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ENCONTROS da PRIMAVERA ONCOLOGIA 2012 ÉvoraHotel, 19 a 22 de Abril PROGRAMA www.encontrosdaprimavera.com ONCOLOGY 2012 SPRING MEETING

PRIMAVERA ONCOLOGIA 2012 - encontrosdaprimavera.com · ... Lisboa, Portugal Helena Rodrigues Instituto Português de ... Lisboa, Portugal Jorge Penedo Centro Hospitalar de Lisboa

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Edifício Central ParkR. Alexandre Herculano, Edf. 1-4º C 2795-240 Linda-a-Velha PORTUGALTel 21 430 77 40 Fax 21 430 77 49 Email [email protected]

www.factorchave.pt

ENCONTROS

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PROGRAMA

www.encontrosdaprimavera.com

ONCOLOGY 2012SPRING MEETING

April 1

9 to 22

LEO Pharma

PATROCINADORES PLATINA | PLATINIUM SPONSORS

PATROCINADORES OURO | GOLD SPONSORS

PATROCINADORES PRATA | SILVER SPONSORS

PATROCINADORES BRONZE | BRONZE SPONSORS

APOIANTES | SUPPORTERS

VIATURA OFICIAL | OFFICIAL CAR

AGÊNCIA OFICIAL | OFFICIAL AGENCY

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AGRADECIMENTO ESPECIAL

Aos Organizadores e à Agência Oficial, pelo empenho e dedicação que demonstraram.Aos Patrocinadores, sem os quais não teria sido possível a realização deste evento.

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Bem Vindos aosEncontros da Primavera 2012Évora, 19 de Abril de 2012

Caro Congressista,

Ao abrir este programa está a dar início a mais uma edição dos ENCONTROS da PRIMAVERA, a oitava!

O programa é ambicioso, mas sem ambição o mundo não avança! Foi construído numa base multidisciplinar, procurando em cada tema “mostrar o estado da arte e desvendar o futuro“.

É um programa diversificado, que tenta responder aos interesses e necessidades de formação dos diversos participantes, envolvendo jovens e menos jovens, médicos e não médicos, juntos num objectivo comum: tratamento de excelência do doente oncológico.

Este objectivo, deve orientar o nosso dia-a-dia e nos tempos de mudança que vivemos, em que cada um de nós é chamado a dar mais e melhor optimizando os recursos disponíveis, ele é ainda mais importante.

Somos o “provedor“ do doente e ele espera que o sejamos. As questões do acesso, as limitações orçamentais, a reorganização e a sustentabilidade do sistema de saúde, são aspectos a que não podemos nem devemos ser alheios, mas não nos devemos esquecer nunca que a nossa função é tratar o doente, de acordo com o estado da arte e com os princípios éticos que a profissão exige.

Os ENCONTROS da PRIMAVERA, orgulham-se de poder contribuir para alcançar este objectivo de excelência, fomentando a formação dos profissionais, do ponto de vista científico e ético.

Agradeço a sua presença, sendo certo que ela contribuirá de forma significativa para o enriquecimento do evento.

Cumprimentos,

Sérgio BarrosoPresidente dos Encontros da Primavera

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PATROCINADORES PLATINA | PLATINIUM SPONSORS

PATROCINADORES OURO | GOLD SPONSORS

PATROCINADORES PRATA | SILVER SPONSORS

PATROCINADORES BRONZE | BRONZE SPONSORS

APOIANTES | SUPPORTERS

VIATURA OFICIAL | OFFICIAL CAR

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ORGANIZAÇÃO | ORGANIZATION

PRESIDENTE | PRESIDENTSérgio Barroso

COMISSÃO CIENTÍFICA | SCIENTIFIC COMMITTEE

PATROCÍNIOS INSTITUCIONAIS | INSTITUTIONAL SPONSORS

PATROCÍNIOS CIENTÍFICOS | SCIENTIFIC SPONSORS

Sérgio Barroso Cardoso OliveiraCarlos QuintanaJorge CaravanaM. Jorge Freitas Manuel Carvalho

Manuel MurtaMargarida Carvalho

Pedro ChinitaRui Dinis

Teresa TimóteoVictor Caeiro

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PALESTRANTES | FACULTYAna Cristina Ferreira Instituto Português de Oncologia, Porto, PortugalAna Escoval Escola Nacional de Saúde Pública, Lisboa, Portugal

Ana Macedo KeyPoint, Lisboa, Portugal

Ana Maria Nogueira Colégio de Competência em Medicina Farmacêutica, Lisboa, Portugal

Ana Martins Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal

Ana Paula Figueiredo Instituto Português de Oncologia, Coimbra, Portugal

Ana Paula Santos Grupo de Estudos de Tumores Neuro-Endócrinos, Porto, Portugal

Ana Raimundo Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Ana Salgado Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Ana Videira Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

Ângelo Oliveira Colégio da Especialidade de Radioterapia da Ordem dos Médicos, Lisboa, Portugal

António Araújo Instituto Português de Oncologia, Porto / Hospital de São Sebastião, Feira, Portugal

Antonio Lombard Instituto Valenciano de Oncologia, Valência, Espanha

Bruno Magalhães Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Camila Coutinho Centro Hospitalar do Alto Ave, Guimarães, Portugal Cardoso de Oliveira Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

Carina Raposo Centro Hospitalar do Porto, Portugal

Carlos de Oliveira Liga Portuguesa Contra o Cancro, Lisboa, Portugal

Carlos Lopes Sociedade Portuguesa de Senologia, Lisboa, Portugal

Carlos Nogueira Colégio da Especialidade de Cirurgia da Ordem dos Médicos, Lisboa, Portugal

Carlos Quintana Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

Carlos Rabaça Instituto Português de Oncologia, Coimbra, Portugal

Cecília Moura Instituto Português de Oncologia, Lisboa, Portugal

Charles Leonard Denver, EUA

Cristina Galvão Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo, Beja, Portugal

Cristina Lacerda Instituto Português de Oncologia, Lisboa, Portugal

Daniel Ferreira Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Deolinda Pereira Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Dialina Brilhante Instituto Português de Oncologia, Lisboa, Portugal

Dulce Nunes Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

Dulce Santos Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

Elisabete Valério Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Elzbieta Senkus Medical University of Gdansk, Polónia

Emanuel Jesus Instituto Português de Oncologia, Coimbra, Portugal

Emilia Magalhães Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Fátima Teixeira ACES Sotavento Algarvio, Tavira, Portugal

Fátima Vaz Instituto Português de Oncologia, Lisboa, Portugal

Fausto Roila Silvestrini Hospital, Perugia, Itália

Fernando Barata Centro Hospitalar de Coimbra, Coimbra, Portugal

Filipa Fontes Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Filipa Tavares Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, Portugal

Francisco Pimentel Lenitudes, Lisboa, Portugal

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PALESTRANTES | FACULTYGabriela Sousa Instituto Português de Oncologia, Coimbra, Portugal

Gonçalo Fernandez Instituto Português de Oncologia, Lisboa, Portugal

Guy Vieira Clínica Quadrantes, Portugal Hélder Mansinho Centro Hospitalar Barreiro / Montijo, Portugal

Helena Gervásio Instituto Português de Oncologia, Coimbra, Portugal

Helena Magalhães Instituto Português de Oncologia, Lisboa, Portugal

Helena Rodrigues Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Henrique Nabais Hospital da Luz, Lisboa, Portugal

Isabel Fernandes Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, Portugal

Jacinto Costa Instituto Português de Oncologia, Coimbra, Portugal

Joana Ferreira Instituto Português de Oncologia, Coimbra, Portugal

Joana Macedo Hospital de São Sebastião, Feira, Portugal

Joaninha Costa Rosa Instituto Português de Oncologia, Lisboa, PortugalJoão Prata Instituto Português de Oncologia, Lisboa, Portugal

João Ribeiro Instituto Português de Oncologia, Coimbra, Portugal

Joaquim Abreu Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Joaquina Mauricio Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Joel Cardoso Hospitais da Universidade de Coimbra, Portugal

Jorge Caravana Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

Jorge Espírito Santo Colégio da Especialidade de Oncologia da Ordem dos Médicos, Lisboa, Portugal

Jorge Penedo Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa, Portugal

José Carlos Machado IPATIMUP, Porto, Portugal

José Dinis Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

José Luis Passos Coelho Hospital da Luz, Lisboa, PortugalJuan Mellidez Hospital Infante D. Pedro, Aveiro, Portugal

Juliana Santos Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Júlio Leite Sociedade Portuguesa de Cirurgia, Lisboa, Portugal

Kathleen Pritchard Faculty of Medicine University of Toronto, Canadá

Lúcio Lara Santos Instituto Português de Oncologia, Porto, PortugalLuís Costa Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, PortugalLuís Lázaro Cuidados Paliativos da Extremadura, Espanha

Luís Miguel Ferreira Escola Superior de Enfermagem, Porto, Portugal

Lurdes Trigo Sociedade Portuguesa de Radioterapia Oncológica, Lisboa, Portugal M. Jorge Freitas Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Madalena Mela Hospital Garcia de Orta, Almada, PortugalManuel Carvalho Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

Manuel Murta Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

Margarida Carvalho Hospital do Litoral Alentejano, Santiago do Cacém, Portugal

Margarida Damasceno Hospital de São João, Porto, Portugal

Maria Braz Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal Maria Filomena Mendes Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal Maria Inês Antunes Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

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PALESTRANTES | FACULTYMaria João Cardoso Fundação Champalimaud, Lisboa, Portugal

Maria José Passos Instituto Português de Oncologia, Lisboa, Portugal

Marta Soares Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Miguel Barbosa Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal

Mónica Nave Hospital da Luz, Lisboa, Portugal

Noémia Afonso Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Nuno Bonito Instituto Português de Oncologia, Coimbra, Portugal Nunes Marques Centro Hospitalar Lisboa Ocidental, Lisboa, Portugal Ondina Rabaça Instituto Português de Oncologia, Lisboa, Portugal

Paulo Coelho Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal Paulo Cortes Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, Portugal

Paulo Costa Centro Hospitalar Barreiro / Montijo, Portugal

Paulo Reis Pina Instituto Português de Oncologia, Lisboa, Portugal

Pedro Caetano Universidade Nova de Lisboa, Portugal

Pedro Cardoso Instituto Português de Oncologia, Coimbra, Portugal

Pedro Chinita Hospital do Espírito Santo / Lenicare, Évora, Portugal

Pedro Rocha KeyPoint, Lisboa, Portugal

Pereira Alves Lisboa, Portugal

Philippe Cassier Unicancer, Paris, França

Pierpaolo Cusati Hospital do Litoral Alentejano, Santiago do Cacém, Portugal

Ricardo da Luz Centro Hospitalar Lisboa Central, Lisboa, Portugal

Richard Kefford Westmead Hospital, Sydney, Austrália

Robert Motzer Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, Nova Iorque, EUA

Rui Dinis Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

Rui Santos Hospitais da Universidade de Coimbra, Portugal

Sandra Bento Hospital de Santarém, PortugalSandra Santos Instituto Português de Oncologia, Coimbra, Portugal

Sebastian Schavena Barcelona, Espanha

Selma Faustino Instituto Português de Oncologia, Lisboa, Portugal

Sérgio Barroso Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

Sérgio Galo Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

Sílvia Nunes Instituto Português de Oncologia, Lisboa, Portugal

Sónia Rego Hospital de São Sebastião, Feira, Portugal

Soraia Pinto Hospital de São João, Porto, Portugal

Susana Sousa Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal

Tânia Rodrigues Hospital da Luz, Lisboa, PortugalTeresa Timóteo Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

Thierry André Hopital Saint Antoine, Paris, França

Vanessa Leomaro Hospital Fernando Fonseca, Amadora, Portugal

Vasco Herédia Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

Vitor Caeiro Hospital do Espírito Santo, Évora, Portugal

Vitor Farrincha Instituto Português de Oncologia, Lisboa, Portugal

Wolfgang Eiermann Ludwig Maximilians Universität, Munique, Alemanha

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INFORMAÇÃO GERAL | GENERAL INFORMATION

Horário de Funcionamento do SecretariadoDia 19 de Abril, Quinta-feira 08h00 às 19h00Dia 20 de Abril, Sexta-feira 08h00 às 19h00Dia 21 de Abril, Sábado 08h00 às 19h00Dia 22 de Abril, Domingo 08h00 às 14h00

Horário de Funcionamento do Slide DeskDia 19 de Abril, Quinta-feira 08h00 às 18h00Dia 20 de Abril, Sexta-feira 08h00 às 18h00Dia 21 de Abril, Sábado 08h00 às 19h00Dia 22 de Abril, Domingo 08h00 às 11h30

CERTIFICADOS | CERTIFICATES

O certificado de presença, palestrante ou de apresentação de abstract, pode ser obtido no quiosque de certificados, junto ao secretariado.

REFEIÇÕES | MEALS

Serão servidos coffee breaks e almoços de trabalho, disponíveis apenas aos participantes inscritos, devidamente identificados com o crachá válido para o efeito.

Na 5ª feira, dia 19 de Abril, o almoço é reservado aos participantes dos Cursos de Pré-Congresso.

O Jantar do Congresso realizar-se-á no dia 21 de Abril, pelas 20h30, na Quinta do Louredo.Haverá transferes de cada hotel para o Jantar do Congresso às 20h00, e de regresso.É obrigatório a apresentação do convite.

Todas as apresentações deverão ser entregues no slide desk pelo menos 2 horas antes da apresentação.

Será pedido a todos os palestrantes para cederem os direitos de utilização da suaapresentação para futura inclusão em meios de divulgação médica.

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PRÉMIOS COMUNICAÇÕES ORAIS E POSTERSORAL AND POSTER PRESENTATIONS AWARDS

COMUNICAÇÕES ORAIS GERAIS | ORAL PRESENTATIONS

1ª PRÉMIO | AWARD 1.500 Euros2º PRÉMIO | AWARD 1.000 Euros3º PRÉMIO | AWARD 750 euros

POSTERS | POSTERS

1ª PRÉMIO | AWARD 1.000 Euros2º PRÉMIO | AWARD 750 euros3º PRÉMIO | AWARD 500 Euros

PRÉMIOS COMUNICAÇÕES ORAIS E POSTERS, SESSÃO IORAL PRESENTATIONS AND POSTERS AWARDS, SESSION I

PATROCÍNIO | SPONSOR

PRÉMIOS COMUNICAÇÕES ORAIS E POSTERS, SESSÃO IIORAL PRESENTATIONS AND POSTERS AWARDS, SESSION II

PATROCÍNIO | SPONSOR

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HOTÉIS OFICIAIS DO CONGRESSO | OFFICIAL HOTELS OF THE CONGRESS

Évora HotelAvenida Túlio Espanca7002-502 ÉvoraTelefone: (+351) 266 748 800Fax: (+351) 266 748 806

M’AR de AR Aqueduto HotelRua Cândido dos Reis, 727000-782 ÉvoraTelefone: (+351) 266 740 700Fax: (+351) 266 740 735

M’AR de AR Muralhas HotelTravessa da Palmeira, 4/67000-546 ÉvoraTelefone: (+351) 266 739 300Fax: (+351) 266 739 305

Hotel Dom FernandoAvenida Dr. Barahona, 27005-150 ÉvoraTelefone: (+351) 266 737 990Fax: (+351) 266 737 999

Albergaria VitóriaRua Diana de Lis, 57005-413 ÉvoraTelefone: (+351) 266 707 174Fax: (+351) 266 700 974

Albergaria do CalvárioTravessa dos Lagares, 37000-565 ÉvoraTelefone: (+351) 266 745 930Fax: (+351) 266 745 939

Pousada dos LóiosLargo Conde Vila-Flor7000-804 ÉvoraTelefone: (+351) 266 730 070Fax: (+351) 266 707 248

Convento do Espinheiro Hotel Canaviais7000-502 ÉvoraTelefone: (+351) 266 788 200Fax: (+351) 266 788 202

Hotel Ibis ÉvoraQuinta da TapadaUrbanização da Muralha7000-968 Évora Telefone: (+ 351) 266 760 700 Fax: (+351) 266 760 799

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ENCONTROS

daPRIMAVERA

ONCOLOGIA 2012

ÉvoraHotel, 19 a 22 de Abril

Alcáçovas

Beja

Reguengos

Espanha

Redondo

Espanha

Arraiolos

LISBOA

Pousada dos Lóios

Évora Hotel

M´AR de Ar Muralhas

Hotel D. Fernando

Hotel Ibis

Albergaria do Calvário

Albergaria Vitória

M´AR de Ar Aqueduto

Convento do Espinheiro

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Templo de Diana

Praça do Giraldo

Universidade

Hospital Espírito Santo

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MAPA ÉVORA | ÉVORA MAP

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PLANTA HOTEL | HOTEL MAP

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AGÊNCIA OFICIAL | OFFICIAL AGENCY

Edifício Central ParkR. Alexandre Herculano, Edf. 1-4º C

2795-240 Linda-a-Velha | PORTUGALTel 21 430 77 40Fax 21 430 77 49

Email [email protected]

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NOTAS

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5ª F

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95ª FEIRA, 19 ABRIL | THURSDAY, APRIL 19CURSOS PRÉ-CONGRESSOPRE-CONGRESS COURSES

Sala D | Room D09.00 | 10.20 Farmacoeconomia - Módulo 1 Pharmacoeconomy - Module 1 Coordenador | Coordinator Ana Macedo

10.20 | 10.30 Intervalo Break

10.30 | 13.00 Farmacoeconomia - Módulo 1 Pharmacoeconomy - Module 1 Coordenador | Coordinator Ana Macedo

13.00 | 14.30 Almoço Lunch

Nota: O Módulo 2 terá lugar em Outubro, no Congresso Nacional de Cancro Digestivo.

Sala C | Room C

11.00 | 13.00 Investigação em Enfermagem Nursing Investigation Coordenador | Coordinator Bruno Magalhães

13.00 | 14.30 Almoço Lunch

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Sala B | Room B Tumores Cabeça e Pescoço Head and Neck Tumors Coordenador | Coordinator Rui Dinis

9.00 | 9.10 | Apresentação Presentation Pedro Chinita

9.10 | 9.20 | Epidemiologia e factores de risco Epidemiology and risk factors Rui Dinis Tabaco, álcool e vírus

9.20 | 9.50 | Clínica, patologia e diagnóstico Clinic, pathology and diagnosis Dulce Nunes Nasofaringe, cavidade oral, faringe, laringe e seios paranasais Histologias Inspecção, palpação, exame indirecto espelho, endoscopia directa, panendoscopia e citologia aspirativa

9.50 | 10.20 | Imagiologia e estadiamento Imagiology and staging Sérgio Galo TAC, RM e PET-CT: indicações, vantagens e desvantagens 10.20 | 10.30 Intervalo Break

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910.30 | 11.00 | Tratamento de doença localizada: com e sem preservação do orgão Treatment of localized disease: with and without preservation Paulo Coelho, Maria Inês Antunes 11.00 | 11.40 | Tratamento de doença loco-regionalmente avançada: Tratamento sequencial e quimio-radioterapia Treatment of loco-regionally advanced disease: Sequential treatment and chemo-radiotherapy Rui Dinis, Pedro Chinita 11.40 | 12.00 | Tratamento de doença metastática e recorrente Treatment of metastatic disease and recurring Rui Dinis

12.00 | 12.15 | Vigilância / Follow-up Surveillance / Follow-up

12.15 | 13.00 | Casos clínicos e discussão final Clinical cases and final discussion

13.00 | 14.30 Almoço Lunch

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5ª FEIRA, 19 ABRIL | THURSDAY, APRIL 19PROGRAMA MÉDICOPHYSICIANS PROGRAM

Sala A | Room A14.30 | 16.30 SESSÃO 1 - TERAPÊUTICAS DE SUPORTE SESSION 1 - SUPPORTIVE THERAPIES Presidente | Chairman Juan Mellidez Moderadores | Co-Chairmen Tânia Rodrigues, Sandra Bento

| Antiemese - Como ser custo-efectivo Anti-emetic therapy - How to be cost-effective Fausto Roila | Mucosite: abordagem sistemática Mucositis: sistematic aproach Sónia Rego | Dor em oncologia - Individualização terapêutica Pain in oncology - How to individualized treatment Dulce Santos | Factores de crescimento: normas de utilização Growth factors: guidelines Miguel Barbosa | Discussão Discussion

16.30 | 17.00 Intervalo Break

17.00 | 18.30 SESSÃO 2 - COMUNICAÇÕES ORAIS I SESSION 2 - ORAL ABSTRACT PRESENTATIONS I Presidente | Chairman Lúcio Lara Santos Moderadores | Co-Chairmen Camila Coutinho, Joana Macedo, Ana Videira, Pierpaolo Cusati

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9NOTAS

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NOTAS

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NOTAS

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206ª FEIRA, 20 ABRIL | FRIDAY, APRIL 20

PROGRAMA MÉDICOPHYSICIANS PROGRAM

Sala A | Room A09.00 | 11.00 SESSÃO 3 - CANCRO DA MAMA SESSION 3 - BREAST CANCER Presidente | Chairman Helena Rodrigues Moderadores | Co-Chairmen Joaquim Abreu, Pedro Chinita

| Terapêutica neoadjuvante: como e quando usar? Neoadjuvant therapy: how and when? Wolfgang Eiermann | Abordagem da axila no cancro da mama precoce em 2012 Aproach of the axila in early breast cancer in 2012 Maria João Cardoso | Irradiação parcial da mama: as várias técnicas Partial radiotherapy of the breast: the different technics Paulo Costa | Novas modalidades: IMRT, IGRT, Gating New modalities of breast radiotherapy: IMRT, IGRT, Gating Gonçalo Fernandez | Ensaios genómicos Genomic tools Charles Leonard, Sebastian Schavena | Discussão Discussion

11.00 | 11.30 Intervalo Break

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11.30 | 13.00 SESSÃO 4 - CUIDADOS PALIATIVOS SESSION 4 - PALIATIVE CARE Presidente | Chairman Margarida Carvalho Moderador | Co-Chairman Filipa Tavares

| Cuidados paliativos e oncologia. O estado da arte Palliative care and oncology. The state of the art Filipa Tavares | A propósito de um caso clínico A clinical case study Cristina Galvão | Estremadura espanhola - um programa modelo Spanish Extremadura - a model program Luís Lázaro | Cuidados paliativos. Uma questão de custos? Palliative care. A question of cost? Fátima Teixeira | Controvérsias Controversies Paulo Reis Pina | Discussão Discussion

13.00 | 14.30 Almoço Lunch

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2014.30 | 16.30 SESSÃO 5 - MELANOMA

SESSION 5 - MELANOMA Presidente | Chairman Maria José Passos Moderadores | Co-Chairmen Manuel Murta, Emanuel Jesus

| O papel do patologista Chalenging the pathologist Joaninha Costa Rosa | Electroquimioterapia Electrochemotherapy Vítor Farrincha | Terapêutica adjuvante: quais os doentes? Adjuvant therapy: for which patients? Ana Raimundo | Terapêutica sistémica: estado da arte e novos fármacos Sistemic therapy: state of the art and new agents Richard Kefford | Toxicidades cutâneas Cutaneous toxicities Cecília Moura | Discussão Discussion

16.30 | 17.00 Intervalo Break

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17.00 | 17.40 SESSÃO 6 - TROMBOSE E CANCRO SESSION 6 - THROMBOSIS AND CANCER Presidente | Chairman Pereira Alves Moderadores | Co-Chairmen Sérgio Barroso , Joaquim Abreu | Apresentação do documento final do consenso - Grupo de reflexão TEV no doente oncológico Presentation of the final consensus document - Focus group on VTE in cancer patients Dialina Brilhante | Registo nacional de TEV em doentes com cancro National registry project of VTE in cancer patients Pedro Rocha

18.00 | 19.00 SESSÃO 7 - SESSÃO ESPECIAL SESSION 7 - SPECIAL SESSION | Nota de boas vindas Welcome adress Sérgio Barroso | Centros de excelência em oncologia: o caminho a seguir Cancer centres of excellence: the way to go José Robalo, Maria Filomena Mendes, Manuel Carvalho | Entrega de bolsa Liga Portuguesa Contra Cancro / Pfizer Grant of Portuguese League Against Cancer / Pfizer Carlos de Oliveira, Margarida Ferreira

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206ª FEIRA, 20 ABRIL | FRIDAY, APRIL 20

PROGRAMA ENFERMAGEMNURSES PROGRAM

Sala B | Room B11.30 | 13.00 SESSÃO 1 - CANCRO CABEÇA E PESCOÇO SESSION 1 - HEAD AND NECK CANCER Moderador | Co-Chairman Sandra Santos

| Distress, o que significa? Distress, which means? Joana Ferreira | Estudo multicêntrico para avaliação da evolução do distress no doente de cabeça e pescoço Multicenter study of evaluation to distress evolution in the head and neck patient Pedro Cardoso | Apresentação dos resultados do estudo multicêntrico do distress Results presentation of multicenter distress study Oncologia cirúrgica IPO Coimbra Jacinto Costa Oncologia cirúrgica IPO Porto Filipa Fontes | Discussão Discussion Juliana Santos Pedro Cardoso

13.00 | 14.00 Almoço Lunch

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14.00 | 15.30 SESSÃO 2 - EDUCAÇÃO EM ONCOLOGIA: ESTRATÉGIAS PARA MUDANÇA DE COMPORTAMENTOS SESSION 2 - EDUCATION IN ONCOLOGY: STRATEGIES FOR CHANGING ATTITUDES IN HEALTH Moderador | Co-Chairman Cristina Lacerda

| Que factores intervêm na educação para a saúde Which factors are involved in health education Daniel Ferreira | Educar para prevenir Educate to prevent O que se faz no IPO Porto Maria Braz O que se faz no IPO Lisboa Sílvia Nunes | Apresentação de livro inserido no projecto AEOP “Educar e Prevenir” Presentation of book inserted in the AEOP Project “Educate and Prevent” Ana Paula Figueiredo | Conclusões Conclusions

15.30 | 16.00 Intervalo Break

16.00 | 18.00 SESSÃO 3 - CANCRO MAMA: DISCUSSÃO DE LINHA CONSENSO: DOENTE EM TRATAMENTO HORMONAL SESSION 3 - BREAST CANCER: DISCUSSION OF CONSENSUS LINE: BREAST CANCER PATIENT IN HORMONE THERAPY TREATMENT Presidente | Chairman Ana Salgado Moderador | Co-Chairman Elisabete Valério

| Painel discussão Discussion panel Ondina Rabaça Vanessa Leomaro Soraia Pinto Luís Miguel Ferreira

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NOTAS

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21SÁBADO, 21 ABRIL | SATURDAY, APRIL 21

PROGRAMA MÉDICOPHYSICIANS PROGRAM

Sala A | Room A08.30 | 09.30 SESSÃO 8 - COMUNICAÇÕES ORAIS II SESSION 8 - ORAL ABSTRACTS PRESENTATIONS II Presidente | Chairman Teresa Timóteo Moderadores | Co-Chairmen Carlos Rabaça, Nunes Marques, Carlos Quintana, Guy Vieira

09.30 | 10.40 SESSÃO 9 - CANCRO DO OVÁRIO SESSION 9 - OVARIAN CANCER Presidente | Chairman Deolinda Pereira Moderadores | Co-Chairmen Vitor Caeiro, Fátima Vaz

| Perspectiva cirúrgica: actualização Surgical perspective: update Henrique Nabais | Tumores raros do ovário: estratégias terapêuticas Rare ovarian tumours: terapeutic strategies Mónica Nave | Quimioterapia no carcinoma epitelial do ovário: estado da arte e perspectivas futuras Ovarian carcinoma chemotherapy: state of the art and future perspectives Susana Sousa | Discussão Discussion

10.40 | 11.00 Intervalo Break

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11.00 | 12.45 SESSÃO 10 - CANCRO GÉNITO-URINÁRIO SESSION 10 - GENITO-URINARY CANCER Presidente | Chairman Cardoso de Oliveira Moderadores | Co-Chairmen Gabriela Sousa, Joaquina Maurício

| Carcinoma células renais avançado: terapêutica actual e futura Advanced renal cell carcinoma: current standard therapy and future directions Robert Motzer | Tumores de células germinais - terapêutica de 1ª linha Germinal cells tumors - 1st line therapy José Luís Passos Coelho | Tumores de células germinais: terapêutica de “salvage” Germ cell tumors: salvage therapy Robert Motzer | Cancro da próstata resistente castração: novos tratamentos New treatments: for castration resistent prostate cancer Sérgio Barroso | Discussão Discussion

12.45 | 14.15 Almoço Lunch

14.15 | 15.30 SESSÃO 11 - SARCOMA SESSION 11 - SARCOMA Presidente | Chairman Teresa Timóteo Moderadores | Co-Chairmen Jorge Penedo, Nuno Bonito | Sarcomas dos tecidos moles: Novas opções terapêuticas em 2012 e perspectivas futuras Soft tissue sarcomas: new therapy options in 2012 and beyond Isabel Fernandes | Casos clínicos especiais Challenging clinical cases Philippe Cassier | GIST, terapêutica adjuvante: como, quando e porquê GIST, adjuvant therapy: what, when and why Marta Soares | Discussão Discussion

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2115.30 | 17.00 SESSÃO 12 - CANCRO COLORECTAL

SESSION 12 - COLORECTAL CANCER Presidente | Chairman Jorge Caravana Moderadores | Co-Chairmen Ana Martins, João Ribeiro

| Instabilidade de microssatélites e principais vias de sinalização: implicações para a terapêutica Microsatellite instability and key signalling pathways: implications for therapy José Carlos Machado | Tumores do recto: TAC vs RMN Rectal tumors: CT scan vs MRI Vasco Herédia | Terapêutica adjuvante: estado da arte e futuro Adjuvant therapy of colon cancer: state of the art and beyond Thierry André | Tratamento de doença avançada Advanced disease treatment Hélder Mansinho | Discussão Discussion

17.00 | 17.30 Intervalo Break

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17.30 | 19.30 SESSÃO 13 - CANCRO DA MAMA II SESSION 13 - BREAST CANCER II Presidente | Chairman Helena Gervásio Moderadores | Co-Chairmen José Luís Passos Coelho, Margarida Damasceno

| A importância da doença óssea no cancro da mama: magnitude do problema e estratégia terapêutica The importance of bone disease in breast cancer: the magnitude of the problem and how to manage it Luís Costa | Cancro da mama triplo negativo: como tratar? Triple negative breast cancer: how to manage? Noémia Afonso | Cancro de mama avançado: novas opções de quimioterapia Advanced breast cancer: new chemotherapy options Antonio Lombard | Novos alvos terapêuticos: inibidores Her2 e mTOR New therapeutic targets: focus on Her2 and mTOR inhibitors Kathleen Pritchard | Recomendações internacionais do ABC1 International recomendations from ABC1 Elzbieta Senkus | Discussão Discussion

20.30 Jantar do congresso Official congress dinner

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21SÁBADO, 21 ABRIL | SATURDAY, APRIL 21

PROGRAMA ENFERMAGEMNURSES PROGRAM

Sala B | Room B09.30 | 11.00 SESSÃO 4 - SARCOMA SESSION 4 - SARCOMA Moderador | Co-Chairman Rui Santos

| Sarcomas ósseos Osteosarcomas Joel Cardoso | Sarcomas tecidos moles Soft tissue sarcomas João Prata | Suporte social do doente em tratamento. Apresentação de estudo investigacional Social support of the patient in treatment. Investigational study presentation Emília Magalhães M. Jorge Freitas | Conclusões Conclusions

11.00 | 11.30 Intervalo Break

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11.30 | 13.00 SESSÃO 5 - DOR CRÓNICA EM ONCOLOGIA: DIFERENTES EXPERIÊNCIAS HOSPITALARES SESSION 5 - CHRONIC PAIN IN ONCOLOGY: THE DIFFERENT EXPERIENCES Moderador | Co-Chairman Helena Magalhães

| A dor crónica no doente com cancro Chronic pain in patients with cancer Carina Raposo | Intervenção integrada no controlo da dor Integrated intervention in pain management Na Unidade Dor do IPO Lisboa Selma Faustino Na Unidade Dor do IPO Coimbra Ana Cristina Ferreira Na Unidade Dor do Hospital Garcia de Orta Madalena Mela | Discussão Discussion

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22DOMINGO, 22 ABRIL | SUNDAY, APRIL 22

PROGRAMA MÉDICOPHYSICIANS PROGRAM

Sala A | Room A09.00 | 11.00 SESSÃO 14 - ESPECIFICIDADE DA ONCOLOGIA SESSION 14 - SPECIFICITY IN ONCOLOGY Presidente | Chairman Francisco Pimentel

| O papel da medicina farmacêutica The role of pharmaceutical medicine Ana Maria Nogueira | Formação em oncologia Training in oncology Lúcio Lara Santos | O papel das sociedades científicas The role of scientific societies Ricardo da Luz | Custos em oncologia Costs in oncology António Araújo | Financiamento em oncologia Funding in oncology Ana Escoval

Painel de Discussão Discussion panel Sociedade Portuguesa de Oncologia Joaquim Abreu Sociedade Portuguesa de Senologia Carlos Lopes Sociedade Portuguesa de Radioterapia Oncológica Lurdes Trigo Sociedade Portuguesa de Cirurgia Júlio Leite Colégios de Especialidade da Ordem dos Médicos Oncologia Jorge Espírito Santo Cirurgia Carlos Nogueira Radioterapia Ângelo Oliveira

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11.00 | 11.30 Intervalo Break

11.30 | 13.00 SESSÃO 15 - INVESTIGAÇÃO CLÍNICA SESSION 15 - CLINICAL INVESTIGATION MEETING Moderadores | Co-Chairmen José Dinis, Paulo Cortes

| Como construir uma plataforma nacional de investigação How to set up a national research platform Universidade Nova de Lisboa Pedro Caetano Grupo de Investigação do Cancro Digestivo Hélder Mansinho Grupo de Estudos do Cancro do Pulmão Fernando Barata Grupo de Estudos do Cancro da Cabeça e Pescoço José Dinis Intergrupo Português de Melanoma Maria José Passos Grupo de Estudos de Tumores Neuro-Endócrinos Ana Paula Santos

13.00 Encerramento dos Encontros da Primavera 2012 Adjourn Sérgio Barroso

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NOTAS

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CTSCOMUNICAÇÕES ORAIS MÉDICAS

SESSÃO 2 - COMUNICAÇÕES ORAIS I

1 FACTORES PREDITIVOS DE SOBREVIVÊNCIA GLOBAL NOS DOENTES COM TROMBOEMBOLISMO VENOSO E NEOPLASIA PULMONAR.

2 ASSOCIATION BETWEEN EGF+61 GENETIC POLYMORPHISMS AND NON-SMALL-CELL LUNG CANCER INCREASED RISK IN A PORTUGUESE POPULATION: A CASE-CONTROL STUDY.

3 INFLUÊNCIA DO POLIMORFISMO GGH -401C>T NA DETERMINAÇÃO DA RESPOSTA À QUIMIORADIOTERAPIA COM CISPLATINA EM DOENTES COM CANCRO DO COLO UTERINO.

4 NEOPLASIA DO RETO BAIXO: DISSECÇÃO INTERESFINCTERIANA.

5 CARCINOSARCOMAS UTERINOS – A EXPERIÊNCIA DE UM SERVIÇO.

6 INFLUÊNCIA DAS ADIPOCITOCINAS NA PROGRESSÃO E DESENVOLVIMENTO DO CANCRO COLORECTAL.

7 ESTUDO MOLECULAR RETROSPETIVO DOS RECETORES TIROSINA CINASE EM SARCOMAS DO ESTROMA ENDOMETRIAL. UM ESTUDO DO GRUPO ESPANHOL DE INVESTIGAÇÃO EM SARCOMAS (GEIS 18).

8 TUMORES DO ESTROMA GASTRO-INTESTINAL (GIST) CASUÍSTICA DOS HOSPITAIS DA REGIÃO ALENTEJO 1999-2011.

SESSÃO 8 - COMUNICAÇÕES ORAIS II

9 ASSOCIAÇÃO ENTRE LINFOMA NÃO HODGKIN E CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS

10 CABAZITAXEL: A NOVA REALIDADE NO TRATAMENTO DO CANCRO DA PRÓSTATA METASTÁTICO RESISTENTE À CASTRAÇÃO.

11 TUMORES GERMINATIVOS DO TESTÍCULO - REVISÃO DE 10 ANOS

12 RADIOTERAPIA NOS SARCOMAS PARA-TESTICULARES - A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS.

13 ABIRATERONA NO CANCRO DA PRÓSTATA METASTÁTICO RESISTENTE À CASTRAÇÃO ( MCPRC).

14 CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS - ANÁLISE RETROSPECTIVA DOS DOENTES DO HOSPITAL SANTA MARIA.

COMUNICAÇÕES ORAIS ENFERMAGEM

1 APLICAÇÃO DO MALNUTRITION UNIVERSAL SCREENING TOOL EM HOSPITAL DE DIA DE ONCOLOGIA.

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POSTERS MÉDICOS

1 UTILIZAÇÃO DE PRO- E SIMBIÓTICOS EM ONCOLOGIA: REVISÃO SISTEMÁTICA DE ENSAIOS CLÍNICOS ALEATORIZADOS E CONTROLADOS.

2 ABORDAGEM MULTIMODAL DO SARCOMA CARDÍACO IRRESECÁVEL EM DOENTE COM CARCINOMA DA MAMA METASTIZADO.

3 TRATAMENTO POTENCIALMENTE CURATIVO NO CANCRO COLORECTAL METASTIZADO, A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.

4 O PAPEL DA QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE NO CANCRO DA MAMA TRIPLO NEGATIVO.

5 UMA FORMA EXPLOSIVA DE METASTIZAÇÃO DE MELANOMA MALIGNO.

6 GIST - LONGA SOBREVIVÊNCIA APÓS RESISTÊNCIA AO IMATINIB.

7 UM CASO CLÍNICO DE MELANOMA AVANÇADO B-RAF+.

8 CASUÍSTICA DOS DIAGNÓSTICOS DE NEOPLASIAS EM DOENTES INTERNADOS NUM SERVIÇO DE MEDICINA INTERNA AO LONGO DE 24 MESES.

9 TERAPÊUTICA ADJUVANTE NAS MULHERES MAIS VELHAS COM CANCRO DA MAMA EM ESTADIO PRECOCE: ESTADO DA ARTE E CAMINHOS FUTUROS NO IPO LISBOA ENVOLVIMENTO SISTÉMICO RARO.

10 RADIOTERAPIA NA METASTIZAÇÃO HEPÁTICA.

11 CASO CLÍNICO DE NEUROCITOMA CENTRAL ATÍPICO EXTRA-VENTRICULAR.

12 RABDOMIOSSARCOMA PEDIÁTRICO TRATADO COM I.M.R.T. - CASO CLÍNICO.

13 CAUSA RARA DE HEPATITE COLESTÁTICA.

14 HIPERTENSÃO PULMONAR PARANEOPLÁSICA COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE ADENOCARCINOMAS SÍNCRONOS DO PÂNCREAS E CÓLON DIREITO COM PADRÃO BIZARRO DE METASTIZAÇÃO.

15 TUMORES DO INTESTINO DELGADO.

16 FISIOPATOLOGIA DA ASSOCIAÇÃO ENTRE NEOPLASIAS MALIGNAS E ESCLEROSE SISTÉMICA: BASE MOLECULAR COMUM, COINCIDÊNCIA OU UMA JANELA PARA A COMPREENSÃO DA RELAÇÃO ENTRE IMUNIDADE E CANCRO?

17 MELANOMA MALIGNO ESTADIO IV – CASOS COM SOBREVIVÊNCIA LONGA.

18 INDICAÇÕES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NO CANCRO DA MAMA - O ESTADO DA ARTE.

19 PANICULITE PANCREÁTICA EM CARCINOMA NEUROENDÓCRINO: PATOLOGIA RARA COM ASSOCIAÇÃO RARA.

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CTS20 PNEUMONITE AGUDA INDUZIDA PELO PACLITAXEL: 2 CASOS CLÍNICOS.

21 REVERSÃO DE MIELOPATIA – CASO CLÍNICO TRATADO COM RT INSTITUÍDA PRECOCEMENTE.

22 DOENÇA DO DELGADO: O CORAÇÃO TAMBÉM SOFRE.

23 RADIOTERAPIA NEOADJUVANTE NO CARCINOMA DA MAMA LOCALMENTE AVANÇADO – UM CASO CLÍNICO.

24 PREVALÊNCIA DE NEOPLASIA EM DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE EM CONSULTA DE DOENÇAS AUTO-IMUNES .

25 PLASMOCITOMAS DA VIA AERO-DIGESTIVA.

26 DESNUTRIÇÃO NO DOENTE ONCOLÓGICO - PREVENIR E COMBATER. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DOS DOENTES INTERNADOS NA UNIDADE FUNCIONAL DE ONCOLOGIA DO CENTRO HOSPITALAR BARREIRO MONTIJO, EPE.

27 QUIMIOTERAPIA NO ADENOCARCINOMA PULMONAR EM ESTADIO AVANÇADO: O CASO CLÍNICO DE UM SUCESSO INESPERADO.

28 SEGUNDOS TUMORES PRIMÁRIOS EM DOENTES COM MELANOMA MALIGNO.

29 RESPOSTA PATOLÓGICA COMPLETA PÓS TRATAMENTO NEOADJUVANTE DO RECTO DIMINUI A RECIDIVA LOCAL?

30 RADIOTERAPIA RADICAL NO LINFOMA NÃO HODGKIN – CASO CLÍNICO.

31 RADIOTERAPIA EM SARCOMAS RETROPERITONEAIS: RESULTADOS DE UM SERVIÇO.

32 UTILIZAÇÃO DE FOTEMUSTINA NO TRATAMENTO DE MELANOMA MALIGNO METASTIZADO NO IPOLFG-LISBOA.

33 SÍNDROME TROUSSEAU - UM CASO CLÍNICO.

34 ADENOCARCINOMA APÓCRINO DA AXILA MIMETIZANDO METÁSTASE GANGLIONAR REVELADORA DE CARCINOMA DA MAMA “VOA COMO UM PATO, GRASNA COMO UM PATO... MAS É UM GANSO!”

35 SARCOMA DE KAPOSI - CASO CLÍNICO - RADIOTERAPIA ANTÁLGICA.

36 A SÍNDROME DE LISE TUMORAL ESPONTÂNEA: UMA EMERGÊNCIA ONCOLÓGICA RARA.

37 TRATAMENTO DE SUPORTE COM FACTOR ESTIMULANTE DA COLONIZAÇÃO DE GRANULÓCITOS ASSOCIADO A QUIMIOTERAPIA EM DOENTES COM NEOPLASIA DE MAMA.

38 TUMOR BORDERLINE DO OVÁRIO-CASO CLÍNICO.

39 CARCINOMAS PRIMÁRIOS MÚLTIPLOS: TRÊS TUMORES METÁCRONOS - NÃO HÁ DUAS SEM TRÊS.

40 HIPOCALIÉMIA E NEOPLASIA DO PULMÃO.

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41 ALTA DOSE DE IFOSFAMIDA ADMINISTRADA EM PERFUSÃO CONTÍNUA AMBULATÓRIA.

42 TRABECTEDINA NO TRATAMENTO DE SARCOMAS AVANÇADOS – REVISÃO DE CASUÍSTICA.

43 DERMATOMIOSITE E CARCINOMA DA NASOFARINGE – ABORDAGEM DE UMA ASSOCIAÇÃO RARA.

44 METASTIZAÇÃO TARDIA DO CARCINOMA MAMÁRIO: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO COM APRESENTAÇÃO RARA.

45 ACANTOSIS NIGRICANS COMO MANIFESTAÇÃO PARANEOPLÁSICA DE CARCINOMA POUCO DIFERENCIADO DO ENDOMÉTRIO – CASO CLÍNICO. HORMONOTERAPIA: FAZ SENTIDO PENSAR EM REINTRODUÇÃO DE TAXANOS?

46 CARCINOMA PAVIMENTO CELULAR DO ESOFAGO COM METASTIZAÇÃO CARDÍACA.

47 CASUÍSTICA DE PATOLOGIA ONCOLÓGICA MAMÁRIA TRATADA NO CENTRO HOSPITALAR DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO DURANTE O ANO 2011.

48 TEMPOS DE ESPERA EM DOENTES COM CANCRO DA MAMA: DO DIAGNÓSTICO À TERAPÊUTICA.

49 A GESTA DE UM GIST: ANÁLISE DE UM CASO DE GIST PÉLVICO E DOS EFEITOS ADVERSOS DA TERAPÊUTICA NO CONTEXTO DE PLURIPATOLOGIA.

50 UM CASO DE MESOTELIOMA MALIGNO - UMA PROFISSÃO DE RISCO?

51 CANCRO DO CANAL ANAL COM METASTIZAÇÃO SUPRA-DIAFRAGMÁTICA: UM CASO CLINICO.

52 CANCRO DA MAMA E GRAVIDEZ – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.

53 DERRAME PLEURAL SECUNDÁRIO A LINFOMA NÃO-HODGKIN DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B – CASO CLÍNICO.

54 METÁSTASE EM SANTUÁRIO SOB TERAPÊUTICA BIOLÓGICA - CASO CLÍNICO.

55 TUMOR DO ESTROMA GASTROINTESTINAL EM DOENTE COM NEUROFIBROMATOSE TIPO I – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.

56 METÁSTASES PARA A MEDULA ESPINHAL DE ADENOCARCINOMA DO CÓLON – 2 ABORDAGENS DISTINTAS DE UMA ENTIDADE CLÍNICA RARA.

57 AVC E CANCRO:CASUÍSTICA DA UNIDADE DE AVC’S E SERVIÇO DE ONCOLOGIA, HOSPITAL DO EPÍRITO SANTO – ÉVORA.

58 TUMOR NEUROENDÓCRINO DO PÂNCREAS E SUNITIB – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.

59 TRATAMENTO DE UM PARAGANGLIOMA PANCREÁTICO – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.

60 NEOPLASIA MALIGNA DO TROFOBLASTO: CASUÍSTICA DO SERVIÇO DE ONCOLOGIA MÉDICA DO HOSPITAL GARCIA DE ORTA.

61 TRATAMENTO PALIATIVO DE SARCOMAS DE TECIDOS MOLES COM TRABECTADINA.

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CTS62 TUMOR FILOIDE DA MAMA - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.

63 ESTUDO DO IMPACTO DA IMPLEMENTAÇÃO DA TÉCNICA DE RAPIDARC.

64 CARCINOMA VERRUCOSO DO ÂNUS - UM CASO CLÍNICO.

65 ENTEROCOLITE NEUTROPÉNICA: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.

66 CARCINOMA BASOCELULAR – UMA DOENÇA FREQUENTE COM EVOLUÇÃO CLINICA RARA.

67 NEOPLASIA PULMONAR EM DOENTE COM ANTECEDENTE DE MELANOMA PRIMÁRIO - RELATO DE UM CASO.

68 EXCISÃO LOCAL TRANSANAL DE TUMOR DO RECTO – CASO CLÍNICO.

69 DEPRESSÃO NA NEOPLASIA DO PÂNCREAS: SÍNDROME PARANEOPLÁSICO?

70 PNEUMONITE NÃO INFECCIOSA EM DOENTE SOB TERAPÊUTICA COM EVEROLÍMUS.

71 TUMORES NEUROENDÓCRINOS METASTÁTICOS – QUANDO A CIRURGIA NÃO É UMA OPÇÃO: MARCADORES SEROLÓGICOS E PARÂMETROS CLÍNICOS ESPELHANDO TUMORES DE ORIGEM PRIMÁRIA DESCONHECIDA.

72 CARCINOMA NEUROENDÓCRINO DE GRANDES CÉLULAS DO OVÁRIO. 73 TUMOR NEUROENDÓCRINO DO PÂNCREAS – CASO CLÍNICO.

74 ARTRITE REUMATOIDE E CANCRO: QUE RELAÇÃO?

75 NEOPLASIA SÍNCRONA DO COLON.

76 TUMOR DE COLISÃO DO CÓLON: ADENOCARCINOMA E LINFOMA LINFOIDE – RELATO DE UM CASO CLÍNICO.

77 METÁSTASE ESOFÁGICA DE CARCINOMA DA MAMA - A RARIDADE E O DESAFIO DIAGNÓSTICO.

78 TERAPÊUTICA NEOADJUVANTE NO TRATAMENTO DA NEOPLASIA DO RECTO – ESTUDO RETROSPECTIVO DOS CASOS COM REMISSÃO COMPLETA.

79 “IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO GENÉTICA NO CANCRO DA MAMA”

80 CANCRO COLO-RECTAL CASUÍSTICA DO CENTRO HOSPITALAR BARREIRO MONTIJO DURANTE O ANO DE 2005.

81 CARCINOMA SERREADO DO CÓLON. CASO CLÍNICO COM EVOLUÇÃO DRAMÁTICA.

82 TOXICIDADE CARDÍACA DO TRASTUZUMAB - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.

83 ARRITMIA MALIGNA SECUNDÁRIA A PROCESSO NEOPLÁSICO.

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84 MIXOFIBROSSARCOMA DA COXA – CASO CLÍNICO.

85 SARCOMAS E RADIOTERAPIA EXTERNA. 86 LINFOMAS / RADIOTERAPIA E PET/CT – VANTAGENS E LIMITAÇÕES.

87 REMISSÃO COMPLETA ESPONTANEA DE MELANOMA METASTATICO.

88 EXPERIÊNCIA DO SERVIÇO DE ONCOLOGIA MÉDICA DO IPOCFG-EPE NO TRATAMENTO DO CANCRO DA MAMA METASTIZADO COM LAPATINIB.

89 CANCRO DA CABEÇA E PESCOÇO: TUMORES PRIMITIVOS SÍNCRONOS E METÁCRONOS.

90 RADIOTERAPIA NEOADJUVANTE NO CARCINOMA DO RECTO: EXPERIÊNCIA DE 10 ANOS.

91 RADIOQUIMIOTERAPIA NO CARCINOMA DO COLO DO ÚTERO ESTÁDIOS II E III.

92 CANCRO DA MAMA EM ANGOLA.

93 EPISÓDIO MANÍACO E PACLITAXEL: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.

94 TIMOMA: EVOLUÇÃO CLÍNICA POUCO FREQUENTE.

95 SARCOMA DE EWING: CASO CLÍNICO DE UM TUMOR PEDIÁTRICO.

96 “CANCRO DA PROSTATA: INCIDÊNCIA DA PATOLOGIA NO SERVIÇO DE ONCOLOGIA DO CHEDV ENTRE FEVEREIRO/2009 A FEVEIRO/2012”

97 SEMINOMA DO TESTÍCULO COM SKIP METÁSTASE EM GÂNGLIO LINFÁTICO SUPRACLAVICULAR.

98 METÁSTASE HEPÁTICA DE TUMOR GERMINATIVO DO TESTÍCULO OU HEMANGIOMA HEPÁTICO?

99 CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS DE CÉLULAS RENAIS- EVOLUÇÃO LONGA E ENVOLVIMENTO SISTÉMICO RARO.

100 ADENOCARCINOMA DA PRÓSTATA METASTIZADO: A PROPÓSITO DE QUATRO CASOS CLÍNICOS.

101 PIELONEFRITE XANTOGRANULOMATOSA ERRADAMENTE DIAGNOSTICADA COMO NEOPLASIA MALIGNA DO RIM: QUANDO COLOCAR EM CAUSA UM DIAGNÓSTICO?

102 NEUTROPÉNIA FEBRIL EM DOENTES COM CARCINOMA DA PRÓSTATA METASTIZADO, RESISTENTE À CASTRAÇÃO TRATADOS COM DOCETAXEL.

103 DOCETAXEL NO TRATAMENTO DO CANCRO DA PRÓSTATA METASTIZADO RESISTENTE À CASTRAÇÃO. 104 METÁSTASES TESTICULARES.

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CTS105 MESOTELIOMA MALIGNO DA TÚNICA VAGINAL.

106 CIRURGIA RENAL RADICAL – CASUÍSTICA DO HOSPITAL DO ESPÍRITO SANTO – ÉVORA (2004 – 2011).

107 SUNITINIB E LONGA SOBREVIVÊNCIA LIVRE DE PROGRESSÃO EM CARCINOMA RENAL DE CÉLULAS CLARAS METASTIZADO.

108 ADENOCARCINOMA DA PRÓSTATA VERSUS PROSTATITE GRAULOMATOSA RESPONSIVA À TERAPIA HORMONAL: UM DESAFIO CLÍNICO.

109 CARCINOMA DA PRÓSTATA REFRACTÁRIO A. 110 DE CANCRO DE PRIMÁRIO DESCONHECIDO A UMA RARA APRESENTAÇÃO DE TUMOR DO UROTÉLIO.

111 ACETATO DE ABIRATERONA NO CANCRO DA PRÓSTATA METASTÁTICO RESISTENTE À CASTRAÇÃO: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.

112 REVISÃO DE DOENTES COM DIAGNÓSTICO DE CARCINOMA DA PRÓSTATA EFECTUADOS DURANTE O ANO DE 2007 NUM HOSPITAL DISTRITAL.

113 TUMOR DE CÉLULAS GERMINATIVAS NÃO SEMINOMATOSO DO TESTÍCULO – UM DESAFIO.

114 TUMOR DE CÉLULAS GERMINATIVAS BILATERAL DO TESTÍCULO – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.

115 CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS METASTÁTICO: TERAPÊUTICAS DIRIGIDAS – A CAMINHO DE UMA PATOLOGIA CRÓNICA?

116 CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS METASTIZADO (MRCC): UM CASO DE SUCESSO/UMA SOBREVIVÊNCIA POUCO HABITUAL.

POSTERS ENFERMAGEM1 CONSULTA DE ENFERMAGEM, O SEU PAPEL NA EDUCAÇÃO DO DOENTE ONCOLÓGICO.

2 “UM DIA DE CADA VEZ...”

3 AVALIAÇÃO DO RISCO NUTRICIONAL DE DOENTES ONCOLÓGICOS EM REGIME DE HOSPITAL DE DIA.

4 CANCRO - NUTRIÇÃO VERSUS DESNUTRIÇÃO.

5 FERIDAS NO DOENTE ONCOLÓGICO.

6 DOENTES EM FIM DE VIDA NA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS.

7 “ A IMPORTÂNCIA DOS EXAMES DE IMAGEM NO DIAGNÓSTICO DO CARCINOMA DA MAMA”

8 RADIOTERAPIA EXTERNA EM MÚLTIPLOS BASALIOMAS DISPERSOS NO COURO CABELUDO – UM CASO CLÍNICO.

9 APRENDER PARA DESENVOLVER COM O ESPELHO DA ONCOLOGIA.

10 APOIO AO DOENTE ONCOLÓGICO - LINHA TELEFÓNICA DEDICADA.

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COMUNICAÇÕES ORAIS MÉDICAS1 FACTORES PREDITIVOS DE SOBREVIVÊNCIA GLOBAL NOS DOENTES COM TROMBOEMBOLISMO VENOSO E NEOPLASIA PULMONAR

Sara Meireles(1);Inês Neves(2);António Morais(2);Maria Sucena(2)(1) Centro Hospitalar São João (2) Centro Hospitalar de São João

Introdução: O tromboembolismo venoso (TEV), que inclui trombose venosa profunda (TVP) e tromboembolismo pulmonar (TEP), pode ser o primeiro sinal de neoplasia não diagnosticada. A incidência em doentes com neoplasia pulmonar (NP) tem aumentado ao longo dos anos, embora seja muitas vezes subvalorizado. Objectivos: Caracterização dos doentes com diagnóstico de TEV e NP e identificação de factores preditivos para a sobrevivência global (SG). Material e métodos: Estudo retrospectivo de doentes internados com diagnóstico de TEV e NP entre Janeiro 2008 e Agosto 2011. A SG foi avaliada pelo método de Kaplan-Meier e foi definida a partir do evento trombótico. Resultados: Dos 58 doentes, 74,1% eram do sexo masculino e a mediana de idade foi 66 anos. Todos tinham doença avançada (IIIb: 15,8%; IV: 77,2%) e 67,2% tinham ECOG ? 3. O tipo histológico mais comum foi o adenocarcinoma (82,8%). O TEP ocorreu isoladamente em 70,7% dos doentes (TEP+TVP: 13,8%; TVP: 10,3%). No momento do evento trombótico, 74,1% tinham sido tratados com quimioterapia e 69% tinham progressão da doença. A mediana de tempo desde o diagnóstico de neoplasia e o evento foi 3 meses, embora em 13,7% o TEV tenha ocorrido antes do diagnóstico. A mediana da SG foi 51 dias e a SG ao 1 ano foi 18%. Na análise univariada, os factores preditivos para a SG foram: ECOG (p=0.022), progressão da doença (p=0.001) e metastização à distância (p=0.026; metástases cerebrais p=0.017). Os factores independentes com impacto na SG foram: progressão de doença (HR 3,58; IC95% 1,55-8,31) e metastização cerebral (HR 2,48; IC95% 1,01-6,10). Conclusões: O diagnóstico de TEV em doentes com NP está associado a mau prognóstico e ocorre, mais frequentemente, em doença avançada e nos primeiros meses após diagnóstico de cancro. A progressão da doença e as metástases cerebrais são factores preditivos independentes com impacto negativo na SG.

2 ASSOCIATION BETWEEN EGF+61 GENETIC POLYMORPHISMS AND NON-SMALL-CELL LUNG CANCER INCREASED RISK IN A PORTUGUESE POPULATION: A CASE-CONTROL STUDY

Ramon Andrade de Mello(1);Mónica Ferreira(2);Sandra Costa(2);Bruno Marques Costa(2);Filipa Soares Pires(3);Inês Neves(3);João Cunha(4);Pedro Oliveira(5);Venceslau Hespanhol(3);Rui Manuel Reis(2)(1) Serviço de Oncologia Médica - IPO Porto (Directora: Dra. Helena Rodrigues) (2) Life and Health Sciences Research Institute (ICVS), School of Health Sciences, University of Minho, (3) Department of Pneumology, Hospital São João (4) Department of Pneumology, Hospital de Braga, (5) Department of Populations Studies, ICBAS, Universidade do Porto

Introduction: Epidermal growth factor (EGF) and its receptor play critical roles in non-small-cell lung cancer (NSCLC) carcinogenesis. A functional polymorphism in the EGF gene has been linked to increased cancer susceptibility. This study aimed to evaluate the role of the EGF +61A/G polymorphism as risk factors in NSCLC patients. Methods: For the present case-control study we analyzed 112 NSCLC and 126 cancer-free controls from Portugal. Following DNA isolation from peripheral blood, EGF +61A/G polymorphism was assessed by polymerase chain reaction – restriction fragment length polymorphism (PCR-RFLP). Univariate and multivariate logistic regression analyses were used to calculate odds ratio (OR) and 95% confidence intervals (95% CI). False-positive report probability was also assessed. Results: The EGF+61 genotypes frequencies in NSCLC were: AA (23.2%), AG (51.8%), GG (25%); and in controls: AA (40.5%), AG (41.3%), GG (18.3%). When compared to the reference genotype (EGF +61A/A), we found a statistically significant association between EGF +61 A/G (OR = 2.142, 95% CI: 1.170 – 3.924) and EGF +61G/G (OR = 2.398, 95% CI: 1.157 – 4.968) genotypes and susceptibility to development of NSCLC. Furthermore, stratification by sex revealed a trend to increased risk of males carrying +61A/G genotype for developing NSCLC (OR = 2.044, 95 %CI: 0.998 – 4.188) when compared to A/A genotype. Conclusion: Our data suggests an increased risk to develop NSCLC in Portuguese population carrying the EGF +61A/G and +61G/G genotypes.

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CTS3 INFLUÊNCIA DO POLIMORFISMO GGH -401C>T NA DETERMINAÇÃO DA RESPOSTA À QUIMIORADIOTERAPIA

COM CISPLATINA EM DOENTES COM CANCRO DO COLO UTERINO

Inês Hilário Silva(1);Cristina Nogueira Silva(2);Tiago Figueiredo(3);Liliana Lombo(3);Ilda Faustino(4);Raquel Catarino(5);Augusto Nogueira(5);Deolinda Pereira(4);Rui Medeiros(5)(1) IPO Porto (2) Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Hospital de Braga (3) Serviço de Radioterapia, Instituto Português de Oncologia, Porto (4) Serviço de Oncologia Médica, Instituto Português de Oncologia, Porto (5) Grupo de Oncologia Molecular, Instituto Português de Oncologia, Porto

Introdução: O cancro do colo uterino (CCU) constitui, mundialmente, um grave problema de saúde pública. Em Portugal representa a quarta neoplasia mais comum e a sétima causa de morte por cancro na mulher, de acordo com os dados mais recentemente publicados relativos ao ano de 2008. Estes revelam uma taxa de incidência por CCU de 949 casos (4.9%) e uma taxa de mortalidade de 3.6%, correspondente a 346 mortes. Dados relativos à Região Norte de Portugal no ano de 2007 referem uma taxa de incidência superior à incidência nacional (12,6%), uma vez que programas de rastreio organizado foram recentemente institucionalizados nesta região do país. Consequentemente, grande parte destes tumores é diagnosticada em estadios avançados. Variações na resposta à quimioradioterapia com cisplatina semanal, modelo de terapêutica standard nos estadios avançados do CCU (IB2-IVA), têm sido associadas ao perfil genético individual e ao metabolismo celular. Baseando-nos no papel do folato como cofactor fundamental do metabolismo dos grupos de um-carbono, estudou-se a influência da desregulação metabólica na citotoxicidade da cisplatina. Objectivos: Estudar a influência do polimorfismo Gamma Glutamyl Hydrolase -401C>T na determinação da resposta à cisplatina semanal em doentes com CCU. Material e Métodos: Num estudo de base hospitalar foram analisadas 193 doentes com CCU submetidas a quimioradioterapia com cisplatina semanal. Utilizou-se a técnica de PCR em tempo real para discriminação alélica. Recorreu-se à análise e interpretação das curvas de Kaplan-Meier, recorrendo ao teste de log rank, e regressão de Cox ajustada ao estadio tumoral para cálculo das probabilidades de sobrevivência. Resultados: Estes resultados demonstram que o genótipo TT se associa de forma estatisticamente significativa à sobrevivência de doentes com CCU tratadas com cisplatina semanal. A análise das curvas de sobrevivência global revelou diferenças significativas entre genótipos (Sobrevivência global – genótipo/meses: CC/CT: 72 vs TT: 91; p=0.035, teste log rank). Uma análise por regressão de Cox está de acordo com este resultado (HR=0.442 95% CI 0.185-1.058, p=0.067). Não existem diferenças significativas em função do genótipo individual (CC/CT VS TT) quanto ao tipo histológico (p=0.825) ou estadio tumoral (p=0.608).Conclusão: Estes resultados mostram que o genótipo TT é um potencial biomarcador preditivo da resposta ao tratamento de CCU com cisplatina semanal. Esta hipótese é suportada pelo efeito de indução da sobre-expressão enzimática desencadeada pelo polimorfismo GGH -401C>T. A consequente perturbação do metabolismo dos grupos de um-carbono deve desregular a síntese, reparação e metilação do DNA, contribuindo para o aumento da citotoxicidade do fármaco e para a activação da apoptose.

