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Instituto do Cérebro Universidade Federal do Rio Grande do Norte Pós-Graduação em Neurociências Impacto do treinamento respiratório do yoga (pranayama) sobre a ansiedade, afeto, discurso e imagem funcional por ressonância magnética. Doutoranda: Morgana Menezes Novaes Orientador: Prof. Dr. Dráulio Barros de Araújo Natal-RN 2017

pranayama) sobre a ansiedade, afeto, discurso e imagem … · 2017-11-25 · imagem positiva), seguida por 6s (b) de apresentaÇÃo da imagem (neutra ou ... boxplot identificando

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Instituto do Cérebro

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Pós-Graduação em Neurociências

Impacto do treinamento respiratório do yoga (pranayama) sobre a ansiedade, afeto, discurso e

imagem funcional por ressonância magnética.

Doutoranda: Morgana Menezes Novaes

Orientador: Prof. Dr. Dráulio Barros de Araújo

Natal-RN

2017

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MORGANA MENEZES NOVAES

Impacto do treinamento respiratório do yoga (pranayama) sobre a ansiedade, afeto, discurso e

imagem funcional por ressonância magnética.

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Neurociências da UFRN como parte dos re-

quisitos para obtenção do título de Doutor em

Ciências. Área de concentração: Neurociências

Orientador: Prof. Dr. Dráulio Barros de Araújo

Natal-RN

2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Árvore do Conhecimento - Instituto do Cérebro - ICE

Novaes, Morgana Menezes.

Impacto do treinamento respiratório do yoga (pranayama) sobre

a ansiedade, afeto, discurso e imagem funcional por ressonância

magnética / Morgana Menezes Novaes. - Natal, 2017. 105f.: il.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Instituto do

cérebro. Pós-Graduação em Neurociências.

Orientador: Dráulio Barros de Araújo.

1. Yoga. 2. Pranayama. 3. Emoção. 4. Ansiedade. 5. Afeto. 6.

Imagem funcional por ressonância magnética. I. Araújo, Dráulio

Barros de. II. Título.

RN/UF/BSICe CDU 612.8

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Impacto do treinamento respiratório do yoga (pranayama) sobre a ansiedade, afeto, discurso e

imagem funcional por ressonância magnética.

MORGANA MENEZES NOVAES

Apresentação em 25 de julho de 2017

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________

Prof. Dra. Elisa Harumi Kozasa - Hospital Israelita Albert Einstein

________________________________________________________

Prof. Dr. Tiago Arruda Sanchez - UFRJ

________________________________________________________

Prof. Dra. Maria Bernardete Cordeiro de Sousa - UFRN

________________________________________________________

Prof Dr. Bruno Lobão Soares - UFRN

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AGRADECIMENTOS

À Dráulio Barros de Araújo pela oportunidade de conhecer um pouco sobre a Neurociência e

principalmente por ter me apresentado o yoga. Serei eternamente grata por todo ensinamento

e exemplo como orientador e como pessoa.

À Danilo por toda orientação que me concedeu sobre o yoga. Sempre de uma forma tão sim-

ples, cuidadosa e profunda.

Ao grupo Neuroimago, em especial ao lab girls : Kátia Andrade, Fernanda Palhano, Jéssica

Andrade e Heloisa Onias por todos os momentos que compartilhamos juntas.

À Fernanda Palhano por estar presente sempre, por ser braço direito e auxílio certo . Foi

muito importante saber que podia contar com você.

À minha família por ser a minha base, minha essência, em especial aos meus pais, pelo amor

incondicional, por me apoiar, incentivar e por tudo que representam para mim.

Ao meu esposo, Franklin Torres Brandão, pela compreensão nos momentos mais difíceis e de

ausência, por todo incentivo, carinho e amor.

Às amigas de Natal que me receberam e estiveram presente nos momentos de alegria e triste-

za, sempre descontraindo, incentivando e torcendo pelo sucesso: Tatianne, Rivanda, Wanessa,

Maria Helena, Eufrásia e Kelly.

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Entrego, confio, aceito e agradeço!!!

Professor Hermógenes.

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Resumo

A sistematização do yoga por Patañjali divide o yoga em 8 conjuntos de práticas, dentre elas

os asanas, a meditação e as práticas respiratórias, conhecidas como pranayama. Estudo recen-

tes tem sugerido que a prática de pranayama está associada a efeitos positivos sobre quadros

de estresse e ansiedade. Esta tese tem por objetivo avaliar o impacto da prática do Bhastrika

Pranayama sobre marcadores de ansiedade, afeto, discurso e imagem funcional por ressonân-

cia magnética (fMRI, Functional Magnetic Resonance Imaging) usando desenho controlado,

randomizado de braços paralelos. Trinta adultos jovens saudáveis, e sem experiência com o

yoga, foram recrutados e avaliados por meio do inventário de ansiedade traço-estado (IDA-

TE), da escala de afeto positivo e negativo (PANAS), da análise do discurso e da fMRI (tarefa

de regulação emocional, e resting state), antes e após 4 semanas de prática do Bhastrika Pra-

nayama ou de atividades controle. Após o treinamento observamos redução dos níveis de an-

siedade e de afeto negativo, e interação significativa no sinal da ínsula anterior bilateral e cín-

gulo anterior direito. A análise de correlação mostrou que após a prática do pranayama, os

indivíduos com maiores aumentos da atividade da amígdala, e ínsula bilateral foram os que

menos reduziram o afeto negativo. Os dados de rs-fMRI revelaram redução significativa de

conectividade funcional do córtex pré-frontal ventrolateral (vlPFC) à direita com córtex pré-

frontal dorsolateral (dlPFC) à direita após o treinamento. Correlação entre dados de rs-fMRI e

escala PANAS mostrou que entre os indivíduos que fizeram o pranayama, os que mais reduzi-

ram a conectividade entre ínsula anterior à direita com vlPFC bilateral foram os que mais re-

duziram o afeto negativo. Análise do discurso mostrou redução significativa na relação se-

mântica entre os textos transcritos e a palavra ansiedade. Não foram encontradas diferenças

nas estruturas do discurso. De forma geral, nossos resultados sugerem que a prática do Bhas-

trika Pranayama leva a mudanças significativas de ansiedade e de afeto, que se mostraram

acompanhadas por mudanças na atividade e conectividade de estruturas cerebrais que partici-

pam de processos de regulação emocional.

Palavras-chave: Yoga, pranayama, emoção, ansiedade, afeto, imagem funcional por ressonân-

cia magnética.

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Abstract

The systematization of Yoga presented in the Yoga Sutras of Patañjali, written around 400

CE, proposes an eight limb yoga system, also known as Ashtanga Yoga (ashta=eight,

anga=limb), consisting of eight set of practices. Among them, the breathing practices, known

as Pranayama, has been associated with positive effects on stress and anxiety. This thesis

explores the impact of Bhastrika Pranayama training on markers of anxiety, affect, speech,

and functional magnetic resonance imaging (fMRI) using a randomized controlled trial of two

parallel arms. Thirty young healthy adults, naïve to Yoga practices, were recruited and evalu-

ated by the State-Trait Anxiety Inventory (STAI), the Positive and Negative Affect Schedule

(PANAS), Speech Analysis and fMRI (emotional regulation task, and resting state-fMRI),

before and after 4 weeks of training Bhastrika Pranayama or control activities. Results after

bhastrika pranayama suggest reduction in both anxiety and negative affect, increased activity

in bilateral anterior insula and right anterior cingulate cortex. Correlation analysis between

fMRI signal during the emotional regulation protocol and PANAS scale showed that among

individuals in pranayama group, individuals who most increased the activity in amygdala,

right and left insula were those that less decreased negative affect. rs-fMRI results suggest

decreased functional connectivity in the right ventrolateral prefrontal cortex (vlPFC) with

right dorsolateral prefrontal cortex (dlPFC) after pranayama. Correlation between rs-fMRI

data and PANAS scale showed that among individuals in pranayama group, those who most

decreased the connectivity between right anterior insula with right and left vlPFC were the

individuals that most decreased negative affect. Speech analysis showed reduction in semantic

properties when the word “anxiety” was used as seed. No significant difference was found in

speech structures after pranayama. In general, our results suggest that the practice of

Bhastrika Pranayama leads to changes in anxiety and affect, which was accompanied by

changes in the activity and connectivity of brain structures that participate in processes of

emotional regulation.

Keywords: Yoga, pranayama, emotion, anxiety, affect, functional magnetic resonance imag-

ing.

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Lista de abreviações e siglas

ACC - Anterior Cingulate Cortex

AGD - Atributos de Grafo do Discurso

AN - Afeto Negativo

ANOVA - Análise de Variância

AP - Afeto Positivo

ASP - Average Shortest Path

ATD - Average Total Degree

C - Controle

CC - Cluster Coefficient

CDI - Centro de Diagnóstico por Imagem

cdt - cluster-defining threshold

dlPFC - dorsolateral prefrontal cortex

DMN - Default Mode Network

dmPFC - dorsomedial prefrontal cortex

DP - desvio-padrão

E - Edges

EPI - Echo Plannar Imaging

fc - functional connectivity

FD - Frame Displacement

FIND - Functional Imaging in Neuropsychiatric Disorders

fMRI - funcional Magnetic Resonance Imaging

fwe - family wise error

GLM - General Linear Model

HUOL - Hospital Universitário Onofre Lopes

ICe - Instituto do Cérebro

IDATE - Inventário de Ansiedade Traço-Estado

L1 - loops with one node

L2 - loops with two nodes

L3 - loops with three nodes

LCC - largest connected component

LSC - largest strongly connected component

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MNI - Montreal Neurological Institute

N - Nodes

NEG - olhar passivamente imagens negativas

NEU - olhar passivamente imagens neutras

P - Pranayama

PANAS - Positive and Negative Affect Schedule

PCA - Principal Component Analysis

PE - parallel edges

RE - recurrence edges

REG - regular imagem negativa para reduzir seu impacto emocional

ROI - Regions of interest

rs - resting state

SAL - rede de saliência

se - Standard error

SPM - Statistical Parametric Mapping

TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TE - Tempo ao Eco

TR - Tempo de Repetição

UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte

vlPFC - ventrolateral prefrontal cortex

vmPFC - ventromedial prefrontal cortex

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Lista de figuras

FIGURA 1. MODELO DO CONTROLE COGNITIVO DA EMOÇÃO. SISTEMAS NEURAIS ENVOLVIDOS

NO USO DE ESTRATÉGIAS COGNITIVAS, COMO REAVALIAÇÃO, PARA REGULAR A

EMOÇÃO (CAIXAS AZUIS, A ESQUERDA) E SISTEMAS ENVOLVIDOS NA GERAÇÃO DESSAS

RESPOSTAS (CAIXAS ROSA, A DIREITA). OS SISTEMAS COM PAPEL INDEFINIDO OU

INTERMEDIÁRIO NA REAVALIAÇÃO SÃO REPRESENTADOS PELAS CAIXAS AMARELAS, A

ESQUERDA. FIGURA ADAPTADA DO ARTIGO (OCHSNER, SILVERS ET AL. 2012).................... 19 FIGURA 2. ILUSTRAÇÕES DE UMA KAPALABHATI E DE UM SURYA BEDHANA. ................................... 26 FIGURA 3. CONEXÕES NEUROANATÔMICAS DO SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO COM

SISTEMA GABA. FIGURA ADAPTADA DO ARTIGO (STREETER, GERBARG ET AL. 2012)........ 34 FIGURA 4. DESENHO EXPERIMENTAL. AVALIAÇÕES POR ESCALAS, FMRI E DISCURSO FORAM

REALIZADAS ANTES E DEPOIS DA INTERVENÇÃO (PRANAYAMA OU CONTROLE). ............. 40 FIGURA 5. REPRESENTAÇÃO DE UM TRIAL DO PROTOCOLO DE REGULAÇÃO EMOCIONAL. (A)

NO INÍCIO, POR 2S, ERA APRESENTADA A INSTRUÇÃO (OLHE A IMAGEM OU TORNE A

IMAGEM POSITIVA), SEGUIDA POR 6S (B) DE APRESENTAÇÃO DA IMAGEM (NEUTRA OU

NEGATIVA), POR 6S (C) PARA JULGAR O IMPACTO EMOCIONAL DA IMAGEM, E POR 4S (D)

DE APRESENTAÇÃO DE UMA CRUZ DE FIXAÇÃO (BASELINE). ESSE BLOCO (A + B + C + D)

FOI REPETIDO 18 VEZES, SENDO SEIS VEZES PARA CADA CONDIÇÃO (NEU, NEG, REG). A

DURAÇÃO TOTAL DE CADA RUN FOI DE 324 SEGUNDOS (5 MIN, 24S). EM CADA SESSÃO

(ANTES E APÓS O TREINO) FORAM REALIZADOS TRÊS RUNS DE 18 TRIALS CADA. ............... 44 FIGURA 6. MÁSCARAS DAS ROI UTILIZADAS NA ANÁLISE. FORAM UTILIZADAS: CÍNGULO

ANTERIOR, AMÍGDALA, ÍNSULA ANTERIOR, CÓRTEX ORBITOFRONTAL, CÓRTEX PRÉ-

FRONTAL DORSOLATERAL (DLPFC), CÓRTEX PRÉ-FRONTAL DORSOMEDIAL (DMPFC),

CÓRTEX PRÉ-FRONTAL VENTROLATERAL (VLPFC) E CÓRTEX PRÉ-FRONTAL

VENTROMEDIAL (VMPFC). .................................................................................................................... 46 FIGURA 7. MÁSCARAS DAS REDES DMN E SALIÊNCIA. EM AZUL SÃO APRESENTADAS AS

REGIÕES QUE COMPÕEM A DEFAULT MODE NETWORK (DMN), E EM VERMELHO AS QUE

COMPÕEM A SALIENCE NETWORK (SN). ............................................................................................. 47 FIGURA 8. EXEMPLO DE GRAFO. GRAFO DE RELATO VERBAL TRANSCRITO, EM QUE CADA

PALAVRA REPRESENTA UM NÓ E A SEQUÊNCIA TEMPORAL DO DISCURSO É

REPRESENTADA POR UMA ARESTA (MOTA, FURTADO ET AL. 2014). ........................................ 50 FIGURA 9. EXEMPLOS DE ATRIBUTOS OBTIDOS A PARTIR DE GRAFOS DO DISCURSO.

ATRIBUTOS: NÓS (N), ARESTAS (E), TOTAL DE NÓS NO MAIOR COMPONENTE CONECTADO

(LCC) E NO MAIOR COMPONENTE FORTEMENTE CONECTADO (LSC), ARESTAS REPETIDAS

(RE), ARESTAS PARALELAS (PE), E CICLOS DE 1, 2 OU 3 NÓS (L1, L2 E L3) (MOTA, FURTADO

ET AL. 2014). .............................................................................................................................................. 51 FIGURA 10. BOXPLOT IDENTIFICANDO OUTLIERS NAS ESCALAS (IDATE E PANAS). OS PONTOS

FORA DOS LIMITES (IDENTIFICADOS POR °) REPRESENTAM OUTLIERS. FOI IDENTIFICADO

UM OUTLIER DO GRUPO PRANAYAMA NO IDATE-E (P5) E DOIS VOLUNTÁRIOS NO PANAS-E

AFETO NEGATIVO (C7 E C9). ................................................................................................................. 55 FIGURA 11. EFEITO DO TREINAMENTO SOBRE O INVENTÁRIO DE ANSIEDADE TRAÇO-ESTADO

(IDATE). FOI ENCONTRADA INTERAÇÃO SIGNIFICATIVA ENTRE TREINAMENTO E TEMPO

PARA O IDATE-E (F1,26=4.30; P=0.048, COHEN’S D=0.81), MAS NÃO PARA O IDATE-T. A

FIGURA MOSTRA OS VALORES MÉDIOS E ERRO PADRÃO DA MÉDIA PARA CADA GRUPO

(PRANAYAMA E CONTROLE) ANTES E DEPOIS DA INTERVENÇÃO. C=CONTROLE E

P=PRANAYAMA. ...................................................................................................................................... 55 FIGURA 12. EFEITO DO TREINAMENTO SOBRE O PANAS (ESTADO E TRAÇO). FOI ENCONTRADA

INTERAÇÃO SIGNIFICATIVA ENTRE TREINAMENTO E TEMPO NO PANAS-E, AFETO

NEGATIVO (F1,25=8.56; P=0.007, COHEN’S D=1.17), AFETO POSITIVO (F1,27=5.91; P=0.02,

COHEN’S D=0.93); E NO PANAS-T, AFETO POSITIVO (F1,27=7.35; P=0.01, COHEN’S D=1.04). NÃO

FOI OBSERVADA INTERAÇÃO SIGNIFICATIVA NO PANAS-T, AFETO NEGATIVO (F1,27=3.78;

P=0.06). A FIGURA MOSTRA OS VALORES MÉDIOS E ERRO PADRÃO DA MÉDIA PARA CADA

GRUPO (PRANAYAMA E CONTROLE) ANTES E DEPOIS DA INTERVENÇÃO. C=CONTROLE E

P=PRANAYAMA. ...................................................................................................................................... 56 FIGURA 13. NOTAS ATRIBUÍDAS AO JULGAMENTO DO IMPACTO EMOCIONAL CAUSADO PELAS

IMAGENS APRESENTADAS. ANÁLISE POST-HOC REVELOU DIFERENÇA SIGNIFICATIVA

ENTRE AS CONDIÇÕES NEG X NEU (P<0.0001), NEG X REG (P<0.0001), MAS NÃO ENTRE REG

X NEU (P=0.77). ......................................................................................................................................... 58

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FIGURA 14. EFEITO PRINCIPAL DA TAREFA NA CONDIÇÃO NEG. MAPAS ESTATÍSTICOS

OBTIDOS A PARTIR DOS DADOS DE TODOS OS VOLUNTÁRIOS (N=26) ANTES DA

INTERVENÇÃO. FORAM UTILIZADOS PCDT<0.001, CORREÇÃO SMALL VOLUME, E PFWE<0.05. 59 FIGURA 15. EFEITO PRINCIPAL DA TAREFA NA CONDIÇÃO REG. MAPAS ESTATÍSTICOS OBTIDOS

A PARTIR DOS DADOS DE TODOS OS VOLUNTÁRIOS (N=26) ANTES DA INTERVENÇÃO.

FORAM UTILIZADOS PCDT<0.001, CORREÇÃO DE SMALL VOLUME, E PFWE<0.05. ........................ 60 FIGURA 16. EFEITO PRINCIPAL DA TAREFA NO CONTRASTE REG>NEG. MAPAS ESTATÍSTICOS

OBTIDOS A PARTIR DOS DADOS DE TODOS OS VOLUNTÁRIOS (N=26) ANTES DA

INTERVENÇÃO. FORAM UTILIZADOS PCDT<0.001, CORREÇÃO DE SMALL VOLUME, E

PFWE<0.05. ................................................................................................................................................... 61 FIGURA 17. EFEITO DO TREINAMENTO NA ANÁLISE DO CÉREBRO INTEIRO. MAPAS

ESTATÍSTICOS OBTIDOS A PARTIR DA ANÁLISE EXPLORATÓRIA DE CÉREBRO INTEIRO

UTILIZANDO ANOVA DE MEDIDAS REPETIDAS PARA CADA CONTRASTE DE INTERESSE

COM PCDT=0.001, CORREÇÃO SMALL VOLUME, E PFWE<0.05. FOI ENCONTRADA INTERAÇÃO

SIGNIFICATIVA, ENTRE INTERVENÇÃO E TEMPO, NO CÍNGULO ANTERIOR DIREITO E

ÍNSULA ANTERIOR DIREITA PARA O CONTRASTE NEG E NO VMPFC ESQUERDO PARA OS

CONTRASTES REG E REG>NEG. ........................................................................................................... 62 FIGURA 18. EFEITO DO TREINAMENTO DURANTE A CONDIÇÃO NEG. SÃO MOSTRADOS OS

VALORES DE BETA MÉDIO (±SE) PARA CADA GRUPO. ENCONTRAMOS INTERAÇÃO

SIGNIFICATIVA (INTERVENÇÃO X TEMPO) NA ÍNSULA ANTERIOR DIREITA (F1,24=13.88;

P=0.001, COHEN’S D=1.52), NA ÍNSULA ANTERIOR ESQUERDA (F1,24=11.67, P=0.002, COHEN’S

D=1.39), E NA AMÍGDALA DIREITA (F1,24=5.24, P=0.03, COHEN’S D=0.93). C=CONTROLE E

P=PRANAYAMA. ...................................................................................................................................... 63 FIGURA 19. EFEITO DO TREINAMENTO DURANTE A CONDIÇÃO REG. SÃO MOSTRADOS OS

VALORES DE BETA MÉDIO (±SE) PARA CADA GRUPO. ENCONTRAMOS INTERAÇÃO

SIGNIFICATIVA (INTERVENÇÃO X TEMPO) NO VMPFC ESQUERDO (F1,24=5.52, P=0.02,

COHEN’S D=0.95) E NO CÍNGULO ANTERIOR DIREITO (F1,24=7.42, P=0.01, COHEN’S D=1.11).

C=CONTROLE E P=PRANAYAMA. ........................................................................................................ 63 FIGURA 20. EFEITO DO TREINAMENTO PARA O CONTRASTE NEG>REG. SÃO MOSTRADOS OS

VALORES DE BETA MÉDIO (±SE) PARA CADA GRUPO. ENCONTRAMOS INTERAÇÃO

SIGNIFICATIVA (P<0.05) ENTRE INTERVENÇÃO E TEMPO PARA A ROI DA ÍNSULA

ANTERIOR DIREITA (F1,24=10.38; P=0.003, COHEN’S D=1.31). C=CONTROLE E P=PRANAYAMA.

