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PONTIF˝CIA UNIVERSIDADE CATLICA DE SˆO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PS-GRADUADOS EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL: AN`LISE DO COMPORTAMENTO IGUALDADE OU DESIGUALDADE EM PEQUENO GRUPO: Um anÆlogo experimental de manipulaªo de uma prÆtica cultural. Christian Vichi PUC-SP Sªo Paulo 2004

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO...Vichi, C. (2004). Igualdade ou desigualdade em pequeno grupo: Um anÆlogo experimental de manipulaçªo de uma prÆtica cultural

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  • PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

    PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL:

    ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

    IGUALDADE OU DESIGUALDADE EM PEQUENO GRUPO:

    Um análogo experimental de manipulação de uma prática cultural.

    Christian Vichi

    PUC-SP

    São Paulo 2004

  • PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

    PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM PSICOLOGIA EXPERIMENTAL:

    ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

    IGUALDADE OU DESIGUALDADE EM PEQUENO GRUPO:

    Um análogo experimental de manipulação de uma prática cultural.

    Christian Vichi

    Dissertação apresentada à BancaExaminadora da Pontifícia UniversidadeCatólica de São Paulo, como exigênciaparcial para obtenção do título de Mestre emPsicologia Experimental: Análise doComportamento, sob a orientação da Profª DrªMaria Amália Pie Abib Andery

    Projeto de pesquisa parcialmente financiado

    pela CAPES

    PUC- SP

    São Paulo 2004

  • IGUALDADE OU DESIGUALDADE EM PEQUENO GRUPO:

    Um análogo experimental de manipulação de uma prática cultural.

    Christian Vichi

    BANCA EXAMINADORA

    ______________________________________________

    Nome e assinatura

    ______________________________________________

    Nome e assinatura

    ______________________________________________

    Nome e assinatura

    Dissertação defendida e aprovada em: _______ / _________ / __________

  • Aos meus Pais, por tudo.

    À Ana Paula, por sua constante presença e carinho.

  • AGRADECIMENTOS

    Aos meus pais, sem os quais não estaria aqui hoje.

    À minha família.

    À Ana Paula, que sempre esteve ao meu lado.

    À Amália, minha orientadora, por sempre consequenciar meus comportamentos e me mostrar as

    direções.

    Aos meus professores Amália, Téia, Nilza e Roberto, sempre os terei como modelo.

    À Marina, Paola, Renata, Jéssica, Naira, Carolina, Marilu e Renato sem vocês este trabalho

    certamente não existiria.

    À Danielle, Luis, Evelyn e Rafael, grandes amigos que muito me ajudaram.

    Aos meus colegas do Laboratório de Psicologia Experimental da PUC-SP pela difícil tarefa de

    me ajudar na coleta de reforçadores.

    À Universidade São Francisco por me proporcionar um local perfeito de coleta.

    Aos professores da Universidade São Francisco pela ajuda no recrutamento de participantes. Um

    agradecimento especial à Prof ª Anália que calorosamente me recebeu (uma vez mais).

    Ao Prof. W. David Pierce pelo gentil envio de sua tese de doutorado apesar de toda distância que

    nos separa.

    À Sueli, Tupã, Rita e Eliana pelo empréstimo de tão valiosos e necessários equipamentos.

    À CAPES por fornecer tão importante suporte financeiro a este trabalho.

    Ao meus grande amigos Giuliano e Nicolau pelas suas idéias e por nossas discussões.

  • Escolhemos o caminho errado desde o princípio quando supomos

    que nossa meta é mudar a mente e o coração dos homens e

    mulheres, no lugar do mundo no qual eles vivem.

    B. F. Skinner

  • SUMÁRIO

    1 - INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1

    2 - MÉTODO ................................................................................................................................ 19

    2.1 Participantes ............................................................................................................. 19

    2.1.1 Recrutamento ............................................................................................ 19

    2.2 Material .................................................................................................................... 19

    2.3 Setting ...................................................................................................................... 20

    2.4 Procedimento ........................................................................................................... 20

    2.4.1 Instruções .................................................................................................. 20

    2.4.2 Sessões ...................................................................................................... 23

    2.4.2.1 - Descrição Geral da Tarefa .......................................................... 23

    2.4.2.1.1 - a) O que acontecia a cada jogada (ou tentativa) ........... 23

    2.4.2.1.2 - b) O que o experimentador fazia: ................................. 23

    2.4.2.1.3 - c) O que fazia cada um dos participantes ..................... 24

    2.4.2.2 - Caixa dos jogadores: ................................................................... 24

    2.4.3 - Delineamento Experimental ...................................................................... 25

    2.4.3.1 - Condições Experimentais ........................................................... 25

    2.4.3.1.1 - Condição Experimental A ............................................ 26

    2.4.3.1.2 - Condição Experimental B ............................................ 26

    2.4.3.2 - Mudança de Condição Experimental .......................................... 27

    2.4.4 Registros .................................................................................................... 27

    2.4.4.1 - Sobre os investimentos ............................................................... 27

    2.4.4.2 - Sobre a escolha da fileira ........................................................... 28

    2.4.4.3 - Sobre a distribuição de fichas ganhas ......................................... 28

    2.4.4.4 - Sobre a conseqüência .................................................................. 28

    2.4.4.5 - Sobre o tempo ............................................................................. 28

    2.4.4.6 Cadernos ..................................................................................... 28

    2.4.4.7 - Descrição verbal das sessões ...................................................... 28

  • 3 RESULTADOS ..................................................................................................................... 30

    3.1 - Mudança da prática de distribuição de fichas ganhas ...............................................30

    3.2 - Ganhos de cada participante ..................................................................................... 36

    3.3 - Depósito de fichas na caixa dos jogadores .............................................................. 49

    3.4 - Análise do registro verbal escrito das sessões .......................................................... 53

    3.5 - Respostas ao questionário Final ............................................................................... 58

    4 DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 66

    5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .................................................................................... 71

    6 - ANEXOS ................................................................................................................................. 74

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura número

    1 - Organização dos 8 participantes divididos em dois grupos experimentais e as condições

    experimentais a que cada grupo foi exposto ................................................................................. 26

    2 - Conseqüências aplicadas para cada tipo de divisão das fichas nas condições experimentais A e

    B .................................................................................................................................................... 27

    3 - Acertos acumulados sessão a sessão para o Grupo 1. As cores de fundo indicam a condição

    experimental vigente, a cor branca é a condição A e a cinza condição B. Os losangos brancos nas

    linhas referem-se aos momentos de intervenção do experimentador ........................................... 31

    4- Acertos acumulados sessão a sessão para o Grupo 1. As cores de fundo indicam a condição

    experimental vigente, a cor branca é a condição A e a cinza condição B. Os losangos brancos nas

    linhas referem-se aos momentos de intervenção do experimentador ........................................... 35

    5 - Apostas e ganhos de fichas acumuladas para cada participante do Grupo 1 ao final de cada

    uma das nove sessões experimentais ............................................................................................ 37

    6 - Curvas de ganhos reais de fichas para cada participante do Grupo 1 ao longo das nove sessões.

    As letras A ou B que aparecem indicam a condição experimental vigente e as linhas verticais a

    mudança de condição experimental .............................................................................................. 39

    7 - Apostas e ganhos de fichas acumuladas para cada participante do Grupo 1 ao longo de cada

    uma das trinta jogadas da Sessão5 ................................................................................................ 41

    8 - Apostas e ganhos de fichas acumuladas para cada participante do Grupo 2 ao final de cada

    uma das nove sessões experimentais . .......................................................................................... 43

  • 9 - Apostas e ganhos de fichas acumuladas para cada participante do Grupo 2 ao final de cada

    uma das nove sessões experimentais sobrepostas ........................................................................ 44

    10 - Fichas apostadas e ganhas por cada participante do Grupo 2 a cada jogada da Sessão 7 ..... 45

    11 - Curvas de ganhos reais de fichas para cada participante do Grupo 2 ao longo das nove

    sessões. As letras A ou B que aparecem indicam a condição experimental vigente e as linhas

    verticais a mudança de condição experimental. Erros e acertos são sinalizados logo acima do

    número da jogada .......................................................................................................................... 47

    12 - Fichas acumuladas pelo Grupo 1 na Caixa dos Jogadores ao longo das nove sessões

    experimentais. As cores de fundo indicam a condição experimental vigente, a cor branca é a

    condição A e a cinza condição B .................................................................................................. 50

    13 - Fichas acumuladas pelo Grupo 2 na Caixa dos Jogadores ao longo das nove sessões

    experimentais. As cores de fundo indicam a condição experimental vigente, a cor branca é a

    condição A e a cinza condição B .................................................................................................. 52

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro número

    1 - Presença x ausência dos participantes dos Grupos 1 e 2 ao longo das nove sessões

    experimentais. As letras P indicam presença e os fundos indicam a condição experimental pela

    qual os grupos passaram. Alguns fundos podem parecer deslocados, porém indicam que o grupo

    em questão mudou de condição experimental no meio, no começo ou final da sessão em questão .

    ....................................................................................................................................................... 25

    2 Agrupamento dos diferentes conjuntos de variáveis registrados nos cadernos pelos

    participantes de ambos os grupos ao longo das nove sessões experimentais ............................... 55

    3 - Utilização dos diferentes conjuntos de variáveis empregados pelos participantes de ambos os

    grupos a cada sessão experimental ............................................................................................... 57

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela número

    1 - Divisão das fichas depositadas na caixa dos jogadores ao final da última sessão experimental

    Sessão 9 para os Grupos 1 e 2 ................................................................................................ 53

  • RESUMO

    Vichi, C. (2004). Igualdade ou desigualdade em pequeno grupo: Um análogo experimental demanipulação de uma prática cultural. Dissertação de Mestrado. São Paulo: PontifíciaUniversidade Católica de São Paulo.

