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PRÁTICAS GERENCIAIS EM EMPRESAS JAPONESAS ATUANTES NO BRASIL MARIANA PUCCINI MEDEIROS TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO DE PÓS- GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO DA UNIVESIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, COPPEAD, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÃRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM (M.Sc.) APROVADO POR: Presidente Prof. Frederico de Carvalho FUNCEX RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL MAIO DE 1991

PRÁTICAS GERENCIAIS EM EMPRESAS JAPONESAS … · Ao se tentar conceituar cultura, do ponto de vista antropológico, observa-se que esse conceito vem sofrendo uma série de modificações

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PRÁTICAS GERENCIAIS EM EMPRESAS JAPONESAS

ATUANTES NO BRASIL

MARIANA PUCCINI MEDEIROS

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO DE PÓS­GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO DA UNIVESIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO, COPPEAD, COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÃRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CI~NCIAS (M.Sc.)

APROVADO POR:

Presidente

Prof. Frederico de Carvalho FUNCEX

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MAIO DE 1991

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MEDEIROS, Mariana puccini

Práticas gerenciais em empresas

japonesas atuantes no Brasil

x, 113p., 29,7 cm (COPPEAD/UFRJ), M.Sc.

Administração, 1991)

Tese - Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPEAD, Mestrado em Administração.

1. Gerência à Japonesa

3. Recursos Humanos

I. COPPEAD/UFRJ II. Titulo

ii

2. Japão

/

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iii

A MEUS PAIS

E A ROBERTO

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AGRADECIMENTOS

A Angela da Rocha, orientadora e companheira, pelas

importantes sugestões, pelo imenso apoio e estímulo à conclusão

da tese.

A Frederico de Carvalho e Kleber Figueiredo, pelas

importantes críticas e sugestões.

A Ana Maria Peixoto, companheira de trabalho.

A Fatima e Valdene, pela paciência e dedicação durante

a datilografia dos originais.

A todos os professores, colegas e funcionários do

COPPEAD que contribuíram de alguma forma para a execução deste

trabalho.

iv

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RESUMO DA TESE APRESENTADA AO COPPEAD/UFRJ, COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM

CI2NCIAS (M.SC.)

PRÁTICAS GERENCIAIS EM EMPRESAS JAPONESAS

ATUANTES NO BRASIL

MARIANA PUCCINI MEDEIROS

MAIO/1991

ORIENTADORA: PROFA. ANGELA DA ROCHA

Este estudo procura verificar a adaptação ou não de práticas

gerenciais japonesas ao ambiente brasileiro, por parte de

empresas multinacionais japonesas atuantes no Brasil.

Na revisão de literatura, buscaram-se informações sobre as

práticas gerenciais características do Japão, de forma a permitir

a elaboração do esquema conceitual a ser utilizado no presente

estudo. Em seguida, foi feita uma pesquisa de campo, com base em

questionário estruturado, aplicado através de entrevistas

pessoais a executivos de topo de multinacionais japonesas

atuantes no Brasil.

Os resultados mostraram que essas empresas transplantaram algumas

de suas práticas gerenciais ao Brasil, adaptando particularmente

aquelas práticas que afetam os níveis hierárquicos mais baixos

da organização.

v

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o estudo se constitui em um passo inicial para a compreensão da

presença das empresas japonesas no Brasil e do impacto da cultura

brasileira na adaptação de práticas gerenciais provenientes de

outros países.

vi

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ABSTRACT OF THESIS PRESENTED TO COPPEAD/UFRJ AS PARTIAL

FULFILLMENT OF THE REQUIREMENTS FOR THE DEGREE OF MASTER OF

SCIENCE (M.Se.)

MANAGEMENT PRACTICES IN JAPANESE COMPANIES

ESTABLISHED IN BRAZIL

MARIANA PUCCINI MEDEIROS

MAY/1991

This study aims at verifying the adaptation or not of Japanese

management practices to the Brazilian environment, as practiced

by Japanese multinational companies established in Brazil.

Information on management practices characteristic of Japan was

extracted from the literature in order to permit to define the

conceptual framework to be used in this study. Then, a field

research was conducted using a structured questionnaire, applied

through personal interviews to top executives of Japanese

multinationals established in Brazil.

Results showed that these companies have transplanted some

Japanese practices to Brazil, adapting more often those practices

related to the lower hierarchical leveIs of the organization.

This study is an initial step towards the understanding of the

role of Japanese companies in Brazil and of the impact of the

Brazilian culture on the adaptation of foreign business

practices.

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INDICE

CAP.I - INTRODUÇÃO

1. Objetivos e Importância do Estudo •...•••••...••....... 2

2. A Presença Japonesa no Brasil ......................... 4

3. Organização do Estudo ...••............................ 7

CAP.II- REVISÃO DE LITERATURA

1. Cultura e Gerência.................................... 9

1.1. O Conceito de Cultura .........•.................. 9

1.2. O Impacto da Cultura na Gerência das Empresas .... 12

2. Práticas Gerenciais em Empresas Japonesas ...•...•..... 16

2.1. A obra de Richard Pascale (1981) ................. 16

2.1.1. Zen e a Arte da Administração .....•....... 16

2.1.2. Interdependência •..••.•................... 23

2.2. A Teoria Z de William Ouchi (1981) •......••....•• 27

2.2.1. Emprego vitalício •...••.......••..•....... 28

2.2.2. Avaliação e Promoção ..•.......••.....•.... 29

2.2.3. Trajetórias de Carreiras ........••........ 30

2 • 2 • 4. Mecanismos de Controle.................... 31

2.2.5. Tomada de Decisão ...............•......... 31

2.2.6. Valores Coletivos ........•.........•...... 32

2.2.7. Interesse Holistico pelas Pessoas ........• 32

viii

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2.3. Modelo Conceitual do Estudo ................•...... 35

2.3.1. Relações na Empresa. • . . . . . . . . . . • • . . . . . . . . .. 35

2.3.2. Processo Decis6rio .....•........•.......... 38

2.3.3. sistema de Emprego. . . . • . . . . • • . . . . • . • . . . . . .. 40

2.3.4. sistemas de Avaliação e Promoção ........... 44

2.3.5. Trajet6ria de Carreira............. . .... . .. 47

CAP.III - METODOLOGIA

1. Hip6teses. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .• 51

2. Variáveis e Medidas Operacionais ....................... 52

2.1. Variáveis Relativas a Características das

Empresas ......................................................................... 52

2.2. Variáveis Relativas às Práticas Gerenciais ........ 53

3. Teste das Hip6teses. . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . .. 56

4. Determinação da População e da Amostra •................ 57

5. Método de Coleta de Dados ..••••........................ 59

6. Trabalho de campo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 60

7 . Limitações................................... . . . . . . . . .. 61

ix

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CAP.IV - RESULTADOS

1. Anãlise Descritiva das Prãticas Gerenciais ............. 63

1.1. Relações na Empresa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 7 o

1.2. Processo Decis6rio ................................ 71

1. 3. sistema de Emprego. . . . . . . . . . . . . . . . • • . . • . . . . . . . . . .. 73

1.4. sistema de Avaliação e Promoção .•........•........ 78

1.5. Trajet6ria de Carreira .•...••......•.....••....... 79

1.6. Síntese da Anãlise Descritiva .•....•......•....... 81

2. Teste de Hip6teses. . . . . • . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 83

CAP.V - CONCLUSÕES

1. Sumãrio do Estudo. . . . . . . . . . . . . • • . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . .. 94

2. Conclusões ........•......•.••......•................... 97

3. Campos de Pesquisa Futura •....•...•.................... 100

BIBLIOGRAFIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 101

ANEXO - QUESTIONÁRIO......................................... 107

x

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

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CAPíTULO I

INTRODUÇÃO

1. Objetivos e Importância do Estudo

Este estudo tem por objetivo verificar a adaptação de

práticas gerenciais japonesas ao ambiente empresarial brasileiro,

por parte de empresas multinacionais japonesas atuantes no

Brasil. Dentro desse enfoque, insere-se o presente estudo nas

pesquisas sobre cultura e gerência, desenvolvidas no COPPEADj

UFRJ.

Além disso, insere-se também este trabalho em urna longa

tradição de pesquisas sobre práticas gerenciais japonesas nos

EUA, que se inicia ainda na década de 60, intensificando-se nas

de 70 e 80. Tal preocupação em conhecer melhor as práticas

gerenciais japonesas se deve, em grande parte, ao extraordinário

sucesso das empresas japonesas em sua atuação no mercado

internacional, particularmente no mercado americano, e ao fato

de tais práticas gerenciais serem bastante distintas daquelas em

voga nas empresas americanas.

Nesta literatura internacional, extremamente copiosa,

salientam-se, em particular, os trabalhos de Pascale (l98l) e

Ouchi (1981), que tiveram grande impacto nos meios acadêmicos e

empresariais americanos.

2

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o conhecimento das práticas gerenciais japonesas e de

sua possível adaptação a caracteristicas peculiares do meio

ambiente brasileiro é de grande importância para o melhor

entendimento dos problemas associados ao impacto da cultura na

administraçâo das empresas.

Além disso, considerando-se a importância da imigração

japonesa no Brasil, este conhecimento poderá ajudar a entender

os processos gerenciais em empresas de propriedade de imigrantes

japoneses, ainda que não sejam multinacionais.

3

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2. A presença Japonesa no Brasil

A imigração japonesa teve o inicio de sua primeira

etapa em 1908, com a chegada de aproximadamente 700 imigrantes

no porto de Santos. Estes imigrantes, que vieram com o objetivo

de trabalhar na lavoura do café, encontraram inicialmente

numerosas dificuldades, levando-os a acreditar que o processo de

imigração para o Brasil havia sido um equivoco. O fracasso na

lavoura do café levou os imigrantes a uma fuga em direção às

cidades, em cujas

horticulturas.

periferias ocorreu o surgimento das

Este período, de 1908 a 1923, foi caracterizado como

"experimental" e trouxe ao Brasil cerca de 30 mil pessoas.

Entre 1924 e 1940 ocorreu a segunda fase da imigração,

financiada pelo governo japonês, ao perceber que a imigração para

o trabalho na lavoura do café não havia satisfeito as

expectativas. Neste período, onde as viagens eram pagas pelo

governo japonês, entraram no Brasil aproximadamente 190 mil

pessoas. Estas pessoas se instalaram no Oeste Paulista, formando

cerca de 500 comunidades.

A terceira fase da imigração aconteceu a partir dos

anos 50, ap6s o Brasil reatar com o Japão as relações que haviam

sido rompidas durante a 2a. Guerra Mundial. Nesta fase, junto com

os imigrantes, vieram também os investimentos japoneses, que

participaram da industrialização brasileira.

4

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Hoje, a comunidade japonesa composta de isseis,

nisseis, sanseis e yonseis - respectivamente japoneses natos,

filhos, netos e bisnetos - forma um contingente estimado em 1.168

mil pessoas, assim distribuidas: 78,3% na Região Sudeste

(principalmente no Estado de São Paulo), 11,8% na Região Sul e

9,9% nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Foram fundadas e desenvolvidas por imigrantes várias

empresas. Segundo a Câmara do Comércio e Indústria Japonesa no

Brasil, existem 325 empresas filiadas, sendo empreendimentos de

imigrantes ou descendentes, joint-ventures nipo-brasileiras e

companhias de capital japonês, em ramos que vão da construção

civil ao de alimentos, empregando cerca de 240 mil pessoas.

De acordo com o Banco Central, até dezembro de 1986,

o Japão havia aplicado no Brasil 2,6 bilhões de dólares, o que

correspondia a 9,3% do estoque de capital estrangeiro no pais.

Estes investimentos são independentes dos realizados pela colônia

japonesa, que são capitais legitimamente nacionais.

As joint-ventures têm sido outra forma importante de

investimento japonês. segundo um levantamento feito pela JETRO

(Japan External Trade Organization), em 1984, de 363 empresas com

participação japonesa no Brasil, 130 eram joint-ventures.

A presença japonesa no Brasil é extremamente

importante, tanto no que se refere a suas dimensões atuais, como

ao potencial futuro de crescimento dos investimentos japoneses

5

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no Brasil. Justifica-se, assim, a importância do presente estudo,

que aborda as práticas adotadas por empresas japonesas atuantes

no Brasil.

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3. organização do Estudo

Este estudo encontra-se organizado em cinco capitulos.

o primeiro capitulo descreve os objetivos, a

importância e a organizaçâo do estudo.

No segundo capitulo se faz a revisão da literatura

existente sobre o terna, com ênfase nos estudos de PASCALE (1981)

e OUCRI (1981), além de apresentar o modelo conceitual do

presente estudo, com base em diversos outros trabalhos já

desenvolvidos, que serviram corno base ou direcionamento deste.

o terceiro capítulo mostra a metodologia desenvolvida

no estudo, incluindo as hipóteses, as variáveis estudadas e o

plano da pesquisa.

o quarto capítulo analisa os resultados obtidos no

teste das hipóteses levantadas e faz urna análise descritiva das

práticas gerenciais encontradas em empresas japonesas.

o último capitulo apresenta as conclusões obtidas na

pesquisa e sugere novos caminhos para futuras pesquisas.

7

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~

CAPITULO 11

REVISÃO DE LITERATURA

8

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CAPíTULO II

REVISÃO DE LITERATURA

1. Cultura e Gerência

1.1. O Conceito de Cultura

Ao se tentar conceituar cultura, do ponto de vista

antropológico, observa-se que esse conceito vem sofrendo uma

série de modificações no decorrer do tempo'.

o conceito de cultura formulado por Tylor, em

1871, partia do principio de que a cultura é um fenômeno natural

e se desenvolve de maneira uniforme, afirmava a igualdade na

natureza humana e explicava a diversidade pelo estágio de

evolução de cada cultura. Assim, a diferença entre grupos, na

humanidade, seria conseqüência da etapa em que cada grupo social

se encontrasse. Todas as culturas evoluiriam por um mesmo

processo, passando cada sociedade por etapas já vividas pelas

sociedades mais avançadas, independentemente de raça e linguagem,

criando-se assim uma escala que iria da menos à mais

desenvolvida.

A mais forte reação às teorias evolucionistas e

Esta seção se baseia na obra de Roque de Laraia. Cultura: um conceito antropológico, Janeiro, Jorge Zahar Ed., 1986.

9

Barros Rio de

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às idéias de Tylor viria através de Boas, em 1896, que afirmou

que o surgimento de características culturais de um grupo socio­

cultural poderia ser explicado através do estudo de fatos

históricos. A evolução de cada cultura seria o resultado de

processos históricos vivenciados pelo grupo.

