Popularização Da Ciência

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    POPULARIZAO DA CINCIA: UMA REVISOCONCEITUAL

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    Marcelo Gomes Germano

    Departamento de Fsica -UEPB

    Campina Grande PBWojciech Andrzej Kulesza

    Departamento de Metodologia da Educao UFPBJoo Pessoa PB

    Resumo

    Desenvolvido em quatro momentos, objetivamos com este traba-

    lho estabelecer uma melhor aproximao do conceito de popula-

    rizao da cincia. Para tanto, procederemos a uma reviso con-

    ceitualque nos permita reconhecer diferenas e semelhanas en-

    tre os termos: vulgarizao da cincia, divulgao cientfica, al-

    fabetizao cientfica, e popularizao da cincia, inadvertida-

    mente utilizados como sinnimos de uma mesma prtica. Procu-ramos ainda, fundamentados na produo terica em Educao

    Popular, enfrentar o problema do conceito de popular e de povo,

    para, finalmente, a partir da idia de comunicao reflexiva e di-

    logo, sugerir um conceito de popularizao da cincia vincula-

    do ao universo das aes culturais libertadoras.

    Palavras-chave:Popularizao, cincia, conceito, cultura.

    +Popularization of Science: a conceptual revision

    *Recebido: junho de 2006. Aceito: setembro de 2006.

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    Abstract

    With this research developed in four different moments, we aim to

    establish a better understanding of the Science popularization concept.

    To do so, we will conduct a conceptual revision,which will allow

    us to recognize differences and similarities between the terms: Science

    vulgarization, scientific diffusion, scientific literacy and Science popu-

    larization, inadvertently used as synonyms for the same practice.Wehave attempted, based upon the theoretical fundaments in Popular Edu-

    cation, to face the problem of popular and people concepts, to fi-

    nally, starting from the idea of reflexive communication and dialog,

    suggest a concept of Science popularization linked to the universe of lib-

    erating cultural actions.

    Keywords:Popularization,Science, concept, culture.

    I. Introduo

    Se por um lado o sculo XXI exibe avanos cientficos sem prece-dentes, com incontestveis benefcios para a sociedade humana, tambm revelaque a maior parte destes benefcios est distribuda de forma brutalmente desi-

    gual. Em tal contexto, no suficiente a busca de dilogo entre as vrias reas doconhecimento cientfico o que j no simples mas, exige-se uma ampliaodesta busca at alcanar todos os setores da sociedade, principalmente os maisatingidos pelo processo de excluso. Em torno dessa demanda tm surgido vriasprticas e discursos sobre uma pretensa e necessria popularizao da cincia eda tecnologiae, embora a questo no seja nova, o acelerado avano cientfico etecnolgico tem trazido de volta com maior freqncia esse debate. As poucasiniciativas em torno do problema nem sempre so claras e em muitos casos ape-nas contribuem para manuteno ou crescimento do j acentuado abismo entre as

    duas culturas1. Tambm visvel certa confuso conceitual que parece reunir em

    um mesmo universo de significados termos como: vulgarizao, divulgao,alfabetizao e popularizao da cincia.

    De acordo com Freire (1992 p. 21), em seu conjunto estrutural quea palavra, em relao com as outras, define o seu sentido. Assim, partindo do

    1Quando nos referimos a duas culturas estamos chamando a ateno para o fato de o

    conhecimento cientfico e tecnolgico aparecer na sociedade como uma cultura particular,aparentemente independente da cultura geral.

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    pressuposto de que dentro da unidade estrutural lingstica se estabelecem rela-es associativas que se vo desdobrando entre os campos significativos dosvrios termos, procederemos a uma anlise das palavras: vulgarizao, alfabeti-zao, divulgao e popularizao. Todas elas relacionadas questo do acessoao conhecimento cientfico, fio condutor que liga todos os termos palavracin-cia.No pretendemos discutir o conceito de cincia, considerando que, emboracontrovertido, seja bastante consolidado.

    A temtica ser desenvolvida em quatro momentos distintos e inter-relacionados pela busca do conceito de popularizao da cincia, nosso eixonorteador. Iniciamos discutindo o termo vulgarizao da cincia que, devido sua conotao fortemente pejorativa, atualmente quase no mais usado no Bra-sil. Em seguida, investigamos os problemas relacionados ao conceito de alfabeti-zao cientfica, termo muito presente nos Estados Unidos e com alguma pene-trao no Brasil. Na terceira parte enfrentamos a questo da divulgao cientfica,

    conceito majoritrio no Brasil, motivo pelo qual lhe dedicaremos uma maiorateno. No quarto e ltimo momento, discutimos o conceito de popularizaodacincia,procurando, a partir do conceito de comunicao reflexiva e dilogoem Freire, caracteriz-la como uma forma de interveno que se diferencia dasanteriores, estando mais prxima de uma ao cultural libertadora.

