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Frederico Amado Procurador Federal/INSS. • Doutorando em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social pela Universidade Católica do Salvador – UCSAL. Mestre em Planejamento Ambiental pela Universidade Católica do Salvador – UCSAL. Especialista em Direito do Estado pelo Instituto de Educação Superior Unyahna Salvador – IESUS. Professor de Direito Ambiental e Previdenciário do Complexo de Ensino Renato Saraiva (curso pela internet – www.renatosaraiva.com.br). Coordenador da pós-graduação on-line em Direito e Prática Previdenciária e dos cursos de prática previdenciária do Complexo de Ensino Renato Saraiva. • Coordenador da pós-graduação em Direito e Prática Previdenciária da Faculdade Baiana de Direito. Página pessoal: www.fredericoamado.com.br | E-mail: [email protected] Twitter: @FredericoAmado | Página no Facebook: Frederico Amado | Instagram: @fredericoamado 2015 CURSO DE DIREITO E PROCESSO PREVIDENCIÁRIO Inclui: • Análise global da seguridade social • Regime Geral de Previdência Social • Ações revisionais de benefícios • Processo administrativo e judicial previdenciário • Regimes Próprios de Previdência Social (regras gerais) • Regime Próprio da União (Lei 8.112/90) • Previdência dos militares da União • Previdência complementar dos servidores federais • Previdência complementar privada • Principais crimes previdenciários Conforme: • Emendas Constitucionais 86/2015 (alterou regras da saúde/repasses de recur- sos federais) e 88/2015 (alterou a aposentadoria compulsória do servidor); • LC 150/2015 (novos direitos previdenciários do empregado doméstico); • Lei 13.134/2015 (novas regras do seguro-desemprego/defeso); • Lei 13.135/2015 (mini-reforma previdenciária); • MP 676/2015 (regra 85/95 para flexibilizar o fator previdenciário na aposenta- doria por tempo de contribuição); • MP 680/2015 (Programa de Proteção ao Emprego); • Lei 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, com alterações em janeiro de 2016 na Lei 8.213/91 e 8.742/93); • Decretos 8.424 e 8.499/2015 (alteraram regras do Regulamento da Previdência Social referentes ao segurado especial/pescador artesanal); • Inserção de novos julgados e súmulas do STF, STJ e TNU neste ano de 2015. • Regimento Interno do INSS (Decreto 7.556/2011) • Regimento Interno do CRPS (Portaria MPS 548/2011) • Instrução Normativa 971/2009, da Receita Federal do Brasil (custeio) • Súmulas da Advocacia-Geral da União • Súmulas do Conselho de Recursos da Previdência Social • Súmulas do Fórum Nacional dos Juizados Federais NOTA DE ATUALIZAÇÃO DA 6ª PARA A 7ª EDIÇÃO

PREVIDENCIÁRIO · – Lei 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, com alterações em janeiro de 2016 na Lei 8.213/91 e 8.742/93); – Decretos 8.424

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Frederico Amado• Procurador Federal/INSS.

• Doutorando em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Social pela Universidade Católica do Salvador – UCSAL.

• Mestre em Planejamento Ambiental pela Universidade Católica do Salvador – UCSAL.• Especialista em Direito do Estado pelo Instituto de Educação Superior Unyahna Salvador – IESUS.

• Professor de Direito Ambiental e Previdenciário do Complexo de Ensino Renato Saraiva (curso pela internet – www.renatosaraiva.com.br).• Coordenador da pós-graduação on-line em Direito e Prática Previdenciária

e dos cursos de prática previdenciária do Complexo de Ensino Renato Saraiva.• Coordenador da pós-graduação em Direito e Prática Previdenciária da Faculdade Baiana de Direito.

Página pessoal: www.fredericoamado.com.br | E-mail: [email protected]: @FredericoAmado | Página no Facebook: Frederico Amado | Instagram: @fredericoamado

2015

CURSO DE DIREITO E

PROCESSOPREVIDENCIÁRIO

Inclui:

• Análise global da seguridade social• Regime Geral de Previdência Social• Ações revisionais de benefícios• Processo administrativo e judicial

previdenciário• Regimes Próprios de Previdência

Social (regras gerais)• Regime Próprio da União

(Lei 8.112/90)• Previdência dos militares da União• Previdência complementar dos

servidores federais• Previdência complementar privada• Principais crimes previdenciários

Conforme:

• Emendas Constitucionais 86/2015 (alterou regras da saúde/repasses de recur-sos federais) e 88/2015 (alterou a aposentadoria compulsória do servidor);

• LC 150/2015 (novos direitos previdenciários do empregado doméstico);• Lei 13.134/2015 (novas regras do seguro-desemprego/defeso);• Lei 13.135/2015 (mini-reforma previdenciária);• MP 676/2015 (regra 85/95 para flexibilizar o fator previdenciário na aposenta-

doria por tempo de contribuição);• MP 680/2015 (Programa de Proteção ao Emprego);• Lei 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, com

alterações em janeiro de 2016 na Lei 8.213/91 e 8.742/93);• Decretos 8.424 e 8.499/2015 (alteraram regras do Regulamento da Previdência

Social referentes ao segurado especial/pescador artesanal);• Inserção de novos julgados e súmulas do STF, STJ e TNU neste ano de 2015.• Regimento Interno do INSS (Decreto 7.556/2011)• Regimento Interno do CRPS (Portaria MPS 548/2011)• Instrução Normativa 971/2009, da Receita Federal do Brasil (custeio)• Súmulas da Advocacia-Geral da União• Súmulas do Conselho de Recursos da Previdência Social• Súmulas do Fórum Nacional dos Juizados Federais

NOTA DE ATUALIZAÇÃO DA 6ª PARA A 7ª EDIÇÃO

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Rua Mato Grosso, 175 – Pituba, CEP: 41830-151 – Salvador – Bahia Tel: (71) 3363-8617 / Fax: (71) 3363-5050 • E-mail: [email protected]

Conselho Editorial: Antônio Gidi, Dirley da Cunha Jr., Leonardo de Medeiros Garcia, Fredie Didier Jr., José Henrique Mouta, José Marcelo Vigliar, Marcos Ehrhardt Júnior, Nestor Távora, Robério Nunes Filho, Roberval Rocha Ferreira Filho, Rodolfo Pamplona Filho, Rodrigo Reis Mazzei e Rogério Sanches Cunha.

Diagramação e capa: Maitê Coelho ([email protected])

Copyright: Edições JusPODIVM

Todos os direitos desta edição reservados à Edições JusPODIVM.É terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem a expressa autorização do autor e da Edições JusPODIVM. A violação dos direitos autorais caracteriza crime descrito na legislação em vigor, sem prejuízo das sanções civis cabíveis.

Outros livros publicados pelo autor pela Editora JusPODIVM:• Legislação Previdenciária para Concursos – LPREV;

• Sinopse de Direito Previdenciário;

• Direito Previdenciário – Questões Comentadas do CESPE;

• Revisão e Reajustamento dos Benefícios da Previdência Social;

• Direito Previdenciário – Questões Comentadas de Concursos Trabalhistas;

• Direito Previdenciário – Questões Comentadas da FCC e da ESAF;

• Cálculos Previdenciários;

• Revisaço INSS;

• Revisaço Previdenciário;

• Resumo de Direito Previdenciário para Concursos Públicos.

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

Nota do autor – 7ª edição (2015 / 2º semestre)

Nesta sétima edição o Curso de Direito e Processo Previdenciário foi substancialmente mo-dificado, tendo em vista as inúmeras e importantes decisões judiciais tomadas até agosto de 2015, especialmente pelo STF, STJ e TNU, além das diversas e relevantes alterações normativas.

Cada vez é mais difícil acompanhar as constantes mudanças na legislação previdenciária, que exigem muita paciência e dedicação de todos, fazendo nascer a necessidade de uma nova edição desta obra no segundo semestre de 2015. Eis as principais novidades desta edição:

– Emendas Constitucionais 86/2015 (alterou regras da saúde/repasses de recursos federais) e 88/2015 (alterou a aposentadoria compulsória do servidor);

– LC 150/2015 (novos direitos previdenciários do empregado doméstico);

– Lei 13.134/2015 (novas regras do seguro-desemprego/defeso);

– Lei 13.135/2015 (mini-reforma previdenciária);

– MP 676/2015 (regra 85/95 para flexibilizar o fator previdenciário na aposentadoria por tempo de contribuição);

– MP 680/2015 (Programa de Proteção ao Emprego);

– Lei 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, com alterações em janeiro de 2016 na Lei 8.213/91 e 8.742/93);

– Decretos 8.424 e 8.499/2015 (alteraram regras do Regulamento da Previdência Social re-ferentes ao segurado especial/pescador artesanal);

– Inserção de novos julgados e súmulas do STF, STJ e TNU neste ano de 2015.

Espero que gostem desta nova edição, pois cada vez mais se busca traduzir a prática previden-ciária nas cerca de 1.500 páginas desta obra.

Bons estudos a todos,

Frederico Amado

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

Título IDA SEGURIDADE SOCIAL

1 disposições gerais

sobre a seguridade social

5.7. Benefício do amparo assistencial do idoso ou deficiente carente

(...) Por sua vez, há um maior detalhamento deste benefício assistencial pela Portaria Conjunta SNAS/SPPS/INSS nº 2, de 19 de setembro de 2014.

(...)

Um caso peculiar é do morador em situação de rua para a composição do seu núcleo familiar e consequente aferição de sua miserabilidade. Considera-se população em situação de rua um grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma tem-porária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória, conforme definido no Decreto nº 7.053, de 23 de dezembro de 20091.

Neste caso, será considerada família do requerente do benefício em situação de rua as pessoas acima elencadas, desde que convivam com o requerente na mesma situação, devendo, neste caso, ser relacionadas na Declaração da Composição e Renda Familiar.

(...)

Por força da Lei 13.146, publicada em 7 de julho de 2015, que aprovou o Estatuto da Pessoa com Deficiência e entrará em vigor em 180 dias após a sua publicação (3 de janeiro de 2016), a Lei 8.742/93 passará a prever expressamente que para concessão deste benefício poderão ser utiliza-dos outros elementos probatórios da condição de miserabilidade do grupo familiar e da situação de vulnerabilidade, sendo uma flexibilização feita pelo próprio legislador do critério da renda mensal familiar inferior a ¼ do salário mínimo.

Destarte, nota-se que foi positivada a jurisprudência do STJ, e não a do STF, pois o legislador flexibilizou o critério da renda per capita inferior a ¼ do salário mínimo, sem afastá-lo, em discor-dância com o entendimento da Suprema Corte.

(...)

De acordo com a Súmula 79, da TNU, “nas ações em que se postula benefício assistencial, é necessária a comprovação das condições socioeconômicas do autor por laudo de assistente social,

1. Art. 2º, inciso VII, da Portaria Conjunta SNAS/SPPS/INSS nº 2/2014.

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por auto de constatação lavrado por oficial de justiça ou, sendo inviabilizados os referidos meios, por prova testemunhal”.

Nota-se que este enunciado da Turma Nacional prioriza a demonstração da miserabilidade através da produção de perícia social judicial, colocando em segundo e terceiro planos, respectiva-mente, o auto de constatação a ser lavrado por oficial de justiça e a prova testemunhal.

(...)

Por sua vez, com o advento da Lei 12.470, de 31.08.2011, foi inserido o §9º, no artigo 20, da Lei 8.742/93, que prevê que a remuneração da pessoa com deficiência na condição de aprendiz não será considerada para fins do cálculo da renda per capita familiar.

Por força da Lei 13.146, publicada em 7 de julho de 2015, que aprovou o Estatuto da Pessoa com Deficiência e entrará em vigor em 180 dias após a sua publicação (3 de janeiro de 2016), os rendimentos decorrentes de estágio supervisionado também serão desconsiderados.

(...)

Por força da Lei 13.146, publicada em 7 de julho de 2015, que aprovou o Estatuto da Pessoa com Deficiência e entrará em vigor em 180 dias após a sua publicação (3 de janeiro de 2016), a definição de deficiente foi sutilmente alterada, considerando-se a partir de janeiro de 2016 “pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas”, bastando a partir da sua vigência uma barreira para obstruir a participação social, e não apenas diversas barreiras.

Logo, não será mais necessário a interação do impedimento de longo prazo com diversas bar-reiras, bastando apenas uma barreira para o enquadramento do deficiente, desde que obstrua sua participação na sociedade em igualdade de condições.

(...)

De acordo com a Súmula 80, da TNU, “nos pedidos de benefício de prestação continuada (LOAS), tendo em vista o advento da Lei 12.470/11, para adequada valoração dos fatores ambien-tais, sociais, econômicos e pessoais que impactam na participação da pessoa com deficiência na sociedade, é necessária a realização de avaliação social por assistente social ou outras providências aptas a revelar a efetiva condição vivida no meio social pelo requerente”.

Este enunciado pronuncia a necessidade da realização de perícia médico-social para aferir a condição de deficiente, deixando em aberto outros meios de prova em especial quando a perícia não puder ser produzida, à luz do Princípio do Livre Convencimento Motivado.

(...)

De acordo com o artigo 14, da Portaria Conjunta SNAS/SPPS/INSS nº 2, de 19 de setembro de 2014, o titular de Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social pode renunciar à sua percepção, sendo ainda facultado ao titular de benefício previdenciário a opção pelo benefício mais vantajoso para si ou para o grupo familiar, exceto nos casos de aposentadoria por idade, por tempo de contribuição e especial.

(...)

De acordo com o Regulamento, o cumprimento de pena em regime semiaberto ou aberto, na forma da legislação específica, não prejudicam o direito da pessoa com deficiência ou do idoso

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ao BPC, bem como fazem jus ao benefício os adolescentes com deficiência em cumprimento de medida socioeducativa, desde que estejam em regime de semiliberdade, liberdade assistida, ou outra medida em meio aberto, e atendam aos requisitos do BPC2.

No entanto, o Regulamento prevê que o recluso em regime fechado, tendo sido proferida sen-tença ou não, não faz jus ao BPC, enquanto estiver nesta condição.3

Muito embora a Lei 8.742/1993 não preveja expressamente o cumprimento de pena em re-gime fechado, mesmo que ainda sem condenação final, como causa de cancelamento do benefício assistencial, entende-se pela sua razoabilidade e previsão legal implícita, vez que o Estado assume a obrigação de prover a necessidades básicas do detento.

Nesse sentido, o TRF da 3ª Região acolheu tacitamente o entendimento regulamentar, pois limitou o pagamento do benefício assistencial à data da segregação prisional:

“ASSISTENCIAL E CONSTITUCIONAL. AGRAVO LEGAL. ART. 557, § 1º, DO CPC. BENEFÍCIO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. ART. 203, V, DA CF. RENDA FAMILIAR PER CAPITA. ART. 20, §3º, DA LEI N.º 8.742/93. REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS ATÉ A DATA EM QUE O AUTOR FOI RECOLHIDO À PRISÃO. 1. Para a concessão do benefício de assistência social (LOAS) faz-se necessário o preenchimento dos seguintes requisi-tos: 1) ser pessoa portadora de deficiência ou idoso com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais (art. 34 do Estatuto do Idoso - Lei n.º 10.741 de 01.10.2003); 2) não possuir meios de subsistência próprios ou de tê-la provida por sua família, cuja renda mensal per capita seja inferior a ¼ do sa-lário mínimo (art. 203, V, da CF; art. 20, § 3º, e art. 38 da Lei n.º 8.742 de 07.12.1993). 2. Re-conhecido o direito ao benefício assistencial postulado desde a data da citação (03.05.2004 - fl. 26 vº) até a data em que o Autor foi recolhido à prisão (25.11.2005), consoante infor-mação fornecida pela Secretaria de Administração Penitenciária- fls. 169/170. 3. Agravo Legal a que se nega provimento” (AC 1205842, de 13/02/2012).

(...)

Outrossim, a partir de 1º de maio de 2013, em razão do Acordo Adicional que alterou o Acor-do de Seguridade Social ou Segurança Social entre a República Federativa do Brasil e a República Portuguesa, é devida a concessão do BPC a pessoa com deficiência ou pessoa idosa de nacionalidade portuguesa, que comprovem domicílio e residência no território brasileiro4.

(...)

A Portaria Conjunta SNAS/SPPS/INSS nº 2/2014 apresenta alguns anexos a serem utilizados nas Agências do INSS para viabilizar a concessão do benefício assistencial ao idoso ou deficiente carente:

2. Art. 4º, da Portaria Conjunta SNAS/SPPS/INSS nº 2/2014.3. Art. 5º, da Portaria Conjunta SNAS/SPPS/INSS nº 2/2014.4 Art. 3º, §2º, da Portaria Conjunta SNAS/SPPS/INSS nº 2/2014.

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5.8. Seguro-Desemprego (inclusive seguro-defeso do pescador artesanal)

(...)

A partir de 1º de julho de 1994, entrou em vigor a Lei n.º 8.900, de 30 de junho de 1994, que estabeleceu novos critérios diferenciados para a concessão de parcelas do benefício, que foram alterados pela Lei 13.134/2015 para restringi-lo, quais sejam:

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I - ter recebido salários de pessoa jurídica ou de pessoa física a ela equiparada, relativos a:

a) pelo menos 12 (doze) meses nos últimos 18 (dezoito) meses imediatamente anteriores à data de dispensa, quando da primeira solicitação;

b) pelo menos 9 (nove) meses nos últimos 12 (doze) meses imediatamente anteriores à data de dispensa, quando da segunda solicitação; e

c) cada um dos 6 (seis) meses imediatamente anteriores à data de dispensa, quando das demais solicitações.

II - não estar em gozo de qualquer benefício previdenciário de prestação continuada, previsto no Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, excetuado o auxílio-acidente e o auxílio suplementar previstos na Lei nº 6.367, de 19 de outubro de 1976, bem como o abono de per-manência em serviço previsto na Lei nº 5.890, de 8 de junho de 1973;

III - não estar em gozo do auxílio-desemprego; e

IV - não possuir renda própria de qualquer natureza suficiente à sua manutenção e de sua família.

V - matrícula e frequência, quando aplicável, nos termos do regulamento, em curso de formação inicial e continuada ou de qualificação profissional habilitado pelo Ministério da Educação, nos termos do art. 18 da Lei no 12.513, de 26 de outubro de 2011, ofertado por meio da Bolsa-Formação Trabalhador concedida no âmbito do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), instituído pela Lei no 12.513, de 26 de outubro de 2011, ou de vagas gratuitas na rede de educação profissional e tecnológica.

Por força do artigo 124, parágrafo único, da Lei 8213/91, é permitido o recebimento conjunto do seguro-desemprego com o auxílio-acidente e a pensão por morte. Considerando que as regras da pensão por morte se comunicam ao auxílio-reclusão, o artigo 167, §2º, do Decreto 3.048/99, permite a acumulação do seguro-desemprego com o auxílio-reclusão.

O benefício do seguro-desemprego será concedido ao trabalhador desempregado, por período máximo variável de 3 (três) a 5 (cinco) meses, de forma contínua ou alternada, a cada período aqui-sitivo, contados da data de dispensa que deu origem à última habilitação, cuja duração será definida pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).

Eis o número de parcelas, que irá variar de acordo com a ordem de solicitação e o período de vínculo de emprego5:

I - para a primeira solicitação:

a) 4 (quatro) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada de, no mínimo, 12 (doze) meses e, no máximo, 23 (vinte e três) meses, no período de referência; ou

b) 5 (cinco) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada de, no mínimo, 24 (vinte e quatro) meses, no período de referência;

II - para a segunda solicitação:

a) 3 (três) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada de, no mínimo, 9 (nove) meses e, no máximo, 11 (onze) meses, no período de referência;

b) 4 (quatro) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada de, no mínimo, 12 (doze) meses e, no máximo, 23 (vinte e três) meses, no período de referência; ou

5 A fração igual ou superior a 15 (quinze) dias de trabalho será havida como mês integral.

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c) 5 (cinco) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada de, no mínimo, 24 (vinte e quatro) meses, no período de referência;

III - a partir da terceira solicitação:

a) 3 (três) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada de, no mínimo, 6 (seis) meses e, no máximo, 11 (onze) meses, no período de referência; (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015)

b) 4 (quatro) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada de, no mínimo, 12 (doze) meses e, no máximo, 23 (vinte e três) meses, no período de referência; ou (Incluído pela Lei nº 13.134, de 2015)

c) 5 (cinco) parcelas, se o trabalhador comprovar vínculo empregatício com pessoa jurídica ou pessoa física a ela equiparada de, no mínimo, 24 (vinte e quatro) meses, no período de referência.

(...)

De acordo com o artigo 26, da Lei Complementar 150/2015, o empregado doméstico que for dispensado sem justa causa fará jus ao benefício do seguro-desemprego, no valor de um salário--mínimo, por período máximo de três meses, de forma contínua ou alternada, sendo concedido ao empregado nos termos do regulamento do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).

São causas de cancelamento do seguro-desemprego para o empregado doméstico:

I – pela recusa, por parte do trabalhador desempregado, de outro emprego condizente com sua qualificação registrada ou declarada e com sua remuneração anterior;

II – por comprovação de falsidade na prestação das informações necessárias à habilitação;

III – por comprovação de fraude visando à percepção indevida do benefício do seguro--desemprego; ou

IV – por morte do segurado.

Para se habilitar ao benefício do seguro-desemprego, o trabalhador doméstico deverá apresen-tar ao órgão competente do Ministério do Trabalho e Emprego:

I – Carteira de Trabalho e Previdência Social, na qual deverão constar a anotação do con-trato de trabalho doméstico e a data de dispensa, de modo a comprovar o vínculo empregatício, como empregado doméstico, durante pelo menos 15 (quinze) meses nos últimos 24 (vinte e quatro) meses;

II – termo de rescisão do contrato de trabalho;

III – declaração de que não está em gozo de benefício de prestação continuada da Previdên-cia Social, exceto auxílio-acidente e pensão por morte; e

IV – declaração de que não possui renda própria de qualquer natureza suficiente à sua ma-nutenção e de sua família.

Por sua vez, o seguro-desemprego deverá ser requerido de 7 (sete) a 90 (noventa) dias contados pelo empregado doméstico da data de dispensa.

(...)

O período de defeso de atividade pesqueira é o fixado pelo Instituto Brasileiro do Meio Am-biente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em relação à espécie marinha, fluvial ou lacustre a cuja captura o pescador se dedique.

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Frederico Amado

(...)

A competência administrativa para processar e deferir o seguro-defeso passou a ser do INSS com o advento da MP 665/2014, tendo sido mantida na Lei 13.134/2015, devendo o pes-cador deverá apresentar à autarquia previdenciária os seguintes documentos:

I – registro como pescador profissional, categoria artesanal, devidamente atualizado no Re-gistro Geral da Atividade Pesqueira (RGP), emitido pelo Ministério da Pesca e Aquicultura com antecedência mínima de 1 (um) ano, contado da data de requerimento do benefício;

II – cópia do documento fiscal de venda do pescado a empresa adquirente, consumidora ou consignatária da produção, em que conste, além do registro da operação realizada, o valor da respectiva contribuição previdenciária de que trata o § 7o do art. 30 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, ou comprovante de recolhimento da contribuição previdenciária, caso tenha comercializado sua produção a pessoa física; e

III – outros estabelecidos em ato do Ministério da Previdência Social que comprovem:

a) o exercício da profissão;

b) que se dedicou à pesca, em caráter ininterrupto, assim considerada a atividade exercida du-rante o período compreendido entre o defeso anterior e o em curso, ou nos doze meses imedia-tamente anteriores ao do defeso em curso, o que for menor;

c) que não dispõe de outra fonte de renda diversa da decorrente da atividade pesqueira.

A Lei 13.134/2015 determina que o INSS, no ato da habilitação ao benefício, deverá verificar a condição de segurado pescador artesanal e o pagamento da contribuição previdenciária, nos termos da Lei nº 8.212, de 1991, nos últimos doze meses imediatamente anteriores ao reque-rimento do benefício ou desde o último período de defeso até o requerimento do benefício, o que for menor.

Ao menos, deverá o pescador apresentar cópia do documento fiscal de venda do pescado a empresa adquirente, consumidora ou consignatária da produção, em que conste, além do registro da operação realizada, o valor da respectiva contribuição previdenciária.

O benefício de seguro-desemprego será concedido ao pescador profissional artesanal cuja fa-mília seja beneficiária de programa de transferência de renda com condicionalidades, e caberá ao órgão ou à entidade da administração pública federal responsável pela manutenção do programa a suspensão do pagamento pelo mesmo período da percepção do benefício de seguro-desemprego, nos termos do artigo 2º, §8º, da Lei 10.779/2003, com redação dada pela Lei 13.134/2015.

Destarte, o seguro-defeso é inacumulável com o BPC/LOAS após o advento da Lei 13.134/2015, devendo haver a suspensão do benefício assistencial do idoso/deficiente durante a sua concessão.

De acordo com o artigo 4º, do Decreto 8.424/2015, que regulamenta a concessão do bene-fício de seguro-desemprego, durante o período de defeso, ao pescador profissional artesanal que exerce sua atividade exclusiva e ininterruptamente, o prazo para requerer o benefício do seguro--desemprego do pescador profissional artesanal se iniciará trinta dias antes da data de início do período de defeso e terminará no último dia do referido período, sendo o pagamento do benefício devido desde o início do período de defeso, independentemente da data do requerimento.

São causas de cancelamento do seguro-defeso:

I – início de atividade remunerada;

II – início de percepção de outra renda;

III – morte do beneficiário;

IV – desrespeito ao período de defeso; ou

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

V – comprovação de falsidade nas informações prestadas para a obtenção do benefício.

No âmbito administrativo, coube à Instrução Normativa INSS 79, de 1 de abril de 2015, estabelecer procedimentos relativos ao Seguro-Desemprego devido aos pescadores profissionais ar-tesanais, durante os períodos de defeso.

De efeito, destaca-se nesta norma que o benefício será devido ao pescador profissional artesanal inscrito no Registro Geral da Atividade Pesqueira - RGP e com licença de pesca concedida que exerça a pesca em caráter exclusivo, nos termos da legislação ambiental, sendo que a concessão do benefício não será extensível aos trabalhadores de apoio à pesca artesanal.

Esta vedação ao que parece não mais prospera, pois o Decreto 8.499, de 12 de agosto de 2015, que modificou o Regulamento da Previdência Social, considerou que é assemelhado ao pescador artesanal aquele que realiza atividade de apoio à pesca artesanal, exercendo trabalhos de confecção e de reparos de artes e petrechos de pesca e de reparos em embarcações de pequeno porte ou atuando no processamento do produto da pesca artesanal.

Ainda de acordo com o INSS, o Seguro-Desemprego do Pescador Profissional Artesanal (SDPA) é direito pessoal e intransferível, fazendo jus ao benefício o pescador que, individualmente, cumprir os requisitos e as condições descritas neste ato, não sendo a documentação de um mem-bro do grupo familiar extensível aos demais.

O requerimento do SDPA será preferencialmente protocolizado por meio dos canais de atendi-mento remoto. No ato do protocolo serão informadas ao requerente pendências preliminares (acaso existam), impeditivas à conclusão da análise do requerimento, bem como a forma de sua resolução.

Por sua vez, as possíveis pendências preliminares serão notificadas pelo Sistema, e divididas em três categorias:

I – Notificação de Acerto de Divergência de Informação, que indica a necessidade do atendente verificar a titularidade do número do Programa de Integração Social - PIS informado;

II – Notificação de Acerto de Dados Cadastrais, que indica pendências possivelmente sa-náveis mediante acerto de cadastro nas Agências da Previdência Social - APS ou em outros órgãos, devendo atendente orientar o procedimento adequado; ou

III – Notificação de Recurso, que indica situações que podem ensejar o indeferimento do pedido, cabendo verificação da condição apontada pelo Sistema.

Independentemente de existência de pendências preliminares, será agendado atendimento em Agência da Previdência Social (APS) para comprovação dos requisitos e condições descritas neste Ato. Ademais, o requerente poderá comparecer a uma APS em qualquer Unidade da Federação, independentemente de seu domicílio.

6. SAÚDE

6.1. Introdução

(...)

Todavia, de acordo com a 1ª Seção do STJ (Informativo 563), “a União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por danos decorrentes de erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante atendimento custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Isso por-que, de acordo com o art. 18, X, da Lei 8.080/1990, compete ao município celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar a

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Frederico Amado

respectiva execução. Nesse contexto, não se deve confundir a obrigação solidária dos entes federati-vos em assegurar o direito à saúde e garantir o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação, com a responsabilidade civil do Estado pelos danos causados a terceiros. Nesta, o interessado busca uma reparação econômica pelos prejuízos sofridos, de modo que a obrigação de indenizar se sujeita à comprovação da conduta, do dano e do respectivo nexo de causalidade. Dessa forma, não há qualquer elemento que autorize a responsabilização da União, seja porque a conduta não foi por ela praticada, seja em razão da impossibilidade de aferir-se a existência de culpa in eligendo ou culpa in vigilando. Precedentes citados: AgRg no CC 109.549-MT, Primeira Seção, DJe 30/6/2010; e REsp 992.265-RS, Primeira Turma, DJe 5/8/2009. EREsp 1.388.822-RN, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 13/5/2015, DJe 3/6/2015”.

(...)

Contudo, por se tratar de uma atividade possível de ser explorada pela iniciativa privada, desde que observados os pressupostos legais – exceto para as empresas estrangeiras, que apenas poderão participar da saúde brasileira nas hipóteses autorizadas pela Lei 13.097/2015.

Excepcionalmente, foi permitida a participação direta ou indireta, inclusive controle, de em-presas ou de capital estrangeiro na assistência à saúde nos seguintes casos:

I – doações de organismos internacionais vinculados à Organização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e de financiamento e empréstimos;

II – pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou explorar:

a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, policlínica, clínica ge-ral e clínica especializada; e

b) ações e pesquisas de planejamento familiar;

III – serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social.

6.3. O Sistema Único de Saúde

(...)

Com o advento da Emenda 88/2015, ficou previsto que para a aplicação anual da União em ações e serviços públicos de saúde dos recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais cal-culados sobre a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento), tendo sido criada a seguinte regra de transição:

I – 13,2% (treze inteiros e dois décimos por cento) da receita corrente líquida no primeiro exer-cício financeiro subsequente ao da promulgação desta Emenda Constitucional;

II – 13,7% (treze inteiros e sete décimos por cento) da receita corrente líquida no segundo exercício financeiro subsequente ao da promulgação desta Emenda Constitucional;

III – 14,1% (quatorze inteiros e um décimo por cento) da receita corrente líquida no terceiro exercício financeiro subsequente ao da promulgação desta Emenda Constitucional;

IV – 14,5% (quatorze inteiros e cinco décimos por cento) da receita corrente líquida no quarto exercício financeiro subsequente ao da promulgação desta Emenda Constitucional;

V – 15% (quinze por cento) da receita corrente líquida no quinto exercício financeiro subse-quente ao da promulgação desta Emenda Constitucional.

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

Título II DO REGIME GERAL

DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – RGPS

1disposições iNiciais

3. LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA

As regras gerais do RGPS estão positivadas no artigo 201, da Constituição Federal de 1988, tendo o seu Plano de Custeio sido aprovado pela Lei 8.212/91 e o Plano de Benefícios pela Lei 8.213/91, atualmente regulamentados pelo Decreto 3.048/99 (RPS – Regulamento da Previdência Social)1.

Ademais, algumas regras importantes se encontram em normas esparsas, especialmente nas Leis 9.876/99 (criou o fator previdenciário e alterou as regras de cálculo do salário de benefício) e 10.666/03 (trouxe inovações sobre o custeio, as aposentadorias e o auxílio-reclusão).

No âmbito do INSS e da Receita Federal do Brasil, as principais normas de regulamentação do RGPS nos benefícios previdenciários e no custeio, respectivamente, são as seguintes:

– Instrução Normativa INSS/PRES nº 77, de 21 de janeiro de 2015;

– Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009.

3segurados, filiação e iNscrição

2. SEGURADOS OBRIGATÓRIOS

(...)

2.2. Segurado empregado doméstico

Enquadra-se como segurado empregado doméstico aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito da residência desta, em atividades sem fins lucrati-vos, ex vi do artigo 12, II, da Lei 8.212/91, a partir da competência de abril de 1973, por força do Decreto 71.785/73.

1. Após a Lei 8.213/91, o Regulamento da Previdência Social já foi aprovado pelos revogados Decretos 611/92 e 2.172/97.

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Deveras, o empregado doméstico é regido pela Lei Complementar 150/2015, que revogou a Lei 5.859/72, sendo possível que haja atividades externas, desde que direcionadas à família e sem finalidades lucrativas, a exemplo do trabalho do caseiro, do motorista e do piloto particular.

A Lei Complementar 150/2015 previu expressamente que a formação de vínculo de emprego doméstico exige a prestação de serviços de forma contínua, subordinada, onerosa e pessoal e de finalidade não lucrativa à pessoa ou à família, no âmbito residencial destas, por mais de 2 (dois) dias por semana.

(...)

2.4. Segurado especial

(...)

Outrossim, será considerado como segurado especial o pescador artesanal que, de acordo com o artigo 9º, §14, do RPS, aquele que, individualmente ou em regime de economia familiar, faz da pesca sua profissão habitual ou meio principal de vida, desde que: I - não utilize embarcação; ou utilize embarcação de pequeno porte, nos termos da Lei nº 11.959, de 29 de junho de 2009, a teor do Decreto 8.424/2015.

De acordo com a Lei 11.959/2009, que dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca e regula as atividades pesqueiras, embarcação de pequeno porte se caracteriza quando possui arqueação bruta - AB é igual ou menor que 20 (vinte).

Logo, tivemos uma modificação no enquadramento do segurado especial que utiliza em-barcação. Até então, o limite de peso do barco era de 6 toneladas de arqueação bruta (barco próprio) ou 10 toneladas (barco de parceiro outorgado exclusivamente). Agora a dimensão da em-barcação foi elevada para até 20 AB pelo Decreto 8.424/2015, que se refere à embarcação de pequeno porte, definida pela Lei de Pesca e Aquicultura (Lei 11.959/2009). Se a embarcação for de médio (acima de 20 AB) ou grande porte (igual ou superior a 100 AB), o pescador será contribuinte individual, e não segurado especial.

A arqueação bruta (AB ou GT) é um valor adimensional relacionado com o volume interno total de um navio. A AB substituiu a tonelagem de arqueação bruta (TAB) a partir de 1994, sendo que esta se referia ao volume total de uma embarcação em termos de toneladas de arqueação. Por sua vez, cada tonelada de arqueação correspondia a 100 pés cúbicos ou seja 2,83 m³. Apesar de ter sido substituída oficialmente, por tradição a TAB continua a ser usada informalmente. Nem a AB nem a TAB constituem medidas de massa ou de peso dos navios, não devendo pois ser confundidas com o deslocamento ou com o porte2.

(...)

No entanto, coube ao Decreto 8.499, de 12 de agosto de 2015, ampliar o mencionado en-quadramento, declarando ser assemelhado ao pescador artesanal aquele que realiza atividade de apoio à pesca artesanal, exercendo trabalhos de confecção e de reparos de artes e petrechos de pesca e de reparos em embarcações de pequeno porte ou atuando no processamento do produto da pesca artesanal.

2. http://www.naval.eng.br

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

Destarte, se a esposa do pescador artesanal habitualmente trabalha no conserto de suas redes despescaria ou o auxilia constantemente no reparo da embarcação ou promove o tratamento dos mariscos, será segurada especial, mesmo que efetivamente não promova a pesca.

(...)

Para que sejam caracterizados como segurados especiais, o cônjuge, o companheiro ou o filho deverão trabalhar comprovadamente nas atividades laborais do grupo familiar, conforme determinação inserta pela Lei 11.718/2008, pois o anterior regime era omisso a esse respeito3.

O tema foi esclarecido pelo Decreto 8.499, de 12 de agosto de 2015, que expressamente exigiu a participação de cônjuges, companheiros e filhos maiores de 16 anos ativa nas atividades rurais ou pesqueiras artesanais para a sua caracterização como segurados especiais.

(...)

O médico-residente4 também deverá se filiar como contribuinte individual, pois presta ser-viços ao hospital sem vínculo de emprego, considerando a legislação previden ciária a bolsa com natureza remuneratória.

Nesse sentido, o artigo 4º, §1º, da Lei 6.932/81, com redação dada pela Medida Provisória 536/2011, coloca expressamente o residente como contribuinte individual.

Da mesma forma, nos termos do artigo 20, da Lei 12.871/2013, que instituiu o “Programa Mais Médicos”, em regra, o médico participante enquadra-se como segurado obrigatório do Regi-me Geral de Previdência Social, na condição de contribuinte individual.

No entanto, são ressalvados da obrigatoriedade de filiação como contribuinte individual os médicos intercambistas:

I – selecionados por meio de instrumentos de cooperação com organismos internacionais que prevejam cobertura securitária específica; ou

II – filiados a regime de seguridade social em seu país de origem, o qual mantenha acordo internacional de seguridade social com a República Federativa do Brasil.

Logo, nestes dois casos excepcionais, ter-se-á mais uma exceção ao Princípio da Territorialidade de Filiação, pois os citados médicos intercambistas não serão segurados obrigatórios da Previdência Social, nem como contribuintes individuais, nem em outra categoria.

Considera-se médico intercambista aquele formado em instituição de educação superior es-trangeira com habilitação para exercício da Medicina no exterior.

(...)

3. Nesse sentido, pontificava o §9º, do artigo 7º, da IN INSS PRES 20/2007 que “considera-se segurada especial a mu-lher que, além das tarefas domésticas, exerce atividades rurais com o grupo familiar respectivo ou individualmente”.

4. A Residência Médica constitui modalidade de ensino de pós-graduação, destinada a médicos, sob a forma de cursos de especialização, caracterizada por treinamento em serviço, funcionando sob a responsabilidade de instituições de saúde, universitárias ou não, sob a orientação de profissionais médicos de elevada qualificação ética e profissional.

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Frederico Amado

4salário de coNtribuição

3. DELIMITAÇÃO

(...)

Por força da Medida Provisória 680, publicada em 7 de julho de 2015, irá incidir contribui-ção previdenciária sobre o valor da compensação pecuniária a ser paga no âmbito do Progra-ma de Proteção ao Emprego (PPE), INTEGRANDO O SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.

Trata-se de compensação pecuniária equivalente a 50% do valor da redução salarial e limitada a 65% do valor máximo da parcela do seguro-desemprego, enquanto perdurar o período de redução temporária da jornada de trabalho, para as empresas que aderiram ao Programa de Proteção ao Emprego, que será custeada pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAP). Com base do Princípio da Noventena, esta disposição entra em vigor a partir de 1º de novembro de 2015.