    Para Skinner o comportamento humano é determinado por variáveis filogenéticas, ontogenéticase culturais, segundo o modelo de seleção por conseqüências. Também as práticas culturais sãomantidas, segundo Skinner, pelas suas conseqüências para o grupo: entre elas, os resultadosagregados que produzem. Experimentos acerca da seleção de tais práticas, raros na análise docomportamento, têm sido conduzidos por sociólogos e psicólogos sociais, como Wiggins. Nopresente trabalho investigou-se a possibilidade de alterar o modo como os participantes de umgrupo experimental distribuíam seus ganhos em um jogo de apostas distribuições igualitárias ounão - manipulando somente os resultados agregados produzidos por este grupo o sucesso oufracasso no jogo. Participaram oito universitários distribuídos em dois grupos, que passarampelas mesmas condições experimentais em diferentes seqüências. A mudança de condiçãoexperimental dependia de estabilidade no desempenho do grupo. Num jogo de apostas cadaparticipante do grupo apostava fichas e com seus colegas debatia e escolhia um resultadopossível. Se a aposta fosse anunciada como certa o grupo recebia de volta o dobro doinvestimento feito, se a aposta fosse errada, o grupo recebia metade das fichas apostadas. Oresultado era anunciado pelo experimentador e dependia (sem o conhecimento dos participantes)do modo como o grupo havia distribuído as fichas entre os membros na jogada anterior. Nacondição experimental A se a distribuição das fichas era igualitária entre todos os seusintegrantes na jogada anterior a aposta seguinte era anunciada como certa. Na condição Bacerto seguia uma divisão desigual. Os resultados mostram que o procedimento foi eficaz emalterar o modo como os integrantes dos grupos distribuíam os recursos obtidos. Os resultadosmostraram também que a mudança no desempenho dos participantes foi mais difícil quandoganhar era seguido de distribuição desigual dos resultados das apostas. Relatos verbais coletadosao final do experimento indicam que nenhum participante foi capaz de descrever verbalmente asvariáveis responsáveis pelo sucesso na tarefa. Discute-se a possibilidade de interpretar asmanipulações feitas e seus resultados em termos da noção de metacontingências.

    Orientador: Maria Amália Pie Abib Andery

    Linha de Pesquisa: Processos básicos na análise do comportamento.

    Palavras-chave: comportamento social contingências sociais grupo contingência metacontingência análise experimental do comportamento.

  • ABSTRACT

    Vichi, C. (2004). Equality or inequality in small group: an experimental analogy of a culturalpractice manipulation. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

    For Skinner the human behavior is determined by phylogenetic, onthogenetic and culturalvariables, according to the selection by consequences model. The cultural practices are also kept,according to Skinner, for its consequences for the group: the aggregated outcome among them.Experiments concerning the selection of such practices, rare in the behavior analysis, have beenconducted for sociologists and social psychologist, as Wiggins. In the present work wasinvestigated the possibility to modify the way that the participants of an experimental groupdistribute their profit in a gamble game equall distributions or not manipulating only theaggregated outcomes produced by the group the success or failure in the game. Eight collegesstudents distributed in two groups had participated; they had passed for the same experimentalconditions in different sequences. The change of experimental condition depended on stability inthe performance of the group. In a gamble game each member of the group bet tokens and withtheir colleagues debated and choose a possible result. If the bet was announced as correct, thegroup received in return the double of the investment, if the bet was incorrect, the group receivedhalf from the bet tokens. The result was announced by the experimenter and depended (withoutthe knowledge of the participants) on the way as the group had distributed the tokens among themembers in the previous turn. In the experimental condition A, if the distribution of the tokenswere equall among all its members in the previous turn, it was announced as correct. Incondition B the success was a result of an unequall division. The results show that theprocedure was effective in modifying the way as the integrants of the groups distribute the gottenresources. The results had also shown that the change in the performance of the participants wasmore difficult when the success was followed by unequall distribution of the bets outcomes.Verbal reports collected at the end of the experiment indicate that no participant was capable toverbally describe the variable responsible for the success in the task. It is discussed the possibilityto interpret the manipulations made in the group and its results in terms of the metacontigenciesnotion.

    Key words: social behavior social contingencies group contingencies metacontingencies experimental analysis of behavior.

  • 1

    Skinner (1953) estabelece como objeto de estudo de sua ciência o comportamento;

    definido por ele como relação entre o organismo e o ambiente. Em uma das relações

    organismo ambiente definidoras de comportamento, se um determinado organismo que emite

    uma resposta é sensível às conseqüências que esta produz, a probabilidade desta resposta é

    alterada por tais conseqüências, a isso se chama contingência de reforço que poderia ser

    descrita em termos de se... então (Souza, 1999).

    Sabendo-se que, deste ponto de vista, o ambiente determina o comportamento de um

    organismo, não podemos ignorar o fato de que uma parte importante do ambiente de uma

    pessoa é composta por outras pessoas - nas palavras de Skinner (1953) seu ambiente

    social. Não somente os analistas do comportamento, mas também os psicólogos de modo

    geral reconhecem que sequer se poderia falar de comportamento humano sem olhar para o

    comportamento social e assim o ambiente social. É certo que um humano pode controlar o

    comportamento de outro sendo estímulo discriminativo (SD) ou uma conseqüência a certas

    ações, porém esta relação vai além disso e os indivíduos passam mediar as conseqüências do

    comportamento uns dos outros de modo que o próprio comportamento de um adquire

    controle sobre o do outro sendo reforçador ou aversivo exatamente como no caso do

    comportamento verbal que é típico dos seres humanos e pode vir a controlar também o

    comportamento não verbal de várias formas (Skinner, 1957).

    Ainda em 1953, tornando a análise mais complexa, Skinner aponta que o

    comportamento social não esta somente no controle do comportamento de um indivíduo

    sobre o outro, duas ou mais pessoas podem se organizar de forma a controlar o

    comportamento de outra(s), surgindo assim um tipo de controle pelo grupo. Estes grupos de

    pessoas podem ser mais ou menos organizados e podem ter procedimentos

    inconsistentemente mantidos, entretanto podem surgir dentro deles algumas agências

    controladoras muito bem organizadas e freqüentemente eficientes em controlar o

    comportamento de alguns indivíduos, surgindo assim um sistema social.

    O comportamento dos indivíduos dentro de um grupo, em geral, é facilmente

    explicado por uma análise das contingência sociais de reforço operando, porém explicar as

    contingências acaba sendo um problema, pois num ambiente social muitas delas são

    arranjadas de forma a nos parecer arbitrárias. No entanto estas contingências possivelmente

    estão relacionadas a organização das pessoas no grupo que, segundo Skinner (1953), permite

    que seus integrantes produzam conseqüências que seriam impossíveis de serem produzidas

    individualmente, e de forma que:

  • 2

    As conseqüências reforçadoras geradas pelo grupo excedam facilmente os totais das

    conseqüências que poderiam ser conseguidas pelos membros se agissem

    separadamente. O efeito reforçador total é enormemente acrescido. (Skinner, 1953, p.

    341 grifos meus)

    Para Skinner a determinação dos fenômenos comportamentais se dá em três níveis de

    variação e seleção: o filogenético, o ontogenético e o cultural. No nível filogenético estão as

    contingências de sobrevivência que produzem a seleção natural das espécies, no nível

    ontongenético estão as contingências de reforço responsáveis pela aquisição do repertório

    comportamental e no terceiro nível estão contingências especiais responsáveis pela

    seleção de um ambiente social (Skinner, 1981). A noção de que existiria um terceiro nível

    operando e selecionando as práticas culturais já aparece já em 1953 no trabalho de Skinner e

    vem recentemente sendo abordada de modo bastante enfático pelo conceito de

    metancontingências (Glenn, 1986; 1988; 1991), que é:

    ... a unidade de análise que descreve as relações funcionais entre uma classe de

    operantes, cada operante tendo sua própria conseqüência, imediata e única, e uma

    conseqüência a longo prazo, comum a todos os operantes na metacontingência. (Glenn,

    1986, p. 2)

    O conceito de metacontingência (Glenn, 1986; 1988; 1991) tem sido utilizado na

    tentativa de descrever e clarificar o que Skinner chamou em 1981 de contingências

    especiais que operam na determinação do comportamento individual por meio de sua

    seleção do ambiente social e ajudando assim a análise do comportamento a tratar de

    complexos fenômenos de cunho social mais amplamente falando e que em geral são

    reconhecidamente foco de interesse de outras ciências como a antropologia, sociologia ou

    economia.

    Os analistas do comportamento desde Skinner (1948) e cada vez mais

    freqüentemente, também tem tido interesse nestes fenômenos sociais de maior complexidade

    fazendo algumas tentativas de análise de amplos sistemas econômicos ou sociais (Kunkel,

    1970; Rakos, 1991; Lamal, 1991), porém aparentemente não se tem sido acumulados grandes

    dados empíricos sobre estes fenômenos.

    Dentro da psicologia, a psicologia social historicamente também tem tomado como

    seu objeto de estudo os fenômenos ditos de natureza social abordando-os de diferentes

  • 3

    perspectivas teóricas e com diferentes abordagens metodológicas por meio de estudos

    comparativos, descritivos, históricos ou outros. Existe porém um determinado grupo de

    psicólogos conhecidos como psicólogos sociais experimentais que tem adotado uma

    perspectiva experimental para abordar os fenômenos sociais. Este grupo de psicólogos

    juntamente com alguns sociólogos - procuraram manipular variáveis independentes e medir

    direta ou indiretamente - os efeitos desta manipulação sobre uma variável dependente que

    hipotetizavam estar sob controle da independente, conseguindo assim uma análise em termos

    de variáveis de controle no comportamento dos indivíduos que compunham pequenos

    grupos experimentais em situações controladas de laboratório. Esta metodologia dos

    psicólogos sociais experimentais vem sendo utilizada para estudar alguns problemas

    próprios da psicologia social como por exemplo a mudança na estrutura de poder ou de

    hierarquia de um grupo (Bavelas, Hastoff, Gross e Kite, 1965), as regras de alocação de

    recursos (Sell e Martin, 1989) e diferentemente de uma perspectiva comportamental radical,

    nestes estudos o grupo é muitas vezes tomado como o foco de análise e não o indivíduo,

    portanto é comum a comparação entre grupos.

