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UNIVERSIDADE LUSÍADA DEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÕES E MESTRADOS ÁREA DE RELAÇÕES INTERNCIONAIS VERTENTE DE ESTUDOS AFRICANOS DISCIPLINA DE ÁFRICA NA POLÍTICA EXTERNA PORTUGUESA DESCOLONIZAÇÃO DE S. TOMÉ E PRÍNCIPE Docente: Professor Doutor Carlos Motta Discente: Marta Marques Gomes

PÓS-GRADUAÇAO - A.P.E.P. - Descolonização de S. Tomé e Príncipe (trabalho)

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UNIVERSIDADE LUSÍADADEPARTAMENTO DE PÓS-GRADUAÇÕES E MESTRADOS

ÁREA DE RELAÇÕES INTERNCIONAISVERTENTE DE ESTUDOS AFRICANOS

DISCIPLINA DE ÁFRICA NA POLÍTICA EXTERNA PORTUGUESA

DESCOLONIZAÇÃO DE

S. TOMÉ E PRÍNCIPE

Docente: Professor Doutor Carlos MottaDiscente: Marta Marques Gomes

- Lisboa -1999

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UNIVERSIDADE LUSÍADAPÓS-GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS

VERTENTE ESTUDOS AFRICANOSÁFRICA NA POLÍTICA EXTERNA PORTUGUESA

DESCOLONIZAÇÃODE

S. TOMÉ E PRÍNCIPE

Marta Marques Gomes

Lisboa1999

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SUMÁRIO

Introdução 41 Viagem Histórica 62 O Sentimento de Colonização 93 Processo de Descolonização de S. Tomé e

Príncipe 13

4 Conclusão 17

Apêndice 18

Anexos 19

Bibliografia 28

Índice 29

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ÁFRICA NA POLÍTICA EXTERNA PORTUGUESADescolonização de S. Tomé e Príncipe

INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por objectivo caracterizar o processo descolonizador que ocorreu em S. Tomé e Príncipe.

Inicialmente, processa-se a uma descrição breve dos principais factos históricos do arquipélago, de forma a enquadra-lo espaço-temporalmente.

Enquanto colónia Portuguesa, será necessário entender qual o sentimento nutrido pelo conceito/realidade Colonização. Apenas percebendo o sentimento existente face a essa realidade, se poderá entender os vários processos levados a cabo no continente africano de forma a atingir a independência. A descolonização é fruto de um sentimento africano que se estende para fora si mesmo atingindo o tradicional colonizador, é também fruto de uma nova mentalidade que surge no século XX.

Finalmente, analisa-se particularmente o caso de S. Tomé e Príncipe, procurando responder às questões Onde? Quando? Como? e Porque? do processo de descolonização do arquipélago se S. Tomé e Príncipe.

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“ Portugal não é apenas o território que, na parte mais ocidental da Europa, vai do Minho e Trás-os-Montes ao Algarve. Também são Portugal os arquipélagos da Madeira, Açores e Cabo Verde, no oceano Atlântico. As ilhas de S. Tomé e Príncipe, o nosso território da Guiné, o de Angola, na África Ocidental, e o de Moçambique, na parte Oriental de África, são Portugal também. São ainda Portugal os territórios de Goa, Damão e Dio e a cidade de Macau, que ficam na Ásia, bem como uma parte da ilha de Timor, na Oceânia. Se observarmos num mapa a situação de tudo o que é nosso, reconheceremos logo que Portugal tem possessões em quase todas as partes do Mundo. (...) Ao vermos a enorme extensão do Império Português admiramos o heroísmo com que os nossos antepassados - sábios, marinheiros, soldados e missionários, - engrandeceram a Pátria.(...)”1

1 Ministério da Educação Nacional, O Livro da Terceira Classe, pp. 17 e 185

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1 - Viagem Histórica

Se iniciarmos esta viagem no século XV, podemos dizer que S. Tomé e Príncipe era um arquipélago desabitado até então. Por esta altura Pêro Escobar e João Santarém, no decurso do contrato de Fernão Gomes da Mina2, descobririam estas terras, mais propriamente no ano de 1470-1471: São Tomé, Santo António e Santo Antão; no ano de 1471-72: ilha de Ano Bom.3 Outros autores crêem que a ilha de Ano Bom, tenha sido descoberta por Diogo Cão, em 1484.

