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1 Duas Querências Leonardo Ginete...

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Duas Querências

Leonardo Ginete...

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Saber de poesia... Quando? Onde?

Sempre por ela apreender A ser sonhos e palavras

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Esses homens calmos que trazem na

alma, nas linhas retas suas frases de

efeito São os mesmos que agem com tino e

razão, falam à linguagem que brota do

peito São construidores de um imaginário,

Com papel e tinta retratam uma vivencia

Talvez mensageiros em canto de paz, Que

enxergam o ser, bem além da aparência

Para esses poetas que a vida reserva,

Sonhos rimados nas manhãs de mate Quem

sabe angustias sorvidas caladas, Que na

flor da emoção o sentimento rebate Por

serem capazes de ouvir o silencio, sabem

decifrar a divindade em cruz São homens

que mesmo no escuro, Deixam para nós um

caminho de luz. Meus irmãos. A poesia só

pode ser definida por uma palavra

´´sentimento´´. Ela não pode ser definida

por regras ou julgada pela razão ou

técnica, mas pelo que nos diz o coração. É

por esse motivo que assumi o desafio de

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escrever essas linhas para o trabalho desse

irmão, Leonardo Cordeiro. Seria fácil a

recusa, bastaria um não ou a alegação de

estar alheio a obra, mas isso não seria

verdade. Só quem está completamente por

dentro, verdadeiramente absorvido pelas

verdades que cada palavra leva é o autor.

Todos os demais, inclusive eu, somos

receptores de sentimento puro, mas isso é

tão individual que não devemos nos atrever

em tentar descobrir oque quis dizer o poeta,

devemos apenas sentir e desse sentimento

nos embriagarmos. Sorvam cada palavra,

tornem palatável a alma e deixem que ela

faça juízo. O resto é técnica e ela não sorri e

não chora, lamentavelmente não se

emociona e por isso não deve ser base para

a poesia. Poesia é desnudar a alma,

deixando que o espírito fale pelo único

canal capaz de absorver essa torrente. O

sentimento. Tentar querer saber oque o

poeta quis dizer, é se perder em um

labirinto, andar em círculos e não chegar a

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lugar algum. Poesia não é oque foi escrito,

mas oque é sentido. O sentimento do poeta é

de se revelar. O de quem recebe é de se

identificar, mas esse sentimento é tão

diverso, que mesmo a repulsa indica que a

poesia atingiu o seu objetivo. Poesia é

despertar sentimento pelo sentimento. Que

sentimento? Isso não importa, quando

existe o despertar, o alvo foi atingido. É tiro

na mosca. Ela nunca erra o alvo. Leonardo

Cordeiro, deixa nesse trabalho o sentimento

aflorar, escreve oque sente, sem

compromisso de agradar. Fala não só para

o campo ou a cidade. Fala para o coração

e esse idioma todos entendem. Sei bem como

isso se opera. É como se alguém a todo

momento nos soprasse versos, frases,

palavras e essa quase ´´incorporação´´,

torna o poeta refém de algo maior que ele,

com uma vontade mais forte, com um

desejo quase que insaciável de sentir e se

revelar, mas essa intensidade tem, ao

mesmo tempo, sutileza e é necessário se

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despir de muita coisa para entrar nessa ´´

sintonia´´. Arrisco a dizer que o poeta é um

instrumento de algo maior que se utiliza

dele para nos alcançar. Continue, Leonardo

Cordeiro, sendo um bom arco nas mãos do

grande arqueiro. Ele sabe a direção e

velocidade do vento, ele sabe da dor e da

alegria e mais ainda, nunca dispara em

vão. Sua obra tem uma razão de ser, mas

só muito mais tarde descobriremos isso. Por

enquanto, nos tornemos receptivos a ela e

deixemos que o sentimento fale pelo

vocabulário universal da alma, essa

dispensa palavras. Que a paz esteja com

todos.

Aldo Pereira

Rio do Sul, agosto de 2016

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Poveiro

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q ual s eria a p alavra

qu e os olhos dizemmm

e num cant o se

mantem............

nas h horas q ue se t orna

raraaaaaaaaaa...

os OLHOS falam...

E dizem sem .....

....

Dizer...

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O amor... é o desamor...

É a cor... e a flor...

Também é dos olhos...

Nasce nos sonhos...

E se perde por ser amor.

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Toca... Toca ... toca... toca...

Mais ... Mais... mais.. mais..

Viola... viola... viola... viola

Pra... Pra... Pra ... Pra..

Não... Não ... Não ... Não..

Derramar... Derramar...

Derramar...Derramar...

Os... Os... Os... Os...

Sais... Sais.. sais... sais...

Dos olhos.

Era Fa#... Não ...

Sibmol... No final...

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Mas no fim ficou ...

Dó maior que é quase igual...

Então errou...

...

Bebi demais... e amanheci nooo

cais...

...

Era uma frase...

D

ua

s

fra

se

...

Uma tinha crase...

Outra em crise...

Ou era só reprise ...

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Da mesma frase...

Ou era quase ...

Mas era uma fase...

Ou desfase..

Envase na frase

Sem crase ...

Sem ases ...

Nas frase...

...

Um amigo me chamou pra ajudar

Guardei minha dor no bolso e fui..

.

Mas coube no bolso?

No fim bebemos e saiu ai,,,

Por só ajudar e deixar falar.

...

A lua... oh a lua...

Todo sua... toda nua..

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A lua na rua..

A lua no raio da pua..

...

Planta que nasce...

Depois colhe..

E escolhe

E renasce ...

Esquece...

...

Bingoooooo...

Foi na pedra noventa...

Mas não contenta

Com o GRITO!

...

Que vinho...

Um tinto...

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Pra os olhos cativos

Ficarem mais vivos

Com o vinho....

...

Duas canha ...

Num copo americano...

Com

Pouco gelo...

Só pra esquentar o pelo...

...

Tchau?

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So isso?

Tchau... acabou...

Fim... Pra isso!

...

Me quebrou o vidro dos olhos...

Roubou meus sonhos..

Meu sono.. que perdi ...

Sem querer eu ri..

Da bobiçe dos olhos molhos..

Sei.. que não viu...

Mas agora sumiu...

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O poema.. e do poeta?

Ou o poeta e do poema?

Que se usa a métrica?

Ou deixa por ética

O poema ser decerto

Ainda mais incerto...

Por não ser nem do poeta

Nem do poema...

Se livre e aberto...

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Nasceu...

Oque nasceu?

Nasceu...

Oque nasceu?

Nasceuuuu!

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flor

A flor ... o tudo..

Te trago.. num poema

Sem que saiba..

Nem a silaba

Certa pra dizer morena...

Pra dizer sem dizer

Por ainda te bem querer...

Te amo... mesmo na hora

Que não amo mais...

Derramo meus sais

Nos papeis.. nos veis

Quando a vida fica lá fora..

Te amo mesmo sem amar..

Mesmo sem possa falar..

Só pra te trazer outro

Em outra noite noutro

Poema...

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Sangrei... sangrado ... Errado...

O Peito ainda chora por respeito

Dizendo ao seu jeito...

Oque ainda ficou

guardado.

...

Cordiona... pelas tuas teclas ...

Talvez saibas muita de escalas

Sem que sinta e a alma

minta

De que ainda pela

voz desafina ...

...

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Porque pensar?

Pra depois se negar?

Pra depois omitir?

Pra depois mentir?

Pois pensar a quem não pensa

Doei muito por ressabios

Que vem e some depressa

Com um assovio...

...

Ao escrever retorno...

Tiro do peito... dos olhos.

Viajo nos meus sonhos.

Faço da palavra meu governo...

...

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Olhar demais pra dentro

Só se vê o centro...

Perdido no meio por fora...

Quem vê só por fora ..

Não vê nunca o agora

Por ser muito mais

Que sais ou demais

Na medida de dentro

Por ser centro.. .

Pra ver nas horas

Também por fora...

...

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Por respeito...

Um jeito do respeito.

Deixando com respeito

O respeito traz mais respeito

Pra quem ainda tem ... respeito.

...

Um.. dois... três...

Depois é o sol...

Um... Dois... Três...

Agora sim.

...

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.

Mel doce

Abelha Vooa

Trabalho Colhemos

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poema nasce

Cresce

escreve fica livre

E vive alheio

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Choveu...

Vai germinar a semente

Que derepente

Nasce pra quem planta...

Parece um amor que se perde

Depois um dia a luz

Veem e diz encíclicas e traduz

Molhando o tudo ...

Então.. choveu nos olhos ...

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Mentiu .... no coração...

Mentiuuuuuuuuuuu novamente..

Mentiu derepente....

Por mentira além de outra que se tira

Na sua boca se atira...

Sendo somente mentira.

...

Doce .. Doce ... Doce...

É doce?

Que é doce?

Quem disse que era doce?

Um dia o beijo dela amargou...

E a ele enjoou...

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Depois da doçura

Veio a loucura ...

E uma candura

Pra quem vê na alvura

Da saudade de um beijo doce...

...

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Quer me decifrar?

Mas não sabe ver ou escutar...

Somente apontar e apontar

Sem que saiba por onde contar...

Parece quer conter o incontido...

Procurando que tenha se quer, perdido.

E ainda nos teus olhos tenha esquecido,

Por ter, por ser... por não ver, o sentido.

Nem sequer dito... do revisto nos olhos

Por perder os seus gostos.. seus sonhos!

E dizer a muitos de olhos molhos...

Ainda sem ter nenhum dos retalhos.

Que tentas decifrar fazendo curvas...

Perdendo se nas suas ruas ...

Não vendo as minhas luas...

Nem o som das notas, nuas.

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...

Por que é tão medita?

E que quer ser somente vista.

E ver não é vista ...

Nem capa de revista ...

Pra ser esquecida

De manhã...

...

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Sem / Ate quando?

Sem magoas

Sem esperas...

Sem lembrança...

Sem destino...

Sem sentido...

Sem gostar...

Sem solidão...

Sem coração...

Sem sentido...

Sem tino...

Sem ausência...

Mas nos olhos lagoas

Pra ficar sem cores

Sem amores

Por querer sempre a razão...

Magoando o coração

E também por orgulho

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Perdendo os sonhos

Por medo de não ter ou querer

Deixar o coração sentir

Por não saber mais sorrir

A não ser quem não mais sentir

Vai ver que o vazio ainda maior

Deixando nos olhos rios de amor

Por desamor que ficou com as razões

De que querer por não querer.

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Quem sabe do tempo

Se o tempo é o relógio dos ventos

Não sabe de nada, tão pouco

sentimentos...

Então não cuido do tempo

Apenas escuto nos ventos

Que sabem dos segredos

Que o tempo leva nos ventos.

...

Era estranho... Mas era sincero

Que seu olhar por

secreto ainda o fosse meu.

...

No vidro de claridade

Atrás tem um amarelo

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Que afoga uma alma

Que não esta em calma

...

Barro... antes terra batida

Riscada de marcas de pés

De quem anda por ali

Num caminho de vida.

...

Acendeu uma luz...

Na sala...

Viu um canto claro

Que alma estala

Sem que se fala

Pelos seus olhos...

...

Ate quando?

Oque!

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Deixa prá lá... iria falar

Mas me mandou calar...

Não, fala?

Plantei um jardim pra ti.

...

e-mail... sem fio..

massagens a todo momento

ate quando não se pode

mas na hora de conversar

não se sabe que falar.

...

Na tua imagem... não vejo nada além de

nada

Com mais nada, por ser algum produto

Que vale além de mais nada.

...

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nasceu o teu poema

sem saber

encantou

sorriso

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Ela veio desceu e saiu a

passo lento pensativa entrou

sem notar que deixou no ar

o perfume de flor e um poema

sem que soubesse te escrevi

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Um remédio...

dormir.. dormir...

Ate que o dia que o

sonho se acabou

E aos olhos ainda

pode notar que

comprimidos,

compridos os sonhos

somente pelos

remédios ainda não

toma mais... tomou

mais ...

Dai deixou os seus

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...

Não sei quando vale meu serviço?

Ou se vale um pouco de alguma soma?

Escrevo e pronto já disse outro...

Deixo a caneta me levar aos astros,

Deixando na alma meus rastros

Que ainda falo sem abrir a boca...

Grito sem dizer nada, por palavra louca.

Escrevo, não escrever... mas por ver...

Ver que ainda posso ver de olhos

fechados

E nestes meus sonhos... alumbrados.

Deixando a vida, a alma na caneta

Que me empresta por ser as vezes

incerta...

A oque revejo pelos que os outros não

veem.

...

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Molhou teus olhos...

Sem que precisasse...

Não tenhas motivos

Por que já me esquecesse...

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HÁ ... Uma poesia...

Em qualquer canto

Em qualquer luar

Em qualquer lugar

Em qualquer placa

Desde a placa do ônibus

Ao ponto onde espera...

Dentro de min ou do outro...

Quem sabe a poesia habite a todos

Mas nem todos do todo...

Conseguem escutar ela.

Então há poesia...

Talvez além do dia

Ou na soleira da minha janela.

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Nem sempre o silencio

Diz alguma coisa...

...

Parabéns... tudo de bom...

Menos som... menos tons...

Apreenda que o menos

Vale muito mais ...

...

Essa gente ... quanta gente...

Que diz que é gente

Mas nem sabe que é...

...

Ele olhou pra ela.

Ela sorriu...

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Ele sentiu...

Depois foram embora.

...

Um abraço?

Oque?

Um ABRAÇO!

Cala boca que é simples.

...

Escuto tudo, mas não faço tudo.

...

Digo que penso, nunca que falo.

...

Digo sempre o mesmo, que o mesmo

Sempre te leva a esmo, por ser o mesmo.

...

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Percebe...

Não percebo...

Que o verbo

Que diz

Te desdiz

Sem que percebe.

...

Nada é demais, se o tempo

É o mesmo tempo

Que traz o tempo.

...

Caneta ou pena?

Pena ou caneta?

Distintas mas juntas

Na escuridão que luz

Do poema vive.

...

Sabes de poesia

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Sabes do dia...

Sabe de tudo

E mesmo assim

Bem no fim

Não sabes de nada.

...

Deixa meus olhos

Por serem sonhadores

Cuidando mais dos sonhos

Que vivo nesse mundo da lua

Não são saudades demais

Quem sabe poesia demais

E menos vida que traz.

...

Oque vale dizer da boca pra fora

Dizer tudo, tudo... e ignora

Quando alguém diz alguma coisa?

...

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Soneto das estrelas

Quantas estrelas viageiras

Guardei por sonhar

E nunca poder tocar

Nelas por miragens

Deixei pra traz

Nesta luz que veem

E a muito convém...

Oque é incapaz.

Nenhuma delas toquei

Tantas outras perdi

Nos meus olhos, as vi...

Algumas estranhei

E outra tantas, pude ouvir

Pra meu canto compatir.

...

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Uns dizem que é arrogância

Outros dizem que ignorância

Outros que não tem tolerância

Outros pro certo não tiveram

Infância...

...

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O tema era o amor...

Mas aonde ficou o teu amor?

O teu gosto já sem muita

cor.

Quem ainda pelas

flores diga que ainda habita

Sem que deu algum

Ou se der nenhum valor.

Quantas palavras, da sua boca saiu...

Quantas incerteza pra min omitiu?

Não sei delas, nem tão pouco

Me diga sobre elas aos poucos...

É teu segredo não meu...

Mas o coração que minha alma habita...

Se pergunta sem querer, mais

Que um pouco de nada que se desfaz.

Te digo, não devo dizer, ou devo?

Que temas de amores a

muitas vagam

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E não dizem muito mais que

escrevo.

...

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Virei um pesado fardo pra ti...

Não aprendi oque era pra apreender

E agora, esta a me esquecer.

...

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Goles

A noite me trás em goles de bebidas

fortes...

Um depois do outro, mais outro...

Talvez por ele ache o prumo e o norte.

E amanha não veja teus olhos nos astros.

A dose já vai pela vigésima... ou perdi a

conta.

Talvez... não saiba mais e fique a contar

Vagalumes quando voltar, e ficar

Sem esta ilusão febril e doente.

...

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Falou...

Esqueceu...

Falou...

Esqueceu.

Falou.

Esqueceu.

FALOU!

Esqueceu.

Falouuu!!!

Esqueceu.

Foi embora.

Ai não esqueceu.

Fingiu que se esqueceu.

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Soneto de não saber

Hoje não pertuba mais

Nem tão pouco a min

Faz mais derramar saís.

Com poemas de um fim.

Hoje não digo mais nada

Não penso mais tanto.

Hoje não vejo a face corada

Quando era meu canto.

Foi embora aos poucos.

Levou tantos poemas

Pra quem te escrevia por louco

Escrevendo agora cantilenas

Neste sonhos bem distantes

Pra outros sonhos inertes.

...

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Prefiro viver fora de orbita

Procurando o sentido pra min.

Quem sabe na orbita

A gravidade traga oque habita

Pelos meus confins.

...

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Ela era linda... muito mais que podia ver.

Eu era um menino perto dela.

Ela sabia ser a lua e o sol ao mesmo

tempo

Enquanto eu bobo, fugaz era

Menos que as pedras do caminho

Ao ver ela passar pela rua.

Que ficou...Ué... pensei ...

-Nem me notou?

Sim ela te notou, mas ela não quis

Que soubesse que ela estava olhando

Na hora que não estava esperando.

...

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Poema da noite bêbeda

Feia... muito feita...

Uma...

Duas...

Três...

Quatro...

Cinco...

Parece interessante já?

Seis...

Sete...

Oito...

Nove...

Dez...

Já esta ficando linda?

Não... bebi demais.

Onze...

Doze...

Treze...

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56

Quinze...

Perdi a conta...

Melhor ir pra casa?

Como você amanheceu aqui?

...

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57

Ano novo?

Ano velho?

So mudou o ano...

Mas vida é a mesma.

Ah trabalho de novo amanha.

...

Ela era toda prosa...

Quem sabe morena?

Talvez uma princesa

Dessas que os postais

Ainda não perceberam

A riqueza...

Que ela ainda tinha

No brilho do olhos

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58

Partida.

Não sei se vai doer?

Parece que ontem

Perdeu o gosto ...

Derramei do rosto

O sal pelos olhos.

Não sei se via doer?

Mas o coração

Já andeja nas noites

A perguntar ao vento...

Nessa evocação.

Sei vai doer?

Mas não falas

Não contas mais nada.

Talvez fiquei um fardo

Que atrapalha a vida.

Melhor eu partir

Sem faça mais mal.

Sem faça mais nada

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Pra não ver teus olhos

Com cristais de sal.

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Quem sabe de poesia?

O poeta?

Ou alguém letrado?

Não sei... talvez nenhum

Por ela ser tão, oque os olhos

Não veem e florescem

Num mundo entra realidade

E pureza que véu tênue da alma

Esconde...

...

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Mentira

Nunca mais escreveu sobre ela?

Mentiu pra si.. pra seus poemas...

Pras luas inteiras e pras noites grandes.

Bebeu ausências tentando matar

A velha saudade a povoar a casa.

Retrato velhos, guardados entre

As gavetas cheias de sombras.

Enxerga ainda um pouco

Da saudade que mente pra si

Pelas flores a fragrância dela.

Mentira... escreveu e reescreveu

Tantas vezes, mas deixou poemas

Pelos sussurros dos ventos

Pra entregar todos eles a ela.

...

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62

O tempo do trabalho

Deixei o tempo... o mesmo tempo

Que ontem me deu pouco.

Busquei nas horas escaldando

O corpo pelo calor do sol

Ajeitando a vida calejando as mãos...

Perdendo pensamentos, mates...

Deixando a voz manhosa dos patrões

A me dizer que tenho que fazer

Antes do sois partir pelo horizonte.

Dizem que o homem sem luta não é

nada?

Talvez seja muito mais que muitos.

Pois enquanto puxo fios de arame

Acerto potros pelos caminhos

Ouço o canto dos pássaros

As flores cheirosas de vida.

Mas o tempo corre como mentira

Que pra os olhos mentem

Desmentem... Alumbram.

O tempo corre e corta...

E busca sempre mais tempo.

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63

...

Mais uma data?

Que data? Mais uma noite

Um dia

Um momento...

Mas que momento é esse?

Aquele que marcamos a vida pela vida

Que agora muda o ano

E nos deixa de cabelos brancos.

...

Um poema quase cíclico...

Inodoro incolor...

Trouxe aos olhos sem cor

Um versinho quase critico...

..

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Poema de uma mocinha tirana

Fui mais um que viu...

Percebeu a beleza

E também toda a vileza

Pra alguém que sorriu.

Ela era a mais linda...

Corpo fininho na cintura

Que fazia toda criatura

Sonhar com beijo de boas vindas.

Mocinha dessas de pegar pela mão

E mostrar pra mãe pela sala.

Era mais tirana que os olhos resvala

Sem ter nada no coração.

...

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65

Falei.. falei.. abri o coração

Contei que pensava... silencio

...

Silencio...

...

Talvez usei as palavras sem precisar

Ser a hora pra usar...

Calei sem querer calar...

...

Um pouco mais.. um minuto...

Menos de minuto...

Horas dentro de minutos

Pensado por que falei

E não mudei antes de assunto?

...

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Habitei teus olhos

Te entreguei meus sonhos

Para perde-los por nada.

...

Sangue.. sangue

Que escorre pela veias.

Mas a alguns são teias

Pela tinta que percorre

E a vida por si escorre

...

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67

Poema de amor do teu rosto

Não sei porque esse gosto?

Esse sal que ainda rola no rosto

Na convergência que vida

Me entrega sem partida.

Venci a timidez por tua alma.

Venci os meus medos que espalma

A luz clara do teu rosto

A mudar na minha boca o gosto.

Ontem flor colarada...

Hoje flor por ser esperada

Como luz da lua que ilumina

E pelo sorriso me inspira.

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Soneto aos teus olhos

Minha ilusão demais para min

A buscar nos horizontes sem fim

Um pouco do teu sorriso

Por ser isso que ainda preciso.

Olhos distantes pelas horas

A manha ainda pela aurora

Vem povoando as cismas do dia

Com esses teus verso que recria.

Vejo... ao longe antes do dia

Que ainda vem a imagem

Do teu rosto a trazer a miragem

Nesta luzes que meus olhos recria

Por ainda ver os teus...

Ainda tão perto dos meus.

...

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69

Água...

Mais água...

Muito mais água...

Mas por que tanta água?

Um gosto pós noitada que tenho que

tirar.

...

Nem dormi... a noite foi de trago largo

Pela luz vermelha e agora to com um

Gosto do mais amargos...

...

Um copo depois do outro

Noite que a madrugada

Vem sem que diga

Pegando gosto de estradas

Que a vida embaralha as vistas.

Pelo gosto ardente da agua mais forte

Fazendo perde o caminho e o norte

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...

Poema de prece

Quando faltar palavras

Talvez ainda minha alma

Fique pelas vidas em calma

A escrever tantas outras delas.

Quando as palavras sumirem

Tragam poemas e redondilhas

Com versos e estribilhos

Para as almas cantarem.

