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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA - EMESCAM BÁRBARA ALMENARA GONÇALVES CAROLINA ALVES LANNA TAÍS ZUCCOLOTTO FRIGINI PRESENÇA DE ACANTOSE NIGRICANS E RESISTÊNCIA INSULÍNICA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO VITÓRIA 2016

PRESENÇA DE ACANTOSE NIGRICANS E RESISTÊNCIA … · Christina, por toda atenção e confiança nos dada para que pudéssemos realizar este ... em 2008, o excesso de peso atingia

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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE

VITÓRIA - EMESCAM

BÁRBARA ALMENARA GONÇALVES

CAROLINA ALVES LANNA

TAÍS ZUCCOLOTTO FRIGINI

PRESENÇA DE ACANTOSE NIGRICANS E RESISTÊNCIA INSULÍNICA EM

CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO

VITÓRIA

2016

BÁRBARA ALMENARA GONÇALVES

CAROLINA ALVES LANNA

TAÍS ZUCCOLOTTO FRIGINI

PRESENÇA DE ACANTOSE NIGRICANS E RESISTÊNCIA INSULÍNICA EM

CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Escola Superior de

Ciências da Santa Casa de Misericórdia

de Vitória – EMESCAM, como requisito

parcial para obtenção do grau de médico.

Orientadora: Dra. Patrícia Casagrande

Dias de Almeida

Coorientadora: Dra. Christina Cruz

Hegner

VITÓRIA

2016

Autores:

Patrícia Casagrande Dias de Almeida, Doutora em Saúde da Criança e do

Adolescente, EMESCAM

Christina Cruz Hegner, Especialista em Endocrinologia pediátrica, EMESCAM

Bárbara Almenara Gonçalves, acadêmica de Medicina, EMESCAM

Carolina Alves Lanna, acadêmica de Medicina, EMESCAM

Taís Zuccolotto Frigini, acadêmica de Medicina, EMESCAM

À Deus, por ter-nos concedido saúde е força

para superarmos as dificuldades encontradas

durante o trabalho.

À EMESCAM, que nos proporcionou

conhecimento e fomentou nossa formação

acadêmica.

Agradecemos imensamente à professora

Patrícia Casagrande, por toda dedicação e

paciência à nós ofertadas durante a realização

deste trabalho, sempre solicita e prestativa,

permitindo com que pudéssemos concluí-lo da

melhor maneira possível.

À Dra. Christina, por toda atenção e confiança

nos dada para que pudéssemos realizar este

trabalho com êxito.

Aos nossos queridos familiares, por todo o

apoio concedido não só durante este momento

de grande desafio, quanto por todo incentivo e

compreensão ao longo de toda nossa jornada

acadêmica.

Trabalho de Conclusão de Curso redigido

na norma da revista SALUS, anexada ao final do manuscrito.

RESUMO

Objetivo: Avaliar a presença de AN e RI em crianças e adolescentes com excesso

de peso. Método: Estudo transversal, observacional e quantitativo, composto por

54 pacientes, todos com excesso de peso, participantes de um grupo de incentivo

ao peso saudável (GIPSI) em um hospital filantrópico de Vitória/ES, submetidos a

um questionário e exame físico para avaliação de AN e de variáveis

antropométricas. Resultado: O grupo estudado, entre 3-17 anos, tem maior

prevalência do sexo feminino (70,4%) e é composto em sua maioria por obesos

(57,4%). A AN está presente em 90,7% dos participantes. Já a RI foi identificada

em 29,6% do total. Conclusão: A associação de AN grave com RI foi significativa e

apresentou risco relativo de 6,4 vezes maior quando comparada com a AN leve e

moderada. Levando em consideração que a RI precede a DM tipo 2, a valorização

da AN na avaliação clínica possibilita seu diagnóstico precoce, sendo a mudança

do estilo de vida uma ferramenta efetiva. Devido a alta prevalência de DM tipo 2 na

população geral, a utilização da AN como marcador visual pode gerar um menor

custo com programa de saúde em uma doença crônica.

Palavras-chave: Obesidade infantil. Acanthosis Nigricans. Resistência à Insulina.

ABSTRACT

Objective: To evaluate the presence of AN and RI in children and adolescents

overweight. Method: Cross-sectional, observational and quantitative study, consisting

of 54 patients, all overweight, members of a group to encourage healthy weight

(gipsi) in a philanthropic hospital in Vitória / ES, submitted to a questionnaire and

physical examination for evaluation AN and anthropometric variables. Results: The

study group between 3-17 years have a higher prevalence of female (70,4%) and

consists mostly of obese (57,4%). AN is present in 90,7% of participants. Already the

RI was identified in 29.6% of the total. Conclusion: Severe AN associated with

insulinic resistance was significated e showed a relative risk of 6,4 times higher when

compared with mild and moderated AN. Considering that RI precedes DM type 2, the

appreciation of AN in the clinical evaluation allows early diagnosis, and lifestyle

change an effective tool. Because of high prevalence of type 2 diabetes in the

general population, the use of AN as a visual marker may generate lower-cost health

program into a chronic disease.

Keywords: Childhood obesity. Acanthosis nigricans. Insulin Resistance.

LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - AN em pescoço classificação 1........................................

Figura 2 - AN em pescoço classificação 2.........................................

Figura 3 - AN em pescoço classificação 3.........................................

Figura 4 - AN em pescoço classificação 4.........................................

Figura 5 - AN em axila........................................................................

Figura 6 - AN em articulações metacarpo-falangeanas.....................

Figura 7 - AN em joelho......................................................................

Figura 8 - AN em cotovelo...................................................................

