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PPGA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ADMINISTRAO
CURSO DE MESTRADO ACADMICO EM ADMINISTRAO
GERALDO LUIZ DE OLIVEIRA SILVA
SUSTENTABILIDADE NAS ASSOCIAES ATLTICAS DO BANCO DO BRASIL:
uma viso econmica, social e ambiental
Biguau - SC
2015
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJA
Programa de Ps-Graduao em Administrao
Curso de Mestrado Acadmico em Administrao
GERALDO LUIZ DE OLIVEIRA SILVA
SUSTENTABILIDADE NAS ASSOCIAES ATLTICAS DO BANCO DO BRASIL:
uma viso econmica, social e ambiental
Biguau - SC
2015
Dissertao apresentada ao Curso de Mestrado
Acadmico em Administrao da Universidade
do Vale do Itaja, como requisito obteno do
ttulo de Mestre em Administrao.
Orientadora: Prof. Dr. Anete Alberton
GERALDO LUIZ DE OLIVEIRA SILVA
SUSTENTABILIDADE NAS ASSOCIAES ATLTICAS DO BANCO DO BRASIL:
Uma viso econmica, social e ambiental
Esta dissertao foi julgada adequada para a obteno do ttulo de Mestre em Administrao e
aprovada pelo Curso de Mestrado Acadmico em Administrao, da Universidade do Vale do
Itaja.
rea de concentrao: Sustentabilidade, Organizaes e Sociedade
Biguau, 25 de agosto de 2015
Prof. Dr. Rosilene Marcon
Coordenadora do PPGA
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Anete Alberton
UNIVALI Biguau
Orientadora
Prof. Dr. Maria Jos Barbosa de Souza
UNIVALI Biguau
Prof. Dr. Slvio Roberto Stefano
UNICENTRO Guarapuava - PR
Prof. Dr. Adriana Marques Rossetto
UFSC Florianpolis - SC
Este trabalho dedicado memria dos
meus pais, Antonio Ferreira da Silva e
Josefa de Oliveira Silva, minha esposa
Dayane, e aos meus filhos Matheus,
Heitor e Joo Pedro que representam a
razo maior do meu caminhar.
AGRADECIMENTOS
So tantos os agradecimentos que esto registrados em minha memria e em meu
corao que me preocupa no ser capaz de nominar todos nesse pequeno espao que
prenuncia o trabalho de pesquisa e referenda minha conquista ao ttulo de Mestre.
Deus est sempre no comando e tem feito milagres em minha vida e no foi diferente
durante as horas, dias e meses de pesquisa. A Ele, devo toda glria das minhas aes. Aos
meus pais, meus primeiros professores, que me ensinaram valores que carrego em minha vida
e tento passar com a mesma dignidade e competncia para meus filhos. Aos irmos, irms,
tios (as), primos (as), sobrinhos (as), cunhados (as) que participaram e participam das minhas
relaes familiares primitivas, e que me inspiram e enchem minha alma de energia com
serenidade, paz, harmonia e muita irmandade que fazem com que cada novo encontro seja
mais fraterno, respeitoso e amoroso entre todos.
minha esposa, que soube compreender cada momento de isolamento que precisei,
apoiando e respeitando minha deciso de seguir adiante em minha formao acadmica. Aos
meus filhos, Matheus, Heitor e Joo Pedro, que so a inspirao maior que tenho na prtica
dos meus atos e em minha vida acadmica para que, atravs do exemplo, eu possa sensibiliz-
los a buscarem sempre novos desafios que os tornem cidados cada vez mais seguros em suas
atitudes e felizes em suas realizaes.
minha orientadora Anete Alberton que com sua capacidade de sntese e profundo
conhecimento, no mediu esforos para o aprimoramento e a melhoria constante desta
pesquisa atuando com vigor, mas, tambm com a compreenso de que somos aprendizes em
uma rea em que j desfruta com louvor e competncia da titulao de doutora.
Aos colegas de turma, com os quais tive a satisfao de conviver durante esse breve
perodo, participando de discusses intelectuais e informais com intensidade e respeito, e que,
nos momentos de desnimo, foram atores de destaque removendo angstias e florescendo
jardins com doses de esperana, confiana, entusiasmo e f para que no houvesse interrupo
no objetivo final.
Agradeo tambm a coordenao, equipe de professores e aos colaboradores da
UNIVALI que estiveram atentos em todos os momentos para que o aprendizado fosse a
contento e que nossas necessidades acadmicas fossem atendidas.
Aos presidentes e aos associados das AABBs, os quais gentilmente atenderam
minhas insistentes solicitaes para responderem aos questionrios e a diretoria da FENABB
que abriu as portas da federao para que eu conseguisse as informaes necessrias para a
complementao da pesquisa.
Por fim, no posso deixar de agradecer o auxlio dos amigos e amigas que mesmo
fora da academia e sem perceberem, em conversas informais inflaram meus sonhos, injetaram
energias e contriburam, de forma decisiva, para que eu continuasse a buscar os meus
objetivos acadmicos.
Obrigado a todos (as).
RESUMO
As Associaes Atlticas Banco do Brasil (AABBs) surgiram no ano de 1928 nas cidades de
Belm e Rio de Janeiro por iniciativa dos funcionrios da empresa e se expandiram em todos
os estados do pas e no distrito federal (FENABB, 2014) totalizando, hoje, mais de 1.200
clubes. Embora as associaes tenham estatutos prprios aprovados em Assembleia Geral dos
Associados e atuem de maneira independente, so interligadas a Federao Nacional das
AABBs FENABB. Delimitado ao conjunto de AABBs que desenvolvem o Programa
Integrao AABB Comunidade (305 AABBs) e que possuem em seu quadro social 92.047
associados titulares, o objetivo desta pesquisa analisar a sustentabilidade desses clubes nos
aspectos social, ambiental e econmico tendo como base o Triple bottom line. Para um erro
amostral mximo de 5% foram pesquisados 398 associados e 173 dirigentes. A pesquisa
quali-quantitativa com abordagem descritiva. Na parte quantitativa foram analisados os dados
secundrios fornecidos pela FENABB (Projeto Diagnstico das AABBs) e os questionrios
on line (surveymonkey) com questes fechadas aplicadas aos dirigentes e associados. A
estatstica descritiva e anlise fatorial foram utilizadas para melhor compreenso dos fatores
que determinam a anlise das AABBs na perspectiva da sustentabilidade, considerando
tambm, amostras regionais. No aspecto qualitativo, foi realizada pesquisa com respostas
abertas junto aos gestores da FENABB no intuito de se estabelecer uma triangulao entre os
dados quantitativos e qualitativos. Os resultados apontam que tanto os dirigentes quanto os
associados no percebem a dimenso ambiental como prioridade em suas aes;
regionalmente, o Centro-Oeste apresentou os menores ndices de satisfao em todos os itens
dessa dimenso. Na dimenso social, confirmou-se a caracterstica principal dos clubes
relacionada ao desenvolvimento de atividades esportivas em todas as regies. Na dimenso
econmica o valor da mensalidade com os servios oferecidos pelos clubes apresentou
conformidade o que sustenta o entendimento de que esses pagamentos no esto vinculados
diretamente com a reduo do quadro associativo. Na anlise final dos gestores da FENABB
percebeu-se uma mobilizao da federao junto as AABBs nas questes ambientais. Na
dimenso social a participao da federao tem sido substancial no planejamento, apoio e
criao de eventos internos e entre os clubes. Economicamente, a federao demonstra
efetividade no acompanhamento das finanas dos clubes, auxiliando com recursos financeiros
e desenvolvimento de projetos para melhorias nas instalaes e captao de novos associados.
Como contribuio terico-prtica, uma das proposies a incluso do tema sustentabilidade
nos cursos e palestras para os administradores dos clubes proferidas pelos gestores da
FENABB, bem como a replicao da pesquisa em grupos de AABBs de mesma Unidade
Federativa ou em clubes similares que poder despertar nos membros dessas instituies,
reflexes sustentveis e motivao necessrias para a mobilizao em suas comunidades de
atitudes voltadas para a sustentabilidade. Palavras-chave: Clube social. Sustentabilidade. Triple Bottom Line. Gesto sustentvel.
ABSTRACT
The Associaes Atlticas Banco do Brasil [Banco do Brasil Athletic Associations AABBs
emerged in 1928 in the cities of Belm and Rio de Janeiro, at the initiative of employees of
the company. The AABBs then expanded to every state of the country, including the Distrito
Federal (FENABB, 2014) and there are now more than 1200 clubs. Although the associations
have their own bylaws, approved in a General Assembly of Members, and act independently,
they are all interconnected through the National Federation of AABBs the FENABB.
Focusing only on the AABBS that developed the Programa Integrao AABB Comunidade
(AABB Community Interaction Program), a group consisting of 305 AABBs and representing
92,047 full members, the objective of this research was to analyze the sustainability of these
clubs in relation to social, environmental and economic aspects, based on the Triple bottom
line. For a maximum sampling error of 5%, 398 members and 173 managers were studied.
The research is qualitative and quantitative, with a descriptive approach. In the quantitative
part, the secondary data was supplied by the FENABB (Diagnostic Project of the AABBs)
and online questionnaires (surveymonkey) with closed questions appplied to the managers and
the members. Descriptive statistics and factor analysis were used to better understand the
factors that determine the analysis of the AABBs from a perspective of sustainability, also
considering regional samples. In the qualitative aspect, a survey was conducted with open
questions, with the managers of the FENABB, to establish a triangulation between the
quantitative and qualitative data. The results indicate that both the managers and the members
do not perceive the environmental dimension as priority in their actions; regionally, the
Central West presented the lowest indices of satisfaction in all the items of this dimension. In
the social dimension, the main characteristic of the clubs i.e. the development of sporting
activities, was confirmed in all the regions. In the economic dimension, the value of the
monthly fee was comensurate with the services offered by the clubs, suggesting that these
payments are not directly linked to the reduction in the number of members. In the final
analysis of the managers of the FENABB, it was seen that there was a mobilization of the
federation with the AABBs around environmental issues. In the social dimension, the
participation of the federation has played a substantial role in the planning, support and
creation of internal events, and events between the clubs. Economically, the federation
demonstrates effectiveness in monitoring the clubs finances, assisting with financial
resources and the development of projects to improve facilities and boost membership. As
theoretical and practical contributions, one of the proposals is the inclusion of the theme of
sustainability in the courses and lectures for the administers of the clubs, offered by the
managers of the FENABB, as well as the replication of the group research of the AABBs of
the same Federative Unit, or in similar clubs, that could promote sustainable reflection among
the members of these institutions, and the necessary motivation to mobilize attitudes of
sustainability in their communities.