Que nesses poemas... fale...

Toda palavra viva assim.

E nunca perca no fim

Quando meu corpo se cale.

Leve elas comigo deixando no ar

Tantos poemas que alma cria,

E aos olhos se recria

Pra todos os lados se dissipar.

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...

Contexto... nunca mais olhei!

Olhei nos olhos... contexto

...

Sacramento... ergueu a hóstia...

Muito pecados foram sanados.

Mas... oque não falou?

Aquele viu e se omitiu?

Que vale o corpo e o espirito

Se pra teu coração demente?

Pois tem gente com o coração

Doente.

...

Compor... decompor... recompor...

Entra em estado de torpor...

Por tantas horas a se recompor

Pra depois novamente compor.

...

Um poeminha e mais nada...

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Outro poemão e não ouviu...

...

Oque é poesia?

Alguns dizem que a forma

De olhar e escrever oque se vê?

Ou é somente escrever?

Viver no mundo da lua

Falando que lá tem flores?

Oque poesia?

...

Já te escrevi tanto.

Já li outros pra tentar

Decifrar teus olhos...

Mas nenhum nem eu

Consegui saber.

O porque que eles me dominam.

...

O poeta e sua estrela...

O poeta e sua flor..

O poeta e mundo que ele

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Olha além da sua janela

Por ver tanta cor

Pra quando ele escreve.

...

Tu não vale nada?

Oque se vale então?

...

Pranto nos olhos claros e raros

Como se alma escancaro

Num sonho dentro dos olhos claros

Nos meus mais escuros.

Por ser mais que raros

Os olhos claros de outros ...

...

Quantos dedos se apertam

Pra sucumbir os medos

Pra os olhos que choram

E neles guardam segredos...

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...

Um vento

Um olhar no vazio

Nos olhos dois rios

A contar sentimentos.

...

Quando palavras se jogam o vento,

Fazendo chuvas grandes por dentro

Levando aos das pessoas as imagens

Fazendo olhos grandes de tempestades.

...

Gelou... parando o sangue nas veias

A mãos soavam frio, somente por ver.

Ver...

Tao perto dos olhos desejos

Que vem pelos gostos doces a boca

Quando os beijos são sinceros

E cada dia ficam mais puro.

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Que ficou pelos ares a tua fragrância

De flores das mesmas dos meu jardim.

...

Frio... pelas ruas... chuva calma

Numa tarde longa e cinza

Com poucas cores para alma

...

Era samba.. ou era zamba?

Era milonga ou coco?

Era rock ou pop?

Era quase tudo que ouviu

E não escutou mais que acabou

A luz...

...

Era uma imagem

Que gerou outra mensagem!

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...

Buscou o aos meus olhos

Insones e perdidos.

Que entregou gostos

Pra os teus escondidos.

...

O liquido que não era água.

Mas pra ele afogou as magoas...

...

Ruim... é pouco

Mas merecia um soco.

...

Louco... era pouco

Era pitoco... e doutro...

Mas era irritante

E bem derepente

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Punhos fechados

...

Buscou no fundo dos olhos

Lembrar pelo fundo do copo

Um pouco.. de outro pouco

Pra não se perder dos seus caminhos.

Quem iria julgar? Que bebe e esquece

Dores que machucam o peito?

- Talvez entregue a alma em mais

Um gole em meio tantos sais

Que derrama quieto.

...

Era tarde da noite

Ventos pela rua a cantar

Enrolar folhas das arvores

E eu... pela cama a roncar.

...

Lua inteira... ou era meia lua?

Não lembro se era tua?

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Pois esta lá em cima nunca

Foi nem será sua.

...

Veneno frasco pequeno.

Antidoto frasco pequeno

Quase igual ao veneno,

De gosto de veneno

Mas que torna o estrago

E machuca o estomago

Num rompante pequeno.

...

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Cale-se

Tecnologia...

É tanta e que esta

Formando a preguisologia...

Com mesclas de nostalgias

Com medo da ecologia

E matando as alegrias.

MAS NÃO TEM WI-FI?

Haaaaa...

Céus, oh vida, a morte chegou

Agora terei que falar

Com todos pessoalmente.

Isso é diferente?

Meu deus será que as pessoas

Mordem ou somente falam?

Oque é uma planta?

Oh isso é grama... o canto dos pássaros.

Que bonito...

Nossa que isso no meu rosto?

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Um sorriso?...

Graças... Voltou o WI-FI e os dados

Moveis...

A vida voltou?

Mas será que voltou?

Cale-se!

...

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Poesia... e muito mais que palavras!

...

Calma ... ela será que sabe que faz?

Ou assim com um sorriso um mundo

Dela começa e sempre se refaz?

...

Buscou ... buscou .. buscou ..

O navegador travou?

Então acho que “descodigou’?

...

Lua grande .. noite alta...

Fria... cálida... gélida...

A foto parada no retrato

Emprestando o fato

Pra os olhos que olham calado.

...

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Poema

O poema.. é um poema

Apenas nos olhares

De quem não sente.

De quem somente

Mente... pra seu coração.

Nasce da loucura...

Nasce do tempo.. de todos.

Todos os outros.

Da pegada, da hora...

Do olhar ...

Desse olhar ou de outro

Olhar? Que me vale a olhar!.

O poema... é só palavras

Nas mãos de quem não sabe.

Mas o poema.. e mais ainda

Nas almas... nos corações

De quem sente...

Torna etéreo a vida

Ungida com corpo e infinito.

...

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Trabalho

Hoje.. acordei.. levantei...

Trabalhei... ah como trabalhei.

Como um cavalo de carga

Pra sustentar a amarga

Carga da vida nos reclames

Dessa vida ainda infame.

Fico entre fios e fios de vida

Procurando um céu azul

Com as horas da partida

Com as estrelas do sul.

Quem sabe as horas

Ainda gastas antes das auroras

No ponto as esperar...

Pra de novo... trabalhar...

Pra nas noites ficar...

Cansado... quase sempre a roncar.

...

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Prata e ouro

Prata... moldada ... pra o anel.

Quando se pede a mão

Entrega por pena o coração.

Ouro... moldado... pra outro anel.

Onde se entrega alma

Com o coração e vida em calma.

Dois metais... nenhum deixou ser mineral.

Virou anel pra ser simbolismo

E pra muitos , consumismo.

...

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Dose...

Comprou uma dose ...

Outra dose de nada.

Um vazio grande

Procurava... procurava..

E não encontrava

No fundo do copo.

Talvez encontre...

Mas tenho certeza que não.

Talvez prepare outra

E mais tantas outras

Pra outrora calar que pelos

Olhos ainda fala

E na boca se cala

Empinando mais outra dose.

Quantas leva para acalmar um amor?

Pra alguns muitas pela vida.

Para os coerentes?

Outro amor!

Pra tantos... talvez outra dose.

...

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Poema sem ver

Subiu...

Sumiu...

Caiu..

Depois...

-

-

Das seis...

Acordou e ...

Saiu...

Nem viu mais o sol, nem mais o tempo

Deixando o relógio guiar pela hora

Inexata procurando não ver...

Que aos poucos sumiu... em meio muitos,

Ah tantos... a poucos...

Pra na noite sem ver estrelas

Chegar... jantar... tomar banho...

E depois...

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Adormeceu...

-

-

-

E noutro dia tudo igual.

...

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Água

Água para apagar a secura

Que na boca segura

Pela vontade louca

Que as vezes a água e pouca

Matando, toda a loucura

Que na boca se tem..

Quem sabe como convém

Traga um pouco mais

Talvez com limão e sais

Dos olhos que se mantém

Vivos alheios ao gosto

Das aguas que correm no rosto

Por beber água e nem ver

Por tantos sem beber

A água mais pura

Pela vida mantando as secura.

...

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Como foi?

Ela mandou mensagem de texto

Sem ver que o contexto

Pra quem recebia...

Pra ela trouxe alegria

Ao receber a resposta

De mãos postas

Pedindo um carinho

Pra andava sozinho

Pela rua a companhia

Que pra si traria

O gosto do beijo de saída

Quando deu a partida

Deixando o sorriso dela.

Agora na mensagem que ela

Mandou perguntando com foi o dia?

...

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Cegos

Cegos... tateando a própria luz.

Perdidos entre tantos...

Vendo de olhos no chão

O céu acima das cabeças

Pela foto de um que olha

E pela tela tira outro retrato

Pra todos deixar uma curtida...

Basta ver o céu, acima dele...

Basta olhar não para foto

Mas sim para o sorriso

Que estampa a face corada

Da moça que pela calçada

Traz cor e a luz clara como

Ah do céu...

Mas muito tem medo

De mostrar seus segredos

Pela cara, mas sim pela tela

Achando que uma janela

Pra expor sem se expor,

Com todos vendo.

Mas não vendo, ao lado como cegos.

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Velho

Velho? Quem disse?

Você... será?

Talvez...

Maduro...

Apreendendo mais com os anos

Que já não troco mulheres

Por gemes desses de vira noites

Com pouca memoria gastando

A memoria RAM do not,

Viro tomando um scot

Na companhia mais plena dela.

Talvez da minha mesmo

Pois apreendi que velho

Não é sinônimo de parar no tempo

Mas sim apreender com o novo

E apreender sempre de novamente.

Velho? Quem...

...

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tudo levar a crer

que o poema

é maior que tudo

pra quem pode ainda, ver

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Chocolate

Bolinhas.. muitas bolinhas

Podem ser de chocolate

Ou de doces desses qualquer

Não lembro acho que comi todos

Pra não deixar nenhum...

Por... Que?

Pra que?

Para!

Pra não deixar nenhum de fora

Queria todos pra min

Ai deu um fim?

Sim... bem assim...

Acabou agora ficou só os papeis.

...

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Lixa

Lixeira

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Poeta

Poeta não é louco...

Porque conversa com a lua

E sente nas flores fragrâncias

Com matizes e gostos a boca.

Poeta não é louco...

Mas sim fala com as nuvens

Escuta no ventos muito mais

Que os olhos podem ver.

Louco não é o poeta

Talvez por ver mais que olhos

Podem mostrar mesmo fechados

Coisas da alma e do tempo.

Poeta, não é louco..

Nem tão pouco, nem muito

Mais que os outros...

Somente escreve que sente.

...

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Escutas

Traria uma lua enaltecida

Endoidecida pelas palavras

Que saltam pelas estrelas....

Tu as não escutas?

Tu somente escutas o obivio

O sons de carros, dos papeleiros,

E suas carroças velhas pelas ruas

A levar o tudo.

Tu não escutas? Além

Do próprio sons da vitrolas

Dos carros.

Mas nunca ouviu o coração.

Nunca ouviu a respiração.

Nunca ouviu suspiros a luz da lua.

Não adianta falar, senão me

Escutas...

...

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Poema da repartição publica

Assim. .ache outro...

Procure outro...

Pra o outro, ser o outro

Que faça que o outro

Não fez por causa de outro

Sendo ele o outro

Que diz por ser outro

Pela fala sintética de outro

Por procura outro...

Seja o outro

Pra fazer o serviço do outro

Sendo um dos outros

Que tem sido por ele

Ou por ter sido outro?

Outro quem ?

O outro ainda procuro

O outro.

Pra poder pedir pra outro

Ver se o outro pode fazer...

Que ainda será o outro.

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Fronteiras

Linha tênue entre o sonho e os olhos...

Linha pequena entre a vida e a alma...

Linha da porta pra rua...

Linha que os sonhos ainda espalma

Espalha... atravessa...

E ainda repassa de volta.

Parece do outro do lado ser igual

Percebesse que liberta dos dois lados.

Um pode ser norte outro oeste?

Ou estar de rumo ainda cruzado...

Varando... Mudando...

Tangendo a ilusão de ir.

Quem sabe a fronteira seja uma linha

Dessas imaginarias que os olhos,

Trazem aos poucos a vida, junto da alma...

Pra mudar linhas dos mesmos sonhos.

Ilusão... linhas...

Dessas que só demarcam.

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100

E marcam com um risco pelo mapa?

Trazendo por certo ser qualquer uma.

Pode ser a fronteira da porta da frente.

Ou pode ser a fronteira de nenhuma

Nesse... Mundo...

Pra ser a minha...

A minha dessas de dizer que lado lá...

É igual ao lado de cá? So por ser azul...

Igual ao céu daqui que vejo da fronteira

Da vidraça da janela, que mostra o sul...

Ou norte... ou dos sonhos...

Das fronteiras dessa vida.

...

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101

Soneto de paixão e loucura

Sonhei com teus olhos claros

Semblante puro de pela cor...

Trazendo tanta luz que escancaro

Momentos que sente o calor.

Que vem dentro do coração

Sente os sonhos pela boca

Deixando aos olhos a emoção

Que traz as palavras poucas.

As vezes não precisa dizer nada?

Sim... deixa os olhos falarem

Pras bocas se calarem...

Falando de almas encantadas...

Pelas horas que os beijos

Trazem tantos novos gostos.

...

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102

Soneto de visita noturna

Eram dois olhos inteiros...

Pra dois olhos ainda inertes,

Duas almas de sonhos, passageiros

Pra depois, ver nas vestes.

A noite tinha tantas estrelas

Tantas esperas pelas tantas janelas

Que rodeavam cidade inteira

Procurando de alma viageira.

Cuidado se ouvia... pela voz baixa.

Passos calmos e rápidos pela noite,

Pra ouvir sons, que calam defronte

A face... a face a boca roxa...

Calada de sonho e gosto

Deixando a luz sair no rosto.

...

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103

Briga

No me minta mais...

Nem tão pouco diga qualquer palavra.

Cala-se!

Cala-se!

Não quero mais ouvir nada!

Sei que falas, não é verdade!

Te dei tanto amor... Que perdi

A cadencia da vida e dos sonhos...

de tanto que colocou fora

Sem que perceba o teu erro.

Fiz dos meus sonhos...

Sonhos pra te entregar.

E o mínimo era cuidar!

Mas não preferiu, proferir, intervir,

Ferir... ferir...

Cala-se!

Que não sei mais que faço?

Agora quer reparar um erro tão grande

Que não pode nunca mais acertar.

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Não sei? Já saberia que agora

Me perderia, e não mais teria

Nenhum amor que continha.

...

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Força

Tinha uma força... que não tinha mais

dentro de si mesmo sem saber...

Que poderia ver por dentro, sem ver que

por fora o corpo pedia calma...

Mãos postadas pelas horas incertas dos

caminhos perdidos nos olhos distantes.

Deixava pelas horas... escrevendo o

tudo... com palavras mudas, quietas!

Ouvindo nos ventos, nos segredos

que os olhos não veem, pelo sonho que

ainda diga pra min?

Descompensa um verdadeiro pela

trama que a força, junto da vida, trazendo

Cada segundo aos gostos,

Aos gestos,

Aos rejeitos...

Aos sabores...

Pra ver que tinha mais força!

Mesmo de olhos molhados.

...

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e onde virá?

Sabores pelas horas inteiras

Trazem um pouco a boca

Procurando a seiva que bebeu

Na outra noite inteira e pura.

Provou além de um tinto

Ou gosto inteiro de alma

Que a poesia é legal... Ilegal

Transcendental... Às vezes animal.

Traz luz... Cor...

Ao que era desbotado...

E desbota que era colorido.

Esse gosto de palavras puras, vividas...

Às vezes perdidas pelas noites dolentes.

Trazendo versos às vezes tão

Engessados, às vezes estragados,

Pra mãos de oleiro, de trançadores,

Pra acertar...

Mas tem vezes puras, claras... Bebe

Na fonte do coração...

D

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Na fonte dos olhos e das almas

Ainda por saber de tanto e tantos!

Sem dizer sempre o tudo pra quem

Prova esse gosto... Às vezes

Nas noites... Às vezes...

Nos dias... Às vezes com gostos

De manhã claras e sinceras.

Traz como ouro no tesouro

Que ainda sobra aos olhos...

Pra vir as vezes nas noites,

Trazendo madrugada e sonho

Pelos olhos insones...

Busca muito no nada,

E no nada trás muito.

Esse tinto tinge as veias

Trazendo linhas dos meus cânticos.

Esses ritos podem vir pelos goles,

Pelos olhos... e pelos sabores...

Às vezes sabem mais e deixam

Pra ensinar sem que revejam

E estejam dentro ...

...

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Pranto

Entregou aos meus olhos um pouco mais

que a alma poderia apreender.

Deixou cristais, pelas vertentes, nascer...

Crescer por vir aos olhos fugidos do

coração...

Buscou não molhar...

Não plantou nada pela regar com águas

Ainda tão puras pelas horas.

Perdia um pouco ...

De coisas boas dentro da alma, trazia

E recria saudades já esquecidas...

Afogadas não pelas cores tintas

Mas sim pelas imensas saudades

Que os olhos traziam um pouco...

Trazia.. recriava de olhos fechados

Olhos distantes...

Entregados com a voz embargada

Pelas poucas palavras que saiam

Sem que perguntasse se podia.

Traria sorrisos, mas ali era tarde

De olhos vermelhos...

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A se entregar de todo o sentimento

Por requerer um pouco mais coração.

...

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Crianças

Sorriu a menina...

Correu a outra pela casas

Trazendo alaridos e brincadeiras

Sem medo bater nas cadeiras da sala.

Trazia uma aprenderes nos olhos

Outra trazia um pouco mais que isso.

Se perguntava que é a infância?

Me perguntava que é ser criança?

Nem todas as respostas são fácil

De entender pelas horas.

Talvez seja viver num mundo

Mais feliz, num mundo,

Onde as cadeiras são de borrachas,

E as nuvens são coloridas mesmo

Sem elas estarem no céu.

Pra agora sorrir a menina

Pedindo uma palavra sem que saiba

Trazia pelas cantorias desafinadas

Que trazem a alma clareando

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Nos olhos... trazendo um pouco mais

De luz as casas.

...

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Ladra de palavras

Ela não trazia poemas...

Roubava quando os tinha.

Judiava das palavras

Por não serem amigas dela.

Quantas noites me roubou

Poemas sem que soubesse

Perdia a calma as vezes...

Noutras procurava nas vozes

Que ouvia um pouco

Se perguntando feito a um louco.

Porque me tirava poemas

Sem saber pelas palavras

Que suprima pra escrever.

Espremia um pouco mais.

Um dia trazia tantos poemas,

Tantas palavras novas...

Pra descobrir que a ela

Na trazia, a não ser palavras.

Sem sentido que não escutava.

Trago agora pouca... voz rouca...

Deixando a minha luz que entoca

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E revendo a palavra mais louca.

Porque tirar as palavras?

Senão as usa!

Senão sabe que fazer delas.

Flexionava mais um pouco delas

Se entender...

Pra talvez não querer

Saber que elas podem dizer.

Rouba palavras pra deixar

Nos cantos sem saber usa-las.

Pra quando gritos...

Desses dizer que sabe mais.

Mas nem eu que tento

Ser amigo delas, as palavras.

Nem sei ainda como usar-las

Direito pelas minhas horas.

Mas mesmo assim rouba...

E manda calar... por ser ela a falar...

Então rouba palavras

Pra deixar no canto

E renascer em meu canto.

...

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Sono

O sono traz meus sonhos

Que adormecidos de olhos

Fechados pelos caminhos

Que ainda vou andar ... trás

Uma luz que provoca

De ainda me entoca

Com ciências e sabores

Que ainda não sei o seu gosto.

O sono vem e me empresta

Mais que posso...

Me transporta como se soubesse

Onde meus sonhos moram

Pela transitoriedade dos dias.

Domina... meu corpo...

Por tantas horas

Que depois da fatiga do labor

De cada dia...

Cria uma teia pra o corpo ficar

E mesmo assim sonhar

Com oque ainda nem sei

As vezes explicar

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Fazendo espiar um mundo

Que mergulho de olhos cerrados.

...

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Escrevi

Te escrevi tantos poemas

Nas brumas doces da noite.

Deixando minha alma insone

Cativo dos seus sonhos

E muito mais dos seus desejos.

Roubo a lua pra teu gosto

´pra te iluminar nas noites

Em que escrevo...

Rescrevo...

Inscrevo...

Prescrevo...

Nos ventos para que levem

Poemas quando não puder

Cantar eles aos teus ouvidos.

Traga a ti ... muito mais palavras

Que nelas deixo meu coração.

...

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Escuro

O escuro me cega os olhos

Pelas noites insones...

Gostos de mates amargos

Pelas horas que passam lentas

Ouvindo gotas de chuvas

Pelas estrelas que a casa

Ainda escondem.

Traga um pouco mais

De agua pela noite insone

No aroma da terra molhada

Que amanha colho novo rumo

Pelas esperas de quem semeia.

Traga muito mais que uma noite...

Traga mil noites...

Mil sons pelas bocas ardentes

Da violas afinadas noite afora

Entre o escuro da noite

E o escuro que meus olhos

Ainda clareiam pelas cadencias

Que alma rodeia os sonhos.

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Colher

O poema na esta pra ser colido

Numa colheita produzida

Pela vontade...

Nascer como quer...

Tende a viver

Do sei jeito...

Do seu modo

Do seu corpo.

Talvez um poema seja

Colorido, plantado...

Nunca foi escondido.

Hoje nasce mais um

Entre tantos que ainda

Pelos campos galopeiam

Libertos.. alheios a tudo.

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Alheio.

Alheio... buscava as horas...

Vida afora entregando a alma

Pelas horas grandes de trabalho

Se perdendo os sentimentos.

Agora ao gosto dolente

Das horas fica a cuidar

Do teto vendo estrelas

Caindo do sofá...

Busca... e desenhas...

Muitas coisas na cabeça...

Traz agora um pouco

Do pouco que os olhos ainda

Reinventam sonhos.

...

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Aprender e partir

Quando a alma habita os corpos

Um dia ela deixa...

Levando que aprendeu, e de nada

Que ainda não se arrependeu...

Temos dias, meses, anos...

Uma eternidade inteira

Pra apreender que o amor

Ainda pode ser o maior bem.

Mas nos preocupamos

Com tanta coisa que não convém.

Então pesamos a alma

Pra deixar o rastro

E nos olhos vermelhos

Dos outros que ficam.

Sem perceber que

Os dias, os anos ...

Ainda são poucos

Pra apreender que

Sempre temos que apreender.

...

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Como foi?

Como foi seu dia?

Pergunto... teu dia não foi igual ao meus.

Depois que chegas-te trouxe a luz

Que ainda me falta a fala.

Mesmo que tenha sido comum

Nada fácil, ou nada interessante

Foi num dos teus dias

Que comecei a te escrever

Sem que percebesse que escrevia

Com minha alma.

Trazia os sonhos a pena

Pra saber sobre o teu dia?

Como tinha sido?

Imaginava como louco

Até a tardes longas de folgas

Quando brincas com os cachorros

Da tua casa.

Hoje posso saber, escuto mesmo

Quando nada liga com nada.

Desde o detalhe mais pequeno

Até quando me pula de beijos

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Na poltrona ao teu lado que escuto..

Sobre o teu dia.

...