28

29

29

30

30

31

31

31

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Principais alterações encontradas nos pacientes avaliados em um Grupo

de Incentivo ao Peso Saudável, de um hospital filantrópico de Vitória/ES................32

Tabela 2 - Descrição das variáveis antropométricas analisadas em 54 participantes

de um Grupo de Incentivo ao Peso Saudável, de um hospital filantrópico de

Vitória/ES....................................................................................................................33

Tabela 3 - Variáveis contínuas laboratoriais analisada em 54 crianças e

adolescentes, participantes de um Grupo de Incentivo ao Peso Saudável, de um

hospital filantrópico de Vitória/ES..............................................................................33

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Classificação da Acanthosis Nigricans.................................................32

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AN

CDC

CEP

DM2

EMESCAM

ES

GIPSI

GLUT-4

HDL

HOMA-IR

HSCMV

IBGE

IDF

IGF-1

IMC

INMETRO

LDL

OMS

PAI – 1

POF

RI

TCLE

TNF-alfa

Acanthosis nigricans

Centers for Disease Control and Prevention

Comitê de Ética em Pesquisa

Diabetes Mellitus Tipo 2

Escola Superior de Ciências da Santa Casa de

Misericórdia de Vitória

Espírito Santo

Grupo de Incentivo ao Peso Saudável Infantil

Transportador de Glicose Tipo 4

Lipoproteína de Alta Densidade

Homeostasis Model Assessment of Insulin Resistance

Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

International Diabetes Federation

Fator de Crescimento Semelhante à Insulina 1

Índice de Massa Corporal

Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e

Tecnologia

Lipoproteína de Baixa Densidade

Organização Mundial de Saúde

Inibidor da Ativação do Plasminogênio 1

Pesquisa de Orçamentos Familiares

Resistência à insulina

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Fator de Necrose Tumoral

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................14

1.1 OBESIDADE....................................................................................................14

1.2 RESISTÊNCIA À INSULINA ...........................................................................16

1.3 ACANTHOSIS NIGRICANS ...........................................................................18

2 OBJETIVOS......................................................................................................21

2.1 OBEJTIVO GERAL..........................................................................................21

2.2 OBEJTIVO ESPECÍFICO ...............................................................................21

3 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................22

3.1 TIPO DE ESTUDO .........................................................................................22

3.2 LOCAL DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO...........................................22

3.3 POPULAÇÃO ESTUDADA ............................................................................23

3.3.1 Critérios de inclusão..................................................................................23

3.3.2 Critérios de exclusão.................................................................................23

3.4 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS...............................................................24

3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................26

3.6 APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA ................................................................27

4 RESULTADOS..................................................................................................28

5 DISCUSSÃO......................................................................................................35

6 CONCLUSÃO....................................................................................................37

REFERÊNCIAS..............................................................................................................38

APÊNDICES.........................................................................................................45

APÊNDICES A: Ficha coleta de dados..............................................................45

ANEXOS...............................................................................................................47

Anexo A: Escala quantitativa de acanthosis nigricans. Burke JP,

1999.......................................................................................................................47

Anexo B: Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)..................48

Anexo C: Manual para elaboração e normalização de trabalhos acadêmicos.

Elaborado por Inês Caliman Meija, 2ª ed. Vitória, ES, EMESCAM,

2012......................................................................................................................49

1 INTRODUÇÃO

1.1 Obesidade

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade pode ser

definida como o acúmulo de tecido gorduroso localizado ou generalizado, acima do

ideal para se manter saudável. É considerada uma epidemia mundial, pois atinge

milhões de crianças, adolescentes e adultos, tanto em países desenvolvidos, quanto

nos em desenvolvimento1.

Consiste em uma condição de etiologia multifatorial, composta por fatores

intrínsecos e extrínsecos do indivíduo, entre estes podemos citar a dieta, o

sedentarismo, a susceptibilidade genética, os distúrbios endócrino-metabólicos

(balanço energético positivo crônico, por exemplo), o sexo, a idade e a ocupação2,3.

Há algumas décadas, a obesidade infantil era um problema praticamente exclusivo

de países desenvolvidos, devido a sua população adotar um estilo de vida moderno,

com seu característico desenvolvimento econômico e social. Atualmente, o excesso

de peso nesta faixa etária já se tornou um importante problema de economia e de

saúde pública inclusive nos países em desenvolvimento4.

Estes indivíduos têm passado por uma transição nutricional, devido a rápidas

mudanças nos padrões alimentares e ingestão de nutrientes, ao adotarem o mesmo

estilo de vida já vivenciado nos países desenvolvidos5,6. Esta transição consiste na

concomitância de dois importantes problemas nutricionais de uma população, a

desnutrição e a obesidade, o duplo fardo da má nutrição5,7.

A supernutrição, grande em quantidade, porém pobre em qualidade, em conjunto

com o uso excessivo da tecnologia e o sedentarismo, tem contribuído com a

crescente prevalência de obesidade em crianças e adolescentes, tanto em países

desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento1.

Uma má alimentação não somente predispõe a obesidade, como também aumenta

o risco de outras doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial

sistêmica, dislipidemias e doenças cardiovasculares na infância ou, posteriormente,

na idade adulta 5,6,8,9. Estas doenças foram as responsáveis por cerca de 80% da

mortalidade na população geral nos países em desenvolvimento e contribuíram com

o aumento da despesa pública global, nos últimos anos2,5.

De acordo com o Centers for Disease Control and Prevention (CDC, 2012), o

excesso de peso e a obesidade não só triplicou nas últimas três décadas, como

também agora afeta mais de 30% das crianças e adolescentes, nos Estados

Unidos10.

Segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, realizada

em parceria entre o IBGE e o Ministério da Saúde11, verificou-se que o peso das

crianças brasileiras ultrapassa o padrão internacional, principalmente as com idade

maior que cinco anos, independentemente de sua classe econômica e região

geográfica aonde vive2.

Constatou-se que, em 2008, o excesso de peso atingia 33,5% das crianças de cinco

a nove anos, sendo que 16,6% do total de meninos também eram obesos e entre as

meninas, a obesidade apareceu em 11,8%. O excesso de peso foi maior na área

urbana do que na rural: 37,5% e 23,9% para meninos e 33,9% e 24,6% para

meninas, respectivamente.

O Sudeste se destacou, com 40,3% dos meninos e 38% das meninas com

sobrepeso nessa faixa etária. Nesse estudo, também se observou que, em 2009,

uma em cada três crianças de 5 a 9 anos estava acima do peso recomendado pela

OMS11. Estes valores são preocupantes, visto que crianças obesas tem risco duas

vezes maior de obesidade na fase adulta em comparação àquelas não-obesas12.

No Espírito Santo, estes números também são bastante elevados. Em um estudo

realizado com 511 escolares matriculados em colégios municipais de Vitória-ES, no

ano de 2009, encontrou-se uma prevalência de 13,9% de sobrepeso e 24,6% de

obesidade13. Outro estudo, realizado com 620 crianças entre 6 e 9 anos, em Vitória-

ES, obteve uma prevalência de 38,1% de excesso de peso (sobrepeso e

obesidade)14.

