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PORTUGALPrevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 2015
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos
DIREÇÃO-GERAL DA SAÚDE, LISBOAfevereiro 2016
PORTUGALPrevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 2015
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos
Portugal. Direção-Geral da Saúde.Direção de Serviços de Informação e AnálisePortugal – Saúde Mental em números – 2015ISSN: 2183-072XPeriodicidade: Anual
EDITORDireção-Geral da SaúdeAlameda D. Afonso Henriques, 45 1049-005 LisboaTel.: 218 430 500Fax: 218 430 530/1E-mail: [email protected] http://www.dgs.pt
AUTORESPrograma de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos AntimicrobianosPaulo André FernandesMaria Goreti SilvaAna Paula CruzJosé Artur Paiva
Direção de Serviços de Informação e Análise Paulo Jorge NogueiraCarla Sofia FarinhaAna Paula SoaresMaria Isabel Alves Ana Lisette OliveiraTânia MendanhaCarolina SilvaMatilde Valente Rosa José MartinsLuís Serra
Com a colaboração:INFARMED (Direção de Informação e Planeamento)Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge
LAYOUTPinto Design e Comunicação Calçada Santo António, nº9 R/C Dtº . 1150-313 LisboaLisboa fevereiro 2016
ÍNDICE
| SIGLAS E ACRÓNIMOS 5
| 1. INTRODUÇÃO 6
| 2. ESTRUTURA, VISÃO, VETORES DE INTERVENÇÃO E GRAU DE IMPLEMENTAÇÃO 7
| 3. CAMPANHA NACIONAL DE PRECAUÇÕES BÁSICAS DE CONTROLO DE INFEÇÃO 12
| 4. RESULTADOS: INFEÇÕES ASSOCIADAS A CUIDADOS DE SAÚDE 15
| 5. RESULTADOS: CONSUMO DE ANTIBIÓTICOS 17
| 6. RESULTADOS: RESISTÊNCIAS A ANTIBIÓTICOS 23
| 7. UM PROGRAMA PARA O CIDADÃO 33
| 8. RECOMENDAÇÕES 35
| 9. NOTA FINAL 37
| 10. AGRADECIMENTOS 38
| 11. NOTAS METODOLÓGICAS 39
| 12. BIBLIOGRAFIA 39
| 13. ÍNDICE DE QUADROS 41
| 14. ÍNDICE DE FIGURAS 42
Melhor Informação,Mais Saúde
5Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números
SIGLAS E ACRÓNIMOS
ACES Agrupamento de Centros de SaúdeACSS Administração Central do Sistema de SaúdeADSE Assistência na Doença aos Servidores Civis do Estado (atualmente designada Direção--Geral de Proteção Social aos Trabalhadores em Funções Públicas)ANSR Autoridade Nacional de Segurança Rodo-viáriaARS Administração Regional de SaúdeATC Anatomical Therapeutic Chemical (classification system)CHNM Código Hospitalar Nacional do Medicamento CNPBCI Campanha Nacional de Precauções Bási-cas de Controlo de Infeção CPE Carbapenemase-producing EnterobacteriaceaeCVC Cateter Venoso CentralDDD Dose Diária DefinidaDECO Associação Portuguesa para a Defesa do ConsumidorDGS Direção-Geral da SaúdeDHD Dose Diária Definida por 1000 habitantes e por diaDQS Departamento da Qualidade na SaúdeEARS-Net European Antimicrobial Resistance Surveillance NetworkECDC European Centre for Disease Prevention and ControlEEE Espaço Económico EuropeuESAC European Surveillance of Antimicrobial ConsumptionESAC-Net European Surveillance of Antimicrobial Consumption NetworkGCL Grupo de Coordenação LocalGCR Grupo de Coordenação RegionalGNR Guarda Nacional Repúblicana
HAI – Net Healthcare Associated Infections NetworkHALT Healthcare-Associated Infection and Antimi-crobial Use in Long-Term Care FacilitiesIACS Infeções Associadas aos Cuidados de SaúdeIH Infeção HospitalarILC Infeção do Local CirúrgicoINCS Infeção Nosocomial da Corrente SanguíneaINFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de SaúdeINSA Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge MDR Multidrug ResistantMRSA Staphylococcus aureus resistente à meticilinaOMS Organização Mundial de SaúdePAPA Programa de Assistência à Prescrição de AntibióticosPBCI Precauções Básicas de Controlo de Infeção PPCIRA Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos AntimicrobianosPPP Parcerias Público-PrivadasPPS Point Prevalence SurveyPSP Polícia de Segurança PúblicaRAM Resistências aos AntimicrobianosSABA Solução Antisséptica de Base AlcoólicaSNS Serviço Nacional de Saúdespp SpeciaeTESSy The European Surveillance SystemUCC Unidade de Cuidados ContinuadosUCCI Unidade de Cuidados Continuados Integrados UCI Unidade de Cuidados IntensivosUCIN Unidade de Cuidados Intensivos NeonataisUE União EuropeiaULS Unidade Local de SaúdeVE Vigilância EpidemiológicaVRSA Vancomycin-Resistant Staphylococcus aureus
6
Melhor Informação,Mais Saúde
PORTUGAL - Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 2015
1. INTRODUÇÃO
A evolução do conhecimento permitiu diagnos-ticar e tratar diversas patologias anteriormente desconhecidas e invariavelmente mortais. Em muitos casos, no entanto, as formas de tratamen-to necessárias associam-se a um prejuízo transi-tório, mais ou menos prolongado, da imunidade.
O organismo humano dispõe de múltiplos e admi-ráveis mecanismos de defesa. Anulando esses mecanismos, através de técnicas de diagnóstico, monitorização ou terapêutica que os deprimem ou ultrapassam, geram-se condições para a ocor-rência de infeções.
No último século assistiu-se a um aumento significativo da longevidade, mas nem sempre o prolongamento da vida se faz com a qualidade desejável. Os períodos terminais, caraterizados por uma diminuição das defesas do organismo, são frequentemente passados em internamento.
Neste contexto, reunidas num mesmo ambiente um conjunto de pessoas particularmente suscetí-veis, foi criada uma situação favorável à aquisição e transmissão de infeções, principalmente em meio hospitalar. Mas também podem ser trans-mitidas infeções nas restantes situações em que se prestam cuidados de saúde, como os cuidados continuados, primários ou domiciliários.
A partir da década de 1940, generalizou-se o uso dos antibióticos, os quais revolucionaram o trata-mento dos doentes com infeções, contribuindo significativamente para a redução da sua morbi-mortalidade. No entanto, o seu uso excessivo e muitas vezes inadequado promoveu a emergên-cia e proliferação de bactérias resistentes. Esta tendência tem-se agravado, sendo cada vez mais frequente o aparecimento de microrganismos apenas suscetíveis a poucos antibióticos e, como tal, causadores de infeções de tratamento difícil.
Desta forma o antibiótico, essencial para a reali-zação, em segurança, de muitas intervenções e procedimentos de saúde e determinante do aumento da esperança de vida verificado na
segunda metade do século XX, perdeu eficácia. Não são só as infeções que são mais difíceis de tratar. A manter-se esta tendência, será posta em causa a medicina avançada que hoje se pratica. Por exemplo, cirurgias mais ou menos radicais, ou terapêutica oncológica e de imunomodulação, cujo risco-benefício é favorável porque podem ser prevenidas ou tratadas as complicações infeciosas expectáveis, poderão deixar de ser possíveis por se tornarem intratáveis as infeções decorrentes.
Porque este é um cenário inaceitável, milhares de profissionais em todo o mundo vêm traba-lhando, diariamente, para que não se concretize. Em Portugal, cabe ao Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e de Resistência aos Antimi-crobianos (PPCIRA) a coordenação deste esforço. O presente relatório, incidindo particularmente sobre o ano de 2015, representa de alguma forma um levantamento dos resultados dos primeiros 34 meses de atividade do Programa.
Com persistência, criatividade, alegria e esperança.
7Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números
2. ESTRUTURA, VISÃO, VETORES DE INTERVENÇÃO E GRAU DE IMPLEMENTAÇÃO
As infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS) e o aumento da resistência dos microrga-nismos aos antimicrobianos (RAM) são problemas relacionados e de importância crescente à esca-la mundial. Nenhum país e nenhuma instituição prestadora de cuidados de saúde podem alegar serem alheios a estas complicações.
Acentuando a vertente fundamental do proble-ma, a de constituir séria ameaça à saúde das populações, a Organização Mundial de Saúde (OMS) publicou em 2014, e atualizou em 2015, o Relatório Global sobre a Vigilância da Resistên-cia aos Antimicrobianos, no qual salienta que se trata de uma crescente ameaça à saúde pública, geradora de preocupação em múltiplos setores, à qual os governos de todo o mundo vêm prestan-do cada vez mais atenção. A designada era pós--antibiótica, na qual infeções outrora facilmente tratáveis passarão a ser mortais, é considerada pela OMS como um cenário possível, já no decor-rer do século XXI.
No mesmo sentido, o governo federal america-no reconheceu oficialmente, em 2014, a neces-sidade de melhorar os mecanismos de vigilância epidemiológica e de controlo da infeção associa-da aos cuidados de saúde, e de implementar um uso mais apropriado dos antibióticos existentes.
As IACS agravam o prognóstico da doença de base, prolongando os internamentos, associan-do mais doenças às que já estavam presentes e aumentando a mortalidade. Simultaneamente, aumentam os custos.
Por tudo isto, a dimensão assumida pelas infe-ções provocadas por microrganismos multirre-sistentes tem ultrapassado o plano das organi-zações saúde, justificando a atenção dos agentes económicos. Nos últimos anos, o Fórum Econó-mico Mundial tem repetidamente considerado o problema como um importante risco global. Em junho de 2015, as resistências aos antimicro-bianos mereceram destaque específico na decla-ração final da cimeira do G7 na Alemanha, em capítulo onde se sublinha também a importância da prevenção e controlo da infeção associada aos cuidados de saúde, e da pesquisa de novos anti-bióticos.
Projeções internacionais estimam que se nada for feito, mais efetivo do que até agora, por volta de 2050 morrerão anualmente cerca de 390 000 pessoas na Europa e 10 milhões em todo o Mundo, em consequência direta das resistências aos anti-microbianos. (Fig. 1)
Este é um cenário inaceitável. Importa atuar, desde já e eficazmente, para que não se concretize.
FIGURA 1 PREVISÃO DE MORTALIDADE ANUAL ATRIBUÍVEL A RESISTÊNCIA A ANTIBIÓTICOS EM 2050
Fonte: Adaptado de Review on Antimicrobial Resistance. Antimicrobial Resistance: Tackling a Crisis for the Health and Wealth of Nations. 2014
Europa390.000
América do Norte317.000
América Latina392.000
África4.150.000
Oceania22.000
Ásia4.730.000
Mortalidade por 10.000 habitantes
Número de mortes
5 7 96 8 ≥10
PORTUGAL - Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 20158
Melhor Informação,Mais Saúde
No último inquérito de prevalência de infeção, realizado à escala europeia em 2012, foram apuradas taxas de infeção adquirida no hospi-tal, em Portugal, superiores à média europeia de 6,1%. (Quadro 1) No mesmo estudo objetivou-se que os doentes internados nos hospitais portu-
Simultaneamente, quase metade dos doentes internados (45,3%) foram medicados com anti-biótico no internamento estudado, enquanto nos hospitais europeus essa percentagem foi de 35,8%, pouco mais de um terço. O consumo de
Em Portugal, as consequências do problema são do mesmo tipo das verificadas no resto do mundo. Num estudo realizado em 2014, mesmo salvaguardando algum viés possível, o número de óbitos associados à infeção em internamento
gueses estavam em situação clínica mais grave que os de quase todos os restantes países euro-peus, mas ainda assim a percentagem de doen-tes infetados em função do internamento, 10,5%, foi superior à prevista com base na gravidade da situação clínica. (Fig. 2)
antibióticos aumenta a pressão de seleção de estirpes resistentes, relacionando-se assim dire-tamente com o aumento das resistências. É essa tendência que importa prevenir, promovendo o uso racional destes fármacos.
destaca-se nitidamente, quando comparado com o número de vítimas dos acidentes de viação, sinistros que habitualmente provocam justificada consternação geral. (Fig.3)
QUADRO 1 ELEVADA PREVALÊNCIA DE INFEÇÕES HOSPITALARES E DE CONSUMO DE ANTIBIÓTICOS, 2011-2012
PREVALÊNCIA DE INFEÇÃO HOSPITALAR USO DE ANTIBIÓTICOSPortugal UE Portugal UE
Homem 12,4% 7,2% 48,3% 39,2%
Mulher 8,8% 5,4% 42,3% 33,2%
População Global 10,5% 6,1% 45,3% 35,8%
Fonte: Point Prevalence Study PPCIRA/DGS, ECDC 2012
FIGURA 2 PORTUGAL: INFEÇÃO HOSPITALAR (IH) OBSERVADA/ESPERADA COM BASE NA GRAVIDADE, 2011-2012
Fonte: Adaptado de Point Prevalence Study of HAI and antimicrobial use in European acute care hospitals, 2011-2012
SE
PL
FRHU
DEIE
FINO
DENL
ITCYAT
HREE
LUUK EN
UK-SCCZ
MTUK-WAUK-NI
RO
DGSKLT
LV
SI
ES
GR
DK
PT
IS
62 4 108
10
8
6
4
2
% P
reva
lênc
ia IH
Obs
erva
da
% Prevista de IH com base na gravidade
Esperada 7,8%Observada 10,5%
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 9
A manutenção da tendência de aumento de IACS e de resistência aos antimicrobianos, anterior-mente verificada apesar do trabalho realizado e iniciativas desenvolvidas, gerou a ideia segundo a qual, para melhores resultados seria necessária uma adequação das estruturas e uma mudança nos processos.