..................................................................................................................................................................... 64 FIGURA 21. CORRELAÇÃO DE PEARSON ENTRE MUDANÇAS NA ESCALA PANAS-E AFETO

NEGATIVO E VALORES DE BETA PARA O CONTRASTE NEGATIVO. VALORES SÃO

REPRESENTADOS COMO MUDANÇAS NOS VALORES INDIVIDUAIS DE BETA (DEPOIS –

ANTES) E NA PONTUAÇÃO DA ESCALA (DEPOIS – ANTES). CORRELAÇÃO POSITIVA

SIGNIFICATIVA FOI ENCONTRADA NA AMÍGDALA DIREITA (R=0.58, P=0.03, N=26), ÍNSULA

DIREITA (R=0.72 E P=0.005) E ÍNSULA ESQUERDA (R=0.67, P=0.01). ............................................. 64 FIGURA 22. EFEITO DO TREINAMENTO SOBRE A CONECTIVIDADE FUNCIONAL NA ÍNSULA

ANTERIOR DIREITA. SÃO MOSTRADOS OS VALORES DE CORRELAÇÃO ENTRE OS PARES

DE ESTRUTURAS, NOS DOIS TEMPOS (ANTES E DEPOIS) PARA OS DOIS GRUPOS

(PRANAYAMA E CONTROLE). ENCONTRAMOS INTERAÇÃO SIGNIFICATIVA

(INTERVENÇÃO X TEMPO) NAS MUDANÇAS DOS VALORES DE CONECTIVIDADE

FUNCIONAL ENTRE A ÍNSULA ANTERIOR DIREITA E: VLPFC DIREITO (F1,27=4.72; P=0.03,

COHEN’S D=0.83), VLPFC ESQUERDO (F1,27=4.73; P=0.03, COHEN’S D=0.83), CÍNGULO

ANTERIOR DIREITO (F1,27=4.47; P=0.04, COHEN’S D=0.86), DMPFC DIREITO (F1,27=7.07; P=0.01,

COHEN’S D=1.02), E DMPFC ESQUERDO (F1,27=5.17; P=0.03, COHEN’S D=0.87). C=CONTROLE E

P=PRANAYAMA. ...................................................................................................................................... 65 FIGURA 23. EFEITO DO TREINAMENTO SOBRE A CONECTIVIDADE FUNCIONAL NO VLPFC

DIREITO. SÃO MOSTRADOS OS VALORES DE CORRELAÇÃO ENTRE OS PARES DE

ESTRUTURAS, NOS DOIS TEMPOS (ANTES E DEPOIS). ENCONTRAMOS INTERAÇÃO

SIGNIFICATIVA (INTERVENÇÃO X TEMPO) ENTRE O VLPFC DIREITO E: VMPFC DIREITO

(F1,27=8.00; P=0.008, COHEN’S D=1.08), VMPFC ESQUERDO (F1,27=4.82; P=0.03, COHEN’S D=0.84),

DLPFC DIREITO (F1,27=6.54; P=0.01, COHEN’S D=0.98), DMPFC DIREITO (F1,27=8.57; P=0.006,

COHEN’S D=1.12). C=CONTROLE E P=PRANAYAMA. ...................................................................... 66 FIGURA 24. CORRELAÇÃO DE PEARSON ENTRE MUDANÇAS NA ESCALA IDATE-E E

CONECTIVIDADE FUNCIONAL ENTRE ÍNSULA ANTERIOR E VLPFC. VALORES SÃO

REPRESENTADOS COMO MUDANÇAS NOS VALORES INDIVIDUAIS DE BETA (DEPOIS –

ANTES) E NA PONTUAÇÃO DA ESCALA (DEPOIS – ANTES). CORRELAÇÃO POSITIVA

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SIGNIFICATIVA FOI ENCONTRADA ENTRE VARIAÇÃO NO ESTADO DE ANSIEDADE E

CONECTIVIDADE DA ÍNSULA COM VLPFC DIREITO (R=0.56, P=0.03) E DA ÍNSULA COM

VLPFC ESQUERDO (R=0.55, P=0.03). ..................................................................................................... 66 FIGURA 25. ANÁLISE SEMÂNTICA DO RELATO SOBRE O RESTING STATE. SÃO MOSTRADOS OS

VALORES MÉDIO PARA CADA PALAVRA DE INTERESSE E O ERRO PADRÃO DA MÉDIA

PARA CADA GRUPO. ENCONTRAMOS INTERAÇÃO SIGNIFICATIVA QUANDO AVALIAMOS A

SIMILARIDADE COM AS PALAVRAS ANSIEDADE (F1,27=6.52; P=0.01, COHENS´D=0.98),

NEGATIVO (F1,27=5.56; P=0.02, COHEN’S D=0.91) E POSITIVO (F1,27=6.20; P=0.01, COHEN’S

D=0.95). C=CONTROLE E P=PRANAYAMA. ........................................................................................ 67

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Lista de tabelas

TABELA 1. DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS DOS VOLUNTÁRIOS DO ESTUDO. ................................ 54 TABELA 2. ROI ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVAS PELO EFEITO PRINCIPAL DA TAREFA

(N=26) NA CONDIÇÃO NEG, ANTES DA INTERVENÇÃO. FORAM UTILIZADOS PCDT<0.001,

COM CORREÇÃO SMALL VOLUME, E PFWE<0.05. ................................................................................ 59 TABLE 3. ROI ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVAS PELO EFEITO PRINCIPAL DA TAREFA (N=26)

NA CONDIÇÃO REG, ANTES DA INTERVENÇÃO. FORAM UTILIZADOS PCDT<0.001, COM

CORREÇÃO DE SMALL VOLUME, PFWE<0.05. ....................................................................................... 60 TABLE 4. ROI ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVAS PELO EFEITO PRINCIPAL DA TAREFA (N=26)

NO CONTRASTE REG>NEG, ANTES DA INTERVENÇÃO. FORAM UTILIZADOS PCDT<0.001,

COM CORREÇÃO DE SMALL VOLUME, PFWE<0.05. ............................................................................. 61

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Sumário

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 16 1.1 Emoção ............................................................................................................................................................ 17

1.1.2 Estudos iniciais sobre emoções .................................................................................................................... 17

1.1.3 Teorias neuroanatômicas iniciais sobre emoções ......................................................................................... 17

1.2 Regulação emocional....................................................................................................................................... 18

1.2.1 Estratégias de regulação emocional .............................................................................................................. 18

1.2.2 Modelo para o processo de regulação emocional ......................................................................................... 18

1.2.3 Áreas envolvidas no processo de emoção e regulação emocional ................................................................ 19

1.3 Yoga como estratégia de regulação emocional: processo top-down ou bottom-up? ....................................... 24

1.4 Origem e definição do Yoga ............................................................................................................................ 24

1.5 A ciência da meditação .................................................................................................................................... 27

1.6 A ciência do prāṇāyāma .................................................................................................................................. 32

OBJETIVOS ........................................................................................................................................................ 36 2.1 Objetivo geral .................................................................................................................................................. 37

2.2 Objetivos específicos ....................................................................................................................................... 37

MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................................................ 38 3.1. Aspectos éticos ............................................................................................................................................... 39

3.2. Sujeitos ........................................................................................................................................................... 39

3.3 Desenho experimental ..................................................................................................................................... 39

3.4 Escalas ............................................................................................................................................................. 41

3.4.1 Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) ......................................................................................... 41

3.4.2 Escala de Afeto Positivo e Negativo (PANAS) ............................................................................................ 42

3.4.3 Análise dos dados das escalas (IDATE e PANAS) ...................................................................................... 42

3.5. Imagem por ressonância magnética ................................................................................................................ 42

3.5.1 Aquisição das imagens ................................................................................................................................. 42

3.5.2 Protocolo de regulação emocional ................................................................................................................ 43

3.5.3 Análise fMRI (regulação emocional) ........................................................................................................... 44

3.5.4 Protocolo de resting state (rs-fMRI)............................................................................................................. 48

3.5.5 Análise do protocolo de resting state (rs-fMRI) ........................................................................................... 48

3.6 Registro dos discursos ..................................................................................................................................... 49

3.6.1 Análise da estrutura e semântica do discurso ............................................................................................... 49

3.6.2 Análise da estrutura do discurso ................................................................................................................... 50

3.6.3 Análise da semântica do discurso ................................................................................................................. 51

3.6.4. Correlação entre atributos do discurso e as escalas ..................................................................................... 52

RESULTADOS .................................................................................................................................................... 53 4.1. Caracterização da amostra .............................................................................................................................. 54

4.2. Efeitos do bhastrika pranayama sobre dados de escalas (IDATE & PANAS) .............................................. 54

4.3. Efeitos do bhastrika pranayama sobre dados de fMRI .................................................................................. 56

4.3.1 fMRI: características das imagens apresentadas ........................................................................................... 57

4.3.2 Notas atribuídas ao impacto emocional das imagens apresentadas. ............................................................. 57

4.3.3 Efeito principal da tarefa de regulação emocional ........................................................................................ 58

4.3.4 Efeitos do Bhastrika Pranayama na regulação emocional: análise cérebro inteiro ...................................... 61

4.3.5 Efeitos do Bhastrika Pranayama na regulação emocional: análise por ROI ................................................. 62

4.3.6 Correlação entre os betas do protocolo de regulação emocional e as escalas ............................................... 64

4.3.7 Efeitos do bhastrika pranayama sobre dados de resting state-fMRI ........................................................... 64

4.3.8 Correlação entre dados de resting state-fMRI e escalas (IDATE & PANAS) .............................................. 66

4.4 Efeitos do bhastrika pranayama sobre o discurso ........................................................................................... 67

4.4.1 Correlação do discurso com as escalas ......................................................................................................... 67

DISCUSSÃO ........................................................................................................................................................ 68

CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................... 79

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 81

APÊNDICE .......................................................................................................................................................... 94

ANEXOS ............................................................................................................................................................ 104

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INTRODUÇÃO

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17

1.1 Emoção

As emoções têm início com a avaliação de pistas emocionais de origem interna ou ex-

terna, que disparam um conjunto de respostas emocionais que envolvem sistemas fisiológicos,

comportamentais e de sensações subjetivas (Gross 1998, Gross 2002).

1.1.2 Estudos iniciais sobre emoções

Os primeiros estudos da neurociência afetiva iniciaram em 1872 com Charles Darwin.

Ele propôs em seus estudos a noção de que muitas expressões emocionais de animais são ho-

mólogas as de humanos e que existe um conjunto de emoções básicas, que inclui raiva, medo,

surpresa e tristeza. Após 10 anos, William James propôs que emoções são apenas experiências

de um conjunto de mudanças corporais que ocorrem em resposta a um estímulo emocional,

dessa forma, diferentes padrões de mudanças corporais, codificam diferentes emoções. Ideias

similares foram desenvolvidas por Carl Lange em 1885 dando origem a teoria das emoções

James-Lange, a qual foi criticada em 1920 por Cannon ao verificar que separando as vísceras

do cérebro de um animal não prejudicava o comportamento emocional dele. No entanto, tem-

pos depois foi visto que as respostas emocionais podem ser distinguidas (pelo menos parcial-

mente) com base na atividade autonômica, e mais recentemente os neurocientistas acreditam

em uma visão modificada de James-Lange em que o feedback corporal modula a intensidade

da experiência emocional (Dalgleish 2004).

1.1.3 Teorias neuroanatômicas iniciais sobre emoções

A primeira teoria dos mecanismos neurais da emoção foi proposta por Cannon e Bard,

que argumentaram que o hipotálamo era a região do cérebro que estava envolvida na resposta

emocional aos estímulos e que tais respostas eram inibidas por regiões neocorticais evoluti-

vamente mais recentes. Em seguida, em 1937, James Papez propôs um esquema para o circui-

to neural central da emoção conhecido como o "circuito de Papez", no qual as experiências

emocionais eram uma função da atividade no córtex cingulado, incluindo também as áreas do

tálamo, hipotálamo e hipocampo. Seguindo uma ideia que envolvia muitas das áreas propos-

tas por Papez, MacLean inclui na sua teoria importantes estruturas adicionais, como a amígda-

la e o córtex pré-frontal, além disso, a ideia essencial de MacLean era que as experiências

emocionais envolviam a integração de sensações do mundo com informações do corpo. Al-

gumas dessas estruturas propostas inicialmente têm um papel menor do que era imaginado, no

entanto outras parecem ser partes integrantes da vida emocional como as estruturas da amíg-

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dala, hipotálamo, cíngulo e córtex pré-frontal (Dalgleish 2004). Em seguida veremos com

mais detalhes, como proposto em estudos mais recentes, o papel dessas áreas no processo de

emoção e regulação emocional.

1.2 Regulação emocional

A regulação da emoção é um processo pelo qual o indivíduo consegue modular sua

emoção (Gross 1998) através de processos implícitos ou explícitos para manter, aumentar ou

diminuir um ou mais componentes da resposta emocional. Dessa forma, as emoções podem

ser moduladas de várias maneiras dando forma final à resposta emocional (Gross 1998, Gross

2002).

1.2.1 Estratégias de regulação emocional

Dependendo de qual momento do processo da geração da emoção a regulação ocorre

ela pode ser considerada como antecedente ou como focada na resposta (Gross 1998, Gross

2002). A regulação antecedente modifica a própria situação em que o estímulo pode surgir ou

então muda a maneira pela qual o estímulo é avaliado, alterando seu impacto antes do estabe-

lecimento das respostas emocionais. São estratégias de regulação antecedente: seleção da si-

tuação, modificação da situação, reavaliação cognitiva (reappraisal) e alocação da atenção.

Por outro lado, a regulação focada na resposta modifica as respostas emocionais após as ten-

dências de respostas já terem se instalado. Esta estratégia de regulação é definida como su-

pressão da resposta e o indivíduo procura inibir as respostas emocionais (Gross 2002).

Dentre as estratégias de regulação emocional, a estratégia mais estudada na neurociên-

cia é a reavaliação cognitiva (reappraisal). Esta estratégia envolve processo cognitivo para

mudar a forma como se avalia o significado de um estímulo e é uma das estratégias mais

complexas cognitivamente, podendo incluir processos de linguagem e memória (Ochsner,

Silvers et al. 2012).

1.2.2 Modelo para o processo de regulação emocional

Para entender como funciona a emoção e a regulação emocional, um modelo baseado

nessa estratégia de reavaliação tem sido proposto. Este modelo leva em consideração duas

partes principais: a geração de emoção e os mecanismos que suportam a regulação emocional

(Ochsner, Silvers et al. 2012).

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Através desse modelo, as áreas envolvidas com a geração da emoção são: amígdala,

estriado ventral, ínsula e córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC). A região mais comumente

modulada é a amígdala, seguida pelo estriado ventral. A ínsula e o vmPFC são as regiões me-

nos comumente modificadas (Ochsner and Gross 2005, Wager, Davidson et al. 2008). E o

vmPFC pode ter um potencial papel na reavaliação como um modulador (Ochsner, Silvers et

al. 2012). Por outro lado as áreas envolvidas com a regulação da emoção envolvem as seguin-

tes áreas: 1) O córtex pré-frontal posterior e dorsolateral e regiões parietais inferiores, 2) As

regiões do córtex pré-frontal ventrolateral, 3) As regiões pré-frontais dorsomediais e 4) As

regiões dorsais do cíngulo anterior (Ochsner, Silvers et al. 2012). A Fig.1 é um desenho es-

quemático desse modelo.

Figura 1. Modelo do controle cognitivo da emoção. Sistemas neurais envolvidos no uso de estratégias cogniti-

vas, como reavaliação, para regular a emoção (caixas azuis, a esquerda) e sistemas envolvidos na geração dessas

respostas (caixas rosa, a direita). Os sistemas com papel indefinido ou intermediário na reavaliação são represen-

tados pelas caixas amarelas, a esquerda. Figura adaptada do artigo (Ochsner, Silvers et al. 2012).

1.2.3 Áreas envolvidas no processo de emoção e regulação emocional

A amígdala

A amígdala é uma das regiões cerebrais mais importantes para a emoção. A amígdala

tem um papel importante no condicionamento do medo, tendo influência sobre mudanças au-

tonômicas e hormonais, comportamento motor e processos de atenção. Quando na presença

de um estímulo que prevê um desfecho aversivo a amígdala altera a transmissão neural para

produzir sinais somáticos, autonômicos e endócrinos de medo, além de aumentar a atenção

para esse estímulo (Davis and Whalen 2001).

No entanto, a amígdala também está envolvida no processamento de estímulos com

valência positiva, sugerindo uma possível resposta generalizada aos estímulos com valência

emocional (Breiter, Etcoff et al. 1996, Hamann, Ely et al. 1999, Davis and Whalen 2001),

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pois a amígdala participa na detecção de faces de medo como também de faces felizes, quan-

do comparadas a faces neutras (Breiter, Etcoff et al. 1996); na aprendizagem de estímulos de

valência positiva (Davis and Whalen 2001), na modulação da força de codificação da memó-

ria para eventos de acordo com a importância emocional, independentemente da emoção ser

agradável ou aversiva (Hamann, Ely et al. 1999).

Algumas particularidades com relação à ativação da amígdala foram observadas. A

amígdala processa informações negativas com menos flexibilidade do que informações posi-

tivas (Cunningham, Van Bavel et al. 2008). Também há teorias sugerindo funções específicas

de processamento de informações afetivas para a amígdala esquerda e direita (Baas, Aleman

et al. 2004). A amígdala esquerda e o córtex pré-frontal ventromedial parecem ser mais ativa-

dos ao visualizar fotografias positivas, já a ativação bilateral da amígdala ocorre ao visualizar

fotografias negativas (Hamann, Ely et al. 2002).

Além disso, um estímulo emocional ativa automaticamente a amígdala direita, que é

pensado para desempenhar um papel na detecção de estímulo emocional dinâmico, e fornecer

um nível global de ativação autonômica desencadeada automaticamente por um estímulo ex-

citante; enquanto a amígdala esquerda parece estar mais envolvida em decodificar um estímu-

lo específico e fazer avaliação mais sustentada (Wright, Fischer et al. 2001, Gläscher and

Adolphs 2003). Talvez isso tenha relação com uma via subcortical que há para a amígdala

direita, através do mesencéfalo e do tálamo, fornecendo uma via para o processamento de

eventos visuais relevantes não visíveis, paralelamente a uma rota cortical necessária para a

identificação consciente. Assim, características comportamentais relevantes no ambiente vi-

sual podem ser detectadas e processadas sem consciência por uma via coliculo-pulvinar-

amígdala que também controla respostas reflexas e autonômicas (Morris, Ohman et al. 1999).

A amígdala apresenta duas rotas aferentes. A primeira é uma rota direta tálamo-amígdala que

pode processar aspectos sensoriais brutos de estímulos recebidos, especialmente se algum

desses elementos sensoriais são sinais de ameaça. A segunda rota é uma via tálamo-córtico-

amígdala que permite uma análise mais complexa do estímulo recebido e entrega uma respos-

ta emocional mais lenta e elaborada (LeDoux 2000).

Outras particularidades foram observadas com relação a conectividade das amígdalas

esquerda e direita com áreas do córtex pré-frontal medial, associadas à característica de per-

sonalidade, por exemplo, o temperamento de evitar danos. Escores mais altos no temperamen-

to de evitar danos correlaciona com mais forte conectividade da amígdala esquerda com corti-

cal pré-frontal ventromedial (vmPFC) e da amígdala direita com o córtex pré-frontal dorso-

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medial (dmPFC). Essa maior conectividade entre essas áreas durante o repouso pode repre-

sentar um marcador de vulnerabilidade para a sensibilidade ao estresse e à ansiedade (Baeken,

Marinazzo et al. 2014).

De forma semelhante tem sido sugerido que para parar a geração de estados ansiosos,

a força da conectividade funcional entre a amígdala e áreas do córtex pré-frontal medial du-

rante o repouso representa uma interferência eficiente entre essas regiões cerebrais (Kim,

Loucks et al. 2011). Além disso, redução no estresse percebido após intervenção mindfulness

correlaciona positivamente com redução da densidade da substância cinzenta da amígdala

basolateral direita (Hölzel, Carmody et al. 2010).

O estriado ventral

O estriado ventral está envolvido no aprendizado de pistas (que vão desde sinais soci-

ais, como faces sorridentes, até ações e objetos abstratos) e prever resultados recompensado-

res ou reforçadores (O'Doherty 2004, Knutson and Cooper 2005).

A ínsula

A ínsula anterior suporta uma representação de respostas viscerais acessíveis a consci-

ência, fornecendo um substrato para estados de sentimento subjetivos e pode estar relacionada

a experiência afetiva negativa (Critchley, Wiens et al. 2004). Estudo usando fMRI mostrou

que a percepção de expressões faciais de desgosto foi associada à ativação no córtex insular

anterior (Phillips, Young et al. 1997).

Além disso, a ínsula anterior está implicada em uma ampla gama de condições e com-

portamentos, desde sensações intestinais, desejo por cigarro, amor materno, tomada de deci-

são e insight repentino. Sua função na representação da intercepção oferece uma base possível

para seu envolvimento em todos os sentimentos subjetivos. Novos achados sugerem um papel

fundamental na consciência (Craig 2009).

O córtex pré-frontal ventromedial

O córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC) integra avaliações afetivas de estímulos

específicos feitos pela amígdala e estriado ventral com inputs de outras regiões, incluindo

sistemas de lobo temporal medial, que fornecem informações históricas sobre encontros pré-

vios com os estímulos, tão bem como inputs motivacional do tronco cerebral e centros de con-

trole pré-fontal que fornecem informações sobre os objetivos comportamentais atuais (Price

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1999, Ochsner, Bunge et al. 2002). Assim, o vmPFC rastreia a avaliação (Ochsner, Silvers et

al. 2012). As lesões do córtex pré-frontal ventromedial resultam em comportamento sociopá-

tico e dificuldade em fazer escolhas apropriadas (Price 1999).

Além disso, seguindo a ideia tradicional do feedback corporal na emoção, o córtex

pré-frontal ventromedial é considerado como um possível marcador somático (Damasio

1996).

O córtex pré-frontal posterior e dorsolateral e as regiões parietais inferiores

Primeiro, o córtex pré-frontal posterior e dorsolateral, juntamente com regiões parie-

tais inferiores são geralmente envolvidas em atenção seletiva e memória de trabalho e podem

ser usados para direcionar a atenção para características de estímulo relevantes para a reavali-

ação e ter em mente os objetivos de reavaliação, bem como o conteúdo de uma reavaliação

(Miller 2000, Wager and Smith 2003, Wager, Jonides et al. 2004).

A ativação do dlPFC tem sido associada a tentativas de regular e reavaliar ativamente

estados afetivos negativos (Ochsner and Gross 2005, Wiech, Kalisch et al. 2006) e com a re-

presentação dinâmica de múltiplos eventos futuros em situações de resolução de problemas

(Tanji, Shima et al. 2007, Mushiake, Sakamoto et al. 2009).

O córtex pré-frontal ventrolateral

As regiões do córtex pré-frontal ventrolateral implicadas na seleção de respostas apro-

priadas (e inibidor de metas inapropriadas) e informações da memória semântica podem ser

usadas para selecionar deliberadamente uma nova reavaliação apropriada do estímulo em fa-

vor da avaliação inicial prepotente desse estímulo (Thompson-Schill, Bedny et al. 2005,

Badre and Wagner 2007).

Pesquisas mostram que o córtex pré-frontal dorsal direito e especialmente ventrolate-

ral está envolvido na seleção e / ou inibição de vários tipos de respostas (Konishi, Nakajima et

al. 1999, Aron, Robbins et al. 2004).

A ativação no vlPFC, em particular o vlPFC direito, também foi observado em estudos

de neuroimagem com foco em estratégias de reavaliação (Wiech, Kalisch et al. 2006).

O córtex pré-frontal dorsomedial

O córtex pré-frontal dorsomedial tem sido recrutado na regulação emocional (reap-

praisal) (Ochsner, Bunge et al. 2002, Urry, Van Reekum et al. 2006), e também na modulação

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de emoção negativa, sem instrução específica para regulação, associado a baixos níveis de

afeto negativo (Silvers, Wager et al. 2015).

Além disso o dmPFC é envolvido na inferência sobre estados mentais (Olsson and

Ochsner 2008, Mitchell 2009) e como a maioria dos estudos de reavaliação usam fotografias

de pessoas como estímulos, é provável que essas regiões apoiem atenção e elaboração de es-

tados emocionais e intenções dos indivíduos retratados nessas fotos (Ochsner, Silvers et al.

2012).

As diferentes funções do dmPFC tem sido relacionada com as diferentes regiões dessa

área. As regiões rostrais do dmPFC estão associadas à regulação emocional, atenção sustenta-

da, memória e processos de mentalização (Baeken, Marinazzo et al. 2014). As porções anteri-

ores do dmPFC tem sido envolvidas mais com a regulação emocional que tem o objetivo de

aumentar o impacto emocional negativo (Ochsner, Ray et al. 2004).

O cíngulo anterior

O cíngulo anterior mais recentemente tem sido considerado um ponto de integração da

informação visceral, atencional e emocional que está crucialmente envolvida na regulação do

afeto e outras formas de controle descendente. Quando conflitos são detectados, o cíngulo

anterior projeta informações sobre o conflito em áreas do córtex pré-frontal, onde as decisões

entre opções de resposta podem ocorrer (Bush, Luu et al. 2000, Davidson, Lewis et al. 2002).

As regiões dorsais do cíngulo anterior são envolvidas no monitoramento do desempenho e

podem ajudar a rastrear na medida em que as reavaliações estão mudando as respostas emo-

cionais da maneira pretendida (Botvinick, Cohen et al. 2004).

Também foi sugerido que o cíngulo anterior é um substrato chave da experiência de

emoção consciente (Lane, Reiman et al. 1998) (como sugerido por Papez) e da representação

central da excitação autonômica (Critchley, Elliott et al. 2000).

De forma geral, estudos usando técnicas de neuroimagem têm observado que os pro-

cessos neurais das estratégias de regulação emocional são consistentes com um padrão de

ativação cerebral caracterizado por uma ativação significativa do córtex pré-frontal nas regi-

ões dorsal e lateral associada à diminuição da atividade da amígdala, sugerindo uma modula-

ção inibitória descendente (top-down) do pré-frontal sobre a amígdala (Ochsner and Gross

2005, Phan, Fitzgerald et al. 2005, Urry, Van Reekum et al. 2006, Goldin, McRae et al. 2008,

Wager, Davidson et al. 2008, Ochsner, Silvers et al. 2012).