O aumento do número de crianças e adolescentes obesos tem sido pauta de

discussão em grande parte do mundo, visto que as consequências são alarmantes,

pelo grande risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2, hipertensão arterial

sistêmica, dislipidemia, síndrome metabólica, desordens ortopédicas (joelho valgo,

tíbia vara, dorso curvo, condromalácia patelar e lesões inflamatórias nas

articulações), alterações dermatológicas (Acanthosis nigricans, infecção fúngica,

estrias, celulite e acne), síndrome da apneia obstrutiva do sono, síndrome dos

ovários policísticos, distúrbios psicossociais (ansiedade e depressão) e aumento da

mortalidade em adultos que foram obesos na infância15-17.

Deve-se investir em medidas de intervenção precoce, capazes de prevenir a

obesidade na infância, além de reverter a condição de excesso de peso quando se

ainda é criança. Para isso, são fundamentais o apoio e o envolvimento dos pais

destas crianças e adolescentes, a fim de que se possa estimular a mudança do

estilo de vida, a praticar atividades físicas, melhorar os hábitos alimentares, e reduzir

o tempo em frente de telas (celulares, televisões, tablets, computadores...). Visando

assim, aprimorar a expectativa e a qualidade de vida, assim como evitar um

prognóstico desfavorável a curto e longo prazo (idade adulta), já que as futuras

complicações desta doença podem ser bem graves7.

1.2 Resistência à Insulina

Diversos estudos apresentaram dados comparativos capazes de mostrar que o IMC

não é o elemento mais relevante quando se pretende analisar as consequências do

excesso de peso e, sim, a localização deste4,18,19.

Este excedente de gordura pode-se concentrar tanto no tecido adiposo subcutâneo

quanto visceral, sendo o último, local cujas implicações mais preocupam metabólica

e hemodinamicamente. Pode ser estimado de maneira confiável através da medida

padronizada da circunferência abdominal4,19-21.

Além de ser precursora de inúmeras doenças na idade adulta, uma das

complicações mais preocupantes do excesso de peso na infância é a resistência

insulínica (RI). Este excedente, corresponde ao aumento da quantidade de

triglicerídeos armazenado no tecido adiposo, principalmente, o visceral, e estimula

exageradamente a produção de insulina. Também há aumento da fração sérica de

triglicérides devido ao elevado processo de lipólise nos adipócitos21.

Em crianças e adolescentes, a RI está intimamente relacionada ao

sobrepeso/obesidade, ao risco cardiometabólico e a inflamação. Alguns fatores de

risco podem influenciar a população pediátrica a desenvolver esta desordem, como

história familiar de diabetes tipo 2, etnia, ambiente nutricional durante a gestação e

pós-parto, obesidade, puberdade, dieta e estilo de vida sedentário22,23.

Por sua vez, o excesso de insulina estimula a liberação de fatores pró-inflamatórios,

citocinas como o TNF-alfa (fator de necrose tumoral-alfa), a resistina e o inibidor da

ativação do plasminogênio 1 (PAI-1), que, consequentemente, se ligam aos

receptores de insulina de nossas células periféricas (como musculares, hepáticas e

adipócitos) e impedem que esta carreie as moléculas de glicose para o meio

intracelular19,24.

Este processo acarreta em falhas das células alvo em responder aos níveis normais

de insulina circulantes. Em outras palavras, torna o indivíduo resistente à insulina, já

que para conseguir exercer a mesma atividade, agora é necessário a ação de mais

moléculas de insulina, o que acaba causando sobrecarga nas células beta

pancreáticas e posterior disfunção4,25.

A RI e a hiperinsulinemia são fatores preditores para diversas doenças, mesmo com

a glicemia dentro dos valores de normalidade. Estas são a síndrome do ovário

policístico, a disfunção erétil, a infertilidade, a disfunção cognitiva, o Alzheimer, a

Intolerância à glicose, a DM2, a hiperuricemia, a gota, a acanthosis nigricans, a

nefrolitíase, a colelitíase, a esteato-hepatite não alcoólica, o aumento da

susceptibilidade a infecções e a doenças auto-imunes, a apneia obstrutiva do sono,

a hipertensão arterial sistêmica, a dislipidemia, o estado pró-embólico, o estado pró-

inflamatório, as doenças cardiovasculares e alguns tipos de cânceres4,18,22,25,26.

Existem algumas formas para a realização do diagnóstico da RI. O método

considerado padrão-ouro para a detecção dessa alteração é o clamp euglicêmico e

hiperinsulinêmico. No entanto, trata-se de uma técnica de alto custo, invasiva, que

demanda muito tempo e treinamento específico para executá-la, tornando-a inviável

para a prática clínica27.

Outro método utilizado é o HOMA-IR (Homeostasis Model Assessment of Insulin

Resistance), que possui boa concordância com o teste padrão ouro27,28. O HOMA-IR

é uma ferramenta clínica e epidemiológica, de fácil aplicação, muitas vezes

utilizadas em estudos populacionais de grande escala, devido a sua simplicidade e

alta especificidade/sensibilidade no diagnóstico da RI na grande maioria da

população27,29.

Este índice se baseia na relação entre a insulinemia e glicemia, ambas em jejum,

sendo o valor encontrado, diretamente proporcional a gravidade da resistência19.

A gravidade da RI varia de acordo com a raça/etnia, o sexo, o IMC e principalmente,

a idade, portanto, deve-se utilizar valores de referência do HOMA-IR específicos

para a população pediátrica19.

Há geralmente um aumento fisiológico na RI durante a fase da puberdade, e após

atingir seu auge, os índices tendem a voltar aos valores pré-puberes. Apesar disto,

pesquisas evidenciam que indivíduos obesos da mesma idade apresentam índices

de RI ainda mais elevados19,30,31.

Em publicações recentes, a International Diabetes Federation (IDF) estimou que no

ano de 2040 existirão 642 milhões de diabéticos no mundo, e metade destes ainda

não terão diagnóstico26. Isto reforça ainda mais a necessidade do diagnóstico

precoce da resistência insulínica com intervenção imediata.

Sabe-se que prática regular de atividade física aumenta a quantidade do

transportador de glicose em tecidos insulino-dependentes (GLUT-4), e assim como a

restrição de calorias, aumenta a sensibilidade celular à insulina e ajuda a diminuir a

prevalência desses transtornos4,32.

