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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Faculdade de Odontologia ANÁLISE DO COMPORTAMENTO BIOMECÂNICO DE CONEXÕES DE INTERFACE DE IMPLANTES OSSEOINTEGRADOS PELO MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS Branca Fraga de Resende Chaves Belo Horizonte 2008

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS … · Sorriam a todo instante ... original e criativa sempre esteve à busca de ... cada tipo de interface de conexão implante/pilar

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Faculdade de Odontologia

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO BIOMECÂNICO DE CONEXÕES

DE INTERFACE DE IMPLANTES OSSEOINTEGRADOS PELO

MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS

Branca Fraga de Resende Chaves

Belo Horizonte

2008

Branca Fraga de Resende Chaves

ANÁLISE DO COMPORTAMENTO BIOMECÂNICO DE CONEXÕES

DE INTERFACE DE IMPLANTES OSSEOINTEGRADOS PELO

MÉTODO DE ELEMENTOS FINITOS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissionalizante em Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Odontologia. Área de concentração: Implantodontia. Orientador: Prof. Dr. Jánes Landre Júnior Co-Orientador: Prof. Dr. Wellington Corrêa Jansen

Belo Horizonte

2008

FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Chaves, Branca Fraga de Resende C512a Análise do comportamento biomecânico de conexões de interface de

implantes osseointegrados pelo método de elementos finitos / Branca Fraga de Resende Chaves. Belo Horizonte, 2008.

84f. : Il. Orientador: Janes Landre Júnior Co-orientador: Wellington Corrêa Jansen Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Odontologia. 1. Implantes dentários osseointegrados. 2. Método de elementos finitos. I.

Landre Júnior, Janes. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. III. Título.

CDU: 616.314-089.843

Agradecimentos

Se acredito que Deus é um ser perfeito e absoluto em sua totalidade e se acredito

ser uma célula divina, por que não crer que posso atingir a perfeição? Sim! O Universo é

amplo e ilimitado! Desde que sejamos capazes de abrir nossas janelas virtuais exatamente

como abrimos uma página na internet, cairmos num universo virtual que é real, concreto e

palpável no amplo sentido de sua existência!

Nossa mente é muito mais do que uma simples multimídia! Nossa memória tem

bilionésimos ou infinitos mega bites de potência.

Somos todos verdadeiras máquinas de alta tecnologia.

Às vezes até saímos do ar, não é mesmo? Mas somos muito mais do que um

simples computador, pois temos também infinitas imagens, infinitos cheiros, passos, gestos,

olhares, bocas, sorrisos, expressos em harmônicos dentes e gengivas.

Infinitos corações que se inflamam, se apaixonam, extravasam, queimam. Ou seja,

temos e somos células Divinas em carne e osso! E por isto temos e devemos ousar. A

ousadia é irreverente, incandescente, incessante e irremediavelmente maravilhosa!

Ousem hoje e sempre!

Sejam felizes agora e para sempre...

Sorriam a todo instante...

Espalhem harmonia a todos com quem se relacionar.

E sejam plenos, pois você, ser humano, está vivo para fazer acontecer e brilhar

eternamente!

Porém, apenas tendo um pensamento coletivo, poderemos atingir todos estes

objetivos e metas, realizando todos os nossos sonhos.

Assim como qualquer continente neste globo terrestre, não podemos nem queremos

viver sozinhos.

Temos que nos Re- lacionar, entrelaçar, enfim, temos que nos amar!

Só assim descobriremos as surpreendentes percepções e vôos absolutamente

profundos de máxima liberdade. Só desta maneira conseguiremos expandir nossas mentes

e “em prol” do todo, ou do comum a todos na humanidade.

E assim, seremos capazes de vibrar e entrar em sintonia com todas as coisas divinas

como a música, a tecnologia, a natureza, a ciência, a magia e a odontologia.

Ao dar harmonia e brancura a um sorriso, estamos fazendo muito mais do que mudar

o terço inferior da face! Estamos depositando naquele ser humano uma linda semente: a

semente da segurança..

Proporcionando auto-confiança e auto-estima ao ser humano. Na busca de ser

alguém melhor! A confiança de ser inteiro e útil ao menos para compartilhar ou apoiar

alguém através de um sorriso.. satisfatório, amável e gratificante.

Estamos depositando no outro a oportunidade para mudar. De mudar para sorrir!!

Pois, sorrir é exprimir instantes de felicidade. É buscar e transbordar a totalidade

através de uma bela arcada.

Nós, sim, dentistas artistas, orgulhosamente podemos devolver a dignidade aos

“seres humanos” e a possibilidade de serem plenos, realizados e felizes!

E só assim exerceremos nossa plena capacidade de irradiar nossa luz, nossa

competência e ciência.

A minha mãe, minha musa inspiradora que desde a minha infância me enchia de

orgulho por sua emancipação profissional tão incomum nas mulheres de sua geração.

Além da notável habilidade profissional, original e criativa sempre esteve à busca de

novos aprimoramentos para soluções dos constantes desafios.

Ao meu pai, pelo exemplo de conduta ética, moral e profissional que sempre serviram

de sustentáculo para o meu crescimento. Pela constante exigência da minha conduta

pessoal, me lançando desafios que me incitam a buscar a constante e gradual superação

das minhas limitações.

Às minhas filhas, tão queridas, infinitamente amadas, e que tanto me inspiram em

meus anseios profissionais, espirituais e pessoais, e renovam a minha capacidade de amar

e crescer no eterno aprendizado da vida. Por serem minhas companheiras demonstrando

compreensão na divisão de minha atenção em minhas tarefas profissionais.

Aos meus irmãos que sempre acreditaram em meus ideais e me apoiaram em minhas

batalhas para as conquistas de meus maiores sonhos!

Ao meu orientador, Professor Doutor Jánes Landre Júnior, que por meio de inestimável

colaboração tornou possível a execução deste trabalho, com toda sua paciência e amizade.

Amplo em demonstrar seus conhecimentos proporcionando direções no alcance de meus

anseios e questionamentos. Além de permitir toda a minha evolução profissional pactuada

neste trabalho.

Ao meu co-orientador Professor Doutor Wellington Jansen pela firme orientação,

paciência e sensibilidade reveladas, frente aos meus intermináveis questionamentos.

Ao Coordenador dos programas de Mestrado em Odontologia, Professor Doutor

Roberval Cruz, pela amizade e apoio singular na realização deste trabalho.

À toda equipe de professores que contribuiu para a aquisição e aprofundamento de

meus conhecimentos científicos, estabelecendo ancoragem para novas aspirações:

Prof. Dr. Marcos Dias Lanza pela sua ajuda, brilho, amizade, que com sua admirável

dedicação e amor à profissão mostrou-me que é possível ousar.

Prof. Dr. José Alfredo Mendonça que me ensinou amar a Implantodontia, o meu afeto

e agradecimento.

Prof. Peterson pela sua atenção e generosidade sempre esteve pronto a ajudar.

Prof. Maurício que me ensinou a cultivar a paciência, minha admiração.

Prof. Antonio Henrique pelo apoio científico.

Prof. Dr. Elton Zenóbio pela força recebida.

À minha estagiária Stella Raydan, graduanda em Engenharia Mecânica, pela sua

paciente colaboração e dedicação na produção dos modelos e geração dos resultados deste

trabalho.

Aos meus colegas de mestrado que muito contribuíram para o meu aprendizado, cuja

convivência alegre e amigável tornou menos árdua esta jornada, especialmente ao Marco

Monteiro e Juliana Maia que tanto me auxiliaram nas atividades curriculares e o colega

Gustavo Gomes que compartilhou do meu júbilo na superação de várias indagações.

Aos ilustres Professores Ubiratan Barros de Melo, Luiz Cândido Silveira, Nelson

Figueiredo e Magda Couto Figueiredo pela intensa amizade e apoio profissional, todos

sempre disponíveis e empenhados a me ajudar, desde a minha graduação.

A toda equipe de funcionários que participou e contribuiu para o meu aprimoramento

profissional.

A equipe do ITP – Instituto de Tecnologia e Pesquisa, em especial à Dora Mourão,

Luciana Colepícolo, Chico Marinho e Tânia Fraga pelo apoio constante e cumplicidade nos

meus maiores desafios intelectuais e profissionais.

Aos meus irmãos que sempre acreditaram em meus ideais e me apoiaram em minhas

batalhas para as conquistas de meus maiores sonhos!

Aos fiéis amigos Tatiana Marra, Saly da Silva, Thaïs Mourão, Sheila Melissa,

Alessandra Souza, Renata Rocha e Sérgio Vieira por estarem sempre dispostos a

compartilhar as minhas dificuldades durante minha jornada.

Uma pessoa permanece jovem na medida em que ainda é capaz de aprender, adquirir novos hábitos e tolerar contradições. (EBNER-ESCHENBACH, Marie Von)

RESUMO

O presente estudo propõe analisar qualitativa e comparativamente a

distribuição das tensões nas conexões de interface implante/pilar, nos sistemas:

Duodecágono Interno (DI) e Cone Morse (CM), mensurando a influência das

geometrias do pilar na distribuição, magnitude e na transferência de tensões ao osso

circundante, através de métodos em elementos finitos (MEF). Foram confeccionados

modelos 3D para simular a inserção dos implantes com pilares e contornos

anatômicos de molares caracterizados por coroas dentárias em porcelana na região

de primeiro e segundo molar da mandíbula. Estes modelos foram estruturados e

baseados em estudos de estado plano de deformação, cujas propriedades

mecânicas dos materiais foram homogêneas, isotrópicas e lineares elásticas. Para

cada tipo de interface de conexão implante/pilar foram geradas imposições de

esforços de 100N em quatro planos inclinados da superfície oclusal da coroa

protética, variando nos sentidos vertical, oblíquo, vestíbulo-lingual e mesio-distal,

para cada carregamento. Foram coletados resultados de tensão, deformação e

deslocamento, obtidos por meio de simulações pelo MEF. Os maiores

deslocamentos ocorreram no colar do implante do sistema de conexão tipo cone

Morse, com exceção do carregamento oblíquo, no qual os maiores deslocamentos

foram encontrados no sistema de dodecágono interno. Foi concluído que o sistema

de conexão do tipo Morse da Straumann apresentou menores restrições por ser

inserido parcialmente no osso, deixando o colar de 1,8mm supra-ósseo. Este

sistema pode permitir maiores deslocamentos, comparados com o sistema de

conexão de dodecágono interno restritos pela total inserção óssea e menores

deslocamentos em 5 dos 6 esforços impostos.

Palavras-chaves: Distribuição de tensões. Métodos dos elementos finitos. Implantes

osseointegrados.

ABSTRACT

The present study proposes to analyze the qualifying and comparable distribution of

the stress on the connections of the implant/abutment interface, in the systems:

Internal Dodecagon (ID) and Morse Taper (MT), measuring the influence of the

abutment geometry in the distribution, magnitude and transference of stress to

surrounding bone, by the finite element analysis (FEA). The 3D/CAD models were

made to simulate the insertion of the implants with abutments and anatomical

outlines of molars characterized for dental crowns in porcelain, in the region of the

first and second molars of the mandible. These models were structured with

hipothesis of plane strain, whose mechanic properties of the materials were

homogeneous, isotropic and linear elastic. For each kind of interface

implant/abutment there were generated loads of 100N in each one of the four slanted

planes of the oclusal surfaces of the prosthetic crown. For each loading there were

varying directions: vertical, oblique, buccalingual and mesiodistal. The stresses and

displacements results were collected; they were obtained by simulations in FEA. The

greatest displacements occurred in the system of connection of the Morse Taper

kind, with exception of the oblique loading, in which the greatest displacements were

met in the internal dodecagon system. It was concluded that the system of

connection from Morse kind presented smaller restrictions for being partially inserted

in the bone, leaving the upper-bone collar with 1,8mm. What can allow greater

displacements when compared with the connection system of the internal dodecagon

restricted by total bone insertion and smaller displacements in five results of the six

efforts imposed.

