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XLIV CONGRESSO DA SOBER “Questões Agrárias, Educação no Campo e Desenvolvimento” Fortaleza, 23 a 27 de Julho de 2006 Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural 1 PREÇOS DE TERRAS NO BRASIL, FINANCIAMENTO E PRODUTIVIDADE TOTAL DOS FATORES JOSÉ GARCIA GASQUES; LAURENT PAUWELS; ELIANA TELES BASTOS; JOSÉ JORGE GEBARA; MAPA BRASILIA - DF - BRASIL [email protected] APRESENTAÇÃO SEM PRESENÇA DE DEBATEDOR COMERCIALIZAÇÃO, MERCADOS E PREÇOS AGRÍCOLAS Preços de Terras no Brasil, Financiamento e Produtividade Total dos Fatores 1 Grupo de Pesquisa: Nº1 - Comercialização, Mercados e Preços Agrícolas Resumo: O trabalho analisa o comportamento dos preços de terras no Brasil num período longo de tempo, 1977 a 2005, mas a preocupação maior é com o período mais recente, que combinou forte crescimento da agricultura e anos de menor crescimento. As seguintes partes fazem compõem a análise: comportamento dos preços de terras no Brasil; comparação entre os preços de terras no Brasil e Estados Unidos; modelo de regressão para analisar os principais determinantes dos preços de venda de terras de lavouras e conclusões. Palavras-Chave: Preços de Terras, Financiamento, Produtividade 1. Introdução Taxas elevadas de inflação, subsídios ao crédito rural e instabilidade macroeconômica foram a grande motivação para diversos trabalhos sobre os preços de terras, entre os quais pode-se mencionar Pinheiro (1980), Rangel (2000), Rezende (1982) e Sayad (1977). Uma resenha dos trabalhos sobre o tema, preço de terras, pode ser consultada em Brandão (1992), Romeiro e Reydon (1994), Dias,Vieira e Amaral (2001) e, mais recentemente, Rahal (2003). 1 Agradecemos a José Prazeres Ramalho de Castro, pela leitura do texto e sugestões.

Preços de Terras no Brasil, Financiamento e Produtividade ... · Taxas elevadas de inflação, subsídios ao crédito rural e instabilidade macroeconômica foram a grande motivação

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Fortaleza, 23 a 27 de Julho de 2006

Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural

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PREÇOS DE TERRAS NO BRASIL, FINANCIAMENTO E PRODUTIVIDADE TOTAL DOS FATORES JOSÉ GARCIA GASQUES; LAURENT PAUWELS; ELIANA TELES BASTOS; JOSÉ JORGE GEBARA; MAPA BRASILIA - DF - BRASIL [email protected] APRESENTAÇÃO SEM PRESENÇA DE DEBATEDOR COMERCIALIZAÇÃO, MERCADOS E PREÇOS AGRÍCOLAS

Preços de Terras no Brasil, Financiamento e Produtividade Total dos Fatores1

Grupo de Pesquisa: Nº1 - Comercialização, Mercados e Preços Agrícolas Resumo: O trabalho analisa o comportamento dos preços de terras no Brasil num período longo de tempo, 1977 a 2005, mas a preocupação maior é com o período mais recente, que combinou forte crescimento da agricultura e anos de menor crescimento. As seguintes partes fazem compõem a análise: comportamento dos preços de terras no Brasil; comparação entre os preços de terras no Brasil e Estados Unidos; modelo de regressão para analisar os principais determinantes dos preços de venda de terras de lavouras e conclusões. Palavras-Chave: Preços de Terras, Financiamento, Produtividade 1. Introdução

Taxas elevadas de inflação, subsídios ao crédito rural e instabilidade macroeconômica foram a grande motivação para diversos trabalhos sobre os preços de terras, entre os quais pode-se mencionar Pinheiro (1980), Rangel (2000), Rezende (1982) e Sayad (1977). Uma resenha dos trabalhos sobre o tema, preço de terras, pode ser consultada em Brandão (1992), Romeiro e Reydon (1994), Dias,Vieira e Amaral (2001) e, mais recentemente, Rahal (2003).

1 Agradecemos a José Prazeres Ramalho de Castro, pela leitura do texto e sugestões.

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Entre os pontos em comum a quase todos esses estudos, não se pode deixar de destacar o crédito rural subsidiado como uma das variáveis básicas dos modelos de análise. Os trabalhos de Dias,Vieira e Amaral (2001), e também o de Rahal (2003), mostram ao longo das últimas três décadas as principais variáveis associadas ao comportamento dos preços de terras.

Este trabalho trata de algumas dessas variáveis num período relativamente longo, 1977 a 2005, mas a preocupação maior em certos casos é com os anos mais recentes, que combinaram forte crescimento da agricultura e anos de menor crescimento. Entre os determinantes do preço da terra, atenção especial é voltada para o crédito rural, num período de menor subsídio, e para a produtividade, no enfoque da produtividade total dos fatores, já que o período de 1977 a 2003 foi caracterizado por acentuado aumento de produtividade da agricultura. Entre os trabalhos anteriormente citados, o de Dias,Vieira e Amaral (2001), inclui a produtividade da terra como um dos determinantes do preço da terra. Porém, a preocupação com a produtividade é um ponto que não esteve presente na maior parte dos trabalhos consultados. A abordagem que será apresentada neste trabalho difere das anteriores, pois não será utilizada simplesmente a produtividade da terra, mas a produtividade total dos fatores, cujos índices foram estimados por Gasques, Bastos e Bacchi (2004).

O trabalho está dividido nas seguintes partes, além da introdução. Na segunda parte, analisa-se o comportamento dos preços de terras no Brasil; na terceira, é feita uma comparação entre preços de terras de Brasil e Estados Unidos; na quarta parte, apresenta-se um modelo de regressão múltipla para analisar os principais determinantes dos preços de venda de terras de lavouras; na última parte, são apresentadas algumas conclusões.

