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PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE
SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, SEGURANÇA
ALIMENTAR E CIDADANIA
SUBSECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO PERMANENTE
2018-2021
Belo Horizonte
Abril de 2019
2
EXPEDIENTE
Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania
Secretária Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania |
Maíra da Cunha Pinto Colares
Subsecretário de Assistência Social | José Ferreira da Crus
Subsecretário de Direito e Cidadania | Thiago Alves da Silva Costa
Subsecretária de Segurança Alimentar | Darklane Rodrigues
Subsecretaria de Assistência Social
Diretora de Gestão do SUAS | Isabela de Vasconcelos Teixeira
Diretora de Proteção Social Básica | Eliete Cristina Rezende Costa
Diretora de Proteção Social Especial | Régis Spíndola
Diretoria de Relação com o Sistema de Garantia de Direitos | Simone Albuquerque
Diretores Regionais de Assistência Social
Diretoria Regional de Assistência Social Barreiro | Ângela Maria de Souza Oliveira
Diretoria Regional de Assistência Social Centro-Sul | Célio Augusto Raydan
Diretoria Regional de Assistência Social Leste | Ricardo Marcelo Fait Gorchacov
Diretoria Regional de Assistência Social Nordeste | Sandra Silar Lopes dos Santos
Diretoria Regional de Assistência Social Noroeste | Alessandra de Souza Figueiredo
Diretoria Regional de Assistência Social Norte | Soraia Pereira de Souza
Diretoria Regional de Assistência Social Oeste | Maria Angélica Barros Menezes
Diretoria Regional de Assistência Social Pampulha | Claudia de Melo Machado de
Melo
Diretoria Regional de Assistência Social Venda Nova | Valéria Andrade Martins
3
FICHA TÉCNICA
Coordenação
Isabela de Vasconcelos Teixeira
Diretoria de Gestão do SUAS – DGAS da Subsecretaria de Assistência Social
Maria Aline Gomes Barboza
Gerência de Gestão do Trabalho e Educação Permanente - GGTEP/DGAS
Equipe Técnica da Gerência de Gestão do Trabalho e Educação Permanente
Carlos Eduardo Firmino
Eliane Rodrigues Silva
Ewerton Herald Pinto Silva
Érika Brandão Viana
Lúcia de Fátima Alves Rocha
Paula Dias Moreira Penna
Lílian Rocha da Silva Barros
Lucinea de Almeida Amorim
Colaboração
Grupo de Trabalho PMEP (Portaria SMASAC nº 027/2018)
Adriana Silva Basílio (SUASS – Diretoria de Proteção Social Especial)
Alessandra Figueiredo (SUASS- Diretoria Regional de Assistência Social/DRAS)
Célio Raydan (SUASS- Diretoria Regional de Assistência Social/DRAS)
Cristiane Márcia Diniz Oliveira (SMASAC-Diretoria de Planejamento, Gestão e Finanças)
Daniele Rodrigues Souza Carmona (Fórum Municipal de Trabalhadoras (es) do SUAS-BH)
Denise Viana Fernandes (Fórum Municipal de Trabalhadoras (es) do SUAS-BH)
Douglas Alves (SUASS – Diretoria de Proteção Social Especial)
Fabiana Meijon Fadul (SUASS – Diretoria de Proteção Social Básica)
Guilherme Lanna Alves Faria (SMASAC-Diretoria de Planejamento, Gestão e Finanças)
Karina de Menezes Domingues Victor (SUASS – Diretoria de Gestão do SUAS)
Liziane Vasconcelos Teixeira Lima (Fórum Permanente de Entidades e Organizações de
Assistência Social)
4
Mara Rúbia de S.Albano Félix (SUASS – Diretoria de Proteção Social Básica)
Maria do Carmo Rezende e Silva (Fórum Permanente de Entidades e Organizações de
Assistência Social)
Maria Thereza Nunes Martins (Assessoria da Subsecretaria de Assistência Social)
Marilia Soares Nascimento (Fórum Municipal de Trabalhadoras (es) do SUAS-BH)
Miriam Aparecida Mendes (SMASAC –Subsecretaria de Direito e Cidadania/SUDC)
Priscila Franzini Pereira (SUASS – Diretoria de Gestão do SUAS)
Ralise Cássia (Conselho Municipal de Assistência Social de Belo Horizonte/CMAS-BH)
Núcleo Municipal de Educação Permanente/NUMEP
Adriana Moreira O. Lanza (SUASS – Diretoria de Gestão do SUAS)
Alba Maria Barbosa Coura (Fórum Municipal de Trabalhadoras (es) do SUAS BH –Rede
Governamental)
Alexandre Luiz Duarte dos Santos Costa (OAB MG- Conselho da Ordem dos Advogados
de Minas Gerais)
Aline Rabelo de Assis ((Fórum Municipal de Trabalhadoras (es) do SUAS BH –Rede
Governamental)
Carla Bronzo Ladeira Carneiro (Fundação João Pinheiro)
Cleile Marie Camilo (Conselho Municipal de Assistência Social de Belo
Horizonte/CMAS-BH)
Cléssio Cunha Mendes (Fórum Municipal de Trabalhadoras (es) do SUAS BH-Rede
Governamental)
Cristiane Isabel Felipe (Fórum Permanente de Entidades e Organizações de Assistência
Social)
Cristiano da Costa Carvalho (UNA)
Denise Viana Fernandes (Fórum Municipal de Trabalhadoras (es) do SUAS BH – Rede
Privada)
Diogo Quirino Queiroga (SMASAC – Diretoria de Planejamento, Gestão e Finanças)
Douglas Alves (SUASS – Diretoria de Proteção Social Especial)
Edvaldo Anastácio (Fórum Municipal de Trabalhadoras (es) do SUAS BH – Rede
Privada)
Evelin Lopes da Silva (Fórum Municipal de Usuários do SUAS BH)
Fabiana Meijon Fadul (SUASS – Diretoria de Proteção Social Básica)
5
Fernanda Passos de Sá Nogueira (SMASAC – Diretoria de Planejamento, Gestão e
Finanças)
Flávia Zarattini Amorim (Conselho Regional de Psicologia/CRP MG)
Francielly Ferreira Caetano (Conselho Regional de Serviço Social/CRESS MG)
Geralda Luíza de Miranda (UFMG)
Jacqueline Wanderley Matias Silva (Fórum Permanente de Entidades e Organizações de
Assistência Social)
Joaquim Calixto Filho (Fórum Municipal de Usuários do SUAS BH)
Juliana Daviti Fernandino (Fórum Municipal de Trabalhadoras (es) do SUAS BH-Rede
Governamental)
Juliano Aparecido de Almeida (Unihorizontes)
Lúcio Luiz Tolentino (SUASS – Diretoria de Gestão do SUAS)
Mara Rúbia de S. Albano Félix (SUASS – Diretoria de Proteção Social Básica)
Márcia Mansur Saadallah (PUC MG)
Marcos Arcanjo de Assis (Fundação João Pinheiro)
Maria do Carmo Rezende e Silva (Fórum Permanente de Entidades e Organizações de
Assistência Social)
Maria Júlia Andrade Vale (Conselho Regional de Psicologia/CRP MG)
Natália Guimarães Duarte Sátyro (UFMG)
Niselma da Soledade Caroba (Conselho Municipal de Assistência Social de Belo
Horizonte/CMAS-BH)
Regina Coeli de Oliveira (PUC MG)
Roberto Rocha Tross (OAB MG- Conselho dos Advogados de Minas Gerais)
Rosane Pilar Diegues Silva (UNA)
Sandra Regina Ferreira (SUASS – Diretoria de Proteção Social Especial)
Suênya Thatiane Souza de Almeida (Unihorizontes)
Vinicius Quiroga Mendoza (Fórum Municipal de Trabalhadoras (es) do SUAS BH-Rede
Governamental)
6
LISTA DE SIGLAS
APP Analista de Políticas Públicas
BH Belo Horizonte
BPC Benefício de Prestação Continuada
CCG Câmara de Coordenação Geral
CENTRO-POP Centro de Referência Especializado da Assistência Social para
atendimento à população adulta em situação de rua
CLAS Comissões Locais de Assistência Social
CMAS Conselho Municipal de Assistência Social
CNAS Conselho Nacional de Assistência Social
CORAS Conselhos Regionais de Assistência Social
CRAS Centro de Referência de Assistência Social
CREAS Centro de Referência Especializado de Assistência Social
DGAS Diretoria de Gestão do SUAS
DIAD-ASAC Diretoria Administrativa da Secretaria Municipal de
Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania
DPES Diretoria de Proteção Social Especial
DPGF-ASAC Diretoria de Gestão, Planejamento e Finanças da Secretaria
Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e
Cidadania
7
DPSO Diretoria de Proteção Social Básica
DRAS Diretoria Regional de Assistência Social
DRSGD Diretoria de Relação com o Sistema de Garantia de Direitos
ECA Estatuto da Criança e do Adolescente
FMAS Fundo Municipal de Assistência Social
FNAS Fundo Nacional de Assistência Social
GERHU-ASAC Gerência de Recursos Humanos da SMASAC
GGSMC Gerência de Gestão dos Serviços de Média Complexidade
GGTEP Gerência de Gestão do Trabalho e Educação Permanente
GT Grupo de Trabalho
GVISO Gerência de Vigilância Socioassistencial
IGD-SUAS Índice de Gestão Descentralizada do Sistema Único de
Assistência Social
ILPI Instituição de Longa Permanência para Idosos
LA Liberdade Assistida
LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias
LOA Lei Orçamentária Anual
LOAS Lei Orgânica de Assistência Social
8
MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
MGT Mesa de Gestão do Trabalho
NOB-SUAS Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência
Social
NOB RH SUAS Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS
NUMEP Núcleo Municipal de Educação Permanente do SUAS BH
OSC Organizações da Sociedade Civil
PAC Planos Anuais de Capacitação
PACA Plano de Ação da Capacitação de Atualização
PACI Plano de Ação da Capacitação Introdutória
PAFO Plano de Ação de Formação
PAEFI Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e
Indivíduos
PAIF Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família
PAST Plano de Ação da Supervisão Técnica
PBH
Prefeitura de Belo Horizonte
9
PMAS Plano Municipal de Assistência Social
PMEP Plano Municipal de Educação Permanente
PNAS
PNEP
Política Nacional de Assistência Social
Política Nacional de Educação Permanente
PPAG Plano Plurianual de Ação Governamental
PSB Proteção Social Básica
PSC Prestação de Serviço à Comunidade
RENEP/SUAS Rede Nacional de Educação Permanente do SUAS
ROT Recursos Oriundos do Tesouro
SCFV Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos
SEAS Serviço Especializado em Abordagem Social
SOF Sistema Orçamentário e Financeiro
SMASAC Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança
Alimentar e Cidadania
SMAAS Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social
SPSPD Serviço de Proteção Social para Pessoas com Deficiências
SUAS Sistema Único de Assistência Social
SUAS/BH Sistema Único de Assistência Social de Belo Horizonte
SUASS Subsecretaria de Assistência Social
10
SUDC Subsecretaria de Direito e Cidadania
SUPLOR Subsecretaria de Planejamento e Orçamento
11
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Escolaridade das (os) trabalhadoras (es) do PAIF/CRAS
Tabela 2- Trabalhadoras (es) dos CREAS distribuídos por Formação e Serviço
Tabela 3- Formação e escolaridade das (os) coordenadoras (es) de CREAS
Tabela 4-Formação das (os) técnicas (os) de nível superior - Família Acolhedora
Tabela 5- Distribuição das (os) trabalhadoras (es) de nível superior do órgão gestor nível
central por formação
Tabela 6- Distribuição das (os) trabalhadoras (es) das equipes de gestão das DRAS por
formação
Tabela 7-Distribuição das (os) trabalhadoras (es) da rede governamental que atuam na
provisão de serviços, programas e benefícios por escolaridade e lotação
Tabela 8- Distribuição das (os) trabalhadoras (es) da rede governamental que atuam na
gestão por escolaridade e lotação
Tabela 09-Distribuição das (os) conselheiras (os) municipais representantes da sociedade
civil por escolaridade
Tabela 10- Distribuição das (os) conselheiras (os) municipais representantes do governo
por escolaridade
Tabela 11- Metas orçamentárias para o quadriênio 2018-2021
Tabela 12 -Valor Reprogramado para 2019
Tabela 13-Metas físicas para o quadriênio 2018-2021
Tabela 14-Gestão do Trabalho e Educação Permanente do SUAS: LOA, Limite
Orçamentário, Programação e Execução - 2018
Tabela 15-Planejamento das ações de Educação Permanente - quadriênio 2018-2021
12
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1- Trabalhadoras (es) de nível superior por formação/PAIF
Gráfico 2- Modalidades de Pós-Graduação das (os) trabalhadoras (es) da equipe
PAIF/CRAS
Gráfico 3- Trabalhadoras (es) dos Centros de Convivência/SCFV de nível superior por
formação
Gráfico 4- Trabalhadoras (es) dos Centros de Convivência/SCFV de nível médio por
função
Gráfico 5- Trabalhadoras (es) dos Centros de Convivência/SCFV de nível fundamental
por função
Gráfico 6- Distribuição das (os) trabalhadoras (es) de nível superior da PSBR por
formação
Gráfico 7- Modalidades de Pós-Graduação das (os) trabalhadoras (es) da PSB Regional
Gráfico 8 - Distribuição das (os) trabalhadoras (es) dos CREAS por nível de escolaridade
Gráfico 9- Modalidade de pós-graduação das (os) trabalhadoras (es) do CREAS
Gráfico 10-Trabalhadoras (es) do SEAS por escolaridade
Gráfico 11- Trabalhadoras (es) de nível superior do SEAS por formação
Gráfico 12-Trabalhadoras (es) do Centro Dia de nível superior por formação
Gráfico 13-Trabalhadoras (es) de nível médio do Centro Dia por função
Gráfico 14-Distribuição das (os) trabalhadoras (es) de nível médio do Serviço de
Acolhimento Institucional por função
Gráfico 15- Distribuição das (os) trabalhadoras (es) de nível fundamental do Serviço de
Acolhimento Institucional por função
Gráfico 16-Distribuição das (os) trabalhadoras (es) de nível superior do Serviço de
Acolhimento Institucional por formação
Gráfico 17- Escolaridade das (os) trabalhadoras (es) da SUASS (nível central)
Gráfico 18- Trabalhadoras (es) da gestão lotados na DRAS por escolaridade
Gráfico 19- Estagiárias (os) remuneradas (os) da PBH lotados nas unidades da SUASS
Gráfico 20-Trabalhadoras (es) do SUAS BH por vínculo
Gráfico 21-Escolaridade das (os) trabalhadoras (es) do SUAS-BH
Gráfico 22- Distribuição das (os) trabalhadoras(es) da rede socioassistencial não
governamental por escolaridade
13
Gráfico 23-Distribuição das (os) trabalhadoras (es) da rede socioassistencial
governamental por escolaridade
Gráfico 24-Proporção sexo/gênero das(os) trabalhadoras(es) do SUAS-BH
Gráfico 25- Distribuição das (os) conselheiras (os) municipais por nível de escolaridade
Gráfico 26- Valores programados e executados nas ações de Gestão do Trabalho e
Capacitação no FMAS-BH no período de 2014 a 2017
Gráfico 27-Execução orçamentária das ações de Gestão do Trabalho e Capacitação do
FMAS-BH, por fonte de recursos, do período de 2014 de 2017 (vs. 2018)
LISTA DE MAPAS
Mapa 1- Localização dos Centros de Referência de Assistência Social - CRAS e Serviço
de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV)
Mapa 2-Localização dos equipamentos da Proteção Social Especial Média Complexidade
– 2017
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Organização do CMAS-BH
LISTA DE FIGURAS
Figura 1-Modelo de organização do PMEP e dos Planos Anuais de Capacitação e
Formação
Figura 2- Estratégias complementares de Supervisão Técnica
14
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ........................................................... Erro! Indicador não definido.
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 17
2 FUNDAMENTAÇÃO ................................................................................................ 21
2.1 Perspectiva político pedagógica da Educação Permanente no SUAS ........................... 24
2.2 Capacidades e competências requeridas para a atuação no SUAS ............................... 26
3 OBJETIVOS .............................................................................................................. 29
3.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 29
3.2 Objetivos Específicos ............................................................................................ 29
4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA GESTÃO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO PERMANENTE
DO SUAS-BH .............................................................................................................. 30
5 LEVANTAMENTO DO PERFIL DAS (DOS) TRABALHADORAS (ES), GESTORAS (ES)
E CONSELHEIRAS (OS) DO SUAS-BH ........................................................................ 36
5.1 Perfil das (os) trabalhadoras (es) da provisão da Proteção Social Básica ..................... 37
5.2 Perfil das (os) trabalhadoras (es) do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família
– PAIF/CRAS ........................................................................................................... 40
5.3 Perfil das(os) trabalhadoras(es) do Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos – SCFV ....................................................................................................... 42
5.4 Perfil das(os) trabalhadoras(es) da Proteção Social Básica Regional ...................... 45
5.5 Perfil das(os) trabalhadoras(es) da provisão da Proteção Social Especial .................... 49
5.5.1 Perfil das(os) trabalhadoras(es) dos CREAS ................................................. 40
5.5.2 Perfil das(os) trabalhadoras(es) do Serviço Especializado em Abordagem
Social – SEAS ......................................................................................................... 53
5.5.3 Perfil das(os) trabalhadoras(es) do Serviço de Proteção Social Especial para
Pessoas com Deficiência adultas e suas famílias .................................................... 55
5.6 Perfil das(os) trabalhadoras(es) da provisão da Proteção Social Especial de Alta
Complexidade ........................................................................................................... 57
5.7 Perfil das(os) trabalhadoras(es) da gestão do SUAS ............................................. 68
5.8 Quantitativo das (os) estagiárias(os) remunerados das equipes da SUASS ................... 66
5.9 Total das(os) trabalhadoras(es) do SUAS-BH ..................................................... 66
6 PERFIL DAS (OS) CONSELHEIRAS(OS) MUNICIPAIS DE ASSISTÊNCIASOCIAL71
7 LEVANTAMENTO DE NECESSIDADES DE CAPACITAÇÃO E FORMAÇÃO ........... 77
8 DEFINIÇÃO DAS AÇÕES DE FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO .......................... 79
9. DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DOS PLANOS ANUAIS DE CAPACITAÇÃO
(PAC) .......................................................................................................................... 83
9.1 Plano de Ação de Capacitação Introdutória (PACI) ................................................... 83
9.2 Plano de Ação de Capacitação de Atualização (PACA) ............................................. 84
9.3 Plano de Ação de Supervisão Técnica (PAST) ......................................................... 85
10 DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO DE FORMAÇÃO
(PAFO) ........................................................................................................................ 91
11 CERTIFICAÇÃO .................................................................................................. 92
12 ORÇAMENTO......................................................................................................... 93
13 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO .................................................................... 999
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 93
15
APRESENTAÇÃO
O Plano Municipal de Educação Permanente é um dos instrumentos de gestão
necessários à operacionalização da Política de Educação Permanente do SUAS,
caracterizando-se como ferramenta para a estruturação e para o planejamento técnico e
financeiro das ações de Educação Permanente no município de Belo Horizonte. O
presente Plano foi construído visando à estruturação das ações de Educação Permanente,
bem como a formulação de diretrizes para a elaboração dos planos anuais de capacitação
e seus planos de ação e do plano de ação da formação.
A Educação Permanente no SUAS se configura como estratégia precípua de
formação ético-política dos atores do SUAS, visando aperfeiçoar não apenas a função de
proteção da política de Assistência Social, mas, especialmente, as funções de vigilância
socioassistencial e de defesa de direitos, tão necessárias em tempos de retrocessos em
curso. Urge afirmar, defender e fazer avançar a Política de Assistência Social como
política pública do campo da garantia e defesa de direitos, da universalização dos acessos
e da responsabilidade estatal, em contraponto à concepção do Estado Mínimo, da
filantropia social e empresarial que excetua a construção democrática com a sociedade
através do reconhecimento dos dispositivos legais de controle social.
Na contramão do contexto nacional de retrocessos, o presente Plano direciona
esforços institucionais que complementam a ampliação e qualificação do SUAS-BH,
aposta traduzida no Plano Municipal de Assistência Social 2018-2021, através do
planejamento de ações de manutenção, reordenamentos, ampliação e qualificação do
provimento dos serviços e benefícios; de aprimoramento da gestão do SUAS e de
ampliação e potencialização das instâncias de participação e controle social. O Plano
Municipal de Educação Permanente compõe um conjunto de instrumentos de gestão que
visam superar o desafio da oferta com qualidade de serviços e benefícios
socioassistenciais do SUAS no município de Belo Horizonte, aprimorando aqueles já
existentes e potencializando o processo de implementação de novos serviços.
O Plano Municipal de Educação Permanente 2018-2021 foi construído de forma
coletiva, com o envolvimento efetivo de trabalhadoras (es), gestoras (es), usuárias (os) e
conselheiras (os) participantes do Núcleo Municipal de Educação Permanente (NUMEP),
e também do Grupo de Trabalho constituído com o objetivo específico de elaboração do
Plano. A portaria SMASAC 027/2018 de 02/03/2018, publicada no DOM em 06/03/2018
instituiu o Grupo de Trabalho para formulação do Plano Municipal de Educação
16
Permanente do SUAS, referente ao período 2018/2021. Este grupo composto por
diferentes atores do SUAS, coordenado pela Gerente de Gestão do Trabalho e Educação
Permanente, realizou 13 reuniões no período dos meses de abril a julho de 2018, sendo
duas reuniões com convite extensivo aos membros do NUMEP. Foram criados subgrupos
de forma a aperfeiçoar a discussão e formulação do texto, a saber: a) Orçamento; b)
Levantamento de Necessidades de Capacitação e Formação e Diagnóstico; c)
Monitoramento, avaliação e Certificação; d) Relatoria. Todo o material utilizado,
registros das reuniões e as versões parciais foram disponibilizados, em meio eletrônico
(Google Drive) para conhecimento, leitura e contribuições das (os) participantes do
Grupo de Trabalho. Para concluir o trabalho do GT, foram realizadas duas reuniões,
mediadas com a metodologia do Word Café para a revisão e contribuições finais no texto.
Após o encerramento do Grupo de Trabalho, a finalização do texto, a partir dos
consensos estabelecidos com as (os) participantes, foi apresentado e qualificado pelo
NUMEP, instância colegiada consultiva e de assessoramento à Subsecretaria de
Assistência Social para implementação das ações de Educação Permanente no SUAS-
BH. O NUMEP foi instituído por meio da Portaria SMAAS nº 17 de 22 de julho de 2017.
Por fim, é necessário ressaltar que este Plano é um instrumento público, que
afirma compromissos e instrumentaliza a sociedade para o controle e o fortalecimento da
Política de Assistência social no Município. Os objetivos que nele constam devem ser
monitorados e avaliados de forma sistemática e continuada, de modo a garantir a
estruturação e a instituição da cultura de Educação Permanente no SUAS-BH.
17
1 INTRODUÇÃO
De acordo com a Política Nacional de Educação Permanente do Sistema Único de
Assistência Social – PNEP SUAS (Brasil, 2013), a Educação Permanente, em um sentido
mais amplo, diz respeito à formação de trabalhadoras(es), gestoras(es) e conselheiras(os)
visando desenvolver perspectivas críticas de compreensão dos contextos nos quais estão
inseridas(os) e fenômenos com os quais atuam, assim como ferramentas para a análise
ético-política e técnico-metodológica que subsidiarão condutas, procedimentos e meios
de ação à resolução dos problemas nos diferentes contextos de vida e de trabalho. Nesta
perspectiva, as ações de Educação Permanente não devem se restringir a processos de
educação formal, pautados apenas na transmissão de conhecimentos e treinamento de
habilidades.
Entende-se por Educação Permanente o processo contínuo de
atualização e renovação de conceitos, práticas e atitudes
profissionais das equipes de trabalho e diferentes agrupamentos,
a partir do movimento histórico, da afirmação de valores e
princípios e do contato com novos aportes teóricos,
metodológicos, científicos e tecnológicos disponíveis. Processo
esse mediado pela problematização e reflexão quanto às
experiências, saberes, práticas e valores pré-existentes e que
orientam a ação desses sujeitos no contexto organizacional ou da
própria vida em sociedade. (Brasil, 2013, p. 34)
De acordo com a PNEP SUAS (Brasil, 2013), é de responsabilidade da gestão dos
municípios realizar os três tipos de ações de capacitação – Introdutória, Atualização e
Supervisão Técnica, além dos cursos de aperfeiçoamento, que é uma modalidade de ação
de formação. Com relação ao planejamento e a oferta das ações de formação e
capacitação, cabe ao município:
A) Elaborar diagnósticos de necessidades;
B) Capacitar os integrantes da rede socioassistencial;
C) Desenhar planos de cursos e matrizes de conteúdos;
18
D) Pactuar e validar conteúdos para as ações de Educação Permanente;
E) Disseminar os conteúdos produzidos e sistematizados.
O Plano Municipal de Educação Permanente constitui-se como instrumento de
gestão que tem por objetivo central definir as diretrizes e orientar a organização das ações
de Educação Permanente a serem ofertadas no âmbito de responsabilidade do ente
federado. No caso deste plano, no âmbito do SUAS-BH.
No âmbito do município de Belo Horizonte, a gestão da política de assistência
social é atribuição da Subsecretaria de Assistência Social, que integra a Secretaria de
Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania (SMASAC). A Secretaria instituiu
por meio da Portaria SMASAC nº 27, de 06 de março de 2018, um grupo de trabalho para
formulação do Plano Municipal de Educação referente ao período dos anos de 2018 a
2021. Esse Grupo de Trabalho – GT PMEP - foi coordenado pela Gerência de Gestão do
Trabalho e Educação Permanente GGTEP e foi composto por representantes das
seguintes unidades de gestão e organizações:
● Diretoria de Gestão, Planejamento e Finanças da Secretaria Municipal de
Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania – DPGF-ASAC/SMASAC;
● Diretoria Administrativa da Secretaria Municipal de Assistência Social,
Segurança Alimentar e Cidadania – DIAD-ASAC/SMASAC
● Diretoria de Gestão do SUAS – DGAS da Subsecretaria de Assistência Social;
● Diretoria de Proteção Social Especial – DPES da Subsecretaria de Assistência
Social;
● Diretoria de Proteção Social Básica – DPSO da Subsecretaria de Assistência
Social;
● Diretoria Regional de Assistência Social – DRAS da Subsecretaria de Assistência
Social;
● Assessoria da Subsecretaria de Assistência Social;
● Subsecretaria de Direito e Cidadania – SUDC/SMASAC;
● Conselho Municipal de Assistência Social de Belo Horizonte – CMAS/BH;
● Fórum Municipal de Trabalhadoras (es) do SUAS-BH;
● Fórum Permanente das Entidades e Organizações de Assistência Social;
● Fórum Municipal dos Usuários do SUAS.
19
O GT trabalhou durante os meses de maio a julho de 2018 no estabelecimento de
consensos entre os diferentes atores do SUAS com relação às diretrizes fundamentais para
a realização das ações de Educação Permanente a serem desenvolvidas no SUAS-BH.
Uma dessas diretrizes foi a necessidade de realizar um levantamento atualizado e
aprofundado dos dados referentes ao conjunto de trabalhadoras (es) (as), gestoras (es) (as)
e conselheiras (os) (as) da política de Assistência Social em Belo Horizonte. Esta
solicitação requereu alterações no cronograma interno à SUASS de envio do PMEP ao
Conselho Municipal de Assistência Social, instância do controle social responsável pela
aprovação do PMEP, devido a insuficiência e desatualização dos dados disponíveis
referentes à construção do perfil do trabalhador do SUAS-BH, fornecidos pelos sistemas
do Ministério de Desenvolvimento Social e da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte.
No caso da rede governamental, esta passou por uma mudança significativa
recente do quadro de lotação das (os) trabalhadoras (es) em razão do processo de
nomeação e posse das novas (os) coordenadoras (es) de CRAS e CREAS, habilitadas (os)
pelo processo de seleção interna SMASAC nº 01/2018. Além disso, informações como
raça/cor, identidade de gênero, perfil sócio profissional, dentre outros, pactuados no GT
PMEP, precisaram ser solicitados a todas (os) as (os) trabalhadoras (es) e gestoras (es) da
rede governamental, uma vez que estes dados atualizados não estão disponíveis no
sistema de gestão de recursos humanos da PBH (ArteRH) que, por sua vez, fornece
informações apenas das (os) trabalhadoras (es) que são servidoras (es) públicas (os).
Com relação à atualização dos dados da rede não-governamental, utilizou-se a
base anual do CensoSuas/MDS. O levantamento de dados com relação ao perfil das (os)
conselheiras (os) municipais de Assistência Social, público das ações de Educação
Permanente do SUAS, foi obtido por meio do Conselho Municipal de Assistência Social,
com referência no mês de agosto e setembro de 2018.
A implantação da Educação Permanente no município é uma ação estratégica de
gestão do SUAS/BH, que visa, sobretudo, a qualificação das ofertas da proteção social da
política de assistência social, resultando na entrega de serviços de qualidade, na ativa
implicação do exercício do controle social e no aprimoramento da gestão. Além disso,
este Plano visa ao rompimento com o histórico e a cultura organizacional de ofertas
pontuais e fragmentadas de capacitação. É importante destacar que este é o primeiro Plano
de Educação Permanente que o município elabora de forma a contemplar quatro anos de
execução das ações. Sendo este um instrumento de suma importância para a gestão da
Educação Permanente no município, optamos pela apresentação de um diagnóstico que
20
de fato represente a realidade dos atores deste sistema, buscando que as ações de
capacitação e formação planejadas a partir dele sejam convergentes com as necessidades
e a realidade vivenciada pelas (os) trabalhadoras (es), conselheiras (os) e gestoras (es).
Como produto do GT foi elaborado o texto do PMEP que, conforme determinação
da Portaria SMASAC 027/2018, foi apresentado nas reuniões dos meses de junho, agosto
e outubro de 2018 do Núcleo Municipal de Educação Permanente, instância colegiada de
assessoramento ao órgão gestor no que se refere ao planejamento, execução,
monitoramento e avaliação das ações de Educação Permanente, por meio de reuniões
conjuntas e compartilhamento do texto para contribuições. A sua aprovação é feita pelo
Conselho Municipal de Assistência Social.
As diretrizes para o planejamento, execução e avaliação das ações de Educação
Permanente, conteúdo do PMEP, bem como a oferta de outros tipos de ações de
qualificação pela Subsecretaria de Assistência Social, instituem no SUAS-BH espaços
contínuos para o aprimoramento do trabalho interdisciplinar, intersetorial e colaborativo
necessários para a gestão, provimento e controle social no SUAS. Destaca-se que o plano
contempla uma lógica sistemática de apresentação da organização estrutural das ações a
serem propostas pelo SUAS-BH, visando possibilitar a manifestação e participação das
(os) trabalhadoras (es), gestoras (es) e conselheiras (os). É importante, ainda, lembrar que
este Plano visa organizar as ações de Educação Permanente conforme o disposto na
PNEP, não desconsiderando outras possíveis ações de qualificação contidas nos Planos
de Apoio Técnico (PAT).
21
2 FUNDAMENTAÇÃO
A Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS - NOB RH SUAS
– e sua versão comentada (Brasil, 2006a; Ferreira, 2011) dispõe que a gestão do trabalho
deve ser tratada como área estratégica da gestão do SUAS. De acordo com essa
normativa, a qualidade dos serviços socioassistenciais ofertados à população está
diretamente relacionada à estruturação do trabalho, à qualificação e à valorização das (os)
trabalhadoras (es) atuantes no SUAS. Esta disposição é reafirmada pela Norma
Operacional Básica do SUAS – NOB SUAS (Brasil, 2012), norma que disciplina a gestão
pública da Política de Assistência Social. Dentre os avanços da gestão do SUAS
apontados pela NOB SUAS, destacam-se a Gestão do Trabalho e a Educação Permanente
como objetivos do SUAS e potenciais propulsores da qualidade na gestão e na prestação
de serviços, projetos, programas e benefícios socioassistenciais.
A implementação da Gestão do Trabalho e da Educação Permanente na
Assistência Social é um dos objetivos da gestão e da organização municipal do SUAS em
BH, conforme determina a Lei Municipal nº 10.836, de 29 de julho de 2015 que instituiu
o Sistema Único de Assistência Social de Belo Horizonte - SUAS BH (Belo Horizonte,
2015). É competência do município e do órgão gestor da Política de Assistência Social a
formulação e a execução de uma Política Municipal de Educação Permanente para
trabalhadoras (es), gestoras (es) e conselheiras (os) que integram o SUAS-BH, a qual deve
ser aprovada pelo Conselho Municipal de Assistência Social.
A gestão da Política de Assistência Social deve ser exercida de forma cooperada
entre os entes federados. Para que as ações de Gestão do Trabalho e Educação Permanente
se efetivem, é necessário que os entes federados reúnam esforços para organizar ofertas
para a qualificação do trabalho na execução, gestão e controle social dos serviços,
programas, projetos e benefícios do SUAS, por meio de planos que respeitem as
diversidades e as especificidades territoriais na proposição das ações de capacitação e
formação, e a dinamicidade dos fenômenos e desafios do cotidiano de trabalho.
Em um contexto de contínuas transformações, planejar/executar/avaliar
supõe conciliar a capacidade criativa, inovadora e intuitiva, com força da
racionalidade, do amplo conhecimento da realidade, do domínio do
conhecimento especializado e da experiência acumulada. É preciso
22
compor utopias, mas dimensionar condições de factibilidade, viabilidade
e exequibilidade. (Brasil, 2008, p. 48)
A Política Nacional de Educação Permanente do SUAS - PNEP SUAS (Brasil,
2013) tem como objetivo geral “institucionalizar a perspectiva político-pedagógica e a
cultura da Educação Permanente, estabelecendo suas diretrizes e princípios, e definindo
os meios, mecanismos, instrumentos e arranjos institucionais necessários à sua
operacionalização e efetivação (Brasil, 2013, p. 27).
A PNEP (Brasil, 2013) define como objetivos específicos, em resumo:
● Desenvolver competências e capacidades específicas e compartilhadas,
junto às (os) trabalhadoras (es), gestoras (es) e conselheiras (os),
requeridas para a melhoria e qualidade continuada da gestão, da oferta e
provimento dos serviços e benefícios socioassistenciais e do controle
social e gestão participativa;
● Desenvolver junto às (os) trabalhadoras (es) e conselheiras (os) condições
para que possam distinguir e fortalecer a centralidade dos direitos
socioassistenciais do cidadão no processo de gestão e no desenvolvimento
das atenções em benefícios e serviços;
● Ofertar às (aos) trabalhadoras (es), gestoras (es) e conselheiras (os) de
Assistência Social percursos formativos e ações de Educação Permanente
adequados às qualificações requeridas para sua atuação, por meio de
mecanismos de ensino e processos de aprendizagem que permitam o
aprendizado contínuo que considerem as experiências de trabalho;
● Criar mecanismos que gerem aproximações entre as manifestações dos
usuários e o conteúdo das ações de capacitação e formação;
● Instituir mecanismos institucionais que permitam a participação das (os)
trabalhadoras (es) e das (os) usuárias (os) do SUAS, das (os) conselheiras
(os) da Assistência Social e das instituições de ensino, as quais formam a
Rede Nacional de Capacitação e Educação Permanente do SUAS, nos
processos de formulação de diagnósticos de necessidades, planejamento e
implementação das ações de formação e capacitação;
● Criar meios e mecanismos institucionais que permitam articular o ensino,
a pesquisa e a extensão à gestão e ao provimento dos serviços e benefícios
socioassistenciais, assim como para integrar e ampliar os espaços de
23
debates entre as instâncias de gestão, controle social, instituições
educacionais e movimentos sociais, de forma a contribuir para o
desenvolvimento das competências necessárias à contínua e permanente
melhoria da qualidade do SUAS;
● Consolidar referências teóricas, técnicas e ético-políticas na Assistência
Social a partir da aproximação entre a gestão do SUAS, o provimento dos
serviços e benefícios e instituições de ensino, pesquisa e extensão,
potencializando a produção, sistematização e disseminação de
conhecimentos;
● Instituir mecanismos institucionais que permitam descentralizar para
estados, municípios e Distrito Federal atribuições relacionadas ao
planejamento, oferta e implementação de ações de formação e capacitação.
Os objetivos da PNEP reafirmam as diretrizes da NOB RH SUAS que têm como
eixo central a valorização das (os) trabalhadoras (es) do SUAS e a qualificação das ofertas
socioassistenciais. Portanto, as ações de gestão do trabalho e Educação Permanente
devem ser orientadas por esta perspectiva e possibilitar a sistematização de
conhecimentos direcionados ao desenvolvimento de competências e capacidades técnicas
e gerenciais, ao efetivo exercício do controle social e do protagonismo das (os) usuárias
(os). O conhecimento produzido e sistematizado deve ser disseminado adotando
instrumentos criativos e inovadores, adequando-os aos diferentes públicos da Política de
Assistência Social e garantindo a acessibilidade. Dessa forma, dá-se dinamicidade ao
processo de atualização e qualificação do trabalho, valorizando a produção
contextualizada de conhecimento pelos atores do SUAS, permitindo também a sua
coprodução e compartilhamento com as instituições de ensino, movimentos sociais,
dentre outros.
Para o alcance desses objetivos, duas ações de gestão se destacam, a saber: a)
institucionalização da perspectiva político-pedagógica da Educação Permanente no
SUAS como norteadora das ações de capacitação e formação; b) configuração
organizacional necessária para essa implementação. Nesse sentido, a formalização de um
Plano Municipal de Educação Permanente fortalece essas ações de gestão, contribuindo,
juntamente com outras estratégias de gestão participativa, para mudanças necessárias em
nossa cultura organizacional, de modo a instituir a Educação Permanente como valor
institucional e processo de trabalho.
24
2.1 Perspectiva político pedagógica da Educação Permanente no SUAS
Este Plano Municipal de Educação Permanente orienta-se pela perspectiva
político-pedagógica da PNEP SUAS que está baseada nos seguintes princípios: a) a
centralidade dos processos de trabalho e das práticas profissionais; b) a
interdisciplinaridade; c) a aprendizagem significativa; d) a historicidade; e e) o
desenvolvimento de capacidades e competências requeridas pelo SUAS.
