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Prefeitura Municipal de Betim do Estado de Minas Gerais BETIM-MG Psicólogo AG090-N9

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Prefeitura Municipal de Betim do Estado de Minas Gerais

BETIM-MGPsicólogo

AG090-N9

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Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você

conhece algum caso de “pirataria” de nossos materiais, denuncie pelo [email protected].

www.novaconcursos.com.br

[email protected]

OBRA

Prefeitura Municipal de Betim do Estado de Minas Gerais

Psicólogo

EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO Nº 001/2019

AUTORESLíngua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco

Legislação Municipal - Profº Fernando ZantedeschiConhecimentos Específi cos - Profª Silvana Guimarães

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃOLeandro FilhoChristine Liber

DIAGRAMAÇÃOElaine Cristina

Thais Regis

CAPAJoel Ferreira dos Santos

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APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA

Compreensão e interpretação de texto. Tipologia e gêneros textuais.......................................................................................... 01Figuras de linguagem. Significação de palavras e expressões. Relações de sinonímia e de antonímia.......................... 32Ortografia.............................................................................................................................................................................................................. 42Acentuação gráfica............................................................................................................................................................................................ 45Uso da crase......................................................................................................................................................................................................... 47Morfologia: classes de palavras variáveis e invariáveis e seus empregos no texto. Locuções verbais (perífrases verbais). Funções do “que” e do “se”.......................................................................................................................................................... 50Elementos de comunicação e funções da linguagem......................................................................................................................... 90Domínio dos mecanismos de coesão textual: emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de outros elementos de sequenciação textual; emprego de tempos e modos verbais. Domínio dos mecanismos de coerência textual........................................................................................................................................................ 94Reescrita de frases e parágrafos do texto: significação das palavras; substituição de palavras ou de trechos de texto; reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto; reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade........................................................................................................................................................................................ 100Sintaxe: relações sintático-semânticas estabelecidas na oração e entre orações, períodos ou parágrafos (período simples e período composto por coordenação e subordinação)................................................................................................... 102Concordância verbal e nominal..................................................................................................................................................................... 111Regência verbal e nominal.............................................................................................................................................................................. 117Colocação pronominal..................................................................................................................................................................................... 122Emprego dos sinais de pontuação e sua função no texto................................................................................................................. 122Função textual dos vocábulos. Variação linguística.............................................................................................................................. 01

LEGISLAÇÕES MUNICIPAIS

Lei Orgânica do Município de Betim – MG................................................................................................................................................ 01Estatuto dos Funcionários da Prefeitura Municipal de Betim - MG, Lei nº 884 de 12/02/1969 e suas alterações........ 05

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SUMÁRIO

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Articulações da Assistência Social e Trabalho: inclusão produtiva, economia solidária, acesso ao mundo do trabalho e à qualificação................................................................................................................................................................ 01Ética profissional............................................................................................................................................................................... 02Psicologia Social............................................................................................................................................................................... 06Referências Técnicas para atuação do Psicólogo no CRAS............................................................................................... 08Atuação do psicólogo no SUAS -Sistema Único de Assistência Social, Protagonismo Juvenil e Trabalho Social com Juventude.................................................................................................................................................................... 08Trabalho Social com Famílias....................................................................................................................................................... 08Princípios da Análise Institucional............................................................................................................................................. 17Processos de Exclusão/Inclusão Social.................................................................................................................................... 22Construção Social da Violência.................................................................................................................................................. 26Concepções sobre grupos e instituições................................................................................................................................ 33Clínica ampliada à construção de projetos terapêuticos singulares na lógica da atenção psicossocial........ 40Princípios da intersetorialidade................................................................................................................................................... 41Trabalho em Rede. Reabilitação/reinserção psicossocial, clínica da subjetividade, compreensão do sofrimento psíquico. Terapia Breve............................................................................................................................................ 43Orientação Familiar.......................................................................................................................................................................... 62Elaboração de Relatórios e Pareceres Psicossociais............................................................................................................ 65Psicologia Social e Psicolgia Social Comunitária –história e vertentes;....................................................................... 66Modelos metodológicos de ação: comunitário, psicossocial e institucionalista;.................................................... 66Teorias e práticas de intervenção psicossocial na comunidade, grupos e famílias;................................................ 66Especificidades da intervenção psicossocial: infância, adolescência e velhice e questões de gênero; Procedimentos de intervenção psicossocial: entrevista; orientação; aconselhamento; grupos de discussão; grupos operativos............................................................................................................................................................................ 66Categorias étnico-raciais, de gênero, geracionais, de orientação sexual e de classes sociais e suas intersecções com a Psicologia Social........................................................................................................................................ 84Psicologia e Teorias clássicas e contemporâneas relativas aos movimentos sociais. ........................................... 93Psicologia e Sistema Único de Assistência Social................................................................................................................ 94Psicologia e Direitos Humanos na assistência social: ações/práticas intersetoriais................................................ 100O compromisso ético-político do psicólogo na assistência social............................................................................... 109Psicologia e ética –regulamentação profissional e atuação cotidiana........................................................................ 109Processos sociais, políticas públicas e produção de subjetividade.............................................................................. 109Escuta social e escuta clínica Subjetividade, vulnerabilidades (pessoais e sociais) e relações familiares......... 109Gestão do Trabalho e saúde do trabalhador na assistência social;.............................................................................. 124A política de assistência social: perspectivas multidisciplinares, interdisciplinares e transdisciplinares;....... 131Métodos de investigação: observação participante, pesquisa-ação, pesquisa-intervenção.............................. 148

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ARTICULAÇÕES DA ASSISTÊNCIA SOCIAL E TRABALHO: INCLUSÃO PRODUTIVA, ECONOMIA SOLIDÁRIA, ACESSO AO MUNDO DO TRABALHO E À QUALIFICAÇÃO;

Um dos objetivos da Assistência Social é a identifi -cação de pessoas em situação de vulnerabilidade e, ou risco social.

A partir dessa identifi cação, ocorre um desenvolvi-mento de ações de articulação, mobilização e encami-nhamento para garantia do direito de cidadania a inclu-são ao mundo do trabalho, de viabilização do acesso a cursos de qualifi cação e formação profi ssional, ações de inclusão produtiva e serviços de intermediação de mão de obra.

ARTICULAÇÃOEssa articulação se dá através da:- integração com outras políticas sociais, como traba-

lho, educação e saúde. - superação das vulnerabilidades sociais e melhoria

da qualidade de vida - é preciso que a equipe conheça programas, serviços

e ações de outras políticas sociais, visando potencializar os esforços.

A construção de estratégias e integração de serviços e ações das políticas envolvidas exige o envolvimento do gestor de assistência social e demais secretarias.

Deve estar presente: - No mapeamento de oportunidades; - Na identifi cação e priorização da população em si-

tuação de vulnerabilidade e risco social; - Na promoção de acessos; - Nas ações que auxiliem na permanência e conclu-

são, pelos usuários da assistência social, dos cursos e/ou inserção e permanência no mundo do trabalho.