O Programa de Prevenção e Controlo de Infe-ções e de Resistência aos Antimicrobianos (PPCI-RA) surgiu como resposta à necessidade de uma nova abordagem de ambos os problemas, potenciando as oportunidades geradas pela sua interligação. Criado em 2013, como um dos nove programas de saúde prioritários da Direção-Geral da Saúde (DGS), o PPCIRA resultou da fusão do Programa Nacional de Controlo da Infeção com o Programa Nacional de Prevenção da Resistência Antimicrobiana (Fig. 4).
FIGURA 3
FIGURA 4
MORTALIDADE ASSOCIADA A IACS VERSUS ASSOCIADA A ACIDENTES DE VIAÇÃO
ESTRUTURA DE GESTÃO DO PPCIRA: DESPACHO 15423/2013
Nota: IACS - Infeções Associadas aos Cuidados de Saúde Fonte: ANSR e PPCIRA/DGS, 2014
Nota: 100% ULS; 96% Hospitais; 92% ACES Fonte: PPCIRA/DGS/2013
Acidentes rodoviários
IACS
5.000
4.500
4.000
3.500
3.000
2.500
2.000
1.500
1.000
500
02010 2011 2012 2013
Nº A
bsol
uto 2.973
937
3.383
891
4.060
718
4.606
637
Estrutura de gestão do PPCIRA
DQS - DGS
ARS
UNIDADES DE SAÚDE
Direção do PPCIRA
Membro CD para a Qualidade na Saúde
Dept. Qualidade na Saúde da DGS
Comissão de Qualidade e Segurança
Comissão de Farmácia e Terapêutica da ARS
Conselho Científico do PCIRA
Comissão de Farmácia e Terapêutica
Grupo de Coordenação Regional do
PPCIRA
Grupo de Coordenação
Local do PPCIRA
PORTUGAL - Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 201510
Melhor Informação,Mais Saúde
A estrutura de gestão do PPCIRA prolonga-se da DGS, funcionando no âmbito do Departamento da Qualidade na Saúde (DQS), até às unidades de saúde, sejam unidades locais de saúde (ULS), centros hospitalares, hospitais, agrupamentos de centros de saúde (ACES), ou unidades de cuidados continuados (UCC). O Despacho n.º 15423/2013 determina e regula esta estrutura de gestão. (Fig. 4) Em cada Administração Regional de Saúde (ARS) e nas Secretarias Regionais de Saúde das Regiões Autónomas existe um Grupo de Coordenação Regional (GCR) do PPCIRA, incluindo médicos e enfermeiros, representantes dos cuidados hospi-talares, dos cuidados de saúde primários e dos cuidados continuados. Deve integrar elementos com experiência na área de prevenção e contro-lo de infeção e de uso de antimicrobianos, e ser coordenado por um médico com dedicação de, pelo menos, 12 horas semanais a esta função, devendo o total de horas dedicado pelos elemen-tos do grupo ser superior a 40 horas semanais.
As competências do GCR são: (a) coordenar e apoiar as atividades de prevenção e controlo de infeção, o uso adequado de antimicrobianos e a prevenção de resistências a antimicrobianos; (b) garantir o cumprimento obrigatório dos progra-mas de vigilância epidemiológica (VE); (c) promo-ver e monitorizar a investigação de surtos e a realização de inquéritos epidemiológicos, colabo-rando na realização de auditorias; (d) programar a realização de ações de formação e divulgação em cada região.
Em cada unidade de saúde deve existir um Grupo de Coordenação Local (GCL) do PPCIRA, cuja composição deve atender às seguintes orien-tações: (a) no mínimo, 40 horas semanais de atividade médica, tanto em centros hospitalares, como em ULS ou ACES, devendo, nos casos de hospitais ou ULS com mais de 250 camas ou ULS com mais de 250 000 habitantes, um dos médi-cos dedicar pelo menos 28 horas semanais a esta função; (b) no mínimo, 80 horas semanais de atividade médica, tanto em centros hospitalares, como em unidades locais de saúde com mais de 750 camas ou unidades locais de saúde com mais de 500 000 habitantes, devendo um dos médicos
dedicar pelo menos 28 horas semanais a esta função; (c) no mínimo, um enfermeiro em dedi-cação completa a esta função, tanto em unidades hospitalares, independentemente de estarem ou não integradas em centros hospitalares, como em ACES ou ULS, acrescendo um enfermeiro em dedicação completa por cada 250 camas hospita-lares adicionais. Nas unidades de cuidados conti-nuados integradas na rede de cuidados continua-dos integrados deve existir um médico ou um enfermeiro responsável local do PPCIRA.
Ao GCL compete supervisionar as práticas locais de prevenção e controlo de infeção e de uso de antimicrobianos, garantir o cumprimento obriga-tório dos programas de vigilância epidemiológi-ca, nomeadamente a vigilância e notificação de microrganismos-problema e alerta, e garantir o retorno da informação sobre vigilância epidemio-lógica às unidades clínicas, promovendo e corri-gindo práticas de prevenção e controlo de infe-ção e de uso de antibióticos.
Os dois pilares que fundamentam o Programa, a prevenção e controlo da IACS e das RAM, deter-minam as grandes linhas da sua ação.
Por um lado pretende-se reduzir a emergência de resistências a antibióticos, o que pode conse-guir-se reduzindo o seu consumo. Este objetivo é atingível, promovendo o uso racional destes fármacos, não os utilizando quando não são necessários e utilizando, quando estritamente indicados, os antibióticos de espetro mais estrei-to possível e apenas durante o tempo necessário.
O processo dedicado à promoção, junto dos médi-cos prescritores, do uso racional dos antibióticos, é o chamado programa de assistência à pres-crição antibiótica (PAPA). Cabe ao GCL-PPCIRA garantir a implementação e funcionamento de um programa capaz de garantir a revisão e vali-dação das prescrições, nas primeiras 96 horas de terapêutica de, pelo menos, carbapenemos e fluoroquinolonas no hospital, e fluroquinolonas nos ACES, com o objetivo de anular o uso inapro-priado de antibióticos.
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 11
Por outro lado, a promoção de boas práticas de prevenção e controlo da infeção permitem reduzir a transmissão e a incidência da infeção, reduzin-do as situações em que é necessária prescrição antibiótica, reduzindo o consumo de antibióticos e consequentemente a geração de resistências. O instrumento de apoio à promoção dessas boas práticas é a Companha Nacional das Precauções Básicas do Controlo de Infeção (CNPBCI).
Um terceiro pilar estruturante do PPCIRA é a Vigilância Epidemiológica, permitindo através
dos seus vários programas medir o sucesso das restantes frentes, ou seja, perceber se estão a ser reduzidas as IACS e as RAM.
Cada uma destas macrointervenções têm conse-guido adesão significativa e crescente por parte dos serviços e instituições, estando implantadas em todo o País, embora exista sempre margem de melhoria e em alguns casos seja necessário atuar no sentido de promover um aumento dessa adesão (Quadro 2).
QUADRO 2 ADESÃO ÀS MACROINTERVENÇÕES 2012 E 2015
LANÇAMENTO 2012 2015
Vigilância epidemiológica (VE) de resistência a antibióticos (Laboratórios de Microbiologia)
Norma DGS/INSA 21-02-2013 Revista em 13 de
Novembro de 201522 laboratórios
de microbiologia
112 laboratórios de microbiologia
100% das ULS93% dos hospitais
5,6% dos ACES
Vigilância epidemiológica de Infeções Associadas a Cuidados de Saúde
Despacho nº 15423/2013 18-11-2013
85% dos hospitais fazem VE de pelo menos uma
IACS67% ILC; 69% UCI
78% INCS; 100% UCIN
Programa de Apoio à Prescrição Antibiótica
Despacho nº 15423/2013, 18-11-2013 0
40% das instituições78% dos hospitais
44% das ULS11% dos ACES
Campanha de Precauções Básicas de Controlo Infeção
05-05-1495
instituições394 instituições
100 hospitais públicos; 15 hospitais privados;
56 ACES; 267 UCCI
Fonte: PPCIRA/DGS/2015
PORTUGAL - Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 201512
Melhor Informação,Mais Saúde
3. CAMPANHA NACIONAL DE PRECAUÇÕES BÁSICAS DE CONTROLO DE INFEÇÃO
As Precauções Básicas de Controlo de Infeção (PBCI) são o alicerce das boas práticas clínicas que têm como objetivo a prevenção da transmis-são cruzada de IACS. Devem ser aplicadas em todos os doentes, independentemente do seu estado infecioso. Destinam-se a garantir a segu-rança do doente, do profissional de saúde e de todos os que entram em contacto com os servi-ços de saúde.
As PBCI são compostas por dez itens: (a) coloca-ção de doentes, (b) higiene das mãos, (c) etique-ta respiratória, (d) utilização de equipamento de proteção individual, (e) descontaminação do equi-pamento clínico, (f) controlo ambiental, (g) manu-seamento seguro da roupa, (h) recolha segura de resíduos, (i) práticas seguras na preparação e administração de injetáveis e (j) exposição a agen-tes microbianos no local de trabalho.
No dia 5 de Maio de 2014, Dia Mundial da Higie-ne das Mãos, foi lançada a Campanha Nacional de Precauções Básicas de Controlo de Infeção (CNPBCI), que incluiu e expandiu a Campanha de Higiene das Mãos que estava em curso desde 2009, com o objetivo de maximizar o cumprimen-to da Norma de Precauções Básicas de Controlo de Infeção da Direção Geral da Saúde, número 029/2012, revista e atualizada em 14/10/2013.
A CPBCI decorre em quatro fases:
• Primeira fase, de criação da estrutura de coordenação regional e local, e diagnós-tico da situação: compatibilização dos protocolos locais com a norma nacional de PBCI; identificação das ações em curso, análise dos resultados e revisão da infor-mação disponível; realização de auditorias ao cumprimento das PBCI e avaliação do risco organizacional para infeção; auditoria observacional de práticas; identificação e avaliação de necessidades e bloqueios para a implementação das PBCI.
• Segunda fase, de implementação: realiza-ção de ações de formação com priorização dos cinco momentos da higiene das mãos, do uso adequado de luvas e da higieni-zação de pontos críticos no ambiente de cuidados de saúde, como áreas de inter-venção central; envolvimento de direções de serviço e enfermeiros-chefes; estabele-cimento de plano de comunicação interno à instituição.
• Fase de monitorização e auditoria, chamada de “avaliação de progresso”: repetição, seis meses após a implementação, das audito-rias observacionais às práticas.
• Fase de avaliação final.