Key-words: Stress distribution. Finite element analysis. Osseointegrated implants.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Imagem dos implantes/pilares/coroas inseridos na mandíbula em 3D ....22 FIGURA 2 Imagem dos implantes/pilares/coroas modelados em 3D........................23 FIGURA 3 Distribuição de deformação no implante ITI sob carga lateral- 75N no eixo Y ........................................................................................................................27 FIGURA 4 Distribuição de tensão sob carga inclinada em 3 sistemas de conexão HE à esquerda, HI ao meio e C-1 à direita...............................................................28 FIGURA 5 Desenho esquemático mostrando área de contato na conexão interna ..31 FIGURA 6 Direcionamento das cargas oclusais: AL- Axial; LL - Lateral; OL - Oblíqua..................................................................................................................................32 FIGURA 7 Imagem tridimensional da mandíbula ......................................................35 FIGURA 8 Modelos 3D dos implantes/pilares/coroas e do corte da região posterior da mandíbula Sistemas: a- DI à esquerda e b- CM à direita.....................................36 FIGURA 9 Imagem da malha gerada do modelo 3D do corte posterior da mandíbula e dos implantes/pilares/coroas: HI à esquerda e CM à direita ..................................38 FIGURA 10 Imagem da malha dos implantes/pilares em 3D - HI à esquerda e CM à direita ........................................................................................................................38 FIGURA 11 Vista superior da imagem 3D da malha dos sistemas de conexão DI à esquerda e CM à direita ............................................................................................39

FIGURA 12 Imposição de esforços de lingual para vestibular ..................................42

FIGURA 13 Imposição de esforçosde lingual para vestibular ..................................42

FIGURA 14 Imposição de esforços na direção Vertical ...........................................44

FIGURA 15: Imposição de esforços de distal para mesial: .......................................45

FIGURA 16 Imposição de esforços oblíquos:...........................................................47

FIGURA 17 Simulação da imposição dos esforços de mesial para distal .................49

FIGURA 18 Imposição de esforços de mesial para distal mo conjunto implante/pilar..................................................................................................................................49

Ilustração da seleção dos pontos de valores máximos de tensão expressos nos quadros .....................................................................................................................49

FIGURA 19 Simulação de esforços de vestibular para lingual..................................51

FIGURA 20 Imposição de esforços de vestibular para lingual nos implantes/pilares CM e DI .....................................................................................................................51

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Gráfico comparativo do estudo 1,direção de carregamento L-V Pontos selecionados das tensões máximas segundo o critério de Von Mises......................43 GRÁFICO 2 Estudo 3 comparativo, com as maiores tensões de Von Mises nas duas montagens DI e CM ..................................................................................................46 GRÁFICO 3 Estudo 4 comparativo das maiores tensões nas duas montagens .......48 GRÁFICO 4 Estudo 5 comparativo, indicando as maiores tensões nas duas montagens.................................................................................................................50 GRÁFICO 5 Estudo 6 comparativo, indicando as maiores tensões nas duas montagens.................................................................................................................52

LISTA DE TABELA

TABELA 1 Módulo de elasticidade e coeficiente de poisson dos materiais utilizados..................................................................................................................................40 TABELA 2 Pontos selecionados das tensões máximas segundo o critério de Von Mises.........................................................................................................................43 TABELA 3 pontos selecionados das tensões máximas dos dois sistemas ..............46 TABELA 4 Pontos máximos selecionados das tensões ...........................................48 TABELA 5 Pontos selecionados das tensões máximas em cada sistema ................50 TABELA 6 Pontos máximos selecionados das tensões ...........................................52

LISTA DE SIGLAS

C-1- Corpo Único

CM- Cone Morse

DI- Dodecágono Interno

HE- Hexágono Externo

HI- Hexágono Interno

MEF- Métodos de Elementos Finitos

NL- Não Linear

OI- Octógono Interno

3D- Tridimensional

CAD- Computer-aided design

GPa- Gigapascal

PTR- Prótese Total Removível

PUC MG- Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................16 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................ .....................................................20 2.1 Insucessos..................................... ....................................................................20 2.2 Tipos de encaixe das conexões de interface..... .............................................22 2.3 Método dos Elementos Finitos (MEF)............. .................................................26 2.4 Biomecânica .................................... ..................................................................29 2.4.1 Fatores biomecânicos ......................................................................................32 3 OBJETIVOS........................................ ...................................................................34 3.1 Objetivo geral ................................. ...................................................................34 3.2 Objetivos específicos.......................... ..............................................................34 4 METODOLOGIA ...................................... ..............................................................35 4.1 Condições de Carregamento/Carga aplicada ....... ..........................................37 5 RESULTADOS....................................... ................................................................41 5.1 Carga Lingual - Vestibular ..................... ...........................................................41 5.1.1 Estudo 1- Condição de carregamento L- V (X Negativa)..................................41 5.2 Carga Vertical ................................. ...................................................................44 5.2.1 Estudo 2-Condição de carregamento na Direção Vertical (Y negativa) ...........44 5.3 Carga Distal - Mesial .......................... ...............................................................44 5.3.1 Estudo 3: Condição de carregamento na Direção Z negativa: .........................44 5.4 Carga Oblíqua.................................. ..................................................................46 5.4.1 Estudo 4 - Direção oblíqua (perpendicular a cada uma das superfícies) .........46 5.5 Carga Mesial- Distal ........................... ...............................................................48 5.5.1 Estudo 5 - Condição de carregamento na direção M-D (Z positiva).................48 5.6 Carga Vestibular-lingual ....................... ............................................................50 5.6.1 Estudo 6 - Direção Vestíbulo- Lingual (X positiva) ...........................................50 6 CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................. ....................................................53 REFERÊNCIAS.........................................................................................................56 ANEXO .....................................................................................................................60 ANEXO I ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO - The Journal of Oral Rehabilitation ....61

16 1 INTRODUÇÃO

O índice de sucesso da osseointegração revolucionou tanto o planejamento

quanto as reconstruções cirúrgicas e protéticas na reabilitação do sistema

estomatognático, tornando-se um marco na Odontologia. Contudo, os sistemas de

implantes são dependentes de vários fatores, como diagnóstico preciso,

previsibilidade dos resultados finais, intervenção interdisciplinar, posicionamento

adequado das fixações, condições clínicas favoráveis, fatores sistêmicos e locais

adequados (FRANCISCHONE et al., 2006). Para tanto, é fundamental que a

biomecânica favoreça e possibilite a distribuição homogênea das forças oclusais na

interface implante/ osso e na interface implante/pilar, para obtenção de sucesso a

médio ou longo prazo.

A descoberta da osseointegração impulsionou a odontologia para nova era

reconstrutiva. Nos últimos 20 anos, muita mudança ocorreu mesmo que a eficácia

e o prognóstico dos implantes osseointegráveis não sejam mais controversos.

Inicialmente, a ênfase das pesquisas estava nas técnicas cirúrgicas e procedimentos

de enxertos. O foco original era restaurar pacientes totalmente edêntulos que

requeriam muitos implantes e uma zona de transição do tecido mole que permitia a

união dos implantes com uma barra de metal, fixa ou removível, segura por

pequenos parafusos. O crescimento na utilização dos implantes resultou em grande

diversidade e numerosa quantidade de pilares para solucionar as variações clínicas.

Entretanto, com o crescimento da utilização de implantes com hexágono

externo e suas complicações clínicas significativas, além dos desafios estéticos

também não resolvidos, a ênfase mudou para a busca da solução desses

problemas. Por esta razão, ocorreram mudanças nas retenções transmucosas, sua

retenção com parafuso e modificações no hexágono externo.

O hexágono externo foi idealizado apenas para restaurar mandíbulas

completamente edêntulas, com os implantes unidos sobre a infra-estrutura de metal.

Entretanto, na restauração de dentes unitários o parafuso protético deforma e alonga

sob tensão resultando em fraturas e perdas do mesmo. Além de apresentarem

desajuste rotacional, apresentam de seis a quarenta e oito por cento de

afrouxamento do parafuso protético. Atualmente, há em torno de vinte formas

geométricas diferentes de conexões implante/pilar. A geometria desse encaixe é

17 importante porque é um dos principais determinantes da força e da estabilidade das

próteses. Esta deficiência sugeriu a utilização de hexágonos externos de 1,2 mm de

altura para se conseguir estabilidade lateral e rotatória. Juntamente com a evolução

da geometria de acoplamento foi introduzida uma grande variedade de novos

implantes com novo formato de corpo cônico, diâmetros, passos de rosca e

topografia de superfície (BINON, 2000).

Apesar do conhecimento do mecanismo da osseointegração, ainda ocorrem

falhas que são atribuídas principalmente à reabilitação protética do paciente. O

desajuste entre a base do implante e o pilar protético- assim como a falta de

adaptação passiva da superestrutura- pode levar a fraturas tanto nos componentes

protéticos quanto nos parafusos do pilar ou do próprio implante podendo ainda

acarretar distribuição inadequada das forças ao osso de suporte.

A busca pelo equilíbrio biomecânico final é feita desde a concepção da

restauração. É necessário avaliar os fatores de risco biomecânico durante todos os

estágios do planejamento cirúrgico/protético e permanecer atento às alterações que

indiquem uma situação de sobrecarga oclusal como: desaparafusamento, quebra de

parafusos de fixação, perda óssea e fratura do material restaurador. Os aspectos

biomecânicos representam desafio para a reabilitação osseointegrada, uma vez que

as falhas tardias são as principais complicações biomecânicas relatadas, cujos

mecanismos não são totalmente compreendidos. O conhecimento do

comportamento e da intensidade das tensões geradas no conjunto prótese/implante,

especificamente na interface de união e tecidos de suporte, é de suma importância

para a prevenção de falhas e insucessos. A transferência de cargas excessivas

nesta interface pode resultar em afrouxamento ou fratura de parafuso, falha por

fadiga e reabsorção dos tecidos de suporte. Os efeitos das cargas nos implantes são

muito publicados, mas poucos são baseados em evidências científicas, sendo

necessárias maiores pesquisas para uma perspectiva em longo prazo na função das

próteses implantossuportadas (TAYLOR et al., 2000).

A disciplina da engenharia biomédica, ou a aplicação dos princípios da

engenharia aos sistemas orgânicos desencadeou nova era no diagnóstico no plano

de tratamento e na reabilitação do paciente, descrevendo a resposta dos tecidos

biológicos às cargas aplicadas. (MISH et al., 2006).

Os problemas de engenharia podem ser modelados matematicamente, através

de equações diferenciais, para descrever o fenômeno físico envolvido no caso

18 específico a ser estudado.

Nos Métodos de Elementos Finitos (MEF), procede-se a substituição da

região de interesse por uma série de nós ou pontos nodais. Grupos de nós juntos

por segmentos de linhas ou blocos prismáticos, chamados elementos. Este método

transforma a deformação contínua (em curva) em segmentos de retas, para

enxergar os elementos finitos. Desta maneira, a matemática discreta transforma a

deformação contínua (forma curva) em pedaços (segmentos de retas). À medida

que os intervalos entre estes segmentos são diminuídos, vão se aproximando do

modelo contínuo. Quanto mais elementos discretos, mais próximo do valor real e da

resposta contínua. Esta metodologia trabalha a matemática discreta para entender a

deformação contínua. O modelo contínuo possui número infinito de graus de

liberdade (nó livre) e o modelo discreto possui um número finito de graus de

liberdade (nó restrito). Grau de liberdade é a capacidade que um nó tem de se

movimentar no espaço. Coletivamente, os nós e os elementos formam a malha de

elementos finitos. O número de graus de liberdade pode ser definido como um

número de movimentos menos o número de equações de restrição. Por exemplo, ao

determinar que cada nó pode se deslocar em 3 direções: X, Y, Z , podendo girar em

torno dos 3 eixos, serão determinadas 6 restrições de movimentação, ou 6 graus de

liberdade. O grau de liberdade avalia a massa, pois só a massa possui movimento

no espaço. Nesta análise de elementos finitos, definem-se os graus de liberdade do

objeto a ser estudado.

A análise comparativa tridimensional do MEF é importante ferramenta que pode

avaliar a distribuição e o direcionamento de tensões. Esta metodologia pode mostrar

como as diferentes geometrias de conexão implante/pilar e do próprio pilar podem

influenciar o comportamento biomecânico de todos os sistemas, pois a concentração

de tensão pode desencadear o processo de reabsorção óssea e,

conseqüentemente, o insucesso da terapia implantodôntica.

A análise linear pelo MEF linear foi eleita, no presente trabalho, como a

melhor tecnologia para avaliação dos efeitos biomecânicos bem como para

mensurar deformações na interface implante/pilar. Além de permitir uma

visualização das tensões e deslocamentos dos materiais de maneira simples e clara.

O MEF tem como objetivo determinar a variabilidade das tensões de uma peça

mecânica e suas respectivas deformações apresentando, portanto, uma das

melhores ferramentas disponíveis para a solução de vários problemas.