(...)

4. COMPOSIÇÃO

(...)

Por fim, de acordo com o STJ, a parcela prevista no artigo 60, §3º5, da Lei 8.213/91, que deter-mina que a empresa arque com os primeiros quinze dias de “salário” do empregado incapaz para o exercício do seu trabalho habitual possui natureza indenizatória, não devendo incidir contribuição previdenciária (passagem do julgamento do Recurso Especial 1.230.957, de 26/02/2014):

“2.3 Importância paga nos quinze dias que antecedem o auxílio-doença.

No que se refere ao segurado empregado, durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença, incumbe ao empregador efetuar o pagamento do seu salário integral (art. 60, § 3º, da Lei 8.213/91 com redação dada pela Lei 9.876/99). Não obstante nesse período haja o pagamento efetuado pelo empregador, a importância paga não é destinada a retribuir o trabalho, sobretudo porque no intervalo dos quinze dias consecutivos ocorre a interrupção do contrato de trabalho, ou seja, nenhum serviço é prestado pelo emprega-do. Nesse contexto, a orientação das Turmas que integram a Primeira Seção/STJ firmou-se no sentido de que sobre a importância paga pelo empregador ao empregado durante os primeiros quinze dias de afastamento por motivo de doença não incide a contribuição previdenciária, por não se enquadrar na hipótese de incidência da exação, que exige verba de natureza remunerató-ria. Nesse sentido: AgRg no REsp 1.100.424/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 18.3.2010; AgRg no REsp 1074103/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe 16.4.2009; AgRg no REsp 957.719/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 2.12.2009; REsp 836.531/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 17.8.2006”.

Esta obrigação legal da empresa chegou a ser elevada para trinta dias por força da MP 664/2014, mas a Lei 13.135/2015 restabeleceu a obrigação de a empresa pagar o “salário” do empregado in-capaz por apenas quinze dias.

(...)

5. § 3º Durante os primeiros trinta dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença ou de aci-dente de trabalho ou de qualquer natureza, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral.

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

5coNtribuições prevideNciárias

4. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DOS TRABALHADORES E DEMAIS SEGURADOS DO RGPS

(...)

4.1. Empregado, trabalhador avulso e empregado doméstico

(...)

Excepcionalmente, durante o período de licença-maternidade da segurada empregada e da empregada doméstica, caberá ao empregador apenas recolher a parcela da contribuição a seu cargo, pois será a segurada a responsável pelo recolhimento de sua cota6.

No entanto, no que concerne à segurada empregada, este dispositivo perdeu parcialmente a sua aplicabilidade desde o advento da Lei 10.710/2003, pois desde então a empresa passou a ser responsável pelo pagamento do salário-maternidade da sua empregada gestante, sendo a responsá-vel tributária pelo desconto da contribuição previdenciária sobre o salário-maternidade e repassá-lo à Previdência Social, a exceção dos casos em que o INSS deverá pagar diretamente o benefício à empregada (empregada de microempreendedor individual, adoção de criança e salário-maternidade derivado).

Existe uma regra especial para o trabalhador rural, contratado para o exercício de atividades de natureza temporária para produtor rural pessoa física, enquadrado como empregado, pois existe um vínculo de emprego temporário. De acordo com o artigo 14-A, da Lei 5.889/73, alterada pela Lei 11.718/08, “a contribuição do segurado trabalhador rural contratado para prestar serviço na forma deste artigo é de 8% (oito por cento) sobre o respectivo salário-de-contribuição”.

(...)

Nos termos do artigo 35, da Lei 8.213/91 (antiga redação, anterior ao advento da LC 150/2015), ao segurado empregado e ao trabalhador avulso que tenham cumprido todas as condi-ções para a concessão do benefício pleiteado, mas não possam comprovar o valor dos seus salários de contribuição no período básico de cálculo, será concedido o benefício de valor mínimo, devendo esta renda ser recalculada, quando da apresentação de prova dos salários-de-contribuição.

O mesmo não ocorria com os empregados domésticos, que eram discriminados pela legislação previdenciária, pois não gozavam da mencionada presunção absoluta de recolhimento das suas contribuições previdenciárias, apesar de ser de responsabilidade dos empregadores domésticos.

(...)

No entanto, com o advento da Lei Complementar 150/2015, entende-se que os empregados domésticos passaram a gozar de presunção de recolhimento da sua contribuição previdenciária, mesmo nos casos de salário de contribuição acima de um salário mínimo.

6. Artigo 216, “c”, VIII e XIII, do RPS.

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Frederico Amado

Isso porque o artigo 35, da Lei 8.213/91, foi modificado, passando a prever que “o segurado empregado, inclusive o doméstico, e ao trabalhador avulso que tenham cumprido todas as condi-ções para a concessão do benefício pleiteado, mas não possam comprovar o valor de seus salários de contribuição no período básico de cálculo, será concedido o benefício de valor mínimo, devendo esta renda ser recalculada quando da apresentação de prova dos salários de contribuição”.

Ademais, a modificação promovida no artigo 34 da Lei 8.213/91 pela LC 150/2015 deixou ainda mais nítida a novidade, pontificando que no cálculo do valor da renda mensal do benefício, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, serão computados para o segurado empregado, inclusive o doméstico, e o trabalhador avulso, os salários de contribuição referentes aos meses de contribuições devidas, ainda que não recolhidas pela empresa ou pelo empregador doméstico, sem prejuízo da respectiva cobrança e da aplicação das penalidades cabíveis.

Logo, se o empregado doméstico demonstrar que possuía salários de contribuição de R$ 1.500,00, mas o seu empregador nunca recolheu a contribuição, após a LC 150/2015 deverá o INSS considerar os salários de contribuição de R$ 1.500,00 no cálculo do salário de benefício, e não mais conceder o benefício mínimo, tendo havido revogação tácita do artigo 36 da Lei 8.213/91.

A Lei Complementar 150 entrou em vigor no dia 2 de junho de 2015, data da sua publica-ção. Endente-se ser constitucional sustentar que a presunção de recolhimento das contribuições previdenciárias em favor do empregado doméstico deve ser retroativa, alcançando as competências anteriores a junho de 2015.

Isso porque mesmo antes da LC 150/2015 a responsabilidade tributária de recolher a con-tribuição do empregado doméstico já era do patrão doméstico, tendo apenas sido corrigida uma inconstitucionalidade por omissão injustificável que discriminava negativamente o empregado doméstico.

No caso dos empregados e avulsos, as empresas deverão fazer o recolhimento até o dia 20 ao do mês subsequente ao da competência ou, se não for dia útil bancário, no imediatamente anterior, conforme inovação da Lei 11.933/20097, ao passo que o empregador doméstico terá até o dia 15 do mês seguinte ao da competência para recolher a contribuição descontada do empregado doméstico, ou o dia útil imediatamente posterior.

No entanto, o prazo para recolhimento da contribuição previdenciária do empregador domés-tico foi antecipado para o dia 7 (sete) pela LC 150/2015, estando a sua aplicabilidade condicionada à publicação do decreto federal de regulamentação do Simples Doméstico.

Isso porque pontifica o artigo 34 da LC 150/2015 que o Simples Doméstico assegurará o reco-lhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes valores:

I - 8% (oito por cento) a 11% (onze por cento) de contribuição previdenciária, a cargo do segurado empregado doméstico, nos termos do art. 20 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991;

II - 8% (oito por cento) de contribuição patronal previdenciária para a seguridade social, a cargo do empregador doméstico, nos termos do art. 24 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991;

III - 0,8% (oito décimos por cento) de contribuição social para financiamento do seguro contra acidentes do trabalho;

7. Nova redação do artigo 30, inciso I, da Lei 8.212/91.

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

IV - 8% (oito por cento) de recolhimento para o FGTS;

V - 3,2% (três inteiros e dois décimos por cento), na forma do art. 22 desta Lei; e

VI - imposto sobre a renda retido na fonte de que trata o inciso I do art. 7o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, se incidente.

Note-se que não foi modificado o regime de contribuição previdenciária do empregado domés-tico nas alíquotas, tendo sido mantido o artigo 20, da Lei 8.212/91. A mudança se deu em relação ao empregador doméstico, conforme visto em tópico subsequente.

Contudo, o artigo 216, §1º-A, do RPS, que regulamenta o artigo 30, §6º, da Lei 8.212/91, autoriza o empregador doméstico a recolher a contribuição do segurado empregado a seu serviço e a parcela a seu cargo relativas à competência novembro até o dia 20 de dezembro, juntamente com a contribuição referente à gratificação natalina – décimo terceiro salário – utilizando-se de um único documento de arrecadação.

Com o advento do Simples Doméstico, certamente esta autorização normativa será sepultada, pois a LC 150/2015 não abriu este permissivo, fixando o dia 7 como dia máximo do recolhimento, que não deve ser prorrogado caso não seja dia útil, pois não há esta previsão.

Sobre o tema, colaciona-se notícia publicada no sítio da Receita Federal em 5 de agosto de 2015:

“Empregador doméstico: Receita ajusta programa que possibilita o cálculo automático para o pagamento da GPS em atraso

Agora o contribuinte pode gerar a GPS diretamente na página da Receita Federal na internet

Publicado: 05/08/2015

A Receita Federal informa que já está disponível a atualização do programa SALWEB que per-mite gerar uma GPS para pagamento em atraso dos tributos recolhidos pelos empregadores domésticos.

A lei Complementar 150/2015, que instituiu o Simples Doméstico, alterou desde o mês de julho, o vencimento dos tributos incidentes sobre os salários pagos aos domésticos para o dia 7.

No mês passado, quando o programa ainda não tinha sido ajustado, a Receita Federal disponi-bilizou orientações em sua página e informou que os sistemas eletrônicos de cálculo disponíveis para o contribuinte seriam ajustados para o novo vencimento. A partir de agora, o contribuinte pode gerar a GPS diretamente na página da Receita Federal na internet, inclusive para paga-mento em atraso dos tributos recolhidos pelos empregadores domésticos”.

(...)

5. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS DA EMPRESA E DO EQUIPARADO A EMPRESA

(...)

Por força da Lei 13.137/2015, os critérios informadores dos valores despendidos pelas entida-des religiosas e instituições de ensino vocacional aos ministros de confissão religiosa, membros de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa não são taxativos e sim exemplificativos. Por sua vez os valores despendidos, ainda que pagos de forma e montante diferenciados, em pecúnia ou a título de ajuda de custo de moradia, transporte, formação educacional, vinculados exclusivamente à atividade religiosa não configuram remuneração direta ou indireta.

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Frederico Amado

(...)

5.1. Incidentes sobre as remunerações dos empregados e avulsos

(...)

Por força da Medida Provisória 680, publicada em 7 de julho de 2015, irá incidir contribui-ção previdenciária sobre o valor da compensação pecuniária a ser paga no âmbito do Pro-grama de Proteção ao Emprego (PPE). Trata-se de compensação pecuniária equivalente a 50% do valor da redução salarial e limitada a 65% do valor máximo da parcela do seguro-desemprego, enquanto perdurar o período de redução temporária da jornada de trabalho, para as empresas que aderiram ao Programa de Proteção ao Emprego, que será custeada pelo Fundo de Amparo ao Tra-balhador (FAP). Por força do Princípio da Noventena, esta disposição entra em vigor a partir de 1º de novembro de 2015.

(...)

5.3. Incidentes sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura da prestação de serviços das cooperativas de trabalho

(...)

No entanto, em razão da decisão tomada pelo STF no RE 595.838, que afastou a contribuição de 15% da cooperativa de trabalho sobre o valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços, a Secretaria da Receita Federal do Brasil editou o Ato Declaratório Interpretativo 5, de 25 de maio de 2015, elevando a contribuição do cooperado do trabalho para 20% do salário de con-tribuição, haja vista a inexistência de contribuição da cooperativa, pronunciada inconstitucional e acatada pela Receita Federal:

“ATO DECLARATÓRIO INTERPRETATIVO RFB Nº 5, DE 25 DE MAIO DE 2015

DOU de 26/05/2015, seção 1, pág. 15

Dispõe sobre a contribuição previdenciária devida pelo contribuinte individual que presta ser-viço a empresa por intermédio de cooperativa de trabalho.

O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos III e XXVI do art. 280 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012, e tendo em vista o disposto no art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, bem como a declaração de inconstitucionalidade, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos do Recurso Extraordinário nº 595.838 - São Paulo, com repercussão geral reconhecida, da contribuição prevista no inciso IV do art. 22 da mesma Lei, recurso no qual, com base no art. 19, inciso IV e § 4º da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional não mais contestará e recorrerá, conforme Nota/PGFN/CASTF nº 174, de 2015,

DECLARA:

Art. 1º O contribuinte individual que presta serviço a empresa por intermédio de coope-rativa de trabalho deve recolher a contribuição previdenciária de 20% (vinte por cento) sobre o montante da remuneração recebida ou creditada em decorrência do serviço, obser-vados os limites mínimo e máximo do salário de contribuição.

Art. 2º A Secretaria da Receita Federal do Brasil não constituirá crédito tributário de-corrente da contribuição de que trata o § 1º do art. 1º da Lei nº 10.666, de 8 de maio de 2003, que instituiu contribuição adicional àquela prevista no inciso IV do art. 22 da Lei

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

nº 8.212, de 1991, para fins de custeio de aposentadoria especial para cooperados filiados a cooperativas de trabalho.

Art. 3º Ficam modificadas as conclusões em contrário constantes em Soluções de Consulta ou em Soluções de Divergência emitidas antes da publicação deste ato, independentemente de comunicação aos consulentes.

Art. 4º Publique-se no Diário Oficial da União.

JORGE ANTONIO DEHER RACHID

Logo, a Secretaria da Receita Federal do Brasil na via administrativa deixou de cobrar a contri-buição de 15% sobre a nota fiscal das cooperativas de trabalho, inclusive o adicional para o custeio da aposentadoria especial do cooperado previsto na Lei 10.666/2003.

Deste modo, inexistindo contribuição da empresa (cooperativa de trabalho), não mais se apli-ca o artigo 30, §4º, da Lei 8.212/91, elevando a contribuição do cooperado de 11% para 20%, figurando a cooperativa como responsável tributária em descontar e recolher a contribuição do cooperado:

“ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO CODAC Nº 14, DE 02 DE JUNHO DE 2015

DOU de 05/06/2015, seção 1, pág. 24

Dispõe sobre os procedimentos a serem observados para o preenchimento da Guia de Recolhi-mento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), pelas cooperativas de trabalho, referente a contribuição previdenciária sobre montante da remu-neração recebida em decorrência de serviço prestado a pessoas físicas ou jurídicas.

O COORDENADOR-GERAL DE ARRECADAÇÃO E COBRANÇA, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 312 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Fede-ral do Brasil, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 14 de maio de 2012, e tendo em vista o disposto no art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, e no Anexo Único da Instrução Normativa RFB nº 880, de 16 de outubro de 2008:

DECLARA:

Art. 1º A contribuição previdenciária devida pelo cooperado sobre o montante de remuneração recebida ou creditada em decorrência de serviço prestado a contratante por intermédio de coo-perativa de trabalho, de que trata o art. 1º do Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 5, de 25 de maio de 2015, será retida e arrecadada por essa cooperativa em consonância ao § 1º do art. 4º da Lei nº10.666, de 8 de maio de 2003, e ao inciso III do art. 216 da Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009.

§ 1º A cooperativa de trabalho preencherá a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP) relativa a seus cooperados com indicação das categorias abaixo, para as quais o Sistema Empresa de Recolhimento do Fun-do de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (Sefip) utiliza a alíquo-ta de 20% (vinte por cento) para cálculo do desconto da contribuição previdenciária devida:

I - código 24: Contribuinte individual – Cooperado que presta serviços a entidade beneficente de assistência social isenta da cota patronal ou a pessoa física, por intermédio da cooperativa de trabalho; ou

II - código 25: Contribuinte individual – Transportador cooperado que presta serviços a enti-dade beneficente de assistência social isenta da cota patronal ou a pessoa física, por intermédio da cooperativa de trabalho.

§ 2º O procedimento descrito neste artigo aplica-se à contribuição previdenciária sobre a remu-neração dos cooperados pelos serviços prestados a quaisquer pessoas, físicas ou jurídicas, isentas ou não da cota patronal.

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Frederico Amado

Art. 2º Este Ato Declaratório Executivo entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União, produzindo efeitos desde a publicação do Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 5, de 25 de maio de 2015.

JOÃO PAULO R. F. MARTINS DA SILVA”

A Receita Federal não optou pela repristinação da LC 84/1996, que previa a contribuição pre-videnciária a cargo das cooperativas de trabalho, no valor de quinze por cento do total das impor-tâncias pagas, distribuídas ou creditadas a seus cooperados, a título de remuneração ou retribuição pelos serviços que prestem a pessoas jurídicas por intermédio delas, tendo em vista que toda a LC 84 foi revogada pela Lei 9.876/99, muito embora haja argumentação razoável para restaurá-la.

Urge que o Congresso Nacional aprove nova lei que verse a respeito da contribuição previden-ciária das cooperativas de trabalho, pois a inexistência de custeio dessas empresas prejudica ainda mais o combalido cofre previdenciário.

5.4. Regra especial – Empresas optantes do Simples Nacional

A microempresa (ME) e a empresa de pequeno porte (EPP) optantes pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional) contribuem na forma estabelecida nos artigos 13 e 18 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, em substituição às contribuições de que tratam os artigos 22 e 22-A da Lei nº 8.212, de 1991, o § 6º do art. 57 da Lei nº 8.213, de 1991, o art. 25 da Lei nº 8.870, de 15 de abril de 1994, e o § 1º do art. 1º da Lei nº 10.666, de 20038.

Isso porque a Contribuição Patronal Previdenciária para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica, de que trata o art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, foi inserida no Simples Na-cional, exceto no caso da microempresa e da empresa de pequeno porte que se dedique às seguintes atividades de prestação de serviços:

I – construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subempreita-da, execução de projetos e serviços de paisagismo, bem como decoração de interiores;

II – serviço de vigilância, limpeza ou conservação;

III – serviços advocatícios.

Logo, para as ME’s e EPP’s que desenvolvem atividade de construção de imóveis e obras de engenharia em geral, serviço de vigilância, limpeza ou conservação e serviços advocatícios continua sendo aplicável as contribuições previstas na Lei 8.212/91.

Assim, salvo nas três situações excepcionais acima previstas, a microempresa (ME) e a empresa de pequeno porte (EPP) optantes pelo Simples Nacional pagarão contribuição previdenciária pa-tronal com alíquotas fixadas nas seguintes tabelas:

ANEXO I DA LEI COMPLEMENTAR No 123, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2006

(vigência: 01/01/2012)

Alíquotas e Partilha do Simples Nacional – Comércio

8. Artigo 189, da Instrução Normativa RFB 971/2009.

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

Receita Bruta em 12 meses (em R$)

Alíquota IRPJ CSLL COFINSPIS/

PASEPCPP ICMS

Até 180.000,00 4,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,75% 1,25%

De 180.000,01 a 360.000,00 5,47% 0,00% 0,00% 0,86% 0,00% 2,75% 1,86%

De 360.000,01 a 540.000,00 6,84% 0,27% 0,31% 0,95% 0,23% 2,75% 2,33%

De 540.000,01 a 720.000,00 7,54% 0,35% 0,35% 1,04% 0,25% 2,99% 2,56%

De 720.000,01 a 900.000,00 7,60% 0,35% 0,35% 1,05% 0,25% 3,02% 2,58%

De 900.000,01 a 1.080.000,00 8,28% 0,38% 0,38% 1,15% 0,27% 3,28% 2,82%

De 1.080.000,01 a 1.260.000,00 8,36% 0,39% 0,39% 1,16% 0,28% 3,30% 2,84%

De 1.260.000,01 a 1.440.000,00 8,45% 0,39% 0,39% 1,17% 0,28% 3,35% 2,87%

De 1.440.000,01 a 1.620.000,00 9,03% 0,42% 0,42% 1,25% 0,30% 3,57% 3,07%

De 1.620.000,01 a 1.800.000,00 9,12% 0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10%

De 1.800.000,01 a 1.980.000,00 9,95% 0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38%

De 1.980.000,01 a 2.160.000,00 10,04% 0,46% 0,46% 1,39% 0,33% 3,99% 3,41%

De 2.160.000,01 a 2.340.000,00 10,13% 0,47% 0,47% 1,40% 0,33% 4,01% 3,45%

De 2.340.000,01 a 2.520.000,00 10,23% 0,47% 0,47% 1,42% 0,34% 4,05% 3,48%

De 2.520.000,01 a 2.700.000,00 10,32% 0,48% 0,48% 1,43% 0,34% 4,08% 3,51%

De 2.700.000,01 a 2.880.000,00 11,23% 0,52% 0,52% 1,56% 0,37% 4,44% 3,82%

De 2.880.000,01 a 3.060.000,00 11,32% 0,52% 0,52% 1,57% 0,37% 4,49% 3,85%

De 3.060.000,01 a 3.240.000,00 11,42% 0,53% 0,53% 1,58% 0,38% 4,52% 3,88%

De 3.240.000,01 a 3.420.000,00 11,51% 0,53% 0,53% 1,60% 0,38% 4,56% 3,91%

De 3.420.000,01 a 3.600.000,00 11,61% 0,54% 0,54% 1,60% 0,38% 4,60% 3,95%

ANEXO II DA LEI COMPLEMENTAR No 123, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2006

(vigência: 01/01/2012)

Alíquotas e Partilha do Simples Nacional – Indústria

Receita Bruta em 12 meses (em R$)

Alíquota IRPJ CSLL COFINSPIS/

PASEPCPP ICMS IPI

Até 180.000,00 4,50% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,75% 1,25% 0,50%

De 180.000,01 a 360.000,00 5,97% 0,00% 0,00% 0,86% 0,00% 2,75% 1,86% 0,50%

De 360.000,01 a 540.000,00 7,34% 0,27% 0,31% 0,95% 0,23% 2,75% 2,33% 0,50%

De 540.000,01 a 720.000,00 8,04% 0,35% 0,35% 1,04% 0,25% 2,99% 2,56% 0,50%

De 720.000,01 a 900.000,00 8,10% 0,35% 0,35% 1,05% 0,25% 3,02% 2,58% 0,50%

De 900.000,01 a 1.080.000,00 8,78% 0,38% 0,38% 1,15% 0,27% 3,28% 2,82% 0,50%

De 1.080.000,01 a 1.260.000,00 8,86% 0,39% 0,39% 1,16% 0,28% 3,30% 2,84% 0,50%

De 1.260.000,01 a 1.440.000,00 8,95% 0,39% 0,39% 1,17% 0,28% 3,35% 2,87% 0,50%

De 1.440.000,01 a 1.620.000,00 9,53% 0,42% 0,42% 1,25% 0,30% 3,57% 3,07% 0,50%

De 1.620.000,01 a 1.800.000,00 9,62% 0,42% 0,42% 1,26% 0,30% 3,62% 3,10% 0,50%

Page 32: PREVIDENCIÁRIO · – Lei 13.146/2015 (Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, com alterações em janeiro de 2016 na Lei 8.213/91 e 8.742/93); – Decretos 8.424

32

Frederico Amado

Receita Bruta em 12 meses (em R$)

Alíquota IRPJ CSLL COFINSPIS/

PASEPCPP ICMS IPI

De 1.800.000,01 a 1.980.000,00 10,45% 0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38% 0,50%

De 1.980.000,01 a 2.160.000,00 10,54% 0,46% 0,46% 1,39% 0,33% 3,99% 3,41% 0,50%

De 2.160.000,01 a 2.340.000,00 10,63% 0,47% 0,47% 1,40% 0,33% 4,01% 3,45% 0,50%

De 2.340.000,01 a 2.520.000,00 10,73% 0,47% 0,47% 1,42% 0,34% 4,05% 3,48% 0,50%

De 2.520.000,01 a 2.700.000,00 10,82% 0,48% 0,48% 1,43% 0,34% 4,08% 3,51% 0,50%

De 2.700.000,01 a 2.880.000,00 11,73% 0,52% 0,52% 1,56% 0,37% 4,44% 3,82% 0,50%

De 2.880.000,01 a 3.060.000,00 11,82% 0,52% 0,52% 1,57% 0,37% 4,49% 3,85% 0,50%

De 3.060.000,01 a 3.240.000,00 11,92% 0,53% 0,53% 1,58% 0,38% 4,52% 3,88% 0,50%

De 3.240.000,01 a 3.420.000,00 12,01% 0,53% 0,53% 1,60% 0,38% 4,56% 3,91% 0,50%

De 3.420.000,01 a 3.600.000,00 12,11% 0,54% 0,54% 1,60% 0,38% 4,60% 3,95% 0,50%

ANEXO III DA LEI COMPLEMENTAR No 123, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2006

(vigência: 01/01/2012)Alíquotas e Partilha do Simples Nacional - Receitas de Locação de Bens Móveis e de Pres-tação de Serviços não relacionados nos §§ 5º-C e 5º-D do art. 18 desta Lei Complementar.

Receita Bruta em 12 meses (em R$)

Alíquota IRPJ CSLL COFINSPIS/

PASEPCPP ISS

Até 180.000,00 6,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 4,00% 2,00%

De 180.000,01 a 360.000,00 8,21% 0,00% 0,00% 1,42% 0,00% 4,00% 2,79%

De 360.000,01 a 540.000,00 10,26% 0,48% 0,43% 1,43% 0,35% 4,07% 3,50%

De 540.000,01 a 720.000,00 11,31% 0,53% 0,53% 1,56% 0,38% 4,47% 3,84%

De 720.000,01 a 900.000,00 11,40% 0,53% 0,52% 1,58% 0,38% 4,52% 3,87%

De 900.000,01 a 1.080.000,00 12,42% 0,57% 0,57% 1,73% 0,40% 4,92% 4,23%

De 1.080.000,01 a 1.260.000,00 12,54% 0,59% 0,56% 1,74% 0,42% 4,97% 4,26%

De 1.260.000,01 a 1.440.000,00 12,68% 0,59% 0,57% 1,76% 0,42% 5,03% 4,31%

De 1.440.000,01 a 1.620.000,00 13,55% 0,63% 0,61% 1,88% 0,45% 5,37% 4,61%

De 1.620.000,01 a 1.800.000,00 13,68% 0,63% 0,64% 1,89% 0,45% 5,42% 4,65%

De 1.800.000,01 a 1.980.000,00 14,93% 0,69% 0,69% 2,07% 0,50% 5,98% 5,00%

De 1.980.000,01 a 2.160.000,00 15,06% 0,69% 0,69% 2,09% 0,50% 6,09% 5,00%

De 2.160.000,01 a 2.340.000,00 15,20% 0,71% 0,70% 2,10% 0,50% 6,19% 5,00%

De 2.340.000,01 a 2.520.000,00 15,35% 0,71% 0,70% 2,13% 0,51% 6,30% 5,00%

De 2.520.000,01 a 2.700.000,00 15,48% 0,72% 0,70% 2,15% 0,51% 6,40% 5,00%

De 2.700.000,01 a 2.880.000,00 16,85% 0,78% 0,76% 2,34% 0,56% 7,41% 5,00%

De 2.880.000,01 a 3.060.000,00 16,98% 0,78% 0,78% 2,36% 0,56% 7,50% 5,00%

De 3.060.000,01 a 3.240.000,00 17,13% 0,80% 0,79% 2,37% 0,57% 7,60% 5,00%

De 3.240.000,01 a 3.420.000,00 17,27% 0,80% 0,79% 2,40% 0,57% 7,71% 5,00%

De 3.420.000,01 a 3.600.000,00 17,42% 0,81% 0,79% 2,42% 0,57% 7,83% 5,00%

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

Em relação às contribuições dos segurados, foram mantidas as regras da Lei 8.212/91, sendo as ME e EPP optantes pelo Simples Nacional são obrigadas a arrecadar e recolher, mediante des-conto ou retenção, as contribuições devidas:

I - pelo segurado empregado, podendo deduzir, no ato do recolhimento, os valores pagos a título de salário-família e salário-maternidade;

II - pelo contribuinte individual, a partir de abril de 2003;

III - pelo segurado, destinadas ao Sest e ao Senat, no caso de contratação de contribuinte individual transportador rodoviário autônomo;

IV - pelo produtor rural pessoa física ou pelo segurado especial, incidentes sobre o valor bruto da comercialização de produto rural, na condição de sub-rogadas;

V - pela associação desportiva, incidente sobre a receita bruta decorrente de contra-to de patrocínio, de licenciamento de uso de marcas e símbolos, de publicidade, de propaganda e de transmissão de espetáculos desportivos, quando forem as patrocinadoras; e

VI - pela empresa contratada, incidentes sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviço mediante cessão de mão-de-obra ou empreitada9.

6. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DO EMPREGADOR DOMÉSTICO

(...)

Vale frisar que a Emenda Constitucional 72/2013 previu o pagamento da contribuição SAT pelos empregadores domésticos, sendo exigível somente com a regulamentação legal, o que permitirá a percepção de benefícios por acidente de trabalho pelos empregados domésticos.

Nesse sentido, foi editada a LC 150, publicada em 2 de junho de 2015, com vigência ime-diata, que previu no seu o artigo 34 da LC 150/2015 que o Simples Doméstico assegurará o recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, dos seguintes valores:

I - 8% (oito por cento) a 11% (onze por cento) de contribuição previdenciária, a cargo do se-gurado empregado doméstico, nos termos do art. 20 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991;

II - 8% (oito por cento) de contribuição patronal previdenciária para a seguridade so-cial, a cargo do empregador doméstico, nos termos do art. 24 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991;

III - 0,8% (oito décimos por cento) de contribuição social para financiamento do seguro contra acidentes do trabalho;

IV - 8% (oito por cento) de recolhimento para o FGTS;

V - 3,2% (três inteiros e dois décimos por cento), na forma do art. 22 desta Lei; e

VI - imposto sobre a renda retido na fonte de que trata o inciso I do art. 7o da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, se incidente.

Esta passagem da LC 150/2015, embora em vigor, demanda regulamentação através de de-creto federal para a instituição do Simples Doméstico, tendo havido a redução da contribuição previdenciária de 12% do salário de contribuição, para 8,8% no total, sendo 8% de contri-buição básica e 0,8% de seguro acidente do trabalho, permitindo ao empregado doméstico receber benefícios previdenciários por acidente do trabalho.

9. Artigo 190, da Instrução Normativa RFB 971/2009.

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Frederico Amado

É certo que o artigo 24, da Lei 8.212/91 foi parcial e tacitamente revogado pela LC 150/2015, ante a redução da alíquota (de 12% para 8,8%), sendo um ponto obscuro se a base de cálculo ainda é o salário de contribuição, pois a LC 150/2015 previu que a contribuição do empregador doméstico incide sobre a remuneração paga ou devida no mês anterior, a cada empregado, inclu-ída na remuneração a gratificação de Natal, não mencionando o salário de contribuição.

Por sua vez, o prazo para recolhimento da contribuição previdenciária do empregador do-méstico foi antecipado para o dia 7 (sete) pela LC 150/2015, estando a sua aplicabilidade condi-cionada à publicação do decreto federal de regulamentação do Simples Doméstico, não havendo previsão de prorrogação para o dia posterior se o dia 7 não houver expediente bancário.

12. A RETENÇÃO FEITA PELO CONTRATANTE DE SERVIÇOS DE CESSÃO DE MÃO DE OBRA

(...)

O atual entendimento da Secretaria da Receita Federal do Brasil é de que as ME e EPP optantes pelo Simples Nacional que prestarem serviços mediante cessão de mão-de-obra ou empreitada não estão sujeitas à retenção referida no art. 31 da Lei nº 8.212, de 1991, sobre o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços emitidos, exceto no caso da microempresa e da empresa de pequeno porte que se dedique às seguintes atividades de prestação de serviços10:

I – construção de imóveis e obras de engenharia em geral, inclusive sob a forma de subem-preitada, execução de projetos e serviços de paisagismo, bem como decoração de interiores;

II – serviço de vigilância, limpeza ou conservação;

III – serviços advocatícios.

(...)

13. HIPÓTESES DE RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA

(...)

13.1. Construção civil

(...)

De acordo com o STJ (Informativo 554), “na hipótese de paralisação de edificação de condo-mínio residencial, em razão da falência da incorporadora imobiliária, e tendo a obra sido retomada posteriormente pelos adquirentes das unidades imobiliárias comercializadas - condôminos -, estes não podem ser responsabilizados pelo pagamento de contribuições previdenciárias referentes à etapa da edificação que se encontrava sob a responsabilidade exclusiva da incorporadora falida. Nos termos do art. 30, II, da Lei 8.212/1991, “exclui-se da responsabilidade solidária perante a Seguridade Social o adquirente de prédio ou unidade imobiliária que realizar a operação com empresa de comercialização ou incorporador de imóveis, ficando estes solidariamente responsáveis com o construtor”. Vale dizer, o construtor é responsável pelas dívidas previdenciárias, mas não o é o adquirente de unidade imobi-liária que realizar a operação com empresa de comercialização ou incorporador de imóveis. Nota-se que a lei protege a boa-fé dos adquirentes que comercializam com empresas construtoras, não só

10. Artigo 191, da Instrução Normativa RFB 971/2009.

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

como mecanismo de justiça, mas também como instrumento de garantia, de forma que as relações contratuais na área da construção civil se desenvolvam em um sistema de segurança. No caso, até o momento em que a obra estava sob a responsabilidade da pessoa jurídica, é inegável que os condômi-nos encontravam-se na condição de adquirentes das unidades comercializadas pela construtora, e não como construtores, não sendo possível, portanto, imputar aos condôminos a responsabilidade tribu-tária, já que estariam acobertados pela exceção prevista no inciso VII do art. 30 da Lei 8.212/1991. Precedente citado: REsp 961.246-SC, Primeira Turma, DJe 10/12/2009.REsp 1.485.379-SC, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 16/12/2014, DJe 4/2/2015”.

13.7. Oficial de Cartório e contratantes

Caso o Oficial de Cartório lavrar ou registrar instrumento para o qual se exige Certidão Ne-gativa de Débito da Seguridade Social em descumprimento ao artigo 47, da Lei 8.212/91, o ato é nulo para todos os efeitos, acarretando a responsabilidade solidária dos contratantes e do oficial, nos termos do artigo 48, da Lei 8.212/91.

6

acideNte de trabalho, moléstias ocupacioNais e eveNtos equiparados

1. INTRODUÇÃO

(...)

A proteção previdenciária ao acidente do trabalho foi estendida aos empregados domés-ticos através da Lei Complementar 150, publicada e vigente desde 2 de junho de 2015, que passaram a fazer jus a benefícios previdenciários por acidente do trabalho.

2. DEFINIÇÃO DE ACIDENTE DE TRABALHO

A matéria atualmente é regulada pelos artigos 19 a 23 da Lei 8.213/91, tendo sido alvo de reforma pela Lei Complementar 150/2015, que passou a prever os benefícios previdenciários por acidente do trabalho em favor do empregado doméstico, pois foi criada a contribuição SAT a ser paga pelo empregador doméstico, no importe de 0,8% do salário de contribuição do empregado doméstico a seu serviço.

Por conseguinte, a LC 150/2015 modificou a redação dos artigos 19, 21-A e 22, todos da Lei 8.213/91, a fim de inserir a proteção acidentária em favor do empregado doméstico.

Desde então, passou a ser considerado legalmente como acidente de trabalho o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (artigo 19).

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Frederico Amado

De efeito, do referido conceito legal, agora ampliado para abarcar o empregado doméstico, é possível extrair os elementos caracterizadores do típico acidente de trabalho:

• Evento decorrente de trabalho a serviço da empresa ou do empregador doméstico, de ativi-dade campesina ou pesqueira artesanal individualmente ou em regime de economia fami-liar para a subsistência, desenvolvida pelo segurado especial;

• Causação de lesão corporal ou funcional (psíquica);

• Ocorrência de morte do segurado, redução ou perda temporária ou definitiva da capacida-de laboral.

3. DOENÇAS EQUIPARADAS (OCUPACIONAIS)

Com o advento da LC 150/2015, o empregado doméstico passou a ser vítima das doenças ocupacionais, pois anteriormente não sofria acidente do trabalho.

4. ACIDENTE DE TRABALHO POR EQUIPARAÇÃO

Conquanto a LC 150/2015 não tenha modificado a redação do artigo 21, da Lei 8.213/91, entende-se pela sua aplicabilidade integral ao empregado doméstico, pois inexiste motivo para dei-xar desprotegido o empregado doméstico dos acidentes equiparados ao de trabalho.

5. RECONHECIMENTO

No que concerne ao segurado empregado, empregado doméstico (LC 150/2015) e ao trabalha-dor avulso, caberá à empresa e ao empregador doméstico expedir a CAT – Comunicação de Aciden-te de Trabalho ao INSS até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, sob pena de multa administrativa.

(...)

Em caso de omissão da empresa, ou do empregador doméstico, poderão promover a comuni-cação o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade sindical competente, o médico que o as-sistiu ou qualquer autoridade pública, o que não exclui a multa a ser imposta à empresa negligente.

(...)

Com o advento da LC 150/2015, o artigo 21-A da Lei 8.213/91 também foi modificado, passando a prever que a perícia médica do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) considerará caracterizada a natureza acidentária da incapacidade quando constatar ocorrência de nexo técnico epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação entre a atividade da empresa ou do empregador doméstico e a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na Clas-sificação Internacional de Doenças (CID), em conformidade com o que dispuser o regulamento.

6. SEGURADOS COBERTOS

Com o advento da Emenda Constitucional 72/2013 passou a existir previsão na Lei Maior para que os empregadores domésticos pagassem contribuição SAT, o que foi regulamentado pela LC 150/2015 (0,8% do salário de contribuição), razão pela qual os empregados domésticos

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

passaram a ter direito aos benefícios previdenciários por acidente do trabalho, inclusive ao auxílio-acidente.

(...)

Os benefícios pagos por acidente de trabalho ao empregado, empregado doméstico, ao tra-balhador avulso e ao segurado especial, bem como aos dependentes, são os seguintes: pensão por morte por acidente de trabalho; auxílio-acidente por acidente de trabalho; auxílio-doença por aci-dente de trabalho e aposentadoria por invalidez por acidente de trabalho.

8. PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DO RECONHECIMENTO DO ACIDENTE DE TRABALHO

O reconhecimento de um acidente de trabalho ou equiparado, e, por consequência, a conces-são de benefício previdenciário acidentário, tem como principais consequências:

(...)

b) O empregado (este direito não foi estendido ao empregado doméstico pela LC 150/2015), após a cessação do auxílio-doença acidentário, tem garantida a estabilidade provisória no emprego por ao menos doze meses, na forma do artigo 118, da Lei 8.213/9111, dispositivo legal validado pelo STF no julgamento da ADI 639, em 02/06/200512;

10. AÇÃO REGRESSIVA PROPOSTA PELO INSS CONTRA A EMPRESA NEGLIGENTE

O Superior Tribunal de Justiça tem pronunciado se tratar de prescrição do fundo do direito, e não de prescrição de trato sucessivo:

“PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÃO REGRESSIVA DO INSS CONTRA O EMPREGADOR. PRINCÍPIO DA ISONOMIA. PRESCRIÇÃO.

1. A Primeira Seção do STJ, por ocasião do julgamento do Resp 1.251.993/PR, submetido à sistemática do art. 543-C do CPC, assentou a orientação de que o prazo prescricional nas ações indenizatórias contra a Fazenda Pública é quinquenal, conforme previsto no art. 1º do Decreto--Lei 20.910/1932, e não trienal, nos termos do art. 206, § 3º, V, do CC/2002.

2. A jurisprudência é firme no sentido de que, pelo princípio da isonomia, o mesmo prazo deve ser aplicado nos casos em que a Fazenda Pública é autora, como nas ações de regresso aciden-tária. Precedentes: AgRg no REsp 1.423.088/PR, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma, DJe 19.5.2014; AgRg no AREsp 523.412/RS, Rel. Ministro Og Fernandes, Segunda Turma, DJe 26.9.2014; e AgRg no REsp 1.365.905/SC, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, Dje 25.11.2014.

3. “A natureza ressarcitória de tal demanda afasta a aplicação do regime jurídico-legal previden-ciário, não se podendo, por isso, cogitar de imprescritibilidade de seu ajuizamento em face do

11. Art. 118. O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantida, pelo prazo mínimo de doze meses, a manutenção do seu contrato de trabalho na empresa, após a cessação do auxílio-doença acidentário, independentemente de percep-ção de auxílio-acidente.

12. EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTIGO 118 DA LEI 8.213/1991. Norma que assegura ao trabalhador a manutenção de contrato de trabalho por doze meses após a cessão do auxílio-doença, inde-pendentemente de percepção de auxílio-acidente. Alegação de ofensa à reserva de lei complementar, prevista no art. 7º, I, da Constituição federal, para a disciplina da proteção da relação de emprego contra despedida arbitrária ou sem justa causa. Norma que se refere às garantias constitucionais do trabalhador em face de acidentes de trabalho e não guarda pertinência com a proteção da relação de emprego nos termos do art. 7º, I, da Constituição. Ação julgada improcedente.

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Frederico Amado

empregador” (AgRg no REsp 1.493.106/PB, Rel. Ministro Sérgio Kukina, Primeira Turma, DJe 15.12.2014).

4. O Tribunal a quo consignou que o acidente de trabalho ocorreu em 14.12.2001 e o INSS concedeu benefício de pensão por morte à dependente do segurado acidentado, o que vem sendo pago desde 1º.1.2002. A propositura da Ação de Regresso ocorreu em 2.6.2010 (fl. 524, e-STJ). Assim, está caracterizada a prescrição.

5. O agravante reitera, em seus memoriais, as razões do Agravo Regimental, não apresentando nenhum argumento novo” (AgRg no AREsp 639952, de 19/3/2015).

(...)

Em tese, existe possibilidade de a ação regressiva ser movida contra o empregador doméstico após o advento da LC 150/2015, acaso a Previdência Social demonstre a culpa do empregador.

7regras gerais do plaNo de beNefícios e serviços

2. CLASSIFICAÇÃO DAS PRESTAÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

Por sua vez, no que concerne à exigência de carência (número mínimo de contribuições mensais prévias), classificam-se as prestações em:

a) Sem carência - auxílio-acidente, salário-família, pensão por morte, auxílio-reclusão, ser-viço social e reabilitação profissional;

b) Com carência – aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria especial;

c) Mistas - poderão ou não ter carência, a depender dos eventos ensejadores ou do enquadra-mento dos beneficiários, como o salário-maternidade, o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez.

(...)

3. DEPENDENTES DOS SEGURADOS

No entanto, houve mais de uma modificação na classe III com o advento da Lei 13.135/2015, mas nem todas entraram em vigor no dia da sua publicação operada em 18/6/2015 (art. 6º, da Lei 13.135), que passará a ter a seguinte redação no futuro:

III - o irmão de qualquer condição menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, nos termos do regulamento.

Nota-se que foi retirada a emancipação como causa de antecipação da maioridade previdenciá-ria (vigência em 18/6/2015); foi retirada a exigência de incapacidade civil do irmão com deficiên-cia mensal ou intelectual, e excluída a necessidade de interdição judicial (vigência em 18/6/2017); foi inserido como dependente o irmão com deficiência grave, nos termos do regulamento (vigência em 180 dias, a contar de 18/6/2015).

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

Tentou se fazer a mesma modificação com a classe I, mas houve veto presidencial às menciona-das alterações na classe preferencial, que permanece com a sua redação anterior.

Posteriormente, por incrível que pareça, nova modificação legal foi feita. Por força da Lei 13.146, publicada em 7 de julho de 2015, que aprovou o Estatuto da Pessoa com Deficiência e entrará em vigor em 180 dias após a sua publicação (início de janeiro de 2016 – estima-se em 3 de janeiro), houve a alteração do artigo 16, inciso III, da Lei 8.213/91, pois a classe III passará a ter a conseguinte redação: “o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave”. Logo, em ja-neiro de 2016, a emancipação voltará a ser causa de antecipação da maioridade previdenciária do irmão do segurado.

Existia uma quarta classe composta pelo menor de 21 anos de idade designado ou maior de 60 anos ou inválido, que foi revogada pela Lei 9.032/95. Sobre o tema, vale colacionar a Súmula 04, da TNU:

“Súmula 04 – Não há direito adquirido à condição de dependente de pessoa designada, quando o falecimento do segurado deu-se após o advento da Lei 9.032/95”.

3.1. Classe I (o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente)

Aliás, o artigo 77, §2º, inciso III e IV, da Lei 8.213/91, com redação dada pela Lei 12.470/11, é claro ao afirmar que a parte individual da pensão extingue-se para o pensionista inválido pela ces-sação da invalidez e para o pensionista com deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, pelo afastamento da deficiência, nos termos do regulamento.

(...)

Assim, com a Lei 12.470/2011, perpetrou-se uma elevação da proteção previdenciá ria aos filhos dos segurados, pois os que possuam mais de 21 anos de idade e que não sejam inválidos para o trabalho, irão manter a condição de dependentes em razão de ostentar incapacidade civil relativa ou absoluta em decorrência de deficiência intelectual ou mental.

Aliás, frise-se que o exercício de labor remunerado pela absoluta ou relativamente incapaz com deficiência intelectual ou mental não fará cessar a sua condição de dependente, tanto que a nova redação do artigo 77, §4º, da Lei 8.213/91, determinava apenas que a cota da pensão por morte seja reduzida temporariamente em 30%, enquanto durar o exercício do trabalho pelo incapaz.

No entanto, coube à Lei 13.135/2015 revogar expressamente o aludido parágrafo, deixando em branco se haverá o cancelamento da pensão por morte na hipótese de trabalho do deficiente mental ou intelectual. Acredita-se que o INSS não fará cessar o benefício.

(...)

Posteriormente, a Corte Especial do STJ EXCLUIU O MENOR SOB GUARDA no rol de equiparados a filho no julgamento do AgRg na SLS 1988, de 4/3/2015: “II - Hipótese em que a decisão cujos efeitos foram aqui suspensos discrepa da jurisprudência do Superior Tribunal de

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Frederico Amado

Justiça “no sentido de ser indevida pensão por morte a menor sob guarda se o óbito do segurado tiver ocorrido sob a vigência da MP nº 1.523/96, posteriormente convertida na Lei nº 9.528/97” (AgRg nos EDcl no REsp n. 1.104.494/RS, Relator o Ministro Nefi Cordeiro, DJ de 16/12/2014). III - Efeito multiplicador reconhecido, tendo em conta a probabilidade de que a decisão impug-nada estimule o ajuizamento de novas ações com o mesmo objeto, e lesão à economia pública demonstrada pela irrepetibilidade dos proventos eventualmente pagos, considerando a natureza alimentícia do benefício de pensão por morte”.

(...)

Por fim, por força da Lei 13.146, publicada em 7 de julho de 2015, que aprovou o Estatuto da Pessoa com Deficiência e entrará em vigor em 180 dias após a sua publicação (início de ja-neiro de 2016), houve a alteração do artigo 16, inciso I, da Lei 8.213/91, pois a classe I passará a ter a conseguinte redação: o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave.

Logo, em janeiro de 2016, o filho do segurado com deficiência grave passará a integrar a classe preferencial, cabendo ao Regulamento da Previdência Social definir futuramente o que é deficiência grave.

3.3. Classe III (irmão, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente)

Nesta terceira e última classe se encontra o irmão, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente. Para receber o benefício, é curial que inexistam dependentes nas classes superiores, assim como se demonstre a concreta dependên-cia econômica.

Este inciso III do artigo 16, da Lei 8.213/91, sofreu mais de uma modificação com o adven-to da Lei 13.135/2015, mas nem todas entraram em vigor no dia da sua publicação operada em 18/6/2015 (art. 6º, da Lei 13.135), que passará a ter a seguinte redação no futuro:

III - o irmão de qualquer condição menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, nos termos do regulamento.

Nota-se que foi retirada a emancipação como causa de antecipação da maioridade previdenciá-ria (vigência em 18/6/2015); foi retirada a exigência de incapacidade civil do irmão com deficiên-cia mensal ou intelectual, e excluída a necessidade de interdição judicial (vigência em 18/6/2017); foi inserido como dependente o irmão com deficiência grave, nos termos do regulamento (vigência em 180 dias, a contar de 18/6/2015).

Posteriormente, nova modificação legal foi feita. Por força da Lei 13.146, publicada em 7 de julho de 2015, que aprovou o Estatuto da Pessoa com Deficiência e entrará em vigor em 180 dias após a sua publicação (início de janeiro de 2016), houve a alteração do artigo 16, inciso III, da Lei 8.213/91, pois a classe III passará a ter a conseguinte redação: “o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave”. Logo, em janeiro de 2016, a emancipação voltará a ser causa de antecipação da maioridade previdenciária do irmão do segurado.

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4. TEMPO DE SERVIÇO E DE CONTRIBUIÇÃO E SUA CONTAGEM RECÍPROCA

Por força da Lei 13.135/2015, conforme será visto no próximo Capítulo, em regra, a pensão por morte vitalícia ou temporária para ser deferida ao cônjuge, companheiro ou companheira pressupõe o recolhimento de 18 contribuições mensais. Acaso inexistam 18 contribuições mensais vertidas pelo falecido segurado, a pensão por morte será paga por apenas 4 meses.

Nesse sentido, de acordo com o novel artigo 77, §5º, da Lei 8.213/91, inserido pela Lei 13.135/2015, o tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) será con-siderado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais, o que pode ser denominado de contagem recíproca post mortem, acaso promovida após o falecimento do segurado.

7. CARÊNCIA

Para os segurados que possuem presunção de recolhimento da contribuição previdenciária não se há de falar de recolhimento em atraso, devendo a carência ser computada a contar do mês da filia-ção, independentemente do recolhimento, a saber: empregado, empregado doméstico, trabalhador avulso e contribuinte individual que presta serviços à empresa.

A inserção do empregado doméstico neste rol se deu apenas por força da Lei Complementar 150/2015, que modificou o artigo 27, da Lei 8.213/91.

Já o contribuinte individual que trabalha por conta própria e o segurado facultativo, por serem os responsáveis tributários pelo recolhimento da sua contribuição não possuem presunção de reco-lhimento, de modo que o período de carência será contado apenas da data de efetivo pagamento da primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas para este fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a competências anteriores.

(...)

Ademais, para o segurado especial, a carência será realizada pelo exercício da atividade campe-sina ou pesqueira artesanal para subsistência, no período equivalente ao número de contribuições mensais exigidas, não sendo necessário o efetivo recolhimento da contribuição sobre a produção rural ou pesqueira, ante da ficção normativa de filiação automática do segurado especial.

(...)

Já para o empregado doméstico inexistia esta presunção, devendo ser demonstrado antigamen-te o pagamento das suas contribuições previdenciárias, apesar de a responsabilidade ser do empre-gador doméstico. Caso inexistissem os pagamentos, se for comprovado o exercício da atividade laboral pelo período exigido, o segurado doméstico recebia o benefício no valor mínimo, na forma do artigo 36, da Lei 8.213/9113.

No entanto, com o advento da Lei Complementar 150/2015, o empregado doméstico passou a ter a mesma presunção de recolhimento que já beneficiava o empregado, tendo sido modificado o artigo 27 e tacitamente revogado o artigo 36, da Lei 8.213/91.

O período de carência será computado:

I – para o segurado empregado, empregado doméstico (LC 150/2015), o trabalha-dor avulso e o contribuinte individual que presta serviços a pessoa jurídica (este

13. Art. 36. Para o segurado empregado doméstico que, tendo satisfeito as condições exigidas para a concessão do benefício requerido, não comprovar o efetivo recolhimento das contribuições devidas, será concedido o benefício de valor míni-mo, devendo sua renda ser recalculada quando da apresentação da prova do recolhimento das contribuições.

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a partir da competência 04/2003), da data de filiação ao Regime Geral de Previ-dência Social, ou seja, a partir do exercício de atividade laborativa remunerada;

II – para o segurado contribuinte individual que não presta serviços à pessoa jurídica, o facultativo e o segurado especial que contribui da mesma forma que o con-tribuinte individual, da data do efetivo recolhimento da primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas para esse fim as contribuições recolhidas com atraso referentes a competências anteriores;

III – para o segurado especial, a partir do efetivo exercício da atividade rural ou pesqueira artesanal para fins de subsistência sem o auxílio de empregados permanentes.

(...)

Entende-se que a presunção de recolhimento da contribuição previdenciária em favor do em-pregado doméstico deverá retroagir à vigência da LC 150/2015, pois se trata de correção de discri-minação negativa por omissão, na medida em que a responsabilidade tributária de recolher já era do empregador doméstico.

(...)

Depende de carência a concessão dos seguintes benefícios previdenciários:

I – 10 contribuições mensais - salário-maternidade, para as seguradas contribuinte indi-vidual, especial e facultativa;

II – 12 contribuições mensais - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez (em regra);

III – 180 contribuições mensais - aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial.

(...)

A Medida Provisória 664/2014 chegou a inserir, como regra geral, carência de 24 recolhimen-tos mensais para a pensão por morte e o auxílio-reclusão, mas a lei de conversão (13.135/2015) restaurou a redação anterior, dispensando a carência para os benefícios dos dependentes.

De acordo com o artigo 5º da Lei 13.135/2015, “os atos praticados com base em dispositivos da Medida Provisória no 664, de 30 de dezembro de 2014, serão revistos e adaptados ao disposto nesta Lei”.

Desta forma, os efeitos da MP 664/2014 foram desconstituídos pela Lei de Conversão, ca-bendo ao INSS rever de ofício as negativas de auxílios-reclusão e pensões por morte em razão da não integralização de carência de 24 recolhimentos durante a sua vigência (de 1/3/2015 a 17/6/2015 neste ponto).

(...)

Independe de carência a concessão das seguintes prestações:

I – pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente;

II – salário-maternidade, para as seguradas empregada, empregada doméstica e trabalhado-ra avulsa;

III – auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natu-reza ou causa, doença profissional ou do trabalho, bem como nas hipóteses de doenças ou afecções graves especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Pre-vidência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma,

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deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gra-vidade que mereçam tratamento particularizado;

IV – serviço social e reabilitação profissional.

Com a Lei 13.135/2015, a pensão por morte e o auxílio-reclusão voltaram a ter o período de carência sempre dispensado, tendo sido restaurado o inciso I do artigo 26 da Lei 8.213/91. Inclusive, este é o entendimento do próprio INSS veiculado no Memorando Circular Conjunto nº 39/DIRBEN/DIRAT/INSS:

“Memorando - Circular Conjunto nº 39/DIRBEN/DIRAT/INSS

Em 30 de julho de 2015.

Aos Superintendentes-Regionais, Gerentes-Executivos, Gerentes de Agências da Previdência Social.

Especialistas em Normas e Gestão de Benefícios, Chefes de Divisão/Serviço de

Benefícios, Chefes de Divisão/Serviço/Seção de Atendimento e Chefes de Serviço/Seção de Reconhecimento Inicial.

Assunto: Adequação provisória do Sistema PRISMA. Lei nº 13.135/15.

1. Com o objetivo de reduzir o represamento de benefícios de pensão por morte e auxílio--reclusão cuja decisão aguarda adequação dos sistemas às alterações decorrentes da Lei nº 13.135/15, informamos que será disponibilizada, nesta data, à noite, uma versão inicial, que visa liberar exigências atualmente existentes no Prisma, adequando parcialmente às regras previstas na Lei nº 13.135/15.

2. Dentre as adequações provisórias que serão disponibilizadas no PRISMA, ressaltamos:

a) para benefício com data de óbito/reclusão a partir de 1º/03/2015, não mais se exigirá a carência de vinte e quatro contribuições sem perda da qualidade de segurado”.

(...)

No entanto, com a Lei 13.135/2015, o artigo 151 da Lei 8.213/91 foi restaurado, passando a inserir uma nova doença grave para dispensar a carência dos benefícios por incapacidade, qual seja, a esclerose múltipla:

Art. 151. Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26, inde-pende de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanse-níase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada.

(...)

Carência Prestação

180 contribuições Aposentadoria por idade, especial e por tempo de contribuição.

12 contribuições Aposentadoria por invalidez e auxílio-doença, em regra.

10 contribuições Salário-maternidade da contribuinte individual, segurada especial e facultativa.

Sem carência

Salário-família; auxílio-acidente; pensão por morte; auxílio-reclusão; serviço social; reabilitação profissional; salário-maternidade da empregada, avulsa e doméstica; aposentadoria por invalidez e auxílio-doença decorrentes de acidentes de qual-quer natureza, moléstia ocupacional ou doença grave listada pela Previdência So-cial e Ministério da Saúde.

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É muito comum no meio previdenciário que se confundam os institutos do período de carência e do tempo de contribuição que, embora possuam similitudes, podem ser claramente diferenciados a partir de uma análise técnica.

O principal traço comum é que o recolhimento da contribuição previdenciária tempestiva-mente realiza tanto o tempo de contribuição quanto o período de carência.

No entanto, é possível apontar as seguintes diferenças:

(...)

d) A regra de 1/3 aplica-se somente à carência, não se aplicando ao tempo de contribuição acaso tenha havido a perda da qualidade de segurado.

(...)

8. FATOR PREVIDENCIÁRIO

No entanto, com o advento da MP 676, publicada e vigente desde 18 de junho de 2015, pas-sou a existir uma hipótese de incidência facultativa do fator previdenciário na aposentadoria por tempo de contribuição. É a chamada regra 85/95 para mulheres e homens, respectivamente.

De efeito, coube à Medida Provisória 676, publicada em 18 de junho de 2015, instituir a regra alternativa 85(mulher)/95 (homem) para tornar facultativo o fator previdenciário nesta aposen-tadoria. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário, no cálculo de sua aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for: I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta anos. No entanto, as somas de idade e de tempo de contribuição mencionadas serão majoradas em um ponto em: 1º de janeiro de 2017; 1º de janeiro de 2019; 1º de janeiro de 2020; 1º de janeiro de 2021 e V - 1º de janeiro de 2022.

Logo, sem revogar a regra ordinária da aposentadoria por tempo de contribuição sem idade mínima e com aplicação compulsória do fator previdenciário, foi criada regra de transição pro-gressiva para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição com aplicação facultativa do fator previdenciário, observado o tempo mínimo de contribuição (30 anos mulher e 35 anos homem), desde que a soma com a idade do segurado atinja a:

Mulher Homem

Até 31/12/2016 85 95

De 01/01/2017 até 31/12/2018 86 96

De 01/01/2019 até 31/12/2019 87 97

De 01/01/2020 até 31/12/2020 88 98

De 01/01/2021 até 31/12/2021 89 99

De 01/01/2022 em diante 90 100

Como exemplo, suponha-se que um segurado homem que em 2015 ou 2016 conte com 37 anos de tempo de contribuição e idade de 58 anos (37 + 58=95). Neste caso ele preencherá esta

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regra e poderá se aposentar sem o fator previdenciário (não se aplicará o fator quando for para reduzir a renda, mas apenas para majorar).

Suponha-se que uma mulher em 2020 tenha 30 anos de tempo de contribuição e 58 anos de idade (30 + 58=88). Ela preencherá a regra aludida.

No caso do professor exclusivo do ensino básico, que possui redução em cinco anos no tempo de contribuição, adotou-se regra mais favorável. Serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

9. SALÁRIO DE BENEFÍCIO E CADASTRO NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS (CNIS)

Equivocadamente, aduz o artigo 31, do RPS, que a pensão por morte não é calculada com o manejo do salário de benefício. Conforme será visto mais adiante, a renda mensal inicial da pen-são por morte será cem por cento do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento.

(...)

De acordo com o artigo 29, da Lei 8.213/91, com redação dada pela Lei 9.876/99, em regra, o salário de benefício corresponderá à média aritmética simples dos maiores salários de contribui-ção correspondentes a 80% de todo o perío do contributivo.

No caso da aposentadoria por tempo de contribuição (salvo na regra da MP 676/2015), para o cálculo do salário de benefício, essa média aritmética dos 80% maiores salários de contribuição do PBC (período básico de cálculo) ainda será obrigatoriamente multiplicada pelo fator previ-denciário, que é facultativo para o cálculo do salário de benefício da aposentadoria por idade, na forma do artigo 7º, da Lei 9.876/99. O mesmo ocorre com a aposentadoria do deficiente, por força da Lei Complementar 142/2013, sendo facultativa a incidência do fator previdenciário.

Logo, no cálculo da aposentadoria por tempo de contribuição necessariamente será mane-jado o fator previdenciário, que terá aplicação facultativa na aposentadoria por idade, pois só incidirá se for mais vantajoso para o segurado.

Por conseguinte, o fator previdenciário apenas será utilizado no cálculo da renda men-sal da aposentadoria por tempo de contribuição (incidência obrigatória) e da aposentadoria por idade e do deficiente (incidência facultativa), sendo também facultativo na regra 85/95 inaugurada pela MP 676/2015 para a aposentadoria por tempo de contribuição.

Ademais, indiretamente, o fator previdenciário também poderá ter influído na renda da pensão por morte, se o segurado instituidor estivesse aposentado por tempo de contribuição ou por idade, pois o valor da pensão será de cem por cento do valor da aposentadoria que o segu-rado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento.

10. RENDA MENSAL INICIAL DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS – REGRAS VIGENTES

A pensão por morte é também calculada com o manejo do salário de benefício, mas indire-tamente, pois ela equivalerá a cem por cento do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento.

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(...)

Excepcionalmente, o auxílio-doença poderá ser inferior a um salário mínimo, mas apenas na hipótese de segurado com atividades concomitantes. Nesse sentido, dispõe o artigo 73, §4º, do De-creto 3.048/99, que no caso de incapacidade para apenas uma atividade, o valor do auxílio-doença poderá ser inferior ao salário mínimo desde que somado às demais remunerações recebidas resultar valor superior a este.

(...)

Vale salientar que o segurado empregado, o trabalhador avulso e o contribuinte individual que preste serviço à pessoa jurídica (este a partir da competência 04.2003) têm a seu favor a presunção absoluta de recolhimento das suas contribuições previdenciárias pela empresa, que é a responsável tributária originária. O mesmo se aplica ao empregado doméstico após a LC 150/2015.

(...)

Eis os artigos da Lei 8.213/91 que disciplinam o tema, modificados pela LC 150/2015:

“Art. 34. No cálculo do valor da renda mensal do benefício, inclusive o decorrente de acidente do trabalho, serão computados:

I - para o segurado empregado, inclusive o doméstico, e o trabalhador avulso, os salários de contribuição referentes aos meses de contribuições devidas, ainda que não recolhidas pela em-presa ou pelo empregador doméstico, sem prejuízo da respectiva cobrança e da aplicação das penalidades cabíveis, observado o disposto no § 5o do art. 29-A;

II - para o segurado empregado, inclusive o doméstico, o trabalhador avulso e o segurado espe-cial, o valor mensal do auxílio-acidente, considerado como salário de contribuição para fins de concessão de qualquer aposentadoria, nos termos do art. 31;

III - para os demais segurados, os salários-de-contribuição referentes aos meses de contribuições efetivamente recolhidas.

Art. 35. Ao segurado empregado, inclusive o doméstico, e ao trabalhador avulso que tenham cumprido todas as condições para a concessão do benefício pleiteado, mas não possam com-provar o valor de seus salários de contribuição no período básico de cálculo, será concedido o benefício de valor mínimo, devendo esta renda ser recalculada quando da apresentação de prova dos salários de contribuição”.

(...)

11. RENDA MENSAL INICIAL DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS – REGRAMENTO ANTIGO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA

(...)

11.10. Lei 8.213/91 (redação original) e alterações posteriores

Com o advento da Medida Provisória 664/2014, o valor da pensão por morte foi reduzido para 50% do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento, acrescido de tantas cotas individuais de dez por cento do valor da mesma aposentadoria, quantos forem os dependentes do segurado, até o máximo de cinco. No entanto, esta redução não prosperou, sendo restaurada a pensão por morte integral com a advento da Lei 13.135/2015.

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8beNefícios e serviços

prevideNciários em espécie

1. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ

(...)

A respeito do tema, colaciona-se Enunciado aprovado no XI FONAJEF:Grupo 5 – Benefícios por Incapacidade

Enunciado 1

A súmula 78 da TNU, que determina a análise das condições pessoais do segurado em caso de ser portador de HIV, é extensível a outras doenças igualmente estigmatizantes. (Aprovado por contraste)

(...)

De acordo com o artigo 151, da Lei 8.213/91, com redação dada pela Lei 13.135/2015, “até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26, independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, escle-rose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada”, tendo a novidade sido a inserção de esclerose múltipla.14

(...)

Em regra, a data de início do benefício (DIB) será a data da incapacidade, marco inicial do paga-mento a ser promovido pelo INSS. Contudo, se entre a data da incapacidade e a data de entrada do requerimento (DER) se passar mais de 30 dias, a data de início do benefício será a data de entrada do requerimento na Previdência Social.

Apenas no caso do segurado empregado a regra será diferente, tendo em vista a obrigação legal da empresa de pagar ao segurado o seu salário durante os 15 primeiros dias do afastamento. A MP 664/2014 chegou a alterar a obrigação da empresa de pagamento do salário para 30 dias, mas a Lei 13.135/2015 restaurou os 15 dias.

Logo, para o segurado empregado, a data de início do benefício não será a data da incapacida-de, e sim o 16º dia seguinte. Excepcionalmente, se entre a data da incapacidade e a data de entrada

14. De acordo com a Portaria MPAS 2.998/2001, dispensam a carência às seguintes enfermidades: a) tuberculose ativa; b) hanseníase; c) alienação mental; d) neoplasia maligna; e) cegueira; f ) paralisia irreversível e incapacitante; g) cardiopatia grave; h) doença de Parkinson; i) espondiloartrose anquilosante; j) nefropatia grave; l) estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante); m) Síndrome da Imunodeficiência Adquirida - AIDS; n) contaminação por radiação com base em conclusão da medicina especializada; ou o) hepatopatia grave.

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do requerimento se passar mais de 30 dias, a data de início do benefício também será a data de entrada do requerimento na Previdência Social.

De acordo com o artigo 5º da Lei 13.135/2015, “os atos praticados com base em dispositivos da Medida Provisória no 664, de 30 de dezembro de 2014, serão revistos e adaptados ao disposto nesta Lei”.

Desta forma, os efeitos da MP 664/2014 foram desconstituídos pela Lei de Conversão, ca-bendo à Previdência Social reembolsar as empresas pelos quinze dias a mais que desembolsaram o salário dos empregados afastados durante a vigência desta passagem da MP 664/2014 (de 1/3/2015 e 17/6/2015).

(...)

Mas, no segundo semestre de 2014, no julgamento dos embargos infringentes 0017373-51.2012.404.9999/RS, o TRF da 4ª Região reviu o posicionamento anterior, negando a extensão do auxílio-acompanhante para as outras modalidades de aposentadoria.

Por outro lado, por 6 votos a 5, a TNU estendeu o auxílio-acompanhante à aposentadoria por idade:

“TNU fixa tese para concessão de 25% aos aposentados por idade que dependem de assis-tência permanente de outra pessoa

Publicação: 17/03/2015 14:10

Previsto no artigo 45 da Lei nº 8.213/91, o adicional de 25% para beneficiários que se apo-sentaram por invalidez é extensível a quem se aposenta por idade. De acordo com a norma, o percentual é destinado aos segurados que necessitam de assistência permanente de outra pessoa. A tese foi fixada pela Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Espe-ciais Federais (TNU), na sessão do dia 11 de março, durante a análise de um recurso de uma segurada de Sergipe.

De acordo com os autos, a autora da ação se aposentou por idade e começou a receber seu benefício do INSS em julho de 2000. Quase dez anos depois, a segurada sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que a teria deixado com sequelas irreversíveis e a tornaram incapaz. No processo, ela alegou que necessita tomar remédios de forma contínua e realizar sessões de fi-sioterapia. Argumentou ainda que, por morar sozinha e ser detentora de doença grave, demanda o auxílio diário de outras pessoas.

Ao solicitar à Justiça Federal o acréscimo de 25% sobre o valor do benefício – conforme previsto para aposentados por invalidez que necessitam de assistência permanente de outra pessoa, a au-tora da ação teve seu pedido negado na primeira e na segunda instâncias. A Turma Recursal da Seção Judiciária de Sergipe considerou que não havia amparo legal para concessão do adicional a benefícios previdenciários que não aquele expressamente mencionado na Lei nº 8.213/91.

Em seu recurso à TNU, a segurada apresentou como paradigma de divergência desse entendi-mento um acórdão da 1ª Turma Recursal de Santa Catarina, que concedeu o adicional em ques-tão ainda que a parte autora do caso fosse titular de aposentadoria por tempo de contribuição. Para o relator do processo na Turma Nacional, juiz federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga, a controvérsia está centrada no cabimento da extensão do adicional previsto na lei sobre Planos de Benefícios da Previdência Social para segurados que não se aposentaram por invalidez.

Segundo o magistrado, nessas situações, deve ser aplicado o princípio da isonomia. Ao analisar a norma, o relator concluiu que o percentual, na verdade, é um adicional previsto para assistir aqueles que necessitam de auxílio de outra pessoa, não importando se a invalidez é decorrente de fato anterior ou posterior à aposentadoria. “O seu objetivo é dar cobertura econômica ao auxílio de um terceiro contratado ou familiar para apoiar o segurado nos atos diários que neces-sitem de guarida, quando sua condição de saúde não suportar a realização de forma autônoma”, defendeu.

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Na fundamentação de seu voto, Queiroga citou que o Estado brasileiro é signatário e um dos principais artífices da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiên-cia, promulgado pelo Decreto Presidencial n. 6.949/2009. Segundo ele, a convenção tem por propósito “promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente”. Acrescentou que a convenção reconhece expressamente a neces-sidade de garantir os direitos humanos de todas as pessoas com deficiência, inclusive daquelas que requerem maior apoio. E concluiu “ser consectário lógico encampar sob o mesmo amparo previdenciário o segurado aposentado por idade que se encontra em idêntica condição de de-ficiência”.

Colegiado dividido

Nesse sentido, o juiz federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga votou pela concessão do adi-cional de 25% se comprovada a incapacidade total e definitiva do segurado e a necessidade de contar com a assistência permanente de outra pessoa. Após pedir vistas do processo, o juiz fe-deral José Henrique Guaracy Rebelo, votou por acompanhar integralmente os fundamentos do relator: “Ora, se ambos os segurados aposentados apresentam as mesmas condições (invalidez e necessidade de ajuda de terceiros) a isonomia se faz presente quando se defere o benefício a ambos os grupos”, sustentou.

Contrária ao entendimento do relator, a juíza federal Susana Sbrogio Galia apresentou voto divergente que acabou por provocar um empate na votação do Colegiado. Conforme a magis-trada, qualquer tentativa de estender os efeitos da norma ultrapassa a mera interpretação para realizar uma redução parcial do texto, o que depende de reconhecimento de constitucionalida-de. “Não se pode equiparar a situação daquele segurado que prematuramente se aposenta por incapacidade total e permanente àquele que teve sua jubilação na época própria após completar a idade e/ou o tempo exigido”, declarou.

No entanto, a tese da concessão do adicional de 25% prevaleceu com o voto de desempate profe-rido pelo presidente da TNU, ministro Humberto Martins, que acompanhou o entendimento do relator do caso, juiz federal Sérgio Murilo Wanderley Queiroga. Na opinião do ministro, a norma tem finalidade protetiva e o acréscimo reveste-se de natureza assistencial.

“Assim, preenchidos os requisitos ‘invalidez’ e ‘necessidade de assistência permanente de outra pessoa’, ainda que tais eventos ocorram em momento posterior à aposentadoria e, por óbvio, não justifiquem sua concessão na modalidade invalidez, vale dizer, na hipótese, ainda que tenha sido concedida a aposentadoria por idade, entendo ser devido o acréscimo”, concluiu o presi-dente da TNU em seu voto.

Processo nº 0501066-93.2014.4.05.8502”.

2. APOSENTADORIA POR IDADE

Após o advento da LC 142/2013, acaso se aposente por idade, o deficiente também fará jus à redução em 5 anos na idade neste benefício.

(...)