O número de unidades de saúde aderentes à CPBCI tem vindo a aumentar de forma significativa (Fig. 5), tendo ultrapassado em 2015 as quatro centenas.
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 13
Em 2014, participaram na auditoria às PBCI um total de 197 unidades de saúde (hospitais, ACES e UCCI), entre as quais 44 hospitais públicos, 7 hospitais privados, 22 ACES e 124 UCCI. Foram digitadas na base de dados nacional 1350 audito-rias, correspondendo cada auditoria a um serviço, departamento ou área funcional.
Os critérios em avaliação, na auditoria às PBCI, relacionam-se com os processos ou com as estruturas necessárias ao cumprimento das PBCI.
Conforme pode observar-se nas figuras 6 e 7, os índices globais de qualidade, ou seja, as taxas globais de conformidade relativos aos critérios de estrutura e de processo, foram mais baixas para as estruturas (72,9%) e mais elevadas para os processos (80,5%), diferença que pode justificar, se confirmada, focos preferenciais de intervenção.
O índice global nacional de qualidade, ou seja, o índice global de cumprimento dos critérios e padrões, foi calculado em percentagem, sendo de 72,9% para as estruturas e 80,5% para os processos.
FIGURA 5
FIGURA 6
EVOLUÇÃO DO NÚMERO DE UNIDADES ADERENTES À CAMPANHA NACIONAL DE PRECAUÇÕES BÁSICAS DE CONTROLO DE INFEÇÃO 2011-2014
CAMPANHA PBCI: AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA DE ESTRUTURA E PROCESSOS (ÍNDICES DE QUALIDADE)
Fonte: Relatório da auditoria às precauções básicas de controlo de infeção e dados evolutivos de adesão à higiene das mãos. Dados de 2014. Direção-Geral da Saúde, Departamento da Qualidade na Saúde, PPCIRA, Disponível em www.dgs.pt
Fonte: Adaptado de Relatório da auditoria às precauções básicas de controlo de infeção e dados evolutivos de adesão à higiene das mãos. Dados de 2014. Direção-Geral da Saúde, Departamento da Qualidade na Saúde, PPCIRA, Disponível em www.dgs.pt
Unidades aderentes
Índice de qualidade dos processos
Índice de qualidade das estruturas
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Hospitais ACES UCCI Dados nacionais globais
Perc
enta
gem
82,773,7
85,2 80,573,364,3
81,372,9
Campanha de Higiene das mãos Campanha PBCI
250
200
150
100
50
02011 2012 2013 2014
Nº A
bsol
uto
92 95 93
229
PORTUGAL - Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 201514
Melhor Informação,Mais Saúde
A adesão das unidades de saúde à monitoriza-ção da prática de higiene das mãos tem vindo a aumentar de forma gradual e consistente desde 2011, muito embora, em 2014 tenha havido um aumento significativo de unidades aderentes, com a inclusão dos ACES e das UCCI. Passou-se de 92 unidades de saúde em 2011, para 229 em 2014 (Fig. 5).
A taxa global de adesão dos profissionais, tradu-zindo o nível de cumprimento de boas práticas na
O modelo conceptual proposto pela OMS, desig-nado por “cinco momentos” é o modelo seguido, traduzindo os cinco tipos de oportunidades nas quais os profissionais devem higienizar as mãos. A adesão tem subido em todos os momentos, sendo consistentemente mais baixa no primeiro e último momentos, “antes do contacto com o doente” e “após contacto com o ambiente envol-vente do doente”, e mais elevada no terceiro momento, “após risco de exposição a sangue ou fluidos orgânicos” (Fig. 8).
higiene das mãos, foi em 2014 de 70,3%. Isto é, em cada 100 oportunidades nas quais era reco-mendada a higienização das mãos, os profissio-nais cumpriram 70.
O nível de adesão dos profissionais à higiene das mãos tem vindo a aumentar de forma gradual desde 2011, quando era de 66,3%. Este aumento tem-se verificado em todos os grupos profissionais.
Dado que a higienização das mãos é cada vez mais cumprida pelos profissionais através da fricção das mãos com solução antisséptica de base alcoólica (SABA), mais fácil de aceder junto ao ponto de prestação de cuidados, mais rápida de utilizar e em geral mais eficaz, um dos indi-cadores utilizados a nível mundial para avaliar o cumprimento de boas práticas nesta área é o consumo de SABA. Entre 2011 e 2014 verificou-se um aumento do consumo médio de SABA a nível nacional, de 35,5 para 42,6 litros/1000 dias de internamento, evolução compatível com a melho-ria das práticas.
FIGURA 7 RESULTADOS DA AUDITORIA ÀS PBCI. TAXA DE CONFORMIDADE POR CRITÉRIO E POR PADRÃO
Fonte: Relatório da auditoria às precauções básicas de controlo de infeção e dados evolutivos de adesão à higiene das mãos. Dados de 2014. Direção-Geral da Saúde, Departamento da Qualidade na Saúde, PPCIRA, Disponível em www.dgs.pt
% (de cumprimento)
59,7
81,576,0
93,6
81,8
98,190,9 91,6
99,8
39,9
100908070605040302010
0
Aval
iaçã
o de
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Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 15
FIGURA 8 EVOLUÇÃO DA ADESÃO À HIGIENE DAS MÃOS NOS 5 MOMENTOS
Fonte: Relatório da auditoria às precauções básicas de controlo de infeção e dados evolutivos de adesão à higiene das mãos. Dados de 2014. Direção-Geral da Saúde, Departamento da Qualidade na Saúde, PPCIRA, Disponível em www.dgs.pt
4. RESULTADOS: INFEÇÕES ASSOCIADAS A CUIDADOS DE SAÚDE
Um dos objetivos fundamentais do PPCIRA é a redução das taxas de infeção associada aos cuidados de saúde, através da prevenção e do controlo da sua transmissão.
Além dos estudos periódicos de prevalência, a medição da evolução das taxas de infeção faz-se continuamente através de estudos de incidência, estruturados em programas de vigilância epide-miológica (VE) que incidem sobre as principais infeções, ou sobre serviços e procedimentos de risco mais elevado.
Coordenados pelo PPCIRA e alimentados por dados carregados por dezenas de profissionais em todo o País, funcionam regularmente em Portugal programas de vigilância epidemiológica de infeção nosocomial da corrente sanguínea (VE-INCS), de infeção adquirida nas unidades de cuidados intensivos de adultos (UCI), de infeção do local cirúrgico (ILC), e de infeção adquirida em unidades de cuidados intensivos neonatais (UCIN). Os programas VE-INCS e das UCIN são original-mente portugueses, baseiam-se em protocolos e plataformas nacionais e geram dados dirigidos à
realidade nacional. Os programas de VE das infe-ções adquiridas em UCI e das ILC funcionam em articulação com o sistema de vigilância europeu HAI-Net (Healthcare – Associated Infections network) coordenado pelo ECDC (European Center for Disea-se Prevention and Control), e integram a rede de VE europeia TESSy (The European Surveillance System).
O programa VE-INCS monitoriza infeções da corrente sanguínea, principalmente a bacterie-mia por Staphylococcus aureus resistente à meti-cilina (MRSA) e a bacteriemia relacionada com o cateter venoso central (CVC). Tratam-se de infe-ções graves, em muitos casos diretamente rela-cionadas com os processos de cuidados. A sua incidência pode ser substancialmente reduzida pelo cumprimento de boas práticas de colocação, manutenção e remoção dos cateteres. Em 2014 assistiu-se a uma descida da taxa de incidência de bacteriemia por MRSA e bacteriemia relacionada com o CVC (Quadro 3).
A adesão a este programa tem sido crescente, resultando os dados de 2014 da participação de 393 serviços em 59 hospitais.
2011
2012
2013
2014
Linear
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Após contacto com o ambiente
envolvente do doente
Após contacto com o doente
Após de risco de exposição a sangue ou
fluídos orgânicos
Antes do procedimento
limpo/asséptico
Antes do contacto com
o doente
%
55
69
8376
6459
74
8579
6658
73
8578
6562
77
8680
65
PORTUGAL - Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 201516
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O programa de VE da infeção adquirida em UCIN tem beneficiado da proatividade e interesse dos Pediatras Intensivistas e dos seus serviços, viabi-lizando a monitorização de infeção em doentes e num cenário muito particulares. Tomando como exemplo a sépsis associada a CVC, as taxas apura-das para 2014 tendem a moderar o otimismo gerado pelos resultados de 2013, embora repre-
O programa de VE das infeções adquiridas em UCI monitoriza a incidência de pneumonia e traqueo-bronquite associadas à intubação endotraqueal, bacteriemia e infeção urinária. Por serem das mais graves e das que mais podem beneficiar de prevenção por via do cumprimento de boas práticas, a pneumonia associada à intubação endotraqueal e a bacteriemia relacionada com o CVC merecem habitual destaque, sendo alvos de intervenções particulares.
A bacteriemia relacionada com o CVC tem subido ligeiramente nas UCI, justificando a implemen-tação de iniciativas que contrariem esta tendên-cia. Inversamente, tem-se assistido a significativa redução da incidência de pneumonia associada à intubação nas UCI nacionais (Quadro 3).
A adesão a este programa aumentou nitidamente nos últimos anos, participando nesta altura 45 UCI, número que deverá ser melhorado.
sentem uma redução nítida quando comparadas com o pico observado em 2011.(Quadro 3).
O programa das UCIN tem tido adesão estabili-zada da quase totalidade das UCIN nacionais. Em 2014 foram carregados dados de mais de 4500 doentes admitidos em 39 unidades.
O programa de VE da infeção do local cirúrgico monitoriza com particular destaque a ocorrência de infeção em intervenções cirúrgicas nas quais esta complicação é mais frequente, como a cirur-gia do cólon, recto ou vias biliares, ou naquelas em que se associa a maior morbilidade, como as cirurgias coronária, de prótese de anca, joelho, ou laminectomia.
Destaca-se a nítida redução verificada nos últimos anos na elevada incidência de infeção na cirurgia colo-retal (Quadro 4). Inversamente, a cirurgia das vias biliares apresenta taxas mais baixas, embora com tendência crescente. Nas cirurgias de prótese de anca e joelho têm-se apurado taxas mais baixas, que decresceram nos últimos anos.
QUADRO 3 INCIDÊNCIA DE ALGUMAS DAS INFEÇÕES HOSPITALARES
BACTERIEMIA NOSOCOMIAL
POR MRSA (POR 1000 DIAS
DOENTE)
INFEÇÃORELACIONADA
COM CVC (POR 1000 DIAS
DE CVC)
INFECÇÃO RELACIONADA
COM CVC EM UCI ADULTOS
(POR 1000 DIAS DE CVC)
PNEUMONIA ASSOCIADA À
INTUBAÇÃO EM UCI ADULTOS
(POR 1000 DIAS DE INTUBAÇÃO)
SÉPSIS ASSOCIADA
A CVC EM UCI NEONATAL
(POR 1000 DIAS DE CVC)
2008 - 3,1 2,1 11,2 10,1
2009 0,22 3,0 2,2 10,6 11,3
2010 0,15 2,5 1,4 8,7 11,3
2011 0,15 2,0 1,5 8,6 13,4
2012 0,17 1,9 1,0 8,7 11,5
2013 0,17 1,9 1,3 7,4 9,1
2014 0,16 1,8 1,9 7,1 11,3
Fonte: PPCIRA/DGS, 2015
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 17
Classicamente afetada por insuficiente adesão, a VE da ILC tem beneficiado de significativo aumento de participação nos últimos anos, contando atualmente com 121 serviços de 46 hospitais, e mais de 28 000 cirurgias por ano.
Na análise geral da evolução nos últimos anos, devem destacar-se resultados positivos na pneu-monia associada à intubação, na bacteriemia hospitalar por MRSA e em três dos quatro tipos
de cirurgias mais representativos. Tendências negativas na bacteriemia relacionada com CVC em UCI de adultos e na cirurgia biliar justificam análise e a implementação de iniciativas de corre-ção da tendência verificada.
A participação dos serviços nos programas de VE, definida como obrigatória pelo Despacho nº 15423/2013, deve ser incrementada, como única forma de melhorar a qualidade dos dados nacionais.
