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DPP Portugal Profiles 1 ENQUADRAMENTO EXTERNO E DESAFIOS ESTRATÉGICOS (documento de trabalho) Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais MAOTDR (D)PP1 Enquadramento Externo e Desafios Estratégicos Março 2008 DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Portugal Profile 1 - Enquadramento Externo e Desafios Estrategicos

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DPP Portugal Profiles

1 ENQUADRAMENTO

EXTERNO E DESAFIOS

ESTRATÉGICOS (documento de trabalho)

Departamento de Prospectiva e Planeamento e Relações Internacionais

MAOTDR

(D)PP1Enquadramento Externo e Desafios Estratégicos

Março 2008

DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

(D)PP 1 - Enquadramento Externo e Desafios Estratégicos

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DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Os DPP Portugal Profiles constituem uma contribuição do DPP para o Grupo de Trabalho (GT) responsável por reflectir sobre

as possibilidades de evolução do Orçamento da UE após 2013 e consequentes implicações para Portugal. A Comissão

Europeia situou o debate sobre o futuro do Orçamento da UE no quadro mais lato dos desafios a enfrentar pela União num

horizonte mais longínquo, sendo os mesmos entendidos como forças dinâmicas, em transformação permanente, cuja

natureza pode (e deve) ser compreendida e investigada, mas relativamente às quais o patamar de informação e

conhecimento disponíveis não deverá ser considerado como adquirido e definitivo. A Comissão optou, assim, por ligar a

discussão sobre o futuro do Orçamento ao futuro das políticas europeias, colocando este processo de decisão política no

plano da Estratégia. Estamos pois perante um processo de reflexão estratégica. Este processo de reflexão estratégica,

necessário à escala europeia, é para Portugal do maior interesse e, particularmente, desafiante. Equacionar o(s) futuro(s)

de Portugal no contexto europeu é uma condição necessária para a fundamentação de escolhas na formulação de

políticas nacionais ou na identificação dos posicionamentos que melhor servem os interesses de Portugal na construção das

políticas comunitárias. Partindo de um enquadramento internacional de âmbito mais vasto, em que situamos o contexto

europeu, é possível traçar incertezas centrais e tendências marcantes que inevitavelmente terão impactos numa pequena

economia plenamente integrada, a par de países que se situam no topo dos níveis de desenvolvimento, numa união

económica e monetária. O DPP tem realizado um extenso trabalho de reflexão sobre a posição portuguesa face a um

enquadramento externo marcado pelas referidas tendências globais. No seu conjunto, estes trabalhos não devem ser

assumidos como um exercício de “certificação” (entendida esta como fornecimento de certezas), mas sim como uma

abordagem que parte da necessidade de identificar e aprofundar tanto quanto possível as incertezas cruciais face ao

futuro para reunir uma base sólida de conhecimento que possa contribuir para a respectiva “gestão”, isto é, para a

maximização do aproveitamento das oportunidades que se abrem e para evitar ou mitigar os riscos potenciais. Neste

conjunto de documentos procura-se corresponder à solicitação do GT coordenado pela DGAE, sistematizando e

parcialmente actualizando num lote de seis “cadernos” temáticos uma selecção de leituras técnicas extraídas dos

trabalhos mais recentes do DPP. Esta selecção orientou-se para, sob diferentes ângulos, identificar o posicionamento de

Portugal:

(D)PP 1 – Enquadramento Externo e Desafios Estratégicos

(D)PP 2 – Convergência

(D)PP 3 – Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades

(D)PP 4 – Território(s)

(D)PP 5 – Ambiente e Desenvolvimento

(D)PP6 – Qualificações, Trabalho e Coesão Social

O envolvimento da Administração portuguesa nesta reflexão constitui uma oportunidade para, num momento de viragem

para a economia portuguesa, revisitar elementos do nosso percurso recente, úteis para melhor podermos compreender de

onde partimos e nos prepararmos para melhor identificar e construir o(s) nosso(s) futuro(s).

Ficha Técnica

Título: (D)PP 1- Enquadramento Externo e Desafios Estratégicos (documento de trabalho; Março de 2008)

Organização/Actualização: António Alvarenga - [email protected]

(D)PP 1 - Enquadramento Externo e Desafios Estratégicos

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DEPARTAMENTO DE PROSPECTIVA E PLANEAMENTOE RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Índice

Introdução 5

1 Tendências Globais 7

1.1 Emergência de Economias e Competição entre

Espaços Desenvolvidos 7

1.2 Inovação e Difusão de Novas Tecnologias como Chave

para o Crescimento 8

1.3 Limitações Potenciais na Oferta de Petróleo 10

1.4 Riscos Ambientais e de Saúde Pública 11

1.5 Envelhecimento de Populações, Migrações e Pressões

sobre a Coesão Social 12

2 Competições, Ameaças, Oportunidades e Posição

Portuguesa (Limitações e Pontos Fortes) 13

3 Desafios Estratégicos 15

Referências 18

(D)PP 1 - Enquadramento Externo e Desafios Estratégicos

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Introdução1

Utilizando 2015 como horizonte temporal, considera-se, neste trabalho, que a posição das

pequenas economias abertas de desenvolvimento intermédio, como a de Portugal,

dependerá da respectiva adaptação às grandes tendências pesadas que atravessam o

período e se prolongam para além dele. Consideramos que para reflectir sobre o futuro de

Portugal e as opções do nosso país no presente é fundamental perceber que forças externas

condicionam e potenciam o nosso futuro.