Uma grande contribuição à tentativa de conceituar

cultura viria de Kroeber, em 1949, que, baseado na diferença

entre orgânico e cultural, procurou mostrar como a cultura agia

sobre o ser humano e mostrou ser a mesma responsável pelo

afastamento do homem da natureza. Este autor observou que era

através da cultura que ocorria a adaptação do homem aos diversos

ambientes ecológicos sem que houvesse necessidade de mudanças

biológicas. Graças a esta adaptação, o ser humano teria podidO

espalhar-se por toda a Terra, vivendo em lugares quentes ou

frios. Por outro lado, o homem teria perdido parcialmente seus

instintos, sendo incapaz de agir instintivamente como seus

antepassados.

Assim, para Kroeber, a cultura seria um processo

acumulativo, resultado da experiência de gerações anteriores.

Esta transferência de experiências aconteceria por existir um

processo de comunicação e uma capacidade de aprendizagem. A

comunicação e o aprendizado fariam parte do processo cultural.

segundo LARAIA (1986), as tentativas modernas de

reconstrução do conceito de cultura podem ser classificadas de

duas formas:

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- teorias que consideram a cultura como sistema

adaptativo;

- teorias idealistas da cultura.

No primeiro grupo estariam aquelas teorias que

vêem as culturas como padrões sociais, políticos, econômicos e

religiosos que permitiriam ao homem adaptar-se a suas bases

biológicas.

como se segue:

Já o segundo grupo de teorias pode ser subdividido

- cultura como sistema cognitivo - consistiria em

aprender o necessário para se enquadrar e ser

aceito dentro de um grupo socio-cultural.

- cultura como sistema estrutural - "um sistema

simbólico que é uma criação acumulativa da mente

humana" (Levi-strauss, citado por LARAIA, 1986).

- cultura como sistema simbólico - um conjunto de

símbolos e significados que compreendem regras e

relações de comportamento, compartilhadas pelos

membros do grupo social. Como afirma GEERTZ

(1986), o homem, ao nascer, pode-se adaptar a

qualquer cultura existente, ficando, porém,

restrito ao conjunto cultural onde ela de fato se

desenvolver.

11

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Pode-se perceber que várias são as tentativas de

conceituar cultura, do ponto de vista antropológico. Como observa

LARAIA (1986):

" ..• a discussão não terminou e provavelmente

nunca terminará, pois uma compreensão exata do

conceito de cultura significa a compreensão da

própria natureza humana, tema perene da

incansável reflexão humana".

1.2. O Impacto da Cultura na Gerência das Empresas

Uma das idéias emergentes no estudo comparativo

dos sistemas administrativos é de que a cultura tem impacto mais

forte sobre as práticas gerenciais do que, provavelmente, outros

sistemas, como o econômico e o social, a que se tem

tradicionalmente atribuído grande importância. No entanto, como

observam KELLEY, WHATLEY e WORTHLEY (1987), "isolar a influência

da cultura no desenvolvimento de valores gerenciais é um problema

difícil para os pesquisadores em administração comparati va"

(p.17) •

Embora os estudos comparativos dos sistemas

administrativos tenham longa tradição empírica, não há dúvida de

que a importância de tais estudos foi recentemente enfatizada,

com a crescente atuação da empresa japonesa no cenário

internacional. Até então, a maioria dos estudos encarava as

diferenças culturais dentro de uma perspectiva evolucionista,

12

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assumindo que os sistemas administrativos mais "atrasados"

terminariam por evoluir para sistemas administrativos mais

"modernos", entendidos como tais aqueles encontrados nos países

desenvolvidos da Europa Ocidental e particularmente nos Estados

Unidos. O sucesso da empresa japonesa, dominada por sistemas

administrativos totalmente distintos da empresa ocidental, levou

os estudiosos a reverem o enfoque evolucionista, reconhecendo-se,

cada vez mais, que os sistemas administrativos são contingentes

da cultura em que se acham inseridos.

Um dos mais importantes trabalhos nesse campo é

o de HOFSTEDE (1980) que, estudando os empregados de uma grande

empresa multinacional em vários países, comprovou empiricamente

a influência da cultura na determinação de atitudes e

comportamentos individuais na

empiricamente quatro aspectos

empresa. HOFSTEDE identificou

da cultura que influenciam a

maneira de ser da organização, a que ele chamou: distância do

poder, resistência à incerteza, individualismo e masculinidade.

Cada um desses aspectos funcionaria como um continuum, em que

cada sociedade se encaixaria em determinado ponto. A adequação

de determinadas práticas gerenciais a uma sociedade dependeria

do ponto, em cada continuum, em que aquela sociedade se

enquadrasse.

Diversos outros estudos, seguindo o caminho

apontado por HOFSTEDE, têm enfatizado a dominância da cultura na

formação dos sistemas gerenciais.

13

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Entre os muitos estudos sobre o assunto destacam­

se os de ADLER (1982) e SCHNEIDER (1985, 1987), que procuram

examinar as implicações da pesquisa sobre cultura nacional e

gerência.

ADLER (1982), uma pesquisadora canadense, realizou

ampla revisão de literatura sobre as metodologias utilizadas na

pesquisa sobre práticas gerenciais em diversos paises. A autora

aponta o etnocentrismo de muitos desses estudos, que muito

comumente procuram utilizar critérios e instrumentos americanos

para avaliar processos gerenciais de culturas distintas. Observa

ainda que a tendência nesta área seria no sentido de avaliar

práticas gerenciais em ambientes multi-culturais, mencionando em

particular os problemas relativos a sua adaptação.

SCHNEIDER (1985, 1987), por sua vez, discutiu o

impacto potencial da cultura nacional na formulação da estratégia

e como a cultura nacional poderia se relacionar com a cultura

empresarial, assim como suas implicações para a gerência de

recursos humanos.

Outros estudos procuram estudar ou comparar

práticas gerenciais em paises especificos. Além da vastissima

literatura sobre o Japão, destacam-se os estudos sobre outros

paises asiáticos como China, India e Coréia (veja-se, por

exemplo, LUTHANS, McCAUL e DODD, 1985; SEKARAN, 1981; TSE,

VERTINSKY e WEHRUNG, 1988; REDDING, 1980; YAU, 1988) ou sobre

paises ocidentais (LAURENT, 1981; LIMPRECHT e HAYES, 1980;

14

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NORBURN, 1987). Em geral, nesses estudos, as práticas gerenciais

americanas são utilizadas como elemento de comparação. Isto se

deve, naturalmente, ao fato de a maioria desses estudos terem

sido realizados por estudiosos americanos.

No Brasil, os estudos sobre cultura nacional e

gerência são praticamente inexistentes, podendo-se salientar, em

particular, a obra de BETHLEM (1989), cujo titulo - Gerência à

Brasileira - é por si só sugestivo da necessidade de pesquisas

nesta área, principal recomendação do autor.

15

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2. Práticas Gerenciais em Empresas Japonesas

2.1. A Obra de Richard PASCALE (1981)

Um dos trabalhos mais divulgados sobre a gerência à

japonesa é o de Richard PASCALE, no livro intitulado "As Artes

Gerenciais Japonesas".

Os principais objetivos deste estudo referem-se à

indicação de aspectos gerenciais relacionados com a cultura e a

sociedade americanas, visto que influenciam o modo de

funcionamento das organizações; e a compreensão de novas

ferramentas e instrumentos que facilitem a tarefa de dirigir as

organizações.

Resumem-se, a seguir, os pontos principais levantados

pelo autor.

2.1.1. Zen e a Arte da Administração

Segundo PASCALE, os executivos japoneses acreditam ser

responsabilidade sua atender às necessidades do individuo, e

apenas quando essas necessidades forem atendidas dentro da

empresa é que eles estarão aptos ao trabalho produtivo. Os

japoneses vêem o indivíduo como tendo necessidades econômicas,

sociais, psicológicas e espirituais. O resultado deste enfoqur

L/ 16

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mais abrangente, entre os executivos japoneses, seria a atenção

a seu quadro de pessoal administrativo, utilizando meios para

desenvolver seus recursos humanos e treinar sucessores. Neste

aspecto, ocorreriam diferenças fundamentais com relação às

empresas americanas.

Apesar disto, PASCALE acredita que a essência do

sucesso japonês não está apenas no desenvolvimento de recursos

humanos e na habilidade no trato com as pessoas, mas em fatos que

são fundamentais para a vida.

Ambigüidade, Incerteza e Imperfeição

PASCALE observa serem várias as situações

organizacionais onde a indefinição pode ser desejável:

indefinição na intenção, deixando que a decisão se encontre no

curso da ação; na relação entre pessoas, fatos e conclusões; e

na comunicação, tornando obscuras as mensagens.

Por outro lado, o autor considera diversas situações

administrativas, onde seria importante ser explicito e

determinado; em outras, seriam importantes os principios

orientais de indefinição. As diferenças entre a adoção de um ou

outro enfoque estariam basicamente entre possuir informações

suficientes para "decidir" e possuir informações para "seguir em

frente".

No tocante à administração, a indefinição teria duas

17

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implicações importantes: uma, que se refereria à forma de se

comunicar com as pessoas, oralmente ou por escrito, onde a

indef inição poder ia causar problemas, mas poder ia também ser

usada para controlar relações tensas e reduzir conflitos

desnecessários: outra, que se referiria à indefinição de

intenção, que legitimaria a liberdade permitida em certas

situações, que exigem maior conhecimento dos problemas, para se

passar à ação corretiva.

No Japão, a ambigüidade seria considerada como tendo

aspectos desejáveis e indesejáveis; conseqüentemente, estas

condições seriam mais bem aceitas em empresas japonesas do que

nas americanas. Os japoneses procurariam estabelecer um alto grau

de previsão, porém, em algumas situações, estariam dispostos a

"fluir com a corrente". Ambigüidade, indecisão e imperfeição

seriam aceitos como fatos da vida; em conseqüência, quanto mais

cedo aceitos, melhor o andamento das coisas.

Já a prática administrativa americana consideraria

ambigüidade, a incerteza e a imperfeição como condições

negativas, que deveriam ser eliminadas através de doses de

racionalidade, especificidade e perfeição.

Ura e omote

Uma forte caracteristica das empresas americanas seria

a tendência a anunciar todas as coisas, até porque os eventos

organizacionais, de forma geral, "se anunciam por si mesmos".

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Já os japoneses chegariam às empresas dotados de dois

conceitos culturais, denominados ~, que significa "nos

bastidores" ou "no íntimo"; e omote, que significa "visível" ou

"ritual". Por isso, os japoneses considerariam o anúncio de um

fato como sendo composto de duas partes: uma seria a realidade;

a outra seria a ação nos bastidores.

Segundo PASCALE, muitas vezes, ao anunciar o que se

quer realizar, pode-se declarar antecipadamente o que não se

deseja que seja conhecido no momento. De forma geral, seria menos

arriscado anunciar aquilo que, em grande parte, já se teria

transformado em realidade.

Comunicações Xmplícitas

Afirma PASCALE ser importante, para o administrador,

a capacidade de apreciação dos usos adequados da linguagem e de

táticas de conversação, pois ao se lidar com pessoas diferentes,

em situações diferentes, pOde-se, assim, selecionar até que ponto

se deseja ser claro e direto em uma conversa.

A cultura japonesa estimularia, no indivíduo, a

capacidade de compreender, sem palavras, a situação e a intenção

dos demais. De forma geral, o gerente japonês, ao tratar de

situações mais delicadas, conduziria o diálogo em círculos,

aproximando-se ou afastando-se do assunto central de acordo com

a reação do interlocutor; escolheria com cuidado as palavras,

gerando um equilíbrio entre o geral e o específico. Este tipo de

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comportamento seria utilizado com o fim de preservar a auto­

estima do interlocutor. Por este motivo, afirma PASCALE que

"observar um gerente japonês lidar com certas situações delicadas

propicia a oportunidade para o estudo de uma forma de arte". (p.

108). Esta habilidade não seria comumente encontrada entre os

executivos americanos.

Retroalimentação de Desempenho

A retroalimentação de desempenho, de caracteristicas

negativas, ajuda a compreender a utilização de meios indiretos.

Apesar de a cultura americana enfatizar a clareza na

comunicação, os casos em que o desempenho é inferior ao desejado

são, na maioria das vezes, cheios de incerteza, ambigüidade e

imperfeições, resultando em uma diferença entre a expectativa

cultural e a realidade. Existem, então, diante da

retroalimentação de desempenho, duas formas de ação: a aplicação

direta, que cria o risco de desmoralização; e a indireta ou

sutil, que pode ser mal interpretada pelos subordinados,

principalmente em uma cultura que não valoriza a sutileza.

PASCALE coloca que, embora a cultura americana não

considere importante a sutileza e a capacidade de interpretar

significados implicitos, a maioria dos individuos que se

sobressaem nas empresas, sejam elas americanas ou japonesas, é

mestre na captação de sinais sutis.

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critérios de Sucesso

Segundo PASCALE, os sistemas de recompensas das

organizações também são repletos de indefinições. O sucesso ou

fracasso entre os gerentes dependeriam de suas relações sociais,

desenvolvendo bons relacionamentos com subordinados, superiores

e iguais.

Outro aspecto salientado pelo autor é que, não raro,

os fatores de promoções estão em atitudes que transcendem o

trabalho do funcionário, ou seja, supõe-se que o trabalho para

o qual foi contratado será executado normalmente, e não é gerador

de grandes promoções. Apenas quando o funcionário faz alguma

coisa especial, além do seu trabalho rotineiro, é que ocorre uma

aceleração na carreira.

Em resumo, no que diz respeito ã retroalimentação,

estabelecimento de metas e avaliação de desempenho, as

comunicações estão cheias de ambigüidade, incerteza e

imperfeição. Desta forma, os japoneses, mais do que os

americanos, estariam aptos a lidar com tais situações.

Indefinição e Decisão

Conforme PASCALE, na sociedade americana, ser um bom

tomador de decisão é ter o domínio dos fatos, conhecer as opções

e definir a melhor solução. Já a administração ã japonesa

procuraria alertar os gerentes para o domínio dos fatos e

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conhecimento das opções, evitando a idéia de "a coisa estar

definida". O conceito de processo decisório japonês permitiria

fluir com as situações por mais tempo, antes de se chegar a uma

solução final.

Enquanto os americanos veriam a decisão como uma coisa

positiva, acompanhada de uma sensação de alivio, os gerentes

japoneses não gostariam de tomar decisões, principalmente as

arbitrárias. Quando dispusessem de tempo, os japoneses

prefeririam estudar a fundo o assunto, formando uma base

cuidadosa antes de decidir.

A ansiedade americana pela busca da decisão, segundo

PASCALE, faria com que seus administradores a escolhessem

prematuramente sem considerar a viabilidade da implementação.

Isto constituiria uma diferença fundamental entre empresas

americanas e japonesas. Os administradores japoneses analisariam

uma si tuação, considerando também as possibilidades de

implementação. Procurariam manter o equilibrio entre a melhor

opção e a de implementação mais viável, chegando assim à melhor

oportunidade de sucesso global.

"A imagem japonesa de um bom tomador de decisões é a

do homem que pode resistir à impaciência de resolver

logo o caso até que, realmente, compreenda o que é

necessário" (p.128).