4 - NEOPLASIA DO RETO BAIXO: DISSECÇÃO INTERESFINCTERIANA

Stelio Sampaio Rua(1);Alda Pinto(2);Carlos Sousa (2);Jose Augusto Martins(2);Andre Santos Mateus(2);Diogo Sousa(2);Ana Cruz(1);Diogo Marinho(1)(1) H. Litoral Alentejano (2) Hospital Litoral Alentejano

Introdução: No HLA a patologia coloretal é abordada por laparoscopia desde 2005. A Excisão Total do Mesoreto (TEM) associada a terapêutica neoadjuvante permitiram diminuir a taxa de recidiva local e de aumentar a sobrevivência. A abordagem laparoscopica permitiu ao doente de usufruir das vantagens de uma intervenção miniinvasiva. Objectivos: Este estudo tem como finalidade analisar os resultados obtidos nos doentes submetidos a dissecção interesfinteriana (DIS) num total de 20 casos. Material e métodos: Apresentamos um estudo retrospectivo desde 2006 a fevereiro 2012 intervalo de tempo no qual foram efectuadas 270 intervenções em doentes com patologia colo-retal das quais 74 retos ( 40 ressecções anteriores, 20 dissecções interesfinterianas e 14 Amputações abdomino- perineais). Resultados: 85% da população foi do sexo masculino e em 65% dos casos com idade inferior a 70 anos. 25% da população apresentava um IMC superior ou igual a 30 e um ASA superior ou igual a 3 em 50%. A sintomatologia mais frequente foi a rectorragia que levou o doente a realizar uma colonoscopia

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que identificou uma lesão localizada entre os 30 e 70 mm da margem anal. Cada doente foi avaliado em Reunião de Decisão Terapêutica e o tratamento neo adjuvante foi realizado em 80% dos casos. O tempo abdominal foi realizado por laparoscopia na totalidade dos casos. O tempo cirúrgico em media foi de 411 min e o internamento em media de 15 dias. Em termos oncológico a linfadenectomia isolou em media 11 ganglios; a margem proximal foi superior a 50 mm em 100% dos casos; a margem distal foi superior a 10 mm em 85 % e, a margem radial foi superior a 1 mm em 100% dos casos. De realçar que em 16% dos casos houve regressão completa do tumor após tratamento neoadjuvante. Na avalicaçao de qualidade de vida utilizamos o índice de Wexner. Em 88% o Wexner estava inferior a 3. Conclusões: Este estudo tem como finalidade demostrar os beneficio a curto e longo prazo de uma abordagem laparoscópica associada a conservação do esfíncter externo evitando a colostomia definitiva; com resultados oncológicos sobreponíveis a abordagem clássica.

5 CARCINOSARCOMAS UTERINOS – A EXPERIÊNCIA DE UM SERVIÇO

Ana Amado(1);Ana Vasconcelos(1);Marília Jorge(1);Isabel Monteiro Grillo(1)(1) CHLN -HSM - Serviço Radioterapia

Introdução: Os carcinosarcomas uterinos são tumores raros, muito agressivos e com mau prognóstico, principalmente nos casos em que existe doença extra-uterina. São constituídos por elementos carcinomatosos (epiteliais) e sarcomatosos (tecidos conectivos), sendo o diagnóstico histológico. A epidemiologia, os factores de risco e o comportamento clínico são muito similares aos dos carcinomas endometriais, sendo no entanto, os carcinosarcomas mais agressivos. Objectivos: É intenção dos autores, demonstrar qual o tipo de recaída mais comum, bem como comprovar a agressividade dos carcionosarcomas calculando a sobrevida media de uma série de doentes (dts) tratados num Serviço de Radioterapia. É também parte do nosso objectivo, demonstrar o impacto da radioterapia adjuvante no controlo local deste tipo de tumores. Material e Métodos: Os autores analisaram retrospectivamente um grupo de 25 dts com carcinosarcoma, tratados entre 1988-2009 no Serviço de Radioterapia. A idade mediana da amostra é de 70 anos (variando entre 51-83). A apresentação clínica mais comum foram as metrorragias (96%-24 dts). A histología inclui tumores homólogos (40%-10 dts) e heterólogos (60%-15 dts). Os estadios variam entre I-IVb (Estadio I 40%-10 dts; Estadio II 24%-6 dts; Estadio III 28%-7 dts; Estadio IV 8%-2 dts). Ao diagnóstico 36% das dts apresentavam doença extra-uterina. Todas as dts foram submetidas a cirurgía (HTSOB) com ou sem linfadenectomía associada, seguida de radioterapia externa (+/-50Gy). A maioria das dts (76%) foi também submetida a braquiterapia (24Gy/4fracções -19 dts) e 6 dts foram ainda submetidas a quimioterapia. Foi avaliada a recidiva local e à distancia, assim como a sobrevivência média, ao 1 ano, aos 2 e 5 anos. Resultados: Com um seguimento médio de 31 meses (variando entre 1-115) foram detectados 2 dts com progressão da doença e apenas uma doente com recaída local (15 meses). A recaída à distância foi comprovada em 16 dts, sendo a maioria em mais do que uma localização (44% carcinomatose peritoneal; 38% ganglionar; 19% óssea; 19% pulmonar; 13% hepática). A sobrevivência média foi de 32 meses, a sobrevida ao 1 ano foi de 64%, aos 2 anos de 52% e aos 5 anos de 20%. Conclusões: Os resultados obtidos na análise deste grupo de dts estão de acordo com a literatura, pois mostram que mesmo quando se diagnosticam e tratam em estadios iniciais, os carcinosarcomas são muito agressivos e têm mau prognóstico (sobrevivência média de 32 meses). Há que assinalar o impacto da radioterapia no controlo local, dado que apenas se detectou uma recidiva local, não mostrando no entanto ter influência na sobrevida.

6 INFLUÊNCIA DAS ADIPOCITOCINAS NA PROGRESSÃO E DESENVOLVIMENTO DO CANCRO COLORECTAL

Maria Amélia Fonseca Pereira(1);João Pinho(1);Filipa Santos(1);Daniela Silva(2);Paulo Matafome(3);Ana Cristina Gonçalves(4);Fátima Guedes(5);Raquel Seiça(2);Ana Bela Sarmento Ribeiro(4);José Nascimento Costa(6)(1) Hospital Distrital da Figueira da Foz, EPE (2) Instituto de Fisiologia, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC) (3) 4Instituto de Fisiologia, Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (4) Biologia Molecular Aplicada e Clínica Universitária de Hematologia (5) Serviço de Medicina Interna, Hospital Distrital da Figueira da Foz (6) Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

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CTSO Cancro do Cólon e Recto (CCR) é uma das formas mais comuns de cancro, com elevada incidência e mortalidade. Os

mecanismos celulares e moleculares envolvidos no desenvolvimento e progressão do CCR são múltiplos, ocorrendo em várias etapas, desde a lesão inicial nas criptas (pólipos adenomatosos), ao carcinoma in situ e posteriormente metastático. Além da instabilidade genética, quer sob a forma de instabilidade de microsatélites (MIN) ou perda de heterozigotia, outras alterações genéticas e epigenéticas em vários genes, nomeadamente supressores tumorais como o APC e o p53, e em protooncogenes envolvidos na sinalização MAPK-Ras-Raf e Notch/Wnt são alguns dos mecanismos que conduzem aos vários estádios clínicos e histopatológicos do CCR. Por outro lado, a etiologia e o risco de CCR são complexas envolvendo a acção combinada de factores genéticos/epigenéticos e ambientais, nomeadamente a inflamação e obesidade/sindrome metabólica. Apesar de várias hipóteses terem sido colocadas, como por exemplo, os níveis elevados de estrogénios, a insulina circulante, o IGF-1, a existência de um estado pro-inflamatório e os níveis de adipocitocinas produzidas pelo adipócito, os mecanismos envolvidos não estão ainda totalmente esclarecidos, e sobretudo não se conhece ainda qual ou quais dos diversos parâmetros terá maior relevância clínica no CCR. Neste sentido, com este trabalho pretende-se avaliar a potencial utilização dos níveis de adipocitocinas como marcadores de desenvolvimento e progressão do CCR. Para atingir estes objectivos foram estudados 39 doentes com CCR (13F/26M) com uma mediana de idades de 72 (41 a 91) anos, dos quais 62% apresenta adenocarcinoma do recto e 38% adenocarcinoma do cólon; ao diagnóstico 11% dos doentes encontrava-se em estádio I, 36% em estádio II, 39% em estádio III e 14% em estádio IV. Foram ainda estudados 18 controlos (7F/11M) com idade mediana de 66 (48-85) anos. A determinação dos níveis séricos das adipocitocinas – resistina, visfatina, leptina e adiponectina – e do MCP-1 foram determinados por técnicas de ELISA de acordo com as instruções do fabricante. Os nossos resultados preliminares mostram que os doentes com CCR e excesso de peso apresentam aumento dos níveis de resistina (23?20,6 ng/ml), visfatina (124?95 pg/ml) e MCP-1 (735?335 ng/ml), e diminuição dos níveis de adiponectina (5.3?2,8 µg/ml), relativamente aos doentes com peso normal e controlos. Nestes doentes observou-se também uma variação dos níveis de MCP-1 de acordo com a localização tumoral, sendo esta estatisticamente significativa entre os tumores do cólon ascendente (463?171 ng/ml) e do cólon sigmoide (81?41 ng/ml). Por outro lado, os níveis de visfatina e leptina poderão estar relacionados com o prognósticos dos doentes com CCR uma vez que se observou diferenças estatisticamente significativas entre os estádios III (leptina 10.1?6.0 ng/ml; visfatina 115?76 pg/ml) e IV (leptina 5.78?0.12 ng/ml; visfatina 52.5?2.7 pg/ml). Este estudo sugere o envolvimento das adipocitocinas no CCR, podendo a disfunção do tecido adiposo contribuir para o desenvolvimento e/ou progressão do CCR.

7 ESTUDO MOLECULAR RETROSPETIVO DOS RECETORES TIROSINA CINASE EM SARCOMAS DO ESTROMA ENDOMETRIAL. UM ESTUDO DO GRUPO ESPANHOL DE INVESTIGAÇÃO EM SARCOMAS (GEIS 18)

Ruth Sardinha(1);Teresa Hernández(2);Susana Fraile (2);Francesc Tresserra(3);August Vidal(4);M.ª Carmen Gómez Plaza(5);Aurora Astudillo(6);Nieves Hernández León(7);Carmen Balañá(8);Enrique de Alava(2)(1) HESE E.P.E (2) CIC - Salamanca (3) Clinica Dexeus (4) Hospital Universitario Bellvitge (5) Hospital Germans Trias i Pujol (6) Hospital Central de Asturias (7) Hospital Universitario de Canarias (8) ICO-Hospital Germans Trias i Pujol

Introdução: A evidência de expressão de Recetores Tirosina Cinase (RTC) em Sarcomas do Estroma Endometrial (SEE) é controversa. Uma elevada proporção de SEE de baixo grau são positivos para RTC como EGFR ou PDGFRA. Estes achados podem indicar um potencial significado terapêutico como alvos de terapia molecular. De forma semelhante, a expressão de c-Kit e HER-2 é comum em Sarcomas Endometriais Indiferenciados (SEI), mas tipicamente negativa em SEE de baixo grau, sugerindo uma possibilidade terapêutica para mulheres com SEI. Objetivo: efetuar uma análise retrospetiva aos possíveis alvos moleculares em Sarcomas do Estroma Endometrial: c-kit, PDGFRA e EGFR. Material e métodos: amostras de 67 pacientes com diagnóstico prévio de ambas as categorias de 9 instituições de Espanha e Portugal foram revistas e analisadas. Os exões 9, 11, 13 e 17 do gene c-kit, 12 e 18 do gene PDGFRA e os exões 18, 19, 20 e 21 do gene EGFR foram amplificados por PCR e sequenciados. A incidência e distribuição da expressão de KIT, PDGFRA, EGFR, CD10 e Calponina foram avaliadas por Imunohistoquímica, sendo a amplificação de EGFR estimada por Hibridação in situ por Fluorescência (FISH). Resultados: não se observaram mutações missense nos genes c-kit, PDGFRA e EGFR. Foram observadas várias mutações silenciosas: (ATC>ATT) no exão 17 do gene c-kit no codão 798 (I798I) em dois casos. Na análise mutacional do gene PDGFRA verificou-se a presença de várias mutações silenciosas: a substituição de uma base (CCA>CCG) no codão 567 (P567P) no exão 12 foi verificada em todos os casos, 32.3%

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dos casos (21/65) apresentaram uma substituição silenciosa de uma base (GTC>GTT) no codão 824 (V824V) do exão 18 e 1 caso apresentava substituições silenciosas nos codões 824 e 838 (GTC>GTT e GGC>GGT respetivamente) ambos no exão 18. No gene EGFR foram detetadas mutações silenciosas no codão 787 (CAG>CAA; Q787Q) em 6 de 7 casos, e num caso foi identificada uma substituição silenciosa no codão 790 (ACG>ACA; T790T)ambas no exão 20. Sobreexpressão de KIT, PDGFRA, EGFR, CD10 e Calponin foi detetada em 2 (3%), 23 (35%), 7 (11%), 30 (45%) e 26 (39%) casos respetivamente. Por outro lado não foi identificada amplificação de EGFR por FISH. Conclusão: Expressão de KIT em casos de SEE é infrequente e sempre fraca. A expressão de PDGFRA foi observada em 35% dos casos estudados, e a expressão de EGFR foi observada numa minoria de casos. Não foram observadas quaisquer mutações missense em c-kit, PDGFRA e EGFR, ou amplificação do gene EGFR. Estes resultados sugerem que é pouco provável que pacientes com SEE possam beneficiar de terapias anti-EGFR e/ou inibidores tirosina cinase.

8 TUMORES DO ESTROMA GASTRO-INTESTINAL (GIST) CASUÍSTICA DOS HOSPITAIS DA REGIÃO ALENTEJO 1999-2011

Augusto J(1); Sardinha R(2); Barbosa M(2); Afonso E(2); Inácio M(1); Santos J(1); Dinis R(1); Timóteo T(1);Murillo M(2); Garcia J(2); Cusati P(3); Quintana C(2); Barroso S(1)(1) Serviço de Oncologia do Hospital Espírito Santo de Évora (2) Unidade de Patologia Molecular e Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Espírito Santo de Évora (3) Serviço de Anatomia Patológica Hospital do Litoral Alentejano

Introdução: Os GISTs são os tumores mesenquimatosos mais comuns do sistema gastrointestinal (GI), correspondendo a 5% de todos os sarcomas, e menos de 1% de todos os tumores GI. Têm origem nas células intersticiais de Cajal que são responsáveis pela motilidade intestinal, apresentam características imunofenotípicas e ultra-estruturais de músculo liso e de diferenciação neural e expressam o recetor Kit (CD117). O Kit é um recetor tirosina-quinase transmembranar, responsável por várias funções celulares, entre as quais proliferação, adesão, apoptose e diferenciação celular. A mutação no gene Kit é responsável pela ativação constitutiva na proteína Kit, que causa estimulação contínua da proliferação celular, estando assim implicada na génese dos GISTs. Objetivo: Análise retrospetiva, epidemiológica, clínica e do perfil mutacional, da população com GIST, diagnosticada nos hospitais do Alentejo (Beja, Elvas, Évora, Litoral Alentejano e Portalegre) entre 01/01/1999 e 30/6/2011. Métodos: Colheita de dados através da consulta dos processos clínicos, em papel, SAM® e ALERT®, segundo protocolo que incluía a avaliação de: idade, sexo, apresentação, localização anatómica, caracterização histológica, perfil mutacional, estádio, tratamento e evolução. Os dados foram submetidos a análise estatística por Excel e SPSS. Resultados: Neste período, foram seguidos 45 doentes, a maioria proveniente de Évora (42.2%), do sexo feminino (57.8%), com média de idades de 67 anos. As manifestações clínicas mais frequentes foram: perdas hemáticas (38.5%), anemia (30.8%) e dor abdominal (28.2%). O diagnóstico foi incidental em 25.6% dos casos. A maioria dos doentes provinha do SU (53.6%). A localização anatómica mais frequente foi o estômago (48.9%), seguida do jejuno-ílion (40%). O tipo celular mais comum foi o fusiforme (66.7%). A avaliação do risco mostrou uma distribuição uniforme pelos diferentes grupos com 30.2% no muito baixo, 25.6% no intermédio, 23.3% no alto e 20.9% no baixo. Segundo a análise mutacional, a maioria apresentava-se mutada (79.1%), ao nível do gene KIT (65.1%), exão 11 (92.9%). Foram detectadas 19 mutações diferentes (KIT e PDGFRa). As alterações genéticas mais frequentes foram as mutações pontuais (52.9%), seguidas das deleções (38.2%). As alterações mais frequentes foram KITex11,Trp557Arg (14.3%); KITex11,Val559Asp (14.3%) e KITex11,Val560_Glu561del (8.6%). A localização mais frequente de metastização foi o fígado (85.7%), seguida pelo peritoneu (57.1%). A maioria dos doentes foi diagnosticada no estádio I (44.2%), com apenas 7% dos doentes em estádio IV à data do diagnóstico. Apenas 20.9% dos doentes fez tratamento adjuvante e 2.3% paliativo (100% com Imatinib). Somente 13.3% dos doentes experimentou recidiva ao longo do curso da sua doença, com tempo mediano até a progressão de 29.5 meses. A sobrevida global mediana foi de 21 meses. Discussão: A população estudada apresenta-se, com características semelhantes às descritas na literatura. Contudo, difere no que respeita ao sexo – mais comum no sexo feminino; o tipo de alterações genéticas – predominância de mutações pontuais em detrimento das deleções; estádio IV à data de apresentação e recidiva – em número reduzido, comparando com os valores descritos na literatura que podem atingir os 50%; sobrevida livre de progressão – superior aos 24 meses descritos na literatura. Estes dados parecem traduzir que o GIST na nossa população de estudo, apresentou uma evolução favorável. Conclusão: A população analisada apresenta globalmente características semelhantes ao descrito na literatura. Existem algumas diferenças no perfil mutacional encontrado, que podem traduzir-se em diferenças clínicas e de

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CTSprognóstico, mas necessitam de ser validadas. Dado que as classificações de estratificação do risco são baseadas em estudos

retrospetivos, sem inclusão do perfil mutacional, os autores alertam para a necessidade de integração futura das alterações genéticas nas ferramentas de avaliação prognóstica.

9 ASSOCIAÇÃO ENTRE LINFOMA NÃO HODGKIN E CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS

Teresa Amaral(1);Ana Rita Sousa(2);Lúcia Costa(3);Catarina Abreu(2);Joana Ribeiro(4);Paulo Cortes(4);António Quintela(4);Luís Costa(4)(1) CHLC - H. Santa Maria (2) Serviço de Oncologia Médica, Hospital de Santa Maria (CHLN) (3) Srviço de Oncologia Médica, Hospital de Santa Maria (CHLN) (4) Serviço de Oncologia Médica; Hospital de Santa Maria (CHLN)

O carcinoma de células renais (CCR) que se origina no córtex renal, é responsável por cerca de 80 a 85% de todas as neoplasias primárias do rim. Os carcinomas de células de transição da pelve renal são os segundos mais frequentes contribuindo com cerca de 8% dos casos. Um aumento da incidência de segundas neoplasias está bem documentado em algumas situações nomeadamente neoplasias da cabeça e pescoço e leucemia hairy cell. Além disso, existem também descrições de segundas neoplasias (linfomas, leucemias e tumores sólidos) em long term survivors de LNH, aparentemente relacionadas com a terapêutica realizada e idade precoce de diagnóstico. Existe descrita na literatura uma associação entre CCR e LNH, embora esta não seja clara. O número de casos de CCR após LNH parece ser maior do que o esperado, embora o contrário aparentemente não se verifique. O diagnóstico síncrone, como o caso que a seguir descrevemos, é ainda mais raro. Homem de 76 anos, raça branca. Antecedentes conhecidos de hiperuricemia, HTA, dislipidemia e hábitos alcoólicos moderados. Antecedentes familiares: mãe falecida aos 68 anos com carcinoma do endométrio e irmã falecida aos 75 anos com tumor da cabeça e pescoço. Aparentemente bem até Agosto de 2011 altura em que refere início de queixas de dispepsia que motivaram realização de endoscopia digestiva alta que revelou lesão exofítica do estômago com 25-30mm ulcerada, localizada na grande curvatura – curva distal. Feita biópsia desta lesão cujo resultado anatomopatológico revelou tratar-se de linfoma difuso de grandes células B CD20+. Ecoendoscopia revelou presença de adenopatias perilesionais suspeitas. Realiza TC TAP para estadiamento que revela lesão sólida no terço superior do rim direito com 8-7 cm, com várias lesões pulmonares bilaterais compatíveis com lesões secundárias. Massa mesentérica com envolvimento de ansas do delgado no flanco esquerdo com 8x4 cm com irregularidade da parede do intestino. Várias lesões sugestivas de implantes na gordura mesentérica. Para esclarecimento da lesão renal foi feita biópsia dirigida cujo diagnóstico anatomopatológico refere – carcinoma de células renais tipo células clara. Dada a localização e dimensão das lesões pulmonares não foi possível fazer biópsia para caracterização histológica. Fez no entanto biópsia das lesões da massa do delgado que confirmou infiltração por LNH difuso de grandes células B (CD20+). Neste contexto iniciou terapêutica com Sunitinib, ainda sem avaliação de resposta neste momento. A natureza da associação entre estas duas neoplasias não é clara, embora se verifique mais frequentemente do que seria de esperar. A sua forma síncrone é significativamente mais rara.

10 CABAZITAXEL: A NOVA REALIDADE NO TRATAMENTO DO CANCRO DA PRÓSTATA METASTÁTICO RESISTENTE À CASTRAÇÃO

Sara Meireles(1);Matilde Salgado(2);Catarina Fernandes(2);Carlos Silva(2);Carmen Rey(2);Isabel Augusto(2);Margarida Damasceno(2)(1) Centro Hospitalar São João (2) Centro Hospitalar de São João Introdução: As opções terapêuticas nos doentes com cancro da próstata metastático resistente à castração (CPRC), uma vez refractários à quimioterapia (QT) com docetaxel, eram até recentemente limitadas. O cabazitaxel é um taxano com ligação às tubulinas, com impacto na sobrevivência global (SG) destes doentes. Objectivo: Descrever a experiência da nossa instituição quanto à eficácia e tolerância deste agente no tratamento do CPRC após docetaxel. Material e métodos: Estudo retrospectivo dos doentes com CPRC que efectuaram tratamento com cabazitaxel. A análise de sobrevivência foi efectuada pelo método de Kaplan-Meier. A SG foi definida a partir do início do tratamento com cabazitaxel. Resultados: Até à data, 12 doentes efectuaram tratamentos com cabazitaxel. A mediana de idade no início do tratamento foi de 70 anos (60-75) e 10 doentes tinham ECOG

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0-1. A mediana do número de ciclos efectuados foi de 5 (2-13). A taxa de resposta do PSA foi 63,6%. Ao fim de 3 meses, a taxa de redução de PSA >50% ocorreu em 4 doentes. A resposta máxima do PSA foi atingida em média no 3º ciclo. Quatro doentes mantêm tratamento e 5 descontinuaram por progressão (41,7%). Três doentes faleceram, 2 por progressão e um na sequência de tromboembolismo pulmonar. Os efeitos laterais mais frequentes foram a anemia (83,3%), neutropenia (25%) e a diarreia (25%), e ocorreram maioritariamente nos primeiros 3 ciclos. Dois doentes tiveram neutropenia grau 3-4 e nenhum teve neutropenia febril. A mediana da sobrevivência livre de progressão (SLP) foi de 7 meses e a SLP aos 12 meses foi de 31,3%. A SG ao fim de 1 ano é de 68,7%. Conclusão: A nossa experiência revela que a utilização do cabazitaxel na prática clínica apresenta taxas de resposta e tolerância comparáveis ao estudo de aprovação, apresentando-se como opção terapêutica de benefício comprovado nestes doentes refractários ao docetaxel.

11 TUMORES GERMINATIVOS DO TESTÍCULO - REVISÃO DE 10 ANOS

Marta Mesquita Pinto(1);Carolina Carvalho(2);Daniel Romeira(3);Filipe Alpoim(3);Maria Dolores Alberca(3);Adélia Félix(3);Ana Massena(3);Ana Plácido(3);Helena Miranda(3);Nunes Marques(3);Ana Martins(3)(1) CHLO - HSFX (2) Hospital São Francisco Xavier - Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (3) HSFX-Lisboa

Introdução: Os tumores germinativos do testículo (TGT) são uma patologia rara. Representam 1-1.5% de todos os cancros no homem, contudo retratam 95% das neoplasias testiculares. São o tumor sólido mais frequente no sexo masculino na faixa etária entre os 15 e 34 anos. A mortalidade por neoplasia do testículo tem vindo a diminuir progressivamente, estimando-se 0,35 óbitos/100.000 doentes (dts) na União Europeia. Actualmente, a taxa de cura dos doentes com TGT ultrapassa os 90%. Em Portugal, no ano 2000, foram estimados 170 novos casos de tumores do testículo. Com cerca de 20 óbitos por ano, Portugal apresenta uma mortalidade superior à média Europeia e Norte-Americana. No homem, os tumores germinativos desenvolvem-se mais frequentemente no testículo, e ocasionalmente no retroperitoneu, mediastino e hipófise. Após a introdução de esquemas de quimioterapia (QT) baseados em Cisplatina, passou a observar-se a cura da maioria dos doentes. A sobrevivência a longo prazo é condicionada pelo estadio e por factores de prognóstico conhecidos (marcadores séricos elevados, localização primária no mediastino, metastização hepática, pulmonar (mais de 20 metastases), óssea ou cerebral. A classificação histológica dos TGT permite subdividi-los em dois tipos: seminoma e não seminoma. Após a avaliação inicial com orquidectomia radical inguinal e laqueação do cordão espermático, o diagnóstico histológico, o estadiamento e a definição de factores de prognóstico, é estabelecida a estratégia terapêutica. O seguimento adequado destes doentes, permite diagnóstico e tratamento oportuno das recidivas, com consequente aumento da taxa de remissão completa. Objectivos: Caracterização e avaliação da sobrevida dos doentes com TGT, tratados e em seguimento num Hospital Central, no período de 2001 a 2011. Material e métodos: Estudo retrospectivo, observacional dos doentes com diagnóstico de TGT, seguidos num Hospital Central, entre 2001 e 2011. A análise estatística foi efectuada no software SPSS 18. Resultados: Foram identificados 22 doentes. Destes, 12 (54.5%) eram não seminoma e 10 (43.5%) seminoma. A idade média foi de 33.1 ± 10.3 anos, o doente (dt) mais novo tinha 21 anos e o mais velho 66 anos. O sinal e/ou sintoma inicial mais frequente foi: nódulo ou aumento do volume testicular em 12 dts (54.5%), desconhecido em 3 dts (13.6%), dor testicular ou lombar em 2 dts (9.1%),– infertilidade num dt (4.5%), sintomatologia metastática num dt (4.5%), ginecomastia num dt (4.5%), dor e nódulo testicular num dt (4.5%) e dor testicular associada a malformações congénitas num dt (4.5%). A localização dos TGT foi igualmente frequente no lado direito e lado esquerdo, em 9 dts cada (40.9%), desconhecido em 3 dts (13.6%) e bilateral em 1 doente (4.5%). A classificação dos doentes por estadio, foi a seguinte: - estadio I: seminoma 7 dts (31.8%), não seminoma 2 dts (9%); - estadio IIA/B: seminoma 2 dts (9%), não seminoma 1 dt (4.5%); - doença avançada: seminoma estadio IIC 1 dt, não seminoma IIC 1 dt , não seminoma IIIA 1 dt; desconhecendo-se o estadio em 1 dt (4.5%). A classificação dos doentes por grau de prognóstico/risco, foi a que se segue: Bom Prognóstico 13 dts (59%), Prognóstico Intermédio 7 dts (32%), Mau Prognóstico 1 dt (4.5%) e desconhecido em 1 dt (4.5%). Optou-se por QT adjuvante com BEP (Bleomicina, Etoposido e Cisplatina) em 13 dts (59%) e vigilância em 9 dts (41%). Dos doentes que realizaram terapêutica sistémica, 3 dts realizaram também radioterapia, um doente fez cirurgia a massas residuais e um doente fez linfadenectomia retroperitoneal. Como complicações da terapêutica há a referir neuropatia periférica (1dt) e toxicidade pulmonar (1dt). Verificou-se apenas uma recidiva, com metastização ganglionar mediastínica e retroperitoneal. Apresentava à data de diagnóstico um estadio de doença avançada e o óbito ocorreu 6.5 anos após o diagnóstico por evolução natural da

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CTSdoença. Neste estudo ocorreram dois óbitos (taxa de mortalidade de 9%), um dos quais é o acima descrito e o outro ocorreu

em contexto de toxicidade pulmonar à Bleomicina. Discussão/conclusão: Na série apresentada a taxa de mortalidade é inferior à taxa de mortalidade em Portugal mas semelhante aos dados internacionais. Admitimos, que o facto da maioria dos doentes (59%) se incluírem no grupo de Bom Prognóstico, e terem sido tratados e seguidos de acordo com as orientações estabelecidas, tenha contribuído para os resultados encontrados.

12 RADIOTERAPIA NOS SARCOMAS PARA-TESTICULARES - A PROPÓSITO DE 2 CASOS CLÍNICOS

Ana Amado(1);Ana Vasconcelos(1);Catarina Duarte(1);Filomena Pina(1);Isabel Monteiro Grillo(1)(1) CHLN -HSM - Serviço Radioterapia

Introdução: Os Sarcomas de partes moles (SPM) são raros, correspondendo a <1% de todos os tumores malignos. Podem ter origem numa grande variedade de tecidos moles e consequentemente ocorrer em diversas localizações (50% nas extremidades, 40% abdominais/pélvicos e 10% na região da cabeça e pescoço). Localmente invasivos e com disseminação sobretudo hematogénica, sendo a metastização ganglionar rara (<5%). Os Factores de Prognóstico mais Importantes são o tamanho do tumor, a localização e o grau histológico. Os tumores para-testiculares, embora pouco frequentes, são malignos em cerca de 30% dos casos. Os sub-tipos histológicos de SPM mais comuns são o leiomiossarcoma (LMS) e o lipossarcoma (LPS). A radioterapia (RT) tem um papel importante no controlo local dos sarcomas, principalmente se de localização profunda, com dimensões superiores a 5cm e de alto grau histológico. Não existe consenso sobre a definição de volumes nos SPM para-testiculares e apesar de ser um tema de grande controvérsia, há poucos estudos prospectivos que tentem esclarecer qual o volume a usar no planeamento de RT. Objectivos: Os autores têm como objectivo salientar a existência desta entidade rara na literatura e sem guide-lines bem estabelecidas, bem como dar a conhecer uma das abordagens possíveis, tendo em vista uma eventual uniformização dos tratamentos. Material e Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo do planeamento de dois casos clínicos (CC) com diagnóstico de SPM para-testiculares tratados no Serviço de RT. O planeamento foi efectuado de acordo com a dose e volumes previstos para o tratamento dos sarcomas das extremidades, localização mais frequente e para a qual existem múltiplos estudos. CC1 - Doente de sexo masculino, 61 anos, diagnóstico de LMS para-testicular de alto grau, com 11 x5.2 x6cm, com invasão vascular neoplásica de uma veia do cordão espermático e margens cirúrgicas livres de lesão. Submetido a Cirurgia seguida de Quimioterapia adjuvante (Antraciclinas - 4 ciclos) e posteriormente RT - 63Gy/ 35 fracções/ 1.8Gy por fracção (3 campos; energia de 6 e 15MV). O Clinical Target Volume (CTV) inclui o leito tumoral e a cicatriz operatória, numa primeira fase de tratamento com uma margem craneo-caudal de 5cm e radial de 2cm e numa segunda fase com uma margem isotrópica de 2cm. CC2 - Doente de sexo masculino, 61 anos, com diagnóstico de LPS para-testicular desdiferenciado com padrão pleomórfico, envolvido por uma fina cápsula (margem cirúrgica integra), com 12.5 x7 x7cm, que envolve o testículo, não o invadindo; não se isolou o cordão espermático. Submetido a Cirurgia seguida de Quimioterapia adjuvante (Antraciclinas - 4 ciclos) e posteriormente RT adjuvante - 52Gy/ 26 fracções/ 2Gy por fracção (5 campos; energia de 6 e 15MV). O CTV inclui o leito tumoral e a cicatriz operatória com uma margem craneo-caudal de 5cm e radial de 2cm. Resultados: CC1: Toxicidade aguda gastro-intestinal e genito-urinária grau 2, radiodermite grau 3 e edema do pénis. Aos 23 meses após RT o doente encontra-se assintomático, sem evidência clínica e imagiológica de recidiva local ou a distância. CC2: De salientar como toxicidade aguda, prurido na região perineal e radiodermite grau 4 com necessidade de suspender RT durante 5 dias. Com 20 meses de follow-up após RT, o doente encontra-se assintomático, sem evidência clínica e imagiológica de recidiva local ou a distância. Conclusões: É fundamental conhecer a agressividade do tumor, o padrão de disseminação, bem como a eficácia dos tratamentos disponíveis para uma decisão terapêutica acertada, sendo nesta entidade, dada a sua raridade, difícil de obter. Apesar da escassez de material bibliográfico referente aos sarcomas para-testiculares, está documentado que a recidiva local é maior se após a Cirurgia não se instituir Radioterapia adjuvante, principalmente nos casos com dimensões superiores a 5cm, de alto grau e localização profunda. A margem dada para o CTV poderá ter sido exagerada, contudo, dada a inexistência de orientações respeitantes ao SPM e dado o conhecimento actual, considera-se mais prudente aplicar a mesma margem na região para-testicular que para o sarcomas das extremidades, bem mais conhecidos e estudados. Embora o follow-up não seja muito longo, não há, até à data, nem evidência de recidiva local nem toxicidade tardia associada, pelo que a RT demonstrou um excelente controlo local da doença, sem incremento significativo da toxicidade tardia, evidenciando ser um tratamento seguro.

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13 ABIRATERONA NO CANCRO DA PRÓSTATA METASTÁTICO RESISTENTE À CASTRAÇÃO (mCPRC)

Santos J; Augusto J; Inácio M; Carrageta I; Trinca F; Dinis R;Timóteo T; Barroso SServiço de Oncologia, Hospital do Espírito Santo, Évora

Introdução: O cancro da próstata é o segundo em incidência e o sexto em mortalidade a nível mundial. Em Portugal existem anualmente 5140 novos casos e a mortalidade é de 2021 indivíduos. Quando em estádio IV, o bloqueio hormonal com anti-androgénios e/ou inibidores LHRH, é geralmente a primeira terapêutica, com uma duração de resposta de 2 a 3 anos. Quando a terapêutica hormonal falha, a quimioterapia baseada em Docetaxel é uma alternativa obtendo-se beneficio na sobrevida e paliativo, mas com toxicidade significativa. O mCPRC mesmo na fase avançada da doença mantem dependência importante da via do receptor de androgénio. O Acetato de Abiraterona é convertido in vivo em Abiraterona, um inibidor seletivo da síntese de androgénios que inibe a enzima 17α-hidroxilase/C17,20-liase (CYP17), reduzindo a produção de androgénios a nível das glândulas suprarrenais, no testículo e no próprio tumor. A Abiraterona em associação com prednisona, demonstrou recentemente no estudo COU-AA-301, um aumento significativo da sobrevida global de 4,6 meses vs placebo (HR = 0,74), em doentes previamente tratados com Docetaxel. A Abiraterona foi recentemente aprovada para o tratamento mCPRC, em associação com prednisona ou prednisolona, quando a doença progrediu sob ou após quimioterapia à base de Docetaxel. Objectivos: Análise preliminar e retrospetiva de toxicidade e eficácia em 9 doentes com mCPRC, tratados com Abiraterona. Material e Métodos: Avaliação de 9 doentes consecutivos, em progressão após quimioterapia com Docetaxel que iniciaram tratamento com Abiraterona, entre 01-11-2011 e 29-03-2011. A avaliação de resposta será feita de acordo com os critérios de PSAWG2/PCCTWG (PSA Working Group 2/Prostate Cancer Clinical Trials Working Group); a resposta radiológica segundo critérios RECIST; será efetuada avaliação de beneficio clínico. A toxicidade será avaliada de acordo com CTC-CTCAE, V4.0 (Common Toxicity Criteria and Common Terminology Criteria for Adverse Events).Os ciclos de tratamento são de 28 dias. A avaliação de segurança e aderência terapêutica é feita semanalmente durante o primeiro ciclo e no dia 1 dos ciclos subsequentes ou sempre que clinicamente se justifique e inclui: anamnese, exame físico, avaliação da dor, medicação concomitante e avaliação analítica com PSA. A avaliação imagiológica realiza-se a cada 3 ciclos ou quando clinicamente justificado. Resultados: Os resultados apresentados são preliminares e censurados à data de 29-03-2012; Todos os doentes mantiveram terapêutica com inibidores LHRH e apresentavam valores compatíveis com castração (testosterona ≤ 50 ng/dl) à data de início de tratamento. A duração de tratamento varia entre 146 e 09 dias; O Performance Status foi ≤ 2 em todos os doentes; a média de idade foi de 77 anos; as co-morbilidades mais frequentes foram diabetes tipo II em 1 doente, HTA em 3 ; 1 doente com insuficiência mitral e tricúspide; a localização de doença mais frequente foi a óssea em 8 doentes e em 2 doença ganglionar; o perfil de segurança foi muito favorável, salientando-se hipocaliémia de grau I em 1 doente; 8 doentes apresentaram diminuição do PSA, sendo o valor máximo de 88%; 1 doente apresentou aumento de PSA sem outros critérios de progressão; não houve nenhuma interrupção terapêutica ou ajuste de dose por toxicidade; não foi documentada progressão em nenhum dos doentes em tratamento. Conclusões: Esta análise preliminar incide sobretudo na avaliação de toxicidade. Parece revelar que a Abiraterona é muito bem tolerada, não tendo havido nenhuma interrupção ou modificação de dose. Serão apresentados resultados atualizados de toxicidade e eficácia. O reduzido número de doentes e a curta duração de tratamento não permite ainda perceber com segurança, se os resultados na nossa população serão sobreponíveis aos descritos na literatura.

14 CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS - ANÁLISE RETROSPECTIVA DOS DOENTES DO HOSPITAL SANTA MARIA

Joana Briosa Neves(1);Daniela Macedo(2);Isabel Fernandes(3);Luis Costa(4)(1) Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa (2) Serviço de Oncologia Médica do Centro Hospitalar Lisboa Norte (3) Centro Hospitalar de Lisboa Norte (4) HSM

Introdução: Estima-se que a neoplasia maligna do rim seja a 9ª neoplasia mais frequente a nível europeu e que mais de 85% destas neoplasias sejam carcinomas de células renais (CCR). Apesar da evolução na área da imagiologia ter permitido o maior e mais precoce diagnóstico destes tumores, cerca de um terço dos doentes com CCR são diagnosticados com doença metastática. A investigação na área da biologia molecular permitiu que fossem introduzidas novas opções terapêuticas, contribuindo para

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CTSa melhoria da sobrevida nestes doentes. Em Portugal, apenas existem publicações referentes a casos clínicos de CCR, não

existindo estudos com séries de casos ou epidemiológicos. Torna-se assim relevante dar a conhecer a realidade portuguesa através da análise de casos de um centro de referência. Objectivo: Estudar os casos de doentes com CCR do Serviço de Oncologia do Hospital de Santa Maria (HSM). Material e Métodos: Foi realizada uma análise retrospectiva dos processos clínicos dos doentes diagnosticados com CCR referenciados ao Serviço de Oncologia do HSM entre Janeiro de 2006 e Outubro de 2010. Foram recolhidos dados demográficos; da histologia; do estadio da doença na data do diagnóstico; o tempo de evolução para estadio IV; as localizações metastáticas; a existência e caracterização de intervenções cirúrgicas (primário e metástases); a estratificação de risco segundo a classificação Memorial Sloan-Kettering Cancer Center (MSKCC) para CCR; o tipo e sequência de terapêutica médica realizada; e os efeitos adversos das terapêuticas-alvo. Resultados: A maioria dos doentes eram do sexo masculino (n=35, 71,4%) e, à data do diagnóstico, a média de idades era 63,6 anos (SD - 12,2). Foram diagnosticados em fase avançada 44,9% (n=22) dos doentes. Dos doentes com estádio I, II ou III (n=27), 22 (81,5%) evoluíram para estadio IV numa média de 45,9 meses (SD - 58,7). Ocorreu metastização em mais de 1 localização em 77,3% (n=34) dos casos sendo os órgãos mais frequentemente afectados os gânglios linfáticos, o pulmão, o osso e o fígado. Trinta doentes (61,2%) foram submetidos a nefrectomia. Como primeira linha de terapêutica, 15 (30,6%) doentes fizeram imunoterapia e 23 (46,9%) iniciaram terapêutica-alvo (22 sunitinib e 1 temsirolimus). No segundo grupo, em segunda-linha, 4 fizeram everolimus e 4 fizeram sorafenib. Conclusão: Os dados obtidos foram compatíveis com a literatura embora a taxa de diagnósticos em estadio IV tenha sido muito superior à relatada, correspondendo a quase metade dos doentes (45%). Este dado pode indicar que um maior investimento no diagnóstico precoce desta neoplasia poderá contribuir para a redução da morbilidade e mortalidade por CCR em Portugal.

COMUNICAÇÕES ORAIS ENFERMAGEM1 APLICAÇÃO DO MALNUTRITION UNIVERSAL SCREENING TOOL EM HOSPITAL DE DIA DE ONCOLOGIA

Sara Parreira(1);Vanessa Leomaro(1);Vanessa Agostinho(1)(1) Hospital Prof. Dr. Fernando da Fonseca

Introdução: O Doente Oncológico está particularmente susceptível à subnutrição/desnutrição não só devido ao processo de doença mas também pelos tratamentos a que é sujeito. A deterioração nutricional e perda de peso não intencional são problemas comuns em doentes com cancro, especialmente nos idosos. A perda de peso pode aumentar a morbilidade, condicionar a resposta à terapêutica antineoplásica e diminuir a qualidade de vida e sobrevida (Amaral, et al, 2008). A aplicação de um rastreio nutricional é essencial para o controlo e intervenção efectiva nos doentes (Caro, et al, 2008). O Hospital de Dia de Oncologia (HDO) do Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca, EPE, iniciou a aplicação do Malnutrition Universal Screening Tool (MUST) de forma sistemática desde Julho de 2010. A escala de MUST foi desenvolvida pela British Association for Parenteral and Enteral Nutrition, pode ser aplicada a todos os adultos nos diversos serviços de saúde e tem como principal objectivo diagnosticar situações presentes ou em risco de perda de peso excessiva e/ou má nutrição (Borges, et al, 2009). A escala MUST apoia-se na avaliação de dois critérios: o Índice de Massa Corporal (IMC) e a percentagem de perda de peso nos últimos seis meses. Cada parâmetro pode ser avaliado em 0, 1 ou 2. Score de 0 significa baixo risco de má nutrição. Score de 1, médio risco de má nutrição e Score de 2 (ou superior) alto risco de má nutrição (BAPEN, 2006). Conforme estabelecido em Procedimento de Enfermagem, no HDO, o Score de MUST é avaliado na primeira consulta de enfermagem, antes do doente iniciar quimioterapia. Se Score de MUST ? 2 o utente é encaminhado para consulta com Dietista. Preconiza-se que a reavaliação do Score de MUST se realize mensalmente, ou antes, se o doente apresentar Score de MUST inicial ? 2 ou evidente perda de peso. Objectivos: • Avaliar a aplicação da escala MUST em todos os doentes que iniciaram tratamentos de quimioterapia no ano de 2011; • Relacionar o Score de MUST avaliado com o encaminhamento para consulta com o Dietista; Metodologia: Estudo retrospectivo, descritivo de abordagem quantitativa; Duração: de Janeiro a Dezembro de 2011; Tratamento de dados: Excel. Resultados e Conclusões: Das 302 consultas de enfermagem realizadas durante o ano de 2011, foram efectuadas 222 avaliações com recurso à aplicação do MUST. Constatou-se que 52 doentes apresentaram Score ? 2, sendo que 35 destes doentes foram encaminhados para consulta com o dietista. Os restantes doentes não foram encaminhados por inúmeras razões como: ganho de peso recente, IMC

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adequado, manutenção de dieta equilibrada ou recusa dos próprios. Pela análise dos dados concluiu-se também que os doentes com neoplasias do sistema gastrointestinal são os que apresentam, mais frequentemente, Score de MUST ? 2. Constatou-se que a aplicação da escala de MUST na primeira consulta de enfermagem é fundamental para despiste de problemas nutricionais que possam afectar a qualidade de vida do doente e a sua resposta à quimioterapia.

POSTERS MÉDICOS

1 UTILIZAÇÃO DE PRO- E SIMBIÓTICOS EM ONCOLOGIA: REVISÃO SISTEMÁTICA DE ENSAIOS CLÍNICOS ALEATORIZADOS E CONTROLADOS

Renata Ramalho(1);Nuno Couto(2);Sónia Cabral(2);Bruno Magalhães(2);Paula Alves(2)(1) Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (2) Instituto Português de Oncologia do Porto Dr. Francisco Gentil, E.P.E.

Introdução: Numa era dominada pelo “molecular”, a investigação procura estudar a modulação da resposta do hospedeiro com o intuito de prevenir a doença ou melhorar a sintomatologia. Desde a sua descoberta pelo Nobel Élie Metchnikoff, que a utilidade dos probióticos na prevenção da doença tem suscitado interesse e discussão. Resultados de investigação in vitro e in vivo sugerem que os probióticos exercem a sua ação anti-carcinogénica por modificação do pH intestinal, alteração do metabolismo de xenobióticos, modulação imunológica, ação antioxidante e por anti-genotoxicidade. Métodos: Revisão sistemática de ensaios clínicos aleatorizados e controlados que avaliam o efeito de pro- e simbióticos administrados oralmente na doença oncológica sobre: composição da microflora e/ou funcionalidade da barreira intestinal; imunidade e/ou inflamação sistémica; invasão por células tumorais e/ou desenvolvimento de novas lesões; marcadores de stress oxidativo e/ou apoptose; sintomas e toxicidade. Foi efetuada pesquisa nas seguintes bases de dados: Cochrane Database of Systematic Reviews, MEDLINE/PubMed (1966-2011) e EMBASE (1980-2011). A qualidade dos estudos incluídos foi avaliada segundo os critérios de Cochrane Collaboration e Grade Profiler. Esta revisão sistemática foi elaborada de acordo com os PRISMA guidelines. Devido a uma elevada heterogeneidade clínica entre os estudos, não foi possível efetuar metanálise dos resultados. Resultados: Numa pesquisa incial obtiveram-se 34 estudos com potencial interesse. Após aplicação dos critérios de exclusão, obtiveram-se 10 estudos que foram divididos por 2 áreas: digestivos (n=5) e diarreia secundária a QT ou RT (n=5). Os estudos incluídos eram heterogenéneos quanto a doses, esquemas, duração e tipo de intervenção e características dos doentes incluídos. Esta revisão sistemática mostrou o potencial de algumas estirpes de probióticos em alterar favoravelmente a composição da microflora e a funcionalidade da barreira intestinal e em diminuir a inflamação sistémica (particularmente, os níveis de interferão-alfa) em doentes com neoplasia do cólon. Adicionalmente, verificou-se diminuição do grau de severidade da diarreia, aumento da consistência das fezes e menor necessidade de recurso a antidiarreicos em doentes com diarreia secundária a QT ou RT. As estirpes mais estudadas formam L. casei, L. acidophilus e L. rhamnosus, isolados ou em combinação com inulina. Conclusão: A escassa evidência científica disponível sugere que os mecanismos de acção, bem como os efeitos sistémicos dos probióticos e simbióticos sejam “estirpe-dependentes” e que a sua aplicação com benefício no campo da oncologia deve ser limitada a doentes com neoplasia do cólon e no controlo da diarreia secundária a QT ou RT. O acompanhamento nutricional individualizado é fundamental para a formulação da decisão sobre a estirpe a ser utilizada, a dose a ser implementada e o tempo de duração do tratamento.

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CTS2 ABORDAGEM MULTIMODAL DO SARCOMA CARDÍACO IRRESECÁVEL EM DOENTE COM CARCINOMA DA MAMA

METASTIZADO

Manuel Magalhaes(1);Joana Febra(1);Franklim Marques(1)(1) Centro Hospitalar do Porto

Introdução: Os sarcomas cardíacos são entidades raras, habitualmente com mau prognóstico em consequência do diagnóstico tardio. Representam um desafio médico interdisciplinar dado que na altura no diagnóstico habitualmente não são completamente ressecáveis e os tratamentos complementares disponíveis são pouco eficazes. Nos doentes com ressecção incompleta, o papel da quimioterapia adjuvante ainda não foi estabelecido embora estejam descritos casos de aumento da sobrevida com protocolos de quimioterapia (QT) com Adriamicina. Também estão descritos casos em que foi usada QT neoadjuvante com o objectivo de induzir citoredução e assim possibilitar ressecção completa do tumor. A radioterapia (RT), embora possa ser usada nos doentes com margens positivas, apresenta limitações relacionadas com a cardiotoxicidade. Objectivos: Revisão do tratamento multimodal do sarcoma cardíaco irresecável, a propósito de um caso clínico. Desenvolvimento: Apresentamos o caso de uma doente de 58 anos, com história de carcinoma ductal invasor da mama esquerda T1 N1 M0 diagnosticado em 1997, tendo sido submetida a mastectomia radical modificada seguida de QT (Fluorouracilo, Epirrubicina e Ciclofosfamida) e RT da parede torácica (50 Gy em 5 semanas). Fez hormonoterapia adjuvante durante 5 anos com tamoxifeno, que terminou em 2002. Em 2008 é diagnosticada recidiva pulmonar confirmada por biópsia tendo realizado QT com Docetaxel e Capecitabina (8 ciclos), com remissão completa. Iniciou hormonoterapia com Letrozole, que ainda mantém. No final de 2009 inicia quadro de tosse e dispneia seguido de edemas periféricos, mãos e órbitas. O RX de tórax revelava proeminência do arco da aurícula esquerda e o ecocardiograma transtorácico e transesofágico revelavam massa na aurícula esquerda com 36 x 47 mm. Submetida a cirurgia (ressecção de massa com 38,6 g) com melhoria acentuada do estado geral e sintomas. A ressecção não foi completa dada a invasão do tecto da aurícula esquerda e extensão para as veias pulmonares. O exame histológico da peça revelou sarcoma indiferenciado primário do coração. O estadiamento do sarcoma e pesquisa de recidiva de neoplasia da mama foram negativos. O TAC pós-operatório mostrava lesão com 5,6 cm de maior eixo. Realizou QT adjuvante com Adriamicina lipossómica (6 ciclos) que terminou em Junho de 2010. O TAC realizado após a QT revelou redução do tamanho da lesão de 5,4 cm de maior eixo para 4,6 cm. Posteriormente foi submetida a RT externa sobre a aurícula esquerda, 50 Gy em 25 fracções, que terminou em Agosto de 2010. Presentemente encontra-se assintomática e a avaliação com imagem revelou estabilização da massa cardíaca pelos critérios de RECIST. Conclusões: A resistência dos sarcomas cardíacos à QT e RT dificulta a abordagem destes tumores. O número muito limitado de casos publicados não permite estabelecer conclusões sólidas sobre a eficácia das terapêuticas disponíveis. A sobrevida média dos doentes com sarcomas cardíacos é de 6 meses, contudo o caso divulgado revela uma sobrevida significativamente superior, 23 meses.

3 TRATAMENTO POTENCIALMENTE CURATIVO NO CANCRO COLORECTAL METASTIZADO, A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO.

Manuel Magalhaes(1);Joana Febra(1);Franklim Marques(1);Filipe Coutinho(1)(1) Centro Hospitalar do Porto

Introdução: O cancro colorectal é o terceiro mais frequente e mortal a nível mundial. Nos últimos anos têm ocorrido avanços significativos na redução da mortalidade, devido ao diagnóstico mais precoce e tratamentos mais eficazes. O plano de tratamento do cancro do cólon depende se a doença está apenas localizada, em que a opção é cirúrgica seguida ou não de terapêutica adjuvante de acordo com o estadio, ou metastizada. O cancro do recto coloca desafios especiais devido à dificuldade de cirurgia local alargada, com necessidade de ressecção do mesorecto complementada ou não de radioterapia (RT). A metastização do Cancro Colorectal é mais comum como recorrência após tratamento de doença loco-regional (metastização metácrona), sendo o fígado o órgão mais atingido. A abordagem do Carcinoma Colorectal Metastizado deverá ser multidisciplinar e individualizada, englobando terapêuticas sistémicas e loco-regionais que resultam na melhoria da média de sobrevivência e no aumento do grupo de doentes que podem ser abordados com intenção curativa. Com a terapêutica sistémica, alguns casos de metastização

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hepática do carcinoma colorectal entram em remissão completa mas a cura a longo prazo apenas com quimioterapia (QT) é rara.Objectivos: Revisão do tratamento potencialmente curativo no Cancro Colorectal Metastizado, a propósito de um caso clínico de Adenocarcinoma do Recto com metastização hepática síncrona. Desenvolvimento: Apresentamos o caso de um doente de 51 anos com adenocarcinoma do recto localmente avançado (uT3 N1) com metástase hepática única em localização central, junto do ramo direito da veia porta, de difícil abordagem cirúrgica, comprovada por TAC, RMN e PET-CT. Neste doente foi decidido iniciar o tratamento com quimioradioterapia (QT/RT) neoadjuvante e optou-se por esquema de QT mais agressivo com oxaliplatina e capecitabina para aumentar a probabilidade de actuar também na metástase hepática, embora com maior risco de toxicidade. A TAC de reavaliação pré-operatória revelava regressão total da metástase hepática. Operado ao tumor primário às 6 semanas após terminar a QT/RT neoadjuvante, constatando-se remissão completa do tumor primário - ypT0N0. No pós-operatório foi re-estadiado com meios de imagem incluindo TAC abdomino-pélvica e PET-CT que não mostraram evidência de lesões metastáticas, confirmando o desaparecimento completo da lesão hepática. Em Consulta de Grupo Oncológica Multidisciplinar foi decidido vigiar e não realizar ressecção de metástase hepática por desaparecimento completo da mesma na TAC, não captação na PET-CT e dada a sua localização central de difícil acesso cirúrgico. Fez QT pós-operatória até perfazer no total 6 meses de tratamento. Tem-se mantido em vigilância clínica e imagiológica apertada para detecção precoce de recidiva. Actualmente com seguimento de 3 anos após cirurgia ao tumor primário, não existindo evidência de doença. Conclusões: As metástases de adenocarcinoma colorectal podem entrar em remissão imagiológica completa com os actuais esquemas de quimioterapia associados ou não à terapêutica biológica. Nos casos de remissão imagiológica completa em que se opta por não intervir cirurgicamente, é necessária uma vigilância clínica e imagiológica muito apertada e intervenção rápida no caso de recidiva.

4 O PAPEL DA QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE NO CANCRO DA MAMA TRIPLO NEGATIVO

Sara Meireles(1);Daniela Almeida(2);Rosa Gomes(2);Andreia Capela(2);Gabriela Pinto(2);Fernando Osório(2);Isabel Augusto(2);Cláudia Caeiro(2);Cândida Cruz(2);Margarida Damasceno(2)(1) Centro Hospitalar São João (2) Centro Hospitalar de São João

Introdução: O cancro da mama triplo negativo (TN) é um subtipo agressivo e resistente ao tratamento. A quimioterapia neoadjuvante (QNA) proporciona a realização de cirurgias conservadoras e maiores taxas de resposta patológica completa (pRC). Objectivos: Impacto da QNA na taxa de pRC, sobrevivência livre de doença (SLD) e global (SG) dos TN e análise comparativa com os não-triplo negativo (nTN). Material e métodos: Estudo retrospectivo de 155 doentes com cancro da mama localmente avançado submetidos a QNA entre Janeiro 2003 e Agosto de 2011. A análise de sobrevivência foi efectuada pelo método Kaplan-Meier e a avaliação de factores de prognóstico pelo modelo de Cox. Resultados: 41 doentes (26,5%), com mediana de idade de 49 anos, apresentavam tumores TN. A maioria correspondia a carcinoma ductal invasor (89%) de grau 3 (84,6%). O estadio clínico mais frequente foi o IIB (48,8%). Observou-se downstaging em 65,9%, pRC em 39% e possibilidade de cirurgia conservadora em 51,2%. 31,7% dos TN recidivaram (local: 19,5%; metastização à distância: 12,2%). A SLD aos 3 anos foi de 67,1% e a SG aos 3 e 5 anos foi de 81,0% e 70,9% respectivamente. Não se observaram diferenças estatisticamente significativas em relação aos nTN nas variáveis estudadas. Na análise univariada, foram fatores de prognóstico para a SG: estadio clínico (p=0.024), downstaging tumoral (p=0.01), pRC (p<0.001) e recidiva (p=0.002). Apenas o downstaging tumoral (HR:0.07, IC95% 0.01-0.92;p=0.043) e a recidiva (HR: 33.6; IC95% 1,59-709,1; p=0.024) estavam independentemente associados com a SG. Conclusão: A nossa experiência demonstra elevadas taxas de pRC, SLD e SG nos TN. Contudo, contrariamente aos dados da literatura, a taxa de pRC não foi significativamente mais elevada que as dos nTN, podendo tal dever-se à reduzida dimensão da amostra. O downstaging tumoral e a recidiva foram factores de prognóstico independentes para a SG no TN.

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CTS5 UMA FORMA EXPLOSIVA DE METASTIZAÇÃO DE MELANOMA MALIGNO

Isália Miguel(1);Diogo Alpuim Costa(2);Emanuel Gouveia(2);João Mouta(2);Mafalda Carneiro(2);Maria José Passos(2)(1) IPO Lisboa (2) IPO Lisboa Francisco Gentil, EPE

Introdução: O melanoma é um tumor que resulta da transformação maligna dos melanócitos, células que derivam da crista neural. Cerca de 90% ocorrem na pele. Nas últimas décadas, a sua incidência tem aumentado muito em todo o mundo e mais rapidamente do que nos outros tumores sólidos, apresentando uma mortalidade elevada. Em 2011 o melanoma foi o 4º tumor mais frequente na Austrália e ocupa o 6º lugar nos EUA. Em Portugal o melanoma apresenta uma incidência que ronda os 8 casos por 100.000 habitantes e a taxa de mortalidade estimada pelo ROR Sul para 2004/2005 é de 2,35/100.000 habitantes. Na etiopatogénia desta doença existem factores genéticos, familiares e ambientais. O melanoma quando diagnosticado precocemente cura-se em mais de 90% dos casos com cirurgia. Pelo contrário, em estadio IV a sobrevivência aos 5 anos é inferior a 5%. Embora se tenham registado progressos nos últimos anos, o tratamento do melanoma metastizado continua a ser um desafio. Caso Clínico: Mulher de 46 anos, sem antecedentes pessoais e familiares de doença oncológica, que em 1997, notou aparecimento de maculapapulosa na região frontal e 18 meses depois lesões satélite da região parietal, motivo pelo que foi enviada à consulta de dermatologia. Foi submetida a excisão destas lesões e pesquisa de gânglio sentinela que foi negativo. E.H.–Melanoma do couro cabeludo com lesões satélite, Clark IV, Breslow 1.66mm. Sem invasão ganglionar. A TAC toraco-abdomino-pélvica (TAP) e craneo-encefálica (CE) de estadiamento não mostraram alterações. Por se tratar de um melanoma de alto risco efectuou durante um ano Interferão-? adjuvante. Três meses após o tratamento adjuvante surgiu mácula puntiforme castanha na região parietal esquerda e na periferia da cicatriz frontal. Estas lesões foram retiradas e eram metástases cutâneas de melanoma. A doente ficou em remissão completa durante 7 anos com seguimento regular em consulta de oncologia médica. Em 2006 nova lesão no braço direito, cuja excisão–biópsia revelou: MM in situ, margens sem tumor; mácula pericicatricial na região frontal – biópsia: metástases de MM. Foi efectuada cirurgia com alargamento de margem destas lesões. Ficou de novo bem, em remissão completa. Doze anos depois começa com dorsalgia persistente em repouso com agravamento à mobilização. Apresenta também lesão periodontal superior esquerda, compatível com metástase de MM. Realiza TAC da coluna dorsal, Cintigrafia óssea e RNM do neuroeixo que revelaram: extensa infiltração secundária que atingia quase todas as vértebras dorsais e sagradas; havia colapso subtotal de D7 com componente epidural, causando desvio da medula e discretos sinais de mielopatia compressiva. Referenciada para radioterapia paliativa descompressiva. Concomitantemente realizou TAC CE e TAP que revelaram: metastização cerebral múltipla, pulmonar bilateral; extenso envolvimento adenopático supraclavicular direito e mediastínico; metastização hepática e dos rins; múltiplas lesões osteolíticas dos corpos vertebrais dorsais e lombares, ilíacos e sacro. A doente faleceu em 2 semanas. Conclusão: Este caso clínico é paradigmático de uma forma de evolução muito agressiva e pouco habitual num melanoma que na altura do diagnóstico era T4bN0M0, estadio IIb, com follow-up de 12 anos em remissão completa, com uma forma explosiva de metastização múltipla sincrona: cerebral, óssea, pulmonar, hepática, renal e periodontal, facto pouco frequente.