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1.3 Yoga como estratégia de regulação emocional: processo top-down ou bottom-up?

A meditação também é um processo de regulação emocional e alguns estudos têm

mostrado que o impacto da meditação é semelhante a processos de regulação emocional como

o de reavaliação (reappraisal), ou seja, a prática de meditação está associada com reduzida

ativação da amígdala em resposta a estímulos emocionais com imagens negativas, sem estar

em estado meditativo (Desbordes, Negi et al. 2012, Hölzel, Hoge et al. 2013), bem como du-

rante estado meditativo (Goldin and Gross 2010, Taylor, Grant et al. 2011, Lutz, Herwig et al.

2014). Além disso, a regulação da emoção é associada a aumento da atividade de áreas pré-

frontais laterais (Farb, Anderson et al. 2010, Hölzel, Hoge et al. 2013). Este tipo de regulação

da emoção tem sido encontrado em estratégia de regulação “top-down” das regiões pré-

frontais do cérebro em regiões cerebrais que geram as emoções, como a amígdala (Lorenz,

Minoshima et al. 2003, Quirk and Beer 2006).

No entanto esse modelo de regulação não tem sido o único para explicar o impacto do

yoga na regulação emocional. Outra proposta é que a ínsula e o cíngulo anterior também pode

exercer um papel de controle inibitório sobre a amígdala (Etkin, Egner et al. 2006, Brown,

Gerbarg et al. 2013) sem ativação concomitante de áreas de córtex pré-frontal, particularmen-

te dlPFC, vlPFC e córtex órbito-frontal (Chambers, Gullone et al. 2009, Gyurak, Gross et al.

2011). Esse tipo de estratégia de regulação emocional tem sido denominado “bottom-up” por-

que caracteriza-se por uma reatividade reduzida direta das regiões cerebrais inferiores que

geram as emoções, sem um recrutamento ativo de regiões cerebrais superiores, como o córtex

pré-frontal (Chambers, Gullone et al. 2009, van den Hurk, Janssen et al. 2010, Westbrook,

Creswell et al. 2013).

Dessa forma, alguns autores sugerem que mindfulness deve ser descrita como uma es-

tratégia de regulação emocional ‘bottom–up’, enquanto outros sugerem que mindfulness deve

ser descrita como uma estratégia de regulação emocional ‘top–down’. Uma revisão sobre esse

tópico sugere que o treinamento mindfulness é associado à regulação de emoção ‘top–down’

em praticantes de curto prazo e com regulação de emoção ‘bottom-up’ em praticantes de lon-

go prazo (Chiesa, Serretti et al. 2013).

1.4 Origem e definição do Yoga

O yoga é um conjunto de práticas originadas na Índia ancestral e sistematizada por

Patañjali entre V a.C e II d.C. Os Yoga Sutras de Patañjali são os 196 aforismos que formam

um dos textos fundamentais da tradição Hindu, e a fundação do que chamamos hoje de hatha

yoga. A definição literal do yoga, yogah citta-vṛtti-nirodhaḥ, que pode ser traduzido como:

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yogaḥ = (yoga);

citta = (tudo que é mutável no ser humano, pensamentos);

= (onda de pensamento, modificação mental, perturbação de chita). vritti

altera a percepção como ondas na superfície de um lago que obscurece ou dis-

torce a visão do fundo;

nirodhaḥ = (encontrar tranquilidade; controlar).

Patañjali organiza o yoga em oito grupos de práticas, também chamados de passos ou

membros, e dá origem ao que é chamado Asthanga1 Yoga

2 (Yoga dos 8 passos): yamas, ni-

yamas, asanas, prāṇāyāma, pratyāhāra, dhāraṇā, dhyāna e samādhi (Souto 2000,

Gharote 2002, Souto 2002, Taimni 2004).

Os yamas e niyamas compõem o conjunto de práticas da esfera ética do yoga, e estão

na base das outras práticas seguintes. Os yamas (autodomínio) compreendem o que não deve

ser mantido, e os niyamas (observâncias), o que deve ser seguido. São cinco os yamas: ahim-

sa (não-violência), satya (não-falsidade), asteya (não-roubo), brahmacharya (não-exagero), e

aparigraha (não-apropriação). Os niyamas dizem respeito às auto-observâncias dos pratican-

tes: shaucha (pureza da mente e corpo, clareza dos pensamentos); santosha (contentamento);

tapas (austeridade); svādhyāya (auto-estudo); ishvara pranidhana (dedicação ao superior).

O próximo passo é a prática de asana, que corresponde às posturas físicas, parte mais

conhecida do yoga. A tradução literal de asana é assento, pois tradicionalmente ela se referia

ao ato de "sentar-se de maneira estável e confortável." Ao longo dos séculos a lista de asanas

(posturas) cresceu e passou a incluir variações deitadas, em pé, e invertidas, de extensão, fle-

xão, torção e equilíbrio. A prática de asana contempla principalmente a prática de manter-se

estável, com o relaxamento do esforço.

P āṇāyāma é o quarto dos oito membros do Ashtanga Yoga. Segundo essa tradição, o

p āṇāyāma estabelece a ponte vital entre o corpo e a mente. Em sânscrito p āṇāyāma (p āṇā

– controle, ayama – expansão/amplitude). A prática de pranayama envolve o controle volun-

tário da respiração, interferindo na frequência respiratória, no volume corrente e no padrão

respiratório, associando pausas inspiratórias aos ciclos prolongados de inspiração e expiração,

e contrações (Kuvalayananda 2000). As práticas de pranayama possuem três etapas, (1) pū a-

ka (inalação), (2) recaka (exalação), e (3) kumbhaka (retenção), e os diferentes tipos de pra-

1ashta = oito; anga = membro.

2Não confundir com um tipo de yoga, o Ashtanga vinyasa Yoga, popularizado por Krishna e Pattabhi Jois já no

século XX e que coloca bastante foco no alinhamento entre movimentos e respiração.

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nayama as combina de forma específica. Uma dessas sequências forma o bhastrika pranaya-

ma, que está no foco deste trabalho.

O bhastrika pranayama envolve a execução de dois outros exercícios respiratórios: o

kapalabhati e o surya bedhana. Uma repetição de kapalabhati consiste de expiração vigorosa,

rápida e voluntária, seguida por inspiração passiva e involuntária, resultado do relaxamento

abdominal (Shrikrishna 1996, Kuvalayananda 2000) (figura 2a). Daí o nome, bhastrika, pala-

vra em sânscrito que faz alusão ao fole usado antigamente pelos ferreiros para manter aceso o

fogo do forno a carvão. Por outro lado, uma repetição do surya bedhana é composto por uma

inspiração lenta de ar pela narina direita, seguida por apneia, e expiração lenta pela narina

esquerda. (figura 2b).

Figura 2. Ilustrações de uma Kapalabhati e de um Surya Bedhana.

Imagens retiradas de: http://holisticonline.com/Yoga/images/brea_alternate.GIF

https://yogavinirishikesh.com/wp-content/uploads/2016/07/Skull-shining-breath-kapalabhati.jpg

A prática do bhastrika pranayama utilizada nesta tese foi baseada na descrição do

Swami Kuvalayananda (Kuvalayananda 2000), de acordo com o qual o bhastrika pranayama

é composto por cerca de 30 repetições de kapalabhati (figura 2a), seguidas pela execução de

um surya bedhana (figura 2b). Nesse esquema, é sugerido que o tempo de apneia seja mesmo

tempo da inspiração, e o tempo de expiração, o dobro do tempo da inspiração (Kuvalayananda

2000). Além disso, os períodos de apneia devem ser acompanhados pelos seguintes bandhas3:

jalandhara bandha, que consiste de pressionar o queixo contra o nó jugular, com as narinas

pressionadas pelos dedos, uddyiana bandha, a expansão torácica e consequente retração ab-

dominal relaxada, e mula bandha, a contração do períneo.

O quinto membro do ashtanga yoga é pratyāhāra que em sânscrito significa “cessar

dos sentidos”. Para Patanjali, pratyāhāra é a ponte entre os aspectos externos do yoga (bahi-

ranga), ou seja, yamas, niyamas, asanas, e pranayama, e os internos (antaranga), ou seja,

3Em sânscrito bandhas são traduzidos como travas.

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dharana, dhyana e samadhi. Esses três estágios, dhāraṇā, dhyāna e samādhi juntos constituem

o que é chamado samyama, e formam a sequência de aprofundamento, e de certa forma tradu-

zem estados da prática meditativa. Em dhāraṇā, o objeto da meditação, o praticante, e o pró-

prio ato da meditação permanecem separados. A mente foca sobre um objeto e evita outros

pensamentos, porém a consciência do objeto ainda pode ser interrompida. Em dhyāna, desa-

parece a consciência do ato de meditar, e permanecem na mente a consciência da existência

do indivíduo e do objeto de concentração. Em samādhi se dissolvem as separações, e o prati-

cante, a prática e objeto torna-se um com o objeto.

1.5 A ciência da meditação

Em 1987 era criado o Mind and Life Institute, liderados de um lado pela Sua Santidade

o Dalai Lama, e por outro pelos cientistas Francisco Varela e Adam Engle (Knight 2004).

Inicialmente, tinha como objetivo organizar diálogos entre cientistas e budistas sobre a rela-

ção entre ciência e budismo. Desde então o número de artigos publicados nesse tema tem

crescido substancialmente, particularmente aqueles ligados à prática de meditação.

De todas as práticas do yoga, a meditação tem sido a mais estudada pela ciência. As

práticas meditativas têm sido enquadradas em dois grandes grupos: monitoramento aberto e

atenção focada (Lutz, Slagter et al. 2008). No primeiro, as práticas são caracterizadas pelo

monitoramento contínuo dos pensamentos, sensações, ou emoções, sem vínculo ou julgamen-

to. Nas práticas de atenção focada, há sempre uma âncora para a qual a atenção deve estar

voltada a todo o momento. A âncora, ou objeto, pode ser a respiração, a luz de uma vela, um

mantra, uma oração. Quando a atenção divaga, o indivíduo deve apenas reconhecer o deva-

neio, sem julgamento, e retornar o foco da atenção para a âncora (Lutz, Slagter et al. 2008).

Dado o vasto repertório de práticas meditativas, em 1979 foi criado um primeiro pro-

grama que incorpora a técnica meditativa conhecida como mindfulness, o mindfulness-based

stress reduction (MBSR) program. Um programa que tem uma abordagem padronizada da

prática, de modo a não ter que levar em consideração variações da técnica de meditação, pos-

sibilitando dessa forma maior número de estudos pela ciência.

Assim, pois, o MBSR forma um programa que se utiliza de práticas meditativas de a-

tenção plena no presente (mindfulness) para promover o bem estar físico e mental, a partir do

refinamento da atenção e da autoconsciência dos praticantes (Kabat-Zinn 1990, Hölzel, Lazar

et al. 2011). Nesse sentido, mindfulness passa a descrever uma técnica, e não mais um estado

(Kabat-Zinn 1990, Farb, Anderson et al. 2010, Hofmann, Sawyer et al. 2010, Gard, Hölzel et

al. 2011, Allen, Dietz et al. 2012, Goldin, Ziv et al. 2013, Tang, Hölzel et al. 2015). Outros

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programas semelhantes têm nascido, como o mindfulness-based cognitive therapy (MBCT),

desenhado para auxiliar na terapia de pacientes com depressão, e voltado à prevenção de reca-

ída (Piet and Hougaard 2011). Além da meditação mindfulness, esses programas usam uma

combinação de técnicas de autoconsciência corporal e yoga, e estruturados para durar 8 sema-

nas de treinamento, com um encontro por semana (Goldin and Gross 2010, Chiesa, Serretti et

al. 2013, Hölzel, Hoge et al. 2013, Tang, Hölzel et al. 2015).

Por se basearem em protocolo fechado e bem descrito, esses programas têm recebido

bastante atenção da ciência e uma série de estudos têm investigado seu benefício clínico, bem

como na busca por compreender as bases neurais dos efeitos relacionados à técnica (Tang,

Hölzel et al. 2015). Os efeitos fisiológicos e benefícios clínicos da meditação têm sido rela-

cionados à melhora na atenção (Tang, Ma et al. 2007), de funções executivas (Allen, Dietz et

al. 2012), efeito analgésico (Zeidan, Martucci et al. 2011), mudanças positivas de humor

(Jain, Shapiro et al. 2007, Feldman, Greeson et al. 2010, Hofmann, Sawyer et al. 2010), e re-

dução de sintomas de depressão (Farb, Anderson et al. 2010), e ansiedade (Goldin and Gross

2010, Hölzel, Hoge et al. 2013, Kocovski, Fleming et al. 2013).

Ainda, tem sido crescente o interesse por estudar os efeitos da meditação sobre o cére-

bro humano, utilizando medidas fisiológicas, testes comportamentais e técnicas de neuroima-

gem funcional, como a fMRI (functional Magnetic Resonance Imaging). Evidências sugerem

que a prática de meditação está associada a alterações funcionais em várias regiões, algumas

delas são: amígdala (Goldin and Gross 2010, Grant, Courtemanche et al. 2011, Taylor, Grant

et al. 2011, Desbordes, Negi et al. 2012, Hölzel, Hoge et al. 2013, Lutz, Herwig et al. 2014),

ínsula (Lazar, Kerr et al. 2005, Farb, Segal et al. 2007, Farb, Anderson et al. 2010, Grant,

Courtemanche et al. 2010, Gard, Hölzel et al. 2011, Grant, Courtemanche et al. 2011, Zeidan,

Martucci et al. 2011, Allen, Dietz et al. 2012, Lutz, Herwig et al. 2014), cíngulo anterior

(Hölzel, Ott et al. 2007, Tang, Ma et al. 2009, Farb, Anderson et al. 2010, Grant,

Courtemanche et al. 2010, Tang, Lu et al. 2010, Gard, Hölzel et al. 2011, Grant,

Courtemanche et al. 2011, Zeidan, Martucci et al. 2011, Allen, Dietz et al. 2012, Tang, Lu et

al. 2012), córtex orbitofrontal (Zeidan, Martucci et al. 2011), córtex pré-frontal (dlPFC,

vlPFC, dmPFC e vmPFC) (Lazar, Kerr et al. 2005, Brefczynski-Lewis, Lutz et al. 2007,

Farb, Segal et al. 2007, Hölzel, Ott et al. 2007, Farb, Anderson et al. 2010, Gard, Hölzel et al.

2011, Grant, Courtemanche et al. 2011, Taylor, Grant et al. 2011, Allen, Dietz et al. 2012,

Hölzel, Hoge et al. 2013, Lutz, Herwig et al. 2014, Afonso, Balardin et al. 2017) e as redes

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Default Mode Network (Farb, Segal et al. 2007, Pagnoni, Cekic et al. 2008, Brewer,

Worhunsky et al. 2011), e de saliência (Hasenkamp, Wilson-Mendenhall et al. 2012).

São diversos os desenhos experimentais utilizados em estudos de neuroimagem

funcional para investigar as bases neurais da meditação. Alguns são transversais e comparam

meditadores experientes a iniciantes, outros avaliam efeitos longitudinais da prática da

meditação, ou seu efeito agudo. Esses protocolos também variam quanto ao domínio

cognitivo, mas envolvem principalmente processos como atenção, emoção, e a cognição

espontânea durante o estado de repouso (Chiesa, Serretti et al. 2013, Tang, Hölzel et al. 2015).

A meditação é, em si, tarefa que demanda dos circuitos de atenção (Brefczynski-

Lewis, Lutz et al. 2007, Kozasa, Sato et al. 2012). De fato, vários estudos de fMRI e MRI

estrutural têm investigado alterações funcionais e anatômicas em áreas do cérebro humano

ligadas a processos de atenção, em resposta ao treinamento meditativo (Brefczynski-Lewis,

Lutz et al. 2007, Hölzel, Ott et al. 2007, Tang, Ma et al. 2009, Tang, Lu et al. 2010, Kozasa,

Sato et al. 2012, Tang, Lu et al. 2012).

Um dos primeiros estudos a utilizar a fMRI, buscou comparar diferenças da atividade

de regiões recrutadas pela prática meditativa de atenção focada. Nesse estudo foram compara-

dos meditadores experientes (entre 10.000–54.000 horas de prática) a voluntários sem experi-

ência na prática de meditação. Os achados estão principalmente relacionados a mudança da

atividade de várias áreas classicamente associadas a processos de atenção, incluindo o sulco

intraparietal (IPS), o Frontal Eye Field (FEF), a ínsula anterior, o giro do cíngulo, regiões

laterais do lobo occipital, e o tálamo. Curiosamente, a atividade dessas áreas exibe padrão de

U-invertido, de modo que os meditadores com experiência intermediária (média de 19.000 h)

apresentaram maior atividade dessas áreas do que os novatos e meditadores com mais experi-

ência (média de 44.000 h) tem menos (Brefczynski-Lewis, Lutz et al. 2007). Ainda, estudos

de eletroencefalografia (EEG) têm sugerido que a prática de meditação leva a distribuição

mais eficientes dos recursos cerebrais limitados, resultando em maior eficiência da rede de

atenção executiva. Por exemplo, a prática de mindfulness parece interferir em processos de

atenção intermitente (attentional blink), definida como a dificuldade que temos de detectar um

segundo alvo, quando dois estímulos visuais (alvos) são apresentados sequencialmente, um

logo em seguida do outro (Slagter, Lutz et al. 2007). Essa limitação em detectar o segundo

alvo é chamada "attentional blink". Três meses de treinamento de mindfulness levaram à me-

lhora na detecção do segundo alvo (redução do attentional blink), aparentemente fruto da re-

dução de alocação de recursos atencionais para o primeiro alvo representado pela diminuição

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da amplitude do potencial evocado (P3b), associado ao primeiro estímulo, e observado pela

eletroencefalografia (EEG) (Slagter, Lutz et al. 2007).

Outros estudos têm avaliado o impacto da meditação em tarefas de atenção do tipo s-

troop. Em um desses estudos, um ensaio longitudinal randomizado e controlado avaliou res-

posta a uma tarefa de stroop afetiva, e o efeito de 6 semanas de prática mindfulness em indi-

víduos saudáveis. Após o treinamento foi observado aumento da atividade do dlPFC durante o

processamento executivo. Quando separados participantes com maior tempo de prática, foi

observado maior eficiência na resposta de inibição, e aumento do recrutamento da ínsula ante-

rior direita, do cíngulo anterior dorsal e do córtex pré-frontal medial durante o processamento

de valência negativa (Allen, Dietz et al. 2012). Em outro estudo, embora o desempenho de

meditadores regulares na tarefa de atenção de stroop (de cor e palavras) tenha sido equivalen-

te ao de não-meditadores, foi observado maior atividade nos giros frontal médio, temporal

médio, pré-central, pós-central e no núcleo lentiforme de não-meditadores, em comparação

aos meditadores, durante performance da tarefa (Kozasa, Sato et al. 2012).

Alguns estudos sugerem que a prática de mindfulness está associada a mudanças que

vão para além da atenção, e incluem mudanças de interocepção4. Esse construto tem sido fre-

quentemente associado a mudanças estruturais e funcionais da ínsula, particularmente sua

porção anterior (Barrett and Simmons 2015). De fato, meditadores experientes apresentam

aumento da espessura cortical particularmente de regiões associadas à atenção e interocepção,

como a ínsula anterior direita (Lazar, Kerr et al. 2005, Grant, Courtemanche et al. 2010). A-

lém disso, o treinamento por 8 semanas de mindfulness levou ao aumento da atividade de

representação somatossensoriais associadas à sensação corporal, incluindo viscerais, durante a

observação de imagens negativas. Foram observadas mudanças significativas nas seguintes

regiões, todas à direita: ínsula, cíngulo anterior subgenual direito, giro frontal superior,

vmPFC, vlPFC, gânglios da base, claustrum (Farb, Anderson et al. 2010).

Outras evidências também apontam para o envolvimento da ínsula e do cíngulo anteri-

or (ACC, Anterior Cingulate Cortex) no contexto de estímulos nociceptivos. Estudos apontam

que meditadores apresentam menor sensibilidade para dor que não-meditadores (Grant,

Courtemanche et al. 2010), que tem sido acompanhada por aumento de atividade da ínsula

direita e redução nos córtices pré-frontais laterais, e aumento da atividade do ACC durante a

antecipação da dor (Gard, Hölzel et al. 2011). Mudanças semelhantes também foram

observados em estudo longitudinal por fMRI em meditadores inexperientes (Zeidan, Martucci

4como, por exemplo, variáveis ligadas à temperatura, respiração, dor, batimento cardíaco, digestão.

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et al. 2011). Ainda na mesma linha, estímulos térmicos dolorosos aplicados durante a prática

de meditação por membros do Zen budismo, levaram a maior atividade da ínsula, ACC e tá-

lamo, e reduziram em áreas de associação a processos emocionais, como o córtex pré-frontal,

amígdala e hipocampo (Grant, Courtemanche et al. 2011).

Outra estrutura que tem se apresentado sensível à prática meditativa é a amígdala

(Farb, Anderson et al. 2010, Allen, Dietz et al. 2012). Uma descoberta frequente é que a práti-

ca de meditação está associada à redução da atividade da amígdala em resposta a estímulos

emocionais negativos, tanto durante a prática da meditação (Goldin and Gross 2010, Taylor,

Grant et al. 2011, Lutz, Herwig et al. 2014) como em mudança subagudas, relacionadas ao

treinamento longitudinal (Desbordes, Negi et al. 2012, Hölzel, Hoge et al. 2013). Por exem-

plo, a resposta reduzida da amígdala direita foi observada durante a apresentação de imagens

com valências emocionais extraídas do IAPS (International Affective Picture System) após 8

semanas de treinamento de meditação (Desbordes, Negi et al. 2012). Estudos de intervenção

curta também tem mostrado que a meditação mindfulness foi associada à redução da atividade

em regiões envolvidas no processamento de emoções, como amígdala e giro parahipocampal,

e de áreas do córtex pré-frontal, e ínsula à direita. Mudanças nessas áreas se apresentaram

correlacionadas ao traço mindfulness individual, sugerindo que indivíduos com maior traço

exigem menos recursos regulatórios para atenuar a excitação emocional (Lutz, Herwig et al.

2014).

O impacto da meditação sobre o sistema de emoção se reflete sobre seu impacto posi-

tivo em transtorno de ansiedade e de humor. Pacientes com transtorno de ansiedade social

submetidos a 8 sessões de mindfulness apresentaram redução nos sintomas de ansiedade,

depressão e auto-estima (Goldin and Gross 2010, Goldin, Ziv et al. 2013). Em outro ensaio

clínico controlado com pacientes com ansiedade generalizada foi observado redução de sin-

tomas de ansiedade após 8 semanas de treinamento mindfulness, acompanhada de aumento da

atividade em regiões pré-frontais ventrolaterais (vlPFC) e na conectividade funcional entre a

amígdala e o mPFC (Hölzel, Hoge et al. 2013).

Evidências recentes apontam ainda para a relação entre o estado emocional e cognição

espontânea do indivíduo. De fato, é bastante comum, por exemplo, a presença de pensamentos

em ruminação5, negativos e recorrentes, em pacientes com depressão (Rood, Roelofs et al.

2009). Por outro lado, o acesso a esse tipo de processo de pensamento espontâneo pelo méto-

5pensamentos circulares que não levam o indivíduo a nenhuma solução construtiva sobre si nem

sobre o mundo.

