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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS DIREITO PENAL II Professor José Augusto Magni Dunck Goiânia, 1º de abril de 2014

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

DIREITO PENAL II

Professor José Augusto Magni Dunck

Goiânia, 1º de abril de 2014

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CONCURSO DE PESSOASPREVISÃO LEGAL: art. 29 a 31, Código Penal.SIGNIFICADO DA EXPRESSÃO “CONCURSO”: do latim “concursus” = reunião, encontro, auxílio, cooperação.ESCLARECIMENTOS SOBRE NOMENCLATURAS: concurso de pessoas, concurso de agentes, concurso de delinquentes, codelinquência, coautoria, participação; coparticipação.

- COAUTORIA: quando há vários autores, utiliza-se o prefixo “co” e passam a ser designados coautores;

- COPARTICIPAÇÃO: quando há vários partícipes, utilizando-se o prefixo “co” e passam a ser chamados de copartícipes.

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DEFINIÇÃO: ciente e voluntária participação de duas ou mais pessoas na mesma infração penal, sendo dispensável a existência de prévio acordo entre os agentes, bastando que um agente esteja ciente de que participa da conduta de outrem.

DISTINÇÃO DE CONCURSO DE PESSOAS EVENTUAL E CONCURSO DE PESSOAS NECESSÁRIO:

A) EVENTUAL: pode ocorrer em qualquer delito possível de ser praticado por uma só pessoa. Exemplo: furto (art. 155), peculato (art. 312), roubo (art. 157), homicídio (art. 121) etc, (crimes unissubjetivos);

B) NECESSÁRIO: ocorrem em delitos que somente podem ser praticados por duas ou mais pessoas. Exemplo: Bigamia (art. 235), rixa (art. 137), quadrilha ou bando (art. 288) etc, (crimes plurissubjetivos).

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TEORIAS QUANTO AO CRIME PRATICADOA) TEORIA MONISTA, UNITÁRIA OU IGUALITÁRIA: o crime, ainda quando praticado em concurso de pessoas, permanece único e indivisível. Foi a teoria adotada pelo art. 29, caput, do CP, com algumas exceções prevista no próprio Código Penal.

“Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”

B) TEORIA DUALISTA OU DUALÍSTICA: no concurso de pessoas há um crime para os autores e outro para os partícipes.C) TEORIA PLURALISTA: o concurso de pessoas corresponde um real concurso de ações distintas e, em consequência, uma pluralidade de delitos, praticando cada uma das pessoas um crime próprio, autônomo.

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ATENÇÃO: a adoção da teoria monista impõe a unicidade de crimes, salvo as exceções expressas no Código Penal, mas não impõe a unicidade de penas, eis que o art. 29, CP, é claro ao determinar que todos responderão pelo mesmo crime, na medida de sua culpabilidade, ou seja, a pena dever se individualizada. Por conta disso, alguns autores, como João Mestieri e Luiz Regis Prado entendem que o Brasil não adotou a teoria monista em sua pureza, mas, sim, de forma mitigada, e René Ariel Doti, entende que o Brasil não adotou a teoria monista.

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EXCEÇÕES À TEORIA MONISTA:A) PREVISÃO DE TIPOS AUTÔNOMOS PARA CADA COLABORADOR RELATIVO AO MESMO FATO: em alguns casos o Código Penal prevê, excepcionalmente, a punição de cada colaborador por crime diverso, ainda que presente o concurso de pessoas.

Exemplos: Corrupção ativa e passiva (arts. 317 e 333, CP) e aborto provocado com consentimento da gestante (arts. 124 e 126, CP).

FATO: CORRUPÇÃO

Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício (ATIVA)

Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem (PASSIVA)

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(Defensor Público – MS/2012) No que tange ao concurso de pessoas nos crimes de corrupção ativa e passiva, o Código Penal adotou a teoria:a) Monistab) Causalc) Dualistad) Pluralistae) Unitária

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FATO: ABORTO PROVOCADO PELA GESTANTE OU COM SEU CONSENTIMENTO

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:Pena - detenção, de um a três anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante:Pena - reclusão, de um a quatro anos.

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B) COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA (ART. 29, §2, CP):

“Art. 29. (...)§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave”.

O agente que quer participar de crime menos grave responde, a princípio, pelas penas deste. Deve-se aferir o elemento subjetivo do agente, ou seja, se somente quis participar do crime menos grave, logo, não haverá concurso de pessoas em relação ao crime mais grave.