6 GIST - LONGA SOBREVIVÊNCIA APÓS RESISTÊNCIA AO IMATINIB

Isália Miguel(1);Maria Teresa Condessa(2);João Mouta(2);Emanuel Gouveia(2);Mafalda Carneiro(2);Diogo Alpuim Costa(2);João Freire(2)(1) IPO Lisboa (2) IPO Lisboa Francisco Gentil, EPE

Introdução: Os tumores do estroma gastrointestinal (GIST) representam menos de 1% das neoplasias malignas gastrointestinais, diferenciando-se dos leiomiosarcomas e outros tumores do mesenquima pela sua imunoreactividade para o antigénio CD117, produto da expressão do KIT (receptor com actividade tirosine cinase), tendo mutações activadoras em KIT (75-80%) ou PDGFRa (5-10%). Tem uma incidência de 10-20 casos por 1.000.000 de habitantes, com média de idades ao diagnóstico de 55-65 anos. As localizações mais frequentes são: estômago ou duodeno (60%), intestino delgado (25%) e recto (5%). Cerca de 50% dos doentes tem metástases à distância no momento do diagnóstico (fígado ou peritoneu). A taxa de sobrevivência da doença pode variar de acordo com o estadio do tumor e a ressecabilidade do mesmo. Tumores irressecáveis ou metastáticos tem geralmente

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mau prognóstico. Caso clínico: Homem de 64 anos, sem antecedentes relevantes, que em 2004 por dor no hipocondrio direito realiza TAC abdominal que revelou figado metastático. Efectuada biópsia dirigida, com diagnóstico de metástase hepática de GIST. Fez PET que sugere localização primária no intestino delgado. Não fez estudo mutacional. Esteve sob Imatinib (400 mg/dia) de Fevereiro de 2004 a Fevereiro de 2009 com estabilidade imagiológica das lesões e excelente tolerância. Por progressão metabólica da doença detectada em PET escalou-se dose de Imatinib para 800mg/dia, com boa tolerância mas progressão. Em Janeiro de 2010 passou a Sunitib, inicialmente na dose de 37.5mg/dia continuo. Por progressão rápida da doença passa a esquema clássico intermitente (50mg/dia, 4 semanas em cada 6). Clinicamente noção de resposta em “harmónio”, com dor nos 15 dias de pausa e alívio parcial no retomar da terapêutica. Por TAC confirma-se progressão. Em Abril de 2010 passa a fazer tratamento com Sorafenib, 40mg 2 vezes/dia, com má tolerância (diarreia), pelo que se reduz dose para 200mg/dia, com melhoria. Clinica e imagiologicamente tem critérios de doença estável, com boa tolerância. Em Abril de de 2011, por progressão com alterações das provas de função hepática passou a Nilotinib 400 mg/dia, com razoável tolerância após uma fase inicial de adaptação. Verificou-se progressão da doença tendo falecido em Janeiro de 2012. Conclusão: O tratamento de eleição dos GIST localizados é a ressecção cirúrgica. No entanto cerca de 50% dos doentes apresentam já doença metastizada no momento do diagnóstico o que condicionava uma média de sobrevivência de 20 meses em doença metastásica. O prognóstico dos doentes com doença metastásica ou irressecável mudou substancialmente com o Imatinib, sendo considerado o tratamento de eleição para GIST avançados e o Sunitinib a segunda linha de tratamento. Outros inibidores da tirosine cinase como o Sorafenib e Nilotinib são opções terapêuticas de terceira linha. A resistência ao Imatinib é multifactorial e a utilização de outros inibidores da tirosine cinase permite apenas respostas de curta duração. O caso clínico apresentado destaca-se pelo tempo de sobrevivência após progressão sob Imatinib, percorrendo todas as opções terapêuticas disponíveis.

7 UM CASO CLÍNICO DE MELANOMA AVANÇADO B-RAF+

Isália Miguel(1);Joana Magalhães(2);Diogo Alpuim Costa(3);Mafalda Carneiro(3);Emanuel Gouveia(3);João Mouta(3);Maria José Passos(3)(1) IPO Lisboa (2) Hospital de Faro (3) IPO Lisboa Francisco Gentil, EPE

Introdução: O melanoma metastático é uma doença agressiva para a qual existem poucas terapêuticas efectivas. As duas opções aprovadas pela FDA, IL2 e Dacarbazina, estão associadas a respostas globais de apenas 10-20%. A mediana de sobrevivência dos doentes tratados com Dacarbazina é inferior a 8 meses. Sabe-se que cerca de 50% dos melanomas tem mutação no gene da proteína cinasa serine-treonine: BRAF (V600E). Os melanomas com mutação BRAF têm um comportamento clínico mais agressivo e um prognóstico pior. Caso Clínico: Mulher de 55 anos, sem antecedentes pessoais e familiares de doença oncológica. Em 2009 foi-lhe diagnosticado um melanoma maligno do dorso, operado em Dezembro de 2009. EH.- Melanoma do dorso, Breslow 1.66mm, Clark IV, ulcerado com áreas de regressão, com invasão do tecido muscular. Posteriormente, em Outubro de 2010 metastização hepática múltipla. Em Janeiro de 2011 por aparecimento de múltiplas lesões cutâneas pigmentadas da região cervical e tronco compatíveis com metastização cutânea e sub-cutânea de melanoma, iniciou tratamento com Dacarbazina e Carmustina noutro hospital. A partir de Outubro de 2011, crescimento rápido e ulceração dessas lesões cutâneas/ subcutâneas, sobretudo do tronco, punho direito e região popliteia direita. Foi-nos referenciada em Fevereiro de 2012 para eventual inclusão num estudo clínico com inibidor seletivo de B-RAF e foi-lhe detectada aquela mutação, mas foi excluída do estudo por apresentar metastização cerebral múltipla. Actualmente sob tratamento paliativo, visando o conforto da doente. Conclusão: Com a apresentação deste caso pretendemos salientar a agressividade clínica que a mutação B-RAF parece acrescentar ao comportamento do melanoma avançado, como aliás foi recentemente publicado.

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CTS8 CASUÍSTICA DOS DIAGNÓSTICOS DE NEOPLASIAS EM DOENTES INTERNADOS NUM SERVIÇO DE MEDICINA

INTERNA AO LONGO DE 24 MESES

João Mouta(1);Emanuel Gouveia(1);Maria João Oliveira(2);Ana Catarina Rodrigues(2);Ana Grilo(3)(1) IPO Lisboa (2) Centro Hospitalar de Lisboa Central (3) Hospital Beatriz Ângelo

Introdução: O envelhecimento da população tem levado a um aumento da incidência e prevalência de neoplasias malignas. Estes doentes constituem uma importante fatia dos doentes tratados nos hospitais e consomem muitos recursos. Com frequência necessitam de internamento, quer na fase da investigação e diagnóstico, quer no decurso dos seus tratamentos e respectivas complicações, quer na fase final da vida. As características, impacto nas actividades assistenciais e parâmetros de qualidade assistencial destes doentes internados nas enfermarias de medicina interna são insuficientemente conhecidos, existindo poucos trabalhos publicados nesta área. Objectivos: Descrever quanto às suas características, impacto nas actividades assistenciais e parâmetros de qualidade assistencial uma população de doentes com diagnóstico de neoplasia maligna internados numa enfermaria de medicina ao longo de um período de dois anos. Material e Métodos: A recolha da informação foi feita com recurso ao levantamento e revisão manual dos registos clínicos de todos os doentes internados no serviço de Medicina Interna II do Hospital de Curry Cabral, que estiveram à responsabilidade da equipa assistencial em que estava integrado o primeiro autor, e que tiveram alta entre o dia 1 de Janeiro de 2010 e o dia 31 de Janeiro de 2011. Foram colhidos e registados dados relativos à idade, sexo, número de dias de internamento, diagnóstico principal, diagnósticos secundários, proveniência e destino dos doentes que cumpriam esses pressupostos. Com base nesses dados foram calculados de acordo com as fórmulas do Portal de Codificação dos Grupos de Diagnóstico Homogéneos da Administração Central dos Cuidados de Saúde os parâmetros assistenciais: número de internamentos; número de reinternamentos; número de doentes assistidos; idade média dos doentes internados; demora média em dias; taxa de mortalidade. Considerou-se o intervalo de cinco dias como critério de reinternamento. Os diagnósticos principais e secundários foram codificados de acordo com a International Statistical Classification of Diseases and Related Health Problems 10th Revision (ICD-10). Foram analisados de forma separada, constituindo o objecto deste trabalho, os doentes em que pelo menos um dos diagnósticos era pertencente ao Grupo II – Neoplasias. Os parâmetros calculados foram analisados comparativamente aos calculados para a totalidade dos doentes internados. Resultados: No período estudado foram assistidos 580 doentes (351 homens, 229 mulheres), num total de 595 internamentos. Destes, 83 doentes tinham pelo menos um diagnóstico de neoplasia, correspondendo a 86 internamentos (14,5% do total de internamentos). Houve 3 reinternamentos (taxa de reinternamento de 3,5%, versus 2,5% na totalidade dos doentes). A percentagem de homens com neoplasia foi superior à da totalidade dos doentes internados (76% versus 61%). A média de idades foi de 72,9 anos (versus 73 anos), com uma idade média nos homens de 73 anos (versus 72,2 anos na totalidade dos doentes internados, variando de 39-95 anos) e nas mulheres de 73,3 anos (versus 73,4 anos, variando de 62-93 anos de idade). A estratificação dos doentes por idades é semelhante à da totalidade dos doentes internados, com cerca de metade dos doentes na faixa dos 65-84 anos. A demora média em dias calculada para os doentes com neoplasia foi de 15,57 dias (versus 11,25 dias na totalidade dos doentes), e foi superior nas mulheres. Do total dos doentes falecidos no período em estudo, 9,7% tinham como primeiro diagnóstico neoplasia (14,6% dos homens falecidos versus nenhum óbito nas mulheres). A taxa de mortalidade foi superior nos doentes com pelo menos um diagnóstico de neoplasia (25,3% versus 12,4% nos doentes sem neoplasia), especialmente à custa de maior mortalidade nos homens (31,2% versus .13,7%), enquanto que as mulheres com neoplasia tiveram mortalidade mais baixa (5% versus 10,5%). Os 83 doentes concentravam 144 diagnósticos pertencentes ao Grupo II – Neoplasias – da ICD-10 (1,7 diagnósticos por doente). Destes diagnósticos, 53% correspondiam a neoplasias malignas primárias, 37% a neoplasias malignas secundárias, 5% a neoplasias malignas hematológicas e 5% a neoplasias com significado indeterminado. Quanto à localização, a maioria das neoplasias primárias era do sistema digestivo (35%), seguidos dos tumores uroginecológicos (25%), do pulmão e pleura (12%), hematológicos (8%), primário desconhecido (5%), mama (4%), cabeça e pescoço (4%) e outros (5%). Quanto à sede das neoplasias secundárias, na maioria dos casos era hepática (21%), seguida da óssea (13%), pulmonar (9%), peritoneal (8%), ganglionar (7%), pleural (4%) ou outra (2%); dos doentes com diagnóstico de neoplasia secundária, 36% tinha metastização em múltiplas localizações. Conclusões: Os doentes com neoplasia constituem uma fatia importante dos doentes internados nos serviços de medicina interna. Têm sensivelmente a mesma distribuição etária mas são mais frequentemente do sexo masculino do que os doentes sem neoplasia. Relativamente aos doentes sem neoplasia são doentes desafiantes, com taxas de reinternamento, demoras médias em dias e taxas de mortalidade superiores. Concentram vários diagnósticos de neoplasia.

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Os tumores primários são mais frequentemente do sistema digestivo. Nos doentes metastizados, a sede mais frequente de neoplasias secundárias é o fígado. Estudos mais abrangentes e com números de doentes superiores são essenciais. Estudos comparativos com enfermarias dedicadas ao tratamento de doentes oncológicos são necessários.

9 TERAPÊUTICA ADJUVANTE NAS MULHERES MAIS VELHAS COM CANCRO DA MAMA EM ESTADIO PRECOCE: ESTADO DA ARTE E CAMINHOS FUTUROS NO IPO LISBOA

João Mouta(1);Diogo Alpuim Costa(1);Mafalda Carneiro(2);Isália Miguel(1);Emanuel Gouveia(1);Margarida Brito Gonçalves(2);António Rita Moreira(2)(1) IPO Lisboa (2) Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, E.P.E.

Introdução: O envelhecimento da população tem levado a um aumento da incidência e prevalência de cancro, nomeadamente na faixa etária da população mais idosa. Dois terços das mulheres com cancro da mama têm mais de 65 anos, mas a evidência científica nesta faixa etária é de qualidade inferior. Estas doentes estão em risco de ser subtratadas e experimentar morbilidade e mortalidade superiores do seu tratamento. A população idosa tem várias especificidades que tornam o tratamento do cancro mais desafiante. Não existem dados publicados sobre as opções e resultados do tratamento adjuvante do cancro da mama em estadio precoce no nosso país. Não são conhecidas as especificidades da população mais idosa a ser tratada no Instituto Português de Oncologia de Lisboa para cancro da mama em estadio precoce, desconhecendo-se se os resultados deste tratamento diferem significativamente dos obtidos nas mulheres mais jovens. Objectivos: Rever a literatura publicada existente sobre o tratamento adjuvante do cancro da mama em estadio precoce em mulheres com mais de 65 anos. Propor estudos observacionais ou de intervenção que permitam conhecer esta realidade no Instituto Português de Oncologia de Lisboa, identificando excessos, falhas e omissões nas práticas actuais e permitindo o desenvolvimento de um protocolo de abordagem específico para esta faixa etária.Material e Métodos: Para a realização deste trabalho fez-se uma pesquisa no motor de busca PubMed, restringida a trabalhos originais e artigos de revisão publicados nos últimos 10 anos, utilizando os termos “breast cancer”, “adjuvant”, “older women”, “oncogeriatrics”. Os abstracts resultantes desta pesquisa foram manualmente revistos, tendo sido seleccionados 23 trabalhos. Das referências citadas por estes trabalhos seleccionaram-se mais 11 publicações, tendo sido analisados um total de 34 trabalhos. Foi feita uma leitura crítica dos trabalhos. Foi seleccionada pelo primeiro autor a informação a incluir. Resultados: O cancro é a principal causa de morte na população dos 60-79 anos; 50% de todos os cancros e 70% de todas as mortes por cancro ocorrem em indivíduos com mais de 65 anos, sendo que esta proporção tende a aumentar à medida que envelhece a população. O cancro da mama é a neoplasia mais comum nas mulheres em todo o mundo. A biologia destes tumores parece ser mais favorável mas por outro lado são mais frequentemente avançados na apresentação. Apesar de os benefícios, taxas de resposta, toxicidades e mortes relacionadas com o tratamento não serem diferentes dos das mulheres mais jovens, estas doentes tendem a ser subtratadas com impacto na sobrevivência e sobrevida livre de doença. As doentes idosas estão subrepresentadas nos ensaios clínicos, e as doentes incluídas não são representativas da população idosa geral. Os dados da maioria dos ensaios clínicos podem não ser directamente transponíveis para esta população. O organismo em envelhecimento é um sistema complexo em que interagem alterações fisiológicas normais decorrentes da senescência, alterações na farmacocinética e farmacodinâmica e comorbilidades. A National Comprehensive Cancer Network emitiu linhas de orientação que ajudam a seleccionar os doentes candidatos a tratamento activo, com base na esperança média de vida e no estado de saúde. A avaliação geriátrica global éuma avaliação aprofundada e multidisciplinar da expectativa de vida e do risco de mortalidade e morbilidade por cancro em doentes idosos, e pode apoiar essa decisão. A Sociedade Internacional de Oncologia Geriátrica emitiu linhas de orientação para orientar o tratamento das mulheres com mais de 70 anos e cancro da mama, que se revêm. Propomos a realização na Clínica Multidisciplinar da Mama (CLIMA) do Instituto Português de Oncologia de Lisboa de dois estudos. O primeiro, observacional e retrospectivo, com o objectivo de conhecer a população de mulheres com mais de 65 anos a receber tratamento para cancro da mama em estadio precoce, os critérios utilizados para selecionar as candidatas a tratamento activo, as estratégias de tratamento utilizadas e os resultados obtidos, nomeadamente de eficácia, toxicidade e taxas de conclusão e interrupção do tratamento. O segundo, prospectivo e com carácter de intervenção, destinado a avaliar o impacto de uma criteriosa selecção destas doentes e da aplicação das linhas de orientação disponíveis nestas variáveis, com vista a determinar se existem diferenças na sobrevivência global e sobrevida livre de doença. Conclusões: O tratamento do cancro na população mais idosa é difícil

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CTSe por vezes insuficientemente baseado na evidência. Desconhecem-se a realidade da nossa população e os resultados do

tratamento do cancro da mama em estadio precoce nas mulheres com mais de 65 anos. Propõe-se a realização de um estudo retrospectivo observacional para preencher esta lacuna. Propõe-se a realização de um outro estudo, prospectivo e com carácter de intervenção, para avaliar diferenças nos resultados obtidos com intervenções baseadas nas linhas de orientação.

10 RADIOTERAPIA NA METASTIZAÇÃO HEPÁTICA

Rui Vale Marques(1);Maria João Guardado(2);Domingos Roda(3);Tania Serra(4);Gilberto Melo(1);Paula Alves(2)(1) Serviço de Radioterapia - IPO Coimbra (2) Serviço radioterapia- IPOCFG, E.P.E. (3) IPOCFG,EPE (4) IPOC, FG, EPE

Introdução: O fígado é sede comum de doença metastática. Durante a última década tem havido um aumento gradual da utilização da Radioterapia (RT) para tratamento de metástases hepáticas, a nível internacional. Mais frequentemente, esta modalidade terapêutica é utilizada de forma ablativa focal, com o objectivo de alcançar controlo local e, em última análise, melhorar a sobrevida dos doentes. Além disso, a irradiação do fígado com baixas-doses pode ser usada com intuito paliativo, na metastização hepática difusa sintomática. Objectivos: Rever o papel da RT na abordagem da doença metastática hepática, no panorama actual. Materiais e Métodos: Partindo de um artigo de revisão recentemente publicado numa revista de referência, fez-se a revisão dos dados actualmente disponíveis na literatura existente. Pesquisa on-line na base de dados Medline, com o Medical Subject Heading term: “liver metastases” e as palavras-chave: “stereotatic body radiation therapy”, “conformal radiation therapy”, “brachytherapy”, “whole-liver radiation therapy”, compreendendo o período entre Janeiro de 1990 e Janeiro de 2012. Pesquisa de artigos por referências bibliográficas. Resultados: Encontraram-se diversos estudos retrospectivos e prospectivos (de Fase I e II), sobre as diversas técnicas de RT existentes, tanto no contexto intensivo/radical, como no paliativo. A revisão efectuada demonstrou efectividade da RT na abordagem das metástases hepáticas, com toxicidades aceitáveis: taxas de controlo local de 70 a 100% ao fim de um ano, e 60 a 90% aos 2 anos, na ablação focal de oligometástases; e alívio de dor entre 55 e 80% dos casos, na paliação de metástases difusas sintomáticas. Conclusões: Apesar de se poder esperar alta eficácia e baixa toxicidade no tratamento (intensivo ou paliativo) de doentes com metástases hepáticas com Radioterapia, esta modalidade terapêutica não tem sido amplamente utilizada. Admite-se merecer um papel activo e, porventura, mais significativo, integrado numa abordagem multidisciplinar destes doentes. Embora exista já considerável evidência clínica, suportada por vários estudos retrospectivos e prospectivos, resultados de ensaios clínicos randomizados de Fase III são ainda esperados.

11 - CASO CLÍNICO DE NEUROCITOMA CENTRAL ATÍPICO EXTRA-VENTRICULAR

Domingos Roda(1);Marisa Padilha(2);Tania Serra(3);Rui Marques(3);Gilberto Melo(2);Paula Alves(4)(1) IPOCFG,EPE (2) Serviço de Radioterapia - IPO Coimbra (3) IPOC, FG, EPE (4) Serviço radioterapia- IPOCFG, E.P.E.

Introdução: Os Neurocitomas Centrais são tumores raros do Sistema Nervoso Central, que se localizam, tipicamente, no sistema ventricular lateral supratentorial de adultos jovens. Apresentam em geral um comportamento biológico benigno, mas em 20% dos casos estão associados a pior prognóstico, com características de anaplasia, proliferação celular aumentada, sendo designados por Neurocitomas Centrais Atípicos. A localização Extra-Ventricular é extremamente rara, condicionando clínica neurológica muito variável e dependente da localização. Materiais e Métodos: Os autores descrevem o caso clínico de uma doente do sexo feminino, de 40 anos, com o diagnóstico de Neurocitoma extra-ventricular com atipia (grau II da OMS), localizado ao parênquima cerebral frontal esquerdo intra-axial. Foi submetida a cirurgia electiva com remoção sub-total da lesão, tendo realizado além da terapêutica médica, Radioterapia Externa. A dose total realizada foi de 59,4 Gy/33fr/6,2semanas, tendo sido realizada numa primeira fase 41,4 Gy/23fr, seguido de um “boost” de 18 Gy/10fr ao resíduo tumoral. Resultado: A doente cumpriu o esquema de Radioterapia proposto, tendo tolerado sem complicações. Com melhoria clínica e controlo local da lesão neoplásica. Conclusões: A Radioterapia é uma modalidade terapêutica a ser considerada neste tipo de neoplasia quando ocorre evidência de doença residual.

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12 RABDOMIOSSARCOMA PEDIÁTRICO TRATADO COM I.M.R.T. - CASO CLÍNICO

Carlos Fardilha(1);Marisa Padilha(2);Sara Gonçalves(1);Maria João Guardado(1);Fernando Costa(1);Leila Khouri(2);Paula Alves(1)(1) Serviço radioterapia- IPOCFG, E.P.E. (2) Serviço de Radioterapia - IPO Coimbra

Introdução: O rabdomiossarcoma é um tumor agressivo que por vezes se desenvolve no escalão etário pediátrico. Na localização nasossinusal constitui um grupo clinicamente importante, devido à dificuldade de ressecção cirúrgica completa e ao mau prognóstico. Objectivos: Descrever o papel da radioterapia no contexto de rabdomiossarcoma nasossinusal. Material e Métodos: Criança de 9 anos de idade com o diagnóstico de rabdomiossarcoma, variante fusocelular, da região nasossinusal e extensão orbitária com 5 cm de maior dimensão. Realizou 4 ciclos quimioterapia sem resposta favorável e posteriormente proposta para a realização de radioterapia (IMRT). Resultados e Conclusões: O rabdomiossarcoma constitui uma neoplasia pediátrica agressiva e o diagnóstico precoce é crucial para a sobrevivência do paciente. A radioterapia surge em contexto de terapia multimodal e a utilização de técnicas diferenciadas permite o escalonamento de dose e evitar órgãos nobres adjacentes, particularmente em doentes com patologia associada a cabeça e pescoço.

13 CAUSA RARA DE HEPATITE COLESTÁTICA

Ana Rita Garcia(1);Sara Leitão(1);Sofia Lazaro(1);Rui Santos(1);Nascimento Costa(1)(1) Serviço de Medicina Interna-HUC

Introdução: Os tumores neuroendócrinos do pulmão representam 20-25% de todas as neoplasias invasivas do pulmão e classificam-se em tumor carcinóide típico, carcinóide atípico, carcinoma neuroendócrino de células grandes e neuroendócrino de pequenas células, sendo este último o mais frequente (15-20%) e o mais agressivo. Objectivos: Apresentação e discussão de um caso de tumor neuroendócrino de pequenas células do pulmão com forma de apresentação atípica. Métodos: Revisão do processo clínico e da literatura. Resultados: Homem de 80 anos, parcialmente dependente, admitido no Serviço de Urgência (SU) por hipoglicémia e internado no Serviço de Medicina Interna por hepatite colestática. Tinha história de glicémias mal controladas nas 2 semanas anteriores, astenia, anorexia e mialgias generalizadas, para as quais se automedicou com Ibuprofeno 600 mg 2id. Negou sintomatologia respiratória ou outra, referindo antecedentes de Hipertensão Arterial, Diabetes Mellitus tipo 2 insulinotratada, neoplasia vesical submetida a RTU e QT+RT há 20 anos, sem recidiva, e tuberculose pulmonar >30 anos. Medicação habitual: Insulina Mixtard?, oxazepam e captopril + hidroclorotiazida. Negou ingestão de produtos de ervanária. De referir hábitos alcoólicos no passado, mas sem história de tabagismo. Ao exame objectivo: bom estado geral, icterícia da pele e mucosas e edema dos membros inferiores. No estudo complementar: glicémia 50mg/dl, hiperbilirrubinemia direta com bilirrubina total 6xN, AST 10xN, ALT 13xN, Fosfatase alcalina 2,5xN, Gama-GT 20xN. Serologias para vírus hepatotrópicos e estudo da autoimunidade negativos. Ecografia abdominal com hepatomegalia discreta e esboço de nódulo de 2,8cm com estrutura heterogénea, no segmento VIII. Radiografia do tórax com foco de consolidação arredondado de contornos bem definidos, no 1/3 médio do campo pulmonar direito, com 46 mm de maior diâmetro. O Score da CIOMS classificou como provável a hipótese de hepatite colestática 2ª ao ibuprofeno. Foi feita correção da hipoglicémia, terapêutica de suporte com exclusão de todos os medicamentos com potencial hepatotóxico conhecido e tratamento com azitromicina por suspeita de pneumonia. Por evolução desfavorável com agravamento do estado geral, insuficiência hepática com encefalopatia e ausência de resposta à antibioterapia foram realizadas: TC-Torácica que identificou adenopatias mediastínicas, nomeadamente no compartimento paratraqueal superior direito, loca de Baréty e subcarinais, e não caracterizou etiologicamente a lesão pulmonar; e biopsia hepática, englobando escasso tecido hepático, compatível com “carcinoma neuroendócrino de pequenas células, com provável origem pulmonar”. Veio a falecer em falência hepática aguda na 3ª semana de internamento. Conclusão: Este caso é exemplo de uma apresentação invulgar de um tumor de pequenas células do pulmão, em que um quadro colestático foi a manifestação inaugural. A hipótese de “infiltração neoplásica” deve ser considerada no diagnóstico diferencial de todos os doentes com colestase inexplicada, sobretudo se imunodeprimidos ou com factores de risco para doença neoplásica, mesmo em doentes sem história de tabagismo ou quaisquer queixas respiratórias.

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CTS14 HIPERTENSÃO PULMONAR PARANEOPLÁSICA COMO FORMA DE APRESENTAÇÃO DE ADENOCARCINOMAS

SÍNCRONOS DO PÂNCREAS E CÓLON DIREITO COM PADRÃO BIZARRO DE METASTIZAÇÃO

João Mouta(1);Daniel Machado(2);Mafalda Carneiro(2);Diogo Alpuim Costa(1);Isália Miguel(1);Emanuel Gouveia(1);João Geraldes Freire(2);António Rita Moreira(2)(1) IPO Lisboa (2) Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, E.P.E.

Introdução: O diagnóstico de hipertensão pulmonar é pouco frequente, especialmente se excluirmos os casos em que existe patologia cardíaca ou respiratória primária. A hipertensão pulmonar paraneoplásica é rara e habitualmente relacionada com doença microvascular de natureza embólica, no contexto de hipercoagulabilidade associada ao cancro. São muito raros os casos descritos de hipertensão pulmonar paraneoplásica não associada a microembolismo, e este é um diagnóstico de exclusão. Descrevemos aqui um caso invulgar de uma doente de 34 anos de idade com adenocarcinomas síncronos do cólon direito e pâncreas com padrão bizarro de metastização, que se apresentaram como acantose nigricans e hipertensão pulmonar paraneoplásica de agravamento rapidamente progressivo. Objectivos: O objectivo deste trabalho é a descrição pormenorizada de um caso clínico que encerra várias peculiaridades, procurando confrontá-lo com a escassa literatura disponível. Material e Métodos: Para a realização deste trabalho reuniram-se dados dos processos clínicos da doente em causa dos vários hospitais em que recebeu cuidados. A selecção e organização da informação apresentada é da responsabilidade do primeiro autor. De seguida, e para efeitos de discussão, fez-se uma pesquisa no motor de busca PubMed utilizando os termos “paraneoplastic”, “pulmonary hypertension”, “acantosis nigricans”, “synchronous adenocarcinomas”, “leptomeningeal carcinomatosis”. Os abstracts das publicações relevantes que resultaram desta pesquisa foram manualmente revistos e seleccionados pelo primeiro autor, que fez a sua leitura crítica e apresenta os resultados dessa pesquisa. Resultados: Apresenta-se o caso clínico de uma doente de 34 anos de idade, independente nas actividades, com história de tuberculose pulmonar aos 25 anos, sem outros antecedentes pessoais, história clínica, obstétrica ou familiar relevante. Cerca de um ano antes do diagnóstico apresenta-se com alterações cutâneas diagnosticadas como acantose nigricans, tripe palms e papilomatose cutânea florida; pela inexistência de outras manifestações clínicas não realizou investigação adicional. Em Junho de 2011 é internada no hospital da área de residência por quadro com 1 mês de evolução de cansaço e dispneia de agravamento progressivo, palpitações e desconforto precordial, associado a vários episódios de síncope. Da investigação realizada destacam-se Angio-Tomografia Axial Computurizada (TAC) torácica negativa para tromboembolismo pulmonar, ecocardiograma transtorácico mostrando hipertensão pulmonar grave, estudo analítico com anemia ferropénica, velocidade de sedimentação elevada, e imunologia para ENA’s e anticorpo Anti-SSA (Ro), elevação do CA 19.9 e NSE, sem outras alterações laboratoriais. A TAC cervical, torácica, abdominal e pélvica mostrou exuberantes conglomerados adenopáticos nas cadeias abdominais, retroperitoneais, torácicas e cervicais, sem outras alterações dignas de nota. A colonoscopia revelou a existência de pólipo séssil do cego, ulcerado e hemorrágico, cuja biópsia revelou tratar-se de um adenocarcinoma pouco diferenciado. A restante investigação não mostrou alterações. Foi pedida uma Tomografia por Emissão de Positrões/TAC (PET/TC). Enquanto aguardava pelo resultado da PET/TC, é admitida em Agosto de 2011 num Hospital distrital por novo quadro de instalação rápida de cansaço, dispneia, desconforto precordial e palpitações. Gasimetricamente com hipoxémia e hipocápnia; realizou nova Angio-TC, que excluiu tromboembolismo pulmonar, e novo ecocardiograma que mostrou hipertensão pulmonar severa. A doente foi transferida depois de estabilizada para o Hospital de Curry Cabral, onde permaneceu clinicamente estável, mantendo queixas de cansaço e dispneia, com hipoxémia persistente. A PET/CT revelou hiperfixação na transição da cauda para o corpo do pâncreas, em relação com provável lesão primária pancreática, bem como hiperfixação em todas as cadeias ganglionares visualizáveis na TAC de corpo., sem aspectos sugestivos de doença noutras localizações. Um dos gânglios cervicais era palpável e abordável, pelo que se realizou biópsia excisional, cujo exame anatomopatológico revelou infiltração por adenocarcinoma com expressão de CK7 e CK20, compatíveis com origem pancreática. A doente foi transferida para o Instituto Português de Oncologia de Lisboa no final de Agosto de 2011 para avaliação clínica e início de tratamento sistémico, tendo iniciado tratamento de quimioterapia de primeira linha para doença metastática com origem no pâncreas com FOLFIRINOX (Oxaliplatina 85mg/m2, Irinotecano 180mg/m2, Leucovorina 400mg/m2 e 5-Fluorouracilo 400mg/m2 em bolus seguido de infusão contínua de 2400mg/m2 em infusão de 46 horas, a cada 2 semanas). Realizou 3 ciclos com boa tolerância e excelente resposta clínica no que diz respeito às queixas de dispneia, cansaço e desconforto precordial. O ecocardiograma transtorácico realizado em Outubro de 2011 mostrava inexistência de regurgitação tricúspide ou sinais de hipertensão pulmonar. No final de Outubro de 2011, porém, iniciou quadro de cefaleias intensas refractárias à terapêutica, inicialmente isoladas e posteriormente

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com sintomatologia intermitente sugestiva de hipertensão intracraneana. Os exames imagiológicos não mostraram alterações, pelo que realizou punção lombar que documentou presença no liquor de células de adenocarcinoma. Iniciou tratamentos de quimioterapia intratecal com Metotrexato 12mg 3/3 dias, com resolução das cefaleias entre a primeira e segunda administrações. Apesar disso, as citologias persistiram positivas e houve progressão da sintomatologia neurológica no final Novembro de 2011, pelo que suspendeu Metotrexato após 7 administrações e iniciou Citarabina, sem resultado favorável. Em Dezembro de 2011 ocorre franca deterioração do estado geral e de consciência e decide-se pela suspensão de tratamento activo para a doença neoplásica, tendo a doente vindo a falecer no início de Janeiro de 2012. Conclusões: Apresenta-se um caso clínico notável que concentra várias raridades. A forma de apresentação, com síndromes paraneoplásicos raros antecedendo toda a sintomatologia, é invulgar. A ocorrência de hipertensão pulmonar paraneoplásica não associada a fenómenos microtromboembólicos de repetição é extraordinariamente rara, bem como a sua resolução completa após tratamento sistémico. A ocorrência de tumores síncronos do cólon e pâncreas é menos inusual, mas não é frequente na faixa etária da doente.Por outro lado, o padrão de metastização do adenocarcinoma do pâncreas é aberrante, com metastização ganglionar maciça e leptomeníngea na ausência de metástases viscerais.

15 TUMORES DO INTESTINO DELGADO

Alda Maria Pinto(1);Ana Isabel Cruz(2);Diogo Sousa(2);Diogo Marinho(2);André Santos Mateus(2);Carlos de Sousa(2);Stelio Sampaio Rua(2)(1) Serviço de Cirurgia - Hospital do Litoral Alentejano, E.P.E. (2) H. Litoral Alentejano

Introdução: O Intestino delgado é sede de uma grande diversidade de tumores, sendo 0,2 % dos tumores do tracto digestivo. Apresenta sintomas inespecificos que dificultam o seu diagnóstico precoce com impacto negativo na sobrevivência dos doentes.Objectivos: Avaliar a casuistica dos tumores do intestino delgado na nossa instituição e seu manejamento. Material e métodos: Análise retrospectiva da incidência dos tumores do intestino delgado diagnosticados no nosso hospital, entre Setembro de 2006 e Setembro de 2011 (5 anos) , com avaliação da distribuição por género, idade, apresentação clínica, meios de diagnóstico, tipo histológico, abordagem cirúrgica, estadiamento, terapêutica adjuvante e seguimento. Resultados: No período do estudo foram diagnosticados 10 casos de tumores do intestino delgado com predominância em doentes do sexo masculino (70%), idade média de 62,9 anos (51-82 anos).A forma de apresentação mais frequênte foi a anemia em 60% dos casos. O diagnóstico foi feito com recurso a Tomografia computorizada (TC) em 4 casos, Endoscopia digestiva alta (EDA) em 2 casos e por EDA por cápsula e enteroscopia em 4 casos. O tipo histológico mais frequênte foi o adenocarcinoma (ADC) - 4 casos , GIST - 3 casos, Tumor neuroendócrino(TNE)- 2 casos e Pólipo hamartomatoso -1 caso. Houve predominio dos estadios mais avançados, sendo que 1 doente com TNE encontra-se sob terapûtica com sandostatina e 2 doentes com ADC realizaram terapêutica adjuvante com Folfox 4. A mortalidade foi de 22%. Conclusões: Os tumores do intestino delgado são entidades raras,variadas, sendo necessário um alto indice de suspeição para o seu diagnóstico.

16 FISIOPATOLOGIA DA ASSOCIAÇÃO ENTRE NEOPLASIAS MALIGNAS E ESCLEROSE SISTÉMICA: BASE MOLECULAR COMUM, COINCIDÊNCIA OU UMA JANELA PARA A COMPREENSÃO DA RELAÇÃO ENTRE IMUNIDADE E CANCRO?

João Mouta(1);Mafalda Carneiro(1);Diogo Alpuim Costa(1);Emanuel Gouveia(1);Isália Miguel(1);Maria João Oliveira(2);António Guimarães(3);António Rita Moreira(3)(1) IPO Lisboa (2) Centro Hospitalar de Lisboa Central (3) Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, E.P.E.

Introdução: A esclerose sistémica é uma doença inflamatória autoimune relativamente rara. A sua relação com as neoplasias malignas é reconhecida, tendo estes doentes um risco de malignidade aumentado face à população em geral. As neoplasias mais frequentemente associadas são as neoplasias do pulmão, mama, gastrointestinais, genitourinárias, hematológicas e cutâneas. O diagnóstico da neoplasia pode anteceder, ocorrer concomitantemente ou seguir-se ao diagnóstico de esclerose sistémica, e a relação entre os dois fenómenos permanece por esclarecer. Diversos mecanismos celulares e moleculares foram recentemente

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CTSpropostos para explicar a fisiopatologia da relação entre neoplasias e esclerose sistémica. O seu conhecimento pode permitir

avanços no tratamento de ambas as patologias. Objectivos: O objectivo deste trabalho é fazer a revisão da literatura publicada nesta área, procurando identificar os mecanismos fisiopatológicos mais provavelmente subjacentes à relação entre esclerose sistémica e neoplasias malignas, apontando caminhos possíveis para o conhecimento mais profundo de ambos os fenómenos.Material e Métodos: Para a realização deste trabalho fez-se uma pesquisa no motor de busca PubMed, restringida a trabalhos originais e artigos de revisão publicados nos últimos 10 anos, utilizando os termos “cancer”, “malignancy”, “systemic sclerosis”, “scleroderma”, “autoimmune diseases” e “physiopathology”. Os abstracts resultantes desta pesquisa foram manualmente revistos, tendo sido seleccionados para análise 31 trabalhos. Das referências citadas por estes trabalhos seleccionaram-se mais 12 publicações, tendo sido analisados um total de 43 trabalhos. Foi feita uma leitura crítica dos trabalhos. Foi seleccionada pelo primeiro autor a informação a incluir. Resultados: A esclerose sistémica é uma doença inflamatória autoimune que se caracteriza pela desregulação dos mecanismos celulares e humorais e deposição descontrolada de colagénio e matriz extracelular na pele e órgãos internos, com alterações marcadas da microvasculatura. Os doentes com esclerose sistémica têm maior risco de doença maligna do que a população em geral, com uma incidência de cancro que varia entre os 3,6 e os 10,7%. As mulheres são afectadas com incidência dupla da dos homens, e a idade média do diagnóstico ronda os 58 anos. Os sinais e sintomas de esclerose sistémica podem preceder o diagnóstico, ocorrer na altura do diagnóstico ou tratamento da neoplasia, ou seguir-se em vários anos ao diagnóstico. A neoplasia mais frequentemente associada é a neoplasia do pulmão, seguida do carcinoma da mama; neste último, a relação temporal entre o aparecimento da esclerose sistémica e o diagnóstico da neoplasia parece ser mais estreito. Vários mecanismos fisiopatológicos foram propostos como estando subjacentes a esta relação. Entre estes incluem-se defeitos na vigilância imune, clearance defeituosa de carcinogénios, hiperplasia epitelial como factor predisponente a malignização, secreção inadequada de radicais livres de oxigénio pelos tecidos inflamatórios, predisposição familiar com terreno genético comum (incluindo complexo major de histocompatibilidade), instabilidade e lesões genéticas, agressão directa dos órgãos internos pelas alterações inflamatórias, exposição ambiental comum a agentes, secreção exagerada de citocinas fibrogénicas, secreção desregulada paraneoplásica de hormonas, angiogénese e reparação vascular defeituosas, exposição de autoantigénios anteriormente desconhecidos para o self, alterações da regulação da imunidade celular, e autoanticorpos. Os mecanismos moleculares propostos ou conhecidos são revistos, com destaque para a resposta do sistema inflamatório contra o tumor baseada em anticorpos e a sua importância para o aparecimento de fenómenos de autoimunidade coincidindo com respostas clínicas aos tratamentos de imunoterapia. Conclusões: A relação entre patologias autoimunes e cancro é fascinante, e a sua compreensão em profundidade pode auxiliar no esclarecimento das relações entre o sistema imunitário e as neoplasias, com implicações no tratamento. A esclerose sistémica é um bom modelo desta relação. Os doentes com esclerose sistémica conhecida devem ser alvo de intensa vigilância clínica, com vista à detecção e tratamento precoce de uma neoplasia maligna; na altura do diagnóstico da esclerose, a presença de neoplasia deve ser activamente excluída. Vários trabalhos realizados nos últimos anos têm levado a um conhecimento mais pormenorizado dos mecanismos celulares e moleculares da sua relação com neoplasias malignas. Espera-se que esse conhecimento leve a inovações no tratamento de ambas as patologias.

17 MELANOMA MALIGNO ESTADIO IV – CASOS COM SOBREVIVÊNCIA LONGA

Natacha Amaral(1);Ana Raimundo(2)(1) IPO - Porto (2) IPO Porto

Introdução: O melanoma maligno quando metastiza à distância tem um prognóstico muito reservado, com uma sobrevivência mediana de 6-8 meses. Os casos de sobrevivência longa são raros e a melhor forma de tratamento gera ainda muita controvérsia, tendo em conta a baixa eficácia da terapêutica existente. Não se sabe se a sobrevivência longa está relacionada com factores associados ao tratamento ou ao tumor/doente. Objectivos: Identificação e caracterização de casos de melanoma maligno metastático tratados com quimioterapia e com sobrevivência longa. Material e Métodos: Recolha dos dados de todos os doentes que efectuaram quimioterapia sistémica para Melanoma Maligno Metastizado e seguidos na consulta de Oncologia Médica do IPO-Porto. Durante o período de 10 anos foram identificados os doentes com sobrevivência longa definida por período superior a 24 meses (desde a data do início da quimioterapia). Resultados: Foram analisados 7 casos de doentes (3 homens e 4 mulheres) com idades compreendidas entre os 21 e 74 anos. Ao diagnóstico inicial apresentavam melanomas cutâneos em estadio IIB,

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IIIA, IIIC e IV. Os intervalos livres de doença foram 12-108 meses. A quimioterapia utilizada foi a Dacarbazina e/ou Fotemustina sendo o número médio de ciclos por tratamento de 6 e 5, respectivamente. Em 3 casos houve resposta completa ao tratamento e 3 casos apresentaram doença estável. Um doente apresentou progressão da doença. Verificou-se uma sobrevivência de 42-78 meses. Conclusões: A sobrevivência longa parece dever-se mais a determinadas características biológicas do tumor e do doente do que à terapêutica instituída. Este facto permite um controlo da doença, tendo uma evolução indolente. Especula-se que a resposta do sistema imune poderá ter um papel importante. São necessários estudos genéticos e imunológicos nestes doentes para uma melhor compreensão da doença e desenvolvimento de mais terapêuticas imunológicas para poder aumentar a sobrevivência de mais doentes.

18 INDICAÇÕES DE RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NO CANCRO DA MAMA - O ESTADO DA ARTE

Maria João Guardado(1);Carlos Fardilha(1);Sara Gonçalves(1);Rui Vale Marques(2);Maria João Serra(1);Cristina Miranda(1);Paula Alves(1);Joana Brandão(1)(1) Serviço radioterapia- IPOCFG, E.P.E. (2) Serviço de Radioterapia - IPO Coimbra

Introdução: O carcinoma da mama é, na Europa, o tumor com maior incidência na mulher. Em Portugal, os dados disponíveis referentes a 2000 indicam uma incidência de 73/100000 e uma mortalidade de 24,9/100000. Estima-se uma diminuição destes valores, devido em muito, à precocidade e correcto diagnóstico e a uma melhoria no tratamento. Neste sentido, os exames imagiológicos são imprescindíveis para o diagnóstico e follow up, conhecendo-se porém algumas limitações. A ressonância magnética para estudo mamário tendo vindo a assumir um papel crescente na última década. Objectivos: Revisão das indicações clínicas da ressonância magnética na neoplasia maligna da mama. Materiais e métodos: Pesquisa bibliográfica nas revistas médicas: “Radiotherapy and Oncology”, “International Journal of Radiation Oncology”, “European Journal of Radiology” com o uso das palavras-chave: “magnetic resonance”, “ breast cancer”, desde o ano 2000. Resultados: Os autores encontraram diversos estudos sobre a aplicabilidade da ressonância magnética no estudo da patologia neoplasia mamária, tendo reunido as indicações e limitações, mais consensuais, para este exame complementar de diagnóstico. Conclusões: A ressonância magnética é um exame dispendioso, com resultados falsos-positivos potenciais. Apresenta uma sensibilidade de 94% a 99% e uma especificidade de 37% a 86%. A sua utilização deve dirigir-se a casos seleccionados. A selecção correcta permitirá evitar procedimentos de diagnóstico invasivos, que se tornam assim, desnecessários.

19 PANICULITE PANCREÁTICA EM CARCINOMA NEUROENDÓCRINO: PATOLOGIA RARA COM ASSOCIAÇÃO RARA

Rita Sousa(1);Teresa Amaral(2);Lúcia Costa(1);Catarina Abreu(1);Joana Ribeiro(1);Paulo Cortes(1);Luís Costa(1)(1) Serviço de Oncologia; Hospital de Santa Maria (2) CHLC - H. Santa Maria

Paniculites definem-se como um grupo de doenças inflamatórias heterogéneas da gordura subcutânea. A paniculite pancreática é uma complicação rara, que só ocorre em 0.3 -3 % dos casos de doenças pancreáticas, nomeadamente pancreatite aguda e crónica, pseudoquistos ou tumores malignos pancreáticos, mais comummente (80% dos casos) carcinoma pancreático de células acinares. A associação com carcinoma neuroendócrino pancreática, encontra-se descrita em apenas 6 casos. Habitualmente o quadro clínico de paniculite pancreática caracteriza-se por nódulos subcutâneos eritematosos, potencialmente exsudativos, que se localizam predominantemente nos membros inferiores. Esta manifestação cutânea pode preceder (em 40% dos casos), ocorrer simultaneamente ou posteriormente ao diagnóstico de doença pancreática. A sua patogénese não está bem estabelecida, presumindo-se que alterações vasculares induzam ocorrência de lipólise pelas enzimas pancreáticas, levando eventualmente à necrose de tecido subcutâneo. O caso clínico descrito refere-se a um doente do sexo masculino, com 59 anos de idade, aparentemente saudável até Novembro de 2011, quando refere aparecimento de nódulos eritematosos dos membros inferiores, com drenagem de líquido hemato-purulento espontâneo e estéril. Por persistência dos mesmos, acaba por recorrer em Dezembro de 2011 ao Serviço de Urgência do Hospital de Santa Maria, onde é referenciado à consulta de

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CTSDermatologia. Da avaliação laboratorial realizada, destaca-se elevação da GGT e da fosfatase alcalina, bem como de LDH de

2099 U/L. Para investigação do quadro descrito, foi internado no Serviço de Dermatologia, tendo sido realizada biopsia cutânea incisional, cujo relatório anatomo-patológico estabelece diagnóstico de paniculite pancreática. No decurso da investigação realiza TC toraco-abdomino-pélvica, que revela massa heterogénea na cauda do pâncreas com 6,5 cm, com extensão ao hilo esplénico e invasão das estruturas vasculares do mesmo; fígado com múltiplas áreas nodulares e baço com suspeita de invasão tumoral (VS isquémia). Neste contexto é realizada biopsia hepática ecoguiada, que estabelece diagnóstico definitivo de tumor neuro-endócrino G3/ Carcinoma neuroendócrino com ki67 > 20%. Da avaliação laboratorial complementar destaca-se elevação marcada de lipase (6480 U/L), do NSE ( 108.5 ug/L) e da cromogranina A (50.9 nmol/L). Doseamentos hormonais efectuados, nomeadamente insulina e IGF-2, dentro dos valores da normalidade. Na avaliação em consulta de Oncologia, ao exame objectivo, verifica-se existência de nódulos subcutâneos no hipogastro esquerdo e direito, de consistência dura, assim como múltiplos nódulos eritematosos, indolores em ambos os membros inferiores e na região glútea. Neste contexto, foi iniciada quimioterapia com cisplatina e etoposido tendo efectuado até à actualidade 4 ciclos, com excelente resposta clínica, tendo-se verificado resolução quase completa das alterações cutâneas descritas. Laboratorialmente ocorreu descida marcada dos marcadores tumorais (com valores de lipase de 240 U/L e NSE de 27.5 ug/L), bem como normalização dos parâmetros hepatobiliares e da LDH. Com este caso pretende-se salientar a associação entre paniculite pancreática e neoplasia do pâncreas, consistindo numa forma rara, mas possível de manifestação inicial da doença. A presente associação é ainda mais rara, tratando-se de um carcinoma neuroendócrino.

20 PNEUMONITE AGUDA INDUZIDA PELO PACLITAXEL: 2 CASOS CLÍNICOS

Diogo Alpuim Costa(1);Mafalda Carneiro(1);João Mouta(1);Emanuel Gouveia(1);Isália Miguel(1);Teresa Almodôvar(1);António Guimarães(1);Isabel Sargento(1);António Moreira(1)(1) IPO Lisboa

Introdução: O paclitaxel é um agente quimioterápico comumente utilizado no tratamento do cancro da mama, ovário e pulmão (não-pequenas células). Os efeitos adversos major são: mialgias/artralgias, neuropatia periférica, convulsões, mielotoxicidade e reacções de hipersensibilidade. Neste último caso, a incidência é variável entre os 3-30% e o espectro clínico é inespecífico, podendo ir desde sintomatologia geral e ligeira (rash eritematoso, urticariforme e a febrícula) até à mais severa (broncospasmo, angioedema, dispneia, hipotensão e bradicardia). É neste contexto, que se poderá estar perante um quadro clínico de pneumonite por hipersensibilidade. Esta entidade, também conhecida por alveolite alérgica extrínseca é uma doença inflamatória intersticial pulmonar causada pela exposição a um antigénio específico, que poderá ser efeito secundário do agente quimioterápico per si ou mesmo do seu diluente, Cremophor EL. Contudo, a sua fisiopatologia é pouco clara, postulando-se de que estarão implícitos mecanismos imunes e não-imunes, incluindo reacções de hipersensibilidade, libertação de citocinas pelos macrófagos e eventualmente a própria acção da irradiação prévia do tórax. A doença evoluirá de forma progressiva e irreversível para fibrose pulmonar e insuficiência respiratória aguda. Objectivos: Reportar dois casos clínicos de pneumonite por hipersensibilidade aguda induzida pelo paclitaxel. Caso clínico 1: Doente de 62 anos de idade, sexo feminino, raça leucodérmica,PS 0, com antecedentes pessoais de rinite alérgica, sinusite e de patologia benigna tiroideia. Sem hábitos tabágicos e/ou exposição a factores ambientais/profissionais potencialmente alergénios. Foi submetida a mastectomia radical modificada da mama direita em Novembro de 2007 por carcinoma lobular invasivo (pT2 N3 M0). Iniciou quimioterapia (QT) adjuvante em Janeiro de 2008 com o esquema TAC (6 ciclos) [doxorrubicina 50 mg/m2; ciclofosfamida 500 mg/m2; docetaxel 75 mg/m2]. Fez radioterapia (RT) adjuvante em Maio de 2008, com a dose total de radiação de 50 Gy. Iniciou hormonoterapia (tamoxifeno 20 mg/dia) que cessou em Janeiro do presente ano. Por progressão da doença oncológica (metástases a nível do SNC e da cavidade abdominal), decidiu-se por novo esquema de QT com paclitaxel semanal (150 mg/m2). Doze dias após o mesmo, inicia quadro clínico de dispneia e astenia de agravamento progressivo, tosse seca persistente e farfalheira, pelo que recorre à urgência. Ao exame clínico, apresentava-se asteniada, sub-febril, hemodinamicamente estável, polipneica, com sinais de tiragem, com sO2 de 84% em ar ambiente e auscultação pulmonar com murmúrio vesicular diminuído bilateralmente no 1/3 inferior e com crepitações dispersas; Gasimetria arterial (5 L/m por sonda nasal): padrão de insuficiência respiratória parcial. Iniciou múltiplos esquemas de antibioterapia empírica por suspeita de infecção respiratória da comunidade/nosocomial, mas por ausência de resposta eficaz, decidiu-se iniciar prednisolona 1 mg/Kg/dia (70 mg/dia), pela eventual suspeita de pneumonite por hipersensibilidade. A partir

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do 10º dia de corticoterapia assistiu-se a uma evolução clínica, laboratorial e radiológica muito favorável. Os exames de imagem torácica pré, durante e pós terapêutica com paclitaxel confirmam que as alterações em vidro despolido com distribuição difusa e bilateral foram objectivadas durante a quimioterapia com paclitaxel e que cessaram com a suspensão da mesma e com a implementação da corticoterapia. Caso clínico 2: Doente de 63 anos de idade, sexo feminino, raça leucodérmica, PS 0, com antecedentes de hipertensão arterial essencial, dislipidemia, doença arterial oclusiva das artérias ilíacas, ex-fumadora (cessação há cerca de dois anos - 70 UMA) e com doença pulmonar obstrutiva crónica em estadio I GOLD com componente enfisematosa predominante, documentada por provas de função respiratória e por TAC. Nega exposição a factores ambientais/profissionais potencialmente alergénios. Iniciou QT neoadjuvante em Agosto de 2011 com carboplatina (300 mg/m2) e paclitaxel (175 mg/m2) (4 ciclos) por adenocarcinoma bilateral seroso do ovário (IV - ganglionar axilar e supraclavicular direito). Entre o 1º e o 2º ciclo de QT iniciou quadro clínico de astenia e dispneia de esforço, tendo sido objectivado na TC-torácica de controlo alterações de novo, correspondentes a um padrão em vidro despolido com distribuição difusa e bilateral. Gasimetria (ar ambiente): padrão de insuficiência respiratória parcial. Por suspeita de toxicidade pulmonar, iniciou prednisolona 20 mg/dia PO, assistindo-se a uma evolução favorável com regressão do objectivado anteriormente. Conclusões: A pneumonite intersticial induzida pelo paclitaxel é uma complicação rara. Até à data, foram descritos poucos casos, facto que se poderá dever por um lado ao protocolo de QT com corticoterapia incluída (prednisolona e dexametasona) e por outro a um possível mecanismo de escape à presunção diagnóstica, na medida em que a sintomatologia do quadro clínico é inespecífica, sendo facilmente confundível, por exemplo, com uma infecção do tracto respiratório. Em relação aos dois casos clínicos apresentados, a sintomatologia inespecífica, apesar de típica, do quadro de pneumonite por hipersensibilidade, ocorreu durante a 1ª ou 2ª exposição ao paclitaxel, facto constatado, como mais frequente, em casos similares. No que concerne o 1º caso clínico, deverá ser evidenciado que o docetaxel e a própria RT adjuvante poderão também ter exercido alguma acção cumulativa no que concerne a toxicidade pulmonar. De referir a regressão do quadro clínico de hipersensibilidade com a cessação da terapêutica com paclitaxel e com a corticoterapia implementada, apesar da resposta clínica ter sido mais rápida no 1º caso, facto esse relacionável, possivelmente, com a maior dose de prednisolona empregue e com a ausência de doença pulmonar prévia concomitante. Uma das limitações inerentes ao diagnóstico dos casos apresentados, foi o de não ter sido possível obter a histologia das lesões pulmonares em causa. Em suma, o diagnóstico de pneumonite intersticial induzida pelo paclitaxel deverá ser considerada em todo o doente que apresenta, horas a semanas após a infusão deste agente quimioterápico, sintomatologia respiratória inespecífica e um padrão intersticial bilateral difuso ao nível dos exames de imagem.

21 - REVERSÃO DE MIELOPATIA – CASO CLÍNICO TRATADO COM RT INSTITUÍDA PRECOCEMENTE

Sara Monteiro Gonçalves(1);Maria João Guardado(1);Maria João Serra(1);Carlos Fardilha(1);Fernando Costa(1);Paula Alves(1);Cristina Oliveira(1);Joana Brandão(1)(1) Serviço radioterapia- IPOCFG, E.P.E.

Introdução: A radioterapia tem um papel sobejamente conhecido na terapêutica da doença oncológica. No entanto, a radiação ionizante pode ser utilizada com sucesso no tratamento de doenças não malignas. Esta modalidade de tratamento pode ter aplicação terapêutica em doenças “benignas” com crescimento invasivo e agressivo, que condicionem perda funcional, alterações cosméticas ou conduzam a complicações que coloquem em risco a vida do doente. Objectivo: A propósito de um caso clínico, os autores sublinham a importância da abordagem precoce por Radioterapia de uma situação de mielopatia, num contexto de neurofibromatose. Material e Métodos: Homem de 54 anos de idade, com o diagnóstico de neurofibromatose, que em Setembro de 2009 apresenta quadro clínico caracterizado por paraparésia grau dois, retenção urinária e alterações poliradiculares do plexo lombosagrado. Efectua RMN da coluna vertebral, que evidencia: ”Lesão tumoral da bainha nervosa em L1–L2, que condiciona marcado compromisso intra-canalar, estendendo-se dentro do canal medular superiormente até ao plano de D11. Desvia para a frente e para a esquerda e comprime a medula distal, cone e cauda equina… Numerosas lesões compativeis com nueurofibroma nos restantes níveis…” Inicia RT externa a título urgente, com objectivo de reversão do deficit mielopático, o que foi atingido, num hiato temporal de 4 a 6 meses, estando actualmente o doente com marcha autónoma. Resultados e Conclusões: A Mielopatia neoplásica de etiologia “benigna” pode e deve constituir indicação para Radioterapia, sendo fundamental a intervenção precoce.

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CTS22 DOENÇA DO DELGADO: O CORAÇÃO TAMBÉM SOFRE

Rita Sousa(1);Teresa Amaral(2);Lúcia Costa(1);Catarina Abreu(1);Joana Ribeiro(1);Paulo Cortes(1);Luís Costa(1)(1) Serviço de Oncologia; Hospital de Santa Maria (2) CHLC - H. Santa Maria

Os tumores neuroendócrinos malignos são raros, consistindo em cerca de 2% dos tumores malignos diagnosticados no mundo ocidental. Podem caracterizar-se pela capacidade de produzir pépticos, causando síndromes hormonais, como o síndrome carcinóide, embora este fenómeno só ocorra em cerca de 10% dos casos. A síndrome carcinóide caracteriza-se habitualmente por alterações vasomotoras, hipermotilidade intestinal, broncoespasmo e hipotensão. Em mais de 50% dos casos pode ocorrer doença cardíaca carcinóide, que consiste em depósitos de tecido fibrinoso nas válvulas cardíacas ou no endocárdio. Não se encontra bem estabelecida a patogénese da doença cardíaca carcinóide, mas verificou-se que o envolvimento cardíaco ocorria mais frequentemente em doentes com níveis mais elevados de serotonina, pelo que se presume que a serotonina estará envolvida no desenvolvimento desta patologia. Tipicamente ocorre disfunção cardíaca direita, com envolvimento da válvula tricúspide e pulmonar. O presente caso clínico refere-se a um doente do sexo masculino, de 53 anos de idade, sem antecedentes pessoais relevantes, que inicia em Novembro de 2010, episódios ocasionais de cólicas abdominais. Em Janeiro de 2011, por agravamento desta sintomatologia e aparecimento de quadro clínico caracterizado por alteração dos hábitos intestinais, com 2-3 dejecções diarreicas diárias e perda ponderal significativa (cerca de 15 kg), realiza ecografia abdominal que revela 2 formações nodulares hepáticas. Para melhor esclarecimento, é efectuada RMN que revelou, pelo menos 5 lesões nodulares, a maior com 10 cm, compatíveis com lesões secundárias. Realiza também um ecocardiograma transtorácico, destacando-se cavidades direitas ligeiramente dilatadas, regurgitação tricúspide moderada, estenose pulmonar e regurgitação pulmonar direita. Efectuado octreosan que revelou 2 focos de hiperfixação na região abdominal anterior direita, correspondendo a lesões com receptores de somatostatina, com heterogeneidade na região hepática. Requisitada colonoscopia que demonstrou diversos polipos, tendo sido efectuadas biópsias, cujo relatório anatomo-patológico refere fragmentos da mucosa da válvula ileoceal, com tumor neuroendócrino G1 (carcinóide). Dos doseamentos hormonais efectuados, destaca-se 5-HIAA de 48.5 mg/24h. É referenciado a consulta de Gastroenterologia, tendo sido iniciada terapêutica com sandostatina. Em Setembro de 2011, por quadro de oclusão intestinal, é submetido a hemicolectomia direita de urgência, tendo o relatório anatomo-patológico da peça operatória revelado tratar-se de um tumor neuroendócrino G1 do íleon, com ki67 < 2%, com infiltração da serosa e metástases em 2 dos 14 gânglios linfátidos isolados. Em consulta de Oncologia, destaca-se cansaço para pequenos esforços e ao exame objectivo, doente emagrecido e auscultação cardíaca com sopro holossistólico grau III/VI na área pulmonar. Da avaliação laboratorial requisitada, de realçar cromogranina A de 429 nmol/L e 5-HIAA de 101.2 mg/24h. Por sintomatologia cardíaca foi iniciada terapêutica com IECA e diurético. Realiza ecocardiograma transesofágico que confirma coração carcinóide com envolvimento d válvula tricúspide e pulmonar, com insuficiência e estenose concomitante, em ambas. Assim trata-se de um doente com carcinoma neuroendócrino do íleon, operado, com metastização hepática, ganglionar com síndrome e coração carcinóide, que se mantém com doença estabilizada, com redução significativa dos marcadores tumorais e resolução da sintomatologia carcinóide, sob terapêutica com sandostatina. Actualmente encontra-se em avaliação para eventual terapêutica endovascular cardíaca. Com este caso pretendemos salientar a possibilidade de envolvimento cardíaco em doentes com sindrome carcinóide e das suas consequências, assim como das novas abordagens, nomeadamente endovasculares cardíacas.

