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AVALIAÇÃO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS - SOLOS - DO CEGEA 2014
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15ª Turma do Curso de Especialização em Gerenciamento Ambiental
Avaliação da disciplina
Disciplina:Recuperação de áreas degradadas/solosDocente: Prof. Miguel Cooper
Mariana Figueiredo de Oliveira
Piracicaba-SP, Janeiro de 2014
Coloque-se na posição de um profissional que trabalha na região de Piracicaba e que está preocupado com o problema da erosão nas terras do Município atuando nas seguintes áreas:
Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento
Um profissional que trabalha na área ambiental com foco em agricultura e
abastecimento se propõe, entre outros objetivos, a criar, manter e conservar
unidades, equipamentos e instalações para apoio e desenvolvimento de ações e
políticas agropecuária, agroindustrial e de abastecimento.Dessa forma, buscando
atender aos diversos públicos interessados e impactados pela erosão de solos
decorrente da atividade canavieira, seria interessante a intensa fiscalização nas áreas
agrícolas visando o cumprimento da legislação já existente. Além disso, ressalta-se a
importância do acompanhamento das áreas junto aos responsáveis e também
iniciativas informativas e educacionais voltadas para os empresários da região, com
objetivo de demonstrar a importância da tomada de decisões corretas não só para o
empreendimento, mas também para outras esferas que são afetadas ela erosão –
reservatórios para consumo e produção de energia, população, fauna e flora, entre
outros.
Gerência técnica de uma grande usina
O grande desafio enquanto profissional na área ambiental da usina – consciente da
questão ambiental como um todo, não apenas na propriedade - é mostrar ao
proprietário quais são os benefícios do uso e ocupação do solo feito corretamente, de
acordo com a legislação e muitas vezes além dela, e ainda demonstrar a viabilidade
econômica de investimentos destinados à resolução dos problemas já existentes e do
planejamento e ações com objetivo de evitar reincidência dos mesmos.
Em relação às ações que podem ser tomadas para a região, seria possível propor o
(re)planejamento das estradas em nível e caixas de contenção, a descompactação do
solo, o terraceamento, e o plantio direto para recuperação de matas ciliares, encostas
e da Reserva Legal (RL), com devido acompanhamento posterior.
A realizaçãodo plantio acompanhado de uma curva de nível é uma das mais bem
sucedidas práticas de contenção. A curva de nível evita que a água da chuva desça a
vertente com grande velocidade, dessa forma não provoca erosão. O terraceamento
permite que a água seja retida, impossibilitando a formação de escoamento de
enxurrada, que é um agente erosivo em potencial. Além disso, a preservação e
conservação de matas de galeria, além da recuperação de áreas degradadas de
matas ciliares, encostas e RL, contribuem para impedir a passagem de enxurrada que
provoca erosão e também evita o assoreamento dos mananciais.
Uma indústria que polui é multada e tem que resolver o problema para não ser fechada. Foi aprovado um projeto de lei na Câmara Estadual (SP) sobre o uso do solo. Neste projeto, que está sendo regulamentado agora, está previsto que um agricultor que esteja degradando sua área (produzindo com taxas de erosão acima do que é suportável) deve implementar, sob custo próprio, as medidas necessárias para o controle da erosão. Caso ele não faça isto, o Estado faz e ele paga a conta. Se isto ainda não der certo, a terra pode ser desapropriada. Em analogia com as leis ambientais válidas para a indústria, a lei prevê que, um agricultor que trabalha com taxas de erosão que comprovadamente causem algum dano ambiental também deva ser multado ou impedido de produzir. Analise este projeto de lei de forma ampla e procure prever as conseqüências de sua aplicação para alguns setores da produção agrícola (alimentos como feijão, milho; fibras como o algodão, energia como a cana-de-açúcar e reflorestamentos).
O Projeto de lei Nº 461 / 2006 institui o Programa Estadual de Proteção, Conservação
e Recuperação do Solo como objeto obrigatório. O entrelaçamento de interesses
econômicos, sociais e políticos, além dos aspectos técnicos concernentes a cada caso
em particular, faz do processo do planejamentode utilização dos recursos hídricos e do
solo um sistema complexo e merecedor de reflexão mais profunda. As normas
jurídicas são ferramentas eficazes na proteção e conservação de tais recursos, mas
muitas leis deixam de ser cumpridas porque lhes faltam praticidade e funcionalidade.
Em relação ao cenário agrícola nacional, especificamente, foi sancionada a Lei
n°6.225/75 (BRASIL, 1975), que teve como objetivo exigir que a exploração do solo
ocorra de maneira econômica e sustentável, direcionando a sua ocupação e uso.
Sendo assim, os proprietários são obrigados a cumprir as exigências: escolher área
para determinada cultura, em conformidade com a sua capacidade de uso e as
adequações locais; usar práticas conservacionistas, recomendadas oficialmente,
segundo critérios definidos nos planos de proteção ao solo e de combate à erosão; e
submeter-se à orientação técnica.
Desde então medidas vem sendo tomadas nesse sentido, mas o Estado isoladamente
não tem capacidade de exercer os mecanismos de regulaçãoe controle das atividades
que podem ser geradoras de degradação do soloe da água. Entretanto, apesar de a
Política Nacional de Meio Ambiente (BRASIL,1981) prever três categorias de
instrumentos de gestão ambiental pública (Instrumentos Regulatórios e Punitivos,
Instrumentos de Mercado ou Incentivos Econômicos e Instrumentos de Informação),
na essência e de fato, ela atua apenas através de instrumentos de comando e
controle, ou seja, por regras e padrões a serem seguidos, atribuindo penalidades aos
que não as cumprirem.
