seja em canteiros de semeadura.

550

A utilização dos métodos de protecção integrada, favorece amplamente a melhoria da

qualidade ambiental do sistema de produção, uma vez que é dada prioridade aos métodos culturais e

biológicos (sempre que disponíveis para a cultura) em carácter preventivo, em detrimento ao uso de

métodos químicos (controlo por agroquímicos, por exemplo). Este último é orientado por indicadores,

de limiar económico e nível de dano económico, estabelecidos através do conhecimento da dinâmica

populacional das pragas/doenças da cultura, que subsidiam a tomada de decisão do produtor para o

uso de defensivo somente em momentos onde esta população tenha que ser drasticamente reduzida,

sem nenhum outro método efectivo para o controlo, e o custo da aplicação do produto justifica a sua

aplicação.

Vantagens do manejo integrado de pragas e doenças:

Redução do volume de agroquímicos utilizados;

Diminuição do custo de produção;

Menor contaminação de produtos;

Aumento do valor do produto final;

Protecção da cadeia alimentar;

Protecção do ecossistema e da biodiversidade.

Os tipos de controlo podem ser cultural, mecânico, biológico e químico:

a. Controlo cultural

O controlo cultural pode ser feito com o uso de bordaduras ou “curvas de nível”, plantadas

com uma variedade precoce da cultura ou outras plantas hospedeiras da praga alvo, com o intuito de

antecipadamente concentrar a ocorrência da praga e ou doença da cultura nestas áreas, visando

facilitar e minimizar o uso de defensivos agrícolas. Também se pode fazer uso dessas áreas para as

liberações antecipadas de inimigos naturais (controlo biológico aplicado), disponibilizando assim uma

população do inimigo natural no campo antes da ocorrência do problema na cultura principal.

b. Controlo mecânico

O uso de barreiras físicas, como valas e coberturas plásticas, dificulta a locomoção dos

insectos para a plantação. Outras técnicas apropriadas incluem o uso de armadilhas plásticas, fitas

adesivas, entre outras. Também o controlo de plantas invasoras, hospedeiras de pragas pode ser

realizado por ferramentas (tipo enxada) ou por alfaias para esta finalidade.

551

c. Controlo biológico

Entende-se como controlo biológico a acção de parasitas, predadores ou patógenos para

manter a densidade do outro organismo num patamar inferior àquele que ocorreria na sua ausência,

sem contaminar o meio ambiente ou causar efeitos colaterais. Geralmente os organismos

responsáveis por esse consistente meio de controlo de pragas e doenças da agricultura são vírus,

bactérias, fungos, nematóides, ácaros e insectos parasitóides e predadores.

Os métodos de controlo biológico tornam-se cada dia mais aceites em função das demandas

de produção sem resíduos de defensivos agrícolas e pela crescente divulgação da comprovação dos

seus resultados de controlo.

A técnica de controlo biológico aplicada não deixa resíduo, além de ser mais específica ao

interferir somente na praga alvo de forma gradativa e por um período de manutenção mais

duradouro em termos de controlo, sem provocar novos desequilíbrios ao afectar outras populações

de organismos benéficos presentes no ambiente de produção. Assim, é uma técnica mais

permanente, dependendo basicamente de como o produtor conduz a sua lavoura, agindo no

agroecossistema.

d. Controlo químico

Consiste na utilização de produtos de acção tóxica que têm como ingrediente activo

substâncias químicas sintetizadas para controlar ou erradicar de modo geralmente específico a

ocorrência de doenças, pragas e plantas invasoras na agricultura. Se utilizados de forma incorrecta,

sem considerar as particularidades do próprio produto e dos agroecossistemas, podem representar

riscos ao ambiente e à saúde humana. Uma boa estratégia é associar a resistência horizontal de

plantas a patógenos (baixo nível de ataque) ao controlo químico, limitando a aplicação de defensivos

agrícolas.

Nesse tipo de maneio devem ser adoptados métodos alternativos, tais como feromonas,

biopesticidas, erradicação de hospedeiros alternativos, retirada e queima das partes vegetais

afectadas.

A orientação de uso correcto do produto para culturas específicas, considerando a ecologia e a

dinâmica populacional das suas pragas e doenças, a atenção a intervalos de segurança e a escolha

de produtos menos persistentes, subsidiam os Programas de Manejo Integrado de Pragas a

552

estabelecerem os produtos que devem ser utilizados no controlo químico, conciliando a demanda de

produção agrícola com a conservação do meio ambiente.

6.2.8. Uso responsável de agroquímicos

Os agroquímicos, que incluem os produtos fitossanitários (defensivos) e adubos químicos,

utilizados de forma racional e quando necessário, trazem benefícios. Plantas bem nutridas são menos

susceptíveis ao ataque de pragas e doenças, assim como, o controlo de organismos aumenta a

produtividade dos cultivos. Porém, se utilizados inadequadamente podem causar danos à espécie

humana e a organismos benéficos existentes no meio ambiente.

O conceito de BPAs determina que estes produtos devem ser utilizados somente quando o seu

uso é necessário, utilizando-se produtos mais selectivos, menos tóxicos, menos persistentes e mais

seguros tanto para o homem quanto para o meio ambiente.

O uso de agroquímicos deve seguir a orientação de um técnico experiente e responsável. O

aplicador deve ser habilitado e obrigatoriamente usar Equipamentos de Protecção Individual (EPI). Os

equipamentos de aplicação devem ser adequados e calibrados para as diversas aplicações

específicas.

No caso dos pesticidas, a qualidade da água para a cauda é fundamental para a eficácia do

produto a aplicar. As embalagens vazias de pesticidas, devem passar por tripla lavagem no momento

do seu uso, inutilizá-las e ter um destino correcto.

Para proteger a saúde dos consumidores, das pessoas que aplicam e manuseiam

agroquímicos e o meio ambiente, é importante considerar as instruções descritas no rótulo dos

produtos.

