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Boletim da Sociedade Brasileira de Meteorologia ISSN 1676-014X vol.31, n o 2-3, ago.-dez. 2007 A METEOROLOGIA SE ORGANIZA NA AMAZÔNIA

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Se Aristóteles, Torricelli e Galileu deram suas contribuições à ciência há muitos séculos, o Brasil teve que esperar até a década de 1960 para ter os primeiros meteorologistas formados em solo nacional. O curso de graduação da Universidade do Brasil (atual UFRJ) foi criado em 1965 e, somente a partir daí, a Meteorologia ganhou impulso para se desenvolver.

Até então, os meteorologistas brasileiros eram formados ou especializados na área por universidades estrangeiras. Entre eles estão nomes como Jesus Marden, Diretor do INMET responsável pela criação do primeiro curso de graduação na UFRJ, e Fernando Pimenta Alves, primeiro presidente da SBMET.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia foi criada em 1958 para unir os meteorologistas e regulamentar a profissão. Estas foram palavras do primeiro presidente, que aos 97

anos, reitera que o objetivo primordial da Sociedade era fazer com que os meteorologistas fossem reconhecidos no Brasil.

A SBMET nasceu como uma sociedade técnico-científica para incentivar o desenvolvimento da Meteorologia e do pessoal especializado nacional, mas também como uma sociedade civil quando a maioria dos meteorologistas eram militares. Não havia estrutura ou mesmo muitos sócios. Apenas 10 colaboradores que cediam tempo entre as horas de trabalho e driblavam revezes como a falta de infra-estrutura ou a forte oposição feita por membros das Forças Armadas.

Aos poucos, os ideais se arrefeceram, os grupos se dispersaram e os objetivos perderam força. A SBMET foi desativada em 1962. Maurílio Cunha Campos de Moraes e Castro (in memorian) foi o último presidente da primeira fase.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia permaneceu desativada entre 1962 e 1976. Neste ínterim, a Organização Meteorológica Mundial implantou o primeiro curso de graduação na América do Sul, no Brasil.

Os primeiros meteorologistas se formaram e depois deles, mais meteorologistas. Muitos nem sabiam da existência anterior da SBMET. Pouco se sabe também sobre como a Sociedade foi redescoberta, mas à frente das pesquisas e das negociações estava o Professor José de Lima Filho. De acordo com relatos dos então colegas de departamento, a personalidade resoluta de Lima foi decisiva para que a sociedade fosse reativada. Ao lado de Francisco Raddi, chefe do departamento de Meteorologia, e com o apoio de um grupo de professores da UFRJ, a antiga diretoria foi contatada e iniciaram-se as negociações para que a SBMET voltasse à ativa.

A Meteorologia havia experimentado durante alguns anos uma certa estagnação. Os profissionais ainda eram poucos, não havia representati- vidade e tampouco incentivos significativos à pesquisa. O mesmo grupo

que lutou pela reativação, também promoveu a I Semana de Meteorologia da UFRJ. Tido para muitos como embrião dos congressos bienais da SBMET, o encontro reuniu estudantes, profissionais da área e entidades governamentais para palestras de pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Por ocasião da I Semana de Meteorologia também foi eleita uma nova diretoria que apresentava nomes de grande importância nesta transição. O grupo era formado por pessoas que tiveram participação significativa no estabelecimento desta nova fase da SBMET, que dura até os dias atuais.

Desde então, houve grande avanço nas relações institucionais entre órgãos de Meteorologia, além do número crescente de associados e da participação da comunidade nas propostas da instituição. Entre as conquistas desta nova fase estão a regulamentação da profissão de meteorologista (1980), aquisição de uma sede no centro comercial do Rio de Janeiro (2000), realização de Congressos Brasileiros de Meteorologia em anos pares (a partir de 1980) e de Simpósios Internacionais de Climatologia em anos ímpares (a partir de 2005).

Fernando Pimenta Alves (1959-1960)Maurílio C. C. de Moraes e Castro (1961-1962) Francisco Raddi Lourenço (1976) Dagoberto Sobreira de Moura (1978-1979) Ivan Pereira de Abreu (1980-1981)Jose Eugênio Ferreira Neiva (1982-1983) Fernando Pimenta Alves (1983-1984)Heloisa Moreira Torres Nunes (1985-1986)

Valdo da Silva Marques (1987-1988) Fernando Pimenta Alves (1989-1990)

Maria Assunção Faus da Silva Dias (1991-1992) Pedro Leite da Silva Dias (1993-1994) Fernando Pimenta Alves (1995-1996) Lucimar Luciano de Oliveira (1997-1998) Valdo da Silva Marques (1999-2000) Prakki Satyamurty (2001-2002) Francisco de Assis Diniz (2003-2004) Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (2005-2006)

Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (2007-2008)

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Se Aristóteles, Torricelli e Galileu deram suas contribuições à ciência há muitos séculos, o Brasil teve que esperar até a década de 1960 para ter os primeiros meteorologistas formados em solo nacional. O curso de graduação da Universidade do Brasil (atual UFRJ) foi criado em 1965 e, somente a partir daí, a Meteorologia ganhou impulso para se desenvolver.

Até então, os meteorologistas brasileiros eram formados ou especializados na área por universidades estrangeiras. Entre eles estão nomes como Jesus Marden, Diretor do INMET responsável pela criação do primeiro curso de graduação na UFRJ, e Fernando Pimenta Alves, primeiro presidente da SBMET.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia foi criada em 1958 para unir os meteorologistas e regulamentar a profissão. Estas foram palavras do primeiro presidente, que aos 97

anos, reitera que o objetivo primordial da Sociedade era fazer com que os meteorologistas fossem reconhecidos no Brasil.

A SBMET nasceu como uma sociedade técnico-científica para incentivar o desenvolvimento da Meteorologia e do pessoal especializado nacional, mas também como uma sociedade civil quando a maioria dos meteorologistas eram militares. Não havia estrutura ou mesmo muitos sócios. Apenas 10 colaboradores que cediam tempo entre as horas de trabalho e driblavam revezes como a falta de infra-estrutura ou a forte oposição feita por membros das Forças Armadas.

Aos poucos, os ideais se arrefeceram, os grupos se dispersaram e os objetivos perderam força. A SBMET foi desativada em 1962. Maurílio Cunha Campos de Moraes e Castro (in memorian) foi o último presidente da primeira fase.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia permaneceu desativada entre 1962 e 1976. Neste ínterim, a Organização Meteorológica Mundial implantou o primeiro curso de graduação na América do Sul, no Brasil.

Os primeiros meteorologistas se formaram e depois deles, mais meteorologistas. Muitos nem sabiam da existência anterior da SBMET. Pouco se sabe também sobre como a Sociedade foi redescoberta, mas à frente das pesquisas e das negociações estava o Professor José de Lima Filho. De acordo com relatos dos então colegas de departamento, a personalidade resoluta de Lima foi decisiva para que a sociedade fosse reativada. Ao lado de Francisco Raddi, chefe do departamento de Meteorologia, e com o apoio de um grupo de professores da UFRJ, a antiga diretoria foi contatada e iniciaram-se as negociações para que a SBMET voltasse à ativa.

A Meteorologia havia experimentado durante alguns anos uma certa estagnação. Os profissionais ainda eram poucos, não havia representati- vidade e tampouco incentivos significativos à pesquisa. O mesmo grupo

que lutou pela reativação, também promoveu a I Semana de Meteorologia da UFRJ. Tido para muitos como embrião dos congressos bienais da SBMET, o encontro reuniu estudantes, profissionais da área e entidades governamentais para palestras de pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Por ocasião da I Semana de Meteorologia também foi eleita uma nova diretoria que apresentava nomes de grande importância nesta transição. O grupo era formado por pessoas que tiveram participação significativa no estabelecimento desta nova fase da SBMET, que dura até os dias atuais.

Desde então, houve grande avanço nas relações institucionais entre órgãos de Meteorologia, além do número crescente de associados e da participação da comunidade nas propostas da instituição. Entre as conquistas desta nova fase estão a regulamentação da profissão de meteorologista (1980), aquisição de uma sede no centro comercial do Rio de Janeiro (2000), realização de Congressos Brasileiros de Meteorologia em anos pares (a partir de 1980) e de Simpósios Internacionais de Climatologia em anos ímpares (a partir de 2005).

Fernando Pimenta Alves (1959-1960)Maurílio C. C. de Moraes e Castro (1961-1962) Francisco Raddi Lourenço (1976) Dagoberto Sobreira de Moura (1978-1979) Ivan Pereira de Abreu (1980-1981)Jose Eugênio Ferreira Neiva (1982-1983) Fernando Pimenta Alves (1983-1984)Heloisa Moreira Torres Nunes (1985-1986)

Valdo da Silva Marques (1987-1988) Fernando Pimenta Alves (1989-1990)

Maria Assunção Faus da Silva Dias (1991-1992) Pedro Leite da Silva Dias (1993-1994) Fernando Pimenta Alves (1995-1996) Lucimar Luciano de Oliveira (1997-1998) Valdo da Silva Marques (1999-2000) Prakki Satyamurty (2001-2002) Francisco de Assis Diniz (2003-2004) Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (2005-2006)

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Se Aristóteles, Torricelli e Galileu deram suas contribuições à ciência há muitos séculos, o Brasil teve que esperar até a década de 1960 para ter os primeiros meteorologistas formados em solo nacional. O curso de graduação da Universidade do Brasil (atual UFRJ) foi criado em 1965 e, somente a partir daí, a Meteorologia ganhou impulso para se desenvolver.

Até então, os meteorologistas brasileiros eram formados ou especializados na área por universidades estrangeiras. Entre eles estão nomes como Jesus Marden, Diretor do INMET responsável pela criação do primeiro curso de graduação na UFRJ, e Fernando Pimenta Alves, primeiro presidente da SBMET.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia foi criada em 1958 para unir os meteorologistas e regulamentar a profissão. Estas foram palavras do primeiro presidente, que aos 97

anos, reitera que o objetivo primordial da Sociedade era fazer com que os meteorologistas fossem reconhecidos no Brasil.

A SBMET nasceu como uma sociedade técnico-científica para incentivar o desenvolvimento da Meteorologia e do pessoal especializado nacional, mas também como uma sociedade civil quando a maioria dos meteorologistas eram militares. Não havia estrutura ou mesmo muitos sócios. Apenas 10 colaboradores que cediam tempo entre as horas de trabalho e driblavam revezes como a falta de infra-estrutura ou a forte oposição feita por membros das Forças Armadas.

Aos poucos, os ideais se arrefeceram, os grupos se dispersaram e os objetivos perderam força. A SBMET foi desativada em 1962. Maurílio Cunha Campos de Moraes e Castro (in memorian) foi o último presidente da primeira fase.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia permaneceu desativada entre 1962 e 1976. Neste ínterim, a Organização Meteorológica Mundial implantou o primeiro curso de graduação na América do Sul, no Brasil.

Os primeiros meteorologistas se formaram e depois deles, mais meteorologistas. Muitos nem sabiam da existência anterior da SBMET. Pouco se sabe também sobre como a Sociedade foi redescoberta, mas à frente das pesquisas e das negociações estava o Professor José de Lima Filho. De acordo com relatos dos então colegas de departamento, a personalidade resoluta de Lima foi decisiva para que a sociedade fosse reativada. Ao lado de Francisco Raddi, chefe do departamento de Meteorologia, e com o apoio de um grupo de professores da UFRJ, a antiga diretoria foi contatada e iniciaram-se as negociações para que a SBMET voltasse à ativa.

A Meteorologia havia experimentado durante alguns anos uma certa estagnação. Os profissionais ainda eram poucos, não havia representati- vidade e tampouco incentivos significativos à pesquisa. O mesmo grupo

que lutou pela reativação, também promoveu a I Semana de Meteorologia da UFRJ. Tido para muitos como embrião dos congressos bienais da SBMET, o encontro reuniu estudantes, profissionais da área e entidades governamentais para palestras de pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Por ocasião da I Semana de Meteorologia também foi eleita uma nova diretoria que apresentava nomes de grande importância nesta transição. O grupo era formado por pessoas que tiveram participação significativa no estabelecimento desta nova fase da SBMET, que dura até os dias atuais.

Desde então, houve grande avanço nas relações institucionais entre órgãos de Meteorologia, além do número crescente de associados e da participação da comunidade nas propostas da instituição. Entre as conquistas desta nova fase estão a regulamentação da profissão de meteorologista (1980), aquisição de uma sede no centro comercial do Rio de Janeiro (2000), realização de Congressos Brasileiros de Meteorologia em anos pares (a partir de 1980) e de Simpósios Internacionais de Climatologia em anos ímpares (a partir de 2005).

Fernando Pimenta Alves (1959-1960)Maurílio C. C. de Moraes e Castro (1961-1962) Francisco Raddi Lourenço (1976) Dagoberto Sobreira de Moura (1978-1979) Ivan Pereira de Abreu (1980-1981)Jose Eugênio Ferreira Neiva (1982-1983) Fernando Pimenta Alves (1983-1984)Heloisa Moreira Torres Nunes (1985-1986)

Valdo da Silva Marques (1987-1988) Fernando Pimenta Alves (1989-1990)

Maria Assunção Faus da Silva Dias (1991-1992) Pedro Leite da Silva Dias (1993-1994) Fernando Pimenta Alves (1995-1996) Lucimar Luciano de Oliveira (1997-1998) Valdo da Silva Marques (1999-2000) Prakki Satyamurty (2001-2002) Francisco de Assis Diniz (2003-2004) Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (2005-2006)

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Se Aristóteles, Torricelli e Galileu deram suas contribuições à ciência há muitos séculos, o Brasil teve que esperar até a década de 1960 para ter os primeiros meteorologistas formados em solo nacional. O curso de graduação da Universidade do Brasil (atual UFRJ) foi criado em 1965 e, somente a partir daí, a Meteorologia ganhou impulso para se desenvolver.

Até então, os meteorologistas brasileiros eram formados ou especializados na área por universidades estrangeiras. Entre eles estão nomes como Jesus Marden, Diretor do INMET responsável pela criação do primeiro curso de graduação na UFRJ, e Fernando Pimenta Alves, primeiro presidente da SBMET.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia foi criada em 1958 para unir os meteorologistas e regulamentar a profissão. Estas foram palavras do primeiro presidente, que aos 97

anos, reitera que o objetivo primordial da Sociedade era fazer com que os meteorologistas fossem reconhecidos no Brasil.

A SBMET nasceu como uma sociedade técnico-científica para incentivar o desenvolvimento da Meteorologia e do pessoal especializado nacional, mas também como uma sociedade civil quando a maioria dos meteorologistas eram militares. Não havia estrutura ou mesmo muitos sócios. Apenas 10 colaboradores que cediam tempo entre as horas de trabalho e driblavam revezes como a falta de infra-estrutura ou a forte oposição feita por membros das Forças Armadas.

Aos poucos, os ideais se arrefeceram, os grupos se dispersaram e os objetivos perderam força. A SBMET foi desativada em 1962. Maurílio Cunha Campos de Moraes e Castro (in memorian) foi o último presidente da primeira fase.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia permaneceu desativada entre 1962 e 1976. Neste ínterim, a Organização Meteorológica Mundial implantou o primeiro curso de graduação na América do Sul, no Brasil.

Os primeiros meteorologistas se formaram e depois deles, mais meteorologistas. Muitos nem sabiam da existência anterior da SBMET. Pouco se sabe também sobre como a Sociedade foi redescoberta, mas à frente das pesquisas e das negociações estava o Professor José de Lima Filho. De acordo com relatos dos então colegas de departamento, a personalidade resoluta de Lima foi decisiva para que a sociedade fosse reativada. Ao lado de Francisco Raddi, chefe do departamento de Meteorologia, e com o apoio de um grupo de professores da UFRJ, a antiga diretoria foi contatada e iniciaram-se as negociações para que a SBMET voltasse à ativa.

A Meteorologia havia experimentado durante alguns anos uma certa estagnação. Os profissionais ainda eram poucos, não havia representati- vidade e tampouco incentivos significativos à pesquisa. O mesmo grupo

que lutou pela reativação, também promoveu a I Semana de Meteorologia da UFRJ. Tido para muitos como embrião dos congressos bienais da SBMET, o encontro reuniu estudantes, profissionais da área e entidades governamentais para palestras de pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Por ocasião da I Semana de Meteorologia também foi eleita uma nova diretoria que apresentava nomes de grande importância nesta transição. O grupo era formado por pessoas que tiveram participação significativa no estabelecimento desta nova fase da SBMET, que dura até os dias atuais.

Desde então, houve grande avanço nas relações institucionais entre órgãos de Meteorologia, além do número crescente de associados e da participação da comunidade nas propostas da instituição. Entre as conquistas desta nova fase estão a regulamentação da profissão de meteorologista (1980), aquisição de uma sede no centro comercial do Rio de Janeiro (2000), realização de Congressos Brasileiros de Meteorologia em anos pares (a partir de 1980) e de Simpósios Internacionais de Climatologia em anos ímpares (a partir de 2005).

Fernando Pimenta Alves (1959-1960)Maurílio C. C. de Moraes e Castro (1961-1962) Francisco Raddi Lourenço (1976) Dagoberto Sobreira de Moura (1978-1979) Ivan Pereira de Abreu (1980-1981)Jose Eugênio Ferreira Neiva (1982-1983) Fernando Pimenta Alves (1983-1984)Heloisa Moreira Torres Nunes (1985-1986) Valdo da Silva Marques (1987-1988) Fernando Pimenta Alves (1989-1990)

Maria Assunção Faus da Silva Dias (1991-1992) Pedro Leite da Silva Dias (1993-1994) Fernando Pimenta Alves (1995-1996) Lucimar Luciano de Oliveira (1997-1998) Valdo da Silva Marques (1999-2000) Prakki Satyamurty (2001-2002) Francisco de Assis Diniz (2003-2004) Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (2005-2006)Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (2007-2008)

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A METEOROLOGIA SE ORGANIZA NA

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O Boletim da Sociedade Brasileira de Meteorologia (BSBMET) é uma publicação quadrimestral da SBMET (www.sbmet.org.br), com tiragem de 1.000 exemplares. O BSBMET aceita colaborações, na forma de artigos originais de divulgação de assuntos técnicos, científicos ou profissionais e reproduções de matérias de interesse do Corpo Social, desde que não protegidos por direitos autorais, ou mediante autorização expressa do detentor destes direitos.

DIRETORIA EXECUTIVA PARA O BIÊNIO 2007/2008

Presidente: Maria Gertrudes Alvarez Justi da SilvaDiretor Financeiro: Isimar de Azevedo SantosDiretora Administrativa: Marley C. de Lima MoscatiDiretor Científico: Pedro Leite da Silva DiasDiretor Profissional: Alfredo Silveira da Silva

Vice-Presidente: Bernardo Barbosa da SilvaVice-Diretor Financeiro: Jonas da Costa CarvalhoVice-Diretora Administrativa: Heloisa M. T. NunesVice-Diretor Científico: Osvaldo Luiz Leal de MoraesVice-Diretor Profissional: Marilene de Lima

CONSELHO DELIBERATIVO

Efetivos José Marques – Presidente José Carlos FigueiredoFrancisca Maria Alves Pinheiro Luis Augusto Toledo MachadoFrancisco de Assis Diniz Marco Antonio JuseviciusHalley Soares Pinheiro Junior Maria Luiza Poci PintoJosé Antonio Marengo Orcini SuplentesAdriano Marlisom Leão de Sousa Gerhard Held Rosane Rodrigues Chaves

Conselho FiscalFrancisca Maria Alves Pinheiro Mariana Palagano Ramalho Silva Vera Aldreida Malfa Pereira

Editor Responsável Editor AssistenteMarley Cavalcante de Lima Moscati Pedro Leite da Silva Dias INPE - Prédio da Meteorologia, Sala 26 USP-IAG – Depto de MeteorologiaAv. dos Astronautas, 1758, Jd. da Granja Rua do Matão, 1226, Cidade Universitária12.227-010 – São José dos Campos, SP 05508-900 – São Paulo, [email protected] [email protected]

Editores Colaboradores: Heloisa M. T. Nunes, Luiz Augusto T. Machado e Nelson Jesus FerreiraSetor de Normas e Legislação: Alfredo Silveira da SilvaSetor de Divulgação e Marketing: Marley Cavalcante de Lima MoscatiColaboração: Mariana Oliveira.

