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I UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA Fundada em 18 de fevereiro de 1808 Monografia Prevalência de comportamento de risco para transtornos alimentares entre estudantes da Faculdade de Medicina da Bahia Maria Izabella Navarro Mascarenhas Salvador (Bahia) Março, 2016

Prevalência de comportamento de risco para … Izabella... · II Universidade Federal da Bahia Sistema de Bibliotecas Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memória da Saúde Brasileira

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I

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

Fundada em 18 de fevereiro de 1808

Monografia

Prevalência de comportamento de risco para

transtornos alimentares entre estudantes da Faculdade

de Medicina da Bahia

Maria Izabella Navarro Mascarenhas

Salvador (Bahia)

Março, 2016

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II

Universidade Federal da Bahia

Sistema de Bibliotecas

Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memória da Saúde Brasileira

M395 Mascarenhas, Maria Izabella Navarro. Prevalência de comportamento de risco para transtornos alimentares entre estudantes da Faculdade de Medicina da Bahia / Maria Izabella Navarro Mascarenhas. – 2016. 43 fl. ; il. Orientador: Prof. Wania Márcia de Aguiar. Monografia (Graduação em Medicina) – Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Medicina da Bahia, Salvador, 2016.

1. Transtornos alimentares. 2. Estudantes de medicina. I. Aguiar, Wania Márcia de. II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Medicina da Bahia. III. Título.

CDU: 612.3

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III

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA

Fundada em 18 de fevereiro de 1808

Monografia

Prevalência de comportamento de risco para

transtornos alimentares entre estudantes da Faculdade

de Medicina da Bahia

Maria Izabella Navarro Mascarenhas

Professora orientadora: Wania Márcia de Aguiar

Monografia apresentada à

Coordenação do Componente

Curricular MED-B60/2015.2,

como requisito à avaliação desse

conteúdo curricular da Faculdade

de Medicina da Bahia da

Universidade Federal da Bahia.

Salvador (Bahia)

Março,2016

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IV

Monografia: Prevalência de comportamento de risco para transtornos

alimentares entre estudantes da Faculdade de Medicina da Bahia,

deMaria Izabella Navarro Mascarenhas.

Professora orientadora: Wania Márcia de Aguiar

COMISSÃO REVISORA:

Wania Márcia de Aguiar(Presidente, Professora orientadora), Professora do

Departamento de Neurociências e Saúde Mentalda Faculdade de Medicina da

Bahia da Universidade Federal da Bahia.

Suzy Santana Cavalcante, Professora do Departamento de Pediatria da

Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

Lísia Marcílio Rabelo, Professora do Departamento de Saúde da Famíliada

Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade Federal da Bahia.

TERMO DE REGISTRO ACADÊMICO:

Monografia avaliada pela Comissão Revisora, e

julgada apta à apresentação pública no X Seminário

Estudantil de Pesquisa da Faculdade de Medicina da

Bahia/UFBA, com posterior homologação do

conceito final pela coordenação do Núcleo de

Formação Científica e de MED-B60 (Monografia

IV). Salvador (Bahia), em _____ de ____ de 2016.

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V

“If she had given me a ticket to Europe, or a round-the-world cruise, it wouldn't have

made one scrap of difference to me, because wherever I sat – on the deck of a ship or at

a street cafe in Paris or Bangkok – I would be sitting under the same glass bell jar,

stewing in my own sour air.”

― Sylvia Plath, The Bell Jar.

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VI

À minha avó Elza.

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VII

EQUIPE

Maria Izabella Navarro Mascarenhas, Faculdade de Medicina da

Bahia/UFBA. Correio-e: [email protected];

Professor orientador:Wania Márcia de Aguiar

Correio-e:[email protected]

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Faculdade de Medicina da Bahia (FMB)

FONTES DE FINANCIAMENTO

1. Recursos próprios.

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VIII

AGRADECIMENTOS

À minha Professora orientadora, Doutora Wania Márcia de Aguiar,

pela ajuda e orientações de fundamental importância na construção deste

trabalho;

Às Professoras Lísia Rabelo e Suzy Cavalcante, participantes da

Comissão Revisora, pela disponibilidade e instruções essenciais na

realização desta Monografia;

À minha família e amigos pelo apoio e compreensão constantes, em

todos os aspectos da minha vida;

Ao colega Jean Carlos Monteiro, pela ajuda na organização dos dados

coletados;

A todos os colegas participantes da pesquisa.

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1

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ÍNDICE DE QUADROS E TABELAS

QUADROS

QUADRO 1. Sintomas mais comuns da Anorexia Nervosa. 6

QUADRO 2. Sintomas mais comuns da Bulimia Nervosa. 7

QUADRO 3. Sintomas mais comuns do Transtorno do Comer Compulsivo 8

QUADRO 4. Definições de variáveis 11

TABELAS

TABELA 1. Descrição da amostra por sexo, faixa etária, peso e altura dos indivíduos

estudados, Salvador, agosto de 2015.

15

TABELA 2. Divisão da amostra por semestre do curso de Medicina. 16

TABELA 3. Escore dos entrevistados no teste EAT-26. 16

TABELA 4.Total de estudantes que apresentaram comportamento de risco para transtornos

alimentares.

17

TABELA 5. Associação de variáveis dicotômicas com prevalência de comportamento de

risco para transtornos alimentares.

18

TABELA 6. Relação da variável idade com a prevalência de risco para transtornos

alimentares.

18

TABELA 7. Total de estudantes com IMC dentro da normalidade que se consideraram acima

ou muito acima do peso.

19

TABELA 8. Prevalência de comportamento de risco para transtornos alimentares por

semestre em curso.

19

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3

I. RESUMO

Prevalência de comportamento de risco para transtornos alimentares entre

estudantes da Faculdade de Medicina da Bahia. Distúrbios alimentares afetam uma

parcela significativa de jovens adultos, tendo um nível muito alto de morbidade e

mortalidade. Pessoas que sofrem com esses transtornos têm um grande prejuízo social,

pois elas tendem a se preocupar tanto com seu peso e alimentação que acabam se

focando muito pouco em outras atividades. Foram avaliadosa prevalência destes

transtornos e os fatores associados em estudantes do curso de Medicina da Universidade

Federal da Bahia (UFBA) através de corte transversal em uma amostra de conveniência

com um número amostral calculado para 5% de erro amostral, tendo como população de

referência a totalidade de estudantes da Faculdade de Medicina da Universidade Federal

da Bahia.A coleta de dados ocorreu no entre 2014 e 2015em amostra aleatória

estratificada por semestre, totalizando 191 participantes que responderam a dois

questionários autoaplicáveis. O primeiro questionário avalioufatores sociais e dados

antropométricos. O segundo questionário aplicado trata-se de uma versão adaptada do

EatingAttitudes Test (EAT-26).O EAT-26 é uma medida de auto avaliação padronizada

utilizada no âmbito dos sintomas e preocupações característicos dos transtornos

alimentares.Completar o EAT-26 produz um "índice de referência", com base em três

critérios: a pontuação total com base nas respostas às perguntas EAT-26; respostas para

as questões comportamentais relacionadas com a sintomatologia alimentar e perda de

peso, e o índice de massa corporal (IMC), calculado a partir de sua altura e peso. Os

resultados encontrados apontaram para a existência de comportamento de risco para

transtornos alimentares em 19,9% dos alunos entrevistados, sendo que estudantes do

sexo feminino tiveram aproximadamente duas vezes mais chances de desenvolver

distúrbios alimentares do que alunos do sexo masculino, mostrando semelhança a

valores encontrados em outros estudos e a importância de realizações de trabalhos nessa

área.