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2.1.2. Interdependência

o estilo de administração de problemas humanos -- tais

como tensões entre o individuo e a empresa, entre superiores e

subordinados, necessidade de cooperação, energias competitivas,

e recompensas tangiveis e intangiveis -- diferiria entre empresas

japonesas e americanas, em consequência de diferenças culturais

diante do problema da dependência.

Segundo PASCALE, os americanos seriam treinados, desde

o inicio da vida, para se tornarem independentes e auto­

suficientes, enquanto os japoneses seriam treinados para se

tornarem parte de uma unidade humana, trocando dependência com

os demais, sendo interdependentes.

Estas duas formas de posicionamento seriam importanrtes

para a maneira pela qual americanos e japoneses lidam com três

aspectos fundamentais da vida organizacional: trabalho

especializado, que tende a estreitar a visão daqueles que são

designados para uma unidade da empresa; hierarquia, que pode

gerar tensões na estrutura organizacional, ocasionando distorções

de informações, frustração e interrupção das comunicações; e

sistema de recompensas, que, dependendo de sua forma (curto ou

longo prazo), pode gerar concorrência entre individuos que

precisam cooperar entre si.

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Interdependência Coordenada

Conforme observa PASCALE, os administradores passam a

maior parte do seu tempo se relacionando com pessoas do seu

trabalho, em processos de comunicação verticais e laterais. Tal

amplitude de relacionamento determinaria a eficiência. As pessoas

que trabalham juntas os colegas, os superiores e os

subordinados -- dependeriam uns dos outros, cooperariam entre si,

e se ajudariam mutuamente, baseando-se na interdependência.

A filosofia ocidental desenvolveu o conceito do "eu"

como entidade distinta, separada por convicções, experiência e

talentos particulares a cada individuo. Os japoneses refutariam

este conceito do "eu", considerando-o como um traço prejudicial

ao crescimento do individuo. As pessoas, na cultura japonesa,

seriam encaradas como colaboradores de um contexto do qual fazem

parte, vendo o mundo como um conjunto de relacionamentos que

iriam dos mais intimos aos mais periféricos. Em contrapartida,

a cultura ocidental compreenderia o mundo por categorias

separadas entre amigos, parentes, subordinados etc.

Os japoneses desenvolvem numerosos "laços" de

relacionamento: amigos, colegas da organização e familia. As

organizações criam uma teia de relações com seus funcionários,

que consideram um compromisso de sua parte. Por sua vez, os

individuos assumiriam um comprometimento por toda a vida com a

empresa, obtendo assim segurança social.

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Grupo de Trabalho

o grupo de trabalho, resultante do conceito de

interdependência, seria traço fundamental das organizações

japonesas. A pertinência, a lealdade e a manutenção do grupo

seriam valores culturais muito fortes na sociedade japonesa.

A pertinência ao grupo de trabalho significaria laços

sociais de extrema importância para os japoneses. Uma vez

pertencendo a um dado grupo e identificando-se com ele, os

japoneses seriam leais ao mesmo, valor este equivalente ao da

honestidade na sociedade ocidental.

Devido a sua importância no estabelecimento de laços

entre os indivíduos, e desses com a empresa, a manutençâo do

grupo de trabalho é muito importante, sendo responsabilidade de

cada um e do líder, exigindo constante contato pessoal e

resultando em atividades e reuniões fora do horário do

expediente.

Autodomínio

Para urna cultura que valoriza o comportamento voltado

para o grupo, nada mais natural que valorizar o sucesso e a

eficiência do grupo, em detrimento do desempenho individual:

"sucesso significa sucesso dentro do grupo" (p. 146).

Desta forma, a modéstia e o autodomínio seriam

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atributos valorizados na sociedade japonesa, assim como o

comportamento adequado às situações, sem atordoamento e com

simplicidade.

o Relacionamento Sempai - Kohai

Equivalente ao conceito ocidental de mentor - protegé

ou senior - jünior, este relacionamento seria constituído de

laços funcionais e emocionais, sendo a base fundamental para a

interdependência.

Senior e junior estariam intimamente ligados, sendo o

sucesso ou fracasso associado a ambos. Não se trataria de uma

relação rígida de hierarquia, obrigando o senior a agir sempre

como quem está no comando. Ao contrário, o senior revelaria o que

existe por trás do personagem, permitindo que fossem conhecidos

seus pontos fracos.

Três fatores importantes contribuiriam para o sucesso

da relação sempai - kohai: os status seriam definidos; senior e

junior não competiriam entre si; e o destino de ambos dentro da

organização estaria vinculado.

"Os problemas criados em todas as culturas pelo

trabalho especializado, a hierarquia e os

sistemas de recompensas são mais bem resolvidos

nas sociedades que valorizam a interdependência,

considerando-a um objetivo. Além disso, os

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problemas derivados do relacionamento superior­

subordinado, da cooperação versus competição e da

concentração no curto e no longo prazo são muito

reduzidos nos casos em que se estabelece um clima

de interdependência" (p.167).

2.2. A Teoria Z de William OUeHI (1981)

Uma análise comparativa do crescimento da produtividade

de empresas japonesas em relação às empresas americanas, levou

OUCHI a desenvolver o estudo intitulado "Teoria Z", procurando

entender o crescente sucesso japonês.

Antes de iniciar o estudo, OUCHI concebia as

organizações como obedecendo a princípios universais. Em sua

opinião, os cientistas sociais suspeitavam de qualquer teoria que

considerasse as diferenças como conseqüências da cultura.

"Nesta reação contra o pensamento não-científico,

podemos ter ido longe demais ao acreditar que não

existem diferenças importantes entre países" (p.

13) •

o objetivo do estudo era identificar características

que se aplicavam às duas culturas para, através de uma

comparação, entender as prováveis diferenças de padrão.

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Uma importante observação de OUCHI, para esta pesquisa,

é a respeito da adaptação das empresas japonesas nos Estados

Unidos. Segundo ele, as empresas japonesas, ao se instalarem nos

Estados Unidos, não utilizaram a forma de administração típica

de seu país de origem; ao contrário, se modificaram, para atender

às necessidades dos Estados Unidos. Ainda assim, diferem das

empresas americanas por conservarem muito do estilo japonês.

Estudou o autor, portanto, as características da

organização japonesa, para definir posteriormente os parâmetros

de comparação.

2.2.1. Emprego Vitalício

o emprego para toda a vida teria início quando os

jovens completassem seu curso universitário, sendo escolhidos por

empresas japonesas que selecionassem pessoas uma vez por ano,

para iniciarem carreira. Os jovens ingressariam na empresa,

permanecendo até os cinqüenta e cinco anos, idade da

aposentadoria compulsória.

Após a aposentadoria, esses funcionários seriam

eventualmente aproveitados em empresas satélites2 •

2 Existe no Japão um tipo de empresa, denominada "satélite", que é uma pequena firma fabricante de submontagens ou prestadora de serviços a um único grande cliente. Esta relação é definida como um monopólio bilateral, onde a empresa satélite tem um grande único cliente e este tem apenas uma empresa fornecedora de cada um de seus insumos. Destes monopólios deriva grande produtividade, à medida que ambas as partes aprendem a trabalhar

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Além das empresas satélites, outros dois fatores

fortaleceriam o emprego "para toda a vida". Um deles seria o fato

de as empresas japonesas pagarem grande parte dos salários de

seus funcionários através de bonificações que dependem do

desempenho da empresa. Assim, os funcionários receberiam menos

nos anos maus e mais nos anos bons. As bonificações fariam com

que os funcionários se sentissem parte integrante da empresa e

evitariam demissões em anos de crise.

Outro fator seria a existência de uma categoria de

empregados temporários, formada principalmente por mulheres. Esta

categoria é que sofreria nos períodos de crise, sendo facilmente

dispensada. Estes empregados temporários serviriam como

estabilizador dos empregos dos trabalhadores permanentes.

Estes três fatores combinados tornariam estável a

realidade do emprego vitalício para os empregados do sexo

masculino das principais empresas japonesas.

2.2.2. Avaliação e promoção

O processo de avaliação e promoção em firmas japonesas

seria lento, ocorrendo da mesma forma para todos os jovens que

ingressassem em um mesmo ano na empresa. Uma avaliação formal

em conjunto. Este tipo de empresa é importante para o fortalecimento do emprego vitalício, uma vez que os funcionários aposentados das grandes empresas podem ser aproveitados nas empresas satélites, criando ainda maiores facilidades de relacionamento entre as duas.

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individual e uma promoção diferenciada do restante do grupo só

ocorreria após dez anos.

OUCHI alega que esta forma de avaliação e promoção a

longo prazo desestimularia certos jogos empresariais e

estimularia uma atitude aberta à cooperação, uma vez que a longo

prazo o desempenho real seria identificado.

2.2.3. Trajetórias de Carreiras Não-Especializadas

A evolução de um funcionário dentro de uma empresa

japonesa se daria através de experiências nas mais diversas áreas

da organização. O funcionário, ao final de alguns anos, seria um

perito em cada função, cada especialização da empresa, tendo

também uma visão generalista da organização.

Neste sistema, haveria sempre, dentro de alguma área

da empresa, uma pessoa que conhecesse os problemas e normas de

outra área da organização, acarretando maior integração e

cooperação entre as diversas áreas. Em oposição ao que ocorre nos

Estados Unidos, onde as pessoas se especializariam em suas

carreiras, passando por várias empresas, no Japão o funcionário

permaneceria dentro de uma organização, especializando-se em

diversas áreas.

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2.2.4. Mecanismos de Controle

Segundo OUCHI, é através de uma filosofia de

administração que se estabelecem os mecanismos de controle. Não

existe definição de alvos e metas mensuráveis; conseqüentemente,

a avaliação de desempenho não se basearia no alcance ou não

destas metas. Seria através do aprendizado da filosofia

administrativa, dos valores e crenças que se poderia deduzir uma

composição de regras ou alvos especificos. Esta filosofia seria

transmitida através da cultura organizacional vivenciada pelos

funcionários e não através de uma formulação detalhada de regras

de atuação.

2.2.5. Tomada de Decisão

o processo de decisão em empresas japonesas seria

coletivo, envolvendo todos aqueles diretamente ligados ou

afetados pela decisão tomada. Havendo vinte, trinta ou oitenta

pessoas ligadas ao problema, todas participariam do processo

decisório, mesmo que isto o tornasse lento.

Segundo OUCHI, este processo provocaria o surgimento

de maior número de soluções para o problema, e, quando definida

uma solução consensual, ela seria aceita com maior receptividade

pelo grupo decisor.

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2.2.6. Valores Coletivos

As organizações japonesas quase não utilizariam o

processo de recompensa individual, como, por exemplo, a

bonificação pela produtividade de determinado indivíduo. Isto

porque existiria, entre os funcionários destas empresas, um senso

de coletivismo que os levaria a considerar tanto os méritos como

as responsabilidades associadas ao grupo e não a determinado

indivíduo. O valor subjacente seria a crença em que o trabalho

não seria concluído, se cada indivíduo não cumprisse a sua parte.

Logo, o trabalho realizado seria resultado de todo o grupo.

Este valor japonês de coletivismo se adaptaria

perfeitamente ao processo industrial, na opinião de OUCHI.

2.2.7. Interesse Bolístico pelas Pessoas

A admissão de um jovem estagiário, em uma organização,

implicaria compromisso entre empresa, estagiário e família. Este

comportamento, conforme analisa OUCHI, seria conseqüência do

processo de industrialização japonês, que se deu após décadas

vivendo sob um sistema feudal, foi rápido e encontrou uma

população rural dispersa. As empresas instalavam suas fábricas

próximas às aldeias onde poderiam encontrar mão-de-obra, e

enviavam representantes às famílias, solicitando que permitissem

a seus filhos morar e trabalhar nas fábricas, se

responsabilizando pelo bem estar dos mesmos.

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Outro aspecto seria o fato de a relação de dependência

para com uma força paternalista ter surgido dos padrões sociais

desenvolvidos durante o feudalismo.

De uma forma ou de outra, o importante, para OUCHI, é

que os japoneses desenvolveram uma forma de intimidade, confiança

e entendimento, onde os individuos estão ligados entre si.

Vários são os cientistas sociais que consideram os

relacionamentos holisticos incompativeis com as sociedades

industrializadas, onde o nivel de especialização do funcionário

leva a mudanças constantes de empregos. Mas, observa OUCHI,

" ... os japoneses dão provas claras de que é possivel o holismo

na vida industrial". (p.57)

Após definir o modelo japonês de gerência, OUCHI

observa que ele difere radicalmente do modelo americano, sendo

o oposto com relação a cada um dos aspectos anteriormente

desenvolvidos (Figura II.l).

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* *

*

*

*

*

*

FIGURA 11. 1

o CONTRASTE ENTRE O MODELO JAPON!S E O MODELO AMERICANO

SEGUNDO OUCHI

ORGANIZAÇÕES JAPONESAS

EMPREGO VITALíCIO

AVALIAÇÃO E PROMOÇÃO LENTAS

TRAJETÓRIAS DE CARREIRA NÃO ESPECIALIZADAS

MECANISMOS DE CONTROLE IMPLíCITOS

TOMADA DE DECISÃO COLETIVA

RESPONSABILIDADE COLETIVA

INTERESSE HOLíSTICO

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*

*

*

*

*

*

*

ORGANIZAÇÕES AMERICANAS

EMPREGO A CURTO PRAZO

AVALIAÇÃO E PROMOÇÃO RÁPIDAS

TRAJETÓRIAS DE CARREIRA ESPECIALIZADAS

MECANISMOS DE CONTROLE EXPLíCITOS

TOMADA DE DECISÃO INDIVIDUAL

RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL

INTERESSE SEGMENTADO

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2.3. Modelo Conceitual do Estudo

Embora seja muito grande o número de variáveis que

diferenciam o sistema gerencial japonês daquele mais adotado no

mundo ocidental, algumas dessas variáveis são mais comumente

indicadas na literatura. Entre essas, foram selecionadas as

variáveis que seriam investigadas nesse estudo.

Nesta seção, indicamos as variáveis que compõem o

modelo conceitual desse estudo, referenciando alguns dos

principais estudos que delas tratam.

2.3.1. Relações na Empresa

MENIE (1968), ao estudar o executivo japonês, observa

que a filosofia de direção japonesa se baseia na composição entre

humanismo e autoritarismo, que se originaria na ética de

Confúcio. Os cinco princípios de Confúcio, para a família ideal -

piedade, fidelidade, obediência, bondade e lealdade ao superior

- teriam sido importados e adaptados ao sistema autoritário

existente no Japão, tornando o princípio "lealdade ao superior"

o preponderante.

