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Curso Basilar de Teologia do Culto - Princípios Básicos do Culto Bíblico 1 Rev. Luiz Cláudio de Oliveira – [email protected] 1 Por que uma Teologia do Culto? Por que começar com “por que”? Simples. “Por que” significa questionamento, algo que não é tão presente dentro da conduta eclesiástica de nossos dias. O pós-modernismo eclesiástico se caracteriza pela presença de um tipo perigoso de “crente”: o crente que não questiona. A velha expressão “cai na rede é peixe” serve para representar o tipo de cristianismo que se vive por muitos em nossos dias. Não se questiona mais as mudanças e os neo-modismos 1 propostos e encontrados dentro das Igrejas. Os questionamentos nos direcionam para análises e análises nos apontam ne- cessidades. Um dos motivos de grande interesse têm sido os critérios adotados para as análises de realidades determinadas. Temos os critérios populares, sem nenhum comprometimento teológico ou acadêmico, muitas vezes motivado por interesses in- dividuais de aspectos coletivos, e os critérios acadêmicos, estimulados por teologias e argumentos científicos com bases sérias e tradicionais. A necessidade de uma teologia do culto tem base numa correta expressão teo- lógica a respeito do culto, que situa a Igreja naquilo que há de mais importante em sua existência. É a visão da Eclésia 2 inserida no âmago de sua essência, ou natureza, como àqueles que foram separados por Deus, feitos povo Seu. Nesta perspectiva, a Igreja admite como realidade que uma corrupção do culto provoca uma inevitável des- graça espiritual em seu corpo. Esta realidade também foi alvo da ação de nossos an- tepassados reformados. Hoje, a grande presença de seitas ditas evangélicas, cheias de desvios realizados em nome do “novo”, com seus cultos exóticos e extremamente excêntricos, se comparados encontram-se distantes e estranhos aos princípios da herança Reformada de fidelidade às Escrituras, deixam seus frutos problemáticos e geradores de grupos de crentes que se acham nas Escrituras no rol dos que foram alvos de disciplinas e desaprovados por Deus. São frutos de comunidades desinte- gradas que não contestaram e não venceram as tentações da pós-modernidade. As Igrejas de tradição Reformada devem precautelar-se quanto a isso. Se nos aprofundarmos mais um pouco, veremos no nascedouro do culto ins- titucionalizado que Deus mesmo vai ditar as regras de Sua aprovação cúltica. Na construção do Tabernáculo mosaico veremos Moisés nos mostrando um Deus ex- tremamente zeloso e minuciosamente exigente quanto à forma que haveriam de ser preparados os utensílios e elementos sagrados do santuário. O próprio Deus exorta a Moisés que tenha o mesmo zelo minucioso na construção do santuário (Êx 25.9) . 1 Neo-modismo – (neologismo) referente às novas formas de comportamentos, condutas, modismos recebidas ou empregadas no meio eclesiástico. 2 Eclésia - (do Gr. evkklhsi,a) 1. assembléia regularmente reunida para assuntos de pretensões político Ac 19.39; geralmente conhecida 19.32, 40; 2. congregação, assembléia dos Israelitas At 7.38; Hb 2.12; 3. a igreja Cristã ou congregação, igreja como se conhece 1Co 11.18; 14.4f; como um grupo de cristãos que moram em um lugar Mt 18.17; At 5.11; Rm 16.1, 5; 1Co 1.2; Gl 1.22; 1Ts 1.1; como a igreja universal, na qual todos os crentes pertencem Mt 16.18; At 9.31; 1Co 12.28; Ef 1.22; 3.10. Igreja de Deus ou Cristo 1Co 10.32; 1Ts 2.14; Rm 16.16. qu qu Por q não é ecles Por q Por q Por que nã ec

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Curso Basilar de Teologia do Culto - Princípios Básicos do Culto Bíblico 1Rev. Luiz Cláudio de Oliveira – [email protected]

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Por que uma Teologia do Culto?

Por que começar com “por que”? Simples. “Por que” signifi ca questionamento, algo que não é tão presente dentro da conduta eclesiástica de nossos dias. O pós-modernismo eclesiástico se caracteriza pela presença de um tipo perigoso de “crente”: o crente que não questiona. A velha expressão “cai na rede é peixe” serve para representar o tipo de cristianismo que se vive por muitos em nossos dias. Não se questiona mais as mudanças e os neo-modismos1 propostos e encontrados dentro das Igrejas. Os questionamentos nos direcionam para análises e análises nos apontam ne-cessidades. Um dos motivos de grande interesse têm sido os critérios adotados para as análises de realidades determinadas. Temos os critérios populares, sem nenhum comprometimento teológico ou acadêmico, muitas vezes motivado por interesses in-dividuais de aspectos coletivos, e os critérios acadêmicos, estimulados por teologias e argumentos científi cos com bases sérias e tradicionais. A necessidade de uma teologia do culto tem base numa correta expressão teo-lógica a respeito do culto, que situa a Igreja naquilo que há de mais importante em sua existência. É a visão da Eclésia2 inserida no âmago de sua essência, ou natureza, como àqueles que foram separados por Deus, feitos povo Seu. Nesta perspectiva, a Igreja admite como realidade que uma corrupção do culto provoca uma inevitável des-graça espiritual em seu corpo. Esta realidade também foi alvo da ação de nossos an-tepassados reformados. Hoje, a grande presença de seitas ditas evangélicas, cheias de desvios realizados em nome do “novo”, com seus cultos exóticos e extremamente excêntricos, se comparados encontram-se distantes e estranhos aos princípios da herança Reformada de fi delidade às Escrituras, deixam seus frutos problemáticos e geradores de grupos de crentes que se acham nas Escrituras no rol dos que foram alvos de disciplinas e desaprovados por Deus. São frutos de comunidades desinte-gradas que não contestaram e não venceram as tentações da pós-modernidade. As Igrejas de tradição Reformada devem precautelar-se quanto a isso. Se nos aprofundarmos mais um pouco, veremos no nascedouro do culto ins-titucionalizado que Deus mesmo vai ditar as regras de Sua aprovação cúltica. Na construção do Tabernáculo mosaico veremos Moisés nos mostrando um Deus ex-tremamente zeloso e minuciosamente exigente quanto à forma que haveriam de ser preparados os utensílios e elementos sagrados do santuário. O próprio Deus exorta a Moisés que tenha o mesmo zelo minucioso na construção do santuário (Êx 25.9).

1 Neo-modismo – (neologismo) referente às novas formas de comportamentos, condutas, modismos recebidas ou empregadas no meio eclesiástico.2 Eclésia - (do Gr. evkklhsi,a) 1. assembléia regularmente reunida para assuntos de pretensões político Ac 19.39; geralmente conhecida 19.32, 40; 2. congregação, assembléia dos Israelitas At 7.38; Hb 2.12; 3. a igreja Cristã ou congregação, igreja como se conhece 1Co 11.18; 14.4f; como um grupo de cristãos que moram em um lugar Mt 18.17; At 5.11; Rm 16.1, 5; 1Co 1.2; Gl 1.22; 1Ts 1.1; como a igreja universal, na qual todos os crentes pertencem Mt 16.18; At 9.31; 1Co 12.28; Ef 1.22; 3.10. Igreja de Deus ou Cristo 1Co 10.32; 1Ts 2.14; Rm 16.16.

Por que uma Teologia do Culto?Por que uma Teologia do Culto?

Por que começar com “por que”? Simples. “Por que” signifi ca questionamento, algo que não é tão presente dentro da conduta eclesiástica de nossos dias. O pós-modernismo eclesiástico se caracteriza pela presença de um tipo perigoso de “crente”: o crente que

Por que uma Teologia do Culto?Por que uma Teologia do Culto?