    II. Vulgarizao da cincia

    Conforme Massarani (1998, p.14), o termo vulgarizao da cin-cia surgiu na Frana no incio do sculo XIX e, j naquela poca, precisamentena dcada de 60, Camille Flammarion apontava as dificuldades subjacentes utilizao dessa nomenclatura, principalmente relacionadas sua conotao pejo-rativa. Embora esta expresso possa estar relacionada a tornar conhecido , podetambm, ser associada idia de vulgar (do lat. vulgare); relativo ao vulgo; trivi-al; usual, freqente ou comum.

    Ainda conforme Massarani, na mesma poca surge na Frana a ex-presso popularizao que no muito aceita na comunidade cientfica france-sa e no consegue suplantar a designao anterior. A esse respeito interessantedestacar a fala de Pierre Rostand que na dcada de 30 do sculo XIX procuraargumentar em favor do conceito de vulgarizao .

    De minha parte, duvido fortemente que encontremos esse si-

    nnimo mais relevante que nos contentaria a todos. Aceite-

    mos, portanto resolutamente e corajosamente essa velha pa-

    lavra, consagrada pelo uso de vulgarizao, lembremo-nos

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    que vulgus quer dizer povo e no vulgar, que as lnguas vul-

    gares so as lnguas vivas e que a prpria Bblia s se espa-

    lhou pelo mundo graas traduo que se denomina Vulgata

    (RAICHVARG; JACQUES, apud MASSARANI, 1998).

    sintomtica e reveladora a afirmao de Rostand quando nos con-vida a assumircorajosamenteo referido conceito. inegvel que em lngua por-

    tuguesa ele carrega uma fora pejorativa insupervel. E mesmo em lngua france-sa, dado ao tom desafiador notadamente presente no discurso do autor, acredita-mos que carregue a mesma fora negativa.

    Alguns autores sustentam que Galileu, contrariando as ordens da I-greja, j no sculo XVII, procurou difundir entre o povo o sistema copernicano,usando uma lngua vulgar (o italiano) ao invs do tradicional latim para escreverduas de suas mais importantes obras: O dilogo sobre os dois principais sistemasdo mundo (1624) e Duas novas cincias (1636) , o que seria uma das primeirase mais importantes iniciativas no campo da vulgarizao da cincia.

    No cenrio brasileiro dos sculos XVI, XVII e XVIII, enquanto o pa-s ainda era uma colnia portuguesa de explorao, as atividades cientficas emesmo de difuso das novas idias modernas eram praticamente inexistentes.Com uma baixssima densidade de populao letrada, o pas era mantido sobrgido controle, e o ensino, quase unicamente elementar, esteve nas mos dos

    Jesutas2

    at meados do sculo XVIII. S a partir do final do sculo XVIII e

    incio do sculo XIX, brasileiros que conheciam Portugal, Frana e outros pasesda Europa, comearam a difundir, muito timidamente algumas idias da cinciamoderna no Brasil. (MOREIRA,2002).

    Embora envolto em uma reconhecida conotao pejorativa, talvezpela forte influncia francesa na cultura brasileira, o conceito de vulgarizaovaiser bastante utilizado no Brasil durante o sculo XIX, incio do sculo XX e ain-da se encontra presente em algumas publicaes como no artigo de Miguel Os-

    rio de Almeida, A vulgarizao do saber3

    , publicado em 2002.Nas dcadas de 60 e 70 do sculo passado j se mencionava com al-

    guma freqncia o termo popularizao da cincia, todavia, o conceito que vai

    2A esse respeito importante ver: PAIVA, J. Educao Jesutica no Brasil colonial, 500

    Anos de Educao no Brasil, LOPES, E.; FILHO, L. E VEIGA C. (Orgs.). BeloHorizonte: Autntica, 2000.3ALMEIDA, M.A vulgarizao do saber.In: MASSARANI, L.; MOREIRA; ILDEU DEC.; BRITO, F. (Orgs.) Cincia e Pblico: caminhos da divulgao cientfica no Brasil.Rio de Janeiro, Casa da Cincia. UFRJ, 2002.

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    prevalecer no Brasil , sem dvida, o de divulgao cientfica que permanececomo designao hegemnica at os dias atuais. Mas antes de investigarmos asnuances relacionadas a este conceito, vamos dar uma olhada em um outro termotambm muito usado no Brasil: a alfabetizao cientfica.

