102

Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

  • Upload
    lyliem

  • View
    223

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação
Page 2: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação
Page 3: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação
Page 4: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

5

Índice

Capítulo I — Apresentação ............................................. 7

Capítulo II — Diagnóstico da situação económica, financeiraesocial ..................................................... 11 2.1 — Produto interno bruto (PIB) ................................. 11 2.2 — Evolução dos sectores .......................................... 12 2.3 — Rendimento nacional Bruto (RNB) ..................... 13 2.4 — Balança comercial ................................................ 14 2.5—Déficesexternos ................................................... 16 2.5.1—Déficealimentar ..................................... 16 2.5.2—Déficeenergético ................................... 17 2.5.3—Déficetecnológico ................................. 18 2.6—Dívidasexternaepública ..................................... 19 2.7 — Investimento ........................................................ 21 2.8—Emprego .............................................................. 22 2.9 — Salários e distribuição de rendimentos ................ 24 2.10—Micro,pequenasemédiasempresas(MPME)..... 26

Capítulo III — A degradação do aparelho produtivo ... 27 3.1—Contornosdadestruiçãodoaparelhoprodutivo .. 27 3.2—Mistificaçõesdocapitaledopoderpolítico de direita .............................................................. 36 3.3—Causaseresponsáveis .......................................... 38 3.4—Opapeldosgruposeconómicosefinanceiros ..... 41

PoRtugal a PRoduzIR2.a edição

Capa:JoséMonginho© Editorial «avante!», Sa — lisboa, 2011

Tiragem:250exemplaresImpressãoeacabamento:DPS—DigitalPrintingServices,Lda.

Datadeimpressão:Outubrode2011Depósitolegaln.o 332362/11

ISBN 978-972-550-395-9

www.editorial-avante.pcp.pt

Portugal a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53

Page 5: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

5

Índice

Capítulo I — Apresentação ............................................. 7

Capítulo II — Diagnóstico da situação económica, financeiraesocial ..................................................... 11 2.1 — Produto interno bruto (PIB) ................................. 11 2.2 — Evolução dos sectores .......................................... 12 2.3 — Rendimento nacional Bruto (RNB) ..................... 13 2.4 — Balança comercial ................................................ 14 2.5—Déficesexternos ................................................... 16 2.5.1—Déficealimentar ..................................... 16 2.5.2—Déficeenergético ................................... 17 2.5.3—Déficetecnológico ................................. 18 2.6—Dívidasexternaepública ..................................... 19 2.7 — Investimento ........................................................ 21 2.8—Emprego .............................................................. 22 2.9 — Salários e distribuição de rendimentos ................ 24 2.10—Micro,pequenasemédiasempresas(MPME)..... 26

Capítulo III — A degradação do aparelho produtivo ... 27 3.1—Contornosdadestruiçãodoaparelhoprodutivo .. 27 3.2—Mistificaçõesdocapitaledopoderpolítico de direita .............................................................. 36 3.3—Causaseresponsáveis .......................................... 38 3.4—Opapeldosgruposeconómicosefinanceiros ..... 41

PoRtugal a PRoduzIR2.a edição

Capa:JoséMonginho© Editorial «avante!», Sa — lisboa, 2011

Tiragem:250exemplaresImpressãoeacabamento:DPS—DigitalPrintingServices,Lda.

Datadeimpressão:Outubrode2011Depósitolegaln.o 332362/11

ISBN 978-972-550-395-9

www.editorial-avante.pcp.pt

Portugal a Produzir.indd 5 04-10-2011 14:35:53

Page 6: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

6 7

CapítuloIApresentação

3.5—Capitalestrangeiro ............................................... 45 3.6—UniãoEuropeia:políticasecondicionantes ......... 47 Capítulo IV — Recursos nacionais ................................. 51 4.1—Recursoshumanos ............................................... 51 4.2 — Recursos naturais ................................................. 53

Capítulo V — Política alternativa ................................... 57 5.1 — Papel do Estado.................................................... 57 5.2 — Política de desenvolvimento agrícola eflorestal .............................................................. 60 5.3 — Política de desenvolvimento das pescas .............. 63 5.4 — Política de desenvolvimento industrial ................ 64 5.5 — Produção, salários e justiça social ........................ 67 5.6 — Factores e meios de produção .............................. 72 5.7 — Política de apoio às MPME.................................. 73

Capítulo VI — Resumo de orientações e medidas ......... 75

Capítulo VII — Texto de encerramento ......................... 83

Apresentação da Campanha Nacional do PCP em defesa da produção nacional e do aparelho produtivo .......................................... 91

Referências bibliográficas................................................ 97

AcampanhaPortugalaProduzir,lançadapeloPCPnaFestadoAvante!de2010,destina-seaafirmarovalorestratégicodaproduçãonacionaleoaproveitamentodaspotencialidadesdopaís,paraacriaçãodeemprego,ocombateàdependênciaexternaeaafirmaçãodeumaviasoberanadedesenvolvimento.

Acampanhapartiudaconstataçãodaprolongadafragilizaçãoedegradaçãodeimportantessectoresprodutivosdopaís,queagravamasdificuldadesdocrescimentoeconómico,dodesen-volvimentosocialedoexercíciodasoberania,aníveisquecom-prometemseriamenteaconstruçãodeumfuturocolectivoquecorrespondamaissatisfatoriamenteaosinteresseseaosanseiosdostrabalhadoresedopovoportuguês.

Pontuadapordiversasenumerosasiniciativas,dequesedestacamosencontrosnasempresaselocaisdetrabalhocomostrabalhadoresdediferentesramosdeactividade,mastambémcomespecialistas,pequenosprodutores,micro,pequenosemédiosempresários,acampanhapropôs-secontribuirparaumconheci-mentomaisaprofundadodarealidadeedasdificuldadesdapro-duçãonacional,paraumadenúnciadascausaseresponsáveisdasuaestagnaçãoedegradação,paraumaconsciencializaçãodasuaimportânciaecentralidadenaviabilidadedequalquerprojectodedesenvolvimentoeparaapropostademedidasesoluçõesparaoseuvigorosocrescimento,modernizaçãoearticulaçãocomasnecessidadessociaisdapopulaçãoededesenvolvimentodopaís.

Portugal a Produzir.indd 6 04-10-2011 14:35:54

Page 7: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

6 7

CapítuloIApresentação

3.5—Capitalestrangeiro ............................................... 45 3.6—UniãoEuropeia:políticasecondicionantes ......... 47 Capítulo IV — Recursos nacionais ................................. 51 4.1—Recursoshumanos ............................................... 51 4.2 — Recursos naturais ................................................. 53

Capítulo V — Política alternativa ................................... 57 5.1 — Papel do Estado.................................................... 57 5.2 — Política de desenvolvimento agrícola eflorestal .............................................................. 60 5.3 — Política de desenvolvimento das pescas .............. 63 5.4 — Política de desenvolvimento industrial ................ 64 5.5 — Produção, salários e justiça social ........................ 67 5.6 — Factores e meios de produção .............................. 72 5.7 — Política de apoio às MPME.................................. 73

Capítulo VI — Resumo de orientações e medidas ......... 75

Capítulo VII — Texto de encerramento ......................... 83

Apresentação da Campanha Nacional do PCP em defesa da produção nacional e do aparelho produtivo .......................................... 91

Referências bibliográficas................................................ 97

AcampanhaPortugalaProduzir,lançadapeloPCPnaFestadoAvante!de2010,destina-seaafirmarovalorestratégicodaproduçãonacionaleoaproveitamentodaspotencialidadesdopaís,paraacriaçãodeemprego,ocombateàdependênciaexternaeaafirmaçãodeumaviasoberanadedesenvolvimento.

Acampanhapartiudaconstataçãodaprolongadafragilizaçãoedegradaçãodeimportantessectoresprodutivosdopaís,queagravamasdificuldadesdocrescimentoeconómico,dodesen-volvimentosocialedoexercíciodasoberania,aníveisquecom-prometemseriamenteaconstruçãodeumfuturocolectivoquecorrespondamaissatisfatoriamenteaosinteresseseaosanseiosdostrabalhadoresedopovoportuguês.

Pontuadapordiversasenumerosasiniciativas,dequesedestacamosencontrosnasempresaselocaisdetrabalhocomostrabalhadoresdediferentesramosdeactividade,mastambémcomespecialistas,pequenosprodutores,micro,pequenosemédiosempresários,acampanhapropôs-secontribuirparaumconheci-mentomaisaprofundadodarealidadeedasdificuldadesdapro-duçãonacional,paraumadenúnciadascausaseresponsáveisdasuaestagnaçãoedegradação,paraumaconsciencializaçãodasuaimportânciaecentralidadenaviabilidadedequalquerprojectodedesenvolvimentoeparaapropostademedidasesoluçõesparaoseuvigorosocrescimento,modernizaçãoearticulaçãocomasnecessidadessociaisdapopulaçãoededesenvolvimentodopaís.

Portugal a Produzir.indd 7 04-10-2011 14:35:54

Page 8: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

8 9

Oreconhecimentoóbviodequeosectordosserviçoscresceudesmesuradamentefaceaosoutrossectores,queestagnaramoupoucoprogrediram,enalgunscasosdefinharam,levouacentraracampanhanaagricultura,silviculturaepescas,naindústriaextractivaetransformadoraenaproduçãoenergética.Issonãosignificaquesemenosprezamoutrossectoresprodutivosintegra-dosnosserviços,quandosesabequenosectorterciáriocresceramacimadetudoactividadesnãoprodutivascomoasfinanceiraseimobiliárias,masdecidiu-sedarumaênfaseespecialàproduçãodebenstransaccionáveisedeenergia,emqueoatrasosetornouparticularmenteexpressivo(é,porexemplo,arazãoporquesetratamaisaprofundadamenteabalançacomercialdoqueabalançacorrente).

Nestecontexto,expressõescomoa«destruição»ou«liquidaçãodoaparelhoprodutivo»(ou«daprodução»)nãopretendemobvia-menteafirmarqueopaísperdeuaagriculturaouaindústria.Nemsequerquenecessariamentediminuíramasquantidadesfísicasglobaisproduzidasporestessectores,embora,emcertosanos,issotenhasucedido.Oquesequerexpressar,relativoaestessectores,éaverdadeiraextinçãoouquaseextinçãodeunidadesesegmentosdoaparelhoprodutivodopaís,aextinçãoouquaseextinçãodeváriasactividades,adegradaçãoedesinvestimentoameaçadoresdasobrevivênciadenumerosasoutras,aperdadepotencialidadesdedesenvolvimento,aquebradopesoerepresentatividadenaeconomiadopaís,aestagnaçãoprolongadae,emalgunsperíodos,odecréscimodovolumedeprodução,apossibilidadesombriadosseusdeclíniosnãosórelativoscomoabsolutos.

AcampanhaPortugalaProduzirdesenvolveu-seaolongodeváriosmeseseacompanhouaevoluçãodasituaçãodopaís,sejanoplanoeconómicoesocial,sejanoplanopolítico.Umarealidadeemmovimento,emquesereflectiramoconjuntodasmedidasditasdeausteridade,emqueseacentuouaespiralespeculativaemtornodadívidapúblicanacionaleocorrespondentesaquepelograndecapitalaosrecursosdopaís,emquesedegradouoquadromacro-económicocomareentradaemrecessão,emqueseprecipitouademissãodogovernoPS,arealizaçãodeeleiçõeslegislativaseaformaçãodonovogovernoPSD/CDS,emqueseabriuaportaa

umailegítimaintervençãoexternadoFMI/BCE/UEeàimposiçãodeumprogramadesubmissãoeagressãoaopovoeaopaís.

Masaevoluçãodessamesmarealidade,opróprioaprofun-damentodapolíticadedireitaquandoprossegueacrisedocapi-talismo,reforçouaoportunidadeeopapeldestacampanhaque,emboahora,oPCPdecidiulevaracabo.Adefesadaproduçãonacional—quandosetornarammaisevidentesasfragilidadesestruturaisdopaís—passouaserinvocadamesmopormuitosdaquelesqueantessecandidataramaseuscoveiros.Masmaisimportantedoqueisso,elaafirmou-secomoumaquestãocentralnavidadopaís,umfactordemobilizaçãodemuitosdemocratasepatriotasqueaspiramaumpaísdeprogressoejustiçasocial,aumPortugalsoberanoeindependente.

Entendeu-seserdeutilidadeproporcionaraosactivistasepar-ticipantesdestacampanhaumdocumentodeapoio,quefornecesseummínimodeelementosdeanálise,diagnósticoediscussãosobrearealidadeeconómicaesocialdossectoresqueforamoseuob-jecto.Odocumentoacabouporsetornarumpouconumasúmuladacampanhaereflectirnassuaspáginasainformaçãoedebatesuscitados,achegasparaaconsideraçãodeumapolíticaalternativaediversaspropostas,comosurgiram,vivas,dosencontros,dasiniciativasedareflexãocolectiva.Excedendoaintençãoinicial,nuncapretendeuserexaustivo,nemsequerequilibrado,desdelogoporquealgumasáreasforamacompanhadasmaisdeperto.Masacabouporsermaisdoqueumapanhadodepropostas,quedevemserponderadasevalorizadas,epodeserlidocomoumacontribuição,parcialmasfundamentada,paraaconstruçãodeumapolíticaalternativa,patrióticaedeesquerda,emlinhacomaintervençãopolíticaqueoPCPprotagonizouaolongodedécadas,emdefesadaproduçãonacionalederupturacomorumodede-sastrenacional,aqueonovogovernoPSD/CDSsepreparaparadaragravadacontinuidade.

OcapítuloIIfazumbrevediagnósticodasituaçãoeconómicaefinanceira,nosseustraçosmacroeconómicos,esocialdopaís,nomomentopresenteenasuaevoluçãonasúltimasdécadas. OcapítuloIIItiraoretratodadegradaçãodoaparelhoprodutivodaagricultura,pescaseindústriaediscuteascausas,condicionantese

Portugal a Produzir.indd 8 04-10-2011 14:35:54

Page 9: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

8 9

Oreconhecimentoóbviodequeosectordosserviçoscresceudesmesuradamentefaceaosoutrossectores,queestagnaramoupoucoprogrediram,enalgunscasosdefinharam,levouacentraracampanhanaagricultura,silviculturaepescas,naindústriaextractivaetransformadoraenaproduçãoenergética.Issonãosignificaquesemenosprezamoutrossectoresprodutivosintegra-dosnosserviços,quandosesabequenosectorterciáriocresceramacimadetudoactividadesnãoprodutivascomoasfinanceiraseimobiliárias,masdecidiu-sedarumaênfaseespecialàproduçãodebenstransaccionáveisedeenergia,emqueoatrasosetornouparticularmenteexpressivo(é,porexemplo,arazãoporquesetratamaisaprofundadamenteabalançacomercialdoqueabalançacorrente).

Nestecontexto,expressõescomoa«destruição»ou«liquidaçãodoaparelhoprodutivo»(ou«daprodução»)nãopretendemobvia-menteafirmarqueopaísperdeuaagriculturaouaindústria.Nemsequerquenecessariamentediminuíramasquantidadesfísicasglobaisproduzidasporestessectores,embora,emcertosanos,issotenhasucedido.Oquesequerexpressar,relativoaestessectores,éaverdadeiraextinçãoouquaseextinçãodeunidadesesegmentosdoaparelhoprodutivodopaís,aextinçãoouquaseextinçãodeváriasactividades,adegradaçãoedesinvestimentoameaçadoresdasobrevivênciadenumerosasoutras,aperdadepotencialidadesdedesenvolvimento,aquebradopesoerepresentatividadenaeconomiadopaís,aestagnaçãoprolongadae,emalgunsperíodos,odecréscimodovolumedeprodução,apossibilidadesombriadosseusdeclíniosnãosórelativoscomoabsolutos.

AcampanhaPortugalaProduzirdesenvolveu-seaolongodeváriosmeseseacompanhouaevoluçãodasituaçãodopaís,sejanoplanoeconómicoesocial,sejanoplanopolítico.Umarealidadeemmovimento,emquesereflectiramoconjuntodasmedidasditasdeausteridade,emqueseacentuouaespiralespeculativaemtornodadívidapúblicanacionaleocorrespondentesaquepelograndecapitalaosrecursosdopaís,emquesedegradouoquadromacro-económicocomareentradaemrecessão,emqueseprecipitouademissãodogovernoPS,arealizaçãodeeleiçõeslegislativaseaformaçãodonovogovernoPSD/CDS,emqueseabriuaportaa

umailegítimaintervençãoexternadoFMI/BCE/UEeàimposiçãodeumprogramadesubmissãoeagressãoaopovoeaopaís.

Masaevoluçãodessamesmarealidade,opróprioaprofun-damentodapolíticadedireitaquandoprossegueacrisedocapi-talismo,reforçouaoportunidadeeopapeldestacampanhaque,emboahora,oPCPdecidiulevaracabo.Adefesadaproduçãonacional—quandosetornarammaisevidentesasfragilidadesestruturaisdopaís—passouaserinvocadamesmopormuitosdaquelesqueantessecandidataramaseuscoveiros.Masmaisimportantedoqueisso,elaafirmou-secomoumaquestãocentralnavidadopaís,umfactordemobilizaçãodemuitosdemocratasepatriotasqueaspiramaumpaísdeprogressoejustiçasocial,aumPortugalsoberanoeindependente.

Entendeu-seserdeutilidadeproporcionaraosactivistasepar-ticipantesdestacampanhaumdocumentodeapoio,quefornecesseummínimodeelementosdeanálise,diagnósticoediscussãosobrearealidadeeconómicaesocialdossectoresqueforamoseuob-jecto.Odocumentoacabouporsetornarumpouconumasúmuladacampanhaereflectirnassuaspáginasainformaçãoedebatesuscitados,achegasparaaconsideraçãodeumapolíticaalternativaediversaspropostas,comosurgiram,vivas,dosencontros,dasiniciativasedareflexãocolectiva.Excedendoaintençãoinicial,nuncapretendeuserexaustivo,nemsequerequilibrado,desdelogoporquealgumasáreasforamacompanhadasmaisdeperto.Masacabouporsermaisdoqueumapanhadodepropostas,quedevemserponderadasevalorizadas,epodeserlidocomoumacontribuição,parcialmasfundamentada,paraaconstruçãodeumapolíticaalternativa,patrióticaedeesquerda,emlinhacomaintervençãopolíticaqueoPCPprotagonizouaolongodedécadas,emdefesadaproduçãonacionalederupturacomorumodede-sastrenacional,aqueonovogovernoPSD/CDSsepreparaparadaragravadacontinuidade.

OcapítuloIIfazumbrevediagnósticodasituaçãoeconómicaefinanceira,nosseustraçosmacroeconómicos,esocialdopaís,nomomentopresenteenasuaevoluçãonasúltimasdécadas. OcapítuloIIItiraoretratodadegradaçãodoaparelhoprodutivodaagricultura,pescaseindústriaediscuteascausas,condicionantese

Portugal a Produzir.indd 9 04-10-2011 14:35:55

Page 10: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

10 11

responsabilidades.OcapítuloIVincidesobreosrecursos,humanosenaturais,comqueopaíspodecontarpararevitalizaraproduçãonestessectores.OcapítuloVpreocupa-secomaconstruçãodeumapolíticaalternativamultifacetadanestasáreas.OcapítuloVI,semapreocupaçãodeserexaustivo,fazumapanhadodepropostasreferidasnodocumento.OcapítuloVIIencerra.

CapítuloIIDiagnósticodasituaçãoeconómica

2.1 — Produto interno bruto (PIB)

Apolíticadedireitaedeabdicaçãonacional,aoserviçodosgruposeconómicosefinanceiros,conduziuaumagravecrisequeoseuprosseguimentoagravará.

Nosdezanosanteriores,entre2001e2010,oPIBterminoucom172699,4milhõesdeeurosnoúltimoano,masemtermosreaisocrescimentomédioanualfoiapenasde0,7%.EstasituaçãodeestagnaçãoeatrasorelativamenteaospaísesdaUEnãosedeveusimplesmenteaoagravamentodacrisedocapitalismo,poisantesdoseuinício,entre2001e2007,ocrescimentomédiojátinhacaídopara1,1%aoano.OgovernoPSnadaresolveuetudoagravouaomanterorumodaspolíticasdedireita.Nosprimeiroscincoanosdoseumandato,entre2006e2010,ocrescimentomédioreduziupara0,5%aoano.

Emfinaisdoanopassado,opaísvoltouacairemrecessão,tendooPIBcontraídoemcadeia0,6%noúltimotrimestrede2010enovamentenoprimeirotrimestrede2011.Asprevisões,reconhecidasoficialmente,apontamparaumaquedarealde–2,2%em2011ede–1,8%em2012.

Aúltimadécadafoiverdadeiramenteumadécadaperdida.Devidoapolíticastotalmenteerradasparalisou-seocrescimentoeatrasou-seopaísemrelaçãoàmédiadaUniãoEuropeia.Terãodecorridováriosanosdesdeaacentuaçãodacrisedocapitalismo

Portugal a Produzir.indd 10 04-10-2011 14:35:55

Page 11: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

10 11

responsabilidades.OcapítuloIVincidesobreosrecursos,humanosenaturais,comqueopaíspodecontarpararevitalizaraproduçãonestessectores.OcapítuloVpreocupa-secomaconstruçãodeumapolíticaalternativamultifacetadanestasáreas.OcapítuloVI,semapreocupaçãodeserexaustivo,fazumapanhadodepropostasreferidasnodocumento.OcapítuloVIIencerra.

CapítuloIIDiagnósticodasituaçãoeconómica

2.1 — Produto interno bruto (PIB)

Apolíticadedireitaedeabdicaçãonacional,aoserviçodosgruposeconómicosefinanceiros,conduziuaumagravecrisequeoseuprosseguimentoagravará.

Nosdezanosanteriores,entre2001e2010,oPIBterminoucom172699,4milhõesdeeurosnoúltimoano,masemtermosreaisocrescimentomédioanualfoiapenasde0,7%.EstasituaçãodeestagnaçãoeatrasorelativamenteaospaísesdaUEnãosedeveusimplesmenteaoagravamentodacrisedocapitalismo,poisantesdoseuinício,entre2001e2007,ocrescimentomédiojátinhacaídopara1,1%aoano.OgovernoPSnadaresolveuetudoagravouaomanterorumodaspolíticasdedireita.Nosprimeiroscincoanosdoseumandato,entre2006e2010,ocrescimentomédioreduziupara0,5%aoano.

Emfinaisdoanopassado,opaísvoltouacairemrecessão,tendooPIBcontraídoemcadeia0,6%noúltimotrimestrede2010enovamentenoprimeirotrimestrede2011.Asprevisões,reconhecidasoficialmente,apontamparaumaquedarealde–2,2%em2011ede–1,8%em2012.

Aúltimadécadafoiverdadeiramenteumadécadaperdida.Devidoapolíticastotalmenteerradasparalisou-seocrescimentoeatrasou-seopaísemrelaçãoàmédiadaUniãoEuropeia.Terãodecorridováriosanosdesdeaacentuaçãodacrisedocapitalismo

Portugal a Produzir.indd 11 04-10-2011 14:35:55

Page 12: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

12 13

antesqueserecuperemosníveisdeactividadeeconómicaante-riores,comtodasasimplicaçõesdaídecorrentesparaasituaçãosocial,especialmentedosníveisdeemprego.Corre-semesmooriscodeterminarestanovadécadacomumaproduçãoderiquezainferioràdoseucomeço;entãosepoderiafalaremdeclínionacional,nãoapenasemsentidorelativo,emcomparaçãocomamédia comunitária ou mundial, mas em sentido absoluto. a não inverter-seorumodaspolíticasgovernamentais,omáximoaqueopaíspodeaspiraréacontinuaçãodeumaprolongadaestagnação.Maisumadécadaperdida.

2.2 — Evolução dos sectores

Emmeadosdadécadade70,oconjuntodaagriculturaedaindústriavaliamaisde60%dovaloracrescentadobrutonacional.Em1974,aagricultura,silvicultura,caçaepescarepresentavamcercade15,5%easindústriasextractivas,transformadoras,electri-cidade,gás,água,construçãoeobraspúblicasrepresentavamcercade46%;osserviços,incluindoocomércio,ostransporteseasacti-vidadesfinanceiras,entreoutras,representavamcercade38,5%.

Opesodoaglomeradodaagriculturaedaindústriatemvindogradualmenteadiminuirnaeconomia;inversamente,odosservi-çostemvindoaaumentar.Porexemplo,em1995(1),oconjuntodaagricultura,silviculturaepesca,daindústria,daenergia,águaesaneamentoedaconstruçãojásórepresentavacercadeumterço(34,4%);oconjuntodosserviçosrepresentavacercadedoisterços(65,6%).

Masem2010,asituaçãotinha-seagravadoaindamais. Aagricultura,silviculturaepescaestavarestringidaaapenas2,4%,aindústria,incluindoaenergia,águaesaneamentoeaconstrução,a23,5%;inversamente,osserviçostinhamaumentadopara74,1%.Istoé,opesodaagriculturamaisaindústrianaeconomiatinha-se

reduzidoacercadeumquarto,odosserviçostinha-seelevadoacercadetrêsquartos.

o desenvolvimento dos serviços é uma característica intrín-secadosestadoscapitalistasmodernos,especialmentedosmaisavançados.Aelevaçãomaisrápidadaprodutividadenaproduçãodebens,aextensãodasatisfaçãodenecessidadespessoaiseco-lectivas,aadministração,manutençãoedefesadaordemsocial,asdificuldadesderealizaçãodamais-valia(devenderaproduçãoerepartiroslucrospelaclassecapitalista),afugadosinvestimen-tosparaaespeculação,hipertrofiamosector,particularmenteasactividadescomerciaisefinanceiras(adesafectaçãodaindústriadeactividadesnelaorganicamenteinseridastambémempolaarti-ficialmenteosserviços).

MasemPortugal,ocrescimentodopesorelativodosserviçostraduz,apardetudoisso,aestagnação,obloqueamentoemesmoadestruiçãodoaparelhoprodutivodossectoresprimárioesecun-dário.

Aevoluçãodovaloracrescentadobrutoemvolume(apreçosconstantesemvezdepreçoscorrentes)mostra-obemnaúltimadécadaemeia,paraaqualhádadosuniformizados.Aagricultura,silviculturaepesca,depoisdeumadiminuição,estáperfeita-menteestagnadadesde1998,comcurtasoscilações.Aindústria,incluindoaenergia,águaesaneamentoeaconstrução,aumentourazoavelmentede1995a2001,estagnouaté2007efoiduramenteatingidapelacriseem2008-09,dequepraticamenterecuperoumuitopouco.Oaglomeradodosdoissectores,dadoomuitomaiorpesodaindústria,teveumaevoluçãosemelhanteaesta,acabandoarecuarparaosníveisdehácatorzeanos.Porcontraste,osserviçosaumentaramcontinuamentedesde1995,tendoapenasacusadootoquedacriseem2009,anoemquediminuírammuitoligeiramente.

2.3 — Rendimento nacional bruto (RNB)

Adiferençaentreosrendimentospagoserecebidosdoex-terior,desfavorávelaonossopaís,tem-sereflectido,nascontas

(1)Apartirdesteanoavalorizaçãofaz-seapreçosdebaseemvezdepreçosnoprodutor.Alteraumpoucoadistribuiçãodopesodossectores,peloquenãoéinteiramentecomparávelcomacomposiçãoanterior.

Portugal a Produzir.indd 12 04-10-2011 14:35:56

Page 13: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

12 13

antesqueserecuperemosníveisdeactividadeeconómicaante-riores,comtodasasimplicaçõesdaídecorrentesparaasituaçãosocial,especialmentedosníveisdeemprego.Corre-semesmooriscodeterminarestanovadécadacomumaproduçãoderiquezainferioràdoseucomeço;entãosepoderiafalaremdeclínionacional,nãoapenasemsentidorelativo,emcomparaçãocomamédia comunitária ou mundial, mas em sentido absoluto. a não inverter-seorumodaspolíticasgovernamentais,omáximoaqueopaíspodeaspiraréacontinuaçãodeumaprolongadaestagnação.Maisumadécadaperdida.

2.2 — Evolução dos sectores

Emmeadosdadécadade70,oconjuntodaagriculturaedaindústriavaliamaisde60%dovaloracrescentadobrutonacional.Em1974,aagricultura,silvicultura,caçaepescarepresentavamcercade15,5%easindústriasextractivas,transformadoras,electri-cidade,gás,água,construçãoeobraspúblicasrepresentavamcercade46%;osserviços,incluindoocomércio,ostransporteseasacti-vidadesfinanceiras,entreoutras,representavamcercade38,5%.

Opesodoaglomeradodaagriculturaedaindústriatemvindogradualmenteadiminuirnaeconomia;inversamente,odosservi-çostemvindoaaumentar.Porexemplo,em1995(1),oconjuntodaagricultura,silviculturaepesca,daindústria,daenergia,águaesaneamentoedaconstruçãojásórepresentavacercadeumterço(34,4%);oconjuntodosserviçosrepresentavacercadedoisterços(65,6%).

Masem2010,asituaçãotinha-seagravadoaindamais. Aagricultura,silviculturaepescaestavarestringidaaapenas2,4%,aindústria,incluindoaenergia,águaesaneamentoeaconstrução,a23,5%;inversamente,osserviçostinhamaumentadopara74,1%.Istoé,opesodaagriculturamaisaindústrianaeconomiatinha-se

reduzidoacercadeumquarto,odosserviçostinha-seelevadoacercadetrêsquartos.

o desenvolvimento dos serviços é uma característica intrín-secadosestadoscapitalistasmodernos,especialmentedosmaisavançados.Aelevaçãomaisrápidadaprodutividadenaproduçãodebens,aextensãodasatisfaçãodenecessidadespessoaiseco-lectivas,aadministração,manutençãoedefesadaordemsocial,asdificuldadesderealizaçãodamais-valia(devenderaproduçãoerepartiroslucrospelaclassecapitalista),afugadosinvestimen-tosparaaespeculação,hipertrofiamosector,particularmenteasactividadescomerciaisefinanceiras(adesafectaçãodaindústriadeactividadesnelaorganicamenteinseridastambémempolaarti-ficialmenteosserviços).

MasemPortugal,ocrescimentodopesorelativodosserviçostraduz,apardetudoisso,aestagnação,obloqueamentoemesmoadestruiçãodoaparelhoprodutivodossectoresprimárioesecun-dário.

Aevoluçãodovaloracrescentadobrutoemvolume(apreçosconstantesemvezdepreçoscorrentes)mostra-obemnaúltimadécadaemeia,paraaqualhádadosuniformizados.Aagricultura,silviculturaepesca,depoisdeumadiminuição,estáperfeita-menteestagnadadesde1998,comcurtasoscilações.Aindústria,incluindoaenergia,águaesaneamentoeaconstrução,aumentourazoavelmentede1995a2001,estagnouaté2007efoiduramenteatingidapelacriseem2008-09,dequepraticamenterecuperoumuitopouco.Oaglomeradodosdoissectores,dadoomuitomaiorpesodaindústria,teveumaevoluçãosemelhanteaesta,acabandoarecuarparaosníveisdehácatorzeanos.Porcontraste,osserviçosaumentaramcontinuamentedesde1995,tendoapenasacusadootoquedacriseem2009,anoemquediminuírammuitoligeiramente.

2.3 — Rendimento nacional bruto (RNB)

Adiferençaentreosrendimentospagoserecebidosdoex-terior,desfavorávelaonossopaís,tem-sereflectido,nascontas

(1)Apartirdesteanoavalorizaçãofaz-seapreçosdebaseemvezdepreçosnoprodutor.Alteraumpoucoadistribuiçãodopesodossectores,peloquenãoéinteiramentecomparávelcomacomposiçãoanterior.

Portugal a Produzir.indd 13 04-10-2011 14:35:56

Page 14: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

14 15

nacionaisdosúltimosanos,numpersistentedesviodoRNBabaixodoPIB,que,deacordocomdadospreliminares,em2010foidemenos3,4%.Estadiferença,quefechaaevoluçãogradualmentedivergenteaolongodadécada,justificaquenãosenegligencieoRNB,dadoquemedemaisacertadamentequeoPIBariquezaqueficanopaís.

Ofracorendimentonacional,constringindoeassociando-seaumafracapoupançainternaeànecessidadederecorreraoexteriorparafinanciaraeconomia,queagravaoinsustentávelendivida-mentodopaís,impossibilitaqueaeconomianacionalgalgueparapatamaresdeinvestimentosuperioreseconstituiumpoderosobloqueiodoseuprogresso.

Defacto,apoupançanacional,jásubstancialmentemaisbaixaqueamédiacomunitária,temmostradoumatendênciaparaasuadiminuição,reduzindo-seapoupançabrutaem2010aominguadovalorde9,2%doPIB.

Opaísprecisadecrescer.OPIBeoRNBtêmqueaumentarataxasanuaissignificativas.Aestagnaçãoeconómicaéumcolete- -de-forçasquemanietaodesenvolvimentosocial,amelhoriadospadrõesdevidadostrabalhadoresedaspopulações.

2.4 — Balança comercial

Entre1993e2010,períodocobertopelasestatísticasmaisrecentesdoINE,abalançacomercialdebensregistousempresaldosdeficitários,quegeralmenteacentuou,comumagravamentoparticularmentenítidoentre2004e2008.Em2010,odéficefoide20291milhõesdeeuros.

Emtodosestesanos,ataxadecoberturadasimportaçõespelasexportaçõesnuncaatingiuos70%(64,4%em2010).

Ossaldoscomerciaisnegativososcilaramnumabandaequi-valentea9–15%doPIB(11,7%em2010).

Alémdisso,ocomérciointernacionalportuguêsdebens,sejanosmovimentosdesaídasejadeentrada,temestadoafuniladonaUniãoEuropeia,muitoparaalémdoqueserianaturaleine-vitáveldadaasituaçãogeográfica.Desde1993atéhoje,opeso

dospaísesdaCEE/UEfoi,emmédia,aproximadamente,de80%relativamenteàssaídasede77%relativamenteàsentradasdocomércioexternonacional.Apartirde1995,oestreitamentodosfluxoscomerciaisacentuou-seesóapartirde2006severificaumareduçãodopesodomercadointracomunitárionasexportaçõesdebens.AUEconstituíaem2010odestinode75,0%dassaídaseaorigemde75,7%dosbensadquiridosporPortugal(ataxadecober-turaparaestemercadofoide63,8%).Semsurpresas,aEspanhaéoprincipalparceirocomercial,com26,6%dasexportaçõese31,2%dasimportações;seguem-seaAlemanhaeaFrança,com,respectivamente,13,0%e11,8%dasexportaçõese13,9%e7,3%dasimportações(dadosde2010).

Ospersistentesdéficesdabalançacomercialagravaramoendividamentodopaísetornaram-seinsustentáveis.Apanaceiadogovernoconsisteemcombateressesdéficescomapromoçãodasexportações.Semdúvidaqueasexportaçõesdevemserpro-movidasehápotencialidadesquedevemserexploradaseapro-veitadas,atéporquePortugaltemumpesodasexportaçõesnoPIBrelativamentereduzidoparaumpaíseuropeucomasuadimensãodemográfica.Masabalançacomercialtemdoislados,odassaídaseodasentradas,eodéficetemqueseratacadopelosdois,numaestratégiaequilibradaquenãosubalternizenenhum.

Nãohápossibilidadedeatenuarsubstancialmenteodese-quilíbrioemuitomenosdetornaropaísexcedentáriose,dadaagrandedesproporçãoentreosdoissectores,oincrementodasexportaçõesnãoforacompanhadodeumareduçãodonívelou,nomínimo,deumincrementoemproporçãobastantemenordasimportações,semoqueabalançacomercialsetornaverdadeira-menteincomportável.

Incrementarasexportaçõesdiminuindooscustosdotraba-lho,atravésdeviolentasmedidasdeausteridade,queagravamapolarizaçãosocialeempobrecemaindamaisostrabalhadoreseaspopulações,talvezpossamelhorartransitoriamenteaposi- çãocompetitivadopaís,oquejádesiépoucoplausívelcom acrescenteconcorrênciadepaísesdesaláriosmuitíssimoinfe-riores,masesseefeitoesgota-serapidamentequandoaeconomianacional,emresultadodaerradaapostanosbaixossalários,se

Portugal a Produzir.indd 14 04-10-2011 14:35:57

Page 15: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

14 15

nacionaisdosúltimosanos,numpersistentedesviodoRNBabaixodoPIB,que,deacordocomdadospreliminares,em2010foidemenos3,4%.Estadiferença,quefechaaevoluçãogradualmentedivergenteaolongodadécada,justificaquenãosenegligencieoRNB,dadoquemedemaisacertadamentequeoPIBariquezaqueficanopaís.

Ofracorendimentonacional,constringindoeassociando-seaumafracapoupançainternaeànecessidadederecorreraoexteriorparafinanciaraeconomia,queagravaoinsustentávelendivida-mentodopaís,impossibilitaqueaeconomianacionalgalgueparapatamaresdeinvestimentosuperioreseconstituiumpoderosobloqueiodoseuprogresso.

Defacto,apoupançanacional,jásubstancialmentemaisbaixaqueamédiacomunitária,temmostradoumatendênciaparaasuadiminuição,reduzindo-seapoupançabrutaem2010aominguadovalorde9,2%doPIB.

Opaísprecisadecrescer.OPIBeoRNBtêmqueaumentarataxasanuaissignificativas.Aestagnaçãoeconómicaéumcolete- -de-forçasquemanietaodesenvolvimentosocial,amelhoriadospadrõesdevidadostrabalhadoresedaspopulações.

2.4 — Balança comercial

Entre1993e2010,períodocobertopelasestatísticasmaisrecentesdoINE,abalançacomercialdebensregistousempresaldosdeficitários,quegeralmenteacentuou,comumagravamentoparticularmentenítidoentre2004e2008.Em2010,odéficefoide20291milhõesdeeuros.

Emtodosestesanos,ataxadecoberturadasimportaçõespelasexportaçõesnuncaatingiuos70%(64,4%em2010).

Ossaldoscomerciaisnegativososcilaramnumabandaequi-valentea9–15%doPIB(11,7%em2010).

Alémdisso,ocomérciointernacionalportuguêsdebens,sejanosmovimentosdesaídasejadeentrada,temestadoafuniladonaUniãoEuropeia,muitoparaalémdoqueserianaturaleine-vitáveldadaasituaçãogeográfica.Desde1993atéhoje,opeso

dospaísesdaCEE/UEfoi,emmédia,aproximadamente,de80%relativamenteàssaídasede77%relativamenteàsentradasdocomércioexternonacional.Apartirde1995,oestreitamentodosfluxoscomerciaisacentuou-seesóapartirde2006severificaumareduçãodopesodomercadointracomunitárionasexportaçõesdebens.AUEconstituíaem2010odestinode75,0%dassaídaseaorigemde75,7%dosbensadquiridosporPortugal(ataxadecober-turaparaestemercadofoide63,8%).Semsurpresas,aEspanhaéoprincipalparceirocomercial,com26,6%dasexportaçõese31,2%dasimportações;seguem-seaAlemanhaeaFrança,com,respectivamente,13,0%e11,8%dasexportaçõese13,9%e7,3%dasimportações(dadosde2010).

Ospersistentesdéficesdabalançacomercialagravaramoendividamentodopaísetornaram-seinsustentáveis.Apanaceiadogovernoconsisteemcombateressesdéficescomapromoçãodasexportações.Semdúvidaqueasexportaçõesdevemserpro-movidasehápotencialidadesquedevemserexploradaseapro-veitadas,atéporquePortugaltemumpesodasexportaçõesnoPIBrelativamentereduzidoparaumpaíseuropeucomasuadimensãodemográfica.Masabalançacomercialtemdoislados,odassaídaseodasentradas,eodéficetemqueseratacadopelosdois,numaestratégiaequilibradaquenãosubalternizenenhum.

Nãohápossibilidadedeatenuarsubstancialmenteodese-quilíbrioemuitomenosdetornaropaísexcedentáriose,dadaagrandedesproporçãoentreosdoissectores,oincrementodasexportaçõesnãoforacompanhadodeumareduçãodonívelou,nomínimo,deumincrementoemproporçãobastantemenordasimportações,semoqueabalançacomercialsetornaverdadeira-menteincomportável.

Incrementarasexportaçõesdiminuindooscustosdotraba-lho,atravésdeviolentasmedidasdeausteridade,queagravamapolarizaçãosocialeempobrecemaindamaisostrabalhadoreseaspopulações,talvezpossamelhorartransitoriamenteaposi- çãocompetitivadopaís,oquejádesiépoucoplausívelcom acrescenteconcorrênciadepaísesdesaláriosmuitíssimoinfe-riores,masesseefeitoesgota-serapidamentequandoaeconomianacional,emresultadodaerradaapostanosbaixossalários,se

Portugal a Produzir.indd 15 04-10-2011 14:35:57

Page 16: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

16 17

distanciadosoutrospaísesnosritmosdecrescimentodaprodu-tividade.

Oproblemacrónicododéficedabalançacomercial,bemcomoodabalançacorrente(queincluiosserviços),nãopodeenãodeveresolver-seàcustadarestriçãodoconsumopopular,aliásdemenorpropensãoparaosprodutosdeimportaçãoquandocomparadocomodaselitesquebeneficiamdasmedidasdeausteridade.

2.5—Déficesexternos

Portugalédeficitárioemalgumasáreasparticularmentesensí-veisparaasuasoberania,queafectamasuacapacidadedeconstruirumprojectonacionalautónomo,quesirvamelhorosinteressesdoseupovo.Essesdéficesconstituemimportantescomponentesdodesequilíbriodasuabalançacomercial.

2.5.1—Déficealimentar

Asexportaçõesdaagricultura(vegetaleanimal),caçaepescaedasindústriasalimentaresnãocompensamasimportaçõesdames-maárea.Ataxadecobertura,de34,3%em1993,oscilouaté2001edesdeentãotemvindoaaumentargradualmente,até50,2%em2010.Aindaassim,opaís,nodomínioalimentar,importaodobro doqueexporta.Osaldonegativo,em2010,erade–2,2%doPIB,cercadeumquintododéficedetodaabalançacomercialde bens.

Emboraglobalmenteamaioriadoconsumoalimentardapopulaçãosejasatisfeitapelaproduçãonacional,Portugalestálongedaauto-suficiência,importandopertodeumterçodassuasnecessidadesagroalimentares,épersistentementedeficitárioemnumerosasproduçõese,nalgunscasosimportantes,comoodoscereaisoudacarnedebovino,amaioriadoconsumoéimportadadoestrangeiro.

Mereceespecialatençãoocasodotrigo.Pelarelevânciageraldoscereaisetubérculosnospadrõesalimentaresrecomendados,

massobretudopelagrandecapitaçãonoconsumoalimentarportu-guês(112,5kgporhabitante/ano,em2009/10)eobaixíssimograudeauto-aprovisionamento(5,7%,nomesmoano).Omilhoéoutrocasodefracograudeauto-aprovisionamento(31,9%,em2009/10);embora,aocontráriodotrigo,sedestinenasuaesmagadoramaio-riaaoconsumoanimal,aselevadasquantidadesimportadaspesamnodéficedabalançacomercialalimentar.Ambasasproduçõesse ressentiram muito da enorme redução das áreas de cultivo nas últimastrêsdécadas,emboraomilhotenhaconseguidocompensarcomaumentosdeprodutividade.

Oacentuadoaumentodospreçosinternacionaisdoscereais(omilhojábateurecordeshistóricos,otrigoparalácaminha),bemcomodosalimentosemgeral,apardaincapacidadedeincrementarsubstancialmenteaproduçãoagrícolaepesqueira,nãoauguranadadebomparaasatisfaçãodasnecessidadesalimentaresnemparaacorrecçãododéficecomercialdopaís.

2.5.2—Déficeenergético

Portugaltemumaelevadadependênciaenergética,muitoacimadamédiadaUE.Nastrêsdécadas,terminadasem2008,paraquehádadosdisponíveis,tevequeimportarcadaanocercade84%daenergiaqueforneciaàsuaeconomia.Em2008,estapercentagemfoide81,2%.

Opaísnãoproduzpetróleo,nemgásnatural,nemcarvão(des-de1994,quandoencerrouaúltimamina).Aproduçãodomésticadeenergiaprimária,inteiramentebaseadanasenergiasrenováveis,cobreapenasumapequenaparceladoconsumofinal:18,8%doabastecimento em 2008.

OpetróleopermanececomoaprincipalfonteprimáriadeenergiaemPortugal,emboraasuaproporçãotenhavindoadimi-nuirnasúltimasquatrodécadas,de75,5%em1973,para64,2%em2001e52,9%em2008.Nãosurpreendeporissoqueassuasimportações(maisasdegásnaturalecarvão)pesemduramentenosaldonegativodocomércioexterno.Odéficedabalançaener-géticadopaís,comoscilações,subiuaolongodadécadaanterior,

Portugal a Produzir.indd 16 04-10-2011 14:35:58

Page 17: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

16 17

distanciadosoutrospaísesnosritmosdecrescimentodaprodu-tividade.

Oproblemacrónicododéficedabalançacomercial,bemcomoodabalançacorrente(queincluiosserviços),nãopodeenãodeveresolver-seàcustadarestriçãodoconsumopopular,aliásdemenorpropensãoparaosprodutosdeimportaçãoquandocomparadocomodaselitesquebeneficiamdasmedidasdeausteridade.

2.5—Déficesexternos

Portugalédeficitárioemalgumasáreasparticularmentesensí-veisparaasuasoberania,queafectamasuacapacidadedeconstruirumprojectonacionalautónomo,quesirvamelhorosinteressesdoseupovo.Essesdéficesconstituemimportantescomponentesdodesequilíbriodasuabalançacomercial.

2.5.1—Déficealimentar

Asexportaçõesdaagricultura(vegetaleanimal),caçaepescaedasindústriasalimentaresnãocompensamasimportaçõesdames-maárea.Ataxadecobertura,de34,3%em1993,oscilouaté2001edesdeentãotemvindoaaumentargradualmente,até50,2%em2010.Aindaassim,opaís,nodomínioalimentar,importaodobro doqueexporta.Osaldonegativo,em2010,erade–2,2%doPIB,cercadeumquintododéficedetodaabalançacomercialde bens.

Emboraglobalmenteamaioriadoconsumoalimentardapopulaçãosejasatisfeitapelaproduçãonacional,Portugalestálongedaauto-suficiência,importandopertodeumterçodassuasnecessidadesagroalimentares,épersistentementedeficitárioemnumerosasproduçõese,nalgunscasosimportantes,comoodoscereaisoudacarnedebovino,amaioriadoconsumoéimportadadoestrangeiro.

Mereceespecialatençãoocasodotrigo.Pelarelevânciageraldoscereaisetubérculosnospadrõesalimentaresrecomendados,

massobretudopelagrandecapitaçãonoconsumoalimentarportu-guês(112,5kgporhabitante/ano,em2009/10)eobaixíssimograudeauto-aprovisionamento(5,7%,nomesmoano).Omilhoéoutrocasodefracograudeauto-aprovisionamento(31,9%,em2009/10);embora,aocontráriodotrigo,sedestinenasuaesmagadoramaio-riaaoconsumoanimal,aselevadasquantidadesimportadaspesamnodéficedabalançacomercialalimentar.Ambasasproduçõesse ressentiram muito da enorme redução das áreas de cultivo nas últimastrêsdécadas,emboraomilhotenhaconseguidocompensarcomaumentosdeprodutividade.

Oacentuadoaumentodospreçosinternacionaisdoscereais(omilhojábateurecordeshistóricos,otrigoparalácaminha),bemcomodosalimentosemgeral,apardaincapacidadedeincrementarsubstancialmenteaproduçãoagrícolaepesqueira,nãoauguranadadebomparaasatisfaçãodasnecessidadesalimentaresnemparaacorrecçãododéficecomercialdopaís.

2.5.2—Déficeenergético

Portugaltemumaelevadadependênciaenergética,muitoacimadamédiadaUE.Nastrêsdécadas,terminadasem2008,paraquehádadosdisponíveis,tevequeimportarcadaanocercade84%daenergiaqueforneciaàsuaeconomia.Em2008,estapercentagemfoide81,2%.

Opaísnãoproduzpetróleo,nemgásnatural,nemcarvão(des-de1994,quandoencerrouaúltimamina).Aproduçãodomésticadeenergiaprimária,inteiramentebaseadanasenergiasrenováveis,cobreapenasumapequenaparceladoconsumofinal:18,8%doabastecimento em 2008.

OpetróleopermanececomoaprincipalfonteprimáriadeenergiaemPortugal,emboraasuaproporçãotenhavindoadimi-nuirnasúltimasquatrodécadas,de75,5%em1973,para64,2%em2001e52,9%em2008.Nãosurpreendeporissoqueassuasimportações(maisasdegásnaturalecarvão)pesemduramentenosaldonegativodocomércioexterno.Odéficedabalançaener-géticadopaís,comoscilações,subiuaolongodadécadaanterior,

Portugal a Produzir.indd 17 04-10-2011 14:35:58

Page 18: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

18 19

de2,9%doPIBem2001para4,9%em2008,pertodeumterçododéficedabalançacomercialdebens.

Aincapacidadeestruturaldaproduçãomundialdepetróleo,queseabeiroudonívelmáximo,emsatisfazeraprocuraqueosactuaispadrõesdeconsumoexigemeprevisivelmenteexigirãonofuturopressionaospreçosparacima.Mesmoantesdosrecentesacontecimentosnomundoárabe,ocustodobarrildeBrent(refe-rênciaeuropeia)játinhaultrapassadoos$100e,emprincípiosdeAbril,ultrapassouos$120.

Odéficeenergéticoé,tambémporisso,umdosmaiorescons-trangimentosaodesenvolvimentodopaís.

2.5.3—Déficetecnológico

Aclassificaçãodosprodutosdaindústriatransformadorase-gundoograudeintensidadetecnológicabaseia-senaproporçãodedespesasdeinvestigaçãoedesenvolvimentonovaloracrescentadoounaprodução.Asproduçõesdealtaemédia-altatecnologiaapanhamossectoresditosdepontaeosqueusamtecnologiasmais avançadas.

Masasexportaçõesportuguesasdaindústriatransformadoraapoiam-semaioritariamenteemproduçõesdefracasofisticação.Portugalespecializou-seemprodutosdebaixaintensidadetec-nológica,comoasmadeiras,cortiçaesuasobrasouostêxteis,vestuáriosecalçado,edemédia-baixaintensidadetecnológica,comoosprodutosmineraisnãometálicos.