Por que começar com “por que”? Simples. “Por que” signifi ca questionamento, algo que não é tão presente dentro da conduta eclesiástica de nossos dias. O pós-modernismo eclesiástico se caracteriza pela presença de um tipo perigoso de “crente”: o crente que

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Regras? Sim, são regras que estão sendo impostas para o lugar no qual se realizaria a adoração, o culto do Tabernáculo. Há quem diga que muitas dessas coisas foram abolidas e hoje fazem parte das “sombras” pertinentes ao Velho Testamento, contudo, não podemos esquecer que, as “sombras” (Hb 8.5), isto é, os símbolos que apontavam para uma realidade mais completa e superior, e que uma vez que tais realidades estão em vigor, as antigas per-dem seu valor histórico, mas isso não isentou a presença de regras. O próprio ensinamento de Jesus, quanto ao quesito “em espírito e em verdade” (Jo 4.24) é um elemento normativo (regra) para que tais adoradores sejam aceitos. Portanto, o culto do Senhor apresenta regras, normas, padrões que, impostos por Ele mesmo, necessitam ser observados. E tais coisas, se são des-conhecidas, podem prejudicar ou mesmo anular a conduta e a adoração de tais “adoradores”. O preconceito presente em muitos membros (e não obstante em líderes) de igrejas ditas históricas e mesmos de herança Reformada, de nossos dias, tem servido de grande obstáculo para a manutenção de uma adoração fi el aos moldes bíblicos, favorecendo uma adoração mais “livre”, mais desimpedida, em suma, liberalizada e sem regras. Diante desta nova geração desimpedida e com ojeriza às regras, Junior (1999, p.205) as caracteriza como “uma geração menos interessada em argumentos cerebrais, pensa-mento linear, sistemas teológicos”. Tais marcas, diferente das de Cristo, delineiam a má compreensão que a maior parte da nova geração de evangélicos tem do que é ser Igreja e do que é ser adorador, comprometendo, portanto, tal adoração. Tudo aquilo que se perde o conceito está destinado à banalização. A maior e melhor arma para o aniquilamento de realidades cujas importâncias são vitais para seus fi ns é a banalização. Torne banal, corriqueiro, destrua ou anule o conceito de tal realidade e você a terá destruído sem mesmo fazê-la deixar de existir. A isso chamamos de “perda de valor real”. Questione-se: quantas coisas se sabem que não deixaram de existir, mas as tratamos como se não existissem porque perderam seu valor, foram banalizadas? — A banalização do culto, tem feito com que seus valores reais sejam obscurecidos e, portanto, não os reco-nhecemos mais. Daí, a importância de uma teologia do culto, o “porque” da necessidade de se haver uma teologia que centralize, direcione e, principalmente, desperte a Igreja para a real centralidade do culto na sua essência de vida.

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O homem é um ser religioso! A adoração é parte de sua essência. Este é o motivo pelo qual todo homem busca a adoração, pois, simplesmente foi “criado para isso”. O Catecismo Maior de Westminster inicia sua seção narrando acerca da fi na-lidade principal da criação do homem, que é a de “glorifi car a Deus (Rm 11.36; 1Co 10.31) e gozá-lo para sempre” (Sl 73.24-26; Jo 17.22-24). Todas as vezes que Deus manifestava sua pre-sença no Éden o homem vinha para servi-lO. NOTE: A expressão de estranhamento propositado de Deus por Adão não ter aparecido prontamente, o que se deduz ser o costume, pelo fato de seu questionamento: – “Onde estás?” (Gn 3.8,9). Sabemos que o “estranhar” de Deus é apenas uma fi gura de linguagem, pois a afi rmação divina sobre o estado de Adão e Eva não lhE era obscuro (Gn 3.11). Independente da situação adâmica antes ou depois da queda, Deus fez o ho-mem com a necessidade de relacionar-se com Ele. Como o relacionamento com Deus sofreu (literalmente) uma “queda”, Deus, em sua Providência divina, institui o culto como meio sublime deste relacionamento. Outras ciências têm observado esta característica do homem como um ser re-ligioso, conforme afi rma Dr. Hermisten (1987, p.8):

A Antropologia, a Sociologia, a Filosofi a, a Arqueologia e a História, etc. têm evidenciado, de forma convincente, que a religião está presente em todas as culturas antigas; isto tem conduzido ao que hoje podemos chamar de “truís-mo”, a afi rmação do homem como um ser religioso (homo relígious).

Esta necessidade, ou instinto, fez com que os homens, agora caídos3, nos tem-pos mais remotos, invertessem a ordem do relacionamento entre o homem e Deus, invertendo o conceito da Criação, na qual divinamente instituiu-se em Deus criando o homem a sua imagem e semelhança (Gn 1.26); agora, tais homens criavam seus deuses a suas imagem e semelhança de homens caídos. Vejamos algumas vertentes do conhecimento humano que nos ajudam a com-por o entendimento básico do homem e sua necessidade de adorar:

1. Um fenômeno antropológico-cultural 4

No passado, apenas teólogos ou fi lósofos tentavam responder as pergunta relacionadas ao transcendente, mas nas últimas duas décadas cientistas de diversas 3 Caídos – após a queda adâmica.4 Fonte: Patternicity: Finding Meaningful Patterns in Meaningless Noise; Shermer, M.; Scientifi c American, dezembro 2008.

Homo Religiosus“A Necessidade de Adorar”

O homem é um ser religioso! A adoração é parte de sua essência. Este é o motivo pelo qual todo homem busca a adoração, pois, simplesmente foi “

“A Necessidade de Adorar”“A Necessidade de Adorar”“A Necessidade de Adorar”“A Necessidade de Adorar”Homo ReligiosusHomo Religiosus

O homem é um ser religioso! A adoração é parte de sua essência. Este é o motivo pelo qual todo homem busca a adoração, pois, simplesmente foi “

“A Necessidade de Adorar”“A Necessidade de Adorar”

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áreas do conhecimento têm aportado informações valiosas que nos ajudam a com-preender o fenômeno da fé. Para eles – e com razão – a fé religiosa é também um comportamento, e como tal tem uma base biológica. Diferente de outros mamíferos, os primatas nascem muito mal preparados para a vida. Ele nasce desprovido de conhecimentos e passam um longo período da infân-cia aprendendo dos adultos mais próximos. Crianças aceitam, sem duvidar, as expli-cações de um adulto, fundamentalmente quando este tem uma posição de autoridade dentro do grupo. Seus cérebros estão preparados para assimilar tudo da forma mais rápida possível. Aprender rápido é uma questão de sobrevivência. Se um adulto pró-ximo lhes ensina a não comer determinada fruta, aprenderão que essa fruta é nociva. Se um adulto lhes ensina que devem temer a um deus, o temerão. Paralelamente a religião utiliza outro mecanismo comportamental muito conheci-do pela ciência: o sistema de punição e recompensa. Na infância já assimilamos o con-ceito que determinados comportamentos podem ser recompensados com a felicidade eterna do paraíso ou castigados com o sofrimento eterno do inferno. Embora para uma criança de seis ou sete anos seja difícil compreender o conceito de eternidade, a ideia de sofrimento por um longo período já é assimilável. Imagens do inferno com seus inú-meros exemplos de castigo físico são rapidamente fi xadas em nosso cérebro. Essa associação de recompensa e punição é extremamente poderosa e fi xa conceitos e temores religiosos em nosso inconsciente. Não é à toa que as diversas religiões fazem questão de doutrinar (termo mais apropriado que evangelizar) desde a infância. É assim nas madraças5 islâmicas, nas escolas católicas, judias etc. Nosso cérebro é bom para criar associações entre fatos, mas não é bom para avaliar rapidamente se essas associações estão corretas ou não. Conectamos o fato A com o fato B, em um processo chamado aprendizagem associativa. Às vezes A está realmente conectado com B, mas às vezes os fatos que associamos não têm ne-nhuma relação. Assim, podemos cometer dois tipos de erro. O falso positivo é quando associamos A com B, mas A não está relacionado com B. O falso negativo é quando não associamos A com B, mas eles sim estão relacionados. Veja um exemplo:

Imaginemos um homem pré-histórico perambulando pelas savanas africanas há milhares de anos. De repente, ouve um barulho na vegetação ao seu redor. Será o vento ou um perigoso predador à espreita? Se for o vento e ele associar o barulho ao predador imaginário (falso positivo), fugirá correndo. Cometerá um erro, mas este não ameaçará sua vida. Entretanto, se não fi zer a associação e for de fato um predador (falso negativo), terá grandes chances de servir de refeição e assim seus genes não serão passados para as futuras gerações.

Alguns cientistas acreditam que essa pode ser a base na crença em espíritos, fantasmas, anjos, demônios, ETs, conspirações governamentais e, claro, deuses.5 madraças/madraçal — escola muçulmana; local em que residiam ou se hospedavam pessoas nobres ou ricas.

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Ainda de acordo com essa teoria, o seguinte passo foi fi xar esse vantajoso comportamento individual ao grupo. A religião pode ter sido a primeira instituição so-cial a organizar essas crenças, de forma a ser seguida por todos, e Deus tornou-se o conceito unifi cador que dá sentido aos poderes ocultos e misteriosos. A partir daí, a mentalidade hierárquica que compartilhamos com tantos animais teria organizado toda a casta religiosa, com seus exóticos feiticeiros e seus sumos pontífi ces.

