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PÓS-GRADUAÇÃO MBA - DIREITO IMOBILIÁRIO Página 1 de 17 Prof. Marcus Vinicius Kikunaga TURMAS 14 e 04 (on-line) 13/09/2018 INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL. Testamento: o sistema prefere que a sucessão ocorre através do testamento, pois neste já está determinado a forma de partilha (negócio jurídico unilateral não receptício. Morte = abre-se a sucessão; Civil; Regime Jurídico adotado Tributário. (Art. 110 CTN) Legitima: adota critério que é o afetivo, por isso as pessoas acham desnecessário fazer testamento. A partilha de bens tem que ser analisada em dois aspectos: a) extrínseco = analise por documento (ex. valor venal); b) intrínseco = analisa a qualidade do bem, apurando o valor de mercado há muita confusão pois geralmente as pessoas omitem os verdadeiros valores (regra do CPC). OBS: A sucessão rege-se pela lei vigente ao tempo da sua abertura, o que ocorre com a morte do autor da herança. Sucessão Adota o Principio Saisine (art. 1.784, CC) Princípio de Saisine, princípio de origem francesa, pelo qual se estabelece que a posse dos bens do "de cujus" se transmite aos herdeiros, imediatamente, na data de sua morte. Esse princípio foi consagrado em nosso ordenamento jurídico pelo art. 1.784, do Código Civil.

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Prof. Marcus Vinicius Kikunaga

TURMAS 14 e 04 (on-line)

13/09/2018

INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL.

Testamento: o sistema prefere que a sucessão ocorre através do

testamento, pois neste já está determinado a forma de partilha (negócio

jurídico unilateral não receptício.

Morte = abre-se a sucessão;

Civil;

Regime Jurídico adotado

Tributário.

(Art. 110 CTN)

Legitima: adota critério que é o afetivo, por isso as pessoas acham

desnecessário fazer testamento. A partilha de bens tem que ser analisada

em dois aspectos: a) extrínseco = analise por documento (ex. valor venal);

b) intrínseco = analisa a qualidade do bem, apurando o valor de mercado

há muita confusão pois geralmente as pessoas omitem os verdadeiros

valores (regra do CPC).

OBS: A sucessão rege-se pela lei vigente ao tempo da sua abertura, o que

ocorre com a morte do autor da herança.

Sucessão

Adota o Principio Saisine

(art. 1.784, CC)

Princípio de Saisine, princípio de origem francesa, pelo qual se

estabelece que a posse dos bens do "de cujus" se transmite aos herdeiros,

imediatamente, na data de sua morte. Esse princípio foi consagrado em

nosso ordenamento jurídico pelo art. 1.784, do Código Civil.

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“Art. 1.787, CC. Regula a sucessão e a legitimação para

suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.”

OBS: A fixação da base de cálculo do ITCMD se dá no momento da morte

transformando o valor integral do monte mor de moeda corrente para unidade

fiscal do estado (UFESP).

Exemplo:

2018

2002 Adequa-se a moeda UFESP

Ano da morte

OBS: O fisco estadual tem prazo de 5 anos para cobrança do ITCMD sob

pena de prescrição tendo como termo inicial o 1º dia do exercício seguinte da

ocorrência do fato gerador (morte).

PRINCÍPIOS.

Princípio da Confiança: Ao inventariante é livre a escolha do tabelião de

notas, independentemente de seu domicilio, conforme disposto no art. 8º,

da Lei nº. 8.935/94 e do Art. 1º da Resolução nº. 35/2007 do CNJ. Desta

forma, abre-se uma exceção de competência processual, ou seja, não

aplica-se a competência do prevista no art. 1.785, do Código Civil.

“Art. 1.785, CC. A sucessão abre-se no lugar do último

domicílio do falecido.” (Não aplica-se este dispositivo).

“Art. 8º, Lei nº. 8.935/94. É livre a escolha do tabelião

de notas, qualquer que seja o domicílio das partes ou o

lugar de situação dos bens objeto do ato ou negócio.”

(Negrito nosso).

“Art. 1º, Res. 35/07 CNJ. Para a lavratura dos atos

notariais de que trata a Lei nº 11.441/07, é livre a escolha

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do tabelião de notas, não se aplicando as regras de

competência do Código de Processo Civil.” (Negrito

nosso).