Após o entendimento do STJ, a TNU corretamente passou a estender a aposentadoria por idade híbrida aos trabalhadores urbanos no julgamento do PEDILEF 50009573320124047214, de 12/11/2014:

“DIREITO PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA MISTA OU HÍBRIDA. CON-TAGEM DE TEMPO RURAL PARA APOSENTADORIA URBANA. APLICAÇÃO EX-TENSIVA DO ATUAL DO ARTIGO 48, § 3º E 4O. DA LEI DE BENEFÍCIOS. DIRE-TRIZ FIXADA PELA SEGUNDA TURMA DO SUPERIOR TRIBUNA DE JUSTIÇA NO RECURSO ESPECIAL 1.407.613. ISONOMIA DO TRABALHADOR RURAL COM O URBANO. APOSENTADORIA POR IDADE NA FORMA HÍBRIDA PER-MITIDA TAMBÉM PARA O URBANO QUANDO HOUVER, ALÉM DA IDADE,

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CUMPRIDO A CARÊNCIA EXIGIDA COM CONSIDERAÇÃO DOS PERÍODOS DE TRABALHO RURAL. PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO CONHECIDO E PRO-VIDO. 1. A autora completou 60 anos em 06.08.2010. Requereu aposentadoria por idade em 09.11.2010 (DER). Alega ter implementado o necessário tempo de carência (Art. 142, Lei 8.213/91), pois conta, entre períodos de trabalho rural (05/2002 a 07/2008) e trabalho urbano (10 anos, 08 meses e 20 dias – 1983, 2002 a 2010), com 174 meses, ou seja, 14 (quatorze) anos e seis meses. 1.1. Pretende (1) seja reconhecido o seu período de atividade rurícola, (2) o qual deve ser acrescido ao seu tempo de atividade urbana (cf. Lei n. 11.718/2008, que alterou o artigo 48 da Lei n. 8.213/91), para fins de (3) ser-lhe concedido o benefício previdenciário almejado (aposentadoria por idade). 1.2. Em outras palavras: re-quereu a Autora o reconhecimento do trabalho rural prestado nos regimes de economia in-dividual e economia familiar em relação ao período compreendido entre maio de 2002 a julho de 2008; ato contínuo, que esse período seja acrescido ao tempo comprovado de tra-balho urbano (1983, 2002 a 2010) para, nos termos do Art. 48, par. 3o., da Lei 8.213/91, uma vez implementadas a idade e a carência, condenar o INSS a conceder-lhe e implantar o benefício de aposentadoria por idade, desde a DER (09.11.2010). 2. A sentença proferida pelo Juiz Federal de Mafra/SC concedeu-lhe preliminarmente o benefício do Art. 142 da Lei 8.213/91, permitindo-lhe utilizar a regra de transição ali prevista, fixando a carência em 174 meses de contribuições, desde que devidamente comprovados os requisitos legais para a concessão da aposentadoria por idade. Analisando a prova dos autos, assim pronunciou-se o d. Juiz Federal para julgar procedente, em parte, o pedido vestibular:“Os documentos carre-ados aos autos vão ao encontro dos depoimentos, o que forma um início de prova material razoável. Todavia, cumpre observar que nos períodos compreendidos entre 05/02/2001 a 31/05/2002 (Redram Construtora de Obras Ltda); 01/09/2003 a 01/03/2004 (Emerson Luiz Boldori); 22/02/2004 a 10/06/2004; 21/11/2006 a 24/01/2007; 30/04/2007 a 07/07/2007 e 12/11/2007 a 26/01/2008 (Nagano Kinzi Agropastoril Ltda), a autora man-teve vínculos empregatícios com registro em sua CTPS, sendo que apenas os dois primeiros períodos não estavam ligados às atividades agrícolas. Assim, há que ser reconhecida a ativi-dade rural em regime de economia familiar, de forma descontinua, nos intervalos de 01/06/2002 a 31/08/2003; 02/03/2004 a 21/02/2004; 11/06/2004 a 20/11/2006; 25/01/2007 a 29/04/2007; 08/07/2007 a 11/11/2007 e 27/01/2008 a 31/07/2008. Ultra-passado esse ponto, resta analisar o pedido de concessão do benefício previdenciário, com fundamento no artigo 48, §3 o, da LBPS. (...) Entretanto, a Turma Regional de Uniformi-zação dos Juizados Especiais Federais decidiu, recentemente, no IUJEF 0001576-05.2010.404.7251/SC, em que foi relatora a Juíza Federal Ana Beatriz Vieira da Luz Palum-bo, firmando entendimento pela impossibilidade de reconhecer-se, como carência de aposentadoria por idade urbana, o tempo de serviço rural. (...) Consigno que, mesmo reco-nhecendo a filiação anterior à vigência da Lei 8.213/91, o que autoriza a utilização da tabe-la prevista no artigo 142, a autora não cumpre a carência exigida pela lei, de modo que não cabe a concessão pretendida. Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido inicial, extinguindo o feito com resolução de mérito (art. 269, I, do CPC), para: a) condenar o INSS a reconhecer a atividade rural, em regime de economia familiar, nos perí-odos de 01/06/2002 a 31/08/2003; 02/03/2004 a 21/02/2004; 11/06/2004 a 20/11/2006; 25/01/2007 a 29/04 /2007; 08/07/2007 a 11/11/2007 e 27/01/2008 a 31/07/2008.”2.1. A 2a. Turma Recursal de Santa Catarina, por unanimidade, negou provimento ao recurso inominado, nos seguintes termos:“O recurso não merece provimento. É que o entendimen-to vigente nesta Turma Recursal é o de que a Lei no 11.718/08 possibilitou a soma dos pe-ríodos de atividade urbana e rurícola, para fim de carência, apenas nos casos de concessão de aposentadoria por idade aos trabalhadores rurais. Neste sentido, cito os processos nos 2010.72.51.000517-2 e 2010.72.51.003024-5, de minha relatoria, julgados, respectiva-mente, nas sessões de 26/01/2011 e de 30/03/2011. Com efeito, extrai-se da nova redação do parágrafo 3º do art. 48 da Lei no 8.213/91, dada pela Lei no 11.718/2008, que aos tra-balhadores rurais que não cumprirem a carência da aposentadoria rural por idade, mas que satisfizerem essa condição se considerados períodos de contribuição sob outras categorias, poderão ter direito ao benefício quando completados 65 anos, se homem, ou 60 anos de idade, se mulher. A alteração, portanto, destina-se aos trabalhadores rurais, não aos

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trabalhadores tipicamente urbanos, como é o caso do(a) autor(a).”3. Entenderam os órgãos julgadores precedentes que o favor legis instituído pelo art. 48, § 3º., da Lei 8.213/91 é destinado aos trabalhadores rurais que implementam o requisito etário enquanto estão vin-culados ao trabalho no campo; esta regra de aposentadoria por idade, instituída pela Lei 11.718/2008, não se aplica àquele, que em determinado período anterior, desempenhou atividade de natureza rural, mas se afastou do trabalho no campo. 3.1. A nova disciplina inserida pela Lei 11.718/2008 tem por objetivo corrigir situações de injustiça de diversos segurados que, por terem trabalhado parte no campo, parte no meio urbano, não conse-guiam implementar, in totum, a carência exigida para a concessão da aposentadoria por idade (Art. 48, Lei 8.213/91). O parágrafo 3o. do citado Art. 48 da Lei 8.213/91 permite que a carência necessária à percepção do benefício previdenciário fosse aferida consoante a forma nele prevista, para que o trabalhador rural não viesse a ser prejudicado. 4. Essa forma de aposentadoria por idade prevista no par. 3o., do Art. 48, da Lei 8.213/91, alcança o se-gurado/trabalhador rural, com a finalidade de tutelar a condição jurídica daqueles que, por certo tempo afetos ao trabalho urbano, viessem a retornar ao campo. 5. Examinando a quadra fática, já fixada pelas instâncias precedentes, vejo que o trabalho rural foi reconheci-do apenas para os períodos indicados na sentença, com término em 31.07.2008; por sua vez, o requisito da idade foi implementado em 06.08.2010, quando a Autora não mais trabalha-va no campo. 6. Conheço do presente recurso quanto ao segundo paradigma, vez que restou comprovada a divergência não só entre o Acórdão da 5a. Turma Recursal dos JEF’s de SP (Processo N. 0005604-71.2010.4.03.6304), mas também do próprio Acórdão recorrido (TR-SC) na interpretação do Art. 48, par. 3o., da Lei 8.213/91. 7. Quanto ao mérito, tenho que a mais recente diretriz hermenêutica da Segunda Turma do C. STJ, fixada nos autos do Recurso Especial 1407613, da Relatoria do Min. Herman Benjamin (julgado em 14.10.2014) deu nova configuração à tese tratada nestes autos. Com efeito, esta Turma Nacional, em precedentes vários, havia entendido que a regra constante no art. 48 artigo 48, parágrafos 3º. e 4º., da Lei de Benefícios de Previdência possuía “mão única”, sendo devida apenas para o trabalhador rural. 7.1.Desse modo, se o trabalhador fosse urbano, não faria jus o beneficiário ao favor legis. Com efeito, esta Turma Nacional de Uniformização, ao julgar os Pedidos de Uniformização n. 2008.50.51.001295-0 (Rel. Juiz Federal Paulo Ernane Moreira Barros) e 5001211-58.2012.4.04.7102 (Rel. Juíza Federal Ana Beatriz Vieira da Luz Palumbo), pro-cedendo a uma interpretação sistemática dos artigos 48 e 55 da Lei 8.213/91, decidiu que a Lei 11.718/2008 apenas autorizou ao trabalhador rural utilizar as contribuições recolhidas para o regime urbano para fins de cumprimento da carência para aposentadoria por idade rural. Por outro lado, o trabalhador urbano não pode se utilizar de período rural para o preenchimento de carência com vistas à aposentadoria por idade urbana. 8. Entretanto, foi justamente essa a tese que veio a ser rechaçada pelo STJ no julgamento ora referido. Verbis: “o trabalhador tem direito a se aposentar por idade, na forma híbrida, quando atinge 65 anos (homens) ou 60 (mulheres), desde que tenha cumprido a carência exigida com a considera-ção dos períodos urbano e rural. Nesse caso, não faz diferença se ele está ou não exercendo atividade rural no momento em que completa a idade ou apresenta o requerimento adminis-trativo, nem o tipo de trabalho predominante”.8.1. Segundo o em. Ministro Relator, efeti-vamente, “… o que define o regime jurídico da aposentadoria é o trabalho exercido no perí-odo de carência: se exclusivamente rural ou urbano, será respectivamente aposentadoria por idade rural ou urbana; se de natureza mista, o regime será o do artigo 48, parágrafos 3º. e 4º, da Lei 8.213, independentemente de a atividade urbana ser a preponderante no período de carência ou a vigente quando do implemento da idade”.8.2. Desse modo, o que decidiu a Corte Federal foi que a denominada aposentação por idade híbrida de regimes de trabalho, instituída pela Lei 11.718/08 contempla tanto os trabalhadores rurais que migraram da ci-dade para o campo, como o contrário (aqueles que saíram do campo e foram para a cidade). Isso porque, seja por amor ao postulado da isonomia, vez que a ratio é a mesma como ainda ante o fato de que, em sendo postulada aposentadoria urbana, de toda forma estar-se-á valo-rizando aquele que, muito ou pouco, contribuiu para o sistema. 9. Ante o exposto, conheço e dou provimento ao pedido de uniformização, para julgar procedente o pedido formulado na petição inicial (itens “A”e “B”). Sem honorários, por se tratar de recorrente vencedor”.

(...)

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3. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

No entanto, existe precedente recente da 2ª Turma do STJ determinando a aplicação do fator previdenciário à aposentadoria do professor:

“PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. FATOR PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE DE PROFESSOR. OMISSÃO SANADA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS PARA SANAR OMISSÃO SEM EFEITO MODIFICATIVO.

1. A parte autora, ora embargante, neste momento em sede de embargos de declaração, aduz que a aposentadoria do professor é equiparada à aposentadoria especial, a qual afasta a incidên-cia do fator previdenciário.

2. No caso específico, a segurada exerceu atividades de magistério no período de setembro de 1994 a novembro de 2010.

3. A contagem ponderada do tempo de magistério, para fins de obtenção de aposentadoria por tempo de serviço comum, não encontra óbice, uma vez que a atividade era considerada penosa pelo Decreto 53.831/1964, cuja observância foi determinada pelo Decreto 611/1992. Precedentes.

4. Incide o fator previdenciário no cálculo do salário de benefício da aposentadoria por tempo de serviço de professor quando a segurada não tiver tempo suficiente para a con-cessão do benefício anteriormente à edição da Lei 9.876, de 1999, como no presente caso, conforme asseverado pelo Tribunal a quo.

5. Embargos de declaração acolhidos para sanar omissão sem efeito modificativo” (EDcl no AgRg no AgRg no REsp 1490380, de 9/6/2015).

(...)

A respeito do tema, colaciona-se Enunciado aprovado no XII FONAJEF:

Grupo 4

Enunciado nº 1

Nos casos de pedido de concessão de benefício por segurado facultativo de baixa renda, a com-provação da inscrição da família no CadÚnico é documento indispensável para propositura da ação, sob pena de extinção sem exame do mérito (Aprovado no XII FONAJEF).

A aposentadoria por tempo de contribuição será de 100% do salário de benefício, lembrando que no cálculo do salário de benefício é obrigatório o manejo do fator previdenciário, o que acaba reduzindo bastante a renda mensal inicial dos benefícios das pessoas que se aposentam ainda muito jovens.

No entanto, coube à Medida Provisória 676, publicada em 18 de junho de 2015, instituir a regra alternativa 85(mulher)/95 (homem) para tornar facultativo o fator previdenciário nesta apo-sentadoria. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário, no cálculo de sua aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for: I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta anos. No entanto, as somas de idade e de tempo de contribuição mencionadas serão majoradas em um ponto em: 1º de janeiro de 2017; 1º de janeiro de 2019; 1º de janeiro de 2020; 1º de janeiro de 2021 e V - 1º de janeiro de 2022.

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Logo, sem revogar a regra ordinária da aposentadoria por tempo de contribuição sem ida-de mínima e com aplicação compulsória do fator previdenciário, foi criada regra de transição progressiva para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição com aplicação faculta-tiva do fator previdenciário, observado o tempo mínimo de contribuição (30 anos mulher e 35 anos homem), desde que a soma com a idade do segurado atinja a:

Mulher Homem

Até 31/12/2016 85 95

De 01/01/2017 até 31/12/2018 86 96

De 01/01/2019 até 31/12/2019 87 97

De 01/01/2020 até 31/12/2020 88 98

De 01/01/2021 até 31/12/2021 89 99

De 01/01/2022 em diante 90 100

Como exemplo, suponha-se que um segurado homem que em 2015 ou 2016 conte com 37 anos de tempo de contribuição e idade de 58 anos (37 + 58=95). Neste caso ele preencherá esta re-gra e poderá se aposentar sem o fator previdenciário (não se aplicará o fator quando for para reduzir a renda, mas apenas para majorar).

Suponha-se que uma mulher em 2020 tenha 30 anos de tempo de contribuição e 58 anos de idade (30 + 58=88). Ela preencherá a regra aludida.

No caso do professor exclusivo do ensino básico, que possui redução em cinco anos no tempo de contribuição, adotou-se regra mais favorável. Serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

(...)

4. APOSENTADORIAS ESPECIAIS

4.1. Aposentadoria especial por exposição a agentes nocivos à saúde

(...)

Nesse sentido, foi divulgado pelo INSS Memorando-Circular Conjunto nº 2/DIRSAT/DIR-BEN/INSS, de 23 de julho de 2015, que fixou o seguinte entendimento na via administrativa:

a) serão considerados agentes reconhecidamente cancerígenos os constantes do Grupo 1 da lista da LINACH que possuam o Chemical Abstracts Service – CAS e que constem no Anexo IV do Decreto nº 3048/99;

b) a presença no ambiente de trabalho com possibilidade de exposição de agentes nocivos re-conhecidamente cancerígenos, será suficiente para comprovação da efetiva exposição do traba-lhador;

c) a avaliação da exposição aos agentes nocivos reconhecidamente cancerígenos será apurada na forma qualitativa, conforme § 2º e 3° do art. 68 do Decreto nº 3048/99 (alterado pelo Decreto n° 8.123 de 2013);

d) a utilização de Equipamentos de Proteção Coletiva-EPC e/ou Equipamentos de Proteção Individual-EPI não elide a exposição aos agentes reconhecidamente cancerígenos, ainda que considerados eficazes; e

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e) para o enquadramento dos agentes reconhecidamente cancerígenos, na forma desta orien-tação, será considerado o período trabalhado a partir de 08/10/2014, data da publicação da Portaria Interministerial nº 09/14.

(...)

O INSS entende que, em regra, é necessário o formulário preenchido pela empresa mesmo no caso de presunção por categoria profissional até a Lei 9.032/95. No entanto, No caso de empresa legalmente extinta, a não apresentação do formulário de reconhecimento de períodos laborados em condições especiais ou PPP não será óbice ao enquadramento do período como atividade especial por categoria profissional para o segurado empregado, desde que conste a função ou cargo, expresso e literal, devendo ser observada, nas anotações profissionais, as alterações de função ou cargo em todo o período a ser enquadrado15, podendo, neste caso, ser utilizado o processo de justificação administrativa para complementar a prova através da oitiva de testemunhas.

(...)

Para os agentes biológicos, o INSS fixou o seguinte entendimento divulgado no Memorando--Circular Conjunto nº 2/DIRSAT/DIRBEN/INSS, de 23 de julho de 2015:

a) a Instrução Normativa INSS/PRES nº 77, de 21 de janeiro de 2015 revogou a orientação con-tida no parágrafo único do art. 244 da Instrução Normativa INSS/PRES nº 45, de 6 de agosto de 2010, que estabelecia que “tratando-se de estabelecimentos de saúde, a aposentadoria especial ficará restrita aos segurados que trabalhem de modo permanente com pacientes portadores de do-enças infecto-contagiosas, segregados em áreas ou ambulatórios específicos, e aos que manuseiam exclusivamente materiais contaminados provenientes dessas áreas”;

b) o período de exposição a agentes biológicos para períodos de trabalho a partir de 06/03/1997, deve ser analisado à luz da redação contida no art. 285 da IN/INSS/PRES nº 77/15, afastada a aplicação da orientação anterior;

c) aplica-se a nova interpretação aos processos pendentes de decisão em 22/01/2015, data da publicação da IN/INSS/PRES nº 77/15 ou requeridos a partir desta data;

d) relativamente aos processos indeferidos e em fase de recurso às Juntas de Recursos ou às Câmaras de Julgamento do Conselho de Recurso da Previdência Social, ainda pendentes de julgamento, aplicam-se as orientações contidas acima, considerando que não ocorreu o ato conclusivo da administração e não foi exaurida a esfera administrativa; e

e) devem ser preservados os atos administrativos já consolidados em última instância. Entretan-to, caso haja novo requerimento apresentado pelo segurado, após esse novo entendimento, será analisado à luz da orientação atual contida na IN/INSS/PRES nº 77/15.

(...)

A respeito do tema, colaciona-se Enunciado e Recomendação aprovados no XI FONAJEF:Tema – Atividade Especial

Enunciado 1

A mera alegação genérica de contrariedade às informações sobre atividade especial fornecidas pelo empregador não enseja a realização de novo exame técnico. (Aprovado por unanimidade)

15. Artigo 270, §1º, da In INSS 77/2015.

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Recomendação 1

Recomenda-se às seções judiciárias a organização de bancos de laudos sobre atividade especial, disponibilizando aos interessados para uso nas ações judiciais. (Aprovado por unanimidade)

(...)

O acórdão foi publicado pelo STF em 12 de fevereiro de 2015:“RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO CONSTITUCIONAL PRE-VIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. ART. 201, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. REQUISITOS DE CARACTERIZAÇÃO. TEMPO DE SERVIÇO PRES-TADO SOB CONDIÇÕES NOCIVAS. FORNECIMENTO DE EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL - EPI. TEMA COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECI-DA PELO PLENÁRIO VIRTUAL. EFETIVA EXPOSIÇÃO A AGENTES NOCIVOS À SAÚ-DE. NEUTRALIZAÇÃO DA RELAÇÃO NOCIVA ENTRE O AGENTE INSALUBRE E O TRABALHADOR. COMPROVAÇÃO NO PERFIL PROFISSIOGRÁFICO PREVIDENCI-ÁRIO PPP OU SIMILAR. NÃO CARACTERIZAÇÃO DOS PRESSUPOSTOS HÁBEIS À CONCESSÃO DE APOSENTADORIA ESPECIAL. CASO CONCRETO. AGENTE NOCI-VO RUÍDO. UTILIZAÇÃO DE EPI. EFICÁCIA. REDUÇÃO DA NOCIVIDADE. CENÁ-RIO ATUAL. IMPOSSIBILIDADE DE NEUTRALIZAÇÃO. NÃO DESCARACTERIZA-ÇÃO DAS CONDIÇÕES PREJUDICIAIS. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO DEVIDO. AGRAVO CONHECIDO PARA NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO EXTRAORDI-NÁRIO. 1. Conduz à admissibilidade do Recurso Extraordinário a densidade constitucional, no aresto recorrido, do direito fundamental à previdência social (art. 201, CRFB/88), com reflexos mediatos nos cânones constitucionais do direito à vida (art. 5º, caput, CRFB/88), à saúde (arts. 3º, 5º e 196, CRFB/88), à dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CRFB/88) e ao meio ambien-te de trabalho equilibrado (arts. 193 e 225, CRFB/88). 2. A eliminação das atividades laborais nocivas deve ser a meta maior da Sociedade - Estado, empresariado, trabalhadores e representantes sindicais -, que devem voltar-se incessantemente para com a defesa da saúde dos trabalhadores, como enuncia a Constituição da República, ao erigir como pilares do Estado Democrático de Direito a dignidade humana (art. 1º, III, CRFB/88), a valorização social do trabalho, a preserva-ção da vida e da saúde (art. 3º, 5º, e 196, CRFB/88), e o meio ambiente de trabalho equilibrado (art. 193, e 225, CRFB/88). 3. A aposentadoria especial prevista no artigo 201, § 1º, da Consti-tuição da República, significa que poderão ser adotados, para concessão de aposentadorias aos beneficiários do regime geral de previdência social, requisitos e critérios diferenciados nos “casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, e quando se tratar de segurados portadores de deficiência, nos termos definidos em lei complemen-tar”. 4. A aposentadoria especial possui nítido caráter preventivo e impõe-se para aqueles trabalha-dores que laboram expostos a agentes prejudiciais à saúde e a fortiori possuem um desgaste natu-ralmente maior, por que não se lhes pode exigir o cumprimento do mesmo tempo de contribuição que aqueles empregados que não se encontram expostos a nenhum agente nocivo. 5. A norma inscrita no art. 195, § 5º, CRFB/88, veda a criação, majoração ou extensão de benefício sem a correspondente fonte de custeio, disposição dirigida ao legislador ordinário, sendo inexigível quando se tratar de benefício criado diretamente pela Constituição. Deveras, o direito à aposenta-doria especial foi outorgado aos seus destinatários por norma constitucional (em sua origem o art. 202, e atualmente o art. 201, § 1º, CRFB/88). Precedentes: RE 151.106 AgR/SP, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 28/09/1993, Primeira Turma, DJ de 26/11/93; RE 220.742, Rel. Min. Néri da Silveira, julgamento em 03/03/98, Segunda Turma, DJ de 04/09/1998. 6. Existência de fonte de custeio para o direito à aposentadoria especial antes, através dos instrumentos tradicionais de financiamento da previdência social mencionados no art. 195, da CRFB/88, e depois da Me-dida Provisória nº 1.729/98, posteriormente convertida na Lei nº 9.732, de 11 de dezembro de 1998. Legislação que, ao reformular o seu modelo de financiamento, inseriu os §§ 6º e 7º no art. 57 da Lei n.º 8.213/91, e estabeleceu que este benefício será financiado com recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei nº 8.212/91, cujas alíquotas serão acres-cidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. 7. Por outro lado, o art. 10 da Lei nº 10.666/2003,

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ao criar o Fator Acidentário de Prevenção-FAP, concedeu redução de até 50% do valor desta con-tribuição em favor das empresas que disponibilizem aos seus empregados equipamentos de prote-ção declarados eficazes nos formulários previstos na legislação, o qual funciona como incentivo para que as empresas continuem a cumprir a sua função social, proporcionando um ambiente de trabalho hígido a seus trabalhadores. 8. O risco social aplicável ao benefício previdenciário da aposentadoria especial é o exercício de atividade em condições prejudiciais à saúde ou à integrida-de física (CRFB/88, art. 201, § 1º), de forma que torna indispensável que o indivíduo trabalhe exposto a uma nocividade notadamente capaz de ensejar o referido dano, porquanto a tutela legal considera a exposição do segurado pelo risco presumido presente na relação entre agente nocivo e o trabalhador. 9. A interpretação do instituto da aposentadoria especial mais consentânea com o texto constitucional é aquela que conduz a uma proteção efetiva do trabalhador, considerando o benefício da aposentadoria especial excepcional, destinado ao segurado que efetivamente exerceu suas atividades laborativas em “condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade físi-ca”. 10. Consectariamente, a primeira tese objetiva que se firma é: o direito à aposentadoria especial pressupõe a efetiva exposição do trabalhador a agente nocivo à sua saúde, de modo que, se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade não haverá respaldo constitu-cional à aposentadoria especial. 11. A Administração poderá, no exercício da fiscalização, aferir as informações prestadas pela empresa, sem prejuízo do inafastável judicial review. Em caso de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Individual, a premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao be-nefício da aposentadoria especial. Isto porque o uso de EPI, no caso concreto, pode não se afi-gurar suficiente para descaracterizar completamente a relação nociva a que o empregado se subme-te. 12. In casu, tratando-se especificamente do agente nocivo ruído, desde que em limites acima do limite legal, constata-se que, apesar do uso de Equipamento de Proteção Individu-al (protetor auricular) reduzir a agressividade do ruído a um nível tolerável, até no mesmo patamar da normalidade, a potência do som em tais ambientes causa danos ao organismo que vão muito além daqueles relacionados à perda das funções auditivas. O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos provenientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contri-buição, respectivamente. O benefício previsto neste artigo será financiado com os recursos prove-nientes da contribuição de que trata o inciso II do art. 22 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991, cujas alíquotas serão acrescidas de doze, nove ou seis pontos percentuais, conforme a atividade exercida pelo segurado a serviço da empresa permita a concessão de aposentadoria especial após quinze, vinte ou vinte e cinco anos de contribuição, respectivamente. 13. Ainda que se pudesse aceitar que o problema causado pela exposição ao ruído relacionasse apenas à perda das funções auditivas, o que indubitavelmente não é o caso, é certo que não se pode garantir uma eficácia real na eliminação dos efeitos do agente nocivo ruído com a simples utilização de EPI, pois são inúmeros os fatores que influenciam na sua efetividade, dentro dos quais mui-tos são impassíveis de um controle efetivo, tanto pelas empresas, quanto pelos trabalhadores. 14. Desse modo, a segunda tese fixada neste Recurso Extraordinário é a seguinte: na hipótese de exposição do trabalhador a ruído acima dos limites legais de tolerância, a declaração do empregador, no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), no sentido da eficá-cia do Equipamento de Proteção Individual - EPI, não descaracteriza o tempo de serviço especial para aposentadoria. 15. Agravo conhecido para negar provimento ao Recurso Extraor-dinário”.

Por tudo isto, podemos fixar os principais pontos do julgado:

a) Se o EPI for realmente capaz de neutralizar a nocividade, não haverá respaldo constitucio-nal à aposentadoria especial;

b) No caso do agente nocivo ruído, o STF acolheu a tese da inexistência de EPI totalmente eficaz, reconhecendo o direito à aposentadoria especial mesmo com a sua utilização;

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c) Para os demais agentes nocivos quantitativos, a questão está em aberto, devendo ser men-surado se existe EPI que neutralize a nocividade caso a caso;

d) Em caso de divergência ou dúvida sobre a real eficácia do Equipamento de Proteção Indivi-dual, a premissa a nortear a Administração e o Judiciário é pelo reconhecimento do direito ao benefício da aposentadoria especial (in dubio pro misero).

Posteriormente, o INSS passou a adotar na via administrativa a decisão do STF a respeito do ruído, conforme divulgado no Memorando-Circular Conjunto nº 2/DIRSAT/DIRBEN/INSS, de 23 de julho de 2015:

“Observada a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no Recurso Extraordinário com Agravo (ARE) nº 664.335, a qual apresentou novo entendimento para a análise do tempo espe-cial de segurados expostos ao agente nocivo ruído e a Nota nº 00006/2015/CGPL/PFE/AGU (Anexo II), solicitamos que sejam observadas as orientações a seguir:

a) os casos de exposição do segurado ao agente nocivo ruído, acima dos limites legais de tolerân-cia, a declaração do empregador no âmbito do Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP), sobre a eficácia do Equipamento de Proteção Individual (EPI), não descaracteriza o enquadramento como atividade especial para fins de aposentadoria;

b) a decisão passa a ter obrigatoriedade para o INSS a contar de 12/02/2015, data da publicação na Ata de Julgamento no Diário da Justiça;

c) aplica-se o novo entendimento aos processos pendentes de decisão em 12/02/2015 e requeri-mentos posteriores, inclusive para o período de atividade laboral anterior a essa data;

d) relativamente aos processos indeferidos e em fase de recurso às Juntas de Recursos ou às Câmaras de Julgamento do Conselho de Recurso da Previdência Social, ainda pendentes de julgamento, aplicam-se as orientações contidas acima, considerando que não ocorreu o ato conclusivo da administração e não foi exaurida a esfera administrativa;

e) devem ser preservados os atos administrativos já consolidados em última instância. Entretan-to, caso haja novo requerimento apresentado pelo segurado, após esse novo entendimento, será analisado à luz da orientação atual contida na IN/INSS/PRES nº 77/15; e

f ) nos pedidos de revisões administrativas o INSS poderá utilizar os novos critérios de análise, porém não terá efeitos retroativos, devendo os efeitos financeiros ser fixados na data do pedido de revisão-DPR”.

(...)

No entanto, o STJ vem considerando a data do requerimento administrativo como marco divi-sor de regimes jurídicos, admitindo, apenas, a conversão de tempo comum em especial se requerido antes da Lei 9.032/95:

“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL. CONVERSÃO DE TEMPO COMUM EM ESPECIAL. REQUERIMENTO POSTERIOR À VIGÊNCIA DA LEI N. 9.032/95. INVIABILIDADE. ENTENDIMENTO FIRMADO NO RESP 1.310.034/PR. CUNHO DECLARATÓRIO DA DEMANDA INCÓLUME. TEMPO DE SERVIÇO ES-PECIAL.

SOBRESTAMENTO DO FEITO. DESCABIMENTO.

1. Nos termos do decidido por ocasião do julgamento do Resp 1.310.034/PR, submetido ao regime dos recursos repetitivos, de relatoria do Ministro Herman Benjamin, quanto aos requerimentos efetivados após 28/4/1995 e cujos requisitos para o jubilamento somente tenham se implementado a partir de tal marco, fica inviabilizada a conversão de tempo comum em especial para fazer jus à aposentadoria especial, possibilitando, contudo, a conversão de especial para comum.

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2. O pedido de sobrestamento não tem cabimento, pois, conforme jurisprudência do STJ, a possibilidade de modificação de entendimento pela Primeira Seção não implica direito ao sobrestamento de recursos no âmbito desta Corte” (AgRg nos EDcl no REsp 1509189, de 7/5/2015).

Este posicionamento é lastimável, atentando contra o Princípio do Tempus Regit Actum, vez que deveria ser considerada a lei em vigor no momento da prestação do tempo de contribuição, e não a data do requerimento administrativo.

5. AUXÍLIO-DOENÇA

Trata-se de benefício não programado devido ao segurado que ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 dias consecutivos, nos termos do artigo 59 da Lei 8.213/91.

A MP 664/2014 chegou a modificar as regras do auxílio-doença para o segurado empregado. No entanto, a Lei 13.135/2015 restabeleceu o regramento anterior.

(...)

A reabilitação profissional é um serviço previdenciário de cunho obrigatório para o segurado, quando cabível, prestado pela Previdência Social em que o segurado participará de cursos de capa-citação aprender um novo ofício compatível com a sua condição física e intelectual, nos termos do artigo 89, da Lei 8.213/9116.

(...)

Por tudo isto, crê-se que é possível a concessão do auxílio-doença em duas hipóteses:

a) Incapacidade temporária parcial ou total para o trabalho habitual por mais de 15 dias consecutivos, sendo plenamente possível a recuperação do segurado para desenvolver a mesma atividade;

b) Incapacidade permanente parcial ou total do segurado para o trabalho habitual por mais de 15 dias consecutivos, não sendo possível a recuperação do segurado para conti-nuar desenvolvendo o trabalho habitual, mas plenamente viável a reabilitação profissional para outra atividade que lhe garanta a subsistência.

Na primeira hipótese, considere-se que um segurado do RGPS tenha contraído a gripe H1N1, ficando impossibilitado de exercer o seu trabalho habitual por 30 dias. Neste caso, é plenamente possível a sua recuperação clínica, não sendo cabível a reabilitação profissional.

16. Art. 89. A habilitação e a reabilitação profissional e social deverão proporcionar ao beneficiário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho, e às pessoas portadoras de deficiência, os meios para a (re)educação e de (re)adaptação profissional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive.

Parágrafo único. A reabilitação profissional compreende: a) o fornecimento de aparelho de prótese, órtese e instrumentos de auxílio para locomoção quando a perda ou redução

da capacidade funcional puder ser atenuada por seu uso e dos equipamentos necessários à habilitação e reabilitação social e profissional;

b) a reparação ou a substituição dos aparelhos mencionados no inciso anterior, desgastados pelo uso normal ou por ocorrência estranha à vontade do beneficiário;

c) o transporte do acidentado do trabalho, quando necessário.

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No segundo caso, enquadra-se a situação de um estivador que apresenta problema em sua coluna, não sendo possível a sua recuperação para o trabalho habitual, que exige o levantamento de muito peso.

Logo, trata-se de incapacidade permanente para o trabalho habitual, devendo o segurado re-ceber o auxílio-doença e ser encaminhado ao serviço de reabilitação profissional, caso seja possível desenvolver outra atividade laborativa que lhe garanta a subsistência, respeitadas as suas limitações clínicas.

(...)

De efeito, a incapacidade laborativa por até 15 dias não ensejará o pagamento do auxílio--doença, pois se cuida de risco social não coberto pelo Plano de Benefícios do RGPS, em observân-cia ao Princípio da Seletividade (art. 59, da Lei 8.213/91), restaurado pela Lei 13.135/2015, que desfez a revogação dada pela finada Medida Provisória 664/2014.

(...)

A respeito do tema, colaciona-se Enunciado aprovado no XI FONAJEF:

Grupo 5 – Benefícios por Incapacidade

Enunciado 2

Supressão do enunciado 111 do Fonajef e rejeição da proposta trazida a debate no grupo. (Aprovado por maioria)

(...)

A respeito do tema, colaciona-se Enunciado aprovado no XI FONAJEF:

Grupo 5 – Benefícios por Incapacidade

Enunciado 3

A natureza substituta do benefício previdenciário por incapacidade não autoriza o desconto das prestações devidas no período em que houve exercício de atividade remunerada. (Aprovado por maioria)

(...)

Apenas no caso do segurado empregado, durante os primeiros 15 dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença, incumbirá à empresa pagar o seu salário integral.

Contudo, se concedido novo benefício decorrente da mesma doença dentro de 60 dias conta-dos da cessação do benefício anterior, a empresa fica desobrigada do pagamento relativo aos quinze primeiros dias de afastamento, prorrogando-se o benefício anterior e descontando-se os dias traba-lhados, se for o caso.

A MP 664/2014 chegou a alterar a obrigação da empresa de pagamento do salário para 30 dias, mas a Lei 13.135/2015 restaurou os 15 dias.

De acordo com o artigo 5º da Lei 13.135/2015, “os atos praticados com base em dispositivos da Medida Provisória no 664, de 30 de dezembro de 2014, serão revistos e adaptados ao disposto nesta Lei”.

Desta forma, os efeitos da MP 664/2014 foram desconstituídos pela Lei de Conversão, ca-bendo à Previdência Social reembolsar as empresas pelos quinze dias a mais que desembolsaram o

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salário dos empregados afastados durante a vigência desta passagem da MP 664/2014 (de 1/3/2015 e 17/6/2015).

Se o segurado empregado, por motivo de doença, afastar-se do trabalho durante 15 dias, retor-nando à atividade no décimo sexto dia, e se dela voltar a se afastar dentro de 60 dias desse retorno, em decorrência da mesma doença, fará jus ao auxílio-doença a partir da data do novo afastamento.

(...)

“2.3 Importância paga nos quinze dias que antecedem o auxílio-doença.

No que se refere ao segurado empregado, durante os primeiros quinze dias consecutivos ao do afastamento da atividade por motivo de doença, incumbe ao empregador efetuar o pagamento do seu salário integral (art. 60, § 3º, da Lei 8.213/91 com redação dada pela Lei 9.876/99). Não obstante nesse período haja o pagamento efetuado pelo empregador, a importância paga não é destinada a retribuir o trabalho, sobretudo porque no intervalo dos quinze dias consecutivos ocorre a interrupção do contrato de trabalho, ou seja, nenhum serviço é prestado pelo emprega-do. Nesse contexto, a orientação das Turmas que integram a Primeira Seção/STJ firmou-se no sentido de que sobre a importância paga pelo empregador ao empregado durante os primeiros quinze dias de afastamento por motivo de doença não incide a contribuição previdenciária, por não se enquadrar na hipótese de incidência da exação, que exige verba de natureza remunerató-ria. Nesse sentido: AgRg no REsp 1.100.424/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Herman Benjamin, DJe 18.3.2010; AgRg no REsp 1074103/SP, 2ª Turma, Rel. Min. Castro Meira, DJe 16.4.2009; AgRg no REsp 957.719/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJe 2.12.2009; REsp 836.531/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 17.8.2006” (passagem do julgamento do Recurso Especial 1.230.957, de 26/02/2014).

(...)

Excepcionalmente, o auxílio-doença poderá ser inferior a um salário mínimo, mas apenas na hipótese de segurado com atividades concomitantes. Nesse sentido, dispõe o artigo 73, §4º, do De-creto 3.048/99, que no caso de incapacidade para apenas uma atividade, o valor do auxílio-doença poderá ser inferior ao salário mínimo desde que somado às demais remunerações recebidas resultar valor superior a este.17

No entanto, a Lei 13.135/2015 instituiu um novo teto para o valor do auxílio-doença, ao inse-rir o §10 no artigo 29 da Lei 8.213/91, que determina que “o auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos doze salários-de-contribuição, inclusive no caso de remuneração variável, ou, se não alcançado o número de doze, a média aritmética simples dos salários-de-contribuição existentes”.

(...)

De acordo com o artigo 151, da Lei 8.213/91, com redação dada pela Lei 13.135/2015, “até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26, independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, escle-rose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado

17. Antes da Lei 9.032/95, o auxílio-doença por acidente de trabalho era de 92% do salário de benefício, ou então no valor do salário de contribuição do dia do acidente, se mais benéfico. Já o auxílio-doença comum era de 80% do salário de benefício, acrescido de 1% por cada grupo de 12 contribuições mensais, até o máximo de 100%.

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avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada”, tendo a novidade sido a inserção de esclerose múltipla.

(...)

Apenas no caso do segurado empregado a regra será diferente, tendo em vista a obrigação legal da empresa de pagar ao segurado o seu salário durante os 15 primeiros dias do afastamento. Logo, para o segurado empregado, a data de início do benefício não será a data da incapacidade, e sim o 16º dia seguinte. Excepcionalmente, se entre a data da incapacidade e a data de entrada do requerimento se passar mais de 30 dias, a data de início do benefício será a data de entrada do requerimento na Previdência Social.

Logo, para o segurado empregado, a data de início do benefício não será a data da incapacida-de, e sim o 16º (décimo sexto) dia seguinte. Excepcionalmente, se entre a data da incapacidade e a data de entrada do requerimento se passar mais de 30 (trinta) dias, a data de início do benefício será a data de entrada do requerimento na Previdência Social.

A empresa que dispuser de serviço médico, próprio ou em convênio, terá a seu cargo o exame médico e o abono das faltas correspondentes ao período de quinze dias de afastamento do seu em-pregado e somente deverá encaminhar o segurado à perícia médica da Previdência Social quando a incapacidade ultrapassar a quinze dias.

A Lei 13.135/2015 abriu a porta para a terceirização da perícia médica do INSS, até então privativa para os peritos-médicos previdenciários, servidores efetivos. Isso porque Nos casos de impossibilidade de realização de perícia médica pelo órgão ou setor próprio competente, assim como de efetiva incapacidade física ou técnica de implementação das atividades e de atendimento adequado à clientela da previdência social, o INSS poderá, sem ônus para os segurados, celebrar, nos termos do regulamento, convênios, termos de execução descentralizada, termos de fomento ou de colaboração, contratos não onerosos ou acordos de cooperação técnica para realização de perícia médica, por delegação ou simples cooperação técnica, sob sua coordenação e supervisão, com ór-gãos e entidades públicos ou que integrem o Sistema Único de Saúde (SUS).

Assim, um hospital particular integrante do Sistema Único de Saúde poderá, através de médi-cos privados, promover as perícias médicas previdenciárias, desde que seja aprovada a regulamen-tação via decreto federal.

(...)

A respeito do tema, colaciona-se Enunciado e Recomendação aprovados no XII FONAJEF:Grupo 5

Enunciado nº 1

Em caso de incapacidade intermitente, o pagamento de parcelas anteriores à perícia depende da efetiva comprovação dos períodos em que o autor esteve incapacitado (Aprovado no XII FONAJEF).

Recomendação 1

Em casos de benefício por incapacidade, é recomendável a intimação do INSS para a juntada do histórico médico SABI (Sistema de Administração de Benefícios Por Incapacidade).

(...)

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Vale frisar que após a Lei Complementar 150/2015 o segurado empregado doméstico passou a fazer jus ao auxílio-doença por acidente do trabalho. No entanto, a estabilidade provisória de 12 meses no emprego prevista no artigo 118, da Lei 8.213/91 não lhe foi estendida.

(...)

Muito se discute a respeito do “auxílio-doença parental”, ainda não previsto na Lei 8.213/91. Cuida-se da concessão do benefício para que o segurado se dedique a cuidar de algum parente en-fermo e que, por este motivo, deva se afastar do seu trabalho.

Entende-se que enquanto não houver expressa autorização normativa, não deverá ser conce-dido pelo INSS, pois cabe ao legislador selecionar os riscos sociais que ensejarão a concessão de benefício previdenciário sempre observando a regra de contrapartida, conquanto se saiba da sua importância.

