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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP Adriana Gomes de Moraes Conselhos Municipais de Turismo: Participação e Efetividade Doutorado em Ciências Sociais São Paulo 2016

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

PUC-SP

Adriana Gomes de Moraes

Conselhos Municipais de Turismo: Participação e Efetividade

Doutorado em Ciências Sociais

São Paulo

2016

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

PUC-SP

Adriana Gomes de Moraes

Conselhos Municipais de Turismo: Participação e Efetividade

Doutorado em Ciências Sociais

Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do título de Doutor em Ciências Sociais, sob a orientação da Prof.(a)Dra. Vera Lúcia Michalany Chaia.

São Paulo

2016

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Banca Examinadora

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DEDICATÓRIA

À minha mãe in memorian

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha Professora Orientadora Drª Vera Chaia, pelo carinho,

compreensão e por acreditar em mim. Sua simplicidade e objetividade me

encantam, você é minha inspiração.

Ao meu irmão Áureo, que mesmo distante, embarcado em seu veleiro,

sempre está na torcida por mim.

A todos os professores do programa de Pós em Ciências Sociais.

Aos amigos que fiz no doutorado, foi um prazer conviver com pessoas tão

especiais.

A Kátia e Rafael da Secretaria de Pós de Ciências Sociais, obrigado pelo

carinho e presteza.

Aos membros dos Conselhos Municipais de Turismo de Brotas, São

Sebastião e Santos, sem ajuda de vocês minha pesquisa não se realizaria.

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RESUMO

Conselhos Municipais de Turismo: Participação e Efetividade

Entende-se que os Conselhos são uma instituição participativa em que são

incorporados atores da sociedade civil e atores estatais que participam

simultaneamente na deliberação de políticas. Em face a isto, esta pesquisa teve

como objeto de estudo os Conselhos Municipais de Turismo do Estado de São

Paulo e baseou-se nos conceitos de participação, democracia participativa,

instituições participativas e efetividade. Neste contexto, objetivou-se como este

estudo analisar a efetividade dos conselhos municipais de turismo, no que se

refere a constituição de um espaço pleno de participação dos atores sociais,

representantes do poder público, da iniciativa privada e comunidade visando o

desenvolvimento turístico municipal. Adotou-se o método do Estudo de Caso

para o desenvolvimento desta pesquisa, utilizou-se do estudo de casos

múltiplos, foram pesquisados os Conselhos Municipais de Turismo de Brotas,

São Sebastião e Santos. Como resultado de pesquisa pode-se dizer que a

institucionalização legal e formal dos Conselhos de Turismo não garante a

incorporação de cidadãos e associações da sociedade civil na deliberação sobre

políticas. O programa de gestão descentralizada do turismo desenhada pelo

governo federal como uma ação para promover a organização, estruturação,

integração e articulação dos colegiados para a gestão do turismo nos diferentes

níveis e setores institucionais e empresariais não correspondem à realidade. As

práticas destes Conselhos não garantem e nem conduzem aos ideais da

democracia participativa.

Palavras-chave: Conselhos Municipais de Turismo. Democracia participativa.

Efetividade.

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ABSTRACT

Municipal Council Tourism: Participation and Effectiveness

It is understood that the councils are a participatory institution in which they are

incorporated civil society actors and state actors who simultaneously participate

in political deliberation. In view of this, this research was to study the object of the

Municipal Councils of State for Tourism of São Paulo and was based on the

concepts of participation, participatory democracy, participatory institutions and

effectiveness. In this context, the aim of this study is to analyze the effectiveness

of municipal tourist boards, as regards the formation of a space full of participation

of social actors, representatives of government, the private sector and community

for the municipal tourism development. Was adopted the method of case study

for the development of this research, we used the multiple case study, the

Tourism Municipal Councils of Brotas, São Sebastião and Santos were searched.

As a research result can be said that the legal and formal institutionalization of

Tourism Councils does not guarantee the inclusion of citizens and civil society

associations in the deliberations on political. The decentralized program of

tourism designed by the federal government as an action to promote the

organization, structuring, integration and coordination of boards for tourism

management at different levels and institutional and corporate sectors do not

correspond to reality. The practices of these councils do not guarantee and does

not lead to the ideals of participative democracy.

Keywords: Municipal Council Tourism. Participative Democracy. Effectiveness.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Fases do Estudo de Caso 20

Figura 2: Mitos e desafios ao modelo de participação 32

Figura 3: Trajetória do Conselho Nacional de turismo 35

Figura 4: Estrutura do Programa de Regionalização do Turismo 38

Figura 5: Representação teórica dos tipos de Conselhos 41

Figura 6: Principais datas do ressurgimento de Conselhos 42

Figura 7: Tipos de Conselhos no cenário brasileiro 50

Figura 8: Princípios para a efetividade deliberativa 58

Figura 9: Aspectos para análise da efetividade dos Conselhos 62

Figura 10: Efetividade dos Conselhos municipais 63

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Número de atores pesquisados 23

Quadro 2: Competências das Instituições Participativas de Turismo 38

Quadro 3: A Efetividade dos Conselhos 61

Quadro 4: Alterações do COMTUR/Brotas 66

Quadro 5: Escolaridade conselheiros/ Brotas 73

Quadro 6: Participação em Conselhos/ Brotas 74

Quadro 7: Aspectos deliberativos dos conselhos /Brotas 76

Quadro 8: Entrevista presidente COMTUR /Brotas 77

Quadro 9: Alterações COMTUR/S. Sebastião 79

Quadro 10: Aspecto deliberativo COMTUR/São Sebastião 87

Quadro 11: Deliberações aprovadas 87

Quadro 12: Entrevista presidente COMTUR/S. Sebastião 89

Quadro 13: Alterações COMTUR/Santos 92

Quadro 14: Entrevista Presidente do COMTUR/Santos 100

Quadro 15: Análise da Participação e Efetividade COMTUR/Brotas e São

Sebastião 102

Quadro 16: Análise da Participação e Efetividade COMTUR/Santos 104

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1- Estâncias Climáticas 21

Mapa 2- Estâncias Hidrominerais 21

Mapa 3- Estancias Turísticas 21

Mapa 4- Estancias Balneárias 21

Mapa 5- Localização de Brotas /Sp 65

Mapa 6- Localização de São. Sebastião/Sp 78

Mapa 7- Localização de Santos/SP 91

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SUMÁRIO

INTRODUÇAO 12

1 PROTOCOLO METODOLÓGICO 16

1.1 Abordagem e o Delineamento da Pesquisa 16

1.2 A Definição dos Casos Estudados 18

1.3 A Coleta das Evidências 22

2 A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E AS INSTITUIÇÕES

PARTICIPATIVAS

26

2.1 A Teoria Participativa 26

2.2 Instituições Participativas 29

2.2.1 Instituições Participativas no Turismo 35

3 CONSELHOS- ESPAÇOS DE PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE

CIVIL

41

3.1 Breve Levantamento Histórico 41

3.2 Os Conselhos Municipais no Brasil 49

3.2.1 A Efetividade dos Conselhos 56

4 PARTICIPAÇÃO,EFETIVIDADE NOS CONSELHOS MUNICIPAIS

DE TURISMO

64

4.1 Os Casos Estudados 64

4.1.2 Conselho Municipal de Brotas 64

4.1.2.1 Ano e Processo de Formação 65

4.1.2.2 Objetivo e Competências 67

4.1.2.3 Composição 69

4.1.2.4 Funcionamento e Articulação do Conselho 70

4.1.2.5 Temáticas Abordadas e Deliberações 71

4.1.2.6 Perfil e Visão dos Atores do Colegiado 73

4.1.3 Conselho Municipal de São Sebastião 78

4.1.3.1 Ano e Processo de Criação 79

4.1.3.2 Objetivo e Competências 80

4.1.3.3 Composição 81

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4.1.3.4 Funcionamento e Articulação do Conselho 82

4.1.3.5 Temáticas Abordadas e Deliberações 83

4.1.3.6 Perfil e Visão do Atores no Colegiado 85

4.1.4 Conselho Municipal de Santos 91

4.1.4.1 Ano e Processo de Formação 91

4.1.4.2 Objetivos e Competências 93

4.1.4.3 Composição 94

4.1.4.4 Funcionamento e Articulação do Conselho 95

4.1.4.5 Temáticas Abordadas e Deliberações 96

4.1.4.6 Perfil e Visão dos Atores na Participação do Colegiado 97

4.2 Analise da Efetividade e Participação nos Conselhos Municipais

de Turismo

101

5 CONCLUSÃO 111

REFERÊNCIAS 115

APÊNDICE A- Roteiro da entrevista 125

ANEXO A- Roteiro de questionário 126

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INTRODUÇÃO

Este trabalho visa contribuir na compreensão de como se organizam os

Conselhos Municipais de Turismo, tendo em vista a pluralização dos espaços de

participação da comunidade na gestão de políticas públicas.

Esta pluralização tornou-se mais evidente com a materialização da constituição

de 1988 que, no meio de outras coisas, postulava-se a participação na definição das

políticas públicas e o controle público sobre as ações do Estado nos diferentes níveis

de governo. Passadas algumas décadas, assiste-se a criação de inúmeras iniciativas

de gestão que envolvem a participação de diferentes atores.

A multiplicidade de manifestações, entram no debate como o pressuposto de

uma verdadeira democracia para muitos estudiosos, entre eles Ranciére (2004) que

entende a democracia não como forma de governo ou um sistema político igualitário

longínquo, mas como um poder para aqueles isentos de poder e títulos.

Neste sentido, entende-se que não se está numa democracia simplesmente

porque o povo está representado por deputados ou governado pelos presidentes

eleitos, mas quando existem formas de afirmação desse poder das pessoas que são

autônomas em relação às instituições do Estado.

As iniciativas de gestão que envolveram procedimentos participativos no Brasil,

entende-se que foram o início do reconhecimento de uma capacidade de pensar que

pertence a todos, nesse sentido a democracia é vista por Ranciére (2004) como algo

em que se busca organizar formas de vida coletiva fundadas sobre a ideia de uma

capacidade partilhada, diferente das lógicas tradicionais de partidos revolucionários,

de vanguarda, ou fundados na ciência.

No Brasil, a busca pela construção de novos espaços para uma gestão

compartilhada ainda é bastante desafiadora, existe um vasto número de instituições

participativas que inclui conselhos, orçamentos participativos e planos diretores

municipais entre outras formas de participação. (AVRITZER, 2009)

A criação desses espaços baseou-se na crença de que eles impulsionariam a

democratização das relações sociais e dos processos políticos e, simultaneamente,

proporcionariam maior eficácia à gestão das políticas públicas. O potencial

democratizante dessas instituições estava diretamente relacionado à capacidade

inclusiva desses espaços uma vez que deveriam promover e abrigar a participação

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de novos atores e novas temáticas. Uma composição diversificada possibilitaria,

assim, múltiplas perspectivas e a presença de negociação entre elas, em especial, as

dos grupos historicamente excluídos e em situação de vulnerabilidade. Ou seja, esses

espaços foram pensados com vistas a gerar práticas horizontais de participação e de

negociação, a “empoderar” grupos sociais em situação de exclusão e vulnerabilidade

e a reforçar vínculos associativos. (SANTOS JÚNIOR; AZEVEDO; RIBEIRO, 2004, p.

18).

Tendo em vista que, a criação de instituições de participação política dos

cidadãos, contemplam a possiblidade de igualdade política e autonomia dos

indivíduos, bem como a inclusão de atores sociais tradicionalmente excluídos da

participação do sistema político no processo de formulação e implementação de

políticas públicas. Este estudo tem como objetivo analisar a efetividade dos conselhos

municipais de turismo, no que se refere a constituição de um espaço pleno de

participação dos atores sociais, representantes do poder público, da iniciativa privada

e comunidade visando o desenvolvimento turístico municipal.

Apesar de existir grandes avanços realizados no entendimento dos

condicionantes da participação política em instituições participativas, ainda é preciso

de muitos estudos para entender sobre os efeitos do funcionamento das instituições

participativas sobre a administração pública. Do ponto de vista dos resultados, não

existem informações seguras para dizer se os Conselhos de turismo são efetivos.

Por isso, serão tratados aqui alguns aspectos referentes ao funcionamento dos

Conselhos que influenciam na sua efetividade. Serão abordados e investigados o ano

e processo de formação, objetivo e competências, composição, funcionamento e

articulação do Conselho, temáticas abordadas e deliberações, perfil e visão dos atores

na participação do colegiado.

Em face a isto, as linhas investigativas que se buscou pesquisar são em

primeiro lugar entender que tipo de interlocução existe entre os atores do Conselho?

as deliberações do Conselho são respeitadas? Existe autonomia nas deliberações do

Conselho? Existe paridade de acesso às informações entre os representantes do

governo e da sociedade civil? Que ações foram realizadas na atual gestão?

A atual conjuntura apresenta uma crise do sistema político, que se reflete

também na representação nos espaços participativos, segundo organizações da

sociedade civil e pesquisadores das ciências sociais. Este reflexo nos espaços de

democracia participativa se dá na medida em que a legitimidade dos representantes

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da sociedade civil vem sendo questionada tanto por atores do governo quanto pelas

próprias organizações representadas. Compreende-se que esta crise se dá, em boa

medida, pela falta de clareza do que é representar neste contexto específico, o que

dificulta a criação de mecanismos de controle dos representantes para tornar mais

legítima esta representação.

Em busca de entender a legitimidade circunscrita nos Conselhos municipais de

turismo, no sentido de que são espaços onde é possível o fortalecimento da

participação democrática dos atores na formulação e implementação de políticas

públicas, o problema desse estudo busca responder se é possível identificar práticas

de participação e efetividade nos Conselhos Municipais de Turismo.

Desse modo, a hipótese orientadora deste estudo é a de que os Conselhos

Municipais de Turismo estão inscritos em espaços onde existe falta de clareza do

significado de representar, com ações restritas a reuniões que servem para referendar

iniciativas governamentais e cumprir uma mínima exigência legal no repasse de

recursos federais e estaduais.

Diante destas circunstâncias, o fator principal que levou a esta pesquisa deve-

se ao pioneirismo deste tipo de estudo, que busca conhecer e entender os Colegiados

Municipais de Turismo sob o enfoque da participação e efetividade. Por este motivo

entende-se que esta pesquisa torna-se relevante e irá contribuir para futuras

pesquisas da área.

Neste estudo procurou-se contemplar o Estado de São Paulo, tendo em vista

que estudar toda a população do Estado delimitado foge da exequibilidade da

pesquisa, os seguintes critérios foram utilizados para a escolha dos COMTURs, como

não existe pesquisa que indica o número de Conselhos Municipais de Turismo

existentes nas regiões brasileiras atualizado, os últimos levantamentos foram feitos

no ano de 1999 e 2001 (IBGE) que apontaram a existência de 850 e 1226

respectivamente em todo o Brasil.

Foram selecionados os Conselhos pertencentes às Estâncias Turísticas. A Lei

complementar Estadual nº1.261 de 29 de abril de 2015, considera as Estâncias

Turísticas como “os destinos turísticos consolidados, determinante de um turismo

efetivo gerador de deslocamentos e estadas de fluxos permanentes de visitantes. Os

destinos que possuem expressivos atrativos turísticos de uso público e caráter

permanente, naturais, culturais ou artificiais, que identifiquem sua vocação ao

turismo”.

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A mesma Lei nº1.261 de 29 de abril de 2015 estabelece como condição

indispensável manter um Conselho Municipal de Turismo devidamente constituído e

atuante, de caráter deliberativo, foi levantado que o Estado de São Paulo possui

setenta COMTURs. Porém, ao entrar em contato com a prefeitura municipal dos

municípios considerados Estâncias, apurou-se que somente 25 municípios possuem

Conselho Municipal de Turismo ativos, os demais embora tenham Lei de criação que

os constituiu, não estão atuantes.

Os municípios que não apresentam Conselhos operantes, alegaram que estão

em fase de reestruturação de seus conselhos a fim de atender a Lei Estadual nº1.261

de abril de 2015.

Como seria impossível realizar a pesquisa com todos os vinte e cinco

Conselhos, optou-se em escolher um Conselho Municipal de Turismo de cada região

do Estado de São Paulo (Mapa 1 a 4). Contudo, nem todos os presidentes dos

Conselhos mostraram-se dispostos à realização desta pesquisa.

Dessa forma, para viabilizar este estudo optou-se em escolher a partir da

abertura e disponibilidade, os Conselhos Municipais de Turismo de Brotas, São

Sebastião e Santos.

A abordagem adotada neste estudo caracteriza-se como qualitativa, pode-se

dizer em termos gerais que esta abordagem pretende obter uma compreensão mais

profunda do contexto e da visão dos próprios atores para interpretar a realidade.

(DESLAURIES;KÉRISIT,2008).

Este estudo está estruturado em quatro capítulos, além da introdução e

conclusão, assim sendo, o primeiro capítulo apresenta o percurso metodológico

adotado para a realização deste estudo. O segundo e o terceiro capítulos referem-se

à revisão bibliográfica para se construir o referencial teórico sobre a democracia

participativa, as instituições participativas e os Conselhos. Também conduz o leitor a

compreender as ações participativas no turismo e os novos espaços de deliberação

de políticas públicas os Conselhos Municipais de Turismo. No quarto capitulo

apresenta-se a análise dos resultados deste estudo.

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Capitulo 1- PROTOCOLO METODOLÓGICO

Neste capitulo incialmente é apresentada a abordagem adotada para a

realização deste estudo, em seguida a definição dos casos a serem estudados onde

estão descritos os critérios e caminhos para se chegar ao objeto de estudo. Em

seguida são apresentados os procedimentos adotados para a coleta de dados.

1.1 Abordagem e Delineamento da Pesquisa

Nesta pesquisa, utilizou-se da abordagem qualitativa, por entender que permite

revelar com maior profundidade o objeto ora pesquisado.

Para Chizzoti (2003,p.221) o termo qualitativo implica uma partilha densa com pessoas, fatos e locais que constituem objetos de pesquisa, para extrair desse convívio os significados visíveis e latentes que somente são perceptíveis a uma atenção sensível e, após este tirocidio o autor interpreta e traduz em um texto, zelosamente escrito com perspicácia e competências científicas os significados patentes ou oculto do seu objeto de pesquisa.

O título qualitativo é invocado por diferentes tradições de pesquisa, que

partilham do pressuposto básico de que a investigação dos fenômenos humanos,

sempre saturados de razão, liberdade e vontade estão possuídos de características

especificas: criam e atribuem significados as coisas e as pessoas nas interações

sociais e estas podem ser descritas e analisadas, prescindindo de quantificações

estatísticas.

Neste sentido, Minayo (2001,p.22) reconhece que a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

A literatura de pesquisa qualitativa apresenta amplidão de diversidade e

tendências que se abrigam como qualitativas. Nesse sentido Chizzoti (2003, p.222)

escreve que “diferentes orientações filosóficas e tendências epistemológicas

inscrevem-se como direções de pesquisa, sob o abrigo qualitativo advogando as mais

variadas técnicas de pesquisa”...].

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As pesquisas tomam formas textuais originais, recorrem a todos os recursos

linguísticos, sejam estilísticos, semióticos ou diferentes gêneros literários que

permitem apresentar de forma inovadora os resultados de investigações em um

universo cheio de possibilidades.

Em termos gerais, os estudos qualitativos envolvem a coleta de dados

utilizando técnicas que não pretendem medir nem associar as medições a números.

São utilizadas diversas técnicas de pesquisa e habilidades sociais de maneira flexível,

de acordo com as necessidades da situação. Geralmente são produzidas neste tipo

de pesquisa dados que geram descrições bastante detalhadas.

A pesquisa qualitativa, como qualquer outro enfoque é um processo constituído

por diversas etapas, passos ou fases, que são organizados de maneira lógica,

sequencial e dinâmica. O delineamento muda conforme o tipo de pesquisa que se

pretende realizar.

A respeito da escolha do delineamento da pesquisa Poupart (2008) diz que

vários fatores influem na escolha . Que pode visar à exploração, à descrição, ou à

verificação; ela pode ser realizada em um meio que se presta a experimentação, ou

ao contrário, em um local que o pesquisador não pode controlar. O delineamento

variará, portanto, não apenas em função do objetivo de pesquisa, mas também

segundo as possibilidades e os limites nos quais ela se desenvolve.

Nesta perspectiva, podem-se distinguir os seguintes delineamentos nas

pesquisas qualitativas: o estudo de caso, a comparação multicaso, a experimentação

no campo, a experimentação em laboratório. Nesta pesquisa, o delineamento

adotado é o estudo de caso.

Compreende-se que este tipo de estudo se adequa ao objeto de pesquisa ora

apresentado, onde o pesquisador tem pouco controle sobre os eventos e o foco se

encontra em fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real.

O estudo de caso é a estratégia escolhida ao se examinarem acontecimentos contemporâneos, mas quando não se podem manipular comportamentos relevantes. O estudo de caso conta com muitas das técnicas utilizadas pelas pesquisas históricas, mas acrescenta duas fontes de evidências que usualmente não são incluídas no repertório de um historiador: observação direta e série sistemática de entrevistas. Novamente, embora os estudos de casos e as pesquisas históricas possam se sobrepor, o poder diferenciador do estudo é a sua capacidade de lidar com uma ampla variedade de evidências - documentos, artefatos, entrevistas e observações - além do que pode estar disponível no estudo histórico convencional. Além disso, em algumas situações, como na observação participante, pode ocorrer manipulação informal. (YIN,2010,p.27)

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Tecnicamente (Yin,2010) define o estudo de caso como uma investigação

empírica que pesquisa um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida

real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão

claramente definidos. A investigação do estudo de caso enfrenta uma situação

tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos

de dados, e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidências, com os dados

precisando convergir em um formato de triângulo, e, como outro resultado, beneficia-

se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a coleta e a

análise de dados.

Neste sentido, o estudo de caso como estratégia de pesquisa compreende um

método que abrange tudo - com a lógica de planejamento incorporando abordagens

específicas à coleta de dados e à análise de dados.

1.2 A Definição dos Casos Estudados

Yin (2010) descreve que os estudos de casos podem ser de caso único ou

múltiplos e que se baseiam em três fundamentos. O estudo de caso único, encontra-

se um fundamento lógico para um caso único quando ele representa o caso decisivo

ao testar uma teoria bem-formulada. Um segundo fundamento lógico para um caso

único é aquele em que o caso representa um caso raro ou extremo. O terceiro

fundamento para um estudo de caso único é o caso revelador. Essa situação ocorre

quando o pesquisador tem a oportunidade de observar e analisar um fenômeno

previamente inacessível à investigação científica. Esses três fundamentos

representam as razões principais para conduzir; um estudo de caso único.

O estudo de casos múltiplos ocorre quando, o mesmo estudo contém mais de

um caso único. Embora algumas áreas propõe uma metodologia diferente para os

estudos de casos múltiplos, neste estudo, é adotada a perspectiva de Yin (2010) de

que a escolha entre casos únicos ou múltiplos permanece dentro da mesma estrutura

metodológica.

Dessa forma, a decisão de se comprometer com estudos de casos múltiplos

não pode ser tomada facilmente. Cada caso deve servir a um propósito específico

dentro do escopo global da investigação. Uma percepção importante que se deve ter,

é considerar casos múltiplos como se consideraria experimentos múltiplos - isto é,

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seguir a lógica da replicação. A lógica da replicação é análoga àquela utilizada em

experimentos múltiplos.

A lógica subjacente ao uso de estudos de casos múltiplos é igual. Cada caso deve ser cuidadosamente selecionado de forma a: a) Prever resultados semelhantes (uma replicação literal); b) Produzir resultados contrastantes apenas por razões previsíveis (uma replicação teórica). (YIN, 2010, p.61)

A abordagem da replicação abordada nos estudos de casos múltiplos, que foi

adaptada para esta pesquisa, indica que a etapa inicial ao se projetar o estudo de

caso consiste no desenvolvimento da teoria e, em seguida, demonstra que a seleção

do caso e a definição das medidas especificas são etapas importantes no processo

de planejamento e coleta de dados.

Cada caso em particular consiste em estudo completo, no qual se procuram

provas convergentes com respeito aos fatos e as conclusões para o caso; acredita-se

assim que, a conclusão para cada caso sejam as informações que necessitam de

replicação por outros casos individuais. Tantos os casos individuais como os casos

múltiplos podem e devem ser o foco de um resumo. Para cada caso individual, o

relatório deve indicar como e porque se demonstrou ou não uma proposição em

especial.

Ao longo dos casos, o parecer deve indicar a extensão da lógica de replicação

e por que se previu que certos casos apresentavam certos resultados, ao passo que

também se previu que outros casos (se houver) apresentavam resultados

contraditórios.

Para a realização deste trabalho, utilizou-se de estudo de caso múltiplos,

baseado no método proposto por Yin (2010), os seguintes passos (Figura 1) foram

adotados como procedimentos para a realização do estudo: Definição e planejamento

dos casos, Protocolo de coleta de dados, Coleta das evidências, Análise dos casos

individuais, Análise final e Conclusões.

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Figura1: Fases do Estudo de Caso

Fonte: Elaborado pela autora com base em Yin (2010)

Neste contexto, para a realização desta pesquisa, primeiramente foram

necessárias algumas ações a fim de delimitar os casos a serem estudados. A primeira

ação foi levantar os municípios do Estado de São Paulo que possuem Conselhos

Municipais de Turismo. Para facilitar a pesquisa, optou-se em levantar os municípios

pertencentes as denominadas Estâncias Turísticas. Que segundo a lei. nº 1.261 de

29 de abril de 2015 classifica como Estância Turística:

Artigo 2º - São condições indispensáveis e cumulativas para a classificação de Município como Estância Turística: I – ser destino turístico consolidado, determinante de um turismo efetivo gerador de deslocamentos e estadas de fluxo permanente de visitantes; II – possuir expressivos atrativos turísticos de uso público e caráter permanente, naturais, culturais ou artificiais, que identifiquem a sua vocação voltada para algum ou alguns destes segmentos.

De acordo com levantamento realizado na Secretaria Estadual de Turismo do

Estado de São Paulo e APRECESP-Associação das Prefeituras das Cidades Estância

do Estado de São Paulo, atualmente existem 70 municípios considerados Estâncias

Turísticas, (Mapa1,2,3,4) que em conformidade com a lei complementar nº1.261 de

abril de 2015 o município denominado Estância entre outras condições deve possuir

ESTU

DO

DE

CA

SO

Definição dos casos

Protocolo de coleta de dados

Caso 1- coleta das evidências

Caso 2-coleta das evidências

Caso 3- coleta das evidências

Análise dos resultados

Conclusões

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conselho municipal de turismo devidamente constituído e atuante. Motivo este que,

propiciou a escolha das Estâncias para a realização desta pesquisa.

Mapa 1: Estâncias Climáticas Mapa 2: Estâncias Hidrominerais

Fonte: http://aprecesp.com.br/ Fonte: http://aprecesp.com.br/

Mapa 3: Estâncias Turísticas Mapa 4: Estâncias Balneárias

Fonte: http://aprecesp.com.br/ Fonte: http://aprecesp.com.br/

Uma vez identificados os municípios considerados Estâncias, iniciou-se a

segunda ação, a qual foi efetivada por meio de contato telefônico com as Prefeituras

Municipais dos locais acima identificados a fim de obter contato com os presidentes

dos respectivos Conselhos para apresentar a proposta desta pesquisa. Porém, nem

todos os Conselhos municipais identificados foram acessíveis para a realização da

pesquisa. Muitos deles estão em processo de reestruturação devido a lei

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complementar nº1.261 de abril de 2015 que obriga as Estâncias Turísticas a terem

Conselho Municipal atuante e outros não manifestaram interesse em participar.

Nesta perspectiva, os critérios e as justificativas para a delimitação e a escolha

deste objeto de estudo foram devido ao fácil acesso aos colegiados. Isto posto, os

casos selecionados foram os Conselhos Municipais de Turismo de Brotas, São

Sebastião e Santos.

1.3 A Coleta de Evidências

Entende-se que o processo de coleta de dados no estudo de caso é mais

complexo que o de outras modalidades de pesquisa. Isso porque a maioria das

pesquisas utiliza-se uma técnica básica para a obtenção de dados, embora outras

técnicas possam ser utilizadas de forma complementar. Segundo Yin (2010) as

evidências para um estudo de caso podem vir de seis fontes distintas: documentos,

registros em arquivos, entrevistas, observação direta, observação participante e

artefatos físicos.