QUADRO 4 INCIDÊNCIA DE INFEÇÕES DE LOCAL CIRÚRGICO
CÓLON E RETO BILIAR PRÓTESE DE ANCA PRÓTESE DE JOELHO
2011 20,7% 2,2% 1,7% 3,4%
2012 23,7% 2,2% 1,5% 2,3%
2013 16,6% 2,0% 0,8% 2,0%
2014 17,2% 2,4% 0,6% 1,3%
Variação 2011-2014 Redução de 17% Aumento de 9% Redução de 65% Redução de 62%
Fonte: PPCIRA/DGS, 2015
5. RESULTADOS: CONSUMO DE ANTIBIÓTICOS
Os antibióticos são indispensáveis para a medici-na que hoje se pratica. Por esse motivo têm que ser criteriosamente utilizados. Ao contrário do que acontece com outros medicamentos, o uso siste-mático dos antibióticos tende a torná-los menos eficazes para tratar, quer a pessoa a quem são administrados quer a comunidade envolvente. Embora o aparecimento de resistências seja uma consequência natural da utilização destes fárma-cos, o seu uso desregrado tem acelerado e agra-vado essa tendência, ao ponto de terem emergido estirpes microbianas resistentes à generalidade dos antibióticos habitualmente usados. Simulta-neamente tem-se verificado um decréscimo acen-tuado da síntese ou descoberta de novas classes de antimicrobianos. Ambos os problemas contri-buem para a dificuldade, que já hoje se verifica, no tratamento de algumas infeções.
Esta dificuldade gera um ciclo vicioso. A necessidade de tratar infeções eventualmente provocadas por
bactérias resistentes leva à opção por esquemas de terapêutica antibiótica de mais largo espectro, no intuito de minimizar o insucesso terapêutico. No entanto, atuando desta forma tem-se aumentado a pressão antibiótica e o desenvolvimento de novas resistências, mais difíceis de ultrapassar.
A única forma de inverter esta preocupante espiral involutiva, quebrando o ciclo vicioso, é promover o uso criterioso e racional dos antibióticos.
Sabemos que o elevado consumo de uma classe de antimicrobianos se associa ao aumento do desen-volvimento de resistências a essa mesma classe. Mas, no caso de algumas classes, a sua utilização associa-se também ao aumento das resistências a outras famílias de antibióticos. Por esse motivo, ou por atuarem contra um espetro muito alargado de bactérias, ou mesmo por serem utilizados de forma particularmente frequente e inapropriada, alguns destes fármacos são mais responsabiliza-
PORTUGAL - Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 201518
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dos por provocar o chamado “dano colateral” dos antibióticos.
Tal é o caso dos antibióticos das famílias das quino-lonas e dos carbapenemos, que por esse motivo devem ser alvo da particular atenção dos progra-mas de apoio à prescrição antibiótica (PAPA) nas diversas unidades de saúde, com o objetivo de garantir o seu uso correto, de acordo com a evidên-cia científica disponível.
O consumo de antibióticos na comunidade, em Portugal, manteve-se durante muito tempo acima do registado na Europa, apesar de uma tendência decrescente que havia estabilizado a partir de 2006. Segundo dados do sistema de monitorização europeu ESAC-Net (European Surveillance of Antimi-crobial Consumption Network), em 2012 Portugal era o nono, entre 30 países europeus, com maior consumo de antibióticos na comunidade, acima da média europeia.
Merece destaque a inversão dessa situação nos últimos dois anos (Fig. 9). A partir de 2012 verificou--se ligeira tendência crescente no consumo ambu-latório a nível europeu, divergente da redução observada em Portugal, que em 2014 se posicio-nou a meio, 16ª posição, do mesmo grupo de 30 países europeus, e abaixo da média, no que respei-ta a consumo de antibióticos na comunidade. Neste ano foram incorporados dados de subsiste-mas no registo do Serviço Nacional de Saúde, facto suficiente para justificar a ligeira subida verificada (Fig. 10).
Os antibióticos consumidos a nível hospitalar representam, quantitativamente, uma pequena parte do total nacional, no qual o consumo ambu-latório predomina. A grande relevância assumida pelo consumo que ocorre no hospital deriva de serem utilizados neste contexto os antibióticos de mais largo espetro, com maior responsabilidade na pressão seletiva geradora de resistências.
FIGURA 9 CONSUMO DE ANTIBIÓTICO EM PORTUGAL (DDD/1000 HABITANTES/DIA)
DDD: Dose Diária DefinidaDHD: Dose Diária Definida por 1000 habitantes e por diaNota: Em 2013 existiu uma quebra de série devido à inclusão de subsistemas públicos (e consequente alargamento da base populacional), o que dificulta a análise da evolução e comparações ao nível internacionalFonte: INFARMED, 2015
Portugal
União Europeia
2,0
1,8
1,6
1,4
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,02011
1,7
23,7 23,0
19,020,320,8 21,2
21,8 21,6
1,6 1,61,55
2012 2013 2014
25
20
15
10
5
02011 2012 2013 2014D
DD
por
100
0 ha
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por
dia
(DH
D)
DD
D p
or 1
000
habi
tant
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or d
ia (D
HD
)
SETOR HOSPITALAR (7%)
COMUNIDADE (93%)
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 19
Também no setor hospitalar se registou evolu-ção positiva do consumo de antibióticos (Fig. 9), observando-se divergência, mais nítida desde 2012, da evolução ligeiramente crescente veri-ficada na média europeia (Figs. 9 e 11). Embora continue a existir margem de redução do consu-mo hospitalar global, o principal problema neste contexto reside nas dismorfias negativas que se constatam no perfil do consumo nacional, com utilização particularmente elevada de classes de antibióticos de espetro mais largo como os carba-penemos.
Em 2012, na comunidade, o elevado consumo de quinolonas era ainda mais significativo que o consumo global de antibióticos, ocupando Portu-gal o sexto lugar entre os países que mais consu-miam esta classe de antibióticos, segundo dados da monitorização europeia (ESAC-Net). A evolu-ção registada desde então só pode considerar-se muito positiva, já que o consumo de quinolonas na comunidade diminuiu 27%, entre 2011 e 2014 (Quadro 5).
Também a nível hospitalar se registou uma evolu-ção positiva no consumo de quinolonas, tendo-se verificado uma redução de 23% entre 2011 e 2014 (Fig. 12).
FIGURA 10 CONSUMO DE ANTIBIÓTICOS NA COMUNIDADE EM 30 PAÍSES UE E EEE EM 2014, EXPRESSA EM DDD POR 1000 HABITANTES E POR DIA
a) Chipre e a Roménia forneceram dados relativos à totalidade da prestação de cuidados (i.e. incluindo o setor hospitalar).b) Espanha forneceu dados de comparticipação (i.e., não incluindo o consumo de antibióticos obtidos sem receita e outras vias de aquisição não comparticipadas).DDD: Dose Diária DefinidaFonte: ESAC-Net, ECDC 2015
Penicilina (J01C)
Cefalosporinas e outros beta-lactâmicos (J01D)
Tetraciclinas (J01A)
Macrólidos, lincosamidas e estreptograminas (J01F)
Quinolonas (J01M)
Sulfonamidas e trimetoprim (J01E)
Outras classes J01
Holanda
Estónia
Letónia
Suécia
Áustria
Eslovénia
Alemanha
DInamarca
Noruega
Lituânia
Hungria
Finlândia
República Checa
Islândia
Portugal
Reino Unido
Eslováquia
Bulgária
Croácia
UE/EEE
Espanha (b)
Polónia
Irlanda
Malta
Luxemburgo
Chipre (a)
Itália
França
Roménia (a)
Grécia
0
DDD por 1 000 habitantes e por dia
10 20 305 15 25 35
PORTUGAL - Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 201520
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FIGURA 11 CONSUMO DE ANTIBIÓTICOS NO SECTOR HOSPITALAR, EM 23 PAÍSES UE E EEE, EM 2014, EXPRESSA EM DDD POR 1000 HABITANTES E POR DIA
(a) Finlândia: dados incluem consumo em centros de saúde periféricos e lares; b) Portugal: Dados apenas dos hospitais públicos; c) Bélgica: dados relativos a 2013; Reino Unido: dados não incluem a Irlanda do Norte)DDD: Dose Diária Definida Fonte: ESAC-Net, ECDC 2015
QUADRO 5 CONSUMO DE QUINOLONAS, EM AMBULATÓRIO, EM PORTUGAL
ANO DHD
2011 2,9
2012 2,6
2013 2,2
2014 2,1
Variação 2011-2014 Redução de 27%
Fonte: INFARMED, 2015
Penicilina (J01C)
Cefalosporinas e outros beta-lactâmicos (J01D)
Tetraciclinas (J01A)
Macrólidos, lincosamidas e estreptograminas (J01F)
Quinolonas (J01M)
Sulfonamidas e trimetoprim (J01E)
Outras classes J01
DDD por 1 000 habitantes e por dia
Holanda
Hungria
Noruega
Polónia
Bulgária
Portugal (b)
Suécia
Eslovénia
Islândia
Bélgica (c)
Luxemburgo
Croácia
Estónia
UE/EEE
Grécia
Dinamarca
França
Malta
Itália
Letónia
Lituânia
Eslóvaquia
Reino Unido (d)
Finlândia (a)
1.0 2.0 3.00. 50,0 1.5 2.5
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 21
FIGURA 12 CONSUMO DE QUINOLONAS, EM MEIO HOSPITALAR, PORTUGAL
Fonte: INFARMED, 2015
Os carbapenemos são antibióticos de largo espe-tro, indicados para utilização em algumas infeções graves por agentes multirresistentes. Represen-tam, em muitos casos, a última alternativa tera-pêutica, pelo que devem ser preservados e utili-zados apenas em situações selecionadas, em que outros fármacos não são eficazes, sob pena de favorecer a proliferação de estirpes resistentes a quase todos, ou mesmo a todos os antibióticos conhecidos.
No entanto, tem-se verificado uma utilização excessiva de carbapenemos nos hospitais portu-gueses. Em 2011, Portugal era o país europeu no qual se usavam mais carbapenemos, sendo essa utilização superior ao triplo da média europeia. Esta situação manteve-se até 2013, ao mesmo tempo que aumentava ligeiramente a média europeia. Em 2014 verificou-se uma redução, de 5%, nos níveis de consumo desta classe de fármacos em Portugal. No entanto, o nível alcan-çado é ainda 2,3 vezes superior à média europeia (Quadro 6).
Reduzir significativamente o consumo de carbape-nemos nos hospitais portugueses, utilizando estes fármacos apenas nas situações em que o seu uso pode ser considerado apropriado, é um dos obje-tivos principais da política de controlo das resis-tências aos antimicrobianos do PPCIRA. Deve ser também, a nível de cada hospital, objetivo principal das equipas responsáveis pelo PAPA local.
Uma das utilizações mais importantes dos anti-bióticos nos hospitais é a efetuada com intuito profilático da infeção do local cirúrgico. A admi-nistração profilática de antibiótico, nas cirurgias designadas limpas-contaminadas ou nas limpas com prótese vascular ou articular em que a ILC se associe a elevado risco de mortalidade, previne a infeção numa proporção significativa de casos, sendo um importante complemento da técnica cirúrgica correta na melhoria do prognóstico do doente operado.
A Norma da DGS número 031/2013, de 31/12/2013 atualizada em 18/12/2014, reúne a evidência científica disponível nesta matéria, a qual demonstra que a administração do anti-biótico profilático deve iniciar-se imediatamente antes e cingir-se ao intra-operatório, podendo em situações específicas manter-se nas primeiras 24 horas, não depois desse período.
O prolongamento inapropriado da administração de antibiótico no pós-operatório em doente sem infeção, ocorrência prevalente em 2014 (Fig. 13), não melhora o prognóstico, antes aumenta o risco de infeção por agentes multirresistentes no doente operado, e a pressão geradora de resis-tências no hospital. É um dos principais desvios das boas práticas verificado na utilização de anti-bióticos nos hospitais portugueses, não sendo justificável a sua persistência.