Oresultadoéumenormeepersistentedéficenocomércioexternodeprodutosindustriaisdealtaintensidadetecnológica,comoosprodutosfarmacêuticos,osequipamentosderádio,TVecomunicaçõesouosequipamentosdeescritórioecomputação,edemédia-altaintensidadetecnológica,comoosprodutosquímicos,osveículosamotor,reboquesesemi-reboquesouasmáquinaseequipamentos.

Em2010,odéficedeprodutosdaindústriatransformadoradealtaemédia-altatecnologiaconstituía57,2%dodéficedetodaabalançacomercialdebens(6,7%doPIB).Mesmoqueconside-

rássemosapenasosbensdealtatecnologia,aindaassimconstituía22,4%dodéficecomercial(2,6%doPIB).

Masosignificadoqualitativodestedéficeétalvezaindamaisnegativo,porquetraduzoatrasonamodernizaçãodaindústriaportuguesa,oseuacantonamentoemproduçõestradicionais,deequipamentosetécnicasatrasados,mão-de-obrabarataebaixaprodutividade.Adesindustrializaçãoquesedeucomaprivatizaçãoeliquidaçãodeimportantesunidadesindustriaisdosectorempre-sarialdoEstado,quepertenciamasectorestecnologicamentemaisavançadosequetinhamsidoobjectodeumsignificativoesforçomodernizador,influenciounegativamenteograudeintensidadetecnológicaeodéficeindustrialexterno.

2.6—Dívidasexternaepública

Adívidaexternalíquidanacional(públicaeprivada,indicadanasestatísticaspelaposiçãodeinvestimentointernacional)temvindoaaumentargradualmentedesde1996emrelaçãoàriquezaproduzidanopaís.Em2009ultrapassouos100%doPIB.Diminuiupelaprimeiravezem2010,quandofechouoanocomumpassivode107,7%doPIB(nofinalde2009erade110,9%).Éelucidativorecordarqueem1996eraapenasde10,3%doPIB,masaliberali-zaçãodesvantajosadosfluxoscomerciaisefinanceirosexteriores,nomeadamentecomaadesãoàCEEeacontinuadapolíticadedireita,nãopoderiadeixardeconduziraoagravamento.

Eacapacidadedefinanciamentodaeconomia,dadapelosaldoconjuntodasbalançascorrenteedecapital,épersistentementenegativahámuitosanos,maisexpressivamentenaúltimadécadaeespecialmentenoúltimolustro,comovalorem2010de–8,8%do PIB.

Adependênciadofinanciamentoexternoanualmenterepro-duzidaeovalordadívidaexternatornam-seinsuportáveisparaotamanhodaeconomiaportuguesa.Oendividamentoacumu-ladoemrelaçãoaoestrangeiro,cujascausasestruturaisforamagravadascomamoedaúnica,adquiriuumataldimensãoquesetransformounumdosprincipaisgarrotesdodesenvolvimentodo

Portugal a Produzir.indd 18 04-10-2011 14:35:59

Page 19: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

18 19

de2,9%doPIBem2001para4,9%em2008,pertodeumterçododéficedabalançacomercialdebens.

Aincapacidadeestruturaldaproduçãomundialdepetróleo,queseabeiroudonívelmáximo,emsatisfazeraprocuraqueosactuaispadrõesdeconsumoexigemeprevisivelmenteexigirãonofuturopressionaospreçosparacima.Mesmoantesdosrecentesacontecimentosnomundoárabe,ocustodobarrildeBrent(refe-rênciaeuropeia)játinhaultrapassadoos$100e,emprincípiosdeAbril,ultrapassouos$120.

Odéficeenergéticoé,tambémporisso,umdosmaiorescons-trangimentosaodesenvolvimentodopaís.

2.5.3—Déficetecnológico

Aclassificaçãodosprodutosdaindústriatransformadorase-gundoograudeintensidadetecnológicabaseia-senaproporçãodedespesasdeinvestigaçãoedesenvolvimentonovaloracrescentadoounaprodução.Asproduçõesdealtaemédia-altatecnologiaapanhamossectoresditosdepontaeosqueusamtecnologiasmais avançadas.

Masasexportaçõesportuguesasdaindústriatransformadoraapoiam-semaioritariamenteemproduçõesdefracasofisticação.Portugalespecializou-seemprodutosdebaixaintensidadetec-nológica,comoasmadeiras,cortiçaesuasobrasouostêxteis,vestuáriosecalçado,edemédia-baixaintensidadetecnológica,comoosprodutosmineraisnãometálicos.

Oresultadoéumenormeepersistentedéficenocomércioexternodeprodutosindustriaisdealtaintensidadetecnológica,comoosprodutosfarmacêuticos,osequipamentosderádio,TVecomunicaçõesouosequipamentosdeescritórioecomputação,edemédia-altaintensidadetecnológica,comoosprodutosquímicos,osveículosamotor,reboquesesemi-reboquesouasmáquinaseequipamentos.

Em2010,odéficedeprodutosdaindústriatransformadoradealtaemédia-altatecnologiaconstituía57,2%dodéficedetodaabalançacomercialdebens(6,7%doPIB).Mesmoqueconside-

rássemosapenasosbensdealtatecnologia,aindaassimconstituía22,4%dodéficecomercial(2,6%doPIB).

Masosignificadoqualitativodestedéficeétalvezaindamaisnegativo,porquetraduzoatrasonamodernizaçãodaindústriaportuguesa,oseuacantonamentoemproduçõestradicionais,deequipamentosetécnicasatrasados,mão-de-obrabarataebaixaprodutividade.Adesindustrializaçãoquesedeucomaprivatizaçãoeliquidaçãodeimportantesunidadesindustriaisdosectorempre-sarialdoEstado,quepertenciamasectorestecnologicamentemaisavançadosequetinhamsidoobjectodeumsignificativoesforçomodernizador,influenciounegativamenteograudeintensidadetecnológicaeodéficeindustrialexterno.

2.6—Dívidasexternaepública

Adívidaexternalíquidanacional(públicaeprivada,indicadanasestatísticaspelaposiçãodeinvestimentointernacional)temvindoaaumentargradualmentedesde1996emrelaçãoàriquezaproduzidanopaís.Em2009ultrapassouos100%doPIB.Diminuiupelaprimeiravezem2010,quandofechouoanocomumpassivode107,7%doPIB(nofinalde2009erade110,9%).Éelucidativorecordarqueem1996eraapenasde10,3%doPIB,masaliberali-zaçãodesvantajosadosfluxoscomerciaisefinanceirosexteriores,nomeadamentecomaadesãoàCEEeacontinuadapolíticadedireita,nãopoderiadeixardeconduziraoagravamento.

Eacapacidadedefinanciamentodaeconomia,dadapelosaldoconjuntodasbalançascorrenteedecapital,épersistentementenegativahámuitosanos,maisexpressivamentenaúltimadécadaeespecialmentenoúltimolustro,comovalorem2010de–8,8%do PIB.

Adependênciadofinanciamentoexternoanualmenterepro-duzidaeovalordadívidaexternatornam-seinsuportáveisparaotamanhodaeconomiaportuguesa.Oendividamentoacumu-ladoemrelaçãoaoestrangeiro,cujascausasestruturaisforamagravadascomamoedaúnica,adquiriuumataldimensãoquesetransformounumdosprincipaisgarrotesdodesenvolvimentodo

Portugal a Produzir.indd 19 04-10-2011 14:35:59

Page 20: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

20 21

país,coarctando-lheaautonomia,sujeitando-oàchantagemdosespeculadoresinternacionais,fragilizandoadefesadasoberania,restringindooinvestimentoefornecendoaconvenientejustifica-çãoparaaschamadaspolíticasdeausteridade.

Adívidapúblicaportuguesa,emrelaçãoaoPIB,foide93,0%em2010,prevê-seoficialmentequefiqueem106,4%em2011eprojecta-se,comtotalirrealismo,queatinjaummáximode115,3%em2013equedeclineapartirdaí.Naverdade,sobretudocomoselevadosjurosestipuladosparaoempréstimoacordadorecen-tementecomoFMI/BCE/UE,oEstadoportuguêsentrounumadinâmicadeinsolvênciaenãoconseguirásusterocrescimentodadívidapúblicaemrelaçãoaoPIB,quesetornouimpossíveldepagarsemumanecessáriarenegociação.

OsjurosdestadívidaatingiramnomercadosecundárioemJulhode2011valoressuperioresa20%,20%,17%e13%,res-pectivamenteparaasobrigaçõesdotesouroadois,três,cincoedezanos,masostítulosforamempartecompradoscomcréditosobtidosnoBancoCentralEuropeuajurosmuitoinferiores,oqueevidenciaosenormeslucrosrealizadospelaespeculaçãofinanceiraeoirrealismodascondiçõesedosprazosprogramadosparaoEstadosevoltarafinanciarnormalmentenosmercadosdecapitais.OOrçamentodoEstadode2011contemplamaisde6300milhõesdeeurosparaopagamentodejuroseoutrosencargoscomofinanciamentodoEstado.

Odéficepúblicoem2010foide9,1%doPIB.Asmetasacor-dadaspelogovernoparaosanosseguintessãode–5,9%em2011,–4,5%em2012,–3,0%em2013,–2,3%em2014,–1,9%em2015e–1,8%em2016.

Énecessáriobaixarodéficeorçamental,masaumritmoquenãosobreponhaesseobjectivoànecessidadedecrescimentodaeconomia.Nãosedefendeodesperdício,odespesismo,odes-controloeadesregraorçamental.Temquehaverponderação,racionalizaçãoecontroloseveronogastoeinvestimentopúblico.Hádispêndiosdeverbaseperdasdereceitasquepodemserencur-tadosoumesmoeliminados,comoéocasodasparceriaspúblicoprivadasoudosbenefíciosfiscaisconcedidosaograndecapital.Mas,globalmente,adespesapúblicanãodevediminuir,asreceitas

équetêmqueaumentar.Sóassimserápossívelsuportarodesen-volvimentodaacçãodoEstado,nocumprimentodosseusdeveressociais(queaConstituição,apesardedesfigurada,lhecontinuaaatribuir)edassuasresponsabilidadesnoinvestimentopúblico.Nota-seumadivisãoentreaqueles(àdireita)quequerematacarodéficeorçamentalpeloladodasdespesaseaqueles(àesquerda)quequerematacá-lopeloladodasreceitas.

Éigualmentenecessárioprocederàrenegociaçãodadívidapú-blica,noquedizrespeitoajuros,prazosemontantes.Umarenego-ciaçãosemcondiçõespolíticascomoaquelasaquequeremsujeitaropaís,quepermitacortarogarroteimpostopelosespeculadores,pelaUEeoFMI,edestinarverbasquegarantamoinvestimentopúblico,ocrescimentoeconómicoeacriaçãodeemprego.Umarenegociaçãoacompanhadadadiversificaçãodasfontesdefinan-ciamentodoEstado,dasustentabilidadedascontaspúblicasedeumaintervençãoconvergentecomoutrospaísestambématingidospelaespeculaçãoepeloimpactodamoedaúnica.

2.7 — Investimento

Oinvestimento,públicoeprivado,incluindoaformaçãobrutadecapitalfixo(FBCF)easvariaçõesdeexistênciasdematérias- -primaseprodutos,voltouacair,peloterceiroanoconsecutivo,em2010(–5,3%,depoisdagrandequedade–13,7%em2009),atingindonovomínimohistóricoempercentagemdoPIB,dequerepresentaapenas19,0%.

Nadécadade2000a2010,aformaçãobrutadecapitalfixo,quefornecemaisrigorosamenteoinvestimentoembensdecapital(em-boraincluindoaindaoinvestimentoemhabitaçãodasfamílias),passoude27,7%para19,0%doPIB,comumcomportamentodasadministraçõespúblicasaindamaisnefastoqueodasempresas.Prevê-sequevolteacairem2011e2012.Serianecessáriorecuaraosanos50doséculopassadoparaencontrarníveistãobaixos.Exactamenteaocontráriodoqueseriapreciso.

Semumenormeesforçoinvestidornãoépossívelmoderni-zaraeconomiaportuguesa,recuperardeatrasostecnológicos,

Portugal a Produzir.indd 20 04-10-2011 14:36:00

Page 21: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

20 21

país,coarctando-lheaautonomia,sujeitando-oàchantagemdosespeculadoresinternacionais,fragilizandoadefesadasoberania,restringindooinvestimentoefornecendoaconvenientejustifica-çãoparaaschamadaspolíticasdeausteridade.

Adívidapúblicaportuguesa,emrelaçãoaoPIB,foide93,0%em2010,prevê-seoficialmentequefiqueem106,4%em2011eprojecta-se,comtotalirrealismo,queatinjaummáximode115,3%em2013equedeclineapartirdaí.Naverdade,sobretudocomoselevadosjurosestipuladosparaoempréstimoacordadorecen-tementecomoFMI/BCE/UE,oEstadoportuguêsentrounumadinâmicadeinsolvênciaenãoconseguirásusterocrescimentodadívidapúblicaemrelaçãoaoPIB,quesetornouimpossíveldepagarsemumanecessáriarenegociação.

OsjurosdestadívidaatingiramnomercadosecundárioemJulhode2011valoressuperioresa20%,20%,17%e13%,res-pectivamenteparaasobrigaçõesdotesouroadois,três,cincoedezanos,masostítulosforamempartecompradoscomcréditosobtidosnoBancoCentralEuropeuajurosmuitoinferiores,oqueevidenciaosenormeslucrosrealizadospelaespeculaçãofinanceiraeoirrealismodascondiçõesedosprazosprogramadosparaoEstadosevoltarafinanciarnormalmentenosmercadosdecapitais.OOrçamentodoEstadode2011contemplamaisde6300milhõesdeeurosparaopagamentodejuroseoutrosencargoscomofinanciamentodoEstado.

Odéficepúblicoem2010foide9,1%doPIB.Asmetasacor-dadaspelogovernoparaosanosseguintessãode–5,9%em2011,–4,5%em2012,–3,0%em2013,–2,3%em2014,–1,9%em2015e–1,8%em2016.

Énecessáriobaixarodéficeorçamental,masaumritmoquenãosobreponhaesseobjectivoànecessidadedecrescimentodaeconomia.Nãosedefendeodesperdício,odespesismo,odes-controloeadesregraorçamental.Temquehaverponderação,racionalizaçãoecontroloseveronogastoeinvestimentopúblico.Hádispêndiosdeverbaseperdasdereceitasquepodemserencur-tadosoumesmoeliminados,comoéocasodasparceriaspúblicoprivadasoudosbenefíciosfiscaisconcedidosaograndecapital.Mas,globalmente,adespesapúblicanãodevediminuir,asreceitas

équetêmqueaumentar.Sóassimserápossívelsuportarodesen-volvimentodaacçãodoEstado,nocumprimentodosseusdeveressociais(queaConstituição,apesardedesfigurada,lhecontinuaaatribuir)edassuasresponsabilidadesnoinvestimentopúblico.Nota-seumadivisãoentreaqueles(àdireita)quequerematacarodéficeorçamentalpeloladodasdespesaseaqueles(àesquerda)quequerematacá-lopeloladodasreceitas.

Éigualmentenecessárioprocederàrenegociaçãodadívidapú-blica,noquedizrespeitoajuros,prazosemontantes.Umarenego-ciaçãosemcondiçõespolíticascomoaquelasaquequeremsujeitaropaís,quepermitacortarogarroteimpostopelosespeculadores,pelaUEeoFMI,edestinarverbasquegarantamoinvestimentopúblico,ocrescimentoeconómicoeacriaçãodeemprego.Umarenegociaçãoacompanhadadadiversificaçãodasfontesdefinan-ciamentodoEstado,dasustentabilidadedascontaspúblicasedeumaintervençãoconvergentecomoutrospaísestambématingidospelaespeculaçãoepeloimpactodamoedaúnica.

2.7 — Investimento

Oinvestimento,públicoeprivado,incluindoaformaçãobrutadecapitalfixo(FBCF)easvariaçõesdeexistênciasdematérias- -primaseprodutos,voltouacair,peloterceiroanoconsecutivo,em2010(–5,3%,depoisdagrandequedade–13,7%em2009),atingindonovomínimohistóricoempercentagemdoPIB,dequerepresentaapenas19,0%.

Nadécadade2000a2010,aformaçãobrutadecapitalfixo,quefornecemaisrigorosamenteoinvestimentoembensdecapital(em-boraincluindoaindaoinvestimentoemhabitaçãodasfamílias),passoude27,7%para19,0%doPIB,comumcomportamentodasadministraçõespúblicasaindamaisnefastoqueodasempresas.Prevê-sequevolteacairem2011e2012.Serianecessáriorecuaraosanos50doséculopassadoparaencontrarníveistãobaixos.Exactamenteaocontráriodoqueseriapreciso.

Semumenormeesforçoinvestidornãoépossívelmoderni-zaraeconomiaportuguesa,recuperardeatrasostecnológicos,

Portugal a Produzir.indd 21 04-10-2011 14:36:00

Page 22: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

22 23

acelerarocrescimentodaprodutividade,aumentaraeficiênciadasempresas,melhoraraposiçãocompetitivadopaís,atenuarofossoparaasnaçõesmaisdesenvolvidas,promoverodesenvol-vimentosocial.Oinvestimentopúblicotemaquiumpapelincon-tornável,estruturanteedecisivo.AoEstadonãolhecabeapenasdaroexemplonasempresaspúblicas;cabe-lheatravésdaacçãolegislativa,institucionalefinanceira,definir,promover,apoiar,orientar,coordenaredirigirumaestratégiacontinuada,equilibrada,integradora,animadoraemodernizadoradoconjuntodoaparelhoprodutivodopaís.

2.8—Emprego

Desde2000,aestruturadoempregoemPortugalmodificou- -sesensivelmente.Demodoaproximado,emrelaçãoaototal,oempregonaagricultura,produçãoanimal,caça,florestaepescadiminuiude12,6%para10,0%,naindústria,construção,energiaeáguadiminuiude35,0%para27,5%enosserviçosaumentoude52,4%para62,5%.Aquebradoempregonaagriculturaeindús-tria,naordemdos500milpostosdetrabalho,bemreveladoradadestruiçãodoaparelhoprodutivonacional,nãofoiinteiramentecompensadapeloaumentodeempregonosserviços.Apopulaçãoempregadanoprimeirotrimestrede2011erade4866,0mil.

Oaumentocontinuadododesempregodesde2000(comumapequenaquebraem2008,logocompensadanoanoseguinte)traduzsocialmenteolongoperíododeestagnaçãoqueopaísatravessa.Ataxadedesemprego,quepartiude3,9%em2000,agravou-seabruptamentecomarecessãooriginadapeloagravamentodacrisedocapitalismoeatingiu,noquartotrimestredoanopassado,11,1%,onívelmaisaltodesdequeoinstitutodeestatísticaeuropeucomeçaraarecolherosdadosem1983.Noprimeirotrimestrede2011,comumanovametodologiadeinquérito,ataxadedesempregoalcançouos12,4%.Nestetrimestre,oshomenstinhamumataxadedesem-pregode12,0%,asmulheresde12,8%eosjovensdos15aos24anosde27,8%.Apopulaçãodesempregadaascendiaa688,9mil,incluindo84,5milcomníveldeescolaridadesuperiorcompleto.

Masaestatísticanãocontabilizacomodesempregadosaquelesquetrabalhaminvoluntariamenteabaixodaduraçãonormaldetrabalho(subempregovisível;bastatrabalharumahoranasema-nadereferênciadoinquéritoparaserconsideradoempregado)eaquelesquenãotêmtrabalho,queriammasnãoprocurarameestãodisponíveis(inactivosdisponíveis)oudesistiramdefazerdiligências(inactivosdesencorajados).Seacrescentarmosestascategoriastemosumapopulaçãodesempregadade1066,9mil,correspondendoaumataxadedesempregoefectivadecercade18,5%paraoprimeirotrimestrede2011,calculadaporexcessomas mais realista.

Mesmoconsiderandoapenasnosentidorestritodasestatísticasoficiais,onúmerodedesempregadosdelongaduração,àprocuradeempregopelomenosháumano,temaumentadomuito,reflec-tindoobloqueamentodacriaçãodenovospostosdetrabalho.Noprimeirotrimestredesteano,ataxadedesempregodelongaduraçãojáerade6,6%,maisdemetadedosdesempregadospro-curavatrabalhohámaisdeumanoepertodeumterçoprocuravahámaisdedois.Sãomuitosostrabalhadoreseasfamíliasqueficamcompletamentedesamparadoscomaperdadossubsídiosdedesemprego.

Desde2000queaumenta(aindaquecomligeirasirregulari-dades)aproporçãodostrabalhadorescomcontratosaprazonototaldosassalariados.De14,1%em2000passoupara18,7%noprimeirotrimestrede2011,afectandoumamédiade713,8miltrabalhadores(masexistiammais129,1milcomsituaçãoesta-tisticamenteindefinida).Onúmerodetrabalhadoresporcontapróprianãoempregadoresfoide766,3milnoprimeirotrimestrede2011;ostrabalhadoresarecibosverdes,nasuaesmagadoramaioriadefactoaprestarserviçocomotrabalhadoresporcontadeoutremsemoscorrespondentesdireitos(«falsosrecibosver-des»),representaria,grossomodo,cercademetadedessenúmero. Ostrabalhadorescomvínculoprecário,acontratoaprazoouafalsoreciboverde,ultrapassamlargamenteummilhão.

NofinaldeAbrildesteano,apenas294194desempregados,poucomaisdemetadedosregistados,recebiaalgumaespéciedesubsídiodedesemprego(seexcluirmosossubsídiossociais,ini-

Portugal a Produzir.indd 22 04-10-2011 14:36:01

Page 23: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

22 23

acelerarocrescimentodaprodutividade,aumentaraeficiênciadasempresas,melhoraraposiçãocompetitivadopaís,atenuarofossoparaasnaçõesmaisdesenvolvidas,promoverodesenvol-vimentosocial.Oinvestimentopúblicotemaquiumpapelincon-tornável,estruturanteedecisivo.AoEstadonãolhecabeapenasdaroexemplonasempresaspúblicas;cabe-lheatravésdaacçãolegislativa,institucionalefinanceira,definir,promover,apoiar,orientar,coordenaredirigirumaestratégiacontinuada,equilibrada,integradora,animadoraemodernizadoradoconjuntodoaparelhoprodutivodopaís.

2.8—Emprego

Desde2000,aestruturadoempregoemPortugalmodificou- -sesensivelmente.Demodoaproximado,emrelaçãoaototal,oempregonaagricultura,produçãoanimal,caça,florestaepescadiminuiude12,6%para10,0%,naindústria,construção,energiaeáguadiminuiude35,0%para27,5%enosserviçosaumentoude52,4%para62,5%.Aquebradoempregonaagriculturaeindús-tria,naordemdos500milpostosdetrabalho,bemreveladoradadestruiçãodoaparelhoprodutivonacional,nãofoiinteiramentecompensadapeloaumentodeempregonosserviços.Apopulaçãoempregadanoprimeirotrimestrede2011erade4866,0mil.

Oaumentocontinuadododesempregodesde2000(comumapequenaquebraem2008,logocompensadanoanoseguinte)traduzsocialmenteolongoperíododeestagnaçãoqueopaísatravessa.Ataxadedesemprego,quepartiude3,9%em2000,agravou-seabruptamentecomarecessãooriginadapeloagravamentodacrisedocapitalismoeatingiu,noquartotrimestredoanopassado,11,1%,onívelmaisaltodesdequeoinstitutodeestatísticaeuropeucomeçaraarecolherosdadosem1983.Noprimeirotrimestrede2011,comumanovametodologiadeinquérito,ataxadedesempregoalcançouos12,4%.Nestetrimestre,oshomenstinhamumataxadedesem-pregode12,0%,asmulheresde12,8%eosjovensdos15aos24anosde27,8%.Apopulaçãodesempregadaascendiaa688,9mil,incluindo84,5milcomníveldeescolaridadesuperiorcompleto.

Masaestatísticanãocontabilizacomodesempregadosaquelesquetrabalhaminvoluntariamenteabaixodaduraçãonormaldetrabalho(subempregovisível;bastatrabalharumahoranasema-nadereferênciadoinquéritoparaserconsideradoempregado)eaquelesquenãotêmtrabalho,queriammasnãoprocurarameestãodisponíveis(inactivosdisponíveis)oudesistiramdefazerdiligências(inactivosdesencorajados).Seacrescentarmosestascategoriastemosumapopulaçãodesempregadade1066,9mil,correspondendoaumataxadedesempregoefectivadecercade18,5%paraoprimeirotrimestrede2011,calculadaporexcessomas mais realista.

Mesmoconsiderandoapenasnosentidorestritodasestatísticasoficiais,onúmerodedesempregadosdelongaduração,àprocuradeempregopelomenosháumano,temaumentadomuito,reflec-tindoobloqueamentodacriaçãodenovospostosdetrabalho.Noprimeirotrimestredesteano,ataxadedesempregodelongaduraçãojáerade6,6%,maisdemetadedosdesempregadospro-curavatrabalhohámaisdeumanoepertodeumterçoprocuravahámaisdedois.Sãomuitosostrabalhadoreseasfamíliasqueficamcompletamentedesamparadoscomaperdadossubsídiosdedesemprego.

Desde2000queaumenta(aindaquecomligeirasirregulari-dades)aproporçãodostrabalhadorescomcontratosaprazonototaldosassalariados.De14,1%em2000passoupara18,7%noprimeirotrimestrede2011,afectandoumamédiade713,8miltrabalhadores(masexistiammais129,1milcomsituaçãoesta-tisticamenteindefinida).Onúmerodetrabalhadoresporcontapróprianãoempregadoresfoide766,3milnoprimeirotrimestrede2011;ostrabalhadoresarecibosverdes,nasuaesmagadoramaioriadefactoaprestarserviçocomotrabalhadoresporcontadeoutremsemoscorrespondentesdireitos(«falsosrecibosver-des»),representaria,grossomodo,cercademetadedessenúmero. Ostrabalhadorescomvínculoprecário,acontratoaprazoouafalsoreciboverde,ultrapassamlargamenteummilhão.

NofinaldeAbrildesteano,apenas294194desempregados,poucomaisdemetadedosregistados,recebiaalgumaespéciedesubsídiodedesemprego(seexcluirmosossubsídiossociais,ini-

Portugal a Produzir.indd 23 04-10-2011 14:36:01

Page 24: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

24 25

cialesubsequente,apenas236529recebiamsubsídiodedesem-prego),situaçãoqueseagravarácomapersistênciaeoaumentododesempregodelongaduração.Ovalormédiodossubsídioserade 493,42 euros.

Comasperspectivasderecessãoeestagnaçãoparaapróximadécada,odesempregoeaprecariedadepoderãooscilar,masatendênciaserádeaumento.Nãoseráfácilrecuperarosníveis,maisbaixos,doiníciodadécadapassadaemuitomenosaproxi-mardoplenoemprego,seguroecomdireitos.Odesempregoeaprecariedadesãoestruturaisnocapitalismoe,deformamassiva,tornaram-seendémicosnasociedadeportuguesa.Apolíticadedi-reita,nomeadamentenodomíniodalegislaçãolaboral,contribuiudecisivamenteparaisso.

2.9 — Salários e distribuição de rendimentos

Em2008,oganhomédiomensalilíquido(antesdequaisquerdescontos)dostrabalhadoresdasempresasatempocompletoerade1008euros(aremuneraçãomédiamensaldebase,ilíquida,erade843euros).Masdestestrabalhadores,cercade29%auferiaumsaláriobasemensalinferiora500euroseapenascercade21%recebiaigualousuperiora1000euros.

Em2009,oganhomédiomensaldosassalariadosatempointeironasempresaserade1034euros.EmOutubrodesseano,8,7%delesrecebiaosaláriomínimo(450euros);proporçãoquesubiu,emAbrilde2010,para9,4%(comonovosaláriomínimode 475 euros).

Em2010,segundoasprevisõesdoBancodePortugal,ocres-cimentodasremuneraçõesdostrabalhadoresdeveter-sesituadoem2,2%,abaixodos3,2%de2009(considerandoapenasosectorprivado,ocrescimentoem2010deveserde2,7%,abaixodos3,1%de2009).

Globalmente,ossaláriosdostrabalhadoressãomuitobaixosemPortugal.Porexemplo,aremuneraçãoilíquidadosassalariadosatempointeironaindústriaeserviçosera,em2007,menosdemetadedamédiadaUE.OBancodePortugalregistavanoOutono

passadouma«fortedesaceleraçãodoscustosunitáriosdotrabalho,nocontextodeumcrescimentosignificativodaprodutividadeportrabalhador»,masograndepatronatonãodeixaqueestesganhosdeprodutividadeaproveitemtambémaostrabalhadores.

Opaístemcercade2milhõesdepobres.Em2009,17,9%dapopulaçãodopaís,cercade1900milhabitantes,encontrava-seemriscodepobreza,ouseja,oseurendimentoanualerainferioraolimiardepobreza,estabelecidonesseanoem5207eurosanuais(434eurospormês).Em2010,22,5%dapopulação,cercade2393milresidentes,viviaemagregadoscomdificuldadesmateriais(definidascombasenumconjuntodeindicadoresdeprivaçãomaterial)pormotivoseconómicos.

Portugalédospaísesdesenvolvidoscommaiordesigualdadenadistribuiçãodorendimentodasfamílias.Medindocomoscoe-ficientesdeGini(cujaescalavariadezero,quandotodososindi-víduostêmomesmorendimento,a100,quandoumsóindivíduoconcentraorendimentotodo),Portugaltinhaem2007oelevadovalorde35,8,sóultrapassadonaUEpelaLetónia,aBulgáriaeaRoménia.Em2009esteíndicetinhadiminuídopara33,7,masos20%maisricostinhamumrendimentocercadeseisvezessuperioraos20%maispobreseos10%maisricostinhamumrendimentocercadenovevezessuperioraos10%maispobres.

Em1974-77,comoconsequênciadirectadoprocessorevolu-cionárioiniciadopelo25deAbril,apartedotrabalhonadistribui-çãodorendimentonacionalatingiuasuaexpressãomaiselevadadesempre.Nesteperíodo,opesodasremuneraçõesdotrabalhoempercentagemdoPIBestevesempreacimados60%e,em1975,chegoumesmoaatingiros69,4%.Desde1992,comligeirasosci-lações,estáestabilizadopróximodos49,5%,abaixodoverificadonosúltimosdezanosdofascismo.Em2010foide51,1%,artificial-menteempolado,comosucedeunoanoanterior,comaquedadoPIBverificadanacrise.Apesardenãodescontarasdepreciaçõesdocapital,éumindicador,grosseiromasválido,dograndeaumentodataxadeexploraçãoqueresultoudoprocessodereconstituiçãodocapitalismomonopolista,começandooseudeclíniopraticamentecomoiníciodoprocessocontra-revolucionário.

Portugal a Produzir.indd 24 04-10-2011 14:36:02

Page 25: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

24 25

cialesubsequente,apenas236529recebiamsubsídiodedesem-prego),situaçãoqueseagravarácomapersistênciaeoaumentododesempregodelongaduração.Ovalormédiodossubsídioserade 493,42 euros.

Comasperspectivasderecessãoeestagnaçãoparaapróximadécada,odesempregoeaprecariedadepoderãooscilar,masatendênciaserádeaumento.Nãoseráfácilrecuperarosníveis,maisbaixos,doiníciodadécadapassadaemuitomenosaproxi-mardoplenoemprego,seguroecomdireitos.Odesempregoeaprecariedadesãoestruturaisnocapitalismoe,deformamassiva,tornaram-seendémicosnasociedadeportuguesa.Apolíticadedi-reita,nomeadamentenodomíniodalegislaçãolaboral,contribuiudecisivamenteparaisso.

2.9 — Salários e distribuição de rendimentos

Em2008,oganhomédiomensalilíquido(antesdequaisquerdescontos)dostrabalhadoresdasempresasatempocompletoerade1008euros(aremuneraçãomédiamensaldebase,ilíquida,erade843euros).Masdestestrabalhadores,cercade29%auferiaumsaláriobasemensalinferiora500euroseapenascercade21%recebiaigualousuperiora1000euros.

Em2009,oganhomédiomensaldosassalariadosatempointeironasempresaserade1034euros.EmOutubrodesseano,8,7%delesrecebiaosaláriomínimo(450euros);proporçãoquesubiu,emAbrilde2010,para9,4%(comonovosaláriomínimode 475 euros).

Em2010,segundoasprevisõesdoBancodePortugal,ocres-cimentodasremuneraçõesdostrabalhadoresdeveter-sesituadoem2,2%,abaixodos3,2%de2009(considerandoapenasosectorprivado,ocrescimentoem2010deveserde2,7%,abaixodos3,1%de2009).

Globalmente,ossaláriosdostrabalhadoressãomuitobaixosemPortugal.Porexemplo,aremuneraçãoilíquidadosassalariadosatempointeironaindústriaeserviçosera,em2007,menosdemetadedamédiadaUE.OBancodePortugalregistavanoOutono

passadouma«fortedesaceleraçãodoscustosunitáriosdotrabalho,nocontextodeumcrescimentosignificativodaprodutividadeportrabalhador»,masograndepatronatonãodeixaqueestesganhosdeprodutividadeaproveitemtambémaostrabalhadores.

Opaístemcercade2milhõesdepobres.Em2009,17,9%dapopulaçãodopaís,cercade1900milhabitantes,encontrava-seemriscodepobreza,ouseja,oseurendimentoanualerainferioraolimiardepobreza,estabelecidonesseanoem5207eurosanuais(434eurospormês).Em2010,22,5%dapopulação,cercade2393milresidentes,viviaemagregadoscomdificuldadesmateriais(definidascombasenumconjuntodeindicadoresdeprivaçãomaterial)pormotivoseconómicos.

Portugalédospaísesdesenvolvidoscommaiordesigualdadenadistribuiçãodorendimentodasfamílias.Medindocomoscoe-ficientesdeGini(cujaescalavariadezero,quandotodososindi-víduostêmomesmorendimento,a100,quandoumsóindivíduoconcentraorendimentotodo),Portugaltinhaem2007oelevadovalorde35,8,sóultrapassadonaUEpelaLetónia,aBulgáriaeaRoménia.Em2009esteíndicetinhadiminuídopara33,7,masos20%maisricostinhamumrendimentocercadeseisvezessuperioraos20%maispobreseos10%maisricostinhamumrendimentocercadenovevezessuperioraos10%maispobres.

Em1974-77,comoconsequênciadirectadoprocessorevolu-cionárioiniciadopelo25deAbril,apartedotrabalhonadistribui-çãodorendimentonacionalatingiuasuaexpressãomaiselevadadesempre.Nesteperíodo,opesodasremuneraçõesdotrabalhoempercentagemdoPIBestevesempreacimados60%e,em1975,chegoumesmoaatingiros69,4%.Desde1992,comligeirasosci-lações,estáestabilizadopróximodos49,5%,abaixodoverificadonosúltimosdezanosdofascismo.Em2010foide51,1%,artificial-menteempolado,comosucedeunoanoanterior,comaquedadoPIBverificadanacrise.Apesardenãodescontarasdepreciaçõesdocapital,éumindicador,grosseiromasválido,dograndeaumentodataxadeexploraçãoqueresultoudoprocessodereconstituiçãodocapitalismomonopolista,começandooseudeclíniopraticamentecomoiníciodoprocessocontra-revolucionário.

Portugal a Produzir.indd 25 04-10-2011 14:36:02

Page 26: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

26 27

2.10—Micro,pequenasemédiasempresas(MPME)

AsMPMEtêmumpapelfundamentalnaeconomianacional,poissãoasprincipaisresponsáveispelacriaçãodoempregoedariqueza.Seconsiderarmos,daquiparaafrente,associedadesnãofinanceiras,excluindoaagricultura,caçaesilvicultura,existiamemPortugal,em2008,cercade350milMPME,99,7%detodasassociedades,querepresentavam72,5%doemprego,59,8%dovaloracrescentadobruto(aocustodefactores,VABcf)e60,9%doinvestimento(FBCF)dototaldassociedades(nãofinanceiras).

Asmicroempresasconstituíam85,6%detodasassociedadesmasrepresentavam26,9%doemprego,15,2%dovaloracrescen-tadobrutoe21,7%doinvestimentodototaldassociedades.

Em2008,emmédia,asmicroempresastinham2,7pessoas,aspequenas18,3,asmédias88,9easgrandes741,4(amédiadetodasassociedadeserade8,6),eumpesodoscustoscomopessoalnoVABcf,respectivamente,de70,4%,66,6%,62,3%e54,7%(amé-diadetodasassociedadeserade61,5%),umasucessãodecrescentebemreveladoradamaiorprodutividadedasempresasmaiores.

Nomesmoano,poucomaisdeumquartodasMPMEla-boravamnapescaeaquicultura,nasindústriasextractivas,nasindústriastransformadoras,naelectricidade,naáguaenacons-trução,ondeconcentravamquatroquintosdopessoalaoserviçoetrêsquintosdoVABcfdetodasassociedadesdoconjuntodestessectores.

CapítuloIIIAdegradaçãodoaparelhoprodutivo

3.1—Contornosdadestruiçãodoaparelhoprodutivo

Umabreveincursãoporalgumasáreasimportantesdasactivi-dadesprodutivasdopaísrevelaaextensãodosdanos,económicosesociais,dodesaproveitamentoedafragilizaçãodoaparelhoprodutivo.

a agricultura portuguesa,noquerespeitaaovolumeglobaldeprodução,teveumcrescimentoténueaolongodadécadade80,até1991,eestáfundamentalmenteestagnadahácercade20anos(comasinevitáveisirregularidadesdevidasàvariabilidademeteorológica).Apresentaumasubstituiçãocrescentedaproduçãovegetal,aindabastantemaioritária,pelaproduçãoanimal,minori-tária mas em crescimento.

Onúmerodasexploraçõesagrícolasteveumadiminuiçãobrutal.Sónosúltimosvinteanosperderam-sepertode300milexplorações;passaramde599milem1989para305milem2009,cercademetade.Nesseperíodo,asuperfícieagrícolautilizada(SAU)tambémteveumagranderedução,menoscercade337milhectares,aindaqueinferioràdonúmerodasexplorações,sinaliniludíveldoemparcelamentoedaprogressivaconcentração fundiária.Comefeito,aSAUmédiaporexploraçãoaumentoude6,7para12,0hectareseasgrandesexplorações,compelomenos

Portugal a Produzir.indd 26 04-10-2011 14:36:03

Page 27: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

26 27

2.10—Micro,pequenasemédiasempresas(MPME)

AsMPMEtêmumpapelfundamentalnaeconomianacional,poissãoasprincipaisresponsáveispelacriaçãodoempregoedariqueza.Seconsiderarmos,daquiparaafrente,associedadesnãofinanceiras,excluindoaagricultura,caçaesilvicultura,existiamemPortugal,em2008,cercade350milMPME,99,7%detodasassociedades,querepresentavam72,5%doemprego,59,8%dovaloracrescentadobruto(aocustodefactores,VABcf)e60,9%doinvestimento(FBCF)dototaldassociedades(nãofinanceiras).

Asmicroempresasconstituíam85,6%detodasassociedadesmasrepresentavam26,9%doemprego,15,2%dovaloracrescen-tadobrutoe21,7%doinvestimentodototaldassociedades.

Em2008,emmédia,asmicroempresastinham2,7pessoas,aspequenas18,3,asmédias88,9easgrandes741,4(amédiadetodasassociedadeserade8,6),eumpesodoscustoscomopessoalnoVABcf,respectivamente,de70,4%,66,6%,62,3%e54,7%(amé-diadetodasassociedadeserade61,5%),umasucessãodecrescentebemreveladoradamaiorprodutividadedasempresasmaiores.

Nomesmoano,poucomaisdeumquartodasMPMEla-boravamnapescaeaquicultura,nasindústriasextractivas,nasindústriastransformadoras,naelectricidade,naáguaenacons-trução,ondeconcentravamquatroquintosdopessoalaoserviçoetrêsquintosdoVABcfdetodasassociedadesdoconjuntodestessectores.

CapítuloIIIAdegradaçãodoaparelhoprodutivo

3.1—Contornosdadestruiçãodoaparelhoprodutivo

Umabreveincursãoporalgumasáreasimportantesdasactivi-dadesprodutivasdopaísrevelaaextensãodosdanos,económicosesociais,dodesaproveitamentoedafragilizaçãodoaparelhoprodutivo.

a agricultura portuguesa,noquerespeitaaovolumeglobaldeprodução,teveumcrescimentoténueaolongodadécadade80,até1991,eestáfundamentalmenteestagnadahácercade20anos(comasinevitáveisirregularidadesdevidasàvariabilidademeteorológica).Apresentaumasubstituiçãocrescentedaproduçãovegetal,aindabastantemaioritária,pelaproduçãoanimal,minori-tária mas em crescimento.

Onúmerodasexploraçõesagrícolasteveumadiminuiçãobrutal.Sónosúltimosvinteanosperderam-sepertode300milexplorações;passaramde599milem1989para305milem2009,cercademetade.Nesseperíodo,asuperfícieagrícolautilizada(SAU)tambémteveumagranderedução,menoscercade337milhectares,aindaqueinferioràdonúmerodasexplorações,sinaliniludíveldoemparcelamentoedaprogressivaconcentração fundiária.Comefeito,aSAUmédiaporexploraçãoaumentoude6,7para12,0hectareseasgrandesexplorações,compelomenos

Portugal a Produzir.indd 27 04-10-2011 14:36:03

Page 28: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

28 29

50hectares,aumentaramasuaproporçãonaocupaçãodatotali-dadedaSAUdecercademetadeparadoisterços.

Ograndedecréscimodasterrasaráveisteveoseureversonograndeacréscimodaspastagenspermanentes,queconstituíampertodeumquinto,em1989,masjápertodemetade,em2009,dototaldasuperfícieagricultada.Areduçãodasáreasdecultivolevouàquedadeváriasproduçõesimportantes,comoadabatataoudotrigo.

Aconcentraçãoeconómicaprossegue,apardafundiária. Em2009,asgrandesexplorações,compelomenos100mileurosdevalordeproduçãototal,queconstituíammenosde3%dasexplorações,geravam55%dovalordaproduçãototaldopaís;seincluíssemosascompelomenos25mileurosdevalordeproduçãototal,entãoaproximadamente9%dasexploraçõesforneciammaisdetrêsquartosdovalordetodaaprodução.

AprodutividademédiadotrabalhoagrícolaemPortugal,noâmbitodaUE,ébaixa,especialmentesecomparadacomadospaísesmaisdesenvolvidos.Issoéparticularmentesentidonasexploraçõesdepequenaemuitopequenadimensãoeconómica,queconstituemmaisdenovedécimosdototal.

Outragrandepreocupaçãoéoenormeenvelhecimentodosagricultores,queseacentuaimplacavelmente.Portugaltem,quasecertamente,ocampesinatomaisenvelhecidodaUE.Em2009,aidademédiadosresponsáveisdasexploraçõesjáatingiaos63anosdeidade,48%delestinhapelomenos65anos.

Aspequenasemédiasexploraçõesagrícolasnãoaguentamaconcorrênciacomunitáriaedeoutrospaíses,aliberalizaçãodosmercados,adesigualdadedosapoios,adescidarealdospreçosaoprodutoreasubidadoscustosdeprodução,assucessivasversõesdaPolíticaAgrícolaComum(PAC),potenciadasnosseusaspectosmaisnegativospelaspolíticasnacionais,incluindoodesapro- veitamentoedelapidaçãodefundoserecursos.Oresultadoéoabandonodaactividade,odespovoamentodointerioreaemi-gração.

Umbomexemplo,quevalepormuitos,éodoleite.De1980a1999,aproduçãodoleitedevacamaisdoqueduplicou;desdeentão,maisoumenosestabilizou,dadoquebateunotectodaquota

leiteiraatribuídaaPortugal,quechegoumesmoaultrapassarnascampanhasde2002/03e2005/06.Nãoobstante,onúmerodeexploraçõescomvacasleiteiraseonúmerodestesefectivosdimi-nuírammuito:onúmerodeexplorações,porexemplo,passoude107,9mil,em1987,paraapenas10,4mil,em2009;onúmerodevacasleiteiraspassoude424mil,em1980,para278mil,em2009.Apassagemdeumamédiade3,9vacasleiteirasporexploração,em1987,para26,7,em2009,ilustrabemoprocessodeconcentração.Oprocessoemcursodeliquidaçãodasquotasleiteiras,atravésdachamada«aterragemsuave»,comaumentosanuaisdasquotasdecadaEstado-membro,atéaoseufimem2015,estáaprovocarainundaçãodomercadointernoeameaçadaraestocadafinalnumagrandepartedaproduçãoleiteiranacionaleconstituiumexemploparadigmáticodosconstrangimentoseinfluênciaquepodemteroenquadramentoepolíticadaUEnaproduçãoedesenvolvimentonacionais.Porsuavez,aopçãodagrandedistribuiçãopelaimpor-taçãodeprodutoslácteosparaassuasmarcasbrancas,éexemplodecomoograndecapitalnãoseembaraçacomointeressenacio-nal.Eanãoconsideração,sórecentementecorrigida,dosectorcomoestratégiconoâmbitodoPlanodeDesenvolvimentoRural(PRODER)eosencargosadicionaisnolicenciamentoemanuten-çãodasexploraçõesleiteirasimplicadospelarecenteaplicaçãodoregimedeexercíciodaactividadepecuáriasãoexemplosdecomoapolíticadeEstadoagravaasituaçãodospequenosemédiosprodutoreseempresários.

Defacto,asajudasàagricultura,noâmbitodaaplicaçãodasregrasdaPAC,privilegiamosprodutoresdemaiordimensãoeasculturastípicasdospaísesdoNortedaEuropa,cereaisecarne.Asajudasaorendimentosãoatribuídascombasenoshistóricosdeproduçãoenãoporaquiloquerealmenteseproduz.Odesliga-mentodasajudasdaprodução(nareformade2001/2003)agravoua«nãoprodução»emtodasasculturascujoscustosexcedemospreçosdemercado.Recebem-semilharesemilharesdeeurossemquesetenhadeproduzirumgramadealimentos.Adistribuiçãodasverbaséinjustaeinverteasprioridades.Noquerespeitaàsajudasaoinvestimentoeaodesenvolvimentorural,aobsessãopelacompetitividadeeaopçãodogovernoemapoiarpreferencialmente

Portugal a Produzir.indd 28 04-10-2011 14:36:03

Page 29: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

28 29

50hectares,aumentaramasuaproporçãonaocupaçãodatotali-dadedaSAUdecercademetadeparadoisterços.

Ograndedecréscimodasterrasaráveisteveoseureversonograndeacréscimodaspastagenspermanentes,queconstituíampertodeumquinto,em1989,masjápertodemetade,em2009,dototaldasuperfícieagricultada.Areduçãodasáreasdecultivolevouàquedadeváriasproduçõesimportantes,comoadabatataoudotrigo.

Aconcentraçãoeconómicaprossegue,apardafundiária. Em2009,asgrandesexplorações,compelomenos100mileurosdevalordeproduçãototal,queconstituíammenosde3%dasexplorações,geravam55%dovalordaproduçãototaldopaís;seincluíssemosascompelomenos25mileurosdevalordeproduçãototal,entãoaproximadamente9%dasexploraçõesforneciammaisdetrêsquartosdovalordetodaaprodução.

AprodutividademédiadotrabalhoagrícolaemPortugal,noâmbitodaUE,ébaixa,especialmentesecomparadacomadospaísesmaisdesenvolvidos.Issoéparticularmentesentidonasexploraçõesdepequenaemuitopequenadimensãoeconómica,queconstituemmaisdenovedécimosdototal.

Outragrandepreocupaçãoéoenormeenvelhecimentodosagricultores,queseacentuaimplacavelmente.Portugaltem,quasecertamente,ocampesinatomaisenvelhecidodaUE.Em2009,aidademédiadosresponsáveisdasexploraçõesjáatingiaos63anosdeidade,48%delestinhapelomenos65anos.

Aspequenasemédiasexploraçõesagrícolasnãoaguentamaconcorrênciacomunitáriaedeoutrospaíses,aliberalizaçãodosmercados,adesigualdadedosapoios,adescidarealdospreçosaoprodutoreasubidadoscustosdeprodução,assucessivasversõesdaPolíticaAgrícolaComum(PAC),potenciadasnosseusaspectosmaisnegativospelaspolíticasnacionais,incluindoodesapro- veitamentoedelapidaçãodefundoserecursos.Oresultadoéoabandonodaactividade,odespovoamentodointerioreaemi-gração.

Umbomexemplo,quevalepormuitos,éodoleite.De1980a1999,aproduçãodoleitedevacamaisdoqueduplicou;desdeentão,maisoumenosestabilizou,dadoquebateunotectodaquota

leiteiraatribuídaaPortugal,quechegoumesmoaultrapassarnascampanhasde2002/03e2005/06.Nãoobstante,onúmerodeexploraçõescomvacasleiteiraseonúmerodestesefectivosdimi-nuírammuito:onúmerodeexplorações,porexemplo,passoude107,9mil,em1987,paraapenas10,4mil,em2009;onúmerodevacasleiteiraspassoude424mil,em1980,para278mil,em2009.Apassagemdeumamédiade3,9vacasleiteirasporexploração,em1987,para26,7,em2009,ilustrabemoprocessodeconcentração.Oprocessoemcursodeliquidaçãodasquotasleiteiras,atravésdachamada«aterragemsuave»,comaumentosanuaisdasquotasdecadaEstado-membro,atéaoseufimem2015,estáaprovocarainundaçãodomercadointernoeameaçadaraestocadafinalnumagrandepartedaproduçãoleiteiranacionaleconstituiumexemploparadigmáticodosconstrangimentoseinfluênciaquepodemteroenquadramentoepolíticadaUEnaproduçãoedesenvolvimentonacionais.Porsuavez,aopçãodagrandedistribuiçãopelaimpor-taçãodeprodutoslácteosparaassuasmarcasbrancas,éexemplodecomoograndecapitalnãoseembaraçacomointeressenacio-nal.Eanãoconsideração,sórecentementecorrigida,dosectorcomoestratégiconoâmbitodoPlanodeDesenvolvimentoRural(PRODER)eosencargosadicionaisnolicenciamentoemanuten-çãodasexploraçõesleiteirasimplicadospelarecenteaplicaçãodoregimedeexercíciodaactividadepecuáriasãoexemplosdecomoapolíticadeEstadoagravaasituaçãodospequenosemédiosprodutoreseempresários.

