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REPORTAGEM 24 | produçãoáudio | outubro 2006 Situado na zona de Telheiras, em Lisboa, “O Ganho do Som” é um estúdio que pri- ma pela diferença e bom gosto. Construí- do de raiz num loft (apartamento de sala única) com uma mezzanine na zona supe- rior, a primeira impressão que se tem quando se entra é a de um ambiente con- fortável, espaçoso, acolhedor. Embora se entre através da entrada principal do pré- dio onde está instalado, no momento em que pomos o pé dentro do estúdio, esque- cemo-nos que estamos numa zona habita- cional. A nossa visita a “O Ganho do Som” foi acompanhada por João Ganho, dono do estúdio e por Marcelo Tavares, da Audio Designer, uma empresa que se dedica ao desenho, construção e consulto- ria técnica de e para espaços acústicos, tal como estúdios. João Ganho é uma pessoa com bastante experiência na área do áudio, trabalhando como sonoplasta, mas o seu gosto pela música vem já de miúdo. Sendo um au- diófilo assumido, o espaço que é hoje “O Ganho do Som” começou por ser um pro- jecto pessoal de criar uma sala onde pu- desse reunir o equipamento dos seus sonhos, nomeadamente um sistema de colunas B&W Nautilus 801, garantindo as melhores condições acústicas e a envol- vência para o desfrutar. Mas o sonho rapi- damente ganhou outros contornos e transformou-se num estúdio ou, mais cor- rectamente, numa sala de pós-produção e masterização, capaz de se vir a tornar a primeira referência nacional em escuta. Dada a qualidade do equipamento e o cuidado com que foi projectado e executa- do, está de certeza entre uma das melho- res salas existentes na Europa e talvez no mundo. Historial Tendo começado a ser construído há cerca de dois anos, “O Ganho do Som” foi de início um projecto totalmente audiófilo e, até há perto de um ano e meio, a ideia ainda era essa. No entanto, e devido à sua profissão, João Ganho pensou em alterar a sala, equipando-a para uma sala de edi- ção e mistura, que pudesse reunir três si- tuações numa só: no mesmo espaço poder fazer-se sonoplastia/pós-produção, mis- tura de música em estéreo e surround e ser uma suite de masterização em estéreo e surround. Este desafio começou a tornar- se realidade quando, com o apoio de Mar- celo Tavares, João Ganho percebeu que este tipo de espaço ainda não existia. “Sei que existem muitos e bons estúdios em Portu- gal, mas um que fizesse o que este pode fazer, OS ESTÚDIOS POR CÁ - O GANHO DO SOM Ouvir o Som Por: António Gil Quando ouvimos falar de “O Ganho do Som”, sensivelmente há um ano atrás, ficámos com curiosidade em conhecer um espaço que parecia ser diferente dos existentes em Portugal até ao momento. Nessa altura era “apenas” um projecto de alguém que gosta de Som. Agora, “O Ganho do Som” passou a ser um Estúdio, onde se instalou o primeiro sistema Digidesign Icon do país. Fomos visitá-lo e ficámos por lá umas horas… “O Ganho do Som” como é actualmente. A superfície de controlo Icon D-Command assumiu o centro da sala, com as colunas B&W Nautilus 800/801D colocadas em seu redor, num círculo quase perfeito. Os ecrãs de computador foram colocados sobre os topos dos dois bastidores, quase deitados, de forma a interferirem o mínimo com o som De início, o espaço que hoje em dia é “O Ganho do Som” era uma sala de escuta de luxo para audiófilos. Mas a ideia mudou rapidamente prodaudio_24a33 10/9/06 12:37 PM Page 24

Por: António Gil Ouvir o Som - audiodesigner.ptaudiodesigner.pt/wp-content/uploads/2014/02/prodaudio.pdf · Quando ouvimos falar de “O Ganho do Som”, sensivelmente há um ano

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REPORTAGEM

24 | produçãoáudio | outubro 2006

Situado na zona de Telheiras, em Lisboa,“O Ganho do Som” é um estúdio que pri-ma pela diferença e bom gosto. Construí-do de raiz num loft (apartamento de salaúnica) com uma mezzanine na zona supe-rior, a primeira impressão que se temquando se entra é a de um ambiente con-fortável, espaçoso, acolhedor. Embora seentre através da entrada principal do pré-dio onde está instalado, no momento emque pomos o pé dentro do estúdio, esque-cemo-nos que estamos numa zona habita-cional. A nossa visita a “O Ganho doSom” foi acompanhada por João Ganho,dono do estúdio e por Marcelo Tavares,da Audio Designer, uma empresa que sededica ao desenho, construção e consulto-ria técnica de e para espaços acústicos, talcomo estúdios.

