90
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO Programa de Estudos Pós-Graduados em Administração PUC-SP Fabricio Ghinato Mainieri São Paulo 2017

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO Programa … · Ensino Superior Brasileiro: relação entre o público e o privado no contexto nacional Fabricio Ghinato Mainieri

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Programa de Estudos Pós-Graduados em Administração

PUC-SP

Fabricio Ghinato Mainieri

São Paulo

2017

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

Programa de Estudos Pós-Graduados em Administração

PUC-SP

Ensino Superior Brasileiro: relação entre o público e o privado

no contexto nacional

Fabricio Ghinato Mainieri

Dissertação apresentado à Banca Examinadora

como exigência para obtenção do título de Mestre

em Administração pela Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, sob a orientação do Prof. Dr.

Luciano A. Prates Junqueira.

São Paulo

2017

3

DEDICATÓRIA

Agradeço minha esposa e companheira, Simone,

que pacientemente compreendeu e me ajudou

durante esse período; Aos meus filhos Bruno e

Luisa, pelas diversas vezes que me entenderam

quando precisava estudar, orientando-os pelo

exemplo de quão importante é a educação; Aos

meus colegas de trabalho, agradeço pela

compreensão nos horários inflexíveis, ausências

programadas e almoços perdidos; Ao meu

orientador, Prof. Dr. Luciano Antonio Prates

Junqueira, que genuinamente me guiou pelos

caminhos da pesquisa.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação do

Ministério da Educação (MEC), por auxiliar na

expansão e consolidação da pós-graduação stricto

sensu, apoiando os pesquisadores brasileiros.

5

Ensino Superior Brasileiro: relação entre o público e o privado

no contexto nacional

Fabricio Ghinato Mainieri

RESUMO

Durante a década de 1990, o Brasil passou por grandes transformações no ensino

superior, com a reformulação em seu marco regulatório, o que acelerou o processo de

transformação do ensino superior brasileiro, adotando características de um Estado

neoliberal. O objetivo desta pesquisa é realizar um levantamento da evolução de

ingressantes, matrículas e concluintes do ensino superior brasileiro, após a instituição

da Lei de Diretrizes e Bases n. 9.394, de 1996, com o surgimento dos grandes grupos

educacionais privados e a formação dos conglomerados educacionais de capital aberto.

Nesse contexto, serão identificados os aspectos que caracterizam essa evolução e sua

expansão, principalmente nas instituições de ensino de capital aberto listadas em bolsa

de valores (BOVESPA), quando comparada às demais IES privadas ou IES públicas, bem

como seus reflexos nos indicadores oficiais de qualidade acadêmica resultantes dessa

estratégia governamental. Os resultados evidenciam a grande expansão ocorrida,

principalmente nas IES de Capital Aberto, inclusive com melhora na maioria dos

indicadores oficiais de qualidade do ensino superior brasileiro.

Palavras Chave: Ensino Superior, Estado Neoliberal, IES Capital Aberto, Conglomerados

Educacionais, Expansão Ensino Superior

6

Higher Education in Brazil: relationship between public and

private in the national context

Fabricio Ghinato Mainieri

ABSTRACT

During the 1990s, Brazil underwent major transformations in higher education, with the

reformulation of its Educational regulation, which accelerated the process of

transformation of Brazilian higher education, adopting characteristics of a neoliberal

State. The objective of this research is to perform a survey of the evolution new

enrollment, total enrollment and graduating of Brazilian higher education, after the

establishment of the Law of Guidelines and Bases n. 9.394/1996, with the emergence of

large private educational groups and the formation of listed higher educational

companies. In this context, the aspects that characterize this evolution and its expansion

will be identified, especially in the listed higher educational institutions (BOVESPA),

when compared to other private higher educational or public higher educational, as well

as their impact on the official indicators of academic quality resulting from this

governmental strategy. The results show the great expansion that took place, especially

in the listed higher educational companies, including improvements in most of the

official quality indicators of Brazilian higher education.

Key-Words: Higher Education, Neoliberal State, Listed Educational companies,

Educational Conglomerates, Expansion Higher Education.

7

SUMÁRIO

Lista de Abreviaturas e Siglas ........................................................................................... 9

Lista de Quadros ............................................................................................................. 10

Lista de Tabelas .............................................................................................................. 10

Lista de Figuras ............................................................................................................... 11

1. Introdução ............................................................................................................... 12

2. O Estado Moderno e o Ensino Superior Brasileiro .................................................. 17

2.1 O Estado do Bem-Estar Social ou “Wellfare State” ........................................ 17

2.2 O Período de Transição e o Estado Neoliberal ................................................ 22

2.3 Formação dos conglomerados educacionais de capital aberto ...................... 26

2.4 A Educação no Estado do Bem-Estar Social x Estado Neoliberal .................... 28

2.4.1 Papel do Estado ............................................................................................ 32

2.4.2 Ferramentas ................................................................................................. 32

2.4.3 Arena principal de conflito politico .............................................................. 33

2.4.4 Instituições Características ........................................................................... 34

2.4.5 Atores-Chaves .............................................................................................. 35

2.4.6 Cultura de Políticas ....................................................................................... 35

2.5 A Qualidade e a Democratização do Ensino Superior Brasileiro ..................... 36

3. Metodologia ............................................................................................................ 39

3.1 Procedimento Metodológico ........................................................................... 44

4. Resultados ............................................................................................................... 47

4.1 Visão geral sobre a Expansão do Ensino Superior entre 2008 E 2015 ............ 48

4.1.1 Ingressantes ................................................................................................. 51

4.1.2 Matrículas ..................................................................................................... 53

4.1.3 Concluintes ................................................................................................... 54

4.2 Indicadores de Qualidade ................................................................................ 57

4.2.1 Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes ....................................... 58

4.2.2 Conceito Preliminar de Curso....................................................................... 65

4.2.3 Índice Geral de Cursos .................................................................................. 70

5. Conclusão ................................................................................................................ 73

6. Bibliografia .............................................................................................................. 77

Anexo I ............................................................................................................................ 82

8

Anexo II ........................................................................................................................... 88

Anexo III .......................................................................................................................... 89

9

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

SIGLA DESCRIÇÃO

IES Instituição de Ensino Superior

CPC Conceito Preliminar de Curso

Conaes Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior

CGCQES Coordenação Geral de Controle de Qualidade da Educação Superior

CNE Conselho Nacional de Educação

Creduc Credito Educativo

Daes Diretoria de Avaliação do Ensino Superior

Enade Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

FHC Fernando Henrique Cardoso (Presidente)

Fies Fundo de Financiamento Estudantil

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

IGC Índice Geral de Cursos

Inep Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

Lula Luiz Inácio da Silva (Presidente)

PNE Plano Nacional de Educação

Paru Programa de Avaliação da Reforma Universitária

Prouni Programa Universidade para Todos

Reuni Reestruturação e Expansão de Universidades Federais

Seres Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior

Sinaes Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior

10

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Modelo Estado Positivo (Bem-Estar Social) x Estado Regulador

(Neoliberal) ..................................................................................................................... 30

Quadro 2 - Características do Estado de Bem-Estar Social X Neoliberal no Ensino

Superior Brasileiro .......................................................................................................... 31

Quadro 3 - Composição do CPC e pesos das suas dimensões e componentes ............. 66

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Conglomerados Educacionais ........................................................................ 41

Tabela 2 - Variação dos Indicadores de Expansão no período de 2008 e 2015 ............. 51

Tabela 3 – Evolução de Ingressantes em graduação presencial no Ensino Superior

brasileiro. ........................................................................................................................ 52

Tabela 4 – Evolução de Matrículas em graduação presencial no Ensino Superior

brasileiro. ........................................................................................................................ 53

Tabela 5 - Matriculas por Região .................................................................................... 54

Tabela 6 - Total de concluintes de 2008 a 2015 ............................................................. 55

Tabela 7 – Evolução de Matrículas em graduação presencial no Ensino Superior

brasileiro. ........................................................................................................................ 56

Tabela 8 - Graduação Presencial - Quantidade de Cursos e Participantes no Enade .... 59

Tabela 9 - Tabela de Cursos com/sem conceito de Enade ............................................. 60

Tabela 10 - Evolução do Enade Médio dos Cursos ......................................................... 61

Tabela 11 - Evolução do Enade dos Cursos Ano I (Saúde e Ciências Agrárias) .............. 63

Tabela 12 - Evolução do Enade dos Cursos Ano II (Exatas e Licenciaturas) ................... 63

Tabela 13 - Evolução do Enade dos Cursos Ano III (Sociais e Humanas)........................ 64

Tabela 14 - Comparação dos Ciclos Avaliativos do Enade ............................................. 64

Tabela 15 - Cursos com/sem conceito de CPC ............................................................... 67

Tabela 16 - Evolução do CPC Médio dos Cursos de Graduação Presencial ................... 67

Tabela 17 - Evolução do CPC Médio dos Cursos Ano I (Saúde e Ciências Agrárias) ....... 68

Tabela 18 - Evolução do CPC Médio dos Cursos Ano II (Exatas e Licenciaturas) ........... 69

11

Tabela 19 - Evolução do CPC Médio dos Cursos Ano III (Sociais e Humanas) ................ 69

Tabela 20 - Comparação dos Ciclos Avaliativos do CPC Médio ...................................... 70

Tabela 21 - IES com/sem conceito de IGC ...................................................................... 71

Tabela 22 - Evolução do IGC entre 2007 a 2015............................................................. 72

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Modelo de Avalição do Ensino Superior Brasileiro ........................................ 42

12

1. INTRODUÇÃO

No âmbito de atribuições do Estado moderno, uma das principais funções é a

educação em todos os seus níveis de atuação, desde o ensino básico até educação

superior. Da ótica do Estado, o ensino superior, ao qualificar trabalhadores nas mais

diferentes áreas do conhecimento, propicia e alavanca o desenvolvimento econômico e

social do país. A educação possui uma capacidade mobilizadora na sociedade, capaz de

transformar realidades das pessoas e daqueles no seu entorno, e por consequência,

transformar uma nação. A parcela mais jovem da população, assim como seus

familiares, tem o ideal de obter um título do ensino superior como passaporte para uma

vida melhor. Obviamente, a obtenção de um diploma por si só não lhes garante melhoria

em sua empregabilidade e condição salarial, mas cria a possibilidade de acesso às

melhores oportunidades do mercado de trabalho, que obrigatoriamente serão

reconhecidas com melhores remunerações e, por consequência, refletem em sua

ascensão social.

Na formação do Estado moderno, as economias capitalistas do pós-Guerra

produziram grande crescimento econômico, acelerando os programas de Estado

relacionados ao Bem-Estar Social. Esse movimento teve sua origem com Maynard

Keynes (1883/1946), economista britânico, que argumentava ser papel do Estado

garantir condições mínimas de qualidade de vida para as famílias, que englobava

trabalho, moradia, saúde e outros serviços sociais, coma a educação. Esse modelo de

atuação do Estado ficou conhecido como “Wellfare State”.

Entretanto, já na metade da década de 1970, surgiram os primeiros sintomas

de perda do dinamismo econômico das principais economias ocidentais. Conforme

Draibe e Henrique (1988), os sintomas de crise orbitavam entre três argumentos:

I. A expansão dos gastos sociais provocam desequilíbrio orçamentário e,

consequentemente, déficits públicos recorrentes, que pressionam

aumentos de inflação;

II. Em teoria, os programas sociais, ao eliminarem ou reduzirem os riscos de

todo tipo, ferem a ética do trabalho e comprometem o mecanismo de

13

mercado, desestimulando o trabalho e rebaixando os níveis gerais de

produtividade;

III. No plano político, a alta intervenção do Estado na vida social estaria

introduzindo elevados índices de autoritarismo, criando uma cidadania

dependente do Estado.

Como solução para esse momento de crise, ganharam força as ideias neoliberais

preconizadas pelos liberais Friedman (1963) e Hayek (1944). Os temas centrais remetem

ao Estado com baixa intervenção na economia e na livre circulação de capitais. Nesse

contexto, o papel do Estado fica direcionado a adotar medidas de redução de serviços

públicos (Estado mínimo), controle de gastos públicos, menores investimentos em

políticas assistencialistas (aposentadoria, seguro-desemprego e pensionistas). Assim, a

educação não é incluída no campo social e político, passando a ser integrada no

mercado.

Já o Brasil, no início dos anos 60, contava com cerca de uma centena de

instituições de ensino superior, a maioria de pequeno porte, voltadas basicamente ao

ensino. Em 1968, o governo brasileiro realiza ampla reforma no ensino superior

brasileiro, que buscou modernizar e expandir as instituições de ensino superior públicas,

principalmente as federais. Conforme Martins (2009, p. 17):

O ensino superior privado que surgiu após a Reforma de 1968 tende a ser qualitativamente distinto, em termos de natureza e objetivos, do que existia no período precedente. Trata-se de outro sistema, estruturado nos moldes de empresas educacionais voltadas para a obtenção de lucro econômico e para o rápido atendimento de demandas do mercado educacional.

Conforme Prates e Colares (2014), nesse novo modelo educacional voltado

para uma sociedade contemporânea, houve forte tendência de ampliação do ensino

superior brasileiro, antes restrito a uma clientela de capital econômico e cultural, que

passou a incorporar novos grupos sociais que até então estavam à margem. Esse novo

modelo de educação superior, mais mercantilista, representou uma saída para as

restrições financeiras do Estado, atrelado ao crescente movimento da ideologia

neoliberal, propondo que serviços públicos passassem a ser geridos pela iniciativa

privada.

14

Em meados dos anos 90, o Brasil passou por outra grande reformulação em

sua Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9.394/96), o que acelerou o processo

de transformação do ensino superior brasileiro (GISI; PEGORINI, 2016). Com base nessa

lei, foi contemplada a diferenciação entre universidades públicas e privadas, centros

universitários, institutos federais e faculdades, o que favoreceu a ampliação do ensino

superior, sem a necessidade obrigatória da pesquisa para os centros universitários e

faculdades isoladas. De acordo com Simon Schwartzman (2002, p. 7):

A questão da classificação das instituições de ensino superior como universidades, centros universitários ou instituições isoladas é de grande interesse para o setor, porque afeta sua autonomia para criar novos cursos e decidir quanto à oferta de vagas nos seus diversos cursos.

Para implementar tais reformas, foi criado, durante o governo do presidente

Fernando Henrique Cardoso, o Conselho Nacional de Educação (CNE), por meio da Lei

n. 9.131/1995, que conferiu ao MEC maior autonomia no processo de expansão de vagas

do ensino superior brasileiro. Conforme Martins (2009, p. 25):

O CNE adotou uma política de flexibilização diante dos processos de autorização, reconhecimento e credenciamento de cursos e de instituições particulares. Tudo leva a crer que a lógica subjacente a essa postura repousava na crença de que o próprio mercado acadêmico regularia o desempenho das instituições, mediante o sistema de avaliação do Exame Nacional de Cursos.

Adicionalmente, outros programas de políticas governamentais aplicadas à

educação superior brasileira aceleraram esse processo. Dentre essas políticas, deve-se

destacar a criação do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), destinado a financiar

estudantes de cursos de graduação de instituições de ensino superior não gratuitas,

operacionalizado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Outro

programa fundamental nesse processo foi o Programa Universidade para Todos

(Prouni), criado em 2004, que concede bolsas integrais e parciais (50%) em instituições

privadas.

Concorrentemente com a flexibilização do marco legal (Lei n. 9.394/1996),

houve a promulgação do Decreto n. 2.207/1997, que permitiu a diversas instituições de

ensino superior – que iniciaram suas operações na década de 70 e 80 como instituições

15

privadas ‘sem fins lucrativos’ - alterarem sua natureza para ‘com fins lucrativos’.

Conforme Sampaio (2011), o art. 1º do Decreto n. 2.306 (19/8/1997) dispõe que as

entidades mantenedoras poderão assumir qualquer das formas admitidas em direito,

de natureza civil e comercial; e quando constituídas como fundações, serão regidas pelo

Código Civil Brasileiro (art. 24). Com relação às mantenedoras com finalidade lucrativa,

quando mantidas e administradas por pessoa física, ficam submetidas ao regime da

legislação mercantil (encargos fiscais, parafiscais e trabalhistas), passando a responder

como entidades comerciais. Conforme afirma Martins (2009), nesse momento foi

instituído o capitalismo acadêmico, segundo o qual as instituições de ensino poderiam

seguir as mesmas normas de regulação dos demais setores do campo econômico.

Esse movimento produziu rápida expansão no ensino superior brasileiro.

Como já exposto, as alterações nos marcos regulatórios da educação, a maior

flexibilidade na criação de novas instituições, a maior abertura para a iniciativa privada

e a reestruturação das políticas públicas para o setor levaram a essa expansão. Essas

ações buscavam tornar reais as metas de desenvolvimento e expansão do ensino

superior, tendo como base o Plano Nacional de Educação (PNE), apesar de não ser

explícito esse objetivo no plano 2001-2010 (SOUZA; SOUSA, 2013).

Nesse mesmo contexto, já nos anos 2000, diversas instituições privadas, de

origem familiar, entraram em fase de sucessão de seu comando. Seus fundadores já se

encontravam em fase avançada de idade e buscavam formas de perenizar suas

instituições. O processo natural seria mediante sucessões dentro de suas próprias

famílias ou através da venda de sua IES, já que se tratava de instituições com fins

lucrativos. Adicionalmente, iniciam-se os primeiros negócios de fusões e aquisições no

segmento educacional, em especial no ensino superior brasileiro. Assim, instituições

antes geridas de forma familiar passaram a ingressar em um contexto de

profissionalização da gestão, ambientes meritocráticos e mais competitivos, dando

origem aos atuais conglomerados educacionais, em sua maioria, listados no mercado de

capitais. O entendimento da educação superior como um mercado de prestação de

serviços educacionais é relativamente recente: os primeiros conglomerados

educacionais de capital aberto datam de 2007.

16

As metas do governo para o ensino superior continuam bem arrojadas. O PNE

2014-2024 reafirma essa posição de expansão. Pretende-se chegar a 33% de taxa líquida

de matrículas (matrículas 18-24 anos / população 18-24 anos). Em 2014, esse índice era

de 17,7% (NASCIMENTO; VERHINE, 2017). Como a questão do financiamento público da

educação é sempre um grande ponto de discussão (SOUZA, 2014), a inciativa privada

deve ter papel fundamental para o atingimento desse objetivo. Esse desenvolvimento e

expansão ocorridos até então foram fortemente alavancados pela iniciativa privada,

dando início ao “mercado educacional” e à formação dos grandes conglomerados

educacionais de capital aberto. Dados os desafios estabelecidos pelo governo federal,

expostos pela PNE 2014-2024, acredita-se que a iniciativa privada continuará sendo o

motor propulsor desse crescimento.

Considerando as mudanças nas políticas educacionais e a atuação do Estado,

buscar-se-á, ao longo desse estudo, investigar e responder à seguinte pergunta de

partida:

De 1998 a 2015, houve maior crescimento, em número de ingressantes e

matrículas, nos conglomerados educacionais de capital aberto quando

comparadas com as IES públicas ou IES privadas? Quais os resultados nos

indicadores oficiais de qualidade acadêmica?

Portanto, o objetivo geral desta pesquisa é realizar um levantamento da

evolução de ingressantes, matrículas e concluintes do ensino superior brasileiro, após a

instituição da Lei de Diretrizes e Bases n. 9.394, de 1996, com o surgimento dos grandes

grupos educacionais privados e a formação dos conglomerados educacionais de capital

aberto. Nesse contexto, identificaremos os aspectos que caracterizam essa evolução,

principalmente nas instituições de ensino de capital aberto, quando comparada às

demais IES privadas ou IES públicas. Adicionalmente, apresentaremos os indicadores de

qualidade acadêmica que possam revelar os resultados dessa estratégia governamental

e suas consequências nos indicadores oficiais de qualidade.

