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Professor Pablo Jamilk

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Edital

PORTUGUÊS: Análise global do texto. Interpretação de textos: variedade de textos e adequa-ção de linguagem. Estruturação do texto e dos parágrafos. Informações literais e inferências. Estruturação do texto: recursos de coesão. Significação contextual de palavras e expressões.

BANCA: Fundação LaSalle

CARGO: Bombeiro Militar

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Português

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

Sempre que eu converso com algum concurseiro a respeito de Língua Portuguesa, surgem al-guns comentários comuns, do tipo: eu até gosto de Português, mas vou muito mal em inter-pretação de textos. Isso é algo totalmente normal, principalmente porque costumamos fazer algo terrível chamado de “leitura dinâmica”, o que poderia ser traduzido da seguinte maneira: procedimento em que você olha as palavras, até as lê, mas não entende o significado do que está lá escrito. Isso quer dizer, você não associa significados.

O fluxo de leitura deve ser tal que permita ao indivíduo perceber o que os agrupamentos de pa-lavras estão informando. Na verdade, que sentido elas carregam, pois a intelecção será dada ao final da leitura. Digo isso porque toda leitura é o resultado de informações que estão no texto mais informações que o leitor já possui a respeito de determinado assunto.

Para interpretar um texto, o indivíduo precisa de muita atenção e de muito treino. Afinal, você não pode esperar que vá ter o domínio de todos os assuntos sem sequer ter praticado um pou-co. Interpretar pode ser comparado com disparar uma arma: apenas temos chance de acertar o alvo se treinarmos muito e soubermos combinar todos os elementos externos ao disparo: velocidade do ar, direção, distância etc.

Quando o assunto é texto, o primordial é estabelecer uma relação contextual com aquilo que estamos lendo. Montar o contexto significa associar o que está escrito no texto base com o que está disposto nas questões. Lembre-se de que há uma questão montada com a intenção de testar você, ou seja, deve ficar atento para todas as palavras e para todas as possibilidades de mudança de sentido que possa haver nas questões.

É preciso, para entender as questões de interpretação de qualquer banca, buscar o raciocínio que o elaborador da questão emprega na redação da questão. Usualmente, objetiva-se a de-preensão dos sentidos do texto. Para tanto, destaque os itens fundamentais (as ideias princi-pais contidas nos parágrafos) para poder refletir sobre tais itens dentro das questões.

Há duas disciplinas que tratam particularmente daquilo que compreendemos como interpre-tação de texto. Falo de Semântica e de Pragmática. A primeira se dirige principalmente a uma análise a respeito do significado das palavras, portanto, é mais literal. Já a segunda se dirige a uma análise de um contexto comunicativo que busca perceber as intenções comunicativas em algum tipo de enunciado.

Então, a depender da banca, pode haver mais questões que envolvam a Pragmática. Mesmo assim, convém atentar para o significado particular das palavras.

Questão de interpretação?

Como você sabe que uma questão de interpretação é uma questão de interpretação? É uma mera intuição que surge na hora da prova ou existe uma “pista” a ser seguida para a identificação da natureza da questão?

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Respondendo a essa pergunta, digo que há pistas que identificam a questão como pertencente ao rol de questões para interpretação. Os indícios mais precisos que costumam aparecer nas questões são:

• Reconhecimento da intenção do autor; • Ponto de vista defendido; • Argumentação do autor; • Sentido da sentença.

Apesar disso, não são apenas esses os indícios de que uma questão é de intepretação. Dependendo da banca, podemos ter a natureza interpretativa distinta, principalmente porque o critério de intepretação é mais subjetivo que objetivo. Algumas bancas podem restringir o entendimento do texto; outras podem extrapolá-lo.

Mudança de sentido na reescrita das sentenças

Há diversas situações em que é possível modificar o sentido de uma expressão com a mudança da ordem das palavras em uma frase. Os principais elementos nesse tipo nesse tipo de análise são:

1 – Advérbios.2 – Adjetivos.3 – Pronomes indefinidos.4 – Pronomes possessivos.

Análise do perfil da banca examinadora:

Razões para uma semana de trabalho mais curta. E outras para uma mais longa.

Por Amália Safatle

  Trabalhar menos dias por semana fortalece a democracia, pois as pessoas teriam mais tempo de participar de atividades locais, engajar-se em movimentos e campanhas, acompanhar e monitorar o que os políticos locais e nacionais fazem e deixam de fazer. Essa é uma das 10 razões listadas por aqueles que defendem uma semana mais curta de trabalho. Não se trata de piada de escritório, há uma turma debruçada em estudos sobre os benefícios de se ter quatro ou até três dias de trabalho por semana, como defende o New Economics Foundation (NEF)*, nome acompanhado do britanicamente irônico slogan – Economics as if People and the Planet Mattered (“A Economia como se as pessoas e o planeta tivessem importância”).

  Mas vamos lá às demais justificativas, antecedidas por um habeas corpus da NEF: estão falando de uma grande transição, não de soluções instantâneas. De fato, listadas assim, soam até ingênuas de tão impossíveis dada a atual engrenagem do modelo econômico em que vivemos – basicamente movido pela ideia de trabalhar muito para poder consumir mais, enquanto as demandas sociais não são atendidas, e o desequilíbrio ambiental se aprofunda. Em síntese, trabalha-se para manter o sistema, em vez de o sistema trabalhar a favor das pessoas e do planeta. Por isso o NEF sustenta que países com menos horas de trabalho, como o Reino Unido, têm uma pegada ecológica menor, e esta é uma das principais razões para se

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buscar uma semana de trabalho mais curta. Não que isso enfraqueça a economia, ao contrário: a segunda razão listada é justamente o oposto, uma economia mais forte, com maior equidade e menor dependência de um crescimento alimentado pela dívida – elementos que fazem uma economia ser mais robusta, como a da Alemanha e da Holanda, onde se trabalha menos que nos Estados Unidos, por exemplo.

  Trabalhar menos horas levaria também à criação de melhores empregos, pois a quantidade de horas será substituída pela qualidade: com menos tempo de trabalho, tende-se a buscar maior produtividade. Pessoas que trabalham menos horas estão menos propensas ao absenteísmo e formam uma força de trabalho mais comprometida. Mais razões: menor desemprego, pois a semana mais curta ajudaria a redistribuir tarefas entre os que trabalham muito e os que estão sem trabalho; e aumento do bem-estar, com mais tempo disponível para buscar a saúde física e mental, e para refletir sobre o que de fato vale a pena na vida além de ir ao shopping. As pessoas teriam mais tempo para cultivar o relacionamento com familiares, amigos e vizinhos, fortalecendo os laços sociais. Os custos com o cuidado das crianças diminuiriam, e haveria uma melhor divisão de tarefas não remuneradas (como as domésticas) entre homens e mulheres. A aposentadoria também seria um processo mais suave, com diminuição gradual de horas trabalhadas, evitando traumas e depressão causados pela mudança repentina no ritmo de vida.