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Poema pra um retrato

Buscava de olhos grandes noites insones,

Indelével, a navegar entre retratos

E tantas outras imagens pressas

A cabeça que faziam os sonhos.

Poesia... de amor... de dor...

Lembrou em cor, do sorriso.

Que ontem menina pelas brumas

Das noites pude ter pela praça

Da matriz da mesma igreja

Que hoje revejo naquela banco

Da praça com o gosto a amargo

Do tempo me cegando os poucos

Sonhos que ficaram agarrados

Aos meus dedos pelas cordas

Da guitarras dolentes.

Hoje nesta noite...

Trago de volta a tua alma

Pra meus dedos, que tocam a ponta

Dos teus segredos sem que notem

Pra deixar nos ventos que te levem

E te façam escutar...

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E possa um dia, te ouvir cantar

Tantos poemas em flor que deixei

Pelas vozes dos ventos

Nestas noites insones...

Procurando entre retratos e palavras

Um pouco dessa saudade

Que habita a imagem dos quadros.

...

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Frio

O frio que me embriaga o corpo

Trás um pouco de nada.

Me falta um pouco de calor

Dos abraços que ainda guardei.

Outros tenho bem perto.

Tenho por certo...

As vezes distantes sinto frio

Pelos invernos que minha alma

Trás um pouco de muito

Sem ser muito mais que sou.

Ela e maior que a dor na alma

Quente mas de corpo tremulo

Pelo vento que corta o corpo.

Até minha alma sempre frio

Quando esta longe

Do teu abraço mais forte.

Te falta força, me sobra.

Mas esse frio que faz falta

Que o calor do teu abraço

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Me aperta, me acerta...

Por acabar não só com o frio

Mas também meus demônios

Que ainda vem trazer medos.

Pra neste frio longe...

Hoje sinto saudade de teu abraço

Pra ficar no calor mais sincero

Sem mais sentir que faz o corpo

Tremer...

...

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Poema que perdi

O poema nasce pra si...

As vezes egoísta

As vezes intimista

As vezes prefeito

Tantas são as horas que

Os poemas bem de bem

Vem como se convém

Na convergência das horas.

Ontem foi na beira do alambrado

A imagem do poema... puro.

Esquálido, inodoro, claro.

Quase nasceu pra min .

Não era flor e nem tinha corpo.

Não tinha nenhum sorriso...

Nascia por ser, isso, preciso!

Precioso pelas minhas mãos.

Mas se perdeu do caminho

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No exato segundo, que ouviu.

E de outro sorriso sumiu

Indo embora pra outro espaço.

Quem sabem outro dia

Esse poema surja de novo?

Talvez sujo, talvez aos poucos?

Pelas horas sem convergir?

Não sei se virá, sei que esse...

Perdi... pelas palavras no vento.

Ficou como pedaço, um tento

Que partiu em dois, que perdi.

Quem sabe me tope novamente?

Outra hora imperfeito, do seu jeito.

Alheio... pelas voltas em meu respeito?

Ou talvez por ser somente meu olhar.

Que procura em quase tudo.

Que nos escuros provoca luz.

Que alma se conduz... traduz...

Por ser talvez um poema novo?

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Talvez um poema antigo ?

Vestido de novo, pelos olhos.

Pra viver entre alma e os sonhos

Na sua rapidez indelével.

Talvez esse poema que perdi...

Encontre num outro dia...

Em outras noites, pelos dias...

Pelas tantas coisas...

O poema esta na casca,

Esta em qualquer canto...

Pra levar como manto

Um versinho de ressaca.

Quem sabe noutro dia

Na beira do mesmo alambrado...

Apareça pra outro, alumbrando...

Outros versos que nem sei?

Esse poema ainda encontro...

Talvez noutra noite, noutro dia..

Noutro momento de alegria

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Ou de pureza pelos olhos.

Um poema... pra uns nada.

Pra outros, muito mais que a vida.

Esse perdi, deu sua partir

Pra outro dia talvez vir... ao meu lado.

...

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Não era só sangue que pulsa

Meu coração era somente um musculo

Desses que pulsam sangue pra manter

A vida na cadencias das horas, dos dias.

Um dia pelas horas os meus olhos

Fizeram ele correr mais depressa

Ao ver os teus passos incertos

Pela noites que que minha espera

Fazia .

Meu coração era somente um musculo

Ate que sentiu pela medula um arrepio

Quando um beijo ganhou dos seus.

Hoje ele pulsa, leva o sangue muito mais

Depressa quando te vê.

Quando chega perto, acelera muito mais

Que possa entender.

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Meu coração é mais, que sangue

endovenoso, quando chegar perto

renasce ...

Pulsando hoje sentimentos.

Trazendo meus sentimentos

Entre poemas e pulsa

Paulatinamente, noutras

Acelerados pelos teus abraços.

...

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Soneto qualquer

Aos poucos o poema sumia

Entre os dedos.

Leva muitos segredos

Desses que só os olhos sabem.

A emoção mudava a cor

O jeito... sem ver muitos mais

Que nos olhos tantos cristais

Saltavam pra fora...

Quem sabe o fascínio

Traga aos poemas

Coplas dessas que aprenda.

Traga pra meu inicio

O dominar pelas penas

Tantas outras que me renda.

...

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Escrevendo

Me entreguei entre esse mar

De palavras inteiras...

As vezes meias, a flutuar

Como se elas ao vento

Soubesse voar.

Inúmeras, diversas delas...

Divergentes as vezes

Da mesmas presas

Pelas silabas as vezes tortas,

As vezes tontas

Pelas vagarosidade de compreender.

Milhares delas...

Quem sabe um delas ?

Me diga o tudo sobre que sei...

Ou nenhuma delas

Digam sobre os que

Digam que falam

Que esfolam elas

Sem que saiba por apreender

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Tanto por elas mesmo

A voar pelos cantos.

Dizendo a min os poucos de muito mais

Que saiba ainda rever.

Então me entrego

A ser talvez palavras?

Ou ser algo que fala

Que sabem de tanto

De min, por ser começo

E nunca fim.

...

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Do fim pra o começo

É o fim...

Acabou pelas mãos

Inglórias de outras.

Perdeu a alma

Não a vida...

Deixou nos olhos sais

Cristalizando aos poucos

Morrendo por dentro

Ficando de boca seca...

De alma louca

Sem que ver

Para ter...

E no fim..

Encontrar o novo começo.

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Regional

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A casa

A casa grande ficou vazia

Nem um ruído na madrugada

Levando-me adentro

De min mesmo, nestas ronda.

O mate já vai bem lavado.

Empresta-me o gosto

Dos beijos que guardei

E um cristal agora no rosto...

Fica entre a luz da labareda

Que levanta um pouco mais.

Os dias assim se foram

Sem mais derramar mais sais

Então ouço missais e cantos

Pelas vozes dos ventos...

Levando coplas de min

Por velho, por sentimentos.

Guardei nestes mates

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Tao longos e distantes,

Um pouco de tudo

Pra agora, ver nos horizontes.

O ontem, que fui aos repontes.

Buscando campo e plata.

Hoje sou tempo, e muita espera.

Firmando bocal e pata.

A casa... Ficou vazia.

Como se as paredes

Se emudecesse por si

E não mãos viveres.

O galpão antes bordado

Na frente de riscos de puas.

Hoje assiste a porteira

E os raios de outras luas.

Fiquei como sempre

A guardar estas distancias...

Enquanto tantos dos meus

Foram bandear querências.

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Os meus caminhos foram

Muito mais além pelos mates.

Mas nas tardes fiquei eu e a casa.

Matizes dolentes, com aprenderes.

Nunca fui e nem serei povoeiro...

Nem tão pouco de estrada.

Mas vi da minha ramada

Tantos pingos de boca atada...

E esta casa... Ficou incrustrada

Pelo ventre vermelho da terra.

Agora ficar a secar como tantos

Bocais com rumos de espera.

Fiquei eu e a casa, dois grandes.

A contar e cantar pra os ventos.

Que sabem de tantos como os mates

Que roncam aqui nos cantos.

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Adentro

Madrugada adentra cruzo de ronda

A procurar nas brumas da noite

As coplas que dos ventos nos bordões

De arames faz açoite.

Copla e mate, às vezes um trago largo.

De outra coisa mais forte...

As mãos escrevem pelas horas

Pelas noites a buscar os nortes.

Quem sabe o poema nesta madrugada

Me entregue um pouco mais.

Quem sabe o poema me traga a estrela

Que vejo pelos olhos em cristais.

Talvez o poema nesta madrugada

Que vai longe entre mates e tragos...

Revendo imagens que pelo embalar

Do fogo que as vozes pelos gostos.

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Águas

As águas que do ventre da terra nasce...

Levando a seiva de vida e na vida renasce.

Procurando o caminho, em meio às

pedras,

Levando a pureza, por serem raras.

A mesma água que hoje limpa e pura

Trás na sua imagem, inodora e na alvura...

Levando o tudo que se pode ser.

Por sempre na sua alma, renascer.

Busca encíclica, inodora, mesmo sem

cor...

Tem sua vida pela sua forma incolor.

As águas que sabem por doces dos rios

Salgadas nos mares, com jeitos de fio.

Um fio de vida pelos olhos que abrem

As distancias das almas, que se

apreendem.

Um fio de fio no aguaceiro, pelas chuvas.

Que levantam as fragrâncias da terra.

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A mesma água que mata sede dos

homens,

É mesma que faz lutarem e se consome.

Some, pelo meio da areia, entre as

pedras,

Indo ao ventre da terra pra renascer rara.

Tem força de mil tormentas, mas pelos

dedos,

Foge por saber da vida, do tempo, como

um segredo...

Que ainda nem sabemos nem imaginamos

quais são...

É mesma que se levanta no mar e pelos

céus em clarão.

Faz quem junta às mãos, pedindo por

elas.

Molha o chão que era duro a florescê-

las...

Tornando o seco, sem cor, verde de

esperança.

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Por ser chuva, por ser água, e nunca

lembrança.

As águas, dos rios, dos mares, dos céus,

dos olhos.

Trazem a vida pela seiva pura, pras os

sonhos.

As águas abrem caminhos pelos rostos

Mudam os agostos e crescem deixando

rastros.

Marcados na terra, limpado, trazendo a

luz...

Trazendo para todos que pelos olhos se

traduzem.

Parece que a água é mesma que sempre

nasce

Pelo fio de seiva de vida sempre renasce.

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Ah um pouco, nas auroras.

Teu sorriso de aurora, ainda me povoa a

alma.

Buscando a cada tempo, um pouco...

Fitei os olhos além dos céus de campo

Revivendo um sonho inerte, talvez por

louco...

Dou sentindo as esperas, entregando aos

rumos.

Cativos de desejos, não mais perto de

min...

Entendo... Que tenho agora um sorriso

Que guardei pelo mesmo céu, assim...

Silencio esporas, cantos e guitarras

nessas.

Horas que os mates trazem recuerdos...

Guardei na alma revisando sonhos de luz

Por ainda nos meus precisos guardados...

Na Lonca dos recuerdos vou trazendo

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Num instante um tempo mais moço bem

vive...

Talvez chegue a crer que não pude ter

E agora vejo nos céu em auroras de olhos

vivos...

Então que me sobra antes depois das lidas

Ponteando a alma e sonhos de vida...

Vendo um pouco pelas auroras

Neste canto de alma incontida.

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Algumas palavras sem sentido

Às vezes procuro além dos meus olhos

Alguma copla de meus sonhos.

Não sei que possa ser tenho promessas

Por cumprir sem nenhuma de minhas

vilezas.

Andei e andei, busquei amores vazios.

Por esse mundo em beiras de rios,

Virei um vulto pelas madrugas solito

Sonhando ainda ter olhar mais bonito.

Pedir não vai, porque sei que não fiz.

E tudo que não servia eu desfiz.

Fiquei com teus olhos por reponte

Pois sei que mira os mesmo horizontes.

Dou jeito na minha vida pra ter a tua

Mas não sei se tenho teu sorriso de lua.

Tenho que cumprir todas elas pra min

Pois que sei de onde que vim.

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Nestas promessas que fiz, e jurei.

Nelas fiz com o coração, por ti.

Minha alma grita te querendo por perto

Neste sonho que tenho desperto.

E por certo, só tenho cismas por ti.

Por quem, espero e sinto aqui.

Sei que não é com um poema

Que mata ou acalma as penas.

Mas digo e não finjo que sinto.

Tenho meu coração por instinto

Governa-me e me diz luta com todas

As forças pra ter a amada.

Fitei solito de novo com uma solidão

Manheira batendo meu coração.

Tenho medo de perder quem gosto

E novamente viver um agosto.

Sentir o sal rolar pela face esquecida

Sem ter mais este sonho em guarida.

Vejo longe, e cuido o perto com medo.

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Sabendo que carrega meus segredos.

Vivo por teus olhos em cor de campo

Por eles diviso e mudo meu tempo

Gostando no fundo do peito de ti.

Com sonhos morando bem ali.

Dentro dos meus olhos sendo os mesmos

Que tem e não são mais sonhos a esmos.

Como tive sozinho vendo virando estradas

Hoje os tenho na sua ramada.

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Aos olhos

Tem tanta coisa se que vem aos olhos.

Uns recordam de tudo em verdade

Outros por olhos de saudade

Vem prova e povoar alguns sonhos.

Parece que aos olhos da gente

Vai mostrando tudo aquilo que tem

Que guardou e uma hora vem

Com tudo que tem e sente.

Parece de mostra pelos olhares

Além de coplas de luas inteiras

Talvez alguma saudade verdadeira

Por olhos mais sonhadores

Tem tanta coisa que solta aos olhos.

Aos meus guardei as imagens de campo

Vivencias de outros segredos do tempo

Deixando pelo recuerdos às vezes molhos.

Então firmo, e sigo pelo mesmo caminho.

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Mirando largo, por sob as cruzes.

Com meus olhos mais claros em luzes

Por andar, às vezes longe do ninho.

Entrego pelos meus olhos as lembranças.

E recordo, cuidando o poente solito,

Lembrando teu olhar mais bonito

Que notei por ai nestas minhas andanças.

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Ao vento

Veio brotando como se fosse à luz

A sabor de vento foi contemplando

Levando ao seu mandado pelo lado

Na cor que em si se traduz...

Buscou ainda entender por nada

Depois um mate dos mais serenos

Nalgum pouco, ainda por pequeno.

Pela fragrância que vinha pela ramada

Era o mesmo cheiro de florada

Que outrora veio pela luz de um olhar

Ao lembrar pelos olhos solito a brotar

Nas imagens do coração paradas.

Na porta além da luz da lua, não se via.

Buscava sempre pelas estrelas

Uma imagem que emoldurada na janela

Nos tempos que pela casa ficava em

porfia

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Foi pelo caminho da frente da casa

Uma flor dessas mais colaradas

Veio a trazer ao vento pela ramada

O cheiro mais puro de quem um dia bateu

asas

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Aranha do baile

No meio do baile quando se esvoaça o

pala

E ninguém pelos cantos fica da sala

Subiu pelos cantos enquanto a cordiona

fala

Uma aranha que também se baila...

Veio em meio ao povo pedindo um

espaço

Mexeram embaixo da mesa com os

braços

E saltou pra o povo bailando cortado

Num contra passo meio atrasado.

Levantou as moças numa passagem só.

Bem cima deixando somente um pó...

Foi um gritedo das moças ao ver a aranha

bailadeira

Saindo com seu aranho numa estampa

campeira.

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A sala foi limpando pra ver o bailado

Dos dois que vinham mais apaixonados

Mas sabendo que no fim da noite

Somente os dois pra um pernoite.

E amanha o aranho, entregou a vida.

Pra todo amor que em contra partida

Fez a guarida pra os sonhos no bailado

De vida e morte em chão riscado.

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AS palavras

Traria-te sorrisos não traídos

Nem muito menos atirados ao vento.

Traria-te meu sonho ainda puro

Pra sentir os sentimentos.

Busquei a palavras que ainda

Inexata ainda me conduz.

Essa mesma palavra que me empresta

A vida e a alma que ainda se traduz.

Palavras são meras senão tem sentido.

Mas as minhas ainda tem...

Ainda sentem e não calam

E pra min jamais mentem.

Ouvir elas nos ventos se sabe

Sem querer que as saibas...

Sons de guitarras e em meio

Contos de arreios e silabas.

A palavra vive em min

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E eu dela me alimento.

Somos a trama do mesmo laço

A cantar nos ventos.

Essa palavra não me esconde

Nem muito menos se perde.

Se dela se transcreve que penso

E muito menos de min faz alarde.

Parceira do mate pelas tardes

Nas rondas noturnas com esperas

Que pelos olhos ainda me dizem

Poemas pra outras eras.

Quem sabe os poemas por min

Nascem como se pudesse vir...

Mas sei que elas sabem de min

E ainda estão a me traduzir.

Não nada escondido nas palavras

Nem menos perdido ou prendido.

Mas sim nelas por elas, emolduradas.

De tudo que tenho vivido ou ouvido.

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As palavras vivem como estrelas

A sempre distante e, mas porem belas.

Elas povoam as cismas de galponeadas

Por sempre ainda ter somente elas.

Qual o é o sentido que elas têm?

Podem ser vagas ou sinceras.

Mas meu poema que vem de min

Fica pra outras eras...

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As redondilhas que não ouvem...

Os meus olhos de sempre enxergar

distancias

A cada dia se vestem mais de ausências

Por saber muito mais de outras

querências

Pra perder um pouco a minha na

existência.

É mais um poema muito mais que um...

Uma redondilha miúda e ainda comum.

Sem métrica. Sem jeito. Incomum...

Feita de uma mentira ou como nenhum...

Palavras ao vento pra quem não quer

escutar...

Viageira, às vezes urbana, mas sempre a

rondar.

A minha cisma de ser sem fronteira por

andar

Comigo sem que possa entender ou

pensar...

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Pra ti... Nada como redondilhas que não

prestam

Que não servem nem por si a ti se

emprestam

Ou somente lhe vale ou apenas escutam...

E por si, sempre com nada falam...

Escuto muito mais que falo...

Prefiro falar de cavalos e pealos...

De poemas pra os cantos de galos...

De flores nos altos dos galhos...

Encontrei nessas palavras oque nem

sabem...

Nem por tentar como cegos veem...

Eu também tateio a luz, que não creem.

Mas mesmo tateando não reveem...

A cada dia fico mais palavras em poemas

A cada dia o silencio me canta

cantilenas...

A cada dia entre cruzes e crinas...

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A cada dia entre a alma e esta sina...

Mas são palavras de campo, que o vento

fala...

E mesmo na sala não verem nem quando

no pala

Se balança a contar de tudo que se

resvala

E por vocês sempre se cala.

Prefiro o silencio que a guerra de

palavras...

Prefiro o silencio que abrir mais lavras...

O silencio canta sem as esperas, as

taperas,

As eras sem mostrem mais claras...

Pra num outro poema escrever...

Fale como não ouvem, de qualquer...

Com as palavras que o vento, a dizer.

Sem mesmo que possam a perceber.

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Assim

Depois das lidas de todo dia reencontro

teu beijo mais puro

Pela bomba de prata deste mate que faz

costado junto à noite.

Mirando longe o poente sabendo que

pela ramada onde mateio

A lua sai e salpica de estrelas como teus

olhos pelos meus.

A lua grande sai pela quichá do céu, me

pega de alpargatas depois.

Da lida cuidando destas lembranças

buenas dentro do peito.

Semblante de luna com o verdor dos

campos morando nos teus olhos

Em luz da alma num sonho tão puro e já

tão perfeito...

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Andei desfolhando macega pelas noites

mais lobunas e silenciosas

Desta vida, carregando no meu jaleco

uma flor sem cheiro.

Mas nas mesmas noites um perfume

feiticeiro veio trazer vida

Nas lembranças buenas do teu olhar mais

estreleiro.

Não sei que o tempo fez em min, me

fazendo andar e andar.

E se perder nas noites solito em amores

vadios e mesquinhos.

Ate um dia que pelos teus olhos me

enredei, e por eles fiquei.

A sentir de novo algo Bueno, a surgir e

viver pelo teu olhar de carinho.

Neste mate num beijo de prata sinto alo

bem mais forte no peito.

Quando abraço teu corpo pequeno, no

teu olhar mais sereno.

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Abrindo em flor, trazendo em copla a

redondilha que fiz pra ti...

Pela voz do vento, levando minha alma

por culpa deste sonho moreno.

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Busquei sem ver num pito

Chorei sem derramar uma lagrima

Deixei os meus olhos, cuidarem...

Sem verem muito mais do além...

Buscando alguma rima...

Noite larga nos meus guardados

Buscando o pouco que ficou

E nas almas ainda se aquerenciou

Por serem acalambrando.

Busquei o gosto nos mates

Nos tragos largos das botella

E não vi além de matizes

Que tenho sem arremates.

Entre tantas canções

Entre tantas crinas de potros

Voltei aos meus astros

Cuidando além dos galpões.

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Voltei em min por apreender

A ver sem que alma que habito

Traga por si, nas fumaças do pito.

Que ainda pude ter.

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Contando pela tua voz

Nesta guitarra vou tirando de dentro do

peito

Um tanto de tudo e tudo do nada.

Repleta de sonhos me empresta mais um

Sem deixar nenhum, pela ramada.

A contar de tanto sem perder o tino

Pela ponta dos dedos, em cisma

ponteadas.

Vai entregando a min coplas de tempo

E também outras potreadas afora.

Que ficaram no memorial dos meus olhos

Depois dos mates nas auroras.

A marcar os compassos pelo taco da bota

Com um choro dolente das esporas.

Vai guitarra de outro tempo, vindo da

banda.

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Do povo pra ficar mais crioula em minhas

mãos.

Por ti contei de lidas e tombos nos

corredores

E dos olhos emoldurando tanta emoção.

Pela tua voz mais sincera soltando em luz

Um pouco da alma iluminando todo o

meu galpão.

Meus dedos vão correndo no teu corpo

Como num cancha reta soltando e

aprisionando

As notas que sabem de tanto por pouco

Irem ao seu jeito simples, contando.

E talvez na sua alma de madeira guarde

De tanto oque já escorri o sal dos olhos

nos dedos.

Empresta tua alma de madeira pra contar

De tudo que pelo peita um dia guardou.

De tantos potros que ainda pelo mesmo

Caminho foi ao seu tempo, e enfrenou.

Deixando pelos olhos um naco de alma

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A mostra pelo um dia teve e não contou.

Copla as palavras que não dizem nada.

Ao mesmo tempo guardei sorrisos

Entre puas e rastros de luas

Talvez no poema por ser preciso

Guarde os missais de outro tempo.

Não teve poesia... Não teve alegria.

Não teve mais que queria e como queria.

Não tens mais luz... Nem a cor

Nem mais meus versos de porfia.

Pra min restou estradas e rumos

Que as novas luas me entregam.

Tanto fez que andasse sozinho

A buscar além de min, que se calam.

Voltei em min... Pensativo...

Enquanto suas palavras ao vento

Não dizem além do mesmo nada

Sem nenhum tipo de sentimento.