17

2. O ESTADO MODERNO E O ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO

Para compreender o recente crescimento do Ensino Superior Brasileiro, é

importante visualizar a forma de atuação do Estado moderno, no que tange a suas

políticas públicas, em especial a do ensino superior brasileiro. Dessa perspectiva, buscar-

se-á compreender a origem da organização dos Estados modernos, ou seja, do Bem-

Estar Social, conhecido como “Wellfare State”, e posteriormente do Estado neoliberal.

Ambos, com suas peculiaridades, permearam a criação do Estado brasileiro e serviram

de norteadores para as ações do Estado no âmbito da educação.

Nesse sentido, este capitulo busca apresentar os conceitos principais do

Estado moderno, com ênfase nos aspectos que abrangem sua atuação no ensino

superior brasileiro. Como resultado dessa análise, será apresentado um quadro

comparativo entre o Estado do Bem-Estar social e o neoliberal, e seu papel no

desenvolvimento da educação brasileira.

2.1 O ESTADO DO BEM-ESTAR SOCIAL OU “WELLFARE STATE”

A expressão inglesa “Welfare State” ou Estado de Bem-Estar Social é recente,

criada na década de 1940, conforme afirma Rosanvallon (1997). Entretanto, as origens

do Estado do Bem-Estar Social remontam a políticas sociais anteriores, oriundas

principalmente dos países da Grã-Bretanha e Alemanha. A Grã-Bretanha foi o primeiro

país no qual a assistência social foi organizada de modo sistemático, através de uma

série de leis conhecidas como “Poor Laws” (leis a respeito dos pobres), que

regulamentou e organizou essa assistência, durante o século 17. Já na Alemanha,

durante o século 18, o governo de Bismark, devido ao aumento da industrialização e,

consequentemente, dos acidentes de trabalho advindos desse processo, formulou a lei

do princípio de uma responsabilidade limitada dos industriais, nos casos de acidente de

trabalho e, posteriormente, com a aprovação de três grandes leis sobre o seguro-doença

(1883), seguro sobre acidentes de trabalho (1884) e seguro velhice-invalidez (1889).

18

O Estado do Bem-Estar Social moderno nasce do pensamento de John

Maynard Keynes (1883/1946), economista britânico, teórico e pensador de fundamental

importância na renovação das teorias econômicas clássicas e na reformulação da

política econômica de mercado livre. O Estado do Bem-Estar Social é conhecido por sua

denominação em inglês, “Welfare State”. Para Briggs (1967, p. 14), o "Welfare State" é:

(...) um Estado no qual se usa deliberadamente o poder organizado (através da política e da administração) num esforço para modificar o jogo das forças do mercado em pelo menos três direções: primeiro, garantindo aos indivíduos e às famílias uma renda mínima independentemente do valor de mercado do seu trabalho ou de sua propriedade; segundo, restringindo o arco de insegurança, colocando os indivíduos e famílias em condições de fazer frente a certas "contingências sociais" (por exemplo: a doença, a velhice e a desocupação ), que, de outra maneira, conduziriam a crises individuais ou familiares; e terceiro, assegurando que a todos os cidadãos, sem distinção de status ou classe, sejam oferecidos os padrões mais altos de uma gama reconhecida de serviços sociais.

Já segundo Wilensky (1974, p.1), o “Wellfare State” pode ser assim definido:

A essência do “Wellfare State” é um padrão mínimo – garantido pelo estado – de renda, alimentação, saúde, alojamento e instrução, assegurando a qualquer cidadão como direito político e não como beneficência.

Esses termos buscam caracterizar um Estado assistencial moderno, que

garante serviços mínimos de educação, saúde, habitação, renda e seguridade social a

todos os cidadãos como direito e não benevolência dos governantes (DRAIBE, 1993, p.

6). Surge após a Segunda Guerra Mundial e está relacionado ao processo de

industrialização e aos problemas sociais gerados a partir dele. O relatório chamado

“Social Insurance and Allied Services”, produzido por Sir Willian Beveridge, em 1942,

serviu de eixo para a construção do sistema britânico, sendo o documento base para

exprimir os grandes princípios do Estado assistencial moderno (ROSANVALLON, 1997, p.

126). Assim, o percursor do “wellfare” moderno foi a Grã-Bretanha, que em 1942

aprovou uma série de providências nas áreas da saúde e escolarização, abarcando ainda

outras áreas, dentre elas renda, habitação e previdência social. Paralelamente à

prestação de serviços sociais, o Estado do Bem-Estar Social passou a intervir fortemente

na área econômica, de modo a regulamentar praticamente todas as atividades

19

produtivas, a fim de assegurar a geração de riquezas materiais junto com a diminuição

das desigualdades sociais.

Já no Brasil, em 1889, com a Proclamação da República, ganham grande peso

as ideias advindas de Auguste Comte. A República é instaurada dentro de um contexto

positivista, com reformas políticas, sociais e econômicas que aconteceram naquele

momento. Medidas que visavam a integrar o “trabalhador” na sociedade, necessidade

de um Estado “forte” e militares como poder moderador são características desse

momento (ANDERY et al., 1996).

Durante a era Vargas (1930-1945), houve iniciativas para estruturar um

Estado de Bem-Estar Social, com intervenção estatal na economia nacional, que

chegaram ao auge durante o período da ditadura militar (1964-1985). Durante esse

período, foram realizados gastos públicos em infraestrutura (nas áreas de

telecomunicações, energia elétrica, autoestradas, etc.) e construção de grandes

empresas públicas. Foi organizado um sistema nacional público nas áreas de bens e

serviços sociais (educação, saúde, assistência social, previdência e habitação),

instituindo-se um padrão de proteção social (DA SILVA, 2015).

Esse movimento do Estado foi amplo e abrangente, abarcando também a

educação brasileira. Durante o período compreendido entre 1500 a 1800, as elites que

povoaram o Brasil buscavam sua educação principalmente em instituições europeias.

O ensino superior brasileiro teve seu início no século 16, com a introdução

dos cursos de filosofia e teologia (BARBOSA et al., 2013). Entretanto, o governo

português buscava impedir explicitamente a criação de IES no Brasil, por temer que

estas se tornassem foco ou instrumento de libertação de colonos (MENEGHEL, 2002).

Com a vinda da corte portuguesa, em 1808, tem início uma nova etapa no ensino

superior, com a preocupação de preparar os burocratas do Estado. Os estabelecimentos

militares criam cursos de medicina e de matemática, que contribuíram para a

implantação dos cursos de engenharia ao longo do século. Surgem também outros

cursos para profissionais não militares, como os de agronomia, química, desenho

técnico, economia política e arquitetura.

20

Após a Proclamação da República, os estabelecimentos de ensino superior

começam a se expandir, e a educação passa a ser considerada estratégica para o Estado

brasileiro. Assim, a ideia de universidades passou a ser imposta pelo Estado, que

procurou assumir o seu controle e a fomentar organizadamente seu início. As

universidades brasileiras são muito jovens, sendo a Universidade do Rio de Janeiro a

primeira a ser constituída no Brasil, em 1920. Esse movimento marca um momento

importante no cenário educacional brasileiro. Com a fundação da Universidade do Rio

de Janeiro, cujo foco inicial foi no ensino, fortemente direcionado à formação

profissionalizante, buscou-se capacitar a elite nacional.

Já entre 1930 e 1964, quando o Brasil passava pelo início de seu processo de

industrialização, avançando até o início do governo militar, foram criadas cerca de 20

universidades federais (STALLIVIERI, 2007). Em 1930, foi criado o Ministério da Educação

e Saúde, e no ano seguinte surge o Conselho Nacional de Educação (SARMENTO, 1996).

Segundo Barbosa et al (2013), datam dessa época as primeiras regulamentações do

ensino superior brasileiro, com a aprovação do estatuto das universidades brasileiras,

que poderiam ser oficiais (públicas nas três esferas de poder – federal, estadual ou

municipal) ou privadas (particulares); adicionalmente, deveriam incluir pelo menos três

dos cursos obrigatórios dentre os definidos pelo Estado (Direito, Medicina, Engenharia,

Educação, Ciências e Letras). Durante esse período, podemos citar a fundação da

Universidade de São Paulo, em 1934, assim como das primeiras universidades

confessionais (religiosas) brasileiras.

A partir de 1968, com a Lei n. 5.540, institui-se uma ampla reforma no ensino

superior brasileiro. Conforme Stallivieri (2007), os pontos-chave dessa reforma foram a

eficiência administrativa, a estrutura departamental como unidades mínimas de ensino

e a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão. Adicionalmente, houve alterações

no sistema de vestibular, decretando-se o sistema de créditos e semestralidade. De

acordo com Martins (2009), a reforma de 1968 produziu efeitos paradoxais no ensino

superior brasileiro. Se, por um lado, modernizou-se parte significativa das universidades

federais e determinadas instituições estaduais e confessionais, que incorporaram

gradualmente as modificações acadêmicas propostas, por outro, permitiu-se que o

antigo padrão brasileiro de escolas superiores se proliferasse, com estabelecimentos

21

isolados, voltados a mera transmissão de conhecimentos e distanciados da pesquisa,

sem grandes contribuições para o pensamento intelectual crítico necessário para as

transformações da época.

Buscando elucidar, Barbosa et al. (2013) mencionam que a expansão do

ensino superior privado nas décadas de 1960 e 1970 deu-se mediante a multiplicação

de instituições de pequeno porte, muitas das quais resultantes da transformação de

antigas escolas secundárias, visto que a preocupação quase que exclusiva do setor

privado era com o atendimento da demanda por ensino. O número de estabelecimentos

de ensino superior privados saltou de 463 para 682 na década de 1970.

Durante esse período, conforme apontam Schwartzman e Brock, (2005), o

ensino superior passou por uma transformação, com a introdução de inovações

advindas do contexto norte-americano, como o sistema de créditos, os departamentos

acadêmicos e os programas de pós-graduação. Foram criados também cursos que

faziam parte das chamadas “carreiras modernas”, tais como os cursos noturnos de

Direito, Administração e Pedagogia, oferecidos por escolas isoladas, nas pequenas

cidades do interior, e que tinham como clientela os jovens recém-egressos do ensino

secundário, sem condições de prosseguir com seus estudos em centros urbanos

maiores. Entre 1960 e 1980, o número de matrículas no ensino superior passou de 200

mil para 1,4 milhão, em um crescimento de quase 500%. No setor privado, o

crescimento foi de mais de 800% (HELENA SAMPAIO, 2011).

Entretanto, já em meados da década de 1980, conforme afirmam Draibe e

Henrique (1988), com a crise econômica mundial, o Estado do Bem Estar Social atingia

seu limite e esgotava suas potencialidades. Nesse momento, passa-se por uma negação

do modelo de Estado vigente e surgem novas propostas de atuação do Estado,

fortemente embasadas em mecanismos liberais de mercado.

22

2.2 O PERÍODO DE TRANSIÇÃO E O ESTADO NEOLIBERAL

Com a chegada da grande crise do modelo econômico do pós-Guerra, em

1973, quando todo o mundo capitalista avançado caiu em uma longa e profunda

recessão, combinando, pela primeira vez, baixas taxas de crescimento com altas taxas

de inflação, tudo mudou no plano político/econômico. A partir daí, as ideias neoliberais

passaram a ganhar terreno. Nesse contexto recessivo, o remédio parecia claro: manter

um Estado forte, em sua capacidade de romper o poder dos sindicatos e no controle do

dinheiro, mas parco em todos os gastos sociais e nas intervenções econômicas

(ANDERSON, 1995).

A origem do Estado neoliberal deve ser compreendida em seu sentido mais

global de doutrina baseada na denúncia de um papel demasiado ativo do Estado e na

valorização das virtudes reguladoras do mercado (ROSANVALLON, 1997, p. 47). As ideias

liberais têm sua origem em Adam Smith, na teoria da redução do papel do Estado e na

autorregulação de mercado, com seu funcionamento autônomo. Desde o século 17, os

teóricos do liberalismo ensinam que o mercado funciona com o princípio da

autorregulação econômica, onde a intervenção do Estado é inútil e nociva. Este deve

limitar-se a manter a ordem e a conservar as liberdades para o pleno funcionamento e

maximização das riquezas. Assim, o retorno do liberalismo, ou seja, o neoliberalismo,

pode ser entendido como uma crítica ao modelo keynesiano e um retorno da economia

de mercado.

O neoliberalismo nasceu logo depois da Segunda Guerra Mundial, na Europa

e na América do Norte, onde imperava o capitalismo. Interessante contextualizar a

articulação e a convergência dos dois grandes nomes da tendência neoliberal: Friedman

e Hayek. Friedman, de acordo com a narrativa de Roberto Deitos (2008, p. 26), define-

se como um “(...) liberal convicto, repudiando outras versões do liberalismo,

especialmente a tendência ocorrida nos Estados Unidos quando da implementação das

políticas keynesianas, constituintes do chamado Estado de Bem-Estar Social, das quais

é crítico fervoroso (...)”. Segundo Anderson (1995), foi uma reação teórica e política

veemente contra o Estado intervencionista e do Bem-Estar Social. Além de Friedman,

outro autor seminal no neoliberalismo é Friedrich Hayek, autor de O Caminho da

23

Servidão, escrito em 1944. Trata-se de um ataque apaixonado contra qualquer limitação

dos mecanismos de mercado por parte do Estado, denunciado como uma ameaça letal

à liberdade, não somente econômica, mas também política. Seu propósito era combater

o keynesianismo e o solidarismo reinantes e preparar as bases de um outro tipo de

capitalismo, duro e livre de regras para o futuro.

A partir da década de 1980, a globalização e o capitalismo transformaram os

Estados nacionais, levando-os do modelo de Estados intervencionistas e do Bem-Estar

Social para o Estado neoliberal, onde passaram a atuar como “reguladores” de mercado

e promotores da competitividade. Em 1989, foi elaborada uma recomendação

internacional, liderada pelo economista norte-americano John Williamson, que visava a

propagar a conduta econômica neoliberal com a intenção de combater as crises e

misérias dos países subdesenvolvidos, sobretudo os da América Latina. O Consenso de

Washington, como ficou conhecida essa iniciativa, provocou uma alteração nas formas

de organização do Estado e criou uma espécie de manual para os países em

desenvolvimento, orientando ações de privatização, terceirização, redução de gastos

públicos, dentre outras ações que visam a alargar a atuação do mercado e a reduzir cada

vez mais a intervenção estatal (BÜLL, 2012). Segundo Anderson (1995), as dez

recomendações do Consenso de Washington eram as seguintes:

i. Abertura Comercial – com a redução de tarifas alfandegárias,

liberalizando o comércio internacional.

ii. Privatização de Estatais – reduzindo o papel dos Estados como

empresários nas economias nacionais.

iii. Redução dos Gastos Públicos – que, dentre outras possibilidades,

viabilizariam maior superávit primário, ou seja, maior economia para

pagamento de dívidas externas.

iv. Disciplina Fiscal – estabelecendo um rígido controle sobre os gastos

públicos para favorecer o controle inflacionário, evitar o aumento do

déficit público e, preferencialmente, sustentar uma política fiscal

expansionista.

v. Reforma Tributária – reduzindo e otimizando a cobrança de impostos

sobre a produção e a circulação de mercadorias e serviços.

24

vi. Desregulamentação – baseada no afrouxamento das leis econômicas e

trabalhistas, a fim de favorecer a livre-iniciativa.

vii. Estímulo aos Investimentos Estrangeiros Diretos – reduzindo ou

eliminando restrições para o investimento de capitais na instalação de

filiais de determinadas empresas fora de seus países-sede.

viii. Juros de Mercado – permitindo a adaptação às conjunturas

momentâneas, conforme taxas flutuantes.

ix. Câmbio de Mercado – viabilizando a realização de ajustes nos balanços

de pagamentos e associando seu comportamento às intervenções das

autoridades monetárias, ou seja, dos bancos centrais.

x. Direito à Propriedade Intelectual – protegendo principalmente o que se

refere a patentes, marcas, desenho industrial, indicação geográfica e

cultivares.

Essas diretrizes, pactuadas no Consenso de Washington, que começam a ser

implementadas a partir dos anos 1990 e tiveram impactos significativos em várias áreas,

inclusive na educação, colocaram a política educacional brasileira em um novo ciclo de

adequação aos interesses do capital. Na década de 1970, setores mais influentes da

classe empresarial começaram a dirigir críticas ao intervencionismo estatal. Na época, a

palavra "desestatização" era usada em campanhas contra o intervencionismo estatal na

economia.

O cenário educacional brasileiro durante a década de 1980, conhecida como

a década perdida, não foi muito diferente do cenário econômico como um todo. O país

saía gradualmente de 20 anos de regime militar, passando por um lento processo de

redemocratização e com altos índices de desemprego. A demanda de ensino superior

estava estagnada e não havia sinais de reversão em curto prazo, afirma Sampaio (2011).

A partir dos anos de 1990, inicia-se uma nova fase, com a Constituição de

1988 e com a criação de leis que passaram a regular a educação superior brasileira. Era

necessário reduzir o papel exercido pelo governo, ampliar o sistema e melhorar os

processos de avaliação, com o objetivo de incrementar a qualidade das instituições

(STALLIVIERI, 2007). A abertura para o comércio internacional, ocorrida a partir de 1990,

e a estabilização monetária (1994) contribuíram para que a demanda do ensino superior

25

crescesse consideravelmente. Em um primeiro momento, alguns estabelecimentos

isolados transformaram-se em federações de escolas, através de processos de fusões. A

partir do final da década de 1980, o movimento de estabelecimentos isolados em

universidades se intensificou: entre 1985 e 1996, o número de universidades

particulares mais que triplicou, passando de 20 para 64 estabelecimentos.

Segundo Martins (2009), tudo leva a crer que a expansão das universidades

privadas foi orientada pela percepção de seus proprietários de que a existência de

estabelecimentos maiores, oferecendo cursos mais diversificados, teria vantagens

competitivas no interior do mercado do ensino superior. Com a Lei de Diretrizes e Bases

da Educação (Lei n. 9.394/1996) intensificou-se a presença das instituições privadas no

ensino superior brasileiro. O CNE adotou uma política de flexibilização diante dos

processos de autorização, reconhecimento e credenciamento de cursos e de instituições

particulares. Conforme o mesmo autor, acreditava-se que o mercado acadêmico

regularia o desempenho das instituições, mediante o sistema de avaliação do Exame

Nacional de Cursos (“Provão”), introduzido pela Avaliação das Condições de Oferta,

implantada em 1997.

Nesse mesmo ano, com a edição do Decreto n. 2.306/1997, algumas

mudanças referentes ao percentual mínimo de titulação docente e ao quadro de

docentes em tempo integral impuseram patamares mínimos para a existência de

universidades. Com essas exigências, segundo Barbosa et al. (2013), o setor privado de

ensino superior percebeu os centros universitários como uma opção mais apropriada às

suas possibilidades financeiras, pois as universidades, pela exigência de ensino, pesquisa

e extensão, demandam maior titulação docente. Entre 1995 e 2002, as matriculas

saltaram de 1,7 milhão para 3,5 milhões de estudantes, o que representa um

crescimento de 209%, comandado pelo setor privado.

O Decreto n. 2.207/1997, depois revogado pelo Decreto n. 2.306/1997,

diferenciou as instituições comunitárias ou filantrópicas dos estabelecimentos privados

com fins lucrativos, impedidos de receber recursos públicos e gozar de imunidade fiscal.

Por meio desse decreto, institucionalizou-se o capitalismo acadêmico (MARTINS, 2009),

no qual os investimentos realizados pelas instituições de ensino deveriam seguir as

mesmas normas que informam os demais setores do campo econômico. Tanto para as

26

instituições do setor público como para as do privado, o Decreto n. 2.306/1997

constituiu um divisor de águas no sistema de ensino superior no país, pois o referido

decreto permitiu escolher entre duas alternativas no que se refere às instituições

privadas: com ou sem finalidade lucrativa.