  Não há como pensar a sério nessas mudanças a não ser sob a ótica da transição de longo prazo, de uma transformação profunda de modelo de vida, valores, cultura. Também é preciso transpor essa argumentação – dos que defendem uma semana mais curta – para países como o Brasil: o que funciona nos países ricos serviria para cá? E, mais que questões estruturais e econômicas, há as de ordem comportamental. Quantas pessoas nós conhecemos (talvez nós mesmos) que se afundam no trabalho para esquecer os problemas pessoais? Nós, que nos julgamos tão importantes por estarmos sempre ocupados, na correria, como lidaremos com o tempo ocioso e nossa real insignificância? Afundando o nariz nos smartphones para não cumprimentar quem entra no elevador? Talvez haja mais que 10 razões para muita gente querer uma semana de trabalho longa, até mesmo invadindo o fim de semana.

* New Economics Foundation (NEF) é uma Think Tank do Reino Unido que busca desenvolver propostas econômicas que estejam fortemente vinculadas à promoção do bem-estar e do desenvolvimento sustentável.

Fonte: http://pagina22.com.br/2014/08/07/razões-para-uma-semana-de-trabalho-mais-curta – Texto adaptado especialmente para esta prova.

1. Considere as seguintes propostas de alterações no texto:

I – Na linha 11, dada a por haja vista a.II – Na linha 17, Não que isso enfraqueça a economia por Isso não enfraquece a economia.III – Nas linhas 24 e 25, estão menos propensas ao absenteísmo por tendem a faltar mais.IV – Na linha 26, ajudaria a redistribuir tarefas por equilibraria as desproporções.

Quais delas seriam possíveis sem causar prejuízos de qualquer espécie ao texto?

a) Apenas II e III.b) Apenas III e IV.c) Apenas I, II e III.d) Apenas I, II e IV.e) I, II, III e IV.

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2. Segundo o texto, entre as vantagens de se trabalhar menos dias na semana NÃO figura:

a) A disponibilidade para participar de movimentos e campanhas e ter mais atuação política.b) Mais tempo para atividades em família e a possibilidade de dividir tarefas domésticas entre

homens e mulheres.c) O uso do trabalho como subterfúgio para esquecer os problemas pessoais.d) A disponibilidade de mais tempo livre para cuidar da saúde física e mental.e) A redução do desemprego e um maior comprometimento no trabalho.

3. Considere as seguintes assertivas sobre a referência ao “britanicamente irônico slogan” (l. 07) do NEF:

I – O slogan é um indício de que essa instituição acredita em uma economia que, de fato, preocupe-se com as pessoas e com o planeta.

II – O slogan provavelmente ironiza outras concepções de economia que priorizam o “trabalhar muito para consumir mais” em detrimento da qualidade de vida e do equilíbrio ambiental.

III – O slogan é um aviso para as pessoas não levarem a sério as propostas do NEF, já que são inviáveis.

IV – O NEF incorporou em seu slogan o senso de humor britânico, conhecido por sua ironia e mordacidade, o que indica que a concepção econômica praticada no Reino Unido não leva em consideração, de modo algum, o bem-estar das pessoas e a sustentabilidade do planeta.

Quais delas encontram respaldo no texto?

a) Apenas I e II.b) Apenas II e III.c) Apenas III e IV.d) Apenas I, II e IV.e) I, II, III e IV.

4. Considere as possibilidades de reescrita do seguinte período do texto:

E, mais que questões estruturais e econômicas, há as de ordem comportamental. (l. 38 e 39)

I – Além das questões estruturais e econômicas, existem ainda aquelas de ordem comportamental.

II – As questões estruturais e econômicas preponderam sobre as de ordem comportamental.

III – Há mais questões estruturais e econômicas do que as de ordem comportamental.

IV – Ademais, devem se considerar as questões de âmbito comportamental, as quais se somam às estruturais e econômicas.

Quais delas NÃO estão de acordo com o sentido original do texto?

a) Apenas I e II.b) Apenas II e III.c) Apenas III e IV.d) Apenas I, III e IVe) I, II, III e IV.

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A lição do fogo

1º Um membro de determinado grupo, ao qual prestava serviços regularmente, sem nenhum aviso, deixou de participar de suas atividades.

2º Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria. O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado diante ______ lareira, onde ardia um fogo brilhante e acolhedor.

3º Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas ao líder, conduziu-o a uma cadeira perto da lareira e ficou quieto, esperando. O líder acomodou-se confortavelmente no local indicado, mas não disse nada. No silêncio sério que se formara, apenas contemplava a dança das chamas em torno das achas da lenha, que ardiam. Ao cabo de alguns minutos, o líder examinou as brasas que se formaram. Cuidadosamente, selecionou uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a ______ lado. Voltou, então, a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel. O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado e quieto. Aos poucos, a chama da brasa solitária diminuía, até que houve um brilho momentâneo e seu fogo se apagou de vez.

4º Em pouco tempo, o que antes era uma festa de calor e luz agora não passava de um negro, frio e morto pedaço de carvão recoberto _____ uma espessa camada de fuligem acinzentada. Nenhuma palavra tinha sido dita antes desde o protocolar cumprimento inicial entre os dois amigos. O líder, antes de se preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil, colocando-o de volta ao meio do fogo. Quase que imediatamente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor dos carvões ardentes em torno dele. Quando o líder alcançou a porta para partir, seu anfitrião disse:

5º – Obrigado. Por sua visita e pelo belíssimo sermão. Estou voltando ao convívio do grupo.

RANGEL, Alexandre (org.). As mais belas parábolas de todos os tempos – Vol. II.Belo Horizonte: Leitura, 2004.

5. Analise as afirmativas referentes ao texto e, em seguida assinale a alternativa correta:

a) O discurso direto, que se apresenta na parte final do texto, indica que a comunicação entre o anfitrião e o líder não ocorreu de forma amistosa.

b) Considerando-se a atitude do visitante e a reação do anfitrião, depreende-se que ações também são usadas para convencer.

c) O texto é predominantemente descritivo por se tratar de uma fábula. d) Todas as afirmativas estão incorretas.

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Crônica para fazer hora

Leon Eliachar

1º Bom mesmo é viver salteado, dia sim, dia não. A gente viveria menos, mas viveria melhor. Pelo menos, um pouco mais descansado. Não acrescentar nada do ontem para o hoje nem esperar nada do hoje para o amanhã; a verdadeira pausa. Seria como se deixasse o relógio sem corda, durante vinte e quatro horas; os números estariam ali, nos mesmos lugares, e voltariam a funcionar normalmente no dia seguinte. Pouparia um pouco o desgaste da máquina, daria folga aos ponteiros, nesse rotina irremediável que marca as horas, os minutos e até os segundos – dividindo a liberdade do homem que se diz livre.

2º O homem é um prisioneiro do tempo, vive algemado ______ relógio de pulso. No dia em que decidi me libertar do tempo, joguei fora o meu relógio. Mas ninguém imitou o meu gesto e minha situação piorou: agora estou preso _____ relógio dos outros. O homem traz no pulso um relógio como o detento traz no peito um número: nenhum dos dois pode ir tão longe quanto pensa. Quem tem relógio tem a vantagem de atrasar ou adiantar o tempo, conforme as suas conveniências.

