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Universidade de Brasília – UnB Centro de Desenvolvimento Sustentável – CDS Disciplina: Dimensão Econômica da Tecnologia Professor: Arthur Oscar Guimarães Aluno: Marcos Vinício Borges Mota Texto 5: Departament of Finance and Revenue (Canadá) . “Por que e como os Governos apoiam atividades de Pesquisa e Desenvolvimento”. In: Parcerias Estratégicas, MCT/CEE; Brasília; Maio/2000: número 8: pp. 257-293. Epígrafes: Este é um documento de base do Ministério das Finanças e da Receita do Canadá. O Sistema Federal de Incentivos de Imposto de Renda para a Pesquisa Científica e o Desenvolvimento experimental: Relatório de Avaliação, Dezembro de 1997.

Por que e como os governos investem em c,t&i

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Universidade de Brasília – UnBCentro de Desenvolvimento Sustentável – CDSDisciplina: Dimensão Econômica da TecnologiaProfessor: Arthur Oscar GuimarãesAluno: Marcos Vinício Borges MotaTexto 5:

Departament of Finance and Revenue (Canadá). “Por que e como os Governos apoiam atividades de Pesquisa e Desenvolvimento”. In: Parcerias Estratégicas, MCT/CEE; Brasília; Maio/2000: número 8: pp. 257-293.

Epígrafes: Este é um documento de base do Ministério das Finanças e da Receita do Canadá. O Sistema Federal de Incentivos de Imposto de Renda para a Pesquisa Científica e o Desenvolvimento experimental: Relatório de Avaliação, Dezembro de 1997.

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Divisão do Texto:

Parte I – Estabelece a necessidade dos governos apoiarem atividades de P&D.

Parte II – Examina mecanismos alternativos disponíveis aos governos para auxiliar as atividades de pesquisa e desenvolvimento.

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Pressupostos:

“Por que e o que fazer são as duas perguntas-chaves da economia (…) . Temos de despender todas as forças para entender como as economias funcionaram no passado e como funcionam hoje. Senão, as políticas bem-intencionadas podem errar o alvo e acarretar resultados imprevistos e infelizes”. (Wonnacott, P. e Wonnacott, R. Economia,1994: p. 06).

INTRO:

Atividades de P&D: Aumentam o estoque e o uso do conhecimento humano para conceber novas aplicações, através de, entre outros (não-linear):

PESQUISA BÁSICA – PESQUISA APLICADA – DESENVOLVIMENTO EXPERIMENTAL

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Pressupostos:

Atividades de P&D: geram tecnologia, que pode ser entendida como uma forma de conhecimento que é utilizada para melhorar a produtividade de fatores de produção e de crescimento econômico – podendo inclusive melhorar padrões de vida.

É uma forma de capital que pode ser armazenada, vendida como um bem ou serviço, pode depreciar-se ou tornar-se obsoleta.

Pode combinar-se com outros fatores de produção.

Constatação, verdade, mantra:

C,T,I,P&D =========> PARA O CRESCIMENTO ECONÔMICO

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Pressupostos:

“O avanço da tecnologia na produção foi reconhecido há muito tempo como

um importante fator, na base do crescimento econômico. No entanto, o

processo pelo qual a tecnologia é criada e disseminada na economia, a

magnitude de sua contribuição para o crescimento econômico, e o papel

que os governos podem desempenhar em seu avanço são menos bem

entendidos” (p. 258).

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Parte I (governo) – As Atividades de P&D e o Crescimento Econômico.Horizonte teórico: Teorias do Crescimento Econômico / Teorias do Desenvolvimento

==> Uma teoria do crescimento econômico pode ser definida como a identificação e o estudo dos fatores por trás do crescimento a longo prazo da renda real per capita.

==> Os modelos existentes de crescimento econômico podem ser classificados em duas principais escolas:

1) Teoria Neoclássica do Crescimento (Walras, Marshal, Solow): “O progresso tecnológico entra na teoria neoclássica do crescimento como um fator exógeno que cresce a uma taxa constante e que é essencial para o crescimento econômico a longo prazo. O avanço tecnológico aumenta a produtividade da mão de obra de modo que o produto marginal do capital não declina à medida em que cresce a razão capital mão-de-obra (Canadá, p. 260).

==> Não há qualquer razão baseada na eficiência para a intervenção governamental na economia. Qualquer política que afete a alocação de recursos aumentaria o produto total e retardaria o crescimento econômico. (p.260) [?]

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Parte I (governo) – As Atividades de P&D e o Crescimento Econômico.

==> “o centro do esforço teórico dos economistas neoclássicos está na determinação das quantidades e dos respectivos preços que equilibram todos os mercados de bens ou serviços e, simultaneamente, representam a forma mais eficiente de distribuição – alocação – dessas mercadorias. Essa eficiência alocativa dos bens e serviços disponíveis é determinada (na teoria) pela maximização da (função representativa da) satisfação – utilidade – obtida pelos compradores e vendedores nas trocas de bens de consumo ou serviços de fatores de produção (VIOTTI, 1997: p. 12).

