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Prefeitura Municipal de Limeira do Estado de São Paulo LIMEIRA-SP Professor de Educação Infantil DZ056-N9

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Prefeitura Municipal de Limeira do Estado de São Paulo

LIMEIRA-SPProfessor de Educação Infantil

DZ056-N9

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Todos os direitos autorais desta obra são protegidos pela Lei nº 9.610, de 19/12/1998.Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você

conhece algum caso de “pirataria” de nossos materiais, denuncie pelo [email protected].

www.novaconcursos.com.br

[email protected]

OBRA

Prefeitura Municipal de Limeira do Estado de São Paulo

Professor de Educação Infantil

Concurso Público – Edital nº 04/2019

AUTORESLíngua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas BrancoRaciocínio Lógico - Prof º Bruno Chieregatti E João De Sá Brasil

Noções De Informática - Prof º Ovidio Lopes Da Cruz NettoConhecimentos Específicos - Profª Ana Maria B. Quiqueto

Legislação- Profª Ana Maria B. QuiquetoConhecimentos Pedagógicos- Profª Ana Maria B. Quiqueto

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃORobson SilvaLeandro Filho

DIAGRAMAÇÃORenato Vilela

Victor Andrade

CAPAJoel Ferreira dos Santos

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APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA

Organização textual: interpretação dos sentidos construídos nos textos verbais e não verbais; características de textos descritivos, narrativos e dissertativos; discursos direto e indireto; elementos de coesão e coerência.............. 01Aspectos semânticos e estilísticos: sentido e emprego dos vocábulos; tempos, modos e aspectos do verbo; uso dos pronomes; metáfora, metonímia, antítese, eufemismo, ironia.................................................................................... 16Aspectos morfológicos: reconhecimento, emprego e sentido das classes gramaticais em textos; processos de formação de palavras; mecanismos de flexão dos nomes e dos verbos....................................................................... 24Processos de constituição dos enunciados: coordenação, subordinação; concordâncias verbal e nominal; regências verbal e nominal; colocação e ordem de palavras na frase.................................................................................. 62Sistema gráfico: ortografia; regras de acentuação; uso dos sinais de pontuação........................................................... 86

RACIOCÍNIO LÓGICO

Estruturas lógicas, proposições, valores lógicos. Lógica de argumentação: analogias, inferências, deduções e conclusões. Lógica proposicional: proposições simples e compostas; silogismo e tautologia; tabelas-verdade; equivalências; leis de De Morgan; diagramas lógicos. ..................................................................................................................... 01Problemas aritméticos e geométricos. ..................................................................................................................................................... 30

NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Noções de hardware............................................................................................................................................................................................ 01Noções de sistema operacional (ambiente Windows)............................................................................................................................ 05Edição de textos, planilhas e apresentações (Office 2013 ou superior).......................................................................................... 14Uso de Internet: navegador; recursos do navegador; busca na Internet; uso de ferramenta de mensagem eletrônica (e-mail, anti spam e listas)................................................................................................................................................................................. 43Noções de segurança (senhas, prevenção de vírus e outros códigos maliciosos, antivírus, SPAM e antispam, cópias de segurança)......................................................................................................................................................................................................... 57

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

Natureza e especificidade da Educação; concepções pedagógicas; relação teoria e prática............................................. 01Relação entre desenvolvimento, ensino e aprendizagem................................................................................................................. 20Zona de desenvolvimento efetivo e iminente........................................................................................................................................ 22Relação entre pensamento e linguagem.................................................................................................................................................. 25Fundamentos filosóficos, psicológicos e pedagógicos da educação............................................................................................ 27Saber científico e saber escolar; unidade, conteúdo e método...................................................................................................... 27Pedagogias hegemônicas e contra-hegemômicas............................................................................................................................... 42O homem como sujeito histórico................................................................................................................................................................ 47Signo como mediador entre sujeito e objeto........................................................................................................................................ 48Concepção de infância; periodização do desenvolvimento psíquico a partir da psicologia histórico-cultural............ 51O papel da educação escolar na formação de conceitos.................................................................................................................. 61Alfabetização e educação infantil; jogos de papeis............................................................................................................................. 67

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SUMÁRIO

Linhas acessórias e atividade guia ou dominante................................................................................................................................ 72Zona de desenvolvimento iminente e efetivo....................................................................................................................................... 76Literatura na educação infantil..................................................................................................................................................................... 76Lúdico no ensino da matemática................................................................................................................................................................. 83Atividade de estudo e o desenvolvimento psíquico da criança...................................................................................................... 95

LEGISLAÇÃO

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, de 05/10/88 – Cap. III – seção I da Educação............................ 01BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, com suas alterações. Estabelece Diretrizes e Bases da Educação Nacional-LDB......................................................................................................................................................................................................... 03BRASIL.CNE/CEB Resolução nº 4, de 13/07/2010. Define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica.... 23BRASIL. Lei n.º 8.069, de 13/07/1990 – Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências... 34BRASIL. Resolução nº 1, de 17 de junho 2004. Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana........................................................ 35BRASIL. Lei nº 11.645, de 10/03/2008- Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”........................ 36BRASIL. MEC/SEB. Resolução n. 5 de 17 de dezembro de 2009. Fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.................................................................................................................................................................................................. 37BRASIL. Resolução CNE/CP nº 2, de 22/12/ 2017.Institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular(BNCC). Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017.................................................................................................................... 40Currículo da Rede Municipal de Limeira/2019.......................................................................................................................................... 42Deliberação CME nº 02, de 08/11/2016, que dispõe sobre as Diretrizes Curriculares da Rede Municipal de Ensino do Município de Limeira. (Publicada no JOM de 12/11/2016)........................................................................................................... 43

CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS

ARCE, Alessandra & MARTINS, Lígia Márcia (Orgs.). Ensinando aos pequenos de zero a três anos. Campinas, SP: Alínea, 2012.......................................................................................................................................................................................................... 01ARCE, Alessandra & MARTINS, Ligia Márcia (Orgs.). Quem tem medo de ensinar na educação infantil? Campinas, SP: Alínea, 2013.................................................................................................................................................................................................. 04MARSIGLIA, Ana Carolina Galvão. Infância e pedagogia histórico-crítica. Campinas, SP: Autores Associados, 2013.... 06MARTINS, Lígia Márcia. O desenvolvimento do psiquismo e a educação escolar: contribuições a luz da Psicologia Histórico-Cultural e da Pedagogia Histórico-Crítica. Campinas, SP: Autores Associados, 2013......................................... 15SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia. São Paulo: Cortez; Campinas, SP: Autores Associados, 1983. SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. Campinas, SP: Autores Associados, 2011................ 21VIGOTSKI, L. S. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In VIGOTISKI, LURIA, LEONTIEV. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone Editora, 2012...................................................................... 23

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

ÍNDICE

Natureza e especificidade da Educação; concepções pedagógicas; relação teoria e prática............................................. 01Relação entre desenvolvimento, ensino e aprendizagem................................................................................................................. 20Zona de desenvolvimento efetivo e iminente........................................................................................................................................ 22Relação entre pensamento e linguagem.................................................................................................................................................. 25Fundamentos filosóficos, psicológicos e pedagógicos da educação............................................................................................ 27Saber científico e saber escolar; unidade, conteúdo e método...................................................................................................... 27Pedagogias hegemônicas e contra-hegemômicas............................................................................................................................... 42O homem como sujeito histórico................................................................................................................................................................ 47Signo como mediador entre sujeito e objeto........................................................................................................................................ 48Concepção de infância; periodização do desenvolvimento psíquico a partir da psicologia histórico-cultural............ 51O papel da educação escolar na formação de conceitos.................................................................................................................. 61Alfabetização e educação infantil; jogos de papeis............................................................................................................................. 67Linhas acessórias e atividade guia ou dominante................................................................................................................................ 72Zona de desenvolvimento iminente e efetivo....................................................................................................................................... 76Literatura na educação infantil..................................................................................................................................................................... 76Lúdico no ensino da matemática................................................................................................................................................................. 83Atividade de estudo e o desenvolvimento psíquico da criança...................................................................................................... 95