Os seguintes aspectos deverão ser considerados:

Uso somente quando necessário e por uma pessoa habilitada;

Com a orientação técnica de um profissional da área e experiente;

Ao manipular e aplicar o produtor é imprescindível o uso de Equipamentos de Protecção

Individual (EPI) pelo trabalhador;

Aplicação de acordo com normas e níveis máximos toleráveis;

Usar produtos seleccionados, menos tóxicos, menos persistentes e mais seguros para o

homem e para o meio ambiente;

553

Utilizar somente produtos registados para o cultivo;

Observar se o produto registado contempla o controlo dos alvos (insectos, pragas,

patógenos e plantas invasoras);

Utilizar somente a dose recomendada;

Respeitar o período de carência e de validade dos produtos;

Seguir as recomendações de manipulação dos produtos durante a preparação da mistura,

durante a aplicação e após a aplicação.

Foto 6.19. Ilustração da calibragem de pulverizador com aplicador usando Equipamentos de Protecção Individual (EPI).

Foto 6.20. Ilustração da aplicação de agroquímicos com o operador usando Equipamentos de Protecção Individual (EPI).

6.2.9. Central de recolha de embalagens utilizadas de agroquímicos

Essa prática evita que embalagens já utilizadas contaminem o meio ambiente ou, pior ainda,

que pessoas utilizem para fins de armazenagem de água ou de preparação de alimentos. A central

receberá e abrigará as embalagens para que possam ser recicladas ou que o fornecedor faça a

logística inversa, ou seja se comprometa a buscar e receber as embalagens utilizadas.

554

Foto 6.21. Ilustração de uma central de recolha de embalagens utilizadas na “Savana” brasileira.

Foto 6.22. Ilustração do manuseio das embalagens vazias dentro da Central de recolha, com o uso de EPI pelos trabalhadores.

6.2.10. Pastoreio rotacionado de pastagens

O maneio correcto das pastagens é fundamental para qualquer sistema pecuário de criação de

bovinos, caprinos e ovinos a pasto. Em pastagens bem maneadas, as forrageiras normalmente

apresentam crescimento mais vigoroso, com boas qualidades nutricionais e palatabilidade.

Igualmente protegem melhor o solo e conseguem competir de forma mais vantajosa com as plantas

invasoras, resultando em menor gasto com limpeza e manutenção das pastagens.

O maneio correcto contribui para melhorar a nutrição do rebanho e, consequentemente,

aumentar os seus índices produtivos, reprodutivos e sanitários.

O pastoreio rotacional é um sistema no qual a pastagem é subdividida em parcelas (piquetes),

que são pastejados em sequência por um ou mais lotes de animais. Difere do pastoreio contínuo, em

que os animais permanecem na mesma pastagem por um longo período de tempo (meses), e do

pastoreio alternado, no qual a pastagem é dividida em apenas duas parcelas que são pastejados

alternadamente.

555

Vantagens do pastoreio rotacionado de pastagens:

Melhor aproveitamento da forragem produzida, devido à maior uniformidade de pasto:

Evita que os animais escolham quando, onde e o que pastejar (o produtor determina);

Permite o uso de maior taxa de lotação;

Aumenta a produção de carne e leite por hectare;

Proporciona períodos regulares de descanso do pasto, favorecendo a rebrotação das

forrageiras sem a interferência do animal. Com isso as plantas forrageiras têm melhores

condições de competir com as plantas invasoras;

Maior longevidade de capins, que formam touceira (tipo da família Panicum), e que não

toleram o pastoreio contínuo;

Auxilia no controlo de verminoses e carrapatos no rebanho. O pastoreio rotacionado é

eficaz na descontaminação do pasto por larvas infectantes (vermes), diminuindo o risco de

infecção dos animais;

Ciclagem de nutrientes mais eficientes, devido à melhor distribuição de fezes e urina na

pastagem;

Maior facilidade para manter estável a composição botânica de pastagens consorciadas ou

diversificadas, devido à menor selectividade dos animais;

6.2.11. Integração Lavoura-Pecuária – ILP

A tecnologia ILP alia as principais boas práticas acrescentando o componente da pecuária num

sistema de produção. O sistema de produção ILP é a integração em um módulo da produção de

grãos, fibras, carne e leite.

Consiste no uso de um módulo de produção dividido em 4 parcelas que serão rotacionadas

entre a produção de grãos (3 parcelas) e de pasto (1 parcela). Das 3 parcelas de grãos, 1 estará no

primeiro ano de cultivo, outra com 2 anos de cultivo e a terceira parcela, com 3 anos de cultivo (de

preferência milho ou sorgo).

A parcela que entrará para o 3º ano de cultivo, no momento da sementeira, juntamente com

as sementes de grãos inclui-se a semente de pasto. Ao colher essa parcela, com a incidência do sol e

dos resíduos de fertilizantes do cultivo de milho, o capim em pouco tempo pode receber o rebanho

para pastorear, esta parcela passa ser a de pastagem até o ano seguinte (até a colheita da outra

parcela que foi semeada com grãos e capim). A quarta parcela, que tinha o pasto, será dessecada

com herbicida para receber a sementeira directa.

556

Com a inclusão do componente pecuária, o produtor tem mais uma fonte de renda optimiza o

módulo de produção e os recursos existentes e os investimentos realizados no melhoramento do

módulo, principalmente do solo. Este sistema pode ser adoptado para todas as escaladas de

produção da agricultura familiar, assim como, para a agricultura de larga escala. Além de ser um

sistema benéfico ao meio ambiente.

O custo de formação da pastagem é reduzido sensivelmente, quando realizado em consórcio

com o milho, tendo a semente do capim como custo. Com a utilização de cerca eléctrica a vedação

da parcela com pasto, tem um baixo investimento e pode ser utilizada na rotação das outras parcelas

que passarão para a pastagem.