Keywords: Social club. Sustainability. Triple Bottom Line. Sustainable Management.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Esquema da estruturao da pesquisa..................................................... 24
Figura 2 Modelo de Gesto de sustentabilidade.................................................... 36
Figura 3 Stakeholders mais comuns....................................................................... 38
Figura 4 Estrutura do desenvolvimento da pesquisa. 66
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Caractersticas das Associaes e das Fundaes........................................... 29
Quadro 2 Aspectos comparativos entre os paradigmas................................................... 32
Quadro 3 Cronologia nas ltimas dcadas de acontecimentos sustentveis................... 33
Quadro 4 Caractersticas de um relatrio de indicadores de qualidade........................... 42
Quadro 5 Modelos de mensurao da sustentabilidade.................................................. 45
Quadro 6 Anlise comparativa dos modelos................................................................... 47
Quadro 7 Integrao dos indicadores na dimenso Econmica..................................... 59
Quadro 8 Correlao dos indicadores da dimenso social............................................. 60
Quadro 9 Correlao dos indicadores da dimenso Ambiental..................................... 61
Quadro 10 Operacionalizao para se alcanar os objetivos especficos........................ 65
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Distribuio regional das AABBs e populao da pesquisa............................... 52
Tabela 2 Amostra mnima e final dos dados secundrios, dirigentes e associados.......... 57
Tabela 3 Numerao correspondente s respostas............................................................. 63
Tabela 4 Indicadores secundrios das AABBs.................................................................. 67
Tabela 5 Frequncias, mdias e percentuais das respostas dos associados e dirigentes na
dimenso social...................................................................................................
79
Tabela 6 Frequncias, mdias e percentuais das respostas dos associados e dirigentes na
dimenso ambiental.............................................................................................
82
Tabela 7 Frequncias, mdias e percentuais das respostas dos associados e dirigentes na
dimenso econmica............................................................................................
85
Tabela 8 Frequncias, mdias e percentuais entre associados e dirigentes da Regio
Centro-Oeste........................................................................................................
89
Tabela 9 Frequncias, mdias, percentuais entre associados e dirigentes da Regio
Nordeste...........................................................................................................
93
Tabela 10 Frequncias, mdias, percentuais entre associados e dirigentes da Regio
Sudeste.................................................................................................................
97
Tabela 11 Frequncias, mdias e percentuais entre associados e dirigentes da Regio
Norte....................................................................................................................
101
Tabela 12 Frequncias, mdias e percentuais entre associados e dirigentes da Regio
Sul........................................................................................................................
105
Tabela 13 Correlao entre as variveis para o grupo dos associados................................. 114
Tabela 14 Correlao entre as variveis para o grupo dos dirigentes.................................. 115
Tabela 15 Teste de KMO das perguntas para os dirigentes................................................. 116
Tabela 16 Resultado do teste de confiabilidades das perguntas-dirigentes e associados..... 116
Tabela 17 Teste de normalidade entre as perguntas dos dirigentes e associados................. 116
Tabela 18 Anlise fatorial Componentes Principais com Varimax associados.............. 118
Tabela 19 Anlise fatorial Componentes Principais com Varimax dirigentes............... 119
LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Segmentao das AABBs por categoria............................................................. 54
Grfico 2 Distribuio regionalizada das AABBs de acordo com a segmentao............. 54
Grfico 3 Distribuio da populao dos associados e dirigentes de AABBs pesquisadas. 55
Grfico 4 Pendncias financeiras junto FENABB ou a rgos financiadores.................. 68
Grfico 5 Aes judiciais/ normativos/ obrigaes legais pendentes/ concludas.............. 69
Grfico 6 Gerao, contratao e demisso de empregados............................................... 70
Grfico 7 Crescimento do nmero de associados provenientes da comunidade................. 70
Grfico 8 Tempo de vinculao a AABB........................................................................... 71
Grfico 9 Formao acadmica dos associados e dirigentes............................................... 72
Grfico 10 Distncia entre AABB e residncia dos associados............................................ 73
Grfico 11 Frequncia mensal a AABB pelos associados................................................. 73
Grfico 12 Razes pela escolha da AABB como clube social.............................................. 74
Grfico 13 Mandatos exercidos pelo dirigente da AABB..................................................... 75
Grfico 14 Razes para administrar a AABB....................................................................... 76
Grfico 15 Idade mdia dos dirigentes e associados............................................................. 77
Grfico 16 Nmero de dependentes dos associados e dirigentes........................................... 77
Grfico 17 Respostas dos associados percentuais Dimenso social................................ 80
Grfico 18 Respostas dos dirigentes percentuais Dimenso social.................................. 81
Grfico 19 Respostas dos associados percentuais Dimenso ambiental.......................... 83
Grfico 20 Respostas dos dirigentes percentuais Dimenso ambiental........................... 83
Grfico 21 Respostas dos associados percentuais Dimenso econmica........................ 86
Grfico 22 Respostas dos dirigentes percentuais Dimenso econmica.......................... 86
Grfico 23 Mdia das frequncias das respostas dos associados e dirigentes....................... 87
Grfico 24 Representao percentual das respostas dos associados Centro-Oeste............. 90
Grfico 25 Representao percentual das respostas dos dirigentes Centro-Oeste.............. 91
Grfico 26 Mdia frequncias das respostas dos associados e dirigentes Centro-Oeste.... 92
Grfico 27 Representao percentual das respostas dos associados Nordeste.................... 94
Grfico 28 Representao percentual das respostas dos dirigentes Nordeste..................... 95
Grfico 29 Mdia frequncias das respostas dos associados e dirigentes Nordeste........... 96
Grfico 30 Representao percentual das respostas dos associados Sudeste...................... 98
Grfico 31 Representao percentual das respostas dos dirigentes Sudeste....................... 99
Grfico 32 Mdia das frequncias das respostas dos associados e dirigentes Sudeste....... 100
Grfico 33 Representao percentual das respostas dos associados Norte......................... 102
Grfico 34 Representao percentual das respostas dos dirigentes Norte.......................... 103
Grfico 35 Mdia das frequncias das respostas dos associados e dirigentes Norte.......... 104
Grfico 36 Representao percentual das respostas dos associados Sul............................. 106
Grfico 37 Representao percentual das respostas dos dirigentes Sul.............................. 107
Grfico 38 Mdia das frequncias das respostas dos associados e dirigentes Sul............. 108
Grfico 39 Critrio Scree Plots Mtodo Componentes Principais associados e
dirigentes............................................................................................................. 117
LISTA DE SIGLAS
AABB
AGE
Associao Atltica Banco do Brasil Assembleia Geral Extraordinria
CBC Confederao Brasileira de Clubes CMMAD Comisso Mundial Sobre o Meio Ambiente CGSDI Consultative Group of Sustainability Development Indicators CERES Coalition for Environmentally Responsible Economies CBD Conveno de Diversidade Biolgica CSI Center for Sustainable Innovation DJSI Dow Jones Sustainability Index EPI Environmental Performance Index EVI Environmental Vulnerability Index FENABB Federao Nacional das AABBs GRI Global Reporter Institute GPI Genuine Progress Indicator HDI Human Development Index HW Kruskal-Wallis IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IISD International Institute for Sustainable Development IDS Indicadores de Desenvolvimento Sustentvel IUCN World Conservation Union IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change ISO International Organization for Standardization IUCN World Conservation Union IDRC International Development Research Centre IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano IBASE ndice Brasileiro de Anlises Sociais e Econmicas IDH ndice de Desenvolvimento Humano LPI Living Planet Index NEPP Ncleo de Estudos de Polticas Pblicas NCRI ndice Nacional de Responsabilidade Corporativa NY Nova York ONG Organizao No Governamental ONU Organizao das Naes Unidas PIB Produto Interno Bruto PSR Pressure, State, Response PPL Pessoa, Planeta e Lucro PNUMA Programa das Naes Unidas sobre o Meio Ambiente RNB Rendimento Nacional Bruto RCI Responsible Competitiveness Index SD Dashboard of Sustainability SOPAC Comisso de Geocincia Aplicada do Pacfico Sul TBL Triple Bottom Line UNICAMP Universidade de Campinas UNEP United Nations Environment Programme WN Well-being of Nations WWF World Wildlife Fund
SUMRIO
1. INTRODUO................................................................................................. 16
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA............................................................................. 18
1.2 Objetivo Geral.................................................................................................... 20
1.2.1 Objetivos Especficos......................................................................................... 20
1.3 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO................................................................... 21
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO......................................................................... 23
2. FUNDAMENTAO TERICA.................................................................... 26
2.1 O ASSOCIATIVISMO........................................................................................ 26
2.1.1 O surgimento da denominao Terceiro Setor no Brasil............................... 27
2.1.2 A gesto do lazer................................................................................................. 29
2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL E SUSTENTABILIDADE............. 31
2.2.1 Gesto da sustentabilidade............................................................................... 34
2.2.2 Partes interessadas (stakeholders) na concepo da sustentabilidade......... 37
2.2.3 Responsabilidade socialferramenta para sustentabilidade organizacional 39
2.3 INDICADORES DE SUSTENTABILIDADE................................................... 41
2.4 MODELOS DE MENSURAO DA SUSTENTABILIDADE....................... 43
2.5 CONSIDERAES ACERCA DOS CRITRIOS ESTABELECIDOS PARA
ESCOLHA DOS MODELOS..............................................................................
