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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CAMPUS CAMPINAS Engenharia Ambiental MAURO RODRIGUES DA SILVA POLUIÇÃO SONORA URBANA: ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE PAULÍNIA-SP, ENTORNO DA MINERADORA DENOMINADA GALVANI MINERAÇÃO E PARTICIPAÇÕES LTDA Campinas 2013

POLUIÇÃO SONORA URBANA: ESTUDO DE CASO …lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/2580.pdfEspecialmente a minha orientadora, pela dedicação e aconselhamentos concedidos

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO CAMPUS CAMPINAS Engenharia Ambiental

MAURO RODRIGUES DA SILVA

POLUIÇÃO SONORA URBANA: ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE PAULÍNIA-SP, ENTORNO DA

MINERADORA DENOMINADA GALVANI MINERAÇÃO E PARTICIPAÇÕES LTDA

Campinas

2013

MAURO RODRIGUES DA SILVA – R.A. 004201000995

POLUIÇÃO SONORA URBANA: ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE PAULÍNIA-SP, ENTORNO DA

MINERADORA DENOMINADA GALVANI MINERAÇÃO E PARTICIPAÇÕES LTDA

Monografia apresentada ao curso de Engenharia Ambiental da Universidade São Francisco, como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Engenharia Ambiental. Orientadora: Profª Ms. Cândida Maria Costa Baptista

Campinas 2013

MAURO RODRIGUES DA SILVA – R.A. 004201000995

POLUIÇÃO SONORA URBANA

ESTUDO DE CASO NA CIDADE DE PAULÍNIA-SP, ENTORNO DA MINERADORA DENOMINADA GALVANI MINERAÇÃO E

PARTICIPAÇÕES LTDA Monografia aprovada pelo programa de graduação em Engenharia Ambiental da Universidade São Francisco, como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Engenharia Ambiental. Data de aprovação: ___/___/_____

Banca examinadora:

_________________________________________________________________ Profª Ms. Cândida Maria Costa Baptista (Orientadora)

Universidade São Francisco

_________________________________________________________________ Arnaldo Gomes (Examinador)

Universidade São Francisco

_________________________________________________________________ Samuel Barbosa Perondini (Examinador)

Universidade São Francisco

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela saúde, força e paciência necessária

para a conclusão deste curso.

Aos meus familiares, que compreenderam minha ausência durante todo o

percurso.

Aos professores por todo conhecimento transmitido. Especialmente a

minha orientadora, pela dedicação e aconselhamentos concedidos.

Finalmente, agradeço a empresa Galvani pela experiência proporcionada,

por me confiar informações e pelo apoio a realização deste projeto.

Enfim agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que

esse trabalho pudesse ser concluído.

É triste pensar que a natureza fala e

que o gênero humano não a ouve.

Victor Hugo

RESUMO

O trabalho aborda questões resultantes de um estudo pratico organizado na Empresa Galvani, apresentando de forma objetiva suas características, peculiaridades e práticas vivenciadas. Avalia o ruído como aspecto ambiental relevante e significativo no processo de mineração, considerando sua posição geográfica como fator substancial de risco e suas interfaces com o meio ambiente no que tange a poluição sonora urbana. Propõem medidas mitigadoras e técnicas aplicáveis para atenuação dos impactos ambientais causados, correlacionando seus efeitos nocivos à legislação vigente. Mensura os resultados alcançados da aplicação pratica das medidas propostas quantitativamente, desenvolvidas através de pareceres técnicos e melhorias no processo para a diminuição dos ruídos sonoros causados, e suas interfaces com a comunidade. Analisa as informações e dados obtidos de forma comparativa com o intuito de verificar a relação custo/beneficio das medidas implantadas e, por fim; apresenta soluções tangíveis para neutralização da poluição sonora, com custo reduzido e benefícios satisfatórios.

Palavras-chave: poluição sonora. comunidade. ruídos sonoros. impacto ambiental.

ABSTRACT

This paper addresses issues arising from a study in organized practice Galvani Company, objectively presenting their characteristics, peculiarities and practices experienced. Evaluates noise as relevant and significant environmental aspect in the mining process, considering its geographical position as a substantial risk factor and its interface with the environment as it pertains to urban noise pollution. Propose mitigation measures and techniques applicable to mitigating the environmental impacts caused by correlating its harmful effects on the legislation. Measures the achieved results of the practical application of the proposed measures quantitatively developed through technical and process improvements to reduce the audible noise caused, and their interfaces with the community. Analyzes information and data obtained in a comparative way in order to verify the cost / benefit of the measures implemented, and finally, presents tangible solutions to neutralize the noise, cost-effective and satisfactory benefits. Keywords: noise pollution. the community. audible noises. Environmental impact.

LISTA DE FIGURAS

Foto 1 - Localização da Galvani Mineração e Participações LTDA ........................... 17

Foto 2 - Delimitação da circunvizinhança e comunidade estudada ........................... 19

Foto 3 - Pontos de avaliação de ruído ....................................................................... 27

Foto 4 - Distribuição das covas para a formação da barreira .................................... 40

Foto 5 - Muda recém-plantada .................................................................................. 40

Foto 6 - Perfuração de covas .................................................................................... 42

Foto 7 - Foto aérea do Plantio ................................................................................... 42

Foto 8 – Isca formicida granulada para o controle de formigas ................................. 44

Foto 9 - Adubação das mudas .................................................................................. 45

LISTA DE GRAFICOS

Gráfico 1 - População residente na comunidade ....................................................... 20

Gráfico 2 - Atributos importantes para uma Empresa com responsabilidade social .. 21

Gráfico 3 - Impactos ambientais que incomodam a comunidade .............................. 22

Gráfico 4 - Nível de pressão sonora P1 .................................................................... 29

Gráfico 5 - Nível de pressão sonora P2 .................................................................... 29

