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Possível Ritual Cristão dos Enterros Inculturado ... Mons. Joaquim Mabuiangue 104 POSSÍVEL RITUAL CRISTÃO DOS ENTERROS INCULTURADO EM MOÇAMBIQUE E O LUTO NA TRADIÇÃO DA IGREJA Mons. Joaquim Mabuiangue I. INTRODUÇÃO Mais uma vez me cabe a honra de intervir nesta Semana Teológica da Beira, a convite da equipa organizadora a quem muito agradeço, porque é uma rara ocasião que me é dada, para a minha actualização pessoal, pesquisando e enriquecendo-me com as intervenções de sábios expositores nacionais e estrangeiros, sobre um problema que tanto interessa às comunidades cristãs: A Morte: aspectos pastorais. Bem hajam o Venerando Pastor desta Arquidiocese da Beira e a sua equipa, por esta louvável iniciativa destas Semanas Teológicas, como resposta aos constantes apelos dos últimos Papas, dirigindo-se às Igrejas de África para tomarem a sério o problema da Fé e da Cultura, como um pressuposto para conaturalizar a Igreja na África com o seu povo 1 . É ainda do mesmo Papa aos Bispos de Moçambique este convite ao desafio: Cabe ao vosso judicioso critério pastoral, secundado por um estudo sério e em constante referência à Igreja Universal, discernir, dentre as diversas expressões culturais do vosso povo, aquelas mais aptas para exprimir os valores evangélicos. É, sem dúvida ingente e difícil este trabalho. Exige-se a presença de homens de fé firme e de cultura profunda que tenham o sentir do Evangelho e o sentir da própria gente. 1 Discurso do Papa João Paulo II aos Bispos de Moçambique, por ocasião da visita ad Límina, 23/9/1982 Edições CEM.

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POSSÍVEL RITUAL CRISTÃO DOS ENTERROSINCULTURADO EM MOÇAMBIQUE E O LUTO NA

TRADIÇÃO DA IGREJAMons. Joaquim Mabuiangue

I. INTRODUÇÃO

Mais uma vez me cabe a honra de intervir nesta SemanaTeológica da Beira, a convite da equipa organizadora a quemmuito agradeço, porque é uma rara ocasião que me é dada, para aminha actualização pessoal, pesquisando e enriquecendo-me comas intervenções de sábios expositores nacionais e estrangeiros,sobre um problema que tanto interessa às comunidades cristãs: AMorte: aspectos pastorais.

Bem hajam o Venerando Pastor desta Arquidiocese daBeira e a sua equipa, por esta louvável iniciativa destas SemanasTeológicas, como resposta aos constantes apelos dos últimosPapas, dirigindo-se às Igrejas de África para tomarem a sério oproblema da Fé e da Cultura, como um pressuposto paraconaturalizar a Igreja na África com o seu povo1. É ainda domesmo Papa aos Bispos de Moçambique este convite ao desafio:Cabe ao vosso judicioso critério pastoral, secundado por umestudo sério e em constante referência à Igreja Universal,discernir, dentre as diversas expressões culturais do vosso povo,aquelas mais aptas para exprimir os valores evangélicos. É, semdúvida ingente e difícil este trabalho. Exige-se a presença dehomens de fé firme e de cultura profunda que tenham o sentir doEvangelho e o sentir da própria gente.

1 Discurso do Papa João Paulo II aos Bispos de Moçambique, por ocasiãoda visita ad Límina, 23/9/1982 – Edições CEM.

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Oxalá esta experiência da Beira passe a ser imitada poroutras Dioceses da nossa Igreja em Moçambique, conforme acapacidade e possibilidades de cada uma.

II. SUBTEMA PROPOSTO E CONSTRANGIMENTOS

1. O subtema que me foi proposto tratar nesta 8ª SemanaTeológica, consta do número 3 do programa: Possível RitualCristão dos enterros inculturado em Moçambique - O Luto natradição da Igreja. Apesar de ser um tanto ou quanto complexodevido a certos constrangimentos de vária ordem, o assunto éimportante e urgente na nossa Pastoral quotidiana porque comoalguém afirmou:

Todos concordam no reconhecimento da falta excepcional dacentralidade da morte e dos mortos em África seja porque estarealidade não é metida à margem da experiência, como aconteceno mundo moderno, seja porque estes ritos da morte são umespelho privilegiado da sociedade e dos seus valores2.