Além da atenção particular que se dá a essas fontes em particular, alguns

princípios predominantes são importantes para o trabalho de coleta de dados na

realização do estudo de caso, inclui-se aqui o uso de:

a) Várias fontes de evidências, ou seja, evidencias provenientes de duas ou

mais fontes, mas que convergem em relação ao mesmo conjunto de fatos ou descobertas;

b) Um banco de dados para o estudo de caso, isto é, uma reunião formal de evidências distintas a partir do relatório final do estudo de caso;

c) Um encadeamento de evidências, isto é, ligações explícitas entre as questões feitas, os dados coletados e as questões que se chegou. (YIN,2010, p.105)

A fim de dar início ao processo de coleta de dados, foi realizado contato com

os presidentes dos Conselhos Municipais para agendamento da participação de

reuniões, realização da entrevista e aplicação do questionário. Na oportunidade foi

solicitado aos presidentes dos três colegiados o acesso às atas das reuniões

realizadas no ano de 2014 e as Leis de criação e Regimento Interno. Os documentos

solicitados foram encaminhados por e mail. O objetivo de análise de tais documentos

foi de conhecer as características dos Conselhos, competências e organização, no

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caso das atas, as deliberações dos Conselhos. A análise das atas teve como objetivo

conhecer como se dá a participação nos Conselhos, e qual espaço as falas ocupam.

Por questões de deslocamento estas atividades foram realizadas no mesmo

dia da participação da reunião do Conselho. No município de Brotas e Santos ocorreu

em setembro de 2015 e no município de São Sebastião em dezembro de 2015.

Consequentemente, para o processo de coleta de dados foram empregados

dois instrumentos: a entrevista e o questionário que são apresentados no apêndice

A e anexo B deste trabalho.

As entrevistas focadas foram realizadas com os presidentes dos três Conselhos

Municipais escolhidos: Brotas, São Sebastião e Santos. Foram agendadas

previamente, conforme a disponibilidade dos atores entrevistados. A realização das

entrevistas teve como objetivo entender de que forma os presidentes dos Conselhos

Municipais de Turismo enxergam tal instituição enquanto um órgão de gestão

compartilhada, bem como conhecer suas ações para as dinâmicas participativas dos

respectivos Conselhos. Foram aplicadas sete questões aos presidentes, para esta

análise as questões foram separadas e salvas em arquivo de áudio separadamente.

Estes áudios foram ouvidos, transcritos e apresentados neste trabalho com a

autorização dos entrevistados, a partir deles foram geradas categorias de significados,

apresentadas na análise.

O questionário, aplicado com os conselheiros titulares dos colegiados, foi

utilizado com o intuito de estender-se ao maior número de membros, já que a

realização da entrevista seria mais demorada por existir maior número de pessoas.

Objetivou-se com o emprego desta técnica entender de que forma os demais

membros do colegiado reconhecem a efetividade enquanto atores participantes do

Conselho. Cabe ressaltar que o questionário foi distribuído aos membros dos

conselhos no dia das reuniões com exceção de Santos, que a pedido do presidente o

questionário foi enviado aos conselheiros por e-mail. Alguns membros não

manifestaram interesse em responder, conforme pode-se observar no quadro abaixo:

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Conselhos Nº de Conselheiros

Titulares

Nº de questionários

respondidos

Brotas 23 14

São Sebastião 12 3

Santos 45 2

Quadro 1: Número de conselheiros pesquisados

Fonte: Elaborado pela autora com base em pesquisa realizada

Uma vez coletados os dados, iniciou-se o processo de análise de conteúdo que

para Bardin (2011) corresponde aos seguintes objetivos:

a) A superação da incerteza: o que eu julgo ver na mensagem estará lá efetivamente contido, podendo esta visão muito pessoal ser partilhada por outros? Por outras palavras, será a minha leitura válida e generalizável? b) E o enriquecimento da leitura: se um olhar imediato, espontâneo, é já fecundo, não poderá uma leitura atenta aumentar a produtividade e a pertinência? Pela descoberta de conteúdos e de estruturas que confirmam (ou informam) o que se procura demonstrar a propósito das mensagens, ou pelo esclarecimento de elementos de significações suscetíveis de conduzir a uma descrição de mecanismos de que a priori não possuíamos a compreensão. (BARDIN,2011,p.35)

Entende-se que a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análises

das comunicações que Bardin (2011) descreve como marcado por uma grande

disparidade de formas e adaptável a um campo de aplicação muito vasto: as

comunicações.

Tal análise, tem por finalidade efetuar deduções lógicas e justificadas,

referentes a origem das mensagens tomadas em consideração (o emissor e o seu

contexto, ou, eventualmente, os efeitos dessas mensagens). O analista possui à sua

disposição (ou cria) todo um jogo de operações analíticas, mais ou menos adaptadas

à natureza do material e à questão que procura resolver.

Dentro dos domínios possíveis da aplicação da análise de conteúdo propostos

por Bardin (2011) nesta pesquisa adotou-se o código linguístico escrito e oral, o

primeiro para análise das leis de criação dos Conselhos e seus Regimentos Internos,

para as respostas dos questionários aplicados aos membros dos conselhos

municipais de turismo e análise das atas das reuniões do ano de 2014. O segundo, o

código linguístico oral, para análise das entrevistas realizadas com os presidentes dos

colegiados estudados.

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As análises foram organizadas em três fases Bardin (2011) a pré-análise, a

exploração do material e o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação.

Para a análise de conteúdo das atas primeiramente realizou-se a pré-análise,

período realizado para sistematizar as ideias iniciais, de maneira a conduzir a um

esquema preciso de desenvolvimento das operações sucessivas, num plano de

análise. Em termos de procedimentos de coletas dos dados, foi realizada a

identificação de todos os assuntos tratados em cada reunião.

Foram identificados e registrados os assuntos em uma tabela de seis

colunas: (1) número de ordem da reunião; (2) data da reunião; (3) categoria; (4)

assuntos tratados (5) manifestações dos atores representantes do poder público (6)

manifestações dos representantes da sociedade civil. Por questões éticas as

informações e depoimentos analisados não serão identificados, apenas utilizados e

referidos aos municípios quando houver necessidade de evidenciar as questões e

categorias tratadas.

Quanto à análise dos questionários para as respostas fechadas foi realizada a

tabulação simples, para as questões abertas utilizou a análise categorial que consiste

no desmembramento do texto em unidades segundo reagrupamento analógico.

A análise final, ou seja, a Participação e Efetividade nos Conselhos Municipais

de Turismo, foi realizada baseando-se em proposições teóricas, que por sua vez

refletem o conjunto de questões da pesquisa, as revisões feitas na literatura sobre o

assunto e as novas interpretações que possam surgir. Para tal análise foram

estabelecidas as seguintes categorias (Quadro 15 e 16): Organização, Participação

dos atores, Deliberação e Ações.

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Capítulo 2 - A DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E AS INSTITUIÇÕES

PARTICIPATIVAS

Neste capitulo são explorados conceitualmente e debatidos alguns aspectos da

teoria participativa e das instituições participativas a partir da leitura e análises de

alguns autores. Essas categorias são discutidas porque estão articuladas com o

objeto desta pesquisa, os Conselhos Municipais de Turismo.

2.1 A Teoria Participativa

Segundo muitas vertentes teóricas a participação pode ser entendida como a

prática política de atores sociais, ligada a teoria da democracia que apresenta

procedimento institucionalizado com funções delimitadas por leis e disposições

regimentais.

Nesta perspectiva Lavalle (2011) observa que a multidimensionalidade ou

polissemia dos sentidos práticos, teóricos e institucionais torna a participação um

conceito efêmero, e as tentativas de definir seus efeitos, escorregadias. Não apenas

em decorrência de que a aferição de efeitos é operação sabidamente complexa, mas

devido ao fato de sequer existirem consensos quanto aos efeitos esperados da

participação, ou, pior, quanto à relevância de avaliá-la por seus efeitos. Afinal,

ponderar o valor da participação pela sua utilidade equivale a desvalorizá-la ou torná-

la secundária em relação ao efeito almejado.

Com a constituinte adquiriu-se um perfil novo a participação que outrora popular

tornar-se cidadã. Onde os atores engajados reelaboram seus discursos com a

diversificação e multiplicação de Instituições Participativas.

Os efeitos atribuídos a participação são muitos (Lavalle,2011) o primeiro deles

são os efeitos da socialização e os psicológicos diversos sobre os participantes. Outro

efeito é a escola de cidadania, capaz de cultivar o civismo em que se busca a

compreensão do bem público, onde o engajamento participativo incrementa o senso

de pertencimento do cidadão a sua sociedade. A participação geraria efeitos

distributivos quando realizada no marco de Instituições incumbidas de orientar as

políticas e as prioridades do gasto público.

Também costuma ser associada à racionalização e à eficiência das próprias

políticas sujeitas ao controle social. Por fim, argumenta-se que a participação traz

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consigo efeitos agregados indiretos ou não intencionais: externalidades positivas

capazes de gerar um bem público, diferentes, nesse sentido, dos efeitos de

socialização e psicológicos de índole individual. A formulação contemporânea mais

conhecida conceitua esses efeitos em termos de capital social, entendido como bem

coletivo, subproduto da participação orientada a determinados propósitos coletivos

particulares.

A gama de características a serem equacionadas no plano da teoria só pode aumentar se contemplada a variedade de atos normalmente agrupados sob o rótulo participação: falar em uma assembleia, depositar uma queixa, inscrever o nome em um abaixo-assinado, frequentar uma reunião, aderir a um protesto público, tornar-se delegado, representar grupos na tomada de decisões institucionalmente investidas – conselheiros e delegados dos conselhos gestores de políticas, do OP(orçamentos participativos) ou das conferências –, incidir na formação dos fluxos da opinião pública etc. Indagar a efetividade das IPs (instituições participativas) não apenas é um problema imposto à análise pelas transformações ocorridas no Brasil no terreno da inovação democrática, mas, é claro, delimita o escopo dos atos definidos como participação. Ainda assim, carecemos, salvo engano, de formulações teóricas sobre os trade-offs que elas tendem a gerar dadas suas feições institucionais. (LAVALLE,2011,p.36).

Gohn (2011) analisa o sentido da participação segundo três níveis: o conceitual,

o político e o da prática social. O conceitual apresenta variações conforme o

paradigma teórico adotado em que se fundamenta, o político, usualmente é associado

a processos de democratização, também utilizado como um discurso que busca a

integração social dos indivíduos, isolados em processos que objetivam retirar os

mecanismos de regulação da sociedade resultando em políticas sociais de controle

social. O das práticas sociais que trata das ações, das lutas dos movimentos e

organizações para a realização de algo.

São diversificadas as concepções da participação, sendo estas: liberal,

corporativa, comunitária, autoritária, democrática, revolucionária, democrática-radical

apresentadas por Gohn ( 2011).

O propósito da concepção liberal é o fortalecimento da sociedade civil no

sentido de evitar ingerências do Estado. “A participação liberal se baseia, portanto,

em um princípio da democracia de que todos os membros da sociedade são iguais, a

participação seria o meio, o instrumento para a busca de satisfação dessas

necessidades”. (GOHN,2011,p.18).

A concepção corporativa pode-se dizer é procedente da liberal, há interesses

espontâneos dos indivíduos, onde existe um sentimento de identidade e concordância

de uma certa ordem social para o bem comum. “A concepção corporativa busca

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articular o processo participativo a existência de organizações na sociedade. O

suposto é que as organizações existem apenas quando as pessoas participam”.

(GOHN,2011, p.18).

Da mesma forma, a concepção comunitária deriva-se da concepção liberal, são

priorizados aqui o fortalecimento e integração entre sociedade civil e órgãos

deliberativos e administrativos do Estado. Nesta concepção, os grupos organizados

devem participar no interior dos aparelhos do poder estatal de maneira que os atores

do público e privado possam se juntar num só.

O pressuposto autoritário, é orientado para a integração e o controle social da

sociedade e da política. Essa forma de participação pode ocorrer em duas situações,

a primeira nos regimes políticos autoritários e a segunda em regimes democráticos

representativos como resultante de uma politica cooptativa. Onde as políticas

públicas, são estimuladas de cima para baixo. (GOHN 2011)

O modelo democrático tem como princípio regulador a soberania popular, onde

a participação é concebida como um fenômeno que se desenvolve tanto na sociedade

civil como nas instituições formais políticas. É considerada oposta ao corporativismo

e demarca posições entre a sociedade civil e o sistema político. No entanto, Gohn

(2011) indica que este modelo apresenta como na concepção liberal alguns vícios,

como a constituição de redes clientelísticas movidas pelo poderio econômico ou de

prestígio político, porque o princípio básico destes modelos é o da delegação de um

poder de representação, não importando a forma como foi constituída essa

representação.

Na concepção revolucionária, a participação é estruturada nos coletivos

organizados, onde se luta contra as relações de dominação e pela divisão do poder

político. São utilizados canais existentes para reconstruí-los, em que a luta tem

diferentes lados, no sistema político e nos aparelhos burocráticos do Estado.

O sistema partidário é um ator fundamental nesta concepção, pois tem como missão formar quadros para uma participação qualificada nos espaços citados. Usualmente, a interpretação radical sobre a participação engloba teóricos e ativistas que questionam e buscam substituir a democracia representativa por outro sistema, em muitos casos pela denominada “democracia participativa”. (GOHN, 2011,p.21)

A concepção democrática-radical da participação tem como finalidade

fortalecer a sociedade civil para a construção de caminhos que apontem para uma

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nova realidade social, ausente de injustiças, exclusões, desigualdades e

discriminações. Esta concepção baseia-se no pluralismo, onde não se trata de

indivíduos isolados, nem de indivíduos membros de uma classe social. No que se

refere ao envolvimento da participação popular, os indivíduos são considerados

cidadãos. Participar é visto como criar uma cultura de dividir responsabilidades para

a construção coletiva de um processo.

Diante dos pressupostos vistos sobre participação, pode-se dizer que a

democracia participativa enfatiza a presença dos cidadãos comuns nos processos de

tomada de decisões, dando poder aos setores sociais não representados ou sub-

representados pelas instituições políticas existentes. Trata-se de abrir instâncias de

poder ao diálogo, tanto político como social.

Sell (2006,p.93) descreve a democracia participativa como um conjunto de experiências e mecanismos que tem como finalidade estimular a participação direta dos cidadãos na vida política através de canais de discussão e decisão. A democracia participativa preserva a realidade do Estado (e a Democracia Representativa).Todavia, ela busca superar a dicotomia entre representantes e representados recuperando o velho ideal da democracia grega: a participação ativa e efetiva dos cidadãos na vida pública.

Para Dagnino; Olvera; Panfichi (2006) a democracia participativa começa a

entrar no debate contemporâneo como resposta às características elitistas e

excludentes das democracias eleitorais e as teorias que fundam a compreensão

limitada e limitante dessas democracias. O fundamento da democracia participativa

baseia-se na ampliação do conceito de política mediante a participação cidadã e a

deliberação nos espaços públicos, formando um sistema articulado de instâncias de

intervenção dos cidadãos nas decisões que lhe concernem e na vigilância do exercício

do governo.

2.2 Instituições Participativas

Nas palavras do Avritzer (2008, p. 45), “Por Instituições Participativas (IPs)

entendemos formas diferenciadas de incorporação de cidadãos e associações da

sociedade civil na deliberação sobre políticas”. Compreende-se que são espaços

onde existe a possibilidade de se constituir a partilha do poder, no qual atores estatais

e atores da sociedade civil participam simultaneamente.

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Para Main Waring et al (2006) o aumento das Instituições Participativas e de

novas formas de intervenção na política pode estar relacionada com a crise de

representação, resultado dos fracassos e das políticas públicas implementadas pelos

governos que surgiram a partir das eleições há três décadas.

Este aumento nasce também, a partir do reconhecimento da sociedade sobre

a incapacidade do Estado de prover bens públicos, o que conduz por sua vez, à

aceitação da necessidade de trabalhar em conjunto para cumprir com esta tarefa. Em

alguns casos, as instituições de participação direta dos cidadãos são promovidas pelo

Estado. Como foi o caso dos orçamentos participativos no Brasil, que teve apoio dos

representantes eleitos, o Partido dos Trabalhadores, assim como de uma base social

composta por votantes da classe média, associações, sindicatos e da igreja.

(ABERS,2000;FUNG,2011).

A arquitetura da nova participação permite, cidadãos e sociedade civil, deliberar

em Conselhos, Fóruns Públicos, votar sobre políticas públicas, monitorar funcionários

públicos e construir novas redes.

O desenvolvimento de múltiplas instituições democráticas gerou conjunto

diversificado de incentivos que induziram ao aumento heterogêneo da sociedade civil,

diretamente envolvidos na elaboração de políticas públicas. A sociedade civil é agora

caracterizada pela presença de ampla gama de movimentos sociais, comunidades

organizadas, instituições não governamentais, provedores de serviços e organizações

religiosas. (AVRITZER 2002; BAIOCCHI 2005; LAVALLE;ACHARIA; HOUTZAGER

2005;MISCHE 2008;ARIAS 2006;WOLFORD 2010;LAVALLE;ISUNZA VERA 2011).

Como se sabe, as inovações institucionais mais significativas experimentadas

pela democracia brasileira nos anos recentes tiveram trajetórias distintas. De um lado,

os OPs (Orçamentos Participativos) surgiram e se expandiram a partir da ascensão

eleitoral do Partido dos Trabalhadores (PT), cujo marco mais significativo foi a

experiência de Porto Alegre. Onde desenvolveu-se uma nova modalidade de gestão

Pública, baseada na participação direta da população na elaboração e na execução

do orçamento público, especialmente para a escolha de prioridades dos investimentos

municipais. De outro lado, os Conselhos Gestores de Políticas Públicas (CGPPs), as

Conferências (CFs) e, mais recentemente, os Planos Diretores Participativos (PDPs)

surgiram como produto de dispositivos legais, “garantidos pela Carta Constitucional

de 1988 e pela legislação ordinária dela derivada”. (BORBA, 2011, p.66)

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Os resultados produzidos por Instituições Participativas (IPs) variam muito:

pesquisadores têm identificado mudanças no conteúdo e na forma de deliberação,

melhorias no bem-estar social, mudanças nos tipos de políticas públicas

implementadas pelo governo, melhorias das capacidades políticas dos cidadãos, bem

como o aprofundamento da democracia local (BAIOCHHI; HELLER; SILVA, 2008;

DAGNINO; OLVERA; PANFICHI, 2007; TATAGIBA, 2006; DAGNINO; TATAGIBA,

2007; AVRITZER, 2009; WAMPLER, 2007).

No entanto, também é verdade que “muitas IPs tendem a produzir mudanças

relativamente modestas, ou mesmo, em alguns casos, nenhum tipo de mudança”.

(WAMPLER,2011, p.44)

Estas novas formas de participação enfrentam vários riscos importantes. Um

deles é a devolução das atribuições e das responsabilidades do Estado de prover

bens públicos para a sociedade civil sem que exista uma transferência paralela de

recursos. Em alguns casos, para a elite é conveniente defender a autonomia da

sociedade civil como um meio para reduzir o Estado e o gasto público, estimulando

uma ética de “ faça você mesmo” ou “ “resolva sua própria situação” transferindo a

responsabilidade de assuntos imprescindíveis, como a educação pública, a

construção de caminhos ou acesso à saúde e dos serviços sociais, para grupos de

cidadãos e governos municipais ou a atores do mercado.

Neste sentido, Lavalle (2011) sugere algumas formas de ampliação para a

participação aprofundada nas IPs.

I) atuando na formação de cidadãos mais capacitados para ação política e coletiva; II) estimulando a formação e ativação de novos atores na sociedade civil; III) contribuindo para maior transparência, racionalidade e eficiência da administração pública; IV) direcionando políticas públicas ao cumprimento de funções distributivas e inclusivas; e V) contribuindo para a formação de novas elites políticas, dentre muitas outras possibilidades. No entanto, essa aparente multidimensionalidade dos resultados das IPs coloca desafios importantes para a operacionalização de avaliações de efetividade (LAVALLE,2011,p.50)

Para Cameron; Hersberg; Sharpe (2012) há que se ter cuidado, pois, o apoio à

sociedade civil e às Instituições Participativas locais pode ser conivente com uma

política neoliberal em que as instituições do Estado abandonam responsabilidades

essenciais e deixam esta carga para a sociedade civil.

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Outro risco possível é a expansão das instituições de participação direta e que

os lideres autocráticos podem utilizar estas instituições não para fortalecer a

autonomia da cidadania mas para maximizar seu próprio poder sobre seus oponentes.

Quando executivos poderosos ou partidos dominantes aproveitam mecanismos

clientelistas para mobilizar certos grupos contra instituições, que poderiam colocar um

contrapeso em sua autoridade e privam a oposição de oportunidades para influenciar

na distribuição de recursos importantes, a participação adota um caráter

profundamente antidemocrático.

Por outro lado, é na ausência de candidatos institucionais apropriados, que a

participação popular na tomada de decisões também pode conduzir a conflitos com

a proteção dos direitos e interesses de grupos minoritários, incluídas as elites

econômicas.

Nenhum dos perigos levantados da participação direta é inevitável. A inclusão

pode fortalecer a estabilidade; a participação pode ensinar prudência e bom juízo

através de novos mecanismos institucionais, as minorias excluídas podem ter voz pela

primeira vez; pode-se exigir a apresentação de contas dos representantes eleitos.

Neste sentido, Moroni (2009) aponta alguns mitos e desafios pertinentes ao

modelo de participação.

Figura 2: Mitos e desafios ao modelo de participação Fonte: Moroni,2009.

A análise dos ganhos e das perdas democráticas deve ser sutil e cheia de

matizes. Os processos de mudanças de representação rara vezes podem representar-

se de maneira linear e previsível, pois em cada espaço institucional existem as

consequências e as transformações inesperadas.

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Para os autores Cameron; Hersberg; Sharpe (2012) mecanismos mais robustos

para exercer a cidadania podem ser necessários para assegurar sua

representatividade efetiva, expandir a inclusão, fortalecer a sensibilidade das

autoridades para as demandas cidadãs, romper com o clientelismo, incrementar a

rendição de contas, educar os cidadãos, garantir a estabilidade política e permitir que

as práticas judiciais locais funcionem apropriadamente.

O incremento da participação direta institucionalizada na América Latina indica

que este não é somente um assunto teórico: porque uma democracia carente de uma

voz institucionalizada é insuficiente, por isso o surgimento de novas formas de

participação popular e cidadã tem o potencial de favorecer de maneira considerável a

democracia.

As eleições livres e justas e o sistema de partidos e instituições constitucionais,

mesmo quando estão respaldados por uma imprensa livre e por liberdades civis, não

parecem garantir oportunidades para que as pessoas participem nas decisões que as

afetam diretamente.

O projeto democrático participativo estaria constituído por uma concepção de aprofundamento e radicalização da democracia, que confronta com nitidez os limites atribuídos a democracia liberal representativa como forma privilegiada das relações entre Estado e sociedade. Assim, para fazer frente ao caráter excludente e elitista dessa forma, defendem-se modelos de democracia participativa e deliberativa com complementares a ela. (SANTOS;AVRITZER,2002.p.75).

Dessa forma, a participação da sociedade nas decisões assume um papel

central para a democratização. É vista como um instrumento da construção de maior

igualdade, quando contribui para a formulação de políticas públicas orientadas para

esse objetivo.

A participação é criada como um compartilhamento do poder decisório do

Estado em relação às questões relativas ao interesse público, diferenciando-se de

uma concepção de participação que se limita à consulta à população.

As formas e expressões adotadas na implementação dos princípios de participação e controle social, na direção da inovação democráticas, variam nos vários contextos nacionais: orçamentos participativos, conselhos gestores de políticas públicas, conselhos cidadãos, mesas de concertação, mecanismos de prestações de contas, monitoramento etc. (CAMERON;HERSBERG;SHARPE, 2012,p21)

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O controle social sobre o Estado deve incluir mecanismos de acompanhamento

e monitoramento de sua atuação por parte da sociedade, para garantir o seu caráter

público, prestação de contas ou accountability.

A prestação de contas no projeto democrático participativo vincula-se a outras

formas de participação dos cidadãos, são orientadas pela perspectiva de garantir

direitos e assegurar o controle social do público.

Três modelos de prestação de contas têm sido experimentados no Brasil. O

primeiro deles refere-se as ações de grupos da sociedade civil que assumiram como

tarefa a vigilância de algum órgão do Estado ou processo político, como é o caso das

iniciativas de organizações não governamentais como, Transparência Brasil ou o

Observatório da cidadania. O segundo, a criação de novas instituições no Estado,

cuja função é garantir o direito de informação ou ajudar a cidadania a vigiar o exercício

do governo. O terceiro refere-se à criação de agências de controle interno do próprio

Estado, que operam como entidades autônomas.

Entretanto, a heterogeneidade do Estado e as distintas vontades políticas dos

encarregados dessas agências são algumas variáveis a levar em conta para explicar

a diferença de atuação. No Brasil, a criação generalizada de ouvidorias nos diversos

níveis do governo e agências estatais tem impactos muito variados. Também se

avançou na transparência de vários setores do governo, com o acesso on line a dados

governamentais e de resultados eleitorais. (DAGNINO; OLVERA; PANFICHI,2006).

Também considerada como elemento central da democracia participativa, a

sociedade civil, é considerada como um terreno constitutivo da política, é nela que se

daria o debate entre os interesses divergentes e a construção dos consensos

provisórios que possam configurar o interesse público.

Neste sentido (AVRITZER,2002;DAGNINO,2002) dizem que a construção de

espaços públicos, societais ou com a participação do Estado, onde esse processo de

publicização do conflito, de discussões e de deliberação, assume papel fundamental

no interior do projeto democrático participativo.

Neste aspecto Bava (2005) enfatiza que não se pode dissociar a participação

cidadã das instituições democráticas que o sistema possui. É tão importante agir no

parlamento e lançar mãos dos instrumentos jurídicos que estão à disposição de todos

os cidadãos quanto ocupar os espaços dos Conselhos de Gestão. Poucas vezes

lança-se mão de uma ação civil pública para questionar uma política, uma alocação

de recursos. Há instrumentos que não são usados pelos cidadãos, que precisam

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aprender a exercer a cidadania nesse espaço, uma das alternativas é capacitar o

cidadão para isso.

2.2.1 Instituições Participativas no Turismo

As instituições ligadas ao turismo dependem, da orientação que o governo de

cada país der a essa atividade. Em muitos países, quando muda o governo a

orientação do turismo pode mudar e, por conseguinte, pode mudar também tanto a

sua posição hierárquica como sua subordinação administrativa. (BENI,2012) No caso

do Brasil, ocorreram algumas alterações com as mudanças de governo quando se

trata no envolvimento de atores, em que são promovidas ações de mudanças, com o

objetivo de ampliar e incrementar a atividade turística no Brasil.

A primeira instituição participativa criada foi o Conselho Nacional de Turismo

(CNT), com a finalidade de formular, coordenar e dirigir a Política Nacional de Turismo

(Figura 3). No ano de 1991 este Conselho foi extinto deixando sua finalidade e

competências ao Instituto Brasileiro de turismo.

Figura 3: Trajetória do Conselho Nacional de Turismo Fonte: http://www.turismo.gov.br/conselho-nacional-de-turismo.html

No ano de 2003 com a criação do Ministério do Turismo, foi reativado o CNT

cuja finalidade é assessorar o Ministro de Estado do Turismo na formulação e

aplicação da Política Nacional de Turismo e dos planos, programas, projetos e

atividades dela derivados.

A composição do Conselho Nacional de Turismo está definida no Art. 2º do

Decreto n° 6.705, de 19 de dezembro de 2008, que discrimina os órgãos e instituições

vinculadas ao Poder Executivo Federal, administração pública direta e indireta,

Conselho Nacional de

Turismo

Instituído pelo decreto nº55/66

Extinto em 1991Reativado em

2003 Lei nº 10.683/2003

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integrando também à composição três representantes designados diretamente pelo

Presidente da República, remetendo o referido Decreto para portaria ministerial do

Ministro de Estado do Turismo quanto às entidades da sociedade civil organizada que

participarão do Conselho.

O Conselho Nacional de Turismo tem reuniões ordinárias e extraordinárias

convocadas pelo seu Presidente, que são realizadas a cada trimestre. As reuniões do

Conselho Nacional de Turismo serão públicas, podendo ser sigilosas se o interesse

público o exigir e a critério do plenário. O Presidente do Conselho poderá convidar

outras entidades públicas e da iniciativa privada a participar das reuniões do

colegiado.

A política pública descentralizada para o turismo, conforme preconiza o Plano

Nacional de Turismo – PNT 2003 / 2007, orientou a estruturação de ambientes de

organização – colegiados - a partir do núcleo estratégico, em nível superior,

coordenado pelo Ministério do Turismo.