46
3. METODOLOGIA DA PESQUISA.................................................................. 49
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA................................................................... 49
3.2 CARACTERSTICAS DO OBJETO DE ESTUDO ........................................... 50
3.2.1
3.2.2
Contextualizao das AABBs............................................................................
Universo da pesquisa..........................................................................................
50
51
3.2.3
3.3
3.3.1
Decises Amostrais.............................................................................................
INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS...................................................
Indicadores dos modelos correlatos com os indicadores das AABBs............
55
58
59
3.4 COLETA DE DADOS......................................................................................... 62
3.5 TRATAMENTO E ANLISE DOS DADOS..................................................... 62
4. RESULTADOS DA PESQUISA....................................................................... 67
4.1 DADOS SECUNDRIOS DAS AABBS............................................................ 67
4.2 PESQUISA COM DIRIGENTES E ASSOCIADOS........................................... 71
4.2.1 Caracterizao dos respondentes...................................................................... 71
4.2.2 Anlise das dimenses social, ambiental e econmica entre associados e
dirigentes.............................................................................................................
78
4.2.3 Anlise regional baseada na opinio dos associados e dirigentes.................. 88
4.2.3.1 Resultados e anlise da Regio Centro-Oeste.................................................. 89
4.2.3.2 Resultados e anlise da Regio Nordeste......................................................... 92
4.2.3.3 Resultados e anlise da Regio Sudeste............................................................ 96
4.2.3.4 Resultados e anlise da Regio Norte............................................................... 100
4.2.3.5 Resultados e anlise da Regio Sul................................................................... 104
4.2.4 Comparao dos resultados entre regies....................................................... 108
4.3 ASSOCIAO DOS DADOS SECUNDRIOS COM DADOS DOS
DIRIGENTES E GESTORES DA FENABB......................................................
111
4.4 ANLISE FATORIAL DOS DADOS................................................................ 114
5. CONSIDERAES FINAIS............................................................................ 120
REFERNCIAS............................................................................................................... 125
ANEXO 1 Relatrio Projeto Diagnstico da FENABB................................................. 136
APNDICE A Descrio dos Modelos de Sustentabilidade......................................... 141
APNDICE B Relao das AABBs participantes da pesquisa por regio.................... 161
APNDICE C Questionrio direcionado aos associados das AABBs.......................... 164
APNDICE D Questionrio direcionado aos dirigentes das AABBs........................... 166
APNDICE E Questionrio direcionado aos dirigentes da FENABB........................ 168
APNDICE F Tabela do perfil dos associados e dirigentes das AABBs..................... 170
APNDICE G Comparao das frequncias mdias por Regio................................. 171
16
1 INTRODUO
A origem dos clubes pelo mundo remonta poca das grandes navegaes que
ocorreram entre o sculo XV e o incio do sculo XVII, quando os europeus exploravam as
rotas martimas em busca de novas terras e diversificao nas especiarias. Segundo Libardi
(2014), os precursores na criao dos clubes pelo mundo foram os ingleses que, ao sarem de
seu pas de origem para colonizao de terras longnquas, tinham o desejo de manter as
tradies e a cultura do seu pas de procedncia.
Essa prtica inspirou outras naes que passaram a desenvolver esses hbitos dando
consistncia ao desenvolvimento de outros clubes que, em sua concepo tradicional, trata-se
da associao de duas ou mais pessoas unidas por interesses e objetivos comuns (LIBARDI,
2014).
Os clubes sociais so concebidos de forma associativa e caracterizados, tambm, como
associaes culturais, desportivas e sociais pelas aes desenvolvidas nessas reas, atuando
predominantemente de forma interna procurando atender s expectativas dos seus associados
(SEBRAE, 2014). Diferentemente dos clubes sociais, os clubes de servios que possuem em
sua essncia, a prestao de servios externos e variados, tendo como filosofia o bem comum,
so entidades em que os integrantes trabalham desinteressadamente para solucionar, ou pelo
menos minimizar, os problemas que afligem uma comunidade alicerada no companheirismo
e na caridade (LIONS CLUB, 2015).
No Brasil, pela diversidade de etnias, o conceito de clube social se desenvolveu com
intensidade no sculo XVIII, vsperas da independncia, com grande influncia dos ingleses,
alemes, portugueses, espanhis e italianos (LIBARDI, 2014). Os clubes sociais so
instituies regidas juridicamente como sociedades civis sem fins lucrativos e possuem
estatutos especficos que regem as suas funes e a aplicao dos recursos financeiros e
econmicos oriundos das mensalidades pagas pelos seus associados e outras arrecadaes
provenientes de realizao de eventos/atividades cultural, social e esportiva (CAPI;
MARCELLINO, 2009).
Essas instituies fazem parte do Terceiro Setor e tm passado por diferentes
momentos sociais, culturais, polticos e econmicos da sociedade (CAMARGO; SILVA,
2008). Originalmente, segundo Carvalho (2009), os clubes trouxeram uma importante
contribuio para a modernizao do Brasil, graas organizao da sociedade no crescente
processo de urbanizao.
Bramante (1999) defende que os contedos culturais, sociais, fsico-esportivos,
manuais, intelectuais, artsticos e tursticos dessas instituies representam um conjunto de
17
aspectos interdependentes que devem compor o planejamento na realizao dos processos de
urbanizao das sociedades.
O autor acrescenta que, sendo os clubes sociais instituies que atuam de acordo com
o objetivo social dos seus participantes oferecendo uma variedade de opes culturais, alm
da prtica de lazer e recreao coletiva, podem ser considerados como um aliado na
construo e aplicao das polticas pblicas voltadas a esse segmento (BRAMANTE, 1999).
A frequncia a esses locais de lazer e entretenimento e o hbito de vida dessas pessoas
interfere de modo significativo no comportamento social das comunidades onde esto
inseridos (CARVALHO, 2009). Suas atividades e diretrizes so regidas por estatuto
elaborado e aprovado pelos participantes da instituio, no qual se definem direitos e
obrigaes, cabendo o exerccio da presidncia ao associado eleito entre seus pares pelo voto
direto.
Esse associado no necessita possuir formao acadmica ou experincia
administrativa comprovada, mas, apenas, que tenha bom relacionamento com os associados e
transmita seriedade e competncia para fazer cumprir as determinaes estabelecidas nos
normativos. Nesse aspecto, Capi e Marcellino (2009) contestam sobre a falta de exigncia de
conhecimento administrativo, argumentando que a necessidade de desenvolvimento
profissional, tcnico e poltico, do pessoal de associaes, clubes e similares deveria fazer
parte da gesto, mitigando a poltica de animao voltada ao divertimento momentneo.
Silva (2007) afirma que, embora o gestor do clube social exera uma funo de
liderana e comando na criao das atividades nos diversos setores para atendimento aos
associados, no exerce esse cargo como sua principal atividade profissional, realizando-o de
forma voluntria sem vnculo empregatcio ou remunerao, dedicando uma parcela do seu
tempo livre para os assuntos relacionados gesto do clube.
A institucionalizao dos clubes como entidades sem fins lucrativos, segundo a Lei n
9.790, Cap. I, art. 1, 1, no permite distribuio de eventuais excedentes operacionais, a
associados, conselheiros e diretores no exerccio da funo, impossibilitando que o gestor
tenha a atuao diretiva como sua principal atividade profissional. Dessa forma, a
administrao exercida voluntariamente por um associado disposto a colaborar com a
instituio.
As crescentes demandas por qualidade no atendimento e a necessidade de adaptao
dos clubes s exigncias que a mudana de comportamento da sociedade impe tm sido
determinantes para a satisfao e manuteno dos associados e, consequentemente, para a
sustentabilidade dessas instituies que necessitam de uma gesto responsvel para atender s
18
exigncias atuais, sem perder a conexo com as exigncias e as necessidades das geraes
futuras.
A significncia desta pesquisa est em explorar esses fenmenos e despertar o
interesse no cenrio acadmico, nos administradores dos clubes ligados ao Banco do Brasil e
nos gestores dos clubes com caractersticas similares sobre o desempenho social, esportivo e
econmico das Associaes Atlticas Banco do Brasil AABBs, considerando a oferta de
servios disponibilizados comunidade, a sua reorganizao administrativa e financeira para
manter-se atraente e atuante diante dos desafios impostos pela mudana de comportamento da
sociedade e a sua importncia para a disseminao da sustentabilidade.
Riede (2002) argumenta que essas associaes tm um papel importante na sociedade
ao oferecerem atividades educativas, artsticas, filantrpicas, sociais tursticas e de lazer, e,
por sua natureza intrnseca, ao contriburem em larga escala, para o desenvolvimento
comunitrio. Embora atuem de maneira independente, as AABBs esto interligadas
Federao Nacional das AABBs FENABB, sediada em Braslia, que atua desenvolvendo a
integrao do Sistema de clubes assegurando a interao com o conglomerado Banco do
Brasil BB e com a comunidade (FENABB, 2014).
Alm de representar os clubes perante o BB, a federao tem a misso de liderar o
processo de fortalecimento e desenvolvimento do sistema AABB coordenando, orientando e
auxiliando nas questes jurdicas, administrativas, financeiras; atuando na qualificao dos
gestores dos clubes por meio de cursos, palestras e congressos; estimulando a interao e
integrao entre as AABBs e a comunidade; incentivando atividades esportivas, socioculturais
e de lazer por intermdio das AABBs nas comunidades e desenvolvendo e incentivando
projetos de interesse das AABBs e comunidades (FENABB, 2014).
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA
Os clubes sociais tm sido citados de forma secundria nos estudos acerca de temas
como a prtica e a atividade esportiva, o lazer e o entretenimento, a atividade profissional,
deixando-se de mencionar questes relacionadas sua estrutura fsica e sua atuao social,
econmica e ambiental (CARVALHO, 2009).