2. Um fenômeno Teológico-Religioso Podemos notar que desde a antiguidade o homem apresenta uma necessida-de pelo divino, mesmo que sem um entendimento adequado sobre divindade. Antes mesmos de Jesus Cristo se nota a presença de “adoradores”, homens que materiali-zavam seus anseios por seres superiores construindo para si deuses à sua imagem e semelhança.6

Para estes deuses eram atribuídos também tudo o que era opróbrio e vergonha dos homens: roubo, adultério e fraudes recíprocas. Nossos dias ainda espelham tal realidade quando humanizamos a Deus em suas ações comparando-O a nós. Julga-mos que Deus é igual a nós em nosso pensamento e caráter e invertemos a ordem da Criação. Foi Ele quem nos fez, a sua imagem e semelhança nos fez (Gn 1.26). O assunto em pauta não é discutir religião, mas, como há uma intrínseca relação entre os temas, estaremos citando alguns detalhes sobre religião. Segundo Hermister M. P. Costa, autor do livro “Teologia do Culto”, “O instinto religioso é próprio do homem por causa da sua natureza comum: ser criação de Deus, assim, mesmo que o homem esteja, como de fato está, corrompido pelo pecado (Gn 6.5; 8.21; SI 14.2,3; 94.11; Is 64.6; Jr 17.9; Rrn 3.10-18; 8.7,8; Ef 2.1; etc.), o seu ser como síntese de fi nito e infi nito, aspira pela divindade e, em todas as suas obras há um transpirar ofegante pelo sagra-do, eterno, incomensurável, ...”. Em Eclesiastes 3.11 a Bíblia registra: “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o principio até ao fi m.” O homem busca a religião, tentando encontrar o seu deus porque o seu ser carece deste encontro! Todos os que procuram um deus fora de Jesus Cristo, que se detêm na natu-reza ou não encontram luzes que os iluminem, ou acabam por encontrar um meio de conhecer Deus e servi-lO sem mediador, ou caem no ateísmo7 ou no deísmo8, que são duas coisas que a religião cristã abomina. Sem Jesus o mundo não subsistiria; pois precisaria ser destruído ou ser como um inferno, pois não haveria redenção.6 O pensador antigo denominado Xenófones de Cólofon (570-528 aC), percebe isso com acuidade em suas obras.7 Ateísmo – Atitude ou doutrina que dispensa a idéia ou a intuição da divindade, quer do ângulo teórico (não recorrendo à divindade para se justifi car ou fundamentar), quer do ângulo prático (negando que a existência divina tenha qualquer infl uência na conduta humana).8 Deísmo – Sistema ou atitude dos que, rejeitando toda espécie de revelação divina e, portanto, a autoridade de qualquer Igreja, aceitam, todavia, a existência de um Deus, destituído de atributos morais e intelectuais, e que poderá ou não haver infl uído na Criação do Universo.

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O teólogo e pastor A. W. Pink, nos deixa conhecer uma realidade muito chocan-te de sua época, não muito diferente da nossa. Diz ele: “A maior parte da religiosidade de nossa época é apenas um velho Adão retocado. É meramente o adornar de sepul-cros cheios de corrupção”9. Independente do povo ou de sua cultura, há algo que é bastante “comum” em todas as religiões: A suposição de estarem adorando um deus transcendente, e o fato de considerarem-se a única religião verdadeira. A idéia de transcendentalidade nasce do fato de que a maioria das religiões dizem receber seus conceitos de uma revelação transcendental. A adoração está para o homem da mesma maneira que a religião. Sempre existiu esta idéia de aproximação do divino e de dar presentes para conquistá-lo/agra-dá-lo, mas também encontramos na maioria das religiões a idéia sacrifi cial (seja de animais ou humanos). Os Egípcios, Persas, Indianos, Chineses, Saxônicos, Assírios, etc., eram povos que fazias ofertas sacrifi ciais. Heródoto (484-420 a.C.), narra que o rei Tiro ofereceu seu fi lho para obter prosperidade. O tempo encarregou-se de permitir que os homens humanizassem cada vez mais seus deuses a ponto de infl uenciarem suas formas de adoração. Contudo, os sa-crifícios humanos estavam presentes em quase todas as religiões dos povos antigos. A idolatria levou muitos a adotarem, na maioria das vezes, orgias sexuais e bebedei-ras como forma de culto, assim como danças e transes desconexos caracterizados pelo êxtase de sensações vividas nestes cultos.

Resumindo

É notório que a necessidade de adoração é parte inerente do homem. Esta ca-racterística é uma herança da Criação que, mesmo sem entendimento, leva o homem a uma busca pelo transcendente. Por causa desta inabilidade para compreensão do transcendente o homo religiosus, desregrado quanto ao caminho a percorrer, criou o seu próprio caminho instintivamente motivado por sua própria natureza. Entretanto, mesmo que o homem não possa entender ou crer10 nas realidades espirituais, ele está em um caminho – seja o da perdição ou o da salvação de Deus. O seu culto sempre mostrará o “deus” que você serve e adora.

9 COSTA, H.M.P. Teologia do Culto. p. 10.10 A impossibilidade de crer ou entender, inerente ao homem, é resultado do pecado que cegou os olhos do homem para as realidades espiri-tuais (At 17.27; Rm 1.20, 21; 1Co 2.14).

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Igreja e adoraçãoA Fundamentação Cristológica da

Adoração da Igreja

Com uma simples leitura do Novo Testamento podemos notar que “a própria vida de Jesus de Nazaré é uma vida litúrgica, ou, se preferir, sacerdotal.”11 Assim nos afi rma o professor da Faculdade Protestante de Teologia de Nauchatel (Suíça), Jean Jaques Von Allmen, homem de Deus que serviu aos princípios da Reforma Protestan-te conhecido como um dos príncipes da liturgia. Von Allmen afi rma ainda que “Pode-se até chegar a dizer que a verdadeira glorifi cação de Deus na terra – que constitui a perfeita adoração – foi cumprida por Jesus Cristo no Seu ministério. Se o título de Sumo-sacerdote (segundo a ordem de Melquisedeque) é claro e supremamente apro-priado após Sua ascensão, não menos verdade é que toda a Sua vida deve também ser encarada nessa perspectiva litúrgica.” A adoração da Igreja deve seguir os mesmos passos de Jesus. Ele viveu seu ministério cumprindo cada passo determinado para Ele (At 4.26-28), como uma litur-gia, desde seu nascimento, sua provação no deserto, suas pregações e ensinos, seu milagres e prodígios, até sua morte de cruz. Jesus não procurou evitar a morte e nem foi tomado de surpresa por ela, mas já a conhecia e a quis sofrer como ponto culmi-nante do Seu ministério. Por isso, a morte de Cristo é o ponto culminante do culto, expressado pela Ceia do Senhor. Isso faz da Ceia e da Palavra o ponto culminante do culto cristão.12

O ministério sacerdotal (ou litúrgico) de Jesus é destacado por duas partes. Primeira, devemos notar as constantes alusões feitas ao culto cristão primitivo pelos evangelistas, que dão testemunho da vida de Jesus. Oscar Cullmann vincula, por um estudo feito nos quatro evangelhos, o culto cristão à vida de Jesus, na qual se encon-tra não só seu fundamento como a sua justifi cação. À Pregação da Palavra é vincu-lado ao ministério de Jesus na Galiléia. E a Segunda parte, que explica, justifi ca e valoriza o verdadeiro conteúdo da primeira, se encontra em Jerusalém e se centraliza na morte de Cristo e na irrupção da ressurreição escatológica.13 Desta forma temos “os princípios” da Igreja nos “princípio de Jesus”, ou seja, em ambos havia uma ordem e uma mensagem a ser passada, por uma série de fatos e acontecimentos – como acontece na liturgia.

11 ALLMEN, J. J. V. O Culto Cristão. p.2112 Idem. pag. 22.13 Idem.

A Fundamentação Cristológica da A Fundamentação Cristológica da A Fundamentação Cristológica da A Fundamentação Cristológica da Adoração da IgrejaAdoração da IgrejaAdoração da IgrejaAdoração da Igreja

A Fundamentação Cristológica da A Fundamentação Cristológica da Igreja e adoraçãoIgreja e adoração

A Fundamentação Cristológica da A Fundamentação Cristológica da Adoração da IgrejaAdoração da Igreja

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O Nascimento e o Desenvolvimento do Culto a Deus

O culto nasce juntamente com Adão. Deus formou o homem com a fi nalidade de adoração, ou seja, o homem deveria adorá-lo para sempre. Qual a primeira per-gunta de nosso Catecismo Maior? – Qual é o fi m supremo e principal do homem? A resposta é : “O fi m supremo e principal do homem é glorifi car a Deus e gozá-lo para sempre.” (Rm 11.36; 1Co 10.31; SI 73.24-26; Jo 17.22-24)14. Reverência, Exaltação, Adoração, Comunhão Etc., princípios estes que são fundamentais para o homem estar diante de Deus, pois representa a fi nalidade de sua criação. A história se encarrega de mostrar como este culto se desenvolveu, desde a expulsão do Éden e seguindo com Abel e Caim, após Nóe, Abraão, lsaque, Jacó, José e assim sendo até Moisés, quando então é instituído a forma de adoração/culto que Deus desejava normatizar e receber.