2.3 FORMAÇÃO DOS CONGLOMERADOS EDUCACIONAIS DE CAPITAL ABERTO

A expansão do ensino superior e a formação dos conglomerados educacionais

de capital aberto dizem respeito à segunda metade do século 20, quando o ensino

superior brasileiro passou por alguns momentos de grande expansão. O primeiro

período dessa expansão ocorreu durante a Ditadura Militar (1964 a 1980), com grande

aumento no número de Instituições de Ensino Superior (IES). Já a segunda onda de

expansão ocorre a partir da segunda metade de 1990, com a agenda neoliberal

privilegiando a iniciativa privada para responder à demanda crescente de vagas na

educação superior, com um efetivo aumento – praticamente o dobro – no número de

IES privadas (PFEIFER; GIARETA, 2009).

Nesse contexto, a flexibilização do marco regulatório foi de extrema importância.

Conforme afirma Toneguitti (2017, p. 129):

No campo legal, a LDB de 1996 abriu o caminho para a constituição de IES com fins lucrativos (empresas), o que foi permitido pelo Decreto nº 2.306/1997. Empresas podem ser compradas e vendidas; então, o que se verifica, a partir do referido decreto, é a transformação de muitas IES “sem fins lucrativos” em empresas e também operações de compra/venda de IES empresariais. Essas movimentações permitiram a criação de grandes grupos educacionais, alguns dos quais contam com a participação de capital estrangeiro.

Com essa rápida expansão ocorrida, liderada pela iniciativa privada, já nos anos

2000, diversas instituições privadas, de origem familiar, entraram em fase de sucessão

de seu comando. Conforme descrito pelos autores Pfeifer e Giareta (2009), a origem da

criação dos grandes conglomerados de capital aberto se deu em 2001, quando o então

Pitágoras (atualmente conhecido como KROTON) fechou uma parceria com o grupo

internacional Apollo, que perdurou até 2006.

27

Já autores como Oliveira (2009) afirmam que esse movimento foi deflagrado com

a aquisição da Universidade Anhembi-Morumbi pelo grupo internacional Laureate, em

2005. Segundo esse mesmo autor, o Banco Pátria, administrador de um dos principais

fundos de investimento em educação naquele momento, manifestou-se da seguinte

forma:

A aquisição do controle acionário da universidade paulista Anhembi Morumbi pelo grupo americano Laureate, em dezembro, representou muito mais que um bom negócio para o arquiteto Gabriel Monteiro Rodrigues, de 73 anos, fundador da instituição. Com a venda, fechada por 165 milhões de reais, pela primeira vez uma instituição estrangeira passou a mandar em uma universidade no Brasil, um marco da entrada do capital internacional num setor da economia que tem aumentado exponencialmente de tamanho.

Independentemente do fato que originou esse movimento de consolidação do

ensino superior, a situação de muitas IES privadas que surgiram durante os movimentos

de expansão do ensino superior era muito similar: seus fundadores já se encontravam

em fase avançada de idade e buscavam formas de perenizar suas instituições. O

processo natural seria por sucessões dentro de suas próprias famílias ou pela venda de

sua IES, já que se tratava de instituições com fins lucrativos. Conforme Oliveira (2009),

fica evidente o processo de consolidação e formação dos grandes conglomerados, pois:

“Segundo informações fornecidas pela KPMG Consultoria, em 2007 ocorreram 19

aquisições e em 2008, de janeiro a setembro, 41”.

Cabe aqui elucidar de que forma se dá o processo de aquisição e formação

dos conglomerados educacionais. De acordo com a legislação educacional brasileira,

mais especificamente a LDB, as IES podem assumir diversas configurações, desde

universidades até faculdades isoladas. Porém, independentemente de sua configuração,

elas devem estruturar-se como um microssistema composto de dois subsistemas

autônomos e independentes, porém complementares: a entidade mantenedora e a

entidade mantida. A entidade mantida é propriamente a IES, onde as atividades

propriamente acadêmicas acontecem. Assim, elucida Junior (2006, p. 43):

Entidade mantida, também conhecida como centro acadêmico mantido, que representa a estrutura de direção e que, por imperativo legal, goza de autonomia para a execução de suas atividades, é responsável pela prestação de serviços educacionais, que se dá pela oferta de educação superior, na forma de programas e de cursos, os quais devem desenvolver-se por meio de

28

atividades de ensino, pesquisa e extensão. Esses cursos e programas podem ser oferecidos nas modalidades presencial, semipresencial e a distância.

Já a entidade mantenedora é a personalidade jurídica responsável pela

manutenção da IES (entidade mantida). Junior (2006, p. 43) continua com seu

detalhamento:

A entidade mantenedora, que representa a estrutura de propriedade, é quem goza de personalidade jurídica. É responsável pela formalização de processos no MEC, como, por exemplo, abertura de novos cursos, instalação de um novo campus, transformação da entidade mantida de faculdade isolada em integrada, em centro universitário ou em universidade, transferência de mantenedora (propriedade), entre outras. Além desses processos e procedimentos, a mantenedora tem atribuições de natureza administrativa (contratação de professores, de pessoal técnico-administrativo, de advogados, contadores, auditores, seguranças e de outros que prestem serviços diretamente à mantida e à mantenedora), financeira (receitas e despesas diversas, controle de contas, captação e aplicação de recursos...), jurídica (representação judicial e extrajudicial da mantida e da mantenedora), contábil (escrituração de todas as operações), pedagógica (criação e extinção de cursos, projetos pedagógicos, entre outros). É ainda responsável pela estrutura física da instituição (construção e manutenção de instalações físicas, compra e manutenção de equipamentos didático-pedagógicos, instalação e manutenção de laboratórios diversos, entre outras).

Assim, podemos concluir que, para que exista o processo de compra/venda de

uma instituição, faz-se necessário transferir a posse da entidade mantenedora ao

comprador, pois assim ele adquire por ato continuo a entidade mantida (responsável

pelas atividades acadêmicas). Dessa forma, é possível observar uma concentração cada

vez maior de mantidas (IES) pela mesma mantenedora ou mesmo grupo econômico,

evidenciando a formação dos grandes conglomerados educacionais de capital aberto

com diversas IES associadas a eles.

2.4 A EDUCAÇÃO NO ESTADO DO BEM-ESTAR SOCIAL X ESTADO NEOLIBERAL

Da perspectiva histórica do ensino superior brasileiro, as considerações

anteriores nos permitem propor uma periodização do processo de constituição do

29

Estado do Bem-Estar Social Brasileiro e do Estado Neoliberal, com as seguintes

características temporais, conforme Draibe (1993):

1930/1964 – Introdução e expansão do Estado do Bem-Estar Social brasileiro,

com o estabelecimento da legislação previdenciária e trabalhista. Alterações nas áreas

de política de saúde e de educação, em que se manifestam elevados graus de

centralização, no Executivo federal, de recursos e instrumentos institucionais e

administrativos.

1964/1985 – Consolidação institucional do Estado do Bem-Estar Social. Com o

início do regime militar, ocorre uma expansão massiva dos benefícios, com políticas de

massa.

1988 – Redimensionamento do Estado do Bem-Estar Social e inicio do

neoliberalismo brasileiro, iniciado pelas novas definições de direitos sociais contidas na

nova Constituição. Maior abertura para o comércio internacional, início dos processos

de privatizações de algumas grandes estatais brasileiras e transferência de funções

governamentais para a iniciativa privada, como o ensino superior brasileiro.

No âmbito da educação em nível superior, Friedman (1984) radicaliza sua

posição. Para ele, nenhuma tese justifica investimentos governamentais em ensino

superior. O investimento deve ser de responsabilidade de cada indivíduo, pois trata-se

do aperfeiçoamento e do treinamento individual (AHLERT, 2009).

Para entender a relação entre a privatização e a regulação (mais precisamente a

regulação legal administrada por agências ou comissões independentes), deve-se ter em

mente que a propriedade pública tem sido, historicamente, o modo principal de

regulação econômica. Embora a existência de empresas estatais remonte ao século 17,

seu uso se tornou disseminado somente no século 19, com o desenvolvimento dos

serviços públicos: o gás, a eletricidade, a água, as ferrovias, o telégrafo e, mais tarde, o

telefone. Esses setores, ou partes deles, são monopólios naturais, produzem bens

necessários, e eram considerados estrategicamente importantes. Daí supunha-se que a

propriedade estatal daria ao Estado o poder para impor uma estrutura planejada à

economia e, ao mesmo tempo, proteger o interesse público contra interesses privados

poderosos (MAJONE, 1999).

30

Entretanto, Majone (1999) afirma que o fracasso da regulação através da

propriedade estatal explica a mudança para um modo alternativo de controle, pelo qual

os serviços públicos e outros setores, considerados importantes ao interesse público,

são deixados em mãos privadas, mas sujeitos a regras desenvolvidas e aplicadas por

agências especializadas.

Essas entidades normalmente são criadas por estatuto, como autoridades administrativas independentes, no sentido de que lhes é permitido operar fora da linha de controle hierárquico pelos ministérios do governo central. Assim, o nexo causal entre a privatização e a regulação legal proporciona uma importante explicação, ainda que parcial, para o crescimento do Estado regulador (MAJONE, 1999, p. 10).

Majone (1999) expõe no Quadro 1 as principais diferenças entre o Estado

positivo ou intervencionista, que entendemos como o Estado do Bem-Estar Social, e o

Estado regulador, que denominamos de neoliberal:

Quadro 1 - Modelo Estado Positivo (Bem-Estar Social) x Estado Regulador (Neoliberal) Fonte: MAJONE, 1999

31

É certo que o Estado do Bem-Estar Social possuía diversas funções divergentes

em relação ao Estado neoliberal em várias áreas de atuação. No contexto do ensino

superior brasileiro, torna-se imperativo aprofundar as diferenças entre esses dois

modelos de Estado, buscando as características que evidenciam a atuação em cada

regime.

Assim, tomando como base o quadro comparativo proposto por Majone (1999)

entre os modelos de atuação do Estado Moderno, propõe-se uma adaptação dessa

tipologia para analisar a atuação do Estado Moderno Brasileiro, especificamente em sua

abordagem no ensino superior, conforme ilustrado no Quadro 2.

Quadro 2 - Características do Estado Bem Estar Social X Neoliberal no Ensino Superior Brasileiro Fonte: Adaptação de Majone (1999)

Mediante a comparação estre os modelos de Estado, o autor busca explicitar

as características analisadas para cada um dos modelos clássicos de atuação do Estado,

em especial no ensino superior brasileiro. Em seguida, serão detalhadas essas

características e os fatores marcantes de cada um dos modelos analisados.

32

2.4.1 Papel do Estado

Neste item, buscar-se-á analisar as principais funções do Estado, no que tangem

à organização e à execução das políticas públicas brasileiras. No Estado do Bem-Estar

Social, o Estado é responsável não só pelas políticas educacionais, mas também por boa

parte da execução e prestação dos serviços educacionais. Até a década de 1980,

podemos perceber o Estado brasileiro à frente da expansão do ensino superior

brasileiro, com a criação de diversas universidades federais e estaduais, propiciando o

acesso, mesmo que restrito, à educação superior brasileira. Nesse modelo, o Estado

assume a responsabilidade de criar e administrar toda a estrutura (pessoas, instalações,

recursos) para a completa execução da política pública.

Já a partir da década de 1980, percebe-se um aumento expressivo de

universidades particulares, com uma política de flexibilização diante dos processos de

autorização, reconhecimento e credenciamento de cursos e de instituições particulares.

O Estado passa a conceder à iniciativa privada parte da responsabilidade da expansão

do ensino superior brasileiro e, no mesmo momento, começa a criar seus primeiros

mecanismos de controle, principalmente direcionados à qualidade.

2.4.2 Ferramentas

Outro fator importante na expansão do ensino superior brasileiro são as

ferramentas pela qual o estado se utiliza para financiar seus serviços educacionais. No

estado onde predomina o modelo de atuação do Bem-estar Social, esses serviços são

públicos e gratuitos (financiados com os recursos públicos), cabendo ao poder público

arcar com os custos decorrentes, normalmente advindos de impostos cobrado dos

trabalhadores. Porém, esse modelo limita o processo de expansão mais acelerado, pois

o estado não possui as condições econômico/financeiras para subsidiar sua expansão. A

alternativa existente para subsidiar a expansão seria o aumento de impostos, porém são

medidas impopulares que encontram uma grande resistência da sociedade.

33

Alternativamente, da perspectiva neoliberal, o Estado deve ser mínimo e não é

papel do governo financiar majoritariamente os serviços educacionais. O papel do

Estado é regular e criar as condições para que a iniciativa privada financie o crescimento

e proporcione esse serviço. Nesse modelo, é responsabilidade do Estado determinar as

regras de funcionamento para a atuação da iniciativa privada e fiscalizar seu

cumprimento. Nesse contexto, o recurso público não é fator de limitação que se impõe

aos formuladores de regras, porque o custo real dos programas não é absorvido pelos

reguladores, mas sim por aqueles que têm de obedecer à regulação (MAJONE, 1999).

2.4.3 Arena principal de conflito politico

Para que o Estado exerça sua função, ele se utiliza de seus instrumentos de

atuação, tais como as leis e os aparelhos públicos. Entretanto, para que suas ações

aconteçam, faz-se necessário que as negociações políticas também aconteçam, gerando

potenciais conflitos entre as diversas forças presentes no Estado.

No modelo de Estado do Bem-Estar Social, há uma constante tensão na alocação

dos recursos públicos. Caso o Estado invista mais em educação, necessariamente deverá

reduzir o investimento em outra área para manter seu equilíbrio fiscal, já que é ele o

responsável pelos recursos financeiros necessários para executar essa política pública,

o que demanda alta parcela do orçamento público. Assim, é possível imaginar a enorme

dificuldade e o conflito político existente, pois esses investimentos dependem

diretamente das receitas tributárias do governo e devem ser alocadas em diferentes

áreas.

Já no modelo neoliberal, os conflitos se dão entre o agente regulador e o

mercado privado, pois ambos desejam maximizar seus interesses. Entre as

consequências estruturais mais óbvias da mudança para um modo regulador de

governança, figura a ascensão de uma nova classe de agências especializadas e de

comissões que operam autonomamente em relação ao governo central (MAJONE,

1999).

34

2.4.4 Instituições Características

No setor educacional, o Estado detém monopólio natural, isso porque o controle

desse setor é considerado estrategicamente importante. Com base nesse pensamento,

supunha-se que a propriedade estatal daria o poder para determinar uma estrutura

planejada à economia, e ao mesmo tempo proteger o interesse público contra

interesses privados contrários ao coletivo. A suposição central foi sempre a de que a

propriedade pública aumentaria a capacidade do governo de regular a economia e

proteger o interesse público. Nesse contexto, as instituições de ensino superior federais,

estaduais e municipais gozam de grande importância, pois são o “meio” pelo qual o

Estado exerce sua função.

No entanto, a experiência viria a mostrar que a propriedade e o controle estatais

não podem ser considerados a mesma coisa. Realmente, o problema de se impor

controle público efetivo sobre as grandes organizações estatais mostrou-se um tanto

difícil, e muitas vezes impraticável. Conforme afirma Majone (1999):

O fracasso da regulação através da propriedade estatal explica a mudança para um modo alternativo de controle, pelo qual os serviços públicos e outros setores, considerados importantes ao interesse público, são deixados em mãos privadas, mas sujeitos a regras desenvolvidas e aplicadas por agências especializadas. Essas entidades normalmente são criadas por estatuto, como autoridades administrativas independentes, no sentido de que lhes é permitido operar fora da linha de controle hierárquico pelos ministérios do governo central.

Na atuação do Estado, da perspectiva neoliberal, cabem às agências reguladoras

(MEC/CNE/Inep/Seres) a criação e a fiscalização do cumprimento das regras e a livre-

iniciativa privada (IES privadas) a execução conforme as diretrizes traçadas pelos órgãos

reguladores, sujeitas aos controles do estado. Conforme afirma Majone (2013),

independência, responsabilização e eficiência são competências essenciais do Estado

neoliberal, sendo habilidades centrais das agências reguladoras.

35

2.4.5 Atores-Chaves

O Estado do Bem-Estar Social utiliza-se dos atores tradicionais, ou seja, os

políticos responsáveis pelas formulações das leis e diretrizes, e os funcionários públicos

(professores e técnicos-administrativos, entre outros) responsáveis pela execução das

políticas públicas. Esses atores (servidores públicos) interagem com a máquina estatal e

legisladores (políticos), não havendo outras esferas de interação.

A transformação para o Estado neoliberal acarreta o surgimento de novos atores

na arena política, ou pelo menos uma redistribuição significativa do poder entre velhos

atores. É importante ressaltar o surgimento de um grupo importante de atores, os

especialistas e os reguladores, pois eles desempenham papel importante no contexto

educacional neoliberal. Os agentes que atuam no papel da regulação dependem

largamente do conhecimento científico, especifico do campo de atuação, pois são fonte

e repositório de conhecimento e experiências que caracterizam o segmento de atuação.

Tanto os agentes do Estado (reguladores) quanto os oponentes (agentes da iniciativa

privada) normalmente verbalizam seus argumentos na linguagem da “ciência da

regulação”, criando um linguajar comum ao setor, que propicia melhor interação.

Outro aspecto importante advindo da atuação do Estado neoliberal é o

envolvimento dos tribunais na administração e formulação de políticas. Quando a

administração direta é substituída por relações contratuais com prestadores de serviços

mais ou menos independentes, já não é possível resolver disputas, através dos canais

hierárquicos, apenas com os agentes públicos. O que costumava ser uma série de

conflitos burocráticos dentro da máquina pública passa a ser “externalizado”,

conduzindo ao litígio nos foros apropriados do Judiciário (MAJONE, 1999).

2.4.6 Cultura de Políticas

A discussão da cultura política presente no Estado do Bem-Estar Social e no

neoliberal difere entre os autores. Conforme Martins (1997), o Estado brasileiro, em sua

origem, foi caracterizado pelo patrimonialismo, ou seja, pela cultura de apropriação

36

daquilo que é público pelo privado. No período de atuação do Estado do Bem-Estar

Social, podemos destacar como aspectos culturais a burocracia excessiva, o

autoritarismo centralizado, o paternalismo, a descontinuidade e a ingerência política.

Observa-se o apego a regras e rotinas, a supervalorização da hierarquia, o paternalismo

nas relações e o apego ao poder.

Já o Estado neoliberal é caracterizado pelo pluralismo, pela difusão do poder e

por extensa delegação de tarefas a instituições não majoritárias, como as agências ou

comissões independentes. De forma indireta, o Estado incentiva o empreendedorismo,

pois, atuando apenas como regulador, cria o espaço e as condições para que a iniciativa

privada atue na execução das políticas públicas.

2.5 A QUALIDADE E A DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO

O caso de expansão do ensino superior brasileiro encontra paralelo em outros

países de dimensões continentais, como Índia (GUPTA; GUPTA, 2012) e China (MELO;

ZHA, 2015), onde a intervenção estatal e suas responsabilidades econômicas

demonstram os desafios sobre esse nível de educação. Segundo Melo e Zha, a China

passou de um modelo de ensino superior de “elite” para um sistema massificado,

servindo de alicerce para a abertura e o rápido crescimento econômico das últimas duas

décadas. Isso só foi possível porque a “mão invisível” do Estado empregou diversos

instrumentos e políticas governamentais que promoveram a massificação do ensino

superior chinês, além de um modelo de universidade coordenado com o plano de

desenvolvimento local e nacional, dando suporte às necessidades do Estado.