23 RADIOTERAPIA NEOADJUVANTE NO CARCINOMA DA MAMA LOCALMENTE AVANÇADO – UM CASO CLÍNICO.

Maria João Serra(1);Maria João Guardado(1);Sara Gonçalves(1);Cristina Miranda(1);Paula Alves(1)(1) Serviço radioterapia- IPOCFG, E.P.E.

Introdução: O carcinoma da mama localmente avançado é uma entidade clínica complexa, exigindo no seu tratamento uma abordagem multidisciplinar. A radioterapia há muito que assumiu o seu lugar enquanto terapêutica loco-regional válida na abordagem deste tipo de tumor. Objectivos: Apresentar um caso clínico em que a radioterapia é utilizada como terapêutica neoadjuvante num caso de carcinoma da mama localmente avançado. Materiais e Métodos: Caso clínico de doente do sexo feminino, 44 anos, enviada para o IPOCFG por apresentar lesão ulcerada da mama direita, com 5 meses de evolução. A lesão era compatível com carcinoma mamário invasivo, tipo ductal, grau III de Scharff e Bloom, e o estudo imunohistoquímico revelou

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ausência de receptores hormonais e c-erb-B2 positivo, sendo classificada clinicamente em Estadio IIIB (cT4bN2M0). A doente efectuou quimioterapia a título neoadjuvante, não apresentando posteriormente condições cirúrgicas, pelo que foi proposto prosseguir com radioterapia. Resultados: Ao longo do tratamento por radioterapia a lesão apresentou evolução muito favorável, com resolução completa da lesão tumoral ulcerada. Este resultado permitiu abordagem cirúrgica na sequência. Conclusões: Em doentes com carcinoma da mama localmente avançado sem condições para quimioterapia ou em doentes com resposta insuficiente à quimioterapia a título primário, a radioterapia pode ser utilizada a título neoadjuvante ou como terapêutica loco-regional definitiva.

24 PREVALÊNCIA DE NEOPLASIA EM DOENTES COM ARTRITE REUMATÓIDE EM CONSULTA DE DOENÇAS AUTO-IMUNES Emanuel Gouveia(1);Ana Antunes(2);Ana Rafaela Alves(3);Heidi Gruner(3);Ana Ferreira(3);Nuno Riso(3)(1) IPO Lisboa (2) H. Curry Cabral (3) Hospital Curry Cabral

Tal como acontece com outras doenças auto-imunes, parece haver maior prevalência de determinadas neoplasias em doentes com Artrite Reumatóide (AR), em particular hematopoiéticas, como o linfoma, sendo que determinadas terapêuticas imunossupressoras parecem ter também um papel no aumento da sua incidência. Os autores avaliaram os doentes com diagnóstico de AR e Neoplasia seguidos em Consulta de Doenças Auto-imunes, mediante a consulta dos registos clínicos informáticos dos doentes, no periodo compreendido entre 01 de Janeiro 2009 e 31 de Dezembro 2010. Dos 638 doentes observados 97 doentes (15%) tinham AR, dos quais 75 (77,3%) eram do sexo feminino, com uma idade média de 64.4 anos, todos submetidos a terapêutica imunomoduladora e 34 sob terapêutica com biológicos. Foi diagnosticada neoplasia maligna em alguma altura em 14 destes doentes (14.4%). Os doentes com AR e Neoplasia tinham uma idade média mais elevada (72.2 anos), com um predomínio do sexo feminino (86%). Registou-se apenas 3 (21,4%) com neoplasias hematológicas: um linfoma, uma leucemia de células gigantes e uma síndrome mielodisplásica. O adenocarcinoma da mama foi a neoplasia mais frequente (28,6%). Admitindo à partida as limitações deste trabalho retrospectivo, assinala-se a prevalência considerável de doenças neoplásicas nesta população. São necessários mais estudos nesta área, nomeadamente estudos prospectivos na tentativa de identificar a existência ou não de relação causal entre auto-imunidade e cancro.

25 PLASMOCITOMAS DA VIA AERO-DIGESTIVA

Ana Amado(1);Laurentiu Bujor(1);Beatriz Nunes(1);Ana Vasconcelos(1);Isabel Monteiro Grillo(1)(1) CHLN -HSM - Serviço Radioterapia

Introdução: O plasmocitoma é uma entidade rara, correspondendo a cerca de 10% dos tumores das células plasmáticas e que se subdivide em plasmocitoma ósseo, o mais comum, e plasmocitoma extra-ósseo (PEO). Os plasmocitomas extra-ósseos correspondem a cerca de 3% dos tumores de células plasmáticas e desenvolvem-se em localização extra-medular. A maioria dos casos ocorre na região da cabeça e pescoço, podendo contudo ocorrer no tracto gastro-intestinal, bexiga, sistema nervoso central, tiróide, mama, testículo, glândula parótida, gânglios linfáticos e pele. A idade média de diagnóstico é de 55-60 anos e tem predomínio no sexo masculino (2:1). Cerca de 10-40% dos doentes (dts) com PEO evolui para mieloma múltiplo em 10 anos. A dose ideal de Radioterapia não está ainda estabelecida, encontrando-se valores na literatura que variam entre 40-50Gy; no entanto, a maioria dos Centros opta por realizar o tratamento com doses iguais ou superiores a 45Gy. Apesar de não haver ainda evidência clínica de aumento da sobrevida com a irradiação das áreas ganglionares adjacentes, por norma, nos órgãos que têm uma grande rede linfática, estas são incluídas no volume a irradiar. Objectivos: Reportar três casos clínicos (CC) tratados na mesma Instituição num curto espaço de tempo, bem como a estratégia terapêutica adoptada e resultados obtidos até à data. Material e Métodos:Três dts de sexo masculino, com idade média de 65 anos com diagnóstico comprovado de POE foram submetidos a Radioterapia (RT) externa conformacional 3D, com uma dose compreendida entre 50-54Gy/1.8-2Gy/fracção entre Dezembro de 2008 e Fevereiro de 2012: CC1 – POE do canal anal submetido a RT radical (50.4Gy/28fracções); CC2 – POE

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CTSsub-mandibular submetido a RT radical (54Gy/27fracções); CC3 – POE da nasofaringe submetido a cirurgia e RT adjuvante

(50Gy/25fracções). O volume a irradiar foi delimitado na TC de planeamento de forma a incluir o tumor visível (GTV) ou o leito tumoral, tendo sido adicionada uma margem para os volumes de CTV e PTV. Foi também incluído no volume a irradiar a primeira área de drenagem ganglionar. A isodose de 95% envolve todo o PTV e na avaliação dos Histogramas Dose-Volume, as doses de constrangimento dos órgãos em risco (Emami et al) não foram excedidas. Resultados: Toxicidade aguda registada durante o tratamento foi de grau 1- 2 (RTOG). Com um follow-up médio de 14.8 meses (1.5 - 37 meses), todos os dts estão vivos, sem progressão da doença ou toxicidade tardia associada. Um doente, aos 37 meses de follow-up com diagnóstico de um segundo tumor (adenocarcinoma bem diferenciado do colon sigmoideu). Conclusões: O tratamento ideal dos PEO ainda não é consensual, dependendo de cada instituição, podendo incluir uma de três modalidades, RT sobre o campo envolvido, cirurgia ou ambas as modalidades em associação, caso a ressecção não tenha sido completa. Apesar do pequeno número de dts e de o follow-up não ser muito longo, os autores consideram importante relatar a estratégia terapêutica adoptada (dose e volumes de irradiação), bem como os resultados obtidos.

26 DESNUTRIÇÃO NO DOENTE ONCOLÓGICO - PREVENIR E COMBATER. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DOS DOENTES INTERNADOS NA UNIDADE FUNCIONAL DE ONCOLOGIA DO CENTRO HOSPITALAR BARREIRO MONTIJO, EPE

Paulina Rosa valentim Chitonho(1) Joana Lopes (2) Filipa Xavier (1) Teresa Xavier (1)(1) Unidade Funcional de Oncologia, Centro Hospitalar Barreiro Montijo, EPE (2) Serviço de Nutrição e Dietética, Centro Hospitalar Barreiro Montijo, EPE

Introdução: Manter um bom estado nutricional, melhorar o sistema imunológico e consequentemente a qualidade de vida do doente, é muito importante para proteger o organismo dos efeitos adversos decorrentes dos diferentes tipos de tratamento oncológico. O cancro é causa major de morbilidade, sendo a segunda causa de morte mais frequente a nível mundial. A prevalência estimada de desnutrição no doente oncológico varia de 40 a 80%, sendo o estado nutricional um dos factores prognóstico destes doentes. Apesar da desnutrição no doente oncológico ser multifactorial, factores como a localização do tumor e a ocorrência de sintomas decorrentes tanto da doença como dos tratamentos antineoplásicos podem comprometer o estado nutricional e a capacidade funcional dos doentes, implicando um acréscimo de cerca de 20% nos custos com o internamento. Neste contexto, a evidência demonstra que a nutrição é uma terapêutica obrigatória, e como tal deve ser integrada sempre em abordagem multidisciplinar no tratamento global do doente oncológico. Objectivo: Identificar nos doentes internados aqueles que estão em situação de risco nutricional tendo em vista uma rápida intervenção no sentido de prevenir ou minimizar eventuais complicações relacionadas com a desnutrição, e continuar o seu acompanhamento no pós-alta. Material e Métodos: Estudo de 157 doentes internados na UO, que decorreu de 1 de Março de 2011 a 14 de Março de 2012 aquando da avaliação do rastreio do risco nutricional na admissão. Todos os doentes, com diversos tipos e estadios de cancro, foram considerados elegíveis para a inclusão excepto os não colaborantes e/ou em estado comatoso. A ferramenta de rastreio utilizada foi a Avaliação Subjectiva Global Gerada pelo Doente (AGS-GD) que é destinada e validada para os doentes oncológicos. O AGS-GD gera uma pontuação numérica e disponibiliza também uma classificação global do estado nutricional em três categorias: sem desnutrição ou anabólico, desnutrição moderada ou em risco de desnutrição, e desnutrição grave. É um método dinâmico com sensibilidade de 82% e especificidade de 92%. Resultados: 53% do sexo feminino e 47% do masculino. Média de idades 62,5 anos. As patologias tumorais mais frequentes foram a digestiva (49%), mamária (12,1%) e ginecológica (10,2%) e genito-urinária (6,4%). A média de duração do internamento foi de 11,7 dias sendo os motivos de internamento mais frequente a progressão da doença (35%), tratamento antineoplásico (21%) e quadros infecciosos incluindo neutropenia febril pós QT (12,5%), toxicidade gastro-intestinal (10%) e procedimentos técnicos como biópsias guiadas por imagem, colocação de próteses, CPRE e CPT (10%). Os sintomas com maior impacto nutricional foram a anorexia, os vómitos e náuseas, obstipação e diarreia, dor não controlada, odinofagia e xerostomia. Status nutricional: bem nutridos 59,2%; malnutrição moderada 30,6%; malnutrição severa 10,2%. O suporte nutricional instituído consistiu em: personalização da dieta 84%, suplementos nutricionais orais 8,3%; nutrição parentérica 2,5% e nutrição entérica 0,6%. Discussão e Conclusão: O internamento de oncologia por si só pode representar um viés porque os doentes internados são na sua maioria os mais graves. Cerca de 10% foi internado por toxicidade gastro-intestinal e 8% por neutropenia febril pós QT alguns com mucosite sendo crucial o controlo da sintomatologia o mais rápido possível

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para evitar a desnutrição e o uso dos suplementos nutricionais quando indicado deve ser feito o mais precoce possível. O mau estado nutricional teve correlação positiva com um performance status alto. Na nossa amostra dos doentes com malnutrição severa, 60% tinha valores de albumina < 3g/dl o que se enquadra na bibliografia publicada sendo que os valores laboratoriais como albumina < 3g/dl, contagem total de linfocitos < 1500/mm³ e transferrina correlacionam-se com o prognóstico e risco nutricional, nomeadamente risco de complicações clínicas e mortalidade. Os doentes com malnutrição severa tiveram maior média de dias de internamento sendo importante combater a malnutrição pelo prognóstico do doente e por, outro lado, quanto maior for a duração do internamento, contribui para maiores custos ao Sistema Nacional de Saúde.

27 QUIMIOTERAPIA NO ADENOCARCINOMA PULMONAR EM ESTADIO AVANÇADO: O CASO CLÍNICO DE UM SUCESSO INESPERADO

Élio Rodrigues(1);Marta Amaral Silva(1);Maria Luísa Loureiro(1);Ana Linda Borges(1);Fernando Ferraz e Sousa(1);Maria Fátima Guedes(1);Maria Amélia Pereira(1)(1) Hospital Distrital da Figueira da Foz EPE

Introdução: As neoplasias do pulmão são a causa mais frequente de mortalidade por cancro, em ambos os sexos, em todo o mundo. Na maioria dos casos, o diagnóstico é feito em fases avançadas da doença e a abordagem terapêutica é condicionada pela localização específica e estado geral do doente. Actualmente, a opção que confere maior sobrevida é a ressecção cirúrgica.Objectivos: Tendo por base um caso clínico, pretende-se sublinhar a importância da aplicação de novas terapêuticas oncológicas decorrentes de investigações científicas em curso. Material e Métodos: Consulta do processo clínico pessoal e respectivos exames complementares de diagnóstico. Revisão sistemática da literatura. Resultado: Apresenta-se o caso clínico de uma doente do sexo feminino, 68 anos de idade, seguida em consulta de oncologia do Hospital Distrital da Figueira da Foz por adenocarcinoma acinar do pulmão com 6 anos de evolução. A doente foi referenciada em finais de 2005 ao serviço de medicina interna pelo seu médico assistente após investigação etiológica por queixas de tosse seca, toracalgia esquerda e perda ponderal com cerca de quatro meses de evolução. Não tinha antecedentes patológicos de relevo e, ao exame objectivo, não foram encontradas alterações. O RX do tórax evidenciava uma opacidade mediastínica à direita e a TC torácica confirmou uma formação tumoral de grandes dimensões no lobo inferior direito, envolvendo o brônquio inferior direito, com aparentes adenomegalias hilares homolaterais. Realizou biopsia por broncofibroscopia que concluiu tratar-se de adenocarcinoma acinar com características imunohistoquímicas compatíveis com origem pulmonar. O conjunto dos exames efectuados indicou, então, um estadio IIIA. Perante a impossibilidade de ressecção cirúrgica, iniciou terapêutica neoadjuvante com carboplatina e vinorelbina, que interrompeu por aparecimento de efeitos secundários e ausência de sinais de remissão. Efectuou então terapêutica de segunda linha com pemetrexed, verificando-se melhoria significativa da qualidade de vida. A reavaliação após os 6 ciclos de terapêutica mostrava apenas redução ligeira da massa tumoral, pelo que se optou por iniciar, em Novembro de 2006, quimioterapia de terceira linha com erlotinib. A doente mantém esta terapêutica há cinco anos e quatro meses, com boa tolerância e estabilização da massa tumoral. Conclusões: Perante o estadiamento, a impossibilidade de ressecção cirúrgica, a resposta pouco favorável à quimioterapia de primeira e segunda linhas, seria expectável uma evolução menos insidiosa da doença. O facto de a doente apresentada se encontrar assintomática e com uma qualidade de vida excelente mais de 6 anos após o início da quimioterapia é um exemplo paradigmático da superação da sobrevida esperada.

28 SEGUNDOS TUMORES PRIMÁRIOS EM DOENTES COM MELANOMA MALIGNO

Sofia Torres(1);Emanuel Gouveia(1);Maria José Passos(1);António Moreira(1)(1) IPO Lisboa

Introdução: Nas últimas décadas, a incidência de Melanoma Maligno Cutâneo (MM) tem aumentado. Vários estudos mostram que os doentes com MM apresentam um risco mais elevado de desenvolver outros tumores primários (OTP), após o diagnóstico de melanoma. Os mais comuns, numa incidência que varia entre 1.5 e 20% nos vários estudos, são: segundos melanomas e

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CTSoutros tumores cutâneos, linfoma não-Hodgkin, cancro da mama, tiróide, próstata, rim e sarcomas de tecidos moles. Objectivos:

Caracterização dos doentes com o diagnóstico de MM entre 1998 e 2007, seguidos no nosso hospital e determinação da ocorrência de OTP nesta população. Material e Métodos: Retrospectivamente, analisámos a ocorrência de OTP em todos os doentes com o diagnóstico de MM seguidos no nosso hospital entre 1998 e 2007. Os doentes foram seleccionados a partir das bases de dados do Registo Oncológico Regional-Sul e do Serviço de Anatomia Patológica. Sempre que necessário foram consultados os processos clínicos. Os segundos tumores foram divididos em tumores cutâneos, tumores sólidos e doenças hematológicas. Resultado: Entre 1998 e 2007 foram seguidos no IPO de Lisboa 1571 doentes com o diagnóstico de MM cutâneo. Verificou-se um discreto aumento da incidência de MM ao longo do período analisado. Apesar de 42% dos casos de MM primários terem sido diagnosticados na faixa etária dos 60 - 79 anos; 31% dos doentes com MM tinham menos de 50 anos, o que mostra a importância desta patologia na população jovem, em idade activa. Com um follow-up mediano de 6 anos após o diagnóstico de MM, foram diagnosticados OTP em aproximadamente 12% dos doentes. Os tumores mais frequentemente diagnosticados foram outros tumores cutâneos (basalioma: 4,2%; MM: 2,2% e carcinoma-pavimento celular: 2,1%), traduzindo muito provavelmente a maior vigilância destes doentes. Entre os tumores sólidos, o mais frequente foi o carcinoma da mama, mas destacamos o diagnóstico de 10 casos de sarcomas de partes moles. Nas doenças hematológicas, a mais comum foi o Linfomas não Hodgkin. Conclusões: A determinação do risco de OTP após o diagnóstico de MM torna-se importante não só para planear o seguimento destes doentes mas também para a determinação de possíveis riscos genéticos ou ambientais.

29 RESPOSTA PATOLÓGICA COMPLETA PÓS TRATAMENTO NEOADJUVANTE DO RECTO DIMINUI A RECIDIVA LOCAL? Monica Lacerda Semedo(1);Ana Rita Sousa(2);Isa Santos(2);Mafalda Casa-Nova(1);Ana Lucia Santos(2);Margarida Matias(1);Mariana Faria(1);Teresa Amaral(2)(1) HSM (2) CHLC - H. Santa Maria

Introdução: Aproximadamente 50.000 novos casos de carcinoma do recto são diagnosticados nos EUA e 412.900 na União Europeia, representando 12,9% de todas as neoplasias. É a segunda causa da morte no mundo e a sua incidência tem vindo a diminuir pelo diagnóstico precoce e melhores modalidades de tratamento. O tratamento de quimioradioterapia neoadjuvante seguido de cirurgia é a abordagem standard nos estádios II e III, implicando a redução de toxicidade e a melhoria do controlo local da doença quando comparado com a quimioradioterapia adjuvante. Existe uma grande variabilidade de resposta à neoadjuvância e apenas 10-30% dos doentes atingem resposta patológica completa (pCR), definida como a não existência de células de adenocarcinoma na peça operatória (ypT0N0M0). Contudo a implicação prognóstica não é clara. Objectivo: Avaliar a implicação clínica da resposta patológica completa (pCR) (T0N0M0) pós quimioradioterapia neoadjuvante e cirurgia em doentes com carcinoma do recto localmente avançado. Caracterizar os doentes de forma a avaliar a nossa prática na instituição. Material e Métodos: Estudo de um único Centro, prospectivo, utilizando uma base de dados de doentes com carcinoma do recto nos estadios clínicos II e III, por TC, ecoendoscopia/RM, submetidos a quimioradioterapia neoadjuvante e cirurgia com intuito curativo entre 2008 e 2011. Os doentes foram estratificados em 2 grupos pCR e não pCR e foram comparados quanto as seguintes variáveis: demográficas, tumor, características do tratamento, marcadores tumorais, sobrevida global, sobrevida livre de doença e recidiva local ou à distância. Resultados: Consideramos 130 doentes com adenocarcinoma do recto, 68% sexo masculino, média etária de 60 anos; obtivemos resposta patológica completa em 12 doentes (9%); Os doentes com pCR e não pCR eram estatisticamente comparáveis quanto aos dados demográficos, regimes de quimioradioterapia, distância endoscópica, estadio clínico, tempo para cirurgia, procedimentos cirúrgicos e tempo de follow-up. Nenhum doente com pCR apresentou recidiva local.Conclusão: O estudo indica que os doentes com resposta patológica completa após terapêutica neoadjuvante tem significativamente melhores resultados oncológicos, sendo que a melhoria é particularmente pronunciada em relação à recorrência local.

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30 RADIOTERAPIA RADICAL NO LINFOMA NÃO HODGKIN – CASO CLÍNICO

Carlos Ferreira(1);Sara Miranda(1);Diana Silva(1)(1) Unidade de Radioterapia HESE

Introdução: Os linfomas são tumores do sistema linfático que se dividem, histologicamente, em dois tipos: Hodgkin e Não Hodgkin. Nos últimos anos, o papel da radioterapia tem sido o de complementar a quimioterapia seja como terapêutica de consolidação, seja porque persiste doença residual. Objectivo: Pretende-se avaliar a eficácia da radioterapia externa, com intuito radical, num caso clínico de Linfoma Não Hodgkin e salientar que, em casos de boa resposta no decorrer da irradiação, pode ser necessário realizar alterações. Material/Métodos: Este caso clínico retrata um doente do sexo masculino, com 84 anos de idade, com adenopatia cervical esquerda que o exame histológico identificou como sendo um “Linfoma Não Hodgkin B de células do manto” e que foi classificado em estadio IV A. Não foi administrada quimioterapia, devido à sua idade idade e à existência de diversas co-morbilidades. A dose administrada, recorrendo a um fraccionamento diário de 2 Gy, foi de 40 Gy na região cervical esquerda e mediastino e um boost de 10 Gy apenas sobre o conglomerado adenopático cervical, recorrendo-se a fraccionamento diário de 2 Gy. A observação directa do doente e a aquisição de Cone Beam CT constituíram a avaliação clínica da resposta à terapêutica empregue. Discussão de resultados/Resultados: No decurso da irradiação constatou-se uma boa resposta com apenas 24 Gy que obrigou à realização de uma segunda máscara termoplástica de imobilização, uma segunda tomografia computorizada de planeamento e novo plano dosimétrico. Conclusão: Este poster reflecte uma boa resposta clínica à radioterapia, a qual se verifica com alguma frequência neste tipo de linfomas.

31 RADIOTERAPIA EM SARCOMAS RETROPERITONEAIS: RESULTADOS DE UM SERVIÇO

Catarina Travancinha(1);Guilhermina Peralta(2);Gonçalo Fernandez(3);Telma Almeida(2);Eduado Netto(2);Luisa Mirones(3);Margarida Roldão(2)(1) IPO Lisboa (2) Serviço Radioterapia - IPO Lisboa (3) Serviço de Oncologia, IPO Lisboa

Introdução: Os sarcomas retroperitoneais são tumores raros, correspondendo a cerca de 15% dos sarcomas de partes moles. Vários estudos têm vindo a incidir sobre tratamentos complementares à cirurgia, que possam diminuir a taxa de recidiva local destes tumores. Extrapolando a evidência existente do uso de Radioterapia (RT) nos sarcomas das extremidades, esta é uma técnica igualmente utilizada nos tumores retroperitoneais, quer como terapêutica neoadjuvante, quer como adjuvante. No entanto, até à data, não existem estudos randomizados que avaliem o papel da RT como tratamento complementar nestes tumores. Objectivo: Análise dos resultados do tratamento de sarcomas retroperitoneais com Radioterapia Externa (RTE), com intuito curativo. Material e Métodos: Foi conduzido um estudo retrospectivo dos doentes com diagnóstico de sarcoma retroperitoneal, tratados no Serviço de Radioterapia do IPOLFG, entre Janeiro de 2007 e Janeiro de 2011. A análise foi efectuada através da revisão de processos clínicos. Foram avaliadas as toxicidades aguda e tardia (segundo as tabelas da Radiation Therapy Oncology Group [RTOG]), a taxa de recidiva local e à distância, a sobrevida livre de doença (SLD) e a sobrevida global (SG). Resultados: Foram avaliados 12 doentes, dos quais 3 não completaram o tratamento de RT, pelo que foram excluídos do estudo. Dos 9 doentes incluídos, 6 eram homens e 3 eram mulheres, com uma mediana de idades de 62 anos (30 a 80). Cinco doentes apresentaram diagnóstico histológico de lipossarcoma e 4 de leiomiossarcoma e, em relação ao estadiamento, 8 encontravam-se no estadio IIA e 1 no estadio III. Quanto ao tratamento efectuado, 5 doentes foram submetidos a RT no contexto do tratamento inicial (3 RT adjuvante, 1 QRT adjuvante e 1 RT neoadjuvante) e 4 a RT de resgate. Todos os doentes realizaram RTE 3D conformacional com uma dose média de 50Gy (45 a 60Gy) e o tempo médio de tratamento foi de 38 dias. O follow-up mediano foi de 17 meses (74 a 5). Não se verificaram mortes nem necessidade de hospitalização por toxicidade relacionada com o tratamento. Verificaram-se 4 mortes (44,4%), 2 por progressão da doença (22,2%%), 1 durante a cirurgia e outra por intercorrência infecciosa. À data, 5 doentes (55,5%) encontram-se vivos, 4 livres de doença (44,4%) e 1 com metástases à distância (11,1%). No grupo de doentes tratados RT no contexto do tratamento inicial, verificou-se uma taxa de recidiva local e à distância de 40% (2/5 doentes). Aos 2 anos, a SG e a SLD (local e à distância) foram de 75%. No grupo de doentes submetidos a RT de resgate, a taxa de recidiva local foi de 50% (2/4 doentes) e à distância de 0% (0/4 doentes). A SG aos 2 anos foi de 50%, a SLD local de 30% e a SLD à distância

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CTSde 100%. Conclusão: Os resultados demonstraram que, na totalidade da amostra, as recidivas foram maioritariamente locais.

Como seria de esperar, no grupo dos doentes com recidiva verificou-se um pior controlo local do que à distância e uma SG aos 2 anos inferior ao grupo que efectuou radioterapia no contexto do tratamento inicial. Estes resultados, apesar de não serem estatisticamente significativos, devido à dimensão reduzida da amostra, apontam para um benefício do tratamento com RT no controlo local destes tumores e indicam a sua importância como tratamento complementar de primeira linha, e não apenas na recidiva local. No entanto, são necessários mais estudos que comprovem o verdadeiro impacto da RT nestes tumores.

32 UTILIZAÇÃO DE FOTEMUSTINA NO TRATAMENTO DE MELANOMA MALIGNO METASTIZADO NO IPOLFG-LISBOA

Teresa Alexandre(1);Ana Luís(1);vasco Fonseca(2);Maria José Passos(2)(1) IPO-Lisboa (2) IPO Lisboa

Introdução: O melanoma maligno, em fase avançada, é uma doença agressiva com mau prognóstico, com uma taxa de sobrevivência aos 5 anos inferior a 10%. O tratamento convencional é a Dacarbazina, com uma taxa de resposta global que não ultrapassa os 20%. Um estudo de fase III comparou a utilização de Dacarbazina com Fotemustina no tratamento de 1ªlinha de melanoma maligno metastizado e conclui não existirem diferenças em termos de sobrevivência global. Da revisão da literatura não existem estudos referentes á utilização de Fotemustina no tratamento de 2ªlinha do melanoma avançado. Objectivos: Avaliar a eficácia e a toxicidade da Fotemustina no tratamento de 2ª linha em doentes com melanoma maligno metastizado no IPOLFGMaterial e métodos: Os doentes foram seleccionados através da listagem de autorização do uso da Fotemustina da comissão de farmácia hospitalar desde Janeiro de 2004 até Abril 2011. Foi efectuada uma revisão retrospetiva dos processos clínicos.A eficácia foi medida pela taxa de resposta e sobrevida globais depois do tratamento de 2ª linha. Resultados: Dos 34 doentes propostos para administração de Fotemustina, apenas 28 receberam tratamento, tendo os restantes progredido antes da primeira administração. 65% dos doentes eram dosexo masculino e 35% dosexo feminino.A mediana de idades foi de 51 anos (5-72 anos). A localização mais frequente do tumor primário foi o tronco; 6 doentes apresentaram melanoma da coroideia.Os locais mais frequentes de metastização foram a nível visceral e ganglionar, 25 doentes apresentaram metastização em 4 ou mais locais. 13 doentes tinham ECOG PS 0-1, 13 PS-2 e os restantes PS-3. 4 doentes receberam apenas uma administração de Fotemustina e a mediana de administrações foi de 3. Verificou-se toxicidade hematológica importante: neutropénia grau II/IV em 10 doentes, anemia grau III/IV em 12 doentes e trombocitopénia grau III/IV em 11 doentes. Foram documentadas:uma resposta parcial, uma doença estável, uma resposta indeterminada (doente abandonou o follow-up) e as restantes foram progressão de doença. A sobrevida mediana depois do primeiro tratamento com Fotemustina foi de 2.7 meses. Conclusão: A baixa eficácia e elevada toxicidade da Fotemustina, no tratamento de 2ª linha do melanoma cutâneo metastizado não justificam a sua utilização. No entanto, no melanoma da coroideia metastizado poderá ser considerada a sua utilização por apresentar maior eficácia.

33 SÍNDROME TROUSSEAU - UM CASO CLÍNICO

Daniel Machado(1);Maria Helena Oliveira(2);Cristina Sousa(3);João Freire(4)(1) IPO Lisboa (2) Hospital Beatriz Ângelo (3) Clinica CUF Cascais (4) IPO - Lisboa

O cancro predispõe a fenómenos trombóticos. A associação de cancro com eventos trombóticos foi estabelecida pela primeira vez em 1865. Armand Trousseau foi quem primeiro descreveu compreensivamente a síndrome baseado nas suas observações clínicas cuidadosas e nos achados de autópsia de uma grande série de doentes que faleceram com cancro. Numa das maiores ironias da história médica, o Professor Trousseau desenvolveu ele próprio tromboflebite antes de sucumbir com cancro gástrico.Descreve-se o caso clínico de um homem, de 65 anos de idade, que recorreu ao serviço de urgência de um hospital central por agravamento súbito de dispneia. Por suspeita de tromboembolismo pulmonar, realizou angio-TC de torax que não revelou obstrução das artérias pulmonares principais. Pouco tempo depois da admissão houve agravamento clínico e paragem cardio-respiratória que não foi possível reverter. No caso apresentado, não havia dados que sugerissem doença neoplásica.

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Dados observacionais mais contemporâneos têm mostrado que a incidência de trombose associada ao cancro tem vindo a aumentar. Isto tem implicações clínicas significativas: o tromboembolismo venoso (TEV) ocorre em pacientes com cancro com um risco anual de 21%, requer anti-coagulação de longa duração com um risco anual de complicações hemorrágicas major de 12%, pode atrasar tratamento com quimioterapia, tem um impacto negativo na qualidade de vida do doente e é responsável por cerca de 10% das mortes nos doentes com cancro. Doentes oncológicos com TEV têm um aumento de mortalidade duas vezes maior do que doentes sem TEV. Dada a elevada frequência de TEV e a sua associação com doença neoplásica, este diagnóstico apesar de muitas vezes difícil, deverá ser considerado em doentes com dispneia súbita.

34 ADENOCARCINOMA APÓCRINO DA AXILA MIMETIZANDO METÁSTASE GANGLIONAR REVELADORA DE CARCINOMA DA MAMA “VOA COMO UM PATO, GRASNA COMO UM PATO... MAS É UM GANSO!”

Lara Rodrigues Madeira(1);Vânia Tavares(1);Olga Oliveira(1);Joana Miranda(2);António Estrela(1);Natacha Nunes(1);José Vilchez(2);Sandra Bento(1);José Barbosa(2)(1) Hospital Distrital de Santarém (2) Hospital Distrital de Santarem

Introdução: Os tumores da axila são com frequência metástases de outras neoplasias, em particular da mama. O carcinoma apócrino é um tipo raro de neoplasia cutânea (cerca de uma centena de casos descritos na literatura internacional), que ocorre principalmente na pele da axila pela maior densidade de glândulas apócrinas. Objectivo/Material e Métodos: O caso clínico apresentado refere-se a uma mulher de 60 anos, referenciada ao Serviço de Urgência por “quisto sebáceo infectado da axila esquerda”. No entanto, a história da doença e aspecto da lesão nodular ao exame objectivo eram suspeitos de outra etiologia.Após excisão, o diagnóstico anatomo-patológico inicial foi de metástase de carcinoma de provável origem mamária. O estudo anátomo-patológico imunohistoquímico e imagiológico complementar excluiu a presença de doença primária na mama, e estabeleceu o diagnóstico definitivo de adenocarcinoma apócrino pouco diferenciado da pele. Verificava-se ainda metastização ganglionar e pulmonar. Conclusões: Apesar da maioria dos carcinomas apócrinos serem indolentes e de crescimento lento, alguns são extremamente agressivos. Pela sua raridade, não existem “guidelines” para o tratamento da doença avançada.

35 SARCOMA DE KAPOSI - CASO CLÍNICO - RADIOTERAPIA ANTÁLGICA

Tânia Quinás Serra(1);Domingos Roda(2);Marisa Padilha(3);Mónica Henriques(4);Paula Alves(5)(1) IPOC, FG, EPE (2) IPOCFG,EPE (3) Serviço de Radioterapia - IPO Coimbra (4) IPOC-FG, EPE (5) Serviço radioterapia- IPOCFG, E.P.E.

Introdução: O Sarcoma de Kaposi (SK) deve-se à infecção pelo vírus herpes humano tipo 8 (HHV-8), frequentemente associado à coinfecção HIV, que cursa com lesões cutâneas e/ou mucosas, por vezes dolorosas, sangrantes, desfigurantes e que podem mesmo chegar a ser incapacitantes. Objectivos: Apresentação de caso clínico de doente com Sarcoma de Kaposi tratada no Serviço de Radioterapia do IPOCFG, EPE. Material e Métodos: Doente com diagnóstico de Sarcoma de Kaposi com lesões localizadas sobretudo ao nível do terço inferior do membro inferior esquerdo, condicionando quadro clínico álgico resistente aos fármacos analgésicos prescritos. Os autores apresentam a prescrição e planeamento efectuados. Resultados e Conclusões: Os autores concluíram pelo cumprimento do objectivo terapêutico pretendido – a paliação de sintomas, salientando a relevância da Radioterapia nesta indicação específica.

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CTS36 A SÍNDROME DE LISE TUMORAL ESPONTÂNEA: UMA EMERGÊNCIA ONCOLÓGICA RARA

Amanda Nobre(1);André Cruz(1);André Oliveira(1);Carlos Reis(1);Irene Furtado(1)(1) Hospital de Dia de Oncologia- Hospital de Faro, EPE

Introdução: A síndrome de lise tumoral (SLT) é caracterizada pela destruição maciça de células malignas e consequente libertação do seu conteúdo no espaço extracelular. Embora possa ocorrer de modo espontâneo, a SLT surge em geral após o início do tratamento com agentes quimioterápicos citotóxicos. Caso Clínico: Doente de 52 anos, sexo masculino, que recorre ao serviço de urgência por dor abdominal do tipo cólica e vómitos com 3 dias de evolução. Relata, ainda, internamento recente para investigação de poliadenopatias mediastínicas e abdominais, tendo realizado biopsia ganglionar guiada por tomografia há 1 semana. Objectivamente, a destacar hipotensão, desidratação e oligoanúria. Analiticamente, pancitopenia, insuficiência renal aguda (creatinina 5.74), hipercaliemia (K 7.11), hiperuricemia (ácido úrico 20.8), hiperfosfatemia (P 9.6) e acidose metabólica grave (pH 7.2/ HCO3 8). Identificaram-se 3 critérios de Cairo-Bishop e estabeleceu-se o diagnóstico de SLT. O doente foi tratado com hemodiálise, alcalinização da urina, agentes hipouricemiantes e quelantes do fósforo, evoluindo com melhoria clínica e analítica. O resultado histopatológico revelou tratar-se de um Linfoma não Hodgkin (LNH) B de grandes células. No momento atual, o doente encontra-se sob quimioterapia (QT) com R-CHOP. Discussão: A SLT espontânea tem sido descrita especialmente em LNH e leucemias agudas, havendo alguns relatos em tumores sólidos, como carcinoma inflamatório da mama e pulmão. A sua incidência é difícil de determinar e em geral está associada a mau prognóstico. Características intrínsecas como elevada taxa de proliferação tumoral ou grandes massas tumorais podem favorecer a ocorrência. O doente acima apresentava comprometimento ganglionar extenso, associado a envolvimento visceral do fígado, do baço e renal bilateral, além de níveis elevados de desidrogenase láctica (LDH 1812). Todos esses fatores de risco orientavam para o início precoce de medidas profiláticas para prevenir ou limitar as consequências clínicas da SLT. Após a primeira sessão de QT, observou-se melhoria clínica significativa e a adequada profilaxia evitou a SLT secundária. Conclusão: Segundo dados da literatura, a estratificação de risco, baseada nas características do tumor e em testes laboratoriais, é o método mais adequado na seleção das estratégias de prevenção da SLT, que devem incluir hidratação vigorosa, agentes uricolíticos, identificação dos fatores que predispõem à lesão renal aguda e, nos doentes críticos, a indicação de métodos de substituição da função renal.

37 TRATAMENTO DE SUPORTE COM FACTOR ESTIMULANTE DA COLONIZAÇÃO DE GRANULÓCITOS ASSOCIADO A QUIMIOTERAPIA EM DOENTES COM NEOPLASIA DE MAMA

Amanda Nobre(1);Beatriz Gosalbez(1);André Oliveira(1);Carlos Reis(1);Irene Furtado(1)(1) Hospital de Dia de Oncologia- Hospital de Faro, EPE

Introdução: Segundo recomendações europeias, a profilaxia primária com factor estimulante da colonização de granulócitos (G-CSF) está indicada para todos os regimes quimioterápicos com incidência igual ou superior a 20% de neutropenia febril. Os protocolos atuais de tratamento para a mama incluem agentes altamente mielossupressores. Objectivo: Avaliar a prevalência de neutropenias nos doentes com neoplasia da mama que realizaram a quimioterapia (QT) associada a pegfilgrastim como profilaxia primária (PF). Material e Métodos: Realizou-se estudo retrospectivo através da consulta de processos clínicos no período entre 2009 a 2011. Variáveis: idade; histologia; estadio; receptores hormonais; co morbilidades; o número (nº) de sessões de QT; nº de neutropenias e grau; hospitalizações; adiamentos e mudança ou suspensão de protocolo. Resultados: Nesse período 87 doentes, com mediana de idade de 51 anos, realizaram QT associada ao pegfilgrastim como profilaxia primária. Os protocolos incluíram em todos os casos taxanos (docetaxel) e/ou alquilantes (ciclofosfamida) e em mais de 90% eram neoadjuvantes e/ou adjuvantes. Ao todo foram realizadas 494 sessões de QT, tendo ocorrido 36 episódios de neutropenia (7,3%). Destas, mais de 80% eram neutropenias graves (graus III e IV) e 70% febris. A taxa de hospitalização foi de 3.8% por ciclo. A destacar, ainda, que 11 episódios de neutropenia (28%) ocorreram no contexto de QT paliativa. A taxa de adiamento de sessões foi de 6% por ciclo. As principais co morbilidades encontradas foram doenças imunossupressoras (como a artrite reumatoide) e linhas de QT prévias. Por fim, as neutropenias levaram à mudança de protocolo em 5 doentes e à suspensão de tratamento em 3. Discussão: Trata-se de um estudo com número reduzido de doentes, porém a amostra é ampla no leque etário, sendo representativa da população

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com neoplasia de mama. Destacaram-se como factores de risco para neutropenia, o expressivo número de doentes com mais de 65 anos (20%) e à realização de protocolos muito mielotóxicos, mesmo em regime paliativo. Os resultados obtidos parecem estar de acordo com a literatura. Conclusão: Recomenda-se o uso de G-CSF na QT mielotóxica para neoplasia de mama, uma vez que a redução na dose-densidade e/ou dose-intensidade nesses grupos relaciona-se a pior prognóstico.

38 TUMOR BORDERLINE DO OVÁRIO-CASO CLÍNICO

Ana Raquel Pereira Martins, Gonçalo Pinto, Cátia Rito, Raquel Sanches, José Filipe Cunha, Jorge Caravana(1) Serviço Cirurgia, Hospital do Espírito Santo de Évora EPE

Introdução: Nos países desenvolvidos a neoplasia epitelial do ovário é a principal causa de morte por patologia maligna ginecológica e a quinta causa de morte por neoplasia na mulher. Os tipos histológicos mais comuns são o tumor epitelial e o tumor epitelial borderline. Caso clínico: Doente do sexo feminino, 33 anos, recorreu ao Serviço de Urgência por distensão e dor abdominal intensa. Diagnóstico anterior de tumor quístico do ovário esquerdo realizado por exames de imagem, a aguardar consulta no IPO de Lisboa. Pelo quadro abdominal agudo realizou-se anexectomia esquerda urgente com excisão de massa do ovário de cerca de 20 cm de maior eixo e 3Kg. O exame histológico concluiu ser um tumor borderline (baixo potencial de malignidade). Conclusão: O tumor epitelial e borderline comportam-se de formas diferentes. O primeiro é agressivo, diagnosticando-se maioritariamente na quinta década de vida, necessitando na maioria dos casos de cirurgia e quimioterapia para o seu tratamento. Pelo contrário o tumor borderline do ovário também conhecido por tumor de baixo potencial de malignidade, é pouco agressivo, sendo diagnosticado principalmente em mulheres mais jovens, conseguindo-se a cura, na maioria das vezes, apenas com cirurgia. A sobrevivência aos cinco anos é de 80%, recomendando-se um follow-up com ecografia caso não tenho sido realizada histerectomia com anexectomia bilateral e marcadores tumorais se estes se encontravam elevados aquando do diagnóstico.

39 CARCINOMAS PRIMÁRIOS MÚLTIPLOS: TRÊS TUMORES METÁCRONOS - NÃO HÁ DUAS SEM TRÊS

Sónia Oliveira(1);Pedro Barata(2);Catarina Ribeiro(2);Fábio Gomes(1);Lígia Costa(2);João S Coelho(3);Maria P. Custódio(2);Manuel O. Sousa(2);Jorge Albuquerque(2);Ricardo Luz(2);M.Lurdes Batarda(2)(1) CHLC - H. Sto Antonio dos Capuchos, Lisboa (2) CHLC - H. Capuchos (3) Hospital de Curry Cabral

Introdução: A incidência de carcinomas primários múltiplos têm vindo a aumentar sobretudo devido ao desenvolvimento de técnicas de diagnóstico com maior acuidade e ao aumento de incidência de early stage carcinomas. Objectivos: Os autores pretendem com este trabalho salientar a importância da investigação etiológica/diagnóstico diferencial face a lesões ocupantes de espaço (LOE) hepáticas mesmo em doentes em follow-up de primitivos que metastizam para o fígado. Material e métodos: Doente do sexo masculino de 69 anos de idade, PS0. Diagnóstico, em Fevereiro de 2008, de adenocarcinoma da próstata (Gleason7) – estadioT2b com invasão perineural, tendo efectuado tratamento com goserelina e bicalutamida (HT) seguido de radioterapia (RT) com dose total no leito tumoral de 76Gy, que terminou em Agosto de 2008. Desde o início do tratamento com RT e HT referência a vómitos e perda ponderal. Sem outros antecedentes patológicos conhecidos. Sem história de abuso etanólico. Em Novembro de 2008 sem evidência de progressão de carcinoma da próstata. Resultado: Por quadro de vómitos persistentes foi submetido a endoscopia digestiva alta (EDA) em Novembro de 2008 que revelou úlcera gástrica, gastropatia do antro e mucosa duodenal hiperémica. O resultado anatomopatológico (AP) foi a favor de adenocarcinoma. Procedeu-se, em seguida, a exames de estadiamento: ecoendoscopia, TC torácico, abdominal e pélvico bem como RM abdominal tendo sido estadiado T1N0M0. Os valores de CEA e CA 19.9 eram de 0.8 e 13, respectivamente. Foi sujeito a gastrectomia subtotal com linfandenectomia inferior a D1. O resultado AP da peça operatória documentou um adenocarcinoma gástrico tipo intestinal pT1pN1 (3N+/14N). Foi submetido a tratamento adjuvante com capecitabina perfazendo um total de 8 ciclos. Aos 27 meses de seguimento, encontrava-se assintomático mantendo PS0 apresentando, no entanto, na TC torácica e abdominal LOE hepática única esquerda com 72x58 mm. Efectuou biópsia que documentou metástase (M1) de adenocarcinoma pouco diferenciado

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CTSsugerindo M1 de carcinoma gástrico. Nesta data, apresentava astenia e dor no hipocôndrio direito mantendo bom estado geral

e actividade habitual. Os marcadores tumorais encontravam-se dentro dos limites da normalidade com CEA e CA 19.9 de 1.3 e 19.9, respectivamente. Contudo, pela apresentação imagiológica atípica com lesão volumosa única, sem evidência de recidiva local ou ganglionar e sem progressão bioquímica, solicitou-se revisão de lâminas da biopsia hepática e doseamento de alfafetoproteína (AFP). A AFP foi de 26402. A revisão de lâminas documentou carcinoma hepatocelular (HCC). O doente foi, então enviado ao Hospital Curry Cabral onde devido ao volume da lesão foi realizada embolização hepática esquerda seguido de hepatectomia esquerda. O resultado AP da peça operatória documentou um tumor de células germinativas. Documentou-se doença metastática sistémica com metástases ganglionares, hepáticas e pulmonares múltiplas 3 meses após a hepatectomia.Conclusões: Este trabalho destaca a importância de um elevado índice de suspeição clínico para se chegar a um diagnóstico correcto. Só com um diagnóstico exacto e precoce é possível oferecer o tratamento mais adequado aos pacientes.

40 HIPOCALIÉMIA E NEOPLASIA DO PULMÃO

Elisabete Gavancho(1)(1) Hospital Garcia de Orta

A produção ectópica de ACTH é um Síndrome paraneoplásico relativamente frequente e com uma forte associação com o Carcinoma de pequenas células do pulmão. Apresenta-se o caso de um doente do sexo masculino de 72 anos de idade com antecedentes pessoais de neoplasia da próstata em 1999 e neoplasia da laringe em 2004, internado em Janeiro de 2011 na Enfermaria de Medicina Interna por Pneumonia adquirida na comunidade e hipocaliémia. À data de internamento encontrava-se em seguimento em Consulta de Pneumologia para estudo de massa no lobo superior do pulmão direito. Foi medicado empiricamente com antibioterapia e iniciou medidas correctoras da caliémia com potássio endovenoso ao qual foi posteriormente adicionado potássio oral e diurético poupador do potássio, tendo sido eliminadas da prescrição potenciais causas de hipocaliémia, nomeadamente diuréticos de ansa. Não obstante esta terapêutica nunca foi possível obter valores normais de caliémia. Para investigação etiológica e tendo como hipótese diagnóstica um aumento da produção de ACTH foram realizados exames complementares de diagnóstico que revelaram um aumento marcado do cortisol sérico e urinário (24h). Realizaram-se ainda provas de supressão com baixa e alta dose de dexametasona, após as quais os valores de cortisol se mantiveram elevados.Posteriormente foram conhecidos os resultados de uma biopsia à massa pulmonar realizada em ambulatório e que mostrou tratar-se de um Carcinoma de pequenas células do pulmão. Dada a associação deste tumor com a produção de ACTH fez-se o diagnóstico presumptivo de Síndrome de secreção ectópica de ACTH. O óbito do doente, após realização de um primeiro ciclo de quimioterapia, impediu o prosseguimento da investigação no sentido de fazer o diagnóstico definitivo desta síndrome.

41 ALTA DOSE DE IFOSFAMIDA ADMINISTRADA EM PERFUSÃO CONTÍNUA AMBULATÓRIA

Maria Teresa Marques(1);Isália Miguel(1);Ana de Lara(1);Humberto Gonçalves(1);João Freire(1);António Moreira(1)(1) Serviço de Oncologia, IPO Lisboa

Introdução: a ifosfamida constitui um agente alquilante, com actividade clínica contra um amplo espectro de neoplasias, incluindo sarcomas de tecidos moles e ósseos. Dada a evidência de efeito dose/resposta, a sua utilização em alta dose (? 12 g/m2) é uma alternativa de tratamento para doentes com sarcoma de tecidos moles metastático, tratados previamente com doxorrubicina e ifosfamida na dose de 9 g/m2 (em sequência ou em associação). Os estudos de farmacocinética respeitantes à ifosfamida indicam que o esquema ótimo de tratamento consiste na administração em perfusão curta de doses repetidas deste fármaco (3 g/m2) durante 3 a 5 dias. A infusão contínua é considerada um modo alternativo de administração, com menos toxicidade, pois leva a redução da semi-vida dos metabolitos ativos da ifosfamida, aumentando a sua clearance e dando origem a uma maior AUC, sem alterar a sua actividade alquilante. Relato de caso: doente do sexo feminino, de 32 anos de idade, casada, 1 filho, residente em Torres Novas, admitida por tumor supraclavicular esquerdo em Fevereiro de 2007, com biopsia sugestiva de tumor fibroso solitário. Foi submetida a cirurgia em Março de 2007 com o diagnóstico histológico de sarcoma sinovial bifásico, a

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que se seguiu radioterapia adjuvante com a dose de 66 Gy. Em Maio de 2009, por metastização pulmonar, iniciou doxorrubicina 75 mg/m2, 6 ciclos, que suspendeu por dose cumulativa. Em Fevereiro de 2010, por progressão da doença pulmonar, iniciou ifosfamida 9 g/m2, tendo feito 9 ciclos. Teve toxicidade hematológica importante, com neutropenia febril apesar de profilaxia com G-CSF. Em Junho de 2011 apresentou novamente progressão da doença pulmonar. Atendendo à toxicidade prévia e ao desejo expresso da doente de se manter o mais possível em ambulatório e no domicílio, procurou-se alternativas ao regime habitual de ifosfamida em alta dose (15gr/m2= 3gr/m2 x 5 dias). Decidiu-se realizar uma perfusão contínua de ifosfamida na dose de 14 g/m2, durante 14 dias, a cada 4 semanas, em ambulatório. A doente dispunha de cateter venoso central e foi estudado qual o infusor elastométrico adequado ao volume e débito dos fármacos em causa para o tempo pretendido. Foi associada mesna na mesma dose, reforço hídrico per os, vigilância de hematúria e granissetrom oral. Durante este tratamento, manteve-se assintomática, com independência nas actividades da vida diária e boa tolerância, sem toxicidade atribuída ao tratamento. Esta terapêutica acabou por ser suspensa após 3 ciclos por progressão pulmonar, com episódios recorrentes de hemoptises e toracalgia. Dado o agravamento do estado geral e funcional, optou-se por tratamento sintomático, com terapêutica opióide e oxigenoterapia de longa duração. Perdida para seguimento em Janeiro de 2012, com a informação de estar internada no hospital da área de residência para ajuste da terapêutica sintomática. Conclusão: esta forma inovadora de administrar ifosfamida em alta dose mostrou-se exequível e pouco tóxica em comparação com o regime habitual, permitindo manter a doente em ambulatório. Deve ser considerada como alternativa para doentes que tiveram toxicidade prévia com ifosfamida 9g/m2, que tenham indicação para doses altas, no sentido de se conseguir novamente resposta perante sarcomas metastáticos sensíveis a este agente.

42 TRABECTEDINA NO TRATAMENTO DE SARCOMAS AVANÇADOS – REVISÃO DE CASUÍSTICA.

Maria Teresa Marques(1);Isália Miguel(1);João Freire(1);António Moreira(1)(1) Serviço de Oncologia, IPO Lisboa

Introdução: Os sarcomas representam menos de 1% de todas as neoplasias malignas, constituindo um grupo heterogéneo de neoplasias, com mais de 50 subtipos diferentes. A raridade e diversidade destes tumores têm dificultado o desenvolvimento de novas terapêuticas. O tratamento standard dos sarcomas avançados ou metastáticos tem sido a doxorrubicina e a ifosfamida, sequenciais ou em associação. A trabectedina foi aprovada para utilização em segunda linha no tratamento de doentes com sarcoma avançado dos tecidos moles, após insucesso das antraciclinas e ifosfamida, ou de doentes a quem não convenha receber estes agentes. Objectivo, material e métodos: Os autores realizaram um estudo retrospectivo, descritivo, de todos os doentes com diagnóstico de sarcoma tratados com trabectedina na sua instituição. Resultados: De 2005 a 2011 foram identificados 14 doentes para os quais foi autorizada a administração de trabectedina. A idade mediana foi de 57 anos (idade mínima de 24 anos e idade máxima de 80 anos). Nove eram do sexo masculino e 5 eram do sexo feminino. O diagnóstico histológico foi de leiomiossarcoma para 10 doentes, sarcoma sinovial para 3 doentes e lipossarcoma para 1 doente. No que respeita ao tratamento prévio, todos os doentes tinham sido submetidos a cirurgia com intuito curativo, 9 doentes haviam realizado 1 linha de quimioterapia, 4 doentes haviam realizado 2 linhas de quimioterapia e 1 doente não havia realizado quimioterapia prévia por doença cardiovascular. À data da autorização da trabectedina, 11 doentes apresentavam metastização pulmonar, 2 doentes metastização óssea e 1 doente metastização cutânea. A performance status dos doentes foi de 0 para 3 doentes, 1 para 10 doentes e 3 para um doente. Este último doente faleceu antes do início da terapêutica. Os principais sintomas prévios à administração de trabectedina foram astenia em 6 doentes, dor em 4 doentes e dispneia em 1 doente. Dois doentes encontravam-se assintomáticos à data de início da trabectedina. A principal toxicidade foi hematológica, com neutropénia febril documentada em 5 doentes. Quanto a sintomas, foi preponderante a dor em 4 doentes e dispneia em 4 doentes. Todos os doentes suspenderam trabectedina por progressão após uma mediana de 3 ciclos (mínimo de 1 ciclo e máximo de 14 ciclos). Foram constatados 8 óbitos à data da última observação. Os doentes vivos são os que tiveram progressão lenta da sua doença (3 com dor e 2 assintomáticos). A sobrevida global (mediana do tempo decorrido entre a data do diagnóstico e a data da última observação) foi de 3 anos e 5 meses. A sobrevida após inicio da trabectedina (mediana do tempo decorrido entre a data do início da trabectedina e a data da última observação) foi de 8 meses. Conclusão: Apesar do reduzido número de doentes desta amostra, a mediana dos ciclos administrados, a prevalência de sintomas e a toxicidade observada favorecem pouco a escolha deste tratamento. Não existem no entanto alternativas terapêuticas para tratamento em 3ª linha de sarcomas

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CTSmetastáticos. A sobrevida mediana foi sobreponível à documentada em ensaios de fase II. Dada a reduzida amostra de doentes,

não foi possível calcular o risco relativo de progressão. Justifica-se uma avaliação prospetiva para melhor avaliar a utilização da trabectedina neste contexto. Seria útil se existissem fatores preditivos de resposta que permitissem identificar os doentes que mais beneficiam deste fármaco.

43 DERMATOMIOSITE E CARCINOMA DA NASOFARINGE – ABORDAGEM DE UMA ASSOCIAÇÃO RARA

Filipa Carneiro(1);Joana Godinho(1);Cláudia Vieira(1);Isabel Azevedo(1);José Dinis(1)(1) IPO-porto

A associação entre as miosites inflamatórias e as neoplasias malignas está bem estabelecida, no entanto esta combinação é rara. A dermatomiosite pode manifestar-se antes ou depois do diagnóstico de cancro. Os autores pretendem descrever o caso de uma associação incomum entre carcinoma da nasofaringe e dermatomiosite. Trata-se de um homem, de 48 anos, com carcinoma indiferenciado da nasofaringe cT4N3M0 (estádio III), proposto para quimioterapia e radioterapia sequenciais. Iniciou terapêutica sistémica (com cisplatina 100mg/m2 e 5-fluouracilo 1000 mg/m2) e cerca de 15 dias após desenvolveu alterações dermatológicas na face e membros, edema palpebral e queixas álgicas musculares exuberantes. Inicialmente a sintomatologia foi interpretada como toxicidade à quimioterapia, pelo que a suspendeu após 3 ciclos. A persistência e agravamento dos sintomas levaram à deteção de elevação nas enzimas de lise muscular (CPK e Mioglobina >5x o limite superior do normal) e alterações eletromiográficas típicas de miosite. A combinação dos dados clínicos e laboratoriais foi sugestiva de Dermatomiosite Paraneoplásica. Iniciou tratamento com glucocorticoides (prednisolona 1mg/Kg/dia) com normalização progressiva das alterações cutâneas e das enzimas musculares, bem como acentuada melhoria funcional. Dois meses depois do início da corticoterapia iniciou o programa de radioterapia planeado. Com este caso os autores pretendem salientar a raridade da associação desta miosite e do carcinoma da nasofaringe, bem como a abordagem diagnóstica e terapêutica da Dermatomiosite Paraneoplásica.

44 METASTIZAÇÃO TARDIA DO CARCINOMA MAMÁRIO: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO COM APRESENTAÇÃO RARA

Inês Carrageta(1);Rui Dinis(2);Jaime Magalhães(2);Sergio Barroso(2)(1) Hospital do Espírito Santo de Évora EPE (2) Hospital Espirito Santo de Évora, EPE

Apresentamos o caso de uma doente de 50 anos submetida, em 1997, a mastectomia radical modificada da mama direita e quimioterapia adjuvante por carcinoma mamário invasivo, tipo ductal (CDI), grau II, sem invasões vasculares pT1pN1pMx, RE (-), RP (-) e HER2 (-). Esteve sempre assintomática até Setembro de 2010, quando iniciou “ sensação de peso ” e “inchaço” ocular matinal à esquerda, detectando um mês depois um nódulo supraorbitário esquerdo. O exame oftalmológico foi porventura normal. Em Fevereiro de 2011, a ressonância magnética revelou componente tecidular anómalo no tecto da órbita esquerda com extensão à dura vizinha, sem envolvimento do parênquima cerebral. A citologia aspirativa foi compatível com metástase de carcinoma da mama. Analiticamente, os marcadores tumorais estavam muito elevados: CA 15.3 e CEA de 4000.0U/mL e 24.2ng/mL, respectivamente. A TAC toraco-abdomino-pélvica evidenciou poliadenopatias toracoabdominais, lesão pulmonar infiltrativa do hilo direito e micronódulos pulmonares bilaterais. A cintigrafia óssea identificou metastização óssea múltipla e a TAC cérvico-dorso-lombar revelou depósitos osteocondensantes envolvendo C2, C3, D2, D4, D11 e possivelmente L2. Neste contexto de CDI mama com metastização órbita esquerda com invasão dural da fossa anterior e metastização óssea múltipla, pulmonar bilateral e poliadenopatias toracoabdominais, recebeu 6 ciclos de quimioterapia com regime “TAC” e bifosfonato, ao fim dos quais apresentava redução clínica da lesão e descida acentuada dos marcadores tumorais (CA 15.3 227.7 U/mL e CEA 2.8 ng/mL). A RM-CE e orbitária de controlo em Agosto de 2010 constatou marcada redução do componente tecidular tumoral. Então em Setembro foi submetida a radioterapia sobre OE e fossa anterior (60 Gy) bem como da coluna vertebral (30 Gy). Ficou em tratamento de manutenção com hormonoterapia, mas, perante ligeira progressão bioquímica, decidiu-se iniciar quimioterapia em Março de 2012. A doente nunca deixou de trabalhar e refere aumento substancial da sua qualidade de vida após instituição terapêutica. Conclusão: Este caso vem demonstrar a importância de uma vigilância cuidadosa no cancro da mama, mesmo

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muitos anos após o tratamento, uma vez que a metastização tardia não é rara. Porém, quando esta ocorre, um tratamento agressivo pode resgatar o doente para uma remissão clínica e uma excelente qualidade de vida.