Mas é certo que inexistem recursos previdenciários para a proteção de todos os riscos sociais relevantes. Há um projeto de lei que no futuro poderá instituí-lo no RGPS, conforme noticiado pela Agência Estado em 27/05/2015:

“Aprovado na CAS projeto que cria auxílio doença de familiares

Soraya Mendanha e Elina Rodrigues Pozzebom | 27/05/2015, 13h03 - ATUALIZADO EM 27/05/2015, 20h29

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou, nesta quarta-feira (27), o Projeto de Lei do Se-nado (PLS) 286/14, que cria mais um tipo de benefício da Previdência Social, o auxílio doença parental. A matéria é terminativa na comissão.

De acordo com o projeto, será concedido auxílio-doença ao segurado por motivo de doença do cônjuge, dos pais, dos filhos, do padrasto, madrasta, enteado, ou dependente que viva a suas expensas e conste da sua declaração de rendimentos. O auxílio se dará mediante comprovação por perícia médica, até o limite máximo de doze meses.

A autora do projeto, senador Ana Amélia (PP-RS), afirmou, na justificativa à proposta, que a matéria busca dar tratamento isonômico aos segurados do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) em relação aos segurados dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS). Segundo ela, a regra em vigor no RGPS prevê o benefício somente àquele que sofreu uma lesão incapaci-tante ou que tem um problema psiquiátrico.

– Parece existir então o que se chama de proteção insuficiente no que concerne aos segurados do regime geral, o que não se pode permitir – disse no texto.

Ana Amélia ainda explicou que o pagamento do benefício nos moldes defendidos seria uma forma de economia aos cofres públicos, já que a presença do ente familiar pode auxiliar em diversos tratamentos e diminuir o tempo de internação do paciente.

A relatora, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), salientou que há duas classes de segu-rados, os do Regime Próprio com direito ao auxílio-doença parental e os do Regime Geral sem este direito, embora sem vedação expressa. A proposta, a seu ver, corrige essa omissão.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)”.

6. SALÁRIO-FAMÍLIA

(...)

Não serão todos os segurados que farão jus ao salário-família, mas apenas o empregado, o trabalhador avulso, o aposentado por invalidez ou por idade e os demais aposentados com 65 anos ou mais de idade, se do sexo masculino, ou com 60 anos ou mais, se do feminino. Por força da

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Lei Complementar 150/2015, o empregado doméstico passou a ter direito ao salário-família, regulamentando a Emenda Constitucional 72/2013.

Impende esclarecer que a legislação previdenciária não deixa claro se apenas os aposentados que se filiaram como empregados, domésticos e trabalhadores avulsos terão direito ao salário-família, ou se todas as categorias terão direito.

Contudo, a despeito da obscuridade do artigo 65, da Lei 8.213/91, é forçoso concluir que apenas os aposentados na condição de empregados, domésticos e trabalhadores avulsos re-cebem o salário- família, conforme se depreende da análise dos artigos 359 e 360 , da Instrução Normativa INSS 77/2015, que, inclusive, é pago durante a percepção do auxílio-doença e do salário-maternidade.

(...)

Por força da LC 150/2015, as cotas do salário-família serão pagas pelo empregador doméstico, mensalmente, junto com o salário, efetivando-se a compensação quando do recolhimento das con-tribuições, conforme dispuser o Regulamento.

(...)

No entanto, no caso do empregado doméstico a LC 150/2015 apenas exige a apresentação da certidão de nascimento ao seu empregador, não devendo ser exigidos os aludidos atestados de vacinação e/ou de frequência escolar, o que configura um lamentável retrocesso, posto que tais condições buscam incentivar o comparecimento à escola e a vacinação dos infantes.

7. SALÁRIO-MATERNIDADE

(...)

De acordo com a Resolução CFM nº 1.779/2005, que regulamenta a responsabilidade mé-dica no fornecimento da Declaração de Óbito “em caso de morte fetal, os médicos que prestaram assistência à mãe ficam obrigados a fornecer a Declaração de Óbito quando a gestação tiver duração igual ou superior a 20 semanas ou o feto tiver peso corporal igual ou superior a 500 (quinhentos) gramas e/ou estatura igual ou superior a 25 cm”.

Logo, nestas situações alternativas, haverá registro de óbito e concessão do salário-maternidade por 120 dias.

(...)

8. AUXÍLIO-ACIDENTE

(...)

Por força do artigo 18, §1º, da Lei 8.213/91, apenas terão direito à percepção do auxílio--acidente o segurado empregado , o trabalhador avulso e o segurado especial. Por força da LC 150/2015, o empregado doméstico passou a ter direito ao auxílio-acidente.

(...)

Trata-se de benefício que independe de carência, tendo renda mensal inicial fixada em 50% do salário de benefício pela Lei 9.032/95, podendo ter valor inferior a um salário mínimo, pois

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não objetiva substituir a remuneração do empregado, empregado doméstico, trabalhador avulso ou segurado especial.

(...)

É comum que os profissionais confundam o auxílio-acidente com o auxílio-doença. No entan-to, existem diversas diferenças entre os citados benefícios, sendo as principais apontadas no quadro abaixo:

AUXÍLIO-ACIDENTE AUXÍLIO-DOENÇA

– É indenizatório – Substitui o salário de contribuição ou a remunera-ção do segurado

– É recebido junto com a remuneração pelo labor do segurado (não exige afastamento do trabalho)

– Exige incapacidade laboral para o trabalho habi-tual por mais de 15 dias seguidos (afastamento do trabalho)

– É de 50% do salário de benefício – É de 91% do salário de benefício

– Pode ser inferior a um salário mínimo – Não pode ser inferior a um salário mínimo, salvo no caso de atividades concomitantes

– Dispensa sempre a carência – Exige, em regra, carência de 12 contribuições men-sais

– Apenas é devido ao empregado, empregado do-méstico, trabalhador avulso e segurado especial (benefício restrito)

– É devido a todos os segurados (benefício irrestrito)

9. PENSÃO POR MORTE

(...)

Todos os segurados poderão instituir pensão por morte se deixarem dependentes, sendo que o benefício independe sempre de carência. Frise-se que a MP 664/2014 chegou a inserir carência de 24 recolhimentos mensais (em regra), mas a Lei 13.135/2015 restabeleceu a dispensa de carência para a pensão por morte (art. 26, I, da Lei 8.213/91).

De acordo com o artigo 5º da Lei 13.135/2015, “os atos praticados com base em dispositivos da Medida Provisória no 664, de 30 de dezembro de 2014, serão revistos e adaptados ao disposto nesta Lei”.

Desta forma, o INSS deve rever de ofício o indeferimento das pensões por morte motivadas pela não integralização de carência de 24 recolhimentos mensais, no período de vigência desta regra da MP 664/2014 (de 1/3/2015 a 17/6/2015), pagando as parcelas vencidas respectivas.

(...)

Por força da Lei 13.146, publicada em 7 de julho de 2015, que aprovou o Estatuto da Pessoa com Deficiência e entrará em vigor em 180 dias após a sua publicação (3 de janeiro de 2016), houve a alteração do artigo 16, inciso I, da Lei 8.213/91, pois a classe I passará a ter a conseguinte redação: o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condi-ção, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave. Logo, em janeiro de 2016, o filho do segurado com deficiência grave passará a integrar a classe preferencial, cabendo ao Regulamento da Previdência Social definir futuramente o que é deficiência grave.

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(...)

Já na classe II figuram os pais, ao passo que na classe III estão os irmãos do segurado.

No entanto, houve mais de uma modificação na classe III com o advento da Lei 13.135/2015, mas nem todas entraram em vigor no dia da sua publicação operada em 18/6/2015 (art. 6º, da Lei 13.135/15), que passará a ter a seguinte redação no futuro:

III - o irmão de qualquer condição menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, nos termos do regulamento.

Nota-se que foi retirada a emancipação como causa de antecipação da maioridade previdenciá-ria (vigência em 18/6/2015); foi retirada a exigência de incapacidade civil do irmão com deficiên-cia mensal ou intelectual, e excluída a necessidade de interdição judicial (vigência em 18/6/2017); foi inserido como dependente o irmão com deficiência grave, nos termos do regulamento (vigência em 180 dias, a contar de 18/6/2015).

Tentou se fazer a mesma modificação com a classe I, mas houve veto presidencial às menciona-das alterações na classe preferencial, que permanece com a sua redação anterior, o que gerou uma incongruência entre o filho e o irmão do segurado.

Posteriormente, nova modificação legal foi feita. Por força da Lei 13.146, publicada em 7 de julho de 2015, que aprovou o Estatuto da Pessoa com Deficiência e entrará em vigor em 180 dias após a sua publicação (3 de janeiro de 2016), houve a alteração do artigo 16, inciso III, da Lei 8.213/91, pois a classe III passará a ter a conseguinte redação: “o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave”. Logo, em janeiro de 2016, a emancipação voltará a ser causa de antecipação da maioridade previdenciária do irmão do segurado.

(...)

De acordo com o antigo §4º, do artigo 77, da Lei 8.213/91, “a parte individual da pensão do dependente com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente, que exerça atividade remunerada, será reduzida em 30% (trinta por cento), devendo ser integralmente restabelecida em face da extinção da relação de trabalho ou da atividade empreendedora”. No entanto, este parágrafo foi revogado pela Lei 13.135/2015, deixando de existir juridicamente.

Resta saber agora qual será a postura do INSS diante desta situação, se conservará a pensão por morte ou se irá cancelá-la, sendo razoável a sua manutenção para estimular o trabalho mesmo que temporário do deficiente mental incapaz.

Destarte, indiretamente, a pensão por morte também será calculada com o manejo do salário de benefício.

De acordo com o artigo 5º da Lei 13.135/2015, “os atos praticados com base em dispositivos da Medida Provisória no 664, de 30 de dezembro de 2014, serão revistos e adaptados ao disposto nesta Lei”.

Desta forma, o INSS deve rever de ofício as pensões por morte concedidas em valor não integral no período de vigência desta regra da MP 664/2014 (óbitos de 1/3/2015 a 17/6/2015), pagando as parcelas vencidas respectivas.

(...)

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De acordo com o artigo 77, §2º, da Lei 8.213/91, modificado pela Lei 13.135/2015, a pensão por morte cessará:

I - pela morte do pensionista;

II - para filho, pessoa a ele equiparada ou irmão, de ambos os sexos, ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência;

III - para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez;

IV - para filho ou irmão que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, pelo afastamento da deficiência, nos termos do regulamento (este inciso vigorará em 18/6/2017).

Após a publicação da Medida Provisória 664/2014, convertida na Lei 13.135/2015, a pensão por morte no Regime Geral de Previdência Social para cônjuges, companheiros e companhei-ras passou a ser temporária ou vitalícia, a depender da idade do pensionista no dia do óbito do segurado.

Anteriormente, para os citados dependentes, a pensão por morte era vitalícia, vedada a acumu-lação de mais de uma pensão deixada por cônjuge ou companheiro, ressalvada a opção pela mais vantajosa.

A Lei 13.135/2015 em muito modificou a MP 664/2014, tendo as novas regras entrado em vigor em 18 de junho de 2015. As alterações sobre o prazo para percepção da pensão por morte alcançaram os cônjuges, companheiros e companheiras, e não os demais dependentes, nada mu-dando para o filho, os pais e os irmãos.

No entanto, impende frisar que a pensão por morte temporária para cônjuges e companheiros entrou em vigor para os óbitos ocorridos a partir de 1/3/2015, data da vigência deste capítulo da MP 664/2014.

Em regra, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado, a pensão por morte será paga por apenas 4 (quatro) meses ao cônju-ge, companheiro ou companheira, salvo se o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho.

Esta exigência de um mínimo 18 contribuições pagas pelo segurado para que a pensão por morte não se limite a quatro meses de pagamento é restrita ao cônjuge, companheiro e companhei-ra, não sendo exigível para os demais dependentes (filhos e equiparados, pais e irmãos).

Ademais, não possui a natureza jurídica de período de carência, pois o benefício será concedido por quatro meses, e não negado. Com a Lei 13.135/2015, a pensão por morte e o auxílio-re-clusão voltaram a ter o período de carência sempre dispensado, tendo sido restaurado o inciso I do artigo 26 da Lei 8.213/91. Inclusive, este é o entendimento do próprio INSS veiculado no Memorando Circular Conjunto nº 39/DIRBEN/DIRAT/INSS:

“Memorando - Circular Conjunto nº 39/DIRBEN/DIRAT/INSS

Em 30 de julho de 2015.

Aos Superintendentes-Regionais, Gerentes-Executivos, Gerentes de Agências da Previdência Social.

Especialistas em Normas e Gestão de Benefícios, Chefes de Divisão/Serviço de Benefícios, Che-fes de Divisão/Serviço/Seção de Atendimento e Chefes de Serviço/Seção de Reconhecimento Inicial.

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Assunto: Adequação provisória do Sistema PRISMA. Lei nº 13.135/15.

1. Com o objetivo de reduzir o represamento de benefícios de pensão por morte e auxílio-reclu-são cuja decisão aguarda adequação dos sistemas às alterações decorrentes da Lei nº 13.135/15, informamos que será disponibilizada, nesta data, à noite, uma versão inicial, que visa liberar exigências atualmente existentes no Prisma, adequando parcialmente às regras previstas na Lei nº 13.135/15.

2. Dentre as adequações provisórias que serão disponibilizadas no PRISMA, ressaltamos:

a) para benefício com data de óbito/reclusão a partir de 1º/03/2015, não mais se exigirá a carência de vinte e quatro contribuições sem perda da qualidade de segurado”.

Logo, se o segurado morreu com apenas 5 contribuições vertidas ou com menos de 2 anos de casamento ou união estável, a pensão por morte durará por apenas 4 meses, a não ser que a morte decorra de acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho, hipótese na qual serão aplicados os prazos a seguir vistos.

A exigência de dois anos de casamento ou de união estável foi inserida pela MP 664/2014 e mantida na Lei 13.135/2015, iniciando vigência em 14 de janeiro de 2015, sendo aplicável aos óbitos a partir desta data à luz do Princípio do Tempus Regit Actum.

A Lei 13.135/2015 admitiu expressamente que o tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais, acaso o segurado não possua 18 recolhimentos no Regime Geral de Previdência Social.

Por sua vez, transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do bene-ficiário na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contri-buições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável, ou se então o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doença pro-fissional ou do trabalho, a pensão terá a seguinte duração, sendo vitalícia apenas se o pensionista tiver 44 anos de idade no dia da morte:

1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;

2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade;

3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade;

4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade;

5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade;

6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.

No entanto, há uma regra especial para o pensionista inválido ou com deficiência cônjuge ou companheiro(a), pois neste caso a pensão por morte apenas será cancelada pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência. Se não houver recuperação do pensionista, portanto, será vitalícia, mesmo que o segurado não tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado. Caso o pensionista inválido ou deficiente se recupere, serão respeitados, ao menos, os prazos ante-riores apresentados.

Vale frisar que a partir de junho de 2018 existe a possibilidade de mudanças nas faixas da pensão temporária e vitalícia, por ato do Ministro da Previdência Social, desde que haja o incre-mento mínimo de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspondente

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à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer, limitado o acréscimo na comparação com as idades anteriores ao referido incremento.

Notem que o assunto ficou bem mais complexo do que antes e que o texto do artigo 77, da Lei 8.213/91 não ajuda muito, pois é bastante confuso. Por tudo isto, vamos sintetizar as novas regras na tabela abaixo a respeito da pensão por morte para cônjuges, companheiros e companheiras:

Regra 1Se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado, a pensão por morte será paga por apenas 4 (quatro) meses (regra geral).

Regra 2

Se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável, a pensão terá a seguinte duração, sendo vitalícia apenas se o pensionista tiver 44 anos de idade no dia da morte: 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade; 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade; 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade; 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade; 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (qua-renta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade; 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade (regra geral).

Regra 3

Se o óbito decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho, mesmo que não haja 2 anos de casamento ou união estável ou não tenham sido recolhidas 18 (dezoito) contribuições mensais pelo segurado até o dia da morte, a pensão terá a seguinte dura-ção, sendo vitalícia apenas se o pensionista tiver 44 anos de idade no dia da morte: 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade; 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade; 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade; 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade; 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade; 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade. Logo, neste caso especial, a pensão não durará apenas 4 meses (regra especial).

Regra 4

Para o pensionista inválido ou com deficiência, a pensão por morte apenas será cancelada pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência. Se não houver recuperação do pen-sionista, portanto, será vitalícia, mesmo que o segurado não tenha vertido 18 (dezoito) contri-buições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado. Caso o pensionista inválido ou deficiente se recupere, serão respeitados, ao menos, os prazos anteriores apresentados (regra especial).

Eis as confusas regras do artigo 77, §§ 2º e 2º-A, da Lei 8.213/91, com redação dada pela Lei 13.135/2015, que foram decifradas na tabela acima:

§ 2o O direito à percepção de cada cota individual cessará: (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)

I - pela morte do pensionista;

II - para filho, pessoa a ele equiparada ou irmão, de ambos os sexos, ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015) (Vide Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)

III - para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)

IV - pelo decurso do prazo de recebimento de pensão pelo cônjuge, companheiro ou compa-nheira, nos termos do § 5º. (Incluído pela Medida Provisória nº 664, de 2014) (Vigência) (Vide Lei nº 13.135, de 2015)

V - para cônjuge ou companheiro: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

a) se inválido ou com deficiência, pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “b” e “c”; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) con-tribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do beneficiário na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável: (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade; (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade. (Incluído pela Lei nº 13.135, de 2015)

§ 2o-A. Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida na alínea “a” ou os prazos previstos na alínea “c”, ambas do inciso V do § 2o, se o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independentemente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de união estável”.

É sabido que no Brasil existem simulações e fraudes envolvendo casamentos e uniões estáveis apenas com o objetivo de instituir a pensão por morte. Por força da Lei 13.135/2015, perde o di-reito à pensão por morte o cônjuge, o companheiro ou a companheira se comprovada, a qual-quer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.

Trata-se de importante novidade para desconstituir concessões ilícitas de pensão por morte com casamentos sob encomenda para fins exclusivamente previdenciários ou mesmo se situações de fraude ou simulação, a exemplo do reconhecimento indevido de união estável com cuidador de idosos.

Embora a Lei 13.135/2015 seja silenciosa, entende-se que, diante da má-fé, o INSS deverá ser reembolsado de todas as parcelas pagas de pensão por morte, acaso logre êxito com a ação judicial.

(...)

Posteriormente, aduziu a Lei 13.135/2015 que perde o direito à pensão por morte, após o trânsito em julgado, o condenado pela prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do segurado.

10. AUXÍLIO-RECLUSÃO

(...)

A renda mensal inicial do auxílio-reclusão será a mesma da pensão por morte. Isso por-que as regras da pensão por morte aplicam-se ao auxílio-reclusão, no que couber, vez que o artigo 80 da Lei 8.213/91 dispõe que o auxílio-reclusão será pago nas mesmas condições da pensão por

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morte. Logo, o auxílio-reclusão será sempre de 100% do salário de benefício, mesmo valor da aposentadoria por invalidez, tendo em vista que a redução instituída pela MP 664/2014 foi rejeitada pela Lei 13.135/2015.

De acordo com o artigo 5º da Lei 13.135/2015, “os atos praticados com base em dispositivos da Medida Provisória no 664, de 30 de dezembro de 2014, serão revistos e adaptados ao disposto nesta Lei”.

Desta forma, o INSS deve rever de ofício os auxílios-reclusão concedidos em valor não integral no período de vigência desta regra da MP 664/2014 (prisões de 1/3/2015 a 17/6/2015), pagando as parcelas vencidas respectivas.

O auxílio-reclusão dispensa sempre a carência, a teor do artigo 26, I, da Lei 8.213/91, tendo sido frustrada a tentativa da MP 664/2014 de inserir carência, pois não aprovada na Lei 13.135/2015.

De acordo com o artigo 5º da Lei 13.135/2015, “os atos praticados com base em dispositivos da Medida Provisória no 664, de 30 de dezembro de 2014, serão revistos e adaptados ao disposto nesta Lei”.

Desta forma, o INSS deve rever de ofício o indeferimento dos auxílios-reclusão motivados pela não integralização de carência de 24 recolhimentos mensais, no período de vigência desta regra da MP 664/2014 (prisões de 1/3/2015 a 17/6/2015), pagando as parcelas vencidas respectivas.

Considerando que o auxílio-reclusão é pago nas mesmas condições da pensão por morte, con-clui-se que, no que couber, as mudanças promovidas pela Lei 13.135/2015 na pensão por morte se estenderam ao auxílio-reclusão.

A Lei 13.135/2015 em muito modificou a MP 664/2014, tendo as novas regras entrado em vigor em 18 de junho de 2015. As alterações sobre o prazo para percepção da pensão por morte al-cançaram os cônjuges, companheiros e companheiras, e não os demais dependentes, nada mudan-do para o filho, os pais e os irmãos. Estas mudanças são aplicáveis ao auxílio-reclusão, devendo ser devidamente adaptadas.

Em regra, se a prisão ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado, o auxílio-reclusão será pago por apenas 4 (quatro) meses ao cônjuge, companheiro ou companheira.

Logo, se o segurado foi preso com apenas 5 contribuições vertidas ou com menos de 2 anos de casamento ou união estável, o auxílio-reclusão durará, no máximo, por apenas 4 meses, podendo ser cessado antes pela soltura do preso.

A Lei 13.135/2015 admitiu expressamente que o tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais, acaso o segurado não possua 18 recolhimentos no Regime Geral de Previdência Social no dia da prisão.

Por sua vez, transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do de-pendente na data da prisão do segurado, se a segregação prisional ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável, o auxílio-reclusão terá a seguinte duração máxima (pode ser menor se o segurado for solto antes, obviamente), sendo de prazo indefinido apenas se o dependente tiver 44 anos de idade ou mais no dia da prisão do segurado:

1) até 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;

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71

Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

2) até 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade;

3) até 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade;

4) até 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade;

5) até 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade;

6) prazo indefinido, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.

No entanto, há uma regra especial para o dependente cônjuge ou companheiro(a) inválido ou com deficiência, pois neste caso o auxílio-reclusão apenas será cancelado pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, salvo se houver soltura anterior. Se não houver recuperação do dependente, portanto, será de prazo indefinido o auxílio-reclusão enquanto perdurar a prisão, mes-mo que o segurado não tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem menos de 2 (dois) anos antes da prisão do segurado. Caso o dependente inválido ou deficiente se recupere, serão respeitados, ao menos, os prazos anteriores apresentados, salvo se a soltura ocorrer primeiro.

TABELA DOS BENEFÍCIOS – BENEFICIÁRIOS, RENDA MENSAL E CARÊNCIA

Benefícios Beneficiários Renda mensal Carência

Aposentadoria por invalidez

Todos os segurados 100% do salário de benefício12 contribui-ções mensais

(regra)

Aposentadoria por idade

Todos os segurados

70% do SB, acrescido de 1% a cada gru-po de 12 contribuições mensais (fator previdenciário facultativo). Segurado especial - 01 salário mínimo

180 contribuições

mensais

Aposentadoria por tempo de contribuição

Todos os segurados, exceto o segurado especial (em regra) e o contribuinte individual/facul-tativo que optaram pelo recolhi-mento simplificado

100% do SB (fator previdenciário obri-gatório), salvo na regra 85/95

180 contribuições

mensais

Aposentadoria especial por agentes nocivos

Empregado, trabalhador avulso e contribuinte individual filiado à cooperativa de trabalho ou de produção

100% do SB180

contribuições mensais

Aposentadoria especial do deficiente

Todos os segurados, exceto o segurado especial (em regra) e o contribuinte individual/facul-tativo que optaram pelo recolhi-mento simplificado

100% do SB com fator previdenciário facultativo

180 contribuições

mensais

Auxílio- -doença

Todos os segurados 91% do SB12 contribui-ções mensais

(regra)

Salário-família

Apenas os seguintes segurados de baixa renda: empregado, em-pregado doméstico, avulso, apo-sentado por invalidez, idade e demais aposentados com idade mínima de 65 anos (homens) ou 60 anos de idade (mulheres)

R$ 37,18 ou R$ 26,20 por filho ou equi-parado menor de 14 anos ou inválido de qualquer idade

Não há

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Frederico Amado

TABELA DOS BENEFÍCIOS – BENEFICIÁRIOS, RENDA MENSAL E CARÊNCIA

Benefícios Beneficiários Renda mensal Carência

Salário- -maternidade

Todas as seguradas

Empregada e avulsa: última remunera-ção mensal. Doméstica: último salário de contribuição. Segurada especial: um salário mínimo. Demais: um doze avos da soma dos doze últimos salários de contribuição.

Não há para a empregada, doméstica e avulsa. Para

as demais, 10 contribuições

mensais

Auxílio-acidenteEmpregado, empregado domés-tico, trabalhador avulso e segura-do especial

50% do SB Não há

Pensão por morte

Dependentes

o valor mensal da pensão por morte será de cem por cento do valor da apo-sentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento.

Não há

Auxílio- -reclusão

Dependentes dos segurados de baixa renda

A mesma da pensão por morte. Não há.

13. HABILITAÇÃO E REABILITAÇÃO PROFISSIONAL

(...)

Por força da Lei 13.146, publicada em 7 de julho de 2015, que aprovou o Estatuto da Pessoa com Deficiência e entrará em vigor em 180 dias após a sua publicação (3 de janeiro de 2016), o artigo 93 da Lei 8.213/91 terá a sua redação modificada, passando a prever que a dispensa de pessoa com deficiência ou de beneficiário reabilitado da Previdência Social ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noventa) dias e a dispensa imotivada em contrato por prazo indeterminado somente poderão ocorrer após a contratação de outro trabalhador com deficiên-cia ou beneficiário reabilitado da Previdência Social, assim como incumbirá ao Ministério do Trabalho e Emprego estabelecer a sistemática de fiscalização, bem como gerar dados e estatísticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por pessoas com deficiência e por beneficiários reabilitados da Previdência Social, fornecendo-os, quando solicitados, aos sindicatos, às entidades representativas dos empregados ou aos cidadãos interessados, sedo que, para a reserva de cargos será considerada somente a contratação direta de pessoa com deficiência, excluído o aprendiz com deficiência de que trata a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943.

Até janeiro de 2016 se mantém a atual redação, que prevê que a dispensa de trabalhador reabi-litado ou de deficiente habilitado ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 (noven-ta) dias, e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de substituto de condição semelhante, assim como o Ministério do Trabalho e da Previdência Social (atual Ministério do Trabalho e Emprego) deverá gerar estatísticas sobre o total de empregados e as vagas preenchidas por reabilitados e deficientes habilitados, fornecendo-as, quando solicitadas, aos sindicatos ou entidades representativas dos empregados.

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

9temas fiNais sobre beNefícios

prevideNciários

1. HIPÓTESES DE SUSPENSÃO E CANCELAMENTO DOS BENEFÍCIOS

(...)

Por sua vez, o exercício de atividade laboral remunerada durante o recebimento do salário--maternidade implica na suspensão do benefício, tanto na gestação, na adoção de criança ou o salário-maternidade derivado, nos termos do artigo 71-C, da Lei 8.213/199118.

Isso porque o benefício substituiu a remuneração do(a) segurado(a), em razão de ficção legal de incapacidade laboral temporária para cuidar da criança recém nascida ou adotada durante o prazo do benefício por 120 dias.

Salvo direito adquirido formado antes do advento da Lei 9.528/97, o auxílio-acidente deverá ser cancelado quando da concessão de aposentadoria ao segurado, independentemente de sua espé-cie, nos moldes do artigo 86, §2º, da Lei 8.213/9119.

3. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL DA PRETENSÃO E DECADÊNCIA DECENAL PARA A RE-VISÃO DE BENEFÍCIO OU IMPUGNAÇÃO DO ATO DE INDEFERIMENTO

(...)

3.1. Prescrição quinquenal

Tradicionalmente, o STJ reconhece que as demandas previdenciárias no RGPS se submetem ao regime da prescrição quinquenal de trato sucessivo, não prescrevendo o fundo do direito:

“ProcessoREsp 1483177 / CE RECURSO ESPECIAL 2014/0242998-7

Relator(a)Ministro HERMAN BENJAMIN (1132)

Órgão JulgadorT2 - SEGUNDA TURMA

Data do Julgamento17/03/2015

Data da Publicação/Fonte DJe 06/04/2015

18. Art. 71-C. A percepção do salário-maternidade, inclusive o previsto no art. 71-B, está condicionada ao afastamento do segurado do trabalho ou da atividade desempenhada, sob pena de suspensão do benefício.

19. § 2º O auxílio-acidente será devido a partir do dia seguinte ao da cessação do auxílio-doença, independentemente de qualquer remuneração ou rendimento auferido pelo acidentado, vedada sua acumulação com qualquer aposentadoria.

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Frederico Amado

Ementa

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. PRESCRIÇÃO. ART. 103, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 8.213/1991. INDEFERIMENTO DE BENEFÍCIO. NEGATIVA EX-PRESSA DO INSS. INTERPRETAÇÃO DO ART. 103 DA LEI 8.213/1991.

1. A interpretação contextual do caput e do parágrafo único do art. 103 da Lei 8.213/1991 conduz à conclusão de que o prazo que fulmina o direito de revisão do ato de concessão ou indeferimento de benefício previdenciário é o decadencial de dez anos (caput), e não o lapso prescricional quinquenal (parágrafo único) que incide apenas sobre as parcelas sucessivas anteriores ao ajuizamento da ação.

2. Não fosse assim, a aplicação do entendimento de que a prescrição quinquenal prevista no parágrafo único do art. 103 da Lei 8.213/1991 pode atingir o fundo de direito tornaria inócuo o instituto da decadência previsto no caput do mesmo artigo, que prevê prazo de dez anos para o exercício do direito de revisão de ato de indeferimento ou de concessão de benefício previdenciário”.

(...)

Por tudo isto, não obstante reconhecer se tratar de tema com argumentos razoáveis em ambos os lados, optou-se em seguir por convicção pessoal um novo posicionamento a partir da edição 2015 desta obra.

Por sua vez, a 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça passou a promover uma interpretação restritiva do artigo 103, da Lei 8.213/91, afastando a decadência decenal revisional em razão de pontos não analisados na concessão administrativa.

Assim, por exemplo, se o INSS concedeu um benefício de aposentadoria sem analisar a existên-cia de tempo de contribuição especial, a revisão poderá se dar a qualquer tempo.

Veja-se:“Processo REsp 1429312 / SC RECURSO ESPECIAL 2014/0005659-6

Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141)

Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA

Data do Julgamento 21/05/2015

Data da Publicação/Fonte DJe 28/05/2015

Ementa

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SER-VIÇO/CONTRIBUIÇÃO. REVISÃO DA RENDA MENSAL INICIAL. CÔMPUTO DE TEMPO RURAL. DECADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. TEMA NÃO APRECIADO PELA ADMINISTRAÇÃO PREVIDENCIÁRIA QUANDO CONCEDIDO O BENEFÍ-CIO. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

1. De acordo com os Recursos Especiais Repetitivos 1.309.529/PR e 1.326.114/SC, incide o prazo de decadência do artigo 103 caput da Lei 8.213/1991, instituído pela Medida Provisória 1.523-9/1997, convertida na Lei 9.528/1997, ao benefício concedido anteriormente a esse pre-ceito normativo, com termo a quo a contar da sua vigência, isto é, 28/6/1997.

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

2. É possível afirmar que por ato de concessão deve ser entendida toda matéria relativa aos requisitos e critérios de cálculo do benefício submetida ao INSS no requerimento do benefício, do que pode resultar o deferimento ou indeferimento do pleito.

3. No presente caso, a pretensão veiculada consiste na revisão da renda mensal inicial do benefício em razão de tempo rural não computado, tema não apreciado pela Administra-ção. Por isso não há falar em decadência.

4. Recurso especial conhecido e não provido.

Processo EDcl no REsp 1491868 / RSEMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL2014/0282620-7Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN (1132) Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMAData do Julgamento 24/02/2015Data da Publicação/Fonte DJe 23/03/2015Ementa

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. REVISÃO DA RMI. DECADÊNCIA. RECURSOS ESPECIAIS REPETITIVOS 1.309.529/PR E 1.326.114/SC. DECADÊNCIA AFASTADA NO CASO. TEMA NÃO SUBMETIDO À ADMINISTRAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHI-DOS PARA SANAR OMISSÃO COM EFEITO MODIFICATIVO AO JULGADO.1. Há decadência do direito de o segurado do INSS revisar seu benefício previdenciário con-cedido anteriormente ao prazo previsto no caput do art. 103 da Lei 8.213/1991, instituído pela Medida Provisória 1.523-9/1997 (D.O.U 28.6.1997), posteriormente convertida na Lei 9.528/1997, se transcorrido o decênio entre a publicação da citada norma e o ajuizamento da ação, conforme orientação reafirmada nos Recursos Especiais Repetitivos 1.309.529/PR e 1.326.114/SC.2. No caso, não tendo sido discutida certa questão jurídica quando da concessão do be-nefício (reconhecimento do tempo de serviço especial), não ocorre decadência para essa questão. Efetivamente, o prazo decadencial não pode alcançar questões que não se aven-taram por ocasião do deferimento do benefício e que não foram objeto de apreciação pela Administração”.

Entende-se pelo desacerto do posicionamento do STJ, pois permite a revisão do benefício a qualquer tempo, atentando contra a segurança jurídica e esvaziando indevidamente o artigo 103, da Lei 8.213/91, que não fez a ressalva dos pontos não apreciados pela Administração Pública.

3.3. Decadência decenal para a impugnação de ato administrativo que indeferiu be-nefício previdenciário

(...)

A TNU entendia que a decadência de 10 anos também se aplicava ao caso de ato de indefe-rimento de benefício previdenciário, a teor do revogada Súmula 6420. No entanto, em 2015, foi alterado o entendimento, tendo se afastado a decadência para ato de indeferimento de benefício:

20. Súmula 64 - O direito à revisão do ato de indeferimento de benefício previdenciário ou assistencial sujeita-se ao prazo decadencial de dez anos.

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Frederico Amado

Súmula 81 - “Não incide o prazo decadencial previsto no art. 103, caput, da Lei nº 8.213/91, nos casos de indeferimento e cessação de benefícios, bem como em relação às questões não apreciadas pela Administração no ato da concessão”.

Esta Súmula 81 da TNU também afastou a decadência na revisão de benefícios nos casos em que as questões de fato ou de direito objeto de revisão não foram enfrentadas pelo INSS na conces-são do benefício na via administrativa, existindo posicionamento do STJ no mesmo sentido.

Entende-se que o novo posicionamento da TNU é equivocado, pois é nítida a existência de decadência para a impugnação de indeferimento de benefício previdenciário na parte final do artigo 103, caput, da Lei 8.213/91.

Inclusive, a 2ª Turma do STJ adota este posicionamento:“Processo AgRg no REsp 1371313 / PR AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2013/0057740-0

Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN (1132)

Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA

Data do Julgamento 16/06/2015

Data da Publicação/Fonte DJe 05/08/2015

Ementa

PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. ART. 103, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI 8.213/1991. INDEFERIMENTO DE BENEFÍCIO. NEGATIVA EXPRESSA DO INSS. DECADÊNCIA.

1. Hipótese em que o autor apresentou o primeiro requerimento administrativo em 15.5.1996. A 16ª Junta de Recursos da Previdência Social, por meio da Resolução 7472/96, de 8.8.1996, negou provimento ao recurso contra decisão do INSS que indeferiu o pedido de aposenta-doria especial protocolizado pelo recorrido. Assim, transformou-se em definitiva a decisão indeferitória do benefício previdenciário em âmbito administrativo, uma vez que não se conheceu do recurso interposto para a Turma do Conselho de Recursos da Previdência Social protocolizado em 15.4.1997, por ter sido intempestivo (fls. 41-43, e-STJ).

2. Cinge-se a controvérsia à decadência do direito de revisão do ato de concessão pelo segurado. Segundo dispõe o art. 103, caput, da Lei 8.213/1991: “É de dez anos o prazo de decadência de todo e qualquer direito ou ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão de benefício, a contar do dia primeiro do mês seguinte ao do recebimento da primeira prestação ou, quando for o caso, do dia em que tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo”.

3. Aplica-se o prazo de decadência instituído pela Medida Provisória 1.523-9/1997, convertida na Lei 9.528/1997, ao direito de revisão dos benefícios a contar do dia em que a parte tomar conhecimento da decisão indeferitória definitiva no âmbito administrativo, com termo a quo a contar da sua vigência (28.6.1997). Precedente: Resp 1.309.529/PR, Rel. Ministro Herman Benjamin, Primeira Seção, Dje 4.6.2013, submetido ao rito dos recursos repetitivos.

4. O benefício previdenciário objeto de revisão foi indeferido em definitivo administra-tivamente antes de 28.6.1997, o que torna esta a data inicial da contagem do prazo. Já a presente ação, visando à sua revisão, somente veio a ser ajuizada em 5.11.2007, quando, portanto, já configurada a decadência”.

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

5. ACUMULAÇÃO

Outrossim, ainda não poderão ser acumulados:

(...)

g) Mais de um auxílio-reclusão de instituidor cônjuge ou companheiro, para evento ocor-rido a partir de 29 de abril de 1995, data da publicação da Lei nº 9.032, de 1995, facultado o direito de opção pelo mais vantajoso (art. 528, da Instrução Normativa INSS 77/2015), tendo em vista que as regras da pensão por morte se comunicam ao auxílio-reclusão;

6. DESCONTOS LEGALMENTE AUTORIZADOS

De acordo com o artigo 115, da Lei 8.213/91, poderão ser descontados:

(...)

VI – pagamento de empréstimos, financiamentos, cartões de crédito e operações de arrenda-mento mercantil concedidos por instituições financeiras e sociedades de arrendamento mer-cantil, públicas e privadas, quando expressamente autorizado pelo beneficiário, até o limite de 35% do valor do benefício, sendo 5% destinados exclusivamente para a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito, assim considerado o valor líquido após o abatimento das parcelas acima referidas21, restrito às aposentadorias e pensões22, sendo irrevo-gável e irretratável a autorização de desconto efetuada pelo titular do benefício23;

(...)

Com o advento da Medida Provisória 680, de 10 de julho de 2015, este limite foi elevado para 35%, sendo 5% destinados exclusivamente para a amortização de despesas contraídas por meio de cartão de crédito.

(...)

10processo admiNistrativo

prevideNciário

3. FASE INSTRUTÓRIA

(...)