Já os desafios da Índia, segundo Gupta (2012), são semelhantes, pois o Estado

buscou diminuir o “gap” entre a demanda e a oferta de vagas no ensino superior, com

a acreditação da qualidade do ensino através de entidades autônomas de avaliação e o

incremento de pesquisa e desenvolvimento dentro das universidades.

Em processo semelhante, o ensino superior brasileiro vem passando por

transformações ao longo das últimas duas décadas, aumentando sua abrangência

através de programas governamentais como o Programa Universidade para Todos

37

(Prouni) e o Fies – Financimento Estudantil com maior participação da iniciativa privada

na expansão do ensino superior brasileiro (NOGUEIRA; OLIVEIRA, 2015). O Prouni foi

criado pelo governo federal em 2004 e institucionalizado pela Lei n. 11.096, em 13 de

janeiro de 2005. O programa tem como finalidade conceder bolsas de estudo integrais

e parciais a estudantes de cursos de graduação e sequenciais de formação específica,

em instituições privadas de educação superior. Já o Fies foi reformulado pela Medida

Provisória n. 1.865-4/1999, com o objetivo de financiar os estudantes do ensino superior

matriculados em instituições privadas.

Ambos os programas vêm contribuindo para expandir e massificar o ensino

superior, utilizando as instituições privadas como alavancas das políticas

governamentais. Estudos recentes têm abordado questões sobre a atuação do Estado

neoliberal na definição das políticas educacionais no ensino superior brasileiro, bem

como os resultados encontrados ao longo das últimas décadas (SAMPAIO, 2011;

BARBOSA et al., 2013; SOARES, 2016). Conforme afirmam esses autores, o Estado tem o

papel fundamental de ajustar a demanda e a oferta. Esses programas foram mecanismos

de ajuste do Estado, a fim de que os brasileiros possam cursar e concluir o ensino

superior.

Já segundo Barbosa et al. (2013), as políticas públicas implementadas a partir dos

anos 2000, priorizando o aumento contínuo da educação a distância atrelado à

estratégia de interiorização do ensino superior, aliado ainda à criação do Prouni, que

propiciou maior penetração do ensino superior, produziram uma rápida expansão do

ensino superior. Segundo Barbosa, o número de matrículas na modalidade EAD em 2002

era de 40.714, e, em 2010, esse número passou para 930.179.

Atualmente, encontra-se em vigor o Plano Nacional de Educação (PNE) (Lei n.

13.005/2014), elaborado para o decênio 2014-2024. O PNE, instrumento de

planejamento do Estado que orienta a execução e o aprimoramento de políticas

públicas do setor, estabelece metas para a educação, incluindo o ensino superior, até o

fim de sua vigência, conforme relatório do PNE da Camara dos Deputados (2014). Para

o ensino superior, as metas são audaciosas, como atingir 33% de taxa líquida de

matrículas (matrículas 18-24 anos / população 18-24 anos). Em 2014 esse índice era de

17,7% (NASCIMENTO; VERHINE, 2017).

38

Outro campo que vem sendo objeto de pesquisadores do ensino superior ao

redor do mundo são os temas relacionados aos sistemas de aferição de qualidade

(CORENGIA et al., 2014). No Brasil, autores como Pedrosa et al. (2012), Silva e Nogueira

(2015), Oliveira et al. (2015) e Garcia et al. (2016) desenvolveram estudos sobre o a

qualidade do ensino superior brasileiro.

Assim, temas mais preocupados com gestão educacional, aferição da qualidade

do ensino, regionalização e interiorização das instituições, crescente aumento de fusões

e aquisições no ensino superior brasileiro e surgimento de instituições com fins

lucrativos tornam-se relevantes na última década brasileira.

Entretanto, autores como Cury (2014) e Nogueira (2015) afirmam que as

instituições privadas passaram a ser regidas por processos de financeirização e

oligopolização, o que as transformou em enormes conglomerados financeiros, mais do

que educacionais, lançando grande preocupação sobre a solidez e a mercantilização do

ensino superior brasileiro. Nogueira (2015) afirma que a mercantilização do ensino

superior brasileiro veio a atender a uma demanda de massa pela educação,

comprometendo, porém, as condições de ensino, pesquisa e extensão. Já Paiva et al.

(2017) afirma que o Plano Nacional de Educação vigente aprofunda a relação entre

educação e mercado ao abrir, declaradamente, vários espaços para a iniciativa privada

atuar na educação, sobretudo em suas metas de expansão do ensino superior e de

financiamento.

Por fim, pode-se constatar que o Estado Moderno exerce papel fundamental na

expansão do ensino superior e, consequentemente, na sua democratização. Nas últimas

décadas, os Estados têm passado por transformações e, em sua maioria, adotado

posturas neoliberais, inclusive no contexto educacional, abrindo espaço para que a

iniciativa privada exerça funções até então do Estado do Bem-Estar Social. Nesse novo

momento do Estado brasileiro, a democratização do ensino superior foi expressa no PNE

2014-2024 e almejada pela população brasileira, que sonha em obter acesso ao ensino

superior de qualidade. Assim como ocorreu em outras partes do mundo, cabe ao Estado

brasileiro criar esse contexto e garantir seu atingimento.

39

3. METODOLOGIA

Esta proposta de pesquisa é de natureza quantitativa, que, segundo Creswell

(2007):

É caracterizada pela coleta e pela análise do de dados quantitativos em uma primeira fase da pesquisa, seguidas de coletas e análise de dados qualitativas em uma segunda fase que é desenvolvida sobre os estudos quantitativos iniciais.

Nesse processo, será realizado levantamento bibliográfico que permitiu

contextualizar a evolução do ensino superior brasileiro, em especial a atuação do Estado

na formulação das políticas públicas que ajudaram a criar o ambiente para a formação

dos conglomerados educacionais, e posteriormente, sua entrada no mercado de

capitais.

Esta pesquisa busca delinear a evolução quantitativa de ingressantes, matriculas

e concluintes do ensino superior brasileiro, com o advento da LDB n. 9.394 de 1996,

durante o período de 1998 a 2015. Entretanto, através da Portaria Normativa MEC n.

40, de 12 de dezembro de 2007, foi instituído o e-MEC, que constitui um sistema

eletrônico de fluxo de trabalho e gerenciamento de informações relativas aos processos

de regulação da educação superior no sistema federal de educação, em substituição a

diversos sistemas usados até então. Conforme afirma Aguiar (2016, p. 120), o Censo

passou por reformulação em 2008:

Apesar de ser realizado com alguma regularidade desde 1930, apenas em 2008, por meio do Decreto nº 6.425, ele se torna obrigatório. A partir de reformulações recentes, o Censo da Educação Superior levanta, por meio eletrônico, informações individualizadas sobre instituições, cursos, alunos e docentes, vagas, candidatos, ingressantes, matrícula, concluintes, docentes e extensão universitária.

Por meio desse ato, houve um processo de adaptação das informações para o

novo sistema, e as estruturas das informações detalhadas (microdados do CENSO) foram

40

alteradas, o que não permite fazer uma relação automatizada, no nível individual de

cada IES, de períodos anteriores a 2007 com períodos posteriores a 2007.

Assim, será avaliada a evolução quantitativa de ingressantes, matrículas e

concluintes do ensino superior brasileiro durante o período de 2008 a 2015, e feito um

recorte especial sobre o surgimento dos grandes conglomerados educacionais de capital

aberto. Nesse sentido, serão feitas a coleta e a sistematização dos dados secundários

desse período.

O Censo da Educação Superior é realizado anualmente pelo Instituto Nacional de

Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), sendo o instrumento de

pesquisa mais completo do Brasil sobre as instituições de educação superior (IES) que

ofertam cursos de graduação. Conforme a página oficial do Censo da Educação Superior

(http://portal.inep.gov.br/censo-da-educacao-superior):

Essa coleta tem como objetivo oferecer à comunidade acadêmica e à sociedade em geral informações detalhadas sobre a situação e as grandes tendências do setor. O Censo da Educação Superior reúne informações sobre as instituições de ensino superior, seus cursos de graduação presencial ou a distância, cursos sequenciais, vagas oferecidas, inscrições, matrículas, ingressantes e concluintes e informações sobre docentes nas diferentes formas de organização acadêmica e categoria administrativa.

Para a estratificação e agrupamento das IES de capital aberto, foi realizado um

levantamento das instituições que compõem cada conglomerado educacional de capital

aberto. Cabe aqui elucidar que os conglomerados educacionais são uma combinação de

diversas IES pertencentes a um único conglomerado econômico. Isso implica que,

perante o MEC, o conglomerado não existe, mas apenas suas instituições devidamente

regulamentadas.

Assim, um determinado conglomerado pode ser formado por diversas

universidades, centros universitários ou faculdades, porém suas respectivas

mantenedoras são controladas pelo grupo controlador do conglomerado econômico.

Dessa forma, o conglomerado detém o controle das mantenedoras e, por consequência,

de suas mantidas. Para analisarmos as informações de determinado conglomerado

41

econômico, é necessário identificar todas as IES que pertencem a esse conglomerado e

buscar suas informações individualmente, para posterior consolidação dessas

informações.

Para determinar as IES pertencentes a cada conglomerado, foram avaliados os

seus respectivos sites, a fim de identificar as fusões e aquisições que ocorreram desde

sua abertura de capital, além de informações de analistas do mercado financeiro que

acompanham o setor educacional. Cabe ressaltar que o conglomerado é listado em

bolsa de valores (Bovespa) e não diretamente as IES sob seu controle. A lista completa

das IES que compõem cada conglomerado de capital aberto encontra-se no Anexo I.

Para efeito desta pesquisa, foram considerados os quatro conglomerados educacionais

de capital aberto.

Tabela 1 - Conglomerados Educacionais de capital aberto Fonte: sites das empresas, Bovespa e informações obtidas junto a analistas do mercado educacional

Com base nessa caracterização dos conglomerados, será construída uma base de

dados contendo as informações relevantes para esta pesquisa. Concomitante à criação

da base de dados quantitativa das informações do Censo, será preparada a perspectiva

de Qualidade sobre a expansão do ensino superior, pois constata-se uma grande

discussão dos educadores e pessoas ligadas a educação, sobre a qualidade do ensino

oferecida aos alunos. Para avaliarmos a expansão do ensino superior, da ótica da

qualidade do ensino oferecido, utilizaremos os indicadores de qualidade

disponibilizados pelo Inep.

A atenção com a avaliação da qualidade dos cursos no ensino não é recente e

data de 1983, com o Programa de Avaliação da Reforma Universitária (Paru) (POLIDORI;

MARINHO-ARAUJO; BARREYRO, 2006). O sistema vigente de avaliação de qualidade foi

instituído pela Portaria MEC n. 40, de 12 de dezembro de 2007, com base no Exame

42

Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) (Figura 1) e nos demais insumos

constantes das bases de dados do MEC, segundo metodologia própria, aprovada pela

Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (Conaes) e atendidos os

parâmetros da Lei Federal n. 10.861, de 14 de abril de 2004, que deu origem ao Sistema

Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Sinaes).

Figura 1 - Modelo de Avalição do Ensino Superior Brasileiro Fonte: Abrão (2016)

Segundo o site do Inep (http://portal.inep.gov.br/web/guest/indicadores-de-

qualidade), os indicadores de qualidade se dividem em três frentes:

1) De cursos superiores: o Conceito Preliminar de Curso (CPC), instituído pela Portaria nº 4, de 5 de agosto de 2008

2) De instituições de educação superior: o Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC), instituído pela Portaria nº 12, de 5 de setembro de 2008;

3) De desempenho de estudantes: o conceito obtido a partir dos resultados do ENADE.

O resultado dessas três avaliações disponibiliza para o Inep diversas informações,

entre elas o cálculo de três indicadores de qualidade (SILVA; NOGUEIRA, 2015):

43

1) Conceito ENADE: os estudantes são avaliados pelo ENADE no início e fim do curso de graduação. O exame tem a periodicidade anual e é dividido em grandes áreas de conhecimento, que se repetem a cada três anos, e sua aplicação é acompanhada de instrumentos destinados ao levantamento do perfil dos estudantes. O ENADE é composto pela prova, o questionário de avaliação discente da educação, o questionário sobre os coordenadores de curso e a percepção do aluno sobre a prova.

2) Conceito Preliminar de Curso (CPC): criado com a finalidade de auxiliar no processo de avaliação in loco dos cursos. O CPC é uma média de diferentes medidas da qualidade de um curso, os três elementos são utilizados nas seguintes proporções: os insumos (30%) o ENADE (40%) e o IDD (30%). A dimensão insumos é composta pelas variáveis corpo docente, programa pedagógico e infraestrutura.

3) Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição (IGC): criado em 2008 é um indicador que pretende expressar, em um único número, a qualidade de todos os cursos de graduação, mestrado e doutorado de uma IES. O IGC é divulgado anualmente. No que se refere à graduação, é utilizado o Conceito Preliminar de Curso (CPC) e, no que se refere à pós-graduação, é utilizada a nota da CAPES.

Conforme visto anteriormente, esses indicadores encontram-se disponíveis para

consulta pública no site do Inep. Cabe ressaltar que o Enade é aplicado anualmente,

porém a cada ano é selecionada uma das três grandes áreas do conhecimento

registradas no Inep. A cada três anos, refeita a avaliação, o ciclo se renova. Dessa

maneira, para a evolução dos indicadores de qualidade do conceito Enade e CPC serão

utilizados os resultados do ano em questão, conforme o grupo avaliado no ano.

Para efeito de consolidação das informações sobre ingressantes (vestibular e

outros processos seletivos), matrículas e concluintes, e de qualidade acadêmica dos

conglomerados educacionais de capital aberto, serão utilizadas as informações da IES

de forma atemporal. Isso significa dizer que, independentemente do momento em que

houve a fusão ou a aquisição de determinada IES pelo conglomerado, a informação

sobre ela será utilizada durante todo o período analisado.

Cabe também enfatizar que serão excluídas da base de dados as informações

relacionadas ao ensino a distância (EaD). Serão contempladas apenas as informações

relacionadas aos cursos presenciais de graduação. Outro aspecto importante foi que

instituições sem conceito de IGC, CPC ou Enade foram excluídas da análise no ano em

que a IES, por algum motivo, ficou sem conceito nas fontes oficiais consultadas.

44

3.1 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO

No que se refere aos procedimentos metodológicos, por se tratar de pesquisa

quantitativa de dados secundários, será realizado um detalhamento sobre os

procedimentos adotados para a coleta dos dados, procedimento e técnicas estatísticas

previstas de utilização.

Para sistematizar o processo de extração e manipulação das bases de dados,

elaborou-se um passo a passo desde a obtenção da informação até o tratamento e a

criação do banco de dados do Censo da Educação Superior, do período que compreende

de 2008 a 2015. Para cada ano a ser analisado, foram realizadas quatro etapas distintas:

Etapa 1 – Captura da base de dados; Etapa 2 – Análise da Estrutura dos dados; Etapa 3

– Exportação das informações; e Etapa 4 – Criação do Banco de Dados. A seguir, será

detalhada cada etapa:

Etapa 1: Captura da base de dados – A base de dados é pública e fica disponível

no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

(Inep), por meio do endereço eletrônico

http://portal.inep.gov.br/web/guest/microdados. Anualmente, o Inep

disponibiliza um conjunto de informações detalhadas do Censo, conhecidas

como microdados, que se constituem no menor nível de desagregação de dados

recolhidos por pesquisas, avaliações e exames realizados. Foi realizado o

download do arquivo relacionado a cada ano.

Etapa 2: Análise da estrutura de dados – Após o download do arquivo de cada

ano, será feita sua extração (descompactação). Dentro do conjunto arquivos do

ano em questão, existe um arquivo que funciona como uma espécie de manual

(normalmente conhecido como “LEIA-ME.PDF”). Esse arquivo explica a estrutura

dos demais arquivos existentes naquele ano (base de dados), bem como o

dicionário dos dados (variáveis). Ao analisar o arquivo do manual, e com base no

dicionário de dados, foi possível identificar quais variáveis compõem os dados

45

básicos da pesquisa: Quantidade de Inscritos, Quantidade de Matriculas e

Quantidade de Concluintes, no caso do Censo da Educação Superior.

Em virtude de o período de análise do Censo da Educação Superior ser longo, as

estruturas das variáveis foram sendo alteradas ao longo do tempo, o que

dificulta a extração.

Como resultado dessa análise, foi realizado um mapeamento das variáveis

necessárias de cada ano, que será utilizado para compor a informação desejada

de ingressantes (vestibular e outros processos seletivos), matrículas e

concluintes, além dos indicadores de qualidade de cada ano analisado (Anexo II).

Etapa 3: Exportação das informações - Os formatos dos dados brutos

disponibilizados na base de dados do Inep variam de acordo com o ano. Em sua

grande maioria, a base de dados disponibilizada pelo Inep encontra-se em um

arquivo TXT ou diretamente no formato Microsoft Excel. Nos casos em que a

base de dados encontrava-se no formato TXT, foi utilizado o script em SPSS para

realizar a leitura do arquivo TXT e a importação das variáveis determinadas

(Anexo II) para o SPSS. Após a importação para o SPSS, foi realizada a exportação,

em formato Microsoft Excel, com as informações daquele ano.

Etapa 4: Criação do Banco de Dados – Ao final da Etapa 3, foi feito um arquivo

MS Excel para cada ano de análise, que contém as informações padronizadas e

as variáveis a serem analisadas. As informações do Censo da Educação Superior,

referentes aos cursos de graduação presencial de cada ano, foram agrupadas por

ano, em um banco de dados único e consolidado, conforme disposto no Anexo

III, que será objeto de uso dessa pesquisa e permitirá realizar todas as análises e

cruzamentos de informações utilizando o software Microsoft Excel.

Já o procedimento de extração dos dados, relacionando os Indicadores de

Qualidade do Ensino Superior fornecidos pelo Inep, irá ocorrer de forma muito similar

ao do Censo da Educação Superior. A Etapas 2, 3 e 4 permanecerão idênticas, porém a

Etapa 1 ocorrerá de forma ligeiramente diferente, conforme detalharemos abaixo:

Etapa 1B: Captura da base de dados – A base de dados está disponível no site do

Inep, através dos endereços eletrônicos:

46

Enade - http://portal.inep.gov.br/conceito-enade

CPC - http://portal.inep.gov.br/conceito-preliminar-de-curso-cpc-

IGC - http://portal.inep.gov.br/indice-geral-de-cursos-igc-

Anualmente, o Inep disponibiliza um conjunto de informações detalhadas dos

Indicadores de Qualidade. Devido ao início de aferição e publicação de cada indicador

de qualidade seguir períodos diferentes, eles serão utilizados conforme a

disponibilidade oferecida pelo Inep:

Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) – 2007 a 2015

CPC (Conceito Preliminar de Curso) – 2007 a 2015

IGC (Índice Geral de Cursos) – 2007 a 2015

Ao final desse procedimento, teremos um banco de dados dos indicadores do

Censo da Educação Superior e outro banco com os Indicadores de Qualidade do Ensino

Superior. Esses bancos de dados serão utilizados para realizar todas as análises

estatísticas. Na pesquisa quantitativa, serão utilizadas medidas da estatística descritiva,

tais como média, mediana e desvio-padrão, com as funções básicas do software

Microsoft Excel. Trata-se de um uso simples da estatística descritiva; entretanto, caso

seja detectada a necessidade de alguma outra ferramenta mais sofisticada, esta será

adicionada posteriormente.

47

4. RESULTADOS

Neste capitulo serão apresentadas as informações relativas ao processo de

expansão do ensino superior, com ênfase nos conglomerados educacionais de capital

aberto, e os impactos advindos do crescimento nos indicadores oficiais de qualidade.