A exploração das ilhas, iniciou-se uma década mais tarde. Decorria o reinado de D. João II, quando uma viagem mal sucedida de Duarte Pacheco Pereira, fez com que estas servissem de escala. Futuramente o arquipélago e as suas ilhas seriam aproveitadas como escala das embarcações que tinham por destino a Índia.

Estas ilhas encontravam-se despovoadas e embora o seu povoamento oficial tenha sido decretado em 1485, alguns historiadores consideram que apenas na década de 90 este se tenha iniciado, altura em que Álvaro de Caminha levaria para S. Tomé e Príncipe alguns degredados. Oficialmente, porém, a sua povoação iniciou-se em 1485, quando as ilhas de S. Tomé e Príncipe passam a estar sob comando do capitão-donatário João de Paiva4. Em 1490 este cargo passará a ser desempenhado por João Pereira. Em 1491, Gonçalves Anes é nomeado Juiz da ilha de S. Tomé.5 O povoamento da ilha do Príncipe inicia-se em 1500 após uma doação a António Carneiro seu futuro capitão-donatário. A ilha de Ano Bom é entregue em 1503 a João de Melo que começaria o seu povoamento de imediato. Se na globalidade o arquipélago de S. Tomé e Príncipe era despovoado, a ilha de Fernão Pó, tinha população autóctone, tal situação viria a levantar problemas aos portugueses no que diz respeito à colonização.

Entre os habitantes da ilha, poderíamos agora encontrar degredados, filhos de judeus e escravos africanos. Também na década de 90, se processa a evangelização dos africanos aí existentes.

S. Tomé e Príncipe aparece pela primeira vez na cartografia em 1480, na Carta de Soligo.

No século XVI, mais propriamente no ano de 1522, S. Tomé e Príncipe passa a ter o estatuto de domínio directo da coroa, o cargo de capitão-donatário é substituído pelo de governador. Esta transição processasse com Vasco Esteves que será o primeiro governador de S. Tomé e Príncipe.

2 O Contrato de Fernão Gomes da Mina estabelece, que deverão ser reconhecidas 100 léguas de costa por ano em navegação de cabotagem. 3 Esta é a Tese Tradicional do descobrimento das ilhas de S. Tomé e Príncipe, contestada por Damião Peres. Esta tese prevalece devido à falta de elementos que a possam anular totalmente.4 De acordo com uma carta régia de 29 de Julho de 1493, João de Paiva seria o terceiro capitão-donatário e não o primeiro.5 Estas informações embora contem da Tese Tradicional, são contrárias as informações dos cronistas Valentim Fernandes e Rui de Pina que reconhecem como primeiro povoador Álvaro de Sottomayor, que teria levado para aí filhos de judeus escravizados em Espanha após 1491.

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Durante o século XVI, a administração do arquipélago, encontrava-se dividida pelas várias ilhas existentes, apenas a partir da década de 80, se processará a uma unificação administrativa, esta será intensificada durante o século XVII sob acção de Bernardino Freiro de Andrade.

Se inicialmente S. Tomé e Príncipe, oferecia apenas marfim e especiarias, tendo que Portugal introduzir algumas culturas, como é caso da amendoeira, figueira, vinha e milho; no final do século XVI, S. Tomé e Príncipe era o principal produtor e exportador de cana-de-açúcar, possuindo mais de 180 engenhos.