45 ACANTOSIS NIGRICANS COMO MANIFESTAÇÃO PARANEOPLÁSICA DE CARCINOMA POUCO DIFERENCIADO DO ENDOMÉTRIO – CASO CLÍNICO

Ana Margarida Cruz(1);Gonçalo Marto(1);Inês Costa(1);Maria Castelo Bileu(1);Ana Margarida Simas(1);Rosa Jorge(1);Miguel Capão Filipe(1)(1) Centro Hospitalar Baixo Vouga - HIP

A Acantose Nigricans, erupção cutânea caracterizada por hiperqueratose hiperpigmentada simétrica, papilomatose dérmica, associada a obesidade, resistência à insulina encontra-se também associada a malignidade. Os autores descrevem o caso de uma mulher de 51 anos, referenciada da Consulta Externa de Medicina Interna por alterações pruriginosas da coloração e textura da pele das axilas, pregas cervicais, infra-mamárias e virilhas, perda ponderal. Antecedentes pessoais e familiares irrelevantes.Objectivamente bom estado geral, obesidade andróide, alopécia ligeira, hiperpigmentação acinzentada nas pregas cervical, inframamárias, axilas, inguinais, pavilhão auricular e canal auditivo externo. Queilite angular e papilomatose lingual. Palma das mãos com placas hiperpigmentadas, espessadas, com textura áspera. Desconforto à palpação profunda na fossa ilíaca direita e hipogastro, sem massas ou organomegálias palpáveis; corrimento vaginal escuro fétido. Analiticamente: Leucocitose neutrofílica, Velocidade de Sedimentação 70; CA 125 208.6 U/mL. Endoscopia Digestiva Alta e Colonoscopia, sem alterações; Tomografia Axial Computorizada abdominal: útero heterogeneo, com deficiente delimitação do endométrio relativamente ao miométrio, gordura adjacente infiltrada; cólon sigmóide, com espessamento parietal. Clister Opaco: parece existir patologia orgânica a nível do cólon sigmóide. Biópsia do colón: “ Alterações inespecíficas”. Biópsia do colo do útero: “carcinoma pouco diferenciado, tendo em consideração o exame imunocitoquímico, os resultados obtidos apontam para primário ou endocervical ou endometrial que invade o colo, favorecendo no entanto esse ultimo pela franca positividade para receptores hormonais.” Conclusão: Doente orientada para o IPO de Coimbra, após reunião de decisão terapêutica. Desta forma, impõe-se investigação adicional nos casos de Acantose Nigricans, para exclusão de síndrome paraneoplásico.

46 CARCINOMA PAVIMENTO CELULAR DO ESÓFAGO COM METASTIZAÇÃO CARDÍACA

Catarina Abreu, Ana Rita Sousa, Ana Lúcia Costa, Mariana Faria, Margarida Matias, António Quintela, Leonor Ribeiro, Luís Costa, Frederica Faria, Fernanda Mendes, Leonor CarvalhoHospital Santa Maria - Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE

Introdução: O cancro do esófago é o 8º mais comum e o 6º com maior mortalidade, com uma incidência crescente, grande variabilidade geográfica e elevada mortalidade. Em Portugal estima-se uma incidência de cerca de 1,3-8,5 casos em 100.000, em mulheres e homens respectivamente. Afecta principalmente homens entre os 60-70 anos e a raça negra, apresentando-se na maioria dos casos em fase de doença localmente avançada, com uma sobrevivência aos 5 anos inferior a 10%. A frequência de metástases cardíacas é de cerca de 0.3-18.3%, sendo o tumor primário mais frequente o melanoma maligno, e depois pulmão, mama, esófago e linfoma. Objectivo: Este caso visa dar a conhecer uma forma rara de metastização do carcinoma pavimentocelular do esófago e alertar para esta possível complicação quando surgem sintomas cardiovasculares “de novo”.Caso clínico: Doente sexo masculino, 55 anos, com antecedentes conhecidos de carcinoma pavimentocelular do esófago em estadio IV, submetido a Radioterapia e Quimioterapia paliativas, foi internado por dor oncológica não controlada, fibrilhação auricular com resposta ventricular rápida “de novo” e infecção respiratória. A radiografia do tórax PA à entrada revelou aumento marcado do índice cardiotorácico relativamente a outra realizada um mês antes. Realizou Ecocardiograma Transtorácico (TT) que revelou derrame pericárdico marcado, sem tamponamento. Fez pericardiocentese para esclarecimento da natureza do derrame, que revelou liquido com características de exsudado, mas negativo para células neoplásicas. Nesta altura repetiu o ecocardiograma transtorácico que revelou uma imagem no ápex do ventrículo direito, compatível com metastização, que foi

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CTSconfirmada por Tomografia computorizada cardíaca. Conclusão: As neoplasias malignas são doenças com uma incidência e

prevalência crescente, pelo que a forma de apresentação e de complicações tornam-se mais variadas. Assim torna-se importante o diagnóstico de complicações relacionadas com metastização, sendo que a metastização cardíaca deve ser equacionada quando um paciente com uma doença oncológica conhecida desenvolve sintomas cardíacos “de novo”.

47 CASUÍSTICA DE PATOLOGIA ONCOLÓGICA MAMÁRIA TRATADA NO CENTRO HOSPITALAR DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO DURANTE O ANO 2011.

Andreia Coelho(1);Patricia Gago(2);Marta Sousa(1);Antonio Teira(3);Miguel Barbosa(4);Fernando Alves(4);Pedro Santos(5)(1) Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro (2) CHTMAD (3) CHTMAD - Unidade Vila Real (4) CHTMAD - Unidade de Vila Real (5) CHTMAD - Vila Real

Introdução: O cancro de mama é a principal causa de morte por doença oncológica na mulher pelo que o diagnóstico precoce e tratamento eficaz desta patologia deverão constituir uma prioridade1. Com a abertura recente do Departamento de Oncologia do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) pretende-se melhorar os cuidados de saúde a nível oncológico prestados a uma população estimada em cerca de 500 mil pessoas. Este trabalho visa mostrar a experiência do CHTMAD no tratamento da patologia oncológica mamária ao longo do ano 2011. Material e métodos: Estudo observacional retrospetivo de doentes com o diagnóstico de novo de cancro da mama apresentados em Reunião de Grupo Oncológico de Patologia Mamária do CHTMAD durante o ano 2011. Resultados: No período em estudo diagnosticaram-se 136 novos casos de cancro de mama, 4% (5) de carcinoma in situ, 25% (34) no estadio I, 54% (74) no estadio II, 16% (22) no estadio III e 1% (1) no estadio IV. Apenas se verificou um único caso de cancro da mama no homem. A idade média ao diagnóstico foi de 64 anos (mediana de 67 anos; idade inferior 29 anos; idade superior 98 anos). O tipo histológico mais frequente foi o carcinoma ductal invasor (93%; 126 casos). 84% (114) das neoplasias mamárias diagnosticadas expressavam positividade para receptores hormonais e 15% (20) sobreexpressavam HER2. A taxa de cirurgia conservadora foi de 53% (62) e a taxa de pesquisa de gânglio sentinela foi 57% (66). Cinquenta e dois porcento (71) das doentes realizaram quimioterapia, 25% (18) quimioterapia neoadjuvante, 73% (52) quimioterapia adjuvante e 2% (1) quimioterapia com intuito paliativo ao diagnóstico. Quarenta e três porcento (58) das doentes foram submetidas a radioterapia externa. Conclusão: A abertura do Departamento de Oncologia permitiu tratar um número significativo de doentes com patologia oncológica mamária na área de influência do CHTMAD. Tratando-se de uma região caracterizada pelo povoamento disperso e difíceis acessos, a proximidade dos doentes em relação ao local de tratamento constitui uma mais-valia significativa.

48 TEMPOS DE ESPERA EM DOENTES COM CANCRO DA MAMA: DO DIAGNÓSTICO À TERAPÊUTICA

Maria Adelaide Ferreira, Catarina Pragana, Julieta Silva, Sara Carmelo, Inês Matos, Filipe Moura, Filipa Sousa, Ana Alegria, Nuno Labaredas, Rui Paulo Rodrigues, Unidade de Radioterapia, Hospital Cuf Descobertas

Introdução: Os tempos de espera entre as diferentes fases do processo oncológico podem estar relacionados com diversos factores: do doente, dos cuidados de saúde primários, da referenciação e da disponibiilidade de recursos. A redução no tempo de espera entre os diferentes passos, desde a suspeita ao diagnóstico e acto ou actos terapêuticos em situações oncológicas, pode melhorar a sobrevivência dos doentes, havendo um aumento superior a 30% no risco de morte por cancro em doentes com atrasos superiores a 3 meses no início da terapêutica. Objectivo: Avaliar o tempo de espera entre o diagnóstico e as várias terapêuticas subsequentes em doentes com cancro da mama que foram submetidos a radioterapia no Hospital CUF Descobertas.Materiais e métodos: A recolha de dados foi realizada através da consulta de 303 processos clínicos de doentes com cancro da mama que realizaram radioterapia no HCD, entre Janeiro de 2011 e Fevereiro de 2012. Destes, 209 foram referenciados por instituições públicas e 94 por privadas. Foram registadas as datas de: mamografia, biópsia, cirurgia, primeiro e último ciclo de QT e início da RT. Foram incluidos casos com diferentes sequências terapêuticas (p.e. cirurgia-radioterapia; cirurgia-

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quimioterapia-radioterapia), pelo que os resultados foram obtidos por análise de subgrupos. Resultados: O tempo médio de espera entre a realização da mamografia e a biópsia é de 23 dias (n=231); o tempo médio de espera para a 1ª abordagem terapêutica após a biopsia é de 55 dias para a cirurgia (n=234) e 73 dias para o 1º ciclo de quimioterapia (n=30). Os tempos médios de espera entre actos terapêuticos subsequentes foi de 33 dias entre o último ciclo de quimioterapia e a radioterapia (n=145) e 64 dias entre a cirurgia e a radioterapia (n=153). Nas doentes tratadas com cirurgia e radioterapia, o tempo médio de espera entre a mamografia com suspeita de diagnóstico e a cirurgia foi em média de 82 dias (n=96), com cerca de 30% das doentes sujeitas a um tempo de espera superior a 100 dias para a primeira intervenção terapêutica. Conclusões: Há uma relação linear entre o tempo de espera e a progressão tumoral, sendo o aumento do tempo para o primeiro tratamento (e tratamentos subsequentes) inversamente proporcional à probabilidade de obter melhores resultados. Tempos de espera demasiado extensos entre a suspeita de diagnóstico e a primeira abordagem terapêutica podem por em causa os objectivos de um plano de rastreio bem organizado. É recomendável implementar as medidas necessárias para minimizar os tempos entre os diversos passos do processo oncológico, desde a primeira queixa até ao último tratamento, sendo fundamental identificar os pontos críticos do sistema para que estes possam ser abordados individualmente, através da afectação de recursos ou reorganização do sistema.

49 A GESTA DE UM GIST: ANÁLISE DE UM CASO DE GIST PÉLVICO E DOS EFEITOS ADVERSOS DA TERAPÊUTICA NO CONTEXTO DE PLURIPATOLOGIA

Duarte Domingues(1);Maria Dília Silva(2);Juan Carlos Mellidez(2)(1) Hospital Infante D. Pedro, EPE (2) Hospital Infante D. Pedro - Aveiro

Introdução: Os tumores estromais gastrointestinais (GISTs) correspondem aos tumores mesenquimatosos mais frequentes do tracto gastrointestinal (GI). Raramente (1,5-5% dos casos), podem surgir fora do tracto GI, manifestando-se como massas pélvicas. O fármaco de eleição para o tratamento destas neoplasias é o Imatinib, o qual é, geralmente bem tolerado. Ainda assim, o Imatinib pode acarretar efeitos adversos, como edemas, hemorragia intratumoral e, mais raramente, derrame pleural. No entanto, a causalidade dos efeitos adversos pode ser difícil de avaliar, sobretudo no caso de existirem condições clínicas concomitantes. Objectivos: Apresentação de um caso de apresentação atípica de GIST. Exposição da importância do sentido clínico durante o tratamento de uma neoplasia, de forma a averiguar correctamente a etiologia dos potenciais efeitos adversos.Material e métodos: Colheita de dados relativos ao caso a partir dos registos clínicos e relatórios de exames complementares de diagnóstico. Revisão da bibliografia e literatura científica relativa à patologia considerada e sua terapêutica. Resultados: Doente do sexo feminino de 58 anos de idade, com bom estado geral e antecedentes de hipotiroidismo, insuficiência cardíaca (IC) e lesão iatrogénica dos nervos laríngeos recorrentes, portadora de diagnóstico de GIST no contexto de investigação de volumosa massa pélvica. Apresentava ainda metastização hepática e pulmonar. Iniciou Imatinib 400 mg 2id. Desenvolveu posteriormente anemias recorrentes necessitadas de transfusão, tendo sido diagnosticada hemorragia intratumoral extensa com indicação para cirurgia de ressecção do tumor primário. Por progressão posterior da patologia tumoral, aumentou dosagem do Imatinib para 800 mg 2id. Desenvolveu quadro de dispneia, inicialmente atribuído ao Imatinib, ao hipotiroidismo e à IC, mas que se verificou ser secundário a patologia otorrinolaringológica, com melhoria após intervenção cirúrgica. Subsequentemente com recidiva da dispneia, tendo-se verificado desta vez que o quadro sintomático era secundário a derrame pleural pneumónico, provavelmente agravado pela terapêutica com Imatinib. Melhoria sintomática após drenagem pleural com pleurodese. Actualmente, encontra-se com neoplasia controlada, mantendo Imatinib. Conclusão: O GIST pode manifestar-se, raramente, como massa extrínseca ao tracto GI, nomeadamente localizado na pélvis. O oncologista deve ter sempre presente as comorbilidades do doente, bem como os efeitos adversos das terapêuticas instituídas, para optimizar a condição clínica do doente e, assim, obter ganhos em saúde. A multidisciplinaridade e o sentido clínico são sempre essenciais.

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CTS50 UM CASO DE MESOTELIOMA MALIGNO - UMA PROFISSÃO DE RISCO?

Fábio M Gomes(1);Catarina Ribeiro(1);Sónia Oliveira(1);Pedro Barata(2);Lígia Costa(2);Ricardo da Luz(2);M. Paula Custódio(1);Manuel Sousa(1);Jorge Albuquerque(2);M. Lurdes Batarda(1)(1) CHLC - H. Capuchos (2) CHLC - H. Sto Antonio dos Capuchos, Lisboa

Introdução: O mesotelioma maligno é um carcinoma raro, mais comum no sexo masculino. A maioria tem origem na pleura e a principal causa é a exposição a amianto, muito utilizado até aos anos 80 como isolante térmico numa série de materiais. Após a exposição existe um período de latência de 25 a 40 anos. A maioria manifesta-se com doença localizada - derrame pleural recidivante e/ou espessamento pleural. O diagnóstico diferencial é difícil e o tratamento ideal é trimodal (cirurgia, QT e RT). A cirurgia só está recomendada em estádios I-III, medicamente operáveis, com pneumectomia extrapleural ou pleurectomia com descorticação. A QT tem reconhecidas evidências, mesmo que utilizada isoladamente, com o uso de platinas e desde 2003 com o uso conjunto com Pemetrexed. A RT recomenda-se num contexto multimodal ou paliativo. Apesar de tudo a sobrevida média é de apenas 1 ano. Objectivos: Destacar a marcha diagnóstica num contexto clínico insuspeito e as possibilidades terapêuticas subsequentes. Material e Métodos: Homem de 66 anos, cabeleireiro e com antecedentes de tabagismo (50 UMA). Iniciou quadro com 2 meses de evolução de tosse com expectoração mucosa, dispneia progressiva para esforços, astenia e emagrecimento. Resultados: Em radiografia torácica identificou-se volumoso derrame pleural esquerdo, cuja citologia apenas revelou linfocitose. A TC TAP identificou o extenso derrame, um espessamento nodular da pleura e atelectasia homolateral quase total. Foi submetido a broncofibroscopia com lavado brônquico, que apenas identificou alterações inflamatórias inespecíficas. Foram repetidas, por mais 2 vezes, as citologias do líquido pleural, sempre com exsudados sem células neoplásicas. Efectuou uma biópsia pleural que identificou marcada fibrose e levantou a hipótese de neoplasia epitelial. Neste contexto optou-se por repetir a biópsia pleural por VATS (video-assisted thoracoscopic surgery) que, após 1 mês de investigação, identificou um mesotelioma maligno epitelióide. Do estadiamento com TC TAP contrastada e PET/TC identificou-se a lesão neoplásica a ocupar todo o território pleural esquerdo, com encarceramento do pulmão, e envolvimento ganglionar ao nível do mediastino e da região abdominal superior esquerda. A doença foi estadiada como metastizada e irressecável, tendo-se optado por iniciar QT paliativa com Cisplatina EV (D1 - 80mg/m2) e Gemcitabina EV (D1, 8 e 15 - 1000mg/m2). Sem dados de sobrevida por se encontrar no 1º ciclo de tratamento. Conclusões: Os mesoteliomas malignos em geral apresentam uma história clássica de contacto com amianto, mas nos últimos anos têm sido relatados casos em cabeleireiros. Apesar de não se ter conseguido provar uma relação directa, tem-se identificado a existência de amianto como isolante térmico em antigos aparelhos de secagem de cabelo. Não sendo este grupo considerado de risco e dada a elevada frequência de citologias do líquido pleural negativas, pode tornar-se um diagnóstico difícil. O tratamento trimodal é o ideal, mas não sendo ressecável recomenda-se apenas a QT. Apesar de as evidências apontarem para o uso de Pemetrexed e Cisplatina, a demora na aprovação do uso do 1º e dada a baixa sobrevida, pode levar à escolha de outros esquemas de primeira linha.

51 CANCRO DO CANAL ANAL COM METASTIZAÇÃO SUPRA-DIAFRAGMÁTICA: UM CASO CLINICO

Carolina Camacho(1);Natacha Amaral(2);Cátia Faustino(3);Nuno Sousa(3);Maria Fragoso(2)(1) IPO Porto (2) IPO - Porto (3) Serviço de Oncologia Médica - IPO Porto (Directora: Dra. Helena Rodrigues)

Introdução: O cancro do canal anal é uma doença rara (cerca de 4% dos cancros do tracto gastrointestinal inferior), ocorrendo mais frequentemente em doentes com mais de 60 anos. A maioria destas neoplasias (90-95%) são carcinomas espinocelulares, cujo factor de risco mais importante é a infeção pelo Vírus do Papiloma Humano (HPV). O tratamento de eleição é quimio-radioterapia concomitante com elevadas taxas de sobrevivência livre de doença, sendo que raramente se verifica recidiva extra-pélvica. Caso clínico: Os autores apresentam o caso clínico de uma doente do sexo feminino, actualmente com 72 anos, referenciada à Instituição em Agosto 2004 por lesão do canal anal, cuja biopsia revelou tratar-se de carcinoma espinocelular. A doença foi classificada como estádio IIIB, cT3N2M0. Iniciou tratamento com intuito curativo com quimio-radioterapia (5-Fluorouracilo+Mitomicina C) concomitantes de Outubro 2004 a Janeiro 2005. Manteve-se em vigilância, sem evidência de recidiva da doença oncológica, até Fevereiro 2012. Nesta data, a doente iniciou quadro clínico de astenia, dispneia em repouso,

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tosse seca, hemoptises e dor neuropática axilar direita. Ao exame objectivo foram detectadas adenomegalias na região cervical e axilar direita, com cerca 5cm de diâmetro, imóveis e consistência pétrea. A telerradiografia de tórax evidenciou múltiplos nódulos dispersos por ambos os campos pulmonares, sugestivos de metástases. Realizou TC torácica/abdominal/pélvica que mostrou adenomegalias cervicais, supraclaviculares e axilares direitas, mediastínicas e múltiplos nódulos pulmonares bilaterais, sugestivos de metastização, sem evidência de lesões infra-diafragmáticas. A citologia aspirativa do conglomerado adenopático axilar confirmou a hipótese de metástase ganglionar de carcinoma espinocelular, provavelmente de primário do canal anal. Dada a ausência de condições clínicas da doente para realização de tratamento paliativo sistémico, foi proposta para o melhor tratamento de suporte. Conclusão: O tratamento concomitante de quimio-radioterapia do cancro do canal anal localizado apresenta altas taxas de resposta completa e intervalo livre de doença alargado. Apesar de muito raro, a presença de lesões atípicas (exclusivamente supra-diafragmáticas), em doente com história de carcinoma do canal anal, deve colocar a possibilidade de doença metastática.

52 CANCRO DA MAMA E GRAVIDEZ – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Patricia Gago(1);Andreia Coelho(2);Marta Sousa(3);Antonio Teira(3);Miguel Barbosa(2);Fernando Alves(2);Pedro Santos(4)(1) CHTMAD (2) CHTMAD - Unidade de Vila Real (3) CHTMAD - Unidade Vila Real (4) CHTMAD - Vila Real

Introdução: O cancro da mama constitui o tumor maligno mais comum diagnosticado durante a gravidez e a sua frequência tem vindo a aumentar em relação com a idade cada vez mais tardia da primeira gestação1. Trata-se de uma situação clínica complexa, caracterizada por uma experiência limitada e em que é indispensável o tratamento eficaz da mãe sem que tal se associe a malefício para o feto 2. Apresenta-se o caso clínico de doente de 35 anos com o diagnóstico de carcinoma da mama localmente avançado durante a 17ª semana de gestação. Caso Clínico: Doente de 35 anos com antecedentes 2 gestações (1 parto eutócito, 1 aborto espontâneo) e que na 17ª semana de gestação detectou, em auto-exame mamário, nodularidade no quadrante superior externo da mama esquerda. Tratava-se de uma carcinoma ductal invasor com 2,5 cm de maior diâmetro, grau 3, com positividade para receptores de estrogénio (50%), positividade para receptores de progesterona (10%), HER positivo por FISH e Ki67 de 30%, com envolvimento de múltiplos gânglios axilares homolaterais fixos entre si (cT2 N2 Mx). De acordo com a vontade da doente e após discussão de caso clínico em reunião multidisciplinar e tendo sido providenciado adequado suporte psicológico (consulta de psico-oncologia e grupo de auto-ajuda de pacientes com cancro da mama) a doente foi tratada com quimioterapia neoadjuvante. Durante a gravidez realizou 4 ciclos de regime AC (doxorrubicina 60 mg/m2 e ciclofosfamida 600 mg/m2 a cada 21 dias) e 2 ciclos, dos 4 planeados, com regime T (docetaxel 100 mg/m2 a cada 21 dias). Repetiu mensalmente ecografia morfológica fetal observando-se um normal desenvolvimento fetal. Cumpriu 6º ciclo de quimioterapia à 34ª semana de gestação, tendo-se verificado parto eutócico à 36ª semana. Posteriormente realizou ainda 2 ciclos de regime T e iniciou trastuzumab (8 mg mg/kg dose de carga seguido 6 mg/kg a cada 21 dias). Após o final da quimioterapia neoadjuvante procedeu-se a cirurgia conservadora com esvaziamento axilar identificando-se carcinoma ductal invasor, grau 3, com 1,9 cm de maior diâmetro não se detectando envolvimento axilar nos 12 gânglios excisados (ypT1c N0 M0). A doente cumpriu radioterapia externa mantendo-se actualmente sob tratamento com trastuzumab (1 ano de adjuvância) e hormonoterapia e sem evidência de recidiva da doença oncológica 10 meses após o diagnóstico. A filha da doente, actualmente com 6 meses de idade apresenta um desenvolvimento psico-motor adequado à idade. Conclusão: O presente caso clínico alerta para a associação cada vez mais frequente entre cancro da mama e gravidez e realça a possibilidade de controlo da doença oncológica durante a gravidez com o recurso à quimioterapia neoadjuvante sem aparente toxicidade fetal.

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CTS53 DERRAME PLEURAL SECUNDÁRIO A LINFOMA NÃO-HODGKIN DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B

– CASO CLÍNICO

Gonçalo Marto(1);Claudia Rosado(1);Margarida Cruz(1);Inês Costa(1);Maria do Castelo Bi(1);Rosa jorge(1);Tatiana Rodrigues(1);Carlos Seabra(1);Gilberto Teixeira(1)(1) Centro Hospitalar Baixo Vouga - HIP

O derrame pleural é um problema diagnóstico frequente em Medicina Interna e está associado a uma miríade de doenças pleuropulmonares ou sistémicas. Em cerca de 25% dos casos, não é possível definir a sua causa após investigação inicial com recurso a toracocentese. Os autores descrevem o caso de um doente hipertenso de 81 anos, com dor pleurítica esquerda com 2 meses de evolução, sem febre, dispneia, tosse ou outra sintomatologia associada. Ao exame objectivo, bom estado geral, eupneico, normotenso e apirético. Murmúrio vesicular abolido na metade inferior do hemitórax esquerdo, com macicez à percussão e diminuição da transmissão vocal. Sem edema periférico. Analiticamente, hemograma normal, VS 1ªhora 70 mm, PCR 3.1 mg/dL, LDH 242 U/L, Pro-BNP 130 pg/mL, albumina 3.1 mg/dL. Mantoux negativo. Telerradiografia do Tórax com opacificação homogénea nos 2/3 inferiores do hemitórax esquerdo, com concavidade superior. Toracocente com saída de líquido sero-hemático: glicose 82.9 mg/dL, pH 7.6, LDH 684 UI/L, ADA 79.5 U/L, albumina 2.4 g/L, CEA negativo, contagem celular>1000 cél./mL, predomínio de mononucleares; exame bacteriológico e micobacteriológico negativos, PCR-BK negativo, citologia negativa para células malignas. Biopsia pleural com PCR-BK negativo e cultura Lowenstein negativa. Feita Toracoscopia com evidência de lesões nodulares sésseis de superfície lisa, eritematosas, com 10-20 mm, cujas biopsias dirigidas revelaram Linfoma Não-Hodgkin Difuso de Grandes Células B. A investigação adicional caracterizou a doença no estadio IVB IPI score 3, tendo iniciado tratamento com o protocolo R-CHOP, com intenção curativa. Após 3 ciclos, realizou avaliação imagiológica intermédia, com critérios de resposta completa e mantém protolocolo em curso. Este caso realça a importância da investigação etiológica do derrame pleural com características de exsudado bem como a importância da toracoscopia médica, como uma mais valia no diagnóstico.

54 METÁSTASE EM SANTUÁRIO SOB TERAPÊUTICA BIOLÓGICA - CASO CLÍNICO

Daniela Macedo(1) António Alves(2) Isabel Fernandes(1) Sérgio Pereira(3) Luis Costa(1)(1) Serviço de Oncologia Médica do CHLN (2) Serviço de Anatomia Patológica do CHLN (3) Serviço de Urologia do CHLN

Introdução: O Carcinoma de células renais (RCC) é responsável por 2-3% de todos os tumores malignos no adulto, sendo o diagnóstico estabelecido em fase localmente avançada/metastática em cerca de 25-30% dos casos. A descoberta de algumas bases genéticas envolvidas e a investigação molecular da fisiopatologia da angiogenese vieram revolucionar a terapêutica do RCC metastático. As terapias biológicas com os inibidores da tirosina quinase e os inibidores mTOR aumentaram a sobrevivência dos doentes, podendo levar a formas de progressão pouco usuais em alguns casos raros. Objectivos: O presente trabalho tem como finalidade a apresentação de um caso clinico de RCC em fase avançada com metastização em local pouco habitual sob tratamento com Sunitinib. Material e método: Procedemos à descrição de caso clinico de um doente com metástase testicular ipsilateral e revisão da literatura sobre localizações raras de metastização sob inibidores da tirosina quinase. Caso Clínico: LMF, sexo masculino, 31 anos, com diagnóstico de RCC à esquerda localmente avançado com trombose da veia renal submetido a nefrectomia radical. Aos 5 meses após crirugia com recidiva local e óssea pelo que iniciou terapêutica com Sunitinib. Após 12 meses sob a mesma mantem progressão de doença óssea com aparecimento de nova metastização a nível do testículo ipsilateral, pelo que suspendeu Sunitinib, fez orquidectomia e iniciou Everolimus. Por degradação do estado geral e contínua evolução de envolvimento ósseo 4 meses após o início do Everolimus, ficou apenas com medidas de suporte, falecendo 24 meses após o diagnóstico. Conclusões: A metastização testicular é rara, correspondendo a cerca de 0,06% dos casos totais de neoplasias. O RCC pode corresponder á 3ª causa de neoplasia com possível envolvimento testicular. Na sua maioria trata-se de metástases ipsilaterais, preferencialmente de localização esquerda, explicado pelas possíveis vias de disseminação. Na revisão efectuada encontraram-se alguns casos descritos de metástases testiculares sob imunoterapia com IL-2, sem menção sob terapêuticas biológicas. Os inibidores da tirosina quinase, como por exemplo o Sunitinib, ao aumentarem a sobrevivência podem originar progressões de doença não esperadas, sobretudo em locais pouco habituais (santuários).

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55 TUMOR DO ESTROMA GASTROINTESTINAL EM DOENTE COM NEUROFIBROMATOSE TIPO I – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Elisabete Couto(1);Marta Almeida(2);Ana Daniela Marques(2);Luísa Queiroz(1);Catarina Portela(1)(1) Hospital de Braga (2) Serviço de Oncologia Médica - Hospital de Braga

Introdução: A Neurofibromatose tipo 1 (NF1) é uma das doenças autossómicas dominantes mais frequentes. Em 25 a 30% dos casos cursa com manifestações gastrointestinais, incluindo Tumores do Estroma Gastrointestinal (GIST) que ocorrem em 7% dos doentes. Actualmente, admite-se que os GISTs associados à NF1 são uma entidade diferente da forma esporádica, quer nas características clínicas, quer na sua patogénese, uma vez que as mutações do KIT e PDGFRA ocorrem raramente neste grupo de doentes. Caso Clínico: Os autores apresentam o caso de uma doente de 38 anos com antecedentes pessoais de Neurofibromatose tipo I. Na sequência de quadro clínico de dor abdominal e alterações do trânsito intestinal efectuou estudo imagiológico, em Setembro de 2011, que revelou presença de formação nodular adjacente a ansas do intestino delgado. A doente foi submetida a enterectomia segmentar, tendo o exame histológico da peça operatória concluído pela presença de GIST do intestino delgado com 5 cm de maior eixo, 7 mitoses/ 50 campos de grande ampliação. Atendendo ao alto risco de recorrência, iniciou terapêutica adjuvante com imatinib. Entretanto, foi solicitada a pesquisa de mutações dos genes KIT e PDGFRA no tumor que foi negativa – tumor wild type. Foi decidido então suspender a terapêutica adjuvante. Até ao momento, com cerca de 6 meses de follow up, mantém-se assintomática e em vigilância clínica. Conclusão: Este caso clínico é ilustrativo de como um melhor conhecimento da patogénese da doença influencia a decisão terapêutica. Os autores consideram também muito importante a partilha destes casos clínicos com os pares uma vez que se trata de uma patologia com características próprias, com pequenas séries de doentes publicadas e na qual a melhor estratégia terapêutica ainda está por definir.

56 METÁSTASES PARA A MEDULA ESPINHAL DE ADENOCARCINOMA DO CÓLON – 2 ABORDAGENS DISTINTAS DE UMA ENTIDADE CLÍNICA RARA

Elisabete Couto(1);Ana Daniela Marques(2);Marta Almeida(2);Luísa Queiroz(1);Teresa Macedo(2)(1) Hospital de Braga (2) Serviço de Oncologia Médica - Hospital de Braga

Introdução: A metastização para a medula espinhal é uma situação rara. Embora se possa observar numa grande variedade de tumores, esta é mais frequente no carcinoma do pulmão e da mama. Até à data, existem poucos casos reportados na literatura da associação destas lesões a carcinoma do cólon. Os doentes apresentam-se geralmente com défices neurológicos e dor e o seu prognóstico permanece reservado. Caso Clínico 1: Doente do sexo masculino, 71 anos, com diagnóstico de adenocarcinoma do cólon sigmóide em estádio IV (metástases pulmonares e hepáticas) em 2006, tratado com sucessivas linhas de quimioterapia (QT) paliativa. Cerca de 4 anos após o diagnóstico, iniciou quadro de dor na coluna lombar com irradiação para o membro inferior direito que impossibilitava a marcha. Efectuou RM da coluna lombar que mostrou lesão expansiva intra-raquidiana ao nível de L3-L4, que obliterava o espaço subaracnoideu e desviava as raízes da cauda equina. Foi submetido a laminectomia L3-L4 com exérese da lesão, cujo exame histológico confirmou metástase de adenocarcinoma do cólon. Após a cirurgia, efectuou ainda radioterapia (RT). Posteriormente, teve degradação progressiva do estado geral e agravamento neurológico, tendo falecido 5 meses após a cirurgia. Caso Clínico 2: Doente do sexo feminino, 59 anos, com diagnóstico de adenocarcinoma do cólon sigmóide em estádio IIIB em 2010, submetida a colectomia do sigmóide e QT adjuvante com FOLFOX. Cerca de 9 meses após a QT, apresentou recidiva local e metastização pulmonar. Foi proposta para QT paliativa mas entretanto iniciou quadro clínico de dor na coluna lombossagrada com irradiação para os membros inferiores e paraparésia com 1 semana de evolução. A RM da coluna lombar mostrou lesão expansiva intra-canalar, envolvendo as raízes nervosas ao nível de D12-L1, sugestiva de lesão metastática. Após discussão do caso clínico em reunião multidisciplinar (com Neurocirurgia e RT), decidiu-se efectuar RT da lesão expansiva, que decorreu sem intercorrências. Conclusão: Os autores relatam dois casos clínicos de metastização para a medula espinhal de adenocarcinoma do cólon. É de extrema importância a abordagem multidisciplinar destes doentes, para ponderar a melhor estratégia terapêutica e o papel do tratamento médico, cirurgia e radioterapia.

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CTS57 AVC E CANCRO:CASUÍSTICA DA UNIDADE DE AVC’S E SERVIÇO DE ONCOLOGIA, HOSPITAL DO EPÍRITO SANTO -

ÉVORA

Inácio M (2); Corzo C(1); Lourenço S(1); Rebocho L(1); Timóteo T(2); Barroso S(2)(1) Unidade de AVC’s (2) Serviço de Oncologia Médica Hospital Espírito Santo Évora

Introdução: A oclusão vascular é comum nos pacientes com cancro, podendo relacionar-se com o próprio tumor, com alterações na coagulação ou com o tratamento. Os estudos clássicos sugerem que estas alterações vasculares são mais frequentes em pacientes com cancro do que na população em geral. Sabe-se que os acidentes vasculares cerebrais (AVC) complicam 2-4% dos pacientes oncológicos. O AVC pode ser também o primeiro sinal de cancro ou levar a este diagnóstico. Objectivos: os autores pretendem fazer um estudo retrospectivo dos pacientes internados na Unidade de AVC’s (UAVC) entre Janeiro de 2009 e Dezembro de 2011 e analisar/ caracterizar os doentes que apresentavam também doença oncológica, antes ou após o diagnóstico de AVC. Pretende-se ainda perceber qual o tempo que decorre entre o diagnóstico destas duas patologias e se é possível estabelecer alguma relação causal entre elas. Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo, com recolha de dados a partir da revisão dos processos clínicos dos doentes, segundo protocolo previamente elaborado, contemplando idade, sexo, data de diagnóstico do AVC e do cancro, tipo, localização anatómica e tratamento do AVC, factores de risco cardiovasculares prévios, alterações analíticas relevantes durante o internamento (nomeadamente presença de infecção), localização anatómica e tipo histológico do cancro, estadiamento à data do diagnóstico e tratamentos efectuados. No estudo apresentado a análise dos dados foi realizada em Excel. Resultados: Dos 922 pacientes admitidos na UAVC entre Janeiro de 2009 e Dezembro de 2011, 59 (6,4%) apresentaram doenças oncológicas, quer prévias quer num curto espaço de tempo após a alta. Dentro destes, 38 eram do sexo masculino e a média de idades rondava os 72,4 anos. Um total de 80% dos doentes foi diagnosticado de cancro antes do AVC, com um tempo médio de 51,6 meses (máximo 156 meses). Nos 13 doentes diagnosticados de cancro após o AVC, o tempo médio para o diagnóstico da doença oncológica foi de 7,1 meses (máximo 12 e mínimo 3 meses). A distribuição anatómica do AVC foi praticamente igual entre hemisférios esquerdo e direito (25 vs 22), sendo que em 4 casos foi bilateral. O AVC isquémico foi o mais comum (79,6% dos casos vs 6,8% hemorrágico). Em 8,5% tiveram como diagnóstico final um acidente isquémico transitório (AIT). Em 3 doentes os sintomas neurológicos foram atribuídos a lesões cerebrais expansivas. O tratamento efectuado na maioria dos doentes foi a anti-agregação oral (n=33). A localização mais frequente do cancro foi o cólon (n= 9), seguida da bexiga, próstata e pele (8 doentes cada), estômago e recto (n=5). O tipo histológico mais comummente identificado foi o adenocarcinoma (44%). Na maioria dos doentes com diagnóstico prévio de cancro, não se conseguiu identificar quais os tratamentos realizados. Neste grupo, 33 doentes foram submetidos a cirurgia, 7 a Radioterapia (RT), 6 a Quimioterapia (QT) e 5 a Hormonoterapia (HT). No grupo com diagnóstico de cancro posteriormente, 8 foram submetidos a cirurgia, 5 a QT, 2 a RT e 2 a HT. Não houve um tipo preponderante de QT. Nos 85% dos doentes onde foram identificados factores de risco cardiovasculares, os mais comuns foram a hipertensão arterial (74.5%), dislipidémia (55.9%), diabetes mellitus tipo 2 (33.9%) e fibrilhação auricular (25.4%). Havia antecedentes de AVC em 4 doentes. À data do diagnóstico do AVC, 12 doentes apresentavam concomitantemente um quadro infeccioso, 11 anemia e 7 trombocitopenia. Apenas num doente se detectou alterações na coagulação. Após a alta da UAVC 62.7% dos doentes ficou a ser seguido em consulta de doenças vasculo-cerebrais e apenas 6.8% na consulta de oncologia. Dois doentes faleceram durante o internamento. Discussão: Na maioria dos casos em que o AVC foi diagnosticado antes do cancro, não se pode estabelecer uma causa-efeito directa, uma vez que estes pacientes apresentavam outros factores de risco clássicos que podem constituir por si a causa do AVC e além disso o cancro tinha sido diagnosticado medianamente há mais de 4 anos, não havendo registo de recidiva da doença oncológica à data do AVC. Num destes casos o AVC resultou duma complicação no pós-cirúrgico imediato (cirurgia vesical por RTU-V). Nalguns dos doentes com diagnóstico de cancro após a alta e cuja causa do AVC não tinha ficado bem esclarecida, existiam já algumas alterações clínicas/analíticas que terão levado a uma investigação dum possível cancro como causa do AVC. Conclusões: Os mecanismos fisiopatológicos que podem contribuir para que os doentes com cancro tenham um AVC são complexos e na maioria das vezes não podem ser identificados como causadores específicos dum evento vascular. Os autores salientam a importância do reconhecimento de que alguns tipos de cancro e regimes terapêuticos se associam mais frequentemente aos AVCs. Assim, nos doentes com diagnóstico de doença oncológica, é crucial estar alerta para os variadíssimos factores presentes nesta população, que podem levar ao surgimento de doenças vasculares cerebrais, para se possa fazer uma melhor prevenção e para que o seu diagnóstico e tratamento sejam realizados atempadamente. Os autores questionam também se nos doentes com AVC cuja causa não esteja bem clarificada, deverá ou não ser pesquisada persistentemente a existência dum tumor.

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58 TUMOR NEUROENDÓCRINO DO PÂNCREAS E SUNITIB – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Joana Godinho(1);Filipa Carneiro(2);Raquel Martins(2);Cristina Sanches(2);Isabel Azevedo(2)(1) Instituto Português de Oncologia do Porto Dr. Francisco Gentil, E.P.E. (2) IPO-porto

Introdução: Os tumores neuroendócrinos do pâncreas são tumores raros, que representam cerca de 1,3% de todos os tumores pancreáticos. À apresentação, 50 a 65% dos casos são irressecáveis ou metastizados, sendo a sobrevivência mediana de 24 meses. O tratamento paliativo sistémico pode consistir em terapêutica com radionuclídeos, com peptídeos radiomarcados, com análogos da somatostatina, com quimioterapia e ainda com terapêuticas-alvo como o Sunitinib ou o Everolimus. O Sunitinb, um inibidor da tirosina cinase com actividade anti-angiogénica e anti-tumoral, demonstrou aumentar a taxa de resposta e a sobrevivência livre de progressão em doentes com tumores neuroendócrinos do pâncreas irressecáveis ou metastáticos. Caso Clínico: Doente do sexo feminino, com antecedentes de litíase renal e bócio multinodular, que aos 43 anos, em 2007, na sequência de estudo de anorexia, dor no dorso intensa, com irradiação para o abdómen, realizou TAC que revelou a presença de múltiplas lesões nodulares hepáticas e conglomerados ganglionares abdominais sugestivos de lesões secundárias. A biopsia de lesão hepática revelou alterações compatíveis com metástase de carcinoma neuroendócrino bem diferenciado com índice Ki-67 de 2%. Analiticamente não apresentava alterações das provas hepáticas e do estudo hormonal salientava-se elevação sérica de Cromogranina A com doseamentos de catecolaminas, ACTH, cortisol, hormonas tiroideias, calcitonina e gastrina normais. O estudo endoscópico do tubo digestivo e cintilograma com análogos da somatostatina não revelaram o tumor primário. Realizou cintigrafia com 123I-mIBG que revelou focos de hipercaptação em adenopatia para-traqueal esquerda, em múltiplos focos em ambos os lobos do fígado e em conglomerados adenopáticos peripancreáticos e lombo-aórticos, razão pela qual iniciou tratamento com 131I-mIBG. Cumpriu dois tratamentos com progressão de doença a nível hepático. Iniciou posteriormente, tratamento com Octeótrido. Cerca de 3,5 anos após o diagnóstico, por lombalgia constante realizou RMN da coluna que revelou metastização vertebral difusa com componente de tecidos moles endocanalar a nível de D12. Fez ainda 68Ga PET/CT que revelou um foco de hiperfixação em lesão na dependência da cabeça do pâncreas suspeita de ser o tumor primário para além de várias lesões metastáticas ganglionares, hepáticas e ósseas (vertebrais e no acetábulo esquerdo). Foi submetida a cifoplastia de D12 e a biopsia vertebral que confirmou o diagnóstico de metastização óssea de primário neuroendócrino. Manteve terapêutica com Octeótrido. Sete meses depois, por aumento do número de focos metastáticos visualizados em 68Ga PET/CT, acompanhado de sintomatologia álgica abdominal e náuseas, foi associada terapêutica com Sunitinib 37,5 mg/dia. Durante o tratamento, verificou-se toxicidade hematológica e estomatite graves, astenia e descoloração capilar e cutânea. Por toxicidade hematológica, houve necessidade de interrupções temporárias do tratamento com Octeótrido e Sunitinib e de redução da dose deste último até 12,5 mg/dia. Actualmente, tendo cumprido 7,5 meses de tratamento com Sunitinib, com estabilização imagiológica da doença, suspendeu este tratamento por manutenção da toxicidade hematológica. Encontra-se sob tratamento com Octeótrido, 58 meses após o diagnóstico. Conclusão: O tratamento dos tumores neuroendócrinos do pâncreas com Sunitinib traduz-se em resposta clínica e imagiológica, mesmo nos doentes previamente submetidos a outros tratamentos, tal como no caso descrito. A vigilância e identificação precoce das toxicidades ao tratamento são de fundamental importância, visto que na maioria dos casos, medidas como a interrupção temporária ou redução de dose, são suficientes para o seu controlo. Com este caso, os autores salientam ainda a potencial contribuição do 68Ga PET/CT na detecção do tumor primário nos casos de doença metastática de primário não identificado.

59 TRATAMENTO DE UM PARAGANGLIOMA PANCREÁTICO – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Joana Godinho(1);Filipa Carneiro(2);Joana Couto(2);Cristina Sanches(2);Isabel Azevedo(2)(1) Instituto Português de Oncologia do Porto Dr. Francisco Gentil, E.P.E. (2) ipo-porto Introdução: Os paragangliomas são tumores neuroendócrinos raros com origem nas células cromafins derivadas da crista neural. A sua localização mais frequente é na supra-renal, sendo que apenas 10% têm localização extra-adrenal. Destas localizações, as regiões para-aórticas e a cabeça e pescoço são as mais frequentes. A localização no pâncreas é muito rara. Estão frequentemente associados a síndromes hereditários. Podem manifestar-se por sintomas compressivos, por sintomatologia

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CTSrelacionada com a libertação de catecolaminas ou tratar-se de achados incidentais. A cirurgia pode ser curativa nos casos de

doença localizada, permitir remissões longas ou a paliação de sintomas no caso de doença avançada. Na doença metastática foi descrito o tratamento com 131I-mIBG ou o uso de quimioterapia. Estes tumores apresentam, geralmente, comportamento indolente, sendo que a sobrevivência esperada aos 5 anos no caso de doença metastática é de 75%. Caso Clínico: Doente do sexo feminino, sem antecedentes relevantes, foi submetida a pancreatectomia distal em 2002, aos 46 anos, tendo a histologia da peça operatória revelado a presença de um paraganglioma. Os exames de avaliação da extensão da doença realizados nessa altura não apresentavam outras lesões. No estudo de dor abdominal recorrente, cerca de 2 anos após cirurgia, verificou-se recidiva de doença a nível hepático. Iniciou terapêutica com Octeótrido, verificando-se melhoria clínica. Dois anos após, apresentou progressão de doença hepática, tendo realizado cintigrafia com I-mIBG que inviabilizou a selecção para tratamento com esse radionuclídeo. Foi submetida a terapêutica com 177Lu-Octeotrate, num centro estrangeiro, com resposta completa. Manteve-se assintomática, sob terapêutica com análogo da somatostatina por um período de 4 anos, altura em que se verificou nova recidiva hepática e necessidade de segundo tratamento com 177Lu-Octeotrate. Por queixas de dor lombar com irradiação para o membro inferior direito, com início 6 meses após o último tratamento, realizou exames de imagem que revelaram lesão nodular única hepática com 12 cm de maior diâmetro e lesões ósseas duvidosas. Para melhor esclarecimento do quadro e tratamento, foi enviada à nossa instituição. Realizou 68Ga PET/CT, que confirmou a presença de metástase hepática única no lobo direito. Foi realizada embolização selectiva da artéria hepática direita com microesferas, resultando em redução de 20% do tamanho da lesão. Três meses após, a doente foi submetida a hepatectomia direita, que decorreu sem intercorrências. O exame histológico da peça operatória foi compatível com metástase de neoplasia neuroendócrina, com positividade difusa para cromogranina e sinaptofisina, que se encontrava extensamente necrosada, sendo as margens cirúrgicas livres de doença. Encontra-se actualmente em vigilância, sem evidência de doença oncológica, 10 anos após o diagnóstico. Conclusão: Os autores apresentam o caso de um paraganglioma pancreático, um tumor raro, salientando a importância da abordagem multidisciplinar, que tem permitido não só o controlo da sintomatologia e a manutenção da qualidade de vida da doente, mas também um controlo da doença de longa duração, inclusivamente com período de remissão completa. A apresentação de casos de tumores raros pode contribuir para melhor compreensão dessas doenças.

60 NEOPLASIA MALIGNA DO TROFOBLASTO: CASUÍSTICA DO SERVIÇO DE ONCOLOGIA MÉDICA DO HOSPITAL GARCIA DE ORTA

Gavancho, E., Correia, M., Marreiros, L., Rosado J., Xavier, L., Sanches F., Lopes J., Nunes O.(1)(1) Hospital Garcia de Orta

A neoplasia maligna do trofoblasto, representa menos que 1% dos tumores malignos ginecológicos, sendo altamente sensível à quimioterapia e apresentando uma elevada taxa de cura, mesmo em estadios avançados da doença. O presente estudo reúne a casuística do Serviço de Oncologia Médica do Hospital Garcia de Orta entre 2000 e 2012. A amostra inclui um total de 8 doentes, registando-se 9 casos de neoplasia maligna do trofoblasto, uma das quais com evolução para coriocarcinoma. A média de idades foi de 36,125 anos, com metade dos casos fora de um dos grupos etários considerados de risco. Outros factores de risco registados foram a utilização de contraceptivos orais, o nível de ?-hCG>10000, nuliparidade, história de abortamentos prévios e de infertilidade. O tipo de doença mais frequente foi a mola invasiva (N=4). De referir que três doentes apresentaram metastização pulmonar. De acordo com a Classificação FIGO, a maioria dos casos inseria-se no Estadio I. Sete doentes realizaram quimioterapia de primeira linha (6 com Metotrexato e uma com Actinomicina), quatro necessitaram de uma segunda linha terapêutica com Actinomicina, e optou-se por fazer quimioterapia combinada com Bleomicina/Etoposido/Cisplatina a uma das doentes que evoluiu para coriocarcinoma. Observou-se a remissão completa de uma doente submetida a histerectomia, sem necessidade de quimioterapia. O tempo médio entre o início de quimioterapia e a normalização do nível de ?-hCG foi de 3 meses, obtendo-se uma taxa de sobrevivência de 100%. O pequeno número de casos acompanhados neste Serviço confirma a raridade desta patologia. Pareceu existir um aumento do número de casos em idades maternas classicamente menos associadas a estes tumores, nestas doentes. Sem poder estabelecer uma correlação segura, admitimos que tal facto poderá estar associado a um aumento dos factores de risco nesta população.

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61 TRATAMENTO PALIATIVO DE SARCOMAS DE TECIDOS MOLES COM TRABECTADINA

Joana Godinho(1);Filipa Carneiro(2);Rosa Vallinoto(2);Ana Ferreira(2);José Dinis(2);Marta Soares(2);Mariana Afonso(2);Jorge Guimarães(2)(1) Instituto Português de Oncologia do Porto Dr. Francisco Gentil, E.P.E. (2) ipo-porto

Introdução: Os sarcomas de tecidos moles constituem um grupo raro e heterogéneo de tumores derivados de células do mesênquima, incluindo diversos subtipos histológicos. Apesar do tratamento do tumor primário, cerca de 50% dos doentes apresentam recidiva local ou sob a forma de metástases à distância. O tratamento da doença metastática depende frequentemente de quimioterapia (QT), sendo a sobrevivência mediana variável entre 6 a 12 meses. Os esquemas de QT standard incluem Doxorrubicina e Ifosfamida, tanto em combinação como em monoterapia. Verificou-se que nas situações em que estes agentes estão contraindicados, ou em que houve progressão de doença após a sua utilização, a Trabectadina aumenta a taxa de resposta e a sobrevivência global. Objectivos: Avaliar a efectividade da Trabectadina numa coorte de doentes com sarcomas de tecidos moles. Material e Métodos: Estudo de coorte retrospectivo de todos os doentes com sarcomas de tecidos moles tratados com Trabectadina no IPO – Porto. Utilizou-se o Índice de Comorbilidade de Charlson para avaliação de comorbilidade e a escala Common terminology criteria for adverse events (CTCAE) para avaliação de toxicidade. A eficácia foi avaliada pelo tempo até progressão e pela sobrevivência global através do método Kaplan-Meier. Foi utilizado um intervalo de confiança de 95%. Resultados: De Julho de 2009 a Fevereiro de 2012, 13 doentes foram tratados com Trabectadina. A idade mediana foi de 55 anos (24-79; 15,4% > 65 anos) e 69,2% eram do sexo feminino. Todos os doentes apresentavam ECOG ?1 e, em 61,5% dos casos, o Índice de comorbilidade de Charlson era 0 ao início do tratamento. Os subtipos histológicos mais frequentes eram o Leiomiossarcoma (38,5%), o Lipossarcoma (23,1%) e o Sarcoma sinovial (15,4%). Cerca de 80% dos doentes tinham sido submetidos previamente a QT com Doxorrubicina e Ifosfamida. Relativamente ao tratamento com Trabectadina, verificou-se que 46% dos doentes cumpriram ? 6 ciclos e 54% obtiveram uma dose-intensidade relativa ? 80%. Eventos adversos graus 3 ou 4 ocorreram em 61,5% dos doentes, sendo os mais comuns a neutropenia (30,8%) e a infecção (23,1%). Dois doentes faleceram por toxicidade ao tratamento. Cerca de 50% dos doentes obtiveram doença estável e 20% resposta parcial. A duração mediana da resposta foi de 5 meses [IC95, 2,4 – 7,6]. O tempo mediano até progressão foi de 9 meses [IC95, 3,5 – 14,5] e 61% dos doentes estavam vivos aos 24 meses de follow-up desde o início do tratamento com Trabectadina. Conclusões: Os nossos resultados reforçam o benefício da utilização de Trabectadina no tratamento paliativo dos doentes com sarcomas de tecidos moles. O seu perfil de toxicidade coloca desafios ao Oncologista tanto na selecção como na abordagem dos doentes durante o tratamento. A pequena dimensão da amostra é uma limitação do presente estudo.

62 TUMOR FILOIDE DA MAMA - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Vânia Tavares(1);Joana Miranda(1);Olga Oliveira (1);Lara Madeira (1)Nuno Vilela (1); Sandra Bento (1); José Vilchez (1)(1) Hospital Distrital de Santarem

Introdução: O cancro da mama no homem é raro, com uma incidência de 1/100000 casos ano. O tumor filoide é um tipo de tumor bifásico, análogo ao fibroadenoma, caracterizado por uma dupla camada de epitélio, que limita espaços lacunares, e reveste estroma mesenquimatoso hipercelular com arranjo “foleaceo” típico. São classificados como benignos, borderline ou malignos com base nas características histológicas que apresentam. Representam menos de 1% das neoplasias da mama. No homem é extremamente raro, encontrando-se descritos na literatura apenas alguns casos. Caso Clínico: Doente do sexo masculino, 46 anos, com antecedentes de tuberculose pulmonar há 23 anos, vitiligo, lipomatose e hipertensão. Em Janeiro de 2008 foi referenciado à consulta de cirurgia por nódulo na mama direita peri-areolar, doloroso e de crescimento rápido. Foi feita biópsia excisional do nódulo em cirurgia de ambulatório, anatomia patológica: tumor filoide boderline da mama, com 2 cm, margens cirúrgicas com tumor, pelo que posteriormente foi submetido a mastectomia simples, com margens livres de tumor. Os exames de estadiamento excluiram metastização. Mantém-se em follow up desde há 4 anos, sem sinais de recidiva. Conclusão: A maioria dos pacientes com lesões benignas ou boderline são tratados com cirurgia que pode ser curativa. No entanto, é conhecida a capacidade de tumores benignos poderem evoluir para malignos. Não havendo fatores preditivos absolutos para

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CTSestes tumores, preconiza-se que mediante a utilização sistemática dos critérios de classificação histológica e a obtenção de

margens cirúrgicas adequadas, os tumores benignos e borderline raramente recorrem. São reportadas taxas de sobrevivência para os tumores benignos e borderline de 100%.

63 ESTUDO DO IMPACTO DA IMPLEMENTAÇÃO DA TÉCNICA DE RAPIDARC

Isabel Lobato(1);Pedro Chinita(2)(1) Hese - Radioterapia (2) Hospital do Espírito Santo, E.P.E

Introdução: A 28 de março de 2011, a unidade de radioterapia do HESE, implementa a técnica de RapidArc, radioterapia de intensidade modulada (IMRT), permitindo uma maior eficiência no tratamento de algumas patologias oncológicas com indicação clinica, pelo aumento de dose no volume tumoral e diminuição da irradiação de tecidos sãos circundantes. A sua implementação e crescente aplicação, obrigou a que as rotinas anteriores fossem modificadas, com consequente reorganização estrutural da atividade. Objetivo: Como objetivo principal, realizámos um balanço ao fim de um ano de atividade, sobre o modo como a unidade se reorganizou e orientou, para acomodar esta nova técnica de RapidArc, que é por si só uma inovação, não só nesta unidade, como para a maioria dos profissionais da área da radioterapia em Portugal. Materiais e Métodos: Efetuámos uma análise à organização estrutural da unidade, antes e após a implementação do RapidArc. Registámos as necessárias adaptações protocolares que esta nova técnica exigia, bem como a alocação dos recursos humanos indispensáveis a esta nova atividade.Sistematizaram-se novos procedimentos a nível protocolar, respeitantes à preparação prévia por parte do doente, nomeadamente nos preenchimentos vesicais e rectais, na sua imobilização e posicionamento, na aquisição de imagens (com OBI-CBCT e kV ou através de EPID), bem como, na organização da rede informática da unidade (ARIA). Resultados e Conclusões: O estudo ativo da monitorização das mudanças ocorridas ao longo deste ano, permitiu-nos otimizar a resposta às necessidades de índole clínica, do doente e da unidade de radioterapia, principalmente no que respeita à introdução de novos protocolos.

64 CARCINOMA VERRUCOSO DO ÂNUS - UM CASO CLÍNICO

Carlos Fardilha(1);Sara Gonçalves(1);Marisa Padilha(2);Rui Vale Marques(2);Gilberto Melo(2);Paula Alves(1)(1) Serviço radioterapia- IPOCFG, E.P.E. (2) Serviço de Radioterapia - IPO Coimbra

Introdução: O carcinoma epidermóide do canal anal é uma entidade nosológica distinta no contexto de neoplasia digestiva, não só pelas diferentes características clínicas mas também pela orientação terapêutica que condiciona. A metastização visceral como forma de apresentação é rara. Objectivos: Descrever o papel da radioterapia com intenção paliativa e de controlo sintomático em caso clínico de carcinoma verrucoso do canal anal. Material e Métodos: Doente do sexo masculino de 91 anos de idade com o diagnóstico de carcinoma epidermóide verrucoso do canal anal, apresentando lesão exofitica extensa com mais de 6 cm de maior diâmetro tratado exclusivamente com radioterapia. Resultados e Conclusões: A radioterapia é uma opção válida em doentes que não reúnem condições para cirurgia, com particular relevância por doentes de escalão etário elevado, permitindo controlo sintomático e melhoria na qualidade de vida.

65 ENTEROCOLITE NEUTROPÉNICA: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Emanuel Gouveia(1);Diogo Alpuim Costa(1);João Mouta(1);Mafalda Carneiro(1);Isália Miguel(1);Isabel Sargento(1);Margarida Ferreira(2);Maria José Passos(1);António Moreira(1)(1) IPO Lisboa (2) IPO Lisboa Francisco Gentil, EPE

Introdução: A Enterocolite Neutropénica ou Tifilite (do grego typhlon) constitui um quadro clínico relativamente raro mas potencialmente grave em doentes neutropénicos. Embora tenha sido primariamente descrita na população pediátrica submetida

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a quimioterapia por leucemia aguda, têm sido reportados números crescentes de casos em doentes adultos, mais frequentemente após tratamento de neoplasias hematológicas. Mais raramente têm sido descritos casos em doentes sob quimioterapia por neoplasias sólidas, nomeadamente mama, pulmão, colorrectal e ovário. A etiopatogenia desta síndrome é ainda pouco conhecida, embora pareça ser resultado de uma combinação de factores: mucosite, neutropénia e translocação microbiana secundária à imunosupressão. Vários agentes de quimioterapia foram implicados no seu desenvolvimento, nomeadamente 5-fluouracilo (5-FU) e taxanos (docetaxel e paclitaxel). A hipótese de diagnóstico deverá ser colocada perante um quadro clínico caracterizado por febre, dor abdominal (sobretudo a nível do quadrante inferior direito), distensão abdominal, vómitos e/ou diarreia num doente neutropénico. O quadro pode evoluir de forma rapidamente progressiva para sépsis e falência multi-orgânica, sendo fundamental o diagnóstico e intervenção precoces. Objectivos: apresentação de caso clínico de Enterocolite neutropénica e revisão teórica do tema. Métodos: relato de um caso clínico de Enterocolite neutropénica em doente com carcinoma da cavidade oral após 1º ciclo de quimioterapia neoadjuvante com TPF (Docetaxel, Cisplatina, 5-FU). Resultados: os autores apresentam o caso de um doente de 61 anos de idade com hábitos tabágicos e etanólicos prévios conhecidos, com diagnóstico de carcinoma pavimento-celular da cavidade oral locoregionalmente avançado em Janeiro de 2012 (T4aN2c) proposto para QT adjuvante com TPF (Docetaxel, Cisplatina, 5-FU). O inventário de doença não mostrou doença à distância. Iniciou 1ºciclo de TPF a 19/02/12, tendo o ciclo decorrido sem intercorrências e o doente iniciado G-CSF segundo protocolo. Em D+9 o doente iniciou quadro de febre, dor abdominal a nível dos quadrantes inferiores e diarreia aquosa profusa, motivo pelo qual recorreu ao SU. À admissão encontrava-se febril, hipotenso e com alteração do estado de consciência, tendo iniciado fluidoterapia intensiva e suporte aminérgico com boa resposta clínica. Da avaliação analítica realizada destacava-se neutropénia e PCR 47.7 mg/dl. Por suspeição diagnóstica de enterocolite neutropénica realizou TC abdominal que revelou marcado espessamento parietal circunferencial do cólon direito e transverso, associado a densificação da gordura mesentérica envolvente e proeminência da rede vascular, aspectos sugestivos de tiflite. Iniciou antibioterapia de largo espectro de forma empírica e por agravamento do estado de consciência foi transferido para Unidade de Cuidados Intensivos, tendo o quadro clínico evoluído favoravelmente nos dias seguintes. Das culturas realizadas destaca-se o isolamento de E.coli e Pseudomonas aeruginosa em hemoculturas. Conclusão: a Enterocolite Neutropénica constitui uma complicação rara mas potencialmente fatal no doente com neutropénia febril após quimioterapia. O reconhecimento deste quadro clínico e a instituição de medidas terapêuticas agressivas de forma precoce são essenciais. Este caso ilustra a importância da presença da suspeição diagnóstica para o prognóstico favorável do doente.