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do científico é complicado e durante muito tempo esteve baseado em julgamentos de relatos

individuais. Nos últimos anos, porém, a neuroimagem funcional tem auxiliado na compreen-

são desses processos, por exemplo pela descoberta e caracterização da Default Mode Network

(DMN) (Shulman, Fiez et al. 1997, Binder, Frost et al. 1999, Mazoyer, Zago et al. 2001), rede

neural cuja atividade parece estar relacionada ao fluxo de pensamentos espontâneos

(McKiernan, D'Angelo et al. 2006, Northoff, Heinzel et al. 2006, Buckner and Carroll 2007,

Mason, Norton et al. 2007). A DMN é constituída pelo giro do cíngulo anterior e posterior,

pré-cuneus, córtex pré-frontal medial, giro frontal médio esquerdo, giro temporal médio bila-

teral e lobo parietal inferior bilateral e hipocampo (Shulman, Fiez et al. 1997, Binder, Frost et

al. 1999, Mazoyer, Zago et al. 2001). Estudos recentes têm mostrado que a prática de medita-

ção leva à redução da atividade de nós centrais da DMN, como o cíngulo posterior (PCC, do

inglês, posterior cingulate cortex) e o córtex pré-frontal medial (mPFC, do inglês medial pre-

frontal cortex). Esse resultado se apresenta tanto quando meditadores experientes são compa-

rados a indivíduos inexperientes (Brewer, Worhunsky et al. 2011), como em estudos longitu-

dinais envolvendo algumas poucas semanas de prática (Farb, Segal et al. 2007).

1.6 A ciência do prāṇāyāma

Boa parte dos estudos científicos sobre os efeitos do pranayama tem explorado altera-

ções relacionadas ao sistema nervoso autônomo (Pal, Velkumary et al. 2004, Madanmohan,

Udupa et al. 2005, Pramanik, Sharma et al. 2009, Wang, Li et al. 2010, Santaella, Devesa et

al. 2011, Sinha, Deepak et al. 2013, Nivethitha, Mooventhan et al. 2016). Estudos têm obser-

vado consistentemente que a prática de diferentes sequências de pranayama interferem de

forma distinta no funcionamento do sistema nervoso simpático e parassimpático

(Madanmohan, Udupa et al. 2005). De forma geral, práticas de respiração lenta levam à redu-

ção da frequência cardíaca (Pal, Velkumary et al. 2004, Pramanik, Sharma et al. 2009), dimi-

nuição da pressão arterial sistólica e diastólica (Pramanik, Sharma et al. 2009), e pressão

arterial sistólica em indivíduos pré-hipertensos (Wang, Li et al. 2010). Já práticas de

respiração rápida parecem levar a mudanças menos robustas e consistentes, havendo indícios

de levar a aumento da frequência cardíaca (Madanmohan, Udupa et al. 2005).

A prática de bhastrika pranayama, tal qual foi utilizada neste trabalho, une práticas de

respiração rápida (kapalabhati) e lenta (surya bedhana). Essa técnica mostrou impacto positi-

vo sobre a capacidade respiratória e equilíbrio simpatovagal em indivíduos idosos saudáveis.

Foi observado aumento de pressão expiratória e inspiratória, redução no componente de baixa

frequência (marcador da modulação simpática cardíaca) e redução significativa da razão baixa

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frequência/alta frequência (marcador do equilíbrio simpatovagal) da variabilidade da frequên-

cia cardíaca (Santaella, Devesa et al. 2011).

Aos poucos, alguns estudos têm passado a avaliar o impacto do pranayama sobre o

domínio cognitivo (Shashikala, Shashidhar et al. 2011, Sharma, M et al. 2014). Esses estudos

têm sugerido melhora na performance sensório-motora, pela redução no tempo de reação em

tarefas visuais e auditivas (Shashikala, Shashidhar et al. 2011, Sharma, M et al. 2014). Mais

uma vez, essas mudanças parecem depender do tipo de pranayama, mas, de forma geral, tanto

treinamento com as técnicas de respiração lentas quanto as rápidas levam a melhoras na

performance de tarefas que avaliam funções executivas6, como atenção e memória de traba-

lho. Além disso, observou-se que essas mudanças foram acompanhadas pela redução signifi-

cativa do estresse percebido (Sharma, M et al. 2014).

De fato, a prática de pranayama parece interferir positivamente sobre o humor

(Sharma, M et al. 2014) e seus transtornos, como a ansiedade e depressão (Kjellgren, Bood et

al. 2007, Gupta, Kumar et al. 2010, Nemati 2013). Por exemplo, práticas como do anuloma-

viloma (respiração alternada das narinas), e sudarshan kriya tem sido associadas à redução

dos níveis de ansiedade, estrese e depressão (Kjellgren, Bood et al. 2007, Gupta, Kumar et al.

2010).

Embora dados nessa área ainda sejam bastante escassos, e não exista até o momento

nenhum estudo que avaliou diretamente o impacto da prática de pranayama sobre o sistema

nervoso central, já começam a surgir modelos sobre o mecanismo subjacente à prática do

pranayama (Kjellgren, Bood et al. 2007). Segundo esse modelo, o aumento da atividade

parassimpática, reduziria resposta ao estrese e a liberação de hormônios associados a ele

(Brown and Gerbarg 2005, Brown and Gerbarg 2005, Brown, Gerbarg et al. 2009). Além dis-

so, a estimulação do sistema nervoso parassimpático, aumenta a ação inibitória do sistema

GABA do córtex pré-frontal e/ou ínsula sobre a amígdala, reduzindo sua atividade e os

sintomas psicológicos e somáticos associados ao estrese (Brown, Gerbarg et al. 2013).

Os efeitos da respiração do yoga sobre o sistema nervoso parassimpático ocorrem

principalmente pela via do nervo vago. Cada nervo vago é bidirecional contendo fibras afe-

rentes, ou seja, que transmitem informações do corpo para o sistema nervoso central e fibras

eferentes, ou seja, que transmitem sinais do sistema nervoso central para o corpo (Streeter,

Gerbarg et al. 2012).

6Funções executivas se referem uma série de processos cognitivos necessários para o controle do

comportamento.

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A figura 3 ilustra as conexões neuroanatômicas do sistema nervoso parassimpático

com sistema GABA (Streeter, Gerbarg et al. 2012). As fibras aferentes vagais transportam

informações da faringe, laringe, traqueia e vísceras do tórax e do abdômen ao núcleo do trato

solitário, um importante local de distribuição que fornece ao cérebro informações sobre o

meio interno do corpo. O núcleo do trato solitário possui projeções para o núcleo parabraqui-

al, substância cinzenta periaqueductal, núcleo central da amígdala, hipocampo, hipotálamo e

tálamo. O núcleo parabraquial envia projeções para o tálamo, núcleo central da amígdala,

núcleo basolateral da amígdala, hipotálamo, ínsula anterior e córtex pré-frontal. Quanto às

fibras eferentes vagais, um grupo origina-se no núcleo medial dorsal e inerva predominante-

mente as vísceras torácicas e abdominais. Outro grupo de eferentes vagais origina-se no nú-

cleo ambíguo e inerva a faringe, a laringe, os pulmões, o coração e outras vísceras (Streeter,

Gerbarg et al. 2012)

Figura 3. Conexões neuroanatômicas do sistema nervoso parassimpático com sistema GABA. Figura adap-

tada do artigo (Streeter, Gerbarg et al. 2012).

Mudanças na frequência e profundidade da respiração do pranayama são enviadas, via

receptores de estiramento nos alvéolos, barorreceptores, quimiorreceptores e sensores em to-

das as estruturas respiratórias, comunicando sobre o estado e a atividade do sistema respirató-

rio através de aferentes vagais e estações de transmissão do tronco encefálico para outras es-

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truturas do sistema nervoso central, que por sua vez influenciam percepção, cognição, regula-

ção emocional, expressão somática e comportamento (Bernardi, Gabutti et al. 2001, Brown

and Gerbarg 2005, Brown and Gerbarg 2005, Brown, Gerbarg et al. 2009).

O Pranayama é uma técnica relacionada a processos de auto-regulação e um dos pos-

síveis mecanismos desse efeito é baseado na modulação do sistema nervoso parassimpático.

Por ser a respiração a única função autonômica que pode ser facilmente controlada voluntari-

amente, e por meio de mudanças nos padrões de respiração modular processos de regulação

emocional, selecionamos a técnica respiratóra do yoga denominada bhastrika pranayama, a

qual une práticas de respiração rápida (kapalabhati) e lenta (surya bedhana) e que já mostrou

impacto positivo sobre a capacidade respiratória e equilíbrio simpatovagal como nosso objeto

de estudo. Além disso, é uma técnica que tem a vantagem de poder ser aplicada de forma bas-

tante padronizada, e ainda é pouco explorada pela neurociência.

Portanto, nosso objetivo foi avaliar o impacto do treinamento do Bhastrika Pranayama

sobre a ansiedade, afeto, discurso e imagem funcional por ressonância magnética em adultos

jovens saudáveis. Nossas hipóteses são que após o treinamento do Bhastrika pranayama 1) os

indivíduos apresentariam redução dos níveis de ansiedade e afeto negativo, e aumentariam o

afeto positivo; 2) Durante o protocolo emocional (tarefas de olhar imagens negativas bem

como na tarefa de tornar a imagem negativa em positiva) teriam redução do engajamento de

áreas envolvidas no processo de emoção, especialmente a amígdala e maior engajamento em

áreas de regulação emocional, como a ínsula e o cíngulo, ao invés da regulação por estruturas

de controle cognitivo, por vias do córtex pré-frontal; 3) Durante o estado de repouso, espera-

mos encontrar menor conectividade entre áreas envolvidas no processo de emoção e regula-

ção emocional; 4) redução na relação semântica entre os relatos e palavras com teor negativo,

como por exemplo, ansiedade e afeto negativo; 5) Correlação entre essas variáveis.

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OBJETIVOS

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2.1 Objetivo geral

Avaliar o impacto do treinamento do Bhastrika Pranayama sobre a ansiedade, afeto, discurso

e imagem funcional por ressonância magnética em adultos jovens saudáveis.

2.2 Objetivos específicos

- Avaliar o impacto de quatro semanas de treinamento de Bhastrika Pranayama sobre:

nível de ansiedade;

afeto positivo e negativo;

estrutura e semântica do discurso;

função de estruturas cerebrais envolvidas em tarefa de emoção, regulação e-

mocional, e de resting state.

- Investigar correlações entre essas variáveis de humor, discurso e de modulação neural.

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MATERIAL E MÉTODOS

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39

3.1. Aspectos éticos

Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética de pesquisa da Universi-

dade Federal do Rio Grande do Norte (CEP-UFRN, parecer: 579.226). Os voluntários que

atenderam aos critérios de inclusão foram convidados a ler e assinar os termos de consenti-

mento livre e esclarecido (TCLE) (apêndice II), e de autorização para gravação de voz (apên-

dice III). Em seguida, preencheram o questionário epidemiológico (apêndice IV), a fim de

fazer um levantamento dos dados sócio-demográficos dos voluntários.

3.2. Sujeitos

Participaram do estudo 30 adultos jovens saudáveis com idade entre 18 e 40 anos sem

experiência com o Bhastrika Pranayama. Os seguintes critérios de exclusão foram adotados

(apêndice I): (i) Diagnóstico de problemas cardíacos; (ii) Rinite crônica, com obstrução parci-

al ou completa de uma ou ambas as narinas; (iii) Uso frequente de broncodilatador aspirativo;

(iv) Uso regular de beta bloqueador ou estimulante e qualquer droga que interfira com a mo-

dulação autonômica cardíaca; (v) Diagnóstico de transtornos neurológicos ou psiquiátricos;

(vi) impossibilidade de realizar exame de ressonância magnética (como por exemplo metal no

corpo, gravidez, dentre outros).

Os participantes foram recrutados a partir do banco de dados de voluntários de pesqui-

sas do Instituto do Cérebro (ICe), pela divulgação do projeto entre alunos da UFRN, e pelo

recrutamento de soldados com atividade física regular do 7º batalhão de engenharia de com-

bate do exército, em Natal.

3.3 Desenho experimental

Este projeto foi desenhado como ensaio clínico randomizado, controlado, de braços

paralelos. Os sujeitos foram divididos aleatoriamente em dois grupos (controle e pranayama)

utilizando-se a técnica de permutação (www.randomization.com), em blocos de oito indiví-

duos (Figura 4).

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Figura 4. Desenho experimental. Avaliações por escalas, fMRI e discurso foram realizadas antes e depois da

intervenção (pranayama ou controle).

As avaliações dos indivíduos dos dois grupos foram realizadas no final de semana an-

terior ao início das intervenções (pranayama ou controle) e no final de semana seguinte às

intervenções.

Para o grupo pranayama, a primeira semana de treinamento foi dedicada à introdução

da técnica, a fim de conduzir os participantes à pratica correta do Bhastrika Pranayama. Essa

primeira etapa ocorreu em encontros diários de 30 minutos, por uma semana.

Durante as quatro semanas seguintes foram realizados 3 encontros semanais, de 30

minutos cada, durante os quais foi programada a inserção gradativa e crescente no número de

kapalabhati, com a meta de fazer em torno de 30 kapalabahati, mas fazendo sempre o máxi-

mo possível de forma confortável, da mesma forma para o período de apneia, com variação

gradativa, mas com a meta de atingir a proporção de inspiração:apneia:expiração de 1:4:2. Os

indivíduos foram orientados a higienizar bem as narinas, ter uma alimentação leve e vestir

roupas confortáveis durante a prática.

Todo encontro se iniciava na postura de relaxamento (savasana). Durante esse perío-

do, orientávamos os voluntários a observar as sensações, os pensamentos, o ritmo respiratório,

a presença de tensão no corpo. Ao mesmo tempo, eram orientados a relaxar e a respirar de

forma confortável, lenta e profunda. Durante esses períodos eram verificadas as frequências

respiratória e cardíaca. Para verificar a frequência cardíaca o experimentador posicionava os

dedos indicador e médio sobre a parte interna do punho esquerdo do voluntário, logo abaixo

da base do polegar até sentir a pulsação radial. Ao encontrar o pulso era feita a contagem do

número de pulsações ocorridas em 15 segundos e depois multiplicava esse valor por 4. A fre-

quência respiratória foi mensurada através da observação da expansão da caixa torácica e con-

tando o número de inspirações a cada minuto. Em seguida, os indivíduos realizavam alguns

asanas, que durou em média 5 minutos e incluiu: Pavanasana (Purificadora), Sukhasana

• AVALIAÇÕES - antes:

o Escalas: IDATE e PANAS

o fMRI: tarefa e resting state

o Discurso: imagens e resting state

• AVALIAÇÕES - depois:

o Escalas: IDATE e PANAS

o fMRI: tarefa e resting state

o Discurso: imagens e resting state

• PRANAYAMA - Bhastrika

o 4 semanas

o 3 x por semana

o 30 min cada sessão

N = 30

• AVALIAÇÕES - antes:

o Escalas: IDATE e PANAS

o fMRI: tarefa e resting state

o Discurso: imagens e resting state

• CONTROLE - jogos lúdicos

o 4 semanas

o 3 x por semana

o 30 min cada sessão

• AVALIAÇÕES - depois:

o Escalas: IDATE e PANAS

o fMRI: tarefa e resting state

o Discurso: imagens e resting state

Pranayama

N = 15

Controle

N = 15

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(Postura Fácil), Gomukhasana (cabeça de vaca), Paschimotanasana (Pinça), e Vrakasana

(Giro), a fim de preparar o corpo para a prática do Bhastrika Pranayama que viria a seguir.

Durante o Bhastrika Pranayama, que teve duração média de 25 minutos, os voluntá-

rios deveriam seguir ritmo próprio com respeito ao número de repetições do Kapalabhati,

tempos de inspiração, apneia e expiração. Independente do ritmo, a meta era atingir expiração

com duração correspondente ao dobro do tempo da inspiração, e a apneia 4 vezes o tempo de

inspiração. A cada 5 ciclos completos de Bhastrika Pranayama havia uma pausa para que os

voluntários tivessem nova oportunidade de auto-observação. Em seguida, um novo conjunto

de ciclos de Bhastrika Pranayama, até os 3 minutos finais, quando retornavam à postura de

Savasana. Por fim, sentados, deveriam julgar a prática por uma escala likert de 5 pontos, que

variou de muito negativo a muito positivo.

A frequência e duração dos encontros do grupo controle foi idêntica à do grupo prana-

yama. Porém, nesses encontros os voluntários realizavam atividades lúdicas, que incluía jogar

palavra-cruzada, montar quebra-cabeça, jogar dominó, baralho e dama. No início e final de

cada encontro havia também uma sessão de relaxamento, durante o qual as frequências respi-

ratória e cardíaca também eram estimadas. Após o treino os indivíduos também julgavam a

prática por escala likert variando de muito negativo a muito positivo. Os encontros ocorreram

separadamente para cada grupo.

Antes do início do treinamento, e um mês após, realizamos algumas medidas (descri-

tas adiante) por meio do inventário de ansiedade traço-estado (IDATE) (anexo I), da escala de

Afeto Positivo e Afeto Negativo (PANAS) (anexo II), do registro do discurso, e de imagem

funcional por ressonância magnética (fMRI, functional Magnetic Resonance Imaging).

3.4 Escalas

3.4.1 Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE)

O nível de ansiedade foi avaliado por meio do inventário de ansiedade traço-estado

(IDATE) (Spielberger, Gorsuch et al. 1970), traduzido e validado para o português (Biaggio

1990) (anexo I). Dependendo da referência temporal das instruções utilizadas, o IDATE pode

medir características de estado (IDATE-e)7 ou traço (IDATE-t). Ambos (IDATE-t e IDATE-

e) são compostos de 20 itens auto reportados utilizando escala-likert de 4 pontos. Para o

IDATE-t, de 1 (quase nunca) a 4 (quase sempre). Para o IDATE-e, de 1 (absolutamente não) a

7Para a IDATE-e, as perguntas se referem a “este momento” e no caso da IDATE-t elas se referem a “em geral”.

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4 (muitíssimo). A pontuação total varia de 20 a 80, sendo valores mais altos indicativos de

maiores níveis de ansiedade.

3.4.2 Escala de Afeto Positivo e Negativo (PANAS)

Utilizamos a escala de Afeto Positivo e Afeto Negativo (PANAS) (Watson, Clark et

al. 1988) para medir características de afeto, incluindo características positivas, de bem-estar,

como entusiasmo, inspiração e determinação (afeto positivo – AP), e de mal-estar, incluindo

emoções como medo, nervosismo e perturbação (afeto negativo – AN). Cada item da escala é

composto por um adjetivo que representa diferentes estados de humor e/ou emoções, como:

amável, cuidadoso, aflito, impaciente. Os participantes avaliam cada item por escala do tipo

likert de cinco pontos, variando de 1 (nem um pouco) a 5 (extremamente). Utilizamos a ver-

são adaptada para o Brasil (Giacomoni and Hutz 1997).

3.4.3 Análise dos dados das escalas (IDATE e PANAS)

O efeito do treino de Bhastrika Pranayama foi avaliado por meio de mudanças nas es-

calas um mês após o treino comparados à linha de base (antes do treino), e ao grupo controle,

por ANOVA de medidas repetida com dois fatores: intervenção (pranayama x controle) e

tempo (antes x após). Utilizamos o limiar estatístico de p<0.05. Em seguida fizemos o teste

de Cohen d para avaliar o tamanho do efeito desse resultado, através do cálculo: d = (x1-x2)/s,

onde x1 e x2 são as médias dos grupos e s é o desvio padrão agrupado.

3.5. Imagem por ressonância magnética

Em cada uma das duas sessões (antes e após 1 mês de treinamento) foram realizados

dois protocolos de fMRI: um durante a realização de tarefa de regulação emocional e outro

durante estado de repouso (resting state, rs-fMRI).

3.5.1 Aquisição das imagens

Todas as imagens foram adquiridas em um tomógrafo de MRI de 1.5 Tesla (HDxt,

General Electric, EUA) que se encontra em atividade regular no centro de diagnóstico por

imagem (CDI) do HUOL (Hospital Universitário Onofre Lopes).

Para ambos os protocolos, de regulação emocional e resting state, foram utilizadas se-

quências do tipo EPI (Echo Plannar Imaging), com os seguintes parâmetros: tempo de repeti-

ção (TR) = 2000 ms, tempo ao eco (TE) = 35 ms, ângulo flip = 60˚, FOV = 24 cm, matriz =

64 x 64, número de fatias = 35 fatias, espessura da fatia = 3.0 mm, GAP = 0.3 mm, número de

volumes=165 (regulação emocional), número de volumes = 213 (resting state). Para sobrepo-

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sição dos resultados estatísticos, imagens de boa resolução anatômica também foram adquiri-

das utilizando-se sequências FSPGR BRAVO com os seguintes parâmetros: TR = 12.7 ms,

TE = 5.3 ms, flip = 60˚, FOV = 26 cm, matriz = 320 x 320; número de fatias = 128, voxel =

1.0 mm3.

3.5.2 Protocolo de regulação emocional

O protocolo de regulação emocional é formado por três tarefas: (i) observação passiva

de imagens neutras e (ii) negativas, e (iii) regulação (reappraisal) de imagens negativas. To-

das as imagens utilizadas foram extraídas do IAPS (do inglês, International Affective Picture

System) (Lang, Bradley et al. 2008).

Um espelho foi adaptado à bobina de crânio, possibilitando a visualização das imagens

projetadas em tela translúcida posicionada próximo aos pés dos indivíduos. Foram fornecidas

lentes de contato aos voluntários que apresentavam perda de acuidade visual que dificultasse a

realização do protocolo.

O programa Psychopy (versão 1.79.00) foi utilizado para sincronizar a apresentação

dos estímulos, bem como coletar as respostas por um teclado compatível a MRI (Pyka, Cur-

rent Designs, Philadelphia, USA). Antes da sessão de fMRI, todos os participantes treinaram

o protocolo de regulação emocional em um computador até que estivessem seguros da tarefa.

Foram selecionadas 72 imagens com conteúdo emocional negativo e 36 neutras, clas-

sificadas com base em escores de valência e excitação8. As imagens negativas continham bai-

xa valência (2.44 ± 0.61) e alta excitação (5.77 ± 0.79). As neutras, possuíam valência média

(5.14 ± 0.36) e excitação baixa (3.13 ± 0,57).

As três seguintes tarefas compunham o protocolo: 1) olhar passivamente imagens neu-

tras (NEU), 2) olhar passivamente imagens negativas (NEG), 3) regular a imagem negativa

para reduzir seu impacto emocional (REG). Na condição regular (REG), os participantes de-

veriam reinterpretar as imagens para tentar torná-las menos negativas. Algumas estratégias

foram sugeridas previamente, como “pensar que a imagem não era real”, que “a cena era de

um filme”, que “a pessoa da cena era um dublê”, que “as pessoas machucadas já estavam sen-

do atendidas”, dentre outras. Além disso, pedimos para que os voluntários utilizassem apenas

estratégias de reinterpretação, evitando fechar os olhos ou desviar o olhar da imagem. Para

todas as condições, a apresentação de cada imagem foi seguida pelo julgamento do seu impac-

to emocional, utilizando uma escala likert de cinco pontos: (0) muito negativa, (1) negativa,

(2) neutra, (3) positiva, (4) muito positiva.

8Arousal.

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Durante cada sessão (antes e após o treino) foram adquiridos 3 runs (~5,5 minutos ca-

da). Cada run continha 18 trials (uma imagem por trial), sendo 6 trials por condição (NEU,

NEG e REG), balanceados por tipo de imagem (neutra ou negativa) e instrução (olhar ou re-

gular).

A estrutura de cada trial é representada na figura 5. Cada trial teve duração de 18 se-

gundos divididos da seguinte forma: 2s da instrução (olhe a imagem ou torne a imagem posi-

tiva), 6s de apresentação da imagem (neutra ou negativa), 6s para realizar o julgamento, 4s de

apresentação de uma cruz de fixação, que serviu de linha de base (baseline).

Figura 5. Representação de um trial do protocolo de regulação emocional. (A) no início, por 2s, era apresen-

tada a instrução (olhe a imagem ou torne a imagem positiva), seguida por 6s (B) de apresentação da imagem

(neutra ou negativa), por 6s (C) para julgar o impacto emocional da imagem, e por 4s (D) de apresentação de

uma cruz de fixação (baseline). Esse bloco (A + B + C + D) foi repetido 18 vezes, sendo seis vezes para cada

condição (NEU, NEG, REG). A duração total de cada run foi de 324 segundos (5 min, 24s). Em cada sessão

(antes e após o treino) foram realizados três runs de 18 trials cada.