O planejamento das ações de Educação Permanente requer uma orientação voltada
para as questões cotidianas do trabalho ofertado no SUAS, articulando os impasses e as
potencialidades das práticas profissionais, da gestão e do exercício do controle social.
Estas ações devem contribuir nas respostas às questões, demandas, problemas e
dificuldades que emergem dos processos de trabalho e das práticas profissionais.
Os processos de trabalho e as práticas profissionais são os principais mediadores
da gestão descentralizada e participativa do SUAS e da concretização dos serviços e
benefícios ofertados. Considerando este princípio, o planejamento, a oferta e a
implementação de ações são condições para a realização de duas das principais
finalidades da PNEP: o desenvolvimento das competências necessárias e essenciais à
melhoria contínua da qualidade da gestão do SUAS e do provimento dos serviços e
benefícios socioassistenciais; e a modificação dos processos de trabalho e práticas
profissionais inadequados ao atual paradigma da Assistência Social, entendida enquanto
política de direito não contributiva (Brasil, 2013).
A compreensão de fenômenos e situações que compõem o objeto de intervenção
do SUAS exige leituras das diferentes disciplinas, o que requer a realização do trabalho
e a construção de conhecimento interdisciplinar. De acordo com a perspectiva político
pedagógica da Educação Permanente no SUAS:
A interdisciplinaridade permite a ampliação do foco na visão profissional,
favorecendo maior aproximação das equipes profissionais à integralidade
das situações experimentadas por beneficiários do Sistema, podendo, por
isso mesmo, contribuir na formulação de respostas às questões, demandas,
problemas e dificuldades que emergem dos processos de trabalho e das
práticas profissionais (Brasil, 2013, p. 36).
25
Faz-se necessário, nesta perspectiva, instituir processos de ensino e aprendizagem,
investigação e construção de saberes e conhecimento pautados pela valorização da
interdisciplinaridade, no reconhecimento dos saberes específicos e da complementaridade
das áreas e na possibilidade de construção de novos saberes e práticas (Brasil, 2013).
O princípio de aprendizagem significativa versa sobre ações de capacitação e de
formação que precisam fazer sentido para as (os) trabalhadoras (es) do SUAS. Duas
condições são necessárias para que a aprendizagem significativa ocorra. A primeira é o
envolvimento e cuidado do participante com sua própria aprendizagem, que requer
mobilização individual e subjetiva. E, a segunda, está diretamente relacionada à
percepção quanto à relevância dos conteúdos e objetivos das ações de Educação
Permanente. É fundamental a utilização de recursos pedagógicos interativos, dialógicos
e que estimulem a reflexão crítica para que o processo de aprendizagem promova a
interiorização e ressignificação de conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades e
atitudes a partir da mobilização dos saberes e experiências prévias dos participantes. As
metodologias de ensino devem valorizar o compartilhamento das experiências e saberes
dos participantes, a diversidade e especificidade dos territórios e o contexto social e
histórico (Brasil, 2013).
O princípio da historicidade da Educação Permanente do SUAS provoca a
problematização das práticas centradas na primazia da técnica, da lógica instrumental,
sem a necessária mediação reflexiva e crítica de seu contexto e efeitos no trabalho
socioassistencial. Este princípio orienta que as categorias e conceitos não são eternos e
independentes das transformações do mundo real. Sendo assim, o princípio da
historicidade consiste em recusar
Abordagens pragmáticas, fixadas estritamente na transmissão técnica,
instrumental, dogmática, do conhecimento. Diversamente disso, exige que
as ações de formação e a capacitação para o SUAS abarquem questões
filosófico-científicas e ético-políticas relacionadas aos princípios e
fundamentos da análise do ser social e do projeto social que lhe confere tal
identidade, fazendo a mediação dessas questões com as de caráter técnico
e operativo (Brasil, 2013, p. 39)
26
No que diz respeito ao desenvolvimento de capacidades e competências
requeridas pelo sistema, a PNEP SUAS recomenda o desenvolvimento de habilidades,
conhecimento e atitudes, compreendendo as dimensões técnica, ética e política.
2.2 Capacidades e competências requeridas para a atuação no SUAS
Muniz (2011) propõe a seguinte definição de competência profissional:
O ato de assumir responsabilidades frente a situações de trabalho
complexas, o que exige um conjunto de conhecimentos e habilidades
profissionais, porém, mais do que isto, postura ética, pois impõe aos
trabalhadores da assistência social que superem a atuação como simples
executores de programas para a de viabilizadores de direitos (...). Esta
concepção de competência busca a construção e a mobilização de
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores não apenas na dimensão
técnico-operativa referenciada nas Normas Operacionais e Guias de
Orientação Técnica do SUAS, mas na dimensão ético-política. Não se
restringe a uma perspectiva individualista, pois considera que as
competências profissionais são construídas ao longo da trajetória da vida
profissional do trabalhador, o qual partilha experiências e práticas
coletivas. (Muniz, 2011, p. 36)
Muniz (2011) discute as principais competências e habilidades que devem ser
desenvolvidas nas ações de gestão do trabalho e de qualificação das (os) trabalhadoras
(es) e gestoras (es), a saber:
a) Compreensão do contexto sócio histórico em que se situa a intervenção profissional;
b) Exercício dos princípios da matricialidade sociofamiliar e da territorialização;
c) Conhecimento das metodologias de trabalho social com famílias;
d) Conhecimentos, habilidades e atitudes que permitam identificar e respeitar as
diversidades;
e) Habilidades específicas de análise de contextos;
27
f) Habilidades para apreender e analisar criticamente o cotidiano de vida dos usuários,
das famílias e suas representações;
g) Domínio dos conceitos de vulnerabilidade, risco social e território;
h) Conhecimentos, habilidades e atitudes específicas no gerenciamento e na operação dos
benefícios, transferência de renda e serviços, programas, projetos e Cadastro Único, de
forma a garantir a complementaridade e a integração;
i) Conhecimentos, habilidades e atitudes para o desenvolvimento e fomento da
intersetorialidade;
j) Compreensão das concepções de multi e interdisciplinaridade;
k) Competência de elaboração de amplos e consistentes diagnósticos;
l) Identificação de territórios vulneráveis;
m) Capacidades e meios técnicos sobre sistemas de informação;
n) Conhecimentos sobre os principais instrumentos que possibilitam monitoramento e
avaliação do SUAS;
o) Arcabouço teórico-técnico-operativo para habilidade de construção de estratégias de
participação dos indivíduos e famílias.
O desenvolvimento das competências profissionais deve estar fundamentado nos
princípios éticos para a oferta da proteção socioassistencial no SUAS, elencados no art.
6º da NOB SUAS (Brasil, 2012), e nos princípios éticos para as (os) trabalhadoras (es)
do SUAS, definidos no capítulo 3 da NOB RH SUAS (Brasil, 2006a; 2011). Os
princípios éticos das respectivas profissões atuantes no SUAS também devem ser
considerados ao se “elaborar, implantar e implementar padrões, rotinas e protocolos
específicos, para normatizar e regulamentar a atuação profissional por tipo de serviço
socioassistencial” (Brasil, 2011, p. 19).
Especificamente em relação às (aos) conselheiras (os) de Assistência Social, no que
diz respeito ao desenvolvimento de capacidades e competências requeridas para o
exercício do controle social, torna-se imprescindível que as ações de capacitação
alcancem o desenvolvimento das capacidades éticas e políticas, além da aquisição do
conhecimento normativo sobre o SUAS, garantindo assim maior efetividade e postura
crítica no exercício do controle social. Sendo assim, as capacitações para o percurso
formativo de controle social buscam propiciar às(aos) conselheiras(os) a compreensão
dos princípios e diretrizes do SUAS por meio da discussão e reflexão sobre conceitos e
concepções essenciais da política de Assistência Social, com foco na estrutura de
28
financiamento da política, nas funções e responsabilidades dos entes federados e das(os)
conselheiras(os), no fortalecimento do Conselho Municipal de Assistência Social
(CMAS) e nos dispositivos e meios disponíveis e necessários para o efetivo exercício do
controle social. Vale lembrar que para o fortalecimento dos conselhos, a Secretaria
Executiva necessita de uma formação específica, no que tange a importância de seu papel
político e operacional do mesmo.
É importante ressaltar que novas competências podem ser requeridas visto a
dinamicidade dos fenômenos e do trabalho social a ser ofertado pela Política de
Assistência Social, reconhecendo assim que os conhecimentos e habilidades necessárias
para conferir qualidade aos serviços, projetos, programas e benefícios do SUAS, e para o
fortalecimento da participação e do controle social do sistema, estão em constante
processo de construção (Muniz, 2011).
29
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Definir diretrizes para as ações de capacitação e formação no âmbito do SUAS/BH, para
o período dos anos de 2018 a 2021, de acordo com as diretrizes e parâmetros da Política
Nacional de Educação Permanente e demais normativas vigentes referentes à Educação
Permanente no SUAS.
3.2 Objetivos Específicos
a) Definir diretrizes para a elaboração, o monitoramento e a avaliação dos Planos Anuais
de Capacitação (PAC) e do Plano de Ação de Formação (PAFO), visando ofertar às (os)
trabalhadoras (es), gestoras (es) e conselheiras (os), percursos formativos e ações de
formação e capacitação que promovam o desenvolvimento de competências requeridas
pelo SUAS;
b) Estabelecer ações para o levantamento contínuo de necessidades de capacitação junto
às (aos) trabalhadoras (es), gestoras (es) e conselheiras (os) da Assistência Social;
c) Contribuir para a qualificação dos serviços, programas, projetos e benefícios
socioassistenciais ofertados aos cidadãos e cidadãs de Belo Horizonte.
30
4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA GESTÃO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO
PERMANENTE DO SUAS-BH
De acordo com a NOB SUAS (Brasil, 2012), a gestão do trabalho no SUAS
compreende o planejamento, a organização e a execução das ações relativas à valorização
da (o) trabalhadora (or) e à estruturação do processo de trabalho institucional, no âmbito
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. As ações de Gestão do
Trabalho e de Educação Permanente ressignificam a gestão dos recursos humanos da
Política de Assistência social no âmbito da gestão pública, estabelecendo o compromisso
técnico, ético e político com a oferta de qualidade dos serviços, programas, projetos e
benefícios do SUAS.
A reforma administrativa realizada pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte
no ano de 2017 institucionalizou a Gerência de Gestão do Trabalho e Educação
Permanente do SUAS (GGTEP), dentro da Diretoria de Gestão do SUAS (DGAS) para
operacionalizar a função da gestão do trabalho no SUAS-BH, fomentar ações de
fortalecimento e valorização das (dos) trabalhadoras (es) do SUAS e de qualificação da
oferta dos serviços, programas, projetos, benefícios, transferência de renda e Cadastro
Único.
Esse esforço se deu em resposta à luta histórica das (os) trabalhadoras (es) e
usuários da Política de Assistência Social em prol da oferta qualificada dos serviços e
benefícios do SUAS e da valorização daqueles que executam e realizam a gestão do
trabalho socioassistencial. Destacamos, ainda, que a instituição de uma unidade técnico-
administrativa específica de gestão do trabalho na SUASS cumpriu meta de estruturação
da Secretaria com a formalização de áreas essenciais, determinada pelo Pacto de
Aprimoramento de Gestão do SUAS (2014-2017).
No que se refere à Educação Permanente, a GGTEP tem como atribuições o
planejamento, coordenação e desenvolvimento de ações visando à integração e ao
aperfeiçoamento dos planos de formação, qualificação e distribuição das ofertas de
educação e trabalho; o fomento à produção de conhecimento, disseminação e publicação
de estudos e pesquisas acerca da política pública de Assistência Social; a promoção da
articulação com Instituições de Ensino, escolas de governo, entidades sindicais e de
fiscalização do exercício profissional, movimentos sociais e entidades representativas da
educação profissional, com vistas à formação, desenvolvimento e trabalho no âmbito da
Assistência Social.
31
Além da institucionalização da GGTEP, destaca-se ainda a criação de outros dois
dispositivos participativos cuja atuação tem relação direta com a temática da Educação
Permanente no SUAS: A Mesa de Gestão do Trabalho do SUAS e o Núcleo Municipal
de Educação Permanente (NUMEP). Estas instâncias visam ao fortalecimento da gestão
participativa e o fortalecimento da Educação Permanente no município.
A Mesa de Gestão do Trabalho do SUAS foi instituída em 22 de julho de 2017,
por meio da Portaria SMAAS n° 16/2017, alterada pela Portaria SMAAS nº 24/2017, de
29 de novembro de 2017, como um espaço permanente de diálogo e de negociação entre
gestoras(es), trabalhadoras(es) e usuárias(os) do SUAS/BH, no que concerne à Gestão do
Trabalho, na perspectiva da qualificação dos serviços, programas, projetos, benefícios
socioassistenciais e transferência de renda, da valorização das(os) trabalhadoras(es) e da
organização institucional do trabalho no SUAS-BH. Sua composição é colegiada, com
representantes da gestão do SUAS – órgão gestor e direção das Organizações da
Sociedade Civil (OSC) com atuação no SUAS –, representantes das (os) trabalhadoras
(es) do setor público e privado e das (os) usuárias (os). Dentre os objetivos da Mesa de
Gestão do Trabalho do SUAS-BH destacam-se a proposição de diretrizes para a
implementação das ações de Educação Permanente em consonância com as normativas
vigentes da política pública de Assistência Social; a proposição de normativas referentes
à Gestão do Trabalho e à Educação Permanente do SUAS; e o estabelecimento de diálogo
e agenda conjunta com o NUMEP SUAS-BH (Belo Horizonte, 2017).
O NUMEP foi instituído por meio da Portaria SMAAS n° 17/2017, de 22 de julho
de 2017, como uma instância colegiada consultiva e de assessoramento à Subsecretaria
de Assistência Social na implementação das ações de Educação Permanente no SUAS-
BH. Este Núcleo é composto por representações das (os) usuárias (os), das (os)
trabalhadoras (es), do órgão gestor, das organizações da sociedade civil com atuação no
SUAS, do CMAS, das Instituições de Ensino Superior, Escolas de Governo e Institutos
Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, integrantes da Rede Nacional de Educação
Permanente do SUAS – RENEP/SUAS e dos conselhos das categorias profissionais,
conforme normativas do SUAS.
O NUMEP tem como objetivos:
I. Contribuir no planejamento das ações de capacitação e formação, de forma a
garantir seu caráter continuado e permanente e seu alinhamento com as reais
32
necessidades dos trabalhadores, gestores e conselheiros, em consonância com
as responsabilidades e prioridades pactuadas para o município;
II. Propor meios, instrumentos e procedimentos de operacionalização das
diretrizes da Política Nacional de Educação Permanente do SUAS, e de
produção, sistematização e disseminação de conhecimentos;
III. Promover interlocução e troca constante de conhecimentos com instituições
de ensino, pesquisa e extensão, com foco no aperfeiçoamento das ações de
Educação Permanente;
IV. Promover a interlocução, o diálogo e a cooperação entre os diferentes atores
implicados na implementação da Educação Permanente no SUAS/BH (Belo
Horizonte, 2017).
Outras estratégias importantes de valorização das (os) trabalhadoras (es) e de
qualificação das ofertas socioassistenciais foram iniciadas no ano de 2017, gerando
transformações importantes no quadro de recursos humanos do provimento dos serviços,
programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Dentre essas estratégias, destacam-
se, sobretudo, aquelas relacionadas à execução direta dos serviços, a saber: o processo de
seleção para movimentação interna de servidoras(es) da carreira da Administração Geral,
ocupantes do cargo de Analista de Políticas Públicas (APP), especialidades Psicologia e
Serviço Social; a implantação da jornada de 30 horas para APPs com habilitação
profissional em Psicologia e Serviço Social em efetivo exercício, nas unidades de
atendimento aos usuários da Política de Assistência Social; a posse de 53 candidatos
aprovados no concurso realizado por meio do Edital nº 03/2015, da carreira de APP,
especialidade Psicologia; e a realização da seleção interna, edital SMASAC nº 01/2018,
para o provimento de cargos em comissão de coordenação de CRAS e CREAS. O
detalhamento destas ações está apresentado no Plano Municipal de Assistência Social
2018-2021, visto a importância destas ações para a gestão local da Política de Assistência
Social como um todo (Belo Horizonte, 2018).
Além dessas estratégias, está em curso o fortalecimento e qualificação da gestão
do SUAS no município por meio de inserção de servidoras (es) com experiência de
atuação na Política de Assistência Social em cargos em comissão e funções gratificadas,
o que interrompe com a prática histórica de ocupação destes cargos por meio de
recrutamento amplo ou com servidoras (es) de outros setores. Para o SUAS, a concepção
de gestão é composta pela associação entre o domínio de conhecimentos técnicos e a
33
capacidade de inovação, alinhada aos princípios democráticos da gestão pública. É
importante esclarecer que as funções de gestão são exercidas não apenas por quem
encontra-se empossado em cargo em comissão ou funções gratificadas, mas por um
coletivo de trabalhadoras (es): gestoras (es), técnicos de diferentes níveis de escolaridade
e formações e estagiárias (os).
A SUASS passou a contar, após a última Reforma Administrativa da PBH, com
novas institucionalidades responsáveis pelo cumprimento das funções essenciais do órgão
gestor da Política Municipal de Assistência Social. Desse modo, tornou-se necessário
iniciar um processo de reordenamento interno às Diretorias que compõem a SUASS com
objetivo de constituir e rever os objetos específicos de cada Diretoria e, consequentemente
o repertório de ações, atividades e campo de atuação das equipes técnicas que compõem
o órgão gestor da política. Com o objetivo de qualificar, dar institucionalidade e
padronizar as atribuições básicas das equipes de gestão, conforme normativas do SUAS
e da PBH, a SUASS iniciou a realização de ações de apoio técnico às (aos) gestoras (es)
e equipes técnicas de gestão.
Exercer a função de apoio técnico, além das atividades técnico-administrativas, é
uma das atribuições permanentes das equipes de gestão, conforme seus objetos
específicos. As ações de apoio técnico têm por finalidade a oferta de suporte técnico a
trabalhadoras (es) e gestoras (es), de forma sistemática, planejada e continuada, no tocante
às funções essenciais de gestão e à execução de serviços, benefícios e transferência de
renda.
O apoio técnico pode produzir efeitos de capacitação, no entanto, diferentemente
das ações de Educação Permanente, é de natureza técnico-operacional. Estas ações visam
instrumentalizar trabalhadoras(es) e gestoras(es), da rede governamental e não-
governamental, para a resolução de situações cotidianas referentes à execução das
metodologias dos serviços, à concessão e operacionalização dos benefícios e
transferência de renda, à gestão dos serviços, entre outras questões que se relacionam ao
modo de fazer, aos processos de trabalho social e de gestão propriamente ditos, e tem por
foco o alinhamento das ofertas locais aos parâmetros nacionais e da SUASS.
As ações de apoio técnico devem ser planejadas e organizadas por meio do Plano
de Apoio Técnico (PAT), instrumento de gestão no qual constarão as diferentes
estratégias que cada Diretoria e suas respectivas Gerências e Coordenações
desenvolverão ao longo de cada ano para instrumentalizar as (os) trabalhadoras (es) e
gestoras (es) do SUAS-BH. Dentre as estratégias possíveis de apoio técnico, destacam-
34
se: treinamentos, seminários e/ou oficinas temáticas, orientações e/ou atendimentos
técnicos, visitas técnicas e elaboração de documentos técnicos. Embora os Planos de
Apoio Técnico estejam em fase de elaboração e aprovação, ações de apoio técnico já estão
sendo executadas pelas Diretorias de Gestão, Proteção Social Especial e Proteção Social
Básica.
Cabe destacar que a construção de estratégias de valorização das (os)
trabalhadoras (es) da rede privada se constitui como um desafio para a gestão do SUAS-
BH. Faz-se necessário a produção de diagnósticos relativos à composição das equipes,
aos processos de trabalho, às necessidades de capacitação, entre outros aspectos. Por outro
lado, a participação de trabalhadoras (es) e gestoras (es) privados na Mesa de Gestão do
Trabalho do SUAS-BH e no NUMEP tem se mostrado como um importante recurso para
que o desafio exposto acima seja superado. A recente criação das comissões temporárias
“Condições de trabalho no SUAS-BH” e “Regulamentação da participação de
trabalhadoras (es) nas instâncias de participação e controle social”, ambas vinculadas à
Mesa de Gestão do Trabalho, contribuirão para o aprofundamento das discussões acerca
do cenário das (os) trabalhadoras (es) atuantes na rede socioassistencial não-
governamental.
Com relação ao contexto atual da Educação Permanente no SUAS-BH, as ações
em curso estão sendo desenvolvidas em consonância com as diretrizes da PNEP SUAS.
Estas ações tiveram início antes da finalização da elaboração e aprovação no PMEP 2018-
2021 e deram continuidade a propostas de capacitação previstas no Plano Municipal de
Educação Permanente do SUAS-BH 2016-2017. A organização dessas ações está
disposta no formato de um Plano Anual de Capacitação, conforme orientações do item
“Definição das ações de Capacitação e Formação” do presente Plano, de forma a adequar
o planejamento das ações às diretrizes municipais para a Educação Permanente pactuadas
com os demais atores do SUAS-BH por meio do GT PMEP (Anexo I). É importante
destacar que as ações em curso estão sendo ofertadas para as (os) trabalhadoras (es) do
SUAS da rede governamental e das OSC parceiras1, considerando o perfil de público de
cada ação.
Um dos objetivos específicos da PNEP (Brasil, 2013, p. 29) é “consolidar
referências teóricas, técnicas e ético-políticas na Assistência Social a partir da
aproximação entre a gestão do SUAS, o provimento dos serviços e benefícios e
1 As organizações da sociedade civil parceiras são instituições privadas conveniadas com a Prefeitura de
Belo Horizonte que executam diversos serviços no âmbito do SUAS-BH.
35
instituições de ensino, pesquisa e extensão, potencializando a produção, sistematização e
disseminação de conhecimentos”. Para atender a este objetivo, e também valorizar o
trabalho desenvolvido por trabalhadoras (es) e gestoras (es) do SUAS-BH, está em
processo de implementação uma revista virtual, proposta que visa estimular a reflexão,
sistematização das experiências práticas e produção de conhecimento sobre o trabalho
realizado nos diferentes níveis de complexidade do SUAS, na gestão e no controle social.
Além disso, este dispositivo visa também publicitar e difundir a produção das pesquisas
acadêmicas realizadas nos serviços socioassistenciais do município. A circulação da
experiência prática e de estudos sobre a oferta do SUAS, a partir de uma perspectiva
crítica, amplia o conhecimento e valoriza a experiência de trabalho na medida em que faz
refletir sobre práticas inovadoras, impasses e desafios do trabalho socioassistencial,
considerando as particularidades do contexto belo-horizontino. Assim, acredita-se que
essa produção fomente novos debates e a qualificação da política pública de Assistência
Social.
Além da revista, outras estratégias têm sido planejadas no sentido da produção e
disseminação de conhecimento no SUAS-BH, a saber: revisão do fluxo de submissão e
acompanhamento das pesquisas acadêmicas; proposição do evento “Diálogos de
pesquisa” que visa a apresentação e discussão ampliada dos resultados das pesquisas
realizadas no âmbito do SUAS-BH; atualização do plano de atividades da Biblioteca, em
conjunto com a SMASAC, de forma a qualificar o acervo disponível e de promover a
utilização mais cotidiana deste dispositivo pelas(os) trabalhadoras(es); dentre outras.
A seguir, apresentaremos o levantamento dos dados relativos ao perfil das (os)
trabalhadoras (es), gestoras (es) e conselheiras (os) municipais da Assistência Social que
subsidiará o planejamento das ações de Educação Permanente do SUAS-BH.
36
5 LEVANTAMENTO DO PERFIL DAS (DOS) TRABALHADORAS (ES),
GESTORAS (ES) E CONSELHEIRAS (OS) DO SUAS-BH
O levantamento a seguir tem por objetivo apresentar o perfil das (os) trabalhadoras
(es), gestoras (es) e conselheiras (os) municipais do SUAS-BH. Assim, torna-se possível
subsidiar o planejamento das ações de Educação Permanente, considerando as análises
geradas por meio deste perfil, que podem esclarecer, por exemplo, quais são os públicos
prioritários das ações de capacitação e formação a serem desenvolvidas no SUAS-BH,
bem como subsidiar o levantamento contínuo de necessidades de capacitação e formação.
Possibilita ainda, de forma complementar à Educação Permanente, auxiliar na definição
de diferentes estratégias de apoio técnico a serem executadas pelas Diretorias da SUASS,
suas Gerências e Coordenações.
As informações que se seguem foram produzidas a partir de dados do Sistema
ArteRH da PBH, cuja gestão das informações dos recursos humanos da SMASAC é
realizada pela Gerência de Recursos Humanos (GERHU-ASAC); pelos dados do Censo
Suas 2017, disponibilizados pelo MDS; pelos dados fornecidos por cada Diretoria da
SUASS, compilados e analisados pela GGTEP/DGAS; e pelos dados levantados pelo
CMAS, também compilados e analisados pela GGTEP/DGAS. O período de apuração
destes dados foram os meses de agosto e setembro de 2018.
Conforme informações da Gerência de Gestão de Parcerias da SUASS,
atualmente, tendo como base dados relativos a abril de 2019, 58(cinquenta e oito) OSC
executam serviços, programas, projetos e benefícios através de parceria com o município
de Belo Horizonte, sendo que algumas delas executam mais de uma modalidade das
ofertas de Assistência Social. O total de 112(cento e doze) parcerias com a SUASS é
assim distribuído: a) 16(dezesseis) se referem à execução de serviços da Proteção Social
Básica; b) 7 (sete) à execução da Proteção Social Especial de Média Complexidade e; c)
89 (oitenta e nove) são relativas à Proteção Social Especial de Alta Complexidade2. As
equipes que executam estes serviços devem seguir as orientações normativas da NOB RH
SUAS (Brasil, 2006a) e resoluções do CNAS (Brasil, 2011; 2014), de forma a atender às
demandas de perfis profissionais conforme especificidades dos serviços.
2 Ressalta-se que as parcerias relativas aos grupos de convivência, que antes pertenciam à SUASS,
atualmente estão alocadas na Subsecretaria de Direito de Cidadania.
37
Com relação às (aos) servidoras (es) públicas (os) que atuam no SUAS-BH, a
carreira vigente é da Administração Geral. Não há uma carreira com cargos específicos
para a atuação na Política de Assistência Social. A maioria das (os) servidoras (es) que
atuam na política de assistência social é da carreira de Analista de Políticas Públicas
(APP), seguida por Assistente Administrativo, Educador Social, com a participação ainda
de servidoras (es) de outras carreiras, tais como de Engenheiro, Auxiliar Administrativo,
dentre outros. Destaca-se que, apesar de ser da carreira da Administração Geral, no caso
do cargo de Analista de Políticas Públicas, especialidades Psicologia e Serviço Social,
existem atribuições que contemplam as especificidades demandadas para o atendimento
ao público e desenvolvimento do trabalho social da Assistência Social (Belo Horizonte,
2005; 2012). Há ainda um conjunto de atribuições previstas para todas as especialidades
deste cargo que possibilitam a realização das atividades técnicas e administrativas
necessárias para a atuação, em especial, nas funções essenciais de gestão do SUAS. Os
cargos de assistente administrativo e educador social também compõe essa carreira,
contribuindo na provisão e, principalmente, na gestão da Política. É importante ressaltar
que o profissional de direito, profissão obrigatória na composição da equipe de referência
do CREAS, é contratado com o cargo de orientador jurídico por meio de parceria com
organização da sociedade civil, uma vez que não há carreira geral de operador do direito
para atuação no quadro da Administração Geral da PBH.
5.1 Perfil das (os) trabalhadoras (es) da provisão da Proteção Social Básica
No âmbito da Proteção Social Básica, as ações destinam-se à população que vive
em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, ausência de renda,
privações, acesso precário ou nulo aos serviços e fragilização de vínculos afetivos
relacionais e de pertencimento. Seu objetivo é a prevenção de situações de risco por meio
do desenvolvimento de potencialidades e aquisições e o fortalecimento de vínculos
familiares e comunitários.
O município de Belo Horizonte conta atualmente com 34 (trinta e quatro) CRAS,
09 (nove) equipes de Proteção Social Básica Regional, 9 (nove) equipes do Serviço de
Proteção Social à Pessoa com Deficiência e 9 (nove) equipes regionais responsáveis pela
operacionalização do CadÚnico e Transferência de Renda, em especial o Programa
Bolsa-Família.
38
O serviço essencial executado diretamente pelos CRAS é o PAIF - Serviço de
Proteção e Atendimento Integral à Família, e a ele está referenciado o Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV. O SCFV é executado por meio da
parceria com entidades que compõem a rede socioassistencial do município. Destaca-se,
ainda, a oferta do Programa Maior Cuidado em vinte e seis territórios de CRAS que, em
articulação com os Centros de Saúde, promovem cuidado no domicílio para famílias com
pessoas idosas com quadro de semidependência e dependência em contextos de
vulnerabilidade social.
O mapa abaixo apresenta a localização dos CRAS nas nove regionais
administrativas de Belo Horizonte, bem como aponta a localização de 114 unidades3 de
oferta do SCFV que integram a rede socioassistencial do município.
3 Dados do CensoSuas 2016.
39
Mapa 1- Localização dos Centros de Referência de Assistência Social - CRAS e Serviço de
Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV)
Fonte: PRODABEL/CENSO SUAS. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS.
40
5.2 Perfil das (os) trabalhadoras (es) do Serviço de Proteção e Atendimento
Integral à Família – PAIF/CRAS
Atualmente, existem 239 trabalhadoras (es) do Serviço de Proteção e Atendimento
Integral à Família – PAIF – que atuam nos Centros de Referência de Assistência Social
(CRAS), incluindo as (os) coordenadoras (es). A escolaridade dessas (es) trabalhadoras
(es) está assim distribuída: 162 trabalhadoras (es) de nível superior (68%), 67 (28%) de
nível médio e 10(4%) de nível fundamental. Em relação à formação, 52%(84)
trabalhadoras (es) de nível superior dos CRAS são Assistentes Sociais; 48%(78) são
Psicólogas (os).
Tabela 1- Escolaridade das (os) trabalhadoras (es) do PAIF/CRAS
SUPERIOR 162
MÉDIO 67
FUNDAMENTAL 10
TOTAL 239 Fonte: Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. Setembro de 2018. Elaborado por
GGTEP/DGAS/SUASS.
41
Gráfico 1- Trabalhadoras (es) de nível superior por formação/PAIF4
Fonte: Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. Setembro de 2018. Elaborado por
GGTEP/DGAS/SUASS.
Dentre as (os) 162 trabalhadoras (es) de nível superior do PAIF, 62,5%(101)
possuem pós-graduação completa. Deste montante, a grande maioria (87%/88)
concluíram a Especialização, 8% (8) o Mestrado e 5%(5) o Aperfeiçoamento. Foram
contabilizados neste montante das (os) 34(trinta e quatro) coordenadoras (es) dos
equipamentos.
Gráfico 2- Modalidades de Pós-Graduação das (os) trabalhadoras (es) da equipe
PAIF/CRAS
4 De acordo com a NOB-RH, a equipe mínima dos CRAS para municípios de grande porte e metrópoles
deve ser de 4 técnicos de nível superior, sendo dois profissionais assistentes sociais, um psicólogo e um
profissional que compõe o SUAS, 4 técnicos de nível médio para cada 5.000 famílias referenciadas.
Psicologia 48%Serviço
Social52%
42
Fonte: Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. Setembro de 2018. Elaborado por
GGTEP/DGAS/SUASS.
Há 23 (vinte e três) Assistentes Sociais e 11(onze) psicólogas (os) entre as (os) 34
coordenadoras (es) empossadas (os) no mês de agosto de 2018. Destes, 25 (73%) possuem
pós-graduação: 22 concluíram Especialização e 3 finalizaram o Mestrado.
5.3 Perfil das (os) trabalhadoras(es) do Serviço de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos – SCFV
Executado por meio de parceria com Organizações da Sociedade Civil (OSC) e
por meio de entidades socioassistenciais inscritas no CMAS, atualmente o SCFV possui
o quantitativo de 867 trabalhadoras(es). Deste conjunto, 368(trezentos e sessenta e oito)
são de nível superior, 361(trezentos e sessenta e um) de nível médio e 138(cento e trinta
e oito) possuem nível fundamental. Conforme informações da Diretoria de Proteção
Social Básica (DPSO), o município de Belo Horizonte oferta o SCFV para todos os
públicos previstos na Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais.
Conforme informações do Censo Suas 2017 sobre os Centros de Convivência que
executam o SCFV, o que mais se destaca é a diversidade de formações profissionais
das(os) trabalhadoras(es) de nível superior. Em razão de limitações no levantamento de
Aperfeiçoamento 5%
Especialização 87%
Mestrado8%
43
dados do Censo Suas, não foi possível descriminar quais formações compõe o bloco
“outras formações de nível superior” que corresponde a 36% das(os) trabalhadoras(es) de
nível superior deste serviço. Outro dado que se destaca é o quantitativo de profissionais
com formação em pedagogia (23%¨), seguido do Serviço Social (19%) e Psicologia
(11%).
Gráfico 3- Trabalhadoras(es) dos Centros de Convivência/SCFV de nível superior
por formação
Fonte: Censo SUAS 2017. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
Com relação às(aos) trabalhadoras(es) de nível médio, quase metade desse grupo
de trabalhadoras(es) (44%) são educadoras(es) sociais, seguido do bloco “outros” (29%)
sobre o qual não é possível descrever os cargos em razão das limitações da apresentação
dos dados do Censo Suas. Do total de trabalhadoras(es) de nível médio, (17%) exercem
atividades de apoio administrativo e (9%) serviços gerais.
Gráfico 4- Trabalhadoras(es) dos Centros de Convivência/SCFV de nível
médio por função
Psicologia 11%
Serviço Social19%
Direito1%
Pedagogia23%
Administração4%
Antropologia0%
Sociologia0%
Fisioterapeuta1%
Terapia Ocupacional
2%
Enfermagem0%
Sistemas de Informação
2%
Programação 1%
Outras formações de nível superior
36%
44
Fonte: Censo SUAS 2017. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
Gráfico 5-Trabalhadoras(es) dos Centros de Convivência/SCFV de nível
fundamental por função
Apoio Administrativo
17%
Educador Social44%
Outros29%
Serviços Gerais
9%
Coordenação1%
45
Fonte: Censo SUAS 2017. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
Com relação às(aos) trabalhadoras(es) de nível fundamental, quase metade desse
grupo (46%) são profissionais de Serviços Gerais, seguido do bloco “outros” (43%) sobre
o qual, também, não é possível descrever os cargos em razão das limitações da
apresentação dos dados do Censo Suas. Do total de trabalhadoras(es) de nível
fundamental, identifica-se ainda, um percentual de (9%) que exercem a função de
Educadora(r) Social.
5.4 Perfil das(os) trabalhadoras(es) da Proteção Social Básica Regional
Destaca-se que o município possui uma especificidade de cobertura de proteção
social básica, para além dos serviços tipificados nacionalmente. Essa oferta se encontra
estruturada nas nove regionais por meio da atenção socioassistencial ao público
prioritário da política de Assistência Social realizada por 9 equipes de Proteção Social
Básica Regional e 9 equipes de Transferência de Renda e Cadastro Único. Ainda a
execução do Serviço de Proteção Social para Pessoas com Deficiência – SPSPD, o qual
objetiva a prevenção de situações de exclusão e isolamento social por meio do
fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários com vistas à inclusão social,
equiparação de oportunidades e participação por meio do desenvolvimento da autonomia
Apoio Administrativo
1%
Serviços Gerais46%
Educador Social
9%
Outros 43%
Coordenação1%
46
mediante acompanhamento sociofamiliar e articulação com a rede socioassistencial e
demais políticas públicas. Como estratégia de qualificação da atenção desse serviço, é
realizado o Programa Mala Lúdica em parceria com a rede socioassistencial. A equipe do
Programa Mala Lúdica é composta por dois educadores sociais vinculados a cada uma
das equipes do Serviço de Proteção Social para Pessoas com Deficiências (SPSPD).
As(os) servidoras(es) que atuam nas equipes da Proteção Social Básica Regional
estão lotadas(os) nas Diretorias Regionais de Assistência Social e serão apresentadas(os)
nos gráficos a seguir.
Do total de 128 técnicas(os) de nível superior da Proteção Social Básica Regional
(inclui a Equipe de Proteção Social Básica Regional, o Serviço de Proteção Social à
Pessoa com Deficiência e as(os) técnicas(os) que atuam na operacionalização da
Transferência de Renda), 88% (113) são assistentes sociais e 12% (15) são psicólogas(os).
Nota-se a significativa presença de assistentes sociais que atuam nestas ações estratégicas
da gestão da Proteção Social Básica. É importante ressaltar que no processo de seleção
para movimentação das(os) servidoras(es) psicólogas(os) e assistentes sociais do ano de
2017, as vagas abertas para estas equipes foram, em quase 100%, para profissionais do
serviço social. A composição destas equipes será objeto de discussão e definição no
processo de reordenamento destas ofertas.
Gráfico 6- Distribuição das(os) Trabalhadoras(es) de nível superior da PSBR por
formação
47
Fonte:
Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. Setembro de 2018. Elaborado por
GGTEP/DGAS/SUASS.
Entre as(os) 128 trabalhadoras(es) da Proteção Social Básica Regional, 62% (80)
possuem pós-graduação completa. Deste montante, 90% (72) concluiu a Especialização,
7% (6) o Mestrado e 3% (2) concluiu a modalidade Aperfeiçoamento.
Gráfico 7- Modalidades de Pós-Graduação das(os) Trabalhadoras(es) da PSB
Regional
Psicologia 12%
Serviço Social88%
48
Fonte: Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. Setembro de 2018. Elaborado por
GGTEP/DGAS/SUASS.