Princípio da Facultatividade: O inventariante pode escolher qual via quer

adotar, judicial ou extrajudicial, podendo inclusive desistir ou migrar do

inventário judicial para o extrajudicial, requerendo a suspensão do judicial

por 30 dias, logrando êxito no procedimento extrajudicial extingue-se o

processo judicial. Importante salientar, que não sendo beneficiário da

justiça gratuita terá de arcar com as custas e despesas dos dois

procedimentos.

“Art. 2°, Res. 35/07 CNJ. É facultada aos interessados

a opção pela via judicial ou extrajudicial; podendo ser

solicitada, a qualquer momento, a suspensão, pelo prazo

de 30 dias, ou a desistência da via judicial, para promoção

da via extrajudicial.” (Negrito nosso).

Princípio da Efetividade: A escritura pública tem força para transferência

de bens e levantamento de valores, não dependendo de homologação

judicial.

“Art. 3º, Res. 35/07 CNJ. As escrituras públicas de

inventário e partilha, separação e divórcio consensuais

não dependem de homologação judicial e são títulos

hábeis para o registro civil e o registro imobiliário, para

a transferência de bens e direitos, bem como para

promoção de todos os atos necessários à

materialização das transferências de bens e

levantamento de valores (DETRAN, Junta Comercial,

Registro Civil de Pessoas Jurídicas, instituições

financeiras, companhias telefônicas, etc.)” (Negrito nosso).

Princípio da Acessibilidade: É possível que seja concedida a gratuidade

nos procedimentos extrajudiciais realizados no cartório, com base no art.

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6º da Resolução nº 35/2007, todavia a maioria dos registradores não

concedem este benefício, utilizando-se da lacuna existente na alteração do

Código de Processo Civil em seu art. 98, pois no entendimento dos

registradores e notários somente são aceitos os casos que sejam

decorrentes de processo judicial cujo benefício tenha sido concedido.

OBS: O registrador somente pode recusar o registro nos casos de fraude

a lei, vicio na manifestação da vontade e potencial prejuízo as partes.

Desta forma, é possível sim a concessão da gratuidade nos procedimentos

extrajudiciais, bastando apenas a declaração expresso dos interessados que

estes não tem condições se arcar com os emolumentos.

“Item 79.1, capitulo XIV, NSCGJ/SP. A obtenção da

gratuidade dependerá de simples declaração dos

interessados de que não possuem condições de arcar

com os emolumentos, ainda que as partes estejam

assistidas por advogado constituído.” (Negrito nosso).

Concedido o benefício caso o registrador suspeite da fraude este deve

comunicar por escrito ao Juiz Corregedor.

“Art. 6º, Res. 35/07 CNJ. A gratuidade

prevista na Lei n° 11.441/07

compreende as escrituras de

inventário, partilha, separação e

divórcio consensuais.” (VIGENTE).

“Art. 98, CPC. A pessoa natural ou jurídica,

brasileira ou estrangeira, com insuficiência

de recursos para pagar as custas, as

despesas processuais e os honorários

advocatícios tem direito à gratuidade da

justiça, na forma da lei.

§ 1o A gratuidade da justiça compreende:

(...)

IX - os emolumentos devidos a notários

ou registradores em decorrência da

prática de registro, averbação ou

qualquer outro ato notarial necessário à

efetivação de decisão judicial ou à

continuidade de processo judicial no

qual o benefício tenha sido concedido.”

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Ademais, conforme determinação do provimento nº. 53 de 16 de maio de

2016 do CNJ, existe ainda a possibilidade de averbação direta no RCPN da

sentença estrangeira de divórcio consensual no assento de casamento,

independentemente de homologação judicial, cuja previsão legal encontra-

se no art. 961 do Código de Processo Civil.

“Art. 961, CPC. A decisão estrangeira somente terá

eficácia no Brasil após a homologação de sentença

estrangeira ou a concessão do exequatur às cartas

rogatórias, salvo disposição em sentido contrário de lei ou

tratado.

(...)

§ 5o A sentença estrangeira de divórcio consensual

produz efeitos no Brasil, independentemente de

homologação pelo Superior Tribunal de Justiça. (...)”