1.3 Acanthosis Nigricans

A acanthosis nigricans (AN) é uma alteração dermatológica com um padrão de

reação inespecífica, pois pode acompanhar a resistência insulínica, a obesidade, o

diabetes tipo 2, o excesso de corticosteroides, os tumores pineais, medicamentos

como o ácido nicotínico, estrógenos, adenocarcinoma gástrico e múltiplas variantes

genéticas33,34.

A doença apresenta como características clínicas, inicialmente, uma

hiperpigmentação de aspecto aveludado, com espessamento marrom e simétrico da

pele, muitas vezes, confundida com má higiene35. Ao passar do tempo, adquire um

aspecto grosseiro, com acentuação das linhas da pele, hiperqueratose, presença de

verrugas ou superfície papilomatosa e as lesões tornam-se semelhantes ao

couro33,36-39.

Essa lesão pode ser classificada em diversos tipos. Estes são as formas benignas,

relacionadas à obesidade, unilateral, acral, idiopática, hereditária, induzida por

drogas, causadas por doenças endócrinas e malignas37,40. Segundo Schwartz RA, a

variedade maligna é considerada um marcador de neoplasias abdominais, em

especial o adenocarcinoma gástrico, porém, essa associação é rara na população

pediátrica35.

A AN benigna geralmente pode ocorrer como um traço autossômico dominante sem

obesidade, associado à endocrinopatias ou anormalidades congênitas, podendo

surgir ao nascimento ou durante a infância e acentuado na puberdade33,35.

Quando associada à obesidade, é denominada de pseudo-acanthosis nigricans, e é

a forma mais comum tanto em crianças quanto em adultos. As primeiras

manifestações cutâneas tendem a surgir apenas após a puberdade, porém, podem

ocorrer em qualquer idade35.

Frequentemente, é assintomática, porém, em certos casos, o prurido pode estar

presente36-39. Em crianças e adolescentes, observa-se que as regiões mais afetadas

são pescoço (93-99%), sendo a região posterior a mais atingida, seguida das axilas

(73%)36,41. Outros locais de acometimento são face lateral do pescoço, virilha,

regiões flexoras dos membros, regiões periumbilical e inframária, pálpebras, palmas

das mãos, plantas dos pés37.

Isto pode ser explicado devido a interação entre a quantidade excessiva de insulina

circulante com o receptor do fator de crescimento semelhante à insulina (IGF-1)

sobre os queratinócitos e fibroblastos, que pode levar ao desenvolvimento de AN

42,33,43.

A associação entre a acanthosis nigricans e o diabetes tipo 2 em crianças e

adolescentes vem sido cada vez mais evidenciada em diversos trabalhos científicos

publicados44,45. Sabe-se também que a associação com a resistência insulínica é

verdadeira46. A American Diabetes Association estabeleceu a AN como fator de risco

para o desenvolvimento de diabetes tipo 2 em crianças, em seu consenso publicado

no ano de 200047.

A AN pode então ser denominada como um marcador cutâneo de resistência à

insulina dos tecidos (anticorpos contra o receptor de insulina, defeitos congênitos ou

adquiridos do receptor, ou função pós-receptor) e é independente do IMC33,35.

Por ser uma afecção usualmente assintomática, geralmente não requer tratamento

direto, além disso, já se comprovou que a redução do peso, com alvo na

normalização do IMC, é um fator de regressão espontânea das lesões cutâneas

quando estamos diante da pseudo- acanthosis nigricans. Porém, reduzir as lesões

mais espessas nas áreas de maceração para diminuir o odor e promover conforto ao

paciente pode ser feito. Aplicar um creme de lactato de amônio 12% e tretinoína

tópica 0,05%, conforme a necessidade, pode amenizá-las33,35.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a presença de Acanthosis Nigricans (AN) e Resistência à Insulina (RI) em

crianças e adolescentes com excesso de peso em um Grupo de Incentivo ao Peso

Saudável (GIPSI), de um hospital filantrópico da grande Vitória/ES.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemiológico dos pacientes;

b) Avaliar os níveis de insulinemia em jejum, glicemia em jejum, perfil lipídico e o

índice HOMA-IR.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo transversal, observacional e quantitativo. Essa pesquisa foi

realizada em 2 etapas. A primeira consistiu em revisão de literatura e a segunda na

pesquisa de campo.

Revisão de literatura, pesquisa do tipo exploratória, que consistiu na obtenção de

dados e utilizou, como fontes bibliográficas, as bases de dados PubMed, Scielo e

Lilacs, com ênfase no tema de presença de acanthosis nigricans em crianças e

adolescentes com sobrepeso e resistência insulínica, no período de 1994-2016, nos

idiomas em inglês, português e espanhol. Palavras chave: obesidade infantil,

acanthosis nigricans, resistência à insulina.

3.2 LOCAL DE DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

Este estudo foi elaborado com os pacientes do serviço de endocrinopediatria do

Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Vitória, localizado na Rua Doutor João

dos Santos Neves, 143, Vitória, ES e na Escola Superior de Ciências da Santa Casa

de Misericórdia de Vitória - EMESCAM, localizado na Av. Nossa Senhora da Penha,

2190, Vitória, ES, que participam do Grupo de Incentivo ao Peso Saudável Infantil

(GIPSI).

O GIPSI é um projeto de extensão universitária, criado pela Dra. Christina Cruz

Hegner, em 2004, devido à alta demanda de crianças e adolescentes atendidos nos

ambulatórios de endocrinologia do HSCMV com transtorno do peso. Sabendo que a

obesidade é multicausal, instituiu-se um programa que transcende consultas

médicas, e proporciona aos pacientes uma equipe multidisciplinar, além de palestras

bimensais que visam a educação sobre o tema. Já foram incluídas mais de 600

famílias no programa, desde a sua criação48.

3.3 POPULAÇÃO ESTUDADA

Foram atendidas um total de 103 crianças e adolescentes acompanhadas pelo

responsável, no ambulatório de endocrinopediatria do HSCMV, participantes do

GIPSI, no período de abril de 2015 a julho de 2016. Destes, 03 não apresentavam

diagnóstico de sobrepeso ou obesidade infantil, 22 eram previamente diabéticos e

24 foram excluídos da pesquisa por outros motivos, como falta de dados

necessários para o cálculo do HOMA-IR e por apresentarem diagnósticos que

influenciam diretamente sobre o IMC.