Palavras-chave: 1. Feeding and Eating Disorders; 2. EAT 26; 3.Students, Health

Occupations.

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II. OBJETIVOS

Objetivo Geral:

- Estimar a prevalência de transtornos alimentares em estudantes da Faculdade de

Medicina da Bahia.

Objetivos específicos:

- Determinar a associação entre a prevalência de transtornos alimentares e idade.

- Determinar a associação entre a prevalência de transtornos alimentares e sexo.

- Determinar a associação entre a prevalência de transtornos alimentares e semestre em

curso.

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III. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Transtorno alimentar (TA) é uma doença que provoca graves perturbações à dieta

diária, desde comer quantidades extremamente pequenas ou severos excessos, que

podem levar ao emagrecimento extremo (caquexia) ou à obesidade, entre outros

problemas físicos e incapacidades.É um distúrbio psiquiátrico de etiologia

multifatorial. Os portadores de TA adotam padrões e atitudes alimentares

extremamente perturbadas e uma excessiva preocupação com o peso e a forma

corporal 1,2

. Um comportamento de risco alimentar geralmente precede o

aparecimento do TA.

Uma pessoa com um distúrbio alimentar pode apenas ter começado a comer

quantidades menores ou maiores de comida, mas em algum momento, a vontade

de comer menos ou mais fica fora de controle. Angústia severa ou preocupação

com o peso e a imagem corporal também podem caracterizar um transtorno

alimentar. Os transtornos alimentares frequentemente aparecem durante a

adolescência ou início da idade adulta, mas também podem se desenvolver durante

a infância ou mais tarde na vida adulta. Entre os distúrbios alimentares mais

comuns estão anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno da compulsão

alimentar periódica3.

Os critérios para diagnóstico de TA são estabelecidos pela Organização Mundial

de Saúde, no Código Internacional de Doenças (CID-10), e pela Associação de

Psiquiatria Americana, no Manual de Estatísticas de Doenças Mentais (DSM-IV).

Entretanto, os critérios para comportamento de risco alimentar não está bem

estabelecido. Em geral são considerados presentes, quando há a presença de

sintomas como: restrição alimentar (hábito de fazer dietas restritivas ou jejum),

compulsão alimentar e práticas purgativas (uso de laxantes, diuréticos e vômitos

autoinduzidos). É utilizada também uma terminologia variada para este

comportamento: suspeita de transtornos alimentares, risco de transtornos

alimentares, comportamentos de risco para transtornos alimentares, sintomas de

transtornos alimentares, atitudes alimentares anormais, padrões alimentares

anormais4.

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Os distúrbios alimentares estão associados a complicações físicas significativas e

aumento da mortalidade. A taxa de mortalidade para pessoas com distúrbios

alimentares é a mais alta de todas as doenças psiquiátricas, e mais de 12 vezes

maior do que para as pessoas sem distúrbios alimentares5.

Destacaremos entre os distúrbios alimentares a Anorexia Nervosa (AN) e a

Bulimia Nervosa (BN) e o Transtorno do comer compulsivo (TCC), por serem

mais prevalentes 2, 6,7

.São transtornos que se caracterizam por padrões anormais de

comportamento alimentar e controle do peso.

A Anorexia Nervosa (NA) é caracterizado por limitações dietéticas auto-impostas,

padrões bizarros de alimentação com acentuada perda de peso induzida e mantida

pelo paciente, associada aum temor intenso de tornar-se obeso. Amenorreia, peso

abaixo do mínimo esperado para a idade e altura, distúrbios no reconhecimento do

próprio peso e medo intenso de ganhar peso. A AN restritiva limita a ingestão

energética e o consumo de carboidratos e lipídios, enquanto no tipo purgativo

ocorrem episódios frequentes de compulsão alimentar e purgação. Os métodos

purgativos utilizados são o uso de laxantes, diuréticos e enemas e a indução do

vômito 7, 2

.

Quadro 1.Sintomas mais comuns da Anorexia Nervosa 2

1. Medo intenso a ganhar peso, mantendo-o abaixo do valor mínimo normal.

2. Pouca ingestão de alimentos ou dietas severas;

3. Imagem corporal distorcida .

4. Sensação de estar gorda quando se está magra;

5. Grande perda de peso (freqüentemente em um período breve de tempo)

6. Sentimento de culpa ou depreciação por ter comido

7. Hiperatividade e exercício físico excessivo

8. Amenorréia

9. Excessiva sensibilidade ao frio

10. Mudanças no psiquismo (irritabilidade, tristeza, insônia, etc.)

BN é caracterizada pela ingestão compulsiva e rápida de grande quantidade de

alimento, associado a sensação de perda de controle, o que leva o paciente a adotar

medidas extremas a fim de evitar este fato. O bulímico também sente um grande

medo de ganhar peso embora, em geral, o paciente se encontra dentro do peso

esperado para idade e altura, ou apenas com leve sobrepeso. Esses indivíduos

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também tendem a restringir sua ingestão alimentar, porém, após certo tempo

seguindo uma dieta restritiva, perdem o controle e têm episódios de compulsão

alimentar. Após a compulsão, o indivíduo procura compensar a alta ingestão

calórica com métodos purgativos semelhantes aos da AN 2,7

.

Quadro 2.Sintomas mais comuns da Bulimia Nervosa 2

- Comer compulsivamente em forma ataques de fome e às escondidas,

- Preocupação constante em torno da comida e do peso,

- Condutas inapropiadas para compensar a ingestão excessiva com o fim de não

ganhar peso, tais como o uso excessivo de fármacos, laxantes, diuréticos e

vômitos auto-provocados.

- Manutenção do peso pode ser normal ou mesmo elevado,

- Erosão do esmalte dentário, podendo levar à perda dos dentes,

- Mudanças no estado emocional, tais como depressão, tristeza, sentimentos de

culpa e ódio para si mesma.

A relação entre anorexia e bulimia tem sido relatada na literatura. por

apresentarem alguns sintomas em comum: uma idéia prevalente envolvendo a

preocupação excessiva com o peso, uma representação alterada da forma

corporal e um medo patológico de engordar. Em ambos os quadros os pacientes

estabelecem um julgamento de si mesmo indevidamente baseado na forma física

7,2.

O transtorno do comer compulsivo é outro transtorno alimentar caracterizado por

episódios de hiperfagia que, na literatura internacional, é chamado de

bingeeatingdisorder. Embora nem todos os pacientes que apresentam este

transtorno sejam obesos, a maioria deles apresentam problemas de controle de

peso corporal. Ocorrem ataques hiperfágicos repetidos, porém sem medidas

patológicas de controle de peso, como os comportamentos compensatórios que

sucedem o episódio bulímico. O fenômeno central do deste transtorno é um

episódio de ataque de comer. A constituição alimentar destes episódios pode ser

extremamente variável, predominando alimentos com alto valor calórico,

especialmente os carboidratos 2.

