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PONTAL DO PARANÁ – BRASIL : UM NOVO MARCO COM A ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO RESUMO Pontal do Paraná possui uma recente história geopolítica. Como os demais municípios litorâ- neos, Pontal do Paraná é considerado berço da civilização paranaense, em função de uma ocu- pação que remonta a milhares de anos, comprovados por sítios históricos e sambaquis. O Pla- no Diretor de Desenvolvimento Integrado de Pontal do Paraná caracteriza as áreas relevantes: de ocupação indígena, a estrada velha do Guaraguaçu, as colônias de pescadores e o antigo terreno da aeronáutica. Apresenta propostas de desenvolvimento criando um Zoneamento Ambiental Urbano, no qual inseriu um Sistema de Proteção à Biodiversidade. Para garantir a sustentabilidade local são criado sete Parques municipais com o objetivo de garantir lazer às populações local e flutuante com preservação dos ecossistemas. Projeta sistema viário com mobilidade urbana, e propõe Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo com construções verti- calizadas e proteção da floresta existente. 1 INTRODUÇÃO O Governo do Paraná e o Governo Municipal, por meio de Termo de Cooperação Técnica em 2004, realizaram o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Pontal do Paraná. Reco- nhecendo a necessária articulação entre as esferas diferenciadas de governo e sociedade civil, estabeleceram um marco no planejamento ambiental urbano em zonas costeiras. O Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado para o Município de Pontal do Paraná con- templa um conjunto de ações e legislações que possibilitarão ao poder público gerenciar os espaços territoriais urbano e rural com uma visão de conjunto, não o desvinculando do seu contexto regional. O trabalho final é composto pelos seguintes documentos técnicos: Diagnós- tico, Caderno de Propostas, Caderno de Leis e Mapeamento. Tais Documentos contemplam a íntegra do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado. O Plano teve por finalidade principal a instituição dos planejamentos urbano e rural através do aperfeiçoamento da legislação de uso e da ocupação do solo, visando privilegiar a melhoria na qualidade de vida da população do município, considerando a promoção da eqüidade e justiça social, da eficiência administrativa e da qualidade ambiental. 2 DIAGNÓSTICO MUNICIPAL

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PONTAL DO PARANÁ – BRASIL : UM NOVO MARCO COM A ELABORAÇÃO DO PLANO DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO INTEGRADO

RESUMO Pontal do Paraná possui uma recente história geopolítica. Como os demais municípios litorâ-neos, Pontal do Paraná é considerado berço da civilização paranaense, em função de uma ocu-pação que remonta a milhares de anos, comprovados por sítios históricos e sambaquis. O Pla-no Diretor de Desenvolvimento Integrado de Pontal do Paraná caracteriza as áreas relevantes: de ocupação indígena, a estrada velha do Guaraguaçu, as colônias de pescadores e o antigo terreno da aeronáutica. Apresenta propostas de desenvolvimento criando um Zoneamento Ambiental Urbano, no qual inseriu um Sistema de Proteção à Biodiversidade. Para garantir a sustentabilidade local são criado sete Parques municipais com o objetivo de garantir lazer às populações local e flutuante com preservação dos ecossistemas. Projeta sistema viário com mobilidade urbana, e propõe Zoneamento de Uso e Ocupação do Solo com construções verti-calizadas e proteção da floresta existente. 1 INTRODUÇÃO

O Governo do Paraná e o Governo Municipal, por meio de Termo de Cooperação Técnica em 2004, realizaram o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Pontal do Paraná. Reco-nhecendo a necessária articulação entre as esferas diferenciadas de governo e sociedade civil, estabeleceram um marco no planejamento ambiental urbano em zonas costeiras.

O Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado para o Município de Pontal do Paraná con-templa um conjunto de ações e legislações que possibilitarão ao poder público gerenciar os espaços territoriais urbano e rural com uma visão de conjunto, não o desvinculando do seu contexto regional. O trabalho final é composto pelos seguintes documentos técnicos: Diagnós-tico, Caderno de Propostas, Caderno de Leis e Mapeamento. Tais Documentos contemplam a íntegra do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado. O Plano teve por finalidade principal a instituição dos planejamentos urbano e rural através do aperfeiçoamento da legislação de uso e da ocupação do solo, visando privilegiar a melhoria na qualidade de vida da população do município, considerando a promoção da eqüidade e justiça social, da eficiência administrativa e da qualidade ambiental.

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O fim do século XVI e início do século XVII foram marcados pela vinda de povos europeus de outras capitanias em busca do ouro das famosas “Minas de Paranaguá”, juntando-se aos portugueses que já estavam radicados a anos na Ilha da Cotinga. Essa procura pelo ouro pro-porcionou aos povoamentos da região uma configuração peculiar, o estabelecimento dos mesmos nas margens de rios. Dessa forma, o garimpo ocorria no entorno de rios como o Ta-guaré ou Taquaré (atual Itiberê), que deu origem à cidade de Paranaguá; Nhundiaquara, Gua-raguaçu, entre outros, estando as minas de exploração situadas principalmente nas nascentes (Figura 1).

Fig. 1 Vista Aérea da ocupação de Pontal do Paraná Em 1951 realizou-se a abertura do primeiro loteamento em Pontal do Sul, onde já ocorreram os primeiros problemas com relação à ocupação ilegal de lotes. O aumento do interesse turísti-co pela região e o crescimento do poder aquisitivo da classe média do estado, aliado à especu-lação imobiliária, acabou modificando a forma de ocupação e a feição desta porção do litoral paranaense. À medida que os lotes foram sendo valorizados, foi ocorrendo um processo de migração dos pequenos povoamentos mais próximos a praia para áreas mais distantes. A partir de 1980, o Balneário Pontal do Sul recebeu a implantação, em sua porção norte, de um canteiro industrial, na área conhecida como Ponta do Poço. Nesse canteiro instalaram-se três empresas construtoras de plataformas continentais para a exploração de petróleo (FEM, TECHINTE e TENENGE). Essas empresas chegaram a gerar até 3000 empregos em sua fase mais próspera, atraindo trabalhadores de várias regiões do estado. Contudo, no final da década de 1980 os funcionários foram transferidos para outras sedes. 2.1 Localização do Município O município de Pontal do Paraná localiza-se na região sul do litoral do Paraná - Brasil, contido na folhas topográficas MI - 2859-1 e MI – 2858-2, coordenadas médias no sistema de projeção UTM – 758.000 e 7.164.000. Com 2m de altitude média, dista 115 km de Curitiba, capital do estado, 100 km de Joinville, em Santa Catarina, e 36 km da cidade de Paranaguá. Limita-se ao norte com o município de Paranaguá, ao sul com o município de Matinhos, a oeste com o mu-nicípio de Paranaguá e a leste com o Oceano Atlântico (Figura 2).

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Fig. 2 Localização de Pontal do Paraná 2.2 Perfil do Município

O Município de Pontal do Paraná caracteriza-se como área especial de interesse turístico, con-dição definida pela Lei N. 7389/80, que vigorou até 1998, sendo substituída pela Lei N. 12243/98. Conforme especificado na legislação, o município apresenta diversos aspectos que comprovam sua relevância no panorama turístico estadual e produzem um fluxo populacional intenso no período de veraneio. Pode-se citar como tais aspectos suas paisagens notáveis, representadas pela orla de 33 km de extensão, que inicia ao sul no Balneário de Monções e estende-se a norte até a Ponta do Poço. Dentro desses aspectos encontram-se também a vegetação característica de Pontal do Paraná, com grande parte do território formado por Floresta Ombrófila Densa, Floresta Atlântica, Dentre suas áreas de relevância destacam-se as ocupações humanas da Colônia do Maciel, Colônia Pereira e Aldeia Indígena, com traços culturais peculiares; a Estrada do Guaraguaçu e a Estrada Velha de Shangri-lá, ambos percursos passíveis de unificação e que formam uma trilha turística pela Floresta Atlântica; e as áreas da União, que permitem ao município a cria-ção de locais de contemplação e lazer sem que seja necessária uma desapropriação. Também aspecto de extrema relevância são os sambaquis do Guaraguaçu, que constituem os bens tom-bados municipais.