Distribuição dirigida e gratuita

EXPEDIENTE APOIO

Distribuição dirigida e gratuita

Coordenação: Marley Cavalcante de Lima MoscatiProjeto Gráfico: Digital Press

Capa: DigitalPressImpressão: Graftipo Ltda

Revisão Editorial: Marley Cavalcante de Lima MoscatiISSN 1676-014X.

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EDITORIAL

Este número do Boletim da SBMET traz como tema “A Meteorologia se organiza na Amazônia”, com o intuito principal de abrir um espaço para que a sociedade meteorológica conheça como algumas instituições estão se estruturando para atender a demanda por soluções às questões ambientais relevantes para a região Amazônica.

Uma breve análise do panorama atual nos estados do Amapá, Pará, Acre e Amazonas, aqui apresentado em matérias, mostra que há um claro sinal de que o desenvolvimento científi co e tecnológico nesses estados vem se consolidando nos últimos anos. Os indicativos de tal desenvolvimento podem ser sintetizados em: 1) Um aumento gradual de investimentos na área, provenientes do MCT, de agências de fomento (com o lançamento de editais específi cos para a região) e da própria instituição e do governo local e; 2) Um aumento no número de cooperações acadêmicas e/ou científi cas fi rmadas com instituições de pesquisa nacional e internacional e o desenvolvimento de projetos interinstitucionais. Em conseqüência destas ações, há uma troca de conhecimento e experiência entre Centros de ensino e pesquisa consolidados e Centros emergentes na região Amazônica. Estas parcerias, além de dar suporte às atividades desenvolvidas em cada Centro emergente, visam aparelhar os estados com uma infra-estrutura de recursos humanos qualifi cados e de informática, capaz de atender as necessidades da sociedade local nas áreas de Meteorologia, Hidrologia, Energias Renováveis, entre outras. Vale ressaltar, também, que tais iniciativas acarretaram na criação de novos cursos de graduação e pós-graduação na região.

Temos nesse número do Boletim da SBMET uma matéria esclarecedora sobre a concessão de bolsas de produtividade científi ca do CNPq, escrita por Tércio Ambrizzi, Osvaldo Moraes e Thais Scherrer, os quais descrevem a evolução das solicitações de auxílio da comunidade meteorológica nos últimos 7 anos e apresenta os critérios utilizados pelo Comitê de Ciências Atmosférica para julgar as solicitações de auxílio recebidas. Também, há várias notícias sobre atividades desenvolvidas pela SBMET ao longo do período, agenda de eventos, entre outras.

Para 2008, a SBMET estará envolvida na realização do XV Congresso Brasileiro de Meteorologia (CBMET). Durante esse evento, comemoraremos os 50 anos da SBMET. A contracapa desse número do Boletim traz um pouco da história e das conquistas dessa Sociedade. Vale a pena conferir e também, participar do XV CBMET!

Boa leitura!!

Marley Cavalcante de Lima MoscatiEditora Responsável

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

Boletim da Sociedade Brasileira de Meteorologia A Meteorologia se organiza na Amazôniavol. 31, nº 2-3, ago.-dez. 2007

Editorial .................................................................................................................1Marley Cavalcante de Lima Moscati

Palavra da Presidente da SBMET ...................................................................................5Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva

Rede estadual de previsão climática e hidrometeorológica do Pará - RPCH ................................6Everaldo B. de Souza e colaboradores

Progressos na detecção e previsão de eventos meteorológicos extremos na Amazônia Oriental ...... 14Renato Ramos da Silva, Maria Aurora Mota, Julia Clarinda Paiva Cohen, Adilson Wagner Gandu

Rede Amapaense de Meteorologia e Recursos Hídricos (REMETAP) e a consolidação do Núcleo de Hidrometeorologia e Energias Renováveis (NHMET/IEPA) ....................................... 20Alan Cavalcanti da Cunha

Uma experiência interdisciplinar em Meteorologia Aplicada, Engenharia e Energia Renovável no estado do Amapá ................................................................................................. 29David Mendes, Alan Cavalcanti da Cunha, Daniel Gonçalves das Neves, Edmir dos Santos Jesus, Monica Cristina Damião Mendes

Capacitação e monitoramento meteorológico no ambiente da Amazônia: uma experiência no Acre ............................................................................................ 36Alejandro Fonseca Duarte, Francisco Alves dos santos, Camilo Lelis Gouveia, Maria do Socorro D´ávila do Nascimento, Teresa da Silva Carneiro

PIATAM – Uma parceria entre a PETROBRÁS e instituições de pesquisa para o aumento do entendimento das questões ambientais na Amazônia ..................................................... 44Audálio Rebelo Torres Júnior, Mariana Palagano Ramalho Silva, Ricardo Marcelo da Silva, Fabio Rodrigues Hochleitner,

Hatsue Takanaka de Decco, Luiz Landau, Luiz Paulo de Freitas Assad, Manlio Mano

Identifi cação do local mais chuvoso do Brasil .................................................................. 51Daniel Pereira Guimarães

SUMÁRIO

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

Comitê de Assessoramento de Ciências Atmosféricas (CA-AT) do CNPq: Uma visão interna ............ 56Tércio Ambrizzi, Osvaldo Moraes,Thais Scherrer

Programação do Simpósio de Ensino de Meteorologia do Mercosul ........................................ 60

Programação do II Simpósio Internacional de Climatologia .................................................. 62

Programação da III Conferência Regional de Mudanças Climáticas: América do Sul .................... 64

SBMET participa da 60a Reunião Anual da SBPC ............................................................... 68

Novo layout dos INFORMES da SBMET e criação do Setor de Imprensa e Comunicação da SBMET ......................................................................................... 68

RBMET no Scielo .................................................................................................... 69

SBMET promove Curso de Meteorologia Sinótica Aplicada ................................................... 70

Resultado das Eleições para Conselhos Deliberativo e Fiscal da SBMET .................................. 72

Prêmio Nobel da Paz em 2007 é dado para Al Gore e pesquisadores do IPCC ............................. 73

Dr. Pedro Leite da Silva Dias é empossado novo Diretor do LNCC .......................................... 75

Pesquisador Dr. Paulo Artaxo, Professor do Instituto de Física da USP, recebe prêmio do Council of the Academy of Sciences for the Developing World (TWAS) ..................................... 75

A Meteorologia e a Resolução No 1.010 ......................................................................... 77Alfredo Silveira da Silva

Agenda de Eventos ................................................................................................... 79

Anunciantes............................................................................................................ 84

Política Editorial do Boletim da SBMET ........................................................................... 85

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

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MENSAGEM

Prezados sócios e amigos da SBMET,

A escolha do tema para este Boletim da Sociedade Brasileira de Meteorologia (SBMET) como “A Meteorologia se Organiza na Amazônia” procura revelar algumas das iniciativas que estão sendo feitas na região Amazônica na área de Meteorologia e Climatologia. Essas iniciativas vêm de encontro às expectativas do governo e da comunidade nacional e internacional de tratar esta região de uma forma especial e diferenciada, reconhecendo a necessidade de incentivar seu desenvolvimento. Achamos importante abrir este espaço no Boletim da SBMET para que os colegas da região pudessem relatar projetos e conquistas.

A Diretoria Executiva, assim como os Conselhos da SBMET, já estão trabalhando na escolha do tema do próximo Congresso Brasileiro de Meteorologia, assim como na escolha da cidade que irá receber o evento mais importante do calendário da SBMET. Procura-se fazer um revezamento entre as regiões do país tentando aproximar com isso todos os sócios. Estamos defi nindo agora também os passos para as comemorações dos 50 anos da SBMET, a ser realizado em 2008. Pretende-se ao longo do próximo ano divulgar as conquistas e realizações da SBMET, assim como as pessoas que contribuíram de forma signifi cativa para que a nossa associação se tornasse respeitada, fazendo reuniões científi cas importantes, editando uma revista científi ca qualifi cada e unindo profi ssionais em torno de ideais éticos e de produção de produtos e serviços de excelência. Gostaríamos de pedir a todos os sócios que enviem sugestões para as comemorações, pois o importante é que a SBMET seja percebida pelos sócios como uma entidade que é constituída de profi ssionais e, mais do que isso, por pessoas. Vamos reunir fatos e fotos e compartilhar todas as informações com os sócios em nosso Portal.

Sugiram, participem, comemorem: são 50 anos de vivências.

Presidente da SBMET

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REDE ESTADUAL DE PREVISÃO CLIMÁTICA E HIDROMETEOROLÓGICA DO PARÁ − RPCH*

Everaldo B. de Souza1, Edson J.P. da Rocha1,2, José Raimundo A. de Sousa3, Paulo L. Guimarães4, Douglas B.S. Ferreira1, Marcio N.G. Lopes1,2, Daniel M. Santos1,2, Renato R. da Silva1,

José Ricardo S. de Souza1, Ronaldo S. Rodrigues1, Saulo P. de Carvalho1,3, Midori Makino1, Maria Aurora S. da Mota1, Galdino V. Mota1, Andressa G. Lima1, Jorge L.M. Lopes2, Pedro A.M. Rolim2,

Juliana P. Silva2, Rodrigo H.M. Braga2, Teresinha X. Bastos5, Andressa M. e Silva6

1UFPA – Universidade Federal do Pará, Faculdade de Meteorologia (FAMET) e Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA), Belém-PA

2SIPAM – Sistema de Proteção da Amazônia, CTO/Belém3INMET – Instituto Nacional de Meteorologia, 2º Distrito de Meteorologia

4SEMA – Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Diretoria de Recursos Hídricos5EMBRAPA Amazônia Oriental

6CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, Superintendência de BelémSite do projeto: www3.ufpa.br/rpch E-mail para contato: [email protected]

RESUMO

O Projeto Rede Estadual de Previsão Climática e Hidrometeorológica do Pará (RPCH) representou efetivamente um marco na meteorologia do Pará, pois o mesmo viabilizou a realização integrada de um trabalho interinstitucional entre as instituições de âmbito federal e estadual que desempenham atividades operacionais (INMET, SIPAM, SEMA e CPRM) e de pesquisa (UFPA e EMBRAPA), as quais antes trabalhavam individualmente e sem nenhuma articulação conjunta na área da meteorologia e climatologia. Neste trabalho apresentam-se alguns resultados, novo banco de dados, produtos, boletins e informações climatológicas inovadoras à região, que contribuem ao melhor entendimento científi co da climatologia dinâmica e variabilidade pluviométrica regional da Amazônia oriental, com ênfase ao Estado do Pará.Palavras-chave: Precipitação, Amazônia oriental, Variabilidade climática, RegCM3, Climatologia.

ABSTRACT

The Project entitled State Network on Climate and Hydrometeorology Prediction of Pará (RPCH) represented effectively a mark in Pará meteorology concerning the implementation of an integrated interinstitutional work between federal and state institutions with operational activities (INMET , SIPAM, SEMA and CPRM) and research (UFPA and EMBRAPA), which worked individually and without any articulation joint in meteorology and climatology. This paper presents some innovative results, new database, products, information and bulletins which contribute directly to the better scientifi c understanding on climate dynamics and regional precipitation variability of the eastern Amazon, with emphasis on Pará state.Key words: Precipitation, Eastern Amazon, Climate variability, RegCM3, Climatology.

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1. INTRODUÇÃO

A característica intrínseca do clima da Amazônia é a presença de um amplo espectro de variações no tempo e espaço da atividade convectiva tropical e da precipitação, as quais tornam-se as variáveis climáticas mais importantes da região. Cada vez mais na Amazônia atual, as diversas atividades econômicas (agricultura, agropecuária, recursos hídricos, geração de energia elétrica, indústria, planejamento urbano, ações governamentais, etc) são dependentes do comportamento e variabilidade do sistema climático, especialmente da distribuição regional da chuva. Ao longo dos séculos, eventos tais como secas ou estiagens prolongadas, enchentes devido vários dias chuvosos, precipitação rápida e intensa associada a tempo severo, entre outros fenômenos meteorológicos, ocasionam freqüentemente sérios impactos sócio-econômicos e ambientais. Portanto, estudos que visam o entendimento científi co das causas e conseqüências da variabilidade regional da precipitação na Amazônia são imprescindíveis para gerar informações e produtos climatológicos úteis ao benefício da sociedade e ao planejamento governamental. Nesse sentido, uma estratégia efi ciente é conduzir projetos de pesquisa com abordagens tanto de diagnósticos do clima regional via técnicas estatísticas de análises, como também de prognósticos e simulações via modelagem climática regional. Os modelos climáticos globais e regionais são reconhecidamente ferramentas chave, uma vez que os mesmos conseguem equacionar com boa aproximação o sistema climático e assim investigar vários detalhes dos mecanismos ou processos reguladores do clima e sua variabilidade espaço-temporal. Para a Amazônia, o uso da modelagem torna-se crucial, uma vez que a densidade da rede de observações é baixa em certas áreas de difícil acesso e logística muito cara.

O projeto, denominado de Rede Estadual de Previsão Climática e Hidrometeorológica do Pará (RPCH), fi nanciado pela FINEP/MCT, tem como objetivo a implementação e sistematização de uma

rede integrada de pesquisa e previsão climática no Estado do Pará. Esse Projeto focaliza a escala de tempo sazonal e intrasazonal, com vistas ao aprimoramento do conhecimento científi co sobre a climatologia dinâmica tropical e, conseqüentemente, tanto melhorar como aumentar a capacidade de desenvolvimento das previsões das condições do clima regional sobre a Amazônia oriental. As metas principais da RPCH consistem de estudos estatístico-observacionais do clima regional; desenvolvimento e aprimoramento da modelagem climática regional; análise e modelagem hidrometeorológica; implementação e consolidação das reuniões mensais de análise e previsão climática; e, estabelecimento de mecanismos de disseminação e aplicação da informação e previsão climática. O foco da RPCH é a Amazônia oriental com ênfase ao Estado do Pará. A RPCH apresentou inovações importantes no que concerne ao estreitamento das relações profi ssionais das várias instituições de âmbito federal e estadual que desempenham atividades operacionais (INMET, SIPAM, SEMA e CPRM) e de pesquisa (UFPA e EMBRAPA), as quais antes trabalhavam individualmente e sem nenhuma articulação integrada na área da meteorologia e climatologia. Portanto, a partir de janeiro de 2007, este projeto representou efetivamente um marco na meteorologia do Pará, pois o mesmo viabilizou a realização de um trabalho interinstitucional gerando boletins, produtos e informações climatológicas inovadoras à região. Neste trabalho apresentam-se alguns resultados que contribuem ao melhor entendimento científi co da climatologia dinâmica e variabilidade pluviométrica regional da Amazônia oriental.

2. NOVO BANCO DE DADOS DE PRECIPITAÇÃO

Uma vez que a RPCH congrega as instituições que gerenciam as diversas redes de estações pluviométricas do estado, primeiramente foi concebido um trabalho de integração da rede observacional. Este trabalho resultou no produto

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denominado de precipitação RPCH que consiste num novo banco de dados integrados contendo o máximo possível de medições de precipitação registradas pelas estações meteorológicas espalhadas sobre a Amazônia oriental. Procedimentos de controle de qualidade foram aplicados para checar e verifi car a presença de dados errados ou faltantes, sendo que foram selecionadas apenas as estações contendo menos do que 5% de dados falhos. Essas eventuais falhas foram preenchidas por métodos de interpolação de dados das estações vizinhas. Ao fi nal foram selecionadas 150 estações pluviométricas com observações mensais ininterruptas entre 1970 e 2007, cujas localizações encontram-se na Figura 1. A fi m de obter um conjunto de dados de precipitação regional em pontos de grade no domínio da Amazônia oriental, foi empregada a interpolação espacial (utilizando o método do inverso das distâncias ao quadrado) dos dados de estações para uma grade regular com resolução de 0,27º x 0,27º de latitude e longitude.

Figura 1: Rede de estações pluviométricas usada para gerar a precipitação RPCH.

A precipitação RPCH foi comparada com outras bases de dados, a saber: o GPCP (ADLER et al., 2003), o CMAP (XIE e ARKIN, 1997, 1998) e o CPC-NCEP (SILVA et al., 2007) que possuem resoluções mais baixas. A Figura 2 mostra a média climatológica de 30 anos (1978-2007) para os períodos de verão (dezembro a fevereiro – DJF) e outono (março a maio – MAM), na qual se evidencia claramente que a precipitação RPCH consegue capturar vários aspectos regionais intrínsecos da distribuição pluviométrica regional. A ilha de Marajó, por exemplo, apresenta quatro novas classes de precipitação, enquanto que nas outras bases, são uma ou duas classes, no máximo. Durante o verão, nota-se o máximo pluviométrico entre 800 mm e 1000 mm no setor sul do Pará associado à ZCAS. Durante o outono, o máximo de chuva apresenta intensidade maior, entre 900 mm e 1300 mm, sobre o nordeste do Pará, Ilha de Marajó e centro-sul do Amapá, associado à ZCIT.

A metodologia dos percentis foi aplicada aos dados da precipitação RPCH com a fi nalidade de se estabelecer os aspectos climatológicos regionais e também investigar os padrões anômalos da variabilidade da chuva mensal e sazonal considerando as categorias acima/muito acima, normal, e abaixo/muito abaixo do normal. A Figura 3 mostra os mapas de precipitação climatológica obtidos pelo método dos percentis, somente para os meses de dezembro, março e junho, considerando que Q(p) são as ordens quantílicas para p=0,15; p=0,35; p=0,65; e p=0,85, conforme XAVIER et al. (2000). A grande vantagem deste método é permitir a representação objetiva da precipitação em termos quantitativos da sua categoria de ocorrência, a qual depende da localização geográfi ca, magnitude e mês de ocorrência.

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Figura 2: Precipitação climatológica (média 1979-2007) sazonal para DJF (painel superior) e MAM (painel inferior) referente à base de dados do CMAP, GPCP, CPC e RPCH. A escala de cores indica o volume pluviométrico em mm.

Figura 3: Distribuição espacial da precipitação RPCH obtida pelo método dos percentis considerando que Q(p) são as ordens quantílicas para p=0,15; p=0,35; p=0,65; e p=0,85. A escala de cores indica o volume pluviométrico em mm.

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Com esse novo banco de dados de precipitação em domínio regional, foram re-investigadas as características pluviométricas regionais em resposta aos principais mecanismos climáticos de grande escala observados nos Oceanos Pacífi co e Atlântico. Essas análises consideram o sinal da chuva categorizada pelo método dos percentis nas escalas de variabilidade mensal, sazonal e interanual, as quais foram atualizadas até o ano de 2007, sendo que os resultados se encontram em fase de submissão de artigo em revista nacional.

3. MODELAGEM CLIMÁTICA REGIONAL

Utiliza-se a última versão do Regional Climate Model version 3 - RegCM3 (PAL et al., 2007) desenvolvido pelo International Centre for Theoretical Physics (ITCP). O RegCM3 é a terceira geração de um modelo climático regional originalmente desenvolvido no NCAR (GIORGI e BATES, 1989; DICKINSON et al., 1989) – o RegCM1, o qual foi sistematicamente aprimorado por GIORGI et al. (1993a, 1993b) – o RegCM2, e GIORGI e MEARNS (1999) – o RegCM2.5. Atualmente, o ITCP RegCM3 é um modelo de área limitada, em coordenada vertical sigma e grade horizontal de Arakawa-Lamb B, com as equações primitivas para fluido compressível e hidrostático. O RegCM3 usa o esquema de superfície Biosphere-Atmosphere Transfer Scheme (DICKINSON et al. 1993) para resolver, em cada ponto da grade, os processos de interação da superfície com a atmosfera, levando-se em consideração os processos de trocas turbulentas de momentum, energia e vapor de água. O transporte turbulento dessas quantidades dentro da camada limite da atmosfera é baseada no modelo de HOLTSLAG et al. (1990). Para a transferência radiativa utiliza-se o esquema do Community Climate Model 3 (KIEHL et al., 1996) que inclui os efeitos dos gases de efeito estufa, aerossóis atmosféricos e água de nuvem. Os esquemas de parametrização convectiva disponíveis são três: A parametrização Anthes-Kuo (ANTHES, 1977), a parametrização de Grell (GRELL, 1993) e MIT-Emanuel (EMANUEL, 1991; EMANUEL e ZIVKOVIC-ROTHMAN, 1999).