19

O presente estudo tem como objetivo mostrar e avaliar o comportamento

biomecânico relacionado com os tipos de conexões implante/pilar nos sistemas de

Dodecágono Interno (DI) e Cone Morse (CM) através da tecnologia

computadorizada, que permite construir a análise qualitativa e comparativa de cada

um destes sistemas. Busca também a fundamentação científica e a contribuição

para o conhecimento das distribuições das cargas axiais e não axiais, nas

geometrias de interface implante/pilar por meio de simulações de modelos

tridimensionais pelo MEF.

20 2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Insucessos

A natureza da perda ou deslocamento das próteses sobre implantes é

complexa, envolvendo fatores tais como: tipo de encaixe implante/pilar, grau de

conicidade, fadiga, precisão de usinagem dos componentes do sistema, entre outros

(BINON,1995).

Jemt e Lekholm (1995) salientaram que a má adaptação da prótese sobre os

implantes pode gerar grande tensão nos componentes do sistema e,

consequentemente, no osso em torno dos implantes, já que a falta de adaptação foi

considerada a principal razão das falhas nos implantes e fratura nos metais pela

fadiga.

A oclusão é um dos fatores importantes para estabelecer a direção da carga.

Os implantes estão sujeitos a uma ampla gama de forças, oriundas da mastigação.

Os componentes de força podem ser normais (compressão e tração) ou de

cisalhamento. As forças compressivas tendem a manter a integridade da interface

osso/implante. Já as tensões de tração tendem a romper a interface. Além disto, as

tensões de cisalhamento tendem a alterar a interface no plano paralelo à superfície.

O osso cortical é mais resistente à compressão e mais fraco ao cisalhamento. A

mesma magnitude de força poderá ter efeitos bem diferentes sobre uma carga

vertical. Braços de ponte ou extensões muito longas podem provocar separação da

interface, reabsorção óssea, afrouxamento do parafuso protético e/ou fratura da

ponte ou da barra (POKORNY; SOLAR, 1996).

A variação do tipo de carga, comprimento e diâmetro do parafuso, formato,

superfície, interface osso-implante, bem como a qualidade do osso e da prótese,

definirão o sucesso da terapêutica (DUYCK et al., 1997; TAYLOR et al., 2000;

SAHIN et al., 2002).

Enquanto um alto índice de sucesso dos implantes osteointegráveis têm se

tornado uma realidade clara e aceitável, numerosos relatos sobre a alta incidência

de complicações clínicas, como perda de parafuso protético das coroas dentárias e

do pilar intermediário, têm sido publicados. A conexão cônica com 8 graus do cone

21 Morse ITI- Straumann apresenta um ótimo prognóstico pela combinação de

posicionamento vertical e pelo próprio travamento característico com aumento da

habilidade deste sistema para resistir aos momentos de força. (LEVINE et al.,1999;

MERZ et al., 2000).

Complicações em próteses implantossuportadas como a perda do parafuso,

fratura das restaurações são objeto de muito relatos, mas não são quantificados na

sua ocorrência pelo tipo de complicação (TAYLOR et a.l, 2000).

Os momentos de força resultantes de sobrecarga não axial podem causar

concentração de tensão que exceda a capacidade de suporte fisiológico do osso

cortical conduzindo a vários tipos de falhas (ALKA et al., 2001).

O hexágono externo foi gradualmente modificado e a sua disponibilidade

aumentou mais que seu dobro. O mesmo está disponível em alturas de 0,7 (altura

original), 0,9; 1,0 e 1,2mm e larguras de 2,0; 2,4; 2,7; 3,0; 3,3 e 3,4, dependendo da

plataforma do implante. O parafuso do pilar intermediário também foi modificado

quanto ao material, comprimento da haste, número de roscas, diâmetro,

comprimento, desenho do parafuso e aplicação do torque.

Na segunda e terceira nova geração da osseointegração observa-se alteração

geométrica na interface da união: os implantes de conexão hexagonal interna.

Simultaneamente, também foi introduzida grande variedade de novas formas no

corpo do implante, geometria, padrão de rosca, diâmetro e a topografia da

superfície. Atualmente existem centenas de tipos de implantes que variam em

diversos aspectos desde diâmetro e formato até textura de superfície (BINON,

2000).

A força aplicada sobre o implante dentário raramente é dirigida de maneira

longitudinal. Existem três eixos clínicos de carga dominantes em implantodontia:

mesiodistal, vestibulolingual e oclusoapical. Um único contato oclusal geralmente

resulta em força oclusal tridimensional. O processo por meio dos quais essas forças

tridimensionais são divididas em suas partes componentes é chamado resolução

vetorial. A oclusão serve como o principal determinante no estabelecimento da

direção da carga (MISH, 2006).

22 2.2 Tipos de encaixe das conexões de interface

A conexão implante/pilar intermediário é geralmente descrita como externa

(hexagonal) ou interna, como ilustrado na Figura 1. Esta conexão possui espaço

desprezível entre as mesmas levando à conexão passiva. Porém, também pode

haver algum espaço entre as partes levando a possíveis esforços ao conjunto. A

junção das superfícies pode apresentar a geometria de estabilização lateral e/ou

também ter mecanismo interno de resistência à rotação incorporada. Esta

configuração de geometria pode ser: octogonal, hexagonal, parafuso cônico, cone

hexagonal, cilindro hexagonal, ranhura, ranhura em tubo, ressalto e pino/fenda

(BINON, 2000).

Figura 1: Imagem dos implantes/pilares/coroas inseridos na mandíbula em 3D Conexão interna ilustrada à esquerda e conexão externa à direita Fonte: Dados da pesquisa - Modelo Piloto 1

O HE foi desenvolvido para adaptar o monta-implante durante a colocação do

implante no alvéolo cirúrgico cujas próteses necessitam de características

fundamentais como: a passividade ou assentamento passivo da estrutura metálica.

Anteriormente, as próteses totais fixas, cujos componentes protéticos não tinham

finalidade anti-rotacional eram a única forma de reabilitação implantossuportada.

(FINGER et al., 2003). Posteriormente, com a crescente aplicação clínica e

mercadológica da implantodontia, as conexões passaram a exercer novo

questionamento à rotação da prótese, o que levou ao desenvolvimento e criação de

23 novos desenhos de interface implante/pilar- as junções internas- consideradas mais

estáveis que os do hexágono externo (NORTON, 1997).

Binon (1995) avaliou implantes com extensão Hexagonal Externa (HE),

Hexágono Interno (HI) e Octógono Interno (OI), com vistas ao mecanismo de

precisão e liberdade rotacional. Considerando a combinação de componentes do

mesmo fabricante a menor quantidade de liberdade rotacional foi registrada para o

pilar com conexão HI. Salientando que as próteses sobre implantes com hexágono

interno também possuem melhores resultados quanto ao afrouxamento e fratura dos

parafusos protéticos.

Figura 2: Imagem dos implantes/pilares/coroas modelados em 3D Nos sistemas: a- HE à esquerda; b- HI à direita Fonte: Dados da pesquisa - Modelo Piloto 2

Para superar as limitações inerentes da conexão de hexágono externo (figura

2-a), conexões alternativas vêm sendo desenvolvidas sendo: hexágono cônico,

octágono interno, parafusos cônicos, hexágono interno (Figura 2-b), hexágono

cilíndrico, o afilamento/cone Morse, ranhuras internas e conexão resiliente.

Paralelamente, a conexão tipo Cone Morse (CM), criada originalmente por marcas

conhecidas no mercado (Astra®, Dentisply-Friadent® e Straumann ITI®), preferidas

na engenharia industrial, representa a conexão cônica com o design preciso.

Durante a instalação do seu pilar intermediário junto ao implante, promove íntima

adaptação entre as superfícies sobrepostas, apresentando maior capacidade de

suportar cargas horizontais e conseqüentemente, menores transferências destas

sobre o parafuso de retenção. O torque exigido para afrouxamento do parafuso ITI-

Straumann® era 124% maior que o torque dado inicialmente na prótese. Já para 11

24 graus e 8 graus da Astra®, o desenho do pilar é diferente não encaixando no bisel

externo do implante, apresentando diferentes comprimentos e extensões cônicas

com 20 e 45 graus. O abutment é preso com um parafuso e o bisel na parede do

pilar e promove excelente resistência à carga lateral, alguma resistência fricçional

com selamento interno. Em relação às características de resistência entre a união

cônica e hexagonal externa, a união cônica é 60% mais forte (MOLLERSTEN et al.,

1997).

O resultado dos estudos de Levine et al., (1999) envolvendo cada tipo de

conexão foi comparado aos achados atuais com testes mecânicos. A comparação

indica a superiorioridade mecânica da conexão cônica com travamento próprio,

posicionamento vertical e ajuda a explicar a melhor estabilidade significativa em

longo prazo na aplicação clínica do CM. A característica da conexão implante/pilar

do hexágono externo com altura curta (< 2 mm) do hexágono parece favorecer a

perda do parafuso, pois todos os componentes da força externa estão concentrados

principalmente no parafuso e no pilar.

Muitos esforços são realizados para superar problemas como a instabilidade

na interface. Como por exemplo: o aumento da pré-carga diminuindo a fricção do

parafuso do pilar para manter a união dos componentes. Atualmente, os parafusos

apresentam cabeça plana, haste de comprimento longo e seis roscas no

comprimento final. O aumento no comprimento da haste e menor comprimento das

roscas reduzem a fricção- quando menor absorção de torque é perdida por fricção e

calor- ocorre aumento na pré-carga. A resistência friccional entre o titânio da rosca

do implante e o titânio da rosca do parafuso resulta em desgastes. A forma de

adesão que ocorre durante o contato íntimo entre estes dois tipos de materiais

limitam a pré-carga, por isso a transição tem sido realizada para parafuso de ouro

que têm menor coeficiente friccional e podem ser mais eficientes na pré-carga. O

parafuso Gold-Tite (Implant Innovations Inc, Wst Palm Beach, Flórida), por exemplo,

é um parafuso com uma cobertura de 0,76 µm de ouro com torque de 32Ncm,

enquanto o TorqTite (Nobel Biocare® USA, Yorba Linda, Califórnia) é um parafuso

que apresenta tratamento de superfície, ambos com redução do coeficiente de atrito

gerando maiores valores na pré-carga comparados ao parafuso de titânio. A

efetividade das tecnologias sobre a estabilidade na união do parafuso precisa ser

mais documentada com investigações para mensuração dos valores da pré-carga

sob ciclos de carga (MARTIN et al,. 2001).

25

A modificação na plataforma hexagonal proporcionou melhores parafusos e

aumento na aplicação do torque além de ter prolongado o uso dos implantes de

hexágono externo. Entretanto, com as excelentes variedades das interfaces

disponíveis é improvável a sobrevivência por longo período de tempo neste novo

milênio. O problema ao longo dos anos foi relacionado com a estabilidade do pilar e

da prótese. As novas interfaces geométricas disponíveis melhoraram a estabilidade

do abutment e simplificaram o processo restaurador. A transição da conexão interna

vem sendo realizada e hoje são mais estáveis, fisicamente mais fortes, com

facilidade para restaurar, melhor acabamento em áreas estéticas e uso mais fácil.

(BINON, 2000).

Em artigo de revisão histórica, Binon (2000) aponta caminhos a serem

trilhados salientando que todos os implantes são considerados uma evolução da

invenção de Branemark® para prótese múltipla. Assim, os problemas mecânicos das

próteses parciais fixas e unitárias ocorreram em conseqüência da extrapolação do

uso original sem as devidas adequações. As conexões mais estáveis, notadamente

as conexões internas, seriam respostas às demandas mecânicas para próteses

parciais e unitárias.

Petropoulos et al., (2004), em estudo para reposição de molares por 1 ou 2

implantes convencionais (hexágono externo), através de estudo retrospectivo de 3

anos, concluíram que a utilização de dois implantes apresentaria vantagem

biomecânica comparadas com a utilização de apenas1 implante. Por existir um

efeito anti-rotacional com dois implantes diminuindo a complicação mais freqüente,

que é o afrouxamento do parafuso protético ou do abutment de 48% para 8%.

Apesar do aspecto da perda óssea ter sido pouco relevante na comparação dos dois

grupos, houve maior perda óssea para o grupo de dois implantes. A solução de

utilização de implante de largo diâmetro também foi mencionada como possível

indicação.

Huang et al., (2005) apontam que os sistemas de conexão interna- com

hexágonos e octógono internos e conexão cônica tipo cone Morse- são menos

susceptíveis ao afrouxamento de parafusos, além de serem apresentarem maior

eficiência na distribuição de forças oclusais.

O mecanismo de travamento e fricção são princípios básicos das conexões

do sistema Straumann®ITI®. Este mecanismo positivo é referido ao travamento

geométrico responsável pela proteção das roscas nas cargas funcionais excessivas.