A Finalidade do Culto

Adoração da Igreja tem dupla fundamentação Cristológica: o culto terreno – celebrado pela vida, morte e glorifi cação do Cristo encarnado, e o culto celeste – que na glória, Ele celebra até ao dia do mundo vindouro. Em outras palavras, a adoração terrena que Jesus Cristo ofereceu desde o seu nascimento até a sua morte, e que os Evangelhos Sinópticos apresentam numa estrutura que deve ser comemorada pelo culto da Igreja, torna-se, enquanto os cristãos aguardam a liturgia eterna do Reino de Deus, a base de um duplo culto, a saber: primeiro – a oferta celeste de Cristo, pro-longamento e desabrochamento do ministério de Jesus em Jerusalém e, segundo – a adoração da Igreja na terra, recapitulação do ministério de Jesus tanto na Galiléia como em Jerusalém”15. O culto é a recapitulação litúrgica da história da Salvação. O culto, através de sua liturgia, passa uma mensagem coesa e que deve ser compreensível16 que é narrada de maneira participativa e responsiva da congregação. Normalmente quando se fala em culto, ou em sua fi nalidade, se tem seguido cami-nhos desviantes da fé cristã. O culto não é uma ação humana mas, sim, uma manifes-tação responsiva à ação de Deus que, veio ao homem capacitando-o para responder a Ele. É Deus quem chama seus adoradores (Jo 4.23).17 Teólogos de renome não falam do cristianismo como uma “religião”, pois esse termo tomou uma conotação distorcida da verdade, a saber, religião geralmente expressa um esforço do homem

14 Confi ssão de Fé de Westminster e Catecismo Maior. p.165.15 ALLMEN, J.J.V. O Culto Cristão. p.2516 Está mensagem é vista na organização e construção da Liturgia, na qual, em sua multiforme aparência, que são as partes de pequenas mensagens de cada ato cúltico que compõe a mensagem maior e central da temática do culto. Confi ra a disciplina de “Liturgia do Culto ou Cúltica”.17 COSTA, H. M. P. Teologia do Culto. p.12.

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em direção a Deus. Esses teólogos de renome da teologia reformada nos dizem que Deus é soberanamente livre e vem segundo a sua vontade no resgate do homem que está morto em seus pecados que, por isso, não pode ter qualquer contato com esse Deus (Is 59.2; Ef 2.1). O homem não cultua a Deus porque, em determinado momento de sua vida, teve um “insight”18 de fé e resolveu adorá-lo. Não! A adoração correta ao verdadeiro Deus é uma atitude de fé e obediência na qual o adorador se prostra diante de Deus, que o atraiu com sua graça irresistível! – É uma resposta. Das diversas expressões bíblicas que representam essa ação divina de buscar, de trazer para Si o homem, temos um exemplo disso em Jeremias 31.3: “De longe se me deixou ver o SENHOR, dizendo: Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí”. O culto é um ato real e não de esperança de um Cristo que ainda há de vir. A Igreja não está vivendo de ilusões, como se lembrasse uma bela esperança desvanecida, como o fi zeram os discípulos naquele primeiro dia de Páscoa, antes de o Senhor ressur-recto aparecer no meio deles. Ao contrário, em cada ato de adoração ela passa nova-mente pela experiência do milagre da vinda do Cristo ressurrecto para estar com os seus seguidores. O traço essencial é antes, a vinda, a presença e a ação do Cristo ressurrecto. Em virtude dessa presença a adoração cristã não é nem o fruto de uma ilusão, nem um ato de magia, mas sim “uma graça”. Culto é adentrar à esfera da Graça de Deus. Essa presença nos é garantida por meio das promessas de Deus, em Jesus, e o meio principal da presença de Cristo é a proclamação da Palavra e a Santa Ceia (“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” – Mt 18.20; “Quem vos der ouvidos, ouve-me a mim” - Lc 10.16; “Isto é o meu corpo ... Isto é o meu sangue...” - 1Co 11ss). Palavra e Sacramento da Ceia são testemunhos da presença do Cristo, que é a presença da salvação. Mas, é preciso discernir algo muito importante: Cristo não está subordinado a Igreja! A Igreja não é a dispensadora da presença do Cristo no culto. Tal presença é fruto da ação livre do Cristo. A Igreja não tem a presença divina à sua disposição e não pode ordenar que ela se manifeste mediante um processo automático de que ela pudesse lançar mão quando bem lhe aprouvesse. Um segundo pormenor que devemos atentar é que está presença é imper-feita, pois somente com o advento da “parousia”19 é que ela será perfeita. Embora o prefi gure concretamente, a adoração só pode manifestar esta visão através da fé. Essa presença só é perceptível mediante a fé. Portanto, a fi nalidade do culto é adorar a Deus acima de todas as coisas na mediação de Cristo, o Senhor da Igreja.18 “insight” – despertamento, surto, perspicácia. — “súbita percepção da solução de um problema ou difi culdade – e especialmente em Psicanálise – percepção dos próprios impulsos ou desejos e de sua origem – ajudaram a difundir esta palavra de uso semiculto generalizado no Brasil – que se pode dizer insubstituível ou intraduzível. É discernimento, compreensão súbita, ou capacidade de sentir o âmago das coisas ou situações, uma iluminação, um estalo, o ato de ver na mente com clareza: “Barron deixou Leary confuso com sua conversa sobre revelações de William Blake, insights místicos e perspectivas transcendentais” (Caio Fernando Abreu, Leia, 1989).”19 Parousia — Segunda vinda de Cristo ou Volta de Cristo para buscar sua Igreja.

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AdoraçãoServiço Público da Igreja

O culto tem por fi nalidade estabelecer, mediante ritos, dogmas e símbolos rela-ções entre os seres humanos e a(s) divindade(s). Quer por magia, sacrifício, orações ou outros meios, imagina-se que um culto deva criar, entre o mundo dos deuses e o mundo dos seres humanos, um intercâmbio proveitoso para ambos. Seria, neste ponto-de-vista uma espécie de fonte de revitalização e felicidade, quer para deus(es) quer para seres humanos. Tal modo de entender o culto é profundamente pagão e contrário ao princípio fundamental do Culto na Bíblia. A Bíblia, quando desejou falar sobre o que denominamos de Culto, não foi pro-curar na linguagem humana um termo usado em outras religiões, mas uma palavra que se encontra no dia-a-dia das pessoas. Essencialmente, na Bíblia, culto é ser-viço. Um serviço nada mais é do que algo que fazemos para outros, podendo ser um serviço doméstico ou um serviço municipal de água e esgoto ou ainda mesmo um serviço social. Mesmo que os termos, quer no hebraico (língua do AT), quer no grego (língua do NT), sejam variados, todos encerram este mesmo signifi cado comum, cor-riqueiro e bem simples: servir a outras pessoas. Iniciaremos, pois, afi rmando que o Culto Cristão é o serviço que Deus rea-liza em favor dos Seus, ou em favor do Seu povo. É isto mesmo: culto é ato divi-no, na Bíblia, e não ato humano. Esta é a primeira e fundamental diferença entre o conceito pagão e o conceito cristão de culto. O culto não é ação humana, mas ato de Deus em favor dos Seus. É serviço divino cujo favorecido é o povo de Deus. Senão, vejamos: Segundo a Bíblia Deus é santo e nós pecadores. Estamos apartados d’Ele, pois os nossos pecados fazem uma divisão entre nós e Ele, divisão esta que não po-demos, por nós mesmos, superar. Como, então, poderíamos, sequer, comparecer em Sua santa presença? Razão porque diz Isaías: “Quando vindes comparecer perante Mim, quem vos requereu o só pisardes nos Meus átrios?” (Is 1.12). Somos pecado-res e não podemos comparecer diante de Deus, somente aqueles a quem Ele assim “requer”, ou seja, aos que Ele chamou. E, claro, se Ele nos chamou, isto é graça e misericórdia, ou seja, serviço divino em nosso favor.