Optámos por uma metodologia muito simples de forma a facilitar a discussão, a partilha de

informação e o carácter estratégico da mesma. Iniciamos com uma Figura-Síntese que

integra os vários elementos e processos subsequentemente apresentados e analisados neste

trabalho, partindo das forças motrizes e chegando aos desafios estratégicos através de um

conjunto de competições-chave relativamente às quais a posição portuguesa se define a

partir de ameaças, oportunidades, limitações e pontos fortes.

1 A partir de DPP (2006), Enquadramento Internacional e Desafios para Portugal no Horizonte 2015, Prospectiva e Planeamento nº13, pp. 259-280, disponível em http://www.dpp.pt/pages/files/Enquadramento_Internacional.pdf.

(D)PP 1 - Enquadramento Externo e Desafios Estratégicos

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FIGURA 1

Portugal: Forças Motrizes( ), Competições ( ), Limitações, Ameaças, Pontos Fortes, Oportunidades e Desafios Estratégicos ( )

Limitações: (1) produtividade; (2) padrão de actividades internacionais; (3)orientação de mercado das exportações portuguesas; (4) dificuldades na atracçãode IDE; (5) equipamento em infra-estruturas de transporte com dificuldade deintegração nas principais rotas internacionais. Pontos Fortes: (1) disponibilidade de vastos espaços territoriais com baixadensidade populacional; (2) espaço da língua portuguesa e ligações históricas apaíses asiáticos; (3) espaço ibérico; (4) evolução na cobertura pelas redes detelecomunicações e forte dinâmica empresarial neste sector e sectores afins; (5)integração numa zona de estabilidade cambial; (6) processo de reformasestruturais enquadrado num esforço comum a nível da UE; (7) acessibilidades nointerior do país e com Espanha (assentes no modo rodoviário) e sistema de redesde distribuição.

Competição nos Mercados de Bens e Serviços Transaccionáveis

Ameaças: (1) abertura dos mercados da UE aos paísesasiáticos; (2) dificuldades adicionais na captação deIDE resultantes da presença no interior da UE de novosEstados-Membros. Oportunidades: (1) ascensão de um conjunto deactividades – saúde, informação, lazer eentretenimento, comunicação, mobilidade sustentável,defesa e segurança; (2) cadeias de concepção,desenvolvimento, fabricação e assistência à escalaglobal; (3) multiplicação das actividades de serviçosque se deslocalizam; (4) intensificação dos fluxos deturismo; (5) possibilidade de estreitamento de relaçõescom regiões fortemente inovadoras; (6) alargamento demercado para as empresas tradicionalmente viradaspara o mercado interno.

Competição pelas QualificaçõesAmeaças: (1) evolução demográfica marcada peloenvelhecimento da população; (2) potencialcrescimento do desemprego com origemnomeadamente no processo de reestruturação edeslocação das indústrias mais trabalho intensivas (emesmo nas de média tecnologia baseadas na escalade produção). Oportunidades: (1) atracção de imigrantes com níveisde qualificação superiores à média portuguesa; (2)capacidade de mobilização e atracção de portuguesesmuito qualificados a residir no estrangeiro.

Competição pelas Energias e pela Qualidade Ambiental

Ameaças: (1) factura energética e segurança noabastecimento; (2) dificuldades de cumprimentodos compromissos de Kyoto; (3) riscos naturais;(4) limitações possíveis, no espaço da UE, aoprincipal modo de transporte de mercadorias docomércio intra-comunitário de Portugal – o meiorodoviário. Oportunidades: (1) exploração de novas fronteiras

Limitações: (1) indicadores de pobreza e exclusão social; (2) insuficientedesenvolvimento da cultura e das artes; (3) índices de insucesso escolar quepromovem a saída precoce do sistema educativo; (4) insuficiência na aplicaçãodos recursos financeiros e humanos; (5) segmentação sectorial que dificulta oajustamento em rede das respostas dos sectores sociais; (6) elevada fixação forado país de quadros portugueses altamente qualificados e incapacidade deaproveitamento de recursos humanos qualificados de origem estrangeira. Pontos Fortes: (1) nível de despesa pública na educação básica e secundária; (2)recursos físicos e humanos de suporte às políticas de emprego e de formaçãoprofissional; (3) iniciativas para a Sociedade da Informação.