Conforme descrito na metodologia deste trabalho, os alicerces encontram-

se nas bases de dados consolidadas, que contêm as informações do Censo do Ensino

Superior (Quantidade de Ingressantes, Quantidade de Matrículas, Quantidade de

Concluintes) e os Indicadores Oficiais de Qualidade (Enade, CPC e IGC) dos cursos de

graduação presencial.

Na avaliação da dimensão da expansão, é importante retomar variáveis que

são objeto desta análise:

Ingressantes: quantidade, em números absolutos, de novos estudantes que

iniciaram seus cursos de graduação presencial no ano em questão.

Matrículas: quantidade, em números absolutos, de alunos que estão

devidamente matriculados e cursando seus cursos de graduação presencial no

ano em questão.

Concluintes: quantidade, em números absolutos, de alunos que concluíram seus

cursos de graduação presencial no ano em questão.

A análise a seguir apresenta os resultados da evolução do ensino superior,

cujo enfoque foi avaliar o comportamento da expansão do ensino superior e seus

reflexos nos indicadores de qualidade, em especial nas IES pertencentes aos

conglomerados educacionais de capital aberto. Assim, as análises foram segmentadas

em três grupos de instituições:

IES Públicas – contém todas as informações quando a natureza da IES for pública,

independentemente da esfera de poder (municipal, estadual ou federal).

48

IES Privada de Capital Aberto – contém todas as informações quando a natureza

da IES for privada e pertencer a um conglomerado educacional de capital aberto

(Tabela 1).

Outras IES Privadas – contém todas as informações quando a natureza da IES for

privada, porém não pertencer a um conglomerado educacional de capital

aberto.

Nesse sentido, os capítulos subsequentes abordarão a expansão do ensino

superior, avaliando a evolução na segmentação proposta e contemplando uma visão

geral sobre o crescimento do ensino superior e suas consequências, de forma indireta,

nos indicadores oficiais de qualidade.

4.1 VISÃO GERAL SOBRE A EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR ENTRE 2008 E

2015

Durante o período de 2008 a 2015, o Ensino Superior Presencial passou por

uma grande expansão, saindo de um patamar de 5.08 milhões de matrículas em 2008

para 6.63 milhões em 2015, ou seja, um aumento de 30,7%, conforme informações do

Inep.

Nesse mesmo período, o volume de ingressantes no ensino superior

brasileiro passou 1.5 milhão de novos alunos em 2008 para aproximadamente 2.2

milhões de alunos em 2015, com um crescimento de 47,9% durante o mesmo período

(Tabela 3). Esses números evidenciam uma expansão em todo o sistema, com acesso

maior e mais democrático ao ensino superior, e maior penetração em extratos sociais

até então marginalizados. Entretanto, enquanto as IES Públicas aumentaram o número

de inscritos no período de 2008 a 2015 em 65,4%, os Conglomerados Privados de Capital

Aberto cresceram 100,5% e as outras IES Privadas apenas 31,8% (Tabela 2). O mesmo

fenômeno pode ser observado nas matrículas efetivas no ensino superior brasileiro

onde as IES Públicas cresceram 45,7%, as IES Privadas de Capital Aberto, 61,4% e as

outras IES Privadas, 18,7%.

49

A expansão no número de ingressantes e matrículas nas IES Públicas pode

ser explicada tanto pelo aumento dessas IES durante esse período, como pela abertura

de novos cursos. Conforme informações do Inep, houve um aumento aproximado de

25% (de 236 IES Públicas em 2008 para 295 em 2015), conforme sinopses oficiais

divulgadas no site do Inep. Esse movimento de abertura de novas IES Públicas foi

resultante do Programa REUNI – Plano de Reestruturação e Expansão da Universidades

Federais. Assim afirma Lima (2012):

O Programa REUNI apresentado através de Decreto presidencial 6096 (BRASIL, 2007), com os seguintes objetivos: aumentar o número de estudantes de graduação nas universidades federais e aumentar o número de estudantes por professor em cada sala de aula da graduação; diversificar as modalidades dos cursos de graduação, através da flexibilização dos currículos, da educação a distância, da criação dos cursos de curta duração, dos ciclos (básico e profissional) e/ou bacharelados interdisciplinares; incentivar a criação de um novo sistema de títulos; elevar a taxa de conclusão dos cursos de graduação para 90% e estimular a mobilidade estudantil entre as instituições de ensino (públicas e/ou privadas) (Grifo do autor)

Da mesma forma, quando analisamos o movimento nas IES Privadas,

percebemos que as IES de Capital Aberto obtiveram o triplo de aumento em

ingressantes quando comparadas com as outras IES Privadas (100,5% vs 31,8%),

conforme Tabela 2. Aparentemente, os conglomerados educacionais de capital aberto

utilizaram de forma mais agressiva as importantes ferramentas governamentais na

expansão do ensino superior brasileiro (Fies/Prouni).

Neste ponto, cabe aprofundarmos o entendimento sobre esses importantes

programas governamentais. A origem do Fies remonta ao antigo Crédito Educativo

(Creduc), instituído em 23 agosto de 1975, durante a ditadura militar. Em 1992, por meio

da Lei n. 8.436/92, o Creduc foi reformulado e passou a ser administrado pelo Ministério

da Educação e Cultura (MEC). Já em 1999 (governo de Fernando Henrique Cardoso),

sucedendo o Creduc foi criado o Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino

Superior) através da Medida Provisória n. 1.827/99, depois regulamentado pela Lei n.

10.260/2001.

50

Oliveira e Carnelli (2010, p. 36) definem o Fies como:

um apoio financeiro sob a forma de concessão de financiamento aos estudantes regularmente matriculados em cursos superiores em IES privadas, com avaliação positiva no Exame Nacional de Cursos (ENC), hoje Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (SINAES).

O Programa permitiu, inicialmente, o financiamento de até 70% do valor da

mensalidade cobrada pela instituição de ensino. A partir de setembro de 2005, passou

a financiar 50% e, com a publicação da Lei n. 11.552/2007, 100% dos cursos de

graduação (OLIVEIRA; CARNIELLI, 2010).

Já Correa (2017, p. 86) afirma que, entre 2010 e 2015, o número de novos

contratos assinados utilizando o Fies passou de 76.159 em 2010, para 732.662 em 2014,

representando um aumento de mais de 10 vezes. Após a reestruturação do programa,

em 2015, o número de novos contratos caiu para 287.418.

Outro programa importante no contexto da expansão do ensino superior

privado foi o Programa Universidade para Todos (Prouni), instituído pela Medida

Provisória n. 213, de 10 de setembro de 2004, regulamentada posteriormente pela Lei

n. 11.096, de 13 de janeiro de 2005, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Esse

programa tem como finalidade conceder bolsas de estudos integrais e parciais em

cursos de graduação e sequenciais de formação específica.

A entrada do Prouni possibilitou a isenção do Imposto de Renda das Pessoas

Jurídicas (IRPJ) e de três outras contribuições: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

(CSLL), Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e

Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS). Essas isenções de impostos

federais foram concedidas como contrapartida para bolsas de estudos integrais e

parciais das IES Privadas que aderiram ao programa. Carvalho (2006, p. 980) explica:

A concessão de bolsas de estudos integrais e parciais para estudantes de ensino superior em troca de renúncia fiscal surge acompanhada pela retórica de justiça social e de inclusão das camadas sociais menos favorecidas.

Já a distribuição das bolsas segue regulamentação própria do programa.

Conforme explica Barros (2015, p. 372):

51

A distribuição das bolsas do PROUNI se dá a partir dos resultados obtidos pelos estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Para ter acesso às bolsas, é necessário que o candidato obtenha a nota mínima nesse exame, bem como possua renda per capita de até um salário mínimo e meio (para concorrer às bolsas integrais) ou renda de até três salários mínimos (para concorrer às bolsas parciais, de 50% e 25%).

Para melhor entendimento da importância auferida pelo Prouni, em 2005

foram concedidas 112.275 bolsas. Em 10 anos de programa, esse número quase

triplicou, já que em 2015 foram concedidas 306.726 bolsas (SISPROUNI, 2015).

Ambos os programas (Fies e Prouni) tiveram participação ativa na expansão

do ensino superior privado, em especial na IES de Capital Aberto. Na próxima sessão,

será explorada em detalhe a evolução dos novos alunos ou ingressantes.

Tabela 2 - Variação dos Indicadores de Expansão no período de 2008 e 2015 Fonte: INEP

4.1.1 Ingressantes

Acompanhar a evolução no número de ingressantes é importante, pois

demonstra a atratividade dos jovens ao ensino superior, assim como a capacidade do

sistema educacional de absorver essa demanda, contribuindo para a transformação de

vidas e preparando-os para a inserção no mercado de trabalho.

Ao analisar esses ingressantes do ensino superior presencial brasileiro

(Tabela 3), pode-se perceber um crescimento de 47,9% entre 2008 e 2015 na

quantidade anual de novos ingressantes. Esse fato demonstra a capacidade do sistema

educacional no nível superior de absorver essa nova demanda. Entretanto, esse

crescimento não foi linear entre as IES Públicas, IES Privadas de Capital Aberto e Outras

52

IES Privadas. Como revela a Tabela 3, essa expansão foi liderada pelas IES Privadas de

Capital Aberto (100,5%), seguida pelas IES Públicas (65,4%) e, por fim, pelas outras IES

Privadas (31,8%). Estas últimas (Outras IES Privadas) obtiveram crescimento menos

acelerado que a média de mercado (31,8% vs. 47,9%), e as IES Privadas de Capital Aberto

cresceram em velocidade superior à média (100,5% vs. 47,9%).

Ao observar o comportamento das IES Privadas de Capital Aberto, verifica-

se (Tabela 3) que entre 2011 e 2012 houve um aumento expressivo de cerca de 65%, de

um ano para o outro, no número de ingressantes. Esse fato permite inferir a introdução

de uma maior flexibilização nas regras do Fies (TONEGUTTI, 2017): “A flexibilização das

condições de financiamento certamente foi o grande motor para a expansão do FIES no

período de 2010 a 2015”.

Acredita-se também que as IES Privadas de Capital Aberto utilizaram de

forma mais exitosa os programas de financiamento Fies e de bolsas Prouni para

obtenção de novos alunos. Essa percepção pode ser corroborada pelo fato de que entre

2014 e 2015 o número de ingressantes nas IES Privadas reduziu cerca de 13,9% e nas IES

Privadas de Capital aberto a redução foi ainda maior, de cerca de 36% (Tabela 3).

Entretanto, nas IES Públicas, que não necessitam das ferramentas do financiamento

(Fies/Prouni), não se verifica essa desaceleração.

Tabela 3 – Evolução de Ingressantes em graduação presencial no Ensino Superior brasileiro. Fonte: Inep

Outro aspecto importante a ser observado na expansão do ensino superior

é o comportamento da evolução das matrículas no sistema, que será mais bem

detalhado a seguir.

53

4.1.2 Matrículas

As matriculas representam a quantidade de estudantes regularmente

inscritos nas IES brasileiras. Por meio dessa variável, é possível avaliar o tamanho do

ensino presencial brasileiro e sua abrangência.

Durante o período de 2008 a 2015, o ensino superior de graduação

presencial brasileiro cresceu 30,7% (Tabela 4), passando de cerca de 5 milhões de

matrículas em 2008 para 6.6 milhões em 2015. Esse crescimento foi alavancado pela

rápida expansão das matrículas das IES Privadas de Capital Aberto, com 61,4% de

crescimento, passando de pouco mais de 633 mil matrículas em 2008 para 1.02 milhão

em 2015. Em seguida, as IES Públicas, que auferiram crescimento de 45,7%, passando

de 1.2 milhão de matrículas em 2008 para 1.82 milhão em 2015. Finalmente, as Outras

IES Privadas cresceram durante o período 18,7%, passando de aproximadamente 3.19

milhões de matrículas em 2008 para 3.79 milhões em 2015.

Tabela 4 – Evolução de Matrículas em graduação presencial no Ensino Superior brasileiro. Fonte: Inep

Em um pais de dimensões continentais como o Brasil, onde a penetração

educacional não é equânime, faz-se necessário avaliar a expansão do ensino superior

presencial de forma regionalizada. Partindo desse ponto de vista, pode-se observar na

Tabela 5 que, no período de 2008 a 2015, houve maior expansão do ensino superior na

Região Nordeste, que apresentou um crescimento no total matrículas de 53,9% (Tabela

5), seguido das Regiões Norte (41,7%), Centro-Oeste (40%), Sudeste (23,3%) e,

finalmente, Sul (15,2%).

54

Entretanto, para as IES Públicas, o foco de expansão maior foi na Região

Sudeste, com 62,7% de aumento na quantidade de matrículas, seguido pela Região

Nordeste (40,4%) e Região Sul (36,9%). Já para as IES Privadas de Capital Aberto, a

expansão se concentrou nas Regiões Nordeste (144,7%), Norte (90,2%) e Centro-Oeste

(81,8%), conforme demonstra a Tabela 5.

Tabela 5 - Matriculas por Região. Fonte: Inep

4.1.3 Concluintes

A conclusão do ensino superior é um momento importante na vida de

qualquer pessoa. Na vida em sociedade, a educação é um dos principais motores do

55

desenvolvimento econômico, propiciando melhor inclusão e igualdade social, em um

pais tão desigual quanto o Brasil. Essa situação foi bem retratada em notícia da

Associação Brasileira de Mantenedores de Ensino Superior (ABMS), veiculada em 12 de

janeiro de 2017 (ABMS, 2017):

A conclusão do ensino superior é um dos fatores que mais impacta no aumento de salário dos profissionais que estão no mercado. Em 2014, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE), ao comparar quem tem graduação com aqueles que só possuem ensino médio, 40% dos que concluíram o ensino superior ganhavam de dois a cinco salários mínimos, enquanto que do total daqueles que cursaram apenas o ensino médio, 29% estão nessa mesma faixa salarial. A pesquisa também aponta que 36% dos graduados possuem remuneração acima de cinco salários mínimos. Esse patamar só foi alcançado por 7% daqueles que possuem somente o ensino médio. Esses dados mostram que há maior concentração de pessoas que ganham de dois a cinco salários mínimos - ou acima de cinco - entre os concluintes do ensino superior, em detrimento da população que concluiu apenas o ensino médio, onde há maior predominância da faixa de até dois salários mínimos.

É inegável a importância de concluir o ensino superior. Dentro desse

contexto, o setor privado tem grande relevância para o atingimento desse objetivo.

Durante o período de 2008 a 2015, 76,7% dos egressos foram oriundos de Instituições

de Educação Superior privada (Tabela 6), sendo 13,2% de IES Privadas de Capital Aberto

e 63,5% de outras IES Particulares. Já as IES Públicas representam 23,3% dos concluintes

do ensino superior (Tabela 6), durante esse mesmo período.

Tabela 6 - Total de concluintes de 2008 a 2015. Fonte: Inep

Ao avaliar a evolução dos concluintes do ensino superior, podemos

constatar que o volume total de concluintes cresceu 14,8% entre 2008 e 2015 (Tabela

7). As IES Privadas de Capital Aberto foram as que mais cresceram no período, com

56

22,1%, seguidas pelas IES Públicas com 21,3% e, por fim, pelas Outras IES Privadas, com

11,1% de crescimento no volume de concluintes.

Tabela 7 – Evolução de Matrículas em graduação presencial no Ensino Superior brasileiro. Fonte: Inep

Esse movimento é coerente com a evolução observada dos ingressantes do

ensino superior durante o período de 2008 a 2015, quando o número de ingressantes

no ensino superior brasileiro cresceu 47,9% (Tabela 3).

De forma geral, os cursos superiores têm quatro anos de duração (exceção

para os cursos tecnológicos que têm um período menor de formação – dois anos). Assim,

o movimento de concluintes é determinado pelos ingressos ocorridos, em média, de

quatro anos. Para exemplificar, houve redução no número de concluintes da IES de

Capital Aberto de -5,7% em 2014 (Tabela 7). Da mesma forma, houve uma redução no

número de ingressantes dessas instituições em 2010 de -0,8% (Tabela 3).

Ao avaliarmos o movimento de expansão no ensino superior, em especial

nos cursos de graduação presencial, durante o período de 2008 a 2015, as variáveis

utilizadas demonstram um grande aumento em todo o sistema, em especial nas IES

Privadas de Capital Aberto. Será que essa expansão produziu uma deterioração na

qualidade do ensino presencial brasileiro?

Ao longo dos próximos itens, faremos uma análise sobre os indicadores

oficiais de qualidade para tangenciar essa questão.

57

4.2 INDICADORES DE QUALIDADE

Segundo o Novo Aurélio, dicionário da língua portuguesa, avaliar é o ato de

atribuir valor ou mérito a alguma coisa, e pode ter como sinônimos ‘julgar’ ou

‘mensurar’. Ao abordarmos temas relacionados a avaliação, fica implícito um juízo de

valor, que pode nos levar a julgamentos conclusivos em termos de bom ou ruim, melhor

ou pior. Avaliar é imprimir uma orientação, é conferir o grau de adesão a um ponto de

vista, é, portanto, parte de um propósito, de uma política, como bem destaca Sobrinho

(2001).

Quando se traz esse conceito para o âmbito educacional, a avaliação pode

ser expressa como uma conclusão normativa acerca da qualidade (ou sucesso) de

estudantes, professores, escolas, programas, políticas ou sistemas educacionais.

Intrinsicamente, ela está associada à ideia de medir e julgar resultados educacionais.

Contudo, é preciso diferenciar os indicadores, pois necessariamente a

avaliação não se restringe a eles. Segundo Abraão (2016), durante treinamento

realizado pelo Inep em novembro de 2016, enquanto avaliação educacional exprime

julgamento, indicadores podem ter caráter descritivo. No entanto, os indicadores

auxiliam na formação de um juízo avaliativo no contexto educacional.

Utilizar os indicadores oficiais de qualidade como argumento é uma questão

controversa, pois reduz um processo avaliativo para uma classificação numérica, em

detrimento da cultura de avaliação (ANDRADE et al., 2017). Apesar disso, para

acompanhamento dos reflexos da expansão do ensino superior brasileiro na qualidade

da educação oferecida, parece ser a melhor fonte de informação, dada a magnitude do

sistema educacional brasileiro, seja na quantidade de IES envolvidas (cerca de 2.300) ou

de cursos existentes (mais de 33.500 cursos de graduação) (INEP, 2015). Autores como

Ribeiro (2011, p. 57) já apontam para essa dificuldade:

As dificuldades decorrentes da elaboração e implementação de um sistema de avaliação para as instituições de ensino superior no Brasil – IES são grandes e complexas, não só pelas dificuldades inerentes ao ato mesmo de avaliar, como também pelas características do Sistema Federal de Ensino Superior Brasileiro, quais sejam: a quantidade de IES, as suas diferentes formas de constituição e tamanho, a concentração das IES nas regiões geográficas mais desenvolvidas do país, etc. As IES, por sua vez, experimentam dificuldades

58

não menos importantes, na medida em que sofrem diretamente as consequências da divulgação dos resultados, e reagem defensivamente, dificultando a visibilidade dos formuladores das políticas de avaliação.

Independentemente da dificuldade inerente ao sistema de avaliação do

ensino superior brasileiro, seus resultados são fundamentais para o direcionamento de

diversas ações no âmbito público e privado. Assim, a disseminação dos resultados da

avaliação interessa a diversos segmentos sociais, entre eles (ABRÃO, 2016):

• Instituições de Educação Superior: utilizam as informações para decisões de

políticas institucionais.

• Secretarias do MEC: adotam resultados para fins de regulação e supervisão da

Educação Superior.

• Gestores públicos em educação superior: utilizam dados para elaborar e

orientar ações e políticas educacionais.

• Pesquisadores: utilizam os dados em trabalhos acadêmicos.

• Sociedade em geral: obtém elementos para conhecer melhor um curso e/ou

uma IES de interesse.