Foto 6.23. Ilustração do sistema produção ILP. Milho em fase de colheita com a pastagem praticamente formada. Região da “Savana” brasileira.

Foto 6.24. Ilustração do sistema ILP. Milho colhido com pasto formado e pastoreado por bovinos, com sistema de conservação de solo com curva de nível de base larga. Área de Agricultura familiar na região da savana brasileira.

557

6.2.12. Integração Lavoura-Pecuária-Floresta – ILPF

Este sistema de produção acrescenta o componente floresta na integração lavoura-pecuária. A

Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) consiste na implantação de diferentes sistemas produtivos

de grãos, fibras, carne, leite, madeira para diversos fins, entre outros cultivos, na mesma área, em

plantio consorciado, sequencial ou rotacionado, aproveitando as sinergias existentes entre eles.

Assim, procura conciliar a produção com a conservação dos recursos naturais, em bases agro-

ecológicas. Nesse sistema, as plantas são levadas a ocuparem nichos diferenciados, de forma a não

competirem entre si durante a sucessão natural que ocorre no local.

De acordo com a conveniência pode-se planear um sistema agrícola em quatro

diferentes modalidades:

Lavoura-pecuária (Agro-pastoril), descrita no tópico anterior;

Pecuária-floresta (Silvo-pastoril);

Lavoura-floresta (Silvo-agrícola);

Lavoura-pecuária-floresta (Agro-silvo-pastoril).

A agro-silvo-cultura promove uma interface entre a agricultura e a floresta, representando a

redução no custo de aplicação de agroquímicos, diminuição das perdas de solo e manutenção dos

nutrientes, uma vez que o solo permanece com cobertura florestal por mais tempo, o que diminui o

emprego de fertilizantes, além de gerar uma receita adicional para a propriedade.

A utilização de árvores nas propriedades agrícolas aumenta a capacidade de armazenamento

de água nos solos, diversifica a paisagem, tornando-a mais estável às intempéries, além de propiciar

alternativas de geração de renda e trabalho, pela colheita de madeira e de produtos não-madeireiros.

Além disso, as árvores realizam a ciclagem de nutrientes profundos; mantêm humidade; propiciam

sombra; fornecem madeira, frutos, raízes, cascas, folhas, resinas e óleos; realizam a função de

quebra-vento; captam CO²; são abrigo e habitat de diversas espécies; melhoram a conexão entre os

diversos ambientes; aproveitam melhor o terreno; controlam a erosão; e melhoram a qualidade do

solo e a absorção de água.

Na ILPF, estabelece-se o cultivo da espécie florestal com espaçamento ampliado,

possibilitando a implantação de uma cultura de interesse comercial na região (soja, milho, feijão,

sorgo, girassol, mandioca etc.) nas entrelinhas por dois a três anos. Em seguida, implanta-se a

cultura forrageira consorciada (com o milho ou com o sorgo, por exemplo). Após colher a cultura de

grãos, o pasto é formado nas entrelinhas da floresta cultivada, permitindo a implantação da

558

actividade de pecuária, a sua exploração e o corte da madeira. Na Figura 6.1. a seguir, está

demonstrado esquematicamente um sistema agroflorestal ou ILPF.

Figura 6.1. Esquema mostrando a combinação de cultivos agrícolas em um sistema agroflorestal (ILPF)

FONTE: MAPA et.al. – Bolétim Técnico 200810.

Na ILPF, as árvores proporcionam uma melhoria climática no ambiente da pastagem, o capim

permanece verde e palatável por mais tempo, inclusive na época de seca. Os animais têm mais

conforto em relação à pastagem aberta e ficam menos stressados. Desta forma, o gado neste

ambiente mais ameno responde com maior produtividade de carne ou leite.

Com a receita das lavouras nos primeiros anos e da pecuária, é possível cobrir todos os custos

de implantação da floresta de eucaliptos. O animal é um componente muito importante no sistema,

pois ele gera receitas anuais ou bianuais melhorando o fluxo de caixa e a atractividade do negócio.

As culturas agrícolas também melhoram o fluxo de caixa com entradas e saídas a curto prazo,

contribuem com a preparação do solo e melhoram as condições químicas com as suas adubações e

resíduos orgânicos.

10 MINISTERIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABSTECIMENTO (MAPA), FUNDAÇÃO CASA DO CERRADO: Integração Lavoura – Pecuária – Silvicultura. Boletim Técnico, 2008.  

559

No aspecto económico, as receitas das lavouras e da pecuária pagarão as despesas de

implantação da floresta e, então o produtor terá uma “poupança verde”, capaz de lhe proporcionar

rendimentos imediatos. São muitos os exemplos positivos de combinação entre os cultivos agrícolas,

arbóreos, pastagens e criação de animais, de forma simultânea.

Este sistema também pode ser adoptado por camponeses e agriculturas familiares, permitindo

gerar uma reserva de madeira para energia (lenha para cozinhar), assim como madeira para a

construção e pasto para os rebanhos de cabritos e ovelhas (comum entre os camponeses). Essa

medida pode mitigar muito o problema de não haver mais árvores nas proximidades das comunas e

das cidades (Malanje, Cacuso, Lombe, etc.). Exemplo disso são as circunvizinhanças das comunas

onde já foi cortada praticamente toda a vegetação original e é propício e recomendável a

revegetação com o plantio de árvores para a formação de um “banco de madeira”, de grande

serventia para a população local. Neste caso, é recomendada uma integração pecuária-floresta,

considerando os hábitos dos camponeses de criar ovelhas e cabritos.

Cabe destacar que nos cenários dos Módulos de Produção Tipo, apresentados no próximo

capítulo, um dos Módulos contempla o sistema de produção ILPF, entretanto nesse caso, o Módulo

terá uma parcela fixa de floresta e pecuária, não fazendo a rotação com os cultivos de grãos, após a

implantação.