1.1. Estes ritos para o africano convertido a fé cristã sãomuito sérios pelo seu impacto e consequências, tanto para os vivoscomo também para o próprio defunto, razão de não ser fácil a suaabordagem:

a) Tocam o difícil problema do diálogo entre fé e cultura(inculturação), que continua ainda em aberto.

b) Há o eclipse de bibliotecas originais orais ceifadas pelamorte e deixando um vazio difícil de se preencher.

2 P. Ciscato E. in A morte e o culto dos mortos - O - C. pág. 51.52.

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c) A dificuldade de se ter uma bibliografia adequada sobreestes assuntos nas nossas Bibliotecas.

d) Os testemunhos orais existentes não falam do queviveram mas daquilo que ouviram como contos acolhido comcerto cepticismo quanto ao seu actual valor e utilidade.

e) A evangelização que ignorou quase completamente acultura do povo criando uma angústia no quotidiano da pessoa:Quem tem razão? A fé ou a minha cultura?

f) Gestos, símbolos e cânticos herdados de outras religiõesque são imitados sem espírito crítico, mesmo que não secompreenda o seu significado.

g) A ausência destas matérias nas casas de formaçãoreligiosa, Seminários, Noviciados, catequeses, homilias sobpretexto, talvez, de não se querer remexer coisas já ultrapassadas eque já não dizem nada aos jovens, o que não é totalmente verdadee, se o é, devemos lamentar o facto!…

h) A urbanização e a modernidade que abalamprofundamente a nossa identidade cultural, sobretudo na camadajuvenil, gerando conflito de gerações.

i) O não saber distinguir neste processo e suas etapas oselementos humanos, religiosos e cristãos, para avaliar a ordem daimportância e intuir o valor subjacente nele.

j) A dificuldade em saber discernir as possíveiscompatibilidade e incompatibilidades e no caso destas ultimas,

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distinguir as absolutas das relativas entre cultura e fé, dandoprioridade a novidade evangélica3.

l) A fraca formação cristã baseada na palavra de Deus, nadoutrina, na liturgia e também na antropologia.

III. DIVISÃO DO TRABALHO

A explanação do subtema: possível ritual cristão dosenterros inculturado em Moçambique e o luto na tradição da Igrejaserá dividida em 9 partes incluindo a introdução e a conclusão.

1. Introdução2. Subtema proposto e constrangimentos3. Divisão do trabalho4. O sentido das palavras5. Ensaio do ritual cristão dos enterros inculturado6. Sugestões para um ritual inculturado7. Algumas pistas de acção a partir da cultura tradicional e

das exéquias cristas.8. Breve referência ao luto na tradição da Igreja9. Conclusão

IV. O SENTIDO DAS PALAVRAS

Antes de entrar, propriamente, no tema há que, porquestão de clareza e concisão, definir ou esclarecer, de modoresumido, o sentido das palavras que aparecem neste enunciado.

3 Ritual Romano, Celebração das Exéquias n.2

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1. Ritual dos enterros: é o conjunto de cerimónias,(gestos e palavras) que se realizam quando se enterra um defunto.Estas cerimónias podem-se resumir em símbolos e acçõessimbólicas. No 1º caso, estão incluídos, por exemplo as vestes esua cor, livros, estandartes que recordam o que foi a vida dodefunto. Nas acções simbólicas que têm uma particular forçapedagógica, podem-se enumerar como exemplo, o próprioambiente da celebração: o comportamento das pessoas presentes;palavras e cantos; momentos de silêncio; procissões; água;incenso; areia; flores;

2. Ritual Cristão: Trata-se da realização destes enterros àmaneira dos cristãos, o que supõe a existência de um modoespecífico dos cristãos de enterrar os seus mortos.