A seguir, alguns programas que estimulam essa arti-culação da assistência social e do trabalho:

Acessuas TrabalhoO Programa possui o objetivo de promover a inte-

gração dos usuários da assistência social ao mundo do trabalho, por meio de ações articuladas e mobilização social. Essa integração pode acontecer através do empre-go formal (com “carteira assinada”), do empreendedoris-mo individual (trabalho “por conta própria”) ou de em-preendimentos coletivos de Economia Solidária (como as cooperativas). Para aumentar as chances de inserção no mundo do trabalho, as ações envolvem desde a articu-lação de cursos de qualifi cação profi ssional até iniciati-vas de Intermediação de Mão de Obra (que aproximam potenciais trabalhadores e empregadores). Suas ações poderão ser executadas de forma direta pelo município ou Distrito Federal (DF), ou em parceria com entidades e organizações de assistência social.

Para atingir seus objetivos, o Programa promove o fortalecimento institucional da assistência social com a transferência de recursos do Governo Federal aos mu-nicípios e ao DF e pactuação de metas relacionadas à integração dos usuários da assistência social ao mundo do trabalho. Os recursos se destinam a ampliar a capa-cidade de atuação da assistência social na temática, pos-sibilitando a contratação de equipe técnica, locação de automóveis e equipamentos de informática, entre outros.

Os recursos são transferidos do Governo Federal para o municipal por meio do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). Esse mecanismo, conhecido como transfe-rência fundo a fundo, não requer celebração de convênio nem apresentação de contrapartida municipal.

Anualmente, a Comissão Intergestores Tripartite (CIT) publica resolução com pactuação de metas, critérios de partilha para o cofi nanciamento federal e critérios de ele-gibilidade para participação no Programa. Os municípios que se enquadrarem nesses critérios poderão manifestar a adesão no Sistema Nacional de Informação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Os prazos e procedi-mentos para adesão são divulgados no sítio do MDS tão logo seja publicada a resolução.

Inclusão Produtiva UrbanaA inclusão produtiva urbana articula ações e progra-

mas que favorecem a inserção no mundo do trabalho por meio do emprego formal, do empreendedorismo ou de empreendimentos da Economia Solidária. Reúne iniciati-vas de apoio a microempreendedores e a cooperativas de economia solidária, bem como de oferta de qualifi cação profi ssional e Intermediação de Mão de Obra que visam à colocação dos benefi ciários em postos de emprego com Carteira de Trabalho e Previdência Social assinada.

PronatecA oferta de turmas de qualifi cação profi ssional é rea-

lizada por meio do Programa Nacional de Acesso ao En-sino Técnico e Emprego (Pronatec) sob a coordenação do Ministério da Educação (MEC) em parceria com o MDS. O Programa opera com instituições de reconhecida qua-lidade técnica, como as entidades do “Sistema S” (Senai, Senac, Senat e Senar), os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia e as Redes Estaduais de Educação Profi ssional. O aluno recebe material pedagógico, lanche e transporte, gratuitamente.

Intermediação de Mão de ObraA articulação com a Intermediação de Mão de Obra,

por meio, sobretudo, do Sistema Nacional de Empregos (SINE), expressa a ligação entre a qualifi cação e a coloca-ção no mercado de trabalho.

EmpreendedorismoO ingresso no mundo do trabalho também pode ser

realizada na perspectiva do empreendedorismo. Nessa li-nha, os alunos são preparados e estimulados a ampliar e fortalecer os pequenos negócios, organizando-se como Microempreendedores Individuais (MEI). Nesse processo, mantém-se a prioridade para formalização dos inscritos no CadÚnico, principalmente para aqueles que são be-

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nefi ciários do Programa Bolsa Família. São desenvolvidas ações para trazer o MEI para a formalidade e prestar as-sistência técnica a esses empreendedores, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Microcrédito Produtivo OrientadoA inclusão produtiva urbana se articula, ainda, com

os bancos públicos e as entidades que operam o Pro-grama Nacional do Microcrédito Produtivo e Orientado (PNMPO) iniciativas que visam a ampliar a contratação de Microcrédito Produtivo e Orientado, com expansão da oferta de linhas de crédito e ampliação do apoio técnico.

Economia SolidáriaOs esforços de inclusão produtiva urbana via Econo-

mia Solidária compreendem ações de estímulo à criação de empreendimentos autogestionários, com assistência técnica e apoio à comercialização de seus produtos e serviços. São iniciativas desenvolvidas em parceria com a Secretaria Nacional de Economia Solidária (SNAES), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que têm pro-porcionado oportunidades de geração de emprego e renda para o público do Cadastro Único.1

EXERCÍCIOS COMENTADOS

01. (FCC/TER/PE) O Brasil também enfrentou um pro-cesso de reestruturação produtiva. Essa realidade cons-titui-se em um campo fértil para a eclosão da economia solidária que passa a compor o rol de proposições, tanto para organismos públicos como os não governamentais. O assistente social, ao atuar nessa área, deve partir do marco conceitual que a Economia Solidária é

a) a solidariedade entre os trabalhadores que se organi-zam autonomamente em associações para ajudar ma-terialmente aqueles que estão desempregados.

b) uma proposta semelhante ao programa Comunidade Solidária, em que o Estado organiza a sociedade civil para estabelecimento de parcerias.

c) estratégia de desenvolvimento que organiza a produ-ção, comercialização e consumo sob as bases da soli-dariedade, autogestão e cooperação.

d) proposta em que as empresas organizam fundos de amparo aos trabalhadores, com subsídio do fundo pú-blico, para custear eventuais despesas que não rece-bem cobertura previdenciária.

e) programa de capacitação que tem por objetivo contri-buir com melhor planejamento para os gastos domés-ticos dos trabalhadores, envolvendo de forma solidá-ria todos os membros da família.

Resposta: “C”Como vimos acima, a economia solidaria representa ações que visam estimular novos empreendimentos/empreendedores que funcionem de forma autogerido e com caráter de cooperativismo, recebendo para tal, suporte da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SNAES), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

1 Fonte: www.mds.gov.br

ÉTICA PROFISSIONAL.

Na psicologia, a ética também tem um importante papel, já que profi ssionais que tem essa característica ga-nham maior credibilidade em seu ramo profi ssional. O psicólogo deve procurar entender os problemas huma-nos e se solidarizar com eles.

Apesar de muitos não cumprirem o requisito, tentam apenas exercer a profi ssão para benefícios fi nanceiros. A ética é um princípio efi caz dentro de uma profi ssão e quando cumprida de forma correta há benefícios tanto para quem pratica, quanto para quem recebe.

O tema nuclear da Ética são os atos do ser humano, enquanto ser possuidor de razão a Ética estuda o Bem e, assim, o seu objetivo é a virtude na condução da vida Heinemann formula assim a questão central a que espe-ramos que a Ética responda:

Que devo escolher? Há uma hierarquia de valores? Que espécie de ho-

mem devo ser? Que devo querer? Que devo fazer?”Ser ético, é muito mais que um problema de costu-

mes, de normas praticas. Supõe uma boa conduta das ações, a felicidade pela ação realizada e a alegria da auto aprovação diante do bem feito, no dizer de Aristóteles.

Ao longo da história humana, vários pensadores e doutrinas escreveram e teorizaram sobre Ética...

Sem querer entrar na história da Ética ao longo do tempo, estas foram algumas das doutrinas fi losófi cas e pensadores sobre Ética.

• Sócrates, Platão e Aristóteles, Estóicos e Epicu-ristas.

