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RACIONAMENTO M. Marco Laguna Product manager de coelhos, Nanta S.A. ÚLTIMOS CONTRIBUTOS Nos passados dias 24 e 25 de novembro realizaram-se em Le Mans (França) as XVI Jornadas de Investigação em Cunicultura (Journées de la Recherche Cunicole) com o patrocínio de grandes empresas de todas as áreas do sector como a Techna, Inzo, Terrena, Eurolap, Hycole, Hypharm, MSD... entre outras. As comissões organizadora e científica são maioritariamente formadas por pessoal do INRA-ITAVI, assim como da Associação de Cunicultura Francesa. Nomes de investigadores tão relevantes no sector como Fortun-Lamotte, Thierry Gidenne e Michèle Theau-Clement estiveram ali presentes.

PORTUGUES - PLC RACIONAMIENTO ULTIMAS APORTACIONES · Em cunicultura, a restrição alimentar após o desmame é uma estratégia e˜caz para reduzir o risco de problemas digestivos

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Page 1: PORTUGUES - PLC RACIONAMIENTO ULTIMAS APORTACIONES · Em cunicultura, a restrição alimentar após o desmame é uma estratégia e˜caz para reduzir o risco de problemas digestivos

RACIONAMENTO

M. Marco LagunaProduct manager de coelhos, Nanta S.A.

ÚLTIMOS M. Marara crcr o co c Lagunaagunaa

ÚLTILTIL MOSCONTRIBUTOS

Nos passados dias 24 e 25 de novembro realizaram-se em Le Mans (França) as XVI Jornadas de Investigação em Cunicultura (Journées de la Recherche Cunicole) com o patrocínio de grandes empresas de todas as áreas do sector como a Techna, Inzo, Terrena, Eurolap, Hycole, Hypharm, MSD... entre outras.

As comissões organizadora e cientí�ca são maioritariamente formadas por pessoal do INRA-ITAVI, assim como da Associação de Cunicultura Francesa. Nomes de investigadores tão relevantes no sector como Fortun-Lamotte, Thierry Gidenne e Michèle Theau-Clement estiveram ali presentes.

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Todos os trabalhos foram agrupados nos seguintes sete blocos temáticos:

Patologia e prevenção

Genética Reprodução Qualidade da carne

Alimentação FisiologiaInstalações, economia e ambiente

.

Neste penúltimo capítulo, o protagonista, como não podia deixar de ser, foi o racionamento.

Sendo que, do nosso ponto de vista, este método de gestão de alimentação da engorda é essencial e, até porque segundo parece os franceses foram os pioneiros desta técnica, de seguida faremos uma revisão, dos fundamentos e bases �siológicas expostos numa magní�ca apresentação de C. Knudsen e colaboradores.

Sem pretender fazer uma tradução literal, daremos nota dos maiores destaques, bem como nas "observações �nais" daremos ênfase aos conceitos importantes relacionados com cada ponto em concreto. Também analisaremos os objetivos desta técnica.

Recomendamos a leitura do artigo original: "Restrição da ingestão pós-desmame, uma prática favorável para a sanidade e a e�ciência alimentar: dos mecanismos �siológicos ao impacto económico (C. Knudsen, S. Combes, C. Briens, J. Duperray, G. Rebours, JM. Salarun, A. Travel, D. Weissman, T. Gidenne)”

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Em cunicultura, a restrição alimentar após o desmame é uma

estratégia e�caz para reduzir o riscode problemas digestivos

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16

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6

4

2

0

Gidenne et al 2009

AL 75% Restrição

Gidenne et al 2012

Knudsen et al 2014 (1)

Knudsen et al 2014 (2)

Dieta rica em amidoDieta rica em Fibra Digestível

Ad Libitum75% Restrição

Grá�co 1. Mortalidade de 35 a 63 dias e nível de restrição segundo os autores

Grá�co 2. Mortalidade de 35 a 70 dias com dois tipos de dietas e nível de restrição (Knudsen et al., 2015)

Em cunicultura, a restrição alimentar após o desmame é uma estratégia e�caz para reduzir o risco de problemas digestivos e em particular, a incidência de Enteropatia Mucóide (Gidenne et al., 2012) (Grá�co 1).

Esta técnica, empregada desde há uma década em praticamente todas as explorações francesas, permite também melhorar a e�ciência alimentar reduzindo desta forma o custo de produção.

Os autores neste trabalho explicam alguns dos mecanismos �siológicos que permitem estas vantagens e que podemos enquadrar dentro da relação alimento, microbiota digestiva e imunomodulação.

O racionamento, dentro do contexto dos preços atuais à produção, também é uma ferramenta indaspensável como alternativa ao uso de antibióticos e de melhoria dos custos de alimentação. A diminuição dos problemas digestivos ao desmame parece ligado à diminuição da massa de alimento ingerida e não à redução da ingestão de energia.