Limitações: (1) intensidade energética da economia; (2) modelo de mobilidade; (3) sector empresarial do Estado;(4) poluição das águas de superfície e subterrâneas e aproveitamento ineficiente das reservas de água. Pontos Fortes: (1) património florestal (embora em crescente delapidação); (2) diversidade de património natural e riqueza em biodiversidade; (3) quadro normativo da área do ambiente exigente e actualizado.

Limitações: (1) estrutura empresarial e de qualificação; (2) sistema de ensino; (3) atraso científico e tecnológico, com baixo investimento em I&D. Pontos Fortes: (1) pólos de I&D de qualidade internacional; (2) existência de empresas altamente inovadoras, baseadas no conhecimento e na inovação e globais; (3) rede de infra-estruturas construídas nas últimas décadas e de recursos humanos crescentemente qualificados; (4) património histórico, cultural, arquitectónico e de relacionamento com áreas emergentes da economia mundial na esfera da cultura e das artes;(5) a língua portuguesa;

Limitações: (1) crescimento urbano extensivo e muitas vezes sem a qualidade estética e ambiental desejáveis. Pontos Fortes: (1) espaço oceânico; (2) proximidade da bacia energética da África Ocidental; (3) potencial em energias renováveis.

Reforçar a Sintonia com a Dinâmica do Comércio

Internacional, Fortalecendo a Atractividade e Procurando o

Crescimento Sustentado

Emergência de Economias e

Competição entre Espaços Desenvolvidos

Inovação e Difusão de Novas Tecnologias como Chave para o

Crescimento

Fixar Talentos e Qualificar Recursos

Humanos

Envelhecimento de Populações, Migrações

e Pressões sobre a Coesão Social

Gerir Riscos, Gerando Poupanças para

Investimento Reprodutivo

Utilizar Plenamente as Oportunidades Abertas

pelas TIC

Ser Flexível na Organização Social, sem Comprometer a Coesão

Social

Limitações Potenciais na Oferta de Petróleo

Valorizar e Proteger as Dimensões Estratégicas

dos Territórios e das Cidades

Assegurar a Conservação Ambiental,

Gerando Novas Actividades

Riscos Ambientais e de Saúde Pública

Reforçar a Capacidade de I&D

“Centralizar” o País

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1. TENDÊNCIAS GLOBAIS

Procurando identificar as principais linhas de evolução da economia mundial no horizonte

2015 seleccionaram-se cinco Forças Motrizes:

1.1. EMERGÊNCIA DE ECONOMIAS E COMPETIÇÃO ENTRE ESPAÇOS DESENVOLVIDOS

No seio dos países desenvolvidos duas áreas afirmam-se como pólos principais – os EUA e

a UE:

EUA: apesar de algumas dificuldades económicas e problemas geopolíticos, os EUA

continuam a apresentar condições para permanecerem como a economia dominante,

apoiados na sua demografia, na sua capacidade de inovação, no dinamismo e sofisticação

dos seus mercados de capitais, na elevada flexibilidade do seu modelo social – embora

com custos no domínio da exclusão social – e na organização em rede global das suas

principais empresas, que fizeram desta economia o principal destino dos capitais que

circulam à procura de rendibilidade; por sua vez, a economia do Japão terá tendência a

prosseguir a sua crescente integração com a economia dos EUA.

UE: a UE, se conseguir manter o seu trajecto de integração, afirmar-se-á como o principal

competidor dos EUA, embora com uma demografia mais desfavorável, menor capacidade

de inovação (devido, nomeadamente, às dificuldades de implementação de uma efectiva

estratégia de I&D à escala europeia) e menor flexibilidade laboral, tudo se traduzindo num

crescimento potencial menos elevado, embora menos gerador de clivagens sociais.

Supõe-se, por outro lado, que o crescimento rápido de algumas grandes economias vai

continuar, com destaque para a China e a Índia:

China: a China, se tiver uma adequada gestão macroeconómica, prosseguir nas reformas

do sector público empresarial, do sistema financeiro e dos sistemas de protecção, e

conseguir diluir as enormes tensões que o seu crescimento gera, continuará a sua

afirmação como a região de maior crescimento a nível mundial, reforçando a sua

capacidade de atracção sobre várias economias vizinhas, de Taiwan e Singapura, à Coreia

do Sul e à Tailândia.

Índia: a Índia, se combinar a consolidação de um conjunto de pólos metropolitanos

fortemente integrados na economia mundial e ligados às novas tecnologias com profundas

transformações na agricultura e nas zonas rurais, num contexto de redução do controlo

burocrático sobre a actividade económica, poderá ser a surpresa das próximas décadas.

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Além destas prosseguirá a emergência da generalidade das economias da Ásia/Pacífico

e da Europa Central.

O crescimento das grandes economias emergentes, importadoras de petróleo e gás

determina uma forte procura dirigida às principais regiões produtoras, contribuindo para a

elevação do patamar de preços da energia. Uma das principais beneficiárias deste

processo é a Rússia.

Uma incerteza maior diz respeito à possibilidade de regiões como África e o Médio

Oriente ultrapassarem os factores políticos e culturais que até agora têm bloqueado o seu

desenvolvimento.