• Idade Media• Kant• Kierkegaard• Marx• Nietzsche

A caracterização geral de Ética baseia-se nos se-guintes pressupostos:

• Liberdade• Conhecimento, consciência• O ato Humano• A responsabilidade Código de Ética profi ssional – O ideal e a realidade Uma breve exposição dos motivos para a sua valida-

çãoSão estes quatro pressupostos (Liberdade, Conheci-

mento, Ato Humano e a Responsabilidade) que devem estar intrinsecamente enraizados no profi ssional que faz da ciência psicológica o seu modus vivendi. Abre-se as-sim, um desafi o à psicologia, como ciência que estuda e interpreta o comportamento humano, sujeito, ele mes-mo, à complexidade de continuas e profundas transfor-mações porque o mundo vive em constantes mudanças. A cada dia, torna-se mais complicado e difícil acompa-nhá-las devido à velocidade dos acontecimentos e à im-possibilidade de se ter uma ideia das signifi cações que estas mudanças representam.

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Sendo o Homem um ser de relação, sujeito a conti-nuas mudanças na sua labuta diária para ocupar, a cada dia, o espaço que lhe compete no mundo, e ao mesmo tempo, sendo o Homem o sujeito e o objeto de estudo da psicologia, um código de Ética na Ciência psicológica é fundamental para que exista uma uniformização dos atos éticos na prática profi ssional do psicólogo.

Dentro desta dimensão, o Código de Ética será a condensação das refl exões constantes do ser humano, como sujeito de mudanças, e por outro lado, a cristali-zação de normas e condutas comportamentais do agir psicológico.

O código de Ética, deve expressar de um lado, a di-namicidade própria da liberdade, do risco e da criação, e por outro lado, mostrar um conjunto de comportamen-tos que seja representativo da realidade social e cultural, com os quais o Homem convive diariamente inserido no meio ambiente em que se move.

O Código é a expressão da identidade profi ssional daqueles que procuram nele, inspirações, conselhos, normas de conduta... O código é uma resposta, porque encarna uma concepção da profi ssão, do profi ssional de psicologia dentro de um contexto social e político, e con-fere-lhe um selo de identidade, é o código que confere seriedade ao psicólogo.

O código é um conjunto de princípios gerais que fun-damentam e ajudam a operacionalizar a pratica psico-lógica (o ato) e sugere normas que explicitam situações profi ssionais, indicando caminhos como soluções de pro-blemas.

Estas 2 vertentes, retratam uma antiga preocupação humana, dividido entre o ideal que deveria gerar ideias ou comportamentos consequentes da realidade e a pró-pria realidade em si, que tem que ser controlada, deli-mitada, seguida, para que o ideal não se perca. Èthos, segundo Aristóteles, expressa um-modo-ser, uma atitude psíquica, aquilo que o homem traz dentro se si na sua relação consigo mesmo, com o outro e com o mundo.

“Ser ético, é muito mais que um problema de costumes, de normas praticas. Supõe uma boa conduta das ações, a felicidade pela ação realizada e a alegria da auto aprova-ção diante do bem feito “ (Aristóteles).

Neste sentido, o Código deve refl etir princípios ge-rais, pressupostos básicos que garantam ao agir do profi ssional, estes elementos de gratifi cação, quando este agir corresponde ao ideal ético refl etido pelo Có-digo.

É esta Ética fi losófi ca que apela para uma refl exão, para uma compreensão das singularidades, é ela que faz um apelo à criatividade humana, à liberdade e à espon-taneidade.

É a Ética, que faz o profi ssional ver o seu cliente/pa-ciente como pessoa, um ser de relação com o mundo, um ser singular à procura de uma compreensão que lhe é pertinente e procura nos profi ssionais de psicologia uma direção para o autoconhecimento, uma ajuda, uma orientação.

É esta visão de totalidade existencial-fi losofi ca que permite ao profi ssional de psicologia abrir as “janelas da sua mente” para ver o mundo como uma realidade so-cial, política, comunitária e perca a mesquinhez de ver o indivíduo no seu imediatismo.

Será esta visão que o faz transcender do indivíduo para o grupo, do momento para a história, de soluções precárias para procuras globais.

O Código de Ética tem que ser fi el a esta dimensão, pois é esta dimensão da Ética do Homem, da pessoa e não do psicólogo. O Código é uma Ética para o homem que trabalha na ciência psicológica.

O Código falhará se fi zer uma ética para o psicólogo esquecendo-se da ética do homem.

É esta ética que faz do psicólogo um profi ssional enraizado socialmente no mundo visto que uma pro-fi ssão é forte quando a sociedade reconhece a sua im-portância e esta se revela efi caz na sua implicação com o contexto social e psicossocial.

Por outro lado, como ciência de costumes, a ética trata dos deveres sociais do homem e das suas obrigações na comunidade.

A satisfação das aspirações morais faz parte integrante do conjunto dos desejos humanos, pois nenhuma socie-dade ou grupo pode viver fora de qualquer regra ou lei. A vida é uma contínua seleção e criação, não é apenas um deixar-se viver.

A conduta moral tem como base a disciplina, a adapta-ção à vida em grupo e a autonomia da vontade.

Portanto, o Código deve refl etir sobre o outro lado do agir humano, reconhecendo simultaneamente a im-portância do sentimento pessoal perante a norma, a im-portância de se acreditar num ideal de homem e de vida, permitindo um encontro real entre a norma e o homem, o qual dignifi ca o seu comportamento.

É importante lembrar que o agir ético vai além do pensar bem e honestamente, é a ressonância de um mun-do individual e pessoal mas exige que a consciência, que é “uma síntese em perpetua realização “ se manifeste de modo explícito através de acções claras e visíveis.

A Ética não pode proporcionar soluções pré-fabri-cadas sem que haja um trabalho interno de cada indi-víduo que se propõe a agir eticamente.

A busca de uma excelência moral equivale à busca da ética, na medida em que a crítica racional incluir uma críti-ca de seus próprios limites ideológicos. A noção de poder estendeu-se do Estado para a sociedade e portanto a no-ção de ética também se ampliou como espaço de refl exão que delimita o uso do poder entre os indivíduos, e que requer destes um desenvolvimento equilibrado das suas potencialidades humanas.

A ética é a noção de limite do poder (controle da infor-mação) existente nas ideologias.

A atitude ética se distancia do poder sobre os outros (e sobre a natureza) e evita ser objeto de qualquer ideologia.

A ética pressupõe liberdade psicológica e desenvolvi-mento do potencial humano, ou seja, do potencial intui-tivo, preceptivo, intelectual e emocional do indivíduo. Ao justifi car sua atitude ética, no entanto, o indivíduo compõe necessariamente uma ideologia sobre a ética. E novamen-te corre o risco de fi car prisioneiro das limitações ideoló-gicas e de usar seu discurso como poder sobre outrem.

Como consequência desta refl exão, conclui-se que a ética é uma atitude sempre transitória, que requer do indi-víduo uma liberdade e um desenvolvimento de seu poten-cial humano maiores, mais profundos do que as atitudes não-éticas ou contrárias à ética.

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Agir eticamente é arriscar-se a ser humano em um grau mais elevado, a partir do qual é possível perce-ber as limitações ideológicas e comportamentais dos grupos.

O código de Ética não pode ser fruto de uma mera teorização sobre o certo e o errado, mas sim resultar de uma acção humana, de uma doutrina, de um sentido ple-no de vida e de uma cultura de vida exclusiva da ciência psicológica. A Ética é como uma estrada assinalada para ajudar os que querem ir devagar e os que necessitam de pressa para chegar.