Nas Unidades Federativas, são os Fóruns ou Conselhos que constituem a

instância de governança estadual do modelo da gestão descentralizada da Política

Nacional de Turismo, com caráter propositivo, consultivo e mobilizador, e, integrando

instituições dos setores público, privado e terceiro setor, representativas das suas

congêneres que compõem o Conselho Nacional de Turismo.

A implementação e execução do PNT 2003/2007 teve nessas Instâncias

Estaduais a contextualização das ações da Política Nacional (Mtur,2006),

estruturando o turismo nos estados, regiões e municípios, propondo, deliberando,

validando e encaminhando assuntos de competência e interesse da Política Estadual

do Turismo.

No âmbito desse modelo foi definido o Programa de Gestão Descentralizada

do Turismo como estratégia operacional para promover a organização, estruturação,

integração e articulação dos colegiados para a gestão do turismo nos diferentes níveis

e setores institucionais e empresariais. Estes congregam instituições, entidades,

associações e agentes da sociedade civil organizada e atuam para o desenvolvimento

sustentável do turismo nos diversos territórios das macrorregiões turísticas brasileiras.

São objetivos dos colegiados estaduais para a gestão descentralizada do turismo nacional: • A consolidação e continuidade das Políticas Nacional e Estadual de Turismo; • Apoiar na definição e execução da Política de Desenvolvimento Turístico do Estado, Regiões e Municípios; • A Promoção, coordenação, monitoramento, incentivo e avaliação da execução dos

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programas da Política de Turismo; • Integração e articulação das políticas públicas e privadas do setor; • Otimização de recursos e resultados; • Fortalecimento da cadeia produtiva do turismo integrando os setores público- privado e 3º setor; • Desenvolvimento de produtos turísticos de qualidade, orientado por metas, no foco dos produtos e mercados; • Constituição de canal de ligação entre o Governo Federal e os destinos turísticos; • Atuação junto a outros órgãos e entidades que exercem atividades relacionadas com o turismo;(Mtur, 2006,p.17)

A Instância de Governança Regional é uma organização com participação do

poder público e dos atores privados dos municípios componentes das regiões

turísticas, com o papel de coordenar o Programa de Regionalização do Turismo -

Roteiros do Brasil em âmbito regional. Essas Instâncias podem assumir estrutura e

caráter jurídico diferenciados, sob a forma de fóruns, conselhos, associações,

comitês, consórcio ou outro tipo de colegiado. “A institucionalização de uma Instância

de Governança Regional deve ter como base a transparência e a representatividade

dos setores envolvidos com o turismo. Esse processo deve ocorrer de maneira

participativa e compartilhada”. (Mtur,2007, p.18)

Os objetivos e as estratégias da institucionalização de uma Instância de Governança no âmbito regional são os seguintes: Os objetivos podem ser assim definidos: • criar comunicação regional para a operacionalização do Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil; • coordenar todo o processo da regionalização do turismo de uma região turística; • descentralizar as ações de coordenação do processo, deslocando-as da União para o Estado, e deste para as regiões turísticas. As estratégias para alcançar tais objetivos são: • organizar e coordenar os diversos atores para trabalhar com o foco centrado na região turística, de modo a considerar as especificidades de cada município; • avaliar e apoiar os projetos elaborados pelos diversos agentes do processo de consolidação da região turística, quando necessário; • mobilizar parceiros regionais para integrarem o Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil; • participar do planejamento e apoiar a gestão dos roteiros e produtos turísticos; • integrar as ações intra-regionais e interinstitucionais; • realizar o planejamento, o acompanhamento, a monitoria e a avaliação das estratégias operacionais do Programa no âmbito regional; • captar recursos e otimizar seu uso. (Mtur,2007,p.19).

O programa de Regionalização do turismo (Figura 4) é constituído por

coordenações sendo estas: Nacional, Estadual, Regional e Municipal.

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Figura 4: Estrutura de organização do Programa de Regionalização do Turismo

Fonte: Mtur (2007)

Para consolidar o processo de Institucionalização das Instâncias de

Governança Regionais as diretrizes do Programa de Regionalização do Turismo –

Roteiros do Brasil estabelecem algumas competências dos principais agentes

envolvidos com o Programa, conforme apresentado no Quadro 2.

Instituição Competências

Ao Ministério do Turismo, com apoio do Conselho Nacional de Turismo, por meio da Câmara Temática de Regionalização, compete:

Definir diretrizes e estratégias para a institucionalização das Instâncias de Governança Regionais, em âmbito nacional; • Estimular, apoiar e orientar as Unidades da Federação na institucionalização das Instâncias das Governança nas regiões turísticas; • Disponibilizar os instrumentos necessários para apoiar o processo de institucionalização das Instâncias de Governança; • Articular parcerias e negociar recursos técnicos, normativos e institucionais com as diferentes esferas do poder público, empresários e organismos internacionais para apoiar o processo de institucionalização de Instâncias de Governança Regionais, em âmbito nacional; • Produzir e disseminar dados e informações sobre as Instâncias de Governança Regionais; • Apoiar as Unidades da Federação na implementação, monitoramento e avaliação dos Módulos Operacionais do Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil, em âmbito estadual; • monitorar e avaliar as ações do

Coordenação Nacional

•Ministério do Turismo

•Conselho Nacional do Turismo

Coordenação Estadual

•Órgão Oficial de Turismo da UF

•Fórum Estadual de Turismo

Coordenação Regional

• Instância de govenança municipal dos municipios integrados

Coordenação Municipal

•Órgão Municipal de Turismo/Colegiado local (conselhos,fóruns etc)

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processo de institucionalização de Instâncias de Governança Regionais, em âmbito nacional.

Ao Órgão Oficial de Turismo da Unidade da Federação, com apoio do Fórum Estadual de Turismo, compete:

Definir diretrizes e estratégias para a institucionalização das Instâncias de Governança Regionais alinhadas às nacionais; • estimular, apoiar e orientar as regiões turísticas na institucionalização das Instâncias de Governança; • articular parcerias e negociar recursos técnicos, normativos e institucionais com as diferentes esferas do poder público, empresários e organismos internacionais para apoiar o processo de institucionalização de Instâncias de Governança Regionais, no âmbito regional e estadual; • coordenar o processo de institucionalização das Instâncias de Governança Regional em âmbito estadual; • divulgar o processo de institucionalização da Instância de Governança nas diversas regiões turísticas; • apoiar a Instância de Governança Regional na implementação, monitoramento e avaliação dos Módulos Operacionais do Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil nas regiões turísticas; • monitorar e avaliar as ações do processo de institucionalização das Instâncias de Governança Regionais, em âmbito estadual.

À Instância de Governança Regional compete: Fortalecer seu papel de coordenação do Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil, em âmbito estadual, nos casos em que esta já esteja estabelecida; • definir a forma da Instância de Governança e os instrumentos a serem utilizados na gestão da região turística; definir e validar critérios para a escolha do(s) Mobilizador(es), de acordo com as características sugeridas no Módulo Operacional: Sensibilização do Programa, desde que essa seja a opção escolhida como estratégia de atuação; • escolher o(s) Mobilizador(es), de acordo com os critérios definidos e validados pela Instância de Governança Regional, desde que essa seja a opção escolhida como estratégia de atuação; • implementar os outros Módulos Operacionais do Programa, em âmbito regional, seguindo os princípios da sustentabilidade ambiental, econômica, sociocultural e político institucional; • promover a integração e cooperação entre a população envolvida no processo de regionalização do turismo; • articular parcerias e negociar recursos técnicos, normativos e institucionais com as diferentes esferas do poder público, empresários e organismos internacionais para apoiar a implementação do Programa de Regionalização do Turismo em âmbito regional; • promover a integração de ações intra-regionais e interinstitucionais; • planejar as estratégias operacionais do Programa no âmbito da região, em conjunto com as organizações sociais, políticas e econômicas, integrando as ações estaduais e nacionais; • monitorar e avaliar a

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implementação do Programa, em âmbito regional.

Ao Órgão Municipal de Turismo, com apoio do Colegiado Local de Turismo, compete:

Articular a integração regionalizada do turismo com os parceiros do município e dos outros municípios e distritos participantes da região turística; • Apoiar o Órgão Oficial de Turismo da Unidade da Federação na identificação dos agentes adequados e necessários à gestão do processo de governança, de acordo com o perfil requerido pelo Programa nos municípios; • Participar da Instância de Governança Regional; • Mobilizar os segmentos organizados para o debate e indicação de propostas locais para a Região; • Articular parcerias e negociar recursos técnicos, normativos e institucionais com as diferentes esferas do poder público, empresários e organismos internacionais para apoiar a implementação do Programa, em âmbito municipal; • Integrar os diversos setores sociais, políticos e econômicos em torno da proposta de regionalização; • Participar, de forma ativa, do debate e da formulação das estratégias locais para a consolidação da região; • Planejar e coordenar a execução das ações locais de modo integrado às regionais; • Monitorar e avaliar a implementação do Programa, em âmbito municipal.

Quadro 2: Competências das instituições participativas de turismo

Fonte: Mtur (2007,p.25)

Percebe-se que existe nas Instituições Participativas do turismo descritas, uma

tentativa para o estabelecimento de estratégias convergentes de interesse dos

estados, regiões turísticas e municípios onde deve-se ultrapassar os interesses

individuais em favor de objetivos coletivos. Porém, é desconhecida a efetividade de

tais Instituições Participativas, por isso, tenta-se neste estudo conhecer as práticas

participativas desenvolvidas.

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Capitulo 3 - CONSELHOS- ESPAÇOS DE PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE

CIVIL

Este capítulo apresenta levantamento histórico dos Conselhos e suas

representações teóricas ao longo dos anos, também aborda o processo de construção

dos Conselhos no Brasil e algumas discussões teóricas acerca da efetividade destes

espaços participativos.

3.1 Breve Levantamento Histórico

Historicamente o debate sobre os Conselhos ganha uma perspectiva política

relevante ao longo dos anos (Figura 5), de acordo com os autores Pinheiro; Martorano

(2013).

Figura 5: Representação teórica dos tipos de Conselhos

Fonte: elaborado pela autora com base em Pinheiro e Martorano (2013,p.213)

Sobre o surgimento dos Conselhos, Martorano (2011,p.49) afirma que:

[...] os conselhos foram a principal forma política de caráter popular encontrada pelos trabalhadores na tentativa de construir uma nova democracia ao longo do século 20. Em parte, esse fato pode ser explicado porque os conselhos operários – a exemplo da comuna de Paris e dos Sovietes em 1905 e 1917 – foram fruto da própria luta dos trabalhadores e não uma previa invenção de seus líderes políticos ou de intelectuais socialistas.

Comuna de Paris

•O poder operário foi organizado emConselhos, eleitos pelo sufrágio universalpor toda Paris, sendo seus mandatosrevogáveis a qualquer momento em queo povo, assim considerasse pertinente

• Sua característica principal foi repudiar aforma de governo parlamentar eorganizar-se como uma “ corporação deTrabalho”, que exercia as funçõeslegislativas e executivas ao mesmotempo.

•A Comuna, com o seu poder emmovimento, exercido pelos diversosconselhos, questionou o poder atéentão vigente. Tornou-se um governo declasse operaria, revelando-se uma formapolitica na qual os trabalhadoresorganizados conseguiram exercer ademocracia de classe, o autogoverno dosprodutores, a democracia de novo tipo, ados proletariados.

Os conselhos de deputados operários (Sovietes)

• surgiram inicialmente na Rússia no anode 1905, no momento de um grandeascenso do movimento revolucionáriodos trabalhadores russos. Porem , taologo a contrarrevolução fortaleceu-se omovimento operário começou a refluir ,osoviete deixou de existir após curtaparalisia. Em 1917,os sovietes dedeputados operários tranformaram-seem sovietes de deputados operários esoldados, atraíram para sua área deinfluencia as mais amplas massas dopovo e conquistaram uma enormeautoridade, pois o poder real estava aoseu lado em suas mãos.

Conselhos de Fábrica

•O movimento dos Conselhos de Fábricafoi promovido por Gramsci em 1919-1920. Surgiram em Turim, com o objetivode construir uma democracia operaria eo poder político proletário, atuando deforma independente de partidos esindicatos.

• Sob o ponto de vista de Gramsci (1981) oConselho proporciona a unidade daclasse trabalhadora, dá as massas umacoesão e uma forma que são da mesmanatureza da coesão e da forma que amassa assume na organização geral dasociedade. A existência dos Conselhos dáaos operários a responsabilidade diretapela produção, leva-os a melhorar seutrabalho, instaura uma disciplinaconsciente e voluntaria, cria a psicologiado produtor, do criador da historia.

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Os exames sobre essas experiências estão longe de ter se esgotado, sob o

pretexto de que teriam fracassado. Se, por um lado, a história dos conselhos operários

no século XX não apresenta um final feliz, por outro, é possível reconhecer que ela

não acabou por ai.

No seu livro Sobre a Revolução, Hannah Arendt (2011, p.314) escreve que [... o surgimento dos conselhos populares no registro de suas histórias, tratavam-lhes como meros órgãos essencialmente passageiros na luta revolucionaria pela libertação, isto é, não entendiam em que medida o sistema de conselhos lhes mostrava uma forma de governo inteiramente nova, como um novo espaço público para a liberdade que se constituía e se organizava durante o curso da própria revolução.

Quanto ao surgimento dos Conselhos Hannah Arendt (2011) escreve que não

se pode invocar nenhuma tradição, revolucionária ou pré-revolucionária, para explicar

o surgimento e ressurgimento metódico do sistema de conselhos desde a revolução

Francesa. As principais datas (Figura 6) de aparecimento desses órgãos de ação e

germes de um novo Estado são as seguintes:

Figura 6: Principais datas do surgimento de Conselhos

Fonte: Elaborado pela autora com base em Hannah Arendt (2011,p.328)

Para Arendt (2011) a simples enumeração das datas acima citadas sugere uma

continuidade que nunca existiu de fato. E precisamente por causa da falta de

continuidade, de tradição e de influência organizada que o fenômeno é tão

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impressionante. Nesta perspectiva, em seu livro Sobre a Revolução (2011,p.329)

Hannah Arendt assegura:

Entre as características comuns aos conselhos, a mais destacada é, claro, a espontaneidade com que surgem, pois ela contraria de maneira flagrante e evidente o modelo [teórico] de revolução do século XX- planejada, preparada e executada com frieza e precisão quase cientifica pelos revolucionários profissionais.

O que se destaca na literatura, é que em todos os lugares onde a revolução

não foi derrotada e não se seguiu alguma espécie de restauração, acabou por

prevalecer a ditadura monopartidária, isto é, o modelo do revolucionário profissional,

mas prevaleceu somente depois de uma luta encarniçada com os órgãos e instituições

da própria revolução. Além do que, os Conselhos sempre foram órgãos não só de

ação mas também de ordem, e de fato o objetivo deles era implantar uma nova ordem

que gerava conflito com os grupos de revolucionários profissionais, que queriam

rebaixá-los a meros órgãos executivos da atividade revolucionária.

É fato também que os membros dos Conselhos não se contentavam em discutir

e se informar sobre medidas tomadas por partidos ou assembleias; os Conselhos

desejavam explicitamente a participação direta de todos os cidadãos nos assuntos

públicos do país, e enquanto duraram não há dúvida de que todo indivíduo encontrou

sua esfera de ação e pôde observar sua contribuição pessoal para os acontecimentos

do dia.

As pessoas que testemunharam o funcionamento dos Conselhos geralmente

concordavam que a revolução tinha permitido uma regeneração direta da democracia,

no que estava implícito que todas essas regenerações infelizmente estavam

condenadas a malograr em vista do óbvio, isto é, que seria impossível o povo conduzir

diretamente os assuntos públicos nas condições modernas (ARENDT,2011).

Esses observadores viam os Conselhos como um sonho romântico, alguma

espécie de utopia fantástica que se materializava por um rápido instante apenas para

mostrar como eram fantasiosos os anseios românticos do povo, que parecia

desconhecer as realidades da vida. Respaldavam-se no sistema partidário, tornando

como um dado de fato que não existia nenhuma outra alternativa ao governo

representativo e esquecendo convenientemente que a queda do velho regime se

devia, entre outras coisas, justamente a esse sistema.

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De acordo com Hannah Arendt (2011,p.330) o que havia de admirável nos conselhos, não era só o fato de que transpunham todas as linhas partidárias e que membros de vários partidos se sentavam juntos nos mesmos conselhos, mas também que a filiação partidária não desempenhava absolutamente nenhum papel. Eram de fato os únicos órgãos políticos para quem não pertencia a nenhum partido. Dessa forma, os conselhos invariavelmente entravam em conflito com todas as assembleias, tanto com os velhos parlamentos quanto com as novas assembleias constituintes, pela simples razão de que estas, mesmo em suas alas mais radicais, eram ainda filhas do sistema partidário.

Em plena revolução, o que mais afastava os conselhos dos partidos eram

precisamente os programas partidários; pois esses programas, por mais

revolucionários que fossem, eram todos fórmulas prontas que não requeriam ação,

mas, apenas execução.

Atualmente é nítido que a fórmula teórica desapareceu na execução da prática,

mas, se a fórmula tivesse sobrevivido à sua execução, os Conselhos fatalmente se

rebelariam contra qualquer linha de ação desse gênero, porque a própria clivagem

entre os especialistas do partido que sabiam e a massa do povo que supostamente

deveria colocar em prática esse saber não levava em conta a capacidade do cidadão

médio de agir e formar opinião própria. Em outras palavras, os Conselhos fatalmente

se tornariam supérfluos caso prevalecesse o espírito do partido revolucionário.

Neste sentido, Hananh Arendt (2011,p.331) assegura “sempre que o conhecer

e o agir se separam, perde-se o espaço de liberdade”. Os Conselhos, eram espaços

de liberdade. Como tais, invariavelmente não aceitavam ser considerados como

órgãos temporários da revolução e, muito pelo contrário, se empenhavam ao máximo

para se estabelecer como órgãos permanentes de governo.

Não pretendiam tornar a revolução permanente, mas tinham como objetivo

lançar as fundações de uma república proclamada com todas as suas consequências,

o único governo que encerrará para sempre a era das invasões e guerras civis; não o

sonho da fraternidade socialistas ou comunista, mas a instauração da verdadeira

república: tal era a recompensa que se esperava como fim da luta.

Para Hannah Arendt (2011) as intenções dos primeiros sovietes eram tão

evidentes que as testemunhas da época podiam sentir o surgimento e a formação de

uma força que um dia poderá ser capaz de efetuar a transformação do Estado. Foi

precisamente essa esperança de transformação do Estado, de uma nova forma de

governo que permitisse a cada membro da sociedade igualitária moderna a se tornar

um participante nos assuntos públicos, que foi sepultada pelas catástrofes das

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revoluções do século XX. As causas foram múltiplas e, claro, variaram entre os países,

mas o que se costuma chamar de forças da reação e da contrarrevolução não tiveram

papel de destaque.

O que os Conselhos contestavam era o sistema partidário em si, em todas as

suas formas, e esse conflito se acentuava sempre que os Conselhos, nascidos da

revolução, se voltavam contra o partido ou os partidos cujo único objetivo sempre

havia sido a revolução.

Como exemplo pode-se citar a revolução de fevereiro de 1917 na Rússia e a

Revolução Húngara de 1956, que duraram apenas o suficiente para mostrar em linhas

gerais como seria um governo e como funcionaria uma república se fossem fundadas

nos princípios dos Conselhos. Em ambos os casos, os Conselhos surgiam em todas

as partes, totalmente independentes entre si, conselhos operários, soldados e

camponeses no caso da Rússia, e os mais díspares tipos de Conselhos no caso da

Hungria: conselhos de moradores que surgiam em todos os bairros residenciais, os

chamados conselhos revolucionários que nasceram das lutas de ruas, Conselhos de

escritores e artistas, nascidos nos cafés de Budapeste, Conselhos de estudantes e

jovens nas Universidades, conselhos de operários nas fábrica, Conselhos nas Forças

Armadas, entre os funcionários públicos e assim por diante. A formação de um

conselho em cada um desses vários grupos converteu-se em uma aproximação mais

ou menos fortuita numa instituição política.

O aspecto mais marcante desses desenvolvimentos espontâneos é que bastaram poucas semanas, no caso da Rússia, ou poucos dias, no caso da Hungria, para que esses órgãos independentes e extremamente dispares dessem início a um processo de coordenação e integração por meio da formação de conselhos superiores, de caráter regional ou provincial, dos quais finalmente eram escolhidos os delegados para uma assembleia representando o país inteiro. (ARENDT,2011, p.334)

O objetivo comum era a fundação de um novo corpo político, um novo tipo de

governo republicano que se basearia em “Repúblicas elementares” de tal forma que

o poder central não privaria os corpos constituintes de seu poder original de constituir.

Isto é, os Conselhos, ciosos de sua capacidade de agir e formar opinião,

inevitavelmente descobririam a divisibilidade do poder e sua consequência mais

importante, a necessária separação dos poderes no governo.

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A verdade histórica dessa questão é que o sistema partidário e o sistema de conselhos são quase contemporâneos; ambos eram desconhecidos antes das revoluções e ambos são consequências do postulado moderno e revolucionário de que todos os habitantes de um determinado território têm o direito de ser admitidos a esfera pública e política. Os conselhos, no que se distinguem dos partidos sempre surgiram durante a própria revolução e brotaram do povo como órgãos espontâneos de ação e ordem. Vale frisar este último ponto; com efeito, nada contraria mais incisivamente o velho adágio das inclinações ”naturais” anarquistas e sem lei de um povo isento da coerção do governo do que o surgimento dos conselhos, que, sempre que aparecem, e de modo mais acentuado durante a revolução Húngara, estavam empenhados na reorganização da vida política e econômica do país e no estabelecimento de uma nova ordem. (ARENDT, 2011, p.339)

A ação e participação nos assuntos públicos, aspiração natural dos Conselhos,

não são sinais de saúde e vitalidade, e sim de decadência e distorção de uma

instituição cuja função primária sempre foi a representação. Os sistemas partidários

que se diferenciam por muitos aspectos, um dos aspectos é que eles indicam

candidatos para cargos eletivos ou para o governo representativo. “O ato de indicar

basta por si só para dar origem a um partido político”. (ARENDT,2011, p.340).

O partido como instituição pressupunha, ou de que a participação do cidadão

nos assuntos públicos era garantida por outros órgãos públicos, ou que tal

participação não era necessária e as camadas da população deveriam se contentar

com a representação ou que todas as questões políticas no Estado de bem estar

social são, problemas administrativos a ser tratados e decididos por especialistas,

visto que nem mesmo os representantes do povo dispõem de área de ação, mas são

funcionários administrativos, cujo encargo, embora no interesse público, não se

diferencia na essência dos encargos de uma administração privada. .

Sobre esse ponto de vista Hannah Arendt (2011) escreve que os Conselhos

teriam de ser considerados como instituições atávicas sem qualquer relação com a

esfera dos assuntos humanos. Da mesma forma em relação ao sistema de partidos.

Numa sociedade sob o signo da abundância, os conflitos entre interesses de grupos

não precisam mais ser dirimidos em detrimento mútuo, e o princípio da oposição só é

válido enquanto existem escolhas autênticas, que transcendem opiniões objetivas e

demonstravelmente válidas por especialistas.

O conflito entre os dois sistemas, os partidos e os Conselhos, ocupou o primeiro

plano em todas as revoluções do século XX. A questão do jogo era representação

versus ação e participação. Os Conselhos eram órgãos de ação, os partidos

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revolucionários eram órgãos de representação, e ainda que os partidos

revolucionários timidamente reconhecessem os Conselhos como instrumentos da luta

revolucionária, mesmo em plena revolução tentaram dominá-los internamente; eles

sabiam muito bem que nenhum partido, por mais revolucionário que fosse, conseguiria

sobreviver a transformação do governo numa verdadeira república soviética.

Neste ponto de vista Arendt (2011,p.342) coloca que, se é verdade que os partidos revolucionários nunca entenderam até que ponto o sistema de conselho equivalia ao surgimento de uma nova forma de governo, também é verdade que os conselhos foram incapazes de entender até que ponto e a que enorme extensão a máquina do governo nas sociedades modernas deve executar funções administrativas. O equívoco fatal dos conselhos sempre foi o problema que eles mesmos não distinguiam claramente entre a participação nos assuntos públicos e a administração ou gerenciamento das coisas no interesse público. Na forma de conselhos operários, tentaram várias vezes assumir a direção de fábricas, e todas as tentativas fracassaram redondamente.

Pois, os Conselhos operários eram os piores órgãos para detectar talentos, os

escolhidos eram selecionados de acordo com critérios políticos, por sua probidade,

integridade pessoal, capacidade de discernimento e muitas vezes pela coragem física.

Os mesmos homens, plenamente capazes de agir na alçada política,

fatalmente falhariam se fossem incumbidos de gerenciar uma fábrica ou atender a

outras obrigações administrativas. Pois as qualidades do político ou estadista e as

qualidades do gerente ou administrador não só são diferentes como muito raramente

se encontram na mesma pessoa; o primeiro deve saber lidar com as pessoas num

campo de relações humanas, cujo princípio é a liberdade, e o segundo deve saber

gerir coisas e pessoas numa esfera da vida cujo princípio é a necessidade.

Os Conselhos das fábricas introduziram um elemento de ação da administração

das coisas, e de fato isso só poderia gerar o caos. Foram exatamente essas tentativas

condenadas de antemão que trouxeram desprestígio ao sistema de Conselhos. Para

Hannah Arendt (2011) a principal razão para o fracasso do sistema de Conselhos não

foi nenhuma ilicitude das pessoas, mas sim suas qualidades políticas.

Os Conselhos acima identificados eram formas de participação mais diretas,

mais cotidianas. O que se pode aproveitar dessas experiências históricas é a ideia

de que as pessoas participarão da vida cotidiana da gestão pública de um município,

de um Estado, do poder público, e de que a participação não se deve dar em um único

momento, de quatro em quatro anos nas eleições.

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Em relação a formação dos Conselhos, ressalta-se que também eram uma elite

do povo e surgida do povo, que o mundo jamais conheceu, os membros não eram

indicados de cima e apoiados em baixo.

No caso dos Conselhos elementares que surgiram em qualquer lugar onde os

indivíduos moravam e trabalhavam juntos, foram escolhidos por eles mesmos; se

organizaram e tomaram a iniciativa. Neste caso, pode-se dizer que eram a elite política

do povo que a revolução trouxe.

Os membros dos Conselhos escolhiam seus delegados para o Conselho logo

acima, e esses delegados também eram escolhidos por seus pares, sem sujeitar-se a

qualquer pressão de cima para baixo. A escolha era feita na confiança de seus iguais,

e essa igualdade não era natural e sim política, ou seja, a igualdade daqueles que

haviam se comprometido e agora estavam engajados num empreendimento conjunto.

Uma vez eleito e enviado ao Conselho logo acima, o delegado estava de novo entre

seus pares pois, os delegados em todos os níveis deste sistema eram os que tinham

recebido um voto especial de confiança.

Para Hanna Arendt (2013, p. 347) sem dúvida, essa forma de governo, caso se desenvolvesse por completo, voltaria a ter a forma de uma pirâmide, que, claro, é a forma de um governo essencialmente autoritário. Mas, enquanto a autoridade em todos os governos que conhecemos vem de cima para baixo, neste caso a autoridade não se teria gerado nem em cima nem baixo, e sim a cada camada da pirâmide; e evidentemente poderia constituir a solução para um dos problemas mais sérios de toda a política moderna, que não é como reconciliar liberdade e igualdade, e sim como reconciliar igualdade e

autoridade.

No que diz respeito a forma atual dos Conselhos, entende-se que estes estão

crescendo cada vez mais, muitos são exigências legais. São novos instrumentos de

expressão, de representação e participação, dotados de potencial de transformação

política. Porém, isso depende de como vão ser implementados e operacionalizados.

O Conselho em si, enquanto exigência de lei, isso não garante nada. Eles

podem imprimir um novo formato às políticas públicas desde que implementados e

operacionalizados com efetiva participação cidadã. O processo de elaboração de

políticas públicas e a tomada de decisões realizadas a partir de interação entre

agentes governamentais e agentes da sociedade civil organizada, são ações que

exigem uma nova institucionalidade pública, eles estão criando uma nova esfera social

pública não estatal.

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Alguns elementos importantes podem ser definidos como essenciais a

organização dos Conselhos. Tais como: uma base social concreta, representantes

desta base com mandato vinculável e revogável, exercício de funções legislativa e

executivas. Entende-se os Conselhos como uma organização dotada de flexibilidade,

com possibilidades de articulação no plano territorial e funcional. Facilita a

transparência dos atos e decisões e, ao mesmo tempo constitui-se um espaço de

disputa de posições políticas e ideológicas.