João Ganho é uma pessoa com bastanteexperiência na área do áudio, trabalhandocomo sonoplasta, mas o seu gosto pelamúsica vem já de miúdo. Sendo um au-diófilo assumido, o espaço que é hoje “OGanho do Som” começou por ser um pro-jecto pessoal de criar uma sala onde pu-desse reunir o equipamento dos seussonhos, nomeadamente um sistema decolunas B&W Nautilus 801, garantindo as

melhores condições acústicas e a envol-vência para o desfrutar. Mas o sonho rapi-damente ganhou outros contornos etransformou-se num estúdio ou, mais cor-rectamente, numa sala de pós-produção emasterização, capaz de se vir a tornar aprimeira referência nacional em escuta.Dada a qualidade do equipamento e ocuidado com que foi projectado e executa-do, está de certeza entre uma das melho-res salas existentes na Europa e talvez nomundo.

HistorialTendo começado a ser construído há

cerca de dois anos, “O Ganho do Som” foi

de início um projecto totalmente audiófiloe, até há perto de um ano e meio, a ideiaainda era essa. No entanto, e devido à suaprofissão, João Ganho pensou em alterar asala, equipando-a para uma sala de edi-ção e mistura, que pudesse reunir três si-tuações numa só: no mesmo espaço poderfazer-se sonoplastia/pós-produção, mis-tura de música em estéreo e surround e seruma suite de masterização em estéreo esurround. Este desafio começou a tornar-se realidade quando, com o apoio de Mar-celo Tavares, João Ganho percebeu queeste tipo de espaço ainda não existia. “Seique existem muitos e bons estúdios em Portu-gal, mas um que fizesse o que este pode fazer,

OS ESTÚDIOS POR CÁ - O GANHO DO SOM

Ouvir o SomPor: António Gil

Quando ouvimos falar de “O Ganho do Som”, sensivelmentehá um ano atrás, ficámos com curiosidade em conhecer umespaço que parecia ser diferente dos existentes em Portugalaté ao momento. Nessa altura era “apenas” um projecto de alguém que gosta de Som. Agora, “O Ganho do Som”passou a ser um Estúdio, onde se instalou o primeiro sistema Digidesign Icon do país. Fomos visitá-lo e ficámos por lá umas horas…

“O Ganho do Som” como é actualmente. A superfície de controlo Icon D-Command assumiu

o centro da sala, com as colunas B&W Nautilus 800/801D colocadas em seu redor, num círculo

quase perfeito. Os ecrãs de computador foram colocados sobre os topos dos dois bastidores,

quase deitados, de forma a interferirem o mínimo com o som

De início, o espaço que hoje em dia é

“O Ganho do Som” era uma sala de escuta

de luxo para audiófilos. Mas a ideia mudou

rapidamente

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OS ESTÚDIOS POR CÁ - O GANHO DO SOM

não existia nenhum”, afirma. “O Marcelo en-trou no projecto logo na terceira visita que eufiz aqui ao loft. Ele acompanhou-me e imedia-tamente começou a fazer contas de como é queo estúdio ia ficar. Eu tinha também algumasideias e, em conjunto, acabámos por muito ra-pidamente criar o projecto. Levou foi depois algum tempo a concretizar-se, porque infeliz-mente em Portugal, a construção deste tipo deespaços ainda não é algo muito “normal” e osempreiteiros de construção civil não fazem amínima ideia das vicissitudes envolvidasquando se desenvolve um projecto destes dentro de um espaço pensado para outros finse já quase pronto para entrega. De resto, a obrado tratamento acústico foi acompanhada atempo inteiro pelo Marcelo e no fim correu tu-do muito bem. Inclusivamente devo agradecera alguns dos representantes e vendedores que,para além de me fornecerem equipamentos, es-tiveram presentes durante as fases de instala-ção, nomeadamente os da B&W, que vieram cáajudar a colocar as Nautilus 801 (que pesammais de uma centena de quilos), no início.Quando fizemos as ultimas alterações, passa-do quase um ano, voltaram cá para nos ajudara recolocar as colunas no sítio. Isto mostra querealmente existem algumas pessoas interessa-das em prestar um serviço extremamente pro-fissional.”

Em trabalhosEm relação à construção, o loft foi total-

mente tratado do ponto de vista acústico,mas manteve a sua traça original, assimcomo a mezzanine. “O pior de tudo foi comosalvar a zona de trás, a entrada, que é onde seencontra a cozinha e a casa de banho” dizMarcelo. “O João não queria fechar essa zona,de modo a que o loft não perdesse a sua iden-tidade enquanto espaço aberto, pelo que tive dedescobrir uma solução ainda no interior da sa-la que no fim se revelou bastante boa.” O tra-tamento do espaço era obrigatório, vistoque o estúdio ia ter uma volumetria gran-de e, pior ainda, a parede frontal era, eainda é, quase totalmente coberta poruma enorme janela de vidro. O tecto e asparedes foram totalmente isolados e trata-dos acusticamente criando-se teias ondeforam colocados materiais absorventesvários, criadas caixas-de-ar e, finalmente,foram fechados com placas de pladur,MDF e madeira. A escolha do MDF acon-teceu porque, em relação à madeira, oMDF é mais durável, tem coeficientes deabsorção/reflexão diferentes e não se de-forma tão facilmente. Desta forma, o con-junto dos vários materiais envolvidos naconstrução e tratamento, tornou-o numespaço que ficou quase totalmente neutro.