3º O relógio é uma convenção social como outra qualquer, porque o que é tarde para um é cedo para outro e o que é cedo para outro é tarde para um. As horas oscilam de acordo com o temperamento de cada pessoa e não de cada relógio. Só a “meia-noite” é pontual, pode conferir: meia-noite nunca é antes nem depois de meia-noite. O relojoeiro é o único sujeito que consegue desenguiçar o tempo. Com apenas doze números o homem vive uma eternidade, O pêndulo nos dá _____ sensação de que o tempo passa e volta atrás pra passar de novo. O relojoeiro que conserta despertadores dorme _____ prestação. Os ponteiros do relógio são a bússola do homem civilizado: o pequeno lhe indica para onde deve ir, o grande lhe diz se deve ir devagar ou depressa.

ELIACHAR, Leon. O homem ao cubo. 6. ed. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1979. p. 55-6.

6. Assinale a alternativa em que NÃO haja linguagem figuradas:

a) O relojoeiro é o único sujeito que consegue desenguiçar o tempo.b) Os ponteiros do relógio são a bússola do homem civilizado.c) Os números estariam ali, nos mesmos lugares, e voltariam a funcionar normalmente no dia

seguinte.d) Ninguém imitou o meu gesto e minha situação piorou.

7. Analise as afirmativas referentes ao texto:

I – O texto traz uma série de reflexões sobre o homem e o relógio.

II – Para o narrador o ideal de vida seria viver um dia sim outro não.

III – O texto ressalta o homem como prisioneiro do tempo.

Quais afirmativas estão corretas?

a) Apenas I e II. b) Apenas II e III. c) Apenas I e III. d) I, II e III.

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As crianças e a conta do mês

Braulio Tavares

  Eu nunca soube quanto meu pai ganhava de salário, nunca soube quanto era o aluguel que ele pagava antes de comprar a casa própria. Na minha casa, havia umas noites em que meu pai e minha mãe sentavam à mesa da sala, após o jantar, e em vez das cartas de “crapô” (um jogo de baralho que era o grande passatempo da família) espalhavam sobre ela as contas do mês. E começava aquela ladainha de sempre. “Pagamos esta, deixamos esta outra esperando...” As contas são sempre mais do que o que a gente tem no momento, então é preciso fazer esse malabarismo, melhor deixar que todas atrasem um pouquinho do que deixar uma delas atrasar demais.

  O detalhe é que quando a gente se aproximava para acompanhar eles diziam: “Vá brincar, papai e mamãe estão cuidando de coisas sérias” – não eram essas as palavras, mas era a intenção. Hoje, já tendo passado pelo penoso processo de acompanhar os filhos na entrada da idade adulta, fico me perguntando se não seria melhor puxar as crianças desde cedo para dentro desse processo. Crianças só ficam sabendo dessas coisas quando o problema se tornou grande, quando os pais já estão se descabelando, batendo boca, irritados: “Mas não é possível, dois meses de atraso no colégio, os meninos estão sendo cobrados na frente da classe toda!”

  Seria interessante dar uma ideia, desde cedo, de como a casa é administrada. Crianças sentem, com razão, que têm direito àquilo tudo: casa, comida, brinquedo, tudo o mais. O.k., não precisam devolver uma parte da mesada. Mas, seria bom que tivessem ideia de quanto custa aquela estrutura toda à sua volta. Crianças parecem pensar que os pais têm um suprimento inesgotável de dinheiro e quando negam alguma coisa é por sovinice ou má vontade. O pagamento das contas da casa é um processo totalmente invisível aos olhos dos filhos. Ninguém sabe nada, porque não é com eles. Com eles é pedir o dinheiro do cinema, do ônibus, do lanche, um direito seu.

  Penso hoje, que se eu tivesse participado mais daqueles serões na mesa da sala, percebendo a proporção dos ganhos e dos gastos, isso teria me ajudado a administrar melhor minhas várias casas, depois que virei adulto. Não custa muito. É uma espécie de dever de casa que se faz uma vez por mês, não mais do que isso, mas pode ajudar a gente a deixar mais nítidas em todas as ideias e a convicção emocional de que “estamos todos no mesmo barco”.

Fonte: Disponível em: http://goo.gl/vG4m9x

8. Com base no texto acima, é CORRETO afirmar que:

a) É benéfico que os filhos participem do orçamento doméstico.b) É obrigação dos filhos intervir no orçamento doméstico. c) Era normal os filhos participarem das discussões sobre o orçamento doméstico.d) Foi uma exigência dos pais a participação dos filhos no orçamento doméstico.

9. Leia as frases abaixo e assinale a alternativa INCORRETA:

a) As palavras carinhoso e amargo são antônimos.b) As palavras direita e esquerda são antônimos. c) As palavras frio e quente são antônimosd) As palavras gordo e magro são antônimos.

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• Tipos de texto – o texto e suas partes;

Um texto é um todo. Um todo é constituído de diversas partes. A interpretação é, sobremaneira, uma tentativa de reconhecer as intenções de quem comunica recompondo as partes para uma visão global do todo.

Para podermos interpretar, é necessário termos o conhecimento prévio a respeito dos tipos de texto que, fortuitamente, podemos encontrar em um concurso. Vejamos quais são as distinções fundamentais com relação aos tipos de texto.

Vejamos um exemplo:

  Ao longo do século XVII, a Holanda foi um dos dois motores de um fenômeno que transformaria para sempre a natureza das relações internacionais: a primeira onda da chamada globalização. O outro motor daquela era de florescimento extraordinário das trocas comerciais e culturais era um império do outro lado do planeta − a China. Só na década de 1650, 40 000 homens partiram dos portos holandeses rumo ao Oriente, em busca dos produtos cobiçados que se fabricavam por lá. Mas a derrota em uma guerra contra a França encerrou os dias da Holanda como força dominante no comércio mundial.

  Se o século XVI havia sido marcado pelas grandes descobertas, o seguinte testemunhou a consequência maior delas: o estabelecimento de um poderoso cinturão de comércio que ia da Europa à Ásia. "O sonho de chegar à China é o fio imaginário que percorre a história da luta da Europa para fugir do isolamento", diz o escritor canadense Timothy Brook, no livro O chapéu de Vermeer.

  Isso determinou mudanças de comportamento e de valores: "Mais gente aprendia novas línguas e se ajustava a costumes desconhecidos". O estímulo a esse movimento era o desejo irreprimível dos ocidentais de consumir as riquezas produzidas no Oriente. A princípio refratários ao comércio com o exterior, os governantes chineses acabaram rendendo-se à evidência de que o comércio significava a injeção de riqueza na economia local (em especial sob a forma de toneladas de prata).

  Sob vários aspectos, a China e a Holanda do século XVII eram a tradução de um mesmo espírito de liberdade comercial. Mas deveu-se só à Holanda a invenção da pioneira engrenagem econômica transnacional. A Companhia das Índias Orientais − a primeira grande companhia de ações do mundo, criada em 1602 − foi a mãe das multinacionais contemporâneas. Beneficiando-se dos baixos impostos e da flexibilidade administrativa, ela tornou-se a grande potência empresarial do século XVII.

(Adaptado de: Marcelo Marthe. Veja, p. 136-137, 29 ago. 2012)

De acordo com o texto,

a) durante os séculos XVI e XVII, os produtos orientais, especialmente aqueles que eram negociados na China, constituíram a base do comércio europeu, em que se destacou a Holanda.

b) a eficiência administrativa de uma empresa comercial criada na Holanda, durante o século XVII, favoreceu o surgimento desse país como um dos polos iniciais do fenômeno da globalização.