3.2 Os Conselhos Municipais no Brasil

Os Conselhos de Políticas Públicas tem seus antecedentes mais remotos aos

dos conselhos municipais de educação criados no século XIX e, na área da

previdência social, os órgãos administrativos colegiados – Caixas e Institutos de

Aposentadoria e Pensões – criados nas décadas de 1920 e 1930 do século passado.

Os conselhos de saúde, criados pela Lei no 8.142, de 1990 (BRASIL, 1990), tornaram-

se o paradigma que inspirou a constituição recente de Conselhos em outras áreas.

Nos anos 80 os Conselhos entram na cena política brasileira, porém de forma bastante modificada em relação à história já relatada. Os conselhos se colocam como veículos de articulação política para gerir direitos sociais coletivos, como saúde, educação, direitos do menor e dos adolescentes, assistência social em âmbitos municipal, estadual e federal. (TÓTORA; CHAIA, 2002,p.59)

A rápida disseminação de Conselhos de políticas públicas e de direitos pelos

municípios do país, desde a década de 1990, está relacionada à indução para o

estabelecimento dos fóruns promovida por meio da transferência de recursos

financeiros federais para os níveis subnacionais de governo, condicionada, entre

outros requisitos, à constituição desses organismos.

Em consequência, um número crescente de Conselhos começou a surgir nos

diversos níveis das administrações. Gohn (2011) apresenta três tipos de Conselhos

que surgiram no cenário brasileiro do século XX, (Figura 7), os Conselhos

comunitários, criados pelo próprio poder público executivo, para mediar suas relações

com os movimentos sociais e com as organizações populares. Os Conselhos

populares, construídos pelos movimentos populares ou setores organizados da

sociedade civil em suas relações de negociações com o poder público e os Conselhos

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institucionalizados, com possibilidade de participar da gestão dos negócios públicos

criados por leis ordinárias do município, surgidos após pressões e demandas da

sociedade civil.

Figura 7 : Tipos de Conselhos no cenário brasileiro Fonte: Elaborado pela autora com base em Gohn (2011)

Atualmente no Brasil, os Conselhos na sua grande maioria são criados por

iniciativa do executivo, através de projeto de lei, que deve ser aprovado pela câmara

municipal. Esse processo possibilita a participação de variados atores em diversos

momentos.

Trata-se efetivamente de órgãos públicos de natureza suis generis: são criados por lei, regidos por um regulamento que é aprovado pelo seu plenário mas referendado pelo executivo, tem caráter obrigatório para todo o país como condição para repasse de recursos. O que lhes dá especificidade é a sua composição. Embora definida em lei, ela é constituída geralmente numa conferência ou fórum em que estão representados a sociedade civil e o governo. (TEIXEIRA,2000,p.103)

Pode-se dizer que os Conselhos são uma nova institucionalidade que não

decorre meramente da lei ou da discussão no parlamento, mas do debate público nos

espaços sociais, da interlocução de diferentes atores, até a constituição de um

conjunto de proposições que serve de balizamento para as esferas da decisão formal.

Avritzer (2008) entende que o Conselho é uma instituição participativa em que

são incorporados cidadãos e associações da sociedade civil na deliberação sobre

políticas, os quais por meio da constituição de uma instituição na qual atores estatais

e atores da sociedade civil participam simultaneamente.

Em seu artigo Sociedade civil, direitos e espaços Públicos, Vera Telles (1994)

se refere aos Conselhos como uma institucionalidade que vai se construindo entre

regras formais e informais de convivência pública, sob formas codificadas ou não,

permanentes ou descontínuas , mas que , de alguma forma projetam os direitos como

parâmetros públicos , que balizam os debates sobre o justo e o injusto, o legítimo e o

Conselhos comunitários

•Final dos anos 1970

Conselhos populares

•Anos 1980

Conselhos Institucionalizados

•A partir de 1988

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ilegítimo, nas circunstâncias e acontecimentos que afetam a vida de indivíduos,

grupos, classes e mesmo de uma população inteira. Uma institucionalidade que exige

a quebra de monopólio de velhos atores: governo, parlamento, judiciário e grupos de

pressão.

A nova institucionalidade pode ser entendida como regras e procedimentos que

traduzem determinados conteúdos, frutos de um processo de interlocução e

negociação entre diferentes atores. Onde novos agentes são incorporados ao

processo político e amplia a representação na arena de definição de políticas com a

participação de usuários e prestadores de serviços. Através da identificação das

necessidades, modifica a natureza dos filtros pelos quais o sistema tradicional

processa as demandas da população, sistema em que está voltado principalmente

para interesses particulares ou corporativos.

Os formatos dos Conselhos brasileiros atuais variam conforme estejam

vinculados à implementação de ações focalizadas, por meio de Conselhos gestores

de programas governamentais, ou a elaboração, implantação e controle de políticas

públicas, através de Conselhos de políticas setoriais, definidos por leis federais para

concretizarem direitos de caráter universal. As denominações variam conforme os

níveis de governo, ou seja, Conselhos setoriais, Conselhos gestores, Conselhos de

políticas públicas. Referem-se geralmente ao nível de governo nacional, estadual e

municipal, seguindo o setor da atividade ou do programa a que se refere.

No caso dos Conselhos temáticos, estão envolvidos não apenas com políticas

públicas, ou ações governamentais mas com temas transversais que permeiam os

direitos e comportamentos do indivíduo e da sociedade.

Muitos dos Conselhos criados estão circunscritos em ações e aos serviços

públicos (saúde, educação e cultura) e aos interesses gerais da comunidade (meio

ambiente, defesa do consumidor, patrimônio histórico-cultural), outros foram criados

como interesse de grupos e camadas sociais específicos como crianças e

adolescentes, idosos, turismo etc. Estão inscritos na esfera pública que, por força de

lei, integram-se aos órgãos públicos vinculados ao poder executivo, direcionados para

políticas públicas específicas, compostos por representantes do poder público e

sociedade civil.

Gohn (2011) destaca que na atualidade os Conselhos trouxeram inovações,

uma delas é a possiblidade em participar da reordenação das políticas públicas

brasileiras na direção de formas de governança democráticas. Os Conselhos

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municipais são analisados como um dos principais resultados das recentes reformas

municipais. Onde busca-se maior interação entre governo e a sociedade.

Para Gohn (2011, p.87) os conselhos gestores foram a grande novidade nas políticas públicas ao longo dos anos. Com caráter interinstitucional, eles têm o papel de instrumento mediador na relação sociedade/Estado e estão inscritos na constituição de 1988, e em outras leis do país, na qualidade de instrumentos de expressão, representação e participação da população.

Compreende-se que os Conselhos atuais viabilizam a participação dos

segmentos sociais na formulação de políticas sociais e possibilita a população acesso

aos espaços nos quais se tomam as decisões políticas. Nos colegiados é possível

reunir direitos fragmentados pelo Estado com suas políticas neoliberais, que

descontroem o sentido do público, nesses espaços é possível reconstruir os caminhos

da cidadania.

Porém, há que se ter cuidado pois, ao se vincular os Conselhos com o estado

faz com que seja restrita a autonomia dos Conselhos em relação à elaboração e

controle da execução de políticas públicas setoriais, incluindo o aspecto econômico e

financeiro. Acima de tudo, os Conselhos são um campo de disputas e negociação e

seu grau de autonomia poderá ser ou não ampliado a depender do grau de unidade

das forças da sociedade civil nele presentes e da natureza das forças políticas

dominantes.

Segundo Teixeira (2000) o caráter misto dos Conselhos é um problema para

seu funcionamento, pois poderá levar a equívocos nas posições das organizações

que superestimaram seu papel, ignorando o tipo de estrutura de poder em que os

conselhos se inserem e os limites das atuais políticas neoliberais em execução. O

autor alerta que, para evitar equívocos é importante manter a atitude crítica em relação

ao seu funcionamento e resgatar o legado histórico dos Conselhos.

Nesta perspectiva, Teixeira (2000) apresenta algumas condições para fazer

dos Conselhos uma nova institucionalidade pública e democrática.

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A autonomia é uma delas, lembrando que, além dos eventuais, mecanismos judiciais que podem ser utilizados para assegurar o respeito pelas deliberações dos conselhos, é necessário mobilização constante de outros espaços e de organizações da sociedade civil para garantir e ampliar sua autonomia.

A revogabilidade dos mandatos dos conselheiros é outra questão a ser enfatizada. Em relação a representação da sociedade civil, o critério para a revogabilidade é o da legitimidade da escolha pelas bases das organizações, que tem de ser reafirmada por avaliações constantes da prática do representante. No caso da representação governamental, isto torna-se impraticável porque o critério é da confiança da autoridade governamental, o que não impede que haja regras regimentais para a substituição.

A imperatividade do mandato exige que as posições tomadas pelos representantes sejam objeto de deliberação anterior pela organização ou órgãos representados e, sobretudo, que haja uma constante prestação de contas e publicização das decisões e atos dos conselhos. (TEIXEIRA,2000,P.105)

Os Conselhos como espaços de interlocução entre estado e sociedade deram

maior legitimidade substantiva, embora os atores da sociedade civil nestes espaços

não sejam eleitos como representantes da maioria da população, a legitimidade dos

membros dos Conselhos decorre de sua estreita vinculação com a sociedade através

das entidades representadas e do processo de interlocução que estes desenvolvem

com a população.

É preciso considerar que os Conselhos deliberam sobre políticas que devem

ter o caráter de universalidade e sua composição, ainda que representativa, é restrita

a setores específicos da sociedade. Geralmente estão de alguma forma interessados

nos resultados dessa política e podem resvalar para o corporativismo e o

particularismo.

Neste sentido Teixeira (2000,p.100) destaca que “Atualmente muitas

organizações representadas nos Conselhos tem postura patrimonialista”. Essa

situação pode existir em muitos Conselhos Municipais principalmente no que se refere

obtenção de recursos, que através da política clientelista, busca apoio para seus

projetos particulares em conluio com o poder.

Por isso é importante e necessário publicizar o debate que ocorre no interior

dos Conselhos, a fim de torná-los espaços mais abertos e plurais, que possam servir

de instâncias críticas em relação a estas deliberações.

Abertura dos Conselhos às sociedades é uma opção estratégica que exige dos

agentes governamentais qualificações específicas e responsabilidades públicas. Com

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os Conselhos não se quer substituir o estado e nem retirar suas responsabilidades

básicas, mas torná-lo permeável e sensível à lógica da sociedade e da cidadania.

Para que os conselhos venham a se constituir em elementos de uma nova institucionalidade pública e democrática é necessário ainda que a sociedade civil e os seus representantes políticos e sociais constituam um projeto político global e estratégico que seja referencial para as deliberações de políticas setoriais, sem o que torna-se impossível impedir a fragmentação destas politicas postas em vigor pelo governo. (TEIXEIRA, 2000, p.106).

O que se percebe na literatura sobre Conselhos, é que apenas alguns

segmentos sociais mais organizados têm acesso a estes mecanismos. Ainda é

grande o desafio na construção das novas instituições democráticas, por isso é

importante existir canais de comunicação permanentes e interativos entre os

cidadãos, o governo e as próprias entidades representativas. Neste sentido, o uso de

novas tecnologias de informação poderá facilitar o acesso da representação social.

Entende-se que o fortalecimento dos Conselhos acontece com a participação

dos atores sociais, que passarão a ter acesso a informações do processo de

formulação das políticas públicas. Que por sua vez, suas demandas processadas

tornam-se políticas públicas que orientam as ações governamentais e quando a

regulação que cabe ao Estado não mais se faz sem que a representação social discuta

e formule proposições.

É oportuno ressaltar que, os Conselhos atuais são um espaço de disputa de

projetos, um espaço mais limitado de negociação e interlocução com outros setores

da sociedade civil e com o governo. O Conselho é um instrumento de democracia

como vários outros e talvez não seja o mais eficaz. Ele é fruto de uma luta, de uma

conquista e pode ter sua efetividade e seu desempenho melhorados.

Para Bava (2000,p.68) Os conselhos são essenciais para a construção de um espaço público onde os distintos atores sociais negociam a partilha de recursos, de riquezas e as políticas. Se não houver uma representação popular forte nos conselhos esta partilha vai se dar de forma tradicional. As elites ficam com tudo e dão um pouquinho para o povo. Por outro lado, se esses espaços forem valorizados como espaços de decisão política, de formulação política, de partilha de orçamento e os setores organizados da sociedade civil souberem defender uma redistribuição desses recursos geridos por esses conselhos então teremos uma melhoria de qualidade de vida da maioria.

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Enfatiza também Bava (2006) a necessidade de avaliar os resultados obtidos

com a participação. Se você quer fazer coisas, você precisa de recursos. Se, não tem

esses recursos, por mais que o discurso seja bonito, as coisas não acontecem.

Enfim, o processo de construção dos Conselhos Municipais é um processo

desigual, lento, descontinuo. Varia conforme a realidade de cada município, conforme

a organização da sociedade local. A simples formalização de instâncias de

participação da sociedade civil não é suficiente para obter políticas públicas de

qualidade. Existe a necessidade de rever o conceito formado na década de 80,

quando, em função do contexto de fim de governo de exceção, de uma ditadura militar,

apostou-se na institucionalização da democracia, formalizando espaços de

participação e construindo um conceito de estado democrático de direito.

Percebe-se que o processo de construção dos Conselhos no Brasil, são

bastante variados.

No âmbito municipal sob responsabilidade do executivo municipal, surgiram

muitos conselhos municipais de turismo, com a política de Municipalização

desencadeada na década de 1990 pelo governo federal. Alguns Conselhos

Municipais de Turismo foram criados por pressão da comunidade e sociedade civil no

impulso em tornar seus municípios turísticos.

Contudo, ressalta-se que já existiam Conselhos Municipais de Turismo antes

da década de 1990, conforme pode-se apurar nas leis de criação do Estado de São

Paulo investigadas nesta pesquisa.

Especificamente no Estado de São Paulo o que se percebe atualmente, é que

os Conselhos Municipais de Turismo estão sendo reestruturados a fim de atender a

Lei Estadual n.1261 de 2015, que coloca como condição indispensável o município

ser considerado Estância Turística e de interesse turístico, ter Conselho Municipal de

Turismo devidamente constituído e atuante. Entende-se que essa Lei, de certa forma

é uma pressão aos municípios, e isso deve-se sobretudo ao fato de que o Estado

libera recursos a estes municípios e para que continuem a receber ou se candidatem,

precisam se enquadrar em tal Lei.

Em face a isso o Governo do Estado de São Paulo no ano de 2015 elaborou

um ‘Guia de criação e fortalecimento dos Conselhos Municipais de Turismo’. Tal guia

tem o objetivo de orientar os municípios para a criação dos Conselhos Municipais,

com redação simplificada apresenta detalhadamente os caminhos para concepção e

fortalecimento de um Conselho de Turismo. O documento apresenta modelo de

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formulação de projeto de Lei, formulação de decreto de regimento interno do Conselho

e propostas de ações.

No que diz respeito aos Conselhos de Turismo, percebe-se com este breve

levantamento histórico que são resultado de ações políticas onde se inscreve o

desenvolvimento sustentável do turismo nos municípios que apresentam

potencialidades e atrativos. Com relação ao número de Conselhos Municipais de

turismo existentes atualmente no Brasil, não existe informações especificas segundo

levantamento realizado no documento técnico do IBGE ‘Perfil dos Municípios

Brasileiros’, tampouco existe um diagnóstico que identifique a forma como foram

criados tais Conselhos Municipais ao longo dos anos e se estão em funcionamento.

Quem sabe futuramente despontem estudos que tratem de forma mais especifica esta

questão.

3.2.1 A Efetividade dos Conselhos

Para contextualizar este estudo, nesta seção são apresentados alguns

pressupostos teóricos sobre a efetividade e análise dos Conselhos. O estudo sobre a

efetividade dos Conselhos Municipais e outras instituições participativas é alvo de

muitas pesquisas atualmente; Avritzer (2011) apresenta dois motivos pelos quais

pesquisas nesta área estão sendo realizadas.

O primeiro deles é uma crescente associação entre participação e políticas públicas, bastante específicas do caso brasileiro. As formas de participação no Brasil democrático foram se disseminando em áreas como saúde, assistência social e políticas urbanas e as formas de deliberação foram sendo crescentemente relacionadas às decisões em relação a estas políticas. Neste sentido, a capacidade destas deliberações de se tornarem efetivas adquiriu centralidade entre os pesquisadores da área de participação. Em segundo lugar, passou a haver uma preocupação de caráter mais teórico em relação ao tema da deliberação. A maior parte da bibliografia internacional sobre o assunto passou a estar preocupada com as características da democracia deliberativa e aí também se disseminou uma preocupação com a efetividade da deliberação. Assim, passou-se a trabalhar cada vez mais no Brasil e no exterior com o tema da efetividade. (AVRITZER, 2011,p.13)

O Brasil apresenta muitos estudos sobre a participação, que são apoiados por

diversos aportes teóricos, o grande debate entre os pesquisadores é de como

homogeneizar ou estabelecer algum nível para comparar entre os estudos existentes

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a efetividade participativa. (COELHO, 2004; ABERS; KECK, 2006; CORTES, 2011;

AVRITZER, 2007, 2010). A literatura para estes estudos na sua grande maioria, estão

baseadas na democracia deliberativa norte americana (COHEN, 1997; ELSTER,

1994; BOHMAN; REHG, 1997) que nasce a partir de uma crítica bastante clara à ideia

da democracia como um processo de agregação política de opiniões e/ou preferência

formulada de forma descentralizada. A intenção de tal crítica é inserir a democracia

deliberativa, uma nova entrada no debate democrático pensado a partir da associação

entre qualidade da democracia e instituições políticas. Ao colocar a questão da

procura institucional do desenho adequado para a deliberação, ele já estaria

antecipando elementos do debate acerca da efetividade deliberativa.

Assim, entende-se que a qualidade dos processos deliberativos realizados nos

conselhos de políticas pode ser verificada a partir da ideia de efetividade deliberativa,

que corresponde à sua capacidade de produzir resultados relacionados às funções de

debater, decidir, influenciar e controlar determinada política pública. Essa efetividade

se orienta pelos princípios da teoria e se expressa na institucionalização dos

procedimentos, na pluralidade da composição, na deliberação pública e inclusiva, na

proposição de novos temas, no controle e na decisão sobre as ações públicas e na

igualdade deliberativa entre os participantes. (VAZ,2011,p.98)

A natureza deliberativa desses arranjos institucionais indica que eles tenham a função normativa de debater, decidir e controlar a política pública à qual estão vinculados, ou seja, que apresentem o potencial de propor e/ou alterar o formato e o conteúdo de políticas e, com isto, suas deliberações incidem diretamente sobre a (re)distribuição de recursos públicos. Também anuncia que os processos deliberativos devem ser seu principal meio articulador e procedimental. A qualidade do processo deliberativo, portanto, revela-se como uma dimensão de análise que pode e deve ser associada a outras dimensões, como o desenho institucional e o contexto em que essas instituições operam, de modo a melhor compreender as variáveis que incidem sobre os resultados institucionais. (ALMEIDA; CUNHA; p,110,2011).

Para que os espaços deliberativos exerçam com efetividade suas ações,

entende-se que a sua criação, organização e funcionamento devem ser orientadas

por alguns princípios (Figura 8) ora apresentados por alguns pesquisadores.

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Figura 8. Princípios para a efetividade deliberativa

Fonte: Almeida; Cunha (2011,p.109)

I- Igualdade de participação: Todos os cidadãos de uma comunidade política devem

ter assegurada a igual oportunidade para o exercício do poder político ou para exercer

influência política sobre quem o pratica na igualdade de participação (MANIN, 1987;

COHEN, 1997; GUTMANN; THOMPSON, 2003).

II-Inclusão Deliberativa: A inclusão deliberativa segundo (MANIN, 1987; BOHMAN,

1996; COHEN, 1997; DRYZEK, 2000; PETTIT, 2003; BENHABIB, 2007) implica incluir

todos que estão sujeitos ao poder político, seus interesses considerados no processo

de discussão.

III-Igualdade Deliberativa: No que se refere a igualdade deliberativa (BOHMAN, 1996;

COHEN, 1997; GUTMANN; THOMPSON, 2004; BENHABIB, 2007) assinalam que

todos os que participam da deliberação devem ter a mesma oportunidade de

apresentar suas razões, mesmo que haja distribuição desigual de recursos (materiais

e informacionais) e de poder (igualdade substantiva); as regras que regulam a

deliberação valem para todos (igualdade formal): apresentar questões para a agenda,

propor soluções, oferecer razões, iniciar o debate, voz efetiva na decisão, dentre

outras.

I-Igualdade de participação

II-Inclusão deliberativa

III-Igualdade deliberativa

IV-Publicidade

V-Razoabilidade/receptividade

VI-Liberdade

VII-Provisoriedade

VIII-Conclusividade

IX-Não tirania

X-Autonomia

XI-Accountability

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IV-Publicidade: Entende-se que, as deliberações e os meios do debate e decisão e a

natureza das razões oferecidas devem ser públicos e coletivos. (BOHMAN, 1996;

GUTMANN; THOMPSON, 2000, 2004; PETTIT, 2003).

V- Razoabilidade e Receptividade: A reciprocidade e razoabilidade nos espaços

participativos é distinguida quando os participantes reconhecem-se e respeitam-se

mutuamente como agentes morais, as razões a serem expostas ao debate devem ser

compreendidas, consideradas e potencialmente aceitas ou compartilhadas com os

demais (BOHMAN, 1996; COHEN, 1997; GUTMANN; THOMPSON, 2000, 2003,

2004; BENHABIB, 2007).

VI-Liberdade: Deve ser assegurada as liberdades fundamentais (de consciência, de

opinião, de expressão, de associação) e as propostas não devem ser constrangidas

pela autoridade de normas e requerimentos dados a priori (MANIN, 1987; COHEN,

1997).

VII- Na Provisoriedade: as regras da deliberação, o modo como são aplicadas e os

resultados dos processos deliberativos são provisórios e podem ser contestados

(GUTMANN; THOMPSON, 2004; BENHABIB, 2007).

VIII- Conclusividade: A deliberação deve gerar decisão racionalmente motivada, ou

seja, decorrente de razões que são persuasivas para todos, dessa forma terão

conclusividade (COHEN, 1997; ARAUJO, 2004).

IX- Não tirania: Para que não exista tirania, a decisão deve decorrer das razões

apresentadas e testadas e não de influências extra políticas emanadas de assimetrias

de poder, riqueza ou outro tipo de desigualdade social (BOHMAN, 1996; DRYZEK,

2000).

X- Autonomia: está presente em um espaço participativo quando a existência de

condições possibilitem a participação igualitária e encorajem a formação deliberativa

de preferências e o exercício das capacidades deliberativas. A autonomia implica que

as opiniões e preferências dos participantes sejam determinadas por eles mesmos e

não por circunstâncias e relações de subordinação (COHEN 1997, 2000).

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XI- Accountability: é identificado quando os argumentos utilizados pelas partes, que

oferecem razões morais publicamente, resistem ao escrutínio de ambos os lados e

podem ser revistos (GUTMANN; THOMPSON, 2000).

Dos princípios apresentados, percebe-se o destaque e quase unanimidade dos

autores quanto a igualdade de participação, inclusão deliberativa, igualdade

deliberativa, publicidade, razoabilidade e liberdade. A ênfase normativa dada à

igualdade e à inclusão instiga a análise da aplicabilidade desses princípios em

sociedades marcadas por desigualdades estruturais, como o Brasil, em que há

garantias de igualdade formal, mas efetiva desigualdade socioeconômica, que se

reflete nos processos e decisões políticas que perpetuam essas e outras

desigualdades.

A análise do processo deliberativo é relevante por possibilitar conhecer, de

modo mais aprofundado, a forma como a deliberação ocorre, quem participa do

processo, o modo de inserção dos diferentes sujeitos, os temas sobre os quais

debatem e decidem, dentre outros muitos aspectos, que podem demonstrar o

conteúdo e o alcance da deliberação. Isso possibilita avaliar em que medida as

instituições cumprem suas funções e objetivos no que diz respeito à deliberação

acerca da política pública e ao controle público sobre as ações a ela relacionadas

(ALMEIDA, 2008; AVRITZER, 2008; CUNHA, 2009; LÜCHMANN, 2002;

ROSENBERG, 2005).

É importante ressaltar que a efetividade nas deliberações dos Conselhos

também depende do reconhecimento das desigualdades existentes no seu interior,

uma vez que os indivíduos participantes possuem recursos e conhecimento

diferenciados que são capazes de determinar a condução do processo deliberativo.

As diferenças dos participantes de um Conselho podem ser expressas na

capacidade comunicativa dos participantes e no conhecimento técnico para

compreensão de determinados objetos de debates, com fins de uma tomada de

decisão consciente e baseada na defesa dos interesses da sociedade civil.

Além dos princípios apresentados acima, entende-se que, para existir

efetividade nos Conselhos alguns pontos precisam ser observados, Cruz (2000)

estabelece como essenciais: o instrumento jurídico de criação, a composição e

representação, formação dos membros, infraestrutura, a existência de regimento

interno, mandato dos conselheiros (Quadro 3).

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Aspectos Importância para efetividade

O instrumento jurídico de criação O mais adequado a Lei, que seja criado por iniciativa do executivo que deve ser aprovado pela câmara municipal, pois esse processo assegura a participação de diversos atores em diversos momentos. E também porque é mais difícil produzir alterações nos conselhos criados por força de lei já que foram criados a partir de ampla discussão envolvendo a sociedade e legislativo local.

Composição e representação Muitos não seguem a composição prevista nas leis, por isso, a paridade deve ser pensada como um espaço plural onde diversas representações e interesses podem participar para discutir, propor diretrizes e avaliar políticas sociais.

Formação dos membros É importante, pois quanto maior o acesso as informações e consciência de seu papel, melhor será o desempenho dos conselheiros, possibilitando a participação efetiva nas reuniões e questionamentos consistentes, tendo em vista as informações transmitidas pelos gestores.

Infraestrutura É importante que o conselho tenha recursos para manter sua própria infraestrutura, para que seja autônoma em relação ao órgão gestor, tenha um espaço onde os conselheiros possam se reunir.

Regimento interno Apesar de muitos especialistas considerarem uma burocratização, este instrumento facilita a organização do conselho ao definir regras para seu funcionamento.

Mandato dos conselheiros O mandato não deve coincidir com o do prefeito. Essa recomendação deve assegurar a continuidade das políticas públicas, independentemente da renovação dos mandatos dos executivos.

Quadro 3: A Efetividade dos Conselhos

Fonte: Cruz (2000, p.77)

Os aspectos acima ressaltados, são muito importantes, porém não basta

somente normativas que caracterizam o Conselho, é preciso muito mais para que seja

efetivo. Há que se ter cuidado também com a burocratização da participação

(ARIES,2000), formalidade quando se trata dos resultados dos Conselhos, todavia

entende-se que quando um Conselho é criado por um processo de discussão ou de

mobilização social sua efetividade é maior. É preciso ter vínculo com a sociedade,

com a comunidade com o bairro e o setor social de que trata o Conselho.

Teixeira (2000) propõe que a efetividade dos Conselhos seja analisada sob três

aspectos (Figura 9). O primeiro é a paridade, entendida na condição de igualdade e

não apenas no aspecto numérico e sim igualdade nas condições de acesso as

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informações, na possibilidade de formação e na disponibilidade de tempo dos

conselheiros. O segundo é a representatividade, os membros tanto da sociedade civil

como do poder público devem representar a vontade do órgão/instituição que

representa no conselho e ter autoridade para decidir. O terceiro aspecto refere-se a

deliberação, para que exista de fato, ela depende de um conjunto de forças, que tenha

pressão social para se realizar. Muitas vezes o conselho define normas, diretrizes ou

decisões compatíveis com o interesse da comunidade, mas como contrariam os

interesses do poder dominante, essas deliberações não são executadas.

Figura 9: Aspectos para análise da efetividade dos Conselhos

Fonte: Teixeira (2000,p.70)

Conforme apresentado, a efetividade dos Conselhos pode ser analisada sob

diversos enfoques, o que estes apresentam em comum é o fato de que um Conselho

efetivo é aquele que consegue a participação de todos, que exercem pressão social a

fim de que seus objetivos sejam alcançados. Os Conselhos precisam ser organizados,

ter funcionalidade para que as coisas aconteçam.

Admite-se a efetividade dos Conselhos por um composto de ações (Figura 10)

que devem vir acompanhadas pela participação e articulação de todos. O

fortalecimento do Conselho acontece quando os conselheiros conseguirem interferir

no cenário em que se desenvolve as ações e quando conseguem utilizar todos os

mecanismos disponíveis para alcançar seus propósitos.