Nas pesquisas de Capi e Marcellino (2009) e Mezzadri (2000), por exemplo,
destacam-se a importncia da formao profissional qualificada para a gesto dos clubes e a
sistematizao e o planejamento das prticas do esporte como componentes essenciais para
sua evoluo. Nos estudos de Bramante (1999) e Silva (2007) so abordados temas
relacionados importncia do lazer e entretenimento nos clubes sociais. Sherry e Shilbury
19
(2007) e Skirstad e Chelladurai (2011) analisam as mudanas no clube social partindo de uma
atuao amadora para uma atuao variada com diferentes enfoques, estabelecendo mltiplos
campos organizacionais nos quais devem coexistir.
Os clubes sociais representam uma sociedade formada por grupos de pessoas de
diferentes reas profissionais, mas que partilham interesses comuns voltados s atividades
culturais, de lazer e desportivas. Capi e Marcellino (2009) argumentam que o lazer nos clubes
e nas demais esferas de sua manifestao deve ser capaz de proporcionar, alm de diverso e
divertimento, desenvolvimento pessoal e social interno e circunjacente.
Com base nas abordagens que envolvem a formao dos profissionais que atuam nos
clubes, no lazer e entretenimento como atividades necessrias para o desenvolvimento pessoal
e social dos associados, na dinmica das administraes voltadas para a adaptao das
mudanas de preferncias da sociedade e nas prticas esportivas, este estudo se props a
pesquisar a sustentabilidade das AABBs indagando os gestores e associados, quanto atuao
desses clubes na sociedade, com o propsito de conhecer a significncia dessas instituies
em um cenrio globalizado.
Segundo Giannecchini e Marinoni (2007), as empresas e instituies de qualquer
natureza j no fazem mais parte apenas de um mercado ou de uma comunidade, mas de uma
sociedade global que busca estruturar e consolidar um novo paradigma frente s
transformaes do mundo atual com objetivos econmicos, porm, inserido neles, h a
preservao do meio ambiente e a promoo da justia social na mesma proporo.
Neste contexto, a sustentabilidade das AABBs ser baseada no Triple Bottom Line
(TBL) que preconiza que para uma organizao ser sustentvel deve ser financeiramente
vivel, socialmente justa e ambientalmente responsvel. Segundo Oliveira et al. (2012), Melo
(2013) e Boff (2013) o conceito surgiu no ano de 1994 na pesquisa feita pelo socilogo John
Elkington, conhecido tambm pela expresso 3P (people, planet e profit) e PPL (pessoa,
planeta e lucro) que orienta a expanso do modelo tradicional de negcios focado em
resultados financeiros para um novo modelo, que inclui a performance ambiental e social
atendendo s geraes atuais sem comprometer as geraes futuras.
Elkington (2012) argumenta que aqueles que defendem e trabalham focados na linha
dos trs pilares precisam se tornar formadores de opinio e de mercado, trazendo tecnologias
e abordagens sustentveis que at ento estiveram na periferia do mundo moderno para dentro
das prticas atuais, independentemente do tamanho da organizao e do ramo em que atua.
Dados apontados pela Confederao Brasileira de Clubes CBC (2014) atestam a
existncia de 13.826 clubes no pas que atendem a um nmero aproximado de 55 milhes de
20
associados entre titulares e dependentes. Libardi (2014) relata que essas instituies
empregam de forma direta mais de 300 mil pessoas, incluindo profissionais do esporte e lazer.
Segundo dados da FENABB (2014), as AABBs, totalizam 1.277 clubes distribudos em todas
as capitais, no Distrito Federal e em 1.250 municpios no interior do pas contemplando,
aproximadamente, um milho de pessoas entre associados e dependentes.
Do total das AABBs, 305 desenvolvem o Programa Integrao AABB Comunidade
idealizado pela FENABB com o apoio da Fundao Banco do Brasil, que atende, anualmente,
mais de 50 mil crianas e adolescentes das comunidades circunvizinhas, entre 7 e 17 anos,
que vivem em situao de risco pessoal e social (FENABB, 2014). Esses dados auxiliam no
entendimento da dimenso desses clubes no cenrio nacional.
Os impactos sociais, ambientais e econmicos provocados pelas AABBs relacionados
ao desenvolvimento humano, estabelecido pelo atendimento s pessoas na promoo de
atividades internas e externas ao clube, a identificao de prticas administrativas e
econmicas, as contribuies intrnsecas para a melhoria da qualidade de vida da comunidade
e o envolvimento em programas relacionados conscincia e preservao ambiental
representam o foco desta pesquisa.
Baseado nessas premissas a pesquisa pretende responder s seguintes perguntas: como
atuam as AABBs, considerando os pressupostos do TBL? Como a atuao das AABBs
percebida pelos associados e dirigentes, considerando as contribuies desses clubes geradas
para a comunidade sob as dimenses da sustentabilidade? Quais os nveis de satisfao das
AABBs regionais na perspectiva da sustentabilidade considerando o conceito Triple Bottom
Line?
1.2 OBJETIVO GERAL
Analisar a atuao das AABBs sob a perspectiva da sustentabilidade.
1.2.1 Objetivos especficos
a) Identificar, a partir de modelos de avaliao da sustentabilidade, indicadores
adequados s associaes, mais especificamente s AABBs;
b) determinar os indicadores de sustentabilidade das AABBs;
c) avaliar a percepo dos stakeholders (associados e dirigentes) quanto atuao das
AABBs, considerando as dimenses da sustentabilidade;
d) comparar o desempenho Regionalizado das AABBs, sob a amplitude da
sustentabilidade, considerando os conceitos do Triple Bottom Line.
21
1.3 JUSTIFICATIVA DO TRABALHO
Elkington (2012) assevera que sem a reestruturao para a sustentabilidade, uma vez
que a competio ser uma das maiores foras que iro direcionar o sistema Triple: ambiental,
econmico e social, as organizaes, independentemente da rea de atuao, perdero a
competitividade e consequentemente, o rumo para o desenvolvimento sustentvel.
Analisar a atuao das AABBs nos aspectos relacionados sustentabilidade com base
no Triple Bottom Line (TBL) e identificar perspectivas que possam contribuir para uma
melhor compreenso na forma de atuao desses clubes, servindo de modelo de gesto
voltado sustentabilidade nesse segmento, objetivando a sua continuidade no atendimento s
geraes atuais e futuras, o que se pretende atingir nesta pesquisa.
Vrias reflexes podem ser feitas para tentar entender necessidade de reorganizao
dessas entidades no pas, desde a mudana na economia registrada na dcada de 1990 com o
lanamento do Plano Real, que promoveu uma nova maneira de lidar com as finanas
pessoais, at a modernizao dos condomnios projetados com reas de lazer comparveis a
um clube social.
Segundo dados do IBGE (2008), as associaes sem fins lucrativos e as fundaes
privadas, representam mais da metade (52,2%) do total de 556,8 mil entidades sem fins
lucrativos no pas e empregam cerca de 4,9% dos trabalhadores brasileiros, o que significa um
contingente de aproximadamente 2,1 milhes de pessoas. Todavia, ainda que esses sejam
nmeros expressivos, no h mecanismos eficientes que possam mensurar o que
desenvolvido nas organizaes sem fins lucrativos ou nas organizaes do Terceiro Setor com
segurana. Albuquerque (2006) afirma que o desconhecimento de dados que quantifiquem e
demonstrem a importncia e a atuao desse segmento dificulta ainda mais o trabalho de
todos os profissionais e estudiosos interessados nesse tema.
Meadows (1998) menciona que os resultados so impossveis de se obter sem que
sejam utilizados indicadores de forma adequada. Nesse sentido, a pesquisa est alinhada com
a identificao e a utilizao dos indicadores de sustentabilidade capazes de estabelecer
coerncia nos procedimentos metodolgicos possibilitando o estabelecimento de anlises
consistentes e confiveis diante dos resultados obtidos.
Ranganathan (1998) refora a importncia dos indicadores de sustentabilidade, que
representam o conjunto de informaes sobre o desempenho social, ambiental e econmico
interligados de uma empresa, utilizados para medir e motivar o progresso em direo s metas
sustentveis. Com base nessa inter-relao socioeconmica, socioambiental, ecoeficincia e
em sua integrao, buscar-se- retroalimentar o conglomerado de clubes vinculados ao Banco
22
do Brasil (BB), identificando potencialidades para aprimorar as atuaes junto aos associados
e sociedade para a efetividade e a consistncia nas aes internas e externas.
Van Bellen (2006), Tayra e Ribeiro (2006) caracterizam os indicadores como sendo
instrumentos de grande importncia na mensurao das diversas dimenses da
sustentabilidade, revelando-se essenciais na conjugao dos parmetros ambientais, sociais e
econmicos na busca do desenvolvimento sustentvel. Se o objetivo dos indicadores de
sustentabilidade encontrar uma medida capaz de mensurar o desenvolvimento sustentvel,
natural que este direcione ou mostre quais os pontos que foram alcanados com determinadas
prticas ou polticas (SILVA; WIEN, 2010; VAN BELLEN, 2006).
Como enfatizam Carvalho e Monzoni (2010), o tema sustentabilidade no representa
um modismo, visto que, h a necessidade dos gestores compreenderem o papel das
organizaes no caminho da sociedade rumo ao desenvolvimento sustentvel no apenas
como um discurso efmero no meio em que esto inseridos, mas, totalmente agregado s
atividades produtivas e administrativas, haja vista, a dimenso com que o tema vem sendo
tratado nas organizaes e na sociedade em geral.
Voltolini (2011) e Boff (2013) complementam relacionando a reestruturao e a
sensibilizao da forma de pensar dos administradores, o pensamento e a ao no contexto
global, a tica na gesto dos negcios e a parceria entre governo, sociedade civil e empresa
como sendo os desafios-chave neste milnio para a adequao e a incluso definitiva da
sustentabilidade nas empresas para que haja uma governabilidade efetiva que v alm das
fronteiras econmico-financeiras.