Portanto, a população deste estudo foi definida por uma amostra de conveniência,

num total de 54 pacientes, que respeitaram os seguintes critérios de inclusão e

exclusão:

3.3.1 Critérios de inclusão

a) Pacientes incluídos no programa Grupo de Incentivo ao Peso Saudável

Infantil (GIPSI);

b) Idade compreendida entre 3 (três) e 17 (dezessete) anos, faixa etária

atendida pelo grupo;

c) IMC situado acima do ponto de corte correspondente a risco de sobrepeso

em crianças entre 0 (zero) a 5 (cinco) anos e sobrepeso em crianças entre 5

(cinco) e 19 (dezenove) anos segundo as curvas de IMC da Organização

Mundial de Saúde (OMS);

d) Crianças e adolescentes com obesidade exógena, baseado em achados

clínicos e laboratoriais.

e) Pacientes que aceitaram assinar o TCLE.

3.3.2 Critérios de exclusão

a) Pacientes portadores de afecções que influenciem diretamente sobre seu

peso: diabetes mellitus, hipotireoidismo, síndrome nefrótica, insuficiência renal

crônica, hepatopatias colestáticas crônicas, uso regular de corticosteróides,

beta-bloqueadores e anabolizantes, presença de sinais sindrômicos

(Síndrome de Cushing, Síndrome de Prader-Willi, Síndrome de Down);

b) Falta de dados suficientes para cálculo do IMC e HOMA-IR.

3.4 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS

Na presente pesquisa, todos os assistentes da pesquisa foram previamente

treinados para obtenção dos dados e orientados pelos pesquisadores principais.

Os pacientes do programa GIPSI e seus acompanhantes foram, inicialmente,

apresentados e convidados ao estudo e, após concordarem, assinaram o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) presente no anexo B.

Através do questionário (Apêndice A) foram coletados dados sobre: idade, sexo,

procedência, escolaridade, peso, estatura, índice de massa corpórea (IMC), pressão

arterial e circunferência abdominal dos pacientes. Além disso, foi questionado se há

conhecimento de alguma comorbidade pré-estabelecida: diabetes, dislipidemia,

hipertensão. Os exames laboratoriais sanguíneos analisados foram glicemia e

insulinemia de jejum, triglicerídeos, colesterol total e frações. Foi feita avaliação

clínica, pelas pesquisadoras, para averiguar presença ou ausência de acanthosis

nigricans no exame físico.

O peso das crianças e adolescentes foi aferido em balança PRIX®, digital, com

capacidade máxima de 200 kg e mínima de 1kg, precisão de 0,05kg, com

certificação do INMETRO, obedecendo aos procedimentos estabelecidos pela

Organização Mundial de Saúde (OMS). As crianças e adolescentes estavam

descalços, no centro da balança, com os dois pés completamente apoiados, em

posição ortostática, parados, sem nenhum objeto em suas mãos, para que a leitura

do peso fosse feita e registrada.

A estatura foi aferida através estadiômetro TONELLI® com extensão de 220 cm e

subdivisões de 1 mm, com certificação do INMETRO, obedecendo os procedimentos

estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os pacientes foram

colocados de pé e descalças, sem curvar os joelhos, braços ao longo do corpo com

os calcanhares e ombros eretos e olhando para frente, assim a medida será correta.

A circunferência abdominal foi aferida com fita métrica inelástica, com extensão de

150 cm e subdivisões de 1 mm, com certificado do INMETRO. A medida da

circunferência abdominal foi realizada por pessoas treinadas para esse fim, sendo

que a aferição teve como ponto de referência a altura da cicatriz umbilical. Valores

acima do percentil 90º para idade e sexo foram considerados anormais49,50.

A partir das medidas de peso e estatura, foi calculado o índice de massa corpórea

(IMC) aplicando-se a fórmula peso (kg) / estatura (m)2. Os padrões antropométricos

utilizados para comparação das medidas de peso, estatura e IMC foram as curvas

para avaliação do crescimento da criança de zero a cinco anos, cinco a dez anos e

de dez a dezenove anos de acordo com a OMS (2006 e 2007)51.

O estado nutricional das crianças foi classificado de acordo com IMC/idade em

score-z. Para crianças de zero a cinco anos a classificação foi dada como: < escore

-3 de desvio padrão (magreza acentuada); >= score-z -3 e < score-z -2 (magreza);

>= score-z -2 e <= score-z +1 (eutrófico); >= score-z +1 e <= score-z +2 (risco de

sobrepeso); >= score-z +2 e <= score-z +3 (sobrepeso); > score-z +3 (obesidade).

As crianças de cinco a dezenove anos foram classificadas como: < escore -3 de

desvio padrão (magreza acentuada); >= escore-z -3 e < escore-z -2 (magreza); >=

escore-z -2 e <= escore-z +1 de desvio padrão (eutrófico); >=escore-z +1 e <=

escore-z +2 (sobrepeso); >= escore-z +2 e <= escore-z +3 (obesidade); > escore-z

+3 (obesidade grave). Empregou-se o padrão da OMS (2006 e 2007)51.

Em relação à presença de comorbidades como dislipidemias, foram verificados os

exames de rotina do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória (HSCMV), que

são constituídos por: colesterol total e frações e triglicerídeos. Os valores de

referência usados estavam de acordo com a I Diretriz Brasileira sobre Prevenção de

Aterosclerose em Crianças e Adolescentes (2005)52, sendo, Colesterol Total

(mg/dL): <150 desejável, 150-169 limítrofe e >170 aumentado; Colesterol

LDL(mg/dL): <100 desejável, 100-129 limítrofe e >129 aumentado, Colesterol HDL

(mg/dL): >45 desejável; e Triglicerídeos <100 desejável, 100-129 limítrofe e >129

aumentado.