==> “A existência do equilíbrio essencial a toda essa formulação normalmente depende, entre outras coisas, da condição de que as técnicas (funções) de produção sejam estáveis, isto é, depende da inexistência de mudança técnica [nota – alguns esforços buscam até mesmo incorporar a questão da mudança técnica ao arcabouço Neoclássico. Contudo, tais esforços ainda continuam funcionando, em minha avaliação, como um corpo estranho no interior daquela teoria”. (VIOTTI, 1997: p. 12).

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==> “Isso acontece porque a possibilidade da ocorrência de mudanças técnicas, que alterem os custos de produção, normalmente provocará instabilidade (na curva de oferta), nos preços e nas quantidades transacionadas no mercado, perturbando o equilíbrio. Esse fato leva os neoclássicos a normalmente considerarem a mudança técnica como uma variável estranha (exógena) ao seu modelo teórico”. (Viotti, 1997: p. 13).

==> Nas formulações neoclássicas, o estado da técnica é geralmente incluído em expressões tais como a primitiva “se as demais coisas permanecerem constantes”, ou a elegante “coeteris paribus”. (Viotti, 1997: p. 13).

==> A economia Neoclássica não só retirou, de certa forma, a questão da mudança técnica de cena, como também afastou o pensamento econômico predominante de questões como crescimento e o “enriquecimento das nações”. (Viotti, 1997: p. 13).

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2) Crítica da Teoria Neoclássica:

==> A mudança tecnológica nem sempre é um fator exógeno de fora do mercado e determinado por um processo desconhecido;

==> Os mercados raramente são perfeitamente competitivos, muitas vezes são caracterizados pela concorrência imperfeita, por retornos de escala crescentes e por informação assimétrica;

==> Nem todos os bens e serviços desejados podem ser produzidos pelo setor privado; alguns são bens públicos, e alguns produzem externalidades que beneficiam ou prejudicam outras pessoas dentro da sociedade.

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3) A Teoria do Crescimento Endógeno:

==> O crescimento é visto como um produto das forças econômicas endógenas aos sistemas de mercado descentralizados. São essas forças que comandam o processo mais do que quaisquer inovações tecnológicas exógenas sobre as quais o mercado não tenha nenhum controle. Sendo assim, a economia pode atingir um equilíbrio de crescimento perpétuo através de suas forças internas.

==> Fatores como inovação tecnológica endógena (que surgem como resultado dos esforços dos agentes produtivos para maximizarem seus lucros), capital humano (ou seja, o estoque de conhecimento dos agentes econômicos) e os arranjos institucionais (incluindo aí a política governamental e a organização da sociedade civil) passam a assumir um papel crucial no crescimento contínuo da renda per capita em qualquer sistema econômico.

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Parte I (governo) – As Atividades de P&D e o Crescimento Econômico.

==> Diferenciações da Teoria do Crescimento endógeno:

Incorporação do Capital Humano - conceito de capital amplo que incorpore componentes físicos e humanos;

Learning-by-doing – Pode-se eliminar a tendência dos retornos decrescentes no modelo neoclássico adotando-se a hipótese chamada na literatura de “learning-by-doing” (aprender-fazendo). Nesses modelos, a experiência com a produção ou investimento contribui para o incremento da produtividade. Também é suposto de forma complementar que o aprendizado realizado por um produtor incrementa a produtividade de outros através de um processo de transbordamento do conhecimento (spillovers of knowledge);

C&T e P&D – Outra idéia majoritária na literatura de crescimento endógeno é que o nível tecnológico pode avançar não apenas por obra do acaso, mas antes ser função das despesas com “Pesquisa & Desenvolvimento”, ou seja, através de uma forma deliberada de se incrementar o nível tecnológico.

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Parte I (governo) – As Atividades de P&D e o Crescimento Econômico.

“ A teoria do crescimento endógeno pressupõe que o avanço tecnológico seja o resultado das atividades de pesquisa e desenvolvimento empreendidas por empresas desejosas de maximizar seus lucros. As atividades de pesquisa e desenvolvimento entram no processo de produção como um fator de produção , e são usadas em conjunção com outros insumos. Como ocorre com qualquer decisão sobre investimento, as atividades de pesquisa e desenvolvimento não são empreendidas a menos que haja uma oportunidade de lucro.” (p.262)

“O pressuposto de que as determinantes do crescimento de longo prazo são endógenas ao processo de tomada de decisões da empresa é um desvio importante com relação à teoria neoclássica do crescimento, e tem importantes implicações em termos de políticas.”