    Neste trabalho serão apresentadas algumas pesquisas de alguns destes psicólogos

    sociais experimentais, pois seus métodos de pesquisa com pequenos grupos parecem ser

    promissores e apresentam algumas interessantes possibilidades de pesquisa em situações

    sociais para a análise do comportamento.

    Um sociólogo pertencente a este grupo de pesquisadores é James Wiggins (1969) e

    aponta que basicamente os problemas de pesquisa abordados por esta área de investigação se

    concentram primariamente em dois pólos: (A) aqueles que investigam eventos antecedentes

    sobre os comportamentos dos sujeitos de um grupo como sexo, raça, idade - como

    estímulos antecedentes controlando o comportamento de terceiros e (B) os que se

    concentram em investigar os eventos conseqüentes aos comportamentos dos indivíduos em

    grupos.

    Nosso interesse neste trabalho está voltado para o segundo pólo de pesquisas que

    poderia, segundo Wiggins (1969), ser subdividido em dois conjuntos: (B1) estudos que

    investigam as conseqüências que retroagem individualmente e diretamente sobre os

    comportamentos dos integrantes dos grupos e (B2) estudos que investigam conseqüências

    que retroagem sobre o grupo como um todo e não diretamente sobre o comportamento de

    cada participante. Algumas pesquisas experimentais tentaram investigar estas relações tanto

    em termos de (B1) conseqüências imediatas e providas pelos outros integrantes do grupo, tais

    como a aceitação, ou a atenção de um integrante talvez com maior status, quanto em termos

  • 4

    de (B2) conseqüências produzidos pelo grupo como um todo, por exemplo um determinado

    montante de dinheiro ganho numa aposta decidida coletivamente. Serão descritas agora as

    pesquisas mais significativas de ambos os conjuntos :

    B1) Estudos que investigam as conseqüências que retroagem individualmente e

    diretamente sobre os comportamentos dos integrantes dos grupos.

    Bavelas, Hastoff, Gross e Kite (1965) conduziram um conjunto de cinco experimentos

    nos quais conseguiram promover uma mudança de posição hierárquica entre integrantes

    de seus grupos experimentais medida através de um questionário sociométrico no qual cada

    membro do grupo avaliava o outro -, manipulando diretamente (reforçando ou punindo) a

    duração maior ou menor de emissão de respostas verbais de cada participante,

    individualmente. Estes pesquisadores trabalharam com a hipótese de que os comportamentos

    relacionados com o fenômeno conhecido popularmente como liderança são normalmente tão

    complexos que é muito difícil replicá-los na íntegra. Afirmam, porém, que uma das

    características conhecidas destes comportamentos é o número ou duração de respostas

    verbais emitidas pelos sujeitos que são classificados como líderes pelos demais integrantes

    de um grupo. Sendo assim, conduziram seus experimentos para averiguar a hipótese da

    relação entre o índice sociométrico1 e o número ou duração de respostas verbais emitidas

    pelo líder. Para fazer tal experimento Bavelas e cols. (1965) utilizaram 46 grupos compostos

    por quatro participantes, cada um, que interagiam entre si nove grupos eram de controle,

    nove participaram do Experimento I, sete do Experimento II, sete do III, sete do IV e sete V.

    Os participantes sentavam-se numa mesa onde em cada um dos quatro lugares havia

    compartimentos que acomodavam duas luzes - uma luz vermelha e uma verde. Os

    compartimentos ficavam localizados bem em frente de cada participante de modo que cada

    um só via suas próprias luzes. Então cada grupo passava por 3 períodos de 10 minutos de

    discussão sobre problemas de relações humanas.

    Era dada uma instrução, antes do experimento, dizendo que se tratava de um

    experimento investigando técnicas de discussão em grupo numa perspectiva educacional

    (p. 57) e que as luzes sinalizariam a cada participante se este estava contribuindo para o

    avanço da discussão acendendo a luz verde, ou se estava atrapalhando o avanço da discussão,

    acendendo a luz vermelha. Os participantes faziam dez minutos iniciais de discussão, sem

    1 Por índice sociométrico entende-se uma pontuação dada por um questionário a ser respondido pelosparticipantes em certos períodos das discussão.

  • 5

    manipulação da conseqüência (acender / apagar a luz), para extrair-se uma linha de base e

    para indicar qual participante teria sua resposta verbal "reforçada" (seguida de luz verde) o

    que emitisse o segundo menor número delas2 e quais os participantes que teriam suas

    respostas verbais "punidas" (seguidas de luz vermelha) o que emitisse o maior número

    delas.

    Após cada período de discussão os participantes respondiam também a um conjunto

    de questionários sociométricos, nos quais deveriam classificar a si mesmos e cada um dos

    seus companheiros em quatro itens: (1º) quantidade de participação, (2º) qualidade das idéias,

    (3º) efetividade em guiar a discussão em grupo, (4º) habilidade geral de liderança. Estes

    questionário era aplicado depois dos 10 minutos iniciais de discussão. A partir das respostas

    dos participantes ao questionário, estes eram classificados segundo uma ordem na qual o

    participante melhor avaliado, tanto pelo questionário sociométrico quanto pela mensuração

    do tempo de fala, receberia o código arbitrário de M-1, o segundo M-2, o terceiro TP3 e o

    quarto de M-3. Segundo os dados coletados, tal classificação feita pelos indivíduos dos

    demais membros do grupo, na maioria das vezes, estava de acordo com o tempo de emissão

    de respostas verbais de cada sujeito na Linha de Base. Quando os resultados do índice

    sociométrico e do tempo de emissão de respostas verbais não eram semelhantes em termos

    da ordenação a que conduziam, utilizava-se como critério para a classificação hierárquica dos

    participantes a quantidade de tempo falando.

    Iniciada a fase experimental, quando o participante TP fizesse afirmações

    declarativas ou emitisse uma opinião (p. 58) a luz verde em frente a ele piscava; da mesma

    forma; se o participante ficasse muito tempo em silêncio, a luz vermelha piscava. A

    conseqüência era diferente para os demais sujeitos: luzes vermelhas se acendiam se falassem

    freqüentemente e luzes verdes eram ocasionalmente acesas por interagir com TP, ou por

    ficarem em silêncio. O critério para a aplicação da contingência neste Experimento I foi

    pouco controlado: o operador das luzes tinha como tarefa simplesmente aumentar

    intuitivamente o nível de participação verbal de TP e reduzir o dos demais integrantes do

    grupo. Depois de mais dez minutos de discussão com a aplicação da conseqüência (luzes),

    um novo questionário era respondido; depois de mais dez minutos um terceiro, quando o

    experimento se encerrava.

    2 Escolher o sujeito que emitisse o segundo menor número de respostas verbais, medidas por tempo de fala, foium critério adotado para evitar a escolha de um possível sujeito que tivesse um nível operante tão baixo a pontode não emitir nenhuma resposta para ser reforçada, ou seja, um possível sujeito calado.3 Abreviação de Target Person (Pessoa Alvo), pois seria o foco da intervenção.

  • 6

    O experimento foi muito bem sucedido, pois houve uma mudança no índice

    sociométrico inicial de TP que ocupava uma baixa posição hierárquica no grupo e emitia

    poucas respostas verbais, para um índice em que passou a ocupar a primeira posição

    hierárquica e houve uma mudança no tempo de fala durante as sessões, que se tornou maior

    que dos demais sujeitos. Estes dados são mostrados em termos de porcentagem do tempo de

    fala de TP e dos demais participantes em relação ao tempo total de fala do grupo e a média de

    ranking em que TP foi classificado.

    Os Experimentos II e III procuraram investigar, usando um grupo diferente de

    participantes, se o aumento no ranking sociométrico, encontrado no Experimento I, se deveu

    a alguma categoria específica de comportamento verbal ou à emissão geral de respostas

    verbais.

    No segundo experimento, as luzes conseqüências - piscavam automaticamente por

    meio de um aparelho que contava eventos de fala possivelmente tempo de duração da fala -

    fazendo com que o conteúdo fosse desprezado. Todos os sujeitos receberam 25 eventos às

    suas respostas que poderiam ser uma luz verde, uma luz vermelha, ou nenhuma: TP recebeu

    15 eventos de luzes verdes ao falar, 10 de nenhuma luz e uma luz vermelha por 45 segundos

    de silêncio contínuo. Embora no relato de Bavelas e cols. (1965) não esteja especificado

    exatamente o que controlaria a definição de um não evento, ou seja, quando nenhuma luz

    se acendia sabe-se que o evento que gera luz verde ou vermelha é o tempo de fala de cada

    sujeito. Os sujeitos M-1, M-2 e M-3 recebiam sete luzes vermelhas, duas verdes e 16

    apagadas.

    Os resultados indicaram que mesmo no segundo experimento onde o conteúdo da

    fala era ignorado os percentuais de tempo de participação verbal de TP aumentaram e seu

    índice sociométrico mudou, no entanto de forma menos expressiva do que no primeiro

    experimento. No Experimento III, a conseqüência luz verde e vermelha era apresentada

    em intervalos sucessivos de 5 minutos e com uma distribuição randômica de luzes,

    semelhante a um esquema de reforço FT (Tempo Fixo). Novamente, as luzes eram

    controladas por um experimentador munido de uma tabela com o esquema de reforço e um

    relógio para contagem do tempo.

    Os resultados encontrados nos índices sociométricos deste terceiro experimento

    mostraram pouca ou nenhuma diferenciação de status entre os sujeitos e, às vezes, valores

    ainda menores, em relação ao grupo controle.