O Diagnóstico Físico-Territorial irá descrever com um maior detalhamento cada uma dessas potencialidades e deficiências encontradas no município, bem como a legislação de Zonea-mento, Uso e Ocupação do Solo existente.

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O município de Pontal do Paraná é considerado pela legislação estadual (Lei N. 12243/98) área especial de interesse turístico por apresentar as seguintes características: paisagens notá-veis, locais com traços culturais – etnológicos marcantes, áreas destinadas à proteção dos re-cursos naturais, áreas lindeiras à orla marítima, dentre outras. Assim, em cada item disposto abaixo são descritas algumas áreas de maior relevância para o município. São elas: Colônia do Maciel, Colônia Pereira, Aldeia Indígena, Estrada do Guaraguaçu – Estrada Velha de Shangri-lá, Áreas da Aeronáutica e Áreas da União .

3 PROPOSTAS DO PLANO DIRETOR

O Sistema de Informações Geográficas - SIG é uma ferramenta que auxilia na análise de da-dos espaciais, oferecendo alternativas para o entendimento do meio físico, assim como a pos-sibilidade de planejamento desse espaço.Um Sistema de Informação permite ao usuário coletar, manusear, analisar e exibir dados referenciados espacialmente. Um SIG pode ser visto como a combinação de hardware, software, dados, metodologias e recursos humanos, que operam de forma harmônica para produzir e analisar informação geográfica. O Zoneamento Ambiental Municipal proposto é a definição, no território de Pontal do Paraná, das áreas segundo seus usos predominantes. É o resultado dos estudos relativos às possibilida-des de usos nos campos das atividades Rural e Urbana. Excepcionalmente no caso de Pontal do Paraná, o seu território foi estruturado para permitir, além das atividades rural e urbana, o desenvolvimento da comunidade indígena M’bya Guarani. 3.1 Áreas de ocupação indígena Constituem Áreas de Ocupação Indígena as terras delimitadas no Zoneamento Ambiental Mu-nicipal destinadas à ocupação da comunidade indígena M’bya Guarani em caráter permanente, a serem utilizadas para as suas atividades produtivas e imprescindíveis à preservação dos re-cursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultu-ral, segundo seus usos, costumes e tradições. São diretrizes para regulamentação: (i) tornar-se nulos e extintos os atos que tenham por obje-tivo a ocupação, o domínio e a posse das terras delimitadas para a comunidade indígena; (ii) garantir-lhe, segundo critérios legais estabelecidos, a exploração das riquezas naturais do solo e dos rios, ali existentes; (iii) imputar inalienabilidade e indisponibilidade das terras delimita-das e o direito sobre elas imprescritíveis; (iv) promover a implantação de infra-estrutura básica para garantir condições de habitabilidade, segurança, lazer e desenvolvimento cultural. 3.2 Zonas De Conservação Ambiental Constituem Zonas de Conservação Ambiental as áreas limítrofes da Rodovia PR 407, Estrada Ecológica do Guaraguaçu e área urbana, conforme definido no Zoneamento Ambiental Rural, com finalidade de implantação de atividades ligadas ao turismo rural, propiciando desenvol-