Outro serviço existente no município vinculado à gestão da provisão da Proteção
Social Básica é o Serviço de Atendimento ao Migrante, que conta com uma equipe de
Analistas de Políticas Públicas (todas(os) assistentes sociais) que oferece ações de
acolhida, atendimento, orientação, encaminhamento e articulação com a rede
socioassistencial do SUAS BH e com os demais municípios. Conta com a retaguarda dos
serviços de acolhimento institucional da alta complexidade nas ações de acolhida às
pessoas em contexto de migração presentes na cidade. Conta ainda com a retaguarda da
passagem para retorno à cidade de origem na perspectiva da proteção social e retorno ao
convívio familiar. O Serviço de Atendimento ao Migrante possui 7 (sete)
trabalhadoras(es), sendo um deles o coordenador, todas(os) com formação em Serviço
Social, lotadas(os) na DRAS-CS5.
5 O Serviço de Atendimento ao Migrante funciona nas dependências da Central de Atendimento Presencial
- BH Resolve, localizada à Rua dos Caetés, 342 – Centro, Belo Horizonte. O atendimento é realizado de 2ª
a 6ª feira, no horário de 08 às 17h.
Mestrado7%
Aperfeiçoamento3%
Especialização90%
49
5.5 Perfil das(os) trabalhadoras(es) da provisão da Proteção Social Especial
As ações de Proteção Social Especial correspondem ao nível de complexidade do
SUAS de atendimento assistencial destinada a famílias e indivíduos que se encontram em
situação de risco pessoal e social ou em situação de violação de direitos. Suas atenções
são organizadas em dois níveis – a Proteção Social Especial de Média e de Alta
Complexidade.
No âmbito da Proteção Social Especial de Média Complexidade, Belo Horizonte
possui 09 (nove) Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS),
03 (três) Centros Pop e 01 (um) Centro Dia. Os serviços socioassistenciais executados
diretamente no CREAS são: Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias
e Indivíduos - PAEFI e Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de
Medida Socioeducativa de Liberdade Assistida – LA e de Prestação de Serviços à
Comunidade – PSC. Há ainda nos CREAS uma equipe técnica para atendimento
específico aos usuários em situação de rua que demandam acolhida e inserção na atenção
socioassistencial por meio do acesso a este equipamento.
Com relação à atenção socioassistencial especializada às pessoas em situação de
rua, está referenciado aos CREAS o Serviço de Abordagem Social, executado por meio
de parceria com organização da sociedade civil.
O município conta com um equipamento de Centro-Dia, localizado na regional
Barreiro. A equipe deste equipamento executa o Serviço de Proteção Social Especial para
Pessoas com Deficiência e suas Famílias, serviço este referenciado ao CREAS desta
regional.
50
Mapa 2– Localização dos equipamentos da Proteção Social Especial de Média
Complexidade – 2017
Fonte: PRODABEL/GVISO. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS.
51
5.5.1 Perfil das(os) trabalhadoras(es) dos CREAS6
Atualmente, a distribuição do conjunto de trabalhadoras(es) do CREAS (193),
incluindo as(os) coordenadoras(es), por nível de escolaridade está assim distribuído: 189
trabalhadoras(es) de nível superior (98%) e 4 (2%) de nível médio. Não há
trabalhadoras(es) de nível fundamental atuando especificamente no CREAS.
Gráfico 8 - Distribuição das(os) trabalhadoras(es) dos CREAS7 por nível de
escolaridade
FONTE: Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. Setembro de 2018. Elaborado por
GGTEP/DGAS/SUASS.
Os 189 (cento e oitenta e nove) trabalhadoras(es) de nível superior do CREAS que
atuam na provisão dos serviços, incluindo as(os) coordenadoras(es) deste equipamento,
estão assim distribuídos:
a) 9 (5%) são formados em Direito, atuando via parceria (OSC) como
orientadores jurídicos;
b) 90 (48%) são psicólogas (os);
c) 89 (47%) são assistentes sociais;
6 De acordo com a NOB-RH, a equipe mínima dos CREAS para municípios de grande porte e metrópoles
deve ser de 1 coordenador, 2 assistentes sociais, 2 psicólogos, 1 advogado, 4 profissionais de nível superior
ou médio (abordagem dos usuários), e auxiliares administrativos.
7 O serviço especializado do CREAS exige do trabalhador uma atuação e acompanhamento especializado
e diferenciado, devido à natureza dos fenômenos que os serviços lidam.
SUPERIOR98%
MÉDIO2%
FUNDAMENTAL0%
52
d) 1 (0,5%) é sociólogo.
Há um trabalhador com formação em Filosofia, não contabilizado aqui, que está
lotado em CREAS para realizar atividades de apoio à gestão do CREAS.
A equipe técnica formada por servidoras (es) responsável pela provisão dos
serviços executados diretamente nos CREAS está distribuída entre os serviços
socioassistenciais lá executados conforme a tabela abaixo. Como já apresentando, além
da equipe técnica e da coordenação, há 9 (nove) orientadores jurídicos com formação em
Direito.
Tabela 2- Trabalhadoras (es) dos CREAS distribuídos por Formação e
Serviço
SERVIÇO/EQUIPE SERVIÇO SOCIAL PSICOLOGIA TOTAL
PAEFI 40 41 81
Serviço PSE aos adolescentes em
cumprimento de MSE/LA e PSC 37 43 80
Equipe de atendimento à população
em situação de rua 7 3 10
TOTAL 84 87 171 Fonte: Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. Setembro de 2018. Elaborado por
GGTEP/DGAS/SUASS.
Entre as(os) 9 (nove) coordenadoras(es) de CREAS, 5(cinco) são Assistentes
Sociais, 3 (três) são psicólogas(os) e 1(um) é cientista social. Destes, 5 (cinco) concluíram
pós-graduação; 4 (quatro) concluíram Especialização e 1 (um) finalizou o Mestrado.
Tabela 3- Formação e escolaridade das(os) coordenadoras(es) de CREAS8
FORMAÇÃO
GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO MESTRADO TOTAL
SERVIÇO SOCIAL 3 1 1 5
CIÊNCIAS SOCIAIS 1 0 0 1
PSICOLOGIA 0 3 0 3
TOTAL 4 4 1 9
8 É importante considerar e demonstrar a experiência na política de assistência social, dada a natureza da
política.
53
Fonte: Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. Setembro de 2018. Elaborado por
GGTEP/DGAS/SUASS.
Gráfico 9- Modalidade de pós-graduação das(os) trabalhadoras(es) do CREAS
Fonte: Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. Setembro de 2018. Elaborado por
GGTEP/DGAS/SUASS.
Dentre as(os) 189 trabalhadoras(es) de nível superior do CREAS, 70,37% (133)
possuem pós-graduação completa. Deste montante, a grande maioria, 92% (123),
concluiu Especialização, 7% (9) Mestrado e 1% (1) Doutorado. Foram contabilizados
neste montante as(os) 9 (nove) coordenadoras(es) do equipamento.
5.5.2 Perfil das (os) trabalhadoras(es) do Serviço Especializado em
Abordagem Social – SEAS
Atualmente, o Serviço Especializado em Abordagem Social/SEAS é executado
através de parceria com uma organização da sociedade civil (OSC). O SEAS em Belo
Horizonte é ofertado em uma unidade específica referenciada aos 9 (nove) CREAS do
município. Conforme informações da coordenação dos serviços de média complexidade
direcionados à população em situação de rua, a equipe do SEAS se encontra assim
distribuída: 75 (83%) de nível superior; 11(12%) de nível fundamental e 4 (5%) de nível
médio.
Especialização92%
Mestrado7%
Doutorado1%
54
No âmbito do SEAS, merece destaque a atuação, além das (os) técnicas(os) de
nível superior, a presença de arte-educadoras(es) e de educadoras(es)-pares. O núcleo de
arte-educadoras(es) do SEAS é composto por profissionais com formações ligadas ao
campo artístico (música, artes cênicas, artes visuais) e desenvolvem atividades integradas
às equipes técnicas e as(aos) educadoras(es)-pares. Parte-se do raciocínio de que as
atividades do campo artístico poderão contribuir para a emancipação, articulação cultural
e o desenvolvimento de respostas às vulnerabilidades e agravos aos quais o público em
situação de rua se encontra exposto.
Já o corpo de educadoras(es)-pares é composto por pessoas com histórico de
situação de rua que superaram tal condição. A inserção deste grupo na equipe foi
deliberada na Conferência Municipal de Assistência Social de Belo Horizonte realizada
em 2015. A justificativa para a presença deste novo ator se sustenta pela valorização do
seu saber e fazer, além de maior proximidade com o universo dos usuários, o que pode
contribuir para a sensibilização do público atendido.
O gráfico abaixo mostra o nível de escolaridade das(os) 75 (setenta e cinco)
trabalhadoras(es) de nível superior – incluindo as(os) arte-educadoras(es) – do SEAS.
Desse total, 83% possuem nível superior, 5% nível médio e 12% nível fundamental. O
gráfico seguinte aponta que das(os) trabalhadoras(es) de nível superior, a maior parte
possui formação em Serviço Social (40%), seguida por Psicologia (27%). Os demais
possuem uma diversidade de formações, com destaque para a Teologia (7%).
Gráfico 10-Trabalhadoras(es) do SEAS por escolaridade
Fonte: GGSMC/DPES. Março 2018. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
SUPERIOR83%
MÉDIO5%
FUNDAMENTAL12%
55
Gráfico 11- Trabalhadoras(es) de nível superior do SEAS por formação
Fonte: GGSMC /DPES. Março 2018. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
5.5.3 Perfil das(os) trabalhadoras(es) do Serviço de Proteção Social Especial para
Pessoas com Deficiência adultas e suas famílias
Como já dito, Belo Horizonte possui um Centro-Dia de Referência para pessoas
com Deficiência. A unidade em questão funciona na regional Barreiro e está referenciada
ao CREAS daquele território. Nesta é executado o Serviço de Proteção Social Especial
para Pessoas com Deficiência adultas e suas famílias com algum grau de dependência.
Além da execução do referido serviço, o Centro-Dia se constitui como um espaço
de referência, no qual é prestado atendimento diurno a adultos com deficiência e suas
famílias. Tal como previsto na Tipificação, um dos principais objetivos do Centro-Dia –
e do serviço nele executado – é o fortalecimento da autonomia tanto das pessoas com
deficiência quanto daqueles responsáveis pelo cuidado delas.
Em relação à escolaridade, do total das(os) 50 trabalhadoras(es), a equipe do
Centro-Dia se encontra assim distribuída: 24 (48%) são trabalhadoras(es) de nível médio;
Psicologia 27%
Serviço Social40%Pedagogia
5%
Administração1%
Artes Visuais4%
Teatro3%
Ciências Políticas1%
Teologia7%
Direito3%
Música1%
História1% Filosofia
4%
Comunicação Social 3%
56
21 (42%) são trabalhadoras(es) de nível superior; 5 (10%) são trabalhadoras(es) de nível
fundamental.
Entre as profissões de nível superior, tem-se uma maioria de psicólogas(os)
(33%), seguida por assistentes sociais (14%). Tem-se ainda Enfermeiras(os), Terapeutas
Ocupacionais e Fisioterapeutas. A natureza da oferta realizada neste equipamento exige
profissionais da área da saúde, haja vista no que diz respeito à utilização das chamadas
tecnologias assistivas. Tecnologias assistivas são ferramentas, atividades, recursos,
dentre outros meios que visam à ampliação das capacidades funcionais da pessoa com
deficiência (SARTORETTO, M; BERSCH, R, 2017). Ressalta-se que, tal como no
tocante ao SCFV, há um grupo de trabalhadoras(es) (28%) cuja formação superior não
foi identificada. Estes foram inseridos no bloco “outras formações” durante o
preenchimento do Censo SUAS 2017.
Gráfico 12-Trabalhadoras(es) do Centro Dia de nível superior por formação
Fonte: Censo SUAS 2017. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
Em relação as(os) trabalhadoras(es) de nível médio, tem-se que 50% exercem a
função de auxiliar de cuidador, 17% de cuidador e 17% também de educador social, 4%
de serviços gerais e 12% outras funções.
Psicologia 33%
Serviço Social 14%
Pedagogia5%
Administração5%
Fisioterapia5%
Terapia Ocupacional
5%
Enfermagem5%
Outras formações de nível superior
28%
57
Gráfico 13-Trabalhadoras(es) de nível médio do Centro Dia por função
Fonte: Censo SUAS 2017. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
5.6 Perfil das(os) trabalhadoras(es) da provisão da Proteção Social Especial de
Alta Complexidade
Com relação à oferta de serviços da Proteção Social Especial de Alta
Complexidade, a Tipificação estabelece os seguintes serviços e modalidades:
a) Serviço de Acolhimento Institucional, nas modalidades: abrigo institucional,
Casa-Lar, Casa de Passagem, Residência Inclusiva;
b) Serviço de Acolhimento em República;
c) Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora;
d) Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de Emergências.
O Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora é uma modalidade de
acolhimento familiar executado desde 2009, pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte,
em consonância com o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, Lei 8.069/90, sendo
esta modalidade apontada como preferencial em relação ao acolhimento institucional
(art.34). Este serviço objetiva garantir o direito à convivência familiar e comunitária,
promovendo o acolhimento familiar de crianças e adolescentes na faixa etária de 0 a 18
Cuidador17%
Auxiliar de Cuidador
50%
Educador Social17%
Outros12%
Serviços Gerais4%
58
anos incompletos, em situação de risco pessoal e social, afastadas de suas famílias,
oferecendo apoio, orientação e acompanhamento sociofamiliar aos grupos familiares
envolvidos.
A organização e funcionamento deste Serviço ocorrem em consonância com as
normativas vigentes, sendo que as crianças e/ou adolescentes no âmbito do SUAS/BH,
são identificados em dois grupos com características específicas: A) Modalidade I:
crianças e/ou adolescentes retirados da guarda dos pais ou responsáveis, por meio de
medida protetiva de acolhimento e com possibilidade de reintegração familiar. B)
Modalidade II: crianças e/ou adolescentes, com ou sem histórico de institucionalização e
afastados do convívio familiar, sem possibilidade de retorno à família de origem/extensa
ou ampliada, atestada no momento a inexistência de postulantes à adoção nacional ou
internacional.
Conforme dados do Censo SUAS 2017, a equipe do Serviço de Acolhimento em
Família Acolhedora de Belo Horizonte é composta por 6(seis) trabalhadoras(es) de nível
superior, 1(um) de nível médio e 1(um) de nível fundamental. Na tabela abaixo, são
descritas as formações de nível superior presentes no respectivo serviço.
Tabela 4-Formação das(os) técnicas(os)de nível superior - Família Acolhedora
FAMÍLIA ACOLHEDORA
Psicologia 2
Serviço Social 2
Direito 1
Pedagogia 1
TOTAL 6 Fonte: Censo SUAS 2017. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
O trabalhador de nível médio ocupa a função de apoio administrativo; já o
trabalhador de nível fundamental atua como motorista do serviço.
Em relação ao serviço de acolhimento institucional, observa-se que a maior parte
das(os) trabalhadoras(es) do SUAS-BH atua nesse serviço, abrangendo suas distintas
modalidades (casa lar, abrigo, casa de passagem, dentre outros) e públicos (criança e
adolescente, idoso, pessoa com deficiência, adultos e famílias, pessoas em situação de
rua, mulheres em situação de violência, dentre outros). Conforme dados do Censo SUAS
2017, existem 2.175 trabalhadoras(es) no Acolhimento Institucional, assim distribuídos:
59
1.080 (50%) de nível médio; 613 (28%) de nível fundamental e 482 (22%) de nível
superior.
Destaca-se o número de trabalhadoras(es) de nível médio (1.080) na execução do
acolhimento institucional no município. O cargo cuidador concentra a maior parte das(os)
trabalhadoras(es) com este nível de escolaridade.
Gráfico 14- Distribuição das(os) trabalhadoras(es) de nível médio do Serviço de
Acolhimento Institucional por função
Fonte: Censo Suas 2017. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
Os cargos cuidador e serviços gerais representam, em conjunto, 61% das
ocupações de nível fundamental no âmbito do acolhimento institucional, conforme
destacado no gráfico abaixo:
Cuidador residente
3%
Apoio Administrativo
5%
Auxiliar de
Cuidador
2%
Educador Social25%
Motorista2%
Outros16%
Serviços Gerais6%
Cozinheiro5%
Cuidador35%
Coordenação1%
60
Gráfico 15- Distribuição das(os) trabalhadoras(es) de nível fundamental do Serviço
de Acolhimento Institucional por função
Fonte: Censo SUAS 2017. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
Dentre as(os) profissionais de nível superior, Serviço Social (27%) e Psicologia
(25%) são as duas formações com maior número de profissionais no Acolhimento
Institucional. Outro ponto que chama a atenção é a presença de médicos, enfermeiros,
nutricionistas e fisioterapeutas, profissões ligadas ao cuidado em saúde. Apesar de a base
do Censo SUAS 2017, no eixo Recursos Humanos, não permitir separar o corpo de
trabalhadoras(es) por modalidades do acolhimento, pela experiência na gestão do serviços
pode-se deduzir que a maior parte das(os) profissionais com formação no campo da saúde
atuam nas Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPI), devido à necessidade
de cuidados em saúde exigidos por esse público.
Apoio Administrativo
1%
Cozinheiro16%
Cuidador31%
Cuidador residente
2%
Serviços Gerais30%
Educador Social4%
Coordenação0%
Motorista1% Outro
10%
Auxiliar de Cuidador
5%
61
Novamente, cabe destacar que há uma porcentagem significativa de
trabalhadoras(es) (17%) cadastradas(os) no bloco “outras formações”.
Gráfico 16-Distribuição das(os) trabalhadoras(es) de nível superior do Serviço de
Acolhimento Institucional por formação
Fonte: Censo SUAS 2017. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
5.7 Perfil das(os) trabalhadoras(es) da gestão do SUAS
Além dos equipamentos e ações socioassistenciais estratégicas citadas acima, faz
parte da estrutura da SUASS as diretorias vinculadas ao órgão gestor da Política de
Assistência de Belo Horizonte. Estão vinculadas ao órgão gestor as seguintes diretorias:
a) Diretoria de Gestão do Sistema Único de Assistência Social (DGAS); b) Diretoria de
Proteção Social Básica (DPSO); c) Diretoria de Proteção Social Especial (DPES); d)
Diretoria de Relação com o Sistema de Garantia de Direitos (DRGD) e; e) Diretoria
Regional de Assistência Social (DRAS). Esta última, enquanto unidade de gestão do
Psicologia 25%
Serviço Social27%
Direito1%
Pedagogia1%
Administração3%
Sociologia1%
Fisioterapia5%
Nutrição 3%
Medicina5%
Terapeuta Ocupacional
3%
Economia2%
Enfermagem7%
Sistemas de Informação
0%
Programação0%
Outras formações 17%
62
SUAS, está localizada em cada uma das coordenadorias administrativas do município,
totalizando 09 (nove) DRAS.
As equipes responsáveis pela gestão do Fundo Municipal de Assistência Social
estão lotadas na Diretoria Administrativa e na Diretoria de Planejamento, Gestão e
Finanças, unidades que estão vinculadas diretamente à SMASAC.
As(os) profissionais lotadas(os) no órgão gestor central, assim como aquelas(es)
responsáveis pelo suporte às DRAS9, desempenham funções técnicas de apoio à gestão e
ao provimento de serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. É
importante destacar o papel exercido pelas(os) profissionais de nível superior que
possuem outras formações ratificadas pela Resolução CNAS nº 17, de 20 de junho de
201110, para a atuação preferencial na gestão do SUAS. Da mesma forma, é importante
destacar as ocupações de nível médio e fundamental reconhecidas pela Resolução CNAS
nº 9, de 15 de abril de 2014 (Brasil, 2014), em consonância com a NOB-RH/SUAS.
Atualmente 153 (cento e cinquenta e três) trabalhadoras(es) estão lotadas(os) no
órgão gestor SUASS de nível central, contabilizando aqui aquelas(es) que ocupam cargos
e, ou funções gratificadas que somam 35 trabalhadoras(es). O nível de formação
dessas(es) trabalhadoras(es) está assim distribuído: 112 (73%) de nível superior, 40 (26%)
de nível médio e 1 (1%) de nível fundamental.
Cabe lembrar que as equipes dos serviços do SUAS são regulados pela NOB-RH
e tipificados de acordo com a natureza do trabalho. No caso das parcerias, o município de
Belo Horizonte assume a responsabilidade e delega a execução de parte dos serviços às
organizações da sociedade civil parceiras.
9 Trata-se de trabalhadoras(es) (as) que desenvolvem atividade técnico-administrativas e compõem as
equipes de apoio à gestão da DRAS. 10 É importante fomentar a discussão sobre as outras formações que não estão incluídas na referida
resolução, mas que contribuem com a política de assistência social.
63
Gráfico 17- Escolaridade das(os) trabalhadoras(es) da SUASS (nível central)
Fonte: DPES/DGAS/DPSO/DRSGD/GAB SUASS. Setembro 2018. Elaborado por
GGTEP/DGAS/SUASS.
As(os) trabalhadoras(es) do nível central possuem formação variada, como
apontado na tabela abaixo. A maior parte das(os) trabalhadoras(es) de nível superior do
órgão gestor SUASS são formados em Serviço Social (34%), seguido por Psicologia
(30%) e depois Ciências Sociais (9,8%):
Tabela 5- Distribuição das(os) trabalhadoras(es) de nível superior do órgão gestor
nível central por formação11
Psicologia 34
Serviço Social 38
Direito 4
Ciências Sociais 11
Ciências Contábeis 2
História 3
Administração 3
Geografia 1
Letras 2
Sistemas de Informação 4
Ciências da Informação 3
Engenharia Química 1
11 Anteriormente, o concurso público para a política de assistência social era amplo e abarcava várias
categorias profissionais. Após a publicação das normativas referentes aos recursos humanos do SUAS, os
concursos públicos passaram a dar primazia para a seleção de assistentes sociais e psicólogas(os). As outras
categorias profissionais se concentram, em sua maioria, na execução de funções de apoio à gestão.
SUPERIOR73%
MÉDIO26%
FUNDAMENTAL1%
64
Filosofia 2
Comunicação Social 1
Pedagogia 3
TOTAL 112
Fonte: DPES/DGAS/DPSO/DRSGD/GAB SUASS. Setembro 2018. Elaborado por
GGTEP/DGAS/SUASS.
Com relação à formação de pós-graduação, 57% (64) das(os) trabalhadoras(es) de
nível superior do órgão gestor possuem pós-graduação completa. Destes, 43 (67%)
concluíram Especialização, 17 (26%) o Mestrado, 3 (5%) Doutorado e 1 (2%) a
modalidade Aperfeiçoamento.
Atualmente, a formação do conjunto de trabalhadoras(es) lotadas(os) nas DRAS
(130) exercendo funções de gestão ou apoio à gestão (excetuando aquelas(es) que atuam
em serviços), está assim distribuída: 98 (75%) de nível médio, 21 (16%) de nível superior
e 11(9%) de nível fundamental. A maioria de nível médio se justifica pela presença
das(os) entrevistadoras(es) sociais, cujo vinculo é contrato de prestação de serviços
temporários por excepcional interesse público para atuarem no âmbito da Transferência
de Renda e CadÚnico. Foram computados no montante acima, 18 (dezoito)
trabalhadoras(es) que ocupam cargo ou função gratificada, o que inclui os nove diretores
regionais e 9 profissionais que possuem Função Gratificada para apoiar diretamente a(o)
diretora(r).
65
Gráfico 18- Trabalhadoras(es) da gestão lotados na DRAS por escolaridade
Fonte: Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. Setembro de 2018. Elaborado por
GGTEP/DGAS/SUASS.
Abaixo, são descritas as formações dos 21(vinte) trabalhadoras(es) de nível
superior lotados nas DRAS. Observa-se que a maior parte (10, ou seja, cerca de 50%) são
formadas(os) em Serviço social, seguido por 7 em Psicologia (33%) e por formações
variadas (um em cada).
Tabela 6- Distribuição das(os) trabalhadoras(es) das equipes de gestão das
DRAS por formação
SERVIÇO SOCIAL 10
CIÊNCIAS SOCIAIS 1
PSICOLOGIA 7
COOPERATIVISMO 1
HISTÓRIA 1
FILOSOFIA 1
TOTAL 21 FONTE: Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. Setembro de 2018. Elaborado por
GGTEP/DGAS/SUASS.
FUNDAMENTAL9%
MÉDIO 75%
SUPERIOR16%
66
5.8 Quantitativo das (os) estagiárias(os) remuneradas (os) das equipes da SUASS
Atualmente existem 71 estagiárias(os) na rede governamental do SUAS BH(
órgão gestor e provimento de serviços e benefícios). Destes, 36(51%) são de nível
superior e 35(49%) são de nível médio.
Gráfico 19- Estagiárias (os) remuneradas(os) da PBH lotados nas unidades da
SUASS
Fonte: GERHU/SMASAC. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
5.9 Total das(os) trabalhadoras(es) do SUAS-BH
O SUAS-BH conta com o total de 4.107 trabalhadoras(es), sendo que 79% (3.238)
atuam na rede socioassistencial parceira e 21% (869) na rede governamental.
Ensino Superior49%
Ensino Médio51%
67
Gráfico 20- Trabalhadoras(es) do SUAS BH por vínculo
Fonte: Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. CMAS-BH.SUASS. Setembro de 2018. Censo
SUAS 2017. GGSMC/DPES. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
Com relação à escolaridade, 42% (1.709) são trabalhadoras(es) de nível médio;
39% (16.00) são de nível superior e 19% (798) de nível fundamental.
Gráfico 21-Escolaridade das(os) trabalhadoras(es) do SUAS-BH
Fonte: Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. Setembro de 2018. Censo SUAS 2017.
GGSMC/DPES 2018. Elaborado por GGTEP/DGAS /SUASS.
Ao analisarmos a proporção de trabalhadoras(es) de nível médio e superior se pela
vinculação à rede governamental ou às organizações da sociedade civil parceira, vemos
79%
21%
Ensino Superior39%
Ensino Médio42%
Ensino Fundamental
19%
68
que no caso da primeira há uma preponderência do número de trabalhadoras(es) de nível
médio – 46% no caso das organizações da sociedade civil parceiras e 25% no caso da
rede governamental. O gráfico mostra o quadro de pessoal da rede socioassistencial
privada12 com um quantitativo de 3.238 trabalhadoras(es), distribuídas(os) em três níveis
de escolaridade: superior, médio e fundamental. Destes, 1495 (46%) correspondem ao
nível médio de escolaridade, configurando a maioria. No nível superior são 970 (30%) e
no nível fundamental 773 (24%).
No caso da rede socioassistencial governamental, tem-se um quantitativo de 869
trabalhadoras(es), distribuídas(os) em três níveis de escolaridade: superior, médio e
fundamental. Destas(es), 630 (72%) correspondem ao nível superior. No nível médio são
214 (25 %) e no nível fundamental 25 (3%). De forma distinta da rede privada, a maior
parte das(os) trabalhadoras(es) da rede governamental tem formação superior. Entre
as(os) 572 trabalhadoras(es) da rede socioassistencial governamental que atuam em ações
relacionadas à provisão de serviços e benefícios, 491 (86%) tem formação superior.
Gráfico 22-Distribuição das(os) trabalhadoras(es) da rede socioassistencial não
governamental por escolaridade
Fonte: Censo SUAS 2017. GGSMC/DPES 2018. Elaborado por GGTEP DGAS/SUASS.
12Os dados acima são referentes ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), ao
Serviço de Acolhimento em Família Acolhedoras, aos Centros Pop, Centro-Dia , Serviço Especializado em
Abordagem Social/SEAS e às Unidades de Acolhimento Institucional.
Ensino Superior30%
Ensino Médio46%
Ensino Fundamental
24%
69
Gráfico 23-Distribuição das(os) trabalhadoras(es) da rede socioassistencial
governamental por escolaridade
Fonte: SUASS. Setembro de 2018. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
O número maior de trabalhadoras(es) de nivel médio nas organizações da
sociedade civil parceiras encontram-se na Alta Complexidade. A maioria das(os)
trabalhadoras(es) das unidades de acolhimento institucional atua como educadoras(es)
sociais, cuidadoras(es) sociais ou orientadoras(es) sociais, ocupações previstas na
Resolução nº 09, de 15 de Abril de 2014, cuja escolaridade exigida é nivel médio.
Detalhando os dados sobre as(os) trabalhadoras(es) da rede governamental, a
tabela abaixo apresenta a distribuição da rede governamental, por local de lotação e
formação na SUASS13. Observa-se que das(os) 869 trabalhadoras(es) da SUASS, 572
(65,8%) atuam na provisão de serviços, programas e projetos e 297 (34,2%) atuam na
gestão.
13 Trabalhadoras(es) que atuam como entrevistadoras(es) sociais nas ações do CADÚnico,
contabilizadas(os) como trabalhadoras(es) atuante na gestão. O mesmo se aplica as(os) trabalhadoras(es)
do CMAS.
Ensino Superior
72%
Ensino Médio25%
Ensino Fundamental
3%
70
Tabela 7-Distribuição das(os) trabalhadoras(es) da rede governamental que
atuam na provisão de serviços, programas e benefícios por escolaridade e lotação
LOTAÇÃO FUNDAMENTAL MÉDIO SUPERIOR TOTAL
CRAS 10 67 162 239
CREAS 0 4 189 193
Proteção Social Básica
Regional 0 0 128 128
NAMSEP 0 6 6
Serviço de Atendimento ao
Migrante 10 6 6
TOTAL 10 71 491 572 Fonte: Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. Setembro de 2018. Elaborado por
GGTEP/DGAS/SUASS.
Tabela 8- Distribuição das (os) trabalhadoras(es) da rede governamental que
atuam na gestão por escolaridade e lotação
LOTAÇÃO FUNDAMENTAL MÉDIO SUPERIOR TOTAL
DRAS 11 98 21 130
ÓRGÃO GESTOR SUASS 3 5 6 14
CMAS 1 40 112 153
TOTAL 15 143 139 297 FONTE: Diretorias Regionais de Assistência Social/DRAS. CMAS-BH.SUASS. Setembro de 2018.
Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
Nota-se que a maior parte das(os) trabalhadoras(es) da rede governamental que
atuam na provisão dos serviços possui nível superior, o que equivale a 85,8% do total de
trabalhadoras(es) que atuam na provisão. Já na gestão, nota-se quase a mesma proporção
de trabalhadoras(es) de nível médio (48,1%) e nível superior (46,8%), com prevalência
das(os) trabalhadoras(es) de nível médio.
Com relação às categorias sexo/gênero, na rede socioassistencial privada, das(os)
3.238 trabalhadoras(es), 79% (2.548) são mulheres e 21% (690) são homens. Já na rede
governamental, das(os) 869 trabalhadoras(es), 71% (617) são mulheres e 29% (252) são
homens. Há, portanto, um número maior de trabalhadoras mulheres atuando na rede
socioassistencial. Dos 4.107 trabalhadoras(es) do SUAS-BH, 77% (3165) são mulheres e
23% (942) são homens. A seguir, gráfico com a proporção sexo/gênero do total de
trabalhadoras(es) do SUAS-BH.
71
Gráfico 24-Proporção sexo/gênero das(os) trabalhadoras(es) do SUAS-BH
Fonte: Censo SUAS 2017. SUASS 2018. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
FEMININO
77%
MASCULINO
23%
72
6 PERFIL DAS (OS) CONSELHEIRAS(OS) MUNICIPAIS DE ASSISTÊNCIA
SOCIAL
O Conselho Municipal de Assistência Social - CMAS/BH é instância de
deliberação da Política Pública de Assistência Social, vinculado à estrutura administrativa
da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania –
SMASAC, com caráter permanente e composição paritária entre governo e sociedade
civil, que, no exercício de suas atribuições, normatiza, disciplina, acompanha, avalia,
delibera e fiscaliza a gestão e a execução dos serviços, programas, projetos e benefícios,
prestados pela rede socioassistencial (Belo Horizonte, 2015).
O CMAS/BH é composto de 40 (quarenta) membros titulares, e respectivos
suplentes, respeitada a paridade entre governo e sociedade civil, sendo 20 (vinte)
representantes do Poder Executivo Municipal e 20 (vinte) representantes da sociedade
civil, incluindo representantes de usuários, de entidades e organizações de assistência
social e entidades representativas das(os) trabalhadoras(es) do SUAS/BH.
De acordo com o Regimento Interno do CMAS/BH (Resolução nº 066/2016), os
representantes do Executivo são indicados pelo Prefeito para um mandato de 2 (dois)
anos, podendo este ser renovado. Já os representantes da sociedade civil são eleitos para
um mandato de 2 (dois) anos, podendo ser reeleitos para um único período subsequente,
em assembleias especificamente convocadas para esse fim. Esse processo é coordenado
pelo CMAS/BH, baseado em Regimento Eleitoral deliberado pelo Plenário do Conselho.
As(os) conselheiras(os) governamentais são representantes do poder executivo
municipal da Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e
Cidadania, das subsecretarias que a compõem, além de representantes de outras políticas
públicas, tais como saúde, educação, planejamento, trabalho e emprego e governo.
Os representantes da Sociedade Civil são assim discriminados:
I) 09 (nove) representantes dos usuários, sendo 01 (um) de cada Conselho
Regional de Assistência Social – Coras;
II) 01 (um) representante de entidade ou organização de usuários do
Sistema Único de Assistência Social – SUAS, de base municipal;
III) 06 (seis) representantes de entidades socioassistenciais;
IV) 04 (quatro) representantes de organizações de trabalhadoras(es) do
Sistema Único de Assistência Social – SUAS.
73
O representante dos usuários é a pessoa atendida nos serviços, programas,
projetos e benefícios socioassistenciais, que componha um dos nove Conselhos Regionais
de Assistência Social - CORAS, em fóruns regionais. As entidades e organizações de
assistência social são aquelas definidas nos termos do inciso III do art. 12 da Lei
Municipal nº 10.836/2015 e regularmente inscritas no CMAS-BH.
A representação de organizações de trabalhadoras(es) do SUAS é reconhecida
como todas as formas de organização de trabalhadoras(es) do setor como associações de
trabalhadoras(es), sindicatos, federações, confederações, centrais sindicais, conselhos
federais de profissões regulamentadas, fórum nacional, e fóruns regionais, estaduais e
municipais de trabalhadoras(es), que organizam, defendem e representam os interesses
das(os) trabalhadoras(es) que atuam institucionalmente na política de assistência social,
conforme preconizado na Lei Orgânica da Assistência Social-LOAS, na Política Nacional
de Assistência Social - PNAS e no Sistema Único da Assistência Social - SUAS.
(Resolução CNAS nº 06/2015).
O Presidente, o Vice-Presidente, o Primeiro e o Segundo Secretários do
CMAS/BH são eleitos anualmente, na primeira sessão plenária de cada gestão, podendo
as vagas ser ocupadas por conselheiras(os) titulares ou suplentes, respeitada a alternância
entre governo e sociedade civil.
Quadro 1- Organização do CMAS-BH
PLENÁRIO Instância de deliberação plena, composta pelo conjunto de
conselheiras(os) titulares e suplentes no exercício da função.
MESA
DIRETORA
Composta pelo Presidente, Vice-Presidente, Primeiro e Segundo
Secretários e pelas(os) coordenadoras(es) das Comissões
Permanentes e Temporárias de Trabalho.
COMISSÕES
DE
TRABALHO
Instâncias de caráter consultivo e dividem-se em permanentes e
temporárias. São compostas por Conselheiras(os), podendo contar
com a presença de colaboradores de acordo com a matéria a ser
tratada.
SECRETARIA
EXECUTIVA
Assessora e presta apoio técnico, jurídico, administrativo e
operacional ao CMAS/BH. Subordinada, hierarquicamente, à
Mesa Diretora e, administrativamente, ao órgão gestor da Política
Municipal de Assistência Social.
Fonte: CMAS-BH (2018).
74
A atual equipe da Secretaria Executiva do CMAS conta com 6 (seis) profissionais
de nível superior, sendo 4 (quatro) assistentes sociais, 1(um) psicólogo e 1 (uma)
orientadora jurídica com formação em Direito. Entre os (as) seis trabalhadoras(es) (as) de
nível superior, um ocupa a função de Secretário Executivo. Além das(os)
trabalhadoras(es) citadas(os), compõe a equipe 5 (cinco) trabalhadoras(es) de nível médio
e 3 (três) de nível fundamental, totalizando 14 trabalhadoras(es).
Conforme proposto na Resolução nº 237, de 14 de dezembro de 2006 (BRASIL,
2006b), a secretaria executiva deve apoiar o funcionamento do CMAS tanto no que diz
respeito à assessoria técnica às reuniões/Plenário quanto em relação à organização
administrativa do órgão, tais como o registro das reuniões, a divulgação das deliberações,
a informação sobre as datas das Comissões, dentre outros aspectos.
Importante destacar que em conformidade com a Resolução CMAS/BH nº
19/2015, os Comissões Regionais de Assistência Social – CORAS são instâncias de
caráter consultivo que têm a função de propor diretrizes, acompanhar e fiscalizar a
implantação da Política de Assistência Social nas respectivas regionais administrativas
do município de Belo Horizonte e as Comissões Locais de Assistência Social – CLAS,
são instâncias sub-regionais de caráter consultivo, que têm a função de propor políticas e
acompanhar a implantação das que forem aprovadas nas respectivas regionais.
Os dados abaixo se referem ao conjunto de 40 conselheiras(os) empossadas(os)
da sociedade civil e 35 governamentais que responderam o questionário aplicado pela
secretaria executiva no início do segundo semestre de 2018. Com relação à identidade de
gênero, a maioria das(os) conselheiras(os) são mulheres. Do total de 75 conselheiras(os)
empossadas(os), 52 (69,3%) são mulheres e 23 (30,6%) são homens. Esta proporção é
similar se analisamos os segmentos separadamente. No segmento sociedade civil temos
27 mulheres e 13 homens; no segmento governamental temos 25 mulheres e 10 homens.