(Negrito Nosso).

Princípio da Assistência Jurídica: O advogado é indispensável, requisito

obrigatório.

“Art. 8º, Res. 35/07 CNJ. É necessária a presença do

advogado, dispensada a procuração, ou do defensor

público, na lavratura das escrituras decorrentes da Lei

11.441/07, nelas constando seu nome e registro na OAB.”

(Negrito nosso).

Princípio da Vedação de indicação do Advogado: O tabelião não pode

indicar advogado para os interessados, contudo, pode encaminhar para a

defensoria pública ou para a OAB.

“Art. 9º, Res. 35/07 CNJ. É vedada ao tabelião a

indicação de advogado às partes, que deverão

comparecer para o ato notarial acompanhadas de

profissional de sua confiança. Se as partes não

dispuserem de condições econômicas para contratar

advogado, o tabelião deverá recomendar-lhes a

Defensoria Pública, onde houver, ou, na sua falta, a

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Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.” (Negrito

nosso).

OBS: Expedição de 2º traslado como verba honorária.

“Item 82, Capitulo I – Tomo II, NSCGJSP. Caso as partes

não disponham de condições econômicas para contratar

advogado, o Tabelião de Notas deve recomendar-lhes a

Defensoria Pública, onde houver, ou, na sua falta, a

Seccional da OAB.5”

“Item 82.1, Capitulo I – Tomo II, NSCGJSP. Sempre que

nomeado advogado dativo em virtude do convênio

Defensoria Pública-OAB, o Tabelião de Notas expedirá

um segundo traslado do ato notarial, que servirá como

certidão de verba honorária, nos termos do referido

convênio.” (Negrito nosso).

Bem Jurídico:

Objetivo principal do CNJ é “tornar mais ágeis e menos onerosos os atos a

que se refere e, ao mesmo tempo, descongestionar o Poder Judiciário;”

Regime Jurídico:

1. Testamento

2. Incapacidade Herdeiro

3. Litigio

1. Consenso

2. Capacidade herdeiro

3. Sucessão legitima

Judicial

Art. 610 “caput”, CPC.

Inventário

Extrajudicial

Art. 610, § 1º, CPC.

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OBS: Mesmo se tiver testamento e houver consenso, pode ser feito o

inventário extrajudicial, conforme Provimento nº. 37/2016 CGJ/SP, que alterou o

item 129, do capítulo XIV, das NSCGJ.

“Item 129. Cap. XIV, NSCGJ. Diante da expressa

autorização do juízo sucessório competente, nos autos do

procedimento de abertura e cumprimento de testamento,

sendo todos os interessados capazes e concordes,

poderão ser feitos o inventário e a partilha por escritura

pública, que constituirá título hábil para o registro

imobiliário.”

Pressupostos:

“Art. 610, CPC. Havendo testamento ou interessado

incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial.

§ 1o Se todos forem capazes e concordes, o inventário e

a partilha poderão ser feitos por escritura pública, a

qual constituirá documento hábil para qualquer ato de

registro, bem como para levantamento de importância

depositada em instituições financeiras.

§ 2o O tabelião somente lavrará a escritura pública se

todas as partes interessadas estiverem assistidas por

advogado ou por defensor público, cuja qualificação e

assinatura constarão do ato notarial.” 9Negrito nosso).

1º Sucessão legítima;

2º Consenso;

3º Capacidade civil herdeiros:

a. É possível o interessado emancipado;

b. É possível a representação por procuração:

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“Art. 12, Res. 35/07 CNJ. Admitem-se inventário e

partilha extrajudiciais com viúvo(a) ou herdeiro(s)

capazes, inclusive por emancipação, representado(s) por

procuração formalizada por instrumento público com

poderes especiais. vedada a acumulação de funções de

mandatário e de assistente das partes (excluído pela

Resolução nº 179, de 03.10.13)” (Negrito nosso).

c. Inexistência de nascituro:

“Art. 1.798, CC. Legitimam-se a suceder as pessoas

nascidas ou já concebidas no momento da abertura da

sucessão.” (Negrito nosso).