66 CARCINOMA BASOCELULAR – UMA DOENÇA FREQUENTE COM EVOLUÇÃO CLINICA RARA

Carolina Carvalho(1);Marta Mesquita Pinto(2);Helena Miranda(2);Ana Plácido(2);Ana Martins(2)(1) Hospital São Francisco Xavier - Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (2) CHLO - HSFX

Introdução: O Carcinoma Basocelular é o cancro da pele mais frequente, com uma evolução benigna na maioria dos casos, embora com elevada taxa de recorrência local. Cerca de 75% a 86% dos Basaliomas primários localizam-se na cabeça e pescoço. O Basalioma metastático é extremamente raro, sugerindo estudos recentes uma incidência de 0.03%, tendo sido reportados reportados 300 casos em todo o mundo. Os factores de risco para o Basalioma metastático incluem: tipos histológicos agressivos, invasão perineural, persistência do tumor por vários anos, tumores resistentes a terapêuticas prévias, exposição a radiação, tumores primários de grandes dimensões (com uma taxa de incidência 1.9% para tumores superiores a 3cm de diâmetro e de 50% para tumores superiores a 10cm de diâmetro). Os locais mais frequentes de metastização são os gânglios linfáticos (64.6%), o pulmão (33.9%) e mais raramente o osso e a pele (1.5%). O Carcinoma Basocelular metastático acarreta um pior prognóstico, com taxa de sobrevivência média entre 8 meses e os 3,6 anos. Caso Clínico: Apresenta-se o caso de uma doente género feminino de 86 anos de idade, com história de lesão ulcerada no antebraço esquerdo, excisada em Junho de 2009, cujo diagnóstico histológico foi de Carcinoma Basocelular metatípico com 15mm de maior eixo, invadindo a hipoderme e com margem cirúrgica profunda inferior a 1mm e lateral de 2mm. Em Julho de 2011 foi-lhe diagnosticada artrite reumatoide, tendo sido medicada com prednisona 1.5g/dia e metotrexato 15mg/dia durante 5 semanas, com melhoria das artralgias. Em Outubro de 2011, surgiu uma tumefacção axilar esquerda, indolor, cuja biopsia revelou metástase de Carcinoma Basocelular metatípico, pelo que foi referenciada à consulta de Oncologia Médica. Ao exame objectivo apresentava uma volumosa tumefacção na região anterior da axila esquerda, dura, indolor e com cerca de 5cm de maior diâmetro e uma tumefacção na região axilar mediana

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CTSesquerda, pétrea, indolor com cerca de 4cm de maior diâmetro. Sem evidência de recidiva local na cicatriz de excisão do

Basalioma. Fez exame de estadiamento com TC toraco-abdomino-pélvico que revelou dois nódulos axilares esquerdos com 2x2.2 cm e com 4.5x5.5 cm e múltiplas adenopatias mediastínicas as maiores das quais com 2x1.7 cm, sem outras lesões suspeitas de malignidade. A doente iniciou regime de quimioterapia com cisplatina 50mg/m2 (D1) e capecitabina 500mg/m2 (2 vezes dia) durante 14 dias, de 21 em 21 dias, com boa tolerância. Actualmente completou 3 ciclos verificando-se melhoria clinica com diminuição da consistência das tumefacções axilar anterior e mediana. Conclusões: O Carcinoma Basocelular tem uma elevada incidência e um comportamento maioritariamente benigno. A determinação do risco de recorrência é fundamental para estabelecer a estratégia terapêutica. O tratamento cirúrgico inicial, com margens de segurança, inicial é gold standard. Dada a raridade da disseminação metastática desta neoplasia e à limitada eficácia dos agentes citostácticos, o tratamento sistémico adotado baseia-se nas combinações utilizadas para o carcinoma pavimento-celular metastizado.

67 NEOPLASIA PULMONAR EM DOENTE COM ANTECEDENTE DE MELANOMA PRIMÁRIO - RELATO DE UM CASO

Michael Sapateiro Luís(1);Paulo Salamanca(1);Patrícia Tavares(1);Ana Simas(1)(1) IPO Porto

Homem de 57 anos, caucasiano, autónomo. Antecedentes de melanoma da coxa direita, submetido a exérese com esvaziamento ganglionar inguinal há 10 anos, sem evidência de recidiva no follow-up; Diabetes Mellitus tipo 2 medicado e com retinopatia diabética; Gonartrose e tendinopatia de inserção do quadricípite à direita. Negava hábitos tabágicos e referia hábitos etílicos ligeiros. Queixas de dispneia de esforço com agravamento progressivo, com cerca de 1 mês de evolução, sem tosse, febre, anorexia, hipersudorese noturna ou perda ponderal. Realizou em ambulatório Ecocardiograma sem alterações e Rx tórax que revelou extenso derrame pleural à direita. Foi internado para estudo. Realizou toracocentese evacuadora e diagnóstica, com biópsia pleural. O estudo anatomopatológico revelou adenocarcinoma de origem primária no pulmão. Foi decidido em consulta de grupo de Oncologia Pulmonar início de quimioterapia com carboplatino e pemetrexed. Na revisão da literatura, a história prévia de melanoma cutâneo primário está associado a diminuição de incidência de neoplasia pulmonar primária subsequente, com implicação no follow-up. Pretende-se relatar um caso de adenocarcinoma primário do pulmão num doente com antecedente de melanoma cutâneo primário.

68 EXCISÃO LOCAL TRANSANAL DE TUMOR DO RECTO – CASO CLÍNICO

Cátia Rito(1);Gonçalo Pinto(2);Ana Raquel Martins(2);Raquel Sanchez(2);José Travassos(2);José Filipe Cunha(2)(1) Serviço de Cirurgia Geral - Hospital Espírito Santo, EPE (2) HESE - Cirurgia II

O pólipo colo-rectal é considerado uma lesão precursora de cancro, classificado histologicamente como adenoma tubular, viloso ou tubuloviloso. A incidência de carcinoma invasivo encontrado num pólipo depende do tamanho e tipo histológico do pólipo. O tratamento consiste na polipectomia, geralmente por colonoscopia. Caso Clínico: Mulher de 82 anos com história de rectorragias e mucorreia com um ano de evolução. Como antecedentes pessoais relevantes apresenta fibrilação auricular com terapêutica anticoagulante, cardiopatia isquémica e é portadora de pacemaker. Realizou colonoscopia que descreveu lesão exofítica do recto aos 4 cm com 60 mm de dimensão. A biopsia desta lesão foi descrita histologicamente como transformação adenomatosa e displasia de baixo grau. Ecografia endorrectal compatível com tumor viloso do terço inferior do recto sem sinais de rotura da muscular própria. Realizada excisão local por via transanal. O diagnóstico anatomopatológico da peça operatória foi de adenocarcinoma moderadamente diferenciado em adenoma viloso. A doente foi proposta para radioterapia pélvica adjuvante em consulta de decisão terapêutica.

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69 DEPRESSÃO NA NEOPLASIA DO PÂNCREAS: SÍNDROME PARANEOPLÁSICO?

Ana Raquel Pereira Martins; Francisco Trinca; Cátia Rito; Gonçalo Pinto; Raquel Sanches; Paulo Calixto; José Filipe Cunha; Rui DinisHospital do Espírito Santo de Évora EPE

Introdução: A depressão é um sintoma comum nas patologias oncológicas, sendo mais habitual nos doentes com neoplasia do pâncreas do que nas neoplasias em outras localizações anatómicas, precedendo muitas vezes os sintomas físicos e diagnóstico de neoplasia. Alguns estudos referem 50% a 70% de depressão em doentes com neoplasia pancreática e apenas 20% nas neoplasias do cólon e 4% nas neoplasias gástricas, não fazendo distinção entre os vários tipos histológicos. Caso Clínico: Homem, 65 anos, recorreu ao SU por astenia, tonturas e icterícia progressiva. Ecografia mostrou lesão expansiva sólida da cabeça do pâncreas e foi internado para estudo. Durante o internamento o doente encontrava-se deprimido. Foi realizada duodenopancreatectomia cefálica e o doente teve alta ao 10º dia pós-operatório. Iniciou QT+RT. Manteve depressão e recusa de apoio psicológico ou psiquiátrico, iniciou quando de recusa alimentar. Internado por desnutrição grave acompanhada de anasarca. Discussão: Ainda não existem conclusões acerca da relação doença oncológica/depressão. Anteriormente pensava-se ser um síndrome paraneoplásico, mas atualmente surgem novas teorias relacionadas com a produção de anticorpos para os recetores de serotonina, alterações hormonais, bioquímicas ou nas citosinas endógenas. Será a depressão uma característica da doença oncológica ou apenas repercussão dos sintomas e prognóstico sombrio? Será a depressão o promotor da doença oncológica ou as alterações fisiopatológicas provocadas pelo tumor as responsáveis pela depressão?

70 PNEUMONITE NÃO INFECCIOSA EM DOENTE SOB TERAPÊUTICA COM EVEROLÍMUS

Monica Lacerda Semedo(1);Mafalda Casa-Nova(1);Ana Rita Sousa(2);Ana Lúcia costa(3);Mariana Faria(1);Margarida Matias(1);Teresa Amaral(2);conceição Lourenço(3);Luis Costa(1)(1) HSM (2) CHLC - H. Santa Maria (3) CHLN-HSM Radioterapia

Objectivo: realçar a importância de um reconhecimento precoce, intervenção e abordagem dos efeitos adversos dos inibidores mTOR. Introdução: A pneumonite não-infecciosa é um efeito de classe dos derivados da rapamicina, incluindo o everolímus (inibidor mTOR). A sua incidência em doentes a realizar terapêutica com Everolímus e com carcinoma metastático de células renais é de 14%, sendo que apenas 4% apresentam pneumonites não-infecciosas de grau 3/4. A etiologia é associada a mecanismos mediados imunologicamente. Os doentes podem estar assintomáticos ou apresentarem sintomas ou sinais inespecíficos tais como tosse, dispneia, hipóxia e raramente derrame pleural. A febre e a fadiga também podem estar presentes.As infecções, neoplasias e outras causas não medicamentosas devem ser excluídas através de exames adequados. Os doentes com alterações radiológicas sugestivas de pneumonite não-infecciosa mas assintomáticos ou oligossintomáticos podem continuar a terapêutica com everolímus sem ajuste de dose. Se os sintomas forem moderados, deve considerar-se a interrupção do tratamento até melhoria sintomática e a corticoterapia poderá estar indicada, e ao reiniciar o everolímus deve ser em dose reduzida de 5 mg /dia. Nas formas graves a terapêutica deve ser descontinuada, preconizando-se a realização de corticosteróides até melhoria sintomática. Apresentação do caso clínico: Doente do sexo masculino, 56 anos, com antecedentes pessoais de hipertensão arterial, controlado e tabagismo crónico (36 UMA). Nefrectomia radical à direita a 27 de Janeiro de 2009, cujo resultado anatomo-patológico foi de carcinoma de células renais, variante de células claras, grau 2, estadio II – (pT2aNxM0).TC abdominal de vigilância (14/4/2010) constata-se recidiva ganglionar retroperitoneal e mediastínica. Referenciado à consulta de Oncologia Médica, com diagnóstico de carcinoma de células claras do rim com metástases ganglionares retroperitoneais e mediastínicas, estadio IV. Iniciou terapêutica com sunitinib 50 mg/dia, no total de 4 ciclos, mas por progressão ganglionar retroperitoneal iniciou everolímus 10 mg/dia, sem toxicidade grau 3 ou 4. Após 3 meses de terapêutica o doente apresentava-se clinicamente bem, e imagiologicamente com resposta parcial e posteriormente doença estabilizada. Novembro de 2011 recorreu ao serviço de urgência por quadro com 3 dias de evolução de tosse com expectoração mucosa, dispneia, febre (T38-39ºC), hipersudorese e cansaço fácil. Objectivamente constatou-se cianose labial, polipneia (24 cpm) e auscultação pulmonar

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CTScom fervores subcrepitantes na base do hemitórax esquerdo. Analiticamente com anemia ligeira, aumento dos parâmetros

inflamatórios de fase aguda e LDH e com insuficiência respiratória parcial. Radiografia torácica com hipotransparência parahilar bilateral mais evidente à esquerda. Internamento no Serviço de Medicina com a hipótese diagnóstica de pneumonia em doente imunodeprimido, tendo iniciado terapêutica com antibioterapia de largo espectro (piperacilina/tazobactam). Verificou-se um agravamento progressivo do quadro clínico, laboratorial e radiológico, pelo que realizou outras linhas de antibioterapia mas sem melhoria. TC torácica realizada foi compatível com uma pneumonite de hipersensibilidade, sem progressão de doença metastática. Todos os exames culturais foram negativos, incluindo o lavado broncoalveolar e as secreções brônquicas colhidas durante a broncofibroscopia. Biopsia brônquica foi negativa para células neoplásicas. Perante o quadro clínico apresentado a hipótese diagnóstica mais provável foi de pneumonite não-infecciosa a everolímus. Neste contexto foi iniciada prova terapêutica com corticoterapia 1 mg/kg/dia, com melhoria progressiva clínica, laboratorial e imagiológica, apoiando a hipótese diagnóstica referida. Actualmente mantém-se sob corticoterapia 10 mg/dia, sem novas intercorrências, aguardando reavaliação imagiológica para reiniciar quimioterapia em dose reduzida. Conclusão: A terapêutica com Everolímus (inibidor mTOR), está aprovada no tratamento do carcinoma metastático de células renais, após falência da terapêutica de primeira linha com VEGF-targeted therapy, com prolongamento da sobrevivência livre de progressão (PFS), sendo bem tolerado, e os efeitos adversos são fáceis manejar. O reconhecimento precoce, intervenção imediata e uma abordagem conservadora são importantes na gestão do risco associado com pneumonite não-infecciosa em associação com everolímus.

71 TUMORES NEUROENDÓCRINOS METASTÁTICOS – QUANDO A CIRURGIA NÃO É UMA OPÇÃO: MARCADORES SEROLÓGICOS E PARÂMETROS CLÍNICOS ESPELHANDO TUMORES DE ORIGEM PRIMÁRIA DESCONHECIDA

Catarina Ribeiro(1);Sónia Oliveira(2);Fábio Gomes(2);Pedro Barata(2);Ricardo da Luz(2);Maria Paula Custódio(2);Jorge Albuquerque(2);Lígia Costa(2);Manuel de Sousa(2);Lurdes Batarda(2)(1) CHLC (2) CHLC - H. Sto Antonio dos Capuchos, Lisboa

Introdução: De todos os tumores primários de origem desconhecida, os tumores neuroendócrinos (TNE) representam cerca de 3%, sendo uma patologia relativamente rara. Estes casos representam um enorme desafio pela impossibilidade de ressecção do tumor primário ou de recurso às suas características histológicas ou imagiológicas para monitorizar a resposta terapêutica ou progressão da doença. Reportamos, neste trabalho, o caso clínico de uma doente seguida no nosso serviço por TNE estádio IV com tumor primário de origem desconhecida, como exemplo de monitorização da progressão da doença/resposta ao tratamento por base unicamente em dados clínicos e laboratoriais, com recurso fundamental aos valores de cromogranina A sérica.Caso clínico: Mulher de 68 anos, que iniciou em 2005 queixas gastrointestinais, nomeadamente dispepsia e diarreia, associadas a sensação de calor, rubor facial e agravamento da hipertensão arterial. Os exames complementares de diagnóstico pedidos identificaram múltiplas lesões hepáticas, cuja biopsia caracterizou histologicamente como carcinoma neuroendócrino G1, cromogranina A positiva. Não foi identificado nenhum outro foco de doença neoplásica. Iniciou terapêutica com Octreótido tendo obtido progressiva melhoria dos sintomas da síndrome carcinoide. Em 2010 foi submetida a cirurgia em 2009 para ressecção das lesões hepáticas (R1) que na avaliação histológica correspondiam a metástases de carcinoma neuroendócrino. Desde então a doente tem sido seguida em consulta de oncologia, realizando quimioterapia com recurso a vários esquemas sequenciais, monitorizada clínica e laboratorialmente, com base nas provas de função hepática, valores de cromogranina A e Octreoscan avaliados periodicamente. Conclusão: Ainda que se apresentem com baixa prevalência, os tumores neuroendócrinos de origem primária desconhecida permanecem um desafio quando constituem a forma de apresentação da doença. O caso clínico aqui apresentado ilustra como nos podemos munir de armas clínicas e laboratoriais disponíveis, espelhando a evolução da doença primária e avaliando a sua resposta às terapêuticas efectuadas.

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72 CARCINOMA NEUROENDÓCRINO DE GRANDES CÉLULAS DO OVÁRIO

Rita Canário(1);Pedro Silvestre Madeira(1);Isabel Pazos(2);Sofia Broco(2);Teresa Carvalho(1);Helena Gervásio(2)(1) Instituto Português de Oncologia de Coimbra Francisco Gentil, EPE (2) IPO - Coimbra

Introdução: Os tumores neuroendócrinos ginecológicos são raros e têm sido descritos a nível do útero e ovário. O carcinoma neuroendócrino de grandes células (CNGC) do ovário corresponde a um tipo histológico pouco diferenciado, associado a comportamento clínico agressivo e mau prognóstico. Objectivos: reportar caso clínico de patologia rara bem como abordagem terapêutica. Material e métodos: análise do processo clínico e revisão da literatura. Resultados: Doente de 45 anos, sexo feminino, pré-menopausica, recorre em Março de 2011 ao médico assistente por auto-detecção de massa indolor na fossa ilíaca esquerda, sem outra sintomatologia associada. O estudo imagiológico complementar objectivou volumosa formação tumoral pélvica sólida com áreas quísticas, com provável origem no ovário direito, envolvendo o útero e estendendo-se para a região anexial esquerda e invadindo parcialmente a parede posterior da bexiga. Foi submetida em Abril/2011 a laparotomia exploradora com histerectomia total, anexectomia bilateral, omentectomia total e exérese de implantes peritoneais; o estudo histopatológico concluiu tratar-se de um CNGC primário do ovário, GIII, Ki67 95% e receptores de somatostatina negativa. Os exames de estadiamento revelaram ectasia pieolocalical direita, implantes peritoneais, adenopatias abdominais e lesões secundárias pulmonares bilaterais e hepáticas múltiplas; o estudo do tubo digestivo foi negativo para lesões neoplásicas. A cintigrafia com octreótido marcado demonstrou hipercaptação no hilo pulmonar bilateralmente. Apresentava elevação do CA 125, CEA e Cromogranina A. Iniciou quimioterapia (QT) em Junho de 2011 com Etoposido (100mg/m2) e Cisplatina (80mg/m2), objectivando-se resposta imagiológica completa após 4 ciclos de tratamento pelo que prossegui QT, tendo completando 8 ciclos e permanecendo quatro meses em controlo clínico sem evidência de recidiva. Em Janeiro de 2012 foi objectivada progressão de doença a nível ganglionar infra e supradiafragmático. Encontra-se a cumprir QT 2ª linha com ifosfamida (7500mg/m2), mantendo bom estado geral (Karnoffsy performance status 90%). Conclusões: No caso clínico apresentado, as características anatomopatológicas e imunohistoquímicas bem como a apresentação inicial da doença num estádio avançado (FIGO IV) demonstram a existência de um do CNGC de comportamento biológico e clínico agressivo. A doente apresentou um intervalo livre de doença após QT de 1ª linha de 4 meses e até à data tem uma sobrevivência global de 12 meses. Este caso constitui um desafio terapêutico uma vez que dada a baixa incidência deste tipo de tumores não existe terapêutica estabelecida.

73 TUMOR NEUROENDÓCRINO DO PÂNCREAS – CASO CLÍNICO

Sara Ventura(1);Nuno Bonito(1);Mariela Marques(1);Paula Jacinto(1);João Ribeiro(1);Helena Gervásio(1)(1) IPO-Coimbra

Objectivos: Reportar caso clínico de Tumor Neuroendócrino do Pâncreas. Métodos: Revisão do processo clínico e da literatura. Resultados: Doente de 59 anos de idade, que em Fevereiro de 2009 iniciou quadro de astenia e anorexia, tendo realizado, por indicação do Médico de Família, ecografia abdominal que revelou múltiplas lesões nodulares sólidas hepáticas compatíveis com lesões secundárias. Em TAC realizada posteriormente evidencia-se formação nodular heterogénea com algumas calcificações com cerca de 8cm de diâmetro podendo corresponder a lesão neoplásica da cauda do pâncreas. Efectuada biópsia hepática que revelou metástase de adenocarcinoma compatível com origem pancreática. O doente foi, então, referenciado à nossa Instituição tendo iniciado QT paliativa com Gemcitabina semanal a 24/09/2009. Realizou TAC toraco abodmino pélvica após 7 semanas de tratamento na qual é revelada lesão pancreática de dimensões semelhantes, metastização hepática com alguns focos de calcificação no seu interior assim como algumas imagens de carácter osteocondensante em corpos vertebrais sugestivos de metastização. Dado o padrão evolutivo e os achados imagiológicos foi solicitada revisão de lâminas. Realizou ainda cintigrafia óssea que evidencia metastização óssea difusa. A revisão de lâminas revelou tumor com diferenciação neuroendócrina, indiferenciado e sem imunomarcação para KI67. Realizou cintigrama com octreótido que confirmou envolvimento secundário hepático e plurimetastização óssea de neoplasia do pâncreas com receptores para a somatostatina. Em virtude do doente apresentar diarreia refractária ao tratamento foi decidido início de tratamento com octreótido. O doente obteve benefício clínico e em Maio de 2010, após progressão, foi associada QT segundo esquema EP (Cisplatina 75 mg/m2 e Etoposido 100 mg/m2) 6

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CTSciclos com términus a 24/11/2010 e dado continuidade a tratamento com octreótido, que manteve durante 5 meses com doença

estabilizada e remissão dos sintomas. A 02/05/2011 constata-se progressão de doença a nível pulmonar com diminuição das lesões hepáticas pelo que iniciou quimioterapia paliativa com capecitabina 750 mg/m2 2 id. D1-D14 e temozolamida 150 mg/m2 D10-D14 (21/21d). Efectuou até ao momento 11 ciclos, com benefício clínico e resposta parcial. Conclusão: Neste caso salienta-se a dificuldade diagnóstica que comprometeu a terapêutica inicial de um tumor raro (0.32/100.000 ano). Na revisão da literatura evidencia-se uma sobrevivência média de 10 meses para doentes com tumores neuroendócrinos indiferenciados, tendo o nosso doente até ao momento 36 meses de seguimento sempre com benefício clínico o que motivou continuidade de autonomia nas actividades da vida diária. A utilidade do octreótido em tumores não-secretores tem sido debatida, no entanto, um estudo recente indicou um efeito antiproliferativo nos 2 sub-tipos: secretores e não secretores (Estudo PROMID). O tratamento citostático tem tido um papel limitado nestes tumores no entanto, a associação de capecitabina e temozolamida apresentou taxas de resposta na ordem dos 35-40%, com baixa incidência de efeitos adversos grau 3-4.

74 ARTRITE REUMATOIDE E CANCRO: QUE RELAÇÃO?

Ivo Julião(1);Telma Costa(1);Magda Sousa(2);Susana Cavadas(2);Beatriz Pinheiro(3)(1) Centro Hospitalar Baixo Vouga - HIP (2) HIP - Aveiro (3) HIP-Aveiro

Introdução: A artrite reumatóide (AR) é uma doença auto-imune sistémica com atingimento predominantemente articular, que evolui de forma crónica, podendo ter uma gravidade variável. Tem uma prevalência significativa na população geral (1%), com predomínio do sexo feminino (4:1), podendo-se manifestar quer na criança (artrite crónica juvenil), quer no adulto jovem, ou mesmo no idoso. A coexistência de AR e cancro é conhecida, mas apesar dos inúmeros estudos realizados, ainda não foi possível estabelecer uma associação entre ambas; mas comparativamente à população geral da mesma idade e sexo, existe um risco aumentado de linfoma, mieloma e leucemia. O mesmo acontece para determinado tipo de tumores sólidos como os da pele e pulmão. Alguns estudos, já com grandes amostras, demonstraram uma relação entre a AR e o cancro do pulmão, sem ser possível obter resultados relativos a factores de risco comuns, ou causalidade entre ambas. As relações descritas tornam crescentes as preocupações com o uso de terapêuticas modificadoras da atividade da doença reumática (DMARD) e o seu possível papel na etiologia nos doentes com AR. Objectivo: Pretende-se apresentar um caso clínico que reflita a existência da associação entre AR e cancro do pulmão. No caso descrito foi diagnosticado adenocarcinoma primário do pulmão numa mulher jovem, sem factores de risco conhecidos, com antecedentes de AR e sob DMARD’s de longa data. Material e métodos: Descrição de caso clínico tendo por base registos do processo clínico em papel e constante no programa informático SAM® do Hospital Infante dom Pedro (HIP) - Centro Hospitalar do Baixo Vouga. Caso clínico: RMMT, sexo feminino, 38 anos, com diagnóstico de artrite idiopática juvenil desde os 8 anos, que evoluiu, na idade adulta, para artrite crónica com comportamento de AR gravemente destrutiva, sob corticoterapia de longa duração, bem como metotrexato e plaquinol por períodos. Foi referenciada ao Serviço de Urgências (SU) do HIP pelo Médico Assistente em Fevereiro de 2012 por quadro de dispneia e toracalgia inespecífica, de agravamento progressivo, com cerca de 2 meses de evolução. Era portadora de radiografia torácica que mostrava opacidade compatível com derrame pleural no campo pulmonar esquerdo. À anamnese a doente referia quadro arrastado de tosse seca, sudorese nocturna, emagrecimento não quantificado, náuseas com vómitos pós-prandiais precoces, anorexia e astenia marcadas. Relatava ainda toracalgia e dispneia para pequenos esforços. Negava alterações do trânsito gastro-intestinal assim como do aparelho génito-urinário. Sem outras queixas, nomeadamente sem agravamento das artralgias/artrite. Ao exame objectivo a doente apresentava taquicardica (107bpm), com boas saturações periféricas em ar ambiente (99%) e apirética. À auscultação pulmonar era de salientar a diminuição do MV no ápice do campo pulmonar esquerdo estando mesmo abolido nos 2/3 inferiores. A auscultação cardíaca era rítmica sem sopros audíveis. Apresentava dor difusa à palpação do abdómen e volumosa hepatomegália palpável de textura difusamente nodular. Objectivadas deformidades articulares múltiplas de ambas as mãos, punhos, cotovelos em flexão e ombros anquilosados. Pé reumatóide com dismorfia da marcha. Sem outras alterações. Relativamente aos MCDT’s realizados em contexto do SU, a radiografia torácica era compatível com derrame pleural à esquerda e na radiografia abdominal era notória hepatomegália volumosa. Analiticamente: apresentava anemia normocrómica e normocítica, leucocitose com neutrofilia(21.3 e 16.9x10E9), elevação da LDH (348 U/L) e FA (834 U/L), assim como da pCr (14.96 mg/dl). Foi internada no Serviço de Medicina para estudo. Do estudo efetuado salienta-se elevação dos marcadores tumorais, como CA 15.3 (948.8 U/ml), CEA (12.4 ng/

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ml) e CA-125 (1581.7 U/ml) e alterações relevantes na ecografia abdominal. Foi então pedida TAC tóraco-abdomino-pélvica que mostrou destruições líticas ósseas múltiplas, provavelmente secundárias. Derrame pleural a ocupar o hemitórax esquerdo, com colapso do pulmão esquerdo, visualizando-se brônquio principal esquerdo, interrompido a nível proximal, por área de aspecto vagamente nodular, com 43 x 37 mm, podendo corresponder a uma massa pulmonar. O tronco arterial pulmonar esquerdo, aparece truncado. Fígado com incontáveis formações expansivas compatíveis com lesões secundárias. Com base nos achados da TAC foi pedida broncofibroscopia que revela obstrução do brônquio principal esquerdo por lesão neoplásica que foi biopsada, cujos resultados histológicos foram obtidos post-mortem, revelando adenocarcinoma primário do pulmão. Durante o internamento a doente demonstrou agravamento severo do estado geral com insuficiência respiratória grave, sem resposta às medidas instituídas, tendo falecido ao 17º dias de internamento. Discussão e conclusão: O caso clínico apresentado reflete a possível relação entre a AR e cancro, sendo muitos os factores que concorrerem para esta coexistência. Em ambas existem mecanismos de desregulação auto-imune. Se por um lado, na AR, há uma auto-destruição celular progressiva, crónica, no cancro há proliferação celular anárquica. As duas partilham, ainda, factores responsáveis pelo aumento da incidência, como o tabagismo, e alguns biomarcadores. O uso de DMARD’s na AR condiciona um efeito imunomodulador que poderá contribuir para a carcinogénese

75 NEOPLASIA SÍNCRONA DO COLON

Gonçalo Pinto(1);Cátia Rita(2);Ana Raquel Martins(2);Raquel Sanchez(2);Vasco Herédia(1);Paulo Jaleco(2);José Travassos(2)(1) HESE (2) HESE - Cirurgia II

Introdução: A Sincronicidade Neoplásica é frequente (2-11%) nos carcinomas colorrectais. É também frequente a impossibilidade de visualização endoscópica cólica completa (20%), sendo principalmente motivada por neoplasias estenosantes.Objectivo: Apresentação de caso clínico de Neoplasia Síncrona do Cólon e alertar para a sua detecção pré-operatória de forma optimizar a planificação e terapêutica. Material e Métodos: Os autores apresentam um caso clínico de um indivíduo do sexo masculino com 29 anos com quadro de oclusão intestinal com 6 dias de evolução. A rectossigmoidoscopia realizada revelou lesão sigmoideia inultrapassável aos 30 cm. A TC abdominopélvica revelou estenose cólica dupla, localizadas ao recto e sigmoide distal, condicionando distensão de todo o colon com dilatação cecal de 9 cm. Foi submetido a Proctocolectomia Total com Ileostomia de Brooke. Resultados: Ao 20º dia foi reinternado com abcesso da goteira parietocólica direita tendo sido feita drenagem percutânea e Antibioterapia durante 9 dias. O estudo da peça operatória revelou Adenocarcinomas síncrones do recto e sigmóide, moderadamente diferenciados, com invasão ganglionar em 3 dos 53 gânglios excisados pT3 pN1b mX. Foi ainda isolado pólipo no cólon direito com displasia de baixo grau. Foi enviado ao Serviço de Oncologia onde iniciou Quimiorradioterapia adjuvante e estudo genético. Conclusão: A palpação intraoperatória pode falhar até 70% das neoplasias síncrones do colorrectal e o seu diagnóstico pré-operatório altera a planificação cirúrgica em cerca de 50% dos casos. Em casos de Neoplasias Estenosantes Colorrectais deve ser realizada Colonoscopia Virtual, correctamente designada por Colonografia Tomográfica Computorizada, cujo exame tem sensibilidade próxima dos 85% na detecção destas Neoplasias Síncronas.

76 TUMOR DE COLISÃO DO CÓLON: ADENOCARCINOMA E LINFOMA LINFOIDE – RELATO DE UM CASO CLÍNICO

Olga Oliveira(1);Joana Miranda(2);Lara Madeira(2);Vânia Tavares(2);Sandra Bento(2);José Vílchez(2);António Soares(2);José Barbosa(2)(1) Hospital Distrital de Santarém (2) Hospital Distrital de Santarém, EPE

Introdução: O termo “tumor de colisão” refere-se à presença de duas neoplasias síncronas e na mesma localização anatómica, sem mistura nem transição dos diferentes componentes neoplásicos. Os tumores de colisão são pouco frequentes na generalidade e raros no cólon, havendo poucos casos descrito de tumores com componente epitelial e linfóide. No presente poster descrevemos um caso de tumor de colisão do ângulo hepático do cólon, constituído por um adenocarcinoma moderadamente diferenciado

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CTSe linfoma não Hodgkin de células B. Caso Clínico: Doente de 79 anos de idade que em Julho de 2011 fez colonoscopia para

estudo de rectorragias abundantes. A colonoscopia mostrou presença de lesão exofítica e ulcerada do ângulo hepático e pólipo de irregular a 20 cm da margem do ânus. As biopsias efectuadas revelaram tratar-se de adenocarcinoma moderadamente diferenciado e ulcerado no ângulo hepático, e adenocarcinoma em adenoma tubular com invasão do eixo, distando 1 mm da base (totalmente excisado). No mesmo mês foi submetida a colectomia total. O estudo anatomo-patológico da peça operatória revelou um tumor de colisão no ângulo hepático (adenocarcinoma de baixo grau e linfoma linfocítico / leucémia linfóide crónica B, isolando-se 291 gânglios linfáticos, 6 dos quais com metástases de adenocarcinoma, e os restantes infiltrados por linfoma.A doente foi reencaminhada para o Intituto Português de Oncologia para seguimento do linfoma não Hodgkin de Células B e no Hospital Distrital de Santarém efetuou quimioterapia adjuvante dirigida ao adenocarcinoma do cólon tendo completando até agora 8 ciclos de Capecitabina. Atualmente a doente encontra-se estável, com bom estado geral. Conclusão: Este caso é interessante pela raridade da patologia tratada e por demonstrar a importância da colaboração interdisciplinar para benefício do doente. Casos como este deveriam ser descritos na literatura de modo a ajudar a entender o comportamento deste tipo de tumores ainda tão desconhecidos e pouco relatados na literatura Médica.

77 METÁSTASE ESOFÁGICA DE CARCINOMA DA MAMA - A RARIDADE E O DESAFIO DIAGNÓSTICO

Cristina Oliveira(1);Anne Vaz(1);Inês Pousa(1)(1) Instituto Português de Oncologia do Porto Dr. Francisco Gentil, E.P.E.

O envolvimento metastático do lúmen do tracto gastrointestinal (GI) por carcinoma da mama é raro, havendo poucos casos descritos na literatura. O carcinoma lobular, apesar de menos frequente, apresenta maior tendência à metastização GI. O envolvimento esofágico é raro, descrito em cerca de 0,4% dos carcinomas da mama, surgindo após um longo período desde o diagnóstico inicial, em média 9,5 anos, podendo ocorrer até 20 anos depois. Apresenta-se geralmente como uma obstrução extrínseca, sem evidentes alterações da mucosa subjacente, tornando o diagnóstico histológico endoscópico por vezes mais difícil. Os autores apresentam o caso clínico de uma doente de 75 anos, com diagnóstico em 1992 de carcinoma da mama. Submetida a mastectomia radical modificada à direita, cujo histológico da peça evidenciou um carcinoma ductal invasor G2 pT2N0M0 com receptores hormonais positivos. Realizou tratamento adjuvante com radioterapia e hormonoterapia, com alta institucional após 5 anos de tamoxifeno. Readmitida em 2005 por recidiva local e iniciou hormonoterapia paliativa com letrozol com resposta completa. Em Dezembro de 2011, por quadro de disfagia progressiva para sólidos e líquidos com cerca de 2 meses de evolução, realizou endoscopia digestiva alta que mostrou subestenose do lúmen esofágico, aos 28 cm da arcada dentária, por compressão extrínseca, sem alterações da mucosa. Biópsia esofágica sem malignidade. A doente dá entrada no serviço de urgência em Fevereiro de 2012 com disfagia quase total. Realiza ecoendoscopia e biópsia aspirativa de lesão nodular da parede esofágica que foi compatível com metástase esofágica de carcinoma de mama. Colocada prótese esofágica para dilatação. Sem evidência de metastização noutros locais. Iniciou hormonoterapia paliativa de segunda linha com exemestano, que mantém até à data. Os autores alertam para a importância da suspeição clínica desta entidade, dada a sua raridade e uma vez que com o aumento da sobrevida dos doentes com carcinoma da mama, manifestações metastáticas mais atípicas podem ser antecipadas, incluindo do tracto GI, sendo de considerar este diagnóstico, quando surgem queixas de novo deste foro.

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78 TERAPÊUTICA NEOADJUVANTE NO TRATAMENTO DA NEOPLASIA DO RECTO – ESTUDO RETROSPECTIVO DOS CASOS COM REMISSÃO COMPLETA

Joana Santos Miranda(1);Vânia Tavares(2);José Vílchez(3);Olga Oliveira(4);Lara Madeira(4);Pedro Carvalho(4);Sandra Bento(4);Luís Ferreira(4);José Barbosa(4)(1) Hospital Distrital Santarém (2) Hospital Distrital de Santarém (3) Hospital Distrital de Santarém, EPE (4) Hospital Distrital de Santarem Introdução: Os tumores do recto representam aproximadamente 40% dos tumores colo-rectais. O estadiamento pré-operatório do tumor do recto é muito importante, de modo a permitir a programação da terapêutica e avaliação dos resultados. Este se realiza com base no TNM e o tipo histológico. O estadiamento local define grupos de risco para recidiva local, conforme o grau de penetração do tumor e a existência de gânglios regionais positivos. Assim, a estratégia terapêutica para os doentes passa a ser escolhida de acordo com a probabilidade de recidiva definida para cada grupo e a co-morbilidade associada à terapêutica.Objectivos: O objectivo deste trabalho foi avaliar retrospectivamente a percentagem de doentes com neoplasia do recto distal que obtiveram remissão completa do tumor após terapia neoadjuvante com quimioterapia e/ou radioterapia, mediante a revisão do estadiamento TNM patológico e o grau de regressão histopatológico. Resultados e conclusão: Entre 2006 e 2010, foram operados 190 doentes por neoplasia do recto. Um total de 92 foi submetido a terapêutica neoadjuvante (76 com quimioterapia e radioterapia, 11 com radioterapia e 5 apenas com quimioterapia). 12 destes doentes (6.3%) tiveram remissão completa histopatológica, 7 dos quais estão vivos e livres de doença, 2 vivos com neoplasia metastática; e 3 faleceram, 2 dos quais por causa da doença neoplásica. Estes valores estão dentro dos descritos na literatura.

79 “ IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO GENÉTICA NO CANCRO DA MAMA”

Mariana Faria(1);Margarida Matias(1);Patricia Dias(2);monica semedo(2);mafalda casanova(2);Leonor Ribeiro(1)(1) HSM (2) H. Sta Maria

Introdução: A avaliação de risco para cancro genético tem vindo a crescer como uma prática clínica especializada e interdisciplinar, com um arsenal de instrumentos genéticos e genómicos que permitem identificar indivíduos e famílias com risco de cancro hereditário. A avaliação de risco e gestão de síndromes de predisposição genética com elevada penetrância mostrou aumentar a aderência à vigilância, a qual está associada ao diagnóstico em fase mais precoce da doença. Várias sociedades internacionais estabeleceram “guidelines” acerca de avaliação de risco e testes genéticos, que constituem fontes que ajudam a identificar os doentes que podem beneficiar de uma avaliação de risco genético. Assim, é importante a promoção de uma boa prática clínica na Oncologia Médica no que se refere à realização de uma história familiar completa que permita então identificar estes doentes.Indivíduos portadores de mutação patogénica no gene BRCA1 ou BRCA2 têm um risco cumulativo bastante elevado de desenvolver cancro da mama e cancro do ovário, sendo por isso fundamental a identificação das famílias portadores desta síndrome. O seguimento de portadores de mutação no gene BRCA1 ou BRCA 2 engloba a adopção de medidas de cirurgia profilática ou de medidas preventivas não cirúrgicas. Objectivo: Análise dos doentes do Serviço de Oncologia Médica do Hospital de Santa Maria com cancro da mama e/ou ovário referenciados para a Consulta de Genética e avaliação do grupo submetido a estudo genético com confirmação de mutação do BRCA 1 e 2. Material e métodos: Análise retrospectiva dos processos clínicos dos doentes seguidos no Serviço de Oncologia do HSM por cancro da mama e/ou ovário que foram referenciados para Consulta de Genética a partir de 2006 e cujos estudos genéticos estejam já concluídos à data. Resultados: no período descrito foram referenciados à Consulta de Genética 112 doentes com cancro da mama e/ou ovário, 106 dos quais mulheres e seis homens, apresentando 109 doentes neoplasia da mama e 3 doentes neoplasia do ovário. Destes doentes, 79% apresentavam história familiar de cancro da mama e/ou ovário. À data do diagnóstico 62% dos doentes estava dentro da faixa etária dos 30 e 49 anos. Dos doentes com cancro da mama, 17 (16%) das doentes desenvolveram cancro da mama bilateral e cerca de 7% (8 doentes) apresentaram, para além da neoplasia da mama, uma segunda neoplasia (três doentes com cancro do ovário e cinco doentes com outras neoplasias). De todos os doentes referenciados, 19,6% não realizaram estudo genético por não preencherem critérios; dos 78 doentes que prosseguiram estudo genético a 83% foi pedido estudo BRCA 1 e BRCA2, 1% apenas BRCA1 e 15% apenas

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CTSBRCA2. Dos doentes que realizaram estudo genético 14% apresentaram alterações de significado indeterminado que foram

consideradas não apresentar significado clínico. Foram constatados 7 casos de mutações no BRCA2 e 4 casos de mutações no BRCA 1. Os 4 casos de BRCA1 positivo ocorreram em mulheres com idade à data de diagnóstico entre os 30 e 49 anos, sendo que duas delas desenvolveram cancro da mama bilateral e as outras duas desenvolveram, para além de cancro da mama também neoplasia do ovário. Três doentes apresentavam perfil triplo-negativo, p53 positivo e índice proliferativo elevado; da outra doente apenas temos informação de ter receptores negativos. Dos sete casos com BRCA2 positivo, um dos doentes era do sexo masculino; a idade à data de diagnóstico variou entre os 30 e 79 anos; três doentes desenvolveram tumor bilateral da mama. Seis doentes apresentavam RE positivos, com HER2 negativo também em 6. Dois doentes apresentaram mutação fundadora portuguesa (c156_157ins Alu). Dos11 doentes com mutação identificada, cinco realizaram cirurgia profilática (mastectomia e/ou ooforectomia bilateral) e dois doentes encontram-se em vigilância; dois doentes aguardam decisão e duas doentes faleceram entretanto. Conclusão: A principal utilidade clínica da Avaliação de Risco para Cancro Genético é a de promoção de um “screening” adequado ao risco, prevenção e eventual desenvolvimento de terapêutica-alvo. Este estudo pode contribuir para a diminuição da ansiedade nos familiares nos quais se demonstre não serem portadores de mutação, bem como permitir a adopção de medidas profiláticas e/ou de diagnóstico precoce nos portadores. Assim, o desenvolvimento nesta área permitirá cada vez mais a evolução para uma medicina personalizada. Cabe ao oncologista a identificação dos doentes que poderão beneficiar de uma avaliação de risco genético, o que constitui um factor de qualidade na prática clínica.

80 CANCRO COLO-RECTAL CASUÍSTICA DO CENTRO HOSPITALAR BARREIRO MONTIJO DURANTE O ANO DE 2005

Adriano Baptista(1);Paulina Rosa valentim Chitonho(1);Francisco Ineguez(1);Helder Mansinho(1)(1) Centro hospitalar Barreiro Montijo

Introdução: O cancro colo-rectal já é o terceiro tumor mais frequente no mundo, com mais de 1,1 milhão de novos casos anuais. As maiores taxas de incidência são observadas em países industrializados, tais como EUA, Canada, Austrália, Nova Zelândia, Japão e países da Europa ocidental. Consequente a estilos de vida sedentaria e habitos alimentares. O Cancro colo-rectal também é uma das principais causas de morte por cancro no mundo. Embora a mortalidade pela doença ainda apresente tendência ascendente em diversos países, há vários anos que já existe diminuição de mortalidade. Objectivos: Caracterizar os doentes com cancro Colo-rectal admitidos na Unidade oncológica em 2005 e analisar os resultados. Material e Métodos: Estudo retrospectivo baseado na análise dos processos clínicos de 63 doentes , admitidos na unidade oncológica no ano de 2005 com o diagnostico de cancro colo-rectal. Os doentes foram caracterizados nas seguintes variáveis: Sexo, idade, localização, tipo e grau histológico, factores de mau prognóstico, estádio ao diagnostico, terapêutica realizada e sobrevida aos 5 anos. Resultados: Do total dos doentes analisados constatamos que 60% era do sexo masculino e 40% do sexo feminino e a idade na altura do diagnostico situava-se preferencialmente na faixa etária dos 51 aos 70 anos. Localização: Cancro do cólon que correspondia a 78% dos doentes, 54% foi no cólon direito e 38% no sigmoideu; No recto 50% foi no recto médio e 21,4% no recto superior. Tipo histológico: Adenocarcinoma – 98%. Grau: GI – 31%; GII – 67%; GIII – 2% Distribuição por estádio: I -12,50%; IIA - 20,31%; IIB - 3,13%; IIC – 1,56% IIIB - 35,94%;IVA – 21,88%; Não classificados 4,68%. Factores de mau prognostico: invasão venosa 11%; invasão linfática 6%; invasão peri neural 3% Tratamento: Operados em oclusão 5,2% e em perfuração 1,7%; Cirurgia a metástases hepáticas 2 doentes ; Terapêutica adjuvante 53,1% dos doentes Sobrevida com mortes relacionadas aos 60 meses: taxa de mortalidade 19%; taxa de sobrevida 81%; Mediana de 53,5 utentes. Sobrevida com mortes relacionadas e não relacionadas aos 60 meses: Taxa de mortalidade 25,4%; Taxa de sobrevida 74,6%; mediana 52,2. Conclusão: Apesar da amostra ser pequena a caracterização demográfica por sexo idade e localização, esta de acordo com a literatura. Dos 63 doentes houve 12 óbitos relacionados com a doença e 4 mortes não relacionadas.

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81 CARCINOMA SERREADO DO CÓLON. CASO CLÍNICO COM EVOLUÇÃO DRAMÁTICA.

Ana Rita Garcia(1);Joao Ribeiro(2)(1) Serviço de Medicina Interna-HUC (2) IPO-Coimbra

Objectivo: chamar a atenção para um subtipo de carcinoma do cólon com prognóstico incerto. O adenocarcinoma serreado é o produto final do desenvolvimento de um adenoma serreado, por uma via alternativa da clássica sequência adenoma – carcinoma de Vogelstein. Alguns estudos sugerem que poderá ser uma variante mais agressiva de carcinoma do cólon.Método: apresentação de caso clínico. Resultado: doente JC, sexo masculino e trinta e nove anos de idade inicia quadro de dores abdominais em Julho de 2010. Efectua exames imagiológicos que não revelam anomalias significativas. Uma colonoscopia revela contudo um pólipo do cólon descendente cuja biópsia revela aspectos de carcinoma serreado. Foi então submetido em Agosto a ressecção segmentar do cólon, não havendo tumor residual na peça operatória e nos gânglios analisados. O doente esteve bem durante dois meses mas em Novembro inicia um quadro febril cuja causa não era clara. O despiste de uma doença infecciosa não foi bem sucedida, mas uma TAC toraco-abdominal revelou imagens nodulares hepáticas que fora interpretadas como podendo corresponder a abcessos. Várias hemoculturas foram negativas e o quadro clínico não melhora com antibioterapia de largo espectro. Foi então submetido a biópsia hepática que mostrou aspectos de adenocarcinoma serreado. O doente inicia em Janeiro de 2011 quimioterapia com esquema FOLFIRI com transitória melhoria sintomática, mas vem a falecer três meses depois, numa tentativa de ressecção das metástases. No acto operatório encontrou-se rotura hepática por um tumor muito endurecido sem qualquer possibilidade de ressecção. Conclusão: apesar de uma detecção precoce do tumor primário, este caso clínico teve uma evolução rapidamente fatal sem resposta à terapêutica citostática. Esta variedade tumoral poderá carecer de estratégias particulares de seguimento e tratamento.

82 TOXICIDADE CARDÍACA DO TRASTUZUMAB - A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Ana Marques(1);Elisabete Couto(1);Marta Almeida(1);Luísa Queiroz(1);Catarina Portela(1);Rui Nabiço(1)(1) Hospital de Braga

Introdução: O Trastuzumab, utilizado no tratamento do Cancro da mama HER2 positivo, é geralmente bem tolerado, com baixa incidência de efeitos laterais. Contudo, o risco dos doentes desenvolverem cardiotoxicidade existe (2-7%) e não deve ser negligenciado. Caso Clinico: Doente de 63 anos, com antecedentes de HTA e hipotiroidismo. Em Abril de 2010, iniciou quadro de dores ósseas generalizadas, cuja investigação etiológica revelou metastização óssea difusa. Realizou biópsia de lesão blástica vertebral que revelou envolvimento por Carcinoma, compatível com primário mamário (positividade para receptores de estrogénio e para HER2). Nos restantes exames efectuados, não se identificou o tumor primário e detectou-se ainda metastização pulmonar e ganglionar. Decidiu-se realizar quimioterapia (QT) com FEC (5-FU, Epirrubicina e Ciclofosfamida), seguido de Trastuzumab. Antes de iniciar tratamento, a fracção de ejecção ventricular esquerda (FEVE) estimada por Ecocardiograma foi de 63%. A doente teve boa resposta clínica, analítica e imagiológica à QT, não apresentou sinais ou sintomas de insuficiência cardíaca e a FEVE no final do tratamento era de 58%. Posteriormente, iniciou Trastuzumab e inibidores da aromatase. Após 4 administrações, surgiu clínica compatível com insuficiência cardíaca. Foi medicada com Inibidor da Enzima de Conversão da Angiotensina e diurético, mantendo tratamento com Trastuzumab (FEVE - 48%). Na reavaliação após 3 meses, a doente estava assintomática, mas verificou-se agravamento da FEVE (44%), pelo que se suspendeu o tratamento com Trastuzumab. Houve recuperação da FEVE para 51% ao fim de 2 meses. Conclusão: Os autores apresentam este caso por ser ilustrativo da necessidade de monitorizar periodicamente a função cardíaca dos doentes sob terapêutica com Trastuzumab. Apesar de ser normalmente assintomática e reversível, a toxicidade cardíaca pode obrigar à suspensão do tratamento, privando os doentes dos benefícios comprovados desta terapêutica.

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CTS83 ARRITMIA MALIGNA SECUNDÁRIA A PROCESSO NEOPLÁSICO

Diogo Alpuim Costa(1);Mafalda Carneiro(1);João Mouta(1);Emanuel Gouveia(1);Isália Miguel(1);Rui Plácido(2);Pedro Carrilho-Ferreira(2);Duarte Salgado(1);Isabel Sargento(1);António Moreira(1)(1) IPO Lisboa (2) Hospital Santa Maria, Lisboa

Introdução: Os sarcomas meníngeos são tumores primários do sistema nervoso central localmente agressivos, raros e com uma incidência maior na idade pediátrica (0,1-5,5% da totalidade dos tumores intracranianos da infância), havendo mesmo alguns casos descritos de natureza congénita. Têm origem nos componentes mesenquimatosos da dura-máter, adventícia dos vasos sanguíneos, plexo coroideu e leptomeninges. A semiologia não compreende uma constelação de sintomas específicos, mas de manifestações relacionadas com a localização e/ou hipertensão intracraniana. A metastização extracraniana de tumores intracranianos é um fenómeno extremamente raro, apesar da sua incidência não estar estabelecida na infância, com a excepção do meduloblastoma. O padrão clínico das metástases sistémicas dos tumores intracranianos é variado, podendo apresentar-se ad initium ou mesmo passados vários anos do diagnóstico (nalguns casos apenas verificadas na autópsia). A principal localização da metastização é óssea, medular e raramente pulmonar. A sobrevida após a metastização é inferior a um ano.Caso Clínico: Doente de 23 anos de idade, sexo masculino, raça leucodérmica, sem antecedentes pessoais relevantes. Em 1999, diagnóstico de sarcoma meníngeo mixóide grau II após investigação de cefaleias e hipertensão intracraniana, inicialmente localizado na convexidade parieto-occipital esquerda. Foi submetido a inúmeras intervenções (cirurgia e radioterapia adjuvante) por doença local recidivante, tendo sido a última intervenção cirúrgica em 2002. Esteve em remissão completa até 2011. Em Março de 2011 iniciou quadro de tosse seca irritativa e febre. Efectuou radiografia do tórax com evidência de derrame pleural à direita. Os sintomas foram inicialmente interpretados como infecção respiratória baixa e o doente foi medicado com antibioterapia. Por manter queixas arrastadas e refractárias à terapêutica instituída, efectuou broncofibroscopia (Janeiro de 2012) que evidenciou oclusão parcial do brônquio direito e compressão extrínseca da pirâmide basal. No final do mês de Janeiro, iniciou quadro clínico de crises focais recorrentes do hemicorpo direito de difícil controlo (medicado com três anti-convulsivantes), sem perturbação do estado de consciência. Realizou TC-CE sem evidência de recidiva tumoral. Após controlo do quadro neurológico, foi submetido a lobectomia pulmonar inferior direita, sem evidência de tecido neoplásico (resultado inconclusivo), apenas identificando-se processo inflamatório necrotizante com esboço de formação de granulomas (cultura microbiológica negativa, tal como a pesquisa de BK). O pós-operatório foi complicado por quadro clínico infeccioso (febre + elevação dos parâmetros inflamatórios + tosse seca). Efectuou nova broncofibroscopia que mostrou “alargamento do espaço de divisão do lobo superior direito, coto de lobectomia inferior com sinais inflamatórios e com área necrosada, diminuição do calibre do lobo médio”. Procedeu-se a punção aspirativa trans-brônquica, sem isolamento de células neoplásicas (exame extemporâneo). No final do mês de Fevereiro, voltou a ter quadro febril associado a tosse pouco produtiva muco-purulenta. Ao 2º dia de antibioterapia, referiu dor pré-cordial e dispneia súbita. Ao exame objectivo, apresentava-se pálido, com hipersudorese, hipotenso, taquicárdico. A auscultação pulmonar caracterizava-se por fervores em ambas as bases com discreto broncospasmo e com diminuição do murmúrio vesicular à esquerda. Efectuou eletrocardiograma que evidenciou taquicardia ventricular de complexos alargados e bloqueio completo de ramo esquerdo (de novo). Analiticamente, com elevação dos parâmetros inflamatórios e biomarcadores cardíacos negativos. Foi transferido para o Hospital de Santa Maria, onde deu entrada em edema agudo do pulmão, refractário à terapêutica instituída. Efectuou ecocardiograma com evidência de estrutura hiperecogénica nodular de limites mal definidos, aparentemente em continuidade com a parede lateral do ventrículo direito e porção lateral do anel tricúspide, sugestiva de massa miocárdica com invasão da cavidade do ventrículo direito. Foram feitas várias tentativas de cardioversão eléctrica, sem sucesso. Entrou em paragem cárdio-respiratória irreversível. A autópsia confirmou a invasão do tecido miocárdico por metastização do tumor primário conhecido. Discussão: O caso clínico apresentado revela uma entidade rara com padrão metastático não documentado na literatura revista – extensão da doença para as câmaras direitas - apenas 52 casos descritos com invasão cardíaca à esquerda. A história natural da doença costuma ser breve, com rápida deterioração clínica secundária às características intracranianas do tumor ou à recorrência após abordagem da Neurocirurgia. Este doente sobreviveu 12 anos após o diagnóstico, dos quais 10 em remissão completa.

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84 MIXOFIBROSSARCOMA DA COXA – CASO CLÍNICO

Antonio Silva(1);Miguel Jacobetty(2)(1) Serviço de Radioterapia CHUC-HUC (2) Serviço de Radioterapia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Introdução: Os sarcomas constituem um grupo de neoplasias muito heterogéneo representando aproximadamente 1% dos tumores malignos. Em cerca de 50% dos casos, a sua localização refere-se aos membros superiores e inferiores. A maioria apresenta um comportamento clínico similar, determinado mais pela sua localização anatómica, dimensões e grau de malignidade, que pelo seu padrão histológico especifico. Actualmente a abordagem mais comum de tratamento dos sarcomas de tecidos moles é a ressecção cirúrgica ampla, preservando-se ao máximo a função, seguida de radioterapia complementar no sentido de esterilizar o leito operatório. Material e Métodos: Apresenta-se o caso de uma doente de 55 anos, portadora de Mixofibrossarcoma da face interna da coxa direita, que foi submetida inicialmente a cirurgia. Em Reunião de Decisão Terapêutica, foi proposta para Radioterapia adjuvante. São descritos os aspectos inerentes a um planeamento 3D-CRT neste tipo específico de patologia tendo em consideração a localização do tumor, e a presença de estruturas radiossensíveis. Para o posicionamento da doente, foi necessário determinar a opção mais adequada, tendo em conta a localização tumoral, com o objectivo de optimizar a dosimetria. O posicionamento deve, por um lado ser facilmente reproduzível, e por outro o mais cómodo possível para permitir uma melhor colaboração da doente e evitar movimentos não desejados durante o tratamento que iriam condicionar a reprodutibilidade do mesmo. São ilustrados os aspectos mais relevantes do respectivo planeamento de radiações, dosimetria e controlo de qualidade. Em função das características do caso, nomeadamente margens cirúrgicas atingidas, foi administrada a dose de 66 Gy em 36 fracções, após a realização de planeamento. Resultados e Conclusões: A Radioterapia associada a cirurgia conservadora numa perspectiva curativa, tem sido amplamente utilizada no tratamento de sarcomas, no sentido de promover o controlo local da doença, minimizando a toxicidade e promovendo a maximização da função, neste caso, do membro em causa.O planeamento deste tipo de tratamento é complexo, e exige a colaboração estreita com a Ortopedia/Oncologia no seguimento e durante a terapia, deste tipo de patologia. O respectivo tratamento decorreu sem complicações significativas mas o seu termo foi relativamente recente pelo que se considera prematuro falar de resultados.

85 SARCOMAS E RADIOTERAPIA EXTERNA

António Silva(1);Miguel Jacobetty(2)(1) Serviço de Radioterapia CHUC-HUC (2) Serviço de Radioterapia dos Hospitais da Universidade de Coimbra Introdução: A Radioterapia é uma arma terapêutica fundamental no âmbito do tratamento pluridisciplinar em Oncologia.A grande diversidade de localizações anatómicas e a variedade histológica dos sarcomas de tecidos moles, realçam a complexidade do seu processo terapêutico. Neste trabalho é apresentada uma visão pratica sobre a utilização de Radioterapia Externa no tratamento de sarcomas de tecidos moles a titulo pré-operatório e pós-operatório onde são evidenciadas as suas respectivas vantagens e limitações. Material e Métodos: As indicações para realização de Radioterapia Externa são fundamentadas pela localização do tumor, dimensões, tipo histológico, pelas margens cirúrgicas e eventual envolvimento de regiões ganglionares adjacentes. O planeamento do tratamento de Radioterapia, inclui exame físico, exames imagiológicos pré-operatórios (Tomografia Computorizada e Ressonância Magnética sempre que possível), procedimento cirúrgico, relatórios de anatomia patológica, reconhecimento através da TC de planeamento da lesão tumoral, a correcta identificação da cicatriz cirúrgica e da loca tumoral (utilização de clips cirúrgicos radiopacos) e/ou a inclusão de técnicas de fusão CT/RM no sentido de optimizar o volume alvo. Aspectos técnicos de Radioterapia, como delimitação de volumes-alvo, protecção de órgãos de risco, dose e fraccionamento, são fundamentais para uma correcta planificação do tratamento, maximizando o controlo da doença e minimizando a toxicidade. Resultados e Conclusões: Desta forma são ilustrados os aspectos técnicos mais relevantes para uma boa pratica em Radioterapia, desde a imobilização, delimitação do volume alvo, a respectiva dosimetria e controle de qualidade em doentes com indicação para Radioterapia pré-operatória e pós-operatória. Há indicações claras para o uso de Radioterapia com o objectivo de aumentar o controlo local da doença, sem prejuízo da poli-quimioterapia a qual tem registado significativos progressos no sentido de minimizar o risco de lesões secundárias à distância. O aperfeiçoamento dos aspectos técnicos de Radioterapia, numa perspectiva pluridisciplinar, tem também contribuído significativamente para melhorar o resultado final do tratamento a nível do intervalo livre de doença e sobrevida.

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CTS86 LINFOMAS / RADIOTERAPIA E PET/CT – VANTAGENS E LIMITAÇÕES

Antonio Silva(1);Miguel Jacobetty(2)(1) Serviço de Radioterapia CHUC-HUC (2) Serviço de Radioterapia dos Hospitais da Universidade de Coimbra

Introdução: Com a utilização de forma sistemática pelo Serviço de Hematologia dos HUC, de PET/CT no estadiamento imagiológico dos linfomas Hodgkin e não Hodgkin (com excepção para os de baixo grau), e subsequentes exames de controlo de resposta à terapia, os autores, com base na experiência adquirida nos últimos anos, fazem uma avaliação critica sobre as vantagens e limitações da técnica de fusão de imagens PET/CT no âmbito do diagnóstico, avaliação da resposta ao tratamento e da sua influencia no planeamento de Radioterapia. Material e Métodos: No presente trabalho apresentam-se, de forma sucinta, quatro casos nos quais a informação cedida por esta técnica influenciou de diferentes formas (quer pela positiva quer pela negativa) a opção terapêutica. 1º - Doença de Hodgkin (Estádio II) com “bulky mediastinico” – definição do volume alvo em Radioterapia, com base em imagens anatomo-funcionais e respectivo diferencial entre imagens de diagnóstico e de avaliação da resposta à terapia. 2º - Doença de Hodgkin (Estádio II supra-diafragmático) – diagnóstico de recidiva na região inguinal por PET/CT com confirmação anatomo-patológica, e relevância da imagem no planeamento da Radioterapia subsequente. 3º - Linfoma folicular (Estádio IV) – avaliação da resposta à terapia por TAC com remissão parcial (persistência de massa para-aortica), negatividade pela PET, técnica de Radioterapia em função dos órgãos críticos adjacentes. 4º - Linfoma NH de grandes células – persistência pós-QT com conglomerado adenopático mediastinico e axilar de grandes dimensões com compromisso clínico do plexo braquial – definição do volume alvo em Radioterapia, morbilidade e limitações da técnica. Resultados e Conclusões: A utilização da PET/CT no processo de planeamento de Radioterapia implica, de uma forma geral, a realização e registo de uma PET de diagnóstico (pré-QT) no sentido de definir com exactidão o volume tumoral e a realização de outra PET/CT de avaliação de resposta à Quimioterapia no sentido de uniformizar critérios para a definição do respectivo volume alvo. No sentido minimizar a existência de falsos negativos deve ser respeitado o intervalo de 4 semanas entre a realização do último ciclo de QT e a realização da PET/CT. Actualmente e no sentido de minimizar a morbilidade no âmbito de uma terapêutica de 2ªlinha a qual irá, na maior parte dos casos implicar Quimioterapia, admite-se, em alguns casos, limitar o campo de irradiação ao volume biologicamente activo, embora não se deva, de forma sistemática, dissociar a doença evidenciada morfologicamente mas não hipercaptante. Como limitações mais relevantes são de salientar os LNH de baixo grau, que na maior dos casos são “PET negativos” e a presença de doença nas regiões ganglionares adjacentes à bexiga a qual, por vezes, é de difícil valorização neste tipo de exames; problema similar existe também em gânglios a nível do anel de Waldeyer em virtude da captação fisiológica das glândulas salivares. De uma forma geral o objectivo é administrar uma dose eficaz sobre um volume reduzido (mas biologicamente activo) no sentido de diminuir a morbilidade aguda e a tardia (por ex: 2º tumores rádio induzidos).