3.5.3 Análise fMRI (regulação emocional)

Os dados de fMRI foram analisados no programa SPM12 (Statistical Parametric

Mapping, Wellcome Institute of Cognitive Neurology, Londres, Inglaterra). O pré-

processamento dos dados incluiu a exclusão dos 3 primeiros volumes (dummy scans),

correção de movimento, correção de tempo entre fatias, aplicação de filtros espacial gaussiano

(FWHM = 5 mm) e temporal (passa-alta em 0.1 Hz), e normalização das imagens estruturais e

EPI para o padrão MNI152 (Montreal Neurological Institute), de 2 mm3 de resolução

espacial.

Utilizamos, ainda, ferramentas de detecção de artefato de movimento (ART)9 com a

qual um índice de movimento composto (Frame Displacement – FD) é calculado, a partir das

estimativas de rotação e translação. A diferença nos parâmetros de realinhamento da cabeça

entre um volume e outro produz uma série temporal de seis dimensões que representa o

9http://www.nitrc.org/projects/artifact_detect/

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movimento instantâneo da cabeça. Para expressar o movimento instantâneo da cabeça como

uma quantidade escalar usamos a fórmula empírica:

FDi=∣Δdix∣+∣Δdiy∣+∣Δdiz∣+∣Δαi∣+∣Δβi∣+∣Δγi∣, onde Δdix=d(i−1)x−dix, e de forma semelhan-

te para os outros parâmetros do corpo rígido [diy, diz, αi, βi e γi].

Os deslocamentos de rotação foram convertidos de graus para milímetros calculando o

deslocamento na superfície de uma esfera de raio de 50 mm, que é aproximadamente a distân-

cia média do córtex cerebral para o centro da cabeça. Os movimentos de translações são re-

presentados por dix, diy e diz e os movimentos de rotações são representados por e αi, βi, γi

(Power, Barnes et al. 2012).

Excluímos todos os volumes com FD superior a 1 mm ou a 3 desvios-padrão (DP) da

média do sinal global (no run). Em média, 6% dos volumes, por voluntário, foram excluídos.

Excluímos, ainda, todo o run caso mais de 15% dos seus volumes estivessem contaminados

segundo os critérios do FD.

3.5.3.1 GLM (análise de primeiro nível)

Para cada sujeito, foi criado modelo baseado no General Linear Model (GLM) para

estimar a resposta hemodinâmica em cada condição. Cinco condições foram modeladas:

instrução, olhar imagem neutra (NEU), olhar imagem negativa (NEG), regular imagem

negativa (REG), e julgar. Cada uma delas foi modelada pela convolução de uma função

retangular, que simula os períodos de cada condição, com uma função de resposta

hemodinâmica canônica. Incluímos os seguintes sete regressores de não-interesse: os seis

regressores baseados nos parâmetros de movimento (3 de translação e 3 de rotação), e um

regressor para cada volume que excedia o critério do FD. Correlações seriais foram corrigidas

utilizando-se o modelo autoregressivo AR(1).

Para cada voluntário foram criadas imagens que representam os seguintes contrastes

(primeiro nível): (i) olhar imagem negativa (NEG), (ii) regular imagem negativa (REG), (iii)

regular imagem negativa > olhar imagem negativa (REG > NEG), (iv) olhar imagem negativa

> regular imagem negativa (NEG > REG).

3.5.3.2 GLM (análise de segundo nível)

O efeito do protocolo de regulação emocional foi explorado por one sample t-test,

utilizando as imagens de primeiro nível do pré-treinamento de todos os sujeitos, de ambos os

grupos (controle e pranayama). Nessa etapa foram criadas imagens que representam os

seguintes contrastes: NEG (antes), REG (antes), NEG (antes) > REG (antes) e REG (antes) >

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NEG (antes). Utilizamos os seguintes limiares estatístico pcdt10

<0.001, e pfwe11

<0.05, com

correção de small volume.

Para investigar os efeitos do Bastrika Pranayama nos processos de regulação

emocional, utilizamos análise de variância (ANOVA) de medidas repetidas com 2 fatores:

intervenção (pranayama x controle), e tempo (antes x após). Essas análises foram realizadas

sobre os seguintes contrastes: NEG, REG e REG > NEG.

Foram realizadas duas análises utilizando esses contrastes. Uma primeira exploratória,

de cérebro inteiro, com pcdt=0.001, com correção de small volume e pfwe<0.05. A segunda,

baseadas em regiões de interesse (ROI) definidas a priori tendo como base em estruturas do

cérebro consistentemente envolvidas em tarefas de regulação emocional (Ochsner, Silvers et

al. 2012, Hermann, Bieber et al. 2014). Utilizamos ROI que definem as seguintes estruturas:

cíngulo anterior, amígdala, córtex orbitofrontal, córtex pré-frontal dorsolateral (dlPFC), córtex

pré-frontal dorsomedial (dmPFC), córtex pré-frontal ventrolateral (vlPFC) e córtex pré-frontal

ventromedial (vmPFC). À exceção da ROI do vmPFC, cedida por (Morris, Kundu et al.

2016), e ínsula anterior (Shirer, Ryali et al. 2012) todas as demais foram obtidas a partir do

atlas WFU PickAtlas (Maldjian, Laurienti et al. 2003) do SPM12). A figura 6 mostra as

máscaras que definem as ROI utilizadas.

Figura 6. Máscaras das ROI utilizadas na análise. Foram utilizadas: Cíngulo anterior, amígdala, ínsula anteri-

or, córtex orbitofrontal, córtex pré-frontal dorsolateral (dlPFC), córtex pré-frontal dorsomedial (dmPFC), córtex

pré-frontal ventrolateral (vlPFC) e córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC).

10

cdt = cluster-defining threshold. 11

fwe = family wise error.

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Além dessas regiões, avaliamos o comportamento de duas outras redes durante o

protocolo de regulação emocional: a Default Mode Network (DMN) e a rede de saliência

(SAL). A DMN é constituída pelo giro do cíngulo anterior e posterior, pré-cuneus, córtex pré-

frontal medial, giro frontal médio esquerdo, giro temporal médio bilateral e lobo parietal

inferior bilateral e hipocampo (Shulman, Fiez et al. 1997, Binder, Frost et al. 1999, Mazoyer,

Zago et al. 2001). A rede de saliência é constituída pelo ACC e a ínsula bilateral, que por sua

vez envolve rede de conectividade extensa com várias regiões do córtex, incluindo o sistema

límbico (Seeley, Menon et al. 2007).

Para definição dessas redes foram utilizadas máscaras disponibilizadas pelo

Functional Imaging in Neuropsychiatric Disorders (FIND) Lab, Stanford University, EUA

(Figura 7).

Figura 7. Máscaras das redes DMN e saliência. Em azul são apresentadas as regiões que compõem a Default

Mode Network (DMN), e em vermelho as que compõem a Salience Network (SN).

3.5.3.3 Correlação entre os betas da tarefa de regulação emocional e as escalas

Para avaliar a correspondência entre mudanças das imagens de fMRI observadas no

protocolo de regulação emocional e as escalas (IDATE e PANAS), calculamos o coeficiente

de correlação de Pearson (r), entre mudanças nos valores de beta individual (depois – antes) e

mudanças na pontuação das escalas (depois – antes). Essa análise foi realizada apenas para as

ROI onde foram observadas diferenças significativas na ANOVA.

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3.5.4 Protocolo de resting state (rs-fMRI)

O protocolo de resting state durou 7.1 min, durante os quais os voluntários deveriam

permanecer deitados, imóveis e de olhos fechados. O voluntário foi orientado a prestar aten-

ção aos seus pensamentos durante esse período, pois teria que relatá-los ao término do exame

(relato do resting state).

3.5.5 Análise do protocolo de resting state (rs-fMRI)

As análises dos dados de rs-fMRI foram realizadas no functional connectivity toolbox

(CONN, https://www.nitrc.org/projects/conn). As etapas de pré-processamento incluíram a

exclusão dos três primeiros volumes, correção de movimento, correção de tempo entre fatias,

aplicação de filtro espacial gaussiano (FWHM = 8 mm), e normalização das imagens

estruturais e EPI para o padrão MNI152 (Montreal Neurological Institute), de 2 mm3 de

resolução espacial. Mais uma vez utilizamos o critério de excluir volumes cujo FD fosse

superior a 0.5mm ou a 3 desvios-padrão (DP) da média do sinal (no run). Além disso, os seis

parâmetros de movimento (três de translação e três de rotação) e suas derivadas foram

incluídos como regressores de não interesse. Ruídos fisiológicos (batimento cardíaco e

frequência respiratória) foram removidos usando o método CompCor, que utiliza a análise de

componente principal (PCA) para remoção dos sinais da matéria branca e do líquor (CSF).

Foi então aplicado um filtro temporal passa-banda de 0.01 a 0.1Hz.

Utilizando as mesmas ROI do protocolo de regulação emocional12

, extraímos as séries

temporais médias de cada uma delas, e calculamos a correlação cruzada (r) entre todos os

possíveis pares de ROI, gerando uma matriz de correlação de 16x16 elementos.

Para investigar possíveis efeitos do Bhastrika Pranayama sobre a correlação

(conectividade funcional) entre os pares de ROI, utilizamos análise de variância (ANOVA) de

medidas repetidas com 2 fatores: intervenção (pranayama x controle), e tempo (antes x após).

3.5.5.1 Correlação entre mudanças de conectividade funcional e das escalas

Para avaliar a correspondência entre mudanças na conectividade funcional das ROI

selecionadas e as mudanças observadas nos valores das escalas, calculamos o coeficiente de

correlação de Pearson entre as mudanças (depois-antes) individuais nos valores de

conectividade e as mudanças na pontuação das escalas (depois-antes). Para esses cálculos só

utilizamos pares de regiões que apresentaram diferença significativa na ANOVA.

12

Cíngulo anterior, amígdala, ínsula anterior, córtex orbitofrontal, dlPFC, dmPFC, vlPFC, vmPFC.

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3.6 Registro dos discursos

Os discursos foram registrados em gravador de voz MP3 (Sony icd-px240 Com Fm), e

em seguida transcritos pela empresa Audiotext (Curitiba-PR), especializada nesse tipo de ser-

viço. Para cada uma das duas sessões (antes e após o treinamento) foram registrados o relato

livre dos voluntários sobre os pensamentos que recordavam ter tido durante o protocolo de

resting state (relato livre, sem limite de tempo). Além desses foram registrados 4 relatos de

histórias baseadas em figuras do IAPS. Os voluntários deveriam criar e contar quatro histó-

rias diferentes: duas a partir de imagens neutras, e duas a partir de imagens negativas (relato

controlado por um tempo médio de 30 segundos). Primeiro foram apresentadas 2 imagens

neutras, seguidas das duas negativas. Para a primeira imagem de cada categoria, o participante

deveria criar uma história que levasse em conta impacto emocional direto causado por ela.

Para a segunda imagem, a história deveria ser criada após regular a imagem negativa para

reduzir seu impacto emocional. Ao todo foram 8 imagens (4 imagens neutras e 4 imagens

negativas, duas por sessão). As quatro imagens de cada sessão foram selecionadas aleatoria-

mente por indivíduo, por permutação em blocos dessas 8 imagens.

3.6.1 Análise da estrutura e semântica do discurso

Para análise da estrutura do discurso utilizamos o Speech Graph, programa que se ba-

seia na teoria de grafos, em que um discurso serve para a construção de uma rede complexa.

Nessa rede, as palavras representam os nós (N) e sua sequência é representada por arestas, que

ligam nós (palavras). O uso de técnica para análise do discurso como o Speech Graph levou à

recente descoberta de que parâmetros da teoria de grafos podem apoiar o diagnóstico diferen-

cial entre pacientes com esquizofrenia e transtorno bipolar (Mota, Vasconcelos et al. 2012,

Mota, Furtado et al. 2014), além disso, foi observado que alteração na estrutura do discurso

aparece correlacionada com déficits cognitivos na esquizofrenia (Mota, Copelli et al. 2017) e

na demência (Bertola, Mota et al. 2014) e durante o desenvolvimento infantil correlacionado

com a inteligência fluida (Mota, Weissheimer et al. 2016).

Além da análise da estrutura, fizemos análise levando em consideração características

semânticas do texto (Mikolov, Chen et al. 2013, Altszyler, Sigman et al. 2016). Através desta

representação cada palavra é mapeada em um vetor, onde palavras com significados

semelhantes tendem a estar mais próximas umas das outras. Dada uma representação

semântica, a semelhança semântica de duas palavras é calculada usando a medida de

semelhança de cosseno entre suas respectivas representações vetoriais. Assim, a semelhança

de dois textos pode ser calculada como a medida de semelhança de cosseno entre os vetores

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50

médios de cada texto. A técnica do word2vec consiste em uma rede neural de última geração

que é treinada para prever o contexto das palavras entre um grande corpus.

3.6.2 Análise da estrutura do discurso

Representamos cada relato como uma rede de palavras (Sigman and Cecchi 2002),

G=(N, E), com conjuntos de nós N = (n1, n2, ... nn) e arestas E = (wi, wj, ... wn). Nesta repre-

sentação, cada palavra é um nó, e a ligação temporal entre palavras consecutivas é uma aresta

(figura 8).

Figura 8. Exemplo de grafo. Grafo de relato verbal transcrito, em que cada palavra representa um nó e a se-

quência temporal do discurso é representada por uma aresta (Mota, Furtado et al. 2014).

Os seguintes 14 atributos de grafo do discurso (AGD) foram extraídos e analisados a

partir dos discursos transcritos, utilizando o software SpeechGraph (Mota, Vasconcelos et al.

2012, Mota, Furtado et al. 2014): total de nós (N) e arestas (E); total de nós no maior compo-

nente conectado (LCC), e no maior componente fortemente conectado (LSC), grau médio

total (ATD); arestas repetidas (RE), arestas paralelas (PE), ciclos de 1, 2 ou 3 nós (L1, L2 e

L3); densidade, diâmetro, caminho médio mais curto (ASP) e coeficiente de agrupamento

(CC) (figura 9).

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51

Figura 9. Exemplos de atributos obtidos a partir de grafos do discurso. Atributos: nós (N), arestas (E), total

de nós no maior componente conectado (LCC) e no maior componente fortemente conectado (LSC), arestas

repetidas (RE), arestas paralelas (PE), e ciclos de 1, 2 ou 3 nós (L1, L2 e L3) (Mota, Furtado et al. 2014).

Inicialmente separamos os textos em diferentes componentes, cada um formado por

um parágrafo que contém estrutura de pensamento contínua. A separação em componentes

ocorreu quando houve descontinuidade do pensamento, ou seja, sempre que houve interferên-

cia do avaliador. A análise considerou o texto normalizado pelo número de palavras (conside-

rando o menor número de palavras apresentado por algum sujeito da amostra total).

Para cada um dos atributos extraídos avaliamos o efeito do Bhastrika Pranayama por

ANOVA de medidas repetida com dois fatores: intervenção (pranayama x controle) e tempo

(antes x após). Foi utilizado p<0.05 como limiar estatístico.

3.6.3 Análise da semântica do discurso

Também analisamos características semânticas do discurso. Para tanto, os textos foram

traduzidos para o inglês usando o Google Translator. Os textos foram analisados através

programa Word2Vec desenvolvido em Python (Mikolov, Chen et al. 2013, Altszyler, Sigman

et al. 2016). Essa representação mapeia cada palavra para um vetor, onde palavras com

significados semelhantes tendem a estar mais próximas umas das outras. Dada uma

representação semântica, a semelhança semântica de duas palavras é calculada usando a

medida do cosseno entre suas respectivas representações vetoriais. Assim, a semelhança entre

duas palavras, entre dois textos, ou entre uma palavra e um texto podem ser calculadas usando

esse tipo de representação (Mikolov, Chen et al. 2013, Altszyler, Sigman et al. 2016).

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52

Para análise de mudança na semântica do texto utilizamos a ferramenta Word2Vector

para verificar correlação do texto com 4 palavras de interesse: ansiedade, calmo, negativo e

positivo. O efeito do pranayama foi avaliado por ANOVA de medidas repetidas, com o fator

“tempo” (antes e depois) intra-sujeitos, e o fator “intervenção” entre sujeitos.

3.6.4. Correlação entre atributos do discurso e as escalas

Para avaliar a correspondência entre mudanças na semântica do discurso e as escalas

(PANAS e IDATE), calculamos o coeficiente de correlação de Pearson entre as mudanças

individuais nos valores de similaridade do texto com cada palavra de interesse (depois – an-

tes) e mudança na pontuação das escalas (depois – antes).

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RESULTADOS

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54

4.1. Caracterização da amostra

Selecionamos 30 indivíduos saudáveis, jovens (média de 25 anos), de ambos os sexos

(15 mulheres), na maioria universitários, formando 15 voluntários por grupo (pranayama e

controle). Apresentamos na tabela 1 os dados sócio-demográficos dos voluntários do estudo

(os dados individuais são apresentados no apêndice IV). Os grupos não apresentaram diferen-

ça significativa com respeito a idade (t28=1.41; p=0.16), sexo (X2=0,13; p=0,71), escolaridade

(X2=2.91; p=0,23), e renda (X

2=0.57; p=0.90).

Tabela 1. Dados sócio-demográficos dos voluntários do estudo.

Pranayama Controle

Sexo (n; X2=0.13; p=0.71)

Masculino 7 8

Feminino 8 7

Idade (média + DP; t28=1.41; p=0.16) 24 ± 4.47 26.2 ± 4.05

Escolaridade em anos de estudo (n; X2=2.91; p=0.23)

Entre 9 e 11 4 5

Entre 12 e 16 10 6

Mais de 17 1 4

Renda em salários mínimos (n; X2=0.57; p=0.90)

De 1 a 2 6 5

Mais de 2 a 5 4 3

Mais de 5 a 10 3 4

Mais de 10 2 3

Teste chi-quadrado (X2) de Pearson e teste t de Student não pareado.

4.2. Efeitos do bhastrika pranayama sobre dados de escalas (IDATE & PANAS)

O preenchimento das duas escalas, IDATE e PANAS, foi completado por 14 voluntá-

rios do grupo pranayama, e 15 do grupo controle. Uma voluntária do grupo pranayama não

compareceu à segunda avaliação por motivos de saúde. Mesmo assim, as amostras permane-

ceram sem diferença significativa com respeito às variáveis sexo (X2=0.03; p=0.85), escolari-

dade (X2=2.48; p=0.28), renda (X2=0.45; p=0.92) e idade (t27=1.27; p = 0.21).

A figura 10 apresenta a inspeção dos dados para identificação de outliers. Essa análise

identificou um voluntário do grupo pranayama (P5) no IDATE-e e dois voluntários do grupo

controle (C7 e C9) no PANAS-e afeto negativo (Fig. 10). No apêndice VI são apresentadas as

médias de todos os indivíduos nessas duas escalas antes do treinamento.

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Figura 10. Boxplot identificando outliers nas escalas (IDATE e PANAS). Os pontos fora dos limites (identi-

ficados por °) representam outliers. Foi identificado um outlier do grupo pranayama no IDATE-e (P5) e dois

voluntários no PANAS-e afeto negativo (C7 e C9).

A figura 11 mostra os resultados da análise estatística do IDATE. A ANOVA revelou

interação significativa (treinamento e tempo) no IDATE-e (F1,26=4.30; p=0.048, Cohen’s

d=0.81), com redução dos níveis de ansiedade no grupo pranayama (t12=3.01; p=0.01) (Fig.

11a). Não foi observado efeito de interação significativa no IDATE-t (F1,27=2.13; p=0.16),

mas foi observado efeito do tempo (F1,27=7.16; p<0.05) (Fig. 11b).

Figura 11. Efeito do treinamento sobre o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE). Foi encontrada

interação significativa entre treinamento e tempo para o IDATE-e (F1,26=4.30; p=0.048, cohen’s d=0.81), mas

não para o IDATE-t. A figura mostra os valores médios e erro padrão da média para cada grupo (pranayama e

controle) antes e depois da intervenção. C=Controle e P=Pranayama.

A figura 12 mostra os resultados da PANAS. Foi encontrada interação significativa no

PANAS-e (F1,25=8.56; p=0.007, cohen’s d=1.17) (Fig. 12a), com redução de afeto negativo no

grupo pranayama (t13=3.43; p<0.01). Também foi encontrada interação significativa no PA-

Antes Depois25

30

35

40

45

Escore

médio

IDATE-e

C

P

(F1,26 = 4.30; p = 0.048)

Antes Depois30

35

40

45

50

Escore

médio

IDATE-t

C

P

(F1,27 = 2.13; p = 0.16)

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NAS-e (F1,27=5.91; p=0.02, cohen’s d=0.93) (Fig. 12b). Foi observada interação significativa

no PANAS-t (F1,27=7.35; p=0.01, cohen’s d=1.04) (Fig. 12d), e não foi identificada interação

significativa no PANAS-t afeto negativo (F1,27=3.78; p=0.06) (Fig. 12c).

Figura 12. Efeito do treinamento sobre o PANAS (estado e traço). Foi encontrada interação significativa

entre treinamento e tempo no PANAS-e, afeto negativo (F1,25=8.56; p=0.007, cohen’s d=1.17), afeto positivo

(F1,27=5.91; p=0.02, cohen’s d=0.93); e no PANAS-t, afeto positivo (F1,27=7.35; p=0.01, cohen’s d=1.04). Não

foi observada interação significativa no PANAS-t, afeto negativo (F1,27=3.78; p=0.06). A figura mostra os valo-

res médios e erro padrão da média para cada grupo (pranayama e controle) antes e depois da intervenção.

C=Controle e P=Pranayama.

4.3. Efeitos do bhastrika pranayama sobre dados de fMRI

Além da voluntária que não completou a segunda avaliação da escala, outros 3

voluntários, 2 do grupo controle (C8 e C12) e 1 grupo pranayama (P8), tiveram que ser

excluídos da análise de fMRI por excesso de artefato de movimento (FD). A amostra final dos

dados de fMRI ficou, assim, composta por 26 voluntários: 13 do grupo pranayama e 13 do

grupo controle. Essa amostra também não apresenta diferença significativa com respeito aos

dados sócio-demográficos como idade (t24=1.33; p=0.19), sexo (χ2=0.15; p=0.69),

escolaridade (χ2=2.40; p=0.30), e renda (χ2=0.62; p=0.88).

Antes Depois8

10

12

14

16

18

20

Escore

médio

PANAS-e Afeto Negativo

C

P

(F1,25 = 8.56; p = 0.007)

Antes Depois24

26

28

30

32

34

36

Escore

médio

PANAS-e Afeto Positivo

C

P

(F1,27 = 5.91; p = 0.02)

Antes Depois10

12

14

16

18

20

22

Escore

médio

PANAS-t - Afeto Negativo

C

P

(F1,27 = 3.78; p = 0.06)

Antes Depois28

30

32

34

36

38

40

Escore

médio

PANAS-t - Afeto Positivo

C

P

(F1,27 = 7.35; p = 0.01)

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4.3.1 fMRI: características das imagens apresentadas

As imagens selecionadas para a primeira e segunda sessões não apresentaram diferen-

ça significativa (teste-t de Student, não pareado) com relação à valência das imagens neutras

(t34=0.49, p=0,62), à valência das imagens negativas (t70=0.62, p=0.54), à ativação das ima-

gens neutras (t34=0.56, p=0.58), e à ativação das imagens negativas (t70=0.80; p=0.42).

As imagens negativas foram utilizadas em duas condições: olhar passivamente a ima-

gem negativa (NEG) ou regular a imagem negativa para reduzir seu impacto emocional

(REG). Não há diferença significativa (teste-t de Student, não pareado) entre condições, com

relação à valência na sessão 1 (t34=0.12; p=0.91), valência na sessão 2 (t34=0.51; p=0.61), nem

tampouco com relação à excitação na sessão 1 (t34=1.78; p=0,08), e sessão 2 (t34=0.53;

p=0.60). Na medida do possível, procuramos manter equivalentes as imagens da primeira e

segunda sessões com relação ao conteúdo apresentado (ferimentos com criança, animais, mu-

lheres, homens, acidentes de carro, queimadura, cemitérios e vômitos).