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Acho engraçados os poemas

Que ainda por tua falta de nada

Ainda pra ti saem sem que quisesse

Sem mesmo que veja, ou veja.

Parece que os poemas que os nada

Que ainda trago como diz como te

convém

A min mais parece que assim que quer

Por falar sem saber nada além.

Tu escolhes-te teu rumo...

Tu escolhes-te matar teus sonhos.

Tu escolhes-te se perder por si,

Sem nem mais brilhos nos olhos.

Pois sem querer e nem muito menos ver

Diz... fala... Sem nem mesmo saber...

Muito menos entender como o sempre,

nada.

Somente por sempre dizer.

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Se fui além deque queria não sei...

Mas não cabe a ti, julgar ou se quer

pensar.

A muito tempo que as estradas

Se abriram em outros estradear.

Então meu caminho não é o mesmo...

Muito menos igual ao seu...

Pra tu dizer sem saber que fala

Querendo que fosse o teu.

Segue teu rumo teu sonho...

Teu destino mesmo em desatino

Pois ainda se perder a cuidar

Que não precisa... sem tino.

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copla de amor do poeta louco

Tenho saudade dos teus olhos

Quando meus ainda procuravam.

Nestas imagens tão distantes agora,

Revejo um sonho, que repintam...

Poema que nem sei de onde nasce

Por a ainda guardar teu sorriso...

Quem sabe um dia seja tudo

Isso que ainda procuro por preciso?

Traga de volta a sua imagem.

Que hoje distante se abre,

Que ainda nasce e se perde

No breu da noite, que escreve.

Saberia que há tanto tempo.

Ando e ainda por louco, procuro...

Procuro noutros sorrisos

O teu sorriso ainda puro.

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Guardei oque ainda nem mais, sei..

Que nem mais consigo lembrar.

Mesmo que seja como não sonhei

Ainda fico a te lembrar, te esperar...

Quem sabe morena... um dia...

Quem sabe morena... traga teu sonho

Que agora anda distante do meu

Pra ficar as tarde pelos teus olhos...

Ainda te escrevo, mas não lembro

Ainda te espero e ainda sinto, vejo...

Tenho esta velha saudade

Ainda como gosto do teu beijo.

Quem sabe morena... quem sabe

morena?

Ainda volte pelo mesmo caminho

Que se perdeu de min... enquanto te

perdi

Por agora estar e andar mais sozinho...

Um dia morena... teu perfume

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Teu lume, teu gosto, teu rosto...

Teu sonho, teu viver, teu querer

Mude esse meus agostos...

Sigo trevoso pelos caminhos...

Abrindo rastros de puas, luas...

Vendo nas madrugadas as almas

Estes sonhos galponeados, pra tua...

Tua alma que ainda pelo horizonte

Quase louco, perdido.. rodando...

Um pouco a cada dia escuto

No vento meu sonho alumbrando...

Nem a canha, nem o melhor vinho

Nem o melhor que seja o melhor

Que possa ainda viver... aprender

Me perdoa o desamor, esse clamor...

Que agora escuto, e mudo emudeço

Mais ainda cada dia, perdido.

Por ainda trazer as culpas, pra min...

Por ter deixado, partido...

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Magoei o teu coração o teu sonho...

Egoísta... ingrato... insolente...

Agora louco... madrugueiro... andejo...

Com poemas pra ti dolente.

Cada tarde cinzenta, um novo mate

Me traz teu gosto a boca, e as palavras...

Que maldisse, que escrevi, hoje se

perderam

Do rumo, dos olhos, ainda poucas e raras.

Quem sabe morena... não sei...

Todas as noites insones, cheias de luas

Estrelas, cortam meus guardados

Por essas horas inertes como puas...

Eu. Que fui ao longe, tão distante...

Que nem sei mais, por onde andei...

Mesmo longe te escrevia cartas, como

louco.

Mandando pelo vento, como pensei.

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Cada dia... vai passando... acabando...

Me entreguei a canhas, pito grandes...

Sonidos de guitarra e estradas imensas.

Guardei pra min somente teus olhares...

Não eram verdes.. eram opacos...

Escuros como essa noite que vago...

Que ainda me afogo em trago largos..

Com raios de luas em sonhos que guardo.

Quem sabe morena... quem sabe

morena?

Um dia traga de novo um sorriso no rosto.

E a minha alma hoje na escuridão

Se ilumine com um pouco do teu gosto.

Traria um os céus se precise... mesmo que

perca

Trago a luz a alma, vou ao fogo e brinco...

Só pra um minuto te ver, e dizer...

Que ainda te espero... já quase louco.

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Copla de andar

Dei vaza pelo corredor com cismas

povoeiras

Ia pensativo mirando além do firmamento

Deixando pelas vezes dos ventos

Levar recuerdos de lua inteira

Ia pensativo tranco lardo sensitivo

Das esperas sinuelas pelos olhos da noite

Que me traz por certo, um sorriso por

acoite

Seguindo as almas por andar cativo....

Cativo dos silêncios das horas ponteadas

Nas cismas que a cordeona traz nos

botões

sua fala sincera de ar e luz emoções

Em réstias de vida, na voz trocada

A estrada botava sentido ao sentido da

vida

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Remendando coplas pelas bocas atadas

Nas léguas firme nas pontadas apertadas

Entre os dedos depois das partidas...

Nas andanças que se apreende pelas

estradas

Nas voltas solito, por alguma senda da

alma

As vezes pelo poncho que se acenda

No rubro da cor nesses caminhos apeie na

ramada

E veja verdejando pelos meus olhos de

campo

Algum sentido mais sincero num sorriso

Pra depois dos mates, por outro canto,

outro riso

Sabendo das luas de campo e de outros

tempos....

Mas, sigo tranco lardo pelos caminhos

cativo

Das cismas que carrego ainda inertes

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Deixando pelos caminhos alguma

semente

Nesse caminho ao trote sensitivo ....

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Copla Nº1

Verei nas cruzes do zaino que me leva

Adiante dizendo nos rastros e ficam

Marcando o ventre da terra e petrificam

As lembranças que vem e se desvela...

Abrindo nos luzeiros dos meus caminhos

Deixado aos meus olhos nas auroras

Nessas horas que ainda apertam esporas

Pra emoldurar rumos nos olhos sozinhos...

O mesmo tempo que ainda nasce

Trazendo garras riscando o céu

Apreendendo e vendo o dia no seu véu

Que ainda sente por que merece...

Aquela copla depois da prece

E do mate que acalanta o corpo e a alma

Revivendo aos olhos, ouvindo em calma

Nas distancias que se carece...

O dia ainda não veio com cismas de fogão

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Traz ainda aos olhos emoldurados nos

horizontes,

Que se fazem além da porta porque

ontem

Te vi na estrada nesta lembrança do

coração

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Copla por desagrado

Foi somente um poema por copla iludida

Talvez por conta incerta da vida

Traga pra perto de min um cantar

Por assim.. por meu bem querer e

gostar...

Foi somente um poema por copla iludida

Talvez por conta dos anos de tantas

partidas

Traga ao meu gosto uma imagem de luz

Por assim... na minha que traduz.. por

cruz...

Foi somente um poema por copla iludida

Talvez por conta de noites embebidas

Traga um sonho assim... por viver

Por assim... siga a te escrever...

Foi somente um poema por copla iludida

Talvez numa volta dessa um dia

Traga ao teu gosto.. outros poemas

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E assim fique as voltas de luas e

cantilenas.

Foi somente um poema e nada mais

Talvez deles agora em de mim não sai....

E traga ao meu rosto teu poema que vem

Por assim... na boca e se esquece

também...

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Copla pra nunca saber

Se espera muito de quem não tem nada a

entregar

Se espera muito de muito pouco que se

tem

Se espera muito e não se tem nada

também

Não e como se convém, nem vou te

esperar...

Por graça minha poesia nunca foi sua

Nem tão pouco me entreguei e quis

Seja feliz... não sentirei por nada que

entendeis

Nem na lua via teu olhos nem por nada

era sua...

Graças que meu poema dentre tantos

Não te dei busquei por outros olhares

Busquei por outros cantares e sonhares

Pra escrever algo que não mais canto.

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Segue em paz no teu caminho...

Conforme tem que ser assim será.

Vai com fé no teu rumo que se espera...

Eu vou no mesmo jeito, sozinho ...

Não e necessário que venha ou me olhes

Não é necessário que teça comentários

Pois não teci nenhum contrario

Ao que espera e digo que ainda sonhes

E no fim de tudo recomece do teu jeito

Na maneira que acha mais coerente

e nos olhos outros pare e crie semente

pois ainda por ti carrego o respeito ..

é o único sentimento que carrego

deixo no vento os poemas que não te dei

que foram para outras esperas e cantei

não ouve nada nem começo nem fim, não

nego...

vai com deus e com ele te leve bem

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te cuide e te diga oque a min não parece

certo

mas no momento é mais certo então

empresto

meu verso pra te dizer, que te desejo só o

bem.

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Copla pra um dia

Na mão que segurava a face

Sem pecado no meu lado

Buscando a luz por teus olhos

Que trazem o rumo pra o costado...

Aceito a distancia por andar

Por descaminhos que sempre

Ficam perto dos teus carinhos

E quem sabe um dia, me espere...

E traga nas cruzes do meu zaino

Não mais tantos rumos de estradas

Buscando na minha alma, um sonho

Quando fiquei pelas ramadas...

Talvez nas minhas mãos quando abro

Essa cordiona e pelas cordas estiradas

Tire da alma a copla que não entreguei

E deixei no vento minha alma enluarada...

Talvez um dia pelas estrada que ando

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Traga nos meus olhos os teus ...

Que mesmo andando longe

Sabe dos rumos tão meus...

Abro a minha aura por essa alma

De madeira e canto claro de dia...

Pra te levar um dia por pouco

Meus versos de lua e porfia...

Espero pelas horas e nos dias

Que se vão a buscar caminhos...

Ainda poder apear no teu ranchito

E deixar de andar sozinho...

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Copla sem saber

Se as flores soubessem das ausências

Que pelos olhos triste carregam

Buscando além dos poentes

Poemas que ainda, amam ...

Boto rumo pra o nada sem saber

Que depois poente sempre tem

Algum novo caminho pra quem

Segue na alma como me convém

Deixo a copla, pelas horas de mate

De trago largo me levarem de tiro

Tironeando os meus guardados

Que de olhos fechados miro...

Na poesia que me empresta

O rumo pelas horas insones

Vem coplas e tempos mais puros

Que tinha morando nos corações

Deixo todos os dias depois das cruzes

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Desse cavalos que ajeito pra outros.

Sabendo que pela fumaça do pito

Leva coplas pras bocas de matos ...

Num, segundo me torno poesia

Noutro ausência, buscando além

De min o tanto que me perdi

Nesse caminhos, talvez por alguém

O fogo do galpão meu aquenta

Mas não meu coração inerte

Vai buscando ao mesmo rumo

Um caminho que pela verte.

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Coplas que vão, voltam, e seguem

Somem as coplas que as vezes chegam as

casas

Como se batessem asas pelas horas.

Quem sabe poemas perdidos tragam por

esperas

Nas horas que vida segue por as pressas.

Talvez meu poema ande pelos caminhos

Que as luzes das cidades tragam sozinhos

Com coplas dos campos longes nos trilhos

Que afundam distancias longe do ninho.

Talvez meu poema não seja sobre ti..

Mas bem sei que anda por ai...

Com cismas de fogo e a sai

As vezes como o rumo que vi.

A luz dales carregam pelos sonhos

Cantam verdades e esperas aos olhos

Que ainda como os meus molhos

Como se abrissem mil contos.

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Essa poesia que some e aparece...

As vezes de min se esquece...

Mas sempre pelas horas de mate nasce

E ao seu gosto, nos ventos reaparece.

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Coplinha dos corações

Veio nos olhos maneado

Por conta incerta na boca pintada

Que a minha ficou mais cerrada

Que ela entendeu minha alma.

Espera dolente, e num rezo

Guardada distante um olhar

Pra quem entrega assim a sonhar

Por esperar a hora santa.

Uma canto claro em luz de alma

Por outra vez, se encantou

Num olhar que por sua frente sonhou

Na resposta perdida e desdita.

Veio um sorriso franco pra quem

Ainda nas horas de porfia

Sonho em um outro dia

Pra costa abaixo, ter um sorriso.

Pede a deus que depois da cruzes

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Dos cavalos , entregue a alma

Pra ficar pelos teus olhos em calma

Quando deles se verem por perto.

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De pesares

Neste mate madrugueiro resguardou um

sonho

Que um dia se foi a campo afora na

mudança

Dos planos desta vida ficando no fundo

dos olhos

Suplantando uma ultima e pequena

lembrança.

Soltei pra o campo pensamentos inertes e

loucos

Que um dia me fizeram tão bem mas se

perderam

Pelas noites com raios de lua em silêncios

por pouco

E nos olhares mais silentes assim se

enredaram.

Ficou o mesmo mate de costado pela hora

santa da noite.

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Semblante enegrecido pela alma sem

prosear, de si.

Neste silêncios que um dia se perdeu por

vento em acoite

E assim resolveu sair por a caminhar por

ai.

Em pensamentos de vida e tempo antes

perdidos

Agora vividos e cheios de luz em cor de

alma e pampa.

Assim renasce algo esquecido por dentro

do olhos vividos

Escondido pela minha xucra estampa.

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Décima de um final de tarde

A mãe ta pela cozinha lidando

A noite ainda não chegou.

Vou continuar brincando,

De roda cotia por aqui e assim me

vou.

A tarde foi longa brincando de pique

esconde

Quase não achei ninguém pelo

galpão.

Também foram se esconder pelo

capão.

Que procurei por tudo onde pude.

A noite ainda não veio.

Sigo brincando-nos mesmos floreios.

De ir rodando e cantando aqui pelo

meio

Deixando pelo ar os meus sonhos

risonhos.

Que não são ainda de passar a noite

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Longe das casas por ter ainda

ressabios.

E receio do vento que se faz acoite

Pela cerca do potreiro em assovios

matreiros.

Vou seguindo pela hora do final da

tarde

Pelo céu uma nuvem se desgarra

como potro gavião.

E a cuscada faz o costado e o alarde.

E peãozada vindo do campo, pra o

galpão.

Sei que lá no canto do galpão atam os

redomão.

Que nem chego perto como manda o

capataz.

Mas largo da brincadeira e me vou ao

galpão.

Ver os peões apeando, que tudo volta

a paz.

Já um me pergunta como foi meu dia?

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E já fala que a lida foi de rodeio e

mangueira

E num minuto tudo que fiz se recria

E a vida toma uma estampa

domingueira.

Noto num canto Inácio domador,

quieto, desencilhando

Vou lá e pergunto como foi à lida com

os redomão?

Diz em pouco floreio, que foi boa,

como sempre ajeitando.

Acertando da boca esses potros pra o

patrão.

Nisso a mãe já me grita pela porta da

casa, na direção do galpão

Que parece que a mãe tem um sexto

sentido, me mandando entrar.

Saio pela porta com calma, ainda vejo

a amarelinha riscada no chão.

E olho pra trás os peões, ajeitando as

encilhas pra o suor secar.

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Que no céu a lua já ta saindo trazendo

uma ponchada de estrelas

E amanha depois da escola, vou de

novo ficar pela ramada

Ate voltarem do campo, talvez

pulando amarelinha ou pela janela

Lendo e vendo o tempo que passa

tranqüilo pela estrada.

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Depois das chuvas

O poema fugia de min como a chuva

Que escorria pelas tabuas judiadas...

Meus bastos encharcados pelo tempo

Que andou deixando o barro bordado...

As esperas seguem por diante, levando

Para além como a água que limpa

As esperas, e as casas meu galpão que

Já aguentou os invernos quase foi pela

barranca

Do arroio que cresceu carregando

Tanta coisa, levando até meu poema

Pra longe, pra morar dentro dos olhos

Por quem ainda vive pelas chilenas

Trazem o pão pelos aprumos

Que ainda dizem sem saber

Essas poesias que depois das chuvas

Voltam pra contar sem ver...

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Distinto

Distinta da cor pela luz que tinha...

Distinta a alma do corpo ainda repleta...

Distinta a vida por que assim nascia..

Distinto caminho que vem e se encarrega

Mostrando a quem ainda distinto

Alheio a tudo que se ouve e se fala...

Seguia palas estradas reais do tempo

Lembrando pela vida que resvala...

Distinta a baeta do meu pala

Que colorada guarda o calor

Que me empresta por de trás de sua

Negrura que ia no corredor...

Distinta a alma que tem seu

Destino que ainda por pouco

Faz andar nos rumos que trás

Um gosto bueno a boca...

Distinta a vida que veio aos

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Olhos da criança que trazia a alma

Pra seguir o caminho e trazer

A luz que se perdia nas horas calmas...

Distinto o caminho... pois sigo ao tranco

Moldando estribos e destinos

Rebuscando coplas de outras almas

Que distintas em desatinos ...

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Dois

Um procurando pelo cantos da sala

Quando as mãos seguiam suadas

Segurando pela trama do pala

Com matizes de luas estradas...

Noutro canto um sorriso de lua

Deixava a face estampada

Da morena flor colorada como puas

Pra quem por certo cuidava...

Duas almas que aos mesmos olhos

Ficavam a se perguntar por dentro.

Quem sabe por certo nos sonhos

Dos dois estava cada vez mais perto.

Naquela milonga que saiu serena

Foi tirando sem jeito aquela

Que noutro canto ouvia a cantilena

Que vinha pelos olhos dela...

Bailado com respeito e fala pouca,

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Um jurando o amor pra sempre

Ela respondia um sorriso de toda boca

Pra os sonhos que não espere.

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Em luz e em cruz

Sob o pano deste jaleco que esconde o

cerno que guarda a vida.

Em luz carregando as cruzes das almas de

contra partida.

O pano do corpo que firma os ossos e

guarda os sentimentos

Pra morarem dentro do coração e vir

povoar meus ensinamentos.

Neste pano de pele que aprisiona minha

alma por este mundo

Mesmo que seja dos galpões ou em ser

um vira mundo.

Vai carregar ela ate o fim neste chão firme

da terra

As mesmas que já viram e sentiram

ausências e as esperas.

Somente sei que por baixo deste jaleco

bordado em flores

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207

Guarda a sutileza de minha alma de

domador pelos corredores.

Sabendo apenas de potros que queixo

atado pelos caminhos

Com o mesmo jaleco em flor, por estes

caminhos sozinhos.

O Jaleco que sabe de amores e tardes

mais lindas de campo

Guardado pelos meus olhos sonhadores

outros tempos

Que o mundo dá voltas, pra marcar o

tempo em luz.

Pra seguir por aqui em vida a carregar a

minha cruz.

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Em poesia

Rebrota dos olhos em poesia

Rebusca a vista que turva

Nos olhos venosos por assim servia

A alma perdia e voltava a luz...

Repintava ausências sem luz

Aos sonhos que se perderam

Alguns nem nasceram por estarem

No negror que por si traduz.

Volta alma tendo outros rumos

Outro repontes com luzeiros

Distantes e inertes que dos olhos

Vertem a seiva por serem viajeiros.

O sorriso se perdeu em meio

A face cerrada, cerne bruto

Que não sorri mais, nem por quieto

Nas horas de mate, por luto...

Uns guardam por pouco, outros

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Cuidam além das paredes... mudo.

As imagens paradas nos retratos

Remontam outro tempo em outro

mundo.

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Em prece

O coração nega o estribo...

E assim por culpa nas ausência de um

amor...

Amarga este mate, e minha se invade

De saudade de um sonho em flor.

Nos meus sonhos, guardei todos eles.

Pra um dia te entregar, pela luz da lua...

Entregando e vendo o brilhos dos olhos

neles

Pra minha alma, serena e pura...

Ao longe prendi, no ultimo saludo

Lembrando estendo a vista pelo campo...

Deixando cruzando as invernadas, mudo...

Cuidando ao longe o meu tempo...

CISMADO... na direção do sem fim

Frouxando a da boca cavalos de doma...

Pelo largo da horas estendo, assim...

Na lembrança dos teus olhos morena.

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Que pelos dias dói, dentro do couro.

E os recuerdos sem pela noite, vem...

Adelgaço mais um potro e outro,

Largando campo a fora, por que não tem.

Teus olhos de luas grandes pelo meu céu.

Ilumino em uma prece, lembrando da

partida...

Aperto as garras e saco meu chapéu,

Por te lembrar pra o resto da vida.

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Em que vi

Num olhar de campina, me parei.

A mirar com esperas por guardar

No meu jeito de, te mirar...

Pude ver que era mais que sonhei.

Entrego em copla de redondilha pequena

Algum pouco de tanto pelos meus olhos

Que viram nos teus, entre tantos outros

Na alma mais buena e serena.

Fiquei pensativo e ainda não entendo.

Porque parei pelos seus olhos, mais

puros.

Iluminando minhas coplas, pelo escuros

Voltando por não querer, tranqueando.

Na lua, que ainda pequena estampava

Um céu de mais um dos meus agostos

Revi pintada na face dela, teu rosto.

Que em traços serenos desenhava.

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Mudava um recuerdo de copla de ontem

Que ficou por nada dentro do caminho.

Segui deixando nas linhas do vento,

sozinho

Mais um poema pra dizer, num sonho que

vem.

Trazendo a imagem de teus olhos mais

puros

Com tanto pra dizer, por lhe segredos

Que transponho pra ponta dos meus

dedos

Deixando pela minha imagem ver a tua,

por clara.

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Em um prece de outra noite

Vi numa fresta ainda da noite mais negra

Procurando além da orações de campo

Na reza mais simples dos templos

Que pelos santos, pedi outro tempo.

Um tempo que meus olhos não fique

A ver distancias além das estradas

E pelos mesmo corredores traga

Algum dos meus sonhos perdidos na

ramada

Alguma magoa que ficou guardada

Talvez perdidas nos caminhos de outros...

Outros versos em rezas pelo cedo

Antes as cruzes e de partirem os astros.

Olhos noiteiros que ainda notam além

Dos mesmo caminhos de ontem

E vão por o tempo comtemplando

E dizendo por tudo em reza de campo...

amém!

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Era

Era pra ser mais um poema...

Um como o outro qualquer.

Pra ainda por pelos olhos ver...

A cantar, a dizer, pela espera...

Mas não foi, nem tão pouco de amor...

Menos ainda de vida e de lida..

Nem de alma ou de partida..

Levando pra diante de min...

Deixado nos fiadores das tropas.

Deixei dos caminhos de alma,

Pra agora nas horas calmas

Ficar a pensar, de tudo...

Quem sabe meu poema louco!

Seja mais responsável

Que minha alma indelével,

Que voa sem ter, onde parar.

Deixando os corpos da alma

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Seguir pela inquietudes, de um poema.

Ainda com a alma pequena...

Por ainda entender, para apreender .

Quem sabe meu poema inato

Inexato, inodoro e cíclico.

Traga a min, algo ainda típico.

Que possa dizer... e refazer...

As vezes ele é alcoólico, cálido...

Irresponsável ou pensativo?