As experiências obtidas com a ILPF apontam que ela é uma alternativa economicamente

viável, ambientalmente correcta e socialmente justa para o aumento da produção de alimentos

seguros, fibras e floresta para diversos fins (energia, serração, troncos tratados para postes, cercas e

usa na construção civil) possibilitando a diversificação de actividades na área de produção, a redução

dos riscos climáticos e de mercado, a melhoria da renda e da qualidade de vida no campo,

contribuindo para a mitigação da desflorestação, para a redução da erosão, para a diminuição da

emissão de gases de efeito estufa e para o sequestro de carbono, enfim, possibilitando a produção

sustentável.

Em termos gerais, as vantagens e os benefícios que estão tecnologia oferecem,

são:

Diversificação de actividades numa mesma área;

Redução do risco climático e de mercado;

Baixo custo de implantação da pastagem consociada com milho;

560

Formação rápida de pasto e pastoreio no período entre as campanhas (período

seco e de menor oferta de pasto);

Elevado efeito supressivo sobre as pragas, doenças e plantas daninhas;

Rotação de culturas;

Formação de uma camada de resíduo vegetal para a sementeira directa;

Aumento da micro-fauna do solo (produção de húmus);

Maior retenção de água no solo e de infiltração de água das chuvas;

Maior conforto térmico aos animais proporcionado pela floresta;

Redução de emissão de gases de efeito estufa;

Sequestro de carbono;

Mitigação do desmatamento;

Efeito paisagístico.

A seguir apresenta-se uma sequência de fotos ilustrativas de alguns sistemas de produção

com ILPF, com consórcio de diversos cultivos nos primeiros anos e pecuária nos anos seguintes

quando a floresta já está com determinado porte. As fotos são na sua maioria da região de savana

brasileira.

Foto 6.25. Ilustração do sistema ILPF com mandioca (primeiros anos de implantação), região da “Savana” brasileira.

561

Foto 6.26. Ilustração do sistema ILPF com o cultivo de ananás. Região da “Savana” brasileira.

Foto 6.27. Ilustração do sistema ILPF com o cultivo de massambala/sorgo. Região da “Savana” brasileira.

Foto 6.28. Ilustração do sistema ILPF com cultivo de girassol. Região da “Savana” brasileira.

562

Foto 6.29. Ilustração do sistema ILPF com o cultivo de feijão. Região da “Savana” brasileira.

Foto 6.30. Ilustração do sistema ILPF, com apicultura que pode ser durante todo o ciclo da floresta. Região da “Savana” brasileira.

Foto 6.31. Ilustração do sistema ILPF com ovinos. Região da “Savana” brasileira.

563

Foto 6.32. Ilustração do sistema ILPF com aves (galináceos). Região da “Savana” brasileira.

Foto 6.33. Ilustração do sistema ILPF com árvores de porte alto e pasto formado (após 3º a 4º ano). Região da “Savana” brasileira.

Foto 6.34. Ilustração do sistema ILPF com gado leiteiro (após 3º a 4º ano). Região da “Savana” brasileira.

564

Foto 6.35. Ilustração do sistema ILPF com árvores de mais de 7 anos, pasto em boas condições com animais. Observar que os troncos das árvores são utilizados para fixar a cerca de arame. Região da “Savana” brasileira.

Foto 6.36 Ilustração do sistema ILPF, com 10 anos de implantação, onde as árvores já estão a ser cortadas para diversos fins comerciais e para diminuir a densidade permitindo às que permanecerão ter maior desenvolvimento do tronco para serração. Observar que o pasto está em boas condições. Região da “Savana” brasileira.

6.2.13. Gestão de rega

Embora haja consumo de água por outros sectores que não a agricultura, a irrigação continua

a ser a principal consumidora de água em escala global. Entretanto, há uma crescente consciência e

pressão da sociedade civil pela melhoria na eficiência de uso da água na agricultura, como forma de

evitar a escassez de água potável para uma população que cresce continuamente, principalmente em

áreas marginais do planeta e, no caso do PAC, por ser a água do rio Kwanza o maior recurso para

geração de energia eléctrica no País.

Com uma aplicação adequada da água de irrigação, é possível aumentar significativamente a

produtividade dos cultivos, além de possibilitar campanhas adicionais. Para que isso seja realizado, é

necessário o uso de tecnologias que valide e disponibilize opções de gestão apropriada para a

agricultura irrigada, contribuindo para a conservação dos recursos naturais e garantindo um

desenvolvimento sustentável.

565

A evolução da irrigação nos últimos anos introduziu uma série de inovações tecnológicas

(software e instrumentos) que possibilitam aos produtores controlar de forma mais adequada e

automatizada a aplicação da água. Isto traduz-se num processo mais eficiente, permitindo gerenciar

de forma mais precisa as demandas hídricas das culturas, de forma a possibilitar, assim, aumentos

importantes na quantidade e melhorias da qualidade dos produtos cultivados. Nesse contexto, é

fundamental a decisão correcta de quando irrigar e quanto de água aplicar em cada irrigação.

A determinação da evapotranspiração de uma cultura e do balanço hídrico do perfil do solo

explorado pelas raízes ao longo do ciclo de desenvolvimento é fundamental para que se possam

estimar as necessidades hídricas da mesma. Como a evapotranspiração de uma cultura é uma função

das condições meteorológicas, é razoável inferir que, qualquer alteração nos factores meteorológicos

afecta a transpiração. Dessa forma, é necessário conhecer as condições específicas de um local ou

região a fim de estimar o consumo de água pelas plantas em diferentes locais de cultivo, portanto

dados de estações meteorológicas locais são fundamentais.

Por último, a gestão de rega reduz custos de produção por aplicar a quantidade correcta e

necessária para altas produtividades, por reduzir o risco de ataque de doenças que pode causar o

excesso de água, assim como, o risco do salinização do solo pela utilização inadequada da irrigação.