2. Comportamento dos Preços de Venda de Terras e dos Arrendamentos 2.1 Dados Utilizados

Antes de iniciar esta seção onde serão descritas as principais tendências que têm sido observadas nos preços da terra no Brasil, será feita uma breve descrição sobre as fontes de dados utilizadas. A principal fonte de informação é a Fundação Getúlio Vargas-FGV, que levanta há cerca de 40 anos os preços médios de arrendamentos, vendas de terras, salários, empreitadas e transporte, com abertura segundo unidades da federação. As informações são coletadas no fim dos meses de junho e dezembro. Os arrendamentos agrícolas são divididos em arrendamentos de terras para lavouras, arrendamentos usados para colocação do gado, ou ainda engorda ou estada de animais por um período curto. As vendas de terras agrícolas de lavouras e de pastagens, referem-se ao preço médio da terra nua (sem benfeitorias) e de qualidade comum à região, em transações efetivamente realizadas. Os dados são coletados com apoio das empresas estaduais de extensão rural, e outras instituições, num processo que abrange aproximadamente, 2.500 municípios (ver FGV, 2003). Os dados utilizados no presente trabalho foram extraídos de FGVDADOS, que é um Banco de dados da FGV disponível na Internet mediante convênio, e contem as informações mencionadas e outras. O período utilizado neste trabalho vai de 1977 a 2004, onde a fonte é a FGV, mas em alguns casos utiliza-se também informações de 2005, tendo-se nesse caso como fonte outras instituições.

Outra fonte de informações sobre preços de terras foi a FNP (2006), cuja abrangência é também nacional, excluindo-se as áreas reconhecidamente urbanizadas como Grande São Paulo, e Grande Rio de Janeiro, onde os preços de terras são excessivamente distorcidos pela especulação imobiliária. A FNP coleta as informações de mais de 300 colaboradores, e a periodicidade da pesquisa é bimestral. O preço de cada tipo de terra é pesquisado quanto aos valores mínimos e máximos praticados na região.

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Além dessas fontes, foram utilizadas o Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo (IEA) e o DERAL da Secretaria de Agricultura do Estado do Paraná. Essas Instituições também têm formas próprias de coleta, e ambas publicam mensalmente as informações sobre preços de terras.

As informações utilizadas para fazer comparações entre os preços de terras no Brasil e Estados Unidos foram extraídas do United States Department of Agriculture-USDA (2005). Esse Departamento publica as informações por estados e regiões sobre os valores dos imóveis rurais, que se referem ao valor da terra e das construções (Farm Real State) e também, das terras de lavouras, terras irrigadas e terras de pastagem. Além desses preços, são divulgados os preços dos arrendamentos de terras de lavouras e de pastagens.

O deflator utilizado para deflacionar o preço da terra é o IGP-DI – Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna, publicado peal Fundação Getúlio Vargas, por ser um índice que tem sido usual nesse tipo de estudo, e também utilizado pela própria Fundação (FGV, 2003).

2.2 Os Preços de Vendas de Terras e de Arrendamentos no Brasil

Entre os trabalhos que analisaram os preços da terra, o que chega a um período mais recente, é o de Rahal (2003), que analisa o período 1969 a 2001, embora seus dados se refiram ao Estado de São Paulo. A autora faz uma interessante síntese referente aos conjuntos de trabalhos que analisaram diferentes condicionantes do preço da terra. São apontados, num primeiro grupo, trabalhos que nas últimas décadas trataram a determinação dos preços da terra sob o ponto de vista dos fatores inerentes ao setor agrícola. Aqui são citados os estudos de Chryst (1965), Oliveira e Costa (1977), Reinsel e Reinsel (1979), Doll (1983), Reydon (1989), Bacha (1989) e Rezende (2002). Outro grupo apontado pela autora trata dos trabalhos que tomaram o crédito rural subsidiado como um importante determinante dos preços da terra. Aqui enquadram-se os trabalhos de Sayad (1977b), Agroanalysis (1977), Castro (1981), Rezende (1982 e 1985) e Brandão e Rezende (1989). Aqui poderia também ser considerado o estudo de Brandão (1992). O último grupo de trabalhos tratou principalmente do preço da terra sob influência dos ciclos econômicos. Neste conjunto Rahal (2003) inclui, Egler (1985) como um dos representantes dos autores que relacionaram a determinação do preço da terra à taxa de juro; a relação entre fases descendentes do ciclo econômico e preço da terra foi analisada por Sayad (1977b), Rangel (2000), Brandão (1986); por último, a relação entre preços da terra e fase ascendente do ciclo econômico e alta liquidez da economia, foi analisada em Pinheiro (1980), Castro (1981), Pinheiro e Reydon (1981), Sayad (1981), Brandão e Rezende (1989), Romeiro e Reydon (1994), Reydon e Plata (2000) e Dias, Vieira e Amaral (2001).

O trabalho de Dias, Vieira e Amaral (2001) faz uma boa síntese através do tempo, das variáveis que afetaram as variações no preço real da terra. No início dos anos 1970, o forte incremento do preço da terra se deveu principalmente à ampliação de serviços de infra-estrutura como estradas, armazéns e intensa mecanização. Adicionalmente, foi importante para o aumento do preço da terra nesse período, o aumento da produtividade da terra, obtida graças à abertura de novas frentes de expansão, especialmente para o Centro–Oeste, e à incorporação de novas tecnologias na agricultura. O efeito da produtividade sobre o preço da terra se dá através do retorno econômico propiciado pelas terras de maior produtividade. Outro fator, que segundo os autores contribuiu para o aumento do preço da terra foi o crédito rural subsidiado. Este efeito se dava pela segurança que a terra oferecia ao sistema bancário como garantia de empréstimos. Nos anos 1980, não estavam presentes os elementos estimuladores do aumento do preço da terra como na década anterior, o que manteria uma

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certa estabilidade dos preços se não fosse o Plano Cruzado em 1986, que provocou uma elevação abrupta e anormal na tendência do preço da terra (ver Gráfico 1). Por fim, na década de 1990, ocorreu uma relativa estabilidade dos preços da terra que se deveu ao uso de tecnologia que valorizou mais o capital produtivo e o capital humano que são substitutos de terra (Dias, Vieira e Amaral, 2001). Nessa década, a abertura comercial do País, propiciou pela redução tarifária e vários outros instrumentos, a importação de insumos que tiveram acentuado efeito sobre o aumento da produtividade, e como conseqüência ocorreram menores pressões sobre os preços de terras. Gráfico 1 - Evolução dos preços de terras no Brasil

Preço de venda de terras - Brasil

02.0004.0006.0008.000

10.00012.00014.00016.00018.000

Fonte: FGV-FGVDADOS

R$

cons

tant

es d

ez/2

005 Lavouras

Pastagem

Preço arrendamento de terras - Brasil

0

100

200

300

400

500

600

Fonte: FGV-FGVDADOS

R$

cons

tant

es d

ez/2

005 Lavouras

Pastagem

Tomando-se o período de 1977 a 2004, onde como foi visto, diversos fatores afetaram

o preço da terra, verifica-se que a especificidade maior foi a tendência de decréscimo do preço da terra. Em nível nacional, o decréscimo semestral do preço de venda da terra de lavouras no período foi de 1,59 %; o decréscimo do preço da terra de pastagens foi de 1,87 % (Tabela 1). Tabela 1 - Preços de Venda de Terras – Lavouras, Pastagem e dos Arrendamentos no Brasil