As alterações do metabolismo glicídico foram avaliadas de acordo com diagnóstico

laboratorial de glicemia de jejum e insulinemia de jejum. O índice homeostasis model

assessment – insulin resistance (HOMA-IR) foi utilizado para avaliação de

resistência insulínica. Os valores de referência usados foram, na glicemia de jejum

(jejum de 8 horas): < 100 adequado, 100-126 duvidoso (ampliar a investigação) e >

126 diabetes mellitus.52

O HOMA-IR vem sendo amplamente utilizado para avaliação de resistência

insulínica, pois possui boa correlação com a insulinemia de jejum e com o clamp

euglicêmicohiperinsulinêmico (diagnóstico padrão-ouro). Também é de fácil

realização, pois é calculado por meio de uma fórmula cujas variáveis são a

insulinemia e a glicemia de jejum. A fórmula está demonstrada a seguir:

Foi usado como diagnóstico de hiperinsulinismo um valor de HOMA-IR acima de

3,16 e apresenta equivalência ao de 15 de insulinemia basal20,52,53.

A avaliação clínica de acanthosis nigricans foi feita por meio da pesquisa da lesão

dermatológica no exame físico que se define por lesão marrom escuro de aspecto

grosseiro e aveludado, caracterizada por espessamento, hiperpigmentação,

papilomatose e acentuação das linhas da pele36-39,41,49. Pode se localizar em

qualquer área corpórea, porém, em crianças, observa-se que as regiões mais

afetadas são pescoço (parte posterior, principalmente), e axilas36,41.

Utilizou-se uma escala quantitativa de acanthosis nigricans (Anexo A), criada e

validada por Burke JP et al54, que classifica a acanthosis de acordo com sua

gravidade. Podendo ser leve, moderada ou severa, através da soma de uma

pontuação específica para cada região avaliada (pescoço, axila, articulações

metacarpo-falangianas, joelhos e cotovelos). A pontuação de 1 a 3 é característica

de acanthosis leve, de 4 a 7 pontos acanthosis moderada e de 8 a 11 pontos uma

acanthosis severa.

3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados coletados foram arquivados em planilhas do Microsoft Excel versão 97-

2003.

Para verificar associação entre variáveis não numéricas foi usado teste Qui

Quadrado, ou Fisher quando valores esperados menores que 5.

Para toda estatística inferencial foi usado nível de significância de 5%.

Foram calculados, para cada grupo, frequência e porcentagem das seguintes

variáveis categóricas: sexo, procedência, escolaridade, histórico familiar de diabetes,

hipertensão, infarto e dislipidemia, classificação nutricional, escore e presença de

acanthosis nigricans. Assim como, para as seguintes variáveis contínuas, foram

calculados mínimo, máximo, média, mediana e desvio padrão: idade, peso, estatura,

circunferência abdominal, IMC, insulinemia em jejum, glicemia em jejum, colesterol

total e frações, triglicerídeos e HOMA-IR.

Os cálculos foram feitos no programa SPSS Statistics 23.00 (USA).

3.6 APROVAÇÃO NO COMITÊ DE ÉTICA

Este trabalho foi submetido ao comitê em pesquisa (CEP) da Escola Superior de

Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória (EMESCAM) sob o nº

39492514.3.0000.5065.

4 RESULTADOS

O grupo estudado foi composto por 54 pacientes, em sua maioria, do sexo feminino,

correspondendo a 70,4% (38) da amostra, com média de idade de 10,5 anos

(±3DP).

A classificação nutricional de maior prevalência foi a da obesidade, representados

por 57,4% (31), seguidos por 25,9% (14) de pacientes com sobrepeso, e por último,

a da obesidade grave, equivalente a 16,7% (9). Dentre os pacientes obesos, a maior

prevalência de acanthosis encontrada foi a classificada como moderada.

A presença de acanthosis nigricans foi encontrada em 90,7% (49) dos indivíduos

estudados, com um total de 46,29% (25) para AN de moderada intensidade, seguida

por 25,9% (14) para AN grave. A classificação de Burke para AN está ilustrada

abaixo pelas Figuras 1-8, nas páginas 41 a 43.

Gráfico 1: Classificação de Acanthosis nigricans na população estudada

Em contrapartida, a resistência à insulina foi identificada em 29,6% (16) do grupo

estudado. Sendo que destes, somente dois pacientes não apresentavam a AN

associada.

40 pacientes apresentavam circunferência abdominal alterada (acima do percentil

90), dentre os quais 75% (14) possuíam resistência à insulina concomitantemente.

Tabela 1. Principais alterações encontradas nos pacientes avaliados em um Grupo de Incentivo ao Peso Saudável, de um hospital filantrópico de Vitória/ES.

Valor Absoluto Percentagem do total (n=54)

CA alterada (acima p90)

CA abaixo p90

HOMA (resistente)

HOMA (não resistente)

Presença de AN

Ausência de AN

40

14

16

38

49

5

74%

25,9%

29,6%

70,4%

92,6%

7,4%

As variáveis contínuas estão demonstradas na tabela 2, representadas por mínimo,

máximo, média, mediana e desvio padrão.

Tabela 2. Descrição das variáveis antropométricas analisadas em 54 participantes de um

Grupo de Incentivo ao Peso Saudável, de um hospital filantrópico de Vitória/ES

Mínimo Máximo Média Mediana Desvio Padrão

Idade (anos)

Peso (kg)

Estatura (m)

CA (cm)

IMC (kg/m2)

3

25,50

1,05

67

19,56

17

100,7

1,80

123

37,96

10,5

61,63

1,48

87,9

27,13

11

57,05

1,50

85

25,90

3

20,51

0,17

13,1

4,40

Os resultados das variáveis contínuas laboratoriais analisadas (colesterol total, LDL

colesterol, HDL colesterol e triglicerídeos, insulina e glicemia em jejum), foram

classificados em mínimo, máximo, média, mediana e desvio padrão e estão

representados na tabela abaixo:

Tabela 3. Variáveis contínuas laboratoriais analisadas em 54 crianças e adolescentes, participantes de um Grupo de Incentivo ao Peso Saudável, de um hospital filantrópico de Vitória/ES

Mínimo Máximo Média Mediana Desvio padrão

Insulina em jejum (mg/dl)

1,87 28,64 11,56 10,22 6,97

Glicemia em jejum (mg/dl)

57,0 127,0 88,2 86,5 10,2

Colesterol total (mg/dl)

106,0 259,0 161,7 155,0 30,2

HDL 21,0 87,0 42,9 41,5 12,7

LDL (mg/dl) 42,0 207,0 98,5 96,0 28,6

VLDL (mg/dl) 6,0 42,6 19,0 16,8 8,4

Triglicerídeos (mg/dl) 31,0 213,0 94,3 83,5 42,1

HOMA – IR 0,45 6,87 2,55 2,20 1,61

O escore de AN correlacionou-se positivamente com o HOMA-IR (p= 0,019), sendo

usado o teste qui quadrado de Pearson para tal, em que houve maior contribuição

significativa de pacientes com AN grave com HOMA-IR resistente (resíduo qui

quadrado > 1,96). O risco relativo de um paciente com AN grave ter resistência

insulínica é 6,4 vezes maior do que em um paciente com AN leve e moderado

(Intervalo de confiança 1,63-25,5 e p=0,012).