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vimento municipal estruturado em atividades que incorporem o bem natural como sua princi-pal fonte econômica. São diretrizes para regulamentação: (i) garantir a máxima preservação dos ecossistemas natu-rais; (ii) garantir a ocupação, mediantes parâmetros previamente estabelecidos; (iii) promover a implantação de infra-estrutura viária garantindo e promovendo o acesso aos empreendimen-tos; (iv) permitir um grau de urbanização e parcelamento do solo que permitam viabilizar em-prego e renda à população local. 3.4 Comunidade Pesqueira Constitui-se área da Comunidade Pesqueira a localidade onde se desenvolve o núcleo tradicio-nal de pescadores e suas famílias às margens do Rio Maciel e da Baia de Paranaguá, denomi-nadas Colônia do Maciel. São diretrizes: (i) delimitação da área de acordo com a ocupação atual dos pescadores, para fins de regularização fundiária e titularização; (ii) impedimento a qualquer título de ocupações destinadas a pessoas que não fazem parte da comunidade pesqueira; (iii) impedimento de no-vos parcelamentos do solo na área delimitada; (iv) instituição de parâmetros de uso e ocupação que garantam a preservação da paisagem local; (v) impedimento de atividades (comerciais ou de serviços) de grande porte (vi) promover a implantação de infra-estrutura básica para garan-tir condições de habitabilidade, segurança, lazer e desenvolvimento cultural. 3.5 Área de Proteção de Manancial As áreas de Proteção de Manancial são aquelas adjacentes ao Rio das Pombas, numa faixa de 500,00 metros de cada lado, dentro do perímetro do município de Pontal do Paraná. Tais limi-tes deverão receber proteção máxima, a fim de garantir e salvaguardar as águas de abasteci-mento público. São diretrizes para regulamentação: (i) proibição do uso de práticas agrícolas que utilize de-fensivo que comprometam o meio ambiente e a qualidade das águas; (ii) incentivo a práticas agrícolas que desenvolvam produtos orgânicos; (iii) restrição máxima de uso para áreas de preservação permanente. 3.6 Unidades Ambientais Naturais Constitui áreas das unidades ambientais naturais Mangues, Planície Aluvial e Planície de Res-tinga, as áreas assim definidas pelo Macrozoneamento do Litoral Paranaense, instituído pelo Decreto Est. 5040/89, e situados fora dos limites das áreas e zonas anteriormente definidas. São diretrizes para regulamentação dessas unidades ambientais: (i) máximo grau de restrição de uso para as áreas de mangue; (ii) alto grau de restrição de uso nas áreas de planície de res-tinga; (iii) permissibilidade de desenvolvimento agrícola nas áreas de planície aluvial; (iv) permissibilidade de implantação de atividades estratégicas macro-regionais de interesse turís-

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tico, cultural e ambiental; (iv) aplicação, no que couber, das restrições estabelecidas pelo De-creto Estadual 5040/89. 3.7 Zoneamento Ambiental Urbano O Zoneamento Ambiental Urbano propõe um modelo de urbanização no qual estejam inseri-dos dois grandes sistemas ambientais: (i) Sistema de Proteção à Biodiversidade e (ii) Sistema de Ocupação do Solo Urbano. 3.8 Sistema de Proteção à Biodiversidade Composto por um conjunto de áreas verdes, esse sistema visa propiciar a Pontal do Paraná um novo desenho urbano, em que se possa utilizar da vegetação existente como principio e meio de respeito à natureza, mecanismos de lazer público e salvaguardar a vida. Compõe esse sis-tema (i) os Parques Urbanos e Municipais, (ii) o Corredor de Proteção a Biodiversidade e (iii) as Zonas de Conservação Ambiental. 3.9 Parques Municipais A proposta de criação dos Parques Urbanos é justificada pela necessidade de se proteger ecos-sistemas específicos, geralmente associados a rios ou cursos d’água. São eles (de Pontal do Sul à Praia das Monções): Parque Urbano Rio Penedo, Ampliação do Parque da Restinga, Parque Urbano Sul, Parque Perequê Mirim, Parque Urbano Rio Barrancos, Parque Municipal da Figueira, Parque Urbano Leste, descritos a seguir. Os sete Parques criados, em conjunto com os Parques do Manguezal e da Restinga existentes, formam um mosaico de proteção à fauna e flora, lazer e promoção do turismo. Ao mesmo tempo em que se objetiva a proteção de fragmentos da Floresta, se produz espaços de lazer, que deverão receber equipamentos públicos, mediante Projetos específicos, que propiciarão o uso recreativo dessas áreas. Para muitas civilizações a água é um componente urbano. E não apenas pelos métodos de cap-tá-la, armazená-la e fornecê-la ao consumo humano. A água é determinante na localização dos assentamentos humanos e é, em muitos casos, elemento central na agricultura, na vida sócio-cultural e eventos religiosos. Para assegurar a proteção necessária aos rios, canais e demais cursos d’água, bem como à vegetação de interesse à preservação, propõe-se a criação de Cor-redor de Proteção à Biodiversidade composto pelas Áreas de Preservação Permanente (Figura x).