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Preço de Venda ArrendamentoData Lavouras Pastagem Lavouras Pastagem

jun/77 6.930,53 3.759,04 389,04 263,26dez/77 6.807,90 3.719,39 428,93 265,09jun/78 6.517,39 3.612,78 382,16 251,03dez/78 6.122,90 3.630,67 390,05 272,53jun/79 6.191,65 3.586,64 399,58 253,60dez/79 5.757,36 3.377,04 356,37 238,38jun/80 6.433,12 3.835,77 394,03 250,88dez/80 5.977,50 3.649,50 375,84 233,20jun/81 7.007,52 3.884,93 415,25 219,31dez/81 6.835,11 3.858,11 475,60 230,12jun/82 6.598,18 3.544,86 432,80 221,06dez/82 6.452,57 3.378,08 436,59 215,73jun/83 5.552,22 2.906,57 376,91 213,67dez/83 4.754,38 2.465,25 380,34 186,46jun/84 5.559,62 2.891,23 408,24 206,46dez/84 5.724,71 3.247,87 390,05 212,35jun/85 6.649,71 3.739,32 401,44 225,01dez/85 6.706,69 3.704,68 427,38 231,17jun/86 10.362,46 5.979,20 491,43 298,27dez/86 16.202,35 9.853,76 540,87 394,67jun/87 7.312,19 4.542,61 329,66 250,62dez/87 6.179,92 3.634,14 348,83 226,10jun/88 4.107,96 2.069,51 405,79 168,23dez/88 3.801,29 1.896,20 395,45 166,00jun/89 8.176,12 4.622,46 517,39 313,16dez/89 3.846,24 2.251,78 301,42 185,96jun/90 5.434,34 3.309,50 345,14 198,76dez/90 5.380,34 2.977,00 385,66 201,26jun/91 5.932,06 3.308,18 427,56 207,22dez/91 4.141,99 2.311,17 369,90 178,36jun/92 3.796,22 1.976,97 327,96 153,72dez/92 3.380,04 1.995,16 318,78 157,31jun/93 4.494,38 2.890,05 384,02 199,22dez/93 4.877,79 2.724,62 420,91 190,54jun/94 5.066,55 3.146,81 458,21 203,56dez/94 6.195,93 3.766,88 357,58 191,12jun/95 4.880,30 2.860,38 285,76 165,29dez/95 3.966,68 2.210,28 284,68 163,82jun/96 3.390,73 1.749,49 265,17 133,35dez/96 3.046,66 1.598,53 263,44 132,57jun/97 2.954,22 1.567,87 271,26 126,56dez/97 2.946,63 1.465,90 262,86 117,53jun/98 2.895,73 1.423,09 259,17 117,11dez/98 2.870,80 1.408,79 277,22 121,95jun/99 2.814,45 1.329,84 263,90 114,57dez/99 2.700,59 1.300,98 244,78 109,21jun/00 2.859,45 1.377,12 250,00 114,43dez/00 2.844,02 1.379,68 243,54 112,98jun/01 3.083,01 1.550,65 242,89 113,71dez/01 3.221,24 1.608,64 256,53 115,19jun/02 3.478,60 1.784,91 278,60 113,63dez/02 3.391,39 1.666,35 279,87 109,97jun/03 3.923,13 1.907,45 313,97 116,61dez/03 4.411,62 2.086,86 328,48 120,85jun/04 4.534,00 2.209,49 315,39 119,92dez/04 4.505,66 2.221,15 311,29 117,68

Período Taxa de Crescimento Semestral1977 a 2004 -1,59 -1,873 -0,927 -1,7462000 a 2004 6,064 5,94 3,64 0,59

*IGP-DI - Deflacionado pelo igp-di de dezembro de 2005

Fonte: FGVDADOS Do mesmo modo que os preços dessas terras, os arrendamentos também tiveram queda

de preços no período 1977 a 2004, embora numa taxa de diminuição menor que os preços de venda. Verifica–se que o preço de arrendamento de terras para lavouras caiu a uma média semestral em – 0,93 % e o preço de arrendamento de terras para pastagem caiu em média no período de 1,75 % ao semestre.

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Uma idéia melhor dessa queda pode ser observada ao examinar a série de preços de venda de terras de lavoura no Brasil (Tabela 1): em 1977 o preço médio por hectare era de R$ 6 869,21 e em 2004 o preço médio foi de R$ 4 520,00 por hectare. Houve, portanto, um decréscimo real de 34,20 % entre esses anos. Do mesmo modo, os preços de venda de terra de pastagem sofreram acentuada queda durante esse período.

Observando-se ainda a Tabela 1, o período recente, 2000 a 2004, percebe-se um comportamento muito diferente do descrito anteriormente. A taxa de crescimento semestral dos preços de venda de terra de lavouras foi de 6,06%, muito próxima da taxa de pastagens, 5,94% ao semestre. Do mesmo modo observou-se um crescimento do preço dos arrendamentos de terra para pastagem e para lavouras, embora estas tenham tido um maior aumento do preço nesse período. No Gráfico 1, mostrado anteriormente, tem-se uma visão mais ampla de como esse comportamento de alta de preços das terras se deu no país.

Esse período mais recente, mostra que há grande diferenciação entre as unidades da federação quanto à variação do preço de venda da terra. Os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, lideram o crescimento dos preços de venda das terras de lavouras e de pastagem no período 2000 a 2004 (Tabela 2). Por exemplo, em relação às terras de lavoura, a taxa semestral de crescimento do preço em Mato Grosso foi de 8,18 % e em Mato Grosso do Sul, de 10,26 % ao semestre entre 2000 e 2004. Mas no Sul do País, a terra experimentou também acentuada valorização, como se pode observar para Paraná, 6,75 % ao semestre, Rio Grande do Sul, 6,59% e Santa Catarina, 6,42%. No Sudeste, os aumentos se destacam em Minas Gerais, 4,20% e São Paulo, 5,78%. Entre os estados da região Norte, sobressaem em elevação do preço de venda de terra de lavouras, Roraima, 7,06% ao semestre, e Tocantins, 5,10%. No Nordeste, onde estão os preços mais baixos de terras do País, a Bahia e Maranhão, refletem na acentuada taxa de crescimento do preço de venda, o processo de ocupação em curso nesses estados, especialmente pela expansão da produção de grãos. Os demais estados do Nordeste mostram pequeno aumento do preço de venda de terra de lavouras ou até mesmo a sua redução. Como foi observado anteriormente, o preço de venda de terras de pastagem no Brasil teve no período de 2000 a 2004, um comportamento semelhante ao observado em relação ao preço de venda das terras de lavouras. Embora haja alguma diferença no percentual quando se comparam os preços de vendas de terras de lavouras e de pastagem, o comportamento dos estados é praticamente o mesmo.