Com relação à escolaridade, temos a seguinte proporção, conforme tabelas abaixo:
Tabela 9-Distribuição das (os) conselheiras(os) municipais representantes da
sociedade civil por escolaridade
Nível de escolaridade Quantidade
Ensino Fundamental incompleto 1
75
Ensino Fundamental completo 1
Ensino Médio incompleto 3
Ensino Médio completo 11
Ensino Superior incompleto 4
Ensino Superior completo 6
Pós-graduação incompleta 1
Pós-graduação completa 13
Total 40 Fonte: CMAS-BH 2018. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
Destaca-se neste grupo o número de conselheiras(os) da sociedade civil que
possuem ensino médio completo (11), o que equivale a 27,5% deste segmento; e pós-
graduação completa (13), o que equivale a 32,5% deste grupo.
Tabela 10-Distribuição dos conselheiras(os) municipais representantes do
governo por escolaridade
Nível de escolaridade Quantidade
Ensino Fundamental incompleto 0
Ensino Fundamental completo 0
Ensino Médio incompleto 0
Ensino Médio completo 1
Ensino Superior incompleto 1
Ensino Superior completo 7
Pós-graduação incompleta 2
Pós-graduação completa 24
Total 35
Fonte: CMAS-BH 2018. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
Destaca-se neste grupo o número de conselheiras(os) com pós-graduação
completa (24), o que equivale a 68,5% deste segmento. Outra informação que se destaca
é o alto grau de escolaridade destas(es) conselheiras(os) que possuem o ensino médio
completo como escolaridade mínima.
Do total de conselheiras(os) municipais que responderam ao questionário, temos
a seguinte distribuição com relação à escolaridade:
76
Gráfico 25- Distribuição das (os) conselheiras (os) municipais por nível de
escolaridade
Fonte: CMAS-BH 2018. Elaborado por GGTEP/DGAS/SUASS.
Destacam-se os seguintes dados: 77,5% (37) das(os) conselheiras(os) municipais
possuem pós-graduação completa, 17,5% (13) possuem graduação completa, e 16% (12)
possuem ensino médio completo.
77
7 LEVANTAMENTO DE NECESSIDADES DE CAPACITAÇÃO E FORMAÇÃO
O planejamento das ações de capacitação e formação deve estar orientado e
alinhado às diretrizes de gestão do SUAS, às demandas relacionadas ao diagnóstico
socioterritorial municipal e às demandas construídas a partir das necessidades elencadas
pelos públicos a serem alcançados pelas ações de Educação Permanente. A execução
destas ações, por sua vez, deverá estar alinhada ao planejamento orçamentário.
As diretrizes de gestão para o SUAS de Belo Horizonte estão compiladas e
publicizadas nos seguintes instrumentos: Plano Municipal de Assistência Social - PMAS
(Belo Horizonte, 2018a) e Plano Plurianual de Ação Governamental – PPAG (Belo
Horizonte, 2018b), em especial os projetos estratégicos da SUASS, a saber: SUAS BH
Protege e Atenção Socioassistencial à população em situação de rua14.
O conhecimento da realidade sociodemográfica do município, assim como de
cada uma das nove regionais administrativas, é de suma importância para que as
características e necessidades sociais dos territórios sejam consideradas no processo de
planejamento das ações de Educação Permanente. Para que alcancemos o objetivo de
qualificação das ofertas socioassistenciais, o que necessariamente requer diferentes
estratégias de gestão, é necessário o alinhamento entre as demandas socioterritoriais de
proteção socioassistencial e as demandas de qualificação técnica. Dessa forma, o
diagnóstico socioterritorial deve se constituir como conteúdo obrigatório no processo de
definição das ações de Educação Permanente, assim como este já orienta a direção da
implementação das ofertas socioassistenciais. Por essa razão, compõe o presente Plano o
diagnóstico socioterritorial do município de Belo Horizonte desenvolvido no ano de 2018
com parte integrante do Plano Municipal de Assistência Social 2018-2021 (Belo
Horizonte, 2018) (Anexo).
O levantamento de necessidades para a definição das ações de Educação
Permanente deverá ser contínuo e realizado cotidianamente pelas(os) gestoras(es),
trabalhadoras(es) e conselheiras(os) a partir de discussões nas reuniões de equipe e
espaços de diálogos já instituídos no SUAS-BH. O registro das necessidades e temas
deverá ser feito em formulário eletrônico online, a ser elaborado pela GGTEP/DGAS,
com o assessoramento do NUMEP, de modo a captar os problemas motivadores que
14 O PPAG é atualizado anualmente e para o Contrato de Metas de 2019, confluíram os dois projetos
estratégicos anteriores em um único projeto estratégico, intitulado SUAS-BH Protege. Essa conduta
favorece uma maior interface interna à SUASS.
78
geraram a necessidade de capacitação, a sugestão do tipo de ação a ser desenvolvida e os
temas prioritários a serem tratados. Ao longo dos anos de vigência deste Plano de
Educação Permanente, recomenda-se a atualização dos dados de vigilância
socioassistencial de modo a qualificar a definição das ações de Educação Permanente
anualmente, em especial a definição das temáticas que comporão as matrizes de
conteúdos.
O acesso a este formulário pela área técnica responsável deverá ser permanente.
Os dados gerados no formulário eletrônico deverão ser sistematizados e analisados
periodicamente, além de complementados e qualificados em ações presenciais e
participativas. Nestas ações, para além do material compilado das demandas de
capacitação levantadas de forma permanente, serão também analisados os relatórios finais
de avaliação realizados ao final de cada ação de Educação Permanente. Este relatório será
composto pelos apontamentos da avaliação presencial conduzida pela GGTEP/DGAS
com os participantes e facilitadores das ações de capacitação, assim como pelo resultado
das avaliações de reação respondidas individualmente por cada participante da ação.
Os produtos de natureza diagnóstica e avaliativa desse processo subsidiarão o
planejamento das ações de capacitação do ano subseqüente e comporão as matrizes de
conteúdos. Este processo anual de diagnóstico e avaliação deverá ser conduzido pela
GGTEP/DGAS, com o assessoramento do NUMEP.
Recomenda-se que as ações de avaliação e levantamento de necessidades de
capacitação sejam realizadas de forma ampliada, com representação de todos os públicos
a serem alcançados pelas ações de Educação Permanente. Recomenda-se ainda a
elaboração de um plano de ação para esta etapa do planejamento a ser executado no
período dos meses de outubro a dezembro do ano vigente para o planejamento das ações
de Educação Permanente do ano subsequente.
79
8 DEFINIÇÃO DAS AÇÕES DE FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO
As ações de Educação Permanente a serem executadas no município no período
dos anos de 2018 a 2021 serão organizadas e detalhadas em quatro Planos Anuais de
Capacitação (PAC) e um Plano de Ação de Formação (PAFO), que seguirão as diretrizes
e princípios da PNEP (Brasil, 2013).
O planejamento detalhado das ações de capacitação deverá ser realizado
anualmente, conforme levantamento de necessidades e diretrizes de gestão do SUAS-BH.
Para cada um dos tipos de ação de capacitação definidos na PNEP, deverá ser elaborado
um plano de ação específico, que comporão, conforme diagnóstico, cada um dos
percursos formativos (Brasil, 2013).
Os Planos Anuais de Capacitação deverão ser compostos pelos planos de ação de
cada uma das ações de capacitação, a saber:
● Plano de Ação da Capacitação Introdutória (PACI);
● Plano de Ação da Supervisão Técnica (PAST);
● Plano de Ação da Capacitação de Atualização (PACA).
O Plano de Ação é um importante instrumento de gestão para organização do
planejamento e acompanhamento das ações a serem executadas. Em relação às ações de
Educação Permanente, permitem discriminar o cronograma das aulas e/ou encontros, com
seus respectivos locais e horários de realização, as temáticas a serem trabalhadas, o nº de
vagas de cada turma, quem serão os facilitadores, recursos necessários, dentre outras
informações.
Cabe ressaltar que, de acordo com o objetivo de cada ação e com o percurso
formativo que esta irá integrar, deverá ser elaborado também um Plano Pedagógico, no
qual constarão: a matriz de conteúdos, a descrição do público-alvo, composição das
turmas, material didático necessário, parâmetros para frequência, participação e
certificação. Além disso, o Plano Pedagógico de cada ação de Educação Permanente
conterá informações detalhadas sobre metodologias participativas, justificativa da
capacitação, cronograma, dentre outras informações detalhadas.
Com relação às ações de formação, estas deverão ser planejadas por meio de um
plano de ação específico, o Plano de Ação da Formação (PAFO), que deverá ser
80
plurianual em razão da natureza e duração dos tipos de ação possíveis previstos na PNEP
(Brasil, 2013).
As ações contidas nos PAC e no PAFO serão planejadas considerando os
percursos formativos contidos na PNEP (2013):
a) Percurso Formativo – Gestão do SUAS: Este percurso engloba as diferentes ações de
formação e capacitação destinadas à geração, manutenção e desenvolvimento de
competências aplicadas especificamente ao desenvolvimento da função de gestão do
SUAS, em consonância com as normativas vigentes. O público-alvo são gestoras(es) e
trabalhadoras(es) do SUAS que atuam na gestão do SUAS municipal.
b) Percurso Formativo – Provimento de Serviços e Benefícios Socioassistenciais: Este
percurso inclui as diferentes ações de formação e capacitação destinadas especificamente
à geração, manutenção e desenvolvimento de competências aplicadas especificamente ao
desenvolvimento da função de provimento de serviços e benefícios, relacionadas às: a)
competências individuais relativas ao desempenho da função e atribuição laboral que
cada profissional desempenha no quadro das Equipes de Referência ou nas atividades de
apoio finalístico a estas; b) à articulação e combinação sinérgica dessas competências
individuais para a resolução de problemas e a consecução de objetivos comuns às equipes.
O público-alvo são trabalhadoras(es) do SUAS com Ensino Fundamental, Médio e
Superior que atuam na rede socioassistencial governamental e nas organizações da
sociedade civil.
c) Percurso Formativo – Controle Social do SUAS: Este Percurso Formativo inclui as
diferentes ações de formação e capacitação destinadas especificamente à geração,
manutenção e desenvolvimento de competências aplicadas ao desenvolvimento da função
de controle social do SUAS. O público alvo são agentes de controle social no exercício
de suas competências e responsabilidades.
Em todos os percursos é indispensável à promoção da reflexão crítica dos
processos de trabalho e das práticas profissionais.
Especificamente em relação à Secretaria Executiva do CMAS-BH, no que se
refere ao público alvo de cada percurso formativo, destaca-se que as(os) trabalhadoras(es)
que compõem essa equipe profissional estão vinculados administrativamente à SUASS e,
consequentemente, podem participar das ações do percurso formativo de gestão. Mas,
também precisam ser capacitadas nas ações do percurso formativo de controle social, uma
vez que no exercício da função prestam apoio técnico, administrativo, operacional e
jurídico às atividades do Conselho.
81
Já as (os) trabalhadoras(es) de apoio à gestão, lotadas nas DRAS, tanto devem ser
identificadas como público alvo das ações de capacitação do percurso formativo de
gestão, quanto do provimento de serviços e benefícios, a depender dos objetivos de cada
curso.
Cabe ressaltar que todas as ações de capacitação a serem desenvolvidas pela
SUASS serão ofertadas prioritariamente para as(os ) conselheiras(os) de assistência social
e para as(os) trabalhadoras(es) da rede governamental e organizações da sociedade civil
parceiras, com destaque para a necessidade de ações específicas para o público de nível
médio e fundamental, considerando o significativo quadro desses profissionais,
principalmente na rede parceira do município. A inclusão de trabalhadoras (es) das
organizações da sociedade civil parceiras que não possuem instrumento de parceira
formalizado com a SUASS se dará de forma progressiva, na medida em que forem
ampliadas as ações de capacitação e formação e garantido o recurso financeiro para tal.
Para as organizações da sociedade civil da rede socioassistencial serão ofertadas
ações de qualificação, definidas em planejamentos específicos pelas unidades de gestão
cujas competências tenham por objeto o apoio técnico e assessoramento a estas
organizações. Cabe destacar que a direção das organizações da sociedade civil integrantes
do SUAS também possuem autonomia para desenvolver ações de qualificação de
suas(seus) trabalhadoras(es) e gestoras(es), bem como promover parcerias para este fim.
Além dos públicos destacados acima, deve-se incluir como público-alvo das ações
de capacitação estagiárias(os) contratadas(os) da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte
que compõem as equipes do provimento e da gestão do SUAS, conforme planejamento
dos respectivos percursos formativos. As(os) estagiárias(os) que cumprem estágios
curriculares devem ser inseridas (os) em ações de qualificação profissional, tais como as
ações de apoio de técnico ofertadas pela unidade de gestão específica de sua área de
atuação no SUAS. Às(aos) adolescentes integrantes de programas de trabalho protegido
deverão ser ofertadas ações de qualificação por meio de plano de ação específico que
considerem os objetivos do trabalho e particularidades do perfil deste público.
O modelo do PMEP 2018-2021 e seus planos de ação complementares estão
organizados na figura a seguir:
82
Figura 1-Modelo de organização do PMEP e dos Planos Anuais de
Capacitação e Formação
83
9. DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DOS PLANOS ANUAIS DE
CAPACITAÇÃO (PAC)
9.1 Plano de Ação de Capacitação Introdutória (PACI)
Neste Plano estarão estruturadas ações de Capacitação Introdutória com carga
horária entre 20 e 40 horas/aula de duração que tenham por finalidade promover o
nivelamento de competências basilares ao desenvolvimento comum das três funções do
trabalho no SUAS. As ações assim compreendidas poderão ser destinadas a
trabalhadoras(es), gestoras(es) e conselheiras(os) com qualquer nível de escolaridade e
formação. No caso das(os) trabalhadoras (es), as diferenças quanto ao nível de formação
ensejam a concepção e a oferta de ações de capacitação específicas, não obstando, no
entanto, a realização de capacitações comuns a estes diferentes públicos, quando esta for
a solução didático-pedagógica mais adequada ao desenvolvimento das competências
requeridas pelo SUAS (Brasil, 2013).
A oferta da Capacitação Introdutória no percurso formativo do provimento de
serviços, programas, projetos e benefícios, transferência de renda e CadÚnico deve ser
contínua. Com relação à periodicidade, recomenda-se a oferta de pelo menos duas turmas
de no máximo 40 participantes por semestre. É importante a destacar que, para além da
Capacitação Introdutória, o órgão gestor deve ofertar de forma contínua ações de apoio
técnico às trabalhadoras(es) do SUAS, com destaque para as ações de direcionamento
técnico-metodológico, treinamentos, dentre outras, com o objetivo de instrumentalizar e
orientar, de forma tempestiva e sistemática, o profissional ingressante para atuação na
atenção socioassistencial do SUAS.
No caso da oferta da Capacitação Introdutória para o percurso formativo do
controle social, a Capacitação Introdutória deverá ser realizada no semestre da posse dos
conselheiras(os) municipais, que ocorre de dois em dois anos. É importante ressaltar a
necessidade da oferta contínua de outros tipos de ações de qualificação do exercício do
controle social que devem ser realizadas por meio de iniciativas do órgão gestor, em
articulação com a sociedade civil. Estas ações podem ter um alcance maior de público-
alvo do que as ações de capacitação previstas na PNEP (Brasil, 2013), possibilitando a
inserção também de conselheiras(os) regionais e participantes das Comissões Locais de
Assistência Social nas ações de qualificação.
84
A oferta de Capacitação Introdutória no percurso formativo da gestão do SUAS,
deverá ser realizada para gestoras(es) e equipes técnicas de gestão ingressantes no SUAS
BH. Com relação à periodicidade, recomenda-se a oferta de pelo menos uma turma para
no máximo 40 participantes por ano. É importante destacar, assim como no percurso
formativo do provimento, a importância da oferta contínua pelo órgão gestor de ações de
apoio técnico às trabalhadoras(es) do SUAS, com destaque para as ações de suporte às
atividades técnico-administrativas de formulação, treinamentos, dentre outras, com o
objetivo de instrumentalizar e orientar, de pronto, a (o) profissional ingressante para a
atuação na operacionalização das funções de gestão do SUAS.
9.2 Plano de Ação de Capacitação de Atualização (PACA)
Neste Plano estarão estruturadas ações de capacitação com carga horária entre 40
e 100 horas/aula de duração, as quais tenham por finalidade atualizar e manter as
competências necessárias ao desenvolvimento comum das três funções do trabalho no
SUAS ou ao desenvolvimento específico de cada uma delas. As Capacitações de
Atualização poderão ser destinadas a trabalhadoras(es), gestoras(es) e conselheiras(os)
com qualquer nível de formação, sendo que no caso das(os) trabalhadoras(es), as
diferenças quanto ao nível de formação ensejam a concepção e a oferta de ações de
capacitação específicas, não obstando, como ocorre também na oferta da Capacitação
Introdutória, a realização de capacitações comuns, quando esta for a solução didático-
pedagógica mais adequada ao aprimoramento das competências requeridas pelo SUAS
(Brasil, 2013).
Com relação à periodicidade, recomenda-se que a Capacitação de Atualização
seja ofertada a cada dois anos e, no caso específico de conselheiras(os), no ano
subsequente à posse e esteja organizada em quatro grandes eixos programáticos:
fenômenos e situações de desproteção social; atenção socioassistencial; legislação e
normativas; e participação e controle social.
85
9.3 Plano de Ação de Supervisão Técnica (PAST)
Neste Plano devem estar estruturadas as ações de capacitação em serviço que
tenham por finalidade apoiar e acompanhar as equipes de trabalho no desenvolvimento
das funções de gestão do SUAS e do provimento de serviços e benefícios
socioassistenciais. Conforme resolução CNAS nº 06 de 13 de abril de 2016, a supervisão
técnica tem por objetivo geral
Fornecer subsídios teóricos, metodológicos, técnicos, operativos e éticos
para a construção crítica e criativa de novas alternativas de intervenção
trabalhadores do SUAS e elevar a qualidade do provimento dos serviços,
programas, projetos, benefícios socioassistenciais e transferência de renda
e da gestão do Sistema, contribuindo para a ressignificação das ofertas da
Assistência Social e potencializando o pleno cumprimento de suas funções
e seguranças afiançadas, na perspectiva da garantia de direitos.
Esta ação de capacitação possui parâmetros15 específicos para o seu planejamento
e execução (Brasil, 2016), a saber:
● A supervisão técnica deve ser orientada e efetivada, assim como as demais
ações de Educação Permanente, a partir das diretrizes e princípios da
PNEP SUAS (Brasil, 2013);
● Deve ser ofertada de forma coletiva;
● Deve ser ofertada para grupos de trabalhadoras(es) e gestoras(es) com
composição de no máximo 20 participantes;
● Os grupos devem ser compostos por trabalhadoras(es) e gestoras(es) de
diferentes funções e níveis de formação que compartilham de um mesmo
campo de responsabilidade face às funções de gestão do SUAS e de
provimento dos serviços e benefícios socioassistenciais;
● Os grupos devem se reunir, preferencialmente, quinzenalmente;
● Deve ser estruturada para um período contínuo de, no mínimo, 6 (seis)
meses;
● Cada encontro dos grupos deve ter a duração de, no mínimo, 2 horas;
15 Vide Parâmetros Municipais de Supervisão Técnica.
86
● Devem ser previstas, no mínimo, 04 (quatro) horas mensais para cada
grupo de participantes;
● Deve-se mobilizar os participantes para o estudo e reflexão acerca de
questões ou problemas relacionados aos processos de trabalho e práticas
profissionais;
● O estudo e a reflexão das questões ou problemas relacionados aos
processos de trabalho e práticas profissionais visam à formulação e
experimentação de alternativas de solução e superação dos problemas e
questões motivadoras;
● A ação pode ser desenvolvida com base em diferentes abordagens e
técnicas;
● A ação pode ser conduzida por supervisoras(es) que integram o quadro de
profissionais da Assistência Social, o que se configura como “Supervisão
Técnica Interna”;
● A ação pode requerer especialistas em temáticas relacionadas ao trabalho
desenvolvido pela(s) equipe(s) profissional(ais) do SUAS externos ao
quadro de profissionais da Assistência Social, o que se configura
“Supervisão Técnica Externa”;
● A supervisora ou supervisor é o responsável pela sistematização do
processo;
● Outras ações e estratégias educativas podem ser realizadas, de forma
articulada e complementar às ações de supervisão técnica, tais como:
seminários; mesas redondas; jornadas; oficinas.
● As ações e estratégias complementares devem ser ofertadas de forma a
compor um processo de qualificação profissional, buscando qualificá-lo e
aprimorá-lo;
● Esta ação será certificada pela Instituição de Ensino – IE credenciada na
Rede Nacional de Capacitação e Educação Permanente do SUAS ou pelo
Núcleo de Educação Permanente.
As ações e estratégias complementares às quais se refere a Resolução CNAS
nº 6/2016 estão definidas no quadro abaixo:
87
Figura2-Estratégias complementares de Supervisão Técnica
Fonte: Política Nacional de Educação Permanente/ PNEP - 2013
Com relação ao perfil dos supervisores, a Resolução CNAS nº 6/2016, estabelece
as seguintes características que devem ser consideradas no processo de identificação e
seleção destas(es) profissionais:
I – supervisora ou supervisor interna (o): a) ser trabalhadora(o) da assistência
social, preferencialmente efetiva(o), com mais de cinco anos de atuação na política de
Assistência Social e experiência na gestão e no provimento de serviços e benefícios; b)
dominar conhecimentos teóricos sobre as ações cotidianas, tais como legislações e
orientações técnicas; c) apresentar perfil de liderança democrática de equipe; d)
apresentar capacidade de escuta qualificada e compartilhamento de experiências; e)
apresentar capacidade de promover a organização dos processos, pelo diálogo e
levantamento de situações do cotidiano a serem superados coletivamente.
II - supervisora ou supervisor externa (o): a) ser profissional com expertise sobre
determinada área, preferencialmente integrante de Instituições de Ensino credenciada na
Rede Nacional de Educação Permanente do SUAS – RENEP/SUAS, convidada(o) a
partir das necessidades de aprendizagem identificadas pela equipe; b) apresentar
88
capacidade de identificar e propor soluções para superação de problemas e dificuldades,
visando ao aprimoramento dos processos de trabalho; c) possuir experiência prática e
pedagógica articulada com conhecimento teórico; d) ser especialista sobre determinado
tema do cotidiano dos processos de trabalho, incluindo questões de natureza educacional,
psicológica, interrelacional e técnica.
A Resolução CNAS nº 06/2016 estabelece, ainda, que a implementação das ações
de Supervisão Técnica, assim como a implementação das demais ações de Educação
Permanente no SUAS, deve estar respaldada no diagnóstico de problemas e levantamento
de necessidades de capacitação e de formação. As demais ações de capacitação e de
formação, que integram os percursos formativos, devem estar articuladas e integradas
com as ações de supervisão técnica.
Estes problemas e necessidades devem ser identificados nos Planos de Educação
Permanente com base no seguinte roteiro:
I. diagnóstico, contendo, dentre outros:
a) equipes de profissionais envolvidas;
b) trabalho social desenvolvido;
c) atribuições das equipes de profissionais;
d) local de trabalho das equipes de profissionais;
e) limitações, dificuldades e desafios ao trabalho das equipes de profissionais;
f) potencialidades e habilidades que favorecem o trabalho social das equipes de
profissionais.
II. meios e recursos necessários para a construção coletiva de superação e
respostas aos desafios diagnosticados.
III. formas de acompanhamento da aplicação das respostas formuladas e de
avaliação e monitoramento dos resultados alcançados.
Uma diferença fundamental da ação de supervisão técnica para as demais ações
de capacitação, conforme parâmetros normativos, é que esta ação deve atender ao
objetivo específico de identificar necessidades de implementação e reformulação dos
processos de trabalho. Dessa forma, ao longo do processo de supervisão técnica devem
ser construídos produtos, de forma dialógica e participativa, que orientem o órgão gestor
na implementação ou reformulação dos processos de trabalho de forma a solucionar os
impasses que motivaram a oferta da supervisão técnica. É responsabilidade do órgão
gestor apoiar a(s) equipe(s) de profissionais da gestão e do provimento dos serviços,
89
programas, projetos, benefícios - Benefício de Prestação Continuada – BPC e Benefícios
Eventuais, e transferência de renda - Programa Bolsa Família, por meio de ações
estratégicas de gestão e do apoio técnico em gestão do trabalho no SUAS.
Dessa forma, destaca-se para a ação de supervisão técnica, para fins deste Plano,
o objetivo de “produzir subsídios para a proposição de novas práticas e técnicas
profissionais, metodologias e novos processos e rotinas de trabalho, visando a superação
de desafios, limitações e dificuldades enfrentadas pelas equipes profissionais do SUAS”
(Brasil, 2016, p.3).
Considerando as especificidades desta ação de capacitação, recomenda-se que a
oferta de supervisão técnica esteja baseada no levantamento diagnóstico de impasses e
situações problemas identificados pelas(os) trabalhadoras(es) e gestoras(es), cujas
alternativas de resolução não estejam sendo possíveis de serem construídas e efetivadas
por meio de outras ações de qualificação em serviço, como é o caso das ações de apoio
técnico, e de outras ações de capacitação previstas na PNEP (Brasil, 2013).
Vale ressaltar que as ações de apoio técnico são estratégias de suporte e
instrumentalização das(os) trabalhadoras(es) e gestoras(es) com o objetivo de
aprimoramento da gestão, dos serviços, programas, projetos e benefícios
socioassistenciais, conforme normativas do SUAS, pactuações nacionais e estaduais, e
diretrizes municipais (Brasil, 2012). As ações de apoio técnico devem ser ofertadas de
forma planejada e continuada, o que exige o trabalho diagnóstico permanente de
levantamento de demandas para apoio técnico por meio do acompanhamento realizado
pelas equipes da gestão. Estas equipes também possuem como atribuição a formulação
de estratégias metodológicas para a oferta deste apoio. Diferentemente da supervisão
técnica, cuja oferta deve ser sempre organizada de forma coletiva para um grupo de
trabalhadoras(es), as ações de apoio técnico podem ser executadas de forma coletiva ou
individual.
É importante ressaltar que as ações de apoio técnico devem ser desenvolvidas por
meio de metodologias dialógicas e participativas, possibilitando o trabalho colaborativo
entre as equipes. Em suma, as ações de apoio técnico tem por objetivos contribuir na
resolução de questões pontuais ou recorrentes que emergem no cotidiano de trabalho das
equipes no que refere à demanda de suporte técnico-metodológico, ao desenvolvimento
de habilidades técnicas individuais e coletivas das equipes, e à instrumentalização para o
trabalho, de modo a tratar das questões emergentes do processo de alinhamento entre as
diretrizes e orientações normativas para o trabalho e o trabalho cotidiano das equipes.
90
As ações de supervisão técnica e de apoio técnico, enquanto ações de qualificação
em serviço, são estratégias complementares no processo de desenvolvimento de
competências individuais e coletivas para o trabalho e de aperfeiçoamento técnico e ético-
político das(os) trabalhadoras(es) do SUAS.
91
10 DIRETRIZES PARA A ELABORAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO DE
FORMAÇÃO (PAFO)
Considerando os critérios vigentes para progressão na carreira das (os)
trabalhadoras(es) da rede governamental, a SUASS deverá ofertar ações de
Especialização ou Mestrado reconhecidas pelo MEC, de modo a atender as diretrizes da
PNEP (Brasil, 2013). Os critérios para definição do público-alvo das ações de formação
serão propostos pela SUASS, com o assessoramento do NUMEP e validação na Mesa
Municipal de Gestão do Trabalho do SUAS-BH.
Para a elaboração do PAFO, serão priorizadas ações de formação de
Especialização e Mestrado, definidas como:
a) Especialização: Sob essa denominação poderão ser concebidas, ofertadas e
realizadas ações de formação com carga horária mínima de 360 horas/aula de
duração, com a finalidade de permitir o aprofundamento dos profissionais e a
elaboração de pesquisas em uma área específica do conhecimento, assim como a
geração de novas competências para o SUAS. Esse tipo de formação destina-se
exclusivamente a trabalhadores, gestores e conselheiros de nível superior.
b) Mestrado: Ação de formação de longa duração (cerca de 2 anos de curso) que tem
por finalidade a realização de estudos aprofundados e a elaboração de pesquisas
direcionadas a investigar e a responder a questões e problemáticas que dizem
respeito ao cotidiano e aos desafios do trabalho e da intervenção profissional no
SUAS. Esse tipo de formação destina-se exclusivamente trabalhadores, gestores
e conselheiros de nível superior.
92
11 CERTIFICAÇÃO
Todas as ações de capacitação e formação devem gerar a respectiva certificação
para os participantes ao final de cada ação. A certificação se dará preferencialmente por
meio digital e será oferecida para os participantes, facilitadoras(es), professoras(es) e
organizadoras(es) das ações de Educação Permanente.
As ações executadas diretamente pelo órgão gestor municipal serão certificadas
pelo mesmo. As ações executadas por meio de contratação, convênio ou cooperação
técnica, serão certificadas pela instituição contratada ou parceira, mediante
acompanhamento do órgão gestor e assessoramento do NUMEP. Recomenda-se que a
emissão dos certificados seja precedida pela avaliação das ações de Educação Permanente
pelos participantes.
93
12 ORÇAMENTO
O orçamento público é o instrumento de organização das ações do Estado, espelho
das opções políticas dos governantes, referência inicial para a construção de políticas
públicas e instrumento de controle por parte do Poder Legislativo. Conforme Andrade:
Orçamento público ou orçamento-programa é a materialização do
planejamento do Estado, quer na manutenção de sua atividade (ações
de rotina), quer na execução de seus projetos (ações com início, meio e
fim). Configura o instrumento do Poder Público para expressar seus
programas de atuação, discriminando a origem e o montante dos
recursos (receitas) a serem obtidos, bem como a natureza e o montante
dos dispêndios (despesas) a serem efetuados. O orçamento público é,
pois, o elo entre o planejamento e as funções executivas da organização,
em que a alocação de recursos visa à consecução de objetivos e metas
(ANDRADE, 2007, p.37).
Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, a gestão dos recursos
públicos passou a ser tratada com um novo enfoque e, trouxe para o planejamento público,
três importantes instrumentos: o PPA (Plano Plurianual) a LDO (Lei de Diretrizes
Orçamentárias) e a LOA (Lei Orçamentária Anual).
O PPA, denominado no município de Belo Horizonte de Plano Plurianual de Ação
governamental – PPAG, juntamente com a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e a
Lei Orçamentária Anual – LOA são instrumentos de planejamento da ação governamental
e se apresentam com as seguintes funções:
1. PPAG: define as ações do Município de maneira detalhada, especificando diretrizes,
objetivos, ações, programas e metas a serem alcançadas, determinando quantitativamente
os recursos imprescindíveis à sua implementação e possuindo vigência de quatro anos,
sendo três da atual gestão e um da seguinte.
2. LDO: abrange as metas e prioridades para o exercício financeiro seguinte e orienta a
concepção da LOA.
3. LOA: é o orçamento público propriamente dito. É discutida e aprovada todo ano,
trazendo a programação dos gastos governamentais em cada área, bem como a previsão
das receitas para custear esses gastos. Define os recursos necessários para cada ação
constante da Lei de Diretrizes Orçamentárias, logo, estima a receita e fixa a despesa.
94
A Gestão do Trabalho e Educação Permanente integra o orçamento público,
através da unidade orçamentária “Fundo Municipal de Assistência Social – FMAS”,
inscrita no Programa 113 – Aprimoramento da Gestão do SUAS, ação 2916. Portanto,
suas ações estão sujeitas às regras gerais de execução orçamentária.
O financiamento da Gestão do Trabalho e Educação Permanente está definido por
duas fontes de recursos: Recurso Ordinário do Tesouro Municipal (ROT) e Fundo
Nacional de Assistência Social (FNAS) através do Índice de Gestão Descentralizada do
Sistema Único de Assistência Social (IGD-SUAS).
De acordo com o Caderno de Orientações sobre o IGD-SUAS (MDS, 2012), os
recursos do IGD devem ser utilizados no aprimoramento da gestão do SUAS,
incentivando investimentos na organização, gestão, estruturação e manutenção dos
serviços e sua integração com benefícios e transferências de renda, além de auxiliar na
estruturação da gestão do trabalho e educação permanente do SUAS, na implantação da
vigilância socioassistencial e do monitoramento do SUAS no âmbito da gestão e serviços.
No momento da elaboração orçamentária da despesa, após a identificação da
aplicação e da origem dos recursos, deverão ser consultadas as tabelas de Grupos e
Detalhamento das Fontes, com o objetivo de explicitar a origem dos recursos. Todo
detalhamento será registrado por número sequencial, como base da previsão orçamentária
e utilizado no processamento da despesa.
Os valores aprovados para o quadriênio de 2018-2021, promulgado pela Lei
Municipal nº 11.098 de 29/12/2017, revistos pela Lei 11.146, de 26/12/2018, para o
FMAS, no que se refere à Ação 2916 - Gestão do Trabalho e Educação Permanente estão
descritos na tabela abaixo.
Tabela 11 - Metas orçamentárias para o quadriênio 2018-2021
Ação /
SubAção
Nome SubAção
Nome
Produto Valor 2018 Valor 2019 Valor 2020 Valor 2021
2916 0001 Qualificação de trabalhadores e
gestores do SUAS
Pessoa
qualificada R$ 133.616,00 R$ 361.359,00 R$ 361.359,00 R$ 379.396,00
2916 0002 Formação de trabalhadores e gestores
do SUAS
Pessoa
capacitada R$ 220.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
2916 0003 Qualificação de conselheiros e
usuários
Pessoa
qualificada R$ 83.000,00 R$ 82.500,00 R$ 82.500,00 R$ 86.600,00
2916 0004
Curso de capacitação em promoção da
igualdade étnico-racial para servidores
da administração pública municipal
Servidor
capacitado R$ 150.000,00 R$ 0,00 R$ 0,00 R$ 0,00
TOTAL R$ 586.616,00 R$ 443.859,0 R$ 443.859,00
R$ 465.996,00
95
Fonte: Sistema Orçamentário, Financeiro e Contábil (SOF). Elaborado por DPGF/SMASAC.
Tabela 12 - Valor Reprogramado para 2019
Ação /
SubAção Nome SubAção
Nome
Produto
Fonte de
recurso LOA 2019
Valor
Reprogramado
2019
2916 0001 Qualificação de trabalhadores e gestores do SUAS Pessoa
qualificada
FNAS R$ 360.759,00 R$ 0
ROT R$ 600,00 R$ 600,00
TOTAL R$ 361.359,00 R$ 600,00
2916 0002 Formação de trabalhadores e gestores do SUAS Pessoa
capacitada R$ 0,00 R$ 0,00
2916 0003 Qualificação de conselheiros e usuários Pessoa
qualificada
FNAS R$ 82.000,00 R$ 0
ROT R$ 500,00 R$ 500,00
TOTAL R$ 82.500,00 R$ 500,00
2916 0004 Curso de capacitação em promoção da igualdade étnico-racial para servidores da administração
pública municipal
Servidor
capacitado R$ 0,00 R$ 0,00
2409 0006 (*) Acompanhamento da identificação, atendimento e monitoramento das situações de trabalho infantil
(AEPETI)
Família
atingida FNAS R$ 206.100,00 R$ 350.000,00
TOTAL
FNAS R$ 648.859,00 R$ 350.000,00
ROT R$ 1.100,00 R$ 1.100,00
TOTAL R$ 649.959,00 R$ 351.100,00
Fonte: Sistema Orçamentário, Financeiro e Contábil (SOF). Elaborado por DPGF/SMASAC.
(*) O recurso do FNAS da ação 2409 0006, refere-se a repasse específico, que será utilizado para
capacitação de pessoal vinculado ao AEPETI. Os recursos reprogramados para o ano de 2019 estão sujeitos
a repasses do Governo Federal por meio do FNAS.
As metas físicas aprovadas pela Lei 11.145 de 26/12/2018 (LOA 2019), para a
mesma Ação 2916, estão indicadas a seguir.
Tabela 13-Metas físicas para o quadriênio 2018-2021
Ação /
Subação Nome Subação
Nome
Produto Qtd. 2018 Qtd. 2019 Qtd. 2020 Qtd. 2021
2916 0001 Qualificação de trabalhadores e
gestores do SUAS
Pessoa
qualificada 2.434 1.820 1.820 1.820
2916 0002 Formação de trabalhadores e
gestores do SUAS
Pessoa
capacitada 20 0 0 0
2916 0003 Qualificação de conselheiros e
usuários
Pessoa
qualificada 80 380 380 380
2916 0004
Curso de capacitação em
promoção da igualdade étnico-
racial para servidores da
administração pública
municipal
Servidor
capacitado 0 0 0 0
96
Fonte: Sistema Orçamentário, Financeiro e Contábil (SOF). Elaborado por DPGF/SMASAC.
As ações, metas e recursos dos serviços e programas para o ano de 2018 foram
definidos na Lei Orçamentária Anual – LOA nº 11.097 de 29/12/2017 e na sua
reprogramação, conforme estabelecido pelo Decreto Municipal nº 16.839 de 29/01/2018,
que determina os limites orçamentários para as despesas de custeio no âmbito da PBH,
assim como deliberações da Câmara de Coordenação Geral (CCG) da Subsecretaria de
Planejamento e Orçamento (SUPLOR).
Esses limites são estipulados em razão do equilíbrio entre arrecadação e gastos do
município. Vale ressaltar que os valores reprogramados podem, ao longo do ano, serem
alterados em razão da dinâmica do fluxo financeiro e da necessária revisão do
planejamento e execução das ações. Com isso, os valores podem ser ampliados ou
reduzidos nos limites estabelecidos pelo referido decreto, cabendo à CCG aprovar
previamente os recursos do tesouro – ROT.
As propostas de remanejamento de recursos no âmbito do FMAS podem ser
apresentadas à Diretoria de Planejamento, Gestão e Finanças (DPGF) da SMASAC, para
análise da viabilidade no exercício corrente.
O quadro abaixo, de acordo com as subações, discrimina os valores constantes da
LOA, limites orçamentários estabelecidos para as despesas de custeio para o ano de 2018
e a execução orçamentária da programação. De todo o valor reprogramado (R$
672.628,36) para 2018, 40,38%, ou seja, R$ 271.580,36 foram executados até o final do
ano. Constata-se que o executado em 2018 foi superior ao quadriênio passado 2014-2017,
que atingiu R$ 197.398,76.