26 Motivo pelo qual este sistema foi eleito para ser objeto de analise do presente

estudo.

Entretanto, a perfeita união ou conexão entre implante e pilar intermediário

não foi o atual cenário dos implantes dentais onde, sob condições de cargas

específicas como as laterais ou oblíquas, as partes podem se separar,

conseqüentemente maiores deformações podem ser esperadas (IPLIÇIOGLU et al.,

2003).

2.3 Método dos Elementos Finitos (MEF)

O MEF é a técnica numérica que oferece a maneira de calcular a distribuição

e a concentração de tensões e deformações das geometrias de um sólido qualquer,

sujeito a esforços, bi ou tridimensional computadorizado, por meio de análises de

imagens digitalizadas usadas para gerar modelos. Esta tecnologia propõe a solução

do modelo matemático, atribuído aos métodos numéricos, cujos elementos são

descritos por equações diferenciais, obtidos da discretização de um meio contínuo,

mantendo as mesmas propriedades do meio original. Assim, o MEF toma o

problema e o subdivide em vários outros, resolvendo-os e combinando-os

adequadamente, para oferecer a solução para o conjunto, sendo valiosa ferramenta

para examinar a distribuição de tensões. Algumas variáveis poderiam determinar

resultados, tais como: geometria do implante e do osso a ser modelado;

propriedades físicas dos materiais; condições de fixação; tipo de interface entre pilar

e implante. A criação do modelo simulado por meio de um computador é importante

como método de pesquisa científica, por facilitar melhores processos de

desenvolvimento e novas tecnologias, porporcionando benefícios nas análises de

cargas, tensões e deslocamentos (DETOLLA et al., 2000).

Kunavisarut et al., (2002) fizeram uma variação do MEF tradicional, incluindo

um gap próximo à aplicação da força, nos modelos tridimensionais construídos e

simulados em seu trabalho com testes comparativos entre próteses fixas

implantossuportadas com presença e ausência de cantilever, sob carga de 100N.

Seus estudos buscaram a investigação do efeito de desadaptação das próteses na

distribuição da tensão, perante forças oclusais e extensões em cantilever, tanto nos

27 componentes protéticos quanto no osso adjacente. O efeito cantilever intensificou o

efeito do gap na distribuição da tensão, com aumento em torno de 12% a 32% no

osso circundante. Quando o gap foi colocado na distal do pilar, a tensão do parafuso

do pilar aumentou aproximadamente 98%, comparado com 53%a na ausência do

gap. No presente estudo, as discrepâncias entre a prótese e o pilar mostram

significante impacto na distribuição de tensão dos componentes dos implantes e no

osso circundante.

Iplikçioglu et al., (2003), com objetivo de buscar maior entendimento dos

comportamentos mecânico e biomecânico e a requerida validação das medidas de

deformação, comparou a análise Não-Linear NL-MEF com a Análise Strain Gauge

(SGA)-in vitro, na mensuração da deformação do complexo implante-pilar, como

ilustrado na figura 3. O presente estudo utilizou o implante CM Straumann® ITI® em

ambas as metodologias. O pilar foi apertado com torque de 35 Ncm, utilizando

torque controle, como recomendado pelo fabricante. Os implantes foram embebidos

em resina polimetilmetacrilato. Para utilização do MEF, foram construídos modelos

3D do Strain Gauge. Uma carga de 75N foi aplicada vertical e lateralmente, em

casos separados. A qualificação e quantificação da deformação foram similares em

ambos os métodos, sob cargas verticais e laterais, quando mensuram a deformação

no pilar do implante e na resina. Entretanto, altas deformações foram mensuradas

no colar do implante, sob cargas laterais, pela análise NL-MEF (Figura 1), em

comparação com SGA-in vitro.

Figura 3: Distribuição de deformação no implante ITI sob carga lateral- 75N no eixo Y Tensão e deformação máximas no pilar e no colar do implante Fonte: Iplikçioglu et al,. 2003

28

Chun et al (2006), em trabalho utilizando o MEF, fizeram investigação da

distribuição de tensões na área óssea circundante sob carga inclinada, em 3 tipos de

pilar intermediário nos sistemas de implante: corpo único (C-1); Hexágono Interno

(HE) e Hexágono Interno (HI). A carga aplicada neste estudo foi de 100N. O trabalho

mostrou que os três sistemas apresentam tendência similar na distribuição de

tensões sob carga vertical, mas os resultados máximos de tensão, expressos em

valores Von Mises, gerados no osso adjacente, foram diferentes para todos os

sistemas. Em condições de carga inclinada, a distribuição de tensão no osso

adjacente mostrou notável diferença nos três sistemas. Estas diferenças foram

causadas pela mudança do mecanismo de transferência de carga dos diferentes

tipos de conexão dos pilares. A transferência de cargas ao osso adjacente

demonstrou ser mais favorável para o hexágono interno que o externo, devido ao

menor deslizamento do componente protético no implante, pois o tamanho da área

de contato entre o pilar e o implante influencia a distribuição da tensão e a

magnitude das tensões máximas de von Mises geradas no osso circundante. Os

menores valores máximos de tensões de von Mises no osso circundante foram

obtidos no sistema HI pela redução do efeito da flexão causado pelo componente

horizontal da carga inclinada no deslize dos encaixes entre o implante e o pilar,

como demonstrado na Figura abaixo:

Figura 4: Distribuição de tensão sob carga inclinada em 3 sistemas de conexão: HE à esquerda, HI ao meio e C-1 à direita Fonte: Chun et. al., 2006

29 2.4 Biomecânica

A biomecânica descreve a resposta dos tecidos biológicos às cargas

aplicadas (MISCH et al., 2004).

A carga suportada pelo implante sem causar dano ao osso adjacente é de

difícil mensuração, despertando a necessidade de investigação da importância do

desenho geométrico dos pilares, bem como a geometria de união implante/pilar cuja

interface pode influenciar a distribuição, a magnitude e a transferência de tensão ao

osso circundante, nos casos de cargas não axiais ou seja, carga transversal

(HARALDSON, 1980). Para Geng et al., (2001) o fator de sucesso de um implante

reside na maneira como as tensões são transmitidas para o osso circundante. A

transferência de carga nos implantes e no osso circundante depende do tipo de

carregamento, da interface implante-osso, do comprimento e diâmetro dos

implantes, da forma característica da sua superfície, do tipo de prótese e da

quantidade e qualidade de osso circundante. Tensões excessivas podem contribuir

para a reabsorção patológica do osso ou atrofia óssea.

Clelland et al., (1991) estudaram, através do MEF, a carga de oclusão sobre o

implante e observaram que o titânio tem maior resistência sob forças de oclusão

normais. A atividade funcional durante a mastigação induz cargas verticais nas

estruturas. Porém, componentes de forças transversais são criados por movimentos

horizontais da mandíbula durante o ciclo mastigatório. Estas cargas são transferidas

da prótese para o implante e, finalmente, para o osso. Diante de uma força oclusal,

padrões diferentes de esforços são criados, devido à configuração geométrica

presente na prótese, tanto no implante quanto no osso, através do momento gerado

pela força, cujas tensões resultantes são absorvidas em graus diferentes. Se a

tensão resultante da força mastigatória é dirigida ao longo eixo do implante (força

axial), esta será distribuída através da seção transversal do implante (plataforma) e

das roscas de fixação. Isto possibilita a alta capacidade de carregamento, para o

implante e para o osso de suporte. Entretanto, se a força atuar em direção

transversal em relação ao longo eixo do implante, a tensão resultante será gerada a

partir do momento de flexão no implante, tendo somente pequena porção da secção

transversal para conter a carga. Desta forma, o osso será carregado com elevado

nível de tensão (RANGERT et al., 1989).

30

Richter (1998) afirmou que cargas horizontais geram momento fletor. O

momento e uma força sobre um ponto tende a produzir a rotação ou flexão ao redor

do mesmo. Este momento de carga imposto também é chamado torque ou carga de

torção e pode ser bastante destrutivo para os sistemas de implante. Um total de seis

momentos (rotações) pode se desenvolver ao redor dos três eixos clínicos

coordenados (oclusoapical, vestibulolingual e mesiodistal). Estes momentos de

carga produzem micro-rotações e concentrações de tensão na crista do rebordo

alveolar na interface implante/osso o que, inevitavelmente, leva a perda óssea

marginal. Existem três situações clínicas em implantodontia que geram momentos

de força: altura oclusal, comprimento do cantilever, e largura oclusal. A minimização

de cada um dos mesmos é necessária para evitar o desaparafusamento e/ou fratura

dos componentes, a perda óssea marginal e a falha total do sistema de implante.

Concluindo que as cargas horizontais geram maiores tensões ao osso cortical.

Baseado em pesquisas clínicas e laboratoriais, Bidez e Misch (1992)

observaram que o desenvolvimento da interface implante/osso pode ser fortemente

influenciado pelo ambiente mecânico. A oclusão serve como fator determinante no

estabelecimento da direção da carga. Forças compressivas devem ser dominantes

nas próteses sobre implantes, pois são mais bem acomodadas, uma vez que o osso

cortical é mais resistente às forças compressivas.

Clelland et al., (1995) analisaram o efeito na magnitude da força e da tensão,

pela adoção de intermediários angulados, pelo MEF. Observaram em seus estudos

que ocorreu o incremento na magnitude de tensões, à medida que os intermediários

se mostravam mais angulados.

Mollersten et al., (1997) e Chun et al., (2006) observaram que a capacidade

de suportar cargas horizontais está diretamente relacionada com o tipo de conexão

implante/pilar (Figura 5), pois quanto maior a sobreposição das superfícies internas,

maior será sua resistência a cargas horizontais e, conseqüentemente, menor

transferência desta sobre o parafuso de retenção.

31

Figura 5: Desenho esquemático mostrando área de contato na conexão interna Fonte: Chun et. al., 2006

Duyck et al., (1997) estabeleceram que o sucesso da reabilitação

osseointegrada está relacionado com a maneira como as cargas são transmitidas e

reabsorvidas pelo tecido ósseo de suporte.

Complicações biomecânicas são encontradas nos componentes protéticos

retidos por parafusos por apresentarem menor resistência para o suporte das cargas

não axiais, por extensos períodos de tempo. A tolerância mecânica entre os

componentes permite relativo deslocamento, através das interfaces e fadiga flexural.

Deformações permanentes ou falha por fadiga podem ocorrer em conseqüência

destas cargas, tornando-se uma importante consideração na sobrevivência a longo

prazo tanto das próteses, como dos implantes. Potência e resistência à fadiga

podem ser o foco de desenvolvimento das pesquisas dos componentes dos

implantes, diante das complicações protéticas nos tratamentos dos implantes

dentais que envolvem: passividade de assentamento; restaurações cimentadas ou

retidas por parafusos; cargas oclusais; sobrecarga; carga progressiva e materiais

restauradores. (TAYLOR et al., 2000).

Conforme Sendyk et al., (2002), a ausência de movimento em resposta a

cargas constitui importante diferença entre dentes naturais e implantes. As cargas

mastigatórias idealmente deveriam ser distribuídas uniformemente ao osso, que tem

capacidade de tolerar cargas dentro de limites fisiológicos, respondendo

diferentemente às tensões de tração e de compressão. Eles verificaram a

distribuição das tensões em implantes e tecido ósseo de suporte, por meio da

realização de análise através do MEF pela variação apenas do tipo de osso (Tipo I e

III), em um modelo bidimensional. A distribuição das tensões no padrão ósseo Tipo I,

32 cujas corticais ósseas são mais espessas, apresenta os maiores valores de tensões

geradas no interior dos componentes, com a distribuição mais uniforme e valores de

tensões mais baixas no tecido ósseo de suporte. No padrão ósseo tipo III, cujas

corticais ósseas são delgadas, o implante apresenta-se apoiado em quantidade

maior de tecido ósseo medular e as tensões são concentradas na delgada lâmina

óssea cortical da área cervical, com menor solicitação dos componentes protéticos.

Nas simulações realizadas pelo MEF, as porções do osso cortical que envolvem a

plataforma de assentamento do implante são as mais solicitadas e as cargas axiais

geram concentrações de tensões menores que as cargas não axiais.

Próteses implantossuportadas estão sujeitas à influências externas: cargas

funcionais parafuncionais e influências internas: forças internas denominadas pré-

carga. A carga funcional induz tensões e deformações no complexo

implantossuportado e afeta o processo de remodelação óssea na área circunjacente

(SAHIN et al., 2002).