De efeito, nos casos de impossibilidade de realização de perícia médica pelo órgão ou setor pró-prio competente, assim como de efetiva incapacidade física ou técnica de implementação das ativi-dades e de atendimento adequado à clientela da previdência social, o INSS poderá, sem ônus para os segurados, celebrar, nos termos do regulamento, convênios, termos de execução descentralizada,

21. Artigo 154, §6º, VII, do RPS22. Artigo 154, §6º, II, do RPS.23. Artigo 154, §9º, do RPS.

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Frederico Amado

termos de fomento ou de colaboração, contratos não onerosos ou acordos de cooperação técnica para realização de perícia médica, por delegação ou simples cooperação técnica, sob sua coorde-nação e supervisão, com órgãos e entidades públicos ou que integrem o Sistema Único de Saúde (SUS).

Destra forma, um decreto federal poderá delegar a hospitais privados integrantes do SUS a atribuição de promover perícia médicas previdenciárias, nas situações acima descritas, o que pode facilitar as fraudes previdenciárias.

11processo judicial prevideNciário

2. QUESTÕES PROCESSUAIS DO RITO DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS

(...)

A mesma sistemática foi conservada no novo CPC (Lei 13.105/2015), ao aduzir no artigo 292 que quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras, sendo que o valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações.

(...)

A TNU abriu um precedente perigoso para flexibilizar a coisa julgada no Juizado Especial Fe-deral com na base em prova velha em favor do segurado, admitindo a propositura de ação judicial idêntica mesmo após a formação de coisa julgada material, adotando, na verdade, o regime da coisa julgada secundum eventum probationis. Veja-se a notícia:

“Terça-feira, dia 12 de Maio de 2015

TNU decide que reapreciação de julgamento de ação previdenciária é possível quando há nova prova e novo requerimento administrativo

A Turma Nacional de Uniformização dos Juizados Especiais Federais (TNU) decidiu, por maio-ria de votos, que cabe nova apreciação da coisa julgada previdenciária, quando amparada em nova prova e em novo requerimento administrativo. O pedido de uniformização analisado pelo Colegiado, na sessão de 7 de maio, questionava acórdão de Turma Recursal de São Paulo, que negou provimento ao recurso da parte autora para confirmar a sentença que reconheceu a exis-tência de coisa julgada quanto ao pedido de concessão de benefício por incapacidade, impossi-bilitando o reexame da demanda.

Na sentença recorrida, o magistrado da Turma paulista observou que a requerente já havia ajuizado ação com o mesmo pedido de benefício em decorrência de leucemia mieloide aguda. A ação protocolizada, em 2011, objeto de análise da TNU, foi instruída com a Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) da postulante, documento que não integrou o conjunto probatório da primeira lide, ajuizada, em 2008, cuja sentença, transitada em julgado, amparou--se apenas nas informações de carnês e dados do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) para julgar improcedente o pleito.

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

O relator do pedido de uniformização, juiz federal João Batista Lazzari, admitiu que existem precedentes da própria Turma Nacional no sentido de que a discussão a respeito da coisa julgada é matéria de cunho processual e não pode ser conhecida, nos termos da Súmula 43 do Cole-giado. Todavia, afirmou que o caso em questão comporta aplicação de entendimento diverso, “sob pena de impossibilitar que a parte autora possa postular a concessão de benefício por in-capacidade”. Ele registrou em seu voto tratar-se de ação movida por segurada inválida, de baixa escolaridade, com CTPS contendo anotação de vínculo como doméstica, o qual não constou no CNIS, o que motivou a improcedência do primeiro pedido.

Para Lazzari, considerado o fato de que na renovação do pedido administrativo a autora levou à apreciação do INSS outras provas, inclusive com relação à continuidade do tratamento da do-ença, não há impedimento para a apreciação de novos documentos, citando o art. 485, VII, do Código de Processo Civil, que permite que uma sentença transitada em julgado seja rescindida quando o autor obtiver documento novo, “capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável”. O relator acrescentou que “interpretação diversa implicaria obstáculo ao princípio do acesso à Justiça ao hipossuficiente, o que representa um contrassenso ao princípio da instru-mentalidade das formas”.

Na conclusão de seu voto, João Batista Lazzari conheceu e deu parcial provimento ao pedido de uniformização da segurada para afastar a coisa julgada, determinando o retorno dos autos ao juízo de origem para reabertura da instrução probatória, a fim de se averiguar a idoneidade do registro em carteira de trabalho. No caso de procedência, o magistrado determinou que os efeitos financeiros devem retroagir à data do segundo requerimento.

Processo: 0031861-11.2011.4.03.6301

Fonte: CJF”.

No caso em apreço, não se cuida de prova nova, pois a CTPS já existia e estava anotada, mas não havia sido juntada no processo da primeira ação para provar a qualidade de segurado, o que gerou o indeferimento do auxílio-doença.

Este tema precisa ser melhor debatido, pois também poderá o INSS fazer o mesmo. Em que pese a questão social das ações previdenciárias, a lides poderão se perpetuar, na medida em que após a coisa julgada material o segurado/dependente ou o INSS se lembre que existia algum documento importante não juntado aos autos e busque o ajuizamento de ação idêntica.

(...)

A TNU vem afastando a aplicação da Súmula 418 do STJ24 nos Juizados Especiais Federais, salvo quando o julgamento dos embargos declaratórios prejudicar o recurso interposto.

Nesse sentido, a Questão de Ordem 37, publicada em 13 de março de 2015:

QUESTÃO DE ORDEM Nº 37 DOU 13/03/2015 PG:00252

A Súmula 418 do Superior Tribunal de Justiça somente se aplica aos Juizados Especiais Federais quando o julgamento dos embargos declaratórios prejudicar o recurso interposto. (Aprovada na

2ª Sessão Ordinária da Turma Nacional de Uniformização do dia 11.03.2015).

(...)

A respeito do tema, colaciona-se Enunciado aprovado no XI FONAJEF:

24. Súmula 418. É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação.

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Frederico Amado

Tema – Sentenças em ações previdenciárias

Recomendação 1

Recomenda-se que a administração dote as Varas de Juizado Especial de contadoria própria para que os juízes possam proferir sentenças contendo os valores exatos, a fim de evitar alongamento demasiado da fase de cumprimento e discussão sobre cálculo após o trânsito em julgado. (Apro-vada por contraste)

(...)

Ainda de acordo com a TNU, “em decorrência de julgamento em pedido de uniformização, poderá a Turma Nacional aplicar o direito ao caso concreto decidindo o litígio de modo definitivo, desde que a matéria seja de direito apenas, ou, sendo de fato e de direito, não necessite reexaminar o quadro probatório definido pelas instâncias anteriores, podendo para tanto, restabelecer a sentença desconstituída por Turma Recursal ou Regional”25.

(...)

3. (DES)NECESSIDADE DE PRÉVIO REQUERIMENTO ADMINISTRATIVO PARA A CON-CESSÃO DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS

(...)

No entanto, a respeito do tema, colaciona-se Enunciado divergente aprovado no XII FONAJEF:Grupo 6

Enunciado nº 4

Ausência de pedido de prorrogação de auxílio-doença configura a falta de interesse processual equivalente à inexistência de requerimento administrativo (Aprovado no XII FONAJEF).

(...)

A respeito do tema, colaciona-se Enunciado aprovado no XII FONAJEF:Grupo 6

Enunciado nº 3

A conclusão do processo administrativo por não comparecimento injustificado à perícia ou à entrevista rural equivale à falta de requerimento administrativo (Aprovado no XII FONAJEF).

Isso porque o segurado que requer na via administrativa e não comparece à entrevista (benefí-cio do trabalhador rural) ou à perícia médica (benefício por incapacidade) sem se justificar desistiu tacitamente do pedido.

5. IMPENHORABILIDADE, INALIENABILIDADE E INDISPONIBILIDADE DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS

(...)

O CPC de 2015 no artigo 833 aduz que são impenhoráveis os vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os montepios, bem como as quantias recebidas por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e de sua família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de profissional liberal, salvo no caso de penhora para pagamento de prestação alimentícia.

25. Questão de Ordem 38, de 11.3.2015.

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

(...)

8. AÇÃO CIVIL PÚBLICA PREVIDENCIÁRIA

(...)

De acordo com o artigo 178, do CPC de 2015, o Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam interesse de incapaz.

(...)

11. COISA JULGADA NAS LIDES PREVIDENCIÁRIAS

(...)

De acordo com o artigo 502, do CPC de 2015, denomina-se coisa julgada material a autori-dade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso, não fazendo coisa julgada os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença, assim como a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença.

No entanto, nos termos do artigo 505, do CPC de 2015, em se tratando de relação jurídica de trato continuado, como ocorre nas relações previdenciárias, se sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, a parte poderá pedir a revisão do que foi estatuído na sentença, ante a cláusula rebus sic stantibus.

(...)

A respeito do tema, colaciona-se Enunciado aprovado no XII FONAJEF:Grupo 6

Enunciado nº 2

Julgado improcedente pedido de benefício por incapacidade, no ajuizamento de nova ação, com base na mesma doença, deve o segurado apresentar novo requerimento administrativo, demonstrando, na petição inicial, o agravamento da doença, juntando documentos médicos novos (Aprovado no XII FONAJEF).

(...)

12. JUROS DE MORA NOS PROCESSOS PREVIDENCIÁRIOS

(...)

Vale registrar que pendia de julgamento no STF pedido de modulação da pronúncia de incons-titucionalidade dos índices de poupança, razão pela qual o STF vinha determinando a aplicação da sistemática invalidada (Rcl 16.705/MC, Min. Luiz Fux, de 12/12/2013).

No entanto, o tema parece ter dado uma reviravolta. Isso porque o STF deu a entender que irá limitar a pronúncia de inconstitucionalidade dos juros de poupança apenas para demandas tribu-tárias envolvendo precatórios.

Veja-se notícia publicada no site do STF em 8 de maio de 2015:“Notícias STF Sexta-feira, 08 de maio de 2015

Correção e juros de mora em precatórios são tema de repercussão geral

O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a repercussão geral de um recurso relativo à incidência de juros e correção monetária em precatórios. O tema é abordado no Recurso

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Frederico Amado

Extraordinário (RE) 870947, de relatoria do ministro Luiz Fux. Segundo a decisão, além de evitar que outros casos cheguem à Corte, o julgamento do recurso em repercussão geral per-mitirá ainda esclarecer aspectos não abordados no julgamento do tema nas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) 4357 e 4425.

Segundo a manifestação do relator, acompanhado por maioria no Plenário Virtual do STF, é oportuna a reiteração das razões que orientaram o julgamento sobre a Emenda Constitucional (EC) 62/2009, relativa aos precatórios, realizado nas ADIs 4357 e 4425. “A um só tempo, con-tribuirá para orientar os tribunais locais quanto à aplicação do decidido pelo STF, bem como evitará que casos idênticos cheguem a esta Corte”, afirmou.

Juros em relações não-tributárias

O caso servirá ainda para esclarecer duas “sutilezas” pendentes de um pronunciamento explícito pela Corte. A primeira delas é relativa à declaração de inconstitucionalidade por arrastamento do artigo 1-F da Lei 9.494/1997, com redação dada pela Lei 11.960/2009. O dispositivo diz que nas condenações impostas à Fazenda Pública, os índices relativos à correção monetária, ju-ros remuneratórios e de mora são os índices de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança.

A previsão foi considerada inconstitucional por vulnerar o princípio da isonomia, uma vez que o Código Tributário Nacional (CTN) prevê juros de mora de 1% ao mês para a dívida do con-tribuinte com o fisco. Assim, a declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF se refere a dívidas de natureza tributária. Quanto aos juros moratórios incidentes sobre con-denações oriundas de relação jurídica não-tributária, a decisão prevê que sejam observados os critérios fixados pela legislação infraconstitucional, “notadamente os índices oficiais de remuneração básica e juros aplicados à caderneta de poupança”.

Entretanto, o acórdão recorrido, oriundo do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5) e relativo à disputa entre o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e um beneficiário, ampliou o alcance da decisão proferida pelo STF, afastando a aplicação da legislação infracons-titucional para relações de natureza não tributária, tendo por base o julgamento das ADIs sobre precatórios. “Não se trata de caso isolado. Em outros recursos que chegaram ao STF esta mesma circunstância estava presente” , afirmou o ministro Luiz Fux.

Correção monetária

O outro aspecto pendente de esclarecimento pelo STF é incidência da correção monetária das condenações impostas à Fazenda Pública na fase anterior à expedição do precatório. Segundo o ministro Luiz Fux, o STF se manifestou apenas quanto às regras para a atualização dos valores de precatórios, faltando ainda um pronunciamento expresso quanto às regras de correção mo-netária na fase anterior, relativa às condenações.

O debate não se colocou no julgamento das ADIs, uma vez que elas abordaram apenas a cons-titucionalidade do parágrafo 12 do artigo 100 da Constituição Federal, o qual se refere unica-mente à correção monetária após a expedição dos precatórios. A despeito disso, vários tribunais locais vêm estendendo a decisão do STF nas ADIs de modo a abarcar também a correção monetária das condenações”.

Considerando que a condenação contra o INSS a respeito dos benefícios previdenciários é matéria não tributária, caberá ao STF definir essa confusão que criou no julgamento do Recur-so Extraordinário 870.947, dando a entender na notícia acima colacionada que irá manter a Lei 11960/2009.

(...)

14. PEDIDO NAS AÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

(...)

Sobre o assunto, transcreve-se Enunciado aprovado no XI FONAJEF:

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Grupo 5 – Benefícios por Incapacidade

Enunciado 4

Não importa em julgamento extra petita a concessão de benefício previdenciário por incapaci-dade diverso daquele requerido na inicial. (Aprovado por maioria)

(...)

A respeito do tema, colaciona-se Enunciado aprovado no XII FONAJEF:Grupo 6

Enunciado nº 1

Não havendo pedido expresso na petição inicial de aposentadoria proporcional, o juiz deve se limitar a determinar a averbar os períodos reconhecidos em sentença, na hipótese do segurado não possuir tempo de contribuição para concessão de aposentadoria integral (Aprovado no XII FONAJEF).

15. AÇÃO RESCISÓRIA PREVIDENCIÁRIA

(...)

O CPC de 2015 trata do tema no artigo 966:“Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando:

I - se verificar que foi proferida por força de prevaricação, concussão ou corrupção do juiz;

II - for proferida por juiz impedido ou por juízo absolutamente incompetente;

III - resultar de dolo ou coação da parte vencedora em detrimento da parte vencida ou, ainda, de simulação ou colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei;

IV - ofender a coisa julgada;

V - violar manifestamente norma jurídica;

VI - for fundada em prova cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou venha a ser demonstrada na própria ação rescisória;

VII - obtiver o autor, posteriormente ao trânsito em julgado, prova nova cuja existência ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável;

VIII - for fundada em erro de fato verificável do exame dos autos”.

Foi mantida a extinção do direito à rescisão em 2 (dois) anos contados do trânsito em julga-do da última decisão proferida no processo.

De efeito, agora não é mais necessário que o documento seja novo para fundamentar a res-cisão da sentença, podendo ser prova velha cuja existência se ignorava ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de inverter o comando judicial, a exemplo de um documento rural antigo que possa servir de prova material contemporânea, mas somente restou descoberto após a for-mação da coisa julgada, cuja sentença indeferiu o benefício rural justamente pela ausência de prova documental contemporânea.

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reajustameNto e revisão dos beNefícios da previdêNcia social

12. REVISÃO DE BENEFÍCIO COM A INSERÇÃO DO IRSM DE FEVEREIRO DE 1994 NA ATUALIZAÇÃO DOS SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO (LEI 8.880/94)

(...)

Já em outro precedente o STJ decidiu que incide a decadência decenal revisional, mas apenas a contar da publicação da Medida Provisória 201, de 23/7/2004, convertida na Lei 10.999/2004, que reconheceu a revisão administrativa:

“Processo REsp 1501798 / RS RECURSO ESPECIAL 2014/0323585-8

Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141)

Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA

Data do Julgamento 21/05/2015

Data da Publicação/Fonte DJe 28/05/2015

Ementa

PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. REVISÃO DA RENDA MENSAL INICIAL. IRSM DE FEVEREIRO/94. DE-CADÊNCIA. NÃO OCORRÊNCIA. TERMO INICIAL. DATA DA MEDIDA PROVISÓ-RIA 201, DE 23/7/2004, CONVERTIDA NA LEI 10.999/2004. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

1. De acordo com os Recursos Especiais Repetitivos 1.309.529/PR e 1.326.114/SC, incide o prazo de decadência do artigo 103 caput da Lei 8.213/1991, instituído pela Medida Provisória 1.523-9/1997, convertida na Lei 9.528/1997, ao benefício concedido anteriormente a esse pre-ceito normativo, com termo a quo a contar da sua vigência, isto é, 28/6/1997.

2. É possível afirmar que por ato de concessão deve ser entendida toda matéria relativa aos requisitos e critérios de cálculo do benefício submetida ao INSS no requerimento do benefício, do que pode resultar o deferimento ou indeferimento do pleito.

3. No presente caso, a pretensão veiculada consiste na revisão da renda mensal inicial do be-nefício pela aplicação integral do IRSM de fevereiro/1994 porque a Medida Provisória 201, de 23/7/2004, convertida na Lei 10.999/2004, expressamente garantiu a revisão dos benefícios previdenciários pela inclusão de tal índice no fator de correção dos salários de contribuição anteriores a março de 1994. O presente caso não envolve revisão do ato administrativo que analisou o pedido de deferimento da prestação previdenciária.

4. O termo inicial para a contagem do prazo decadencial deve ser a edição da Medida Pro-visória 201, de 23/7/2004, convertida na Lei 10.999/2004. A ação neste caso foi ajuizada

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em 11/10/2011, portanto, não se passaram mais de dez anos entre o termo inicial e o ajuizamento da ação”.

14. REVISÃO DA PENSÃO POR MORTE PARA 100% DO SALÁRIO DE BENEFÍCIO (LEI 9.032/95)

(...)

Por fim, vale frisar que após a MP 664/2014 a pensão por morte passou a ser proviso-riamente de 50% do salário de benefício ou de 50% da aposentadoria do segurado falecido, acrescida de 10% por dependente, até o máximo de 100%. No entanto, a Lei 13.135/2015 restabeleceu o artigo 75, da Lei 8.213/91 com eficácia retroativa, voltando a prever que o valor da pensão por morte será de cem por cento do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento.

17. REVISÃO DE BENEFÍCIO ATRAVÉS DA CONSIDERAÇÃO APENAS DOS SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO QUE ANTECEDERAM À FORMAÇÃO DO DIREITO ADQUIRIDO COM DESCONSIDERAÇÃO DOS POSTERIORES (DIREITO AO MELHOR BENEFÍCIO)

(...)

A respeito do tema, colaciona-se Enunciado aprovado no XI FONAJEF:Tema – Direito adquirido ao melhor benefício

Enunciado 1

Nas ações revisionais em que se se postula aplicação da tese de direito adquirido ao melhor benefício, é requisito da petição inicial que seja apontada a data em que verificada tal situação (melhor renda). (Aprovado por contraste)

21. READEQUAÇÃO DO SALÁRIO DE BENEFÍCIO PELOS NOVOS TETOS FIXADOS PELAS EMENDAS 20/98 (R$ 1.200,00) E 41/03 (R$ 2.400,00) PARA OS BENEFÍCIOS CONCEDI-DOS ANTERIORMENTE

(...)

Conquanto não haja alteração da renda mensal inicial nem recálculo do salário de benefício, entende-se que a readequação aos novos tetos gera uma revisão da renda mensal do benefício, não a inicial, mas a renda posterior aos novos tetos.

Logo, crê-se que deverá incidir o disposto no artigo 103, da Lei 8.213/91, mas não a partir do dia primeiro do mês seguinte ao primeiro pagamento, e sim a contar da data em que nasceu o direito (16.12.1998 e 01.01.2004 ), pois a pretensão não pode se manter por prazo indeterminado.

No entanto, o Superior Tribunal de Justiça vem afastando a decadência nesta ação de readequa-ção de tetos por não se tratar de revisão do ato de concessão:

“Processo

EDcl no AgRg no REsp 1444992 / RS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPE-CIAL 2014/0070553-5

Relator(a) Ministro HERMAN BENJAMIN (1132)

Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA

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Data do Julgamento 28/04/2015

Data da Publicação/Fonte DJe 04/08/2015

Ementa

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁ-RIO. REVISÃO DO PEDIDO DE IRSM/1994. DECADÊNCIA. APLICAÇÃO DO ART. 103 DA LEI 8.213/1991. ESCLARECIMENTO QUANTO À NÃO INCIDÊNCIA DO REFERIDO DISPOSITIVO NAS PRETENSÕES DE APLICAÇÃO DOS TETOS DAS EMENDAS CONSTITUCIONAIS 20/1998 E 41/2003.

1. O prazo decadencial previsto no art. 103 da Lei 8.213/1991 aplica-se somente aos casos em que o segurado busca a revisão do ato de concessão do benefício previdenciário.

2. Por conseguinte, não incide a decadência prevista no art. 103, caput, da Lei 8.213/1991 nas pretensões de aplicação dos tetos das Emendas Constitucionais 20/1998 e 41/2003 a benefícios previdenciários concedidos antes dos citados marcos legais, pois consubstan-ciam mera revisão das prestações supervenientes ao ato de concessão.

3. A Instrução Normativa INSS/PRES 45, de 6 de agosto de 2010, corrobora tal entendimento: “art. 436. Não se aplicam às revisões de reajustamento e às estabelecidas em dispositivo legal, os prazos de decadência de que tratam os arts. 103 e 103-A da Lei 8.213, de 1991”.

4. Ressalte-se que o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE 564.354/SE, submetido à sistemática da repercussão geral, nos termos art. 543-B, § 3º, do CPC, afirmou que “não ofende o ato jurídico perfeito a aplicação imediata do art. 14 da Emenda Constitucional n. 20/1998 e do art. 5º da Emenda Constitucional n. 41/2003 aos benefícios previdenciários limitados a teto do regime geral de previdência estabelecido antes da vigência dessas normas, de modo a que passem a observar o novo teto constitucional”.

25. REVISÃO DA APOSENTADORIA “ESPECIAL” DO PROFESSOR PARA EXCLUIR O FATOR PREVIDENCIÁRIO

(...)

No entanto, existe precedente da 2ª Turma do STJ determinando a aplicação do fator previ-denciário à aposentadoria do professor:

“PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. FATOR PREVIDENCIÁRIO. ATIVIDADE DE PROFESSOR. OMISSÃO SANADA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS PARA SANAR OMISSÃO SEM EFEITO MODIFICATIVO.1. A parte autora, ora embargante, neste momento em sede de embargos de declaração, aduz que a aposentadoria do professor é equiparada à aposentadoria especial, a qual afasta a incidência do fator previdenciário.2. No caso específico, a segurada exerceu atividades de magistério no período de setembro de 1994 a novembro de 2010.3. A contagem ponderada do tempo de magistério, para fins de obtenção de aposentadoria por tempo de serviço comum, não encontra óbice, uma vez que a atividade era considerada penosa pelo Decreto 53.831/1964, cuja observância foi determinada pelo Decreto 611/1992. Precedentes.4. Incide o fator previdenciário no cálculo do salário de benefício da aposentadoria por tem-po de serviço de professor quando a segurada não tiver tempo suficiente para a concessão do benefício anteriormente à edição da Lei 9.876, de 1999, como no presente caso, conforme asseverado pelo Tribunal a quo.

5. Embargos de declaração acolhidos para sanar omissão sem efeito modificativo” (EDcl no AgRg no AgRg no REsp 1490380, de 9/6/2015).

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

13políticas públicas prevideNciárias: paNorama, coNjuNtura, estrutura,

reflexões e desafios da previdêNcia social

5. EXTINÇÃO DO FATOR PREVIDENCIÁRIO E INSERÇÃO DE IDADE MÍNIMA PARA A APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO

(...)

Com o advento da MP 676/2015, passou a existir uma possibilidade de concessão de aposen-tadoria por tempo de contribuição com a incidência facultativa do fator previdenciário. Coube à Medida Provisória 676, publicada em 18 de junho de 2015, instituir a regra alternativa 85(mu-lher)/95 (homem) para tornar facultativo o fator previdenciário nesta aposentadoria. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário, no cálculo de sua aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for: I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta anos. No entanto, as somas de idade e de tempo de contribuição mencionadas serão majoradas em um ponto em: 1º de janeiro de 2017; 1º de janeiro de 2019; 1º de janeiro de 2020; 1º de janeiro de 2021 e V - 1º de janeiro de 2022.

Logo, sem revogar a regra ordinária da aposentadoria por tempo de contribuição sem ida-de mínima e com aplicação compulsória do fator previdenciário, foi criada regra de transição progressiva para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição com aplicação faculta-tiva do fator previdenciário, observado o tempo mínimo de contribuição (30 anos mulher e 35 anos homem), desde que a soma com a idade do segurado atinja a:

Mulher Homem

Até 31/12/2016 85 95

De 01/01/2017 até 31/12/2018 86 96

De 01/01/2019 até 31/12/2019 87 97

De 01/01/2020 até 31/12/2020 88 98

De 01/01/2021 até 31/12/2021 89 99

De 01/01/2022 em diante 90 100

Como exemplo, suponha-se que um segurado homem que em 2015 ou 2016 conte com 37 anos de tempo de contribuição e idade de 58 anos (37 + 58=95). Neste caso ele preencherá esta re-gra e poderá se aposentar sem o fator previdenciário (não se aplicará o fator quando for para reduzir a renda, mas apenas para majorar).

Suponha-se que uma mulher em 2020 tenha 30 anos de tempo de contribuição e 58 anos de idade (30 + 58 = 88). Ela preencherá a regra aludida.

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No caso do professor exclusivo do ensino básico, que possui redução em cinco anos no tempo de contribuição, adotou-se regra mais favorável. Serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio.

6. QUESTÕES SOBRE A PENSÃO POR MORTE

(...)

No entanto, as regras foram modificadas pela Lei 13.135/2015. A carência voltou a ser dispen-sada e a renda restabelecida. No entanto, a pensão por morte temporária foi aprovada para cônjuges e companheiros com menos de 44 anos de idade no dia do óbito.

Ademais, em regra, acaso não haja 2 anos de matrimônio ou união estável até o dia do óbito, ou se o segurado não tivesse vertido ao menos 18 contribuições previdenciárias, a pensão por morte temporária para cônjuges e companheiros foi limitada a 4 meses.

(...)

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Título III DOS REGIMES PRÓPRIOS DE PREVIDÊNCIA SOCIAL

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Normas gerais

3. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS

No entanto, não cabe ao ente político dar isenção total ao aposentado e pensionista portador de doença incapacitante:

Informativo 776- “Contribuição previdenciária de inativos e pensionistas: isenção e pato-logias incapacitantes - 3

O Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria, acolheu, em parte, pedido formulado em ação direta para estabelecer que o parágrafo único do art. 3º da Lei 8.633/2005 do Estado do Rio Grande do Norte [“Art. 3º. Os aposentados e os pensionistas de qualquer dos Poderes do Estado, do Ministério Público e do Tribunal de Contas do Estado, incluídas suas autarquias e fundações, e dos Militares Estaduais contribuirão para o regime próprio de previdência social, com 11 % (onze por cento) incidentes sobre o valor da parcela dos proventos de aposentadorias e pensões que supere o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previ-dência social, fixado pela legislação federal. Parágrafo único. São isentos da contribuição de que trata o ‘caput’ deste artigo, os aposentados e pensionistas que sejam portadores de patologias incapacitantes, abrangidos pela isenção oferecida pela legislação do Imposto de Renda”] deve ser interpretado à luz do limite previsto no art. 40, § 21, da CF (“§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pen-são que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença incapacitante”) — v. Informativo 646. O Colegiado destacou que a norma adversada seria extremamente simpática do ponto de vista da justiça social, a qual deveria valer para todos, sob pena de se ferir a isonomia. Ademais, ela alcançaria grande parte dos aposentados e pensionistas. Entretanto, o mencionado parágrafo único, ao conceder isenção total, seria mais amplo do que o § 21 do art. 40 da CF, que confere benefício limitado. Vencido, em parte, o Ministro Cezar Peluso (relator), que julgava o pedido parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade do aludido parágrafo único, que criaria isenção não prevista constitucionalmente. ADI 3477/RN, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, 4.3.2015. (ADI-3477)”.

Vale ressaltar que o STF25 e o STJ26 entendem que a quantia paga a título de terço de férias gozadas não deverá sofrer a incidência de contribuição previdenciária, pois não percebida na inatividade.

No julgamento do AI 603.537/AgR, em 27.02.2007, aduziu a 2ª Turma do STF que “somente as parcelas incorporáveis ao salário do servidor sofrem a incidência da contribuição previden-ciária”, razão pela qual declarou a inexigibilidade da contribuição previdenciária sobre o adicional

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de férias. O tema será definido pelo Plenário do STF no julgamento do RE 593068/SC, que está com julgamento suspenso.

(...)

5. BENEFÍCIOS COM PREVISÃO CONSTITUCIONAL

(...)

Compete ainda ao TCU assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade, nos termos do artigo 71, IX, da Constituição.

Assim, o Tribunal de Contas da União, e, por reflexão, dos Estados, irá adotar as seguintes providências no processo de registro de aposentadorias e pensões no RPPS:

– Promover o registro, quando o ato concessório praticado pela autoridade administrativa for legítimo;

– Negar o registro, quando o mencionado ato administrativo for irregular e contiver vício insanável (a exemplo da inexistência de tempo de contribuição para se aposentar);

– Recomendar a readequação do ato à autoridade administrativa à luz do Princípio do Apro-veitamento dos Atos Jurídicos e para não prejudicar o aposentado ou pensionista, quando o vício for sanável (a exemplo de mero erro de remissão à regra de aposentadoria).

Impende salientar que inexiste autorização constitucional para que o Tribunal de Contas de-termine que a autoridade administrativa corrija o ato, mas apenas que recomente a sua modifi-cação, cabendo ao Tribunal apenas negar o registro, sob pena de cometimento de ato ilícito do Conselheiro.

Muito menos poderá o Tribunal de Contas inovar no mundo jurídico através da alteração do ato concessório da aposentadoria, pois isto extrapolaria a sua competência constitucional.

Este é o entendimento há muito pacificado pelo Plenário do STF no julgamento Mandado de Segurança 21.466, de 19 de maio de 1993:

“MANDADO DE SEGURANÇA - TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO- COMPETÊN-CIA CONSTITUCIONAL - APRECIAÇÃO DA LEGALIDADE DE ATO CONCESSIVO DE APOSENTADORIA - POSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA - CARÁTER NÃO-VINCULANTE DA DELIBERAÇÃO DO TCU - JUIZ CLASSISTA - PRERROGATIVAS - À QUESTÃO DA SUA EQUIPARAÇÃO AOS MAGIS-TRADOS TOGADOS - AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO A UM MESMO REGIME JURÍDICO - WRIT DENEGADO. - Com a superveniência da nova Constituição, ampliou-se, de modo extremamente significativo, a esfera de competência dos Tribunais de Contas, os quais, distanciados do modelo inicial consagrado na Constituição republicana de 1891, foram investidos de poderes mais amplos, que ensejam, agora, a fiscalização contábil, financeira, orcamentária, operacional e patrimonial das pessoas estatais e das entidades e órgãos de sua administração direta e indireta. - No exercício da sua função constitucional de controle, o Tribunal de Contas da União procede, dentre outras atribuições, a verificação da legalidade da aposentadoria, e determina - tal seja a situação jurídica emergente do respectivo ato conces-sivo - a efetivação, ou não, de seu registro. O Tribunal de Contas da União, no desempenho dessa específica atribuição, não dispõe de competência para proceder a qualquer inova-ção no título jurídico de aposentação submetido a seu exame. Constatada a ocorrência de vício de legalidade no ato concessivo de aposentadoria, torna-se lícito ao Tribunal de Contas da União - especialmente ante a ampliação do espaço institucional de sua atuação

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fiscalizadora - recomendar ao órgão ou entidade competente que adote as medidas neces-sárias ao exato cumprimento da lei, evitando, desse modo, a medida radical da recusa de registro. Se o órgão de que proveio o ato juridicamente viciado, agindo nos limites de sua esfera de atribuições, recusar-se a dar execução a diligência recomendada pelo Tribunal de Contas da União -reafirmando, assim, o seu entendimento quanto a plena legalidade da concessão da aposentadoria -, caberá a Corte de Contas, então, pronunciar-se, definitiva-mente, sobre a efetivação do registro”.

(...)

De acordo com o artigo 37, §10, da Constituição, inserido pelo EC 20/1998, “é vedada a per-cepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração”.

A proibição de acumulação não alcança a aposentadoria concedida pelo Regime Geral de Pre-vidência Social (art. 201, da Constituição), mas apenas a aposentadoria concedida pelo RPPS ou regime militar.

Nesse sentido, o STJ:INFORMATIVO 559 – “DIREITO ADMINISTRATIVO. ACUMULAÇÃO DE APO-SENTADORIA DE EMPREGO PÚBLICO COM REMUNERAÇÃO DE CARGO TEM-PORÁRIO.

É possível a cumulação de proventos de aposentadoria de emprego público com remu-neração proveniente de exercício de cargo temporário. Preceitua o art. 118, § 3º, da Lei 8.112/1990 que se considera “acumulação proibida a percepção de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que decor-ram essas remunerações forem acumuláveis na atividade”. Com efeito, da simples leitura do comando normativo infere-se que a vedação nele contida diz respeito apenas à acumulação de proventos de aposentadoria com remuneração de cargo ou emprego público efetivo, categorias nas quais não se insere a função pública exercida por força de contratação temporária, preenchi-da via processo seletivo simplificado. Do mesmo modo, o art. 6º da Lei 8.745/1993 - diploma normativo que regulamenta o art. 37, IX, da CF - dispõe que “É proibida a contratação, nos termos desta Lei, de servidores da Administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como de empregados ou servidores de suas subsidiárias e controladas”. Ademais, ainda que assim não fosse, a aposentadoria se deu pelo Regime Geral de Previdência Social - RGPS, não se lhe aplicando, portanto, o disposto no § 10 do art. 37 da CF, segundo o qual “É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração”, dispositivo constitu-cional ao qual não se pode atribuir interpretação extensiva em prejuízo do empregado público aposentado pelo RGPS, disciplinado pelo artigo 201 da CF. REsp 1.298.503-DF, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/4/2015, DJe 13/4/2015”.

(...)

O teto a ser considerado é a remuneração bruta, e não líquida, conforme definido pelo STF no julgamento do RE 675.978, de 15/4/2015:

“O Tribunal enfatizou, no que se refere ao termo “remuneração”, que a legislação lhe daria senti-dos diversos, de caráter mais amplo ou mais restrito. Numa acepção mais extensiva, remuneração seria a designação genérica dada à totalidade de valores pecuniários recebidos pelo servidor, ativo ou inativo, como retribuição pelo exercício do respectivo cargo público. Em caráter mais restrito, remuneração seria o vencimento do cargo efetivo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes

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estabelecidas em lei. Dessa forma, definido que a remuneração constituiria os valores recebidos como contraprestação pelos serviços prestados à Administração e que o subsídio seria a remunera-ção paga aos agentes políticos e aos membros de Poder em parcela única – ambos compreendendo o valor total previsto para o cargo –, de acordo com o art. 37, XI, da CF, o teto remunerató-rio deveria incidir sobre o montante integral pago ao servidor, ou seja, sobre sua remuneração bruta. Nos termos da redação constitucional, o redutor teria aplicação sobre a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da Administração direta, autár-quica e fundacional. Essa conclusão seria reforçada, inclusive, pelo fato de que o parâmetro para a incidência do limite remuneratório – o subsídio dos Ministros do STF – seria verificado em sua totalidade, sem quaisquer descontos, e não seria razoável realizar a comparação para fins de redução com o valor líquido a ser recebido pelo servidor. Seria necessário, portanto, comparar valores da mesma ordem: valor bruto com valor bruto, para, em seguida, aplicar os descontos devidos. Se assim não fosse, dar-se-ia à norma do limite remuneratório exegese mais elástica do que se permite, uma vez que a imposição do teto remuneratório teria também entre seus pro-pósitos hierarquizar o serviço público, de forma a evitar distorções como a do subordinado que percebesse mais do que seu superior máximo. Portanto, as deduções de imposto de renda e de contribuições previdenciárias deveriam incidir após a aplicação do “abate-teto” (Informativo 781).

5.1. Aposentadoria especial

(...)

Por sua vez, dispõe o seu artigo 3º que “os proventos decorrentes da aposentadoria especial não poderão ser superiores à remuneração do cargo efetivo em que se der a aposentação, e serão calculados pela média aritmética simples das maiores remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência a que esteve vinculado, atualizadas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), correspondentes a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo, desde a competência de julho de 1994 ou desde o início da contribuição, se posterior àquela competência, até o mês da concessão da aposentadoria, a rigor do que estabelece a Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004.”

(...)

No entanto, o pedido foi rejeitado pelo STF, que repeliu a concessão de regras especiais para aposentadoria para os oficiais de justiça (Informativo 789) por não se tratar de atividade perma-nentemente perigosa:

“O Plenário, em conclusão de julgamento e por maioria, denegou a ordem em mandado de injunção coletivo impetrado contra alegada omissão quanto à regulamentação do art. 40, § 4º, da CF, para fins de aposentadoria especial de ocupantes do cargo de oficial de justiça avaliador federal. O sindicato impetrante requeria, ainda, a aplicação analógica da disciplina prevista na LC 51/1985, no que regulamenta a aposentadoria especial para servidor público policial – v. Informativos 594 e 764. A Corte afirmou que a eventual exposição a situações de risco – a que poderiam estar sujeitos os servidores ora substi-tuídos – não garantiria direito subjetivo constitucional à aposentadoria especial. A per-cepção de gratificações ou adicionais de periculosidade, assim como o fato de poderem obter autorização para porte de arma de fogo de uso permitido (Lei 10.826/2003, art. 10, § 1º, I, c/c o art. 18, § 2º, I, da IN 23/2005-DG-DPF, e art. 68 da Lei 8.112/1990) não seriam suficientes para reconhecer o direito à aposentadoria especial, em razão da autonomia entre o vínculo funcional e o previdenciário. Os incisos do § 4º do art. 40 da CF utilizariam ex-pressões abertas: “portadores de deficiência”, “atividades de risco” e “condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”. Dessa forma, a Constituição teria reservado a concretização desses conceitos a leis complementares, com relativa liberdade de conforma-ção, por parte do legislador, para traçar os contornos dessas definições. A lei poderia prever critérios para identificação da periculosidade em maior ou menor grau, nos limites da discricionariedade legislativa, mas o estado de omissão inconstitucional restringir-se-ia

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à indefinição das atividades inerentemente perigosas. Quanto às atribuições dos oficiais de justiça, previstas no art. 143 do CPC, eles poderiam estar sujeitos a situações de risco, notadamente quando no exercício de suas funções em áreas dominadas pela criminalidade, ou em locais marcados por conflitos fundiários. No entanto, esse risco seria contingente, e não inerente ao serviço, ou seja, o perigo na atividade seria eventual. MI 833/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 11.6.2015. (MI-833)”.

