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Memória e Informação
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CURSO DE EXTENSÃOBiblioteca: Conhecimentos
e Práticas
Drª Maria Cristina Caminha de Castilhos França
Memória e Informação
Modernidade
Walter Benjamin trouxe luz à reflexão sobre o romance e a informação jornalística como expressões da modernidade que cria estratégias para ampliar a destradicionalização das formas de vida, a individualização e as desigualdades sociais da sociedade industrial.
Tradição X Modernidade
• O fim da arte de contar histórias –comprometimento da transmissão de uma experiência no sentido pleno.
• Perda da experiência coletiva: experiência significativa ao narrador (transmissão de saberes) e ao ouvinte (possibilidade de um caminho): a comunidade de vida e de discurso.
• Uma das preocupações dos pensadores da Escola de Frankfurt:
Tradição X Modernidade
Crítica das formas de controle social que impôs uma visão de mundo (ideias e comportamentos reprodutores das forças do establishment que caracteriza uma sociedade industrial avançada).
Crítica à falsa e reificadaexperiência que promove as suas “próprias” formas e linguagens tradicionais, a projeção de modos alternativos de existência e experiência, consciência de uma única moderna situação.
Ordem ideológica, econômica, política e social que determina o caráter de uma
sociedade, de um Estado: Os conservadores defendem o establishment.
2. O grupo que representa a classe social e política de poder em um país.
3. Grupo de pessoas com maior poder de decisão em qualquer campo de atividade: Ex.:
Os cartolas formam o establishment do futebol no Brasil.
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Novas formas narrativas e o reflexo no corpo social
• Romance e a informação jornalística –necessidade de explicar um acontecimento real ou fictício.
• O Romance visa a encontrar o sentido evidente e reconhecido por todos – não mais existente na modernidade;
• A informação deve manter a plausibilidade e o controle.
Filme Milton Santos
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Memória individual, coletiva, compartilhada e social
• A memória é, além de um fenômeno de interiorização individual, uma construção social e um fenômeno coletivo.
• Maurice Halbwachs - a memória possui a estrutura fundada na experiência vivida, na imagem, nos afetos: as lembranças são fortificadas pelas narrativas coletivas e reforçadas diante dos acontecimentos públicos – as comemorações - que definem a história coletiva de um dado grupo social.
• Paul Ricoeur - a rememoração é o produto de um processo de elaboração individual e a comemoração é o trabalho de construção de uma memória coletiva.
• Ambas se processam pelos atos de escuta de narrativas dos grupos de pertencimento e portadores de uma memória e ao nos apropriarmos da capacidade narrativa, contamos histórias que têm origem nas relações intersubjetivas construídas no interior dos nossos grupos sociais.
Memória individual, coletiva, compartilhada e social
• Ricoeur afirma que não é só a memória de um indivíduo que está em jogo, mas a memória “de um” é também a memória “de outro”, portanto de um “nós”.
• As relações sociais de todos os tipos são fontes de comunicações recíprocas de experiências e de recomposição da memória vivenciada coletivamente.
• Elas dinamizam formas de sociabilidade e espaços de interação que “falam” de um grupo de identidade em que a tradição é reinventada em um cotidiano reelaborado no processo de modernização.
Memória individual, coletiva, compartilhada e social
Relações transgeracionais, sejam elas entre contemporâneos, etc.,
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• A memória compartilhada é baseada nas relações que alimentam os sentimentos de pertencimento (grupo de trabalho, grupo de igreja, grupo político, grupo de vizinhança, etc.), em grupos considerados distantes e diferenciados, mas compartilhados em suas mudanças na conjuntura histórica.
Memória individual, coletiva, compartilhada e social
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• O século XX presenciou mudanças intensas em todas as dimensões da vida cotidiana: o processo de globalização e os impactos na ordem das relações sociais.
Lugares, memórias e relações sociais
Fascínio pela informação internacionalizada;aparente homogeneização de valores.
Revitalização e valorização do espaço local, da comunidade, do familiar; complexidade nos faz ver o mundo por meio das relações e articulações entre global e local.
Festas de família é um espaço tradicional que trata da memória familiar com o objetivo
maior de recompor a trajetória familiar a partir da noção de memória coletiva que
relaciona-se a novas formas de relações, interações e sociabilidades suscitadas pelas
tecnologias advindas de um mundo globalizado.