A natureza autoritária ter-se-ia mesclado a uma

filosofia de humanismo, que consistia na crença de que as pessoas

deveriam se ajudar mutuamente, e de que aqueles que se

encontrassem em posições superiores seriam moralmente obrigados

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a zelar pelos que os servissem. Conseqúentemente, os lideres

japoneses,

a tarefa

imbuídos desta filosofia humanista, entenderiam que

primordial do empresário é trabalhar para o

enriquecimento da vida social da comunidade.

o sistema humanista, associado ao autoritarismo

clássico dos japoneses, resultaria em uma relação do tipo "pai­

filho", como indicada por PASCALE (1981) e revista na seção

anterior.

SETHI (1974) ressalta que a autoridade, nas empresas

japonesas, está ligada à organização e a seu processo de

direcionamento, e não à propriedade ou posse. Um lider regularia

o comportamento do grupo e inibiria o confronto entre pessoas de

diferentes grupos. Por esse motivo, espera-se do dirigente uma

atuação de aconselhamento, motivação e orientação a seus

subordinados.

Seguindo a mesma linha de pensamento, UNGER (1985)

afirma que a mais importante técnica gerencial japonesa é o

constante empenho em fazer com que os funcionários se sintam

membros importantes da corporação, como se esta fosse uma

"família", envolvendo-os em atividades do grupo e encorajando-os

a influenciar a empresa com idéias e opiniões.

FOX (1977) constata que o contrato entre o funcionário

e a organização não é simplesmente um documento, e sim uma

relação de compromisso entre ambas as partes. Por exemplo, em

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momentos de crise no mercado, os gerentes não poderiam dispor da

empresa como um negócio, demitindo funcionários, e estes deveriam

apoiar a empresa, não exigindo prêmios ou promoções.

TAKEUCHI (1986) vai mais além ao afirmar que a empresa

japonesa, por considerar seus empregados como membros de uma

familia, assumiria responsabilidade pela manutenção da familia,

em caso de morte acidental de um empregado, chegando até mesmo

a oferecer um emprego à viúva e a dar empréstimos sem juros para

pagar a educação dos órfãos. Tais práticas seriam vistas, no

mundo ocidental, como "paternalistas".

NAKANE (1970), finalmente, indica uma série de formas

pelas quais a empresa japonesa atuaria diretamente na vida do

funcionário, entre as quais:

a empresa organizaria frequentemente viagens de lazer

para as familias dos funcionários;

a empresa ofereceria beneficios tais como: cobertura

de despesas de hospital, presentes em dinheiro por

ocasião de casamento, nascimento ou morte;

a empresa ofereceria

planejamento familiar;

assistência social para

a empresa ofereceria casas em comunidades que lhe

pertencessem para os funcionários nelas viverem;

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a empresa disporia de uma sepultura comum para que os

empregados e seus familiares fossem enterrados.

2.3.2. Processo Decisório

SETHI (1974) observa que uma caracterlstica importante

da gerência japonesa é o processo decisório consensual ou sistema

Ringi. Ao se encontrar diante de um problema, o funcionário

prepararia um documento contendo informações e sugestões para

solução do problema. Este documento, chamado Ringisho, circularia

pelos diversos escalões da empresa, onde cada gerente

acrescentaria sua provação. Depois da aprovação final, o

documento retornaria ao funcionário para que a solução fosse

implementada. O documento final refletiria o posicionamento de

todos os envolvidos no problema, ou afetados pelo mesmo,

minimizando assim as possibilidades de conflito, discórdia e

facilitando a sua implementação.

Algumas empresas japonesas estariam procurando

modificar este sistema, por duas razões: o processo decisório se

tornaria lento ou não traduziria um resultado esperado pelos

dirigentes da empresa. As tentativas de modificações buscariam

combinar alguns aspectos do sistema consensual com um processo

decisório mais produtivo.

TERASAWA (1977) aponta o processo decisório por

consenso como a maior diferença entre a gerência japonesa e a

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americana. Entre os americanos, as decisões seriam tomadas

rapidamente, pois o indivíduo dirigiria o problema, enquanto nas

empresas japonesas não existiria um indivíduo a dirigir realmente

urna determinada situação, nem mesmo o executivo-chefe.

Segundo FOX (1977), o sistema Ringi permite distribuir

a responsabilidade entre os participantes do processo, não

havendo assim a responsabilidade individual sobre a qualidade ou

efeitos do plano de ação, ajudando a coletivizar o exercício da

gerência.

JOHNSON e OUeHI (1979) enfatizam que a decisão por

consenso favorece a criatividade, uma vez que motiva os

funcionários de nível mais baixo a buscar melhores soluções para

os problemas.

Japão,

japonês.

TOMEI (1984), no seu estudo sobre recursos humanos no

chama a atenção para o posicionamento do executivo

Embora tenha seu papel corno chefe bem definido, seu

papel no processo decisório seria diferente, pois não se sentiria

obrigado a ser um tomador de decisões, nem a ser o observador de

novas fronteiras para a empresa. Por acreditar que a solução para

os problemas deva ter origem nas pessoas envolvidas com o

problema, o administrador japonês esperaria que as sugestões e

soluções viessem de seus subalternos.

SETHI , NAMIBI e SWANSON ( 1984) acrescentam que as

empresas japonesas estariam enfrentando novas condições que se

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tornariam um obstáculo ao emprego do processo decisório por

consenso. O crescimento e as mudanças tecnológicas, introduzindo

novos riscos e incertezas; a natureza competitiva dos mercados;

e a necessidade de proteger os envolvidos no processo, gerando

uma propensão a evitar riscos, seriam condições que forçariam

algumas empresas a modificar seu processo decisório. Algumas

empresas estariam começando a mudar o sistema, limitando o número

de pessoas envolvidas no processo ou colocando os níveis

executivos em maior contato

tornando-os cientes das

com os gerentes de nível

estratégias da empresa

médio,

e do

posicionamento da alta gerência, permitindo, assim, que os

gerentes de nível médio saibam melhor o tipo de atitude que

receberia aprovação da alta gerência.

2.3.3. sistema de Emprego

SETHI (1974), ao estudar práticas gerenciais japonesas,

refere-se ao sistema de emprego permanente, ou para a vida toda.

Para o autor, a origem deste sistema de emprego se encontraria

nas tradições dos Zaibatsu, que eram grupos de vinte a trinta

empresas agrupadas em torno de um banco poderoso. Cada empresa

do grupo representava um determinado segmento de mercado. A

tradição no Zaibatsu era que a pessoa ingressava jovem na empresa

e terminava como gerente, ou fundador de uma nova empresa.

O sistema de emprego vitalício consistiria em contratar

funcionários recém-formados, escolhidos através das próprias

40

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universidades, que permaneceriam na empresa até a aposentadoria,

por volta de 55 a 60 anos. HATTORI (1986) afirma que, enquanto

para a maioria dos empregados a idade para aposentadoria

compulsória é de 60 anos, no caso dos executivos de topo essa

idade poderia ir até 70 anos.

Na primeira etapa da carreira, até os 40 anos, os

empregados caminhariam praticamente juntos em termos de salário

e promoções. As diferenças começariam a aparecer após os 40 anos.

Os executivos principais não seriam contratados externamente, mas

ascenderiam lentamente, no decorrer de uma vida dedicada à

empresa, ao topo da organização (TAKEUCHI, 1986).

Já NAKANE (1970) observa que em uma empresa já

estabelecida, é normal que o presidente tenha mais de 60 anos.

É incomum que indivíduos mais jovens atinjam esta posição.

Para SETHI (1974), o emprego vitalício geraria um grau

de estabilidade e segurança no funcionário que, associado a

outras políticas, resultaria em lealdade e comprometimento do

empregado em relação à empresa. OZEBI (1977) também enfatiza a

importância do emprego vitalício pois, dessa forma, os

funcionários não seriam avaliados por um curto período de tempo

e não sofreriam pressões por um resultado imediato.

Segundo SHIMADA (1986), o emprego vitalício não é tão

permanente quanto se afirma. Segundo dados por ele apresentados,

as taxas de turnover, no Japão, foram da ordem de 14%, em 1980,

41

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sendo de 10% para os empregados do sexo masculino e de 21% para

os de sexo feminino.

TOMEI (1984), por sua vez, diz que o sistema de emprego

vitalicio é parte integrante da sociedade japonesa, e do mundo

econômico japonês. Porém, este sistema apresentaria tanto

vantagens como desvantagens. As vantagens diriam respeito à

estabilidade oferecida ao empregado, que originaria um senso de

lealdade e identidade com a empresa, além de servir de garantia

a uma futura escassez de mão-de-obra. A desvantagem seria a

redução da flexibilidade no mercado de trabalho, criando

basicamente dois grupos: força de trabalho móvel e permanente.

A força de trabalho permanente seria composta por

empregados contratados ao final do curso universitârio. Este

grupo formaria a força central de trabalho na companhia. E isto

seria mais forte, à medida que se analisassem empresas maiores.

A força de trabalho móvel seria formada por funcionários que

poderiam ter sido empregados anteriormente por outras companhias,

autônomos ou empregados temporários, contratados por períodos de

dois a seis meses.

SETHI, NAMIBI e SWANSON (1984) observam que, durante

o pôs-guerra, as empresas japonesas se utilizaram de vários

métodos para a manutenção do emprego vitalício, durante os

per iodos de baixa necessidade de mão-de-obra. Estes métodos

incluiriam o incentivo à aposentadoria, transferência de

funcionários para outras empresas do grupo ou para empresas

42

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satélites e a manutenção de grupos de empregados permanentes para

as atividades principais e um grupo de empregados temporários

para atividades triviais.

Estas práticas teriam sido utilizadas até recentemente,

porém seus efeitos teriam sido penosos para o individuo e para

a sociedade como um todo. O individuo convidado a se aposentar

se tornaria empregado temporário de outras empresas, sem os

beneficios e a segurança no trabalho, de seu status anterior.

A transferência de funcionários para subsidiárias ou

empresas satélites não

transferiria, obrigando

reduziria

as mesmas a

o problema, apenas o

se desfazerem de seus

funcionários para receber os da empresa matriz, que poderiam ser

menos competentes ou interessados no trabalho da empresa. Além

disto, estes funcionários em empresas menores possuiriam menos

garantias de emprego vitalicio e seriam mais vulneráveis às

condições econômicas.

Já ISHIDA (1985) menciona a redução da força de

trabalho permanente em consequência de mudanças ambientais, como

a entrada de mulheres no mercado de trabalho, o envelhecimento

da força de trabalho permanente, o avanço da tecnologia de

microeletrônica e o crescimento de serviços industriais. Todavia,

esta força de trabalho permanente não seria completamente

reduzida, por manter o compromisso empresa-funcionário e as

relações de cooperação entre os funcionários, consideradas

importantes pelas empresas.

43

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2.3.4. sistema de Avaliação e Promoção

SETHI (1974) descreve o sistema de remuneração baseado

no tempo de atividade do funcionário dentro da empresa. Partindo

da idade e do nivel de formação no momento em que inicia o seu

trabalho, o funcionário passaria a ser avaliado de acordo com o

número de anos que se encontra na empresa. As diferenças nas

práticas salariais podem ser mostradas de forma mais dramática

em termos de número de anos no trabalho, isto é, idade e

experiência. Por exemplo, no Japão o salário médio dos

trabalhadores com mais de 20 anos de trabalho é 145% do salário

dos trabalhadores que estiveram no trabalho de cinco a nove anos.

Isto se compara com 102% para a Alemanha Ocidental, 105% para a

França e 108% para a Itália.

O primeiro diferencial de salários, segundo TOMEI, é

baseado na antiguidade e no nivel educacional. Estes critérios

determinariam o salário inicial do empregado, que seria, a partir

dai, incrementado com base na antiguidade e na produtividade.

(Tabelas 11.1 e 11.2).

Segundo SETHI, NAMIBI e SWANSON (1984), todos os

funcionários regulares de uma empresa japonesa recebem suas

promoções à medida que atingem o nivel de idade apropriado às

promoções.

44

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II IDADE

17

18-19

20-24

25-29

30-34

35-39

40-49

TABELA :n.1

REMUNERAÇÃO MÉDIA MENSAL DOS TRABALHADORES NAS MANUFATURAS COM 1.000 OU MAIS EMPREGADOS

(US$)

Trabalhadores na Produção Empregados de Escritório

04/1967 06/1972 aum. % 04/1967 06/1972 %

57,14 142,50 2,5 - - -

81,43 191,43 2,4 76,07 172,50 2,27

108,93 240,36 2,2 104,64 226,79 2,17

148,21 302,50 2,0 133,93 291,43 2,18

185,00 360,36 1,9 180,00 364,29 2,02

213,57 395,71 1,9 225,36 427,50 1,90

259,29 454,29 1,8 287,86 505,71 1,76

. Fonte. Tome~ (1984)

45

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Pagamento

TABELA Il:. 2

FATORES DE AVALIAÇÃO DO EMPREGO USADOS POR FIRMAS PARA DETERMINAR SALÁRIOS BÁSICOS.

FATORES

de acordo com avaliação compreensiva (incluindo 26,7% com escala móvel de salãrio)

Pagamento de acordo com a habilidade na função

Pagamento exclusivamente de acordo com a habilidade no trabalho

Pagamento de acordo com experiência e capacidade

Pagamento exclusivamente de acordo com idade, educação e antiguidade

TOTAL

* As percentagens referem se ao numero de companh1as.

Fonte: Tomei (1984)

46

%

50,8%

10,0%

15,7%

12,0%

11,5%

100,0%

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ISHIDA (1985) observa que a existência de um grande

número de candidatos a gerente e, em contrapartida, a escassez

de oportunidades em posições de gerência pressionam as empresas

a selecionarem e avaliarem os candidatos a gerente, e a

enfatizarem o desempenho e a habilidade nas decisões de promoção.

2.3.5. Trajetória de carreira

KOBAYASHI e BURKE (1976) observam que é comum, nas

empresas japonesas, a formação generalista de seus gerentes. Para

que isto ocorra é feita uma rotação dos gerentes entre as

diversas áreas da organização, independente de sua formação

inicial. Este processo faz com que os gerentes não sejam

especialistas em determinada área, mas sim obtenham uma visão

geral da empresa.

FOX (1977) acrescenta que a ênfase na especialização,

uma constante nas empresas ocidentais, é vista pelos

administradores japoneses como uma individualização da pessoa,

separando-a do grupo e da identificação com a empresa. Esta visão

ocidental é contrária às caracteristicas de coletivização,

predominante na sociedade japonesa.

BUTTON (1987) afirma que a frequência de rotatividade

dos funcionários dentro de diversas áreas da empresa gera muitos

beneficios, tais como: o desenvolvimento de generalistas; maior

ligação entre funcionários de áreas distintas; identificação com

47

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os valores da empresa e não apenas com determinados

departamentos; e menor risco de perder pessoal qualificado.

A Tabela 11.3 resume os pontos principais discutidos,

sumarizando as variáveis investigadas no presente estudo.