A posição geográfica estratégica transforma, este conjunto de ilhas num centro comercial muito importante. O comércio de escravos desenvolveu-se chamando a si mercadores de toda a Europa que tinham por objectivo fazer comércio com as colónias americanas. Durante o século XVII e XVIII, S. Tomé e Príncipe foram um grande entreposto de comércio de escravos, que tinham por objectivo trabalhar nas plantações do Brasil.

O café e o cacau seriam uma nova etapa. Após a abolição da escravatura em 1869, novos produtos são comercializados, negociando-se agora o café e o cacau. As Roças seriam o novo cenário agrícola das ilhas, predominando durante toda a época colonial.

No que diz respeito à exploração e aproveitamento económico do arquipélago, podemos falar de duas etapas. Numa primeira fase este aproveitamento está ligado a produtos como o marfim, especiarias, algodão e escravos. A segunda fase é caracterizado por um aproveitamento agrícola, centrado na produção do cacau e café.

No século XVIII, as ilhas de Fernão Pó e Ano Bom, passariam a estar sob jurisdição espanhola. Durante o século XIX, sob regime de Monarquia Parlamentar a capital passaria a ser S. Tomé. São criadas as províncias autónomas, onde a partir de 1836 se incluem as ilhas de S. Tomé e Príncipe. Esta situação viria a alterar-se no século XX. Em 1960 surge o Comité de Libertação de S. Tomé e Príncipe, sendo substituído pelo Movimento de Libertação de S. Tomé e Príncipe no ano de 1972.

Quando do golpe de 25 de Abril de 1974, o MLSTP pretende ver-se reconhecido como único representante legítimo do povo são-tomense.

A 12 de Julho de 1975, S. Tomé e Príncipe vê reconhecida a independência, assumindo a presidência deste recente estado independente, Manuel Pinto da Costa. De acordo com a constituição de 12 de Dezembro de 1975, S. Tomé e Príncipe é um estado soberano independente, unitário e democrático. O MLSTP surge como partido único, sendo o órgão supremo de estado a Assembleia Popular Nacional. Esta é composta por 40 membros, estes por sua vez são eleitos pela Assembleia ou são propostos pelo MLSTP.

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“A ideia que eu tinha do processo africano, visto que tinha superintendido a muitos estudos no Centro de Estudos Políticos e Sociais do nosso instituto, era que a xenofobia ia ser um grande motor no movimento de autonomização e de independência dos estados africanos em todas as latitudes. Também havia estudos feitos sobre seitas africanas de inspiração religiosa, onde o objectivo político também era evidente.”6

Adriano Moreira

6ANTUNES, José Freire; Grandes Temas da Nossa História - A Guerra de África, vol. I, pp. 2708

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2 - O Sentimento De Colonização

Na década de 50, o continente africano considerava que os seus interesses estavam a ser colocados de lado em detrimento da ambição imperialista europeia. Neste contexto surge a Conferência dos povos Africanos no ano de 1958. Desta conferência sairiam várias linhas de orientação, cujo fim era caracterizar o colonialismo.

Este começava por ser dividido territorialmente em dois grupos: território onde os indígenas eram dominados por povos exteriores cujo poder era exercido a partir das suas metrópoles. O outro grupo incluiria territórios onde o domínio colonial exercido pelas potências exteriores não partia da metrópole, mas sim de um pólo de autoridade existente na própria colónia.

Durante esta conferência, é abordado o sentimento de opressão e subjugação implícito no conceito de colonização. Considerava-se que os motores que haviam desencadeado todo o processo colonial séculos atrás, haviam deixado de existir, considerando-se então a colonização um processo condenável. Assim sucede, devido ao facto de que intuitivamente colonização era sinónimo de subjugação de uma raça considerada inferior a uma outra considerada superior.

Condenava também, esta conferência, a exploração económica e militar para a concretização de projectos e ambições que não estavam relacionados com os interesses do povo africano no geral.