    Nos Experimentos IV e V a variável que Bavelas e cols (1965) tentaram isolar foi a

    conseqüência responsável pelo aumento do índice sociométrico de TP nos Experimentos I e

  • 7

    II: se era o "reforço" das respostas verbais de TP, ou a "punição" das respostas dos sujeitos

    M, ou, ainda, se seria uma combinação das duas contingências. Portanto, no Experimento IV

    apenas as respostas verbais de TP sofriam o efeito das conseqüências, enquanto as luzes para

    os sujeitos M ficaram. No experimento V apenas as respostas dos sujeitos M eram

    conseqüenciadas e as luzes de TP é que ficaram desligadas.

    Os resultados destes experimentos indicaram que a quantidade de respostas verbais de

    TP nos períodos 2 e 3 do Experimento IV não apresentaram diferenças em relação ao grupo

    controle onde não havia manipulação nenhuma nos três períodos de discussão - e no

    Experimento V as diferenças entre os três períodos de discussão foram tão pequenas que

    puderam ser consideradas desprezíveis. Os resultados levaram os autores a concluir que

    ambas as contingências são necessárias para mudar a taxa de emissão de respostas verbais e a

    posição no índice sociométrico de TP no grupo: "reforçar" as respostas de TP e "punir" as

    respostas dos demais sujeitos.

    Os experimentos de Bavelas e cols. (1965) mostraram que o procedimento

    principalmente do Experimento I - foi efetivo para alterar a taxa de participação verbal e a

    posição sociométrica dos participantes no grupo. Os resultados mostraram também uma

    correlação entre o que poderíamos chamar de percepção de liderança e a quantidade de

    respostas verbais emitidas: indivíduos que falaram mais obtiveram melhores posições no

    índice sociométrico em relação aos que menos falaram.

    Nesta mesma linha de investigação, numa tentativa de aprimorar os procedimentos e

    clarificar o controle das variáveis sobre a estrutura de um grupo, Pierce (1975) diferenciou o

    efeito do que ele chama de reforçamento centrado no indivíduo, que diz respeito ao

    manuseio de uma contingência de reforço sobre as respostas de cada sujeito - como nos

    experimentos de Bavelas, Hastoff, Gross e Kite (1965) anteriormente descritos - do

    reforçamento mediado pelo grupo, quando um participante é responsável por assegurar os

    resultados positivos para o grupo (como poderia ocorrer no experimento de Wiggins,

    (1969) que será descrito mais adiante), caso um indivíduo se revelasse um expert em prever a

    escolha do experimentador.

    Uma vez feita esta distinção, a preocupação de Pierce foi de investigar as variáveis

    envolvidas na distribuição e mudança da ordem hierárquica entre os participantes de um

    grupo, mas enfocando o efeito do que ele chamou de contingências RCI (Reforçamento

    Centrado no Indivíduo) e RMG (Reforçamento Mediado pelo Grupo).

    Pierce (1975) propôs alguns refinamentos metodológicos em relação aos

    experimentos de Bavelas e cols. (1965) para controlar algumas variáveis, tais como a

  • 8

    possibilidade dos integrantes dos grupos se conhecerem, facilitando a contabilidade do

    dinheiro que seria ganho no experimento: assim, em seus grupos, os participantes recebiam

    apenas nomes de cores, para reduzir a possibilidade de que viessem a se conhecer, só

    conversavam por alto-falantes e microfones. Além disso, o efeito reforçador das luzes

    semelhantes ao experimento de Bavelas e cols. (1965) foi complementado por contadores

    numéricos em frente a cada sujeito, que permitiam aos participantes visualizar o quanto

    estavam ganhando, ou perdendo, em dinheiro, pois ao final da sessão os sujeitos recebiam

    uma quantia que era determinada pela multiplicação dos resultados dos contadores de cada

    um. Outra inovação usada foi a automatização do questionário sociométrico: os sujeitos não

    paravam para preencher um formulário; agora, a cada 15 minutos de discussão, eles votavam

    sobre a contribuição de cada um para grupo - se havia sido pobre, suficiente, boa ou

    muito boa - apertando teclas num equipamento especialmente construído para este

    experimento.

    Havia apenas dois grupos de quatro sujeitos cada, pois Pierce (1975) introduziu

    mudanças de procedimento típicas de uma metodologia de sujeito único outra diferença

    deste experimento em relação aos antecessores. Ambos os grupos de participantes no

    experimento de Pierce sofreram o efeito tanto da contingência RCI quanto da RMG,

    diferindo unicamente em sua ordem de apresentação: um deles passava primeiro pela RCI e o

    outro pela RMG. As manipulações experimentais planejadas pelo autor para cada grupo

    foram as seguintes:

    - Grupo A LB RCI RCI reverso LB RMG RMG reverso.

    - Grupo B LB RMG RMG reverso LB RCI RCI reverso.

    A contingência RCI (Reforçamento Centrado no Indivíduo) foi apresentada

    consequenciando individualmente as respostas verbais de cada sujeito, como havia sido feito

    por de Bavelas e cols. (1965), reforçando as emissões verbais do sujeito com menor índice

    sociométrico e punindo-o por longos períodos de silêncio. O participante com maior índice

    sociométrico na linha de base foi submetido à contingência inversa era punido por falar e

    reforçado por ficar em silêncio. Os outros dois integrantes foram submetidos a uma

    contingência intermediária para manter seu nível operante estável.

    Uma crítica feita por Pierce (1975) ao estudo de Bavelas, Hastoff, Gross e Kite foi

    que seus grupos experimentais tiveram um período de interação muito pequeno, não tendo

    tido tempo suficiente para a formação e estabelecimento de um consenso entre os sujeitos

    sobre a posição de cada um no grupo. Para Pierce, uma vez formado um consenso,

    dificilmente as avaliações sociométricas mudariam na medida em que mudassem as emissões

  • 9

    de respostas verbais. Para mudar a posição sociométrica mais efetivamente em grupos com

    alto consenso seria preciso manusear um segundo tipo de contingência: a RMG

    Reforçamento Mediado pelo Grupo (Pierce, 19775). Aqui os reforçadores ganhos por um

    participante eram partilhados no sentido de que se a fala de um participante no grupo

    fosse reforçada com luzes e pontos ganhos, os demais também seriam, se um fosse punido os

    demais também seriam - com os demais, num procedimento que hipoteticamente deveria ser

    mais efetivo na produção de uma mudança nos índices sociométricos sobre no grupo.

    O estudo indicou que ambas as contingências, RCI e RMG, alteraram a estrutura do

    grupo, tanto no que se refere às taxas de respostas verbais emitidas pelos participantes

    quanto ao índice sociométrico declarado entre os participantes.

    Este experimento foi posteriormente replicado (Pierce, 1977) com pequenas

    alterações: foram empregados três grupos experimentais. O tempo de interação entre os

    participantes de cada grupo também foi alterado: o grupo A, chamado de grupo de baixo

    consenso, passava por 16 sessões de uma hora de discussão de problemas e os grupos B e C,

    de alto consenso, passavam por 18 sessões de duas horas cada. Segundo os resultados

    encontrados, o tempo de interação entre os participantes e a conseqüente formação de um

    consenso foram fatores importantes na determinação da possibilidade, ou impossibilidade, de

    alteração da ordem de status; participantes de grupos com alto grau de consenso tiveram uma

    mudança de magnitude bem menor tanto no índice sociométrico quanto na emissão de

    respostas verbais - do que os de baixo grau..

    B2) Estudos que investigam conseqüências que retroagem sobre o grupo como um

    todo e não diretamente sobre o comportamento de cada participante

    Este primeiro conjunto de experimentos B1 descritos anteriormente foi de grande

    importância para se compreender o que os psicólogos sociais chamam de a dinâmica de

    distribuição e influência dentro de um grupo, sendo, por isso, muito citado por psicólogos e

    sociólogos experimentais com este tema de interesse. Porém Wiggins 1969) alerta que

    embora a estrutura de um determinado grupo seja sim determinada pelas conseqüências

    envolvidas nas respostas de seus membros, estas conseqüências só seriam possíveis por força

    de variáveis externas ao grupo, ou, como Wiggins (1969) chamaria, uma conseqüência

    externa, que se refere a uma conseqüência aplicada ao grupo como um todo e não

    individualmente para cada participante.

  • 10

    A partir desta crítica, Wiggins (1969) procurou investigar se, de fato, mudando-se

    uma conseqüência que fosse externa4 ao grupo, poder-se-ia, então, mudar as relações

    internas, sem a necessidade de manipulá-las diretamente. Além disso, ele questionou que

    tipo de conseqüência exerceria maior influência num eventual conflito entre uma interna e

    uma externa, se estas fossem antagônicas?

    Wiggins dividiu seus participantes em 10 grupos de três pessoas: estes participantes

    deveriam comparecer no laboratório uma hora por dia, durante 12 dias, e em cada dia

    participavam de um jogo no qual ocorriam 30 jogadas. A coleta de dados no laboratório foi

    feita em uma sala com uma mesa no centro e cadeiras ao redor, além de quadro no qual havia

    uma matriz de 7x7 (colunas e linhas) com unidade negativas () e positivas (+)

    aleatoriamente distribuídas em cada célula. As instruções sobre o experimento em geral e

    sobre a função de cada um no grupo eram fornecidas numa folha de papel que cada sujeito

    recebia.