Defacto,asajudasàagricultura,noâmbitodaaplicaçãodasregrasdaPAC,privilegiamosprodutoresdemaiordimensãoeasculturastípicasdospaísesdoNortedaEuropa,cereaisecarne.Asajudasaorendimentosãoatribuídascombasenoshistóricosdeproduçãoenãoporaquiloquerealmenteseproduz.Odesliga-mentodasajudasdaprodução(nareformade2001/2003)agravoua«nãoprodução»emtodasasculturascujoscustosexcedemospreçosdemercado.Recebem-semilharesemilharesdeeurossemquesetenhadeproduzirumgramadealimentos.Adistribuiçãodasverbaséinjustaeinverteasprioridades.Noquerespeitaàsajudasaoinvestimentoeaodesenvolvimentorural,aobsessãopelacompetitividadeeaopçãodogovernoemapoiarpreferencialmente

Portugal a Produzir.indd 29 04-10-2011 14:36:04

Page 30: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

30 31

osintituladosagricultorescompetitivos,afastouaquasetotalidadedaspequenasemédiasexploraçõesdasajudasaoinvestimento;foiestabelecidoumPRODERquepoucotemavercomarealidadedopaíseque,nosseusprimeirosanosdeexecução,praticamentesópagoudeinvestimentooschamadosprojectosdeimpactorelevantedograndecapital.

Opaísdepara-secomumgrandebloqueio.Osminguadosrendimentos,agravadospelaspolíticasnacionaiseeuropeiasdis-criminatórias,aexcessivafragmentaçãoeisolamento,asfraquís-simasprodutividadesdotrabalhoeotremendoenvelhecimentodosseusmembros,condenamaspequenasexploraçõesagrícolasaoprosseguimentodasuaextinção.Masaagriculturacapitalistaqueselhetemsubstituído,tambémelaameaçadapelaeventualmaiordesregulamentaçãodocomérciointraeextracomunitário,desenvolve-seemcondiçõesdesustentabilidadesocialeambientalquetalveznãotenhammostradoaindaosseuslimites,masquedesacreditamasuacapacidadedeanular,oureduzirsignificativa-mente,odéficeexternoagrícolaederesponderàsnecessidadesalimentaresdapopulação.

a produção silvícolaemvolumenãotemprogredidodesde1986,sebemque,nesteintervalo,tenhatidograndesvariações. Domáximoatingidoem2000,perdeuumquintologonoanoseguintee,desdeentão,basicamenteestagnou.

Osseusprincipaisprodutossãoamadeiraeacortiça.Emvalordaprodução,àexcepçãodocurtoperíodode1999a2003,emquefoiultrapassadapelacortiça,opesorelativodamadeiratemsidosempremaioritário.

Aproduçãofísicademadeiraparatriturar,principalmatéria- -primadasindústriasdecelulose,constituídaprincipalmente poreucalipto,progrediucomoaumentosubstancialdosdezanosqueterminaramem2008(atéondevãoosdados);teveoseumáximoem2004,nasequênciadosgrandesincêndiosde2003,queprovocaramoaumentodasvendasàsfábricasdepastadepapel. Aproduçãofísicademadeiraparaserrar,destinadaprincipalmenteàindústriademobiliário,compostasobretudoporpinheiro-bravo,diminuiuglobalmentecomirregularidades.

Aproduçãofísicadecortiça,muitooscilanteaté2000,declinoudesdeentãoexpressivamente.Oenvelhecimentodosmontadoseaspatologiasdosobreiroafectaramaproduçãodecortiçadequalidade.

Deacordocomoúltimoinventárioflorestalnacional,em2005-06,aflorestaocupava38%dasuperfíciedopaís(incluindoasilhas).Aocupaçãoflorestalnocontinenteeradominadapelopinheiro-bravo(27%),oseucaliptos(23%),osobreiro(23%)eaazinheira(13%).

Na década decorrida desde o anterior inventário, de 1995-98, a ocupaçãoflorestaldopaísaumentou5,4%;nocontinenteaumen-tou3,3%.Opinheiro-bravoeaazinheiradiminuírampróximode10%,osobreiromanteveeoeucaliptoaumentoupertode10%asuaocupação.Emnúmeromuitoredondos,emcercadeduasdécadas,entreosinventáriosde1980-89e2005-06,pode-sedizerqueopinheiro-bravoperdeupertodeumterçodasuaárea,prosse-guindooseudeclínio,equeoeucalipto,quealimentaasfábricasdecelulose,aumentouparapertododobro,prosseguindoasuaascensão,emboradesaceleradanoúltimodecénio.

Entreosdoisúltimosinventários,reduziu-seovolumedemadeiraempédafloresta.Contribuiuparaissoofactodeopaístersidobastanteflageladocomincêndios.Emtermosmédios,arderamanualmente57920hectaresdepovoamentosflorestaisentre 1980 e 2010.

Hágrandespossibilidadesdeutilizaçãomultifuncionaldafloresta.Masovolumefinanceirodisponibilizadonãosetemtradu-zidonaeficáciaesperada.Osbaldioseapequenapropriedadesãomarginalizados.OactualprogramadoPRODERparaafloresta,talcomoosanteriores,édesajustado,irrealistanasexigênciasexageradasdeco-financiamentoparapequenasexploraçõespri-vadasebaldiosetinhaumataxadeexecução,nofinalde2010,próximadezero.

Oenormepotencialdaproduçãoflorestalpodeseridentificadopelatransversalidadedosseusprodutos—quevãodaproduçãodemadeira,cortiça,resinaatéaopapelecartão—epelaimportânciaecológicanaprotecçãodesolos,regularizaçãodossistemashídri-cos,valorizaçãodosecossistemasearmazenamentodocarbono.

Portugal a Produzir.indd 30 04-10-2011 14:36:04

Page 31: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

30 31

osintituladosagricultorescompetitivos,afastouaquasetotalidadedaspequenasemédiasexploraçõesdasajudasaoinvestimento;foiestabelecidoumPRODERquepoucotemavercomarealidadedopaíseque,nosseusprimeirosanosdeexecução,praticamentesópagoudeinvestimentooschamadosprojectosdeimpactorelevantedograndecapital.

Opaísdepara-secomumgrandebloqueio.Osminguadosrendimentos,agravadospelaspolíticasnacionaiseeuropeiasdis-criminatórias,aexcessivafragmentaçãoeisolamento,asfraquís-simasprodutividadesdotrabalhoeotremendoenvelhecimentodosseusmembros,condenamaspequenasexploraçõesagrícolasaoprosseguimentodasuaextinção.Masaagriculturacapitalistaqueselhetemsubstituído,tambémelaameaçadapelaeventualmaiordesregulamentaçãodocomérciointraeextracomunitário,desenvolve-seemcondiçõesdesustentabilidadesocialeambientalquetalveznãotenhammostradoaindaosseuslimites,masquedesacreditamasuacapacidadedeanular,oureduzirsignificativa-mente,odéficeexternoagrícolaederesponderàsnecessidadesalimentaresdapopulação.

a produção silvícolaemvolumenãotemprogredidodesde1986,sebemque,nesteintervalo,tenhatidograndesvariações. Domáximoatingidoem2000,perdeuumquintologonoanoseguintee,desdeentão,basicamenteestagnou.

Osseusprincipaisprodutossãoamadeiraeacortiça.Emvalordaprodução,àexcepçãodocurtoperíodode1999a2003,emquefoiultrapassadapelacortiça,opesorelativodamadeiratemsidosempremaioritário.

Aproduçãofísicademadeiraparatriturar,principalmatéria- -primadasindústriasdecelulose,constituídaprincipalmente poreucalipto,progrediucomoaumentosubstancialdosdezanosqueterminaramem2008(atéondevãoosdados);teveoseumáximoem2004,nasequênciadosgrandesincêndiosde2003,queprovocaramoaumentodasvendasàsfábricasdepastadepapel. Aproduçãofísicademadeiraparaserrar,destinadaprincipalmenteàindústriademobiliário,compostasobretudoporpinheiro-bravo,diminuiuglobalmentecomirregularidades.

Aproduçãofísicadecortiça,muitooscilanteaté2000,declinoudesdeentãoexpressivamente.Oenvelhecimentodosmontadoseaspatologiasdosobreiroafectaramaproduçãodecortiçadequalidade.

Deacordocomoúltimoinventárioflorestalnacional,em2005-06,aflorestaocupava38%dasuperfíciedopaís(incluindoasilhas).Aocupaçãoflorestalnocontinenteeradominadapelopinheiro-bravo(27%),oseucaliptos(23%),osobreiro(23%)eaazinheira(13%).

Na década decorrida desde o anterior inventário, de 1995-98, a ocupaçãoflorestaldopaísaumentou5,4%;nocontinenteaumen-tou3,3%.Opinheiro-bravoeaazinheiradiminuírampróximode10%,osobreiromanteveeoeucaliptoaumentoupertode10%asuaocupação.Emnúmeromuitoredondos,emcercadeduasdécadas,entreosinventáriosde1980-89e2005-06,pode-sedizerqueopinheiro-bravoperdeupertodeumterçodasuaárea,prosse-guindooseudeclínio,equeoeucalipto,quealimentaasfábricasdecelulose,aumentouparapertododobro,prosseguindoasuaascensão,emboradesaceleradanoúltimodecénio.

Entreosdoisúltimosinventários,reduziu-seovolumedemadeiraempédafloresta.Contribuiuparaissoofactodeopaístersidobastanteflageladocomincêndios.Emtermosmédios,arderamanualmente57920hectaresdepovoamentosflorestaisentre 1980 e 2010.

Hágrandespossibilidadesdeutilizaçãomultifuncionaldafloresta.Masovolumefinanceirodisponibilizadonãosetemtradu-zidonaeficáciaesperada.Osbaldioseapequenapropriedadesãomarginalizados.OactualprogramadoPRODERparaafloresta,talcomoosanteriores,édesajustado,irrealistanasexigênciasexageradasdeco-financiamentoparapequenasexploraçõespri-vadasebaldiosetinhaumataxadeexecução,nofinalde2010,próximadezero.

Oenormepotencialdaproduçãoflorestalpodeseridentificadopelatransversalidadedosseusprodutos—quevãodaproduçãodemadeira,cortiça,resinaatéaopapelecartão—epelaimportânciaecológicanaprotecçãodesolos,regularizaçãodossistemashídri-cos,valorizaçãodosecossistemasearmazenamentodocarbono.

Portugal a Produzir.indd 31 04-10-2011 14:36:05

Page 32: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

32 33

Nas pescas,areduçãoacentuadadopescadocapturado—queentre1985,últimoanoantesdaadesãoàCEE,e2010diminuiucercade40%—aumentaadependênciaexternadeumpaíscomelevadoconsumodepeixee,paramaiorabsurdo,defortíssimatradiçãopesqueiraemarítima.

Emtrêsdécadasemeia,de1985a2010,onúmerototaldeembarcaçõesdiminuiuparamenosdemetade.Onúmerodepes-cadoresmatriculados,nasváriasmodalidades,reduziuparamenosde metade.

Globalmente,aproduçãodoramodaspescasosciloude1986a 1992, declinou acentuadamente até 1997, subiu em 1998 e desde entãoestagnoucompequenasvariações.Odeclínio,seguidodaestagnação,deixouaproduçãonacionalcapazderesponderapenasacercadedoisquintosdoconsumo,pessoaleprodutivo,dopaísnesta área.

Abaixadramáticadaactividadepesqueiraradica,essencial-mente,narelativaescassezderecursosdealgumaspescariasenaperdadeoportunidadesdepescaemáguasexteriores,nadiminui-çãorealdospreçosdapescadescarregadaenodesproporcionadoaumentodoscustosdeprodução,sobretudodoscombustíveis,enaspolíticasquetêmsidoseguidas,designadamentenoapoioaoabatedeembarcações,emalgunscasosperfeitamentedesneces-sário.AatitudedesubserviênciaaosinteresseseobjectivosdaUEtem-se revelado desastrosa.

Oimpedimentodemodernizaçãodosectortambémcontribuiparaasuaparalisia,reflectindo-senoenvelhecimentodasembarca-çõesenadegradaçãodascondiçõesdevidaedetrabalhoabordo.Que,conjugadoscomasbaixasremunerações,afastamosjovenseconduzemaumacentuadoenvelhecimentodastripulações.

Aestagnaçãodaindústriaconserveira,comnegativasimpli-caçõesparaapescadecerco,tambémnãooferecesaídas.Aten-dência,aindaquemuitoirregular,dediminuiçãodaproduçãodeembarcaçõesdepescaéumindicadordodeclíniodasfrotasedafaltadeinvestimentonosector.

Oquasedesaparecimentodasfrotasqueoperavamemáguasdistantes,asdificuldadesacrescidasdafrotadecerco,avulnera-bilidadedapequenapesca,adiminuiçãodoempregoedosren-

dimentosdospescadores,agravamainstabilidadeeconómicaesocial.

Ataxadecoberturadasimportaçõespelasexportaçõesdetodoosectordapesca—maisgeralqueoramodaspescas,incluindoascapturas,aaquiculturaeaindústriatransformadoraassociada,entre outras actividades menores relacionadas — aumentou, com grandesoscilaçõesaoinício,de25%,em1996,para52%,em2010.Masopaíscontinuaaexportartodososanoscercademetadedoqueprecisadeimportar.

a indústria,englobandoconjuntamenteaextractivaetrans-formadora,emtermosreaiscresceugeralmente,emboraaritmosvariáveis e acusando as crises, de 1975 a 2001, mas encontra-se desdeentãoverdadeiramenteestagnada,tendodeclinadosensivel-menteem2008eexpressivamenteem2009,fortementegolpeadapeloagravamentodacrisedocapitalismo,erecuperadoumpoucoem2010.Desde1995cresceuemmédia1,1%aoano.

Naindústriaextractiva, particularmentenasuacomponentemineira,osaspectosmaisrelevantesprendem-secomaentregaaocapitalestrangeirodeimportantesreservasdeminériosdemetais—cobre,zinco,chumbo,estanho,tungsténioeoutros—,ades-truiçãodaEmpresaNacionaldeUrânio,quandoopaísaindatemporexplorarumjazigoderazoáveldimensão,eaquaseparagemdaexploraçãomineiraedainstalaçãodeconcentraçãodeminériosdemetaisbásicosemAljustrel.

Naindústriatransformadora,tevelugaraaplicação,sobretudoapartirdemeadosdadécadade80,deumapolíticaverdadeira-menteanti-industrial.Manifestou-se,desdelogo,peladestrui- çãoouesvaziamentodosorganismosdaadministraçãopúblicadeapoioàindústria,acomeçarpelopróprioministério.Masmani-festou-se,sobretudo,pelodesaparecimentoouretraimentodeimportantessectoreseempresasdeproduçõesbásicaseestraté-gicas,taiscomoasiderurgiaemetalurgiasnãoferrosas,fundiçõesdiversas,aindústriaquímicainorgânicadebase,aindústriadeconstruçãoereparaçãonaval,asindústriasmetalomecânicasdeproduçãodematerialdetransportesobrecarrisedeequipamentosenergéticos,ouaindústriadovidroplano.Sectoreseproduções

Portugal a Produzir.indd 32 04-10-2011 14:36:05

Page 33: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

32 33

Nas pescas,areduçãoacentuadadopescadocapturado—queentre1985,últimoanoantesdaadesãoàCEE,e2010diminuiucercade40%—aumentaadependênciaexternadeumpaíscomelevadoconsumodepeixee,paramaiorabsurdo,defortíssimatradiçãopesqueiraemarítima.

Emtrêsdécadasemeia,de1985a2010,onúmerototaldeembarcaçõesdiminuiuparamenosdemetade.Onúmerodepes-cadoresmatriculados,nasváriasmodalidades,reduziuparamenosde metade.

Globalmente,aproduçãodoramodaspescasosciloude1986a 1992, declinou acentuadamente até 1997, subiu em 1998 e desde entãoestagnoucompequenasvariações.Odeclínio,seguidodaestagnação,deixouaproduçãonacionalcapazderesponderapenasacercadedoisquintosdoconsumo,pessoaleprodutivo,dopaísnesta área.

Abaixadramáticadaactividadepesqueiraradica,essencial-mente,narelativaescassezderecursosdealgumaspescariasenaperdadeoportunidadesdepescaemáguasexteriores,nadiminui-çãorealdospreçosdapescadescarregadaenodesproporcionadoaumentodoscustosdeprodução,sobretudodoscombustíveis,enaspolíticasquetêmsidoseguidas,designadamentenoapoioaoabatedeembarcações,emalgunscasosperfeitamentedesneces-sário.AatitudedesubserviênciaaosinteresseseobjectivosdaUEtem-se revelado desastrosa.

Oimpedimentodemodernizaçãodosectortambémcontribuiparaasuaparalisia,reflectindo-senoenvelhecimentodasembarca-çõesenadegradaçãodascondiçõesdevidaedetrabalhoabordo.Que,conjugadoscomasbaixasremunerações,afastamosjovenseconduzemaumacentuadoenvelhecimentodastripulações.

Aestagnaçãodaindústriaconserveira,comnegativasimpli-caçõesparaapescadecerco,tambémnãooferecesaídas.Aten-dência,aindaquemuitoirregular,dediminuiçãodaproduçãodeembarcaçõesdepescaéumindicadordodeclíniodasfrotasedafaltadeinvestimentonosector.

Oquasedesaparecimentodasfrotasqueoperavamemáguasdistantes,asdificuldadesacrescidasdafrotadecerco,avulnera-bilidadedapequenapesca,adiminuiçãodoempregoedosren-

dimentosdospescadores,agravamainstabilidadeeconómicaesocial.

Ataxadecoberturadasimportaçõespelasexportaçõesdetodoosectordapesca—maisgeralqueoramodaspescas,incluindoascapturas,aaquiculturaeaindústriatransformadoraassociada,entre outras actividades menores relacionadas — aumentou, com grandesoscilaçõesaoinício,de25%,em1996,para52%,em2010.Masopaíscontinuaaexportartodososanoscercademetadedoqueprecisadeimportar.

a indústria,englobandoconjuntamenteaextractivaetrans-formadora,emtermosreaiscresceugeralmente,emboraaritmosvariáveis e acusando as crises, de 1975 a 2001, mas encontra-se desdeentãoverdadeiramenteestagnada,tendodeclinadosensivel-menteem2008eexpressivamenteem2009,fortementegolpeadapeloagravamentodacrisedocapitalismo,erecuperadoumpoucoem2010.Desde1995cresceuemmédia1,1%aoano.

Naindústriaextractiva, particularmentenasuacomponentemineira,osaspectosmaisrelevantesprendem-secomaentregaaocapitalestrangeirodeimportantesreservasdeminériosdemetais—cobre,zinco,chumbo,estanho,tungsténioeoutros—,ades-truiçãodaEmpresaNacionaldeUrânio,quandoopaísaindatemporexplorarumjazigoderazoáveldimensão,eaquaseparagemdaexploraçãomineiraedainstalaçãodeconcentraçãodeminériosdemetaisbásicosemAljustrel.

Naindústriatransformadora,tevelugaraaplicação,sobretudoapartirdemeadosdadécadade80,deumapolíticaverdadeira-menteanti-industrial.Manifestou-se,desdelogo,peladestrui- çãoouesvaziamentodosorganismosdaadministraçãopúblicadeapoioàindústria,acomeçarpelopróprioministério.Masmani-festou-se,sobretudo,pelodesaparecimentoouretraimentodeimportantessectoreseempresasdeproduçõesbásicaseestraté-gicas,taiscomoasiderurgiaemetalurgiasnãoferrosas,fundiçõesdiversas,aindústriaquímicainorgânicadebase,aindústriadeconstruçãoereparaçãonaval,asindústriasmetalomecânicasdeproduçãodematerialdetransportesobrecarrisedeequipamentosenergéticos,ouaindústriadovidroplano.Sectoreseproduções

Portugal a Produzir.indd 33 04-10-2011 14:36:06

Page 34: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

34 35

estruturantesdediversasinfra-estruturasedodesenvolvimentoindustrial.

Emboratenhamsurgidoousedesenvolvido,commaiorex-pressãonasduasúltimasdécadas,novasactividadesindustriais—noessencialassociadasaocapitalestrangeiro,comoaindús-triaautomóvelouasindústriaselectrónicas,ounasuaorigemassociadasacapitalnacional,como,entreoutras,aquímicafina,aindústriadenovosmateriaisoudebensrelacionadoscomapro-duçãoenergética—,essasnovasactividadesnãocompensaram,nemquantitativanemqualitativamente,asperdassucintamentereferidas.Empobreceu-seoperfilindustrialdopaís.

Épostoemcausaoparadigmade«fileiraprodutiva».Oquelevaaabandonarodesenvolvimentodefileiras,comoadocobre,paraaqualexistemespeciaiscondições.Nãosedefendeainte-gridadedefileirasverticais,comonotêxtil,comaliquidaçãodeinúmerasunidadesdefiaçãoetecelagem,decapitalmaisintensivo,enquantoseexpandemaconfecçãoeovestuário,assentesnamão- -de-obrabarataeemgrandepartesubcontratada.

Multiplicam-se,comforteapoioestatal,asunidadesdemulti-nacionaisespecializadasemsegmentoscurtosdacadeiadevalor,comoéocasoparadigmáticodaelectrónicaemuitoespecialmentedascablagens,altamentesensíveisàinstabilidadedepreçosnomercadomundialeàsestratégiasdascasas-mãe,queàmínimaaragemdeslocalizamparaoutrasparagens.ÉcasodeestudoexemplaraQimonda,nascidacomouminvestimentodaSiemens,emqueforamdespejadosmilhõesdeeurosdefundospúblicos,equedeixoucomoherançacentenasdedesempregadosàscustasdasegurançasocial.

Aintensidadetecnológicadaindústriatransformadorapor-tuguesanãoconseguedescolar,tendo-segoradoasexpectativasgeradaspelaevoluçãoligeiramentepositivadapercentagemdebensdemédia-altaealtatecnologianasexportaçõesportuguesasqueculminouemmeadosdadécada.Naverdade,poucosealterarae,doisoutrêsanosantesdoagravamentodacrisedocapitalismo,apercentagemvoltouadescer,sendode37,7%em2010.Aindamaispreocupante,deteve-sesimultaneamenteareduçãodapercentagemdaexportaçãodebensdebaixatecnologia.

Aolongodadécada,restou,emtraçosgerais,ofracoconsolodeumasignificativasubstituiçãodapercentagemdeexportaçãodebensdebaixaporbensdemédia-baixatecnologia,aindaassiminterrompidapeloagravamentodacrise,queconfirmariaafragili-dadedamelhorianaintensidadetecnológica.Opaísestáamarradoaumadivisãointernacionaldotrabalhoquefundamentalmenteoconfinaàexportaçãodebensmaioritariamentebaseadosnosbaixossaláriosenabaixaintensidadedecapital.

ComparadacomamédiadaUE,aindústriaportuguesatemfracoconteúdotecnológico,époucodinâmicaenãotemcon-seguidoinserir-senossectoresmundiaisdemaiorcrescimento. Aproporçãodasdespesasdeinvestigaçãoedesenvolvimento,empercentagemdoPIB,estavaem2007longedamédiaeuropeia(1,18%paraPortugal,1,85%paraaUE),apesardarecuperaçãonosanosqueprecederamessadata.Ospedidosdepatentes,namaioriaparaaindústria,pormilhãodehabitantes,eramem2005de11paraPortugale112paraaUE.

Nãoserápossíveldiversificarasproduçõesindustriaisesobre-tudomelhorarsubstancialmenteoseuconteúdotecnológico,semumgrandeesforçoinvestidor,emqueoEstadotemumpapelincon-tornável.Oinvestimentoestrangeirotambémtemoseulugar,espe-cialmentebem-vindosefordeelevadaintensidadetecnológicaemsectoresinsuficientementedesenvolvidos,massócontribuiráparaumdesenvolvimentoeconómicorealeumareduçãonãoilusóriadodéficeexternodopaísserepresentarumaefectivatransferên-ciadetecnologia(comformaçãoprofissional,implementaçãodeequipamentosedetécnicas)enãosecingiràcriaçãodeenclavesdeestruturasdependentesqueseesboroamquandoseretira.

o sector energéticoédosmelhoresexemplosdecomoainter-vençãodoEstado,quedeveriaconstituirumapoderosaalavancadedesenvolvimentoeconómico,decorrecçãodeinjustiçassociaisededefesadasoberania,sefaz,emdetrimentodosconsumido-res,daspopulações,daeconomianacionaledopaís,aoserviçodosinteressesexclusivosdeumpunhadodegrandescapitalistas,particularmentedosgrandesaccionistas,nacionaiseestrangeiros,dasempresaspúblicasprivatizadas.

Portugal a Produzir.indd 34 04-10-2011 14:36:06

Page 35: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

34 35

estruturantesdediversasinfra-estruturasedodesenvolvimentoindustrial.

Emboratenhamsurgidoousedesenvolvido,commaiorex-pressãonasduasúltimasdécadas,novasactividadesindustriais—noessencialassociadasaocapitalestrangeiro,comoaindús-triaautomóvelouasindústriaselectrónicas,ounasuaorigemassociadasacapitalnacional,como,entreoutras,aquímicafina,aindústriadenovosmateriaisoudebensrelacionadoscomapro-duçãoenergética—,essasnovasactividadesnãocompensaram,nemquantitativanemqualitativamente,asperdassucintamentereferidas.Empobreceu-seoperfilindustrialdopaís.

Épostoemcausaoparadigmade«fileiraprodutiva».Oquelevaaabandonarodesenvolvimentodefileiras,comoadocobre,paraaqualexistemespeciaiscondições.Nãosedefendeainte-gridadedefileirasverticais,comonotêxtil,comaliquidaçãodeinúmerasunidadesdefiaçãoetecelagem,decapitalmaisintensivo,enquantoseexpandemaconfecçãoeovestuário,assentesnamão- -de-obrabarataeemgrandepartesubcontratada.

Multiplicam-se,comforteapoioestatal,asunidadesdemulti-nacionaisespecializadasemsegmentoscurtosdacadeiadevalor,comoéocasoparadigmáticodaelectrónicaemuitoespecialmentedascablagens,altamentesensíveisàinstabilidadedepreçosnomercadomundialeàsestratégiasdascasas-mãe,queàmínimaaragemdeslocalizamparaoutrasparagens.ÉcasodeestudoexemplaraQimonda,nascidacomouminvestimentodaSiemens,emqueforamdespejadosmilhõesdeeurosdefundospúblicos,equedeixoucomoherançacentenasdedesempregadosàscustasdasegurançasocial.

Aintensidadetecnológicadaindústriatransformadorapor-tuguesanãoconseguedescolar,tendo-segoradoasexpectativasgeradaspelaevoluçãoligeiramentepositivadapercentagemdebensdemédia-altaealtatecnologianasexportaçõesportuguesasqueculminouemmeadosdadécada.Naverdade,poucosealterarae,doisoutrêsanosantesdoagravamentodacrisedocapitalismo,apercentagemvoltouadescer,sendode37,7%em2010.Aindamaispreocupante,deteve-sesimultaneamenteareduçãodapercentagemdaexportaçãodebensdebaixatecnologia.

Aolongodadécada,restou,emtraçosgerais,ofracoconsolodeumasignificativasubstituiçãodapercentagemdeexportaçãodebensdebaixaporbensdemédia-baixatecnologia,aindaassiminterrompidapeloagravamentodacrise,queconfirmariaafragili-dadedamelhorianaintensidadetecnológica.Opaísestáamarradoaumadivisãointernacionaldotrabalhoquefundamentalmenteoconfinaàexportaçãodebensmaioritariamentebaseadosnosbaixossaláriosenabaixaintensidadedecapital.

ComparadacomamédiadaUE,aindústriaportuguesatemfracoconteúdotecnológico,époucodinâmicaenãotemcon-seguidoinserir-senossectoresmundiaisdemaiorcrescimento. Aproporçãodasdespesasdeinvestigaçãoedesenvolvimento,empercentagemdoPIB,estavaem2007longedamédiaeuropeia(1,18%paraPortugal,1,85%paraaUE),apesardarecuperaçãonosanosqueprecederamessadata.Ospedidosdepatentes,namaioriaparaaindústria,pormilhãodehabitantes,eramem2005de11paraPortugale112paraaUE.

Nãoserápossíveldiversificarasproduçõesindustriaisesobre-tudomelhorarsubstancialmenteoseuconteúdotecnológico,semumgrandeesforçoinvestidor,emqueoEstadotemumpapelincon-tornável.Oinvestimentoestrangeirotambémtemoseulugar,espe-cialmentebem-vindosefordeelevadaintensidadetecnológicaemsectoresinsuficientementedesenvolvidos,massócontribuiráparaumdesenvolvimentoeconómicorealeumareduçãonãoilusóriadodéficeexternodopaísserepresentarumaefectivatransferên-ciadetecnologia(comformaçãoprofissional,implementaçãodeequipamentosedetécnicas)enãosecingiràcriaçãodeenclavesdeestruturasdependentesqueseesboroamquandoseretira.

o sector energéticoédosmelhoresexemplosdecomoainter-vençãodoEstado,quedeveriaconstituirumapoderosaalavancadedesenvolvimentoeconómico,decorrecçãodeinjustiçassociaisededefesadasoberania,sefaz,emdetrimentodosconsumido-res,daspopulações,daeconomianacionaledopaís,aoserviçodosinteressesexclusivosdeumpunhadodegrandescapitalistas,particularmentedosgrandesaccionistas,nacionaiseestrangeiros,dasempresaspúblicasprivatizadas.

Portugal a Produzir.indd 35 04-10-2011 14:36:06

Page 36: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

36 37

Estasprivatizaçõesealiberalizaçãoforçadadosmercadosprovocaramumaenormeinstabilidadenosector,traduzida,nomea-damente,emgrandesatrasosnosinvestimentosnasrefinarias,nodesenvolvimentodautilizaçãodogásnaturalenoaproveitamentoderecursosenergéticosendógenos,comoohídrico.

Opaíscontinuafortementedependentedopetróleo,eemgeraldoscombustíveisdeorigemfóssil,quenãoproduzeprecisadeimportar.Asituaçãoémaisgraveporque,aocontráriodaUE,quedesdeiníciosdosanos70reduziusustentadamenteasuaintensi-dadeenergética(aquantidadedeenergianecessáriaparaproduzirumaunidadederiqueza),Portugalelevou-aatépraticamente aosfinaisdosanos90,estabilizourelativamenteesódiminuiunasegundametadedadécadapassada,aliásdeformaincerta. Osprincipaisatingidoscomoaumentodopreçodopetróleoserão,antesdemais,aindústriaeosectordostransportes,quetêmrela-tivamentebaixaeficiênciaenergéticaeemconjuntorepresentammaisde70%doconsumofinaldeenergiadopaís.

3.2—Mistificaçõesdocapital edopoderpolíticodedireita

AliquidaçãodesectoresprodutivosemPortugalaolongodasúltimastrêsdécadasemeia,apartirdoiníciodarecuperaçãocapitalistaelatifundista,eaceleradacomaintegraçãonaCEE/ /UniãoEuropeia,desenvolveu-secomumenormeemistificatórioarsenaldeargumentos,tesesediscursos,tendoporobjectivoajustificaçãodasopçõesedecisõespolíticasestratégicas,emesmomuitasdasmedidas,desucessivosgovernos(comparticipaçãodoPS,PSDouCDS).Oarsenalideológico,queganhounopensa-mentodominante(ditoúnico)aqualidadedeverdadeindiscutível,teveassentonasuniversidadeseprogramaseleitoraisedegoverno(daquelespartidos)eassumiuumapresençahegemónica,quaseabsoluta,nageneralidadenacomunicaçãosocial.Tratou-sedejustificarprivatizaçõeseliberalizações,aadesãoàCEE/UEeàUniãoEconómicaeMonetáriaeaoeuro,oapoioàspolíticascomuns(PAC,PCP,PEC,etc.)eàssuasdiversasrevisões,eaté

mesmodedarsuporteaoscritériosquepresidiramàaplicaçãodosfundoscomunitários.

Entreasmistificaçõesdignasdeanotaçãoparamemóriafutura,estáada«desmaterialização»daeconomia.Reflexodograndecrescimentodosectordeserviços,especialmentedoquesedeunosligadosàsnovastecnologiasatéaocrash da bolsa americana NASDAQemMarçode2000.Nestaabordagem,referia-seejustificava-seafaltadesentidodopaísproduziraço,produtosquímicosbásicos(porexemplo,ácidosulfúrico)emesmobensdeequipamento.

Outratese,hojesubmergidaperanteospicosdepreçosatin-gidosporprodutosalimentaresestratégicosem2008eagorano-vamenteem2011,éque,faceànossaintegraçãonaUE/MercadoÚnico,nãofariasentidoporrazõesde«competitividade»—de-correntedeelevadoscustosdeprodução—oudimensãodonossomercadointernoproduzi-losemPortugal,podendoserimportadosapreçosmaisbaixosdaEuropa(casodoscereais).Acabandoporsepôremcausa,inclusivenadefiniçãodoconceitoestratégicodedefesanacional,anecessidadedopaísterreservasestratégicasdealimentos.

AocontráriodoPCP,ospartidosdapolíticadedireita,PS,PSDeCDS/PP,sempreolharamparaomercado«único»europeu,fortementelubrificadonazonaeurocomacriaçãodestamoedaapartirde2002,comosusceptíveldeproduzirumadivisãoeuropeiadotrabalhoequilibradaesolidária.Nemabrutalargumentaçãodesenvolvidapelacomissãoeuropeiaemdefesadacriaçãodoeuro,esclarecendoqueamoedaúnicairiadividiroseuropeusentre«picassos»,produtoresdealtovaloracrescentado,epintoresdaconstruçãocivil,debaixovaloracrescentadoemão-de-obrabarata,osfezacordardosonhofederalista.

Nãodeixadeserrisívelque,sóquandooaprofundamentodacriseinternacionaldocapitalismopõeanuosbrutaisdesequilí-brios,algunstenhamdescobertoosdéficesprodutivos,osdéficesdabalançadebenseserviços.Osmesmosqueforamesãores-ponsáveispelaspolíticasqueconduziramopaísaodescalabroemqueseencontra.

Portugal a Produzir.indd 36 04-10-2011 14:36:07

Page 37: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

36 37

Estasprivatizaçõesealiberalizaçãoforçadadosmercadosprovocaramumaenormeinstabilidadenosector,traduzida,nomea-damente,emgrandesatrasosnosinvestimentosnasrefinarias,nodesenvolvimentodautilizaçãodogásnaturalenoaproveitamentoderecursosenergéticosendógenos,comoohídrico.

Opaíscontinuafortementedependentedopetróleo,eemgeraldoscombustíveisdeorigemfóssil,quenãoproduzeprecisadeimportar.Asituaçãoémaisgraveporque,aocontráriodaUE,quedesdeiníciosdosanos70reduziusustentadamenteasuaintensi-dadeenergética(aquantidadedeenergianecessáriaparaproduzirumaunidadederiqueza),Portugalelevou-aatépraticamente aosfinaisdosanos90,estabilizourelativamenteesódiminuiunasegundametadedadécadapassada,aliásdeformaincerta. Osprincipaisatingidoscomoaumentodopreçodopetróleoserão,antesdemais,aindústriaeosectordostransportes,quetêmrela-tivamentebaixaeficiênciaenergéticaeemconjuntorepresentammaisde70%doconsumofinaldeenergiadopaís.

3.2—Mistificaçõesdocapital edopoderpolíticodedireita

AliquidaçãodesectoresprodutivosemPortugalaolongodasúltimastrêsdécadasemeia,apartirdoiníciodarecuperaçãocapitalistaelatifundista,eaceleradacomaintegraçãonaCEE/ /UniãoEuropeia,desenvolveu-secomumenormeemistificatórioarsenaldeargumentos,tesesediscursos,tendoporobjectivoajustificaçãodasopçõesedecisõespolíticasestratégicas,emesmomuitasdasmedidas,desucessivosgovernos(comparticipaçãodoPS,PSDouCDS).Oarsenalideológico,queganhounopensa-mentodominante(ditoúnico)aqualidadedeverdadeindiscutível,teveassentonasuniversidadeseprogramaseleitoraisedegoverno(daquelespartidos)eassumiuumapresençahegemónica,quaseabsoluta,nageneralidadenacomunicaçãosocial.Tratou-sedejustificarprivatizaçõeseliberalizações,aadesãoàCEE/UEeàUniãoEconómicaeMonetáriaeaoeuro,oapoioàspolíticascomuns(PAC,PCP,PEC,etc.)eàssuasdiversasrevisões,eaté

mesmodedarsuporteaoscritériosquepresidiramàaplicaçãodosfundoscomunitários.

Entreasmistificaçõesdignasdeanotaçãoparamemóriafutura,estáada«desmaterialização»daeconomia.Reflexodograndecrescimentodosectordeserviços,especialmentedoquesedeunosligadosàsnovastecnologiasatéaocrash da bolsa americana NASDAQemMarçode2000.Nestaabordagem,referia-seejustificava-seafaltadesentidodopaísproduziraço,produtosquímicosbásicos(porexemplo,ácidosulfúrico)emesmobensdeequipamento.

Outratese,hojesubmergidaperanteospicosdepreçosatin-gidosporprodutosalimentaresestratégicosem2008eagorano-vamenteem2011,éque,faceànossaintegraçãonaUE/MercadoÚnico,nãofariasentidoporrazõesde«competitividade»—de-correntedeelevadoscustosdeprodução—oudimensãodonossomercadointernoproduzi-losemPortugal,podendoserimportadosapreçosmaisbaixosdaEuropa(casodoscereais).Acabandoporsepôremcausa,inclusivenadefiniçãodoconceitoestratégicodedefesanacional,anecessidadedopaísterreservasestratégicasdealimentos.

AocontráriodoPCP,ospartidosdapolíticadedireita,PS,PSDeCDS/PP,sempreolharamparaomercado«único»europeu,fortementelubrificadonazonaeurocomacriaçãodestamoedaapartirde2002,comosusceptíveldeproduzirumadivisãoeuropeiadotrabalhoequilibradaesolidária.Nemabrutalargumentaçãodesenvolvidapelacomissãoeuropeiaemdefesadacriaçãodoeuro,esclarecendoqueamoedaúnicairiadividiroseuropeusentre«picassos»,produtoresdealtovaloracrescentado,epintoresdaconstruçãocivil,debaixovaloracrescentadoemão-de-obrabarata,osfezacordardosonhofederalista.

Nãodeixadeserrisívelque,sóquandooaprofundamentodacriseinternacionaldocapitalismopõeanuosbrutaisdesequilí-brios,algunstenhamdescobertoosdéficesprodutivos,osdéficesdabalançadebenseserviços.Osmesmosqueforamesãores-ponsáveispelaspolíticasqueconduziramopaísaodescalabroemqueseencontra.

Portugal a Produzir.indd 37 04-10-2011 14:36:07

Page 38: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

38 39

3.3—Causaseresponsáveis

Nodecorrerdoprocessorevolucionárioiniciadocomo25deAbrilforamnacionalizadospeloEstadoosgrandesmonopóliosdecapitalprivadonacionalnossectoreschavedaeconomia,comonabanca,seguros,petróleos,electricidade,água,gás,petroquímica,adubos,celulose,cimentos,siderurgia,construçãoereparaçãonaval,transportesmarítimos,camionagem,transportesaéreos,transportesferroviários,transportescolectivosurbanosesubur-banosdeLisboaePorto,tabacos,cervejas,radiotelevisão,entreoutros,aquesesomaramasempresasnacionalizadasemsectoressóparcialmentenacionalizados,comoasminasouostransportespúblicos,easgrandesempresasjáanteriormentepúblicas,comoosCTTouosTLP,naconstituiçãodeumpoderososectorempresarialdoEstado,aindareforçadopelaparticipaçãonocapitaldenumero-sassociedadesqueresultouindirectamentedanacionalizaçãodasempresas,especialmentedosbancos,quenelasdetinhamquotaseacções.Vultuososinvestimentos,particularmentenasempresaspúblicasnãofinanceiras,eacriaçãodealgumasnovasempresaspúblicasaumentaramgeralmenteopesodosectorempresarialdoEstado até meados da década de 80.

Componentefundamentaldoprocessorevolucionárioedassuasconquistasfoitambémareformaagrária.OstrabalhadoresruraisdoAlentejoeRibatejoedealgunsconcelhoslimítrofes,emacçõesqueseriamposteriormentereconhecidaselegalizadaspelopoderpolítico,ocuparamasterrasdosgrandeslatifúndios,quepoucoounadaproduziam,organizaramunidadescolectivasdeprodução(UCP/cooperativas)paraasexploraremcomum,aumentaramoem-prego,aprodução,aprodutividade,diversificarameintroduziramnovasculturas,promoveramoinvestimentoeminfra-estruturas,equipamentosegado,realizaram,articuladascomasautarquiasprogressistas,umagrandiosaobrasocial,nomeadamentecomacriaçãodecrechesejardinsdeinfância,escolas,centrosdedia,postosdesaúde,cantinas,armazéns,vendas,viasdecomunicação,queestancouaemigração,trouxedevoltamuitosmilharesdeemi-grantes,reduziuodesemprego,combateudiscriminações,elevouossaláriosdostrabalhadoreseascondiçõesdevidadaspopulações.

Procurou-se,naaltura,promoverumapolíticacomercialex-ternaindependenteeconformeaosinteressesnacionais.

Aliquidaçãodosmonopólioscomanacionalizaçãodemocrá-ticaporpartedoEstado,aprofundatransformaçãodasrelaçõesdepropriedadecomareformaagrárianoscamposdoSuleasmedidasparaapequenaemédiaagriculturacomoasleisdoarrendamentoruraledosbaldios,aintervençãoampliadadoEstadonocomércioexternoenavidaeconómicaemgeral,aquebradeisolamentointernacionalcomoreconhecimentodonovoregime,ofimdaguerracolonialeaindependênciadasex-colónias,forneciamabaseobjectivaparacomeçaraconstruirumsistemadeplanea-mentoqueorientasseoaparelhoprodutivoeeconómiconacionalparaumasatisfaçãomaiscompletadasnecessidadescrescentesdapopulaçãoedopaís.

Arecuperaçãomonopolistaelatifundistainterrompeuoesboçodeconstruçãoderelaçõesdeproduçãomaisavançadas.Maisdoqueisso,váriosfactores,componentesdesseprocessoderecupe-ração,impulsionados,potenciadosoucomandadospelapolíticadedireita,danificaramedebilitaramseriamenteoaparelhopro-dutivodopaís.SãodereferiraadesãoàCEE,asprivatizações,adestruiçãodareformaagrária,asorientaçõesestratégicasdograndecapitaleoinvestimentoestrangeiro.

AadesãoàCEEtrouxeproblemasàagricultura,àspescaseàindústriatransformadoranacionais;sejapeladesprotecçãodomercadointernoeaimpreparaçãoparacompetircomproduçõesestrangeirasmuitomaiseficientes;sejapelascondicionantesdeixa-dasnoplanodotratadodeadesãoasectorescomoasiderurgiaeaindústriatêxtil;sejapelasconsequênciasparaaagriculturaeaspescasportuguesasdaspolíticasagrícolaedepescascomuns(PACePCP);sejafinalmentepelosacordoscomerciaisestabelecidosentreaUEepaísesterceiros,quenãoprotegemimportantesacti-vidadesnacionaiscomoaspescaseostêxteis.OrientaçõessemprecentradasnadefesadosinteressesestratégicosdaseconomiasmaispoderosasdaUE.Acresce,comopanodefundo,aperdadecom-petitividadeemtodosossectoresresultantedaadopçãodoeuro.

Asprivatizações,apassagemparaasmãosdeprivados,pri-meironacionaisedepoisestrangeiros,deimportantesactivida-

Portugal a Produzir.indd 38 04-10-2011 14:36:08

Page 39: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

38 39

3.3—Causaseresponsáveis

Nodecorrerdoprocessorevolucionárioiniciadocomo25deAbrilforamnacionalizadospeloEstadoosgrandesmonopóliosdecapitalprivadonacionalnossectoreschavedaeconomia,comonabanca,seguros,petróleos,electricidade,água,gás,petroquímica,adubos,celulose,cimentos,siderurgia,construçãoereparaçãonaval,transportesmarítimos,camionagem,transportesaéreos,transportesferroviários,transportescolectivosurbanosesubur-banosdeLisboaePorto,tabacos,cervejas,radiotelevisão,entreoutros,aquesesomaramasempresasnacionalizadasemsectoressóparcialmentenacionalizados,comoasminasouostransportespúblicos,easgrandesempresasjáanteriormentepúblicas,comoosCTTouosTLP,naconstituiçãodeumpoderososectorempresarialdoEstado,aindareforçadopelaparticipaçãonocapitaldenumero-sassociedadesqueresultouindirectamentedanacionalizaçãodasempresas,especialmentedosbancos,quenelasdetinhamquotaseacções.Vultuososinvestimentos,particularmentenasempresaspúblicasnãofinanceiras,eacriaçãodealgumasnovasempresaspúblicasaumentaramgeralmenteopesodosectorempresarialdoEstado até meados da década de 80.

Componentefundamentaldoprocessorevolucionárioedassuasconquistasfoitambémareformaagrária.OstrabalhadoresruraisdoAlentejoeRibatejoedealgunsconcelhoslimítrofes,emacçõesqueseriamposteriormentereconhecidaselegalizadaspelopoderpolítico,ocuparamasterrasdosgrandeslatifúndios,quepoucoounadaproduziam,organizaramunidadescolectivasdeprodução(UCP/cooperativas)paraasexploraremcomum,aumentaramoem-prego,aprodução,aprodutividade,diversificarameintroduziramnovasculturas,promoveramoinvestimentoeminfra-estruturas,equipamentosegado,realizaram,articuladascomasautarquiasprogressistas,umagrandiosaobrasocial,nomeadamentecomacriaçãodecrechesejardinsdeinfância,escolas,centrosdedia,postosdesaúde,cantinas,armazéns,vendas,viasdecomunicação,queestancouaemigração,trouxedevoltamuitosmilharesdeemi-grantes,reduziuodesemprego,combateudiscriminações,elevouossaláriosdostrabalhadoreseascondiçõesdevidadaspopulações.

Procurou-se,naaltura,promoverumapolíticacomercialex-ternaindependenteeconformeaosinteressesnacionais.

Aliquidaçãodosmonopólioscomanacionalizaçãodemocrá-ticaporpartedoEstado,aprofundatransformaçãodasrelaçõesdepropriedadecomareformaagrárianoscamposdoSuleasmedidasparaapequenaemédiaagriculturacomoasleisdoarrendamentoruraledosbaldios,aintervençãoampliadadoEstadonocomércioexternoenavidaeconómicaemgeral,aquebradeisolamentointernacionalcomoreconhecimentodonovoregime,ofimdaguerracolonialeaindependênciadasex-colónias,forneciamabaseobjectivaparacomeçaraconstruirumsistemadeplanea-mentoqueorientasseoaparelhoprodutivoeeconómiconacionalparaumasatisfaçãomaiscompletadasnecessidadescrescentesdapopulaçãoedopaís.

Arecuperaçãomonopolistaelatifundistainterrompeuoesboçodeconstruçãoderelaçõesdeproduçãomaisavançadas.Maisdoqueisso,váriosfactores,componentesdesseprocessoderecupe-ração,impulsionados,potenciadosoucomandadospelapolíticadedireita,danificaramedebilitaramseriamenteoaparelhopro-dutivodopaís.SãodereferiraadesãoàCEE,asprivatizações,adestruiçãodareformaagrária,asorientaçõesestratégicasdograndecapitaleoinvestimentoestrangeiro.

AadesãoàCEEtrouxeproblemasàagricultura,àspescaseàindústriatransformadoranacionais;sejapeladesprotecçãodomercadointernoeaimpreparaçãoparacompetircomproduçõesestrangeirasmuitomaiseficientes;sejapelascondicionantesdeixa-dasnoplanodotratadodeadesãoasectorescomoasiderurgiaeaindústriatêxtil;sejapelasconsequênciasparaaagriculturaeaspescasportuguesasdaspolíticasagrícolaedepescascomuns(PACePCP);sejafinalmentepelosacordoscomerciaisestabelecidosentreaUEepaísesterceiros,quenãoprotegemimportantesacti-vidadesnacionaiscomoaspescaseostêxteis.OrientaçõessemprecentradasnadefesadosinteressesestratégicosdaseconomiasmaispoderosasdaUE.Acresce,comopanodefundo,aperdadecom-petitividadeemtodosossectoresresultantedaadopçãodoeuro.

Asprivatizações,apassagemparaasmãosdeprivados,pri-meironacionaisedepoisestrangeiros,deimportantesactivida-

Portugal a Produzir.indd 39 04-10-2011 14:36:08

Page 40: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

40 41

des,comominas,siderurgia,indústrianaval,químicaspesadas,metalomecânicapesada,entreoutras,levouaoseudefinhamento,empobrecimentoeemvárioscasosmesmodesaparecimento,enfraquecendooperfilindustrialeretardandoapossibilidadedevalorizaçãointernadeimportantesrecursosnacionais.

Adestruiçãodareformaagrárialevouàdiminuiçãodasuper-fícieagrícolautilizada,àperdadeproduçõesagrícolas,àdestrui-çãodemúltiplasinfra-estruturaseequipamentoseaumabrutaldestruiçãodeempregoagrícolanoscamposdoSul.

Alógicadeinvestimentodograndecapitalnacional,associadaounãoaoprocessodeprivatizações,comaperspectivadeobten-çãoderápidoseelevadosretornos,conduziuàconcentraçãodoinvestimentonabanca,seguros,especulaçãobolsista,imobiliário,grandedistribuição,saúde,exploraçãodeinfra-estruturas(comoauto-estradasouactividadesportuárias),deixandoemgeralaproduçãodebenstransaccionáveissujeitosamaiorconcorrênciaparaaspequenasemédiasempresas.

Eoinvestimentoestrangeiro,contrariamenteàimagemtrans-mitidapelapropaganda,investepredominantementeemactivida-desnãoindustriais.Mesmoexcluindoosinvestimentosdecarteira,orientadosparaaespeculaçãobolsista,partemuitosignificativacorrespondeaumfalsoinvestimento,dadoqueselimitaàaquisi-çãodeunidadesjáexistentes.

Sãoclarososresponsáveispolíticosedeclassepeladestruiçãoefragilizaçãodoaparelhoprodutivodopaís.

Socialmente,osgrandesmonopolistaselatifundistas,quearevoluçãodeAbrilfundamentalmenteexpropriara.Associados,comoauxiliares,numerososdirigentes,altosfuncionáriosequa-drosdasgrandesempresasedirigentesdetopodaadministraçãopública.Ideologicamentecomprometidos,académicosepersonali-dadespúblicasquefizeramaapologiadarecuperaçãomonopolistaelatifundista.