87 REMISSÃO COMPLETA ESPONTANEA DE MELANOMA METASTATICO

V. Fonseca(1);M. Carneiro(1);T. Alexandre(1);M. Brito(1);J. Freire(1);M. J. Passos(1);A. Moreira(1)(1) IPO Lisboa

Introdução: O melanoma maligno (MM) apresenta comportamentos biológicos muito heterogéneos, podendo-se inclusivamente observar raros casos de remissão completa espontânea, estando 76 casos descritos na literatura até 2009. Caso Clínico: Doente de sexo masculino, caucasiano, apicultor, 61 anos, com diagnóstico em 2007 de melanoma maligno da região plantar do pé direito. Foi operado: excisão com enxerto livre e pesquisa de gânglio sentinela. O resultado histológico foi MM tipo nodular, Breslow 19mm, Clark IV, distancia à margem 15mm, ulcerado, com angioinvasão. O gânglio sentinela apresentava metástase de MM em 1 dos 2 gânglios excisados. Posteriormente realizou celulectomia com exerese de 14 gânglios, todos sem MM. Em Julho de 2008 foi detectado em TAC de vigilância nódulo pulmonar direito, adenopatia ilíaca externa direita e lesão do calcaneo homolateral. Fez PET que mostrou serem lesões hipermetabolicas. Em Outubro foi tratado com perfusão de isolada do membro inferior direito com melfalan. Em Dezembro de 2008, por persistência de doença no membro inferior e metástase pulmonar iniciou quimioterapia com dacarbazina (250mg/m2 /5 dias 3/3 semanas). Realizou 6 ciclos com óptima tolerância e remissão parcial, mantendo apenas nódulo pulmonar com 3cm. Foi submetido a ressecção atípica de metástase do

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lobo superior direito em Dezembro de 2009. O resultado histológico confirmou MM. Manteve-se assintomático e em Fevereiro de 2010 apresentou nova lesão pulmonar confirmada por TAC tendo realizado um mês depois PET que confirmou múltiplas lesões hipermetabolicas a nível pulmonar e hepático. Estando assintomático, optou-se por controlo evolutivo, mantendo o doente a sua actividade normal. Em Setembro do mesmo ano realizamos nova PET de reavaliação que demonstrou diminuição acentuada de captação nas lesões já conhecidas. Em Maio de 2011 repetimos o PET que demonstrou desaparecimento das lesões anteriormente visualizadas sem evidência de doença activa. O doente continua em seguimento na consulta de Oncologia Medica mantendo-se em remissão completa. Discussão: A remissão espontânea de melanoma maligno é uma situação rara e pouco compreendida pelo que consideramos com interesse a apresentação deste caso clinico. A revisão da literatura destaca o papel do sistema imunológico neste evento, no entanto não se conseguiu esclarecer qual o factor que leva à activação imunitária. Neste caso clinico é curioso o facto de o doente ser apicultor e o manter a sua actividade, colocando-se a hipótese de as picadas de abelha terem contribuído para activação do sistema imunológico. A literatura refere que o veneno de abelha encontra-se actualmente a ser estudado em modelos experimentais no tratamento de vários tumores nomeadamente no melanoma. Torna-se importante compreender se existe associação do veneno de abelha com a activação do sistema imunológico. O eventual estudo do perfil imunológico deste doente e outros relatos de caso que venham a ser publicados podem vir ajudar a compreender a possível associação entre o veneno de abelha e a activação do sistema de defesa do organismo contra o tumor.

88 EXPERIÊNCIA DO SERVIÇO DE ONCOLOGIA MÉDICA DO IPOCFG-EPE NO TRATAMENTO DO CANCRO DA MAMA METASTIZADO COM LAPATINIB

Judy Paulo(1);Mariela Marques(2);Gabriela Sousa(2);Ana Pais(2);António Pêgo(2);Isabel Pazos(2);Pedro Madeira(2);Sofia Broco(2);Teresa Carvalho(2);Helena Gervásio(2)(1) IPO-Coimbra (2) IPO - Coimbra

Introdução: O Lapatinib é um inibidor oral da tirosina cinase, que tem como alvos os receptores de EGF (Epidermal Growth Factor) e HER 2. Foi aprovado inicialmente em associação com a Capecitabina no carcinoma da mama metastizado, com sobre-expressão de HER-2, que progrediram sob ou após tratamento prévio com Trastuzumab, (Estudo fase III randomizado Geyer 2006). Em Fevereiro de 2010 a FDA aprovou o Lapatinib em combinação com Letrozol no tratamento de Cancro da mama avançado com receptores hormonais positivos e HER2-positivo em mulheres pós-menopausicas, o que permitiu optimizar o tratamento deste grupo de doentes com responsividade hormonal. Objectivos: Procedeu-se a avaliação retrospectiva dos resultados da utilização do lapatinib em cancro da mama HER2 positivo metastizado avaliando eficácia e tolerância do tratamento. Material e Métodos: No presente estudo foram analisadas as doentes com carcinoma da mama metastizado submetidas a tratamento com quimioterapia ou hormonoterapia associada a Lapatinib, seguidas no Serviço de Oncologia Médica, tratadas desde 1 Janeiro de 2008 até 28 de Março de 2012. Foi feita a análise estatística com programa SPSS ®. Resultados: Incluídas 23 mulheres com idade mediana de 57 anos (mínima 41 anos, máxima 82 anos) que apresentavam metastização hepática, óssea, pulmonar e/ou cerebral. Todas as doentes tinham o diagnóstico de carcinoma da mama do tipo ductal invasivo, com 21% apresentando receptores de estrogénios e/ou progesterona negativos. Na amostra, 30,4% das doentes apresentavam estadio IV à data do diagnóstico; 13,04% realizaram esquema de Lapatinib em associação letrozol, e os restantes 86,95% realizaram a associação capecitabina e lapatinib. Dos doentes com terapêutica incluindo Lapatinib 3 doentes suspenderam terapêutica com capecitabina por toxicidade gastrointestinal grau 3, mantendo Lapatinib. Na amostra avaliada, 2 doentes suspenderam Lapatinib no contexto hepatotoxicidade. Conclusões: Os resultados obtidos confirmam o benefício da associação do Lapatinib à quimioterapia ou à hormonoterapia nas doentes com cancro da mama HER-2 positivo com um perfil de toxicidade manuseável.

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CTS89 CANCRO DA CABEÇA E PESCOÇO: TUMORES PRIMITIVOS SÍNCRONOS E METÁCRONOS

Margarida Matias(1);Mariana Faria(1);Mafalda Casa-Nova(1);Monica Lacerda Semedo(1);Ana Rita Santos(1);Leonor Ribeiro(1);Luis Costa(1)(1) HSM

Introdução: Os tumores da cabeça e pescoço, nomeadamente o tipo histológico mais frequente, carcinoma pavimento-celular, associam-se muito frequentemente a factores de risco como alcoolismo e tabagismo. É relativamente frequente o desenvolvimento de segundos tumores nos doentes com cancro da cabeça e pescoço. No entanto não é tão frequente a existência de tumores síncronos. Objectivo: Análise dos doentes com tumores síncronos e metácronos da cabeça e pescoço referenciados ao Serviço de Oncologia desde 2008. Material e métodos: Análise retrospectiva dos processos dos doentes seguidos no serviço de Oncologia do HSM por cancro da cabeça e pescoço, desde 2008 até à data actual, nomeadamente das seguintes variáveis: idade, sexo, histologia, factores de risco associados, história familiar, idade de diagnóstico dos tumores, localização dos tumores, estadio inicial, tratamento efectuado. Resultados: Neste período foram referenciados à consulta de Oncologia 317 doentes com Tumores da Cabeça e Pescoço. Consideraram-se 22 doentes com Cancro da Cabeça e Pescoço com história de 2 ou mais tumores primitivos no momento da referenciação à consulta de Oncologia. Dos 22, 17 doentes apresentavam história de 2 neoplasias enquanto que 5 apresentavam 3 neoplasias. A média de idades destes doentes à data da referenciação à consulta de Oncologia foi de 63 anos. Todos os doentes eram do sexo masculino. Todos os doentes apresentavam hábitos tabágicos e alcoólicos moderados ou marcados. 30% dos doentes apresentava história familiar de Cancro. Quanto à localização dos tumores de cabeça e pescoço, 8 doentes (38%) apresentavam neoplasia da laringe, 5 da orofaringe (24%), 1 da nasofaringe (5%), 2 da hipofaringe (10%), 1 dos 3 andares da faringe (5%), um doente apresentava neoplasia da pálpebra (5%) e 2 doentes apresentavam-se com metastização ganglionar cervical de neoplasia oculta (10%). 21 doentes (95%) apresentava histologia reveladora de carcinoma pavimento-celular enquanto que apenas 1 doente apresentava Carcinoma indiferenciado (5%). O estadio IVA foi o mais frequente (40%), seguido do estadio III (30%) sendo que apenas 11% apresentavam metastização à distância. Nove doentes apresentavam tumores síncronos à data da referenciação (41%), 1 dos quais apresentava 3 tumores síncronos (epiglote, hipofaringe e esófago), sendo as restantes situações de tumores metácronos (13 doentes, 59%). Quanto à localização dos segundos tumores, 7 doentes apresentavam tumores da esfera ORL (6 da laringe e 1 da hipofaringe), 4 doentes do esófago, 4 da próstata, tendo-se constatado 1 doente com tumor do cárdia, 1 com tumor do couro cabeludo, 1 com carcinoma-hepatocelular, 1 tumor do rim e 1 tumor da traqueia e 2 do pulmão. Quanto à localização dos terceiros tumores, 2 doente apresentavam tumores do esófago, 2 apresentavam tumores da esfera ORL (hipofaringe e orofaringe), 1 apresentava Carcinoma Hepato-celular e outro metastização ganglionar cervical de neoplasia oculta. Conclusão: Pelo número de doentes analisados confirma-se a associação muito frequente deste tumores a factores de risco com tabaco e alcoolismo. A percentagem de metastização à distância é sobreponível à descrita na literatura. Mesmo com resposta patológica completa estes doentes apresentam uma alta probabilidade de desenvolvimento de segundos tumores metácronos. No entanto neste estudo verifica-se uma alta percentagem de tumores síncronos à altura do diagnóstico.

90 RADIOTERAPIA NEOADJUVANTE NO CARCINOMA DO RECTO: EXPERIÊNCIA DE 10 ANOS

Inês Nobre-Góis(1);João Casalta-Lopes(1);Tânia Teixeira(1);Margarida Borrego(1);Anabela Sá(1);Paula Soares(1)(1) Serviço de Radioterapia - CHUC

Introdução: O cancro colo-rectal é a terceira neoplasia mais frequente em Portugal e a segunda a nível mundial. No tratamento do carcinoma do recto (CR) localmente avançado a realização de Radioterapia (RT) neoadjuvante é actualmente a abordagem consensual. Existem dois esquemas possíveis para irradiação pré-operatória: o esquema longo (45 50,4 Gy / 25 28 fr / 5 5,5 sem), associado a Quimioterapia (QT), seguido de cirurgia após 6 8 semanas (mais utilizado no Sul da Europa e EUA); e o esquema curto (25 Gy / 5 fr / 1 sem) seguido de cirurgia realizada habitualmente uma semana após (preferido nos países nórdicos). Alguns estudos sobre esquema curto mostraram efeito de downstaging quando é maior o intervalo de tempo entre RT e cirurgia.

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Objectivos: Descrever a experiência de um Serviço de Radioterapia nos últimos 10 anos quanto ao tratamento neoadjuvante dos doentes com carcinoma do recto. Material e Métodos: Foram incluídos os doentes portadores de CR tratados a título neoadjuvante de 2002 a 2012. A RT foi efectuada segundo um de dois esquemas: esquema longo (GRUPO 1), com RT isolada (GRUPO 1A) ou associada a QT oral concomitante (GRUPO 1B: com Capecitabina ou UFT + Folinato de Cálcio) ou infusional (GRUPO 1C: com 5 FU); ou com esquema curto (GRUPO 2). Resultados: Foram tratados com RT neoadjuvante 265 doentes com CR. Dos 227 doentes do GRUPO 1, os do GRUPO 1A tinham idade mediana superior em relação aos dos GRUPOS 1B e 1C (73,5 vs 64 vs 61 anos, respectivamente; p < 0,001). Foram registadas reacções de toxicidade aguda grau 3-4 apenas nos grupos com QT concomitante (GRUPOS 1B e 1C com 8,1% e 10,9%, respectivamente). A mediana de tempo entre RT e cirurgia foi de 7 semanas. Em termos de resposta à terapêutica houve diferenças estatisticamente significativas no downstaging ganglionar (58,3% vs 77,1% vs 55,8%; p = 0,015) e resposta loco-regional (56,3 vs 82,6% vs 70,5%; p = 0,020). Quanto ao downstaging tumoral e resposta completa verificou se que os grupos 1B e 1C apresentaram melhores resultados (p > 0,05). No GRUPO 2 foram incluídos 38 doentes, com idade mediana superior ao GRUPO 1 (79 vs 65 anos, p < 0,001), Karnofsky inferior (p = 0,004) e com várias co-morbilidades. Eram M1 15,8% dos doentes (vs 0% no GRUPO 1). Foi encontrado um maior número de tumores localizados a mais de 5 cm da margem anal no GRUPO 2 (68,4% vs 49,8%, p = 0,033). Não se verificou toxicidade aguda no GRUPO 2. A mediana de tempo entre RT e cirurgia neste grupo foi de 2 semanas, tendo sido identificadas mais complicações pós-operatórias do que no GRUPO 1 (47,2% vs 35,8%, p = 0,191). Houve resposta loco-regional em 65,7% dos doentes do GRUPO 2. Considerando o intervalo de tempo entre RT e cirurgia (?1 semana vs. >1 semana) houve diferenças estatisticamente significativas na resposta loco-regional (28,6% vs 75,0%; p = 0,033), não se verificando diferenças quanto à existência de complicações pós-operatórias. Nos 2 doentes que tiveram resposta completa a cirurgia foi realizada com maior intervalo de tempo após a RT. Conclusões: Os resultados deste estudo estão de acordo com a literatura: o esquema longo com QT concomitante proporcionou melhor resposta loco-regional ainda que associada a alguma toxicidade aguda; no esquema curto o maior intervalo de tempo entre a RT e a cirurgia parece estar associado a melhores resultados, sem aumento das complicações pós operatórias. Apesar do reduzido número de doentes que realizaram esquema curto neste estudo, esta também é uma boa opção de tratamento.

91 RADIOQUIMIOTERAPIA NO CARCINOMA DO COLO DO ÚTERO ESTÁDIOS II E III

João Casalta-Lopes(1);Inês Nobre-Góis(1);Tânia Teixeira(1);Margarida Borrego(1);Paula Soares(1)(1) Serviço de Radioterapia - CHUC

Introdução: O cancro do colo do útero é o terceiro mais frequente a nível mundial na mulher e o sétimo em Portugal. Ensaios clínicos demonstraram que o tratamento com Radioquimioterapia concomitante no carcinoma do colo do útero localmente avançado aumenta consideravelmente a sobrevivência e controlo local da doença. Objectivos: Avaliar os resultados obtidos e complicações registadas nas doentes com carcinoma do colo estádios II e III que realizaram Radioquimioterapia seguida de Braquiterapia intracavitária com alta taxa de dose. Material e métodos: Análise retrospectiva das doentes tratadas entre Julho de 2002 e Dezembro de 2009. Foram incluídas todas as doentes com estádios IIB, IIIA e IIIB que realizaram radioterapia externa pélvica com doses entre 50,4 Gy / 28 fr e 59,4 Gy / 33 fr, seguida de braquiterapia intracavitária com dose nos pontos A de 21 Gy / 3 fr e 14 Gy / 2 fr respectivamente. Efectuaram quimioterapia concomitante com Cisplatina (40 mg / m2 / semana iv). Foram considerados como critérios de exclusão a realização prévia de quimioterapia e a não realização de quimioterapia concomitante. A escala de toxicidade aguda utilizada foi a CTC 2.0 e para a toxicidade tardia o Glossário Franco Italiano. Resultados: Foram incluídas 73 doentes, das quais 32,9% foram estadiadas como IIB, 2,7% IIIA e 64,4% IIIB, a maioria (95,9%) com carcinoma espinho celular. 56,5% apresentavam tumores de dimensão superior a 4 cm; 80,8% dos tumores invadiam bilateralmente os paramétrios, ocorrendo invasão vaginal em 76,7% com adenopatias pélvicas em 36,8%. A mediana da duração total do tratamento foi de 58 dias. As complicações agudas de grau 3-4 foram exclusivamente hematológicas, essencialmente leucopenias grau 3 (30,1%) e um caso de trombocitopenia grau 4. O valor de hemoglobina foi inferior a 10 g/dL em 32,9% das doentes. Em relação às toxicidades tardias, 8,2% apresentaram cistite grau 1-2 e 31,5% rectite, sendo uma de grau 3. O tempo mediano de follow up foi de 56 meses. Verificou-se recorrência loco-regional em 19,2% das doentes, em que 21,4% pertenciam ao estádio IIB, 14,3% ao estádio IIIA e 64,3% ao estádio IIIB. Três doentes apresentaram persistência tumoral, sendo duas do estádio IIIB. Houve metástases à distância em 22,2% das doentes, em que 31,2% eram IIB e 68,8% IIIB. Nos estádios IIB e IIIB, a sobrevivência

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CTSglobal (SG) aos 2 anos foi respectivamente de 95,8% e 82,5%; aos 5 anos foi 75,8% e 70,4%. Não foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas na SG (p = 0,479) ou na sobrevivência livre de doença (SLD) (p = 0,174). Das variáveis analisadas a dimensão do tumor (superior a 4 cm) e o valor de SCC na primeira consulta de follow-up (superior a 1,5 ng/mL) tiveram impacto prognóstico significativo quanto à SG, SLD e SLD loco-regional (SLDLR). A existência de adenopatias loco-regionais à data de diagnóstico mostrou ter impacto prognóstico na SG e SLD e a invasão vaginal mostrou ser relevante na SLD, ambos de modo significativo. A existência de anemia com hemoglobina inferior a 10 g/dL durante o tratamento revelou implicações significativas na SLDLR. Nenhuma das restantes variáveis mostrou impacto prognóstico significativo. Conclusão: A dimensão tumoral, valor de SCC na primeira consulta de follow-up, invasão vaginal e ganglionar mostraram ter impacto prognóstico. O mesmo foi verificado para os níveis de hemoglobina durante o tratamento, o que poderá ser particularmente relevante já que a toxicidade aguda foi essencialmente hematológica. Apesar das sobrevivências aos 2 e 5 anos não terem mostrado diferenças entre os estádios IIB e IIIB, os valores obtidos encontram se de acordo com a literatura.

92 CANCRO DA MAMA EM ANGOLA

Lygia Vieira Lopes(1), António Tavares Frederico(2), Lúcio Lara Santos(3)(1)Clínica Sagrada Esperança – Luanda (2) Centro Nacional de Oncologia – Luanda (3) IPO-Porto – PortoIntrodução: O cancro da mama é o segundo tumor maligno mais frequente em Angola. As taxas de incidência e de mortalidade estimadas são de 19/100 000 habitantes e de 11,9/100 000 habitantes, respectivamente. Porém, o conhecimento sobre as características clinico-patológicas, estádio predominante e a terapêutica realizada é ainda escasso. Material e Métodos: Foram avaliados retrospectivamente os processos clínicos de 82 doentes com cancro da mama, admitidos consecutivamente no Centro Nacional de Oncologia, em Luanda, Angola, durante 2009. Resultados: A idade mediana foi de 45 anos (27 a 88 anos), 72 casos (87,8%) encontravam-se no estádio III e IV. O carcinoma ductal invasor foi o tipo histológico dominante (82%), apenas 15% eram neoplasias de baixo grau. O tratamento cirúrgico mais frequente foi a mastectomia radical modificada (67,1%) , quimioterapia neoadjuvante foi realizada em 12 doentes (14,6%), quimioterapia adjuvante foi realizada em 36 doentes (43,9%). As drogas mais utilizadas foram: Doxorrubicina, Ciclofosfamida,Paclitaxel,tamoxifeno. Conclusão: O cancro da mama em Angola é diagnosticado tardiamente, predominam as neoplasias localmente avançadas e metastizadas. É fundamental um programa de educação para a saúde e a organização de unidades em que quadros treinados realizem o diagnóstico precoce desta neoplasia maligna.

93 - EPISÓDIO MANÍACO E PACLITAXEL: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Zaida Pires(1);Inês Cargaleiro(2);Cristina do Vale(1);Andreia Ribeiro(1);Lúcia Monteiro(3)(1) IPOLFG, EPE (2) Cenhtro Hospitalar de Lisboa Ocidental (3) IPOL FG EPE

Introdução e Objectivos: Os autores apresentam um caso clínico de uma paciente do sexo feminino de 54 anos com um adenocarcinoma do cólo do útero, sem antecedentes psiquiátricos pessoais ou familiares e um primeiro episódio maníaco temporalmenteassociado a monoterapia com paclitaxel . A associação de sintomas psiquiátricos e este agente antineoplásico só foi descrito num outro caso, e com diferente apresentação clínica. Material e Métodos: Apresenta-se um caso seguido no Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil, com ênfase nos dados clínicos, processo de diagnóstico diferencial, compreensão e abordagem multidisciplinar, implicações sociofamiliares e ocupacionais e evolução. Os autores realizaram uma revisão bibliográfica relacionando apresentações psiquiátricas e reacções adversas ao paclitaxel, usando a Medline e centrada nas publicações da última década. Resultados: Após suspensão do paclitaxel, mudança para esquema alternativo de quimioterapia e instituição de medicação psicotrópica, o quadro psiquiátrico melhorou progressivamente até à remissão completa, o que sugere uma reacção adversa aquele agente antineoplásico. Conclusões: Os autores pretendem alertar outros clínicos para a possibilidade de manifestações psiquiátricas relacionadas com a utilização deste agente comum em protocolos de quimioterapia. Esta associação pode ter importantes implicações clínicas, requerendo avaliação de antecedentes e sintomas psiquiátricos antes da introdução deste fármaco em monoterapia. Este, como muitos outros casos, demonstram a importância

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e a eficácia da abordagem multidisciplinar em Oncologia Clínica. Escassa literatura foi encontrada e investigação futura seria relevante para uma melhor compreensão dos mecanismos fisiopatológicos responsáveis por esta associação.

94 TIMOMA: EVOLUÇÃO CLÍNICA POUCO FREQUENTE

Marta Mesquita Pinto(1);Carolina Carvalho(2);Ana Plácido(3);Helena Miranda(3);Ana Martins(3)(1) CHLO - HSFX (2) Hospital São Francisco Xavier - Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (3) HSFX-Lisboa

Introdução: Os Timomas representam 20% das neoplasias mediastínicas e localizam-se sobretudo no mediastino anterior. São localmente invasivos em 30% dos casos, podendo manifestar-se com envolvimento do pericárdio, do miocárdio, do pulmão, do esterno ou dos grandes vasos mediastínicos. A disseminação metastática é rara. Os Timomas ocorrem mais frequentemente na faixa etária dos 40-60 anos, com ligeiro predomínio no sexo masculino. Cerca de 50% dos casos são diagnosticados acidentalmente, em doentes assintomáticos. Estão associados a uma grande variedade de Síndromes Paraneoplásicos, dos quais se destacam: a Miastenia gravis em 30-50% dos doentes; a Hipogamaglobulinémia adquirida em cerca de 10% dos casos; a Aplasia pura da série eritróide em <5% e ainda mais raramente o Lúpus Eritematoso Sistémico, a Polimiosite, a Dermatomiosite e o Síndrome de Cushing ectópico. O gold standard terapêutico é a Cirurgia, sendo curativa em mais de 95% dos casos. A Radioterapia (RT) subsequente reduz a recidiva local. Os regimes combinados de Quimioterapia (QT) são utilizados no tratamento da doença localmente avançada ou metastizada. Caso clínico: Apresenta-se um caso clínico de um doente do sexo masculino, de 68 anos de idade, previamente saudável. Em estudo pré-operatório para herniorrafia inguinal, em 2004, constatou-se a presença de volumosa massa mediastínica anterior e superior. Realizou estudo complementar com Tomografia computorizada (TC) e Ressonância magnética (RM) torácicas, que confirmaram a presença da tumefação mediastínica. Foi submetido a ressecção tumoral, mas dado o envolvimento do tronco braquio-cefálico e da veia cava superior, ficou com doença residual. O exame anatomo-patológico diagnosticou um Timoma tipo B2, com invasão da cápsula, coincidindo com as margens cirúrgicas. Realizou RT complementar, com resposta loco-regional completa. Manteve-se em vigilância na consulta de Oncologia, com avaliação clínica e imagiológica periódicas. Em Outubro de 2010, documentou-se recaída com disseminação ganglionar, metastização pulmonar e envolvimento pleural (TC-tóracica e PET-TC), pelo que iniciou um regime de poliquimioterapia com Ciclofosfamida (500mg/m2), Doxorrubicina (50mg/m2) e Cisplatina (50mg/m2), de 21/21dias, num total de 8 ciclos, com resposta parcial significativa (50-75%). Cerca de 6 meses após suspender QT por toxicidade e apesar de apresentar doença estabilizada, instalou-se um quadro laboratorial de anemia normocítica normocrómica (Hb=6,4g/dL), associada a uma baixa contagem de reticulócitos no sangue periférico (0,01%), que tem implicado suporte transfusional frequente. Para esclarecimento etiológico da anemia realizou endoscopia digestiva alta e colonoscopia (negativas), serologias virais (HCV, HBV, HIV e Parvovírus - negativas) e biópsia osteo-medular documentou uma hipoplasia medular com aplasia eritróide pura. Conclusão: A estratégia terapêutica combinada (ressecção cirúrgica + RT) é a indicada em Timomas tipo B2. A disseminação da doença implicou a instituição de um regime de poliquimioterapia, tendo-se obtido uma resposta parcial considerável (50–75%). Posteriormente e, apesar da doença permanecer clinicamente estacionária, instalou-se um quadro de Aplasia pura da série eritróide, cuja incidência é inferior a 5% nos Timomas.

95 SARCOMA DE EWING: CASO CLÍNICO DE UM TUMOR PEDIÁTRICO

Sílvia Leitão(1);Pedro Chinita(1);Joana Lourenço(1);Ana Pitti(1);André Pereira(1);Adriana Martins(1);Isabel Lobato(1)(1) Hese - Radioterapia

Introdução: O Sarcoma de Ewing é um tumor ósseo de pequenas células que se caracteriza por um crescimento acelerado e metastização precoce. Em pediatria é o segundo tumor ósseo primário mais frequente. Apresenta uma incidência de 200 casos anuais, a nível mundial. As localizações mais comuns são as extremidades inferiores e a pélvis. Objectivos: Demonstrar o papel da radioterapia no tratamento do Sarcoma de Ewing localizado na zona pélvica.

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CTSMaterial e métodos: Descrição e ilustração de um caso clínico. Caso Clínico: Indivíduo do sexo masculino de 13 anos de idade,

com o diagnóstico de «tumor neuroectodérmico primitivo (PNET/ Sarcoma de Ewing), previamente submetido a laminectomia de L5 e parcial de S1. Iniciou Quimioterapia segundo o protocolo EURO EWING 99 e foi referenciado para radioterapia. O planeamento do tratamento iniciou-se com a aquisição de uma TC na qual se procedeu à imobilização pélvica recorrendo a um colchão de vácuo. Para a irradiação da lesão foi utilizada a técnica RapidArc® com dois arcos coplanares, energia de 6MV, durante 25 fracções de 1,8Gy/dia (45Gy) que foi complementado com 21,6Gy (12 x 1,8Gy) administrados através de uma segunda fase de tratamento, alcançando assim uma dose total de 66,6Gy, limite de dose imposto pelos órgãos adjacentes. Resultados: Na distribuição de dose o principal órgão de risco avaliado foi a medula que recebeu uma dose média de 33,2Gy. Foram também considerados: ambos os fémures (colo), recto, bexiga e intestino. Em todos eles foi respeitada a dose de tolerância. Conclusões: O Sarcoma de Ewing é radiossensível e, em geral, responde bem ao tratamento de radioterapia. No entanto, existem poucos estudos randomizados relativamente ao papel desta opção terapêutica no controlo tumoral deste sarcoma. A doença metastática está relacionada com um baixo controlo local e pior prognóstico. Com a utilização do RapidArc® consegue-se reduzir as doses nos tecidos adjacentes e desta forma minimizar os efeitos secundários da radiação.

96 “CANCRO DA PROSTATA: INCIDÊNCIA DA PATOLOGIA NO SERVIÇO DE ONCOLOGIA DO CHEDV ENTRE FEVEREIRO/2009 A FEVEIRO/2012”

Francisca Elisa Oliveira Ferreira(1);Prof. Dr. António Manuel Ferreira Araújo(2);Cláudia Alexandra Santos Almeida (2);Emilio Mecias Bravo (2)(1) Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga - Oncologia Médica (2) Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga – Hospital De São Sebastião, EPE

Objectivos: O objetivo deste trabalho visa um reforço da evidência na pesquisa efetuada, para além da necessidade de alertar os profissionais para a problemática. Material e Métodos: A metodologia deste trabalho é descritiva, incidindo na pesquisa bibliográfica e de dados do Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga (CHEDV). Deste modo, esperamos que o mesmo vá de encontro aos objectivos de formação, delineados para este evento. Resultados: O cancro da próstata é uma doença com enorme impacto na saúde mundial. Em Portugal, é o tipo de cancro mais frequente no homem, estimando-se que 1 em cada 6 homens padecerão deste tipo de doença ao longo da sua vida. Aproximadamente 50% dos homens com mais de 70 anos sofre deste tipo de neoplasia. Uma percentagem que aumenta exponencialmente em indivíduos do sexo masculino com mais de 90 anos. Atualmente, o cancro da próstata é o mais frequente nos países industrializados. Na Europa, a doença representa 13% dos novos casos de neoplasia diagnosticados, pervencendo-se que um em cada nove portugueses possa vir a sofrer da mesma. Segundo o Portal de Oncologia Português, a incidência é de 82 casos/100.000 habitantes, com uma mortalidade de 33 casos/100.000 habitantes. É considerada a terceira causa de morte oncológica, logo após o cancro do pulmão e do cólon. Um outro dado importante refere que cerca de 40 a 50% dos doentes atualmente diagnosticados apresenta pelo menos um dos fatores impeditivos de tratamento com fins curativos: fase avançada da doença ou idade elevada. Conclusão: O aprofundar de conhecimentos sobre esta patologia, vai permitir uma melhor prestação de cuidados, qualificar os profissionais, mas acima de tudo, dar aos pacientes mais e melhor qualidade de vida. A elaboração de estudos e divulgação dos seus resultados é essencial para a partilha e aquisição de novos conhecimentos, que são cruciais na área da Oncologia.

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97 SEMINOMA DO TESTÍCULO COM SKIP METÁSTASE EM GÂNGLIO LINFÁTICO SUPRACLAVICULARVirgínia Mareco(1);André N. Abrunhosa Branquinho(1);Ana Amado(1);Filomena Pina(1);Isabel Monteiro Grillo(1); (1) Serviço de Radioterapia, CHLN, EPE

Introdução: O seminoma puro do testículo é a histologia mais frequente entre os tumores do testículo e, na sua maioria (75-80%), apresenta-se em estádio I à data do diagnóstico. Dada a longa sobrevida destes doentes (dts), as guidelines de 2011 da ESMO preconizam cirurgia e vigilância activa, sempre que aplicável, ou rádio (RTA) ou quimioterapia (QT) adjuvantes. A incidência global de recaída é maior na estratégia expectante. A recaída global aos 5 anos em tumores com factores de risco (tumores ?4 cm e invasão da rete testis) é de 32%, e, cerca de 97% ocorre nos gânglios linfáticos retroperitoneais ou ilíacos comuns, podendo ocorrer também skip metástases mais à distância. A irradiação mediastínica e supraclavicular profilática foi sendo abandonada e a RTA ficou limitada à hemipélvis ipsilateral e aos gânglios para-aórticos, com bons resultados em termos de recaída local. As guidelines de 2011 da EAU preconizam para estes dts um tratamento adaptado, de acordo com os factores de risco, preferindo o uso de carboplatina em detrimento da RTA como 1.ª linha adjuvante. A escolha deveu-se, não à eficácia do tratamento ou à significativa taxa de recorrência, mas, à probabilidade de neoplasias secundárias e à toxicidade a longo prazo com a RTA.Objectivos: Demonstrar a eficácia da RTA quer no tratamento adjuvante do seminoma puro de estádio I, quer na terapêutica de resgate de skip metástase. Material e Métodos: Doente de 25 anos, com seminoma puro testicular, estádio Ib, diagnosticado em 2005. Submetido na altura a orquidectomia esquerda e RTA 3DC, dose total de 27 Gy. No final de 2006, metástase única na região supraclavicular esquerda, 3 cm de maior diâmetro, tendo realizado 4 ciclos de QT (bleomicina, etopósido e cisplatina), com resposta total. Posteriormente realizou RTA sobre a região cervical esquerda e boost sobre a adenopatia, na dose total de 36 Gy, com boa tolerância. Resultado: Desde o tratamento de resgate, em 2007 (antes das novas guidelines), até à data, o dt apresenta-se sem evidências clínica e imagiológica de recidiva e com marcadores tumorais dentro dos valores de normalidade; sem queixas ou efeitos tardios adversos. Conclusões: A maioria das recorrências após RTA adjuvante ocorre fora do campo de irradiação. QT nas recorrências é a terapêutica standard, mas a RTA tem um papel importante na consolidação da terapêutica de resgate. Este caso exemplifica como a metastização pode ocorrer, podendo ser do tipo skip. A terapêutica de resgate tem quase sempre bons resultados, e a RTA é uma opção eficaz.

98 METÁSTASE HEPÁTICA DE TUMOR GERMINATIVO DO TESTÍCULO OU HEMANGIOMA HEPÁTICO?

Manuel Magalhães(1);Joana Febra(1);Franklim Marques(1);Joao Pedro Ferreira(1)(1) Centro Hospitalar do Porto

Introdução: Os tumores de células germinativas do testículo são as neoplasias sólidas mais frequentes no adulto jovem do sexo masculino. Os seminomas correspondem a 40% dos casos e os não-seminomas a 60%, sendo este último grupo clinicamente mais agressivo. A presença de metástases viscerais não pulmonares é um factor de prognóstico independente que coloca o doente num grupo de maior risco. A abordagem dos doentes com metástases viscerais não pulmonares de tumores germinativos do tipo não-seminomas inclui quimioterapia com 4 ciclos de bleomicina, etoposídeo e cisplatino (BEP) e ressecção de qualquer alteração radiográfica sugestiva de doença residual, se tecnicamente possível. Os hemangiomas hepáticos são os tumores primários mais frequentes do fígado e são inteiramente benignos. A distinção entre os hemangiomas e as metástases hepáticas pode ser realizada através de exames imagiológicos, incluindo ressonância magnética, com base na morfologia da lesão e características na ponderação T2. No entanto, em alguns casos a distinção entre estas duas entidades pode não ser clara, sobretudo quando as metástases são hipervasculares. Objectivos: Demonstrar a dificuldade na abordagem dos doentes com lesões hepáticas de etiologia não totalmente esclarecida. Desenvolvimento: Apresentamos o caso de um doente de 28 anos que em auto-exame detecta tumefacção do testículo esquerdo, confirmando-se por ecografia nódulo com 20x18x13 mm. Apresentava marcadores tumorais elevados (alfa-fetoproteína: 33 mcg/dL e Beta-HCG: 16 U/L). A TAC de estadiamento revelava apenas nódulo com 27 mm no lobo hepático direito sugestivo de hemangioma, hipótese corroborada pela RMN. Submetido a orquidectomia radical e o exame histológico revelou tratar-se de neoplasia maligna de células germinativas com características de teratocarcinoma. Após orquidectomia houve aumento dos marcadores tumorais (alfa-fetoproteína: 428,2 mcg/dL e Beta-HCG: 46,7 U/L). Admitiu-se que a lesão hepática correspondia a provável hemangioma pelo que o tumor foi estadiado como IS. Planeada quimioterapia com 3

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CTSciclos de BEP seguido re-avaliação imagiológica. Com a quimioterapia os marcadores tumorais normalizaram. A re-avaliação

posterior com TAC revelou redução da lesão hepática de 27 para 18 mm. Em Consulta Multidisciplinar de Oncologia foi decidido realizar exérese de lesão hepática, dada a sua redução de tamanho com a quimioterapia. Se a lesão fosse comprovadamente metástase de tumor germinativo, deveria ser considerada a hipótese de QT pós-operatória. Foi então submetido a cirurgia hepática e o exame histológico revelou tratar-se de hemangioma fibrosado. Existem 2 outros casos descritos na literatura de regressão parcial de hemangiomas hepáticos com BEP, um caso de tumor germinativo misto do testículo e outro de tumor de células do saco vitelino do ovário. Vários factores poderão estar envolvidos neste tipo de resposta, nomeadamente através de mecanismos anti-angiogénicos induzidos pela QT. Conclusão: Não existe consenso em relação à melhor abordagem para diferenciar hemangioma de metástase hepática. Este caso demonstra que na falta de critérios imagiológicos definitivos, a regressão parcial de um hemangioma induzida pela QT pode simular metástase hepática, dificultando a distinção entre estas duas entidades com base apenas em dados clínicos e laboratoriais.

99 CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS DE CÉLULAS RENAIS- EVOLUÇÃO LONGA E ENVOLVIMENTO SISTÉMICO RARO

Teresa Amaral(1);Ana Rita Sousa(2);Lúcia Costa(3);Catarina Abreu(2);Joana Ribeiro(4);Paulo Cortes(4);António Quintela(4);Luís Costa(4)(1) CHLC - H. Santa Maria (2) Serviço de Oncologia Médica, Hospital de Santa Maria (CHLN) (3) Srviço de Oncologia Médica, Hospital de Santa Maria (CHLN) (4) Serviço de Oncologia Médica; Hospital de Santa Maria (CHLN)

O carcinoma de células renais com origem no córtex renal é responsável por cerca de 80 a 85% de todas as neoplasias primitivas do rim. Os carcinomas de células de transição da pelve renal são os segundos mais frequentes contribuindo para cerca de 8% dos casos. Outros tipos de neoplasia nomeadamente tumores do epitélio parenquimatoso, oncocitomas, tumores dos ductos colectores e sarcomas do rim são claramente mais raros. Os dados disponíveis apontam para que em 60% dos casos se trate de uma doença localizada (confinada ao rim), em 19% de doença regional (envolvimento ganglionar) e em 21% de doença metastizada. Verificou-se um aumento do diagnóstico da doença em fase localizada com uma diminuição dos casos de doença regional e metastática, pensa-se fruto de um diagnóstico mais precoce. O aumento do número de terapêuticas dirigidas, sobretudo no âmbito da terapêutica biológica terão contribuído também para o aumento da sobrevivência. O caso apresentado é o de uma mulher de 62 anos com diagnóstico de neoplasia do rim desde há cerca de19 anos. Sem antecedentes pessoais relevantes. Em 1992, realiza ecografia abdominal e pélvica, sem qualquer sintomatologia, tendo sido descrita massa de características suspeitas no rim direito. Proposta para nefrectomia radical. O diagnóstico anatomopatológico refere carcinoma de células renais com predomínio de células clara com padrão quístico. Áreas de invasão da cápsula, sem invasão do uretero, vasos ou gordura. Iniciou terapêutica adjuvante com INF que manteve durante 7 meses e que suspendeu por toxicidade hematológica grave. Em vigilância posteriormente, verifica-se recidiva local cerca de 12 anos depois. Nova intervenção cirúrgica- recessão R0, confirmando-se na avaliação anatomopatológica tratar-se de uma recidiva de carcinoma de células clara AE1/AE3 e vimentina positivas. Proposta novamente para terapêutica com INF que manteve apenas durante 1 ano, tendo sido suspenso por toxicidade GI e hematológica. Em Maio de 2011 por queixas de cefaleias e vómitos é feita TC CE que revela presença de lesão expansiva no lobo temporal direito com 19 mm de diâmetro com significativo efeito de massa. Lesão cerebelosa à esquerda. Tendo em conta a sintomatologia é proposta para cirurgia. Na TC TAP para avaliação de doença, constata-se presença de metastização pulmonar bilateral e de volumosa lesão intracardíaca com ponto de partida no ventrículo esquerdo. Sem evidência de recidiva local. A biópsia das lesões pulmonares não foi conclusiva. Feita biópsia ecoguiada da massa cardíaca cujo diagnóstico anatomopatológico revelou tratar-se de metástase de carcinoma de células clara. Pela localização a lesão apresentava um elevado risco cirúrgico tendo sido recusada excisão pela cirurgia cardiotorácica. Feita excisão da lesão cerebral, confirmando-se tratar-se de metástase de carcinoma de células clara. Fez RT holocraneana no pós-operatório, sem toxicidade aguda relevante. Proposta para terapêutica sistémica dirigida com Sunitinib que inicia em Setembro de 2011. Após 2 meses de terapêutica é internada com quadro abdominal agudo que se verificou estar relacionado com necrose de massa mestastática da parede abdominal com fistulização cutânea. Suspendeu Sunitinib e iniciou tratamento com Everolimus em Dezembro que mantém até à data com excelente tolerabilidade e doença estabilizada. Consideramos de relevo o presente caso, dada a longa evolução da doença, com grande e raro envolvimento sistémico.

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100 ADENOCARCINOMA DA PRÓSTATA METASTIZADO: A PROPÓSITO DE QUATRO CASOS CLÍNICOS

Ana Isabel Vieira Nobre Joaquim(1);Sandra Custódio(1);Ana Luísa Faria(1);Emílio Bravo(1);Joana Macedo(1);Sónia Rego(1);Vânia Peixoto(1);António Araújo(1)(1) Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga

Introdução: O adenocarcinoma da próstata metastizado engloba doenças diferentes que, mesmo resistentes à castração, mantêm dependência androgénica. Apresentam-se quatro casos clínicos:#1 Diagnóstico aos 56 anos, Gleason 8, PSA 18 ng/mL, pT2cNxM0. Submetido a prostatectomia radical (PR) e radioterapia (RT). Por recidiva bioquímica, dos 58 aos 66 anos realizou hormonoterapia (HT) intermitente. Por recidiva óssea, realizou bisfosfonato e docetaxel (4 ciclos), com progressão óssea e ganglionar. Iniciou abiraterona. Ao 14º dia, apresentava resposta clínica e analítica, sem toxicidade. #2 Diagnóstico aos 70 anos, Gleason 8, PSA 65 ng/mL, cT3aN0M1 (óssea). Submetido a RT prostática, HT (2 anos) e bisfosfonato. Por progressão óssea, realizou docetaxel (10 ciclos, com resposta). Três meses após, por progressão óssea, foi reintroduzido docetaxel (6 ciclos), sem resposta. Foi proposto para abiraterona.#3 Diagnóstico aos 64 anos, Gleason 6, PSA 6 ng/mL, pT3bN0cM0. Submetido a PR e HT contínua até aos 70 anos noutro centro. Por progressão óssea, realizou docetaxel (7 ciclos, com resposta, suspenso por neuropatia), bisfosfonato e RT óssea. Por progressão óssea um ano após, foi reintroduzido docetaxel (6 ciclos), com resposta, suspenso por neuropatia. Após 9 meses de HT isolada, documentou-se progressão óssea, pelo que foi proposto para abiraterona.#4 Diagnóstico aos 59 anos, Gleason 6, PSA 450 ng/mL, cT1NxM1 (óssea). Submetido RT prostática e HT, suspensa após 6 meses por má adesão terapêutica. Seis meses depois, documentou-se progressão óssea, reiniciando HT. Um ano após, por paraparésia compressiva, realizou RT e docetaxel (10 ciclos), com progressão pulmonar, hepática e óssea. Foi proposto para abiraterona mas, por degradação do estado geral durante o tempo em que se aguardava a aprovação, deixou de ter indicação.Conclusões: Até recentemente, não existiam soluções terapêuticas de eficácia comprovada para casos de falência ou com contraindicação para docetaxel. Actualmente, a abiraterona é uma opção para estes doentes.

101 PIELONEFRITE XANTOGRANULOMATOSA ERRADAMENTE DIAGNOSTICADA COMO NEOPLASIA MALIGNA DO RIM: QUANDO COLOCAR EM CAUSA UM DIAGNÓSTICO?

João Mouta(1);Emanuel Gouveia(1);Maria João Oliveira(2);Ana Catarina Rodrigues(2);Ana Grilo(3)(1) IPO Lisboa (2) Centro Hospitalar de Lisboa Central (3) Hospital Beatriz Ângelo

Introdução: O aumento da disponibilidade de exames de imagem leva a oportunidades e desafios. O diagnóstico definitivo de qualquer neoplasia maligna é feito com base no exame anatomopatológico de material biológico obtido através de procedimentos cirúrgicos, colheita ou biópsia de produtos acessíveis, ou através de procedimentos guiados por imagem. A maioria dos tumores sólidos apresenta aspectos radiológicos característicos, mas o diagnóstico diferencial que se coloca é normalmente vasto e obriga à compatibilização dos elementos clínicos com o aspecto imagiológico, não dispensando porém o exame patológico. Apresenta-se um caso bizarro de um indivíduo com um diagnóstico de carcinoma metastático do rim cuja clínica regrediu espontaneamente e a quem se fez um diagnóstico retrospectivo de pilonefrite xantogranulomatosa com sepsis associada e embolização séptica múltipla com posterior regressão espontânea. Objectivos: O objectivo deste trabalho é a descrição de um caso clínico que encerra peculiaridades, procurando confrontá-lo com a escassa literatura disponível. Material e Métodos: Para a realização deste trabalho reuniram-se dados do processo clínico do doente. A selecção e organização da informação apresentada é da responsabilidade do primeiro autor. De seguida, e para efeitos de discussão, fez-se uma pesquisa no motor de busca PubMed utilizando os termos “xantogranulomatous pyelonephritis”, “renal cell carcinoma”, “misdiagnosis”. Os abstracts das publicações relevantes que resultaram desta pesquisa foram manualmente revistos e seleccionados pelo primeiro autor, que fez a sua leitura crítica e apresenta os resultados dessa pesquisa. Resultados: Apresenta-se um caso clínico de um doente de 70 anos de idade, natural de Tomar e residente em Lisboa, previamente independente, com história de hipertensão arterial essencial, com um diagnóstico poucos dias antes da admissão de neoplasia do rim direito de provável carácter maligno,

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CTSdiagnosticado no decurso de investigação de anemia normocítica e normocrómica. Não tinha outros antecedentes médicos

ou história familiar relevante. Admitido no Serviço de Urgência do Hospital de Curry Cabral a 25 de Março de 2010 por quadro com 24 a 48 horas de evolução caracterizado por mal-estar geral, deterioração do estado de consciência com prostração de agravamento recente, calafrios e tremores, com dois episódios de lipotímia. À admissão doente comatoso, febril, polipneico, hemodinamicamente instável, hipotenso e taquicárdico, desconfortável, com fervores bibasais na auscultação pulmonar e uma massa palpável no flanco direito. Analiticamente com anemia grave normocítica e normocrómica de 5,5g/dL de hemoglobina, leucocitose neutrofílica, elevação da proteína C reactiva de 29,5mg/dL, parâmetros de lesão renal aguda, elevação das provas hepáticas e sedimento urinário activo. Admitindo-se sepsis grave com ponto de partida urinário iniciou medidas de reanimação com hidratação vigorosa, oxigenioterapia suplementar e antibioterapia empírica de largo espectro após colheita de produtos para exames culturais. Teve boa resposta às medidas e foi internado após estabilização do quadro. Durante a permanência no Serviço de Medicina II teve uma lenta mas favorável evolução clínica, com resolução paulatina das disfunções cardiovascular, renal, neurológica e hepática, persistindo apenas febre vespertina refractária com boa cedência à indometacina, e anemia refractária com necessidade transfusional frequente. Cumpriu 21 dias de antibioterapia empírica com meropenem e 14 dias de antibioterapia com gentamicina. Os exames culturais foram negativos. Durante o internamento realizou tomografia axial computorizada (TAC) torácica, abdominal e pélvica, que mostrou aspectos descritos como em relação com neoplasia renal direita com envolvimento loco-regional (invasão directa do fígado e metastização ganglionar) e à distância, com metastização pulmonar bilateral. Foi proposta ao doente biópsia percutânea da massa e tratamento sistémico com intuito paliativo, que o doente recusou. Não houve intercorrências a registar. Depois de clinicamente estável teve alta referenciado às consultas externas de medicina interna e imunohemoterapia. Durante os primeiros 3 meses de seguimento o doente permaneceu clinicamente debilitado, com astenia, anorexia, perda ponderal progressiva, mantendo episódios de febre várias vezes por semana e necessidade frequente de terapêutica transfusional. A partir de Agosto de 2010 verifica-se uma melhoria paulatina deste quadro, com resolução lenta e progressiva das queixas referidas ao longo dos meses seguintes. Por se sentir melhor, o doente aceitou realizar a biópsia da massa renal e receber tratamento de acordo com o resultado. Repetiu TAC abdominal e pélvica nessa altura (Setembro 2010), que mostrava estabilidade da massa renal. A biópsia foi realizada e o diagnóstico histológico foi de tecido conjuntivo com denso infiltrado inflamatório misto, não se documentanto a presença de neoplasia maligna, o que foi interpretado como erro de amostragem na colheita da peça. Devidamente informado, o doente recusou repetir a biópsia e recusou novamente tratamento activo, permanecendo em seguimento na consulta. Entre Outubro de 2010 e Abril de 2011 o doente foi progressivamente melhorando, com regressão definitiva de toda a sintomatologia, melhoria franca do estado geral e nutricional e ganho ponderal. Retomou as suas actividades. Repetiu TAC torácica, abdominal e pélvica em Junho de 2011, que mostrou apenas pequena cicatriz polar superior do rim direito e resolução completa da massa renal, desaparecimento das imagens pulmonares sugestivas de depósitos secundários, dos aspectos sugestivos de invasão hep+atica por contiguidade e das hipertrofias ganglionares.Discutido novamente o caso com imagiologistas e urologistas, fez-se o diagnóstico retrospectivo de pielonefrite xantogranulomatosa sem agente isolado, com sepsis grave associada, adenopatias locorregionais reactivas e embolização séptica pulmonar hematogénea. Conclusões: O diagnóstico de neoplasia não é definitivo até que haja comprovação histológica da presença de células neoplásicas. A disponibilidade de meios auxiliares de diagnóstico por imagem é um recurso valioso, na medida em que permite o diagnóstico e caracterização de lesões inacessíveis, mas não se pode substituir à clínica. O diagnóstico diferencial das massas renais, por vezes difícil de fazer por imagem, deve incluir a pielonefrite xantogranulomatosa, em especial quando há quadro infeccioso associado. Deve manter-se alguma flexibilidade e disponibilidade para voltar a trás e questionar um diagnóstico, em particular quando este não está comprovado.

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102 NEUTROPÉNIA FEBRIL EM DOENTES COM CARCINOMA DA PRÓSTATA METASTIZADO, RESISTENTE À CASTRAÇÃO TRATADOS COM DOCETAXEL

Carolina Carvalho(1);Marta Mesquita Pinto(2);Daniel Romeira(2);Filipe Alboim(3);Maria Dolores Alberca(2);Adélia Felix(2);Ana Massena(2);Ana Plácido(2);Helena Miranda(2);J. C. Nunes Marques(2);Ana Martins(2)(1) Hospital São Francisco Xavier - Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental (2) CHLO - HSFX (3) CHLO - Egas Moniz

Introdução: O cancro da próstata é a neoplasia mais frequente no homem em todo o mundo. Foram estimados, em 2008, 900.000 casos e 258.000 mortes. A idade média de diagnóstico é 67 anos, predominantemente dos idosos. O comportamento clínico do cancro da próstata varia desde tumor bem diferenciado a neoplasia agressiva com propensão para invasão e metastização.Nos homens com cancro da próstata metastático a hormonoterapia (HT) geralmente permite o controlo da doença. No entanto, quase todos os doentes desenvolverão doença progressiva num período de 18 a 24 meses. A quimioterapia (QT) com o Docetaxel permite obter taxas de resposta objectiva, com descida do antigénio específico da próstata (PSA) e aumento da sobrevida. A neutropénia é um dos efeitos secundários frequentes e clinicamente significativo, que se apresenta em grau 3/4 em 30% dos doentes. Surge habitualmente entre o 4º-7º dia, podendo exigir internamento hospitalar. Objectivos: Analise dos doentes com carcinoma da próstata metastizado resistente à castração química (CPRCm), tratados com Docetaxel e Prednisolona, que desenvolveram neutropénia febril. Material e métodos: Estudo rectrospectivo, observacional dos doentes com CPRCm, que desenvolveram neutropénia febril, seguidos numa Unidade de Oncologia de um Hospital Central, no período compreendido entre Janeiro de 2009 e Dezembro de 2011. Resultados: Entre 2009 e 2011 foram seguidos 58 doentes, com idade média 75 anos, o doente mais novo com 60 anos e o mais idoso com 90 anos. Destes, dois doentes (3.4%) desenvolveram neutropénia grau 3/4.O primeiro doente com 72 anos de idade iniciou QT com Docetaxel em 29/12/2010, e ao sétimo dia do 6º ciclo teve episódio de neutropénia febril, que motivou internamento, com evolução favorável e sem isolamento de agente microbiano nas hemoculturas (HC) e urocultura (UC). Posteriormente, por progressão da doença suspendeu QT e ficou sob terapêutica sintomática. O segundo doente, de 71 anos de idade, iniciou QT a 04/07/2011 e no quarto dia do 1º ciclo teve episódio de neutropénia febril, que motivou internamento. Respondeu favoravelmente à terapêutica instituída, e os exames culturais também foram negativos (HC e UC). Reiniciou QT com Docetaxel, com factor de crescimento de colónias de granulócitos (G-CSF) profilático, sem novos episódios de neutropénia. Discussão/conclusão: Numa população de 58 doentes, com média de idade de 75 anos, com CPRCm tratados com Docetaxel, apenas se observou neutropénia febril em dois doentes, com necessidade de internamento, mas sem complicações major. A frequência de neutropénia febril não foi superior à esperada, apesar da idade avançada dos doentes. Concluiu-se que é possível tratar em segurança, uma população de doentes idosos com CPRCm com este regime de QT standard.

103 DOCETAXEL NO TRATAMENTO DO CANCRO DA PRÓSTATA METASTIZADO RESISTENTE À CASTRAÇÃO

Filipa Carneiro(1);Joana Godinho(1);Alina Rosinha(1);Cátia Faustino(1);Nuno Sousa(1);Rosa Begonha(1);Joaquina Maurício(1)(1) IPO-Porto

Introdução: No cancro da próstata metastizado resistente à castração (CPmRC) e sintomático o docetaxel é a opção terapêutica de primeira linha. Objectivos: Avaliação da efetividade do tratamento com docetaxel em doentes com CPmRC. Material e Métodos: Série consecutiva de doentes, com CPmRC, tratados com docetaxel entre 2000-2010 no IPO-Porto. Foram registados os eventos adversos ? grau 3 e os eventos adversos graves (motivaram internamento/morte) de acordo com CTCAE v3. A medida de eficácia utilizada foi a sobrevivência global (SG). Resultados: Identificados 136 indivíduos, com mediana da idade no 1º ciclo de docetaxel de 71 anos. O tempo mediano desde o diagnóstico foi de 34 meses e o número mediano de ciclos do 1º curso de docetaxel foi de 6 (1-23). A principal causa de suspensão de docetaxel foi a conclusão do tratamento programado. A toxicidade mais frequente foi a hematológica (7%) - 8 doentes com neutropenia febril. A toxicidade não hematológica mais comum foi a neuropatia (3%). Tiveram resposta objetiva após o 1º curso de docetaxel 66% dos doentes. A SG mediana desde o 1º curso de docetaxel foi de 18 meses (IC95 15-22). Trinta e quatro doentes (25%) realizaram reintrodução desse fármaco aquando da progressão de doença. O tempo mediano entre os 2 cursos de docetaxel foi de 6,5 meses. Neste grupo a toxicidade foi similar à

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CTSdescrita no 1º curso de docetaxel e a sobrevivência mediana após início do 2º curso foi de 17,5 meses (IC95 12-23).

Conclusão: Nesta série a efetividade do docetaxel no contexto de CPmRC é sobreponível à descrita no ensaio TAX327, contudo a toxicidade grave parece ser inferior. A reintrodução de doecetaxel em doentes julgados clinicamente sensíveis a este fármaco mostrou ter uma eficácia sobreponível à descrita com o cabazitaxel. Esta análise retrospetiva de uma população altamente selecionada deve ser interpretada com prudência.

104 METÁSTASES TESTICULARES

A.L. Costa (1), C. Abreu (1), A.R. Sousa (1), T. Amaral (1), A. Quintela (1), L. Costa (1), P. Luís (2), L. Correia (2), P. Oliveira (3)(1) Serviço de Oncologia Médica, CHLN – Hospital de Santa Maria, E.P.E., Lisboa (2) Serviço de Anatomia Patológica, CHLN – Hospital de Santa Maria, E.P.E., Lisboa (3) Serviço de Anatomia Patológica, Hospital da Luz

Introdução: Os tumores sólidos raramente metastizam para os testículos, verificando-se uma incidência de 0.06 a 2.5% de metástases nestes órgãos. Tal deve-se a que o microambiente testicular (nomeadamente a baixa temperatura no escroto) seja pouco propício à metastização e ao crescimento de tumores. Os tumores sólidos que mais metastizam para o testículo são os prostáticos (os mais frequentes), os pulmonares, os melanomas e os renais. Este diagnóstico é feito geralmente em doentes na 5ª e 6ª décadas de vida, ao contrário dos tumores testiculares primários que surgem em doentes mais jovens. Objectivos: Relembrar que os testículos são locais possíveis para metastização de tumores sólidos e salientar a importância do exame histológico e imunocitoquímico para este diagnóstico. Metodologia: Apresentação de dois casos clínicos de metastização de tumores sólidos (próstata e rim) para o testículo. Casos Clínicos: Caso 1 - Homem de 64 anos, a quem foi feito o diagnóstico de adenocarcinoma da próstata (score de Gleason 7) em Abril de 2000. Fez radioterapia local e bloqueio anti-androgénico. Em Julho de 2008 apercebeu-se de aumento do volume do testículo direito. A ecografia testicular sugeriu lesão atípica. Foi feita orquidectomia radical direita e identificou-se um tumor quístico com 7,5 cm de maior eixo, com duas áreas nodulares sólidas, ambas com 1,5 cm. O exame histológico revelou tratar-se de neoplasia maligna de tipo epitelióide com padrão glandular. No estudo imunocitoquímico as células neoplásicas foram positivas para AE1/AE3 e PSA e negativas para PLAP, CD117, CD30 e inibina. Em conclusão, compatível com metástase testicular de carcinoma da próstata. Caso 2 - Homem de 61 anos, que em Setembro de 2006 notou aumento do volume do testículo direito. A ecografia testicular revelou uma formação quística de provável natureza benigna. Em Março de 2009 verificou novo aumento do volume deste testículo, tendo sido repetida ecografia que mostrou quisto associado a hidrocelo. No mês seguinte surgiram sinais inflamatórios locais, pelo que foi submetido a orquiectomia radical direita. O estudo anatomo-patológico revelou tratar-se de tumor de células de Sertoli maligno. A TC de estadiamento revelou metastização pulmonar bilateral. Fez três ciclos de quimioterapia - esquema BEP - verificando-se estabilização da doença. Foi feita biópsia de lesão pulmonar cujo estudo histológico mostrou ser metástase de carcinoma de células de Sertoli maligno. Retomou então quimioterapia – esquema EP – durante 3 ciclos. A TC de Dezembro revelou progressão da doença com aumento do número e tamanho das lesões metastáticas pulmonares. Fez análogo de LHRH desde Novembro até Abril de 2010. Dado tratar-se de uma entidade rara fez-se revisão das lâminas. Verificou-se neoplasia maligna com padrão de células claras em tecidos para-testiculares, associada a angioinvasão. A imunocitoquímica revelou positividade para citoqueratinas, vimentina e inibina e negatividade para a calretinina. Dado não haver imagem sugestiva de tumor renal, as lâminas foram enviadas para centro de referência no estrangeiro onde havia anticorpo RCC. A neoplasia foi fortemente positiva para este anticorpo e só muito focalmente positiva para a inibina, o que permitiu excluir o diagnóstico de tumor maligno de células de Sertoli. Fez PET-TC em Abril de 2010 que revelou alteração do pólo superior do rim esquerdo de significado indeterminado. Assumindo-se tumor do rim com metastização pulmonar e para-testicular direita (ressecada) iniciou-se sunitinib que manteve até Outubro, quando se verificou metastização cerebral múltipla. Conclusão: Apesar de raros, os tumores secundários nos testículos devem ser considerados em doentes com neoplasias primárias conhecidas, principalmente quando a idade dos doentes se encontra entre a 5ª e a 6ª décadas de vida. Quando o padrão histológico é duvidoso, o estudo imunocitoquímico pode ajudar a chegar ao diagnóstico correcto.