3. Ritual Cristão Inculturado: Aceita-se, em princípio,que para além do enterro cristão há uma outra maneira de sepultarprópria ou segundo a tradição africana ou de cada povo. É noconjugar as 2 maneiras e obedecendo as regras da inculturação quese pretende fazer um Ritual que reflicta os 2 modos sem seignorarem nem se misturarem indiscriminadamente (temas 2 e 4do programa).

4. Possível Ritual: Se se diz possível é uma afirmação deque por enquanto, esse Ritual ainda não existe mas pode e atédeveria existir, porque é uma recomendação do Concílio VaticanoII, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, para além de ser umaexigência da nossa actividade pastoral quotidiana. ‘as exéquiasdevem exprimir melhor o sentido da morte crista. Adapte-se maiso rito as condições tradicionais das varias regiões, mesmo na corlitúrgica4:

4 Vaticano II, S. C. N.81

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Foi também esta uma das propostas da terceira semanateológica da Beira de 1998, cujo o tema principal foi: a morte eculto dos mortos.5

As exéquias devem exprimir melhor o sentido da morte cristã.Adapte-se mais o rito às condições tradicionais das váriasregiões, mesmo na cor litúrgica6.

Foi também esta uma das propostas da 3ª SemanaTeológica da Beira de 19987, cujo tema principal foi, A morte e oculto dos mortos.

1. Em Moçambique apesar de ser difícil falar-se duma culturamoçambicana, dadas as várias culturas existentes nesta terrachamada Moçambique, talvez seja possível haver algunsgrandes pontos comuns culturais que possam servir de basepara a elaboração de um pensamento moçambicano, adaptávelàs várias zonas ou regiões de Moçambique.

2. Luto na Igreja: Manifestação de dor ou pesar por umacontecimento triste, sobretudo, pela morte de alguém. Comoé que a Igreja participa e manifesta esse luto dos seus fiéis?

5 ‘propomos, por isso, a elaboração de um ritual das exéquias adaptada aconcepção que se tem da morte negro-africano (p. 160-161).6 Vaticano II, S.C. nº 81.

7 Propomos por isso, a elaboração de um ritual das exéquias adaptada àconcepção que se tem da morte. Negro africano (pág. 160-161).

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DESENVOLVIMENTO DA 1ª PARTE DO TEMA

V. ENSAIO DO RITUAL CRISTÃO DOS ENTERROSINCULTURADO

1. Caminhada do Ritual Cristão das exéquias na IgrejaUma vez que se trata de elaborar um Ritual Cristão dos

enterros inculturado exige-se o conhecimento, para não dizer certodomínio dos 2 Ritos: o cristão e o da cultura tradicional emMoçambique. Sobre o Ritual dos enterros na Religião TradicionalAfricana, ficamos com muitas noções importantes graças àexposição do subtema particular nº 2. São cerimónias ou ritosfeitos com muita dignidade desde o momento em que o doenteexala o último suspiro; preparação do funeral e pessoas neleenvolvidas com tarefas específicas passando pela despedida esaída de casa até ao enterramento e cerimónias conclusivas com osseus símbolos.

2. Agora, vou tentar, brevemente, descrever a caminhadado Ritual Cristão das exéquias na história da Igreja, até aos nossosdias:

O ritual dos enterros na Religião Tradicional Africanadesenvolvido sabiamente pelo Frei Amaral BernardoAmaral, O.F.M. e com o rico diálogo que se seguiu.

2.1. Foi longa a caminhada do acompanhamento cristão nasua morte, desde os primórdios da igreja até se chegar ao actualRitual Romano, reformado com base nas recomendações doConcílio Vaticano II e promulgado por Autoridade de SuaSantidade o Papa Paulo VI e que entrou em vigor no dia 1 deJaneiro de 1970.