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NATUREZA E ESPECIFICIDADE DA EDUCAÇÃO; CONCEPÇÕES PEDAGÓGICAS; RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA

Concepções de escola

Em suas obras, Dermeval Saviani apresenta a escola como o local que deve servir aos interesses populares garantindo a todos um bom ensino e saberes básicos que se reflitam na vida dos alunos preparando-os para a vida adulta. Em sua obra Escola e Democracia (1987), o autor trata das teorias da educação e seus problemas, explanando que a marginalização da criança pela escola se dá porque ela não tem acesso a esta, enquanto que a marginalidade é a condição da criança excluída. Sa-viani avalia esses processos, explicando que ambos são prejudiciais ao desenvolvimento da sociedade, trazendo inúmeros problemas, muitas vezes de difícil solução, e conclui que a harmonia e a integração entre os envolvi-dos na educação – esferas política, social e administração da escola podem evitar a marginalidade, intensificando os esforços educativos em prol da melhoria de vida no âmbito individual e coletivo.

Através da interação do professor e da participação ativa do aluno a escola deve possibilitar a aquisição de conteúdos – trabalhar a realidade do aluno em sala de aula, para que ele tenha discernimento e poder de ana-lisar sua realidade de uma maneira crítica -, e a socia-lização do educando para que tenha uma participação organizada na democratização da sociedade, mas Saviani alerta para a responsabilidade do poder público, repre-sentante da política na localidade, que é a responsável pela criação e avaliação de projetos no âmbito das esco-las do estado e município, uma vez que este é o respon-sável pelas políticas públicas para melhoria do ensino, visando a integração entre o aluno e a escola. A escola é valorizada como instrumento de apropriação do saber e pode contribuir para eliminar a seletividade e exclusão social, e é este fator que deve ser levado em considera-ção, a fim de erradicar as gritantes disparidades de níveis escolares, evasão escolar e marginalização.

De fato, a escola é o local que prepara a criança, futu-ro cidadão, para a vida, e deve transmitir valores éticos e morais aos estudantes, e para que cumpra com seu papel deve acolher os alunos com empenho para, verdadeira-mente transformar suas vidas.

CONCEPÇÕES DE EDUCAÇÃO

Concepção Tradicionalista da Educaçãol. ORIGEM HISTÓRICA - Desde o poder aristocrático

antigo e feudal. Buscou inspiração nas tradições pedagógicas antigas e cristãs. Predominou até fins do século XIX. Foi elitista, pois apenas o clero e a nobreza tinham acesso aos estudos.

2. CONCEITO DE HOMEM - O homem é um ser origi-nalmente corrompido (pecado original). O homem deve submeter-se aos valores e aos dogmas uni-versais e eternos. As regras de vida para o homem já foram estabelecidas definitivamente (num mun-do “superior”, externo ao homem).

3. IDEAL DE HOMEM - É o homem sábio (= instruído, que detém o saber, o conhecimento geral, apre-senta correção no falar e escrever, e fluência na oratória) e o homem virtuoso (= disciplinado). A Educação Tradicionalista supervaloriza a formação intelectual, a organização lógica do pensamento e a formação moral.

4. EDUCAÇÃO - Tem como função: corrigir a natureza corrompida do homem, exigindo dele o esforço, disciplina rigorosa, através de vigilância constan-te. A Educação deve ligar o homem ao “mundo superior”que é o seu destino final, e destruir o que prende o homem à sua existência terrestre.

5. DISCIPLINA - Significa domínio de si mesmo, con-trole emocional e corporal. Predominam os incen-tivos extrínsecos: prêmios e castigos. A Escola é um meio fechado que prepara o educando.

6. EDUCADOR - É aquele que já se disciplinou, conse-guiu corrigir sua natureza corrompida e já detém o saber. Tem seu saber reconhecido e sua autoridade garantida. Ele é o centro da decisão do processo educativo.

7. RELACIONAMENTO INTER-PESSOAL. - A disposi-ção na sala de aula, um atrás do outro, reduz ao mínimo as possibilidades de comunicação direta entre as pessoas. É cada um só com o mestre. A re-lação professor-aluno é de obediência ao mestre. Incentiva a competição. É preciso ser o melhor. O outro é um concorrente.

8. O CONTEÚDO - Ênfase no passado, ao já feito, aos conteúdos prontos, ao saber já instituído. O futuro é reprodução do passado. O saber é enciclopédico e é preciso conhecer e praticar as leis morais.

9. PROCEDIMENTOS PEDAGÓGICOS - O conteúdo é apresentado de forma acabada, há ênfase na quantidade de informação dada e memorizada. O aluno ouve informações gerais nas situações par-ticulares.

Concepção Liberalista Da Educação

1. ORIGEM HISTÓRICA - A concepção liberalista da Educação foi se constituindo ao longo da Histó-ria em reação à concepção Tradicionalista, seus primeiros indícios podem se reportar ao Renas-cimento( séc. XV - XVI); prosseguindo com a ins-talação do poder burguês liberalista (séc. XVIII) e culminando com a emergência da chamada Ëscola Nova”(início do séc. XX) e com a divulgação dos pressupostos da Psicologia Humanista (1950).

2. PRESSUPOSTO BÁSICO. da concepção liberalista da Educação. Referências para vida do homem não podem ser os valores pré-dados por fontes supra-humanas, exteriores ao homem. A Educa-ção (como toda a vida social) deve se basear nos próprios homens, como eles são concretamente. O homem pode buscar em si próprio o sentido da sua vida e as normas para a sua vida.

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3. CONCEPÇÃO DE HOMEM - O homem é natural-mente bom, mas ele pode ser corrompido na vida social. O homem é um ser livre, capaz de decidir, escolher com responsabilidade e buscar seu cres-cimento pessoal.

4. CONCEITO DE INFÂNCIA - A criança é inocente. A criança está mais perto da verdadeira humanidade. É preciso protegê-la, isolá-la, do contato com a sociedade adulta e não ter pressa de transformar a criança em adulto. O importante não é preparar para a vida futura apenas, mas vivenciar intensa-mente a infância.

5. IDEAL DE HOMEM. É a pessoa livre, espontânea, de iniciativa, criativa, auto-determinada e responsável. Enfim, auto-realizada.

6. A FUNÇÃO DA EDUCAÇÃO - A função da Educação é possibilitar condições para a atualização e uso pleno das potencialidades pessoais em direção ao auto-conhecimento e auto-realização pessoal. A Educação não deve destruir o homem concreto, e sim apoiar-se neste ser concreto. Não deve ir con-tra o homem para formar o homem. A Educação deve realizar-se a partir da própria vida e experi-ência do educando, apoiar-se nas necessidades e interesses naturais, expectativas do educando, e contribuir para seu desenvolvimento pessoal. Os três princípios básicos da Educação liberalista: li-berdade, subjetividade, atividade.

7. EDUCADOR - Deve abster-se de intervir no pro-cesso do desenvolvimento do educando. Deve ser elemento facilitador desse desenvolvimento. Essa concepção enfatiza as atividades do mestre: com-preensão, empatia (perceber o ponto de refe-rência interno do outro), carinho, atenção, acei-tação, permissividade, autenticidade, confiança no ser humano.

8. DISCIPLINA - As regras disciplinares são discutidas por todos os educandos e assumidas por eles com liberdade e responsabilidade. Essas regras são o limite real para o clima de permissividade. O traba-lho ativo e interessado substitui a disciplina rígida.

