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Porque e como a maçonaria passou de operativa a especulativa Ir.: Ademar Valsechi 33º. A.:R.:L.:S.: Templários da Nova Era, 91- Grande Mestre de Harmonia da MRGLSCPresidente da Academia Catarinense Maçônica de Letras 1. Introdução - Maçonaria Operativa - Comentários resumidos: Os romanos tinham uma legião de construtores, o “Collegium fabrorum” que após os exércitos destruírem uma determinada vila ou cidade, eram responsáveis por reconstruir os principais edifícios de forma mais perfeita do que eram anteriormente. Com a capitulação de Roma em 464, muitos destes grupos especializados em construções ficaram abandonados longe de Roma, em locais que hoje formam vários países no continente europeu e na Grã Bretanha. Para não serem presos e mortos pelos exércitos bárbaros, se refugiaram em locais longínquos e de difícil acesso, como os pântanos da Caledônia (nome dado pelos romanos à região que hoje forma a Escócia) e regiões montanhosas dos Alpes. O grupo mais famoso se refugiou na ilha de Cuomo, no norte da Itália, que após a redução das invasões bárbaras, seus descendentes voltaram para o continente europeu, se destacando como excelentes construtores. Eram chamados “mestres comacinos”. Esses construtores aperfeiçoaram e continuaram as técnicas de construção e foram transmitindo os segredos para os mais achegados, principalmente para seus filhos e afilhados. Formaram grupos fechados, chamados corporações ou guildas, onde ensinavam as técnicas de construção aos aprendizes e estes juravam guardar segredo dos ensinamentos, mesmo sob tortura. Apesar do surgimento de feudos e nações,

Porque e Como a Maçonaria Passou de Operativa a Especulativa

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Porque e como a maonaria passou de operativa a especulativa

Ir.: Ademar Valsechi 33. A.:R.:L.:S.: Templrios da Nova Era, 91- Grande Mestre de Harmonia da MRGLSCPresidente da Academia Catarinense Manica de Letras

1. Introduo - Maonaria Operativa - Comentrios resumidos:Os romanos tinham uma legio de construtores, o Collegium fabrorum que apsos exrcitos destrurem uma determinada vila ou cidade, eram responsveis porreconstruir os principais edifcios de forma mais perfeita do que eram anteriormente.Com a capitulao de Roma em 464, muitos destes grupos especializados emconstrues ficaram abandonados longe de Roma, em locais que hoje formam vriospases no continente europeu e na Gr Bretanha. Para no serem presos e mortos pelosexrcitos brbaros, se refugiaram em locais longnquos e de difcil acesso, como ospntanos da Calednia (nome dado pelos romanos regio que hoje forma a Esccia) eregies montanhosas dos Alpes. O grupo mais famoso se refugiou na ilha de Cuomo, nonorte da Itlia, que aps a reduo das invases brbaras, seus descendentes voltarampara o continente europeu, se destacando como excelentes construtores. Eramchamados mestres comacinos.Esses construtores aperfeioaram e continuaram as tcnicas de construo eforam transmitindo os segredos para os mais achegados, principalmente para seus filhose afilhados. Formaram grupos fechados, chamados corporaes ou guildas, ondeensinavam as tcnicas de construo aos aprendizes e estes juravam guardar segredodos ensinamentos, mesmo sob tortura. Apesar do surgimento de feudos e naes,conseguiram manterem-se livres. Caso algum construtor fosse escravizado, a tcnica deconstruo morria com ele. Adotaram a palavra francesa maom que significapedreiro, construtor e para a corporao o nome maonaria, que significa firmaconstrutora. Autodenominavam-se pedreiros livres, ou em francs franco-maons ena Gr-Bretanha free-masons (5.1).

5 - " porque e como a maonaria passou de operativa aespeculativa" - Ir Ademar Valsechi

Fig. 1: Assinatura de um Mestre Maomoperativo na pedra.

Em cada construo, o mestre maom deixava gravado o seu sinal em pedra,equivalente a sua assinatura (fig.1).Aps aquela mida sexta-feira, 13 de outubro, de 1307, quando foi dissolvida aOrdem dos Cavaleiros Templrios, muitos templrios se refugiaram onde eram bemrecebidos, fugindo da morte certa em outros lugares. Na verdade a fuga com suasriquezas ocorreu na vspera, quinta-feira,dia 12 de outubro(5.2). Portugal e Esccia foram os destinos preferidos. Os mais sacerdotais se dedicaram vida monstica, mas havia entre eles muitos construtores.Estes se incorporaram aos pedreiros-livres, influenciando a administrao daorganizao, que se tornou mais esotrica, sofisticando o ritual de iniciao de umaprendiz, a evoluo para mestre, e as tcnicas de construo se tornaram maisrefinadas, pois trouxeram conhecimentos das construes rabes. Os mestresoperativos templrios e seus descendentes tambm deixaram suas assinaturas naspedras de catedrais e palcios (fig. 2).

Fig. 2: Assinatura de um Mestre Maom Templrio operativo na pedra.

Os maons operativos continuaram livres e cada vez mais organizados em suascorporaes. Havia dois graus: Mestre e Aprendiz. A indicao para ser um novo16aprendiz maom era sigilosa. Geralmente de pai para filho, ou afilhados ou de algumjovem da comunidade considerado merecedor por seu talento e confiana, que setornava afilhado de determinado mestre. Em muitos casos o pai pagava ao mestre paraensinar a profisso ao seu filho. Esse jovem era iniciado formalmente em cerimniaespecial, jurando pela prpria vida guardar segredo por tudo que viesse aprender.Evolua lentamente nas diversas artes da construo, at ser julgado apto a subir para ograu de mestre maom, o que acontecia tambm em cerimnia especial. Os mestresmaons eram bem pagos, deixando os outros artesos enciumados. Com isso setornaram cada vez mais fechados e as corporaes mais isoladas.