Serviço Público da IgrejaServiço Público da IgrejaServiço Público da IgrejaAdoraçãoAdoração

Serviço Público da IgrejaServiço Público da Igreja

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Culto – Uma convocação do divino aos fi lhos

Obediência Litúrgica

A obediência litúrgica faz alusão a duas pontuações: A primeira é a obediência à convocação litúrgica e obediência ao convite à participação na celebração li-túrgica. Por mais que pareça uma colocação redundante, não é. O entendimento que se deve ter é que obedecer a convocação litúrgica é muito mais do que comparecer ao culto simplesmente. Trata-se, antes, de participar na sua celebração, de ocupar o seu lugar na assembléia litúrgica e nela desempenhar o seu papel específi co, a saber, escutar a proclamação da Palavra na leitura e na pregação, confessar a fé que a Igre-ja confessa, juntar-se ao cântico que a Igreja canta, confi rmar, por meio do ‘amém’, as orações ditas em nome da assembléia e – importante – atender o convite à mesa do Senhor. O concílio de Antioquia (341 d.C.) não hesitou em ordenar que fossem expulsos da igreja e colocados sob disciplina os que “entram na Igreja e escutam a leitura das Santas Escrituras, mas não se juntam à oração do povo ou se eximem de participar da Eucaristia - propter aliquam insolentiae”.1 Crer que basta a mera presen-ça no culto equivale a sabotar e por obstáculos à celebração litúrgica, e dar mostras de ingratidão para com o Senhor.2

É por esse motivo que se considera desaconselhável a movimentação no san-tuário durante os horários de culto (salvo exceções excêntricas3), pois descentraliza as atenções litúrgicas e atrapalha a comunhão. Corre-se o risco de transformar essas pes-soas em meros assistentes, em espectadores isentos da participação do ato litúrgico.4

Observações Relevantes

Existe a opinião comum de que o culto não corresponde a uma necessidade con-creta, de que é de utilidade meramente pedagógica ou pastoral e, por conseguinte, de que a obediência cristã não signifi ca também participação no culto. Ao invés de irritar-nos dian-te dessa indiferença litúrgica demonstrada pelos muitos ditos fi éis, melhor seria libertá-los dessa heresia que propõe que quanto mais fortes espiritualmente mais desnecessário é estar no culto. É necessário deixá-los saber que o culto ainda é recheado de sua plenitude sacramental e que cada um tem seu papel no desempenho cúltico. Quando o culto for o que ele deve ser, a atração indubitável que o culto exerce sobre os fi éis fará com que esta presença participativa aconteça normalmente. Quando a Igreja não cumpre com este atendimento, demonstra imaturidade cristã e falta de compromisso com o Reino de Deus.1 ALLMEN, J. J. V. O Culto Cristão. p.1462 ALLMEN, J. J. V. O Culto Cristão. p.147 (citando K. Bart).3 Por motivos de doenças, orientação médica, e para manter a ordem no culto. Esta última considera-se o caso de que a pessoas que o faz afasta-se da assembléia, ausentando-se de seu alvo e de seus benefícios.4 Resumo da opinião de Von Allmen in ALLMEN, J.J.V. O Culto Cristão. p.147.

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Um outro problema que satura o crente de hoje, diz respeito ao batismo, ou melhor, ao grande número de batismos realizados nas Igrejas. O culto é a assembléia dos santos, ou, em outras palavras, a assembléia dos batizados. Torna-se incoerente a realidade existencial de nossas igrejas, onde o número de batizados não é o mes-mo número de presentes participantes do culto. Von Allmen diz: “Nós batizamos um número demasiado grande de pessoas”5 e nem todos são cônscios de seus deveres eclesiásticos. Um grande desafi o da Igreja é a retomada de sua consciência de si mesma, do que ela é e representa no mundo.

5 ALLMEN, J. J. V. loco cit. p.148.

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Alvo do Culto CristãoQuem cultua e quem é cultuado

Creio que as palavras da Confi ssão de Fé de Westminster, sobre o culto cris-tão, nos dariam um bom início para esta seção.

O culto religioso deve ser prestado a Deus o Pai. o Filho e o Esplrito Santo - e só a ele; não deve ser prestado nem a anjos, nem a santos, nem a qual-quer outra criatura; nem deve, depois da queda, ser prestado a Deus pela mediação de qualquer outro, senão unicamente a de Cristo.6

É notória a clareza com que o texto da Confi ssão de Fé se aplica. Vejamos algumas colocações pertinentes a esta afi rmação. Como a própria Confi ssão de Fé nos afi rma: O culto público, ou religioso, deve ser prestado a Deus, e a Ele somente. (Mt 4.10)7. A centralidade deste alvo deve permear todos os momentos do culto e não somente algumas partes. Todo culto é em nome de Cristo (lTm 2.5; Ef 2.18), pois somente Ele é o mediador entre Deus e os homens. O culto, portanto, é cristocêntrico, ou seja, Cristo é a centralidade da mensagem do culto e Deus seu alvo. A radicalidade desta exigência inspira atenção por parte daqueles que são adoradores. O culto deve chamar-se “culto a Deus”, pois assim se expressa a sua realidade. Todo culto a Deus apresenta suas seções, a que chamamos de partes ou momentos do culto ou ordem de culto. Nessas ordens apre-sentadas, estão os momentos de adoração, ação de graças, contrição, etc. Portanto, não existe culto de ações de graças, pois todo culto é de ações de graças, não existe culto de louvor, pois todo culto é de louvor como parte da adoração ao nome do Se-nhor, não existe culto de aniversário disso ou daquilo, pois estaríamos contrariando o princípio de Mt 4.10 e, também, a Confi ssão de Fé quando diz que “... não deve ser prestado nem a anjos, nem a santos. nem a qualquer outra criatura;...”, não existe culto de 15 anos8, ou de casamento, ou de bodas, etc, pois estaríamos desviando da centralidade do alvo do culto cristão. O fato é que todas essas partes colocadas aqui, são perfeitamente encaixadas nos momentos do culto, ou seja, ações de graças e louvor (adoração), caberiam nos momentos de adoração, de ações de graça do culto cristão. Os 15 anos, ou bodas podem entrar no momento de ações de graças, e assim 6 CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER. p.111 - Referências: Jo 5.23; 2Co 13.13; Mt 4.10; Ap 5.11-13; Cl 2.18; Ap 19.10; Rm 1.25; 1Tm 2.5; Ef 2.18.7 A ORDEM DO CULTO - PARTE I. STPRJ. Rev. Geraldo Azevedo (in memórian) 1999.8 15 anos, bodas, etc, são festas extraídas do paganismo e com o decorrer dos tempos adicionadas à Igreja.

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por diante. Convém observar a terminologia correta, que seria dizer Culto a Deus onde estaremos agradecendo pelos “X” anos de vida da SAF, ou UPH de nossa igreja. A centralidade, que é Deus, não pode ser substituída. Trata-se de um valor inegociá-vel do culto cristão. Quando satanás, tentou Jesus no deserto, ele quis enganá-lo substituindo a centralidade da adoração (culto) de Jesus; “...Tudo isto te darei se, prostrado9, me adorares.”(Mt 4.9,10). Infelizmente muitos estão caindo neste ardil satânico em nossos dias, focalizando no homem, na Igreja e em suas ações, o motivo do culto. Exemplos de apelos como: “Venham participar de um Louvorzão”, ou “Participe de nosso culto, teremos a presença do ‘irmão fulano’, ou da cantora ‘fulana’”. Note que as partes en-tre aspas são o FOCO dos apelos e não a pessoa de Jesus Cristo, o centro do culto, ou de Deus, o Pai. Qualquer coisa que fi que neste lugar de privilégio divino desvia a centralidade do culto.

“Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás. nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso10,... (Êx 20.2-5)

Neste texto podemos observar quem é o “adorado” e quem são os “adorado-res”. Os adoradores são aqueles que oferecem culto. Assim como “O Culto começa em Deus. Pois É Ele quem toma a iniciativa, convoca os Seus e faz-se presente pri-meiro. Em nome de Cristo os crentes respondem à Sua chamada e se reúnem em assembléia como comunidade de adoradores.”11. Os adoradores são conhecido também como os batizados, ou seja, aqueles que por meio do sinal externo confessam que são, agora, membros do corpo de Cris-to, membros do Reino de Deus e pertencentes a assembléia litúrgica, os adoradores de Deus, os que cultuam ao Senhor. É errado conceber que qualquer um seja um adorador, como é comum nos dias de hoje. É comum às igreja e, especialmente aque-las que se chamam de comunidades evangélicas, convidarem para a participação no culto ao Senhor, ou chamam assim “venham participar conosco!”. Isso é impossível! O ímpio pode até comparecer ao culto e ser uma espectador, mas nunca um partici-pante. Para tal atuação precisa ser um transformado pelo Espírito, pois como pode haver “...comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união do crente com o incrédulo?” (2Co 6.14,15).

9 Prostrado – posição comum à adoração e aos atos cú1ticos. Muito comum nas regiões orientais, nas quais a Palestina estava inserida, cuja cultura religiosa (independente da vertente denominacional) possuía como postura de devoção religiosa padrão.10 Zeloso – ciumento; que não permite dividir seu povo com ninguém, não no sentido de sentimento humano perfi dioso.11 A ORDEM DO CULTO - PARTE I. STPRJ. Rev. Geraldo Azevedo (in memórian) 1999.