Não alheio à controvérsia existente nesse campo, serão utilizados os

indicadores de qualidade oficiais, quais sejam: Enade, CPC e IGC. A discussão do reflexo

da expansão ocorrida na qualidade do ensino superior, em especial nas IES Privadas de

Capital Aberto, coloca mais luz sobre o tema. Em seguida, serão apresentados os três

indicadores de qualidade oficiais.

4.2.1 EXAME NACIONAL DE DESEMPENHO DOS ESTUDANTES

O Conceito Enade é um indicador de qualidade calculado segundo os

desempenhos dos estudantes concluintes dos cursos de graduação. A seleção dos

estudantes é realizada com base na expectativa de conclusão do curso ou de

cumprimento de 80% ou mais da carga horária mínima do currículo do curso da

Instituição de Educação Superior (IES) para os cursos de Bacharelado e Licenciatura e

75% ou mais da carga horária mínima do currículo dos cursos tecnológicos.

59

A participação do selecionado é obrigatória e, caso o estudante selecionado

não participe do processo avaliativo, seu diploma poderá ficar retido até sua

regularização, na comissão organizadora do Enade. Já a prova do Enade é resultante da

média ponderada da nota padronizada na formação geral (25%) e no conhecimento

específico (75%).

A cada ano, a Comissão Nacional de Avaliação do Ensino Superior (Conaes),

através de portaria especifica, define quais são as áreas que serão avaliadas, não

podendo ultrapassar três anos desde sua última avaliação. Durante o ano de 2007,

foram avaliados 3.238 cursos de graduação presencial, envolvendo a participação de

71.004 alunos concluintes (Tabela 8). Já em 2015, foram 7.754 cursos de graduação

presencial, com participação de 379.408 alunos (Tabela 8). Esse aumento observado,

tanto na quantidade de cursos quanto no número de participantes entre 2007 e 2015,

é reflexo das políticas de expansão do ensino superior.

Tabela 8 - Graduação Presencial - Quantidade de Cursos e Participantes no Enade. Fonte: Inep

Entretanto, nem todos os cursos de graduação presencial recebem um

conceito de curso Enade, por mais que haja alunos realizando a prova. Em 2007 houve

um número alto de cursos “Sem Conceito (SC)”, com cerca de 30% do total de cursos

avaliados (Tabela 9). Com a evolução no processo avaliativo do MEC e o aprimoramento

das rotinas de avaliação, a quantidade de cursos “Sem Conceito (SC)” foi reduzida

sistematicamente, chegando a apenas 3,2% (Tabela 9) do total dos cursos de graduação

presencial avaliados em 2015.

60

Tabela 9 - Tabela de Cursos com/sem conceito de Enade Fonte: Inep

A Nota Técnica n. 32 de 2017, editada pela Coordenação Geral de Controle

de Qualidade da Educação Superior, determina que para que um curso tenha o Conceito

Enade, é preciso que ele possua ao menos dois estudantes concluintes participantes do

exame. Cursos com menos de dois participantes ficam “Sem Conceito (SC)” para

preservar a identidade do estudante, de acordo com o exposto no §9º do artigo 5º da

Lei n. 10.861, de 14 de abril de 2004. Outros fatores para que um curso permaneça “Sem

Conceito (SC)” devem-se ao fato de haver algum recurso da IES questionando o

resultado, tanto na esfera administrativa ou na judicial, além dos cursos que ainda não

possuem concluintes.

Assim, para determinar o Enade médio dos cursos de graduação presencial

das IES Públicas e Privadas, serão utilizados apenas aqueles cursos que possuem

conceito de curso (Enade Contínuo).

Ao analisarmos de forma ampla os resultados do Enade para os cursos de

graduação presencial, podemos afirmar que houve um aumento expressivo (233,1%) na

quantidade de cursos avaliados (de 2.254 cursos em 2007 para 7.508 cursos em 2015)

(Tabela 10). Já o Enade médio cresceu 5,4%, saindo de 2,27 em 2007 para 2,40 em 2015.

Entretanto, ao avaliarmos com mais profundidade, percebemos que a

evolução ocorrida nas IES Privadas de Capital Aberto foi superior, saindo de 157 cursos

61

com Enade médio de 1,98 em 2007 para 1.040 cursos com Enade médio de 2,23,

representando um aumento de 562,4% no volume de cursos avaliados e 12,7% de

aumento no Enade médio dos cursos (Tabela 10). Esse fato se torna mais evidente, ao

compararmos com a evolução das IES Públicas, em que o Enade médio cresceu apenas

3,5%, ou nas Outras IES Privadas, em que ele cresceu 11,2% (Tabela 10).

Tabela 10 - Evolução do Enade Médio dos Cursos. Fonte: Inep

Essa visão apresentada anteriormente (Tabela 10) possui algumas

limitações, pois a comparação é realizada ano a ano, e os cursos seguem o calendário

dos ciclos avaliativos, previstos pelo MEC. Esse calendário de avaliação diz respeito a

grandes áreas do conhecimento, que norteiam quais os cursos que serão avaliados no

ano em questão. Conforme a Portaria n. 40 de 2007, é previsto um Ciclo Avaliativo

composto de três anos:

Ano I – Bacharelados e Licenciaturas em Saúde, Ciências Agrárias e áreas afins.

Também serão avaliados os cursos tecnológicos de Agronegócio, Estética e

Cosmética, Radiologia, Gestão Ambiental, Gestão Hospitalar e afins.

Ano II – Bacharelados e Licenciaturas em Ciências Exatas e Licenciaturas em

áreas afins. Também serão avaliados os cursos tecnológicos de Controle e

62

Processos Industriais, Informação e Comunicação, Infraestrutura, Produção

Industrial e afins.

Ano III – Bacharelados e Licenciaturas em Ciências Sociais Aplicadas, Ciências

Humanas e áreas afins. Também serão avaliados os cursos tecnológicos de

Gestão e Negócios, Apoio Escolar, Hospitalidade e Lazer, Produção Cultural e

Design e afins.

Assim, ao final do último ano do ciclo avaliativo (ano III), retorna-se à

avaliação das grandes áreas do conhecimento do Ano I, completando-se o ciclo

avaliativo do ensino superior brasileiro (Tabela 8). Outra forma de avaliar a evolução do

Enade é seguindo os anos em que ocorrem as mesmas áreas de conhecimento, ou seja,

os mesmos cursos. Dentro do período de 2007 a 2015, utilizando os ciclos avaliativos

pelo MEC expostos na Tabela 8, podemos agrupar da seguinte forma:

Ano I do Ciclo Avaliativo – 2007, 2010 e 2013

Ano II do Ciclo Avaliativo – 2008, 2011 e 2014

Ano III do Ciclo Avaliativo – 2009, 2012 e 2015

Utilizando o agrupamento acima proposto, constamos que, para os cursos

previstos para o ciclo avaliativo do Ano I (Saúde e Ciências da Agrárias), houve um

crescimento no Enade médio de 8,1%, porém, as IES Privadas de Capital Aberto

cresceram apenas 2,2% no Enade médio (Tabela 11). Já as IES Públicas obtiveram um

crescimento de 9,6%, passando de 2,84 de Enade médio em 2007 para 3,11 em 2013.

Da mesma forma, podemos constatar que, apesar do aumento expressivo nos cursos

avaliados (39,6% nas IES Públicas, 113,4% nas IES Privadas de Capital Aberto e 48,9% nas

Outras IES Privadas), o Enade médio não decresceu, mas sim obteve um leve aumento.

63

Tabela 11 - Evolução do Enade dos Cursos Ano I (Saúde e Ciências Agrárias). Fonte: Inep

Ao avaliarmos o Ano II (Tabela 12), constituído pelo ciclo avaliativo das

grandes áreas do conhecimento de Ciências Exatas e Licenciaturas, percebemos um

aumento no total de cursos avaliados (50,9%), porém, o Enade médio sofreu redução de

-2,7%, passando de 2,38 de Enade médio em 2008 para 2,32 em 2014. Nesse ciclo

avaliativo (Ano II), percebemos uma redução generalizada no Enade médio, em que as

IES Privadas de Capital Aberto reduziram -11,3%, as Outras IES Privadas reduziram -4,5%

e as IES Públicas obtiveram uma leve redução de -1%.

Tabela 12 - Evolução do Enade dos Cursos Ano II (Exatas e Licenciaturas). Fonte: Inep

Ao avaliar o último ano do ciclo avaliativo (Ano III – Ciências Sociais e

Humanas), é possível constatar, de forma muito similar, um aumento de 35,4% no

volume de cursos avaliados, com ligeira melhora no Enade médio de 1,1% (Tabela 13).

As IES Privadas de Capital Aberto lideram esse aumento, com 46,7% no volume de cursos

avaliados e 4,1% de melhora no Enade médio (Tabela 13).

64

Tabela 13 - Evolução do Enade dos Cursos Ano III (Sociais e Humanas). Fonte: Inep

Por fim, quando comparamos os três ciclos avaliativos do Enade

compreendidos dentro do escopo dessa análise (Tabela 14), apesar da grande expansão

no volume de cursos avaliados, passando de 13.585 cursos no 1º Ciclo Avaliativo, para

19.645 cursos de graduação presencial no 3º Ciclo Avaliativo, o Enade médio de cada

ciclo avaliativo permaneceu praticamente estável, com pequenas variações. Da ótica do

Enade, podemos afirmar que a expansão ocorrida no ensino superior, durante o período

de 2007 a 2015, não influenciou negativamente a qualidade dos cursos de graduação

presencial oferecidos, segundo as avaliações do Enade, tanto para as IES Públicas quanto

para as Privadas de Capital Aberto ou não.

Tabela 14 - Comparação dos Ciclos Avaliativos do Enade Fonte: Inep

Conforme descrito ao longo deste item, uma das avaliações fundamentais

que compõe o Sinaes é o Enade. Durante o próximo item, discorreremos sobre outra

métrica de avaliação da Educação Superior brasileira, o CPC (Conceito Preliminar de

Curso).

65

4.2.2 CONCEITO PRELIMINAR DE CURSO

O Conceito Preliminar de Curso (CPC) é um indicador de qualidade que avalia

os cursos de graduação. A origem desse indicador de qualidade está relacionada à

quantidade de cursos existentes no nível superior de ensino brasileiro e à dificuldade de

realizar avaliações in loco em todos eles. Para ajudar na seleção dos cursos que

necessitavam realmente de uma avaliação presencial e criteriosa, o MEC institui o

conceito preliminar de cursos, conforme descreve Schwartzman (2008):

O “conceito preliminar de avaliação” dos cursos de nível superior foi elaborado e difundido pelo Ministério da Educação com o propósito de utilizá‐lo para decidir se os cursos necessitam ou não de avaliação “in loco”, conforme o previsto na legislação que reorganizou o sistema de avaliação da educação superior no país, para serem ou não autorizados a funcionar.

Os cursos que obtiverem CPC um e dois nessa “avaliação” receberão,

obrigatoriamente, a visita da comissão de avaliação, além de impedimentos na adesão

ao Fies ou Prouni. Para os cursos com conceito três e quatro, a avaliação será opcional,

e os cursos com conceito cinco terão suas Portarias de renovação de reconhecimento

geradas automaticamente, de acordo com a natureza do curso. A origem desse conceito

do curso (valor discreto de 1 a 5) é a nota contínua do conceito preliminar do curso, que

nada mais é que o valor continuo de 0 a 5.

O cálculo e a divulgação do CPC ocorrem no ano seguinte ao da realização

do Enade. O CPC também mantém relação direta com o Ciclo Avaliativo do Enade, sendo

os mesmos cursos avaliados segundo as áreas de avaliação previstas em cada ano de

avaliação do ciclo avaliativo.

Esse indicador de qualidade é composto de três dimensões de avaliação:

desempenho dos estudantes, corpo docente e percepção dos discentes sobre as

condições do processo formativo. Segundo a Nota Técnica n. 38 de 2017, editada pelo

CGCQES/Daes, a composição dos componentes e os pesos seguem abaixo:

66

Quadro 3 - Composição do CPC e pesos das suas dimensões e componentes Fonte: CGCQES/Daes

O CPC contínuo é calculado com base na avaliação de desempenho de

estudantes, no valor agregado pelo processo formativo e em insumos referentes às

condições de oferta – corpo docente, infraestrutura e recursos didático-pedagógicos,

seguindo as orientações realizadas pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação

Superior (Conaes) e a Nota Técnica n. 38 de 2017.

Assim como no Enade, é necessário um número mínimo de dois

participantes para que o CPC contínuo possa ser calculado; caso contrário, o curso é

apresentado como “SC – Sem Conceito”. Outros fatores podem levar um curso a não

receber nota de CPC, ficando “ Sem Conceito (SC) ”, tais como cursos novos (ausência

de concluintes) ou algum processo de revisão de nota na esfera administrativa ou

judicial.

Como podemos observar, em 2007, 35,3% dos cursos de graduação

presencial foram classificados como “Sem Conceito (SC)“ (Tabela 15). Com o

aprimoramento do programa de avaliação e amadurecimento dos novos cursos, em

2015 apenas 11,7% dos cursos avaliados ficaram sem conceito de CPC.

DIMENSÃO COMPONENTES

Nota dos Concluintes no Enade (NC) 20,0%

Nota do Indicador de Diferença entre os

Desempenhos Observado e Esperado

(NIDD)

35,0%

Nota de Proporção de Mestres (NM) 7,5%

Nota de Proporção de Doutores (ND) 15,0%

Nota de Regime de Trabalho (NR) 7,5%

Nota referente à organização didático-

pedagógica (NO)7,5%

Nota referente à infraestrutura e

instalações físicas (NF)5,0%

Nota referente às oportunidades de

ampliação da formação acadêmica e

profissional (NA)

2,5%

Percepção Discente

sobre as Condições

do Processo

Formativo

15,0%

PESOS

Desempenho dos

Estudantes55,0%

Corpo Docente 30,0%

67

Tabela 15 - Cursos com/sem conceito de CPC Fonte: Inep

Assim, para determinarmos o CPC médio dos cursos de graduação presencial

das IES Públicas e Privadas, utilizamos apenas aqueles cursos que possuem conceito de

curso (CPC contínuo).

Avaliando de forma ampla os resultados do CPC dos cursos de graduação

presencial, podemos constatar o avanço do CPC médio de 8,9% ao longo do período de

2007 a 2015 (Tabela 16). O aumento do CPC médio foi alavancado pela melhora

expressiva no CPC médio das IES Privadas de Capital Aberto, com 21,6%, mesmo com

um aumento na quantidade de cursos avaliados (548,3%), o que torna o aumento do

CPC médio mais expressivo. Já as Outras IES Privadas apresentaram crescimento de

15,2% do CPC médio e as IES Públicas obtiveram um decréscimo de -5,4% (Tabela 16).

Tabela 16 - Evolução do CPC Médio dos Cursos de Graduação Presencial Fonte: Inep

68

O CPC é uma composição de diversas variáveis, e a dimensão de

desempenho dos estudantes (Quadro 3) representa 55% da nota final do CPC do curso.

Isso significa que outros fatores como a composição do corpo docente e a percepção

dos alunos sobre o percurso formativo representam uma grande parcela na composição

da nota do CPC (45%). Apesar de ter havido um crescimento no Enade médio de 12,7%

(Tabela 10) na IES Privadas de Capital Aberto, o crescimento do CPC médio foi ainda

maior, atingindo 21,6% (Tabela 16). Essa constatação implica que o desempenho dos

estudantes (Enade) foi importante para o aumento do CPC médio, porém os outros

insumos (corpo docente e percepção discente do processo formativo) foram muito

relevantes também.

Como o CPC segue o mesmo ciclo avaliativo do Enade, é importante avaliar

a evolução do CPC dentro das mesmas áreas de conhecimento, nos três anos que

compõem o ciclo avaliativo do ensino superior brasileiro. No Ano I, composto dos cursos

de Saúde e Ciências Agrarias, podemos constatar o crescimento de 13,5% no CPC médio

(Tabela 17).

As IES Privadas se destacaram, com um aumento de 18,9% do CPC médio

nas Outras IES Privadas e 11,6% nas IES Privadas de Capital Aberto (Tabela 17). Já as IES

Públicas obtiveram crescimento menor, de 4,7%, no CPC médio. Entretanto, em

números absolutos, o CPC médio das IES Públicas é superior ao dos demais, seguido

pelas Outras IES Privadas e IES Privadas de Capital Aberto (Tabela 17).

Tabela 17 - Evolução do CPC Médio dos Cursos Ano I (Saúde e Ciências Agrárias). Fonte: Inep

Ao avaliarmos o Ano II, composto dos cursos de Exatas e Licenciaturas,

observamos um crescimento no CPC médio de 12,0% entre os anos de 2008 e 2014

(Tabela 18), com um aumento expressivo na quantidade de cursos avaliados (53,6%).

69

Esse crescimento não foi linear, sendo impulsionado pelo aumento de 25,4% no CPC

médio das IES Privadas de Capital Aberto, seguido pelas Outras IES Privadas com 14,9%

e, por fim, 5,2% de crescimento no CPC médio das IES Públicas.

Cabe ressaltar também o crescimento expressivo nos cursos avaliados, em

especial nas IES Privadas, com aumento de 76,5% na IES Privadas de Capital Aberto e

43,3% na Outras IES Privadas (Tabela 18).

Tabela 18 - Evolução do CPC Médio dos Cursos Ano II (Exatas e Licenciaturas) Fonte: Inep

Ao aprofundar a análise sobre o Ano III (cursos de Ciências Sociais e

Humanas), constatamos um crescimento de 16,4% no CPC médio e de 37,1% nos cursos

avaliados (Tabela 19). Fica evidenciado o aumento, não só no CPC médio, mas também

no volume de cursos.

Tabela 19 - Evolução do CPC Médio dos Cursos Ano III (Sociais e Humanas). Fonte: Inep

Por fim, comparando a evolução entre os ciclos avaliativos (Tabela 20), é

possível constatar um crescimento constante, tanto nas IES Públicas quanto nas IES

Privadas. Cabe ressaltar o crescimento do CPC médio das IES Privadas de Capital Aberto,

70

que saíram de 2,10 no 1º Ciclo Avaliativo (2007/2008/2009) para 2,60 no 3º Ciclo

Avaliativo (2013/2014/2014), representando um aumento de 24,2% no CPC médio.

Esse resultado das IES Privadas de Capital Aberto no 3º Ciclo Avaliativo as

deixa muito próximas das Outras IES Privadas (2,60 versus 2,61), e não tão distantes das

IES Públicas (2,81).

Tabela 20 - Comparação dos Ciclos Avaliativos do CPC Médio. Fonte: Inep

4.2.3 ÍNDICE GERAL DE CURSOS

O Índice Geral de Cursos (IGC) é um indicador de qualidade que avalia as

Instituições de Educação Superior brasileiras. Ele busca expressar a qualidade de todos

os cursos de graduação, mestrado e doutorado de uma IES, independente de campi ou

municípios onde atua.

O IGC é fortemente dependente do CPC, sendo calculado, por IES,

considerando os seguintes fatores:

a) Média dos CPC dos cursos avaliados da instituição, no triênio de

referência, ponderada pelo número de matrículas.

b) Média dos conceitos da avaliação trienal da Capes dos programas de

pós-graduação stricto sensu, ponderada pelo número de matrículas.

Como o IGC considera o CPC dos cursos avaliados no ano do cálculo e nos

dois anos anteriores, sua divulgação refere-se sempre a um triênio, compreendendo

todas as áreas avaliadas previstas no Ciclo Avaliativo do Enade.

71

É possível constatar que, em 2007, 21,4% das IES brasileiras com cursos de

graduação presencial foram classificadas como “Sem Conceito (SC)“ (Tabela 21). Com o

aprimoramento do programa de avaliação e amadurecimento dos novos cursos, em

2015 apenas 0,4% das IES avaliadas ficaram sem o conceito do IGC.