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2.2. Igreja Primitiva: Falando da morte, do morto e daConsolação dada aos familiares enlutados, neste tempo acentua-sea ressurreição dos mortos, sem mais detalhes quanto ao modo dese fazer o funeral. A preocupação é de se incutir a esperança cristãcriando diferença com os que sofrem porque não têm esperança8.A morte e ressurreição de Cristo são o fundamento da ressurreiçãodos que vivem e crêem n’Ele dominam o comportamento dosprimeiros Cristãos sobre a morte.

2.3. Época paleo-cristã: Segue-se a maior parte dos usosdo mundo Antigo, suprimindo algumas coisas incompatíveis coma novidade evangélica, como a introdução dos salmos em lugar dogrito das carpideiras. Não há ritos elaborados excepto acelebração da missa no próprio dia do enterro ou no 3º dia9. Amorte é uma passagem, um êxodo a terra prometida. Os salmos113 e 117 são os mais rezados porque expressam estessentimentos.

2.4. Ritual Romano antes de 1614: Inspirado pelopensamento Franco germano e Cúria Papal que insiste namisericórdia de Deus, a preocupação já é com os pecados e aculpabilidade do defunto. Visão dramática do juízo:Responsórios, absolvições; Dies irae. Há Missa mas acomunidade não comunga. Não se acha digna! Não há ritos parao enterramento dos leigos…

8 1º Cor. 15, 16; Act 17, 32; 24; 6 e 1º Tess 4, 13.

9 Vários autores: A acompañar el cristiano en su muerte, 63, Cuadernosphase, 63 pág 3-8.

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2.5. Penúltimo Ritual das exéquias: Fruto do Concílio deTrento é de Paulo V. Contém ritos manifestamente paroquiais:casa do defunto, igreja e cemitério. Há ritos para os leigos massobressai ou frisa-se o aspecto penitencial e de julgamento, o quegera medo e angústia, quando se pensa na morte. E a época do:“libera me domine”.

2.6. Último Ritual, chamado do Vaticano II: Foipromulgado por Paulo VI e que está em vigor, retoma muita coisado antecedente, mas com duas novidades muito importantes logonos preliminares:

a) Nas exéquias de seus filhos, a Igreja celebraconfiadamente o mistério pascal de Cristo, para que os cristãos,incorporados pelo Baptismo em Cristo morto e ressuscitado, comEle passem da morte à vida10…Sublinha-se o carácter Pascal damorte e sepultura do cristão.

b) No nº 2 das mesmas preliminares aparece uma outranovidade quando se afirma que na celebração das exéquias dosseus irmãos, procuram os cristãos, afirmam a esperança na vidaeterna, de tal modo, porém, que não pareçam ignorar oumenosprezar a maneira de pensar e de proceder dos homens doseu tempo e da sua terra acerca dos mortos.

Este último ponto é largamente tratado sob o título deAdaptações Confiadas às Conferências Episcopais – nºs. 21 – 22.Estas, depois de aprovadas pela Sé Apostólica, permitem àsmesmas Conferências considerar cuidadosa e prudentemente oque será oportuno aceitar dos costumes e da maneira de ser decada povo e que forem julgados, pastoralmente, úteis ou

10 Ritual Romano - Celebração das Exéquias nºs 1e 2.

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necessárias; preparar a tradução dos textos…acrescentando-lhes,caso seja conveniente, melodias aptas para serem cantadas11.

É sobretudo no nº 22 onde se apontam as competênciasdas Conferências Episcopais - e não muito poucas e seria degrande utilidade a sua leitura, estudo e execução.

É na base deste Ritual Romano - Celebração das Exéquiasdo Vaticano II bem estudado e divulgado e no estudo comparativocom os Ritos de enterros segundo a cultura de cada povo que sepode avançar para um Ritual Cristão inculturado das exéquias, quesatisfaça o coração do homem atribulado pela dor e pelo luto e queespera uma palavra de apoio espiritual e moral. Não esquecer quea linguagem mais própria da Liturgia é a das acções; gestossimbólicos para além das palavras. Aqueles, por vezes, são maiseloquentes que as palavras, mas comunicativas e eficazes na suapedagogia. (Acompañar el cristiano en su muerte).12