Além disso, dispõe-se também do SUB-grid EXplicit moisture scheme (SUBEX) (PAL et al., 2000) para representar a precipitação de grande escala resolvida pelo modelo. Nos estudos de modelagem climática, no âmbito da RPCH, considerou-se a dimensão da grade do RegCM3 confi gurada para a região da Amazônia oriental com 80 x 80 pontos em latitude x longitude (resolução horizontal de 30 km), centrado em 4°S/53°W com 18 níveis na vertical (sendo 7 níveis abaixo de 800 hPa) e usando projeção mercator normal. Foram realizadas simulações climatológicas usando diferentes parametrizações convectivas para o período de 1978 a 2007. As rodadas foram atualizadas (updated) a cada 6 horas com as condições iniciais e de contorno da reanálise NCEP/NCAR (KAYNAL et al., 1996) e usando os dados mensais observados de TSM de REYNOLDS et al. (2002). Análises de validação ou desempenho do RegCM3 são realizadas de forma qualitativa e quantitativa com referência a base de dados da RPCH, sendo que esses resultados encontram-se descritos em SOUZA et al. (2008).

4. ANÁLISE E MODELAGEM HIDROMETEOROLÓ-GICA

Nesta meta do Projeto, foram desenvolvidos modelos estatísticos baseados na relação empírica entre as forçantes de grande escala observadas nos Oceanos Pacífi co e Atlântico e a cota/vazão dos principais rios que compõem as bacias hidrográfi cas da Amazônia oriental: Rio Tapajós em Santarém, Rio Xingu em Altamira e Rio Tocantins em Marabá. Esses modelos usam o Método de Regressão Múltipla para previsão de níveis máximos de longo prazo, os quais encontram-se documentados em ROCHA et al. (2007). Como exemplo, mostra-se na Figura 4, a previsão (losangos azuis) feita em janeiro/2008 para a cota do Rio Tocantins em Marabá nos meses de fevereiro a maio de 2008. O modelo representou bem a cota observada (linhas com losangos verdes) principalmente nos meses de março e abril quando o nível fl uviométrico fi cou acima de 11 m, ultrapassando a cota de alerta estipulada pela Defesa Civil, situação crítica e com sérios problemas de enchentes naquela região.

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5. BOLETIM CLIMÁTICO ESTADUAL

Desde janeiro de 2007, a RPCH organiza a realização da reunião mensal de análise e previsão climática, quando se reúnem vários profi ssionais, estudantes e pesquisadores das instituições executoras e parceiras (UFPA, EMBRA-PA, SIPAM, SEMA, INMET, CPRM, DEFESA CIVIL) e outros órgãos de diferenciadas áreas, além da imprensa local. Nestas reuniões, apresentam-se os aspectos de análise e monitoramento dos dados ob-servados desde a grande esca-la (Oceanos Pacífi co e Atlânti-co), escala sinótica, intrasazo-nal e meso-escala, bem como os aspectos climatológicos e a previsão climática de consen-so para o Estado do Pará, para os próximos três meses. Os resultados da reunião são do-cumentados na forma de um boletim climático, o qual é di-vulgado amplamente no âmbi-to estadual. A Figura 5 ilustra o Boletim n° 16 com destaque para as análises da precipita-ção regional, valores mensais e anomalias categorizadas para o Estado do Pará, refe-rentes aos dados observados em março/2008, bem como a previsão climática sazonal para o trimestre maio, junho e julho/2008.

Figura 4: Previsão hidroclimática da cota do rio Tocantins em Marabá-PA para os meses de fevereiro a maio/2008. A linha verde com losangos verdes indicam a cota observada e os losangos azuis indicam a previsão realizada em janeiro/2008.

Figura 5: Trecho do Boletim Climático da RPCH.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A infra-estrutura computacional montada pelo projeto RPCH permitiu o desenvolvimento da modelagem regional, a qual era inviabilizada na UFPA pela falta de equipamentos adequados. As atividades da RPCH propiciaram signifi cativo avanço e melhoria das atividades acadêmicas aos estudantes de graduação e pós-graduação. O projeto encontra-se totalmente consolidado com resultados científi cos relevantes que contribuem diretamente ao pleno desenvolvimento regional do Estado do Pará.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADLER, R.F., HUFFMAN, G.J., CHANG, A., et al. The Version 2 Global Precipitation Climatology Project (GPCP) Monthly Precipitation Analysis (1979-Present). Journal of Hydrometeorology, v. 4, p. 1147-1167, 2003.

ANTHES, R.A. A cumulus parameterization scheme utilizing a one-dimensional cloud model. Monthly Weather Review, v. 117, p. 1423-1438, 1977.

DICKINSON, R. E., ERRICO, R.M., GIORGI, F., BATES, G. A regional climate model for the western United States. Climate Change, v. 15, p. 383-422, 1989.

DICKINSON, R.E., HENDERSON-SELLERS, A., KENNEDY, P.J. Biosphere-atmosphere transfer scheme (BATS) version 1E as coupled to the NCAR Community Climate Model. Boulder, Colorado. NCAR Technical Note, NCAR/TN-387, 72 pp., 1993.

EMANUEL, K. A. A scheme for representing cumulus convection in large-scale models, Journal of the Atmospheric Sciences, v. 48(21), p. 2313–2335, 1991.

EMANUEL, K.A., ZIVKOVIC-ROTHMAN, M. Development and evaluation of a convection scheme for use in climate models, Journal of the Atmospheric Sciences, v. 56, p. 1766–1782, 1999.

GIORGI, F., BATES, G.T. The climatological skill of a regional climate model over complex terrain, Monthly Weather Review, v. 117, p. 2325-2347, 1989.

GIORGI, F., MARINUCCI, M.R., BATES, G.T. Development of a second-generation regional climate model (RegCM2). Part I: Boundary-layer and radiative transfer processes. Monthly Weather Review, v. 121, p. 2749-2813, 1993a.

GIORGI, F., MARINUCCI, M.R., BATES, G.T., DE CANIO, G. Development of a second-generation regional climate model (RegCM2). Part II: Convective processes and assimilation of lateral boundary conditions. Monthly Weather Review, v. 121, p. 2814-2832, 1993b.

GIORGI, F., MEARNS, L.O. Introduction to special section: regional climate modeling revisited. Journal of Geophysical Research, v.104, p.6335-6352, 1999.

GRELL, G. Prognostic evaluation of assumptions used by cumulus parameterization. Monthly Weather Review, v.121, p.764-787, 1993.

HOLTSLAG, A., DE BRUIJN, E., PAN, H-L. A high resolution air mass transformation model for short-range weather forecasting. Monthly Weather Review, v.118, p.1561-1575, 1990.

KALNAY, E., and Co-authors. The NCEP/NCAR 40-year reanalysis project. Bulletin of the American Meteorological Society , v. 77, p. 437-471, 1996.

KIEHL, J.T., HACK, J.J., BONAN, G.B., et al. Description of the NCAR Community Climate

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Model (CCM3). Boulder, Colorado: NCAR Technical Note, NCAR/TN-420+STR, 152 pp., 1996.

PAL, J.S., ERIC, E.S., ELFATHI, A.B.E. Simulation of regional-scale water energy budgets: representation of subgrid cloud and precipitation process within RegCM. Journal of Geophysical Research, v.105, p.29.579-29.594, 2000.

PAL, J.S., GIORGI, F., BI, X., et al. The ICTP RegCM3 and RegCNET: regional climate modeling for the developing World. Bulletin of the American Meteorological Society, p. 1395-1409, 2007.

REYNOLDS, R.W., RAYNER, N.A., SMITH, T.M., et al. An improved in situ and satellite SST analysis for climate. Journal of Climate, v. 15, p. 1609-1624, 2002.

ROCHA, E.J.P., ROLIM, P.A.M., SANTOS, D.M. Modelo estatístico hidroclimático para previsão de níveis em Altamira-PA. In: Anais do XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos – SBRH / VIII SILUSBRA. CDROM, p. 1-14, 2007.

SILVA, V.B.S., KOUSKY, V.E., SHI, W., HIGGINS, R.W. An improved gridded historical daily precipitation analysis for Brazil. Journal of Hydrometeorology, v. 8, p. 847-861, 2007.

SOUZA, E.B. et al. Precipitação climatológica sobre a Amazônia oriental durante o período chuvoso: observações e simulações regionais com o RegCM3. Revista Brasileira de Meteorologia, 2008.

XAVIER, T.M.B.S., XAVIER, A.F.S., SILVA DIAS, P.L., SILVA DIAS, M.A.F. A ZCIT e suas relações com a chuva no Ceará (1964-98). Revista Brasileira de Meteorologia, v. 15, n.1, p. 27-43, 2000.

XIE, P., ARKIN, P.A. Global monthly precipitation estimates from satellite-observed outgoing longwave radiation. Journal of Climate, v. 11, p. 137-164, 1998.

XIE, P., ARKIN, P.A. Global precipitation: a 17-year monthly analysis based on gauge observations, satellite estimates and numerical model outputs. Bulletin of the American Meteorological Society, v. 78, p. 2539- 2558, 1997.

8. AGRADECIMENTOS

À FINEP/MCT pelo fi nanciamento do projeto RPCH (convênio 3641/06). Ao CNPq pelas bolsas ATP e ITI, bolsa PIBIC e bolsa PQ – nível 2 (proc. 305390/2007-4). A FAPESPA pelas bolsas de mestrado. À equipe do ITCP, em particular a Dra. Rosmeri Rocha e Dr. Julio Pablo Fernandez pelo apoio no uso do RegCM3.

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PROGRESSOS NA DETECÇÃO E PREVISÃO DE EVENTOS METEOROLÓGICOS EXTREMOS NA AMAZÔNIA ORIENTAL

Renato Ramos da Silva1, Maria Aurora Mota1, Julia Clarinda Paiva Cohen1, Adilson Wagner Gandu2

1Faculdade de Meteorologia, Universidade Federal do ParáRua Augusto Correia, 1, Campus do Guamá, Belém-PA, CEP 66075-110

E-mail: [email protected] 2Departamento de Ciências Atmosféricas, Universidade de São Paulo (USP)/IAG

RESUMO

Importantes avanços têm sido obtidos recentemente no entendimento e previsão de eventos meteorológicos na região da Amazônia Oriental. Vários estudos têm sido executados através de análises meteorológicas de casos ocorridos no passado, e previsões numéricas tem sido obtidas através do uso do Modelo Regional BRAMS. Em suporte aos trabalhos de análise e modelagem, vários experimentos de campo foram executados recentemente. Neste trabalho, são relatados os recentes avanços obtidos na detecção e previsão dos eventos meteorológicos ocorridos nesta região e ainda sugerem-se os principais caminhos que devem ser seguidos com o objetivo de promover novos progressos nesta área.Palavras-chave: Amazônia Oriental, Previsão Numérica, BRAMS.

ABSTRACT

Important advances have been achieved recently on the understanding and forecasting of meteorological events at the Eastern Amazon region. Several studies have been performed through meteorological analysis from past events, and numerical predictions have been obtained using the BRAMS Regional Model. On support to the analysis and modeling, several fi eld campaigns were performed recently. In this article, are present the recent advances obtained on the detection and prediction of meteorological events occurred in this region and we further point out the major paths that should be taken to promote new progresses on the ongoing activities.Key words: Eastern Amazon, Numerical Prediction, BRAMS.

1. INTRODUÇÃO

A Amazônia Oriental é caracterizada por eventos meteorológicos de várias magnitudes. A sua localização tropical propicia altas taxas de absorção de energia da radiação solar e de altas concentrações de umidade provindas do Oceano Atlântico Tropical. Estes dois ingredientes (calor e umidade) são fundamentais na formação de fortes tempestades que causam rajadas de ventos, chuvas torrenciais e nuvens potencialmente eletrifi cadas.

Os fortes gradientes horizontais de temperatura

na interface entre o Oceano Atlântico e o continente causam circulações de brisa local que dão origem a profundas nuvens convectivas. A formação destas nuvens é altamente dependente da característica da superfície que são importantes na distribuição da ocorrência de precipitação. Por exemplo, enquanto cidades como Belém possui precipitação predominante no período da tarde e início da noite causada principalmente pela convecção, a cidade de Soure na Ilha de Marajó possui precipitação noturna causada pela confl uência dos ventos alísios

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com a brisa continental noturna (Kousky, 1980). A organização de aglomerados de nuvens profundas na região costeira dá origem a linhas de instabilidade que podem atingir dimensão espacial da ordem de mais de 1000 km de extensão e podem se propagar por toda a Bacia Amazônica (Cohen et al., 1995). No continente, a Amazônia caracteriza-se pela presença da fl oresta tropical e de alta densidade de rios. Grande parte de suas cidades desenvolveram-se próximo às margens destes rios, principalmente devido às facilidades do transporte fl uvial. Com o aumento populacional e urbanização muitas cidades tornaram-se mais suscetíveis á inundações. Chuvas torrenciais causam sérios dados à população destas cidades, pois podem causar danos materiais e também vítimas fatais.

O entendimento, monitoramento, e previsão de eventos meteorológicos extremos na Amazônia são de grande importância. O desenvolvimento recente de projetos de re-análise de campos meteorológicos tem propiciado inúmeras oportunidades de revisão de casos extremos pretéritos. Por outro lado, o desenvolvimento de computadores mais potentes e aprimoramento das técnicas numéricas de representação da dinâmica dos processos convectivos têm propiciado progressos tanto na simulação quando na previsão numérica destes eventos.

No presente trabalho são apresentados os recentes progressos obtidos pela Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) no estudo de eventos meteorológicos extremos ocorridos na Amazônia Oriental e o novo sistema de previsão numérica de tempo desenvolvido especialmente para prever tais eventos.

2. DETECÇÃO DE EVENTOS METEOROLÓGICOS EXTREMOS

A variabilidade da precipitação em uma cidade afeta a população, pois pode provocar sérios prejuízos. Grande quantidade de precipitação pode afetar vários setores, como a economia, a saúde, transportes, energia, etc. Portanto, pesquisar a variabilidade da ocorrência de tais fenômenos, como eles se desenvolvem e quais as regiões são mais afetadas, é importante para ajudar a sociedade de uma maneira geral. Considerando essa necessidade é que a Faculdade de Meteorologia está desenvolvendo pesquisa sobre eventos extremos que

ocorrem em Belém. O objetivo principal é analisar a variabilidade da precipitação na cidade de Belém e região metropolitana. Assim, em primeira instância a pesquisa tem como primeiro impacto a melhoria das ações da Defesa Civil junto à população mais atingida por fortes chuvas, além fornecer subsídios para planejamento e gerenciamento das atividades produtivas na região metropolitana.

2.1. Investigação Histórica de Eventos em Belém-PA

O levantamento histórico sobre eventos extremos que foram notícias é feito nos jornais locais dos últimos 30 anos, por alunos da Faculdade de Meteorologia. Esses jornais estão disponíveis, em microfi lme, no Arquivo Público da Biblioteca Arthur Vianna, em Belém. As notícias investigadas devem tratar de casos de eventos meteorológicos extremos, que mais causaram prejuízos e/ou transtornos à população e, portanto viraram notícias dos jornais, como interrupções no fornecimento de energia elétrica, alagamentos das vias públicas e casas, congestionamento do tráfego na cidade, queda das mangueiras centenárias, entre outros. Também está sendo feita consulta junto a Defesa Civil do Estado sobre pedidos de ajuda da população para caso de alagamento e destelhamento de casas, pessoas desabrigadas e mortes ocorridas devido aos eventos extremos.

2.2. Análise Termodinâmica de Eventos Signifi cativos

A idéia básica da análise termodinâmica é fazer uma avaliação sistemática da importância relativa das condições termodinâmicas do meio ambiente e o evento extremo de precipitação ocorrido em Belém durante o período estudado, a fi m de estabelecer um grau quantitativo de independência entre os parâmetros termodinâmicos e a convecção. Uma possível correspondência entre os eventos extremos de precipitação e a estrutura termodinâmica local observada é verifi cada. Ou seja, se os efeitos termodinâmicos locais associados com aquecimento da superfície, os quais permitem formação de células convectivas, são sufi cientes para a ocorrência do evento extremos, ou se fatores dinâmicos também contribuíram com a ocorrência da precipitação elevada.

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Esses dados são tratados e analisados quanto à sua consistência, e posteriormente são calculados os parâmetros termodinâmicos como: temperatura potencial (θ), temperatura potencial equivalente (θe) e temperatura potencial equivalente saturada (θes), utilizando as informações de pressão, temperatura e umidade, obtidas das radiossondagens disponíveis. As equações são as propostas por Betts (1974a) e posteriormente modifi cadas por Bolton (1980). Após esses cálculos as sondagens são classifi cadas utilizando os critérios propostos por Betts (1974b).

A Energia Potencial Disponível para Convecção (CAPE) é um parâmetro que pode ser usado para verifi car as condições de instabilidade da atmosfera ou o critério de equilíbrio da convecção. O cálculo desse parâmetro é feito através da diferença entre a temperatura potencial equivalente à superfície (θe) e o perfi l vertical da temperatura potencial equivalente saturada (θes). Caso a diferença seja positiva se considera que este valor é proporcional a CAPE, se for negativo será a Energia de Inibição da Convecção (CINE). A CINE pode representar uma barreira signifi cante para liberação da convecção da instabilidade condicional nos trópicos (Willians e Rennó, 1992). São calculados também os índices de instabilidades como Índice de Showalter (Is), K e Total Totals (TT), para verifi car se estes índices estão adequados para previsão de eventos extremos na Amazônia Oriental.

Além de dados meteorológicos obtidos para a cidade de Belém-PA, vários experimentos de campo foram executados nos últimos anos com objetivo de obter dados para investigar os processos termodinâmicos associados aos sistemas meteorológicos das regiões costeiras e continentais do leste da Amazônia. Entre estes destacamos os Experimentos DESMATA-LBA (Impacto do Desmatamento Junto ao Litoral Atlântico da Amazônia) e PECHULA (Período Chuvoso no Leste da Amazônia), realizados durante o período entre 8 a 22 de abril de 2002; o Experimento Circulação de Mesoescala no Leste da Amazônia (CiMeLA-LBA), realizado no período entre 27 de outubro a 15 de novembro de 2003; e o Experimento Caxiuanã Observações na Biosfera Rio e Atmosfera do Pará (COBRA-PARÁ), realizado no período entre 30 de outubro e 15 de novembro de 2006.

3. PROGRESSOS NA PREVISÃO DE EVENTOS METEOROLÓGICOS

Com objetivo de prever as condições meteorológicas para a região leste da Amazônia um modelo de previsão numérica de tempo foi implementado nos computadores da Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal do Pará para produzir previsões diárias.

3.1. O Modelo de Previsão Numérica de Tempo

O modelo adotado para as previsões foi o BRAMS (Brazilian Regional Atmospheric Modeling System), descrito por Cotton et al. (2004). Este modelo tem sido amplamente usado tanto em previsão numérica de tempo para várias regiões do Brasil (Ramos da Silva et al., 1996), quanto em estudos dos sistemas meteorológicos da Amazônia (Ramos da Silva et al., 2008; Gandu et al., 2004; Silva Dias et al., 2002 a). O modelo resolve as equações da dinâmica da convecção e possui uma série de sub-modelos que representam processos como a interação solo-vegetação-atmosfera, troca de fl uxos turbulentos, transferências radiativas, e micro-fi sica de nuvens, entre outros. Vários parâmetros usados no modelo, como características relacionadas ao solo e vegetação, foram ajustados baseados em dados coletados durante os recentes experimentos de campo como o ABRACOS (Gash e Nobre, 1991) e LBA (Silva Dias et al., 2002 b). Estes ajustes foram feitos para avaliar o modelo tanto na representação explícita de nuvens convectivas (Ramos da Silva e Avissar, 2006), como na representação do clima regional (Gandu et al., 2004).