“Item 86.1. As partes devem, ainda, declarar ao tabelião,

na mesma ocasião, que o cônjuge virago não se

encontra em estado gravídico, ou ao menos, que não

tenha conhecimento sobre esta condição.” (Negrito nosso)

Requisitos:

1º Presença de advogado, comum ou não (artigo 610, § 2º do CPC):

Advogado

Pode ser herdeiro e advogado?

R. Sim.

Autor da Herança

Viúva Herdeiros

F3

F1 F2 Processo

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Pode ser advogado e procurador dos demais interessados?

R. Sim, desde que não haja conflito de interesse (caso de anulabilidade).

OBS: A procuração para inventário tem como pressuposto ser um

instrumento de nunciação = é aquele em que o representante não tem

discricionariedade (procuração especial especifica, sinônimo de procuração em

causa própria na sua estrutura apenas).

OBS: O testamento é aberto, interpretado e registrado no oficio judicial em

livro próprio.

2º Inexistência de débitos fiscais:

“Art. 22, Res. 35/07 CNJ. Na lavratura da escritura

deverão ser apresentados os seguintes documentos: a)

certidão de óbito do autor da herança; b) documento de

identidade oficial e CPF das partes e do autor da herança;

c) certidão comprobatória do vínculo de parentesco dos

herdeiros; d) certidão de casamento do cônjuge

sobrevivente e dos herdeiros casados e pacto antenupcial,

se houver; e) certidão de propriedade de bens imóveis e

direitos a eles relativos; f) documentos necessários à

comprovação da titularidade dos bens móveis e direitos,

se houver; g) certidão negativa de tributos; e h)

Certificado de Cadastro de Imóvel Rural - CCIR, se houver

imóvel rural a ser partilhado. (Negrito nosso).

“(SP) 115.2. Os débitos tributários municipais e da receita

federal (certidões positivas fiscais municipais ou federais)

impedem a lavratura da escritura pública.”

O cartório não pode deixar de registrar se não houver a certidão na negativa

cabe pedido de providência. Tal obrigatoriedade de apresentação das certidões

foram objetos de ADIns nº 173-6/DF e 394-1/DF, cujo acórdão de julgamento foi

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proferido pelo STF em 20 de março de 2009, que declarou a

inconstitucionalidade do art. 1º, incisos I, II, IV, §§1º à 3º e art. 2º da Lei nº.

7.711/88, que dispunha sobre a obrigatoriedade da apresentação de CND's -

Certidões Negativas de Débitos das empresas que precisassem formalizar

operações de crédito, registrar contratos em cartórios ou formalizar alterações

contratuais nas juntas comerciais, assim como transferência de domicílio para

o exterior.

Neste sentido segue jurisprudência:

“REGISTRO DE IMÓVEL – Dúvida – Carta de sentença

extraída dos autos de ação de adjudicação compulsória –

Exigência de apresentação de certidões negativas de

débitos previdenciários, tributários e de contribuições

federais, com base no artigo 47, I, b, da Lei 8.212/91 –

Posicionamento modificado e consolidado pelo Conselho

Superior da Magistratura, baseado em precedentes do

Supremo Tribunal Federal e do Órgão Especial do Tribunal

de Justiça de São Paulo, de que a exigência é indevida –

Certidões dispensadas – Recurso provido. Acórdão

CSM/SP – 0001379-65.2013.8.26.0116. Relator: Hamilton

Elliot Akel. Data julgamento: 18/03/2014.

Temos ainda o Item 119.1 das Normas de Serviço da Corregedoria Geral

da Justiça de São Paulo.

“Item 119.1. Cap. XX, NSCGJSP. Com exceção do

recolhimento do imposto de transmissão e prova de

recolhimento do laudêmio, quando devidos, nenhuma

exigência relativa à quitação de débitos para com a

Fazenda Pública, inclusive quitação de débitos

previdenciários, fará o oficial, para o registro de títulos

particulares, notariais ou judiciais.” (Negrito nosso).

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3º Ausência de testamento:

Testamento Eficaz: desde que haja autorização judicial expressa. Entrar

com ação de abertura, interpretação e cumprimento do testamento, pedindo a

aplicação do Item 129 da NSCGJ, que o juiz autorize expressamente o registro.

Testamento Ineficaz: a) testamento revogado; b) testamento caduco e c)

testamento declarado judicialmente ineficaz.