VI. SUGESTÕES DE PISTAS DE ACÇÃO PARA UMRITUAL INCULTURADO

É preciso agir:Chegados ao âmago da questão, e fortemente sacudidos

pela douta intervenção do Rev. Frei Amaral Bernardo Amaral,O.F.M., sobre a morte e os Ritos dos enterros incluindo o luto naReligião Tradicional Africana, convidando todos os agentes daPastoral a tomar a sério a necessidade de inculturação sob pena dese estar a fazer uma evangelização superficial do tipo verniz eaproveitando todas as aberturas e chamadas de atenção da SantaIgreja e dos Bispos, devemo-nos interrogar como fizeram os

11 Ritual Romano - Celebração das Exéquias nºs 8, 9, 19, 21, 22.

12 O.C. – José Aldazá – pág 45.

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homens da Judeía e de Jerusalém, como reacção ao primeirodiscurso de Pedro no dia de Pentecostes: que devemos fazerirmãos?13 .

1. A resposta só pode ser esta: é preciso lançar-se aotrabalho de reflexão a partir de um trabalho profundo deinvestigação para a elaboração de um Ritual Cristão inculturado,tendo como pano de fundo as duas maneiras de enterrar osdefuntos, tanto na religião Tradicional Africana como na TradiçãoCristã. O que é importante é tomar a sério o homem africano quetem uma identidade e cultura própria e que deseja comprometer-seprofundamente com a Pessoa e a doutrina de Jesus Cristo.

Daqui alguns pontos que retenho importantes e básicos:

a) Que o africano-moçambicano tem uma maneira própria deintuir a vida em forma de um ciclo vital: vida- morte- vida.

b) Que esta vida não acaba com a morte mas tem umacontinuidade no mundo dos antepassados ou no além túmulo.c) Que há ritos próprios para o enterro deste homem que devemser obedecidos integralmente, sob pena de graves consequênciastanto para os vivos como para os defuntos.

d) Que ele é aberto à novidade do Evangelho, anunciado porCristo e disposto a renunciar tudo o que lhe é oposto, desde quelhe sejam apresentadas as razões de fé e não de princípios própriosde uma outra cultura que menospreza as outras.

13 (Actos 2, 37).

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VII. ALGUMAS PISTAS DE ACÇÃO

a) Todo Ritual Cristão das exéquias deve ter os seguintes pontospara além doutros:

b) Dar prioridade a catequese sobre o ministério pascal e a mortepara se ultrapassar a paragem só nos antepassados.

c) A morte prepara-se porque o ditado africano changana diz: akufa i ku Yethlela, isto é; morrer é adormecer como síntese daadmoestação de Jesus: vigiai porque não sabeis o dia nem ahora14.

É sobretudo durante a doença à medida que se vaiagravando que a pessoa precisa de conforto espiritual e do diálogoem que ele próprio manifesta, como homem e como Cristão assuas últimas vontades e até indica como é que liturgicamente querser sepultado. É uma ocasião para não se perder.

Esta preparação deve atingir toda a família da casaabalada por esta situação, e por vezes, desanimadaporque se sente impotente e perturbada. Provocardiálogo espiritual com o doente e haver gestos dereconciliação com Deus e com a família.

d) A sociedade que o rodeava em vida, deve também serpreparada, em particular os vizinhos e os membros da comunidadepara também acompanhar o doente. É confortadora esta visita.

e) Muito importante é a hora da agonia em que o própriomoribundo e a própria família tem medo de tudo porque não

14 (Lucas, 12, 40).

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acreditam que se tenham esgotado todos os meios. Momento fortede oração e da presença do Sacerdote que é o Pai!

f) Dado o último suspiro, mais do que nunca, se rodeia a famíliacom carinho humano e Cristão e com umas palavras deencomendação e invocação dos Anjos, Santos e dos antepassadospara que acolham o seu familiar. Na linha da inculturação istodeveria ser feito pelo membro que representa toda a família e, nocaso da Igreja, por um membro qualificado de preferência oSacerdote ou o Ministro da Esperança. A Igreja deve estar atenta aeste momento para prevenir males irreversíveis de divisão.