Uma outra questão fundamental, reportava aos direitos humanos, à liberdade de expressão, associação, trabalho. Questionava-se a falta de liberdade para viver de acordo com as necessidades de um povo que não é o colonizador. A questão da discriminação racial e sexual está implícita no colonialismo imperialista levada a cabo no continente Africano. Esta era uma questão a resolver, para que o povo africano pudesse livremente agir de acordo com os seus interesses.

O facto de este sistema, condenável pela Conferência, ser ‘apoiado’ por organizações tão importantes, como a NATO e outras preocupava grandemente os 300 representantes do povo africano presentes na conferência.

De acordo com estas preocupações, a Conferência de Todo o Povo Africano, considerava que tais problemas apenas poderiam diminuir se determinadas atitudes fossem tomadas:1.) Condenação do colonialismo e imperialismo, sob qualquer forma que este possa

assumir.2.) Toda e qualquer exploração económica do povo africano deverá acabar3.) África deverá deixar de ser uma ‘potência europeia’ de usufruto europeu4.) Todos os estados independentes deverão intervir no âmbito da política

internacional de forma a acelerar o processo de independência de outros estados africanos

5.) Os direitos fundamentais do homem deverão chegar a todos os homens e mulheres do continente africano

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6.) Deverá combater-se qualquer forma de discriminação racial ou sexual exercida sobre o povo africano

7.) Todos os estados independentes deverão assegurar a manutenção dos direitos fundamentais do homem

8.) o comité dos Direitos Humanos deverá fazer com que os direitos fundamentais do homem sejam cumpridos em toda a África

9.) a Conferência do Povo Africano declara-se apoiante de todos os movimentos de libertação em África, de igual forma reconhece aqueles cuja via pacífica foi bem sucedida, como todos aqueles que recorram a uma via armada. O objectivo é atingir a independência de todos os estados.

Dois anos depois da Conferência de Accra, a Assembleia Geral das Nações Unidas considera importante acabar com o colonialismo. Surge então uma declaração que garante a independência ao estados colonizados. Esta carta de 1960 encerra em si as seguintes considerações:1.) a subjugação, a dominação e a exploração das populações são uma deterioração

dos direitos fundamentais do homem2.) todos os povos têm direito à autodeterminação3.) uma política económica ou social e educação inadequadas, nunca deverão

constituir pretexto para adiar a independência de um território4.) todas as medidas repressivas levadas a cabo para impedir a independência

deverão cessar de imediato dando lugar a medidas de pacificação que tenham por objectivo completar o processo de independência

5.) deverão ser tomadas de imediato, todas as medidas necessárias de forma a proceder à transferência de poder nos territórios não independentes

6.) todos os estados deverão seguir as medidas delineadas pelas Nações Unidas e pela Declaração dos direitos Humanos, respeitando o direito à soberania e à integridade territorial

Num contexto de desejo de ‘independência continental’, o sonho da soberania

africana vai crescendo, dando lugar a várias independências na década de 60.

Os estados africanos independentes, sonham entre eles em atingir uma independência total das potências colonizadoras, idealizando, num futuro a médio prazo, uma África unida. Fruto deste projecto nasce a Organização da África Unida.

Em 1963, os estados independentes de África, inteiramente convencidos da necessidade de defender os direitos fundamentais do homem em África, pretendendo garantir a todo o povo africano a liberdade, igualdade e justiça a que têm direito, determinados a resguardar o direito à independência dos estados africanos e a defender o seu continente de uma possível nova onda colonizadora, resolvem reforçar todos os laços existentes entre os vários estados soberanos existentes em África. Desta forma a OUA, formaliza na carta de 25 de Maio de 1963 as suas intenções. A Organização da África Unida propunha-se a:1.) promover a unidade e solidariedade entre os estados soberanos africanos2.) promover e intensificar operações que visem melhorar as condições de vida do

povo africano

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3.) pretendem defender de qualquer ameaça, a soberania dos estados africanos, procurando manter a integridade territorial inerente à independência

4.) pretende acabar com todas as formas de colonialismo existentes em África5.) pretendem desencadear e promover uma cooperação internacional de forma a

salvaguardar os direitos fundamentais do homem.