Quinolonas (J01M)
Quinolonas (J01M) no total dos antibióticos
0,25
0,2
0,15
0,1
0,05
0
14
12
10
8
6
4
2
02011 2012 2013 2014
DH
D
Peso
(%)
12,61
0,2211,01
0,18
10,98
0,18
10,66
0,17
PORTUGAL - Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 201522
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FIGURA 13 USO DE ANTIBIÓTICOS PARA PROFILAXIA CIRÚRGICA EM PORTUGAL. DOENTES COM ANTIBIÓTICO APÓS INTERVENÇÃO CIRÚRGICA, SEM SINAIS DE INFEÇÃO
Fonte: PPCIRA/DGS 2015
QUADRO 6 CONSUMO DE CARBAPENEMOS NO HOSPITAL, 2010-2014, NOS PAÍSES DA UE E EEE, EM DDD POR 1000 HABITANTES POR DIA (DHD)
PAÍS 2010 2011 2012 2013 2014
Países Baixos 0,015 0,018 0,019 0,020 0,019
Bulgária 0,010 0,013 0,013 0,014 0,020
Polónia (a) - - - - 0,024
Letônia 0,048 0,029 0,190 0,022 0,027
França 0,027 0,030 0,021 0,033 0,033
Lituânia (a) - - 0,026 0,026 0,033
Hungria 0,027 0,028 0,032 0,037 0,042
Eslováquia (a) - - 0,027 0,034 0,042
Estônia 0,027 0,360 0,036 0,033 0,043
Noruega 0,044 0,044 0,045 0,046 0,047
Suécia 0,052 0,052 0,053 0,056 0,053
EU/EEA 0,046 0,048 0,053 0,060 0,058
Eslovenia 0,067 0,078 0,074 0,061 0,066
Reino Unido (a) (d) - - - 0,064 0,071
Croácia 0,055 0,058 0,065 0,060 0,073
Itália 0,069 0,039 0,073 0,076 0,081
Finlândia (b) 0,081 0,094 0,074 0,088 0,081
Dinamarca 0,056 0,060 0,063 0,087 0,085
Luxemburgo 0,096 0,086 0,101 0,095 0,087
Malta 0,077 0,105 0,052 0,066 0,101
Irlanda 0,058 0,057 0,061 0,088 0,109
Portugal (c) 0,141 0,139 0,143 0,146 0,139
Grecia (a) - 0,130 0,133 0,135 0,143
Belgica (a) 0,068 0,079 0,062 0,062 -
Nota: -dados não disponíveisO número para a UE/EEE refere-se ao consumo médio da população, calculado pela soma dos produtos de consumo diário de cada país em DDD por 1 000 habitantes vezes a população do país, de acordo com os dados do Eurostat, dividindo este valor pelo total da população de UE/EEE.a) Países que não reportaram os dados para todos os anos no período 2010-2014b) Finlândia: dados incluem consumo em centros de saúde periféricos e lares;c) Portugal: dados relativos apenas aos hospitais públicos;d) Reino Unido: dados não incluem consumo de RU-Gales (2013) ou RU-Irlanda do Norte (2014).DDD: Dose Diária Definida DHD: Dose Diária Definida por 1000 habitantes e por dia Fonte: ESAC-Net, ECDC 2015
• Consumo Crescente no global da EU• Consumo decrescente em Portugal, pela primeira vez, em 2014 (5%)• Consumo em Portugal ainda é 2,3 vezes superior à média da UE
Não
Sim
64%
36%
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 23
6. RESULTADOS: RESISTÊNCIAS A ANTIBIÓTICOS
A progressiva eliminação de estirpes suscetíveis aos antibióticos mais utilizados e consequente seleção das resistentes, bem como a transmissão das resistências por estas estirpes para outras previamente sensíveis, são mecanismos biológicos de adaptação particularmente efetivos em grande parte das bactérias.
Tratando-se de um processo de ocorrência expec-tável e natural, a seleção de estirpes resistentes tem sido potenciada pela utilização frequentemen-te inapropriada dos fármacos antimicrobianos.
Na prática, o aumento das taxas de resistência significa que, perante uma infeção provocada por um determinado microrganismo, é maior a proba-bilidade desse microrganismo ser resistente aos antibióticos habitualmente utilizados, sendo a infe-ção apenas tratável por fármacos de mais largo espetro, por sua vez com maior potencial gerador de resistências. A inversão desta perigosa espiral é um dos principais objetivos do trabalho de preven-ção e controlo de IACS e de RAM.
Em 2013, um protocolo realizado entre a DGS e o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) promoveu o alargamento da Rede Nacional de Vigilância Epidemiológica de Resistências aos Antimicrobianos, de 22 laboratórios de microbiolo-gia (todos eles públicos e hospitalares), para cerca de 120 laboratórios (públicos e privados, hospita-lares e não-hospitalares) em 2015.
O funcionamento da Rede foi agilizado em 2015 com a revisão da norma da DGS número 004/2013, permitindo recentrar o foco da vigilância na monito-rização dos microrganismos considerados “alerta”, ou seja, Staphylococcus aureus com resistência a vancomicina (VRSA) ou a linezolide ou a daptomi-cina, Enterococcus faecium e Enterococcus faecalis com resistência a linezolide, Enterobacteriaceae com suscetibilidade intermédia ou resistência aos carbapenemos ou presumíveis produtoras de carbapenemases, Pseudomonas aeruginosa com resistência à colistina, e Acinetobacter spp. com resistência à colistina. Procurou-se também, com
esta revisão, contribuir para a viabilização do envio mais regular de informação de retorno aos serviços.
Os microrganismos “alerta” são particularmente preocupantes em termos epidemiológicos, micro-biológicos e clínicos, pelo perfil de resistência que apresentam. O seu isolamento deve determinar o incremento imediato de medidas locais de conten-ção da transmissão e de análise e melhoria do padrão de prescrição de antimicrobianos.
Simultaneamente manteve-se a monitorização dos microrganismos considerados “problema”, desde que isolados em amostras invasivas, isto é, de sangue ou líquido cefalorraquidiano. São incluídos neste grupo: Pseudomonas aeruginosa, Acinetobac-ter spp, Enterobacteriaceae, Staphylococcus aureus, Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium e Streptococcus pneumoniae. Também é considera-do microrganismo “problema”, Clostridium difficile.
A Rede Nacional colabora na rede de vigilância epidemiológica europeia de resistência aos anti-microbianos, enviando anualmente dados repre-sentativos da realidade portuguesa para o siste-ma European Antimicrobial Resistance Surveillance Network (EARS-Net), coordenado pelo ECDC.
A taxa de resistência à meticilina em Staphylococ-cus aureus é um dos indicadores de resistência aos antimicrobianos classicamente medidos e reporta-dos. Em Portugal esta taxa atingiu 54,6% em 2011, valor situado entre os mais elevados da Europa, após uma subida progressiva, mais nítida desde 2000 (Fig. 14). Em 2013 registou-se uma desci-da, com establização no ano de 2014 em 47,4%. Este valor representa uma inversão da tendência de subida anteriormente verificada. No entanto, é ainda elevado, sendo a sua redução um dos obje-tivos do PPCIRA.
A análise do mapa do sistema EARS-Net (Fig. 16) permite situar relativamente a posição portuguesa no contexto europeu, e concluir que é ainda longo o percurso de melhoria que importa percorrer.
PORTUGAL - Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 201524
Melhor Informação,Mais Saúde
Em 2015 entrou em vigor a norma da DGS número 018/2014 sobre prevenção e controlo de coloniza-ção e infeção por Staphylococcus aureus resistente à meticilina nos hospitais e UCCI, destinada a cons-tituir um instrumento orientador de boas práticas, a ser utilizado pelos profissionais e serviços com o objetivo principal de reduzir as taxas de infeção por este agente. Traduzindo a evidência científica disponível, a norma estabelece novos paradigmas de atuação nesta área específica, com implicações a vários níveis do funcionamento das unidades de saúde. Está já a ser implementada em múlti-plos serviços. Apesar disso continua a deparar com constrangimentos estruturais que não foram ainda completamente ultrapassados e dificultam uma descida mais pronunciada e sustentada das taxas de infeção.
Em Enterococcus faecium, Portugal apresentava, no ano de 2003, uma taxa de resistência à vancomici-na de 46,6%, valor extremamente elevado (Fig. 15).Desde então verificou-se uma descida progressiva desta taxa, que atingiu os 20,1% em 2014. Embo-ra claramente positiva, esta evolução não é ainda satisfatória, situando-se o Pais entre os seis países europeus que ainda apresentam um valor supe-rior a 20% neste indicador.
Embora menos grave que a verificada em MRSA, também neste caso a situação não pode consi-derar-se satisfatória quando comparada com os restantes países europeus. Deve registar-se aqui a inabitual existência de taxas de resistência eleva-das em países do norte da Europa (Fig. 17).
FIGURA 14
FIGURA 15
RESISTÊNCIA À METICILINA NOS ISOLADOS INVASIVOS DE STAPHYLOCOCCUS AUREUS (MRSA) EM PORTUGAL, 1999-2014
RESISTÊNCIA À VANCOMICINA NOS ISOLADOS INVASIVOS DE ENTEROCOCCUS FAECIUM, EM PORTUGAL, 2001-2014
Fonte: INSA 2015
Fonte: INSA 2015
1999
36,9
2000
25,2
2004
46,1
2006
48,1
2008
52,9
2010
53,4
2011
54,6
2012
53,8
2007
48,4
2009
49,1
2003
45,5
2005
46,6
2013
46,8
2014
47,4
2001
31,9
2002
38,1
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Perc
enta
gem
2001
20,6
20020
2006
25,7
2008
23,7
2010
23,4
2012
23,3
2013
22
2014
20,1
2009
22,6
2011
20,2
2005
33,7
2007
29,1
2003
46,6
2004
47,3
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Perc
enta
gem
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 25
FIGURA 16
FIGURA 17
STAPHYLOCOCCUS AUREUS: PERCENTAGEM DE ISOLADOS INVASIVOS COM RESISTÊNCIA A METICILINA, POR PAÍS, UE E EEE, 2014
ENTEROCOCCUS FAECIUM: PERCENTAGEM DE ISOLADOS INVASIVOS COM RESISTÊNCIA A VANCOMICINA, POR PAÍS, UE E EEE, 2014
Fonte: adaptado de EARS-Net/ECDC, 2015
Fonte: adaptado de EARS-Net/ECDC, 2015
< 1%
< 1%
1% a < 5%
1% a < 5%
5% a < 10%
5% a < 10%
10% a < 25%
10% a < 25%
Liechtenstein
Liechtenstein
Países não visíveis
Países não visíveis
25% a < 50%
25% a < 50%
Luxemburgo
Luxemburgo
≥ 50%
≥ 50%
Malta
Malta
Dados não reportados ou menos de 10 isolados
Dados não reportados ou menos de 10 isolados
Não incluído
Não incluído
PORTUGAL - Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 201526
Melhor Informação,Mais Saúde
< 1%
1% a < 5%
5% a < 10%
10% a < 25%
Liechtenstein
Países não visíveis
25% a < 50%
Luxemburgo
≥ 50%
Malta
Dados não reportados ou menos de 10 isoladosNão incluído
Ainda em bactérias Gram-positivo, Streptococcus pneumoniae tem particular relevância como agen-te etiológico nas infeções da comunidade e, a nível hospitalar, na pneumonia grave e meningite. A monitorização evolutiva das taxas de resistência repercute-se nas escolhas da antibioterapia empí-rica em grande número de casos, quer no ambula-tório quer no hospital.
Em agentes Gram-negativo, Acinetobacter spp conheceu uma expansão acentuada e preocupan-te nas últimas décadas, quer em incidência quer em taxas e extensão das resistências. Persistem em diversos hospitais, com carater de endemici-dade, estirpes de Acinetobacter multi ou extensi-vamente resistentes, ocasionalmente assumindo panresistência, ou seja, resistência a todos os anti-bióticos conhecidos.
Importa neste caso registar que a resistência à penicilina em Streptococcus pneumoniae apresen-tou uma tendência de redução até 2013 (Quadro 7), verificando-se um aumento de 7,6% para 10,1% em 2014, cujo significado evolutivo deverá ser estabelecido nos próximos anos.