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c) a atração por produtos exóticos, de origem oriental, determinou a criação de empresas transnacionais que, durante os séculos XVI e XVII, dominaram o comércio entre Europa e Ásia.

d) a China, beneficiada pelo comércio desde o século XVI, rivalizou com a Holanda no predomínio comercial, em razão da grande procura por seus produtos, bastante cobiçados na Europa.

e) apesar do intenso fluxo de comércio com o Oriente no século XVII, as mudanças de valores por influência de costumes diferentes aceleraram o declínio da superioridade comercial holandesa.

Resposta: B

Comentário: é preciso verificar que a chave para a interpretação dessa questão repousa na identificação da representação do século descrito no texto e a retomada por sinonímia que a o texto da questão apresenta.

Itens lexicais de ancoragem:

• 1602 – Século XVII.

• Mas deveu-se só à Holanda a invenção da pioneira engrenagem econômica transnacional. A Companhia das Índias Orientais − a primeira grande companhia de ações do mundo, criada em 1602 − foi a mãe das multinacionais contemporâneas.

O texto dissertativo

Nas acepções mais comuns do dicionário, o verbo “dissertar” significa “discorrer ou opinar sobre algum tema”. O texto dissertativo apresenta uma ideia básica que começa a ser desdobrada em subitens ou termos menores. Cabe ressaltar que não existe apenas um tipo de dissertação, há mais de uma maneira de o autor escrever um texto dessa natureza.

Conceituar, polemizar, questionar a lógica de algum tema, explicar ou mesmo comentar uma notícia são estratégias dissertativas. Vou dividir esse tipo de texto em dois tipos essencialmente diferentes: o dissertativo-expositivo e o dissertativo-argumentativo.

Padrão dissertativo-expositivo

A característica fundamental do padrão expositivo da dissertação é utilizar a estrutura da prosa não para convencer alguém de alguma coisa, e sim para apresentar uma ideia, apresentar um conceito. O princípio do texto expositivo não é a persuasão, é a informação e, justamente por tal fato, ficou conhecido como informativo. Para garantir uma boa interpretação desse padrão textual, é importante buscar a ideia principal (que deve estar presente na introdução do texto) e, depois, entender quais serão os aspectos que farão o texto progredir.

• Onde posso encontrar esse tipo de texto: jornais revistas, sites sobre o mundo de econo-mia e finanças. Diz-se que esse tipo de texto focaliza a função referencial da linguagem.

• Como costuma ser o tipo de questão relacionada ao texto dissertativo-expositivo? Geral-mente, os elaboradores questionam sobre as informações veiculadas pelo texto. A tendên-cia é que o elaborador inverta as informações contidas no texto.

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• Como resolver mais facilmente? Toda frase que mencionar o conceito ou a quantidade de alguma coisa deve ser destacada para facilitar a consulta.

  Uma negociação bem-sucedida se concretiza quando duas partes com interesses distintos cedem um pouco em favor da conquista de um objetivo comum maior. Sob essa ótica, democratas e republicanos não têm muito a comemorar no acordo da semana passada que tentou pôr em ordem as contas do governo. É verdade que o presidente eleito Barack Obama conseguiu afastar o risco imediato do “abismo fiscal” cavado por anos a fio de gastos acima das receitas. Os dois lados conseguiram evitar que aumentos abrangentes de impostos entrassem em vigor imediatamente, o que poria em perigo a retomada ainda titubeante da economia americana. Obama e a oposição concordaram em não punir mais a classe média, por enquanto. O imposto de renda será reajustado apenas para o 1% mais rico da população.

(Revista Veja, edição 2.303, ano 46, nº 4, 09 de janeiro de 2013.)

10. O texto da revista Veja é predominantemente informativo, mas os dois primeiros períodos são

a) narrativo-expositivos.b) narrativo-dissertativos.c) descritivo-argumentativos.d) dissertativo-argumentativos.e) descritivo-expositivos.

Crescimento da população é “desafio do século”, diz consultor da ONU

  O crescimento populacional é o “desafio do século” e não está sendo tratado de forma adequada na Rio+20, segundo o consultor do Fundo de População das Nações Unidas, Michael Herrmann.

  “O desafio do século é promover bem-estar para uma população grande e em crescimento, ao mesmo tempo em que se assegura o uso sustentável dos recursos naturais” [...] “As questões relacionadas à população estão sendo tratadas de forma adequada nas negociações atuais? Eu acho que não. O assunto é muito sensível e muitos preferem evitá-lo. Mas nós estaremos enganando a nós mesmos se acharmos que é possível falar de desenvolvimento sustentável sem falar sobre quantas pessoas seremos no planeta, onde estaremos vivendo e que estilo de vida teremos”, afirmou.

  No fim do ano passado, a população mundial atingiu a marca de sete bilhões de pessoas. As projeções indicam que, em 2050, serão 9 bilhões. O crescimento é mais intenso nos países pobres, mas Herrmann defende que os esforços para o enfrentamento do problema precisam ser globais.

  “Se todos quiserem ter os padrões de vida do cidadão americano médio, precisaremos ter cinco planetas para dar conta. Isso não é possível. Mas também não é aceitável falar para os países em desenvolvimento ‘desculpa, vocês não podem ser ricos, nós não temos recursos suficientes’. É um desafio global, que exige soluções globais e assistência ao desenvolvimento”, afirmou.

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  O consultor disse ainda que o Fundo de População da ONU é contrário a políticas de controle compulsório do crescimento da população. Segundo ele, as políticas mais adequadas são aquelas que permitem às mulheres fazerem escolhas sobre o número de filhos que querem e o momento certo para engravidar. Para isso, diz, é necessário ampliar o acesso à educação e aos serviços de saúde reprodutiva e planejamento familiar. [...]

MENCHEN, Denise. Crescimento da população é “desafi o do século”, diz consultor da ONU. Folha de São Paulo. São Paulo, 11 jun. 2012. Ambiente. Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/ambiente.1103277-crescimento-da-

populacao-e-desafio-do--seculo-diz-consultor-da-onu.shtml>. Acesso em: 22 jun. 2012. Adaptado.

11. No Texto I, Michael Herrmann, consultor do Fundo de População das Nações Unidas, afirma que tratar o crescimento populacional de forma adequada significa:

a) enfrentar o problema de forma localizada e evitar soluções globalizantes.b) permitir a proliferação dos padrões de vida do cidadão americano e rechaçar a miséria.c) evitar o enriquecimento dos países emergentes e incentivar a preservação ambiental nos

demais.d) implementar uma política de controle populacional compulsório e garantir acesso à

educação e aos serviços de saúde reprodutiva.e) promover o bem-estar da população e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais.

Padrão dissertativo-argumentativo

No texto do padrão dissertativo-argumentativo, existe uma opinião sendo defendida e existe uma posição ideológica por detrás de quem escreve o texto. Se analisarmos a divisão dos pará-grafos de um texto com características argumentativas, perceberemos que a introdução apre-senta sempre uma tese (ou hipótese) que é defendida ao longo dos parágrafos.