“Essa era uma das ideias principais”, confir-ma João Ganho, “tornar o estúdio o maisneutro possível, mas sem se tornar numa salaanecóica. Desta forma podemos ter a ideia per-feita de como soam as coisas e, por isso, seiexactamente o que estou a fazer. Ao mesmotempo, devido à acústica neutra, conseguir-seuma polivalência da sala, que sempre foi o meuprincipal objectivo. É incrível ouvir, aqui, osmais variados trabalhos e perceber que a salaestá optimizada para qualquer um. Um con-certo ao vivo dá a ideia de que se está mesmono espaço onde este aconteceu, sentimo-nos nomeio da plateia ou multidão. Num disco de es-

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Com a sala totalmente controlada acusticamente, os bastidores, onde se colocaram as unidades

de conversão e controlo da Digidesign, obrigaram a cuidados especiais de acondicionamento.

Os buracos nas paredes laterais, silicone entre todas as superfícies de metal que se tocavam

e a ideia de colocar a Icon D-Command assente em duas barras metálicas surgiu como forma

de tornar o conjunto totalmente invisível ao som. A escada ao fundo também foi tratada

Sendo um estúdio preparado para responder

a todas as actuais situações de mistura,

pós-produção/sonorização e masterização,

em todos os formatos, a atenção aos

pormenores foi enorme, incluindo os

amplificadores Electrocompaniet Nemo,

as bases em granito para as colunas Nautilus,

até aos Meridian 800 e 861 de reprodução

DVD e descodificação surround THX, para

controlo de qualidade e... momentos de lazer

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túdio, dá para perceber as diferentes “cama-das” da música, consegue-se perceber a coloca-ção espacial dos músicos ou dos instrumentos,com uma definição que permite trabalhar semmedo de errar. O reverso da medalha é quequalquer erro é imediatamente apreendido, oque faz com que se tenha de ter um extremocuidado e minúcia no trabalho que se faz.” Es-te tratamento que o espaço recebeu foimuito importante na definição do tipo detrabalho que se pretende vir a fazer no“Ganho do Som”. Segundo João Ganho,“estamos a estabelecer alguns contactos im-portantes, tanto cá como no estrangeiro, demodo a poder prestar serviços de sound-de-sign, captação exterior, mistura de músicae/ou masterização, mas de momento ainda nãose pode avançar nada em concreto. O segredoé a alma do negócio, mas espero que, até ao fim

do ano, já possa revelar algumas importantesnovidades.”

A mezzanine deste espaço, que fica porcima da entrada, tem um acesso atravésde uma escada em ferro, a qual tambémrecebeu tratamento de modo a ressoar omenos possível, com materiais específicosnas zonas das juntas e sendo os degrausem madeira de faia colocados em cima deborracha de alta densidade que está, porsua vez, colada aos degraus metálicos. Avaranda da mezzanine tem um varandimde placas de vidro, que não se tocam entresi, de modo também a minimizar as vibra-ções por simpatia. O restante espaço foiainda aproveitado para se colocar um futton (cama tipo japonesa), uma pequenamesa, um maple e o fundo está totalmentecoberto por uma gigantesca prateleira

cheia de livros, CD's e discos de vinil, “al-go que evitou que o Marcelo tivesse de fazernessa zona obras de tratamento acústico. O tera parede totalmente coberta por livros, CD's eoutras coisas, tornou-a numa zona já tratadapor si, com bastante difusão. Mas a mezzani-ne é uma zona de descanso e lazer, que tam-bém pode ser utilizada por clientes que em vezde irem para um hotel, mediante um pagamen-to extra podem ficar aqui a dormir.”

TransdutoresO recheio deste estúdio é realmente a

parte mais impressionante, pelo cuidadoque existiu na selecção e instalação de cada elemento. Começando pelas colu-nas/monitores, a escolha recaiu nas B&W801 Nautilus, com seis destas colunas ins-taladas em configuração de escuta para6.1, sendo o subwoofer o modelo activoB&W 855 de classe D, debitando 1000 Wtotalmente discretos. Para finalizar, exis-tem ainda duas colunas de tecto B&WFCM 8 THX para permitir a monitorizaçãodos novos formatos que se começam a experimentar em Hollywood. “Até ao fimdo ano ainda vamos montar outro subwoofer,visto que a sala comporta a pressão sonora. Estamos, por conseguinte, preparados para to-do o tipo de monitorização surround existentee para aquela que se adivinha. A juntar a isto,estamos a tratar de ter as aprovações finais daDolby de modo a podermos estar em conformi-dade com os seus padrões e poder misturar nes-te formato”, conclui João Ganho.