Figura 6: Direcionamento das cargas oclusais: AL- Axial; LL - Lateral; OL - Oblíqua Fonte: Sahin et al., 2002.

2.4.1 Fatores biomecânicos

Princípios fundamentais para o planejamento de próteses

implantossuportadas:

- quantidade, diâmetro e comprimento dos implantes;

- localização e arranjo dos implantes;

- magnitude e direção das forças aplicadas;

33

- densidade óssea;

- anatomia oclusal;

- inclinação da coroa;

- relação coroa/implante;

- presença de Cantilever;

- presença de contados prematuros.

Efeitos biológicos perante magnitude e localização da força aplicada,

conforme Sahin et al., (2002):

- A sobregarga pode ser manifestada pela aplicação repetida de cargas

únicas, causando microfraturas no tecido ósseo.

- A aplicação de carga baixa contínua também pode conduzir falha ou fratura

por fadiga.

- A carga dinâmica excessiva também pode diminuir a densidade óssea ao

redor do pescoço do implante e conduzir defeitos ou crateras ósseas.

A máxima força de mordida varia entre indivíduos e em diferentes regiões do

arco dental. Paciente dentado tem cinco a seis vezes maior força de mordida que

portador de Prótese Total Removível (PTR). Implantes localizados na região

posterior de mandíbula apresentam maior risco de sobrecarga, razão pela qual é

indicada, preferencialmente, a utilização de implantes longos ou diâmetro largo

(SAHIN et al., 2002).

A natureza das forças pode ser descrita como de compressão, trativa ou de

cisalhamento. A força de compressão tenta empurrar as massas umas contra as

outras. As forças de tração rompem objetos. As forças de cisalhamento sobre o

implante causam deslizamento. As forças de compressão tendem a manter a

integridade da interface osso/ implante, enquanto a de tensão e a de cisalhamento

tendem a separar ou interromper tal interface. O osso cortical é mais potente durante

a compressão e mais fraco no cisalhamento (MISH, 2006).

Os tratamentos com implantes osteointegráveis envolvem os comportamentos

biológicos e mecânicos. Os princípios biomecânicos são fatores importantes no

sucesso das próteses implantossuportadas. Sobrecargas podem envolver tanto a

perda óssea marginal quanto a falha dos componentes. (CAGLAR et al., 2006).

34 3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

- Analisar comparativa e qualitativamente os valores/gradientes tensões

segundo o critério de Von Mises geradas nos sistemas de Dodecágono Interno (DI -

Biomet-3i® -Palm Beach Garden, Flórida) e Cone Morse (CM - ITI- Starumann® AG,

Waldeburg, Switzerland) pelo MEF.

3.2 Objetivos específicos

- Avaliar comparativamente as tensões geradas nos sistemas DI e CM em

carregamentos estáticos verticais, oblíquos, Vestibular-Lingual e Mesial-Distal, nos

implantes e pilares Intermediários;

- Analisar o grau de influência das geometrias da plataforma e do pilar na

distribuição das tensões dos encaixes de conexão nos dois sistemas;

- Avaliar a influência das geometrias do pilar na distribuição, magnitude e na

transferência de tensões ao osso circundante também nos dois sistemas.

35 4 METODOLOGIA

Para a realização desta análise comparativa e qualitativa dos gradientes de

tensões geradas na interface implante/ pilar e avaliação do grau de influência de

cada geometria nos dois sistemas a serem estudados, através do método de

elementos finitos, foi proposto:

- Utilização de implantes e coroas protéticas em porcelana pura com 10 mm

de comprimento, inseridos em região posterior de mandíbula, simulando os dois

sistemas de conexão de interface: DI e CM;

- Obtenção de modelos 3D de implantes com diâmetros de corpo 4,0mm e

4.1mm e plataforma 4.1mm e 4.8mm, respectivamente, nos dois sistemas;

- Simulação da carga tardia, com lâmina dura e 100% de osseointegração,

para todos os tipos de interface pilar/implante avaliados;

- Utilização do mesmo material (titânio) para o pilar e o implante.

Para obter a imagem dos cortes seccionais do osso mandibular, foram

utilizados modelos 3D de mandíbula (Figura 7). Para a geração deste modelo

tridimensional de Elementos Finitos de mandíbula, inicialmente foi realizada, uma

tomografia computadorizada de um adulto jovem, saudável, com todos os dentes

permanentes presentes, exceto os terceiros molares. Todos os dados originais,

constantes de sua dissertação de mestrado, foram cedidos por Sergio Oliveira,

(OLIVEIRA S. 2003). Este procedimento cumpriu as exigências do Comitê de Ética

em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC MG),

obtendo o parecer de aprovação, através de comunicação datada de 12 de

dezembro de 2002.

Figura 7: Imagem tridimensional da mandíbula Fonte: Oliveira, 2003

36

Para o presente estudo foi considerado que a crista do rebordo mandibular

apresenta osso cortical, uma vez que as tensões são concentradas na delgada

lâmina óssea cortical da área cervical, conforme descrito Sendyk, et al., (2002) e

Faulkner, et al., (1998). No presente estudo todas as propriedades dos materiais

foram consideradas isotrópicas, homogêneas, com comportamento linear elástico.

Os desenhos foram modelados tridimensionalmente no software CAD 3D da

SolidWorks® -Enterprise PDM (Product Data Management, Orlando, Flórida) 2008 e

o estudo gerado no CosmosWorks 2008. O pilar intermediários GengiHue™

(Biomet-3i® -Palm Beach Garden, Flórida) foi modelado para os sistema de DI e o

pilar cônico Sólido modelado para o sistema CM Straumann ITI® (AG, Waldeburg,

Switzerland) em titânio. O implante do sistema DI foi inserido totalmente no osso e o

sistema CM deixou o colar de 1,8mm supra-ósseo, seguindo as instruções do

fabricante de cada sistema, como ilustrado na Figura abaixo:

Figura 8: Modelos 3D dos implantes/pilares/coroas e do corte da região posterior da mandíbula Sistemas: a- DI à esquerda e b- CM à direita Fonte: Dados da pesquisa

37 4.1 Condições de Carregamento/Carga aplicada

A direção da carga foi aplicada na coroa protética. Foram simulados modelos

de implantes e pilares com contornos anatômicos de molares caracterizados por

coroas dentárias em porcelana na região de primeiro e segundo molar da

mandíbula. O mesmo protocolo de cargas será utilizado para todos os modelos.

Estes modelos foram estruturados e baseados em estudos de estado plano de

deformação. Para cada tipo de interface de conexão implante/pilar foram geradas

imposições de esforços de 100N (também utilizados por Chun et. al., 2006), em

cada um dos quatro planos inclinados da superfície oclusal da coroa protética, para

cada carregamento, variando nos sentidos vertical, oblíquo, transversal e

longitudinal. A apresentação dos modelos foi montada de acordo com a imposição

dos esforços para cada tipo de interface. Foram utilizados pilares protéticos para

todas as estruturas, porém com variação na seção transversal para os pilares de

conexão DI.

O desenvolvimento dos modelos dos implantes contará com três fases

distintas, assim discriminadas:

- Fase I- Pré-Processamento

Nesta fase foram desenvolvidos os modelos dos implantes, com coroa e osso

mandibular, conforme implantado no paciente. Para tanto, foi usado um código

(CAD) 3D que, para este estudo, foi o SolidWorks®. Finalizada a confecção do

modelo em CAD, este foi preparado com a colocação do material, condições de

restrição e dos esforços. Além destes dados foram criadas as malhas em elementos

finitos de todos os modelos 3D, sendo usado elemento tetraédrico, como ilustrado

nas Figuras 9 a 11:

38

Figura 9: Imagem da malha gerada do modelo 3D do corte posterior da mandíbula e dos implantes/pilares/coroas: HI à esquerda e CM à direita Fonte: Dados da pesquisa

Figura 10: Imagem da malha dos implantes/pilares em 3D - HI à esquerda e CM à direita Fonte: Dados da pesquisa

39

Figura 11: Vista superior da imagem 3D da malha dos sistemas de conexão: DI à esquerda e CM à direita Fonte: Dados da pesquisa

- Fase II Solução

Nesta fase foi definido o critério para solução das equações obtidas a partir do

código de elementos finitos que, neste trabalho, foi o (CAE) Cosmos Works 2008,

definido durante a preparação dos modelos.

- Fase III Pós-Processamento

Nesta fase, os resultados das soluções matemáticas foram convertidos em

resultados gráficos, para facilitar a interpretação. Foram coletados resultados de

tensão, deformação e deslocamento.

As análises foram executadas utilizando-se um computador Dell Optiplex 330

com processador Intel® Core™ 2 Duo 2,4Ghz (Dell, Austin, Texas ,USA).

No presente estudo foram utilizadas propriedades dos materiais, segundo

Caglar et al., (2006) na Tabela 1:

40

TABELA 1

Módulo de elasticidade e coeficiente de poisson dos materiais utilizados

Materiais Módulo de elasticidade ou de

Young

Coeficiente de Poisson

Osso cortical 13,70 GPa 0,30

Titânio 115,00 GPa 0,35

Porcelana 68,90 GPa 0,28

Fonte: Caglar et al., (2006)

Para cada carregamento os pontos de maiores tensões foram analisados e

agrupados, possibilitando comparações entre os valores encontrados e uma

avaliação precisa da distribuição das tensões, em cada tipo interface.

Os implantes modelados tridimensionalmente utilizados neste trabalho são:

- conexão DI de implantes Biomet-3i® -Palm Beach Garden, Flórida;

- conexão tipo CM de implantes Straumann®- ITI ® Straumann AG, Waldeburg,

Switzerland.

Todos os valores foram tomados segundo o sistema de unidades

internacional, cuja força é dada em N (Newtons), a massa em Kg, o comprimento em

mm e o tempo em s. Diante desta definição as tensões apresentadas são as tensões

segundo o critério de Von Mises.

Definidas as características de cada material foram criadas condições de

restrição impedindo qualquer tipo de movimentação do complexo implante/ pilar

intermediário no sentido lateral e axial. Razão pela qual nenhuma variável que

remeta ao problema de montagem do parafuso foi considerada no presente estudo.

Já que o presente estudo pretende avaliar apenas influências das geometrias nos

direcionamentos das tensões. Deste modo, a montagem segue os padrões

preconizados pelo fabricante, funcionando como corpo único.

A justa união das conexões de interface implante/pilar também foi aceita por

Caglar et al., (2006).

41 5 RESULTADOS

Foram feitos estudos com variação de seis direções da carga aplicada, nos

dois Sistemas de conexão, para comparação dos mesmos.

Os estudos 1, 2 e 6 estáticos, em malha sólida, obtiveram tamanho do

elemento igual a 1, 54972 mm, apresentando um total de 95308 elementos e de

135176 nós.

Os estudos 3, 4 e 5 obtiveram elemento de tamanho 1,6mm, com um total de

89217 elementos e de 126689 nós.

São apresentados os resultados dos seis estudos de tensão em Von Mises

para cada uma das imposições dos esforços, em cada um dos modelos com carga

estática de 100N e em cada um dos 4 planos inclinados da superfície oclusal:

5.1 Carga Lingual - Vestibular

5.1.1 Estudo 1- Condição de carregamento L- V (X Negativa)

Nessa situação foram simulados esforços de 100 N na direção negativa do

eixo X, conforme gráfico abaixo, correspondente ao sentido lingual-vestibular.

42

Figura 12: Imposição de esforços de lingual para vestibular Fonte: Dados da pesquisa

Estudo 1 - Condição de carregamento L- V ( X Negativa)

Observa-se que tensão e deslocamento máximos concentraram-se no colar

do implante CM.

Figura 13: Imposição de esforçosde lingual para vestibular Fonte: Dados da pesquisa

43

Gráfico 1: Gráfico comparativo do estudo 1,direção de carregamento L-V Fonte: Dados da pesquisa

TABELA 2

Pontos selecionados das tensões máximas segundo o critério de Von Mises

Estudo 1 Hexágono Interno Cone Morse

1 309100000 202700000

2 318900000 283600000

3 323600000 682800000 Fonte: Dados da pesquisa

Todos os resultados são apresentados para que seja possível a comparação

do desempenho estrutural entre os dois sistemas e sua ação sobre a interface de

conexão de cada sistema.

Conforme já apresentado, os materiais para cada elemento estrutural foram

os mesmos para ambos os sistemas de conexão, o mesmo ocorrendo no que tange

às propriedades dos materiais e os carregamentos. Tal procedimento possibilitou a

comparação das tensões, deformações e deslocamentos com a localização dos

máximos valores encontrados em cada sistema.