Gráfico 6 - Nível de pressão sonora P3 .................................................................... 30

Gráfico 7 - Nível de pressão sonora P4 .................................................................... 30

Gráfico 8 - Nível de pressão sonora P5 .................................................................... 30

Gráfico 9 - Nível de pressão sonora P6 .................................................................... 31

Gráfico 10 - Nível de pressão sonora P7 .................................................................. 31

Gráfico 11 - Nível de pressão sonora P8 .................................................................. 32

Gráfico 12 - Nível de pressão sonora P9 .................................................................. 32

Gráfico 13 - Nível de pressão sonora P10 ................................................................ 33

Gráfico 14 - Nível de pressão sonora P11 ................................................................ 33

Gráfico 15 - Nível de pressão sonora P12 ................................................................ 34

Gráfico 16 - Nivel de pressão sonora dos 12 pontos avaliados ................................ 35

Gráfico 17- Representação gráfica dos níveis de ruído do P1 em 2011 ................... 46

Gráfico 18 - Nível de ruído em dB (A) do P1 em 2011 .............................................. 47

Gráfico 19 - Representação gráfica dos níveis de ruído do P1 em 2012 .................. 47

Gráfico 20 - Nível de ruído em dB (A) do P1 em 2012 .............................................. 48

Gráfico 21 - Representação gráfica dos níveis de ruído do P1 em 2013 .................. 48

Gráfico 22 - Nível de ruído em dB (A) do P1 em 2013 .............................................. 49

LISTA DE ESQUEMAS Esquema 1 - Espaçamento do plantio ....................................................................... 38

Esquema 2 - Distribuição das mudas para a formação da barreira ........................... 39

Esquema 3 - Procedimento para abertura das covas ............................................... 41

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

IBGE – Instituto brasileiro de geografia e estatística.

CEPOT – Centro de Pesquisa de mercado.

CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente.

dB (A) – Decibéis. Faixa de ponderação (A).

NPS – Nível de pressão sonora.

SP – São Paulo.

REPLAN - Refinaria do planalto paulista.

ZR1 – Zona predominantemente Residencial da baixa densidade

SUMARIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 13

2 GALVANI MINERAÇÃO E PARTICIPAÇÕES LTDA .................................. 15

2.1 Processo produtivo .................................................................................... 15

3 LOCALIZAÇÃO DA EMPRESA E SUAS INTERFACES ............................ 18

3.1 Perfil da Comunidade ................................................................................ 19

4 ATIVIDADE MINERARIA E IMPACTOS AMBIENTAIS .............................. 23

5 POLUIÇÃO SONORA .................................................................................. 24

3.1 Poluição Sonora, um Crime Ambiental .................................................... 24

6 MENSURAÇÃO DOS NIVEIS DE RUIDO NA COMUNIDADE ................... 26

6.1 Metodologia Adotada para Avaliação do Nível do Ruído ....................... 26

6.2 Resultado das Avaliações ......................................................................... 28

6.3 Interpretação dos Dados ........................................................................... 34

7 NEUTRALIZAÇÃO DA POLUIÇÃO SONORA ............................................ 36

7.1 Barreira Física Vegetal ............................................................................... 36

8 PLANTAÇÃO DE EUCALIPTO ................................................................... 37

8.1 Características Técnicas do Plantio ......................................................... 38

8.2 Manutenção do Plantio .............................................................................. 43

8.3 Custos Envolvidos no Processo............................................................... 45

9 EVOLUÇÃO DOS RESULTADOS............................................................... 46

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 50

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 50

13

1 INTRODUÇÃO

A vertente do desconforto causado a comunidade por ruídos ambientais

é atualmente uma preocupação reconhecida mundialmente, que afeta de forma

relevante as industrias e negócios de forma global.

Aliados a necessidade de atender a rigorosas legislações vigentes

relacionadas ao tema, as Empresas buscam meios de reduzir os impactos

significantes causados pelo processo produtivo de seus negócios e suas interfaces

negativas com o meio.

Cursando a graduação de Engenharia Ambiental, obtive informações

preciosas referente a problemática em questão, propondo diferentes possibilidades

de tratativas para a redução da Poluição Sonora Urbana, ou sua mitigação, de forma

a prover o convívio benéfico entre as partes.

A oportunidade de testar as teorias na pratica, surgiu devido à

necessidade da empresa estudada, que porventura é o local onde trabalho

atualmente, estar inserida no centro de uma cidade, com uma vasta comunidade ao

seu entorno.

A necessidade de prover soluções satisfatórias a Empresa, mediante as

condicionantes da licença de operação emitida pelo órgão Ambiental competente,

me concederam a experiência de desenvolver o trabalho exposto através do estudo

pratico do caso.

A empresa estudada é a Galvani Mineração e participações LTDA,

geradora de ruídos e/ou sons, por consequência do seu ramo industrial. Sua

atividade principal é a Mineração e atua na extração, produção e comercio de brita e

seus agregados, derivante de basalto.

O estudo de caso caracteriza a intensidade da poluição sonora urbana

provocada pelo processo industrial da pedreira e suas interfaces. Seu principal

objetivo é propor medidas mitigadoras para o controle do ruído.

Para a realização deste trabalho, fiz um levantamento bibliográfico sobre

temas relacionados à Mineração, Poluição sonora urbana e suas consequências.

14

Concomitantemente ao estudo bibliográfico, acompanhei as atividades

minerarias desenvolvidas “in loco” com foco nas potenciais fontes geradoras de

ruído, e suas particularidades. Desta forma, ao longo de dois anos, iniciei e

desenvolvi o trabalho pratico, resultando no presente estudo de caso.