Que fazer Pastoralmente como Igreja chamada a unir? Importânciados elementos como símbolos do sentido Cristão da morte: cruz,velas, salmos, silêncio.

1. Velório:Momento privilegiado do ultimo diálogo com o defunto

antes de este deixar a casa. Momento de recordar tudo aquilo queele foi e fez: momento de desabafo. O defunto esta a empreenderuma viagem para uma nova morada para uma nova maneira deviver.

2. Enterro:a) O programa faz-se de acordo com a família e dá-se a

devida atenção aos Ritos da tradição que não estejam emcontradição com os princípios da fé: nunca marginalizar a famíliaou outras pessoas de bem que quiserem apoiar. Convém sempreprogramar com a família. Parecem pequenos estes pormenoresmas, na tradição, podem ter muito significado.

Como é costume africano quando alguém viaja, a famíliareúne-se na palhota. É o momento do adeus, de reconciliação e derecomendações ao defunto para os antepassados. Esta cerimónia

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comovedora chama-se ku phahlelana marieta acto dereconciliação com 2 finalidades: pedir ao defunto o perdão dasfaltas contra ele, desejar-lhe boa viagem e dizer-lhe que os vivosnão tem nenhum ressentimento contra ele: que ele vá em paz e osdeixe em paz.

b) Seguem-se cânticos de penitência e de reconciliação edespedida individual e, dos filhos, do defunto. Este rito omite-sequando se trata de criança mas pode-se-lhe desejar boa viagem epaz com os antepassados.

c) Asperge-se o corpo, a família e a casa como sinal debênção de Cristo, Luz do mundo, que afugenta todas as trevas eimpurezas.

d) O representante da família resume os sentimentos detoda a família a qual tira o corpo para o quintal onde acomunidade Cristã e do bairro se despede do defunto. Se se vai àIgreja ou ao cemitério, quem tira a urna do terreno da casa são osfamiliares: vo mu humexa; vo mu heketa. Estão a acompanha-loaté à entrada ou saída.

e) Procissões para a igreja ou cemitério: enquanto natradição cultural caminhava-se em silêncio, sinal de luto e tristeza,o Ritual Romano, sugere que se caminhe cantando ou recitandosalmos que simbolizem a caminhada do povo de Deus, um cânticode esperança. À frente vai a cruz, novo Moisés.

f) Missa ou celebração da palavra: acolhimento peloPároco e comunidade que está à porta. Participação activa dosfamiliares na escolha de leituras e cânticos e o Sacerdote deveanunciar a mensagem de fé, esperança e caridade cristã, não sópara os familiares do defunto, mas também para aqueles queassistem as celebrações litúrgicas e ouvem o Evangelho, quer

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sejam acatólicos quer católicos que nunca ou quase nuncaparticipam na Eucaristia ou parecem ter perdido a fé.

g) Última encomendação e despedida que se pode fazerjunto à sepultura se não houver sacerdote.

h) Junto à sepultura: Bênção com água benta e incenso eoração que dê significado ao acto.

i) Areia: significa o regresso à mãe terra para uma novamaneira de ser. Significa despedida e votos de todo o bem. Fambaha hombe; vai em paz e saúda a todos os nossos antepassados.

Em principio, os familiares são os primeiros a deitar aareia e, na tradição não eram todos os presentes.

j) Flores: homenagem de saudação e despedida quesimboliza esperança e amor, enquanto não haviam flores masalguns símbolos que marcam e enfeitam o local onde jaz odefunto. Não eram todos os participantes que punham esses sinaismas algumas pessoas, de preferência os familiares. Não seriam deaceitar ou encontrar outros símbolos em vez de flores?

l) Água: recordação do Baptismo? Purificação? Tirar asede?Este Rito não se poderia converter em aspersão com água benta?

m) Mensagens: É o momento de despedida eagradecimentos para todos os defuntos e pedido de protecção. Terem conta que na tradição africana o dia de funeral não admitemuitas palavras. Primava o silêncio entrecortado pelas palavras.