44 5.2 Carga Vertical

5.2.1 Estudo 2-Condição de carregamento na Direção Vertical (Y negativa)

Nessa situação foram simulados esforços de 100 N na direção negativa do

eixo Y, conforme gráfico abaixo, correspondente ao sentido Vertical. Observa-se que

tensão e deslocamento máximos concentraram-se no colar do implante CM:

Figura 14: Imposição de esforços na direção Vertical Fonte: dados da pesquisa

5.3 Carga Distal - Mesial

5.3.1 Estudo 3: Condição de carregamento na Direção Z negativa:

Nessa situação foram simulados esforços de 100 N na direção negativa do

eixo Z, conforme gráfico abaixo, correspondente ao sentido distal-mesial. Observa-

se que tensão e deslocamento máximos concentraram-se no colar do implante CM.

45

A B

C

Figura 15: Imposição de esforços de distal para mesial: a- Simulação do carregamento comparando ambos Sistemas DI e CM, inseridos na mandíbula; b- imagens comparativas: pilares e implantes; c- imagens comparativas dos implantes DI e CM. Fonte: Dados da pesquisa

46

Gráfico 2: Estudo 3 comparativo, com as maiores tensões de Von Mises nas duas montagens DI e CM

Fonte: Dados da pesquisa

TABELA 3

Pontos selecionados das tensões máximas dos dois sistemas

Estudo 3 Pontos Hexágono Interno Cone Morse

1 320900000 183800000

2 355200000 319900000

3 567800000

4 583000000 Fonte: Dados da pesquisa

5.4 Carga Oblíqua

5.4.1 Estudo 4 - Direção oblíqua (perpendicular a cada uma das superfícies)

Observa-se que tensão e deslocamento máximos concentraram-se na

47 plataforma do implante DI:

A B

C

Figura 16: Imposição de esforços oblíquos: A- Simulação do carregamento comparando ambos Sistemas DI e CM, inseridos na mandíbula; B- imagens comparativas: pilares e implantes; C- imagens comparativas das plataformas CM à esquerda e DI à direita. Fonte: Dados da pesquisa

48

Gráfico 3: Estudo 4 comparativo das maiores tensões nas duas montagens Fonte: Dados da pesquisa

TABELA 4

Pontos máximos selecionados das tensões

Estudo 4

Pontos Hexágono Interno Cone Morse

1 38370000 28340000

2 80900000 41650000

3 83640000 67230000 Fonte: Dados da pesquisa

5.5 Carga Mesial- Distal

5.5.1 Estudo 5 - Condição de carregamento na direção M-D (Z positiva)

Observa-se que tensão e deslocamento máximos concentraram-se no colar

do implante CM:

49

Figura 17: Simulação da imposição dos esforços de mesial para distal Fonte: Dados da pesquisa

Figura 18: Imposição de esforços de mesial para distal mo conjunto implante/pilar Ilustração da seleção dos pontos de valores máximos de tensão expressos nos quadros Fonte: Dados da pesquisa

50

Gráfico 4: Estudo 5 comparativo, indicando as maiores tensões nas duas montagens Fonte: Dados da pesquisa

TABELA 5

Pontos selecionados das tensões máximas em cada sistema

Estudo 5 Pontos Hexágono Interno Cone Morse

1 244800000 143500000

2 346200000 305400000

3 567800000

4 589900000 Fonte: Dados da pesquisa

5.6 Carga Vestibular-lingual

5.6.1 Estudo 6 - Direção Vestíbulo- Lingual (X positiva)

Observa-se que tensão e deslocamento máximos concentraram-se no colar

do implante CM:

51

Figura 19: Simulação de esforços de vestibular para lingual Fonte: Dados da pesquisa

Figura 20: Imposição de esforços de vestibular para lingual nos implantes/pilares CM e DI Identificação dos pontos de máximos valores de tensão/deformação/deslocamento Fonte: Dados da pesquisa

52

C M D I Gráfico 5: Estudo 6 comparativo, indicando as maiores tensões nas duas montagens Fonte: Dados da pesquisa

TABELA 6

Pontos máximos selecionados das tensões

Estudo 6 Pontos Hexágono Interno Cone Morse

1 149200000 193400000

2 191800000 305700000

3 472300000 Fonte: Dados da pesquisa

Foram apresentados os resultados de tensão para cada uma das imposições

dos esforços, em cada um dos modelos, para que fosse possível a comparação do

desempenho estrutural entre os dois sistemas, bem como sua ação sobre a interface

de conexão de cada sistema e também sobre o osso circundante.

De acordo com a análise de todos os estudos, representados nas Figuras, os

resultados apresentaram maior concentração de tensão no colar do sistema de

conexão cônica comparado com a conexão dodecagonal interna, em cinco dos seis

estudos. A conexão DI apresentou resultados com maiores tensões apenas no

carregamento oblíquo.

53 6 CONSIDERAÇÕES GERAIS

Inúmeras são as publicações que investigam ou descrevem a respeito de

fatores de risco de insucessos da reabilitação osseointegrada, justificados em sua

grande maioria por complicações biomecânicas. A evolução dos pilares e

componentes protéticos, juntamente com o aprofundamento das propriedades

mecânicas dos materiais, possibilita uma compreensão gradual do comportamento

físico dos materiais submetidos a mecanismos de forças. Entretanto, a perfeita união

do sistema ainda não foi oferecida para atender às reais necessidades da

reconstrução protética implantossuportada buscando a minimização dos

deslocamentos e deformações no complexo implante/pilar, para uma maior

previsibilidade de resultados em médios e longos prazos.

Segundo Taylor (2000), os efeitos das forças nos implantes osseointegrados

são muito descritos e publicados, mas poucos são baseados em evidência científica,

necessitando de maior fundamentação da pesquisa para uma perspectiva a longo

prazo, nos relatos da sobrevivência e função das próteses implantossuportadas.

Apontam também a necessidade de entendimento do mecanismo de transferência

das cargas para o implante e para o osso adjacente.

Atualmente há intensa comercialização de variados desenhos e geometrias

de implantes com retenção interna das conexões protéticas. Implantes com conexão

tipo cone Morse demonstraram superioridade ao serem comparados com os de

conexão externa no que diz respeito à resistência mecânica da interface implante-

conexão protética (MÖLLERSTEN et al., 1997; BINON, 2000; MERZ et al., 2000).

Merz (2002) observa em colocação adicional, que o padrão e a magnitude da

deformação podem ser influenciados pelo desenho geométrico do implante. Sahin

(2002) levanta elementos que constituem a chave para o conhecimento das

influências externas (cargas funcionais e parafuncionais) e internas (pré-carga) para

maior compreensão da biomecânica dos implantes dentais. Kunavisarut et al.,

(2002) demonstraram que o cantilever e a força excessiva aumentam o efeito da

desadaptação protética. Estes autores salientam que a desadaptação dos

componentes pode ser a maior causa de complicação protética, ressaltando também

que levantamentos complementares são requeridos para determinar esta relação, ao

lado de mais intensos estudos pertinentes à pré-carga.

54 Maiores investigações nas propriedades mecânicas e do comportamento

biomecânico são necessários para que novas soluções possam surgir, aliados a um

eficiente desempenho funcional e estético, possibilitando o restabelecimento da

harmonia do sistema estomatognático.

No estudo de Iplikçioglu et al. (2003), optpou-se por uma análise não linear,

apesar de considerar a análise linear elástica, convencionalmente utilizada, ser

mais simples e não consumir tempo, com soluções lineares, apesar de subestimar

a fricção e o torque dos componentes e implantes . Fez sua opção, pela não

linearidade, por considerar importante este contato e a fricção no desempenho

mecânico das duas partes do complexo implante-pilar. Os autores concluíram como

resultado que em ambas as técnicas SGA- in vitro e NL-MEF são comparáveis

quando mensuram deformação no pilar e no colar do implante e quantificam

deformações semelhantes sob cargas verticais. Entretando, sob cargas laterais,

altas deformações foram medidas no colar do implante em NL-MEF ( como ilustrado

na Figura 1) quando comparadas com SGA- in vitro. O presente estudo utilizou a

metodologia linear do MEF e apresentou resultados semelhantes, com maiores

deslocamentos e deformações no colar do implante ITI- Straumann.

O comportamento real dos materiais é muito complexo e dependente de: tipo,

condições de usinagem, temperatura, umidade ou quaisquer condições que levem à

sua formação ou fabricação. Este é um dos motivos pelos quais se torna difícil e

complexa a simulação muito próxima à realidade que diversos autores buscam e

acabam por desprezar dados que podem comprometer a metodologia, como por

exemplo na análise não linear pelo MEF. Ao buscar uma metodologia alicerçada ao

cálculo numérico discretizado, são diminuídas as variáveis de forma equacional,

para levantar conceitos nos comportamentos mecânicos dos materiais, desde que

suas propriedades sejam bem conhecidas. Desta forma podem-se testar os

materiais, simulando uma realidade relativa, dentro de limites bem definidos. O

módulo de elasticidade ou Young, que representa a inclinação da porção linear do

diagrama de tensão/deformação, e o coeficiente de Poisson definem o

comportamento elástico de um material se este for isotrópico. O coeficiente de

Poisson refere-se ao valor absoluto da relação entre as deformações transversais e

longitudinais em eixo de tração axial e é o coeficiente de correção do índice de

anisiotropia.

55

De acordo com a análise de todos os estudos, os resultados apresentaram

maior concentração de tensões, segundo o critério de von Mises, no colar do

sistema de conexão cônica , comparado com a conexão de duodecágono interno.

Este resultado pode ser explicado verificando-se que a seção transversal do pilar da

conexão dodecagonal interna é maior que a seção transversal do pilar da conexão

cônica. A força ou carga foi transmitida por toda a seção do pilar.

Considerando que: A

F=σ (tensão = força / área)

Ao utilizar-se um pilar com seção transversal maior a tensão diminui para uma

mesma força aplicada. Ao ser inserido totalmente dentro do osso compacto

modelado, este irá impedir a movimentação do implante, restringindo os graus de

liberdade do mesmo. No presente estudo, os implantes foram inseridos total ou

parcialmente no modelo do osso mandibular, seguindo as recomendações de cada

fabricante. Baseado nas análises do gráficos, esta restrição pode ter sido uma das

razões do implante inserido parcialmente no osso ter apresentado maior

deslocamento concentrado no colar do implante, apresentado pelo sistema CM. Por

apresentar menores restrições ao ser inserido parcialmente no osso, deixando o

colar de 1,8mm supra-ósseo, este sistema pode permitir maiores deslocamentos,

comparado com o sistema DI, restritos pela total inserção óssea.

56

REFERÊNCIAS

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60

ANEXO

61 ANEXO I ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO - THE JOURNAL OF ORAL

REHABILITATION

Análise do comportamento biomecânico de conexões de interface de implantes osseointegrados pelo Método de

Elementos Finitos

B. F. CHAVES*, J. LANDRE JÚNIOR‡, W. C. JANSEN† *Mestranda em Clínicas Odontológicas, com ênfase em Implantodontia, pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil, ‡Departamento de Engenharia Mecânica da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil, †Departamento de Prótese Dentária da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil.

RESUMO

O presente estudo propõe analisar qualitativa e comparativamente a

distribuição das tensões nas conexões de interface implante/pilar, nos sistemas:

Dodecágono Interno (DI) e Cone Morse (CM), mensurando a influência das

geometrias do pilar na distribuição, magnitude e na transferência de tensões ao osso

circundante, através dos métodos em elementos finitos (MEF). Foram

confeccionados modelos 3D que foram estruturados em estado plano de

deformação, cujas propriedades mecânicas dos materiais foram homogêneas,

isotrópicas e lineares elásticas. Para cada tipo de sistema de conexão implante/pilar

foram geradas imposições de esforços de 100N em quatro planos inclinados da

superfície oclusal da coroa dentária, para cada carregamento, variando nos sentidos

vertical, oblíquo, vestíbulo- lingual e mésio-distal. Foram coletados resultados de

tensão, deformação e deslocamento, obtidos por meio de simulações no MEF. Os

maiores deslocamentos ocorreram no sistema de conexão tipo cone Morse com

exceção do carregamento oblíquo no qual os maiores deslocamentos foram

encontrados no sistema de dodecágono interno. Foi concluído que o sistema de

conexão do tipo Morse apresentou menores restrições. Por ser inserido parcialmente

no osso, este sistema pode permitir maiores deslocamentos comparados com o

sistema de conexão de dodecágono interno, que apresentaram menores

deslocamentos em cinco dos seis resultados encontrados.

Palavras-chave: biomecânica, interface implante/pilar, método de elementos finitos.