Deve ser vivo, sincero e altivo!

Por vir pelo que nem eu, sei...

Pelo que ainda posso dizer

Perguntar e contemplar

E ainda poder voltar

Para ainda apreender mais .

Quem sabe ele anda de arrasto

Sabendo pelos rastros

Abrindo marcas nos pastos

Coloreando minhas mãos.

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Agora de tinta pelas alvuras

Das paginas sujas de terra.

Guardo o som da guerra

Pra pedir a deus nas alturas.

Que ainda volte a ver

E sem me perder pelo campos

E não ser memorias nos tempos

Com medalhas de metal dourado.

Era pra ser mais um poema

Mas não foi somente um...

Se atreveu a falar do incomum

Que hoje espero que vire cantilena

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Estradeando

Podia dizer que teria um destino

Diferente do resto dos outros...

Mas quis a estrada o caminho

Que ando buscando longe do ninho

Pelas cruzes dos potros...

Fiz tantos cavalos pra outros

Andei pelos galpões

Sustando nessas emoções

Que ainda me trazem por diante

Nos tempos de antes...

Poderia dizer que é o tempo

Conhecedor dos ofícios

Quantas vezes deixei a vida por um fio...

Acalantando fantasmas na lua

Por ainda ter estas estrelas xiruas...

Remonto o tempo que as esperas

Ah esperas! Eram bem poucas

E doce que vem ainda boca

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Por guardar o gosto do teu beijo

Que ainda sinto e revejo...

Lembranças dos bailes de campo

Onde ia de tranco macio pela sala

Ouvindo a cordiona e pelo meu pala

Ia levando a alma que ainda espero

Guardando o campo como um quero

quero..

Não posso dizer que foi a espera

E o destino que quis assim...

Sigo com esta pelos confins

Esvaindo os segredos pelos olhos

Que as vezes ainda ficam molhos...

Quem sabe pelo volta do mesmo tempo

Que sigo ajeitando da boca algum

Te traga em alma para serem um...

E nessas voltas por diante levando

Nos repontes dos olhos, estradeando ...

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Fechei os olhos

... fechei os olhos pra poder enxergar

Sabendo que não podia ter...

Então ouvi canto e guitarra a entregar

Pelo vento, minutos raros, querendo ver.

Busquei entrei meus arreios

dependurados

Lembranças de luas e vidas do tempo.

Empecei silêncios mais enluarados

Pelos meus caminhos sozinhos de campo.

Fechei os olhos pra poder enxergar.

Querendo mudar que pude ainda ter...

E ao vento vieram cálidas mensagens

Trazendo coplas em imagens...

Sonhos inverneiros vêm morando.

Olho mais pra dentro, e vejo.

Correndo a tarca rondando

Recuerdos que tenho, e revejo.

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Me traz pra perto de olhos fechados

Querendo agarrar o tempo com as mãos.

Sabendo que vem nestas vidas cismadas

As imagens que guardei pelo coração

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Floreio

Voltei ao mesmo passado com esperas

Por diante, revendo ao longe coplas

Pelas minhas mãos nas mesmas teclas

Clarinando por canto claro, em outras

eras.

Andejei tanto, pelos confins desse chão

E descobri pela minhas mãos o tempo

Vem por certo além do canto de campo

Pelo bater do tempo no coração.

Pulsa, nas notas com sonhos de alma

inteira

Buscando num ressabio o mesmo ar

Pra assim ficar pelas mãos a pairar

Alguma sina pelos floreios estreleiros .

Já foi cisma de alguma china que irradia

E pelo botões nasceu nessa melodia

Num canto mais claro antes de clarear o

dia

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Como se pela alma ainda ficasse aberta.

Talvez pelo costado no fole abençoado

Rebusque oque se perdeu no escuro

Por tua alma mais viva, renasça ainda

puro

Fazendo costado a algum sonho

enluarado

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Florzita

Esta flor que guardou junto ao peito

Traz a luz que incompleta hoje vive...

Vou ao tranco pelas mesmas estradas

Batendo estribo com o vento, que

revive...

Revive teu cheiro de flor de alecrim...

Quem sabe no próximo inverno

Reveja não mais pelas flores que nascem

Por si... e traga este sonho moreno...

Sigo firmando o corpo já cansado

De estradas levando nas cruzes

As minhas que cantam no rumos

Que ainda o brilho do teus olhos me

conduzes...

A primavera veio com suas cores

Levando minha poesia pelos ventos...

A primavera veio e levou minha florzita

De alecrim roubando meus sentimentos...

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Deixo nos caminhos que seguem desses

Corredores entre redomões e guitarras

As saudades pra no próximo inverno

Sentir teu cheiro e tua cor a minha

espera.

Vou ficando cada dia mais louco e por

Pouco não sei mais se que escrevo

É mesmo poema de campo ou por tua

espera

Seguindo ao tranco que marejo.

Deixa nas ramadas seguindo adiante

Sem olhar como quero quero que voa...

Anuncia... até os alumbramentos que

tenho

Ouvindo nos ventos esses cantos que soa.

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Guardei

Guardei pelo meu olhar, renascendo.

Talvez pelo meu coração sinta saudade

Ou na sinta nada além de querer

O que mais quero de verdade.

Guardo pelo meu caminho, assim.

As coisas que apreendi no mundo

Galopeando, solito pelas noites

Cuidando o dia que vem rompendo.

Guardei essas saudades, cuidando.

No horizonte sofrenado pelo parador

Em alguma cruz de potro orando

Deixando pela luz e pelo meu calor...

Guardei semblantes de alma e terra...

Pra que saiba quando sair solito

Lembre de que apreendi pela ramada

Mateando com o céu, por infinito.

Guardei que presta, e que pude.

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227

Empurrei tropilhas pra o buçal,

Segregando meus sonhos

Pra apertar junto ao bocal.

Guardando pra min, que tenho...

Sentindo pelo caminho, flores

Que vem pelo olor do campo orvalhado

Relembrando de outros amores.

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Honraria

Fui soldado de cavalaria meu senhor...

Hoje estou aqui velho mas não perco o

entono.

Fiquei por esse campos como domador

Cuidando dos invernos com recuerdos de

anos.

Hoje se recebo essa honraria pelos meu

serviços

Agradeço e ofereço aos meus irmãos...

Que ainda pelos frontes sustentam o

braços

Deixando seu corpos as vezes na

amplidão.

Meu senhor... Não mereço tal honraria...

Lutei na Banda oriental a muito tempo.

Esse amigos que aqui estão, a vida daria

Não um velho que vive a campo.

Não aguento mais uma escaramuça

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Dessas que ia sorrindo na frente

Ouvindo o clarim e meio a fumaça

Que levantava assim derepente.

Meu senhor, hoje sou mais um...

Como tantos que deixou se nome aqui.

Busco hoje a paz em algum

Canto pra viver... enquanto por ai...

Diante de nossos olhos meu senhor...

Vejo guerreiros que não sou mais,

Entrego essa medalha a todos que calor

Do fronte na tiveram sais...

Mas o senhor, foi um dos maiores que vi

Apreendeu com outros que muitos não

fazem.

Soube que o senhor, ao pelear, sorri

Mesmo no fogo cruzado que muito não

conseguem.

Uma certa feita desmantelou um pelotão

Inteiro pra salvar um amigo de fronte.

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Outra vez apertado saltou de um

redomão

E quatro charqueiou, derepente.

Quando viram eram quatro corpos caídos

Um dos únicos que vi, lutando com duas

Sabres ao mesmo tempo, pra os mais

saídos

E nas noites ficava aos raios de luas.

Meu senhor, hoje não sou mais o mesmo

Hoje sou domador e luto só na lonca

Que acerta tantos que vivem a esmo

Pelas ciências de acerta da boca.

Me perdoe meu senhor, essa honraria

Deixo pra meus ermãos de luta...

Pois meus senhor todo dia

Sigo firme em outras labutas.

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Incertezas

Tive sonhos de rancho e galpão do

seu lado...

Mas nenhum veio a nascer de

verdade.

Agora fica esta amarga saudade no

peito amarado.

De quem não mereceu,

nada...nenhum costado.

Mudei tempo, a vida... Entreguei meus

segredos...

Todos eles, desde mais louco, ao

mais puro.

Pra se perder, no teu vazio, no teu

escuro...

Disse-lhe todos... não faltou nenhum

dos meus medos.

Sonhei com você... E achei que tinha

por merecer.

Que agora saudoso, recordo, pelo

amargo do meu mate

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Teu sorriso claro, que há min, um dia

fez embate.

E agora distante, judia... Fazendo-me

agora, esquecer...

Terna saudade, que dói lá no fundo do

coração!

Dói... como corte de adaga ou

quebradura de rodada

Por mostrar meus sonhos de alma

junto à ramada,

Que dá sentindo pra vida e pra porta

do galpão.

Não sei, acho que não ou nem sentiu?

Acho que ate pra você mesmo

guardou

Tudo aquilo não sonhou, somente

olhou

Pra meus sonhos pequenos contigo...

mentiu!

Não sou o certo e nem talvez o

errado.

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Nem você... Todos erram e alguns

apreendem!

Muda, ajeita, apreende e depois

entende

Pra continuar com as pessoas do

lado.

Não adianta mentir pra si e também

pra o coração...

Ele um dia deixa tudo amostra que

tem na alma.

Somente solta pra fora, desamara,

espalma...

Toda aquela imensidão... Toda aquela

emoção

Que um dia guardou ficando

escondida...

Deixando pelos rios da face, florescer!

Trazendo átona, o que não quis

esquecer...

Mostrando nos olhos, recuerdos de

uma vida.

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234

Não sei... O quanto pra mim você

ficou estranha.

Antes tinha seu sorriso mais largo e

pleno

Antes tinha todo meu coração

sereno...

Agora com esta saudade, que me

desdenha.

Que me empresta às vezes um gosto

amargo

Vindo a boca, que cerrada... Não fala nada! E por ela, não solta se mantem sempre fechada. Recolhida, e nos olhos os sonhos que tive contigo. Agora... Deixo o tempo ir, pra talvez entender. Estes segredos suprimidos no seu coração... Lembrando-se dos teus olhos de imensa ilusão Nestes sonhos, que agora deixo pelo entardecer.

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Pra talvez algum dia, numa dessas voltas no povo. Se pare em algum olhar de sonho e bueno Não provando mais o amargo do teu veneno... E renasça mais forte por olhos serenos, de novo.

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Inquietudes de um mate

Já fui dono do seu sorriso

Do teu carinho e do teu gosto...

Já fui tempo e por isso

No horizonte vejo teu rosto...

O tempo, me levou teu sorriso

Teu carinho, o teu gosto...

Me fez ir além por um riso

Seguindo nas tropas dos agosto...

Já fui a palavra que pelos teus olhos

Não disse, mas era traduzida

Nos olhos cativos dos meus sonhos

A buscar nos meus, por guarida...

Já busquei tão longe que se tornou

perto...

Já rabisquei outros poemas sinceros

Com sonhos assim, por certo...

Buscando a imagem de um janeiro...

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O longe me pealou pelas distancias

Roubando a copla que um dia, te fiz...

Me fez, contar inquietudes e ausências

No mesmo segredo, que ainda me diz ...

Hoje não sou mais dono do teu sorriso

Nem mais dos carinhos e do teu gosto...

Talvez seja por isso... Que guardo o teu

riso

Delicado nos olhos, com um sonho

moço...

Rebusco, rabisco e me perco nas horas

Em que meu mate se torna mais silente...

Silencio fico a cuidar campo afora

O teu sorriso que vem derepente...

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Meras palavras

Se todas palavras dizem que sentem

Pelos olhos que pra alma mentem.

Deixando sem vir a boca que fale palavras

E pelas luzes dos olhos nos escancara.

Talvez a palavra se for desmedida

Traga dor, a raiva e também à partida.

Pra quem mal usa a sua vontade

Pra deixar nos olhos, saudades.

Quem sabe demuitas palavras

A vida não seja de tantas esperas.

Nestas horas de mate madrugador ,

Com cisma de fogo, e de olhos sonhador.

Se todas elas juntas a sua vontade

Mostrassem sua força e sensibilidade

Não mentiram a alma e aos olhos

Saltariam milhes de sonhos.

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Por elas seriam ditas com sabor

Não mates lavados, mas sim sonhador

Das vidas que elas trazem em luz

E pela planura das linhas traduz.

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Mesmo caminho

Fui andejo das madrugadas mais vazias

Cheias de tempo e solidões além das luna.

Sorvi solito mate e sonhos pelas estrelas

Com erva ruim de cauna.

Fiquei pelo esquecimento quando era

Estrada sob as cruzes de uma cebruna.

Arreios gastos pelas voltas de campo

Deixando a alma em cor mais vivida.

Guardei nos fundos dos meus olhos

Coplas e desterros depois das partidas.

Me fui campo fora largando vidas e

estribos

Gastos sem nenhuma guarida.

Mas um dia pelos mandados lá de cima

Em luz como da aurora vi teus olhos.

Se abrindo raiando como um raio de sol

Pelos meus parecendo um sonho.

Guardei a doce imagem pra sorver

mirando

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Teus olhos num semblante mais risonho.

Fitei teu sorriso pelo caminho que andejei

Um dia em noite solita desgarrando a

vida.

Fui embora por este mesmo caminho um

dia

De olhos molhados sem nada pouso ou

guarida.

E hoje cruzo com usté no meu costado

batendo

Estribo com sonho pelo olhar depois das

lida

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Minuto

Foi no mesmo minuto que mudou o rumo

Prosa e por um fio de faca ficou.

Noutro minuto ficou com a vida pela

ponta

Que num corte quase o sangue rolou.

Mais um minuto, suplicou o rapaz pra

moça

Pra contar dos seus últimos sonhos.

E por nada não deixou nem olhar lá no

fundo

Do seu coração e nem dos seus olhos.

Mais um minuto mudava a ginetiada no

povo

Foram segundos que tiverem forças de

horas

e na força do braço foi cumprindo o

serviço

firmando bem as suas esporas.

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Mais um minuto o dia saiu, e mate cevado

Veio pela volta mais grande do galpão.

Trazendo juyos na agua e também de

tempo

Com recuerdos dos coração.

Quem sabe em um minuto mude a vida

Na cadência dos ventos e dos tempos.

E num minuto, se enrede num beijo

Como sonho imensos de campo.

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Mudando, sem pedir.

Vai proseando a magricela pelo lado

da porta

A preta vem comentando da sua aula

olhando

Uma e outra, fala que vai outra diz que

é torta.

As coisas que se entende no linguajar

falado.

Eu domador de tempos cuido do

tempo

Com um mate novo, mirando estes

recém-chegados.

De muito pouco nas casas de olhar

limpo,

Vou ouvindo a correria pelo lado da

casa sofrenado

Sem saber pra quem vai ao fiador, se

é o negrito,

Ou se aninha puxando a ponta em

seus cavalos de pau.

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Fico a sorrir de meia boca, com um

sonho ainda infinito

Neste mate cuidando pra que não

fiquem maus.

Meus olhos acenam sem que faça

algum gesto nas mãos

O sol clareia mesmo em dia de céu

escuro com esses,

Que ainda pequenos recorrem por

todo lado do galpão

Sem ligar pra a hora, no tempo ou pra

os meses.

No meu jeito andejo de madrugada e

porfias de lidas

Vou mirando esquecendo, minhas

ausências que nega

Alguma recoluta no fundo do peito

nesta vida...

E pelo meu olhar fica ainda um cantar

e me renega...

As magoas que tive com os das

casas, pelo olhar dos pequenos.

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Que vieram tomando conta deste

galpão de minha alma,

Mudando o ritmo e a nos tornando

viventes mais serenos

Mudando as horas de vida pelos

olhares inertes e calmos.

Conduzindo cada um ou uma das

casas pra todo norte

Parecendo que fazem mangueira e

mudam as tronqueiras.

Por estes pequenos que ainda contam

com os braços fortes

De todos das casas mudando seres

de alma campeira.

Trazendo com clareza coplas de vida

e tempo,

E no meu olhar que fica a rondar

sonhos de lida.

No por entre este mar verde que se

estende em campo

Um seguir de alma, sonhos de alma

inteira nesta vida.

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247

Na flor que esqueceu da cor

Nessa flor que não nasceu

Que também da cor esqueceu

Veio pela mesma mão

Que agora pelo galpão

Cuida que se perdeu...

Nas mesmas que com calos

Sabem de laços e pealos

Foi guardando a flor

Que ainda sem cor

Pra ficar a canta-la...

A flor de alecrim

Pelos mesmo confins

Ainda leva a fragrância

Pra quem tem bens querências

De olhos presos ao fim...

Na flor do pano negro

Traz ainda por raro

Sem cor a mesma flor

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248

Que nas lembranças de fiador

Que ainda me paro...

A mesma flor por tua mão

Ainda nesse galpão

Povoa as horas de mate

Quando os dias vão nos arremates

Por guardar perto do coração...

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Na fresta da parede

Pela fresta, foi entrando sem pedir.

Um raio de sol mais forte riscando o chão

Bem no sinal dos cascos de ontem

Quando viu sorriso e amores pelo galpão.

O ferrolho da porta mais fechada.

Guardando lembranças de um tempo..

Em que pela ramada mateavam as

ressolanas

Cuidando ao longe o verde do campo.

Hoje mateio mirando o mesmo poente

Com coplas veraneias pela mesma

ramada.

As vezes trazendo juyos no mate com

Essas lembranças de lua e estrada.

Na mesma fresta que o raio de sol passa

Sem notar, traz pra perto tudo isso...

E pelo mate com juyos de campo

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Encontro além ressabios, tudo que

preciso.

Talvez numa dessas frestas traga algum

sorriso

Que um dia entreguei, pra algum carinho.

Talvez pelo mesmo raio de sol, consuma.

Todas as ausências que mateiam comigo

sozinho.

Numa réstia de vida, consumindo silêncios

Com a boca cerrada, com os olhos além

da ramada.

Traz pela fresta, uma luz de vida e cor de

sol

Nas distancias abençoadas de lua e

estrada.

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Na lembrança de um sorriso

Na imagem mais serena e pura... pude ver

Nos meus olhos buscando acalantos

Em uma dessas madrugadas pude nota-

los.

Olhos de doce e vivo encanto...

Imagem mais clara, entre as frestas de um

olhar

Que agora aparto mais um canto.

Na lembrança em uma dessas

madrugadas

Assim mais por perto, ficou em min.

Pude notar além daqueles olhos de pealar

Os bens quereres que são meus, assim.

Pude ter ao longe depois gravada na lua

Vindo pras casas, sem querer ter fim.

Solito me pus de alma limpa a lembrar...

Daquele sorriso mais limpo e claro.

Vim ao tranco, cuidando pela lua

Que lindeira, mostrava por raro.

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Senti que meus olhos notaram os teus

Por um minuto, e assim me paro...

Diante a imagem que pude guardar

Por que não consegui esquecer.

Fitei hoje vindo de volta pra casas

Revendo nos meus olhos o entardecer...

Que veio com ares de lembranças

Mais serenas, ainda por pouco entender.

Mas sei que em min, o guardei.

A imagem mais clara e pura.

Agora cuidando além das paredes

Vejo esta lembrança mais rara

Parecendo diante dos meus olhos

Mirando esta imagem mais clara.

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253

Na linhas de um poema

De tanto por quieto escrever...

Anceio a vontade ainda ver

a imagem mais linda

num sorriso de boas vindas.

Esperando pela porta mirando

Quem vem pelo corredor tranqueando

Sabendo que no fundos dos meus olhos

Guardei pelos teus, um sonho.

Apeio e entrego aos ter braços

Segurando pelos meus de firmar laços

Esqueço do tempo e de toda lida

E pelo teu olhar reponto a vida.

Desencilho a zaina pela ramada

Não miro mais, pra o lado estrada.

Por ter pela moldura da janela

Aquela que me deixou partir na cancela.

Solto pra o potreio e vejo bem ali

Quem esperei e agora voltei.

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254

Depois tanto escrever em poemas

Vejo tua imagem, morena.

Me esperando pra mais um mate bueno

Pra costear meus sonhos pequenos

Nos quais guardei pelos teus olhos

Um tanto de todos meus sonhos.

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Na luz

A razão da luz que por si traduz

A preces ao pé da mesma cruz

Traz pra min a mensagem do tempo

Os meus olhos de campo.

Recorto a tarde de mãos postas

E por dentro da alma anteposta

As singelezas abrindo em tanta luz

Oque não se entendem , se traduz.

Na mãos que juntas perto do coração

Transfigurando a alma e a emoção

Com pesares de vida e alma

Pra ficar pelas horas mais calmas

Assim nos diz em saber por o vento

Traz a copla pelo firmamento

E nos sentimentos abrindo em cor

Na prece de um domador

Que enquanto apertas as garras

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256

As mesmas que sustentam a guerra

Firmando a vida na razão e emoção

Pra na luz que vem do coração

Então as tranco das horas seguir

Pelos olhos de agora e ainda vir

Com saberes pelos cantares da alma

Em preces em horas mais calmas.

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257

Na luz, ainda em pelo cedo

Sacou o sombreiro, prendeu pelo cabo

de prata

Se pós de alma em luz vida e tempo.

Entregou –se segurando um corda chata

Antes pra sair, firme pra o campo.

Na boca um gosto de mate, bueno do

cedo.

Nos olhos mirando além do potreiro

Cuidava mais cedo, a aurora e seus

segredos

Rompendo em luz, pelas flores do

campo inteiro.

Na prece singela, quase saindo a campo

largo,

Pediu em silencio pelo de campo e

galpão.

Que consiga cumprir o serviço e o

encargo

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Pelas lidas de corda e potro além das

amplidão.

De mãos pelas rédeas sovada, de pé no

estribo

Reza em silencio, ainda cedo

empeçando o serviço.

Que ainda vem, rompendo com carrega

que consigo

Agarrando o céu com as mãos,

segurando na força do braço.

Pedindo de alma branca, pelos de

campo

E também pelos que andam, sem notar .

Neste prece mais singela de olhos

limpos

Mirando largo, antes de montar.

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Na mentira de um olhar claro

Insone é palavra que guardei

Por quem ainda nem sei.

Trás nesta ilusão que entrego

Picaniando ainda que carrego

Pelo que não saberei.

Prefiro não saber, que sabes

Prefiro não saber, que vezes.

Ainda escrevi pelas linhas do vento

Meus sonhos em sentimentos

Pra teus olhos que dizes...

Lenta é a espera que vejo.

Nos olhos talvez um marejo

Pela ilusão que alma trás

E pelas horas se desfaz

Buscando um desejo...

Agora pelas palavras não te entrego

Não esta contido nem carrego

Males pra te dize ou bem querer.

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Me perco a esquecer do teu ser

Por não ver, oque renego.

Saberia que olhos claros

Não vejo nem mais por raros.

Deixo aos corredores

Levarem nos teus fiadores

Pra teus sonhos esbaro.

Quem sabe, um dia entenda

E pelos meus olhos compreenda

Vendo que a vida é mais que palavras

Mais que noites ternas e raras

Pra entregar ilusões e teia de renda.