Independência total,Glorioso canto do povo, Independência total,Hino sagrado de combate.DinamismoNa luta nacional,Juramento eternoNo País soberano se S. Tomé e Príncipe.

Guerrilheiro da guerra sem armas na mão,Chama viva na alma do povo,Congregando os filhos das ilhasEm redor da Pátria Imortal. Independência total, total e completaConstruindo, no progresso e na paz,A nação mais ditosa da Terra, Com os Braços heróicos do povo.

Independência totalGlorioso canto do Povo.Independência total,Hino sagrado de combate.

Trabalhando, lutando, lutando e vencendo,Caminhamos a passos gigantesNa cruzada dos povos africanos,Hasteando a bandeira nacional.

Voz do povo, presente, presente em conjunto,Vibra rijo no coro da esperançaSer herói na hora de perigoSer herói no ressurgir do País.

Independência totalGlorioso canto do povo, Independência total, Hino sagrado de combate.DinamismoNa luta nacionalJuramento eternoNo País soberano de S. Tomé e Príncipe

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3 - Processo de Descolonização de S. Tomé e Príncipe

A resistência ao colonialismo português, está directamente ligado às revoltas existentes dentro do processo colonialista, existente face à entidade colonizadora. Esta resistência ganha grande consistência acabando por ser influenciados por movimentos anti-salazaristas que tem origem no pós-guerra tendo por objectivo a independência das colónias portuguesas. O primeiro choque entre Spínola e o Movimento das Forças Armadas ocorre devido à questão colonial. Enquanto o MFA pretendia o reconhecimento ao direito à autodeterminação das colónias portuguesas, Spínola pretendia a emergência de uma política ultramarina que visasse a paz. Este conflito é clarificado em 1974, com a lei 7/74, a política ultramarina spínolista é ultrapassada pelo desejo de autodeterminação do MFA.

Estes movimentos eram constituídos por membros de um reduzido grupo elitista que defendia as teses de independência. Estas elites surgiam na maior parte dos casos, dentro de um sector assimilado, muita das vezes mestiço, de que é exemplo os movimentos em Angola e Moçambique.

Culturalmente, estes movimentos nacionalistas, eram na maior parte das vezes influenciados por orientações marxistas ou por teorias relacionadas com a negritude.

Inicialmente estes movimentos nacionalistas de libertação, estão revestidos de uma grande dose de clandestinidade, aparecendo relacionados a grupos de estudantes intelectuais, de que é exemplo o Partido Comunista Angolano, criado em 1955.

A difusão destes movimentos, origina a sociabilidade entre os seus membros. Este processo de sociabilização está na origem da criação de organizações federativas que viriam a desempenhar um papel importante a nível internacional. Uma das primeiras seria a MAC (Movimento Anti-Colonial). Fundada em 1957, teria como ‘fundadores’ Agostinho Neto, Marcelino dos Santos, Lúcio Lara, Viriato da Cruz, Amílcar Cabral e Guilherme do Espírito Santo. A sua sede seria simultaneamente em Lisboa e Paris. Outro exemplo é, a FRAIN (Frente Revolucionária Africana para a Independência). Esta surge três anos mais tarde em 1960, por ocasião da Conferência de Tunes.

A Conferencia das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP), agrupava os três movimentos de libertação: Angola (MPLA), Moçambique (UDENAMO e FRELIMO), Guiné e Cabo Verde (PAIGC), mais tarde englobaria também S. Tomé e Príncipe (CLSTP). CONCP significava a existência de um ponto de harmonia, acordo e unidade entre os vários movimentos.

A guerra, o início dos conflitos armados, ocorreu no norte de Angola, tendo os acontecimentos que aí ocorreram, grande repercussão a nível internacional. Este movimento funcionou como motor, espalhando-se rapidamente as sementes das hostilidades militares às restantes colónias portuguesas.