Paridade Repesentatividade Deliberação

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Figura 10. Efetividade dos Conselhos Municipais

Fonte: Teixeira (2000)

Dessa forma, para que um Conselho seja efetivo e possa cumprir seu papel

além de ter seu funcionamento regular de caráter permanente com infraestrutura e

suporte garantidos é preciso que exista múltiplas articulações entre os atores

envolvidos.

É importante ressaltar que a efetividade dos Conselhos também depende da

vontade política e da natureza da proposta política dos governantes e sobretudo do

grau de organização e dinamismo da sociedade civil. É preciso que se construa o

sentimento de pertencimento a uma sociedade como parâmetro de suas ações e

decisões.

Efetividade

Regularidade

Ações deliberativas

Articulações

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Capitulo 4- PARTICIPAÇÃO E EFETIVIDADE NOS CONSELHOS MUNICIPAIS DE

TURISMO

Neste capítulo são apresentadas as análises dos estudos de caso. Yin (2010)

ressalta que este momento consiste em examinar, categorizar, classificar em tabelas

ou ao contrário, recombinar as evidências tendo em vistas as proposições iniciais do

estudo. Por se tratar de casos múltiplos, primeiramente são apontados os casos

separados e posteriormente a análise final dos casos estudados.

4.1 Os Casos Estudados

Nesta seção são apresentadas as características que dizem respeito a

estrutura e funcionamento dos Conselhos Municipais de Turismo de Brotas, São

Sebastião e Santos, cujo objetivo é buscar a prescrição legal e características afim de

iniciar uma análise e busca de respostas para o problema desta pesquisa. É possível

identificar efetividade e práticas de participação na gestão do turismo municipal

mediante a atuação do Conselho Municipal de Turismo?

Para isso, foram adotadas as seguintes dimensões: Ano e Processo de

Formação, Objetivo e Competências, Composição, Funcionamento e Articulação do

Conselho, Temáticas Abordadas e Deliberações, Perfil e Visão dos Atores na

participação do colegiado.

Embora as dimensões acima em um primeiro momento pareçam um tanto

quanto burocratizadas, este foi um dos caminhos escolhido para entender a

efetividade dos Conselhos Municipais enquanto instituição participativa criada por lei.

4.1.2 Conselho Municipal de Brotas

O município de Brotas está localizado na microrregião de Rio Claro (Mapa 5),

segundo o IBGE (2015) possui 23.419 habitantes, com distância de aproximadamente

250 Km da capital São Paulo. O município é conhecido por possuir atividades ligadas

ao ecoturismo, que se desenvolve a partir de recursos naturais existentes, ou seja,

cachoeiras, rios, represas, ribeirões, corredeiras, nascentes, serras, vales e encostas.

As principais atividades exploradas são: o canyoning, rapel, escaladas, cavalgadas,

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caminhadas, mountibike e motocross. São praticadas também rafting, bóia-cross e

caiaque no rio Jacaré-pepira.

Mapa 5: Localização de Brotas/SP

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Brotas

4.1.2.1 Ano e Processo de Formação

O Conselho Municipal de Turismo da Estância de Brotas, foi criado pela Lei

Municipal nº 1202 de 20 de julho de 1994 por iniciativa do Poder Público. Através de

uma comitiva do Governo Estadual, que incentivou a formar o

COMTUR. Segundo relatos de alguns membros do colegiado, neste período já existia

também certa mobilização por parte dos empresários para a formalização de um

Conselho Municipal de Turismo com vistas a desenvolver o turismo na cidade. Este

Conselho estava vinculado somente ao gabinete do então prefeito, ficou ativo por dois

anos e somente no ano de 1999, na gestão de outro prefeito foi criado novamente o

Conselho Municipal de Turismo sob a lei nº1.627, de 26 de outubro de 1999, que

passa a atuar junto a secretaria municipal do meio ambiente, turismo e cultura. Com

a criação da Secretaria Municipal de Turismo no ano de 2012, é produzida nova

alteração na lei, começa a vigorar então a lei n.º 2.566 de 17 de setembro de 2012

que agrega o Conselho na Secretaria. O Conselho teve sua última alteração com a lei

nº 2718 de 03 de fevereiro de 2014.

Ao se fazer uma análise das alterações das leis representadas no Quadro 1,

ficou constatado que as alterações basicamente envolvem a composição do

Conselho, configurando maior número aos representantes da sociedade civil. Outra

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alteração que chama atenção diz respeito a presidência do Conselho, nas leis de

criação de 1994 e 1999 determinam que o presidente do conselho é escolhido pelo

prefeito municipal, com a alteração da lei em 2012, a Presidência do Conselho

Municipal de Turismo passa a ser exercida por um representante da Sociedade Civil,

eleito pelo voto de todos os membros. Segundo o presidente atual do Conselho

Municipal de Turismo de Brotas, a mudança ocorreu por pressão dos membros

representante da sociedade civil que, em reunião votaram e deliberaram sobre a

matéria.

Sobre essa ação específica compreende-se tal decisão e deliberação como o

início de um processo da elaboração das políticas públicas que envolve os atores que

representam o governo municipal e a sociedade civil.

A respeito do processo de formação do Conselho, segundo relatos dos

conselheiros, foi criado a partir de discussões e mobilizações de atores sociais que

tinham interesse em desenvolver turismo no município, primeiramente foi criada a

associação de turismo no município, uma vez organizados pressionaram o então

prefeito para criar o COMTUR. Ao longo dos anos, novos membros se integraram e

novas associações surgiram, hoje todos representados no Conselho Municipal de

Turismo.

1ª criação

Lei nº1202/94

2ª criação

Lei nº 1.627 de 26 de outubro de 1999

Alterações Lei nº 2.566 de 17 de

setembro de 2012

Alterações Lei nº 2718 de 03 de

fevereiro de 2014,

Art.1 fica criado o conselho municipal de turismo, nos termos do artigo 155 da lei orgânica do município de Brotas, com estrutura básica vinculada ao Gabinete do prefeito. Art. 3 O conselho municipal de turismo, será presidido pelo coordenador municipal de turismo e terá a seguinte

Art. 2 para implantar a política de turismo, fica criado o conselho, junto a secretaria municipal de meio ambiente, turismo e cultura, como órgão deliberativo, consultivo e de assessoramento, responsável pela conjunção entre poder público e sociedade civil. Art. 6 o conselho municipal de turismo será composto por 17 membros indicados por um mandato de 2 anos permitida a recondução por igual período. Composto por :2 representantes

Art. 2 Para implantar a

política de turismo, fica

criado o Conselho

Municipal de Turismo –

COMTUR, junto a

Secretaria Municipal de

Turismo, como Órgão

Deliberativo, Consultivo e

de Assessoramento,

responsável pela

conjunção entre o Poder

Público e a Sociedade

Civil.

Art. 6 O Conselho Municipal de Turismo – COMTUR, será composto por 21 (vinte e hum) membros, indicados para o mandato de 02 (dois) anos, permitida uma

Artigo 6º - O Conselho Municipal de Turismo – COMTUR, será composto por 23 (vinte e três) membros, indicados para o mandato de 02 (dois) anos, permitida uma recondução por igual período, e terá a seguinte composição: 10 representantes do poder executivo,13 representantes da sociedade civil.

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composição: 2 representantes indicados pelo prefeito,1 representante do setor hoteleiro, eleito pelos seus pares,1 representante do representante que atuam em bares e similares,1 representante da secretaria municipal do meio ambiente.

escolhidos pelo chefe do poder executivo municipal, 7 representantes das secretarias municipais, 8 representantes da sociedade civil. Art. 8 A presidência do conselho será escolhida pelo prefeito municipal. Art. 16 Perderá a representação no conselho municipal de turismo, o órgão, a entidade ou o membro, que faltar 3 reuniões ordinárias consecutivas ou a 6 alternadas durante o ano.

recondução por igual período. Passa a ser composto por: 8 representantes do governo municipal, 13 representantes da sociedade civil. Art. 8 A Presidência do

Conselho Municipal de

Turismo será exercida por

um representante da

Sociedade Civil, eleito

pelo voto de todos os

membros.

Art.16. Perderá a

representação no

Conselho Municipal de

Turismo, o Órgão,

Entidade ou Membro, que

faltar a 03 (três) reuniões

ordinárias consecutivas

ou não.

§ 1º - A Secretaria

Executiva do COMTUR

deverá notificar a

Entidade da ausência do

Membro a uma reunião,

sendo que após a

notificação, se o Membro

novamente faltar a

Entidade deverá indicar

outros representantes

(titular e suplente).

§ 2º – A Entidade inativa

terá sua cadeira excluída,

conforme regulamentação

do Regimento Interno

deste Conselho.

Quadro 4: Alterações do Comtur-Brotas

Fonte: Leis municipais de criação

4.1.2.2 Objetivo e Competências

O Conselho Municipal de Turismo de Brotas é um Órgão Deliberativo,

Consultivo e de Assessoramento, responsável pela conjunção entre o Poder Público

e a Sociedade Civil.

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Seu objetivo previsto na lei nº1627/99 Art. 4º é formular a política municipal

de turismo, visando o desenvolvimento do turismo sustentável, criando as condições

para o incremento e desenvolvimento da atividade turística bem como, a da

preservação e conservação ambiental do município de Brotas.

Sobre os objetivos pode-se dizer que estão centrados no desenvolvimento do

turismo no município de forma sustentável, o que se percebeu enquanto participante

como ouvinte das reuniões, que os atores da sociedade civil são engajados e unidos

quando se refere ao uso dos espaços destinados a atividades de turismo no município,

existe preocupação com o respeito aos locais e normas definidas para uso de tais

espaços.

Levando-se em consideração que os Conselhos têm a função de formular e

controlar a execução das políticas públicas setoriais, as competências delineadas do

Conselho Municipal de Turismo de Brotas, previstas na lei n. 1627/99 no Artigo 11°

abaixo representadas indicam que o Conselho se direciona basicamente para a

função de formular políticas de turismo. Não há indicativos da função fiscalizadora do

conselho, Entende-se que controlar a execução das políticas públicas, acompanhar a

aplicação dos recursos públicos também são de competência do Conselho.

I- Diagnosticar e manter atualizado o cadastro de informações de interesse turístico do município, e orientar a melhor divulgação do que estiver adequadamente disponível; II- Programar e executar amplos debates sobre os temas de interesse; III- Formular as diretrizes básicas que serão observadas na política municipal de turismo; IV- Manter intercambio com as diversas entidades de turismo, do município ou fora dele, seja oficiais ou privadas, visando um maior aproveitamento do potencial local; V- Contribuir na elaboração do plano municipal de turismo, observando as peculiaridades locais; VI- Propor resoluções, atos ou instruções regulamentares necessárias ao pleno exercícios de suas funções, bem como modificações ou supressões de exigências administrativas ou regulamentares, que dificultem as atividades de turismo em seus diversos segmentos; VII- Desenvolver programas e projetos no segmento do turismo, visando incrementar o afluxo de turistas e eventos para a cidade; VIII- Estabelecer diretrizes para um trabalho coordenado entre os serviços públicos municipais e aqueles prestados pela iniciativa privada, com o objetivo de prover a infraestrutura local adequada a implantação do turismo em todos os seus segmentos; IX- Promover e divulgar as atividades ligadas ao turismo, e apoiar a prefeitura na realização de diversos eventos de relevância; X- Propor formas de captação de recursos para o desenvolvimento do turismo no município, emitindo parecer relativo a financiamento de iniciativas, planos, programas e projetos que visem o desenvolvimento da indústria turística em geral;

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XI- Propor planos de financiamentos e convênios com instituições financeiras, pública e privada; XII- Colaborar, de todas as formas, com a prefeitura municipal e suas secretarias, nos assuntos pertinentes, sempre que solicitado; XIII- Formar grupos de trabalho, para desenvolver estudos necessários em assuntos específicos, com prazo para a conclusão dos trabalhos e apresentação de relatório ao plenário; XIV- Emitir parecer sobre as obras que tenham relação direta ou indireta com o turismo; XV- Implementar convênios com órgãos, entidades e instituições públicas ou privadas, nacionais ou internacionais de turismo e /ou de meio ambiente, com o objetivo de promover o intercâmbio e viabilidade técnica, para projetos turísticos no município;

XVI- Organizar e manter o seu regimento interno.

4.1.2.3 Composição

O COMTUR está composto por 23 membros, 10 atores representando o

governo municipal que são indicados pelo prefeito e 13 atores representando a

sociedade civil e empresários que são indicados pelas entidades que os representam.

Os conselheiros tem mandato de dois anos, permitida a recondução por igual período,

cada representação tem uma suplência. A Presidência do Conselho é exercida por

um representante da Sociedade Civil, eleito pelo voto de todos os membros. Sua

composição não é paritária.

Um aspecto importante observado, refere-se ao fato de que dos atores

representados pelo governo municipal, um representante é do poder legislativo.

Entende-se que esta participação é inconstitucional, pois os Conselhos Municipais são

organismo que compõem a estrutura do poder executivo. O princípio de

independência de atuação dos dois órgãos do governo municipal impede que os

membros da câmara dos vereadores se vinculem ao chefe executivo municipal.

Segundo CEPAM (2010) tal participação afronta o artigo 2º da constituição

federal que trata da separação e harmonia entre os poderes, bem como o artigo 5º da

constituição Estadual de São Paulo, que classifica como poderes do Estado,

independentes e harmônicos entre si, o legislativo, o executivo e o judiciário em seu

parágrafo 2º a vedação de que o cidadão investido na função de um dos poderes

exerça a de outro.

Entretanto, é importante salientar que os vereadores podem e devem

acompanhar os trabalhos dos Conselhos Municipais, uma vez que a câmara municipal

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é órgão de controle externo da administração pública local. Esta aproximação entre

poder legislativo e Conselho é fundamental, pois ambos têm um papel importante de

fiscalização das ações e serviços das áreas sociais, bem como os recursos nela

aplicados. Tal papel fortalece a construção conjunta da democracia representativa

(vereadores) e da democracia participativa (conselheiros).

Em relação aos representantes da sociedade civil os seguintes aspectos foram

observados:

- Constitui-se na sua maioria por participantes de associações ligadas ao turismo

(ABROTUR, ABCT, ABETA, ACIB, associação dos artesãos de Brotas). Fazem parte

também uma Organização não governamental e sindicato rural do município; da

mesma forma o segmento dos empresários que trabalham diretamente com o turismo

está representado;

- Apesar de não ser paritário, a presença dos diversificados atores sociais possibilita

boa articulação com o poder público, entende-se que, para pensar políticas públicas

quanto maior a pluralidade dos Conselhos Municipais maiores são os debates

produzidos.

4.1.2.4 Funcionamento e Articulação do Conselho

O Colegiado Municipal de Turismo de Brotas tem seu funcionamento regulado

por regimento interno próprio. As reuniões ordinárias ocorrem mensalmente e as

extraordinárias sempre que necessário, com duração de no máximo 1h30. As

Convocações ocorrem com antecedência mínima de 7 dias antes da data da reunião

salvo motivo urgente devidamente justificado. As reuniões são públicas e abertas à

comunidade, Onde apenas conselheiros (ou suplente na ausência do conselheiro) tem

direito ao voto. Os membros do Conselho perderão o mandato se faltarem a 03 (três)

reuniões ordinárias consecutivas ou não. Segundo o presidente do Conselho, a

participação dos conselheiros em todas as reuniões é alta, desde a sua gestão nunca

houve perda de mandato por falta.

No que se refere à participação da comunidade nas reuniões, o Regimento

Interno, estabelece que são públicas, apenas conselheiros (ou suplente na ausência

do conselheiro) tem direito ao voto e que poderão ser convocados/convidados às

reuniões dirigentes de entidades públicas ou privadas ou técnicos especializados,

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entende-se que o regimento é favorável e estimula a participação, entretanto, isso não

significa que o regimento será cumprido e praticado integralmente.

Em relação a formação das pautas das reuniões, todos os conselheiros, Poder

Público e Sociedade Civil podem sugerir pautas. As pautas sugeridas são discutidas

e, em caso de necessidade, votadas democraticamente pelos conselheiros.

O Conselho poderá constituir comissões para projetos específicos de interesse

do turismo. As comissões serão constituídas de no mínimo 3 (três) membros,

podendo delas participar não conselheiros e de reconhecida capacidade.

As Comissões estabelecerão o seu programa de trabalho, cujo resultado será

apresentado para o Conselho Municipal de Turismo. As Comissões serão extintas

uma vez apresentado ao Conselho o resultado do seu trabalho. O Conselho não

apresenta dotação orçamentária, as reuniões são realizadas em uma sala da

associação comercial do município, a prefeitura é responsável em pagar o aluguel da

sala. Quando os conselheiros precisam fazer alguma atividade fora do município de

Brotas, tal como, participação em seminário, eventos especifico de turismo, os

representantes da sociedade civil pagam seu deslocamento. Porém, está em debate

a criação de mecanismos para angariar fundos para o Conselho, um deles é a

cobrança de taxas sobre os serviços, onde parte será destinado ao fundo municipal

de turismo.

Entende-se que quando os Conselhos têm dependência financeira e

administrativa perdem sua autonomia, pois são submetidos a vontade do prefeito

esvaziando o papel que devem desempenhar na representação da sociedade.

4.1.2.5 Temáticas Abordadas e Deliberações

As principais temáticas abordadas no Conselho Municipal de Turismo de Brotas

foram extraídas da análise das atas do ano de 2014 conforme descrito na seção

metodologia. No total foram analisadas 13 atas, sendo que as principais temáticas

abordadas centraram-se na definição dos projetos prioritários para uso do recurso

proveniente do Departamento de Apoio ao Desenvolvimento de Estâncias-DADE. O

município recebeu a chancela de Estância Turística no ano de 2014, e para começar

a receber proventos destinados a melhoramento da Estância precisa apresentar

projetos à Secretaria Estadual de Turismo. Outro tema recorrente nas reuniões

refere-se aos cuidados com o Rio Jacaré-pepira, onde acontece a maior parte das

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atividades de aventura. O fato que chamou a atenção neste caso, é o monitoramento

constante que os próprios moradores e membros do Comtur fazem com o rio, já que

provem dele a maior fonte de renda das pessoas que vivem do turismo no município.

Votação e aprovação de projetos é outra questão que aparece nas pautas das

reuniões, evidencia-se, entretanto em que todas as votações relacionadas em projetos

de grande orçamento, o prefeito municipal estava presente na reunião para defender

o projeto de seu interesse. Na ata da reunião do dia 7 de setembro de 2014 o prefeito

pede a palavra, antes da votação de projeto que estava em pauta referente à melhoria

do passeio público da cidade, e salientou a importância de dar prioridade em votar

projetos de curto prazo a fim de agradar a população. A análise que se faz dessa

manifestação do executivo municipal é que ela é contrária a democratização da

gestão, ou seja não possibilita a gestão compartilhada uma vez que o prefeito tenta

influenciar os membros para que seus projetos sejam aprovados, a interferência do

executivo municipal nas atividades e votações não reflete autonomia, o Conselho não

pode deliberar de acordo com a conveniência do poder executivo, uma alternativa

para evitar este tipo de acontecimento é estabelecer em regimento interno cláusulas

a este respeito. Todavia, neste caso todos os membros concordaram com o

posicionamento do prefeito.

Outras temáticas debatidas, votadas e aprovadas foram o Plano Diretor de

Turismo e o Regimento Interno do Conselho Municipal. O que se verificou que as

manifestações do poder público e sociedade civil foram debatidas e acatadas sem

maiores conflitos de interesse. Em uma das reuniões foi discutida e votada novamente

a pedido da câmara de vereadores a Lei nº. 2718/2014- estabelece que o presidente

do Conselho seja um ator da sociedade civil- os vereadores contestaram tal

designação. Os membros discutiram a possibilidade de alteração, e votaram a favor

da permanência do que está estabelecido na lei, ficando portanto um representante

da sociedade civil presidente do COMTUR.

A leitura que se faz das temáticas levantadas é que a sociedade civil mostra-

se bastante questionadora em relação aos projetos e propostas de eventos ao

município. Em todas as atas analisadas, as manifestações dos representantes da

sociedade civil foram bastante contundentes e com bom embasamento de

argumentação. Neste aspecto, um fato que chamou atenção foi a votação para a

realização de um evento esportivo com aproximadamente 1000 estudantes de

medicina, de uma Universidade do interior de São Paulo. O assunto foi colocado em

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votação pelos membros do Conselho que foram contra a realização por unanimidade,

visto que a data pretendida para a realização do evento era a mesma de um feriado,

em que muitas pessoas se deslocam para o município, em vista disso, a cidade ficaria

tumultuada e ainda informaram que o COMTUR não apoia a vinda deste tipo de evento

em qualquer época do ano.

O que se percebeu com a análise das atas é que os membros do COMTUR,

especialmente os representantes da sociedade civil, tem foco, que é de desenvolver

o turismo no município com vistas a alcançar a sustentabilidade para continuar

explorando os recursos naturais a fim de garantir ‘seus negócios’ por longos anos.

Existe articulação entre governo municipal e sociedade civil, para atender seus

próprios interesses. Ao mesmo tempo, percebe-se que existe cooptação por parte do

executivo municipal, isso reflete na falta de autonomia da sociedade civil.

4.1.2.6 Perfil e Visão dos Atores Colegiado

O perfil dos membros do conselho municipal de turismo de Brotas ora

apresentado foi delineado a partir do questionário aplicado. Dos 23 membros do

colegiado, 14 responderam o questionário, desses 10 são representantes da

sociedade civil e 4 representantes do governo municipal. Quanto ao sexo, onze são

do sexo masculino e três do sexo feminino, com idade média de 45 anos. Em relação

à escolaridade a sua grande maioria apresenta ensino superior completo (Quadro 5).

Nível de escolaridade F

Primeiro grau (fundamental) incompleto

Primeiro grau (fundamental) completo 1

Segundo grau (médio) incompleto 1

Segundo grau (médio) completo 4

Terceiro grau (superior) incompleto

Terceiro grau (superior) completo 5

Pós-graduação incompleta

Pós-graduação completa 3

Total 14

Quadro 5:Escolaridade conselheiros Brotas

Fonte: Elaborado pela autora com base na pesquisa realizada

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Quanto à participação dos membros em Conselhos constatou-se que a maioria

já tem experiência na participação de Conselhos, onze conselheiros responderam que

não é a primeira vez que participam de um Conselho e três responderam que esta é

a primeira experiência em Conselho. (Quadro 6).

Em quantas gestões sua entidade/órgão já participou

de conselho?

F

Uma 3

Duas 3

Três 2

Quatro 0

Cinco 2

Seis 4

Outras. Quantas?

Total 14

Quadro 6: Participação em Conselhos Fonte: Elaborado pela autora com base na pesquisa realizada

Quando questionados se a entidade que representa integra a mesa diretora do

Conselho, onze não integram a mesa diretora do Conselho e três responderam

afirmativamente. Quanto ao cargo que ocupa, dois indicaram a presidência e um a

secretaria executiva. Um fato que chamou a atenção foi que todos responderam que

participam sempre das reuniões do Conselho, não faltam. Em relação à pressão do

Conselho por parte das associações e entidades que representam, nove responderam

que não pressionam e cinco afirmaram que sua associação pressiona o Conselho, e

que a principal forma de pressão é participando ativamente das reuniões e discutindo

os projetos propostos.

Com relação à discussão da pauta coletiva antes da reunião do Conselho com

os membros da entidade que representa, oito conselheiros responderam que existe

discussão prévia e seis responderam que não discutem a pauta com sua entidade.

Entende-se que este é um ponto relevante pois, uma vez que os participantes dos

Conselhos são na maioria representantes de alguma entidade, foram eleitos para que

levem suas manifestações ao colegiado. Dessa forma, considera-se que todos os

conselheiros devem discutir a pauta coletivamente para na reunião representar,

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defender os interesses da sua entidade. É neste momento que a pluralidade dos

atores se manifesta bem como seu potencial de participação democrática.

A respeito das informações que são objeto de debate nas reuniões do

Conselho, sete conselheiros responderam que se sentem bem informados, dois

responderam na maioria das vezes e cinco que as vezes. Entende-se que para o

Conselho cumprir sua finalidade, a gestão compartilhada de uma determinada política,

o governo municipal, precisa fornecer todas as informações igualitariamente aos

membros do colegiado.

Quando questionados se algum segmento tem obtido maior sucesso na sua

participação, no processo de tomada de decisões no Conselho, nove responderam

que nenhum segmento é privilegiado na tomada de decisão e cinco responderam que

acham a ABROTUR-Associação de Empresas de turismo de Brotas e Região tem

obtido maior sucesso na tomada de decisão. Em relação a esta questão, observou-

se quando presente na reunião do Conselho que esta associação é bastante proativa

embora deixe bem explícito os interesses dos empresários do município, que é o de

atrair turistas para o município.

Segundo os atores investigados, quem apresenta mais pautas para as reuniões

do Conselho é a Secretaria Municipal de Turismo. Quanto à existência de conflitos no

interior do Conselho, onze entrevistados respondem que existe conflitos e três dizem

não existir. Os temas que mais geram conflitos são: aplicação de recursos; diferenças

de interesses dos atores representantes do governo municipal e sociedade civil;

definição de projetos prioritários, plano diretor e recolhimento de impostos. Acredita-

se que a existência de conflitos de interesses dentro de um Conselho Municipal é

salutar pois os interesses são plurais, o que precisa existir para que o Conselho tenha

eficácia em suas ações é a mediação destes conflitos para que não exista

desinteresse na participação do colegiado em função de um conflito não resolvido.

Em relação à formação técnica dos membros do Conselho, sete responderam

que consideram a formação técnica essencial e sete responderam que não acham

necessário, e que o conhecimento técnico não tem sido decisivo nas deliberações. No

que se refere à formação dos membros do Conselho, compreende-se que ela é

necessária para facilitar o fortalecimento político e cultural dos participantes bem como

trabalhar os instrumentos de avaliação dos resultados da política.

Quanto aos aspectos deliberativos do Conselho verificou-se que os

conselheiros divergem em alguns aspectos (Quadro 7), principalmente no que se

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refere à fiscalização de orçamento e informações. Entende-se que as informações são

essenciais quando se trata de deliberações, mais importante que isso elas devem ser

disponibilizadas para todos os atores que compõe o Conselho. Em relação à

autonomia dos Conselhos com a Secretaria de Turismo, dez conselheiros

responderam que ela existe.

Quanto ao aspecto deliberativo do Conselho Sim Não

O Conselho delibera sobre políticas públicas 10 4

O Conselho fiscaliza, ou somente é consultivo sobre o orçamento?

9 5

O Conselho tem acesso a todas as informações de que necessita para deliberar?

9 5

Existe autonomia do Conselho em relação à secretaria afim?

10 4

O conselho dispõe da infraestrutura necessária

para subsidiar sua tomada de decisão?

12 2

O Conselho tem recursos financeiros próprios? 0 14

Existe algum tipo de formação para conselheiros

promovida pelo Conselho?

0 14

Quadro 7: Aspectos deliberativos dos Conselhos

Fonte: Elaborado pela autora com base na pesquisa realizada

Quando questionados a opinar se o Conselho elege as prioridades para as

ações, treze atores responderam que sim e confirmam que essas prioridades

elencadas pelo Conselho têm sido transformadas em ações, projetos, programas ou

serviços na área de turismo, dois responderam que sim, parcialmente.

Quanto às deliberações aprovadas, para quatro conselheiros são colocadas em

prática na íntegra e em tempo adequado, cinco responderam em tempo adequado em

forma parcial, três em forma lenta e parcial e dois de forma lenta e plena.

No que diz respeito ao fornecimento de informações sobre o financiamento das

ações, projetos, programas e serviços da área de Turismo, incluindo o orçamento

estadual/municipal sete membros consideram que as informações são recebidas em

tempo hábil, seis que são fornecidas, porém tardiamente e um que não são fornecidas.

Para onze conselheiros essas informações são claras e compreensíveis, no ponto de

vista de três conselheiros são difíceis de compreender.

A análise que se faz sob o ponto de vista das prioridades, deliberações e

informações é de que o Conselho tem desenvolvido ações, por meio da construção

de projetos que visam o desenvolvimento do turismo do município. O que se percebeu

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é que ainda falta igualar as informações dadas ao colegiado e esclarecê-las, uma das

alternativas é que o próprio colegiado coletivamente pressione o órgão gestor

municipal para mudar tal situação, inclusive dando cursos aos conselheiros com a

intenção de facilitar o crescimento político e cultural dos participantes bem como

trabalhar os instrumentos de avaliação de resultados das políticas.