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Fig. 3 Corredor de Proteção de Biodiversidade

Os Loteamentos aprovados no Município de Pontal do Paraná, constantes do Mapa de Lotea-mentos, e conforme o Diagnóstico do Plano Diretor que contém o georreferenciamento desses, serão objeto de estudo e planejamento local visando à adequação de suas implantações aos Projetos de Parcelamento do Solo aprovados. Assim, baseando-se em diagnóstico é oficializa-do o Mapa de Loteamentos - Base Legal, referendando-se desenho urbano dele resultante.

A proposta para o Sistema Viário em Pontal do Paraná vem classificar e estabelecer um Sis-tema Hierárquico de Vias – ou simplesmente Sistema Viário - de circulação urbana, para o adequado escoamento no tráfego de veículos e para ágil e segura locomoção da população. Define as características geométricas e operacionais das vias, para possibilitar o funcionamen-to das atividades compatíveis, previstas e estabelecidas na Proposta de Zoneamento, Uso e Ocupação do Solo Urbano. O Sistema Viário proposto se utiliza das Rodovias Estaduais existentes, classificando-as como vias arteriais, prevendo sua ampliação lateral e complementação com hierarquização de ruas coletoras e locais. A proposta está fundamentada em duas fases (fase 01 e fase 02), referentes a sua ordem de implantação. Com o objetivo fundamental de não promover intervenções de grande envergadura na Floresta Atlântica, a Fase 01 do Sistema Viário consiste na reunião de propostas de um sistema de vias que contemple e resolva as funções básicas de circulação no município, além de configurar espaços de convívio e apreensão dos lugares da cidade. Assim, a proposta traz não só a rees-

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truturação de vias arteriais e coletoras, mas também a configuração de vias de passeio e ani-mação urbanas. Vias Arteriais As vias arteriais estruturam o acesso ao Município e correspondem às Rodovias PR 407 e Ro-dovia PR 412. A proposta é de ampliação dessas vias, que terão pistas totalmente redesenha-das, incluindo o aumento da faixa de domínio da Rodovia PR 412 de 20,00m para 50,00m, permitindo a implantação de no mínimo seis pistas de rolamento, ciclovias e passeios públicos compatíveis ao tráfego local e de veraneio. Permitirá a implantação de uma pista para o tráfe-go pesado, com circulação controlada, para acesso à Zona Portuária, prevista para a Fase 02 do Projeto Viário (Figura 4).

Fig. 4 Rotula unindo o sistema viário

O Zoneamento Uso e Ocupação do Solo proposto para Pontal do Paraná tem como objetivo inicial garantir a função social da propriedade e igualdade de direitos no que se refere aos po-tenciais de ocupação do solo urbano. Além disso, objetiva orientar a ocupação e utilização do solo quanto ao uso, quanto à distribuição da população e quanto ao desempenho das funções urbanas bem como prever e controlar densidades de uso e ocupação do solo, como medida instrumental de gestão da cidade e de oferta de serviços públicos compatíveis. E, finalmente, harmonizar a implantação de atividades e usos diferenciados entre si, mas complementares, dentro das porções homogêneas do espaço urbano. Os lotes destinados aos Programas Habitacionais de Interesse Social, mediante Consulta Pré-via ao Conselho do Litoral e Prefeitura Municipal, poderão obter como prêmio um coeficiente de aproveitamento igual a uma vez a área do lote(s), além do coeficiente 1,0(um) existente, desde que respeitados os demais parâmetros construtivos para o Setor ou Zona em que se loca-liza. Para tanto, serão considerados Programas Habitacionais de Interesse Social aqueles desti-