Tabela 21 - IES com/sem conceito de IGC. Fonte: Inep

Ao avaliar de forma ampla os resultados do IGC das IES brasileiras, podemos

constatar o avanço do IGC médio de 11,4% ao longo do período de 2007 a 2015 (Tabela

22), com um aumento de 45,1% na quantidade de IES avaliadas com conceito.

O aumento do IGC médio foi alavancado pela melhora expressiva desse

índice nas IES Privadas de Capital Aberto (17,1%), mesmo com um maior número de IES

sendo avaliadas (64,2%), o que torna o aumento do IGC médio mais expressivo. Já as

Outras IES Privadas apresentaram crescimento de 12,7% do IGC médio e as IES Públicas

obtiveram um decréscimo de -0,5% (Tabela 22).

72

Tabela 22 - Evolução do IGC entre 2007 a 2015. Fonte: Inep

Portanto, esses indicadores permitem medir uma dentre várias dimensões

da qualidade da educação brasileira ao longo do período de análise. Ao buscar auferir a

evolução desses indicadores, avaliando seu comportamento nos três grupos distintos

(IES Públicas, IES Privadas de Capital Aberto e Outras IES Privadas), procurou-se

evidenciar os reflexos da expansão ocorrida no ensino superior nos indicadores oficiais

de qualidade.

De forma geral, pelos indicadores oficiais, não se constata uma degradação

na qualidade, mas, ao contrário, os indicadores do CPC e IGC indicam melhora ao longo

do tempo, principalmente nas IES Privadas. Cabe enfatizar que, no âmbito das IES

Privadas, as IES Privadas de Capital Aberto melhoraram expressivamente esses

indicadores ao longo do período de análise, demonstrando uma democratização do

ensino superior combinada com melhora nos indicadores oficiais de qualidade

existentes.

73

5. CONCLUSÃO

Entender a forma de atuação do Estado Moderno é primordial para

compreendermos os aspectos que abrangem sua atuação no ensino superior brasileiro.

Apesar de controversas em sua origem ou existência, as primeiras iniciativas de

estruturar o Estado do Bem-Estar brasileiro surgiram com a organização de um sistema

público de serviços sociais, durante as décadas de 1930 e 1940, quando surgiram os

primeiros sinais de um padrão de proteção social.

Como parte desse processo, o Estado brasileiro atuou como motor propulsor

na criação das primeiras universidades brasileiras. Em sua grande maioria, eram IES

públicas em que, segundo o paradigma existente, caberia ao Estado a prestação dos

serviços educacionais, além das políticas púbicas relacionadas a esse tema.

A crise mundial da década de 1980 apontou um Estado demasiadamente

“grande”, criando espaço para ideias neoliberais presentes em outros países

desenvolvidos. Nesse contexto, os Estados Modernos passaram a atuar prioritariamente

como agentes reguladores de mercados e promotores da competitividade,

potencializados pelos movimentos de “desestatização” em diversos setores, incluindo o

educacional.

Como parte desse processo, o governo federal editou a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação n. 9.394 de 1996, que intensificou a presença das instituições

privadas no ensino superior brasileiro, alinhada às ideias neoliberais, permitindo maior

participação empresarial no ensino superior brasileiro e deixando para o Estado as

funções de desenvolvimento de políticas e regulação/fiscalização do mercado

educacional.

A partir desse momento, a democratização no acesso ao ensino superior

brasileiro passa a ser evidente, principalmente a ocorrida durante o período de 2008 a

2015, de forma acelerada, com o aumento expressivo no volume de inscritos e

matrículas, seja nas IES Públicas ou Privadas.

74

A resposta das IES Privadas foi imediata, sobretudo um grupo especifico de

instituições privadas: as IES Privadas de Capital Aberto. Pode-se afirmar que os

conglomerados educacionais de capital aberto obtiveram crescimento superior quando

comparadas com as IES Públicas ou até mesmo com as Outras IES Privadas, nas

dimensões analisadas (ingressantes, matrículas e concluintes). Dessa ótica, a

flexibilização da legislação desse segmento educacional, além do financiamento,

proporcionou condições vitais para essa democratização. A introdução dessas medidas

permitiu que a iniciativa privada desempenhasse papel relevante na expansão do ensino

superior. Contudo, só isso não seria suficiente para produzir tal expansão.

O cenário macroeconômico ocorrido durante a década de 2000 a 2015

contribuiu para esse fenômeno. Durante esse período, o Brasil viveu momentos de

estabilidade política e de pujança econômica, mesmo diante de crises econômicas

internacionais, como as ocorridas entre os anos de 2008 e 2009. Esse contexto

econômico favorável propiciou a expansão de programas governamentais, como o

Prouni e o Fies, acelerando a democratização do ensino superior.

Durante as duas últimas décadas, o programa Fies deixou de ser um

programa relegado ao segundo plano, para tornar-se central dentro da política de

Estado, ultrapassando as barreiras de um único governo. Ao longo do governo FHC,

houve a reformulação do antigo Creduc, dando origem ao Fies, e os governos

subsequentes de Lula e Dilma Roussef não só mantiveram o programa, como ampliaram

de forma significativa sua abrangência e importância, chegando a financiar 100% das

mensalidades dos alunos, atingindo um grande contingente de jovens.

Através dessas medidas, o Estado criou um ambiente favorável para a

expansão do ensino superior, minimizando a necessidade de criar novas estruturas

estatais. Essa forma de atuação, utilizando a iniciativa privada na execução de uma

política governamental, é característica de um Estado neoliberal, que produziu um

aumento do interesse privado sobre o ensino superior, retroalimentando seu processo

de expansão.

Não obstante a forma de atuação neoliberal praticada pelo Estado brasileiro,

ele continuou adotando uma política mista de atuação, ora com incentivo ao privado,

75

ora (e concomitantemente) com expansão da máquina pública destinada à educação

superior. Durante o período de análise, não houve uma “desestatização” da educação

superior; ao contrário, observou-se a criação de novas universidades públicas, além da

ampliação de cursos oferecidos pelas universidades estatais. Cabe ressaltar que se

observou importante expansão de matrículas em IES Públicas, principalmente na Região

Sudeste, superior ao crescimento nas demais regiões brasileiras.

Na contramão desse movimento, houve maior expansão das IES Privadas na

Região Nordeste, menos favorecida economicamente. Isso demonstra, até certo ponto,

um movimento “esquizofrênico” do Estado, pois seria esperada maior expansão de sua

atuação em regiões menos favorecidas, enquanto a iniciativa privada atuaria em regiões

mais abastardas.

Assim, constata-se que, além da legislação introduzida pelo Estado

neoliberal, houve outros importantes fatores que contribuíram para a democratização

ocorrida durante esse período. Contudo, nesse processo de massificação e

democratização do ensino superior, outros aspectos devem ser avaliados. Ao longo

desse caminho, o Brasil passou por uma transformação em seu sistema educacional

superior, anteriormente centrado nas elites, para um modelo massificado, já existente

em outros países como China ou Índia.

Essa perspectiva traz novos desafios para a expansão do ensino superior,

entre eles a qualidade dos serviços educacionais. Dessa ótica, resultados obtidos pelos

indicadores oficiais de qualidade são um dos mais importantes instrumentos para que o

público interessado forme um juízo avaliativo sobre a qualidade do ensino, ou seja,

estudantes, docentes, IES, programas e políticas.

Através dos indicadores de qualidade, ficou constatado que a expansão

ocorrida não alterou de maneira significativa os resultados obtidos pelos exames

externos realizados pelos alunos (Enade), que se mantiveram estáveis, com pequenas

variações entre os ciclos avaliativos, mesmo com um aumento no número de cursos

avaliados.

Contudo, o indicador de qualidade CPC evidenciou um aumento médio de

14,1% entre os ciclos avaliativos, e as IES Privadas de Capital Aberto obtiveram

76

crescimento ainda maior, quando comparadas com as IES Públicas ou com as Outras IES

Privadas. Da mesma forma, o IGC revelou um avanço na qualidade das instituições de

ensino superior, quando ocorreu um aumento no número de IES avaliadas e uma

evolução positiva desse indicador nos grupos avaliados, em particular, das IES Privadas

de Capital Aberto, que evoluíram 17,1% durante esse período.

A análise do Censo do ensino superior brasileiro e dos indicadores oficiais de

qualidade revela que as expansões ocorridas ao longo desse período nos cursos de

graduação presenciais brasileiros não impactaram de forma negativa nos indicadores de

qualidade. Ao contrário, alguns desses indicadores apresentaram melhora significativa.

Concluir sobre a qualidade da educação superior brasileira pode requerer

mais do que resultados dos indicadores de qualidade, mas demanda a avaliação dos

processos educacionais, das percepções subjetivas dos atores envolvidos nesse

processo. Nesta dissertação foram utilizados apenas indicadores oficiais de qualidade,

sem avaliar características de sua eficácia e sem visualizar suas fragilidades. Apesar de

sua relevância, eles possuem limitações que esta análise não contemplou, daí a

necessidade de outros estudos para dar conta das dimensões subjetivas que informam

o processo educacional.

Esta pesquisa apresenta outras limitações relacionadas ao período da

análise e às características dos cursos avaliados. Essas limitações ocorreram com os

microdados fornecidos pelo Inep, que não permitiram utilizar todo o período do tempo

que se pretendia e que poderia determinar novas conclusões. Da mesma forma, este

trabalho limitou-se a avaliar os cursos de graduação presencial, sem contemplar os

cursos de graduação a distância (EAD) ou a pós-graduação. Essas limitações podem ter

interferido para o entendimento mais amplo da educação superior brasileira.

Portanto, ao olhar para o futuro do ensino superior brasileiro, o Plano Nacional de

Educação (PNE) em vigor (2014-2024) reafirma a decisão do Estado pela sua expansão,

expressa na meta de aumentar a número de jovens de 18-24 anos matriculados no

ensino superior. O PNE também enfatiza como diretriz a melhoria da qualidade do

ensino, mediante o estabelecimento de metas como o aperfeiçoamento do Sinaes e a

ampliação da cobertura do Enade.

77

6. BIBLIOGRAFIA

ABMS. ABMES lança análise de cenário da Educação Superior com foco no perfil dos egressos no Brasil. Disponível em: <https://abmes.org.br/noticias/detalhe/1937/abmes-lanca-analise-de-cenario-da-educacao-superior-com-foco-no-perfil-dos-egressos-no-brasil>. Acesso em: 30 out. 2017.

ABRÃO, M. Indicadores de qualidade da Educação Superior - caracterização e perspectivasINEP, 2016. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/encontro_nacional/2016/indicadores_de_qualidade_da_educacao_superior_caracterizacao_e_perspectivas.pptx>. Acesso em: 23 out. 2017

AGUIAR, V. Um balanço das políticas do governo Lula para a educação superior: continuidade e ruptura. Revista de Sociologia e Política, v. 24, n. 57, p. 113–126, mar. 2016.

AHLERT, A. O neoliberalismo e as políticas educacionais no Brasil nas décadas de 1980 e 1990. HORIZONTE, 2009.

ANDERSON, P. Balanço do neoliberalismo. Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado Democrático, 1995.

ANDERY, M. A. P. A. et al. Para Compreender a Ciência - Uma prespectiva Histórica. 6. ed. São Paulo: EDUC, 1996.

ANDRADE, C. D. DE et al. O USO DE ÍNDICES DE AVALIAÇÃO COMO ARGUMENTO DE QUALIDADE DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR. 3o Simpósio Avaliação da Educação Superior. Florianópolis: UFSC, 2017. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/179372/101_00692 - ok.pdf?sequence=1>. Acesso em: 17 out. 2017

BARBOSA, F. C. et al. Transformações no ensino superior brasileiro: análise das Instituições Privadas de Ensino Superior no compasso com as políticas de Estado. Ensaio: aval. pol. públ. Educ, v. 21, n. 79, p. 349–370, 2013.

BARROS, A. DA S. X. EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL: LIMITES E POSSIBILIDADES. Educação e Sociedade, Campinas, v. 36, n. 131, p. 361–390, 2015.

BRASIL. Lei No 5.540, de 28 de Novembro de 1968, 1968. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-5540-28-novembro-1968-359201-normaatualizada-pl.pdf>. Acesso em: 11 out. 2017

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 1996. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70320/65.pdf>. Acesso em: 11 out. 2017

BRASIL. Lei No 10.861, de 14 de Abril de 2004, 2004. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/leisinaes.pdf>. Acesso em: 11 out. 2017

78

BRASIL, M. D. E. Portaria Normativa No 40, de 12 de Dezembro 2007, 2007. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/download/condicoes_ensino/2007/Portaria_n40.pdf>. Acesso em: 10 out. 2017

BRIGGS, A. The welfare state in historical perspective. The Welfare State Reader, 1967.

BÜLL, T. G. Política educacional e neoliberalismo no Brasil: uma leitura sob a ótica do serviço social. Revista SER Social, v. 13, n. 29, p. 65–89, 2012.

CARVALHO, C. H. A. DE. O PROUNI NO GOVERNO LULA E O JOGO POLÍTICOEM TORNO DO ACESSO AO ENSINO SUPERIOR. Educação & Sociedade, v. 27, n. 96, p. 979–1000, 2006.

CGCQES/DAES. Nota Técnica No 32/2017/CGCQES/DAES, 2017a. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/notas_tecnicas/2016/nota_tecnica_n32_2017_cgcqes_daes_calculo_conceito_enade.pdf>. Acesso em: 30 out. 2017

CGCQES/DAES. Nota Técnica No 38/CGCQES/DAES, 2017b. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/notas_tecnicas/2016/nota_tecnica_n38_2017_cgcqes_daes_calculo_cpc.pdf>. Acesso em: 1 nov. 2017

CORENGIA, Á. et al. QUALITY ASSURANCE SYSTEMS OF HIGHER EDUCATION - THE CASE OF EUROPEAN INSTITUTIONS: ORIGIN, EVOLUTION AND TRENDS. Revista Gestão Universitária na América Latina - GUAL, v. 7, n. 3, p. 61–76, 2014.

CORREA, E. C. DE B. Possíveis Impactos das Novas Diretrizes do FIES e EaD nas Estratégicas os Oligopólios Educacionais. Revista de Defesa da Concorrência, v. 5, n. 1, p. 72–104, 16 maio 2017.

CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 2o Edição ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

CURY, C. R. J. Formação e conhecimento: perspectivas filosóficas e sociológicas. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas), v. 19, n. 3, p. 603–629, nov. 2014.

DA SILVA, M. O. Origem e desenvolvimento do Welfare State. Revista Políticas Públicas, v. 1, n. 1, p. 77–104, 2015.

DEITOS, R. Liberalismo educacional: o receituário de Milton Friedman. In: Estado, educação e sociedade capitalista. Cascavel: Edunioeste, 2008. p. 244.

DRAIBE, S.; HENRIQUE, W. Welfare State, crise e gestão da crise: um balanço da literatura internacional. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 3, n. 6, p. 53–78, 1988.

DRAIBE, S. M. O Welfare State no brasil: Características e Perspectivas. Caderno de pesquisa, Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da UNICAMP, v. 8, p. 57, 1993.

GARCIA, A. A. et al. UNIVERSIDADES PRIVADAS E O ENADE: QUAL CATEGORIA ADMINISTRATIVA TEM MELHOR DESEMPENHO NO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO. Revista Gestão Universitária na América Latina - GUAL, v. 9, n. 1, p. 01–20, 2016.

79

GISI, M. L.; PEGORINI, D. G. As políticas de acesso e permanência na educação superior: a busca da igualdade de resultados. Revista on line de Política e Gestão Educacional, v. 20, n. 1, p. 21–37, 1 jun. 2016.

GUPTA, D.; GUPTA, N. Higher Education in India: Structure, Statistics and Challenges. Journal of Education and Practice , v. 3, n. 2, p. 17–24, 2012.

HELENA SAMPAIO. O setor privado de ensino superior no Brasil: continuidades e transformações. Revista Ensino Superior, n. 4, p. 16, 2011.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Sinopses Estatísticas da Educação Superior 2015Brasilia, 2015. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-superior>

JUNIOR, A. DA S. TRAJETÓRIA DE CRESCIMENTO, GOVERNANÇA CORPORATIVA E GESTÃO UNIVERSITÁRIA: ESTUDO DE CASO EM TRÊS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO TIPO FAMILIAR, 2006. Disponível em: <http://www.fucape.br/_public/producao_cientifica/6/TESE ANNOR.pdf>. Acesso em: 11 out. 2017

LIMA, K. R. DE S. L. EXPANSÃO E REESTRUTURAÇÃO DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS E INTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE: o Programa REUNI. Revista de Políticas Públicas, v. Numero Esp, p. 441–452, 2012.

MAJONE, G. Do Estado positivo ao Estado regulador: causas e conseqüências de mudanças no modo de governança. Revista do Serviço Público, v. 50, n. 16, p. 5–36, 1999.

MAJONE, G. As transformações do Estado regulador. RDA – revista de Direito Administrativo, v. 262, p. 11–43, 2013.

MARTINS, C. A REFORMA UNIVERSITÁRIA DE 1968 E A ABERTURA PARA O ENSINO SUPERIOR PRIVADO NO BRASIL. Educação e Sociedade, Campinas, v. 30, n. 106, p. 15–35, 2009.

MARTINS, H. F. A ética do patrimonialismo ea modernização da administração pública brasileira. In: Cultura organizacional e cultura brasileira. São Paulo: Atlas, 1997.

MELO, D. DE; ZHA, Q. THE MASSIFICATION PROCESS IN CHINESE HIGHER EDUCATION. Revista Gestão Universitária na América Latina - GUAL, v. 8, n. 4, p. 134–152, 2015.

MENEGHEL, S. Políticas de Modernização da Universidade no Brasil: a Reforma Universitária de 1968 ea LDB/96. In: Faces do saber: desafios à educação do futuro. Florianopolis: Insular, 2002. p. 224.

NASCIMENTO, P. A. M. M.; VERHINE, R. E. Considerações sobre o investimento público em educação superior no Brasil. Repositório do Conhecimento do Ipea - Radar, p. 7–12, 2017.

NOGUEIRA, A. F. M.; OLIVEIRA, M. A. G. Mercantilização e relações de trabalho no ensino superior brasileiro. Rev. Ciênc. Admin, v. 21, n. 2, p. 335–364, 2015.

80

OLIVEIRA, Q. C. DA S.; COELHO, D.; CASTANHA, A. P. CONSIDERAÇÕES SOBRE AS AVALIAÇÕES EM LARGA ESCALA NO BRASIL E O PAPEL DOS ORGANISMOS INTERNACIONAIS: EFICIÊNCIA E PRODUTIVIDADE X QUALIDADE 1. Revista Eletrônica Política e Gestão Educacional, v. 19, p. 238 a 255, 2015.

OLIVEIRA, Z. D. R. B. B.; CARNIELLI, B. L. Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES): visão dos estudantes. Jornal de Políticas Educacionais, v. 4, n. 7, 30 jun. 2010.

OLIVEIRA, R. P. DE. A TRANSFORMAÇÃO DA EDUCAÇÃO EM MERCADORIA NO BRASIL. Educ. Soc., Campinas, v. 30, n. 108, p. 739–760, 2009.

PAIVA, A. N.; SEGUNDO, M. DAS D. M.; RABELO, J. J. O PNE (2014-2024) E A MERCANTILIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO: UMA ANÁLISE ONTO-CRÍTICA. Encontros Universitários da UFC - 2017. Disponível em: <http://periodicos.ufc.br/eu/article/view/14773>. Acesso em: 26 jun. 2017

PEDROSA, R. H. DE L.; AMARAL, E. M.; KNOBEL, M. Avaliando os resultados de aprendizado no ensino superior brasileiro. Ensino Superior UNICAMP, v. 12, p. 33–47, 2014.