Tabela 14 - Gestão do Trabalho e Educação Permanente do SUAS: LOA, Limite
Orçamentário, Programação e Execução - 2018 (Essa ação executada se refere à Supervisão
Técnica SUAS Conexões em parceria com a UFMG.)
Ação/ Subação/ Fonte
Lei 11.097
de
29/12/2017
LOA 2018
(R$)
Limite
orçamentário
2018 (R$)
Total
reprogramado
2018 (R$)
Total
Executado
2018 (R$)
Total Executado 2018 (%)
2916 - Qualificação de
trabalhadores e gestores do SUAS 586.616,00 8.526,00 672.628,36 271.580,36 40,38%
0001 - Capacitação de
trabalhadores e gestores do SUAS 133.616,00 8.526,00 369.628,36 271.580,36 73,47%
97
FNAS 133.116,00 - 358.626,94 261.078,94 72,80%
ROT 500,00 8.526,00 11.001,42 10.501,42 95,46%
0002 - Formação de
trabalhadores e gestores do SUAS 220.000,00 - 220.000,00 0,00 0,00%
FNAS 220.000,00 - 220.000,00 0,00 0,00%
0003 - Qualificação de
conselheiros e usuários 83.000,00 - 83.000,00 0,00 0,00%
FNAS 82.000,00 - 82.000,00 0,00 0,00%
ROT 1.000,00 - 1.000,00 0,00 0,00%
0004 - Curso de capacitação em
promoção da igualdade étnico-
racial para servidores da
administração pública municipal
150.000,00 - - - -
ROT 150.000,00 - - -
Fonte: Sistema Orçamentário, Financeiro e Contábil (SOF). Elaborado por DPGF/SMASAC.
Conforme demonstrado no gráfico 26, a execução orçamentária entre 2014 e 2017
cresceu cerca de 30 vezes em relação ao quadriênio de 2010-2013, passando de uma
execução de R$ 6.569,00 para uma aplicação de R$ 197.398,76 nas subações de Gestão
do Trabalho e Capacitação de Profissionais de Entidades Socioassistenciais16.
Apesar deste grande crescimento, somente o ano de 2015 teve uma execução
significativa de R$ 152.659,28, enquanto que em 2018 houve um total executado de R$
271.580,36 nas ações de Gestão do Trabalho e Educação Permanente, representando um
aumento de 37,6% em relação ao quadriênio passado.
Conforme pode ser constatado no gráfico abaixo, verifica-se que a execução
orçamentária em relação aos valores orçados em 2014 foi de 11,7%, em 2015 alcançou
85,0%, em 2016 foi de 10,7% e em 2017 atingiu 6,0% do valor orçado. No quadriênio
2014-2017, a execução total foi de 29,0%,
Gráfico 26-Valores programados e executados no FMAS-BH, nas ações de Gestão
do Trabalho e Capacitação no período de 2014 a 2017
16 Importante destacar que durante o quadriênio 2014-2017, a Gestão do Trabalho e Educação
Permanente foi representada pela ação 2348 (Gestão, Comunicação e Mobilização Social) através
das subações 0001 - Gestão do Trabalho e 0006 - Capacitação de Profissionais de Entidades
Socioassistenciais.
98
Fonte: Sistema Orçamentário, Financeiro e Contábil (SOF). Elaborado por DPGF/SMASAC.
Importante destacar que total de recursos executados neste período, 98,5% foram
oriundos da União (FNAS) e apenas 1,5% provenientes do Tesouro Municipal (ROT). Já
em 2018, 96,1% dos valores executados vieram da União (FNAS) e 3,9% do Tesouro
Municipal (ROT), conforme demonstrado no gráfico a seguir.
Gráfico 27 - Execução orçamentária do FMAS-BH, das ações de Gestão do Trabalho
e Capacitação, por fonte de recursos, no período de 2014-2017 vs. 2018
Fonte: Sistema Orçamentário, Financeiro e Contábil (SOF). Elaborado por DPGF/SMASAC.
FNAS; QUADRIÊNIO 2014-2017;
R$194.471,76
FNAS; 2018; R$261.078,94
ROT; QUADRIÊNIO 2014-2017; R$2.927,00
ROT; 2018; R$10.501,42
Execução da Gestão e Capacitação do Trabalho
FNAS
ROT
99
Do ponto de vista orçamentário, verifica-se que houve um incremento
significativo de recursos direcionados à Gestão do Trabalho e Educação Permanente já
no primeiro ano do quadriênio 2018-2021.
13 MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO
O monitoramento pode ser definido como um “processo sistemático de
acompanhamento”, e a avaliação como “ação analítica que alimenta o processo de
planejamento” (Brasil, 2013, p. 37). De acordo com as normativas do SUAS, cabe às
instâncias de controle social e participação social o papel fundamental de monitoramento
e avaliação da Política de Assistência Social.
Os indicadores para o monitoramento do presente Plano serão aqueles definidos
como metas do PPAG e do Plano Municipal de Assistência Social - PMAS para as ações
de Educação Permanente do SUAS. Outros indicadores poderão ser criados de modo a
captar a participação e a apreensão do conhecimento de cada ação de Educação
Permanente, assim como os impactos para a qualidade da oferta dos serviços, programas,
projetos, benefícios e transferência de renda, de forma longitudinal, em estudos e análises
a serem realizadas pelas áreas técnicas da Vigilância Socioassistencial e Gestão do
Trabalho e Educação Permanente.
Recomenda-se que a GGTEP/DGAS, com o assessoramento do NUMEP
monitore a execução dos Planos Anuais de Capacitação e Plano de Ação de Formação,
por meio de atividades que serão definidas em Plano de Monitoramento e Avaliação para
estas funções. Anualmente, no período dos meses de novembro a dezembro, deverá ser
realizada a avaliação das ações de Educação Permanente ocorridas no ano vigente, por
meio de dispositivos participativos que permitam a escuta ampliada dos públicos das
ações, com participação ativa do NUMEP, conforme já indicado no processo de
levantamento de necessidades de capacitação e formação. Esta avaliação anual deverá
considerar os relatórios de avaliação elaborados para cada ação desenvolvida. Estes
relatórios deverão ser elaborados pela GGTEP/DGAS, em parceria com outras unidades
de gestão, conforme necessidade, e devem ser subsidiados pela avaliação dos
participantes das ações; por relatórios de Gestão elaborados pelas diretorias; relatórios de
monitoramento e assessoria a serem elaborados pelo NUMEP; e formulários de avaliação
dos participantes e facilitadores dos cursos e demais ações de Educação Permanente.
100
Diagnóstico, planejamento, monitoramento e avaliação não são apenas
procedimentos técnicos distribuídos numa determinada sequência temporal. Estas etapas
do processo de gestão devem ser consideradas como movimentos “absolutamente
interligados e interdependentes, que se imbricam e interrelacionam, numa dinâmica
estratégica e não linear”, se constituindo como mecanismos fundamentais para a direção
política da qualificação da atenção socioassistencial (Brasil, 2008).
Para fins de organização do processo plurianual de implementação das ações de
Educação Permanente no SUAS BH, recomenda-se, em síntese, o seguinte modelo de
planejamento:
Tabela 15 - Planejamento das ações de Educação Permanente - quadriênio 2018-
2021
SUBSECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL/SMASAC
MÊS 2018 2019 2020 2021
JANEIRO Ações
administrativas
e financeiras
Ações
administrativas
e financeiras
Ações
administrativas
e financeiras
Ações
administrativas e
financeiras FEVEREIRO
MARÇO
ABRIL
Execução do
PACI e PAST
Execução do
PACI, PACA e
PAST
Execução do
PACI, PACA e
PAST
Execução do
PACI, PACA e
PAST
MAIO
JUNHO
JULHO
AGOSTO
SETEMBRO
OUTUBRO
NOVEMBRO
E
DEZEMBRO
- Avaliação do
PAC 2018
- Elaboração do
PAC 2019
- Elaboração do
PAFO 2018-
2021
- Avaliação do
PAC 2019
- Elaboração do
PAC 2020
- Avaliação do
PAC 2020
- Elaboração do
PAC 2021
- Avaliação do
PAC 2021
- Avaliação do
PAFO 2018-2021
- Elaboração do
PMEP 2022-2025
Fonte: Diretoria de Gestão do SUAS/DGAS/SUASS.
101
Por fim, recomenda-se que o planejamento e a elaboração do próximo Plano Municipal de
Educação Permanente para o período de 2022 a 2025 sejam realizados no ano de 2021.
102
REFERÊNCIAS
BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Governo. Decreto nº 12.207, de 04 de
novembro de 2005. Estabelece as atribuições dos cargos públicos efetivos integrantes do
plano de carreira da área de atividades de administração geral da Prefeitura de Belo
Horizonte, estabelecido pela Lei nº 8.690, de 19 de novembro de 2003. Disponível em:
https://leismunicipais.com.br/a/mg/b/belo-horizonte/decreto/2005/1220/12207/decreto-
n-12207-2005-estabelece-as-atribuicoes-dos-cargos-publicos-efetivos-integrantes-do-
plano-de-carreira-da-area-de-atividades-de-administracao-geral-da-prefeitura-de-belo-
horizonte-estabelecido-pela-lei-n-8690-de-19-de-novembro-de-2003
BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Governo. Decreto nº 14.833, de 09 de
fevereiro de 2012. Altera o Decreto nº 12.207/05. Diário Oficial do Município, Belo
Horizonte, 10 de fevereiro de 2012. Disponível em:
http://portal6.pbh.gov.br/dom/iniciaEdicao.do?method=DetalheArtigo&pk=1074833
BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Governo. Lei 10.836, de 29 de julho de
2015. Dispõe sobre a Política de Assistência Social no Município, institui o Sistema
Único de Assistência Social de Belo Horizonte - SUAS-BH - e dá outras providências.
Diário Oficial do Município, Belo Horizonte, 30 de julho de 2015. Disponível em:
http://portal6.pbh.gov.br/dom/iniciaEdicao.do?method=DetalheArtigo&pk=1146734
BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Políticas Sociais - CMAS. Resolução
CMAS/BH nº 066, de 21 de dezembro de 2016. Aprova o Regimento Interno do Conselho
Municipal de Assistência Social de Belo Horizonte – CMAS/BH. Diário Oficial do
Município, Belo Horizonte, 24 de dezembro de 2016. Disponível em:
http://portal6.pbh.gov.br/dom/iniciaEdicao.do?method=DetalheArtigo&pk=1173355
BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Governo. Lei 11.065, de 01 de agosto de
2017. Estabelece a estrutura orgânica da administração pública do Poder Executivo e dá
outras providências. Diário Oficial do Município, Belo Horizonte, 02 de agosto de 2017.
Disponível em:
http://portal6.pbh.gov.br/dom/iniciaEdicao.do?method=DetalheArtigo&pk=1182266
BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Políticas Sociais. Secretaria Municipal
Adjunta de Assistência Social. Portaria SMAAS nº 17, de 20 de julho de 2017. Institui o
Núcleo Municipal de Educação Permanente do SUAS-BH como instância colegiada
consultiva e de assessoramento à Secretaria Municipal Adjunta de Assistência Social para
implementação das ações de Educação Permanente no SUAS-BH. Diário Oficial do
Município, Belo Horizonte, 22 de julho de 2017. Disponível em:
http://portal6.pbh.gov.br/dom/iniciaEdicao.do?method=DetalheArtigo&pk=1181841
BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Políticas Sociais. Secretaria Municipal
Adjunta de Assistência Social. Portaria SMAAS nº 16, de 22 de julho de 2017. Institui a
Mesa Municipal de Gestão do Trabalho do Sistema Único de Assistência Social de Belo
Horizonte – SUAS/BH, como um espaço permanente de diálogo e de negociação entre
gestoras(es) e trabalhadoras(es) do SUAS-BH, no que concerne à Gestão do Trabalho, na
perspectiva da qualificação dos serviços, programas, projetos, benefícios
103
socioassistenciais e transferência de renda, da valorização das(os) trabalhadoras(es) e da
organização institucional do trabalho no SUAS-BH. Diário Oficial do Município, Belo
Horizonte, 20 de julho de 2017. Disponível em:
http://portal6.pbh.gov.br/dom/iniciaEdicao.do?method=DetalheArtigo&pk=1181840
BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar
e Cidadania. Portaria SMASAC nº 24, de 27 de novembro de 2017. Altera a Portaria
SMAAS Nº 16, de 21 de julho de 2017. Diário Oficial do Município, Belo Horizonte,
29 de novembro de 2017.
BELO HORIZONTE. Lei 11.097, de 29 de dezembro de 2017. Estima a receita e fixa a
despesa do Município para o exercício financeiro de 2018. Belo Horizonte, 29 de
dezembro de 2017. Disponível em: https://leismunicipais.com.br/a/mg/b/belo-
horizonte/lei-ordinaria/2017/1110/11097/lei-ordinaria-n-11097-2017-estima-a-receita-e-
fixa-a-despesa-do-municipio-para-o-exercicio-financeiro-de-2018
BELO HORIZONTE. Gabinete do Prefeito. Lei 11.098, de 29 de dezembro de 2017.
Dispõe sobre o Plano Plurianual de Ação Governamental – PPAG – para o quadriênio
2018-2021. Diário Oficial do Município, Belo Horizonte, 30 de dezembro de 2017.
Disponível em: https://prefeitura.pbh.gov.br/sites/default/files/estrutura-de-
governo/planejamento/SUPLOR/Diretoria%20Central%20de%20Planejamento/PPAG
%202018-2021/00%20-%20Lei%2011098%20PPAG%202018_2021.pdf
BELO HORIZONTE. Decreto 16.839, de 29 de janeiro de 2018. Dispõe sobre a
programação orçamentária e financeira do Poder Executivo para o exercício de 2018 e dá
outras providências. Diário Oficial do Município, Belo Horizonte, 30 de janeiro de 2018.
Disponível em: http://portal6.pbh.gov.br/dom/Files/dom5464%20-%20assinado.pdf
BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar
e Cidadania. Portaria SMASAC nº 27, de 02 de março de 2018. Institui Grupo de Trabalho
para formulação do Plano Municipal de Educação Permanente do SUAS, referente ao
período 2018 a 2021. Diário Oficial do Município, Belo Horizonte, 06 de março de
2018. Disponível em:
http://portal6.pbh.gov.br/dom/iniciaEdicao.do?method=DetalheArtigo&pk=1191334
BELO HORIZONTE. Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar
e Cidadania. Plano Municipal de Assistência Social 2018-2021. Subsecretaria de
Assistência Social. Diário Oficial do Município, Belo Horizonte, 22 de agosto de 2018.
Disponível em: http://portal6.pbh.gov.br/dom/Files/dom22082018-cmas-
resolucao%2021-anexo%20i.pdf
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1998. Brasília, DF:
Senado Federal. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm
BRASIL. Lei nº 8.742, de 07 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da
Assistência Social e dá outras providências. Brasília, DF, 07 de dezembro de 1993.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8742compilado.htm
104
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junho de 2011. Ratifica a equipe de referência definida pela Norma Operacional Básica
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http://www.mds.gov.br/webarquivos/legislacao/assistencia_social/resolucoes/2011/RES
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105
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file:///C:/Documents%20and%20Settings/pr010151/Meus%20documentos/Downloads/
CNAS%202014%20-%20009%20-%2015.04.2014.pdf
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maio de 2015. Regulamenta entendimento acerca das(os) trabalhadoras(es) do Sistema
Único de Assistência Social – SUAS. Diário Oficial da União, República Federativa do
Brasil, 22 de maio de 2015, seção 1. Disponível em:
file:///C:/Documents%20and%20Settings/pr010151/Meus%20documentos/Downloads/
Resolu%C3%A7%C3%A3o%20CNAS%206.2015.pdf
BRASIL. Conselho Nacional de Assistência Social. Resolução CNAS nº 06, de 13 de
abril de 2016. Estabelece parâmetros para a Supervisão Técnica no âmbito do Sistema
Único de Assistência Social – SUAS, em consonância com a Política Nacional de
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Federativa do Brasil, 25 de abril de 2016, seção 1. Disponível em:
file:///C:/Documents%20and%20Settings/pr010151/Meus%20documentos/Downloads/
CNAS%202016%20-%20006%20-%2013.04.2016%20(2).pdf
BRASIL. Lei nº 13.473, de 08 de agosto de 2017. Dispõe sobre as diretrizes para a
elaboração e execução da Lei Orçamentária de 2018 e dá outras providências. Brasília,
DF, 08 de agosto de 2017. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13473.htm
BRASIL. Lei nº 13.587, de 02 de janeiro de 2018. Estima a receita e fixa a despesa da
União para o exercício financeiro de 2018. Brasília, DF, 03 de janeiro de 2018. Disponível
em:
http://www.camara.leg.br/internet/comissao/index/mista/orca/orcamento/or2018/lei/Lei
13587-2018.pdf
FERREIRA, Stela da Silva. Norma Operacional Básica de Recursos Humanos - NOB-
RH Anotada e Comentada/Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Brasília: MDS, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2011. 144p. Disponível em:
https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/NOB-
RH_SUAS_Anotada_Comentada.pdf
MUNIZ, Egli. Orientações para processos de recrutamento e seleção de pessoal no
Sistema Único de Assistência Social/Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome. Brasília: MDS, Secretaria Nacional de Assistência Social, 2011. 164p.
Disponível em:
106
https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Livros/orientacoesr
ecrutamento.pdf
SARTORETTO, M; BERSCH, R. (2017). O que é tecnologia assistiva? Disponível em:
http://www.assistiva.com.br/tassistiva.html. Acesso em 12 de janeiro de 2018.
107
ANEXO – DIAGNÓSTICO SOCIOTERRITORIAL DO PMAS
UM OLHAR SOBRE A REALIDADE DA PROTEÇÃO SOCIOASSISTENCIAL
NO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE
Para avançar na consolidação do Sistema Único de Assistência Social, de forma
que esse seja capaz de garantir a proteção social a todos os cidadãos brasileiros e
contribuir para a redução das desigualdades sociais, é fundamental o conhecimento acerca
das formas de organização e da dinâmica dos territórios, assim como sobre as
necessidades de sua população (Brasil, 2013). Conforme disposto na Política Nacional de
Assistência Social (PNAS/2004), “tendo a Política de Assistência Social assumido a
centralidade sociofamiliar no âmbito de suas ações, cabe reconhecer a dinâmica
demográfica e socioeconômica associadas aos processos de exclusão/inclusão social,
vulnerabilidade aos riscos pessoais e sociais em curso no Brasil, em seus diferentes
territórios” (Brasil, 2004, p. 16).
Neste sentido, esse capítulo tem como objetivo apresentar dados e informações
sobre a caracterização demográfica e socioeconômica do município de Belo Horizonte,
que subsidiem o planejamento das ações da política de assistência social para os próximos
4 anos e que considere as características e potencialidades locais. Para tal, a coleta de
dados se concentrou em indicadores que possibilitem a construção de um panorama
acerca dos fatores sociais e fatores de vulnerabilidade e risco relacionados aos objetivos
e escopo de atuação da política de assistência social.
2.1. Aspectos demográficos e territoriais
De acordo com os dados do IBGE, a população de Belo Horizonte era constituída
de 2.375.151 pessoas no último Censo de 2010, sendo que a estimativa populacional era
de 2.523.794 pessoas para o ano de 2017. A cidade ocupa atualmente a 6ª posição entre
os municípios mais populosos do Brasil e a 3ª maior região metropolitana do país. Belo
Horizonte possui uma unidade territorial de 331 km², com uma densidade demográfica
de 7.167,00 habitantes/km². Sua Região Metropolitana - RMBH - atualmente é formada
108
por 34 cidades, com abrangência de 9.467,797 km² e população estimada de 5.316.865
habitantes para o ano de 201717.
De acordo com o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD, IPEA e
FJP), entre 2000 e 2010, a população de Belo Horizonte cresceu a uma taxa média anual
de 0,59% e a população da RMBH cresceu a uma taxa média anual de 1,15%. No Brasil,
esta taxa foi de 1,17% no mesmo período.
Tabela 1 - População total por gênero, rural/urbana – município de BH/MG
População População
(1991)
% do Total
(1991)
População
(2000)
% do Total
(2000)
População
(2010)
% do Total
(2010)
População total 2.019.121 100,00 2.238.514 100,00 2.375.151 100,00
População residente
masculina 955.673 47,33 1.057.260 47,23 1.113.513 46,88
População residente
feminina 1.063.449 52,67 1.181.254 52,77 1.261.638 53,12
População urbana 2.012.217 99,66 2.238.514 100,00 2.375.151 100,00
População rural 6.904 0,34 0,00 0,00
Fonte: PNUD, Ipea e FJP
Tabela 2 - População total por gênero, rural e urbana – região metropolitana de
BH/MG
População População (2000) % do Total (2000) População (2010) % do Total (2010)
População total 4.357.942 100,00 4.883.970 100,00
População residente masculina 2.106.430 48,34 2.344.931 48,01
População residente feminina 2.251.512 51,66 2.539.039 51,99
População urbana 4.247.949 97,48 4.792.091 98,12
População rural 109.993 2,52 91.879 1,88
Fonte: PNUD, Ipea e FJP
O crescimento da população, no entanto, apresentou transformações na sua
composição ao longo dos últimos anos, acompanhando a tendência de envelhecimento
apresentada pelo Brasil. Na década de 2000, houve redução do segmento de 0 a 14 anos
na pirâmide etária do município, de 543.523 indivíduos para 449.570 indivíduos, o que
17 Esta estimativa (IBGE 2017) foi apurada por meio do somatório da população projetada de cada um
dos 34 municípios.
109
significa diminuição de 17,3%. Ou seja, nesta faixa etária registrou-se crescimento
negativo de em média -1,9% ao ano. Subdividindo esta faixa etária, as crianças de 0 a 5
anos correspondem a 6,8% da população e as crianças/adolescentes na faixa de 6 a 14
correspondem a 12,2% (MDS, 2012) 18. Dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no
Brasil (PNUD, IPEA e FJP) apontam que, entre 2000 e 2010, a taxa de envelhecimento
no município passou de 6,22% para 8,67% (era 4,69% em 1991), enquanto em Minas
Gerais passou de 4,97% em 1991, para 6,2% em 2000 e para 8,12% em 2010. No Brasil
ela mudou de 4,83%, para 5,83% e para 7,36%, respectivamente. Outro indicador
interessante é a razão de dependência, que aponta o percentual da população de menos de
15 anos e da população de 65 anos e mais (população dependente) em relação à população
de 15 a 64 anos (população potencialmente ativa). Ele mostra que houve redução no
município da razão de dependência, passando de 43,89% em 2000 para 38,12% em 2010.
Já em MG, a razão de dependência passou de 52,84% para 44,01% e no Brasil de 54,88%
e 45,87% em 2010, respectivamente.
Os gráficos abaixo evidenciam a alteração da pirâmide etária do município nos
últimos 20 anos, com crescimento da população idosa e redução da base de população
criança e jovem:
18- Disponível no site
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/RIv3/geral/carrega_pdf.php?rel=panorama_municipal
110
Figura 3 - Evolução da pirâmide etária de Belo Horizonte – 1991, 2000 e
2010
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano (PNUD, Ipea e FJP)
Quanto à composição da população por sexo, os dados do Censo 2010 (IBGE,
2012)19 demonstram que o número de mulheres é maior que o número de homens no
município: 46,88% do sexo masculino e 53,12% do sexo feminino. A participação
feminina na composição da população é maior que a registrada no Estado de Minas
Gerais, em que 49,20% da população é masculina 50,80% é feminina. Já em relação à
raça ou cor, o Censo 2010 aponta que a composição da população residente no município
apresenta-se nos seguintes termos: brancos são 1.110.034 pessoas; pretos são 241.155
pessoas; pardos são 995.167 pessoas; amarelos são 25.270 pessoas; indígenas são 3.477
pessoas e, por fim, 48 pessoas não quiseram declarar.
Gráfico 25 - População do município de Belo Horizonte por sexo, cor/raça – 2010
19 Disponível no site: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm
111
Fonte: IBGE. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH (2018)
Tendo em vista que a população brasileira possui grande diversidade e que os
processos de exclusão e inclusão social são marcados pelo processo histórico de ocupação
urbana, é importante acrescentar uma análise desses indicadores a partir de recortes
intramunicipais. No caso de Belo Horizonte, a Prefeitura Municipal criou uma
organização administrativa que divide o território em 9 (nove) regionais: Barreiro,
Centro-sul, Leste, Nordeste, Noroeste, Norte, Oeste, Pampulha e Venda Nova.
Atualmente, a política de assistência social se organiza a partir dessa divisão
administrativa.
A partir dos dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Planejamento,
que têm como fonte o Censo de 2010 do IBGE, observa-se que há heterogeneidade entre
as 9 regiões administrativas de Belo Horizonte. Quando elas foram delimitadas, a Região
Noroeste era a mais populosa, concentrando 15% da população, enquanto a Pampulha
concentrava o menor número de habitantes, 6,5% do total. Após 10 anos, além das
modificações decorrentes da própria dinâmica demográfica, ocorreu em 2011 o
redimensionamento das regionais administrativas do município (Lei 10.231/2011)20, o
que gerou maior equilíbrio demográfico entre elas. Assim, de acordo com o Censo 2010,
já considerando os novos limites regionais, observa-se que a população está dividida de
maneira mais uniforme nas nove regiões, sendo que a Região Oeste é a mais populosa,
com 12,99% do total do município, e a Região Norte, a menos populosa, com 8,93% da
20*As informações por Região Administrativa estão de acordo com o novo limite vigente a partir de 2011,
regulado pela Lei 10.231/11.
45,6%
10,7%
42,6%
1,0%
0,1%
0,0%
47,7%
9,7%
41,3%
1,15%
0,16%
0,00%
60,0% 40,0% 20,0% 0,0% 20,0% 40,0% 60,0%
Branca
Preta
Parda
Amarela
Indígena
Sem declaração
Proporção
Co
r o
u R
aça
Homens Mulheres
112
população. Contudo, se a mais populosa é a regional Oeste, a mais povoada é a Regional
Venda Nova, pois sua densidade demográfica é de 9.109 habitantes/km². A regional
menos povoada é a Regional Pampulha, com 4.416 habitantes/km².
Em relação ao perfil etário das 9 regiões de Belo Horizonte, tem-se que a regional
com maior população em termos absolutos na faixa etária de 0 a 19 anos é a Barreiro,
com 85.511 pessoas, e a que apresenta o menor número é a Pampulha, com 58.936
pessoas. Quanto ao público adulto, considerando a faixa etária de 20 a 59 anos, a regional
com a maior população é a Oeste, com 189.585 pessoas e a menor é a Norte, com 126.500
pessoas. Já em relação à população acima de 60 anos, a regional com o maior número de
idosos é a Região Centro-sul, com 51.911 idosos e a Região Norte apresenta o menor
número, com 21.122 pessoas idosas.
Tabela 3 - Distribuição da população pelas 9 regionais administrativas de
BH, por faixa etária – 2010
Região Administrativa Pop. de 0
a 19 anos
Pop. de 20
a 59 anos
Pop. de 60
anos ou
mais
Total
% em
relação à
pop total
BARREIRO 85.511 169.205 27.468 282.184 11,9
CENTRO-SUL 59.091 172.673 51.911 283.675 12,0
LESTE 60.538 143.341 34.480 238.359 10,1
NORDESTE 79.236 176.249 34.133 289.618 12,2
NOROESTE 64.475 163.507 39.922 267.904 11,3
NORTE 64.366 126.500 21.122 211.988 8,9
OESTE 79.992 189.585 37.389 306.966 12,9
PAMPULHA 58.936 139.761 26.359 225.056 9,5
VENDA NOVA 78.879 160.037 26.263 265.179 11,2
TOTAL 631.024 1.440.858 299.047 2.370.929 100,0 Fonte: Secretaria de Municipal de Planejamento/ Censo IBGE 2010. Elaborado por
GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH (2018)
Além das modificações demográficas no território intraurbano, é importante
ressaltar a influência da dinâmica de ocupação urbana sobre os processos de exclusão
social. Belo Horizonte, como muitas outras cidades brasileiras, passou por muitas
transformações que agravaram os problemas urbanos e a crise fundiária e habitacional.
Esses fatores, junto com insuficiências da ação estatal, têm contribuído para reforçar os
processos históricos de segregação socioespacial e especulação imobiliária. No caso do
município de Belo Horizonte, o cenário não é diferente. A história de construção e
crescimento da cidade é marcado pela segregação socioespacial e pela lógica capitalista
de produção do espaço urbano, o que conformou diversas desigualdades e processos de
113
exclusão. Desde os anos 1950, observa-se um processo intenso de metropolização e
periferização, em que as camadas mais pobres são empurradas para fora dos limites do
município pelo alto valor da terra urbanizada, em espaços com precária infraestrutura
urbana e com baixo acesso a serviços públicos básicos. Durante as últimas décadas esse
processo tem se agravado. De acordo com dados da Prefeitura de Belo Horizonte (2016)21,
a cidade enfrenta um grave quadro de déficit habitacional, estimado hoje em 62,5 mil
domicílios, e a demanda ainda não atendida de reassentamentos decorrentes de remoções
por obras públicas de 20,9 mil unidades. Há ainda uma projeção de que 25,4 mil
domicílios, que representa cerca de 20% da população de Belo Horizonte, estão nas 215
vilas, favelas e outros assentamentos precários e a existência de 269 loteamentos
irregulares para a população de baixa renda que necessitam de regularização e
urbanização. Segundo a Fundação João Pinheiro, a noção de déficit habitacional - que
expressa a medida da necessidade de construção de novas moradias para a solução de
problemas sociais e específicos de habitação - apoia-se na conjugação de quatro
componentes: domicílios precários; coabitação familiar; ônus excessivo com aluguel e
adensamento excessivo em domicílios alugados22. Segundo estes conceitos, em Belo
Horizonte havia um déficit habitacional da ordem de 10,28% em relação ao total de
domicílios particulares permanentes e improvisados existentes no município no ano de
2010.
Entretanto, esse processo de exclusão não se deu de maneira inconteste.
Movimentos populares, lideranças comunitárias e associações comunitárias realizaram,
ao longo desses anos, ações importantes de resistência e luta. Fruto de movimentos sociais
organizados23, nos últimos 10 anos surgiram no município ocupações urbanas
importantes, que reconfiguraram o espaço intraurbano. Em 2008 foi formada a ocupação
Camilo Torres na região do Barreiro, contando com 140 famílias. Em 2009, no bairro Céu
Azul, surge a ocupação Dandara apropriando de 40 hectares, repartidos em 887 lotes. Em
2010, a Camilo Torres se expande, autodenominando-se Irmã Doroty e agregando 135
21 Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte (2016). Plano Estratégico BH 2030. 22 Ver Índice de Responsabilidade Social: http://imrs.fjp.mg.gov.br/ acessado em:29/01/2018. Para
detalhamento dos conceitos: 1. Domicílios precários: considerados os domicílios improvisados e domicílios
rústicos. 2. Coabitação familiar: domicílios com famílias conviventes secundárias com intenção de
constituir domicílio exclusivo e as famílias residentes em cômodo; 3. Ônus excessivo com aluguel:
domicílios urbanos com famílias com renda de até três salários mínimos e que despendem 30% ou mais de
sua renda com aluguel; 4. Adensamento excessivo em domicílios alugados: domicílios alugados com mais
de três moradores por dormitório. 23 Nascimento, Denise Morado. As políticas habitacionais e as ocupações urbanas: dissenso na cidade. In.:
Cad. Metrop., São Paulo, v. 18, n. 35, pp. 145-164, abr 2016 http://dx.doi.org/10.1590/2236-9996.2016-
3507.
114
famílias. Em 2012, surge a Eliana Silva, com 300 famílias mobilizadas. As demais
ocupações, surgiram a partir de 2013 por meio de um processo de desencadeamento,
talvez pelo êxito das ocupações anteriores e pela efervescência do clima político que
redundou nas chamadas manifestações de junho de 2013. Ocupações como Rosa Leão,
Esperança e Vitória ocorreram sem a vinculação inicial a qualquer movimento social.
Sendo assim, milhares de famílias começaram a construir suas casas em regiões urbanas
não ostensivamente ocupadas. Esses movimentos de apropriação de território urbano
podem ser entendidos como uma resistência à morosidade do Estado em minorar o déficit
habitacional histórico.
Em recente estudo realizado pela equipe de Estudos Territoriais e
Geoprocessamento da Gerência de Vigilância Socioassistencial da SUASS, em parceria
com outros atores institucionais24, foram identificadas e delimitadas 70 áreas, nomeadas
como “ocupação urbana”25, distribuídas pelas 9 regionais administrativas em Belo
Horizonte.
Quadro 11 - Identificação das Ocupações Urbanas de Belo Horizonte segundo
Regionais Administrativas
Regional
Administrativa
Ocupações
BARREIRO Eliana Silva, Irmã Doroty, Camilo Torres, Olaria, Paulo Freire, Horta 2,
Nelson Mandela, Fidel Castro, Portelinha, Vila Diamante, Bernadete,
Eduardo Menezes, Bairro do Sol, Hosana, Horta 1, Corumbiara 2, Túnel
Camarões, Beira Linha do Pilar, Rua Três nº 37, Vila Calango, Jardim
Liberdade, Jardim Liberdade 2
CENTRO-SUL Sustenido; Vicentão, Rua Teodomiro Cruz; Prédio do antigo INSS,
Carolina Maria de Jesus
LESTE Terra Nossa
NORDESTE Padre Argemiro (Invasão da URPV), Nossa Senhora de Guadalupe
(Campo 65), Padre Argemiro (Atrás do deposito de reciclagem), Plínio
Teixeira, Tiradentes, Rede, Montes Claros / Fazendinha, Jardim
Getsemani, Ciganos/CRAS, Terrenos DNIT 3, Terrenos_DNIT 2, Pica-
24 Este trabalho foi possível por meio de um esforço conjunto da PRODABEL (equipes de Cadastro Técnico
Municipal e de Geoprocessamento) e da URBEL, com substancial apoio da Secretaria Municipal de Saúde
e acompanhamento da Subsecretaria de Assistência Social (por meio da Gerência de Vigilância
Socioassistencial). 25 O termo “ocupação” é uma nomenclatura relativamente recente que se fez presente na dinâmica
socioterritorial do município e, por isso, foi empregada tanto nos trabalhos dos órgãos internos à PBH
quanto neste estudo. Tal emprego visa ao estabelecimento de conexão da gestão pública com a realidade
vivenciada e observada no contexto atual da cidade. Compreende-se que o uso do termo talvez necessite de
delimitação conceitual mais clara. No entanto, é possível concluir que “ocupação” se refere a uma
caracterização estabelecida a partir de uma postura política afirmativa adotada pelos habitantes de boa parte
destas áreas e que a própria legislação municipal referente ao uso e ocupação do solo não possui uma
qualificação jurídica única para o conjunto dessas áreas, já que tais terrenos possuem diferentes situações
de propriedade.
115
Pau (próximo do Anel rodoviário), Terrenos DNIT 4, Terrenos DNIT 1,
Rua Padre Argemiro, Rua Padre Argemiro (entre Jornalista Abrahão
Sadi), Viaduto Moçambique, Rua Fides, Novo Rumo, Padre Argemiro /
Capitão Eduardo
NOROESTE Araci, Vila Chaves, Pátria Livre
NORTE Rosa Leão, Helena Greco, Novo Lajedo, Maria Teresa, Vitória,
Esperança, Jaqueline
OESTE Vila Esperança do Calafate, Rua Jose Furletti, Anel / Tereza Cristina,
Novo Paraíso, Guanabara, Conquista, Candeeiros
PAMPULHA Dandara, Carroceiros, Tancredo Neves, Rua Vocação, São José, Rua
Flor de Pau
VENDA NOVA Ciganos, Várzea da Palma 2, Várzea da Palma 3, Serra Verde, Mar
Jônico Fonte: Estudo de impacto das ocupações sobre o atendimento no SUAS-BH (2ª edição). Junho 2018.
Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH
Essas áreas de ocupação se distribuem de modo heterogêneo pelo território
municipal. Observando a divisão regional administrativa, tem-se que as regionais
Barreiro e Nordeste destacam-se registrando o maior número de áreas ocupadas - 22 e 20,
respectivamente - concentrando 55% das ocupações do município. No segundo grupo,
que totaliza 30 ocupações (39,5% do total), sobressaem as regionais Norte e Oeste com 7
ocupações, as demais regionais (Pampulha, Centro-Sul e Venda Nova) registram 6 ou 5
ocupações cada. Por fim, duas regionais concentram os menores números
(aproximadamente 5% do total) quais sejam, Noroeste (3 ocupações) e Leste (1).
Tabela 4 - Ocupações urbanas segundo regional administrativa - BH – 2017
Regional
Total de
Ocupações % por regional
Nº de Ocupações em
Território CRAS
% de Ocupações em
Território CRAS por
regional
Barreiro 22 28,9 9 40,9
Nordeste 20 26,3 7 35,0
Norte 7 9,2 6 85,7
Oeste 7 9,2 1 14,3
Pampulha 6 7,9 5 83,3
Centro-Sul 5 6,6 0 0,0
Venda Nova 5 6,6 1 20,0
Noroeste 3 3,9 2 66,7
Leste 1 1,3 0 0,0
Total 76 100,0 31 Fonte: Estudo de impacto das ocupações sobre o atendimento no SUAS-BH (2ª edição). Junho 2018.
Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH
O mapa 1 apresenta a distribuição das ocupações em todo o território municipal.
Ele aponta que as maiores ocupações, em termos do tamanho das áreas ocupadas,
encontram-se nas regionais Norte e Nordeste. Há uma grande ocupação no limite das
116
regionais Venda Nova e Pampulha e outra na regional Barreiro. Ou seja, as maiores áreas
ocupadas encontram-se em regiões mais extremas do município (contribuindo para o
fenômeno da periferização da cidade) ainda que ocupações menores possam ser
visualizadas em todo território municipal.