Politicamente,oPS,oPSD,oCDS/PP,quealternaramnopoderparagarantiracontinuidadedapolíticadedireita,queapartirdeposiçõesgovernamentaisemaioritáriasnaAssembleiadaRepúblicaseencarregaramdeasseguraraintervençãodoEstadoafavordosgrandesgruposeconómicosefinanceiros,financiaram

aacumulaçãodograndecapitaleasseguraramasuadominaçãosobreostrabalhadores.

3.4—Opapeldosgruposeconómicosefinanceiros

Oaparecimentoedesenvolvimentodegruposeconómicosefinanceirosprivadosapósorefluxodoprocessorevolucionário,assumindoumanaturezaeumdomíniomonopolistas,constituemotraçoessencialdoprocessoderecuperaçãocapitalistaemPor-tugal.

Asuagéneseconstituiueconstituiumprocessocomplexo,comcomponentespolíticas,económicasefinanceirasquesein-terpenetram,equeseescorounosapoiosdosgovernos,nosapoiospolíticosefinanceirosdosectorpúblicoempresarial,sobretudodabanca.Combasedirectaouindirectaemantigosgruposmonopo-listasouapartirdeempresasesectoresemgrandeexpansão(comoagrandedistribuição),afirmaram-seapartirdaaprovaçãododecreto-lei n.o406/83,quealteroualeidedelimitaçãodesectores(lei n.o46/77)eabriuaocapitalprivadoabanca,osseguroseaproduçãoecomercializaçãodosadubosedocimento.Apermissãodeactividadesprivadasnabancaeseguros,eosubsequentepro-cessodeprivatizações,permitiram-lhesapropriar-seabaixocustodasempresasesectoresmaisrentáveisdosectorempresarialdoEstadoeaabsorçãodepartesignificativadosfundoscomunitários,numimparávelebrutalprocessodecentralizaçãoeconcentraçãodecapitais.

Sónosúltimosseisanos,enquantoopaísseafundavanacriseeconómicaesocial,oslucrosobtidospelosseguintesgrandesgru-pos:PT,EDP,REN,Galp,Zon,BCP,BES,BPI,Santander/Totta,Cimpor,Secil,Portucel,Brisa;equivaleramaovalorqueoEstadoarrecadoucomtodasasprivatizaçõesefectuadasdesde1989.

Osnovosgruposreconstituídoseemergentesdesembaraça-ram-se,compoucasexcepções,deempresasindustriaisquelhesforampararàmãopelasprivatizações,querliquidando-aspuraesimplesmente(construçãonaval,químicadebase,metalomecâ-nicapesada),quervendendo-ascomgrossosproventosaocapital

Portugal a Produzir.indd 40 04-10-2011 14:36:09

Page 41: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

40 41

des,comominas,siderurgia,indústrianaval,químicaspesadas,metalomecânicapesada,entreoutras,levouaoseudefinhamento,empobrecimentoeemvárioscasosmesmodesaparecimento,enfraquecendooperfilindustrialeretardandoapossibilidadedevalorizaçãointernadeimportantesrecursosnacionais.

Adestruiçãodareformaagrárialevouàdiminuiçãodasuper-fícieagrícolautilizada,àperdadeproduçõesagrícolas,àdestrui-çãodemúltiplasinfra-estruturaseequipamentoseaumabrutaldestruiçãodeempregoagrícolanoscamposdoSul.

Alógicadeinvestimentodograndecapitalnacional,associadaounãoaoprocessodeprivatizações,comaperspectivadeobten-çãoderápidoseelevadosretornos,conduziuàconcentraçãodoinvestimentonabanca,seguros,especulaçãobolsista,imobiliário,grandedistribuição,saúde,exploraçãodeinfra-estruturas(comoauto-estradasouactividadesportuárias),deixandoemgeralaproduçãodebenstransaccionáveissujeitosamaiorconcorrênciaparaaspequenasemédiasempresas.

Eoinvestimentoestrangeiro,contrariamenteàimagemtrans-mitidapelapropaganda,investepredominantementeemactivida-desnãoindustriais.Mesmoexcluindoosinvestimentosdecarteira,orientadosparaaespeculaçãobolsista,partemuitosignificativacorrespondeaumfalsoinvestimento,dadoqueselimitaàaquisi-çãodeunidadesjáexistentes.

Sãoclarososresponsáveispolíticosedeclassepeladestruiçãoefragilizaçãodoaparelhoprodutivodopaís.

Socialmente,osgrandesmonopolistaselatifundistas,quearevoluçãodeAbrilfundamentalmenteexpropriara.Associados,comoauxiliares,numerososdirigentes,altosfuncionáriosequa-drosdasgrandesempresasedirigentesdetopodaadministraçãopública.Ideologicamentecomprometidos,académicosepersonali-dadespúblicasquefizeramaapologiadarecuperaçãomonopolistaelatifundista.

Politicamente,oPS,oPSD,oCDS/PP,quealternaramnopoderparagarantiracontinuidadedapolíticadedireita,queapartirdeposiçõesgovernamentaisemaioritáriasnaAssembleiadaRepúblicaseencarregaramdeasseguraraintervençãodoEstadoafavordosgrandesgruposeconómicosefinanceiros,financiaram

aacumulaçãodograndecapitaleasseguraramasuadominaçãosobreostrabalhadores.

3.4—Opapeldosgruposeconómicosefinanceiros

Oaparecimentoedesenvolvimentodegruposeconómicosefinanceirosprivadosapósorefluxodoprocessorevolucionário,assumindoumanaturezaeumdomíniomonopolistas,constituemotraçoessencialdoprocessoderecuperaçãocapitalistaemPor-tugal.

Asuagéneseconstituiueconstituiumprocessocomplexo,comcomponentespolíticas,económicasefinanceirasquesein-terpenetram,equeseescorounosapoiosdosgovernos,nosapoiospolíticosefinanceirosdosectorpúblicoempresarial,sobretudodabanca.Combasedirectaouindirectaemantigosgruposmonopo-listasouapartirdeempresasesectoresemgrandeexpansão(comoagrandedistribuição),afirmaram-seapartirdaaprovaçãododecreto-lei n.o406/83,quealteroualeidedelimitaçãodesectores(lei n.o46/77)eabriuaocapitalprivadoabanca,osseguroseaproduçãoecomercializaçãodosadubosedocimento.Apermissãodeactividadesprivadasnabancaeseguros,eosubsequentepro-cessodeprivatizações,permitiram-lhesapropriar-seabaixocustodasempresasesectoresmaisrentáveisdosectorempresarialdoEstadoeaabsorçãodepartesignificativadosfundoscomunitários,numimparávelebrutalprocessodecentralizaçãoeconcentraçãodecapitais.

Sónosúltimosseisanos,enquantoopaísseafundavanacriseeconómicaesocial,oslucrosobtidospelosseguintesgrandesgru-pos:PT,EDP,REN,Galp,Zon,BCP,BES,BPI,Santander/Totta,Cimpor,Secil,Portucel,Brisa;equivaleramaovalorqueoEstadoarrecadoucomtodasasprivatizaçõesefectuadasdesde1989.

Osnovosgruposreconstituídoseemergentesdesembaraça-ram-se,compoucasexcepções,deempresasindustriaisquelhesforampararàmãopelasprivatizações,querliquidando-aspuraesimplesmente(construçãonaval,químicadebase,metalomecâ-nicapesada),quervendendo-ascomgrossosproventosaocapital

Portugal a Produzir.indd 41 04-10-2011 14:36:09

Page 42: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

42 43

estrangeiro(Tabaqueira,Sorefame,entreoutras).Emmedidasignificativa,desindustrializaramopaís.

Esta«especialização»económica,comorefúgioemáreasinicialmentemenosexpostasaoriscoeàconcorrênciaexterior,comênfaseemactividadescomerciaisefinanceiras,permitiu-lhesprosseguirdeformaseguraaacumulaçãodecapital,àcustadasclasseslaboriosas,dasmicro,pequenasemédiasempresas(MPME)edossectoresprodutivos.

Osgruposeconómicosmonopolistas,profundamenteancora-dosnosectorfinanceiro,constituemobjectivamenteumobstáculoaocrescimentoeconómicoeàcapacidadeprodutivanacional.Pelasuanaturezaedomíniomonopolistasobreosmercadosprovocamestrangulamentosecondicionamentosdiversossobreaproduçãoe as MPME.

Pelo seu domínio e absorção, deslocam e subtraem ao sector produtivoeàsMPMEgrandepartedasdisponibilidadesnacionaisparainvestimento.

Peloseupesodeterminantenosectorfinanceiroenasorien-taçõesestratégicasdocrédito,pelasprópriaspolíticasdeinvesti-mentoexigindoaltasrendibilidades,pelasuainfluênciadecisivanafixaçãopelopoderpolíticodasgrandesdirecçõesdoinvestimentopúblico,constituemumelementodeterminantenoníveleorien-taçãodoinvestimentoemPortugal.Quecanalizamparaaespecu-laçãobolsistaeimobiliária,colocando-onoexterior(off-shores) eprivilegiandoocapitalmultinacional.Ouque,pordiversasecomplementaresvias,retiramdocircuitodoinvestimentopúbli-co,eespecialmentedoinvestimentoprodutivo,comonocasodefundoscomunitários.

a banca, comercial e de investimento, tem constituído, não um factordedinamizaçãodaproduçãonacionaledaeconomia,masumfactordeestrangulamentoedefinhamentodemuitasMPME,praticamentedesdemeadosdadécadade80doséculopassado,quandocomeçouaserprivatizada.Pelasdificuldadesdeacessoaocrédito,aselevadíssimastaxasdejuroparaasmicroemesmopequenasempresas,osabusosdoscustosdosserviçosbancários,entre vários outros condicionalismos. Por outro lado, com o arrimo dosgovernos,abancaé,emcertassituações,umdestacadoagente

doapoioatentativasdemonopolizaçãodeactividadesindustriais,comonocasodasproduçõesparaalgumasenergiasrenováveis.

Naactividadeseguradora,sãoconhecidas,entreoutras,asdificuldadessentidaspormuitasPMEnaobtençãodeseguros decréditoàexportação,paraalémdospreçosdossegurosemgeral.

Nodomíniodeutilizaçãodaenergia,sãoparticularmenteospreçosdasdiversasformasdeenergiaqueretiramcompetitividadeàsempresasdealgunssectoresindustriais.Noscasosdaelectri-cidadeedogásnatural,emborapresentementeestejamabaixodamédiaeuropeia,ospreçoscontinuamaapresentarproblemasdecompetitividade,emconfrontocomalgunspaísescomoaEspanha.Noscombustíveislíquidos,osacréscimosdepreçoemrelaçãoamuitospaísesdaUE,decorrentesdaexistênciadeuminiludíveloligopólio,tornam-seintoleráveisparaamanutençãodacompetiti-vidade,nomeadamentedossistemasdetransportesacimaeabaixodemuitasactividadesprodutivas.

Nastelecomunicaçõesfixasemóveis,sãoospróprioslucrosdesmesuradosdasempresasconcessionadasqueasseguramqueoutrastarifasmaisacessíveispoderiamserpraticadasparaasempresasefamílias.

Notransportedemercadorias,osmaioresproblemasão,nomeadamente,atotaldependênciadeempresasestrangeirasnotransportemarítimodemercadoriasdeeparaopaís,noquadrodeumareduzidacapacidadenegocialrelativamenteaopreçodosfretes,eamuitoinsuficientecapacidadedotransporteferroviáriodemercadorias,queoneraafracçãotransportesnosgastosdasempresas,dadososcustosmaisaltosdomodorodoviário.

Aestruturamonopolistadosmercadosedotecidoeconómico,resultadodapresençadosgruposeconómicos,temconsequênciasparticularmentedevastadorasparaasMPME.Aimposiçãodepreçosmonopolistasdebenseserviços(factoresdeprodução).Aimposiçãodecondiçõesruinosas(prazosdepagamento,ex-torsãoeesmagamentodemargens,exigênciaadiversostítulosdefornecimentosgratuitos,etc.)epreçosoligopsónicosaosseusfornecedores(preçosimpostospeloreduzidonúmerodegrandescompradoresàmassadefornecedores).Abusosdeposiçãodomi-

Portugal a Produzir.indd 42 04-10-2011 14:36:10

Page 43: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

42 43

estrangeiro(Tabaqueira,Sorefame,entreoutras).Emmedidasignificativa,desindustrializaramopaís.

Esta«especialização»económica,comorefúgioemáreasinicialmentemenosexpostasaoriscoeàconcorrênciaexterior,comênfaseemactividadescomerciaisefinanceiras,permitiu-lhesprosseguirdeformaseguraaacumulaçãodecapital,àcustadasclasseslaboriosas,dasmicro,pequenasemédiasempresas(MPME)edossectoresprodutivos.

Osgruposeconómicosmonopolistas,profundamenteancora-dosnosectorfinanceiro,constituemobjectivamenteumobstáculoaocrescimentoeconómicoeàcapacidadeprodutivanacional.Pelasuanaturezaedomíniomonopolistasobreosmercadosprovocamestrangulamentosecondicionamentosdiversossobreaproduçãoe as MPME.

Pelo seu domínio e absorção, deslocam e subtraem ao sector produtivoeàsMPMEgrandepartedasdisponibilidadesnacionaisparainvestimento.

Peloseupesodeterminantenosectorfinanceiroenasorien-taçõesestratégicasdocrédito,pelasprópriaspolíticasdeinvesti-mentoexigindoaltasrendibilidades,pelasuainfluênciadecisivanafixaçãopelopoderpolíticodasgrandesdirecçõesdoinvestimentopúblico,constituemumelementodeterminantenoníveleorien-taçãodoinvestimentoemPortugal.Quecanalizamparaaespecu-laçãobolsistaeimobiliária,colocando-onoexterior(off-shores) eprivilegiandoocapitalmultinacional.Ouque,pordiversasecomplementaresvias,retiramdocircuitodoinvestimentopúbli-co,eespecialmentedoinvestimentoprodutivo,comonocasodefundoscomunitários.

a banca, comercial e de investimento, tem constituído, não um factordedinamizaçãodaproduçãonacionaledaeconomia,masumfactordeestrangulamentoedefinhamentodemuitasMPME,praticamentedesdemeadosdadécadade80doséculopassado,quandocomeçouaserprivatizada.Pelasdificuldadesdeacessoaocrédito,aselevadíssimastaxasdejuroparaasmicroemesmopequenasempresas,osabusosdoscustosdosserviçosbancários,entre vários outros condicionalismos. Por outro lado, com o arrimo dosgovernos,abancaé,emcertassituações,umdestacadoagente

doapoioatentativasdemonopolizaçãodeactividadesindustriais,comonocasodasproduçõesparaalgumasenergiasrenováveis.

Naactividadeseguradora,sãoconhecidas,entreoutras,asdificuldadessentidaspormuitasPMEnaobtençãodeseguros decréditoàexportação,paraalémdospreçosdossegurosemgeral.

Nodomíniodeutilizaçãodaenergia,sãoparticularmenteospreçosdasdiversasformasdeenergiaqueretiramcompetitividadeàsempresasdealgunssectoresindustriais.Noscasosdaelectri-cidadeedogásnatural,emborapresentementeestejamabaixodamédiaeuropeia,ospreçoscontinuamaapresentarproblemasdecompetitividade,emconfrontocomalgunspaísescomoaEspanha.Noscombustíveislíquidos,osacréscimosdepreçoemrelaçãoamuitospaísesdaUE,decorrentesdaexistênciadeuminiludíveloligopólio,tornam-seintoleráveisparaamanutençãodacompetiti-vidade,nomeadamentedossistemasdetransportesacimaeabaixodemuitasactividadesprodutivas.

Nastelecomunicaçõesfixasemóveis,sãoospróprioslucrosdesmesuradosdasempresasconcessionadasqueasseguramqueoutrastarifasmaisacessíveispoderiamserpraticadasparaasempresasefamílias.

Notransportedemercadorias,osmaioresproblemasão,nomeadamente,atotaldependênciadeempresasestrangeirasnotransportemarítimodemercadoriasdeeparaopaís,noquadrodeumareduzidacapacidadenegocialrelativamenteaopreçodosfretes,eamuitoinsuficientecapacidadedotransporteferroviáriodemercadorias,queoneraafracçãotransportesnosgastosdasempresas,dadososcustosmaisaltosdomodorodoviário.

Aestruturamonopolistadosmercadosedotecidoeconómico,resultadodapresençadosgruposeconómicos,temconsequênciasparticularmentedevastadorasparaasMPME.Aimposiçãodepreçosmonopolistasdebenseserviços(factoresdeprodução).Aimposiçãodecondiçõesruinosas(prazosdepagamento,ex-torsãoeesmagamentodemargens,exigênciaadiversostítulosdefornecimentosgratuitos,etc.)epreçosoligopsónicosaosseusfornecedores(preçosimpostospeloreduzidonúmerodegrandescompradoresàmassadefornecedores).Abusosdeposiçãodomi-

Portugal a Produzir.indd 43 04-10-2011 14:36:10

Page 44: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

44 45

nanteededependênciaeconómica,totalmenteàmargemdasleisdaconcorrênciaemvigor,semqueaautoridadedaconcorrêncialhesponhacobro.Exclusãoediscriminaçõesfaceaoscanaisprivilegiadosdeimportaçãodeprodutosestrangeiros,comonagrandedistribuição.

Agravidadedasituaçãoeopapelpredadordosgruposmono-polistassobreariquezacriadanaspequenasempresasenossectoresprodutivossãohojebemconhecidos.Conhece-sebemoesbulhodastaxasdejuroecomissõesimpostaspelosmonopolistasdabancaedosseguros.Osproprietáriosdeoficinasdereparaçãoautomóvelouaspequenasempresasdereboqueedesempana-gemconhecembemasimposiçõesdascompanhiasdeseguros.Ocomérciodeproximidadeconhecebemopodermonopolistaavassalador,económicoepolítico,dasgrandescadeiasdedistri-buição,sejamelasportuguesas(SonaeouJerónimoMartins)ouestrangeiras(Auchaneoutras).Osfornecedoresdaagriculturaeindústriaaessesgrupostambémconhecembemascondições«leoninas»quelhessãoimpostasnavendadasuaprodução. Ospequenosemédiosprodutoresflorestaissabemopreçoquetemcustadoàflorestaportuguesaaexistênciadetrês,eagoradois,grandesgruposdecelulose,quedominamomercadodasmadeirasedeterminamosseuspreços.Ospequenosempresáriosdaconstruçãocivilconhecemopesodosgruposdocimentonasuaactividade.Ospostosindependentesdecombustíveisconhecemoesmagamentodemargenseascondiçõesimpostaspelostrêsgros-sistasdosector(Galp,BPeRepsol).EtodasasempresassuportamoscustosdafortemonopolizaçãodosectordaenergiapelaEDP,dogásecombustíveispelaGalp,dastelecomunicaçõespelaPT,OptimuseVodafone,edotransporteporauto-estrada(portagens)pelaBrisaeAscendi(ex-Aenor).

Mesmoempresasdosectorpúblico,comoaCaixaGeraldeDepósitos,ouqueaindatêmforteinfluênciadoEstadofuncionamemplágiodasempresasprivadas,alinhandonumaintervençãomonopolística,impondopreços,sonegandomargens,açambar-candoemanipulandomercados,violandoasregrasdeconcor-rência,usandooseupesoeconómicoepolíticoparaesmagaremeobteremleisemeiosfinanceirosdoEstado,queassimabdica

dopoderreguladorepedagógicoqueessasempresaspoderiamter,incluindonamelhoriadacompetitividadedasempresasnacionais.

Osgruposmonopolistastambémbloqueiamodesenvolvimentonacionalpelasualigaçãoesubordinaçãoaocapitalestrangeiro.Umacaracterísticaestruturaldasuagéneseeevolução,talcomoemgeraldograndecapitalnacional,nascondiçõesdarecuperaçãocapitalistaeimperialistafoieéasuaestreitaassociaçãoaograndecapitalestrangeiro,aocapitaltransnacional.

3.5—Capitalestrangeiro

Ocapitalestrangeirotem,nosanosrecentes,de2005a2007(últimosdadosdisponíveis),umapresençasignificativaecrescenteemPortugal,nomeadamentenaindústria.Em2007,existiamnopaís5075filiaisdeempresasestrangeiras,querepresentavamapenas0,5%donúmerototaldasempresasnãofinanceiras(1,4%dassociedadesnãofinanceiras),masqueeramresponsáveispor17,5%dovaloracrescentadobruto,15,4%doinvestimentoembenscorpóreos,29,8%dasdespesasinternaseminvestigaçãoedesenvolvimento,19,5%dovolumedenegóciose7,6%doem-pregogeradosportodasestasempresas.Naindústriacontribuíamcomcercadeumquarto(23,9%)paraoproduto.Estasfiliaistêmdimensãoeprodutividadebastantesuperioresàsmédiasdasso-ciedadesportuguesas.Em2007,doisterçostinhamoscentrosdedecisãonaUE,masgeravamtrêsquartosdovaloracrescentadobrutodetodasasfiliaisnãofinanceiras,comaEspanhaalideraraorigemdoscapitaisinvestidos,seguidadaHolanda,Alemanha,EUAeFrança.

Masocapitalestrangeironãosereduzapenasàsuaexpres-sãoabertadefiliaisdeempresasestrangeiras.Estáescondidoeencostadoaosgruposportuguesesnocapitalsocialdasgrandesempresasdesectoresestratégicos,aparentementedebasenacio-nal,como,entreoutros,abanca,aenergiaeastelecomunicações,avaliandoalgunsespecialistasquedeterájácercademetadedosseus activos.

Portugal a Produzir.indd 44 04-10-2011 14:36:10

Page 45: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

44 45

nanteededependênciaeconómica,totalmenteàmargemdasleisdaconcorrênciaemvigor,semqueaautoridadedaconcorrêncialhesponhacobro.Exclusãoediscriminaçõesfaceaoscanaisprivilegiadosdeimportaçãodeprodutosestrangeiros,comonagrandedistribuição.

Agravidadedasituaçãoeopapelpredadordosgruposmono-polistassobreariquezacriadanaspequenasempresasenossectoresprodutivossãohojebemconhecidos.Conhece-sebemoesbulhodastaxasdejuroecomissõesimpostaspelosmonopolistasdabancaedosseguros.Osproprietáriosdeoficinasdereparaçãoautomóvelouaspequenasempresasdereboqueedesempana-gemconhecembemasimposiçõesdascompanhiasdeseguros.Ocomérciodeproximidadeconhecebemopodermonopolistaavassalador,económicoepolítico,dasgrandescadeiasdedistri-buição,sejamelasportuguesas(SonaeouJerónimoMartins)ouestrangeiras(Auchaneoutras).Osfornecedoresdaagriculturaeindústriaaessesgrupostambémconhecembemascondições«leoninas»quelhessãoimpostasnavendadasuaprodução. Ospequenosemédiosprodutoresflorestaissabemopreçoquetemcustadoàflorestaportuguesaaexistênciadetrês,eagoradois,grandesgruposdecelulose,quedominamomercadodasmadeirasedeterminamosseuspreços.Ospequenosempresáriosdaconstruçãocivilconhecemopesodosgruposdocimentonasuaactividade.Ospostosindependentesdecombustíveisconhecemoesmagamentodemargenseascondiçõesimpostaspelostrêsgros-sistasdosector(Galp,BPeRepsol).EtodasasempresassuportamoscustosdafortemonopolizaçãodosectordaenergiapelaEDP,dogásecombustíveispelaGalp,dastelecomunicaçõespelaPT,OptimuseVodafone,edotransporteporauto-estrada(portagens)pelaBrisaeAscendi(ex-Aenor).

Mesmoempresasdosectorpúblico,comoaCaixaGeraldeDepósitos,ouqueaindatêmforteinfluênciadoEstadofuncionamemplágiodasempresasprivadas,alinhandonumaintervençãomonopolística,impondopreços,sonegandomargens,açambar-candoemanipulandomercados,violandoasregrasdeconcor-rência,usandooseupesoeconómicoepolíticoparaesmagaremeobteremleisemeiosfinanceirosdoEstado,queassimabdica

dopoderreguladorepedagógicoqueessasempresaspoderiamter,incluindonamelhoriadacompetitividadedasempresasnacionais.

Osgruposmonopolistastambémbloqueiamodesenvolvimentonacionalpelasualigaçãoesubordinaçãoaocapitalestrangeiro.Umacaracterísticaestruturaldasuagéneseeevolução,talcomoemgeraldograndecapitalnacional,nascondiçõesdarecuperaçãocapitalistaeimperialistafoieéasuaestreitaassociaçãoaograndecapitalestrangeiro,aocapitaltransnacional.

3.5—Capitalestrangeiro

Ocapitalestrangeirotem,nosanosrecentes,de2005a2007(últimosdadosdisponíveis),umapresençasignificativaecrescenteemPortugal,nomeadamentenaindústria.Em2007,existiamnopaís5075filiaisdeempresasestrangeiras,querepresentavamapenas0,5%donúmerototaldasempresasnãofinanceiras(1,4%dassociedadesnãofinanceiras),masqueeramresponsáveispor17,5%dovaloracrescentadobruto,15,4%doinvestimentoembenscorpóreos,29,8%dasdespesasinternaseminvestigaçãoedesenvolvimento,19,5%dovolumedenegóciose7,6%doem-pregogeradosportodasestasempresas.Naindústriacontribuíamcomcercadeumquarto(23,9%)paraoproduto.Estasfiliaistêmdimensãoeprodutividadebastantesuperioresàsmédiasdasso-ciedadesportuguesas.Em2007,doisterçostinhamoscentrosdedecisãonaUE,masgeravamtrêsquartosdovaloracrescentadobrutodetodasasfiliaisnãofinanceiras,comaEspanhaalideraraorigemdoscapitaisinvestidos,seguidadaHolanda,Alemanha,EUAeFrança.

Masocapitalestrangeironãosereduzapenasàsuaexpres-sãoabertadefiliaisdeempresasestrangeiras.Estáescondidoeencostadoaosgruposportuguesesnocapitalsocialdasgrandesempresasdesectoresestratégicos,aparentementedebasenacio-nal,como,entreoutros,abanca,aenergiaeastelecomunicações,avaliandoalgunsespecialistasquedeterájácercademetadedosseus activos.

Portugal a Produzir.indd 45 04-10-2011 14:36:11

Page 46: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

46 47

Arelevantepresença,autónomaouarticuladacomocapitalnacional,docapitalestrangeirooriginainevitavelmenteumaelevadadrenagemparaoexteriorderiquezacáproduzida,malcompensadapelosrendimentosdecapitalprovenientesdoin-vestimentoportuguêsnoestrangeiro.OcapitalestrangeiroemPortugalreduzorendimentonacionaldisponível,omercadodecapitaisparainvestimentoereinvestimento,fogedoinvestimentoderaiz,chegaadestruiractividadesprodutivas,interessando-seapenaspelaclientela,acarteiradeencomendaseoscircuitosdecomercialização,assentademasiadamentenamão-de-obrabarataenosapoiospúblicos,modelandonegativamenteoperfildees-pecializaçãodopaísesubvertendoagestãodefundos,transfereparaforacentrosdedecisão,favorecendoocomandodesectoreseempresasestratégicassegundoosplanoseasconveniênciasdas«empresasmãe»,dassociedadesgestorasdeparticipaçõessociaisdocapitalmultinacional.AsdeslocalizaçõesdeempresasmultinacionaisdePortugaltêmconstituídoumelementocentraldeperdadeunidadesesectoresindustriais,apardoaltodesem-pregoprovocadoedoselevadoscustostransferidosparaosistemapúblicodasegurançasocial.

Nãosepodedizerqueoinvestimentodirectoestrangeiro tenhacontribuídodecisivamenteparaadifusãoegeneralizaçãodetecnologiasedetécnicasdeorganizaçãoegestãomaisavançadas,ouparaaincorporaçãodeterminantedeinvestigaçãoedesen-volvimentonaactividadeprodutivanacional,semnegarqueasfiliaisestrangeirastenham,nestescampos,umpapelemgeralmaisdestacadocomparadocomamédiadassociedadesportuguesas.Masoefeitodedemonstraçãoéescasso,muitosegmentadodentrodascadeiasdeproduçãodasmultinacionais,poucoassimiladopeloconjuntodaindústrianacionalefrequentementeperdidocomaliquidaçãoeretiradadoinvestimento.Oefeitonasexportaçõesenabalançacomercialéconsiderável,bastandorepararnaAuto-europa,comumpesoexcessivonasexportaçõesebeneficiada comapoiospúblicosnuncarevelados.Mas,numaapreciaçãoglobal,boapartedoinvestimentodirectoestrangeiropoderia sersubstituídocomvantagenspeloinvestimentonacional.Oinvestimentoestrangeiroéespecialmentenefastoquando,em

vezdeatenuar,agravadependênciaseatrasosestruturaisdopaís.

3.6—UniãoEuropeia:políticasecondicionantes

AUEtemtidodesdeoinícioumpapelabsolutamentedeter-minantenafragilizaçãoedestruiçãodeimportantessegmentosdotecidoprodutivonacional.

AintegraçãocomunitáriainiciadacomaadesãoàCEEem1986eprosseguidacomsucessivossaltosqualitativosdeapro-fundamentoealargamento,configuradoseconsolidadosemsu-cessivasrevisõesdostratados,determinaumadivisãocomunitáriadotrabalhointeiramentedesfavorávelaPortugal,queaspolíticasinternasderecuperaçãocapitalistaelatifundistaagravam.

Aintegraçãodomercadonacionalnomercadoúnico,aqueoeuroveiodarfluidez,podeserdescritacomooembatedapaneladebarrodanossaprodução,comapaneladeferrodeeconomiascompoderosasestruturasprodutivaseelevadasprodutividades.Nãofoiomercadode300milhõesdeconsumidores(hojecercade500milhões)queosadvogadosdaadesãoprometiamàproduçãonacional,masainvasãodomercadonacionalpelaproduçãodaseconomiasmaisfortesoumaispróximas,comoasdeEspanha,AlemanhaeFrança.Opaísficourestringidoaproduçõesdebaixovaloracrescentadoouaproduçõesmarginais.

Aspolíticascomunsnaspescas,naagriculturaenocomércioexterioreassuasreformas,noarticuladoenasconsequênciaspráticas,foramsemprecontráriasaointeressenacional.

AconduçãodapolíticadocomércioexternodaUEsegundoosinteressesdasgrandespotências,naorganizaçãomundialdocomércio ou em acordos multilaterais (como no caso do acordo multifibras,ruinosoparaostêxteisevestuárionacionais),sempreutilizandoascedênciasnossectoresdaspescas,agricultura,têxteiseoutrosanálogoscomomoedadetroca,agravouasobrevivênciaatédossectoresdebaixaeficiênciaemqueopaísseaquartelara.

Auniãoeconómicaemonetária,oeuroeopactodeestabilida-devieramnaprimeiradécadadesteséculoampliareintensificaros

Portugal a Produzir.indd 46 04-10-2011 14:36:12

Page 47: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

46 47

Arelevantepresença,autónomaouarticuladacomocapitalnacional,docapitalestrangeirooriginainevitavelmenteumaelevadadrenagemparaoexteriorderiquezacáproduzida,malcompensadapelosrendimentosdecapitalprovenientesdoin-vestimentoportuguêsnoestrangeiro.OcapitalestrangeiroemPortugalreduzorendimentonacionaldisponível,omercadodecapitaisparainvestimentoereinvestimento,fogedoinvestimentoderaiz,chegaadestruiractividadesprodutivas,interessando-seapenaspelaclientela,acarteiradeencomendaseoscircuitosdecomercialização,assentademasiadamentenamão-de-obrabarataenosapoiospúblicos,modelandonegativamenteoperfildees-pecializaçãodopaísesubvertendoagestãodefundos,transfereparaforacentrosdedecisão,favorecendoocomandodesectoreseempresasestratégicassegundoosplanoseasconveniênciasdas«empresasmãe»,dassociedadesgestorasdeparticipaçõessociaisdocapitalmultinacional.AsdeslocalizaçõesdeempresasmultinacionaisdePortugaltêmconstituídoumelementocentraldeperdadeunidadesesectoresindustriais,apardoaltodesem-pregoprovocadoedoselevadoscustostransferidosparaosistemapúblicodasegurançasocial.

Nãosepodedizerqueoinvestimentodirectoestrangeiro tenhacontribuídodecisivamenteparaadifusãoegeneralizaçãodetecnologiasedetécnicasdeorganizaçãoegestãomaisavançadas,ouparaaincorporaçãodeterminantedeinvestigaçãoedesen-volvimentonaactividadeprodutivanacional,semnegarqueasfiliaisestrangeirastenham,nestescampos,umpapelemgeralmaisdestacadocomparadocomamédiadassociedadesportuguesas.Masoefeitodedemonstraçãoéescasso,muitosegmentadodentrodascadeiasdeproduçãodasmultinacionais,poucoassimiladopeloconjuntodaindústrianacionalefrequentementeperdidocomaliquidaçãoeretiradadoinvestimento.Oefeitonasexportaçõesenabalançacomercialéconsiderável,bastandorepararnaAuto-europa,comumpesoexcessivonasexportaçõesebeneficiada comapoiospúblicosnuncarevelados.Mas,numaapreciaçãoglobal,boapartedoinvestimentodirectoestrangeiropoderia sersubstituídocomvantagenspeloinvestimentonacional.Oinvestimentoestrangeiroéespecialmentenefastoquando,em

vezdeatenuar,agravadependênciaseatrasosestruturaisdopaís.

3.6—UniãoEuropeia:políticasecondicionantes

AUEtemtidodesdeoinícioumpapelabsolutamentedeter-minantenafragilizaçãoedestruiçãodeimportantessegmentosdotecidoprodutivonacional.

AintegraçãocomunitáriainiciadacomaadesãoàCEEem1986eprosseguidacomsucessivossaltosqualitativosdeapro-fundamentoealargamento,configuradoseconsolidadosemsu-cessivasrevisõesdostratados,determinaumadivisãocomunitáriadotrabalhointeiramentedesfavorávelaPortugal,queaspolíticasinternasderecuperaçãocapitalistaelatifundistaagravam.

Aintegraçãodomercadonacionalnomercadoúnico,aqueoeuroveiodarfluidez,podeserdescritacomooembatedapaneladebarrodanossaprodução,comapaneladeferrodeeconomiascompoderosasestruturasprodutivaseelevadasprodutividades.Nãofoiomercadode300milhõesdeconsumidores(hojecercade500milhões)queosadvogadosdaadesãoprometiamàproduçãonacional,masainvasãodomercadonacionalpelaproduçãodaseconomiasmaisfortesoumaispróximas,comoasdeEspanha,AlemanhaeFrança.Opaísficourestringidoaproduçõesdebaixovaloracrescentadoouaproduçõesmarginais.

Aspolíticascomunsnaspescas,naagriculturaenocomércioexterioreassuasreformas,noarticuladoenasconsequênciaspráticas,foramsemprecontráriasaointeressenacional.

AconduçãodapolíticadocomércioexternodaUEsegundoosinteressesdasgrandespotências,naorganizaçãomundialdocomércio ou em acordos multilaterais (como no caso do acordo multifibras,ruinosoparaostêxteisevestuárionacionais),sempreutilizandoascedênciasnossectoresdaspescas,agricultura,têxteiseoutrosanálogoscomomoedadetroca,agravouasobrevivênciaatédossectoresdebaixaeficiênciaemqueopaísseaquartelara.

Auniãoeconómicaemonetária,oeuroeopactodeestabilida-devieramnaprimeiradécadadesteséculoampliareintensificaros

Portugal a Produzir.indd 47 04-10-2011 14:36:12

Page 48: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

48 49

problemasexistentesnossectoresprodutivos,conduzindoaanosconsecutivosdedivergêncianaevoluçãodoPIBfaceàmédiadauE.

Oeuro,umamoedafortementevalorizadaesemqualquercor-respondênciacomaprodutividadedotecidoeconómicoportuguês,traduziu-senumfactordeperdasistemáticadecompetitividadedasnossasexportaçõesemesmonaconcorrênciadentrodonossomercado interno. Constituiu, simultaneamente, um instrumento de domíniodasgrandespotênciasdentrodaUE,impulsionadordoseuprópriocrescimentoeconómico,comonocasodaAlemanha,queatrelouàsustentaçãodosseusexcedentescomerciaisosdéficesdospaísesdaperiferia,nomeadamentedePortugal.

Opactodeestabilidade,pelaimposiçãodoschamadoscritériosdeconvergêncianominaldeMaastricht(ráciosdéficeorçamental/ /PIB,dívidapública/PIBetaxadeinflação),limitouecondicio-noufortementeoinstrumentoeconómicoefinanceirodagestãoorçamental,comnegativasconsequênciasaoníveldoinvestimen-topúblico(porexemploeminfra-estruturas,equipamentos,naeducação,formaçãoeinvestigação),eimpulsionouapolíticadeprivatizaçõesparaaobtençãodereceitasnavãtentativadeatenuaroburacosemfundodadívidapública.

Oreforçodosmecanismosfederalistas—especialmenteapartirdoTratadodeNiceesignificativamentefortalecidos noTratadodeLisboa(queentrouemvigora1deDezembrode2009)—entregaramosprocessosdedecisãocomunitáriaintei-ramentenasmãosdaAlemanhaeoutrasgrandespotências,nasalteraçõesdasregrasdevoto(possibilidadedaschamadasminoriasdebloqueioeperdadodireitodevetoporinvocaçãodeinteressevital),consolidaramapolíticacomercialexternacomopolíticacomumesobrevalorizaramasregrasdemercadoemdesfavordasolidariedadeedacoesãoeuropeias.

Osvolumesfinanceirosdosfundosestruturaiscomunitáriosforamimportantes,masnãosetrataramdeajudasdesinteressadas,nemdelongecompensaramasperdasnacionaiscomaintegraçãoirrestritanomercadoeuropeu,comossucessivosaprofundamen-tosdadesregulamentaçãoeliberalizaçãodestemercadoecomaintroduçãodoeuro.Paraalémdainjustaedesajustadautilização

pelossucessivosgovernos,boapartedosfundosretornaramaospaísesmaisricos,sejapelofinanciamentodirectoamultinacionaisaquipresentes,sejanaformadeimportaçõesdebenseserviçosqueofragilizadotecidoprodutivoportuguês,incapazdesuportaroembatedaconcorrênciaabertaeespezinhadopelaspolíticasnacionais,deixoudefornecer.

OsavançosqueesporadicamenteaUEproporcionouforamemmuitoscasosdestruídospelaprópriapolíticacomunitária. Éelucidativooexemplodabeterrabasacarina.CultivadahámuitonosAçores,sóemmeadosdosanos90seiniciouocultivonocontinente,quecresceuenormemente.Noentanto,comoresultadodaúltimareformadaorganizaçãocomumdemercadodoaçúcar(duranteoprimeirogovernoPS/Sócrates),Portugalviureduzidasubstancialmenteaquota,inviabilizandoaactividadeeatransfor-maçãodebeterrabanafábrica,hojereduzidaarefinarramasdecana-de-açúcarimportada.

Portugal a Produzir.indd 48 04-10-2011 14:36:13

Page 49: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

48 49

problemasexistentesnossectoresprodutivos,conduzindoaanosconsecutivosdedivergêncianaevoluçãodoPIBfaceàmédiadauE.

Oeuro,umamoedafortementevalorizadaesemqualquercor-respondênciacomaprodutividadedotecidoeconómicoportuguês,traduziu-senumfactordeperdasistemáticadecompetitividadedasnossasexportaçõesemesmonaconcorrênciadentrodonossomercado interno. Constituiu, simultaneamente, um instrumento de domíniodasgrandespotênciasdentrodaUE,impulsionadordoseuprópriocrescimentoeconómico,comonocasodaAlemanha,queatrelouàsustentaçãodosseusexcedentescomerciaisosdéficesdospaísesdaperiferia,nomeadamentedePortugal.

Opactodeestabilidade,pelaimposiçãodoschamadoscritériosdeconvergêncianominaldeMaastricht(ráciosdéficeorçamental/ /PIB,dívidapública/PIBetaxadeinflação),limitouecondicio-noufortementeoinstrumentoeconómicoefinanceirodagestãoorçamental,comnegativasconsequênciasaoníveldoinvestimen-topúblico(porexemploeminfra-estruturas,equipamentos,naeducação,formaçãoeinvestigação),eimpulsionouapolíticadeprivatizaçõesparaaobtençãodereceitasnavãtentativadeatenuaroburacosemfundodadívidapública.

Oreforçodosmecanismosfederalistas—especialmenteapartirdoTratadodeNiceesignificativamentefortalecidos noTratadodeLisboa(queentrouemvigora1deDezembrode2009)—entregaramosprocessosdedecisãocomunitáriaintei-ramentenasmãosdaAlemanhaeoutrasgrandespotências,nasalteraçõesdasregrasdevoto(possibilidadedaschamadasminoriasdebloqueioeperdadodireitodevetoporinvocaçãodeinteressevital),consolidaramapolíticacomercialexternacomopolíticacomumesobrevalorizaramasregrasdemercadoemdesfavordasolidariedadeedacoesãoeuropeias.

Osvolumesfinanceirosdosfundosestruturaiscomunitáriosforamimportantes,masnãosetrataramdeajudasdesinteressadas,nemdelongecompensaramasperdasnacionaiscomaintegraçãoirrestritanomercadoeuropeu,comossucessivosaprofundamen-tosdadesregulamentaçãoeliberalizaçãodestemercadoecomaintroduçãodoeuro.Paraalémdainjustaedesajustadautilização

pelossucessivosgovernos,boapartedosfundosretornaramaospaísesmaisricos,sejapelofinanciamentodirectoamultinacionaisaquipresentes,sejanaformadeimportaçõesdebenseserviçosqueofragilizadotecidoprodutivoportuguês,incapazdesuportaroembatedaconcorrênciaabertaeespezinhadopelaspolíticasnacionais,deixoudefornecer.

OsavançosqueesporadicamenteaUEproporcionouforamemmuitoscasosdestruídospelaprópriapolíticacomunitária. Éelucidativooexemplodabeterrabasacarina.CultivadahámuitonosAçores,sóemmeadosdosanos90seiniciouocultivonocontinente,quecresceuenormemente.Noentanto,comoresultadodaúltimareformadaorganizaçãocomumdemercadodoaçúcar(duranteoprimeirogovernoPS/Sócrates),Portugalviureduzidasubstancialmenteaquota,inviabilizandoaactividadeeatransfor-maçãodebeterrabanafábrica,hojereduzidaarefinarramasdecana-de-açúcarimportada.

Portugal a Produzir.indd 49 04-10-2011 14:36:13

Page 50: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

51

CapítuloIVRecursos nacionais

Portugalnãoéumpaíspobre.Temrecursoshumanosemate-riaiscomosquaispoderáenfrentarasdificuldades.

4.1—Recursoshumanos

Oelevadoníveldedesempregoconstituiumgigantescodes-perdíciodamaiorriquezanacional:ascapacidadesintelectuaisefísicasdosseustrabalhadores.Chegaaserrisívelouvirosrepre-sentantesdagrandeburguesia,naconfusãotípicaentreosseusinte-ressespróprioseointeressenacional,fazeremascontasàriquezaperdidapelopaísnosdiasdegrevesdostrabalhadoresepassarememsilêncioariquezaqueopaísperdepormanterparadosmaisdeummilhãodetrabalhadoresaolongodoano(incluindoinactivosdisponíveisedesencorajadoseosubempregovisível).

Aescolaridadeeasqualificaçõesdostrabalhadoresportugue-sestêmmelhorado,massãofracascomparadascomamédiadauE.

Porexemplo,em2010,ostrabalhadoresassalariadosemprega-dos,dos25aos64anos,quecompletaramnomáximoo3.o ciclo, eramemPortugal60,3%dototaldosassalariadosempregados,enquantoamédianaUEerade19,5%;inversamente,osquecompletaramosecundário(incluindoaquelesquecompletaramensinopós-secundárionãosuperior)eramemPortugal19,9%do

Portugal a Produzir.indd 50 04-10-2011 14:36:13

Page 51: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

51

CapítuloIVRecursos nacionais

Portugalnãoéumpaíspobre.Temrecursoshumanosemate-riaiscomosquaispoderáenfrentarasdificuldades.

4.1—Recursoshumanos

Oelevadoníveldedesempregoconstituiumgigantescodes-perdíciodamaiorriquezanacional:ascapacidadesintelectuaisefísicasdosseustrabalhadores.Chegaaserrisívelouvirosrepre-sentantesdagrandeburguesia,naconfusãotípicaentreosseusinte-ressespróprioseointeressenacional,fazeremascontasàriquezaperdidapelopaísnosdiasdegrevesdostrabalhadoresepassarememsilêncioariquezaqueopaísperdepormanterparadosmaisdeummilhãodetrabalhadoresaolongodoano(incluindoinactivosdisponíveisedesencorajadoseosubempregovisível).

Aescolaridadeeasqualificaçõesdostrabalhadoresportugue-sestêmmelhorado,massãofracascomparadascomamédiadauE.

Porexemplo,em2010,ostrabalhadoresassalariadosemprega-dos,dos25aos64anos,quecompletaramnomáximoo3.o ciclo, eramemPortugal60,3%dototaldosassalariadosempregados,enquantoamédianaUEerade19,5%;inversamente,osquecompletaramosecundário(incluindoaquelesquecompletaramensinopós-secundárionãosuperior)eramemPortugal19,9%do

Portugal a Produzir.indd 51 04-10-2011 14:36:13

Page 52: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

52 53

total,enquantoamédianaUEerade48,9%;eosquecompletaramoensinosuperioreramemPortugal19,9%dototal,enquantoamédianaUEerade31,4%.

Masasituaçãoébempiornocasodopatronato.Nosfinaisde2009,ospatrõesemPortugalquetinhamnomáximoo3.o ciclo eram71,7%dototal,osquetinhamcompletadoosecundário(masnãoosuperior)eramapenas12,2%eosquetinhamcompletadoosuperior16,0%.

AcomparaçãodasituaçãodaeducaçãoentrePortugaleaUEdáumaideiadoesforçodemelhoriadascompetênciasnecessáriasaodesenvolvimentoeconómicoesocialqueoensinopúblicoéchamadoaconcretizar.

Porexemplo,em2010,aspercentagensdapopulação,dos15aos74anos,quetinhacompletadooensinosecundário(masnãoosuperior)eoensinosuperior,eram,respectivamente,de17,1%e12,7%emPortugalede44,4%e21,5%naUE.Comamaiorescolaridadedasnovasgerações,ofossotemdiminuído:noanode2009,aspercentagensdejovens,dos25aos34anos,quetinhamcompletadoosecundário(masnãoosuperior)eoensinosuperior,eram,respectivamente,de24,9%e23,3%emPortugalede47,9%e32,3%naUE.

Masaqualificaçãonãochega.Éprecisoquepossaserutilizada.Acadavezmaiorquantidadedediplomadosdoensinosuperiordesempregados,subempregadosouatrabalharinvoluntariamenteemáreassemqualquerrelaçãocomaformaçãorecebida,paraalémdomassivodesaproveitamentodevocações,formações,qualifica-çõesesaberes,éumsintomadedesajustesedisfuncionalidadesdeumsistemaeducativo,públicoeprivado,orientadoparaabastecerummercadodetrabalhoprofundamentemoldadoeremodeladoàmedidadasnecessidadesdeacumulaçãodograndecapital(quetambémprecisa,parareduzircustossalariaiseaumentaroslucros,dedesempregodeforçadetrabalhoqualificada),emvezdenortea-dopelasatisfaçãodasnecessidadesdedesenvolvimentodopaís.

Várioscursosdepós-graduaçãoedeformaçãoprofissionalnãosãomaisdoqueatentativainglóriadecorrigiratravésdaescolaedosinstitutososerrosdeorientaçãoeducativaeformadoradaprópriaescolaeinstitutos.

Naáreadaciênciaetecnologia,crucialparaamelhoriadaprodutividadenaindústriaenaeconomia,apesardosprogressos,Portugaltambémnãosaifavorecidonacomparaçãocomamédiadoespaçoeconómicoemqueestáintegrado.

Apercentagemdetrabalhadoresdaciênciaetecnologia,simul-taneamentecomeducaçãosuperioreocupaçãoprofissionalnaárea,nototaldoempregoera,em2008,de19,0%naUE,masapenas12,6%emPortugal.Nãoobstante,Portugaltemvindoarecuperardoatraso:de2003a2008,ataxadecrescimentoanualmédiodosseusrecursoshumanosnestaáreafoide6,3%,bemacimadocres-cimentomédiodaUE,de3,3%.Nesteperíodo,PortugalfoiumdospaísesdaUEemquemaiscresceuopesodostrabalhadoresdoconhecimentoaltamentequalificadosnototaldaforçadetrabalho,masháquelevaremcontaomuitofracopontodepartida.

4.2 — Recursos naturais

Emboranãosejacondiçãonecessáriaparaaprodução,aexis-têncianoterritórioderecursosnaturaisutilizáveisconstituiumavantagemestratégicaque,devidamenteaproveitada,podegarantiraprovisionamentos,diminuirencargoscomtransportesepromovero desenvolvimento.

Portugaltemdiversificadosrecursosnaturais,designadamentedomar,rios,estuáriosealbufeiras—pesqueiros,minerais,ener-géticos,entreoutros;dosolo—agrícolaseflorestais;dosub- solo—minerais,rochasornamentaiseindustriais,águas;eener-géticos.Queruns,queroutros,apresentamcaracterísticasquan-titativasequalitativasqueostornamcapazesdeabastecerumavastagamadeactividadestransformadorascriadorasderiqueza,paraalémdacriadanosprópriosprocessosdeexploraçãodessesrecursos.

Anívelagrícola,Portugalapresenta,mesmonasactuaiscir-cunstâncias,excelentescondiçõesparaasproduçõeshortícola,devinho,frutícola,deazeitona,dearroz,deleite,deovosedediver-sascarnes,entreoutrasmenosimportantes.Paraalémdestas,compolíticasadequadas,podemserincrementadasasproduçõesde

Portugal a Produzir.indd 52 04-10-2011 14:36:14

Page 53: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

52 53

total,enquantoamédianaUEerade48,9%;eosquecompletaramoensinosuperioreramemPortugal19,9%dototal,enquantoamédianaUEerade31,4%.

Masasituaçãoébempiornocasodopatronato.Nosfinaisde2009,ospatrõesemPortugalquetinhamnomáximoo3.o ciclo eram71,7%dototal,osquetinhamcompletadoosecundário(masnãoosuperior)eramapenas12,2%eosquetinhamcompletadoosuperior16,0%.

AcomparaçãodasituaçãodaeducaçãoentrePortugaleaUEdáumaideiadoesforçodemelhoriadascompetênciasnecessáriasaodesenvolvimentoeconómicoesocialqueoensinopúblicoéchamadoaconcretizar.