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EXEMPLO DE COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA: “A” aceita participar de um furto e sabe que nenhum dos comparsas está armado, pois supostamente o local está abandonado. Enquanto “A” da cobertura do lado de fora, os comparsas adentram ao local e acham uma arma de fogo carregada no depósito e a apanham. Com a arma acabam por matar o proprietário da residência que estava no local e reagiu ao crime. Em seguida um dos comparsas acha a filha do proprietário escondida embaixo da cama e resolve estuprá-la. Pergunta-se: “A” responderá pelo crime de roubo seguido de morte (latrocínio) e estupro? Por qual crime “A” deverá responder?

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ATENÇÃO: A parte final do §2º do art. 29, CP, prevê aumento da pena até a metade, se o resultado criminoso mais grave era previsível:

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.

-Portanto, no exemplo anterior, se entender que o crime de estupro ou roubo qualificado era imprevisível, “A” responderá somente por furto. Se entender, nas circunstâncias concretas, que era previsível, “A” ainda responderá por furto, mas a pena poderá ser aumentada até a metade.

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REQUISITOS DO CONCURSO DE PESSOAS: São quatro requisitos:

A) PLURALIDADES DE PESSOAS: mais de uma pessoa concorrendo para realização do crime. Prevalece que são coautores, para efeito de concurso de pessoas, os inimputáveis, como já entendeu o STJ (HC 197.501- SP).

- Há divergência, pois entende-se que os inimputáveis não são censuráveis, devido não ter condições de aderir conscientemente a outra conduta criminosa e, assim, são apenas instrumentos manipulados pelos verdadeiros autores, configurando autoria mediata.

B) LIAME SUBJETIVO: Adesão de uma vontade à outra. O prévio acordo de vontade pode ocorrer, mas não é necessário para configuração do concurso de pessoas. EX.: empregada que abre a porta para ladrão que rondava a vizinhança furtar eletrodoméstico. A empregada responderá por furto qualificado pelo concurso (art. 155, §º4, IV, CP), e o ladrão por furto simples (art. 155, caput, CP). - O mero conhecimento sobre a pratica do crime, ou concordância

psicológica, gera apenas conivência (crimen silenti), que a princípio é irrelevante penal, salvo se a omissão for criminosa ou na hipótese de garante.

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C) RELEVÂNCIA CAUSAL DE CADA AÇÃO: necessidade da colaboração ter concorrido para realização do crime. Se a colaboração é querida, mas não tem qualquer relevância para a prática criminosa, não será punível.

EX.: João decidido em matar o cunhado, pega arma emprestada com José. João, todavia, cego de ódio, esquece a arma e mata o cunhado aos pontapés.

D) IDENTIDADE DE FATO: Deve-se ter unidade de fato em decorrência da adoção da teoria monista, salvo as exceções expressas no próprio Código Penal.

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AUTORIA MEDIATARealização da ação por meio de pessoa que atua sem culpabilidade, ou dolo e culpa. Ex.: “A” utiliza menor de 18 anos para cometer crime; Enfermeira aplica medicamento em paciente a mando de médico, pois este queria dolosamente matar paciente.Não há concurso de pessoas, mas somente um autor mediato, que realiza indiretamente o fato típico.

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TEORIAS SOBRE CONCEITO DE AUTOR

A) NÃO DIFERENCIADORA (CONCEITO EXTENSIVO OU UNITÁRIO DE AUTOR): não diferencia os colaboradores em autores e partícipes, todos são autores, entende que cabe ao juiz aplicar a pena de cada um de forma proporcional à sua culpabilidade.

- Não há prejuízo à individualização da pena, pois irá variar de acordo com o grau de culpabilidade;- Para Paulo Queiroz (Direito Penal, parte geral, 9ª Ed., Juspodivm, 2013) foi a teoria adotada no Brasil, ainda que mitigada pelo §1º do art. 29, CP.

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B) DIFERENCIADORAS: diferencia os colaboradores em coautores e partícipes, em decorrência do princípio da acessoriedade da participação. Pode ser classificada em:

- TEORIA OBJETIVO-FORMAL (CONCEITO RESTRITIVO DE AUTOR): autor é quem realiza o núcleo do tipo penal (verbo). Partícipe é quem de qualquer modo concorre para o crime, sem praticar o núcleo do tipo. Ex.: quem mata alguém com disparo de arma de fogo é autor, quem empresta a arma é partícipe.- A adequação típica, na participação, é de subordinação

mediata (norma de extensão, art. 29, CP);- Autor intelectual não prática núcleo do tipo, portanto, é

partícipe;- Não explica a autoria mediada, que é aquela em que o

autor realiza indiretamente o núcleo do tipo, por pessoa sem culpabilidade ou sem dolo ou culpa;

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- TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO: é autor quem tem controle sobre o domínio do fato (execução, suspensão, etc), poder de decisão sobre a realização do fato.