O trabalho é composto por nove capítulos. Inicialmente, apresento uma

visão panorâmica sobre a Empresa estudada, seu processo produtivo, as interfaces

derivantes de sua localização geográfica e os principais impactos ambientais

gerados pelo seu ramo de atividade. No quinto capitulo, associo a Poluição sonora

como Crime Ambiental com base nas legislações vigentes. A constatação da

poluição sonora por parte da Empresa estudada, a metodologia e os resultados

iniciais obtidos estão descritos no capitulo seis. No sétimo capitulo apresento a

técnica da barreira física vegetal como potencial fonte neutralizadora do ruído

gerado. O processo de implantação como um todo, suas características técnicas,

custos envolvidos no processo e demais particularidades estão descritos no capitulo

oitavo. E por fim, no nono capitulo apresento a evolução dos resultados obtidos com

a implantação da barreira física vegetal de eucaliptos.

15

2 GALVANI MINERAÇÃO E PARTICIPAÇÕES LTDA

A Galvani iniciou suas atividades em 1968, em São João da Boa Vista no

interior do Estado de São Paulo, em meio ao afloramento do potencial da construção

civil brasileira. Começou atuando no mercado de obras de terraplanagem e

pavimentação, sempre aliada à atividade mineral. Em busca de crescimento,

transferiu sua sede para o município de Paulínia, SP em 1.972, onde adquiriu outra

mineração de pedra britada para apoiar suas obras.1 (Galvani, 2013, informação

verbal).

Uma empresa com atividades diversificadas que atua de forma verticalizada

desde mineração de basalto e comercialização de agregados, produção e

comercialização de massa asfáltica, até o planejamento de obras de pavimentação.

Atualmente seu quadro abrange 240 profissionais diretos. Seu principal

produto é a brita, da qual se produz solos e asfalto. Estes são os principais insumos

para a construção civil.

Possui diversos estágios em seu processo produtivo, compreendendo

perfuração, desmonte de rochas, carregamento e transporte, britagem e rebritagem,

usinagem de solos e usinagem de asfalto.

2.1 Processo Produtivo

No processo de perfuração é feita a furação da rocha nas frentes de lavra,

utilizando-se as perfuratrizes hidráulicas e pneumáticas para posterior carregamento

com explosivos.

1 Entrevista realizada com colaboradores da Galvani em Março de 2013.

16

O desmonte de rochas é feito com explosivos de fabricação própria, oriundo de

mistura de nitrato de amônia e óleo diesel. O acionamento ocorre tanto por meio

convencional como por meio eletrônico, dependendo do local onde será acionado. A

atividade de desmonte contempla a etapa de carregamento, transporte e manuseio

deste, além da detonação e verificação de fogo falhado.2

Após o processo de desmonte, o minério nas frentes de lavra, é transportado

por meio de caminhão fora de estrada até os britadores para o processo de britagem

e rebritagem. O carregamento do minério nos caminhões é feito com auxilio de

maquinas escavadeiras e pá carregadeiras.

Na britagem e rebritagem é feito o processo de moagem e classificação de

minério. Para tanto, é necessário o uso de britadores e peneiras vibratórias.

Na usina de solos e asfaltos ocorre o processo de fabricação de massa

asfaltica.

A foto 1 retrata a localização da Galvani.

2 Plano de Gerenciamento de riscos da Galvani, 2013

17

Foto 1 - Localização da Galvani Mineração e Participações LTDA

Fonte: Google earth

MUNICIPIO DE PAULÍNIA ESTADO DE SÃO PAULO

MINERADORA: GALVANI MINARAÇÃO E PARTICIPAÇÕES LTDA

18

3 LOCALIZAÇÃO DA EMPRESA E SUAS INTERFACES

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica3, Paulinia é uma

cidade do interior de São Paulo, cuja área é de 139 km², com população entorno de

84.512 habitantes de acordo com a contagem do IBGE em 2010, apresentando

uma densidade populacional de 368,46 habitantes por km².

O município de Paulínia foi emancipado do município de Campinas no ano de

1964. A cidade é conhecida por sediar um dos maiores polos petroquímica

da América Latina, centrada na REPLAN, na região norte da cidade. Paulínia

atualmente é considerada a maior potência petroquímica da América Latina, sendo

sede da REPLAN, a maior refinaria da Petrobras e do Brasil, além de possuir

inúmeros outros estabelecimentos e indústrias do ramo.

Devido a isto, Paulínia tem a sétima maior renda per capita do Brasil e se

destaca pelo grande crescimento populacional. Sua história é marcada por um

grande desenvolvimento econômico e crescimento, tanto urbano como populacional.

De clima agradável e ameno, Paulinia possui um clima tropical, com

temperatura media anual entorno de 21ºC; com variação entorno de 24,5 °C e

14,4 °C, temperatura e mínima respectivamente.

A Sede da Galvani se localiza no Bairro São Bento, próximo à região central

da cidade. A foto 2 ilustra a delimitação de sua circunvizinhança e comunidade

estudada.

3 Disponivel em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=353650

19

Foto 2 - Delimitação da circunvizinhança e comunidade estudada

3.1 Perfil da Comunidade

Segundo a Galvani4 (2012), a comunidade em seu entorno é composta de

65% mulheres e 35% homens.

Em media residem 3,43 pessoas por residência, com aproximadamente 2,54

filhos por moradia.

4 Pesquisa de imagem e percepção social da Galvani, realizada pelo CEPOT – Centro de Pesquisa e mercado em junho de 2012.

20

67% dos moradores possuem residência própria, quitada. 12% possuem

residência própria financiada, 8% possuem residência alugada e 13% possuem

residência cedida (por pais, amigos, familiares, etc).

77% da população residem no local a mais de 10 anos, conforme ilustra o

gráfico 1 abaixo.