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O batismo é um Sacramento do Novo Testamento, instituído por Jesus Cris-to, não só para solenemente admitir na Igreja visível a pessoa batizada, mas também para servir-lhe de sinal e selo do pacto da graça, de sua união com Cristo, da regeneração, da remissão dos pecados e também de sua consagração a Deus. por meio de Jesus Cristo, a fi m de andar em novidade de vida.12

Este trecho da Confi ssão de Fé aponta para a importância do batismo na vida cristã, pois o batismo signifi ca o símbolo de entrada na comunidade litúrgica, ou seja, o povo de Deus. O ímpio, por mais que esteja entre o povo de Deus, no meio do culto, jamais poderá compreender, por si mesmo, as coisas que acontecem ali. Podem sentir uma alegria emocional, ou serem atraídos pelas amizades ali existentes, mas o entendimento e a participação legal só se dá por meio do Espírito Santo de Deus, pois “...o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.”(1Co 2.14).

Entrar no reino de Deus era um ato de arrependimento e João deixou isto claro em sua pregação. Quando os judeus que saíam para ouvir João eram batizados, eles eram batizados “confessando seus pecados· (Mateus 3.6).13

Em suas Institutas, João Calvino nos relata acerca do batismo cristão que:

... à nossa confi ssão diante dos homens assim serve o batismo, que, de fato, é ele a marca mercê da qual professamos abertamente querermos nós ser contados no rol do povo de Deus, mercê da qual testifi camos assentir-mos com todos os cristãos ao culto de um mesmo Deus, a uma e a mesma reli-gião, mercê da qual, enfi m, afi rmamos publicamente a nossa fé, assim que não só respirem nossos corações o louvor de Deus, mas também nossas línguas e todos os membros de nosso corpo o ressoem com quantas formas de expressão podem.14

Este relato nos afi rma que não somente afi rmamos o que Deus fez dentro de nós, simbolizado pelo batismo, como mostramos que o culto é o lugar que devemos expor nosso contínuo testemunho e nossa adoração ao único Deus, pelas diversas formas de adoração. Portanto, somente os batizados são os adoradores do culto a Deus. A eles, Deus chama efi cazmente e eles respondem em nome de Cristo para cultuarem o Cria-dor. Notem que a negligência a este chamado, põe em prova o seu testemunho diante

12 CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER. p.141 Referências Mt 28.19; At 2.41; Rm 4.11; Cl 2.11,12; Gl 3.27; Rm 6.3;4; Tt3.5; At 2.38: Mc 1.4; At. 22.16.13 O CULTO. STPRJ. Rev. Geraldo Azevedo (in memórian) 1999.14 CALVINO, J. Institutas IV. XV, 13, 294.

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do mundo. Deus chama, por meio do Espírito Santo os seus e quer ser positivamente respondido por eles. A negligência a tal chamado é pecado diante de Deus.

O cultuado — Deus é a presença infi nita por excelência, ou seja, sua presença nunca falta. Ele sempre está presente, nunca se ausenta. Este pressuposto é dogmático no culto. Por isso “afi rmamos que o culto é o lugar e o momento do encontro entre Deus e seu povo”.15

É a presença de Deus que faz dEle algo mais do que uma simples ilusão. É a ordem de Deus que transforma o ato de culto em algo mais do que mero desejo ou anseio. É a sua glória que liberta da cegueira espiritual. É a sua liberdade que o eleva acima de qualquer direito humano.

Quem cultua — Como foi visto acima, os fi éis, os ofi ciantes do culto, são os batiza-dos. O culto, por fi m, é uma recapitulação da história da Salvação, um epifania da igreja e testemunho, ao mesmo tempo, do fi m e do futuro do mundo. Nele celebra-se a adoração ao único Deus, que chama efi cazmente seus fi éis e por eles serve e é servido.

15 ALLMEN, J. J. V. O Culto Cristão. p . 223

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Princípios Reguladores do Culto

Deus instituiu suas regras/moldes para nos ensinar como poderíamos nos re-lacionar com Ele e cumprir com a fi nalidade para a qual fomos criados16. É de enten-dimento bíblico que os adoradores, que são os fi lhos convertidos de Deus, por serem habitação do seu Espírito, possuem a centelha gradual e crescente da santifi cação. — É pertinente percebermos que tanto o culto quanto a santifi cação possuem um princípio agenciador que organiza e desenvolve tal fi m: a santa Palavra de Deus. Nela, encontramos os princípios que possuem autoridade divinamente inspirada de regulamentar a vida cristã, incluindo o culto. Os elementos de culto são práticas específi cas, prescritas (direta ou necessa-riamente inferidas) das Escrituras e válidas para toda a dispetnsação do evangelho (da graça), em qualquer lugar ou circunstância. Alguns desses elementos são comuns; isto é, fazem parte regularmente do culto (ANGLADA, 1998, p.). A Confi ssão de Fé refl ete perfeitamente a posição reformada, admitindo apenas os seguintes elementos comuns de culto: a leitura bíblica, a pregação da Palavra, a reverente atenção a ela, a oração, o louvor, e a ministração e recepção das ordenanças do batismo e da Ceia do Senhor. Outros elementos ocasionais (não regulares) de culto são: os “juramentos religiosos, votos, jejuns solenes e ações de graças em ocasiões especiais”. As circunstâncias de culto, são todas as demais coisas, de caráter não reli-gioso, mas necessárias à realização do culto. Estas coisas não são fi xas, não fazem parte do culto em si, não sendo portanto especifi camente prescritas nas Escrituras. Mas devem ser ordenadas à luz da revelação geral e bíblica, do bom senso cristão, de conformidade com os princípios gerais das Escrituras. A Confi ssão de Fé de West-minster trata do assunto no capítulo I, parágrafo IV, nos seguintes termos:

...há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igre-ja, comum às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da Palavra, que sempre devem ser observadas.

Como exemplo de circunstâncias de culto na dispensação do evangelho, pode--se mencionar o lugar (casa, templo, ao ar livre), horário (dias da semana com ex-

16 Segundo a CFW, o principio fundamental da criação humana é a adoração. O Catecismo afi rma em sua primeira respota que “o fi m princi-pal e supremo do homem é adorar a Deus e gozá-lo para sempre”.

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ceção do domingo, horário), duração e ordem do culto, móveis (púlpito, bancos ou cadeiras, mesa para a Ceia do Senhor); iluminação (velas, lamparinas, candeeiros ou luz elétrica), aquecimento ou ventilação, som, etc. Estas questões são todas circuns-tanciais na dispensação do evangelho, o que signifi ca que não se pode atribuir a elas conotação religiosa, tornando-as obrigatórias, e devem ser decididas com a prudência cristã e luz dos princípios gerais das Escrituras, t ais como simplicidade, ordem e de-cência, reverência, etc. Há alguns cuidados gerais que se deve ter com relação a estas questões cir-cunstanciais:

Primeiro — não atribuir a estas coisas, que em si mesmas são indiferentes, conotação religiosa, atrelando-as ao evangelho, confundindo-as com os elementos de culto, tornando-as obrigatórias. Não se pode sacralizar um lugar (um templo), um horário (sete ou oito horas da noite), um móvel (bancada de madeira), uma roupa (o paletó ou batina), um sistema de ventilação, uma ordem de culto, etc. Tem sido grande o perigo da superstição com relação a estas coisas. Quanto a esta tendência, Hugh Binning adverte:

Muitos têm uma noção supersticiosa do lugar de culto público, como se hou-vesse mais santidade nele do que em outra casa qualquer; e assim, pensam que suas orações na Igreja do mais aceitáveis do que nos seus próprios aposentos. Mas Cristo rejeita esta opinião supersticiosa com relação a lu-gares e, consequentemente, com relação a dias, comidas e coisas externas como essas.17

O segundo, é o de fazer tudo à luz da prudência cristã. É este o melhor horá-rio, o melhor dia, o lugar mais apropriado (com relação à tranquilidade:, residência e poder aquisitivo dos membros)? Os móveis são apropriados, a roupa, a iluminação, a ventilação, etc? O terceiro, é o de deixar que os princípios gerais das Escrituras regulem as nossas decisões com relação a todas estas coisas, de modo que não venham a con-trariá-la. Nós não somos naturalmente prudentes. É à luz das Escrituras que devemos determinar o que é ou não prudente, mesmo com relação às coisas ordinárias da vida “Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus” (Efésios 5.15,16).

Reconheço que este ensaio não dirimiu todas as questões relacionadas ao culto. Mesmo porque a temática em questão reúne anos e anos de estudos debruçados em

17 .,.”. The Common Principles of the Christian Religion, Lecture11: The Knowledge That God is, Combined with the Knowledge that He is to be Worshipped, p59.