O efeito da restrição é variável, pois depende da intensidade da mesma, da sua duração, das condições de patologias existentes na exploração e do per�l nutri-cional da dieta utilizada (Grá�co 2).

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FLUXO ALIMENTAR E IMUNIDADE

A in�amação e a febre são as primeiras linhas de defesa do organismo contra os agentes infeciosos

No interior do aparelho digestivo existe uma grande superfície que está continuamente em contacto com antigénios ("agentes externos", para entender).

O sistema imunitário deve discriminar entre os que são ou não inofensivos, as células do GALT (Tecido Linfóide Associado ao Intestino) são as primeiras intervenientes do processo.

Em princípio, uma ingestão quantitativa cerca de 25% inferior ou o fornecimento de uma dieta com menos 10% de Energia Digestível não parecem penalizar o tamanho �nal do sacculus rotundus (à saída do cego), as placas de Peyer e do cego em si, orgãos chave para uma boa imunidade, ainda que isto não seja indicativo do grau de atividade destes orgãos, que pode ser menor.

A in�amação é também a resposta �siológica a uma eventual agressão antigénica, ainda que uma in�amação excessiva poderá ser nefasta para a mucosa digestiva e chegar inclusive a criar ferimentos.

Uma restrição quantitativa ou energética moderada durante uma ou duas semanas tem efeitos bené�cos a nível, sobretudo, do íleon, favorecendo a secreção de compostos químicos anti-in�amatórios (Knudsen et al., 2015) e sem que pareça afetar negativamente a capaci-dade de o animal se proteger.

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Experimentalmente, umas estruturas químicas

denominadas lipopolissacáridos (LPS)

produzem uma resposta in�amatória semelhante à que teríamos com uma

infeção bacteriana

Um nível de racionamento

moderado (até -25%), em princípio, não afeta a resposta

in�amatória nem a febril

Por outro lado, as lgA constituem os anticorpos de primeira linha de defesa no trato digestivo.

Uma restrição muito prolongada pode diminuir a sua concentração (estudo realizado em ratos submetidos a uma restrição de 17 semanas)

No caso do coelho com restrições curtas (2 a 4 semanas) também é evidente uma correlação direta entre a Energía Digestível ingerida e níveis de IgA, mas neste caso, a quantidade de massa alimentar fornecida parece não ter efeito sobre este parâmetro.

Para este teste, injetaram-se por via intravenosa ou intraperitoneal (barriga)

estas substâncias e observou-se que em animais submetidos a uma restrição

severa (-25 a 50%) esta in�amação sistémica diminui, assim como a expressão da febre

(testada em roedores)

Os resultados obtidos indicam que a resposta imunitária (geral ou

sistémica neste caso) é um processo energeticamente caro, e por isso

temos que ter um cuidado especial com os níveis de energia que

administramos.

Devemos ter a intensidade e a duração do racionamento

perfeitamente controladas.

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LIMITAÇÃO DA INGESTÃO E MODULAÇÃO DA MICROBIOTA DIGESTIVA

RACIONAMENTO, VELOCIDADE DE CRESCIMENTO E EFICIÊNCIA ALIMENTAR

Logicamente, um racionamento severo continuado penaliza o crescimento, mas de forma não proporcional.

Assim, uma redução da ingestão em 20% reduz o crescimento em 15,6%. (Gidenne et al., 2012).

Isto explica precisamente a melhoria da e�ciência alimentar.

O racionamento modi�ca o ritmo de ingestão do coelho afetanto especialmente a velocidade da mesma, aumentando-a.

Um racionamento pouco severo vai modi�car o ritmo de fermentações bacterianas ao nível do cego mas não variará substancialmente a concentração de ácidos gordos voláteis (AGV).

No entanto, uma limitação de >25% modi�-cará o per�l fermentativo com um aumento de produção de acetato e uma diminuição de butirato (Martignon, 2010).

Este efeito é observado inclusive repartindo a ração em várias tomas, por outras palavras, a atividade fermentativa fecal será afetada de qualquer modo, independentemente da duração do jejum intermitente.

Além disso, as alterações observadas na �ora com a restrição são similares às que acontecem administrando dietas ricas em �bra alimentar (Trocino et al., 2013), aumentando portanto a segurança digestiva.

Apesar desta "modulação" da atividade microbi-ana cecal, a estrutura, a diversidade e a riqueza das populações bacterianas maioritárias deste ecossistema são pouco afetadas, falando sempre de níveis de restrição habituais.

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No entanto, o rendimento melhora em animais submetidos a uma ingestão limitada continuamente até ao sacrifício,

tal como em animais saudáveis do ponto de vista digestivo.

