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RELATÓRIO Nº 201503877 QUAL FOI O TRABALHO REALIZADO? Linha de Atuação: Apuração de Representações e Demandas Sociais. Unidade examinada: Superintendência do Desenvolvimento do Centro- Oeste (SUDECO). Objeto: Análise da regularidade da formalização legal do Convênio SIAFI 782859/2013 para aquisição de 02 (duas) Patrulhas Mecanizadas, contendo 01 trator agrícola, 01 ensiladeira, 01 grade aradora e 01 carreta para ajudar na produção, escoamento e comercialização dos produtos das famílias beneficiadas e elevar a renda e a qualidade de vida do homem do campo, no município de Rondonópolis/MT, no valor de R$340.000,00. Ação: 211K - Apoio à implantação de Infraestrutura Econômica Social e Produtiva no município de Rondonópolis/MT Programa: P2029 Desenvolvimento Regional Territorial Sustentável e Economia Solidária Escopo: Análise da formalização legal do Convênio e análise da compatibilidade do orçamento aprovado com os custos dos Sistemas Oficiais de Custos do Governo Federal. Referencial Legal: Decreto 6.170/2007. POR QUE O TRABALHO FOI REALIZADO? Trabalho realizado em função de denúncia apresentada, apontando situações presumidamente irregulares na contratação de empresa fornecedora dos equipamentos. QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS? QUAIS RECOMENDAÇÕES FORAM EMITIDAS? Com base nos exames realizados, estritamente no âmbito do escopo definido, verificou-se fragilidades no processo de contratação realizado pela Prefeitura Municipal de Rondonópolis/MT. No entanto, não foram encontradas situações que demandem providências de regularização por parte dos gestores federais, pois os custos estimados para a aquisição dos equipamentos são compatíveis com os custos de aquisições de objetos similares constantes no “site” do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT). Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União

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RELATÓRIO Nº 201503877

QUAL FOI O TRABALHO REALIZADO?

Linha de Atuação: Apuração de Representações e Demandas Sociais. Unidade examinada: Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO). Objeto: Análise da regularidade da formalização legal do Convênio SIAFI 782859/2013 para aquisição de 02 (duas) Patrulhas Mecanizadas, contendo 01 trator agrícola, 01 ensiladeira, 01 grade aradora e 01 carreta para ajudar na produção, escoamento e comercialização dos produtos das famílias beneficiadas e elevar a renda e a qualidade de vida do homem do campo, no município de Rondonópolis/MT, no valor de R$340.000,00. Ação: 211K - Apoio à implantação de Infraestrutura Econômica Social e Produtiva no município de Rondonópolis/MT Programa: P2029 – Desenvolvimento Regional Territorial Sustentável e Economia Solidária Escopo: Análise da formalização legal do Convênio e análise da

compatibilidade do orçamento aprovado com os custos dos Sistemas Oficiais de Custos do Governo Federal. Referencial Legal: Decreto

6.170/2007.

POR QUE O TRABALHO FOI REALIZADO?

Trabalho realizado em função de denúncia apresentada, apontando situações presumidamente irregulares na contratação de empresa fornecedora dos equipamentos.

QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS? QUAIS RECOMENDAÇÕES FORAM EMITIDAS?

Com base nos exames realizados, estritamente no âmbito do escopo definido, verificou-se fragilidades no processo de contratação realizado pela Prefeitura Municipal de Rondonópolis/MT. No entanto, não foram encontradas situações que demandem providências de regularização por parte dos gestores federais, pois os custos estimados para a aquisição dos equipamentos são compatíveis com os custos de aquisições de objetos similares constantes no “site” do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT).

Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União

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Presidência da República

Controladoria-Geral da União

Secretaria Federal de Controle Interno

Unidade Examinada: GABINETE DO PREFEITO

Introdução

1. Introdução

Este Relatório trata do resultado de ação de controle desenvolvida em função de situações

presumidamente irregulares, ocorridas em Gabinete do Prefeito, apontadas à Controladoria-

Geral da União - CGU, que deram origem ao Processo nº 00212.000265/2015-15.