117
Mapa 1- Distribuição das ocupações no município de Belo Horizonte, por regional
Fonte: Estudo de impacto das ocupações sobre o atendimento no SUAS-BH. Nov. 2017. Elaborado por
GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH
118
Apesar do contingente expressivo de população residente e do tempo de
existência, devido aos conflitos políticos e econômicos, por muito tempo esses territórios
não foram reconhecidos pela administração pública municipal26, de forma que seus
habitantes foram muitas vezes excluídos do acesso a políticas públicas básicas e
sujeitados a situações de vulnerabilidade e risco social. Deste modo, esse público deve
ser priorizado pela política municipal de assistência social, por meio da execução de ações
de busca ativa e inclusão nos serviços, programas, projetos e benefícios
socioassistenciais.
2.2. Aspectos econômicos: distribuição de renda e
integração ao mundo do trabalho
A análise dos aspectos socioeconômicos complementarmente aos aspectos
demográficos é fundamental para a compreensão global do município e os desafios que
precisam ser enfrentados no tocante ao acesso ao trabalho, à erradicação da pobreza, à
distribuição de renda e à melhoria das condições de vida da população por meio das ações
do Estado e da implementação das Políticas Públicas.
Ao longo da última década, Belo Horizonte apresentou aumento expressivo de seu
Produto Interno Bruto. Segundo a FJP, em 2006, o PIB do município era de R$
36.672.770,34; em 2010, este valor era de R$ 59.203.074,0927 e, em 2015, já alcançava a
cifra de R$ 87.364.598,17. Este indicador representa a soma de todos os bens produzidos
pelo município e significa a riqueza gerada. No ranking de desenvolvimento econômico,
Belo Horizonte ocupa, atualmente, o quarto lugar entre os municípios brasileiros, atrás de
São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Em 2015, o setor de serviços contribuiu com o maior percentual deste indicador,
respondendo por quase 60% do PIB municipal que, agregado ao setor de administração
(políticas públicas, defesa e seguridade social), totaliza 71%. O setor industrial e o de
26 Em 12 de abril de 2018 o prefeito assinou dois decretos: um que reconhece como Áreas de Especial
Interesse Social (AEIS-2) 119 áreas ocupadas e outro estabelecendo o Plano de Controle e Monitoramento
de Áreas Públicas, além da adoção de outras medidas, pela Prefeitura de Belo Horizonte, para viabilizar a
futura regularização de ocupações na capital mineira e também a intensificação das ações para evitar que
novas áreas sejam invadidas. Fonte: https://prefeitura.pbh.gov.br/noticias/prefeito-alexandre-kalil-assina-
decretos-reconhecendo-assentamentos-como-aeis . 27 http://imrs.fjp.mg.gov.br/Consultas/Resultado. Acessado em abril 2018.
119
impostos sobre produtos seguem com respectivos, 15,23% e 13,86% do PIB, conforme
gráfico a seguir.
Gráfico 26 - Participação dos setores econômicos no Produto Interno Bruto – BH -
2015
Fonte: IBGE, 2015. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH
O Atlas do Desenvolvimento Humano (PNUD, Ipea e FJP) aponta que a renda per
capita média de Belo Horizonte cresceu 87,77% nas últimas duas décadas, passando de
R$ 797,42, em 1991, para R$ 1.101,96, em 2000, e para R$ 1.497,29, em 2010. Isso
equivale a uma taxa média anual de crescimento nesse período de 3,37%. A taxa média
anual de crescimento foi de 3,66%, entre 1991 e 2000, e 3,11%, entre 2000 e 2010. A
proporção de pessoas pobres, ou seja, com renda domiciliar per capita inferior a R$
140,00 (a preços de agosto de 2010), apresentou uma redução importante, passando de
17,23%, em 1991, para 10,57%, em 2000, e para 3,80%, em 2010. Porém, essa redução
não significou diminuição da desigualdade social. O Índice de Gini passou de 0,61 em
1991 e 2000 para 0,60 em 2010. Ademais, ao analisar a distribuição da população pelos
quintos de renda, observa-se que houve pouca alteração, sendo que o quinto mais pobre
passou apenas de 65,7% em 2000 para 65% em 2010.
15%
59%
12%
14%
Indústria Serviços Administração, Impostos sobre produtos
120
Tabela 5 - Renda, pobreza e desigualdade no município de Belo Horizonte/MG
1991 2000 2010
Renda per capita 797,42 1.101,96 1.497,29
% de extremamente pobres 5,04 2,38 0,79
% de pobres 17,23 10,57 3,80
Índice de Gini 0,61 0,61 0,60
Fonte: PNUD, Ipea e FJP
Figura 4 - Evolução da distribuição de renda da população por quintos –
Belo Horizonte, 1991, 2000 e 2010
Fonte: PNUD, Ipea e FJP
Como pode-se notar, o aumento do PIB ou da renda média não significou que a
riqueza produzida por aquela sociedade fosse, de fato, bem distribuída. De forma
complementar, a tabela abaixo, permite verificar a distribuição de renda por estratos da
população ao longo de três décadas. Em Belo Horizonte, é perceptível o comportamento
inversamente proporcional entre os estratos mais pobres em relação aos estratos mais
ricos, na comparação entre as duas décadas de 1991 para 2000 e de 2000 para 2010. Entre
1991 e 2000, em todos os estratos pobres houve a redução da renda distribuída, em
contraposição ao aumento da renda para o estrato mais rico. Já de 2000 para 2010, ocorreu
o inverso, o aumento do percentual de renda para os estratos mais pobres e a diminuição
para os 20% dos mais ricos da população. Importante ressaltar que, ao longo das duas
décadas, a variação da proporção da apropriação da renda entre os estratos é pouco
perceptível. No entanto, ainda que a participação dos 20% mais ricos tenha permanecido
alta ao longo de todo o período (em torno de 65%), percebe-se que, em 1991, a renda dos
mais ricos representava 27 vezes mais que a renda dos 20% mais pobres, já em 2010, essa
correspondência passou a representar 23 vezes mais.
121
QUADRO 12 - Distribuição percentual da renda da população – BH/MG
Distribuição percentual da renda da população
Estratos da população por
renda
1991 2000 2010
20% mais pobres 2,43 2,36 2,85
40% mais pobres 7,69 7,47 8,64
60% mais pobres 16,95 16,46 17,87
80% mais pobres 35,03 34,28 35,00
20% mais ricos 64,97 65,72 65,00 Fonte: Pnud, Ipea e FJP
Em relação à inserção da população no mercado de trabalho, dados coletados por
meio da Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio - PNAD28 do IBGE apontam que
houve um crescimento expressivo da taxa de desocupação entre os anos de 2012 e 201629.
A tabela abaixo indica que, de 2012 a 2014, a desocupação teve ligeira redução, atingindo
em 2014 o menor nível do período. De 2015 em diante, observa-se piora significativa
desse indicador.
Tabela 6 - Taxa de desocupação das pessoas de 16 anos ou mais - Belo Horizonte -
2012-2016 (%)
Ano Taxa (%)
2012 6,3
2013 6,1
2014 5,9
2015 9,9
2016 11,5
Fonte: IBGE/PNAD. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH
28 “A PNAD obtém informações anuais sobre características demográficas e socioeconômicas da
população, como sexo, idade, educação, trabalho e rendimento, e características dos domicílios, e, com
periodicidade variável, informações sobre migração, fecundidade, nupcialidade, entre outras, tendo como
unidade de coleta os domicílios. Temas específicos abrangendo aspectos demográficos, sociais e
econômicos também são investigados” in
https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/pesquisas/pesquisa_resultados.php?id_pesquisa=40. 29 O IBGE adota como critério para pessoa desocupada aquela de “14 anos ou mais sem trabalho em
ocupação na semana de referência que tomou alguma providência efetiva para consegui-lo no período de
referência de 30 dias, e que estava disponível para assumi-lo na semana de referência. Consideram-se,
também, como desocupadas as pessoas sem trabalho na semana de referência que não tomaram providência
efetiva para conseguir trabalho no período de 30 dias porque já haviam conseguido trabalho que iriam
começar após a semana de referência” in IBGE, Síntese dos Indicadores Sociais – uma análise das
condições de vida da população brasileira, 2017, p. 133.
122
Ao observar como esse indicador se comporta em relação aos cortes de gênero e
raça, percebe-se que a desigualdade entre homens e mulheres e entre pessoas brancas e
pretas se agravou entre 2012 e 2016:
Tabela 7 - Taxa de desocupação das pessoas de 16 anos ou mais por sexo e cor em
Belo Horizonte - 2012-2016 (%)
Fonte: IBGE/PNAD. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH
Em relação ao rendimento, constata-se queda no período de 2012 a 2016, como
demonstra o gráfico abaixo. Em 2012, o rendimento médio em Belo Horizonte foi de
R$2.967,00, subindo em 2013 para R$3.031,00 e diminuindo até atingir o valor de
R$2.575,00. Portanto, percebe-se queda no rendimento no período, frente ao cenário de
crise econômica e aumento da desocupação.
Gráfico 27 - Rendimento médio das pessoas de 16 anos ou mais - Belo
Horizonte - 2012-2016 (R$)
Ano Mulheres Homem Preto/Pardo Brancos
2012 6,6 6 6,1 6,6
2013 7,1 5,2 6,9 5,2
2014 5,8 6,0 6,7 5,0
2015 7,8 11,9 11,5 7,9
2016 12,3 10,7 13,2 9,1
123
Fonte: IBGE/PNAD. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH
Quando analisado o rendimento de mulheres, jovens e população negra, verifica-
se que esses grupos possuem menor rendimento comparado aos homens, aos adultos e à
população branca.
Tabela 8 - Rendimento médio do trabalho principal das pessoas de 16 anos ou mais
ocupadas na semana de referência por grupo de idade - Belo Horizonte - 2012-2016
(R$)
Grupos de idade
Ano 16 a 29
anos
30 a 49
anos
50 a 59
anos
60 anos ou
mais
2012 1.684,00 3.160,00 4.180,00 4.460,00
2013 1.836,00 3.301,00 4.148,00 3.440,00
2014 1.689,00 3.060,00 4.007,00 3.513,00
2015 1.684,00 3.160,00 4.180,00 3.663,00
2016 1.608,00 2.694,00 3.296,00 3.115,00 Fonte: IBGE/PNAD. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH
Tabela 9 - Rendimento médio das pessoas de 16 anos ou mais por sexo - Belo
Horizonte - 2012-2016 (R$)
Ano Mulheres Homem
2012 2.391,00 3.494,00
2013 2.368,00 3.689,00
2014 2.258,00 3.485,00
2015 2.408,00 3.328,00
2016 2.140,00 2.984,00 Fonte: IBGE/PNAD. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH
Tabela 10 - Rendimento das pessoas de 16 anos ou mais por cor ou raça - Belo
Horizonte - 2012-2016 (R$)
Ano Branca
Preta e parda
2.000,00
2.200,00
2.400,00
2.600,00
2.800,00
3.000,00
2012 2013 2014 2015 2016
Ren
dim
ento
(R
$)
Ano
124
2012 3.819,00 2.166,00
2013 4.397,00 1.899,00
2014 3.712,00 2.174,00
2015 3.949,00 2.006,00
2016 3.527,00 1.905,00 Fonte: IBGE/PNAD. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH
2.3. Aspectos de vulnerabilidades e riscos sociais e
violações de direitos do público prioritário da Assistência
Social
De acordo com a Política Nacional de Assistência Social, seu público usuário é
constituído por cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidade e
riscos, tais como: famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de
afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida, com redução de capacidades
pessoais; vítimas de formas de exploração, de violência e de ameaças e, ou vítimas de
apartação social que lhes impossibilite sua autonomia e integridade, fragilizando sua
existência, o que demanda atenção socioassistencial; dentre outros. Dessa forma, tem-se
que os serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais são organizados de
acordo com níveis de proteção social (básica, especial de média complexidade e de alta
complexidade) de forma que sejam capazes de atender às especificidades de cada um
desses públicos e dos fenômenos de desproteção social a que estão expostos.
Porém, ao mesmo tempo, tem-se que a materialização das ofertas da política de
assistência social deve se orientar pelas diretrizes estruturantes da matricialidade
sociofamiliar e da territorialização. Essas diretrizes são fundamentais para que a proteção
socioassistencial seja garantida aos usuários da política de modo integral e transversal.
Assim, coloca-se o desafio de operacionalizar a identificação dos fenômenos de
desproteção social e da caracterização do púbico alvo da política de assistência social sem
incorrer em leituras fragmentadas ou parciais. Desse modo, essa etapa da análise
situacional buscou articular essas duas dimensões, reunindo dados e informações que
contribuam para a caracterização do púbico prioritário da política de assistência social em
Belo Horizonte, ao mesmo tempo em que tragam indicativos sobre os fenômenos de
desproteção social aos quais esses públicos estão mais expostos.
125
2.3.1. Famílias em situação de vulnerabilidade social
As políticas sociais contam no Brasil hoje com um conjunto variado de
indicadores sociais que buscam captar as situações de vulnerabilidade social. Cada um
deles ressalta aspectos diferentes, mas complementares para a compreensão desse
fenômeno. Assim, serão destacados alguns desses indicadores nesse item.
Segundo os dados disponibilizados pelo IBGE no Atlas do Desenvolvimento
Humano no Brasil, os indicadores de vulnerabilidade familiar em Belo Horizonte
diminuíram entre os anos de 2000 e 2010. A porcentagem de mães que são chefes de
família, sem ensino fundamental e com filhos menores de 15 anos diminuiu, passando de
14,12% (2000) para 11,03% (2010) – tabela 11. Quanto à porcentagem de pessoas
residentes em domicílios vulneráveis à pobreza e dependentes de idosos passou de 1,18%
(2000) para 1,02% (2010). Por fim, quanto à porcentagem de crianças extremamente
pobres também abaixou de 4,93% (2000) para 1,94% (2010).
Tabela 11 - Vulnerabilidade social em famílias
Vulnerabilidade Social: Família - Belo Horizonte
1991 2000 2010
% de mães chefes de família sem fundamental
completo e com filhos menores de 15 anos
13,51 14,12 11,03
% de pessoas em domicílios vulneráveis à pobreza e
dependentes de idosos
1,20 1,18 1,02
% de crianças extremamente pobres
8,97 4,93 1,94
Fonte: PNUD, IPEA e FJP.
A pobreza monetária corresponde a uma dimensão importante da vulnerabilidade
social. Para abordar a situação de pobreza e extrema pobreza foram utilizados como fonte
de dados o Censo 2010 do IBGE e o CadÚnico.
O gráfico a seguir apresenta a distribuição de renda nas nove regiões do município,
utilizando como recorte a porcentagem de domicílios com renda per capita mensal de até
1/8 do salário mínimo, e de até ¼ do salário mínimo, que representam outra abordagem
para medir extrema pobreza e pobreza, conforme dados do Censo 2010 IBGE.
Gráfico 28 - Percentual de famílias em situação de pobreza e extrema pobreza -
2010
126
Fonte: IBGE – Censo demográfico 2010. Elaboração: GVISO- SUASS/PBH.
As regionais com os percentuais mais expressivos de famílias com renda per
capita de até 1/8 do salário mínimo são, respectivamente, Centro-Sul, Venda Nova e
Norte, que também apresentam as maiores concentrações de pessoas com renda per capita
de até ¼ de salário mínimo.
Por outro lado, ao se averiguar a renda per capita média em salários mínimos de
cada regional, observa-se que a região Centro-Sul apresenta a maior média,
aproximadamente 7,5 salários per capita por domicílio por mês. Esta média é mais que o
dobro das médias apresentadas pelas regiões Oeste e Pampulha, aproximadamente 3,0
salários mínimos; é três vezes maior que a média das regiões Leste, Nordeste e Noroeste,
aproximadamente 2,5 salários mínimos; e, é aproximadamente cinco vezes maior que as
regiões Venda Nova, Norte e Barreiro, que apresentam as menores médias do município,
aproximadamente 1,5 salário mínimo.
Ainda utilizando os dados do IBGE, e seguindo o recorte do Programa Brasil Sem
Miséria, na ocasião do Censo 2010, foram considerados em situação de pobreza aqueles
que possuíam renda domiciliar per capita de até R$ 140,00. Em situação de extrema
pobreza, o valor da renda era de R$ 70,0030. Os dados do Censo apontaram que em 2010
havia no município 32.407 pessoas que se encontram em situação de extrema pobreza, o
que corresponde a 1,4% da população31.
30 Atualmente, esses parâmetros são respectivamente R$ 170,00 e R$85,00. 31Conforme Boletim MDS/2012-Caracterização da Extrema Pobreza. Disponível no site
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagi/RIv3/geral/carrega_pdf.php?rel=extrema_pobreza. Acessado em:
janeiro/2018
5,45,7
4,4
5,7
4,6
6,2
4,64,2
6,6
3,3
4,7
3,2
3,83,3
3,93,5
3,0
4,1
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
B CS L NE NO N O P VN
% D
om
icíli
os
Regionais Administrativas
% domicílios com renda mensal até 1/4 S.M. % domicílios com renda mensal até 1/8 S.M.
127
O Censo 2010 revelou ainda que do total dos extremamente pobres no município,
8,4% (2.717 indivíduos) são crianças de 0 a 3 anos e 5,7% (1.842 indivíduos) estão na
faixa entre 4 e 5 anos. O grupo de 6 a 14 anos por sua vez, totalizou 23,6% (7.662
indivíduos) na extrema pobreza, enquanto no grupo de 15 a 17 anos totalizou 4,8% (1.565
jovens). Isso significa que 42,5% dos extremamente pobres do município têm de 0 a 17
anos. É importante também destacar que, do total de pessoas extremamente pobres, 15,1%
são pessoas com mais de 60 anos, como se observa no gráfico a seguir.
Gráfico 29- Percentual dos extremamente pobres por grupo etário –
2010
Fonte: IBGE – Censo demográfico 2010. Elaboração: GVISO- SUASS/PBH.
Do total de extremamente pobres no município, 18.259 são mulheres (56,3%) e
14.147 são homens (43,7%). Com relação à raça, aproximadamente 29% se classificaram
como brancos, 16% se declararam pretos e 53% como pardos; e, por fim,
aproximadamente 2% se declararam amarelos ou indígenas.
Gráfico 30 - Percentual dos extremamente pobres por raça – 2010
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
0 a 3 anos 4 a 5 anos 6 a 14anos
15 a 17anos
18 a 39anos
40 a 59anos
60 anos oumais
128
IBGE – Censo demográfico 2010. Elaboração: GVISO- SUASS/PBH.
O Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal - CadÚnico - é um
instrumento que visa coletar os dados e informações com o objetivo de encontrar e
identificar as famílias de baixa renda existentes em todo o país32 e, dessa forma, ofertar a
elas a possibilidade de acessar as políticas sociais de transferência de renda, isenções,
benefícios e serviços socioassistenciais.
Para o Cadastro Único, são consideradas famílias de baixa renda aquelas com
renda mensal per capita de até meio salário mínimo ou até três salários mínimos de renda
familiar total33, que demandam prioritariamente acesso às políticas sociais. As famílias
com renda familiar superior a este recorte também podem ser cadastradas, desde que sua
inclusão seja vinculada à seleção ou ao acompanhamento de programas sociais ou
serviços socioassistenciais, ou seja, trata-se da possibilidade de inserir no CadÚnico
famílias com outros tipos de vulnerabilidade, além da vulnerabilidade de renda.
Ao longo do período de 2012 a 2017, observa-se uma queda acentuada do número
de famílias cadastradas no CadÚnico, a despeito das oscilações de 2013 e 2014. O mesmo
ocorrendo com o número de famílias beneficiárias do Programa Bolsa Família.
Segundo a tabela abaixo, o número de famílias cadastradas teve um aumento de
2012 para 2013 e também de 2013 para 2014, mas, a partir de 2015, começa a haver uma
redução no número de famílias cadastradas. Em 2016, é possível verificar nova queda e
em 2017 há um aumento do número de famílias cadastradas.
Tabela 12 - Número de famílias cadastradas no CadÚnico e diferença percentual
(%) por ano (2012-2017) - Belo Horizonte
32 http://www.programadogoverno.org/inscricoes-cadastro-unico-2014-cadunico/ 33 Ver Documento Base: Análise dos diagnósticos situacional e operacional – territórios de CRAS – para
processo de descentralização do CadÚnico-Belo Horizonte.
29%
16%53%
2%
Brancos Pretos Pardos Amarelos ou Indígenas
129
ANO Famílias Cadastradas CadÚnico Diferença percentual no número de
famílias cadastradas por ano a ano
2012 178.776 ¨
2013 185.136 4%
2014 196.804 6%
2015 148.544 -25%
2016 137.327 -8%
2017 144.972 5%
Fonte: Governo Federal – Cadastro Único (MDS). Novembro/2017
Nota: Dados extraídos CECAD (MDS). Belo Horizonte, novembro 2017. Elaboração: GVISO-
SUASS/PBH.
De acordo com a tabela abaixo, neste mesmo período, houve redução no número
de famílias beneficiárias do PBF em 22%, portanto, em cinco anos, o número de famílias
beneficiárias foi sendo reduzido em quase um quarto. Ao todo, 16.390 famílias deixaram
de receber o benefício.
Tabela 13 - Número de famílias beneficiárias do PBF e diferença percentual
(%) ano-a-ano (2012-2017) - Belo Horizonte
Ano Famílias beneficiárias do
Programa Bolsa Família
Diferença percentual no número de
famílias beneficiárias do PBF por ano
2012 73.153 ¨
2013 70.404 -4%
2014 64.508 -8%
2015 51.569 -20%
2016 57.682 12%
2017 56.763 -2%
Fonte: Caixa Econômica Federal. Dezembro/2017. (Beneficiários PBF). Elaboração GVISO
Segundo informações do MDS, em todo o país, ocorreram reduções no número de
beneficiários do PBF devido ao aumento do rigor de fiscalização por meio do cruzamento
de informações de diferentes bancos de dados, como CadÚnico, INSS, Rais, Caged e
CNPJ. Em 2017, os principais motivos para cancelamento do Bolsa Família foram: renda
acima da declarada, ausência de saque, cadastro desatualizado e informações incorretas34.
34 https://bolsafamilia.blog.br/pagamentos/cancelamento-do-bolsa-familia-principais-motivos/.
130
Em relação ao descumprimento de condicionalidades35, observa-se que em Belo
Horizonte os efeitos sobre o Benefício do PBF foram registrados conforme tabela a
seguir.
Tabela 14 - Efeitos do descumprimento de condicionalidades sobre o Benefício do
PBF - ano 2017
Mês de
Referência da
apuração
Advertência Bloqueio Suspensão Cancelament
o
Total no
período
Março 2.293 1028 554 1 3.876
Maio 2.476 493 276 1 3.246
Julho 2.457 696 273 1 3.427
Setembro 1.967 958 379 5 3.309
Novembro 2.724 981 627 3 4.335
Total Geral 11.917 4156 2.109 11 18.193
Fonte: Sistema de Condicionalidades (Sicon/MDS) - novembro 2017. Elaboração: GVISO- SUASS/PBH.
Os dados acima36 indicam que a maioria dos cancelamentos de benefícios no ano
de 2017 não estava diretamente relacionada ao descumprimento de condicionalidades. A
maior parte dos desligamentos de famílias do programa ocorreu devido a não atualização
das informações cadastrais ou porque houve melhoria de renda, não se adequando mais
ao perfil para receber o benefício. É residual, e ocorre em último caso, o número de
cancelamentos de benefício em função do descumprimento dos compromissos nas áreas
de educação e de saúde, pois o objetivo das condicionalidades é reforçar o acesso das
famílias mais pobres a direitos sociais37. Outra questão importante a ser levantada é a não
atualização do valor de critério para inserção no programa conforme a inflação, o que fez
com que a faixa permanecesse em valores muito baixos da renda per capita familiar,
dificultando o acesso ao benefício.
35http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia/gestao-do-programa/condicionalidades. Para melhor
compreensão dos efeitos das condicionalidades: Advertência: a família é comunicada de que algum
integrante deixou de cumprir condicionalidades, mas não deixa de receber o benefício; Bloqueio: o
benefício fica bloqueado por um mês, mas pode ser sacado no mês seguinte junto com a nova parcela.
Suspensão: o benefício fica suspenso por dois meses, e a família não poderá receber os valores referentes
a esse período; Cancelamento: a família deixa de participar do PBF. 36 Importante esclarecer que o número de 11 notificações de cancelamento somadas no mês de novembro
de 2017 ainda estavam sujeitas a recursos por parte da família, nos meses subsequentes, o que
possivelmente pode dar origem a outro número final de cancelamento para o ano. 37 http://mds.gov.br/assuntos/bolsa-familia/o-que-e/como-funcionahttp://mds.gov.br/assuntos/bolsa-
familia/o-que-e/como-funciona
131
Em relação à distribuição das famílias cadastradas nas regionais administrativas,
como pode ser verificado na tabela a seguir, as regionais Venda Nova e Norte possuem
os maiores percentuais em torno de 13%, seguidas das regionais Barreiro e Nordeste com
percentuais aproximados de 12%. Essas quatro regionais totalizam um pouco mais da
metade dos cadastrados. A Pampulha registra o menor percentual. A Centro-Sul é a
segunda regional com o menor número de cadastrados. Este cenário territorial da
distribuição da população no tocante ao acesso à renda, desenhado pelos dados do
CadÚnico, é confirmado por outras fontes de informação, tais como o IBGE.
Tabela 15 - Famílias cadastradas no CadÚnico por Regional – Belo Horizonte -
2017
Regional Famílias cadastradas % Cadastradas
Barreiro 18.233 12,58
Centro-Sul 11.996 8,27
Leste 13.044 9,00
Nordeste 17.126 11,81
Noroeste 12.783 8,82
Norte 19.048 13,14
Oeste 13.633 9,40
Pampulha 10.102 6,97
Venda Nova 19.456 13,42
End. não georreferenciado 9.551 6,59
TOTAL 144.972 100,00
Fonte: Governo Federal – Cadastro Único (MDS). Novembro 2017
Nota: Dados extraídos CECAD (MDS). Belo Horizonte, novembro 2017. Elaboração: GVISO-
SUASS/PBH.
Os dados da tabela 15 permitem conhecer o total de famílias e o total de famílias
elegíveis ao benefício do PBF (aquelas com renda per capita de até R$170,00) que
correspondem a 67.708 famílias38 e representam 46,71% dos cadastrados. Dessas, 40.735
famílias estão em situação de extrema pobreza, o segundo maior percentual dentre as
cadastradas (28,10%). A maior parte se encontra na faixa de R$170,01 até 1/2 S.M.
38 Soma do total de famílias com renda per capita até R$85,00 e do total de famílias com renda per capita
de R$85,01 a R$170,00.
132
(33,19%), portanto, muito próximas ao limite de alcance do benefício do PBF. Famílias
cadastradas acima de 1/2 S.M. representam 20% das cadastradas.
Tabela 16 - Famílias cadastradas no CadÚnico por faixa de renda familiar per
capita - Belo Horizonte - 2017
Renda familiar per capita Famílias %
Até R$85,00 40.735 28,1
Entre R$85,01 até R$170,00 26.973 18,61
Entre R$170,01 até 1/2 S.M. 48.122 33,19
Acima de 1/2 S.M. 29.142 20,1
Total 144.972 100
Fonte: Governo Federal – Cadastro Único (MDS). Novembro 2017
Nota: Dados extraídos CECAD (MDS). Belo Horizonte, novembro 2017. Elaboração: GVISO-
SUASS/PBH.
Fica evidenciado na tabela a seguir que 77% dos responsáveis pelas famílias
atualmente cadastradas declararam não auferir nem o valor total de 1 S.M de renda. Pode-
se afirmar que a maioria das famílias cadastradas, representando 96%, possuem renda
menor do que 2 S.M.
Tabela 17 - Famílias cadastradas no CadÚnico por faixa de renda familiar total -
Belo Horizonte - 2017
Renda familiar total Famílias %
Menos de 1 S.M. (R$954,00) 112.181 77,38
De R$ 954,01 a R$ 1.908,00 (de 1S.M. até 2 S.M.) 26.531 18,30
De R$ 1.908,01 a R$ 2.862 (de 2 S.M. até 3 S.M.) 4.709 3,25
Acima de 3 S.M. 1.551 1,07
Total 144.972 100%
Fonte: Governo Federal – Cadastro Único (MDS). Novembro 2017
Nota: Dados extraídos CECAD (MDS). Belo Horizonte, novembro 2017. Elaboração: GVISO-
SUASS/PBH.
O CadÚnico possibilita o registro de informações acerca do pertencimento das
famílias a grupos tradicionais ou específicos, que podem revelar necessidades específicas
de proteção social em função da etnia, da situação de moradia, da inserção no sistema
carcerário ou da inserção precária no mundo do trabalho. É importante destacar que em
133
termos percentuais esses dados são baixos, o que pode revelar problemas no registro
realizado. No entanto, para a política de Assistência Social, a existência de famílias nessas
condições – independentemente da quantidade ou do seu percentual representativo –
indica necessidade de atenção. Sendo assim, há cadastradas: 31 famílias ciganas; 50
famílias acampadas ou atingidas por empreendimentos de infraestrutura; 258 famílias
com pessoa em privação de liberdade no sistema carcerário; e, por fim, 918 famílias de
catadores de material reciclado.
Outras informações que compõem o perfil das famílias, referem-se a
características de seus membros. Desse modo, considerando o total de pessoas
cadastradas (411.159) e o número de famílias identificadas, pode-se inferir que o tamanho
médio das famílias é composto por 03 integrantes.
No tocante ao trabalho e remuneração, 103.630 pessoas com mais de 10 anos
cadastradas declararam que haviam trabalhado na semana anterior ao cadastramento (ou
seja, 25,2% do total de cadastradas). Dentre este total, 61.548 (59,4%) declararam ter
como principal função o trabalho por conta própria e 34.718 (33,5%) afirmaram ser
empregado com carteira de trabalho assinada.
Em relação à escolarização, 21% (87.929) dos cadastrados são analfabetos. Das
216.878 pessoas que concluíram pelo menos um ano de estudo (e que não estavam
estudando no momento do cadastramento), a maioria (52,8%) havia cursado o Ensino
Fundamental e 39,1% havia cursado como último grau de instrução, o Ensino Médio.
Ainda que em percentual pouco significativo, 1.594 pessoas cursaram o EJA (ensino
fundamental) e 1.441, EJA (ensino médio). Das 146.479 pessoas que estavam
frequentando algum curso na ocasião do cadastramento, a maioria (63,27%) estudava no
Ensino Fundamental e 14,25% cursava o Ensino Médio. Crianças em creche ou na pré-
escola totalizaram 21.274 (14,52%). Tem-se ainda que estavam cursando a Educação de
Jovens e Adultos, 2.821 (ensino fundamental) e 2.245 (ensino médio) pessoas.
A cor ou raça autodeclarada pela população cadastrada no CadÚnico mais
frequente é de pardos (60,7%) que somada aos de cor preta (14,2%) totalizam 74,9% do
total. Se autodeclararam brancos 23,9%. Foram registradas 474 auto declarações de
indígenas.
A população de crianças e adolescentes até os 17 anos corresponde a quase 40%
dos cadastrados (24,95% até os 11 anos e 13,68% dos 12 aos 17 anos). Os adultos
representam 32,10% e a juventude no recorte dos 18 aos 29 anos, 18,65%. O percentual
134
de idosos (10,61%) é um pouco menor que o percentual de idosos da população do
município.
Como pode ser verificado pela tabela a seguir, há mais mulheres do que homens,
58,7% e 41,2%, respectivamente dentre os cadastrados. Ou seja, há 17,48% a mais de
mulheres do que de homens em termos percentuais. Quando comparamos a diferença dos
sexos segundo as faixas etárias, podemos notar que nos primeiros anos de vida há mais
homens do que mulheres. A predominância masculina se mantém até a adolescência. A
partir da maioridade, é perceptível a predominância do sexo feminino (19,67% a mais de
mulheres em relação aos homens). A maior diferença percentual se encontra na faixa
etária adulta, explicitando a predominância feminina no ciclo de vida no qual se acentua
a definição da responsabilidade pelo núcleo familiar.
Tabela 18 - Pessoas cadastradas no CadÚnico por faixa etária e sexo e diferença
percentual (%) por sexo e faixa etária
Faixa etária Masculino % Feminino % Total Diferença %
Até 11 anos 52.116 50,80 50.483 49,20 102.599 1,59
12 a 17 anos 28.389 50,47 27.861 49,53 56.250 0,94
18 a 29 anos 30.806 40,16 45.893 59,84 76.699 -19,67
30 a 59 anos 42.378 32,11 89.610 67,89 131.988 -35,79
60 e mais 15.952 36,57 27.671 63,43 43.623 -26,86
Total 169.641 41,26 241.518 58,74 411.159 -17,48
Fonte: Governo Federal – Cadastro Único (MDS). Novembro 2017
Nota: Dados extraídos CECAD (MDS). Belo Horizonte, novembro 2017. Elaboração: GVISO-
SUASS/PBH.
Por fim, vale destacar que de acordo com dados do MDS39, foram transferidos nos
últimos 12 meses (de julho de 2017 a junho de 2018) para os beneficiários do município
de Belo Horizonte o montante total de R$ 97.880.227,00, correspondente a um valor
mensal médio de R$ 8.156.685,58. Esse dado se torna ainda mais relevante tendo-se em
vista que pesquisas econômicas apontam que os recursos transferidos por meio do
Programa Bolsa Família produzem efeitos socioeconômicos significativos na redução da
miséria e da pobreza, além de estímulos ao desenvolvimento da economia local. Neri et
39 Fonte: Relatório Bolsa Família e Cadastro Único no seu Município/MDS. Disponível em:
http://www.mds.gov.br/bolsafamilia . Acesso em julho de 2018.
135
al (2013)40 apontam que cada real adicional gasto no PBF pode estimular um crescimento
de R$ 1,78 no PIB. Já Soares et al (2010)41 apontam que entre 2000 e 2010, o PBF
respondeu a faixas entre 14 e 16% de redução da pobreza no país, além de ter contribuído
para minimizar os efeitos de crises econômicas, invertendo tendências de aumento da
pobreza nos períodos entre 1999 e 2003, 2001 e 2003, e 2007 a 2009.
2.3.2. Pessoas com deficiência no município
Quanto ao contingente populacional com algum tipo de deficiência no município,
o Censo de 2010 indicou a existência de 550.997 pessoas, o que representava 23,2% da
população total.42. Em Minas Gerais, esse percentual foi de 23% e, no Brasil, 24% das
pessoas declararam, pelo menos, uma das deficiências investigadas.
Os tipos de deficiência mais citados pelos entrevistados em Belo Horizonte foram
respectivamente a deficiência visual, a auditiva, a motora e a mental.
O MDS apontou relação entre a porcentagem de pessoas com “deficiência grave”
em Belo Horizonte e a vulnerabilidade socioeconômica com renda per capita de até ¼ do
salário mínimo. Assim, segundo informações do MDS, há no município
aproximadamente 2% da população, ou seja, 47.503 pessoas com pelo menos uma
deficiência grave. Deste total, 2,4% (1.140 pessoas) possui renda per capita de até ¼ do
salário mínimo. Este percentual é maior no município do que no Estado, na Região
Sudeste e no Brasil, conforme apresenta o gráfico abaixo:
Gráfico 31 - Percentual de pessoas com pelo menos uma deficiência residentes em
BH com renda per capita de até ¼ do SM – Censo 2010.
40 NERI, VAZ e SOUZA. Efeitos macroeconômicos do Programa Bolsa Família: uma análise comparativa
das transferências sociais. In: Programa Bolsa Família: uma década de inclusão e cidadania / organizadores:
Tereza Campello, Marcelo Côrtes Neri. – Brasília : Ipea, 2013. 41 SOARES et al. Os impactos do benefício do Programa Bolsa Família sobre a desigualdade e a pobreza.
In: Bolsa família 2003-2010: avanços e desafios / organizadores: Jorge Abrahão de Castro, Lúcia Modesto.
Brasília : Ipea, 2010. 42Fonte: IBGE 2010. Extraído de A população de deficientes no Estado de Minas Gerais: uma análise exploratória
a partir dos censos demográficos de 2000 e 2010 / Emerson A. Baptista, José Irineu R. Rigotti. Belo Horizonte:
UFMG/CEDEPLAR, 2013.
136
Fonte: Extraído de Diagnóstico Socioterritorial - Município de Belo Horizonte / MG. MDS: 2013.
De acordo com estudo realizado pelo MDS com base nos dados do Censo 2010,
o total de pessoas em situação de extrema pobreza e com algum tipo de deficiência no
município é de 11.980 pessoas, sendo que destas, 9% (1.126 indivíduos) são
extremamente pobres com alguma deficiência mental; 52% (6.158 indivíduos) têm
alguma deficiência visual; 13% (1.559 indivíduos) auditiva e 26% (3.137) de locomoção.
Analisando os dados do Cadastro Único, observa-se que em abril de 2018 havia
um total de 24.491 pessoas com deficiência cadastradas. Considerando que uma pessoa
pode ser acometida por mais de uma deficiência, a tabela a seguir detalha o total de
pessoas segundo os tipos de deficiência. A deficiência física se destaca como a deficiência
mais comum, representando 42,6% do total de pessoas com marcação de alguma
deficiência. Em seguida tem-se a deficiência mental ou intelectual com 27%, o transtorno
mental aparece com um percentual de 16,4%, baixa visão com 12,4%, surdez
leve/moderada com 5,2%, cegueira com 3,8% e Síndrome de Down com 2,4%.
Tabela 19 - Pessoas com deficiência cadastradas no CadÚnico por tipo de
deficiência - Belo Horizonte – 2017
Tipo de deficiência Opção não marcada
no formulário
Opção marcada no
formulário
Sem
Resposta Total
Cegueira 0 921 413.685 414.606
Síndrome de Down 0 595 414.011 414.606
Deficiência física 0 10.435 404.171 414.606
Deficiência mental ou
intelectual 0 6.623 407.983 414.606
Surdez leve/moderada 0 1.280 413.326 414.606
Transtorno/doença
mental 0 4.023 410.583 414.606
Baixa visão 0 3.037 411.569 414.606
Fonte: CadÚnico dez/2017. Elaboração: GVISO/DGAS-SUASS/PBH.