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8

Quadro 3.Sintomas mais comuns do Transtorno do Comer Compulsivo2

1 - Episódios repetidos de "bingeeating" (ataques de comer)

2 - Durante os episódios, 3 dos indicadores abaixo devem estar presentes:

-Comer muito mais rápido do que o normal

-Comer até se sentir desconfortavelmente empanturrado

-Comer grandes quantidades de comida, mesmo sem fome.

-Comer sozinho, com vergonha da quantidade.

-Sentir-se culpado e/ou deprimido depois do episódio

Devido ao fato de transtornos alimentares atingirem principalmente adolescentes e

jovens adultos, diversos estudos já foram realizados dentro desse estrato da

população, principalmente com indivíduos do sexo feminino, uma vez que a

prevalência média de relação homem-mulher é de aproximadamente 1:10

chegando até, em alguns estudos a 1:20 8,9

.

Alguns estudos demonstram que as mulheres são mais suscetíveis a apresentar

alterações no comportamento alimentar e destacam fatores importantes inerentes

às pessoas deste sexo que podem predizer esta busca pelo corpo considerado

“ideal”: uma grande insatisfação com sua própria imagem corporal (autopercepção

corporal); a influência familiar; a freqüência de uso de dieta restritiva, que quanto

maior mais indicativa de preocupação com o peso corporal; a prática de atividade

física; e leitura de revistas que exaltam a utilização de dieta restritiva e a magreza

como símbolo de poder e de beleza 10

.

Desse modo, boa parte das pesquisas foram realizadas apenas com populações do

sexo feminino, como por exemplo o estudo multicêntrico em instituições de

ensino superior de diversos estados brasileiros, conduzido em 2011, onde, usando

o questionário EatingAttitudes Test (EAT-26) foi analisado o comportamento de

risco para transtorno alimentar em universitárias da área de saúde, que demonstrou

alta freqüência de comportamentos de risco para TA em todas as regiões do país 1

Embora mais prevalente no sexo feminino, os transtornos alimentares também

acometem os indivíduos do sexo masculino e sua prevalência é estimada como

10% dentre todos os transtornos alimentares 9.

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9

Pesquisas comparativas de resultado da aplicação do EAT-26 e outros

questionários em cursos de diferentes áreas, não apenas de saúde, também foram

realizados, como o estudo publicado em 2009 em que foram analisadas

asdiferenças na percepção da imagem corporal, no comportamento alimentar e no

estado nutricional de universitárias das áreas de saúde e humanas. O estudo

demonstrou que existia uma grande prevalência de distorção da imagem em todos

os grupos, sem diferença entre as áreas ou entre os cursos. O EAT-26, contudo,

indicou maiores escores nas estudantes da área saúde quando comparadas às da

área de humanas11

.

Por fim, estudos focados apenas em estudantes de medicina de uma universidade

específica também foram realizados. Por exemplo, um artigo publicado em 2013,

que buscava estimar a prevalência de transtornos de comportamentos alimentares

entre estudantes de medicina de uma universidade de Santa Catarina, analisou as

respostas ao questionário EAT-26 de estudantes de ambos os sexos, e demonstrou

uma prevalência de dez por cento dos indivíduos apresentando escore positivo ao

EAT-26, além de uma associação positiva deste desfecho com o sexo feminino 12

.

Sabe-se que os TA, além dos fatores familiares e genéticos, tem forte componente

cultural, dentre estas se destaca a influência da mídia e a divulgação de magreza

como padrão de beleza ideal. A influência da família, como reforçadoras do

estímulo para a perda de peso também exerce um papel importante. Finalmente a

urbanização levaria a uma maior exposição ao ideal de magreza além de propiciar

mudanças de hábitos alimentares (ex., "fast-foods"), sedentarismo e um maior

número de pessoas com sobrepeso e obesidade 10, 13

.

Transtornos alimentares afetam a saúde física, podendo levar a irregularidades

menstruais, perda óssea, falência de órgãos e até a morte, bem como severos problemas

de ordem psicológica, como depressão e comportamento suicida. A possível detecção

de distúrbios alimentares pela a realização deste estudo poderá possibilitar indicação de

tratamento adequado para estudantes que apresentarem sinais e sintomas importantes.

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10

IV. METODOLOGIA

Desenho de Estudo:

Foi realizado um estudo de corte transversal em uma amostra de conveniência. A

amostra foi calculada para 5% de erro amostral em 191 indivíduospara uma

significância de 5% e uma freqüência hipotética do fator de resultado nesta população

de 8,3%, tendo como população de referência a totalidade de estudantes da Faculdade

de Medicina da Universidade Federal da Bahia (FMB).

População de estudo

No semestre 2014.2 a FMB tinha 922 alunos matriculados.

A Faculdade de Medicina da Bahia foi criada por D. João VI em 18 de fevereiro de

1808, denominada inicialmente como Escola de Cirurgia da Bahia, e, em 03 de outubro

de 1832 passou a ser denominada Faculdade de Medicina. No prédio original da

Faculdade, no Terreiro de Jesus, chamada sede mater, funciona a parte administrativa e

são ministradas algumas aulas de graduação e pós-graduação. A grande maioria das

aulas ocorrem no campus do Canela, principalmente nas dependências do Instituto de

Ciências da Saúde e no Anexo Dra. Rita Lobato Velho Lopes, que integra a FMB. Após

a última modificação do currículo, iniciada em 2008 e ainda em curso, as aulas

passaram a acontecer em grupos menores, mas ainda restam alguns momentos onde os

alunos estão reunidos em grupos maiores, com metade da turma, ou ainda a totalidade

dos alunos do semestre.

Quando o ingresso era feito pelo vestibular, havia uma freqüência maior de alunos de

curso de Medicina oriundos da classe A e B, pois estas pessoas eram oriundas de

escolas particulares, que preparavam os alunos para aquele tipo de vestibular, onde

havia muita concorrência e uma exigência de conhecimentos mais aprofundados,

particularmente nas áreas de matemática, química, física, biologia e português. Em

2005, com a adoção do sistema de cotas na Universidade Federal da Bahia, alguns

alunos oriundos das classes com menor poder aquisitivo puderam ter acesso aos cursos.

Finalmente, desde 2012 o ingresso na FMB é feito pelo ENEM. Assim, atualmente o

alunado de medicina é integrado por pessoas oriundas de várias classes sociais e cada

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11

vez mais encontram-se pessoas que já estão imersas no mundo do trabalho e cursam

paralelamente o curso de medicina.

Definição de variáveis:

As variáveis foram definidas de acordo ao quadro 4.

Quadro 4. Definições de variáveis

Dicotômicas Quantitativas

- Sexo - Idade em anos

- Semestre em curso

- Peso informado pelo entrevistado

- Altura informada pelo entrevistado

- Escore do EAT-26

Procedimentos:

Os alunos foram abordados antes do início de uma aula previamente escolhida, onde

havia um grande número de alunos do semestre, para permitir a obtenção do maior

número possível de voluntários. A pesquisadora entregou o TCLE e deu explicações

sobre o estudo. O questionário impresso, sem qualquer dado que permitisse identificar o

voluntário, estava em um envelope fechado e o TCLE preso na frente deste. Após a

assinatura do TCLE o voluntário preencheu o questionário e o devolveu à pesquisadora,

dentro do envelope.