9. RELACIONAMENTO INTER-PESSOAL - A relação privilegiada é do grupo de educandos que coo-peram, decidem, se expressam. Enfatiza as re-lações inter-pessoais, busca dar espaço para as emoções, sentimentos, afetos, fatos imprevistos emergentes no aqui-agora do encontro grupal. Permite o pensamento divergente, a pluralida-de de opções, respostas mais personalizadas. É centrada no estudante.

10. ESCOLA - É um meio fechado, se possível espe-cialmente distanciado da vida social para pro-teger o educando. A escola torna-se uma mini--sociedade ideal onde o educando pode agir com liberdade, espontaneidade, alegria.

11. CONTEÚDO - As crianças podem ordenar o co-nhecimento conforme os seus interesses. Evita-se mostrar o mundo “mau”aos educandos. O mundo é apresentado de modo idealizado, bonito, “co-lorido”.

12. PROCEDIMENTO Pedagógico - Enfatiza a técni-ca de descoberta, o método indutivo (do parti-cular ao geral). Defende técnicas globalizantes que garantam o sentido, a compreensão, a inter--relação e sequenciação do conteúdo. Utiliza técni-cas variadas: música, dança, expressão corporal, dramatização, pesquisa, solução de probleas, discussões grupais, dinâmica grupais, trabalho prático. Muito som, luz, cor e movimento, supõe a aprendizagem como processo intrínseco que re-quer elaboração interna do aprendiz. Aprender a aprender é mais fundamental do que acumular grandes quantidades de conteúdos, permite a va-riedade e manipulação efetiva de materiais didá-ticos pelos educandos. Ênfase no jogo, descon-tração, prazer. Enfatiza avaliação qualitativa, a auto-avaliação, a discussão de critérios e avalia-ção com os educandos.

13. RELAÇÃO EDUCACÃO-SOCIEDADE - A concepção liberalista de Educação é coerente com o moderno capitalismo que propõe a livre iniciativa individual, adaptação dos trabalhadores a situações mutáveis, concepção de Educação é conivente com o siste-ma capitalista de sociedade porque:

1.Contribui com a manutenção da estrutura de clas-ses sociais, quando realiza a elitização do saber, de dois modos: a) organizando o ensino de modo a desfavorecer o prosseguimento da escolarização dos mais pobres: o mundo da escola é o mundo burguês no visual, na linguagem, nos meios, nos fins. A escola vai selecionando os mais “capa-zes”. Os outros vão sutilmente se mantendo nas baixas camadas de escolaridade. A pirâmide esco-lar também contribui, portanto, com a reprodução contínua da pirâmide social.

b) 2. Inculca a concepção burguesa de mundo, de modo predominante, divulgando sua ideologia através do discurso explícito e implícito (na fala das autoridades, nos textos de leitura, nas atitudes ma-nifestas). Veicula conteúdos idealizadores da reali-dade, omitindo questionamentos críticos desve-ladores do social real.

3. Seu projeto de mudança social é reformista e acre-dita na mudança social sem conflito, não levando em consideração as contradições reais geradas pelo poder burguês. Quando fala em mudança so-cial, acredita que esta se processa das partes para o todo: mudam as pessoas - as instituições - a sociedade.

14. CONTRADIÇÃO BÁSICA - da concepção liberalista de Educação: Ao contestar o autoritarismo, a opres-são e ressaltar a livre expressão e os direitos do ser humano, a Educação Liberalista abre espaço para que seja possível inclusive a ultrapassagem de si própria em sua nova pedagogia que rejeita os seus pressupostos ideológicos e construa outros pressu-postos com nova concepção de mundo, de socie-dade, de homem. O liberalismo pedagógico torna possível esta ultrapassagem, mas não a realiza.

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Concepção Técnico-Burocrática Da Educação

1. ORIGEM HISTORICA - Esta concepção é também conhecida como concepção TECNICISTA. Penetrou nos meios educacionais a partir dos meados do séc. XX (1950) com o avanço dos modelos de or-ganização EMPRESARIAL. Representa a introdução do modelo capitalista empresarial na escola.

2. CONCEPÇÃO DE HOMEM - É um ser condicionado pelo meio físico-social.

3. IDEAL DE HOMEM - É o homem produtivo e adap-tado à sociedade.

4. FUNÇÃO DA EDUCACÃO - É modeladora, modifica-dora do comportamento humano previsto. Educa-ção é adaptação do indivíduo à sociedade.

5. ESCOLA - Deve ser uma comunidade harmoniosa. Todo problema deve ser resolvido administrativa-mente. O administrativo e o pedagógico são de-partamentos separados.

6. EDUCADOR - É um especialista, já possui o saber. Quem possui saber são os cientistas, os especialis-tas. Esses produzem a cultura. Esses é que deverão comandar os demais homens. Eles produziram a teoria e é esta que vai dirigir a prática. Os espe-cialistas é que devem planejar, decidir e levar os demais a cumprirem as ordens, e executar o fazer pedagógico. A equipe de comando técnico deve fiscalizar o cumprimento das ordens.

7. RELAÇÃO INTER-PESSOAL - Valoriza a hierarquia, ordem, a impessoalidade, as normas fixas e pre-cisas, o pensamento convergente, a uniformi-dade, a harmonia.

8. CONTEÚDO - Supervaloriza o conhecimento técnico-profissional, enfatiza o saber pronto pro-vindo das fontes culturais estrangeiros, super desenvolvidas.

9. PROCEDIMENTO Pedagógico - Enfatiza a técnica, o saber-fazer sem discutir a questão dos valores envolvidos. Privilegia o saber técnico, os métodos individualizantes na obtenção do conhecimen-to. Enfatiza a objetividade, mensuração rigorosa dos resultados, a eficiência dos meios para alcan-çar o resultado final previsto. Tudo é previsto, or-ganizado, controlado pela equipe de comando.

10. DISCIPLINA - A indisciplina deve ser corrigida utilizando reforçamentos de preferência positivos (recompensas, prêmios, promoções profissionais).

11. RELAÇÃO EDUCAÇÃO-SOCIEDADE - Nesta con-cepção de Educação predomina a função repro-dutiva do modelo social. As relações capitalistas se manifestam no trabalho pedagógico de modos diversos e complementares:

a) pela expropriação do saber do professor pelos “planejadores” ou pelo programas e máquinas importadas.

b) pela crescente proletarização do professor arrocho salarial para manutenção dos lucros.

c) pela contenção de despesas e de investimento na qualidade de ensino e na formação do educador, buscando mínimos gastos e máximos lucros para os proprietários da instituição.

d) pela preocupação exclusiva com a formação técni-co-profissional necessária à preparação da mão--de-obra coerente com as exigências do mercado de trabalho. e) pelo uso da tecnologia à serviço do capital : redução da mão-de-obra remunerada.

12. CONTRADIÇÃO BÁSICA. Há bases materiais, con-cretas que sustentam a concepção tecnoburocráti-ca de Educação. Mas a própria dominação gera o seu contrário: a resistência, a luta. A proletarização do professor tem sido a base material que tem le-vado a categoria dos docentes a sair de seus mo-vimentos reivindicatórios corporativistas para unir suas forças à dos proletários. A luta do educador é mais ampla: do nível da luta interna na instituição escolar e junto à categoria profissional à luta social contra o sistema que tem gerado esta Educação.

Concepção Dialética De Educação

1. CONCEITO DE DIALÉTICA. A dialética é uma Filo-sofia porque implica uma concepção do homem, da sociedade e da relação homem-mundo. É também um método de conhecimento. Na Gré-cia antiga a dialética signficava “arte do diálogo”. Desde suas origens mais antigas a dialética estava relacionada com as discussões sobre a questão do movimento, da transformação das coisas. A dia-lética percebe o mundo como uma realidade em contínua transformação. Em tudo o que existe há uma contradição interna. (Por exemplo, numa so-ciedade há forças conservadoras interessadas em manter o sistema social vigente, e há forças eman-cipadoras). Essas forças são inter-dependentes e estão em luta. Essa luta força o movimento, a transformação de ambos os termos contrários em um terceiro termo. No terceiro termo há su-peração do estar-sendo anterior.