137
Nas tabelas abaixo, observa-se que, das pessoas com deficiência cadastradas, a
maior parte informou possuir renda per capita familiar maior do que ½ salário mínimo –
38,8%. Em seguida, tem-se 37,6% de pessoas com deficiência com renda per capita entre
R$170,01 até 1/2 S.M., 14,8% com renda per capita familiar de até R$ 85,00, e 8,8% na
faixa entre R$85,01 até R$170,00.
Tabela 20 - Quantidade de pessoas com deficiência cadastradas no
CadÚnico por faixa de renda familiar per capita – Belo Horizonte, abr/2018
Pessoa tem
deficiência?
Faixa da renda familiar per capita
Total Até
R$85,00
Entre
R$85,01
até
R$170,00
Entre
R$170,01
até 1/2
S.M.
Acima
de 1/2
S.M.
Sem
Resposta
Sim 3.636 2.156 9.197 9.502 0 24.491
Não 108.261 82.622 142.072 57.160 0 390.115
Sem
Resposta 0 0 0 0 0 0
Total 111.897 84.778 151.269 66.662 0 414.606 Fonte: TABCAD – abril de 2018. Elaboração: GVISO/DGAS-SUASS/PBH.
Tabela 21 - Percentual de pessoas com deficiência cadastradas no CadÚnico
por faixa de renda familiar per capita – Belo Horizonte, abril/2018
Pessoa tem
deficiência?
Faixa da renda familiar per capita Total
Até
R$85,00
Entre
R$85,01
até
R$170,00
Entre
R$170,01
até 1/2
S.M.
Acima
de 1/2
S.M.
Sem
Resposta
Sim 14,8 8,8 37,6 38,8 0,0 100,0
Não 27,8 21,2 36,4 14,7 0,0 100,0
Sem
Resposta
0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0
Total 27,0 20,4 36,5 16,1 0,0 100,0 Fonte: TABCAD – abril de 2018. Elaboração: GVISO/DGAS-SUASS/PBH.
2.3.3. Vulnerabilidade de Renda entre Idosos e Pessoas com
Deficiência: os dados do Benefício de Prestação Continuada
(BPC)
138
O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um benefício individual, não
vitalício e intransferível, que assegura a transferência mensal de 1 (um) salário mínimo
ao idoso, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, e à pessoa com deficiência (PCD), de
qualquer idade, com impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual
ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais
pessoas. Em ambos os casos, devem comprovar não possuir meios de garantir o próprio
sustento, nem o ter provido por sua família. A renda mensal familiar per capita deve ser
inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo vigente.
De acordo com a tabela abaixo, observa-se, no que se refere ao número de
beneficiários do BPC, que o público de idosos beneficiários se sobressai em 5% em
relação aos beneficiários que são pessoas com deficiência, ainda que este valor não seja
tão significativo.
Na tabela a seguir, nota-se que dentre os beneficiários idosos, aqueles de 70 a 74
anos possuem um percentual mais significativo, contendo nesta faixa 5.969 pessoas, o
que representa 29,1% do total. As duas outras faixas etárias que aparecem com valores
consideráveis são: 65 a 69 anos (5.103 idosos) o que equivale a 24,8%, e 75 a 79 (4.830
idosos), representando 23,5% do total. Essas três faixas juntas representam 77,4% do total
de beneficiários, ou seja, a maioria dos idosos que possuem BPC se encontram entre os
65 a 79 anos.
Tabela 23 - Número de pessoas idosas beneficiárias do
BPC residentes em Belo Horizonte por faixa etária 2017
Tabela 22 - Quantidade e % de beneficiários do BPC (idosos
e pessoas com deficiência) residentes em Belo Horizonte –
out/2017
BPC Total %
Idoso 20.547 53%
PcD 18.260 47%
Total 38.807 100%
Fonte: INSS - out/2017. Elaboração: GVISO-
DGAS/SUASS/SMASAC/PBH.
Nota: Os dados utilizados representam o somatório dos benefícios ativos e
suspensos. Estão excluídos os benefícios cessados e os benefícios de Renda
Mensal Vitalícia (RMV)
139
Faixa etária Idoso %
65 – 69 5.103 24,8
70 – 74 5.969 29,1
75 – 79 4.830 23,5
80 – 84 2.824 13,7
85- 89 1.376 6,7
90 – 94 372 1,8
95 – 100 69 0,3
Mais de 100 4 0,0
Total 20.547 100,00
Fonte: INSS/ out 2017. Elaboração: GVISO- SUASS/PBH. Dados atualizados Jan/2018.
Observa-se, a partir dos 80 anos, queda nos índices do número de idosos
beneficiários. Na faixa de 80 a 84 anos tem-se 2.824 (13,7% do total), de 85 a 89 tem-se
1.376 idosos, representando 6,7%; de 90 a 94 anos 1,8% ou 372 pessoas de 95 a 100 anos,
esse valor cai, sendo somente 69 pessoas, e apenas 4 pessoas com mais de 100 anos.
No caso das pessoas com deficiência, a tabela abaixo mostra que os beneficiários
adultos de 30 a 59 anos são a maioria das pessoas com deficiência que possuem o BPC,
representando 45,9% do total; crianças e adolescentes de 0 a 17 anos somam 21% e
idosos, 15,8%. Dentre as faixas etárias agregadas por decênios, a de 18 a 29 anos é a que
apresenta o maior número de beneficiários, com 17,2%; seguida da faixa de 50 a 59 anos
com 16,3% do total de beneficiários. Nota-se que a grande maioria dos beneficiários estão
entre os 18 a 69 anos, ou seja, 75,4% do total das pessoas com deficiência que possuem
o BPC.
Tabela 24 - Número de beneficiários do BPC (pessoas com deficiência) por
faixa etária residentes em Belo Horizonte – 2017
Faixa etária PcD %
0 a 11 2.139 11,7
12 a 17 1.689 9,2
18 a 29 3.156 17,3
30 a 39 2.766 15,1
40 a 49 2.652 14,5
50 a 59 2972 16,3
60 a 69 2.255 12,3
70 a 79 511 2,8
140
80 a 89 118 0,6
90 a 100 2 0,0
Total 18.260 100,0 Fonte: INSS/out 2017. Elaboração: GVISO- SUASS/BH. Dados atualizados Jan/2018
Ressalta-se ainda que os valores totais transferidos pelo governo federal para os
beneficiários do BPC em Belo Horizonte são bastante significativos. De acordo com
dados do MDS43, no mês de dezembro de 2017 foram transferidos no total R$ 20.230.817
para pessoas com deficiência e R$ 22.154.649 para pessoas idosas, totalizando R$
42.385.467. No ano todo de 2017, esse valor correspondeu a R$ 499.260.938,00 sendo
R$ 238.285.533,00 para pessoas com deficiência e R$ 260.975.405,00 para pessoas
idosas. Além de corresponderem a valores significativos que são injetados na economia
municipal, os recursos transferidos pelo BPC podem ainda ser utilizados para custear os
serviços de acolhimento institucional para pessoas idosas, com destinação de no máximo
70% do valor recebido pelo indivíduo. Assim, essas transferências constituem-se como
uma forma de financiamento indireto da rede socioassistencial não governamental (que
corresponde à maior parte das unidades de acolhimento de idosos em Minas Gerais e à
totalidade dessas unidades no município de Belo Horizonte).
2.3.4. Povos e comunidades tradicionais
De acordo com o Decreto Federal nº 6.040/2007, que estabelece a Política
Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais, estes
são: “grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem
formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais
como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica,
utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”.
Acrescenta-se ainda que os povos e comunidades tradicionais “são povos que
ocupam ou reivindicam seus territórios tradicionalmente ocupados, seja essa ocupação
permanente ou temporária. Os membros de um povo ou comunidade tradicional têm
43 Fonte: http://www.mds.gov.br/relcrys/bpc/download_beneficiarios_bpc.htm . Acesso em julho de 2018.
141
modos de ser, fazer e viver distintos dos da sociedade em geral, o que faz com que esses
grupos se autorreconheçam como portadores de identidades e direitos próprios”44.
Movimentos sociais têm lutado no Brasil pelo reconhecimento das especificidades
desses povos e pela promoção de seus direitos sociais, políticos e econômicos. Seu
reconhecimento formal e a promoção dos seus direitos contribuem para a redução da
desigualdade e para a promoção da justiça social.
Os povos e comunidades tradicionais têm historicamente vivenciado situações de
vulnerabilidade e risco social, advindos da perda de seu território e do comprometimento
de suas estratégias de sobrevivência, do preconceito, da discriminação e da exclusão
social. Estas situações específicas devem ser levadas em conta pelas políticas de
assistência social na oferta de serviços e benefícios a essas comunidades.
Nesta parte do diagnóstico, serão abordados dados sobre a população indígena e
sobre as comunidades quilombolas e ciganas no município.
População indígena
De acordo com MPMG (s/data), o reconhecimento dos direitos indígenas esteve
presente em quase todas as constituições brasileiras, porém foi apenas com a Constituição
Federal de 1988 que seus modos de vida foram reconhecidos em sua integralidade e que
foi institucionalizado o usufruto exclusivo sobre as “terras tradicionalmente ocupadas”.
Ressalta-se ainda que desde 2007 o Brasil é signatário Declaração Universal dos direitos
indígenas, dentre os quais pode-se destacar o direito à livre determinação, o direito a não
sofrer da assimilação forçosa ou a destruição de sua cultura, não ser retirado pela força
de suas terras ou territórios, participar na adoção de decisões em questões que afetem seus
direitos, vidas e destinos e o direito à conservação e proteção do meio ambiente e da
capacidade produtiva de suas terras, territórios e recursos.
A Funai – Fundação Nacional do Índio – aponta que habitam o estado de Minas
Gerais, dentre outros, os povos Xakriabá, Maxakali, Kaxixó, Krenak, Tupinikin, Tuxá,
Pataxó e Guarani. Os Maxakali vivem no Nordeste do Estado de Minas Gerais, povo que
ainda preserva sua língua, sua religião, dentre outros costumes. O povo Xakriabá habita
no extremo norte do estado, que contabiliza mais de dez mil indígenas que vivem no
44 Ministério Público de Minas Gerais (sem data). Direitos dos povos e comunidades tradicionais. Belo
Horizonte: Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais (CIMOS) - Ministério Público de Minas
Gerais (MPMG). p.10.
142
semiárido do sertão mineiro. A Funai indica ainda que existe uma grande quantidade de
indígenas nas áreas urbanas, principalmente na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Em função da falta de garantia de acesso à terra e pela ausência de políticas
públicas que atendam a suas especificidades, muitos indígenas têm adotado como
estratégia de sobrevivência a migração para a capital do Estado. Desta forma, já é possível
perceber em alguns territórios de referência da assistência social a presença de populações
indígenas.
Segundo os dados do Censo IBGE de 2010, 3.958 habitantes de Belo Horizonte
declararam ser de cor/raça indígena. Já o CadÚnico registrou, em dezembro de 2017, 480
indivíduos que declaram ser de cor/raça indígena. A tabela a seguir traz a distribuição dos
indígenas cadastrados pela sua regional de moradia. Verifica-se que a maior parte da
população indígena está nas Regionais Venda Nova, Norte, Barreiro e Nordeste, que
juntas concentram 53,8% desta população. Estes dados mostram que a população
indígena reside nas áreas mais periféricas da cidade, as quais possuem, historicamente,
piores indicadores de qualidade de vida e vulnerabilidade mais elevada.
Tabela 25 - Distribuição da população de cor/raça indígena por regionais/BH
(2017)
REGIONAL Nº
Indígenas
%
Venda Nova 73 15,2
Norte 70 14,6
Barreiro 60 12,5
Nordeste 55 11,5
Leste 46 9,6
Noroeste 38 7,9
Pampulha 37 7,7
Oeste 36 7,5
Centro-sul 27 5,6
Não
Georreferenciado
38 7,9
Total Geral 480 100,0
Fonte: Governo Federal – Cadastro Único (MDS). Dezembro 2017
Já a tabela abaixo aponta que das pessoas indígenas cadastradas no CadÚnico,
42% recebem benefício do Programa Bolsa Família.
143
Tabela 26 - Famílias indígenas cadastradas no CADÚNICO que recebem PBF
(2017)
Fonte: Governo Federal – Cadastro Único (MDS). Dezembro 2017. Elaboração: GVISO/DGAS/SUASS/
SMASAC/PBH.
A tabela abaixo apresenta a distribuição etária dos indígenas em Belo Horizonte.
A população indígena em BH cadastrada no CadÚnico é predominantemente jovem de
acordo com a tabela abaixo, já que 42% têm até 24 anos. Estes dados demonstram a
necessidade de se intensificar políticas para a população indígena focando este grupo de
idade.
Tabela 27 - Distribuição da população indígena por faixa etária (2017)
Fonte:
Cadastro Único
(MDS) - dezembro
2017. Elaborado
por: GVISO –
SUASS/PBH.
Quilombolas e Ciganos
Tanto quilombolas quanto ciganos, embora possuam representantes distribuídos
de modo heterogêneo em todo o município, possuem locais de concentração em
BENEFICIÁRIOS
DO PROGRAMA
BOLSA FAMÍLIA
INDÍGENAS %
NÃO 277 58,0
SIM 203 42,0
Total Geral 480 100,0
Faixa de Idade Nº Indígenas %
Entre 0 e 4 36 7,5
Entre 5 a 6 10 2,1
Entre 7 a 15 87 18,2
Entre 16 a 17 15 3,1
Entre 18 a 24 53 11,0
Entre 25 a 34 68 14,2
Entre 35 a 39 32 6,7
Entre 40 a 44 35 7,3
Entre 45 a 49 30 6,3
Entre 50 a 54 22 4,6
Entre 55 a 59 16 3,3
Entre 60 a 64 21 4,4
Maior que 65 55 11,5
Total Geral 480 100,0
144
comunidades das famílias pertencentes a estes povos, como se observa no mapa a seguir,
após o qual serão detalhados aspectos referentes a estes dois povos.
Mapa 2 - Localização de povos quilombolas e ciganos no município de Belo
Horizonte
145
146
Comunidades Quilombolas
Há no município três comunidades quilombolas reconhecidas pela Fundação
Cultural Palmares e que são também reconhecidas pelo Conselho Deliberativo do
Patrimônio Cultural e Artístico do Município como patrimônio cultural de natureza
imaterial de Belo Horizonte: Mangueiras, Luízes e Manzo Ngunzo Kaiango. Todas as
três comunidades vivem situações de ameaça aos seus territórios e têm, ao longo dos anos,
vivenciado situações de racismo e preconceito que levam a uma situação de
vulnerabilidade que demanda maior atenção das políticas de assistência social.
Além dos aspectos sócio demográficos é importante que os programas e serviços
da assistência social levem em consideração a história e a cultura dessas comunidades ao
realizar diagnósticos e planejamentos, pois elas são fundamentais na conformação
identitária dessas comunidades e perpassam suas práticas, crenças e fazeres cotidianos.
A seguir, são apresentados alguns dados sobre cada uma das comunidades.
Comunidade Quilombola Mangueiras
Situada na região norte da capital, em uma área conhecida como Ribeirão da
Izidora, faz limite com o município de Santa Luzia, próximo ao bairro Aarão Reis, no
quilômetro 13,5 da MG-20, estando compreendida no território do CRAS Novo Aarão
Reis. Segundo o Dossiê de Registro dos Quilombos Luízes, Mangueira e Manzo Ngunzo
Kaiango como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial de Belo Horizonte45, vivem na
comunidade aproximadamente 65 pessoas que se distribuem em 17 moradias. Segundo
dados do CadÚnico,12 (doze) famílias são cadastradas nessa comunidade.
Tendo em vista o baixo número de famílias cadastradas no CadÚnico, optou-se
por utilizar os dados do Dossiê, relativas ao Censo BH-Social realizado em 2007. O Censo
BH-Social indicou que a maioria dos residentes dessa comunidade (53,5%) possui apenas
o ensino fundamental.
45 PREFEITURA DE BELO HORIZONTE. Dossiê de Registro dos Quilombos Luízes, Mangueira e
Manzo Ngunzo Kaiango como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial de Belo Horizonte.
147
Tabela 28 - Distribuição dos indivíduos cadastrados no Censo BH-Social da
comunidade quilombola Mangueiras/Regional Norte segundo escolaridade
ESCOLARIDADE Frequência %
Analfabeto 4 9,3
Ensino fundamental – 1° grau 23 53,5
Ensino médio – 2° grau incompleto 6 14,0
Ensino médio – 2° grau completo 1 2,3
Não Informada 7 16,3
Não se aplica 2 4,7
Total 43 100,0
Fonte: Censo BH-Social, 2007. Elaboração: GVISO/DGAS-SUASS/PBH.
A maior parte das pessoas da comunidade detém uma renda baixa, já que 55,8%
das famílias recebiam até 1 salário mínimo em 2007.
Tabela 29 - Distribuição dos indivíduos cadastrados no Censo BH-Social da
comunidade quilombola Mangueiras/Regional Norte segundo renda familiar
RENDA FAMILIAR Frequência % % acum.
Sem renda 7 16,3 16,3
Ate 1 Salário Mínimo 17 39,5 55,8
De 1,01 a 2 Salários 5 11,6 67,4
De 2,01 a 3 Salários 11 25,6 93,0
De 3,01 a 5 Salários 2 4,7 97,7
Sem informação 1 2,3 100,0
Total 43 100,0 100,0
Fonte: Censo BH-Social, 2007. Elaboração: GVISO/DGAS-SUASS/PBH.
Segundo o Dossiê46, vários adultos atuam como trabalhadoras(es) informais na
cidade, como na construção civil e muitas mulheres trabalham como empregadas
domésticas. Além disso, poucos moradores tinham, em 2008, carteira assinada, atuando
como enfermeiros, cozinheiros, cobradores de ônibus e funcionários do posto de saúde.
Comunidade Quilombola dos Luízes
46 idem
148
A comunidade quilombola dos Luízes se localiza na Vila Maria Luiza, no bairro
Grajaú, região oeste do município, estando compreendida no território do CRAS Graça
Sabóia/Morro das Pedras. Segundo o Dossiê47, há na comunidade cerca de 30 casas em
que vivem 80 moradores, em uma a área ocupada é de 2.292 metros quadrados. Assim
como na Comunidade Quilombola Mangueiras, há apenas 12 famílias cadastradas no
CadÚnico.
Em relação à inserção no mercado de trabalho ou atividade produtiva, tem-se que
alguns moradores sobrevivem por meio de aluguel de imóveis e da abertura de pontos
comerciais no Quilombo, como restaurante, papelaria, borracharia, salão de beleza e
estúdio de tatuagem. As mulheres, além dos cuidados da casa e dos filhos, costumavam
trabalhar como empregadas domésticas, diaristas, cozinheiras ou esteticistas. Atualmente,
mais mulheres têm assumido ocupações como de assistentes administrativas,
contabilistas, professoras, pedagogas e artesãs.
Assim como na Comunidade Quilombola Mangueiras, também nos Luízes, uma
parte significativa da população detém apenas o ensino fundamental.
Tabela 30 - Distribuição dos indivíduos cadastrados no Censo BH-Social da
comunidade quilombola Luízes/Regional Oeste segundo escolaridade
ESCOLARIDADE Frequência %
Educação infantil 1 3,0
Ensino fundamental – 1° grau 15 45,4
Ensino médio – 2° grau incompleto 3 9,1
Ensino médio – 2° grau completo 9 27,3
Ensino superior – 3º grau 2 6,1
Não se aplica 3 9,1
Total 33 100,0
Fonte: Censo BH-Social, 2007. Elaboração: GVISO/DGAS-SUASS/PBH.
No que se refere à renda familiar, todavia, há uma pequena diferença entre as
comunidades visto que a faixa que vai de 2 a 3 salários mínimos é a que concentra o maior
percentual das famílias (39,4%) da Comunidade dos Luízes.
47 idem
149
Tabela 31 - Distribuição dos indivíduos cadastrados no Censo BH-Social da
comunidade quilombola Luízes/Regional Oeste segundo renda familiar
Renda Familiar Frequência % % acum.
Ate 1 Salário Mínimo 2 6,1 6,1
De 1,01 a 2 Salários 3 9,1 15,2
De 2,01 a 3 Salários 13 39,4 54,5
De 3,01 a 5 Salários 10 30,3 84,8
De 5,01 a 10 Salários 2 6,1 90,9
Acima de 20 Salários 3 9,1 100,0
Total 33 100,0 Fonte: Censo BH-Social, 2007. Elaboração: GVISO/DGAS-SUASS/PBH.
Comunidade de Manzo Ngunzo Kaiango
As informações sobre esta comunidade são originárias do Dossiê48. A
Comunidade Quilombola Manzo Ngunzo Kaiango está localizada na região leste da
cidade, no Bairro Santa Efigênia. Atualmente, o território ocupado por Manzo se resume
a uma área de aproximadamente 360 metros quadrados, onde vivem 32 pessoas de 7
famílias. Segundo o CadÚnico, há 4 famílias cadastradas.
Destaca-se na história do Quilombo a intervenção realizada pela Defesa Civil em
2012, que obrigou as famílias a viverem alguns meses no Abrigo Granja de Freitas. Várias
modificações foram realizadas nas edificações sem o devido respeito às questões culturais
e religiosas e até hoje a comunidade aguarda ações de reparação por parte do poder
público municipal.
Comunidades Ciganas
Atualmente, são reconhecidas duas comunidades ciganas em Belo Horizonte.
Uma localizada no bairro São Gabriel, região Nordeste, e outra no Céu Azul, região de
Venda Nova. Esta última comunidade está compreendida no território do CRAS Lagoa.
Com o objetivo de coletar informações demográficas e culturais a fim de atender às
demandas das comunidades por políticas públicas, a Coordenadoria da Promoção da
Igualdade Racial, atualmente Diretoria de Promoção da Igualdade Racial (DPIR),
vinculada à Secretaria Municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania
(SMASAC), elaborou um diagnóstico em 2015, sobre essas comunidades de origem
Kalon.
48 idem
150
O acampamento do São Gabriel surgiu há cerca de 30 anos, enquanto o Céu Azul
surgiu em torno de 20 anos atrás. A maior parte das pessoas vivem nos acampamentos
desde que nasceram, e as que se mudaram depois vieram da Região Metropolitana de
Belo Horizonte ou de cidades do interior de Minas Gerais. Apenas no acampamento do
Céu Azul foram encontradas pessoas provenientes de outros estados.
As famílias que vivem na comunidade do São Gabriel são compostas, em sua
grande maioria, por casais que vivem com seus filhos em uma mesma barraca, enquanto
no Céu Azul predominam casais sem filhos.
Tabela 32 - Quantidade de famílias e indivíduos que vivem em comunidades
ciganas em Belo Horizonte - 2015
Comunidade cigana
Total de
famílias no
acampamento
Total de pessoas no
acampamento
São Gabriel 70 190
Céu Azul 15 40
Total 85 230
Fonte: DPIR/SMASAC. Elaboração: GVISO-SUASS/PBH.
Os dados do CadÚnico, registraram 29 famílias e 72 pessoas ciganas em Belo
Horizonte em abril de 2018. Suas informações permitem apontar algumas características
sociodemográficas dessa população. Observa-se um número maior de mulheres (61%)
cadastradas do que de homens (39%), conforme apontado na tabela abaixo.
Tabela 33 - Quantidade de famílias e indivíduos ciganos por sexo em Belo
Horizonte – abril de 2018
Masculino Feminino Sem
Resposta Total
151
Pessoas
ciganas 28 44 0 72
Fonte: CadÚnico/MDS – abril de 2018. Elaborado por: GVISO/DGAS/SUASS-PBH.
Em relação à alfabetização e escolaridade, nota-se que a maioria das pessoas
cadastradas informou não saber ler e escrever (52,7%). Quanto à escolaridade, a maioria
dos indivíduos não prestou essa informação (68%).
Tabela 34 - Quantidade de famílias e indivíduos ciganos que sabem ler e
escrever em Belo Horizonte – abril de 2018
Sim Não Sem
Resposta Total
Pessoa sabe
ler e escrever 34 38 0 72
Fonte: CadÚnico/MDS – abril de 2018. Elaborado por: GVISO/DGAS/SUASS-PBH
Tabela 35 - Quantidade de famílias e indivíduos ciganos por último ano de
escolaridade em Belo Horizonte – abril de 2018
Último ano e série do curso que a pessoa frequentou
1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º Curso
não
Sem
Resposta Total
Pessoa cigana 6 3 5 3 2 4 0 0 0 0 49 72
Fonte: CadÚnico/MDS – abril de 2018. Elaborado por: GVISO/DGAS/SUASS-PBH
Quanto à renda, observa-se que a maior parte das famílias (58,6%) e indivíduos
(65%) possuem faixa de renda per capita de até R$ 85,00, ou seja, estão em situação de
extrema pobreza. Das 29 famílias residentes na comunidade cadastradas, 20 (69%)
recebem o benefício do Programa Bolsa Família, correspondente a 59 pessoas (82%).
Tabela 36 - Quantidade de famílias e indivíduos ciganos por faixa de renda
per capita em Belo Horizonte – abril de 2018
Quantidade de
indivíduos/ famílias
Faixa da renda familiar per capita
Até R$85,00 Entre
R$85,01
Entre
R$170,01
Acim
a de
Sem
Respost
a
Total
152
até
R$170,00
até 1/2
S.M.
1/2
S.M.
Indivíduos Ciganos 47 13 5 7 0 72
Famílias ciganas 17 4 2 6 0 29
Fonte: CadÚnico/MDS – abril de 2018. Elaborado por: GVISO/DGAS/SUASS-PBH.
Tabela 37 - Quantidade de famílias e indivíduos ciganos que recebem Bolsa
Família em Belo Horizonte – abril de 2018
Recebe Bolsa
Família Sim Não
Sem
Resposta Total
Indivíduos Ciganos 59 13 0 72
Famílias ciganas 20 9 0 29 Fonte: CadÚnico/MDS – abril de 2018. Elaborado por: GVISO/DGAS/SUASS-PBH.
Por fim, destaca-se as informações levantadas no Estudo de Impacto das
Ocupações Sobre o Atendimento no SUAS-BH (referenciado anteriormente neste plano),
que podem ser valiosas na operacionalização da função de Defesa de Direitos, no
município. O referido estudo identificou que 2 (dentre 76) das áreas identificadas como
ocupações se referem aos 2 locais de concentração da comunidade cigana aqui tratados.
Importa reforçar que, embora os ciganos tradicionalmente sejam caracterizados como
povo seminômade, a presença e fixação destes nos locais observados, indica o
estabelecimento de vínculos de territorialidade os quais merecem atenção do poder
público. O SUAS-BH pode atuar no sentido de estabelecer o diálogo com demais atores
visando a garantir os direitos territoriais reservados s estes povos.
Outro caso que chama atenção através da análise de localização das ocupações é
a grande proximidade de uma delas, denominada “Novo Lajedo” com o território da
Comunidade Quilombola Mangueiras. A proximidade é motivo de alerta pois, conforme
registros, a comunidade quilombola já teve problemas de poluição do curso d’água
presente em seu território em função do estabelecimento dos bairros Tupi e Lajedo, os
quais a exemplo da ocupação citada, surgiram de forma irregular nas proximidades do
terreno da comunidade, que possui características de uso rural do solo, contribuindo desta
forma para o equilíbrio ambiental na região onde se situa.
2.3.5. Juventude e vulnerabilidade
153
No ano de 2016 a Prefeitura de Belo Horizonte, em conformidade com o Plano
Estratégico de Belo Horizonte 2030, desenvolveu o Índice de Vulnerabilidade Juvenil de
Belo Horizonte (IVJ) visando apontar a contingência de exclusão social e situações de
risco que os jovens podem vivenciar em algum momento. Para analisar o grau de
vulnerabilidade juvenil de Belo Horizonte, o IVJ teve como referência os 40 territórios
de gestão compartilhada (TGC) existentes no município, considerando os dados
demográficos, de saúde e educação, extraídos do DataSus, do Censo Escolar e do IBGE
- Censo Demográfico 2010.
No IVJ, foram elaborados sete indicadores para a construção do Índice, sendo eles:
percentual da população jovem de 15 a 29 anos, percentual de crianças na faixa etária de
10 a 14 anos que trabalharam na última semana de julho de 2010, renda familiar média,
taxa de abandono escolar no ensino médio, taxa de distorção série-idade, taxa média de
homicídio da população masculina com idade entre 15 e 29 anos e taxa de fecundidade
na faixa etária de 15 a 29 anos.
O gráfico abaixo aponta a caracterização da população jovem de 15 a 29 anos do
município, de acordo com a raça/cor declarada e com a regional de residência. Em relação
ao local de residência, tem-se que as maiores concentrações de jovens estão localizadas
na regional Oeste (80.263) seguida da regional Nordeste (77.473), sendo regional Norte
aquela com a menor concentração desta faixa etária (57.116). Já quanto à raça/cor
declarada, nota-se que nas regionais Norte (66,9%) e Venda Nova (65,5) há maior
concentração de jovens que se declararam como pretos ou pardos. A menor concentração
de jovens pretos ou pardos está na regional Centro-Sul (32,4%). No total do município,
detecta-se que os jovens de cor preta, parda ou indígena somam um total 9% maior que
as pessoas de cor branca ou amarela.
Gráfico 32 - Distribuição da população de 15 a 29 anos por cor/raça e por
regional de residência – Belo Horizonte, 2010
154
Fonte: IBGE – Censo demográfico 2010. Elaboração: GVISO- SUASS/BH.
Em relação ao indicador de trabalho infantil, tem-se que os dados do IVJ apontam
que 72% das crianças na faixa etária de 10 a 14 anos nessa situação se autodeclararam
como pretas, pardas ou indígenas. A regional Norte apresentou o maior índice de crianças
na faixa etária de 10 a 14 anos em situação de trabalho em julho de 2010, bem como o
maior quantitativo de crianças do sexo masculino e autodeclaradas brancas ou amarelas.
A regional Noroeste se destaca pelo segundo maior percentual de crianças na faixa etária
de 10 a 14 anos em situação de trabalho e autodeclaradas negras, pardas ou indígenas. A
menor quantidade de crianças ocupadas foi registrada na regional Oeste. A regional Leste,
seguida das regionais Venda Nova e Pampulha, apresentaram os maiores índices de
crianças ocupadas com idade de 10 a 14, do sexo feminino. Nota-se que o público
masculino representava 52% do universo de crianças de 10 a 14 anos ocupadas.
O indicador de renda domiciliar média do responsável pelo domicílio, registrou
notoriamente que a regional Centro-Sul apresentou o índice de renda mais elevado da
cidade. Nota-se uma variação da renda domiciliar média do responsável pelo domicílio
quando há a especificidade por gênero, tendo o responsável do sexo masculino maior
renda quando comparado ao sexo feminino. A menor renda domiciliar média é encontrada
na regional Barreiro, seguida das regionais Venda Nova e Norte.
A partir do indicador sobre a taxa média de abandono no Ensino Médio nos anos
de 2013 a 2015, detecta-se que as regionais Nordeste e Norte apresentaram os maiores
índices de abandono escolar, principalmente do sexo masculino e autodeclarados pretos,
pardos e indígenas. No geral, há uma maior taxa de abandono escolar por parte dos jovens
de sexo masculino. A regional Barreiro aparece nos dados com uma taxa significativa de
evasão escolar e distorção série-idade direcionada ao sexo feminino. A regional Noroeste
apresentou um alto índice relacionado a taxa de distorção série-idade (2013 a 2015),
155
principalmente do sexo feminino. A regional Centro-Sul apresentou a menor taxa de
abandono escolar e distorção série-idade. Destaca-se que a população jovem do sexo
feminino apresentou uma taxa de distorção série-idade maior que a população jovem do
sexo masculino.
Para o cálculo do indicador sobre a taxa média de homicídios, o IVJ considerou
os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM)49, desenvolvido pelo
DATASUS/Ministério da Saúde. A maior taxa de homicídios da população masculina
com este recorte de idade, no período de 2013 a 2015, estava localizada na regional Norte
e, em seguida, na regional Venda Nova. No universo total de homicídios da população
masculina com idade entre 15 e 29 anos, detecta-se o maior risco no recorte da população
parda, preta e indígena. Os menores índices de homicídio juvenil, do sexo masculino,
foram localizados nas regionais Centro-Sul e Pampulha.
De acordo com os dados informados pelo Sistema de Informações de Nascidos
Vivos (SINASC)50, no período de 2013 a 2015, a taxa média de fecundidade na faixa de
15 a 29 anos apresentou o maior índice na regional Norte, seguido pelas regionais Barreiro
e Venda Nova. Detecta-se que a proporção de mulheres entre 15 e 29 anos que
engravidaram é maior quando a raça/cor declarada é preta, parda e indígena. As regionais
Centro-Sul e Pampulha apresentaram o menor índice na taxa de fecundidade juvenil no
mesmo período. Os maiores índices de fecundidade juvenil da população autodeclarada
como preta, parda e indígena no município estão localizados nas regionais Norte e Venda
Nova, seguidos das regionais Leste e Centro-Sul.
Os dados agregados do IVJ por regional, descritos no gráfico abaixo, apontam que
a regional administrativa com maior índice de vulnerabilidade juvenil é a Norte, com
valor de 48,8, seguido pela regional Venda Nova com 48,2 e Barreiro, com 47,8. As
regionais menos vulneráveis são Centro-Sul com índice de 30,7 e Pampulha com 33,6. Já
os índices por Território de Gestão Compartilhada (TGC) revelam que há grande
disparidade de vulnerabilidade juvenil dentro de cada regional administrativa.
49 O Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM), desenvolvido pelo DATASUS/Ministério da Saúde,
possui a finalidade de reunir dados quantitativos e qualitativos sobre os óbitos ocorridos no Brasil. O SIM
é considerado uma importante ferramenta de gestão na área da Saúde e possui como idade, causa da morte
atestada pelo médico, distribuição espacial e temporal, o que permite construir indicadores e processar
análises epidemiológicas que contribuam para a avaliação e gestão em saúde e em outras áreas. 50 O Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), desenvolvido pelo DATASUS/Ministério
da Saúde, possui informações epidemiológicas referentes aos nascimentos informados em nível nacional e
possui como fonte primária de dados a Declaração de Nascidos Vivos (DNV).
156
Gráfico 33 - Índice de Vulnerabilidade Juvenil (IVJ-BH) por território de gestão
compartilhada e por regional – Belo Horizonte, 2015
Fonte: Índice de Vulnerabilidade Juvenil (2016). Elaboração: GVISO- SUASS/BH51.
Cabe destacar que os bairros registrados com o maior índice de vulnerabilidade
são: Vila da Área, Alto Vera Cruz, Granja de Freitas, Taquaril, Conjunto Taquaril, Cidade
Jardim Taquaril e Baleia ( TGC Leste 4 – com índice de 72,8); Barão Homem de Melo I,
III e IV, São Jorge I, II, III, Vila Antena, Santa Sofia, Leonina, Chácara Leonina, Alpes
e Pantanal (TGC Oeste 3 – com índice de 60,2); e Alto Das Antenas, Araguaia, Brasil
Industrial, Cardoso, Corumbiara, Esperança, Flávio de Oliveira, Flávio Marques Lisboa,
Miramar, Novo Santa Cecília, Pongelupe, Serra do Curral, Solar do Barreiro e Vila
Cemig. (TGC Barreiro 4 – com índice de 59,4). Já os bairros com menor índices de
vulnerabilidade juvenil são Cidade Jardim, Coração de Jesus, Santo Antônio, São Pedro,
Luxemburgo, Vila Paris, São Bento, Santa Lúcia (TGC Centro-Sul 4 – com índice de 7,8)
e Novo São Lucas, São Lucas, Serra, Carmo, Cruzeiro, Anchieta, Sion, Comiteco,
Mangabeiras, Belvedere (TGC Centro-Sul 2 com índice de 8,2).
Para complementar os indicadores abordados pelo IVJ-BH, foi utilizado o
Relatório Estatístico da Vara Infracional da Infância e Juventude de Belo Horizonte,
51 Legenda regionais/Território de Gestão Compartilhada – TGC: TGC: B – Barreiro (TGCs: Barreiro 1,
Barreiro 2, Barreiro 3, Barreiro 4, Barreiro 5); CS – Centro Sul (TGCs: Centro-Sul 1, Centro-Sul 2, Centro-
Sul 3, Centro-Sul 4, Centro-Sul 5); L – Leste (TGCs: Leste 1, Leste 2, Leste 3, Leste 4); O – Oeste (TGCs:
Oeste 1, Oeste 2, Oeste 3, Oeste 4, Oeste 5); N – Norte (TGCs: Norte 1, Norte 2, Norte 3, Norte 4); NE –
Nordeste (TGCs: Nordeste 1, Nordeste 2, Nordeste 3, Nordeste 4, Nordeste 5); NO – Noroeste (TGCs:
Noroeste 1, Noroeste 2, Noroeste 3, Noroeste 4); P – Pampulha (TGCs: Pampulha 1, Pampulha 2, Pampulha
3, Pampulha 4); VN – Venda Nova (TGCs: Venda Nova 1, Venda Nova 2, Venda Nova 3, Venda Nova4).
157
referente ao ano de 2015. Este documento elenca os principais atos infracionais
envolvendo adolescentes na cidade e o local de residência destes.
Em 2015, 8.171 casos foram encaminhados à Vara Infracional da Infância e
Juventude de Belo Horizonte, sendo que 5.718 correspondem a adolescentes autores de
primeiro ato infracional e 2.453 reincidentes na trajetória infracional. Somam-se a esse
total os 347 casos encaminhados para o cumprimento de mandado de busca e apreensão.
Os adolescentes/jovens do sexo masculino são predominantes no envolvimento
com atos infracionais, quando comparados ao sexo feminino. Considerando os tipos dos
atos infracionais praticados pelos adolescentes, os maiores índices registrados são em
relação ao tráfico de drogas (26,3%), seguido de roubo (15,1%) e uso de drogas (11,8%).
Cabe destacar que os três atos infracionais mais cometidos somam mais da metade dos
atos praticados (53,2%).