Para o presidente do COMTUR, empresário, proprietário de um Resort, o

Conselho tem exercido na medida do possível diálogo com o executivo municipal. Da

mesma forma ele como presidente, tem ações propositivas com a finalidade de

estimular a dinâmica participativa de todos os membros. Levando-se em consideração

as respostas da entrevista realizada com o presidente do COMTUR representadas

abaixo (Quadro 8), fica evidente que existem ações sendo desenvolvidas baseada em

um clima de participação. Ao relacionar com a análise das atas, de fato percebe-se

que existe convergência entre os membros do colegiado nas pautas que interessam

ao governo local e sociedade civil, principalmente nas que privilegiam os interesses

particulares das associações.

Perguntas Respostas

Para você, o que significa um Conselho?

Um Conselho Municipal é o local onde Poder Público, Iniciativa Privada e Sociedade Civil se reúnem para debater, votar e deliberar um assunto de interesse do município.

Que ações a presidência do

Conselho desenvolve para

propiciar dinâmica participativa no

COMTUR?

Trabalho em conjunto e clima de cooperação entre o setor

privado e poder público, fazendo com que esses agentes

remem na mesma direção, sempre em prol do destino Brotas.

Como são pautados os temas para

as reuniões?

Todos conselheiros, Poder Público e Sociedade Civil podem

sugerir pautas. As pautas sugeridas são discutidas por todos e,

em caso de necessidade, votadas Democraticamente pelos

conselheiros.

Vocês recebem recursos do

DADE? O Conselho Municipal de

Turismo debate aonde serão

aplicados tais recursos?

Como recebemos a chancela de Estância em 2014, ainda não

recebemos nenhum recurso proveniente do Dade até o

momento , estamos elaborando projetos para pleitear recursos.

Mas,o Conselho já está debatendo quais projetos deverão ser

elaborados para pleitear tais recursos.

O Conselho tem fundo para se

manter?

Não.

Quais são as ações realizadas

pelo Conselho em sua gestão?

Elaboramos e deliberamos muitos projetos para o município,

alguns já em andamento. Mas as coisas não são fáceis ainda

pois, os interesses do governo municipal muitas vezes é

diferente da sociedade civil.

Você acredita que a implantação

do Conselho municipal de turismo

possibilitou a participação das

A implantação do Conselho Municipal de Turismo em Brotas

possibilitou e facilitou o diálogo da sociedade civil com o poder

público.

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pessoas interessadas no

desenvolvimento turístico de seu

município?

Quadro 8: Entrevista, presidente do COMTUR-Brotas

Fonte: Elaborado pela autora com base na pesquisa realizada

Sob o ponto de vista da participação, articulação entre os representantes da

sociedade civil e poder público percebe-se que o presidente tenta articular e promover

ações para o benefício de todos e do município, ou seja, os seguintes aspectos foram

considerados positivos: trabalho em conjunto de todos os representantes; abertura

para a sugestão das pautas; deliberação de projetos como o Plano Municipal de

Turismo.

4.1.3 Conselho Municipal de São Sebastião

O município de São Sebastião está localizado no litoral Norte do Estado de São

Paulo, na microrregião de Caraguatatuba (Mapa 6), com distância de

aproximadamente 205 Km da capital são Paulo. Segundo dados do IBGE (2015)

apresenta população estimada de 83.020 hab. O Município, foi um dos primeiros

povoados estabelecidos na costa brasileira, elevado a Vila em 1636, possui um centro

histórico, que hoje é um dos atrativos turísticos, em sua volta apresenta ecossistema

da Mata Atlântica, Serra do Mar e da Zona Costeira que garantem a diversidade

ecológica em toda a extensão de São Sebastião.

Mapa 6:Localização de São Sebastião

Fonte: https://www.google.com.br/mapa

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79

4.1.3.1 Ano e Processo de Criação

O conselho Municipal de Turismo de São Sebastião Criado pela lei nº1296/98.

Em 2005 sob a lei nº1761, novo prefeito reorganiza o Conselho Municipal de Turismo,

no ano de 2011 é reorganizado com a lei nº.2163, sua última alteração foi em 2013 lei

nº 2.255 que altera a composição do Comtur. É um órgão de caráter permanente,

com funções deliberativas, consultivas, normativas e fiscalizadoras, constitui-se em

um órgão de composição paritária entre o poder público e a sociedade civil.

As alterações realizadas (Quadro 9) relacionam-se ao número de conselheiros,

no ano de 2013, quando ocorreu a redução de 20 conselheiros para 12. Segundo o

atual presidente do COMTUR, ficou decidido diminuir a participação de conselheiros,

porque tinha pouca adesão por parte dos membros da sociedade civil, essa resolução

foi definida em reunião do Conselho e posteriormente aprovada na câmara municipal.

A segunda modificação refere-se ao vínculo do COMTUR, primeiro estava alocada na

secretaria de desenvolvimento econômico e assistência social, no ano de 2011

passou a ter vínculo com a Secretaria de Cultura e Turismo que até então não existia

no município.

Cabe ressaltar que não houve alteração da lei nº1761de 2005 em relação à lei

de criação nº1296/98, ou seja, foi reeditada somente com a alteração do nome do

prefeito, por isso não está indicada no quadro 9 que se refere às alterações.

O Conselho foi formado por iniciativa do prefeito municipal, por entender que o

município precisava se organizar para desenvolver o turismo de forma mais

adequada.

Criação

Lei nº1296/98

Alterações

Lei nº. 2163 de 2011

Alterações

Lei nº 2255/2013

Art.4 O Conselho Municipal

de Turismo será composto por

16 (dezesseis) conselheiros,

dos quais 50% (cinqüenta por

cento) serão indicados pelo

Poder Público Municipal e

50% (cinqüenta por cento)

indicados pela sociedade civil,

observada a seguinte divisão.

Artigo 8º - O Conselho

Municipal de Turismo é órgão

integrante do Poder Executivo

Art4. O Conselho Municipal de

Turismo será composto por 20

(vinte) conselheiros, dos quais 50%

(cinqüenta por cento) serão

indicados pelo Poder Público

Municipal, 50% serão indicados

pela sociedade civil, divididos em:

25%(vinte e cinco por cento) pelo

Trade de Turismo do município e

25% (vinte e cinco por cento)

indicados por associações e terceiro

setor, observada a seguinte divisão:

Art.4 o COMTUR- conselho

municipal de turismo será composto

por 12 (doze) conselheiro efetivo e

12(doze) suplentes de conselheiro dos

quais 50% serão indicados pelo poder

municipal e 50% indicados pela

sociedade civil.

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Municipal, vinculado à

Secretaria de

desenvolvimento Econômico e

Assistência Social.

Art. 8º - O Conselho Municipal

de Turismo é órgão integrante

do Poder Executivo Municipal,

vinculado à Secretaria de Cultura e

Turismo - SECTUR.

Quadro 9: Alterações das Leis municipais- São Sebastião

Fonte: Leis municipais do município de São Sebastião

4.1.3.2 Objetivo e Competências

O COMTUR tem por objetivo previsto na lei nº 2163/2011 assessorar o poder

executivo nas questões referentes ao desenvolvimento turístico do município de São

Sebastião, orientando e promovendo sua difusão nos termos do artigo 209 a 201 da

lei orgânica.

A lei orgânica do Município estabelece o turismo como atividade prioritária,

como fator do desenvolvimento econômico e social, em estímulo aos diversos

segmentos ligados direta e indiretamente ao turismo através de incentivos fiscais.

A análise que se faz das atribuições e competências do Conselho, segundo a

lei nº 2163/2011, abaixo descritas, é que o COMTUR apresenta as funções de

formular e controlar a execução das políticas de turismo no município. Não foi

identificado o acompanhamento dos recursos públicos destinados ao turismo.

. Das atribuições e competências

I- Elaborar um plano de desenvolvimento de turismo para o Município;

II- Sugerir medidas ou atos regulamentares referentes à exploração de serviços turísticos no território municipal;

III- Indicar representantes para integrarem delegações municipais a congressos, convenções, reuniões ou outros acontecimentos que ofereçam interesse à política municipal de turismo;

IV- Opinar sobre a celebração de convênios com outros entes federativos, ou sugeri- los, quando for o caso;

V- Sugerir certames e festividades oficiais vinculados ao turismo, propondo, ainda, projetos de difusão das potencialidades turísticas municipais;

VI- Propor e apreciar proposta de criação de organismos que tenham como finalidade estimular o turismo e a formação de pessoal habilitado para o exercício de atividades ligadas ao turismo;

VII- Colaborar na elaboração do calendário turístico do Município VIII- Assessorar o Poder Executivo, emitindo pareceres e acompanhando

a elaboração de programas de governo em questões relativas ao turismo;

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IX- Sugerir ao Poder Executivo e à Câmara Municipal a elaboração de projetos de lei e outras iniciativas relacionadas à atividade turística, zelando pelo seu cumprimento;

X- Contribuir para o aperfeiçoamento da legislação referente ao turismo, zelando pelo seu cumprimento;

XI- Emitir pareceres à Câmara Municipal, quando solicitado, sobre questões relativas ao turismo;

XII- Formular e promover políticas públicas e incentivar, coordenar e assessorar programas, projeto e ações em todos os níveis da administração, visando o desenvolvimento da atividade turística;

XIII- Desenvolver, apoiar e incentivar estudos e pesquisas sobre o turismo no Município;

XIV- Estabelecer intercâmbio com organização e entidades afins, nacional e internacionalmente;

XV- Criar comissões específicas para estudo e trabalho sobre as questões relacionadas ao turismo no Município;

XVI- Divulgar, em publicação periódica oficial do Poder Executivo ou, na inexistência deste, em jornal local, suas atividades e os balanços anuais do Fundo Municipal de Turismo;

XVII- Apresentar propostas ao Poder Executivo sobre a administração dos pontos turísticos do Município;

XVIII- Fiscalizar e zelar pela atualização de cadastro de informações de interesse turístico;

XIX- Formular as diretrizes básicas que serão observadas na política municipal de turismo;

XX- Estabelecer diretrizes para um trabalho coordenado entre os serviços públicos municipais e os prestados pela iniciativa privada, com o objetivo de prover a infraestrutura adequada à implantação e o desenvolvimento do turismo;

XXI- Propor formas de captação de recursos para o desenvolvimento do turismo e emitir parecer relativo a financiamento de iniciativas, planos, programas e projetos que visem o desenvolvimento da indústria turística;

XXII- Promover a integração do Município ao Plano Nacional de Regionalização do Turismo, do Ministério do Turismo;

XXIII- Elaborar e aprovar a regulamentação do Fundo Municipal de Turismo;

XXIV- Exercer a fiscalização da movimentação orçamentária do Fundo Municipal de Turismo, direcionando a aplicação dos recursos, bem como apreciando a prestação de contas anual apresentada pelo referido Fundo;

XXV- Elaborar e aprovar seu regimento interno.

(lei nº 2163/2011).

4.1.3.3 Composição

Segundo a lei nº 2255/2013 Art. 4º o Conselho Municipal de Turismo de São

Sebastião é composto por 12 conselheiro efetivos e 12 suplentes de conselheiros,

dos quais 50% são indicados pelo poder público e 50% indicados pela sociedade

civil. O mandato dos conselheiros é de dois anos, contados da publicação do decreto

que os nomear. A escolha do Presidente do Conselho Municipal de Turismo de

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São Sebastião é formulada, em reunião própria, lista tríplice pelos Conselheiros, a

ser submetida ao Chefe do Poder Executivo, para a designação competente.

Em relação à composição, observou-se que:

- No segmento da sociedade civil, não estão presentes nenhum tipo de associação,

somente empresários, proprietários de hotéis, pousadas e restaurantes;

- Dos indicados pelo prefeito, está um representante do poder legislativo, conforme já

ressaltado e evidenciado no COMTUR de Brotas, é inconstitucional o poder legislativo

fazer parte de um Conselho Municipal.

4.1.3.4 Funcionamento e Articulação do Conselho

Conforme descrito no regimento interno, o Conselho Municipal de Turismo se

reúne uma vez por mês ordinariamente, com a presença de pelo menos 50%

(cinquenta por cento) de seus membros, extraordinariamente, quanto convocada pelo

presidente ou mediante solicitação de pelo menos 1/3 (um terço) de seus membros

titulares. O membro do Conselho que faltar a 02 (duas) reuniões consecutivas, ou a

03 (três) reuniões alternadas, sem justificativa, ficará automaticamente desligado,

sendo chamado um suplente do respectivo segmento para o preenchimento da vaga.

O prazo para apresentar justificativa de ausência é de 02 (dois) dias úteis, a

contar da data da reunião em que se verificou o fato. No caso de pedido de

afastamento temporário ou definitivo de um dos membros titulares, assumirá o

suplente do respectivo segmento com direito a voto na reunião que deferir o pedido

formulado.

Aos membros suplentes presente nas reuniões plenárias será assegurado o

direito de voz, mesmo na presença dos titulares. A ordem dos trabalhos do Conselho

é a seguinte: leitura, votação e assinatura da ata da reunião anterior; expediente;

ordem do dia; outros assuntos de interesse. A leitura da ata poderá ser dispensada

pelo plenário quando sua cópia tiver sido distribuída aos membros do conselho. Fica

assegurado a cada um dos membros participantes da reunião o direito de se

manifestar sobre o assunto em discussão.

A votação é nominal, ao anunciar o resultado das votações, o Presidente do

Conselho poderá pedir aos membros que se manifestem novamente. É vedado voto

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por delegação. As decisões do Conselho serão tomadas por maioria simples e

registrada em ata.

Segundo a lei de criação lei municipal nº 2163 de 2011 todas as sessões do

Conselho Municipal de Turismo serão públicas e precedidas de ampla divulgação,

não prevê que a comunidade em geral possa participar das discussões do Conselho.

Neste caso, a participação popular é restringida pelo legislador. Constata-se que,

essa atitude está baseada em uma democracia representativa elitista, onde se

acredita que a ampliação da participação para as diferentes instâncias das atividades

sociais e para as populações de massa, inviabilizaria a própria democracia.

4.1.3.5 Temáticas Abordadas e Deliberações

Os principais temas debatidos no COMTUR foram retirados da análise das atas

do ano de 2014, foram disponibilizadas no total 7 atas. As reuniões centraram-se nas

discussões sobre estratégias de divulgação da cidade de São Sebastião, agenda de

eventos do município no ano de 2014, ações para o apoio e planejamento;

infraestrutura turística, engajamento e participação nas reuniões e trabalhos,

projetos do Conselho bem como nos eventos destinados a divulgação do destino.

Captação de recursos para os projetos, votação e aprovação de recursos do Fundo

Municipal do Turismo.

A respeito dos temas abordados, o que se percebe em relação às

manifestações da sociedade civil é que eles não querem se comprometer com os

projetos, uma vez que consideram de responsabilidade da Secretaria de Turismo tais

ações. Consideram que é o papel da prefeitura criar estratégias para chamar turistas

ao município, que consequentemente aumentará a taxa de ocupação de seus

empreendimentos.

Neste sentido, o presidente do COMTUR que é representante da sociedade

civil, em todas as reuniões chama os empresários à sensibilização, pois, segundo ele,

até o momento só houve tentativas frustradas de participação e ações, “Os

empresários não têm representatividade, não há associação forte, não há união no

sentido de pleitear novas ações junto ao governo, cada empresário age

separadamente”. Compreende-se com a fala ressaltada do presidente em uma das

reuniões, como um desabafo e ao mesmo tempo uma forma de chamamento dos

conselheiros para participar mais dos debates e da vida do Conselho.

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O que chamou atenção é que, em todas as reuniões, o presidente ressalta que

existe um desencontro entre o que os empresários pensam em fazer e o poder público,

segundo o presidente se há tantas reinvindicações e projetos porque não são

encaminhadas para a prefeitura? Neste sentido, entende-se que os membros do

Conselho ainda não reconhecem seus papéis enquanto pessoas que estão

assessorando o poder executivo municipal para o desenvolvimento do turismo no

município.

A avaliação realizada em relação à participação da sociedade civil no

COMTUR, aponta que os conselheiros devem conhecer qual é de fato o seu papel

enquanto representante de um segmento. Dessa forma, talvez a falta de engajamento

tão evidenciada por todos seja solucionada. Por isso, a necessidade de cada

conselheiro antes de participar das reuniões discutir com seus pares a pauta da

reunião, e se for o caso fazer novas proposições, reinvindicações que possam ser

levadas nas reuniões do Conselho, por isso, a composição dos Conselhos prevê a

participação de atores sociais plurais que representam diferenciadas entidades,

associações. Entende-se que essa é a verdadeira essência da participação na gestão

municipal delegada aos Conselhos Municipais.

O que se percebe nas manifestações dos representantes do poder público

municipal é que são pautadas em muitos informes sobre eventos municipais, também

propõe ações a fim de estimular maior adesão e participação da comunidade no

sentido de desenvolver o turismo no município. A diretora de turismo e secretária de

turismo mostram-se preocupadas com a pouca adesão dos empresários nas ações

propostas pela Secretaria de Turismo, o que se percebeu é que muitas vezes criticam

a falta de adesão mas não propõem e se mostram abertas ao debate para conhecer

o motivo pelo qual os conselheiros não acreditam no COMTUR provocando até

mesmo o afastamento dos membros.

Embora exista prestação de contas do Fundo Municipal de Turismo,

proveniente de taxas das lojas da rodoviária e quiosques da praia. O que chama

atenção em relação ao conteúdo das atas analisadas, é que não foram debatidos os

recursos disponibilizados pelo Departamento de Apoio as Estâncias-DADE ao

município, que por ser considerado Estância Turística, recebe verba do governo

federal. Segundo levantamento realizado no ano de 2014 o município recebeu mais

de 5 milhões de reais. Entende-se que essa é uma discussão que deve ser feita no

âmbito Conselho Municipal de Turismo também, uma vez que é o espaço de gestão

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entre o poder público e a sociedade civil e esse recurso é destinado para melhoria das

Estâncias.

Identificou-se nas atas analisadas que não existe negociação, pactuação e

compartilhamento de responsabilidade entre o executivo municipal e diversos grupos

sociais os quais representam divergentes interesses na formulação e execução das

políticas públicas, levando em consideração cada realidade apresentada. O município

de São Sebastião é formado por várias praias dotadas de certas infraestruturas para

atender os turistas, como por exemplo hotéis, pousadas e estas praias, acabam

desenvolvendo suas próprias ações para o turismo, ocasionando de certa forma o

distanciamento de todos os atores envolvidos com o turismo no município.

Falta neste município a clareza de que, os Conselhos Municipais são órgãos

públicos destituídos de personalidade jurídica, constituindo-se em mediadores entre a

população e o Governo local, com o objetivo de formular políticas públicas, as quais

atenderão às necessidades sociais. Eles são instrumentos da democracia

participativa, tendo como função trazer para o Governo os problemas reais da

sociedade.

Compreende-se que na construção dessa relação entre a sociedade e o

Governo Municipal, existem desafios, como a dimensão política (composição dos

conselhos e representatividade) e a dimensão gerencial (bom atendimento da

Administração Pública, isto é, conhecer processos, competências, dinâmicas para

tomada de decisões e para implementação de políticas públicas, de forma a construir

um ambiente próprio para negociações).

O questionamento óbvio recai sobre a legitimidade destes atores para atuarem

e, por conseguinte, não apenas tomarem, mas, também, influenciarem as

deliberações e os processos de tomada de decisão

4.1.3.6 Perfil e Visão do Atores no Colegiado

Dos doze titulares presentes na reunião no dia 4 de dezembro, somente três

responderam ao questionário. Destes, dois são do sexo feminino e um do sexo

masculino. A idade média dos respondentes é de 45 anos, dois representam o

segmento de empresários no Conselho e um o poder público municipal. Todos

possuem ensino superior completo.

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Com referência ao número de participação como conselheiro, dos três

respondentes, dois participam do Conselho pela sexta vez, e um pela segunda vez.

Destes, somente um tem sua entidade representada na mesa diretora do Conselho, a

secretaria executiva.

Em relação à paridade no Conselho, dois disseram ser favoráveis, por

acreditarem que a paridade deixa as questões políticas mais leves e por achar que o

desenvolvimento do turismo depende da união do setor público e privado. Quanto à

participação nas reuniões do Conselho, todos responderam que não faltam nas

reuniões.

Quando questionados se a entidade que representa de alguma forma pressiona

o Conselho, dois responderam que sim e que a pressão centra-se em melhorias e

mudanças no município e no acompanhamento dos projetos aprovados. Em mesmo

número, responderam que discutem coletivamente as pautas antes da reunião. Todos

se sentem bem informados sobre as questões que são objeto de debate nas reuniões

do conselho e também não acham que alguma entidade tem obtido maior sucesso na

sua participação no processo de tomada de decisões.

Quando questionados sobre quem apresenta mais assuntos para serem

debatidos e decididos no Conselho, cada representante respondeu uma alternativa

diferente: um respondeu que foi o presidente do conselho, o segundo que todos

apresentam assuntos e o terceiro que o grupo todo. Quanto à existência de conflitos

no Conselho, todos responderam que não existe. Porém, quando questionados sobre

os temas mais polêmicos discutidos nas reuniões do conselho, as seguintes respostas

foram dadas: falta de associativismo do trade, pouca ação do poder público e

orçamentos destinado ao desenvolvimento do turismo no município.

Quanto à formação técnica dos conselheiros, somente um acha necessário, os

demais acham que o conhecimento técnico não tem sido decisivo nas deliberações

do Conselho. Em relação aos aspectos deliberativos do Conselho (Quadro 10)

percebeu-se que na sua totalidade o Conselho não exerce seu caráter deliberativo

com legitimidade.

O fato que chama a atenção, é que, somente a representante do executivo

municipal respondeu afirmativamente em relação às informações para deliberações.

A análise que se faz é que o poder executivo municipal possui informações que não

são repassadas aos demais conselheiros, e que a autonomia é inexistente. Quanto a

isso entende-se que talvez falte maior mobilização e união dos membros da sociedade

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civil para juntos exigir maior acesso às informações e propor projetos que visem a

autonomia.

Em relação ao aspecto deliberativo do conselho Sim Não

O conselho delibera sobre políticas pública? 1 2

O conselho fiscaliza, ou somente é consultivo sobre o orçamento?

0 3

O conselho tem acesso a todas as informações de que necessita para deliberar?

1 2

Existe autonomia do conselho em relação a secretaria a fim?

0 3

O conselho dispõe da infraestrutura necessária para subsidiar sua tomada de decisão?

1 2

O conselho tem recursos financeiros próprios? 3 0

Existe algum tipo de formação para conselheiros promovida pelo conselho

0 3

Quadro 10: Aspecto deliberativo São Sebastião.

Fonte: Elaborado com base na pesquisa realizada

Sobre as prioridades das ações no Conselho, todos responderam que o

Conselho elege prioridades, e que essas prioridades têm sido transformadas em

ações e projetos parcialmente executados. Quando questionados de que forma as

deliberações aprovadas no Conselho são colocadas em prática e na íntegra, cada

conselheiro respondeu de uma forma, conforme Quadro 11. O que se observa nestas

respostas é que somente para a representante do poder executivo municipal as

deliberações são realizadas em tempo adequado e de forma plena. Percebe-se que

não existe consenso entre poder público e sociedade civil, uma vez que os pontos de

vistas são diferentes.

De que forma as deliberações aprovadas no conselho são colocadas em prática e na íntegra?

F

Em tempo adequado e de forma plena 1

Em tempo adequado e de forma parcial 1

De forma lenta e plena 1

De forma lenta e parcial

Quadro 11: De que forma as deliberações aprovadas no conselho são colocadas em prática e na

íntegra?

Fonte: Elaborado com base na pesquisa realizada

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Tendo em consideração os recursos disponibilizados pelo Departamento de

Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias – DADE, todos responderam que o Conselho

não discute, nem aprova e também não são passadas informações aos membros do

Conselho, esse recurso fica nas mãos do executivo municipal.

Em relação ao fornecimento de informações sobre financiamento das ações,

projetos, programas dois representantes responderam que as informações são

fornecidas tardiamente e um representante respondeu que não são fornecidas.

Quando fornecidas são claras e compreensíveis.

Quando questionados a respeito do poder de sua representação em influenciar

nas decisões do Conselho, as respostas foram as seguintes: um respondeu que é

baixo, pois, não acredita que o Conselho tenha poder deliberativo sobre assuntos

turístico do setor público. Os demais responderam que consideram médio, o

representante do poder público justificou seu poder em influenciar nas decisões por

ser da Secretaria de Turismo e possuir mais informações que subsidiam suas

posições.

Diante desta resposta, fica evidente que não existe paridade neste Conselho

no que se fere a igualdade de informações, uma vez que os representantes do poder

público municipal, neste caso especificamente a Secretaria de Turismo, tem maiores

informações e que são usadas quando necessária para influenciar nas decisões.

Com os dados levantados neste questionário infere-se que:

Em relação a Sociedade civil, não existe mobilização da sociedade civil para o

desenvolvimento do turismo, os membros do Conselho não estão

representando associações, entidades, mas sim suas próprias empresas;

As pessoas que participam do conselho estão interessadas em incrementar

seus negócios com o turismo, as associações comunitárias não são chamadas

para participar e quando algumas são convidadas recusam por não acreditarem

na força do conselho.

Não existe entendimento por parte dos atores da sociedade civil, que o

Conselho Municipal apesar de ter atribuições que compreendem a propositura

de diretrizes das políticas públicas, sua fiscalização, controle e deliberação,

mesmo sendo órgãos vinculados à estrutura do Poder Executivo, não são

subordinados a ele, tendo como autônomas as suas decisões.

O que se percebe também é que os conselheiros não têm dimensão da

importância das atribuições do COMTUR dentro da gestão pública participativa,

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uma vez que regulamentam as ações dos órgãos aos quais se encontram

vinculados, deliberando acerca de reivindicações da população, possuindo,

assim, uma natureza deliberativa e co-gestora, e, ainda, viabilizando a

transparência da gestão pública e servindo de instrumentos mediadores entre

o Estado e Sociedade.

Quanto ao poder público, falta paridade nas informações dadas a todos os

representantes, condição essa primordial para as deliberações. Principalmente

no que diz respeito as verbas provenientes do Governo Estadual;

Ainda sobre a participação no colegiado, o presidente do Conselho que é

representante da sociedade civil, em entrevista realizada (Quadro 12) afirma que o

grande desafio no Comtur é a união dos representantes da sociedade civil, enquanto

presidente ele não sabe como fazer para sensibilizar as pessoas a participar, uma vez

que muitas pessoas do município acreditam que participar do Conselho é perda de

tempo.

Perguntas Respostas

Para você, o que significa um Conselho?

É uma forma super democrática de fazer uma administração,

quando mais descentralizado for é muito melhor. O conselho

não e um órgão político. E um órgão de apoio a gestão municipal.

Que ações a presidência do

Conselho desenvolve para

propiciar dinâmica participativa no

COMTUR?

O que eu peço é organização que os conselheiros venham com

propostas e sugestões do setor que representa. As grandes

ideias veem do debate, por isso que não pode ser político. É do

antagonismo que surgem as grandes ideias. As distâncias

geográficas das praias são muito grandes e então cada praia

faz suas ações, é difícil mostrar a cidade como um todo.

Como são pautados os temas para

as reuniões?

Discussão interna e os temas são pautados, a gente pede aos

conselheiros para darem sugestão de pauta.

Vocês recebem recursos do

DADE? O Conselho Municipal de

Turismo debate aonde serão

aplicados tais recursos?

Recebemos, mas não sabemos aonde este dinheiro é aplicado.

O Conselho tem fundo para se

manter?

Sim. Recebe verbas da taxa da rodoviária e quiosques da

praia. Quais são as ações realizadas

pelo Conselho em sua gestão?

Minha proposta está em cima do estudo de competitividade, da

FGV, em cima deste estudo, peguei os quatro itens em que São

Sebastião está mal posicionado e trabalho em cima deles.

Você acredita que a implantação

do Conselho Municipal de Turismo

possibilitou a participação das

pessoas interessadas no

Tivemos momentos de muita participação e de pouca

participação. Alguns conselheiros desistiram do comtur devido

à briga política. Bater de frente não é o caminho, você tem que

ter caminho aberto.

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desenvolvimento turístico de seu

município?

Quadro 12: Entrevista, presidente do COMTUR /São Sebastião

Fonte: Elaborado pela autora com base na pesquisa realizada

Da análise da entrevista realizada com o presidente do COMTUR surge as

seguintes considerações:

O primeiro aspecto observado na entrevista é que o presidente, mostrou-se

bastante cuidadoso com o uso correto das palavras, a todo momento repetia “

preciso tomar cuidado nas palavras, para não causar nem um mal entendido”.