6.2.14. Barragens para fins de irrigação

A irrigação é uma ferramenta importante para maximizar a produtividade, melhorar a

capacidade de pagamento dos investimentos, optimizar o quadro de funcionários contratados,

optimização do parque de máquinas e equipamentos agrícolas.

Diante disso, a ampliação da área de irrigação do PAC é desejável. Uma das possibilidades

para esse fim é o armazenamento de água em pequenos barramentos exclusivos e dimensionados

para a irrigação. Entretanto, não são todos os leitos de rios ou de drenagens naturais que permitem a

construção desse tipo de barragens.

O armazenamento de água para fins de irrigação, torna-se mais eficiente quando aliadas a

outras práticas conservacionistas de solo e principalmente de maneio de irrigação com planeamento

de um calendário agrícola que considere as condições climáticas do PAC.

566

Foto 6.37. Imagem de satélite (Google Earth) barragem e equipamentos de irrigação. Região da “Savana” brasileira.

Foto 5.38. Ilustração de uma sequência de barragens para fins de irrigação e trigo irrigado. Região da “Savana” brasileira.

6.2.15. Tratamento e destino correcto dos dejectos de animais em

confinamento e de resíduos agro-industriais

A criação de animais confinados gera grandes quantidades de dejectos que, se não forem

objecto de tratamento correcto, constituem fonte de contaminação e poluição, o mesmo acontece

com resíduos do processamento agro-industrial.

Actualmente existem tecnologias que utilizam estes dejectos e resíduos para transforma-los

numa fonte de energia. Os efluentes ou “resíduos” desse processo são excelentes fontes de

fertilizantes orgânicos para a produção agrícola.

567

Foto 6.39. Ilustração de um sistema de compostagem aeróbio de “cama” de resíduo de pavilhões aviários. Região da “Savana” brasileira.

Foto 6.40. Ilustração de um biodigestor (anaeróbio) para tratamento e produção de biogás através de dejectos de animais (suínos neste caso) e resíduos orgânicos fluidos de agro-indústrias. Região da “Savana” brasileira.

6.2.16. Evitar e controlar queimadas

O fogo é normalmente empregado para fins diversos na agro-pecuária, para a limpeza de

antigas e novas parcelas de cultivos, na renovação de áreas de pastagem, no preparo do corte

manual em plantações de cana-de-açúcar etc.

É comum a utilização do fogo para a supressão de vegetação visando o preparo do solo para

a agricultura e para a caça.

568

Foto 6.41. Ilustração de queimada no interior do perímetro do PAC. Região da “Savana” brasileira.

Foto 6.42. Ilustração de uma queimada em área de floresta planta na região da “Savana” brasileira.

A decomposição de folhas, galhos e resíduos de animais forma o húmus, matéria orgânica que

fertiliza o solo. A queimada quando ocorre, destrói rapidamente esses nutrientes antes que eles

possam ser absorvidos pelas raízes das novas plantas. Ao contrário do que muitos acreditam, as

cinzas resultantes da queima não adubam o solo, pois não chegam a ser incorporadas por ele; o solo

fica exposto e as cinzas são levadas pelo vento e água. Além de provocar o empobrecimento do solo,

as queimadas são responsáveis pela alteração do microclima da região e, em termos globais, pela

intensificação do efeito estufa.

Além de exaurir a fauna e a flora silvestre, destruindo a biodiversidade devido a acção do

fogo, o solo vai perdendo lentamente as suas qualidades. A característica do solo mais afectada é a

sua estrutura, já que as elevadas temperaturas destroem a matéria orgânica. Áreas já em produção,

podem ter as culturas destruídas, o mesmo sucedendo à camada de resíduo vegetal suporte da

sementeira directa. As florestas são também afectadas por esta prática.

569

6.2.17. Recuperação de áreas degradadas com floresta

Área degradada é aquela que sofreu, em algum grau, perturbações na sua integridade, sejam

elas de natureza física, química ou biológica. Recuperação, por sua vez, é a reversão de uma

condição degradada para uma condição não degradada, independentemente do seu estado original e

do seu destino. A recuperação de uma dada área degradada deve ter como objectivos recuperar a

sua integridade física, química e biológica (estrutura), e, ao mesmo tempo, recuperar a sua

capacidade produtiva (função), seja na produção de alimentos e matérias-primas ou na prestação de

serviços ambientais.

A recuperação de áreas degradadas pode ser feita por regeneração natural (apenas o

abandono da área a ser restaurada para que esta, naturalmente, se regenere), plantio por sementes

ou por plantio de mudas. Esta última, apesar de ser a mais onerosa, é a mais apropriada pois dá-se

de forma mais rápida, aumenta a probabilidade de sucesso do desenvolvimento das mudas e diminui

a perda das sementes. Com a utilização de espécies de rápido desenvolvimento, cerca de um a dois

anos após o plantio têm-se áreas onde espécies arbóreas venceram a competição com espécies

invasoras herbáceas e gramíneas, através do sombreamento.

No caso da área do PAC, é recomendável aliar planos de recuperação de áreas degradadas

com planos de manejo florestal com espécies de valor económico, de maneira a recuperar e

preservar o ambiente e, ao mesmo tempo, obter rendimentos. Muitas das boas práticas agrícolas já

citadas permitem essa integração, como as práticas de cultivos com protecção e preservação dos

solos, a integração lavoura-pecuária-floresta etc. No caso de plantio de florestas na área degradada,

o aproveitamento poderá ser tanto para fins energéticos quanto a utilização da madeira para a

construção de edificações populares.

570

Foto 6.43. Ilustração de uma área degradada antes e depois da recuperação. Região da “Savana” brasileira.

Para a recomposição da mata nativa, por exemplo de matas ciliares, devem ser usadas

somente espécies originais do próprio local, pois, além de reconstituir com mais fidelidade o ambiente

original, as plantas nativas têm muito mais probabilidade de se adaptarem ao ambiente. Muitas

vezes, as áreas na beira dos rios estão sujeitas a alagamentos temporários, portanto, não basta

escolher espécies nativas da região, elas têm que se adaptar às condições específicas deste

ambiente.