    Os participantes eram informados que a pesquisa era um estudo sobre resolução de

    problemas em um pequeno grupo. Dizia-se aos participantes que sua tarefa seria a seguinte:

    o experimentador escolheria uma coluna na matriz e, sem conhecer a decisão do

    experimentador, o grupo deveria escolher uma fileira e apostar nesta fileira. A célula de

    intercessão da fileira com a coluna, que poderia ser positiva ou negativa, determinaria um

    saldo para o grupo. Cada sinal positivo daria direito a 30 centavos, pagos ao final de cada

    tentativa. Se a célula indicasse um sinal negativo, os participantes perderiam o investimento e

    nada ganhariam. O dinheiro era, então, colocado em uma caixa, chamada de player pool e

    os participantes deveriam então, necessariamente, dividir algum dinheiro do player pool

    entre si, do modo como estes decidissem. Basicamente eles poderiam fazer uma distribuição

    eqüitativa (proporcional ao investimento de cada participante) ou igualitária (os recursos são

    distribuídos em partes iguais, independentemente do quanto cada um investiu ou colaborou

    para a produção do resultado)5. Cada participante deveria investir seu próprio dinheiro na

    jogada e ao final da sessão o grupo deveria devolver o dinheiro usado do player pool,

    deixando-o com a mesma quantidade do início

    4 Termos como conseqüências externas ou internas são estranhos a análise do comportamento e aparecem aquisomente porque parecem ser importantes para a compreensão do que o autor descreve em seu relato de pesquisa.5 Na literatura de estas palavras aparecem com uma terminologia técnica usada para designar diferentes modosde alocar os reforçadores no grupo: Uma distribuição Igualitária ou Equality refere ao modo de distribuir osreforçadores igualmente entre todos os indivíduos, independente da sua contribuição para a produção doresultado do grupo. Equidade ou Equity é um modo de distribuir os reforçadores a partir da contribuição de cadasujeito na geração do produto final do grupo.

  • 11

    Para forçar um confronto entre variáveis internas e externas controlando o

    comportamento dos participantes do grupo, o autor, além de manipular a conseqüência

    externa no caso, produzir dinheiro no jogo - , manipulou também uma variável intra-

    grupo, atribuindo um determinado grau de status para cada um dos três participantes,

    forçando-os a tomarem certas posições hierárquicas dentro do grupo. Estas posições eram

    atribuídas arbitrariamente pelo experimentador e cada participante tinha plena ciência da

    posição do outro. As posições e as tarefas de cada integrante eram as seguintes:

    - O Participante 1, chamado de líder devia investir antes de cada jogada 7 centavos,

    e era o que mais investia dentre os membros do grupo e sempre tinha a decisão final

    quando os demais membros não concordassem.

    - O Participante 2, chamado de secretário devia investir antes de cada jogada 4

    centavos e detinha informações privilegiadas: um papel que registrava duas colunas que o

    experimentador não escolheria a cada tentativa. Cabia ao participante escolher se partilharia

    ou não a informação.

    - O Participante 3 era o tesoureiro investia 4 centavos por jogada era encarregado

    de arrecadar e redistribuir o dinheiro ganho, segundo decisão do grupo.

    Wiggins (1969) manipulou a conseqüência externa tornando a decisão do grupo

    correta ou incorreta em função da distribuição - eqüitativa ou igualitária - do dinheiro

    na jogada imediatamente anterior. Nos primeiros cinco dias, os participantes do grupo

    experimental 1 só acertariam quando distribuíssem igualmente o dinheiro, nos últimos 5 dias

    receberiam o tratamento inverso. Os grupos da condição experimental 2 foram submetidos à

    condição inversa.

    Os resultados do experimento de Wiggins são intrigantes por mostrarem que, de fato,

    manipulando diretamente apenas uma variável não diretamente relacionada com o modo de

    distribuição de dinheiro - o resultado da aposta - foi possível produzir uma completa

    mudança na distribuição interna de reforçadores, indicando que esta contingência manteria

    as relações vigentes no grupo.

    Investigações subseqüentes com preocupações semelhantes a esta continuaram e

    alguns pesquisadores preocupados com maior grau de precisão nas descrições das interações

    entre os grupos e a respeito das taxas de reforçamento externo6, tentaram construir uma

    versão social da Lei do Igualação (Matching) de Herrnstein (Griffith e Gray, 1978; Gray,

    Griffith, Von Broemsen e Sullivan, 1982). Uma vez que a lei da igualação afirma que a taxa

    6 Griffith e Gray (1978) chamam de reforço externo aquilo que Wiggins havia nomeado de conseqüênciaexterna.

  • 12

    relativa de respostas de um organismo seria proporcional à taxa relativa de reforçadores

    recebidos, estes pesquisadores tentaram utilizar este mesmo princípio para a relação

    grupo e contingências externas7.

    Tentando ampliar ainda mais o controle sobre as variáveis tais como tipos diferentes

    de respostas verbais e de interações sociais - Griffith e Gray (1978) reduziram seus grupos

    para apenas três pessoas e somente duas respostas possíveis, num jogo de formação de

    palavras com letras disponíveis chamado AD-LIB. Cada um dos participantes, qualquer um

    que falasse primeiro8, arriscava um palpite sobre a formação de uma palavra com as letras

    disponíveis e os demais deviam apenas dizer concordo ou discordo. O experimentador

    então apontava se eles haviam acertado ou errado, segundo um dado um esquema de reforço

    previamente estabelecido. Em caso de acerto os trios ganhavam pontos e em caso de perda

    perdiam pontos e embora o pagamento dos participantes fosse fixo US$ 8,00 por 300

    minutos de experimento os trios com maiores pontuações ganhavam uma gratificação extra

    de US$ 30,00. Como o delineamento do estudo envolveu tratamento estatístico, os

    pesquisadores empregaram 83 grupos e os submeteram a diferentes condições experimentais

    nas quais os trios submeteram-se a diferentes esquemas de reforço, alguns em esquemas

    randômicos e outros em esquemas contingentes.

    O ponto interessante aqui é que os pesquisadores variaram os esquema do, assim

    chamado, reforçamento externo, aplicando os seguintes valores às probabilidades de

    reforço: para alguns grupos 90 % das respostas foram reforçadas radomicamente (0.9 R)

    independente da palavras formadas (mesmo que não pertencessem à língua inglesa ou que

    estivessem com grafia incorreta); para outro grupo 50% das respostas foram reforçadas

    contingentemente (0.5 C), portanto metade das palavras da língua inglesa com grafia correta

    produziam reforço, e para o último grupo 50% das respostas foram reforçadas

    radomicamente (0.5 R), tinham a possibilidade de acertar 5 palavras em 10 com a mesma

    exigência da condição 0.9 R.

    Os resultados indicaram que os grupos 0.5 comportaram-se de maneira muito

    próxima de uma situação de eqüidade: cada participante recebia reforçadores

    proporcionalmente à sua participação para a produção do resultado neste experimento o

    reforçador para cada sujeito foi a concordância dos demais integrantes do grupo frente a uma

    sugestão de palavras e o grupo ou trio era consequenciado com pontos em caso de acerto

    7 Novamente aqui vemos termos estranhos a análise do comportamento embora, desta vez, empregando a bemconhecida Lei da Igualação, proveniente da análise do comportamento.8 O que é conhecido nesta literatura como directive action ou ação diretiva.

  • 13

    portanto quanto mais sugestões um participante desse que produzisse pontos para o trio,

    maior a probabilidade dos participantes do trio concordassem com sua sugestão.

    Diferentemente, os grupos 0.9, com reforçadores abundantes, desenvolveram uma estrutura

    próxima à igualdade cada integrante do grupo recebia reforçadores independente do quanto

    tivesse contribuído para a produção do resultado final.

    Na psicologia social a investigação sobre o modo como as pessoas distribuem uma

    quantidade limitada de recursos dentro de um grupo é conhecida como pesquisa sobre

    regras de alocação de recursos. Além de discutir como certas conseqüências podem ou

    não mudar comportamos de indivíduos em grupo, discute-se também a relação entre

    conseqüências e alguns fenômenos que são considerados comuns em grupos. Autores como

    Sell e Martin (1989), por exemplo, investigaram as regras de alocação de recursos quando

    um modo de distribuição (seja ele eqüitativo ou igualitário) sancionado por uma autoridade

    (alguém com status acima dos participantes) era antagônico a um modo diferente de

    distribuição mais vantajoso para o grupo.

    Segundo Sell e Martin (1989) um indivíduo se rebelava contra a autoridade se (a) o

    grupo possuísse uma alternativa que gerasse resultados, (b) se todos, ou pelo menos a

    maioria dos participantes, concordassem com a desobediência e (c) se não se seguissem

    maiores conseqüências aversivas contra os sujeitos rebeldes. Isso indicaria que mesmo que

    uma determinada maneira de se comportar fosse imposta a um grupo, o comportamento de

    seus membros poderia ser mudado contra a imposição se existisse uma alternativa de

    resposta que em certas condições gerasse mais reforçadores, o que aumentaria a freqüência

    do modo dissonante de operar, ou seja, de se comportar de modo rebelde.

    Ainda seguindo esta mesma linha de estudo das chamadas regras de alocação de

    recursos, porém com uma metodologia muito diferente das vistas até agora, Elliot e Meeker

    (1984) investigam o comportamento de alocar recursos por parte de um supervisor que

    não seja co-recipente destes recursos. Porém, no lugar de utilizar pessoas interagindo de

    modo real, os pesquisadores trabalhavam com participantes individuais voluntários de um

    curso de sociologia - que deveriam supervisionar um grupo hipotético de cinco assistentes,

    dos quais o sujeito só tinha conhecimento por um relato impresso especificando o que cada

    participante do grupo fazia e se o grupo havia sido bem sucedido ou mal sucedido em

    conduzir uma série de entrevistas via telefone. Após a leitura do relato, o participante deveria

    distribuir um pagamento de US$ 1.000,00 como desejasse entre seus assistentes hipotéticos

    com exceção dele próprio que não ficaria com nada pois não seria um co-recipiente, somente

    um distribuidor. No relato do desempenho dos participantes algumas variáveis foram

  • 14

    manipuladas no sentido de confrontar: contribuição maior x contribuição menor para o grupo,

    habilidade maior x habilidade menor, esforço maior x esforço menor, tarefa fácil x tarefa

    difícil e maior sorte x menor sorte. Os resultados apontaram que: na divisão de recursos,

    mesmo os participantes que contribuíam menos tendiam a receber tanto quanto seus colegas,

    desde que o grupo tivesse sido bem sucedido e tivesse completado uma cota mínima de

    entrevistas que deveria fazer. Porém, se o grupo fosse mal sucedido, os participantes que

    tivessem feito as contribuições menos expressivas eram penalizados e recebiam um montante

    menor na divisão do dinheiro ganho. A pesquisa também mostrou que quando ocorriam

    diferenças na distribuição quem contribuiu mais tendia a ganhar mais, assim como pessoas

    que demonstraram maior habilidade ou esforço, segundo o relato. Os resultados, no entanto,

    não indicaram uma diferença de alocação significativa entre pessoas com tarefas mais difíceis

    ou mais fáceis, com exceção dos casos em que o participante escolhia executar uma

    entrevista mais difícil voluntariamente e então acabava recebendo um montante maior de

    dinheiro.