No mesmo agente, inversamente, a resistência aos macrólidos apresentou tendência crescente até 2013, atingindo a taxa de 20,6%, diminuindo em 2014 para 16,0% (Quadro 7).
Nos últimos anos esta situação melhorou signifi-cativamente, quer em termos de incidência quer de taxa de resistência. Embora ainda incluído no grupo de países com mais altas taxas de resistên-cia combinada em Acinetobacter, Portugal já não se encontra entre os piores deste grupo (Fig. 18), mercê da redução verificada na taxa de resistên-cia, a qual baixou de 64,3% em 2012 para 39,2% em 2014 (Fig. 19), Trata-se de uma descida rele-vante, sendo importante que a tendência estabe-lecida se mantenha.
QUADRO 7 TAXA DE RESISTÊNCIA ENTRE OS ISOLADOS INVASIVOS DE STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE EM PORTUGAL, 2011-2014
2011 2012 2013 2014
Penicilinas 10,5% 8,4% 7,6% 10,1%
Macrólidos 14,8% 18,5% 20,6% 16,0%
Fonte: EARS Net/ECDC 2015
FIGURA 18 ACINETOBACTER SPP: PERCENTAGEM DE ISOLADOS INVASIVOS COM RESISTÊNCIA COMBINADA A FLUOROQUINOLONAS, AMINOGLICOSÍDEOS E CARBAPENEMOS (MDR), UE E EEE, 2014
Fonte: adaptado de EARS-Net/ECDC, 2015
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 27
Se o ponto da situação das resistências em Staphylococcus aureus, Enterococcus, Streptococcus pneumoniae e Acinetobacter permite concluir pela existência de tendências positivas que importa prosseguir e acentuar, já no que respeita a Ente-robacteriaceae o problema justifica maior atenção.
Desde há alguns anos têm sido isoladas, com frequência crescente, estirpes multirresistentes de Enterobacteriaceae, nomeadamente de Kleb-siella pneumoniae, Escherichia coli, Proteus ou Enterobacter, além de outros géneros e espécies menos prevalentes. Em muitos casos esta resis-tência é mediada pela síntese de enzimas desig-nadas ß–lactamases de espetro alargado, capazes de degradar, com eficácia variável, todos ou quase todos os antibióticos ß–lactâmicos.
Escherichia coli assume particular relevância na comunidade, ao ser responsável pela maior parte das infeções urinárias não complicadas, além de infeções adquiridas no hospital, nomeadamente infeções do local cirúrgico.
Devido, entre outros fatores, à excessiva exposição a fluoroquinolonas verificada nas últimas décadas, quer no ambulatório quer no hospital, a resistên-
cia a esta classe de antibióticos em Escherichia coli tem aumentado progressivamente, atingindo em 2014 os 33,4% (Fig. 20). Este é um nível elevado, com necessária repercussão, por exemplo, na terapêutica empírica da infeção urinária na comu-nidade, na qual o início de uma fluoroquinolona é, neste contexto, uma opção inapropriada.
Também no contexto europeu, a taxa de resis-tência às fluoroquinolonas em Escherichia coli é comparativamente alta, sendo Portugal o sétimo com taxa mais elevada, entre os 29 países da Euro-pa que reportaram dados de 2014 para o sistema EARS-Net (Fig. 21).
Particularmente importante é a evolução verifi-cada nos últimos anos em Klebsiella pneumoniae, agente relativamente ao qual a situação acima descrita para as restantes Enterobacteriaceae tem assumido maior magnitude. Entre 2007 e 2014, a taxa de resistência a cefalosporinas de terceira geração em Klebsiella pneumoniae subiu de 16,5% para 40,9% (Quadro 8).
Neste caso, a análise comparativa com os restan-tes países europeus coloca Portugal no segundo grupo com mais elevada taxa de resistência (Fig. 22).
FIGURA 19 PERCENTAGEM DE RESISTÊNCIA COMBINADA A FLUOROQUINOLONAS, AMINOGLICOSÍDEOS E CARBAPENEMOS (MDR) EM ACINETOBACTER BAUMANNII EM PORTUGAL, 2012 – 2014
Fonte: INSA, 2015
2012 2013 2014
64,356,6
39,2
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Perc
enta
gem
PORTUGAL - Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 201528
Melhor Informação,Mais Saúde
FIGURA 20
FIGURA 21
RESISTÊNCIA A QUINOLONAS EM ESCHERICHIA COLI. PORTUGAL, 2001 – 2014 (PERCENTAGEM DE ISOLADOS RESISTENTES OU COM SUSCETIBILIDADE INTERMÉDIA)
ESCHERICHIA COLI: PERCENTAGEM DE ISOLADOS INVASIVOS COM RESISTÊNCIA A FLUOROQUINOLONAS, POR PAÍS, UE E EEE, 2014
Fonte: INSA 2015
Fonte: adaptado de EARS-Net/ECDC, 2015
< 1%
1% a < 5%
5% a < 10%
10% a < 25%
Liechtenstein
Países não visíveis
25% a < 50%
Luxemburgo
≥ 50%
Malta
Dados não reportados ou menos de 10 isoladosNão incluído
2001
17,5
2006
27,8
2008
29,0
2010
27,3
2012
30,4
2013
31,7
2014
33,4
2009
28,0
2011
27,7
2005
29,4
2007
30,0
2003
26,8
2004
26,8
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Perc
enta
gem
2002
25,0
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 29
FIGURA 22 KLEBSIELLA PNEUMONIAE: PERCENTAGEM DE ISOLADOS INVASIVOS COM RESISTÊNCIA A CEFALOSPORINAS DE 3ª GERAÇÃO, POR PAÍS, UE E EEE, 2014
Fonte: adaptado de EARS-Net/ECDC, 2015
QUADRO 8 KLEBSIELLA PNEUMONIAE: ISOLADOS INVASIVOS COM RESISTÊNCIA A CEFALOSPORINAS DE TERCEIRA GERAÇÃO, EM PORTUGAL, 2007-2014
ANO 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Taxa de resistência 16,5% 25,7% 27,5% 28,3% 35,4% 38,7% 37,0% 40,9%
Fonte: EARS-Net/ECDC 2015
Além da síntese de ß–lactamases de espetro alar-gado e consequente inativação de grande parte dos antibióticos ß–lactâmicos, Enterobacteriaceae, com destaque para Klebsiella pneumoniae, desen-volveram nos últimos anos diversos mecanismos que lhes permitem resistir à ação dos carbapene-mos, uma das classes de antibióticos com espetro mais largo. Entre estes mecanismos destaca-se, pela frequência e eficácia, a síntese de enzimas desginadas por carbapenemases, capazes de inati-var os carbapenemos, o que torna estas bactérias, globalmente identificadas pela sigla CPE (Carbape-nemase-producing Enterobacteriaceae), frequente-
Até 2007 não tinha sido reportado, a nível nacional, qualquer isolamento de uma estirpe de Klebsiella pneumoniae resistente aos carbapenemos. A primeira estirpe com essas caraterísticas foi reportada em 2008. (Fig. 23) Desde então tem-se
mente resistentes a quase todos, ou todos os anti-bióticos conhecidos. As infeções por estes agentes constituem assim um desafio terapêutico muitas vezes difícil de ultrapassar. Por esse motivo, o isolamento na unidade de saúde de bactérias que apresentem este tipo de resistência, deve obrigar à tomada imediata de medidas rigorosas de isola-mento e rastreio de contactantes, com o objetivo de impedir a sua transmissão. Simultaneamente, obriga à reanálise do uso de antibióticos e corre-ção de desvios detetados, com o objetivo de redu-zir a pressão de seleção.
verificado tendência para aumento da percenta-gem de estirpes de Klebsiella isoladas em sangue ou líquor que apresentam resistência aos carba-penemos. Em 2014 essa percentagem foi de 2,1%, quando em 2013 tinha sido de 2,4%.
< 1%
1% a < 5%
5% a < 10%
10% a < 25%
Liechtenstein
Países não visíveis
25% a < 50%
Luxemburgo
≥ 50%
Malta
Dados não reportados ou menos de 10 isoladosNão incluído
PORTUGAL - Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 201530
Melhor Informação,Mais Saúde
FIGURA 23 KLEBSIELLA PNEUMONIAE RESISTENTE A CARBAPENEMOS EM PORTUGAL, 2007 – 2014 (PERCENTAGEM DE ISOLADOS RESISTENTES OU COM SUSCETIBILIDADE INTERMÉDIA)
Fonte: INSA 2015
Apesar de reduzida quando comparada com as apuradas noutros agentes acima referidos, (Quadro 9) esta taxa apresenta tendência cres-cente. A perspetiva do seu progressivo cresci-mento, a concretizar-se, deve inspirar cuidado, atendendo ao perfil de resistência extensiva e aparente facilidade de geração de surtos que o agente apresenta.
No contexto europeu de 2014, (figs. 24 e 25) Portugal encontrava-se no segundo grupo de países onde a taxa de resistência a carbapene-mos era mais baixa, sendo a situação já preo-cupante em alguns países mediterrânicos. Tal preocupação tem motivado um seguimento parti-cularmente atento por parte da vigilância epide-miológica europeia. Já em 2015, uma auto-análise
à realidade epidemiológica de cada país, efetuada por peritos nacionais, promovida pelo ECDC em colaboração com outros organismos europeus, colocava Portugal num estádio epidemiológico intermédio relativamente a CPE (Fig. 26).
A geração e o aumento da incidência de estirpes multirresistentes são fenómenos multifatoriais, para os quais contribuem o uso inadequado de antibióticos e a transmissão da infeção associada aos cuidados de saúde. O cumprimento e manu-tenção de boas práticas em ambas as áreas, bem como a existência de estruturas e implementa-ção de processos que viabilizem e facilitem essas boas práticas, são condições necessárias, even-tualmente suficientes, para controlar o agrava-mento do problema.