A criao de bem-estar social, envolvimento da comunidade nas decises das polticas
pblicas e determinao de indicadores que possam medir e avaliar os impactos provocados
em todas as instncias no meio ambiente so dinmicas determinantes para o alcance da
sustentabilidade. Na anlise de Simo et al. (2010), o envolvimento da sociedade na
formulao e na avaliao das polticas pblicas sustentveis e a escolha de aes especficas
so fatores fundamentais para determinar os indicadores que se adaptem aos objetivos
almejados, sejam estes gerais ou especficos.
Elkington (2012) e Voltolini (2011) atestam que, para guiar as empresas na direo da
sustentabilidade, essencial promover mudanas drsticas na gesto e quebrar velhos e
consolidados paradigmas, pois o lucro o foco de qualquer organizao comercial ou
industrial e a incluso dos aspectos relacionados ao social e ambiental no vislumbram no
curto prazo, benefcios financeiros.
23
Loureno e Carvalho (2013) advertem que as organizaes devem envolver aspectos
relevantes s prticas de sustentabilidade econmica, social, ambiental, e que esses aspectos
precisam estar relacionados aos recursos humanos internos e externos, participao dos
stakeholders, e s questes de desempenho macrossocial. Os autores reforam que a relao
entre as partes interessadas de fundamental importncia para o desenvolvimento
organizacional apoiado na sustentabilidade (LOURENO; CARVALHO, 2013).
Ranganathan (1998) e Dias (2011) atestam que a adoo de padres de excelncia
ambiental por parte das empresas com a sociedade e seu entorno ainda se encontra em fase de
evoluo, considerando-se a amplitude de que se reveste essa problemtica, e que no h,
ainda, uma estrutura de mensurao universalmente aceita. Existem sim, prticas isoladas por
parte dos dirigentes empresariais e por grupos da populao, dependendo do grau de
organizao local.
Boff (2013), fazendo meno Carta da Terra, relata que nunca antes na histria o
destino comum conclamou a se buscar um novo comeo como na atualidade, afirmando que
isto requer uma mudana na mente e no corao e que requer, tambm, um novo sentido de
interdependncia global e de responsabilidade universal devendo-se desenvolver e aplicar
com imaginao a viso de um modo de vida sustentvel nos nveis local, regional, nacional e
global.
Diante das variveis apresentadas neste tpico, as anlises das prticas sustentveis
desenvolvidas nas AABBs foram catalogadas com o apoio da FENABB e com base na
experincia profissional do autor, que exerceu durante 2 anos a presidncia da AABB Maca-
RJ, por 12 anos a presidncia da AABB Florianpolis-SC e 6 anos a vice-presidncia da
FENABB-DF.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
O estudo se desenvolve alm desta introduo que compreende a contextualizao, os
objetivos geral e especfico e a justificativa, e outros quatro captulos.
No segundo captulo, fundamentao terica, busca-se relacionar autores nacionais e
internacionais com abordagens voltadas formao das associaes originrias do
associativismo, o Terceiro Setor, a funo do lazer e entretenimento, o desenvolvimento
sustentvel e a sustentabilidade, e a compreenso e importncia dos modelos de indicadores,
principalmente, aqueles voltados para a dimenso social, econmica e ambiental.
O terceiro captulo refere-se aos procedimentos metodolgicos a serem utilizados para
o atingimento dos objetivos, demonstrando como foi realizada cada etapa da pesquisa para se
24
buscar os resultados. O quarto captulo descreve os resultados para a mensurao do tema da
pesquisa com base nos indicadores definidos e na anlise estatstica destes.
O quinto captulo apresenta as consideraes do autor com base nos resultados
encontrados, demonstrando a relevncia do tema para que pesquisas complementares com
abordagens no contempladas neste estudo sejam aprofundadas no intuito de valorizar e
entender a funo social, econmica e ambiental dos clubes de lazer em toda a sua amplitude.
As referncias so apresentadas, ao final, relacionando os autores que deram sustentao a
este estudo, juntamente com o Anexo e Apndices. A estrutura apresentada na Figura 1
demonstra as etapas desenvolvidas nesta pesquisa de forma ordenada e sequencial.
Figura 1 - Estruturao da Dissertao
Fonte: Elaborada pelo autor
1. INTRODUO
Contextualizao e
problema de pesquisa Objetivos Justificativa Estrutura do trabalho
2. FUNDAMENTAO TERICA
Associativismo
Desenvolvimento
Sustentvel/
Sustentabilidade
Modelos de
mensurao da
sustentabilidade
Indicadores de
sustentabilidade
Integrao dos Indicadores dos
modelos em
anlise
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
Estrutura da
pesquisa
Coleta e
tratamento
dos dados
Procedimentos
metodolgicos
Objeto de
estudo e
amostras
Seleo de
indicadores
4. RESULTADOS
5. CONSIDERAES FINAIS
REFERNCIAS
25
Com base na descrio dos captulos da Figura 1, este estudo apresenta o
desenvolvimento dos tpicos que esto relacionados com o tema, estabelecendo uma
interao permanente entre eles. O captulo seguinte, fundamentao terica, relaciona o
pensamento de autores nacionais e internacionais, em relao aos tpicos recorrentes da
pesquisa, que do sustentao a metodologia e aos resultados deste estudo.
26
2 FUNDAMENTAO TERICA
A participao global na busca de resultados que atendam organizaes e sociedades
no combate a tudo que possa representar escassez para as geraes futuras, a fim de mant-las
saudveis e sustentveis iminente. Brown (2009) argumenta que a questo que se enfrenta
no se limita a definir o que precisa ser feito, porque isso parece claro para aqueles que esto
analisando permanentemente a situao global e empresarial. O desafio que precisa ser
superado saber como faz-lo no tempo que ainda est disponvel.
O quadro terico ser apresentado considerando aspectos do associativismo e do
Terceiro Setor que tm crescido substancialmente, principalmente pelo reconhecimento de sua
importncia nas transformaes que esto em curso na atualidade (LEONELLO; COSAC,
2009).
A importncia da gesto do lazer e da recreao entra nesse contexto em razo de este
segmento integrar o Terceiro Setor e estar relacionado com as prticas frequentes nos clubes
sociais. O terceiro ponto desenvolvido nesta teoria relaciona-se s partes interessadas
(stakeholders) na concepo da sustentabilidade, pela ateno que se deve dar queles que
participam das associaes como associados e dirigentes dos clubes.
Na quarta parte, a dimenso da responsabilidade social referenciada por vrios
autores que veem neste tema um compromisso social em que todos devem se envolver, no
somente na teoria, mas, principalmente, na prtica. Na sequncia, o tema desenvolvimento
sustentvel e sustentabilidade sugere uma reflexo sobre o que as organizaes e a sociedade
esto fazendo para a preservao do planeta e para a sustentabilidade organizacional. No item
gesto da sustentabilidade, so abordados os sistemas produtivos predominantes na
administrao e o equvoco do pensamento relacionado aos recursos ilimitados.
A fundamentao ser complementada com a abordagem feita sobre os indicadores de
sustentabilidade relacionando diversos modelos, demonstrando que h iniciativas em todas as
dimenses para a diminuio da degradao do meio ambiente, porm, concentrando-se
naqueles que tm na sua concepo a trade econmica, social e ambiental.
2.1 O ASSOCIATIVISMO
Historicamente, o associativismo se difundiu no Brasil por intermdio da Igreja no
colonialismo, meados do sculo XV, quando o pas passava por um quadro organizacional
catico, motivado pelas fortes restries de desenvolvimento das comunidades (CAPI;
MARCELLINO, 2009). Fernandes e Castro (2005) afirmam que o associativismo se traduz
27
em uma forma de organizao da sociedade civil, em que os cidados, por livre-arbtrio
agrupam-se para realizar atividades de interesse comuns sem objetivos econmicos.
Pode-se afirmar que as entidades associativas contribuem para a reduo de
desigualdades sociais e para a efetivao dos direitos sociais, por meio de aes que buscam
melhoria da qualidade de vida e aproveitamento das atividades pblicas como vetor de
desenvolvimento social (ARAJO; NASCIMENTO, 2012). Salamon (1998) salienta que h
uma forte tendncia em escala mundial criao de organizaes voluntrias, associativas e
similares para prestar servios sociais, buscar solues locais nas comunidades, impedir a
degradao ambiental, defender direitos civis e outras inmeras aes que no so atendidas
pelo Estado.
O associativismo no cerne das organizaes, segundo Battisti e Denuzi (2009),
oportuniza a unio de foras em busca do crescimento coletivo, a obteno de resultados
favorveis e estabelece um relacionamento de parceria entre as empresas. O enfoque
associativo das organizaes pode ser considerado como uma alternativa de superao,
especialmente aps o advento da Segunda Guerra Mundial, quando se fortaleceu de forma
organizada, sustentado na solidariedade, incluindo organizaes de trabalho voluntrio,
cooperativas, associaes e instituies assistenciais (MEDEIROS; SOUZA, 2010).
Na concepo de Capi e Marcellino (2009), de Bramante (1999) e de Mezzadre (2000)
os clubes esportivos representam uma confraria com objetivos definidos relacionados ao
entretenimento e ao lazer voltado s populaes capazes de se manifestarem, nas diversas
camadas sociais, por meio do associativismo.
2.1.1 O surgimento da denominao Terceiro Setor no Brasil
Se o associativismo se difundiu no pas em meados do sculo XV, a denominao
Terceiro Setor ocorreu na dcada de 1990 com a proposta de renovao do espao pblico,
resgate da solidariedade e da cidadania, humanizao do capitalismo e de superao da
pobreza, designando o conjunto de iniciativas provenientes da sociedade (FALCONER,
1999).