As Nautilus 801 estão colocadas em re-dor da sala, fazendo um círculo quaseperfeito. No entanto, devido às dimensõesfísicas do loft não foi possível colocá-lasexactamente como era pretendido, a um

REPORTAGEM

OS ESTÚDIOS POR CÁ - O GANHO DO SOM

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A parede frontal é um enorme vidro que

recebeu tratamento acústico com dois

basstraps concebidos especialmente para

o local e um enorme estore em madeira

laminada, que serve também como difusor.

Por cima deste, está o ecrã de projecção 16:9,

onde se podem visionar filmes em alta

definição, projectados pela unidade HD

Dreamvision Dreamweaver 3

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OS ESTÚDIOS POR CÁ - O GANHO DO SOM

pouco mais do que os actuais dois metrose meio de distância ao sweet spot. “As colu-nas traseiras são da série original 800 Nauti-lus, mas as três frontais são da nova série801D, que já vem de fábrica com tweeter dediamante, que responde até aos 52.000 Hz.Claro que é algo que o ouvido humano não ou-ve, mas a percepção sonora é diferente da que

se tem com colunas que respondem só até aos20.000. A sensação é a de que se abre um panoà nossa frente e o som fica muito mais límpido,com um campo sonoro mais aberto. Os pró-prios graves parecem melhorar! Estas Nauti-lus 801D foram das primeiras unidades destanova geração a sair da fábrica e, por isso, tiveo privilégio de ter cá pessoas que já as tinham

ouvido no auditório da própria marca e que medisseram que nunca tinham percebido as colu-nas a trabalhar com tanta qualidade. Mas oque é engraçado é que as colunas novas não tinham, de origem, a cabeça dos médios e agu-dos pintada com o mesmo preto utilizado na domodelo antigo e o fabricante acedeu em pintá--las exactamente do mesmo tom. Isto foi algoque me sensibilizou bastante: ver a atençãoque um fabricante tem com o cliente. Destaforma fiquei com o setup exactamente igual.”

Mas as B&W não foram o “amor” ini-cial de João Ganho. “Durante muitos anosfui um fã incondicional da Tannoy, mas quan-do o Marcelo me apresentou as velhinhas B&W802 Matrix, fiquei completamente fascinado.Cheguei mesmo a comprar as 801 Matrix, astrês últimas unidades produzidas pela fábricanuma altura em que já estavam a lançar a série800 Nautilus. Continuo a achar que as Tannoysão monitores extraordinários, mas, para a situ-ação específica do meu estúdio, optei pelas Nau-tilus, porque realmente me permitem conjugara pressão sonora de umas colunas profissionaiscom a transparência da melhor coluna audiófi-

Entre os

degraus

de madeira

e o suporte

de ferro, foi

aplicado

material

isolante de

alta densidade

como o LA5,

de forma

a baixar

a frequência

de ressonância

da estrutura

das escadas

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la do mundo. As Nautilus são umas colunas ex-tremamente rápidas, com uma resposta extre-mamente precisa, razão porque os melhoresestúdios do mundo, Abbey Road e o SkywalkerSound (os estúdios áudio de George Lucas)têm estas colunas nas suas salas.”

Cada coluna, por sua vez, está apoiadaem blocos de granito de Angola de modo aficar com a unidade de médios à mesma al-tura dos ouvidos do operador, blocos essesque pesam meia centena de quilos cadaum, e a sua colocação foi feita através demedição laser, exacta até ao milímetro.

A dimensão do equipamentoA amplificação das seis colunas B&W

Nautilus 801D está a cargo de seis am-plificadores monoaural ElectrocompanietNemo, Classe A que podem trabalhar a600 Watts/8 Ohms, 1200/4 ou 2400/2. Cada amplificador destes é um monoblo-co negro com a marca inscrita a letrasdouradas na parte da frente e um únicobotão de ligar/desligar atrás. Existe aindaum amplificador estéreo NAD 218 THX(200 Watts/8 Ohms) para a monitorizaçãodo tecto. Estas colunas de tecto e este am-

plificador têm já a conformidade THX, pelo que simplificam as necessárias “au-torizações” da Dolby para as configura-ções surround. Mas para poder ter as“referências” necessárias para efectuar, à posteriori, um controlo de qualidade pre-ciso dos produtos ali feitos, “O Ganho doSom” foi também equipado com um siste-ma topo-de-gama de referência que incluium reprodutor DVD Meridian 800 THX,um processador surround Meridian 861THX, um reprodutor DVD Video/DVDAudio/SACD Pioneer 989 Air Studio Mo-nitor - desenvolvido pelos técnicos damarca, no estúdio de gravação inglesesAir Studio, de modo a responder às exigências dos engenheiros de som resi-dentes - um reprodutor CD/Laserdisc En-lightened Audio Design AudioVideophileTransport e um gira-discos Rega Planar 3com pré-amplificador RIAA Audiolab8000. Este tipo de equipamento não émuito comum nos estúdios de gravação,mas neste caso é preciso lembrarmo-nosde que estamos a falar de um estúdio es-sencialmente vocacionado para a sono-plastia/pós-produção, mistura final emasterização em todos os formatos co-nhecidos até ao momento.