48

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Práticas Gerenciais

Relações com a Empresa

Processo Decisório

Sistema de

Emprego

sistemas de Avaliação e promoção

[--------------I I I I I I

Trajetória de

: Carreira I I

TABELA II.3

VARIÁVEIS ESTUDADAS

variável : MOdelo : Japonês

--------------[--------------tipo de rela- ' paternalista ção chefe/ subordinado

MOdelo ocidental

impessoal

tipo de rela- paternalista impessoal ção empresa/ empregado

tipo de processo

responsabi-

consensual individual

lidade pela do grupo do individuo decisão

tempo do dirigente na longo curto empresa I

-----------______ 1

rotatividade baixa alta de pessoal

faixa etária de contrata­ção

fontes de re­crutamento

jovem

universida­des, centros de formação

tempo para lento : promoção [-------------- --------------

preferência funcionário para promoção

treinamento interno, no trabalho

--------------1--------------ênfase de : generalista carreira :

49

indefinida

agências de emprego

rápido

individuo mais competente

-----------------: mais externo

I I I I

-----------______ 1

especialista I I I I I

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CAPÍTULO IH

METODOLOGIA

50

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CAPíTULO lU

METODOLOGIA

Este capítulo trata da metodologia utilizada nesse

trabalho. Primeiramente, são apresentadas a pergunta de pesquisa

e as hipóteses que nortearam o estudo. Em seguida, definem-se as

variáveis e medidas operacionais, explicitam-se os procedimentos

de coleta e análise de dados e expõem-se as limitações do estudo.

1. Hipóteses

Foram definidas as seguintes pergunta de pesquisa e

hipóteses:

pergunta de pesquisa:

As empresas multinacionais japonesas adaptam ao Brasil as

práticas gerenciais utilizadas no Japão, conforme indicadas

na literatura?

Hipótese 1:

As empresas multinacionais japonesas que atuam há mais

tempo no Brasil e as que têm maior parcela de capital

brasileiro tendem a adaptar suas práticas gerenciais.

Hipótese 2:

Existem diferenças na adaptação de práticas gerenciais que

afetam o pessoal administrativo e as que afetam os

operários.

51

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2. Variáveis e Medidas operacionais

As variáveis utilizadas na pesquisa foram divididas em

dois grupos: aquelas que classificam as empresas sob diversos

aspectos e aquelas relativas às práticas gerenciais estudadas.

2.1. Variáveis Relativas a características das Empresas

Variável

* tempo de existência da empresa

* origem do capital

* origem nacional do executivo-chefe

* idade do executivo-chefe

* tempo do executivo-chefe no cargo

* tamanho da empresa

* pertinência a grupo

Medida Operacional

* ano de inicio de atividades no Brasil

* % do capital pertencente a multinacionais ou residentes em outro pais

* se brasileiro, descendente de japoneses ou japonês

* em anos

* em anos

* número de empregados

* se pertence ou não a grupo

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2.2. Variáveis Relativas às Práticas Gerenciais

variável

Relações com a Empresa

* tipo de relação chefe/ subordinado

* tipo de relação empresa/ empregados

Medida Operacional

* forma de comunicação de atribui­ções ao individuo contratado: 1 = conversa c/ chefe imediato 2 = conversa c/ algum diretor 3 = documentos detalhados (pergunta 5b)

paternalista = alternativa 1 hibrido = alternativa 2 impessoal = alternativa 3

* forma de avaliação de funcionários 1 = avaliação de chefes imediatos 2 = chefes imediatos e sistemas

formais 3 = sistemas formais (pergunta 13)

paternalista = alternativa 1 hibrido = alternativa 2 impessoal = alternativa 3

* formas de auxilio ao funcionário - assisto médico-dentária - seguro-saúde - aposentadoria complementar - seguros pessoais - empréstimos pessoais

empréstimos p/casa própria - auxilio-educação - creches - auxilio em emergência (O=não; 1=sim) (perguntas 8 e 9)

paternalista = 'sim'para auxilio emergência

impessoal = 'não'para auxilio emergência

53

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Processo Decisório

* tipo de processo

* responsabilidade pela decisão

Sistema de Emprego

* tempo do dirigente na empresa

* rotatividade de pessoal

* faixa etária de contratação

* fontes de recrutamento

* l=apenas pelo diretor responsável 2=pelo grupo de diretores 3=através de consenso entre dire­

tores e funcionários (pergunta 11)

consensual hibrido individual

= alternativa 3 = alternativa 2 = alternativa 1

* l=sobre diretor responsável 2=sobre individuo/grupo envolvido 3=sobre todos ligados ao problema

(pergunta 12)

do grupo hibrido individual

= alternativa 3 = alternativa 2 = alternativa 1

* no. de anos na empresa

longo médio curto

= mais de 20 anos = de 10 a 20 anos = menos de 10 anos

* % de empregados que deixaram a empresa sobre total de empregados (média dos últimos dois anos); (pergunta 1)

baixa= até 14% média= de 15 a 20% alta = acima de 20%

* l=mais jovem 2=não tem preferência 3=mais experiente

(perguntas 4 e 4a)

jovem indefinida

= alternativa 1 = alternativas 2 e 3

* 1=indicação de funcionários 2=contato com universidades 3=contato com agências de emprego

(perguntas 3 e 3a)

universidades= alternativa 2 = alternativa 3 = alternativa 1

agências outro

54

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sistemas de Avaliação e Promoção

* tempo para promoção

* preferência para promoção

Trajetória de Carreira

* treinamento

* ênfase de carreira

* tempo do executivo-chefe em outros cargos = tempo na empresa menos tempo no cargo

lento médio râpido

= mais de 15 anos = de 10 a 15 anos = menos de 10 anos

* idade média da diretoria (pergunta 6)

lento médio râpido

= 46 anos e mais = 40 a 45 anos = menos de 40 anos

* preenchimento de cargos vagos: l=sempre funcionârios 2=funcionârios, se bem preparados 3=individuo mais qualificado, de

dentro ou de fora da empresa. (perg. 5 e 5a)

funcionârio= alternativa 1 hibrido = alternativa 2 competente = alternativa 3

* l=no próprio trabalho 2=antes de iniciar, com

pessoa da empresa 3=antes de iniciar, na empresa,

com pessoas de fora 4=externamente

(perguntas 10 e 10a)

interno, no trabalho = alterno 1 externo = alternativas 3 e 4 outro = alternativa 2

* l=mudam constantemente de ârea 2=hâ alguma mudança 3=permanecem na mesma ârea

(perguntas 7 e 7a)

generalista = alternativa 1 hibrido = alternativa 2 especialista= alternativa 3

-----------------------------------------------------------------

55

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3. Teste das Hipóteses

Para o teste das hipóteses foi adotado o teste do qui­

quadrado, utilizando-se para tal o pacote SPSS (statistical

Package for the Social Sciences). Estabeleceu-se o nivel de

significãncia de 5% para a rejeição da hipótese nula.

56

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4. Determinação da População e da Amostra

A identificação da população foi feita através de

listas obtidas na JETRO - Japan External Trade Organization e na

Câmara de Comércio e Indústria do Japão. Por se tratar de listas

parciais, foi necessário elaborar uma lista consolidada das

empresas japonesas, utilizando-se os seguintes parâmetros:

participação de capital japonês acima de 25%,

pressupondo-se que abaixo deste limite houvesse pouca

interferência japonesa na administração;

número minimo de 100 funcionários, acreditando-se que

seria dificil analisar empresas menores, pois os

conhecimentos disponiveis na literatura referem-se a

empresas de maior porte;

não ser empresa varejista ou de prestação de serviços,

para tornar a amostra mais homogênea;

estar localizada próxima de ou nos pólos industriais

do Rio de Janeiro e de São Paulo.

A amostra final ficou composta de 30 empresas,

selecionadas de uma lista composta por 320 firmas.

Entre os executivos entrevistados, 97% são estrangeiros

de origem japonesa. A maioria dos executivos está na empresa há

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mais de 10 anos, e 70% ocupa o cargo há 5 anos ou menos. Em

termos de faixa etária, a maioria encontra-se entre 45 e 54 anos.

A maioria das empresas (80%) tem participação de

capital japonês acima de 90%. Do total, 67% são produtoras de

bens industriais e 33% de bens de consumo. Todas as empresas, à

exceção de uma, pertencem ou estão associadas a um grupo. Todas

as empresas se estabeleceram no pais antes da década de 80, sendo

que metade se estabeleceu ao longo dos anos 70.

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5. Método de Coleta de Dados

Caracteristicas próprias do estudo levaram à coleta de

dados primários.

Elaborou-se um questionário estruturado, com o intuito

de evitar tendenciosidades e facilitar o posicionamento do

entrevistado diante das questões apresentadas. A revisão da

literatura serviu de base à elaboração do questionário. O

questionário foi pré-testado, com vistas a melhorar sua

compreensão. A versão final do questionário encontra-se em anexo.

Foram realizadas entrevistas pessoais. O respondente

qualificado a responder ao questionário foi o executivo-chefe da

empresa ou, quando isto não foi possível, algum diretor por ele

indicado.

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6. Tra~alho de campo

As empresas que compunham a amostra foram contatadas

por telefone, para confirmação do número de funcionários, da

participação de capital japonês na empresa, do endereço e do nome

do executivo-chefe.

Foi enviada uma carta às empresas selecionadas

esclarecendo o propósito do estudo e solicitando uma entrevista.

Posteriormente, foi feito novo contato telefônico para

confirmação da data e horário da entrevista.

o entrevistador apresentava os objetivos da pesquisa

e, em seguida, dava inicio ao questionário, entregando ao

entrevistado cartões contendo opções de respostas às perguntas

apresentadas.

60

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7. Limitações

As principais limitações desse estudo decorrem da não

existência de urna lista exaustiva de empresas multinacionais

japonesas, da qual se obtivesse urna amostra que permitisse a

generalização dos dados obtidos para o universo.

Urna limitação sempre existente no Brasil é a

dificuldade de acesso à literatura internacional e às fontes

originais. Também não é frequente na literatura internacional

estudos com dados quantitativos sobre as variáveis pesquisadas.

61

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CAPÍTULO IV

RESULTADOS

62

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CAPÍTULO 4

RESULTADOS

Neste capitulo apresentam-se os resultados obtidos na

pesquisa. Em primeiro lugar, descrevem-se as práticas gerenciais

encontradas nas empresas multinacionais japonesas atuantes no

Brasil que foram objeto desse estudo, comparando-se tais práticas

com a literatura, a partir do modelo conceitual descrito no

capitulo I!.

Em seguida, realizam-se os testes de hipóteses,

utilizando-se a estatística do qui-quadrado para verificar (i)

se o tempo de existência da empresa no Brasil e a parcela de

capital nacional afetam as práticas gerenciais utilizadas; (ii)

se existem diferenças entre as práticas adotadas com relação a

pessoal administrativo e a operários.

1. Anãlise Descritiva das Prãticas Gerenciais de Empresas

MUltinacionais Japonesas Atuantes no Brasil

A descrição das práticas gerenciais das empresas

multinacionais japonesas atuantes no Brasil é feita utilizando-se

tabelas de frequências (Tabelas IV.1 a IV.5).

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TABELA IV.1

RELAÇÕES COM A EMPRESA

Frequência variável

Absoluta Relativa

Tipo de Relação Chefe/Subordinado

* Forma de comunicação de atribui­ções ao individuo contratado

- conversa com chefe imediato

- conversa com algum diretor

- documento detalhado

* Forma de avaliação de funcioná­rios

- mais informal, avaliação de chefes imediatos

- chefes imediatos e sistemas formais

- sistemas formais

Tipo de Relação Empresa/Empregado

* Auxilios diversos

- assistência médica

- seguro de vida

empréstimos pessoais

- creches

- auxilio-educação

- auxilio-aposentadoria

empréstimo para casa própria

auxilio de emergência

n=30

64

24 80%

4 13%

2 7%

15 50%

11 37%

4 13%

29 97%

24 80%

18 60%

11 30%

8 27%

4 13%

3 10%

21 70%

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TABELA IV.2

PROCESSO DECISÓRIO

Frequência Variável

Absoluta Relativa

Tipo de Processo

- decisões apenas pelo diretor responsável

- pelo grupo de diretores

- através de consenso entre fun­cionários e diretores

Responsabilidade pela Decisão

- recai sobre diretor responsável

- recai sobre individuo/grupo

- recai sobre todos os ligados ao problema

n=30

65

8 27%

7 23%

15 50%

2 7%

7 23%

21 70%

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TABELA IV.3

SISTEMA DE EMPREGO

Frequência variável

Absoluta Relativa Acumulada

Tempo do Dirigente na Empresa

1 a 10 anos

- 11 a 20 anos

- 21 a 30 anos

- 31 anos e mais

média: moda : mediana:

22,6 anos 30,0 anos 25,0 anos

* Idade do executivo-chefe

- 35 a 44 anos

- 45 a 54 anos

- 55 a 64 anos

- 65 a 74 anos

média: moda : mediana:

53,6 anos 50,0 anos 50,0 anos

Rotatividade de Pessoal

mínimo: máximo:

mínimo: máximo:

* % Rotatividade (média 2 últ.anos)

1 a 14%

- 15 a 20%

- 21 e mais

média: moda : mediana:

(cont. )

13,34% 3,00%

12,00%

mínimo: máximo:

66

6

7

13

4

2 anos 48 anos

2

16

11

1

40,0 anos 70,0 anos

15

7

4

1,00% 50,00%

20% 20%

22% 42%

43% 85%

15% 100%

7% 7%

53% 60%

37% 97%

3% 100%

58% 58%

27% 85%

15% 100%

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(Tabela IV.3, cont.)