Uma vez feito isso, o candidato deve entender qual é a estratégia utilizada pelo produtor do texto para defender seu ponto de vista. Na verdade, agora é o momento de colocar “a mão na massa” para valer, uma vez que aqueles enunciados que iniciam com “infere-se da argumenta-ção do texto”, “depreende-se dos argumentos do autor” serão vencidos caso se observem os fatores de interpretação corretos.

Quais são esses fatores, então?

• A conexão entre as ideias do texto (atenção para as conjunções) • Articulação entre as ideias do texto (atenção para a combinação de argumentos) • Progressão do texto.

Os recursos argumentativos

Quando o leitor interage com uma fonte textual, deve observar – tratando-se de um texto com o padrão dissertativo-argumentativo – que o autor se vale de recursos argumentativos para construir seu raciocínio dentro do texto. Vejamos alguns recursos importantes:

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• Argumento de autoridade: baseado na exposição do pensamento de algum especialista ou alguma autoridade no assunto. Citações, paráfrases e menções ao indivíduo podem ser tomadas ao longo do texto. Tome cuidado para não cair na armadilha: saiba diferenciar se a opinião colocada em foco é a do autor ou se é a do indivíduo que ele cita ao longo do texto.

• Argumento com base em consenso: parte de uma ideia tomada como consensual, o que "car-rega" o leitor a entender apenas aquilo que o elaborador mostra. Sentenças do tipo todo mundo sabe que, é de conhecimento geral que identificam esse tipo de argumentação.

• Argumento com fundamentação concreta: basear aquilo que se diz em algum tipo de pes-quisa ou fato que ocorre com certa frequência.

• Argumento silogístico (com base em um raciocínio lógico): do tipo hipotético – Se...então.

• Argumento de competência linguística: consiste em adequar o discurso ao panorama lin-guístico de quem é tido como possível leitor do texto.

• Argumento de exemplificação: utilizar casos, ou pequenos relatos para ilustrar a argumentação do texto.

Exemplo de texto argumentativo:

TEXTO – PAZ GLOBAL IMPOSSÍVELUmberto Eco

  Perto do final de dezembro, a Academia Universal das Culturas discutiu em Paris o tema de como se pode imaginar a paz nos dias de hoje. Não definir ou desejar, mas imaginar. Logo, a paz parece ainda ser não apenas uma meta distante, mas um objeto desconhecido. Os teólogos a definiram como a “tranquillita ordinis".

  A tranquilidade de que ordem? Somos todos vítimas de um mito original: havia uma condição edênica, depois essa tranquilidade foi violada pelo primeiro ato de violência. Mas Heráclito nos preveniu de que “a luta é a regra do mundo, e a guerra é geradora comum e senhora de todas as coisas". No início houve a guerra, e a evolução implica uma luta pela vida.

  As grandes pazes que conhecemos na História, como a paz romana, ou, em nosso tempo, a paz americana (mas também já houve paz soviética, paz otomana, paz chinesa), foram resultados de uma conquista e uma pressão militar contínua através das quais se mantinha uma certa ordem e se reduzia o grau de conflitos no centro, à custa de algumas tantas pequenas, porém sangrentas, guerras periféricas. A coisa pode agradar a quem está no olho do furacão, mas quem está na periferia sofre a violência que serve para conservar o equilíbrio do sistema. “Nossa" paz se obtém sempre ao preço da guerra que sofrem os outros.

  Isso deveria nos levar a uma conclusão cínica, porém realista: se queres a paz (para ti), prepara a guerra (contra os outros). Entretanto, nas últimas décadas, a guerra se transformou em algo tão complexo que não costuma mais chegar ao fim com uma situação de paz, nem que seja apenas provisória. Ao longo dos séculos, a finalidade da guerra tem sido a de derrotar o inimigo em seu próprio território, mantendo-o no desconhecimento quanto a nossos movimentos para poder pegá-lo de surpresa, conseguindo forte solidariedade na frente interna. Hoje, depois das guerras do Golfo e de Kosovo, temos visto não apenas jornalistas ocidentais falando das cidades inimigas bombardeadas, como também os representantes dos países adversários expressando-se livremente em nossas telas de televisão. Os meios de comunicação informavam ao inimigo

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sobre as posições e os movimentos dos “nossos", como se Mata Hari tivesse se transformado em diretora da televisão local. Os chamados do inimigo dentro de nossa própria casa e a prova visual insuportável da destruição provocada pela guerra levaram a que se dissesse que não se deveriam assassinar os inimigos (ou mostrar que eram assassinados por engano),e, por outro lado, parecia insustentável a idéia de que um dos nossos pudesse morrer. Dá para se fazer uma guerra nessas condições?

12. O texto tem as características básicas do modo de organização:

a) narrativo;b) argumentativo;c) descritivo;d) expositivo;e) enunciativo.

O texto narrativo

Em uma definição bem simplista, “narrar” significa “sequenciar ações”. É um dos gêneros mais utilizados e mais conhecidos pelo ser humano, quer no momento de relatar algum evento para alguém – em um ambiente mais formal -, quer na conversa informal sobre o resumo de um dia de trabalho. O fato é que narramos, e o fazemos de maneira praticamente instintiva. É impor-tante, porém, conhecer quais são seus principais elementos de estruturação.

Os operadores do texto narrativo são:

• Narrador: é a voz que conduz a narrativa.

• Narrador-protagonista: narra o texto em primeira pessoa.

• Narrador-personagem (testemunha): nesse caso, quem conta a história não participou como protagonista, no máximo como um personagem adjuvante da história.

• Narrador onisciente: narrador que está distanciado dos eventos e conhece aquilo que se passa na cabeça dos personagens.

• Personagens: são aqueles que efetivamente atuam na ordem da narração, ou seja, a trama está atrelada aos comportamentos que eles demonstram ao longo do texto.

• Tempo: claramente, é o lapso em que transcorrem as ações narradas. Segundo a classifica-ção tradicional, divide-se o tempo da narrativa em: Cronológico, Psicológico e Da narrativa.

• Espaço: é o local físico em que as ações ocorrem.

• Trama: é o encadeamento de ações propriamente dito.

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Exemplo de texto narrativo: .

O Jivaro

(Rubem Braga)

Um Sr. Matter, que fez uma viagem de exploração à América do Sul, conta a um jornal sua conversa com um índio jivaro, desses que sabem reduzir a cabeça de um morto até ela ficar bem pequenina. Queria assistir a uma dessas operações, e o índio lhe disse que exatamente ele tinha contas a acertar com um inimigo.

O Sr. Matter:

– Não, não! Um homem, não. Faça isso com a cabeça de um macaco.

E o índio:

– Por que um macaco? Ele não me fez nenhum mal!

13. Sobre o caráter estrutural do texto de Rubem Braga, é correto afirmar que é:

a) expositivob) narrativoc) argumentativod) descritivoe) injuntivo

O texto descritivo

O texto descritivo é o que levanta características para montar algum tipo de panorama. Essas características, mormente, são físicas, entretanto, não é necessário ser sempre desse modo. Podemos dizer que há dois tipos de descrição:

1. Objetiva: em que surgem aspectos sensoriais diretos, ou seja, não há uma subjetividade por parte de quem escreve. Veja um exemplo:

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nome científico: Ginkgo biloba L.nome popular: nogueira-do-japãoorigem: Extremo Orienteaspecto: as folhas dispõem-se em leque e são semelhantes ao trevo;a altura da árvore pode chegar a 40 metros; o fruto lembra uma ameixa e contém uma noz que pode ser assada e comida.