- Amplia o conceito de autor (autor, autor intelectual e mediato, coautores);- Admite participação – concorrente acessório que não realiza o núcleo do tipo penal e que não tem controle final do fato. O partícipe somente tem controle de sua vontade e não da realização do crime;- A teoria do domínio do fato somente é aplicada nos crimes dolosos;- Foi desenvolvida em 1939 por Welzel, mas foi pela obra de Roxin, em 1963, que foi desenvolvida. Roxin se preocupava com os crimes cometidos pelo nacional-socialismo alemão (nazismo).

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TEORIA ADOTADA

- DIFERENCIADORA: objetivo-formal (conceito restritivo de autor): Aníbal Bruno, Capez, Damásio, Mirabette, Masson, Frederico Marques, Heleno Fragoso, dentre outros, complementada pela teoria da autoria mediata.

- DIFERENCIADORA: domínio do fato: Rogério Greco, Alberto da Silva Franco, Manoel Pedro Pimentel, Nilo Batista, Pierangelli, Luiz Regis Prado, Cezar Bitencourt e Wagner Brússolo, dentre outros.

- Observação: O Supremo Tribunal Federal utilizou a teoria do domínio do fato para condenar alguns Réus na Ação Penal 470, conhecida como “mensalão”.

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PUNIBILIDADE NO CONCURSO DE PESSOAS- O art. 29, caput, do CP, adotou a teoria unitária ou monista, ou seja, todos que concorrem para um crime, por ele respondem. Há pluralidade de agentes e unidade de crime, salvo exceções.- A identidade de crime não importa em identidade de pena, pois a parte final do art. 29, caput, adotou o princípio da culpabilidade (na medida de sua culpabilidade), bem com há a cooperação dolosamente distinta (art. 29, §2º, CP).- ATENÇÃO: autor não necessariamente deverá ser punido mais gravemente que partícipe. Ex. autor intelectual, que para teoria objetivo-formal é partícipe (agravante, art. 62, I, CP).

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COAUTORIA E PARTICIPAÇÃO:COAUTORIA: ocorre quando o núcleo do tipo penal é praticado por duas ou mais pessoas.

Pode ser parcial ou direta: - PARCIAL: onde os diversos autores praticam atos de execução diversos, os quais juntos produzem o resultado. Ex.: João segura a vítima para José esfaqueá-la. - DIRETA: todos os autores praticam igual conduta criminosa. Ex.: A e B disparam tiro em C, matando-o.

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PARTICIPAÇÃO: colaboração de qualquer modo para prática do crime, sem a realização diretamente do núcleo do tipo penal, ou sem o domínio da ação criminosa.

ESPÉCIES: A) Participação moral: Instigar, induzir, criar na

mente de outra pessoa a ideia de cometer crime, ou reforçar a ideia criminosa, em pessoas determinadas para crimes determinados, caso contrário, se for em pessoas indeterminadas será autor de incitação ao crime (art. 286, CP) e não partícipe.

B) Participação material: auxílio para prática do crime, é o cúmplice.

Observação: sempre é indispensável dois requisitos: eficácia causal e consciência de participar.

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PUNIÇÃO DO PARTÍCIPEPara punição do partícipe deve ser iniciada a execução do crime pelo autor. Exige-se pelo menos a tentativa (art. 31, CP).Existem várias teorias sobre a acessoriedade da participação, mas duas disputam a preferencia da doutrina:a) Acessoriedade limitada: para punição do partícipe o

autor deve praticar fato típico e ilícito. Ex.: A contrata B, inimputável, para, matar C.

b) Acessoriedade extrema/máxima: para punição do partícipe o autor deve praticar fato típico e ilícito, sendo o agente culpável. Ex.: A contrata B, imputável, para matar C, se B fosse inimputável, surgiria a figura do autor imediato e desapareceria a participação.

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PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA (ART. 29, CP):“§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço”.

Diz respeito a reduzida eficiência causal no resultado. O juiz deverá verificar a menor importância no caso concreto.