A fiscalização teve como objetivo analisar a regularidade da dispensa de licitação e a

idoneidade da empresa vencedora, bem como indício de superfaturamento dos bens objeto do

Convênio nº 782859/2013, celebrado entre o município de Rondonópolis/MT e a

Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste - SUDECO.

Os trabalhos de campo foram realizados no período de 29/06/2015 a 03/07/2015 sobre a

aplicação de recursos federais do programa 2029 - Desenvolvimento Regional, Territorial

Sustentável e Economia / 211K - Apoio à implantação de Infraestrutura Econômica Social e

Produtiva no município de Rondonópolis/MT.

Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao

Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e

registros fotográficos, análise documental, realização de entrevistas e aplicação de

questionários.

Os executores dos recursos federais foram previamente informados sobre os fatos relatados,

tendo se manifestado tempestivamente em 07/04/2016, cabendo ao Ministério supervisor,

Relatório de Demandas

Externas

Número do relatório: 201503877

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nos casos pertinentes, adotar as providências corretivas visando à consecução das políticas

públicas, bem como à apuração das responsabilidades.

1.1. Informações sobre a Ação de Controle

Ordem de Serviço: 201503877

Número do Processo: 00212.000265/2015-15

Município/UF: Rondonópolis/MT

Órgão: MINISTERIO DA INTEGRACAO NACIONAL

Instrumento de Transferência: Convênio - 782859

Unidade Examinada: GABINETE DO PREFEITO

Montante de Recursos Financeiros: R$ 340.000,00

Prejuízo: R$ 0,00

2. Resultados dos Exames

Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito responsável pela

tomada de providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela

existência de monitoramento a ser realizada por esta Controladoria.

2.1 Parte 1

Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de

medidas preventivas e corretivas seja dos gestores federais.

2.2 Parte 2

Nesta parte, a competência primária para adoção de medidas corretivas dos fatos

apresentados a seguir pertence ao executor do recurso federal descentralizado. Esclarece-

se que as situações relatadas são decorrentes de levantamentos necessários à adequada

contextualização das constatações relatadas na primeira parte.

Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de

recursos federais, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das pastas

ministeriais. Destinam-se, ainda, para ciência dos Órgãos de Defesa do Estado com vistas à

tomada de providências no âmbito das respectivas competências. Esta Controladoria não

realizará o monitoramento isolado das providências saneadoras relacionadas a estas

constatações.

2.2.1. Ausência de orçamento detalhado.

Fato

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Trata-se solicitação de ação de controle realizada pela Procuradoria da República em

Rondonópolis a esta CGU-Regional/MT, para aferir a regularidade da dispensa de licitação e

a idoneidade da empresa vencedora, bem como indício de superfaturamento dos bens objeto

do Convênio nº 782859/2013, celebrado entre o Município de Rondonópolis/MT e a

Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste - SUDECO.

Referido convênio teve por objeto a aquisição de 02 (duas) Patrulhas Mecanizadas, contendo

01 trator agrícola, 01 ensiladeira, 01 grade aradora e 01 carreta para ajudar na produção,

escoamento e comercialização dos produtos das famílias beneficiadas e elevar a renda e a

qualidade de vida do homem do campo.

O recurso financeiro para execução desse objeto foi fixado em R$ 340.000,00 (trezentos e

quarenta mil reais), sendo R$ 320.000,00 da Concedente (Nota de Empenho nº

2013NE000064) e R$ 20.000,00 a título de contrapartida da convenente (Consignados na

Lei Orçamentária Municipal nº 7.540/2012). O convênio foi assinado em 15 de agosto de

2013, com vigência de 365 dias (15/08/2013 a 15/08/2014), estando com status de

“prestação de contas enviada para análise”.

Em análise da dispensa de licitação n.º 38/2013, constatou-se que não foi apresentado

orçamento detalhado que expressasse a composição dos custos previstos da contratação,

impossibilitando, assim, que a Administração verificasse a razoabilidade dos valores

contidos nas propostas apresentadas pelas licitantes. Soma-se a isso a impossibilidade de se

verificar se o preço das propostas estava ou não superfaturado e se o custo unitário era o de

mercado.