Em relação à variável laboratorial glicemia em jejum, foi observada associação

positiva com o escore de AN (p= 0,025), sendo de maior contribuição os pacientes

com glicemia alterada e AN grave do que aqueles com escore leve e moderado.

Estimou-se um risco 10 vezes maior de um paciente com AN grave de ter glicemia

alterada do que se fosse classificado com outro escore.

5 DISCUSSÃO

A população estudada neste trabalho já se encontra dentro de um perfil de excesso

de peso (sobrepeso e obesidade). Quando avaliadas quanto ao estado nutricional,

este grupo apresentou porcentagens maiores do que as encontradas em outros

estudos estaduais (pacientes com sobrepeso 35,9%, obesos 57,4% e obesos graves

16,7%), como o de Almeida PCD et al13, aonde foi encontrada uma prevalência de

13,9% em sobrepeso e 24,6% em obesidade, em escolares entre 6 e 9 anos de

idade. Isto pode ser justificado pelo importante e rápido aumento da prevalência na

obesidade infantil, já que existe uma lacuna de 6 anos entre as pesquisas.

Isto reforça ainda mais a necessidade de uma intervenção precoce e imediata em

nossa população pediátrica, implementando mudanças de hábitos alimentares e

estilo de vida. Para assim evitar o desenvolvimento de patologias preveníveis, como

a resistência insulínica, o diabetes mellitus tipo 2, a hipertensão arterial sistêmica, a

obesidade na vida adulta, entre outras.

Foi encontrada uma prevalência de 29,6% de resistência insulínica nos indivíduos

deste presente estudo. Percentagem muito semelhante a identificada no artigo de

Gobato AO el al53, cujo ponto de corte de HOMA-IR utilizado foi o mesmo

estabelecido em nossa pesquisa (3,16).

Um indicador muito importante, de fácil reprodução e padronização é a medida da

circunferência abdominal, já que reflete o nível de adiposidade visceral do indivíduo.

Em nosso estudo, 75% dos pacientes que apresentaram resistência insulínica

também tinham circunferência abdominal alterada (acima do percentil 90). Além

disso, estes também apresentaram valores de HOMA-IR significantemente maiores

do que os que não tem alteração na CA.

Diversos estudos, com variados tamanhos de amostras, também constataram que

pacientes com excesso de peso que possuem CA alterada são susceptíveis a

apresentarem maiores valores de HOMA-IR19,55-58.

Em nosso estudo concluiu-se que o risco relativo de RI é 6,4 vezes maior para

pacientes com AN grave quando comparado aos paciente com AN moderada e leve,

seguindo a escala de Burke para realizar a classificação. O estudo de Kobaissi HA

et al38, que usa a mesma classificação, determinou que a gravidade de AN era mais

fortemente relacionado à resistência à insulina. De forma geral, sem usar

classificação para AN, Mukhtar Q et al60 evidenciou que os avaliados com AN tinham

risco de ter RI quatro vezes maior comparados com aqueles sem AN.

Os resultados de nossa pesquisa reforçam, o que foi amplamente encontrado na

literatura59-64, a importância da identificação de Acanthosis nigricans (AN) grave nos

pacientes acima do peso, uma vez que trazem forte associação com resistência à

insulina (RI). Segundo Reaven GM et al59 os indivíduos com RI têm elevado risco

para o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2, valorizar a presença de AN com

intervenção no estilo de vida saudável na infância, geram prevenção da evolução da

patologia e redução de custos de uma doença crônica.

Segundo Kobaissi HA et al61 o risco de RI em crianças com excesso de peso já é

elevado, a presença associada de AN nesses pacientes aumenta ainda mais a

necessidade rastreio para a diabetes mellitus tipo 2. Mukhtar Q et al60 afirma

também que a detecção de AN pode ser um método não invasivo e de baixo custo a

ser utilizado como ferramenta de triagem de identificar de crianças e adolescentes

com risco para doenças metabólicas, visto que a AN, independente da obesidade, é

um marcador para RI e diabetes tipo 2 em adolescentes. O estudo de Knowler W et

al62 demonstrou que mudança no estilo de vida podem previnem ou retardar o

aparecimento de diabetes mellitus tipo 2 em até 58%.

A presença de AN oferece uma oportunidade de mudança de estilo de vida ao

paciente, desde que seja rapidamente identificada por um profissional da saúde. As

relações entre AN grave e RI, que é precursora da diabetes tipo 2, possibilitam a

utilização deste marcador visual como prevenção do DM 2, com mudança no estilo

de vida precoce e aconselhamentos preventivos dos profissionais de saúde.

6 CONCLUSÃO

A partir da amostra de crianças e adolescentes acima do peso pertencentes ao

grupo GIPSI, este estudo evidencia altas taxas de AN e da associação de AN grave

com resistência à insulina. A AN grave é um marcador de rápida identificação no

exame físico que sugere risco para a RI, a sua presença proporciona aos

profissionais de saúde um método para a identificação de casos de RI e gera

possibilidade de aconselhamento precoce e ação na prevenção de DM. São

necessários mais estudos para esclarecer como utilizar a associação de AN e RI

para o desenvolvimento de prevenção efetiva de doenças crônica e

consequentemente redução de custo na saúde, melhor qualidade de vida da

população e aumento da sobrevida com o diagnóstico precoce.

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2004;9(4):885-895.

APÊNDICES APÊNDICE A: Ficha coleta de dados. 1. Nome do filho (a):

_________________________________________________

2. Data de nascimento: ___/___/______

3. Idade: (A) 0 a 2 anos incompletos

(B) 2 a 7 anos incompletos

(C) 7 a 10 anos incompletos

(D) 10 a 19 anos

4. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

5. Procedência:_______________________________

6. Escolaridade da criança:

(A) pré-escolar

(B) 1º- 4° ano do Ensino Fundamental.

(C) 5º- 9º ano do Ensino Fundamental.

