Posição Da ABES-SP_Crise Hídrica Em SP-2014

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Crise hídrica SP

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    Posio da Diretoria da Associao Brasileira de Engenharia Sanitria e Ambiental Seo So Paulo (ABES-SP) sobre a crise hdrica, apresentada no seminrio A Crise de Escassez Hdrica no Brasil e seu Gerenciamento no Estado de So Paulo, realizado no dia 02 de dezembro de 2014, no auditrio do CREA-SP:

    1. O pas vive crise de escassez hdrica de dimenses inditas e no antecipadas pelas previses climticas. A crise atinge um vasto territrio do Sudeste e Nordeste brasileiros, com forte incidncia em So Paulo, e afeta os diversos usos da gua, revelando conflitos que precisam ser tratados de imediato. Embora no haja preciso nas previses meteorolgicas, provvel que seja de grande durao, requerendo estratgia de longo prazo para seu enfrentamento.

    2. A crise vem demandando aes emergenciais para assegurar a continuidade do abastecimento pblico, que necessitam ser reforadas e adequadamente explicadas populao, pelas autoridades e pelas entidades tcnico-cientficas. O abastecimento vem sendo mantido por um sofisticado conjunto de medidas operacionais, que ser to mais eficaz quanto mais bem compreendido for pela sociedade.

    3. Em geral, passadas as restries legais do perodo eleitoral, necessrio reforar a comunicao social sobre o enfrentamento dos problemas, trazendo a sociedade para apoiar ativamente o combate aos desperdcios e o uso racional, e reduzindo o espao para vises equivocadas e para a explorao oportunista dos efeitos da crise. Alm da comunicao, aes mais diretas junto populao so cabveis, como, por exemplo, a assistncia tcnica para a adequao das caixas dgua nos imveis com deficincia de reservao.

    4. Os valores extremamente baixos e inditos de precipitaes e de vazes afluentes aos sistemas indicam uma situao nova, que exige a reviso do planejamento existente, antecipando intervenes e aumentando capacidades. necessrio aumentar a disponibilidade de vazes regularizadas, para fazer frente nova situao. Particularmente, so importantes a interligao dos reservatrios Jaguari e Atibainha, para dar segurana hdrica plena recuperao e utilizao do Sistema Cantareira no futuro, e a construo das barragens Duas Pontes e Pedreiras e respectivo sistema adutor, para assegurar o abastecimento dos municpios das bacias do PCJ. Outros projetos de abastecimento, estruturantes do desenvolvimento econmico do estado, necessitam ser avaliados, detalhados e implementados no curto prazo.

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    5. A antecipao de investimentos e o aumento de capacidade de reserva que as

    novas condies exigem significam o aumento do custo da gua para os diversos usos. Esta nova realidade torna economicamente mais atrativas e socialmente mais necessrias polticas permanentes de reduo de perdas, uso racional da gua, proteo e recuperao de mananciais e de nascentes e de reuso de gua tratada.

    6. O aumento de custos deve ser refletido nas tarifas dos prestadores de servios. O setor de abastecimento de gua e esgotamento sanitrio no estado de So Paulo sustentado por um sistema tarifrio que remunera os investimentos e os custos dos servios, com um processo regulatrio sofisticado, em fase final de implantao. Esta a forma socialmente mais justa e eficiente de alocar os recursos necessrios prestao dos servios, que deve ser preservada. Empresas e autarquias economicamente viveis e slidas so a melhor garantia da qualidade da prestao, e da manuteno de esforos continuados, como o caso da reduo de perdas de gua, por exemplo.

    7. O ajuste tarifrio, alm preservar a viabilidade econmica das entidades responsveis pelos servios, o que pode e deve ser feito protegendo os segmentos socialmente mais vulnerveis, deve ser tratado como um importante, talvez o mais importante, mecanismo de reduo de consumo excessivo. A acentuao das diferenas entre blocos tarifrios, com penalizao mais pesada s faixas de maior consumo, um forte estmulo econmico moderao. Esse valor adicional nas faixas de maior consumo poderia ser separado, como um fundo especial para as obras de segurana hdrica, no incidindo no clculo do resultado econmico das prestadoras de servio.

    8. A penalizao econmica do uso excessivo de gua deve se somar a outras aes de combate ao desperdcio, por parte das autoridades pblicas, especialmente as autoridades municipais, que tm poder de polcia. A fiscalizao deve se somar comunicao ampla e ao convencimento.

    9. As intervenes no diretamente ligadas prestao dos servios, como as

    obras de aumento da segurana hdrica, no podero ser inteiramente custeadas pelas tarifas, e necessitam de recursos no onerosos dos oramentos pblicos. No caso da Sabesp, a primeira fonte deveria ser os dividendos e juros sobre capital prprio distribudos ao Governo Estadual.

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    10. Os estudos mais recentes, como o Plano de Abastecimento da Macrometrpole Paulista, demonstram que a densidade do desenvolvimento econmico do estado e o uso intensivo dos recursos hdricos impem que se passe a planejar e gerir o uso da gua na regio de modo efetivamente integrado. A crise de escassez vem acentuar essa constatao. As agendas entre municpios e Governo Estadual, entre este e os demais estados vizinhos, e a Unio, demandam a ampliao e o aprimoramento dos instrumentos tcnicos e dos recursos humanos voltados a essas tarefas.

    11. A gesto integrada implica uma intensa agenda entre municpios, os estados de So Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, a Agncia Nacional de guas, e o Governo Federal, agenda que tem se desenvolvido de modo promissor nas ltimas semanas. E contempla tambm os graves conflitos e restries entre os diversos usos da gua a serem mediados. Quanto a estes, ressalta a importncia de rediscutir com o setor eltrico ajustes imprescindveis nas regras atuais, para fazer prevalecer a primazia do uso para abastecimento pblico, como assegurado legalmente.

    12. Muitas das medidas de enfrentamento da crise so e tero que ser emergenciais, com o uso de procedimentos expeditos de contratao e execuo. importante que as mesmas se combinem com um processo de reviso de planos, de elaborao de projetos e de reestruturao de cronogramas de implantao de empreendimentos que organize desde j a continuidade dos programas de expanso e melhoria dos servios, necessrios para a universalizao do atendimento e a manuteno da qualidade.

    Diretoria da ABES-SP.