Variável

Faixa Etária de contratação

* Para pessoal administrativo

- prefere mais jovem

- não tem preferência

- prefere mais experiente

* Para operários

- prefere mais jovem

- não tem preferência

- prefere mais experiente

Fontes de Recrutamento

* Para pessoal administrativo

- por indicação de funcionários

- através de contato universidades

através de contato com agências de emprego

* Para operários

- por indicação de funcionários

- através de contato universidades

através de contato com agências de emprego

n = 30

67

Frequência

Absoluta Relativa

11 38%

8 28%

10 34%

16 53%

8 27%

6 20%

9 30%

2 7%

19 63%

11 37%

1 3%

18 60%

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TABELA IV.4

SISTEMAS DE AVALIAÇÃO E PROMOÇÃO

Frequência Variável

Absoluta Relativa Acumulada

Tempo para Promoção

* Tempo na empresa em outros cargos

o a 10 anos

- 11 a 15 anos

- 16 anos e mais

média: 17 anos minimo: moda : 22 anos máximo: mediana: 17 anos

---------------------------------* Idade média da diretoria

- 35 a 39 anos

- 40 a 45 anos

- 46 a 50 anos

média: 44 anos minimo: moda: 40 anos máximo: mediana: 45 anos

Preferência para promoção

* promoção para cargos adminis­trativos

- sempre funcionários

- funcionário, se bem preparado

- individuo mais qualificado

* Promoção de operários

- sempre funcionários

- funcionário, se bem preparado

- individuo mais qualificado

11 37% 37%

3 10% 47%

16 53% 100%

O anos 44 anos

3 10% 10%

16 53% 63%

11 37% 100%

35 anos 50 anos

14 47%

11 37%

5 17%

18 60%

9 30%

3 10% -----------------------------------------------------------------n = 30

68

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TABELA IV.5

TRAJETÓRIA DE CARREIRA

Frequência Variável

Absoluta Relativa

Treinamento

* De pessoal administrativo

- no próprio trabalho

- antes de iniciar, com pessoas da empresa

- antes de iniciar, com pessoas de fora

- externamente

* De operários

- no próprio trabalho

- antes de iniciar, com pessoas da empresa

- antes de iniciar, com pessoas de fora

- externamente

€nfase de Carreira

* De pessoal administrativo

- mudam constantemente de área

- há alguma mudança

- permanecem na mesma área

* De operários

- mudam constantemente de área

- há alguma mudança

- permanecem na mesma área

n = 30

69

24 80%

3 10%

3 10%

26 87%

2 7%

1 3%

1 3%

9 30%

9 30%

12 40%

4 13%

9 30%

17 57%

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1.1. Relações na Empresa

Corno se viu na revisão da literatura, as relações

hierárquicas nas empresas japonesas assumem urna maneira mais

informal, de comprometimento de ambas as partes, que se reflete em

urna relação do tipo "pai-filho", entre chefes e subordinados. As

empresas e consequentemente seus executivos se sentem

responsáveis por seus funcionários.

Com o propósito de verificar a ocorrência ou não da

relação "mentor-protégé", na empresa multinacional japonesa atuante

no Brasil, procurou-se verificar a importância do relacionamento

direto entre o chefe imediato e o subordinado. Isso foi feito de

duas formas (Tabela IV.1).

Por um lado, observou-se que, quando o individuo é

contratado ou promovido, o processo de comunicação de atribuições

é feito informalmente, através de conversa com o chefe imediato,

em 80% das empresas da amostra, de forma coerente com a literatura

sobre as práticas gerenciais japonesas.

Por outro lado, no que se refere à forma de avaliação de

funcionários, constatou-se que, em 87% dos casos, o chefe imediato

está envolvido na avaliação de seu subordinado, sendo que, na

maioria das vezes (50%), é ele o único "avaliador".

Existem indicações, portanto, de que na maioria das

empresas predomina o tipo de relacionamento "paternalista" entre

70

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superior e subordinado, descrito na literatura.

Para avaliar o grau de proteção oferecido pela empresa

japonesa atuante no Brasil, com relação a seus funcionários,

procurou-se determinar, inicialmente, os tipos de mecanismos de

assistência aos empregados utilizados por essas empresas. Uma

análise das formas de beneficio oferecidas indica que 97% oferece

assistência médica; 80% oferece seguro de vida e 60% oferece

empréstimos pessoais. Outras formas de beneficio são oferecidas,

em menores proporções, como no caso de creches, em 30% das empresas

e auxilio-educação, em 27% Pode-se dizer que existe uma

preocupação com relação ao bem estar pessoal do funcionário, na

maioria das empresas da amostra, mas, devido à falta de dados

comparativos com o Japão, não se pode chegar a conclusões

substantivas.

Com o propósito de verificar a ocorrência de auxilios em

ocasiões "inesperadas", comparativamente com aqueles formalizados

nas práticas gerenciais da empresa, perguntou-se ao executivo-chefe

o que faria a empresa, no caso de ocorrer uma emergência com um

funcionário, como por exemplo, doença grave ou morte na familia,

em que o funcionário não tivesse condições econômicas para resolver

o problema. As respostas obtidas indicaram que em 70% das empresas

um auxilio seria concedido e em 30% não.

71

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1.2. Processo Decisório

o processo decisório por consenso tem sido uma das

caracteristicas mais observadas pelos pesquisadores, em estudos

internacionais sobre empresas japonesas. No caso da amostra

estudada, essa caracteristica também se revela. (Tabela IV.2)

Perguntou-se aos executivos entrevistados qual, de um

conjunto de quatro alternativas, melhor refletia a forma pela qual

as decisões eram tomadas em sua empresa, na maioria das vezes. As

respostas indicaram que, em 50% dos casos, as decisões eram

tomadas através de consenso ou acordo entre os individuos

diretamente ligados ao problema. Em 23% dos casos, as decisões eram

tomadas pelo grupo de diretores, sem interferência dos funcionários

ligados ao problema; e em 27%, as decisões eram tipicamente tomadas

apenas pelo diretor responsável, sem interferência dos funcionários

ligados ao problema.

De forma similar, perguntou-se ao executivo entrevistado

sobre quem recairia a responsabilidade por uma decisão cujos

resultados fossem negativos para a empresa. Em 70% dos casos, a

resposta foi que a responsabilidade pela decisão recairia sobre

todos aqueles ligados ao problema sobre o qual havia sido tomada

a decisão. Em 23% dos casos, indicou-se que a responsabilidade

recairia sobre o individuo/grupo que tomara tal decisão; e em

apenas dois casos afirmou-se que a responsabilidade pela decisão

caberia ao diretor responsável pela área a que se refere a decisão.

72

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Essas observações coincidem com a literatura, que mostra

como prática gerencial japonesa a decisão por consenso , também

chamada de sistema ringi, que envolve vários niveis hierárquicos

e distribui entre eles a responsabilidade pela decisão, seja ela

positiva ou negativa.

É de se observar que, embora a grande maioria das

empresas acompanhe o modelo japonês, ocorreram exceções entre as

empresas pesquisadas.

1.3. sistema de Emprego

o sistema de emprego adotado pelas empresas

multinacionais japonesas atuantes no Brasil parece trazer alguns

elementos de seu pais de origem e haver-se adaptado em outros

aspectos ao Brasil (ou às operações internacionais).

A Tabela IV.3 mostra o tempo de atuação do executivo­

chefe entrevistado na empresa. A tabela está organizada por

intervalos de classe, indicando que 20% dos executivos estão há até

10 anos na empresa; que 22% nela se encontram por um per iodo que

varia entre 11 e 20 anos; 43% entre 21 e 30 anos; e os restantes

15% estão na empresa há mais de 30 anos. Em média, os executivos­

chefes encontram-se na empresa há 22 anos e meio. Considerando-se

que a média de idade dos executivos-chefes foi de 53 anos e meio,

aproximadamente, pode-se afirmar que, em média, os executivos­

chefes ingressaram na empresa com 31 anos de idade.

73

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Esses dados não parecem, a principio, estar em

conformidade com o principio de que o individuo passa toda a sua

vida profissional na empresa, já que ingressando em uma empresa com

31 anos, os individuos já teriam passado pelo menos 5 anos em outra

organização. Várias observações sugerem, no entanto,

possibilidades.

outras

Em primeiro lugar, analisando-se com um pouco mais de

cuidado, verifica-se que a moda da idade dos executivos-chefes foi

de 50 anos e a moda de seu tempo na empresa foi de 30 anos, o que

nos leva a concluir por uma maior proximidade entre esses dados e

aqueles referidos na literatura existente. Além disso, observou-se

que as empresas multinacionais japonesas encontram-se, em média,

há 20 anos atuando no pais, o que poderia explicar, certamente, as

diferenças encontradas.

Deve-se considerar ainda que, no modelo gerencial

japonês, dentro do sistema de emprego vitalicio, ao atingir a idade

para a aposentadoria compulsória -- que seria aos 55/60 anos para

os executivos em geral e até 70 anos para os executivos de topo

o executivo pode ser transferido para empresas coligadas, ou

empresas satélites, continuando a servir por mais alguns anos ao

grupo empresarial. Embora não se tenha verificado a ocorrência

desse tipo de aposentadoria, sabe-se que todas as empresas

estudadas, ã exceção de uma, pertencem a grupo empresarial, o que

possibilitaria a adoção dessa prática.

Por outro lado, deve-se salientar que em todas as

74

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empresas estudadas, à exceção de uma, os executivos-chefes são de

nacionalidade japonesa. Assim, é possível que, para muitos deles,

a direção geral da subsidiária no Brasil seja a etapa final de um

sistema de emprego vitalício, iniciado nas empresas matrizes, em

seu país de origem.

Chame-se a atenção, finalmente, para a idade do

executivo-chefe. Em alguns casos -- particularmente levando-se em

conta a afirmativa de NAKANE (1970), de que os executivos de topo

chegam a essa posição após os 60 anos de idade -- os executivos­

chefes das multinacionais japonesas atuantes no Brasil parecem mais

jovens do que seria de esperar.

Um outro indicador da ocorrência de sistema de emprego

vitalício seria a taxa de rotatividade de pessoal da empresa. Ao

contrário do tempo no cargo do executivo-chefe, a taxa de

rotatividade indicaria a existência de emprego vitalício a níveis

operacionais. Assim, com o propósito de investigar mais a fundo a

ocorrência maior ou menor do sistema de emprego vitalício em todos

os níveis da empresa, calculou-se a taxa média de rotatividade nos

últimos dois anos. Os resultados obtidos mostraram que a referida

taxa variou de 1% ao ano a 50%, sendo a média 13%, a moda 3% e a

mediana 12% . A média de 13% está bastante próxima, como vimos, dos

dados de que se dispõe com relação ao Japão, e permitem afirmar que

esta taxa é baixa, pois é inferior ao limite fixado de 14% ao ano,

indicado por TAKEUCHI (1986) como a média para todas as empresas

japonesas em 1980.

75

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Como foi visto na revisão de literatura, as empresas

japonesas procuram contratar, a cada ano, um grupo de pessoas

jovens, recém-saídas da universidade, para iniciarem carreira

dentro da empresa, e ali permanecerem até a aposentadoria.

Investigou-se, na atuação das empresas japonesas no Brasil, se esse

procedimento ocorreria. Os resultados obtidos proporcionaram

evidências contrárias, sugerindo a adaptação das práticas ao

contexto brasileiro. Foram feitas duas perguntas, uma referente ao

pessoal administrativo, outra referente aos operários.

No caso das contratações de pessoal administrativo para

as empresas pesquisadas, não existem evidências para afirmar que

haja preferência pela contratação de jovens para desenvolverem

carreira na empresa, já que apenas 38% declararam preferir

contratar indivíduos mais jovens, enquanto 34% preferem pessoas com

mais experiência e 28% declararam não ter preferência.

Por outro lado, quando se trata de operários, há uma

certa preferência pela contratação de indivíduos mais jovens (53%),

com 27% declarando não ter preferências quanto à idade e 20%

preferindo indivíduos mais experientes.

Um aspecto adicional que merece ser salientado, sendo

esclarecedor da situação, é a forma de recrutamento utilizada pelas

empresas. No caso de indivíduos em cargos administrativos, 63% das

empresas entra em contato com agências de emprego que lhes enviam

currículos ou pessoas a serem entrevistadas; apenas 2 empresas

fazem contatos com universidades ou outros centros de ensino para

76

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esse fim; e 30% fazem contato com pessoas indicadas por

funcionários de confiança da prõpria empresa, passando então pelo

processo normal de seleção. Como se pode observar, também esse

procedimento não segue as práticas exaustivamente relatadas na

literatura como sendo prõprias das empresas japonesas, ao recrutar

seu corpo administrativo, uma vez que as universidades não aparecem

como fontes importantes de recrutamento.

No que se refere aos operários, os resultados são

bastante similares (Tabela IV.3). Associados esses resultados aos

imediatamente anteriores, fica evidente que a maioria das empresas

recorre ao mercado de trabalho de forma similar à utilizada por

outras multinacionais, através de agências de emprego.

Esses resultados merecem algumas considerações. Ao

instalar uma subsidiária em mercados externos, a empresa japonesa

se defronta não apenas com uma cultura que não é a sua, mas também

com uma série de normas, práticas, leis e regulamentações que

afetam sua maneira de lidar com seus recursos humanos. Embora parte

de seu corpo gerencial seja trazido do Japão -- como vimos com

relação ao executivo-chefe -- e outra parte seja recrutada entre

descendentes de japoneses, os niveis operacionais são formados,

fundamentalmente, por individuos de nacionalidade brasileira e

ascendência não japonesa, oriundos, portanto, de uma cultura

distinta daquela que compartilha a alta gerência da empresa no

Brasil e a matriz. Uma das perguntas que estimulou o interesse da

pesquisadora sobre este tema foi, exatamente, até que ponto os

dirigentes japoneses realizariam adaptações no sistema de emprego

77

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vitalício, nas condições brasileiras. A resposta parece clara, a

esse ponto: enquanto se busca preservar o sistema de emprego

vitalício nos níveis gerenciais mais altos, entre executivos

trazidos do Japão, esse sistema é basicamente deixado de lado

quando se trata de pessoal administrativo recrutado no Brasil e

quando se trata dos níveis operacionais, sendo pouco praticado por

essas empresas.

1.4. sistemas de Avaliação e Promoção

Os processos promocionais e de avaliação de altos

executivos, nas empresas da amostra, são, de forma geral, lentos,

coincidentes aos encontrados no modelo japonês, onde as promoções

são realizadas de acordo com o tempo do executivo na empresa e não

de acordo com seu desempenho. Observa-se, na Tabela IV.4, que 63%

dos executivos-chefes entrevistados só chegaram a esse cargo pelo

menos após dez anos de serviços prestados à empresa e 53% pelo

menos após 15 anos de serviços. Em média, os executivos-chefes

levaram 17 anos na empresa para ascender a esse cargo; a moda foi

22 anos.

A idade média da diretoria da empresa não dá, porém,

apoio ao resultado anterior. A idade média dos diretores é de 44

anos, sendo a moda 40.

Nas empresas da amostra, constata-se que no caso de

existir um cargo vago para funções administrativas, 47% das

78

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empresas sempre escolhem um funcionário; 37% dão preferência a

algum funcionário, desde que ele esteja bem preparado para o cargo;

e apenas 17% se voltam para a busca do individuo mais qualificado,

seja ele de dentro ou de fora da empresa. No caso da promoção de

operários, em 60% da amostra existe a prioridade dada a

funcionários da própria empresa. Nesse aspecto, portanto, as

práticas gerenciais adotadas pelas multinacionais no Brasil parecem

bastante semelhantes às adotadas no Japão.

1.5. Trajetória de carreira

Na análise da Tabela IV.5, que oferece informações sobre

a carreira do individuo dentro da empresa, verifica-se que, no caso

dos individuos em cargos administrativos, 80% das empresas fazem

o treinamento no próprio trabalho. Esse número sobe para 87%,

quando se trata de operários (Tabela IV.5).