Questionários:

Foi aplicado um questionário social abrangendo sexo, idade, semestre em curso, há

quanto tempo o participante é discente na universidade. Associado a este questionário

foi aplicada uma versão adaptada do EatingAttitudes Test (EAT-26), presente no anexo

II deste trabalho. O EAT-26 é provavelmente a medida de auto avaliação padronizada

mais utilizada no âmbito dos sintomas e preocupações característicos dos transtornos

alimentares. Esse questionário é um refinamento do EAT-40 original que foi publicado

pela primeira vez em 1979 e usado em um dos primeiros estudos para examinar fatores

socioculturais no desenvolvimento e manutenção dos transtornos alimentares. Desde

aquela época, o teste foi traduzido para diversos idiomas e utilizado em vários estudos.

A publicação original 14

e a posterior publicação descrevendo o refinamento do teste 15

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12

são os 3 º e 4 º na lista dos 10 artigos mais citados na história da revista Psychological

Medicine. Completar o EAT-26 produz um "índice de referência", com base em três

critérios: 1) a pontuação total com base nas respostas às perguntas EAT-26; 2) respostas

para as questões comportamentais relacionadas com a sintomatologia alimentar e perda

de peso, e 3) o índice de massa corporal (IMC), calculado a partir de sua altura e peso.

Este questionário está validado para o português (traduzido por Nunes et al. e validado

por Bighetti et al) 16

.

O EAT-26 indica a presença de padrões alimentares anormais e fornece um índice de

gravidade de preocupações típicas de pacientes com transtorno alimentar,

particularmente, intenção de emagrecer e medo de ganhar peso 17

.

Geralmente uma consulta a um especialista é recomendada se uma pontuação for

correspondente a "positiva". Independentemente da pontuação, se um entrevistado sente

que ele está tendo algum sentimento caracterizado no teste e que está interferindo no seu

funcionamento diário, ele deve buscar uma avaliação de um profissional de saúde

mental treinado18

.

A referência para o índice de massa corpórea (IMC) utilizada foi o estabelecido pelo

The National Health andNutritionExaminationIII Survey, que através de dados

coletadosestabeleceu normas de peso e altura em diferentes idades para ambos os sexos,

desde o nascimento até os vinte anos de idade. Um limite do IMC entre o quinto e

décimo percentil para diferentes idades e sexo é usado para determinar se um indivíduo

se encontra na categoria de baixo peso19

.

A presença de risco para transtornos alimentares foi considerada positiva quando o

entrevistado teve um escore maior do que 20 no teste EAT-26 ou quando o estudante

teve o índice de massa corpórea considerado baixo ou muito baixo para idade e sexo.

Análise de dados:

Os dados foram tabulados e analisados em programa SPSS.

O teste T de Student foi usado para avaliar diferenças entre as variáveis quantitativas de

distribuição paramétrica e a presença ou não de transtorno alimentar. O teste

Quiquadrado foi usado para avaliar diferença entre as variáveis qualitativas e a presença

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13

ou não do transtorno. Devido à fraca associação entre as características observadas

nesse trabalho o modelo de regressão logística não foi utilizado.

Devido à fraca associação entre as características observadas neste trabalho, o

modelo de regressão logística não foi utilizado.

Aspectos éticos.

O projeto de pesquisa foi apresentado ao Comitê de Ética em Pesquisa obteve a

aprovação (anexo IV).O sigilo dos dados dos voluntários foi garantido pelos

pesquisadores. Os possíveis riscos advindos do preenchimento do questionário foram

minimizados pela entrega destes em um envelope fechado.

O Termo de Consentimento Livre e esclarecido foi apresentado em uma única página

contendo o timbre da Faculdade de Medicina da Bahia e da UFBA. O texto deste termo

se encontra no anexo II.

O voluntário, caso desejasse, seria informado da pontuação obtida, e também a

depender da expressão da sua vontade, poderia ser entrevistado pela orientadora, que é

médica psiquiatra, que, em caso de necessidade, poderia fazer um encaminhamento para

que buscassem acompanhamento para tratamento de transtorno alimentar.Durante o

processo de coleta de dados nenhum dos entrevistados solicitou entrevista com a

orientadora.

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14

V. RESULTADOS

Análise Descritiva

Cento e noventa e uma cópias de cada questionário - o EAT-26 modificado e o

questionário de caráter psicossocial e antropométrico - foram entregues e respondidos

por alunos do 1º ao 12º semestres, totalizando uma amostra de 18% do total de 1.030

estudantes da Faculdade de Medicina da Bahia.

A amostra foi composta sem grandes discrepâncias entre sexos, sendo a maioria

do sexo feminino (52,4%) em relação ao sexo masculino (47,6%). A média de idade foi

de 23,8 anos, com mínimo de 17 anos e máximo de 48 anos, demonstrando se tratar de

uma população jovem.

Os alunos do primeiro ao quinto ano foram entrevistados na saída das aulas,

totalizando uma média de 18,6 alunos entrevistados por semestre e constituindo 97,4%

da amostra. Já os alunos do sexto ano foram entrevistados no Hospital Universitário

Edgar Santos, e devido à pouca disponibilidade de tempo desses internos, apenas 5

foram entrevistados, somando 2,6% da amostra.

Os dados antropométricos questionados foram peso e altura. A média de peso foi

de 67,3 kg, enquanto a de altura foi de 1,70 m. O IMC foi calculado a partir destas

informações e sua média foi de 22,98, demonstrando que boa parte da amostra está

dentro do padrão da normalidade. Vinte e quatro estudantes (12,5%), contudo,

apresentaram IMC abaixo do peso ou muito abaixo do peso, o que caracteriza risco para

transtornos alimentares.

Quanto aos hábitos de vida questionados, um número relativamente alto, 78

alunos (40,8%), referiu uso de álcool ou outras drogas. Contudo, apenas 3 alunos (1,6%)

relataram tabagismo.

Também foi questionado se o estudante estava ou não em um relacionamento

estável. Noventa e oito alunos (51,3%) afirmaram estar em relacionamentos, enquanto

Page 23: Prevalência de comportamento de risco para … Izabella... · II Universidade Federal da Bahia Sistema de Bibliotecas Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memória da Saúde Brasileira

15

93 (48,7%) não se relacionavam no momento, mostrando que a maioria dos

entrevistados tinham, teoricamente, um certo grau de apoio emocional.

A autoimagem dos estudantes foi observada através de questionamentos sobre

qual eles consideravam seu peso ideal e a sua relação com seu peso. A média de peso

ideal foi de 65,07 kg, com mínimo de 44kg e máximo de 105kg. Quanto àrelação do

entrevistado com o peso, 3 (1,1%) afirmaram que se achavam muito abaixo do peso, 31

(11,2%) achavam que estavam abaixo do peso, 107 (38,5%) se consideravam médios

(nem magro, nem gordo), 42 (15,1%) estudantes se consideraram gordos e 8 (2,9%) se

consideraram muito gordos.Nas tabelas 1 e 2 é possível ver a descrição da amostra por

dados antropométricos e sua distribuição por semestre, respectivamente.