Um código de Ética deve juntar os grandes princípios teóricos e a prática do quotidiano, o código é a fonte da refl exão ética não dissociada da prática profi ssional. O código de ética não estigmatiza ou defi ne comporta-mentos padrões, o código é um conjunto dos princípios ideais do agir psicológico.

O código de Ética fala de um dever pessoal e de um modo de estar no mundo, evitando-se privilegiar esta ou aquela área, de maneira a que a ética se man-tenha fi el à sua vocação de ser um convite à refl exão e à descoberta dos valores humanos que devem reger a ação dos profi ssionais de psicologia.

A Ética na Avaliação PsicológicaDebra Luepnitz (1998) chama atenção a obrigação

moral e ética que a prática requer: o(a) profi ssional pre-cisa ter consciência do poder e da infl uência que ele/ela exerce sobre a vida do cliente, seja indivíduo, ca-sal, família, grupo, instituição, empresa, comunidade. Uma dessas manifestações de poder é a forma como utilizamos o diagnóstico. Essa autora ressalta a impor-tância de ampliarmos as considerações etiológicas de forma a incluir o social. Variáveis como sexo, situação sócio económica, estado civil, raça, etc. geram va-riações diagnósticas que não podem permanecerem ignoradas. Russo (1990) aponta, por exemplo, que ho-mens solteiros, separados e divorciados são admitidos com mais frequência nos serviços de saúde mental do que mulheres nas mesmas condições. A autora ressalta ainda pesquisas americanas que mostram claramente di-ferenças de género na frequência e no padrão de doen-ças: enquanto mulheres recebem com mais frequência o diagnóstico de depressão major, fobias simples, somati-zação, etc. homens recebem com mais frequência diag-nóstico de dependência química e personalidade antis-social. Chamamos a atenção em trabalho anterior (Diniz, 1999) sobre o estado rudimentar da análise de género neste campo, como um dos fatores que difi culta a cons-trução de um panorama da condição de saúde mental de homens e mulheres.

O reconhecimento da importância dos profi ssionais estarem conscientes dos valores, crenças, preconcei-tos, julgamentos que afetam a formulação de per-guntas, a construção de hipóteses, o planeamento de intervenções, levou um grupo de terapeutas de família a proporem diretivas para uma prática contextualizada, ou seja, que leve em consideração o impacto da socialização de género, classe, raça, cultura sobre o funcionamento das pessoas.

Marianne Walters, Peggy Papp, Olga Silverstein, e Betty Carter(1988) oferecem para refl exão as seguintes sugestões:

1. A(o) profi ssional precisa estar atenta(o) para iden-tifi car os construtos sociais e as mensagens de gé-nero que condicionam o comportamento e os pa-péis sociais e para reconhecer as maneiras distintas com que homens e mulheres são ensinados a lida-rem e a experimentarem relações íntimas. Isto im-plica numa sensibilidade para as manifestações do condicionamento de género nas posturas pessoais, nas interações diárias e na capacidade de questio-narmos atitudes, valores e comportamentos “nor-mais” que foram objetivados pela sociedade.

2. A(o) profi ssional precisa estar preparada(o) para reconhecer que as mulheres são socializadas para assumir a responsabilidade principal pela vida só-cio afetiva da família e para afi rmar valores e com-portamentos característicos do desempenho desse papel, tais como a habilidade de cuidar, conectar e demonstrar emoções. Isto implica no reconheci-mento da difi culdade de lidar com expressões de raiva e descontentamento ou de necessidades e desejos por parte da mulher; no reconhecimento dos dilemas e confl itos que envolvem o gerar e o criar fi lhos na sociedade contemporânea; no apoio para possibilidades de crescimento da mulher fora do casamento e da família;

3. Finalmente, a(o) profi ssional é convidada(o) a con-siderar o seguinte princípio básico: nenhuma inter-venção está livre de valores associados a género e cada palavra e ação da(o) terapeuta terá um signi-fi cado especial para cada sexo. A prática clínica é portanto, um ato social, que não pode ser sepa-rado das questões sociais que o circundam.

Fluxograma que ilustra os principais aspectos da decisão médica (Riis, 1982).

No contato efetuado entre o doente e o psicólogo,

este colhe informação julgada necessária para a poder comparar com o saber já existente e a sua própria expe-riência, tenta classifi car o caso clínico e estabelecer um

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diagnóstico. Nesta fase do processo o médico interro-gar-se-à sobre a fi dedignidade do diagnóstico. Inicia-se desta forma o primeiro processo de decisão. Se o clínico põe em dúvida a precisão do diagnóstico, recomeçará o processo de colheita de dados, provavelmente tentando colher mais sinais e sintomas, mais informação sobre a história familiar, repetindo ou solicitando novos exames complementares. Todo este processo se repetirá até que o médico considere o diagnóstico fi dedigno. Se por vezes este processo é relativamente fácil, por vezes torna-se um verdadeiro pesadelo com a repetição sucessiva desta fase de avaliação.

Dentro da ciência psicológica existem várias correntes teóricas que pontuam técnicas diferentes de trabalho: a Cognitiva/Comportamental; Psicanalítica; Existencialista, etc.

Uma característica comum no tratamento psicológico é o trabalho do uso da palavra e sem recurso a fárma-cos. Nos casos mais graves onde é necessário o uso de fármacos, este trabalho é exercido em parceria com um psiquiatra.

A diferenciação entre as áreas é muito mais ampla do que este resumo, no entanto gostaríamos de salientar a ética e a seriedade do profi ssional, embora todos os psi-cólogos utilizem técnicas diferentes, todos atuam sobre a dor humana.

A vida psíquica do ser humano é bastante séria, e um dos cuidados importantes que os profi ssionais têm que ter na sua avaliação, é ver se o paciente tem recursos psí-quicos para resolver as suas dores, tristezas, etc., ou se o paciente necessita de fármacos.

Isto pressupõe da parte dos profi ssionais da Psicologia um comportamento ético de não olhar o paciente como uma fonte de rendimento, mas sim como um ser humano.

A Competência e a Ética na Avaliação PsicológicaComo articular a lógica dos tempos e a ética na ava-

liação psicológica com os critérios institucionais, buro-cráticos, e economicistas, efi cácia e produtividade admi-nistrativas que apenas valorizam o número de sujeitos observados por dia?

O reconhecimento dos limites da sua competência (e das suas técnicas) exige do psicólogo um esforço contí-nuo ao nível da formação teórica e prática que são cada vez mais especializadas. Uma adequada preparação é condição sine qua none do exercício de uma atividade eminentemente técnica como é o caso da avaliação psi-cológica.

Por isso, a atualização profi ssional ao nível dos conhe-cimento científi cos, dados de investigação e saber – fazer particulares – nomeadamente ao nível da familiarização com várias técnicas e instrumentos específi cos ou objetos de estudos mais recentes, respectivas potencialidades e limites interpretativos são objeto de uma exigência ética elementar.

A questão que se coloca é a de saber onde se encon-tram estas possibilidades de qualifi cação e atualização re-lativamente ao desenvolvimento mais recentes.

Ao nível de cursos de pós graduação, de cursos téc-nicos, especializados ou mestrados, as iniciativas são ma-nifestamente isoladas e em número reduzido. A própria formação (no que diz respeito ao contato com materiais

e ao treino supervisionado de aplicação, cotação de ins-trumentos, e interpretação de resultados, ou dos novos desenvolvimentos teóricos e metodológicos na validação dos instrumentos), ministrada pelas várias instituições de Ensino Superior parece ser relativamente reduzida na maior parte dos casos, sobretudo se tivermos em conta o número cada vez maior das situações e contextos nos quais é solicitada a avaliação psicológica.