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nados às populações com renda familiar não superior a 03 (três) salários mínimos, promovidos pelo Poder Público Federal, Estadual ou Municipal, compreendendo esses programas não ape-nas a habitação, como também a infra-estrutura e os equipamentos públicos comunitários a eles vinculados. Todas as construções ou ocupações territoriais e todas as localizações funcionais de atividade dependerão de prévia licença da Administração Municipal. Assim, o Zoneamento Urbano es-tabelece, para fins do planejamento e disciplinamento do uso e da ocupação, duas parcelas diferenciadas de organização do espaço (i) os Setores Especiais e (ii) as Zonas urbanas, ambos descritos nos itens subseqüentes. Setores Especiais são espaços urbanos diagnosticados com conflitos de uso, cujo planejamento extrapola os parâmetros estipulados na Lei, necessitando de acompanhamento dos órgãos ges-tores, buscando a complementaridade das regulamentações e propondo alternativas de uso ou ocupação, como é o caso do Setor Especial do Canal do DNOS. Estão inseridas nesses espaços, Setores Especiais, as áreas cuja definição de uso requerem ações diferenciadas, como é o caso do Setor Especial de Industriais e Portuária, no qual exige-se a elaboração de Estudo de Im-pacto de Vizinhança - EIV, acarretando análise específica para cada empreendimento. Setor Especial Portuário é caracterizado pelo espaço urbano destinado à instalação das ativi-dades portuárias relacionadas ao embarque de passageiros e cargas não perecíveis, desses ex-cluídos os graneis e líquidos de qualquer natureza. 3.4 Cenários do Zoneamento Proposto Para fins de obtenção de cenários possíveis com a implantação do Zoneamento, Uso e Ocupa-ção do Solo proposto, foram elaboradas algumas simulações, a nível volumétrico, das possibi-lidades da ocupação territorial em um trecho localizado em Shangri-lá e arredores. Os estudos realizados mostraram, para a Zona de Conservação Ambiental os parâmetros propostos vão permitir a máxima preservação de acordo com o objetivo proposto para a Zona; Para a Zona Balneária 01 e Zona Residencial 01 ocorrerá uma baixa volumetria, mas com uma alta densi-dade de edificações, em função das altas taxas de ocupação; para a Zona Balneária 02 e Zona Residencial 02 a densidade volumétrica só será atingida mediante a compra de potencial cons-trutivo e unificação dos lotes existentes, onde se obtém uma relação direta para a volumetria desejada, ou seja, quanto mais alta a edificação maior a distância entre edifícios. A fim de otimizar a estrutura de trabalho no município propõe-se nova organização adminis-trativa em que a Sede do município de Pontal do Paraná será estabelecida no Balneário de Pontal do Sul e contará com 03(três) Subsedes nos Balneários Shangri-lá, Ipanema e Praia de Leste. As Subsedes terão infra-estrutura de apoio administrativo à Sede de Governo, possibilitando o acesso da comunidade às informações e serviços básicos municipais. Contarão com espaços com caráter cultural-educativo, de forma a permitir a instalação de auditório para teatro e ci-nema, salas de vivência comunitária, acesso à rede mundial de computadores e cursos profis-sionalizantes.