Tabela 1. Descrição da amostra por sexo, faixa

etária, peso e altura dos indivíduos estudados,

Salvador, agosto de 2015.

Sexo

N %

Masculino 91 47,6

Feminino 100 52,4

Faixa Etária Média

23,08

DP1

3,725

Peso (kg) Mínimo

42

Máximo

140

Média DP

67,3 14,73

Altura (m) Mínimo Máximo Média DP

1,50 1,95 1,700,09

1DP=desvio padão.

.

Page 24: Prevalência de comportamento de risco para … Izabella... · II Universidade Federal da Bahia Sistema de Bibliotecas Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memória da Saúde Brasileira

16

Tabela 2. Divisão da amostra por semestredo curso de Medicina.

SEMESTRE N %

1 18 9,4

2 22 11,5

3 21 11,0

4 24 12,6

5 19 9,9

6 19 9,9

7 24 12,6

8 19 9,9

9 15 7,9

10 5 2,6

11 3 1,6

12 2 1,0

TOTAL 191 100

Em relação à prevalência de comportamento de risco para distúrbios alimentares, dos

191 entrevistados, 19 (9,95%) apresentaram um escore maior do que 20 pontos no

questionário EAT-26, como pode ser observado na tabela 3.

Tabela 3. Escore dos entrevistados no teste EAT-26

EAT-26 N

(total = 191)

%

Escore < 20

172

90

Escore ≥ 20 19 10

Considerando os alunos restantes que tiveram um escore menos que 20 no EAT-26, 19

(9,95%) apresentaram IMC baixo ou muito baixo para a idade e sexo. Somando esses

estudantes aos alunos que tiverem um escore EAT-26 maior que 20, tem-se um

resultado de 38 (19,9%) estudantes em risco, como demonstrado na tabela 4.

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17

Tabela 4. Total de estudantes que apresentaram comportamento de risco para

transtornos alimentares.

Comportamento de risco

para transtornos

alimentares

N

(total = 191)

%

Sim

(eat-26 ≥ 20 ou IMC

baixo/muito baixo)

Não

(eat-26 < 20 e IMC

normal)

38

153

19,9

80,1

Análise de Associação Univariada

A frequência de risco para transtorno alimentar foi mais comum em indivíduos

do sexo feminino que masculino. Estudantes do sexo feminino tiveram

aproximadamente duas vezes mais chances de ter transtorno alimentar que alunos do

sexo masculino(12,6% versus 7,3%, p=0,136).

Estudantesque relataram uso de álcool ou outras drogastiveram uma frequência

de risco para transtorno alimentar relativamente menor do que não usuários (7,3% vs

12,6%, p=0,576).

Em indivíduos que relataram estar em um relacionamento afetivo estável,a

frequência de risco para distúrbio alimentar foi de 12%, enquanto os alunos fora de

umrelacionamento afetivo estável tiveram uma frequência de 7,9% (p=0,204). A

associação com dessa variável e das anteriormente citadas com o risco para

desenvolvimento de transtornos alimentares pode ser observada na tabela 5.

A média de idade também foi semelhante entre os grupos para a presença ou

ausência de risco para transtornos (22,8 ± 2,9 vs 23,1 ± 3,9, p=0,628), como pode ser

visto na tabela 6.

Page 26: Prevalência de comportamento de risco para … Izabella... · II Universidade Federal da Bahia Sistema de Bibliotecas Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memória da Saúde Brasileira

18

Tabela 5. Associação de variáveis dicotômicas com prevalência de comportamento de

risco para transtornos alimentares.

Variável N (total = 191) % Com Risco (%)

Sem risco (%) Valor dep1

Sexo

Feminino

Masculino

100

91

52,4

47,6

24(12,6)

14(7,3)

0,136

76(39,8)

77(40,3)

Drogas

Sim

Não

78

113

40,8

59,2

14(7,3)

24(12,6)

0,576

64(33,5)

89(46,6)

Relacionamento

Sim

Não

98

93

51,3

48,7

23(12,0)

15(7,9)

0,204

75(39,3)

78(40,8)

Tabagismo

Sim

Não

3

188

1,6

98,4

0(0,0)

38(19,9)

0,384

3(1,6%)

150(78,5%)

1p = Considerandoo nível de significância de 0,05.

Tabela 6. Relação da variável idade com a prevalência de risco para transtornos

alimentares.

Risco N (total = 191) Média DP1 Valor de p

2

Sim

Não

38

153

22,8

23,14

2,903 0,628

3,908

1DP=desvio padão.

2p = Considerandoo nível de significância de 0,05.

Algumas diferenças ainda puderam ser notadas quando ao gênero. Em estudantes com

IMC dentro da faixa de normalidade, 14,17% deles se consideraram gordos ou muito

gordos. Dentro desse valor, a grande maioria dos alunos foi do sexo feminino (88,9%),

enquanto o sexo masculino correspondeu apenas a uma pequena parte (11,1%), como se

pode observar na tabela 7.

Page 27: Prevalência de comportamento de risco para … Izabella... · II Universidade Federal da Bahia Sistema de Bibliotecas Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memória da Saúde Brasileira

19

Tabela 7. Total de estudantes com IMC dentro da normalidade que se consideraram

acima ou muito acima do peso.

Alunos com IMC 18,5 –

24,9

N (total = 127) Consideram-se

gordos/muito gordos

N = 18 (14,17%)

Sexo Feminino 71 (60%) 16 (88,9%)

Sexo Masculino 56 (40%) 2 (11,1%)

Devido ao pequeno número de desfecho e tamanho da amostra, não foi possível avaliar

a associação entre semestre em curso e a presença de comportamento de risco para

transtornos alimentares. A prevalência por semestre, contudo, foi

calculada,apresentando distribuição semiquantitativa semelhante entre a maioria dos

semestres, como pode ser observado na tabela 8.

Tabela 8. Prevalência de comportamento de risco para transtornos alimentares por

semestre em curso.

Semestres

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Total

Risco

Sim

(%)

Não

(%)

4

(2,1)

14

(7,3)

6

(3,1)

16

(8,4)

2

(1,0)

19

(9,9)

4

(2,1)

20

(10,5)

3

(1,6)

16

(8,4)

5

(2,6)

14

(7,3)

5

(2,6)

19

(11)

4

(2,1)

15

(9,9)

4

(2,1)

11

(5,8)

0

(0,0)

5

(2,6)

0

(0,0)

3

(1,6)

1

(0,5)

1

(0,5)

38

(19,9)

153

(80,1)

Análise Multivariada

Devido à fraca associação entre as características observadas neste trabalho, o

modelo de regressão logística não foi utilizado.

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20

VI – DISCUSSÃO

Através da análise dos dados pesquisados, foi possível demonstrar um número

significativo de estudantes com comportamento de risco para transtornos alimentares

(19,9%). O valor considerado foi alcançado pelos resultados do questionárioEAT-26

positivo, com escore maior que 20 (9,95%) somadosao número de estudantes que,

mesmo apresentando resultados negativos no teste EAT-26, tiveram um índice de massa

corpóreaconsiderado baixo ou muito baixo para idade e sexo(9,95%). Foi importante

considerar o IMC como preditor de comportamento de risco para transtornos

alimentares, uma vez que a magreza excessiva é um dos sintomas mais comuns na

anorexia nervosa2.