O ensino específi co da avaliação psicológica – domí-nio onde se verifi ca uma cada vez maior especialização um crescente alargamento a novas áreas e uma diversi-fi cação dos métodos deve constituir uma tarefa e uma preocupação fundamentais das instituições de formação em Psicologia, de modo a evitar, na medida do possível a proliferação de práticas discutíveis.

Neste contexto a formação dos psicólogos deve in-cluir uma sensibilização para a importância da dimensão ética e moral, na prestação dos vários tipos de serviços específi cos associados à avaliação psicológica.

Necessidade de uma Ética na Avaliação PsicológicaEm suma, convém reconhecer a existência de uma éti-

ca na avaliação psicológica, esta supõe:• O reconhecimento e identifi cação da especifi cida-

de da avaliação psicológica e da sua necessidade e utilidade para melhor compreender, julgar e tomar decisões.

• Uma atitude e um movimento de questionamen-to permanente onde o formular de interrogações acerca do sentido, valores, princípios e imperativos a que deve obedecer a conduta da avaliação psi-cológica.

• A renuncia às explicações hegemónicas e omnipo-tentes, subjacentes à ideia de possibilidade de um conhecimento total acerca do sujeito que é objeto de avaliação psicológica. Neste contexto convém relembrar que a avaliação psicológica não de es-gota numa racionalidade técnico/ científi ca e prá-tica.

• Importa estar consciente de que o esforço cons-tante na delimitação de Princípios e de valores da conduta profi ssional dos psicólogos prolonga-se numa melhor fundamentação ao nível das teorias e dos modelos na avaliação psicológica, nesta linha os princípios éticos e morais devem ser igualmente procurados fora da psicologia (Kendler, 1993; Pril-leltensky, 1994).

• O exame constante do modo como o psicólogo produz-constrói as suas observações e toma de-cisões acerca do(s) sujeito(s), exige uma grande atenção aos seus sentimentos para com o Outro e um trabalho permanente de refl exão pessoal (auto avaliação, introspecção e autoconhecimento), so-bre os fundamentos, valor e sentido dos seus atos.

• Os psicólogos são responsáveis pelas consequên-cias do seu trabalho e pelas suas possíveis implica-ções éticas e, nesta linha são cada vez mais obri-gados a uma fundamentação científi ca, objetiva e pormenorizada na sua prática profi ssional.2

2 Fonte: www.psicologia.pt -Texto adaptado de Maria de Fátima Oliveira e Cristina Camões

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Código de Ética de PsicologiaO código de ética do psicólogo está em vigor desde

2005 e é o terceiro da profi ssão. Hoje ele atende às novas necessidades da profi ssão, respeitando as leis e o mo-mento do país. Ele traz os princípios fundamentais dos psicólogos e suas responsabilidades de profi ssional.

Veja abaixo alguns pontos fundamentais da psicolo-gia:

⇒ O psicólogo deve respeitar os valores contidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos (liberdade, dignidade e integridade). Assim como zelar pela integri-dade da psicologia, usando-a apenas para promover o bem;

⇒ A psicologia tem que lutar contra a discriminação, violência e crueldade, zelando pela saúde e qualidade de vida;

⇒ Aprimorar os estudos é uma obrigação do psicólo-go, para que possa atuar na profi ssão com responsabili-dade e contribuir para o desenvolvimento da psicologia como ciência;

⇒ A prestação de seus serviços deve ser feita em con-dições dignas de trabalho;

⇒ É vedado a qualquer psicólogo ser conivente com práticas contrárias ao código de ética profi ssional. Desta forma, é permitido que delate qualquer ação negligente, de discriminação ou qualquer prática contrária aos valo-res estipulados pelo código e pela legislação;

⇒ Usar seu conhecimento psicológico como instru-mento de tortura, para promover castigos ou praticar violência é estritamente proibido;

⇒ É proibida a emissão de documentos sem funda-mentação técnica e científi ca;

⇒ Não é considerado ético da parte do psicólogo avaliar ou atender pessoas com as quais tenha relações pessoais ou familiares, para que a qualidade de seu tra-balho não seja prejudicada;

⇒ Criança e adolescentes só poderão ser atendidas mediante autorização de um responsável legal ou das autoridades competentes;

⇒ O sigilo é inerente à profi ssão do psicólogo, pois é guardando-o que ele protege a integridade e a confi -dencialidade daqueles para os quais presta seus serviços;

⇒ É responsabilidade dos professores das escolas de psicologia orientar e alertar os estudantes sobre os prin-cípios e as normas do código de ética da profi ssão;

⇒ A participação de psicólogos em veículos de co-municação de massa deve ter a função de esclarecer para a população o papel da profi ssão e divulgar suas bases científi cas;

⇒ A utilização de meios de comunicação para pro-moção pessoal é vedada ao psicólogo, assim como a divulgação das atividades profi ssionais de maneira sen-sacionalista;

⇒ A punição em caso de desrespeito ao código de ética profi ssional pode ser desde advertências e multas até a cassação do exercício profi ssional.3

Acesse o link a seguir para ver na íntegra o Código.http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2012/07/co-

digo-de-etica-psicologia.pdf

3 Fonte: www.codigo-de-etica.info

EXERCÍCIO COMENTADO

01. (UEM/2018 – UEM) De acordo com o Código de Ética Profi ssional, assinale a alternativa que apresenta um de seus princípios fundamentais.

a) O psicólogo atuará com responsabilidade social, abstendo-se de analisar criticamente a realidade política.

b) O psicólogo não considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profi ssionais.

c) O psicólogo zelará para que o exercício profi ssional seja efetuado com dignidade, permanecendo inerte nas situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.

d) O psicólogo baseará seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.

e) O psicólogo atuará com responsabilidade, sem, contudo, necessitar de contínuo aprimoramento profi ssional.

De acordo com o Código de Ética Profi ssional do Psi-cólogo (Resolução CFP nº 10/05), o psicólogo deverá ter seu comportamento embasado nos seguintes prin-cípios:I. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valo-res que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.Resposta: D

PSICOLOGIA SOCIAL.

No decorrer de sua breve história, a Psicologia Social tem se caracterizado pela pluralidade e multiplicidade de abordagens teóricas adotadas como referenciais legíti-mos à produção de conhecimentos sociopsicológicos. Tal contexto tem difi cultado sobremaneira a delimitação do objeto de estudo ou mesmo dos vários objetos de estu-do dessa disciplina.

Contudo, o binômio indivíduo-sociedade, isto é, o es-tudo das relações que os indivíduos mantêm entre si e com a sua sociedade ou cultura, sempre esteve no centro das preocupações dos psicólogos sociais, com o pêndulo oscilando ora para um lado, ora para o outro.

Assim é que, em seus primórdios, a Psicologia Social adotou uma abordagem eminentemente molar, dedi-cando-se prioritariamente ao estudo dos processos so-cioculturais e concebendo o indivíduo como integrante desse sistema. Com o passar do tempo, porém, ela foi progressivamente adotando níveis mais moleculares de análise e se tornando mais individualista, ao se focalizar cada vez mais na investigação de processos intraindivi-duais. Em reação a tal individualização, a Psicologia So-

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cial irá assistir a outras mudanças de rumo, responsáveis pelo desenvolvimento de abordagens que se voltam no-vamente para a análise de eventos e processos histórica e culturalmente situados e dinâmicos.