2. Subjetiva: em que há impressões particulares do autor do texto. Há maior valorização dos sentimentos insurgentes daquilo que se contempla. Veja um exemplo:

Logo à entrada paramos diante de uma lápide quadrada, incrustada nas lajes escuras, tão polida e reluzindo com um tão doce brilho de nácar, que parecia a água quieta de um tanque, onde se refletiam as luzes das lâmpadas. Pote puxou-me a manga, lembrou-me que era costume beijar aquele pedaço de rocha, santa entre todas, que outrora, no jardim de José de Arimateia... (A Relíquia – Eça de Queirós).

Questão:

Amar é... Noite de chuva

Debaixo das cobertas

As descobertas

           Ricardo Silvestrin

14. De acordo com a tipologia textual, o Texto II é

a) descritivob) expositivoc) argumentativod) injuntivoe) narrativo

O texto injuntivo

O texto injuntivo está direcionado à “instrução” do leitor, ou seja, busca instruir quem está lendo o texto. O tipo mais comum de texto dessa tipologia é o que apresenta instruções, como manuais, bulas de remédio, receitas, ou mesmo alguns livros de autoajuda. Veja um exemplo de texto dessa natureza:

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PANQUECA DE CARNE MOÍDA

INGREDIENTES

MASSA:

• 1 e 1/2 xícara (chá) de farinha de trigo • 1 xícara (chá) de leite • 2 ovos • 4 colheres (sopa) de óleo • sal a gosto

RECHEIO:

• 300 g de carne moída• 2 colheres (sopa) de cebola picada ou ralada• 1/2 tomate cortado em cubos• 1/2 lata de extrato de tomate• 1 caixa de creme de leite• sal a gosto• 400 g de mussarela fatiado• queijo ralado a gosto

MODO DE PREPARO

MASSA:

1. Bata no liquidificador os ovos, o leite, o óleo, e acrescente a farinha de trigo aos poucos2. Após acrescentar toda a farinha de trigo, adicione sal a gosto3. Misture a massa até obter uma consistência cremosa4. Com um papel toalha, espalhe óleo por toda a frigideira e despeje uma concha de massa5. Faça movimentos circulares para que a massa se espalhe por toda a frigideira6. Espere até a massa soltar do fundo e vire a massa para fritar do outro lado

RECHEIO:

1. Em uma panela, doure a cebola com o óleo e acrescente a carne2. Deixe cozinhar até que saia água da carne, diminua o fogo e tampe3. Acrescente o tomate picado e tampe novamente4. Deixe cozinhar por mais 3 minutos e misture5. Acrescente o extrato de tomate e temperos a gosto6. Deixe cozinhar por mais 10 minutos7. Quando o molho engrossar, desligue o fogo

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8. Deixe esfriar o molho, acrescente o creme de leite e misture bem9. Quando estiver bem homogêneo, leve novamente ao fogo e deixe cozinhar em fogo baixo

por mais 5 minutos

MONTAGEM:

1. Recheie a panqueca com uma fatia de mussarela, uma porção de carne e enrole2. Faça esse processo com todas as panquecas3. Despeje um pouco de caldo no fundo de um refratário, para untar4. Disponha as panquecas já prontas no refratário e despeje sobre elas o restante do molho5. Polvilhe queijo ralado sobre as panquecas6. Leve ao forno para gratinar, em fogo médio, por 20 minutos ou até que o queijo esteja

derretido

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

• Essa massa também serve para panquecas doces. Basta substituir o sal por açúcar e fazer o recheio de frutas, doces e chocolates. Use sua criatividade!

Extraído de: http://www.tudogostoso.com.br/receita/760-panqueca-de-carne-moida.html

O texto prescritivo

O texto prescritivo é semelhante ao texto injuntivo, com a distinção de que se volta para uma instrução mais coercitiva. É o que se vê em leis, cláusulas contratuais, normas dispostas em gramáticas ou editais. Veja o exemplo abaixo:

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o art. 180 da Constituição, decreta a seguinte Lei:

PARTE GERAL

TÍTULO IDa Aplicação da Lei Penal

(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Anterioridade da Lei

Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Lei penal no tempo

Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Lei excepcional ou temporária (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

Tempo do crime

Art. 4º Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

Territorialidade

Art. 5º Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

§ 1º Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

§ 2º É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

Lugar do crime (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

Art. 6º Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

Extraterritorialidade (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

Art. 7º Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)

I – os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

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II – os crimes: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

b) praticados por brasileiro; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

§ 1º Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro.(Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

§ 2º Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

a) entrar o agente no território nacional; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

§ 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

a) não foi pedida ou foi negada a extradição; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

b) houve requisição do Ministro da Justiça. (Incluído pela Lei nº 7.209, de 1984)

A charge

A charge é um tipo de texto caracterizado pela mescla entre o conteúdo imagético (não-verbal) e o conteúdo verbal (linguístico) presente na comunicação. Uma charge pode ser fundamental-mente argumentativa, dado o conteúdo mormente crítico que se observa em suas expressões. Não que isso seja uma obrigação, mas é certamente uma constante nas charges.

Dentre as características mais importantes que devem ser levadas em consideração em uma charge, eis as que mais se destacam:

1. Sua temporalidade: a charge está sempre presa a um contexto temporal.

2. Sua localidade: a charge está sempre presa a um contexto local.

3. Sua temática: há sempre um tema principal que está servindo para a reflexão.

4. A visão do chargista: há uma corrente ideológica que o chargista adota para tecer uma crítica em seu texto.

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Exemplo:

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A tirinha

Diferentemente da charge, a tirinha não possui necessariamente um prendimento temporal (muito embora as contemporâneas estejam trabalhando mais como charges sequenciais). As tirinhas são pequenas narrativas que misturam linguagem verbal com linguagem não-verbal. Usualmente, há questionamentos sobre os efeitos de humor que decorrem das quebras de expectativa do penúltimo para o último quadro da tirinha, portanto, é preciso atentar para essas partes principais da pequena narrativa.

É comum que haja um personagem central nessas tirinhas, o qual costuma ser o protagonista das ações do texto. Veja um exemplo:

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15. Leia a tirinha.

 O humor da tirinha decorre do fato de

a) a professora Marieta dar aulas para turmas de anjos.b) a professora tratar o anjo como aluno, e fazê-lo repetir várias vezes a concordância correta

do verbo.c) a professora não escutar muito bem e solicitar ao anjo que repita a frase, pois julga estranha

a sua intenção.d) o anjo não perceber que a professora ficou admirada com a sua intenção de serem bons

amigos.e) o anjo e os alunos que estudam naquela classe gostarem das aulas de português da

professora Marieta.

O poema

Não, o poema não é uma tipologia em separado. Trata-se de um texto que pode ser narrativo, descritivo, até mesmo dissertativo. O que distingue o poema dos outros textos é a forma de os distribuir e a linguagem que costumam adotar.