Porexemplo,em2010,aspercentagensdapopulação,dos15aos74anos,quetinhacompletadooensinosecundário(masnãoosuperior)eoensinosuperior,eram,respectivamente,de17,1%e12,7%emPortugalede44,4%e21,5%naUE.Comamaiorescolaridadedasnovasgerações,ofossotemdiminuído:noanode2009,aspercentagensdejovens,dos25aos34anos,quetinhamcompletadoosecundário(masnãoosuperior)eoensinosuperior,eram,respectivamente,de24,9%e23,3%emPortugalede47,9%e32,3%naUE.

Masaqualificaçãonãochega.Éprecisoquepossaserutilizada.Acadavezmaiorquantidadedediplomadosdoensinosuperiordesempregados,subempregadosouatrabalharinvoluntariamenteemáreassemqualquerrelaçãocomaformaçãorecebida,paraalémdomassivodesaproveitamentodevocações,formações,qualifica-çõesesaberes,éumsintomadedesajustesedisfuncionalidadesdeumsistemaeducativo,públicoeprivado,orientadoparaabastecerummercadodetrabalhoprofundamentemoldadoeremodeladoàmedidadasnecessidadesdeacumulaçãodograndecapital(quetambémprecisa,parareduzircustossalariaiseaumentaroslucros,dedesempregodeforçadetrabalhoqualificada),emvezdenortea-dopelasatisfaçãodasnecessidadesdedesenvolvimentodopaís.

Várioscursosdepós-graduaçãoedeformaçãoprofissionalnãosãomaisdoqueatentativainglóriadecorrigiratravésdaescolaedosinstitutososerrosdeorientaçãoeducativaeformadoradaprópriaescolaeinstitutos.

Naáreadaciênciaetecnologia,crucialparaamelhoriadaprodutividadenaindústriaenaeconomia,apesardosprogressos,Portugaltambémnãosaifavorecidonacomparaçãocomamédiadoespaçoeconómicoemqueestáintegrado.

Apercentagemdetrabalhadoresdaciênciaetecnologia,simul-taneamentecomeducaçãosuperioreocupaçãoprofissionalnaárea,nototaldoempregoera,em2008,de19,0%naUE,masapenas12,6%emPortugal.Nãoobstante,Portugaltemvindoarecuperardoatraso:de2003a2008,ataxadecrescimentoanualmédiodosseusrecursoshumanosnestaáreafoide6,3%,bemacimadocres-cimentomédiodaUE,de3,3%.Nesteperíodo,PortugalfoiumdospaísesdaUEemquemaiscresceuopesodostrabalhadoresdoconhecimentoaltamentequalificadosnototaldaforçadetrabalho,masháquelevaremcontaomuitofracopontodepartida.

4.2 — Recursos naturais

Emboranãosejacondiçãonecessáriaparaaprodução,aexis-têncianoterritórioderecursosnaturaisutilizáveisconstituiumavantagemestratégicaque,devidamenteaproveitada,podegarantiraprovisionamentos,diminuirencargoscomtransportesepromovero desenvolvimento.

Portugaltemdiversificadosrecursosnaturais,designadamentedomar,rios,estuáriosealbufeiras—pesqueiros,minerais,ener-géticos,entreoutros;dosolo—agrícolaseflorestais;dosub- solo—minerais,rochasornamentaiseindustriais,águas;eener-géticos.Queruns,queroutros,apresentamcaracterísticasquan-titativasequalitativasqueostornamcapazesdeabastecerumavastagamadeactividadestransformadorascriadorasderiqueza,paraalémdacriadanosprópriosprocessosdeexploraçãodessesrecursos.

Anívelagrícola,Portugalapresenta,mesmonasactuaiscir-cunstâncias,excelentescondiçõesparaasproduçõeshortícola,devinho,frutícola,deazeitona,dearroz,deleite,deovosedediver-sascarnes,entreoutrasmenosimportantes.Paraalémdestas,compolíticasadequadas,podemserincrementadasasproduçõesde

Portugal a Produzir.indd 53 04-10-2011 14:36:14

Page 54: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

54 55

azeite,decereais,debatata,deleguminosassecas,deoleaginosasedecarnedevaca,entreoutras,comvistaaoaumentodosgrausdeauto-aprovisionamentoeàauto-suficiênciaglobaldopaísnodomínio alimentar.

Pelassuascaracterísticasclimatéricasedossolos,Portugaltemumelevadopotencialdeproduçãoflorestal,designadamenteemespéciescomoosobreiro(comcercadeumterçodaáreamundial),ospinheirosbravoemanso,oeucalipto,eespéciesau-tóctonesactualmentemaisrarascomoocarvalho,ocastanheiroouanogueira,todascapazesdealimentarimportantesindústriastransformadoras,taiscomoadapastaedopapel,adatransfor-maçãodacortiça,afileiradamadeiraedomobiliário,eindústriasdiversasdequímicafina.

PortugalpossuiamaiorzonaeconómicaexclusivadaUE,sejanaplataformacontinental—quepodevirasersubstancialmenteampliadacomapropostadeextensãoapresentadaàsNaçõesUnidas—,sejanaságuasprofundas,comumelevadopotencialpesqueiro(peixe,marisco,moluscos),capaz,segeridonointeressenacional,desatisfazerasnecessidadesalimentaresempescadoe,porventura,atédepermitirexportações.Umazonatambémcompotencialnaproduçãodeenergiaeléctrica,emrecursosvegetais(comoasalgas)egeológicosdosfundosmarinhos.

PortugaltemdosmaisimportantesrecursosmineirosdaEuropa,possuindovastasediversificadasreservasdeminériosederochasornamentaiseindustriaiseáguasminerais,capazesdeabastecercomsegurançaequalidadeumamploconjuntodefileirastransformadorasajusante.

Possuiimportantesreservasdeminériosdemetaisbásicosestratégicoscomooferro,ocobre,ozinco,oestanho,ochumbo,oalumínio,entreoutros,capazesdeabastecermetalurgiaseou-trasindústrias.Pelasuaimportância,destacam-seosminériosdecobreezincoemesmoosdeferro,maugradoalgunsproblemasinerentesàcomposiçãoquímicadosúltimos,tecnicamenteultra-passáveis.Possuitambémsignificativasreservasdemineraisdeoutroselementosmetálicosdeutilizaçãomaisrecente,queassu-memactualmenteumcarácterestratégico,comoolítio,oíndio,otântalo,otungsténioealgumasterrasraras.Existemtambém,a

níveiscominteresseeconómico,minériosdeoucomouroeprata,emdiversasregiõesdopaís.

Possuirochasindustriaisemquantidadeediversidadecapazesdealimentar,entreoutras,asindústriascimenteira,cerâmica,edovidro,bemcomoasactividadesdeconstruçãocivileobraspúbli-cas.Temtambéminteressantesreservasderochasornamentais,designadamentemármores,granitos,sienítosnefelínicos,calcáreosdiversos,brechas,conglomerados,entreoutros.

Possuiaindarecursoshidromineraisdegrandediversidade,comenormepotencialeconómico,sejaemáguasmineraisedemesa,sejaemestabelecimentostermais.

Noquerespeitaaosrecursosenergéticos,Portugalnãotematéàdatareservasprovadasminimamentesignificativasdepetróleoougásnatural.

Masnoqueconcerneàsenergiasrenováveis,possuisignificati-vosrecursoshidroeléctricos,capazesdeatingiremanodeproduti-bilidademédiacercade20TWhesomenteaproveitadosa50%doseupotencialemtermosdepotênciaedeenergia;recursoseólicoscapazesdeatingiremanodeprodutibilidademédiaos19TWh;recursosresultantesdaradiaçãosolar,nastecnologiastérmicaefotovoltaica,dosmaiselevadosdomundo;recursosembiomassaflorestalcapazesdeproduzir1,0TWhporano,praticamenteinex-plorados;erecursosgeotérmicosdebaixaemédiaentalpia,comcapacidadedefornecimentosignificativodecalorparaedifícioseagriculturaintensiva.Estesrecursos,setotalmenteaproveitados,permitemaauto-suficiêncianaproduçãodeenergiaeléctricaatécercade60-70%emtermosdeanomédio,epoupançasdegáseelectricidadenoaquecimentoenaproduçãodeáguasquentessanitáriasaté30-40%.

Nos recursos não renováveis, são de destacar as reservas de lenhitedeRioMaior,comcapacidadeparaabastecerumacentraltérmica de 250 MW durante anos, reservas de cerca de 8 mil tone-ladasdeurânioemNisa,possíveisreservasdegásnaturalnooff-shore dosotaventoalgarvioealgumasexpectativasdeexistênciadepetróleonooff-shore,designadamentenaregiãodePeniche.

Portugal a Produzir.indd 54 04-10-2011 14:36:15

Page 55: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

54 55

azeite,decereais,debatata,deleguminosassecas,deoleaginosasedecarnedevaca,entreoutras,comvistaaoaumentodosgrausdeauto-aprovisionamentoeàauto-suficiênciaglobaldopaísnodomínio alimentar.

Pelassuascaracterísticasclimatéricasedossolos,Portugaltemumelevadopotencialdeproduçãoflorestal,designadamenteemespéciescomoosobreiro(comcercadeumterçodaáreamundial),ospinheirosbravoemanso,oeucalipto,eespéciesau-tóctonesactualmentemaisrarascomoocarvalho,ocastanheiroouanogueira,todascapazesdealimentarimportantesindústriastransformadoras,taiscomoadapastaedopapel,adatransfor-maçãodacortiça,afileiradamadeiraedomobiliário,eindústriasdiversasdequímicafina.

PortugalpossuiamaiorzonaeconómicaexclusivadaUE,sejanaplataformacontinental—quepodevirasersubstancialmenteampliadacomapropostadeextensãoapresentadaàsNaçõesUnidas—,sejanaságuasprofundas,comumelevadopotencialpesqueiro(peixe,marisco,moluscos),capaz,segeridonointeressenacional,desatisfazerasnecessidadesalimentaresempescadoe,porventura,atédepermitirexportações.Umazonatambémcompotencialnaproduçãodeenergiaeléctrica,emrecursosvegetais(comoasalgas)egeológicosdosfundosmarinhos.

PortugaltemdosmaisimportantesrecursosmineirosdaEuropa,possuindovastasediversificadasreservasdeminériosederochasornamentaiseindustriaiseáguasminerais,capazesdeabastecercomsegurançaequalidadeumamploconjuntodefileirastransformadorasajusante.

Possuiimportantesreservasdeminériosdemetaisbásicosestratégicoscomooferro,ocobre,ozinco,oestanho,ochumbo,oalumínio,entreoutros,capazesdeabastecermetalurgiaseou-trasindústrias.Pelasuaimportância,destacam-seosminériosdecobreezincoemesmoosdeferro,maugradoalgunsproblemasinerentesàcomposiçãoquímicadosúltimos,tecnicamenteultra-passáveis.Possuitambémsignificativasreservasdemineraisdeoutroselementosmetálicosdeutilizaçãomaisrecente,queassu-memactualmenteumcarácterestratégico,comoolítio,oíndio,otântalo,otungsténioealgumasterrasraras.Existemtambém,a

níveiscominteresseeconómico,minériosdeoucomouroeprata,emdiversasregiõesdopaís.

Possuirochasindustriaisemquantidadeediversidadecapazesdealimentar,entreoutras,asindústriascimenteira,cerâmica,edovidro,bemcomoasactividadesdeconstruçãocivileobraspúbli-cas.Temtambéminteressantesreservasderochasornamentais,designadamentemármores,granitos,sienítosnefelínicos,calcáreosdiversos,brechas,conglomerados,entreoutros.

Possuiaindarecursoshidromineraisdegrandediversidade,comenormepotencialeconómico,sejaemáguasmineraisedemesa,sejaemestabelecimentostermais.

Noquerespeitaaosrecursosenergéticos,Portugalnãotematéàdatareservasprovadasminimamentesignificativasdepetróleoougásnatural.

Masnoqueconcerneàsenergiasrenováveis,possuisignificati-vosrecursoshidroeléctricos,capazesdeatingiremanodeproduti-bilidademédiacercade20TWhesomenteaproveitadosa50%doseupotencialemtermosdepotênciaedeenergia;recursoseólicoscapazesdeatingiremanodeprodutibilidademédiaos19TWh;recursosresultantesdaradiaçãosolar,nastecnologiastérmicaefotovoltaica,dosmaiselevadosdomundo;recursosembiomassaflorestalcapazesdeproduzir1,0TWhporano,praticamenteinex-plorados;erecursosgeotérmicosdebaixaemédiaentalpia,comcapacidadedefornecimentosignificativodecalorparaedifícioseagriculturaintensiva.Estesrecursos,setotalmenteaproveitados,permitemaauto-suficiêncianaproduçãodeenergiaeléctricaatécercade60-70%emtermosdeanomédio,epoupançasdegáseelectricidadenoaquecimentoenaproduçãodeáguasquentessanitáriasaté30-40%.

Nos recursos não renováveis, são de destacar as reservas de lenhitedeRioMaior,comcapacidadeparaabastecerumacentraltérmica de 250 MW durante anos, reservas de cerca de 8 mil tone-ladasdeurânioemNisa,possíveisreservasdegásnaturalnooff-shore dosotaventoalgarvioealgumasexpectativasdeexistênciadepetróleonooff-shore,designadamentenaregiãodePeniche.

Portugal a Produzir.indd 55 04-10-2011 14:36:15

Page 56: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

57

CapítuloVPolítica alternativa

5.1—PapeldoEstado

AintervençãodoEstadonadefesa,promoçãoedesenvolvi-mentodaproduçãonacionalévitaleinadiável.Aintervenção,dealcanceprofundonaagricultura,naspescasenasindústriasextractivaetransformadora,necessariamentemultifacetadaepro-longadanotempo,deveassumiroobjectivodaatenuaçãoemesmodasuperaçãodosdéficesestruturaisdaeconomiaportuguesa.

OEstadopodeedeveintervirnagestãodirectadeactividadesprodutivas,noaproveitamentoderecursosnacionais,napromoçãodaproduçãonacional.Aadministraçãopúblicadeveserreorgani-zadanaáreaeconómicaparaconstituiruminstrumentonãoapenasdeumEstadoreguladormastambémdeumEstadoprodutor.

Numprocessojálongodedécadas,adesvalorizaçãodapro-duçãonaagricultura,silvicultura,pescas,indústriaextractivaetransformadora,foisempreprecedida,simultâneaouseguidadealteraçõesnaorgânicadaadministraçãopública,nosen-tidodeextinguirouesvaziarorganismosquedinamizavamouacompanhavamasactividadesprodutivas,desdelogoaoníveldosministérios(comosucedeunasupressãodosministériosdaindústria),dassecretariasdeEstadoedeorganismosestatísticosedeplaneamento.

Adefesaedinamizaçãodaproduçãonacionalpassa,então,porumanovaorganizaçãodaadministraçãopública,cujadigni-

Portugal a Produzir.indd 56 04-10-2011 14:36:15

Page 57: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

57

CapítuloVPolítica alternativa

5.1—PapeldoEstado

AintervençãodoEstadonadefesa,promoçãoedesenvolvi-mentodaproduçãonacionalévitaleinadiável.Aintervenção,dealcanceprofundonaagricultura,naspescasenasindústriasextractivaetransformadora,necessariamentemultifacetadaepro-longadanotempo,deveassumiroobjectivodaatenuaçãoemesmodasuperaçãodosdéficesestruturaisdaeconomiaportuguesa.

OEstadopodeedeveintervirnagestãodirectadeactividadesprodutivas,noaproveitamentoderecursosnacionais,napromoçãodaproduçãonacional.Aadministraçãopúblicadeveserreorgani-zadanaáreaeconómicaparaconstituiruminstrumentonãoapenasdeumEstadoreguladormastambémdeumEstadoprodutor.

Numprocessojálongodedécadas,adesvalorizaçãodapro-duçãonaagricultura,silvicultura,pescas,indústriaextractivaetransformadora,foisempreprecedida,simultâneaouseguidadealteraçõesnaorgânicadaadministraçãopública,nosen-tidodeextinguirouesvaziarorganismosquedinamizavamouacompanhavamasactividadesprodutivas,desdelogoaoníveldosministérios(comosucedeunasupressãodosministériosdaindústria),dassecretariasdeEstadoedeorganismosestatísticosedeplaneamento.

Adefesaedinamizaçãodaproduçãonacionalpassa,então,porumanovaorganizaçãodaadministraçãopública,cujadigni-

Portugal a Produzir.indd 57 04-10-2011 14:36:16

Page 58: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

58 59

dadedeveriacomeçarlogoaoníveldosministérios,secretariasdeEstadoedirecções-gerais,concebidaparadefinirpolíticas,estabelecer,planearecontrolarobjectivosparaasdiferentesesfe-rasprodutivasedotadademeioshumanos,técnicosefinanceirosadequadosparaessamissão.

Nãoháeconomiamodernasemplaneamento:ouéfeito,demodointegrado,peloEstadoaoserviçodasnecessidadesdapopu-laçãoedopaísouéfeito,demodoparcelado,pelograndecapitalaoserviçodamaximizaçãodosseuslucrosindependentementedasconsequênciasparaapopulaçãoeopaís.Apolíticapatrióticaedeesquerdadefendeoprimeiro,apolíticadedireitaedeabdicaçãonacionalconcretizaosegundo,comassuascampanhasdemagó-gicasanti-Estadoeasuapráticadeusartodoopesodesteparafavorecerograndecapital.

Pararelançaraproduçãoereduzirodéficecomercial,oEs-tadodeveterumpapeldecisivonoplaneamento,noapoioenavalorização,culturaleinclusivamentepromocional,daproduçãonacional.Temobviamentedesermodificadaapráticaactualemváriosministérios,quemaisparecemsecretariasdosdirectóriosda uE.

Asituaçãocríticadaproduçãonacional,emtermosquan-titativosequalitativos,exigequeoEstadoportuguêstenhaummaiorprotagonismodirecto.Aintervençãodeveterlugaremdoisdomínioscomplementares.Aconstrução,manutençãoegestãodeinfra-estruturasdesuporteàagriculturaeàspescaseactividademarítima.Eaposseegestãodeempresasextractivase industriais.

Aconstrução,manutençãoegestãodeinfra-estruturasasso-ciadasàactividadeagrícolaincluidiversasinfra-estruturasligadasaoaumentodaprodução,daprodutividadeedaqualidade,comoointegralaproveitamentodoAlquevaouaconclusãodasobrasdoBaixoMondegoedoBaixoVouga,eoapoioàconstruçãoerequalificaçãodasredespúblicasecooperativasdeinfra-estruturasabaixodaproduçãoagro-pecuária.

Nasassociadasàactividadepesqueiraemarítimaincluiportos,arenovaçãodasfrotas,odesenvolvimentodaaquaculturaedalaboraçãoconserveira,escolasespecializadasparaaspescasea

marinhamercante,bemcomooutrasinfra-estruturasdeapoioàspescaseaocomérciomarítimodemercadoriasedeturismo.

Relativamenteàindústriaextractiva,éfundamentaloEstadovoltaradominareadeterminardecisivamenteaexploraçãoepri-meiratransformaçãodosminériosdosubsolonacional.

Relativamenteàindústriatransformadora,oEstadodevereassumirouassumirpelaprimeiravezposiçõesdeterminantesemindústriasbásicas,comoasiderurgiaealgumasmetalurgiasnãoferrosas,dequesedestacaadocobre,eemindústriasestratégicas,comoanaval(grandesemédiosestaleiros),asmetalomecânicas,electromecânicaseelectrónicasassociadasàproduçãodematerialdetransportesobrecarris(comboios,metropolitanos,eléctricos,etc.)oudestinadasàproduçãodeequipamentosparaaproduçãodeelectricidade,detecnologiaclássicaoumoderna.Noquadrodadefesadaproduçãonacional,oEstadodeveapoiarepromoveractividadesprivadaseasempresasqueassuportam,comoporexemplonaproduçãodegrandesestruturasmetálicas,equipamen-tosdemovimentaçãoeelevaçãodegrandescargas.

Adefesadaproduçãonacional,queinteressavivamenteaospequenos,médiosemesmoagrandesprodutoresdaagricultura,pescaseindústriatransformadora,implicatambémaintervençãodoEstadonocomércioexternoenocomércioaretalhoemgrandeescalaquetemlugarnasgrandessuperfícies.Paraumenormegru-podeprodutosdapescaedaagricultura,bemcomodeprodutosindustriaisdegrandeconsumo,sãodeterminantesaspolíticasdeaprovisionamentodasgrandessuperfícies,cujaspráticasestãoobjectivamentecontraaproduçãonacional.

Adefesaepromoçãodaproduçãonacionalexigeaindaumapolíticaquenãosóponhafimàsprivatizações,comovisearecu-peraçãoparaasmãosdoEstadodesectoresbásicoseestratégicosdaeconomia,nomeadamentedabanca,seguros,energia,comu-nicaçõesetelecomunicações,pelopapelcentralquedesempe-nhamnoestímuloàprodução,noplaneamentoeconómico,naredistribuiçãodariqueza,nadefesadosinteressespopularesedasoberania nacional.

Portugal a Produzir.indd 58 04-10-2011 14:36:16

Page 59: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

58 59

dadedeveriacomeçarlogoaoníveldosministérios,secretariasdeEstadoedirecções-gerais,concebidaparadefinirpolíticas,estabelecer,planearecontrolarobjectivosparaasdiferentesesfe-rasprodutivasedotadademeioshumanos,técnicosefinanceirosadequadosparaessamissão.

Nãoháeconomiamodernasemplaneamento:ouéfeito,demodointegrado,peloEstadoaoserviçodasnecessidadesdapopu-laçãoedopaísouéfeito,demodoparcelado,pelograndecapitalaoserviçodamaximizaçãodosseuslucrosindependentementedasconsequênciasparaapopulaçãoeopaís.Apolíticapatrióticaedeesquerdadefendeoprimeiro,apolíticadedireitaedeabdicaçãonacionalconcretizaosegundo,comassuascampanhasdemagó-gicasanti-Estadoeasuapráticadeusartodoopesodesteparafavorecerograndecapital.

Pararelançaraproduçãoereduzirodéficecomercial,oEs-tadodeveterumpapeldecisivonoplaneamento,noapoioenavalorização,culturaleinclusivamentepromocional,daproduçãonacional.Temobviamentedesermodificadaapráticaactualemváriosministérios,quemaisparecemsecretariasdosdirectóriosda uE.

Asituaçãocríticadaproduçãonacional,emtermosquan-titativosequalitativos,exigequeoEstadoportuguêstenhaummaiorprotagonismodirecto.Aintervençãodeveterlugaremdoisdomínioscomplementares.Aconstrução,manutençãoegestãodeinfra-estruturasdesuporteàagriculturaeàspescaseactividademarítima.Eaposseegestãodeempresasextractivase industriais.

Aconstrução,manutençãoegestãodeinfra-estruturasasso-ciadasàactividadeagrícolaincluidiversasinfra-estruturasligadasaoaumentodaprodução,daprodutividadeedaqualidade,comoointegralaproveitamentodoAlquevaouaconclusãodasobrasdoBaixoMondegoedoBaixoVouga,eoapoioàconstruçãoerequalificaçãodasredespúblicasecooperativasdeinfra-estruturasabaixodaproduçãoagro-pecuária.

Nasassociadasàactividadepesqueiraemarítimaincluiportos,arenovaçãodasfrotas,odesenvolvimentodaaquaculturaedalaboraçãoconserveira,escolasespecializadasparaaspescasea

marinhamercante,bemcomooutrasinfra-estruturasdeapoioàspescaseaocomérciomarítimodemercadoriasedeturismo.

Relativamenteàindústriaextractiva,éfundamentaloEstadovoltaradominareadeterminardecisivamenteaexploraçãoepri-meiratransformaçãodosminériosdosubsolonacional.

Relativamenteàindústriatransformadora,oEstadodevereassumirouassumirpelaprimeiravezposiçõesdeterminantesemindústriasbásicas,comoasiderurgiaealgumasmetalurgiasnãoferrosas,dequesedestacaadocobre,eemindústriasestratégicas,comoanaval(grandesemédiosestaleiros),asmetalomecânicas,electromecânicaseelectrónicasassociadasàproduçãodematerialdetransportesobrecarris(comboios,metropolitanos,eléctricos,etc.)oudestinadasàproduçãodeequipamentosparaaproduçãodeelectricidade,detecnologiaclássicaoumoderna.Noquadrodadefesadaproduçãonacional,oEstadodeveapoiarepromoveractividadesprivadaseasempresasqueassuportam,comoporexemplonaproduçãodegrandesestruturasmetálicas,equipamen-tosdemovimentaçãoeelevaçãodegrandescargas.

Adefesadaproduçãonacional,queinteressavivamenteaospequenos,médiosemesmoagrandesprodutoresdaagricultura,pescaseindústriatransformadora,implicatambémaintervençãodoEstadonocomércioexternoenocomércioaretalhoemgrandeescalaquetemlugarnasgrandessuperfícies.Paraumenormegru-podeprodutosdapescaedaagricultura,bemcomodeprodutosindustriaisdegrandeconsumo,sãodeterminantesaspolíticasdeaprovisionamentodasgrandessuperfícies,cujaspráticasestãoobjectivamentecontraaproduçãonacional.

Adefesaepromoçãodaproduçãonacionalexigeaindaumapolíticaquenãosóponhafimàsprivatizações,comovisearecu-peraçãoparaasmãosdoEstadodesectoresbásicoseestratégicosdaeconomia,nomeadamentedabanca,seguros,energia,comu-nicaçõesetelecomunicações,pelopapelcentralquedesempe-nhamnoestímuloàprodução,noplaneamentoeconómico,naredistribuiçãodariqueza,nadefesadosinteressespopularesedasoberania nacional.

Portugal a Produzir.indd 59 04-10-2011 14:36:16

Page 60: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

60 61

5.2—Políticadedesenvolvimentoagrícolaeflorestal

Dadasascondiçõesedafoclimáticas,écertoqueopaísnãopodeproduziremenosaindaserauto-suficienteemtodosospro-dutosalimentares.Maspodesê-loemnumerosaseimportantesproduçõesagrícolas(epesqueiras)epodecompensarcomexpor-taçõesalimentaresasimportaçõesquetenhaquefazernestaárea,ouseja,podeterumabalançaagroalimentarequilibrada.

Énecessárioparatalumainversãodepolítica,oestabeleci-mentodaproduçãoprimáriacomoprioritáriaparaofuturodopaís.Sópossívelgarantindoaosagricultoresetrabalhadoresagrícolasremuneraçõescondignaspeloseutrabalho.

Portugalprecisa,nomeadamente,derecuperarnasproduçõesdecereais,especialmentedetrigo,debatata,debeterrabasacarina,decarnedebovino,deaumentaraproduçãodeoutrascarnes,deapostarfortementenosectorhortofrutícolaededesenvolverasenormespotencialidadesdasuavitivinicultura.

Emboraoleitesejaumsectorcomgrandecapacidadedeprodução,énecessáriopreservá-loedesenvolvê-lo,assegurandoasobrevivênciadassuasexplorações.Paraissoéprecisogarantirospreçosaoprodutor,manterosistemadequotasemvigornaUE,agilizarosprocessosdelicenciamentodasexploraçõesjáexistentes,apoiartécnicaefinanceiramenteosinvestimentosnasexplorações,sobretudodaspequenasemédias,efiscalizareficaz-menteasimportações,asmarcasbrancaseoutrosprocedimentosdagrandedistribuiçãoqueprejudicamaproduçãonacional.

Apersistêncianocaminhodaliberalizaçãodosmercados,deseguidismodalógicadesregulamentadoradaorganizaçãomundialdocomércio(OMC)edaPAC,equivaleapassaracertidãodeóbitoàagriculturacamponesaemPortugal.

OeixoprincipaldaalternativaécontraporàspressõesdaOMCodireitoàsoberaniaalimentar,entendidacomoodireitodopovoportuguêsadecidir,semingerênciaseimposiçõesexternas,nomeadamentedaPACcomunitária,dasuaprópriapolíticaagro-alimentar,nosseusaspectosprodutivosecomerciais,doquesepodeedeveproduziredoquesepodeedeveimportar,deacederplenamenteaosseusrecursosnaturais,antesdemaisaesseque

éomeiodeproduçãomaisimportantedaagricultura,aterra,edepô-laaproduzir,deformasustentável,demodoaassegurarmatéria-primadequalidadeàindústriaagroalimentareumanu-triçãosaudávelaopovoportuguês,quenãoestejadependente,comoemmedidasignificativasucedeactualmente,deproduçõesestrangeirase,aindamaisgrave,dascadeiasdedistribuiçãodosgrandesmonopóliosdoagronegócio.

Agoraemalturaderevisão,aPACdevegarantiraosagricul-toreseassalariadosruraisodireitoaproduzireaumrendimen-toestáveleadequado,combatendoassimoêxodorural.Devepreservaraidentidadeculturaleaespecificidadedosprodutosalimentareseuropeus,garantindoassimadisponibilizaçãodepro-dutosagrícolassaudáveisesegurosapreçosacessíveis.UmaPAC paratodososagricultores,quesirvaosinteressesdetodososcidadãoseuropeusenãoapenasasgrandesempresasmultinacio-nais.

Devemsermantidosereforçadostodososmecanismosderegulaçãoquegarantamvolumesdeproduçãoepreçosapropriadosaoprodutor,comoasquotasleiteiraseosdireitosdeplantionovinho.OsapoiosdevemestarligadosàproduçãoeseridênticosemtodososEstados-membros.Adistribuiçãodasajudastemdesermaisjustaentreagricultores,culturasepaíses;asajudasdevemserescalonadas,discriminandopositivamenteasmenoresexplorações,eplafonadas.

OescoamentodaproduçãoéumaquestãofulcralemqueoEstadotemqueintervir.Osmercadoslocaisdevemserrevitali-zadosparaqueosprodutorespossamvenderdirectamenteasuaprodução.Noaprovisionamentodealimentosdaadministraçãopública(comonascantinasehospitais)devem-seprivilegiarasproduçõesnacionais.Éprecisoimporàgrandedistribuiçãomínimoslegaisdevendadeprodutosnacionaisemcadasector. Acapacidadeexportadoradeveserdesenvolvida,masaprioridadeéproduzirparaalimentaropaís.

OProgramadeDesenvolvimentoRural(PRODER),arefor-mularesteano,deveabandonaracompetitividadecomoeixofulcraldasuaimplementação.Deveapostarnaviabilidadedaspequenasemédiasexplorações,nasuacapacidadedeproduzir

Portugal a Produzir.indd 60 04-10-2011 14:36:17

Page 61: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

60 61

5.2—Políticadedesenvolvimentoagrícolaeflorestal

Dadasascondiçõesedafoclimáticas,écertoqueopaísnãopodeproduziremenosaindaserauto-suficienteemtodosospro-dutosalimentares.Maspodesê-loemnumerosaseimportantesproduçõesagrícolas(epesqueiras)epodecompensarcomexpor-taçõesalimentaresasimportaçõesquetenhaquefazernestaárea,ouseja,podeterumabalançaagroalimentarequilibrada.

Énecessárioparatalumainversãodepolítica,oestabeleci-mentodaproduçãoprimáriacomoprioritáriaparaofuturodopaís.Sópossívelgarantindoaosagricultoresetrabalhadoresagrícolasremuneraçõescondignaspeloseutrabalho.

Portugalprecisa,nomeadamente,derecuperarnasproduçõesdecereais,especialmentedetrigo,debatata,debeterrabasacarina,decarnedebovino,deaumentaraproduçãodeoutrascarnes,deapostarfortementenosectorhortofrutícolaededesenvolverasenormespotencialidadesdasuavitivinicultura.

Emboraoleitesejaumsectorcomgrandecapacidadedeprodução,énecessáriopreservá-loedesenvolvê-lo,assegurandoasobrevivênciadassuasexplorações.Paraissoéprecisogarantirospreçosaoprodutor,manterosistemadequotasemvigornaUE,agilizarosprocessosdelicenciamentodasexploraçõesjáexistentes,apoiartécnicaefinanceiramenteosinvestimentosnasexplorações,sobretudodaspequenasemédias,efiscalizareficaz-menteasimportações,asmarcasbrancaseoutrosprocedimentosdagrandedistribuiçãoqueprejudicamaproduçãonacional.

Apersistêncianocaminhodaliberalizaçãodosmercados,deseguidismodalógicadesregulamentadoradaorganizaçãomundialdocomércio(OMC)edaPAC,equivaleapassaracertidãodeóbitoàagriculturacamponesaemPortugal.

OeixoprincipaldaalternativaécontraporàspressõesdaOMCodireitoàsoberaniaalimentar,entendidacomoodireitodopovoportuguêsadecidir,semingerênciaseimposiçõesexternas,nomeadamentedaPACcomunitária,dasuaprópriapolíticaagro-alimentar,nosseusaspectosprodutivosecomerciais,doquesepodeedeveproduziredoquesepodeedeveimportar,deacederplenamenteaosseusrecursosnaturais,antesdemaisaesseque

éomeiodeproduçãomaisimportantedaagricultura,aterra,edepô-laaproduzir,deformasustentável,demodoaassegurarmatéria-primadequalidadeàindústriaagroalimentareumanu-triçãosaudávelaopovoportuguês,quenãoestejadependente,comoemmedidasignificativasucedeactualmente,deproduçõesestrangeirase,aindamaisgrave,dascadeiasdedistribuiçãodosgrandesmonopóliosdoagronegócio.

Agoraemalturaderevisão,aPACdevegarantiraosagricul-toreseassalariadosruraisodireitoaproduzireaumrendimen-toestáveleadequado,combatendoassimoêxodorural.Devepreservaraidentidadeculturaleaespecificidadedosprodutosalimentareseuropeus,garantindoassimadisponibilizaçãodepro-dutosagrícolassaudáveisesegurosapreçosacessíveis.UmaPAC paratodososagricultores,quesirvaosinteressesdetodososcidadãoseuropeusenãoapenasasgrandesempresasmultinacio-nais.

Devemsermantidosereforçadostodososmecanismosderegulaçãoquegarantamvolumesdeproduçãoepreçosapropriadosaoprodutor,comoasquotasleiteiraseosdireitosdeplantionovinho.OsapoiosdevemestarligadosàproduçãoeseridênticosemtodososEstados-membros.Adistribuiçãodasajudastemdesermaisjustaentreagricultores,culturasepaíses;asajudasdevemserescalonadas,discriminandopositivamenteasmenoresexplorações,eplafonadas.

OescoamentodaproduçãoéumaquestãofulcralemqueoEstadotemqueintervir.Osmercadoslocaisdevemserrevitali-zadosparaqueosprodutorespossamvenderdirectamenteasuaprodução.Noaprovisionamentodealimentosdaadministraçãopública(comonascantinasehospitais)devem-seprivilegiarasproduçõesnacionais.Éprecisoimporàgrandedistribuiçãomínimoslegaisdevendadeprodutosnacionaisemcadasector. Acapacidadeexportadoradeveserdesenvolvida,masaprioridadeéproduzirparaalimentaropaís.

OProgramadeDesenvolvimentoRural(PRODER),arefor-mularesteano,deveabandonaracompetitividadecomoeixofulcraldasuaimplementação.Deveapostarnaviabilidadedaspequenasemédiasexplorações,nasuacapacidadedeproduzir

Portugal a Produzir.indd 61 04-10-2011 14:36:17

Page 62: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

62 63

alimentos,eosapoiosaoinvestimentodevemserconcebidosparaapoiaressesagricultores.

Deve-seapostarnoregadio,concluindoasobrasemcurso,disponibilizandoverbasparaamodernizaçãodosregadiostra-dicionaisegarantindopreçosdaáguaacessíveisaospequenosemédiosagricultores.Criarlinhasdecréditobonificadoalongoprazodeajudaaodesendividamentodasexploraçõesagrícolas.Apoiarverdadeiramenteomovimentocooperativo,possibili-tandoasuaviabilidadeedesenvolvimento;aconcentraçãodecooperativasnãoéaúnicasolução.Einvestirnainvestigaçãoeexperimentação,complementadascomarevitalizaçãodosserviçosdeextensãorural.

Orejuvenescimentodotecidoagrícola,eporconsequênciadomundorural,éoutraprioridadeessencial.Alémdosapoiosdirectosàinstalaçãodejovensagricultores,devemserfornecidascondiçõesparaquesemantenhamnaszonasrurais,oquenãoseconseguecomoencerramentodeserviçosdaadministração,escolasoucentrosdesaúde.

Sãoaindanecessáriasoutrasmedidasquegarantamavia-bilidadeeodesenvolvimentodosectoragrícola,entreasquaissedestaca,cadavezmaisimperiosa,umaprofundaalteraçãofundiárianoterritóriocontinental,aconcretizar-se,levandoemcontaascondiçõesactuais,atravésdeumareformaagrárianoscamposdoSulqueliquideapropriedadelatifundiáriaeatravésdeumaracionalizaçãofundiárianoNorteeCentroporviadolivreassociativismo.

Oterritórionacionalpodeedeveserrecuperadoparaapro-duçãoflorestaldelenhodequalidade,nomeadamenteatravésdeespéciesautóctonesquecontrabalancemoincrementodasáreasocupadasporespéciesdecrescimentorápido.

Énecessário,institucionalmente,acriaçãodeumplanonacio-naldeflorestação,comaproveitamentodossoloscomaptidãoflo-restalecomvalorizaçãodasespéciesnativas,quetenhaematençãoaspectoseconómicos,ambientaiseosinteressesdascomunidadeslocais.Realizarocadastroflorestal,condiçãobásicaparaacon-cretizaçãodetodasaspolíticasflorestais.Simplificaralegislaçãoflorestal,melhorandoaarticulaçãoentreosorganismospúblicos

comresponsabilidadesnosector.Promoveroinvestimentodospequenosemédiosproprietáriosnafloresta,porexemploatravésdeacréscimosàcomparticipaçãonesseinvestimento.

Noterreno,prevenirosincêndiosevigiarafloresta,emarticu-laçãocomasorganizaçõesdeprodutoresflorestaiseosconcelhosdirectivosdosbaldios.Combaterasdoençasepragasqueestãoadizimaraflorestanacional,comoonemátododopinheiroeatintadocastanheiro.Einstalarurgentementeascentraisdebio-massaprevistas,entendidassobretudocomouminstrumentodecombateaosincêndiosesupletivamentecomocentrosprodutoresdeenergiaeléctrica.

5.3—Políticadedesenvolvimentodaspescas

Portugaltemreconhecidaspotencialidadespesqueiras,masissonãosignificaquesepossammenosprezarasameaçasàconti-nuidade e sustentabilidade do sector.

Aoinvésdaspolíticasquetêmvindoaserseguidas,devepromover-seamodernizaçãodosector,demodoaabastecerdepescadoeadesenvolveraeconomiadopaís,amanteroempregoeascondiçõesdevidaetrabalhodospescadores.Simultaneamente,devepromover-seumdesenvolvimentosustentável,respeitan-doaconservaçãodomeioambienteeoequilíbriodosrecursoshaliêuticos.

Énecessárioaccionarumprogramadeapoioespecíficoàpequenapesca.Asseguraroacessoacustoreduzidonosváriostiposdecombustíveisatodosossegmentosdafrota.Promoveravalorizaçãodopescadonaprimeiravenda.Desenvolveraaqua-cultura,independentedasmultinacionaisestrangeiras.Apoiaraindústriaconserveiraeoconsumodeconservasportuguesas.Valorizaramão-de-obra,melhorandoascondiçõesremunerató-riasdospescadores,ascondiçõesdesegurançadasuaactividadeegarantindoapoionocasodeimpactosnegativosdasmedidasdeconservação dos recursos.

Portugal a Produzir.indd 62 04-10-2011 14:36:18

Page 63: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

62 63

alimentos,eosapoiosaoinvestimentodevemserconcebidosparaapoiaressesagricultores.

Deve-seapostarnoregadio,concluindoasobrasemcurso,disponibilizandoverbasparaamodernizaçãodosregadiostra-dicionaisegarantindopreçosdaáguaacessíveisaospequenosemédiosagricultores.Criarlinhasdecréditobonificadoalongoprazodeajudaaodesendividamentodasexploraçõesagrícolas.Apoiarverdadeiramenteomovimentocooperativo,possibili-tandoasuaviabilidadeedesenvolvimento;aconcentraçãodecooperativasnãoéaúnicasolução.Einvestirnainvestigaçãoeexperimentação,complementadascomarevitalizaçãodosserviçosdeextensãorural.

Orejuvenescimentodotecidoagrícola,eporconsequênciadomundorural,éoutraprioridadeessencial.Alémdosapoiosdirectosàinstalaçãodejovensagricultores,devemserfornecidascondiçõesparaquesemantenhamnaszonasrurais,oquenãoseconseguecomoencerramentodeserviçosdaadministração,escolasoucentrosdesaúde.

Sãoaindanecessáriasoutrasmedidasquegarantamavia-bilidadeeodesenvolvimentodosectoragrícola,entreasquaissedestaca,cadavezmaisimperiosa,umaprofundaalteraçãofundiárianoterritóriocontinental,aconcretizar-se,levandoemcontaascondiçõesactuais,atravésdeumareformaagrárianoscamposdoSulqueliquideapropriedadelatifundiáriaeatravésdeumaracionalizaçãofundiárianoNorteeCentroporviadolivreassociativismo.

Oterritórionacionalpodeedeveserrecuperadoparaapro-duçãoflorestaldelenhodequalidade,nomeadamenteatravésdeespéciesautóctonesquecontrabalancemoincrementodasáreasocupadasporespéciesdecrescimentorápido.

Énecessário,institucionalmente,acriaçãodeumplanonacio-naldeflorestação,comaproveitamentodossoloscomaptidãoflo-restalecomvalorizaçãodasespéciesnativas,quetenhaematençãoaspectoseconómicos,ambientaiseosinteressesdascomunidadeslocais.Realizarocadastroflorestal,condiçãobásicaparaacon-cretizaçãodetodasaspolíticasflorestais.Simplificaralegislaçãoflorestal,melhorandoaarticulaçãoentreosorganismospúblicos

comresponsabilidadesnosector.Promoveroinvestimentodospequenosemédiosproprietáriosnafloresta,porexemploatravésdeacréscimosàcomparticipaçãonesseinvestimento.

Noterreno,prevenirosincêndiosevigiarafloresta,emarticu-laçãocomasorganizaçõesdeprodutoresflorestaiseosconcelhosdirectivosdosbaldios.Combaterasdoençasepragasqueestãoadizimaraflorestanacional,comoonemátododopinheiroeatintadocastanheiro.Einstalarurgentementeascentraisdebio-massaprevistas,entendidassobretudocomouminstrumentodecombateaosincêndiosesupletivamentecomocentrosprodutoresdeenergiaeléctrica.

5.3—Políticadedesenvolvimentodaspescas

Portugaltemreconhecidaspotencialidadespesqueiras,masissonãosignificaquesepossammenosprezarasameaçasàconti-nuidade e sustentabilidade do sector.

Aoinvésdaspolíticasquetêmvindoaserseguidas,devepromover-seamodernizaçãodosector,demodoaabastecerdepescadoeadesenvolveraeconomiadopaís,amanteroempregoeascondiçõesdevidaetrabalhodospescadores.Simultaneamente,devepromover-seumdesenvolvimentosustentável,respeitan-doaconservaçãodomeioambienteeoequilíbriodosrecursoshaliêuticos.

Énecessárioaccionarumprogramadeapoioespecíficoàpequenapesca.Asseguraroacessoacustoreduzidonosváriostiposdecombustíveisatodosossegmentosdafrota.Promoveravalorizaçãodopescadonaprimeiravenda.Desenvolveraaqua-cultura,independentedasmultinacionaisestrangeiras.Apoiaraindústriaconserveiraeoconsumodeconservasportuguesas.Valorizaramão-de-obra,melhorandoascondiçõesremunerató-riasdospescadores,ascondiçõesdesegurançadasuaactividadeegarantindoapoionocasodeimpactosnegativosdasmedidasdeconservação dos recursos.

Portugal a Produzir.indd 63 04-10-2011 14:36:18

Page 64: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

64 65

5.4 — Política de desenvolvimento industrial

Noâmbitodeumaumentodaproduçãonacional,devecons-tituirumobjectivomaiordacriaçãosustentávelderiqueza,capaztambémdedinamizarosoutrosgrandessectoresdeactividade,incrementaraproduçãoindustriale,emsimultâneo,avançarnascadeiasdevaloremtermossectoriais,adensaramalhaindustrial,particularmentenasconcentraçõesdeempresaseactividades(clusters)quejátenhamrazoáveiscompetitividadeenotoriedadeinternacionais,promoveravalorizaçãodosrecursosmateriaisnacionaisesubstituirimportaçõesporproduçãonacional.

Noquerespeitaàindústriaextractiva,sobretudonoquecon-cerneàexploraçãodesubstânciasdodomíniopúblicodoEstado,estedeverevertercompletamenteaactualsituaçãodedomíniodocapitalprivado,particularmentedocapitalestrangeiro,iniciandoprocessosquevisemacurtoprazooreassumirdeposiçõesdomi-nantesedeterminantesnapesquisa,exploraçãoeprimeirastransfor-maçõesemterritórionacional,nomeadamentedeminériosdemetaisbásicos—ferro,cobre,zinco,chumbo,estanhoeoutros;deminériosourecursosenergéticos—urânio,petróleo,gásnatural,carvão;dosminériosdemetaisnobres—ouroeprata;edealgunsminérioscon-tendoelementosdegrandevalorestratégico—lítio,índio,tântalo,tungsténioealgumasterrasraras.Écondiçãonecessáriaparasubirnasrespectivascadeiasdevalor,designadamentenodomíniodasmetalurgiasedeoutrosprocessosdeselecçãoepurificação.Aindanestavertente,évitalareanimação,reorientaçãoefortalecimentodaEDM—EmpresadeDesenvolvimentoMineiro.

Quantoàindústriatransformadora,oseudesenvolvimentopassa,deformaarticulada,peloaumentodaprodução,edaspro-dutividadeecompetitividadequelhedevemestarassociadas,epelacriaçãodecondiçõesnoplanocomercialparaoescoamentodaprodução,nomercadointernoeexterno,poisasduascomponentes,acomercialeaprodutiva,estãoindissociavelmenteligadas.

Noplanointerno,adefesadaproduçãonacionaldasindústrias,tradicionaisoumodernas,deveconstituirumobjectivoperma-nente,multifacetadoeenvolversimultaneamenteaadministraçãopúblicaeosconsumidores,sejamempresasoufamílias.

Noplanoexterno,asexportações,especialmentedeprodutostecnologicamentemaisavançados,devemconstituirumobjectivoimportantedoEstadoedasempresas,prosseguindoeincremen-tando-seosapoiossérioseeficazesàexportação.

Apesardasinevitáveisalterações,porvezesprofundas,quesedãonoaparelhoindustrial,nomeadamenteemprodutoseengenha-riasdeprodutosenosprocessosdefabrico,mantêmcontudoasuapertinênciasectoreseproduçõesanteriores,faceàcontinuidadeemuitasvezesaoagravamentodasdebilidadesexistentes.

Aschamadasindústriastradicionais,comootêxtilevestuário,ocalçado,afileiradamadeiraedomobiliário,afileiradacortiça,acerâmica,ovidroeocristal,entreoutras,quetêmvindoasofrergrandeseporvezessocialmentedramáticosprocessosderees-truturação,queemváriassituações,numaperspectivaexclusiva-menteeconómica,constituíramnotáveissucessosemtermosdecompetitividade,devemprosseguir,comrespeitopelosdireitosdostrabalhadores,osprocessosdemodernização,porquetêmedevemcontinuaraterumimportantepapelnonossoperfilindustrial.

Pelograndepotencialdeintegraçãosectorialqueencerraeacapacidademultiplicadoraeestruturantesobreoutrossectores,devemterumacompanhamentoeprotecçãoespeciaisasdiversasfileirasdaindústriaalimentar.

Em todos estes sectores tradicionais, deve insistir-se no au-mentodaprodutividadeedacompetitividade,atravésdenovospassosnaadopçãodetecnologiasmaisavançadas.

Simultaneamente,évitalareanimação,fortalecimentooulan-çamentodeumvastoconjuntodeindústriasbásicaseestratégicas,asassociadasàtransformaçãodeimportantesmatérias-primasmi-neraisnacionais,comoasmetalurgiasferrosas(siderurgiaeoutras)enãoferrosas,asmetaloeelectromecânicaspesadas,aindústriadeconstruçãoereparaçãonaval,aspetroquímicasdeolefinasearomáticos,parasócitarmosasprincipais.

Estasindústriaspermitirãoestruturarerobusteceraproduçãonacional,paraalémdaprópriaproduçãoindustrial,atenuar,enalgunscasosresolver,debilidadesajusanteeapoiarodesen-volvimento,comelevadaautonomia,deimportantesinfra-estru-turas,nasáreasdaproduçãoenergética,dostransportesterrestres

Portugal a Produzir.indd 64 04-10-2011 14:36:19

Page 65: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

64 65

5.4 — Política de desenvolvimento industrial

Noâmbitodeumaumentodaproduçãonacional,devecons-tituirumobjectivomaiordacriaçãosustentávelderiqueza,capaztambémdedinamizarosoutrosgrandessectoresdeactividade,incrementaraproduçãoindustriale,emsimultâneo,avançarnascadeiasdevaloremtermossectoriais,adensaramalhaindustrial,particularmentenasconcentraçõesdeempresaseactividades(clusters)quejátenhamrazoáveiscompetitividadeenotoriedadeinternacionais,promoveravalorizaçãodosrecursosmateriaisnacionaisesubstituirimportaçõesporproduçãonacional.

Noquerespeitaàindústriaextractiva,sobretudonoquecon-cerneàexploraçãodesubstânciasdodomíniopúblicodoEstado,estedeverevertercompletamenteaactualsituaçãodedomíniodocapitalprivado,particularmentedocapitalestrangeiro,iniciandoprocessosquevisemacurtoprazooreassumirdeposiçõesdomi-nantesedeterminantesnapesquisa,exploraçãoeprimeirastransfor-maçõesemterritórionacional,nomeadamentedeminériosdemetaisbásicos—ferro,cobre,zinco,chumbo,estanhoeoutros;deminériosourecursosenergéticos—urânio,petróleo,gásnatural,carvão;dosminériosdemetaisnobres—ouroeprata;edealgunsminérioscon-tendoelementosdegrandevalorestratégico—lítio,índio,tântalo,tungsténioealgumasterrasraras.Écondiçãonecessáriaparasubirnasrespectivascadeiasdevalor,designadamentenodomíniodasmetalurgiasedeoutrosprocessosdeselecçãoepurificação.Aindanestavertente,évitalareanimação,reorientaçãoefortalecimentodaEDM—EmpresadeDesenvolvimentoMineiro.