É uma questão de equilíbrio

Alguns autores têm demonstrado que estraté-gias alimentares como por exemplo 4 sema-nas de restrição (-25%)) + 1 ad libitum permitem otimizar o crescimento (crescimento compensatório) e melhorar o índice de conversão entre 0,1 e 0,2 pontos (Lebas, 2007).

Devemos estudar bem a duração e a quantidade da restrição para conseguir que a relação entre segurança digestiva e objetivos de crescimento seja perfeita.

Xiccato descreveu (1999) que um racionamento inicial seguido de uma fase de consumo ad libitum tende a reduzir o rendimento de carcaça, uma vez que o peso relativo do trato digestivo vazio, fígado, coração e rins aumenta nos animais restringidos quando comparado com animais alimentados à livre disposição.

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LIMITAÇÃO DA INGESTÃO E EFICÁCIA DA DIGESTÃO

86

84

82

80

78

76

74

72

70AL 60% de AL 50% de AL

% sobre PB fornecida

Grá�co 3. Digestibilidade da PB de acordo com diferentes níveis de restrição de 35 a 72 dias (Ledin, 1984)

Como mencionado, a limitação da ingestão aumenta o peso relativo do trato digestivo, mas isto é indicador de uma melhoria da função digestiva?

Muitos autores têm descrito uma melhoria da digestibilidade de alguns nutrientes quando os coelhos são submetidos a restrição.

Principalmente, a melhoria da digestibilidade afeta a

energia e a proteína (de 2 a 10% dependendo dos

estudos) enquanto que a digestibiidade da �bra é

muito pouco afetada

Até agora não foi provada uma relação direta entre esta melhor digestibilidade e a duração ou intensi-dade restritiva (Grá�co 3).

Esta melhoria descrita poderia ser a causa da atividade de algumas enzimas a nível intestinal ou de uma digestão bacteriana mais forte a nível do cego.

Além disso, nos láparos em crescimento, uma redução da ingestão entre 20 e 40 % aumenta a retenção de alimentos no segmento ceco-cólico e otimiza a velocidade do trânsito no cego e intestino delgado, favorecendo a absorção de nutrientes. A quantidade e comprimento das vilosidades intestinais não parece ser afetada.

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IMPACTO ECONÓMICO, ECOLÓGICO E SOBRE O BEM-ESTAR DO RACIONAMENTO

Em coelhos racionados, o consumo tem lugar a um ritmo cíclico a partir do momento da distribuição com um aumento da ingestão na primeira hora de início, e um esgotamento da ração às 6 a 10 horas seguintes, dependendo da intensidade da restrição (Gidenne and feugier, 2009; Martignon et al.,2011)

AL75 %

4540353025201510

50

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24

Grá�co 4. Ingestão horária em láparos de 36 dias submetidos a restrição (-25%) e ad libitum (Martignon, 2009)

A restrição altera o comportamento animal. Como sabemos, em consumos à livre disposição, o coelho come mais durante a noite.

A atividade geral dos coelhos aumenta neste período. Alguns autores demonstraram um aumento (10%) da ingestão de água em coelhos racionados (-20%) contra grupos controlo, embora esta medida não pareça exata (Grá�co 4).

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Os coelhos diminuirão a sua velocidade de consumo em dois ou três dias, quando

regressem a uma administração ad libitum

Os coelhos diminuirão a sua velocidade de consumo em dois ou três dias, quando

regressem a uma administração ad libitum

A ausência de fome e de sede são parte dos cincos princípios do bem-estar estabelecidos pelo FAWC (Conselho do Bem-estar dos Animais de Produção); Além disso, como dissemos, a diminuição dos proble-mas digestivos está relacionada com outro princípio que é a "boa saúde e ausência de dor e de lesões" portanto, o racionamento poderia servir razões éticas contraditórias.

Efetivamente, uma duração prolongada do jejum ou uma drástica diminuição do alimento a admi-nistrar poderia dar lugar a comportamentos de agressividade dentro da jaula. Embora existam poucos estudos a este respeito, Martingnon et al. (2011) não descrevem fenómenos como os indicados em coelhos submetidos a uma restrição da ordem de -25%.

Da mesma forma, outros autores (Bignon et al 2012) também não observaram um aumento de atividade excessiva (limpeza, roer a jaula, etc...) com restrição de 20%.

Foram descritos comportamentos de aumento da agressividade quando a restrição e a densidade são altas (24,6 coelhos/m2) mas nas explorações comer-ciais a densidade é próxima dos 15,5 coelhos/m2, pelo que os autores não descrevem efeito.

A homogeneidade dentro da jaula também não é afetada pelo raciona-mento, pelo que se deduz que a ingestão de alimento está bastante bem distribuída com densidades padrão.