2. Os primeiros aceitos.Antes de 1200 surgiram as primeiras cinco Universidades na Europa patrocinadaspela Igreja Catlica: Paris (Frana), Oxford (Inglaterra), Saler (Itlia), Montpellier(Frana) e Bolonha (Itlia), cuja finalidade era o ensino religioso. A Teologia eraensinada com base nas artes preparatrias, o Trivium, isto : Gramtica, Retrica eLgica. Em seguida foi adicionado o Quadrivium, que so: Aritmtica, Geometria,Msica e Astronomia. Mas em pouco tempo, alm de Teologia, j estavam dando cursosde Medicina, Direito, Arquitetura e outros. Entre 1200 e 1300 foram fundadas mais 17universidades, inclusive Cambridge e Coimbra. Em 1500 j eram mais de 70. Com acriao das universidades, foram aparecendo mudana das legislaes, pois surgiramnovas profisses universitrias que competiam com os prticos. A maonaria operativa,para sobreviver, se via impelida a se adaptar s mudanas daqueles tempos modernos.Muitos filhos de mestres maons foram estudar e se tornaram universitrios. Entreeles, vrios arquitetos e advogados, que a partir de 1440 foram as primeiras profisses aserem absorvidas pelas guildas, isto , se tornaram os primeiros aceitos. A arquiteturaestava aos poucos se firmando, tornando obrigatrio o aval de um arquiteto nos projetosde uma construo. Alm disso, esses jovens vinham da universidade com novas earrojadas idias de construo. O advogado se tornou necessrio para interpretar asnovas e complicadas leis no sentido de manter a corporao organizada o maissemelhante possvel, como era com os antigos mestres. Em muitas guildas isto gerouconflitos, pois os mestres operativos no aceitavam esta ingerncia dos novos e deforma nenhuma repassavam qualquer informao tcnica a esses aceitos. Tal comodesde o tempo de Salomo, os antigos sabiam tudo sobre pedras: Desde achar amelhor pedreira, escolher o melhor veio, o corte dos blocos, o transporte, o recorte emblocos menores, o polimento das asperezas, a forma de construir um arco, seja numaponte ou numa catedral, a localizao e espessura das colunas de sustentao, adecorao, etc.

3. A Maonaria Especulativa:Mas estes aceitos foram se tornando cada vez mais necessrios e importantes epelo menos na Esccia, em 1582, foi criado o 3 grau, para os que no trabalhavam coma pedra, oficializando o termo aceito. Como estes tambm eram livres, sedenominaram Maons Livres Antigos e Aceitos: M.:L.:A.:A.: (5.3) `Os antigos continuaram se encontrando secretamente, instruindo os novosaprendizes nos segredos da construo, mas j com influncias dos aceitos, pois osplanos tericos de construes de catedrais e palcios estavam sendo realizados cadavez mais pelos arquitetos. Os aceitos comearam a se encontrar em tabernas, masdesde o incio em cantos reservados, com reunies mais intelectualizadas. Com os laosde sangue numerosos entre os antigos e os aceitos, muitos mestres freqentavamessas reunies nas tabernas que foram se avolumando. Antes, durante ou aps as17reunies, serviam-se os gapes fraternais. Outros amigos universitrios de outrasatividades foram convidados. Entre eles, filsofos, professores, membros da nobreza,militares, mdicos e outras profisses. Esses encontros foram mesclando simbolismosda arte de construo com esoterismos vindos das antigas Sociedades Secretas doEgito, Prsia, Hebreus, Gregos, Romanos, alm de prticas cavaleirescas, etc. Com issohouve terreno frtil para se criar os ritos e mais tarde sair das tabernas para templosespecficos (5.4).

4. Concluso - A Moderna Maonaria:Com a queda da importncia dos construtores, a profisso de pedreiro, foievoluindo para uma profisso normal, como qualquer outra. As corporaes (ou guildas)evoluram por influncia dos aceitos, em Lojas Manicas, cujas reunies ocorriaminicialmente em tabernas. Mesclaram-se simbolismos dos maons operativos,principalmente a iniciao de um aprendiz e seu posterior aprendizado, comsimbolismos de iniciaes e rituais das antigas Sociedades Secretas. EssasLojas eram independentes entre si, at que em Londres, em 24 de junho de1717, quatro Lojas que se reuniam nas tabernas: O Ganso e a Grelha,Coroa, da Macieira e Caneca de Vinho, decidiram se associar eformaram a primeira Grande Loja, ou a primeira Jurisdio ou a primeira Obedincia, inaugurando o Sistema Obediencial com uma Autoridade Central. A Grande Loja de Londresinaugurou o seu Templo em 26 de maio de 1776 (fig. 3) e as reunies se tornaram totalmente privadas,disseminando o hbito de Sesses Manicas em Templos especficospara este fim, por todo mundo manico(5.5).

Fig. 3: Freemasons Hall - UGLE (Grande Loja Unida da Inglaterra)

5. Bibliografia:5.1 - Maonaria: Razes Histricas e Filosficas: Ir.: Eleutrio N. da Conceio - Editora Madras -1998.5.2 - Maonaria e Templrios: Realidade e Fantasias: Ir,: Aquiles Garcia Editora Lexia 2011.5.3 - Entrevista pessoal com o ex-secretrio da Grande Loja da Esccia, Brother.: Harry Wilson (dia25.11.2011) no Free Masons Hall - Edimburgo.5.4 - Site da Grande loja da Esccia: www.grandlodgescotland.com5.5 - site da Grande Loja Unida da Inglaterra: www.ugle.org.uk