2007
0
2013
2,4
2011
0,5
2012
0,8
2014
2,1
2009
0,8
2010
1,6
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
Perc
enta
gem
2008
0,7
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 31
< 1%
1% a < 5%
5% a < 10%
10% a < 25%
Liechtenstein
Países não visíveis
25% a < 50%
Luxemburgo
≥ 50%
Malta
Dados não reportados ou menos de 10 isoladosNão incluído
FIGURA 24
FIGURA 25
KLEBSIELLA PNEUMONIAE: PERCENTAGEM DE ISOLADOS INVASIVOS COM RESISTÊNCIA A CARBAPENEMOS, POR PAÍS, UE E EEE 2014
KLEBSIELLA PNEUMONIAE: PERCENTAGEM DE ISOLADOS INVASIVOS COM RESISTÊNCIA A CARBAPENEMOS, POR PAÍS, UE E EEE 2014
Fonte: adaptado de EARS-Net/ECDC, 2015
Fonte: adaptado de EARS-Net/ECDC, 2015
Áust
ria
(971
)
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ica
(429
)
Bulg
ária
(139
)
Croá
cia
(334
)
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(114
8)
Din
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30)
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(92)
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83)
Fran
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193)
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(108
8)
Hun
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(621
)
Irla
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(353
)
Itál
ia (1
315)
Letó
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(118
)
Litu
ânia
(154
)
Luxe
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rgo
(66)
Mal
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01)
Hol
anda
(903
)
Nor
uega
(746
)
Port
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(170
7)
Rom
énia
(257
)
Eslo
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ia (4
56)
Esló
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a (2
33)
Espa
nha
(126
6)
Suéc
ia (9
78)
Rein
o U
nido
(106
9)
60
40
20
0
Perc
enta
gem
PORTUGAL - Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números – 201532
Melhor Informação,Mais Saúde
QUADRO 9 PERCENTAGEM ANUAL DE ISOLADOS INVASIVOS NÃO-SUSCETÍVEIS E RESISTENTES, EM PORTUGAL, 2003-2014
MICRORGANISMO POR GRUPO ANTIMICROBIANO 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Streptococcus pneumoniae
Penicilina R <1 <1 <1 <1 <1 <1 18 15 8 5 4 5
Penicilina RI 20 27 17 17 16 18 18 15 10 8 8 10
Macrolidos RI - 20 19 21 23 22 22 22 15 19 21 16
Staphylococcus aureus
Oxacilina/meticilina R 45 46 47 48 48 53 49 53 55 54 47 47
Escherichia coli
Aminopenicilinas R 53 58 58 59 59 58 58 56 57 59 59 59
Aminoglicosideos R 9 13 12 12 12 14 11 12 16 16 16 16
Fluoroquinolonas R 26 27 29 28 30 29 28 27 27 30 32 32
Cefalosporinas 3ª geração R 7 8 12 10 10 10 9 10 11 14 15 16
Carbapenemos R - - - - <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1 <1
Enterococcus fecalis
Aminopenicilinas RI 4 5 <1 2 4 4 7 17 24 12 8 2
Gentamicina HL R 34 29 38 41 41 43 34 39 30 43 37 33
Vancomicina R 3 6 5 5 4 4 4 2 4 3 3 1
Enterococcus faecium
Aminopenicilina RI 88 83 92 76 93 86 91 91 81 94 90 88
Gentamicina HL R 55 66 68 53 49 28 49 53 38 58 36 35
Vancomicina R 47 42 34 26 29 24 23 23 20 23 22 20
Klebsiella pneumoniae
Aminoglicosideos R - - <1 13 11 19 20 27 32 32 30 31
Fluoroquinolonas R - - <1 20 18 22 28 31 36 36 36 37
Cefalosporinas 3ª geração R - - - 21 17 26 28 28 35 39 37 41
Carbapenemos R - - - - <1 <1 <1 1 <1 <1 2 2
FIGURA 26 ESTÁDIOS EPIDEMIOLÓGICOS EM ENTEROBACTERIACEAE PRODUTORAS DE CARBAPENEMOS EM 38 PAÍSES EUROPEUS (MAIO DE 2015, BASEADO EM AUTO-AVALIAÇÃO POR PERITOS NACIONAIS)
Fonte: Adaptado Eurosurveillance, vol 20, Issue 45, 12 Nov 2015
Estádios epidemiológicos, 2014-2015
Nenhum caso reportado (Estádio 0)
Ocorrência esporádica (Estádio 1)
Surto hospitalar único (Estádio 2a)
Surtos hospitalares esporádicos (Estádio 2b)
Propagação regional (Estádio 3)
Luxemburgo
Propagação inter-regional (Estádio 4)
Malta
Situação endémica (Estádio 5)Países que não participaram
Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos em Números 33
Quadro 9 (cont)
MICRORGANISMO POR GRUPO ANTIMICROBIANO 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Pseudomonas aeruginosa
Piperacilina +Tazobactam R - - - 15 14 17 17 18 19 20 24 28
Ceftazidima R - - - 19 16 16 13 12 15 15 15 22
Carbapenemos R - - - 21 15 18 16 16 20 20 21 22
Aminoglicosideos R - - - 17 16 11 12 14 15 15 14 18
Fluoroquinolonas R - - - 21 19 23 21 20 26 26 24 26
Acinetobacter spp
Fluoroquinolonas R - - - - - - - - - 77 69 53
Aminoglicosideos R - - - - - - - - - 65 56 42
Carbapenemos R - - - - - - - - - 79 69 53
Fonte: INSA 2015
7. UM PROGRAMA PARA O CIDADÃO
O cumprimento da missão dos profissionais e dos serviços de saúde passa por prevenir, minorar ou resolver os problemas dos cidadãos em situação de doença e das suas famílias. Paradoxal e lamen-tavelmente, em alguns casos, o contacto com estes serviços associa-se à aquisição de infeções. Algumas serão inevitáveis, resultando de complica-ções inerentes às terapêuticas e à situação clínica do doente. Mas outras, certamente mais de um terço, podem ser evitadas.
Os antibióticos constituem um benefício de enor-me importância para a saúde e a sobrevivência das pessoas. Mas o seu uso excessivo, nomeadamen-te em situações nas quais não trazem qualquer vantagem, e a necessidade de tratar IACS provoca-das por microrganismos resistentes, têm diminui-do a eficácia destes fármacos a níveis preocupan-tes, sendo já ineficazes em alguns casos.
Inverter a tendência para o agravamento destes problemas é já uma exigência da civilização. Para que isso seja possível é necessário garantir condi-ções de funcionamento nos serviços, adequação dos processos, boas práticas dos profissionais. É também essencial que o cidadão seja chamado ao centro do problema, para que se torne parceiro na implementação das soluções.
Na linha da tomada de decisões informadas sobre a sua própria saúde, e da promoção de atitudes compatíveis com esse princípio, cabe ao cidadão um papel importante na prevenção das IACS e do aumento das resistências aos antibióticos. Para que esse papel seja assumido é necessário melho-rar os níveis de literacia atualmente existentes.
Cabe ao cidadão promover a sua saúde, colabo-rando com o médico no momento da prescri-ção, evitando o uso de antibióticos sempre que não forem necessários, e não os consumindo mais tempo que o recomendado ou por iniciativa própria (Fig. 27). Cabe ao cidadão promover a sua saúde, enquanto doente ou visita na unidade de internamento, colaborando com os profissionais, evitando o contacto físico com outros doentes, cumprindo regras de etiqueta respiratória e higie-nizando as mãos sempre que solicitado verbal-mente ou por avisos afixados.
No Eurobarómetro de novembro de 2013, apenas 27% dos portugueses inquiridos responderam corretamente quando lhes foi perguntado se os antibióticos são eficazes contra gripes e constipa-ções. Esta percentagem desceu para 19% quan-do foi perguntado se os antibióticos matam vírus. Em outubro de 2015, um inquérito promovido
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pela DECO revelou, em perguntas semelhantes, respostas corretas, respetivamente, de 69% e 46% dos inquiridos. Cerca de 78% declararam ter-se tornado mais prudentes na toma após terem sido informados. O progresso parece evidente e justi-fica otimismo. Vale a pena continuar esta direção de trabalho.
O PPCIRA é o instrumento desta ação. A promo-ção da segurança dos cidadãos quando contactam com os serviços de saúde e da eficácia dos fárma-cos antimicrobianos quando usados para tratar pessoas que contraíram infeções, são os objetivos fundamentais do Programa. Por isso o cidadão é um parceiro indispensável da ação do PPCIRA, um Programa do e para o cidadão.
FIGURA 27 FLYER INFORMATIVO DA CAMPANHA PÚBLICA DE ESCLARECIMENTO PROMOVIDA EM 2011
Fonte: PPCIRA/DGS, 2015
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8. RECOMENDAÇÕES
1. Empoderamento da estrutura do PPCIRA aos três níveis, local regional e nacional, como instrumento indispensável à concretização dos processos de prevenção e controlo da infeção e das resistências aos antimicrobianos.
2. Auditoria nacional ao cumprimento das dispo-sições do Despacho nº 15423/2013 no que respeita à composição e condições de funcio-namento dos GCR-PPCIRA, dos GCL-PPCIRA nos ACES, hospitais e ULS, e dos Responsáveis PPCI-RA nas UCCI.
3. Divulgação e implementação dos feixes de inter-venções do PPCIRA, de prevenção de pneumo-nia associada à intubação, de infeção relaciona-da com cateter venoso central, de prevenção da infeção urinária associada a cateter vesical e de prevenção de infeção do local cirúrgico, publi-cados como normas da DGS em dezembro de 2015. Promoção da sua implementação segun-do a filosofia dos feixes de intervenção (bundles) com particular atenção ao caráter multidis-ciplinar, agregador e motivacional da equipa de trabalho. Monitorização dos resultados da aplicação dos feixes de intervenção, nomeada-mente adesão dos profissionais à aplicação das medidas do feixe e melhorias nos indicadores.
4. Abordagem do cumprimento de boas práticas no controlo de infeção e das resistências aos antimicrobianos como possuindo uma impor-tante vertente comportamental. Em função desta noção, definição e aplicação de estraté-gias orientadas para o conhecimento e educa-ção, mas também para o comportamento.
5. Criação de grupos de trabalho com a DGS, o INSA, o Infarmed e a ACSS para partilha de paco-tes integrados de dados, discussão estratégica e fomento de sinergias.
6. Facilitação do acesso das instituições ao seu pacote de dados, incluindo consumo de antibió-ticos, resistências dos isolados aos antibióticos e incidência de infeções.
7. Manutenção, como direção de trabalho, da cola-boração com a Fundação Calouste Gulbenkian e o Institute for Healthcare Improvement no âmbito do desafio “STOP Infeção Hospitalar” permitin-do, entre outros resultados, potenciar a divul-gação e implementação dos feixes de interven-ções do PPCIRA.
8. Incremento do trabalho de colaboração com as sociedades científicas e ordens profissionais, de forma a maximizar a força, divulgação e ensi-no das normas, nomeadamente dos feixes de intervenções.
9. Promover novas iniciativas de informação ao cidadão sobre IACS e RAM e reforçar o papel da Aliança Portuguesa para a Preservação do Anti-biótico.
10. Trabalho mais próximo com os GCR do PPCIRA e com os conselhos diretivos das ARS.
11. Identificação de instituições “campeãs”, com promoção do chamado efeito de bandwagon ou de arrastamento (bandwagon effect).
12. Reconhecimento da excelência, com institui-ção dos Prémio Regional e Prémio Nacional PPCIRA, para ACES, UCCI, hospitais, ULS. Prévia definição em grupo dos critérios de atribuição.
13. Organização das segundas Jornadas PPCIRA em 16 a 18 de Novembro de 2016.
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DEVERÃO CONSTITUIR VETORES ESTRATÉGI-COS DA AÇÃO DO PPCIRA EM 2016:
1. A nível da Vigilância Epidemiológica:
1.1. Rever a norma DGS/INSA de vigilância de microrganismos “problema” e “alerta”, focan-do a vigilância nas resistências emergentes e controláveis;
1.2. Melhorar a capacidade de deteção precoce de surtos de infeção por microrganismos multirresistentes;
1.3. Aumentar o número de instituições a reali-zar vigilância de IACS;
1.4. Preparar os estudos de prevalência de infe-ção agendados para 2017 (PPS 2 e HALT 3).
2. Campanha das precauções Básicas do Controlo de Infeção
2.1. Cumprir o plano da Campanha Nacional das PBCI no calendário e objetivos previstos e definir estratégia de manutenção do foco sobre o tema nas unidades de saúde;
2.2. Intervir nas UCC, de forma a implementar VE de IACS e de microrganismos multirresistentes, bem como estratégias de melhoria em preven-ção e controlo de infeção.
3. Programa de Apoio à Prescrição Antibiótica (PAPA)
3.1. Disseminar a implementação do PAPA em hospitais;
3.2. Introduzir esquemas de PAPA nos ACES e UCC.
4. Auditoria e Financiamento
4.1. Realizar auditoria de implementação de estrutura e processos PPCIRA;
4.2. Estabelecer a nível nacional e regional metodologias de motivação e incentivo financei-
ro a hospitais com menor incidência de IACS e microrganismos multirresistentes.
5. Foco nas Unidades de Cuidados Continuados
5.1. Promover pacote de intervenções em cola-boração PPCIRA / DGS, ACSS e União das Miseri-córdias Portuguesas;
5.2. Preparar o HALT-3, utilizando processo de preparação como instrumento de melhoria qualitativa do trabalho de prevenção e contro-lo da infeção e da prescrição de antibióticos nos cuidados continuados.
6. Foco no Cidadão
6.1. Promover nova fase de informação ao cida-dão sobre IACS e RAM, procurando melhorar a literacia nesta área;
6.2. Renovar o papel da Aliança Portuguesa para a Preservação do Antibiótico.
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9. NOTA FINAL
A constituição do PPCIRA, o paradigma organizati-vo e de trabalho que criou, provocaram um inegá-vel impulso no esforço de prevenção e controlo das IACS e do aumento das resistências aos anti-microbianos em Portugal.
Pela primeira vez foi o programa para esta área considerado programa prioritário da DGS. Pela primeira vez foram dinamizadas estruturas regio-nais ativas e relevantes. Pela primeira vez foi reco-nhecida na legislação a necessidade de dotar as estruturas locais de mais meios para atuar, desig-nadamente tempo médico dedicado e assento em órgãos de decisão.
No entanto, num grande número de unidades de saúde estes pressupostos legais não estão a ser cumpridos e as estruturas do PPCIRA não têm reunidas as necessárias condições de sucesso do seu trabalho.