Neste contexto, as economias de desenvolvimento intermédio vão ficar cada vez

mais “comprimidas” entre as economias desenvolvidas que consigam

organizar-se em torno de actividades baseadas no conhecimento e as economias

emergentes que vão seguir trajectórias de rápido enriquecimento das funções

que desempenham nas cadeias de valor das indústrias e serviços mais

globalizados.

1.2. INOVAÇÃO E DIFUSÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS COMO CHAVE PARA O CRESCIMENTO

O processo de desenvolvimento e difusão de actuais “Tecnologias Emergentes” tende a

passar a uma nova fase caracterizada pelo desenvolvimento de novas aplicações

dessas tecnologias, fertilização cruzada entre elas e interacção com tecnologias já

estabelecidas, configurando um processo de “clusterização” que se irá suceder a um

processo de emergência. De entre as tecnologias que serão estruturantes no período em

análise podem referir-se como exemplos:

Tecnologias da Informação: novas gerações de circuitos lógicos, de memória e de

processamento de sinal, permitindo um aumento exponencial da capacidade de

processamento da informação e a sua ubiquidade; prosseguimento da computação em

rede e emergência da computação grid; desenvolvimento das comunicações sem fios em

banda larga e consolidação da fotónica como tecnologia central das comunicações por

cabo e, eventualmente, do processamento de informação; desenvolvimento da

virtualidade como forma chave de comunicação e representação; etc..

Tecnologias da Vida: aplicações da genómica e da proteonómica à saúde;

desenvolvimento de novas tecnologias-plataforma para apoio à descoberta de novos

fármacos; desenvolvimento de novas formas de administração e direccionamento dos

fármacos; papel crescente das engenharias biomédicas como local de convergência das

principais inovações em tecnologias da informação, biotecnologias e novos materiais; etc..

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Tecnologias Energéticas Limpas: incluindo as primeiras utilizações do hidrogénio como

combustível (vd. células de combustíveis) e a difusão de uma panóplia de tecnologias de

aproveitamento da energia solar, nomeadamente no domínio das centrais fotovoltaicas,

sem esquecer a inovação noutros segmentos das energias renováveis. No entanto, deve

ser ainda sublinhada a importância que continuarão a revestir as inovações tecnológicas

incrementais que possibilitem a conservação e o uso eficiente dos combustíveis fósseis

(que continuarão a ser essenciais nas próximas décadas).

Tecnologias dos Materiais: incluindo o desenvolvimento de novos materiais funcionais,

estruturados artificialmente, que servirão de base ao desenvolvimento da fotónica, da

electrónica e da energia solar; de novos materiais estruturais (materiais compósitos e

materiais recicláveis); e de uma abordagem integrada e simultânea da concepção dos

produtos e dos materiais, da engenharia do produto e dos processos.

De referir ainda o papel central das micro-engenharias e das nanotecnologias como

base de todos os desenvolvimentos anteriores.

Estas tecnologias estarão associadas ao crescimento rápido de um conjunto de actividades

e sectores organizadas à escala global, bem como à criação de segmentos de mais rápido

crescimento em actividades mais maduras2. As economias que mais cedo e com mais

profundidade participarem no desenvolvimento e difusão destas tecnologias terão maiores

hipóteses de crescimento. Tudo parece indicar que o centro de gravidade da geração

destas tecnologias deverá continuar nos EUA e num conjunto de regiões dinâmicas e

inovadoras da Ásia e da Europa do Norte. A Figura 2 procura representar o conjunto de

áreas em que se poderá fazer sentir com maior impacto o desenvolvimento destas

tecnologias.

2 Ver DPP Portugal Profiles 3 - ”Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades”.

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INDÚSTRIAS INFORMAÇÃO

&COMUNICAÇÃO

INDÚSTRIAS SAÚDE

IND. EQUIPº

P/ MICRO ENGENHARIAS

IND. INSTRU

MENTAÇÃO

IND.AERONÁTICA

& ESPAÇO

IND.

AUTOMÓVEL (Motores)

NA

VEG

ÃO

&C

OM

AN

DO

AUTOMAÇÃO&ROBÓTICA

NOVOS MATERIAIS FUNCIONAIS

NOVOS MATERIAIS ESTRUTURAIS

IND. DAELECTRICIDADE

HIDROGÉNIO

BIO MATERIAIS

FUEL CELLS

FOTOVOL-TAICOS

FIGURA 2

Tecnologias e Actividades no Horizonte 2015 – Áreas Fulcrais

1.3. LIMITAÇÕES POTENCIAIS NA OFERTA DE PETRÓLEO

A produção das formas convencionais de petróleo poderá estar a atingir o seu “pico”, o

que traduz o facto de as descobertas de novas reservas de petróleo não estarem a

compensar o decréscimo de produção em bacias energéticas maduras. Este processo irá

ocorrer num contexto de forte crescimento da procura de petróleo associada à

industrialização, urbanização e motorização das economias emergentes e determinará

inevitavelmente um novo patamar nos preços de petróleo.