O resultado encontrado não é muito destoante de pesquisas previamente realizadas em

outras universidades de medicina. O número de questionários EAT-26 positivos

(9,95%), assemelha-se a resultados encontrados entre estudantes de medicina da

Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), em que 10% dos estudantes tiveram o

teste positivo12

. Um estudo realizado na Faculdade de Medicina da Universidade

Federal do Ceará com estudantes do sexo feminino demonstrou comportamento de risco

em 5,5% das alunas entrevistadas20

. Permite-se então inferir que é possível que existam

fatores semelhantes relacionados à presença de comportamento de risco para transtornos

alimentares dentro do curso médico em diferentes universidades.

O estilo de vida altamente estressante do estudante de medicina é caracterizado por uma

pressão inerente ao curso, bem como pela competitividade existente entre os colegas e a

exigência da dedicação aos estudos e a atividades extracurriculares e pela abdicação de

horas de sono, momentos de lazer e convivência com amigos e família. Na UFBA, a

carga horária do curso de medicina é de 8.957 horas, que quando comparada a outros

cursos da área de saúde, como enfermagem que conta com 4.590 horas, mostra como a

qualidade de vida do acadêmico de medicina é absurdamente inferior a de estudantes de

outros cursos. Os horários livres reduzidos dificultam a realização de refeições

saudáveis, o que contribui para o erro alimentar com consumo de lanches hipercalóricos

e pouco nutritivos. Essas características comuns dentro do ambiente acadêmico podem

contribuir para diferentes formas de adoecimento psíquico nos alunos de medicina,

inclusive no desenvolvimento de transtornos alimentares.

Outra constatação importante feita através da análise da amostra foi a evidência de uma

distribuição equivalente entre estudantes do sexo feminino (52,4%) e estudantes do sexo

masculino (47,6%). Isso demonstra uma maior acessibilidade e menor discrepância

entre os gêneros dentro do ambiente universitário, em que a presença de mulheres,

principalmente em cursos previamente tão marcados pela predominância masculina

como o de ensino médico, vem se tornando uma realidade cada vez mais comum.

Apesar da relativa equivalência entre os gêneros no contexto acadêmico, estudantes do

sexo feminino tiveram uma frequência aproximadamente duas vezes maior de

comportamento de risco para transtornos alimentares do que alunos do sexo masculino,

12,6% entre as mulheres versus 7,3% nos homens (p=0,136).

A maior frequência de comportamento de risco para transtornos alimentares entre

mulheres já era esperada, uma vez que a prevalência média de distúrbios alimentares de

relação homem-mulher é de aproximadamente 1:108. As mulheres são desde muito

jovens pressionadas pela sociedade à busca incessante do “corpo perfeito”. A mídia e as

Page 29: Prevalência de comportamento de risco para … Izabella... · II Universidade Federal da Bahia Sistema de Bibliotecas Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memória da Saúde Brasileira

21

indústrias de cosméticos e de moda reforçam esse ideal, as expondo a todo o momento à

ideia de que devem estar sempre bonitas, jovens e, principalmente, magras. A idade

média em que meninas começam a fazer dieta é entre os 12 e 13 anos, e mais de um

quarto das garotas de 11 anos já fizeram alguma tentativa de restringir o consumo de

calorias21

. Essas dietas, além de serem realizadas tão precocemente, são muitas vezes

feitas de forma equivocada e sem acompanhamento profissional adequado, o que pode

levar a uma séria depleção nutricional, bem como serem associadas a comportamentos

de risco para desordens alimentares, como uso de laxativos e purgação após refeições.

Ainda dentro dos dados relacionados a gênero, observa-se que a auto percepção entre as

mulheres tende a ser mais distorcida do que nos homens. Em estudantes com IMC

dentro da faixa de normalidade, 14,17% deles se consideraram gordos ou muito gordos.

Dentro desse valor, a grande maioria dos alunos foi do sexo feminino (88,9%), enquanto

o sexo masculino correspondeu apenas a uma pequena parte (11,1%). Essa diferença na

percepção da auto imagem também pode ser explicada pelos papéis de gênero e

expectativas da sociedade quanto aos padrões impostos no corpo das mulheres.

A propagação da magreza como ideal de beleza feminino leva, além do aumento da

frequência de comportamento de risco para transtornos alimentares, à infelicidade e à

dificuldade de auto aceitação entre mulheres. Já foi demonstrado que a percepção do

próprio peso, e não o fato de se estar realmente acima do peso, está ligada ao

desenvolvimento de depressão maior em adolescentes tanto do sexo feminino quanto do

masculino22

. A representação do corpo magro como aspiração a ser alcançada não leva

em consideração aspectos relacionados à saúde e ao bem estar físico e mental. Além da

utilização da imagem de mulheres em sua grande maioria abaixo do peso, a veiculação

de propagandas e outras formas de mídia ainda utiliza de artifícios como editores de

imagem e photoshop, o que torna o “corpo ideal” na verdade um objetivo irreal e sua

busca uma jornada perigosa.

Os resultados encontrados refletem então apenas um pequeno aspecto da realidade da

socialização feminina, em que a aparência é o principal fator que as mulheres devem se

preocupar desde muito novas – enquanto crianças do sexo masculino são estimuladas a

desenvolver habilidades físicas e intelectuais com jogos e esportes, as do sexo feminino

são presenteadas com bonecas e maquiagens – e que a manutenção dessa aparência

adequada seja realizada, mesmo que em detrimento da saúde física e mental das

mulheres.

Quanto aos estudantes do sexo masculino, apesar da sua percepção de auto imagem ter

se mantido mais coerente do que em estudantes do sexo feminino, alguns fatores podem

ser destacados para justificar a falha na sua auto percepção corporal. Apesar de os

padrões de beleza que afetam os homens não serem tão arraigados socialmente como os

que afetam as mulheres, existe uma clara pressão para que o corpo masculino seja de

determinada forma. Os homens, principalmente os jovens, estão cada vez mais

preocupados com sua taxa de gordura corporal e massa muscular, sendo levados a

realizar dietas hiperprotéicas, a fazer uso de suplementos alimentares de forma

inadequada, passar mais horas do que o necessário fazendo exercícios físicos

extenuantes, muitas vezes sem acompanhamento profissional adequado, e a utilizar

substâncias anabolizantes que podem leva-los a sérios problemas de saúde e até à morte.

Assim como nas mulheres, o padrão de beleza determinado principalmente pela mídia

pode levá-los a essa busca desenfreada pelo que é considerado o “corpo perfeito”.

Page 30: Prevalência de comportamento de risco para … Izabella... · II Universidade Federal da Bahia Sistema de Bibliotecas Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memória da Saúde Brasileira

22

Dentre os demais dados evidenciados na análise, se destaca também a distribuição da

frequência de comportamento de risco para transtornos alimentares entre diferentes

semestres. O semestre que apresentou uma maior frequência foi o segundo, com 3,1%

dos 19,9% alunos em risco, seguido pelos sexto e sétimo semestres, com 2,6% de

alunos com comportamento positivo para distúrbios alimentares cada.