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contextos e minuciosas pesquisas do tempo cristão primitivo. As inumeráveis questões que cercam as atuais e complicadas formas de cultos vividas em nossos dias nos con-duz a um desafi o cristão, no mais esplendido teor que este nome tem. O Culto Refor-mado implica em uma centralidade bíblica, mas nem mesmo este culto está isento de refl exões. A reforma trouxe a fl exibilidade bíblica-cristã do alvo da adoração, dos adora-dores e do amor privilegiado que nutre a igreja que se reúne debaixo das asas do Pai, que nos acolhe com nossas mazelas, nos cura e nos melhora apesar de nós. Precisamos ter prudência e cuidado em avaliar intensamente as nossas inter-pretações, para que tenham fundamento bíblico. Os próprios reformadores foram fl exíveis em suas reformas, conduzindo-as aos poucos, à medida que o povo podia assimilar. Calvino, por exemplo, não concor-dava de modo algum com o dia santo do natal. Mas preferiu adiar esta reforma em Genebra, para não impedir o curso da Reforma.18 John Knox rejeitava a imposição anglicana do ato de ajoelhar-se para receber o pão e o vinho na Ceia do Senhor, mas aconselhou sua congregação em Berwick a tolerar a prática.19 E o puritano Thomas Cartwright, embora se opusesse ao uso de vestes clericais, considerou melhor usá--las do que ser obrigado a abandonar a sua vocação.20

Entretanto, se rejeitarmos o princípio regulador do culto reformado, que esta-belece as Escrituras como regra sufi ciente e autoritativa de culto, que outro princípio adotaremos? Como defi niremos o que é ou não permitido no culto? Como preservare-mos o culto das tradições, invenções e superstições humanas? Adotando o princípio normativo anglicano, segundo o qual tudo o que não for proibido ou não for contrário às Escrituras é permitido no culto, devemos reconhecer que teremos difi culdade em responder às questões com as quais lidamos neste estudo. Afi nal, as Escrituras não proíbem o sinal da cruz, a queima de incenso, ou a cerimônia do lava-pés! Também não proíbem a abstinência de carne na “semana santa” e uma infi nidade de práticas litúrgicas católico-anglicanas! Concluímos com uma singela sugestão que, à luz da história da revelação bíblica, ênfases sobre pompa, ritos, símbolos, gestos e demais práticas litúrgicas inventadas pelo homem, não constituem um avanço, e sim, um retrocesso. Signifi -cam um retorno a formas de culto mais rudimentares, apropriadas apenas à velha dispensação. A glória e beleza do culto na nova dispensação não está no templo, na sua decoração, nos ritos, nos símbolos, nos gestos, nas luzes, nos corais, na pompa, nas cerimônias, nos instrumentos musicais, ou em quaisquer coisas do gênero. Está, sim, na sua simplicidade, na sua natureza espiritual, na “santidade do adorador”, na conformação do culto à verdade revelada nas Escrituras, na realidade do acesso do 18 Ver carta endereçada a John Haller, pastor de Berna. Letters os John Calvin, vol 2 (New York; Burt Franklin, 1972). pp 288,289.19 Cf. Christopher J. L. Bennett, “Worship among the Puritans; the Regulative Principle”, In Spiritual Worship, p.30. Ver também excelente artigo de Mantyn Loyd-Joncs, já traduzido para o Português, sobre as características pessoais de John Knox (Os Puritanos: Suas origens e seus Sucessores. São Paulo: PES, 1993. pp. 268-288).20 Cf. Christopher J. L. Benneth, “Whorship among the Puritans; the Regulative Principle”. Em Spiritual Worship, p.30.

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crente à presença de Deus pela intermediação de Cristo e a ação do Espírito Santo. Encerro este pequeno ensaio sobre Teologia do Culto Reformado com as pala-vras do apóstolo Paulo na sua Epístola aos Romanos:

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” — Romanos 12.1,2.

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Culto agradável a Deusou aos incrédulos?

Se a fi nalidade de um culto religioso é estabelecer, mediante ritos, dogmas e símbolos relações entre os seres humanos e a(s) divindade(s), criar, entre Deus e os seus adoradores, um intercâmbio proveitoso. Permita-me apresentar uma ilustração:

“Quando a esposa de um amigo se vestia em determinada manhã. Ele ob-servou que ela abotoou o casaco colocando o primeiro dos botões na se-gunda casa e assim sucessivamente, por treze vezes. Por fi m, descobrindo que um dos botões havia sobrado, ela percebeu o que estivera fazendo. Quantos erros ela tinha cometido? – se perguntou. Um ou treze? Treze, mas ela tinha cometido um erro fundamental no começo que a conduziu inevita-velmente aos outros erros seguintes.

A referida ilustração possui a mesma conotação de uma parábola bíblica, uma história que serve como símbolo para ilustrar uma verdade maior. A disciplina de Te-ologia do Culto emerge como um alerta para que o mesmo erro não aconteça com a igreja, quando exerce sua vocação de adorar a Deus. O culto, se não compreendido à luz da Bíblia e seus propósitos, pode facilmen-te se tornar uma ferramenta corrompida e, aliada a nossos equívocos egocêntricos, produtora de muitos erros consecutivos de adoração. Um erro muito comum é quanto ao propósito do culto. Muitos crentes cometem um erro fundamental de crer que o propósito de se reunirem aos domingos é a evangeli-zação. Um sentimento equivocado e humano passa então a reger a ótica de como ava-liam o culto, e passam a prismar no incrédulo como a base da construção deste evento de adoração. E visto que os incrédulos não possuem a natureza e a capacidade espiri-tual para a participação fi lial21 do culto, que não podem entender o sentido das palavras ou as melodias de nossos hinos, equivocadamente, o crente passa a moldar o culto à natureza do incrédulo, acomodando-o a um formato compatível com o pecador incrédulo em nome de uma evangelização dependente das ações do homem e não mais de Deus, que é o anfi trião e o alvo do culto. Torna-se uma adoração no formato compatível com o universo, a linguagem e a forma do incrédulo, ou seja, tudo o que é contra Deus.

21 Filial – de fi lho, de quem é fi lho. P. ex.: o adorador adora ao Pai porque é fi lho desse Pai. O adorador foi feito fi lho para isso. O incrédulo não é fi lho, não possui as mesmas capacidades e direitos de fi lho.

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Sendo assim, houver leitura, tem de ser bem curta para não cansar o incrédulo e ele ir embora e não ser salvo. Igrejas mudam a Ceia do Senhor para uma reunião particular no domingo pela manhã ou na quarta-feira à noite. As orações devem ser curtas e simplistas, bem como o sermão, que deve abordar assuntos que interessam aos incrédulos, tais como: solidão, maridos ausentes, falta de esperança, falta de contentamento, mágoas, difi culdade de criar adolescentes, e como lidar com os pro-blemas. As temáticas não podem agredir ou constranger o incrédulo, para que ele não se vá, ou endureça o coração e não seja salvo. A partir desta reunião de domingo, os incrédulos devem sentir-se encorajados a participar de pequenos grupos de estudo e de um curso sobre as doutrinas que nós cremos. E somos fortemente encorajados a acabar com a forma de adoração que agrada a Deus, que passa a ser chamada de arcaica ou passada. E com o passar dos anos tal equivoco (eu chamaria de erro fundamental no início), faz com que os crentes esqueçam os fundamentos da fé, se afastem dos prin-cípios bíblicos pelas novidades do modismo evangélico, da ultima moda de adoração que predomina neste universo cada vez menos preocupado em consultar a Deus acerca de sua real vontade, o que Ele realmente pensa sobre seu culto e a forma de agradar a Ele que é o Senhor do culto. Acostumou-se a consultar, a pesquisar, qual é a nova tendência de se planejar os eventos do culto naquelas “grandes” igrejas, muitas vezes abarrotadas de incrédu-los sem que haja mais espaço para se mexer, sem lugar para Jesus e seu evangelho do Pai (tal qual foi em seu nascimento, em que não havia lugar para ele). — Jesus é apenas um nome mágico para se usar como uma “confi ssão mágica” de afi rmações que Ele mesmo jamais faria. Jesus era o maior exemplo para a igreja! Ele e seu tes-temunho apontam para a reverência que se deve ao Pai. Ele mesmo se ajoelhou na presença do Deus e se alguém tinha direito de ser informal e casual com seu Pai, este alguém era Jesus de Nazaré. O Senhor Jesus nunca magoou seu Pai, mas se pros-trava quando falava com Ele. Tudo o que fazemos e dizemos tem de ser agradável a Deus, pois Ele está ciente do que se passa no íntimo daqueles que ofertam pequenas moedas (Mc 12.41-44); Ele se deleita com a alegria que demonstramos [ou devería-mos demonstrar] na administração de nossos talentos e em tudo o que fazemos para Ele (e não para incrédulos). Nosso louvor e orações precisam estar de acordo com as Escrituras, e, acima de tudo, a Palavra pregada tem de servir ao propósito de Deus, porque o sermão é o aspecto mais importante da adoração, visto que através dele o Criador do universo fala para seus fi lhos. A mensagem, tanto em seu conteúdo quanto em seu signifi cado, deve proporcionar aos incrédulos que foram atraídos ao culto, o conceito exato a respeito de quão glorioso é o Deus vivo — Pai, Filho e Espí-rito Santo — terrível em seu poder, incomparável em sua glória e extraordinariamente gracioso. A Palavra pregada deve, pelo poder do Espírito Santo, constranger o incré-