62 1 INTRODUÇÃO

O índice de sucesso da osseointegração revolucionou tanto o planejamento

quanto as reconstruções cirúrgicas e protéticas na reabilitação do sistema

estomatognático, fundamentada no princípio de ancoragem ou forma de retenção

para a prótese (FRANCISCHONE et al., 2006)11. Considerando que o desajuste

entre a plataforma do implante e o pilar protético, assim como a falta de adaptação

passiva da infraestrutura, pode levar a fraturas - tanto nos componentes protéticos

quanto nos parafusos do pilar ou do próprio implante - podendo ainda acarretar

distribuição inadequada das forças ao osso de suporte. A natureza da perda ou

deslocamento das próteses sobre implantes é complexa, envolvendo fatores tais

como: tipo de encaixe implante/pilar, grau de conicidade, fadiga, precisão de

usinagem dos componentes do sistema, entre outros (BINON,1995)3.

Numerosos relatos sobre a alta incidência de complicações clínicas

implantossuportadas como: perda de parafuso protético das coroas dentárias e do

pilar intermediário; quantidade, diâmetro e comprimento dos implantes; localização e

arranjo dos implantes; magnitude e direção das forças aplicadas; densidade óssea;

anatomia oclusal; inclinação da coroa; relação coroa/implante; presença de

Cantilever, têm sido publicado (JEMET; LEKOLM, 1995; DUYCK et al., 1997;

RANGERT et al., 1989; RICHTER, 1989; SAHIN, 2002; FINGER, 2003)14 9 26 27 28 10

A descoberta da osseointegração impulsionou a odontologia para nova era

reconstrutiva. Inicialmente, a ênfase das pesquisas estava nas técnicas cirúrgicas e

procedimentos de enxertos. Entretanto, com o crescimento da utilização do implante

com hexágono externo e suas complicações clínicas significativas a ênfase mudou

para a busca da solução desses problemas. Este crescimento resultou, também, em

grande diversidade e numerosa quantidade de pilares. Por esta razão, ocorreram

mudanças nas retenções transmucosas, na sua retenção com parafuso e nas

modificações no hexágono externo (BINON, 2000)4.

Os aspectos biomecânicos representam desafio para a reabilitação

osseointegrada uma vez que as falhas tardias são as principais destas complicações

relatadas. Esses mecanismos ainda não são totalmente compreendidos. Enquanto

um alto índice de sucesso dos implantes osteointegráveis têm se tornado uma

63 realidade clara e aceitável, numerosos relatos sobre a alta incidência de

complicações clínicas, como perda de parafuso protético das coroas dentárias e do

pilar intermediário, têm sido publicado (MERZ et al., 2000)19.

O conhecimento do comportamento e da intensidade das tensões geradas no

conjunto prótese/implante - especificamente na interface de união e tecidos de

suporte - é de suma importância para a prevenção de falhas e insucessos. A

transferência de cargas excessivas nesta interface pode resultar em afrouxamento

ou fratura de parafusos, falha por fadiga e reabsorção dos tecidos de suporte. Os

efeitos das cargas nos implantes são muito publicados, mas poucos são baseados

em evidências científicas, sendo necessárias maiores pesquisas para uma

perspectiva à longo prazo na função das próteses implantossuportadas (TAYLOR et

al., 2000)29.

A disciplina da engenharia biomédica, ou a aplicação dos princípios da

engenharia aos sistemas orgânicos, desencadeou nova era no diagnóstico, no plano

de tratamento e na reabilitação do paciente, descrevendo a resposta dos tecidos

biológicos às cargas aplicadas (MISH et al,. 2006)20.

A oclusão é um dos fatores importantes para estabelecer a direção da carga.

Os implantes estão sujeitos a uma ampla gama de forças, oriundas da mastigação.

Os componentes de força podem ser normais (compressão e tração) ou de

cisalhamento. As forças compressivas tendem a manter a integridade da interface

osso/implante; já as tensões de tração tendem a romper a interface. Além disto, as

tensões de cisalhamento tendem a alterar a interface no plano paralelo à superfície.

O osso cortical é mais resistente à compressão e mais fraco ao cisalhamento; a

mesma magnitude de força poderá ter efeitos bem diferentes sobre uma carga

vertical. Braços de ponte ou extensões muito longas podem provocar a separação

da interface, a reabsorção óssea, o afrouxamento do parafuso protético e/ou a

fratura da ponte ou da barra (POKORNY; SOLAR, 1996)22.

Complicações em próteses implantossuportadas como a perda do parafuso,

fratura das restaurações são muito relatadas, mas não são quantificados na sua

ocorrência pelo tipo de complicação (TAYLOR et al., 2000)25.

Os momentos de força resultante de sobrecarga não axial podem causar

concentração de tensão que exceda a capacidade de suporte fisiológico do osso

cortical conduzindo a vários tipos de falhas (ALKA et al., 2001)1.

64

A força aplicada sobre o implante dentário raramente é dirigida apenas

longitudinalmente. Existem três eixos clínicos de carga dominantes em

implantodontia: mesiodistal, vestibulolingual e oclusoapical. A oclusão serve como o

principal determinante no estabelecimento da direção da carga (MISH, 2006)20.

A busca pelo equilíbrio biomecânico final é feita desde a concepção da

restauração. É necessário avaliar os fatores de risco biomecânico durante todos os

estágios do planejamento cirúrgico/protético e permanecer atento às alterações que

indiquem uma situação de sobrecarga oclusal: desaparafusamentos, quebra de

parafusos de fixação, perda óssea e fratura do material restaurador.

O presente estudo tem como objetivo mostrar e avaliar o comportamento

biomecânico relacionado com os tipos de conexões implante/pilar nos sistemas de

Duodecágono Interno (DI) e Cone Morse (CM) através da tecnologia

computadorizada, que permite construir a análise qualitativa e comparativa de cada

um destes sistemas. Busca também a fundamentação científica e a contribuição

para o conhecimento das distribuições das cargas axiais e não axiais, nas

geometrias de interface implante/pilar por meio de simulações de modelos

tridimensionais dos métodos de elementos finitos.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Tipos de encaixe das conexões de interface

A conexão implante/pilar intermediário é geralmente descrita como externa

(hexagonal) ou interna. Esta conexão possui espaço desprezível entre os encaixes

levando à conexão passiva. Porém, também, pode não haver espaço entre as partes

levando a possíveis esforços no conjunto. A junção das superfícies pode apresentar

a geometria de estabilização lateral e/ou também ter mecanismo interno de

resistência à rotação incorporada. Esta configuração de geometria pode ser:

octogonal, hexagonal, parafuso cônico, cone hexagonal, cilindro hexagonal, ranhura,

ranhura em tubo, ressalto e pino/fenda (BINON, 2000)4.

65

Binon (1995)5 avaliou implantes com extensão hexagonal externa (HE),

hexágono interno (HI) e octógono interno (OI) com vistas ao mecanismo de precisão

e liberdade rotacional. Neste estudo, a menor quantidade de liberdade rotacional foi

registrada para o pilar com conexão HI considerando a combinação de componentes

do mesmo fabricante. Salienta-se, também, que as próteses sobre implantes com

hexágono interno possuem melhores resultados quanto ao afrouxamento e fratura

dos parafusos protéticos.

Nos achados atuais com testes mecânicos o resultado envolvendo cada tipo

de conexão foi comparado. Essa comparação indica a superioridade mecânica da

conexão do pilar cônico e ajuda a explicar a melhor estabilidade significativa em

longo prazo na aplicação clínica com conexão do tipo Morse. A característica da

conexão implante/pilar do hexágono externo com altura curta (< 2 mm) do hexágono

parece favorecer a perda do parafuso, pois todos os componentes da força externa

estão concentrados principalmente no parafuso e no pilar (LEVINE et al., 1999)16.

Kunavisarut et al., (2002)15 mostrou que o cantilever e a força excessiva

aumentam o efeito da desadaptação protética.

Na segunda e terceira geração da osseointegração observa-se alteração

geométrica na interface da união dos implantes de conexão interna.

Simultaneamente, também foi introduzida grande variedade de novas formas no

corpo do implante, geometria, padrão de rosca, diâmetro e topografia da superfície.

Atualmente existem centenas de tipos de implantes, que variam em diversos

aspectos, desde diâmetro e formato até textura de superfície (BINON, 2000)4.

Dentre essas, a conexão cônica com 8 graus do cone Morse ITI- Straumann

apresenta um ótimo prognóstico pela combinação de posicionamento vertical e pelo

próprio travamento característico com aumento da habilidade deste sistema para

resistir aos momentos de força (MERZ et al., 2000)19. Por este motivo foi escolhida

para ser um dos objetos de estudo do presente artigo.

Muitos esforços são realizados para superar problemas como a instabilidade

na interface. Por exemplo, com a diminuição do torque de fricção no parafuso de

fixação do pilar para manter a união dos componentes ocorre um aumento na pré-

carga. Geralmente os parafusos apresentam cabeça plana, haste longa e roscas. O

aumento no comprimento da haste e um menor comprimento das roscas reduzem a

fricção. Quando a menor absorção de torque é perdida por fricção e calor ocorre

aumento na pré-carga. (MARTIN et al., 2001; ALKAN, et al., 2004).18 1

66

A modificação na plataforma hexagonal proporcionou melhores parafusos e

aumento na aplicação do torque, além de ter prolongado o uso dos implantes de

hexágono externo. Entretanto, com as excelentes variedades das interfaces

disponíveis é improvável a sua sobrevivência por longo período de tempo. O

problema ao longo dos anos foi relacionado com a estabilidade do pilar e da prótese.

As novas interfaces geométricas disponíveis melhoraram a estabilidade do abutment

e simplificaram o processo restaurador. A transição para a conexão interna vem

sendo realizada e estas são mais estáveis, fisicamente mais fortes, com facilidade

para restaurar, melhor acabamento em áreas estéticas. (BINON, 2000)4.

Huang et al., (2005)12 apontam que os sistemas de conexão interna - com

hexágonos e octógono internos e conexão cônica tipo cone Morse - são menos

susceptíveis ao afrouxamento de parafusos, além de apresentarem maior eficiência

na distribuição de forças oclusais.

O mecanismo positivo de travamento e fricção são princípios básicos das

conexões do sistema ITI - Straumann. Este mecanismo é referido ao travamento

geométrico responsável pela proteção das roscas nas cargas funcionais excessivas.

Entretanto, a perfeita união ou conexão entre implante e pilar intermediário não

pertence ao atual cenário dos implantes dentais onde - sob condições de cargas

específicas como as laterais ou oblíquas - as partes podem se separar,

consequentemente, maiores deformações podem ser esperadas (IPLIKÇIOGLU et

al., 2003)13.

2.2 Método dos Elementos Finitos (MEF)

A análise comparativa tridimensional do Método de Elementos Finitos é

importante ferramenta que pode avaliar a distribuição e o direcionamento de

tensões, além de mostrar como as diferentes geometrias de conexão implante/pilar e

do próprio pilar podem influenciar o processo de reabsorção óssea e,

conseqüentemente, o insucesso da terapia implantodôntica.

O MEF é a técnica numérica que oferece uma maneira de calcular a

distribuição e a concentração de tensões e deformações das geometrias de um

sólido qualquer, sujeito a esforços, bi ou tridimensionais, num ambiente

67 computacional por meio de análises de modelos numéricos ( DETTOLA, 2000)8.

Iplikçioglu et al., (2003)13 com objetivo de buscar maior entendimento dos

comportamentos mecânico e biomecânico e a requerida validação das medidas de

deformação comparou a análise não-linear NL-MEF com a Análise Strain Gauge

(SGA)-in vitro na mensuração da deformação do complexo implante-pilar. O

presente estudo utilizou o implante ITI - Straumann em ambas as metodologias.

Para utilização do MEF foram construídos modelos 3D do Strain Gauge. Uma carga

de 75N foi aplicada vertical e lateralmente em casos separados. A qualificação e

quantificação da deformação foram similares em ambos os métodos, sob cargas

verticais e laterais, quando mensuradas as deformações no pilar do implante e na

resina. Entretanto, altas deformações foram mensuradas no colar do implante, sob

cargas laterais, pela análise NL-MEF, em comparação com SGA-in vitro.