A minha poesia já foi sua...

Todos os dias cantaram a lua

Pra vir morar nos teus olhos

Pra ser perder na ilusão do sonhos

E sentir na alma a pua.

Distancias nuas agora pelos teus olhos

Guarda sem que veja os sonhos

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Sem que pensa ou pra si guarde

Talvez neste sonido que arde

Que pra teus olhos molhos...

Vou dizendo que o verso

Que antes era onde confesso

O teu carinho que não tive

O teu sonho que não vive

E agora de min, se esqueço.

Olhos claros não mais

Por teus olhos vertem cristais

E agora distancias

Que pitam solidões e ausências

Sentindo os gostos dos sais.

Guarde que não entreguei

E pensa que não sonhei

Pra agora ao longe seguir

E pelo teu sorriso mentir...

Minha alma não guardei;

No coração de outro povoado

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Guarda do outro lado

Nada... não sentiu por nada

Não teve sonhos nas ramadas

Nem alma pra meus sonhos enlurado.

Que pela cruz da esquina guarda

Ainda pouco de nada, de estrada

Pra teus agora andar no balcão

De a mentir pra outros do coração

Por teus olhos claros não sentir, nada.

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Nas flores do alecrim

Refletia as cores nos meus olhos...

Via pelas flores de um alecrim

Que ficou por esse confim

Moldado a espera e sonho...

Não sei dizer que tanto guardei

Se mostrou nos meus olhos além...

Na prece singela... que ainda não vêm

E na estrada oque tanto busquei...

Nas esperas que cadenciadas

Sacrificando minha alma

Que ainda pelos teus olhos espalma

Nas minhas imagens guardadas.

Rebrota a copla que não te entreguei

Rebrota por lutar a te encontrar...

Talvez nessa hora não saiba que falar

Pra quem ainda tanto esperei...

Poesia incompleta a minha agora...

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264

No meu sonho que bem guardado

Vem me mostrando pra outro lado

Quando te ver nessa hora...

Poesia que vem das esperas

Procurando na luz que se abre

E pela minha vida escancare

Meu sonho que não virou tapera.

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Nas madressilvas

Pela madressilvas lembrei de teu jeito

Mais puro que minha calada

Buscava mirando além da ramada

Uma lembrança de outro tempo ...

A cambona fazia o costado chiando

Alguma magoa que não cantei

E pela flores, dos teus olhos lembrei

Quando vi em luz pelas flores ...

Saudades como ponteçuelas se abriram

Repontando outros dos meus recuerdos

Pra depois ficarem pelas pontas dos

dedos

A entregar segredos de toda alma...

Hoje aperto cuias as espera... com flores

Iguais a tuas pelo pano do jaleco velho...

Hoje ainda espero no pouco que tenho

Mesmo não tendo mas teu olhar...

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Hoje pelas madressilvas, percebi

Que são do iguais ao teus olhos

Já ficando agora em meus sonhos

Que se perdem quando não floresce

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negação

Nego... em pensamento e pelo coração

Não... transpareço essa emoção

Procurei e não encontrei nada

Além de coplas e beiras de estradas.

Não... terá mais meus poemas em flor

Nego... agora todos eles na cor

Que a eles dei repintando seu sorriso

Lembrando de ti, do teu riso.

Nego... tudo que pode sentir assim...

Não... transparecerei com um fim.

Partiu como quis buscando além mar

Por min ficar a rabiscar...

Não... entregarei mais nada por nada.

Nego... a razão dessa copla, agora calada.

Não sei que por pressa ou possa

Em min mais sentir, por assim se remoça.

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268

No desamor

Quem sabe no remansos dos seus olhos

Ainda encontre meus sonhos

Que ficaram nos meus caminhos

Se perdendo por seguir sozinho...

Quem sabe teus olhos traga o poema

Ainda que saiba pouco de ti morena

Levando a doce mirada dos teus olhos

Quando os meus se param no teus...

Quem sabe um dia pela volta do corredor

Traga as luas que vem de fiador

Para mora no teu sorriso claro

Pra um gosto do beijo mais puro...

Um dia minhas judiadas de rédeas

Segurem as suas nas minhas estradas

Que do teu lado andarei buscando

Teu sorriso na janela emoldurado...

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269

Enquanto não se sabe que ainda te

espero...

Cuidando as estrelas boieiras por outro ...

Sorriso... de outra vez que veja de novo

Teu jeito em meio ao povo...

Quem sabe morena... não te traga nos

sonhos

Mais sim bem perto dos meus olhos

Procurando somente a luz do brilho deles

Quando eles ficarem no teus olhares...

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270

No poema

Veio daqueles olhos inertes...

Veio de um sonho que verte...

Guardou como um pouco de tudo

Sabendo da copla que escuto.

Talvez no vento que levanta

Algo que por sem saber encanta

Dá razão pra o olhar sentido

O do sonho que antes pedido...

Renasceu nos caminhos incertos

Trazendo na sua luz por certo

O poema que não encontrei

Mas sim dos sentidos soltei...

Lembrei dos de campos que no rodeio

Veio de tiro nas dobras dos meus areio

Sem saber que pela luz incontida

Trouxe um pouco de alma extraída.

Trazendo ao sumo dos olhos

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Um segredos dos meus sonhos

Que pelos recuerdos de alma

Vem por si, guarda e espalma.

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noitezita

Noite mais negra dos meus acalantos

Sovo na alma e na vida potros.

Ensinando a serventia dos bastos

Pra fazer cavalo pra outros.

Dou sentido às coplas de minha alma

Com sonhos que vão pra perto dos astros.

Largo num tranco sereno e firme

Por estes caminhos solito.

Na lembrança mais buena de teu sorriso

Limpo, puro e bonito.

E revejo sem ter nenhum marejo

Junto às estrelas do infinito.

Sustento o tranco firmando a boca

Pelo arroxo deste bocal apertado.

Sob os bastos mais um potro

Que apreende rumos do povoado

Sem que saiba das coisas que carrego

Solito no coração enfadado.

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As vezes nesta volta pelo mundo

Em noite mais solitas.

Sofreno por algum bolicho

E miro além da porta estrelas infinitas

Que nunca acho seu fim e nem o inicio

Pela boca da madrugada ínfima.

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Num gole de mate

Veio pela boca da sanga

Sombreando as pitangas

Um doce gosto de um beijo

Pelo taquapy sem marejos

Que foi guardado nos olhos

Emprestando a um sonho.

Aguada mais pura e clara

Molhando na seiva rara

De um mate de erva buena

Pelo gosto que serena

Num sabor de campo

Moldado de outros tempos.

Agua se mistura a erva verde

E afugenta tudo que arde

Enfumaçando as vezes a vista

Na imagem mais bonita

Que veio de olhos fechados

Ao server de boca cerrada.

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Agua pura que me dá de beber

E também me faz tanto ver

As vezes ate esquecer por nada

Das saudades que pela ramada

Foi ficando mais claras sorvendo

Mais um mate, aquentando.

O peito e mais um pouco de tudo

Mostra pelo gosto a um vira mundo

Sabendo onde mora as coplas por reponte

Com os olhos posto no horizonte

Sabendo que na aguada da sanga

Guardei o gosto de um beijo de pitanga.

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Num mate de palavras dispersas

Mil palavras surgem no remanso das

aguas

Que o mate vai lavando nos silêncios

Quem sabe seja o fim ou um inicio?

Me entregando nesta horas de tréguas...

As palavras vem sem que as forme

Mostrando outros tempos de alma

E fico com querências nesta hora calma

Deixando elas que se consome...

Um depois do outro solito...

O galpão vai dizendo pelas fresta

Do tempo que num raio de luz na testa

De um douradilha se ia no infinito

Depois dos olhos que as almas

Ainda guardam por dentro...

hoje não se sabe onde anda ao certo

a buscar a palavra que se espalma...

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mil que se multiplica em outra tantas

parece que trás o tempo que se perdeu

e num mate ainda se esqueceu

pra quem ainda nos ventos escuta.

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Num poema de uma saudade

Amei sem pedir nada, por bem querer...

Deixei nas luzes apertadas dos olhos

Buscando os teu, a me ver...

Moldei casco e deixei o rastro

Como um missal de sentimentos

Quando pelo caminho firmei os bastos...

Ia sempre ao tranco lindeiro com a alma

por diante

Levando a querência , a vida os sonhos

Pra num olhar ficar na cancela, por

reponte...

Volto ao passado sem querer ou perceber

Que almas ficam velhas e mais inertes

A relembrar de olhos fechados a te ver...

Não sei, lembrança por pena ou

clarevidencia

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Mas diante dos olhos... fitei a fita que

ficou

Presa as minhas mãos, a mês agora de

ausências...

Não sei... ou saiba que pelo caminho

agora...

Vou levando nas cruzes, firmando a seiva

Da vida com cismas clareando auroras...

Volta aos meus olhos transloucados...

Emoldurados... aos meus ressabios

Pra bordona que ainda me faz costado...

Então se perdeu... na volta que vida deu...

Guardei a fita que um dia fugida do teu

cabelo

Ficou nas minhas, mãos quando o ceu...

Vinha morar no teu sorriso clara de lua

Por morena... agora em poesia, canto...

Que trago de olhos fechados a imagem

tua..

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Num poema qualquer

Trago esse poemas pelas flores que

mentem

As fragrâncias que ainda sinto pelos ares...

Cuido das esperas entre mates, tragos

largos e flores

E nos meus olhos vejo as cores que ainda

tem...

Largo dos poemas que trouxe dobrados

Pelos bolsos de um pilcha já gasta da vida.

Os poemas sinceros aprendizes em contra

partida

De sonhos gastos, ainda por min

enluarados.

Trago um pouco de cada flor, em cada

cor...

Que meus olhos ainda veem sem pensar

No hoje não vejo mais a cores a encantar

Pelo teu sorriso que me trazia o calor.

Então quise-rá ser a poesia pelas flores...

Trazendo o lume que me falta aos olhos

Trazendo a vida por alguns sonhos

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Que ainda por as flores vejo em cores...

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O brilho

Brilhou pelo canto do galpão

Um pirilampo da noite.

Trazia o brilho das lua

Com ares e brisas no horizonte.

Brilhou os olhos da menina

Pela escuridão da madrugada

Entregando uma luz clara

No rachinho beira estrada.

O brilho opaco da folha

Que deixou no fio afiado

Quem antes era vida

E hoje ficou couro esticado.

O brilho grande da lua

Na bruma da noite grande.

Com estrelas viageiras

A guiar rumos por reponte.

O brilho que vinha dos olhos

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Pela cores quentes da alma

Pra bebe carinhos na fonte

Pura da vida por calma.

As vezes o brilho muda o destino

Trás começo e fim...

É no brilho dos olhos que a alma

Habita tantos confins.

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Outros poemas

Os meus olhos de perguntar do tempo

Se o tempo é senhor dos anos...

Quem sabe de que guardamos

Aos meus olhos de ver além dos campos...

Sigo a compor os dias pelas palavras

Nas lavras que os sentimentos

Vão se dissipando ao sabor vento

Por vezes puras e ainda claras...

O tempo sabe mais que se ensina...

Sabe dos tempos das vidas...

E dos tempos certos da lidas

Quando se firma sob as crinas...

Hoje sigo no rastro deixando o meu

Sem pisar no antigo indo no novo

Quem sabe meu poema no povo

Saiba mais de que eu?

Então esse mesmo tempo...

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O tempo que não para

E pelas horas as vezes escancara

Os versos que ficou ao campo....

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Outros sonhos de vida e sorte

Tento grosso que ficou pra o bocal

Tento fino que ficou trança

Na corda chata da testeira do animal

pra algum tento forte pra o laço.

Hoje separados um do outro

Vivem pelos cantos dos galpões...

Um vivo pela boca dos potros

Outros nos rios de estrelas do mansos.

Guardando o mesmo jeito

Que antes foram unidos

E separados pelas mãos de respeito

De quem lida com corda...

Antes couro vivo, depois estaqueio.

Pra separar cada parte do melhor...

Nem o tentinho podre se escapa

Pra ser prendedor do fiel do domador

Uns viraram trança parelha...

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Outros tentos pras puas...

Alguns por forte puxam da boca

Enquanto outros tens raios de luas.

Pra ser sempre sustento de vida

Pra depois renascer na morte...

E viver a buscar nas lembranças

Outros sonhos de vida e sorte.

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Paginas ... Linhas... Palavras ...

Entre paginas, linhas, palavras

Sigo deixando meu rastro

Como esporas que lavra

O chão onde ande ...

As palavras vem presa

Aos tentos que aperto...

A linhas como fios de arame

Cortando o campo aberto.

Deixando nas paginas

A vida que segue ao seu tempo

Nesse fragmento de poema

Deixando ao lombo do vento.

Quantas foram as linhas?

Quantas serão em palavras?

Quantas paginas limpas?

Que poesia vem e me esbarra.

Me oferece alento... calor...

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Luz... sabor, lembranças

Que as linhas traz com amor

Na memoria de andanças.

A alma segue entre paginas,

Milhes e milhes de palavras

Que sempre se multiplicam

Pelos de lua e estrada.

Todo dia... Todo segundo

A poesia sussurra pelo ouvido.

Deixando a luz que empresta

Aos meus sonhos perdidos.

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Palavras incertas

Nunca fui paria nem joguete na mão de

ninguém.

Vivi pelo fundões de campo recorrendo a

lida.

Semblante judiado escarrado do meu pai

Na minha fronte um sorriso largo de vida.

Apeei nas estradas e chorei, com sonhos.

Carcomidos pelo destino que quase levou.

Fiz cavalos, mas nunca perdi o tino da

vida,

Que o tempo em min enfrenou.

Masquei o pó das estradas sozinho

Comendo capão dos outros.

Senti a mesma dor no corpo todo

Que uma primeira sova de potro.

Um dia achei que não passava quando

Senti a vida por um fio de faca.

Pela mão de um calaveira malino

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Secando-me a saliva da boca.

Taurei a minha sorte que ja foi gaviona

Sofrenando distâncias de campo.

Sonhando com um bem mais querer

Pra sofrenar meu tempo.

Vivi sem marca, sem sinal, sem rancho

Com ameaças em tudo que tinha...

Não quero sofrer mais pelo coração

Já tirei essa ervas daninhas.

Sequei sonhos pelo sol mais quente

Por não ser paria nem jogue dos outros.

Dou jeito quando preciso, mudo ou

arrumo

O cruzo solito pelos astros

Como uma estrela cadente indo no rumo

Mais certo, que meu coração governa

Dando sentindo a alma, a vida, aos sonhos

E também aos rumos das pernas.

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Partes de um saudade

I

Te amarei mesmo que não saiba

Que não ouça e que não veja...

Te amarei mesmo que o tempo

Nunca mais te traga ou te reveja...

Te amarei sem pensar porque ainda

Mesmo longe ainda gosto...

Te amarei mesmo que seja longe

Sentindo o sal que rola no rosto.

Te amarei sem pedir que traga

Nada em troca nem que pense...

Te amarei mesmo que não saiba

Mais que existo nesses fundos...

Te amarei mesmo que me custe

A vida lutando contra tudo...

Te amarei mesmo que custe

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Alma pelos meus medos...

II

Quem sabe um dia pela volta

Que o mundo dá... te veja linda....

Com tua imagem santa e viva

Ao longe na polvadeira escondida...

A min me parece que os dias vagam

A cada minuto como se fossem horas...

Me entrego aos vícios por não querer

Ver mais sorrisos nas auroras...

Vago os dias sonhando com qualquer

Um que teve e nas minha prece

Que as vezes depois de tantas noites

Que peço que te traga de volta, se

adormece...

Não sei mais por que ando virando

As madrugadas por saudades que ainda

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Trazem ou pouco de alento pra quem

Volta sonhando com teu sorriso de boas

vindas...

Mesmo assim... sou um estranho...

E as vezes encontro nas flores

A mentira do teu cheiro do teu gosto

E muito pouco das tuas cores...

Escuto e não ouço... vejo e não guardo,

Bebo mas não sinto o gosto do gosto

Amargo dessa saudade que me ronda

Nessas noites que são sempre agostos...

III

Levanto os olhos pra tentar enxergar

Um pouco além do teto que agora gira

Parecendo me encantar... não culpo por

nada

Me culpo por escrever e agora vira....

Vira minha alma do avesso

Parecendo que meu corpo meus cavalos

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Não sabem dos rumos que levam

Pra voltar antes dos galos

Ainda procurando o mesmo olhar

O mesmo sorriso, o mesmo tempo...

Que agora o tempo se molda por si

Pelas esperas nesses fundos de campo...

Então volto procurando oque não tenho...

Revejo a janela fechada sem ninguém na

moldura

A minha agora fica a procurar a cuidar as

estradas

Por agora ela ter ficado escura...

IV

Sei que teu sorriso, teu carinho, teu gosto

Hoje pertence ao tempo que nem perto

passa

Deixando minha a contar por quantas

noites

De esperas estrelas que se atravessa

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Riscando o céu deixando um brilho

Que ainda vejo de olhos fechados

Buscando os teus no breu dos meus

sonhos

Que ainda a poucos eram enluarados.

Hoje... ontem... os dias que vão vir...

Não trazem além de saudades

Que por elas me deixam as esperas

Que insolentes, embriagadas, insones...

Ainda dentro do meu coração

Tenta usar todas palavras que tiver

Ou existir pra tentar reescrever

Oque não deveria nunca escrever...

V

Parece que a cada dia não te vejo mais...

O sal dos olhos já secaram ...

Por não mais ter eles nas sangas dos meus

Olhos que agora deixaram...

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Não irei encontrar... não irei encontrar

Entre botejas que pintam meu lábios

Com um gosto adocicado disfarçado

Do teu gosto, nos meus sonhos...

Parece por culpa dos meus erros

Que assumo a toda manha que a luz

Traz a dor pra meus olhos que ainda

Por pena me conduz...

Ainda sinto a lagrima salgada

Ainda sinto o tempo por partir

Procurando a luz que me cega

Agora de mãos posta a pedir...

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Pela imagem parada no tempo

Uma espora silenciada pelo canto

Fica na parede parada no tempo

Como se contasse ao mesmo campo

De outros outra luas por manto.

O mate pela tarde chuvosa

Vai me dizendo pra depois

Guitarreando com sais

Pelos olhos de alma sestrosa.

Vem pra meus achegos uma saudade

Que por ela me abre em luz

A quem já andou pelas cruz

E pelas cordas se traz em verdade.

A esporas parada no tempo... perdidas

Lembrando por si quando cantavam

Por outros garrões e sustentavam

A alma pelo tentos firmes a vida.

Imagens que vem da lembrança

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De um outro tempo que a guitarra

Tinha parceira pra tocar como cigarra

Sem amarras por o tempo de criança

As mesmas esporas e a mesmas guitarra

Que agora por minha alma vem trazendo

A lembrança mais pura dizendo

Da saudade de um avó de alma de cigarra.

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Pela luz de teu olhar Quando pela mirada vi seu olhos de campo Cuidei o tempo, pra te guarda pelo olhar limpo. Deixei a alma divisar e por um segundo sonhar Talvez em outro quatro lhe abraçar. Guardei, recoluto sob as cruzes se firmando Com as mãos nas rédeas, com sonho ponteando. Teu sorriso de lua grande, me trouxe pra dentro Matizes de outros dias, mudando que tenho... Deixei o teus olhos de prenda numa mirada clara Estampando um sorriso na cena mais rara... Suplantando além de min, meus segredos

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Que transponho guitarreando na ponta dos dedos. Guardei lembranças além do meu caminhar Por bem querer, assim pela hora a te lembrar... Deixando, meu coração em luz de alma Por tempos dos teus olhos relembrar em calma. E pra min mostrar, pela luz de teu olhar... Num bem querer, assim por nada, sonhar. Mudar o destino, por culpa de um olhar de vida Recordando de ti, em meio a lida.

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Pela parede, ficou.

Ficou minha gurupa presa a parede

Lembrando de tantas verdades que teve.

Agora por ali revive e nos meus olhos vê

Com gosto de mate em saudade.

Busco a volta do tempo saludando

Esse recuerdos de corda e potros.

Lembranças de quando em vez de outros

Tempos quando vinha segurando.

Depois ia tranqueando, dando sentido

A quem corcovea sustentando quem

monta

E por si já perdeu na memoria a conta

De quantos encilhou, nos caminhos

vividos.

gurupa que agora sentada longe do

bastos

Ficou marcas de botas e puas.

Na parede parece duas luas

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Que iluminam tantos passos e meus

rastros.

Agora vendo meus arreios gastos de

potros

Empurrando ainda tropilha pra o bocal

Sabendo que tu se curtiu pelo sal

Do suor de tantos outros.

Vou firmando o corpo, lembrando do

tempo

Que era força junto as minhas pernas

Pra quem ainda se governa

Domando pelos cantos de campos.

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Pela pele...

Arrincono minha alma dentro desde corpo

Escondido dentro desde jaleco florido.

Assim pelas flores bordadas com o

coração

Resguardando sonhos escondidos.

Guardei minha alma dentro deste pano de

carne

Como um cerno, que zimbra mas não

racha...

Que o corpo e as veze nem a sombra me

acompanha

Quando salto no lombo de um parelheiro.

Assim pela alma escrevente, da vida e da

lida .

Guarda sonhos repletos dentro da alma.

Querendo ter por perto que se gosta

Pra um mate pela ramada em calma.

E assim na pele que envolve o corpo...

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Guarda tudo que assim sinto solito

E pelos poemas solta em luz da alma

De alguma coisa do peito ou de um tempo

bonito.

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Pela porta

Pela porta do galpão mateia uma ausência

Que assim cismada me olha, mas se

esconde.

Veio pelo corredor pela volta do final da

tarde

Sem saber de quem ou de onde...

Virou minha alma pela hora santa de um

mate

Com juyos na água e com coplas de outros

sonhos.

Assim foi chegando lembrando-se, de

tudo

Que um dia ficou guardando pelos olhos.

Mostrei pra o tempo, de olhos claros por

reponte.

Querendo bem mais que um sonhar.

Deixando resto de bailes e sonhos mal

dormidos

Pelo esplendor do teu olhar.

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Fitei esta mesma ausência em outro

tempo

Que sentou pra um mate ao meu lado.

Ficou por dias talvez uns anos morando

dentro

Do meu peito me fazendo sempre

costado.

E hoje fica pela porta parecendo que quer

entrar

Tomar mais um mate, mas não tem mais

espaço.

Nem costeio que me lembro dos teus

olhos e meus

Sonhos não ficam, alo leu sem teu abraço.

Se esta ausência um dia morou dentro de

min

E também galopeou junto pingos de lida.

Fazendo-me costado campo a fora, hoje

Meus olhos sonhadores cuidam da vida.

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Pelo ar

Se abre como se ganhasse assas

Buscando com alma na ponta dos dedos

Rabisca além da calma algum medo

Por conta do tempo escasso

Espalma nas mãos as alma que sabem

Dos caminhos inteiros desse campos.