    III. Alfabetizao cientfica

    Como qualquer outro, o conceito de alfabetizao no esttico evem se modificando ao longo do tempo. A necessidade de alfabetizao certa-mente est ligada ao nascimento da linguagem escrita, particularmente a escrita

    alfabtica da qual hebreus e fencios foram os pioneiros4.

    Segundo Perdono (2001, p.4), medida que o conceito de alfabetis-mo evoluiu a partir de uma viso das artes liberais, passou a designar os estudosadequados para aqueles homens com capacidade de pensar. Esse conhecimento

    foi codificado notrivium(estudos em gramtica, lgica e retrica) e no quadrivi-um(aritmtica, geometria, astronomia e msica).Durante a Idade Mdia, os esco-lsticos da Igreja que, em especial, tinham o dever de serem letrados ou alfabeti-zados dada a sua responsabilidade em guardar e preservar o conhecimento, acres-centaram aotriviume ao quadriviumo estudo do Latim, rabe e Grego. Mas ointeresse pela difuso da alfabetizao no foi prioridade da Igreja, pelo menosat a reforma protestante que, fundamentada na idia do livre exame, passou a

    permitir e ensinar a leitura das sagradas escrituras. Uma outra importante contri-buio no caminho da alfabetizao popular foi, sem dvida, a revoluo de Gu-temberg.

    Conforme Chartier,Em meados da dcada de 1450, s era possvel reproduzir um

    texto copiando-o mo, e de repente uma nova tcnica, base-

    ada nos tipos mveis e na prensa, transfigurou a relao com

    a cultura escrita(1999, p. 7).Por ironia da histria, o surgimento da imprensa coincide com o ad-

    vento da reforma protestante e toda essa efervescncia vai ter uma repercussodireta no caminho da universalizao do direito alfabetizao. Durante o sculo

    4Atualmente h uma controvrsia sobre o primado da escrita, principalmente depois da

    descoberta por arquelogos alemes de potes com inscries hieroglficas que datam de5400 AP (antes do tempo presente) o que contraria a idia de que foram os sumrios, naMesopotmia que inventaram a escrita, cerca de 5300 AP (CHASSOT, 2001).

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    XIX, a revoluo industrial e o crescimento da democracia burguesa aceleram oprocesso rumo a uma educao de carter universal e em 1870 a Inglaterra fixouuma lei com a Ata de Educao de Foster, garantindo uma educao bsica paratodos (PERDONO, 2001, p.5). Mais tarde, o sculo XX vai enfrentar as maiorestransformaes j ocorridas na histria. As duas grandes guerras, a revoluocomunista, a revoluo cultural, as novas tecnologias, o advento da sociedade dainformao e o avano das democracias liberais e neoliberais certamente conduzi-

    ram a grandes avanos no caminho da universalizao da alfabetizao.Alfabetizao o ato ou efeito de alfabetizar,isto , ensinar o alfabe-

    to5

    e difundir o ensino bsico e a instruo primria. Em todo caso, conformeescreve Chassot (2001, p. 34), h uma clara referncia s duas primeiras letrasdo alfabeto hebraico ou do alfabeto grego .

    Para Sabbatini (2004, p. 2), ... a alfabetizao pode ser definida co-mo o nvel mnimo de habilidade de leitura e escritura que um indivduo deve ter

    para participar da comunicao escrita . Este conceito apresenta-se como umadicotomia, justamente porque define um limite que separa dois estados. Mas,embora a definio desse valor limite seja subjetiva, h um consenso a respeitodas habilidades e dos conhecimentos necessrios para se estabelecer uma funcio-nalidade mnima. Dessa forma, a alfabetizao cientficase define como o nvelmnimo de compreenso em cincia e tecnologia que as pessoas devem ter paraoperar a nvel bsico como cidados e consumidores na sociedade tecnolgica

    (MILLER apud SABBATINI, 2004, p. 2).Conforme Lorenzetti e Delizoicov (2001, p. 3), em todos os textospesquisados e utilizados como referncia, que so traduzidos do ingls para oportugus, o termo literacy traduzido como alfabetizao , no Brasil e emPortugal . Segundo os referidos autores, a traduo correta do termo deveria seralfabetismo e no alfabetizao. Magda Soares (1998) sustenta uma posio em

    favor do termoletramento6, palavra no encontrada nos dicionrios modernos,

    como uma possvel aproximao do termo ingls. A mesma palavra utilizadapelo casal de professores Salete vander Poel e Cornelis van der Poel em uma

    experincia inovadora realizada na Paraba7. No entanto, respeitando a maior

    5Do Lat, alfhabetu; Gr. Alphbetos ; lpha + bta; do Hebr. alef e bet.