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Tabela 2 - Taxas de crescimento dos preços reais de arrendamentos e preços reais de venda de Terras

Arrendamento Lavouras Venda Terra de Pastagem Venda Terra de Lavouras

1977 a 2004 2000 a 2004 1977 a 2004 2000 a 2004 1977 a 2004 2000 a 2004

Taxas Semestrais ( % )Brasil -0,93 3,64 -1,87 5,94 -1,59 6,06

AC 0,14 - -1,78 1,44 -1,52 0,20

AL - - - - - -

AM -0,98 -3,39 -0,91 -5,85 0,30 -2,05

BA -0,09 2,84 -2,41 2,76 -2,12 2,84

CE -1,13 -4,22 -2,17 -2,35 -2,42 -3,17

ES -0,02 -0,56 -1,84 2,97 -1,85 0,27

GO -1,62 4,59 -0,62 5,80 -0,54 4,58

MA -1,07 4,90 -1,14 -0,27 -1,05 -4,65

MT -1,71 4,66 -1,05 8,79 -0,80 8,18

MS -2,20 4,97 -1,39 8,62 -1,28 10,26

MG -1,50 1,89 -2,10 5,59 -1,80 4,20

PA 0,83 -0,41 -1,62 2,12 -1,44 -3,03

PB -0,88 -0,03 -3,44 -1,63 -3,28 -0,74

PR -1,74 3,57 -1,48 8,01 -1,52 6,75

PE 0,39 1,41 -1,87 -1,70 -2,14 -1,22

PI -1,58 - -0,34 - -0,73 -

RJ 0,43 -1,39 -2,26 -1,24 -2,29 -2,38

RN -0,60 -0,84 -1,11 -3,46 -0,69 1,50

RS -1,17 5,57 -2,48 6,48 -1,41 6,59

RO -1,80 -0,87 -1,59 1,81 -0,71 2,32

RR - - -1,08 -4,19 0,32 7,06

SC -1,51 2,50 -1,17 4,52 -0,73 6,42

SP - - -1,71 5,47 -1,53 5,78

SE -0,37 -1,64 -1,94 1,88 -1,61 -2,66

TO -0,57 0,93 -1,55 2,50 -0,54 5,10

Fonte: Elaboração dos autores com dados da FGVDADOS

Como no período de 2000 a 2004 ocorreram mudanças importantes nas condições de mercado dos produtos agrícolas, houve reflexos sobre os preços de terras. A produção de grãos em 2004 sofreu uma queda de 3,7%, enquanto que no ano de 2003 crescera de 27,2 % (Banco Central, 2006). Outro ponto que caracterizou o período 2000 a 2004 foi o comportamento da renda agrícola, indicada pelo Valor Bruto da Produção de Lavouras. Houve um aumento acentuado da renda entre 2000 e 2003, passando a decrescer desde então (MAPA/AGE, 2006, Tabela 3). Em 2005, o IBGE (2006) registrou uma taxa de crescimento do PIB agropecuário de 8%, a menor taxa desde 1997, o que também se refletiu sobre os preços de terras.

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Tabela 3 - Renda Agrícola - Principais Produtos Agrícolas - Brasil Valores em milhões R$*

LAVOURAS 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Algodão herbáceo (em caroço) 2.281 2.481 1.850 2.803 4.796 3.744

Amendoim (em casca) 240 161 182 235 267 284

Arroz (em casca) 4.953 4.634 4.992 6.853 8.523 6.772

Banana 4.944 4.450 3.936 4.788 4.635 4.973

Batata - inglesa 1.768 2.430 1.795 2.072 1.673 2.121

Cacau 533 656 1.121 1.062 845 814

Café (em côco) 8.410 2.682 2.758 3.003 3.723 4.089

Cana-de-açúcar 10.873 13.491 11.625 13.305 11.990 13.433

Cebola 841 798 759 767 866 652

Feijão (em grão) 3.364 3.582 4.282 5.085 3.462 4.057

Fumo (em folha) 2.279 2.087 2.153 2.706 3.878 3.997

Laranja 4.149 7.051 7.685 7.352 6.399 6.439

Mamona (baga) 93 47 37 57 103 117

Mandioca 3.201 2.400 2.210 3.573 4.528 4.627

Milho (em grão) 11.636 10.404 11.317 17.249 12.801 10.345

Pimenta-do-reino 458 216 228 278 197 223

Soja (em grão) 16.747 20.619 25.768 36.036 33.126 25.775

Tomate 2.351 2.025 2.220 3.033 3.232 3.190

Trigo (em grão) 668 1.264 1.332 3.114 2.376 1.676

Uva 500 945 817 1.244 2.228 1.010

TOTAL 80.289 82.422 87.067 114.613 109.647 98.337

Fonte:MAPA/AGE (2006 )

* Valores deflacionados pelo IGP-DI da FGV - dezembro/2005

Essas mudanças nas condições da agricultura fizeram com que o comportamento dos

preços de terras não fosse o mesmo nos últimos 5 anos. Assim, tem-se que em 2004 (Dez/2003 a Dez/2004) houve acentuada desvalorização do preço da terra em relação aos últimos 3 anos (Dez/2000 a Dez/2003). Isso pode ser observado na Tabela 4. Pelas informações disponíveis, os preços de venda de terras de lavouras continuaram caindo em 2005 em algumas partes do país. No Paraná, tomando-se os preços de venda de vários tipos em 2005 (Nov/2004 e Nov/2005), verificam-se quedas no preço de venda em 16 tipos de terra (Deral, 2006). No estado de São Paulo, há um comportamento diferenciado entre as localidades, de modo que em algumas regiões os preços de terra se valorizaram entre 2004 e 2005 e em outras não (IEA, 2006). Mas essa elevação de preços de terras em São Paulo, deve estar refletindo a expansão das atividades de produção de açúcar e álcool (DCI, 2006). Por outro lado, a valorização ocorrida em estados da região Norte do país, como Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, evidencia um aumento da procura por terras de lavouras e a expansão da pecuária para áreas mais distantes (FNP, 2006).