Com objetivo de prever as condições meteorológicas para a região leste da Amazônia, o modelo foi confi gurado com um sistema de aninhamento de grades para permitir a interação entre várias escalas que afetam a formação de nuvens e tempestades. Atualmente o modelo possui quatro grades aninhadas cujas células possuem espaçamento horizontal de 81, 27, 9, e 3 km, respectivamente. A grade de maior domínio cobre uma área grande o sufi ciente para capturar as condições meteorológicas de larga escala, e a grade de maior resolução possui domínio centrado na região onde está situada a cidade de Belém-PA (Figura 1). Na vertical o modelo possui

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35 camadas atmosféricas e nove camadas de solo. O modelo é inicializado diariamente com as análises do modelo global do CPTEC-INPE e as previsões meteorológicas deste modelo são usadas como condição de fronteira lateral a cada seis horas durante a integração numérica que dura 48 horas. A Figura 1 apresenta o domínio das grades usado na previsão e um exemplo de campo inicial de vento próximo da superfície obtido do modelo global do CPTEC. Além das condições meteorológicas o modelo assimila dados iniciais de umidade do solo, e os campos de temperatura da superfície do mar (TSM) média semanal.

Figura 1: Domínio e topografi a (m) das grades usadas pelo Modelo BRAMS na previsão numérica. Os vetores representam a condição inicial dos ventos próximo da superfície obtidas do Modelo Global do CPTEC para o dia 15 de maio de 2008 (1200 UTC).

3.2. Previsão Numérica

A Figura 2 apresenta um exemplo de previsão numérica para a taxa de precipitação e ventos próximos da superfície, obtidas com o Modelo BRAMS para a região costeira para as grades três (Figura 2 a), e quatro (Figura 2 b). Estas previsões referem-se às 2300 UTC (20 horas local) do dia 13 de maio de 2008. A terceira grade é usada para avaliar a previsão meteorológica para a região costeira dos estados do Amapá, Pará e parte do Maranhão. A quarta grade que possui espaçamento horizontal de 3 km permite detalhada previsão para a região costeira próximo

da Ilha do Marajó incluindo a cidade de Belém-PA. As previsões mostram a formação de sistemas convectivos de mesoescala com fortes interações com os ventos de superfície.

Figura 2: Previsão da taxa de precipitação horária (mm h-1) e ventos à superfície (m s-1) obtidas com o Modelo BRAMS para o dia 13 de maio de 2008 às 20 horas local, para: a) grade 3, b) grade 4.

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A Figura 3 apresenta um exemplo de perfi l atmosférico previsto pelo Modelo BRAMS para o dia 13 de maio (0000 UTC), comparado com a sondagem obtida na estação de Belém-PA. Os resultados mostram que quando o modelo foi inicializado às 1200 UTC do dia anterior, ocorreu uma previsão de temperaturas mais frias do que as observadas nos níveis próximos da superfície. A fi gura mostra também que os ventos previstos foram erroneamente de nordeste e muito mais fortes do que aqueles obtidos pelas observações. Por outro lado, quando o modelo é inicializado com 30 horas de antecedência, ocorre uma grande melhora nos perfi s atmosféricos

previstos. Estes resultados sugerem que o modelo está se ajustando no primeiro dia de integração numérica e as previsões são muito melhores para o segundo dia. Estes ajustes e melhoria para o segundo dia provém do efeito da superfície que funciona como uma condição de fronteira e induz à formação dos sistemas circulatórios costeiros como as brisas de mar e continental que não são representados por modelos globais. Estes resultados revelam a grande importância dos ajustes feitos no modelo ao longo do tempo através dos parâmetros de vegetação obtidos durante os experimentos de campo, e da importância da melhoria da resolução espacial da grade.

Figura 3: Perfi s verticais previstos pelo Modelo BRAMS para o dia 13 de maio (0000 UTC) comparados com sondagem obtida na estação de Belém-PA, para temperatura (0C), umidade relativa (%), direção (graus) e velocidade do vento (m s-1).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS

da condição inicial do modelo. Atualmente as previsões do modelo são disponibilizadas no portal do Laboratório de Modelagem da Amazônia (LAMAZ) da UFPA (http://www.mileniolba.ufpa.br/previsaodetempo), e tornaram-se também parte integrante do processo de intercomparação de modelos de previsão de tempo coordenado pelo Laboratório MASTER do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (http://www.master.iag.usp). Além disso, avaliações sobre as parametrizações utilizadas no modelo também

A implementação do Modelo BRAMS para a previsão numérica de tempo tem propiciado muitos avanços tanto na detecção de eventos extremos como no melhor entendimento dos processos físicos que atuam na formação destes eventos meteorológicos. O erro obtido nas previsões para as primeiras 24 horas de integração sugerem que as condições iniciais do modelo precisam ser melhoradas. Estas melhorias devem ser alcançadas através de uma melhor rede de coleta de dados meteorológicos, e assimilação de dados de radar e satélite nos campos meteorológicos

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estão sendo executadas, para verifi car se os esquemas de parametrização de nuvens cumulus representam bem a precipitação observada na Amazônia Oriental.

Os avanços obtidos no entendimento e previsão dos processos meteorológicos da região leste da Amazônia propiciaram também oportunidades para a formação de novos pesquisadores da região. Este progresso culminou com a inauguração do Programa de Pós-graduação através do Curso de Mestrado em Ciências Ambientais, que teve início no ano de 2005. Este Programa tem formado anualmente vários jovens pesquisadores com fortes fundamentos interdisciplinares, que incluem a interação da meteorologia com outras áreas que envolvem os vários aspectos das ciências ambientais da Amazônia.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BETTS, A. K. Futher comments on “a comparison of the equivalent potential temperature and the static energy”. Journal of Atmospheric Sciences, 31:1713-1715, 1974 a.

BETTS, A. K. Thermodynamic classifi cation of tropical convective sounding. Monthly Weather Review, 108:760-764, 1974 b.

BOLTON, D. The Computation of Equivalent Potential Temperature. Monthly Weather Review, 108:1046-1053, 1980.

COHEN, J. C. P.; SILVA DIAS, M. A. F.; NOBRE, C. A. Environmental conditions associated with Amazonian squall lines: A case study. Monthly Weather Review, 123(11), 3163-3174, 1995.

GANDU, A. W.; COHEN, J. C. P.; DE SOUZA, J. R. S. Simulation of deforestation in eastern Amazonia using a high-resolution model. Theoretical Applied Climatology, 78:123-135, 2004.

GASH J. H. C., & NOBRE C. A., Climatic Effects of Amazonian Deforestation: Some Results from ABRACOS, Bulletin American Meteorological Society, 78:823-830, 1997.

KOUSKY, V.E. Diurnal rainfall variation in the Northeast Brazil. Monthly Weather Review, 108:488-498, 1980.

RAMOS DA SILVA, R.; AVISSAR, R. The hydrometeorology of a deforested region of the Amazon. Journal of Hydrometeorology, 7:1028-1042, 2006.

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SILVA DIAS, M. A. F.; PETERSEN, W.; SILVA DIAS, P. L.; CIFELLI, R.; BETTS, A. K.; LONGO, M.; GOMES, A. M.; FISCH, G. F.; LIMA, M .A.; ANTONIO, M .A.; ALBRECHT, R. I. A case study of convective organization into precipitating lines in the Southewest Amazon during the WETAMC and TRMM-LBA. Journal of the Geophys. Research, 107, 2002 a (doi:10.1029/2001JD000375).

SILVA DIAS e Co-autores. Cloud and rain processes in a biosphere-atmosphere Interaction context in the Amazon region, Journal of the Geophys. Research, 107, 2002b (doi: 10.1029/2001JD000335).

WILLIAMS, E.; RENNO, R. An analysis of the conditional instability of the tropical atmosphere. Monthly Weather Review, 121:21-36, 1993.

6. AGRADECIMENTOS

O desenvolvimento deste trabalho teve o suporte dos Projetos Piatam-Mar (Potenciais Impactos Ambientais no Transporte de Petróleo e Derivados na Zona Costeira Amazônica); FINEP-REMAM (Rede de Monitoramento e Pesquisa de Fenômenos Meteorológicos Extremos na Amazônia, e Milenio LBA2 (Integração de abordagens do ambiente, uso da terra e dinâmica social na Amazônia: relações homem-ambiente e o desafi o da sustentabilidade). O Dr. Adilson W. Gandu agradece ao CNPq (Proc. 304648/2005-1) e o Dr. Renato R. da Silva, ao CNPq (Proc. 552622/2006-0).

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REDE AMAPAENSE DE METEOROLOGIA E RECURSOS HÍDRICOS (REMETAP) E A CONSOLIDAÇÃO DO

NÚCLEO DE HIDROMETEOROLOGIA E ENERGIAS RENOVÁVEIS (NHMET/IEPA)

Alan Cavalcanti da CunhaInstituto de Pesquisas Científi cas e Tecnológicas do Estado do Amapá - IEPA

Núcleo de Hidrometeorologia e Energia Renováveis – NHMETAv. Feliciano Coelho, 000 – Trem – Macapá, AP, 66040-170

E-mail: [email protected]

RESUMO

O Projeto REMETAP foi instituído no Estado do Amapá a partir da sua aprovação no Edital 13/2006 da FINEP, e inicializado efetivamente a partir de março de 2007. A Rede tem cumprido com o seu papel de promotora, articuladora e integradora de atividades de pesquisa e operação aplicados no setor da Meteorologia, unindo os principais Centros nacionais e contribuindo com o aumento da participação dos Estados na geração de conhecimento local aplicado às áreas afi ns no curto, médio e longo prazos. O objetivo principal da REMETAP tem sido a busca de uma melhor integração e articulação com os atores e instituições locais, regionais e com o restante do país. Esse trabalho apresenta uma descrição de algumas ações prioritárias realizadas durante o primeiro ano de sua implantação e funcionamento, de 2003 até 2008. Como conclusão fi cou evidenciado que a REMETAP tem sido a principal promotora do desenvolvimento da área da meteorologia no Estado do Amapá. Tais refl exos são notáveis pela qualidade e quantidade de atendimentos das demandas sociais por produtos e serviços da área, com destaque à formação acadêmica em nível de mestrado e doutorado. Observou-se que a REMETAP praticamente foi um divisor de águas da evolução do setor de meteorologia e recursos hídricos do NHMET/IEPA nos últimos dois anos. Tal contribuição demonstra claramente que investir no Núcleo Estadual é fundamental para a geração de informações e no desenvolvimento local.Palavras-chave: Rede estadual, núcleo, Meteorologia, recursos hídricos, Amapá.

ABSTRACT

The Project REMETAP was established in the State of Amapa from its approval in the announcement of 13/2006 FINEP, and effectively booted from March 2007. The Network has met with its role of facilitator, articulating and integrating the activities and search operation applied in the sector of Meteorology, uniting the main national Centers and contributing to the increased participation of States in the generation of local knowledge applied to related areas in short, medium and long term. The main objective of REMETAP has been to improve the integration and coordination with the actors and local, regional and national institutions and the rest of the country. This paper shows a description of some priority actions during the fi rst year of their deployment and operation from 2003 until 2008. In conclusion it was evident that the REMETAP has been the main promoter of development in the area of Meteorology in the state of Amapa. These refl ections are remarkable for the quality and quantity of care of social demands for products and services in the area, with emphasis on academic-level master’s and doctorate. It was observed that virtually REMETAP was a landmark of the development of the sector of meteorology and water resources of NHMET/IEPA in the last two years. This contribution clearly demonstrates that investing in Center State of meteorology and water resource is crucial for the generation of information and local development.Key words: State Center, Meteorology, water resources, Amapá.

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1. INTRODUÇÃO

É inestimável a importância e a atuação dos Núcleos Estaduais de Meteorologia e Recursos Hídricos na Região Amazônica. Ao mesmo passo, tem havido uma sensível integração, articulação e desenvolvimento da organização dos núcleos nos últimos anos. Esses fatores têm se intensifi cado ainda mais com o apoio de recursos fi nanceiros, especialmente aqueles concernentes aos Editais Públicos da FINEP e CNPq. O Estado do Amapá foi um desses benefi ciados.

De acordo com Nobre (2005) e Cunha (2005, 2008), na década de oitenta, havia muitas limitações ao deenvolvimento dos Núcleos Estaduais. Essa limitação induziu o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) a elaborar um Programa, em nível nacional, que descentralizasse as atividades de monitoramento, previsão e estudos do tempo, clima e recursos hídricos. Tal papel seria designado aos Estados da Federação, com ganhos signifi cativos na regionalização de produtos e serviços do setor, além de contribuir de forma mais efetiva para os Centros nacionais de previsão, como é o caso do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) e o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Posteriormente esse Programa seria implementado em nível nacional, em parceria com os Estados da Federação, e receberia o nome de Programa de Monitoramento de Tempo, Clima e Recursos Hídricos (PMTCRH).

A essência do PMTCRH, que preconizava a criação de Centros Estaduais de Meteorologia e Recursos Hídricos (CEMRH), hoje também denominados de Núcleos Estaduais, foi motivado pela experiência exitosa de parcerias entre o INPE e Centros Estaduais de outras regiões do país. No referido período o modelo de Centros Estaduais deveria contar com equipamentos e recursos humanos com titulação de mestre em meteorologia, recursos hídricos e informática em cada estado contemplado. Mas o programa, na prática, não ocorreu de forma homogênea e simultânea em todas as regiões do Brasil. Houve uma defasagem enorme, principalmente dos Estados periféricos da Amazônia, como é o caso do Amapá. A razão principal era que o Programa exigia

a efetivação de convênios e nem todos os estados respondiam de forma efetiva a esta exigência, por diversos motivos. Outra razão era porque havia estados que nem sequer tinham profi ssionais com a titulação e o perfi l exigido para implantar/operar um Núcleo ou Centro Estadual.

A parceria do PMTCRH com os estados disponibilizou uma série de benefícios, como equipamentos de computação e coleta de dados, bolsas do CNPq para a fi xação de recursos humanos nas áreas de concentração do Programa (Meteorologia, Recursos Hídricos e Informática), além de cursos de treinamentos específi cos nas áreas fi m. O objetivo era atender às necessidades de aperfeiçoamento e atualização.

A contrapartida dos Estados consistia em prover a infra-estrutura física, a contratação de mestres, doutores e profi ssionais inicialmente remunerados por intermédio de bolsas do CNPq, além de aporte de recursos fi nanceiros necessários à criação e funcionamento dos Centros de Meteorologia e Recursos Hídricos (CEMRHs), os quais foram implementados nas estruturas das Secretarias de Estado de Ciência e Tecnologia, Recursos Hídricos ou Agricultura de cada Estado (Nobre, 2005).

De acordo com Nobre (2005), Coordenador do PMTCRH à época, o sucesso do Programa nos estados foi variado, pois as realidades encontradas entre os Núcleos, em parte devido aos refl exos das disparidades econômicas e sociais prevalentes no Brasil, eram diversas. Além disso, em parte, devido ao desencontro de ações que levaram ao sucateamento de equipamentos e desmantelamento parcial de equipes desses Centros, especialmente pela incapacidade de fi xar competência técnica nos Núcleos.

Algumas razões foram apontadas como causadoras destes problemas. Inadequação dos sistemas de telecomunicações disponível à época, ausência de uma política agressiva de investimento em recursos humanos em vários Estados, etc. Até a data de 2005 no PMTCRH havia vinte e um estados conveniados, mais o Distrito Federal, incluindo-se o Estado do

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Amapá. Até então, o Amapá não fora atendido por nenhum dos benefícios acima descritos. Tal fato só ocorreu a partir do fi nal de 2005, com a chegada de três computadores, duas PCDs Agrometeorológicas e alguns cursos de capacitação em centros como CPTEC/INPE.

Em face deste contexto podemos imaginar quão signifi caiva foi o processo de implantação do Núcleo de Hidrometeorologia e Energias Renováveis do Estado do Amapá (NHMET/IEPA), com a aprovação do Projeto REMETAP/FINEP no Edital 13/2006, especialmente elaborado pelo MCT para a modernização e descentralização dos Centros Estaduais de Meteorologia e Recursos Hídricos. No contexto histórico daquela época a situação do NHMET passou de precária para a de um Centro emergente. Tal salto foi formidável, pois, promoveu uma marcante presença deste setor em praticamente todas as áreas da sociedade civil do Estado do Amapá. A REMETAP foi quem praticamente consolidou o NHMET/IEPA como um importante Centro de pesquisa e operação.

Para descrever os passos históricos dessa evolução, são descritos, a seguir, os principais momentos do NHMET/IEPA e o papel da REMETAP em sua consolidação, como novo núcleo de pesquisa do Amapá.

2. MATERIAIS E MÉTODOS: DESCRIÇÃO DAS PRINCIPAIS ETAPAS DE EVOLUÇÃO DO NHMET/IEPA

A metodologia apresentada se resumiu na descrição das etapas históricas mais importantes da evolução do NHMET/IEPA, desde 2003 até a atualidade. O período de estudo foi dividido em três fases principais, segundo Cunha (2008), consideradas para esta exposição, identifi cando alguns detalhes considerados expressivos à evolução do NHMET/IEPA, como indicado abaixo:

Período Iniciali) – implantação básica: 2003-2005. As principais etapas eram concernentes à criação de uma coordenação local do PMTCRH. Participação de recursos humanos em cursos de capacitação em instalação de

Plataformas de Coleta de Dados (PCDs). Duas PCDs Agrometeorológicas foram instaladas no Amapá em novembro de 2005. A primeira foi instalada em Macapá (no 14º BIS - Batalhão de Infantaria e Selva) e a segunda no Distrito de Pacuí (Escola Agrícola do Pacuí), distante cerca de 90 km de Macapá. Foram feitos os primeiros contatos e ações com o MCT e o CPTEC/INPE.Período de Consolidaçãoii) – Publicação do Primeiro Boletim de Previsão de Tempo por um Núcleo Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos da Amazônia. Etapa de Desenvolvimento. Até esse período não havia recursos específi cos para a Meteorologia.Período Atualiii) – Modernização da Rede Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos – REMETAP e REMAM (Editais 13 e 14/2006 da Finep/CNPq). Etapa de modernização: aprovação de projetos a partir de Editais Nacionais (Edital FINEP 13, 14 e Energias Renováveis /2006 – AERBOM/FINEP).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A implantação da REMETAP infl uenciou dramaticamente a evolução e desenvolvimento do NHMET/IEPA, pois pode ser considerada como estratégica para o aprimoramento das redes de monitoramento de clima, tempo, recursos hídricos e condições do mar, os quais apresentam refl exos em todo o sistema brasileiro. Sua principal vantagem é que o Núcleo está focado em problemas e temas regionais e voltado aos interesses de usuários locais.

Numa breve análise, observando as informações históricas mostrada pela Tabela 1, foram registrados alguns dos refl exos positivos que a REMETAP proporcionou ao NHMET/IEPA.

Um aspecto importante é que a REMETAP tem incrementado o nível qualitativo e quantitativo das suas informações geradas pelo NHMET/IEPA, além de fazer parte de diversas redes de meteorologia e recursos hídricos. Um exemplo é a participação direta com REMAM (coordenada pelo SIPAM-AM), na qual a REMETAP está inserida juntamente com a RPCH

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do Pará. Desta forma, as redes estaduais mantêm um vínculo local, sem perder a visão regional e ou nacional do setor, com o fortalecimento institucional para ambos os lados.