Já mais comum nos estúdios contempo-râneos, mas uma estreia absoluta no nos-so mercado, é a mesa de mistura ousuperfície de controlo e sistema de grava-ção/edição. João Ganho, depois de expe-rimentar vários sistemas, optou por umsistema ProTools Icon HD3 7.2, com superfície de controlo D-Command de 24 faders, 2 interfaces 192, Sync e Avid Mo-jo. A escolha deste sistema aconteceu de-pois de bastantes testes e audições feitos avários outros, mas também porque “é umsistema de referência mundial. Quase todos osestúdios no mundo trabalham com o Pro Toolse começam a ter uma superfície de controlodeste tipo. Ao mesmo tempo, este é um sistemaque eu também começo a conhecer bastantebem, pelo que a opção foi relativamente sim-ples. Na altura da decisão ainda estive hesitan-te com um outro sistema que está tambémmuito bem conceituado, sobretudo no campoda masterização em DSD, mas todas as razõesque apontei anteriormente foram decisivas pa-ra a escolha final.”

A instalação das unidades de hardwarefoi também objecto de estudo, já que comuma sala tão bem preparada, o colocaruma bancada no meio poderia vir a criarreflexões indesejadas. Assim a opção foi a

REPORTAGEM

OS ESTÚDIOS POR CÁ - O GANHO DO SOM

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João Ganho e Marcelo Tavares junto a uma das Nautilus colocadas por trás da mesa, servindo

a colocação traseira-esquerda. Este modelo foi remodelado pela BW, a pedido, tendo recebido

tweeters iguais aos dos novos modelos. Por sua vez, os novos modelos foram pintados da

mesma cor dos modelos antigos

Embora ainda não seja muito experiente em mistura “musical”, João Ganho é um experiente

sonoplasta, que agora se aventura noutras lides

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de mandar fazer dois bastidores em alumí-nio, com largos buracos nas paredes latera-is e traseiras, de modo a que se tornassemtotalmente “invisíveis” em termos de som.Os tampos foram feitos em vidro laminadobastante grosso, para que todas e quais-quer vibrações existentes fossem totalmen-te anuladas. Todas as juntas foram isoladascom silicone de forma a que não existam,também, quaisquer ressonâncias devido aocontacto e atrito entre materiais duros. Asuperfície de controlo Icon D-Commandrepresentava outro tipo de problema, devi-do à sua dimensão, que tornava quaseobrigatório criar um tampo para a embutir.Mas também aí se chegou a uma soluçãobastante simples e totalmente efectiva: co-locaram-se duas traves de ferro entre osdois bastidores, com o tamanho exacto para a colocação da D-Command em cimae desta forma resolveram-se os problemas.Não foi necessário construir nenhum tipode móvel onde a superfície fosse encastra-da, e ao mesmo tempo o controlador pare-ce que fica a flutuar entre os doisbastidores, suspenso no ar. Resulta bemacústica e visualmente.

No entanto, existiam ainda algumas si-tuações pendentes como a da parede fron-tal que era um imenso vidro reflectivo e anecessidade de se ter um ecrã de plasmaou algo semelhante onde se pudessem verimagens. Também aqui a sorte “ajudou osaudazes” e como se diz em português,“mataram-se dois coelhos de uma só pau-lada”. A janela recebeu tratamento nas zo-nas laterais, através da colocação de doisenormes bass traps projectados para o local, de modo a impedir ressonâncias e,na sua frente, foi montado um enorme es-tore de madeira laminada, passando estea actuar como painel difusor. Por cima doestore foi instalada uma tela de projecçãoem formato 16:9, com 2,5 metros de largu-ra, da Beamax, e foi colocado no tecto, situado por trás da zona de mistura, um projector vídeo HD Dreamvision Dreamweaver 3 (720p) com scaler de ima-gem Cinemateq SDII plus (para 1080p)agregado, de modo a poder visionar fil-mes em alta definição que venham a sersonorizados neste estúdio.

É também uma óptima solução para sepoder passar umas horas a ver um bom

filme, com um som extraordinário, comonós tivemos oportunidade de fazer, em-bora não seja esta a ideia.