Quantoàindústriatransformadora,oseudesenvolvimentopassa,deformaarticulada,peloaumentodaprodução,edaspro-dutividadeecompetitividadequelhedevemestarassociadas,epelacriaçãodecondiçõesnoplanocomercialparaoescoamentodaprodução,nomercadointernoeexterno,poisasduascomponentes,acomercialeaprodutiva,estãoindissociavelmenteligadas.

Noplanointerno,adefesadaproduçãonacionaldasindústrias,tradicionaisoumodernas,deveconstituirumobjectivoperma-nente,multifacetadoeenvolversimultaneamenteaadministraçãopúblicaeosconsumidores,sejamempresasoufamílias.

Noplanoexterno,asexportações,especialmentedeprodutostecnologicamentemaisavançados,devemconstituirumobjectivoimportantedoEstadoedasempresas,prosseguindoeincremen-tando-seosapoiossérioseeficazesàexportação.

Apesardasinevitáveisalterações,porvezesprofundas,quesedãonoaparelhoindustrial,nomeadamenteemprodutoseengenha-riasdeprodutosenosprocessosdefabrico,mantêmcontudoasuapertinênciasectoreseproduçõesanteriores,faceàcontinuidadeemuitasvezesaoagravamentodasdebilidadesexistentes.

Aschamadasindústriastradicionais,comootêxtilevestuário,ocalçado,afileiradamadeiraedomobiliário,afileiradacortiça,acerâmica,ovidroeocristal,entreoutras,quetêmvindoasofrergrandeseporvezessocialmentedramáticosprocessosderees-truturação,queemváriassituações,numaperspectivaexclusiva-menteeconómica,constituíramnotáveissucessosemtermosdecompetitividade,devemprosseguir,comrespeitopelosdireitosdostrabalhadores,osprocessosdemodernização,porquetêmedevemcontinuaraterumimportantepapelnonossoperfilindustrial.

Pelograndepotencialdeintegraçãosectorialqueencerraeacapacidademultiplicadoraeestruturantesobreoutrossectores,devemterumacompanhamentoeprotecçãoespeciaisasdiversasfileirasdaindústriaalimentar.

Em todos estes sectores tradicionais, deve insistir-se no au-mentodaprodutividadeedacompetitividade,atravésdenovospassosnaadopçãodetecnologiasmaisavançadas.

Simultaneamente,évitalareanimação,fortalecimentooulan-çamentodeumvastoconjuntodeindústriasbásicaseestratégicas,asassociadasàtransformaçãodeimportantesmatérias-primasmi-neraisnacionais,comoasmetalurgiasferrosas(siderurgiaeoutras)enãoferrosas,asmetaloeelectromecânicaspesadas,aindústriadeconstruçãoereparaçãonaval,aspetroquímicasdeolefinasearomáticos,parasócitarmosasprincipais.

Estasindústriaspermitirãoestruturarerobusteceraproduçãonacional,paraalémdaprópriaproduçãoindustrial,atenuar,enalgunscasosresolver,debilidadesajusanteeapoiarodesen-volvimento,comelevadaautonomia,deimportantesinfra-estru-turas,nasáreasdaproduçãoenergética,dostransportesterrestres

Portugal a Produzir.indd 65 04-10-2011 14:36:19

Page 66: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

66 67

emarítimos,daindústriaquímicaorgânica,daspescas,entreoutras.

Noquadrodasmudançasoperadasnosdomíniosdaciênciaetecnologia,apareceuumconjuntodenovasindústrias,tecnologiaseprodutos,regrageraldealtaintensidadetecnológica,muitasdasvezesresultadodefrutuosasligaçõesentreoensinosuperioreaesferaprodutiva,comoasbiotecnológicas,comespecialdestaqueparaaindústriafarmacêutica(produçãodeprincípiosactivosemedicamentos,nomeadamentegenéricos),aselectrónicas,nomeadamenteasassociadasàscomunicaçõesouasprodutorasdesistemasdeautomaçãoedecontrolo(eoutrosequipamentosmuitoespecializados),asrelacionadascomastecnologiasdeinformaçãoecomunicação,asprodutorasdeequipamentosligeirosparaaproduçãoenergética,asdosnovosmateriais,entreoutras.

Algumasempresasdepequenaemédiadimensãodestasindústriastêmconstituídonúcleosdegrandesucessonacionaleinternacional,devemsereficazmenteapoiadasereplicadasas suasexperiências,designadamentenoqueconcerneàdisponibili-zaçãodeconsistentesapoiospúblicos.Devevigiar-seatentamenteagulasistemáticaqueasmultinacionaistêmporestasempresasnascentes,criadascomoesforço,oinvestimentoeosabernacio-nais.

Indústriasdealtoníveltecnológico,queexistememPortugalnadependênciaquasetotaldocapitalestrangeiro,comoaindústriaautomóveleasindústriasdecomponentesparaautomóvel,emboranaexpectativadegrandesmudanças,associadasnofundamentalàcrescenteescassezdematérias-primas,devemserrepensadascomvistaaumamaiorincorporaçãonacionalaosdiferentesníveisdaconcepçãoeprodução.

Devemtambémserprotegidas,apoiadasedesenvolvidasasexigentesetecnologicamentemuitoevoluídasactividadesassociadasàsindústriasaeronáuticaeaeroespacial,sejanasuacomponentedefabrico,sejanademanutenção.

Devemaindasermuitoacompanhadaseapoiadasasindústriasdereciclagem—demetais,vidro,plásticos,papelecartão,óleosmineraisevegetais—,queacrescenteescassezderecursoseaprotecçãoambientaltêmvindoafazercrescer,emboraaníveise

comorganizaçãomuitoaquémdasnecessidades,eaatribuirumaimportânciacadavezmaior.

Finalmente,umapolíticaindustrialequilibradanãopodemenorizaraprotecçãoeoapoiopúblicos,particularmentetécnicoefinanceiro,aumamiríadedeactividadesartesanais,económicaeculturalmenteimportantes,criadorasdeempregoeriqueza,nomeadamenteemregiõesdeprimidasedesertificadas.

UmimportanteacréscimodoprotagonismodoEstadoéabsolutamentevitalparaadinamização,renovaçãoedefesadaindústriatransformadoranacional.Esseprotagonismodeveterlugarenquantodefinidoreorientadordaslinhasmestrasdeumaautênticapolíticadedesenvolvimentoindustrial,continuamentearticuladaentreossectorespúblicoeprivado,enquantogestordefundospúblicosdeapoioàindústrianosplanosdacompetitividadeedasexportaçõeseenquantotitularegestordeactivosestratégicosnaesferaprodutiva.

Écrucialparaadinamizaçãodaindústriatransformadoraaexistênciaderecursoshumanosqualificadosatodososníveisdasempresas.Apreparaçãoescolarepós-escolar,orientadaparaaindústria,eapromoçãodetrabalhadores,gestoreseempresárioscomformaçãocrescentementeelevadaemtecnologiasegestãosãocondiçõesnecessáriasparaumaindústriatransformadoramodernizadaecompetitiva.

5.5—Produção,saláriosejustiçasocial

ParaoPCP,adefesadaproduçãonacionaléinseparáveldavalorizaçãodossaláriosedosrendimentosdostrabalhadoresedopovo.Aocontráriodeoutros,quedefendeminteresseiramenteoaumentodaproduçãonacionalmasatravésdoagravamentodaexploração,oobjectivodeproduzirmaisune-seaoobjectivodedistribuirmelhor.

Aelevaçãodossaláriosedasremunerações(bemcomoaele-vaçãodaspensõesereformas),demodoacompensarainflação,arecuperaropoderdecompraperdido,acompartilhardosganhosdeprodutividadeeaaproximardasremuneraçõesmédiasdaUnião

Portugal a Produzir.indd 66 04-10-2011 14:36:19

Page 67: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

66 67

emarítimos,daindústriaquímicaorgânica,daspescas,entreoutras.

Noquadrodasmudançasoperadasnosdomíniosdaciênciaetecnologia,apareceuumconjuntodenovasindústrias,tecnologiaseprodutos,regrageraldealtaintensidadetecnológica,muitasdasvezesresultadodefrutuosasligaçõesentreoensinosuperioreaesferaprodutiva,comoasbiotecnológicas,comespecialdestaqueparaaindústriafarmacêutica(produçãodeprincípiosactivosemedicamentos,nomeadamentegenéricos),aselectrónicas,nomeadamenteasassociadasàscomunicaçõesouasprodutorasdesistemasdeautomaçãoedecontrolo(eoutrosequipamentosmuitoespecializados),asrelacionadascomastecnologiasdeinformaçãoecomunicação,asprodutorasdeequipamentosligeirosparaaproduçãoenergética,asdosnovosmateriais,entreoutras.

Algumasempresasdepequenaemédiadimensãodestasindústriastêmconstituídonúcleosdegrandesucessonacionaleinternacional,devemsereficazmenteapoiadasereplicadasas suasexperiências,designadamentenoqueconcerneàdisponibili-zaçãodeconsistentesapoiospúblicos.Devevigiar-seatentamenteagulasistemáticaqueasmultinacionaistêmporestasempresasnascentes,criadascomoesforço,oinvestimentoeosabernacio-nais.

Indústriasdealtoníveltecnológico,queexistememPortugalnadependênciaquasetotaldocapitalestrangeiro,comoaindústriaautomóveleasindústriasdecomponentesparaautomóvel,emboranaexpectativadegrandesmudanças,associadasnofundamentalàcrescenteescassezdematérias-primas,devemserrepensadascomvistaaumamaiorincorporaçãonacionalaosdiferentesníveisdaconcepçãoeprodução.

Devemtambémserprotegidas,apoiadasedesenvolvidasasexigentesetecnologicamentemuitoevoluídasactividadesassociadasàsindústriasaeronáuticaeaeroespacial,sejanasuacomponentedefabrico,sejanademanutenção.

Devemaindasermuitoacompanhadaseapoiadasasindústriasdereciclagem—demetais,vidro,plásticos,papelecartão,óleosmineraisevegetais—,queacrescenteescassezderecursoseaprotecçãoambientaltêmvindoafazercrescer,emboraaníveise

comorganizaçãomuitoaquémdasnecessidades,eaatribuirumaimportânciacadavezmaior.

Finalmente,umapolíticaindustrialequilibradanãopodemenorizaraprotecçãoeoapoiopúblicos,particularmentetécnicoefinanceiro,aumamiríadedeactividadesartesanais,económicaeculturalmenteimportantes,criadorasdeempregoeriqueza,nomeadamenteemregiõesdeprimidasedesertificadas.

UmimportanteacréscimodoprotagonismodoEstadoéabsolutamentevitalparaadinamização,renovaçãoedefesadaindústriatransformadoranacional.Esseprotagonismodeveterlugarenquantodefinidoreorientadordaslinhasmestrasdeumaautênticapolíticadedesenvolvimentoindustrial,continuamentearticuladaentreossectorespúblicoeprivado,enquantogestordefundospúblicosdeapoioàindústrianosplanosdacompetitividadeedasexportaçõeseenquantotitularegestordeactivosestratégicosnaesferaprodutiva.

Écrucialparaadinamizaçãodaindústriatransformadoraaexistênciaderecursoshumanosqualificadosatodososníveisdasempresas.Apreparaçãoescolarepós-escolar,orientadaparaaindústria,eapromoçãodetrabalhadores,gestoreseempresárioscomformaçãocrescentementeelevadaemtecnologiasegestãosãocondiçõesnecessáriasparaumaindústriatransformadoramodernizadaecompetitiva.

5.5—Produção,saláriosejustiçasocial

ParaoPCP,adefesadaproduçãonacionaléinseparáveldavalorizaçãodossaláriosedosrendimentosdostrabalhadoresedopovo.Aocontráriodeoutros,quedefendeminteresseiramenteoaumentodaproduçãonacionalmasatravésdoagravamentodaexploração,oobjectivodeproduzirmaisune-seaoobjectivodedistribuirmelhor.

Aelevaçãodossaláriosedasremunerações(bemcomoaele-vaçãodaspensõesereformas),demodoacompensarainflação,arecuperaropoderdecompraperdido,acompartilhardosganhosdeprodutividadeeaaproximardasremuneraçõesmédiasdaUnião

Portugal a Produzir.indd 67 04-10-2011 14:36:20

Page 68: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

68 69

Europeia,éumobjectivodamaiselementarjustiçasocialeumacondiçãoparaamelhoriadoníveldevidadostrabalhadores,dospadrõesdebem-estardapopulaçãoeparaadiminuiçãodofossosocialqueseparaPortugaldospaísesmaisdesenvolvidosdaEu-ropa.Oobjectivodejustiçaeprogressosocialéasuaprimeiraemaiorjustificação.

Mas,apardisso,aelevaçãodasremuneraçõesdostrabalha-dores(bemcomodospensionistasereformados)podeconstituirummotordedesenvolvimentoeconómicodopaís.Aopermitiraelevaçãodopoderdecompra,proporcionaoaumentodaprocura,oincrementodoconsumo,oalargamentodomercadointerno,oescoamentodeinventáriosacumulados,oalíviodepequenasemédiasempresasemdificuldades,umestímuloàprodução,amaiorutilizaçãodacapacidadeprodutivainstalada.Ecomisso,emefeitomultiplicador,oaumentodoemprego,dosrendimentos,doconsumo,deredobradosestímulosàprodução,sejadirectamentedemeiosdeconsumo,sejademeiosdeproduçãorequeridospelalaboração desses meios de consumo.

Noentanto,desligadodapreocupaçãodeelevaraprodutivi-dade,qualidadeecompetitividadedaproduçãonacional,desa-companhadodaimprescindívelintervençãoamontantenaofertanacional,oefeitomultiplicadordaelevaçãodoconsumoperde-se,pelomenosemgrandemedida,noaumentodaimportaçãodeprodutosestrangeiros,comomostrouasubidaartificialdadespesaalimentadaacréditofácilnasduasúltimasdécadas.Emvezdeestímuloàproduçãonacional,desequilibra-seaindamaisodéficecomercialeagrava-seoendividamentoexternodopaís.

Umacondiçãonecessáriaparaaproveitareusufruir,maiscom-pletamente,doacréscimodaprocurasuscitadopelocrescimentodosrendimentos,paratraduzi-lo(esustentá-lo)nareanimaçãodaeconomia,édesenvolverumaindústriaeumaproduçãonacionaiscapazesdesebatercomasagressivasproduçõesestrangeirasque,mesmocomadesvantagemdoscustosdotransporte,vêmcompetirnoprópriomercadoportuguês.Oqueexigetambémadefesadomercadointerno,comaadequadafiscalizaçãodasimportações,quedevemcumprirasregrasecondicionamentosimpostosàproduçãonacional.

Outracondiçãoéprivilegiarosaumentosdossaláriosedosrendimentosmaisbaixosdostrabalhadoresedaspopulações,porque,alémdoquesignificaenquantoactodejustiçasocial,sãoestascamadassociaismaisempobrecidasquetêmumconsumocommenorpropensãoparaosprodutosimportados.Nessesentido,écrime,quelesanãoapenasajustiçasocialmasoprópriodesen-volvimentoeconómico,travar,emvezdeacelerar,ocrescimentodosaláriomínimonacional(edaspensõesereformasqueaeledeveriamestarindexadas).

Demodogeral,ocombateàsdesigualdades,alutacontraapolarizaçãodariqueza,temoefeitoeconómicobenéficodeincrementaraprocurae,guarnecidocomumaproduçãocapazdecorresponder,ocrescimentoeconómico.Produzirmaisriqueza,permitedistribuirmaisriqueza;mas,inversamente,distribuirmelhorariquezatambémpermiteproduzirmaisriqueza.DaíanecessidadedeatacaremPortugalestaeconomiadasdesigualda-des,quecontribuiparaasuaestagnação,bloqueioedependênciaexterna.

Ocrescimentodossaláriosedasprestaçõessociais,nascon-diçõesindicadas,animandoacurtoprazoaprocura,aproduçãoeoemprego,éumamedidafundamentalparacombaterarecessãoeaestagnaçãoesairdacrise.Mastemqueseracompanhadaporumenquadramento,intervençãoeesforçoinvestidordoEstado,paraevitarqueareduçãodapartedoprodutosocialdisponívelparaoinvestimentoeaacumulaçãoqueresultadoaumentodaproporçãodoconsumo(dadiminuiçãodapropensãoparapoupar)possacomprometermaisadianteoritmoentretantoestimuladodecrescimentoeconómico.Etem,sobretudo,queserprolongadoemverdadeirasmedidasderupturaqueretiremfundamentalmentedaalçadacapitalistaumconjuntodesectoreseconómicosbásicoseestratégicos,quepermitamirintroduzindonavidasocialelemen-tosderacionalidadeeconómica,socialeambiental,diferentesdalógicadamaximizaçãodolucro,aprisionadoradasopçõessociaisebloqueadoradodesenvolvimentonacional.

Em2009,noaugedacriseeconómica,queprosseguenopaíssobaformadeumaprolongadaestagnaçãoentremeadadereces-sões,comonomomentopresente,ogovernoPSdisponibilizou

Portugal a Produzir.indd 68 04-10-2011 14:36:20

Page 69: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

68 69

Europeia,éumobjectivodamaiselementarjustiçasocialeumacondiçãoparaamelhoriadoníveldevidadostrabalhadores,dospadrõesdebem-estardapopulaçãoeparaadiminuiçãodofossosocialqueseparaPortugaldospaísesmaisdesenvolvidosdaEu-ropa.Oobjectivodejustiçaeprogressosocialéasuaprimeiraemaiorjustificação.

Mas,apardisso,aelevaçãodasremuneraçõesdostrabalha-dores(bemcomodospensionistasereformados)podeconstituirummotordedesenvolvimentoeconómicodopaís.Aopermitiraelevaçãodopoderdecompra,proporcionaoaumentodaprocura,oincrementodoconsumo,oalargamentodomercadointerno,oescoamentodeinventáriosacumulados,oalíviodepequenasemédiasempresasemdificuldades,umestímuloàprodução,amaiorutilizaçãodacapacidadeprodutivainstalada.Ecomisso,emefeitomultiplicador,oaumentodoemprego,dosrendimentos,doconsumo,deredobradosestímulosàprodução,sejadirectamentedemeiosdeconsumo,sejademeiosdeproduçãorequeridospelalaboração desses meios de consumo.

Noentanto,desligadodapreocupaçãodeelevaraprodutivi-dade,qualidadeecompetitividadedaproduçãonacional,desa-companhadodaimprescindívelintervençãoamontantenaofertanacional,oefeitomultiplicadordaelevaçãodoconsumoperde-se,pelomenosemgrandemedida,noaumentodaimportaçãodeprodutosestrangeiros,comomostrouasubidaartificialdadespesaalimentadaacréditofácilnasduasúltimasdécadas.Emvezdeestímuloàproduçãonacional,desequilibra-seaindamaisodéficecomercialeagrava-seoendividamentoexternodopaís.

Umacondiçãonecessáriaparaaproveitareusufruir,maiscom-pletamente,doacréscimodaprocurasuscitadopelocrescimentodosrendimentos,paratraduzi-lo(esustentá-lo)nareanimaçãodaeconomia,édesenvolverumaindústriaeumaproduçãonacionaiscapazesdesebatercomasagressivasproduçõesestrangeirasque,mesmocomadesvantagemdoscustosdotransporte,vêmcompetirnoprópriomercadoportuguês.Oqueexigetambémadefesadomercadointerno,comaadequadafiscalizaçãodasimportações,quedevemcumprirasregrasecondicionamentosimpostosàproduçãonacional.

Outracondiçãoéprivilegiarosaumentosdossaláriosedosrendimentosmaisbaixosdostrabalhadoresedaspopulações,porque,alémdoquesignificaenquantoactodejustiçasocial,sãoestascamadassociaismaisempobrecidasquetêmumconsumocommenorpropensãoparaosprodutosimportados.Nessesentido,écrime,quelesanãoapenasajustiçasocialmasoprópriodesen-volvimentoeconómico,travar,emvezdeacelerar,ocrescimentodosaláriomínimonacional(edaspensõesereformasqueaeledeveriamestarindexadas).

Demodogeral,ocombateàsdesigualdades,alutacontraapolarizaçãodariqueza,temoefeitoeconómicobenéficodeincrementaraprocurae,guarnecidocomumaproduçãocapazdecorresponder,ocrescimentoeconómico.Produzirmaisriqueza,permitedistribuirmaisriqueza;mas,inversamente,distribuirmelhorariquezatambémpermiteproduzirmaisriqueza.DaíanecessidadedeatacaremPortugalestaeconomiadasdesigualda-des,quecontribuiparaasuaestagnação,bloqueioedependênciaexterna.

Ocrescimentodossaláriosedasprestaçõessociais,nascon-diçõesindicadas,animandoacurtoprazoaprocura,aproduçãoeoemprego,éumamedidafundamentalparacombaterarecessãoeaestagnaçãoesairdacrise.Mastemqueseracompanhadaporumenquadramento,intervençãoeesforçoinvestidordoEstado,paraevitarqueareduçãodapartedoprodutosocialdisponívelparaoinvestimentoeaacumulaçãoqueresultadoaumentodaproporçãodoconsumo(dadiminuiçãodapropensãoparapoupar)possacomprometermaisadianteoritmoentretantoestimuladodecrescimentoeconómico.Etem,sobretudo,queserprolongadoemverdadeirasmedidasderupturaqueretiremfundamentalmentedaalçadacapitalistaumconjuntodesectoreseconómicosbásicoseestratégicos,quepermitamirintroduzindonavidasocialelemen-tosderacionalidadeeconómica,socialeambiental,diferentesdalógicadamaximizaçãodolucro,aprisionadoradasopçõessociaisebloqueadoradodesenvolvimentonacional.

Em2009,noaugedacriseeconómica,queprosseguenopaíssobaformadeumaprolongadaestagnaçãoentremeadadereces-sões,comonomomentopresente,ogovernoPSdisponibilizou

Portugal a Produzir.indd 69 04-10-2011 14:36:20

Page 70: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

70 71

umpacotesignificativo,emboramuitoinsuficiente,desupostasajudasàreanimaçãoeconómica.Mas,numaopçãodeclasseevi-dente,bemilustradapelamalfadadanacionalizaçãodoBPN(quetantopesaaoeráriopúblico),optoubasicamenteporgarantir,emprestaroudardinheiroaosbancoseàsempresas,emvezdedá-loaostrabalhadoreseàspopulaçõescarenciadas.Paraalémdainversãodaspreocupaçõessociais,ignoroudesdenhosamentequeogastopúblicopararevigorarumaeconomia,aprodução,oempregoeorendimento,emsituaçõesdegranderecessãoqueameaçamtransformar-seemdepressãoeconómica,temeficácianulaoureduzidaseaplicadoaocontráriodoqueexigeoaumentodaprocura(emborapossalibertardeapertoseaumentarospro-ventosdequemjátemmuito).

Nestesperíodosdecriseprofunda,garantiroudardinheiroaosbancosnãoserveparanada,porqueosbancosguardam-noparasienãoemprestam,ousóofazememcondiçõesmuitorestritivas,àsempresas(eaosparticulares),quenemsequerlhespagamtudooquejádevem.Emprestaroudardinheiroàsempresas,sendoobrigatórioparaapoiaresalvardafalêncianumerosasMPME,ajuda-asapagarasdívidasquetêm,especialmenteaosbancos,masdificilmenteaslevaaaumentaraproduçãoeascontratações,dadoquenemsequerconseguemvendereescoarosstocks acu-mulados.Istoé,descritocomesquematismo,umcomportamentoracionalporpartedosbancosedasempresas.Nãoseemprestadinheironemseinvestedinheiro,nãoseaumentaaactividadenemsecontratagente,seasperspectivasdelucratividadesãonegativas.Aboasoluçãopassaporentregarodinheiroprimordialmenteaostrabalhadores,nomeadamentecomoaumentodoempregoedossalários,eàspopulaçõesmaiscarenciadas(relativamentemaisviradasparaoconsumodaproduçãonacional).Nãosóporquesãoquemmaisprecisa,mastambémporquesãoosectorqueovaiefectivamentedespender,comprandomeiosdesubsistência,adquirindoprodutoseserviçosdequenecessitamàsempresas,queporsuavezpodemaumentaraprodução,asvendasepagarentãoas dívidas aos bancos.

Emresumo,ogovernoPSfezexactamentetudoaocontrário(eogovernoPSD/CDSprepara-separafazeromesmo).Voltouas

ajudasdecabeçaparabaixo.Emvezdeapoiarvigorosamenteostrabalhadoreseaspopulações,quecomoseuconsumoestimula-riamaproduçãonacionaleestaaliquidaçãodoscompromissosdocrédito,disponibilizouasajudaspreferencialmenteaosbancoseàsgrandesempresas,quebasicamenteasguardaramoudistribuíramerepartiram,deacordocomoscompromissosrecíprocos,entresi.Cáembaixo,paraostrabalhadoreseaspopulações,sobroumuitopouco.Comaagravantedeseteravultadooendividamentopúbli-coeseremagoraestesosquesãochamadosapagaremcortesdesalários,dereformas,depensõesedeprestaçõessociaisassupostasajudasdequetantonecessitavamequenuncalheschegaram.

Comoresultadodacrise,eapretextodela,nãosãoapenasasremunerações,directas(comoossalários)eindirectas(comoascontribuiçõesdasempresasparaasegurançasocial),dostraba-lhadoresquesãopostasdebaixodofogodograndepatronatoedosgovernos.Osequipamentoscolectivoseosserviçospúblicos,gratuitos,subsidiadosou,dealgumamaneira,apoiadospeloEs-tado,dequebeneficiamostrabalhadoresesuasfamílias—quesatisfazemnecessidadesdareproduçãodaforçadetrabalhoecujatomadadeencargoporpartedoEstadorepresentaumasocializaçãodefracçõesdocustodessareprodução—tambémsãopostosemcausa.Esteautêntico«saláriosocial»dostrabalhadores,apesardosretrocessosnadadesprezável(bastapensarnaeducaçãoesaúdepúblicasgratuitas),éalvodamesmasanhaedomesmoencarni-çamentodocapitaledosseusrepresentantespolíticos.

Porqueaumentaroqueostrabalhadoresesuasfamíliaspagamàsautoridadespúblicas,osimpostos,osdescontosparaasegurançasocialeasnumerosíssimastaxasportudoepornada(desdeoestacionamentourbanoàspropinasnoensinosuperior)esimul-taneamentediminuiroretornoqueobtêmdoEstadosocial(comoasocial-democraciagostadelhechamar),aumentaroscustosdaforçadetrabalhoindividualmenteasseguradospelostrabalhadoresesimultaneamentediminuiroscustossociaisdequeoEstadoseencarrega,significadiminuiroencargodocapitalcomestecus-teio,aumentarograudeexploraçãodotrabalhoebeneficiarmaisosgrandesmonopólios,oseufinanciamento,osseuslucrosouamanutenção da ordem social ao seu serviço.

Portugal a Produzir.indd 70 04-10-2011 14:36:21

Page 71: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

70 71

umpacotesignificativo,emboramuitoinsuficiente,desupostasajudasàreanimaçãoeconómica.Mas,numaopçãodeclasseevi-dente,bemilustradapelamalfadadanacionalizaçãodoBPN(quetantopesaaoeráriopúblico),optoubasicamenteporgarantir,emprestaroudardinheiroaosbancoseàsempresas,emvezdedá-loaostrabalhadoreseàspopulaçõescarenciadas.Paraalémdainversãodaspreocupaçõessociais,ignoroudesdenhosamentequeogastopúblicopararevigorarumaeconomia,aprodução,oempregoeorendimento,emsituaçõesdegranderecessãoqueameaçamtransformar-seemdepressãoeconómica,temeficácianulaoureduzidaseaplicadoaocontráriodoqueexigeoaumentodaprocura(emborapossalibertardeapertoseaumentarospro-ventosdequemjátemmuito).

Nestesperíodosdecriseprofunda,garantiroudardinheiroaosbancosnãoserveparanada,porqueosbancosguardam-noparasienãoemprestam,ousóofazememcondiçõesmuitorestritivas,àsempresas(eaosparticulares),quenemsequerlhespagamtudooquejádevem.Emprestaroudardinheiroàsempresas,sendoobrigatórioparaapoiaresalvardafalêncianumerosasMPME,ajuda-asapagarasdívidasquetêm,especialmenteaosbancos,masdificilmenteaslevaaaumentaraproduçãoeascontratações,dadoquenemsequerconseguemvendereescoarosstocks acu-mulados.Istoé,descritocomesquematismo,umcomportamentoracionalporpartedosbancosedasempresas.Nãoseemprestadinheironemseinvestedinheiro,nãoseaumentaaactividadenemsecontratagente,seasperspectivasdelucratividadesãonegativas.Aboasoluçãopassaporentregarodinheiroprimordialmenteaostrabalhadores,nomeadamentecomoaumentodoempregoedossalários,eàspopulaçõesmaiscarenciadas(relativamentemaisviradasparaoconsumodaproduçãonacional).Nãosóporquesãoquemmaisprecisa,mastambémporquesãoosectorqueovaiefectivamentedespender,comprandomeiosdesubsistência,adquirindoprodutoseserviçosdequenecessitamàsempresas,queporsuavezpodemaumentaraprodução,asvendasepagarentãoas dívidas aos bancos.

Emresumo,ogovernoPSfezexactamentetudoaocontrário(eogovernoPSD/CDSprepara-separafazeromesmo).Voltouas

ajudasdecabeçaparabaixo.Emvezdeapoiarvigorosamenteostrabalhadoreseaspopulações,quecomoseuconsumoestimula-riamaproduçãonacionaleestaaliquidaçãodoscompromissosdocrédito,disponibilizouasajudaspreferencialmenteaosbancoseàsgrandesempresas,quebasicamenteasguardaramoudistribuíramerepartiram,deacordocomoscompromissosrecíprocos,entresi.Cáembaixo,paraostrabalhadoreseaspopulações,sobroumuitopouco.Comaagravantedeseteravultadooendividamentopúbli-coeseremagoraestesosquesãochamadosapagaremcortesdesalários,dereformas,depensõesedeprestaçõessociaisassupostasajudasdequetantonecessitavamequenuncalheschegaram.

Comoresultadodacrise,eapretextodela,nãosãoapenasasremunerações,directas(comoossalários)eindirectas(comoascontribuiçõesdasempresasparaasegurançasocial),dostraba-lhadoresquesãopostasdebaixodofogodograndepatronatoedosgovernos.Osequipamentoscolectivoseosserviçospúblicos,gratuitos,subsidiadosou,dealgumamaneira,apoiadospeloEs-tado,dequebeneficiamostrabalhadoresesuasfamílias—quesatisfazemnecessidadesdareproduçãodaforçadetrabalhoecujatomadadeencargoporpartedoEstadorepresentaumasocializaçãodefracçõesdocustodessareprodução—tambémsãopostosemcausa.Esteautêntico«saláriosocial»dostrabalhadores,apesardosretrocessosnadadesprezável(bastapensarnaeducaçãoesaúdepúblicasgratuitas),éalvodamesmasanhaedomesmoencarni-çamentodocapitaledosseusrepresentantespolíticos.

Porqueaumentaroqueostrabalhadoresesuasfamíliaspagamàsautoridadespúblicas,osimpostos,osdescontosparaasegurançasocialeasnumerosíssimastaxasportudoepornada(desdeoestacionamentourbanoàspropinasnoensinosuperior)esimul-taneamentediminuiroretornoqueobtêmdoEstadosocial(comoasocial-democraciagostadelhechamar),aumentaroscustosdaforçadetrabalhoindividualmenteasseguradospelostrabalhadoresesimultaneamentediminuiroscustossociaisdequeoEstadoseencarrega,significadiminuiroencargodocapitalcomestecus-teio,aumentarograudeexploraçãodotrabalhoebeneficiarmaisosgrandesmonopólios,oseufinanciamento,osseuslucrosouamanutenção da ordem social ao seu serviço.

Portugal a Produzir.indd 71 04-10-2011 14:36:21

Page 72: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

72 73

Éporissoquealutadosutentesedaspopulaçõescontraadegradaçãodosserviçospúblicosétambémumalutacontraaexploraçãodotrabalho,convergentecomalutageraldostraba-lhadoresqueenfrentaabertamenteocapital.

5.6—Factoresemeiosdeprodução

Emboraalaboraçãonaagricultura,nasilvicultura,naspescas,nasindústriasextractivaetransformadoraenaconstruçãocivilsejasemprecondicionadapelaenvolventepolítica,económica,financeira,cultural,social,institucionaleambientaldasempresas,existemcondicionantesque,mesmoemsituaçõesdecrescimentoeconómico,afectam,porvezesmuitonegativamente,aactividadedestasunidadesdaesferaprodutiva.

Ossectoresdeactividadequemaiscondicionamacompe-titividadedasempresasprodutivas,particularmentedasmicro,pequenasemédiasempresas,sejanomercadointerno,sejanosmercadosinternacionais,sãoosfornecedoresdefactores(benseserviços)deproduçãoestratégicos,comoosistemafinanceiro,bancaeseguros,osdiversossubsistemasenergéticos,electricidade,gásnaturalecombustíveislíquidos,astelecomunicações,osdiver-sossubsistemasdetransporteeasinfra-estruturaslogísticas.

Noutraperspectiva,adoescoamentodaprodução,deveacrescentar-se,enquantofactordeestrangulamentodasMPME,agrandedistribuição.

Contrariamenteàleituraneoliberal,enviesadapelasuaestreitaperspectivadeclasse,queenfatiza,naquiloquedesignaporcustosdecontexto,osdireitosdostrabalhadoreseofuncionamentodaadministraçãopública,sobressaidarealidadequeosverdadeirosecríticoscustosdecontextoparaasempresasprodutivassãoosrelacionadoscomosfactoresemeiosdeproduçãodisponibilizadospelossectoresatrásmencionados.

Partemuitoimportantedessessectoressãoverdadeirosmono-póliosnaturais,enquantooutros,pelasuaestruturaempresarial,constituemefectivosoligopólios.Oprocessodeprivatizaçõestransformou-osemimportantesnúcleosdoprocessodeacumula-

çãoecentralizaçãodecapital,levadoacabopelograndecapitalnacionalemíntimaassociaçãocomocapitalestrangeiro.Acumula-çãoconseguidadesignadamentecomapráticadepreçosdemono-pólio,preçosdescarregadosemcimadasfamíliasedasempresasprodutivas,queaindaporcimaenfrentamquotidianamenteaferozconcorrênciaestrangeira.

EmPortugal,ocaráctermonopolistademuitasdasactividadesdeterminantesnofornecimentodefactoresdeprodução,bemcomoosapoiosdosgovernosedassuasagênciasespecializadasaosmonopólios,impedemobjectivamenteaatenuaçãoeporventuraresoluçãodoproblemadoselevados«custosdecontexto»dasempresasprodutivas.

Defacto,ocorreumacontradiçãoinsanávelentreointeressedodesenvolvimentodaeconomianacionaleointeressedosgran-desaccionistas,muitasdasvezesestrangeiros,destasempresas,sobretudonabanca,seguros,energiaetelecomunicações.

Asuperaçãodetalcontradição,comvistaacolocarestecon-juntodeactividadesestratégicasaoserviçoefectivododesenvol-vimentodaeconomianacional,podeconseguir-seporviadeumaforteintervençãodoEstadoportuguês,designadamenteatravésdenacionalizações(democráticasedefinitivas,paradistingui-lasdasquesedestinamtransitoriamenteasocializarosprejuízosdosmonopólios,atéquevoltemadarlucros).

5.7—PolíticadeapoioàsMPME

SãoasMPMEquesofrem,simultaneamente,oembatedacon-corrênciainternacionalnosmercadosinternoeexterno,ospreçosdemonopóliodeváriosfactoresdeproduçãoestratégicos,oapertodosgrandesgruposdedistribuiçãonacionaiseainsuficiênciaediscriminaçãodosapoiospúblicosnacionaisecomunitários,par-ticularmentenoqueconcerneàsmicroepequenasempresas.

Estetipodeempresas,especialmenteasmicroepequenas,apre-sentagrandesinsuficiênciasnaorganizaçãoegestão,naestruturafinanceiraenopotencialhumano,apardeumainsuficientedimen-sãomédia,oqueasinferiorizarelativamenteàsempresasdosmes-

Portugal a Produzir.indd 72 04-10-2011 14:36:22

Page 73: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

72 73

Éporissoquealutadosutentesedaspopulaçõescontraadegradaçãodosserviçospúblicosétambémumalutacontraaexploraçãodotrabalho,convergentecomalutageraldostraba-lhadoresqueenfrentaabertamenteocapital.

5.6—Factoresemeiosdeprodução

Emboraalaboraçãonaagricultura,nasilvicultura,naspescas,nasindústriasextractivaetransformadoraenaconstruçãocivilsejasemprecondicionadapelaenvolventepolítica,económica,financeira,cultural,social,institucionaleambientaldasempresas,existemcondicionantesque,mesmoemsituaçõesdecrescimentoeconómico,afectam,porvezesmuitonegativamente,aactividadedestasunidadesdaesferaprodutiva.

Ossectoresdeactividadequemaiscondicionamacompe-titividadedasempresasprodutivas,particularmentedasmicro,pequenasemédiasempresas,sejanomercadointerno,sejanosmercadosinternacionais,sãoosfornecedoresdefactores(benseserviços)deproduçãoestratégicos,comoosistemafinanceiro,bancaeseguros,osdiversossubsistemasenergéticos,electricidade,gásnaturalecombustíveislíquidos,astelecomunicações,osdiver-sossubsistemasdetransporteeasinfra-estruturaslogísticas.

Noutraperspectiva,adoescoamentodaprodução,deveacrescentar-se,enquantofactordeestrangulamentodasMPME,agrandedistribuição.

Contrariamenteàleituraneoliberal,enviesadapelasuaestreitaperspectivadeclasse,queenfatiza,naquiloquedesignaporcustosdecontexto,osdireitosdostrabalhadoreseofuncionamentodaadministraçãopública,sobressaidarealidadequeosverdadeirosecríticoscustosdecontextoparaasempresasprodutivassãoosrelacionadoscomosfactoresemeiosdeproduçãodisponibilizadospelossectoresatrásmencionados.

Partemuitoimportantedessessectoressãoverdadeirosmono-póliosnaturais,enquantooutros,pelasuaestruturaempresarial,constituemefectivosoligopólios.Oprocessodeprivatizaçõestransformou-osemimportantesnúcleosdoprocessodeacumula-

çãoecentralizaçãodecapital,levadoacabopelograndecapitalnacionalemíntimaassociaçãocomocapitalestrangeiro.Acumula-çãoconseguidadesignadamentecomapráticadepreçosdemono-pólio,preçosdescarregadosemcimadasfamíliasedasempresasprodutivas,queaindaporcimaenfrentamquotidianamenteaferozconcorrênciaestrangeira.

EmPortugal,ocaráctermonopolistademuitasdasactividadesdeterminantesnofornecimentodefactoresdeprodução,bemcomoosapoiosdosgovernosedassuasagênciasespecializadasaosmonopólios,impedemobjectivamenteaatenuaçãoeporventuraresoluçãodoproblemadoselevados«custosdecontexto»dasempresasprodutivas.

Defacto,ocorreumacontradiçãoinsanávelentreointeressedodesenvolvimentodaeconomianacionaleointeressedosgran-desaccionistas,muitasdasvezesestrangeiros,destasempresas,sobretudonabanca,seguros,energiaetelecomunicações.

Asuperaçãodetalcontradição,comvistaacolocarestecon-juntodeactividadesestratégicasaoserviçoefectivododesenvol-vimentodaeconomianacional,podeconseguir-seporviadeumaforteintervençãodoEstadoportuguês,designadamenteatravésdenacionalizações(democráticasedefinitivas,paradistingui-lasdasquesedestinamtransitoriamenteasocializarosprejuízosdosmonopólios,atéquevoltemadarlucros).

5.7—PolíticadeapoioàsMPME

SãoasMPMEquesofrem,simultaneamente,oembatedacon-corrênciainternacionalnosmercadosinternoeexterno,ospreçosdemonopóliodeváriosfactoresdeproduçãoestratégicos,oapertodosgrandesgruposdedistribuiçãonacionaiseainsuficiênciaediscriminaçãodosapoiospúblicosnacionaisecomunitários,par-ticularmentenoqueconcerneàsmicroepequenasempresas.

Estetipodeempresas,especialmenteasmicroepequenas,apre-sentagrandesinsuficiênciasnaorganizaçãoegestão,naestruturafinanceiraenopotencialhumano,apardeumainsuficientedimen-sãomédia,oqueasinferiorizarelativamenteàsempresasdosmes-

Portugal a Produzir.indd 73 04-10-2011 14:36:22

Page 74: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

74 75

mosescalõesdimensionaisdospaísesmaisdesenvolvidosdaUEesetraduzemproblemasdeprodutividadeecompetitividade.

Aspotencialidadesquetambémapresentam,decorrentesdaflexibilidadeeadaptabilidadeàsmudançasdeconjunturaeconó-micaedaalteraçãodeparadigmastecnológicosedemercados,queintroduzemnotecidoprodutivo,nãobastamparasuperarfragilida-des,insuficiênciaseapequenadimensãodeescala,nomeadamenteasuaenormedependênciaestruturaleestratégicadasgrandesempresasedocapitalmultinacional,paraosquaistrabalhamemregimedesubcontrataçãoesoboutrasformasmaisoumenosin-formais.Refira-se,atítulodeexemplos,adependênciadecentenasdePMEdovestuáriodeumsógrandegrupo(Inditex)ouaenormesegmentaçãodacadeiadevalornaconstruçãocivil,comdezenasdeempresasdependentesdealgunspoucosgrandesgrupos.

Contudo,tememergidonosúltimosanosumnúmerocadavezmaiordeempresas,sejaemáreastradicionais,sejaemáreasmaismodernas,queapresentamelevadospadrõesdeinovação,investigação,produtividadeecompetitividade,mesmoemmer-cadosinternacionaisdeelevadaconcorrência.Trata-seaindadeilhas,emboranalgunssectoresjácomrelevância,cujosefeitosdedemonstraçãoederéplicarelativamenteamuitasdasoutrasempresasdeveseracompanhadoeacarinhadoaescalascadavezmais maiores.

ÉnecessárioqueoEstadointervenhaparaauxiliarasMPMEasuperarassuasdificuldadesintrínsecas,nomeadamenteapoiandoasuamodernizaçãotecnológicaeorganizacional,parapôrfimaosabusosdasuadependênciaeconómica,nomeadamentegarantindo- -lhesoacessoaomercadopúblicoebeneficiando-asnocréditoeinvestimentopúblicos,massobretudoparacontrariarosufoco eapredaçãodequesãoalvodosgrandesmonopólios,nacionaiseestrangeiros.Anacionalizaçãodosectorenergéticoefinanceiro,acompanhadadeumapolíticadediscriminaçãopositivadasMPME,contribuindoparalhesdiminuiroscustosdosfactoresdeprodução,constituiriaparaestasempresasumenormebalãodeoxigénio. Demodogeral,cadapassodadonalutacontraopoderdosmonopó-liosenoreforçodeumreconstituídoerenovadosectorempresarialdoEstadoéumpassodadonaprotecçãoeauxílioàsMPME.

CapítuloVIResumodeorientaçõesemedidas

Semoutrapreocupaçãodoqueadereunir,apresentam-seportemasumconjuntodeorientaçõesemedidasrelevantes,sejamdecarácterestruturante(demédioelongoprazo),sejamdeapli-caçãoquaseimediata,abordadasoumencionadasnoscapítulosprecedentes.

Umapolíticaalternativaparaoaumentodaproduçãonacionaleodesenvolvimentoeconómicorequer:

No domínio do planeamento económico

•Lançamentoeimplementaçãoacurtoprazodeumplanoeconómico,dandoplenocumprimentoaopreceitoconstitu-cional(alíneae)doartigo80.oeartigo90.o da Constituição daRepública),querelanceopapeldinamizadordoEstadonasactividadeseconómicas,especialmentenaesferapro-dutiva.•Traduçãodoplaneamentoeconómicoemobjectivoscon-cretosdeaumentodaproduçãoereduçãodadependênciaexternanossectoresprodutivos,eemprogramasdeapoiotecnológico,financeiroedegestão,especialmenteàsMPMEecooperativas.

Portugal a Produzir.indd 74 04-10-2011 14:36:23

Page 75: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

74 75

mosescalõesdimensionaisdospaísesmaisdesenvolvidosdaUEesetraduzemproblemasdeprodutividadeecompetitividade.

Aspotencialidadesquetambémapresentam,decorrentesdaflexibilidadeeadaptabilidadeàsmudançasdeconjunturaeconó-micaedaalteraçãodeparadigmastecnológicosedemercados,queintroduzemnotecidoprodutivo,nãobastamparasuperarfragilida-des,insuficiênciaseapequenadimensãodeescala,nomeadamenteasuaenormedependênciaestruturaleestratégicadasgrandesempresasedocapitalmultinacional,paraosquaistrabalhamemregimedesubcontrataçãoesoboutrasformasmaisoumenosin-formais.Refira-se,atítulodeexemplos,adependênciadecentenasdePMEdovestuáriodeumsógrandegrupo(Inditex)ouaenormesegmentaçãodacadeiadevalornaconstruçãocivil,comdezenasdeempresasdependentesdealgunspoucosgrandesgrupos.

Contudo,tememergidonosúltimosanosumnúmerocadavezmaiordeempresas,sejaemáreastradicionais,sejaemáreasmaismodernas,queapresentamelevadospadrõesdeinovação,investigação,produtividadeecompetitividade,mesmoemmer-cadosinternacionaisdeelevadaconcorrência.Trata-seaindadeilhas,emboranalgunssectoresjácomrelevância,cujosefeitosdedemonstraçãoederéplicarelativamenteamuitasdasoutrasempresasdeveseracompanhadoeacarinhadoaescalascadavezmais maiores.

ÉnecessárioqueoEstadointervenhaparaauxiliarasMPMEasuperarassuasdificuldadesintrínsecas,nomeadamenteapoiandoasuamodernizaçãotecnológicaeorganizacional,parapôrfimaosabusosdasuadependênciaeconómica,nomeadamentegarantindo- -lhesoacessoaomercadopúblicoebeneficiando-asnocréditoeinvestimentopúblicos,massobretudoparacontrariarosufoco eapredaçãodequesãoalvodosgrandesmonopólios,nacionaiseestrangeiros.Anacionalizaçãodosectorenergéticoefinanceiro,acompanhadadeumapolíticadediscriminaçãopositivadasMPME,contribuindoparalhesdiminuiroscustosdosfactoresdeprodução,constituiriaparaestasempresasumenormebalãodeoxigénio. Demodogeral,cadapassodadonalutacontraopoderdosmonopó-liosenoreforçodeumreconstituídoerenovadosectorempresarialdoEstadoéumpassodadonaprotecçãoeauxílioàsMPME.

CapítuloVIResumodeorientaçõesemedidas

Semoutrapreocupaçãodoqueadereunir,apresentam-seportemasumconjuntodeorientaçõesemedidasrelevantes,sejamdecarácterestruturante(demédioelongoprazo),sejamdeapli-caçãoquaseimediata,abordadasoumencionadasnoscapítulosprecedentes.

Umapolíticaalternativaparaoaumentodaproduçãonacionaleodesenvolvimentoeconómicorequer:

No domínio do planeamento económico

•Lançamentoeimplementaçãoacurtoprazodeumplanoeconómico,dandoplenocumprimentoaopreceitoconstitu-cional(alíneae)doartigo80.oeartigo90.o da Constituição daRepública),querelanceopapeldinamizadordoEstadonasactividadeseconómicas,especialmentenaesferapro-dutiva.•Traduçãodoplaneamentoeconómicoemobjectivoscon-cretosdeaumentodaproduçãoereduçãodadependênciaexternanossectoresprodutivos,eemprogramasdeapoiotecnológico,financeiroedegestão,especialmenteàsMPMEecooperativas.

Portugal a Produzir.indd 75 04-10-2011 14:36:23

Page 76: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

76 77

Nopapelda administração pública

•IntervençãodinamizadoradoEstadonaagricultura,pescas,indústriaextractivaetransformadoraeproduçãoenergética,atravésdoplaneamentoedareorganizaçãodaadministraçãopública.•Coordenaçãosectorial,definiçãodepolíticas,estabeleci-mentoecontrolodeobjectivosparaasdiferentesesferasprodutivas.•Dotaçãodemeioshumanos,técnicosefinanceirosadequa-dosàdinamizaçãodaactividadeeconómica.•Apoioàsempresas,especialmenteàsMPME,eàscoope-

rativas.•Valorizaçãodostrabalhadores,dosseusdireitoseremune-rações,promoçãodamotivaçãoeincentivoàparticipaçãodostrabalhadoresdoEstado,designadamentedosseusqua-drostécnicos,naconcretizaçãodosobjectivosdaspolíticaspúblicas.

Nadefesadaprodução nacional

•Concepçãoeconcretizaçãodeumprogramapúblicodeapoioàproduçãonacionaldeprodutosimportados,quecon-temple,entreoutrasmedidasdedefesadomercadointerno,oaccionamentodecláusulasdesalvaguardadelimitaçãodasimportações.•CriaçãodeumGabineteDinamizadordaProduçãoNacionalparaosNovosProjectos,parafomentaregeriraincorpo-raçãodeprodutosdaindústriatransformadoranacionalnodesenvolvimentodosgrandesprojectoseoutrosempreendi-mentos,nodomíniodotransporteferroviário,daproduçãoenergética,dasinfra-estruturaslogísticas,naproduçãoindustrial.•IntervençãodoEstadonacorrecçãodaspráticasdeaprovi-sionamentodasgrandessuperfícies,objectivamentecontraaproduçãonacional.

•Promoçãodepolíticasquevalorizemanecessidadedein-corporarnosprojectosenoscadernosdeencargosprodutosecomponentesdefabriconacional.