    6Conforme a autora, Literacy: the condicion of being literate deve ser traduzido comocondio de ser letrado . Do latim, littera + cy littera (letra) + cy (qualidade,

    condio, estado) (SOARES, 1998, P. 35).7Rede de Letramento de Jovens e Adultos da Paraba (RELEJA).

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    utilizao, optamos por manter a traduo do termo em ingls cientific literacycomo alfabetizao cientfica .

    Com efeito, se o termo alfabetizado ser capaz de ler e escreverfor levado s ltimas conseqncias, a expresso alfabetizao cientficadeve serentendida como a capacidade de ler, compreender e expressar opinio sobreassuntos de carter cientfico . Nesse caso, deveria partir do pressuposto de que oindivduo j tenha interagido com a educao formal, e dessa forma, dominado o

    cdigo escrito. Isso conduz a uma situao contraditria em que os analfabetos(literalmente falando), so imediatamente excludos do processo. Contudo, paraLorenzetti e Delizoicov (2001, p. 4), possvel desenvolver uma alfabetizaocientfica nas Sries Iniciais do Ensino Fundamental, mesmo antes do aluno do-minaro cdigo escrito . Conforme os autores, esta alfabetizao cientfica poderauxiliar significativamente o processo de aquisio do cdigo escrito, propician-do condies para que os alunos possam ampliar a sua cultura. Em todo caso, a

    questo remetida para o espao da escola, isto , para os domnios do ensinoformal. O que revela uma sutil distino do conceito quando comparado comvulgarizao, divulgao e popularizao da cincia, muito mais afeitos educa-o informal.

    De acordo com Shen, apud Lorenzetti e Delizoicov (2001, p. 5), e-xistem trs tipos de alfabetizao cientfica. As diferenas entre elas referem-seno s aos seus objetivos, mas freqentemente ao pblico considerado, ao seu

    formato e aos seus meios de disseminao. Estas trs formas so denominadas dealfabetizao cientfica prtica , cvica e cultural .A alfabetizao cientfica prtica aquela que contribui para a su-

    perao de problemas concretos, tornando o indivduo apto a resolver, de formaimediata, dificuldades bsicas que afetam a sua vida. A alfabetizao cientficacvicaseria a que torna o cidado mais atento para a Cincia e seus problemas, demodo que ele e seus representantes possam tomar decises mais bem informadas.Num outro nvel de elaborao cognitiva e intelectual, estaria a alfabetizaocientfica cultural procurada pela pequena frao da populao que deseja sabersobre Cincia, como uma faanha da humanidade e de forma mais aprofundada.(SHEN, apud LORENZETTI e DELIZOICOV, 2001, p.5).

    Um dos problemas dessa modalidade de alfabetizao cientfica, que ela est disponvel apenas para um nmero comparativamente pequeno depessoas. Deveria haver um esforo muito grande para aumentar o acesso a estetipo de informao, para que a populao pudesse desfrutar da Cincia em qual-

    quer momento de sua vida. Nesse sentido seria muito importante ampliar as aesde divulgao cientficapermitindo um maior fluxo de informaes relacionadas cincia e tecnologia em todos os setores da sociedade.

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    Novamente, os referidos autores estabelecem uma distino entre osconceitos de alfabetizao cientfica e divulgao cientfica. A primeira, pare-cendo aproximar-se mais do ensino formal, enfrentando alguns problemas rela-cionados ao peso do conceito, enquanto a segunda, que discutiremos na prximaseo, parece muito mais aproximada das intervenes informais e do campo dacomunicao.

    IV. Divulgao cientfica

    Por se tratar de um termo usado com maior freqncia no Brasil, emmuitos casos confundindo-se com o conceito de popularizao, nos debruare-mosmais detidamente sobre o conceito de divulgao, acreditando que nos possaconduzir a um maior esclarecimento de suas implicaes, numa tentativa clara defugir da falsa obviedade que esconde as sutilezas envolvidas por trs de qualquer

    conceito.A pergunta de comosurgiu a divulgao cientfica remete-nosimedi-

    atamente problemtica questo do conceito de divulgaoque pode ser enten-dido como o ato ou ao de divulgar; do Lat.Divulgare, tornar conhecido; propa-lar, difundir, publicar, transmitir ao vulgo, ou ainda, dar-se a conhecer; fazer-sepopular.

    Luiz Estrada, prmio Kalinga8da UNESCO, afirma que a divulgao

    nasce com a prpria cincia, referindo-se cincia moderna que nasce com aunio de experimento e teoria a partir de Galileu. Para Jos Reis (2002, p. 76),mais do que contar ao pblico os encantos e aspectos interessantes e revolucion-rios da cincia, a divulgao cientfica a veiculao em termos simples da cin-cia como processo, dos princpios nela estabelecidos, das metodologias que em-prega; revelando, sobretudo, a intensidade dos problemas sociais implcitos nessaatividade.