Em conseqüência, as informações geradas pelas redes locais e regionais apresentaram, nos últimos anos, um salto imenso de conteúdo e qualidade científi co-tecnológico, com forte impacto em nas áreas de pesquisa científi ca básica e aplicada, bem como na operação de previsão (Cunha, 2008). Assim, torna-se aparente a importância do Estado como articulador e mantenedor do diálogo e cooperação entre outras instituições do país, apresentando um papel preponderante na busca da otimização das operações de coleta de dados, processamento e divulgação de informações. Por estas razões, é importante que a estratégia de formação das redes de pesquisa e operação na Amazônia devem se consolidar rapidamente, caso as condições favoráveis

de estímulo técnico, científi co e econômico se mantiverem por um período prolongado, de tal forma que os Núcleos possam se consolidar e tornarem-se sustentáveis fi nanceiramente. Neste aspecto, as principais etapas de evolução do NHMET/IEPA podem ser esquematicamente mostradas na Tabela 1, cuja ênfase se dá na fase atual, quando a REMETAP passa a se instituir. Na primeira coluna da Tabela 1 são especifi cadas as principais etapas da evolução do NHMET/IEPA. Na segunda coluna, são descritas as principais características institucionais à época de sua implantação ou evolução. Na terceira coluna são descritos os principais serviços e produtos gerados e o papel da REMETAP e outros projetos de importância. Na quarta coluna são indicados os principais impactos no âmbito científi co, tecnológico, social e econômico. É possível observar pela análise da Tabela 1 uma notável evolução do Núcleo do Estado do Amapá, tal como indicado pelos principais impactos científi cos e tecnológicos gerados em função de seu desenvolvimento como um todo.

Tabela 1: Principais etapas de evolução do NHMET/IEPA.

EtapaCaracterísticas Institucionais

Principais Serviços e Produtos

Impactos Científi cos, Tecnológicos e Sócio-econômicos no Estado do Amapá

Período Inicial (2003-2004)

Criação da Coordenação Local, indicada pelo MCT (PMTCRH e SETEC-AP), cujo responsável seria um Pesquisador Efetivo do IEPA. Sua função seria planejar, executar e implementar localmente o Centro ou o Núcleo Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos (CETEA). A coordenação local estava vinculada ao Centro de Pesquisas Aquáticas (CPAQ). Não havia pesquisadores além do coordenador.

Geração de um Dossiê Técnico, versão 26, jan, 91 p, 2004/2005. Relatório Técnico sobre a Implantação do Centro Tecnológico de Hidrometeorologia do Estado do Amapá CTHEA/CPAQ/ IEPA.

Publicações esparsas.

Preocupação com a situação das Plataforma Automáticas de Coleta de Dados (PCDs) no Estado do Amapá.

Participação do coordenador em reuniões de nível nacional:

São Paulo (CPTEC/INPE) e Brasília (MCT).

Primeiros contatos com coordenadores de centros de outros

Estados do Brasil.

Início da difusão e socialização de informações sobre a

importância dos Núcleos Estaduais para os usuários locais.

Visitas de campo às estações meteorológicas. Primeiras

manutenções de PCDs com participação de técnicos locais.

Início do entendimento local sobre informações

meteorológicas, funcionamento e importância das PCDs para

geração e difusão de dados e informações locais.

Submissão de pequenos projetos a Editais da SETEC-AP/

PIBIC. Foram admitidos 2 bolsistas graduandos (geografi a e

matemática) para atuarem nas áreas de climatologia básica e

recursos hídricos (hidrodinâmica).

Novos projetos de pesquisa começaram a inserir as variáveis

meteorológicas como essenciais nos estudos de exploração e

uso de recursos naturais no Estado (Um exemplo é o ZEE).

(continua)

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Período de Consolidação (2005-2006)

Implantação informal do LABHIDRO (Laboratório de Hidrometeorologia), ainda vinculado ao CPAQ/IEPA.

Contratação, por meio de cargo técnico, do primeiro mestre meteorologista do NHMET/IEPA, cuja prioridade era a operação de previsão em todo o Estado do Amapá.

Disponibilização dos primeiros boletins, produtos e serviços na página do IEPA: www.iepa.ap.gov.br/meteoro-logia.

Apoio à gestão do Estado na área de pesquisa e ensino em geral, (educação, infra-estrutura, agricultura, pecuária, saneamento, navegação, energia, turismo, etc).

Inserção temática da meteorologia e recursos hídricos em praticamente todos os estudos e pesquisas realizadas no Estado.

Em 04 de maio de 2006 ocorreu a primeira previsão do tempo realizada no Estado do Amapá – com o Modelo Eta (Regional 15km x 15km).

Início da “Fixação” de Pesquisadores em nível de graduação, especialização, mestrado e doutorado (Bolsas DTI, DCR do CNPq).

Emissões semanais dos Boletins de Previsão de Tempo. Estas

têm ocorrido em duas etapas: terças-feiras, com previsão até

sexta e sextas-feiras, com previsões até as segundas-feiras,

fechando o ciclo semanal.

Melhoria da operação informática. Em dezembro de 2005

houve a admissão de um bolsista na área em nível de

graduação /especialista (DTI – MCT/CNPq).

Implantação da sub-área Energias Renováveis. No início de

2006 houve a admissão de mais dois novos bolsistas em nível

de graduação: bolsas para matemática e física SETEC/CNPq

(Áreas de Meteorologia e Recursos Hídricos e Energias

Renováveis – fotovoltaicas e hidrocinética).

Novos Doutores. No início de 2006 houve a admissão de dois

novos bolsistas: bolsas DCR/CNPq (Áreas de Meteorologia e

Energias Renováveis).

Participação de doutores nos cursos de mestrado/doutorado

em Biodiversidade Tropical (PPGBio – UNIFAP / IEPA /

EMBRAPA-AP e IC) e Direito Ambiental e Políticas

Públicas (PPGDAPP – UNIFAP, UFAC e IEPA), em que

alguns projetos de dissertação / doutorado estão vinculados

total ou parcialmente com as principais temáticas do

LABHIDRO, com fortes impactos na aprovação de projetos

de pesquisa nas áreas de meteorologia, recursos hídricos e

energias renováveis, no ano seguinte.

Início de uma série de publicações tecno-científi cas em

eventos de nível local, regional, nacional e internacional

(CBMET, ECOLAB, ENCIT, etc).

Impacto no treinamento, capacitação e auxílio à formação de

diversos alunos de graduação em diversas áreas existentes no

Estado: matemática, física, biologia, sociologia, geografi a,

informática, direito, etc.

(continuação)

(continua)

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Período Atual Modernização (2007 - atual)

Implantação Ofi cial do NHMET/IEPA a partir da LEI 1975 de 02 de Janeiro de 2008 (DOE, 2008).

A LEI 1975 de 2008 (DOE) fecha defi nitivamente o ciclo de implantação do NHMET/IEPA. O LABHIDRO evolui da condição de Laboratório para Núcleo (Centro de Pesquisa) e consolida a Meteorologia e Energias Renováveis como as mais novas áreas de pesquisa do IEPA.

Reconhecimento governamental dos serviços e produtos científi cos e tecnológicos do NHMET prestados à sociedade.

Demandas por serviços e produtos pelo Governo do Estado, que considera o Núcleo como imprescindível ao desenvolvimento sócio-econômico, ambiental e científi co (DOE, 2008).

Implantação do Projeto Nacional “Pilotinho”, em que o MCT e a UFRJ apóiam os Estados na implantação do Modelo WRF (Weather Research and Forecasting) para previsão de tempo on line para até sete dias – em fase de teste regional.

Início da Implantação do Modelo Regional BRAMS para estudos científi cos do clima e impactos das mudanças globais sobre o Estado do Amapá.

Início dos estudos sobre a climatologia urbana. Aprovação de Projeto em Edital CNPq Universal, categoria C, com o tema Clima Urbano – Ilhas de Calor (coordenação da UFPA e Co-execução IEPA e outras instituições da Amazônia).

Hidrologia Rural. Aprovação de Projeto P&D em Edital MME / Eletronorte- UnB/IEPA. Sistema de Geração de Energia Hidrocinética aplicadas à comunidades rurais remotas. (Início previsto para março de 2008).

Aprovação de Projeto REMETAP da FINEP, Edital 13 (Centros Estaduais – Projeto Remetap, coordenado pelo NHMET/IEPA). A REMETAP tem sido o principal projeto da área em execução no Estado, o qual apóia a elaboração de serviços e produtos meteorológicos, bem como a geração de dados e informações estratégicas da área.

Aprovação de Projeto FINEP, Edital 14 (Centros Regionais Amazônia – Projeto Remam, coordenado pelo SIPAM-AM e NHMET/IEPA como co-executor). Integração com a REMETAP.

Aprovação de Projeto FINEP, Edital Energias Renováveis – Inovação (Projeto Aerbom) coordenado pelo NHMET/IEPA).Integração com a REMETAP (aquisição de uma PCD para monitorar vento – energia eólica).

Previsões do Tempo Semanais, com expansão de dados observados e inserção dos níveis de marés, modelagem de bacias hidrográfi cas e modelagem hidrológica.

Início das Reuniões Climáticas Trimestrais (Agosto de 2007). Figuras (1 e 2).

Início das Reuniões Climáticas Mensais (Novembro de 2007).Atualmente o REMETAP/NHMET-IEPA está na X edição da Reunião Climática do Estado do Amapá.

Atualmente o NHMET/IEPA, por intermédio de duas disciplinas dos cursos de mestrado PPGBio (modelagem de sistemas ecológicos) e PPGDAPP (desenvolvimento sustentável), está orientando seis alunos de mestrado/doutorado, cinco bolsistas em nível DTI, além de cinco alunos de graduação nas áreas de climatologia e cenários ambientais e riscos de eventos extremos, hidrometeorologia superfi cial e subterrânea, bioclimatologia, ecologia, modelagem da qualidade da água, análise de contingente para avaliar efi cácia de previsão do modelo operacional, valoração, sistemas de gestão ambiental, etc.

Um notável avanço foi o desenvolvimento de simulação numérica hidrodinâmcia aplicada a rios com infl uência de marés, como cita Pinheiro et al (2008). (Figura – 3).

Participação em diversos programas e eventos científi cos atuais: PPBiO (MCT- Museu Emílio Goeldi, grupo do clima para estudos da Grade da Flona Amapá na Bacia do Rio Araguari) e LBA (Modelagem de Sistemas Ecológicos), PROCAD (CAPES-ME) parcerias com o PEC do INPA.

Manutenção e crescimento das publicações tecno-científi cas em eventos de nível local, regional, nacional e internacional (ECOLAB, ENCIT, CBMET, SETEC-Governo do Amapá, etc). Início de elaboração de artigos para publicação em revistas qualis A e capítulos de livros (Programa Primeiros Projetos SETEC/IEPA.

Subsídios efetivos a diversos Estudos de Impactos Ambientais no Setor Hidrelétrico e Mineral.

(continuação)

Fonte: Cunha (2008).

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3.1. A Rede REMETAP: Produtos e Serviços

Abaixo estão relacionados alguns dos principais avanços implementados pela REMETAP, em especial à consolidação do NHMET/IEPA no Estado do Amapá. A REMETAP tem proporcionado uma imensa capilaridade das temáticas do setor Meteorologia e Recursos Hídricos, cujos produtos e serviços podem

Figura 2: II Reunião do Comitê Gestor do Projeto REMETAP e X Reunião Climática do Estado do Amapá – Prognóstico para JUL-AGO-SET.Fonte: www.iepa.ap.gov.br/meteorologia (2008).

ser observados nas Figuras 1, 2 e 3. Essas fi guras registram momentos do NHMET/IEPA desde a primeira reunião de previsão do tempo e climática do Estado do Amapá, com a presença de várias instituições usuárias da Rede, até a elaboração de produtos cientíicos como os campos hidrodinâmicos e de poluentes às margens do Rio Amazonas, próximos de Macapá e Santana (Figura 3).

Figura 1: Principais momentos, produtos e serviços do REMETAP no NHMET/IEPA: I Reunião Climática do Estado do Amapá.Fonte: www.iepa.ap.gov.br/meteorologia (2008).

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fundamentalmente o processo de implantação do NHMET/IEPA apresenta três etapas importantes: a inicial, a de consolidação e a de modernização. As três etapas apresentam características distintas em função da dinâmica de cada processo histórico de sua evolução. Os saltos representativos, tanto em termos qualitativos quanto em termos quantitativos, apresentam o NHMET/IEPA como um centro emergente de meteorologia e recursos hídricos.

Contudo, para que se mantenha o nível de desenvolvimento, a contínua evolução e modernização do NHMET/IEPA, é necessário que o sistema como um todo supere difi culdades operacionais básicas. Algumas delas são as implementações de infra-estrutura mínima, avanço signifi cativo no

aporte e fi xação de recursos humanos e fi nanceiros (contratação ofi cial, além de atração e fi xação de mais bolsistas), maior apoio institucional, e que seja aumentado o nível de intercâmbio entre o governo do estado com o governo federal, representado pelo Instituto de Pesquisas Científi cas e Tecnológicas (IEPA).

Apesar dos avanços alcançados, há riscos e não são desprezíveis de retrocessos, pois muitos dos avanços são decorrentes de esforço da atual equipe do NHMET/IEPA e pela inserção de projetos dotados de recursos fi nanceiros e econômicos que causam impactos substanciais no NHMET/IEPA. Os projetos científi cos como REMETAP, REMAM e AERBOM são a garantia de sua sustentabilidade econômico-

Figura 3: Recursos hídricos e as cidades: modelagem hidrodinâmica e avaliação de dispersão de poluentes próximos à captação de água na orla de Macapá e Santana.Fonte: Pinheiro et al. (2008).

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fi nanceira no curto prazo. Mas no longo prazo há difi culdades quanto à manutenção de bolsistas do CNPq e SETEC-AP em diversos níveis (IC, DTI, DCR, etc) ao longo da vigência dos projetos. Contudo, é preciso que as instituições da Amazônia Legal se organizem para que tornem cada vez mais possível o horizonte de sustentabilidade institucional dos núcleos estaduais de meteorologia e recursos hídricos. E uma das soluções de médio prazo seria a instituição de novos editais nacionais direcionados para o desenvolvimento e sustentabilidade dos núcleos estaduais. O Amapá apresenta uma desvantagem que é a difi culdade de atrair pesquisadores da área para fomentar projetos que viabilizem esta estratégia.

Contudo, a importância deste registro está em reconhecer o esforço governamental para que a implantação do NHMET/IEPA seja duradoura e defi nitiva no Estado do Amapá. Como conclusão pode-se também afi rmar que a REMETAP foi e é a grande divisora de águas que mudou, defi nitivamente, a aparência e a efi ciência do setor no Estado do Amapá.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Cunha, A. C. Implantação do Centro Tecnológico de Hidrometeorologia do Estado do Amapá (CTHEA). CPAQ/IEPA. Dossiê Técnico, versão 26, jan. 2005, 91 p.

Cunha, A. C. Implantação do Núcleo de Hidrometeorologia e Energias Renováveis do Estado do Amapá: uma perspectiva de seus impactos científi cos, tecnológicos e sócio-econômicos. Artigo Aceito no XV Congresso Brasileiro de Meteorologia. A Meteorologia e as cidades. Projetos Temáticos em Meteorologia. 24 a 29 de agosto de 2008.

DOE – Diário Ofi cial do Estado do Amapá. Número 4160, sobre a Nova Estrutura do IEPA (NHMET), Cap III, Art.3º, pg 61-63, Quarta-Feira. Circulação 15.01.08. Macapá, 02/01/2008.

Nobre, P. Programa de Monitoramento de Tempo, Clima e Recursos Hídricos (PMTCRH) do MCT e Estados Brasileiros. Boletim da SBMET, vol. 29, p.43-45, jul. 2005.

NHMET/IEPA. www.iepa.ap.gov.br/meteorolo-gia. Núcleo de Hidrometeorologia e Energias Re-novávei do Instituto de Pesquisas Científi cas e Tec-nológicas do Amapá (IEPA). Boletins Semanais de Previsão do Tempo/Boletins Climáticos Mensais. Acessado em 30/06/2008.

Pinheiro, L. A. R.; Cunha, A. C.; Brito, D. C. Desenvolvimento de modelos numéricos aplicados à dispersão de poluentes na água sob infl uência de marés próximas de Macapá e Santana-AP. Projeto de Pesquisa – Iniciação Científi ca/SETEC-IEPA. I Relatório Parcial. 52 p., jun. 2008.

6. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o apoio fi nanceiro do REMETAP/REMAM (CNPq/FINEP) e SETEC-AP e aos pesquisadores e bolsistas do (NHMET/IEPA).

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UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR EM METEOROLOGIA APLICADA, ENGENHARIA E ENERGIA

RENOVÁVEL NO ESTADO DO AMAPÁDavid Mendes1, Alan Cavalcanti da Cunha2, Daniel Gonçalves das Neves2,

Edmir dos Santos Jesus2, Monica Cristina Damião Mendes1

1Universidade de Lisboa, Departamento de Física2Instituto de Pesquisa Cientifi ca e Tecnológica do Estado do Amapá (IEPA), Núcleo de Hidrometeorologia e

Energias Renováveis (NHMET), Laboratório de Hidrometeorologia (LabHidro), Campus Incubadora de Empresas

Bloco II, Rodovia JK km 02 – Macapá, AP, 68912-250

E-mails: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

1. INTRODUÇÃO

O Estado do Amapá está em plena transição para a implementação defi nitiva de um Núcleo Estadual de Hidrometeorologia e Energias Renováveis – NHMET/IEPA, criada inclusive por decreto governamental em 12 de fevereiro de 2007. Tal idéia surgiu ainda com o antigo Programa de Monitoramento de Tempo, Clima e Recursos Hídricos (PMTCRH), atualmente desativado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). Trata-se de um avanço fundamental para o desenvolvimento da Meteorologia e de outras áreas científi cas estratégicas como as engenharias, a ecologia, entre outras.

Com os avanços do NHMET/IEPA algumas áreas tiveram destaque, a saber: a) hidrometeorologia aplicada (climatologia, previsão, monitoramento, etc.); b) modelagem e simulação em ecossistemas ecológicos (qualidade da água, hidrodinâmica computacional, mecânica dos fl uidos computacional, simulação, etc.); c) energias renováveis (hidrocinética, fotovoltaica e eólica). Neste aspecto, observa-se a nítida vinculação entre a identifi cação de fontes de geração de energia acopladas com o seu uso, notadamente pelas áreas de engenharia (hidráulica, elétrica, mecânica, etc).

Neste sentido, a implementação do NHMET como os seus respectivos novos laboratórios são

uma oportunidade de desenvolvimento científi co para esta região. Bons exemplos são os boletins de previsão do tempo e clima, os protótipos de sistemas independentes de geração de energia (fotovoltaica, eólico e hidrocinética implementados ou em implementação em diversas regiões do Estado, mesmo que em doses homeopáticas).

Então, qual seria a importância da meteorologia, hidrometeorologia, estudos climáticos, previsão e análise de tempo, etc., para o estado do Amapá? A resposta é que o Estado é conhecido pela sua grande riqueza natural, incluindo-se sua vasta composição faunística e fl orística características do Baixo Amazonas, mas muito pouco se sabe sobre estas riquezas e recursos naturais. Por outro lado, o Amapá é um Estado dotado de um regime climático muito particular, tanto pela sua posição geográfi ca quanto pela composição de relevo, proximidade do Rio Amazonas e do Oceano Atlântico, cujas informações técnico-científi cas também são escassas. Desta forma, até mesmo as outras áreas do conhecimento científi co que dependem das informações meteorológicas em séries históricas, análises, serviços e produtos no Estado, são extremamente carentes de informações básicas, o que justifi ca a sua urgente implementação, tanto em nível de ciência básica quanto para a tecnológica e aplicada.

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1.1 CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS

Por se inserir na região Amazônica o Estado do Amapá apresenta um regime de precipitação média em torno de 2.400 mm ano-1 e temperatura média em torno de 26 ºC. O regime de precipitação elevado nesta região (noroeste da Amazônia) está diretamente ligado à atividade convectiva. No litoral da Amazônia, particularmente nos Estados do Pará e Amapá, o regime de precipitação também é bastante elevado e apresenta um período seco indefi nido, isso em função da infl uência das linhas de instabilidade que se formam ao longo da costa litorânea (Cohen et al., 1995).