É recomendável certificar-se se as espécies escolhidas são mesmo de mata ciliar, pois estas

são adaptadas às condições ecológicas do ecossistema. Além disso, deve-se prestar atenção também

na relação da vegetação com a fauna, que actuará como dispersora de sementes, contribuindo com a

própria regeneração natural. Espécies regionais, com frutos comestíveis pela fauna, ajudarão a

recuperar as funções ecológicas da floresta, inclusivamente na alimentação de peixes. Recomenda-se

utilizar um grande número de espécies para gerar diversidade florística, imitando, assim, uma floresta

ciliar nativa. Florestas com maior diversidade apresentam maior capacidade de recuperação de

possíveis distúrbios, melhor ciclagem de nutrientes, maior atractividade à fauna, maior protecção ao

solo de processos erosivos e maior resistência a pragas e doenças.

571

6.3. Irrigação

A irrigação é considerada a principal ferramenta para aumentar a eficiência de uso da água,

seja pelo aumento na produção, seja pela manutenção e desenvolvimento económico e social do

homem do campo e do sector do agronegócio.

Nesse contexto, a irrigação além de maximizar a produtividade, garantir a colheita, melhorar a

capacidade de pagamento dos investimentos, igualmente optimiza os recursos como o quadro de

funcionários contratados e de máquinas e equipamentos agrícolas. Uma vez que estes recursos são

necessários para o cultivo de sequeiro. No caso do PAC, conforme mencionado no capítulo anterior, o

período ideal para a sementeira e colheita é curto devido às condições climáticas, portanto o parque

de máquinas deverá ser maior que o normalmente requerido.

Cabe destacar que para os cultivos de hortícolas e frutícolas que visam uma produção em

escala e devido aos altos custos é fundamental a irrigação. No que diz respeito à produção de grãos,

a irrigação além de garantir a colheita, permite até 2,5 campanhas anuais, quando planificado um

calendário agrícola de longo prazo.

O PAC detém recursos hídricos passíveis de utilização para irrigação destacando-se a albufeira

de Capanda, os rios interiores e pontualmente os aquíferos.

Tais recursos para serem aproveitados dependem de investimentos em obras de infra-

estruturas de energia eléctrica, captação/bombeamento, adução e distribuição da água. Nos casos

dos rios interiores, perenes ou intermitentes, a água poderá ser acumulada em pequenas barragens

para fim exclusivo de irrigação. Actualmente encontra-se em fase de estudo de engenharia o melhor

aproveitamento dos recursos hídricos com vista a identificar a maior área possível irrigada. Estas

soluções poderão, em parte ou na sua totalidade, serem adoptadas pela iniciativa privada e também

serão objecto de avaliação pelo Executivo.

Diante desse potencial, e do seu impacto no aumento da produtividade e rentabilidade,

visualizaram-se dois cenários de áreas irrigadas para o PAC, de 13.000 ha e de 50.000 ha.

Com estes dois cenários irrigados, foi projectado o potencial de produção e o impacto

socioeconómico que serão apresentados no decorrer dos capítulos a seguir.

572

Foto 6.44. Ilustração de infra-estruturas de irrigação: canal com estrada paralela para manutenção e linhas eléctricas para os equipamentos de irrigação. Região da “Savana” brasileira.

Foto 6.45. Ilustração de um sistema de regadio gota-a-gota em hortícolas. Região da “Savana” brasileira.

Foto 6.46. Ilustração de um pivot central a irrigar milho e no fundo cultivo de eucalipto. Região da “Savana” brasileira.

573

Foto 6.47. Ilustração de pivots com cultivos de grãos. Observar as barragens onde as electrobombas captam água para irrigação. Região da “Savana” brasileira.

574

575

FIGURAS

Figura 6.1. Esquema mostrando a combinação de cultivos agrícolas em um sistema agroflorestal

(ILPF) .................................................................................................................... 558 

GRÁFICOS

Gráfico 6.1. Evolução da produtividade, em relação à área cultivada com cereais, leguminosas e

oleaginosas, no período de 1980 a 2012...................................................................... 533 

Gráfico 6.2. Redução da cesta básica no Brasil quando comparado em Janeiro de 1975 a Abril de

2010 ......................................................................................................................... 534 

FOTOS

Foto 6.1. Preservação e recomposição de vegetação nas margens da albufeira de Itaipu, Estado do

Paraná – Brasil. ......................................................................................................... 537 

Foto 6.2. Vegetação preservada ao logo de rios com áreas de cultivo de sequeiro e irrigado (pivot

central), Estado do Mato Grosso. Savana Brasileira (Imagem Google Earth). ................. 538 

Foto 6.3. Aplicação de (calcário) numa uma área nova, recentemente aberta. “Savana” brasileira. 538 

Foto 6.4. Recalagem (reposição de calcário) numa área com sementeira directa. “Savana” brasileira.

................................................................................................................................ 539 

Foto 6.5. Tractor com implemento “terraceador” a construir o sistema de curva de nível para

conservação de solo. “Savana” brasileira. .................................................................... 541 

Foto 6.6. Área com parcelas de culturas com sistema conservação do solo logo após uma chuva.

Observar que, onde há o sistema de sementeira directa a água infiltrou-se, antes de

acumular-se na base das curvas de nível de base larga (sementeira convencional). ....... 541 

Foto 6.7. Ilustração – Área de cultura sem sistema de conservação de solo em processo de erosão.