    O professor Jurdant da Universidade Louis Pasteur, acredita que adivulgao da cincia est mais preocupada com a construo de um mito emtorno da cincia que com a explicao para o pblico de aspectos importantes darealidade que o rodeia. Para o autor, uma forma adequada de transmitir o conhe-cimento cientfico e tecnolgico poderia desafiar o monoplio dos espertossobre a compreenso da realidade (JURDANT, apud HERNAND, 2002, p. 12).

    Conforme a professora Mora, importante divulgadora cientfica nocampo da literatura, a divulgao da cincia quer tornar acessvel um conheci-

    8Fundao indiana de apoio e incentivo a divulgao da cincia.

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    mento superespecializado, mas, no se trata de uma traduo, no sentido de verterde uma lngua para outra, e sim, de criar uma ponte entre o mundo da cincia e osoutros mundos. (SNSHEZ MORA, 2003 p. 7).

    importante notar como na busca do conceito a autora remete aquesto para o campo da comunicao. De fato, no poderia ser diferente,considerando que qualquer ao educativa acaba sempre recaindo na questo dacultura e da comunicao. Nesse sentido importante a observao de Huergo

    (2001, p. 1) ao analisar os significados transitivos e reflexivos da comunicao.Proveniente de uma palavra latina: communis, que significa por em

    comum , a comunicao pode apresentar dois sentidos. O primeiro transitivocomunicar , equivalente a informar e transmitir e o segundo de comunicar-se,

    em dilogo horizontal com o outro. No sentido transitivo, a comunicao estariaintimamente aproximada com divulgao , e haveria que se supor quecomunicar seria transmitir ao vulgo (di-vulgare), algo que um ator ou um setor

    social especializado possui e tem construdo.Admitido este significado transitivo, revelam-se duas formas

    anteriormente veladas de poder. A primeira quando se constata que enquanto um o que fala, o outro apenas o que escuta; um o que transmite e o outro ovulgo destinatrio da mensagem. A outra quando reconhece que enquanto um dosinterlocutores experimenta o processo de conhecimento, o outro somentecomunicado - no sentido de receber comunicados ignorando-se todo o

    processo de conhecimento significativo presente nele. A esse respeito PauloFreire j nos alertava quando da definio do que chamou de educaobancria .

    Na viso bancria da educao, o saber uma doao dos

    que se julgam sbios aos que julgam nada saber. Doao que

    se funda numa das manifestaes instrumentais da ideologia

    da opresso a absolutizao da ignorncia, que constitui o

    que chamamos de alienao da ignorncia, segundo a qualesta se encontra sempre no outro (1981,p. 66-67).

    Esse entendimento da comunicao revela muito claramente umarelao vertical entre o divulgador e o povo. Relao que legitimada com maisfora no caso da cincia e tecnologia que, devido s hiperespecializaes, orpido desenvolvimento, a sofisticao dos mecanismos e a utilizao de umalinguagem prpria, vem se afastando crescentemente da cultura geral.

    At o sculo XVII, a esfera da linguagem comum abrangia,

    quase totalmente, experincia e realidade; hoje ela abrange

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    um domnio reduzido. Nos processos de observao, experi-

    mentao e interpretao lgica, a cincia, em especial a f-

    sica, foi abandonando a descrio e a representao literais

    da realidade ... (SNSHEZ MORA, 2003 p. 14).

    Essas estruturas formais simblicas no tendo mais uma ligaodireta com os sentidos, tornam-se cada vez mais alheias experincia comum,

    dificultando substancialmente o dilogo horizontal no processo de construo dacultura9.

    Uma segunda perspectiva para o significado do conceito decomunicao a reflexiva. Conforme essa viso, comunicao, antes quecomunicar comunicar-se num processo horizontal de compartilhamento e

    dilogo. O significado reflexivo da comunicao encontra lugar em vriascorrentes de pensamento importantes como A teoria do agir comunicativo do

    filsofo frankfurtiano Jurgen Habermas

    10

    e a Pedagogia do Oprimido doeducador Paulo Freire (1981).De acordo com Freitag, as peas chave da teoria habermasiana so: a

    concepo dialgica (comunicativa) da razo, e o carter processual da verdade.

    Seguindo a idia piagetiana da descentralizao, Habermas

    afirma que a razo e a verdade resultam da interao do in-

    divduo com o mundo dos objetos, das pessoas e da vida inte-

    rior. Por isso a razo e a verdade s podem decorrer da or-ganizao social dos atores interagindo em situaes dialgi-

    cas (1986 p. 112).