Por outro lado, a região mais rica em reservas – a região do Golfo Pérsico – terá

dificuldade em gerar endogenamente os recursos financeiros para aumentar a produção

que essas reservas permitiriam, tendo optado por um quadro institucional de exploração

petrolífera – monopólio das companhias estatais – que afasta a possibilidade de captação

de fundos por outras vias.3 A concentração de reservas naquela que é uma das regiões

3 O Iraque pode tornar-se numa excepção a este ciclo vicioso.

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mais instáveis do globo poderá, por sua vez, introduzir elementos adicionais de

volatilidade no preço dos hidrocarbonetos.

As formas não convencionais de petróleo, de que existem reservas muito significativas,

consomem um elevado montante de energia para serem exploradas, energia essa que, na

maioria dos casos, tem que ser procurada nas formas convencionais, pelo que não

constituem uma alternativa, no sentido comum do termo, às formas convencionais.

Estes processos desencadearam uma forte competição pelo controlo dos recursos de

petróleo e gás à escala mundial e valorizam o papel da Rússia e do espaço da ex–URSS no

abastecimento dos actuais países desenvolvidos.

1.4. RISCOS AMBIENTAIS E DE SAÚDE PÚBLICA

A economia mundial depara-se com riscos ambientais de múltipla natureza, de entre os

quais se destaca a mudança global em curso associada ao complexo processo das

alterações climáticas que desencadearam um movimento à escala global no sentido de

conter a emissão de gases com efeito de estufa que cada vez mais se considera serem o

seu factor gerador determinante.

O protocolo de Quioto foi a concretização da tomada de consciência da gravidade potencial

das alterações climáticas e da contribuição do homem para a sua génese. Mas o seu

impacto poderá ser muito limitado sem a assinatura do governo dos EUA. Essa situação

coloca-nos perante quatro tarefas essenciais: (1) a necessidade de aumentar a

conservação e eficiência dos combustíveis fósseis nos países desenvolvidos; (2) a urgência

dos EUA voltarem ao consenso de Quioto; (3) o indispensável envolvimento dos países em

vias de desenvolvimento no processo de Quioto, depois do período de 2012, entrando

numa nova fase em que o princípio da responsabilidade partilhada e diferenciada não

poderá deixar de fora nações e economias com a dimensão das da China, Índia e Brasil;

(4) a prioridade que deverá ser concedida no plano global à investigação e

desenvolvimento de novas formas de produção energética a partir de fontes não poluentes

e renováveis.4

Simultaneamente, vai assistir-se a uma crescente pressão sobre a gestão dos

recursos hídricos, que será particularmente crítica em regiões do planeta já hoje

afectadas pela pobreza e desertificação.

4 De referir que a possibilidade de mudanças climáticas mais rápidas e de grande profundidade pode afectar de modo especial o Atlântico Norte. Mesmo a existência de intervenções coordenadas a nível mundial destinadas a travar o aumento do CO2 na atmosfera podem não impedir um processo de alterações climáticas com consequências muito sérias.

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1.5. ENVELHECIMENTO DE POPULAÇÕES, MIGRAÇÕES E PRESSÕES SOBRE A COESÃO SOCIAL

A economia mundial irá experimentar o impacto profundo de uma evolução demográfica

com efeitos ao nível da dinâmica da procura, da dimensão do “pool” mundial de

poupanças e da disponibilidade das competências requeridas para participar no

desenvolvimento e difusão das tecnologias.

O envelhecimento nos países desenvolvidos, e em especial na Europa, vai revestir uma

tripla natureza, que o torna mais complexo, envolvendo as populações em geral, as

populações activas e as populações idosas, e desencadeando problemas complexos que

vão desde a saturação de muitos mercados para bens “clássicos” à importância crucial da

valorização do capital humano e da captação de competências, passando pela

sustentabilidade financeira dos actuais sistemas de pensões e de saúde.5

A diferença de momentos em que nas principais regiões económicas do planeta se vai

assistir ao auge de influência demográfica das faixas etárias entre os 40 e os 65 anos que,

de acordo com a experiência dos países actualmente desenvolvidos, tendem a poupar

mais (e admitindo que este padrão se reproduz nas economias emergentes),

proporcionará intensos movimentos de capitais entre elas (se se reforçar o actual quadro

de liberdade de circulação).

O bloqueamento nas economias e sociedades de vastas zonas do planeta irá determinar

grandes fluxos de migração em direcção aos países desenvolvidos mais próximos, com

consequências políticas, sociais e de segurança difíceis de antecipar.