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Tabela 4 - Valorização das Terras no Brasil e Unidades da Federação

Lavouras Pastagens

Valorização por Período % Valorização por Período % Unidades da Federação

Dez/2000 a Dez/2003

Dez/2003 a Dez/2004 Unidades da

Federação Dez/2000 a Dez/2003

Dez/2003 a Dez/2004

Brasil 55,12 2,13 Brasil 51,26 6,43

Acre -8,89 24,44 Acre 2,89 10,24

Amazonas -22,96 14,24 Amazonas -33,24 -5,25

Bahia 22,28 4,18 Bahia 26,37 1,05

Ceará -17,36 -6,68 Ceará -15,75 -6,12

Espírito Santo 4,42 -0,89 Espírito Santo 28,00 -2,49

Goiás 36,01 5,68 Goiás 61,52 12,19

Maranhão -26,04 0,91 Maranhão 7,05 -4,92

Mato Grosso 82,54 -2,22 Mato Grosso 68,57 20,66

Mato Grosso do Sul 113,03 - Mato Grosso do Sul 81,15 7,51

Minas Gerais 31,30 9,97 Minas Gerais 46,86 5,87

Pará -26,20 13,15 Pará 10,37 8,35

Paraíba -3,14 4,27 Paraíba -9,66 1,34

Paraná 63,85 2,02 Paraná 69,43 6,11

Pernambuco -10,80 0,88 Pernambuco -9,14 -1,90

Piauí - - Piauí - -

Rio de Janeiro -13,87 -3,36 Rio de Janeiro -9,75 3,65

Rio Grande do Norte 17,68 -6,63 Rio Grande do Norte -20,75 -9,66

Rio Grande do Sul 69,31 -2,59 Rio Grande do Sul 52,34 6,51

Rondônia 9,07 18,69 Rondônia 5,58 16,85

Roraima - 14,61 Roraima - -10,23

Santa Catarina 42,67 19,49 Santa Catarina 29,12 11,20

São Paulo 51,64 1,32 São Paulo 46,76 2,18

Sergipe -25,71 18,91 Sergipe 6,85 12,17

Tocantins 54,87 2,44 Tocantins 16,92 6,35

Fonte: Elaboração dos autores com dados da FGV - FGV Dados

*IGP-DI - Deflacionado pelo igp-di de dezembro de 2005

3. Comparação dos Preços de Terras entre Brasil e Estados Unidos

Esta comparação dos preços de terras entre os dois países é importante porque permite identificar semelhanças e diferenças relativas à competitividade, pois a terra para fins agropecuários em muitas regiões dos dois países é escassa e em outras, especialmente no Brasil, apresenta preços bastante baixos. Apesar de que o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos publique os preços de venda de terras para lavouras, pastagem e preços de arrendamento, as comparações a serem feitas referem-se aos preços de terras de lavouras e de pastagens.

Como a unidade de medida de área nos Estados Unidos é o Acre, foram feitas as transformações em Hectare para efetuar as comparações entre os dois países. Uma primeira visão dos preços de terras de lavouras nas diversas regiões e estados dos Estados Unidos pode ser observada na Tabela 5 para os anos de 1999 a 2005. Há, como no Brasil, diversidade e grande dispersão entre os preços de terras. Em regiões mais urbanizadas o preço de um hectare de terra para lavouras pode custar mais de 20.000 dólares. Mas há outras regiões onde também a terra atinge elevado valor. Em regiões caracterizadamente de agricultura como a do

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Corn Belt, o preço do hectare está próximo dos 7.000 dólares. Também nos Estados Unidos as terras têm-se valorizado bastante nos últimos anos.

Tabela 5 - Preços de venda de terras de lavouras – EUA – 1999 a 2005 Regiões e Estados US$/Ha

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Northeast: 6400 6647 6968 7932 8402 9390 10601

DE 6919 7413 8031 8649 9514 14085 19768

MD 7907 8649 9143 9637 9884 13838 18780

NJ 20263 20757 21498 22239 22981 24463 25946

NY 2743 2916 3089 3262 3435 3632 3781

PA 7092 7413 7858 8278 8649 9143 9884

Oth Sts 1/ 7018 8006 8673 12948 14629 15395 16334

Lake States: 3311 3583 3855 4250 4596 5016 5486

MI 4077 4497 4893 5313 5807 6301 6795

MN 3039 3163 3336 3534 3756 4176 4571

WI 3336 3954 4448 4942 5436 5807 6425

Corn Belt: 4893 5041 5189 5387 5609 6054 6795

IL 5733 5807 5856 6005 6178 6672 7487

IN 5387 5560 5758 6029 6301 6795 7611

IA 4695 4794 4893 5041 5239 5733 6548

MO 3015 3212 3410 3657 3904 4176 4670

OH 5609 5931 6227 6499 6795 7265 7981

Northern Plains: 1641 1680 1730 1779 1821 1935 2175

KS 1631 1646 1663 1678 1690 1742 1977

NE 2669 2792 2866 2965 2990 3188 3534

ND 1087 1087 1100 1112 1137 1211 1349

SD 1248 1347 1446 1547 1683 1846 2093

Appalachian: 4819 5115 5461 5782 6153 6598 7240

KY 4201 4448 4695 4942 5189 5510 5931

NC 5313 5807 6301 6795 7290 7784 8402

TN 5066 5239 5436 5609 5807 5980 6425

VA 4893 5313 5807 6301 6919 8154 9884

WV 4028 4201 4448 4744 5066 5436 5807

Southeast: 4448 4843 5164 5535 5807 6079 7314

AL 3336 3583 3781 3954 4201 4448 5436

FL 8550 8772 9192 9217 9118 9415 11490

GA 3410 3954 4398 4868 5313 5585 6746

SC 3089 3336 3583 3954 4324 4571 5066

Delta States: 2545 2644 2768 2866 2990 3138 3385

AR 2644 2718 2817 2916 3015 3188 3509

LA 2693 2792 2866 2941 3064 3212 3435

MS 2298 2434 2570 2718 2866 2990 3163

Southern Plains: 1698 1782 1861 1997 2133 2229 2385

OK 1448 1483 1530 1589 1651 1722 1841

TX 1796 1900 1989 2152 2315 2424 2595

Mountain: 2372 2446 2545 2768 2891 2965 3114

AZ 2/ 10131 10873 11861 13838 14826 15815 16778

CO 2142 2278 2387 2469 2595 2619 2743

ID 3484 3632 3781 3954 4151 4225 4547

MT 1164 1189 1218 1243 1285 1354 1448

NV 2/ 4571 4571 4571 4571 4695 4819 5115

NM 2/ 3435 3435 3509 3558 3632 3583 3583

UT 2/ 6276 6474 6894 7117 7314 7166 7166

WY 1994 2051 2155 2261 2365 2402 2496

Pacific: 7907 8031 8179 8426 8649 8822 9588

CA 13245 13467 13714 14159 14629 14876 16284

OR 3707 3830 3954 4077 4127 4176 4448

WA 3484 3509 3534 3583 3632 3731 397848 States 3/ 3459 3608 3731 3929 4102 4374 4868

Fonte: USDA, 2005 (com adaptações)

1/ Includes: CT, ME, MA, NH, RI, and VT.