Pode se tentar justificar a maior frequência de estudantes com comportamento de risco

para transtorno alimentares no segundo semestre da faculdade por esse se tratar de um

período difícil do ciclo básico. Apesar de ser um dos semestres com menor carga

horária na Faculdade de Medicina da Bahia - 527 horas, atrás em tamanho apenas do

sexto semestre que conta com 510 horas - os componentes curriculares são complexos,

com uma grande gama de conteúdos e são desconexos entre si. As disciplinas são mais

focadas no aspecto biológico, e a ânsia de “se sentir médico” ainda não é satisfeita, pois

não há quase nenhum contato com pacientes, então o peso e a pressão dos estudos são

sentidos, mas não há um retorno palpável no conhecimento. Além disso, no primeiro

ano da universidade a maioria dos alunos ainda não se acostumou ao ritmo extenuante

da faculdade de medicina e à considerável queda na qualidade de vida, muitos deles

estando na sua primeira graduação após o termino do ensino médio.

A frequência relativamente elevada de comportamento arriscado para desordens

alimentares nos sexto e sétimo semestres pode relacionar-se ao período de transição que

esses semestres representam. Iniciam-se as disciplinas cirúrgicas, diferentes de tudo que

foi visto antes, e que exigem um grande nível de dedicação. Existe uma maior auto

cobrança por parte dos estudantes, uma vez que eles finalmente se tornam “meio

médicos” por estarem no final do terceiro ano ou início do quarto ano, e apesar disso,

ainda não se sentem seguros e preparados o suficiente para lidar com os pacientes, uma

vez que a experiência prática até o internato é quase ínfima. Esse período também é

caracterizado pelo início das pesquisas de monografia, que quando somadas a atividades

complementares e disciplinas optativas que são exigidas, consomem o já diminuto

tempo livre dos estudantes. Todos os esses fatores somados podem contribuir para o

desenvolvimento de diversos sintomas de cunho psiquiátrico nos estudantes, inclusive

para o comportamento de risco para distúrbios alimentares.

Após a análise de todos os fatores constatados, é possível perceber que a realização

desse trabalho foi de importância fundamental para entender como o processo de

adoecimento mental é presente dentro da Faculdade de Medicina da Bahia. A presença

de comportamentos de risco para transtornos alimentares que foi evidenciada entre os

estudantes é apenas um pequeno aspecto da grande gama de transtornos psiquiátricos

presentes em acadêmicos de medicina de todo o país. Uma humanização na grade

curricular que permitisse o tempo necessário para atividades não ligadas à vida

acadêmica, como atividades físicas e lazer, bem como para que necessidades humanas

básicas fossem contempladas, como horas de sono adequadas e horários regulares para

refeições seriam o primeiro passo para a melhora na qualidade de vida do estudante de

medicina e no seu bem estar psicossocial.

Outro aspecto importante, não só para o acadêmico de medicina, mas em um sentido

mais amplo, seria garantir a mudança na relação dos jovens com sua auto imagem e

percepção do seu próprio corpo. Esse processo seria extremamente complexo, uma vez

que tocaria no cerne do que é percebido como beleza pela sociedade, desconstruindo

padrões e expectativas impostas do que é culturalmente aceito e adequado. A completa

Page 31: Prevalência de comportamento de risco para … Izabella... · II Universidade Federal da Bahia Sistema de Bibliotecas Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memória da Saúde Brasileira

23

modificação de aspectos relacionados à auto aceitação do próprio corpo talvez seja,

contudo, uma esperança incauta e até utópica, levando em consideração que na

sociedade capitalista indústrias e grandes corporações lucram com a insegurança

relacionada à aparência física, principalmente das mulheres, como pode ser evidenciado

pela existência de alimentos dietéticos, medicamentos que prometem perdas de peso

milagrosas, cirurgias estéticas que podem ser realizadas em praticamente qualquer parte

do corpo humano, entre outros.

Page 32: Prevalência de comportamento de risco para … Izabella... · II Universidade Federal da Bahia Sistema de Bibliotecas Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memória da Saúde Brasileira

24

VII – CONCLUSÕES

1. Houve uma considerável prevalência de comportamento de risco para

transtornos alimentares entre alunos da Faculdade de Medicina da Bahia,

principalmente entre estudantes do sexo feminino.

2. Os resultados encontrados foram congruentes a resultados de trabalhos

realizados anteriormente em outras universidades.

Page 33: Prevalência de comportamento de risco para … Izabella... · II Universidade Federal da Bahia Sistema de Bibliotecas Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memória da Saúde Brasileira

25

VIII – SUMMARY

Prevalence of risk behavior for eating disorders among students from Bahia

School of Medicine. Eating disorders affect a significant portion of young adults, with a

very high level of morbidity and mortality. People who suffer from these disorders have

a great social harm, because they tend to worry so much about their weight and

alimentation that they end up focusing very little on other activities. We assessed the

prevalence of these disorders and associated factors in students of the Medical School of

the Federal University of Bahia (UFBA) through cross-section in a convenience sample

with a sample size calculated to 5% sampling error, with the reference population being

all students of the Medical School of the Federal University of Bahia. Data collection

took place in between 2014 and 2015 in a random sample stratified by semester, totaling

191 participants who answered two self-report questionnaires. The first questionnaire

assessed social factors and anthropometric data. The second questionnaire it is an

adapted version of the Eating Attitudes Test (EAT-26). EAT-26 is a measure of self

standardized assessment used in the context of symptoms and concerns characteristic of

eating disorders. Completing EAT-26 produces a "benchmark", based on three criteria:

1) the total score based on answers to EAT-26 questions; 2) responses to behavioral

issues related to eating symptoms and weight loss, and 3) the body mass index (BMI),

calculated from your height and weight. The results pointed to the existence of risk

behavior for eating disorders in 19.9% of the interviewed students, and female students

were about twice as likely to develop eating disorders than male students, showing

similar values to ones found in other studies and the importance of performing works in

this area.

Keywords:1. Feeding and Eating Disorders; 2. EAT 26; 3.Students, Health Occupations.

Page 34: Prevalência de comportamento de risco para … Izabella... · II Universidade Federal da Bahia Sistema de Bibliotecas Bibliotheca Gonçalo Moniz – Memória da Saúde Brasileira

26

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15. Garner et al., 1982, Psychological Medicine, 12, 871-878

16. Bighetti F, Santos CB, Santos JE, Ribeiro RPP. Tradução e Validação do

EatingAttitudes Test em Adolescentes do Sexo Feminino de Ribeirão Preto-SP.

J Bras Psiquiatr. 2004;53:339-46.

17. Magalhães, V.C. & Mendonça, G.A. Transtornos alimentares em universitárias.

S RevBrasEpidemiol. 2005; 8(3): 236-45. Disponível em:

http://www.scielosp.org/pdf/rbepid/v8n3/05.pdf.

18. Garner et al. (1982). The Eating Attitudes Test: Psychometric features and

clinical correlates. Psychological Medicine, 12, 871-878

19. Kuczmarski, Ogden, Guo, Grummer-Strawn, Flegal, Mei, et al.(2002). The

National Health and Nutrition Examination Survey III.