PARTICIPAÇÃO IMPUNÍVEL (ART. 31, CP)“Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado”.- Caráter acessório da participação.- EX.: incitação ao crime (art. 286, CP) e quadrilha ou bando (art. 288, CP)

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CIRCUNSTÂNCIAS E ELEMENTARES NO CONCURSO DE PESSOAS (ART. 30, CP)

“Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”

- Qual a diferença entre elementares e circunstâncias?- ELEMENTARES: são informações essenciais do tipo

penal. Excluindo a elementar o fato é atípico, ou pode ocorrer desclassificação para outro tipo penal.

- CIRCUNSTÂNCIAS: são informações que compõe o tipo penal para aumentar ou diminuir a pena.

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ESPÉCIES DE ELEMENTARES E CIRCUNSTÂNCIAS:a) Objetivas ou de caráter real: são as que dizem

respeito à infração penal cometida. Ex.: emprego de violência contra a pessoa é elementar objetiva no roubo (art. 157, caput, CP); Meio cruel é circunstância objetiva na execução de homicídio (art. 121, §2º, III, CP).

b) Subjetivas ou de caráter pessoal: são as relacionadas à pessoa do agente; Ex.: A condição de funcionário público é elementar de caráter pessoal no peculato (art. 312, CP); Os motivos do crime são circunstâncias subjetivas no homicídio (art. 121, §§1º e 2º, I, II e V, CP)

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CONDIÇÕES DE CARÁTER PESSOAL: Além das elementares e circunstâncias, o art. 30, CP, também dispõe das condições de caráter pessoal.

Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

CONDIÇÕES PESSOAIS: são atributos do agente que independe da prática da infração. Ex.: reincidência, menor de 21 anos na data do fato, maior que 70 anos na data da sentença, antecedentes, etc.

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REGRAS DO ART. 30, CP:1º As circunstâncias e condições pessoais, ou subjetivas, nunca se comunicam. Ex.: “X”, imbuído de relevante valor moral (circunstância pessoal), contrata “W” pistoleiro para matar o estuprado de sua filha. “X” responderá por homicídio privilegiado (art. 121, §1º, CP) e “W” por homicídio qualificado, por motivo fútil (art. 121, §2º, I, CP).2º Comunicam-se as circunstâncias de caráter real, ou objetiva, desde que de conhecimento dos agentes: Ex.: Alfa contrata Omega para matar Mega, com uso de meio cruel (circunstância objetiva), ambos concordam. Responderão por art. 121, §2º, III, CP (homicídio qualificado por meio cruel).3º Comunicam-se as elementares, objetivas ou subjetivas, desde que de conhecimento dos agentes: Ex.: Maluf, servidor público, convida seu amigo Aécio, que não é servidor público, para subtrair um computador da repartição. Se Aécio sabia que Maluf é servidor público, responderá por peculato (art. 312, CP), caso contrário somente por furto (art. 155, CP).

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CASO INTERESSANTEINFANTÍCIDIOArt. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:Pena - detenção, de dois a seis anos.

HOMICÍDIO SIMPLES Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.

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AUTORIA COLATERAL: Trata-se da prática coincidente de crime por mais de um agente, sem que haja liame subjetivo. Ex.: A e B, um se saber do outro, aguardam que a vítima comum passe. No mesmo instante os dois atiram. Cada qual responderá pelo resultado que causar.

AUTORIA INCERTA: ocorre quando na autoria colateral não se sabe qual dos agentes causou o resultado letal. Deverá punir os dois por tentativa de homicídio, pois não se sabe que consumou o crime, não se pode punir ambos pelo resultado porque não é concurso de crime. Difere da autoria desconhecida.

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CONCURSO DE PESSOAS E CRIMES POR OMISSÃO:A) OMISSÃO PRÓPRIA: não é possível, pois

responderá pelo crime individualmente. Ex. omissão de socorro (art. 135, CP) (divergência)

B) OMISSÃO IMPRÓPRIA: é possível, por instigação ou determinação. Ex.: “A” instiga “B” a não pagar pensão alimentícia (crime de abandono material, art. 244, CP) (divergência).

CONCURSO DE PESSOAS E CRIMES CULPOSOS: é possível a coautoria, mas não participação, basta existir vínculo subjetivo entre duas pessoas na prática da conduta. Ex.: passageiro que instiga motorista a dirigir em velocidade incompatível com o local. (divergência).

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MULTIDÃO DELINQUENTE

Nos crimes de linchamento, depredação, saque etc, responderão todos os agentes pelo dano causado (homicídio, dano, roubo etc), mas terão as penas atenuadas aqueles que cometerem o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não provocaram (art. 65, III, e, CP). A pena será agravada para os líderes que promoveram ou organizaram a cooperação no crime ou dirigiram a atividade dos demais agentes (art. 62, I, CP)