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3.5 Fundo de Desenvolvimento Municipal Com a finalidade de financiar o Planejamento e a execução de obras e atividades urbanísticas e ambientais, nelas incluindo o Planejamento e execução de programas e projetos habitacio-nais de interesse social localizados no perímetro do município; a regularização fundiária; a implantação de equipamentos urbanos e comunitários; a preservação, proteção e recuperação de área de interesse histórico, ambiental, urbanístico, paisagístico e paleontológico; o Plane-jamento e execução de sistema de drenagem urbana; ao Planejamento e execução de obras viárias e de transporte; o desenvolvimento tecnológico, institucional e de políticas públicas na área urbanística e ambiental; a Conservação da biodiversidade, o Plano Diretor de Desenvol-vimento Integrado para Pontal do Paraná propõe a criação do Fundo Municipal de Desenvol-vimento. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS A desigualdade e exclusão sócio-espacial sempre foram experimentadas na história dos países da América Latina. São problemas sociais crônicos que potencializam a miséria humana, em termos habitacionais, culturais e naturais. A Proposta de Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado para o Município de Pontal do Paraná apresentado só foi possível mediante uma histórica e pioneira ação de cooperação entre Estado e Município, que uniram esforços e ideário comuns, visando a construção de um pro-cesso de Planejamento na qual se privilegie cidades mais justas. A implantação de um Sistema de Informações Geográficas no município e Secretaria Executi-va do Conselho do Litoral propiciará ferramentas de Planejamento e intercâmbio de informa-ções, ao nível dos órgãos administrativos e com a população em geral. Tornará a administra-ção mais transparente e democrática, facilitando tomadas de decisão e continuidade do plane-jamento. O Zoneamento Ambiental Municipal teve como principal preocupação instituir um quadro geral de áreas, de tal forma que as atividades humanas convivam com a máxima preservação da Floresta Ombrófila Densa – Floresta Atlântica, ecossistema considerado patrimônio nacio-nal e reserva da biosfera. Tal preocupação resultou em percentuais satisfatórios de ocupação, na qual se obteve 74,15% da área total do Município para as áreas rurais, e 21,81% para as áreas urbanas. Ressalta-se que nas áreas urbanas foram contempladas áreas destinadas a uni-dades de conservação e áreas de preservação, reduzindo esse percentual para 17,57% da área total do Município. As diretrizes estipuladas para a regulamentação do Zoneamento Municipal Rural são suficien-tes para a iniciar a discussão e implementação da legislação de uso e ocupação do solo rural. Merecerá atenção e estudos que propiciem o melhor aproveitamento das áreas rurais e garanta a máxima preservação do ecossistema local.