2. CONDIÇÕES HISTÓRICAS. A dialética é muito an-tiga, podendo ser reportada a sete séculos antes de Cristo. Sócrates (469-399 A.C.) é considerado o maior dialético grego. No séc. XIX, Hegel e Karl Marx revivem a dialética e a partir deles novos autores têm retomado e ampliado a questão da dialética. A dialética como fundamentação filosó-fica e metodológica da Educação existiu desde os tempos antigos, mas não como concepção domi-nante. Prevaleceu ao longo da História uma con-cepção tradicionalista e metafísica de Educação. (Metafísica: teoria abstrata, desvinculada da reali-dade concreta, com uma visão estática de mundo). Essa concepção tradicional correspondia ao inte-resse das classes dominantes, clero e nobreza, de impedir transformações. Como as transformações radicais da sociedade só interessam às classes des-privilegiadas, compete a essas a retomada da dia-lética. Assim é que o projeto pedagógico da classe trabalhadora foi elaborado por ocasião de revolta dos trabalhadores na França (“Comuna de Paris”, 1871), assumida rapidamente pelo poder burguês. O projeto pedagógico da classe trabalhadora é hoje revivido na luta dos trabalhadores em vários pontos do mundo. A concepção dialética de Edu-

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cação supõe, pois, a luta pelo direito da classe tra-balhadora à Educação, e esige ainda, a participação na luta pela mudança radical das suas condições de existência. A concepção dialética sempre foi re-primida pelo poder dominante, mas resistindo aos obstáculos, ela vai conquistando espaço. Ainda não está estruturada, está se fazendo. A todo edu-cador progresista-dialético uma tarefa se coloca: a de contribuir com essa construção: sistematizar a teoria e a prática dialética de educação.

3. CONCEITO DE HOMEM - O homem é sujeito, agen-te do processo histórico. “A História nos faz, refaz e é feito por nós continuamente”. (Paulo Freire).

4. IDEAL DE HOMEM. A educação dialética visa a construção do homem histórico, compromissado com as tarefas do seu tempo: participar do projeto de construção de uma nova realidade social. Bus-ca a realização plena de todos os homens e acre-dita que isto não será possível dentro do modelo capitalista de sociedade. Sendo assim, se coloca numa perspectiva transformadora da realidade. O homem dessa outra realidade não será mais o homem unilateral, excluído dos bens sociais, ex-plorado no trabalho, mas será um homem novo, o homem total”: “É o chegar histórico do homem a uma totalidade de capacidade, a uma totalida-de de possibilidade de consumo e gozo, podendo usufruir bens espirituais e materiais” (Moacir Ga-dotti).

5. EDUCAÇÃO - Numa sociedade de classes, a educa-ção tem uma função política de criar as condições necessárias à hegemonia da classe trabalhadora. Hegemonia implica o direito de todos participa-rem efetivamente da condução da sociedade, po-der decidir sobre sua vida social; supõe direção cultural, política ideológica. As condições para hegemonia dos trabalhadores passam pela apro-priação da capacidade de direção. A Educação é projeto e processo. Seu projeto histórico é ex-plícito: criação de uma nova hegemonia, a da classe trabalhadora. O ato educativo, cotidiano não é um ato isolado, mas integrado num proje-to social e global de luta da classe trabalhadora. A educação dialética é processo de formação e capacitação: apropriação das capacidades de or-ganização e direção, fortalecimento da consci-ência de classe para intervir de modo criativo, de modo organizado, na transformação estrutural da sociedade. ”Essa educação é libertadora na medi-da em que tiver como objetivo a ação e reflexão consciente e criadora das classes oprimidas sobre seu próprio processo de libertação.”(Paulo Freire).

CONCEPÇÃO METODOLOGICA BÁSICA : Prática - Teo-ria - Prática

1o. Partir da prática concreta: Perguntar, problema-tizar a prática. São as necessidades práticas que motivam a busca do conhecimento elaborado. Es-sas necessidades constituem o problema: aquilo que é necessário solucionar. É preciso, pois, iden-tificar fatos e situações significativas da realidade imediata.

2o. Teorizar sobre a prática: ir além das aparên-cias imediatas. Refletir, discutir, buscar conhecer melhor o tem problematizado, estudar criativa-mente.

3o. Voltar à prática para transformá-la : voltar à prática com referenciais teóricos mais elaborados e agir de modo mais competente. A prática é o crité-rio de avaliação da teoria. Ao colocar em prática o conhecimento mais elaborado surgem novas per-guntas que requerem novo processo de teorização abrindo-nos ao movimento espiralado da busca contínua do conhecimento.

7. CONTEÚDO E PROCEDIMENTO Pedagógico : A educação dialética luta pela escola pública e gra-tuita. Uma escola de qualidade para o povo. Para assumir a hegemonia, a classe trabalhadora preci-sa munir-se de instrumentais: apropriação de co-nhecimentos, métodos e técnicas, hoje restritos à classe dominante. Implica a apropriação crítica e sistemática de teorias, tecnicas profissionais, o ler, escrever e contar com eficiência e mais ainda, apropriar-se de métodos de aquisição, produção e divulgação do conhecimento: pes-quisar, discutir, debater com argumentações precisas, utilizar os mais variados meios de ex-pressão, comunicação e arte. A Educação dialética enfatiza técnicas que propriciem o fazer cole-tivo, a capacidade de organização grupal, que permitem a reflexão crítica, que permitem ao educando posicionar-se como sujeito do conhe-cimento. Busca partir da realidade dos educandos, suas condições de “partida”e interferir para supe-rar esse momento inicial. Avalia continuamente a prática global, não apenas os conteúdos memo-rizados. O aluno é também sujeito da avaliação. A avaliação serve para disgnosticar, evidenciar o que deve ser mudado.

8. A ESCOLA - É lugar de contradição numa socie-dade de classes. Há forças contrárias em luta. Para a educação dialética a escola não deve ser uma sociedade ideal em miniatura. Ela não esconde o conflito social. O conflito deve ser pedagogi-camente codificado (não cair nas “leis da selva”), deve ser evidenciado para ser enfrentado e su-perado. A escola deve preparar, ao mesmo tempo, para a cooperação e para a luta.

9. O EDUCADOR - O professor dialético assume a di-retividade, a intervenção. O professor deve ser me-diador do diálogo do aluno com o conhecimento e não o seu obstáculo. O professor não se faz um igual ao aluno, assume a diferença, a assimetria inicial. O trabalho educativo caminha na direção da diminuição gradativa dessa diferença. Dirigir é ter uma proposta clara do trabalho pedagógico. É propor, não impor.

10. RELACIONAMENTO INTER-PESSOAL E DISCIPLI-NA. A educação dialética valoriza a seriedade na busca do conhecimento, a disciplina intelectual, o esforço. Questiona reduzir a aprendizagem ao que é apenas “gostoso”, prazeiroso em si mesmo. Bus-ca resgatar o lúdico: trabalho com prazer, momen-to de plenitude. Valoriza o rigor científico que não

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é incompatível com os procedimentos democráti-cos. Um não exclui o outro. Nega o autoritarismo e espontaneismo. Reconhece que o uso legítimo da autoridade do educador se faz em sintonia com a expressividade e espontaneidade. A disciplina (regras de comportamento) é algo que se constrói coletivamente. Valoriza a afetividade no encontro inter-pessoal, sem a chantagem ou exploração do afetivo. Mas não basta amar, compreender e que-rer bem o educando. O amor deve aliar-se à com-petência profissional, iluminada por um compro-misso político claro. 1

Tendências pedagógicas e o pensamento pedagógico brasileiro

O ofício de professor deve consagrar temas como a prática educativa, a profissionalização docente, o traba-lho em equipe, projetos, autonomia e responsabilidades crescentes, pedagogias diferenciadas, e propostas con-cretas. O autor toma como referencial de competência adotado em Genebra, 1996, para uma formação contí-nua. O professor deve dominar saberes a serem ensina-dos, ser capaz de dar aulas, de administrar uma turma e de avaliar. Ressalta a urgência de novas competências, devido às transformações sociais existentes. As tecnolo-gias mudam o trabalho, a comunicação, a vida cotidiana e mesmo o pensamento. A prática docência tem que re-fletir sobre o mundo. Os professores são os intelectuais e mediadores, intérpretes ativos da cultura, dos valores e do saber em transformação. Se não se perceberem como depositários da tradição ou percursos do futuro, não serão desempenhar esse papel por si mesmos. O currí-culo deve ser orientado para se designar competências, a capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc.) para enfrentar, solucionar uma série de situações. Dez domínios de com-petências reconhecidas como prioritárias na formação contínua das professoras e dos professores do ensino fundamental.