    Isso no significa, no entanto, que a comunicao sempreharmoniosa. Pelo contrrio, raramente ocorre uma comunicao simtrica (entreiguais) e o dilogo, mesmo quando possvel, no inviabiliza o conflito. Nessesentido importante compreender a comunicao dialgica como um encontro

    entre diferentes e no como acordo entre iguais.

    9Essa uma questo que ultrapassa os objetivos deste artigo. Para um maior

    aprofundamento importante ver, entre outros autores, (GERMANO 2004; MARCUSE1982; VIEIRA PINTO 1979).10

    Jrgen Habermas, pensador vinculado ao que se denominou Escola de Frankfurt e que

    tem como eixos tericos centrais a dialtica da razo iluminista, a crtica da cincia e adiscusso da indstria cultural.

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    Contrapondo ao modelo bancrio e domesticador da educao,Paulo Freire (1981), embora no tenha proposto uma teoria da educao, sugereuma concepo dialgica e problematizadora do ato educativo que, em certosentido, se aproxima de Habermas. Fundamentada na crena inabalvel nohomem como um ser inconcluso e consciente de sua inconcluso, dirigindo-sepermanentemente em busca de ser mais, a educao libertadora ou como foichamada em uma de suas obras, a educao como prtica da liberdade, ao

    contrrio daquela que prtica da dominao, implica na negao do homemabstrato isolado, solto, desligado do mundo, assim tambm na negao do mundocomo uma realidade ausente dos homens , assume, portanto, um carterautenticamente reflexivo da comunicao e a dialogicidade como essncia do atoeducativo.

    A partir dessas duas vises distintas ligadas ao conceito decomunicao, podemos identificar algumas tendncias que referenciam algumas

    prticas de divulgao cientfica e prosseguir no caminho da diferenciao deconceitos e maior clareza do que entendemos comopopularizao da cincia.

    Uma tendncia muito forte, talvez hegemnica, aquelafundamentada na difuso de uma espcie de desenvolvimentismo sem limites.Nesta perspectiva existe uma preocupao em difundir generosamente aracionalidade e a cultura modernizada das naes desenvolvidas para as naessubdesenvolvidas ou de setores sociais privilegiados queles considerados

    excludos. Os proclames 1 e 3 A cincia a servio do conhecimento e oconhecimento a servio do progresso da Conferncia Mundial da UNESCO(1999) sobre a Cincia para o Sculo XXI revelam claramente a fora dessatendncia.

    Esta concepo ingnua, ancorada em uma viso utpica da cincia eda tecnologia, resulta, no muito raramente, em intervenes apaixonadas eequivocadas de divulgao cientfica. A falsa crena, quase religiosa, de que acincia desenvolvida para o benefcio de toda a humanidade e que certamentesolucionar todos os nossos problemas, refora a desarticulao entre cincia,sociedade e poder, apresentando os processos como despojados de todo conflito.

    Nessa perspectiva, segundo Habermas, apud Huergo (2001), acomunicao (divulgao) adquire o sentido de profanao , isto , de iluminaro que est escuro ou comunicar o que est calado (tanto a natureza como acultura popular, equiparadas a foras naturais). Por outro lado, tambm assume osentido de disciplinamento dessas foras naturais (presentes na natureza e

    tambm nas culturas populares). O domnio e controle dessas foras comopossibilidade de controle da vida social. Da consagra-sea idia de que para viverem sociedade necessrio um modo de comunicao determinado: racional,

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    transparente, ordenado e controlado. Como no h nada que no tenha o seucontrrio, na medida em que os invadidos vo reconhecendo-se inferiores,necessariamente iro reconhecendo a superioridade dos invasores (FREIRE,1981, p. 178).

    Esta perspectiva de divulgao referenciada no aspecto transitivo dacomunicao acaba influenciando negativamente a organizao das polticas eprogramas que deveriam conduzir a aes mais eficazes de educao popular em

    cincias. Nesse sentido, a divulgao cientfica est muito prxima detransmisso, entrega, doao, messianismo, mecanicismo, invaso cultural emanipulao (FREIRE 1992, p. 22).

    Tudo o que colocamos at o presente, aponta na direo de reservas aum conceito tradicional de divulgao cientfica fundamentado em visesestereotipadas da cincia e da cultura popular. Tambm foram feitas algumasrestries aos conceitos de vulgarizao ealfabetizao cientfica. Pelos motivos

    expostos, preferimos optar pelo conceito de popularizao da cincia, do qualtrataremos na prxima seo.