Outrossim, pelos mesmos fundamentos acima declinados, o STF negou o direito à aposen-tadoria especial aos servidores inspetores e agentes de segurança judiciária, analistas e técnicos do Ministério Público da União com atribuições de segurança, e demais servidores com atribuições relacionadas a funções de segurança (Informativo 789):

MI: aposentadoria especial e servidores do Poder Judiciário e do Ministério Público - 3

Por ocasião do julgamento do MI 833/DF, acima noticiado, o Tribunal apreciou, em conjunto, o MI 844/DF — v. Informativo 594 e 764. Na espécie, o substituto processual pleiteava o benefício da aposentadoria especial aos servidores inspetores e agentes de segurança judiciária, analistas e técnicos do Ministério Público da União com atribuições de segurança, e demais ser-vidores com atribuições relacionadas a funções de segurança. O Plenário, por maioria, denegou a ordem, reiterada a fundamentação expendida no MI 833/DF, vencidos os Ministros Ricardo Lewandowski (relator e Presidente), Cármen Lúcia e Teori Zavascki. MI 844/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 11.6.2015. (MI-844)”.

(...)

5.3. Aposentadoria compulsória

A aposentadoria compulsória do servidor público efetivo teve o seu regramento modificado pela Emenda Constitucional 88, de 7 de maio de 2015. Passou a ser prevista obrigatoriamente ao servidor efetivo, homem ou mulher, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar.

Por sua vez, a Emenda 88/2015 criou regra de transição até que seja editada a mencionada lei complementar, prevendo que os Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal.

A aposentadoria será compulsória quando o servidor completar setenta anos de idade, homem ou mulher, salvo Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União, que será aos 75 anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, garantindo-se o benefício ao menos no valor de um salário mínimo, devendo a Ad-ministração Pública aposentar o servidor, independentemente da sua vontade.

Logo, para os servidores em geral, até que seja editada a lei complementar específica, a aposen-tadoria compulsória continua se dando aos 70 anos de idade, à exceção dos Ministros dos mencio-nados Tribunais Superiores e do TCU.

Contra a Emenda 88/2015, foi proposta a ADI 5316, que já teve cautelar deferida pelo STF. De efeito, a Suprema Corte afastou a remissão ao artigo 52, da Constituição, por não se tratar de regra referente à aposentadoria dos Ministros dos Tribunais Superiores e do TCU, pois o mencio-nado artigo trata de competências privativas do Senado da República.

Ademais, aduziu que somente com a edição da lei complementar os demais agentes públicos poderão se aposentar compulsoriamente aos 75 anos de idade, visto que vários Desembargadores

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de Tribunais de Justiça estavam conseguindo liminares para permanecer no cargo após os 70 anos de idade:

“Informativo 786 – STF – “O Plenário, por maioria, deferiu pedido de medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade para: a) suspender a aplicação da expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” contida no art. 100 do ADCT, introduzido pela EC 88/2015, por vulnerar as condições materiais necessárias ao exercício imparcial e independente da função juris-dicional, ultrajando a separação dos Poderes, cláusula pétrea inscrita no art. 60, § 4º, III, da CF; b) fixar a interpretação, quanto à parte remanescente da EC 88/2015, de que o art. 100 do ADCT não pudesse ser estendido a outros agentes públicos até que fosse editada a lei complementar a que alude o art. 40, § 1º, II, da CF, a qual, quanto à magistratura, é a lei complementar de iniciativa do STF, nos termos do art. 93 da CF; c) suspender a tramitação de todos os processos que envolves-sem a aplicação a magistrados do art. 40, § 1º, II, da CF e do art. 100 do ADCT, até o julgamento definitivo da ação direta em comento; e d) declarar sem efeito todo e qualquer pronunciamento judicial ou administrativo que afastasse, ampliasse ou reduzisse a literalidade do comando previsto no art. 100 do ADCT e, com base neste fundamento, assegurasse a qualquer outro agente público o exercício das funções relativas a cargo efetivo após ter completado 70 anos de idade. A norma impugnada – introduzida no ADCT pela EC 88/2015 – dispõe que, “até que entre em vigor a lei complementar de que trata o inciso II do § 1º do art. 40 da Constituição Federal, os Minis-tros do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e do Tribunal de Contas da União aposentar-se-ão, compulsoriamente, aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, nas condições do art. 52 da Constituição Federal”. Alegava-se, na espécie, que a expressão “nas condições do art. 52 da Constituição Federal” incorreria em vício material por ofensa à garantia da vitaliciedade (CF, art. 93, “caput”) e à separação dos Poderes (CF, art. 2º), exorbitando dos limites substantivos ao poder de reforma da Constituição” (CF, art. 60, §4º, III e IV). ADI 5316 MC/DF, rel. Min. Luiz Fux, 21.5.2015. (ADI-5316)”.

(...)

5.6. Pensão por morte

(...)

No entanto, o posicionamento do Ministério da Previdência Social adota oficialmente o dia 20/02/2004 como o marco de vigência do redutor, pois neste dia entrou em vigor a MP 167/2004, nos termos da Orientação Normativa 02/2009:

“Art. 66. A pensão por morte, conferida ao conjunto dos dependentes do segurado falecido a partir de 20 de fevereiro de 2004, data de publicação da Medida Provisória nº 167, de 19 de fevereiro de 2004, corresponderá a:

I - totalidade dos proventos percebidos pelo aposentado na data anterior à do óbito, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS, acrescida de setenta por cento da parcela excedente a esse limite; ou

II - totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo na data anterior à do óbito, con-forme definido no inciso IX do art. 2º, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS, acrescida de setenta por cento da parcela excedente a esse limite, se o falecimento ocorrer quando o servidor ainda estiver em atividade”.

O STF assegurou paridade em regra de transição para a pensão por morte, mas não garantiu a integralidade, entendimento prejudicial ao dependente do servidor.

Logo, mesmo que o aposentado tenha o seu benefício concedido com a regra de paridade e integralidade, como no caso julgado, a pensão por morte terá assegurada apenas o reajuste paritário, e não a integralidade:

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“INFORMATIVO 786 - EC 41/2003: pensão por óbito posterior à norma e direito à equi-paração - 2

Os pensionistas de servidor falecido posteriormente à EC 41/2003 têm direito à paridade com servidores em atividade (EC 41/2003, art. 7º), caso se enquadrem na regra de tran-sição prevista no art. 3º da EC 47/2005. Não têm, contudo, direito à integralidade (CF, art. 40, § 7º, I). Com base nesse entendimento, o Plenário, em conclusão de julgamento, deu parcial provimento a recurso extraordinário em que se discutia eventual direito de pensionis-tas ao recebimento de pensão por morte de ex-servidor, aposentado antes do advento da EC 41/2003, mas falecido após a sua promulgação, nos mesmos valores (critério da integralidade) dos proventos do servidor falecido, se vivo fosse — v. Informativo 772. O Tribunal asseverou que a EC 41/2003 teria posto fim à denominada “paridade”, ou seja, à garantia constitucional que reajustava os proventos de aposentadoria e as pensões sempre que se corrigissem os venci-mentos dos servidores da ativa. A regra estava prevista no art. 40, § 8º, da CF, incluído pela EC 20/1998. A nova redação dada pela EC 41/2003 prevê apenas “o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real”. Dessa forma, se o falecimento do servidor tivesse ocorrido após a vigência da EC 41/2003, não teriam seus pensionistas direito à paridade. Isso porque, assim como a aposentadoria se regeria pela legislação vigente à época em que o servidor implementara as condições para sua obtenção, a pensão igualmente regular-se-ia pela lei vigente por ocasião do falecimento do segurado instituidor, em observância ao princí-pio “tempus regit actum”. A EC 47/2005, entretanto, teria excepcionado essa regra. Nela teria ficado garantida a paridade às pensões derivadas de óbito de servidores aposentados na forma de seu art. 3º, ou seja, preservara o direito à paridade para aqueles que tivessem ingressado no serviço público até 16.12.1998 e que preenchessem os requisitos nela consignados. No caso, o servidor instituidor da pensão ingressara no serviço público e se aposentara anteriormente à EC 20/1998 e, além disso, atendera ao que disposto no citado art. 3º da EC 47/2005. No entanto, essa emenda constitucional somente teria estendido aos pensionistas o direito à paridade, e não o direito à integralidade. Portanto, na espécie, estaria configurado o direito dos recorridos à pa-ridade, porém, não o direito à integralidade. RE 603580/RJ, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.5.2015. (RE-603580)”.

6.4. Auxílio-reclusão

(...)

Eis o artigo 13 da Emenda 20/1998:

“Art. 13 - Até que a lei discipline o acesso ao salário-família e auxílio-reclusão para os servido-res, segurados e seus dependentes, esses benefícios serão concedidos apenas àqueles que tenham renda bruta mensal igual ou inferior a R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), que, até a publi-cação da lei, serão corrigidos pelos mesmos índices aplicados aos benefícios do regime geral de previdência social”.

No entanto, de maneira equivocada, o STJ vem afastando a exigência de baixa renda do servi-dor preso, conferindo interpretação restritiva ao artigo 13 da Emenda 20/1998, que não diferen-ciou o regime previdenciário do servidor:

INFORMATIVO 560 – “DIREITO ADMINISTRATIVO. AUXÍLIO-RECLUSÃO A SER-VIDORES OCUPANTES DE CARGO EFETIVO.

Para concessão de auxílio-reclusão, não se aplica aos servidores públicos estatutários ocu-pantes de cargos efetivos a exigência de baixa renda prevista no art. 13 da EC 20/1998. Isso porque o referido dispositivo legal foi dirigido apenas aos servidores públicos vinculados ao Re-gime Geral da Previdência Social (RGPS). Ademais, por ocasião do julgamento do RE 486.413-SP, o STF examinou a questão do auxílio-reclusão sob a ótica de saber se, para sua concessão, a renda a ser considerada é a do próprio segurado preso ou aquela de seus dependentes. Naquela oportunidade, o STF assentou que “a Constituição circunscreve a concessão do auxílio-reclusão às pessoas que: (i) estejam presas; (ii) possuam dependentes; (iii) sejam seguradas da Previdência

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Social; e (iv) tenham baixa renda”, tendo o voto vencedor expressamente registrado que “um dos escopos da referida Emenda Constitucional foi o de restringir o acesso ao auxílio-reclusão, utilizando, para tanto, a renda do segurado” (RE 486.413-SP, Tribunal Pleno, DJe 8/5/2009). Assim, conclui-se que o art. 13 da EC 20/1998 não afeta a situação jurídica dos servidores ocu-pantes de cargo público de provimento efetivo, mas apenas os servidores vinculados ao RGPS, isto é, empregados públicos, contratados temporariamente e exclusivamente titulares de cargos comissionados. Precedente citado: REsp 1.421.533-PB, Segunda Turma, DJe 25/9/2014.AgRg no REsp 1.510.425-RJ, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 16/4/2015, DJe 22/4/2015”

(...)

8.4. Paridade remuneratória entre ativos e inativos. Artigo 6º, da Emenda 41/2003

(...)

Já a integralidade é o direito do servidor de se aposentar com a mesma remuneração do cargo efetivo em que se operar a sua aposentadoria, tendo sido o instituto extinto pela EC 41/2003 e mantido apenas em regra de transição.

(...)

8.5. Acumulação de remuneração com proventos de cargos inacumuláveis

TABELA DIFERENCIADORA DO REGIME JURÍDICO APLICÁVEL AO SERVIDOR EFETIVO NO RPPS POR DATA DE INGRESSO

Data de ingresso no ser-viço público (posse)

Regras aplicáveis

Até 16/12/1998 (Até a Emenda 20/1998)

– Regra de transição de aposentadoria do artigo 2º, da Emenda 41/2003;– Regra de transição de aposentadoria do artigo 3º, da Emenda 47/2005;– Regra de transição do artigo 11, da Emenda 20/1998;– Paridade e integralidade pela regra de transição do artigo 6º da Emenda

41/2003 (vide art. 2º da Emenda 47/2005);– Regra de transição da aposentadoria por invalidez da Emenda 70/2012.

Após 16/12/1998 e até 31/12/2003 (Até a Emenda 41/2003)

– Paridade e integralidade pela regra de transição do artigo 6º da Emenda 41/2003 (vide art. 2º da Emenda 47/2005);

– Regra de transição da aposentadoria por invalidez da Emenda 70/2012.

A partir de 01/01/2004 (após a Emenda 41/ 2003) e até a véspera do funcionamento da previ-dência complementar

– Cálculo da aposentadoria pela média das 80% maiores remunerações (art. 1º, da Lei 10.887/2004), limitada à remuneração do cargo.

A partir do funciona-mento da previdência complementar

– Aposentadoria e pensão limitada ao teto do Regime Geral de Previdência Social.

9. TEMPO DE SERVIÇO PÚBLICO E INGRESSO NO SERVIÇO PÚBLICO

Em muitas passagens da legislação previdenciária do servidor efetivo amparado por RPPS na Constituição (regras permanentes e transitórias) exige-se certo tempo mínimo de serviço público para o gozo de benefícios, especialmente de algumas aposentadorias.

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

Outras vezes verifica-se a data do ingresso no serviço público para a definição do regime jurí-dico aplicável ao servidor público, se pelas regras permanentes ou de transição, e neste caso, qual o estatuto transitório aplicável, pois mais de um.

Destarte, é imprescindível definir o sentido e o alcance da expressão “serviço público” nestes dois contextos postos. É certo que o servidor ocupante de cargo de provimento efetivo da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, bem como de suas autarquias e fundações públi-cas integra o serviço público e terá computado tempo de contribuição no serviço público, haja vista se tratarem de pessoas jurídicas de direito público.

A histórica controvérsia repousa no tempo de contribuição prestado às empresas públicas, sociedades de economia mista e subsidiárias, pois é certo que, apesar de se enquadrarem com entes da Administração Pública Indireta, o seu regime jurídico é privado, ao menos de maneira preponderante.

A antiga interpretação administrativa da União não estendia ao tempo prestado às empresas estatais o regime do tempo de serviço público (Parecer CONJUR 1041-2.9/2005). No entanto, o mencionado posicionamento foi revisto.

Isso porque o Advogado-Geral da União acolheu integralmente as conclusões contidas no Parecer 028/2010/DECOR/CGU/AGU, por meio de Despacho datado de 31 de março de 2010, equiparando o tempo de serviço prestado a empresas públicas e sociedades de economia mista ao tempo de efetivo serviço público constante do art. 40, II, da CF (regramento permanente de aposentadorias), art. 6º, III, da EC nº 41, de 2003, e art. 3º, II, da EC nº 47, de 2005 (regras de transição de aposentadoria):

“DESPACHO DO ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO

REFERÊNCIA: Processo nº 000400.002345/2010-75

INTERESSADO: JOSÉ SIMPLICIANO FONTES DE FARIA FERNANDES

ASSUNTO: Aposentadoria no cargo de Ministro do Tribunal Superior do Trabalho

O Ministro José Simpliciano Fontes de Faria Fernandes, do Tribunal Superior do Trabalho, requereu a sua aposentadoria por tempo de serviço. Todavia, a Subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da República, ao analisar o pleito vislumbrou a aparente existência de divergência de interpretação jurídica entre as projeções da Advocacia-Geral da União junto aos Ministérios da Previdência Social e da Justiça.

Observados os trâmites de estilo, o assunto foi submetido ao Advogado-Geral da União, em consonância com o disposto no art. 4º, XI, da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993.

Ab initio, cabe aqui lembrar que a Carta Política de 1988, em sua redação original, manteve o tratamento diferenciado que já existia na Constituição de 1967 e na Emenda nº 1, de 1969, ao regular a aposentadoria dos trabalhadores vinculados ao Regime Geral de Previdência Social no art. 201 e, quanto aos agentes públicos, no art. 40, com regras bastante diferenciadas quanto à obtenção de proventos, e ainda, não exigindo destes últimos contribuição como requisito para a concessão da aposentadoria, enquanto declarava expressamente a necessidade de contribuições dos trabalhadores do Regime Geral para o direito a benefícios da Previdência Social. A exigência de contribuição por parte dos servidores públicos só veio a ocorrer com o advento da EC n° 3 no ano de 1993.

Inegavelmente, foi a EC nº 20 de 1998 o verdadeiro marco regulatório da matéria, ao instituir a noção de tempo de contribuição, eliminando contagens de tempo fictício, e possibilitando o estabelecimento de um teto para as aposentadorias do serviço público a exemplo do que já ocorria com os afiliados ao Regime Geral de Previdência Social.

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Em dezembro de 2003 vem a lume a EC nº 41, promovendo nova mudança nas regras para os Regimes próprios dos agentes públicos, ao conferir nova redação ao caput do art. 40, de forma a estabelecer que estes se caracterizam pelo caráter contributivo e solidário.

Mais adiante, precisamente em julho de 2005, a EC nº 47 estabeleceu, com aplicação retroativa à data de vigência da EC nº 41, critérios para os agentes públicos que já ocupavam cargos antes de sua promulgação, como também antes da promulgação da EC nº 20/98.

Tecidas estas breves considerações sobre a evolução histórica do regime previdenciário dos servi-dores públicos até o atual estágio, verifico que o aparente conflito interpretativo entre as Pastas da Justiça e Previdência Social, apontado pela SAJ/PRESI, jamais ocorreu. Ora, o PARECER Nº 028/2010/DECOR/CGU/AGU (fls. 57/65) demonstra com meridiana clareza que o en-tendimento dos órgãos jurídicos de ambos os ministérios é, na verdade, convergente.

Nesse sentido são as conclusões da manifestação jurídica do DECOR/CGU/AGU, que a seguir transcrevo:

“34.4 Inexiste, no caso dos autos, divergência entre a interpretação conferida a expressão “efe-tivo serviço publico” constante do art, 40, inciso III, da CF/88, art. 6º, inciso III, da EC n. 41/03, art. 3º, inciso II, da EC nº 47/05, pela Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social e a Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da Republica (sic), as quais entendem, de forma idêntica, pela possibilidade de computo do tempo de serviço prestado às empresas publicas e sociedades de economia mista como de efetivo serviço público, para fins de preenchimento dos requisitos para a concessão de aposentadoria, inocorrendo, pois, quanto a este ponto, qualquer óbice a submissão do processo nº 08025.000653/2009-69 ao Presidente da Republica para fins de apreciação do ato de concessão da aposentadoria do Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, José Simpliciano Fontes de Farias.

34.5 Quanto ao fundamento legal do ato de concessão de aposentadoria do Interessado, Mi-nistro do Tribunal Superior do Trabalho, José Simpliciano Fontes de Farias, conclui-se que o mesmo somente pode respaldar-se no art. 6º, caput, da EC nº 41/03, vez que, nos termos da fundamentação supra, em 16 de dezembro de 1998, não havia o Interessado ingressado no serviço público, através do desempenho de cargos ou funções na Administração Publica direta, autárquica e fundacional, de forma ininterrupta, não podendo, pois, se valer da regra de transi-ção estabelecida no art. 3º, caput, da EC nº 47/05.”

Ressalvo apenas que a ilustre parecerista equivocou-se ao consignar que a Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social e a Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidência da Republica comungam de igual entendimento quanto ao termo “efetivo serviço público”. Na verdade, a SAJ/PRESI não emitiu qualquer juízo quanto à este ponto, apenas reportou a aparente existência de divergência entre o posicionamento adotado pelo Ministério da Justiça e orientações normativas editadas pelo Ministério da Previdência Social. Inobstante isso, a conclusão expressa no item 34.4 suso transcrito permanece hígida, alterando-se apenas um dos atores.

Todavia, no que concerne à escolha do fundamento legal para o ato de aposentação vindicado, de fato a divergência interpretativa se estabeleceu entre a CONJUR/MJ e a SAJ/PRESI, e à toda evidência, razão assiste à segunda, eis que havendo o interessado assumido como Ministro do Tribunal Superior do Trabalho no ano de 2001, somente poderá valer-se da regra de transição encartada no art. 6º, caput, da EC nº 41/03. Não há como aplicar-se in casu a regra do art. 3º, caput, da EC nº 47/05.

Quanto à possibilidade de contagem como efetivo serviço público, para fins de aposen-tadoria, do tempo trabalhado em sociedades de economia mista ou empresas públicas, a jurisprudência das Cortes Superiores já é iterativa nesse sentido, ex vi: RE 195.767, Segun-da Turma, unânime, rel. Min. MAURíCIO CORREA, j. 25.11.1997, p. DJ 27.02.1998; ADIn 1.400-5 MC, Plenário, unânime, rel. Min. ILMAR GALVÃO, j. 18.04.1996, p. DJ 31.05.1996; RE 357.129, rel. Min. GILMAR MENDES, DJ 23/02/2005 PP-00040; REsp 960200/RS, rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, DJe 18/05/2009); AgRg no REsp 1067895/RJ, Rel. Min. FÉLIX FISCHER, DJe 16/2/2009).

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Na mesma esteira é o entendimento firmado pela Corte de Contas em sua composição plenária, conforme se infere pela leitura dos acórdãos nºs 1871/2003, 2.636/2008 e 2.229/2009.

À vista do exposto, divirjo parcialmente do entendimento manifestado pelo ilustre Consultor –Geral da União no Despacho nº 501/2010 (fls. 66/68), na parte em que afirma não ser possível a equiparação, para fins de aposentadoria, do tempo de serviço prestado à empresas públicas e sociedades de economia mista ao de efetivo serviço público constante do art. 40, II, da CF, art. 6º, III, da EC nº 41/03 e art. 3º, II, da EC nº, 47/05.

Acolho, pois, in integrum a fundamentação, as conclusões e encaminhamentos do PARECER Nº 028/2010/DECOR/CGU/ AGU, aprovado pelo Diretor do DECOR/CGU/AGU, no sen-tido de estarem atendidos os requisitos legais necessários à implementação da aposentadoria por tempo de serviço requerida pelo Ministro José Simpliciano Fontes de Faria Fernandes, devendo contudo, esta ser enquadrada na regra do art. 6º, caput, da EC nº 41/03.

Encaminhem-se cópias do presente despacho e do PARECER Nº 028/2010/DECOR/CGU/AGU ao Ministério da Previdência Social, à Procuradoria-Geral Federal e a todas as consultorias jurídicas e núcleos de assessoramento jurídico da União, para fins de conhecimento e uniformi-zação de procedimentos.

Em seguida, restituam-se os autos à Subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil da Presidên-cia da República, para ciência e adoção das providências subseqüentes.

Em 31 de março de 2010.

LUÍS INÁCIO LUCENA ADAMS”

No mesmo sentido já vinha entendendo o TCU desde a lavra dos Acórdãos 1.871/2003, 2.636/2008 e 2.229/20909 –Plenário. Nesse sentido, colaciona-se o Sumário do Acórdão TCU/Plenário 2.921/2010 no mesmo sentido:

“Número Interno do Documento: AC-2921-41/10

Colegiado: Plenário

Relator:

VALMIR CAMPELO

Processo: 025.760/2009-0

Sumário:

REPRESENTAÇÃO. CONCEITO DE SERVIÇO PÚBLICO. ALEGADA CONTRO-VÉRSIA ENTRE ENTENDIMENTO DESTA CORTE DE CONTAS E ORIENTAÇÃO NORMATIVA DO MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. AUSÊNCIA DA CON-TROVÉRSIA SUSCITADA. QUESTÃO JÁ TRATADA, EM SEDE DE CONSULTA, PELO PLENÁRIO DESTE TRIBUNAL. IMPROCEDÊNCIA.

1. O conceito de “serviço público” trazido pelo art. 40, § 1º, inciso III, da Constituição Federal de 1988, pelo inciso III do art. 6º da Emenda Constitucional nº 41, de 2003, e pelo inciso II do art. 3º da Emenda Constitucional nº 47, de 2005, deve ser entendido de forma ampla, para abranger também as empresas públicas e sociedades de economia mista.

2. Diverso é o conceito de “serviço público” contido no caput do art. 6º da Emenda Cons-titucional nº 41, de 2003, e no caput do art. 3º da Emenda Constitucional nº 47, de 2005, que deve ser tomado de forma restrita, uma vez que as regras contidas nesses artigos, ditas de transição, aplicam-se exclusivamente aos servidores ocupantes de cargo efetivo na Ad-ministração Pública direta, autárquica e fundacional, ao tempo da edição dessas emendas.

3. A Orientação Normativa MPS/SPS nº 2, de 31 de março de 2009, está em consonância com o entendimento esposado por esta Corte de Contas pelos Acórdãos nº 2636/2008-TCU--Plenário e nº 2229/09-TCU-Plenário”.

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Logo, nota-se que o TCU e a AGU aplicam a definição extensiva de tempo de serviço público para as regras internas de concessão de aposentadorias no RPPS, quer permanentes, quer transitórias:

A) art. 40, §1º, IIII, da Constituição: “III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes condições:”

B) art. 6º, inciso III, da Emenda 41/2003: “III - vinte anos de efetivo exercício no serviço público; e”

C) art. 3º, inciso II, da Emenda 47/2005: “II- vinte e cinco anos de efetivo exercício no servi-ço público, quinze anos de carreira e cinco anos no cargo em que se der a aposentadoria;”

Por outro lado, para fins de fixação da data de ingresso no “serviço público”, a interpre-tação será restritiva, não sendo considerada entrada no “serviço público” a contratação por empresas públicas, sociedades de economia mista e subsidiárias, mas apenas por pessoas jurí-dicas de direito público:

A) art. 6º, caput, da Emenda 41/2003: “Art. 6º Ressalvado o direito de opção à aposentadoria pelas normas estabelecidas pelo art. 40 da Constituição Federal ou pelas regras estabeleci-das pelo art. 2º desta Emenda, o servidor da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, que tenha ingressado no serviço pú-blico até a data de publicação desta Emenda poderá aposentar-se com proventos integrais, que corresponderão à totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo em que se der a aposentadoria, na forma da lei, quando, observadas as reduções de idade e tempo de contribuição contidas no § 5º do art. 40 da Constituição Federal, vier a preencher, cumu-lativamente, as seguintes condições:”

B) art. 3º, caput, da Emenda 47/2005: “Art. 3º Ressalvado o direito de opção à aposentadoria pelas normas estabelecidas pelo art. 40 da Constituição Federal ou pelas regras estabelecidas pelos arts. 2º e 6º da Emenda Constitucional nº 41, de 2003, o servidor da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, que tenha ingressado no serviço público até 16 de dezembro de 1998 poderá aposentar-se com proventos integrais, desde que preencha, cumulativamente, as seguintes condições:”

Do mesmo modo, a jurisprudência do STJ não considera o tempo prestado às empresas estatais como tempo de serviço público para a concessão de outras vantagens pecuniárias aos servidores, como adicionais e gratificações:

“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECUR-SO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. CONTAGEM DE TEMPO DE SER-VIÇO PRESTADO A ENTIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA (CO-BAL) PARA FINS DE ANUÊNIOS. IMPOSSIBILIDADE. ART. 103, INC. V, DA LEI N. 8.112/90. 1. Não ocorre contrariedade ao art. 535, inc. II, do CPC, quando o Tribunal de origem decide fundamentadamente todas as questões postas ao seu exame, assim como não há que se confundir entre decisão contrária aos interesses da parte e inexistência de prestação jurisdicional. 2. O magistrado não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas em juízo, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. 3. O tempo de serviço prestado às empresa públicas e sociedades de economia mista, integrantes da Ad-ministração Pública Indireta, somente pode ser computado para efeitos de aposentadoria e disponibilidade, conforme estabelece o art. 103, inc. V, da Lei n. 8.112/90. 4. Na espécie, a glosa volta-se contra a pretensão executória do recorrido Venâncio Rodrigues de Lima, que prestou serviços à COBAL, ou seja, empresa pública, mostrando-se incabível o cômputo

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Nota de atualização – Curso de Direito e Processo Previdenciário – da 6ª para a 7ª edição

do período trabalhado para fins de percepção de adicional de tempo de serviço, conforme a jurisprudência citada. 5. Agravo regimental a que se nega provimento” (AGRESP 1350063, de 04/11/2014).

“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. CONTAGEM DO TEMPO DE SERVIÇO ANTERIOR, PRESTADO A EMPRESAS PÚ-BLICAS ESTADUAIS, PARA TODOS OS EFEITOS. IMPOSSIBILIDADE. 1. É firme a compreensão desta Corte de Justiça de que o tempo de serviço prestado em sociedades de economia mista e empresas públicas, entidades da Administração Pública Indireta, pode ser considerado apenas para efeitos de aposentadoria e disponibilidade, segundo o disposto no art. 103, V, da Lei n. 8.112/90. 2. No caso, o tempo de serviço prestado em empresas públicas não pode ser considerado para fins de pagamento de adicional e/ou gratificação, pois não se configura como “tempo de serviço público” para todos os efeitos, ao contrário do que pleiteia o recorrente. 3. Recurso ordinário a que se nega provimento” (ROMS 46070, de 02/09/2014).

Ao que parece, o atual posicionamento da AGU e do TCU, mais favorável ao servidor efetivo do que o entendimento anterior, tende a ser firmar, muito embora seja parcialmente benéfico ao servidor.

2do regime próprio de

previdêNcia social da uNião

1. INTRODUÇÃO

(...)

A Lei 13.135/2015 modificou profundamente as regras sobre a pensão por morte do servidor federal, refletindo quase que na integralidade o regramento deste benefício no Regime Geral de Previdência Social.

(...)

4. BENEFÍCIOS E SERVIÇOS DO PLANO DE SEGURIDADE SOCIAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS EFETIVOS

4.1. Aposentadorias

(...)

No entanto, conforme visto no Capítulo anterior, a Emenda 88/2015 permite a edição de lei complementar nacional para elevar a aposentadoria compulsória para os 75 anos de idade, observada a regra de transição inserida no artigo 100 do ADCT.

(...)

Sem saída, coube ao STJ se curvar ao entendimento do STF:

Informativo 557 – Direito administrativo e previdenciário. Aposentadoria de servidor pú-blico com doença não prevista no art. 186 Da lei 8.112/1990. Serão proporcionais - e não integrais - os proventos de aposentadoria de servidor público federal diagnosticado com doença

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grave, contagiosa ou incurável não prevista no art. 186, § 1º, da Lei 8.112/1990 nem indicada em lei. A jurisprudência do STJ firmara-se no sentido de que o rol de doenças constantes do § 1º do art. 186 da Lei 8.112/1990 para fins de aposentadoria integral não seria taxativo, mas exemplificativo, tendo em vista a impossibilidade de a norma prever todas as doenças conside-radas pela medicina como graves, contagiosas ou incuráveis. No entanto, o STF, reconhecendo a repercussão geral da matéria, entendeu que “pertence, portanto, ao domínio normativo or-dinário a definição das doenças e moléstias que ensejam aposentadoria por invalidez com pro-ventos integrais, cujo rol, segundo a jurisprudência assentada pelo STF, tem natureza taxativa” (RE 656.860-MT, Tribunal Pleno, DJe 18/9/2014). Nesse contexto, em atendimento ao art. 543-B, § 3º, do CPC, a aposentadoria de servidor público federal diagnosticado com moléstia não mencionada no § 1º do art. 186 da Lei 8.112/1990, não pode se dar com o pagamento de proventos integrais, mas sim proporcionais. REsp 1.324.671-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 3/3/2015, DJe 9/3/2015”.

4.10. Pensão por morte vitalícia e temporária

(...)

Posteriormente, a MP 664/2015 foi convertida na Lei 13.135/2015 promovendo novas mo-dificações no benefício.

(...)

No entanto, o posicionamento do Ministério da Previdência Social adota oficialmente o dia 20/02/2004 como o marco de vigência do redutor, pois neste dia entrou em vigor a MP 167/2004, nos termos da Orientação Normativa 02/2009:

“Art. 66. A pensão por morte, conferida ao conjunto dos dependentes do segurado falecido a partir de 20 de fevereiro de 2004, data de publicação da Medida Provisória nº 167, de 19 de fevereiro de 2004, corresponderá a:

I - totalidade dos proventos percebidos pelo aposentado na data anterior à do óbito, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS, acrescida de setenta por cento da parcela excedente a esse limite; ou

II - totalidade da remuneração do servidor no cargo efetivo na data anterior à do óbito, con-forme definido no inciso IX do art. 2º, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do RGPS, acrescida de setenta por cento da parcela excedente a esse limite, se o falecimento ocorrer quando o servidor ainda estiver em atividade”.

No âmbito do RPPS da União, a pensão por morte se divide quanto à natureza em vitalícia ou temporária, muito embora as regras tenham sido alteradas com o advento da Lei 13.135/2015.

(...)

Pelo novo artigo 217, da Lei 8.112/90, reformado pela Lei 13.135/2015, são dependentes habilitados à pensão por morte do servidor federal efetivo:

I - o cônjuge;

II - o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, com percepção de pensão ali-mentícia estabelecida judicialmente;

III - o companheiro ou companheira que comprove união estável como entidade familiar;

IV - o filho de qualquer condição que atenda a um dos seguintes requisitos:

a) seja menor de 21 (vinte e um) anos;

b) seja inválido;

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c) tenha deficiência grave (este inciso entrará em vigor apenas em 18/6/2017 – art. 6º, II, B, da Lei 13.135/2015); ou

d) tenha deficiência intelectual ou mental, nos termos do regulamento;

V - a mãe e o pai que comprovem dependência econômica do servidor; e

VI - o irmão de qualquer condição que comprove dependência econômica do servidor e atenda a um dos requisitos previstos no inciso IV.

Os dependentes previstos nos incisos I a IV são preferenciais, afastando os dependentes arrola-dos nos incisos V e VI. Por sua vez, os dependentes do inciso V preferem aos dependentes do inciso VI. Por sua vez, o enteado e o menor tutelado equiparam-se a filho mediante declaração do segu-rado e desde que comprovada a dependência econômica na forma estabelecida no Regulamento.

Em regra, se o óbito ocorrer sem que o servidor federal tenha vertido 18 (dezoito) contri-buições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado, a pensão por morte será paga por apenas 4 (quatro) meses ao cônjuge, companheiro ou companheira, salvo se o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho.

A Lei 13.135/2015 admitiu expressamente que o tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) ou RGPS será considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais, acaso o servidor não possua 18 recolhimentos no RPPS federal.

Por sua vez, transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do bene-ficiário na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contri-buições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável, ou se então o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doença pro-fissional ou do trabalho, a pensão terá a seguinte duração, sendo vitalícia apenas se o pensionista tiver 44 anos de idade no dia da morte:

1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade;

2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade;

3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade;

4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade;

5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade;

6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade.

No entanto, há uma regra especial para o pensionista inválido ou com deficiência cônjuge ou companheiro(a), pois neste caso a pensão por morte apenas será cancelada pela cessação da invali-dez ou pelo afastamento da deficiência. Se não houver recuperação do pensionista, portanto, será vitalícia, mesmo que o segurado não tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado. Caso o pensionista inválido ou deficiente se recupere, serão respeitados, ao menos, os prazos anteriores apresentados.

Vale frisar que a partir de junho de 2018 existe a possibilidade de mudanças nas faixas da pen-são temporária e vitalícia, por ato do Ministro de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão, desde que haja o incremento mínimo de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspondente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer, limitado o acrés-cimo na comparação com as idades anteriores ao referido incremento.

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104

Frederico Amado

É sabido que no Brasil existem simulações e fraudes envolvendo casamentos e uniões estáveis apenas com o objetivo de instituir a pensão por morte. Por força da Lei 13.135/2015, perde o di-reito à pensão por morte o cônjuge, o companheiro ou a companheira se comprovada, a qual-quer tempo, simulação ou fraude no casamento ou na união estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa.

De acordo com o artigo 5º, da Lei 13.135/2015, “os atos praticados com base em dispositivos da Medida Provisória no 664, de 30 de dezembro de 2014, serão revistos e adaptados ao disposto nesta Lei”, devendo haver retroação, pois a Lei 13.135/2015 foi mais benéfica ao pensionista e pre-vê expressamente a sua retroação, afastando-se, por exceção, o Tempus Regit Actum.

(...)

Ainda de acordo com a Corte Superior (Informativo 553), “para fins de concessão da pensão por morte de servidor público federal, a designação do beneficiário nos assentos funcionais do servidor é prescindível se a vontade do instituidor em eleger o dependente como beneficiário da pensão houver sido comprovada por outros meios idôneos. Precedentes citados: AgRg no REsp 1.362.822-PE, Primeira Turma, DJe 17/4/2013; AgRg no REsp 1.295.320-RN, Segunda Turma, DJe 28/6/2012; e REsp 1.307.576-PE, Segunda Turma, DJe 25/4/2012. REsp 1.486.261-SE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 20/11/2014, DJe 5/12/2014”.

De acordo com o TCU, mesmo antes da exclusão do menor sob guarda do rol de dependentes do servidor federal operada pela Lei 13.135/2015, não havia possibilidade de concessão de pensão civil a menor sob guarda ou tutela (neto de servidor), designado, porém sem comprovação de de-pendência econômica em relação ao instituidor1.

De efeito, o TCU e a AGU não mais vinham admitindo o menor sob guarda como de-pendente do servidor federal. Conquanto a Lei 8.112/90 ainda o previa (até a MP 664/2014, convertida na Lei 13.135/2015) como dependente, para o entendimento da Corte de Contas e da Advocacia-Geral da União, a Lei 9.717/98 acabou revogando tacitamente este dispositivo, ao aduzir no seu artigo 5º, inserido pela MP 2.187-13/2001, que “os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal não poderão conceder benefícios distintos dos previstos no Regime Geral de Previdência Social, de que trata a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, salvo disposição em contrário da Constituição Federal”. (...)

4.12. Auxílio-reclusão

(...)

Por fim, vale frisar que o auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado servidor federal recolhido à prisão.

Deste modo, as regras da pensão por morte serão aplicáveis ao auxílio-reclusão no que for com-patível, tendo havido a comunicação das regras inauguradas pela Lei 13.135/2015.

1. Acórdão 586/2005, Plenário.

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Título IV DA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

1

regime complemeNtar dos servidores públicos efetivos

1. DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS E REGIMES CRIADOS

(...)