1. Organizar e dirigir situações de aprendizagem.- Conhecer, para determinada disciplina, os conteú-

dos a serem ensinados e sua tradução em obje-tivos de aprendizagem: nos estágios de planeja-mento didático, da análise posterior e da avaliação.

- Trabalhar a partir das representações dos alunos: considerando o conhecimento do aluno, colocan-do-se no lugar do aprendiz, utilizando se de uma competência didática para dialogar com ele e fazer com que suas concepções se aproxime dos conhe-cimentos científicos;

- Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem: usando de uma situação-problema ara transposição didática, considerando o erro, como ferramenta para o ensino.

- Construir e planejar dispositivos e sequências didá-ticas;

1 Fonte:http://letrasunifacsead.blogspot.com.br/p/dermeval-saviani-concep-coes-de-escola.htmlhttp://www.ia.ufrrj.br/ppgea/conteudo/T1SF/Akiko/04.doc.Coordenação de Ação Cultural MOVA-SP (Prefeitura Municipal de São Paulo) Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos

- Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento.

2. Administrar a progressão das aprendizagens.- Conceber e administrar situações-problema ajus-

tadas ao nível e as possibilidades dos alunos: em torno da resolução de um obstáculo pela classe, propiciando reflexões, desafios, intelectuais, confli-tos sociocognitivos;

- Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino: dominar a formação do ciclo de aprendi-zagem, as fases do conhecimento e do desenvol-vimento intelectual da criança e do adolescente, além do sentimento de responsabilidade do pro-fessor pleno conjunto da formação do ensino fun-damental;

- Estabelecer laços com as teorias subjacentes às ati-vidades de aprendizagens;

- Observar e avaliar os alunos em situações de apren-dizagens;

- Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão;

- Rumar a ciclos de aprendizagem: interagir grupos de alunos e dispositivos de ensino-aprendizagem.

3. Conceber e fazer evoluir os dispositivos de dife-renciação.

- Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma, com o propósito de grupos de necessida-des, de projetos e não de homogeneidade;

- Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto, organizar para facilitar a cooperação e a geração de grupos utilidades;

- Fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de grandes dificuldades, sem todavia transforma-se num psicoterapeuta;

- Desenvolver a cooperação entre os alunos e cer-tas formas simples de ensino mútuo, provocando aprendizagens através de ações coletivas, criando uma cultura de cooperação através de atitudes e da reflexão sobre a experiência.

4. Envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho.

- Suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com o saber, o sentido do trabalho escolar e de-senvolver na criança a capacidade de auto avalia-ção. O professor deve ter em mente o que é en-sinar, reforçar a decisão de aprender, estimular o desejo de saber, instituindo um conselho de alu-nos e negociar regras e contratos;

- Oferecer atividades opcionais de formação, à la carte;- Favorecer a definição de um projeto pessoal do alu-

no, valorizando-os e reforçando-os a incitar o alu-no a realizar projetos pessoais, sem retornar isso um pré-requisito.

5. Trabalhar em equipe.- Elaborar um projeto de equipe, representações co-

muns;- Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões;- Formar e renovar uma equipe pedagógica;

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- Enfrentar e analisar em conjunto situações comple-xas, práticas e problemas profissionais.

- Administrar crises ou conflitos interpessoais.

6. Participar da administração da escola.- Elaborar, negociar um projeto da instituição;- Administrar os recursos da escola;- Coordenar, dirigir uma escola com todos os seus

parceiros (serviços para escolares, bairro, associa-ções de pais, professores de línguas e cultura de origem);

- Organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos alunos.

7. Informar e envolver os pais.- Dirigir reuniões de informação e de debate;- Fazer entrevistas;- Envolver os pais na construção dos saberes.

8. Utilizar novas tecnologias.As novas tecnologias da informação e da comunica-

ção transformam as maneiras de se comunicar, de tra-balhar, de decidir e de pensar. O professor predica usar editores de textos, explorando didáticas e programas com objetivos educacionais.

- Discutir a questão da informática na escola;- Utilizar editores de texto;- Explorar as potencialidades didáticas dos progra-

mas em relação aos objetivos do ensino;- Comunicar-se à distância por meio da telemática;- Utilizar as ferramentas multimídia no ensino.

Assim, quanto à oitava competência de Perrenoud, que trabalho nessa pesquisa, a Informática na Educa-ção, nos fez perceber que cada vez mais precisamos do computador, porque estamos na era da informatização e por isso é primordial que nós profissionais da edu-cação estejamos modernizados e acompanhando essa tendência, visto que assim como um simples pagamento no banco, utilizamos o computador, para estarmos atua-lizados necessitamos obter mais esta competência para se fazer uma docência de qualidade.

9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da pro-fissão.

- Prevenir a violência na escola e fora dela;- Lutar contra os preconceitos e as discriminações se-

xuais, étnicas e sociais;- Participar da criação de regras de vida comum re-

ferente á disciplina na escola, às sanções e à apre-ciação da conduta;

- Analisar a relação pedagógica, a autoridade, a co-municação em aula;

- Desenvolver o senso de responsabilidade, a solida-riedade e o sentimento de justiça.

10. Administrar sua própria formação contínua.- Saber explicitar as próprias práticas;- Estabelecer seu próprio balanço de competência e

seu programa pessoa de formação contínua;- Negociar um projeto de formação comum com os

colegas (equipe, escola, rede);- Envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de

ensino ou do sistema educativo;

- Acolher a formação dos colegas e participar dela.Conclusão: Contribuir para o debate sobe a sua pro-

fissionalização, com responsabilidade numa formação contínua.2

Sabe-se que a prática escolar está sujeita a condicio-nantes de ordem sociopolítica que implicam diferentes concepções de homem e de sociedade e, consequente-mente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola e da aprendizagem, inter alia. Assim, justifica-se o presente estudo, tendo em vista que o modo como os professores realizam o seu trabalho na escola tem a ver com esses pressupostos teóricos, explícita ou implicitamente.

O objetivo deste artigo é verificar os pressupostos de aprendizagem empregados pelas diferentes tendências pedagógicas na prática escolar brasileira, numa tentativa de contribuir, teoricamente, para a formação continuada de professores.

Sabe-se que a prática escolar está sujeita a condicio-nantes de ordem sociopolítica que implicam diferentes concepções de homem e de sociedade e, consequente-mente, diferentes pressupostos sobre o papel da escola e da aprendizagem, inter alia. Assim, justifica-se o presente estudo, tendo em vista que o modo como os professores realizam o seu trabalho na escola tem a ver com esses pressupostos teóricos, explícita ou implicitamente.

Tendências Pedagógicas Liberais

Segundo LIBÂNEO (1990), a pedagogia liberal sus-tenta a ideia de que a escola tem por função preparar os indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais. Isso pressupõe que o indivíduo precisa adaptar-se aos valores e normas vigen-tes na sociedade de classe, através do desenvolvimento da cultura individual. Devido a essa ênfase no aspecto cultural, as diferenças entre as classes sociais não são consideradas, pois, embora a escola passe a difundir a ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições.