4.3.2 Notas atribuídas ao impacto emocional das imagens apresentadas.

A figura 13 mostra as respostas (notas) ao julgamento do impacto emocional causado

pelas imagens apresentadas. A análise de variância (ANOVA) incluiu dois fatores intra-

sujeitos (within), condição (NEU, NEG, REG) e tempo (antes e depois), e um fator entre su-

jeitos (between), a intervenção (pranayama e controle). Não foi observado efeito da interven-

ção, do tempo, nem interação entre eles. Foi observado efeito significativo com relação à con-

dição (NEU, NEG, REG) (F2,24=96.72; p<0.0001). Análise post-hoc, corrigido por múltiplas

comparações pelo teste de Sidak, mostrou diferenças significativas entre as condições NEG x

NEU (p < 0.0001), e entre NEG x REG (p < 0.0001), mas não entre REG x NEU (p=0.77). As

notas atribuídas na condição NEG foram mais baixas que nas condições NEU e REG, e às da

condição NEU praticamente iguais às notas da condição REG.

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Figura 13. Notas atribuídas ao julgamento do impacto emocional causado pelas imagens apresentadas.

Análise post-hoc revelou diferença significativa entre as condições NEG x NEU (p<0.0001), NEG x REG

(p<0.0001), mas não entre REG x NEU (p=0.77).

4.3.3 Efeito principal da tarefa de regulação emocional

Para avaliar quais regiões responderam às diferentes condições do protocolo de regu-

lação emocional (efeito principal da tarefa) foram utilizadas as imagens de primeiro nível de

todos os indivíduos antes da intervenção (N=26), e os seguintes contrastes foram explorados:

NEG (Fig. 14), REG (Fig. 15), NEG>REG (nenhuma área significativa) e REG>NEG (Fig.

16). Utilizamos pcdt<0.001, e pfwe<0.05, com correção small volume. Não observamos regiões

significativas para o efeito principal da tarefa no contraste NEG>REG.

A figura 14 (tabela 2) mostra o resultado do efeito geral da tarefa na condição NEG.

Observamos modulação significativa da atividade de todas as regiões de interesse, exceto pela

amígdala e vmPFC (figura 14 & tabela 2).

Controle

NEG REG NEU0

1

2

3

4

5

Nota

média

Antes

Depois

***

***

Pranayama

NEG REG NEU0

1

2

3

4

5

Nota

média

Antes

Depois

***

***

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Efeito principal da tarefa (condição NEG)

Figura 14. Efeito principal da tarefa na condição NEG. Mapas estatísticos obtidos a partir dos dados de todos

os voluntários (N=26) antes da intervenção. Foram utilizados pcdt<0.001, correção small volume, e pfwe<0.05.

Tabela 2. ROI estatisticamente significativas pelo efeito principal da tarefa (N=26) na condição NEG,

antes da intervenção. Foram utilizados pcdt<0.001, com correção small volume, e pfwe<0.05.

Região anatômica Hemisfério pfwe k T [x,y,z,] mm

Cíngulo anterior E <0.001 228 6.39 -6 28 30

Cíngulo anterior D <0.002 139 4.72 8 26 28

Ínsula anterior E <0.0001 183 7.68 -44 16 -4

Ínsula anterior D <0.0001 194 5.55 44 16 0

Córtex Orbitofrontal E <0.0001 787 9.64 -46 36 -12

Córtex Orbitofrontal D <0.0001 490 7.38 46 26 -8

dlPFC E <0.0001 1645 7.75 -38 42 -2

dlPFC D <0.0001 1813 6.27 42 32 30

dmPFC E <0.0001 970 8.08 -6 26 52

dmPFC D <0.0001 274 7.13 8 26 48

vlPFC E <0.0001 1823 9.16 -50 18 0

vlPFC D <0.0001 1673 10.19 56 26 6

*k=número de voxels no cluster. T=tmax do cluster (peak-voxel). [x y z]=MNI do peak-voxel em mm.

A figura 15 (tabela 3) apresenta os resultados do efeito principal da tarefa para a con-

dição REG. Observamos modulação significativas na maior parte da rede de regulação emo-

cional, exceto na amígdala e o vmPFC bilateral (figura 15 & tabela 3).

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Efeito principal da tarefa (condição REG)

Figura 15. Efeito principal da tarefa na condição REG. Mapas estatísticos obtidos a partir dos dados de todos

os voluntários (N=26) antes da intervenção. Foram utilizados pcdt<0.001, correção de small volume, e pfwe<0.05.

Table 3. ROI estatisticamente significativas pelo efeito principal da tarefa (N=26) na condição REG,

antes da intervenção. Foram utilizados pcdt<0.001, com correção de small volume, pfwe<0.05.

Região anatômica Hemisfério pfwe k T [x,y,z,] mm

Cíngulo anterior E <0.0001 305 7.38 -8 26 30

Cíngulo anterior D <0.001 172 5.72 4 32 28

Ínsula anterior E <0.0001 174 8.84 -44 16 -4

Ínsula anterior D <0.0001 192 6.20 46 18 -4

Córtex Orbitofrontal E <0.0001 1061 12.85 -48 32 -10

Córtex Orbitofrontal D <0.0001 552 9.78 48 30 -10

dlPFC E <0.0001 1485 9.85 -38 18 54

dlPFC E <0.0001 1033 8.54 -44 48 0

dlPFC D <0.0001 2241 8.36 26 52 32

dmPFC E <0.0001 964 12.82 -6 26 52

dmPFC E <0.027 53 4.17 -8 64 26

dmPFC D <0.0001 463 8.20 4 20 44

vlPFC E <0.0001 1713 11.05 -52 18 -2

vlPFC D <0.0001 1271 10.31 54 30 -2

*k=número de voxels no cluster. T=tmax do cluster (peak-voxel). [x y z]=MNI do peak-voxel em mm.

Na figura 16 (tabela 4) apresentamos os resultados do efeito principal da tarefa agora

para o contraste REG>NEG. Encontramos mudança significativa em um cluster localizado no

córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo (dlPFC) (figura 16, tabela 4).

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Efeito principal da tarefa (contraste REG>NEG)

Figura 16. Efeito principal da tarefa no contraste REG>NEG. Mapas estatísticos obtidos a partir dos dados

de todos os voluntários (N=26) antes da intervenção. Foram utilizados pcdt<0.001, correção de small volume, e

pfwe<0.05.

Table 4. ROI estatisticamente significativas pelo efeito principal da tarefa (N=26) no contraste

REG>NEG, antes da intervenção. Foram utilizados pcdt<0.001, com correção de small volume, pf-

we<0.05.

Região anatômica Hemisfério pfwe k T [x,y,z,] mm

Pré-frontal dorsolateral (dlPFC) E <0.0001 717 6.80 -46 8 52

*k=número de voxels no cluster. T=tmax do cluster (peak-voxel). [x y z]=MNI do peak-voxel em mm.

4.3.4 Efeitos do Bhastrika Pranayama na regulação emocional: análise cérebro inteiro

Para avaliar os efeitos relacionados ao treinamento, realizamos análise exploratória de

cérebro inteiro utilizando ANOVA de medidas repetidas para cada contraste de interesse com

pcdt=0.001, correção small volume para cada ROI, e pfwe<0.05. Os contrastes REG>NEG e

NEG>REG foram avaliados em um único teste ANOVA, uma vez que são complementares.

A Figura 17 mostra os mapas estatísticos obtidos a partir dessa análise. Foi encontrada

interação significativa, entre intervenção e tempo, no cíngulo anterior direito e ínsula anterior

direita para o contraste NEG e no vmPFC esquerdo para os contrastes REG e REG>NEG.

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Contraste NEG – ACC direito

Contraste NEG – Ínsula anterior direita

Contraste REG – vmPFC esquerdo

Contraste REG>NEG – vmPFC esquerdo

Figura 17. Efeito do treinamento na análise do cérebro inteiro. Mapas estatísticos obtidos a partir da análise

exploratória de cérebro inteiro utilizando ANOVA de medidas repetidas para cada contraste de interesse com

pcdt=0.001, correção small volume, e pfwe<0.05. Foi encontrada interação significativa, entre intervenção e tempo,

no cíngulo anterior direito e ínsula anterior direita para o contraste NEG e no vmPFC esquerdo para os contrastes

REG e REG>NEG.

Não encontramos diferença significativa de interação (intervenção x tempo) na análise

de cérebro inteiro utilizando a máscara da DMN e da rede de saliência.

4.3.5 Efeitos do Bhastrika Pranayama na regulação emocional: análise por ROI

O efeito do pranayama foi avaliado, ainda, por ANOVA de medidas repetidas, com o

fator “tempo” (antes e depois) intra-sujeitos, e o fator “treinamento” entre sujeitos, para as

condições e contrastes descritos acimas. Mais uma vez, foram utilizadas as ROI que partici-

pam de processos de regulação emocional: i) cíngulo anterior bilateral, ii) amígdala bilateral,

iii) ínsula anterior bilateral, iv) córtex órbitofrontal bilateral, v) córtex pré-frontal dorsolateral

bilateral, vi) córtex pré-frontal dorsomedial bilateral, vii) córtex pré-frontal ventrolateral bila-

teral, viii) córtex pré-frontal ventromedial bilateral. Obtivemos os valores médios, e respecti-

vos erros padrão, dos valores de beta em cada uma dessas ROI, antes e após a intervenção.

A figura 18 mostra os resultados da interação (intervenção x tempo) para a condição

NEG. Encontramos interação significativa (intervenção x tempo) na ínsula anterior direita

(F1,24=13.88; p=0.001, Cohen’s d=1.52), ínsula anterior esquerda (F1,24=11.67, p=0.002, Co-

hen’s d=1.39) e amígdala direita (F1,24=5.24; p=0.03, Cohen’s d=0.93). Observamos, ainda,

que a atividade da ínsula direita e esquerda aumentaram significativamente após o treinamen-

to no grupo pranayama.

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63

Interação (ANOVA) para a condição NEG

Figura 18. Efeito do treinamento durante a condição NEG. São mostrados os valores de beta médio (±se)

para cada grupo. Encontramos interação significativa (intervenção x tempo) na ínsula anterior direita

(F1,24=13.88; p=0.001, Cohen’s d=1.52), na ínsula anterior esquerda (F1,24=11.67, p=0.002, Cohen’s d=1.39), e

na amígdala direita (F1,24=5.24, p=0.03, cohen’s d=0.93). C=Controle e P=Pranayama.

Na figura 19 apresentamos os resultados da interação (intervenção x tempo) para a

condição REG. Encontramos interação significativa no vmPFC esquerdo (F1,24=5.52, p=0.02,

Cohen’s d=0.95) e no cíngulo anterior direito (F1,24=7.42, p=0.01, Cohen’s d=1.11). Explo-

rando as mudanças no grupo pranayama encontramos que a tarefa de regular imagens negati-

vas após o Bhastrika Pranayama foi acompanhada por aumento significativo dos betas no

cíngulo anterior direito (t12=2.37; p<0.05).

Interação (ANOVA) para a condição REG

Figura 19. Efeito do treinamento durante a condição REG. São mostrados os valores de beta médio (±se)

para cada grupo. Encontramos interação significativa (intervenção x tempo) no vmPFC esquerdo (F1,24=5.52,

p=0.02, Cohen’s d=0.95) e no cíngulo anterior direito (F1,24=7.42, p=0.01, Cohen’s d=1.11). C=Controle e

P=Pranayama.

A figura 20 mostra os resultados da interação (intervenção x tempo) para o contraste

NEG>REG. A ínsula anterior direita foi a única região onde encontramos interação significa-

tiva (F1,24=10.38; p=0.003, cohen’s d=1.31).

Antes Depois0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

Beta

médio

Ínsula anterior direita

C

P

(F1,24 = 13.88; p = 0.001)

Antes Depois0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

Beta

médio

Ínsula anterior esquerda

C

P

(F1,24 = 11.67; p = 0.002)

Antes Depois-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

Beta

médio

Amígdala direita

C

P

(F1,24 = 5.24; p = 0.03)

Antes Depois-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

Beta

médio

vmPFC esquerdo

C

P

(F1,24 = 5.52; p = 0.02)

Antes Depois-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

Beta

médio

Cíngulo anterior direito

C

P

(F1,24 = 7.42; p = 0.01)

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64

Interação (ANOVA) para a condição NEG>REG

Figura 20. Efeito do treinamento para o contraste NEG>REG. São mostrados os valores de beta médio (±se)

para cada grupo. Encontramos interação significativa (p<0.05) entre intervenção e tempo para a ROI da ínsula

anterior direita (F1,24=10.38; p=0.003, cohen’s d=1.31). C=Controle e P=Pranayama.

4.3.6 Correlação entre os betas do protocolo de regulação emocional e as escalas

Observamos que na tarefa olhar imagens negativas o grupo que fez a prática do prana-

yama apresentou variação no afeto negativo de forma correlacionada com variação na ativi-

dade da amígdala direita (r=0.58, p=0.03), ínsula direita (r=0.72 e p=0.005) e ínsula esquerda

(r=0.67, p=0.01) (Fig. 21). Ou seja, entre os indivíduos que fizeram o pranayama, os que mais

aumentaram a atividade nessas áreas foram os que reduziram menos o afeto negativo.

Figura 21. Correlação de Pearson entre mudanças na escala PANAS-e afeto negativo e valores de beta

para o contraste Negativo. Valores são representados como mudanças nos valores individuais de beta (depois –

antes) e na pontuação da escala (depois – antes). Correlação positiva significativa foi encontrada na amígdala

direita (r=0.58, p=0.03, N=26), ínsula direita (r=0.72 e p=0.005) e ínsula esquerda (r=0.67, p=0.01).

4.3.7 Efeitos do bhastrika pranayama sobre dados de resting state-fMRI

Para avaliar o efeito do bhastrika pranayama sobre a conectividade funcional (fc,

functional connectivity) de algumas áreas que participam do processo de regulação emocional,

calculamos a correlação cruzada entre os 16 pares de ROI utilizadas no protocolo de regula-

ção emocional. O efeito do pranayama foi avaliado por ANOVA de medidas repetidas, com o

fator tempo (antes e depois) intra-sujeitos, e o fator treinamento, entre sujeitos.

Antes Depois-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

Beta

médio

Ínsula anterior direita

C

P

(F1,24 = 10.38; p = 0.003)

-0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8-15

-10

-5

0

5

Delta Amígdala direita

Delta P

AN

AS

-e A

feto

Negativo

r = 0.58

p = 0.03

-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6-15

-10

-5

0

5

Delta Ínsula anterior direita

Delta P

AN

AS

-e A

feto

Negativo

r = 0.72

p = 0.005

-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6-15

-10

-5

0

5

Delta Ínsula anterior esquerda

Delta P

AN

AS

-e A

feto

Negativo

r = 0.67

p = 0.01

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65

A figura 22 mostra o efeito do treinamento sobre a conectividade funcional (fc) envol-

vendo a ínsula anterior direita. Encontramos interação significativa (intervenção x tempo) na

conectividade funcional entre a ínsula anterior direita e: o vlPFC direito (F1,27=4.72; p=0.03,

Cohen’s d=0.83), vlPFC esquerdo (F1,27=4.73; p=0.03, Cohen’s d=0.83), cíngulo anterior di-

reito (F1,27=4.47; p=0.04, Cohen’s d=0.86), dmPFC direito (F1,27=7.07; p=0.01, Cohen’s

d=1.02), dmPFC esquerdo (F1,27=5.17; p=0.03, Cohen’s d=0.87). No entanto, explorando as

mudanças no grupo pranayama não foi encontrada redução significativa em nenhum par des-

sas áreas.

Interação (ANOVA) para dados rs-fMRI, ínsula anterior direita

Figura 22. Efeito do treinamento sobre a conectividade funcional na ínsula anterior direita. São mostrados

os valores de correlação entre os pares de estruturas, nos dois tempos (antes e depois) para os dois grupos (pra-

nayama e controle). Encontramos interação significativa (intervenção x tempo) nas mudanças dos valores de

conectividade funcional entre a ínsula anterior direita e: vlPFC direito (F1,27=4.72; p=0.03, Cohen’s d=0.83),

vlPFC esquerdo (F1,27=4.73; p=0.03, Cohen’s d=0.83), cíngulo anterior direito (F1,27=4.47; p=0.04, Cohen’s

d=0.86), dmPFC direito (F1,27=7.07; p=0.01, Cohen’s d=1.02), e dmPFC esquerdo (F1,27=5.17; p=0.03, Cohen’s

d=0.87). C=Controle e P=Pranayama.

A figura 23 mostra o efeito do treinamento sobre a conectividade funcional (fc) do

vlPFC. Encontramos interação significativa (intervenção x tempo), da conectividade do

vlPFC direito e as seguintes estruturas: vmPFC direito (F1,27=8.00; p=0.008, Cohen’s d=1.08),

vmPFC esquerdo (F1,27=4.82; p=0.03, Cohen’s d=0.84), dlPFC direito (F1,27=6.54; p=0.01,

cohen’s d=0.98) e dmPFC direito (F1,27=8.57; p=0.006, Cohen’s d=1.12). Análise específica

para verificar mudanças no grupo pranayama mostrou redução significativa entre vlPFC direi-

to e dlPFC direito (t13=3.97; p=0.001).

Antes Depois0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

z e

score

Ínsula anterior direita x vlPFC direito

(F1,27 = 4.72; p = 0.03)

C

P

Antes Depois0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

z e

score

Ínsula anterior direita x vlPFC esquerdo

(F1,27 = 4.73; p = 0.03)

C

P

Antes Depois0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

z e

score

Ínsula anterior direita x ACC direito

(F1,27 = 4.47; p = 0.04)

P

C

Antes Depois-0.2

-0.1

0.0

0.1

0.2

z e

score

Ínsula anterior direita x dmPFC direito

(F1,27 = 7.07; p = 0.01)

C

P

Antes Depois-0.2

-0.1

0.0

0.1

0.2

z e

score

Ínsula anterior direita x dmPFC esquerdo

(F1,27 = 5.17; p = 0.03)

P

C

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66

Interação (ANOVA) para dados rs-fMRI, vlPFC direito

Figura 23. Efeito do treinamento sobre a conectividade funcional no vlPFC direito. São mostrados os valo-

res de correlação entre os pares de estruturas, nos dois tempos (antes e depois). Encontramos interação significa-

tiva (intervenção x tempo) entre o vlPFC direito e: vmPFC direito (F1,27=8.00; p=0.008, Cohen’s d=1.08),

vmPFC esquerdo (F1,27=4.82; p=0.03, Cohen’s d=0.84), dlPFC direito (F1,27=6.54; p=0.01, Cohen’s d=0.98),

dmPFC direito (F1,27=8.57; p=0.006, Cohen’s d=1.12). C=Controle e P=Pranayama.

4.3.8 Correlação entre dados de resting state-fMRI e escalas (IDATE & PANAS)

Observamos que no grupo que fez a prática do pranayama variação no estado de ansi-

edade foi correlacionado com variação na conectividade entre ínsula e vlPFC direito (r=0.56,

p=0.03) e ínsula e vlPFC esquerdo (r=0.55, p=0.03) (Fig. 24). Ou seja, entre os indivíduos

que fizeram o pranayama, os que mais reduziram a conectividade foram os que mais reduzi-

ram o afeto negativo.

Figura 24. Correlação de Pearson entre mudanças na escala IDATE-e e conectividade funcional entre

ínsula anterior e vlPFC. Valores são representados como mudanças nos valores individuais de beta (depois –

antes) e na pontuação da escala (depois – antes). Correlação positiva significativa foi encontrada entre variação

no estado de ansiedade e conectividade da ínsula com vlPFC direito (r=0.56, p=0.03) e da ínsula com vlPFC

esquerdo (r=0.55, p=0.03).

Antes Depois-0.2

-0.1

0.0

0.1

0.2

z e

score

vlPFC direito x vmPFC direito

(F1,27 = 8.00; p = 0.008)

C

P

Antes Depois-0.2

-0.1

0.0

0.1

0.2

z e

score

vlPFC direito x vmPFC esquerdo

(F1,27 = 4.82; p = 0.03)

P

C

-1.0 -0.5 0.0 0.5-30

-20

-10

0

10

Delta Ínsula anterior direita x vlPFC direito

Delta ID

AT

E-e

r = 0.56p = 0.03

-0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4-30

-20

-10

0

10

Delta Ínsula anterior direita x vlPFC esquerdo

Delta ID

AT

E-e

r = 0.55 p = 0.03

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67

4.4 Efeitos do bhastrika pranayama sobre o discurso

Dados de 14 indivíduos do grupo pranayama e 15 do grupo controle e foram incluídos

na análise de dados do discurso.

Na análise de mudança na estrutura do discurso não foi observada interação significa-

tiva para nenhum atributo do grafo.

Na análise da semântica encontramos interação significativa (intervenção x tempo) no

relato sobre os pensamentos que tiveram durante o resting state quando analisamos as pala-

vras: ansiedade (F1,27=6.52; p=0.01, Cohen’s d=0.98), negativo (F1,27=5.56; p=0.02, Cohen’s

d=0.91) e positivo (F1,27=6.20; p=0.01, Cohen’s d=0.95). Não encontramos diferença signifi-

cativa para a palavra calmo (F1,27=0.43; p=0.51, Cohen’s d=0.95). Fig.25. Análise explorató-

ria para verificar mudanças no grupo pranayama mostrou redução significativa entre o discur-

so e a palavra ansiedade (t13=2.68; p=0.01).

Interação (ANOVA) para análise semântica do discurso

Figura 25. Análise semântica do relato sobre o resting state. São mostrados os valores médio para cada pala-

vra de interesse e o erro padrão da média para cada grupo. Encontramos interação significativa quando avalia-

mos a similaridade com as palavras ansiedade (F1,27=6.52; p=0.01, Cohens´d=0.98), negativo (F1,27=5.56;

p=0.02, Cohen’s d=0.91) e positivo (F1,27=6.20; p=0.01, Cohen’s d=0.95). C=Controle e P=Pranayama.

4.4.1 Correlação do discurso com as escalas

Não foi observada correlação significativa entre as mudanças no discurso e as escalas

no grupo pranayama.

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DISCUSSÃO

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69

De forma geral, após o treinamento do bhastrika pranayama observamos mudanças

em três diferentes condições: uma condição de repouso, em que avaliamos a conectividade

funcional entre áreas, e duas condições envolvendo valência emocional (tarefa de olhar ima-

gens negativas e tarefa de regular imagens negativas para reduzir seu impacto emocional). Na

condição de repouso encontramos: 1) redução dos níveis de ansiedade e de afeto negativo; 2)

redução significativa de conectividade funcional entre o vlPFC à direita e o dlPFC à direita, 3)

correlação positiva entre dados de rs-fMRI e escala IDATE. Especificamente, entre os indiví-

duos do grupo pranayama, os que mais reduziram a conectividade entre ínsula anterior à direi-

ta e o vlPFC bilateral também apresentaram maior redução nos níveis de ansiedade e 4) redu-

ção significativa na relação semântica entre os textos transcritos e a palavra ansiedade na aná-

lise do discurso. Na condição de regular imagens negativas identificamos maior atividade no

cíngulo anterior direito. Na tarefa de olhar imagens negativas: 1) aumento na atividade da

ínsula anterior bilateral e 2) correlação positiva entre dados de fMRI e a escala PANAS, mais

especificamente, indivíduos do grupo pranayama os que mais aumentaram a atividade na a-

mígdala, e ínsula bilateral foram os que menos reduziram o afeto negativo.