    V. Popularizao da cincia

    Como j foi mencionado na primeira parte desse trabalho, o termopopularizao da cincia considerada a cincia como cincia moderna

    surgiu na Frana do sculo XIX como uma forma alternativa ao conceito devulgarizao. O uso do termo, porm, no encontrou aceitao na comunidadecientfica francesa, onde prevaleceu a corrente dos comuniclogos (divulgadores)cujo maior interesse era a transmisso de mensagens e os processos que nelaintervm. O termo popularization of science , popularizao da cincia vaiconseguir maior penetrao entre os britnicos que, conforme Mora (2003, p. 10),estavam mais preocupados com o produto e os aspectos prticos que com aforma. Argumentos que revelam esta tendncia so destacados em Kulesza(1998, p. 49).

    O termo popularizao tem atualmente uma forte penetrao empases latino-americanos e caribenhos. Atestando a sua importncia, foi criada

    recentemente (1990), a Rede de Popularizao da Cincia e da Tecnologia11

    naAmrica Latina e no Caribe (Rede-POP) que tem como uma de suas metasprincipais mobilizar os potenciais nacionais e regionais atravs de diferentes

    11Rede de Popularizao da Cincia e da Tecnologia na Amrica Latina e no Caribe,

    .

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    mecanismos de cooperao, com o firme propsito de fortalecer a popularizaoda cinciae da tecnologia na regio.

    No Brasil, o termo ganha nova fora a partir da criao doDepartamento de Difuso e Popularizao da Cincia e Tecnologia, rgovinculado ao Ministrio de Cincia e Tecnologia que tem como principalatribuio formular polticas e implementar programas nesta rea. Tambm foram

    importantes as assinaturas de dois decretos12

    , criando a Semana Nacional de

    Cincia e Tecnologia e o Sistema Brasileiro de Museus. Iniciativas claramentevoltadas para a concretizao de aes no campo da popularizao da cincia etecnologia.

    Popularizao o ato ou ao de popularizar: tornar popular,difundir algo entre o povo. O que remete a dois novos conceitos tambm

    problemticos, o conceito de popular: agradvel ao povo; prprio do povo oudestinado ao povo e ao conceito de povo: vulgo, massa, plebe, multido, turba,

    ral ou escria .Reconhecendo a impreciso do termo povo, e tambm do uso do

    adjetivo popularnas Cincias Sociais, Wanderley (1980) utiliza estes conceitosatravs de uma estratgia dualista: povo e no-povo; povo e antipovo; povo eelite; povo e indivduo, vinculando o conceito de povo ao de classes sociais.Semelhante a Wanderley, Sales (1999, p. 116) define povo como uma situao eum posicionamento na sociedade. Povo so os excludos, os que vivem ou

    vivero do trabalho e os que esto dispostos a lutar ao seu lado . No artigo,Como se Conceitua Educao Popular? , Rodrigues (1999, p. 11-30)desenvolve uma importante especulao em torno do conceito depopular, mas em Melo Neto (2004) que vamos encontrar um conceito construdo a partir doresgate de muitas falas extradas a partir do universo dos movimentos populares ede sua realidade.

    Tomando como referncia as contribuies da prxis em educao

    popular, podemos afirmar, com Melo Neto, que o popular est ligado aosesforos presentes no trabalho do povo, das classes populares. Daqueles quevivem e sempre vivero do trabalho. Mas, isso no diria tudo. O termo populartambm encontra-se sustentado nos movimentos sociais populares e na clarezapoltica de suas lutas em benefcio das maiorias e minorias oprimidas que jamaisabrem mo de suas esperanas e utopias libertadoras.

    De um ponto de vista operacional, Mueller (2002, p. 1) definepopularizao da cinciacomo um processo de transposio das idias contidas

    12Decreto Presidencial de 09 de junho de 2004, publicado no DOU de 11 de junho de

    2004, seo I ; Decreto 5.264 de 05 de novembro de 2004.

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    em textos cientficos para os meios de comunicao populares , restringindo oconceito esfera dos textos escritos e aos meios de comunicao. Numaconcepo mais abrangente, Mora (2003, p. 9) defende que popularizar recriarde alguma maneira o conhecimento cientfico , tornando acessvel umconhecimento super especializado.

    Huergo (2001) conceitua popularizao da cinciacomo uma aocultural que, referenciada na dimenso reflexiva da comunicao e no dilogo

    entre diferentes, pauta suas aes respeitando a vida cotidiana e o universosimblico do outro. Na opinio de Lens (2001, p. 2), entre essas duas concepes(divulgao e popularizao) existe a mesma distncia que existe entre aeducao bancria ligada ao ensino tradicional e a educao libertadora defendidapelos educadores populares.