Tendência Liberal Tradicional

Segundo esse quadro teórico, a tendência liberal tra-dicional se caracteriza por acentuar o ensino humanístico, de cultura geral. De acordo com essa escola tradicional, o aluno é educado para atingir sua plena realização atra-vés de seu próprio esforço. Sendo assim, as diferenças de classe social não são consideradas e toda a prática esco-lar não tem nenhuma relação com o cotidiano do aluno.

Quanto aos pressupostos de aprendizagem, a ideia de que o ensino consiste em repassar os conhecimentos para o espírito da criança é acompanhada de outra: a de que a capacidade de assimilação da criança é idêntica à do adulto, sem levar em conta as características próprias de cada idade. A criança é vista, assim, como um adulto em miniatura, apenas menos desenvolvida.

2 Fonte: Perrenoud, Philippe. 10 Novas Competências para Ensinar. Porto Alegre: ARTMED, 2000. Reimpressão 2008

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No ensino da língua portuguesa, parte-se da concep-ção que considera a linguagem como expressão do pen-samento. Os seguidores dessa corrente linguística, em razão disso, preocupam-se com a organização lógica do pensamento, o que presume a necessidade de regras do bem falar e do bem escrever. Segundo essa concepção de linguagem, a Gramática Tradicional ou Normativa se consti-tui no núcleo dessa visão do ensino da língua, pois vê nes-sa gramática uma perspectiva de normatização linguística, tomando como modelo de norma culta as obras dos nos-sos grandes escritores clássicos. Portanto, saber gramática, teoria gramatical, é a garantia de se chegar ao domínio da língua oral ou escrita.

Assim, predomina, nessa tendência tradicional, o ensino da gramática pela gramática, com ênfase nos exercícios re-petitivos e de recapitulação da matéria, exigindo uma atitu-de receptiva e mecânica do aluno. Os conteúdos são orga-nizados pelo professor, numa sequência lógica, e a avaliação é realizada através de provas escritas e exercícios de casa.

Tendência Liberal Renovada Progressivista

Segundo essa perspectiva teórica de Libâneo, a ten-dência liberal renovada (ou pragmatista) acentua o sentido da cultura como desenvolvimento das aptidões individuais.

A escola continua, dessa forma, a preparar o aluno para assumir seu papel na sociedade, adaptando as ne-cessidades do educando ao meio social, por isso ela deve imitar a vida. Se, na tendência liberal tradicional, a ativi-dade pedagógica estava centrada no professor, na escola renovada progressivista, defende-se a ideia de “apren-der fazendo”, portanto centrada no aluno, valorizando as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, etc, levando em conta os interesses do aluno.

Como pressupostos de aprendizagem, aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma autoaprendi-zagem, sendo o ambiente apenas um meio estimulador. Só é retido aquilo que se incorpora à atividade do aluno, através da descoberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a estrutura cognitiva para ser empregado em no-vas situações. É a tomada de consciência, segundo Piaget.

No ensino da língua, essas ideias escolanovistas não trouxeram maiores consequências, pois esbarraram na prática da tendência liberal tradicional.

Tendência Liberal Renovada Não-Diretiva

Acentua-se, nessa tendência, o papel da escola na for-mação de atitudes, razão pela qual deve estar mais preo-cupada com os problemas psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais. Todo o esforço deve visar a uma mudança dentro do indivíduo, ou seja, a uma adequação pessoal às solicitações do ambiente.

Aprender é modificar suas próprias percepções. Ape-nas se aprende o que estiver significativamente relacio-nado com essas percepções. A retenção se dá pela rele-vância do aprendido em relação ao “eu”, o que torna a avaliação escolar sem sentido, privilegiando-se a auto-a-valiação. Trata-se de um ensino centrado no aluno, sendo o professor apenas um facilitador. No ensino da língua,

tal como ocorreu com a corrente pragmatista, as ideias da escola renovada não-diretiva, embora muito difundidas, encontraram, também, uma barreira na prática da ten-dência liberal tradicional.

Tendência Liberal Tecnicista

A escola liberal tecnicista atua no aperfeiçoamento da ordem social vigente (o sistema capitalista), articulan-do-se diretamente com o sistema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudança de comportamento, ou seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse princi-pal é, portanto, produzir indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho, não se preocupando com as mu-danças sociais.

Conforme MATUI (1988), a escola tecnicista, baseada na teoria de aprendizagem S-R, vê o aluno como depo-sitário passivo dos conhecimentos, que devem ser acu-mulados na mente através de associações. Skinner foi o expoente principal dessa corrente psicológica, também conhecida como behaviorista. Segundo RICHTER (2000), a visão behaviorista acredita que adquirimos uma língua por meio de imitação e formação de hábitos, por isso a ênfase na repetição, nos drills, na instrução programada, para que o aluno forme “hábitos” do uso correto da lin-guagem.

A partir da Reforma do Ensino, com a Lei 5.692/71, que implantou a escola tecnicista no Brasil, preponde-raram as influências do estruturalismo linguístico e a concepção de linguagem como instrumento de comu-nicação. A língua – como diz TRAVAGLIA (1998) – é vista como um código, ou seja, um conjunto de signos que se combinam segundo regras e que é capaz de transmitir uma mensagem, informações de um emissor a um re-ceptor. Portanto, para os estruturalistas, saber a língua é, sobretudo, dominar o código.

No ensino da Língua Portuguesa, segundo essa con-cepção de linguagem, o trabalho com as estruturas lin-guísticas, separadas do homem no seu contexto social, é visto como possibilidade de desenvolver a expressão oral e escrita. A tendência tecnicista é, de certa forma, uma modernização da escola tradicional e, apesar das contribuições teóricas do estruturalismo, não conseguiu superar os equívocos apresentados pelo ensino da lín-gua centrado na gramática normativa. Em parte, esses problemas ocorreram devido às dificuldades de o pro-fessor assimilar as novas teorias sobre o ensino da língua materna.

Tendências Pedagógicas Progressistas

Segundo Libâneo, a pedagogia progressista designa as tendências que, partindo de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamente as finalida-des sociopolíticas da educação.

Tendência Progressista Libertadora

As tendências progressistas libertadoras e libertárias têm, em comum, a defesa da autogestão pedagógica e o antiautoritarismo. A escola libertadora, também conheci-da como a pedagogia de Paulo Freire, vincula a educação

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à luta e organização de classe do oprimido. Segundo GA-DOTTI (1988), Paulo Freire não considera o papel infor-mativo, o ato de conhecimento na relação educativa, mas insiste que o conhecimento não é suficiente se, ao lado e junto deste, não se elabora uma nova teoria do conheci-mento e se os oprimidos não podem adquirir uma nova estrutura do conhecimento que lhes permita reelaborar e reordenar seus próprios conhecimentos e apropriar-se de outros.

Assim, para Paulo Freire, no contexto da luta de clas-ses, o saber mais importante para o oprimido é a desco-berta da sua situação de oprimido, a condição para se libertar da exploração política e econômica, através da elaboração da consciência crítica passo a passo com sua organização de classe. Por isso, a pedagogia libertadora ultrapassa os limites da pedagogia, situando-se também no campo da economia, da política e das ciências sociais, conforme Gadotti.

Como pressuposto de aprendizagem, a força moti-vadora deve decorrer da codificação de uma situação--problema que será analisada criticamente, envolvendo o exercício da abstração, pelo qual se procura alcançar, por meio de representações da realidade concreta, a razão de ser dos fatos. Assim, como afirma Libâneo, aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma aproximação crítica dessa realidade. Portanto o conhecimento que o educando transfere re-presenta uma resposta à situação de opressão a que se chega pelo processo de compreensão, reflexão e crítica.