PFEIFER, M.; GIARETA, P. F. EXPANSÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL: PANORAMA E PERSPECTIVA PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES. IX Congresso Nacional de Educação - EDUCERE, 2009. Disponível em: <http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3136_1612.pdf>. Acesso em: 11 out. 2017

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO 2014-2024. Senado, 2014. Disponível em: <http://www.observatoriodopne.org.br/uploads/reference/file/439/documento-referencia.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2017

POLIDORI, M. M.; MARINHO-ARAUJO, C. M.; BARREYRO, G. B. SINAES:PerspectivasPerspectivas e desafios na avaliação da educação superior brasileira. Ensaio: aval. pol. públ. Educ, v. 14, n. 53, p. 425–436, 2006.

PRATES, A.; COLARES, A. C. Desigualdade e expansão do ensino superior na sociedade contemporânea: O caso brasileiro do final do século XX ao princípio do século XXI. 1. ed. Belo Horizonte - MG: Fino Traço, 2014.

RIBEIRO, J. L. L. D. S. Avaliação das universidades brasileiras: as possibilidades de avaliar e as dificuldades de ser avaliado. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas), v. 16, n. 1, p. 57–71, 2011.

ROSANVALLON, P. A Crise do Estado-Providencia. Goiania: Editora da UFG, 1997.

SAMPAIO, H. O setor privado de ensino superior no Brasil: Continuidades e transformações. Revista Ensino Superior Unicamp, v. 1, p. 28–43, 2011.

SARMENTO, D. C. A universidade brasileira. Educação Brasileira, Brasília, DF, v. 13, n. 26, p. 129–145, 1996.

81

SCHWARTZMAN, J.; SCHWARTZMAN, S. O ensino superior privado como setor econômico. Avaliação de Políticas Públicas em Educação, v. 10, n. April, p. 411–440, 2002.

SCHWARTZMAN, S. O “ conceito preliminar” e as boas práticas de avaliação do ensino superior. Brasilia: ABMES, 2008. Disponível em: <https://www.researchgate.net/profile/Simon_Schwartzman/publication/224771460_O_conceito_preliminar_e_as_boas_praticas_de_avaliacao_do_ensino_superior/links/556c411608aeab7772216ccd.pdf>. Acesso em: 1 nov. 2017.

SCHWARTZMAN, S.; BROCK, C. Os desafios da educação no Brasil. Os desafios da educação no Brasil. Rio, 2005.

SILVA, K. M.; NOGUEIRA, J. M. Indicadores de gestão em conflito com indicadores de qualidade? Lições econômicas para a gestão universitária. Revista Gestão Universitária na América Latina - GUAL, v. 8, n. 4, p. 237–258, 2015.

SISPROUNI 2015. Bolsas ofertadas por ano, 2015. Disponível em: <http://prouniportal.mec.gov.br/images/pdf/Representacoes_graficas/bolsas_ofertadas_ano.pdf>. Acesso em: 23 out. 2017

SOARES, S. T. CONCEPÇÕES DE ESTADO E POLÍTICA EDUCACIONAL: UMA ANÁLISE COMPARATIVA A PARTIR DAS PERSPECTIVAS EPISTEMOLÓGICAS. Revista Eletrônica Política e Gestão Educacional, v. 6, p. 6–20, 2016.

SOBRINHO, J. D. AVALIAÇÃO: TÉCNICA E ÉTICA. Revista de Avaliação da Educação Superior, v. 6, n. 3, 2001.

SOUZA, D. B. DE. Avaliações Finais sobre o PNE 2001-2010 e Preliminares do PNE 2014-2024. Estudos em avaliação educacional, v. 25, n. 59, p. 140–170, 2014.

SOUZA, D. B. DE; SOUSA, G. J. A. DE. Planos Nacionais, Estaduais e Municipais de Educação no Brasil: Balanço Quali-quantitativo da Literatura Acadêmica (1996-2010). Revista Agenda Social, v. 6, n. 2, p. 50–70, 11 mar. 2013.

STALLIVIERI, L. O SISTEMA DE ENSINO SUPERIOR DO BRASIL CARACTERÍSTICAS, TENDÊNCIAS E PERSPECTIVAS, 2007.

TONEGUTTI, C. A. Um breve panorama do ensino superior privado no Brasil. Universidade e Sociedade, v. 60, p. 126–135, 2017.

WILENSKY, H. L. The Welfare State and Equality: Structure and Ideological Roots of Public Expenditures. Berkley: University of California Press, 1975.

82

ANEXO I

Kroton

IES NOME Cidade

215 UNIVERSIDADE DO GRANDE ABC Santo André

242 CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA Santo André

298 UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ Londrina

376 CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA DE SÃO PAULO São Paulo

457 UNIVERSIDADE BANDEIRANTE DE SÃO PAULO Osasco

515 CENTRO UNIVERSITÁRIO PLÍNIO LEITE Niterói

671 UNIVERSIDADE ANHANGUERA - UNIDERP Campo Grande

736 FACULDADE PITÁGORAS DE LINHARES Linhares

780 UNIVERSIDADE DE CUIABÁ Cuiabá

781 FACULDADE ANHANGUERA DE RONDONÓPOLIS Rondonópolis

891 FACULDADE ANHANGUERA DE BELO HORIZONTE Belo Horizonte

926 CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA DE CAMPO GRANDE Campo Grande

1.045 CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGÜERA Leme

1.173 FACULDADE ANHANGUERA DE BRASÍLIA Brasília

1.233 CENTRO UNIVERSITÁRIO CÂNDIDO RONDON Cuiabá

1.258 FACULDADE DE CIÊNCIAS APLICADAS DE CASCAVEL Cascavel

1.283 INSTITUTO MANCHESTER PAULISTA DE ENSINO SUPERIOR Sorocaba

1.305 FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS GERENCIAIS E EDUCAÇÃO

DE SINOP

Sinop

1.312 FACULDADES INTEGRADAS DE RONDONÓPOLIS Rondonópolis

1.345 FACULDADE ANHANGUERA DE OSASCO Osasco

1.412 FACULDADE ANHAGUERA DE JUNDIAÍ Jundiaí

1.442 FACULDADE DE DIREITO DE TANGARÁ DA SERRA Tangará da Serra

1.452 FACULDADE ATENAS MARANHENSE São Luís

1.456 FACULDADE ANHANGUERA DE SERTÃOZINHO Sertãozinho

1.478 FACULDADE ANCHIETA São Bernardo do

Campo

1.492 FACULDADE PITÁGORAS DE UBERLÂNDIA Uberlândia

1.499 FACULDADE ANHANGUERA DE TABOÃO DA SERRA Taboão da Serra

1.502 FACULDADE PITÁGORAS DE JUNDIAÍ Jundiaí

1.518 FACULDADE SANTA TEREZINHA Brasília

1.565 FACULDADE UNIME DE CIÊNCIAS JURÍDICAS Lauro de Freitas

1.571 FACULDADE UNIME DE CIÊNCIAS SOCIAIS Lauro de Freitas

1.587 FACULDADES INTEGRADAS DE TANGARÁ DA SERRA Tangará da Serra

1.632 FACULDADE PITÁGORAS DE LONDRINA Londrina

1.644 FACULDADE UNIME DE EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO Lauro de Freitas

83

1.668 FACULDADE DE NEGÓCIOS DE BELO HORIZONTE Belo Horizonte

1.710 FACULDADE DE NEGÓCIOS E TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO Brasília

1.731 FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Primavera do

Leste

1.767 FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Tangará da Serra

1.774 FACULDADE EDUCACIONAL DE PONTA GROSSA Ponta Grossa

1.776 FACULDADE DE TECNOLOGIA PROF LUIZ ROSA Jundiaí

1.777 FACULDADE METROPOLITANA DE GUARAMIRIM Guaramirim

1.784 FACULDADE ANHANGUERA DE SÃO CAETANO São Caetano do

Sul

1.818 FACULDADE PITÁGORAS DE BELO HORIZONTE Belo Horizonte

1.830 FACULDADE ANHANGUERA DE PASSO FUNDO Passo Fundo

1.847 FACULDADE ATENAS MARANHENSE DE IMPERATRIZ Imperatriz

1.883 FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E DA SAÚDE Lauro de Freitas

1.945 FACULDADE DE SORRISO Sorriso

2.005 FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DE SINOP Sinop

2.037 FACULDADE UNIME DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS Lauro de Freitas

2.191 FACULDADE ANHANGUERA DE PELOTAS Pelotas

2.194 FACULDADE ANHANGUERA DO RIO GRANDE Rio Grande

2.264 FACULDADE DE COMUNICAÇÃO PITÁGORAS UNIDADE

GUARAPARI

Guarapari

2.271 FACULDADE PITÁGORAS DE IPATINGA Ipatinga

2.319 ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO CORPORATIVA São José

2.324 FACULDADE UNIÃO BANDEIRANTE São José

2.330 FACULDADE CÂNDIDO RONDON - FCR Cuiabá

2.355 FACULDADE ANHANGUERA DE MATÃO Matão

2.398 INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DE CAMPO VERDE Campo Verde

2.437 FACULDADE PITÁGORAS DE TEIXEIRA DE FREITAS Teixeira de Freitas

2.511 FACULDADE DE DIREITO UNIDADE GUARAPARI Guarapari

2.576 FACULDADES PITÁGORAS UNIDADE GUARAPARI Guarapari

2.755 FACULDADE DO VALE DO ITAJAÍ MIRIM Brusque

2.756 FACULDADE ANHANGUERA DE VALPARAÍSO Valparaíso de

Goiás

2.773 FACULDADE DE MACAPÁ Macapá

2.775 FACULDADES INTEGRADAS DESEMBARGADOR SÁVIO BRANDÃO

- FAUSB

Várzea Grande

2.791 FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E EXATAS DE PRIMAVERA

DO LESTE

Primavera do

Leste

2.794 FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS SOBRAL PINTO Rondonópolis

2.944 FACULDADE DO SUL Itabuna

2.973 FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E BIOLÓGICAS E DA

SAÚDE

Primavera do

Leste

2.974 FACULDADE DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS APLICADAS DE

PRIMAVERA DO LESTE

Primavera do

Leste

84

3.034 FACULDADE DELTA Salvador

3.149 FACULDADE PITÁGORAS DE DIVINÓPOLIS - FPD Divinópolis

3.603 FACULDADES INTEGRADAS TORRICELLI Guarulhos

3.612 FACULDADE ANHANGUERA DE VALINHOS Valinhos

3.648 FACULDADE ANHANGUERA DE CUIABÁ Cuiabá

3.936 FACULDADE ANHANGUERA DE LIMEIRA Limeira

3.937 FACULDADE ANHANGUERA DE INDAIATUBA Indaiatuba

3.990 FACULDADE DE TECNOLOGIA ANCHIETA São Bernardo do

Campo

4.013 FACULDADE ANHANGUERA DE RIO CLARO Rio Claro

4.138 FACULDADE ANHANGUERA DE SANTA BÁRBARA Santa Bárbara

d'Oeste

4.141 FACULDADE ANHANGUERA DE TAUBATÉ Taubaté

4.157 FACULDADE METROPOLITANA DE RIO DO SUL Rio do Sul

4.251 FACULDADE DE TECNOLOGIA INED - UNIDADE LAGOA DA

PAMPULHA

Belo Horizonte

4.362 FACULDADE PITÁGORAS DE BETIM Betim

4.495 FACULDADE ANHANGUERA JARAGUÁ DO SUL Jaraguá do Sul

4.616 FACULDADE ANHANGUERA DE CAXIAS DO SUL Caxias do Sul

4.652 FACULDADE ANHANGÜERA DE SÃO JOSÉ São José dos

Campos

4.655 FACULDADE ANHANGÜERA DE SOROCABA Sorocaba

4.656 FACULDADE ANHANGÜERA DE PIRACICABA Piracicaba

4.826 FACULDADE ANHANGÜERA DE CAMPINAS Campinas

4.863 FACULDADE PITÁGORAS DE POÇOS DE CALDAS Poços de Caldas

4.865 FACULDADE PITÁGORAS DE SÃO LUIZ São Luís

4.867 FACULDADE PITÁGORAS DE GUARAPARI Guarapari

4.878 FACULDADE ANHANGUERA DE ITAPECERICA DA SERRA Itapecerica da

Serra

4.959 FACULDADE PITÁGORAS DE FEIRA DE SANTANA Feira de Santana

5.066 FACULDADE DE TECNOLOGIA INED - UNIDADE CONTAGEM Contagem

5.216 FACULDADE UIRAPURU Sorocaba

5.288 FACULDADE ANHANGÜERA DE RIBEIRÃO PRETO Ribeirão Preto

5.290 FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE BRASÍLIA Brasília

5.303 FACULDADE ANHANGÜERA DE DOURADOS Dourados

5.451 FACULDADE ANHANGÜERA DE BAURU Bauru

5.550 FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS Anápolis

5.555 FACULDADE ANHANGUERA DE JACAREÍ Jacareí

5.668 FACULDADE ANHANGUERA DE JOINVILLE Joinville

11.308 FACULDADE ANHANGUERA DE SUMARÉ Sumaré

11.750 FACULDADE PITÁGORAS DE VOTORANTIM - SOROCABA Votorantim

11.751 FACULDADE DE TECNOLOGIA INED - UNIDADE BETIM Betim

12.005 FACULDADE DE TECNOLOGIA INED - UNIDADE VENDA NOVA Belo Horizonte

85

12.946 FACULDADE DE MATO GROSSO Cuiabá

13.133 FACULDADE DE GOIÂNIA - UNIDADE 1 Goiânia

13.684 FACULDADE PITÁGORAS DE CONTAGEM Contagem

13.743 FACULDADE PITÁGORAS DE GOVERNADOR VALADARES Governador

Valadares

Estácio de Sá

IES NOME Cidade

163 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ Rio de Janeiro

793 CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO RADIAL DE SÃO PAULO - ESTÁCIO UNIRADIAL

São Paulo

862 FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE CAMPO GRANDE Campo Grande

916 FACULDADE DE CIÊNCIAS SAÚDE EXATAS E JURÍDICAS DE TERESINA

Teresina

924 FACULDADE INTERLAGOS DE EDUCAÇÃO E CULTURA São Paulo

986 FACULDADE DE EDUCAÇÃO E CULTURA MONTESSORI São Paulo

1058 CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DA BAHIA - ESTÁCIO FIB Salvador

1077 FACULDADE ESTÁCIO DO RECIFE - ESTÁCIO FIR Recife

1107 FACULDADE ESTÁCIO DO CEARÁ - ESTÁCIO FIC Fortaleza

1175 FACULDADES RIOGRANDENSES Porto Alegre

1181 FACULDADE BRASÍLIA DE SÃO PAULO São Paulo

1208 FACULDADE DE NATAL Natal

1270 CENTRO UNIVERSITÁRIO DO INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR COC

Ribeirão Preto

1280 FACULDADE ESTÁCIO COTIA - ESTÁCIO FAAC Cotia

1298 FACULDADE ESTÁCIO DE ALAGOAS - ESTÁCIO FAL Maceió

1415 FACULDADE MAGISTER São Paulo

1457 FACULDADE ESTÁCIO EURO- PANAMERICANA DE HUMANIDADES E TECNOLOGIAS - ESTÁCIO EUROPAN

Cotia

1486 FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE VITÓRIA Vitória

1496 FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE VILA VELHA Vila Velha

1509 FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE BELO HORIZONTE Belo Horizonte

1510 FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE SANTA CATARINA São José

1521 INSTITUTO DE ESTUDOS SUPERIORES DA AMAZÔNIA Belém

1547 FACULDADE DE MEDICINA ESTÁCIO DE JUAZEIRO DO NORTE Juazeiro do Norte

1590 FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS São Luís

1591 FACULDADE SEAMA Macapá

1659 FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE OURINHOS Ourinhos

1660 FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS E TECNOLÓGICAS FACITEC Brasília

1702 FACULDADE ATUAL DA AMAZÔNIA Boa Vista

1817 FACULDADE ESTÁCIO DE CURITIBA Curitiba

1986 FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE JUIZ DE FORA Juiz de Fora

2036 FACULDADE ESTÁCIO DO PARÁ - ESTÁCIO FAP Belém

2122 FACULDADE ESTÁCIO DE SERGIPE - ESTÁCIO FASE Aracaju

86

2380 FACULDADE ESTÁCIO DO AMAPÁ - ESTÁCIO FAMAP Amapá

2431 FACULDADE ESTÁCIO MONTESSORI DE IBIÚNA Ibiúna

2460 FACULDADE ESTÁCIO DE NATAL Natal

2501 FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÁS Goiânia

3170 FACULDADES INTEGRADAS ASSOCIAÇÃO DE ENSINO DE SANTA CATARINA

Florianópolis

3392 FACULDADE DA ACADEMIA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO E CULTURA

Rio de Janeiro

3779 FACULDADE DE TECNOLOGIA RADIAL SANTO ANDRÉ Santo André

3838 FACULDADE DE TECNOLOGIA DO UNIUOL João Pessoa

4009 FACULDADE DE TECNOLOGIA RADIAL CURITIBA Curitiba

4094 FACULDADE DE TECNOLOGIA IBRATEC DE JOÃO PESSOA João Pessoa

4277 FACULDADE LITERATUS Manaus

4566 FACULDADE DE EXCELÊNCIA EDUCACIONAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Natal

4169 FACULDADE NOSSA CIDADE Carapicuíba

4915 FACULDADE DE CASTANHAL Castanhal

Anima Educação

IES NOME Cidade

203 UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU São Paulo

344 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Belo Horizonte

349 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE Belo Horizonte

502 CENTRO UNIVERSITÁRIO MONTE SERRAT Santos

4766 FACULDADE UNA DE CONTAGEM Contagem

14028 FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE BETIM Betim

1351 INSTITUTO SUPERIOR TUPY - IST Joinville

3758 CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR ÚNICA Florianópolis

3437 FACULDADE DO LITORAL CATARINENSE Florianópolis

4045 FACULDADE DE TECNOLOGIA TUPY CURITIBA Curitiba

Ser Educacional

IES NOME Cidade

383 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA Belém

481 UNIVERSIDADE GUARULHOS Guarulhos

757 FACULDADES INTEGRADAS DO TAPAJÓS Santarém

1055 FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU DE SALVADOR Salvador

1318 FACULDADE JUVÊNCIO TERRA Vitória da Conquista

1504 FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU DE MACEIÓ Maceió

1552 FACULDADE PIAUIENSE Parnaíba

1582 FACULDADE DECISÃO Paulista

87

1683 FACULDADE PIAUIENSE Teresina

1910 FACULDADE BAIANA DE CIÊNCIAS Lauro de Freitas

2835 FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU Recife

3817 FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU DE JOÃO PESSOA João Pessoa

3853 FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU DE NATAL Natal

3879 FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU DE CAMPINA GRANDE Campina Grande

4118 FACULDADE JOAQUIM NABUCO - PAULISTA Paulista

4121 FACULDADE TOBIAS BARRETO Aracaju

4135 FACULDADE SANTA DOROTÉIA DO AMAZONAS Manaus

4153 FACULDADE JOAQUIM NABUCO RECIFE Recife

4197 FACULDADE ALIANÇA Teresina

4742 FACULDADE SANTA EMÍLIA Olinda

10588 FACULDADE LÍDER São Lourenço da Mata

13982 FACULDADE UNIVERSO Belém

14321 FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU DE FORTALEZA Fortaleza

14717 FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU DE CARUARU Caruaru

17284 FACULDADE DE TECNOLOGIA INESUL DO MARANHÃO São Luís

610 CENTRO UNIVERSITÁRIO METODISTA BENNETT Rio de Janeiro

16943 Faculdade Talles de Mileto Parnamirim

88

ANEXO II

89

ANEXO III

Exemplo do arquivo consolidado das informações do Censo da Educação Superior:

90