Para finalizar as opções de hardware,João Ganho, que pretende vir a fazer cap-tações de música clássica no exterior, resolveu equipar o estúdio com um setupde gravação móvel também de primeira categoria: dois microfones a válvulas Neumann M147 e um pré-amplificadorde micro Millennia HV-3B. Para comple-mento analógico, encontramos ainda um clássico gravador de bobines Revox B77(15 ips/2 pistas), o qual, apesar de muitobom, não era considerado, à sua época,um gravador totalmente profissional. Numa época em que o digital é rei e se-nhor, e com um estúdio totalmente equi-pado em digital, a pergunta impunha-se:porquê um gravador analógico, de fita,pesado, com necessidade de manutençãoconstante, quando se pode misturar nocomputador? “Porque já tinha adquirido ogravador há uns anos atrás, por causa de umareminiscência da minha infância, já que o meupai tinha um A77 onde eu mexia às escondi-das; por causa da nostalgia dos meus primei-

OS ESTÚDIOS POR CÁ - O GANHO DO SOM

João Ganho e o seu somCom mais de 17 anos de experiência como sonoplasta, João Ganho passou os primeiros cinco na RDP Centro, em Coimbra,como responsável de uma rubrica de cinema, onde para além dostextos fazia também a sonoplastia do programa, baseando-senos press-kits que recebia das distribuidoras dos filmes e aprovei-tando as bandas sonoras existentes. Tudo feito (edição e mistu-ra) em dois gravadores Revox B77. Em 1989 criava traillers demodo a poder dar aos ouvintes aquilo que hoje em dia é comum,uma pequena previsão do que será o filme (do ponto de vista so-noro, pois trabalhava em rádio). Frequentou a Escola Superior deTeatro e Cinema do Conservatório Nacional, na área de som docurso de cinema. Actualmente, e desde há mais de 12 anos, tra-balha como sonoplasta numa estação de televisão privada. Entreos muitos trabalhos que tem feito contam-se os documentários"Pedro Caldeira: O Último Corrector", "25 de Abril: A Hora da Li-berdade" (ambos em co-autoria com Paulo Mendes) e "O SéculoXX Português". De 1996 a 1999 foi responsável pela mistura detodas as Grandes Reportagens.Embora assuma que não tem ainda a experiência de um técnicode som “de música”, João Ganho afirma que isso não o impedede alugar o estúdio a técnicos que aí queiram misturar trabalhose a dar-lhes assistência, principalmente na área multicanal, ondetem bastantes conhecimentos técnicos e conceptuais. A nívelpessoal descreve como marcante a experiência que teve, aindadurante o seu tempo de curso: “Tive a ingénua ousadia de escre-ver para o Gary Rydstrom a pedir emprego no Skywalker Sound.Não tinha, ainda, terminado o curso de cinema! Ele, por seu lado,

tinha acabado de ganhar dois Óscares pelo "Jurassic Park" e es-creveu-me pessoalmente a aconselhar os estágios de Verão daLucas Digital. Ainda guardo a carta... Nos três anos seguintes,concorri e recebi em casa a simpática carta a dizer que "infeliz-mente existem outros candidatos mais qualificados". Dez anosdepois, acho que estou a criar o meu muito pequenino SkywalkerSound... Como costumo dizer, aos 38 anos de idade e um longo"casamento", seguro e feliz, com a sonoplastia, a paixão pela mú-sica talvez seja o prenúncio da crise-dos-quarenta.”

“Desde miúdo que gosto de som. Costumava brincar, às escondidas,

com um gravador que o meu pai tinha, fazendo experiências de

gravações, montagens, etc. Mais tarde, quando comprei as primeiras

Nautilus 800, ofereci-lhe as Matrix 801”

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ros trabalhos a cortar fita, e porque continuo a achar que o analógico em fita, nalgumas si-tuações, soa melhor que o digital” justifica João Ganho. “No entanto, este equipamentode gravação vai ser sempre acompanhado porum sistema de backup digital de gravação a88.2 KHz ou até mais, e o que vai acontecer é

que irei gravar em ambos os suportes para de-pois ouvir qual o melhor.”

Mas como o sistema instalado é digital,o ProTools HD3 7.2, central ao “Ganho doSom”, utiliza também plug-ins vários parao processamento digital, incluindo plug--ins da Digidesign como os D-Verb, Revi-

be e Reverb One para reverberações, ou o4 Band EQ II, Impact, mas também de outros fabricantes como os Sony Oxford,desde equalizadores, reverberações, dinâ-micos, passando pela totalidade dos Infla-tors, até aos Focusrite, Joemeek, TRacks,etc. É uma lista bastante completa e que