O mesmo ar que respira limpo

Buscando mais além de si .

Abre ao comprimento do braço

cisma com saber do que passa

Como se tivesse na mãos assas

Pelo mesmo ar que traz em luz.

Deixa o canto mais puro pras mãos

Forem falando do tudo

Ou aquilo que guarda mudo

De olhos fechados no mesmo ar

Que pelo peito solta um pouco

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Parecendo que nas mãos

Vem do tempo e do coração

Ao sabor do mesmo vento

Vai vivendo, sentindo por si

Quando sabe aos olhos da alma

Pra quem respira e espalma

O mesmo que ar que de ti, se solta.

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Pelo bolicho

Nalguma pulpeira beirando a linha

Vai o tempo tranqueando de fato

E assim pra quem segue a trilha

Buscando além das bocas de matos

Em cisma povoeiras de sonhos de alma

Que lindeira vai mostrando o rumo

Pra um que vai em pelo corredor em

calma

Firme sob os mesmo aprumos

Bebe goles pelas tardes claras depois dos

mates

Moldando e sustentando alguma pena

Pra deixar num daqueles tantos

chamamés

Que fez pra um sonho agora de alma

morena

Vai o passo e por diante dos olhos

O tanto e o nada ponteando nas estradas

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Alguns de todos os seus sonhos

Que ainda pouco ficaram pela ramada

Pra depois num trago bueno de vinho

Busque achego pela notas da bordona

Milongueando mirando os caminhos

Que levou a alguma queromana,

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pelo caminho... mirei

Fiquei a chimarrear pelo portal

Ver o tamanho da distância pela frente

Talvez o vento traga algo sente

Pela caminho além daqui...

Fiquei a mira além... do corredor

A imaginar tanto e tão pouco tempo

Que guardei pela imagem do campo

Um flor pela gola do pala...

Por ela mirando e talvez tendo perto ...

De min bem em cima do coração

A saludar um outra emoção

Por minha tantas saudades....

Ficou na imagem parada do corredor

Algum sonho que não pude mais ter...

Quando deu rédea em rumo qualquer

Me deixando agora a tomar mais um

mate

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O campo vai adormecendo com as

estrelas

Que vem pela quichá do horizonte

Tranqueando sonhos pelos meus

repontes

E repinta as imagens além do portal.

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314

Poema

A poesia bem mais que guitarras

E bem mais que goela e garganta

Talvez seja a luz que canta

Que poucos ouvem nas horas.

Vem muito além das puas

Das almas que dizem sem querer...

Pelos ventos por saber

Ouvir as vozes das luas ...

Quem sabe de poesia?

Se a poesia anda alheia.

Tem sua teia, e as vezes ameia

Um botella nas noites em porfia.

Tu sabes dela? Não!

Tu saberá dela pela janelas

Povoando luzeiros além das cancelas

Ou nos riscos de puas não ramadão.

Ela vem noite adentro...

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Sem que diga ou bata nas portas...

Traz pelas flores e pelas rimas tortas

Que sabem por dentro.

É isso bem mais que escrever

Bem mais que ouvir...

Bem mais sentir...

É por ela assim ver.

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inexata

Quem sabe um dia volte

E me perguntar por que derramei...

Deixei pelos olhos cristais

Senti na boca os gostos

Rolarem livres pelos rosto

Dos meus sais...

Quem sabe um dia volte

E pelos cantos entenda...

E minha alma se compreenda

Por meu poema ainda, aprendiz.

Que ainda por ai e por si, diz:

Com queira ou não entenda...

Saberia que abro meus olhos

É que vejo e que não vê...

Escuto que ainda, e não ouve...

Mesmo com a irresponsabilidade

Que tem essa imaturidade

Ainda a pouco, se esquece...

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Quem sabe as palavras

Que o tempo a min: diga...

E não de ti mendiga...

Nem tão pouco, ouve...

Entenda e não entenda ou não vê...

Por ainda solito se perca...

Não... sei.. não vi.. e não quero mais

ouvir...

Perdi... esqueci... não falei.. neguei..

Não era assim que ensinei...

Meus sais não valem de nada

Nem versos nas ramadas...

Bem... não é como falei...

Para que é errado... inexato..

Ou é exato, pra mais um fato

Que o tempo ainda me diz.

Fala por si... e em si desdiz

Pelas mesmas bocas vazias.

Sem dizer. Sem ouvir... falaria...

Agora me pergunto... não devo

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Agora assim quieto escrevo...

E vou embora sem mostra os olhos

E os meus sonhos... não olhes...

Não chores... não fales..

Jamais pense... agora observo...

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Poema nº2

Perdi pelo veu claro da minhas retinas

As imagens que ainda tento guardar...

Perdi pelas horas entre potros e bastos

Os meus caminhos de rondar...

Em baixo desse sombreiro ladeado

Levo a mirada além do horizonte

Que ainda no pouco que ficou

Traz uma estrela por reponte

Deixo nas voltas que se mesclam aos

Meus mates miradores já com poucas

Esperas que vãos aos poucos ficando

Se estirando como loncas...

Parece que os olhos já cansados ...

Ficaram com misérias que alma

Ainda carrega por ainda não se

Esquecer por um poema...

Talvez um dia pelas cismas de fogo

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Entre mates e sussurros no vento

Largue meus cavalos pra campo

E fique a apreender a escrever pro

sentimento...

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Poema Nº3

Quem sabe meu poema

Que ainda por pouco fora seu

Minha alma por louco

Talvez dos sonhos desaprendeu.

Deixou um pouco do pouco

Que trouxe as horas...

Fez alma sentir os espinhos

Das mesmas esporas.

Que agora cismam em cantar

Coplas de outros tempos

Sabendo dos segredos

Que trago aos olhos do campo.

Quem sabe meu poema

Ainda volte por tua aura

E diga pra o tempo

Mostrando a min a alvura

A minha translucida

Aprendiz ressurja por um canto

Pra dizer que isso é vida.

Quem sabe meu poema

Poema de um pouco.

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Ainda deixar nas linha

Do vento, escritos, por louco.

Quem sabe meu poema

Ainda traga oque procuro.

E veja diante aos olhos

Mesmo vendo no escuro.

Quem sabe meu poema

Me entregue a vida.

Me entregue o caminho

Dizendo que em partida

O mesmo poema abra a luz

Que ainda busco sem querer

Ainda ver e por si traduz

Oque me ponho a escrever.

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Por um banco

O pelego mal recortado ficou sentando

num banco

A esperas silenciosas trazem aos olhos o

tempo

Que vem em seu véu, diante da gente

sem tocar...

A mostrar as imagens que vem no verde

do campo.

Deixando cismas de teatino, de andejo da

vidas

Em que alma andava liberta nas cruzes do

potros...

Erguendo fundos de campo pelo

chamados do aboios

Agora vendo com esse mate nos olhos do

astros.

Revejo, e sinto na alma a coplas que pelo

vento deixei

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Tantos caminhos repisei e agora num

banco, espero...

O pelego branco dos bastos marcados do

tempo

Nesta alma ainda por ser mais um

campeiro

Os dias vão passando entre mates e

fogões

As almas que ainda habitam meu galpão

Encilham pelas noites mais sinceras as

almas...

Que vivem libertas neste rincão.

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Por um canto de um olhar

Um dia desse Don Inácio se parou num

olhar

Mais claro e sereno que fez o tempo

tranquear

Moldando caminhos de outros dias

Formando agora coplas depois da porfias.

Pelo segundos a cuidar do tempo pelo

olhar parar

Talvez num canto de teatino solte dos

olhos

Um pouco de tanto num recuerdo de um

sonho

Sabendo que o domador ficou a cuidar

Mirando os poentes com rumos pelo

olhar

Sabendo que além dos mates o tempo

desce o ferrolho

Um canto claro por copla na imagem

mais calma

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326

Trazendo um pouco da vida e toda sua

alma

Empurrando um sentir mais manheiro

Livre das costas dos matos, e dos sonhos

viajeiros

Pelas horas de mate que vem e espalma

Sabendo pelo olhar mais sereno e puro

Talvez sofrenando por culpa dele, e raro

Guarde um pouco de tudo ou pouco de

nada

Ponteando sonhos e cismas de lua e

estrada

Num mate pela boca da noite, num

recuerdo mais claro.

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Por você. Em você. De você...

Gosto de você sem ter como explicar

como.

Gosto de você por querer todo dia.

Gosto de você como espera nos fins de

tarde.

Gosto de você com toda minha alegria.

Sinto lá no fundo do peito o revés me

fazendo bem

Sinto lá no fundo do peito a força deste

sentir.

Sinto lá no fundo do peito versos de

minha alma.

Sinto lá no fundo do peito me fazendo

sorrir.

Gosto de você mesmo quando estou

longe.

Gosto de você com todo amor que possa

sentir.

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328

Gosto de você de todo jeito que for em

alma e luz.

Gosto de você me fazendo as feições,

colorir.

Sinto lá no fundo do peito me fazendo ter

sonhos.

Sinto lá no fundo do peito sorriso que

vem da tua alma.

Sinto lá no fundo do peito a magia do seu

carinho.

Sinto lá no fundo do peito que sem você

perco a calma.

Gosto de você do teu jeito assim de flor

vermelha.

Gosto de você como é deste jeito, bem

assim.

Sinto lá no fundo do peito meu sonho em

realidade.

Sinto lá no fundo do peito por gostar de ti,

sem ter um fim.

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Porque... ainda te escrevo?

Se um dia me perdi pelos teus encantos

Ainda na minha alma vou reponte

Buscando além desses horizontes

Os motivos porque lhe canto?

Que pelas rondas a campo vasto

Vou mirando além dos tempos

Buscando além dos teus olhos limpos

Algum caminho que me indaga, no rastro.

Deixei uma copla guardada pra ti...

E segui... buscando além do nada

O mesmo caminho pra diante da ramada

Buscando na estrela que pelos teus olhos

vi.

Agora busco depois dos mates, dos cantos

Depois das horas serena e mais claras

Algum resto de um imagem já rara

Quando meu poema te fez manto.

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Não sei, mas pelo tempo sigo a cuidar

Além do poente, um tanto de tudo

Deque pelo meu mate sabe e fica mudo

E pelos meus olhos ainda solito a buscar

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Pousada

Quando a alma pede pousada

Nesses caminhos que a vida no leva

É sonho e tempo que nos eleva

A sombra de alguma ramada ...

Nessa horas que alma pede pousada

Levando de tiro que sente

Deixa ao vento, que traz assim derepente

Num segundo de boca cerrada.

É quando a alma pede pousada

Deixando na luz incontida na vida

Que moldada caminhos de outras partidas

Remontando a alma cismada...

A alma por si pede pousada

Na copla que sai pelas manhas

Levantando alguma manha

Que nos traz por calma e estrada...

A alma só pede pousada...

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Quando a estrada de esvazia

Mirando a alma antes dos dias

Nas horas que o tempo, pede morada

A alma só pede pousada...

Buscando a pousada que já tem

Cuidando o rumo que por si, vem

Ponteando coplas de luas estradas.

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Pra algum poema

Entrego meu poema... Sincero... claro...

Pra depois dos meus mates verei

As cismas fogoneadas que guardei

Pra meus poentes em sorrisos raros...

Entrego minha alma... num canto...

Pra depois dos dias que tive e vejo

De olhos fechados sem marejos

O doce dos meus doces encantos...

Um certo dia a poesia trouxe teu sorriso

Que sabe minha poesia fogoneada

Que andou por tantas estradas

Descubra os motivos por ser preciso...

Minha alma se entrega pelas horas

Em que vejo de olhos fechados

Fatigados os teus enluarados

A brilhar como ponteçuelas nas auroras...

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Minha poesia não pede mais... por

distante...

Distinta e as vezes mais inertes

Sabendo que da mesma vertente

Traz pelas linhas um momento no

horizonte

No perfil pelas horas em que meu poema

Traz a luz... que ilumina o tudo...

E noutro segundo escuto, e fico mudo

A lembrar do teu sorriso de flor morena.

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335

Pra algum poesia

As vezes deixo nalgum poema mais

sincero

Pra talvez tentar saber o rumo certo

Pra aquilo que vem me segurando a

palavra

E já povoaram poemas pelo campo aberto

Nostalgias de outras êpocas que vem

Pelos olhos que cuidam alem do poente

Talvez algum resto de imagens pelos

olhos

Buscando olhos puro alem do horizonte.

Por um silvido as vezes um pito depois

De um mate bueno pelo cantos

Vai cuidando pelas frestas do tempo

Coplas que já fizeram aos olhos um manto

Resquisicios de outro tempo pela trama

Do pala que ficou com o cheiro dos

motivos

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Dos poema mais sinceros da alma

Ver ainda por teus olhos um sonho altivo.

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Pra alma de um ginete

Minha alma hoje por dentro dessa capa

Quieta e pensativa pelos de porfia...

Um dia liberta pelas estradas reais

Levando por diante tropas que alma

recria...

Minhas esporas quietas dependuradas

Guardam ainda sinas das botas de potro

E dos tempos que cantavam pelos

caminhos

Me firmando sob as cruzes indo perto dos

astros...

Espora atada hoje bem pouco levo no

meus olhos

Ainda cisma de montar pra vencer a vida

Seguindo na cadencia que fazem os pulos

Quando sentia a vida ser mais simples que

a lida...

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Guardo na alma impresso no couro o

caminho

Quando pelo palanques andei firmando

O meu corpo e alma no mesmo tento que

hoje

Governa pelas minhas mãos apertados...

Hoje pelas horas não sou mais o mesmo...

Que ontem encarou tantos abaixo de

golpes.

Hoje minha alma quieta e pensativa leva

As cruzes do zaino que encilho com ares

de redomões.

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Pra lua da janela

Repintou aos meus olhos na face da lua

Uma imagem mais xirua e por sua,

Trazendo as poesias que a alma empresta

Um raio de luz que passava pela fresta

Deixando um risco claro pra quem cuidava

Das noites na ronda insone e cevava

Um outro mate revendo as imagens

Pela claridade do fogo em miragens...

Nessa ronda que sigo sem ser preciso

Trago aos meus achegos o teu sorriso

Que a lua empresta o brilho prateado

Revivendo sonhos no teu costado.

Uma poesia se salta pela caneta

E no papel a tinta se empresta

Por saber deque alma ainda guarda

Revendo a alvura da lua emoldurada

Deixando nessa ronda de alpargatas

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Sem ter puas presas pela noite alta

Revendo nas imagens serena

Alguma poesia que fiz, por pequena.

Quem sabe a lua traga de arrasto

E deixe além dos meus rastros

A traduzir a coplinha assoviada

Pelo teu sorriso na alma emoldurada

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Pra moça do balcão

Quem sabe morena outro dia

Pelo povoado veja teu sorriso

Enluarado num sonho por preciso

Traga meus versos nos mates de porfia...

Trabalho de peão por dia

La pra banda do bom jesus

Ando lidando sempre sob a cruz

Desse potros tirando rebeldia...

Quando vejo tua imagem

Meu sorriso brota na estampa

E minha alma se encampa

Nas tuas feições também

Quando entro te vejo balcão

Meu coração vem na boca

E me bate uma vontade louca

De dizer o que sinto no coração...

Então quando alço a perna de novo...

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Volto pras casas sonhando

Com teu sorriso me iluminando

Com anseio de te ver não pelo povo.

Mas sim outra vez num outro baile

Trazer pra perfumar a flor

Que carrego ainda em cor

Pelo meu jaleco e dai fale...

Este sonho e te leve pela estrada

A voltar a ver tua alma

Ouvindo meus sonhos em calma

Pra apear na tua ramada.

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343

Pra teu jardim

Nos meus olhos de cuidar os mares verdes

Agora inertes se pergutam onde

andavam...

Onde andeva os teus talvez na nevoa

Que traz como uma garoa para alma.

Os dias a cuidar pelos rumos a apertar

Com as mesmas mãos bocais,

Nos olhos olhos ainda vertem sais

Pra mirada larga com a lua no teu olhar.

Os meus olhos transloucados e inertes

Ainda buscando os teus enluarados

Pelas horas do tempos emoldurados

Ainda pelas horas crescem florescem...

Hoje mentindo pelas cores das flores

Hoje mentindo pelos amoras delas

Hoje a alma nascem pela janela

Em cores no teu jardim de amores.

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Vem da alma, vem do céu germina

Cresce como a sanga dos meus olhos

Rebrotando esse velhos sonhos

Numa saudade que ainda me domina.

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Pra um outro poema

Pelas primas vais tirando da alma

Ainda que pode guardar quando a mirada

Ficou mais perto do caminho

Revendo os olhos de lua estrada...

Segui na firmeza das rédeas ponteadas

Firmando a alma e esperas por diante

Deixando nos caminhos cismas por

Andante nos meus sonhos de dante...

Quem sabe linda flor teus olhos

Me tragam pra apear pela tua mirada...

Que traz a luz que procuro por ainda

Andejar as tantas da minhas estradas.

Até as rédeas num roseiral e siga

Pra um mate sem ter mais cismas

Além do portal , e pelas minhas

Mãos de segurar firme nas crinas

Fique a cuidar da vida entre os teus

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Dedos que apertam as mesmas mãos

Que agora pelas primas e nas bordonas

Acalantam estes sonhos em emoção.

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Pra um outro poema que te fiz

Trago a boca ainda o teu gosto

Buscando ainda um pouco

Que ainda pelas cores do rosto

Descubro a copla por talvez louco.

Louco a te escrever por ainda

Somente nos olhos ver...

E pela poesia ainda te bem dizer

Com vontade de bem querer.

Um mate, por aquela tarde ficou

Ainda por encontrar um olhar

Que distante, ficou ainda

Pelos meus olhos à procurar.

Deixei agora no gosto do mesmo mate

Ainda um gosto amargo...

Que a boca vem com o sumo

Dos sonhos que ainda trago.

A dizer em poema entre um mate

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Depois do outro a escrever

Um pouco mais das esperas

Que cisma ainda em te ver.

De olhos fechados buscando além

Das palavras que ainda entrego

Procurando um sumo bueno no mate

Que ainda no escuro enxergo

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Pra um poema nas auroras

Não quero mais... derramei muitos sais...

Minha alma ficou a se perguntar

Se sonhou ou se mentiu no meu sonhar?

Então se não perguntou deixo nos missais

Que ainda procurando o mais...

Pena desse poema que se gasta

Como as cordas dessa guitarra

Que sabe e solta e minha alma amarra

E pelas estradas que ainda se gasta...

E ainda um sonho me empresta...

Saudade vem redemoneando meu

pensamento

Faz anos, faz dias, faz horas... e pelas

auroras

Vejo teu sorriso na nas almas agora

Deixo ao vento, os meus sentimentos

Que agora parecendo um lamento...

Gastei a puas das esporas e a vida

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Por sob as cruzes dos cavalos

Que levaram as minhas a empresta-los

A carregar sonhos de alma perdida

Por não querer essa saudade esquecida...

Que todo, sem nenhum mesmo de ceu

nublado,

Fechado, já cegado pelo distancia...

Não vejo pelas manha tantas ausências

Mas sim de alma inundado, enluarado...

transloucado

Vejo teu sorriso por louco, e aos poucos

alumbrado...

Roubando do gosto do vinho mais

bueno...

O teu gosto, mais sincero e puro...

Deixando aos sais do rosto, ainda claros

A saudade que vem pelos finais de

inverno

Com coplas de sonhos insones e

morenos...

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As vezes as guitarras se calam, os poemas

se cessam

A vozes não falam, mas sim emudecem,

Esquecem, desaparecem, e transparecem

Oque se perdeu e ainda amam...

Cantam e da alma ainda arrancam.

Esse poema, quase louco por ver ...

Nas auroras que não via esquecer

Que não vai se perder... e segue a viver

Uma nova copla a renascer

Os dias que meus olhos puderem ver.

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Pra um poema sem nome

Te trago um poema por pouco...

Te trago minha alma que entrego

Escrevendo a sua por louco

Nesta flor que carrego...

Vou nesta madrugadas a buscar

A luz que vem das luas

Que ainda fico a redemonear

Potros nas mesmas puas ...

Que antes escreviam poemas

Deixando um rastro no caminho

Quando levava a um flor morena

A buscar a vida no mesmo trilho...

Hoje meu poema se pergunta

Aonde esta a alma da flor

Que ainda carrego desnuda

Se abrindo ainda em cor...

Por isso ainda te levo coplas

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353

Nos ventos que ouvem

Sabendo pelas mesmas teclas

A te entregar poemas trazem

Ainda as luzes dos teus olhos

Na lembranças e como puas

Risca o chão e o couro e abre talhos

Vendo de olhos fechados alma tua...

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Pra um trago na luz da beira da estrada

Saiu das casas com esperas por diante

Talvez amanha traga a lua no reponte

Buscando as luz serenas nos horizontes

Que alma nos entrada do ontem...

Sai pra o povo buscando algum caminho

E fui para no bolicho nunca sozinho

Depois pela madrugada vim no trilho

Da luz vermelha a campear carinho...

Canha e trago largo nos olhos do peão

Deixei num galho atado meu redomão

Acertando a ficha entrada pelas mãos

Leve de um china daquele carasão...

Entre tragos largo e sonhos perdidos

Fui campeando nalgum envelhecido

Um beijo daquela mais cara pelo vidro.

Deixei os pila da lida e já esquecido.

Amanheci por lá antes do sol voltei

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Trazendo um achego que nunca contei

Deixando um pouco das dores que cantei

Aliviadas na luz colorada que pra ninguém

falei.

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356

Pra umas notas

Naquela manha surgia notas pela mãos

Que nem sabia de onde podia ter vindo...

Via ainda pelas auroras a lua sumindo

Uma doce emoção que vinha pelo galpão.

Bordona primeiro, depois as primas

Antes tudo claro ficava aos olhos

Que romoçavam os velhos sonhos

Pra depois deixar nas pouca rimas ...

O dia nem embuçalava a lua ainda

Mas nos meus olhos viam além de min...

Buscando no horizonte sem fim...

Ainda com olhos de boas vindas.

As saudades que cortadas pelas bordonas

Nos meus dedos segregaram a poesia

Que ainda buscava uma luz pra o dia

Nesta saudades ainda pequenas e

morenas.

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Quem sabe nesta cordas em nobre

madeira

Traga de volta de olhos bem fechados

Alguns dos meus sonhos extraviados

Por recuerdos de alma ainda inteira.

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Pras estrelas

As estrelas ausentes dos meus garrões

Hoje se dependuram pelas paredes

Emoldurando xucros que pelos galpões

Levaram o meu mundo nos repontes...

Outra estrela pela guiada longe da outra

Foi morar num cabo de guamirim

Pra cantar coplas dos campos aos astros

Pra outras pelo céu sem fim...

Mas as mais belas, que pelos teus olhos

Encontrei no meus rumos de andar,

Deixei as minhas estrelas pra num sonho

Pode um dia que sabe pra teu rancho

voltar.

E as estrelas dos meus garrões...

Não mais chorarem magoas ao vento

Encilharem pra o consumo da vida,

redomões

Pra pontear léguas por esse sentimento.