A redução nos níveis de ansiedade tem sido observada como efeito da prática de pra-

nayama (Kjellgren, Bood et al. 2007, Gupta, Kumar et al. 2010, Nemati 2013) e meditação

(Goldin and Gross 2010, Hölzel, Hoge et al. 2013, Kocovski, Fleming et al. 2013). Em acha-

dos anteriores, a prática do pranayama reduziu níveis de ansiedade após 3 meses de prática do

Pranayama Anuloma-Viloma (alternância das narinas durante a inspiração e expiração)

(Gupta, Kumar et al. 2010), bem como após 1 semestre de treino com respiração lenta

(Nemati 2013) e após 6 semanas da prática de Sudarshan Kriya (Kjellgren, Bood et al. 2007).

Outro estudo randomizado, controlado, mostrou que um mês de meditação mindfulness ou

relaxamento somático reduz a angústia e melhora estados de humor positivo em comparação a

um grupo controle sem treinamento (Jain, Shapiro et al. 2007).

A redução nos níveis de ansiedade e afeto negativo encontrada em nosso estudo po-

dem estar relacionadas à modulação no equilíbrio simpatovagal, em direção à predominância

da atividade parassimpática. Modulação nesse sentido tem sido observada após a prática

Bhastrika Pranayama (Santaella, Devesa et al. 2011) podendo levar à redução do estresse

observado após prática de pranayamas (Brown and Gerbarg 2005, Brown and Gerbarg 2005,

Brown, Gerbarg et al. 2009).

Durante a condição de repouso observamos também que o impacto do pranayama so-

bre os dados de rs-fMRI foi de levar à redução da conectividade funcional entre as diferentes

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70

áreas pré-frontais que participariam dos processos de reavaliação (vlPFC e dlPFC). Além dis-

so, observamos que redução da conectividade entre o vlPFC (direito e esquerdo) e a ínsula

direta estão correlacionadas às reduções observadas no estado de ansiedade, mostrando que

entre os indivíduos que fizeram o pranayama, os que mais reduziram a conectividade entre

essas áreas foram os que mais reduziram os níveis de ansiedade. A redução na conectividade

entre áreas que fazem parte do protocolo de regulação emocional, talvez esteja relacionada a

menor necessidade de engajamento de áreas relacionadas a emoção em um momento que não

há estímulo emocional envolvido.

Estudos avaliando a conectividade entre áreas envolvidas no processo de regulação

emocional também observaram relação da conectividade com estados de humor. Por exemplo,

foi visto que escores mais altos no temperamento de evitar danos correlaciona com mais forte

conectividade da amígdala esquerda com córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC) e da a-

mígdala direita com o córtex pré-frontal dorsomedial (dmPFC). Essa maior conectividade

entre essas áreas durante o repouso pode representar um marcador de vulnerabilidade para a

sensibilidade ao estresse e à ansiedade (Baeken, Marinazzo et al. 2014). De forma semelhante

tem sido sugerido que para parar a geração de estados ansiosos, a força da conectividade fun-

cional entre a amígdala e áreas do córtex pré-frontal medial durante o repouso representa uma

interferência eficiente entre essas regiões cerebrais (Kim, Loucks et al. 2011).

Ainda nessa parte do protocolo (resting state) instruímos os voluntários a ficarem a-

tentos, sem interferir, aos pensamentos presentes, para que pudessem relatá-los após o exame.

Na análise dos relatos observamos redução significativa da relação semântica entre os relatos

e as palavras “ansiedade”, levando a crer que o grupo pranayama apresentou relato com me-

nos envolvimento emocional e menos fluxo espontâneo de pensamento após o pranayama.

Mudança no fluxo espontâneo do pensamento pela meditação tem sido sugerida, por

escalas e em estudos usando a fMRI. Por exemplo, a prática de meditação com foco na respi-

ração leva a maior descentramento do pensamento, em que se percebe mais facilmente vários

aspectos relacionados ao pensamento ao invés de focar em um único conteúdo e tentar alterá-

lo. Além disso, foi visto mais fraca associação entre a frequência do pensamento repetitivo e

as reações negativas aos pensamentos (Feldman, Greeson et al. 2010). Ainda, estudo por f-

MRI sugere que praticantes regulares de meditação Zen apresentam duração reduzida da res-

posta neural ligada ao processamento conceitual em regiões da DMN, sugerindo que o trei-

namento meditativo pode promover a capacidade de controlar a cascata automática de associ-

ações semânticas desencadeadas por um estímulo (Pagnoni, Cekic et al. 2008).

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71

Com relação à estrutura do discurso não identificamos diferenças relacionadas ao pra-

nayama. Talvez a mudança na estrutura do discurso ocorra em processos que apresentam mu-

danças mais expressivas envolvendo mudanças na cognição dos indivíduos como foi observa-

do por parâmetros da teoria de grafos para diagnóstico diferencial entre pacientes com esqui-

zofrenia e transtorno bipolar (Mota, Vasconcelos et al. 2012, Mota, Furtado et al. 2014), alte-

ração na estrutura do discurso correlacionado com déficits cognitivos na esquizofrenia (Mota,

Copelli et al. 2017) e na demência (Bertola, Mota et al. 2014) e durante o desenvolvimento

infantil correlacionado com a inteligência fluida (Mota, Weissheimer et al. 2016).

Dessa forma, o impacto do pranayama sobre os dados de resting state foi de levar à

redução na conectividade em áreas do córtex pré-frontal, frequentemente relacionados aos

mecanismos de regulação top-down, como o vlPFC e o dlPFC (Ochsner and Gross 2005) e

redução na relação semântica entre o relato dos pensamentos espontâneos e a palavra “ansie-

dade”.

Já na tarefa de regular imagens negativas observamos que o impacto do pranayama foi

visto pelo aumento da atividade do ACC, uma área envolvida no processo de avaliação e rea-

valiação do estímulo. Mais usualmente as funções atribuídas ao ACC têm seguido divisão

anatômica em duas porções, uma dorsal e outra ventral (Stevens, Hurley et al. 2011). A por-

ção ventral, onde se encontra o giro subgenual, está fortemente conectada ao sistema límbico,

e sua relação com a emoção remonta aos primeiros modelos da emoção propostos por James

Papez em 1937 (Papez 1937). Já a porção dorsal se conecta primariamente a extensas porções

do córtex pré-frontal, e tem sido relacionado a diferentes funções executivas (Seeley, Menon

et al. 2007), particularmente a resolução de conflitos, e tomada de decisão. Porém, estudos

mais recentes têm revelado que essa dicotomia não se sustenta plenamente, e as duas porções

participam ativamente do processamento emocional, em particular na avaliação e reavaliação

de estímulos emocionais (Kalisch 2009, Etkin, Egner et al. 2011).

O impacto emocional de estímulos, sejam internos ou externos, pode ser modulado por

mecanismos bottom-up, como por exemplo durante a resolução de conflito emocional em ta-

refas de Stroop afetivo (Etkin, Egner et al. 2006), ou intencionalmente por mecanismos de

controle executivo, top-down. A estratégia mais bem estudada desse tipo de habilidade inten-

cional se dá por mecanismos de reavaliação (reappraisal), em que estratégias cognitivas são

utilizadas deliberadamente para diminuir o impacto e reação emocional a dado estímulo

(Gross 2002). Estudos recentes têm apontado para o envolvimento do ACC tanto nos meca-

nismos de avaliação como de reavaliação emocionais de estímulos (Etkin, Egner et al. 2006,

Page 72: pranayama) sobre a ansiedade, afeto, discurso e imagem … · 2017-11-25 · imagem positiva), seguida por 6s (b) de apresentaÇÃo da imagem (neutra ou ... boxplot identificando

72

Kalisch 2009). Curiosamente, esses estudos encontraram principalmente associação consis-

tente entre o ACC dorsal e tarefas de reavaliação emocional (reappraisal), mas não com o

ACC ventral (subgenual).

O principal modelo de reavaliação emocional parte da hipótese que a atenuação do

impacto emocional de um estímulo negativo se daria pela regulação da atividade da amígdala

por regiões do córtex pré-frontal medial e dorsal lateral (Kalisch 2009). Dentro desse modelo,

portanto, porções ventrais do ACC teriam papel modulatório entre essas regiões pré-frontais e

estruturas pré-frontais laterais, com quem a amígdala mantém pouca ou nenhuma conectivi-

dade direta (Amaral, Price et al. 1992, Etkin, Egner et al. 2006). De fato, porções ventrais do

ACC também se apresentam modulados durante tarefas de reconhecimento explícito de emo-

ções (Lieberman, Eisenberger et al. 2007), ou durante tarefas de distração a estímulos emo-

cionais condicionados (Delgado, Nearing et al. 2008), duas condições que são acompanhadas

pela diminuição da atividade da amígdala.

De forma geral, os protocolos de reavaliação emocional (reappraisal) parecem recru-

tar extensa rede de áreas do cérebro, envolvendo principalmente estruturas do córtex pré-

frontal que exerceriam o papel inibitório sobre a amígdala, em especial o vlPFC, e o dlPFC

(Ochsner and Gross 2005). A meditação também é um processo de regulação emocional e

alguns estudos têm mostrado que o impacto da meditação é semelhante a processos de regula-

ção emocional como o de reavaliação (reappraisal), ou seja, a prática de meditação está asso-

ciada com reduzida ativação da amígdala em resposta a estímulos emocionais com imagens

negativas, sem estar em estado meditativo (Desbordes, Negi et al. 2012, Hölzel, Hoge et al.

2013), bem como durante estado meditativo (Goldin and Gross 2010, Taylor, Grant et al.

2011, Lutz, Herwig et al. 2014). Além disso, a regulação da emoção é associada a aumento da

atividade de áreas pré-frontais laterais (Farb, Anderson et al. 2010, Hölzel, Hoge et al. 2013).

Este tipo de regulação da emoção tem sido encontrado em estratégia de regulação “top-down”

das regiões pré-frontais do cérebro em regiões cerebrais que geram as emoções, como a amíg-

dala (Lorenz, Minoshima et al. 2003, Quirk and Beer 2006).

No entanto esse modelo de regulação não tem sido o único para explicar o impacto do

yoga na regulação emocional. Outra proposta é que a ínsula e o cíngulo anterior também pode

exercer um papel de controle inibitório sobre a amígdala (Etkin, Egner et al. 2006, Brown,

Gerbarg et al. 2013) sem ativação concomitante de áreas de córtex pré-frontal, particularmen-

te dlPFC, vlPFC e córtex órbito-frontal (Chambers, Gullone et al. 2009, Gyurak, Gross et al.

2011). Esse tipo de estratégia de regulação emocional tem sido denominado “bottom-up” por-

Page 73: pranayama) sobre a ansiedade, afeto, discurso e imagem … · 2017-11-25 · imagem positiva), seguida por 6s (b) de apresentaÇÃo da imagem (neutra ou ... boxplot identificando

73

que caracteriza-se por uma reatividade reduzida direta das regiões cerebrais inferiores que

geram as emoções, sem um recrutamento ativo de regiões cerebrais superiores, como o córtex

pré-frontal (Chambers, Gullone et al. 2009, van den Hurk, Janssen et al. 2010, Westbrook,

Creswell et al. 2013).

No nosso estudo, identificamos mudanças significativas de redução da conectividade

funcional entre o vlPFC e o dlPFC durante o resting state e na tarefa de regular observamos

maior atividade do ACC sem aumento da atividade do dlPFC e vlPFC. Desse modo, é mais

provável que esses mecanismos de regulação que encontramos envolvam processos bottom-up

(Pessoa, Padmala et al. 2005, Gard, Hölzel et al. 2011, Grant, Courtemanche et al. 2011,

Zeidan, Martucci et al. 2011), que tem se revelado importante para os mecanismos de regula-

ção da emoção.

Na tarefa de regular do nosso estudo também encontramos interação significativa no

córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC), embora não tenhamos encontrado diferença signifi-

cativa para o grupo pranayama, observamos apenas uma tendência de aumento. O vmPFC

integra avaliações afetivas de estímulos específicos feitos pela amígdala e estriado ventral

com inputs de outras regiões, incluindo sistemas de lobo temporal medial, que fornecem in-

formações históricas sobre encontros prévios com os estímulos, tão bem como inputs motiva-

cional do tronco cerebral e centros de controle pré-fontal que fornecem informações sobre os

objetivos comportamentais atuais (Price 1999, Ochsner, Bunge et al. 2002). Assim, o vmPFC

rastreia a avaliação (Ochsner, Silvers et al. 2012). As lesões do córtex pré-frontal ventromedi-

al resultam em comportamento sociopático e dificuldade em fazer escolhas apropriadas (Price

1999). Além disso, seguindo a ideia tradicional do feedback corporal na emoção, o córtex pré-

frontal ventromedial é considerado como um possível marcador somático (Damasio 1996).

O modelo de regulação emocional, baseado na reavaliação (reappraisal) sugere áreas

envolvidas com a geração da emoção e áreas envolvidas com a regulação da emoção. As áreas

envolvidas com a geração da emoção são: amígdala, estriado ventral, ínsula e córtex pré-

frontal ventromedial (vmPFC). A região mais comumente modulada é a amígdala, seguida

pelo estriado ventral. A ínsula e o vmPFC são as regiões menos comumente modificadas

(Ochsner and Gross 2005, Wager, Davidson et al. 2008). E o vmPFC pode ter um potencial

papel na reavaliação como um modulador (Ochsner, Silvers et al. 2012).

Com relação à amígdala, principal estrutura envolvida nos processos de geração da

emoção, nós não observamos mudanças nas tarefas descritas anteriormente, mas observamos

um efeito de interação na amígdala direita durante a tarefa de olhar imagens negativas.

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A amígdala tem sido a região anatômica mais estudada nos processos ligados a experi-

ências emocionais. Essa estrutura faz parte do sistema límbico e está associada principalmente

a emoções negativas, especialmente de medo (LeDoux 2000). Duas vias de ativação da amíg-

dala são propostas: uma rápida, de projeção direta do tálamo, e outra lenta, composta pela

projeção do tálamo para o córtex e deste para a amígdala (LeDoux 2000). Estudos em huma-

nos apontam, por exemplo, que a amígdala responde e habitua a estímulos negativos, particu-

larmente de medo (Breiter, Etcoff et al. 1996), que essas respostas ocorrem mesmo quando

estímulos são apresentados de forma subliminar (<30 ms) (Whalen, Rauch et al. 1998), e que

a lesão bilateral da amígdala leva à deterioração no reconhecimento e expressão de medo

(Adolphs, Tranel et al. 1995).

Além disso, a amígdala também está envolvida no processamento de estímulos com

valência positiva, sugerindo uma possível resposta generalizada aos estímulos com valência

emocional (Breiter, Etcoff et al. 1996, Hamann, Ely et al. 1999, Davis and Whalen 2001),

pois a amígdala participa na detecção de faces de medo como também de faces felizes, quan-

do comparadas a faces neutras (Breiter, Etcoff et al. 1996); na aprendizagem de estímulos de

valência positiva (Davis and Whalen 2001), na modulação da força de codificação da memó-

ria para eventos de acordo com a importância emocional, independentemente da emoção ser

agradável ou aversiva (Hamann, Ely et al. 1999).

No entanto, nos estudos de regulação emocional o que tem sido proposto de forma ge-

ral é que a tarefa de regulação de estímulos negativos leva à redução da atividade da amígda-

la. Alguns mecanismos têm sido propostos para representar a regulação do impacto emocional

de um estímulo sobre a atividade da amígdala. Evidências apontam que tanto as estratégias de

reavaliação (reappraisal) do estímulo emocional como a redução voluntária da alocação da

atenção no estímulo envolvem regulação top-down por regiões pré-frontais, ínsula e ACC,

reduzindo a atividade da amígdala (Ochsner and Gross 2005, Pessoa, Padmala et al. 2005,

Chiesa, Serretti et al. 2013).

A interdependência entre atenção e emoção tem sido foco de intensa pesquisa (Pessoa,

Kastner et al. 2002). De forma geral, evidências sugerem a interferência direta entre a aloca-

ção da atenção para dado estímulo interfere no impacto emocional causado por ele (Pessoa,

Kastner et al. 2002). De fato, parece que mudanças na carga de atenção, como por exemplo

pela tarefa de julgar a semelhança de orientação entre duas barras, leva à redução da atividade

da amígdala. Quanto mais a atenção é necessária, menor a atividade da amígdala (Pessoa,

Padmala et al. 2005). Além disso, tem sido observado que o traço de afeto positivo pode in-

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fluenciar a modulação da amígdala nesses protocolos envolvendo tarefas concorrentes de a-

tenção e emoção, de modo que quanto maior o traço de afeto positivo, menor a atividade na

amígdala (Sanchez, Mocaiber et al. 2015).

Várias evidências recentes sugerem a interferência de práticas meditativas sobre a ati-

vidade da amígdala. O achado mais consistentemente é uma redução na atividade da amígdala

em resposta a estímulos emocionais com imagens negativas seja por processos top-dowm

(Goldin and Gross 2010, Taylor, Grant et al. 2011, Desbordes, Negi et al. 2012, Hölzel, Hoge

et al. 2013, Lutz, Herwig et al. 2014) ou bottom-up (Chambers, Gullone et al. 2009, van den

Hurk, Janssen et al. 2010, Chiesa, Serretti et al. 2013, Westbrook, Creswell et al. 2013). Um

desses estudos que sugere influência da meditação nos mecanismo de modulação bottom-up

durante a presença de estímulos dolorosos, envolve aumento na atividade da ínsula, ACC e

tálamo, e redução da atividade de áreas envolvidas em funções executivas (córtex pré-frontal

e hipocampo), e de processamento emocional (amígdala) (Grant, Courtemanche et al. 2011).

No caso do nosso estudo observamos efeito de interação (tempo vs intervenção) na

amígdala direita, com tendência de aumento da atividade dessa área associado ao treino do

bhastrika pranayama durante a observação de imagens negativas. Além disso, observamos

correlação positiva entre as mudanças de atividade da amígdala e de afeto negativo promovi-

das pelo treino do pranayama. No grupo que treinou o pranayama os indivíduos que mais

aumentaram a atividade na amígdala direita foram os que menos reduziram os escores de afe-

to negativo. Durante esses períodos do protocolo, os indivíduos foram explicitamente orienta-

dos a simplesmente observar e julgar o impacto emocional da figura, mantendo o foco da a-

tenção na imagem, ou seja, mantendo os olhos abertos e voltados para o estímulo. Dessa for-

ma, acreditamos que ao contrário do processo de relocação da atenção em outra atividade,

buscamos manter constante a alocação deliberada da atenção que o voluntário dedicava ao

estímulo. Ainda, durante essa etapa do protocolo o indivíduo não realizava a reavaliação (re-

appraisal) dos estímulos.

Na tarefa de olhar imagens negativas também verificamos que os indivíduos do grupo

pranayama aumentaram a atividade na ínsula anterior (direita e esquerda). E o aumento da

atividade na ínsula bilateral se apresentou diretamente correlacionado às mudanças de afeto

negativo, de modo que quanto maior a mudança de sinal na ínsula, menor a redução de afeto

negativo.

Nossos achados suportam a hipótese que mudanças na atividade da ínsula após o trei-

namento do pranayama têm origem em mudanças de atenção interoceptiva, visto pela modu-

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lação da atividade da ínsula envolvidas em processos de interocepção e emoção (Wiens

2005). Há um longo debate sobre a associação entre a percepção dos sinais aferentes dos sis-

temas viscerais e a experiência emocional (James 1982). Alguns trabalhos recentes têm suge-

rido que a ligação entre esses dois sistemas é direta, a ponto de ser possível prever e separar

emoções distintas a partir de sinais cardiorrespiratórios (Bechara and Naqvi 2004, Rainville,

Bechara et al. 2006). Além disso, estudos recentes sugerem a percepção consciente das sensa-

ções do interior do corpo (interocepção), como batimentos cardíacos, está relacionada à expe-

riência emocional (Wiens 2005). Por exemplo, indivíduos com boa habilidade interoceptiva13

reportam sentir emoções mais intensas que aqueles com menor habilidade (Barrett, Quigley et

al. 2004). Em paralelo, estudos de neuroimagem funcional têm sugerido que a ínsula anterior

está intimamente ligada à habilidade de interocepção, provendo parte de um possível substrato

neural para a ligação entre experiências emocionais e o sistema autonômico (Critchley, Wiens

et al. 2004, Wiens 2005, Calì, Ambrosini et al. 2015). Alguns desses estudos têm encontrado

ainda correlação entre a atividade da ínsula anterior e traços de ansiedade (Critchley, Wiens et

al. 2004), resposta a estímulos de nojo (Calder, Keane et al. 2000), e traços de interocepção

(Critchley, Wiens et al. 2004).

Por outro lado, há evidências recentes que a habilidade interoceptiva pode ser

incrementada pela prática da meditação (Mehling, Price et al. 2012). Estudo recentes

sugerem, ainda, que esse aumento da ciência interoceptiva é acompanhado por mudanças

estruturais e funcionais. Por exemplo, meditadores experientes apresentam aumento de

espessura cortical da ínsula anterior direita, quando comparados a não-meditadores (Lazar,

Kerr et al. 2005). Ainda, a avaliação longitudinal da prática de 8 semanas de mindfulness

sugere aumento do recrutamento de áreas relacionadas à representação visceral, incluindo a

ínsula direita, ACC direito, vmPFC e vlPFC (Farb, Anderson et al. 2010).

Junto com o ACC, a ínsula bilateral forma a rede de saliência, que por sua vez envolve

rede de conectividade extensa com várias regiões do córtex, incluindo o sistema límbico

(Seeley, Menon et al. 2007). Essa rede parece participar na percepção de estímulos salientes,

entendidos nesse contexto como eventos que causam surpresa, e estímulos agradáveis e grati-

ficantes, ou envolventes emocionalmente (Uddin 2016).

Assim como a ínsula participa do processo de detecção de estímulos, a amígdala direi-

ta também é associada a um papel na detecção de estímulo emocional dinâmico, fornecendo

um nível global de ativação autonômica desencadeada automaticamente por um estímulo ex-

13

Indivíduos que conseguiram detectar com maior precisão seus próprios batimentos cardíacos.

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citante. Já a amígdala esquerda parece estar mais envolvida em decodificar um estímulo espe-

cífico e fazer avaliação mais sustentada (Wright, Fischer et al. 2001, Gläscher and Adolphs

2003)

Dessa forma, acreditamos que o aumento da atividade na amígdala e ínsula anterior

durante o protocolo de olhar imagens negativas pode representar uma maior detecção de estí-

mulos com valência emocional com maior reatividade dessas áreas para essa tarefa, ao contrá-

rio do que imaginamos inicialmente. Esse resultado pode representar maior reatividade, de

forma semelhante a um estudo que avaliou os efeitos agudos sobre a pressão sanguínea, de

uma técnica de relaxamento, um treino de exercício ergométrico e a combinação deles, na

linha de base e em condição de estresse (Stroop color test). A princípio não era esperada mai-

or reatividade no grupo relaxamento. O resultado mostrou que as pressões sanguíneas, sistóli-

ca e diastólica, diminuíram significativamente após todas as intervenções. As reduções em

ambas às pressões foram significativamente maiores após a sessão exercício + relaxamento.

Durante o estresse mental (Stroop color test), a pressão sistólica aumentou significativamente

e de forma semelhante após todas as sessões experimentais. A pressão diastólica também au-

mentou significativamente durante o estresse, no entanto, o aumento foi significativamente

maior após a sessão relaxamento. No final do estresse mental, a pressão diastólica foi signifi-

cativamente menor após as sessões exercício e após exercício + relaxamento do que após as

sessões controle e relaxamento (Santaella, Araújo et al. 2006).