Pois acredita que o conselho não é um espaço para conflitos políticos, motivo

este que afastou muitas pessoas do COMTUR;

O presidente ainda sente dificuldade para integrar os diferentes interesses

existentes no conselho público e privado, porém tem ações que propiciam

participação. Mostra-se preocupado com a baixa adesão dos conselheiros nas

ações propostas pelo COMTUR. E ao mesmo tempo utiliza de estratégias para

ter maior adesão e participação dos representantes;

Fica evidente que este Conselho precisa resgatar o significado dos Conselhos

como um espaço participativo que foram concebidos como um contraponto à

democracia representativa, ou na melhor das hipóteses, ambos se

complementariam. O que se observa é que existe a subordinação da

democracia participativa à democracia representativa;

Falta de informação e transparência dos recursos liberados ao município pelo

governo estadual para o desenvolvimento do turismo, não são discutidos,

priorizados no Conselho Municipal de Turismo;

Para o aprofundamento da democracia participativa é preciso que exista o

acesso universal às informações, especialmente as orçamentárias, nos

âmbitos da união, estados e municípios. Um dos grandes desafios para a

participação tem sido o acesso à informação. É impossível participar

ativamente se as informações são restritas, assistemáticas, com baixa clareza

e precisão.

Embora exista indicativos que permitam maior participação dos atores, como a

possibilidade de definição da pauta da reunião, ainda assim observa-se

ausência por parte dos conselheiros de maior pressão social e união a fim de

defender seus projetos para um bem comum no município.

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4.1.4 Conselho Municipal de Santos

O município de Santos está localizado no litoral do estado de São Paulo (Mapa

7) é um município portuário sede da Região Metropolitana da Baixada Santista,

Localiza-se a 74 Km da capital São Paulo. Apresenta população estimada segundo

IBGE (2015) de 433.966 habitantes. O porto de Santos destaca-se como o principal

responsável pela dinâmica econômica da cidade ao lado do turismo, da pesca e

do comércio.

Mapa 7: Localização do Municipio de Santos

Fonte: https://www.google.com.br/maps

4.1.4.1 Ano e Processo de Formação

O COMTUR do municipio de Santos, foi criado no ano de 1999, Lei nº1732 por

iniciativa do executivo municipal,estava vinculado a Secretaria de Esportes e Turismo

com o desmembramento das duas pastas, fica ligado somente a Secretaria de

Turismo. A Lei nº 1.747 de 16 de abril de 1999, acrescenta novos membros

representantes da sociedade civil e do poder público. Em 2009, a Lei nº 2.660 altera

a sigla designativa do Conselho, e amplia o número de representantes da sociedade

civil.

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Criação

Lei nº1732

Alterações

Lei nº1.747

Alterações

Lei nº2.660

Fica criado o Conselho Municipal de Turismo, CONTUR, órgão local paritário na conjugação de esforços entre o Poder Público e a Sociedade Civil, de caráter consultivo e de assessoramento da Prefeitura em questões referentes ao desenvolvimento turístico. Art. 4º - O Conselho Municipal de Turismo terá como presidente nato o Secretário Municipal de Esportes e Turismo e contará com os seguintes membros: I- 03 representantes da Diretoria de Turismo, sendo que um deles deverá estar ligado ao setor de comunicação e divulgação da cidade; II- 01 representante da Diretoria de Esportes; III- 01 representante da Diretoria de Eventos; IV- 01 representante da Secretaria Municipal de Cultura;V-01 Representante da Diretoria de Assuntos Metropolitanos da Secretaria Municipal de Governo e Projetos Estratégicos; VI- 01 Representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental; VII- 01 representante do Serviço Nacional do Comércio - SENAC; VIII- 01 representante de cada Faculdade de Turismo sediada no Município;IX-01 representante do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo - SEBRAE; X- 01 representante da Associação dos Empresários de Hotéis de Turismo de Santos e Baixada Santista - ASSEHTURS;XI- 01 representante da Associação Centro Vivo - Sociedade Pró-Revalorização do Centro de

Artigo1º-Ficam acrescentados os incisos XVII,XVIII,XIX,XX,XXI,XXII, XXIII,XXIV,XXV,XXVI,XXVII, XXVIII, XXIX, XXX. Ao artigo 4º da Lei nº 1.732, de 19 de janeiro de 1999, com a seguinte redação:

XVII– 01 representante do Sindicato das Empresas de Turismo do Estado de São Paulo – SINDETUR.XVIII– VETADO; XIX- 01 Representante da policia militar do Estado de SP. XX- 01 representante da guarda municipal de Santos; XXI- Vetado; XXII- 01 representante do sindicato dos condutores autônomos de veículos rodoviários de Santos; XXIII- 01 representante do departamento de comunicação; XXIV-Vetado XXV- 01representante da secretaria municipal da educação; XXVI- 01 Representante da secretaria municipal de ação comunitária e cidadania; XXVII- 01 Representante da associação comercial de Santos; XXVIII- 01 Representante da fundação de arquivo e memória de Santos; XXIX- Vetado; XXX-Vetado.

Art.4.ºFicam crescidos os incisos XXXV a L ao artigo 4.º da Lei n.º 1.732, de 19 de janeiro de 1999, com a seguinte redação:

XXXV – 01 representante da Associação Brasileira de Agências de Viagens (ABAV); XXXVI- 01 representante da Associação Brasileira de Empresas e Eventos (ABRACON); XXXVII-01 Representante da Agência Metropolitana da Baixada Santista (AGEM); XXXVIII-0l representante da Associação das Agências de Viagens Independentes do Interior do Estado de São Paulo (AVIESP); XXXIX-01 representante da Câmara de Dirigentes Lojistas - Santos- Praia (CDL Santos-Praia); XL- 01 representante da câmara de Dirigentes Logistas de Santos (CDL-Santos);XLI – 01 representante do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP);XLII – 01 representante da CONCAIS S/A, operadora do Terminal Marítimo de Passageiros Giusfredo Santini;XLIII – 01 representante da Santos e Região Convention & Visitours Bureau; XLIV - 01 representante do Santos Futebol Clube; XLV – 01 representante da Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo do Estado de São Paulo; XLVI – 01 representante do Serviço Social da Indústria (SESI);XLVII- 01 Representante da SKAL Internacional Brasil Clubes; XLVIII-01 representante da Universidade Católica de Santos (UNISANTOS); XLIX- 01 Representante da Escola Técnica Aristóteles Ferreira.

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Santos; XII- 01 representante do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Baixada Santista;XIII-01 Representante do Sindicato do Comércio Varejista de Santos; XIV-01 representante do Sindicato Estadual de Guias de Turismo de São Paulo; XV-01 representante do Serviço Social do Comércio - SESC; XVI - 01 representante da Companhia de Engenharia de Tráfego de Santos – CET; XVII – VETADO.

Quadro 13. Alterações do Comtur /Santos Fonte : Elaborado pela autora com base nas Leis Municipais do COMTUR/Santos.

Conforme descrito acima (Quadro 13) as alterações deste Conselho referem-

se basicamente à ampliação do número de representantes da sociedade civil e do

poder público. Quanto ao processo de formação deste Conselho não foi possivel obter

muitas informações, pois o então presidente do COMTUR designou o responsável

pelo departamento de marketing da Secretaria de Turismo para dar informações no

que se refere a esta pesquisa, e este afirmou que desconhecia origem da formação

deste Conselho. O que se observou nestas alterações que não houve continuidade

na numeração das alterações realizadas, a alteração da Lei nº1.747 termina com o

inciso XXX e a última alteração da Lei nº2.660 inicia a partir do inciso XXXV acrescenta

incisos a partir do XXXV. Nos informaram que provavelmente foi erro de digitação.

4.1.4.2 Objetivo e Competências

O Conselho Municipal de Turismo – COMTUR é um órgão de caráter

consultivo e de assessoramento do Município nas questões relativas ao

desenvolvimento turístico mediante a conjugação de esforços entre o Poder

Público e a sociedade civil.

O Conselho tem por finalidade Segundo Lei nº1732 de Janeiro de 1999,

contribuir com a criação de condições para o acréscimo e o desenvolvimento da

atividade turística no Município de Santos.

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Embora este Conselho caracteriza-se como consultivo suas competências

estão bastante aproximadas com os Conselhos deliberativos estudados. Segundo a

Lei nº1732 de 19 de janeiro de 1999 compete ao Conselho Municipal de Santos:

I-Coordenar e incentivar o turismo no Município; II-Programar e executar amplos debates sobre temas de interesse turístico para a cidade; III-Estudar e propor à Administração medidas de difusão e amparo ao turismo; IV - Formular as diretrizes básicas que serão observadas na política municipal de turismo; V - Apoiar a elaboração do Plano Diretor de Turismo de Santos; VI -Propor formas de captação de recursos para o desenvolvimento do turismo; VII - Manter intercâmbio com entidades de turismo, oficiais e privados; VIII- Estabelecer diretrizes para um trabalho coordenado entre os serviços públicos municipais e os prestados pela iniciativa privada, com o objetivo de prover a infraestrutura adequada ao desenvolvimento do turismo; IX-Promover e divulgar as atividades ligadas ao turismo na realização e participação em feiras, congressos, seminários e eventos de relevância para o mesmo. X- Propor os atos necessários ao pleno exercício de suas funções; XI- Opinar, na esfera do Poder Executivo, sobre os projetos de lei que se relacionem com o turismo ou adotem medidas que neste possam ter implicações; XII-Manter cadastro de informações turísticas de interesse, e acompanhar na sua divulgação;

4.1.4.3 Composição

A lei municipal nº 1732 estabelece que o COMTUR de Santos tem composição

paritária, porém, está composto em sua maioria por representantes da Sociedade

civil. Está constituído por quinze representantes do governo municipal e trinta

representantes da sociedade civil. Quando questionado sobre a composição, a

pessoa responsável designada pelo presidente do Conselho para dar informações,

disse não saber o motivo pelo qual este Conselho apresenta mais representantes da

sociedade civil.

O Conselho tem como presidente nato o Secretário Municipal de Turismo,

podendo ser substituído pelo diretor de turismo se necessário. O mandato dos

membros do Conselho será de dois anos, podendo haver uma recondução. Os

membros titulares e suplentes do Conselho serão indicados pelos respectivos órgãos

ou entidades e nomeados pelo Prefeito. Para o exercício de suas competências e

atribuições, o Conselho poderá manter intercâmbio com órgãos colegiados federais

e estaduais, relacionados à área do turismo.

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Em relação à composição considerou-se positivo os seguintes aspectos:

Possuir representantes de sindicatos de guias de turismo, sindicato de

trabalhadores em comercio hoteleiro, entende-se que esta é uma tentativa para

chamar todos os envolvidos com o setor de turismo para participar.

Outro aspecto considerado positivo, foi convidar três instituições de ensino que

possuem Curso de Turismo para participar. Entende-se que chamar a

academia para o debate, torna-se bastante relevante para o desenvolvimento

das ações do Conselho, principalmente no que se refere à assessoria das

diretrizes básicas para a construção do Plano Municipal de Turismo.

4.1.4.4 Funcionamento e Articulação do Conselho

Segundo o Regimento Interno do COMTUR, Decreto nº 3394 de 25 de agosto

de 1999. O COMTUR se reúne uma vez ao mês em sessão ordinária, presente a

maioria simples de seus membros. Poderá reunir-se em sessão extraordinária sempre

que convocado pelo presidente ou 1/3 (um terço) de seus membros titulares. As

reuniões são abertas ao público porem é vedada a interferência nos trabalhos.

Podem participar das reuniões além dos conselheiros titulares, os conselheiros

suplentes. O conselheiro suplente, na presença do conselheiro titular não terá direito

a voto, podendo manifestar-se, se assim desejar, não poderá haver voto por

delegação. A Ordem dos trabalhos do Conselho é a seguinte: leitura, votação e

assinatura da ata da reunião anterior; expediente (consiste na leitura de

correspondência recebida e outros documentos); ordem do dia; assuntos gerais. As

decisões do Conselho serão tomadas pela maioria simples, exceto no caso de

alterações do Regimento interno.

A entidade cujo representante faltar a três reuniões consecutivas ou seis

alternadas será suspensa do Conselho até o final do mandato. Quanto a substituição

do representante, a entidade deverá encaminhar oficio ao presidente do Conselho

através de seu titular ou representante legal, efetivando-se a alteração após a

nomeação do prefeito.

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4.1.4.5 Temáticas Abordadas e Deliberações

Para análise das temáticas discutidas no Conselho Municipal de Santos, foram

disponibilizadas quatro atas correspondentes ao mês de março, maio, julho e

dezembro de 2014. Ainda que o Regimento Interno do Conselho estabeleça que as

reuniões são mensais, neste caso, não foram realizadas mensalmente, segundo o

presidente do COMTUR as reuniões no ano de 2014 este fato aconteceu por causa

dos preparativos da cidade para a copa do mundo, uma vez que a cidade abrigou as

delegações do México e da Costa Rica.

As temáticas abordas nas reuniões estão direcionadas segundo as ações da

Secretaria Municipal de Turismo, tais como: contratação de uma empresa

especializada para elaborar o Plano Diretor de Turismo do município, nas ações

delineadas para receber as delegações da Copa do Mundo e nos eventos que

aconteceram no município durante a copa o mundo, na construção e adaptação de

infraestruturas para atender a demanda de tal evento.

Em relação ao atendimento à demanda proveniente da Copa do Mundo, um

fato chamou a atenção quando o presidente do COMTUR, informa a todos que, para

otimizar o atendimento de turistas nos prontos socorros durante a Copa, serão criados

códigos de atendimentos para que os turistas sejam atendidos “antes” que a

população local, uma vez que este devem levar uma boa imagem do município.

Nas duas reuniões realizadas pós Copa do Mundo, o presidente prestou

Informações sobre os resultados deste evento no município, sobre os projetos da

Secretaria Municipal de Turismo para dinamizar tal atividade no município. O

presidente do Conselho fez uma breve retrospectiva do reflexo econômico da Copa

do Mundo para o município, falou da expectativa da temporada 2014/2015 para os

cruzeiros marítimos e discute com os conselheiros presentes na reunião sobre a

qualidade de atendimento ao público realizada no município, a grande maioria dos

conselheiros diz ser favorável a um curso de capacitação para as pessoas que

trabalham diretamente com turistas.

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O que se observou nas atas analisadas

As reuniões apresentam poucas falas dos representantes da sociedade civil,

resumem-se em informes dados pelo presidente que não solicita opinião e nem

realiza consulta sobre as ações do Conselho com os conselheiros;

Na análise das atas, não ficou evidenciado a existência de questionamentos e

proposições dos conselheiros, principalmente dos representantes da

sociedade civil; Não existe diálogo nas reuniões, apenas informações;

Embora este Conselho não tenha característica deliberativa, o Regimento

Interno propõe que os membros do Conselho participem das discussões e

deliberações, apresentando proposições, requerimentos, moções e questões

de ordem. Não foram identificadas tais manifestações dos membros do

Conselho que pouco interagem, em muitos momentos só se limitam a ouvir os

informes dados pelo presidente.

O que se percebe é que as ações do Conselho são confundidas com as ações

da Secretaria Municipal de Turismo, pois, o que existe nas reuniões deste

colegiado é a apresentação dos projetos que a Secretaria de Turismo vem

desenvolvendo ou desenvolveu no município; Em nenhum momento o

presidente consulta o colegiado sobre os projetos desenvolvidos.

Falta de civismo e descaso com a população local a fim de priorizar os turistas.

Ao relacionar as competências delineadas deste Conselho, as ações

analisadas nas atas e observação dos debates na reunião, percebe-se que não

existe amplo debate sobre temas de interesse turístico para a cidade, tampouco

um trabalho coordenado entre os conselheiros a fim de prover infraestrutura

adequada ao desenvolvimento do turismo.

4.1.4.6 Perfil e Visão dos Atores na Participação do Colegiado

Diferentemente dos outros Conselhos Municipais estudados, neste não tivemos

a oportunidade de aplicar o questionário a todos os participantes pessoalmente. A

pedido do presidente, os questionários foram enviados para o e-mail dos conselheiros,

que forneceu listagem com os respectivos endereços eletrônicos. No total foram

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enviados 45 questionários, destes somente duas pessoas responderam, um

representante da sociedade civil e outro representante do governo municipal.

As duas pessoas que responderam são do sexo feminino, com idade de 27 e

55 anos, com pós graduação completa.

Quanto à participação dos membros do colegiado em Conselhos a

representante do governo municipal respondeu ser a primeira vez que participa de um

colegiado. A representante da sociedade civil respondeu ser a segunda vez que

participa. Em relação a questão “A entidade que você representa integra a mesa

diretora do Conselho”? as respostas foram não. Em relação a ser a favor da paridade

um respondeu que sim o outro não, pois acredita que os representantes da sociedade

civil devem ser de maior número para levar as demandas da população. Em relação

a participação nas reuniões do Conselho, os dois entrevistados disseram ser assíduos

nas reuniões.

Quando questionados se a entidade que representa pressiona o Conselho, as

duas respostas foram não. Com relação à discussão coletiva da pauta da reunião as

respostas também foram negativas, ou seja não existe. Em relação a se sentir bem

informado sobre as questões que são objeto de debate nas reuniões do Conselho, um

respondeu que as vezes e outro que sempre se sente bem informado. Na questão,

você acha que algum segmento tem obtido maior sucesso na sua participação no

processo de tomada de decisões? Um respondeu que sim e outro que não. Porém, a

pessoa não respondeu qual segmento tem obtido mais sucesso.

Na questão, quem apresentou mais assuntos para serem debatidos e decididos

no Conselho? as duas respostas foram para o segmento gestor, ou seja o executivo

municipal. Quanto à existência de conflitos no interior do Conselho, o representante

da sociedade civil respondeu que existe e o representante do governo municipal que

não existe. Na questão sobre os temas mais polêmicos que ocorreram dentro do

conselho em 2014, um respondeu que não presenciou temas polêmicos e outro

respondeu que os temas mais polêmicos referem-se a segurança, trânsito e serviços

de táxi na cidade.

Com relação à exigência de alguma formação técnica para uma pessoa

participar do Conselho, as respostas foram afirmativas. Quando questionados se o

conhecimento técnico tem sido decisivo nas deliberações do Conselho, as duas

respostas foram não. Quanto aos aspectos deliberativos dos Conselhos, as repostas

foram negativas para todas as alternativas, fato este até compreensível pois este

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Conselho não se caracteriza com deliberativo. Quando questionados se o Conselho

elege as prioridades para a Política Municipal de Turismo, O representante do governo

municipal responde afirmativamente e o representante da sociedade civil respondeu

negativamente, ou seja, o Conselho não elege prioridades. Na questão, de que forma,

as deliberações aprovadas no Conselho são colocadas em prática e na íntegra, as

duas respostas foram em tempo adequado e forma plena. O que chama atenção

nestas repostas, é que este conselho não delibera, somente recebe informações do

Presidente.

Quanto à discussão sobre os recursos disponibilizados pelo DADE

(Departamento de Apoio as Estâncias) as repostas foram que o Conselho não discute

e nem aprova. Da mesma forma não são fornecidas informações sobre o

financiamento das ações, projetos e programas. Com relação a participação no

Conselho, o poder de influenciar nas decisões, as duas pessoas responderam que é

pequeno.

Entende-se que em razão do baixo número de pessoas que responderam o

questionário, fica difícil analisar mais profundamente a visão dos atores na

participação do colegiado. No entanto, o que se percebe segundo as respostas dadas

e ao mesmo tempo cruzando com os dados da análise de conteúdo das atas das

reuniões, parece existir falta de clareza sobre o papel que os conselheiros devem

desempenhar no Conselho, quanto à elaboração e implantação das políticas de

turismo. Sob este aspecto, a capacitação técnica e política são necessárias, para

evitar o empobrecimento da instituição no que se refere à participação e também para

evitar tornar-se instrumento de manipulação do poder.

Quanto à participação do colegiado, sob o ponto de vista do presidente do

Conselho Municipal de Turismo de Santos, que é também Secretário Municipal de

Turismo, constatou-se conforme apresentado no (Quadro 14) em entrevista realizada

em agosto de 2015 na cidade de Santos, que existem algumas contradições em

relação às suas respostas e às suas ações nas reuniões, conforme pode-se analisar

nas atas, no Regimento Interno e participação de reunião do Conselho.

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100

Perguntas Respostas

Para você, o que significa um

conselho?

Significa coordenar e incentivar determinado segmento no

município, além de programar e executar amplos debates

sobre temas de interesse para a cidade. O de Turismo,

especialmente, se propõe a estudar e elaborar medidas de

difusão e amparo ao turismo, formulando as diretrizes básicas

que serão observadas na política municipal de Turismo. Além

disso, promove e divulga as atividades ligadas ao turismo,

como a realização e participação em feiras, congressos,

seminários e eventos de relevância.

Que ações a presidência do

Conselho desenvolve para

propiciar dinâmica participativa no

COMTUR?

O Conselho de Turismo de Santos se reúne em sessão

ordinária uma vez por mês, presentes a maioria simples de

seus membros, podendo participar das sessões do Conselho,

além dos Conselheiros Titulares, os Conselheiros Suplentes,

que são convocados por e-mail. As reuniões são abertas ao

público, com a convocação publicada no Diário Oficial e na

agenda do Portal dos Conselhos, na página da Prefeitura de

Santos.

Como são pautados os temas para

as reuniões?

Os temas das reuniões são definidos por mim, elejo prioridades

para apresentar nas reuniões.

Vocês recebem recursos do

DADE? O conselho municipal de

turismo debate aonde serão

aplicados tais recursos?

Recebemos. O conselho não debate sobre a aplicação deste

recurso, quem decide é o prefeito municipal.

O conselho tem fundo para se

manter?

Sim.

Quais são as ações realizadas

pelo conselho em sua gestão?

Por se tratar de um conselho consultivo, as reuniões

representam oportunidade de apresentar as principais

demandas do setor e de conhecer com detalhes suas

necessidades. Esse compromisso de manter diálogo

continuado com o trade turístico e garantir relação de

proximidade que resulte no desenvolvimento do setor é de

extrema importância para dinamizar a atividade turística no

município, uma vez que acaba resultando em ações, como

projetos de reestruturação de pontos turísticos, incentivo à

revitalização e segurança do Centro Histórico,

desenvolvimento de políticas de turismo na recepção dos

transatlânticos no Terminal de Passageiros, capacitação

profissional, e inúmeras outras ações que são resultado das

discussões do Conselho.

Você acredita que a implantação

do conselho municipal de turismo

possibilitou a participação das

pessoas interessadas no

desenvolvimento turístico de seu

município?

Sem dúvida! As reuniões do Comtur são realizadas

mensalmente e divulgadas antecipadamente no Diário Oficial e

no Portal dos Conselhos. Todo e qualquer cidadão pode

participar das reuniões, expressar suas opiniões e fazer críticas

e sugestões. Reconhecemos que a participação popular ainda

é pequena, mas acreditamos que isso ocorra justamente pela

falta de costume das pessoas em participar dos Conselhos.

Com o tempo, naturalmente, haverá uma maior presença dos

munícipes.

Quadro 14: Entrevista- presidente do COMTUR/Santos

Fonte: Elaborado pela autora com base na pesquisa realizada

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101

Diante destas evidências surgem as seguintes reflexões:

O conselho tem uma função maior que a promoção e divulgação das atividades

ligadas ao turismo. Ele é acima de tudo um espaço democrático onde

pressupõe-se que exista interlocução dos atores, por isso é essencial inserir a

sociedade civil nos debates; não basta abrir o espaço para “ouvintes” e

publicizar as reuniões é preciso estimular essas pessoas participarem;

Mesmo que este Conselho não tenha caráter deliberativo, entende-se que é

essencial discutir e consultar os conselheiros, sobre a aplicação os recursos

públicos destinados ao desenvolvimento turístico do município bem como na

discussão e formulação das diretrizes básicas que serão observadas na

Política Municipal de Turismo;

Parece não existir estímulo à participação, as ações realizadas pelo presidente

não envolvem a participação dos atores, ao mesmo tempo não se percebe dos

conselheiros representantes da sociedade civil uma tentativa de interlocução

diante das ações apresentadas pelo presidente do COMTUR. As

competências delineadas na lei municipal nº1732 não são colocadas em

prática neste Conselho;

Um fato que chamou a atenção ao longo desta pesquisa foi o desconforto por

parte do presidente e conselheiros em falar sobre a discussão de projetos para

a aplicação de recursos provenientes do Departamento de apoio a Estâncias-

DADE. Para recebê-lo, a prefeitura deve determinar quais serão os objetivos

dos convênios a serem celebrados, ou seja aonde a verba será aplicada.

Entende-se que a discussão para aplicação de tal verba deve também ser feita

no âmbito do COMTUR. Afinal discute-se neste Conselho o desenvolvimento

da atividade turística no município. Este município é o que mais recebe

recursos entre os setenta municípios considerados Estâncias, segundo dados

retirados da secretaria Estadual de Turismo, o município recebeu no ano de

2015 R$ 23.266.795,55.

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102

4.2 Análise da Efetividade e Participação nos Conselhos Municipais de Turismo

Após descrever e apresentar as análises individuais dos Conselhos Municipais

de Turismo, baseando-se em proposições teóricas apresenta-se a análise da

efetividade dos Conselhos Municipais de Turismo. Para a realização da análise das

evidências coletadas nos casos estudados, as seguintes categorias foram

estabelecidas: Organização, Participação dos atores, Deliberação e Ações.

Compreende-se que estas variáveis estão correlacionadas como preditores do

funcionamento dos Conselhos Municipais. O padrão de análise baseou-se em

proposições teóricas (Yin,2010) apresentadas no referencial teórico deste estudo que,

foram adaptadas para análise das categorias estabelecidas, estão representadas em

dois quadros (Quadro 15) Brotas e São Sebastião, apresentados em oito subdivisões

nas quais está identificado por ‘sim’ a presença de ações que indicam a efetividade

dos Conselhos e ‘não’ quando as evidências não foram encontradas e (Quadro 16)

Santos, com cinco subdivisões e as mesmas identificações do Quadro anterior.

Cabe destacar que a categoria “ações” foi analisada conforme as competências

dos Conselhos, estudadas e descritas na seção quatro deste estudo. O intuito da

análise desta categoria foi identificar se os Conselhos desempenham suas ações

conforme estabelecido nos Regimentos Internos e leis de criação dos respectivos

Conselhos.

Efetividade dos Conselhos Municipais de Turismo

Autores COMTUR Brotas

Sim Não COMTUR São Sebastião

Sim Não

1- ORGANIZAÇÃO

Leis de criação, regimento interno CRUZ(2000); TEIXEIRA(2000)

X X

Composição e representação previstas em lei

X X

Infraestrutura própria X X

Mandato dos conselheiros não coincidir com o do prefeito.

X X

Possui fundo X X

2-PARTICIPAÇÃO DOS ATORES

Estimula a participação direta dos cidadãos na vida política através de canais de discussão e decisão

SELL (2006) X X

Espaço no qual os cidadãos expressam voz política, reivindicam seus direitos sociais, mobilizam-se e fiscalizam o governo.

WAMPLER(2015) AVRITZER(2005)

X X

Participação de representantes advindos da sociedade civil, organizados em associações, fundações, redes de mobilizações civis, movimentos sociais etc.

GONH ( 2011) X X

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103

Efetividade dos Conselhos Municipais de Turismo

Autores COMTUR Brotas

Sim Não COMTUR São Sebastião

Sim Não

Os representantes do conselho precisam ter vínculo com a entidade, discutir pautas e levar suas demandas para discussão.

TEIXEIRA (2000) X X

Os conselhos são instituições orientadas para a participação de toda a comunidade.

ABERS (2000) BAIOCCHI (2003) WAMPLER(2007) WAMPLER; AVRITZER (2005)

X X

Órgão de partilha dos diferentes interesses da sociedade

TEIXEIRA (2000) X X

A desconfiança suscitada pelo comportamento das instâncias representativas provoca um desinteresse pela participação ativa.

AVRITZER;

SANTOS (2003)

X X

Possibilitam a população acesso aos espaços onde se tomam decisões políticas e criam condições para um sistema de vigilância sobre as gestões públicas.

GOHN (2000) X X

Capacitação dos representantes da sociedade civil no sentido político e técnico.

TEIXEIRA (2000) X X

3- DELIBERAÇAO

A representatividade tem capacidade para decidir.

GOHN (2011)

TEIXEIRA (2000)

X X

Igualdade de participação MANIN (1987) COHEN (1997) GUTMANN; THOMPSON (2003).