    O trabalho que acabou de ser descrito chama atenção pelos resultados que sugerem

    sobre algumas variáveis que poderiam determinar diferentes formas de distribuição de

    recursos e, principalmente, por ser metodologicamente bem diferente das pesquisas até aqui

    descritas, que se basearam na observação de pequenos grupos que tentavam reproduzir

    interações sociais de forma controlada. No entanto, o estudo de Elliot e Meeker (1984) vai

    de encontro a uma tendência observada nos experimentos mais recentes (Judson e Gray 1990;

    Gray, Judson, Duran-Aydintug, 1993) que é a de reduzir o número de participantes e de

    respostas possíveis nestes grupos.

    A maioria das pesquisas descritas até agora com exceção da de Elliot e Meeker

    (1982), é claro - empregaram grupos simples compostos por no máximo quatro pessoas,

    porém Judson e Gray (1990), trabalhando com uma dupla que não se conhecia previamente,

    modificaram a ordem de poder artificialmente instaurada através do manuseio da

    conseqüência para a dupla em termo de sucesso ou fracasso. Judson e Gray (1990) afirmam

    que existem duas maneiras simples para se colocar um sujeito em uma posição social

    superior em uma dupla: (a) atribuindo o título de expert na tarefa a um deles, ou (b)

    formando duplas compostas de sexos opostos. A segunda alternativa foi escolhida, a despeito

    dos problemas relacionados a ela. Os participantes tinham que tentar adivinhar qual seria o

    próximo número de uma seqüência numérica de números 1 e 2 que lhes seria apresentados

    (por ex.: 1,2,1,1,2 ...). Qualquer um deles poderia arriscar adivinhar; após o palpite o

    experimentador perguntava ao parceiro se concordava ou não. As probabilidades de reforço

  • 15

    de ambos iniciavam-se iguais, porém, a probabilidade do participante masculino ia sendo

    gradativamente reduzida começaria a acertar menos - e a do feminino ampliada

    começaria a acertar mais; o participante que concordasse com seu parceiro dava ao jogo a sua

    probabilidade da resposta estar correta: no caso, se o homem concordasse com a mulher

    havia maior probabilidade da dupla gerar o reforço externo do que se a mulher

    concordasse com o homem. Os resultados fortaleceram aqueles encontrados nos estudos

    anteriormente relatados, no sentido de que contingências externas parecem ter um importante

    papel na estrutura de poder no grupo.

    Isso levou a um segundo estudo, de Gray, Judson, Duran-Aydintug (1993), também

    envolvendo duplas. Agora porém, eram participantes casais que já estavam juntos há 1 ano e

    que, portanto, na tese de Pierce (1975, 1977), possuiriam um alto grau de consenso. Como na

    pesquisa anterior, ficou evidente que o simples fato de colocar uma mulher em dupla com um

    homem não garantia uma diferença sociométrica a favor do lado masculino: os casais

    recrutados eram entrevistados, a fim de se verificar quem dominava a relação. Esta

    determinação era baseade em dados sobre qual dos parceiros respondia primeiro as

    perguntas, quem concordava mais, quem vencia os debates sobre discordâncias etc.. Então,

    os participantes executavam uma tarefa num computador que apresentava, durante algum

    certo período, padrões de desenhos em preto e branco: sua tarefa era dizer se o padrão

    exibido possuía mais preto ou mais branco todos os padrões tinham a mesma quantidade

    das duas cores. Inicialmente os participantes executavam sozinhos a tarefa, mas cada um

    podia ver e ouvir o desempenho do outro; o computador estava programado para gerar 30%

    de acertos para o sujeito B com status inferior - e 70 % para o sujeito A com superior.

    Esta etapa teve por objetivo acentuar uma estrutura já existente. Então, as duplas eram

    colocadas juntas e começava a manipulação experimental: o participante A inicialmente

    acertava com a mesma freqüência que o participante B, no entanto, a probabilidade de acerto

    de B foi sendo ampliada e a de A foi decaindo. Os resultados mostraram uma efetiva

    alteração na ordem de poder e, até mesmo, uma possível tentativa de contra-controle na qual

    A começou a não concordar novamente com B, após um período crescente de concordâncias.

    Gray, Judson e Duran-Aydintug (1993) também argumentaram em favor da

    necessidade de pesquisas em situações menos restritas e, portanto, um pouco menos

    artificiais, numa posição oposta a aquela que as pesquisas nesta área vinham seguindo: a de

    restringir cada vez mais o número de sujeitos, o tipo de resposta e o tipo de contingência

    manuseada:

  • 16

    Uma variável ou conjunto de variáveis não dirige o sistema como um todo; é

    necessário incluir um conjunto diverso de variáveis para compreender ambos os

    sistemas (interno e externo) com o objetivo de fazer previsões eficientes e gerar teorias

    adequadas à tarefa de explicar o comportamento humano. (p. 56).

    A pergunta do presente estudo é se seria possível mudar alguns comportamentos dos

    participantes de um grupo sem que, necessariamente, houvesse uma intervenção óbvia (e

    muito menos instrucional) sobre os comportamentos que se pretende mudar. Para isto,

    utilizando apenas a manipulação do resultados agregados que o grupo produz. Wiggins

    (1969) usou dinheiro contingentemente (no sentido de em seguida a) uma resposta dos

    participantes (a escolha de uma coluna) e mediu seu efeito sobre uma certa distribuição entre

    os membros do grupo ao qual o dinheiro era contingente no sentido de ser produzido por esta

    decisão. A literatura aqui descrita mostra que existem diferentes maneiras de se alocar os

    recurso em um dado grupo (Wiggins, 1969; Griffith, W. L. e Gray, L. N. ,1978; Elliot e

    Meeker, 1984; Sell e Martin, 1989; Judson, D. H. e Gray, L. N.,1990; Gray, L. N., Judson, D.

    H. e Duran-Aydintug, C. ,1993) e que estes modos de alocação dependem de certas

    características do grupo, porém parecem depender também do quanto eficiente o grupo é em

    produzir seus resultados, quaisquer que sejam estes.

    Para tanto planejou-se uma replicação sistemática do experimento de Wiggins (1969)

    que foi selecionado por ser simples e demandar poucos materiais, além de empregar uma

    tarefa bastante fácil de se executar.

    O problema de pesquisa aqui formulado tem na sua origem também a preocupação

    com a possibilidade de construção de uma situação experimental que permita a discussão dos

    resultados em termos da noção de metacontingências. No entanto, para conduzir esta

    replicação sistemática (Sidman, 1960) muitas mudanças no experimento original tiveram que

    ser feitas para adequar a coleta a um modelo de sujeito único, minimizar o tempo de coleta de

    dados e garantir maior controle experimental sobre a variável manipulada. As alterações

    propostas no presente estudo, em relação ao estudo conduzido por Wiggins (1969) foram:

    a) A matriz original possuía 7x7 colunas e fileiras, porém isso acarretava num

    número não múltiplo de dois e haveria maior número de sinais (-) ou (+) no

    quadro, sendo assim no presente estudo utilizou-se uma matriz com 8 colunas e 8

    fileiras.

  • 17

    b) No lugar de três participantes foram empregados quatro para garantir a coleta

    mesmo com a falta de um deles.

    c) A linha de base coletada no experimento de Wiggins foi eliminada, uma vez que

    não foi encontrado um meio de realizar tal procedimento sem intervir e modificar

    o comportamento dos participantes. Além disso, no experimento de Wiggins os

    grupos passaram por um delineamento A-B. No presente estudo os grupos

    passaram por mais reversões (um grupo por um delineamento A-B-A e outro por

    um A-B-A-B), na tentativa de aumentar a segurança do experimentador em

    relação à sua manipulação e de avaliar o que Pierce chamou de consenso do

    grupo, o que sugeriria dificuldade maior em mudar comportamentos entre os

    membros do grupo depois de maior contato entre eles.

    d) A mudança de condição experimenta deixou de seguir um critério arbitrário como

    no experimento original, onde o pesquisador estabeleceu que na primeira metade

    do total das sessões o grupo passaria pela condição A e na segunda metade pela

    condição B. Neste experimento foi adotado um critério de estabilidade, de modo

    que a condição mudava quando os participantes do grupo estivessem se

    comportando como previsto pela condição vigente durante um número pré-

    definido de jogadas

    e) No experimento de Wiggins se atribuía papéis (títulos) diferentes para os

    participantes (tais como líder, tesoureiro e secretário) e diferentes funções, como

    por exemplo a de que o líder tinha poder de decidir e o secretário uma informação

    privilegiada. Estes papéis foram eliminados a fim de tornar a situação mais

    simples e de eliminar uma possível variável relevante na alocação de recursos

    (que são os resultados das apostas).

    f) No experimento original os investimentos dos participantes, a cada jogada, eram

    fixos e o líder sempre investia apostava mais; aqui isto foi eliminado e todos

    os participantes tinham um valor mínimo e um máximo para apostar como

    decidissem, dentro destes parâmetros.

    g) A caixa dos jogadores foi adaptada para manter a presença dos participantes a

    todas as sessões de coleta, e também para ter o importante papel de produzir

    variabilidade, por meio da manipulação do experimentador. No experimento

    original ela era usada no jogo e o dinheiro entrava e saia dela durante todas as

    jogadas.

  • 18

    h) Foram permitidos registros escritos das jogadas por meio de um caderno fornecido

    a cada participante. Este registro foi pensado como uma maneira extra de

    acompanhar algumas possíveis variáveis de controle no comportamento dos

    jogadores .