No ensino da Leitura, Paulo Freire, numa entrevista, sintetiza sua ideia de dialogismo: “Eu vou ao texto cari-nhosamente. De modo geral, simbolicamente, eu puxo uma cadeira e convido o autor, não importa qual, a travar um diálogo comigo”.

Tendência Progressista Libertária

A escola progressista libertária parte do pressuposto de que somente o vivido pelo educando é incorporado e utilizado em situações novas, por isso o saber sistemati-zado só terá relevância se for possível seu uso prático. A ênfase na aprendizagem informal via grupo, e a negação de toda forma de repressão, visam a favorecer o desen-volvimento de pessoas mais livres. No ensino da língua, procura valorizar o texto produzido pelo aluno, além da negociação de sentidos na leitura.

Tendência Progressista Crítico-Social Dos Conteúdos

Conforme Libâneo, a tendência progressista crítico--social dos conteúdos, diferentemente da libertadora e libertária, acentua a primazia dos conteúdos no seu con-fronto com as realidades sociais. A atuação da escola consiste na preparação do aluno para o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da socialização, para uma participação organizada e ativa na democratização da sociedade.

Na visão da pedagogia dos conteúdos, admite-se o princípio da aprendizagem significativa, partindo do que o aluno já sabe. A transferência da aprendizagem só se

realiza no momento da síntese, isto é, quando o aluno supera sua visão parcial e confusa e adquire uma visão mais clara e unificadora.

Tendências Pedagógicas Pós-LDB 9.394/96

Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de n.º 9.394/96, revalorizam-se as ideias de Piaget, Vy-gotsky e Wallon. Um dos pontos em comum entre esses psicólogos é o fato de serem interacionistas, porque con-cebem o conhecimento como resultado da ação que se passa entre o sujeito e um objeto. De acordo com Aranha (1998), o conhecimento não está, então, no sujeito, como queriam os inatistas, nem no objeto, como diziam os em-piristas, mas resulta da interação entre ambos.

Para citar um exemplo no ensino da língua, segundo essa perspectiva interacionista, a leitura como processo permite a possibilidade de negociação de sentidos em sala de aula. O processo de leitura, portanto, não é centrado no texto, ascendente, bottom-up, como queriam os empiris-tas, nem no receptor, descendente, top-down, segundo os inatistas, mas ascendente/descendente, ou seja, a partir de uma negociação de sentido entre enunciador e receptor. Assim, nessa abordagem interacionista, o receptor é retira-do da sua condição de mero objeto do sentido do texto, de alguém que estava ali para decifrá-lo, decodificá-lo, como ocorria, tradicionalmente, no ensino da leitura.

As ideias desses psicólogos interacionistas vêm ao encontro da concepção que considera a linguagem como forma de atuação sobre o homem e o mundo e das modernas teorias sobre os estudos do texto, como a Linguística Textual, a Análise do Discurso, a Semântica Argumentativa e a Pragmática, entre outros.

De acordo com esse quadro teórico de José Carlos Li-bâneo, deduz-se que as tendências pedagógicas liberais, ou seja, a tradicional, a renovada e a tecnicista, por se declararem neutras, nunca assumiram compromisso com as transformações da sociedade, embora, na prática, pro-curassem legitimar a ordem econômica e social do sis-tema capitalista. No ensino da língua, predominaram os métodos de base ora empirista, ora inatista, com ensino da gramática tradicional, ou sob algumas as influências teóricas do estruturalismo e do gerativismo, a partir da Lei 5.692/71, da Reforma do Ensino.

Já as tendências pedagógicas progressistas, em opo-sição às liberais, têm em comum a análise crítica do sis-tema capitalista. De base empirista (Paulo Freire se pro-clamava um deles) e marxista (com as ideias de Gramsci), essas tendências, no ensino da língua, valorizam o texto produzido pelo aluno, a partir do seu conhecimento de mundo, assim como a possibilidade de negociação de sentido na leitura.

A partir da LDB 9.394/96, principalmente com as difu-sões das ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon, numa pers-pectiva sócio-histórica, essas teorias buscam uma aproxi-mação com modernas correntes do ensino da língua que consideram a linguagem como forma de atuação sobre o homem e o mundo, ou seja, como processo de interação verbal, que constitui a sua realidade fundamental.

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Tendências Pedagógicas Brasileiras

As tendências pedagógicas brasileiras foram muito in-fluenciadas pelo momento cultural e político da socieda-de, pois foram levadas à luz graças aos movimentos sociais e filosóficos. Essas formaram a prática pedagógica do país.

Os professores Saviani (1997) e Libâneo (1990) pro-põem a reflexão sobre as tendências pedagógicas. Mos-trando que as principais tendências pedagógicas usadas na educação brasileira se dividem em duas grandes linhas de pensamento pedagógico. Elas são: Tendências Liberais e Tendências Progressistas.

Os professores devem estudar e se apropriar dessas tendências, que servem de apoio para a sua prática peda-gógica. Não se deve usar uma delas de forma isolada em toda a sua docência. Mas, deve-se procurar analisar cada uma e ver a que melhor convém ao seu desempenho aca-dêmico, com maior eficiência e qualidade de atuação. De acordo com cada nova situação que surge, usa-se a ten-dência mais adequada. E observa-se que hoje, na prática docente, há uma mistura dessas tendências.

Deste modo, seguem as explicações das características de cada uma dessas formas de ensino. Porém, ao analisá--las, deve-se ter em mente que uma tendência não substi-tui totalmente a anterior, mas ambas conviveram e convi-vem com a prática escolar.

Tendências Liberais - Liberal não tem a ver com algo aberto ou democrático, mas com uma instigação da so-ciedade capitalista ou sociedade de classes, que sustenta a ideia de que o aluno deve ser preparado para papéis sociais de acordo com as suas aptidões, aprendendo a vi-ver em harmonia com as normas desse tipo de sociedade, tendo uma cultura individual.

Tradicional - Foi a primeira a ser instituída no Brasil por motivos históricos. Nesta tendência o professor é a figura central e o aluno é um receptor passivo dos conhe-cimentos considerados como verdades absolutas. Há re-petição de exercícios com exigência de memorização.

Renovadora Progressiva - Por razões de recomposi-ção da hegemonia da burguesia, esta foi a próxima ten-dência a aparecer no cenário da educação brasileira. Ca-racteriza-se por centralizar no aluno, considerado como ser ativo e curioso. Dispõe da ideia que ele “só irá apren-der fazendo”, valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social. Aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma autoaprendizagem. O professor é um facilitador.

Renovadora não diretiva (Escola Nova) – Anísio Tei-xeira foi o grande pioneiro da Escola Nova no Brasil. É um método centrado no aluno. A escola tem o papel de for-madora de atitudes, preocupando-se mais com a parte psicológica do que com a social ou pedagógica. E para aprender tem que estar significativamente ligado com suas percepções, modificando-as.Tecnicista – Skinner foi o expoente principal dessa corrente psicológica, também conhecida como behaviorista. Neste método de ensino o aluno é visto como depositário passivo dos conhecimen-tos, que devem ser acumulados na mente através de as-

sociações. O professor é quem deposita os conhecimen-tos, pois ele é visto como um especialista na aplicação de manuais; sendo sua prática extremamente controlada. Articula-se diretamente com o sistema produtivo, com o objetivo de aperfeiçoar a ordem social vigente, que é o capitalismo, formando mão de obra especializada para o mercado de trabalho.

Tendências Progressistas - Partem de uma análise crítica das realidades sociais, sustentam implicitamen-te as finalidades sociopolíticas da educação e é uma tendência que condiz com as ideias implantadas pelo capitalismo. O desenvolvimento e popularização da análise marxista da sociedade possibilitou o desenvol-vimento da tendência progressista, que se ramifica em três correntes:

Libertadora – Também conhecida como a pedagogia de Paulo Freire, essa tendência vincula a educação à luta e organização de classe do oprimido. Onde, para esse, o saber mais importante é a de que ele é oprimido, ou seja, ter uma consciência da realidade em que vive. Além da busca pela transformação social, a condição de se libertar através da elaboração da consciência crítica passo a pas-so com sua organização de classe. Centraliza-se na dis-cussão de temas sociais e políticos; o professor coordena atividades e atua juntamente com os alunos.