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dulo a ponto de angustiá-lo. E não para agradá-lo para que volte motivado pelo agrado e não pelo poder da Palavra. Não existe qualquer indício de que a Igreja tem um chamado para afagar as emoções dos incrédulos. Na verdade, não temos algo mais para os incrédulos, nada além de Cristo. Temos de ser absolutamente claros e unânimes sobre isso, na con-gregação e no púlpito. Se eles não querem nosso Salvador, não podemos substituir a mensagem com maneiras de salvarem seu casamento, assim como não podemos utilizar um culto musical, coreografi a e dança para torná-lo mais agradável a eles ou a nossa vontade de entretenimento, ou ensinar-lhes regras de procedimento, para tornar mais agradável o seu trabalho no escritório, ou oferecer um curso sobre a vida de solteiros, etc. Tudo o que temos a oferecer-lhes é um Profeta para ensiná-los, um Cordeiro que removerá a culpa deles e um Pastor que os guiá-los, protegê-los e os transformá-los. Nossa própria vida tem de ser tão semelhante à de Cristo quanto possível, es-pecialmente quando nos reunimos. Nós nos reunimos para encorajar uns aos outros a viver como imitadores de Deus. Precisamos ser irrepreensíveis em nosso vestir, nossa linguagem, nosso uso do tempo, nossos relacionamentos ou mesmo em nosso humor, a fi m de sermos conhecidos como aqueles que desejam agradar a Jesus em todas as coisas. O nosso maior evangelismo é nossa própria vida, como estamos vi-vendo ela. Os incrédulos descobrem que estão na companhia daqueles que têm como objetivo principal glorifi car a Cristo e gozá-lO para sempre. Se o estilo e a maneira de nos expressarmos, quando nos reunimos na pre-sença de Deus, são aquelas mesmas que os incrédulos têm entre eles, no escritório ou em seu ambiente educacional, então, falhamos em alcançá-los. Nós, que somos aqueles a quem o Senhor buscou e salvou, somos [ou deveríamos ser] sensíveis às verdadeiras necessidades dos incrédulos. Portanto, se empregarmos qualquer coisa vulgar e superfi cial, estaremos cometendo o pecado de sugerir-lhes uma deidade indigna da atenção deles. Conseqüentemente, nossa adoração tem de ser simples, espiritual, calorosa, reverente, substancial, caracterizada por orações espontâneas, com hinos de mensagem profunda; uma adoração que terá como clímax a pregação expositiva; uma adoração apoiada em formas que rapidamente obtêm familiaridade com o que é divino; então, estes se tornam os melhores meios de conduzir as pessoas a Deus, a quem servimos, e de impedir que a atenção delas se prenda na observação de um ambiente que agrada... a Deus ou aos incrédulos?

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Resumindo o que aprendemos Devido à natureza humana pecaminosa, o povo pactual de Deus não raro se desvia da verdade. É comum o homem perverter a verdadeira religião ao eliminar elementos considerados desagradáveis a ele. Ele também a corrompe pela adição de idéias próprias. Essa tendência de deturpar a verdadeira religião, mediante adição ou subtração, constitui a razão de Deus ter advertido Israel de nada acrescentar ou retirar de sua Palavra:

“Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes; para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o Senhor Deus de vossos pais vos dá. Não acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor vosso Deus, que eu vos mando” (Dt 4.1,2).

A expressão dogmática e reformada denominada Sola Scriptura representa esta base doutrinária que pode notoriamente ser vista nesta passagem e em outras semelhantes a ela. A Bíblia somente é a autoridade fi nal em todas as questões de fé e prática.

“Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens [...] há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comuns às ações e so-ciedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras da Palavra, que sempre devem ser observadas” 22.

Portanto, tudo o que o homem faz deve ter por base mandamentos explícitos da Escritura, deve ser deduzido de forma lógica ou clara (e.g., exemplo histórico23, implicação etc.) ou, caso seja circunstancial, ser ordenado pela luz da natureza e da prudência cristã, de acordo com as regras gerais da Palavra (e.g., tempo ou lugar de

22 Confi ssão de Fé de Westminster, I. VI.23 Uma circunstância de exemplo histórico é o culto público no dia do Senhor. Não existe mandamento explícito ou imperativo divino para alterar o culto público do sétimo dia (sábado) para o primeiro dia (domingo) da semana, registrado na Escritura. Entretanto, no Novo Testamento, a alteração do sétimo para o primeiro dia é registrada como fato consumado (At 20.7; 1Co 16.2; Ap 1.10). Nem todos os mandamentos divinos ou palavras proféticas foram incluídos na Bíblia. A prática universal da igreja apostólica, como o culto público no dia do Senhor, é obrigatória por causa da autoridade exclusiva conferida aos apóstolos (mediante revelação direta). Quando os apóstolos morreram, a revelação direta cessou e o cânon foi encerrado; agora, nossa doutrina, culto e todos os exemplos históricos estão limitados à Bíblia — a Palavra de Deus. Quem apela às tradições eclesiásticas, inventadas após o fechamento do cânon, para autorizar o estabelecimento de ordenanças relativas ao culto encontra-se, em princípio, em situação não muito melhor que a de Jeroboão fi lho de Nebate (1Rs 12.26-33).

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reunião etc.). O mandamento de Moisés, encontrado em Deuteronômio 4.2, é o Prin-cípio Regulador divino, em sentido mais amplo. A autoridade fi nal para o homem, e a marca d’água para a vida, está revelada na Bíblia. Portanto, tudo o que não é ordenado pela Escritura no culto a Deus é proibido. Tudo o que a igreja realiza no culto deve ter base em um mandamento divino explícito, ser lógica e claramente deduzido dele, ou derivar-se de um exemplo histórico aprovado (e.g., a alteração do sétimo dia para o dia do Senhor para o culto comunitário). Nenhum aspecto do culto ou da disciplina da Igreja de Deus foi confi ado à sabedoria ou pondera-ção humana — todas as coisas foram prescritas de modo objetivo pela autoridade divina —, também sob a Nova [Dispensação], nenhuma outra voz é ouvida na casa da fé, a não ser a do Filho de Deus. O poder da igreja é apenas ministerial e informativo. Ela deve apenas manter a doutrina, fazer cumprir as leis e executar o governo outorga-do por Cristo. Nada do que o Senhor estabeleceu deve ser adicionado ou subtraído por ela. A igreja não possui poder discricionário24 (Vide Deuteronômio 12.30-32). Embora se veja presente nas atuais igrejas, algumas se afi rmam reformadas, é o conceito da permissibilidade de tudo o que não é explicitamente proibido na Bíblia. As primeiras igrejas reformadas e protestantes rejeitaram esse conceito por não ser bíblico. A Confi ssão de fé de Westminster diz:

… o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído por ele mes-mo, e é tão limitado pela sua própria vontade revelada, que ele não pode ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens [...] ou de qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras.25

O que hoje designamos Princípio Regulador do Culto não é algo inventado por João Calvino ou John Knox, mas se trata de um imperativo divino. É um aspecto cru-cial da lei divina:

Dizemos que o mandamento de nada acrescentar é parte orgânica da lei toda, como lei e, portanto, toda adição humana ao culto divino, ainda que não contrarie nenhum mandamento de forma particular, é contrária ao man-damento geral de que nada deve ser adicionado.26

Assim, temos nas Escrituras Sagradas o registro habitual e restrito para a ado-ração que agrada a Deus, que por ele é aceitável. Sua procedência visa o cumprimen-to do desejo divino de santifi cação e maturação de seus fi lhos resgatados nesta jorna-da difícil e abençoadora do culto do Senhor. Nele, somos transformados e orientados dia a dia para o serviço de nossa missão: Adoração ao Deus Vivo.24 James H. Thornwell, Collected Writings (Richmond: Presbyterian Committee of Publication, 1872), vol. 2, p. l6325 CFW. XXI.I.26 Thomas E. Peck, Miscellanies (Richmond: Presbyterian Committee of Publication, 1895), vol. 1, p. 82.

Ensaio sobre Teologia do Culto ReformadoAspectos básicos sobre o culto público que a igreja precisa compreender e exercer na adoração

Rev. Luiz Cláudio de OliveiraPastor PresbiterianoGraduado em Teologia e Diplomado pela Universidade Presbiteriana MackenzieEspecialidades: Teologia Sistemática/Antropologia BíblicaPós-graduado em Psicanálise______________________Contatos:@: [email protected]: (21) 9848-2959