Isto tudo supõe tempo e lugar.

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n) O regresso à casa do defunto com a família enlutadapara as últimas orações, purificações e ofertório de apoio à famíliaconstituía o fim da celebração sem refeição.

DESENVOLVIMENTO DA 2ª PARTE DO TEMA

VIII. O LUTO NA TRADIÇÃO DA IGREJA

1. O último ponto da reflexão é sobre o Luto na Tradição daIgreja.

A Igreja é formada por pessoas humanas sujeitas avicissitudes da vida, a doença e a morte de pessoas queridas.

Os mesmos sentimentos que se geram em qualquer pessoaquando está de luto também invadem os Cristãos: como odesânimo e a sensação de que o próprio Deus nos abandonou ounão nos quis escutar ou dar apoio por castigo; tentação deabandonar a prática religiosa; medo de tudo e de todos; a quebrado ritmo normal da vida que parece ter perdido o sentido ouparada e, com ela, tudo.

A vida parece ter perdido sentido ou parada e com ela,tudo.

Na Sagrada Escritura referindo-nos ao Novo Testamentotemos vários exemplos desta situação: a viúva de Naím15 quechora sentidamente a morte do único filho; a morte de Lázaro16

que leva Marta e Maria a censurar a Cristo: se tu tivesses estadopresente nosso irmão não teria morrido, a frustração dos 2discípulos pela morte de Jesus17 nós esperávamos e tantos outroscasos por nós conhecidos.

15 ( Lc 7- 11,13 ).

16 ( Jo. 11, 21 ).

17 ( Lc. 24, 21 ).

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As emoções do Cristão Africano, agravam-se como sedisse no tema 2 por causa de muitos porquês e acusações mútuassobretudo a velhas e viúvas. É o campo aberto para a fé serabalada e a pessoa se sentir desconfiada e abandonada.

A manifestação do luto como atitude interna também éexteriorizada com vestes de determinada (cor preta) até aabstinência de festas, relações sexuais, ornamentos, etc.;dependendo do grau e qualidade do luto: pesado; menos pesado;aliviado e fim do luto.

Na cultura do nosso povo sobretudo no sul do Save, háxikuma (primeiros dias depois do funeral); Ku hangalasa xikuma;swiluva, (flores), geralmente no sétimo dia e memórias dosdefuntos (midga ya vafi ou marilo) que só se faz esporadicamente.E uma cerimonia muito solene em que participam todos osmembros da família com ritos específicos. O livro de orações dadiocese de Xai-xai chanado Oremos fez uma tentativa deapresentar uma sugestões cristas para este rito.

2. Procedimento da Igreja:Saída da escola do Divino Mestre, a Igreja acompanhou

sempre estas situações dos seus filhos, porque no dizer doConcílio Vaticano II, as alegrias e as tristezas, preocupações doshomens são as alegrias, as tristezas dos discípulos de Cristoporque eles não estão - alheios a tudo aquilo que é humano18

sintetizado por S. Paulo com o chorar com os que choram ealegrar-se com os que se alegram.

18 Vat II. A igreja no mundo contemporâneo.

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A Igreja ao longo dos séculos aceitou e seguiu a tradiçãocultural do seu tempo desde que não houvesse atitudes contrárias afé e aos costumes.A Igreja acompanhou estes sentimentos dos familiares enlutados,aceitando as celebrações de 3º, 7º 30º dias de falecimento; 6º mêse 1 ano e outras comemorações. Acompanha os funerais, estápresente em casa das famílias enlutadas, levando-lhes o confortoespiritual da Palavra que gera Esperança.

Certas cerimonias da tradição do povo, como é o caso damudança de roupa do luto, atitudes para com a viúva ou viúvo,para os quais ultimamente se tem solicitado a presença e aactuação dos cristãos, são ricas ocasiões de evangelização que nãose deviam perder como diz S. Paulo: anuncia a palavra oportunae inoportunamente19. Exigem novas atitudes da Igreja.