Esta dinâmica demográfica vai desencadear um conjunto de movimentos nas economias

desenvolvidas: pressão para a reforma dos sistemas de protecção social mais atingidos

pelos efeitos do envelhecimento; aproveitamento da globalização para fortalecer os pilares

de capitalização dos sistemas de pensões; exigência de qualificação ao longo da vida, em

vez de sistemas de ensino dirigidos exclusivamente a faixas etárias jovens; recurso em

larga escala à imigração para diversos tipos de funções, das mais às menos qualificadas,

colocando novos desafios ao nível da integração social. Além disso, o envelhecimento da

população, alterando dramaticamente os equilíbrios entre população activa e população

dependente, exige respostas inovadoras de suporte à segunda, bem como de

retardamento das dinâmicas agravadas de dependência (inclusive física e mental), de

pobreza e de exclusão.6

5 Ver também Alvarenga, António, “Os ‘Envelhecimentos’ da População e suas Consequências na Zona Euro 11”, Informação Internacional - Análise Económica e Política, 2000 - volume II, DSP-DPP (MP), Lisboa, Abril 2001, pp. 71-85, disponível em http://www.dpp.pt/pages/files/infor_inter_2000_II_III1.pdf.

6 Ver DPP Portugal Profiles 6 - ”Qualificações, Trabalho e Coesão Social”.

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2. COMPETIÇÕES, AMEAÇAS, OPORTUNIDADES E POSIÇÃO PORTUGUESA (LIMITAÇÕES E

PONTOS FORTES)

Apesar das incertezas, podemos antecipar com um grau razoável de segurança que a

interacção das cinco Forças Motrizes acima enunciadas se vai traduzir em três grandes

Focos de Competição: Competição no Mercado de Bens e Serviços Transaccionáveis,

Competição pelas Qualificações e Competição pelas Energias e pela Qualidade Ambiental.

De seguida são apresentadas, para cada Competição, e tendo em conta a posição

portuguesa, as ameaças e oportunidades que as caracterizam, bem como as limitações e

pontos fortes de Portugal face às mesmas. São ainda apresentadas limitações e pontos

fortes de Portugal que interagem simultaneamente com duas das competições

identificadas.

Competição no Mercado de Bens e Serviços Transaccionáveis (em resultado da

interacção das cinco Forças Motrizes). Ameaças: (1) abertura dos mercados da UE aos

países asiáticos; (2) dificuldades adicionais na captação de IDE resultantes da

presença no interior da UE de novos Estados-Membros. Oportunidades: (1) ascensão

de um conjunto de actividades – saúde, informação, lazer e entretenimento,

comunicação, mobilidade sustentável, defesa e segurança, etc.; (2) cadeias de

concepção, desenvolvimento, fabricação e assistência à escala global; (3)

multiplicação das actividades de serviços que se deslocalizam; (4) intensificação dos

fluxos de turismo; (5) possibilidade de estreitamento de relações com regiões

fortemente inovadoras; (6) alargamento de mercado para as empresas

tradicionalmente viradas para o mercado interno. Limitações: (1) produtividade; (2)

padrão de actividades internacionais; (3) orientação de mercado das exportações

portuguesas; (4) dificuldades na atracção de IDE; (5) equipamento em

infra-estruturas de transporte com dificuldade de integração nas principais rotas

internacionais. Pontos Fortes: (1) disponibilidade de vastos espaços territoriais com

baixa densidade populacional; (2) espaço da língua portuguesa e ligações históricas a

países asiáticos; (3) espaço ibérico; (4) evolução na cobertura pelas redes de

telecomunicações e forte dinâmica empresarial neste sector e sectores afins; (5)

integração numa zona de estabilidade cambial; (6) processo de reformas estruturais

enquadrado num esforço comum a nível da UE; (7) acessibilidades no interior do país

e com Espanha (assentes no modo rodoviário) e sistema de redes de distribuição.

Competição pelas Qualificações (em resultado da interacção entre a dinâmica de

difusão das tecnologias, o envelhecimento da população activa nos países

desenvolvidos e a emergência de economias e competição entre espaços

desenvolvidos). Ameaças: (1) evolução demográfica marcada pelo envelhecimento da

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população; (2) potencial crescimento do desemprego com origem nomeadamente no

processo de reestruturação e deslocação das indústrias mais trabalho intensivas (e

mesmo nas de média tecnologia baseadas na escala de produção). Oportunidades: (1)

atracção de imigrantes com níveis de qualificação superiores à média portuguesa; (2)

capacidade de mobilização e atracção de portugueses muito qualificados a residir no

estrangeiro. Limitações: (1) indicadores de pobreza e exclusão social; (2) insuficiente

desenvolvimento da cultura e das artes; (3) índices de insucesso escolar que

promovem a saída precoce do sistema educativo; (4) insuficiência na aplicação dos

recursos financeiros e humanos; (5) segmentação sectorial que dificulta o

ajustamento em rede das respostas dos sectores sociais; (6) elevada fixação fora do

país de quadros portugueses altamente qualificados e incapacidade de aproveitamento

de recursos humanos qualificados de origem estrangeira. Pontos Fortes: (1) nível de

despesa pública na educação básica e secundária; (2) recursos físicos e humanos de

suporte às políticas de emprego e de formação profissional; (3) iniciativas para a

Sociedade da Informação.