Fonte: Pesquisa de imagem e percepção social da Galvani (2012)

Gráfico 1 - População residente na comunidade

O Gráfico 2 aponta que, para 29% da comunidade “Proteger o Meio

Ambiente” é o atributo mais importante para considerar que a Empresa tem

responsabilidade social.

Outros atributos considerados relevantes pela comunidade foram: Ser

honesta/ confiável, Providenciar serviços sociais, Investir em creches, Investir em

educação profissional e proteger os direitos humanos.

77%

11%

5%5%

2%

População residente na Comunidade

Mais de 10 anos

De 6 a 10 anos

4 a 5 anos

1 a 3 anos

Menos de 1 ano

21

Fonte: Pesquisa de imagem e percepção social da Galvani (2012)

Gráfico 2 - Atributos importantes para uma Empresa com responsabilidade social

Segundo os residentes locais, o ruído gerado pelas Empresas da região é o

impacto ambiental que causa maior incomodo para a comunidade. Outros impactos

citados foram à vibração das casas, as poeiras e o mau cheiro.

O gráfico 3 indica o nível de incomodo que os impactos citados causam.

29%

21%16%

15%

6%

6%

5%

2%

Atributos de Responsabilidade Social

Proteger o meio ambiente

Ser honesta/confiavel

Providenciar serviços Sociais

Investir em educação

profissional

Investir em creches

Proteger os direitos humanos

Doações/caridades

22

Fonte: Pesquisa de imagem e percepção social da Galvani (2012)

Gráfico 3 - Impactos ambientais que incomodam a comunidade

Os resultados obtidos na pesquisa indicam que o ruído gerado pelo processo

produtivo industrial gera um incômodo significativo para a Comunidade, e que a

preocupação com o Meio Ambiente é fundamental para que as Empresas sejam bem

vistas em seu meio, pois indicam que a Empresa possui Responsabilidade Social.

39%

28%

21%

12%

Impactos Ambientais na Comunidade

Barulho

Vibração

Poeiras

Mau cheiro

23

4 ATIVIDADE MINERARIA E IMPACTOS AMBIENTAIS

Para Silva (2007, revista espaço da Sophia - Nº 08) “a mineração é um dos

setores básicos da economia do país, sendo fundamental para o desenvolvimento de

uma sociedade, desde que seja operada com responsabilidade social, estando

sempre presentes os preceitos do desenvolvimento sustentável”.

É importante reconhecer e manter sob controle os impactos que esta

atividade provoca no meio ambiente, assim proporcionando um meio ambiente

adequado para as futuras gerações que estão por vir.

A atividade de mineração provoca impactos ambientais, assim como todo e

qualquer tipo de exploração de recursos naturais.

Segundo o Serviço geológico do Brasil (2012)5, os principais impactos

ambientais oriundos da mineração caracterizam-se em cinco categorias: poluição da

água, poluição do ar, poluição sonora, poluição do solo, incêndios causados pelo

carvão e rejeitos radioativos.

Os impactos ambientais mencionados aplicam-se ao processo produtivo da

Empresa estudada, excetuando os incêndios causados pelo carvão e rejeitos

radioativos. Os insumos causadores destes impactos (carvão e materiais radioativos)

não fazem parte da extração mineraria de basalto.

O desmonte de rochas, o beneficiamento de britas e a operação de

maquinários pesados são as principais fontes de geração de poluição sonora na

Galvani Mineração.

5 Disponivel em http://www.cprm.gov.br/

24

5 POLUIÇÃO SONORA

A Política Nacional do Meio Ambiente (LEI 6.938, de 31 de agosto de 1981)

define Poluição como

“degradação da qualidade ambiental resultantes de atividades que direta ou indiretamente: prejudiquem saúde, a segurança e o bem estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; emite matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos”.

Segundo Rodrigues, (2013, p.7), em termos gerais, a poluição sonora pode

ser entendida como sendo a emissão de ruídos, que por sua vez, ultrapassam os

níveis legalmente estabelecidos, de modo continuado, ao longo do tempo, causando,

com isso, prejuízos à saúde do homem e ao bem estar social.

Como dizem Braga et al. (2005, p. 208) “na medida em que a pressão

sonora provoca danos a saúde humana, comportamentais ou físicos, ela deve ser

tratada como poluição.”

3.1 Poluição Sonora, um Crime Ambiental

Para Faria (2009)6 crimes ambientais são as agressões ao meio ambiente

e seus componentes (flora, fauna, recursos naturais, patrimônio cultural) que

ultrapassam os limites estabelecidos por lei. Ou ainda, a conduta que ignora normas

ambientais legalmente estabelecidas mesmo que não sejam causados danos ao meio

ambiente.

A poluição sonora enquadra-se como crime ambiental, com base no

disposto no artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais. Para tanto, é necessário que a

6 Disponível em: http://www.infoescola.com/ecologia/crime-ambiental/. Acesso em: 15 nov. 2012.

25 poluição ocorra em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde

humana ou que provoque a mortandade de animais.

A Resolução 001/ 90 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)

é o instrumento legal que estabelece as normas gerais sobre a emissão de ruídos.

Segundo a norma, a emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades

industriais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política,

obedecerá ao interesse da saúde, do sossego público, aos padrões, critérios e

diretrizes estabelecidos.

A NBR nº 10.152- “Nível de ruído para conforto acústico” fixa os níveis de

ruído compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos. Segundo a norma,

a emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais,

sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política, obedecerá ao interesse da

saúde, do sossego público, aos padrões, critérios e diretrizes estabelecidos.

A NRB nº 10.151- “Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas,

visando o conforto da comunidade – Procedimento” fixa as condições exigíveis para

avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades.

De acordo com a lei complementar de Paulinia,7 (Nº 54, de 28 de dezembro de

2012) a Galvani esta inserida em área ZR1 – Zona predominantemente Residencial

da baixa densidade. Para a NBR 10.151, área mista com predominância residencial,

não deve ter o nível de ruído ultrapassado em 55 dB (A) para o período diurno e 50

dB (A) para o período noturno.