A ausência de orçamento detalhado que expresse a composição dos custos previsto da

contratação, a par de violar disposições legais, impede a formação de juízo acerca da

adequação do preço contratado com aquele que é praticado no mercado. Cabe ressaltar que a

ausência dessas planilhas tem sido considerada pelo Tribunal de Contas da União como uma

irregularidade, uma vez que a exigência de orçamento detalhado em planilhas que

expressem a composição dos custos unitários possui importância capital para a escolha da

proposta mais vantajosa.

Em situações similares, o Tribunal de Contas da União tem recomendado que "os processos

de dispensa de licitação devem conter documentos que indiquem a prévia pesquisa de preços

de mercado, em relação ao objeto a ser contratado/adquirido, e a habilitação do respectivo

fornecedor/prestador de serviços" (Acórdão nº 2986/2006 - 1ª Câmara).

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 066/2016/GAB/PGM, de 30 de março de 2016, a Prefeitura Municipal

de Rondonópolis/MT apresentou a seguinte manifestação:

“Pelo presente, a par de cumprimentá-lo, em atenção ao oficio supra, informo que o

prefeito municipal, gestão de 2013 a 2016, autorizou a dispensa da licitação por meio do

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Termo n. 38/2013, pois houve duas seções de pregões de n. 100/2013 e n. 107/2013, os

quais houve a desconformidade dos licitantes ao ato convocatório, motivo pelo qual a

comissão de licitação a tomou frustrada nas duas sessões.

Nesta oportunidade, é clarividente que pelo mandamento constitucional, a Administração só

pode adquirir os bens e serviços necessários para o atendimento do interesse público por

meio de um procedimento formal (alcunhado de licitação), tutelado por lei, em que, em

condições de igualdade, particulares competem para poder contratar com ela, devendo

prevalecer sempre a proposta mais vantajosa.

Ocorre que, nem sempre a licitação se efetua, quer seja por que ela não despertou o

interesse nos particulares de contratar com a Municipalidade, quer seja porque os que

acudiram ao chamamento editalício não lograram êxito em atender aos requisitos do

certame ou não apresentaram propostas em conformidade com os preços praticados no

mercado.

Nestas hipóteses em que a licitação não alcançou o seu objetivo, que é o de selecionar

dentre os particulares aquele que além de estar apto a cumprir com as obrigações

contratuais da futura avença a ser celebrada com o Município apresentou a proposta mais

vantajosa, a Lei Federal n° 8.666/93 (que é a norma que serve de regramento para todas as

licitações empreendidas pelo Poder Público) contempla requisitos que, quando atendidos,

autorizam que a Administração contrate diretamente um particular sem a necessidade de

promover um processo licitatório.

O entendimento dominante no Tribunal de Contas da União se coaduna com o tratamento

diferenciado que deve ser conferido aos institutos da licitação fracassada, para fins de

subsunção ao art. 24, inciso V, da Lei n° 8.666/93.

Com essas considerações, conclui-se que, a hipótese de dispensa prevista no art. 24, inciso

V, da Lei n° 8.666/93 alberga, a situação de licitação anterior caracterizada como

fracassada.

Sendo assim a Municipalidade optou por repetir a licitação, só que mesmo assim, o novo

certame foi fracassado, de tal modo não restou alternativa a não ser proceder com a

dispensa, haja vista que foge da razoabilidade obrigar-se a realizar infinitas licitações

diante de situação reveladora de limitações do próprio mercado. A repetição da licitação,

por mais de uma vez, desnuda o prejuízo previsto no inciso em apreço.

Logo, se foi feito uma licitação para determinado item e não houve interessados, é

permitido contratar diretamente, sem licitação. No entanto, antes disso, se não houver

prejuízo marcante, nos casos é recomendável que se repita a licitação, que se faça novo

convite para aquele item específico. Se, então, não se conseguir novamente vendedor, daí a

contratação sem licitação pode se perfazer sem quaisquer problemas.