Além da hipótese de aumento da atividade da amígdala e ínsula estar associada a mai-

or detecção de estímulos e maior reatividade seria que o aumento da ínsula estaria inibindo a

amígdala, dessa forma o aumento da amígdala seria por mais conexões inibitórias para essa

área. No entanto, nesse estudo não é possível verificar essas hipóteses, pois o dado compor-

tamental que temos do impacto da imagem sobre o indivíduo foi a resposta do indivíduo na

escala likert de 5 pontos que avaliava se a imagem era muito negativa até muito positiva, e

essa variável não foi sensível para o efeito da intervenção. Talvez se tivéssemos avaliado pa-

râmetros de modulação no sistema nervoso autônomo, como variabilidade da frequência car-

díaca, condutância da pele, dilatação de pupila durante os protocolos de fMRI, poderia nos

ajudar a entender se o aumento da amígdala e ínsula durante a tarefa de olhar imagens negati-

vas se deve a um aumento de função simpática ou parassimpática. Assim, apesar do nosso

estudo sugerir um efeito benéfico do treino do pranayama em 4 semanas, baseado em variá-

veis de escalas de ansiedade e afeto, discurso e padrões de reorganização na fMRI, a falta de

avaliação de parâmetros de modulação no sistema nervoso autônomo é uma limitação para a

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interpretação de alguns dados. Outras limitações desse estudo incluem: o tempo relativamente

curto de intervenção e o número relativamente pequeno de voluntários.

A nossa perspectiva com esse estudo é ter contribuído para entender alguns aspectos

do efeito do pranayama sobre processos de regulação emocional, e ser base para novas inves-

tigações nessa área, em especial para entender melhor sobre a atividade da amígdala e ínsula,

áreas importantes nos processos de regulação emocional e nos efeitos do yoga.

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CONCLUSÃO

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A intervenção de 4 semanas de treinamento do Bhastrika Pranayama promoveu:

Redução de níveis de ansiedade e afeto negativo;

Durante o estado de repouso, redução da conectividade funcional entre áreas envolvidas no

processo de geração e regulação emocional;

Redução na relação semântica do relato dos pensamentos durante o repouso e a palavra

ansiedade sugerindo menos pensamentos com teor negativo.

Durante a tarefa de regulação emocional observamos engajamento do cíngulo anterior, sem

aumento da atividade de estruturas envolvidas no processo de regulação cognitiva, como

dlPFC e vlPFC. Sugerindo, portanto, possível mudança sobre processos de regulação emocio-

nal bottom-up e não top-down;

Durante a tarefa de olhar imagens negativas observamos modulação da ínsula anterior, além

de apresentar interação na amígdala direita com tendência de aumento nessa região, sugerindo

2 possibilidades de modulação: O aumento da atividade da ínsula inibindo a amígdala, dessa

forma o aumento da amígdala seria por mais conexões inibitórias para essa área, ou aumento

da atividade da ínsula e amígdala devido à maior reatividade dos indivíduos ao visualizar as

imagens negativas, detectando e percebendo mais aspectos da imagem.

Correlação entre os dados da tarefa de olhar imagens negativas com o afeto negativo, de

forma que os indivíduos que mais reduziram o afeto negativo foram os que observamos me-

nor atividade da amígdala e ínsula. Dessa forma, talvez com mais tempo de treino e com im-

pactos maiores sobre o afeto negativo promova uma reatividade menor de áreas de geração da

emoção.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE

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Apêndice I: QUESTIONÁRIO CLÍNICO

Nome: ______________________________________________________Data:____________________

Telefone:___________________________E-mail:____________________________________________

1) Com relação ao coração, você já teve algum desses problemas?

- Infarto agudo do miocárdio: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo? _____________

- Arritmia cardíaca: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo?______________

- Dor no peito ao realizar esforço físico: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo? _____________

- Pressão alta: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo? _____________

- Cirurgia ou cateterismo cardíaco: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo? _____________

2) Com relação ao sistema respiratório, você já teve algum desses problemas?

- Rinite crônica, com obstrução da narina: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo? ___________

- Asma ou bronquite: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo? _____________

- Enfisema pulmonar: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo? _____________

3) É portador de crises convulsivas ou crises de ausência?

( ) não ( ) sim

4) Você já foi diagnosticado com:

( ) Depressão ( ) Estresse pós-traumático ( )Transtorno Bipolar

( ) Epilepsia ( ) Síndrome do pânico ( )Transtorno de Ansiedade Generalizada

( ) Fobia Social ( ) Nenhuma das alternativas ( ) Outro: _________________________

5) Fez ou faz uso de algum medicamento?

( ) não ( ) sim. Qual(is)?__________________________________________

6) Já praticou Yoga antes?

( ) não ( ) sim

Se sim. Qual frequência? ___ vezes/semana

Há quanto tempo?__________________

7) Já praticou exercícios respiratórios de Yoga antes?

( ) não ( ) sim

Se sim. Qual frequência? ___ vezes/semana

Há quanto tempo?__________________

8) Pratica atividade física regularmente?

( ) não ( ) sim

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Se sim. Qual atividade?_________________________________________

Qual frequência? _____ vezes/semana

Há quanto tempo?_________________

9) Possui algum metal no corpo (aparelho ou próteses dentárias; tatuagem ou maquiagem definitiva; piercing;

grampos cirúrgicos, clipes ou suturas metálicas; pino, parafuso, prego, arame, chapa, no osso/articulações; clipe

de aneurisma; marca-passo cardíaco, qualquer outro metal ou corpo estranho?

( ) não ( ) sim. Qual?_________________________________________

10) Usa óculos?

( ) não ( ) sim

Se sim. Qual é o diagnóstico? ( ) miopia ( ) hipermetropia ( ) astigmatismo ( ) Outro_________

Qual o grau em cada olho?__________________Usa ou usou lente de contato?____________________

11) É usuário de:

( ) Bebidas Alcoólicas ( ) Cigarro (tabaco) ( ) Maconha ( ) Cocaína

( ) Crack ( ) LSD ( ) Ecstasy ( ) Nenhuma das alternativas

Se sim. Há quanto tempo? _______________ Se parou. Há quanto tempo? _____________________

14) Tem disponibilidade para 3 vezes por semana (segunda, quarta e sexta) ir ao núcleo de yoga do professor

Hermógenes na UFRN para realizar o treinamento respiratório do yoga durante 30 minutos?

( ) não ( ) sim.

Se sim. Quais horários seriam possíveis?

Segunda (Entre 09:00hs as 14:00hs)_______________________________________________________

Quarta-feira (Entre 09:00hs as 14:00hs)____________________________________________________

Sexta (Entre 09:00hs as 14:00hs)__________________________________________________________

15) Peso:_______________

16) Altura:______________

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Apêndice II: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar da pesquisa: “Efeitos do yoga sobre a variabilidade da frequência cardía-

ca, o eletroencefalograma, a qualidade de vida, o cortisol salivar e a neuroimagem funcional por ressonância

magnética de adultos saudáveis”, que tem como pesquisadora responsável Alessandra Mussi Ribeiro, o pesqui-

sador associado Danilo Forghieri Santaella e a pesquisadora Morgana Menezes Novaes.

Esta pesquisa pretende estudar a influência do treinamento em técnicas de Yoga no funcionamento do seu cora-

ção e no controle que o cérebro tem sobre ele.

O motivo que nos leva a fazer este estudo é sabermos que existe uma forte ligação entre a respiração e o funcio-

namento do coração e do cérebro. Há estudos demonstrando que o treinamento respiratório pode melhorar o

funcionamento cardíaco e outros mostrando efeitos positivos no cérebro, mas nenhum que estude a relação des-

ses efeitos entre si. Além disso, sabe-se que o estresse e a depressão podem influenciar negativamente esses

órgãos, prejudicando a qualidade de vida. Os exercícios propostos podem funcionar também como tratamento

auxiliar no combate aos efeitos negativos do estresse e da depressão, sem ter os efeitos colaterais que os medi-

camentos apresentam.

Pesquisa: “Efeitos do yoga sobre a variabilidade da frequência cardíaca, o eletroencefalograma, a qualidade de

vida, o cortisol salivar e a neuroimagem funcional por ressonância magnética de adultos saudáveis”.

Com este documento, pretendemos esclarecer a você tudo sobre a pesquisa que estamos desenvolvendo.

Objetivo: Essa pesquisa tem como objetivo investigar se a prática de yoga exerce influência sobre o contro-

le que o seu cérebro tem sobre o coração e também verificar se a qualidade de vida e o hormônio do es-

tresse podem ser alterados através de uma intervenção de yoga.

Participação: Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento,

retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade.

Caso você decida aceitar o convite, no primeiro encontro você deverá responder 5 questionários: 1- infor-

mações de saúde e sócio-econônomicas; 2- avaliação da qualidade de vida; 3- inventário de sintomas de

estresse; 4- avaliação de depressão e 5- avaliação de ansiedade, todos objetivos e de múltipla escolha – você

tem o direito de se recusar a responder as perguntas que lhe causem constrangimento de qualquer nature-

za. Você também será submetido a uma avaliação de pressão arterial, frequência cardíaca e também de

peso e estatura, para que possamos determinar o seu Índice de Massa Corporal (IMC). Esta avaliação

será realizada através de uma balança colocada no chão, que estará na própria sala onde você responderá

os questionários. Posteriormente, será coletada uma amostra de saliva (por um procedimento indolor,

através de um “salivette” estéril (peça plástica que contém uma gaze absorvente que deverá ser colocada

na boca por dois minutos), realizada por um profissional de saúde qualificado. Na primeira semana da

pesquisa, você deverá se comprometer a comparecer à UFRN por uma semana, todos os dias, durante

uma hora, para aprender as técnicas que serão treinadas. Depois disso, levará para casa um CD de áudio

com os exercícios que deverão ser realizados diariamente por mais 30 dias. Após o início de seu treina-

mento com o CD, marcaremos encontros semanais na UFRN para esclarecimentos de dúvidas acerca dos

exercícios. O senhor receberá um código de participação na pesquisa, o que manterá sua identidade em

sigilo. Para o controle da adesão à prática, encaminharemos uma folha-relatório, em que o senhor marca-

rá com um “X” os dias em que realizar as práticas. Além disso, também terá que estar disponível para

realizar 3 exames laboratoriais (um no início, outro ao término de 1 mês e outro ao final do estudo, isto é,

depois de 2 meses). Estimamos que cada exame demore um tempo total de aproximadamente uma hora.

Serão utilizados aparelhos que avaliam os batimentos cardíacos, pressão arterial, a respiração e as ondas

cerebrais, com eletrodos de eletrocardiograma, eletroencefalograma e cintas que medem a respiração.

Esses aparelhos não precisam de agulhas, não provocam dor e não têm qualquer risco de provocar choque

elétrico. São usados sempre materiais descartáveis e esterilizados que excluem qualquer risco de infecção.

Além desses, será feito o exame de Ressonância Magnética funcional. O qual não oferece risco a saúde do

indivíduo, mas algumas pessoas podem ficar ansiosas e ter dificuldades para ficar deitada imóveis durante

o exame ou sentirem incômodo pelo ruído durante o exame. Estes desconfortos serão minimizados, pois

será explicado todo o procedimento antes do exame e serão utilizados fones de ouvido e em caso de descon-

forto o exame será interrompido.

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Durante todo o exame o senhor permanecerá sentado em repouso. Em todas as etapas dos testes, o pesqui-

sador dará todas as explicações possíveis, respondendo a todas as suas dúvidas que surgirem. Para os

prosseguimentos você receberá instruções detalhadas sobre as datas e períodos que você participará das

atividades que serão realizadas durante sua participação na pesquisa.

Riscos e Benefícios: Caso seja de seu interesse, poderemos lhe informar o resultado que você obteve nos testes,

em caráter privado, mas alertamos que estes testes não têm nenhuma função de diagnóstico. A pesquisa não

representa nenhum risco à sua saúde. Durante os exercícios respiratórios, será oferecida orientação e assistência

permanente por profissional qualificado – em caso de necessidade, por favor entre em contato com: Prof. Dr.

Danilo Forghieri Santaella (Tel.: 84 8887-0444, e-mail: [email protected]) ou com a doutoranda Morgana Mene-

zes Novaes (telefone 84 96040663, e-mail: [email protected]). Nós asseguramos que seu nome nunca

aparecerá nos questionários, mas apenas suas iniciais, que posteriormente serão substituídas por códigos (núme-

ros). Os dados serão guardados em local seguro, sob a responsabilidade das pesquisadoras e a divulgação dos

resultados será feita de forma a não identificar de forma alguma os voluntários. Como benefício, poderemos

verificar se a prática de yoga pode resultar em bem-estar físico e mental, além disso, e você aprenderá uma téc-

nica respiratória conhecida há milênios na Índia como um auxiliar para o relaxamento e a meditação, o que deve

contribuir para pacificar a sua saúde física e psicológica.

Garantias: Sempre estaremos disponíveis para lhe esclarecer dúvidas, qualquer que seja o momento da pesqui-

sa. Em qualquer momento, você poderá desistir da colaboração, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou pena-

lidade. Todos os dados que você fornecer à pesquisa serão sigilosos, ficarão guardados em segurança por um

período de 5 anos e só serão utilizados para essa pesquisa; caso tenhamos a intenção de utilizá-los em outra pes-

quisa, o (a) senhor(a) será consultado(a). Os resultados serão publicados sem nenhuma identificação dos voluntá-

rios. Caso você tenha algum gasto decorrente da pesquisa, nós faremos o ressarcimento dele e caso você venha a

ter algum dano, comprovadamente decorrente dessa pesquisa, os pesquisadores Profª Dra. Alessandra Mussi

Ribeiro e Danilo Forghieri Santaella, juntamente com a UFRN, serão responsáveis por sua indenização. Caso

você tenha alguma dúvida, poderá entrar em contato com os responsáveis pelos telefones: 3215-3409 e 8887-

0444 ou no Departamento de Fisiologia, Centro de Biociências, UFRN, Campus Universitário, s/nº, Lagoa Nova,

Natal-RN ou pelos e-mails: [email protected] ou [email protected]. Caso você tenha alguma dúvida

ética da nossa pesquisa, pode entrar em contato com o Comitê de Ética da UFRN - CEP/CENTRAL pelo fone:

3215-3135. Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador res-

ponsável (Alessandra Mussi Ribeiro).

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados nessa pesqui-

sa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os

meus direitos, concordo em participar da pesquisa “Efeitos do Yoga sobre a variabilidade da frequência cardíaca,

o eletroencefalograma, a qualidade de vida e o cortisol salivar de adultos saudáveis”, e autorizo a divulgação das

informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado me identi-

fique.

Declaro estar ciente e informado sobre os pro-cedimentos de realização da pesquisa, conforme explicitados acima, e aceito participar voluntari-amente da mesma. NOME:______________________________

ASSINATURA:_______________________

Natal, ____/ ____/____

Assumo o compromisso de cumprir todos os procedimentos descritos acima respeitando a legislação da ética na pesqui-sa.

Natal, ____/____/____

____________________________________________ Profª Dra. Alessandra Mussi Ribeiro

_____________________________________________ Prof. Dr. Danilo Forghieri Santaella

____________________________________________ Doutoranda Morgana Menezes Novaes

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Apêndice III: TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA GRAVAÇÃO DE VOZ

Eu, ________________________________________________, depois de entender os riscos e benefí-

cios que a pesquisa intitulada “Efeitos do yoga sobre a variabilidade da frequência cardíaca, o eletroencefa-

lograma, a qualidade de vida, o cortisol salivar e a neuroimagem funcional por ressonância magnética de

adultos saudáveis” poderá trazer e, entender especialmente os métodos que serão usados para a coleta de dados,

assim como, estar ciente da necessidade da gravação de minha entrevista, AUTORIZO, por meio deste termo,

os pesquisadores responsáveis por este estudo a realizarem a gravação da minha voz durante os experimentos

sem custos financeiros a nenhuma parte.

Esta AUTORIZAÇÃO foi concedida mediante o compromisso dos pesquisadores em garantir-me os

seguintes direitos:

1. poderei ler a transcrição de minha gravação;

2. os dados coletados serão usados exclusivamente para gerar informações para a pesquisa aqui relatada

e outras publicações dela decorrentes, quais sejam: revistas científicas, congressos e jornais;

3. minha identificação não será revelada em nenhuma das vias de publicação das informações geradas;

4. qualquer outra forma de utilização dessas informações somente poderá ser feita mediante minha auto-

rização;

5. serei livre para interromper minha participação na pesquisa a qualquer momento e/ou solicitar a posse

da gravação e transcrição de minha entrevista.

Local/Data:_________________________________________________________

________________________________________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

_______________________________________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

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Apêndice IV: QUESTIONÁRIO EPIDEMIOLÓGICO

Nome_________________________________________________________

Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

Data de nascimento:______________________

Cidade/Estado:__________________________________________________________

Telefone: ___________________________

Qual seu estado civil?

( ) Solteiro(a) ( ) Separado(a) / divorciado(a)

( ) Casado(a) ( ) Viúvo(a)

Como você se considera:

( ) Branco(a) ( ) Pardo(a) ( ) Preto(a)

( ) Amarelo(a) ( ) Indígena

Qual a sua religião?

( ) Católica ( ) Protestante ou Evangélica

( ) Espírita ( ) Umbanda ou Candomblé

( ) Sem religião ( ) Outro:

Quantas pessoas moram em sua casa? (Contando com seus pais, irmãos ou outras pessoas que moram em uma

mesma casa): ( ) Duas pessoas ( ) Três ( ) Quatro ( ) Cinco ( ) Mais de seis ( ) Moro sozinho(a)

Escolaridade:

( ) Ensino fundamental incompleto

( ) Ensino fundamental completo

( ) Ensino médio incompleto

( ) Ensino médio completo

( ) Superior incompleto

( ) Superior completo

( ) Pós graduação incompleta

( ) Pós graduação completa

Você trabalha, ou já trabalhou, ganhando algum salário ou rendimento?

( ) Trabalho, estou empregado com carteira de trabalho assinada

( ) Trabalho, mas não tenho carteira de trabalho assinada

( ) Trabalho por conta própria, não tenho carteira de trabalho assinada

( ) Já trabalhei, mas não estou trabalhando

( ) Nunca trabalhei

( ) Nunca trabalhei, mas estou procurando trabalho

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Somando a sua renda com a renda das pessoas que moram com você, quanto é, aproximadamente, a renda fami-

liar? (Considere a renda de todos que moram na sua casa)

( ) Até 1 salário mínimo (até R$ 678,00 inclusive)

( ) De 1 a 2 salários mínimos (de R$ 678,00 até R$ 1.356,00 inclusive)

( ) De 2 a 5 salários mínimos (de R$ 1.356,00 até R$ 3.390,00 inclusive)

( ) De 5 a 10 salários mínimos (de R$ 3.390,00 até R$ 6.780,00 inclusive)

( ) De 10 a 30 salários mínimos (de R$ 6.780,00 até R$ 20.340,00 inclusive)

( ) De 30 a 50 salários mínimos (de R$ 20.340,00 até R$ 33.900,00 inclusive)

( ) Mais de 50 salários mínimos (mais de R$ 33.900,00)

( ) Nenhuma renda

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Apêndice V – Dados sócio-demográficos dos voluntários.

ID Sexo Idade Escolaridade Renda da casa Cor Religião Emprego Estado civil

C1 M 21 Médio incompleto Mais de 5 a 10 Branca Católica Empregado Solteiro

C2 F 33 superior completo Mais de 5 a 10 Parda Frequenta o Santo Daime Empregado Solteiro

C3 F 29 Pós graduação incompleta Mais de 10 Branca Católica Empregado Solteiro

C4 M 25 Médio incompleto Até 2 Parda Protestante ou Evangélica Empregado Solteiro

C5 M 23 Superior incompleto Mais de 2 a 5 Parda Sem religião Empregado Solteiro

C6 M 23 Superior incompleto Até 2 Parda Sem religião Estudante Solteiro

C7 F 27 superior completo Mais de 5 a 10 Branca Espírita Estudante Solteiro

C8 M 21 Médio completo Até 2 Parda Protestante ou Evangélica Empregado Solteiro

C9 F 32 Pós graduação incompleta Mais de 10 Branca Católica Empregado Casado

C10 M 21 Médio incompleto Até 2 Parda Protestante ou Evangélica Empregado Casado

C11 F 26 Superior incompleto Mais de 10 Branca Sem religião Estudante Solteiro

C12 F 25 Médio completo Até 2 Branca Sem religião Estudante Solteiro

C13 F 32 Pós graduação completa Mais de 2 a 5 Branca Católica Empregado Solteiro

C14 M 27 superior completo Mais de 2 a 5 Parda Católica Empregado Solteiro

C15 M 28 Pós graduação incompleta Mais de 5 a 10 Parda Protestante ou Evangélica Empregado Solteiro

P1 F 28 Superior incompleto Mais de 5 a 10 Branca Sem religião Empregado Solteiro

P2 F 33 Pós graduação completa Mais de 2 a 5 Branca Sem religião Empregado Solteiro

P3 M 21 Médio completo Mais de 5 a 10 Branca Católica Empregado Solteiro

P4 M 20 Médio incompleto Mais de 2 a 5 Branca Protestante ou Evangélica Empregado Solteiro

P5 M 21 Médio incompleto Até 2 Parda Protestante ou Evangélica Empregado Solteiro

P6 F 23 Superior incompleto Até 2 Branca Católica Estudante Solteiro

P7 F 32 Superior completo Até 2 Parda Sem religião Estudante Solteiro

P8 M 21 Médio completo Até 2 Parda Sem religião Empregado Solteiro

P9 M 24 Superior incompleto Até 2 Parda Sem religião Estudante Casado

P10 F 21 Superior incompleto Mais de 10 Parda Protestante ou Evangélica Empregado Solteiro

P11 F 23 Superior incompleto Mais de 10 Branca Sem religião Estudante Solteiro

P12 M 21 Superior incompleto Mais de 2 a 5 Branca Sem religião Estudante Solteiro

P13 M 30 Superior completo Mais de 5 a 10 Branca Sem religião Empregado Solteiro

P14 F 20 Superior incompleto Mais de 2 a 5 Branca Católica Estudante Solteiro

P15 F 22 Superior incompleto Até 2 Parda Sem religião Estudante Solteiro

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Apêndice VI

Figura S1 – Dados das escalas com outliers. No IDATE-e foi observado um voluntário do grupo Pranayama

(P5) como outlier e no PANAS-e afeto negativo dois voluntários do grupo controle (C7 e C9).

IDATE-e

Antes Depois0

20

40

60

80

Esco

re m

éd

io P5

PANAS-e - Afeto Negativo

Antes Depois0

10

20

30

Esco

re m

éd

io

C7

C9

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ANEXOS

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Anexo I: ESCALA DE AFETOS POSITIVOS E NEGATIVOS - PANAS

Nome: ___________________________________________________Data: ______

Esta escala consiste de um número de palavras que descrevem diferentes sentimentos e emoções. Leia cada item

e depois marque a resposta adequada no espaço ao lado da palavra. Indique até que ponto você tem se sentido

desta forma no momento.

1

Nem um pouco

2

Um pouco

3

Moderadamente

4

Bastante

5

Extremamente

Interessado

Aflito

Empolgado

Chateado

Forte

Culpado

Com medo

Hostil

Entusiasmado

Orgulhoso

Irritável

Alerta

Envergonhado

Inspirado

Nervoso

Determinado

Atento

Agitado

Ativo

Apavorado

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ESCALA DE AFETOS POSITIVOS E NEGATIVOS - PANAS

Esta escala consiste de um número de palavras que descrevem diferentes sentimentos e emoções. Leia cada item

e depois marque a resposta adequada no espaço ao lado da palavra. Indique até que ponto você tem se sentido

desta forma geralmente.

1

Nem um pouco

2

Um pouco

3

Moderadamente

4

Bastante

5

Extremamente

Interessado

Aflito

Empolgado

Chateado

Forte

Culpado

Com medo

Hostil

Entusiasmado

Orgulhoso

Irritável

Alerta

Envergonhado

Inspirado

Nervoso

Determinado

Atento

Agitado

Ativo

Apavorado

Pontuação: No PANAS os itens positivos são: 1, 3, 5, 9, 10, 12, 14, 16, 17 e 19 e os itens negativos são: 2, 4, 6,

7, 8, 11, 13, 15, 18 e 20. Os escores para os afetos positivos e negativos de cada componente são avaliados sepa-

radamente. Dessa forma, cada sub-escala (AN-e, AN-t, AP-e, e AP-t), permite pontuação total variando entre 10

e 50 pontos.