A partir de dados climatológicos do Atlas Climatológicos da Amazônia Brasileira de 1984 é possível, ainda que de forma incipiente e parcial, apontar algumas das principais características climáticas do Estado do Amapá: temperatura média anual à leste encontra-se em torno de 27 ºC e à oeste 25 ºC, com níveis de precipitação média anual de 3.000 mm no litoral, região norte e sudeste e 2.500 mm no sul, regiões centrais e oeste do Estado e capital.

2. OBJETIVOS

O principal objetivo do NHMET/IEPA é ser o núcleo operacional e técnico-científi co responsável pelo monitoramento do tempo, clima e recursos hídricos e energias renováveis de todo o Estado do Amapá, tendo objetivos especifi cos:

1) Executar e analisar a Previsão do Tempo para todo o Estado com ênfase na Capital Macapá e demais capitais dos municípios; 2) Elaborar e executar projetos de pesquisa para o tempo, clima e recursos hídricos e energias renováveis com diversas aplicações do desenvolvimento social e econômico da população; 3) Estudos sobre o comportamento hidrológico e aspectos qualitativo dos corpos de água das Bacias; 4) Sensoriamento Remoto, ênfase a modelagem sobre défi cit hídrico aplicado à agricultura e atividades correlatas; 5) Coleta de dados básicos, tais estações hidrológicas, hidrometeorológicas, agrometeorológicas, além das obtidas por PCDs e observações remotas; e 6) Modelagem numérica aplicados aos estudos do tempo, clima, recursos hídricos e meio ambiente onde é utilizado o modelo regional ETA/CFX1 e em um futuro breve o modelo regional BRAMS e o modelo global CCM3.

3. ÁREA DE ATUAÇÃO E PESQUISA

a) Hidrometeorologia

Principal área de pesquisa e operação do NHMET-LabHidro/IEPA está diretamente ligada ao Monitoramento do Tempo, Clima e Recursos Hídricos. Para tanto, utiliza-se de ferramentas de modelagem numérica (Modelo Numérico de Meso Escala – ETA), imagens de satélite (a cada 30 minutos) e sensoriamento remoto, informações meteorológicas obtidas de estações convencionais e PCDs para geração de condições iniciais de contorno nos estudos e pesquisas sobre o tempo, o clima e os recursos hídricos, com amplas aplicações técnico-científi cas no seio do desenvolvimento das várias atividades humanas, tendo iniciada essas atividades em 2001, abrangendo todo o Estado (Figura 1).

b) Dinâmica dos fl uidos computacional ambiental

Esta linha de pesquisa emergente no LabHidro está sendo desenvolvida em parceria com o Laboratório de Escoamentos Ambientais e Energia (LEA) do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília (UnB), desde 2004. Dentre os principais destaques estão os escoamentos turbulentos de superfície livre em canais abertos naturais com ênfase na dispersão de plumas de poluentes, autodepuração de corpos de água e escoamentos multifásicos. As áreas mais atuantes são referentes às áreas urbanas e periurbanas de Macapá e Santana. Outros estudos estão sendo ampliados e desenvolvidos em áreas com a aplicação nos estudos de sedimentação e de passivos constituintes da água nos escoamentos naturais de rios da Amazônia. A aplicação pode ser direcionada para qualquer tipo de escoamento complexo 2D ou 3D, tanto em regime permanente quanto transiente, com fl uxo ou refl uxo de marés. (Figura 2). Pela análise da Figura 2 podem ser observados os pontos do domínio computacional (trecho do canal próximo ao obstáculo no fundo) onde há maior variação das velocidades, inclusive com recirculação na parte superior e após o obstáculo no fundo. Verifi ca-se um aumento intenso da velocidade logo após a passagem do obstáculo.

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Figura 1: a) Precipitação acumulada em 3 horas, prevista pelo modelo regional ETA, b) temperatura média também a cada 3 horas.

a)

b)

c) Modelagem da qualidade da água

A área de Modelagem de Qualidade da Água é a área de pesquisa mais antiga do NHMET/IEPA, executada em conjunto com o Centro de Pesquisas Aquáticas (CPAQ) e com o Laboratório de Análises Químicas da Secretaria de Estado do Meio Ambiente – LAQ/SEMA. Como parceiros externos, esta linha de pesquisa está sendo desenvolvida em parceria com a UnB e a Universidade Federal de Goiás (UFG), no intuito de desenvolver a capacidade instrumental na área de modelagem numérica aplicada à gestão de Recursos Hídricos em rios da Amazônia, cujos escoamentos sejam considerados sem a interferência signifi cativa de refl uxos de marés. Nesses casos, os escoamentos são considerados unidimensionais e em regime permanente durante uma etapa de simulação ou estudo. A aplicação se restringe para rios com escoamentos em uma única direção, como o Médio Rio Araguari ou rios interiores ou distantes da infl uência de marés (Figura 3).

Figura 3: a) Coleta de amostras de água no Rio Araguari, b) Análise da qualidade da água em laboratório do LabHidro/IEPA.

Figura 2: Campo de velocidade superfi cial turbulenta gerado pelo pós-processamento do CFX 5.7.

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d) Energias renováveis: hidrocinéticas, solar e eólica

Esta é a mais recente de todas as áreas de atuação do NHMET/IEPA. Teve seu início recente (2005) na área de geração de energia a partir da força da correnteza de rios, denominada de hidrocinética (parcerias com a UnB-LEA), aplicada aos sistemas rurais de pequeno porte e isolados no Estado do Amapá. O primeiro protótipo foi inicialmente instalado Comunidade Extrativista do Maracá Projeto Poraquê – Rio Caranã em 05 de novembro de 2006 (início do funcionamento da turbina operacional) – o qual foi desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Mecânica da UnB (LEA) e atualmente o LabHidro está compondo a estrutura de pesquisadores que está desenvolvendo a denominada 3ª geração de turbinas hidrocinéticas. Além dessa modaliadde, outros projetos de pesquisa foram aprovados: AERBOM – aerogeradores aplicados a bombeamento de água – em implementação (Projeto FINEP-CNPq-IEPA-IEL-ELETROVENTO e submetendo projetos em nível estadual para outras fontes renováveis, como a solar (exemplo do início do projeto Parazinho), as quais poderão ser difundidas em muitas outras comunidades isoladas do estado para fornecer energia segura e em quantidade nos mais longínquos e isoladas localidades do Amapá. Trata-se do desenvolvimento de tecnologias apropriadas com forte potencial de replicação para várias regiões da Amazônia. A intersecção de atividades entre a geração de energia e a hidrometeorologia é justamente o monitoramento contínuo e rigoroso de níveis dos rios, dos regimes hidrológicos e de precipitação, radiação, ventos e rajadas, para manter o funcionamento seguro e adequado do fornecimento de energia para as comunidades isoladas em áreas rurais.

Ao mesmo passo, esta linha de atuação voltada para as engenharias levam a identifi cação dos potenciais energéticos do Estado do Amapá a partir de dados atualizados e consistidos para o uso de fontes de energias hidrocinética, solar e eólica, as quais poderão brevemente ser introduzidas na matriz energética do Estado com a chegada de novos pesquisadores nesta área. Na sequência do uso de informações, o NHMET-LabHidro tem a responsabilidade de monitorar e aprofundar os níveis

de informações básicas hidrometeorológicas, como vazões, temperatura, umidade, velocidade e direção do vento, radiação solar, nos locais de implantação destas fontes energéticas, para efeito de melhor subsidiar o dimensionamento e uso de futuros equipamentos de geração de energias renováveis, tanto sendo como sistemas únicos quanto como sistemas híbridos. Na Figura-2 é possível observar a turbina hidrocinética (desenvolvida pela LEA-UnB e parceria com o NHMET/IEPA. Na Figura-4 é possível observar o local projetado para a instalação de um sistema solar para a Reserva Biológica do Parazinho (Foz do Amazonas – Ilha do Bailique – Macapá).

Figura 4: Turbina Hidrocinética a ser Instalada em um rio do Estado.

Figura 5: Sistema de Energia Solar Fotovoltaica para a geração de energia. Esquematização para o bombeamento de água.

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4. PROJETOS IMPLEMENTADOS E EM FASE DE IMPLEMENTAÇÃO

a) Uso de sistema de modelagem Qual2E-Uncas para estudo de impacto ambiental da qualidade da água causado por barragem e cidades ribeirinhas no Alto e Médio Araguari. Processso 479405/2006 - Universal. Valor R$50 mil em execução. Dois alunos de mestrado estão elaborando dissertações.

b) Infraestrutura do Projeto AERBOM/FINEP-CNPq voltado a aplicação de aerogeradores para comunidades remotas do Estado do Amapá, em especial no litoral, disponibilizará recursos fi nanceiros e ou econômicos para trabalhos de campo. Em execução (R$ 320 mil).

c) Infraestrutura do Projeto PILOTINHO/FASE 2 – SEPED-MCT voltado a sistemas estaduais de previsão de tempo, estudos climáticos e recursos hídricos em todo o estado do Amapá. Acrescentando-se à estrutura do AERBOM e REMETAP o cabedal de instrumentos e equipamentos necessários para elaboração e constituição de sistemas operacionais para atender aos usuários de todo o estado. Para tanto, o PILOTINHO AMAPÁ recém-aprovado pelo MCT tem como objetivo oferecer maior efi ciência, rapidez e qualidade aos serviços de meteorologia no Estado. A presente proposta de projeto DCR deverá se benefi ciar da infra-estrutura de processamento do segundo cluster (PILOTINHO AMAPÁ) no que tange aos produtos e serviços tecnológicos que necessitem de maior rapidez na disponibilização de serviços e produtos que exijam menor tempo e atender demandas menores do NHMET. Em implementação com o MCT.

d) Infraestrutura do Projeto REMETAP. No projeto Rede de Hidrometerologia do Estado do Amapá, envolvendo várias instituições de pesquisa e operação focadas na meteorologia aplicada,

em especial a climatologia ou modelagem climatológica. Para tanto, será instalada um cluster computacional na instituição, assim como a instalação de estações automáticas de coleta de dados (Edital Finep 13/2006); compra de softwares para compilação, execução de análise de dados, entre outros dispositivos para a boa execução das atividades de pesquisa operação (R$ 367 mil, em execução).

5. PORTAL LABHIDRO

Através do portal LabHidro (www.iepa.ap.gov.br/meteorologia) é disponibilizado diversos serviços e produtos técnico-científi cos, como as informações meteorológicas e hidrológicas, entre elas as condições do tempo nos municípios e capital do Estado do Amapá, assim como a previsão em forma de Boletim e campos. Até o momento já foram confeccionados pelo menos 120 boletins de previsão de tempo para o Estado sendo estes analisados por períodos (manhã-tarde-noite), sendo fornecido à Defesa Civil, imprensa e outras instituições, bem como quaisquer outros usuários interessados e que consultem a página.

Recentemente foi realizada a segunda Reunião Climática do Estado do Amapá, sendo feita a previsão para o trimestre junho/julho/agosto. Nesta reunião foi abordada e discutida as condições climáticas para o Estado do Amapá, assim como a elaboração da Previsão Climática trimestral. Essa reunião que teve a participação da Dra. Jaci Saraiva, Coordenadora do REMAM-SIMPAM-AM, da Dra. Helenilza F. A. Cunha, Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Tropical da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), do Dr. David Mendes, da Universidade de Lisboa – Portugal e da Dra. Monica C. D. Mendes da Universidade de Lisboa – Portugal. Entre as diversas entidades que participaram dessa reunião, citam-se: EMBRAPA, Corpo dos Bombeiros, Defesa Civil do Estado, ELETRONORTE, e a Secretaria de Meio Ambiente do Estado. No website do LabHidro está disponível o boletim contendo a previsão climática trimestral para o Estado do Amapá. (Figuras 6 e 7).

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Figura 6: Boletim meteorológico semanal de numero 53, de 2007.

Figura 7: Boletim climático trimestral maio-junho-julho de 2007.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O LabHidro através da Coordenadoria do Dr. Alan C. da Cunha, está estreitando relações a nível nacional e internacional, onde pode-se citar a participação da Universidade Federal do Pará (UFPa), UnB e da Universidade de Michigan/EUA, nas atividades de pesquisa realizadas no Laboratório. Além de ser um Laboratório operacional, o LabHidro também agrega e auxilia alunos de diversas entidades educacionais do Estado, tanto a nível de graduação como de pós-graduação (mestrado e doutorado – PPGDAPP, PPGBio).

Como uma das principais conclusões dessa matéria podemos apontar que tanto a evolução quanto a implementação do NHMET/IEPA é um dos principais avanços científi cos, tecnológicos e operacionais na área de Meteorologia, Recursos Hídricos e da própria engenharia aplicada aos usos dos recursos naturais na Amazônia. Neste aspecto,

o Amapá emerge como uma das forças importantes no contexto interdisciplinar da mais alta relevância para a Amazônia. Seu papel de desenvolvimento é primordial no desenvolvimento de outras ciências como a Geografi a Física, a Oceanografi a, Ecologia, Políticas Públicas, Defesa Civil, engenharias, Biologia, Saúde Pública, entre outras.

O NHMTE/IEPA tem sido solicitado por diversos setores da sociedade cujos desdobramentos têm sido avaliados e aprovados tanto pela academia quanto pelos seus diversos usuários, cidadão comum, até o pesquisador e ou empreendedor que deseja implementar projetos de desenvolvimento no Estado do Amapá. Eis sua principal função: um elo interdisciplinar de conhecimentos que geram informações, subsídios técnicos e desenvolvimento de qualidade de vida da população amapaense.

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CAPACITAÇÃO E MONITORAMENTO METEOROLÓGICOS NO AMBIENTE DA AMAZÔNIA:

UMA EXPERIÊNCIA NO ACREAlejandro Fonseca Duarte, Francisco Alves dos Santos, Camilo Lelis Gouveia,

Maria do Socorro D’ávila do Nascimento, Teresa da Silva CarneiroUniversidade Federal do Acre (UFAC), BR 364, CEP: 69.915-900, Rio Branco – AC, Brasil

E-mail: [email protected]

RESUMO

Este trabalho visa divulgar algumas das experiências do primeiro de quatro módulos do Curso de Capacitação em Hidrometria, como parte da execução do projeto de longa duração intitulado “Medições de vazão e pluviometria na bacia do rio Acre, amostragem e análise físico-química da água”, que se desenvolve em Rio Branco, com a participação de profi ssionais de organismos relacionados com serviços, gestão das águas e educação. O primeiro módulo dedicou atenção à pluviometria e à descrição de instrumentos e de sensores meteorológicos. O trabalho experimental de campo para coleta de dados e manutenção de estações pluviométricas foi concebido como ensino e pesquisa, vinculando conhecimentos teóricos e práticos ao uso de meios de informação, tratamento de conjuntos de dados e comunicação com auxílio da computação eletrônica. Este trabalho foi escrito considerando alguns aspectos dos Relatórios das Atividades cumpridos pelos alunos onde se destacaram habilidades operacionais e de acompanhamento do tempo e do clima.Palavras-chave: Pluviometria, meteorologia, Amazônia, Estado do Acre.

ABSTRACT

This work informs some of the experiences of the fi rst of four modules of qualifi cation in Hidrometry, as part of the execution of a long duration project intitled “Measurements of outfl ow and pluviometry in the basin of the river Acre, sampling and physicochemical analysis of the water”, in course in Rio Branco, with the participation of professionals of organisms related with services and management of waters and education. The fi rst module was dedicated to the pluviometry and the description of instruments and meteorological sensors. The experimental fi eld works for data logging and maintenance of pluviometric stations ware conceived as education and research, relating theory and practice with the use of means of information, treatment of data sets and communication assisted by electronic computation. This paper was written considering some aspects of the participant’s activity reports concerning operational and observational abilities of monitoring weather and climate. Key words: Pluviometry, meteorology, Amazonia, Acre State.

1. INTRODUÇÃO

Os objetivos deste trabalho envolvem dois propósitos complementares: capacitação profi ssional em Meteorologia e aperfeiçoamento do trabalho docente científi co-metodológico no Ensino Médio, centrado no tema ciclo hidrológico. O vínculo destas duas vertentes se dá a partir do desenvolvimento

de habilidades operacionais e teóricas, bem como de valores relacionados com as águas no ambiente amazônico.

O Ensino Médio em Rio Branco, como em outras partes do norte do Brasil carece de experimentação e

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dos nexos entre docência e pesquisa com a participação de professores e alunos. Por outro lado, Cursos de capacitação em Meteorologia e hidrometria não têm precedentes de realização no Acre. A capacitação previu: a) desenvolver habilidades operacionais em pluviometria no contexto do Acre, b) monitorar as chuvas mediante pluviômetros Ville de Paris e digitais para a organização de bancos de dados, c) descrever o comportamento sazonal das chuvas na bacia do Rio Acre, d) vincular os resultados do monitoramento com a interdisciplinaridade da área Ciências Naturais e suas Tecnologias no Ensino Médio. Esta capacitação está sendo desenvolvida mediante um curso de longa duração, entre 2007 e 2009, que compreende quatro módulos dedicados a: Pluviometria, Fluviometria, Hidrologia e Modelagem. No momento foi concluído o primeiro módulo, que tratou dos seguintes temas:

A Terra e sua atmosfera, clima e tempo.•

Observação do ritmo do tempo.•

Coordenadas geográfi cas e localização por • GPS.Climatologia das chuvas no Acre.•

Sítios pluviométricos na bacia do Rio Acre.•

Instrumentos de estações meteorológicas • convencionais.Plataforma de Coleta de Dados • agrometeorológica e seus sensores.Pluviômetros • Ville de Paris e de báscula (pluviômetro digital).Construção de pluviômetros e medição da • altura da chuva.Trabalho operacional com um pluviômetro de • garrafas.Coleta de dados de pluviômetros digitais • mediante comunicação serial.Erro das medições.•

Tabelas e gráfi cos.•

Uso da computação eletrônica para a busca e • elaboração de informações.

Dentre os resultados alcançados ao concluir o primeiro módulo do curso estão:

1. Atualização do banco de dados pluviométricos da região leste do Acre;

2. Análise comparativa do comportamento das chuvas, durante os últimos anos, na bacia do Rio Acre e áreas vizinhas, em relação com a climatologia da região;

3. Organização de unidades temáticas interdisciplinares do ensino de Ciências Naturais, Matemática e suas Tecnologias, a partir do eixo temático ciclo hidrológico, no contexto da Amazônia.

Esses resultados incluem o desenvolvimento de habilidades na coleta de dados em campo por métodos operacionais simples e mediante o uso da computação eletrônica, o emprego das tecnologias da informação para a busca, tratamento e organização de dados e informações.

2. METODOLOGIA

A metodologia de ensino e pesquisa utilizada durante o Curso de capacitação, também fundamenta, de maneira intuitiva, aquela que poderá ser utilizada pelo professor ou profi ssional capacitado, uma vez no exercício da aplicação das experiências. Em particular: o trabalho em grupo, a experimentação individual, as discussões temáticas e a independência nas manifestações. O contexto amazônico na sua diversidade física, ambiental, econômica e social deve ser entendido como a base da interdisciplinaridade.

É de importância destacar a relevância da aquisição de conhecimentos mediante a estruturação a partir da construção de meios, manutenção dos mesmos, realização de medições, organização de dados em bancos de dados sistematizados para a elaboração de análises sazonais de curto, médio e longo prazos, fundamentados nas teorias e procedimentos de cálculo apropriados e nas informações temáticas que servem de suporte bibliográfi co às interpretações.

Estes aspectos foram apoiados pela assimilação de conhecimentos e habilidades teóricas e experimentais em sala de aula e nas instalações de campo,

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disponibilizadas em pontos do leste do Acre, em áreas urbanas, rurais e de fl oresta, cuja localização também foi objeto de exercício com uso de uma unidade de posicionamento global (GPS).