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Comparativamente com o cenário geral, o movimento de S. Tomé e Príncipe e a sua expressão restringiu-se a um pequeno núcleo de estudantes expatriados. Seria o massacre de Batepá, em Fevereiro de 1953, onde mais de mil são-tomenses seriam mortos por se negarem a trabalhar nas roças de cacau, o motor dos movimentos de libertação de S. Tomé e Príncipe. Esta lembrança faz com que a manutenção da soberania portuguesa fosse mal vista pela maior parte da população.

O primeiro movimento de libertação de S. Tomé e Príncipe seria criado no Gana, designando-se por Comité de Libertação de S. Tomé e Príncipe (CLSTP). Este movimento viria a estabelecer relações estreitas com a Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP), na medida em que participaria em 1961 na sua fundação. Em 1962 CLSTP seria reconhecido pela OUA, como único representante legítimo do povo são-tomense.

Após problemas internos no Gana, o CLSTP, muda o seu comité para Brazzaville, depois para Santa Isabel e finalmente para Libreville. Miguel Trovoada seria o secretário geral do CLSTP, cujas instalações estavam sediadas no Gabão. Este movimento teve uma acção limitada, restringindo-se a alguma acção diplomática.

Em 1972, um congresso reunindo a direcção e a participação de países vizinhos como o Gabão e a Guiné Equatorial, transformam o CLSTP no MLSTP. Manuel Pinto da Costa seria o secretário geral deste movimento.

O percurso do movimento de libertação de S. Tomé e Príncipe, chamava à atenção enquanto movimento que se abstrai de qualquer acção de guerrilha, bem como pela pouca actividade política, comparativamente com outros movimentos de libertação existentes.

A independência de S. Tomé e Príncipe, foi sobretudo uma consequência, não do movimento de libertação em si, mas sim de uma mutação política que ocorre na metrópole bem como do processo descolonizador que se fazia sentir nas restantes colónias. O CLSTP tinha um percurso instável, tendo quase desaparecido na década de 60, a sua situação não lhe conferia credibilidade aos olhos de instituições influentes. A OUA face ao desempenho do CLSTP, não considerava viável a independência de S. Tomé e Príncipe, no entanto como já foi referido, acaba por reconhecer na década de 60 o CLSTP.

Será na década de 70 - 1972 -, fruto da persistência de um pequeno grupo de nacionalistas que este movimento será reorganizado dando origem ao Movimento de Libertação de S. Tomé e Príncipe (MLSTP). A sua sede será no Gabão e a chefia caberá a Manuel Pinto da Costa. No ano seguinte, o MLSTP será reconhecido pela OUA como representante oficial dos nacionalistas de S. Tomé e Príncipe.

Quando irrompe o 25 de Abril de 1974, os principais dirigentes do MLSTP, encontram-se exilados na República do Gabão. Após o 25 de Abril de 1974, assiste-se à formação de novos partidos, sobretudo de orientação federalista, na maior parte ligados

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aos colonos brancos aí sediados. Por esta altura nasce também uma nova frente, a Associação Cívica Pró-MLSTP.

Durante o processo de descolonização Kurt Waldheim, levou a cabo várias reuniões militares, nomeadamente em Outubro de 1974 o secretário geral da ONU na companhia dos vários oficiais representantes dos três ramos das Forças Armadas vê declarado o MLSTP como único interlocutor legítimo a participar em negociações futuras.

Após ser reconhecido como único interlocutor, as negociações iniciam-se. No Acordo de Argel - 26 de Novembro de 1974 - é assinado um protocolo entre o governo português e o MLSTP. Neste acordo Portugal, nas pessoas de Almeida Santos e Jorge Campinos, reconhecia o MLSTP como representante legítimo de S. Tomé e Príncipe. Processa-se à delegação de um governo de transição, este à semelhança de outros era composto por um alto comissário e por um governo de transição com competência legislativa e executiva.