2/ Excludes American Indian Reservation Land.

3/ Excludes Alaska and Hawaii.

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A média do preço de terras de lavouras passou de 3.459 dólares em 1999 para 4.868 dólares em 2005. Representou uma alta de 40,73% entre esses 7 anos. Mas esse elevado aumento se deve em grande parte o aumento de preço ocorrido naquele país entre os anos de 2003 e 2005, de 18,7%. O aumento do preço da terra nos Estados Unidos no período 1999 a 2005 deve-se a uma combinação de fatores, como: 1- baixas taxas de juros; 2- elevados níveis de produção e de preços; 3- forte demanda de terras para usos não–agrícolas (USDA, 2005).

Observando a Tabela 6, que mostra a variação dos preços de terras, 2000 a 2004 entre Brasil e Estados Unidos, para todos os usos apresentados, a variação de preços entre esses anos é acentuadamente mais elevada no Brasil, embora haja uma considerável diferença entre os preços entre os dois países. Mas o crescimento dos preços, especialmente em terras de lavouras e de pastagem no Brasil é impressionante: 68,35% nos preços de terras de lavouras e de 70,75% nas terras de pastagem. Nos Estados Unidos, essas duas categorias de terras foram as que também mais tiveram aumentos de preços, embora em percentuais menores que no Brasil.

Tabela 6 - Variação dos preços de terras entre Brasil e EUA 2000 e 2004 - Dólar/Ha

Brasil Variação USA Variação

2000 2004 % 2000 2004 %

Preços de Terras de Lavouras 885,73 1.491,16 68,35 3.607,73 4.373,76 21,23

Preços de Terras de Pastagens

428,14 731,03 70,75 1.312,13 1.566,65 19,40

Preços de Arrendmentos de Lavouras

76,64 103,36 34,87 172,97 189,04 9,29

Preços de Arrendmentos de Pastagens

35,31 39,18 10,96 21,00 23,72 12,94

Fonte: FGV-FGVDADOS e USDA (2005) Para se ter uma dimensão melhor dos diferenciais dos preços de terras entre os dois

países, as Figuras 1 e 2, ilustram o comportamento dos preços médios de venda de terras de lavouras e de terras de pastagens. Tomando as informações para 2004, pois as informações para o Brasil estão disponíveis até esse ano, vê-se que há grande diferença de preço entre os dois países. Enquanto no Brasil em 2004, um hectare de terra de lavoura custava 1.491 dólares, nos Estados Unidos o preço médio era de 4.374 dólares. Também em terras de pastagem as discrepâncias de preços são grandes: Brasil, 731 dólares por hectare e Estados Unidos, 1.567 dólares por hectare.

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Figura 1 – Preços de Terras no Brasil e Estados Unidos - Lavouras

772886

849 8881.184

1.491

0400800

1.2001.600

Dól

ar/h

a

1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: elaboração dos autores

Brasil - 2004Preço médio Venda de Terras - Lavouras

Taxa de câmbio: 1999 - 1,815; 2000 - 1,830; 2001 - 2,350; 2002 - 2,921; 2003 - 3,078; 2004 - 2,926

3.459 3.608 3.731 3.929 4.102 4.374 4.868

0

2.000

4.000

6.000

Dól

ar/h

a

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: elaboração dos autores

USA - 2005Preço médio Venda de Terras - Lavouras

Taxa de câmbio: 1999 - 1,815; 2000 - 1,830; 2001 - 2,350; 2002 - 2,921; 2003 - 3,078; 2004 - 2,926

Figura 2- Preços de Terras no Brasil e Estados Unidos - Pastagens

368 428 426 447567

731

0

500

1.000

Dól

ar/h

a

1999 2000 2001 2002 2003 2004

Fonte: elaboração dos autores

Brasil - 2004 Preço médio Venda de Terras - Pastagens

Taxa de câmbio: 1999 - 1,815; 2000 - 1,830; 2001 - 2,350; 2002 - 2,921; 2003 - 3,078; 2004 - 2,926

1.258 1.312 1.376 1.426 1.495 1.5671.715

0

500

1.000

1.500

2.000

Dól

ar/h

a

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Fonte: elaboração dos autores

USA - 2005Preço médio Venda de Terras - Pastagens

Taxa de câmbio: 1999 - 1,815; 2000 - 1,830; 2001 - 2,350; 2002 - 2,921; 2003 - 3,078; 2004 - 2,926

Os mapas abaixo ilustram, adicionalmente essas comparações entre os dois países por

regiões. No Brasil, as regiões Sul e Sudeste são as que têm a terras mais caras do país, em media 2.289,25 dólares por hectare no Sul e de 1.441,49 dólares por hectare no Sudeste. Do mesmo modo, as terras de pastagem são as mais caras nessas regiões. Por sua vez, o Centro-Oeste, a segunda região mais importante do país na produção agrícola, é ainda uma região em que comparativamente às outras, os seus preços de terras são baixos. Isso a torna atrativa aqueles que querem aumentar seus negócios e suas atividades. Na Região Norte, onde se situam os estados amazônicos, o preço médio da terra em 2004 era de 307,29 dólares por hectare, próximo ao do Nordeste, 306,69 dólares por hectare.

Nos Estados Unidos os preços nas diversas regiões variam entre um mínimo de 1.935 dólares por hectare em Northern Plains, a 9.390 dólares por hectare na região Northeast. A região do Corn Belt, conhecida por seus cinco estados grandes produtores de grãos e carnes, apresentava um preço médio de terras de lavouras em 2004, de 6.054 dólares por hectare, quase 10 vezes superior a nossa região Centro-Oeste.