Um poema é usualmente escrito em versos. Cada linha do poema é um verso; e, ao conjunto de versos, damos o nome de estrofe. Há poemas com apenas uma estrofe, bem como há estudos sobre formatação dos poemas (número determinado de versos e estrofes, tipos de rimas, ritmo estudado em separado). Na maioria das questões de concurso sobre poemas, o questionamento é feito a respeito da interpreção do que está escrito, não se ultrapassa muito esse limite.

É comum que os candidatos com um pequeno histórico de leitura não consigam interpretar um poema. O mais importante é ter contato cotidianamente com esse tipo de texto até compreender as estruturas de interpretação. Na maior parte das vezes o título do texto ajuda a interpretar o poema.

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Chegou a hora de ler alguns poemas:

O açúcar – Ferreira Gullar

O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema não foi produzido por mim nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.Vejo-o puro e afável ao paladar como beijo de moça, água na pele, flor que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito por mim.

Este açúcar veio da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia. Este açúcar veio de uma usina de açúcar em Pernambuco ou no Estado do Rio e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana e veio dos canaviais extensos que não nascem por acaso no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há hospital nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome aos 27 anos plantaram e colheram a cana que viraria açúcar.

Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este açúcar branco e puro com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

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Profundamente

Manuel Bandeira

Quando ontem adormeciNa noite de São JoãoHavia alegria e rumorEstrondos de bombas luzes de BengalaVozes, cantigas e risosAo pé das fogueiras acesas.

No meio da noite desperteiNão ouvi mais vozes nem risosApenas balõesPassavam, errantes

SilenciosamenteApenas de vez em quandoO ruído de um bondeCortava o silêncioComo um túnel.Onde estavam os que há poucoDançavamCantavamE riam

Ao pé das fogueiras acesas?

— Estavam todos dormindoEstavam todos deitadosDormindoProfundamente.

*

Quando eu tinha seis anosNão pude ver o fim da festa de São JoãoPorque adormeci

Hoje não ouço mais as vozes daquele tempoMinha avóMeu avôTotônio RodriguesTomásiaRosa

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Onde estão todos eles?

— Estão todos dormindoEstão todos deitadosDormindoProfundamente.

MOMENTO NUM CAFÉ

Manuel Bandeira

Quando o enterro passouOs homens que se achavam no caféTiraram o chapéu maquinalmenteSaudavam o morto distraídosEstavam todos voltados para a vidaAbsortos na vidaConfiantes na vida.

Um no entanto se descobriu num gesto largo e demoradoOlhando o esquife longamenteEste sabia que a vida é uma agitação feroz e sem finalidade

Que a vida é traiçãoE saudava a matéria que passavaLiberta para sempre da alma extinta.

Nel mezzo del camin… (por Olavo Bilac)

“Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigadaE triste, e triste e fatigado eu vinha.Tinhas a alma de sonhos povoada,E a alma de sonhos povoada eu tinha…

E paramos de súbito na estradaDa vida: longos anos, presa à minhaA tua mão, a vista deslumbradaTive da luz que teu olhar continha.

Hoje, segues de novo… Na partidaNem o pranto os teus olhos umedece,Nem te comove a dor da despedida.

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E eu, solitário, volto a face, e tremo,Vendo o teu vulto que desapareceNa extrema curva do caminho extremo.”

No meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedratinha uma pedra no meio do caminhotinha uma pedrano meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimentona vida de minhas retinas tão fatigadas.Nunca me esquecerei que no meio do caminhotinha uma pedratinha uma pedra no meio do caminhono meio do caminho tinha uma pedra.

Para que se registre: um mesmo texto pode possuir mais de uma tipologia. Caso isso ocorra, será considerado um texto híbrido. Há narrativas com trechos descritivos, assim como dissertações com trechos narrativos etc.

Questão para praticar

16. (2016 – FCC – TRT – 20ª REGIÃO (SE) – Analista Judiciário – Comunicação Social)

Atenção: Leia os versos abaixo para responder à questão.

O Gênio da Humanidade

Sou eu quem assiste às lutas,Que dentro d'alma se dão,Quem sonda todas as grutasProfundas do coração:Quis ver dos céus o segredo;Rebelde, sobre um rochedoCravado, fui Prometeu;Tive sede do infinito,Gênio, feliz ou maldito,A Humanidade sou eu.Ergo o braço, aceno aos ares,E o céu se azulando vai;

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Estendo a mão sobre os mares,E os mares dizem: passai!...Satisfazendo ao aneloDo bom, do grande e do belo,Todas as formas tomei:Com Homero fui poeta,Com Isaías profeta,Com Alexandre fui rei.

(...)      (BARRETO, Tobias. Disponível em: www.escritas.org)

Considere as seguintes afirmações a respeito dos versos:

I – O poema destaca, num tom grandiloquente, a forma totalizante como o homem expandiu seus domínios.

II – Ênfase é dada ao espírito materialista do homem, cuja ambição desmedida é a causa da destruição da natureza.

III – A citação de Homero, Isaías e Alexandre se dá em uma gradação que vai do menos ao mais importante, reproduzindo textualmente a evolução das habilidades humanas.

Está correto o que se afirma APENAS em

a) I e II. b) II. c) II e III. d) I. e) III.

Funções da Linguagem

Um linguista chamado Roman Jakobson desenvolveu uma teoria que tenta explicar um ato comunicativo. A extensão dessa teoria se relaciona com o assunto sobre funçõesa da linguagem.

1. Função referencial ou denotativa: centrada no conteúdo proposicional da mensagem es-pecificamente. Ex.: livro de Biologia, artigo científico.

2. Função poética ou conotativa: centrada na transformação do conteúdo proposicional da mensagem. Ex.: poema, conto, linguagem oral.

3. Função emotiva ou expressiva: centrada no emissor da mensagem no ato comunicativo. Ex.: depoimentos ou testemunhos.

4. Função apelativa ou conativa: centrada no receptor da mensagem no ato comunicativo. Ex.: publicidades.

5. Função fática: centrada no canal utilizado no ato comunicativo. Ex.: introdução de conver-sas, atos falhos.

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6. Função metalinguística: centrada no código utilizado no ato comunicativo. Ex.: livro de gra-mática, poemas sobre escrever poemas.

CONOTAÇÃO X DENOTAÇÃO

É interessante, quando se estuda o conteúdo de interpretação de texto, ressaltar a distinção conceitual entre o sentido conotativo e o sentido denotativo da linguagem. Vejamos como se opera essa distinção:

Sentido CONOTATIVO: figurado, ou abstrato. Relaciona-se com as figuras de linguagem.

• Adalberto entregou sua alma a Deus.

A ideia de entregar a alma a Deus é figurada, ou seja, não ocorre literalmente, pois não há um serviço de entrega de almas. Essa é uma figura que convencionamos chamar de metáfora.

Sentido DENOTATIVO: literal, ou do dicionário. Relaciona-se com a função referencial da linguagem.

• Adalberto morreu.

Quando dizemos função referencial, entende-se que o falante está preocupado em transmitir precisamente o fato ocorrido, sem apelar para figuras de pensamento.

Apenas para ilustrar algumas das mais importantes figuras de linguagem que podem ser cobradas em algumas provas, observe a lista:

Metáfora: uma figura de linguagem, que consiste na comparação de dois termos sem o uso de um conectivo.

• Seus olhos são dois oceanos. (Os olhos possuem a profundidade do oceano, a cor do oceano etc.)