No que diz respeito às medições, a assimilação metodológica provem do embasamento na teoria de erros e fundamentos da estatística descritiva. Aspectos simples que sendo aparentemente conhecidos se mostram ausentes da prática experimental, por exemplo, na realização de medições diretas da altura da chuva (DUARTE, 2007). Isto advém das difi culdades de profi ssionais, professores e alunos na sua atuação em relação ao processo de medição, como são: o ato de medir; o uso e o cuidado dos instrumentos de medição; a escala do instrumento e o valor atribuído à menor divisão da escala (erro absoluto); erro relativo; a expressão do valor medido junto ao erro absoluto e às unidades da grandeza física tendo em conta corretamente os algarismos signifi cativos; as cifras inteiras e decimais; a norma decimal adotada pelo Brasil e por outros países; as operações com algarismos signifi cativos e casas decimais; a expressão fi nal de uma operação usando as regras de arredondamento; o cálculo do valor médio (média) e da média compensada; a utilização de tabelas eletrônicas para a criação; manutenção e atualização de bancos de dados; a elaboração de textos e gráfi cos; as comparações, a interpolação e a extrapolação de valores, bem como a fundamentação das interpretações; discussões e utilização da informação gerada e assimilada da bibliografi a impressa e digital.

A utilização da computação eletrônica serve aos propósitos do ensino e da pesquisa de várias formas. Uma delas, durante a coleta de dados de campo mediante a comunicação serial entre um datalogger e um computador como um laptop ou outro dispositivo que possibilite a comunicação, por exemplo, outro datalogger ou um computador de bolso (palmtop). A comunicação utilizada durante os trabalhos de campo para coletar dados de pluviômetros digitais foi via cabo serial. Outra maneira de utilização da computação eletrônica foi para buscas de informações textuais, numéricas e em forma de imagens de satélites, tanto

relacionadas com a localização geográfi ca e cobertura do solo, quanto para a observação do estado da atmosfera, principalmente nuvens, tipos de nuvens e posicionamento de sistemas meteorológicos, suas características, propagação e dispersão.

Neste sentido um exercício didático metodológico chamado Olhando o tempo constituiu uma forma de apreciar o ritmo dos acontecimentos meteorológicos durante o dia e ao passo de semanas, durante meses. As informações derivadas dessas observações foram elaboradas também em formato digital, para com isso e os dados das coletas (em pluviômetros, estações meteorológicas convencionais e Plataformas de Coleta de Dados - PCDs), acompanhar o comportamento das principais variáveis meteorológicas e suas manifestações no contexto do clima local e regional.

Os registros fotográfi cos das visitas a campo tomadas durante o trabalho nos sítios de coleta de dados dão uma idéia dos procedimentos operacionais usados durante essas atividades.

O fato de que não existam hábitos culturais de cuidado aos equipamentos de monitoramento e de laboratório, tanto em escolas como em outras instituições, faz com que se percam muitos recursos, dados e continuidade no monitoramento ambiental.

Os instrumentos precisam de operadores, que é o que o Curso está formando. Numa recente entrevista à revista Ciência Hoje o Professor Cristovam Buarque dá um conceito interessante quanto à isto, dizendo “A economia está saindo do tempo do operário para o do operador, um usa as mãos com um pouco de habilidade, o outro usa os dedos com conhecimento.”

3. ÁREA DE ESTUDO E DADOS COLETADOS

A área de monitoramento meteorológico, em particular o pluviométrico, é apresentada na Figura 1, e corresponde à parte da bacia do Rio Acre, no leste do Estado do Acre. Na Tabela 1 é mostrado a localização de cada estação.

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Nome Lat. S (o) Lon. W (o)

Alfenas 9,95709 68,16510

Alto Alegre 9,91764 67,82155

Baixa Verde 10,02500 67,55722

Bosque 9,95764 67,80908

Capixaba 10,57889 67,68191

Catuaba 10,06070 67,60252

Eldorado 9,93594 67,08010

Espalha 10,19142 68,66213

João Eduardo 9,98086 67,82752

Limoeiro 9,86672 67,63430

Oriente 9,93417 68,74630

Tucandeira 9,82222 66,87663

UFAC 9,95331 67,86527

Xapuri 10,66195 68,48858

Figura 1: Área de monitoramento meteorológico no leste do Estado do Acre.

Tabela 1: Localização geográfi cas (lat., long.) das estações.

As instalações presentes no leste do Acre, são:

Na Campus da UFAC, em Rio Branco:Uma Plataforma de Coleta de Dados (INPE);• Uma estação meteorológica convencional • (INMET);Um pluviômetro digital;• Um pluviômetro Ville de Paris (de garrafas • plásticas).

Em outros pontos da cidade de Rio Branco:Um pluviômetro de garrafas plásticas no bairro • Bosque;Um pluviômetro de garrafas plásticas no bairro • João Eduardo;Um pluviômetro digital no bairro Alto Alegre;• Um pluviômetro digital no bairro Eldorado.•

Em fazendas e projetos de assentamento do INCRA:

Um pluviômetro digital na fazenda Catuaba;• Um pluviômetro digital na fazenda Alfenas • (Transacreana);Um pluviômetro digital no projeto de • assentamento Colibri (Limoeiro);Um pluviômetro digital no projeto de • assentamento Baixa Verde.

Em outros municípios:Um pluviômetro digital em Capixaba;• Um pluviômetro digital em Xapuri;• Um pluviômetro digital em Tucandeira • (Acrelândia).

Em áreas de fl oresta:Um pluviômetro digital no seringal Espalha;• Um pluviômetro digital no seringal São Pedro • do Icó (Oriente).

A PCD agrometeorológica foi instalada em 2004 pelo INPE. Está situada a 800 m da estação convencional do INMET, um avanço no monitoramento das variáveis meteorológicas, visto como uma transição para dotar de maior qualidade os bancos de dados existentes há trinta anos. O INMET tem planos de instalar outras 12 PCDs no Acre, segundo mostrado na Figura 2.

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Figura 2: Localização de PCDs a serem instaladas no Acre pelo INMET.

seringais São Pedro do Icó e Espalha, se atualizam uma vez por ano, devido ao inacessível desses lugares durante o período das chuvas.

A Figura 3 mostra alunos do Curso de capacitação durante trabalhos de coleta de dados e manutenção nas estações pluviométricas digitais em Tucandeira, Limoeiro, Catuaba e durante a instalação de um pluviômetro em Eldorado. A Tabela 2 mostra um exemplo de organização do banco de dados de chuvas, no bairro Bosque, para o ano de 2007.

A estação meteorológica convencional do INMET foi instalada em 1968, conta com um banco de dados de longo prazo, que tem permitido a realização de estudos climatológicos.

O banco de dados com informações das estações meteorológicas e pluviométricas se divulga na página: http://acrebioclima.pro.br. A atualização da PCD se faz em tempo (quase) real; as demais estações demoram em ser atualizadas, pois requerem de coletas mediante operadores. As estações mais distantes como as situadas em áreas de fl oresta, nos

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Tabela 2: Chuvas no bairro Bosque, ano 2007.

Estação pluviométrica G008Bairro Bosque, Rio Branco - AC

Lat: S 9° 57’ 27,5” Lon: W 67° 48’ 32,8 Chuvas (mm), ano 2007

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez1 0,3 1 0 10 0 0 0 0 0 0 3 0,32 3 48 0 0 1 0 0 0 0 6 4 123 0,3 19 0 0 14 0 0 0 0 0 2 04 3 0 69 15 0,3 0 0 0 0 0 0,3 15 0 33 0 5 0 0 0,3 0 0 0 0 376 12 0 8 51 0 0 0,3 0 0 0 0 47 0,3 0 6 4 55 0 0 0 0 4 42 08 9 0,3 0,5 37 0 0 0 0 0 0 17 219 70 2 16 0 76 0 0 0 0 0 0 5

10 28 0 0,3 6 0 0 0 0 0 15 0 911 0,3 0 33 2 0 0 0 0 0 7 0,3 2912 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 213 0 0 66 0 0 0 0 0 0 23 0,3 014 30 9 0 0 0 0,3 0 0 0 0 0 015 60 10 7 2 0 0 0 0 0 10 4 616 0 39 0 0 0 0 1 0 35 0,3 0,3 217 29 7 54 28 0,3 0 0 0 0 0 0 818 1 39 3 0,3 39 0 5 0 0 0 0 019 0 0,3 0 0,3 0 0 0 0 0 0,3 56 4820 23 16 0 1 0 0 0 0 13 0,3 0 021 70 39 0 0,3 0 0 0 0 48 0 60 022 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 023 0 0 0 0 0 0 0 0 0 21 0,3 1724 0 64 10 19 8 0 0,3 0 5 82 0 025 0,3 2 15 7 0 0 0 0 0 0 1 126 0 0 0,3 8 0 0 3 0 0 0 28 527 0 0 23 41 0 0 0 43 0 0,3 0 2928 0 0 0,3 0,3 0 0 0 0 0 11 11 029 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,3 030 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8 1231 0 0,3 0 0 0 0 0

339 329 313 237 194 0 10 43 101 180 238 248

Figura 3: Alunos do Curso de capacitação durante trabalhos de c

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A observação qualita-tiva do tempo e sua des-crição no período diurno mediante um exercício de contemplação das mudan-ças visíveis do estado da atmosfera que acontecem a cada momento, possibi-litou prestar a atenção de-vida à dinâmica dos fenô-menos do ambiente próxi-mo e de outros ambientes, pois tal exercício motivou a curiosidade para o acompanhamento das informa-ções e noticias meteorológicas que a televisão e sítios de internet divulgam, para o Acre, o Brasil, a Améri-ca do Sul e o mundo todo.

A Figura 4, Olhando o tempo, é um exemplo de como se modifi cou o tempo entre as manhãs e as tardes, em Fevereiro de 2008, aos olhos de um observador situado no bairro João Eduardo de Rio Branco.

As imagens representam o estado ensolarado, chuvoso, nublado ou de sol entre nuvens durante todo o dia ou parte dele. Geralmente as chuvas intensas acontecem nas tardes por convecção, enquanto os sistemas de meso-escala e regionais provocam chuvas menos intensas a qualquer hora do dia ou da noite.

4. CHUVAS NO ACRE

Os valores médios de chuvas, que caracterizam a climatologia do leste do Acre, calculada para o

intervalo entre 1971 e 2000 (DUARTE, 2006), estão dados na Tabela 3, e os dias com chuvas para cada mês, na Tabela 4.

Nota-se que os valores medidos no primeiro quadrimestre de 2007 (Tabela 2), embora dentro do desvio padrão, são todos superiores aos correspondentes valores médios para cada mês. De janeiro a abril de 2007 a presença da Zona de

Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) foi persistente. Os acumulados de chuvas mais signifi cativos afetaram as regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil (INFOCLIMA, 2007). Entre março e abril a parte SW da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e a NW da ZCAS infl uenciaram simultaneamente as chuvas no Acre. Mas esta evidência válida para os primeiros quatro meses dos anos 2007 é mais geral e manifesta uma característica do comportamento das chuvas no Acre segundo a climatologia entre 1971 e 2000.

Com base nela se observa que:

O acumulado das chuvas durante os quatro i. primeiros meses do ano é maior que o caracterizado para antes de 1970, por outro lado o valor mínimo de chuva acontece em junho e não em agosto como antigamente.A seca chega abruptamente em maio.ii. O aumento das precipitações na transição da iii. seca para a estação chuvosa até dezembro acontece a uma taxa de 31 mm/mês, menor do

Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado

1 2

3 4 5 6 7 8 9

10 11 12 13 14 15 16

17 18 19 20 21 22 23

24 24 26 27 28 29

Fevereiro 2008

1971 - 2000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Média 293 301 252 182 93 33 43 50 104 154 204 249

Desvio P 96 80 91 76 52 29 39 34 57 66 63 65

1971 - 2000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Dias 21 20 20 16 10 5 4 5 8 13 16 20

Desvio P 3 3 3 3 3 2 3 3 2 3 2 3

Tabela 3: Climatologia das chuvas (mm) no leste do Acre.

Tabela 4. Climatologia dos dias chuvosos no leste do Acre.

Figura 4. Observação das mudanças diurnas do tempo de manhã para a tarde.

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que o estabelecido para antes de 1970, que era de 37 mm/mês.As chuvas se estabelecem mais lentamente.iv. Na época das chuvas, entre outubro e abril, v. caem 83 % do volume das chuvas anuais.A distribuição das chuvas por trimestre vi. expressa que o acumulado de janeiro a março é 43 % do total anual, de abril a junho de 16 %, de julho a setembro de 10 % e de outubro a dezembro de 31 %. A distribuição das chuvas por quadrimestre vii. demonstra que o acumulado de janeiro a abril é de 53 % do total anual, de maio a agosto de 11 % e de setembro a dezembro de 36 %.

5. CONSIDERAÇÔES FINAIS

A necessidade da capacitação para a melhoria do ensino interdisciplinar, as operações de leitura e manutenção de instrumentos meteorológicos, a geração e assimilação de conceitos e conhecimentos sobre o comportamento do tempo e o clima a partir do monitoramento in-situ ganha atualmente uma maior importância na sua dimensão social. Enchentes e secas têm sido recorrentes no Acre, marcando uma sazonalidade anual que prejudica à população pelo exceso de chuvas nos primeiros quatro meses do ano, em particular de janeiro a março, e a falta de chuvas centrada no mês de junho. Mais chuvas nos primeiros quatro meses do ano, seguido de uma chegada abrupta da seca, que tem mudado do mês mais seco, agosto, para junho, e que poderia retrair para maio ou abril. Também, a lenta chegada da época das chuvas permite concluir que a seca aumenta em duração enquanto as chuvas se concentram em menos meses e o acumulado anual das chuvas diminui. Logicamente isto se refl ete no Rio Acre, que vem diminuindo anualmente seu nível mínimo durante as secas. Atualmente sobra água em vários meses e falta água durante outros, quando numerosos bairros fi cam sem o abastecimento, nesse momento não existe água nem para combater os incêndios urbanos; as queimadas fl orestais se apagam com as chuvas que demoram a vir. Sendo muito escasas as

instalações para o monitoramento em tempo real, o monitoramento das chuvas mediante pluviometros simples vem sendo útil, embora limitado. A futura instalação de 12 PCDs com uma distribuição espacial de abrangência uniforme em todo o Estado do Acre, benefi ciará a observação e divulgação, em internet quase instantaneamene, dos valores de chuvas e outros como temperaturas e umidade relativa, cujos extremos de anomalias positivas e negativas impactam a população. A capacitação em hidrometria continuará então sendo de utilidade junto à modernização.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS

BUARQUE C. Uma escola “redonda” para todos. Ciência Hoje, v. 42, n0 247, p.10-13, 2008.

DUARTE, A. F. Hidrometria no Acre: Clima, medições e informações meteorológicas. Vol.1. Edufac. Rio Branco, 2007, p.59 – 64.

DUARTE, A. F. Aspectos da climatologia do Acre, Brasil, com base no intervalo 1971 – 2000. Revista Brasileira de Meteorologia, v.21, n0 3, p.308 – 317, 2006.

INFOCLIMA Boletim de informações climáticas. Sistemas meteorológicos e ocorrências signifi cativas no Brasil. Anos 14 e 15; 2007 e 2008.

7. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico (CNPq) através dos Projetos CNPq/MilenioLBA2 e CNPq/Proc.555413/ 2006-3 do Fundo Setorial de Recursos Hídricos, CT-Hidro, pelo apoio, incentivo e oportunidade.

Siglas:INPE – Instituto Nacional de Pesquisas EspaciaisINMET – Instituto Nacional de MeteorologiaINCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma AgráriaGPS – Global Positioning System

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PIATAM – UMA PARCERIA ENTRE A PETROBRÁS E INSTITUIÇÕES DE PESQUISA PARA O AUMENTO

DO ENTENDIMENTO DAS QUESTÕES AMBIENTAIS NA AMAZÔNIA

Audálio Rebelo Torres Júnior1, Mariana Palagano Ramalho Silva1,2, Ricardo Marcelo da Silva1,2, Fabio Rodrigues Hochleitner1,2, Hatsue Takanaka de Decco1,2,

Luiz Landau2, Luiz Paulo de Freitas Assad1,2, Manlio Mano2

1LAMCE - Av. Athos da Silveira Ramos, 149, Cidade Universitária – Rio de Janeiro.2LAMMA - Av. Brigadeiro Trompowski s/n, sala H2008, Ilha do Fundão

Cidade Universitária – Rio de Janeiro

RESUMO

Os grupos de modelagem computacional, atuantes nos Laboratórios LAMMA do Departamento de Meteorologia, e no LAMCE/COPPE, ambos situados na UFRJ, há alguns anos vêm mantendo cooperação nas áreas de modelagem computacional de fl uídos geofísicos, em especial trabalhando com modelos hidrodinâmicos e atmosféricos em plataformas computacionais de alto desempenho. Esta cooperação é mantida em diversos projetos interinstitucionais acadêmicos e/ou governamentais com objetivo na formação acadêmica e profi ssional, incluindo o desenvolvimento de dissertações de mestrado e teses de doutorado. Destaca-se neste trabalho a atuação destes grupos nos Projetos PIATAM (Inteligência Sócio-Ambiental Estratégica da Indústria do Petróleo na Amazônia) e PIATAM Mar (Potenciais Impactos Ambientais no Transporte de óleo e derivados na zona costeira Amazônica), através da qual vem ampliando sua experiência na área de simulações hidrodinâmicas (atmosfera, oceano e rios) e de dispersão de poluentes. O objetivo principal do núcleo de modelagem destes dois laboratórios é produzir informações necessárias ao atendimento das demandas para as regiões de interesse dos projetos PIATAM, e assim, gerar conhecimento e cenários ambientais em variadas escalas espaciais e temporais, que sirvam para minimizar possíveis impactos ambientais, permitindo com isso, o planejamento estratégico de órgãos ou institutições que atuem na região Amazônica a curto, médio e longo prazos.Palavras-chave: Região Amazônica, modelagem computacional ambiental, PIATAM.

ABSTRACT

Atmospheric and hydrodynamic models have been implemented and executed in different computational platforms for some years at UFRJ. This work is an effort of two laboratories: LAMMA (Marine and Atmospheric Processes Modeling Laboratory) and LAMCE (Computational Methods in Engineering Laboratory). These models have been applied in the sense of academic and governmental inter institution research projects. Most of them are associated with oil industry through academic and professional formation with development of Master dissertations and Doctorate thesis. The environmental computational modeling group of PIATAM and PIATAM Mar Projects has improved their experience on Geophysical Fluid Dynamic and pollutant dispersion simulations through this work. To minimize possible environmental impacts the group is working on the creation of computational systems that are able to produce environmental scenarios in different space and time scales. These systems are going to permit strategic planning in short, medium and long time by institutions that act on the Amazon region.Key words: Amazon region, environmental computational modeling, PIATAM.

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1. INTRODUÇÃO

A atividade de exploração e produção de petróleo no Brasil cresceu signifi cativamente nos últimos anos. A decisão por parte dos governos, objetivando tornar o país auto-sufi ciente na produção de petróleo até o ano de 2006, teve importância marcante no crescimento dessa atividade. Com o início da exploração dos campos localizados em regiões offshore na década de 70, o Brasil se posicionava internacionalmente como País produtor de petróleo.

A bacia hidrográfi ca do Rio Solimões é hoje de grande importância para a produção de petróleo e gás natural do Brasil. Partindo do Terminal Aquaviário do Solimões (TESOL), localizado a 16 km da cidade de Coari, o óleo produzido na região de Urucu, maior província petrolífera terrestre do país, é transportado até Manaus, onde está localizada a Refi naria Isaac Sabbá (REMAN). No entanto, a produção e o transporte de petróleo e refi nados, pode eventualmente ter consequências indesejáveis, como derramamentos e vazamentos de óleo. Apesar da maioria dos acidentes ser de pequeno porte, alguns são grandes o bastante para causar sérios impactos ao meio ambiente. Assim, o interesse em possíveis danos causados por derramamentos de óleo no meio marinho e rios de grandes extensões tem levado ao desenvolvimento de modelos computacionais capazes de simular a hidrodinâmica e o transporte de manchas de óleo na superfície da água (Mehdi, 2005).

Para a indústria do petróleo e gás, a necessidade de redução de riscos sócio-econômico-ambientais é uma realidade, principalmente em se tratando de uma região de muitos interesses nacionais e internacionais, como a Amazônia.