................................................................................................................................ 542 

Foto 6.8. Ilustração – Área de cultura com sistema de conservação de solos por curvas de base larga

(terraço). Observar que a água do reservatório está limpa. .......................................... 542 

Foto 6.9. Ilustração de um solo cultivado com sementeira directa. Observar a camada de resíduo

vegetal. ..................................................................................................................... 543 

Foto 6.10. Tractor com alfaia adequada realizando a sementeira directa sobre os resíduos da colheita

de milho. “Savana” brasileira. ..................................................................................... 544 

Foto 6.11. Ilustração de pequenas bacias adequadas para a contenção e infiltração da água de

chuvas. Estrada terciaria na região da “Savana” brasileira. ........................................... 545 

576

Foto 6.12. Ilustração de pequenas bacias, idem a foto acima, porém em estrada pavimentada. Região

da “Savana” brasileira. ............................................................................................... 545 

Foto 6.13. Ilustração de um sistema radicular de uma planta leguminosa com nódulos de bactérias

fixadoras de nitrogénio. .............................................................................................. 546 

Foto 6.14. Sistema radicular com os nódulos de bactérias fixadoras de nitrogênio. “Savana” brasileira.

................................................................................................................................ 546 

Foto 6.15. Ilustração de um cultivo de milho em sementeira directa, sobre a cama de resíduo do

capim brachiaria. Região “Savana” brasileira. ............................................................... 547 

Foto 6.16. Ilustração de um cultivo de soja em sementeira directa, sobre a cama de resíduo do

cultivo de milho. “Savana” brasileira. ........................................................................... 548 

Foto 6.17. Ilustração de uma área com cultivo de crotalária juncea para adubação verde. “Savana”

brasileira. .................................................................................................................. 549 

Foto 6.18. Ilustração de cultivo de nabo forrageiro (à direita) para adubação verde e

massambala/sorgo como cultivo comercial (à esquerda). Observar as bacias de

contenção/infiltração de água à direita na via de acesso às parcelas de cultivo. “Savana”

brasileira. .................................................................................................................. 549 

Foto 6.19. Ilustração da calibragem de pulverizador com aplicador usando Equipamentos de

Protecção Individual (EPI). ......................................................................................... 553 

Foto 6.20. Ilustração da aplicação de agroquímicos com o operador usando Equipamentos de

Protecção Individual (EPI). ......................................................................................... 553 

Foto 6.21. Ilustração de uma central de recolha de embalagens utilizadas na “Savana” brasileira. . 554 

Foto 6.22. Ilustração do manuseio das embalagens vazias dentro da Central de recolha, com o uso de

EPI pelos trabalhadores. ............................................................................................. 554 

Foto 6.23. Ilustração do sistema produção ILP. Milho em fase de colheita com a pastagem

praticamente formada. Região da “Savana” brasileira. .................................................. 556 

Foto 6.24. Ilustração do sistema ILP. Milho colhido com pasto formado e pastoreado por bovinos,

com sistema de conservação de solo com curva de nível de base larga. Área de Agricultura

familiar na região da savana brasileira......................................................................... 556 

Foto 6.25. Ilustração do sistema ILPF com mandioca (primeiros anos de implantação), região da

“Savana” brasileira. .................................................................................................... 560 

Foto 6.26. Ilustração do sistema ILPF com o cultivo de ananás. Região da “Savana” brasileira. ..... 561 

Foto 6.27. Ilustração do sistema ILPF com o cultivo de massambala/sorgo. Região da “Savana”

brasileira. .................................................................................................................. 561 

Foto 6.28. Ilustração do sistema ILPF com cultivo de girassol. Região da “Savana” brasileira. ........ 561 

577

Foto 6.29. Ilustração do sistema ILPF com o cultivo de feijão. Região da “Savana” brasileira. ........ 562 

Foto 6.30. Ilustração do sistema ILPF, com apicultura que pode ser durante todo o ciclo da floresta.

Região da “Savana” brasileira. .................................................................................... 562 

Foto 6.31. Ilustração do sistema ILPF com ovinos. Região da “Savana” brasileira. ......................... 562 

Foto 6.32. Ilustração do sistema ILPF com aves (galináceos). Região da “Savana” brasileira. ........ 563 

Foto 6.33. Ilustração do sistema ILPF com árvores de porte alto e pasto formado (após 3º a 4º ano).

Região da “Savana” brasileira. .................................................................................... 563 

Foto 6.34. Ilustração do sistema ILPF com gado leiteiro (após 3º a 4º ano). Região da “Savana”

brasileira. .................................................................................................................. 563 

Foto 6.35. Ilustração do sistema ILPF com árvores de mais de 7 anos, pasto em boas condições com

animais. Observar que os troncos das árvores são utilizados para fixar a cerca de arame.

Região da “Savana” brasileira. .................................................................................... 564 

Foto 6.36 Ilustração do sistema ILPF, com 10 anos de implantação, onde as árvores já estão a ser

cortadas para diversos fins comerciais e para diminuir a densidade permitindo às que

permanecerão ter maior desenvolvimento do tronco para serração. Observar que o pasto

está em boas condições. Região da “Savana” brasileira. ............................................... 564 

Foto 6.37. Imagem de satélite (Google Earth) barragem e equipamentos de irrigação. Região da

“Savana” brasileira. .................................................................................................... 566 

Foto 5.38. Ilustração de uma sequência de barragens para fins de irrigação e trigo irrigado. Região da

“Savana” brasileira. .................................................................................................... 566 

Foto 6.39. Ilustração de um sistema de compostagem aeróbio de “cama” de resíduo de pavilhões

aviários. Região da “Savana” brasileira. ....................................................................... 567 

Foto 6.40. Ilustração de um biodigestor (anaeróbio) para tratamento e produção de biogás através de

dejectos de animais (suínos neste caso) e resíduos orgânicos fluidos de agro-indústrias.

Região da “Savana” brasileira. .................................................................................... 567 

Foto 6.41. Ilustração de queimada no interior do perímetro do PAC. Região da “Savana” brasileira. 568 

Foto 6.42. Ilustração de uma queimada em área de floresta planta na região da “Savana” brasileira.