Enquanto a literatura indica que nas empresas japonesas

ocorre um rodízio do funcionário pelas diversas áreas da empresa,

recebendo assim uma formação mais generalista, o mesmo não ocorre

nas empresas japonesas atuantes no Brasil. No caso dos individuos

em cargos administrativos, apenas 30% das empresas têm como prática

realizar o rodizio dos funcionários, contra 40% que mantêm o

funcionário na mesma área, e 30% em uma situação intermediária,

onde realizam alguma mudança, embora sem ter especificamente o

objetivo de dar uma formação mais generalista.

Essa tendência se fortalece no caso dos operários, onde

79

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57% das empresas da amostra fazem com que o individuo permaneça na

área onde se iniciou, e apenas 13% das empresas fazem o rodizio.

Um fator que poderia estar interferindo na adoção desta

prática seria o baixo nivel de formação do funcionário brasileiro

que não permitiria a realização de rodizios com o objetivo de

melhor preparar o funcionário. Isto se confirma quando constata-se

que não existe preferência para contratação em universidades, em

oposição ao que ocorre no Japão, não se montando assim, equipes bem

preparadas.

80

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1.6. síntese da Análise Descritiva

Apresenta-se, na Tabela IV. 6, a síntese da análise

descritiva. A partir dessa síntese pode-se afirmar que as empresas

multinacionais japonesas atuantes no Brasil, em sua maioria,

parecem manter as mesmas práticas gerenciais japonesas no que se

refere a:

relação paternalista chefe/subordinado;

relação paternalista empregado/empresa;

processo decisório consensual;

responsabilidade do grupo pela decisão;

- longo tempo do dirigente na empresa;

- baixa rotatividade de pessoal;

- longo tempo para promoção;

- promoções internas;

- treinamento interno, no trabalho.

As principais adaptações ocorrem no sistema de emprego

vitalício. A prática mais comum entre as empresas, neste caso, é

manter o emprego vitalício apenas para o topo da organização,

normalmente ocupado por executivos de origem japonesa.

Um outro aspecto onde ocorre adaptação é na ênfase de

carreira, que é mais especialista do que generalista,

contrariamente ao que ocorre no Japão.

81

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TABELA IV.6

SíNTESE DA ANÁLISE DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS ESTUDADAS

Práticas Gerenciais

Relações

: Variável Modelo : Modelo : I Japonês : Ocidental --------------1--------------:-----------------tipo de rela- ' paternalista: impessoal ção chefe/ : subordinado (80% - 50%): (7% - 13%)

com a -------------- -------------- -----------------Empresa tipo de rela- paternalista impessoal

Processo Decisório

sistema de

Emprego

sistemas de Avaliação e Promoção

Trajetória

de Carreira

ção empresa/ empregado (70%) (30%)

tipo de processo

consensual (50%)

responsabi- do grupo lidade pela decisão : (70%)

--------------l--------------tempo do : longo dirigente na : empresa : (58%)

--------______ 1 ______ --------

rotatividade de pessoal

baixa

(58%) 1 _____________ _

faixa etária jovem de contrata-ção (38% - 53%)

fontes de re- universidades crutamento centros formo

( 7% - 3%)

: tempo para : promoção

lento

I I

1--------------: preferência

para promoção

treinamento

(53% - 37%)

funcionário da empresa (47% - 60%)

interno, no trabalho (80% - 87%)

ênfase de generalista carreira (30% - 13%)

82

individual (27%)

do individuo

( 7%)

curto

(20%)

alta

(15%)

indefinida

(62% - 47%)

agências de emprego (63% - 60%)

rápido

(37% - 10%)

indivíduo mais competente (17% - 10%)

mais externo (10% - 6%)

especialista (40% - 57%)

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2. Teste de Hipóteses

Para o teste das hipóteses utilizou-se a técnica do qui­

quadrado. Procurou-se testar o grau de adaptação das práticas

gerenciais japonesas entre as empresas da amostra, supondo-se que

aquelas que estivessem há mais tempo no Brasil e as que tivessem

maior parcela de capital brasileiro adaptassem mais as práticas

gerenciais à realidade brasileira do que as demais. Adotou-se o

nivel de significância de 5% para a rejeição da hipótese nula.

o maior tempo no Brasil levaria, teoricamente, a que os

dirigentes da empresa no pais sofressem um processo de aculturação,

adaptando-se às condições brasileiras. Por sua vez, a maior parcela

de capital brasileiro levaria, teoricamente, a maior influência de

individuos de nacionalidade brasileira e ascendência não japonesa

nas práticas gerenciais da empresa.

A Tabela IV. 7 apresenta dados relativos às variáveis "ano

de inicio das atividades da empresa no Brasil" e "participação de

capital japonês".

Como se pode observar, há grande variabilidade em termos

do ano de inicio de atividades no Brasil das empresas componentes

da amostra, sendo a média igual a 1966, a moda 1973 e a mediana

1970. O valor minimo assumido por essa variável é 1938 e o máximo

é 1979.

83

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TABELA IV.7

VARIÁVEIS INDEPENDENTES

Frequência variável

Absoluta Relativa Acumulada

Tempo de Existência da Empresa (Ano de Início de Atividades no Brasil)

1930 - 1960

1961 - 1970

1971 - 1987

média: 1966 moda: 1973 mediana: 1970

origem do Capital ( % de Capital Japonês)

40% a 70%

71% a 90%

91% a 100%

média: moda: mediana:

n = 30

93,6% 100,0%

99,0%

mínimo: máximo:

mínimo: máximo:

84

8

7

15

1938 1979

3

3

24

49,0% 100,0%

27% 27%

23% 50%

50% 100%

10% 10%

10% 20%

80% 100%

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No que se refere à participação do capital japonês,

verifica-se que a grande maioria (80%) das empresas tem mais de

90% de capital japonês; 3 empresas têm entre 71 e 90% de capital

japonês e as três restantes têm entre 40 e 70%.

Os resultados do teste do qui-quadrado com relação à

associação entre tempo de existência da empresa no Brasil e as

práticas gerenciais japonesas estudadas encontram-se na Tabela

IV.8. De forma geral, não se pode rejeitar a hip6tese nula, de

que as empresas multinacionais japonesas atuantes no Brasil não

se diferenciam, no que se refere a tempo de atuação no Brasil,

na adaptação de práticas gerenciais japonesas à situação

brasileira.

Apenas duas variáveis apresentaram resultados

significativos ao nível de 5%. Uma delas é a variável que mede

o consenso no processo decis6rio. Curiosamente, verificou-se que

as empresas que estão sediadas há mais tempo no Brasil conservam

mais a prática japonesa de decisão por consenso do que as que

atuam há menos tempo no Brasil. Tal resultado é, à primeira

vista, incompatível com as expectativas 16gicas. No entanto,

pode-se supor que as empresas que se encontram há mais tempo no

Brasil tenham um corpo de executivos mais estabelecido, com maior

número de indivíduos originários do Japão. Por esse motivo,

tenderiam a utilizar mais as práticas japonesas.

85

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: Práticas : Gerenc.

Relações

com a

Empresa

TABELA IV.8

RESULTADO DO TESTE DE HIPÓTESES COM A VARIÁVEL

TEMPO DE EXISTiNCIA DA EMPRESA

variável

tipo de rela­ção chefe! subordinado

Medida Operacional

comunicação atribuições

avaliação ,

qui- g.l. p quadrado , ----------------------1 3,84000 1 0,05 ** : ,

0,00000 1 1,00

--------------1-------------- 1----------------------tipo de rela-: auxilio de

, ção empresal : emergência : empregado :

0,63492 1 0,43

---------:--------______ 1 ______ -------- _____________________ _

: tipo de consensual 4,80000 1 0,03 ** , Processo : processo ou não :

1-------------- -------------- ----------------------1 Decisório: responsabi- do grupo ou :

: lidade pela do individuo 0,53571 1 0,46 : : decisão : :

---------1-------------- --------------:----------------------1

sistema

de

Emprego

(cont. )

: tempo do no. de anos : , dirigente na na empresa :0,00000 1 1,00

empresa : --------______ 1 ______ ----------------

rotatividade de pessoal

faixa etária de contrata­ção

fontes de re­crutamento

% de turnover 0,54299

de pessoal 0,00000 administrat.

de operários

de pessoal administrat.

0,13393

0,53571 ,

1 0,46

1 1,00

1 0,71

1 0,46

--------------1----------------------de :0,00000 1 1,00 operários :

86

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(Tabela IV.8, cont.)

qui- g.l p , , IPráticas I Variável

I Gerenc. I I Medida

Operacional quadrado I 1---------1-------------- ----------------------: , tempo para

promoção tempo do exec. chefe na empr. 0,00000 - no cargo

1 1,00

, , , , , , sistemas de Avaliação

----------------______ 1

e ,Promoção

idade média da 2,29665 diretoria

preferência de pessoal 0,00000 para promoção administrativo

1 0,12

1 1,00

de 0,00000 1 1,00 ,operários

--------------:-------------- ----------------------

, I Trajet6-Iria de

treinamento Ide pessoal 0,20833 1 0,65 I administrativo 1--------------1----------------------Ide 12,59615 1 0,11 I operários I I I Carreira , , --------------1--------------1----------------------: , , , , , , , , , ,

Notação: * **

***

ênfase de Ide pessoal 12,53968 1 0,11 I carreira I administrativo I I

= = =

1--------------1----------------------: Ide 10,28846 1 0,59 I I operários : I

p<=O,Ol p<=0,05 p<=0,10

87

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Outra variável significativa ao nível de 5% foi o grau

de formalidade na comunicação de atribuições. Todas as empresas

que se encontram há menos tempo no Brasil utilizam métodos mais

informais na comunicação de atribuições, que é feita pelo chefe

imediato. Nas empresas há mais tempo no Brasil, dois terços usam

esse mesmo método, mas o terço restante utiliza sistemas mais

formais, que eliminam o contato direto entre o chefe imediato e

o subordinado.

No que se refere ao teste da associação entre

participação de capital nacional e as práticas gerenciais

japonesas estudadas também não foi possível rejeitar a hipótese

nula de que as empresas não se diferenciam na adaptação das

práticas gerenciais em função da parcela de capital detida por

não japoneses (Tabela IV.9).

Uma única variável mostrou tendência positiva, embora

não tenham sido significativos os resultados, uma vez que se

adotou, nesse estudo, o nível de significância de 5%. As empresas

com maior participação de capital não japonês não contratam

indivíduos jovens para cargos administrativos, enquanto as de

capital totalmente ou quase totalmente japonês dão preferência

a indivíduos mais jovens para cargos administrativos.

88

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TABELA IV.9

RESULTADO DO TESTE DE HIPÓTESES COM A VARIÁVEL

I

Práticas Gerenc.

Relações

com a

Empresa

Processo

Decisório

sistema

de

Emprego

(cont. )

PARTICIPAÇÁO DE CAPITAL JAPON!S

variável j Medida j Operacional

--------------:--------------tipo de rela-j comunicação ção chefe/ j atribuições subordinado j--------------

j avaliação I I

--------------t--------------I tipo de rela-j auxilio de

ção empresa/ j emergência empregado j

--------------1--------------tipo de : consensual processo : ou não

--------------1--------------responsabi- j do grupo ou lidade pela : do individuo decisão :

--------------t--------------tempo do no. de anos dirigente na na empresa empresa

rotatividade de pessoal

faixa etária de contrata­ção

fontes de re­crutamento

% de turnover

de pessoal administrat.

de operários

de pessoal administrat.

de operários

89

qui- g.l. p quadrado I

----------------------1 0,00000 1 1,00 I

I I I

----------------------1 0,00000 1 1,00 I

I I I

----------------------1

0,00000 1

0,00000 1

0,00000 1

0,00000 1

1,00

1,00

1,00

1,00

I I I

I I I I

----------------______ 1

0,00000 1 1,00

2,81493 1 0,09***

0,41016 1 0,52

0,08929 1 0,77

0,43959 1 0,51

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(Tabela IV.9, cont.)

I Práticas I Gerenc.

Sistemas de Avaliação e Promoção

Variável

tempo para promoção

Medida qui- g.l P Operacional I quadrado

--------------:----------------------tempo do exec. I chefe na empr.lo,ooooo 1 1,00 - no cargo I

idade média da 0,00868 diretoria

1 0,93

preferência de pessoal para promoção administrativo

0,00000 1 1,00

de 0,00000 1 1,00 operários I

-------------- --------------:----------------------

Trajetó­ria de Carreira

treinamento de pessoal 10,63802 1 0,42 administrativo I --------------1----------------------de 10,16226 1 0,69 operários I

--------------1--------------1----------------------

Notação: * **

***

ênfase de Ide pessoal 10,08929 1 0,76 carreira I administrativo I I

= = =

1--------------1----------------------: Ide 10,16226 1 0,69 I I operários I I

p<=O,Ol p<=0,05 p<=0,10

90

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Finalmente, foi realizado o teste da hipótese 2. Os

resultados obtidos (Tabela IV.10) não permitiram rejeitar a

hipótese nula, de que não existem diferenças na adaptação das

práticas adotadas para pessoal administrativo e para operários.

O teste foi realizado separadamente para cada uma das cinco

variáveis que mediam práticas gerenciais relativas aos dois

grupos de funcionários.

Esses resultados são coerentes com as observações

feitas na parte inicial desse capitulo, a partir da estatistica

descritiva.

91

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TABELA IV.I0

RESULTADOS DO TESTE DE HIPÓTESES QUANTO A DIFERENÇAS NAS PRÁTICAS ADMINISTRATIVAS ENTRE OPERÁRIOS E PESSOAL

ADMINISTRATIVO

Tipo de Funcionário Variável

Pessoal Operários Administrativo

Faixa etária de contratação

prática japonesa outras práticas

Total

No.

11 18 29

%

19% 31% 49%

qui-quadrado=0,85714; g.l.=l; p=0,35

Fontes de recrutamento

prática japonesa outras práticas

Total

2 28 30

3% 47% 50%

qui-quadrado=O,OOOOO; g.l.=l; p=l,OO

Preferência para promoção

prática japonesa outras práticas

Total

14 16 30

qui-quadrado=0,60268; g.l.=l; p=0,44

Treinamento

prática japonesa outras práticas

Total

24 6

30

qui-quadrado=0,12000; g.l.=1; p=o,73

~nfase de carreira

prática japonesa outras práticas

Total

9 21 30

qui-quadrado=1,57119; g.l.=l; p=0,21

92

23% 27% 50%

40% 10% 50%

15% 35% 50%

No.

16 14 30

1 29 30

18 12 30

26 4

30

4 26 30

%

27% 24% 51%

2% 48% 50%

30% 20% 50%

43% 7%

50%

7% 43% 50%

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CAPÍTULO V

CONCLUSÕES

93

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CAPíTULO V

CONCLUSÕES

Este capitulo apresenta inicialmente um sumário do

estudo, incluindo objetivos, metodologia e resultados. Em seguida,

apresenta as principais conclusões e proposições a que foi possivel

chegar. Finalmente, apresentam-se algumas sugestões de campos de

pesquisa futura.