Na avaliao e caracterizao do Terceiro Setor, Salamon (1998), Soares e Scarpin
(2009) relatam que o surgimento e crescimento do Terceiro Setor decorrem de vrias presses
e mudanas profundas e significativas no comportamento da sociedade, em suas demandas e
necessidades, das instituies e at dos prprios governos, em decorrncia de uma mudana
de orientao poltica no Brasil, no que tange ao papel do Estado (Primeiro Setor), do
Mercado (Segundo Setor) e, em especial, forma de participao dos cidados na esfera
28
pblica. Traz na sua concepo um conjunto de mudanas sociais e tecnolgicas, surgidas
com a contnua crise de confiana da sociedade relacionada capacidade de gerir do Estado.
Assim, o Terceiro Setor se caracteriza pelas figuras jurdicas, sem fins lucrativos,
representadas por fundaes e associaes geradoras de bens e servios (SALAMON, 1998).
Segundo dados do IBGE (2010), o Terceiro Setor cresce de forma exponencial em
todo o mundo, formando uma imensa rede associativa global, constatando a necessidade da
participao coletiva organizada nas diversas frentes sociais, atuando sistematicamente em
aes relacionadas com o bem-estar social, associaes patronais e profissionais, meio
ambiente, desenvolvimento e defesa de direitos e outras que surgem de acordo com as
necessidades de grupos de interesses especficos.
O Terceiro Setor se diferencia do Primeiro e do Segundo Setor, em relao a vrios
aspectos estruturais e de operaes, como a origem dos recursos, o perfil dos stakeholders e a
forma de relacionamento interno e externo; por isso, exige papis diferenciados e capacidades
tcnicas especficas (PEREIRA et al., 2013).
Salamon (1998) adverte que mesmo a partir de um conjunto claro de mudanas
sociais e tecnolgicas, aliadas contnua crise de confiana social na capacidade de gesto do
Estado , no h como o Terceiro Setor atuar de forma totalmente independente. Salimon e
Siqueira (2013) reforam que a atuao e o crescimento dessas instituies, embora no
estejam vinculadas aos rgos governamentais e sejam de carter no lucrativo, so
fiscalizadas com seriedade, e so cobradas em sua capacidade gerencial, em relao aos
impactos sociais e, principalmente, pela responsabilidade da prestao de contas.
Apesar de existirem outros termos para denominar as organizaes do Terceiro Setor
como instituto, entidade, organizao de base comunitria, ONGs, centro de pesquisa, entre
outros, juridicamente essas organizaes so classificadas como associaes ou fundaes
(ARAJO; CARRENHO, 2009).
De acordo com o Cdigo Civil brasileiro (Lei n 10.406/2002) as fundaes, tratadas
nos arts. 62 a 69, somente podem ser institudas por escritura pblica ou testamento, e ter fins
religiosos, morais, culturais ou de assistncia sendo o controle e a fiscalizao de
responsabilidade do Ministrio Pblico. J as associaes so definidas nos arts. 53 a 61 como
entidades formadas pela unio de pessoas para fins no econmicos, no existindo direitos e
obrigaes recprocos entre seus associados que possuem direitos iguais e somente podem ser
excludos por justa causa em procedimento que lhes assegure direito de defesa e de recurso,
nos termos previstos no estatuto.
29
As diferenas entre as associaes e fundaes podem ser observadas conforme
mostra o Quadro 1.
Quadro 1 Caractersticas das associaes e das fundaes
Associao Fundao
Constituda por pessoas Constituda por patrimnio, aprovado previamente pelo Ministrio Pblico
Pode (ou no) ter patrimnio O patrimnio condio para sua criao A finalidade definida pelos associados A finalidade deve ser religiosa, moral, cultural ou
de assistncia, definida pelo instituidor
A finalidade pode ser alterada A finalidade perene Os associados deliberam livremente As regras para deliberao so definidas pelo
instituidor e fiscalizadas pelo Ministrio Pblico
Registro e administrao so mais simples Registro e administrao so mais burocrticos Regida pelos arts. 53 a 61 do Cdigo Civil Regida pelos arts. 62 a 69 do Cdigo Civil Criada por intermdio de assembleia, com registro em ata e elaborao de estatuto
Criada por escritura pblica ou testamento. Atos de criao, inclusive estatuto, condicionados prvia
aprovao
Obrigatoriedade de prestao de contas ao rgo cedente do ttulo ou certificao estatal
Obrigatoriedade de prestao de contas anual ao rgo curador e ao MP at o ltimo dia til do
primeiro semestre do ano subsequente Fonte: Adaptado de Arajo e Carrenho (2009).
Conforme pode ser observado no Quadro 1, as diferenas entre associaes e
fundaes so caracterizadas pela exigncia maior ou menor diante das suas competncias. As
fundaes possuem critrios mais rigorosos para sua constituio, funcionamento e extino e
so constitudas por ato inter vivos, com uso de escritura pblica ou por mortis causa,
utilizando-se de um testamento (PEREIRA, 2008).
No caso das associaes, sua constituio ocorre pela realizao de assembleia geral,
quando os integrantes ou associados deliberam para a aprovao do estatuto que
regulamentar a forma de atuao da nova entidade e que dever seguir as orientaes
estabelecidas no Cdigo Civil brasileiro. No caso das associaes formadas com
caractersticas de clubes sociais, suas atividades esto relacionadas com o lazer, o
entretenimento e o bem-estar de seus integrantes.
2.1.2 A gesto do lazer
Integrantes do Terceiro Setor, as associaes sociorrecreativas fazem parte de um
cenrio social complexo e vm sofrendo transformaes significativas ao longo do tempo
provocadas por aspectos polticos, sociais, econmicos e culturais (SILVA, 2007;
CAMARGO; SILVA, 2008). A capacidade transformadora do ser humano de adaptar-se
permanentemente s mudanas nos aspectos citados por Silva (2007) e Camargo e Silva
30
(2008), em uma sociedade em permanente processo de evoluo, representa um grande
desafio na gesto do lazer e da recreao dessas associaes.
Segundo Bramante (1999), O lazer passou a ocupar espao de relevncia no cenrio
acadmico internacional a partir da dcada de 1950, tornando-se um amplo campo de estudos
e pesquisas em diversos enfoques profissionais como a administrao, filosofia, histria,
antropologia, sociologia, psicologia, geografia, entre outras. Bramante (1999) argumenta
ainda, que o seu carter interdisciplinar tem sido uma tnica na busca de sua compreenso.
No Brasil, observa-se um crescimento na visibilidade do lazer enquanto tema de
estudos, devido aos significativos espaos ocupados nos jornais, nos peridicos de informao
geral e no mundo acadmico, destacando a organizao de grupos de pesquisa advindo das
mais diversas reas de conhecimento (GOMES; MELO, 2003).
Gomes et al. (2010) argumentam, entretanto, que faltam pesquisas que permitam
conhecer a realidade do lazer de forma mais consistente e que as vivncias de lazer no
devem ser tratadas somente como meros recursos metodolgicos, mas como importantes
manifestaes culturais que representem singularidades em cada contexto. Mas, como pode
ser caracterizado o lazer? O comportamento do ser humano e o prazer em gozar de
momentos de descontrao so peculiares e definidos individualmente.
No entendimento de Chaves et al. (2003), o lazer a cultura compreendida no seu
sentido mais amplo, que praticada, fruda ou conhecida no tempo disponvel das pessoas,
que propicia determinadas condies que esto ligadas ao descanso, divertimento e
desenvolvimento. Para Silva (2007), a percepo do lazer uma condio auferida na busca
pelo prazer e encontra-se, muitas vezes, carregada de valores atribudos pelas pessoas,
favorecida pelos interesses simblicos construdos na sociedade. Bramante (1999) afirma que
o lazer se traduz por uma dimenso privilegiada da expresso de uma experincia pessoal
criativa, de prazer e que no se repete no tempo/espao, cujo eixo principal a ludicidade.
Embora a percepo do lazer pelos mais variados autores e mesmo pelas pessoas da
sociedade em geral possa ter caractersticas semelhantes e relao com a ociosidade, Gomes
et al. (2010) argumentam que o lazer no deve ser pensado apenas como algo que existe para
renovar as energias para o trabalho, mas sim visto em sua essncia, como um fenmeno
sociocultural que diz respeito a prticas culturais diversas, as quais so coletivamente
produzidas em cada realidade histrico-social.
Esse fenmeno referenciado por Gomes et al. (2010) percebido na mudana do
comportamento da sociedade, principalmente, em razo do avano tecnolgico. Riede (2002)
argumenta que a expanso dos centros de compras, shopping centers, com vrias opes de
31
lazer e entretenimento; os condomnios residenciais, que possuem reas de lazer, muitas vezes
comparados com verdadeiros clubes sociais; e a televiso, com opes para crianas, jovens e
adultos, tem contribudo para a diversificao e o crescimento das ofertas de lazer e recreao
para a sociedade, tornando-se grandes concorrentes indiretos dos clubes sociais.
Diante dessa diversificao de definies, a gesto eficiente e eficaz do lazer e
recreao nas instituies associativas manifesta-se como uma importante ferramenta a ser
explorada na gesto da sustentabilidade.
2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL E SUSTENTABILIDADE
A sociedade vive uma poca marcada por muitas crises. Crise dos valores morais,
crise dos valores econmicos e sociais, e crise ambiental. Nos ltimos 200 anos, o problema
ambiental tem se agravado com a intensificao da industrializao, a interveno do homem
na natureza, provocando o aquecimento global, o desequilbrio nos ecossistemas e a ameaa
s reservas de gua (DIAS, 2011; NETO, 2011; PEREIRA et al., 2012).
Mesmo no sendo recente, somente nas ltimas dcadas do sculo XX a discusso
sobre desenvolvimento sustentvel passou a ser debatida de forma mais contundente. Breier,
Jung e Ten Caten (2011); Hogevold e Svensson (2012) e Almeida (2001) asseveram que o
termo desenvolvimento sustentvel difundiu-se em decorrncia da reunio da Comisso
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no ano de 1987, por meio do relatrio
Brundtland, no documento denominado nosso Futuro Comum que props a utilizao das
riquezas naturais sem comprometer a capacidade das geraes futuras satisfazerem suas
prprias necessidades.