  • 19

    2 - MÉTODO

    2.1 - Participantes

    Foram recrutados oito participantes adultos, estudantes universitários do curso de

    psicologia de uma universidade localizada na região de Campinas/SP. Destes 8 participante, 7

    eram do sexo feminino e 1 do sexo masculino com idades variando de 18 a 22 anos.

    2.1.1 - Recrutamento

    Inicialmente o experimentador entrou em contato com a coordenação da Faculdade de

    Ciências Humanas da universidade, para solicitar a autorização dos responsáveis e iniciar o

    processo de recrutamento indo até as classes.

    Foi então feita a opção por recrutar participantes dos cursos matutinos, devido a sua

    maior disponibilidade de horários. O experimentador foi a cada uma das classes de psicologia

    do primeiro ao quinto ano com folhas de recrutamento (Anexo 1) e após descrever de

    forma geral o experimento e de responder as perguntas dos possíveis participantes entregou

    uma folha para cada um dos interessados.

    Como foi possível obter cerca de 40 candidatos, somente do curso de psicologia, não

    houve a necessidade de fazer recrutamento em outros cursos.

    Foi então feito um contato telefônico com os possíveis participantes e agendada uma

    reunião num horário comum a todos. Esta reunião teve como objetivo selecionar oito

    participantes que seriam distribuídos em dois grupos e quatro auxiliares de pesquisa (que em

    dupla auxiliariam a coleta de dados em cada grupo) e de já agendar previamente os dias e

    horários de coleta.

    A seleção foi feito com base em disponibilidade de dias e horários dos participantes

    que foram solicitados a participar de duas sessões de coleta, duas vezes por semana. Cada

    participante selecionado recebeu, então, uma agenda de encontros (Anexo 2) e no primeiro

    encontro leu e assinou um termo de consentimento para a coleta (Anexo 3).

    2.2 - Material

    • Uma mesa e quatro cadeiras.

  • 20

    • Um quadro de 92 x 66 cm feito de papel sulfite contendo uma matriz de 8 colunas por 8

    fileiras (Anexo 4), disposto em frente à mesa e fixado sobre a lousa. Em cada casela de

    intercessão de uma coluna com uma fileira havia um sinal de (+) ou de (-) aleatoriamente

    distribuídos entre todas as caselas, somando um total de 32 sinais (+) e 32 sinais de (-).

    • Instruções impressas para cada participante.

    • 1200 moedas plásticas ou fichas (utilizadas como reforçadores condicionados).

    • Cerca de R$ 100,00 em moedas de R$ 0,01, R$ 0,05, R$ 0,10, R$ 0,25, R$ 0,50 e R$ 1,00

    (que eram trocadas pelas moedas plásticas ao final de cada sessão).

    • Dois potes de vidro um para cada grupo - colocados no centro da mesa (que tiveram a

    função de caixa dos jogadores).

    • Cadernos, lápis com borracha e apontadores (para que os participantes pudessem fazer

    anotações).

    • 1 Filmadora modelo JVC (para registro das sessões).

    • 1 Tripé para acomodar a filmadora.

    • 20 Fitas de vídeo modelo EHG 30.

    • Folhas de registro produzidas especificamente para isto (Anexo 5 e 6).

    2.3 - Setting

    Em todos os dias de coleta era permitido ao experimentador utilizar qualquer uma das

    salas de aula disponíveis naquele horário. A sala então era re-arranjada para atender as

    necessidades do experimento: a matriz era fixada sobre a lousa e as carteiras eram dispostas

    ao redor de uma mesa posta em frente a matriz. Uma filmadora ficava num tripé, de modo a

    enquadrar a mesa e os participantes

    Os auxiliares de pesquisa ficavam em qualquer posição que escolhessem e que

    permitisse uma melhor visualização dos participantes e do experimento. O pesquisador ficava

    em pé durante todo o experimento pois precisava recolher as apostas, pagar os participantes,

    conduzir o jogo e consultar as folhas de registro para saber os momentos de mudança de

    condição experimental.

    2.4 - Procedimento

    2.4.1 - Instruções

  • 21

    Os participantes logo antes do experimento recebiam uma folha na qual encontravam as

    instruções gerais e específicas sobre o experimento:

    Vocês participarão de um jogo cujo objetivo é resolver um problema envolvendo uma

    matriz de 8 colunas por 8 fileiras, com sinais positivos e negativos. A pesquisa será

    conduzida em até 12 sessões de 1 hora envolvendo um jogo de 30 lances por sessão. Se antes

    do término destas 12 sessões o experimentador obtiver os dados necessários vocês poderão

    ser dispensados com antecedência. Peço encarecidamente a vocês que se, por ventura, se

    encontrarem não discutam o experimento entre si. Isso é importante para a pesquisa e ao

    final dela podemos fazer uma longa discussão sobre o assunto.

    A cada jogada, o experimentador escolhe uma das colunas da matriz que está na parede.

    Ele usa um sistema muito complexo para determinar a escolha de cada coluna. O objetivo

    dos jogadores é tentar determinar este sistema, a fim de prever a próxima escolha do

    experimentador e assim maximizar seus ganhos garantindo maior número de escolhas que

    gerem sinais de + e menor número de sinais de - para sua equipe.

    Vocês receberão a cada sessão uma soma de R$ 1,10, cada um, em fichas no valor de

    R$0,01 cada e que serão trocadas por dinheiro ao final de cada encontro. Há também uma

    caixa que pertence ao grupo - que será chamada de caixa dos jogadores. Esta caixa dos

    jogadores conterá uma reserva de dinheiro e ao final da última sessão o que houver na

    caixa será distribuído entre todos os participantes do grupo de acordo com seus próprios

    critérios. O dinheiro da caixa do jogador não poderá ser retirado antes do ultimo dia de

    sessão.

    Em cada jogada cada um de vocês deverá investir um mínimo de

    R$ 0,03 do dinheiro que receberam e um máximo de R$ 0,10 para compor a aposta do

    grupo.

    No início da jogada um integrante do grupo deve recolher os investimentos de cada um

    dos jogadores e entregar ao experimentador. Em seguida vocês terão um minuto e meio para

    decidir a fileira de sua escolha (as fileiras são numeradas de 1 a 8) e anunciá-la ao

    experimentador que, então, revelará a coluna que escolheu. A célula de interseção entre a

    coluna escolhida pelo experimentador e a fileira escolhida por vocês terá um sinal que

    determinará seus ganhos ou perdas da seguinte forma:

    - Se constar um sinal de + vocês recebem de volta o dinheiro que aplicaram em

    dobro, ou seja, se aplicaram, por exemplo, R$ 0,12 recebem R$ 0,24.

  • 22

    - Se constar um sinal de vocês perdem metade do investimento. Por exemplo se

    apostaram R$ 0,12 receberão apenas R$ 0,06.

    Ao final de cada jogada vocês terão meio minuto adicional para fazer a distribuição do

    dinheiro ganho entre vocês. Porém antes de distribuir o dinheiro entre vocês, devem

    obrigatoriamente colocar algum valor no caixa dos jogadores qualquer que seja o valor.

    Podem então distribuí-lo igualmente entre todos, ou diferenciadamente, vocês são livres para

    decidir o quanto irá para a caixa e o quanto cada integrante receberá. Em algumas jogadas,

    no entanto, o experimentador tomará a liberdade de decidir o quanto de dinheiro será

    colocado no caixa dos jogadores e irá avisá-los disso somente no momento em que estiver

    pagando aposta.

    Então inicia-se outra jogada. Quando vocês tiverem feito 30 jogadas, termina o

    encontro. No encontro seguinte as mesmas regras valerão : elas serão mantidas por todos os

    demais encontros.

    No último dia da pesquisa o dinheiro que se acumulou na caixa dos jogadores será

    redistribuído entre os participantes.

    Vocês terão a sua disposição um caderno, lápis e borracha para que possam fazer

    anotações caso achem isso necessário. Os cadernos serão entregues a cada um dos encontros

    e recolhidos ao final e entregues novamente no encontro seguinte, ficarão de posse do

    experimentador após o ultimo encontro.

    Se vocês tiverem quaisquer dúvidas, podem perguntar ao experimentador que as

    responderá na medida do possível.

    2.4.2 - Sessões

    Os participantes comprometeram-se a comparecer a até 12 sessões, porém tanto para o

    Grupo 1 quanto para o Grupo 2 somente nove foram necessárias (Anexo 2). Em cada sessão

    os participantes participaram de um jogo de 30 lances.

    O experimentador fornecia 110 fichas para cada participante antes de iniciar o jogo de

    uma sessão. Os participantes eram avisados de que cada ficha equivalia a R$0,01.

    2.4.2.1 - Descrição Geral da Tarefa

    2.4.2.1.1 - a) O que acontecia a cada jogada (ou tentativa):

  • 23

    A cada jogada (ou tentativa) do jogo, cada um dos participantes do grupo investia uma

    quantia decidida por ele - em fichas plásticas. Uma vez feitas as apostas individuais o grupo

    escolhia uma (das 8) fileiras da matriz que estava na lousa com o objetivo de que esta caísse

    em uma casela de interseção com a coluna (que supostamente havia sido escolhida pelo

    experimentador) em que constasse um sinal positivo (e não negativo).

    Quando a casela tivesse o sinal (+) a aposta total do grupo era devolvida em dobro, se

    constasse um sinal (-) era devolvida apenas metade da aposta.

    Os participantes, no momento da escolha da fileira, não sabiam qual teria sido a

    coluna escolhida pelo experimentador. Após sua apostas terem sido feitas e a fileira escolhida

    anunciada, o experimentador dizia sua escolha e se o resultado havia sido positivo ou

    negativo.

    Os participantes dispunham de um tempo limitado a um minuto e meio para decidir a

    fileira que escolheriam. Ao final deste tempo o experimentador perguntava qual havia sido a

    escolha.