Chun et al., (2006)6 fez a investigação da distribuição de tensões na área

óssea circundante sob carga inclinada em 3 tipos de pilar intermediário nos sistemas

de implante: corpo único (C-1); hexágono interno (HE) e hexágono interno (HI),

através de métodos de elementos finitos (MEF). Este trabalho mostrou que os três

sistemas apresentam tendência similar na distribuição de tensões sob carga vertical,

mas os resultados máximos de tensão - expressos em valores Von Mises gerados

no osso adjacente - foram diferentes para todos os sistemas. Em condições de

carga inclinada a distribuição de tensão no osso adjacente mostrou notável diferença

nos três sistemas. Estas diferenças foram causadas pela mudança do mecanismo

de transferência de carga dos diferentes tipos conexão dos pilares. A transferência

de cargas no osso adjacente demonstrou ser mais favorável para o hexágono

interno do que para o externo devido ao menor deslize do componente protético no

implante. O tamanho da área de contato entre o pilar e o implante também

influenciou a distribuição da tensão e a magnitude das tensões máximas em Von

Mises geradas no osso circundante. Dentre os valores máximos de tensões Von

Mises encontrados os menores foram obtidos no sistema de hexágono interno pela

redução do efeito da flexão causado pelo componente horizontal da carga inclinada

no deslize dos encaixes entre o implante e o pilar.

O presente estudo tem como objetivo analisar comparativa e qualitativamente

os valores/gradientes tensões segundo o critério de von Mises geradas na interface

implante/ pilar, nos sistemas Duodecágono Interno (DI - Biomet-3i® -Palm Beach

Garden, Flórida) e Cone Morse (CM - ITI- Straumann® AG, Waldeburg, Switzerland)

68 pelo método de elementos finitos.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização da análise comparativa e qualitativa dos gradientes de

tensões geradas na interface implante/ pilar e para a avaliação do grau de influência

de cada geometria nos dois sistemas, através do método de elementos finitos,

propõe-se:

- Utilizar implantes e coroas dentárias com 10 mm de comprimento, inseridos

em região posterior de mandíbula, simulando os dois sistemas de conexão de

interface, DI e CM;

- Simular carga tardia com lâmina dura e 100% de osseointegração para

todos os tipos de interface pilar/implante a serem avaliados;

Todos os valores foram tomados segundo o sistema de unidades

internacional, cuja força é dada em N (Newtons), a massa em Kg, o comprimento em

mm e o tempo em s. Diante desta definição as tensões apresentadas são as tensões

segundo o critério de von Mises.

Para obter a imagem dos cortes seccionais do osso mandibular foram

utilizados modelos tridimensionais (3D) da mandíbula. Para a geração deste modelo

de mandíbula inicialmente foi realizada uma tomografia computadorizada de um

adulto jovem, após cumprimentos das exigências do Comitê de Ética em Pesquisa

da PUCMINAS, obtendo o parecer de aprovação, através de comunicação datada

de 12 de dezembro de 2002, de acordo com a dissertação de Mestrado de Oliveira

(2003).23

Para o presente estudo foi considerado que a crista do rebordo mandibular

apresenta osso cortical. No mesmo todas as propriedades dos materiais foram

considerados isotrópicos, homogêneos, com comportamento linear elástico.

69

Figura 1: Imagem tridimensional da mandíbula Fonte: Oliveira, (2003)23

Os desenhos foram modelados tridimensionalmente no programa SolidWorks

2008 e o estudo gerado no CosmosWorks 2008. Os pilares intermediários

GengiHue™ (Biomet-3i® -Palm Beach Garden, Flórida) e pilar sólido standard ITI-

Starumann® (AG, Waldeburg, Switzerland) foram modelados para os sistemas de

duodecágono interno e conexão tipo cone Morse sólidos em titânio.

Neste trabalho os implantes modelados tridimensionalmente utilizados são:

- conexão duodecágono interno (DI) de implantes Biomet-3i® -Palm Beach

Garden, Flórida;

- conexão cônica tipo cone Morse (CM) de implantes Starumann®- ITI

Straumann AG, Waldeburg, Switzerland

70

Figuras: 2 e 3 - Imagem dos implantes/pilares/coroas em 3D Fonte: Dados da pesquisa, modelo piloto.

Condições de Carregamento/Carga aplicada:

Foram simulados modelos de implantes e pilares com contornos anatômicos

de molares caracterizados por coroas dentárias em porcelana na região de primeiro

e segundo molar da mandíbula. O mesmo protocolo de cargas será utilizado para

todos os modelos. Estes modelos foram estruturados em estado plano de

deformação. Para cada tipo de interface de conexão implante/pilar foram geradas

imposições de esforços de 100N em cada um dos quatro planos inclinados da

superfície oclusal da coroa protética, variando nos sentidos vertical, oblíquo,

transversal (vestibular-lingual) e longitudinal (mesial-distal) para cada carregamento.

Para os implantes de conexão duodenal interna foi selecionado um pilar cuja seção

transversal é maior do que a seção do implante.

Fase I- Pré-Processamento: Nesta fase foram desenvolvidos os modelos dos

implantes, com coroa e osso mandibular, utilizando o programa computacional

(CAD) SolidWorks 2008. Além destes dados foi criada a malha tetraédrica de

elementos finitos.

Fase II- Solução: Nesta fase foi definido o critério para solução das equações

obtidas a partir do código de elementos finitos que, neste trabalho, foi gerado no

programa computacional (CAE) CosmosWorks 2008, como foi definido durante a

71 preparação dos modelos.

Fase III- Pós-Processamento: Foram coletados resultados de tensão,

deformação e deslocamento.

No presente estudo foram utilizadas as propriedades dos materiais seguindo

as especificações de Caglar (2006)5:

TABELA 1

Módulo de elasticidade e coeficiente de poisson dos materiais utilizados

Materiais Módulo de elasticidade ou de

Young

Coeficiente de Poisson

Osso cortical 13,70 GPa 0,30

Titânio 115,00 GPa 0,35

Porcelana 68,90 GPa 0,28

Fonte: Caglar et al., (2006)5

4 RESULTADOS

Os estudos de cargas estáticas números 1, 2 e 6, em malha sólida, obtiveram

tamanho do elemento igual a 1, 54972 mm, apresentando um total de 95308

elementos e de 135176 nós.

Os estudos de números 3, 4 e 5 obtiveram tamanho do elemento igual a

1,6mm, com um total de 89217 elementos e de 126689 nós. Observa-se que quando

o tamanho do elemento é menor, obtêm-se um maior número de nós e de

elementos.

As propriedades dos materiais, para cada elemento estrutural de diferentes

sistemas de conexão, foram as mesmas, assim como os carregamentos. Tal

procedimento possibilitou a comparação dos deslocamentos, a localização dos

máximos valores e sua dissipação ao longo do osso.

72 4.1 Carga Lingual - Vestibular

Estudo1- Condição de carregamento L - V (X Negativa):

73

Figuras 5, 6, 7 e 8 Fonte: Dados da pesquisa

4.2 Carga Vertical

Estudo 2-Condição de carregamento na Direção Vertical (Y negativa)

74

Figuras 9 e 10 Fonte: dados da pesquisa

4.3 Carga Distal - Mesial

Estudo 3: Condição de carregamento na Direção Z negativa:

75

Figuras 11 e 12 Fonte: Dados da pesquisa

4.4 Carga Oblíqua

Estudo 4 - Direção oblíqua (perpendicular a cada uma das superfícies)

76

Figuras 13, 14 e 15 Fonte: Dados da pesquisa

4.5 Carga Mesial- Distal

Estudo 5: Condição de carregamento na direção M-D (Z positiva)

77

Figuras 16, 17 e 18 Fonte: dados da pesquisa

4.6 Carga Vestibular-lingual

Estudo 6: direção Vestíbulo- Lingual (X positiva)

78

Figuras 19, 20 e 21 Fonte: dados da pesquisa

Definidas as características de cada material foram criadas condições de

restrição impedindo qualquer tipo de movimentação do complexo implante/ pilar

intermediário, no sentido lateral e axial. Razão pela qual nenhuma variável que

remeta ao problema de montagem do parafuso foi considerada já que o presente

estudo pretende avaliar apenas influências das geometrias nos direcionamentos das

tensões. Deste modo, a montagem segue os padrões preconizados pelo fabricante

funcionando como corpo único.

De acordo com a análise de todos os estudos, representados nas figuras, os

resultados apresentaram maior concentração de tensão no colar do sistema de

conexão cônica comparado com a conexão duodecagonal interna.

79 5 DISCUSSÃO

Atualmente há intensa comercialização de variados desenhos e geometrias

de implantes com retenção interna das conexões protéticas. Implantes com conexão

tipo cone Morse demonstraram superioridade ao serem comparados com os de

conexão externa no que diz respeito a resistência mecânica da interface implante-

conexão protética (MÖLLERSTEN et al., 1997; BINON, 2000; MERZ et al., 2000). 21

4 19

A análise linear pelo MEF linear foi eleita, no presente trabalho, como a

melhor tecnologia para avaliação dos efeitos biomecânicos, bem como mensurar

deformações na interface implante/pilar. Além de permitir uma visualização das

tensões e deslocamentos dos materiais de maneira simples e clara.

Iplikçioglu et al. (2003)13 em seu estudo, optou por uma análise não linear, e

apresentou resultados com maiores deslocamentos e deformações no colar do

implante ITI- Straumann.

Uma vez que o comportamento real dos materiais é muito complexo,

dependentes: do tipo, condições de usinagem, temperatura, umidade ou quaisquer

condições que levem à sua formação ou fabricação. Este é um dos motivos pelos

quais se torna difícil e complexa a simulação muito próxima à realidade que os

diversos autores buscam. Assim, acabam por desprezar dados que podem

comprometer a metodologia, como por exemplo, a análise não linear pelo MEF. Ao

buscar uma metodologia alicerçada ao cálculo numérico discretizado, são

diminuídas as variáveis de forma equacional, para levantar conceitos nos

comportamentos mecânicos dos materiais, desde que suas propriedades sejam bem

conhecidas. Desta forma pode-se testar os materiais, simulando uma realidade

relativa, dentro de limites bem definidos.

Foram encontrados maiores concentrações de tensões segundo o critério de

von Mises no colar do sistema de conexão cônica comparado com a conexão de

dodecágono interno. Este resultado pode ser explicado pois a seção transversal do

pilar da conexão DI é maior que a do pilar da conexão CM, razão inversamente

proporcional à força ou carga aplicada.

No presente estudo, os implantes foram inseridos total ou parcialmente no

modelo do osso mandibular, seguindo as recomendações de cada fabricante.

80 Baseado nas análises dos resultados, esta restrição pode ter sido uma das razões

do implante inserido parcialmente no osso ter apresentado maiores valores de

tensão segundo critérios de Von Mises e deslocamento no colar do implante.

6 CONCLUSÃO

De acordo com a análise de todos os estudos os resultados apresentaram

maior concentração de tensões segundo o critério de von Mises no colar do sistema

CM comparado com a conexão DI em cinco dos seis resultados encontrados.

O sistema CM apresentou menores valores de tensões Von Mises sob carga

oblíqua, confirmando a superioridade mecânica mediante forças horizontais.

Foi concluído que o sistema CM apresentou menores restrições por ser

inserido parcialmente no osso (deixando o colar de 1,8mm supra-ósseo), o que pode

permitir maiores deslocamentos comparadas com o sistema de conexão de DI

restritos pela total inserção óssea.

ABSTRACT

The present study proposes to analyze the qualifying and comparable distribution of

the stress on the connections of the implant/abutment interface, in the systems:

Internal Dodecagon (ID) and Morse Taper (MT), measuring the influence of the

abutment geometry in the distribution, magnitude and transference of stress to

surrounding bone, by the finite element analyze (FEA). The 3D/CAD models were

made to simulate the insertion of the implants with abutments and anatomical

outlines of molars characterized for dental crowns in porcelain, in the region of the

first and second molars of the mandible. These models were structured with

hipothesis of plane strain, whose mechanic properties of the materials were

homogeneous, isotropic and linear elastic. For each kind of interface

implant/abutment there were generated loads of 100N in each one of the four slanted

planes of the oclusal surfaces of the prosthetic crown. For each loading there were

81 varying directions: vertical, oblique, buccalingual and mesiodistal. The stresses and

displacements results were collected; they were obtained by simulations in FEA. The

greatest displacements occurred in the system of connection of the Morse Taper

kind, with exception of the oblique loading, in which the greatest displacements were

met in the internal dodecagon system. It was concluded that the system of

connection from Morse kind presented smaller restrictions for being partially inserted

in the bone, leaving the upper-bone collar with 1,8mm. What can allow greater

displacements when compared with the connection system of the internal dodecagon

restricted by total bone insertion and smaller displacements in five results of the six

efforts imposed.

Key-words: Stress distribution. Finite element analyses. Osseointegrated

implants.

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