1. Sumário do Estudo

O presente estudo teve como objetivo verificar a

adaptação de práticas gerenciais japonesas ao ambiente brasileiro,

por parte de empresas multinacionais japonesas atuantes no Brasil.

o trabalho se insere em uma longa tradição de pesquisas

sobre práticas gerenciais japonesas, que se inicia na década de 60,

nos EUA, intensificando-se nas décadas de 70 e 80. Insere-se ainda

nas pesquisas

COPPEAD/UFRJ.

sobre cultura e gerência desenvolvidas na

A revisão de literatura abordou os principais estudos

sobre práticas gerenciais japonesas, com ênfase nos trabalhos de

Pascale e Ouchi. Além disso, o modelo conceitual do estudo reúne

opiniões de vários autores sobre cada uma das variáveis abordadas

na pesquisa.

94

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Foram definidas as seguintes pergunta de pesquisa e

hip6teses:

As empresas multinacionais japonesas adaptam ao Brasil as

práticas gerenciais utilizadas no Japão, conforme indicadas

na literatura?

As empresas multinacionais japonesas que atuam há mais tempo

no Brasil e aS que têm maior parcela de capital brasileiro

tendem a adaptar suas práticas gerenciais.

Existem diferenças na adaptação de práticas gerenciais que

afetam o pessoal administrativo e as que afetam os operários.

A metodologia utilizada consistiu em entrevistas com uma

amostra de empresas selecionadas a partir de listas da população.

Não se pode garantir que as listas existentes, obtidas de órgãos

de representação do Japão, sejam completas.

As entrevistas foram realizadas com os executivos-chefes

de 30 empresas multinacionais japonesas atuantes no Brasil. A

análise dos resultados foi feita utilizando-se a estatistica

descritiva (frequências, média, mediana e moda) e o teste do qui­

quadrado.

Os resultados indicaram que as empresas japonesas, de

forma geral, parecem manter as mesmas práticas gerenciais japonesas

no que se refere a:

95

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- relação paternalista chefe/subordinado;

- relação paternalista empregado/empresa;

- processo decisório consensual;

- responsabilidade do grupo pela decisão;

- longo tempo do dirigente na empresa;

- baixa rotatividade de pessoal;

- longo tempo para promoção;

- promoções internas;

- treinamento interno, no trabalho.

As principais adaptações ocorrem no sistema de emprego

vitalício. A prática mais comum entre as empresas, neste caso, é

manter o emprego vitalício apenas para o topo da organização,

normalmente ocupado por executivos de origem japonesa. Um outro

aspecto onde ocorre adaptação é na ênfase de carreira, que é mais

especialista do que generalista, contrariamente ao que ocorre no

Japão.

Além disso, verificou-se que o tempo de atividade da

empresa no Brasil e a participação de capital não japonês não

afetam o grau de adaptação das práticas gerenciais

ao Brasil.

Finalmente, não se encontraram diferenças na adaptação

de práticas gerenciais adotadas para o corpo administrativo e para

os operários.

96

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2. Conclusões

o estudo chegou às seguintes conclusões e proposições:

(i) AS empresas multinacionais atuantes no Brasil transplantaram

muitas de suas práticas gerenciais para o ambiente brasileiro.

No que se refere a relações hierárquicas, observa-se a

dominância da relação "mentor-protégé" , própria do modelo

japonês. como observaram vários autores. Além disso, parece se

manter o paternalismo nas relações entre o empregado e a empresa,

tão características da experiência no Japão.

Entre as práticas gerenciais japonesas mantidas por essas

empresas, encontram-se a decisão consensual e o princípio da

responsabilidade coletiva.

Já no que se refere ao sistema de emprego, encontrou-se

conformidade com as práticas japonesas no que se refere aos mais

altos níveis dirigentes da empresa, como, por exemplo, evidências

de emprego vitalício dos executivos-chefes e de um longo tempo na

empresa antes de chegar ao cargo. A média da taxa de turnover,

nessas empresas, é ligeiramente menor do que a média indicada para

todo o Japão, em 1980.

Quanto ao corpo administrativo e aos operários, parece

haver preferência por promover internamente os indivíduos do que

a contratá-los externamente, assim corno a realizar o treinamento

97

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interno, no trabalho.

(ii) As empresas multinacionais japonesas, atuantes no Brasil,

adaptam ao contexto brasileiro, de forma geral, as práticas

gerenciais que se referem a ou afetam os níveis hierárquicos

mais baixos da empresa, que são tipicamente não japoneses.

No entanto, quando se examinam os níveis hierárquicos

mais baixos, verifica-se que o sistema de emprego vitalício não é

mantido, como evidenciam a preferência de mui tas empresas por

indivíduos experientes, ao invés de pessoas jovens.

o mesmo ocorre com relação ao sistema de avaliação e

promoção. Enquanto a carreira do dirigente principal parece

acompanhar o modelo japonês referido na literatura, o mesmo não

ocorre com o restante da diretoria.

A ênfase de carreira tampouco segue os padrões japoneses

referidos na literatura, não se verificando uma tendência

predominante para o rodízio de atividades, que levaria a uma

formação mais generalista.

Em síntese, mantêm-se as práticas gerenciais japonesas

fundamentalmente no processo decisório e na atuação direta dos

níveis mais elevados, não se observando persistência das mesmas nos

níveis hierárquicos inferiores.

98

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(iii) Não se encontraram diferenças na· adaptação das práticas

gerenciais entre as empresas multinacionais japonesas atuantes

no Brasil em função de seu tempo de atividade no país e da

participação de capital não japonês.

As duas variáveis examinadas corno possíveis

diferenciadoras do grau de adaptação

japonesas o tempo de atuação da

participação do capital japonês

significativa.

das práticas gerenciais

empresa no Brasil e a

não mostraram relação

(iv) Não existem diferenças na adaptação de práticas gerenciais a

pessoal administrativo e a operários.

Não se encontraram diferenças significativas entre as

práticas gerenciais adotadas para o corpo administrativo e para os

operários.

99

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3. campos de Pesquisas Futuras

Essa pesquisa se constituiu apenas em mais um passo na

compreensão da presença econômica japonesa no Brasil, e do impacto

da cultura brasileira na adaptação de práticas gerenciais

provenientes de outros países.

Inúmeros outros estudos poderão se realizar abordando

aspectos semelhantes em empresas multinacionais de outras origens,

ou mesmo sobre outros aspectos da atuação de empresas japonesas no

Brasil. Seria interessante também replicar este estudo em empresas

de propriedade de imigrantes japoneses no Brasil, de forma a

comparar os resultados obtidos.

100

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BffiLIOGRAFIA

101

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106

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ANEXO

QUESTIONÁRIO

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CARACTERíSTICAS DA EMPRESA E DO EXECUTIVO PRINCIPAL

1. Em que ano a empresa iniciou suas operações no Brasil?

2. Que tipos de produto a empresa fabrica?

3. Qual o número total de empregados na empresa?

4. Qual a percentagem do capital desta empresa que pertence a empresas multinacionais ou a residentes em outro pais?

(SE A PERCENTAGEM FOR MAIOR QUE 25%, PASSE PARA PERGUNTA 5)

5. Esta empresa está associada a outras empresas ou pertence a algum grupo? ( ) Sim () Não

6. Em qual das seguintes faixas se si tua sua idade (a do executivo principal)? ( ) menos de 35 anos ( ) 35 - 44 anos ( ) 45 - 54 anos ( ) 55 - 64 anos ( ) 65 - 74 anos ( ) mais de 75 anos

7. O Sr. (o executivo principal) é estrangeiro ou descendente de estrangeiros?

( ) estrangeiro ( ) descendente de estrangeiros ( ) nenhum dos dois

7a. (SE DESCENDENTE DE ESTRANGEIROS) De que nacionalidade? Em que ano a família imigrou para o Brasil?

8. Há quanto tempo o Sr. nessa empresa? cargo na empresa?

(o executivo principal) trabalha E há quanto tempo ocupa este

108

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ESTILO GERENCIAL

1. Quantos empregados deixaram a empresa, por iniciativa própria ou da empresa, no ano passado? E no ano anterior?

2. CASO O NÚMERO SEJA ELEVADO, PERGUNTE: Houve algum motivo especial para esse número de demissões?

3. Gostariamos de saber como a empresa seleciona pessoas novas para trabalharem aqui. Em primeiro lugar, vamos analisar o caso do pessoal administrativo, desde pessoal de escritório até gerentes. Em sua opinião, quais das seguintes afirmativas melhor retrata a forma pela qual se faz a seleção de novos funcionários? (MOSTRAR CARTÃO 1)

p.3. p.3a.

( ) ( ) a empresa entra em contato com agências de emprego que lhe enviam curriculos e/ou pessoas a serem entrevistadas;

( () a empresa faz contato com universidades ou outros

( ) (

centros de ensino para obter indicações;

a empresa faz contato com pessoas indicadas por funcionários de confiança da própria empresa, que passam pelo processo de seleção.

3a. E no caso dos operários? (REGISTRAR ACIMA)

4. Para os cargos administrativos, a empresa prefere contratar pessoas mais jovens, iniciando carreira, ou prefere contratar profissionais mais experientes?

p.4. p.4a.

( ) ( ) mais jovens

( ) ( mais experientes

( ) ( não tem preferência

4a. E no caso de operários? (REGISTRAR ACIMA)

109

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5. Quando, por um motivo ou outro, surge uma vaga para funções administrativas, como é escolhida a pessoa que irã ocupar o cargo? (MOSTRE CARTÃO 2)

p.5. p.5a.

( ) ( a empresa funcionãrios, para o cargo;

dã preferência aos próprios desde que haja alguém bem preparado

( ) ( a empresa sempre dã preferência aos próprios funcionãrios, mesmo que fosse possivel obter alguém mais qualificado no mercado;

( ) ( ) geralmente a empresa busca o individuo mais qualificado para o cargo, seja ele de dentro ou de fora da empresa.

5a. E no caso de operãrios? (REGISTRAR ACIMA)

5b. Quando uma pessoa nova é contratada para um cargo administrativo, como ela fica sabendo de quais são as suas atribuições? (MOSTRE CARTÃO 3)

( ) em conversa com o chefe imediato

( ) em conversa com algum diretor da empresa

( ) em documento descrevendo, em detalhe, as atividades a serem desempenhadas pela pessoa, suas responsabili-dades etc. (descrição de cargo)

( outros (especifique)

6. Algumas empresas preferem ter dirigentes mais jovens, enquanto outras preferem dirigentes mais experientes. Qual a idade média com que as pessoas chegam a cargos de diretoria nessa empresa? (CASO O ENTREVISTADO NÃO SAIBA RESPONDER, PERGUNTAR: 50 ANOS? 40? 60? .•• )

110

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7. Qual das seguintes afirmativas melhor reflete as práticas existentes nessa empresa quanto ao desenvolvimento do pessoal administrativo? (MOSTRAR CARTÃO 4)

p.7. p.7a.

( () as pessoas ingressam em um determinado setor e normalmente permanecem no mesmo setor ou na mesma atividade durante sua vida na empresa, mesmo sendo promovidas a cargos superiores;

( ) ( ) as pessoas mudam constantemente de um setor para outro, obtendo uma visão geral das várias atividades da empresai

( () há alguma mudança de um setor para outro com o propósito de ajustar melhor o funcionário ao trabalho.

7a. E no caso dos operãrios? (REGISTRAR ACIMA)

8. Algumas empresas oferecem planos de assistência a seus empregados, tais como assistência médica ou dentária, hospitalização, empréstimos etc. Outras preferem não oferecer estes planos, deixando ao funcionário a iniciativa de resolver este tipo de problemas. Esta empresa oferece algum dos planos seguintes? (MOSTRAR CARTÃO 5)

( ) assistência médico-dentária/seguro-saúde

( ) planos de aposentadoria complementar (além do INPS)

( seguros de vida, acidentes etc.

( ) empréstimos pessoais

( ) empréstimos para aquisição de casa própria

( outros tipos de empréstimos (ESPECIFIQUE)

( ) auxilio-educação (pagamento de taxas escolares, livros etc. para funcionários ou sua familia)

( ) creches

( outros (especifique) _________________ _

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9. Em caso de ocorrer uma emergência com um funcionário da empresa - como, por exemplo, doença grave ou morte na familia em que o funcionário não tenha condições econom1cas para resolver o problema, algum tipo de auxilio é dado pela diretoria?

( ) Não (PASSE PARA PERGUNTA 10)

( ) Sim - Qual?

10. Qual (is) das seguintes afirmativas melhor retrata (m) a forma de treinamento dada ao pessoal administrativo? (MOSTRAR CARTÃO 6)

p.10 p.10a

( ) (

( (

) treinamento supervisor aconselhando

no mais

pr6prio trabalho, com um experiente ajudando e/ou

) treinamento antes de realizado na empresa empresa;

iniciar suas por pessoas

atividades, da pr6pria

( ) ( ) treinamento antes de iniciar suas atividades, realizado na empresa por pessoas de fora, contratadas especialmente para isso;

( () treinamento feito externamente por pessoas ou empresas especializadas;

10a. E no caso dos operários? (REGISTRAR ACIMA)

11. As empresas têm processos diferentes para tomar decisões. Em sua opinião, qual das seguintes alternativas melhor reflete a forma pela qual as decisões são tomadas nessa empresa, na maioria das vezes? (MOSTRAR CARTÃO 7)

( pelo grupo de diretores da empresa, sem interferência dos funcionários ligados ao problema;

( ) apenas pelo diretor responsável, sem interferência dos funcionários ligados ao problema;

( ) através de um consenso ou acordo, entre o diretor responsável e os funcionários ligados ao problema;

) com base no consenso ou acordo entre os funcionários diretamente ligados ao problema;

( ) outro (especifique) __________________ _

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12. Suponhamos que uma decisão seja tomada e os resultados sejam negativos para a empresa. A responsabilidade pela decisão incorreta recai sobre quem? (MOSTRAR CARTÃO 8)

( ) sobre o diretor responsâvel pela ârea à qual se refere a decisão;

( ) sobre o indivíduo/ grupo que tomou tal decisão;

( ) sobre todos aqueles ligados ao problema, sobre o qual foi tomada a decisão.

( outros (especifique)

13. Qual das seguintes alternativas melhor explica as "regras do jogo" em sua empresa, para a avaliação de seus subordinados diretos? (MOSTRAR CARTÃO 9)

( ) a avaliação do subordinado é feita através de sistemas formais, como, por exemplo, relatórios mensais ou anuais;

( ) a avaliação do subordinado é feita através de sistemas formais, sendo levadas em conta, também, as considerações de chefes imediatos ou de outros superiores a respeito deste subordinado;

( ) a avaliação é baseada apenas em considerações de chefes imediatos ou de outros superiores, a respeito do subordinado.

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