7 Disponivel em: http://www.leismunicipais.com.br/a1/sp/p/paulinia/lei-complementar/2012/5/54/lei-complementar-n-54-2012-dispoe-sobre-o-parcelamento-uso-e-ocupacao-do-solo-no-municipio-de-paulinia-e-da-outras-providencias-2012-12-28.html

26

6 MENSURAÇÃO DOS NIVEIS DE RUIDO NA COMUNIDADE

A constatação do incomodo gerado à comunidade devido à emissão de

ruídos, aliado à necessidade de atender as legislações vigentes impulsionaram a

Galvani a buscar medidas para neutralizar a ação nociva do ruído em seu entorno.

Mensurar o nível do ruído gerado pelo empreendimento para comprovar e

conhecer os impactos ambientais causados a comunidade é essencial para identificar

a significância deste impacto.

6.1 Metodologia adotada para avaliação do nível do ruído

A mensuração dos níveis de ruído gerado pelo empreendimento adotou a

metodologia determinada pela NBR 10.151, respeitando as exigências da norma para

avaliação em local externo.

Foram avaliados 12 pontos entorno do perímetro da empresa, de forma a

abranger toda a circunvizinhança. A imagem abaixo ilustra a localização dos pontos

analisados.

27

Foto 3 - Pontos de avaliação de ruído

Todas as avaliações foram conduzidas em dias típicos do processo

operacional, para garantir a procedência dos resultados obtidos.

Segundo a NBR 10151, não deve ser realizada medições na existência de

interferências audíveis advindas de fenômenos da natureza, neste caso, de chuvas

fortes e trovões. Para tanto, observou-se as condições climáticas antes de iniciar as

avaliações.

As medições foram realizadas em dois dias úteis, com início no dia 27 de

outubro de 2010, e término no dia seguinte, 28 de outubro de 2010.

Antes de iniciar a medição, o medidor de pressão sonora foi calibrado, com

o uso do calibrador de nível sonoro. A calibração foi feita nos dois dias da campanha.

Em cada ponto foi adotado um tempo de medição de 5 minutos, com

intervalo de integração de 5 segundos, suficiente para permitir a caracterização dos

níveis de ruído e coletar para a definição de um Nível Equivalente (LAeq) aceitável, de

acordo com a metodologia preconizada na NBR 10151.

As medições foram tomadas a 1,2m do solo e pelo menos 2,0m afastadas

de qualquer superfície refletora, tomando-se o cuidado para evitar a montagem do

equipamento em locais onde pudesse causar algum tipo de interferência e

consequentemente comprometerem a integridade dos resultados obtidos.

28

Os equipamentos utilizados para o processamento dos dados obtidos nas

medições foram:

• Decibelímetro com filtro de banda de oitava e terça de oitava da marca

Instrutherm, modelo DEC-490, fabricado conforme a norma ANSI S1.4 com

microfone omnidirecional;

• Calibrador de nível sonoro da marca Instrutherm, modelo CAL-3000, número

de série 286721, 94 dB e 114 dB;

• Tripé da marca Vanguard MK-1, para apoio do decibelímetro;

• Tripé STC- 360 Light Weight Tripod;

• Máquina fotográfica digital para o registro das imagens nos pontos medidos.

As áreas próximas a Galvani recebem, com base na NBR 10.151, as

classificações de “Área mista, predominantemente residencial”; com limite Maximo

permitido de 55 dB (A).

6.2 Resultado das Avaliações

Para a mensuração do nível de pressão sonora, foram coletadas 30 amostras

de dados com intervalo de 5 segundos entre elas, conforme preconiza a NBR 10151.

Os gráficos abaixo indicam a intensidade do valor amostrado nas 30 medições

ocorridas num determinado ponto e sua relação com o limite de tolerância de 55

dB(A).

O gráfico 4 apresenta os índices amostrados no ponto 1 (P1).

29

Fonte: Laudo de poluição sonora Urbana (2011)

Gráfico 4 - Nível de pressão sonora P1

O gráfico 5 aponta os valores amostrados nas 30 medições ocorridas no ponto

2 (P2).

Fonte: Laudo de poluição sonora Urbana (2011)

Gráfico 5 - Nível de pressão sonora P2

O gráfico 6 mostra os valores amostrados nas avaliações do ponto 3 (P3).

40

45

50

55

60

65

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Limite de Tolerância Intensidade

404550556065

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Limite de Tolerância Intensidade

40

45

50

55

60

65

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Limite de Tolerância Intensidade

30 Fonte: Laudo de poluição sonora Urbana (2011)

Gráfico 6 - Nível de pressão sonora P3

O gráfico 7 mostra os valores amostrados nas avaliações do ponto 4 (P4).

Fonte: Laudo de poluição sonora Urbana (2011)

Gráfico 7 - Nível de pressão sonora P4

O gráfico 8 apresenta os resultados das medições do ponto 5 (P5).

Fonte: Laudo de poluição sonora Urbana (2011)

Gráfico 8 - Nível de pressão sonora P5

Os resultados das avaliações do ponto 6 (P6) estão representados no gráfico 9.

40

45

50

55

60

65

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Limite de Tolerância Intensidade

40

45

50

55

60

65

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Limite de Tolerância Intensidade

31

Fonte: Laudo de poluição sonora Urbana (2011)

Gráfico 9 - Nível de pressão sonora P6

Os níveis de pressão sonora identificados nas avaliações do ponto 7(P7) estão

representados no gráfico 10.

Fonte: Laudo de poluição sonora Urbana (2011)

Gráfico 10 - Nível de pressão sonora P7

O gráfico 11 representa os níveis de pressão sonora do ponto 8 (P8).