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Noções fundamentais
• Local: refere-se ao que vivemos em comunidade;
• Tönnies: comunidade é a comunhão de escolhas, a vontade comum, a partilha de uma mesma expectativa, a língua e afirmações recíprocas ≈ comunidades virtuais.
Comunidade contemporânea
• Os sentimentos de pertencimento e de comunidade se traduzem na permanência que se opõe à efemeridade promovida pela globalização/consumo.
• Prevê uma territorialidade objetiva ou simbólica e novas formas de comunicação entre os membros.
• A “nova” territorialidade prevê pertencer a distância, a coexistência das relações face a face e as relações a distância mediadas por tecnologias. O que determina a permanência é a vontade e os interesses dos membros.
“Lugares e memórias sempre representaram dois paradigmas fundamentais na configuração das comunidades, na evolução das culturas e das relações entre as pessoas. Porém, é evidente que em nossa época, em que as arquiteturas real e virtual se fundem, precisamos fazer frente a novas configurações de lugar, memória e relações sociais” (MITCHELL, 2006, p.52).
• Segunda metade do Séc. XX: TICs – profundas transformações na organização social e na vida dos indivíduos.
• Sociedade pós-industrial ►sociedade da informação ► sociedade do conhecimento
• Sociedade da informação: conectava os indivíduos ao restante do mundo X excluía parcela significativa (ausência de conhecimento ou de recursos) – reproduz as desigualdades entre países e grupos sociais.
A informação
A memória e a informação• “A comunidade humana tem necessidade de
memória para existir” (WARWICK, in CASALEGNO, 2006, p.106).
• A comunicação em rede: uma interação humana multiforme que permite distribuir melhor a informação e o tempo.
• A memória que se desenvolve em uma comunidade virtual surge da interação entre os membros de qualquer grupo e é sempre um processo de síntese, de esquematização, de interpretação – isto é, ela possui uma dimensão subjetiva da memória.
Por fim, ao se relacionar a memória em rede ou virtual à interconexão das subjetividades coletivas há de se considerar fundamental o capital social dos membros de uma comunidade, bem como o desenvolvimento de um sentimento de confiança mútuo. Observa-se que nem todas as redes sociais chegam ao status de comunidade e a importância da memória está na conquista do tempo presente, compreendê-lo e com ele conviver em uma “existência poética, não apenas uma existência funcional e utilitária”, segundo Edgar Morin (in CASALEGNO, 2006).
Referências• BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história cultural. 7ª ed. São
Paulo: Brasiliense, 1994. (Obras escolhidas; v.1)• CASALEGNO, Frederico. Memória Cotidiana: comunidades e comunicação na era das redes. Trad. Adriana
Amaral, Francisco Rüdiger e Sandra Montardo. Porto Alegre: Sulina, 2006. p.105-116• CASTELLS, Manuel. A era da informação: economia, sociedade e cultura. In: A Sociedade em rede. São Paulo
: Paz e Terra, 2000. v. 1.
• LÉVY, P. A memória como processo no tempo presente. . In: CASALEGNO, Frederico. Memória Cotidiana: comunidades e comunicação na era das redes. Trad. Adriana Amaral, Francisco Rüdiger e Sandra Montardo. Porto Alegre: Sulina, 2006. p. 263-286.
• MITCHELL, W. Lugares, arquiteturas e memórias. In: CASALEGNO, Frederico. Memória Cotidiana: comunidades e comunicação na era das redes. Trad. Adriana Amaral, Francisco Rüdiger e Sandra Montardo. Porto Alegre: Sulina, 2006. p.52-63.
• MORIN, E. Partilhar a memória para uma existência poética. . In: CASALEGNO, Frederico. Memória Cotidiana: comunidades e comunicação na era das redes. Trad. Adriana Amaral, Francisco Rüdiger e Sandra Montardo. Porto Alegre: Sulina, 2006. p. 131-144.
• RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas, SP: UNICAMP, 2007.• TÖNNIES, Ferdinand. Comunidade e sociedade como entidades típico-ideais. In: VELHO, Otávio Guilherme. In:
Dicionário de ciências sociais/Fundação Getúlio Vargas, Instituto de Documentação. Benedicto Silva (coordenação geral). 2ª ed. Rio de janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 1987.
• WARWICK, K. O paradoxo da memória do presente na era cibernética. In: CASALEGNO, Frederico. Memória Cotidiana: comunidades e comunicação na era das redes. Trad. Adriana Amaral, Francisco Rüdiger e Sandra Montardo. Porto Alegre: Sulina, 2006.