Comparação: comparação direta com o elemento conectivo.

• O vento é como uma mulher.

Metonímia: figura de linguagem que consiste utilização de uma expressão por outra, dada a semelhança de sentido ou a possibilidade de associação lógica entre elas.

• Vá ao mercado e traga um Nescau. (achocolatado em pó).

Antítese: figura de linguagem que consiste na exposição de ideias opostas.

“Nasce o Sol e não dura mais que um diaDepois da Luz se segue à noite escura

Em tristes sombras morre a formosura,Em contínuas tristezas e alegrias.”

(Gregório de Matos)

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Os termos em negrito evidenciam relações semânticas de distinção (oposição). Nascer é o con-trário de morrer, assim como sombra é o contrário de luz. Essa figura foi muito utilizada na poe-sia brasileira, em especial pelo autor dos versos acima: Gregório de Matos Guerra.

Paradoxo: expressão que contraria o senso comum. Ilógica.

“Amor é fogo que arde sem se ver;É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;É dor que desatina sem doer.”

(Luís de Camões)

A construção semântica acima é totalmente ilógica, pois é impossível uma ferida doer e não ser sentida, assim como não é possível o contentamento ser descontente.

Perífrase: expressão que tem por função substituir semanticamente um termo:

• A última flor do Lácio anda muito judiada. (Português é a última flor do Lácio)

Eufemismo: figura que consiste em atenuar uma expressão desagradável:

• José pegou emprestado sem avisar; (roubou).

Disfemismo: contrário ao Eufemismo, é a figura de linguagem que consiste em tornar uma expressão desagradável em algo ainda pior.

• O homem abotoou o paletó de madeira. (morreu)

Prosopopeia: atribuição de características animadas a seres inanimados.

• O vento sussurrou em meus ouvidos.

Hipérbole: exagero proposital de alguma característica.

• Estou morrendo de rir.

Sinestesia: confusão dos sentidos do corpo humano para produzir efeitos expressivos.

• Ouvi uma voz suave saindo do quarto.

Tradução de sentido:

Algumas questões (e essas são as mais “ardidas”) exigem um trabalho com a tradução do sen-tido do que está escrito em uma sentença. Para compreender isso, a prática é a única saída. Vejamos como isso funciona:

Considerando-se o contexto, o sentido de uma expressão do texto está corretamente traduzido em:

a) diz respeito ao interesse comum = relaciona-se com a vontade geral.b) ingênuos seguidores = adeptos mais radicais.c) é aí que se insere a sua famosa distinção = é aí que se contesta sua célebre equação.d) visão essencialmente pessimista = perspectiva extremamente ambígua.e) corrompem-se irremediavelmente = praticam a corrupção sem remorso.

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Considerando-se o contexto, está clara e corretamente traduzido o sentido deste segmento:

a) permitindo que a prudência nos imobilize (2º parágrafo) = estacando o avanço da cautela.b) a sabedoria popular também hesita, e se contradiz (3º parágrafo) = a proverbial sabedoria

também se furta aos paradoxos.c) o confiante se vê malogrado (3º parágrafo) = deixa- se frustrar quem não ousa.d) pés chumbados no chão da cautela temerosa (3º parágrafo) = imobilizado pela prudência

receosa.e) orientação conciliatória (4º parágrafo) = paradigma incontestável.

Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento em:

a) Todavia executo (2º parágrafo) = por conseguinte ajo.b) uma perda estéril (2º parágrafo) = um ônus impróprio.c) imponho-me privações (2 º parágrafo) = faculto-me restrições.d) o futuro as resgatará (2º parágrafo) = o amanhã as imputará.e) incerteza que me comprime (2º parágrafo) = dúvida que me constringe.

Muito da interpretação de textos está relacionado com a capacidade de reconhecer os assuntos do texto e as estratégias de desenvolvimento de uma base textual. Para que isso seja possível, convém tomar três providências:

• Eliminação dos vícios de leitura: para concentrar-se melhor na leitura.

• Organização: para entender o que se pode extrair da leitura.

• Conhecimento da tradição da banca: para optar pelas respostas que seguem o padrão co-mum da banca examinadora.

Vícios de leitura

• Movimento: consiste em não conseguir estudar, ler, escrever etc. sem ficar arrumando algum subterfúgio para distrair-se. Comer, beber, ouvir música, ficar no sofá, brincar com o cachorro são coisas que devem ser evitadas no momento de estudar.

• Apoio: o vício do apoio é péssimo para a leitura, pois diminui a velocidade e a capacidade de aprofundamento do leitor. Usar dedo, régua, papel ou qualquer coisa para “escorar” as linhas significa que você está com sérios problemas de concentração.

• Garoto da borboleta: se você possui os vícios anteriores, certamente é um “garoto da borboleta”. Isso quer dizer que você se distrai por qualquer coisa e que o mínimo ruído é suficiente para acabar com o seu fluxo de leitura. Já deve ter acontecido: terminou de ler uma página e se perguntou: “que foi mesmo que eu li”. Pois é, você só conseguirá se curar se começar a se dedicar para obter o melhor de uma leitura mais aprofundada.

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Organização leitora:

• Posto: trata-se da informação que se obtém pela leitura inicial.

• Pressuposto: trata-se da informação acessada por meio do que não está escrito.

• Subentendido: trata-se da conclusão a que se chega ao unir posto e pressuposto.

Veja o exemplo abaixo:

• Cientistas dizem que pode haver vida extraterreste em algum lugar do espaço.

Desse trecho, pode-se concluir que a vida extraterrestre não é uma certeza, mas uma possi-bilidade. Se a banca afirmar que certamente há vida extraterrestre, há um erro evidente na questão.

Dicas de organização de leitura

1. Ler mais de uma vez o texto: para ter certeza do tema e de como o autor trabalha com o assunto.

2. Atentar para a relação entre os parágrafos: analisar se há conexão entre eles e como ela é feita. Se há explicação, contradição, exemplificação etc.

3. Entender o comando da questão: ler com atenção o que se pede para responder adequa-damente.

4. Destacar as palavras de alerta: palavras como “sempre”, “nunca”, “exclusivamente”, “so-mente” podem mudar toda a circunstância da questão, portanto elas devem ser destaca-das e analisadas.

5. Limitar a interpretação: cuidado para não interpretar mais do que o texto permite. Antes de afirmar ou negar algo, deve-se buscar o texto como base.

6. Buscar o tema central dos textos: é muito comum que haja questões a respeito do tema do texto. Para captá-lo de maneira mais objetiva, atente para os primeiros parágrafos que estão escritos.

7. Buscar a ancoragem das inferências: uma inferência é uma conclusão sobre algo lido ou visto. Para que seja possível inferir algo, deve haver um elemento (âncora) que legitime a interpretação proposta pelo examinador.

Dica final: fique esperto com questões que exigem a tradução do sentido de uma frase em ou-tra, você deve buscar os sinônimos que estão presentes nas sentenças, ou seja, associar os sen-tidos mais aproximados. Não é para ser o pai dos dicionários, apenas para conseguir identificar relações de sentido e aproximação semântica.

Gabarito: 1. D 2. C 3. A 4. B 5. B 6. D 7. D 8. A 9. A 10. E 11. E 12. B 13. B 14. A 15. B 16. D