A ênfase maior dada ao indivíduo ou à sociedade fez com que diferentes autores (House, 1977; Stephan & Stephan, 1985) começassem a defender a existência de duas modalidades de Psicologia Social: a Psicologia Social Psicológica e a Psicologia Social Sociológica. A Psicologia Social Psicológica, segundo a defi nição de G. Allport (1954), que se tornou clássica, procura explicar os sentimentos, pensamentos e comportamentos do indi-víduo na presença real ou imaginada de outras pessoas. Já a Psicologia Social Sociológica, segundo Stephan e Stephan (1985), tem como foco o estudo da experiência social que o indivíduo adquire a partir de sua participa-ção nos diferentes grupos sociais com os quais convi-ve. Em outras palavras, os psicólogos sociais da primeira vertente tendem a enfatizar principalmente os processos intraindividuais responsáveis pelo modo pelo qual os in-divíduos respondem aos estímulos sociais, enquanto os últimos tendem a privilegiar os fenômenos que emergem dos diferentes grupos e sociedades.

Para além dessa já hoje clássica divisão, a Psicologia Social desdobrou-se, mais recentemente, em outra ver-tente, qual seja a Psicologia Social Crítica (Álvaro & Garri-do, 2006) ou Psicologia Social Histórico-Crítica (Mancebo & Jacó-Vilela, 2004), expressões que abarcam, na realida-de, diferentes posturas teóricas. Assim é que, de acordo com Hepburn (2003), tanto o Socioconstrucionismo (Ger-gen, 1997) e a Psicologia Discursiva (Potter & Wetherell, 1987), como a Psicologia Marxista, o pós-modernismo e o feminismo, entre outros, contribuem atualmente para o campo da Psicologia Social Crítica. Tais perspectivas guardam em comum o fato de adotarem uma postura crítica em relação às instituições, organizações e práti-cas da sociedade atual, bem como do conhecimento até então produzido pela Psicologia Social a esse respeito. Nesse sentido, colocam-se contra a opressão e a explo-ração presentes na maioria das sociedades e têm como um de seus principais objetivos a promoção da mudança social como forma de garantir o bem-estar do ser huma-no (Hepburn, 2003).

A evolução da Psicologia Social, nas diferentes par-tes de mundo, vem ocorrendo, de certa forma, associada às várias modalidades ou vertentes da disciplina. Assim é que, na América do Norte, e mais especialmente nos Estados Unidos da América, a Psicologia Social Psicoló-gica foi e continua sendo a tendência predominante. Já na Europa, é possível se notar uma preocupação maior com os processos grupais e socioculturais, que sempre estiveram na base das preocupações da Psicologia Social Sociológica. Por outro lado, na América Latina, verifi ca-se a adoção da Psicologia Social Crítica como abordagem preferencial à análise dos graves problemas sociais que costumam assolar a região. 4

Resumidamente, a psicologia social aborda as rela-ções entre os membros de um grupo social, portanto se encontra na fronteira entre a psicologia e a sociologia. Ela busca compreender como o homem se comporta nas suas interações sociais. Para alguns estudiosos, porém, a

4 Texto adaptado de Maria Cristina Ferreira

comparação entre a Psicologia Social e a Sociologia não é assim tão simples, pois ambas constituem campos in-dependentes, que partem de ângulos teóricos diversos. Há, portanto, uma distância considerável entre as duas, porque enquanto a psicologia destaca o aspecto indivi-dual, a sociologia se atém à esfera social.

O que a Psicologia Social faz é revelar os graus de conexão existentes entre o ser e a sociedade à qual ele pertence, desconstruindo a imagem de um indivíduo oposto ao grupo social. Um postulado básico dessa disci-plina é que as pessoas, por mais diversifi cadas que sejam, apresentam socialmente um comportamento distinto do que expressariam se estivessem isoladas, pois imersas na massa elas se encontram imbuídas de uma mente co-letiva. É esta instância que as leva a agir de uma forma diferente da que assumiriam individualmente. Este ponto de vista é desenvolvido pelo cientista social Gustave Le Bon, em sua obra Psicologia das Multidões. Este pesqui-sador esteve em contato com Freud e, desse debate en-tre ambos, surgiu no alemão o conceito de ‘massa’, que por problemas de tradução ele interpretou como ‘grupo’, abordando-o em suas pesquisas, que culminariam com a publicação de Psicologia de Grupo, em 1921.

A Psicologia Social também estuda o condicionamen-to – processo pelo qual uma resposta é provocada por um estímulo, um objeto ou um contexto, distinta da ré-plica original – que os mecanismos mentais conferem à esfera social humana, enquanto por sua vez a vivência em sociedade igualmente interfere nos padrões de pen-samento do Homem. Esse ramo da psicologia pesquisa, assim, as relações sociais, a dependência recíproca en-tre as pessoas e o encontro social. Estas investigações teóricas tornam-se mais profundas ao longo da Segunda Guerra Mundial, com a contribuição de Kurt Lewin, hoje concebido por muitos pesquisadores como o criador da Psicologia Social.5

EXERCÍCIO COMENTADO

01. (Convest UFAM/2018 – UFAM) De acordo com Aquino (2005), “Psicologia Social é o espaço de interse-ção entre duas premissas. Pensar o indivíduo separado da sociedade ou a sociedade sem os indivíduos é um exercício de impossibilidade ou de vazio da realidade.” Que perspectivas são essas?

a) Perspectivas comportamental e cognitiva. b) Perspectivas interacionistas e construcionista. c) Perspectivas sociológica e psicológica. d) Perspectivas comportamental e sócio histórica. e) Perspectivas Vertentes construtivista e sócio histórica.

A psicologia social aborda as relações entre os mem-bros de um grupo social, portanto se encontra na fronteira entre a psicologia e a sociologia. Ela busca compreender como o homem se comporta nas suas in-terações sociais. Resposta: “C”

5 Fonte: www.infoescola.com – Texto adaptado de Ana Lucia Santana

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REFERÊNCIAS TÉCNICAS PARA ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO CRAS.

O CRAS é uma unidade pública municipal, de base territorial, de proteção social básica do Sistema Único de Assistência Social, que tem por objetivo prevenir a ocor-rência de situações de vulnerabilidade e riscos sociais nos territórios, por meio do desenvolvimento de poten-cialidades e aquisições, do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, e da ampliação do acesso aos direitos de cidadania.

O CRAS tem como público prioritário em suas ações os benefi ciários de algum bene-fício da assistência social, como por exem-plo, o Bolsa Família, Benefício de Prestação Continuada (BPC) ou outros benefícios da Assistência Social, ou ainda famílias em si-tuação de vulnerabilidade social devido a fragilização dos vínculos familiares ou com a comunidade.