Para aumentar a produção

•Aproveitamentodosrecursosnaturais,designadamentedomar,rios,estuáriosealbufeiras(pesqueiros,minerais,biológicos,energéticos),dosolo(agrícolaseflorestais),dosubsolo(minerais,rochasornamentaiseindustriais,águas)eenergéticos.•Máximoaproveitamentodosefeitosmultiplicadoresdasfileirasprodutivasemquehajapotencialidadeseexperiênciacapazesdeproduziremefeitosacurtoprazo,designada-mentenossectoresagroalimentar,mineiro,florestaledaindústrianaval.•Adequação,atravésdaintervençãodaCaixaGeraldeDe-pósitos,deumapolíticadecréditoedefinanciamentoàsnecessidadesdaprodução.•Reduçãodoscustosenergéticosedascomunicações,de-signadamenteatravésdafixaçãodepreçosmáximosnoscombustíveis,electricidadeegásnatural.•Racionalizaçãoefiscalizaçãodoscircuitosdedistribuiçãoecomercialização,defendendoprodutoreseconsumi- doresdocontrolodospreçospelosagentesintermediá-rios.•Reestruturaçãodarededetransportes,comaadopçãodeumplanonacionaldetransporteselogísticaqueintegreotransportedepassageirosedemercadorias.•Valorizaçãoeinvestimentonoensinopúblico,visandoamelhoriadasqualificaçõescientíficasetécnicasdapopu-lação.•Aprofundamentodasligaçõesentreoensinosuperioreaesferaprodutiva,emsectorescomoabiotecnologiaeindús-triafarmacêutica,asindústriaselectrónicas,asindústriasdeequipamentosparaaproduçãoenergética,asdosnovosmateriais, entre outras.

Portugal a Produzir.indd 76 04-10-2011 14:36:24

Page 77: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

76 77

Nopapelda administração pública

•IntervençãodinamizadoradoEstadonaagricultura,pescas,indústriaextractivaetransformadoraeproduçãoenergética,atravésdoplaneamentoedareorganizaçãodaadministraçãopública.•Coordenaçãosectorial,definiçãodepolíticas,estabeleci-mentoecontrolodeobjectivosparaasdiferentesesferasprodutivas.•Dotaçãodemeioshumanos,técnicosefinanceirosadequa-dosàdinamizaçãodaactividadeeconómica.•Apoioàsempresas,especialmenteàsMPME,eàscoope-

rativas.•Valorizaçãodostrabalhadores,dosseusdireitoseremune-rações,promoçãodamotivaçãoeincentivoàparticipaçãodostrabalhadoresdoEstado,designadamentedosseusqua-drostécnicos,naconcretizaçãodosobjectivosdaspolíticaspúblicas.

Nadefesadaprodução nacional

•Concepçãoeconcretizaçãodeumprogramapúblicodeapoioàproduçãonacionaldeprodutosimportados,quecon-temple,entreoutrasmedidasdedefesadomercadointerno,oaccionamentodecláusulasdesalvaguardadelimitaçãodasimportações.•CriaçãodeumGabineteDinamizadordaProduçãoNacionalparaosNovosProjectos,parafomentaregeriraincorpo-raçãodeprodutosdaindústriatransformadoranacionalnodesenvolvimentodosgrandesprojectoseoutrosempreendi-mentos,nodomíniodotransporteferroviário,daproduçãoenergética,dasinfra-estruturaslogísticas,naproduçãoindustrial.•IntervençãodoEstadonacorrecçãodaspráticasdeaprovi-sionamentodasgrandessuperfícies,objectivamentecontraaproduçãonacional.

•Promoçãodepolíticasquevalorizemanecessidadedein-corporarnosprojectosenoscadernosdeencargosprodutosecomponentesdefabriconacional.

Para aumentar a produção

•Aproveitamentodosrecursosnaturais,designadamentedomar,rios,estuáriosealbufeiras(pesqueiros,minerais,biológicos,energéticos),dosolo(agrícolaseflorestais),dosubsolo(minerais,rochasornamentaiseindustriais,águas)eenergéticos.•Máximoaproveitamentodosefeitosmultiplicadoresdasfileirasprodutivasemquehajapotencialidadeseexperiênciacapazesdeproduziremefeitosacurtoprazo,designada-mentenossectoresagroalimentar,mineiro,florestaledaindústrianaval.•Adequação,atravésdaintervençãodaCaixaGeraldeDe-pósitos,deumapolíticadecréditoedefinanciamentoàsnecessidadesdaprodução.•Reduçãodoscustosenergéticosedascomunicações,de-signadamenteatravésdafixaçãodepreçosmáximosnoscombustíveis,electricidadeegásnatural.•Racionalizaçãoefiscalizaçãodoscircuitosdedistribuiçãoecomercialização,defendendoprodutoreseconsumi- doresdocontrolodospreçospelosagentesintermediá-rios.•Reestruturaçãodarededetransportes,comaadopçãodeumplanonacionaldetransporteselogísticaqueintegreotransportedepassageirosedemercadorias.•Valorizaçãoeinvestimentonoensinopúblico,visandoamelhoriadasqualificaçõescientíficasetécnicasdapopu-lação.•Aprofundamentodasligaçõesentreoensinosuperioreaesferaprodutiva,emsectorescomoabiotecnologiaeindús-triafarmacêutica,asindústriaselectrónicas,asindústriasdeequipamentosparaaproduçãoenergética,asdosnovosmateriais, entre outras.

Portugal a Produzir.indd 77 04-10-2011 14:36:24

Page 78: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

78 79

•Medidaspúblicasparaacolocaçãodediplomadosdesem-pregadosousubempregados(especialmentedeengenharia,gestão,economia,gestãoderecursoshumanos)nossectoresprodutivos,sobretudonasMPME.•Promoçãodeencomendasediscriminaçãopositivadocré-ditoeinvestimentopúblicoàsMPME.•Gestãopúblicadasgrandesinfra-estruturasdetransportesnacionais,incluindoosgrandesportos.•Criaçãodeumaempresapúblicadetransportemarítimodemercadorias,relançamentodeumafrotanacionaldes-tesnaviosedinamizaçãodeescolasespecializadasparaamarinhamercante.•Aumentodossalários,comumaprogressãodamédiasalarialclaramenteacimadainflaçãoedosaláriomínimonacional visando os 600€ em 2013.

No desenvolvimento da agricultura

•Defesaereforçodaregulamentaçãoquegarantaodireitoaproduzir,comoasquotasleiteiraseosdireitosdeplantionovinho.•Recuperaçãoereforçodasquotasdeproduçãodebeterrabasacarina,comvistaaassegurarumabastecimentode25%do consumo nacional.•Reforçodosprogramasdeapoioedesenvolvimentodasraçasautóctonesnacionais.•ReavaliaçãodomodeloseguidoereformulaçãodoPRO-DERaoserviçodaspequenasemédiasexplorações.•Apoioàactividadedasexploraçõesdemenordimensãoefavorecimentodocooperativismoedoassociativismo.•Criaçãodelinhasdecréditobonificadoalongoprazo deauxílioaodesendividamentodasexploraçõesagríco-las.•Revitalizaçãodosmercadoslocaisparaavendadirectadosprodutores.•Favorecimentodadistribuiçãodasproduçõesnacionaisparaoscentrosurbanosegrandessuperfíciescomerciaise

imposiçãoàgrandedistribuiçãodemínimoslegaisdevendadecertasproduçõesnacionais.•Privilégiodasproduçõesnacionaisnoaprovisionamentodealimentosdaadministraçãopública(comocantinasehospitais).•Conclusãodasobrasemcursodoregadioemodernizaçãodosregadiostradicionais.•Garantiadepreçosdaáguanoregadioacessíveisaospeque-nosemédiosagricultores.•AproveitamentointegraldoAlquevaerespectivasinfra-estruturasedeoutrosperímetrosderega.•ConclusãodasobrasdoBaixoMondegoedoBaixoVouga.•Apoioàconstruçãoerequalificaçãodasredespúblicasecooperativasdeinfra-estruturasajusantedaproduçãoagro-pecuária.•Prioridadeàinvestigaçãoeexperimentação,revitalizaçãodosserviçosdeextensãorural.•Apoioàinstalaçãodejovensagricultores.Travagemdoen-

cerramento de serviços da administração, escolas ou centros desaúde,naszonasrurais.•Apoio,paragarantirviabilidadeedesenvolvimento,aomovimentocooperativo.

No desenvolvimento da silvicultura

•Criaçãodeumplanonacionaldeflorestação,aconcretizarem10anos,comreordenamentoemelhorutilizaçãodafloresta,quetenhaematençãoaspectoseconómicos,am-bientais e os interesses das comunidades locais.•Simplificaçãodalegislaçãoflorestal,melhorandoaarticu-laçãoentreosorganismospúblicoscomresponsabilidadesno sector.•Realizaçãodocadastroflorestal(eactualizaçãodocadastrodapropriedaderústica).•Promoçãodoinvestimentodospequenosemédiosproprie-táriosnafloresta,incrementandoacomparticipaçãonesseinvestimento.

Portugal a Produzir.indd 78 04-10-2011 14:36:24

Page 79: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

78 79

•Medidaspúblicasparaacolocaçãodediplomadosdesem-pregadosousubempregados(especialmentedeengenharia,gestão,economia,gestãoderecursoshumanos)nossectoresprodutivos,sobretudonasMPME.•Promoçãodeencomendasediscriminaçãopositivadocré-ditoeinvestimentopúblicoàsMPME.•Gestãopúblicadasgrandesinfra-estruturasdetransportesnacionais,incluindoosgrandesportos.•Criaçãodeumaempresapúblicadetransportemarítimodemercadorias,relançamentodeumafrotanacionaldes-tesnaviosedinamizaçãodeescolasespecializadasparaamarinhamercante.•Aumentodossalários,comumaprogressãodamédiasalarialclaramenteacimadainflaçãoedosaláriomínimonacional visando os 600€ em 2013.

No desenvolvimento da agricultura

•Defesaereforçodaregulamentaçãoquegarantaodireitoaproduzir,comoasquotasleiteiraseosdireitosdeplantionovinho.•Recuperaçãoereforçodasquotasdeproduçãodebeterrabasacarina,comvistaaassegurarumabastecimentode25%do consumo nacional.•Reforçodosprogramasdeapoioedesenvolvimentodasraçasautóctonesnacionais.•ReavaliaçãodomodeloseguidoereformulaçãodoPRO-DERaoserviçodaspequenasemédiasexplorações.•Apoioàactividadedasexploraçõesdemenordimensãoefavorecimentodocooperativismoedoassociativismo.•Criaçãodelinhasdecréditobonificadoalongoprazo deauxílioaodesendividamentodasexploraçõesagríco-las.•Revitalizaçãodosmercadoslocaisparaavendadirectadosprodutores.•Favorecimentodadistribuiçãodasproduçõesnacionaisparaoscentrosurbanosegrandessuperfíciescomerciaise

imposiçãoàgrandedistribuiçãodemínimoslegaisdevendadecertasproduçõesnacionais.•Privilégiodasproduçõesnacionaisnoaprovisionamentodealimentosdaadministraçãopública(comocantinasehospitais).•Conclusãodasobrasemcursodoregadioemodernizaçãodosregadiostradicionais.•Garantiadepreçosdaáguanoregadioacessíveisaospeque-nosemédiosagricultores.•AproveitamentointegraldoAlquevaerespectivasinfra-estruturasedeoutrosperímetrosderega.•ConclusãodasobrasdoBaixoMondegoedoBaixoVouga.•Apoioàconstruçãoerequalificaçãodasredespúblicasecooperativasdeinfra-estruturasajusantedaproduçãoagro-pecuária.•Prioridadeàinvestigaçãoeexperimentação,revitalizaçãodosserviçosdeextensãorural.•Apoioàinstalaçãodejovensagricultores.Travagemdoen-

cerramento de serviços da administração, escolas ou centros desaúde,naszonasrurais.•Apoio,paragarantirviabilidadeedesenvolvimento,aomovimentocooperativo.

No desenvolvimento da silvicultura

•Criaçãodeumplanonacionaldeflorestação,aconcretizarem10anos,comreordenamentoemelhorutilizaçãodafloresta,quetenhaematençãoaspectoseconómicos,am-bientais e os interesses das comunidades locais.•Simplificaçãodalegislaçãoflorestal,melhorandoaarticu-laçãoentreosorganismospúblicoscomresponsabilidadesno sector.•Realizaçãodocadastroflorestal(eactualizaçãodocadastrodapropriedaderústica).•Promoçãodoinvestimentodospequenosemédiosproprie-táriosnafloresta,incrementandoacomparticipaçãonesseinvestimento.

Portugal a Produzir.indd 79 04-10-2011 14:36:25

Page 80: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

80 81

•Recuperaçãodaproduçãoflorestaldelenhodequalidade.•Prevençãodeincêndiosevigilânciadafloresta,emarti-culaçãocomasorganizaçõesdeprodutoresflorestaiseosconcelhosdirectivosdosbaldios.•Planodeintervençãourgentedecombateàsdoençasepragas,comoonemátododopinheiroeatintadocastanheiro.•Instalaçãodascentraisdebiomassajáprevistas,compos-

sível reestruturação da rede e modelo.•Promoçãodaindústriaquímicaligadaàsresinas,aprovei-tamentodasespéciessilvestresparaaproduçãodeessên-cias,condimentos,produtosfarmacêuticosecosméticos.

No desenvolvimento das pescas

•Estabelecimentodeprogramadedinamizaçãodaspescasnacionais,comreduçãodopreçodefactoresdeproduçãoemelhoriadascadeiasdecomercialização.•Accionamentodeprogramaespecíficodeapoioàpequenapesca.•Incentivoàrenovaçãodasfrotasdepesca.•Alargamentodoacessoacustoreduzidoemtodosostiposdecombustíveisatodosossegmentosdafrota.•Promoçãodavalorizaçãodopescadonaprimeiravenda.•Desenvolvimentodaaquacultura.•Apoioàindústriaconserveiraeaoconsumodeconservasportuguesas.•Valorizaçãodaactividadedospescadores,melhorandoascondiçõesremuneratóriasedesegurançadasuaactividade.

No desenvolvimento das indústrias extractivas

•Reversãododomíniodocapitalprivado,particularmenteestrangeiro,comassunçãodeposiçõesdominantesnapes-quisa,exploraçãoeprimeirastransformaçõesemterritórionacionaldoferro,cobre,zinco,chumbo,estanho,urânio,petróleo,gásnatural,carvão,ouro,prata,lítio,tungsténio,entre outros.

•Aproveitamentointegraldosrecursos,começandopelosdemelhorescondiçõesdeexploraçãoerendibilidadesocial,fornecendoàindústriaeexportandoprodutosomaisela-boradospossível.•Reanimação,reorientaçãoefortalecimentodaEDM—EmpresadeDesenvolvimentoMineiro.•ReconstituiçãodaEmpresaNacionaldeUrânio(ENU).•DinamizaçãodaexploraçãomineiraedainstalaçãodeconcentraçãodeminériosdemetaisbásicosemAljus- trel.

No desenvolvimento da indústria transformadora

•AssunçãopeloEstadodeposiçõesdeterminantesemindús-triasbásicas,comoasiderurgiaealgumasmetalurgiasnãoferrosas(cobre),eemindústriasestratégicas,comoanaval(grandesemédiosestaleiros)easmetalo,electromecânicaseelectrónicasdeproduçãodematerialdetransportesobrecarrisoudeequipamentosparaaproduçãodeelectrici-dade. •Estruturaçãodenúcleosdeintegraçãovertical,baseadosnosrecursosnaturaisnacionais,desdeasindústriasextractivasàsprimeirastransformações(comoasiderurgia,metalurgiae cimenteira).•Ampliaçãodapetroquímica,daproduçãodeolefinase

aromáticos.•Recriaçãodeumsectordeadubos.•Recuperaçãodeposiçõespúblicasnapropriedadeegestãodaindústriadepastadepapelepapel.•IntervençãopúblicanaEMEFenaex-Sorefame,recupe-raçãodaproduçãonacionaldematerialdetransportesobrecarris(comboios,metropolitanos,eléctricos).•IntervençãodoEstadoparaassegurararetomaoupromoçãodaproduçãodevidroplano,deamoníaco,deexplosivosindustriais,degrandesestruturasmetálicas,equipamentosdemovimentaçãoeelevaçãodegrandescargas,entreoutrasproduções.

Portugal a Produzir.indd 80 04-10-2011 14:36:25

Page 81: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

80 81

•Recuperaçãodaproduçãoflorestaldelenhodequalidade.•Prevençãodeincêndiosevigilânciadafloresta,emarti-culaçãocomasorganizaçõesdeprodutoresflorestaiseosconcelhosdirectivosdosbaldios.•Planodeintervençãourgentedecombateàsdoençasepragas,comoonemátododopinheiroeatintadocastanheiro.•Instalaçãodascentraisdebiomassajáprevistas,compos-

sível reestruturação da rede e modelo.•Promoçãodaindústriaquímicaligadaàsresinas,aprovei-tamentodasespéciessilvestresparaaproduçãodeessên-cias,condimentos,produtosfarmacêuticosecosméticos.

No desenvolvimento das pescas

•Estabelecimentodeprogramadedinamizaçãodaspescasnacionais,comreduçãodopreçodefactoresdeproduçãoemelhoriadascadeiasdecomercialização.•Accionamentodeprogramaespecíficodeapoioàpequenapesca.•Incentivoàrenovaçãodasfrotasdepesca.•Alargamentodoacessoacustoreduzidoemtodosostiposdecombustíveisatodosossegmentosdafrota.•Promoçãodavalorizaçãodopescadonaprimeiravenda.•Desenvolvimentodaaquacultura.•Apoioàindústriaconserveiraeaoconsumodeconservasportuguesas.•Valorizaçãodaactividadedospescadores,melhorandoascondiçõesremuneratóriasedesegurançadasuaactividade.

No desenvolvimento das indústrias extractivas

•Reversãododomíniodocapitalprivado,particularmenteestrangeiro,comassunçãodeposiçõesdominantesnapes-quisa,exploraçãoeprimeirastransformaçõesemterritórionacionaldoferro,cobre,zinco,chumbo,estanho,urânio,petróleo,gásnatural,carvão,ouro,prata,lítio,tungsténio,entre outros.

•Aproveitamentointegraldosrecursos,começandopelosdemelhorescondiçõesdeexploraçãoerendibilidadesocial,fornecendoàindústriaeexportandoprodutosomaisela-boradospossível.•Reanimação,reorientaçãoefortalecimentodaEDM—EmpresadeDesenvolvimentoMineiro.•ReconstituiçãodaEmpresaNacionaldeUrânio(ENU).•DinamizaçãodaexploraçãomineiraedainstalaçãodeconcentraçãodeminériosdemetaisbásicosemAljus- trel.

No desenvolvimento da indústria transformadora

•AssunçãopeloEstadodeposiçõesdeterminantesemindús-triasbásicas,comoasiderurgiaealgumasmetalurgiasnãoferrosas(cobre),eemindústriasestratégicas,comoanaval(grandesemédiosestaleiros)easmetalo,electromecânicaseelectrónicasdeproduçãodematerialdetransportesobrecarrisoudeequipamentosparaaproduçãodeelectrici-dade. •Estruturaçãodenúcleosdeintegraçãovertical,baseadosnosrecursosnaturaisnacionais,desdeasindústriasextractivasàsprimeirastransformações(comoasiderurgia,metalurgiae cimenteira).•Ampliaçãodapetroquímica,daproduçãodeolefinase

aromáticos.•Recriaçãodeumsectordeadubos.•Recuperaçãodeposiçõespúblicasnapropriedadeegestãodaindústriadepastadepapelepapel.•IntervençãopúblicanaEMEFenaex-Sorefame,recupe-raçãodaproduçãonacionaldematerialdetransportesobrecarris(comboios,metropolitanos,eléctricos).•IntervençãodoEstadoparaassegurararetomaoupromoçãodaproduçãodevidroplano,deamoníaco,deexplosivosindustriais,degrandesestruturasmetálicas,equipamentosdemovimentaçãoeelevaçãodegrandescargas,entreoutrasproduções.

Portugal a Produzir.indd 81 04-10-2011 14:36:26

Page 82: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

82 83

•Adensamentodamalhaindustrial,particularmentenosclustersmaiscompetitivosereconhecidosinternacional-mente.•Apoioàsindústriasdereciclagem,paracorresponderàsnecessidadesdeprotecçãodoambienteedapoupançaderecursos.•Apoioàreabilitaçãourbanaeàpoupançaenergéticaaníveldosedifícios,nomeadamenteàproduçãonacionaldejanelastermicamenteeficientes.•Dinamizaçãodaproduçãodeequipamentosnaáreaener-gética.•Alargamentodabasenacionaldaindústriadecomponentesparaautomóvel.•Protecçãoedesenvolvimentodasindústriasaeronáuticaeaeroespacial.•Criaçãodeumlaboratórionacionalpúblicodemedicamen-tos,visandoasubstituiçãodeimportaçõeseadiminuiçãodoscustosparaoEstado.

Especificamenterelacionadascoma indústria alimentar

•Produçãodemáquinasealfaias,aproveitandoascapacida-desdametalomecânica,deequipamentosparaacriaçãodeanimaiseparaaindústriadelacticínios.•Consideraçãourgenteeestudodaproduçãodemáquinasagrícolasmaiscomplexas.•Produçãoderaçõesealimentosparaanimais,aproveitandoosrecursosnacionais,incluindodapesca.•Produçãodeadubos,insecticidaseherbicidas.•Realizaçãoouincentivodeinfra-estruturasnaagricultura,comoestradas,irrigação,barragenshidroagrícolas,arma-zénseinstalaçõesdecriaçãodeanimais,enaspescas,comoconstruçãoereparaçãodeembarcações,aprestosnavais.•Desenvolvimentoregionaldaproduçãodealimentosebebi-das,visandoacriaçãodecomplexosagroindustriais.

Adefesadaproduçãoedoaparelhoprodutivonacional,quefazpartedopatrimóniodeintervençãoelutadoPCPaolongodedécadas,éumanecessidadeincontornáveleinadiávelpararespon-deraosproblemasestruturaiscomqueopaíssedefronta.Nãohásaídaparaosproblemasdocrescimentoeconómico,doemprego,doordenamentodoterritório,doendividamentoexternoemesmodasfinançaspúblicassemumapolíticaqueinvertadeformasus-tentadaorumodedestruiçãodabaseprodutivadopaís.

Opaísnãopodeviversemproduçãodebenstransaccionáveis.Porqueapopulaçãoprecisadealimentar-se,vestir-se,alojar-se,deslocar-se,detodoumconjuntodemeiosdevida,queassegu-ramasuasubsistência,asuaocupaçãoeoseubem-estar,quesãoprodutodasactividadesagrícolas(edaspescas)oudasactivida-desindustriais(extractivaetransformadora,incluindotambémaproduçãodeenergia).

Seaproduçãodopaísnãoésuficiente,paraasseguraraexis-tênciaouoníveldevidaalmejadoparaasuapopulação,osbensnecessáriostêmqueserimportados,istoé,temqueserecorreràproduçãoestrangeira.Masentãoénecessárioforneceralgoemtroca,pagá-los.Aproduçãodeserviçoseocomérciointernoentreosresidentesnãoresolvem,exactamenteporquesãointernos,anecessidadedascontrapartidasaofereceraoexterior.Ocomérciocomoestrangeiropressupõeteralgoqueselhepossavender. Avendadeserviçosaoestrangeiro,tem,porumlado,alimitação

CapítuloVIITextodeencerramento

Portugal a Produzir.indd 82 04-10-2011 14:36:26

Page 83: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

82 83

•Adensamentodamalhaindustrial,particularmentenosclustersmaiscompetitivosereconhecidosinternacional-mente.•Apoioàsindústriasdereciclagem,paracorresponderàsnecessidadesdeprotecçãodoambienteedapoupançaderecursos.•Apoioàreabilitaçãourbanaeàpoupançaenergéticaaníveldosedifícios,nomeadamenteàproduçãonacionaldejanelastermicamenteeficientes.•Dinamizaçãodaproduçãodeequipamentosnaáreaener-gética.•Alargamentodabasenacionaldaindústriadecomponentesparaautomóvel.•Protecçãoedesenvolvimentodasindústriasaeronáuticaeaeroespacial.•Criaçãodeumlaboratórionacionalpúblicodemedicamen-tos,visandoasubstituiçãodeimportaçõeseadiminuiçãodoscustosparaoEstado.

Especificamenterelacionadascoma indústria alimentar

•Produçãodemáquinasealfaias,aproveitandoascapacida-desdametalomecânica,deequipamentosparaacriaçãodeanimaiseparaaindústriadelacticínios.•Consideraçãourgenteeestudodaproduçãodemáquinasagrícolasmaiscomplexas.•Produçãoderaçõesealimentosparaanimais,aproveitandoosrecursosnacionais,incluindodapesca.•Produçãodeadubos,insecticidaseherbicidas.•Realizaçãoouincentivodeinfra-estruturasnaagricultura,comoestradas,irrigação,barragenshidroagrícolas,arma-zénseinstalaçõesdecriaçãodeanimais,enaspescas,comoconstruçãoereparaçãodeembarcações,aprestosnavais.•Desenvolvimentoregionaldaproduçãodealimentosebebi-das,visandoacriaçãodecomplexosagroindustriais.

Adefesadaproduçãoedoaparelhoprodutivonacional,quefazpartedopatrimóniodeintervençãoelutadoPCPaolongodedécadas,éumanecessidadeincontornáveleinadiávelpararespon-deraosproblemasestruturaiscomqueopaíssedefronta.Nãohásaídaparaosproblemasdocrescimentoeconómico,doemprego,doordenamentodoterritório,doendividamentoexternoemesmodasfinançaspúblicassemumapolíticaqueinvertadeformasus-tentadaorumodedestruiçãodabaseprodutivadopaís.

Opaísnãopodeviversemproduçãodebenstransaccionáveis.Porqueapopulaçãoprecisadealimentar-se,vestir-se,alojar-se,deslocar-se,detodoumconjuntodemeiosdevida,queassegu-ramasuasubsistência,asuaocupaçãoeoseubem-estar,quesãoprodutodasactividadesagrícolas(edaspescas)oudasactivida-desindustriais(extractivaetransformadora,incluindotambémaproduçãodeenergia).

Seaproduçãodopaísnãoésuficiente,paraasseguraraexis-tênciaouoníveldevidaalmejadoparaasuapopulação,osbensnecessáriostêmqueserimportados,istoé,temqueserecorreràproduçãoestrangeira.Masentãoénecessárioforneceralgoemtroca,pagá-los.Aproduçãodeserviçoseocomérciointernoentreosresidentesnãoresolvem,exactamenteporquesãointernos,anecessidadedascontrapartidasaofereceraoexterior.Ocomérciocomoestrangeiropressupõeteralgoqueselhepossavender. Avendadeserviçosaoestrangeiro,tem,porumlado,alimitação

CapítuloVIITextodeencerramento

Portugal a Produzir.indd 83 04-10-2011 14:36:26

Page 84: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

84 85

característicadeboapartedassuasactividades,quediferentementedosbenstransaccionáveisexigemapresençafísicadaquelesaquemoserviçoéprestado,ou,poroutro,especificidadesnacio-nais(comoalíngua)eumadimensãoquetornaminverosímilquesuscitasseumaprocuraexternaquepudessecompensaroqueseteriadeimportar.

Écertoqueoturismo(comoexemplodeserviçosvendidosaoestrangeiro)podecontrabalançarparcialmente,comofazactual-mente,odéficecomercialdopaís.Maspormuitoquesepossadesenvolver,eédesejávelqueissosuceda,temalimitaçãodoscus-tosdetransportes,acadavezmaiorconcorrênciadeoutrosdestinosturísticosaliciantesnomundoe,comumadeficienteproduçãodebensnacionais,acontrariedadedeexigirmaisimportações.

Écertoqueasremessasdosemigrantesportuguesestambémcompensamemparteoqueseadquirenoexterior.Masamenosqueaemigraçãoesvaziasseemgrandemedidaopaís,enquantofossemmaisoscádentrodoqueossaídosláparafora,dificilmenteche-gariam.Alémdequemuitadadiásporaportuguesaenvelheceu,sereformaráevoltaráouseintegrou,comosdescendentes,nospaísesqueosacolheram;emambososcasosasremessasdiminuem.

Éevidentequeopaísnãopodeviversó,oufundamentalmente,doturismoedasremessasdosquepartiram.Ocrescimentodoturismoedasremessasdosemigrantessãoincertosetêmlimitesestreitos.

Nãoháalternativa.Opaísprecisadeproduzir.Eprecisadeproduzirmaisbenstransaccionáveis,emqueprogrediupouco,seatrasoueperdeumuito.

Noentanto,aproduçãodaagriculturaeindústriaportuguesasé,comparativamenteàdeoutrospaíses,emesmoàmédiadoes-paçoeconómicoemqueopaísseinsere,bastantemenoseficiente. Asproduçõesportuguesastêmdificuldadeemcompetirnoestran-geiroenoprópriomercadointernoportuguês.Esseéumdosgrandesmotivosporqueaagriculturaepescasestagnarameaindústriaserefugiouemproduçõesdefracaintensidadetecnoló-gicabaseadasnamão-de-obramalpaga.

Aprodutividadeéumaquestãocentral.Portugalprecisaur-gentementedeaumentaraprodutividadedassuasproduções(bem

como,evidentemente,asuaqualidadeediversidade).Masissoéimpossívelsemumfortíssimoinvestimentonamodernizaçãotecnológica(alémdoinvestimentonarecuperaçãoelançamentodenovasproduçõeseindústrias).Especialmenteemsituaçãodeestagnaçãoerecessãoprolongadas,massobretudopelohistóricodassuasactuações,nãoéexpectávelqueesteinvestimento,pelomenosnosvolumesrequeridos,partadainiciativadosgruposeconómicosefinanceirosedosbancosprivados,nacionaisouestrangeiros.Oexemplo,oimpulso,oestímulo,osuporteeumapartesignificativadoesforço,nofinanciamentoenocréditoaofinanciamento,têmquevirdoEstado(comimportantepapeldaCaixaGeraldeDepósitos)edeummelhoraproveitamentodosfundoscomunitários.Qualqueratrasonestaorientação,nomeada-menteapretextodapoupançadadespesaparaequilibrarascontaspúblicas,pagar-se-áduramentemaisàfrente,acomeçardesdelogopeloagravamentodosprópriosdesequilíbriosfinanceiros

Aindamaisimportante.Abuscadomáximodelucrosemmer-cadoscadavezmaisglobalizadosporpartedosgruposmonopolis-tasportugueseseestrangeiros,comexcepçõesquedevemsertidasemconta,cujoinvestimentofogedaindústria(edaagricultura),quesedesfazemdeunidadesprodutivasedeixamdescapitalizadasaquelasdequenãoseconseguemdesfazer,quepelasuaactuação,podereinfluênciaprejudicamoexercíciodaactividadeprodutiva(quecriariqueza)embenefíciodasactividadesfinanceiraseespe-culativas(queseapropriamdariqueza),exigequeoEstadotomefundamentalmenteaseucargo,emtermosdepropriedadeegestão,algunssectoresestratégicosparaaestruturaçãodaproduçãoedaeconomianacionais,acomeçarpelanacionalizaçãodefinitivadossectoresfinanceiroeenergético,equenumprocessoponderadomasdeterminado,atravésdanacionalização,danegociaçãooudoinvestimento,assumaprogressivamenteumafortepresençapúblicanaproduçãoindustrialdopaís.

Masoinvestimento,sobretudonolançamentodenovosprojec-tos,eaconstituiçãodefortesnúcleosindustriaispúblicosdemoramadarfrutoseaconcorrênciadasexportaçõesestrangeiras,inclusi-vamentenonossoprópriomercadointerno,nãoespera.Énecessá-rioaadopçãodemedidasexcepcionais,nomeadamenteforçando

Portugal a Produzir.indd 84 04-10-2011 14:36:27

Page 85: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

84 85

característicadeboapartedassuasactividades,quediferentementedosbenstransaccionáveisexigemapresençafísicadaquelesaquemoserviçoéprestado,ou,poroutro,especificidadesnacio-nais(comoalíngua)eumadimensãoquetornaminverosímilquesuscitasseumaprocuraexternaquepudessecompensaroqueseteriadeimportar.

Écertoqueoturismo(comoexemplodeserviçosvendidosaoestrangeiro)podecontrabalançarparcialmente,comofazactual-mente,odéficecomercialdopaís.Maspormuitoquesepossadesenvolver,eédesejávelqueissosuceda,temalimitaçãodoscus-tosdetransportes,acadavezmaiorconcorrênciadeoutrosdestinosturísticosaliciantesnomundoe,comumadeficienteproduçãodebensnacionais,acontrariedadedeexigirmaisimportações.

Écertoqueasremessasdosemigrantesportuguesestambémcompensamemparteoqueseadquirenoexterior.Masamenosqueaemigraçãoesvaziasseemgrandemedidaopaís,enquantofossemmaisoscádentrodoqueossaídosláparafora,dificilmenteche-gariam.Alémdequemuitadadiásporaportuguesaenvelheceu,sereformaráevoltaráouseintegrou,comosdescendentes,nospaísesqueosacolheram;emambososcasosasremessasdiminuem.

Éevidentequeopaísnãopodeviversó,oufundamentalmente,doturismoedasremessasdosquepartiram.Ocrescimentodoturismoedasremessasdosemigrantessãoincertosetêmlimitesestreitos.

Nãoháalternativa.Opaísprecisadeproduzir.Eprecisadeproduzirmaisbenstransaccionáveis,emqueprogrediupouco,seatrasoueperdeumuito.

Noentanto,aproduçãodaagriculturaeindústriaportuguesasé,comparativamenteàdeoutrospaíses,emesmoàmédiadoes-paçoeconómicoemqueopaísseinsere,bastantemenoseficiente. Asproduçõesportuguesastêmdificuldadeemcompetirnoestran-geiroenoprópriomercadointernoportuguês.Esseéumdosgrandesmotivosporqueaagriculturaepescasestagnarameaindústriaserefugiouemproduçõesdefracaintensidadetecnoló-gicabaseadasnamão-de-obramalpaga.

Aprodutividadeéumaquestãocentral.Portugalprecisaur-gentementedeaumentaraprodutividadedassuasproduções(bem

como,evidentemente,asuaqualidadeediversidade).Masissoéimpossívelsemumfortíssimoinvestimentonamodernizaçãotecnológica(alémdoinvestimentonarecuperaçãoelançamentodenovasproduçõeseindústrias).Especialmenteemsituaçãodeestagnaçãoerecessãoprolongadas,massobretudopelohistóricodassuasactuações,nãoéexpectávelqueesteinvestimento,pelomenosnosvolumesrequeridos,partadainiciativadosgruposeconómicosefinanceirosedosbancosprivados,nacionaisouestrangeiros.Oexemplo,oimpulso,oestímulo,osuporteeumapartesignificativadoesforço,nofinanciamentoenocréditoaofinanciamento,têmquevirdoEstado(comimportantepapeldaCaixaGeraldeDepósitos)edeummelhoraproveitamentodosfundoscomunitários.Qualqueratrasonestaorientação,nomeada-menteapretextodapoupançadadespesaparaequilibrarascontaspúblicas,pagar-se-áduramentemaisàfrente,acomeçardesdelogopeloagravamentodosprópriosdesequilíbriosfinanceiros

Aindamaisimportante.Abuscadomáximodelucrosemmer-cadoscadavezmaisglobalizadosporpartedosgruposmonopolis-tasportugueseseestrangeiros,comexcepçõesquedevemsertidasemconta,cujoinvestimentofogedaindústria(edaagricultura),quesedesfazemdeunidadesprodutivasedeixamdescapitalizadasaquelasdequenãoseconseguemdesfazer,quepelasuaactuação,podereinfluênciaprejudicamoexercíciodaactividadeprodutiva(quecriariqueza)embenefíciodasactividadesfinanceiraseespe-culativas(queseapropriamdariqueza),exigequeoEstadotomefundamentalmenteaseucargo,emtermosdepropriedadeegestão,algunssectoresestratégicosparaaestruturaçãodaproduçãoedaeconomianacionais,acomeçarpelanacionalizaçãodefinitivadossectoresfinanceiroeenergético,equenumprocessoponderadomasdeterminado,atravésdanacionalização,danegociaçãooudoinvestimento,assumaprogressivamenteumafortepresençapúblicanaproduçãoindustrialdopaís.

Masoinvestimento,sobretudonolançamentodenovosprojec-tos,eaconstituiçãodefortesnúcleosindustriaispúblicosdemoramadarfrutoseaconcorrênciadasexportaçõesestrangeiras,inclusi-vamentenonossoprópriomercadointerno,nãoespera.Énecessá-rioaadopçãodemedidasexcepcionais,nomeadamenteforçando

Portugal a Produzir.indd 85 04-10-2011 14:36:27

Page 86: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

86 87

aolimitetodososmecanismospermitidospeloenquadramentocomunitário,para,dealgumamaneira,conseguirdefenderosprocessosdemodernizaçãoeosnasciturosindustriais,queprevi-sivelmenteabortariamnumaconcorrênciaaberta,edeslealporquedesproporcionada,comasagressivasproduçõesestrangeiras.Pormaioriaderazão,devemsercombatidasenãopodemseraceitesamaiordesregulamentaçãodaproduçãoeamaiorliberalizaçãodocomércioexternoeinternodaUE.

Aadopçãodemedidas,transitóriaseselectivas,dedefesadoprocessodemodernizaçãoediversificaçãodaproduçãodebensimpulsionadopeloEstadopodeserinvocadacomoumarepara-çãoparcialdosestragoscausadospelainserçãodescontroladaedesvantajosadePortugalnaUE.Masalibertaçãodetodasaspotencialidadesdedesenvolvimentoexige,maisgeralmente,umarupturacomoprocessodeintegraçãosubordinadaedependente,comocoletedeforçasdaEuropacapitalistaealutaporumaoutraEuropa,deestadossoberanos,depazecooperação,aoserviçodostrabalhadores,dospovosedodesenvolvimentoharmoniosodocontinente,emvezdosgrandesmonopóliosedasgrandespotências.

Oagravamentodacrisedocapitalismoexpôsmaisclaramenteafragilidadedotecidoprodutivoportuguês.Ospersistentesdéficescomerciaisfazem-sesentiragoranobrutalendividamentoexternoenaincapacidade,mesmoaceitandopagarotributoàagiotageminternacional,definanciaronormal(masdistorcido)funciona-mento da vida nacional.

Nãohásoluçãoparaesteproblemasematacarfrontalmenteacausaprimordialdeasimportaçõesdebensexcederemsistemati-camenteasexportações.Nãohásoluçãosemaumentaraproduçãonacional.Enãoapenasparaaumentarasexportações,comodefen-deumacertalinhadepensamentoligadaàsambiçõeseconómicasdealgunsgrupos,quenofundoemvezdepôrasexportaçõesaserviremopaísgostariamdepôropaísaservirassuasexportações.Aumentaraproduçãotambémparareduzirasimportações:emvezde,comosucedeuduranteanos,asimportaçõessubstituíremaproduçãonacional,temqueseragoraaproduçãonacionalasubstituirasimportações.

Osdéficesindustrialealimentarexternospodemseratacadosdeprontoaumentandoautilizaçãodacapacidadeinstaladanasfábricasedaterradesaproveitadanaagricultura.Areduçãododéficetecnológico,queexigeasuperaçãodegrandesatrasoseoinvestimentoinovador,emnovasáreas,incluindonaeducação,for-maçãoeinvestigação,naturalmentemorosas,serámaisdemorada,maspodeserconseguidapaulatinamente.Amaiorpreocupaçãonoimediatoenospróximostemposéodéficeenergético,dedi-fícilresolução,dadaagrandeinsuficiênciadasfontesenergéticasexploradasnopaís.

Porconstrangimentosfísicosligadosàprogressivaescassezderecursonãorenovável,aofertadepetróleodeixoudepoderacompanharaprocuramundial,estandoadiferençaasercobertaactualmentepelosinventárioscomerciais,queelevamospreçosàmedidaqueseesvaziam.Atéumnovoafloramentodacrise,quereduzaglobalmenteaprocura,estacontinuará,comirregularidadesdeconjuntura,afazersubirospreços,tornando-seinsustentávelparapaíses,comoPortugal,deelevadadependênciaenergética,sobretudodopetróleo.

Aaceleraçãodautilizaçãodegásnatural(maislongedoseupicohistórico),daproduçãodeenergiasrenováveis,comdestaqueparaahídricaeeólica,doaumentodaeficiênciaenergéticadopaísedaracionalizaçãodoconsumoenergético(senecessáriocomoracionamentodosderivadosdopetróleo)temacurtajaneladeoportunidade,depoucosanos,deaproduçãomundialaindanãoterdeclinadoeoconsumopermanecerrelativamentecontidopelacriselatente.ArecuperaçãodaGALPedaEDPparaodomíniopú-blicoeamanutençãodaRENnodomíniopúblicoéumaalavancaessencialparaatravessarcommenosdanosostemposconturbadosqueseavizinham.

Paraasempresasproduzireméprecisoquevendamou,vistopelooutrolado,quelhescomprem.Masparaissoénecessárioqueapopulaçãotenhameiosdeofazer.Aelevaçãodopoderdecompradostrabalhadoresedaspopulações,sobretudoasmaiscarenciadas,queconsumirãorelativamentemaisdaproduçãonacional,éumacondiçãobásicaparacombaterapobrezapersistente,defenderemelhorarosníveisdevida,corrigirinjustiçasedesigualdades,mas

Portugal a Produzir.indd 86 04-10-2011 14:36:28

Page 87: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

86 87

aolimitetodososmecanismospermitidospeloenquadramentocomunitário,para,dealgumamaneira,conseguirdefenderosprocessosdemodernizaçãoeosnasciturosindustriais,queprevi-sivelmenteabortariamnumaconcorrênciaaberta,edeslealporquedesproporcionada,comasagressivasproduçõesestrangeiras.Pormaioriaderazão,devemsercombatidasenãopodemseraceitesamaiordesregulamentaçãodaproduçãoeamaiorliberalizaçãodocomércioexternoeinternodaUE.

Aadopçãodemedidas,transitóriaseselectivas,dedefesadoprocessodemodernizaçãoediversificaçãodaproduçãodebensimpulsionadopeloEstadopodeserinvocadacomoumarepara-çãoparcialdosestragoscausadospelainserçãodescontroladaedesvantajosadePortugalnaUE.Masalibertaçãodetodasaspotencialidadesdedesenvolvimentoexige,maisgeralmente,umarupturacomoprocessodeintegraçãosubordinadaedependente,comocoletedeforçasdaEuropacapitalistaealutaporumaoutraEuropa,deestadossoberanos,depazecooperação,aoserviçodostrabalhadores,dospovosedodesenvolvimentoharmoniosodocontinente,emvezdosgrandesmonopóliosedasgrandespotências.

Oagravamentodacrisedocapitalismoexpôsmaisclaramenteafragilidadedotecidoprodutivoportuguês.Ospersistentesdéficescomerciaisfazem-sesentiragoranobrutalendividamentoexternoenaincapacidade,mesmoaceitandopagarotributoàagiotageminternacional,definanciaronormal(masdistorcido)funciona-mento da vida nacional.

Nãohásoluçãoparaesteproblemasematacarfrontalmenteacausaprimordialdeasimportaçõesdebensexcederemsistemati-camenteasexportações.Nãohásoluçãosemaumentaraproduçãonacional.Enãoapenasparaaumentarasexportações,comodefen-deumacertalinhadepensamentoligadaàsambiçõeseconómicasdealgunsgrupos,quenofundoemvezdepôrasexportaçõesaserviremopaísgostariamdepôropaísaservirassuasexportações.Aumentaraproduçãotambémparareduzirasimportações:emvezde,comosucedeuduranteanos,asimportaçõessubstituíremaproduçãonacional,temqueseragoraaproduçãonacionalasubstituirasimportações.

Osdéficesindustrialealimentarexternospodemseratacadosdeprontoaumentandoautilizaçãodacapacidadeinstaladanasfábricasedaterradesaproveitadanaagricultura.Areduçãododéficetecnológico,queexigeasuperaçãodegrandesatrasoseoinvestimentoinovador,emnovasáreas,incluindonaeducação,for-maçãoeinvestigação,naturalmentemorosas,serámaisdemorada,maspodeserconseguidapaulatinamente.Amaiorpreocupaçãonoimediatoenospróximostemposéodéficeenergético,dedi-fícilresolução,dadaagrandeinsuficiênciadasfontesenergéticasexploradasnopaís.

Porconstrangimentosfísicosligadosàprogressivaescassezderecursonãorenovável,aofertadepetróleodeixoudepoderacompanharaprocuramundial,estandoadiferençaasercobertaactualmentepelosinventárioscomerciais,queelevamospreçosàmedidaqueseesvaziam.Atéumnovoafloramentodacrise,quereduzaglobalmenteaprocura,estacontinuará,comirregularidadesdeconjuntura,afazersubirospreços,tornando-seinsustentávelparapaíses,comoPortugal,deelevadadependênciaenergética,sobretudodopetróleo.

Aaceleraçãodautilizaçãodegásnatural(maislongedoseupicohistórico),daproduçãodeenergiasrenováveis,comdestaqueparaahídricaeeólica,doaumentodaeficiênciaenergéticadopaísedaracionalizaçãodoconsumoenergético(senecessáriocomoracionamentodosderivadosdopetróleo)temacurtajaneladeoportunidade,depoucosanos,deaproduçãomundialaindanãoterdeclinadoeoconsumopermanecerrelativamentecontidopelacriselatente.ArecuperaçãodaGALPedaEDPparaodomíniopú-blicoeamanutençãodaRENnodomíniopúblicoéumaalavancaessencialparaatravessarcommenosdanosostemposconturbadosqueseavizinham.

Paraasempresasproduzireméprecisoquevendamou,vistopelooutrolado,quelhescomprem.Masparaissoénecessárioqueapopulaçãotenhameiosdeofazer.Aelevaçãodopoderdecompradostrabalhadoresedaspopulações,sobretudoasmaiscarenciadas,queconsumirãorelativamentemaisdaproduçãonacional,éumacondiçãobásicaparacombaterapobrezapersistente,defenderemelhorarosníveisdevida,corrigirinjustiçasedesigualdades,mas

Portugal a Produzir.indd 87 04-10-2011 14:36:28

Page 88: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

88 89

tambémumacondiçãoimediatanecessáriaparasalvarnumerosaspequenasemédiasempresas,paratravararecessãoeempreenderocaminhodevoltaaocrescimentoeconómico.Oaumentodosaláriomínimoemvezderefreadodeveseracelerado(talcomoasbaixaspensões).

VaiemsentidocontrárioapolíticadoFMI,doBancoCentralEuropeuedaUniãoEuropeia,trazidosaopaíspelamãodoPS,doPSDedoCDS/PP.Oobjectivodesaneamentodasfinançasecorrecçãosustentadadosdesequilíbriosexternosdificilmenteserá alcançado com esta intervenção. diversamente da anterior intervençãodoFMIemPortugal(Outubrode1983),opaísnãotemmoedaprópriaquepossasernacionalmenteemitidaoudesva-lorizada;nãotemumbancocentralquepossafinanciaraactividadeeadívidadoEstado;nãotemummercadointernominimamenteresguardado;nãocontacomumarecuperaçãoeconómicacertanospaísesparaondeexporta;nãovêospreçosdopetróleoabaixar;temmontantesdasdívidasexternaepúblicamaisincomportá-veis;defronta-secomumacompetiçãomaisagressivanassuasexportações;enfrentaumaespeculaçãofinanceirainternacionalincomparavelmentemaisdesenvolvidaeexacerbada;deixoudeterumsectorempresarialpúblicoquesustenhaoempregoeaactividadeeconómica;etemasoberaniaerespectivamargemdemanobramuitomaismanietada.Asituaçãodopaísestámuitomaisfragilizada,nãoéassemelhávelàdaúltimaintervençãodoFMIeosexemplosdasdesgraças,gregaeirlandesa,aíestão,aolado,paramostrá-lo.

Oquesimécerto,absolutamentecerto,éque,anãosertravadaestaingerêncianavidadopaíseestaverdadeiraagressãoaopovoportuguês,haverámaisrecessão,maisexploração,maiscortesnosrendimentosdostrabalhadores,dosreformados,dosdesem-pregadosedasfamílias,maisdificuldades,maisinsegurança,maispobreza.Sãoosmonopólios,enãoopovoportuguês,quemdeveriapagaracrise.Masfoiparaevitá-loquePS,PSDeCDSseconcertarameimpuseramavindadoFMI,doBCEedaUE.

Portugaleomundovivemumagigantescacrisesistémicaque,deformamaisescondidaoumaisaberta,duraráaindavá-riosanos.Tornou-secorrenteafirmarqueosperíodosdecrise

comportamgrandesperigosmastambémgrandesoportunidades. Aimpossibilidadedecontinuarcomodantesimpõeanecessidade,eaagudizaçãodasdificuldadesimpõeapremência,degrandesalteraçõesnaorganizaçãoefuncionamentodasociedade.Cabeàsforçasprogressistasaproveitaraconsciênciadestainevitabilidadeparareunirforçasocialepolíticacapazdegolpearprofundamenteopoderdosmonopólios,derrotarapolíticadedireitaedeabdi-caçãonacionalaoseuserviço,derrotarasintervençõesexternasqueospoupamebeneficiam,efixarumnovorumoparaavidadopaís(edomundo).

ÉpossívelPortugalminorarosefeitosdestacrise,épossívelpassarsemdescarrilarestacurvaapertadadasuahistória,produ-zindomaisemelhor,aproveitandointegralmenteosseusrecur-sosnaturaisehumanos,racionalizandoaactividadeeconómica,investindonossectoresprodutivos,massobretudocontandocomamobilização,aenergiaeacriatividadedoseupovo,capazdeafrontaresuperarconstrangimentosebloqueios,deromperdepen-dênciasesubordinações,deconcretizarumapolíticadedefesadosinteressesnacionais,voltadaparaasatisfaçãodasnecessidadesdostrabalhadoresedaspopulações,paraaresoluçãodosproblemasdopaís.

OconjuntodeiniciativaseintervençõesqueoPCPlevoupordianteaolongodacampanhaPortugalaProduzir—daqualresultaestetexto—foiumcontributoparaaafirmaçãodadefesadaprodu-çãonacionalcomoumeixoestruturantedapolíticapatrióticaedeesquerdaquepropõeaostrabalhadoreseaopovoportuguês.UmapolíticacujaconcretizaçãoreclamaumaurgenterupturaemudançacomapolíticadedesastrenacionalequeseinserenocaminhodeumademocraciaavançadaedosocialismoparaPortugal.

Portugal a Produzir.indd 88 04-10-2011 14:36:29

Page 89: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

88 89

tambémumacondiçãoimediatanecessáriaparasalvarnumerosaspequenasemédiasempresas,paratravararecessãoeempreenderocaminhodevoltaaocrescimentoeconómico.Oaumentodosaláriomínimoemvezderefreadodeveseracelerado(talcomoasbaixaspensões).