Ainda assim, de forma persistente, muitos profis-sionais nos GCR, nos GCL, nas UCCI, procuram garantir a qualidade dos cuidados e a segurança dos doentes.
Ainda assim, funcionam regularmente há vários anos quatro sistemas de vigilância epidemiológica de infeção que permitem obter dados evolutivos sobre infeção nosocomial da corrente sanguí-nea, infeção adquirida em UCI de adultos, infeção adquirida em UCI neonatal e infeção do local cirúr-gico.
Funciona, em colaboração com o INSA, uma rede de vigilância epidemiológica de resistências aos antimicrobianos que permite conhecer, ano após ano, a evolução destas resistências.
Funciona, em colaboração com o Infarmed, uma monitorização do consumo de antimicrobianos que permite detetar e corrigir dismorfias e inade-quações no consumo.
Está em progresso uma campanha nacional que incide sobre as Precauções Básicas do Controlo de
Infeção como instrumento basilar de boas práticas. Estão publicadas, em elaboração ou em revisão, um conjunto alargado de normas orientadores de boas práticas, elaboradas em dinâmica e enri-quecedora troca de informação científica com o Conselho Científico do PPCIRA.
Entrou no léxico, hospitalar e não só, uma nova sigla, PAPA, que traduz um novo tipo de processo dedicado à melhoria das práticas de prescrição de antibióticos, já com resultados demonstrados em algumas unidades de saúde.
Em algumas infeções assistiu-se a uma redução da incidência, como é o caso da pneumonia associa-da à intubação, já com taxas razoáveis no contex-to europeu, da bacteriemia associada a CVC e da infeção complicando cirurgia colo-retal, na qual a tendência positiva deve ser acentuada. Em outros casos verificou-se estabilização nos indicadores e noutros ainda, um ligeiro agravamento a merecer atenção.
Registaram-se evoluções positivas no consumo de antimicrobianos, principalmente na redução do uso de quinolonas, mas também uma inversão da tendência crescente no consumo de carbapene-mos, o qual diminuiu 5% entre 2013 e 2014.
Em alguns microrganismos multirresistentes verifi-cou-se redução das taxas de resistência, como em MRSA, em Enterococcus ou Acinetobacter, noutros estabilização, como em Streptococcus pneumoniae.
Mais preocupante é a situação nas bactérias Gram--negativo, como é o caso da resistência às quino-lonas em Escherichia coli, mais ainda do aumen-to das estirpes produtoras de ß-lactamases de espetro alargado, mas principalmente da ameaça que constitui Klebsiella pneumoniae resistente aos carbapenemos.
Os surtos pontuais localizados que traduzem o estádio epidemiológico 2b em que nos encon-tramos têm testado a capacidade das estruturas
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10. AGRADECIMENTOS
A Direção do PPCIRA agradece a todos os Colegas que colaboraram com o Programa ao longo do ano de 2015, nomeadamente aos membros do Conse-lho Científico, aos colaboradores dos programas de vigilância epidemiológica, e a todos quantos acederam colaborar na elaboração e discussão de normas, protocolos e outros documentos, parti-lhando assim os seus saberes e conhecimentos, no benefício comum.
do PPCIRA lidarem com o problema, em colabora-ção com as administrações, as direções dos servi-ços, chefias de enfermagem e restantes profissio-nais, e implementarem as soluções mais indicadas e efetivas para controlarem as situações. Nesse teste, têm revelado estar à altura do problema, e na sua abordagem têm-se tornado mais fortes, mais eficazes e mais respeitadas.
Há que reduzir a pressão antibiótica, prevenindo todas as infeções evitáveis, não usando antibióti-cos quando não existe infeção bacteriana e redu-zindo a duração da terapêutica ao mínimo indis-pensável para curar a infeção e evitar a recidiva.
Há que otimizar as boas práticas de prevenção e controlo da transmissão da infeção nos serviços de saúde, adequando os processos e encontrando novas formas, mais eficientes, de os implementar.
Agradece-se também aos elementos da Direção--Geral da Saúde e do seu Departamento de Qualidade na Saúde que apoiaram e facilitaram o trabalho do PPCIRA, contribuindo para o seu desenvolvimento.
Uma referência particular se impõe, de reconhe-cimento, a todos os membros dos GCR, GCL e Responsáveis PPCIRA nas UCCI, pelo seu trabalho persistente e competente. Constituem o corpo e a alma do PPCIRA, sem os quais nada seria possível.
Há que corrigir problemas estruturais e de funcio-namento dos serviços, os quais em muitos casos tendem a dificultar ou, na prática, inviabilizar a implementação de boas práticas.
Terá que se promover maior empoderamento das estruturas do PPCIRA aos vários níveis e motivar os profissionais, a quem cabe manter e acentuar os progressos já conseguidos.
Não há outra alternativa, se o objetivo for preser-var a segurança dos cidadãos e a qualidade dos cuidados. Em última análise, se a resolução dos problemas interligados das resistências aos anti-microbianos e das infeções associadas aos cuida-dos de saúde não for encarada de frente, serão a medicina que hoje se pratica e a esperança de vida como hoje a encaramos que serão postas em causa.
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11. NOTAS METODOLÓGICAS
12. BIBLIOGRAFIA
A fonte dos dados de consumo de medicamen-tos é a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I.P. (INFARMED). O consumo em ambulatório refere-se ao consumo de medi-camentos comparticipados e dispensados em regime de ambulatório à população abrangida pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), em Portugal Continental, no período em análise. Neste universo não estão incluídos os medicamentos relativos ao internamento hospitalar. Os dados são recolhidos a partir da informação disponibilizada pelo Centro de Conferência de Faturas, estando a mesma sujeita a atualizações.
A análise de utilização de antibióticos em Portu-gal, desenvolvida pelo INFARMED e apresentada neste relatório baseia-se na Anatomical Therapeu-tic Chemical (ATC) 2015 e considera medicamentos com Dose Diária Definida (DDD) atribuída pela OMS e com PMD atribuída pelo ESAC. Para o cálculo de DHD (DDD por 1.000 habitantes/dia), foram utiliza-das estimativas da população abrangida pelo SNS obtidas de acordo com os seguintes critérios: 80% da população residente em Portugal Continental, para os anos 2011 e 2012; 100% da população resi-dente em Portugal Continental, para os anos 2013 e 2014. Estes critérios têm por base o facto de,
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a partir de 2013, os medicamentos dispensados em ambulatório e adquiridos por beneficiários da ADSE (prescritos em locais públicos e privados) e dos sistemas de assistência na doença da GNR e PSP, passarem a ser asseguradas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS), aumentando o universo de dados a ser estudado. Tal alteração constituiu uma quebra de série no ano 2013, pelo que, quer a interpretação da evolução do consumo de medi-camentos em ambulatório, quer análises compa-rativas a nível internacional devem ter em conta esta realidade.
O consumo em meio hospitalar refere-se ao consumo de medicamentos dispensados nos estabelecimentos hospitalares do SNS com gestão pública. O Código Hospitalar Nacional do Medica-mento (CHNM), utilizado para reporte dos dados de consumo ao INFARMED, não está implemen-tado nos hospitais PPP e nos hospitais privados. Os dados apresentados referem-se ao consumo em internamento (estão, no entanto, mapeados os medicamentos consumidos nos serviços de urgência), excluindo-se apenas os medicamentos prescritos nos Serviços de Urgência e de Consulta Externa que são dispensados em farmácia comu-nitária.
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Quadro 1. Elevada prevalência de infeções hos-pitalares e de consumo de antibióti-cos, 2011-2012 8
Quadro 2. Adesão às macrointervenções 2012 e 2015 11
Quadro 3. Incidência de algumas das infeções hospitalares 16
Quadro 4. Incidência de infeções de local cirúrgi-co 17
Quadro 5. Consumo de quinolonas, em ambula-tório, em Portugal 20
Quadro 6. Consumo de carbapenemos no hos-pital, 2010-2014, nos países da UE e EEE, em DDD por 1000 habitantes por dia (DHD) 22
Quadro 7. Taxa de resistência entre os isolados invasivos de Streptococcus pneumoniae em Portugal, 2011-2014 26
Quadro 8. Klebsiella pneumoniae: isolados inva-sivos com resistência a cefalospori-nas de terceira geração, em Portugal, 2007-2014. 29
Quadro 9. Percentagem anual de isolados invasi-vos não-suscetíveis e resistentes, em Portugal, 2003-2014 32
13. ÍNDICE DE QUADROS
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14. ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Previsão de mortalidade anual atribuível a resistência a antibióticos em 2050 7
Figura 2. Portugal: Infeção hospitalar (IH) obser-vada/esperada com base na gravidade, 2011-2012 8
Figura 3. Mortalidade associada a IACS versus as-sociada a acidentes de viação 9
Figura 4. Estrutura de gestão do PPCIRA: Despa-cho 15423/2013 9
Figura 5. Evolução do número de unidades ade-rentes à campanha nacional de pre-cauções básicas de controlo de infeção 2011-2014 13
Figura 6. Campanha PBCI: Avaliação diagnóstica de estrutura e processos (Índices de qualidade) 13
Figura 7. Resultados da auditoria às PBCI. Taxa de conformidade por critério e por padrão 14
Figura 8. Evolução da adesão à higiene das mãos nos 5 momentos 15
Figura 9. Consumo de antibiótico em Portugal (DDD/1000 habitantes/dia) 18
Figura 10. Consumo de antibióticos na comuni-dade em 30 países UE e EEE em 2014, expressa em DDD por 1000 habitantes e por dia 19
Figura 11. Consumo de antibióticos no sector hospitalar, em 23 países UE e EEE, em 2014, expressa em DDD por 1000 ha-bitantes e por dia 20
Figura 12. Consumo de quinolonas, em meio hospitalar, Portugal 21
Figura 13. Uso de antibióticos para profilaxia cirúrgica em Portugal. Doentes com antibiótico após intervenção cirúrgica, sem sinais de infeção. 22
Figura 14. Resistência à meticilina nos isolados invasivos de Staphylococcus aureus (MRSA) em Portugal, 1999-2014 24
Figura 15. Resistência à vancomicina nos isola-dos invasivos de Enterococcus faecium, em Portugal, 2001-2014 24
Figura 16. Staphylococcus aureus: Percentagem de isolados invasivos com resistência a meticilina, por país, UE e EEE, 2014 25
Figura 17. Enterococcus faecium: Percentagem de isolados invasivos com resistência a vancomicina, por país, UE e EEE, 2014 25
Figura 18. Acinetobacter spp: Percentagem de iso-lados invasivos com resistência combi-nada a fluoroquinolonas, aminoglico-sídeos e carbapenemes (MDR), UE e EEE, 2014. 26
Figura 19. Percentagem de resistência combi-nada a fluoroquinolonas, aminogli-cosídeos e carbapenemos (MDR) em Acinetobacter baumannii em Portugal, 2012 – 2014 27
Figura 20. Resistência a quinolonas em Escheri-chia coli. Portugal, 2001 – 2014 (per-centagem de isolados resistentes ou com suscetibilidade intermédia) 28
Figura 21. Escherichia coli: Percentagem de isola-dos invasivos com resistência a fluoro-quinolonas, por país, UE e EEE, 2014 28
Figura 22. Klebsiella pneumoniae: Percentagem de isolados invasivos com resistência a cefalosporinas de 3ª geração, por país, UE + EEE, 2014 29
Figura 23. Klebsiella pneumoniae resistente a car-bapenemos em Portugal, 2007 – 2014 (percentagem de isolados resistentes ou com suscetibilidade intermédia) 30
Figura 24. Klebsiella pneumoniae: Percentagem de isolados invasivos com resistência a carbapenemos, por país, UE e EEE 2014 31
Figura 25. Klebsiella pneumoniae: percentagem de isolados invasivos com resistência a carbapenemos, por país, UE e EEE 2014 31
Figura 26. Estádios epidemiológicos em Entero-bacteriaceae produtoras de carbape-nemos em 38 países europeus (maio de 2015, baseado em auto-avaliação por peritos nacionais). 32
Figura 27. Flyer informativo da campanha públi-ca de esclarecimento promovida em 2011 34
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