#FicaDica

O principal serviço do CRAS é o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), desenvolvido prin-cipalmente em grupos busca a participação da família para promover orientações e prevenir situações de vul-nerabilidade ou violência;

O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Víncu-los busca reunir as pessoas, nas suas respectivas faixas etárias, crianças e adolescentes ou idosos, para o desen-volvimento de ações em grupos visando a prevenção a situações de vulnerabilidade e violência, constituem-se em espaços de convivência e fortalecimento de vínculos com a comunidade;

Serviço no domicilio para pessoas com defi ciência ou idosos que não tenham condições de buscar pelos servi-ços no CRAS ou na sua comunidade;

Garante acesso aos Direitos através de encaminha-mentos e orientações durante os atendimentos;

No caso de famílias em acompanhamento, realiza plano de acompanhamento familiar: planejamento con-junto entre a(s) família(s) e profi ssionais (psicólogo e as-sistente social) do CRAS para que a família supere suas difi culdades e alcance seus objetivos.;

Através das ações particularizadas ou em grupos com famílias usuárias dos benefícios da Assistência Social dis-cute temas que contribuam à vida família e ao fortaleci-mento de vínculos;

Realiza ações na comunidade que estimulem à convi-vência comunitária, divulgação do acesso aos direitos, a participação da comunidade na construção da vida pú-blica do seu território etc.6

6 Fonte: www.doisvizinhos.pr.gov.br

EXERCÍCIO COMENTADO

01. (Prefeitura de Fortaleza/CE – 2018 - Prefeitura de Fortaleza/CE) Com base na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), assinale a afi rmativa correta sobre o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).

a) No CRAS é ofertada, prioritariamente, a proteção so-cial especial.

b) O CRAS é unidade pública estadual, de base territorial.c) O CRAS é localizado em áreas com maiores índices de

vulnerabilidade e risco social.d) O CRAS é destinado especialmente aos indivíduos que

sofreram violação de direitos e romperam vínculos fa-miliares.

Resposta: “C”Em “a” e “d”, Errado – trata-se do CREAS.Em “b”, Errado – é unidade municipal.

ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO SUAS -SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, PROTAGONISMO JUVENIL E TRABALHO SOCIAL COM JUVENTUDE.

Pela correlação dos assuntos, esse conteúdo será abordado no tópico Psicologia e Sistema Único de Assistência Social

TRABALHO SOCIAL COM FAMÍLIAS.

A atuação do psicólogo, como trabalhador da Assis-tência Social, tem como fi nalidade básica o fortalecimen-to dos usuários como sujeitos de direitos e o fortaleci-mento das políticas públicas.

As políticas públicas são um conjunto de ações cole-tivas geridas e implementadas pelo Estado, que devem estar voltadas para a garantia dos direitos sociais, nor-teando-se pelos princípios da impessoalidade, universa-lidade, economia e racionalidade e tendendo a dialogar com o sujeito cidadão.

Uma Psicologia comprometida com a transformação social toma como foco as necessidades, potencialidades, objetivos e experiências dos oprimidos. Nesse sentido, a Psicologia pode oferecer, para a elaboração e execução de políticas públicas de Assistência Social – preocupadas em promover a emancipação social das famílias e for-talecer a cidadania junto a cada um de seus membros – contribuições no sentido de considerar e atuar sobre a dimensão subjetiva dos indivíduos, favorecendo o desen-volvimento da autonomia e cidadania. Dessa maneira, as práticas psicológicas não devem categorizar, patologizar e objetifi car as pessoas atendidas, mas buscar compreen-der e intervir sobre os processos e recursos psicossociais, estudando as particularidades e circunstâncias em que

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ocorrem. Tais processos e recursos devem ser compreen-didos de forma indissociada aos aspectos histórico-cul-turais da sociedade em que se verifi cam, posto que se constituem mutuamente.

O indivíduo, em interação constante com seu contexto social (familiar, comunitário), é o eixo da produção e uti-lização do conhecimento psicológico numa prática com-prometida com o desenvolvimento, a justiça e a eqüidade social (MARTINEZ, 2003).

A capacidade de enfrentamento das situações da vida é afetada pelas experiências, condições de vida e signifi ca-dos construídos ao longo do processo de desenvolvimen-to. Alterar o lugar do sujeito nas políticas de Assistência Social, potencializando a sua capacidade de transforma-ção, envolve a construção de novos signifi cados.

Para romper com os processos de exclusão, é im-portante que o sujeito veja-se num lugar de poder, de construtor do seu próprio direito e da satisfação de suas necessidades. No entanto, essa mudança de signifi cados envolve também o contexto social que deve ressignifi car a compreensão sobre como a vulnerabilidade social é produzida.

É preciso, portanto, olhar o sujeito no contexto social e político no qual está inserido e humanizar as políticas públicas. Os cidadãos devem ser pensados como sujei-tos que têm sentimentos, ideologias, valores e modos próprios de interagir com o mundo, constituindo uma subjetividade que se constrói na interação contínua dos indivíduos com os aspectos histórico-culturais e afetivo--relacionais que os cercam. Essa dimensão subjetiva deve ser levada em consideração quando se organizam e exe-cutam as políticas públicas.

Compreender o papel ativo do indivíduo e a infl uên-cia das relações sociais, valores e conhecimentos culturais sobre o desenvolvimento humano pode favorecer a cons-trução de uma atuação profi ssional que seja transforma-dora das desigualdades sociais. Ao levar em consideração essa dimensão do desenvolvimento dos sujeitos, contri-bui-se para a promoção de novos signifi cados ao lugar do sujeito cidadão, autônomo e que deve ter vez e voz no processo de tomada de decisão e de resolução das difi culdades e problemas vivenciados.

Valorizar a experiência subjetiva do indivíduo contribui para fazê-lo reconhecer sua identidade e seu poder pes-soal. Operando no campo simbólico e afetivo-emocional da expressividade e da interpretação dialógica, com vistas ao fortalecimento pessoal, pode-se desenvolver condi-ções subjetivas de inserção social.

Assim, a oferta de apoio psicológico básico é uma possibilidade importante, de forma a facilitar o movimen-to dos sujeitos para o desenvolvimento de sua capacida-de de intervenção e transformação do meio social onde vive (CFP, 2005), uma vez que visa à potencialização de recursos psicossociais individuais e coletivos frente às si-tuações de risco e vulnerabilidade social.

O importante é compreender a demanda dos usuários dos serviços, em seus aspectos históricos, sociais, pes-soais e contextuais, para se realizar uma intervenção psi-cológica mais efetiva e resolutiva, com base na demanda planejada (construída pelo diálogo entre o saber do téc-nico e do população referenciada), e não só na demanda espontânea.

Na relação com as famílias é importante também estar atento ao processo de culpabilização da família. A extrema valorização da família e a idealização do núcleo familiar contribuíram para se pensar que “ (...) se tudo se remete à família, tudo é culpa da família” (MELMAN, 2002, p. 38). Respeito mútuo, respeito a si próprio e reco-nhecimento do outro são importantes para a construção de relações de confi ança entre profi ssionais e população atendida e para se possibilitar uma postura autônoma, contribuindo para a re-signifi cação do lugar do indivíduo, empoderando-o enquanto sujeito cidadão de direitos.

Quando os profi ssionais têm disponibilidade para re-visitar e aprimorar suas ações, com base no conhecimen-to compartilhado com diferentes profi ssionais e usuários, realizam troca de saberes e constroem práticas interdis-ciplinares mais colaborativas, ricas e fl exíveis. A prática interdisciplinar é uma prática política, um diálogo entre pontos de vista para se construírem leituras, compreen-sões e atuações consideradas adequadas, e visa à aborda-gem de questões relativas ao cotidiano, pautadas sobre a realidade dos indivíduos em seu território.

Para o enfrentamento dessas situações, é relevante também a identifi cação e consideração das expectativas, necessidades e potencialidades dos usuários e a análise da adequação das ações propostas ao campo da Assis-tência Social.