OS ESTÚDIOS POR CÁ - O GANHO DO SOM

O setup DigidesignO software Pro Tools é um dos sistemas de gravação/edição áu-dio digital mais utilizados por profissionais da área da pós-produ-ção, sonoplastia e desenho sonoro, mas que inúmeros estúdiosutilizam também como “estúdio virtual”, principalmente devido àsmais recentes possibilidades dadas pelo MIDI e instrumentos vir-tuais, visto que o processamento de efeitos em plug-in foi algoque sempre existiu neste programa, que foi pioneiro em muitosaspectos do áudio digital.A configuração Pro Tools HD 3 Accel integra um enorme capaci-dade de processamento devido às três placas dedicadas DSP, ligadas através da arquitectura TDM II. No geral, este sistematem, para além das placas, mais de 60 plug-ins, entre processa-mento e instrumentos virtuais da Digidesign e de outros fabrican-tes, suportando taxas de amostragem até 192 KHz, 96 canais deI/O, até 192 pistas simultâneas de áudio a 44.1/48 KHz, 96 pistasa 96 KHz e 36 a 192 KHz. O sistema pode ter também até 128instrumentos virtuais em tantas outras pistas e até um máximo de256 pistas MIDI. Tudo isto é processado num total de 27 chipsDSP existentes nas placas.O setup existente no estúdio “O Ganho do Som” inclui, para alémdo software PT HD3 7.2, duas unidades conversoras 192, quepermitem áudio a 24 bit/192 KHz de amostragem, de muito altaqualidade, uma unidade de sincronismo SYNC, que permite a li-gação a sistemas externos e sincronismo de tudo, e uma unida-de de vídeo digital MOJO, que permite uma correcta visualizaçãode vídeo digitalizado, assim como alguma edição digital de vídeo.Embora a ideia de “O Ganho do Som” não seja editar vídeo, teruma unidade destas permite que os potenciais clientes tragam ovídeo em formatos vários (desde analógico a digital em fita) e aconversão/digitalização possa ser feita no estúdio.A superfície de controlo Icon D-Command, de 24 faders é um con-trolador que actua como se fosse uma mesa de mistura “tipo ana-

lógica”, mas que na realidade reflecte fisicamente tudo o que sepassa no Pro Tools. Os faders são sensíveis ao toque e motoriza-dos e, em cada faixa de canal, para além do fader encontramosainda dois encoders rotativos, multifunções, sensíveis também aotoque, cada um com um anel de LED à sua volta, um ecrã LCDalfanumérico e um LED tricolor, que mostra qual o estado da au-tomação. Cada faixa tem ainda 15 botões iluminados para aces-so das várias funções da superfície de controlo e do software, umdisplay para dar nome ao canal, e um medidor de 32 segmentosde duas cores. A secção master está equipada com um zona cen-tral dedicada com painéis para equalização e dinâmicos, comseis encoders para a parte dos dinâmicos e 12 para a secção deequalização, oito medidores de barras de 32 segmentos, secçãode monitorização e intercomunicação, que inclui a monitorizaçãoXMON (que permite até surround 5.1). O transporte é feito atra-vés de teclas dedicadas de Play, Stop, Fwd, Rwd e Rec, poden-do ainda ser utilizado um jog-wheel para acertos de posição maisdetalhados. Junto dos medidores finais está um ecrã LCD com aindicação do código de tempo que pode ser também em beats(batidas) ou frames (número de imagens). A ligação entre a su-perfície de controlo e as unidades de conversão é feita através decabo tipo Cat5 com ligação tipo RJ45, utilizando protocolo propri-etário.

A superfície de controlo Icon D-Command, com 24 faders

automatizáveis, controlo total do software PT e dos seus plug-ins

é já relativamente familiar a João Ganho, razão pela

qual foi a sua escolha lógica

O sistema ProTools HD3 7.2

foi o escolhido devido a ser um

sistema capaz de 24 bit/192 KHz

de frequência de amostragem,

pela sua enorme capacidade

de processamento, e por ser

um sistema que, tanto para

João Ganho como para milhares

de outros utilizadores

profissionais, é um sistema

de referência

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OS ESTÚDIOS POR CÁ - O GANHO DO SOM

outubro 2006 | produçãoáudio | 33

permite trabalhar sem qualquer tipo decompromisso sonoro. Para a codificaçãosurround, está equipado com os codifica-dores Neyrinck SoundCode for Dolby Di-gital e DTS Pro Series Surround Encoder.