Hogevold e Svensson (2012) enfatizam que o foco em todo o mundo est relacionado
s tendncias ecolgicas relativas ao meio ambiente natural, ao esgotamento dos recursos
naturais, e a um reconhecimento sem precedentes sobre as causas e consequncias do
aquecimento global. O termo sustentabilidade entendido no sentido amplo como o desafio
da sobrevivncia, a luta pela vida e pela preservao dos elementos naturais, no cabendo
apenas como uma divagao de natureza ideolgica, mas, sobretudo, pela constatao
cientfica de que mudanas imediatas so necessrias para o gerenciamento da vida
(ALMEIDA, 2001).
A Carta da Terra, documento elaborado no incio do sculo XXI e inspirado na
consulta a milhares de pessoas de diferentes nacionalidades, culturas, instituies, religies,
universidades, bem como cientistas, sbios e remanescentes das culturas originrias, feita
durante oito anos (1992-2000), representa um chamado acerca dos riscos que pesam sobre a
32
humanidade, e ao mesmo tempo, uma manifestao cheia de esperana, valores e princpios
que devem ser permanentemente compartilhados e praticados (BOFF, 2013).
Almeida (2001) assevera que o meio ambiente perpassa as atividades humanas, assim
como o social e o econmico, no havendo mais espao para uma viso cartesiana e
mecanicista que considere o universo como um conjunto de partes isoladas. O desequilbrio
socioambiental e as rpidas transformaes tecnolgicas e industriais representam a urgncia
na integrao e interao de uma nova maneira de lidar com a mudana desse paradigma.
O Quadro 2 apresenta aspectos consolidados na viso cartesiana/mecanicista
comparados viso sustentvel.
Quadro 2 Aspectos comparativos entre a viso cartesiano/mecanicista e sustentvel
Cartesiano / Mecanicista Sustentvel
Reducionista, mecanicista, tecnocntrico Orgnico, holstico, participativo
Fatos e valores no relacionados Fatos e valores fortemente relacionados
Preceitos ticos desconectados das prticas cotidianas
tica integrada ao cotidiano
Separao entre o objetivo e o subjetivo Interao entre o objetivo e o subjetivo
Seres humanos e ecossistemas separados, em uma relao de dominao
Seres humanos inseparveis dos ecossistemas, em uma relao de sinergia
Conhecimento compartimentado e emprico Conhecimento indivisvel, emprico e intuitivo
Relao linear de causa e efeito Relao no linear de causa e efeito
Natureza entendida como descontnua, o todo formado pela soma das partes
Natureza entendida como conjunto de sistemas interrelacionados. O todo maior que a soma das partes
Bem-estar avaliado por relao de poder (dinheiro, influncia, recursos)
Bem-estar avaliado pela qualidade das inter-relaes entre os sistemas ambientais e sociais
nfase na quantidade (renda per capita) nfase na qualidade (qualidade de vida)
Anlise Sntese
Centralizao de poder Descentralizao de poder
Especializao Transdisciplinaridade
nfase na competio nfase na cooperao
Pouco ou nenhum limite tecnolgico Limite tecnolgico definido pela sustentabilidade
Fonte: Almeida (2001).
A diferenciao entre a viso cartesiana/mecanicista e a viso sustentvel apresentada
no Quadro 2 demonstra a interao dos aspectos sustentveis no qual as dimenses ambiental,
social e econmica se relacionam continuamente e os aspectos cartesiano/mecanicista em que
as dimenses so tratadas separadamente. Essas transies do tradicional para o sustentvel
so elementares para que a sustentabilidade seja tratada como um conjunto de prticas que
tenham como ponto principal uma atuao globalizada e integrada.
De acordo com Dias (2011), a preocupao com o desenvolvimento sustentvel teve
incio com os principais acontecimentos relacionados a partir do ano de 1962, conforme
demonstrado no Quadro 3.
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Quadro 3 Cronologia nas ltimas dcadas de acontecimentos sustentveis
Ano Acontecimento Observao
1962 Publicao do livro Primavera Silenciosa (Silent Spring)
Publicado por Rachel Carson. Expunha os perigos do inseticida DDT.
1968 Criao do Clube de Roma
Organizao informal. Objetivo: promover o entendimento dos
componentes interdependentes econmicos, polticos, naturais e sociais.
1971 Criao do Programa MAB da UNESCO
Pesquisa das Cincias Naturais/Sociais para a conservao da biodiversidade e melhoria das relaes homem/meio ambiente.
1972 Publicao do livro Os
limites do crescimento
Apresentado pelo Clube de Roma. Previa que as tendncias que imperavam at ento, causariam a escassez catastrfica dos recursos
naturais e nveis perigosos de contaminao em 100 anos.
1972
Conferncia das Naes Unidas
sobre o Meio Ambiente Humano
em Estocolmo, Sucia
Primeira manifestao dos governos do mundo com as
consequncias da economia sobre meio ambiente. So 113
Estados-membros da ONU. Criao do Programa das Naes
Unidas sobre o Meio Ambiente (PNUMA).
1980 I Estratgia Mundial para a
Conservao
A IUCN, com a colaborao do PNUMA e do World Wildlife Fund
(WWF), adota plano de longo prazo para conservar recursos biolgicos
do planeta. Surgimento do conceito de Desenvolvimento sustentvel.
1983
Formada pela ONU a Comisso
Mundial sobre o Meio Ambiente
e o Desenvolvimento (CMMAD)
Presidida pela Primeira-Ministra da Noruega, Gro Harlem
Brundtland. Objetivo: examinar relaes entre meio ambiente/
desenvolvimento.
1987
Publicado o informe Brundtland, da CMMAD, o
Nosso Futuro Comum
Vincula economia e ecologia. Estabelece o eixo em torno do qual se deve discutir o desenvolvimento. Formalizado o conceito de
desenvolvimento sustentvel.
1991
II Estratgia Mundial para a
Conservao:
Cuidando da Terra
Documento do IUCN, PNUMA e WWF. Fundamentado no
Informe Brundtland. Preconiza o reforo dos nveis polticos e
sociais para a construo de uma sociedade mais sustentvel.
1992
Conferncia das Naes
Unidas sobre o Meio
Ambiente e
Desenvolvimento Rio-92
Local Rio de Janeiro. Foro mundial que abordou novas perspectivas
globais e de integrao da questo ambiental planetria. 170 Estados
presentes. Aprovao da Declarao do Rio e da Agenda 21.
1997 Rio + 5 Local NY. Objetivo analisar a implementao da Agenda 21.
2000
I Foro Mundial de mbito
Ministerial Malmo
(Sucia)
Aprovao da Declarao de Malmo. Examina novas questes
ambientais para o sculo XXI. Adota compromissos no sentido de
contribuir para o desenvolvimento sustentvel.
2002 Desenvolvimento Sustentvel
Rio + 10
Local: Johannesburgo. Anlise das metas estabelecidas pela
Conferncia do Rio-92. Reiterao dos Estados com o
compromisso do Desenvolvimento Sustentvel.
2005 Protocolo de Kyoto
Obriga pases desenvolvidos a reduzirem a emisso de gases que
provocam o efeito estufa. Estabeleceu Mecanismo de Desenvolvimento
Limpo para os pases em desenvolvimento.
2007
Relatrio do Painel
Intergovernamental das
Mudanas Climticas (IPCC)
O (IPCC) divulga seu mais pretencioso relatrio, apontando as
consequncias do aquecimento global at 2100, caso os seres
humanos nada faam para impedi-lo.
2010
ISO 26000
Responsabilidade Social
A International Standard Organization (ISSO) divulga a norma ISO
26000 para a responsabilidade social. Gera grande impacto nas
organizaes, tornando-as mais sensveis ao engajamento em projetos
visando ao desenvolvimento sustentvel.
2015
Protocolo de Paris
Conveno das Naes
Unidas sobre Mudana do Clima (COP21)
Protocolo que complementar o Protocolo de Kyoto, com o
comprometimento de mais de 190 pases que fazem parte da Conveno
do Clima da Organizao das Naes Unidas (GRANDA, 2015).
Fonte: Adaptado de Dias (2011).
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Flores (2014) afirma que o desenvolvimento sustentvel e sustentabilidade,
responsabilidade social, meio ambiente, transparncia, fazem parte de um todo, e que a
maneira para se alcanar a sustentabilidade passa, necessariamente, pelo desenvolvimento
sustentvel, sendo possvel verific-lo se as pessoas, organizaes e instituies estiverem
envolvidas por um objetivo que direcione seus comportamentos para a sustentabilidade.
Sachs (2008) complementa o conceito de sustentabilidade relacionando igualdade,
equidade e solidariedade como fatores essenciais para o desenvolvimento sustentvel com
resultados de longo alcance para que o pensamento econmico sobre o desenvolvimento se
diferencie do economicismo redutor.
Diante dessas afirmativas, o que emerge a demanda por sinais que possam orientar a
sociedade sobre os caminhos a serem trilhados em termos de polticas sociais, padres de
consumo e produo, e a mudana de perspectiva que se reflete na tomada de deciso
intrnseca ao comportamento sustentvel (PHILIPPI et al, 2012).
2.2.1 Gesto da sustentabilidade
At a dcada de 1960, as organizaes preocupavam-se apenas com a eficincia dos
sistemas produtivos, predominando na administrao a noo de mercados e recursos
ilimitados. Essa prtica revelou-se equivocada a partir do crescimento da conscincia
ecolgica na sociedade, no governo e nas prprias empresas que passaram a incorporar essa
orientao em suas estratgias (DONAIRE, 2010).
No entendimento de Freeman, Martin e Parmar (2007), nos ltimos 200 anos uma
grande quantidade de inovaes nos costumes e no mercado global transformou a vida de
milhes de pessoas, porm, as consequncias danosas oriundas da degradao ambiental, da
desigualdade social e do poder econmico distribudo de forma desigual tm causado
prejuzos incalculveis s sociedades.