40

45

50

55

60

65

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Limite de Tolerância Intensidade

40

45

50

55

60

65

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Limite de Tolerância Intensidade

32

Fonte: Laudo de poluição sonora Urbana (2011)

Gráfico 11 - Nível de pressão sonora P8

O gráfico 12 representa os valores do ponto 9 (P9).

Fonte: Laudo de poluição sonora Urbana (2011)

Gráfico 12 - Nível de pressão sonora P9

O gráfico 13 aponta os valores amostrados nas 30 medições ocorridas no

ponto 10 (P10).

40

45

50

55

60

65

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Limite de Tolerância Intensidade

40

45

50

55

60

65

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Limite de Tolerância Intensidade

33

Fonte: Laudo de poluição sonora Urbana (2011)

Gráfico 13 - Nível de pressão sonora P10

O resultado das medições do ponto 11(P11) esta representado no gráfico 14.

Fonte: Laudo de poluição sonora Urbana (2011)

Gráfico 14 - Nível de pressão sonora P11

O gráfico 15 aponta os valores amostrados das 30 medições ocorridas no

ponto 12 (P12).

40

45

50

55

60

65

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Limite de Tolerância Intensidade

40

45

50

55

60

65

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Limite de Tolerância Intensidade

34

Fonte: Laudo de poluição sonora Urbana (2011)

Gráfico 15 - Nível de pressão sonora P12

6.3 Interpretação dos Dados

Para a determinação do nível sonoro do ambiente em dB(A) em cada ponto

foi utilizado como parâmetro a formula abaixo sugerida pela NBR 10151.

O gráfico 16 representa o nível de pressão sonora dos 12 pontos avaliados

onde: 55 dB(A) é o limite de tolerância aceito.

40

45

50

55

60

65

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Limite de Tolerância Intensidade

35

Fonte: Laudo de poluição sonora Urbana (2011)

Gráfico 16 - Nivel de pressão sonora dos 12 pontos avaliados

Com o resultado das avaliações quantitativas, constatou-se que o nível de

ruído ultrapassava os limites aceitáveis no ponto 1(P1). O gráfico acima indica que no

período avaliado, o nível de ruído este ponto era de 57 dB (A).

Face às informações obtidas conclui-se que os níveis de ruído avaliados no

ponto 1 (P1) estavam acima dos limites de tolerância. No entanto os níveis de ruído

mensurados nos demais pontos estavam abaixo dos limites estabelecidos pela NBR

10151.

5251,1 51,3

4950,1 49,6

44,6 45

46,9

5253

57

35

40

45

50

55

60

65

Ponto 1 (P1) Ponto 2 (P2) Ponto 3 (P3) Ponto 4 (P4) Ponto 5 (P5) Ponto 6 (P6) Ponto 7 (P7) Ponto 8 (P8) Ponto 9 (P9) Ponto 10 (P10)

Ponto 11 (P11)

Ponto 12 (P12)

Locais Avaliados

NPS [db]

Aceitável Acima do LT Limite de Tolerância

36

7 NEUTRALIZAÇÃO DA POLUIÇÃO SONORA

Segundo Braga et al. (2005, p. 212) O controle do ruído pode ser feito na

fonte, no percurso ou no receptor. O controle na fonte envolve atividades de

modificação de projeto, substituição de equipamentos, entre outros. O controle no

receptor envolvem ações de controle administrativo e o controle no percurso é feito

pela introdução de barreiras entre a fonte e o receptor.

A redução do ruído seja na fonte ou após a emissão, deve constituir uma

das principais prioridades dos programas de gestão do ruído e incidir na concepção e

na manutenção do equipamento e instalações.

7.1 Barreira Física Vegetal

Embora seja difícil encontrar dados sobre a utilização de espécies vegetais

como barreira acústica disponíveis na literatura, Neto et al. (2008) conclui através de

estudo quantitativo de isolamento acústico que a madeira tem potencial acústico,

variável conforme sua densidade.

Para Carrasco8, (2003 aput. NETO, 2008 p. 676),

a velocidade de propagação da onda ultrassônica é afetada pela densidade da madeira. Um aumento desse valor, com umidade constante ao longo da amostra, provoca um aumento na velocidade de propagação. Esse fato se deve à deposição de celulose na face interna da parede celular, que causa um aumento significativo da rigidez. Assim, a esperada atenuação causada pelo aumento da densidade é compensada por esse parâmetro.

De acordo com Araújo9 (2002, aput. NETO, 2008 p. 676), as propriedades

acústicas da madeira, relacionadas aos princípios de ressonância e às propriedades

8 CARRASCO,CERNE, Lavras, v. 9, n. 2, p. 178-191, jul./dez. 2003. Disponível em: bdtd.ufla.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=879

37 de radiação do som, foram aplicadas por muito tempo, apesar de não serem

cientificamente comprovadas.

Neste contexto, o eucalipto é altamente eficaz, pois sua madeira

caracteriza-se pela sua alta densidade e durabilidade, assim como pelas suas boas

propriedades mecânicas e resistência ao impacto. Neto et al. (2008) aponta

excelentes resultados de isolamento acústico ao utilizar diferentes espécies de

eucalipto.

8 PLANTAÇÃO DE EUCALIPTO

Para Castanho10 (2013)

O eucalipto é plantado, atualmente, em quase todo o mundo, por ser uma planta que possui espécies diversificadas e adaptáveis a várias condições de clima e solo. Para se ter uma idéia da diversificação das espécies, existem eucaliptos que se adaptam muito bem em regiões de temperatura de 350 ºC e outros que suportam um frio de até 180 ºC abaixo de zero.

Castanho (2013) afirma que “A maioria das espécies plantadas no Brasil

apresenta um crescimento rápido, produz grande quantidade de madeira e

subprodutos e tem fácil adaptação”.