Libertária – Procura a transformação da personali-dade num sentido libertário e autogestionário. Parte do pressuposto de que somente o vivido pelo educando é incorporado e utilizado em situações novas, por isso o saber sistematizado só terá relevância se for possível seu uso prático. Enfoca a livre expressão, o contexto cultural, a educação estética. Os conteúdos, apesar de disponibili-zados, não são exigidos pelos alunos e o professor é tido como um conselheiro à disposição do aluno.

“Crítico-social dos conteúdos” ou “Histórico--Crítica” - Tendência que apareceu no Brasil nos fins dos anos 70, acentua a prioridade de focar os conteú-dos no seu confronto com as realidades sociais, é ne-cessário enfatizar o conhecimento histórico. Prepara o aluno para o mundo adulto, com participação orga-nizada e ativa na democratização da sociedade; por meio da aquisição de conteúdos e da socialização. É o mediador entre conteúdos e alunos. O ensino/apren-dizagem tem como centro o aluno. Os conhecimentos são construídos pela experiência pessoal e subjetiva.

Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacio-nal (LDB 9.394/96), ideias como de Piaget, Vygotsky e Wallon foram muito difundidas, tendo uma perspecti-va sócio-histórica e são interacionistas, isto é, acredi-tam que o conhecimento se dá pela interação entre o sujeito e um objeto.

Alguns dos principais expoentes da história edu-cacional nacional e internacional debruçaram-se sobre a questão das tendências pedagógicas. Autores como Pau-lo Freire, Luckesi, Libâneo, Saviani e Gadotti, entre outros não menos importantes, dedicaram grande parte de suas vidas a estudos que pudessem contribuir para o avanço da Educação, desenvolvendo teorias para nortear as prá-

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ticas pedagógicas, objetivando melhorar a qualidade do ensino que é aplicado nas escolas. Essa é a função das tendências pedagógicas no universo educacional. O que se pretende neste trabalho é justamente trazer à tona essa questão, erguendo a bandeira das tendências pe-dagógicas contemporâneas, buscando, assim, contribuir para uma melhor assimilação delas por parte de alguns professores de escolas públicas.

A relação entre as tendências pedagógicas e a prá-tica docente

As tendências pedagógicas são de extrema relevân-cia para a Educação, principalmente as mais recentes, pois contribuem para a condução de um trabalho do-cente mais consciente, baseado nas demandas atuais da clientela em questão. O conhecimento dessas tendências e perspectivas de ensino por parte dos professores é fundamental para a realização de uma prática docente realmente significativa, que tenha algum sentido para o aluno, pois tais tendências objetivam nortear o trabalho do educador, ajudando-o a responder a questões sobre as quais deve se estruturar todo o processo de ensino, tais como: o que ensinar? Para quem? Como? Para quê? Por quê?

E para que a prática pedagógica em sala de aula al-cance seus objetivos, o professor deve ter as respostas para essas questões, pois, como defende Luckesi (1994), “a Pedagogia não pode ser bem entendida e praticada na escola sem que se tenha alguma clareza do seu significa-do. Isso nada mais é do que buscar o sentido da prática docente”.

Essas tendências pedagógicas, formuladas ao longo dos tempos por diversos teóricos que se debruçaram sobre o tema, foram concebidas com base nas visões desses pensadores em relação ao contexto histórico das sociedades em que estavam inseridos, além de suas con-cepções de homem e de mundo, tendo como principal objetivo nortear o trabalho docente, modelando-o a partir das necessidades de ensino observadas no âmbito social em que viviam.

Sendo assim, o conhecimento dessas correntes pe-dagógicas por parte dos professores, principalmente as mais recentes, torna-se de extrema relevância, visto que possibilitam ao educador um aprofundamento maior sobre os pressupostos e variáveis do processo de ensi-no-aprendizagem, abrindo-lhe um leque de possibilida-des de direcionamento do seu trabalho a partir de suas convicções pessoais, profissionais, políticas e sociais, contribuindo para a produção de uma prática docente estruturada, significativa, esclarecedora e, principalmen-te, interessante para os educandos.

A escola precisa ser reencantada, precisa encontrar motivos para que o aluno vá para os bancos escolares com satisfação, alegria. Existem escolas esperançosas, com gente animada, mas existe um mal-estar geral na maioria delas. Não acredito que isso seja trágico. Essa insatisfação deve ser aproveitada para dar um salto. Se o mal-estar for trabalhado, ele permite avanços. Se for aceito como fatalidade, ele torna a escola um peso morto na história, que arrasta as pessoas e as impede de so-nhar, pensar e criar (Moacir Gadotti, em entrevista para a revista Nova Escola, edição de novembro/2000).

Desse modo, creio que seja essencial que todos os professores tenham um conhecimento mais aprofunda-do das tendências pedagógicas, pois elas foram conce-bidas para nortear as práticas pedagógicas. O educador deve conhecê-las, principalmente as mais recentes, ainda que seja para negá-las, mas de forma crítica e consciente, ou, quem sabe, para utilizar os pontos positivos observa-dos em cada uma delas para construir uma base pedagó-gica própria, mas com coerência e propriedade.

Afinal, como já defendia Snyders (1974), é possível “pensar que se pode abrir um caminho a uma pedago-gia atual; que venha fazer a síntese do tradicional e do moderno: síntese e não confusão”. O importante é que se busque tirar a venda dos olhos para enxergar, literal-mente, o alunado e assim poder dar um sentido político e social ao trabalho que está sendo realizado, pois, como afirma Libâneo, aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, isto é, da situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se resulta de uma aproxima-ção crítica dessa realidade, o que está em consonância com o que diz Saviani (1991): a Pedagogia Crítica implica a clareza dos determinantes sociais da educação, a com-preensão do grau em que as contradições da socieda-de marcam a educação e, consequentemente, como é preciso se posicionar diante dessas contradições e de-senredar a educação das visões ambíguas para perceber claramente qual é a direção que cabe imprimir à questão educacional.

Para Luckesi (1994), a “Pedagogia se delineia a partir de uma posição filosófica definida”. Em seu livro Filosofia da Educação, o autor discorre sobre a relação existen-te entre a Pedagogia e a Filosofia e busca clarificar as perspectivas das relações entre educação e sociedade. No seu trabalho, Luckesi apresenta três tendências fi-losóficas responsáveis por interpretar a função da edu-cação na sociedade: a Educação Redentora, a Educação Reprodutora e a Educação Transformadora da socieda-de. A primeira é otimista, acredita que a educação pode exercer domínio sobre a sociedade (pedagogias liberais). A segunda é pessimista, percebe a educação como sen-do apenas reprodutora de um modelo social vigente, en-quanto a terceira tendência assume uma postura crítica com relação às duas anteriores, indo de encontro tanto ao “otimismo ilusório” quanto ao “pessimismo imobiliza-dor” (Pedagogias Progressivistas).

Em consonância com estas leituras filosóficas sobre as relações entre educação e sociedade, Libâneo (1985), ao realizar uma abordagem das tendências pedagógicas, organiza as diferentes pedagogias em dois grupos: Pe-dagogia Liberal e Pedagogia Progressivista. A Pedagogia Liberal é apresentada nas formas Tradicional; Renovada Progressivista; Renovada Não diretiva; e Tecnicista. A Pe-dagogia Progressivista é subdividida em Libertadora; Li-bertária; e Crítico-social dos Conteúdos.3

PENSADORES

Neste texto objetiva-se sistematizar as características do pensamento pedagógico de diferentes autores sobre a contextualização dos ambientes educativos de onde emergem a compreensão de homem, mundo e socie-3 Por Délcio Barros da Silva