A hipótese de dispensa prevista pressupõe a ocorrência de licitação anterior que não tenha

sido bem sucedida, por não terem acudido nela interessados. Sublinha-se que a

Administração oportunizou aos interessados a participação na licitação, tratando-os, todos,

com isonomia. Entretanto ninguém se dispôs a participar dela.

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Sob esse quadro, não é razoável forçar a Administração repetir e repetir a licitação, por

diversas vezes, até que alguém resolva participar dela. Isto, evidentemente, se fosse exigido,

provocaria imensos prejuízos ao interesse público, já que as demandas a serem atendidas

através dos contratos administrativos seriam postergadas indefinidamente, à espera da boa

vontade de potenciais licitantes, contrariando abertamente os princípios fundamentais do

Direito Administrativo, entre os quais, sobretudo, o princípio da superioridade do interesse

público sobre o privado. Solução deste quilate equivaleria a postergar os interesses

públicos em face de supostos interesses particulares.

Partindo-se de tais pressupostos, não se vislumbra motivo para deixar de aplicar a hipótese

de dispensa prevista no inciso V do artigo 24 da Lei n° 8.666/93 em licitações fracassadas

realizadas sob a modalidade pregão.

Note-se que a Lei n° 10.520/02 não versa sobre contratação direta. O objeto dela é

unicamente definir o que é e qual o procedimento da modalidade pregão. Isto é, a Lei n°

10.520/02 preocupa-se apenas com um aspecto da matéria referente ã licitação e contrato,

aspecto este circunscrito à modalidade pregão. Ela não versa sobre vários outros assuntos,

pertinentes e necessários às licitações e contratos. Tanto o é que o artigo 9° da Lei n°

10.520/02 enuncia que a Lei n" 8.666/93 deve ser aplicada subsidiariamente. E, repita-se,

como a Lei n° 10.520/02 não trata de contratação direta, os dispositivos da Lei n° 8.666/93

sobre o assunto aplicam-se em sua integralidade.

Ora, também na modalidade pregão não haveria a menor razoabilidade em forçar a

Administração a repetir indefinidamente a licitação para a qual não se apresentaram

interessados ou para a qual todos os interessados foram inabilitados ou desclassificados,

em prejuízo ao interesse público.

No caso sob apreço, foram realizados 02 (dois) pregões presenciais n. 100/2013 e

107/2013, conforme consta do Processo de Dispensa n. 38/2013 em que a Comissão de

Licitação declarou ambos os pregões frustrados e sequencialmente abriu-se prazo de 08

(oito) dias para os possíveis interessados apresentassem propostas ou sanassem os

problemas com os documentos de habilitação, bem como convidaram empresas do ramo

através de e-mail. Porém, não alcançaram êxito para a aquisição dos maquinários.

Necessário esclarecer ainda, que o Departamento de Promotoria de Desenvolvimento de

Agricultura Familiar, justificou a necessidade de aquisição dos maquinários devido ao

fracasso nos lotes dos Pregões n. 100/2013 e 107/2013 e considerando o risco

caracterizado pela demora decorrente de um processo licitatório, pela ausência de

interessados e problemas com as documentações ocorridas em licitações anteriores, ficando

mais que comprovado o prejuízo ao erário e aos pequenos produtores rurais que

encontram-se com o plantio em atraso.

Deste modo, a modalidade de Dispensa de Licitação justifica-se com base nos prejuízos que

poderia vir a sofrer a Administração Pública, diante de uma terceira tentativa de

procedimento licitatório, bem como por se enquadrar nos moldes legais, admitida a

dispensa de licitação conforme a lei, tendo em vista a realização de dois pregões

presenciais n. 100/2013 e 107/2013, para a Secretaria de Desenvolvimento de Agricultura

Familiar, em que houve a desconformidade dos licitantes ao ato convocatório, motivo pelo

qual a comissão de licitação as tomou frustradas nas duas sessões públicas ocorridas.

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Por fim a título de informação esclareço que a Dispensa de Licitação referente ao convênio

782859/2013 foi objeto de inquérito civil na Procuradoria da República no Município de

Rondonópolis, sob o n. 1.20.005.000019/2015-52, a qual, foi arquivado sob o argumento de

que inexiste irregularidade na Dispensa de Licitação n. 38/2013 (Doc. anexo).