Competição pelas Energias e pela Qualidade Ambiental (em resultado da

interacção entre a emergência de grandes economias, as potenciais limitações no

aumento da oferta e o imperativo de um ambiente em conservação). Ameaças: (1)

factura energética e segurança no abastecimento; (2) dificuldades de cumprimento

dos compromissos de Quioto; (3) riscos naturais; (4) limitações possíveis, no espaço

da UE, ao principal modo de transporte de mercadorias do comércio intra-comunitário

de Portugal – o meio rodoviário. Oportunidades: (1) exploração de novas fronteiras

nas áreas energéticas, participando em redes de I&D (2) o “sector” Ambiente7.

Limitações: (1) intensidade energética da economia; (2) modelo de mobilidade; (3)

sector empresarial do Estado;(4) poluição das águas de superfície e subterrâneas e

aproveitamento ineficiente das reservas de água: Pontos Fortes: (1) património

florestal (embora em crescente delapidação) (2) diversidade de património natural e

riqueza em biodiversidade; (3) quadro normativo da área do ambiente exigente e

actualizado.

Limitações e Pontos Fortes que interagem simultaneamente com a

Competição no Mercado de Bens e Serviços Transaccionáveis e a Competição

pelas Qualificações. Limitações: (1) estrutura empresarial e de qualificação; (2)

sistema de ensino; (3) atraso científico e tecnológico, com baixo investimento em

I&D. Pontos Fortes: (1) pólos de I&D de qualidade internacional; (2) existência de

empresas altamente inovadoras, baseadas no conhecimento e na inovação e globais;

(3) rede de infra-estruturas construídas nas últimas décadas e de recursos humanos

crescentemente qualificados; (4) património histórico, cultural, arquitectónico e de

7 Ver DPP Portugal Profiles 5 - ”Ambiente e Desenvolvimento”.

(D)PP 1 - Enquadramento Externo e Desafios Estratégicos

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relacionamento com áreas emergentes da economia mundial na esfera da cultura e

das artes;(5) a língua portuguesa.

Limitações e Pontos Fortes que interagem simultaneamente com a

Competição no Mercado de Bens e Serviços Transaccionáveis e a Competição

pelas Energias e pela Qualidade Ambiental. Limitações: (1) crescimento urbano

extensivo e muitas vezes sem a qualidade estética e ambiental desejáveis. Pontos

Fortes: (1) espaço oceânico; (2) proximidade da bacia energética da África Ocidental;

(3) potencial em energias renováveis.

3. DESAFIOS ESTRATÉGICOS

Nove grandes desafios materializam a capacidade de Portugal responder ao conjunto de

Forças Motrizes, Focos de Competição, Ameaças e Oportunidades identificadas, tendo em

conta as suas Forças e Fraquezas:

Reforçar a Sintonia com a Dinâmica do Comércio Internacional, Fortalecendo

a Atractividade e Procurando o Crescimento Sustentado - para retomar um

crescimento sustentado Portugal tem que proceder a uma profunda transformação da

sua “carteira de actividades”8.

Fixar Talentos e Qualificar Recursos Humanos - a qualificação dos recursos

humanos e a fixação de talentos são cruciais para que a economia e a sociedade

portuguesas assegurem um crescimento sustentado num futuro próximo9.

Reforçar a Capacidade de I&D - uma estratégia de desenvolvimento sustentável

tem que assentar no reforço de competências e de capacidade de inovação em certas

áreas científicas e tecnológicas, o que aponta para a necessidade de lançar programas

e projectos mobilizadores de I&D para temas específicos.10 Cinco projectos/acções

possíveis: (1) instalação ou ampliação de infra-estruturas de I&D nas empresas

8 Ver DPP Portugal Profiles 3 - ”Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades”.

9 Ver DPP Portugal Profiles 6 - ”Qualificações, Trabalho e Coesão Social”.

10 De referir que a referida diversificação da “carteira de actividades” pode beneficiar do significativo investimento realizado durante as décadas de 80 e 90 no reforço das instituições de investigação de base universitária, nas instituições de interface entre as instituições de ensino superior e as empresas e nas actividades orientadas para a inovação levadas a cabo pelos centros tecnológicos. Três grandes áreas de competência em termos de I&D foram sendo consolidadas durante esse período, as quais podem fornecer uma base de apoio à transformação da “carteira de actividades”: (1) Ciências da Saúde/Biotecnologias/Engenharia Biomédica; (2) Ciências da Computação/Tecnologias da Informação/Tecnologias das Telecomunicações; (3) Engenharia Mecânica/ Engenharia Aeronáutica/Automação e Robótica.