Atualmente, não há mais espaços no mercado para segmentos produtivos

que não conciliem a atividade econômica com a preservação do meio ambiente.

Neste contexto, o cultivo do eucalipto se apresenta como um plantio florestal

sustentável, capaz de cumprir estas novas premissas ambientais. (Confederação da

Agricultura e Pecuária do Brasil, 2011)

9 ARAÚJO, H. J. B. 157 p. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais) – Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2002. Disponível em: bdtd.ufla.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=879

10 Castanho P Eduardo (2013, no prelo).

38

8.1 Características Técnicas do Plantio

A plantação de eucaliptos para a barreira física da Galvani iniciou-se no dia

02 de maio de 2011 e terminou em 14 de junho de 2011.

O espaçamento do plantio foi de 1 por 1 metro, tanto na horizontal como na

vertical, intercalados entre si. O esquema 1 ilustra a informação.

Esquema 1 - Espaçamento do plantio

Optou-se por este espaçamento com o intuito de fechar a barreira, pois

desta forma aumenta a eficiência tanto no controle dos ruídos emitidos, como no

controle de materiais particulados em suspensão emitida pelo processo produtivo.

A barreira física foi feita ao longo de todo o perímetro onde o território da

Galvani fazia divisa com a comunidade, presente no ponto 1(P1). Para tanto, foram

plantadas 15.000 mudas de eucaliptos, distribuídas em 50 carreiras de 300 mudas de

comprimento.

39

O esquema 2 demonstra a distribuição das mudas para a formação da

barreira para maior entendimento, e a foto 4 retrata as aberturas das covas conforme

o esquema.

Esquema 2 - Distribuição das mudas para a formação da barreira

40

Foto 4 - Distribuição das covas para a formação da barreira

O tamanho das mudas plantadas foi entorno de 50 a 80 cm de altura. A

foto 5 retrata uma muda recém-plantada.

Foto 5 - Muda recém-plantada

41

As covas tiveram dimensões mínimas de 40 x 40 cm de abertura e 40 cm

de profundidade. Para sua abertura foi utilizado perfurador manual.

O esquema 3 ilustra o procedimento para abertura das covas. A foto 6

retrata a atividade de perfuração de covas com perfurador manual.

Esquema 3 - Procedimento para abertura das covas

muda

42

Foto 6 - Perfuração de covas

A foto 7 mostra a delimitação do plantio.

Foto 7 - Foto aérea do Plantio

43

8.2 Manutenção do Plantio

No primeiro semestre houve uma perda de 5% das mudas plantadas,

equivalente a 750 mudas aproximadamente.

As mudas perdidas foram replantadas no inicio do segundo semestre.

Após a plantação, alguns cuidados para a manutenção das mudas são

necessários para perenização do plantio, entre eles:

Irrigação diária das mudas no primeiro mês após o plantio. “A irrigação tem

como objetivo garantir o pegamento das mudas, quando o plantio e o replantio são

realizados fora da estação das chuvas, para superar eventuais veranicos durante a

estação das águas, em regiões muito secas ou em áreas muito degradadas. A

irrigação é feita para repor a umidade do solo, fornecendo a planta condições

favorável ao seu desenvolvimento e sobrevivência em situações que o solo apresente

déficit hídrico.” (Galvani, 2011)11

Controle de formigas no primeiro semestre. “O controle de formigas

cortadeiras tem inicio quando as condições de campo determinam o risco à

sobrevivência das mudas. Foi utilizada isca formicida granulada, sendo distribuída de

forma sistemática nas áreas de plantio, e também de forma direta, a um palmo de

distância dos olheiros visualizados, ao lado dos carreadores visualizados e nas áreas

vizinhas onde for detectada a presença de formigas cortadeiras.” (Galvani, 2011)12

A definição da quantidade necessária de isca formicida, bem como a

frequência das aplicações para garantir eficiência no controle de formigas cortadeiras

nas áreas de plantio foi de responsabilidade única e exclusiva da empresa

responsável pelo projeto.

A foto 8 retrata o processo de controle de formigas.

11 Relatorio final do Plantio. Galvani, junho de 2011.

12 Relatorio final do Plantio. Galvani, junho de 2011.

44

Foto 8 – Isca formicida granulada para o controle de formigas

Adubação por 1 ano e meio após o plantio com intervalo de seis em seis

meses entre elas. “Para a adubação química de cobertura foi utilizado o gel hidratante

como agente transportador de adubo. Alem disso foi feito uma capina e um

coroamento ao redor das mudas. Após isso, foi feito um sulco ao redor da muda, sob

a projeção da copa, com profundidade de 10 cm, onde foi aplicado o adubo misturado

com o gel hidroplan. O sulco voltou a ser preenchido com a terra revolvida.” (Galvani,

2011)13

Para a adubação de cobertura, foi utilizado gel e NPK granulado,

formulação 20-05-20, na dose de 150g / planta.

A foto 9 retrata o processo de adubação das mudas.

13 Relatorio final do Plantio. Galvani, junho de 2011.

45

Foto 9 - Adubação das mudas

8.3 Custos Envolvidos no Processo

O custo do plantio foi de R$ 6,00 por muda plantada, pago à Empresa

terceirizada, responsável por todo o processo.

Para a plantação de 15.000 mudas foram gastos um total de de R$

90.000,00.

Em media, cada colaborador plantava cerca de 100 mudas por dia. Com

uma equipe de 5 colaboradores foi possível concluir o plantio em 30 dias trabalhados.

Para a manutenção das mudas, incluindo irrigação, controle de formigas e

adubação, o custo foi de R$ 1,00 a muda.

Totalizando no total um custo de R$ 105.000,00 para o plantio e

manutenção de 15.000 mudas de eucaliptos.