A prática profi ssional do psicólogo junto a políticas públicas de Assistência Social é a de um profi ssional da área social produzindo suas intervenções em serviços, programas e projetos afi ançados na proteção social bási-ca, a partir de um compromisso ético e político de garan-tia dos direitos dos cidadãos ao acesso à atenção e prote-ção da Assistência Social. A partir da interface entre várias áreas da Psicologia, estas ações estão sendo construídas numa perspectiva interdisciplinar, uma vez que vão cons-tituindo várias funções e ocupações que devem priorizar a qualifi cação da intervenção social dos trabalhadores da Assistência Social.

A concepção da Assistência Social como um direito e, portanto, estabelecida como uma política pública, aponta a necessidade de superação da atuação na vertente de viabilizadores de programas para viabilizadores de direi-tos, exigindo o conhecimento da legislação, dos direitos e da compreensão do cidadão enquanto autônomo e com potencialidades.

O psicólogo deve integrar as equipes de trabalho em igualdade de condições e com liberdade de ação, num papel de contribuição nesse processo de construção de uma nova ótica da promoção, que abandona o assisten-cialismo, as benesses, que não está centrada na caridade e nem favor, rompendo com o paradigma da tutela, das ações dispersas e pontuais.

A relação com a equipe e o usuário deve pautar-se pela parceria, pela socialização e pela construção do co-nhecimento, respeitando o caráter ético conforme deter-mina o Código de Ética Profi ssional do psicólogo.7

Recursos psicossociais no trabalho com as famí-lias, seus membros e indivíduos

As intervenções junto às famílias devem buscar garan-tir o acesso aos recursos adequados. As famílias podem ser orientadas sobre a importância de garantir às crian-

7 Fonte: www.blog.gesuas.com.br

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ças a retaguarda de um adulto, momentos para usufruir de suas necessidades de criança e adequação quanto ao cumprimento das tarefas da casa em relação à faixa etá-ria. Em algumas famílias, os adultos procuram exercer sua necessária autoridade recorrendo a modelos dominado-res, ou fl exibilizando tanto as regras a ponto de permi-tirem signifi cativos questionamentos a essa autoridade. Da mesma forma, em alguns lares encontramos adoles-centes e jovens que adquirem um poder desproporcional à sua idade, muitas vezes por meio da transgressão de regras e da difi culdade dos adultos de desempenhar o seu papel. Alguns adultos precisam de ajuda para sen-tirem-se fortalecidos ao exercer a autoridade diante de tantos e tão diversos desafi os.

Os serviços e recursos comunitários e uma política social que contemple as demandas familiares, como a garantia de acesso a creches, jornada de trabalho ade-quada, transporte públicos que não impliquem a per-manência de longos períodos fora de casa, poderiam auxiliar as famílias nesse sentido.

A identifi cação precoce de papéis disfuncionais que geram sofrimento, e não crescimento, pode ser realizada por profi ssionais de saúde que acompanham famílias. Tais papéis devem ser abordados de modo que não se cristalizem ou originem fi ssuras graves no sistema fami-liar.

Nenhuma família está isenta de problemas e infor-túnios. As crises e eventos estressantes afetam toda a família e apresentam riscos para o indivíduo e para as relações familiares. Como asseveram Whitaker e Bum-berry a habilidade em manejá-los é fundamental para o crescimento vários ciclos de vida familiar, ou mesmo imprevisíveis, tal como falecimento inesperado de um membro, desemprego, divórcio etc.

Defi nir a qual ciclo de vida familiar a família perten-ce é importante, pois ajuda a compreender as principais necessidades da família, trabalhos preventivos a serem desenvolvidos, esclarecimentos sobre as questões es-pecífi cas do ciclo – auxiliando a família a resolver pro-blemas, ou seja, oferecendo ajuda específi ca para a fase vivenciada. A partir do princípio da longitudinalidade, observamos as mudanças e a reorganização do grupo familiar na passagem de uma fase para outra, dando apoio segundo as necessidades vigentes (FERNANDES; CURRA, 2006).

São os ciclos convencionais para as famílias de classe média e alta (FERNANDES; CURRA, 2006):

• adultos jovens independentes; • nascimento do primeiro fi lho; • famílias com fi lhos pequenos; • famílias com fi lhos adolescentes; • ninho vazio: a saída dos fi lhos; • aposentadoria; • famílias no estágio tardio: a velhice.

São os ciclos convencionais para as famílias de classe popular:

• família composta de jovem adulto; • família com fi lhos pequenos; • família no estágio tardio.

As crises podem desafi ar o sistema familiar a apri-morar habilidades e a desenvolver recursos, pois fato-res de estresse podem ser potenciais estimuladores de competências. O que distingue a família saudável não seria a ausência de problemas, mas sim a maneira de enfrentá-los e a competência para resolvê-los (WALSH, 2003; 2005).

O conceito de resiliência familiar abrange mais do que a reunião de condições satisfatórias para manejar estresse e suportar ou sobreviver a situações traumáti-cas ou provações. Envolve o potencial de crescimento e transformação que pode ser desenvolvido nas relações familiares e em seus membros em situações de adversi-dade. Intervenções focadas no fortalecimento dos pro-cessos adequados podem maximizar o potencial para a resiliência que todas as famílias apresentam. Os proces-sos familiares medeiam o impacto do estresse em todos os membros das famílias e em seus relacionamentos, estimulando a resiliência ou aumentando a vulnerabili-dade (WALSH, 2003; 2005).

A avaliação da condição da família pode ser realizada de várias formas. Existem alguns instrumentos específi -cos, mas uma entrevista com a maior parte dos mem-bros da família, garantindo-se a presença do principal responsável, pode oferecer muitas das informações ne-cessárias. O fundamental é facilitar a comunicação para explorar as visões de vários membros da família, permi-tindo que a informação circule e identifi cando aspectos que revelem difi culdades, confl itos e potencialidades.

Alguns recursos de trabalho junto à família que po-demos destacar é a escala de risco familiar ou Escala de Coelho, que estratifi ca itens observados, classifi cando sua situação de risco. Temos também o genograma é outro instrumento interessante para ampliar o conheci-mento sobre as famílias. Trata-se de uma representação gráfi ca do sistema familiar, preferencialmente em três gerações, que utiliza símbolos padronizados para iden-tifi car os componentes da família e suas relações. Ou ainda o ecomapa, tal como o genograma, faz parte do conjunto de instrumentos de avaliação familiar, e os dois podem aparecer de forma complementar dentro de um prontuário familiar. Enquanto o genograma identifi ca as relações e ligações dentro do sistema multigeracional da família, o ecomapa identifi ca as relações e ligações da família e de seus membros com o meio e a comunidade onde habitam. 8

Abordagem sistêmica e estratégias de atendi-mento e acompanhamento às familias

O contato entre a Cibernética e as Ciências Sociais produziu a Terapia Sistêmica de Família. A partir da dé-cada de 50, desenvolveram-se várias pesquisas e mode-los de atendimento às famílias, infl uenciados pela visão emergente sobre contextos e ecologia. (Rapizo, 1998).

A idéia do sintoma como pertencente a um indiví-duo começa a ser questionada e o sintoma passa a ser entendido como expressão ou metáfora das relações in-terpessoais.

8 Fonte: www.unasus.unifesp.br – Texto adaptado de Ana Cristina Belizia Schlithler /Mariane Ceron /Daniel Almeida Gonçalves