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359

Pra quando um dia voltar não ser guiada

Longe da outra perdia nalgum canto...

Poder ver no fim das minhas estradas

Os teus olhos de estrela no meu encanto.

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Quando o fogo do galpão trás outros

mister

Noite negra que se abre diante os olhos

Buscando a luz que ainda falta pra min.

A tarde veio com matizes assim

Entregando a min coplas pelos mates.

A cada gole que sorvo um sonido,

Um nó, um tempo se abre em luz

Diante as linhas que alma se conduz

A pra reviver sem ter, ou ver...

A noite tens seus mister...

Provoca, e desentoca sonhos

E lembranças diante os olhos

De algum fogo grande...

Pelas noites com seu pala negro

Com cristais de estrelas...

Vejo milhes de outras vidas pela janelas

Dos meus olhos, campeadores.

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Que sabe em caba estrela já andei?

Talvez por todas a luas de enfrenar

Já fiz rumos dos meus cantar?

É nessas noites escuras que escuto

Dentre roncos de mate e bordonas

Depois da lidas de acertar nas estrada

Sonhos estalarem pela alma emprestada

Das cores do fogo que ilumina nestas

noites.

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362

Quando ouvir o campo

Eu esperava que o campo me falasse

Mas entendi que ele não fala

Do mesmo modo que imaginava

Talvez deixando o orvalho na trama do

pala.

Pra dizer que a vida é uma gota

Entre tantas que se resvala.

Já fui manga forte virando potros

Pelos caminhos que andei acertar.

Deixando pelos tentos que era tênue

Ao meu jeito de sempre andar...

Talvez nessas força que gastei

Um dia sei que vou voltar.

Me fui embora pelas horas de mate

E votei pelo pealos de todo laço.

Andei noutras querências com poesias

E firmando os dedos nas crinas no espaço

Quando virava o mudo inteiro

Sustentando a ferro e braço.

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Apreendi que o campo, na fala do mesmo

Jeito que escuto as vozes pelas casas.

Fala pelas auroras que nascem no seu

vermelho.

Fala pelo canto dos pássaros e no bater de

assas

De ponchos pelas beiras estradas..

Revoando cismas firme ainda nas crinas.

Quem sabe ainda apreenda ouvir

Essas milongas que o campo me trás.

E escreva muito mais pelas linhas dos

ventos

Como se meus versos tivessem asas...

E povoassem os rodeios, entre potros e

gados

E voltasse todos os dias as casas..,

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Quando uma estrela se perdeu da outra

Antes da lua que ainda vinha

O campo perdeu uma estrela

Não sei se agora nas janelas

Ainda ouça seu gizo abrindo trilho.

A estrela antes com raio de luas

Vinha firme presa segurando a vida

Que ainda se afirma na lida

Sob as mesmas puas...

Um roseta se perdeu da outra

talvez voltou ao céu pra ser livre

e sob a copa do chapéu, espere

quando brilhe pela luz dos astros;

voltei sem um pedaço da vida

com o ferro bruto quebrado

talvez no cruzo do banhado

pra agora viver liberta mas perdida...

as puas ficaram perdidas

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agora uma da outra...

uma canta por saudade de outrora

da outra estrela esquecida.

Uma voltou a ser estrela viajeira

Outra continua presa por espera

Pra talvez um dia em outra era

Renasça por ser a mais campeira.

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Quando vi meu poema na sua boca

Foi o verso que fiz num mate em porfia

De umas lidas de peão por dia...

Redondilha miúda... que ainda vinha

quieta

E foi pra tua alma com a minha repleta...

Deixei por ti.. na razão que ainda sabia

Seguindo a vida tecendo em porfia

Um naco ainda da alma que se perdeu

Pela historia ainda, que se emudeceu...

Meu poema... que um dia como lua

Que vem trazendo tanto pela alma nua

Trazendo pra ponta dos meus dedos

A espera que tem os segredos...

Ouvi... em meio aos outros pela sala

Enquanto ficava ajeitando meu pala

que morava pelo meu ombro solito

meu verso revivendo pelos infinitos...

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não tive teu buenas ou teu sorriso.

mas vi ao meu gosto e no teu rosto

a minha poesia cantada pela tua voz

enquanto na poesia, que saía e soava...

talvez meu poema ainda por bruto

saiba muito mais de mim e pelos bastos

quando voltei ao tranco pras casas

com um poema que ganha agora, asas...

quantas foram as noite que guardei...

as cismas de fogo, nas quais encantei

silêncios nas voltas de um sonido

que trazia a min algo esquecido...

a minha poesia por tua boca cantada...

a minha alma pelas vozes... talvez

escutada...

não encantou tua alma nem fiquei por tua

mirada...

sigo agora matando a sede, acalantada

revendo de olhos fechados, esperando...

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talvez um dia volte do teu sonho...

tranqueando

pra um mate por algum final de tarde

vendo nos teus olhos.. um sonho que se

abre..

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Quarteto de outras poesias

Se um dia a poesia me faltar...

Talvez pelas estradas andarei.

Cantarei luas e estrelas contarei.

Pra ver se volto a escutar.

Escutar a poesia que dos olhos

Negros outro dia me deram...

E ainda sincero derramam

A min almas pra outros sonhos...

Hoje... aqueço o corpo a alma

Com mate, palavras e calmas

Horas que me lembro e escrevo

E assim vivo e rescrevo...

Ontem flores, cantos... puas...

Hoje elas florescem puras

Pelo teu jardim com parte

De min que ainda desperte.

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Rio

Vai subindo a barranca desse rio...

Talvez não me de val levando solito

Cruzando pra o longe nesses infinitos

Com a agua turvada em fios

Em fios de vida, transportando

A seiva pura pra esse campos daqui

Que aos olhos cuidando, mais ali.

Enquanto cevo um mate calado

Cuidando a cheia desses rios ...

Que transbordam como minha alma

Como uma chuva mansa em horas calmas

Sustentando a vida formando um arroio

É rio que desse na vazante dos meus

olhos

Que traz por si, às vezes como sanga de

sal

Que me salga a boca tirando da alma o fel

De algum dos meus sonhos roubados

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371

Cuidando além desse mesmo galpão

beirando

o rio de minha alma que não seca e

mostra

ainda por conta incerta a vazante e

escancara

remoçando entre estes campos

emoldurados

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Saem

As vezes as palavras fogem da boca

Por ganhar asas sem saber.

Elas andam como se tivessem puas

Como se sozinhas sabem viver.

As vezes elas saem sem medida

Muitas outras engolida pelos mates

Como se tivessem gosto de saudades

No confins de um dia em arremate.

As vezes o silencio diz muito mais

Que os sons que as palavras dizem.

Lavram como riscos de esporas

E por si se, vivas se escrevem.

Talvez as palavras fujam de tudo

E de todos aos mesmo tempo.

E vagam pelos rumos que a força

Da voz pode ter em contraponto.

Essas palavras possuem seu missal

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Pelas horas longas de mate comigo,

Deixando aos meus olhos cuidando

Nas horas que as vezes por ti bem digo.

Quantas mais palavras preciso

Pra apreender pelos silêncios

Das orações com dias ainda

Chegando de volta ao inicio.

Parece que neste madrugada

As palavras vieram a morar

Pelas gotas dos orvalhos

E nos sonidos de esporas a falar.

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Sangrei

No espelho da folha do aço

Foi escorrendo uma seiva de vida.

O potro se perdeu, ainda no aparte

Deixando a vida em contra partida,

Antes das minhas mãos soltar um pealo

Por conta certa e injusta da lida.

Escorre o sangue e molha os pastos

Nos olhos do domador vertem também.

Os sais que vem dentro do peito pela mão

Que governa a folha pra o rumo do além.

Deixando um flete dos buenos pelo

campo

Dizendo de boca cerrada, amém.

Rodou meu baio bem ali por culpa da

lida...

Mas não se esperava um buraco no chão

Um cupinzeiro que fez toda a lambança

Antes do pealo que escapava pela mão

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E pelo calor do aço foi findando-se meu

baio

Olhando-me nos olhos abrindo meu

coração.

Recebe lá por cima deste chão serrano

Meu baio, patrão celeste... e dá lhe

galpão.

Cura o corte que eu mesmo fiz no pescoço

Do meu bagual baio e do meu coração.

Sangrei meu cavalo, não queria, mas não

ia,

Deixá-lo sofrendo, quebrado das mãos...

O sangue do meu cavalo que escorreu

vivido...

Levando a força e sua alma e sua pureza.

Ficou pela minha faca escorrendo ate o

cabo

Molhando minha mão sem beleza.

Que dei fim ao meu flete de olhos

molhados

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Guardando no fundo do coração essa

tristeza.

De ter que sangrar meu cavalo por conta

do destino

De uma roda na lida sob o verde do

campo...

Mudando o curso da lida e rumo do pulso

da vida

Se esvaindo pela minha mão em um dia

de mau tempo.

Ficando dentro do meu peito a

entristecido

Os olhos de meu cavalo vitrificados e

limpos.

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Sangue

Escorreu vivo ainda quando caiu

Pela planura da mangueira

Um palanque costeava mais um

A sobra de uma figueira ...

A dor me veio no olhos ao ver

Cair mais um sem querer o buçal

Que fazia peso pela cara sem

Deixando sentar na corda o animal...

Potro que caiu e vem o sangue a boca

Que pra meus olhos que sabem da lida

Entendem que as vezes se precisa

Deixando por um fio, a vida...

Caiu buscando o ar... pelo espaço

Nos meus olhos de campo...

Em meio a chuva e o barro bordado

Buscava ajeitar com tempo...

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A dor... O sangue que quis sair

Na força bruta que tenteava

Contra as argolas presas pelos

Tentos que assim fresteava...

A min.. senti também o peso

Do buçal pelos olhos sinceros

A me pedir por suplica a calma

Por não entender o tempo...

Me perdoe pelo tombo que teve

Mas na precisão da lida...

Foi a forma que pude mostrar

Que se apreende pelo amor... na vida

Mas as vezes pela dor que marca

Sem querer fazer pelo tombo que soe...

Agora mirando calmo pela porta

Do galpão pedindo a deus que me perdoe.

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Tive

Tive sonhos,

Tenho sonhos...

Alguns nem tão grandes

Outros tão pequenos errantes.

Tive esperas,

Tenho esperas...

Pra lhe entregar por gostar

Por te querer e te amar.

Tive rumos,

Tenho rumos...

Mas hoje com você do meu lado

Por ter meus sonhos guardados.

Tive recuerdos,

Tenho recuerdos...

Que hoje os esqueço pra tê-los

Somente aos teus olhos velos.

Tive corredores.

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Tenho corredores...

Mas que hoje levam todos

No rumo dos teus olhos.

Tive esperas

Tenho esperas ...

Pra todas elas verem

E por um carinho renascerem...

Tive pouco

Tenho pouco...

Mas entrego alma e emoção

Que vem do meu coração...

Hoje tenho e não me perco

Nos olhos nenhum marejo

Pra viver um sonho

Que tenho nos meus olhos.

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Sem nunca se calar

Quando minha voz se levanta por as

tribunas

Sai sem refugar porta ou bolada de

quem ouça.

Sai da alma que não silencia ou fica

calada

Não refuga olhares que com onças

Tentam pagar ou mandam me calar.

Que a palavra que sai displicente pela

minha voz

Não é complacente com que acontece

assim.

Não ficando esquecida de nada e

sabendo de tudo

E não sabem procura ate o fim.

Mesmo tentando me calar;

Não adianta mandar ou pagar pra me

silenciar

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A palavra é livre e sai como se tivesse

assas

Pra longe e chega aos ouvidos de

muitos

Entrando sem pedir licença nas casas

Dos outros sem se calar.

O poema é liberto sai da alma e

levanta as vozes

Pelo caminhos de tempo , vida e

guarida.

Sabendo que poema é liberto sereno

e às vezes

Aberta no fundo da alma das coisas

da vida

Fala de tudo e de todos sem se calar.

A fala também não adianta ter

pensamentos

E um boca cerrada sem dizer que

sabe ou pensa

Somente fica a palavra liberta fugida

da alma

E da lida que trás paz e por si própria

despensa

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383

Medidas ou silêncios pra não se calar.

E ela se levanta subindo e indo mais

longe que possa.

Aberta e livre por as vozes do vento e

dos cantadores

Mostrando a vida de tudo que se

apreende na lida

Nos sagrados escritos dos campos e

galpões,

Sem nunca se calar.

E pelas vozes desses que levam e

encantam

Com coplas e notas serena e mais

livres

Segue firme a palavra que não foi

maldita

E nem perdida pelos amores e nos

corredores

A seguir pelo tempo falando de tudo

sem se calar.

Sabendo que por si falada ou descrita

em papel

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384

Ou nos caminhos de estradas das

vidas encantadas

Pelos rumos e vozes de campo e

tempo.

Resguarda pura e livre pela letra

cifrada

Viva e nunca fingida a todos a contar.

Silêncios inverneiros

Silêncios inverneiros que povoam coplas

Que se soltam pelo marfim da teclas

De um gaita que pela ramada floreia

E nos meus sonhos se amarra e eleia.

Coplas de vida e dentro de minha alma

Soltando pelos meus olhos que espalma

E dentro do peito faz morada

Com ares de sol em tarde parada.

As vezes recosto cuia e cambona

E as lembranças de uma dona

Me povoam coplas e mate de porfia

Ao lembrar de teus em alegria.

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E num segundo miro de relancina

Nas estrelas teu rosto que me domina

E trazem silêncios dentro de min

Ainda resolutos... sem explicar assim.

Soneto de luz e sorriso

Não me abra teu sorriso se não posso

telo...

Anseio ainda pelos meus dias em velo...

Não sei se é zelo ou seja pelos teus olhos

cativos...

Nos meus miradores e fechados revejo

Não me abra teu sorriso mais cálido...

Anseio ainda pelos meus dias pálidos

Sem cor de alma e caminho...

Talvez teu sorriso me traga sozinho...

Não me deixe teu olhar sincero e puro

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Anseio ainda pelos meus dias mais

claros...

Sem ainda temer nas vezes nos escuros.

Me deixa ainda ter teus olhos e teu

sorriso

Queria ser o sol que te traz raro

Que num momento minto, por meu riso.

Tempo e luz

Nasce liberto da copla cismada

Algum segundo vira o tudo

Oque se guarda dentro, mudo...

Rebusca e mostra enluarada

Deixa a luz incontida

Pela tinta expressa em cor

Molda o tempo e ao sabor

Do vento vem em guarida...

Rebrota a copla entre arreios

Buscando sem entender

Somente por em si, viver

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Nos caminhos em floreio...

Nasce com esperas inteiras

A cada contra canto das chilenas

Chora ou canta cantilenas

Por estrelas puras e manheiras

Mostrando que trago pelas partidas

Algum missal de canto e sonho

Revendo as vezes pelos olhos

Algum sentido de alma e vida

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Trouxe

Trouxe o poema nos olhos

Que ainda a pouco pude enxergar

Mais além dos meus cantar, pro guardar

Na copla escondida pelo sorriso...

Trouxe o poema nos olhos

Que ainda pouco pude enxergar

Pela a flor ainda a bordar

Em cor pelo campo inerte...

Trouxe o poema nos olhos

Que ainda pouco pude enxergar

Os sonhos do teu no meu olhar

A buscar os meus olhos...

Trouxe o poema no olhos

Que a pouco pude enxergar

Quando na madrugada a contar

As voltas pelas noites esquecidas...

Trouxe o poema nos olhos

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Trouxe a alma pra alma

Que ainda por as horas calmas

Cuida o vento e o horizonte

Trazendo oque se enxerga

Além dos olhos da carne

E pelas cismas de fogo no cerne

Tece a poesia que ainda não vejo.

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Um dia

Um dia na vida da gente

Agente apreende que a copla

Vai além das mesmas teclas

Que pelo fole nasce em vertente

Buscando oque se perdeu pelo olhar

Mais sincero e claro no horizonte

É potro de toso de três ontente

Pela estrada solito a galopear

Guarda esquecido nalgum canto

Um assovio mais sereneiro da alma

Pras horas de mates, ver com calma

As coplas todos meus acalantos

Na redondilha vem com pressa

As vezes por ela, traduz a saudade

Verte dos olhos, uma verdade

Por si, e em si, se confessa.

Um dia na vida da gente ...

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391

Recorta o tempo e os segredos

Pelas pontas dos dedos

Calejando em garganta e vertente

Verte da alma o sabor melodioso

De algum sonho mais moreno

Que foi ficando longe, já pequeno

Seguindo ao tranco denovo.

Fica pela mãos calejadas da vida

De cordas de guitarra e potros

Segredos de muitos tempos em outros...

Por talvez um dia entenda a vida?

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392

Um outro poema

Meu poema que se perdeu dos meus

caminhos

Não se emudeceu por ainda ser sozinho

A buscar que se perdeu nos meus sonhos

Revendo que se aprendeu pelos olhos.

O meu poema pequeno em redondilhas

Que nasceu terno além dessas coxilhas.

Vai adiante por cerno a buscar na alma

Sabendo de sonhos morenos pra horas

calmas.

Um poema e nada mais... outro apenas

Que um fala de sais outros de cantilenas.

Outros buscando mais pra horas que vida

Derrama da alma sais depois das

despedidas.

Parece que os poemas por si transparece

Que as rimas ternas teimam e não

esquece.

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393

Sabe da prece que pela horas de mate fiz.

E por si nasce livre, mas desdiz.

Desdiz a própria dor que pelos olhos

Guardando a cor pra os meus sonhos.

Por saber sem saber, e viver livre no vento

Com ares de bem querer em sentimento

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394

Um poema de outro poema

Ando ouvindo calado pela vozes dos

mates

Perguntando do tempo que se esvai ...

Dos segundos que os dias por arremates

Que as esperas distantes se vai...

Ausente do tempo que anda nos olhos

Deixando nos rastros de puas

Caminhos claros como talhos

Que as puas deixando em rastros de lua.

Ando dizendo pelas esperas

Deixando pelas minhas estrelas

As saudades com cismas de taperas

Pra além das janelas das cancelas

Não ter mais esperas pelos mates

Dizendo as cismas de fogo que a vida

Muda o seu curso derepente

Como os rumos da lida...

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Ando calado ouvindo no vento

Revendo pelas flores...

As coplas dos tempos e dos tempos

Que ainda pelas tuas cores...

Parece que os dias ausente... distante

Muda nos segundos, a cada nota...

Mesmo assim sem jeito e derepente

Revê pelos rastros das botas

Que os meus olhos veem além

Dizendo pelas palavras sem falar.

Se nunca calar nem quando convém

Pra dizer sem dizer a contar...

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Um poema e nada mais

Nestas horas calmas quando vejo

Bem mais que distancias no olhos

Vejo teu sorriso que me traz

Parecendo minha alma, um sonho...

Teu sorriso traz a luz que procuro

Nesta caminho que ando a buscar

Bem mais que tenho, levando

Esta imagem que me faz cantar...

A minha alma ficou a se perguntar

Oque o teu sorriso pode fazer...

Traz a luz que via somente na luas

Vestidas de prata, a escrever...

Este teu sorriso delicado traz

Fragrâncias de flores nas cores

Que tem sem que note por ter

Tido tua uma imagem, pra cantares...

É um poema e nada mais...

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É um sorriso que a min traz a luz...

É teu jeito de flor morena

Que minha alma aprendiz se conduz...

Quem sabe neste poema ainda

Veja teu sorriso mais claro

E não mais na horas mate

De olhos fechados neste sonho raro.

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Uma palavras inteiras

Trago imagens que a poesia

Ainda não soube me dizer

Como devo escrever

Esses versos de porfia.

Antes nas lidas de campo

Tive o tempo pelos bocais

Que a vida pelos sais

Que rolam de outros tempos.

Quem sabe o poema seja

Maior que as tropilhas

Cortando estas coxilhas

Nos campos que verdeja.

Ontem fui tropa larga...

Seguindo nos rumos

E agora bebendo os sumos

Das lembranças que enverga

Os meus versos que aprendem

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Muito mais pelos olhares

Que as poesias e os cantares

Na vida que se esquecem.

Poemas as vezes são meras palavras

Que solta aos ventos vagam...

E aos tempos nunca se envergam.

Por serem muito mais que raras.

É por essas imagens que escrevo...

Sem muitos saibam delas.

Sem que muito vejam elas

Enquanto sei que vivo.

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400

Na melodia do sino

Tarde comprida de mates longos

Em a lida caleja as mãos.

Depois traz segredos aos dedos

Pelas tardes no rincão.

O vento tocou o sino da frente

Na espera distantes

De muitos outros quem encilharam

Buscando rumos nos horizontes.

Fiquei a ouvir o sino dolente

Pealado pelo vento.

Talvez por aquele canto

Reze meus sentimentos.

A badala vinha sonora

Igual o trim de minhas puas.

A guardar a volta de quem

Anda vendo outras luas.

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Nestes gosto que a tarde

Traz pelos ventos que cantam

Pelas notas do sino da porta

Ainda nos emprestam

Melodias pras saudades

Distantes que dentro dos olhos

Se guarda mirar a tarde longa

Entre meus mates e outros sonhos.

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Pra um toco, que se ilumina

Ficou um toquinho de vela

Alumiando na beira da estrada

Da cruz entralhada

Emoldurando ao lado cancela.

Um nome, e carvão...

Um sonho perdido

Pelas mãos esquecidos

Postas pelo coração.

Dobrou os joelhos...

Pedindo por deus.

Quem sabe pelos meus

E meus poucos sonhos.

Ontem era vida pela ramada

Hoje foi lembranças

Pelos olhos de esperanças

Na cena beira estrada.

Pra alguns só uma cruz.

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Pra outros tempo esquecido

Pela boca miúda do alarido

Quando era tanta luz.

Foi por uma flor colorada

Que se deu a desdita.

A flor mais bonita

do rancho beira estrada.

Quem sabe noutro dia

As mesmas flores...

Hoje repintam as cores

E nascem por deus que recria.

Num toquinho de vela

Que se acedem pela graça

Que alcança na praça

Pra santa de luz mais bela.

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Pra flor da trança

Lembro da flor que colorada

Floria pela beira estrada

Enquanto cruzava firmando rédea

Pra trazer num delas uma réstia

Pra nos ombros trança colgada.

Coli a flor pequena pelo corredor

Estre as pedras brotava em cor

Trazendo tanta luz aos meus olhos

Pra nela colorir tantos outros sonhos

Pra ver teu sorriso claro em flor.

Ontem foi na flor da marcela

Que junto a uma cancela

Trouxe a beleza de outra flor

Hoje entre pedras rebenta em cor

Pra trança ficar na moldura da janela.

Trança feito por mão delicada

Pra depois uma flor colorada

Ter tanta cor pra guarida

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De um viver depois da lida

Nos meus rumos de lua e estrada.

Coli a florzinha pela minha mão...

Judiada de corda e redião,

Que ainda firmam tantos pela estrada

Pra te entregar quando apear na ramada

Do teu rancho, coração.