“Item 129. Cap. XIV, NSCGJ. Diante da expressa

autorização do juízo sucessório competente, nos autos

do procedimento de abertura e cumprimento de

testamento, sendo todos os interessados capazes e

concordes, poderão ser feitos o inventário e a partilha por

escritura pública, que constituirá título hábil para o registro

imobiliário.” – Alterado pelo provimento nº. 37/2016.

(Negrito nosso).

“Item 129.1, Cap. XIV, NSCGJ. Poderão ser feitos o

inventário e a partilha por escritura pública, também, nos

casos de testamento revogado ou caduco, ou quando

houver decisão judicial, com trânsito em julgado,

declarando a invalidade do testamento, observadas a

capacidade e a concordância dos herdeiros.” (Negrito

nosso).

“Item 129.2, Cap. XIV, NSCGJ. Nas hipóteses do subitem

129.1, o TN solicitará, previamente, a certidão do

testamento e, constatada a existência de disposição

reconhecendo filho ou qualquer outra declaração

irrevogável, a lavratura de escritura pública de inventário

e partilha ficará vedada, e o inventário far-se-á

judicialmente. (Negrito nosso).

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Qual é o objetivo da presença das testemunhas no testamento?

R. Conferir a capacidade de exercício do testador, desse modo a

testemunha não pode ter relacionamento afetivo.

Garantindo desta forma, a proteção da manifestação da vontade escorreita.

“Art. 228, CC. Não podem ser admitidos como

testemunhas:

I - os menores de dezesseis anos;

II - aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental,

não tiverem discernimento para a prática dos atos da vida

civil;

III - os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se

quer provar dependa dos sentidos que lhes faltam;

IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo

capital das partes;

V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os

colaterais, até o terceiro grau de alguma das partes, por

consangüinidade, ou afinidade.

§ 1o Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o

juiz admitir o depoimento das pessoas a que se refere este

artigo.

§ 2o pessoa com deficiência poderá testemunhar em

igualdade de condições com as demais pessoas, sendo-

lhe assegurados todos os recursos de tecnologia assistiva.

(Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)”

OBS: Pesquisa na CENSEC, só detecta testamento público ou cerrado.

4º Vedação a sonegação:

“Art.1.992, CC. O herdeiro que sonegar bens da herança,

não os descrevendo no inventário quando estejam em seu

poder, ou, com o seu conhecimento, no de outrem, ou que

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os omitir na colação, a que os deva levar, ou que deixar de

restituí-los, perderá o direito que sobre eles lhe cabia.”

“(SP) 120. É admissível o inventário com partilha parcial,

embora vedada a sonegação de bens no rol inventariado,

justificando-se a não inclusão do(s) bem(ns) arrolado(s) na

partilha.”

Sonegação = omitir dolosamente a intenção com objetivo de causar

prejuízo a outrem.

OBS: A sobrepartilha tem como objetivo permitir a eficiência da distribuição

patrimonial nos casos emergenciais sem prejuízo da descoberta de novos bens

materiais ou inclusão de herdeiros.

5º Declaração de boa-fé:

“(SP) 122. No corpo da escritura deve haver menção de

que “ficam ressalvados eventuais erros, omissões ou

direitos de terceiros”.

OBS: Todo inventário é fundamental fazer Due Diligence para verificar

eventuais credores do de cujus.

ESTRUTURA JURÍDICA:

I. Sujeitos:

a) Cônjuge: analisar se havia separação de fato, deve comparecer para

anuir, haja vista, eventual direito à meação (art. 1.723, §1º).

“Art. 1.723, CC. É reconhecida como entidade familiar a

união estável entre o homem e a mulher, configurada na

convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida

com o objetivo de constituição de família.

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§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os

impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência

do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar

separada de fato ou judicialmente. (...)”

b) Companheiro: A natureza declaratória do contrato de união estável

(ato-fato jurídico) não impõe a união estável, necessário

reconhecimento por sentença ou consenso de todos os herdeiros.

Caso não haja reconhecimento consensual, e o companheiro tenha

direito a sucessão, a via a ser adotada será a judicial. A escritura

pública não reconhece é apenas indicio de prova.