Gráfico 34 - Regional de residência de adolescentes autores de ato infracional
Fonte: Relatório Estatístico – Vara Infracional (2015).
As regionais Noroeste e Venda Nova são os territórios que concentram os maiores
percentuais de residência de adolescentes. Nota-se uma certa homogeneidade em toda a
distribuição pelas nove regionais da cidade, exceto a regional Pampulha, que se destaca
por seu baixo índice.
Outra fonte de dados sobre a incidência de situações de vulnerabilidade de jovens
no município é o Sistema de Informação e Gestão das Políticas Sociais (SIGPS), com
informações sobre o Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de
BARREIRO10%
CENTRO-SUL9%
LESTE10%
NORDESTE10%
NOROESTE11%
NORTE8%
OESTE10%
PAMPULHA5%
VENDA NOVA11%
SEM INFORMAÇÃO16%
158
Medidas Socioeducativas de Liberdade Assistida (LA) e de Prestação de Serviços à
Comunidade (PSC).
De acordo com o SIGPS, em 2017, 3.318 adolescentes foram inseridos no Serviço,
sendo que foram aplicadas 3.831 medidas pela Vara Infracional da Infância e Juventude
– (VIJ). A medida de PSC registrou um percentual 13% maior de inserções de casos
quando comparada à medida de LA. O perfil dos adolescentes corresponde
principalmente ao sexo masculino, na faixa etária de 16 a 17 anos e ausentes do ambiente
escolar. Os tipos de atos infracionais mais encaminhados para as medidas socioeducativas
em meio aberto, são: tráfico de drogas, seguido pelo roubo e furto. Tem-se ainda que, no
ano de 2017, o Serviço registrou o óbito de dezessete adolescentes que estavam no
acompanhamento socioeducativo.
Por fim, destaca-se que, como apontado na base de dados do SIM/DATA SUS no
ano de 2016, o maior índice de homicídios em Belo Horizonte acomete jovens na faixa
etária de 15 a 29 anos (89,2% do total) demandando ações de proteção social especial
quando ações de inclusão e prevenção não impedem o agravamento de vulnerabilidades
e riscos pessoais e sociais.
2.3.6. População em trajetória de vida nas ruas
Conforme a base de dados do CadÚnico, no município existem 5.607 pessoas
inscritas como pessoa em situação de vida nas ruas com seus cadastros atualizados nos
últimos 24 meses. Destaca-se, que esta informação é autodeclarada no atendimento para
o preenchimento do Cadastro.
Tabela 38 - Distribuição das pessoas em situação de vida nas ruas cadastradas por
regional administrativa
REGIONAIS PESSOAS %
CENTRO-SUL 3.292 58,71
BARREIRO 212 3,78
LESTE 376 6,71
NORDESTE 64 1,14
NOROESTE 580 10,34
NORTE 699 12,47
OESTE 50 0,89
PAMPULHA 63 1,12
VENDA NOVA 180 3,21
159
ENDEREÇO NÃO
GEORREFERENCIADO
91 1,62
Total 5.607 100,00 Fonte: Governo Federal – MDS / Cadastro Único. Belo Horizonte, dezembro 2017. CECAD - MDS. Belo
Horizonte, dezembro 2017. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH.
A partir das divisões regionais existentes no município, detecta-se que 59% do
público em situação de vida nas ruas está concentrado na regional Centro-Sul e,
posteriormente, na regional Norte, com 12% do total. As regionais Noroeste e Leste
aparecem com 10% e 7% das pessoas em situação de vida nas ruas, respectivamente. Os
menores quantitativos deste público específico foram registrados nas regionais Nordeste,
Pampulha e Oeste, todas com aproximadamente 1% do total.
Da totalidade de pessoas em trajetória de vida nas ruas cadastradas, 5.029 pessoas
são beneficiárias do Programa Bolsa Família, o que corresponde a 89% dos cadastros
realizados no CadÚnico com esta especificidade. Deste público, 92% declararam obter
uma renda per capta de até R$ 85,00/mês.
Em relação a raça/cor deste público específico, o gráfico acima mostra que 61%
das pessoas cadastradas se autodeclararam pardos, 23% como pretos e 16% como
brancos.
Gráfico 35 - Distribuição de pessoas em situação de rua por raça/cor
Fonte: Governo Federal – MDS / Cadastro Único. Belo Horizonte, dezembro 2017. CECAD - MDS. Belo
Horizonte, dezembro 2017. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH
A pirâmide etária (gráfico abaixo) traz informações significativas para
caracterização deste público. Os indivíduos do sexo masculino representam 86,8% do
total da população em situação de rua. Em relação às faixas etárias apresentadas, o maior
INDIGENA0%
PARDA61%
AMARELA0%
PRETA23%
BRANCA 16%
NÃO DECLARADO
0%
INDIGENA PARDA AMARELA
PRETA BRANCA NÃO DECLARADO
160
quantitativo de homens encontram-se dos 35 aos 39 e dos 45 aos 49 anos, enquanto no
caso das mulheres os maiores quantitativos por faixa se apresentam dos 30 aos 34 e dos
45 aos 49 anos. Ainda assim, a discrepância em relação ao número de homens e mulheres
(nesta faixa a diferença se dá em 76%) é muito significativa em quase toda a pirâmide,
reflexo da composição total do público. A exceção, porém, se dá na faixa dos 70 à 74
anos, em que ambos os sexos possuem 31 representantes. Interessante ressaltar quem,
apesar do sexo feminino representar a minoria deste público, detecta-se através de uma
análise histórica do Serviço Especializado a Pessoas em Situação de Vida nas Ruas um
crescimento substancial (3 vezes maior) do sexo feminino no período de 2014 a 2016.
Gráfico 36 - Faixa etária das pessoas em situação de vida nas ruas cadastradas no
CadÚnico – BH, out/2017
Fonte: Governo Federal – MDS / Cadastro Único. Belo Horizonte, outubro 2017. CECAD - MDS. Belo
Horizonte, outubro 2017.
Em relação à escolaridade, pelos dados informados no CadÚnico: 27,1% das
pessoas em situação de rua cursaram a primeira fase do 1º grau (1ª à 4ª série); 41,9%
cursaram até a segunda fase do 1º grau (5ª à 8ª série) e 21,9 % cursaram o ensino médio
(2º grau). Assim, das pessoas em trajetória de vida nas ruas 69% não concluíram o ensino
fundamental e aproximadamente 22% concluíram o ensino médio.
Dos fatores elencados como motivadores para o início da trajetória de rua, o
principal indicado refere-se a problemas familiares (35,7%) e, em seguida, a situação de
desemprego (24,9%), perda de moradia (14,5%), alcoolismo (12,1%), outros motivos
0008
31219
410802
284984
631539521
1713111
0
0000223298928895877141443100
1000 500 0 500 1000
0-4
10-14
20-24
30-34
40-44
50-54
60-64
70-74
80-84
Feminino Masculino
161
(3,7%), por ameaça (3,1%), trabalho (2%), tratamento de saúde (1,6%), por preferência
(1,3%), não respondeu (1%) e não sabe (0,2%).
2.3.7. Violência e violações de direitos
Um dos desafios do SUAS hoje corresponde ao registro e à análise de maneira
sistemática de informações e dados que possibilitem a identificação da incidência de situações
de violação de direitos. Sendo assim, foram buscadas bases de dados de outras políticas
púbicas que possam contribuir para a compreensão desses fenômenos. Destaca-se que as
fontes encontradas trazem dados referentes a situações de violência52 que correspondem a
alguns dos fenômenos relacionados às formas de violação de direitos que são objeto de
intervenção do SUAS. Os dados apresentados nessa seção foram coletados por meio de bases
de dados da política de saúde.
A fonte utilizada foi o VIVA que é o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes,
cujo foco é a notificação de violência interpessoal e autoprovocada. Este sistema é um
componente do SINAN (Sistema de Informação de Agravos e Notificações) que é alimentado,
por sua vez, por notificações e investigações de casos de doenças e agravos que constam da
lista nacional de doenças de notificação compulsória. A alimentação do sistema ocorre por
meio da Ficha Individual de Notificação disponível nas unidades de saúde.
Tabela 39 - Número de casos notificados de violência
interpessoal/autoprovocada em residentes em Belo Horizonte por tipo de violência de
2012 a 2017
Tipo de violência
2012 2013 2014 2015 2016 2017*
Total
Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Nº %
Lesão auto provocada
840 40,0 793 37,1 691 34,2 811 29,5 844 27,2 1080 26,9 5.059
Viol. Física 556 26,5 522 24,4 494 24,4 762 27,7 834 26,9 1276 31,8 4.444
Viol.
Psico/moral 190 9,0 228 10,7 245 12,1 423 15,4 471 15,2 562 14,0 2.119
Viol. Tortura 24 1,1 37 1,7 22 1,1 58 2,1 71 2,3 82 2,0 294
Viol. Sexual 336 16,0 357 16,7 342 16,9 373 13,6 480 15,5 491 12,2 2.379
52 Em 2002, a Organização Mundial de Saúde publicou o Relatório Mundial sobre Violência e Saúde no
qual define a violência como “o uso intencional de força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si
próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade que resulte ou tenha possibilidade de
resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação”.
162
Traf. Seres
Humanos 3 0,1 0 0,0 1 0,0 2 0,1 1 0,0 1 0,0 8
Violência Finan/Econo.
10 0,5 22 1,0 27 1,3 50 1,8 61 2,0 90 2,2 260
Viol. Negli/Aband. 139 6,6 176 8,2 198 9,8 262 9,5 333 10,7 419 10,4 1.527
Viol. Interv Legal 2 0,1 3 0,1 2 0,1 9 0,3 7 0,2 11 0,3 34
Total 2.100 100,0 2.138 100,0 2.022 100,0 2.750 100,0 3.102 100,0 4.012 100,0 16.124
Fonte: Sinan net/MS- DPSV/GVIGE- SMSA – BH. Dados atualizados em 22/01/2018.
O objeto de notificação do VIVA é a violência interpessoal/autoprovocada,
segundo tipo de violência: física, sexual, psicológica/moral; financeira/econômica; tortura;
tráfico de pessoas; trabalho infantil; negligência/abandono; intervenção legal.
Relacionado à violência, o primeiro dado de relevância para a Assistência Social
é o aumento do número de notificações no período compreendido entre 2012 e 2017, conforme
gráfico abaixo:
Gráfico 37 - Evolução do número de notificações – 2012 a 2017
Fonte: Sinan net/MS-DPSV/GVIVE-SMAS/BH. Dados atualizados em 22/01/2018.
Entre 2012 e 2014, é possível observar uma queda modesta no número de
notificações e, de 2015 em diante, observamos uma elevação significativa, o que demanda
planejamento de ações e recursos para aprimorar ações de atendimento e incrementar
ações de prevenção.
Analisando a Tabela anterior, é possível verificar que todos os tipos de violência,
com exceção da lesão autoprovocada, apresentaram aumento no período (acompanhando
a tendência geral). Verificando, por ano, o percentual que cada tipo de violência
representou no total das notificações é possível perceber que alguns tipos de violência,
163
ainda que tenham aumentado em números absolutos, tiveram uma redução percentual.
Isto quer dizer que, no período, alguns tipos de violência se tornaram mais frequentes
enquanto outros diminuíram percentualmente sua incidência.
A Violência Sexual teve variação ao longo do período, aumentando em alguns
anos e reduzindo em outros em termos proporcionais aos demais tipos de violência
notificados (16% em 2012, 16,7% em 2013, 16,9% em 2014, 13,6% em 2015, 15,5% em
2016 e 12,2% em 2017). Já a Violência Física, a Violência Psicológica e Moral, Tortura,
Violência Financeira e Econômica, Negligência e Abandono tiveram aumento
percentual. A Violência Física apresentou aumento de 26,5%, em 2012, para 31,8% em
2017. Já a Violência Psicológica e Moral passou de 9% no primeiro ano para 14% no
último.
Algumas violências, apesar de não apresentarem números muito elevados,
tiveram aumento de incidência bem como de sua representação no total de tipos de
violência. A Tortura teve um aumento significativo, passando de 24 casos em 2012, para
82 em 2017, o que significa um aumento de 241%. A Violência Financeira e Econômica
também não apresentou crescimento do número absoluto de casos (260 em todo o
período), passando de 10 em 2012 para 90 em 2017. A Negligência e o Abandono também
tiveram aumento expressivo do número absoluto de casos, crescendo de 139 em 2012
casos para 419 em 2017.
Tipos de violência distintos, demandam intervenções distintas, daí a importância
em se verificar como tem variado, ao longo do tempo, a incidência de cada tipo de
violência.
Observa-se que há baixo preenchimento dos campos raça-cor53, orientação
sexual54 e pessoa com deficiência nas notificações, o que impossibilita outros tipos de
análise. A melhoria da coleta destas informações é de grande relevância para estimar a
violência sofrida pela população negra, indígena, LGBT e pessoas com deficiência.
Com relação às variáveis sexo e idade, os dados trazem informações importantes
para as políticas públicas, sobretudo, para a política de assistência social. O recorte de
53 Sobre o quesito raça-cor, as notificações em que a resposta foi “ignorado” ou deixada em branco chega a
quase 26%. Havendo predominância de qualquer uma raça ou cor dentro destas, poderia aumentar ou
diminuir significativamente a proporção de brancos, pretos, pardos e indígenas. Ainda assim, para
conhecimento registra-se que que em 23% das notificações as pessoas eram brancas, em 11,6% eram pretas,
em 0,6% amarelas, em 38,8% pardas e em 0,2% indígenas. 54 Com relação à orientação sexual, a negligência em relação ao dado é gritante. Em 54% das notificações,
a questão foi ignorada, em 21,4% foi preenchido como “não se aplica” e apenas 24,5% foram efetivamente
preenchidas. É imprescindível a melhora da coleta deste dado frente aos frequentes relatos de casos de
homofobia e lesbofobia denunciadas pelo movimento LGBT, para que eles deixem de ser invisibilizados.
164
sexo e idade demonstra que grupos populacionais parecem ser mais suscetíveis a
vivenciar situações de violência do que outras: existe um número maior de notificações
de violência contra jovens e mulheres.
Tabela 40 - Número de casos notificados de violência interpessoal /autoprovocada
em residentes em Belo Horizonte por sexo - 2012-2017
Sexo ANO
2012 2013 2014 2015 2016 2017 Total
Masculino 555 555 526 638 612 787 3.673
Feminino 1.226 1.198 1.094 1.391 1.613 1.949 8.471
Total 1.781 1.753 1.620 2.029 2.225 2.736* 12.144
Fonte: Sinan net/MS- DPSV/GVIGE- SMSA – BH. Dados atualizados em 22/01/2018
*No ano de 2017, há 3 registros sem a identificação do sexo
De acordo com a tabela anterior, verifica-se que o número de mulheres que sofrem
violência é muito superior ao número de homens. Em todo o período analisado, os casos
de violência contra as mulheres representaram 69,8% das notificações, enquanto os casos
contra homens representaram apenas 30,2%55.
55 Se as notificações de violência aumentaram consideravelmente ao longo do período em análise, o mesmo
aconteceu com o número de mulheres e homens que sofrem violência, entretanto, as proporções por ano se
mantiveram razoavelmente estáveis, variando de 68% a 72% para as mulheres e de 27% a 31% para os
homens.
165
Gráfico 38 - Número de casos notificados de violência interpessoal/autoprovocada
em residentes em Belo Horizonte por faixa etária – 2012/2017*
Fonte: Sinan net/MS- DPSV/GVIGE- SMSA – BH. Dados atualizados em 22/01/2018.
De acordo com o gráfico acima, é possível perceber que os jovens da faixa etária
de 15 a 29 anos correspondem ao grupo etário que teve o maior registro de notificações
de violência. Entretanto, ressalta-se que para uma melhor dimensão de como a violência
atinge estes grupos, seria interessante analisar a quantidade absoluta de casos de
notificados em relação ao número total da população em cada uma das faixas etárias.
2.3.8. Violação de direitos de crianças e adolescentes
A partir dos dados do Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias
e Indivíduos (PAEFI) - realizado no CREAS - extraídos do SIGPS, é possível ter um
panorama das violações de direitos mais atendidas nesse Serviço no município no ano de
2017, bem como identificar o perfil da população vítima de violação de direitos.
O PAEFI registrou 721 crianças com direitos violados nos 1.068 novos casos de
famílias inseridas no ano de 2017. A regional Oeste apresentou o maior percentual (19%)
de violações de diretos referentes a crianças e adolescentes em 2017. Em seguida
aparecem as regionais Venda Nova com 15%, Leste com 14%, Barreiro e Norte, ambas
com 13 % e a regional Pampulha, com 7 % do total de violações registradas. As regionais
que apresentam os menores índices de registro de violação contra esse público foram:
Centro-Sul, Nordeste e Noroeste, com 6% do total de violações, cada uma.
0
200
400
600
800
1000
1200
2012 2013 2014 2015 2016 2017
407 421 383 422502 531
712 665559
739 762
1025
571 566 534
655 698811
91 101 144213
263372
0 a 14 15 a 29 30 a 59 Acima de 60
166
Gráfico 39 - Violação de direitos contra criança e adolescentes inseridas no
PAEFI por idade
Fonte: Sistema de Informação e Gestão das Políticas Sociais. Elaborado por
GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC-PBH.
Quanto à idade das crianças e adolescentes vítimas de violações de direitos no
município, os dados apontaram a maior incidência de violação para o público entre 13 e
16 anos de idade (38%). Logo em seguida, a faixa de idade de 7 a 12 anos apareceu com
uma incidência ainda alta, representando 34% do total de violações do público infanto-
juvenil. As violações entre 0 e 6 anos somaram 23% do total de violações registradas. O
público com a menor quantidade de violações registradas correspondeu a idade de 17
anos, somando 6% do total, contudo deve-se considerar que este percentual é inferior aos
demais por se apresentar em um período etário de apenas um ano.
Considerando que uma família pode apresentar mais de uma violação de direito, o
PAEFI registrou o total de 2.049 violações vivenciadas nos casos acompanhados pelo
Serviço. O gráfico abaixo aponta que a situação de violação de direitos contra crianças e
adolescentes mais recorrente foi a negligência (44%), seguida da violência física (21%)
e psicológica (13%). Cabe destacar que os casos notificados como abuso sexual
intrafamiliar apresentaram o índice de 7% do total de violações de direitos. As violações
de abandono, abuso sexual, trabalho infanto-juvenil apresentaram o percentual de 2% dos
casos acompanhados no PAEFI.
23%
34%
38%
6%
0-6 ANOS 7-12 ANOS 13-16 ANOS 17 ANOS
167
Gráfico 40 - Tipos de Violação de Direitos acompanhadas pelo PAEFI (%)
Fonte: Sistema de Informação e Gestão das Políticas Sociais. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS.
Os dados do SIGPS revelam ainda que do total de casos atendidos pelo PAEFI no
município, 66% deles são encaminhados pelo Conselho Tutelar. Isso aponta que a maior
parte dos casos atendidos envolvem violação de direitos de crianças e adolescentes e ainda
que nesses casos esse órgão tem sido o principal encaminhar.
Gráfico 41 - Órgão encaminhador das famílias atendidas no PAEFI56
Fonte: Sistema de Informação e Gestão das Políticas Sociais. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS.
Por fim, utilizando dos dados do Censo-SUAS 2017, apresenta-se o panorama a
respeito do universo de crianças e adolescentes em acolhimento institucional no
56 Os dados apresentados se referem ao total de encaminhamentos de famílias acompanhadas pelo PAEFI,
incluindo famílias que possuíam ou não em sua composição crianças e adolescentes.
44%
21%
13%
11%
2%
2%
2%
1,15 %
1,01 %
0, 82%
0,38 %
0, 24 %
0,19 %
0,05 %
0,05 %
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
NEGLIGÊNCIA
VIOLÊNCIA FÍSICA
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
ABUSO SEXUAL
TRABALHO INFANTIL-JUVENIL
VIOLENCIA SEXUAL
ABANDONO
VIOLÊNCIA
AUTO NEGLIGÊNCIA
TRAJETÓRIA DE VIDA NAS RUAS
MENDICÂNCIA
EXPLORAÇÃO SEXUAL
VIOLÊNCIA MORAL
PEDOFILIA
TRÁFICO PARA FINS DE ESCCA
168
município. Em 2017 foram registradas 441 crianças e adolescentes em acolhimento
institucional no município, sendo que destas, a maioria era do sexo masculino: havia 257
(58,3%) crianças e adolescentes do sexo masculino e 184 (41,7%) crianças e adolescentes
do sexo feminino acolhidas. Dentre o público do sexo masculino, a maior quantidade de
crianças e adolescentes estavam nas faixas etárias de 16 a 17 anos, seguido pelos de 6 a
11 anos. Quanto ao público feminino, o recorte etário de 6 a 11 anos apresentou o maior
quantitativo de institucionalizados quando comparado às outras faixas de idade.
Tabela 41 - Crianças e Adolescentes em acolhimento institucional por idade
Faixa Etária Sexo
masculino
Sexo
feminino
0 - 2 46 38
3 - 5 30 20
6 - 11 58 54
12 - 13 35 13
14 - 15 27 24
16 - 17 59 31
18 - 21 2 4
Total 257 184 Fonte: Censo SUAS 2017/MDS. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC-PBH
2.3.9. Violação de direitos de idosos
De acordo com os dados dos Censos IBGE de 2000 e 2010, a população idosa
cresceu no país e no município nas últimas décadas. Belo Horizonte tinha quase 300 mil
indivíduos de 60 anos e mais em 2010; este total é muito maior que o total populacional
de muitos municípios brasileiros e dá uma ideia muito clara da complexidade desta
situação. A regional Oeste é a mais povoada, com aproximadamente 307 mil habitantes
em 2010, apesar da perda significativa de população entre os dois períodos. Destacam-se
também Nordeste, Centro-Sul e Barreiro com mais de 280 mil habitantes. Em relação ao
volume de população com mais de 60 anos, a regional Centro-Sul concentrava mais de
50 mil idosos em 2010, montante que representava 17,4% de sua população. Esse
contingente é bastante expressivo, comparado ao das demais regionais, destacando-se,
também, as regionais Noroeste e Oeste com volumes significativos. Salienta-se que a
distribuição espacial que, em 2000, parecia concentrar mais idosos em algumas regionais,
sugere uma distribuição mais uniforme da população idosa em 2010, quando os idosos se
169
distribuem nas regionais, representando sempre entre 9% e 13%. Todas as regionais, no
entanto, apresentaram aumento no volume e no percentual de idosos em sua população
total. A crescente participação do grupo de 60 anos e mais no total populacional
demandará ações sociais e políticas públicas específicas para atender as necessidades
desse grupo.
Uma das formas de se conhecer as situações de vulnerabilidade pelas quais passam
esse segmento populacional é realizar a análise de informações da ficha de Denúncia de
Violação de Direitos registrados pela Central de Direitos Humanos (Disque 100) e
encaminhadas à Diretoria de Proteção Social Especial da Subsecretaria de Assistência
Social - SUASS, no ano de 2017. Tal análise possibilita apontar aspectos sobre a
incidência de violência contra a pessoa idosa que merecem a atenção das proteções
sociais, cumprindo um objetivo da vigilância socioassistencial.
No ano de 2017, foram encaminhados para a SUASS 728 denúncias de violações
de direitos. Os dados da tabela abaixo demonstram como a grande maioria das denúncias
tratava de violência contra a população idosa, representando 77,1% do total.
Tabela 42 - Número de denúncias de violação de direitos encaminhadas pelo
Disque Direitos Humanos por público – BH/ 2017
Público
Número de denúncias
encaminhadas para a
SUASS
%
Pessoa com
deficiência 98 13,5
Pessoa idosa 561 77,1
Saúde mental 67 9,2
Não informado 2 0,3
Total 728 100,0
Fonte: Disque Denúncia Direitos Humanos. Jan a set/2017. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/
SMASAC-PBH.
Na tabela a seguir, pode-se verificar que o maior número de notificações foi de
violência contra pessoas da faixa etária dos 60 aos 80 anos (64,5%), seguidos de pessoas
da faixa etária de 81 a 99 anos (34,6%).
170
Tabela 43 - Número de denúncias de violação de direitos encaminhadas pelo
Disque Direitos Humanos por faixa etária – BH/ 2017
Faixa Etária Número de
Violações %
De 60 a 80 anos 362 64,5
De 81 a 99 anos 194 34,6
100 anos 4 0,7
106 anos 1 0,2
Total 561 100,0
Fonte: Disque Denúncia Direitos Humanos. Jan a set/2017. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/
SMASAC-PBH
Outra fonte de dados do SUAS-BH que coleta informações sobre a incidência de
violações de direitos contra a população idosa é o SIGPS. Foram analisados os dados de
acompanhamento deste público inserido no Serviço de Proteção Social Especial para
Famílias e Indivíduos - PAEFI - no ano de 2017. Neste ano foram acompanhadas 662
famílias com pessoas idosas vítimas de violação de direitos pelo Serviço em Belo
Horizonte, sendo que destes 301 correspondem a novos casos inseridos.
Os dados do Serviço apontam que as principais violações de direitos identificadas
nos casos acompanhados foram: negligência, com 35,2% dos casos; violência
psicológica, que representou 24,9% do total; violência física, com 13,7% das ocorrências;
e autonegligência e abandono, representando 9,3% e 8,7% respectivamente do total de
ocorrências.
Tabela 44 - Incidência dos tipos de violação de direitos contra a pessoa idosa
nos casos acompanhados pelo PAEFI – BH/ 2017
Violação Número %
Abandono 73 8,7
Autonegligência 78 9,3
Negligência 296 35,2
Violência 18 2,1
Violência Física 115 13,7
Violência Moral 5 0,6
Violência Patrimonial 46 5,5
Violência Psicológica 210 24,9
Violência Sexual 1 0,1
Total 842 100,0
Fonte: SIGPS -2017. Elaboração: GVISO - 2018Nota da tabela: Total de Idosos Acompanhados: 662
171
O número de idosos acompanhados difere do total de idosos da tabela (842),
porque um mesmo idoso pode estar sendo acompanhado por ser vítima de mais de um
tipo de violação.
Dentre as ofertas do SUAS-BH para a população idosa, pode-se destacar também
o Programa Maior Cuidado, executado nos CRAS de forma complementar ao trabalho
social com famílias desenvolvido pelo PAIF. Esse Programa consiste no cuidado
domiciliar de rotina a idosos semidependentes e dependentes que vivenciam situações de
vulnerabilidade social pela fragilização de vínculos familiares, comunitários e sociais.
Esta estratégia de atendimento contribui para a prevenção de situações de violação de
direitos contra os idosos. A tabela a seguir apresenta os dados de atendimento do
programa no ano de 2017.
Tabela 45 - Idosos atendidos pelo Projeto Cuidador/Programa Maior
Cuidado - Belo Horizonte - 2017
Idosos Total %
Atendidos 683 74,7
Dependentes 251 -
Semi dependentes 432 -
Inseridos 231 25,3
Total 914 100,0
Fonte: Diretoria de Proteção Social Básica – DPSO – 2018. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/
SMASAC-PBH
Destaca-se que nos casos em que há um agravamento da situação de violação de
direitos da pessoa idosa, com rompimento dos vínculos familiares e, ou perda da
capacidade de sobrevivência, podem ser adotadas medidas de proteção como o
acolhimento institucional. Os dados do Censo SUAS 2017 apontaram que no ano de 2017
haviam 764 idosos em situação de acolhimento institucional na rede socioassistencial do
município. O perfil dos acolhidos aponta maior quantidade de mulheres com mais de 79
anos e entre 60 e 79 anos em situação de acolhimento, seguido por homens na faixa etária
de 60 a 79 anos.
172
Tabela 46 - Número de pessoas idosas acolhidas em Instituições de Longa
Permanência por recorte etário – BH/ 2017
Sexo Faixa Etária
22 - 59 Anos 60 - 79 Anos + 79 Anos Total
Masculino 2 121 67 190
Feminino 2 231 341 574
Fonte: Censo SUAS 2017/MDS. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC-PBH
2.3.10. Exploração do trabalho infanto-juvenil no município
O termo “trabalho infantil”57 refere-se às atividades econômicas e, ou atividades
de sobrevivência, com ou sem finalidade de lucro, remuneradas ou não, realizadas por
crianças ou adolescentes em idade inferior a 16 (dezesseis) anos, ressalvada a condição
de aprendiz a partir dos 14 (quatorze) anos, independentemente da sua condição
ocupacional. Para efeitos de proteção ao adolescente trabalhador será considerado todo
trabalho desempenhado por pessoa com idade entre 16 e 18 anos e, na condição de
aprendiz, de 14 a 18 anos, conforme definido pela Emenda Constitucional nº 20, de 15 de
dezembro de 1998.
Toda a legislação mencionada está consonância com as atuais disposições da
Convenção dos Direitos da Criança, da Organização das Nações Unidas (ONU), e das
Convenções nº 138 e nº 182, da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Na
Convenção da ONU de 1989, o art. 32 estabelece que não será permitido nenhum tipo de
exploração econômica da criança (até os 18 anos), considerando como exploração
qualquer espécie de trabalho que prejudique a escolaridade básica. A Convenção nº 138
da OIT, assinada pelo Brasil em 28 de junho de 2001, estabelece que todo país signatário
da OIT, deve especificar a idade mínima para admissão ao emprego ou trabalho em
qualquer ocupação.
O Brasil ratificou em 2 de fevereiro de 2000 a Convenção nº 182 da OIT, que
estabelece que os Estados-membros devem tomar medidas imediatas e eficazes para
erradicar as Piores Formas de Trabalho infanto-juvenil, classificadas em quatro
categorias:
a) todas as formas de escravidão ou práticas análogas à escravidão, como vendas e tráfico
de crianças, sujeição por dívida e servidão, trabalho forçado ou compulsório, inclusive
57 Fonte: Plano Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Adolescente
Trabalhador / Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil (CONAETI,2015,p.6).
173
recrutamento forçado ou compulsório de crianças para serem uti lizadas em conflitos
armados;
b) utilização, procura e oferta de criança para fins de exploração sexual, de produção de
material pornográfico ou espetáculos pornográficos;
c) utilização, procura e oferta de crianças para atividades ilícitas, particularmente para
produção e tráfico de drogas, conforme definidos nos tratados internacionais;
d) trabalhos que, por sua natureza ou pelas circunstâncias em que são executados, são
suscetíveis de prejudicar a saúde, a segurança e a moral da criança.
A Convenção 182 da OIT estabelece que cada país signatário deve elaborar a
descrição dos trabalhos que por sua natureza ou pelas condições em que são realizados,
são suscetíveis de prejudicar a saúde, a segurança ou a moral das crianças e, portanto,
devem ser proibidos. Nesse sentido, o governo brasileiro aprovou o Decreto nº 6.481, de
12 de junho de 2008, que define a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista
TIP), anteriormente descrita pela Portaria 20/2001 da Secretaria de Inspeção do Trabalho,
do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE. O Decreto estabelece que a Lista TIP será
revista periodicamente, se necessário, mediante consulta com as organizações de
empregadores e trabalhadoras(es) interessadas.
Os avanços no ordenamento jurídico brasileiro sobre o fenômeno precisam,
portanto, ser contemplados nas Políticas Públicas, sobretudo na Política de Assistência
Social, lócus institucional do PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil. A
consolidação desses avanços esbarra ainda nas inadequações e limitações dos
mecanismos responsáveis por assegurar o cumprimento dessa legislação. Ao mesmo
tempo, a proposição de implantação da legislação tem gerado com certa frequência riscos
de retrocessos no que diz respeito à consolidação desta concepção e arcabouço normativo
relativo à proteção dos direitos de crianças e adolescentes.
Para levantar dados sobre o trabalho infantil no município foram utilizados dados
do Censo IBGE 2010. Entretanto, para a interpretação destes dados sobre crianças e
adolescentes em situação de trabalho infantil em Belo Horizonte, deve-se considerar a
metodologia utilizada pelo Censo IBGE de 2010, baseada em categorias que guardam
diferenças em relação ao conceito descrito acima. O mapa de indicadores
selecionados58no Censo envolve informações demográficas sobre pessoas de 10 a 17 anos
de idade ocupadas na semana de referência, no que concerne a trabalho e educação. Neste
58 - IBGE. Mapa de indicadores selecionados do trabalho infantil. Disponível em:
http://censo2010.ibge.gov.br/apps/trabalhoinfantil/Trabalho%20Infantil%20-%20Notas%20tecnicas.pdf
174
mapa, entende-se por trabalho infantil “aquele que não se enquadra nas condições
definidas na legislação brasileira como admissível para ser realizado por pessoas de
menos de 18 anos de idade” (IBGE,2013; p.12).
Cabe ressaltar a nota elaborada pelo instituto sobre a investigação do tema
trabalho no Censo IBGE de 2010, destaca que esta não foi destinada a captar todas as
condições definidas na legislação para caracterizar o trabalho admissível para crianças e
adolescentes, a fim de separar aqueles efetivamente em trabalho infantil. Entretanto,
permite estimar o contingente de crianças e adolescentes ocupados de 10 a 17 anos de
idade e, ainda, identificar a parcela empregada com carteira de trabalho assinada, que é
uma das condições exigidas pela legislação que rege a proteção trabalhista dos menores
de idade para a sua admissão em emprego.
Considerou-se como trabalho, aquela atividade econômica exercida através de:
a) Ocupação remunerada em dinheiro, produtos, mercadorias ou benefícios
(moradia, alimentação, roupas, treinamento etc.) na produção de bens ou
serviços;
b) Ocupação remunerada em dinheiro ou benefícios (moradia, alimentação,
roupas, treinamento etc.) no serviço doméstico;
c) Ocupação sem remuneração na produção de bens e serviços, desenvolvida em
ajuda na atividade econômica, no setor privado, de morador do domicílio; ou
d) Ocupação desenvolvida na produção de bens, compreendendo as atividades
da agricultura, pecuária, caça, produção florestal, pesca e aquicultura,
destinados somente à alimentação de, pelo menos, um morador do domicílio.
(IBGE/2013)
Desta forma, o conceito de trabalho infantil encontra-se associado à noção de
ocupação nos termos apontados acima. Foi considerada como pessoa ocupada, aquela que
exerceu algum trabalho durante pelo menos uma hora completa na semana de referência;
ou a pessoa que tinha trabalho remunerado do qual estava temporariamente afastada nessa
semana.
Passando para os dados levantados, tem-se que, de acordo com o Censo 2010, o
município de Belo Horizonte apresentava nesse ano 26.631 crianças e adolescentes, na
faixa etária entre 10 e 17 anos, em situação de trabalho infantil. Apontou, assim, uma
redução de 8,28%, uma vez que o Censo do ano 2000 apresentou o dado de 29.034
175
crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil no município. Vale observar que
no censo demográfico não há informações sobre Trabalho Infantil na faixa etária de 5 a 9
anos. Apesar dos Censos Demográficos possuírem a vantagem de terem o município
como unidade mínima de análise, possuem a limitação de contemplar o Trabalho Infantil
realizado apenas por crianças entre 10 e 17 anos. Além disso, a periodicidade decenal do
Censo impede um estudo mais minucioso da tendência do Trabalho Infantil, dada a sua
significativa oscilação, no curto prazo (de um ano para outro). Dessa forma, os dados
apresentados aqui se referem apenas à faixa etária de 10 a 17 anos, contemplando o ano
de 2010.
Tabela 47 - Nº de crianças e adolescente na faixa etária de 10 a 17 anos, em
situação de trabalho infantil, no município de Belo Horizonte – Ano: 2010
Pessoas/Faixa etária
Total de pessoas
Pessoas de 10 a 13 anos de idade, ocupadas na semana de referência 3.818
Pessoas de 14 ou 15 anos de idade, ocupadas na semana de referência 5.721
Pessoas de 16 ou 17 anos de idade, ocupadas na semana de referência 17.092
TOTAL: Pessoas de 10 a 17 anos de idade, ocupadas na semana de referência 26.631
Homens/ Faixa etária Total de homens
Homens de 10 a 13 anos de idade, ocupados na semana de referência 2.042
Homens de 14 ou 15 anos de idade, ocupados na semana de referência 3.367
Homens de 16 ou 17 anos de idade, ocupados na semana de referência 9.393
TOTAL: Homens de 10 a 17 anos de idade, ocupados na semana de referência 14.802
Mulheres/ Faixa etária Total de mulheres
Mulheres de 10 a 13 anos de idade, ocupadas na semana de referência 1.776
Mulheres de 14 ou 15 anos de idade, ocupadas na semana de referência 2.354
Mulheres de 16 ou 17 anos de idade, ocupadas na semana de referência 7.700
TOTAL: Mulheres de 10 a 17 anos de idade, ocupadas na semana de
referência
11.829
Fonte: Censo IBGE 2010. Elaborado por GVISO/DGAS/SUASS/SMASAC/PBH
O gráfico abaixo demonstra a distribuição de crianças e adolescentes entre 10 e
17 anos de idade, ocupadas na semana de referência nas nove regionais do município. As
regionais com maior porcentagem para faixa etária entre os 16 e 17 anos são
176
respectivamente: Barreiro, Norte e Venda Nova. Já entre as crianças e adolescentes entre
10 e 15 anos, sobressaem-se as regionais Venda Nova, Barreiro e Nordeste,
respectivamente. De uma forma geral, as regionais Barreiro e Venda Nova concentram
as maiores taxas para as duas faixas etárias, conforme destaca o gráfico abaixo.
Gráfico 42 - Percentual de trabalho infantil por grupo etário /Regional
administrativa 2010
Fonte: SMPL/2013 - Elaboração: GVISO/SUASS- 2018
Por fim, vale ressaltar a necessidade de realização de estudos específicos sobre o
trabalho infantil em Belo Horizonte, que possibilitem conhecer com maior profundidade
como se dá esse fenômeno para, a partir daí, planejar estratégias mais eficazes de
combate. No âmbito do SUAS-BH, destaca-se que está em desenvolvimento um processo
de revisão do Protocolo das Ações de Erradicação do Trabalho Infantil (Protocolo PETI),
que tem como objetivo potencializar as ações de identificação desse público, ampliar as
ações de prevenção, e definir fluxos para a garantia da proteção integral de crianças e
adolescentes em situação de trabalho infantil.