4) A Contribuição do Progresso Tecnológico ao Crescimento Econômico:

==> O preço do conhecimento raramente pode ser determinado com qualquer grau de exatidão. (TFP)

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Parte I (governo) – As Atividades de P&D e o Crescimento Econômico.

A Inapropriabilidade e as Imperfeições de Mercado:

==> Quais são as justificativas para a intervenção governamental para realocar recursos em favor de atividades de pesquisa e desenvolvimento?

R- Fracasso do mercado, evidenciado pela presença de externalidades e de imperfeições de mercado, cujos efeitos se estendem não apenas para além das empresas individuais, mas também para além das fronteiras dos países.

==> Falha de mercado: ocorre quando os mecanismos de mercado, não regulados pelo estado e deixados livremente ao seu próprio funcionamento, originam resultados econômicos não eficientes ou indesejáveis no ponto de vista social (o mercado não investirá em algo que não poderá apropriar o lucro, ou que não valha o investimento). É aí que entram as políticas públicas.

==> A tecnologia não é um bem privado puro; é mais barato comprar a tecnologia do que investir na sua produção.

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Parte I (governo) – As Atividades de P&D e o Crescimento Econômico.

Conclusão: os pressupostos econômicos para que os governos invistam em P&D é que os benefícios dessas atividades vazam (transbordam), ou se estendem para além das próprias pessoas ou instituições que realizam as atividades de pesquisa e desenvolvimento, para outras empresas e setores da economia, e o valor desses benefícios não é suscetível de plena apropriação por quem tiver realizado as atividades de pesquisa e desenvolvimento. Esses “benefícios de vazamento” significam que, na ausência de apoio governamental, as empresas realizariam menos atividades de pesquisa e desenvolvimento do que é desejável do ponto de vista da economia. Os mercados deixam de alocar uma quantidade de recursos eficiente ou socialmente ideal às atividades de pesquisa e desenvolvimento.

(EMBRAER e o CsF).

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Parte II – Como os governos apoiam as atividades de P&D

● atividades de pesquisa e desenvolvimento patrocinadas pelo governo;

● a compra pelo governo de novas tecnologias;

● subsídios diretos, empréstimos e contribuições reembolsáveis a empresas, universidades e organizações sem fins lucrativos;

● subsídios fiscais e Créditos fiscais ao Investimento

==> São analisados ainda os mecanismos de assistência em termos de Imposto de Renda nos Países do G-7 e na Austrália:

● Deduções de Imposto de Renda;

● Créditos fiscais ao Investimento.

Por fim, é feita uma comparação internacional do apoio a atividades de pesquisa e desenvolvimento baseado no Imposto de renda.

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Parte II – Como os governos apoiam as atividades de P&D

● Austrália: a concessão tributária relativa a atividades de pesquisa e desenvolvimento é uma dedução de imposto de renda correspondente a 125% das despesas com atividades de P&D elegíveis (baseadas na definição da OCDE, p. 282);

● Canadá: deduções do imposto de renda e de créditos fiscais ao investimento para despesas elegíveis, correntes e de capital. O contribuinte para ser elegível deve ser uma empresa que realize atividades de pesquisa e desenvolvimento elegíveis no Canadá.

● França: as despesas correntes com atividades de pesquisa e desenvolvimento são plenamente dedutíveis na França.

● Alemanha: as despesas correntes com atividades de pesquisa e desenvolvimento são plenamente dedutíveis ao calcular-se a renda tributável.

● Itália: as despesas correntes com atividades de pesquisa e desenvolvimento podem ser totalmente deduzidas no ano em que são incorridas ou amortizadas (…).

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Parte II – Como os governos apoiam as atividades de P&D

● Japão: as despesas correntes com atividades de pesquisa e desenvolvimento podem ser totalmente deduzidas no ano em que são realizadas.

● Reino Unido: oferece incentivos fiscais especiais à pesquisa científica. As despesas correntes com atividades de pesquisa e desenvolvimento são plenamente dedutíveis da renda tributável no ano em que são realizadas.

● Estados Unidos: certas despesas correntes com atividades de pesquisa e desenvolvimento realizadas por um contribuinte ou em seu nome podem ser totalmente deduzidas no ano em que são realizadas ou amortizadas ao longo de um período de não menos de 60 meses. A começar no mês no qual o contribuinte pela primeira vez audere lucros a partir de tais despesas.

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Dúvidas e questionamentos...

● Por que os governos apoiam atividades de P&D?

“É a economia, estúpido.” James Carville

● É somente a economia de mercado? Não existem áreas de P&D estratégicas e de segurança, social e de saúde nas quais o governo deveria também investir?

● Como funciona e quais são os mecanismos de o financiamento em P&D no caso brasileiro?

● Quais as proporções de investimento público/privado em P&D no Brasil?

● Trabalho final da disciplina.