46

9 EVOLUÇÃO DOS RESULTADOS

O objetivo principal do plantio era reduzir o nível de ruído em no mínimo 2

dB (A), no ponto 1 (P1) alcançando o valor teto de 55 dB (A) para atendimento a

legislação no que tange Conforto acústico na comunidade.

O gráfico 17 remete a representação gráfica dos níveis de ruído do ponto 1

(P1) em 2011, antes do inicio do plantio da barreira física de eucalipto, em 30

medições.

Gráfico 17- Representação gráfica dos níveis de ruído do P1 em 2011

O gráfico 18 evidencia o nível de ruído em dB (A) após o calculo, conforme

preconiza a NBR 10.151; onde 55 dB (A) é o nível estabelecido pela NBR 10151 e 57

dB (A) era o nível encontrado no ponto 1 (P1).

53

54

55

56

57

58

59

60

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Nível estabelecido pela NBR 10151 Intensidade do Ruido

47

Gráfico 18 - Nível de ruído em dB (A) do P1 em 2011

O monitoramento da área outrora chamada de ponto 1 (P1) ocorreu Ao

longo do ano, sem nenhuma mudança significativa.

O gráfico 19 remete a representação gráfica dos níveis de ruído do ponto 1

(P1) em 2012, após 1 ano do termino do plantio da barreira física de eucalipto, em 30

medições. O que sugere um nível de ruído de 56 dB (A), conforme indica o gráfico 20.

Gráfico 19 - Representação gráfica dos níveis de ruído do P1 em 2012

55 57

35

40

45

50

55

60

65

Nível estabelecido pela NBR

10151

Intensidade do Ruido

Parametros

NP

S -

dB

(A)

53

54

55

56

57

58

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Nível estabelecido pela NBR 10151 Intensidade do Ruido

48

Gráfico 20 - Nível de ruído em dB (A) do P1 em 2012

Aproximadamente 1 ano após o plantio da barreira física de eucalipto foi

possível verificar os primeiros resultados positivos. O nível de ruído do ponto 1 (P1)

reduziu de 57 dB (A) para 56 dB (A), embora a intensidade do ruído continuasse

acima do limite de tolerância.

O gráfico 21 remete a representação gráfica dos níveis de ruído do ponto 1

(P1) em 2013, 2 anos após o termino do plantio da barreira física de eucalipto. O

gráfico 22 indica o nível de ruído após calculo das 30 medições no mesmo período.

Gráfico 21 - Representação gráfica dos níveis de ruído do P1 em 2013

55 56

35

40

45

50

55

60

65

Nível estabelecido pela NBR

10151

Intensidade do Ruido

Parametros

NP

S -

dB

(A)

44

46

48

50

52

54

56

58

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

NP

S -

dB

(A)

Numero de Medições

Nível estabelecido pela NBR 10151 Intensidade do Ruido

49

Gráfico 22 - Nível de ruído em dB (A) do P1 em 2013

Em 2013, o nível de ruído no ponto 1 (P1) era de 53 dB (A). Diante disso, é

possível afirmar que em 2 anos após o plantio da barreira física de eucaliptos, houve

uma redução nos níveis de ruído no ponto 1 (P1) de 4 dB (A).

Os eucaliptos atingiram o comprimento de aproximadamente 15 metros de

altura neste período, com espaçamento de 1 metro entre eles, embora seja possível

afirmar que em espaçamentos maiores a área volumétrica do pe de eucalipto é maior.

Segundo Morais (2006) a altura da planta apresenta poucas variações entre os

diversos espaçamentos, porem; observa que, após 48 meses de plantio, quanto maior

a área útil da planta, maior é sua relação volume/planta.

55 53

35

40

45

50

55

60

65

Nível estabelecido pela NBR

10151

Intensidade do Ruido

Parametros

NP

S -

dB

(A)

50

CONCLUSÃO

Após analise minuciosa dos fatos, é conclusivo que o plantio de eucaliptos

como barreira física vegetal, para controle e neutralização da emissão dos ruídos

apresenta resultados positivos.

Não obstante ao fato da pratica estudada reduzir os níveis de ruído

satisfatoriamente, a barreira física eliminou a poluição visual do local e atuou também

de forma significativa na redução da poluição atmosférica, como barreira na

contenção de particulados emitidos, provenientes do processo minerario.

A implantação da barreira física vegetal de eucaliptos almejava

interinamente uma redução nos níveis de ruído em 2 dB (A) para atendimento a

legislação em vigor. Com as praticas aplicadas, os resultados obtidos superaram as

expectativas, pois proporcionaram uma redução de 4 dB (A) no nível de ruído, após

dois anos de implantação.

Face às informações aqui apresentadas é possível afirmar que os

resultados alcançados em médio prazo são tangíveis financeiramente. Desta forma, a

cerca viva de eucaliptos consiste numa ferramenta promissora no que tange as

problemáticas da Poluição sonora urbana.

A busca incessante por atender as legislações em vigor me proporcionou a

experiência de aprofundar meus conhecimentos no tema e de aplicar minhas

habilidades teóricas tecnicamente, vivenciando a experiência como um todo, de forma

única, relevante e completa.

Termino, expressando a minha satisfação com o termino do presente

trabalho, e com os resultados obtidos através dele.

51

REFERÊNCIAS

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FARIA, Caroline. Crime ambiental. 2009. Disponível em: http://www.infoescola.com/ecologia/crime-ambiental/. Acesso em: 15 nov. 2012.

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52 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel.php?codmun=353650. Acesso em: 07 jun. 2013.

LAGE, Jacqueline de Toledo. Níveis de Ruído no Interior de Trens Metropolitanos - Caso São Paulo. Dissertação.Unicamp, 2003.Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/89539286/24/Figura-3-2-Curvas-de-Ponderacao-Sonora-A-B-C-e-D. Acesso em: 20 nov. 2012.

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