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105 MESOTELIOMA MALIGNO DA TÚNICA VAGINAL

A.L. Costa (1), C. Abreu (1), A.R. Sousa (1), T. Amaral (1), A. Quintela (1), L. Costa (1), A. Alves (2), A. Pignatelli (2)(1) Serviço de Oncologia Médica, CHLN – Hospital de Santa Maria, E.P.E., Lisboa (2) Serviço de Anatomia Patológica, CHLN – Hospital de Santa Maria, E.P.E., Lisboa

Introdução: Os mesoteliomas são tumores raros que têm origem nas membranas serosas da pleura, peritoneu, pericárdio e túnica vaginal testicular. Os mesoteliomas malignos da túnica vaginal são ainda mais raros que os pleurais ou peritoneais, correspondendo a menos de 5% de todos os mesoteliomas malignos. Este tumor apresenta-se geralmente como uma massa escrotal indolor, em homens com idade superior a 50 anos e, em até metade dos casos há história de exposição a asbestos. O diagnóstico baseia-se principalmente nas características macroscópicas e microscópicas (incluindo a imunocitotoquímica) da peça operatória. O tratamento curativo é a orquidectomia radical. Nos estadios avançados, as respostas à quimioterapia e/ou radioterapia são muito fracas, pelo que o prognóstico é mau, com sobrevida média inferior a 24 meses após o diagnóstico.Objectivos: Mencionar uma patologia rara, associada a elevada mortalidade, que não pode ser esquecida no diagnóstico diferencial de massas intra-escrotais ou de hidrocelos. Metodologia: Apresentação de um caso clínico de mesotelioma maligno da túnica vaginal metastizado. Caso Clínico: Homem, 68 anos, que em Maio de 2009 foi submetido a orquidectomia radical esquerda por aumento insidioso e indolor do hemiescroto esquerdo e formação nodular sólida em ecografia escrotal. O relatório anatomo-patológico revelou tratar-se de mesotelioma maligno da túnica vaginal. Foi então referenciado a este hospital. A TC de estadiamento e a PET-TC mostraram massa retroperitoneal. Em Dezembro foi feita ressecção dessa massa, cujo diagnóstico histológico revelou infiltração por mesotelioma maligno, epitelióide, de arquitectura tubulo-papilar, com estudo imunocitoquímico positivo para vimentina, calretinina e WT1. Em Fevereiro de 2010 surgiu edema do membro inferior e do escroto esquerdos e conglomerado ganglionar na região inguinal esquerda (evidente em TC). Foi feita linfadenectomia inguinal esquerda em Março, tendo sido isolados quatro gânglios linfáticos, todos com metastização por mesotelioma maligno. Fez PET-TC para re-estadiamento em Abril verificando-se manter doença ganglionar inguinal bilateral com extensão íleo-femoral esquerda. Iniciou-se quimioterapia paliativa com pemetrexedo + cisplatina (7 ciclos). Após progressão da doença, foram ainda feitas quatro linhas de quimioterapia com, no máximo, estabilidade temporária da doença. Em Dezembro de 2011 verificou-se agravamento clínico com edema subcutâneo generalizado por provável linfedema/infiltração subcutânea tumoral (biópsia cutânea não realizada), sendo que em Fevereiro de 2012 foi internado por anasarca. Faleceu em Março de 2012. Conclusão: Os mesoteliomas malignos da túnica vaginal são uma patologia rara. Apresentam um comportamento agressivo com rápida progressão, resultando em recorrência local e metastização regional ou à distância. Os locais de metastização à distância mais frequentes são o pulmão, o fígado e a pleura. Dada a sua raridade, não há estudos que indiquem esquemas quimioterápicos preferenciais a usar na doença metastizada. Trata-se assim de uma doença com um prognóstico pobre.

106 CIRURGIA RENAL RADICAL – CASUÍSTICA DO HOSPITAL DO ESPÍRITO SANTO – ÉVORA (2004 – 2011)

Nuno Azevedo(1);José Eduardo Carrasquinho(2);José Eduardo Cardoso de Oliveira(2)(1) Hospital do Espírito Santo - Évora, Urologia (2) Hospital do Espírito Santo, Serviço de Urologia

Introdução: A nível mundial as neoplasias renais representam 2 a 3% dos cancros em adultos. Nos EUA têm uma incidência de 52 mil casos, com pico na 7ª década, e uma mortalidade de 13 mil casos por ano. O tipo mais frequente é o carcinoma de células renais – e a sua incidência está a aumentar. Apesar do diagnóstico precoce, a mortalidade é elevada – é o tumor urológico mais letal. Ainda que as terapêuticas imunológicas sejam uma promessa, as taxas globais de resposta são baixas e o carcinoma de células renais permanece uma doença primariamente cirúrgica e ainda é considerado o paradigma do tumor quimiorrefractário. Objectivo: Caracterização epidemiológica retrospectiva dos doentes submetidos a cirurgia radical do rim (nefrectomia e nefroureterectomia radicais) no Serviço de Urologia do Hospital do Espírito Santo – Évora, entre Janeiro de 2004 e Dezembro de 2011. Métodos: Revisão sistemática dos processos clínicos dos doentes submetidos a cirurgia renal radical, nomeadamente características dos doentes (idade, sexo) e da peça operatória (histologia e estadio tumoral). Os dados obtidos foram submetidos a análise estatística com o Excel®. Resultados: Em oito anos foram efectuadas 84 cirurgias radicais do rim, das quais 75 foram

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CTSnefrectomias radicais e nove foram nefro-ureterectomias radicais. O doente mais jovem tinha 17 anos e o mais velho 92 anos,

com uma idade média de 69 anos. A maioria dos doentes era do sexo masculino (61%). O tipo histológico mais frequente foi o carcinoma de células renais (81%). Destes, a maioria estava no grau nuclear de Furhman 2 (53%), sendo a classificação T1b a mais habitual (41%). Não ocorreu nenhuma morte no pós-operatório imediato nem no período peri-operatório.Discussão: Os dados obtidos estão, em geral, de acordo com o descrito na literatura internacional, nomeadamente a nível europeu. Aguardam-se estudos à escala nacional ou a eventual criação de um registo de âmbito nacional. Conclusão: A nefrectomia radical permanece actualmente como o único procedimento curativo para o tratamento do carcinoma de células renais. A cirurgia radical do rim pode ser executada com elevado grau de sucesso oncológico – nesta revisão não esteve associada a mortalidade.

107 SUNITINIB E LONGA SOBREVIVÊNCIA LIVRE DE PROGRESSÃO EM CARCINOMA RENAL DE CÉLULAS CLARAS METASTIZADO

Filipa Carneiro(1);Joana Godinho(1);Cátia Faustino(2);Nuno Sousa(2);Rosa Begonha(1);Joaquina Maurício(2)(1) IPO-Porto (2) Serviço de Oncologia Médica - IPO Porto (Directora: Dra. Helena Rodrigues)

O cancro renal é a décima neoplasia mais frequente na Europa, com uma incidência de 3,3 20 por 100000 habitantes. Ao diagnóstico 20-30% dos doentes apresentam doença disseminada e daqueles com doença localizada 20-40% irão metastizar. O tratamento da doença metastizada inclui terapêutica dirigida a alvos celulares, sendo controverso se a manutenção do tratamento após resposta se traduz em benefício clínico. Descreve-se o caso de um homem com cancro renal de células claras metastizado, associado à translocação Xp11.2, que após uma sobrevivência livre de doença de 20 anos efectuou Sunitinib por doença metastática pulmonar e renal contra-lateral. Com este fármaco, obteve-se uma resposta parcial, mas foi necessária a sua suspensão, após 18 meses, por toxicidade. Um ano após suspensão do Sunitinib realizou nefrectomia parcial por progressão de doença a esse nível. Está actualmente sem evidência de progressão 6 meses após a cirurgia. Neste doente com cancro renal de células claras metastizado, a abordagem multidisciplinar condicionou uma sobrevivência de 36 meses, muito superior à descrita na literatura de 26,4 meses.

108 ADENOCARCINOMA DA PRÓSTATA VERSUS PROSTATITE GRAULOMATOSA RESPONSIVA À TERAPIA HORMONAL: UM DESAFIO CLÍNICO

Ramon Andrade de Mello(1);Alina Rosinha(2);Nuno Sousa(2);Cátia Faustino(2);Rosa Begonha(2);Joaquina Maurício(2)(1) Serviço de Oncologia Médica - IPO Porto (Directora: Dra. Helena Rodrigues) (2) Serviço de Oncologia Médica, Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil, Rua Dr. António Bern

Introdução: O adenocarcinoma da próstata é uma neoplasia com elevada incidência em Portugal. A elevação do antigénio prostático específico (PSA) pode estar relacionada com hiperplasia prostática benigna, trauma perineal, neoplasia da próstata ou prostatite. Os autores relatam um caso cuja abordagem terapêutica inicial constituiu um desafio na prática clínica habitual.Relato do Caso: Homem de 79 anos de idade referenciado em Maio de 2001 para o IPO Porto com queixas de polaquiúria, nictúria, disúria, dores osteoarticulares, e adenomegalias cervicais indolores. A ecografia revelou próstata de 100 gramas. O PSA total foi de 5 236 ng/mL. Cintilograma ósseo não revelou metastização óssea. Fez várias biópsias prostáticas que não revelaram células malignas, mas morfologia compatível com prostatite granulomatosa. O doente iniciou acetato de ciproterona per os diário em alta dose. Após 1 mês as adenomegalias cervicais desapareceram, tendo transitado para bloqueio androgênico total (BAT) com acetato de ciproterona per os diário e goserelina sub-cutâneo trimestral. Em 2004, o PSA encontrava-se próximo de zero pelo que suspendeu BAT. Em Junho de 2007, houve nova elevação do PSA e reiniciou BAT. Em Fevereiro de 2010 evoluiu com novo escape hormonal sem evidência de doença extra prostática. Como as sucessivas biópsias da próstata continuaram a sugerir prostatite granulomatosa, foi suspenso tratamento hormonal e o doente ficou em vigilância. Em Outubro de 2011, apresentou nova elevação do PSA (269 ng/mL) e metastização óssea detectada em cintilograma e ressonância magnética

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da coluna dorso-lombro-sagrada. Em Janeiro de 2012, foi submetido a biópsia óssea que confirmou lesão metastática de adenocarcinoma da próstata. Foi novamente submetido a terapêutica hormonal evoluindo com doença estável. Em Fevereiro de 2012, em por doença metastática progressão iniciou quimioterapia paliativa com docetaxel 75mg/m2 a cada 21 dias com boa tolerância. Conclusão: Este caso ilustra uma situação difícil e pouco habitual de um doente com elevada suspeição clínica de neoplasia (PSA = 5 236 ng/mL) mas sem diagnóstico histológico de adenocarcinoma da próstata. Foi decidido iniciar tratamento hormonal como prova terapêutica, com sucesso. O diagnóstico definitivo foi confirmado 10 anos após o início do quadro clínico por biópsia de metástase óssea, o que deu suporte às medidas terapêuticas iniciais e subsequentemente ao tratamento da doença metastática com quimioterapia paliativa.

109 CARCINOMA DA PRÓSTATA REFRACTÁRIO A HORMONOTERAPIA: FAZ SENTIDO PENSAR EM REINTRODUÇÃO DE TAXANOS?

Pedro Barata(1);Fábio Gomes(2);Catarina Ribeiro(2);Sónia Oliveira(2);Maria Paula Custódio(2);Ligia Costa(2);Manuel Sousa(2);Jorge Albuquerque(2);Ricardo da Luz(2);Lurdes Batarda(2)(1) CHLC - H. Sto António dos Capuchos, Lisboa (2) Hospital dos Capuchos, CHLC

Objectivos: Rever os resultados da introdução e re-introdução dos taxanos em doentes com carcinoma da próstata metastizado, refractário a hormonoterapia (CPRH). Métodos: 28 doentes com CPRH receberam 1ªlinha de quimioterapia com taxanos, entre Janeiro 2008 e Setembro 2011. Os regimes de tratamento utilizados maioritariamente incluíram docetaxel 75mg/m2 de 3/3 semanas e paclitaxel 80mg/m2, dia 1,8,15,22, a cada 6/6 semanas. A avaliação do tempo livre de progressão foi feita segundo os critérios do Prostate Cancer Working Group (PCWG). A toxicidade hematológica foi classificada de acordo com o Common Toxicity Criteria of the National Cancer Institute, versão 4.0. Resultados: A idade mediana (min-máx) foi de 73 anos (60-92). O performance status (PS) e o score de Gleason medianos foram respectivamente, 1 (0-3) e 8 (6-10). A sobrevivência global mediana foi de 24 meses. O tempo livre de progressão mediano com 1ªlinha de quimioterapia com taxanos foi de 6,3 meses (n=22). Quatro doentes (18%) apresentaram neutropénia grau 2-3 neutropenia e 4 doentes (18%) anemia grau 2-3. Após 2ªlinha de tratamento, os taxanos foram re-introduzidos em 14 doentes, com uma mediana de tempo livre de progressão de 5,7 meses. Foi documentada neutropénia grau 2-3 num único doente (7%) e 6 doentes (43%) tiveram anemia grau 2-3. Não foi reportada toxicidade hematológica grau 4 com taxanos nesta revisão. Conclusões: A re-introdução de taxanos mostrou ser uma boa opção terapêutica, efectiva e sem toxicidades major em doentes com carcinoma da próstata metastizado e refractário a hormonoterapia (CPRH), já tratados em 1ªlinha com taxanos.

110 - DE CANCRO DE PRIMÁRIO DESCONHECIDO A UMA RARA APRESENTAÇÃO DE TUMOR DO UROTÉLIO

Fábio M Gomes(1);Catarina Ribeiro(2);Pedro Barata(3);Sónia Oliveira(3);Lígia Costa(3);Ricardo da Luz(3);M. Paula Custódio(1);Manuel Sousa(1);Jorge Albuquerque(3);M. Lurdes Batarda(1)(1) CHLC - H. Capuchos (2) CHLC (3) CHLC - H. Sto Antonio dos Capuchos, Lisboa

Introdução: O cancro de primário desconhecido (CPD) responde por cerca de 4% dos casos de neoplasias malignas, abrangendo uma elevada heterogeneidade de tumores. Aquando do diagnóstico inicial, a maioria apresenta metastização múltipla com mau prognóstico. Se o tumor primitivo não for identificado a sobrevivência média é de apenas 6 meses, daí que, para orientar o tratamento e a abordagem diagnóstica, se procure uma categorização histopatológica em 5 diferentes grupos, sendo o adenocarcinoma o mais frequente (70%). Contudo, no decorrer da doença só se localiza o tumor primário em 25% dos casos. Objectivos: Enfatizar a importância da localização do tumor primário e sua implicação terapêutica. Material e Métodos: Homem de 66 anos, mecânico e com antecedentes de tabagismo. Em contexto de infecções urinárias de repetição, foram identificadas adenopatias inguinais esquerdas. A sua biópsia revelou “metástase de carcinoma pouco diferenciado, com padrão pavimentoso e por vezes basalóide. CK 5 e 7 positivo e CK20 negativo.”. Analiticamente apenas com elevação de CEA (10ng/mL) e CA 19.9 (79.5U/mL). Fez biópsia osteomedular, recto-sigmoidoscopia e uretro-cistoscopia,

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CTSsem lesões identificáveis. E a TC TAP identificou múltiplas adenopatias abdómino-pélvicas. Perante os dados foi assumido o

diagnóstico de cancro de primário desconhecido com metastização linfática e com provável origem no aparelho urinário. Iniciou quimioterapia (QT) segundo o protocolo de Carboplatina EV (D1 - AUC6) mais Paclitaxel EV (D1 - 175mg/m2), num total de 6 ciclos (21/21 dias) seguidos de radioterapia (RT) sob a região inguinal, na dose total de 59Gy. Resultados: Resposta apenas parcial após a QT, pelo que foi de seguida submetido a RT, contudo persistiram pequenas adenopatias abdomino-pélvicas. Progressão da doença aos 9 meses após tratamento (19 meses após diagnóstico histológico) com aparecimento de adenopatias mediastínicas e identificação de uma lesão proliferativa multicêntrica, bilateral e estenosante ao nível dos ureteros, a condicionar insuficiência renal. Foram colocados stents ureterais e iniciada QT dirigida segundo o protocolo de Gemcitabina com Cisplatino. Conclusões: Os carcinomas pouco diferenciados correspondem a 20% dos CPD e o seu padrão de envolvimento apenas linfático representa um grupo de prognóstico mais favorável. O tratamento inicial foi escolhido atendendo a este subgrupo e à possibilidade de um carcinoma pavimentoso primário, contudo com a progressão da doença identificou-se o tumor primário ao nível do urotélio superior. Este caso de apresentação atípica pertence à minoria cujo primário é localizado, permitindo assim uma escolha terapêutica dirigida.

111 ACETATO DE ABIRATERONA NO CANCRO DA PRÓSTATA METASTÁTICO RESISTENTE À CASTRAÇÃO: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Sara Meireles(1);João Silva(2);Isabel Augusto(2)(1) Centro Hospitalar São João (2) Centro Hospitalar de São João

Introdução: O acetato de abiraterona é um inibidor da biossíntese dos androgénios que tem adquirido um papel fundamental na evolução do tratamento do cancro da próstata metastático resistente à castração (CPRC). Apresenta benefício comprovado na sobrevivência global destes doentes que progrediram sob quimioterapia com docetaxel. Objectivo: Descrição de um caso clínico de CPRC que efectuou tratamento com acetato de abiraterona. Caso Clínico: Doente de 60 anos, que iniciou em Dezembro de 2008 queixas de polaquiúria. Apresentava PSA elevado e ao toque rectal foi objectivada próstata endurecida com lesão sugestiva de neoplasia. Realizou biópsia prostática que revelou adenocarcinoma bilateral Gleason 9 (4+5) à esquerda e 7 (4+3) à direita. O cintilograma ósseo mostrou patologia metastática multifocal, tendo iniciado análogo LHRH, com associação posterior de anti-androgénico. Foi constatada hormonorresistência em Maio de 2010, com progressão imagiológica e reaparecimento da sintomatologia urinária, pelo que iniciou docetaxel 75 mg/m2 e prednisolona 10 mg/dia. Em Fevereiro de 2011, apresentou nova progressão do valor de PSA associado a agravamento da sintomatologia. Foi alterado tratamento para cabazitazel 25 mg/m2, mantendo o corticóide, com evolução desfavorável e compromisso franco da qualidade de vida do doente. Iniciou acetato de abiraterona 1000 mg/dia e prednisolona 10 mg/dia, que manteve durante 7 meses, com doença controlada e impacto significativo na melhoria da qualidade de vida do doente. Conclusão: O presente caso vem demonstrar a eficácia e a boa tolerância do acetato de abiraterona como opção terapêutica nos doentes com CPRC, que progrediram após docetaxel.

112 REVISÃO DE DOENTES COM DIAGNÓSTICO DE CARCINOMA DA PRÓSTATA EFECTUADOS DURANTE O ANO DE 2007 NUM HOSPITAL DISTRITAL

Ana Cristina albuquerque(1);Paula Banha(1)(1) Serviço Oncologia, Centro Hospitalar Setúbal

Introdução: o carcinoma da próstata continua a ser a neoplasia mais frequente no sexo masculino, conjuntamente com o carcinoma colorectal. Actualmente as diferentes modalidades terapêuticas vêm permitir ganhos na sobrevivência com boa qualidade de vida, manutenção da autonomia, e morbilidades controláveis. Objectivos: Este trabalho pretende avaliar o tipo de tratamento, evolução e sobrevivência aos 5 anos dos doentes com carcinoma da próstata diagnosticados e tratados no Serviço de Oncologia do H S Bernardo no ano de 2007. Material e Métodos: Recolha de processos de doentes inscritos no Serviço de Oncologia no ano de 2007 com o diagnóstico de carcinoma da próstata, com confirmação histológica, com processamento e

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cálculo de dados em folha excel. Resultados: No ano de 2007 foram diagnosticados 45 doentes no H S Bernardo, dos quais 40 foram seguidos no serviço de oncologia e os restantes na consulta externa de urologia. Destes doentes 28 doentes foram tratados com prostatectomia radical e 27 doentes com Radioterapia externa e castração hormonal combinada. A duração média da castração foi de 3 anos, com 1 doente mantendo a mesma aos 5 anos. Do grupo de doentes operados 1 encontra-se sob em progressão confirmada sob terapêutica com nizale, e 6 doentes apresentam elevação do PSA em avaliação para inicio de terapêutica de 1ª linha. No grupo dos doentes tratados com radioterapia e bloqueio androgénico todos os doentes mantêm valores de PSA controlados. Conclusões: O carcinoma da próstata pode ser uma neoplasia tratada com qualidade num Hospital Distrital, com longas sobrevivências, e opções terapêuticas adequadas ao individuo. Com acesso aos novos fármacos, podemos mais facilmente aumentar a sobrevivência dos doentes com morbilidades controláveis, e manutenção de qualidade de vida dos indivíduos.

113 TUMOR DE CÉLULAS GERMINATIVAS NÃO SEMINOMATOSO DO TESTÍCULO – UM DESAFIO

Joana Godinho(1);Natália Loureiro(2);Nuno Sousa(3);Rosa Begonha(4);Joaquina Maurício(4)(1) Instituto Português de Oncologia do Porto Dr. Francisco Gentil, E.P.E. (2) Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, Unidade Padre Américo (3) Serviço de Oncologia Médica - IPO Porto (Directora: Dra. Helena Rodrigues) (4) IPO-Porto

Introdução: Os tumores de células germinativas são os tumores sólidos mais frequentes em homens jovens e a sua incidência nos países industrializados tem vindo a aumentar. Cerca de 50% dos casos são tumores não seminomatosos e destes, cerca de 1/3 são metastizados ao diagnóstico. Desde a introdução de quimioterapia (QT) com esquema BEP (bleomicina, etoposídeo, cisplatina), até 80% dos doentes metastizados podem ser curados. Cerca de 20 a 30% dos doentes submetidos a QT de 1ª linha necessitam de QT de resgate. Caso Clínico: Homem de 30 anos, sem antecedentes relevantes, com aumento progressivo e indolor do testículo esquerdo associado a perda ponderal com evolução de 1 ano. Apresentava ainda dorsalgia constante com 2 semanas de evolução. Realizou ecografia testicular que revelou uma massa escrotal esquerda sugestiva de hematoma organizado / neoplasia. Analiticamente, verificava-se elevação de ?-fetoproteína (?-FT) e ?-HCG. Foi submetido a orquidectomia radical inguinal esquerda e, às 24 horas de pós-operatório, iniciou incontinência urinária e paraparésia. Exames de estadiamento revelaram elevação pós-operatória de ?-FT, metastização óssea vertebral, com fractura patológica de D3 e componente de partes moles para-vertebral, associada a compressão medular. Iniciou corticoterapia e foi submetido a laminectomia descompressiva de D3 e D4 com exérese da massa para-vertebral. Os exames histológicos do testículo e da massa para-vertebral revelaram a presença de um tumor de células germinativas não seminomatoso, de histologia mista. Foi classificado como estádio IIIc (pT2 cN0pM1bS3), grupo de mau prognóstico do IGCCCG. Iniciou QT com BEP, 72 h pós-orquidectomia e 24 h pós-laminectomia. Ao D+16 do 1º ciclo, por não apresentar melhoria neurológica, iniciou radioterapia a D3 e D4, e reabilitação motora. Cumpriu 4 ciclos de BEP, tendo-se verificado remissão parcial das lesões ósseas com elevação persistente do marcador tumoral. Durante o tratamento, ocorreram toxicidades graves como: toxicidade hematológica G4, infecção G4, toxicidade neurológica G4 (encefalopatia posterior reversível). Por falência da QT de 1ª linha e ser enquadrável no grupo de alto risco do score de prognóstico de Beyer, iniciou QT de resgate com esquema VeIP (Vinblastina, Ifosfamida, Cisplatina). Ao fim de 3 ciclos, obteve-se reposta imagiológica parcial e normalização da ?-FT. Apresentou toxicidade hematológica G4 e infecção G3. Cerca de 26 meses após o diagnóstico, está em vigilância, com ?-FT negativa e evidencia recuperação neurológica parcial com continência de esfíncteres e capacidade de deambular com andarilho. Conclusão: Os tumores de células germinativas do testículo são tumores quimiossensíveis, em que, mesmo na presença de factores de prognóstico adverso e após 1ª linha de QT, é possível obter taxas de remissão em até 70% dos doentes. Contudo, estes resultados só são possíveis se o cuidado destes doentes for realizado por equipas multidisciplinares com experiência nesta patologia. O diagnóstico e a abordagem multidisciplinar da compressão medular são cruciais para o sucesso terapêutico, tal como ilustra o caso apresentado. Os autores salientam ainda a ocorrência de uma complicação rara do tratamento - a encefalopatia posterior reversível - que deve ser considerada no diagnóstico diferencial de cefaleia, hipertensão arterial e convulsões de novo, num doente sob tratamento citotóxico.

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CTS114 TUMOR DE CÉLULAS GERMINATIVAS BILATERAL DO TESTÍCULO – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO

Mafalda Carneiro(1);João Mouta(1);Diogo Alpuim Costa(1);Emanuel Gouveia(1);Isália Miguel(1);Jorge Silva(1);Ana Félix(1);Margarida Brito(1);António Marques(1);António Moreira(1)(1) IPO Lisboa

Introdução: O tumor de células germinativas do testículo é o tumor sólido maligno mais frequente nos homens entre os 15-34 anos. Os doentes com este tipo de tumor apresentam risco superior de desenvolver tumor do testículo contralateral (incidência de 1-5%). Apesar da apresentação bilateral metacrónica ser a mais frequente (recidiva tardia após 5 anos >50%), existem casos descritos de tumores bilaterais síncronos. Na literatura, a histologia de ambos os tumores é habitualmente concordante. Estes casos necessitam de uma abordagem multidisciplinar especializada, nomeadamente para selecção de eventuais candidatos a realização de cirurgia conservadora para preservação da função testicular. Caso Clínico: Adolescente do sexo masculino de 17 anos, referenciado ao IPO-LFG por tumor bilateral síncrono do testículo (ecografia escrotal: “formação tumoral na bolsa escrotal direita com cerca de 6X4X5 cm de diâmetro, heretogénea, com múltiplas áreas quísticas; nódulo maioritariamente hipoecogénico na vertente anterior do terço superior do testículo esquerdo de contornos lobulados com 8 mm de maior diâmetro, não hipervascular e nódulo fortemente hipoecogénico em topografia póstero-externa sugestivo de corresponder a formação quística com 2 mm”) com metastização pulmonar e ganglionar (retroperitoneal) a data do diagnóstico. Analiticamente, apresentava ?-fetoproteína 438 ng/mL e ?-HCG 71.9 mUI/mL. Foi submetido a orquidectomia radical direita e tumorectomia testicular esquerda, seguido de 4 ciclos de Quimioterapia com Bleomicina, Etoposido e Cisplatina (BEP). A orquidectomia direita revelou um tumor germinativo não seminomatoso misto (75% teratoma; 20% carcinoma embrionário; 5% tumor do saco vitelino) e atumorectomiado testículo esquerdo evidenciou carcinoma embrionário, tendo a peça operatória margens negativas. O doente obteve após quimioterapia remissão imagiológica e laboratorial completa. Actualmente aguarda doseamento de Testosterona, LH e FSH para despiste de hipogonadismo primário sequelar. Foi feita criopreservação de esperma pré cirurgia. Para além do follow-up habitual irão ser preconizadas neste doente avaliações ecográficas escrotais periódicas. Discussão: O caso clínico descrito evidencia o diagnóstico de um tipo de tumor raro com uma forma de apresentação ainda mais rara (bilateral síncrono).A orquidectomia radical é a terapêutica cirúrgica gold standard. No entanto, em doentes seleccionados (como em doentes com tumor bilateral), pode-se optar por cirurgia conservadora. Numa série publicada pela German Testicular Câncer Study Group(GTCSG) em 2004 de 115 doentes submetidos a cirurgia conservadora do testículo mostrou que 21% dos doentes com tumor síncrono desenvolveram tumor metácrono no restante parênquima. A sobrevida aos 10 anos dos tumores síncronos é de85%; enquanto que a sobrevida aos 10 anos da doença metastática é de 65%. Pelo facto de ser um tumor com uma sobrevida prolongada, a abordagem cirúrgica foi conservadora na tentativa de evitar a castração cirúrgica e as complicações do hipogonadismo primário sequelar. O follow-up a longo prazo deve ser mantido pelo risco de recidiva tardia.

115 CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS METASTÁTICO: TERAPÊUTICAS DIRIGIDAS – A CAMINHO DE UMA PATOLOGIA CRÓNICA?

Catarina Ribeiro(1);Fábio Gomes(2);Pedro Barata(2);Sónia Oliveira(2);Maria Paula Custódio(2);Lígia Costa(2);Manuel de Sousa(2);Ricardo da Luz(2);Jorge Albuquerque(2);Lurdes Batarda(2)(1) CHLC (2) CHLC - H. Sto Antonio dos Capuchos, Lisboa

Introdução: A prevalência do carcinoma de células renais parece estar a aumentar. Para casos com doença localizada, há opções terapêuticas com grande impacto na sobrevida. Por outro lado, já o carcinoma de células renais metastático (CCRm) permanece um desafio e recentes desenvolvimentos na área das terapêuticas alvo têm sido conseguidos nos últimos anos. Aqui reportamos um caso de um longo-sobrevivente com CCRm, diagnosticado há 9 anos e que foi percorrendo diferentes linhas de opções terapêuticas. Caso Clínico: Homem de 53 anos, diagnostico do com CCR estágio III (pT3pNxM0) in 2003. Submetido no mesmo ano a Nefrectomia radical esquerda. Por doença metastática óssea e pulmonar com múltiplas lesões iniciou quimioterapia com Interferão e Vinblastina concomitante. A progressão da doença e toxicidade motivaram alteração de esquemas de quimioterapia diversas vezes ao longo dos anos, tentando atingir um equilíbrio vantajoso entre controlo da doença e efeitos secundários.

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Nove anos após o diagnostico o paciente encontra-se com doença controlada levando uma vida diária com total desempenho nas suas AVDS. Conclusão: Tendo entrado na era das terapêuticas dirigidas a moléculas alvo novas opções terapêuticas têm ficado disponíveis, contribuindo para uma sobrevida prolongada com pouco impacto na qualidade de vida diária. Estes recentes avanços permitem encarar doença oncológica metastática como uma potencial patologia crónica.

116 CARCINOMA DE CÉLULAS RENAIS METASTIZADO (MRCC): UM CASO DE SUCESSO/UMA SOBREVIVÊNCIA POUCO HABITUAL

Alina Rosinha(1);Ramon Andrade de Mello(2);Filipa Carneiro(3);Cátia Faustino(2);Nuno Sousa(2);Rosa Begonha(2);Joaquina Maurício(2)(1) Serviço de Oncologia Médica, Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil, Rua Dr. António Bern (2) Serviço de Oncologia Médica - IPO Porto (Directora: Dra. Helena Rodrigues) (3) IPO-Porto

Introdução: O Carcinoma de Células Renais é uma doença heterogénea, consistindo de diversos tipos histológicos, resistentes à quimioterapia e radioterapia. Representa 2-3% de todos os cancros e é responsável por 2,4% das mortes por cancro. Cerca de 1/3 dos doentes apresentam doença localmente invasiva ou metastática ao diagnóstico, para os quais o prognóstico é reservado, com uma sobrevivência aos 5 anos inferior a 11%. Relato do Caso: Mulher de 38 anos de idade, empregada fabril, a quem em Julho de 2006, no contexto do estudo diagnóstico de toracalgia esquerda, foi identificada uma volumosa massa renal esquerda. A avaliação diagnóstica complementar revelou um carcinoma de células claras do rim, estádio IV (metastização pulmonar), enquadrável no grupo de prognóstico intermédio do MSKCC. Dada a extensão da lesão renal e estádio clínico avançado, o tumor primário não foi ressecado. Iniciou tratamento sistémico com Interferão ?2b e Interleucina-2, que manteve durante 4 meses, com doença estável e toxicidade ligeira. Nesta altura, por estar disponível o Sunitinib, iniciou este fármaco, com resposta parcial. Dada a resposta parcial sustentada, foi realizada nefrectomia radical esquerda com manutenção de Sunitinib após a recuperação cirúrgica. O Sunitinib foi suspenso, após 23 meses de tratamento, devido a uma hemorragia digestiva alta, com necessidade de suporte transfusional e internamento para embolização da artéria gastroduodenal. Seis meses após a suspensão de Sunitinib, teve progressão da doença a nível pulmonar. Reiniciou, então, Sunitinib, com estabilização da doença e toxicidade ligeira, pelo que mantém este tratamento até à data. Conclusão: O aparecimento de novas moléculas cujos alvos terapêuticos se localizam em vias moleculares relacionadas com a angiogénese revolucionou o tratamento e o prognóstico dos doentes com carcinoma de células renais metastizado (mRCC). Neste contexto, o Sunitinib é a estratégia terapêutica com melhor taxa de resposta e está associado a uma sobrevivência livre de progressão de 11 meses e uma sobrevivência global de 26,4 meses. O caso clínico evidencia não só a mudança de paradigma no tratamento do mRCC assim como as vantagens das novas estratégicas. Para além disso, realça a relevância e impacto da toxicidade associada ao uso destas terapêuticas.

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CTSPOSTERS ENFERMAGEM

1 CONSULTA DE ENFERMAGEM, O SEU PAPEL NA EDUCAÇÃO DO DOENTE ONCOLÓGICO

Alexandra Madeira(1);Ana Honrado(2);Ana Melão(2);Carla Estanque(2);Mª Jose Serra(2);Vanda Catita(2);Beatriz Louro(2);Lurdes Baptista(2);Guida Balbino(2)(1) ULSBA - Quimioterapia (2) Unidade Oncologia ULSBA, Beja

Introdução: A assistência de enfermagem com vista à educação para a saúde e bem-estar do doente oncológico em tratamento de quimioterapia é uma necessidade comtemplada na unidade de oncologia da ULSBA. Desta forma foi criada a consulta de enfermagem com o objectivo de dar resposta a duas grandes questões, a monitorização de efeitos adversos e a educação e adesão aos tratamentos. A consulta de enfermagem dá resposta á carência de informação por parte do doente oncológico que pela sua situação de doença neoplásica tem necessidades de ensino, informação e esclarecimentos inerentes ao processo de evolução e tratamento da doença. Pretendemos com a nossa apresentação dar a conhecer o funcionamento e aspectos relevantes da consulta. Resumo: Os enfermeiros são responsáveis por monitorizar os efeitos adversos da quimioterapia revertendo-se os seus registos de extrema importância. São uma forma de controlar e avaliar os cuidados de enfermagem e um instrumento de educação. É importante a utilização de um instrumento fiável para a avaliação e documentação standard das toxicidades provocadas pelos tratamentos, pelo que utilizamos na consulta a escala do National Câncer Institute (CTACE versão 3.0). A equipa pretende efectuar a avaliação e classificação dos efeitos adversos e promover a comunicação entre técnicos e doente/família. Os enfermeiros desenvolvem com os doentes planos de gestão do regime terapêutico que envolvem orientações de diferentes profissionais, terapêutica medicamentosa, modificações de estilo de vida, manuseamento de défices dos autocuidados e acompanhamentos que podem ser difíceis para os doentes/família. Cabe ao enfermeiro planear com os doentes/famílias a melhor forma de adesão face ás dificuldades e constrangimentos identificados, funcionando como parceiros e recurso nos diferentes aspectos do regime terapêutico (Nunes, 2009). Um estudo de DiMatteu (2004) verificou que em média 24,8% dos clientes não aderem ás recomendações de tratamento. A não adesão ao tratamento tem implicações a nível do aumento da morbilidade e mortalidade, com redução da qualidade de vida, insatisfação dos clientes, complicações medicas e psicológicas e desperdício de recursos de cuidados de saúde. Conclusão: Os enfermeiros devem avaliar, diagnosticar, intervir e avaliar os resultados nas questões relacionadas com a adesão e monitorização de efeitos adversos, em colaboração com outros prestadores de cuidados, desempenhando um papel relevante na optimização da adesão ao tratamento. Os estudos indicam que os doentes e famílias com mais conhecimentos acerca da doença e plano de tratamentos experimentam significativamente menos ansiedade e stress. Em suma, a consulta de enfermagem em oncologia tem um carácter educativo e de triagem demonstrando resultados positivos em termos de organização e planeamento de cuidados.

2 “UM DIA DE CADA VEZ...”

Paula Banha(1)(1) Serviço Oncologia, Centro Hospitalar Setubal

Introdução: Os cuidados paliativos segundo a OMS têm o objectivo de melhorar a qualidade de vida dos doentes e suas familias, que enfrentam problemas decorrentes de uma doença que ameaça a vida, não só através do alivio do sofrimento fisico, como também do alivio dos sintomas psicossociais e espirituais. Neste estudo de caso abordamos uma familia constituida pela pessoa doente, cuidadora de dois filhos, o J de 34 anos a quem foi dignosticada esquizofrenia paranoide, e o J. de 32 anos com oligofrenia, dependente fisica e emcionalmente dos cuidados da mãe e do irmão. A doente é uma mulher de 63 anos, viuva, doméstica, com neoplasia da mama, metastização óssea multipla, pulmonar, cerebral e carcinomatose meningea. À equipa de cuidados paliativos colocou-se o desafio de compreender o processo de transição do ponto de vista do cuidador informal e programar as intervenções que apoiem afectivamente as pessoas. Ao enfermeiro coube ser o elemento facilitador deste processo, pois tem por missão ajudar as pessoas a gerir as transições ao longo do ciclo da vida. Estudos como o de Driscoll (2000) ou mais recentemente o de Petronilho

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(2006) relatam-nos qual o impacto que a prestação de cuidadoa à pessoa com doença crónica, tem na saúde dos cuidadores. Como é que nós profissionais de saude preparamos os cuidadores para este processo, para que assumam a responsabilidade da prestação “dos melhores cuidados”. Objectivos: Enfatizar a importancia do trabalho da equipa multidisciplinar de suporte em cuidados paliativos no cuidar do doente/familia em fim de vida, no hospital e no domicilio, mesmo quando os cuidadores “parecem incapazes”. Material e Métodos: Estudo de caso. Conclusão: Analisando as definições de cuidados palaitivos que foram surgindo ao longo dos anos, por vários autores, verifica-se que se trata de uma construção complexa de elementos, que permitem integrar o doente como um ser completo, que apesar de ter uma doença incurável, existe como ser humano, com capacidade de decisão, que necessita de ser cuidado até ao fim da sua vida. Esta pessoa encontra-se inserida em contexto familiar, que também necessita de ser apoiado, escutado, integrado como elemento da equipa prestadora de cuidados. “A essência dos cuidados paliativos é a aliança entre a equipa de cuidados e o doente e sua familia. (…) os doentes são especialistas na forma como se sentem e no impacto subjectivo da sua doença, e os profissionais são especialistas no diagnóstico e nas opções de tratamento.” Twycross (2003) Cuidar implica cooperar, exige respeito mútuo, capacidade de ouvir e explicar, acordar sobre prioridades e objectivos, discutir alternativas de tratamento e aceitar a recusa dos tratamentos. Cuidados paliativos, segundo Correia (2008) são esperança, esperança de um fim de vida com dignidade e sem sofrimento inútil. Cuidados paliativos significa que não existe possibilidade de tratamentos terapêuticos no contexto da cura, mas existem no contexto da acção e do cuidado da pessoa em fim de vida (Casmarrinha, 2008). Esta doente faleceu no domicilio, cuidada pelos familiares, pela Equipa Intra Hospitalar de suporte em Cuidados Paliativos, pela Equipa Comunitaria de Suporte em Cuidados Paliativos, assim como com o apoio de todos os técnicos de saude mental das diferentes instituições com quem articulamos. A principal conclusão é que é possível cuidar, satisfazendo as necessidades do doente e familia, mesmo que numa fase inicial isso nos pareça impossível.

3 AVALIAÇÃO DO RISCO NUTRICIONAL DE DOENTES ONCOLÓGICOS EM REGIME DE HOSPITAL DE DIA

Belo A., Silva A., Lopes N., Rosa T., Serra H., Pereira A., Mendes P., Guedes F.(1) Hospital Distrital da Figueira da Foz, Unidade Funcional Hospital de Dia de Oncologia

Introdução: A desnutrição em oncologia contribui para o aumento das co-morbilidades, com consequente aumento do número de internamentos e respectiva duração, o que representa um acréscimo directo dos custos em saúde, concomitante à diminuição da qualidade de vida do doente e família. Ponderando o beneficio dos cuidados nutricionais na recuperação dos doentes e na sua qualidade de vida, e propendendo a identificação de doentes com alteração do estado nutricional, ou em risco de desnutrição, a Unidade Funcional Hospital de Dia de Oncologia do Hospital Distrital da Figueira da Foz, EPE desenvolveu a avaliação do risco nutricional de doentes oncológicos. Objectivos: Avaliar, monitorizar e referenciar os doentes oncológicos com risco nutricional ou em estado de desnutrição. Metodologia: Todos os doentes oncológicos em regime de tratamento foram submetidos a avaliação de risco nutricional, através do MUST (Malnutrition Universal Screening Tool), no período compreendido entre Fevereiro de 2011 e Janeiro de 2012. Para determinar o risco de desnutrição foi avaliado o índice de massa corporal, efectuada averiguação das perdas ponderais involuntárias no período de 3 a 6 meses anteriores à data da avaliação, e considerada a relação entre a severidade da doença e o risco de desnutrição. Os doentes foram agrupados de acordo com a classificação do MUST, e categorizados em grupos de Baixo risco, correspondente ao score=0; Médio Risco ao score=1; e Elevado Risco ao score ?2. Todos os doentes foram monitorizados em cada sessão terapêutica, sendo que, os doentes do grupo de médio risco foram alvo de abordagem pedagógica realizada pela equipa de Enfermagem, no âmbito da educação alimentar, e o grupo correspondente ao score ?2, foi referenciado para tratamento dietético e suplementação nutricional. Todos os doentes foram também referenciados para ajuste da terapêutica farmacológica, sempre que o quadro clínico o justificou. Resultados: Foram efectuadas 941 avaliações, sendo que 14.1% corresponde ao grupo de doentes com idades ? 50 anos, 43.3% aos doentes com idades compreendidas entre os 51 e os 70 anos, e 42.6% com idades superiores aos 70 anos. Do grupo de doentes com idades inferiores a 50 anos, verificou-se que 84.9% não apresentavam risco nutricional, 10.5% demonstrou médio risco, e apenas 4.6% dos doentes deste grupo apresentou elevado risco. Destes, 66.7% padeciam de patologia gastrointestinal e 33.3% a patologia pulmonar. Relativamente à faixa etária compreendida entre os 51 e os 70 anos, 93.4% não apresentavam risco nutricional, 3.9% apresentavam médio risco, e apenas 2.7% apresentavam elevado risco, dos quais 63.6% com patologia do foro gastrointestinal, e 27.3% do foro pulmonar. No que se refere aos doentes com idades superiores a 70 anos, não foi encontrado risco nutricional em 85% dos casos, foi identificado médio risco em 5.3%, e referenciados para tratamento dietético e suplementação nutricional 9.7% dos doentes deste grupo,

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CTSpor apresentarem elevado risco nutricional, ou quadro de desnutrição. Destes, 35.9% apresentavam quadro hemato-oncológico,

35.9% ginecológico, 15.4% gastrointestinal, e 12.8% doença oncológica pulmonar. Conclusões: O estudo desenvolvido permitiu averiguar que 89.5% da amostra não apresentava risco nutricional, 5.5% apresentava médio risco, e 6% apresentava elevado risco. Apesar de se verificar que os grupos correspondentes a médio e elevado risco não apresentam significância estatística relevante, podemos concluir que a avaliação do risco nutricional deve ser efectuada aquando do diagnóstico da doença, no sentido de assegurar a optimização da monitorização, e a referenciação precoce. O MUST constitui assim uma excelente ferramenta de detecção de risco nutricional e/ou desnutrição, é de fácil aplicação, e representa um contributo de excelência no âmbito da elaboração de estratégias e metodologias de rastreabilidade.

4 CANCRO - NUTRIÇÃO VERSUS DESNUTRIÇÃO

Eugénia Tareco(1);Elisabete Rodrigues Fernandes(2)(1) ULS Baixo Alentejo (2) Unidade Oncologia ULSBA, Beja

Introdução: A doença oncológica geralmente conhecida por cancro é talvez a doença mais temida do nosso século. Normalmente conduz a pessoa a uma grande carga emocional, relacionada com o sofrimento, medo, angustia, dor e morte. Esta doença não afecta somente o doente mas também a sua família. Resumo: O diagnóstico de cancro, bem como os tratamentos associados, transmitem uma carga emocional inexplicável ao doente, família e amigos. Ao longo da sua existência uma família constrói uma estrutura onde cada elemento tem o seu papel e desempenha as suas funções. Com o surgimento de uma doença oncológica todo esta estrutura abana, é destruída levando ao sofrimento, ansiedade e medo de todos os seus elementos. Neto, Aitken & Paldron (2004) referem que o sofrimento existencial associado à doença terminal é um estado de stress que confronta o indivíduo com a sua mortalidade. As causas ou razões para o sofrimento podem resultar de sentimentos de impotência, futilidade, perda de sentido, desilusão, remorso, medo da morte e da disrupção da identidade pessoal. Estas causas podem ser mais ou menos evidentes mas a sua essência enquanto vivencia interior e pessoal só pode ser entendida de forma subjectiva. As expressões e os significados do sofrimento são sempre únicas e pessoais e é neste âmbito que devem ser abordadas. A enfermeira que presta cuidados ao doente oncológico teve ter um conhecimento profundo de todas as situações relacionadas com a doença. Saber ouvir mostrando sempre disponibilidade é importante para se estabelecer uma relação de confiança, de modo a que o doente consiga expressar as suas preocupações, dúvidas e medos. A desnutrição em doentes oncológicos é frequente e está relacionada com o aumento da morbilidade e da toxicidade do tratamento, com a redução da resposta ao tratamento e com a diminuição da Qualidade de Vida, piorando o prognóstico e aumentando os custos de saúde. Uma detecção precoce das alterações nutricionais no doente oncológico permite uma intervenção oportuna. Esta intervenção deve iniciar-se no primeiro contacto entre o enfermeiro e o doente. A orientação nutricional deve ser conduzida mediante as queixas do doente, No geral a anorexia, o emagrecimento involuntário e consequentemente a caquexia surgem com muita frequência no doente oncológico. A caquexia tem um impacto negativo sobre a qualidade de vida do doente. Conclusão: A desnutrição é comum em doentes oncológicos e esta relacionada com diversos efeitos adversos clinicamente relevantes, como a diminuição da tolerância ao tratamento, reacções adversas e redução da qualidade de vida. Logo torna-se necessário estabelecer estratégias para identificação dos doentes em risco nutricional, de modo ser implementado um suporte nutricional efectivo e reduzir a morbilidade associada ao cancro. Holleb refere que anorexia é um dos factores que contribui para a perda de peso, na medida em que é a causa mais comum de diminuição da ingestão alimentar. A anorexia esta presente em 15% a 25% dos casos de cancro, na altura do diagnostico, e, praticamente, 100%, na altura em que a doença já se encontra disseminada segundo Langstein.

5 FERIDAS NO DOENTE ONCOLÓGICO

Eugénia Tareco(1);Alexandra Madeira(2)(1) ULS Baixo Alentejo (2) ULSBA - quimioterapia

Introdução: Com o desenvolvimento científico e tecnológico verificado nas últimas décadas a área da oncologia sofreu um grande incremento ao nível do diagnóstico e do tratamento sendo a cura um objectivo em cerca de 50% dos doentes diagnosticados,

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segundo Secoli S.R. et al (2005). Os doentes do foro oncológico necessitam de cuidados especiais que melhorem sua qualidade de vida e os protejam de possíveis complicações. Objectivos: Uniformizar cuidados de enfermagem ao doente com feridas tumorais. Resumo: Cada vez mais o doente com cancro pode requerer cuidados mais especializados e intensivos exigindo dos enfermeiros conhecimentos acerca do tipo de cancro, tratamentos e intervenções a realizar. (Muehlbauer.P & White.R., 2000). Com o aumento da esperança de vida dos doentes oncológicos surge a necessidade de controlar algumas complicações associadas ao cancro como é o caso das feridas neoplasias. As feridas tumorais causam um grande impacto na equipa de enfermagem principalmente num estádio avançado da doença, devida à sua extensão, odor e exsudado. Conclusão: Os doentes com este tipo de ferida necessitam de uma equipa especializada, para receberem cuidados especializados do ponto de vista físico e psicológico. Embora as feridas tumorais sejam um fenómeno antigo, existe pouca pesquisa relevante sobre o tema, o que compromete a qualidade de vida destes doentes. Há necessidade de desenvolver estudos e protocolos para melhorar o controlo sintomático e desta forma os cuidados prestados ao doente e família.

6 DOENTES EM FIM DE VIDA NA UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS

Alexandra Madeira(1);Ana Cristina Honrado(1);Sérgio Guerreiro(1)(1) ULSBA - quimioterapia

O presente poster consiste na divulgação dos resultados de uma revisão sistemática da literatura cuja temática central são as dificuldades dos enfermeiros de cuidados intensivos ao cuidar de doentes em fim de vida. Objectivo: Através deste poster propomo-nos identificar quais as principais dificuldades/obstáculos dos enfermeiros de cuidados intensivos ao cuidar de doentes em fim de vida assim como identificar algumas medidas facilitadoras na prestação desses cuidados. Metodologia: Para a elaboração deste trabalho foram seleccionados artigos de investigação de uma amostra inicial de 29 retirados da base de dados EBSCO. Resumo: Cuidar em fim de vida é uma das preocupações da Enfermagem exigindo um maior envolvimento e reflexão por parte dos profissionais. Com o aumento da esperança média de vida, a maior incidência de doenças crónicas, a evolução técnica e científica e o aumento de situações de doença terminal a sociedade necessita cada vez mais de cuidados de enfermagem. Os doentes são muitas vezes internados em unidades altamente especializadas e submetidos a procedimentos diagnósticos e de tratamento complexos esquecendo-nos muitas vezes de simplesmente proporcionar conforto e melhorar a qualidade de vida dos seus últimos dias. Os principais obstáculos identificados pelos enfermeiros da UCI á prestação de cuidados ao doente em fim de vida relacionam-se com a comunicação de informações acerca da situação do doente, utilização de tratamentos e procedimentos agressivos, desacordo quanto ao plano de cuidados e familiares zangados e que não compreendem o prognóstico. Foram sugeridas algumas medidas como facilitadoras da prestação desses cuidados entre elas proporcionar um ambiente digno e pacifico á cabeceira do doente, permitir acesso ilimitado aos familiares e ensiná-los a agir perto de um doente terminal. Conclusões: As principais conclusões obtidas através da realização deste poster revelam que os enfermeiros das UCI têm a percepção de quais os obstáculos á prestação de cuidados ao doente em fim de vida e de que a integração dos cuidados paliativos nos cuidados prestados na UCI será uma mais-valia. É fundamental uma mudança de paradigma no foco do cuidado dos doentes, partir do modelo estritamente voltado para os cuidados curativos para uma nova visão na qual os cuidados curativos e paliativos sejam oferecidos de forma integrada aos doentes. (Cicarello, G.2003)

7 “ A IMPORTÂNCIA DOS EXAMES DE IMAGEM NO DIAGNÓSTICO DO CARCINOMA DA MAMA”

Raquel Alagoinha(1);Ana Rita Sousa Dias(1)(1) HESE E.P.E

Introdução: O cancro da mama corresponde à segunda causa de morte, por cancro, na mulher. Em Portugal, anualmente são detetados cerca de 4500 novos casos de cancro da mama e 1500 mulheres morrem com esta doença. Os exames de Imagem, tais como a Mamografia, Ecografia Mamária e Ressonância Magnética Mamária têm um papel fundamental do diagnóstico, caracterização e estadiamento do Cancro da Mama. Objetivos: As autoras têm como objetivo principal demonstrar a importância dos exames imagiológicos na deteção do cancro de mama. Como objectivo secundário pretende-se apresentar a estatística do

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CTSserviço de radiologia referente a estudos de imagem assumindo assim o seu papel chave no diagnóstico do cancro da mama.

Material e Métodos: As autoras pretendem apresentar uma análise descritiva e pictórica dos diversos exames imagiológicos utilizados no diagnóstico do ca mama, tais como, Mamografia, Eco mamária, Rm mamária e outros que ajudam no estadiamento e follow up da doença, como a TC e ainda no apoio à intervenção, como as biópsias e colocação de arpões guiados por eco ou raio-x. Pretendemos ainda dar a conhecer a estatística do Serviço de Imagiologia do HESE referente aos exames realizados em doentes com cancro da mama no ano de 2011. Resultados: As imagens apresentadas foram de exames realizados no Serviço de Imagiologia do HESE. Da análise estatística dos exames realizados verificámos a sua importância no diagnóstico de cancro da mama. Conclusão: A mamografia complementada pela ecografia mamária e observação clinica continuam a ser o principal método de diagnóstico utilizado em todos os doentes com cancro da mama. Em quase todos os doentes operados o diagnóstico inclui apoio de imagem a gestos de intervenção. A Radiologia tem um papel fundamental na referenciação da lesão através do arpão em todas as lesões não palpáveis em que são feitas cirurgias conservadoras da mama. A TC Tóraco-Abdomino-Pélvica é o um bom método para estadiamento e follow up do cancro mama, tendo a Ressonância Magnética um papel crescente neste âmbito. A RM tem um papel crescente em determinadas situações tais como caracterização e classificação de lesões suspeitas identificadas na mamografia.

8 RADIOTERAPIA EXTERNA EM MÚLTIPLOS BASALIOMAS DISPERSOS NO COURO CABELUDO – UM CASO CLÍNICO.

Ana Filipa Nunes(1);Ana Lúcia Espadinha(1);Filipa Banha(1)(1) Hospital do Espirito Santo de Evora/Lenicare

Introdução: O carcinoma basocelular representa 70% das neoplasias da pele que afectam um crescente número de indivíduos. Localiza-se, em 80% dos casos, na cabeça e pescoço e muito especialmente na face, isto é, em áreas de exposição solar.Objectivo: Apresentação e análise de um caso clínico de múltiplos basaliomas no couro cabeludo, visível por observação directa, recorrendo à Radioterapia Externa. Material e métodos: Doente do sexo feminino, de 76 anos de idade, encaminhado pelo Serviço de Dermatologia do Hospital do Espírito Santo de Évora para radioterapia paliativa de múltiplos basaliomas dispersos em vários pontos do corpo mas, de um modo mais expressivo, no couro cabeludo no qual exibe extensa ulceração. O tratamento teve início a 22 de Junho de 2010 após a realização de uma máscara termoplástica para imobilização da cabeça da doente, TC de planeamento e planimetria tridimensional. Foram realizadas 18 fracções com fotões (6MV), com a administração de 3Gy/dia, através de 4 campos conformacionais, perfazendo uma dose total de 54 Gy. Após 45 dias da conclusão do tratamento a doente voltou para reavaliação. Resultados: No final imediato do tratamento constatou-se uma melhoria cosmética muito significativa das lesões com diminuição das suas dimensão e ulceração. Cerca de 45 dias após a conclusão do tratamento constatou-se, na consulta de vigilância, completa cicatrização das lesões irradiadas. Conclusão: A região do Alentejo é uma área de grande exposição solar e com uma população idosa com elevada incidência de neoplasias cutâneas. A Radioterapia Externa desempenha um papel importante no tratamento destas lesões constituindo uma boa opção terapêutica.

9 APRENDER PARA DESENVOLVER COM O ESPELHO DA ONCOLOGIA

Fernanda Relveiro(1);Francisco Pereira (1) Rui Filipe Cunha Branco(1)(1) Clínica CUF Cascais

Introdução: “Aprender Para Desenvolver” enquadra-se no sector da educação para a Saúde, especificamente na educação formal, ao visar abrir novas perspectivas de cuidados informação, e complementar a qualidade dos cuidados no Concelho de Cascais a doentes com situação Oncológica. Globalmente, pretende-se que este projecto seja um motor para o desenvolvimento no local, através da qualificação e capacitação de um serviço 24h disponível no outro e para o outro. É um projecto pioneiro! A nossa Missão alicerça, estrutura e fundamenta o trabalho que realizamos no quotidiano. Face a um número crescente de solicitações nas mais variadas áreas e o surgimento de múltiplas oportunidades em vários campos, queremos que a nossa missão seja instrumento de discernimento e de tomada de decisão. A nova aposta neste sector da saúde partiu da constatação que esta continua a ser um

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dos pontos sensíveis na sua eficácia. Assim, criam-se novas necessidades e prioridades a estabelecer. Nesta matéria, para além das competências dos recursos humanos ou da experiência institucional acumulada ao longo dos anos de forma transversal, a unidade conta com uma forma de actuação singular, enraizada numa relação de confiança e de grande proximidade com os seus doentes. Forma de actuação, que se enquadra bem nas aspirações de muitas outras… Este é o ponto nevrálgico do desenvolvimento, e a forma como este ponto é trabalhado por cada determina a sustentabilidade do seu próprio desenvolvimento. A empatia, bom humor e compreensão são integrantes fundamentais de terapêutica. A abordagem é multidisciplinar, contando com 2 médicos Oncologistas, 2 médicos senologistas, 1 médica anestesiologista, 3 enfermeiros, 2 Assistentes Operacionais e Psicóloga. Objectivos: 1º- Aumentar a satisfação do Cliente, através de uma maior e diferenciada oferta na continuidade da excelência e Qualidade dos cuidados; 2º- Melhorar o acesso da Comunidade local a Serviços de Saúde de qualidade na área da Hemato-Oncologia; 3º- Reforçar os conhecimentos e competências dos parceiros no âmbito do projectos e áreas técnicas; 4º- Melhorar a qualidade de vida do doente oncológico no Concelho de Cascais; 5º - Aumentar recursos financeiros. Métodos: Expositivo (Poster). Resultados: Intrínsecos às conclusões. Conclusões: As conclusões a que nos propomos dependem acima de tudo de uma multiplicidade de factores que se influenciam mutuamente. Neste sentido, a forma como os objectivos escolhidos interagem entre si, ilustra a natureza estrutural e a inerente complexidade dos desafios em presença. Acrescenta-se, por fim, que a execução deste projecto será um factor de dinamização da economia local, já que serão utilizados maioritariamente (e sempre que possível), recursos do respectivo Grupo. Queremos continuar a: Ser assertivos! A Saber criar a tão importante relação empática com o Cliente! A Ser diferentes num mundo de iguais. É essa diferença que nos vai levar mais além: Ao Aumento da referenciação externa e interna, ao aumento dos MCDT´s, Consultas, Internamento e cirurgias, a uma maior referenciação para os Hospitais cuf (Radioterapia, Medicina Nuclear, cirurgia pesada), a uma melhoria da acessibilidade, uma melhoria significativa do “Serviço ao Cliente”. Queremos Ser diferentes não nos equiparando aos demais, aprendendo, deixando a aspiração, aprendendo a desenvolver com o espelho da Oncologia!

10 APOIO AO DOENTE ONCOLÓGICO - LINHA TELEFÓNICA DEDICADA

Maria José Dias(1);Armada Nogueira(1);Paula Mendes(1);Emilia Alves(1);Susana Santos(1);Fatima Teixeira(1)(1) IPO-Porto

Patient Navigation, apoio ao doente, tem como objectivo acompanhar o doente oncológico bem como de membros de familia prestaodres de cuidados desde o momento de diagnóstico até ao fim do tratamento, de modo a que este ultrapasse todas as barreiras nomeadamente pessoais, da doença, do tratamento e do sistema de cuidados. A equipa de enfermagem da Clínica de Patologia Digestiva do IPO-Porto desenvolveu um programa de apoio ao doente com cancro colo/rectal nas seguintes vertentes:1- Apoio durante o tratamento com quimioterapia; 2- Apoio durante o tratamento com Radioterapia; 3- Apoio após tratamento cirúrgico; 4- Seguimento dos doentes; 5- Apoio à organização da agenda do doente (consultas, exames, etc.). Esta Linha telefónica integrou o programa “Tempo de Viver” com a construção de uma plataforma informática que é a base do conhecimento científico para a tomada de decisão dos enfermeiros que operacionalizam diariamente este programa. O contacto telefónico é realizado pela equipa de enfermagem após a identificação dos doentes que podem benificiar deste apoio e sua concordância expressa. De março de 2011 a março de 2012 foram apoiados 503 doentes. Este apoio ao doente cumpre os objectivos definidos e é um instrumento útil na organização dos cuidados ao doente oncológico. Avaliando a percepção dos doentes e familiares deste programa, são referidos sentimentos de segurança, próximidade nos cuidados, maior adesão ao tratamento, despiste precoce de complicação, menos idas ao hospital ao hospital, que se resume em qualidade de vida.

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AGRADECIMENTO ESPECIAL

Aos Organizadores e à Agência Oficial, pelo empenho e dedicação que demonstraram.Aos Patrocinadores, sem os quais não teria sido possível a realização deste evento.

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