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Brasil Regiões - Venda de Terras de Lavouras 2004, Dólar/Ha

EUA Regiões - Venda de Terras de lavouras-2004, Dólar/Ha

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Brasil Regiões - Venda de Terras de Pastagens 2004, Dólar/Ha

EUA Regiões - Venda de Terras de Pastagens-2004, Dólar/Ha

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4. Análise Econométrica dos Preços de Venda de Terras de Lavouras 4.1 Períodos Analisados e Definição das Variáveis

A análise do preço da terra e de alguns de seus determinantes será realizada por meio de um modelo de regressão linear múltipla. Vários autores usaram este procedimento, entre eles, Brandão (1992), Dias, Vieira e Amaral (2001) e Rahal (2003). Além do preço da terra, tomado como variável dependente, cujo comportamento no período 1977 a 2004 foi apresentado no Gráfico 1, as demais variáveis a serem analisadas, consideradas como dependentes, são Produtividade Total dos Fatores, Crédito Rural e Renda Agrícola. O comportamento dessas variáveis e também dos preços de venda de terras de lavouras é apresentado nos Gráficos 3 a 6. O período a ser analisado é o de 1977 a 2004, e dentro deste, alguns sub períodos como 1987 a 2004, e 1990 a 2004. O primeiro período foi caracterizado por grandes flutuações nos preços de terras, com picos elevados principalmente provocadas por planos econômicos e altas taxas de inflação até 1994. O período 1987 a 2004, foi também caracterizado por planos econômicos, mas com menores flutuações nos preços de terras, exceto uma elevação em 1994, devido às expectativas em torno do Plano Real instituído nesse ano. Finalmente, 1990 a 2004, foi um período que combina uma recuperação dos desembolsos do credito rural após longa fase descendente de recursos, principalmente a partir de 1979, com uma fase de estabilidade econômica, e baixas taxas de inflação a partir de julho de 1994, com a introdução do Plano Real. Passando-se à definição das variáveis a serem utilizadas tem-se:

O preço da terra refere-se ao preço de venda de terras para lavouras no Brasil, publicado pela FGV, em FGVDADOS expresso em Reais por hectare, e deflacionado pelo IGP-DI - Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna.

A Produtividade Total dos Fatores é expressa pela relação entre um índice agregado de produto total e um índice agregado de insumo total. O índice de produto foi construído agregando, por meio de seus respectivos preços, 66 produtos das lavouras permanentes e temporárias. O índice agregado de insumos foi estimado utilizando os fatores, terra, pessoal ocupado, máquinas agrícolas auto motrizes, fertilizantes e defensivos agrícolas. Essa variável é expressa pelo índice de Tornqvist, estimado por Gasques, Bastos e Bacchi (2004). O sinal esperado para o coeficiente da produtividade total dos fatores, é que seja negativo, indicando uma relação inversa entre Produtividade Total dos Fatores e preço de terras de lavouras. O argumento teórico subjacente a essa relação inversa, pode ser encontrado em Schultz (1956) para quem o aumento da produtividade da terra resulta, a longo prazo, numa menor necessidade de terra para cultivo. Mesmo este argumento referindo-se à produtividade da terra e não à produtividade total dos fatores, ele permanece válido, pois a terra é um dos mais importantes componentes da produtividade total dos fatores, através de sua participação no cálculo do índice agregado de insumos. Em todas as regressões estimadas, a Produtividade Total dos Fatores foi defasada de um ano, significando que a o acréscimo de Produtividade Total dos Fatores em um ano, tem no ano seguinte um efeito sobre o preço da terra.

O Crédito Rural refere-se aos desembolsos do Sistema Nacional de Crédito Rural, a produtores e cooperativas, cujo fluxo de recursos inclui a partir de 1994 os recursos dirigidos ao Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar - Pronaf, e cuja fonte é o Banco Central do Brasil. A relação esperada entre Credito Rural e preço da terra de lavouras é uma relação positiva, pois a variação do montante de Crédito estimula ou desestimula a ampliação das atividades, e como conseqüência uma maior demanda de terras.

Outra variável independente utilizada é o Valor Bruto da Produção Agropecuária, tomada como uma variável que capta os efeitos combinados de preços e quantidades

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produzidas sobre os preços de terras. É construída a partir dos dados de quantidades produzidas das 20 principais lavouras do país e dos preços recebidos pelos agricultores, e tem como fonte o MAPA/AGE (2006). Espera-se que o sinal de Valor Bruto da Produção seja positivo, ao ser regredido contra o Preço de terra de Lavouras. Espera-se uma relação positiva porque o aumento do Valor Bruto da Produção num determinado ano tem no ano seguinte, um efeito positivo sobre o preço das terras, já que preços e quantidades mais elevadas dos produtos, estimulam o mercado de terras. As perspectivas de maiores ganhos com a produção agrícola estimulam a aquisição de novas áreas ou ampliação dos negócios, resultando em acréscimos no preço da terra de lavouras. 4.2 Representação Gráfica das Variáveis

As figuras indicam o comportamento das variáveis a serem analisadas para Brasil. Gráfico 3 - Preços de Venda de terras de Gráfico 4 - Desembolsos do Credito Rural

Lavouras

0

4.000

8.000

12.000

16.000

20.000

R$

cons

tant

es d

ez/2

005

Fonte: Elaboração dos autores com dados da FGVDADOS

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

Fonte: Banco Central do Brasil

milh

ões

R$

cons

tant

es 2

004

Gráfico 5 - Produtividade Total dos Fatores Gráfico 6 - Renda Agrícola

0

50

100

150

200

1975

1977

1979

1981

1983

1985

1987

1989

1991

1993

1995

1997

1999

2001

2003

Fonte: Gasques, Bastos e Bacchi (2004)

índi

ce

50.000

60.000

70.000

80.000

90.000

100.000

110.000

120.000

1989

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

Fonte: MAPA/AGE (2004)

milh

ões

R$

4.3. Resultados Econométricos

Como se trata de um trabalho que faz uso de séries temporais, inicialmente foram feitos testes para verificar se as variáveis utilizadas são estacionárias ou não-estacionárias. Se as séries são não-estacionárias, a média, a variância e as auto covariâncias das séries individuais não serão invariáveis no tempo (Gujarati, 2000, p.721). Isso faz com que os testes t, F, o R2 e o teste de Durbin-Watson, sejam pouco confiáveis. O teste de estacionariedade

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aplicado foi o de Dickey-Fuller. De acordo com os resultados obtidos pela aplicação desse teste, as variáveis preço de terras, produtividade total dos fatores e crédito rural, apresentam raiz unitária, pois rejeitou-se a hipótese de nulidade para a existência de raiz unitária. Logo, tem-se uma situação de não-estacionariedade das séries (Gujarati, 2000, p.724). Porém, a teoria da Co-integração estabelece que se todas as variáveis não-estacionárias têm a mesma tendência, então elas podem ser co-integradas, o que implica que o termo de erro da regressão de Mínimos Quadrados Ordinários são estacionários (não têm raiz unitária no termo de erro).