Diante do exposto, certo de ter prestado as informações pertinentes, colocamo-nos a

disposição para o que vier a ser necessário para eventual complementação de resposta.

Reiterando meus votos de estima e consideração, subscrevo-me.”

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

A Prefeitura Municipal de Rondonópolis/MT manifestou-se no sentido de que a Dispensa de

Licitação n.º 038/2013 ocorreu em decorrência do fracasso dos Pregões Presenciais n.ºs

100/2013 e 107/2013 e em face da necessidade de minimizar os prejuízos de pequenos

produtores rurais que estavam com o plantio atrasado. Além disso, a prefeitura apresentou o

entendimento jurídico da Procuradoria-Geral do Município acerca do procedimento adotado

pela Unidade nas ocorrências de licitações fracassadas, bem como informou que a Dispensa

de Licitação n.º 038/2013 foi objeto de inquérito civil na Procuradoria da República em

Rondonópolis/MT, cujo desfecho foi o arquivamento sob o argumento de inexistência de

irregularidades no procedimento realizado pelo município fiscalizado.

Em nenhum momento, contudo, o gestor contesta a falha apontada pela equipe de

fiscalização da CGU acerca da ausência de orçamento detalhado para subsidiar a

contratação. Essa ausência prejudica a formação da convicção de que os preços contratados

estão adequados aos praticados no mercado. ##/AnaliseControleInterno##

2.2.2. Ausência de controles preventivos de fraudes e conluios nas contratações

decorrentes de transferências voluntárias.

Fato

Diversas atividades específicas do controle podem ser eficazes na prevenção de fraudes e

conluios, tais como a análise circunstanciada dos licitantes, das propostas e das alterações

contratuais e a verificação das cláusulas contidas nos editais, a fim de evitar direcionamento,

fracionamento do objeto ou jogo de planilha, assim como consulta para verificar a

ocorrência de penalidades que impedem as empresas de licitar e contratar, especialmente o

Cadastro Específico de Empresas Inidôneas e Suspensas - CEIS, Cadastro Nacional de

Condenações Cíveis por Ato de Improbidade Administrativa do CNJ e Cadastro de

Inidôneos do TCU.

Nesse contexto, a execução dessas rotinas revela-se importante tendo em vista que a prática

de atos visando a frustrar objetivos da licitação é tipificada como crime pela Lei nº 8666/93

(art. 82 e 89).

Destaca-se, ainda, que o art. 97 da mesma lei dispõe que é crime admitir à licitação ou

celebrar contrato com empresa ou profissional declarado inidôneo, ensejando por parte da

Administração a adoção de procedimentos com vistas a evitar a participação dessas

empresas ou profissionais inidôneos no certame.

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Em análise da dispensa de licitação n.º 38/2013, constatou-se a inexistência de rotinas para

prevenção de fraudes e conluios, a exemplo de análise dos endereços das empresas, quadro

societário, data de constituição da empresa, análise das propostas em relação ao formato,

empresas de servidores do Órgão ou Entidade Pública.

Nesse sentido, verificou-se que não foram realizadas consultas durante o certame, para

serem anexadas ao processo, com intuito de verificar a ocorrência de registro de penalidades

que impedem as empresas de licitar e contratar, tais como o Cadastro Nacional de Empresas

Inidôneas e Suspensas – CEIS.

Por consequência, a falta de uma análise dos documentos de habilitação e proposta de preços

das licitantes, das alterações contratuais e dos cadastros de registro de penalidades, pode

levar à ocorrência de contratação de empresas inidôneas ou impedidas; obtenção de objeto

que não atende plenamente às características desejadas; não obtenção da proposta mais

vantajosa; sobrepreço/superfaturamento; conluio de licitantes; fraude à licitação ou outras

atividades ilícitas com prejuízo ao erário.

##/Fato##

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 0066/2016-GAB/PMC, de 30 de março de 2016, a Prefeitura

Municipal de Rondonópolis/MT limitou-se a apresentar as mesmas justificativas transcritas

na constatação nº 2.2.1 que indica a ausência de orçamento detalhado.