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O Sistema de Proteção à Biodiversidade, implementado através do Zoneamento Ambiental Urbano, propiciará um novo modelo de desenvolvimento no qual as áreas urbanas e urbanizá-veis de Pontal do Paraná, sejam espaços de moradia, de trabalho e lazer inseridos no complexo ecossistema Floresta Ombrófila Densa, refletindo o sítio geofísico local. O Corredor de Proteção a Biodiversidade e os Parque Urbanos criado propiciarão ao municí-pio um novo desenho urbano em que se possa utilizar da vegetação existente como principio e meio de respeito à natureza, mecanismos de lazer público e salvaguardar a vida. O Sistema Viário terá importante função de alterar e qualificar a paisagem de Pontal do Paraná. A implantação das rótulas e os monumentos representativos da cultura local, aliada ao disci-plinamento do tráfego local com a implantação de um novo modelo viário, priorizando ciclo-vias e o tráfego de pedestres, trará ao Município uma nova identidade, que respeitando suas origens, se tornará mais bela e agradável. A complementação do sistema viário, com a implan-tação da fase 2, permitirá adequar o aumento do tráfego, compatibilizando as atividades aero-portuárias e portuárias com a nova demanda de fluxo de veículos de carga e de passageiros. Com o objetivo de garantir a função social da propriedade e igualdade de direitos, o Zonea-mento Uso e Ocupação do Solo proposto para Pontal do Paraná institui o potencial construtivo igual a uma vez a área do lote para qualquer lote urbano. A instituição de prêmios para as Pro-gramas Habitacionais de Interesse Social, Hotéis e Pousadas trará um novo perfil de desenvol-vimento para o município. A outorga onerosa de potencial construtivo proposto garantirá ao Município recursos necessários à implantação de infra-estrutura e investimentos em saúde e educação. A proposta de Parcelamento do Solo Urbano trará uma nova disciplina para os projetos urba-nísticos, estruturando um novo desenho urbano e exigindo a instalação de infra-estrutura bási-ca para efetivação dos novos loteamentos. Os Códigos de Postura e de Obra complementaram o conjunto de regras de comando e controle, garantindo ao poder executivo local ferramentas de planejamento e de revitalização da cidade de Pontal do Paraná. Os equipamentos urbanos propostos, tais como o Museu Oceanográfico, Centro Esportivo, Museu Municipal são obras que contribuirão para o desenvolvimento cultural dos munícipes atraindo turistas e conseqüentemente geração de emprego e renda. As questões da moradia social e da regularização fundiária são problemas crônicos dos muni-cípios litorâneos. O Plano Diretor estabelece políticas de atuação, com objetivos definidos, e com o apoio do Sistema de Informações implantado, permitindo ao planejamento municipal a articulação de atores públicos e privados. Os problemas com a habitação regular só serão ga-rantidos com vontade política, competência técnica e participação popular para sua efetivação. E por final, salientar a necessidade de intensa e contínua participação popular para garantir a eficácia do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Pontal do Paraná, e para a propo-sição, a qualquer tempo, de ajustes e modificações sempre na perspectiva de construção de uma sociedade mais justa, com igualdade de oportunidades e uma cidade que permita viver e morrer com dignidade e cidadania.

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Page 12: PONTAL DO PARANÁ – BRASIL - pluris2010.civil.uminho.ptpluris2010.civil.uminho.pt/avaliacao/papers/paper149.pdf · Ambiental Urbano, no qual inseriu um Sistema de Proteção à

REFERÊNCIAS Conselho de Desenvolvimento Territorial do Litoral Paranaense.(2004) Cadernos do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado de Pontal do Paraná. Curitiba. Conselho de Desenvolvimento Territorial do Litoral Paranaense. (2006) Diagnóstico Munici-pal do Plano Diretor Participativo e de Desenvolvimento Integrado de Matinhos. Caderno 1/2 - Socioeconômico e Físico Territorial. Curitiba. Conselho de Desenvolvimento Territorial do Litoral Paranaense.(2006) Diagnóstico Munici-pal do Plano Diretor Participativo e de Desenvolvimento Integrado de Matinhos. Cader-no 2/2 – Parcelamento do Solo Urbano. Curitiba. IPARDES. (2004) Referências Ambientais e Socioeconômicas para o Uso do Território do Estado do Paraná: uma contribuição ao zoneamento ecológico econômico – Curitiba. LEGISLAÇÃO FEDERAL. Lei nº 10257 de 10 de julho de 2001. Estatuto da Cidade. Regu-lamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política ur-bana e dá outras providências. LEGISLAÇÃO FEDERAL. Lei 6766 de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o parcela-mento do solo urbano e dá outras providências. LEGISLAÇÃO ESTADUAL. Lei 7389 de 12 de novembro de 1980. Considera áreas e locais de interesse turístico, para fins do disposto na Lei Federal 6513/77, as áreas e localidades situ-adas nos Municípios de Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba, Matinhos, Morretes e Paranaguá, as quais especifica. LEGISLAÇÃO ESTADUAL. Decreto 2722 de 14 de março de 1984. Aprova o Regulamento que especifica e define o aproveitamento de áreas e locais consideradas de interesse turístico de que trata a Lei 7389/80. LIMA, L.M.Q.(1995) Lixo Tratamento e Biorremediação. 3. Ed. São Paulo, SP: Hemus Editora Limitada.

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