“Art. 18, Res. 35/07 CNJ. O(A) companheiro(a) que tenha

direito à sucessão é parte, observada a necessidade de

ação judicial se o autor da herança não deixar outro

sucessor ou não houver consenso de todos os herdeiros,

inclusive quanto ao reconhecimento da união estável.”

“Art. 19, Res. 35/07 CNJ. A meação de companheiro(a)

pode ser reconhecida na escritura pública, desde que

todos os herdeiros e interessados na herança,

absolutamente capazes, estejam de acordo.”

c) Herdeiros: Verificar a capacidade do herdeiros.

d) Cônjuges dos herdeiros: quando houver renúncia ou qualquer ato

de transmissão (exceto separação total – art. 17 Res.).

O art. 1.647, CC é absoluto ou relativo?

e) Cessionários: Geralmente é recomendado a cessão de direitos

hereditários quando for transferir todo patrimônio. Por exemplo, caso

não seja o caso de transferência total do patrimônio, pode fazer

inventário de um imóvel e os demais patrimônios faz-se a

sobrepartilha.

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“Art. 16, Res. 35/07 CNJ. É possível a promoção de

inventário extrajudicial por cessionário de direitos

hereditários, mesmo na hipótese de cessão de parte do

acervo, desde que todos os herdeiros estejam presentes e

concordes.”

“Art. 1.793, CC. O direito à sucessão aberta, bem como o

quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de

cessão por escritura pública.

(...)

§ 3o Ineficaz é a disposição, sem prévia autorização do juiz

da sucessão, por qualquer herdeiro, de bem componente

do acervo hereditário, pendente a indivisibilidade.”

Na cessão de parte do acervo = obrigatoriedade de anuência dos

herdeiros (item 110);

Na cessão integral do acervo = dispensabilidade de anuência dos

herdeiros (item 111).

f) Credores: Pode se habilitar no inventário. O fato da Lei nº. 13.097/15

excluir os feitos ajuizados como requisito da escritura pública

imobiliária alterando a Lei nº. 7.433.85, NÃO exime o tabelião de

notas de orientar dos efeitos jurídicos de fraude contra credores e

fraude à execução.

g) Espólio: Representado pelo inventariante provisório. Obrigatoriedade

de aceitar a 2ª herança para renunciar ou aceitar a 1ª herança (art.

1.809, CC).

“Art. 1.809, CC. Falecendo o herdeiro antes de declarar se

aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos

herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma

condição suspensiva, ainda não verificada.

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Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro

falecido antes da aceitação, desde que concordem em

receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar

a primeira.”

Exemplo:

1ª herança = Sucessão do avô (falecido em 01.11.2013);

2ª herança = Sucessão do pai (falecido em 11.11.2013).

h) Renunciante - É possível a renúncia de qualquer dos herdeiros

capazes, tem como requisito a confirmação pelo tabelião de notas ou

pelo juízo a inexistência de credores do renunciante nos termos do

art. 1.813 do Código Civil.

“Art. 1.813, CC. Quando o herdeiro prejudicar os seus

credores, renunciando à herança, poderão eles, com

autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.

§ 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta

dias seguintes ao conhecimento do fato.

§ 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia

quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais

herdeiros.”

Ainda necessário ter cuidado com eventuais filhos de renunciantes

(art. 1.811, CC):

“Art. 1.811, CC. Ninguém pode suceder, representando

herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo

da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe

renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão,

por direito próprio, e por cabeça.”

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O cônjuge do herdeiro renunciante tem de expressamente anuir (art.

17 Res. e item 111)

“Art. 17, Res. 35/07, CNJ. Os cônjuges dos herdeiros

deverão comparecer ao ato de lavratura da escritura

pública de inventário e partilha quando houver renúncia ou

algum tipo de partilha que importe em transmissão, exceto

se o casamento se der sob o regime da separação

absoluta.”

Aplicação da Lei nº. 7.433/85 ou Lei nº. 13.097/15?

BONS ESTUDOS!

Prof.ª Ana Paula Melo.

* Aos alunos da Pós-graduação online está disponível o e-mail [email protected], onde serão recebidas e respondidas as perguntas durante a transmissão das aulas.