X X

Inclusão deliberativa MANIN (1987) BOHMAN (1996) COHEN (1997) DRYZEK (2000)

X X

Igualdade deliberativa BOHMAN (1996) COHEN (1997) GUTMANN; THOMPSON (2004) BENHABIB(2007)

X X

Publicidade BOHMAN (1996) GUTMANN; THOMPSON (2000;2004) PETTIT (2003).

X X

Razoabilidade/receptividade BOHMAN (1996) COHEN (1997) GUTMANN; THOMPSON, (2000,2003, 2004) BENHABIB(2007)

X X

Liberdade MANIN (1987) COHEN ( 1997)

X X

Capacidade de influenciar, controlar e decidir sobre as políticas do setor.

CUNHA (2007) X X

Os temas deliberados são amplamente debatidos.

AVRITZER (2010) ALMEIDA ( 2008)

X X

Os espaços são abertos e plurais que possam servir de instâncias críticas em relação a essas deliberações.

TEIXEIRA (2000) AVRITZER; CUNHA; REZENDE (2010)

X X

4-AÇOES

Elaboração do PMT X X

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104

Efetividade dos Conselhos Municipais de Turismo

Autores COMTUR Brotas

Sim Não COMTUR São Sebastião

Sim Não

Desenvolvimento de convênios com entidades, municípios, estados e União

Leis de criação e Regimento interno

X X

Desenvolvimento de programas e projetos que visem aumentar o fluxo de turista de maneira sustentável.

X X

Ações de preservação, tombamento e ou manutenção de patrimônios históricos.

X X

Ações de preservação e manutenção do meio ambiente

X X

Promoção de planos de marketing promoção, divulgação e campanha publicitária.

X X

Ações integradas com outras cidades e região

X X

Quadro 15: Análise da participação e a efetividade dos Conselhos de Brotas e São Sebastião. Fonte: Elaborado pela autora

Conforme especificado, o (Quadro 16) abaixo representado apresenta a análise

da efetividade do COMTUR /Santos.

Efetividade dos Conselhos

Municipais de Turismo

Autores COMTUR Santos Sim Não

1- ORGANIZAÇÃO

Leis de criação, regimento interno CRUZ(2000);

TEIXEIRA(2000)

X

Composição e representação

previstas em lei

X

Infraestrutura própria X

Mandato dos conselheiros não

coincidir com o do prefeito.

X

Possui fundo X

2-PARTICIPAÇÃO DOS ATORES

Estimula a participação direta dos

cidadãos na vida política através

de canais de discussão e decisão

SELL (2006) X

Espaço no qual os cidadãos

expressam voz política,

reivindicam seus direitos sociais,

mobilizam-se e fiscalizam o

governo.

WAMPLER(2015)

AVRITZER(2005)

X

Participação de representantes

advindos da sociedade civil,

organizados em associações,

fundações, redes de mobilizações

civis, movimentos sociais etc.

GONH (2011) X

Os representantes do conselho

precisam ter vínculo com a

entidade, discutir pautas e levar

suas demandas para discussão.

TEIXEIRA (2000) X

Os conselhos são instituições

orientadas para a participação de

toda a comunidade.

ABERS (2000)

BAIOCCHI (2003)

WAMPLER(2007)

WAMPLER;

AVRITZER (2005)

X

Órgão de partilha dos diferentes

interesses da sociedade

TEIXEIRA (2000) X

A desconfiança suscitada pelo

comportamento das instâncias

representativas provoca um

desinteresse pela participação

ativa.

AVRITZER;

SANTOS (2003)

X

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105

Efetividade dos Conselhos

Municipais de Turismo

Autores COMTUR Santos Sim Não

Possibilitam a população acesso

aos espaços onde se tomam

decisões políticas e criam

condições para um sistema de

vigilância sobre as gestões

públicas.

GOHN (2000) X

Capacitação dos representantes

da sociedade civil no sentido

político e técnico.

TEIXEIRA (2000) X

3- DELIBERAÇAO

A representatividade tem

autoridade para decidir.

GOHN (2011)

TEIXEIRA (2000)

X

Igualdade de participação MANIN (1987)

COHEN (1997)

GUTMANN;

THOMPSON

(2003).

X

Inclusão deliberativa MANIN (1987)

BOHMAN (1996)

COHEN (1997)

DRYZEK (2000)

PETTIT (2003)

BENHABIB(2007)

X

Igualdade deliberativa BOHMAN (1996)

COHEN (1997)

GUTMANN;

THOMPSON

(2004)

BENHABIB(2007)

X

Publicidade BOHMAN (1996)

GUTMANN;

THOMPSON

(2000;2004)

PETTIT (2003).

X

Razoabilidade/receptividade BOHMAN (1996)

COHEN (1997)

GUTMANN;

THOMPSON,

(2000,2003, 2004)

BENHABIB(2007)

X

Liberdade MANIN (1987)

COHEN ( 1997)

X

Capacidade de influenciar,

controlar e decidir sobre as

políticas do setor.

CUNHA (2007) X

Os temas deliberados são

amplamente debatidos.

AVRITZER (2010)

ALMEIDA ( 2008)

X

Os espaços são abertos e plurais

que possam servir de instâncias

críticas em relação a essas

deliberações.

TEIXEIRA (2000)

AVRITZER;

CUNHA;

REZENDE (2010)

X

4-AÇOES

Elaboração do PMT Leis de criação e

Regimento interno

X

Desenvolvimento de convênios

com entidades, municípios,

estados e União.

X

Desenvolvimento de programas e

projetos que visem aumentar o

fluxo de turista de maneira

sustentável.

X

Ações de preservação,

tombamento e ou manutenção de

patrimônios históricos

X

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Efetividade dos Conselhos

Municipais de Turismo

Autores COMTUR Santos Sim Não

Ações de preservação e

manutenção do meio ambiente

Leis de criação e

Regimento interno

X

Promoção de planos de marketing

promoção, divulgação e campanha

publicitária.

X

Ações integradas com outras

cidades e região

X

Quadro 16: Análise da Participação e a Efetividade do COMTUR /Santos

Fonte: Elaborado pela autora

No que se refere à categoria organização dos conselhos municipais analisados,

identificou-se que:

Apresentam instrumento jurídico adequado, foram criados por lei municipal,

considerada a ideal, pois, é mais difícil de produzir alterações, embora

somente o COMTUR de Brotas constituiu-se a partir de uma ampla discussão

entre sociedade civil e poder público;

Possuem Regimento Interno, acredita-se que esse instrumento facilita a

organização do Conselho ao definir regras para seu funcionamento, tais como

definição das pautas das reuniões, da periodicidade das reuniões. Essas

definições são importantes, e quando não estão regulamentadas, dificultam a

operacionalização do Conselho com mudanças constantes de procedimentos.

Os conselheiros possuem mandato vinculado e revogável que não coincide

com o mandato do prefeito;

Existe regularidade das reuniões conforme lei de criação dos Conselhos

analisados;

Com exceção do COMTUR de Santos, os Conselhos estudados respeitam a

sua composição, conforme estabelecido nas leis de criação;

No que diz respeito à participação nos Conselhos, como um espaço aberto

plural (Avritzer,2000), que tem como objetivo integrar os indivíduos nos processos de

tomada de decisão (Gohn,2011) o que se observou nas pesquisas realizadas dos

Conselhos estudados (Quadro 15,16) foram as seguintes situações:

A primeira delas é que existe uma tentativa de abertura do executivo municipal

no sentido de promover o diálogo nas tomadas de decisões em algumas políticas

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107

especificas, principalmente nos Conselhos de Santos e São Sebastião. No entanto,

ainda fica muito distante do fundamento da democracia participativa

(Dagnino;Olvera;Panfichi,2006) em que se amplia a participação cidadã e deliberação

por meio de fóruns, Conselhos. No caso de Brotas existe uma pseudo-articulação de

instâncias de intervenção dos cidadãos nas decisões, principalmente no que se refere

à aprovação de orçamentos e uso dos recursos disponibilizados pelo Estado. Quanto

aos Conselhos de São Sebastião e Santos essa matéria nem é levada para discussão.

A segunda situação observada é que os Conselhos estudados, em que

pressupõem-se que sejam espaços onde a sociedade civil organizada está

diretamente envolvida com a política pública (Avritzer,2002) não conta com a

presença de toda a comunidade organizada, os Conselhos de turismo são compostos

em sua grande maioria por provedores de serviços e empresários que muitas vezes

tem objetivos diferentes aos da comunidade, estes Conselhos deliberam protegendo

os interesses de grupos minoritários.

Compreende-se que nestes casos é prudente adotar novos mecanismos, mais

robustos para exercer a cidadania e para assegurar a representatividade efetiva dos

Conselhos (Cameron;Hersberg;Sharpe,2012). Tais como: expandir a inclusão,

fortalecer a sensibilidade das autoridades para as demandas cidadãs, romper com o

clientelismo e educar os cidadãos no sentido de dar a eles novos horizontes para a

participação efetiva nos Conselhos. A fim de fomentar a participação é importante

também publicizar os debates que ocorrem no interior dos Conselhos (Teixeira,2000)

tornar os espaços mais abertos e plurais.

Outro caminho importante neste sentido, para inserir os cidadãos comuns, não

organizados, excluídos de qualquer participação é criar canais de comunicação

permanentes e interativos entre os cidadãos, o governo e as próprias entidades

representativas.

No caso de Santos (Quadro 16) a análise da categoria participação permite a

construção das seguintes inferências:

Falta estímulo direto à participação dos conselheiros, os canais de consulta e

decisão não estão abertos; Neste espaço é inexistente a mobilização dos

cidadãos, da sociedade civil no sentido de mobilização e fiscalização das

ações do governo;

Embora este Conselho tenha na sua composição a grande maioria dos

representantes da sociedade civil, estes não são organizados, não

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frequentam as reuniões. É inexistente a discussão de suas demandas nas

reuniões, falta interlocução entre os atores.

Nesta perspectiva entende-se que, os Conselhos ficarão mais fortalecidos

quando existir o reconhecimento oficial das entidades, representantes de segmentos

organizados da sociedade, como expressão de demandas de setores excluídos que

não possuem caráter de exclusividade e de monopólio das questões do sistema

corporativista.

Em referência à categoria deliberação analisada, primeiramente entende-se que

a deliberação não é uma questão formal, o ato de deliberar depende de um conjunto

de forças, inclusive pressão social para se realizar.

A natureza deliberativa desses arranjos institucionais indica que eles tenham a função normativa de debater, decidir e controlar a política pública à qual estão vinculados, ou seja, que apresentem o potencial de propor e/ou alterar o formato e o conteúdo de políticas e, com isto, suas deliberações incidem diretamente sobre a (re)distribuição de recursos públicos. Também anuncia que os processos deliberativos devem ser seu principal meio articulador e procedimental. A qualidade do processo deliberativo, portanto, revela-se como uma dimensão de análise que pode e deve ser associada a outras dimensões, como o desenho institucional e o contexto em que essas instituições operam, de modo a melhor compreender as variáveis que incidem sobre os resultados institucionais. (ALMEIDA;CUNHA,2011,p.109)

Por isso, é importante a interlocução dos representantes do Conselho com a

população. Nesta pesquisa, percebe-se que o Conselho Municipal de Brotas é mais

proativo de certa forma busca apoio da sociedade, percebe-se maior aproximação

com a comunidade, embora ela não seja convidada para fazer parte do Conselho,

entende-se que existe um caminho sendo construído para um espaço plural.

No Conselho de São Sebastião das subcategorias analisadas referentes à

deliberação, o que se percebeu que as práticas são inexistentes.

No caso do Município de Santos, existe uma tentativa de publicização dos

debates, a prefeitura em seu website disponibiliza informações sobre todos os

Conselhos existentes, leis, atas para a consulta a quem possa se interessar. No

entanto, publicizar as ações e deliberações não basta, é preciso abrir este espaço

para interlocuções, é urgente que abram este espaço para realizar deliberações com

amplo debate entre todos os conselheiros.

Neste sentido, entende-se que, nos Conselhos de São Sebastião e Santos o

caminho ainda é longo para se constituir um elemento de uma nova institucionalidade

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109

pública e democrática, é preciso ainda que a sociedade civil e os seus representantes

do poder público constituam um projeto político global e estratégico (Teixeira 2000)

que seja essencial para as deliberações. Não existe confiança por parte dos

representantes da sociedade civil, a interlocução com a comunidade é praticamente

inexiste. Precisam avançar muito, não existe debate entre os próprios membros do

conselho, os atores representantes da sociedade civil ainda não tem consciência da

sua força em relação às deliberações possíveis de serem realizadas, não apresentam

autonomia, não fazem propostas, são extremamente dependentes das deliberações

do executivo municipal.

Compreende-se que a abertura dos Conselhos Municipais para o debate público

é o ideal, embora alguns Conselhos tenham representantes plurais que debatem as

pautas com seus pares e as apresentam nas reuniões do Conselho, as

reinvindicações ainda são poucas, o que torna estes espaços ainda frágeis.

É preciso aproveitar a heterogeneidade da composição dos Conselhos para

criar uma retaguarda mais ampla na sociedade civil, onde se possa construir

consensos a fim de atingir a coesão social e consequentemente fortalecer as

identidades coletivas para se enfatizar valores mais universais.

Neste sentido Teixeira (2000) coloca que o fortalecimento da sociedade civil,

portanto ocorre quando suas demandas, processadas pelos conselheiros e outros

mecanismos e espaços tornam-se políticas públicas que orientam as ações

governamentais e quando a regulação que cabe ao Estado não mais se faz sem que

a representação social a discuta e formule proposições.

Especialmente no que se refere à vinculação com a sociedade, com a

comunidade e o bairro que não podem ficar fora desta discussão. O grande desafio,

tentar resgatar historicamente a verdadeira essência de um Conselho no que se refere

à participação. Onde a liberdade podia se efetivar através da participação direta nos

assuntos públicos. Os conselhos municipais de turismo acima identificados, apontam

que um caminho está sendo construído no sentido de possibilitar a junção de esforços

entre o poder público e sociedade civil para desenvolver o turismo nos respectivos

municípios. Porém, ainda existe um grande trabalho, em direção à participação,

discussão e mobilização social.

Quanto à última categoria analisada, as ações, que foram estabelecidas

conforme os Regimentos Internos, percebe-se que elas existem, porém quando se faz

uma análise relacionando as competências dos Conselhos Municipais de Turismo

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110

estudados com as atas e entrevistas com os presidentes, percebe-se que são feitas

no sentido de desenvolver o turismo nos municípios. Porém, muitas das demandas

são iniciativa do poder público que as leva prontas para o debate nas reuniões do

Conselho quando necessário, isso foi observado principalmente no COMTUR de São

Sebastião e Santos. Entende-se que as demandas devem ser levadas pelos

conselheiros, debatidas dentro do Conselho a fim de que todos decidam as

prioridades, os orçamentos e as possibilidades de captação de recursos etc.

No contexto analisado, é possível identificar alguns fatores-chave, entre eles

pode-se destacar:

Ausência de capital social e de cultura participativa local; despreparo dos

atores locais quanto aos conhecimentos técnicos necessários para a

participação;

Ausência de clareza quanto aos objetivos destes Conselhos e ao papel dos

conselheiros; e forte presença de interesses econômicos na disputa pelas

verbas públicas.

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111

5 CONCLUSÃO

O objetivo deste estudo foi, analisar a efetividade dos Conselhos Municipais de

Turismo, no que se refere a constituição de um espaço pleno de participação dos

atores sociais, representantes do poder público, da iniciativa privada e comunidade

visando o desenvolvimento turístico municipal.

Em conformidade com o postulado adotado da pesquisa qualitativa, este estudo

baseou-se em estudo de casos múltiplos (Yin,2010). Sobre os Conselhos Municipais

de Turismo de Brotas, São Sebastião e Santos. Entretanto, considera-se que os

COMTUR das três cidades representam uma realidade bastante próxima de outros

municípios brasileiros que possuem Conselhos Municipais de Turismo.

O problema que direcionou esta pesquisa foi saber se é possível identificar

práticas de participação e efetividade nos Conselhos Municipais de Turismo. Nesse

sentido compreendemos que a pesquisa foi satisfatória e produziu dados e análises

suficientes para realizar algumas inferências em relação ao assunto.

A primeira é a confirmação da hipótese de que os Conselhos Municipais de

Turismo estão inscritos em espaços onde existe falta de clareza do significado de

representar, com ações restritas a reuniões que servem para referendar iniciativas

governamentais e cumprir uma mínima exigência legal no repasse de recursos

federais e estaduais.

Os Conselhos de Turismo se traduzem em instituições que estão formadas por

pessoas com interesses bastante peculiares, neste sentido pode-se dizer que são

instituições frágeis, com participação insuficiente para garantir a democracia

participativa. Percebeu-se que o COMTUR de Brotas é mais articulado quando se

trata da intervenção dos empresários que tem interesse no desenvolvimento do

turismo para beneficiar seus empreendimentos.

Neste sentido, os COMTURs são capturados por interesses especiais, que

exploram suas posições privilegiadas para defender as estreitas saídas políticas que

politizam os processos de formulação de políticas que permite a lógica da democracia

representativa substituir completamente a lógica de governança participativa.

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112

Como resultado de pesquisa pode-se dizer que a institucionalização legal e

formal dos Conselhos de Turismo não garante a incorporação de cidadãos e

associações da sociedade civil na deliberação sobre políticas. O programa de gestão

descentralizada do turismo, desenhada pelo governo federal como uma ação para

promover a organização, estruturação, integração e articulação dos colegiados para

a gestão do turismo nos diferentes níveis e setores institucionais e empresariais não

correspondem à realidade. As práticas destes Conselhos não garantem e nem

conduzem aos ideais da democracia participativa.

O que se percebe é que, enquanto existe em alguns setores tradição em

processos participativos para formulação e deliberação de políticas públicas, esta

prática não é evidenciada no setor de turismo. Não existe trajetória participativa de

relação entre os atores da sociedade civil e os atores estatais quando se trata do

turismo. O que se percebe neste caso é uma série de ações descoordenadas.

No caso dos COMTURs estudados, entende-se que é preciso focalizar a

percepção dos indivíduos sobre as vantagens em participar. Muitos estudos

constatam que a participação é vista como positiva porque propicia a ampliação de

interações sociais, o incremento de estoques pessoais de capital social, o fomento de

carreiras políticas, o aumento da capacidade para entender e participar politicamente,

o crescimento do sentimento de dever cívico cumprido e da sensibilidade e

capacidade de resposta dos governantes às demandas dos cidadãos, entre outras

razões.

Compreende-se que os Conselhos são dotados de responsabilidades de

fiscalização e formulação de políticas que em muitas vezes essas ações colocam

pressões contraditórias sobre seus respectivos membros, especialmente aos atores

da sociedade civil. Por isso, é necessário ter bastante cuidado para não causar

conflitos direto com o governo. O que se percebeu dos Conselhos estudados

principalmente nos Conselhos Municipais de São Sebastião e Santos que, esses

conflitos provocaram a retirada do debate dos atores enfraquecendo assim o

colegiado e sua finalidade enquanto Instituição Participativa.

Sendo assim, é possível afirmar que alguns dos principais gargalos que

impedem o amplo sucesso das experiências de participação estão relacionados ao

exercício e à desigualdade de poder entre os múltiplos atores sociais.

Constatou-se que nos Conselhos estudados, a mobilização em torno da

participação e a importância atribuída pelo governo local é bem maior no município de

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Brotas. Nesta cidade, o Conselho apresentou maiores atividades e interferências no

planejamento, fiscalização em torno dos assuntos referentes ao desenvolvimento da

atividade turística no município.

Quanto à existência da interlocução entre os atores dos Conselhos, certificou-

se que ela é bem maior no município de Brotas do que em São Sebastião e Santos.

Percebeu-se nas atas analisadas e na participação das reuniões que, os debates, as

proposições dos atores são muito mais consistentes em Brotas, embora em alguns

momentos o executivo municipal consiga interferir em algumas deliberações. No que

se refere a autonomia dos COMTUR estudados, entende-se que o município de

Brotas também apresenta maior autonomia que o município de São Sebastião e

Santos em relação a Secretaria Municipal de Turismo.

Em relação à paridade de informações percebeu-se que, no município de

Brotas embora seu presidente seja da sociedade civil, existe pressão por parte dos

atores para que as informações sejam disponibilizadas a todos, possibilitando desta

forma igualdade de informações para emitir pareceres. No COMTUR de São

Sebastião e Santos percebeu-se que não existe paridade de informações entre os

atores, que são bastante dependentes da Secretaria Municipal de Turismo.

Quanto as ações dos Conselhos realizadas na atual gestão, constatou-se que,

nos Municípios de Brotas elas existem de fato, o Conselho tem movimentação,

atendem em sua grande maioria as competências delineadas. No Conselho de São

Sebastião as ações existem por parte dos gestores, porém, o que falta é a inserção

da sociedade civil e integração entre os membros. Quanto a Santos, fica evidente que

existem ações da Secretaria Municipal de Turismo que informa ao Colegiado, existe

neste Conselho uma inversão de papéis. Este Conselho não tem ações.

Fixando-se ao problema de pesquisa que orientou este estudo considera-se

que a Participação e Efetividade praticada nos Conselhos não se mostraram

inovadoras e nem possibilitam a participação cidadã e a ampliação do debate público

tendo em vista que a efetividade deliberativa não depende apenas de variáveis afins

ao procedimentos internos que estruturam o processo argumentativo e decisório, o

desenho institucional, mas da sua conjunção com fatores exógenos e anteriores a

deliberação, como o associativismo local e o projeto político do governo.

Em vista disso, os Conselhos Municipais de Turismo ainda têm algumas

adversidades a enfrentar, precisam de preparação e discussão com a sociedade,

deixar de lado a cultura clientelista, patrimonialista e autoritária. Ao mesmo tempo

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precisam de suporte administrativo mínimo para atuar, devem publicizar suas ações

para evitar que deixam transparecer uma imagem de ineficiência e pouca efetividade

do Conselho.

Com relação à sociedade civil, a adversidade é encontrada na falta de clareza

sobre o papel que as organizações devem desempenhar nos Conselhos e na

elaboração e implantação das políticas de turismo. Considera-se essencial a

capacitação técnica e política adequada, para evitar que os atores participantes

tenham um empobrecimento de sua participação e também evitar de se tornarem

instrumentos de manipulação do poder.

Isto posto, entende-se que a efetividade dos Conselhos depende da vontade

política e da natureza da proposta política dos governantes e sobretudo do grau de

organização e dinamismo da sociedade civil. Os Conselhos, como espaços de uma

nova institucionalidade, não possuem identidade própria, embora exista a tentativa de

construir um sentimento de pertencimento a uma sociedade, os desafios ainda são

grandes.

Ressalta-se também que, ao longo desta pesquisa foram encontradas muitas

dificuldades para conseguir acesso aos Conselhos, foram inúmeros telefonemas,

incontáveis e-mails que não tiveram êxito de retorno, foram muitas reuniões e

entrevistas desmarcadas. A sensação foi de que ninguém queria expor sua instituição

a uma pesquisa acadêmica. Muitos presidentes de Conselhos, quando souberam do

teor do estudo, fecharam as portas alegando uma série de fatores, o principal deles,

que estão passando por reestruturação por isso, não poderiam participar da pesquisa.

Talvez estudar Instituições Participativas e seu diálogo com a academia, possa ser

objeto de futuro estudo.

Em relação aos Conselhos estudados, o acesso as informações, também foi

bastante difícil, o que deixou algumas lacunas para serem resgatadas quem sabe em

uma futura pesquisa.

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APÊNDICE A- Roteiro da entrevista aos presidentes dos Conselhos

1- Para você, o que significa um conselho?

2- Que ações a presidência do Conselho desenvolve para propiciar dinâmica

participativa no COMTUR?

3- Como são pautados os temas para as reuniões?

4- Vocês recebem recursos do DADE? O conselho municipal de turismo debate

aonde serão aplicados tais recursos?

5- O conselho tem fundo para se manter?

6- Quais são as ações realizadas pelo conselho em sua gestão?

7- Você acredita que a implantação do conselho municipal de turismo possibilitou a

participação das pessoas interessadas no desenvolvimento turístico de seu

município?

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ANEXO A- Roteiro do questionário aplicado aos membros dos Conselhos

Local:_______________________________

Data: ______/______/______.

Hora: início:__________término:_________

1) Entidade que representa:

_____________________________

2) Nome:

_____________________________

3) Idade:

______________

4) Sexo:

1. masculino 2. feminino

4) Profissão __________________________________________ 6) Ramo de Atividade:

1. pública

2. privada/ Qual?

3. autônoma

7) Qual o seu nível de escolaridade?

8) Incluindo a atual gestão, em quantas gestões a sua entidade/órgão já participou do Conselho? 1. Uma

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2. Duas 3. Três 4. Quatro 5. Cinco 6. Seis 7. Outras. Quantas?

9) A entidade que você representa integra a mesa diretora do Conselho? 1. Sim

2.Não

10) (Apenas se a resposta anterior for “sim”). Que cargo ocupa?

1. presidência

2. vice-presidência

3. 1a secretaria

4. 2a secretaria

5. 1a tesouraria

6. 2a tesouraria

7. Outras. Qual?__________________

8. NS/NR

11) Você é a favor da paridade?

1. Sim

2. Não

12) Por quê? _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________

13) Você participa de todas as reuniões do conselho?

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14) A entidade que você representa de alguma forma, pressiona o Conselho? 1. Sim 2. Não

15) Qual é a principal forma de pressão que o conselho sofre?

16) Você discute, coletivamente com os membros de sua entidade, a pauta antes da reunião do conselho?

1. Sim

2. Não

17) Você se sente bem informado sobre as questões que são objeto de debate nas reuniões do Conselho?

18) Você acha que alguma entidade tem obtido maior sucesso na sua participação no processo de tomada de decisões? 1. Sim qual? 2. Não

19) Quem apresentou mais assuntos para serem debatidos e decididos no Conselho? 20) O (a) Sr(a) identifica a existência de conflitos no interior do Conselho?

1. Sim Qual?

2.Não

21) Na sua opinião, quais são os três temas mais polêmicos que ocorreram dentro do Conselho no ano de 2014? ___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

22) O (A) Sr. (a) acha que deveria ser exigida alguma formação técnica para uma pessoa participar do conselho? 1. Sim 2. Não

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23) O conhecimento técnico tem sido decisivo nas deliberações do conselho? 1. Sim 2. Não 24. Quanto ao aspecto deliberativo do Conselho:

1. Sim 2. Não

a) O Conselho delibera sobre políticas públicas? ( )

b) O Conselho delibera, fiscaliza, ou somente é consultivo sobre o orçamento? ( )

c) O Conselho tem acesso a todas as informações de que necessita para deliberar?

( )

d) Existe autonomia do Conselho em relação à secretaria afim? ( )

e) O conselho dispõe da infra-estrutura necessária para subsidiar

sua tomada de decisão? ( )

f) O Conselho tem recursos financeiros próprios? ( )

g) Existe algum tipo de formação para conselheiros promovida pelo Conselho? ( )

25) Na sua opinião o Conselho elege as prioridades para as ações?

1. Sim

2. Não

26) (Apenas se a resposta anterior for sim). Essas prioridades elencadas pelo Conselho têm sido transformadas em ações, projetos, programas ou serviços na área de turismo? (Caso sim) Na sua totalidade ou parcialmente?

1. Sim, na sua totalidade

2. Sim, parcialmente

3. Não

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27) De que forma, as deliberações aprovadas no Conselho são colocadas em prática e na íntegra?

1. em tempo adequado e de forma plena.

2. em tempo adequado e de forma parcial.

3. de forma lenta e plena

4. de forma lenta e parcial

5. NS/NR

28) Em relação aos recursos disponibilizados pelo Dade o (a) Sr (a) considera que o Conselho discute e aprova, só discute, só aprova ou não discute nem aprova?

1. Discute e aprova

2. Só discute

3. Só aprova

4. Não discute, nem aprova

5. NR

29) No que diz respeito ao fornecimento de informações sobre o financiamento das ações, projetos, programas, incluindo o orçamento estadual/municipal e o /Fundo Municipal de Turismo, o (a) Sr (a) considera que as informações são:

1. As informações são fornecidas em tempo hábil

2. São fornecidas, porém tardiamente

3. Não são fornecidas

4. NR

30) Quando fornecidas, essas informações são claras e compreensíveis ou são difíceis de compreender?

1. São claras e compreensíveis.

2. São difíceis de compreender

3. NS/NR

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31) Com relação à sua participação no Conselho, como o (a) Sr. (a) avalia seu poder de influenciar as decisões?

1. Grande 2. Médio

3. Pequeno 4. Nenhum 32) Por quê? ___________________________________________________________________