##/ManifestacaoUnidadeExaminada##

Análise do Controle Interno

Os argumentos apresentados não são suficientes para descaracterizar a falha apontada pela

equipe de fiscalização da CGU que caracterizou ausência de controles preventivos de

fraudes e conluios nas contratações decorrentes de transferências voluntárias.

##/AnaliseControleInterno##

2.2.3. Análise dos custos de aquisição dos tratores e equipamentos agrícolas.

Fato

Análise dos custos de aquisição dos tratores e equipamentos agrícolas.

Em análise aos preços de aquisição dos tratores e equipamentos agrícolas decorrente da

dispensa de licitação n.º 38/2013, em especial em comparação as aquisições de objetos

similares constantes no “site” do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT),

relativamente aos exercícios de 2013 e 2014, não foi constatado sobrepreço no conjunto dos

itens adquiridos. Individualmente, no entanto, foi identificado sobrepreço não relevante,

conforme pode ser observado na tabela a seguir:

Quadro – Comparativo do preço de aquisição e os preços constantes no site do TCE-MT Máquina/

equipamento

Qtde Preço aquisição Preço pesquisado (média

no caso do trator)

# em R$ # em %

Valor Unit Valor total Valor Unit Valor total

Trator similar 2 122.000,00 244.000,00 128.348,09 256.696,19 - 12.696,19 -4,95%

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Ensiladeira 2 19.000,00 38.000,00 17.949,00 35.898,00 2.102,00 5,86%

Grade Aradora

16 discos Tatu

2013/2013

2 21.684,00 43.368,00 21.398,00 42.796,00 572,00 1,34%

Carreta Agrícola

4T nova 2 5.500,00 11.000,00 12.369,67 24.739,33 - 13.739,33 -55,54%

Total

360.368,00 360.129,52 - 23.761,52 -6,60%

Fonte: Notas fiscais de aquisição dos tratores e equipamentos agrícolas e “site” do TCE-MT:

http://cidadao.tce.mt.gov.br/licitacao.

No mesmo sentido, se compararmos os preços de aquisição com os preços de anúncios de

venda e de publicações especializadas, também não identificamos sobrepreço relevante,

conforme pode ser observado na tabela a seguir:

Quadro – Comparativo do preço de aquisição e anúncios de venda Máquina/

equipamento

Qtde Preço aquisição Preço pesquisado (média

no caso do trator)

# em R$ # em %

Valor

Unit Valor total

Valor

Unit Valor total

Trator similar 2 122.000,00 244.000,00 116.655,33 233.310,67 10.689,33 4,58%

Ensiladeira (*) 2 19.000,00 38.000,00 19.000,00 38.000,00 - 0,00%

Grade Aradora

16 discos Tatu

2013/2013

2 21.684,00 43.368,00 22.000,00 44.000,00 - 632,00 -1,44%

Carreta Agrícola

4T nova 2 5.500,00 11.000,00 6.200,00 12.400,00 -1.400,00 -11,29%

Total 336.368,00 327.710,67 8.657,33 2,64%

Fonte: Notas fiscais de aquisição dos tratores e equipamentos agrícolas e pesquisa em “sites” de venda

de máquinas e equipamentos agrícola, em especial à publicação da Agri World (Ano 4, n.º 14, de 2013

endereço www.agriworld-revista.com). (*) Não encontrado preços deste item nas pesquisas em “sites”

especializados (informado o mesmo valor de aquisição para efeito de cálculo do percentual total de

sobrepreço).

##/Fato##

2.2.4. Inspeção física dos objetos do convênio.

Fato

Em 01/08/2015 a equipe de fiscalização realizou vistoria das patrulhas mecanizadas

(Tratores, grades aradoras, ensiladeiras e carretas agrícolas) adquiridas com recursos do

Convênio n.º 782859/13 do Ministério da Integração Nacional por meio da Superintendência

do Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO), conforme evidências e considerações a

seguir:

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Foto 01: Trator e grade aradora no pátio da oficina

da Secretaria de Agricultura do município de

Rondonópolis para manutenção,

Rondonópolis(MT), 01 de agosto de 2015.