(D)PP 1 - Enquadramento Externo e Desafios Estratégicos

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orientadas para a exportação, incluindo as empresas multinacionais que aceitem

instalar em Portugal centros de competência e desenvolvimento; (2) co-financiamento

da instalação de gabinetes de design e de projecto de empresas portuguesas a

localizar, quer em Portugal, quer no estrangeiro; (3) co-financiamento da investigação

em consórcio entre empresas e centros de I&D orientados para o domínio de

tecnologias, o desenvolvimento de novas soluções ou a adaptação de novos processos

de produção; (4) co-financiamento de despesas destinadas a reforçar a presença das

empresas no ciberespaço e organizar-se para a explorar em reforço da presença junto

dos clientes; (5) fornecimento de capital semente para o apoio à criação de novas

empresas de base tecnológica e comparticipação de fundos públicos em consórcios de

empresas privadas de capital de risco para apoio à consolidação das iniciativas

inovadoras mais viáveis.

Utilizar Plenamente as Oportunidades Abertas pelas TIC – desenvolvendo as

múltiplas iniciativas em curso na área da Sociedade de Informação.

“Centralizar” o País - a gestão da situação periférica do País exige o

prosseguimento de investimentos em infra-estruturas de comunicações e transportes

que diminuam o impacto da posição geográfica, o que pressupõe uma concentração e

hierarquização nos projectos que viabilizem uma maior variedade de conexões

externas de Portugal – telecomunicações, aeroportos e portos de águas profundas,

bem como eixos de transporte intermodal dirigidos ao centro da Europa. De referir

que uma nova “carteira de actividades” para o país11 deverá permitir gerir melhor a

sua situação periférica ou porque pela sua natureza essas actividades são menos

sensíveis a essa situação ou porque permitem explorá-la em conjugação com outras

dotações de factores físicos.

Valorizar e Proteger as Dimensões Estratégicas dos Territórios e das Cidades

- a alteração do modelo económico passa também pelo território. Portugal, para ter

um crescimento sustentado no futuro, tem que rever seriamente o seu modelo de

gestão dos solos e o seu padrão de crescimento urbano. Estes contribuíram, em

período recente, para que as actividades baseadas na edificação passassem a

apresentar uma maior atractividade, em desfavor das que podem assegurar um

aumento significativo da oferta de bens e serviços transaccionáveis. Portugal terá que

assumir que a alteração do modelo económico passa também por encontrar uma

solução para o País “abandonado”, por ordenar os novos urbanismos, por procurar

novas formas de urbanização, por "encontrar" a nova cidade e por adoptar uma

atitude inteligente de protecção dos recursos naturais e de valorização do património

natural. As cidades devem ocupar um papel central na estratégia de desenvolvimento:

11 Ver DPP Portugal Profiles 3 - ”Crescimento Sustentado e Carteira de Actividades”.

(D)PP 1 - Enquadramento Externo e Desafios Estratégicos

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são os locais privilegiados em que se podem ancorar as “novas actividades”, nelas

habita a maioria esmagadora da população e permitem gerar um volume significativo

de emprego em actividades mais protegidas da competição internacional.12

Assegurar a Conservação Ambiental, Gerando Novas Actividades - apostar na

resolução dos problemas ambientais mas, ao mesmo tempo, e mais do que acontece

com países europeus de nível de desenvolvimento superior, fazer do esforço de

sustentabilidade uma oportunidade de crescimento de actividades geradoras de

emprego e inovação.13

Ser Flexível na Organização Social, sem Comprometer a Coesão Social -

organização social mais flexível que garanta a coesão social.14

Gerir Riscos, Gerando Poupanças para Investimento Reprodutivo - organizar o

mercado de cobertura do risco individual e da gestão dos fluxos consumo/poupança ao

longo do ciclo de vida por uma forma institucional que favoreça o investimento e a

inovação, sem comprometer a segurança dos indivíduos; sofisticar os sectores

financeiros exigidos por sociedades cada vez mais preocupadas com a acumulação e

valorização de patrimónios que permitam suportar materialmente a velhice, e por

economias em que é cada vez maior a importância do capital imaterial no crescimento

das empresas e do capital de risco para suportar actividades mais baseadas na

inovação; favorecer a diversificação das “carteiras” dos investidores institucionais, por

forma a que essas “carteiras” ofereçam a melhor combinação de solidez e de

perspectivas de valorização para as poupanças individuais - obrigatórias e voluntárias.

12 Ver DPP Portugal Profiles 4 - ”Território(s)”.

13 Ver DPP Portugal Profiles 5 - ”Ambiente e Desenvolvimento”.

14 Ver DPP Portugal Profiles 6 - ”Qualificações, Trabalho e Coesão Social”.

(D)PP 1 - Enquadramento Externo e Desafios Estratégicos

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REFERÊNCIAS

DPP (2006), Enquadramento Internacional e Desafios para Portugal no Horizonte 2015,

Prospectiva e Planeamento nº13, pp. 259-280, disponível em

http://www.dpp.pt/pages/files/Enquadramento_Internacional.pdf.

Alvarenga, António (2001), Os ‘Envelhecimentos’ da População e suas Consequências na

Zona Euro 11, Informação Internacional - Análise Económica e Política, 2000 - volume II,

DSP-DPP (MP), Lisboa, Abril 2001, pp. 71-85, disponível em

http://www.dpp.pt/pages/files/infor_inter_2000_II_III1.pdf.