................................................................................................................................ 568 

Foto 6.43. Ilustração de uma área degradada antes e depois da recuperação. Região da “Savana”

brasileira. .................................................................................................................. 570 

Foto 6.44. Ilustração de infra-estruturas de irrigação: canal com estrada paralela para manutenção e

linhas eléctricas para os equipamentos de irrigação. Região da “Savana” brasileira. ....... 572 

Foto 6.45. Ilustração de um sistema de regadio gota-a-gota em hortícolas. Região da “Savana”

brasileira. .................................................................................................................. 572 

578

Foto 6.46. Ilustração de um pivot central a irrigar milho e no fundo cultivo de eucalipto. Região da

“Savana” brasileira. .................................................................................................... 572 

Foto 6.47. Ilustração de pivots com cultivos de grãos. Observar as barragens onde as electrobombas

captam água para irrigação. Região da “Savana” brasileira. .......................................... 573 

579

BIBLIOGRAFIA

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE DEFESA VEGETAL (ANDEF): Manual de Tecnologia de Aplicação de

Produtos Fitossanitários. COCAP, Comité de Boas Práticas Agrícolas, São Paulo 2010.

http://www.andef.com.br/defensivos/index.asp?cod=4, acessado em 16/05/2012.

BALBINO, Luiz Carlos, OLIVEIRA BARCELLOS, Alexandre de, STONE, Luís Fernando: Marco

Referencial Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. 1ª Edição, ed. V. EMBRAPA, 2011.

BERNARDO, Salassier, MANTOVANI, Everardo Chartuni, PALARETTI, Luiz Fabiano: Irrigação.

Princípios e métodos. 3ª Edição, Editora UFV Universidade Federal de Viçosa, 2009.

BERNARDO, Salassier, MANTOVANI, Everardo Chartuni, SOARES, Antonio Alves: Manual de Irrigação,

8ª Edição Atualizada e Ampliada, Editora UFV Universidade Federal de Viçosa, 2009.

BERTONI, José, LOMBARDI NETO, Francisco: Conservação do Solo. 2ª Edição, ed. V. Icone Editora,

1990.

HUNGRIA, Mariangela, CAMPO, José Rubens, CARVALHO MENDES, Iêda: A importância do processo

de fixação biológica do nitrogénio para a cultura da soja: componente essencial para a

competitividade do produto brasileiro. Documentos 283, Embrapa Soja, Londrina PR, 2007.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE): Estatística da Produção Agrícola,

Dezembro de 2012.

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/agropecuaria/lspa/2012.pdf, acessado em

11/06/2012

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE): Indicadores do IBGE, Estatística da

Produção Agrícola, Março de 2012.

http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Sala%20de%20Imprensa/Publica%C3%A7%C3%B5es/

Politica%20Agricola%20Brasileira.pdf, acessado 11/06/2012.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE): Produtividade agrícola do Brasil

cresce mais do que a mundial. Notícias. 25/01/2012. http://www.agricultura.gov.br/politica-

580

agricola/noticias/2012/01/produtividade-agricola-do-brasil-cresce-mais-do-que-a-mundial, acessado

em 11/06/2012.

INSTITUTO BRASILEIRO DE ECONOMIA E CENTRO DE ESTUDOS AGRÍCOLAS, FUNDAÇÃO GETULHIO

VARGAS (FGV): AgroAnalysis. A Revista de Agronegócios da FGV: Especial Emprapa.

http://www.agroanalysis.com.br/especiais_detalhe.php?idEspecial=31, consultado em 05/06/2012.

MARTINHÃO GOMES DE SOUSA, Djalma, LOBATO, Edson: Cerrado. Correção do solo e adubação. 2ª

Edição, ed. V. EMBRAPA Informação Tecnológica, Brasília – DF, 2004.

MINISTERIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (MAPA), FUNDAÇÃO CASA DO

CERRADO: Integração Lavoura – Pecuária – Silvicultura. Boletim Técnico, 2008.

MINISTERIO DA AGRCULTURA, PECÁRIA E ABASTECIMETNO (MAPA): Produção Integral no Brasil.

Agropecuária Sustentável Alimentos Seguros. 1ª Edição, Secretária de Sistemas de Produção e

Sustentabilidade, Brasília DF, 2008. www.agricultura.gov.br

NOVAES PINTO, Maria (Organizadora): Cerrado – Caracterização, Ocupação e Perspectivas. 2ª Edição

Revista e Ampliada, ed. V. Edunb Editora da Universidade Nacional de Brasília, 1993.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A AGRICULTURA E A ALIMENTAÇÃO – FAO: ALLEN,

Richard G., PEREIRA, Luis S., RAES, Dirk, SMITH, Martin: Evapotranspiración del Cultivo. Guías para

la determinación de los requerimentos de agua de los cultivos. Esudio FAO Riego y Drenaje 56. Roma

2006.

RIBEIRO, José Felipe, LAZARINI DA FONSECA, Carlos Eduardo, SOUSA-SILVA, José Carlos (Editores):

Cerrado. Caracterização e recuperação de Matas de Galeria. EMBRAPA, Planaltina DF, 2001.

SÁ, Marcos Aurélio Carolino, GOMES DOS SANTOS JUNIOR, João de Deus, BENTO FRANZ, Cláudio

Alberto: Manejo e conservação do solo e da água em Sistema de Plantio Direto no Cerrado. Embrapa

Documentos 258. EMBRAPA Cerrados, Planaltina DF, 2009.

VARGAS, Milton A.T., HUNGRIA, Mariangela (Editores): Biologia dos Solos dos Cerrados. 2ª Edição.

Ed. V. Embrapa Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados, Planaltina DF, 1997.

581

VITAL, Dimas, RESCK, Siqueira: A Conservação da Água Via Terraceamento em Sistemas de Plantio

Direto e Convencional no Cerrado. Circular Técnica 22. EMBRAPA, Planaltina DF, 2002.

529