    De fato, se assumirmos o popular na acepo que foi colocadaanteriormente,popularizar muito mais do que vulgarizar ou divulgar a cincia.

    coloc-la no campo da participao popular e sob o crivo do dilogo com osmovimentos sociais. convert-la ao servio e s causas das maiorias e minoriasoprimidas numa ao cultural que, referenciada na dimenso reflexiva dacomunicao e no dilogo entre diferentes, oriente suas aes respeitando a vidacotidiana e o universo simblico do outro.

    Portanto, diferentemente de sua concepo inglesa, acreditamos queo termo popularizao da cincia tenha ganhado fora na Amrica Latina, por

    conta das diversas lutas populares que marcam a histria da regio. Em umcenrio no qual vimos nascer uma Teologia da Libertao, uma Pedagogia doOprimido e uma Educao Popular, natural que o termo tenha uma presenamarcante.

    VI. Consideraes finais

    Na realidade, toda a especulao conceitual que desenvolvemos ataqui est diretamente relacionada com a prtica. no concreto da atuao queencontramos o lugar e a adequao do conceito. na maneira de intervir que serevela um sentido para o conceito. A questo no se reduz semntica, mas auma prtica cercada de riscos e apostas. De um lado ns, os intelectuais, apoiadosno poderoso conhecimento cientfico, querendo estabelecer um dilogo com opovo oprimido a respeito desse conhecimento. Do outro, o povo com suasprprias estratgias e respostas para as vrias demandas de seu cotidiano; na

    maioria das vezes, conseguindo sobreviver tranqilamente sem a nossa cincia.Como ento, atuar no universo da cultura dos grupos populares e trabalhar comeles e ao seu favor?

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    Uma primeira tentao seria o espontanesmo. No fazer nada,permitindo que os setores populares pudessem estabelecer as suas prprias aescomunicativas e o dilogo entre os seus pares sem a nossa intromisso. Emboraatraente, esta uma viso limitada da questo, principalmente porque noexistem culturas puramente populares e a crtica feita pela Escola de Frankfurtno deixa nenhuma dvida a esse respeito. Paulo Freire tambm j alertava para ofato de os oprimidos introjetarem a sombra do opressor, em muitas situaes,

    desejando se tornarem semelhantes a ele.No podemos, acuados pelo medo de uma suposta invaso cultural,

    negar que as classes populares possam seguir, para alm de suas crenas esaberes do senso comum, at um conhecimento mais metdico, rigoroso esistemtico como o caso do conhecimento cientfico. Compreender a razo deser das coisas, tendo delas uma viso mais profunda, no pode ser privilgio daselites. No entanto, como nos lembra Freire (1999), se os grupos populares

    desconhecem de forma crtica como a nova sociedade tecnolgica funciona,certamente devido s condies precrias em que foram sendo proibidos de ser ede saber, a sada no pode se dar atravs da propaganda ideolgica e de umadivulgao massiva de conhecimentos cientficos. Mas, encontra-se no dilogo eno intransigente respeito ao conhecimento do outro. Mesmo quando construdo apartir de horizontes culturais diferentes, o dilogo pode, a partir doreconhecimento e respeito do universo vocabulardo outro, produzir uma situao

    emancipadora para ambos. Por isso mesmo, continua Freire (1999, p. 118), nonivela, no reduz um ao outro. Nem ttica manhosa, que se usa para envolver ooutro. Implica, ao contrrio, um respeito fundamental dos sujeitos neleenvolvidos, que o autoritarismo no permite que se constitua.

    baseado nos requisitos existenciais de uma comunicao dialgica,que acreditamos ser possvel trabalhar com o povo questes de cincia etecnologia, sem necessariamente ficar contra ele. Estabelecer um dilogo emtorno de questes simples de seu quotidiano, at avanar para uma compreensometdica e mais elaborada da realidade. Mas, sobretudo, lembrar que o dilogoverdadeiro no pode ser construdo em via de mo nica e que, embora seconstitua um desafio maior, imprescindvel resgatar muitas experincias econhecimentos de senso comum, dando visibilidade a uma infinidade de saberesque, por simples preconceito, no encontram lugar nos museus de cincias, nasescolas, nem muito menos na academia.

    A cincia e a tecnologia, como qualquer outra produo cultural,

    patrimnio da humanidade. Seus prejuzos sempre sero divididos igualmentecom todos, mas os benefcios esto restritos a apenas alguns. O conhecimentocientfico a forma mais eficaz de poder que conseguimos inventar. No justo,

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    nem seguro que fique aos cuidados de algumas poucas naes ou indivduos. Se aguerra pelo domnio do conhecimento, poderamos dizer parafraseando Marx:Oprimidos e educadores populares de todos os pases, uni-vos .

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