As vezes surgirão situações muito delicadas neste campode luto por causa da ambiguidade de algumas atitudes quedificilmente se podem aceitar como tais. A recomendação daIgreja não é a de rejeição, mas analisá-las em ordem a suatransformação. Como Jesus estava presente, vivia e acompanhavaestas situações à semelhança da Igreja primitiva que participavanos ágapes fraternos como sinal de comunhão e de solidariedade éde aconselhar a nossa participação, corrigindo eventuais desvios eabusos.

Nesta linha de estar em comunhão com as pessoasenlutadas, a Igreja prescreveu uma maneira de celebrar as missas eoutras cerimónias fúnebres, como por exemplo a cor das vesteslitúrgicas, supressão de algumas aclamações litúrgicas como oGlória, Aleluia e Abraço da Paz.

19 II Tim 4, 2.

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3. Conclusão sobre o tema do lutoSob pretexto de estarmos muito ocupados, o que é

verdade, os responsáveis da Igreja pecam muitas vezes, poromissão primando pela ausência nos locais e cerimóniasconsideradas vitais pelos nossos cristãos. Assim afastados dãocampo a certos ritos e atitudes que contradizem os princípiosevangélicos.

Os Ágapes fraternos, foram ou estão substituídos porautênticas orgias e tudo por conta da família enlutada o que, antes,era contribuição dos irmãos, familiares e parentes, para alémdoutros abusos. Salvem-se e purifiquem-se os ritos quemanifestam lembrança, comunhão e gratidão ao defunto e aosantepassados e, no caso dos cristãos, pondo, em primeiro lugar, osacrifício que nos une ao Nosso Irmão Jesus Cristo que, pela suadoutrina e sacrifício na cruz, veio iluminar o Homem e todo oHomem Não veio destruir indiscriminadamente mas seleccionar ecompletar20.

IX. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

E, como conclusão final, faço as seguintes sugestões emforma de apelo:

a) O problema da inculturação - sobretudo quando se trata dosmortos, exéquias e luto está ainda em aberto e é urgente quese continue a investigação.

Diziam os atenienses a Paulo quando falou da ressurreição dosmortos: a respeito disso ouviremos-te outra vez21.

20 Mt. 5 – 17.

21 Act 17, 32.

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Não terá ainda chegado essa vez?1) Dar prioridade ao anúncio do Evangelho e sua novidade

sobre a morte e a vida além - túmulo; a Comunhão dosSantos - nossos antepassados na fé. Será que a continuidadedo ministério pascal como é apresentada convence oscristãos sobre a nossa própria ressurreição?

2) Priorizar os símbolos e acções simbólicas, sobretudo, ogrande símbolo da Cruz e o Círio pascal e água benta quenos lembram o mistério da morte e Ressurreição de Cristo.

3) Como Cristo, dar importância à Pastoral dos doentes eacompanhar as famílias enlutadas. Não é tempo perdido. Éo novo local privilegiado para o anúncio da boa nova.

4) Que saiam sugestões concretas desta 8ª assembleia para aelaboração dum Ritual das Exéquias inculturado, baseadonas reflexões desta 8ª Semana Teológica.

5) Criação de uma equipa de reflexão que forneça sugestões àComissão Episcopal de Liturgia em ordem a elaboração deum Ritual das Exéquias Inculturado que possa servir aIgreja em Moçambique.

Obrigado!

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BIBLIOGRAFIA

Vaticano II – Documentos Conciliares e Pontifícios.Editorial A.O. Braga.

Ritual Romano da Celebração das Exéquias. ComissãoEpiscopal da Liturgia.

Junot, Henri. Usos e costumes dos bantu. Tomo I.

Discurso do Papa João Paulo II aos Bispos de Moçambique.Edições CEM.

P. Ciscato. Apontamentos de iniciação cultural.

Negro africano. 3ª Semana Teológica da Beira.

Vários autores. Acompanhar el cristiano en su muerte.Cuadernos phase.

Bíblia Sagrada.