Este acordo compreenderia na sua estrutura dezassete artigos que tinham por objectivo fundamentar juridicamente os órgãos políticos de transição. Para além disto previam ainda a existência de outros de que é exemplo o Banco Central de S. Tomé e Príncipe. Este acordo tem em atenção a declaração Universal dos Direitos do Homem.

Cabia aos vários órgão de transição preparar o arquipélago de forma a que pudessem ocorrer num futuro próximo eleições para a Assembleia Constituinte. A independência de S. Tomé e Príncipe deveria ser proclamada a 12 de Julho de1975.

O MLSTP conhece por esta altura as primeiras rupturas ideológicas dentro do movimento. A união com a Frente Popular Livre origina choques. Existe desacordo entre membros da Associação Cívica e o MLSTP.

A situação interna do partido agrava-se no processo do governo de transição. O choque viria a ocorrer em Março de 1975 e relacionava-se com o futuro de uma companhia de 300 homens que o MLSTP temia; conflitos na ala mais esquerdista do governo, obrigaram Manuel Pinto da Costa a regressar antes do previsto de Libreville e a exilar a ala esquerdista em Portugal, face a este problema o alto comissário português Pires Veloso teve que intervir algumas vezes. Este conflito fez com que Gestão Torres -Ministro da Justiça e Trabalho- e Pedro Umbelina -Ministro da Comunicação Social- fossem demitidos. Tal sorte coube também a três dos membros do grupo político ainda sediado em Libreville. Foram eles: João Gaudalupe Veiga de Ceita, António Pires dos Santos e Miguel Trovoada.

O processo de transição embora tranquilo, não impediu o regresso da comunidade branca à metrópole, receando represálias. Neste contexto saíram certa de dois mil de colonos. A reforma agrária prevista no acordos de Argel, iniciou-se com a expropriação das terras abandonadas à mais de 90 dias.

Quando das eleições, verificou-se que três quartos da população estava registada, no entanto a maior parte dos candidatos eram do MLSTP, desta forma a

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soberania recaiu nos dirigentes do MLSTP. Manuel Pinto da Costa é eleito Presidente da República e Miguel Trovoada será primeiro ministro.

Após as eleições e a vitória do MLSTP, este coloca em prática o regime de partido único, procede à nacionalização de toda a propriedade rural que estava anteriormente nas mão dos colonos portugueses representando cerca de 90% da totalidade da propriedade rural.

Depois do processo de independência chegado ao fim, S. Tomé e Príncipe era uma estrutura económica fortemente influenciada pelas orientações económicas coloniais. Caracterizado pela monocultura do cacau, o facto de S. Tomé e Príncipe depender grandemente da exportação do cacau, fez com que a descida do preço do mesmo se traduzisse numa dependência crescente da ajuda exterior, nomeadamente do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial.

Para além da quebra da produção do cacau, a situação tem tendência a agravar-se devido ao facto de as restantes produções agrícolas, quer de domínio interno quer externo, acompanharem a mesma tendência. A produção industrial, também ela não é suficiente para projectar o arquipélago numa independência económica. Neste contexto, a alternativa encontrada pelas devidas competências resume-se à crescente importação de produtos alimentares e outros. Esta situação contribui para a existência de uma balança comercial grandemente deficitária, originando um crescente endividamento externo.

Numa situação de dependência económica, surge o Programa de Ajustamento Estrutural que visa restabelecer o equilíbrio económico e financeiro a nível interno através da dinamização e desenvolvimento do sector agrícola de forma a promover a exportação e restabelecer o equilíbrio externo.

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CONCLUSÃO

S. Tomé e Príncipe, caracteriza-se por ser uma colónia portuguesa, onde não ocorrem movimentos de guerrilha reivindicando uma libertação. O que se verifica nas restantes colónias e que diz respeito a uma reivindicação activa e efectiva, não se verifica em S. Tomé e Príncipe.