Os testes realizados sobre os resíduos (Teste de Phillips-Person) resultaram em que o termo de erro é estacionário e que as variáveis são co-integradas. Segundo Gujarati (2000), desde que seja confirmado que os resíduos de regressões lineares são estacionários, a metodologia tradicional de regressão (incluindo os testes t e F) é aplicável a dados envolvendo séries temporais. Segundo ele, a valiosa contribuição dos conceitos de raiz unitária, co-integração etc. é nos obrigar a verificar se os resíduos das regressões são estacionários. As regressões apresentadas abaixo também foram corrigidas para Heterocedasticidade e Auto correlação. Os autores podem disponibilizar ao leitor interessado os resultados desses testes. Feitas essas observações iniciais necessárias, passa-se a seguir a apresentação dos resultados das regressões.

As regressões foram ajustadas sobre os dados transformados em logaritmos, pois isso permite obter estimativas de elasticidades através dos coeficientes das variáveis independentes utilizadas.

Regressão 1 O período da regressão foi 1978 a 2004, portanto com 27 observações. A variável

dependente como foi visto é o Preço Real de Venda de Terras de Lavouras, C é a Constante da regressão, CR são os desembolsos do Crédito Rural e PTF é a Produtividade Total dos Fatores, defasada de um ano. Os resultados das regressões lineares nos logaritmos são:

Efeitos de variáveis independentes sobre o preço de terras de lavouras

Variável Coeficiente Erro Padrão Teste t Probabilidade C 5,169 3,772 1,371 0,183 C R 0,266 0,103 2,591 0,016 PTF(-1) -0,647 0,335 -1,93 0,0655 R2 0,522 Teste F 13,122 Prob ( Teste F ) 0,00014 Durbin-Watson 1,314 Fonte: resultados da pesquisa

Os coeficientes dessa regressão são parâmetros de equilíbrio de longo prazo. O

Crédito Rural apresentou coeficiente significativo a 5% de probabilidade, indicando que há 95% de chance de variações dos desembolsos do Crédito Rural afetarem o Preço de Venda de Terras de Lavouras. Também esse coeficiente é positivo, e seu valor significa que um aumento de 1% nos desembolsos do Crédito Rural implica em um acréscimo de 0,26% no preço real de venda de um hectare de terra de lavoura. Por outro lado, um aumento da Produtividade Total dos Fatores da Agropecuária de 1%, implica em um decréscimo de 0,65 % no Preço de Venda de Terras de lavouras. Como se nota, essa variável tem um teste t

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significante a 10%, indicando que há 90% de chance de que um acréscimo da Produtividade Total dos Fatores leve a uma redução no preço de venda de terras de lavouras no Brasil.

Regressão 2 Esta regressão referiu-se ao período 1990 a 2004 tendo, portanto, 15 observações.

Como se nota, as variáveis usadas nesta regressão são as mesmas que nas regressões anteriores. Os testes para Crédito Rural e Produtividade Total dos Fatores foram altamente significativos, e os sinais encontrados foram coerentes com o que se esperava em cada variável. No caso do Crédito Rural, o coeficiente de regressão encontrado, indica que um acréscimo de 1% nos desembolsos do Crédito Rural implica num aumento de 0,48% no preço de venda de terras de lavouras. Para o coeficiente da Produtividade Total dos Fatores, o seu resultado indica que um aumento de 1% da Produtividade Total dos Fatores implica num decréscimo de 1% no preço de venda de terras de lavouras no Brasil.

Efeitos de variáveis independentes sobre o preço de terras de lavouras

Variável Coeficiente Erro Padrão Teste t Probabilidade C 1,742 3,611 0,482 0,638 C R 0,485 0,113 4,288 0,001 PTF(-1) -1,009 0,284 -3,554 0,004 R2 0,482 Teste F 5,587 Prob ( Teste F ) 0,019 Durbin-Watson 1,637 Fonte: resultados da pesquisa

Os resultados apresentados através das Regressões 1 e 2, mostram que o Crédito Rural

continua sendo uma variável decisiva na formação dos preços de venda de terras de lavouras no Brasil. Em todos os períodos analisados o efeito do Crédito Rural foi positivo e significativo. A Produtividade Total dos Fatores mostrou-se, também, importante para analisar os Preços de Terras de Lavouras, porém, num segundo grau de importância em relação ao Crédito Rural. Além desses testes, foram feitos outros com o Valor Bruto da Produção como variável independente, mas os resultados não foram muito bons, e por isso não foram apresentados. 5. Conclusões

O trabalho mostrou que no período 1977 a 2004, houve redução dos preços de venda de terras de lavouras e de pastagens, bem como decréscimos dos preços dos arrendamentos. Essa foi uma das principais características do período como um todo. Os trabalhos consultados mostraram que vários fatores estiveram associados a esse comportamento dos preços de terras, tais como, crédito rural subsidiado, taxas de juros, inflação e outros. Notou-se que nos anos mais recentes, especialmente 2000 a 2004, houve uma reversão dos preços de terras que passaram a ter elevada valorização. Os estados que lideraram essa valorização foram aqueles onde a agricultura e pecuária vêm apresentando maior expansão e crescimento, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. Mas os efeitos dos resultados econômicos do setor agrícola têm se refletido, também em estados do Norte como, Roraima e Tocantins e do Nordeste, como Maranhão e Bahia, onde as terras têm

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tido fortes elevações de preços. Nos estados do Sul e Sudeste encontram-se as terras com os preços mais elevados. Por outro lado, estão na Amazônia e no Nordeste as terras com preços mais baixos do país. Nesse período mais recente, notou-se que a piora das condições da agricultura nos anos de 2004 e 2005 quanto a preços, taxa de câmbio e perdas climáticas, tem levado a acentuada desvalorização dos preços de terras.

A comparação dos preços de terras entre Brasil e Estados Unidos mostrou que em média os preços de terras de lavouras no Brasil correspondem a 34 % dos preços médios de terras de lavouras nos Estados Unidos. Apesar de que em ambos os países as terras tem-se valorizado nos últimos anos, no Brasil os preços em dólares por hectare de terras, tem-se elevado a taxas muito maiores do que nos Estados Unidos. Entre 2000 e 2004, essa valorização foi de 68,35% no Brasil e de 21,23 % nos Estados Unidos.

Finalmente, a análise de variáveis que influenciam os preços de terras mostrou que o Crédito Rural continua sendo um dos importantes determinantes do preço da terra de lavouras no Brasil. Porém a Produtividade Total dos Fatores tem tido nos últimos anos efeito significativo na determinação do preço da terra. Bibliografia Agroanalysis, retrospecto 1977 - 1º. Semestre. Rio de Janeiro, Grupo de Informação Agrícola, 1977, 198 p.

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