O principal desafio para as organizaes que buscam ser mais sustentveis
identificar uma forma adequada de gesto das dimenses ambiental e social, integrando-as aos
benefcios econmico-financeiros (JABBOUR; JABBOUR, 2013). Segundo Hart e Milstein
(2003), a gesto sustentvel de uma empresa contribui com o desenvolvimento sustentvel,
gerando, simultaneamente, benefcios econmicos, sociais e ambientais conhecidos como os
trs pilares da sustentabilidade.
Considerando o desenvolvimento sustentvel nesses trs pilares dentro das
organizaes, Dias (2011) as define da seguinte forma:
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a) economicamente: empresas que so economicamente viveis e que deem retorno
ao investimento realizado;
b) socialmente: empresas que proporcionam condies de trabalho adequadas aos
empregados, contemplem a diversidade cultural e ensejem aos deficientes de modo
geral, oportunidade de vnculo empregatcio;
c) ambientalmente: empresas que se pautam pela ecoeficincia dos processos
produtivos, adotam a produo mais limpa e oferecem condies de
desenvolvimento de uma cultura ambiental organizacional e adotam uma postura
de responsabilidade ambiental.
Lai Thyen Tsai (2013) exemplifica, com propriedade, as prticas que direcionam a
gesto sustentvel:
Gestores e empresrios esto cada vez mais cientes da importncia da sustentabilidade, pois, apesar de melhorar a sua imagem perante o seu cliente, visto
que eles esto cada vez mais exigentes e querem solues mais verdes para os
servios que contratam ou produtos que consomem, ela aumenta a competitividade e
rentabilidade dos seus negcios. Atualmente, seis em cada dez empresas nacionais
afirmam sentirem que as mudanas climticas j produzem impacto dirio em sua
cadeia produtiva. E segundo o Instituto Ilos, que especializado em logstica
empresarial, quase 50% das empresas j tm polticas especficas para a
sustentabilidade. (LAI THYEN TSAI, 2013, p. 30).
Werbach (2010) descreve que pr em prtica uma gesto voltada para a
sustentabilidade indispensvel para a sobrevivncia das empresas em um mundo no qual as
mudanas so cada vez mais cleres e as dimenses social, econmica, cultural e ambiental
no podem ser desprezadas com o argumento empresarial focado simplesmente em aumentar
receitas ou cortar custos para inflar o lucro final.
Jabbour e Jabbour (2013) sustentam que, ainda que alguns dirigentes organizacionais
insistam em desconsiderar os aspectos socioambientais durante a prtica administrativa, a
incluso das preocupaes socioambientais no dia a dia das organizaes de classe-mundial
um processo irreversvel. Muito alm desse consenso sobre sustentabilidade, h um desacordo
entre executivos quanto ao significado e a motivao. Para alguns, um mandato moral; para
outros, uma exigncia legal. Para alguns outros, a sustentabilidade percebida como um custo
inerente ao fato de se fazer negcios (HART, MILSTEIN, 2003). Fato que ainda so poucas
as empresas que tratam a sustentabilidade como uma oportunidade de negcios, que poder
diminuir seus custos e elevar seus rendimentos e sua participao de mercado.
A sustentabilidade tem gerado importantes debates no cenrio das organizaes,
porm, existem comportamentos dissimulados em meio ao percebido aumento das discusses
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sobre o tema, demonstrando comportamentos diferentes relacionados ao discurso e prtica.
Carvalho e Monzoni (2010) asseveram que essa maquiagem verde representa um desservio
duplo sociedade, afinal, alm de confundir o cidado, banaliza a expresso desenvolvimento
sustentvel.
Diante desse debate que acentua a importncia da participao coletiva, Oliveira
(2013) afirma que a responsabilidade social das empresas envolve determinadas atitudes,
aes e relaes com um grupo maior de partes interessadas (stakeholders) como
consumidores, fornecedores, sindicatos e governo. Jabbour e Jabbour (2013), a partir de uma
ampliao do modelo de gesto da sustentabilidade de Hart e Milstein (2003), incluram
novos fatores que proporcionaram mais completude ao quadro demonstrativo.
Essas atitudes podem ser conduzidas, conforme a Figura 2, tanto externa como
internamente organizao, por meio da combinao entre os horizontes da sustentabilidade,
hoje e amanh, e os focos das aes de sustentabilidade, internamente ou externamente s
organizaes.
Figura 2 Modelo de gesto de sustentabilidade
Fonte: Adaptada de Jabbour e Jabbour (2013) e de Hart e Milstein (2003).
No quadrante Interno-Hoje, as organizaes definem estratgias para combater
poluentes, aumento do consumo e resduos gerados desse consumo com a criao de melhores
ndices de ecoeficincia, que geram reduo de custos e de riscos gesto organizacional. No
quadrante Externo-Hoje, mediante a influncia da organizao na sociedade civil em
crescimento, da transparncia nas decises e nos acontecimentos polticos e da relao das
pessoas com a tecnologia, busca-se a estratgia de gerenciamento de produtos e servios com
menores impactos socioambientais (JABBOUR; JABBOUR, 2013).
Valor ao
Acionista
Motivadores
Populao
Pobreza
Desigualdade
Motivadores:
Revoluo
Tecnologia limpa Marcas
Motivadores:
Poluio
Consumo Resduos
Motivadores:
Sociedade civil
Transparncia Conectividade
Amanh
Hoje
Interno Externo
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No quadrante Externo-Amanh, Jabbour e Jabbour (2013) esclarecem, ainda, que a
constatao do aumento populacional, a pobreza e a desigualdade social so vertentes que
podem beneficiar as organizaes estrategicamente com base na sustentabilidade,
desenvolvendo maior capacidade de inovao e reposicionamento como organizao mais
sustentvel perante seus concorrentes. J na construo do quadrante Interno-Amanh as
organizaes tendem a buscar a revoluo ambiental, tecnologias limpas associadas com
marcas das organizaes e padres socioambientais.
Munck (2013) assevera que mesmo quando se busca abordagens, modelos e
ferramentas para a implantao de uma gesto de sustentabilidade, o que mais de destaca a
adoo e aplicao de ferramentas prximas dos sistemas de gesto ambiental, porm, afirma
que a Sustentabilidade Organizacional (SO) vai alm desses modelos. Em sua anlise, a
nfase nesse processo est nas pessoas, defendendo que o agir coletivo, e o agir individual so
os alicerces da organizao em busca da gesto sustentvel.
Cabe salientar, que, segundo Munck (2013) os parmetros conceituais adequados aos
modelos de gesto da sustentabilidade nas organizaes so: a) a SO deve ser encarada como
parte integral e contextual dos negcios e estar presente nas estratgias e nas operaes; b) so
necessrios a identificao e o desenvolvimento de competncias centrais SO que permitam
entregas, coordenadas e simultneas, econmicas, geradoras de valor social e de preservao
ambiental; c) a gesto da SO deve proporcionar respostas alm das exigncias legais para que
contribua para a competitividade, lucratividade e o sucesso em longo prazo.
Na concepo sintetizada por Munck (2013) em relao gesto da sustentabilidade,
as empresas so as maiores consumidoras de recursos naturais e as maiores geradoras de
crescimento econmico, sendo, consequentemente, as principais responsveis pelos grandes
impactos sociais, econmicos e ambientais.
2.2.2 Partes interessadas (stakeholders) na concepo da sustentabilidade
Entender a importncia das partes interessadas (stakeholders) envolvidas na gesto ou
no resultado de uma organizao, seja ela com fins lucrativos ou sem fins lucrativos, torna-se
fundamental na construo da sustentabilidade. Na afirmativa de Szabo e Costa (2013), esse
tema est presente nas pautas e discusses das organizaes e instituies em aspectos que
vo desde o cotidiano organizacional at complexos processos de mudanas.
Freeman et al. (2004) definem o foco da teoria dos stakeholders relacionado aos
objetivos da organizao em duas questes centrais. A primeira questo est relacionada ao
propsito da empresa, considerando o incentivo dos gestores em articularem o sentimento
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comum entre as partes interessadas para caminharem juntos. A segunda refere-se
responsabilidade da gesto com as partes interessadas, enfatizando a atuao dos gerentes no
envolvimento de relacionamentos, e criao de comunidades onde todos se comprometam
para atingir os melhores resultados para a organizao.
O relatrio GRI (2014) enfatiza a definio dos stakeholders relacionando todos
queles que direta ou indiretamente esto envolvidos com a organizao.
[...] os stakeholders podem incluir tanto aqueles diretamente envolvidos nas
operaes da organizao (p. ex.: empregados, acionistas e fornecedores) como os
que mantm relaes de outros tipos com ela (p. ex.: grupos vulnerveis dentro das
comunidades locais, sociedade civil). Refere-se a entidades ou indivduos que
tendem a ser significativamente afetados pelas atividades, produtos e servios da
organizao ou cujas aes tendem a afetar a capacidade da organizao de
implementar suas estratgias e atingir seus objetivos com sucesso (GRI, 2014, p.
93).
A influncia dos stakeholders nas tomadas de decises estratgicas gerenciais tem sido
cada vez mais considerada, haja vista suas contribuies baseadas no conhecimento
operacional, poltico, social e cultural, e no interesse do fortalecimento e perenidade das
organizaes. Os stakeholders so responsveis, em parte, pela construo e administrao do
futuro da rede porque so os elos entre as organizaes conforme demonstrado na Figura 3.
Figura 3 Stakeholders mais comuns
Fonte: Adaptada de Almeida (2007).
Entidades Empresariais
Consumidores
em geral
Governos Comunidades
Fornecedores
Universidades
Mdia
Clientes
Colaboradores
ONGs
Autoridades
Investidores
EMPRESAS
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A Figura 3 demonstra a ligao inerente entre as empresas e seus principais
stakeholders no mbito das reas em que aquelas sofrem influncia direta para o seu
desenvolvimento. Ao proporcionar bem-estar aos colaborado