Foto 02: Trator no pátio da oficina da Secretaria de

Agricultura do município de Rondonópolis para

manutenção, Rondonópolis(MT), 01 de agosto de

2015.

Foto 03: Identificação da marca e modelo de um

dos Tratores (Série: 4292379831), assim como

identificação de adesivo com marcas do Governo

Federal e do município de Rondonópolis (MT),

com identificação patrimonial e do convênio,

Rondonópolis(MT), 01 de agosto de 2015.

Foto 04: Placa de identificação do modelo 4292 e

série 4292379831 de um dos Tratores MF 4292,

Rondonópolis(MT), 01 de agosto de 2015.

Foto 05: Grade aradora de marca Tatu, modelo

GAICR e série 0791-36239, Rondonópolis(MT),

01 de agosto de 2015.

Foto 06: Placa de identificação de uma das Grades

Aradoras: Marca Tatu, Modelo - GAICR e Série

0791-36239, Rondonópolis(MT), 01 de agosto de

2015.

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Foto 07: Ensiladeira Marca Menta Mint, Modelo

Suprema e Série 13341, Rondonópolis(MT), 01 de

agosto de 2015.

Foto 08: Placa de identificação de uma das

Ensilhadeiras de Marca Menta Mint, Modelo

Suprema e Série 13341, Rondonópolis(MT), 01 de

agosto de 2015.

Foto 09: Trator e grade aradora em uso em

propriedade rural no município, Rondonópolis(MT),

01 de agosto de 2015.

Foto 10: Trator em uso em propriedade rural no

município, Rondonópolis(MT), 01 de agosto de

2015.

Foto 11: Identificação da marca e modelo de um

dos Tratores (Série: 4292380043), assim como

identificação de adesivo com marcas do Governo

Federal, com identificação patrimonial e do

convênio, Rondonópolis(MT), 01 de agosto de

2015.

Foto 12: Placa de identificação do outro Trator da

Marca Massey Ferguson, modelo 4292 e série

(4292380043) , Rondonópolis(MT), 01 de agosto

de 2015.

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Foto 13: Grade aradora de marca Tatu, modelo

GAICR e série 0791-36238, Rondonópolis(MT),

01 de agosto de 2015.

Foto 14: Placa de identificação de uma das Grades

Aradoras: Marca Tatu, Modelo - GAICR e Série

0791-36238, Rondonópolis(MT), 01 de agosto de

2015.

Foto 15: Ensiladeira Marca Menta Mint, Modelo

Suprema e Série 13342, Rondonópolis(MT), 01

de agosto de 2015.

Foto 16: Placa de identificação de uma das

Ensilhadeiras de Marca Menta Mint, Modelo

Suprema e Série 13342, Rondonópolis(MT), 01 de

agosto de 2015.

Foto 17: Carreta agrícola marca Tadeu,

Rondonópolis(MT), 01 de agosto de 2015.

Foto 18: Placa de identificação de uma das Grades

Aradoras: Marca Tadeu e Série 11165,

Rondonópolis(MT), 01 de agosto de 2015.

A equipe, depois de vistoriar dois tratores, duas ensiladeiras, duas grades aradoras e uma das

duas carretas agrícolas, decidiu não vistoriar a segunda carreta agrícola, pois, segundo

informações de funcionário da Secretaria de Agricultura do município de Rondonópolis, ela

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se encontrava na comunidade denominada Nova Galiléia que fica a cerca de 40 km da sede

do município de Rondonópolis (MT).

Destaca-se que todos os equipamentos vistoriados possuíam adesivos com identificação do

Governo Federal, citação do Ministério da Integração Nacional e da Superintendência de

Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO), além do número do Convênio n.º

782859/2013 e outras informações correlatas.

##/Fato##

3. Consolidação de Resultados

Com base nos exames realizados, estritamente no âmbito do escopo da fiscalização, não

foram encontradas situações que demandem providências de regularização por parte dos

gestores federais. Conclui-se, portanto, que os fatos apresentados pela Procuradoria da

República em Rondonópolis/MT não são procedentes.