VaiemsentidocontrárioapolíticadoFMI,doBancoCentralEuropeuedaUniãoEuropeia,trazidosaopaíspelamãodoPS,doPSDedoCDS/PP.Oobjectivodesaneamentodasfinançasecorrecçãosustentadadosdesequilíbriosexternosdificilmenteserá alcançado com esta intervenção. diversamente da anterior intervençãodoFMIemPortugal(Outubrode1983),opaísnãotemmoedaprópriaquepossasernacionalmenteemitidaoudesva-lorizada;nãotemumbancocentralquepossafinanciaraactividadeeadívidadoEstado;nãotemummercadointernominimamenteresguardado;nãocontacomumarecuperaçãoeconómicacertanospaísesparaondeexporta;nãovêospreçosdopetróleoabaixar;temmontantesdasdívidasexternaepúblicamaisincomportá-veis;defronta-secomumacompetiçãomaisagressivanassuasexportações;enfrentaumaespeculaçãofinanceirainternacionalincomparavelmentemaisdesenvolvidaeexacerbada;deixoudeterumsectorempresarialpúblicoquesustenhaoempregoeaactividadeeconómica;etemasoberaniaerespectivamargemdemanobramuitomaismanietada.Asituaçãodopaísestámuitomaisfragilizada,nãoéassemelhávelàdaúltimaintervençãodoFMIeosexemplosdasdesgraças,gregaeirlandesa,aíestão,aolado,paramostrá-lo.

Oquesimécerto,absolutamentecerto,éque,anãosertravadaestaingerêncianavidadopaíseestaverdadeiraagressãoaopovoportuguês,haverámaisrecessão,maisexploração,maiscortesnosrendimentosdostrabalhadores,dosreformados,dosdesem-pregadosedasfamílias,maisdificuldades,maisinsegurança,maispobreza.Sãoosmonopólios,enãoopovoportuguês,quemdeveriapagaracrise.Masfoiparaevitá-loquePS,PSDeCDSseconcertarameimpuseramavindadoFMI,doBCEedaUE.

Portugaleomundovivemumagigantescacrisesistémicaque,deformamaisescondidaoumaisaberta,duraráaindavá-riosanos.Tornou-secorrenteafirmarqueosperíodosdecrise

comportamgrandesperigosmastambémgrandesoportunidades. Aimpossibilidadedecontinuarcomodantesimpõeanecessidade,eaagudizaçãodasdificuldadesimpõeapremência,degrandesalteraçõesnaorganizaçãoefuncionamentodasociedade.Cabeàsforçasprogressistasaproveitaraconsciênciadestainevitabilidadeparareunirforçasocialepolíticacapazdegolpearprofundamenteopoderdosmonopólios,derrotarapolíticadedireitaedeabdi-caçãonacionalaoseuserviço,derrotarasintervençõesexternasqueospoupamebeneficiam,efixarumnovorumoparaavidadopaís(edomundo).

ÉpossívelPortugalminorarosefeitosdestacrise,épossívelpassarsemdescarrilarestacurvaapertadadasuahistória,produ-zindomaisemelhor,aproveitandointegralmenteosseusrecur-sosnaturaisehumanos,racionalizandoaactividadeeconómica,investindonossectoresprodutivos,massobretudocontandocomamobilização,aenergiaeacriatividadedoseupovo,capazdeafrontaresuperarconstrangimentosebloqueios,deromperdepen-dênciasesubordinações,deconcretizarumapolíticadedefesadosinteressesnacionais,voltadaparaasatisfaçãodasnecessidadesdostrabalhadoresedaspopulações,paraaresoluçãodosproblemasdopaís.

OconjuntodeiniciativaseintervençõesqueoPCPlevoupordianteaolongodacampanhaPortugalaProduzir—daqualresultaestetexto—foiumcontributoparaaafirmaçãodadefesadaprodu-çãonacionalcomoumeixoestruturantedapolíticapatrióticaedeesquerdaquepropõeaostrabalhadoreseaopovoportuguês.UmapolíticacujaconcretizaçãoreclamaumaurgenterupturaemudançacomapolíticadedesastrenacionalequeseinserenocaminhodeumademocraciaavançadaedosocialismoparaPortugal.

Portugal a Produzir.indd 89 04-10-2011 14:36:29

Page 90: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

91

1—Opaísestáconfrontadocomumadasmaisgravescrisesdasúltimasdécadas.Apersistêncianumapolíticavinculadaaosinteressesdosgruposeconómicosefinanceiros,deabdicaçãodosinteressesnacionais,dedesaproveitamentodosseusrecursosepotencialidadesestá,nãosónaorigemdosgravíssimosproblemasqueopaísenfrenta—estagnaçãoerecessãoeconómica,aumentodadívidaexternaedadependência,desempregoedéficesestrutu-rais(alimentar;energético;industrial;tecnológico)—comoéumfactordeagravamentodaactualsituaçãoedecondicionamentodofuturodopaís.

Ocontextodeaprofundamentodacrisedocapitalismo,queétambémacrisedosprincípioseorientaçõesepráticasdosrespon-sáveispormaisde30anosdepolíticadedireita,pôsemevidênciaasconsequênciasdeumapolíticadeconstanteataqueaosdireitosdostrabalhadoresecontráriaaosinteressesnacionais.Umapolíticaque,liquidandoimportantesconquistasdeAbrileemconfrontocomaConstituiçãodaRepública,constituiumcrimepremeditadocontraosinteressesfundamentaisdopaísedopovoportuguês.Umapolíticaqueaoserviçodograndecapitalevoluntariamentesubme-tidaaditamesdaUniãoEuropeia—cujanaturezaeorientaçõescolidecomosinteressesnacionais—conduziuaoagravamentodaexploraçãodostrabalhadores,aassinaláveisquebrasnaproduçãonacional,aodesmantelamentoeliquidaçãodeimportantessectoresindustriais,àsemprecrescentesubstituiçãodaproduçãonacional

ApresentaçãodaCampanhaNacionaldoPCPemdefesadaproduçãonacionaledoaparelho

produtivo30 de Agosto de 2010

Portugal a Produzir.indd 90 04-10-2011 14:36:29

Page 91: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

91

1—Opaísestáconfrontadocomumadasmaisgravescrisesdasúltimasdécadas.Apersistêncianumapolíticavinculadaaosinteressesdosgruposeconómicosefinanceiros,deabdicaçãodosinteressesnacionais,dedesaproveitamentodosseusrecursosepotencialidadesestá,nãosónaorigemdosgravíssimosproblemasqueopaísenfrenta—estagnaçãoerecessãoeconómica,aumentodadívidaexternaedadependência,desempregoedéficesestrutu-rais(alimentar;energético;industrial;tecnológico)—comoéumfactordeagravamentodaactualsituaçãoedecondicionamentodofuturodopaís.

Ocontextodeaprofundamentodacrisedocapitalismo,queétambémacrisedosprincípioseorientaçõesepráticasdosrespon-sáveispormaisde30anosdepolíticadedireita,pôsemevidênciaasconsequênciasdeumapolíticadeconstanteataqueaosdireitosdostrabalhadoresecontráriaaosinteressesnacionais.Umapolíticaque,liquidandoimportantesconquistasdeAbrileemconfrontocomaConstituiçãodaRepública,constituiumcrimepremeditadocontraosinteressesfundamentaisdopaísedopovoportuguês.Umapolíticaqueaoserviçodograndecapitalevoluntariamentesubme-tidaaditamesdaUniãoEuropeia—cujanaturezaeorientaçõescolidecomosinteressesnacionais—conduziuaoagravamentodaexploraçãodostrabalhadores,aassinaláveisquebrasnaproduçãonacional,aodesmantelamentoeliquidaçãodeimportantessectoresindustriais,àsemprecrescentesubstituiçãodaproduçãonacional

ApresentaçãodaCampanhaNacionaldoPCPemdefesadaproduçãonacionaledoaparelho

produtivo30 de Agosto de 2010

Portugal a Produzir.indd 91 04-10-2011 14:36:29

Page 92: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

92 93

porimportações,aumdesprezopelosproblemasdaeconomiarealemfavordasactividadesfinanceirasespeculativas.

Portugalnãoéumpaíspobre.Opaís,ostrabalhadoreseopovoportuguês,nãoaguentammaisestapolíticadedesastrenacional.Adefesadaproduçãoedoaparelhoprodutivonacionalemergemcomoumaincontornávelrespostaaoactualprocessodedeclínioeconómicoequeéinseparáveldamelhoriadascondiçõesdevidadapopulação,doaumentodossaláriosepensões,doalargamentodosdireitosdostrabalhadores,docombateàprecariedadeeaodesemprego.

ÉnestequadroqueoPCPirárealizarnospróximosmesesumacampanhaemdefesadaproduçãonacionalsobolema—Portugalaproduzir.Umaimportanteiniciativapolítica,destinadaaafirmarovalorestratégicodaproduçãonacionalparaoaproveitamentodetodasaspotencialidadeserecursosdopaís,paraacriaçãodeemprego,paraocombateàdependênciaexterna,paraaafirmaçãode uma via soberana de desenvolvimento.

2—Apretextodo«défice»eagorada«dívidaexterna»tem-sedesenvolvidoumaautênticachantagemsobreostrabalhadoreseopovoportuguêsdestinadaareduzirovalordossalários,encerrareprivatizarserviços,agravaraexploração.

ComooPCPhámuitovemalertando,oproblemacentraldopaísnãoéodéficepúblicoouadívidapúblicacomoPS,PSDeCDSqueremfazercrer,massimadívidaexternaglobal(públicaeprivada)emconsequênciadeumprocessodedesindustrialização,dedegradaçãoedoabandonodoaparelhoprodutivo,dasprivatiza-ções,dodomíniodocapitalestrangeirosobreaeconomianacionaledeumapolíticamonetáriaecambialconduzidapeloBancoCentralEuropeu,altamentepenalizantedasnossasexportaçõeseactividadesprodutivas.

Contrariandoodiscursodominante,mentirasemistificaçõesqueduranteanosforamlançadasparajustificaroabandonodaproduçãonacional,oPCPsempreafirmouquenãosóerapossívelcomoabsolutamentenecessárioinvestirnaproduçãoenoaparelhoprodutivo,comocondiçãoparaadefesadanossasoberania,paraacriaçãodeempregoeodesenvolvimentodopaís.

3—OPCPpropõeaadopçãodeumapolíticadeEstadoemdefesaepromoçãodaproduçãonacionalquecontribuaparacon-cretizarummodelodesubstituiçãodeimportaçõesporproduçãonacional,promovaumprogramadeindustrializaçãodopaís,aproveiteepotencietodososrecursosnacionais,tenhacomoobjectivogarantirasoberaniaalimentar,oplenoempregoeoempregocomdireitos,aposteprioritariamentenadinamizaçãodomercadointernosemdesguarnecerasexportaçõesnumquadrodealargamentoediversificaçãoderelaçõesexternasequetenhacomoeixosessenciais:

•Reforçodoinvestimentopúblicovoltadoparaaindústria,aagriculturaeaspescas,comacriaçãoerecuperaçãodeinfra-estruturasnecessáriasàprodução,àrededetransporteselogística,eacriaçãodenovasempresaseáreasdeinter-vençãopúblicas;•Aproveitamentointegradodetodososrecursosnacionaiscomumapolíticaque,concretizandomedidasdecombateaodesemprego,aotrabalhoprecário,àdesvalorizaçãodossalários,potencieoaproveitamentodomaisimportanterecursonacional—acapacidadecriativaeprodutivademilhõesdetrabalhadorese,simultâneamente,promovaosimportantesrecursosnaturaisdosubsoloeenergéticos,agrí-colaseflorestais,osrecursosdecorrentesdomarassimcomodetodaacapacidadeprodutivaaindainstaladanonossopaís—designadamentenoplanoindustrial—,potenciando- -aeimpedindoasualiquidação.•DefesaereconstituiçãodeumforteedinâmicosectorempresarialdoEstado,recuperandoparaosectorpúblico—porviadenacionalizaçãoounegociaçãoadequada—sectoresbásicoseestratégicosdanossaeconomiadesig-nadamentenabanca,naenergia,nastelecomunicaçõesetransportes.Edinamizandosectoresestratégicosparaavidaeconómicadopaísqueestãohojeouprofundamentefragilizadosousujeitosalógicasfinanceirasdecurtoprazo,nasmãosdecapitalnacionale/ouestrangeiro,oumesmoabandonados;

Portugal a Produzir.indd 92 04-10-2011 14:36:30

Page 93: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

92 93

porimportações,aumdesprezopelosproblemasdaeconomiarealemfavordasactividadesfinanceirasespeculativas.

Portugalnãoéumpaíspobre.Opaís,ostrabalhadoreseopovoportuguês,nãoaguentammaisestapolíticadedesastrenacional.Adefesadaproduçãoedoaparelhoprodutivonacionalemergemcomoumaincontornávelrespostaaoactualprocessodedeclínioeconómicoequeéinseparáveldamelhoriadascondiçõesdevidadapopulação,doaumentodossaláriosepensões,doalargamentodosdireitosdostrabalhadores,docombateàprecariedadeeaodesemprego.

ÉnestequadroqueoPCPirárealizarnospróximosmesesumacampanhaemdefesadaproduçãonacionalsobolema—Portugalaproduzir.Umaimportanteiniciativapolítica,destinadaaafirmarovalorestratégicodaproduçãonacionalparaoaproveitamentodetodasaspotencialidadeserecursosdopaís,paraacriaçãodeemprego,paraocombateàdependênciaexterna,paraaafirmaçãode uma via soberana de desenvolvimento.

2—Apretextodo«défice»eagorada«dívidaexterna»tem-sedesenvolvidoumaautênticachantagemsobreostrabalhadoreseopovoportuguêsdestinadaareduzirovalordossalários,encerrareprivatizarserviços,agravaraexploração.

ComooPCPhámuitovemalertando,oproblemacentraldopaísnãoéodéficepúblicoouadívidapúblicacomoPS,PSDeCDSqueremfazercrer,massimadívidaexternaglobal(públicaeprivada)emconsequênciadeumprocessodedesindustrialização,dedegradaçãoedoabandonodoaparelhoprodutivo,dasprivatiza-ções,dodomíniodocapitalestrangeirosobreaeconomianacionaledeumapolíticamonetáriaecambialconduzidapeloBancoCentralEuropeu,altamentepenalizantedasnossasexportaçõeseactividadesprodutivas.

Contrariandoodiscursodominante,mentirasemistificaçõesqueduranteanosforamlançadasparajustificaroabandonodaproduçãonacional,oPCPsempreafirmouquenãosóerapossívelcomoabsolutamentenecessárioinvestirnaproduçãoenoaparelhoprodutivo,comocondiçãoparaadefesadanossasoberania,paraacriaçãodeempregoeodesenvolvimentodopaís.

3—OPCPpropõeaadopçãodeumapolíticadeEstadoemdefesaepromoçãodaproduçãonacionalquecontribuaparacon-cretizarummodelodesubstituiçãodeimportaçõesporproduçãonacional,promovaumprogramadeindustrializaçãodopaís,aproveiteepotencietodososrecursosnacionais,tenhacomoobjectivogarantirasoberaniaalimentar,oplenoempregoeoempregocomdireitos,aposteprioritariamentenadinamizaçãodomercadointernosemdesguarnecerasexportaçõesnumquadrodealargamentoediversificaçãoderelaçõesexternasequetenhacomoeixosessenciais:

•Reforçodoinvestimentopúblicovoltadoparaaindústria,aagriculturaeaspescas,comacriaçãoerecuperaçãodeinfra-estruturasnecessáriasàprodução,àrededetransporteselogística,eacriaçãodenovasempresaseáreasdeinter-vençãopúblicas;•Aproveitamentointegradodetodososrecursosnacionaiscomumapolíticaque,concretizandomedidasdecombateaodesemprego,aotrabalhoprecário,àdesvalorizaçãodossalários,potencieoaproveitamentodomaisimportanterecursonacional—acapacidadecriativaeprodutivademilhõesdetrabalhadorese,simultâneamente,promovaosimportantesrecursosnaturaisdosubsoloeenergéticos,agrí-colaseflorestais,osrecursosdecorrentesdomarassimcomodetodaacapacidadeprodutivaaindainstaladanonossopaís—designadamentenoplanoindustrial—,potenciando- -aeimpedindoasualiquidação.•DefesaereconstituiçãodeumforteedinâmicosectorempresarialdoEstado,recuperandoparaosectorpúblico—porviadenacionalizaçãoounegociaçãoadequada—sectoresbásicoseestratégicosdanossaeconomiadesig-nadamentenabanca,naenergia,nastelecomunicaçõesetransportes.Edinamizandosectoresestratégicosparaavidaeconómicadopaísqueestãohojeouprofundamentefragilizadosousujeitosalógicasfinanceirasdecurtoprazo,nasmãosdecapitalnacionale/ouestrangeiro,oumesmoabandonados;

Portugal a Produzir.indd 93 04-10-2011 14:36:30

Page 94: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

94 95

•Planeamentoeconómico,talcomoaConstituiçãodaRepú-blicaprevêesemoqualnãoserápossívelreestruturarotecidoeconómicodopaís.Planeamentoondeserealizeumaavaliaçãodosrecursoshumanos,dosmeiosdepro-duçãonecessários,dosrecursostecnológicos,dacompo-nenteimportadaedosrecursosfinanceirosnecessáriosaumapolíticadeEstadonadefesaepromoçãodaproduçãonacional.

4—AconcretizaçãodeumapolíticadeEstadoemdefesaepromoçãodaproduçãonacional,pressupõeumconjuntodemedidasconcretasdirigidasacadaumdossectoresdaactividadeeconómica.

Aindústriatransformadoraéabaseinsubstituíveldocres-cimentoeconómicoedodesenvolvimento.Noquadrodeactualprocessodedesindustrialização,foramdesmanteladas,oudimi-nuídasnassuascapacidadesprodutivas,importantesunidadesindustriais,queseriamimprescindíveispararesponderaosprin-cipaisdéficesdopaís.IntegradosnumplanodeindustrializaçãodopaísqueoPCPpropõe,ondeoEstadoassumaumpapeldeter-minanteimpõe-seodesenvolvimentodasindústriassiderúrgicas,metalomecânicas,electromecânicas,eléctricas,químicapesada,reparaçãoeconstruçãonavaledealtatecnologiaassimcomodaindústriaextractiva,dotandoopaísdealavancasfundamentaisparaorelançamentoindustrialdopaís.

Noâmbitodeumaoutrapolíticaparaaagriculturaeomundorural,adefesadaagriculturaedaflorestadeveconstituirumaprioridadedaspolíticaspúblicasquepermitacombaterodéficeagro-alimentar(naordemdos4milmilhõesdeeurosporano),criaremprego,dinamizaraseconomiaslocaiserurais.

Asituaçãoactualreclamamedidasurgentesnoapoioàpro-duçãoeaorendimentodosagricultores,naconcretizaçãodeimportantesobraspúblicasenointegralaproveitamentodeoutrascomooAlqueva,naconcretizaçãodeumPlanoNacionalde(re)Florestação,medidaquetenhamtambémcomoobjectivoacon-cretizaçãodeumanovaReformaAgrárianoscamposdoSulcomaliquidaçãodapropriedadelatifundiáriaearacionalizaçãofundiária

pelolivreassociativismonoNorteeCentrodopaís,respondendoassimàsquestõesdoemprego,dasoberaniaesegurançaalimentardopaís.

Nopolíticadepescascontrariandoatendênciadepersistenteedramáticareduçãodeefectivoseembarcaçõesimpõe-seumincrementoefectivodopescadocapturadoedescarregado,acon-cretizaçãodeinvestimentoseunidadesindustriaispúblicasligadasàexploração,investigaçãoedesenvolvimentodaaquaculturaedasconservaseoefectivoaumentoerenovaçãodasnossasdiferentesfrotasdepesca—longínqua,costeiraeartesanal—associadasaoreforçodainiciativadoEstadoportuguês(sejanoplanodaUEsejanasrelaçõesbilaterais)queassegureodesenvolvimentodeste sector.

5—Nasituaçãodesastrosaemqueseencontraaeconomianacional,peranteosdramáticosproblemassociais,odesemprego,aprecariedadeeosbaixossalários,arespostanãopodeseradacontinuaçãodapolíticadedireita,masadeumarupturacomoactualrumo,deumamudançanavidanacionalqueimponhaumapolíticapatrióticaedeesquerda.

AcampanhaqueoPCPirárealizarduranteospróximosmesessobolema«Portugalaproduzir»destina-seapermitirumamaislargatomadadeconsciênciadequeestevelhoearrastadocaminhoparaodesastreeodeclíniodasactividadesprodutivasnacionaistemdeserurgentementetravadoeque,numaperspectivasólidadedesenvolvimentoeconómicoeprogressosocial,emesmoasoluçãodosactuaisproblemasfinanceiros,sóserápossívelcomumanovapolíticadeapoio,revitalizaçãoemodernizaçãodoaparelhoedotecidoprodutivosnacionais,nasmaisvariadasáreasesectores. «Portugalaproduzir»seráumacampanhaque,apresentandopropostasesoluções,iráaoencontrodetrabalhadores,pequenosprodutores,PME,deinstituiçõeseempresas,ouvindoosseusproblemaseaspirações.

UmacampanhaqueteráinícionaFestadoAvante!comaapresentaçãodeumaimportanteexposiçãonoPavilhãoCentralcomomesmolemaequeteráduranteospróximosseismesesumplanodeacçãovisandodarexpressãopúblicaeinstitucionalaum

Portugal a Produzir.indd 94 04-10-2011 14:36:30

Page 95: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

94 95

•Planeamentoeconómico,talcomoaConstituiçãodaRepú-blicaprevêesemoqualnãoserápossívelreestruturarotecidoeconómicodopaís.Planeamentoondeserealizeumaavaliaçãodosrecursoshumanos,dosmeiosdepro-duçãonecessários,dosrecursostecnológicos,dacompo-nenteimportadaedosrecursosfinanceirosnecessáriosaumapolíticadeEstadonadefesaepromoçãodaproduçãonacional.

4—AconcretizaçãodeumapolíticadeEstadoemdefesaepromoçãodaproduçãonacional,pressupõeumconjuntodemedidasconcretasdirigidasacadaumdossectoresdaactividadeeconómica.

Aindústriatransformadoraéabaseinsubstituíveldocres-cimentoeconómicoedodesenvolvimento.Noquadrodeactualprocessodedesindustrialização,foramdesmanteladas,oudimi-nuídasnassuascapacidadesprodutivas,importantesunidadesindustriais,queseriamimprescindíveispararesponderaosprin-cipaisdéficesdopaís.IntegradosnumplanodeindustrializaçãodopaísqueoPCPpropõe,ondeoEstadoassumaumpapeldeter-minanteimpõe-seodesenvolvimentodasindústriassiderúrgicas,metalomecânicas,electromecânicas,eléctricas,químicapesada,reparaçãoeconstruçãonavaledealtatecnologiaassimcomodaindústriaextractiva,dotandoopaísdealavancasfundamentaisparaorelançamentoindustrialdopaís.

Noâmbitodeumaoutrapolíticaparaaagriculturaeomundorural,adefesadaagriculturaedaflorestadeveconstituirumaprioridadedaspolíticaspúblicasquepermitacombaterodéficeagro-alimentar(naordemdos4milmilhõesdeeurosporano),criaremprego,dinamizaraseconomiaslocaiserurais.

Asituaçãoactualreclamamedidasurgentesnoapoioàpro-duçãoeaorendimentodosagricultores,naconcretizaçãodeimportantesobraspúblicasenointegralaproveitamentodeoutrascomooAlqueva,naconcretizaçãodeumPlanoNacionalde(re)Florestação,medidaquetenhamtambémcomoobjectivoacon-cretizaçãodeumanovaReformaAgrárianoscamposdoSulcomaliquidaçãodapropriedadelatifundiáriaearacionalizaçãofundiária

pelolivreassociativismonoNorteeCentrodopaís,respondendoassimàsquestõesdoemprego,dasoberaniaesegurançaalimentardopaís.

Nopolíticadepescascontrariandoatendênciadepersistenteedramáticareduçãodeefectivoseembarcaçõesimpõe-seumincrementoefectivodopescadocapturadoedescarregado,acon-cretizaçãodeinvestimentoseunidadesindustriaispúblicasligadasàexploração,investigaçãoedesenvolvimentodaaquaculturaedasconservaseoefectivoaumentoerenovaçãodasnossasdiferentesfrotasdepesca—longínqua,costeiraeartesanal—associadasaoreforçodainiciativadoEstadoportuguês(sejanoplanodaUEsejanasrelaçõesbilaterais)queassegureodesenvolvimentodeste sector.

5—Nasituaçãodesastrosaemqueseencontraaeconomianacional,peranteosdramáticosproblemassociais,odesemprego,aprecariedadeeosbaixossalários,arespostanãopodeseradacontinuaçãodapolíticadedireita,masadeumarupturacomoactualrumo,deumamudançanavidanacionalqueimponhaumapolíticapatrióticaedeesquerda.

AcampanhaqueoPCPirárealizarduranteospróximosmesessobolema«Portugalaproduzir»destina-seapermitirumamaislargatomadadeconsciênciadequeestevelhoearrastadocaminhoparaodesastreeodeclíniodasactividadesprodutivasnacionaistemdeserurgentementetravadoeque,numaperspectivasólidadedesenvolvimentoeconómicoeprogressosocial,emesmoasoluçãodosactuaisproblemasfinanceiros,sóserápossívelcomumanovapolíticadeapoio,revitalizaçãoemodernizaçãodoaparelhoedotecidoprodutivosnacionais,nasmaisvariadasáreasesectores. «Portugalaproduzir»seráumacampanhaque,apresentandopropostasesoluções,iráaoencontrodetrabalhadores,pequenosprodutores,PME,deinstituiçõeseempresas,ouvindoosseusproblemaseaspirações.

UmacampanhaqueteráinícionaFestadoAvante!comaapresentaçãodeumaimportanteexposiçãonoPavilhãoCentralcomomesmolemaequeteráduranteospróximosseismesesumplanodeacçãovisandodarexpressãopúblicaeinstitucionalaum

Portugal a Produzir.indd 95 04-10-2011 14:36:31

Page 96: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

96 97

programademedidasque,sejadopontodevistasectorial,sejadopontodevistalocalouregional,dinamizemoaparelhoprodutivoeafirmemumoutrorumoparaopaís.

Umacampanhaquefalarádosproblemasconcretosdavidanacional,longedasinsignificantesquerelascomquePS,PSDeCDS,procuramiludiraactualsituação,maspróximadopaíspro-fundo,darealidadeconcretacomqueestamosconfrontados.

«Portugalaproduzir»éassimadefiniçãodeumrumoinversoaodapolíticadedireitaque,correspondendoàslegítimasaspira-çõesdostrabalhadoresedopovoportuguêsaumavidamelhor,seafirmacomoumagrandepropostadoPCPparaopresenteeofuturodePortugal.

Ameco,Annualmacro-economicdatabase,quadroGross value added at 2000 prices: industry excluding building and construction,datadaúltimaactua-lização29-11-2010.

AnuárioEstatístico–Portugal–ContinenteAçoreseMadeira,1979,INE.AnuárioEstatísticodePortugal2009,INE,edição2010.AssociaçãoPortuguesadeCortiça,artigoO Montadonorespectivosite,acedido

em2011,www.apcor.pt/artigo/271.htm.

Bloomberg,valordasobrigaçõesdetesouroportuguesasadois,três,cincoedezanos:http://www.bloomberg.com/apps/quote?ticker=GSPT2YR:IND#chart,http://www.bloomberg.com/apps/quote?ticker=GSPT3YR:IND#chart,http://www.bloomberg.com/apps/quote?ticker=GSPT5YR:IND#chart,http://www.bloomberg.com/apps/quote?ticker=GSPT10YR:IND#chart.

BoletimEconómicodoBancodePortugal,Verão2010,Volume16,Número2, Produção e consumo de energia em Portugal: factos estilizados,Joãoamador.

BoletimEconómicodoBancodePortugal,Verão2011,Volume17,Número2.BoletimEconómicodoBancodePortugal,Outono2010,Volume16,Número3.BoletimEstatísticodoBancodePortugal,Maiode2011.BoletimEstatísticodoGabinetedeEstratégiaePlaneamentodoMinistériodo

TrabalhoedaSolidariedadeSocial,Maiode2011.BoletimMensaldeEconomiaPortuguesa,n.o 5, Maio de 2009, gabinete de

EstratégiaeEstudosdoMinistériodaEconomiaedaInovação.BoletimMensaldeEconomiaPortuguesa,n.o 3, Março de 2011, gabinete de

EstratégiaeEstudosdoMinistériodaEconomia,daInovaçãoedoDesen-volvimentoeGabinetedePlaneamento,Estratégia,AvaliaçãoeRelaçõesInternacionaisdoMinistériodasFinançasedaAdministraçãoPública.

Referênciasbibliográficas

Portugal a Produzir.indd 96 04-10-2011 14:36:31

Page 97: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

96 97

programademedidasque,sejadopontodevistasectorial,sejadopontodevistalocalouregional,dinamizemoaparelhoprodutivoeafirmemumoutrorumoparaopaís.

Umacampanhaquefalarádosproblemasconcretosdavidanacional,longedasinsignificantesquerelascomquePS,PSDeCDS,procuramiludiraactualsituação,maspróximadopaíspro-fundo,darealidadeconcretacomqueestamosconfrontados.

«Portugalaproduzir»éassimadefiniçãodeumrumoinversoaodapolíticadedireitaque,correspondendoàslegítimasaspira-çõesdostrabalhadoresedopovoportuguêsaumavidamelhor,seafirmacomoumagrandepropostadoPCPparaopresenteeofuturodePortugal.

Ameco,Annualmacro-economicdatabase,quadroGross value added at 2000 prices: industry excluding building and construction,datadaúltimaactua-lização29-11-2010.

AnuárioEstatístico–Portugal–ContinenteAçoreseMadeira,1979,INE.AnuárioEstatísticodePortugal2009,INE,edição2010.AssociaçãoPortuguesadeCortiça,artigoO Montadonorespectivosite,acedido

em2011,www.apcor.pt/artigo/271.htm.

Bloomberg,valordasobrigaçõesdetesouroportuguesasadois,três,cincoedezanos:http://www.bloomberg.com/apps/quote?ticker=GSPT2YR:IND#chart,http://www.bloomberg.com/apps/quote?ticker=GSPT3YR:IND#chart,http://www.bloomberg.com/apps/quote?ticker=GSPT5YR:IND#chart,http://www.bloomberg.com/apps/quote?ticker=GSPT10YR:IND#chart.

BoletimEconómicodoBancodePortugal,Verão2010,Volume16,Número2, Produção e consumo de energia em Portugal: factos estilizados,Joãoamador.

BoletimEconómicodoBancodePortugal,Verão2011,Volume17,Número2.BoletimEconómicodoBancodePortugal,Outono2010,Volume16,Número3.BoletimEstatísticodoBancodePortugal,Maiode2011.BoletimEstatísticodoGabinetedeEstratégiaePlaneamentodoMinistériodo

TrabalhoedaSolidariedadeSocial,Maiode2011.BoletimMensaldeEconomiaPortuguesa,n.o 5, Maio de 2009, gabinete de

EstratégiaeEstudosdoMinistériodaEconomiaedaInovação.BoletimMensaldeEconomiaPortuguesa,n.o 3, Março de 2011, gabinete de

EstratégiaeEstudosdoMinistériodaEconomia,daInovaçãoedoDesen-volvimentoeGabinetedePlaneamento,Estratégia,AvaliaçãoeRelaçõesInternacionaisdoMinistériodasFinançasedaAdministraçãoPública.

Referênciasbibliográficas

Portugal a Produzir.indd 97 04-10-2011 14:36:31

Page 98: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

98 99

Censos2001/XIVRecenseamentoGeraldaPopulação/IVRecenseamentoGeraldaHabitação–ResultadosDefinitivos—Portugal,2002,INE.

ContasEconómicasdaAgricultura1980-2009,edição2010,INE.ContasNacionais,AgregadosMacroeconómicos,INE,InformaçãoEstatística

(disponibilizadanosite),datadaúltimaactualização09-06-2011.ContasNacionais,ContasSatélites,INE,InformaçãoEstatística(disponibilizada

nosite),datadaúltimaactualização30-09-2010.

DesenvolvimentoRural—PlanoEstratégicoNacional2007-2013—Portugal,RevisãoNovembro2009,MinistériodaAgricultura,doDesenvolvimentoRural e das Pescas.

DestaqueINE,Balança Alimentar Portuguesa 2003-2008, 30 de Novembro de 2010.

DestaqueINE,Contas Económicas da Silvicultura — Base 2006 / 1986-2008, 14deJulhode2010.

DestaqueINE,Contas Nacionais Trimestrais (Base 2006) — 1.o trimestre de 2011,9deJunhode2011.

DestaqueINE,Estatísticas das Filiais de Empresas Estrangeiras — 2005-2007, 30 de outubro de 2009, revisto em 2 de Novembro de 2009.

DestaqueINE,Estimativas de População Residente — 2010,7deJunhode2010.

DestaqueINE,Estudos sobre Estatísticas Estruturais das Empresas — 2008, Micro, Pequenas e Médias Empresas em Portugal,28deJunhode 2010.

DestaqueINE,Procedimento dos Défices Excessivos — 1.a Notificação de 2011, 31 de Março de 2011.

DestaqueINE,Rendimento e Condições de Vida — 2010 (Dados Provisórios), 11deJulhode2011.

Emprego,contrataçãocolectivadetrabalhoeprotecçãodamobilidadeprofis-sionalemPortugal—EstudoelaboradoporsolicitaçãodaMinistradoTra-balhoedaSolidariedadeSocial,AntónioDornelas(Coordenador),AntonietaMinistro,FernandoRibeiroLopes,JoséLuísAlbuquerque,MariaManuelaPaixão,NunoCostaSantos,Maiode2010.

EnergyPoliciesofIEACountries—Portugal2009Review.EstatísticasAgrícolas2009,edição2010,INE.EstatísticasAgrícolas2010,edição2011,INE.EstatísticasdeBolso,13deSetembrode2010,GabinetedeEstratégiaeEstudos

do Ministério da Economia, da Inovação e do desenvolvimento.Estatísticas do Comércio Internacional 1993-2009, edição 2010, INE.Estatísticas do Comércio Internacional 2010, edição 2011, INE.EstatísticasdoEmprego—4.o trimestre 2001, edição 2002, INE.EstatísticasdoEmprego—4.o trimestre 2002, edição 2003, INE.

EstatísticasdoEmprego—4.o trimestre 2010, edição 2011 (e não 2010, como erradamentesereferenacapa),INE.

EstatísticasdoEmprego—1.o trimestre 2011, edição 2011, INE.Estatísticas da Pesca 1986 — Continente, açores e Madeira, edição 1987, INE.Estatísticas da Pesca 1990, INE.Estatísticas da Pesca 1997, edição 1998, INE.Estatísticas da Pesca 1998, edição 1999, INE.Estatísticas da Pesca 1999, edição 2000, INE.Estatísticas da Pesca 2000, edição 2001, INE.Estatísticas da Pesca 2001, edição 2002, INE.Estatísticas da Pesca 2002, edição 2003, INE.Estatísticas da Pesca 2003, edição 2004, INE.Estatísticas da Pesca 2004, edição 2005, INE.Estatísticas da Pesca 2005, edição 2006, INE.Estatísticas da Pesca 2006, edição 2007, INE.Estatísticas da Pesca 2007, edição 2008, INE.Estatísticas da Pesca 2008, edição 2009, INE.Estatísticas da Pesca 2009, edição 2010, INE.Estatísticas da Pesca 2010, edição 2011, INE.Estatísticas da Produção Industrial 1999, edição 2001, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2000, edição 2002, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2001, edição 2002, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2002, edição 2003, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2003, edição 2004, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2004, edição 2005, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2005, edição 2007, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2006, edição 2008, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2007, edição 2009, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2008, edição 2010, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2009, edição 2010, INE.Eurostat, Table Average gross annual earnings in industry and services, by gen-

der/Of full-time employees in enterprises with 10 or more employees (ECU/EUR), 2.1.2-r1627-2011-03-11 (PRod).

Eurostat, Employees by sex, age groups and highest level of education attained (from 25 to 64 years),lastupdate:15-04-2011.

Eurostat, Persons with tertiary education attainment by age and sex (%) (from 25 to 34 years),lastupdate:20-01-2011.

Eurostat, Persons with upper secondary education attainment by age and sex (%) (from 25 to 34 years),lastupdate:20-01-2011.

Eurostat, Population, aged 15 to 74 years, by sex, age groups and highest level of education attained (from 15 to 74 years),lastupdate:15-04-2011.

EurostatPocketbooks,Agricultural Statistics / Main results — 2008-09, 2010 edition, Eurostat.

Portugal a Produzir.indd 98 04-10-2011 14:36:32

Page 99: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

98 99

Censos2001/XIVRecenseamentoGeraldaPopulação/IVRecenseamentoGeraldaHabitação–ResultadosDefinitivos—Portugal,2002,INE.

ContasEconómicasdaAgricultura1980-2009,edição2010,INE.ContasNacionais,AgregadosMacroeconómicos,INE,InformaçãoEstatística

(disponibilizadanosite),datadaúltimaactualização09-06-2011.ContasNacionais,ContasSatélites,INE,InformaçãoEstatística(disponibilizada

nosite),datadaúltimaactualização30-09-2010.

DesenvolvimentoRural—PlanoEstratégicoNacional2007-2013—Portugal,RevisãoNovembro2009,MinistériodaAgricultura,doDesenvolvimentoRural e das Pescas.

DestaqueINE,Balança Alimentar Portuguesa 2003-2008, 30 de Novembro de 2010.

DestaqueINE,Contas Económicas da Silvicultura — Base 2006 / 1986-2008, 14deJulhode2010.

DestaqueINE,Contas Nacionais Trimestrais (Base 2006) — 1.o trimestre de 2011,9deJunhode2011.

DestaqueINE,Estatísticas das Filiais de Empresas Estrangeiras — 2005-2007, 30 de outubro de 2009, revisto em 2 de Novembro de 2009.

DestaqueINE,Estimativas de População Residente — 2010,7deJunhode2010.

DestaqueINE,Estudos sobre Estatísticas Estruturais das Empresas — 2008, Micro, Pequenas e Médias Empresas em Portugal,28deJunhode 2010.

DestaqueINE,Procedimento dos Défices Excessivos — 1.a Notificação de 2011, 31 de Março de 2011.

DestaqueINE,Rendimento e Condições de Vida — 2010 (Dados Provisórios), 11deJulhode2011.

Emprego,contrataçãocolectivadetrabalhoeprotecçãodamobilidadeprofis-sionalemPortugal—EstudoelaboradoporsolicitaçãodaMinistradoTra-balhoedaSolidariedadeSocial,AntónioDornelas(Coordenador),AntonietaMinistro,FernandoRibeiroLopes,JoséLuísAlbuquerque,MariaManuelaPaixão,NunoCostaSantos,Maiode2010.

EnergyPoliciesofIEACountries—Portugal2009Review.EstatísticasAgrícolas2009,edição2010,INE.EstatísticasAgrícolas2010,edição2011,INE.EstatísticasdeBolso,13deSetembrode2010,GabinetedeEstratégiaeEstudos

do Ministério da Economia, da Inovação e do desenvolvimento.Estatísticas do Comércio Internacional 1993-2009, edição 2010, INE.Estatísticas do Comércio Internacional 2010, edição 2011, INE.EstatísticasdoEmprego—4.o trimestre 2001, edição 2002, INE.EstatísticasdoEmprego—4.o trimestre 2002, edição 2003, INE.

EstatísticasdoEmprego—4.o trimestre 2010, edição 2011 (e não 2010, como erradamentesereferenacapa),INE.

EstatísticasdoEmprego—1.o trimestre 2011, edição 2011, INE.Estatísticas da Pesca 1986 — Continente, açores e Madeira, edição 1987, INE.Estatísticas da Pesca 1990, INE.Estatísticas da Pesca 1997, edição 1998, INE.Estatísticas da Pesca 1998, edição 1999, INE.Estatísticas da Pesca 1999, edição 2000, INE.Estatísticas da Pesca 2000, edição 2001, INE.Estatísticas da Pesca 2001, edição 2002, INE.Estatísticas da Pesca 2002, edição 2003, INE.Estatísticas da Pesca 2003, edição 2004, INE.Estatísticas da Pesca 2004, edição 2005, INE.Estatísticas da Pesca 2005, edição 2006, INE.Estatísticas da Pesca 2006, edição 2007, INE.Estatísticas da Pesca 2007, edição 2008, INE.Estatísticas da Pesca 2008, edição 2009, INE.Estatísticas da Pesca 2009, edição 2010, INE.Estatísticas da Pesca 2010, edição 2011, INE.Estatísticas da Produção Industrial 1999, edição 2001, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2000, edição 2002, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2001, edição 2002, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2002, edição 2003, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2003, edição 2004, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2004, edição 2005, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2005, edição 2007, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2006, edição 2008, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2007, edição 2009, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2008, edição 2010, INE.Estatísticas da Produção Industrial 2009, edição 2010, INE.Eurostat, Table Average gross annual earnings in industry and services, by gen-

der/Of full-time employees in enterprises with 10 or more employees (ECU/EUR), 2.1.2-r1627-2011-03-11 (PRod).

Eurostat, Employees by sex, age groups and highest level of education attained (from 25 to 64 years),lastupdate:15-04-2011.

Eurostat, Persons with tertiary education attainment by age and sex (%) (from 25 to 34 years),lastupdate:20-01-2011.

Eurostat, Persons with upper secondary education attainment by age and sex (%) (from 25 to 34 years),lastupdate:20-01-2011.

Eurostat, Population, aged 15 to 74 years, by sex, age groups and highest level of education attained (from 15 to 74 years),lastupdate:15-04-2011.

EurostatPocketbooks,Agricultural Statistics / Main results — 2008-09, 2010 edition, Eurostat.

Portugal a Produzir.indd 99 04-10-2011 14:36:32

Page 100: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

100 101

EurostatPocketbooks,Science, tecnhology and innovation in Europe, 2010 edition, Eurostat.

IMFWorkingPaper,WP/08/112,CompetitivenessintheSouthernEuroArea:France,Greece,Italy,Portugal,andSpain,2008,III. Southern Euro Area Five Countries: Trends in Value_Added,byIrynaIvaschenko.

IncêndiosFlorestais—Portugal/TotaisNacionais,Direcção-GeraldosRecursosFlorestaisdoMinistériodaAgricultura,PescaseFloresta(semdata,comdadosaté2006,consultadonositedaAutoridadeFlorestalNacionalem4de abril de 2011).

Indexmundi,http://www.indexmundi.com/commodities/.Indicadores2009—Agricultura,SilviculturaePesca,GabinetedePlaneamento

ePolíticasdoMinistériodaAgricultura,doDesenvolvimentoRuraledasPescas.

InquéritoàEstruturadasExploraçõesAgrícolas2005,anodeedição2006,INE.

InternationalMonetaryFund—Portugal—RequestforaThree-YearAr-rangementUndertheExtendedFundFacility,PreparedbytheEuropeanDepartmentinConsultationwithOtherDepartments,ApprovedbyPoulM.ThomsenandMartinMühleisen,May17,2011.

5.oInventárioFlorestalNacional—ApresentaçãodoRelatórioFinal,7deSe-tembrode2010,DirecçãoGeraldeGestãoFlorestal.

Jornal de Negócios,24deAbrilde2008,p.23,quadro,fontemencionada:Insti-tutodeSegurançaSocial;EstatísticasdaSegurançaSocial;Remuneraçõesdeclaradas no 1.o semestre.

Mamede, Ricardo Paes, Uma parte menos falada da crise de competitividade, LadrõesdeBicicletas,17deDezembrode2010,http://ladroesdebicicle- tas.blogspot.com/2010/12/uma-parte-menos-falada-da-crise-de.html,gráfico.

NotadeInformaçãoEstatísticadoBancodePortugal,21deFevereirode2011.

OrçamentodoEstadopara2011,Lein.o55-A/2010,DiáriodaRepública,1.ªsérie—N.º253—31deDezembrode2010.

Pinho,Ivo,«Sectorpúblicoempresarialantesedepoisdo11deMarço»,inAnálise Social, vol. XII (47), 1976 — 3.º, 733-747.

PoRdata, Remessas de emigrantes, imigrantes e saldo em % do PIB,últimaactualização:2011-04-26,15:45:43.Fontededados:BP—EstatísticasdeBalançadePagamentos,INE–BP—ContasNacionaisAnuais(Base

2006).PoRdata, Rendimento nacional e remunerações do trabalho em % do PIB,úl-

timaactualização:2011-04-26,15:45:44.Fontededados:INE–BP–ContasNacionais anuais (Base 2006).

PoRdata, Taxa de desemprego: total e por nível de escolaridade completo (%), última actualização:2011-02-17,10:16:44.Fontededados:INE–InquéritoaoEmprego.

PortugalAgrícola1980-2006,edição2007,INE.Público,28deMarçode2011,Economia,JoãoRamosdeAlmeida,Quantos“fal-

sosrecibosverdes”existemaocerto»,http://economia.publico.pt/Noticia/quantos-falsos-recibos-verdes-existem-ao-certo_1487046.

QuadrosdePessoal2008,GabinetedeEstratégiaePlaneamentodoMinistériodoTrabalhoedaSolidariedadeSocial.

RecenseamentoAgrícola2009—AnálisedosPrincipaisResultados,edição2011, INE.

Regulamento(CE)n.o 1214/2007 da Comissão, de 20 de Setembro de 2007, AnexoI—NomenclaturaCombinada,JornalOficialdaUniãoEuropeia–31de outubro de 2007.

RelatórioAnualdeÁreasArdidaseOcorrências2010—1deJaneiroa31deDezembro,DirecçãodeUnidadedeDefesadaFloresta,editadopelaAutori-dadeFlorestalNacional/MinistériodaAgricultura,doDesenvolvimentoRural e das Pescas.

SobreaPobreza,asDesigualdadeseaPrivaçãoMaterialemPortugal,2010,INE.

TribunaldeContas—ParecersobreaContaGeraldoEstado,Anoeconómicode2009,VolumeI.

Portugal a Produzir.indd 100 04-10-2011 14:36:32

Page 101: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação

100 101

EurostatPocketbooks,Science, tecnhology and innovation in Europe, 2010 edition, Eurostat.

IMFWorkingPaper,WP/08/112,CompetitivenessintheSouthernEuroArea:France,Greece,Italy,Portugal,andSpain,2008,III. Southern Euro Area Five Countries: Trends in Value_Added,byIrynaIvaschenko.

IncêndiosFlorestais—Portugal/TotaisNacionais,Direcção-GeraldosRecursosFlorestaisdoMinistériodaAgricultura,PescaseFloresta(semdata,comdadosaté2006,consultadonositedaAutoridadeFlorestalNacionalem4de abril de 2011).

Indexmundi,http://www.indexmundi.com/commodities/.Indicadores2009—Agricultura,SilviculturaePesca,GabinetedePlaneamento

ePolíticasdoMinistériodaAgricultura,doDesenvolvimentoRuraledasPescas.

InquéritoàEstruturadasExploraçõesAgrícolas2005,anodeedição2006,INE.

InternationalMonetaryFund—Portugal—RequestforaThree-YearAr-rangementUndertheExtendedFundFacility,PreparedbytheEuropeanDepartmentinConsultationwithOtherDepartments,ApprovedbyPoulM.ThomsenandMartinMühleisen,May17,2011.

5.oInventárioFlorestalNacional—ApresentaçãodoRelatórioFinal,7deSe-tembrode2010,DirecçãoGeraldeGestãoFlorestal.

Jornal de Negócios,24deAbrilde2008,p.23,quadro,fontemencionada:Insti-tutodeSegurançaSocial;EstatísticasdaSegurançaSocial;Remuneraçõesdeclaradas no 1.o semestre.

Mamede, Ricardo Paes, Uma parte menos falada da crise de competitividade, LadrõesdeBicicletas,17deDezembrode2010,http://ladroesdebicicle- tas.blogspot.com/2010/12/uma-parte-menos-falada-da-crise-de.html,gráfico.

NotadeInformaçãoEstatísticadoBancodePortugal,21deFevereirode2011.

OrçamentodoEstadopara2011,Lein.o55-A/2010,DiáriodaRepública,1.ªsérie—N.º253—31deDezembrode2010.

Pinho,Ivo,«Sectorpúblicoempresarialantesedepoisdo11deMarço»,inAnálise Social, vol. XII (47), 1976 — 3.º, 733-747.

PoRdata, Remessas de emigrantes, imigrantes e saldo em % do PIB,últimaactualização:2011-04-26,15:45:43.Fontededados:BP—EstatísticasdeBalançadePagamentos,INE–BP—ContasNacionaisAnuais(Base

2006).PoRdata, Rendimento nacional e remunerações do trabalho em % do PIB,úl-

timaactualização:2011-04-26,15:45:44.Fontededados:INE–BP–ContasNacionais anuais (Base 2006).

PoRdata, Taxa de desemprego: total e por nível de escolaridade completo (%), última actualização:2011-02-17,10:16:44.Fontededados:INE–InquéritoaoEmprego.

PortugalAgrícola1980-2006,edição2007,INE.Público,28deMarçode2011,Economia,JoãoRamosdeAlmeida,Quantos“fal-

sosrecibosverdes”existemaocerto»,http://economia.publico.pt/Noticia/quantos-falsos-recibos-verdes-existem-ao-certo_1487046.

QuadrosdePessoal2008,GabinetedeEstratégiaePlaneamentodoMinistériodoTrabalhoedaSolidariedadeSocial.

RecenseamentoAgrícola2009—AnálisedosPrincipaisResultados,edição2011, INE.

Regulamento(CE)n.o 1214/2007 da Comissão, de 20 de Setembro de 2007, AnexoI—NomenclaturaCombinada,JornalOficialdaUniãoEuropeia–31de outubro de 2007.

RelatórioAnualdeÁreasArdidaseOcorrências2010—1deJaneiroa31deDezembro,DirecçãodeUnidadedeDefesadaFloresta,editadopelaAutori-dadeFlorestalNacional/MinistériodaAgricultura,doDesenvolvimentoRural e das Pescas.

SobreaPobreza,asDesigualdadeseaPrivaçãoMaterialemPortugal,2010,INE.

TribunaldeContas—ParecersobreaContaGeraldoEstado,Anoeconómicode2009,VolumeI.

Portugal a Produzir.indd 101 04-10-2011 14:36:33

Page 102: Portugal a Produzir - Partido Comunista Português a Produzir.indd 4 04-10-2011 14:35:53 5 Índice Capítulo I — Apresentação ..... 7 Capítulo II — Diagnóstico da situação