    2.4.2.1.2 - b) O que o experimentador fazia:

    Os participantes eram informados que o experimentador não fazia sua escolha

    aleatoriamente, mas que se baseava num complexo sistema pré definido. O experimentador

    dizia aos participantes que já tinha, de antemão, um sistema de escolha de colunas pré-

    definido e que os jogadores deveriam tentar descobrir este sistema, a fim de escolher fileiras

    em cuja casela de interseção com a coluna escolhida pelo experimentador aparecesse um sinal

    positivo.

    Quando as apostas estavam feitas o experimentador recolhia as fichas investidas pelos

    participantes e iniciava a cronometragem do tempo decorrido até a escolha pelo grupo de

    uma fileira..

    Quando o grupo anunciava sua escolha, o auxiliar de pesquisa a registrava e o

    experimentador, então, revelava a coluna escolhida. O experimentador, após anunciar a

    coluna escolhida e o, conseqüente resultado da jogada, pagava o valor devido aos

    participantes, colocando as fichas sobre a mesa para que fizessem a sua distribuição.

    Na realidade, o resultado (positivo ou negativo) da escolha dos participantes era

    determinado pelo experimentador no final da jogada anterior, a depender do modo como os

    participantes haviam distribuído as fichas (seus ganhos ou perdas),o que era definido pela

    condição experimental em vigor.

  • 24

    2.4.2.1.3 - c) O que fazia cada um dos participantes

    Como já foi dito, cada integrante do grupo iniciava cada uma das sessões do jogo com

    R$ 1,10 em fichas plásticas ou seja, 110 fichas que poderia ser trocadas por dinheiro no

    final da sessão. Os participantes poderiam terminar a sessão com uma quantidade de fichas

    menor ou maior do que a inicial, a depender dos acertos nas tentativas de adivinhar a coluna

    que o experimentador escolhia e/ ou da forma como as fichas eram distribuídas pelo grupo. A

    cada jogada cada um dos participantes deveria apostar um valor mínimo de R$ 0,03 (3 fichas)

    ou um valor máximo de R$ 0,10 (10 fichas) em fichas plásticas que era somado à aposta

    dos outros integrantes, compondo assim a aposta total do grupo naquela jogada.

    Os participantes, em cada jogada/tentativa, deviam decidir, consensualmente ou não,

    que fileira escolheriam dentro do tempo limite fornecido para cada lance pelo experimentador.

    Se o tempo acabasse e os participantes ainda não houvessem anunciado sua decisão, o

    experimentador insistia para que estes anunciassem sua decisão.

    O grupo dividia entre seus integrantes como desejasse as fichas recebidas de volta e as

    juntavam às suas demais fichas.

    Uma vez distribuídas as fichas, iniciava-se uma nova jogada / tentativa.

    Ao final das sessão as fichas eram trocadas por dinheiro verdadeiro que cada

    participante poderia levar consigo.

    2.4.2.2 - Caixa dos jogadores:

    Era um recipiente de vidro que ficava sobre a mesa e recebia o nome de caixa

    dos jogadores e cada grupo possuía a sua.

    A cada rodada, depois de receberem de volta o resultado de suas apostas os

    jogadores deveriam, ao distribuir as fichas recebidas, decidir por uma certa quantidade de

    fichas que seriam colocadas nesta caixa. Uma vez colocadas ali, as fichas só poderiam

    ser retiradas e trocadas por dinheiro no final da última sessão, após executarem o

    depósito de fichas na caixa os participantes poderiam distribuir o restante das fichas entre

    si como desejassem.

    Colocar e manter fichas na caixa dos jogadores teve dupla função neste

    experimento: primeiramente visava garantir a adesão dos participantes até a última

    sessão, pois aqueles que permanecessem teriam acesso ao dinheiro da caixa. Teve

    também uma segunda e importante função: caso os integrantes dos grupos distribuíssem

    os resultados de suas apostas por cinco tentativas consecutivas em média - de maneira

  • 25

    a produzir um resultado negativo na tentativa seguinte e não variassem a distribuição de

    dinheiro, o experimentador intervia determinando quantas fichas deveriam ser colocadas

    na caixa dos jogadores naquela jogada/tentativa de maneira que obrigasse o grupo a

    distribuir as fichas de modo a produzir um acerto na tentativa seguinte. Isto é: o

    experimentador deixava para ser distribuído um número de fichas que não podia ser

    distribuído igualmente pelos jogadores, ou que (quase) necessariamente obrigasse os

    jogadores a distribuir por igual as fichas para rapidamente saber quantas fichas colocar na

    caixa o experimentar contava com uma tabela de manipulação mínima da caixa (Anexo

    7).

    2.4.3 - Delineamento Experimental

    Cada participante integrou um de dois grupos de quatro indivíduos. Os grupos

    foram compostos com quatro integrantes para prevenir problemas de coleta, caso um

    deles faltasse. Assim, algumas sessões poderiam ser conduzidas com apenas três

    participantes. O Quadro 1 lista os sujeitos e as sessões em que estiveram presentes, assim

    como os momentos em que mudaram de condições experimentais.

    Quadro 1: Presença x ausência dos participantes dos Grupos 1 e 2 ao longo das nove sessõesexperimentais. As letras P indicam presença e os fundos indicam a condição experimental pela qual osgrupos passaram. Alguns fundos podem parecer deslocados, porém indicam que o grupo em questãomudou de condição experimental no meio, no começo ou final da sessão em questão.

    1 G1 - C.

    2 G1 - N.

    3 G1 - J.

    4 G1 - R.

    1 G2 - ML.

    2 G2 - R.

    3 G2 - P.

    4 G2 - MR.

    SESSÕES

    GR

    UPO

    1G

    RU

    PO 2

    1

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

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    P

    P

    P

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    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

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    P

    P

    P

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    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    P

    Condição Exp. A

    Condição Exp. A

  • 26

    Os dois grupos foram submetidos a duas condições experimentais (A e B) alternadas

    em ordens diferentes (Figura 1). Inicialmente foi programado para que um dos grupos

    passasse por uma condição A-B-A e outros por uma B-A-B, porém um dos grupos Grupo 1

    mudou muito rapidamente de condição experimental e houve tempo de faze-lo passar, uma

    vez mais pela condição A, ao final da coleta ele havia sido exposto a uma condição B-A-B-A.

    8 Participantes

    4 no Grupo 1

    4 no Grupo 2

    CONDIÇÕESEXPERIMENTAIS

    B-A-B

    A-B-A-B

    Figura 1: Organização dos 8 participantes divididos em dois grupos experimentais e as condiçõesexperimentais a que cada grupo foi exposto.

    2.4.3.1 - Condições Experimentais

    2.4.3.1.1 - Condição Experimental A:

    O experimentador anunciava que o grupo acertara, escolhendo uma coluna onde

    houvesse um sinal (+) na fileira anunciada pelo grupo, se na tentativa anterior o resultado da

    aposta havia sido distribuído igualitariamente entre os participantes (igual número de fichas

    para cada um dos participantes, independentemente do número de fichas apostado pelos

    participantes).

    Inversamente, o experimentador anunciava que o grupo errara, escolhendo uma coluna

    onde houvesse um sinal (-) na fileira anunciada pelo grupo, se na tentativa anterior o

    resultado da aposta havia sido distribuído desigualmente entre os participantes (diferente

    número de fichas para um ou mais participantes, independentemente do número de fichas

    apostado pelos participantes).

    2.4.3.1.2 - Condição Experimental B:

    O experimentador anunciava que o grupo acertara, escolhendo uma coluna

    onde houvesse um sinal (+) na fileira anunciada pelo grupo, se na tentativa anterior o

    resultado da aposta havia sido distribuído desigualitariamente entre os participantes

  • 27

    (diferente número de fichas para um ou mais participantes, independentemente do número de

    fichas apostado pelos participantes).

    Inversamente, o experimentador anunciava que o grupo errara, escolhendo uma coluna

    onde houvesse um sinal (-) na fileira anunciada pelo grupo, se na tentativa anterior o

    resultado da aposta havia sido distribuído igualmente entre os participantes (igual número de

    fichas para cada um dos participantes, independentemente do número de fichas apostado pelos

    participantes). Figura 2.

    ≠B=

    CONSEQÜÊNCIA

    ≠=

    +

    A

    CONDIÇÕESEXPERIMENTAIS

    DIVISÃO DODINHEIRO

    -

    +-

    Figura 2: Conseqüências aplicadas para cada tipo de divisão das fichas nas condições experimentais Ae B.

    2.4.3.2 - Mudança de Condição Experimental:

    Qualquer um dos grupos que conseguisse atingir 10 acertos consecutivamente

    recebendo como conseqüência uma sinalização acerto ou erro por parte do

    experimentador - atingia o critério para o encerramento de uma condição experimental e

    automaticamente iniciava a condição experimental seguinte, sem qualquer sinalização por

    parte do experimentador. As condições experimentais assim como os momentos em que cada

    grupo as atingiu podem ser vistas no Quadro 1 e serão melhor discutidos na seção de

    resultados.

    2.4.4 - Registros

    As sessões experimentais foram todas registradas em vídeo e pelos quatro auxiliares

    de pesquisa (Anexo 5 e 6). Foram registrados :

    2.4.4.1 - Sobre os investimentos:

  • 28

    • Quanto foi o investimento de cada jogador em cada lance (número de fichas apostadas).

    2.4.4.2 - Sobre a escolha da fileira:

    • Qual foi a fileira escolhida em cada jogada.

    • O grupo anunciou ter tomado a decisão em consenso ou não.

    • Que participante do grupo declarou ter sido responsável pela escolha.

    2.4.4.3 - Sobre a distribuição de fichas ganhas :

    • O grupo optou por uma distribuição igual ou desigual das fichas ganhas?

    • Quanto cada participante ganhou (número de fichas recebidas pelo participante) .

    • Quanta fichas foram aplicadas na caixa dos jogadores.

    2.4.4.4 - Sobre a conseqüência:

    • O