Além disso, ao criar as condições técnicas para implantar a Lei das Águas, proposta
ANA, num primeiro momento, contribui para buscar de solução para dois graves
problemas do país (ANA, 2004) que sãoas secas prolongadas e a adoção de regras
de racionamento; e a poluição dos rios no âmbito da bacia hidrográfica em todo o
Brasil. Mas, observa-se a especialização das leis referentes à conservação dos
recursos naturais, onde solo e água são analisados individualmente e não através de
suas relações com os demais.
Em relação às implicações do Projeto de lei Nº 461 / 2006, vale destacar que os solos
não são estáticos, encontram-se em contínuas modificações. As enxurradas
transportam as partículas do solo, desgastando a superfície da Terra. No estado
natural, a vegetação exerce um papel protetor, fazendo com que a remoção do solo
seja lenta, dessa forma ela é compensada pelos processos de formação do solo. Há,
portanto, um equilíbrio entre a remoção do solo e sua formação. Dessa forma, a
proposta objetiva controlar a erosão do solo de forma vegetativo, mecânico e através
de práticas que melhoram as condições de nutrição do solo e, assim, as planas
conseguem se desenvolver melhores.
Apesar de toda a modernização tecnológica ocorrida nas últimas décadas, a produção
de cana-de-açúcar ainda é apontada como responsável por muitos problemas
ambientais, como a erradicação da vegetação natural, o desrespeito às áreas de
proteção ambiental, a degradação do solo e a contaminação ambiental por agrotóxicos
e resíduos industriais, além dos problemas gerados pelo uso do fogo. Do ponto de
vista local, a grande atratividade econômica e política exercida pelas unidades
processadoras de cana sobre as terras mais próximas, produtivas e de topografia
favoráveis à mecanização do corte acabou por marginalizar outras atividades que não
conseguiram competir com a cana fazendo com que a atividade ocupasse a maior
parte das áreas agrícolas nos municípios canavieiros do Estado de São Paulo. O
processo de recomposição da vegetação nas áreas protegidas por lei tem ocorrido de
forma heterogênea. De um lado, temos algumas usinas e produtores que já se
mobilizaram para a criação de viveiros de espécies florestais. De outro, temos usinas e
produtores “adeptos” da tese da “regeneração natural”, que consiste, na grande
maioria dos casos, no simples abandono da área para que esta se regenere
naturalmente, o que também é permitido segundo algumas interpretações da lei. Com
essa nova regulamentação, os Planos de Recuperação de Áreas Degradadas deverão
buscar melhorias na qualidade dessa recuperação, além de acelerar o processo
devido à obrigatoriedade das medidas.
A cultura do milho tem a vantagem de deixar uma grande quantidade de restos
culturais que, uma vez bem manejados, podem contribuir para reduzir a erosão e
melhorar o solo. As operações de manejo de solos visam adequar o ambiente para o
plantio e o estabelecimento das plantas de milho, podendo também ajudar ano
controle de plantas invasoras e no controle de erosão. O uso adequado do solo
permite a manutenção da atividade agrícola de forma sustentável, permitindo atender
às demandas da sociedade por alimentos, preservando o ambiente e minimizando a
degradação física, química e biológica e a contaminação do solo e das águas.
Vale destacar que em muitos casos é necessário considerar a viabilidade econômica
das atividades agrícolas vinculadas às práticas de recuperação ambiental, tendo em
vista as diversas implicações decorrentes da implantação desse projeto de lei. Isto
porque é necessário apresentar dinamizar o processo para que ele possa ser aplicado
tanto por grandes usinas de produção de cana, como por agricultores familiares que
se ocupam da produção de feijão, por exemplo.
Referências
Silva, Gilka Rocha Vasconcelos da. Erosão em entressulcos em área cultivada com cana-de-açúcar e a relação com a quantidade de palha em superfície / Campinas, SP: [s.n.], 2011.
de Freitas Vian, Carlos Eduardo, et al. "ANÁLISE DA EXPANSÃO DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA NO CENTRO-SUL DO BRASIL." Cadernos de Ciência & Tecnologia 24.1/3 (2007): 11-38.
Avanzi, Junior Cesar, Luís Antônio Coimbra Borges, and Ricardo Carvalho. "Proteção legal do solo e dos recursos hídricos no Brasil."Revista em Agronegócios e Meio Ambiente 2.2 (2009) : 115-128.
BRASIL. Lei nº 6.225, de 14 de julho de 1975. Dispõe sobre discriminação, peloMinistério da Agricultura, de regiões para execução obrigatória de planos de proteçãoao solo e de combate à erosão e dá outras providências. Diário Oficial[da] Republica Federativa do Brasil, Brasília, DF, 14 jul. 1975. Disponível em:< http://www.lei.adv.br/6225-75.htm>. Acesso em: Fev de 2014.
BRASIL. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a política nacionaldo meio ambiente, seus fi ns e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outrasprovidências. Diário Ofi cial [da] Republica Federativa do Brasil, Brasília,DF, 31 ago. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm>. Acesso em: Fev de 2014.
ANA – Agencia Nacional de Águas. Cobrança do uso da água. Disponível em:<http://www.ana.gov.br/GestaoRecHidricos/Cobranca/default2.asp>.Acesso em: Fev de 2014.