Quando se dá o 25 de Abril de 1974 a situação em S. Tomé e Príncipe, é de tranquilidade e até mesmo de normalidade. Enquanto nas restantes colónias de imediato os embaixadores portugueses delegaram a suas funções, em S. Tomé e Príncipe, o mesmo não aconteceu. O clima não era de agitação interna até à altura. As reivindicações nacionalistas faziam-se como que à porta fechada, esta situação relaciona-se com a pouca actividade desempenhada pelo movimento de libertação são-tomense durante a década de 60 e inícios de70.

O processo de descolonização é, sobretudo fruto de uma conjuntura externa a S. Tomé e Príncipe, mais do que uma vontade fortemente expressa a nível interno.

S. Tomé e Príncipe torna-se independente num contexto onde as teses da autodeterminação vencem, passando a vigorar juridicamente como é o caso da lei 7/74.

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Apêndice

Acetato n.º: 01

DESCOLONIZAÇÃO DE S. Tomé e PríncipeDESCOLONIZAÇÃO DE S. Tomé e Príncipe

ANTES DURANTEAPÓS

Arquipélago descoberto no séculoXV Colonização do arquipélago comdegredados, judeus e escravos Passa por várias formas degoverno No século XVI- unificaçãoadministrativa - século XVII e XVIII - grandecentro comercial - século XIX - introdução dacultura do café e cacau na economiado arquipélago - abolição da escravatura 1836 - estatuto de provínciaautónoma roça - estrutura económica mão-de-obra escrava substituídapor mão-de-obra assalariada crescente descontentamentodevido à questão do trabalho nasroças 1953 - Massacre de Batepá nasce o CLSTP

Resistência ao colonialismoPortuguês Difusão e socialização dosmovimentos nacionalistas Criação de organizaçõesfederativas: Mac (movimento anti-colonial)eFRAIN(Frente Revolucionária Africana para aIndependência)

ausência de sentimentonacionalista revolucionárioCriação do CLSTP 1972- MLSTP reconhecimento pela OUA

1974 - representantes do MLSTPexilados no Gabão formação de novos partidos Associação Cívica Pró-MLSTP MLSTP - interlocutor legítimo dopovo são-tomense Acordo de Argel - 26/ 11/ 1974 governo de transição roturas ideológicas dentro doMLSTP eleições - PR-Manuel Pinto daCosta

• após as eleições o MLSTP écolocado em prática o regime departido único• nacionalizaçãoda propriedade rural

• estrutura económicainfluenciada pelas orientaçõeseconómicas coloniais

• monocultura do cacau• descida do preço do cacau• quebra na exportação decacau• balança comercial deficitária• dependência crescente doexterior• endividamento exterior

• DEPENDÊNCIA EXTERIOR

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ANEXOS

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ANEXO 1

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Anexo 1 (Cont)

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ANEXO 2

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Anexo 2 (Cont)

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Anexo 2 (Cont)

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Anexo 2 (cont)

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ANEXO 3

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Anexo 3 (Cont)

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BIBLIOGRAFIA

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ROSAS, Fernando; Dicionário de História do Estado Novo, vols. I, II; Círculo de Leitores, Portugal, 1996

SERRÃO, Joel; Dicionário de História de Portugal; Livraria Figueirinhas, Porto, 1990

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ÍNDICE

Sumário 3Introdução 4excerto de texto 5

1. Viagem Histórica 6excerto de texto 8

2. O Sentimento de Colonização 9excerto de texto 12

3. Processo de Descolonização de S. Tomé e Príncipe

13

Conclusão 17Apêndice Acetato 1 - Descolonização de S. Tomé e Príncipe

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Anexos1. All-African People’s Conference: Resolution on Imperialism and Colonialism, Accra, December 5-13, 1958..

20

2. Charter of the Organization of African Unity, May 25 1963..............................................................................................

22

3. United Nations: Declaration on Granting Independence to Colonial Countries and Peoples, 1960...................................

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Bibliografia 28

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