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UMA SOLUÇÃO ECONÓMICA: RENTABILIDADE

A aplicação de estratégias de restrição permite aumentar a rentabilidade por:

Knudsen et al. 2014 descrevem o impacto económico que têm

QUANTIFICAM ESTE BENEFÍCIO DESDE 0,03 A 0,27€/KG (NA MELHOR DAS SITUAÇÕES) SEGUNDO AS CONDIÇÕES SANITÁRIAS DA

EXPLORAÇÃO E OUTROS FATORES

PROGRAMAS DE

4 SEMANAS COM RESTRIÇÃO

-25%

+ 1 SEMANA AD LIBITUM

UMA SOLUÇÃO ECONÓMICA: RENTABILIDADE

A aplicação de estratégias de restrição permite aumentar a rentabilidade por:

Knudsen et al. 2014 descrevem o impacto económico que têm

QUANTIFICAM ESTE BENEFÍCIO DESDE 0,03 A 0,27€/KG (NA MELHOR DAS SITUAÇÕES) SEGUNDO AS CONDIÇÕES SANITÁRIAS DA

EXPLORAÇÃO E OUTROS FATORES

PROGRAMAS DE

4 SEMANAS COM RESTRIÇÃO

-25%

+ 1 SEMANAAD LIBITUITUIT MUMU

Assim, o racionamento é interessante do ponto de vista económico em todos os cenários possíveis, mas certamente que também devemos considerar os custos da distribuição automática, instalação, etc. para fazer uma avaliação precisa.

Finalmente, é importante destacar que o tipo de estratégia de alimentação que tem impacto económico mais favorável no mercado francês não pode ser diretamente extrapolado para outros países produtores.

Tudo depende da idade e peso objetivos para a venda (que podem variar de 1,9 a 2,6 kg ao abate de acordo com os mercados), da genética, do per�l nutricional, etc.

Em suma, a estratégia a ser adotada será diferente em cada exploração

Melhorar o estado sanitário

Melhorar o índice de conversão

Reduzir a quantidade de antibióticos dada a diminuição da mortalidade e morbilidade por transtornos digestivos

A redução do índice de conversão faz diminuir o custo da alimentação.

A limitação da ingestão permite melhorar a margem sobre o custo alimentar (em cerca de 0,23€/coelho vendido segundo Martignon 2008)

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ASPETOS ECOLÓGICOSA LIMITAÇÃO DA INGESTÃO PERMITE REDUZIR OS EFLUENTES DA EXPLORAÇÃO, FATOR POSITIVO PARA O AMBIENTE

CONCLUSÕES

No atual contexto de patologias digestivas com um uso mais prudente de agentes antimicrobianos, o efeito bené�co do racionamento em coelhos é indiscutível.

Dentro deste quadro, a relação alimento-microbiota digestiva-imunomodulação merece um cuidado especial. Sabemos que os efeitos da restrição estão mais ligados à diminuição da massa de alimento que circula pelo aparelho digestivo do que à diminuição da energia. Isso abre muitas possibilidades nutricionais. A nível da exploração, ferramentas como os PLC's facilitam o maneio de todas as variáveis, diminuindo a possiblidade de erro.

A imunidade em láparos muito racionados tende a diminuir.

Uma vez que esta depende maioritariamente do nível energético ingerido, mais uma vez devemos ter um cuidado especial com a quanti�cação da energia das dietas e a sua administração diária.

Um racionamento moderado não altera substancialmente o per�l da microbiota digestiva. Se preten-demos um racionamento terapêutico (quando temos problemas digestivos evidentes) deveremos considerar as orientações mais agressivas que nos permitam obter per�s bacterianos diferentes.

O racionamento maximiza a sua e�ciência com o crescimento compensatório. A estratégia mais e�caz dependerá de cada exploração e deverá ser acompanhada com precisão: PLC's de novo.

A restrição também melhora o aproveitamento dos nutrientes, em especial da proteína bruta e energia. Obtemos "o mesmo" com menos ração: melhoramos o índice de conversão e a velocidade de crescimento.

Pensando em bem-estar animal, do meu ponto de vista, são mais as vantagens do que os inconve-nientes, considerando a saúde dos animais o fator principal.

O impacto económico positivo desta prática é claro: diminui a mortalidade na engorda, melhora o índice de conversão e faz com que as explorações precisem de menos tratamentos com antibióticos: uma produção mais rentável e amiga do meio ambiente.

Em cada caso, deveremos quanti�car o estado sanitário de partida, assim como decidir a estratégia produtiva mais em linha com a nossa exploração, potencial genético e objetivos zootécnicos, conhecendo perfeitamente a dieta que estamos a utilizar. São recomendadas auditorias de exploração no momento de partida para poder detetar e combater fatores de risco existentes.