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X.ANEXOS Anexo I

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, MARIA IZABELLA NAVARRO MASCARENHAS, assistente e uma das responsáveis pelo

estudo PREVALÊNCIA DE COMPORTAMENTO DE RISCO PARA TRANSTORNOS

ALIMENTARES EM ESTUDANTES DA FACULDADE DE MEDICINA DA BAHIA, estou

fazendo um convite para você participar como voluntário deste nosso estudo.

Este estudo pretende estimar a prevalência de transtornos alimentares em estudantes da Faculdade de

Medicina da Bahia. Acreditamos que seja importante porque distúrbios alimentares frequentemente

aparecem no início da idade adulta, e já foi demonstrado que estudantes brasileiros da área de saúde

apresentam maior comportamento de risco para desenvolvimento desses transtornos do que

estudantes de outras áreas. Sua participação consistirá em responder a uma entrevista e a um

questionário EatingAttitudes Test (EAT-26) sobre hábitos alimentares, de 26 questões mais 13

questões anexas. Este questionário não dá um diagnóstico, apenas identifica comportamento de risco

para desenvolver Transtornos Alimentares. É possível que aconteçam desconfortos mínimos com

aplicação do questionário. Os benefícios que esperamos com o estudo são medir a prevalência de

pessoas com transtornos alimentares, e se você apresentar sintomas compatíveis com tais

comportamentos, o avisaremos e você, se sentir necessidade, poderá buscar avaliação e ajuda

especializada. A orientadora (pesquisadora responsável) poderá fazer uma entrevista diagnóstica, se

você desejar, e realizar um encaminhamento para tratamento se for o caso.

Durante todo o período da pesquisa você tem o direito de tirar qualquer dúvida ou pedir qualquer

outro esclarecimento, bastando para isso entrar em contato com algum dos pesquisadores ou com o

Comitê de Ética em Pesquisa. Pesquisador responsável: Profa. Wania Márcia de Aguiar. Depto.

Neurociências e Saúde Mental. Largo do Terreiro de Jesus, s/n. Centro Histórico, CEP 40.026-010

Salvador, Bahia, Brasil. Tel: 32835579 e 91376487. Você tem garantido o seu direito de não aceitar

participar ou de retirar sua permissão, a qualquer momento, sem nenhum tipo de prejuízo ou

retaliação, pela sua decisão.

As informações desta pesquisa serão confidencias e serão divulgadas apenas em eventos ou

publicações científicas, não havendo identificação dos voluntários, a não ser entre os responsáveis

pelo estudo, sendo assegurado o sigilo sobre sua participação. Não serão utilizadas imagens, ou

coleta material biológico.

Salvador,______de ___________20___

Autorização

Após a leitura deste documento e ter tido a oportunidade de conversar com a pesquisadora assistente,

para esclarecer todas as minhas dúvidas, acredito estar suficientemente informado, ficando claro para

mim que minha participação é voluntária e que posso retirar este consentimento a qualquer momento

sem penalidades ou perda de qualquer benefício. Estou ciente também dos objetivos da pesquisa, dos

procedimentos aos quais serei submetido, dos possíveis danos ou riscos deles provenientes e da

garantia de confidencialidade e esclarecimentos sempre que desejar. Diante do exposto, expresso

minha concordância de espontânea vontade em participar deste estudo.

Assinatura do voluntário Nome por extenso em letra de forma

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29

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido

deste voluntário (ou de seu representante legal) para a participação neste estudo.

Pesquisadora Assistente: Maria Izabella Navarro Mascarenhas (71) 9292-9944 e-mail:

[email protected]

Pesquisadora Responsável: Profa. Wania Márcia de Aguiar(71)90376487 e-mail:

[email protected]

Este Termo de Consentimento será impresso em duas vias e uma delas, assinada pelos

pesquisadores ficará em suas mãos.

Dados do CEP responsável pela autorização: TEL: (71) 3283-5564. Email:

[email protected], Largo do Terreiro de Jesus, s/n. Centro Histórico, CEP 40.026-010 Salvador,

Bahia, Brasil

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Anexo II. Teste de atitudes alimentares resumido – EAT 26

Sempre

Muito Frequentem

ente

Frequente

mente Às vezes Raramente Nunca

1. Costumo fazer dieta.

2. Como alimentos dietéticos.

3. Sinto-me mal após comer doces.

4. Gosto de experimentar novas comidas

engordativas.

5. Evito alimentos que contenham açúcar.

6. Evito particularmente alimentos com

alto teor de carboidratos (pão, batata, arroz,

etc.).

7. Estou preocupado(a) com o desejo de ser

mais magro(a).

8. Gosto de estar com o estômago vazio.

9. Quando faço exercício penso em

queimar calorias.

10. Sinto-me extremamente culpado(a)

depois de comer.

11. Fico apavorado(a) com o excesso de

peso.

12. Preocupa-me a possibilidade de ter

gordura no meu corpo.

13. Sei quantas calorias têm os alimentos

que como.

14. Tenho vontade de vomitar após as

refeições.

15. Vomito depois de comer.

16. Já passei por situações em que comi

demais achando que não ia conseguir parar.

17. Passo muito tempo pensando em

comida.

18. Acho-me uma pessoa preocupada com

a comida.

19. Sinto que a comida controla a minha

vida.

20. Corto minha comida em pedaços

pequenos.

21. Levo mais tempo que os outros para

comer.

22. As outras pessoas acham que sou

magro(a) demais.

23. Sinto que os outros prefeririam que eu

comesse mais.

24. Sinto que os outros me pressionam a

comer.

25. Evito comer quando estou com fome.

26. Demonstro autocontrole em relação à

comida.

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Anexo III

Questionário complementar N

1. Qual o seu sexo?

M ( ) F ( )

2. Qual a sua idade? 3. Que semestre você cursa?

4. Qual a sua altura? 5. Qual o seu peso atual?

6. Qual, no seu entender o seu peso ideal?

7. Você fuma? ( ) sim ( ) não

8. Você faz uso de drogas (álcool e outras)? ( ) sim ( ) não

9. Você tem um relacionamento afetivo do tipo:

( ) não me relaciono ( ) namoro

( ) “fico” raramente ( ) vivo junto

( ) “fico” constantemente

10. Com que frequência você se relaciona sexualmente?

11. Você se sente em relação ao seu peso:

( ) muito gorda(o) ( ) abaixo do peso

( ) gorda(o) ( ) muito abaixo do peso

( ) médio (nem muito gordo nem muito magro)

12. Você tem períodos menstruais regulares? ( ) sim ( ) não ( ) não se aplica

13. . Com que frequência você, em média, faz as seguintes refeições?

Todos os

dias

5 dias

/semana

3 dias

/semana

1 dia

/semana Nunca

Café da manhã 1 2 3 4 5

Almoço 1 2 3 4 5

Jantar 1 2 3 4 5

Lanches entre as refeições 1 2 3 4 5

14. Você alguma vez teve uma orientação profissional com a finalidade de fazer regime ou ser

orientado quanto à sua alimentação? ( ) sim ( ) não

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Anexo IV. Parecer Substanciado do CEP

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