O som de GanhoPara ouvidos habituados a outras coisas,

a primeira sensação que se tem quando seouve música nesta sala é a de que não exis-tem graves, ou então que eles estão poucopresentes. No entanto eles estão totalmen-te presentes, descendo até aos 40 Hz, mas asua percepção é de tal modo boa que emvez de se ouvirem, conseguem-se aperce-ber, sentir. Da mesma forma, os tweeters dediamante que vão até aos 52 KHz, só sãoapercebidos, porque o ouvido humano nãoconsegue ouvir (no geral) a partir dos 14 ou 15 KHz. Mas as colunas respondemperfeitamente até aos 40/42 KHz, algomuito importante quando se está a falar demasterização em alta definição para SACDou DVD-Audio, a 24 bit/192 KHz. Duran-te as várias horas, que passaram a correr,em que estivemos no estúdio, ouvimos va-riados tipos de música, vimos vídeos e fil-mes, de modo a poder aferir a qualidadesónica da sala. Algo que nos espantou foiuma gravação em SACD de um concertoao vivo de Diana Krall, onde pela primeiravez num ambiente de estúdio, consegui-mos ter a ideia de que estávamos realmen-te na sala do concerto, com os músicos e osinstrumentos na nossa frente. Para quem já

ouviu um piano de cauda ao vivo e esteveperto de um, sabe que a vibração simpáti-ca das cordas graves e a ressonância da cai-xa é algo que ao vivo está totalmentepresente, mas que em gravação quase de-saparece. Nesta sala, o som de um pianogravado fazia-nos “ver” o piano, tal o rea-lismo do som resultante.

Outra situação que experimentámos foio álbum “Thriller” de Michael Jackson:um dos mais bem produzidos e mistura-dos de sempre. Pela primeira vez pude-mos ouvir pormenores e detalhes que nãopensávamos existirem. A colocação espa-cial dos instrumentos, o ambiente e pro-dução dados por Quincy Jones fizeram-sesentir perfeitamente, sabendo que a salanão estava a influenciar de modo nenhuma nossa escuta. Da mesma forma ouvimosvários temas clássicos, onde a colocaçãoespacial dos vários naipes de orquestramais uma vez nos fez sentir que estáva-mos num Royal Albert Hall, ou outra salasemelhante. E todas estas provas foramescutas feitas em estéreo.

Quando passámos para a monitoriza-ção surround, vimos trechos de filmes,desde a cena do último filme da trilogia“O Senhor Dos Anéis - O Regresso do Rei”,em que os heróis Frodo e Sam tentamaproveitar a entrada dos Orcs para entrarnos Portões de Mordor, e se ouvem tam-bores de guerra, entre eles um enormetambor com um som extremamente gravee potente. Mais uma demonstração da extensão de frequências que nos colocou“dentro do filme”. Para nos apercebermosda enorme definição espacial vimos cenasde filmes como o “Eu Robot”, com panorâ-micas espantosas do ponto de vista áudiosurround, passando por cenas de “Os In-críveis”, notáveis na forma como o somcomplementa elementos fora de cena.

E no meio de tudo, foi sempre notável ainteligibilidade da voz, que em muitas escutas que nos parecem de alta qualida-de, acabam por remeter a voz para umplano demasiado afastado devido à quan-tidade de informação. Claro que a mistu-ra também é relevante para esta situação,mas tendo já ouvido e visto estes filmesnoutras situações, podemos garantir que“O Ganho do Som” foi o local onde, pelaprimeira vez, as ouvimos correctamente.

O Ganho e o Som “O Ganho do Som” é um estúdio que

tem tudo para ser um espaço de referên-

cia. Um projecto com um investimento demais de 500 mil euros (cem mil contos),que desde o espaço físico, passando pelotratamento a que este foi sujeito, os equi-pamentos instalados, a qualidade da es-cuta e a simpatia de João Ganho e MarceloTavares, se conjugam para que este seja‘O’ local ideal para quem queira aferir aqualidade dos seus trabalhos finais. Oúnico “contra” que encontrámos, se é queisso é um contra, é que sendo a imagemsonora tão correcta, assim que nos deslo-camos do sweetspot, a imagem também sedesloca. Se isto é um pró ou um contra, fi-ca à consideração dos que lá forem fazertrabalhos. No entanto podemos mover-mo-nos à volta da sala que essa desloca-ção da imagem sonora não é de tododegenerativa, podendo inclusive ajudar aque produtores ou músicos que vão fina-lizar trabalhos na sala, possam encontrarsoluções criativas de colocações sonoras.Num estúdio como o “Ganho do Som” tu-do é realmente possível de se fazer, e comenorme qualidade. Mais uma vez nosatrevemos a dizer que João Ganho com oseu “O Ganho do Som” possui agora umestúdio pelo qual todos os restantes se poderão medir. www.oganhodosom.com

[email protected]

Sir James Lock, um dos mais reconhecidos

nomes no meio profissional do áudio

(e com quem a PA já falou há algum tempo

atrás) esteve com João Ganho e Marcelo

Tavares no estúdio. Depois de escutar alguns

dos seus próprios trabalhos gravados, nesta

sala, James Lock foi peremptório em dizer

que nunca os tinha ouvido desta forma, com

uma clareza de detalhes e com uma qualidade

que não esperava encontrar

João Ganho é ainda um adepto do analógico,

mantendo um fiel Revox B77 para gravação.

No entanto, confessa-se um fã incondicional

do surround

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