Nesse sentido, o Sindicato Nacional dos Servidores Federais conseguiu liminar na Seção Judi-ciária do Distrito Federal para manter os novos servidores federais oriundos (sem interrupção de vínculo) de outras esferas de governo no antigo regime previdenciário, desde que empossados em outro ente político antes do funcionamento de regime de previdência complementar.

Esta decisão foi mantida no Tribunal Regional da 1ª Região, cuja principal passagem se transcreve:

“PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO N. 0014659-24.2015.4.01.0000/DF (d) Processo Orig.: 0070641-42.2014.4.01.3400 55 - Nº Lote: 2015050533 - 8_1 - AGRAVO DE INSTRU-MENTO N. 0014659-24.2015.4.01.0000/DF (d) RELATOR : DESEMBARGADOR FE-DERAL FRANCISCO DE ASSIS BETTI RELATOR CONVOCADO : JUIZ FEDERAL CLEBERSON JOSÉ ROCHA AGRAVANTE : UNIÃO FEDERAL PROCURADOR : JOSÉ ROBERTO MACHADO FARIAS AGRAVADO : SINDICATO NACIONAL DOS SERVIDORES FEDERAIS AUTARQUICOS NOS ENTES DE FORMULACÃO PRO-MOCÃO E FISCALIZACÃO DA POLITICA DA MOEDA ADVOGADO : CARLOS ALBERTO MACEDO CIDADE ADVOGADO : VERA MIRNA SCHMORANTZ AD-VOGADO : RAFAEL PEDROSA DINIZ ADVOGADO : FABIANA DE SOUSA LIMA

D E C I S Ã O

...

7. A controvérsia central cinge-se sobre a vinculação ao regime próprio de previdência da União decorrente de posse em cargo público federal, sendo o empossado oriundo de outros regimes próprios de previdência na condição de servidor público titular de cargo efetivo.

8. A Administração firmou o entendimento de que deve ser considerada a posse no novo cargo o vínculo originário para efeito de enquadramento nas normas da Lei 12.618/2012.

9. Essa lei prevê nos § 7º e 8º do art. 3º as seguintes regras: a) estará vinculado do regime de previdência complementar e submetido ao teto do Regime Geral de Previdência Social - RGPS: a) aqueles servidores que ingressaram no serviço público a partir da vigência do regime de pre-vidência complementar; e b) aqueles que ingressaram ante a vigência do regime complementar, mas que optarem por vincular ao regime complementar de previdência.

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Frederico Amado

10. A regra, por exclusão, é que os servidores que ingressaram no serviço público antes da vigência do regime de previdência complementar teriam as garantias até então previstas no art. 40 da Constituição, dentre elas não estar submetido ao teto do RGPS. 11. Pois bem, ao interpretar a norma a Administração entendeu que considera para efeito do direito de opção a vinculação da pessoa ao serviço público atual e não o vínculo anterior, ainda que sem perda da continuidade, se o servidor já ostentava essa condição, mas vinculado a outro regime próprio de previdência. 12. Essa interpretação não encontra amparo na Constituição e no texto expresso da pró-pria norma interpretada. Vejamos.

13. A Constituição estabelece o regime de previdência no serviço público e direitos e deveres decorrentes para todos os entes da Federação e respectivos poderes. Bem assim, estabelece requi-sitos de permanência no serviço público e no cargo. Confira-se: Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionis-tas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) II - compulsoriamente, aos setenta anos de idade, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes con-dições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se homem, e cinqüenta e cinco anos de idade e trinta de contri-buição, se mulher; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) 14. A norma do inciso III é expressa quando exige interstício de dez anos no serviço público e cinco no cargo para a aposentadoria voluntária (dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efetivo). Tal demonstra que se deve considerar a vinculação ao serviço público, compreendido as entidades dos diversos entes da federação e respectivos poderes, devendo para se aposentar no cargo o tempo de cinco anos. O que não se pode é haver rompimento do vínculo, mas a mudança é admitida expressamente pelo texto. 15. Para confirmar essa interpretação o § 16 é novamente expresso: § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publica-ção do ato de instituição do correspondente regime de previdência complementar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) 16. Para afastar qualquer dúvida os §§ 7° e 8° do a rt. 3° e do art. 22 da Lei n° 12.618/2012, objetivando garantir o direito de opção ou não pelo novo regime de previdência, estabelecem novamente a mesma norma: Art. 3º Aplica-se o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social às aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regi-me de previdência da União de que trata o art. 40 da Constituição Federal, observado o disposto na Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004, aos servidores e membros referidos no caput do art. 1º desta Lei que tiverem ingressado no serviço público: I - a partir do início da vigência do regime de previdência complementar de que trata o art. 1º desta Lei, independentemente de sua adesão ao plano de benefícios; e II - até a data anterior ao início da vigência do regime de pre-vidência complementar de que trata o art. 1º desta Lei, e nele tenham permanecido sem perda do vínculo efetivo, e que exerçam a opção prevista no § 16 do art. 40 da Constituição Federal. (....) § 7º O prazo para a opção de que trata o inciso II do caput deste artigo será de 24 (vinte e quatro) meses, contados a partir do início da vigência do regime de previdência complementar instituído no caput do art. 1º desta Lei. § 8º O exercício da opção a que se refere o inciso II

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do caput é irrevogável e irretratável, não sendo devida pela União e suas autarquias e fundações públicas qualquer contrapartida referente ao valor dos descontos já efetuados sobre a base de contribuição acima do limite previsto no caput deste artigo. 17. Finalmente, para deixar indene de dúvida a legislação é clara no direito de o servidor contar o tempo de contribuição aos diversos regimes previdenciários para o benefício. 18. Sobre o tema, relevante trazer à colação o § 9º do art. 201 da Constituição Federal, nestes termos: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (...) § 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e ur-bana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) (grifos do relator) 19. A Lei 12.618/2012 estabelece: Art. 22. Aplica-se o benefício especial de que tratam os §§ 1º a 8º do art. 3º ao servidor público titular de cargo efetivo da União, in-clusive ao membro do Poder Judiciário, do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União, oriundo, sem quebra de continuidade, de cargo público estatutário de outro ente da federação que não tenha instituído o respectivo regime de previdência complementar e que ingresse em cargo público efetivo federal a partir da instituição do regime de previdência complementar de que trata esta Lei, considerando-se, para esse fim, o tempo de contribuição estadual, distrital ou municipal, assegurada a compensação financeira de que trata o § 9º do art. 201 da Constituição Federal. 20. Ressalte-se que o servidor público federal, ao tomar posse em novo cargo público, não será compelido a aderir ao novo regime de previdência complementar, principalmente pelo fato de não ter havido ruptura com o serviço público. 21. Dessa forma, os servidores oriundos de outras entidades e órgãos da Administração que ingressaram antes da instituição do regime de previdência complementar de que cuida a Lei 12.618/2012, que não tiveram ruptura de vínculo somente estarão vinculados a esse regime complementar se fizerem expressa opção. 22. Em face do exposto, nego seguimento ao recurso. Publique-se. Intimem-se. Arquive-se. Brasília, 26 de junho de 2015. JUIZ FEDERAL CLEBERSON JOSÉ ROCHA

RELATOR CONVOCADO”

(...)

2regime complemeNtar privado

2. CARACTERÍSTICAS GERAIS

(...)

A autonomia da previdência privada faz com que nasça um regime jurídico disciplinado no seu regulamento, não se aplicáveis as regras dos regimes públicos de previdência social incompatíveis com o regime complementar.

Nesse sentido, a existência de tempo de contribuição especial no RGPS não faz nascer, neces-sariamente, o mesmo direito na previdência privada. Veja-se o STJ:

Processo

REsp 1230046 / PB RECURSO ESPECIAL 2010/0224652-5

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Frederico Amado

Relator(a)

Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA (1147)

Órgão Julgador

T3 - TERCEIRA TURMA

Data do Julgamento

04/11/2014

Data da Publicação/Fonte

DJe 07/11/2014

Ementa

“RECURSO ESPECIAL. CIVIL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. CERCEAMENTO DE DE-FESA. PROVA PERICIAL INDEFERIDA. FUNDAMENTO INATACADO. SÚMULA Nº 283/STF. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL. RELAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO. PRE-TENSÃO JÁ OBTIDA. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. BENEFÍCIO PRE-VIDENCIÁRIO. REVISÃO DE RENDA MENSAL INICIAL. TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL. RECONHECIMENTO PELO INSS. UTILIZAÇÃO NA PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. INADMISSIBILIDADE. SISTEMA FINANCEIRO DE CAPITALI-ZAÇÃO. AUTONOMIA EM RELAÇÃO À PREVIDÊNCIA OFICIAL.

1. Ação de revisão de benefício de previdência privada em que se postula o aproveitamento de tempo de serviço especial (tempo ficto), devidamente reconhecido pelo INSS, para fins de cálculo da renda mensal inicial.

2. A aposentadoria especial é uma espécie de benefício previdenciário do regime geral de pre-vidência social (RGPS), devida ao trabalhador que exerce atividade em condições prejudiciais à saúde ou à integridade física. Assim, ele pode se aposentar mais cedo como forma de se com-pensar o desgaste físico resultante do tempo de serviço prestado em ambiente insalubre, penoso ou perigoso (tempo de serviço especial). Ademais, quanto maior o grau de nocividade, menor será o tempo de trabalho.

3. A previdência privada possui autonomia em relação ao regime geral de previdência social. Além disso, é facultativa, regida pelo Direito Civil, de caráter complementar e baseada na cons-tituição de reservas que garantam o benefício contratado, sendo o regime financeiro de capi-talização.

4. A previdência social é um “seguro coletivo”, público, de cunho estatutário, compulsório, ou seja, a filiação é obrigatória para diversos empregados e trabalhadores rurais ou urbanos (art. 11 da Lei nº 8.213/91), destinado à proteção social, mediante contribuição, proporcionando meios indispensáveis de subsistência ao segurado e à sua família na ocorrência de certa con-tingência prevista em lei (incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte do segurado), sendo o sistema de financiamento o de caixa ou de repartição simples.

5. A concessão de benefício oferecido pelas entidades abertas ou fechadas de previdência privada não depende da concessão de benefício oriundo do regime geral de previdência social, haja vista as especificidades de cada regime e a autonomia existente entre eles.

6. Pelo regime de capitalização, o benefício de previdência complementar será decorrente do montante de contribuições efetuadas e do resultado de investimentos, não podendo haver, por-tanto, o pagamento de valores não previstos no plano de benefícios, sob pena de comprome-timento das reservas financeiras acumuladas (desequilíbrio econômico-atuarial do fundo), a prejudicar os demais participantes, que terão que custear os prejuízos daí advindos.

7. O tempo ficto ou o tempo de serviço especial, próprio da previdência social, é incompatível com o regime financeiro de capitalização, ínsito à previdência privada”.

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3. DISPOSIÇÕES COMUNS AOS PLANOS DE BENEFÍCIOS DOS ENTES ABERTOS E FE-CHADOS

(...)

Por sua vez, de acordo com o STJ (Informativo 556), “são isentos do imposto de renda os proventos percebidos de fundo de previdência privada a título de complementação da apo-sentadoria por pessoa física acometida de uma das doenças arroladas no art. 6º, XIV, da Lei 7.713/1988. Isso porque a isenção do imposto de renda prevista no art. 6º, XIV, da Lei 7.713/1988 – da qual faz jus pessoa física portadora de doença grave arrolada nesse inciso que receba proventos de aposentadoria ou reforma - engloba benefício complementar pago por entidade de previdência privada. É preciso ressaltar que o regime da previdência privada é facultativo e baseia-se na consti-tuição de reservas que garantam o benefício contratado, nos termos do art. 202 da CF e da exegese do art. 1º da LC 109/2001. Assim, o capital acumulado em plano de previdência privada representa patrimônio destinado à geração de aposentadoria - ainda que intitulada de complementar -, pos-suindo natureza previdenciária, mormente ante o fato de estar inserida na seção sobre Previdência Social da CF (EREsp 1.121.719-SP, Segunda Seção, DJe 4/4/2014), o que legitima a isenção sobre a parcela complementar. Além disso, o caráter previdenciário da aposentadoria privada encontra respaldo no próprio Regulamento do Imposto de Renda (Decreto 3.000/1999), que estabelece a isenção sobre os valores decorrentes da complementação de aposentadoria no § 6º do seu art. 39: “As isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII também se aplicam à complementação de aposentadoria, reforma ou pensão”. Ademais, conforme a doutrina, “os planos previdenciários privados têm por ponto principal permitir uma continuidade no padrão de vida da pessoa, numa fase madura da vida”. Nesse sentido, a isenção concedida aos portadores de doença grave consubs-tancia benefício fiscal que visa abrandar o impacto da carga tributária sobre a renda necessária à sua subsistência e sobre os custos inerentes ao tratamento da doença, legitimando um “padrão de vida” o mais digno possível diante do estado de enfermidade. Precedente citado: REsp 1.204.516-PR, Segunda Turma, DJe 23/11/2010. REsp 1.507.320-RS, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 10/2/2015, DJe 20/2/2015”.

(...)

No entanto, se for dado um reajustamento no RGPS acima da inflação, não existe a necessária extensão à previdência privada, salvo se o seu plano de benefícios previr. Veja-se o STJ:

INFORMATIVO 557 – “DIREITO CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. INADMISSIBILIDA-DE DE EXTENSÃO À APOSENTADORIA COMPLEMENTAR DE AUMENTOS REAIS CONCEDIDOS PARA BENEFÍCIOS MANTIDOS PELO INSS.

A previsão normativa estatutária de reajuste da aposentadoria complementar segundo os mesmos índices de reajustamento incidentes nos benefícios mantidos pelo INSS não ga-rante o aumento real do valor do benefício, mas apenas a reposição das perdas causadas pela inflação. De início, cumpre esclarecer que o índice de correção total periodicamente apli-cado pela Previdência Social nos seus benefícios nem sempre corresponde apenas à inflação apu-rada no período, podendo haver outros componentes, como o ganho real. A previsão estatutária da entidade de previdência privada é de reajustamento do benefício de prestação continuada justamente para manter o poder aquisitivo que possuía antes de ser desgastado pela inflação, e não para conceder ganhos reais aos assistidos. De fato, a elevação do aporte financeiro demanda uma elevação proporcional na oneração de seus contribuintes, tendo em vista a dinâmica do regime de capitalização, ínsito à previdência privada. Assim, eventual determinação de paga-mento de valores sem respaldo em plano de custeio implica desequilíbrio econômico atuarial da entidade de previdência privada, a prejudicar a universalidade dos participantes e assistidos, o que fere o princípio da primazia do interesse coletivo do plano. Vale assinalar, por pertinente,

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que se deve garantir a irredutibilidade do benefício suplementar contratado, e não a concessão de ganhos reais ao participante, sobretudo se isso comprometer o equilíbrio atuarial do fundo de previdência privada. Logo, não se revela possível a extensão dos aumentos reais concedidos pela previdência oficial ao benefício suplementar quando não houver fonte de custeio corres-pondente. Ademais, o objetivo do fundo de previdência complementar não é propiciar ganho real ao trabalhador aposentado, mas manter o padrão de vida para o assistido semelhante ao que desfrutava em atividade, devendo, para tanto, gerir os numerários e as reservas consoante o plano de benefícios e os cálculos atuariais. Precedente citado: REsp 1.414.672-MG, Quarta Turma, DJe 3/2/2014. REsp 1.510.689-MG, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 10/3/2015, DJe 16/3/2015”.

(...)

4. AS ENTIDADES FECHADAS E OS SEUS PLANOS DE BENEFÍCIOS

(...)

Esta norma regulamentar foi validada pelo STJ:INFORMATIVO 563 – “DIREITO CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. CONDIÇÃO PARA O RESGATE DA TOTALIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES VERTIDAS AO PLANO PRIVA-DO DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR DE ENTIDADE FECHADA.

É lícita a cláusula que prevê a rescisão do vínculo laboral com o patrocinador como condi-ção para o resgate da totalidade das contribuições vertidas ao plano privado de previdência complementar de entidade fechada. A LC 109/2001, embora preveja que os regulamentos dos planos de benefícios deverão estabelecer o resgate da totalidade das contribuições vertidas pelo ex-participante, dispõe que caberá aos órgãos públicos regulador e fiscalizador estabelecer regu-lamentação específica acerca do referido instituto. Nessa conjuntura, a norma infralegal editada pelo órgão regulador, dentro do exercício do poder regulamentar, que disciplina atualmente a forma pela qual será efetuado o “resgate da totalidade das contribuições vertidas ao plano pelo participante”, prevista na lei complementar de regência -vinculando as entidades de previdência privada e participantes -, é a Resolução do Conselho de Gestão da Previdência Complementar 6, de 30 de outubro de 2003. Pois bem, o art. 22 da referida Resolução enuncia que: “No caso de plano de benefícios instituído por patrocinador, o regulamento deverá condicionar o pagamento do resgate à cessação do vínculo empregatício”. Portanto, nos planos de benefícios patrocinados, é lícita a disposição regulamentar que estabelece como requisito ao resgate a ces-sação do vínculo empregatício com o patrocinador. REsp 1.189.456-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 12/5/2015, DJe, 11/6/2015”.

(...)

Não há direito adquirido à manutenção do valor da contribuição, que poderá ser majorada mesmo para quem esteja em gozo de benefício para restabelecimento do equilíbrio financeiro e atuarial, ou reduzida no caso de superávit.

Este entendimento foi confirmado pelo STJ:

INFORMATIVO 561 – “DIREITO CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE DE MAJORAÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES PARA PLANO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA.

A contribuição dos integrantes de plano de previdência complementar pode ser majorada sem ofender direito adquirido. De acordo com os arts. 202 da CF e 1º da LC 109/2001, a previdência privada é de caráter complementar, facultativa, regida pelo Direito Civil, baseada na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, sendo o regime financeiro de capitalização (contribuições do participante e do patrocinador, se houver, e rendimentos com a aplicação financeira destas) obrigatório para os benefícios de pagamento em prestações continu-adas e programadas, e organizada de forma autônoma em relação ao regime geral de previdência social. Para cumprir sua missão e gerir adequadamente o fundo, as entidades de previdência

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complementar utilizam-se de alguns instrumentos, como o plano de benefícios e o plano de custeio. O plano de benefícios é um programa de capitalização através do qual alguém se pro-põe a contribuir, para a constituição de um fundo que, decorrido o prazo de carência, poderá ser resgatado mediante o pagamento de uma parcela única, ou de diversas parcelas sucessivas (renda continuada). Já o plano de custeio, elaborado segundo cálculos atuariais, reavaliados periodicamente, deve fixar o nível de contribuição necessário à constituição das reservas e à cobertura das demais despesas, podendo as contribuições ser normais, quando destinadas ao custeio dos benefícios oferecidos, ou extraordinárias, quando destinadas ao custeio de déficits, serviço passado e outras finalidades não incluídas na contribuição normal. Logo, pelo regime de capitalização, o benefício de previdência complementar será decorrente do montante de contribuições efetuadas e do resultado de investimentos, podendo haver, no caso de desequilíbrio financeiro e atuarial do fundo, superávit ou déficit, a influenciar os participantes do plano como um todo, já que pelo mutualismo serão beneficiados ou prejudicados, de modo que, nessa última hipótese, terão que arcar com os ônus daí advin-dos. Cabe asseverar, ademais, que a possibilidade de alteração dos regulamentos dos planos de benefícios pelas entidades de previdência privada, com a supervisão de órgãos governamentais, e a adoção de sistema de revisão dos valores das contribuições e dos benefícios já encontravam previsão legal desde a Lei 6.435/1977 (arts. 3º, 21 e 42), tendo sido mantidas na LC 109/2001 (arts. 18 e 21). De fato, é da própria lógica do regime de capitalização do plano de previdência complementar o caráter estatutário, até porque, periodicamente, em cada balanço, todos os pla-nos de benefícios devem ser reavaliados atuarialmente, a fim de manter o equilíbrio do sistema, haja vista as flutuações do mercado e da economia, razão pela qual adaptações e ajustes ao longo do tempo revelam-se necessários, sendo inapropriado o engessamento normativo e regulamen-tar. Cumpre assinalar que as modificações processadas nos regulamentos dos planos aplicam-se a todos os participantes das entidades fechadas de previdência privada, a partir da aprovação pelo órgão regulador e fiscalizador, observado, em qualquer caso, o direito acumulado de cada par-ticipante. É certo que é assegurada ao participante que tenha cumprido os requisitos para obtenção dos benefícios previstos no plano a aplicação das disposições regulamentares vigentes na data em que se tornou elegível a um benefício de aposentadoria. Todavia, disso não decorre nenhum direito adquirido a regime de custeio, o qual poderá ser alterado a qualquer momento para manter o equilíbrio atuarial do plano, sempre que ocorrerem situações que o recomendem ou exijam, obedecidos os requisitos legais. É por isso que o resultado deficitário nos planos ou nas entidades fechadas será suportado por patrocinadores, participantes e assistidos, devendo o equacionamento “ser feito, dentre outras formas, por meio do aumento do valor das contribuições, instituição de contribuição adicional ou redução do valor dos benefícios a conceder, observadas as normas estabelecidas pelo órgão regulador e fis-calizador” (art. 21, § 1º, da LC 109/2001). Precedentes citados: REsp 1.384.432-SE, Quarta Turma, DJe 26/3/2015; AgRg no REsp 704.718-DF, Quarta Turma, DJe 9/10/2014; e REsp 1.111.077-DF, Quarta Turma, DJe 19/12/2011. REsp 1.364.013-SE, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 28/4/2015, DJe 7/5/2015”.

7. A RELAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA COM AS SUAS ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR

(...)

Trata-se de exceção pontual (de duvidosa validade constitucional) trazida na LC 108/2001 ao Princípio da Autonomia da Previdência Complementar, apenas na situação de patrocínio de entidade de previdência complementar pela Administração Pública. De acordo com o artigo 3º, II, da LC 108, os planos de benefícios das entidades de que trata esta Lei Complementar atenderão às seguintes regras: concessão de benefício pelo regime de previdência ao qual o participante esteja filiado por intermédio de seu patrocinador, quando se tratar de plano na modalidade benefício definido, instituído depois da publicação desta Lei Complementar.

(...)

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Frederico Amado

Vale registrar que os serviços sociais autônomos, como pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público, enquadram-se no conceito de patrocinador público e sujeitam-se ao princípio da paridade contributiva. Nesse sentido, o TCU:

“SUMÁRIO: PRESTAÇÃO DE CONTAS. APORTE DE RECURSOS DESTINADOS AO PAGAMENTO DE PREVIDÊNCIA PRIVADA ABERTA. INOBSERVÂNCIA AOS PRE-CEITOS CONSTITUCIONAIS QUE REGEM A MATÉRIA. IRREGULARIDADE DAS CONTAS. DÉBITO E MULTA. 1. Aplica-se aos serviços sociais autônomos a regra insculpida no art. 202, § 3º, da Constituição Federal. 2. Não é admissível o aporte de recursos públicos a instituição de previdência complementar de natureza aberta. 3. Os recursos destinados pelos patrocinadores às entidades de previdência privada deverão observar o princípio da paridade contributiva” (TC-011.363/2003-0. Data da Sessão: 6/4/2011 – Ordinária).

(...)

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Título V DOS CRIMES CONTRA A PREVIDÊNCIA SOCIAL

1priNcipais delitos prevideNciários

4. ESTELIONATO PREVIDENCIÁRIO

(...)

De acordo com o entendimento acertado do Superior Tribunal de Justiça (Informativo 559), “não extingue a punibilidade do crime de estelionato previdenciário (art. 171, § 3º, do CP) a devolução à Previdência Social, antes do recebimento da denúncia, da vantagem percebi-da ilicitamente, podendo a iniciativa, eventualmente, caracterizar arrependimento posterior, previsto no art. 16 do CP. O art. 9º da Lei 10.684/2003 prevê hipótese excepcional de extinção de punibilidade, “quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios”, que somente abrange os crimes de sonegação fiscal, apropriação indébita previdenciária e sonegação de contribuição previdenciária, ontologicamente distintos do estelionato previdenciário, no qual há emprego de ardil para o recebimento indevido de benefícios. Dessa forma, não é possível aplicação, por ana-logia, da causa extintiva de punibilidade prevista no art. 9º da Lei 10.684/2003 pelo pagamento do débito ao estelionato previdenciário, pois não há lacuna involuntária na lei penal a demandar o procedimento supletivo, de integração do ordenamento jurídico. Precedente citado: AgRg no Ag 1.351.325-PR, Quinta Turma, DJe 5/12/2011. REsp 1.380.672-SC, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 24/3/2015, DJe 6/4/2015”.

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Apêndices LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR

E JURISPRUDÊNCIA

apêNdice 5 – eNuNciados do xii foNajef,

vitória (es) - 2015

GRUPO 1

Enunciado nº 1 O CPC/2015 só é aplicável nos Juizados Especiais naquilo que não contrariar os seus princípios norteadores e a sua legislação específica (Aprovado no XII FONAJEF).

Enunciado nº 2 O art. 46, da Lei 9099/1995, não foi revogado pelo novo CPC (Aprovado no XII FONAJEF).

Enunciado nº 3 As disposições do CPC/2015 referentes às provas não revogam as disposições específicas da Lei 10259/2001, sobre perícias (art. 12), e nem as disposições gerais da Lei 9099/1995 (Aprovado no XII FONAJEF).

Enunciado nº 4 Não se aplica aos juizados especiais a técnica de julgamento não unânime (art. 942, CPC/2015) (Aprovado no XII FONAJEF).

Enunciado nº 5 Aplica-se o art. 1030, par. único, do CPC/2015 aos recursos extraordinários interpostos nas Turmas Recursais do JEF (Aprovado no XII FONAJEF).

Enunciado nº 6 Conta-se em dias corridos o prazo para confirmação das intimações eletrônicas (art. 5º, §3º, Lei 11419/2006) (Aprovado no XII FONAJEF).

Recomendações:

Recomendação 1 Recomenda-se aos TRFs a alteração de seus regimentos, de modo a preverem a competência de julgamento do IRDR, no âmbito dos Juizados Federais, pela TRU.

Recomendação 2 Recomenda-se que seja proposta alteração legislativa a fim de prever expressamente que os prazos processuais nos juizados especiais sejam contados de forma corrida.

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Frederico Amado

GRUPO 2

Enunciado nº 1 A regra do art. 489, parágrafo primeiro, do NCPC deve ser mitigada nos juizados por força da primazia dos princípios da simplicidade e informalidade que regem o JEF (Aprovado no XII FONAJEF).

Enunciado nº 2 Nos termos do enunciado nº 1 do FONAJEF e à luz dos princípios da celeridade e da informalidade que norteiam o processo no JEF, vocacionado a receber demandas em grande volume e repetitivas, interpreta-se o rol do art. 332 como exemplificativo (Aprovado no XII FONAJEF).

Enunciado nº 3 Não causa nulidade a não-aplicação do art. 10 do NCPC e do art. 487, parágrafo único, do NCPC nos juiza-dos, tendo em vista os princípios da celeridade e informalidade (Aprovado no XII FONAJEF).

GRUPO 3

Enunciado nº 1 A conciliação e a mediação nos juizados especiais federais permanecem regidas pelas leis 10259/2001 e 9099/1995, mesmo após o advento do novo Código de Processo Civil (Aprovado no XII FONAJEF).

Recomendações:

Recomendação 1 Recomenda-se aos Tribunais Regionais Federais que adotem procedimentos céleres de divulgação da jurispru-dência das turmas recursais e de uniformização.

GRUPO 4

Enunciado nº 1 Nos casos de pedido de concessão de benefício por segurado facultativo de baixa renda, a comprovação da inscrição da família no CadÚnico é documento indispensável para propositura da ação, sob pena de extinção sem exame do mérito (Aprovado no XII FONAJEF).

GRUPO 5

Enunciado nº 1 Em caso de incapacidade intermitente, o pagamento de parcelas anteriores à perícia depende da efetiva com-provação dos períodos em que o autor esteve incapacitado (Aprovado no XII FONAJEF).

Recomendações:

Recomendação 1 Em casos de benefício por incapacidade, é recomendável a intimação do INSS para a juntada do histórico médico SABI (Sistema de Administração de Benefícios Por Incapacidade).

Recomendação 2 Em ações de assistência à saúde, é recomendável a realização de perícia médica judicial, mesmo nos casos em que a prescrição de tratamento advenha de médico atuante no SUS

GRUPO 6

Enunciado nº 1 Não havendo pedido expresso na petição inicial de aposentadoria proporcional, o juiz deve se limitar a deter-minar a averbar os períodos reconhecidos em sentença, na hipótese do segurado não possuir tempo de contri-buição para concessão de aposentadoria integral (Aprovado no XII FONAJEF).

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Enunciado nº 2 Julgado improcedente pedido de benefício por incapacidade, no ajuizamento de nova ação, com base na mes-ma doença, deve o segurado apresentar novo requerimento administrativo, demonstrando, na petição inicial, o agravamento da doença, juntando documentos médicos novos (Aprovado no XII FONAJEF).

Enunciado nº 3 A conclusão do processo administrativo por não comparecimento injustificado à perícia ou à entrevista rural equivale à falta de requerimento administrativo (Aprovado no XII FONAJEF).

Enunciado nº 4 Ausência de pedido de prorrogação de auxílio-doença configura a falta de interesse processual equivalente à inexistência de requerimento administrativo (Aprovado no XII FONAJEF).

apêNdice 6 – eNuNciados do xi foNajef,

campo graNde (ms) - 2014GRUPO 1 – GESTÃO E INFRAESTRUTURA

Recomendação 1 Recomenda-se que seja alterada a previsão contida na Resolução 558 do CJF/2007, que fixou a remuneração dos honorários de peritos que prestam serviço aos JEFS em patamar inferior aos demais juízos, para que passe a constar que aos JEFs está facultado pagamento de honorários periciais, nos mesmos patamares da Justiça Federal Ordinária. (Aprovada por unanimidade)

Recomendação 2 Recomenda-se que seja dada efetiva aplicação ao contido na Resolução 195 do CNJ, que determina a par-ticipação de magistrados de primeiro grau na elaboração da proposta orçamentária do respectivo tribunal. (Aprovada por unanimidade)

Recomendação 3 A gestão das Varas dos JEFs e das Turmas Recursais deve ser exercida pelos magistrados, auxiliados pelos servidores que compõem a estrutura do local, e não por um gestor judicial profissional. (Aprovada por unanimidade)

GRUPO 2 – COMPETÊNCIA

Enunciado 1 Não serão redistribuídas a Juizado Especial Federal (JEF) recém-criado as demandas ajuizadas até a data de sua instalação, salvo se as varas de JEFs estiverem na mesma sede jurisdicional. (Aprovado por contraste)

Recomendação 1 Recomenda-se ao CJF e ao CNJ que seja instituído sistema nacional integrado para o controle da prevenção entre ações ajuizadas. (Aprovada por unanimidade)

Recomendação 2 Recomenda-se sejam tomadas as medidas para a extinção do foro nacional, em razão da interiorização da Justiça Federal. (Aprovada por maioria)

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Frederico Amado

GRUPO 3 – AÇÕES ENVOLVENDO SAÚDE

Recomendação 1 Recomenda-se ao juízo competente oficiar ao Ministério Púbico Federal sugerindo o ajuizamento de ação civil pública nos casos de demandas decorrentes, cujo objeto seja o fornecimento de medicamentos ou a realização de procedimentos médicos. (Aprovada por unanimidade)

GRUPO 4 – DANO MORAL

Enunciado 1 A fixação do valor do dano moral deve representar quantia necessária e suficiente para compensar os danos sofridos pelo autor da demanda, como também para desestimular futuras violações de mesma natureza. (Apro-vado por maioria)

GRUPO 5 – BENEFÍCIOS POR INCAPACIDADE

Enunciado 1 A súmula 78 da TNU, que determina a análise das condições pessoais do segurado em caso de ser portador de HIV, é extensível a outras doenças igualmente estigmatizantes. (Aprovado por contraste)

Enunciado 2 Supressão do enunciado 111 do Fonajef e rejeição da proposta trazida a debate no grupo. (Aprovado por maioria)

Enunciado 3 A natureza substituta do benefício previdenciário por incapacidade não autoriza o desconto das prestações devidas no período em que houve exercício de atividade remunerada. (Aprovado por maioria)

Enunciado 4 Não importa em julgamento extra petita a concessão de benefício previdenciário por incapacidade diverso daquele requerido na inicial. (Aprovado por maioria)

GRUPO 6 – RECURSOS NOS JUIZADOS E REFLEXOS DO NOVO CPC NOS JUIZADOS

Enunciado 1 A Turma Recursal, analisadas as peculiaridades do caso concreto, pode conhecer documentos juntados na fase recursal, desde que não implique apreciação de tese jurídica não questionada no primeiro grau. (Revisão do Enunciado nº 131). (Aprovado por unanimidade)

Enunciado 2 É cabível recurso inominado contra sentença terminativa se a extinção do processo obstar que o autor intente de novo a ação ou quando importe negativa de jurisdição. (Aprovado por contraste)

Enunciado 3 O julgamento liminar de mérito não viola o princípio do contraditório e deve ser empregado na hipótese de decisões reiteradas de improcedência pelo juízo, bem como nos casos que dispensem a fase instrutória, quando o pedido contrariar frontalmente norma jurídica. (Revisão do Enunciado nº 1). (Aprovado por contraste)

Enunciado 4 O valor dos honorários de sucumbência será fixado nos termos do artigo 55, da Lei nº 9.099/95, podendo ser estipulado em valor fixo quando for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, observados os critérios do artigo 20, § 3º, CPC. (Aprovado por unanimidade)

Enunciado 5 A Súmula 421 do STJ aplica-se não só à União como também a todos os entes que compõem a Fazenda Pú-blica. (Aprovado por maioria)

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Recomendação 1 É recomendável a realização de audiência de conciliação previamente à citação nos casos de danos morais. (Aprovado por maioria)

GRUPO 7 – AÇÕES CONCESSIVAS E REVISIONÁRIAS PREVIDENCIÁRIAS

Tema – Atividade Especial

Enunciado 1 A mera alegação genérica de contrariedade às informações sobre atividade especial fornecidas pelo empregador não enseja a realização de novo exame técnico. (Aprovado por unanimidade)

Recomendação 1 Recomenda-se às seções judiciárias a organização de bancos de laudos sobre atividade especial, disponibilizan-do aos interessados para uso nas ações judiciais. (Aprovado por unanimidade)

Tema – Direito adquirido ao melhor benefício

Enunciado 1 Nas ações revisionais em que se se postula aplicação da tese de direito adquirido ao melhor benefício, é requi-sito da petição inicial que seja apontada a data em que verificada tal situação (melhor renda). (Aprovado por contraste)

Tema – Sentenças em ações previdenciárias

Recomendação 1 Recomenda-se que a administração dote as Varas de Juizado Especial de contadoria própria para que os juízes possam proferir sentenças contendo os valores exatos, a fim de evitar alongamento demasiado da fase de cum-primento e discussão sobre cálculo após o trânsito em julgado. (Aprovada por contraste)

Tema – Ressarcimento de honorários periciais

Recomendação 1 Recomenda-se à AJUFE e ao CJF que formem um grupo de trabalho para estudar formas de dar efetivo cumprimento do art. 12, § 1º, da Lei 10.259/01, de modo que os valores despendidos pelo Judiciário na antecipação dos honorários periciais, vencida a Administração, retornem ao orçamento da Justiça Federal. (Aprovada por unanimidade)

GRUPO 8

Revisão do enunciado 63 Cabe multa ao ente público pelo atraso ou não cumprimento de decisões judiciais com base no art. 461 do CPC, acompanhada de determinação para a tomada de medidas administrativas para apuração de responsabi-lidade funcional e/ou dano ao erário, inclusive com a comunicação ao Tribunal de Contas da União. Havendo contumácia no descumprimento, caberá remessa de ofício ao Ministério Público Federal para análise de even-tual improbidade administrativa. (Aprovado por unanimidade)

Enunciado 1 É cabível, com fundamento no art. 14, p. único, do CPC, a aplicação de multa pessoal à autoridade adminis-trativa responsável pela implementação da decisão judicial. (Aprovado por contraste)

Enunciado 2 A multa derivada de descumprimento de antecipação de tutela com base no artigo 461, do CPC, aplicado subsidiariamente, é passível de execução mesmo antes do trânsito em julgado da sentença. (Aprovado por unanimidade)

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Frederico Amado

apêNdice 7 – questões de ordem da tNu

QUESTÃO DE ORDEM Nº 38DOU 15/05/2015 – PG:00332

Em decorrência de julgamento em pedido de uniformização, poderá a Turma Nacional aplicar o direito ao caso concreto decidindo o litígio de modo definitivo, desde que a matéria seja de direito apenas, ou, sendo de fato e de direito, não necessite reexaminar o quadro probatório definido pelas instâncias anteriores, podendo para tanto, restabelecer a sentença desconstituída por Turma Recursal ou Regional. (Precedentes: PEDILEF n. 0013873-13.2007.4.03.6302 e PEDILEF n. 0006170-40.2011.4.01.3200). Aprovada na 4ª Sessão Ordinária da Turma Nacional de Uniformização do dia 07.05.2015.

QUESTÃO DE ORDEM Nº 37DOU 13/03/2015 – PG:00252

A Súmula 418 do Superior Tribunal de Justiça somente se aplica aos Juizados Especiais Federais quando o julgamento dos embargos declaratórios prejudicar o recurso interposto. (Aprovada na 2ª Sessão Ordinária da Turma Nacional de Uniformização do dia 11.03.2015).

apêNdice 8 – súmulas prevideNciárias do stf, stj, tNu, agu e crps

SUPREMO TRIBUNAL FEDERALSúmula 669 – Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao prin-cípio da anterioridade.

TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA DOS JUIZADOS ESPE-CIAIS FEDERAISSúmula 81 – Não incide o prazo decadencial previsto no art. 103, caput, da Lei nº 8.213/91, nos casos de indeferimento e cessação de benefícios, bem como em relação às questões não apreciadas pela Administração no ato da concessão.

Súmula 80 – Nos pedidos de benefício de prestação continuada (LOAS), tendo em vista o advento da Lei 12.470/11, para adequada valoração dos fatores ambientais, sociais, econômicos e pessoais que impactam na participação da pessoa com deficiência na sociedade, é necessária a realização de avaliação social por assistente social ou outras providências aptas a revelar a efetiva condição vivida no meio social pelo requerente.

Súmula 79 – Nas ações em que se postula benefício assistencial, é necessária a comprovação das condições socioeconômicas do autor por laudo de assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de justiça ou, sendo inviabilizados os referidos meios, por prova testemunhal.