(D) 1º - 3º ano do Ensino Médio

7. Dados familiares

7.1 Parto: (A) a termo (B) pré termo

7.2 Amamentação: (A) exclusiva (B) não exclusiva

8. História de doença familiar/criança

8.1 Diabetes: pai ( ) mãe ( ) criança ( )

8.2 Hipertensão: pai ( ) mãe ( ) criança ( )

8.3 Infarto: pai ( ) mãe ( ) criança ( )

8.4 Dislipidemia: pai ( ) mãe ( ) criança ( )

9. Antropometria criança

9.1 Peso (kg): ________ 9.2 Estatura (m): __________

9.3 Circunferência abdominal (cm): ___________

9.4 IMC: __________

10. Pressão Arterial Criança (mmHg):_____________

11. Escala quantitativa de acanthosis nigricans. Burke, 1999.

Pescoço

0 Ausente

1 Visível a avaliação minuciosa, extensão não mensurável

2 Limitada à nuca. Extensão máxima de 7,5 cm

3 Extende-se às margens laterais do pescoço. Mede entre 7,5 e 15 cm

4 Extensão lateral e anterior do pescoço. Mede mais de 15 cm

Axila

0 Ausente

1 Visível a avaliação minuciosa, extensão não mensurável

2 Localizada na porção central da axila

3 Envolve toda a faixa axilar, não visível com o braço fechado

4 Visto de frente e de costas, mesmo com o braço fechado

Articulações metacarpo-falangeanas

0 Ausente

1 Presente

Joelhos

0 Ausente

1 Presente

Cotovelos

0 Ausente

1 Presente

( ) Acantose Leve: de 1 a 3 pontos

( ) Acantose Moderada: de 4 a 7 pontos

( ) Acantose Severa: de 8 a 11 pontos

12.Exames laboratoriais da criança

13.1 Insulinemia em jejum: ____________

13.2 Glicemia em jejum: ____________

13.3 Perfil lipídico:

13.3.1 Colesterol total ____________

13.3.2 Colesterol HDL ____________

13.3.3 Colesterol LDL ____________

13.3.4 Colesterol VLDL ____________

13.3.5 Triglicerídeos _____________

ANEXOS

ANEXO A: Escala quantitativa de acanthosis nigricans. Burke, 1999

ANEXO A: Escala quantitativa de acanthosis nigricans. Burke, 1999

Pescoço

0 Ausente

1 Visível a avaliação minuciosa, extensão não mensurável

2 Limitada à nuca. Extensão máxima de 7,5 cm

3 Extende-se às margens laterais do pescoço. Mede entre 7,5 e 15 cm

4 Extensão lateral e anterior do pescoço. Mede mais de 15 cm

Axila

0 Ausente

1 Visível a avaliação minuciosa, extensão não mensurável

2 Localizada na porção central da axila

3 Envolve toda a faixa axilar, não visível com o braço fechado

4 Visto de frente e de costas, mesmo com o braço fechado

Articulações metacarpo-falangeanas

0 Ausente

1 Presente

Joelhos

0 Ausente

1 Presente

Cotovelos

0 Ausente

1 Presente

( ) Acantose Leve: de 1 a 3 pontos

( ) Acantose Moderada: de 4 a 7 pontos

( ) Acantose Severa: de 8 a 11 pontos

ANEXO B: Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)

Aos pais ou responsável pelo menor:

Os senhores estão sendo convidados a participar do projeto de pesquisa

“PRESENÇA DE ACANTOSE NIGRICANS E RESISTÊNCIA INSULÍNICA EM

CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM EXCESSO DE PESO” desenvolvido pelos

professores: Patrícia Casagrande e Christina Cruz Hegner e pelas aluna de

medicina: Bárbara Almenara Gonçalves, Carolina Alves Lanna, Taís Zuccolotto

Frigini. O estudo pretende avaliar a presença de acantose nigricans e resistência

insulínica em crianças e adolescentes.

A sua participação consiste em deixar coletar dados nutricionais do seu filho

para identificar possível influência da obesidade dos pais na obesidade dos filhos e a

possível influencia de nigricans e resistência insulínica; assim, será possível orientar

melhor os pacientes, propor medidas para o problema em questão e contribuir para

melhoria do serviço prestado ao pacientes portadores dessa condição. Estas

informações serão úteis não somente para o seu filho, mas também para orientar os

governantes no planejamento da saúde em nosso Estado.

Em qualquer momento o senhor (a) poderá obter esclarecimento sobre todos os

procedimentos utilizados na pesquisa e nas formas de divulgação dos resultados.

Tem também a liberdade e o direito de recusar a sua participação e de seu filho (a)

ou retirar seu consentimento em qualquer fase da pesquisa, sem prejuízo ao

atendimento do seu filho.

Caso decida participar dessa pesquisa, o(a) seu filho (a) passará por um avaliação,

na qual será coletado dados referente: idade, peso, estatura, circunferência

abdominal, procedência.

A sua participação é muito importante. A pesquisa apresenta risco mínimo que será

evitado, pois as informações obtidas serão mantidas em sigilo, e a divulgação dos

resultados será feita de modo à nunca identificá-lo. Você não pagará e não receberá

nenhum recurso financeiro para participar da pesquisa. As dúvidas ou

esclarecimentos serão prestados pelos pesquisadores (27-992490518 ou

[email protected]) ou pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola

Superior de Ciências da Santa casa de Misericórdia de Vitória– ES (27-3334-3586).

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Depois de ter lido e entendido este documento, cuja cópia está em meu poder,

CONCORDO que o menor acima identificado participe da pesquisa.

Assinatura do Responsável:____________________Data:__/__/____

Assinatura do Menor (adolescente):______________ Data: __/__/____

Assinatura (Pesquisador):______________________Data: __/__/____

Coordenador da Pesquisa: Patrícia Casagrande Dias de Almeida- Av. N. Sra da

Penha 2190. Santa Luzia – Vitória/ES. CEP: 29045-402/ Telefone: 27- 334-3510

Comitê de Ética em Pesquisada Escola Superior de Ciências da Santa Casa de

Misericórdia de Vitória– ES (27-3334-3586).

ANEXO C

Normas de publicação na Revista Salus – Texto extraído Salus – Journal of Health

Sciences. Disponível também em http://www.salusjournal.org/orientacoes-aos-

autores/