Ao longo dos últimos anos, diversos estudos vêm sendo realizados a fi m de avaliar os riscos ambientais causados pela exploração de petróleo e gás na região da fl oresta Amazônica, como é o caso do Projeto Inteligência Socio-ambiental Estratégica da Indústria do Petróleo e Gás na Amazônia (PIATAM) desenvolvido através da parceria entre a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e a PETROBRAS. Um

dos objetivos do Projeto é implementar a utilização de sistemas de monitoramento e modelagem ambiental através de recursos tecnológicos de última geração (PIATAM, 2008). O Projeto PIATAM conta com diversos grupos de pesquisa nas mais variadas áreas do conhecimento, como doenças tropicais, limnologia, sócio-economia, solos, fl ora, modelagem ambiental, entre outros, que além de estudar a região, contribuem ativamente no melhoramento da qualidade de vida da população ribeirinha que vive próxima às comunidades mapeadas, conhecidas como “marcos PIATAM” (Figura 1). No caso do grupo de modelagem ambiental, um dos desafi os é a criação de mecanismos que possam ser tanto utilizados em estudos ambientais, quanto em programas de atendimento à situações emergenciais de vazamentos de óleo na atracação e transbordo de navios, encalhes de balsas e etc, fazendo previsões numéricas da situação atmosférica (principalmente do regime de ventos), da hidrodinâmica do rio, da formação de ondas na região costeira e da dispersão de constituintes no meio aquoso.

2. HISTÓRICO

O Laboratório de Modelagem de Processos Marinhos e Atmosféricos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LAMMA/UFRJ), foi fundado em 1996 com o objetivo de estudar e modelar os diferentes processos físicos que ocorrem nos oceanos e na atmosfera, nas mais diversas escalas espaço-temporais. Neste período de atuação, o LAMMA encontrou nas suas atividades, o apoio e contribuição de diversas instituições de pesquisa, dentre os quais o Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (LAMCE/COPPE/UFRJ), também localizado na UFRJ, e estes mantêm forte cooperação há alguns anos. Dentre as principais cooperações mantidas entre estes laboratórios, destaca-se a atuação conjunta nos projetos da Família PIATAM (PIATAM - Inteligência Sócio-Ambiental Estratégica da Indústria do Petróleo

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na Amazônia e PIATAM Mar - Potenciais Impactos Ambientais no Transporte de óleo e derivados na zona costeira Amazônica), fi nanciados atualmente pela FINEP e pela PETROBRAS, na área de modelagem computacional ambiental.

O núcleo de modelagem computacional ambiental dos projetos PIATAM e PIATAM Mar vem ampliando sua experiência na área de simulações de fl uídos geofísicos (atmosfera, oceano e rios) e na área de modelagem computacional de dispersão de poluentes. Atualmente é composto por pesquisadores e profi ssionais de diferentes instituições de pesquisa além da UFRJ, como: Laboratório Nacional de Computação Científi ca (LNCC), Centro de Excelência Ambiental da PETROBRAS na Amazônia (CEAP) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

No âmbito do Projeto PIATAM, o LAMMA e o LAMCE participam ativamente de suas atividades desde 2000, com o desenvolvimento de simulações computacionais que representam o escoamento hidrodinâmico em toda a calha fl uvial do trecho do rio Solimões que se estende de Coari à Manaus (Figura 1). Além disso, também desenvolve modelagem atmosférica para a obtenção do campo de circulação e do desenvolvimento de modelos computacionais de dispersão de óleo.

Figura 1: Rio Solimões: trecho de interesse do projeto que se estende aproximadamente da cidade de Coari até Manaus e os “marcos PIATAM” (Fonte: Acervo PIATAM).

Já no âmbito do Projeto PIATAM Mar o núcleo de modelagem ambiental participa desde o ano de 2003 com o desenvolvimento de modelos de circulação oceânica que simulam as correntes marinhas em regiões da costa amazônica, plataforma continental e região oceânica adjacente. Na Figura 2, observam-se as áreas específi cas de interesse do Projeto. Neste contexto, simulações computacionais das circulações oceânicas e atmosféricas e de dispersão de óleo no mar já foram utilizadas em casos reais de emergência, como por exemplo, os relacionados ao encalhe de embarcações com intuito de apoiar operações de resgate das mesmas, minimizando os riscos envolvidos (Assad et al., 2005).

Figura 2: Mapa de localização das áreas de estudo do Projeto PIATAM Mar ilustrando os terminais da Petrobras (Itaqui - São Luís, Miramar - Belém, Santana - Macapá) e unidades de conservação a eles adjacentes (Ilha dos Caranguejos-MA, Soure-PA e Cabo Norte-AP).

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3. OBJETIVOS

O objetivo da área de modelagem computacional ambiental é permitir o planejamento ambiental estratégico da empresa a curto, médio e longo prazos. Para atingir tal propósito, o LAMMA e o LAMCE vêm procurando implementar diversos modelos computacionais dentro da fi losofi a de ambientes integrados, mantendo a visão na aplicação destas ferramentas e na sua validação em campo. Diversas excursões são realizadas anualmente, além de campanhas rotineiras e algumas estações fi xas, de onde são coletados dados para servirem à aferição destes modelos, compondo assim bases de dados observados pertencentes aos projetos da Família PIATAM.

Os modelos matemáticos implementados foram selecionados levando em consideração, além de seu desempenho no meio acadêmico, o conhecimento sobre eles já adquiridos pela equipe de desenvolvimento. Além da aplicação de modelos já conhecidos, alguns modelos e parametrizações foram desenvolvidos no decorrer do projeto (Saraiva, 2007; Decco, 2006). Os modelos vêm sendo integrados de forma a fechar o ciclo de alimentação entre atmosfera, oceano e rios. As interações entre os diversos sistemas modelados pela área de modelagem do Projeto podem ser observadas na Figura 3.

Figura 3: Macrofl uxo de informações da implementação e execução dos modelos computacionais.

Modelo Global Oceânico

Modelo Global Atmosférico

Modelagem atmosférica de área limitada

Modelo hidrodinâmico

fl uvial

Modelos de dispersão

óleo

Coleta de dados Ambientais Visualização Científi ca e Divulgação

Modelagem de dispersão atmosférica

Modelagem do clima de ondas

Modelo regional Oceânico

Modelos de alta resolução espacial

Modelo áreas alagáveis

Acoplamento

Acoplamento

Processamentos de Séries de

dados ambientais climatológicos

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4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

4.1. Modelagem hidrodinâmica fl uvial

Para o PIATAM, modelagens hidrodinâmicas fl uviais vêm sendo aplicadas no trecho do Rio Solimões, que se estende da cidade de Coari até Manaus, com o objetivo de se obter mapas de distribuição espaço-temporal de velocidade e nível fl uvial, além de servir como condição inicial e de contorno para os modelos de dispersão de poluentes nas águas do Rio. Para tal, modelos digitais de terreno foram obtidos a partir de dados batimétricos oriundos de cartas náuticas da Marinha do Brasil. Além disso, dados de vazão fl uvial oriundos em parte do banco de dados da Agência Nacional de Águas (ANA) e em parte de coletas hidrográfi cas realizadas pelo projeto PIATAM vêm sendo utilizados como condições iniciais para execução dos modelos hidrodinâmicos fl uviais.

No projeto PIATAM Mar, a área fl uvial de interesse compreende o Rio Amazonas, de sua foz até a cidade de Óbidos, limite espacial previamente conhecido pelo alcance da infl uência da onda de maré. Outros importantes rios, como o Pará, devem ser também estudados e incorporados às modelagens hidrodinâmicas uma vez que também constituem fontes de variabilidade para a dinâmica marinha costeira.

4.2. Modelagem hidrodinâmica marinha

Esta atividade vem sendo desenvolvida com o objetivo de simular a hidrodinâmica de regiões da costa norte do Brasil considerando-se a infl uência de processos marinhos e atmosféricos de diferentes escalas espaciais e temporais na dinâmica local. A modelagem realizada deve, portanto, contemplar variabilidades espaciais e temporais existentes na circulação oceânica sobre a Plataforma

Continental Amazônica (PCA), na vazão dos rios, nas marés e na circulação atmosférica. A estratégia utilizada envolve a utilização de três diferentes modelos hidrodinâmicos. A área total modelada pelo sistema pode ser observada na Figura 4. Para a modelagem da dinâmica marinha na região de interesse vem sendo utilizado um modelo oceânico global, que fornece condições de contorno para um modelo oceânico de escala regional. Este, por sua vez, fornece condições de contorno para o modelo de maior resolução espacial e sufi cientemente grande para representar os principais aspectos dinâmicos da circulação costeira nas regiões de interesse (Figura 2). Para os modelos regionais na escala espacial das regiões costeiras, pretende-se aplicar o algoritmo numérico de áreas alagáveis para obtenção mais precisa das áreas sensíveis à hidrodinâmica e consequentemente, a possíveis impactos. Além disso, pretende-se obter dados mais precisos relativos a tensão de cisalhamento do vento local a partir da utilização de modelos atmosféricos, os quais assegurarão uma distribuição espaço/temporal mais próxima do observado dessa e conseqüentemente, de sua infl uência na dinâmica dessas regiões.

Figure 4: Domínios de integração dos modelos hidrodinâmicos utilizados na modelagem da região costeira da Baía de São Marcos. Na fi gura estão representados os domínios (a) global e no detalhe para a região (b)da costa norte, (c) regional para a PCA e (d)de alta resolução para a região da Baía de São Marcos.

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4.3. Modelagem atmosférica

O objetivo desta atividade é produzir condições de contorno atmosféricas, tanto para modelos de ondas de gravidade superfi cial e de circulação marinha, quanto para os modelos de dispersão de óleo na água. Além disso, o Projeto pretende ainda, estudar e analisar, a fi m de compreender melhor a dinâmica dos fenômenos atmosféricos, nas mais diversas escalas espaço-temporais, que interagem entre si e afetam a região Amazônica.

A formação das ondas, assim como das correntes superfi ciais em regiões oceânicas e da plataforma continental, é diretamente infl uenciada pela intensidade e direção do vento que atua sobre a superfície do oceano. No caso das ondas de gravidade superfi ciais, estas são também dependentes da pista (fetch – dimensão da área em que o vento está atuando) e da persistência do vento em dada direção.

Além disso, diversos rios que compõem a bacia hidrográfi ca Amazônica têm sua hidrodinâmica superfi cial infl uenciada pelos ventos e tal fato pode ser, em parte, explicado em função das dimensões espaciais horizontais desses rios. Além disso, a própria presença de tais ambientes aquáticos pode constituir-se em possíveis fontes de variabilidade à circulação atmosférica da região. Dentro do projeto, está prevista ainda a instalação de estações meteorológicas automáticas, além da já instalada estação no TESOL (Figura 5), para monitoramento das condições atmosféricas da região. Estas estações serão fonte de dados para a aferição e verifi cação dos resultados das simulações atmosféricas e de dispersão de poluentes na água realizadas para a região. Servirão ainda para dar subsídios para ao maior entendimento dos fenômenos físicos de diversas escalas espaço-temporais que interagem e afetam a Amazônia, além de atender as demandas de operação local, como atracagem e transbordo de navios, dos terminais da PETROBRAS na região de estudo. Outras atividades relativas ao Projeto PIATAM vêm sendo desenvolvidas, na qual se pode citar, principalmente, a inclusão dos efeitos gerados pela infl uência dos fenômenos de meso e micro escala atmosférica nas

hidrodinâmica fl uvial e na dispersão de óleo nos rios, como é o caso das brisas de rio (Silva et al., 2007), assim como a melhoria da representação da biosfera nos modelos atmosféricos.

4.4. Modelagem de ondas

Esta atividade tem como objetivo principal a obtenção do clima de ondas de gravidade superfi cial nas regiões de interesse do Projeto e investigar possíveis relações com a alteração das linhas de costa. Para a

Figura 5: a) Vista aérea do Terminal do Solimões (TESOL) e b) foto da estação meteorológica automática instalada pelo PIATAM no TESOL.

a)

b)

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execução de tais modelos é necessária a aquisição de algumas variáveis ambientais fundamentais como velocidade e direção do vento sobre a superfície do oceano e informações batimétricas. Os modelos utilizados são capazes de capturar importantes aspectos dos processos associados a interação das ondas com o fundo marinho como: refração e difração. Tais processos são de enorme importância para o entendimento da dinâmica em regiões costeiras e estuarinas de águas rasas.

4.5. Modelagem de dispersão de poluentes na água

Esta atividade tem como objetivo principal o aprimoramento e a implementação de modelos computacionais capazes de simular a dispersão, concentração e trajetória de manchas de óleo sobre a superfície de ambientes fl uviais e marinhos. Neste contexto, dois tipos de abordagens vêm sendo adotadas no projeto: modelagem euleriana e lagrangeana. Desta forma, busca-se apoiar o gerenciamento ambiental e a tomada de decisões nas regiões de interesse do PIATAM e do PIATAM Mar em casos de acidente. Para a aplicação de tais modelos é fundamental o conhecimento de condições hidrodinâmicas e atmosféricas das regiões, que vêm sendo suprida através da coleta direta de dados ambientais oriundos de plataformas de coletas de dados instaladas ou de modelos de circulacão atmosféricos e oceânicos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados preliminares obtidos vêm demonstrando a capacidade dos modelos utilizados pelos pesquisadores dos laboratórios LAMMA e LAMCE, em representar aspectos dinâmicos relativos à circulação marinha, fl uvial e atmosférica nas regiões de interesse dos projetos PIATAM e PIATAM Mar. Alguns aspectos importantes comuns a todos os modelos hidrodinâmicos ainda devem ser aperfeiçoados, e este é o atual estágio de desenvolvimento das pesquisas relacionadas ao Projeto.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Assad, L. P. de F.; Mehdi, N.; Torres Júnior, A. R.; Landau, L. Modelagem Hidrodinâmica e de Dispersão de Óleo na Plataforma Continental Amazônica e Região Oceânica Adjacente. In: 1°Congresso Internacional do PIATAM: Ambiente, Homem, Gás e Petróleo, Manaus. Anais. Dez. 2005.

Decco, H. T. Implementação do Esquema de áreas Alagáveis no Princeton Ocean Model. 2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, COPPE, Rio de Janeiro, 2007.

Mehdi, N.; Assad, L. P. de F.; Torres Júnior, A. R.; Landau L. Modelagem Hidrodinâmica no Rio Solimões. In: 1°Congresso Internacional do PIATAM: Ambiente, Homem, Gás e Petróleo, Manaus. Anais. Dez. 2005.

PIATAM, 2008: http://www.piatam.ufam.edu.br/.

Saraiva, B. A. Modelo hidrodinâmico para planícies de inundação da Região Amazônica. 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, COPPE, Rio de Janeiro, 2007.

Silva, M. P. R.; Torres JR, A. R.; da Silva, R.M. Estudo sobre a infl uência da circulação de brisa em modelo de transporte de poluentes no rio Solimões. In: 4º PDPETRO. Anais. 2007.

7. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a todos os integrantes do LAMMA e do LAMCE pelo apoio no desenvolvimento do Projeto. Os autores gostariam de agradecer ainda, a toda a equipe técnica/administrativa/científi ca do Projeto PIATAM, além da PETROBRAS e da FINEP pelo apoio fi nanceiro essencial do desenvolvimento da pesquisa.

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IDENTIFICAÇÃO DO LOCAL MAIS CHUVOSO DO BRASILDaniel Pereira Guimarães

Embrapa Milho e Sorgo Rodovia MG 424 km 45 - Caixa Postal 285

35701-970 Sete Lagoas, MGE-mail: [email protected]

RESUMO

A bacia amazônica brasileira ocupa uma área superior a 4,6 milhões de km2 e drena cerca de 80% dos recursos hídricos do país. Os altos índices de precipitação da região amazônica determinam a maior bacia hidrográfi ca e a maior fl oresta tropical do planeta. A criação da Agência Nacional de Águas (ANA) permitiu a formação de bancos de dados para o gerenciamento da Rede Hidrometeorológica Nacional. A análise de consistência de séries históricas de 425 estações pluviométricas instaladas na região Norte do Brasil permitiu a geração de mapas mais detalhados da precipitação de chuvas e a identifi cação de duas regiões com pluviosidade em torno de 4.200 mm ano-1. O litoral do Amapá foi identifi cado como a área de maior pluviosidade do Brasil e Calçoene, o município mais chuvoso, com uma média histórica de 4.200 mm/ano, em 30 anos de observações diárias. A segunda área identifi cada fi ca na região conhecida como Cabeça do Cachorro, localizada no noroeste do Estado do Amazonas, próximo à divisa com a Colômbia, sendo São Gabriel da Cachoeira o município de maior pluviosidade. Esses resultados são muito superiores às precipitações verifi cadas em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, cuja precipitação máxima situada em torno de 3.000 mm ano-1 é atualmente relatada como a maior do Brasil.Palavras-chave: Climatologia, pluviometria, precipitação, Amazônia.

ABSTRACT

The Brazilian Amazon basin occupies about 4.6 millions km2, and drains approximately 80% of this country hydric resources. This high rain assures the existence of the greatest hydrographic basin and major world tropical rainforest. The creation of the Water National Agency (Agência Nacional de Águas – ANA) allowed a data bank organization for the national hydrometeorological network management. The consistency analysis of historical series of 425 pluviometric stations installed in the North region of Brazil made possible to generate more detailed rain maps, and the identifi cation of the most rainy places in the country. Two places were recognized as the most rainy places in Brazil, both with historical average precipitation values of 4,200 mm year-1, considering a series of 30 years daily observations. One is the municipality of Calçoene, in the coast of Amapá State, and the other is the municipality of São Gabriel da Cachoeira, situated in a region known as “Cabeça do Cachorro”, in the Northwest part of the Amazonas State, near Colombia. The precipitation values registered is these places are very much higher than those previously identifi ed in Ubatuba, north coast of São Paulo, until now considered the most rainy place in Brazil, where the highest precipitation register is of about 3,000 mm year-1.Key words: Climatology, rain, precipitation, Amazon.

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1. INTRODUÇÃO

As atividades humanas são profundamente infl uenciadas pelas condições climáticas e a busca do conhecimento sobre fatores relacionados ao clima remonta aos primórdios da civilização. O Brasil, devido a suas enormes dimensões geográfi cas, apresenta alta diversidade climática, que contribui para a existência de biomas distintos. A coleta de informações climatológicas no país teve início ainda na fase colonial, quando, em 1781, uma missão chefi ada pelos astrônomos portugueses Bento Sanchez Dorta e Francisco de Oliveira Barbosa registrou as medições do Rio de Janeiro.

Dentre os elementos climáticos, a precipitação se destaca pela sua importância para as atividades humanas, defi nição dos ecossistemas e interação com outras variáveis climatológicas, como temperatura, umidade e vento. No caso da agricultura brasileira, Göpfert et al. (1993) atribuem à precipitação pluvial o principal fator de risco climático, uma vez que a seca e a chuva excessiva respondem pela maioria dos sinistros agrícolas. Os zoneamentos agrícolas de riscos climáticos baseiam-se principalmente no comportamento das culturas agrícolas em função da variabilidade regional das chuvas (Assad et al., 2001).

Sombroek (2001) chamou a atenção para o baixo nível de conhecimentos sobre as condições pluviométricas no Brasil, especialmente na região amazônica. Essas informações tiveram uma melhoria considerável a partir da criação da Agência Nacional de Águas (ANA) e da organização das bases de dados das estações pluviométricas (chuvas) e fl uviométricas (vazões dos rios), cujas séries históricas passaram a ser disponibilizadas pelo sistema HidroWeb. Um inventário divulgado pela ANA, em setembro de 2007, identifi cou 15.228 estações pluviométricas no Brasil e países vizinhos, as quais têm contribuído para análises mais detalhadas das distribuições temporais e espaciais das chuvas. No que se refere aos locais de maior pluviosidade no país, as informações são ainda contraditórias. Nimer (1979) identifi cou o litoral do Amapá como o local de maior pluviosidade no Brasil,

com precipitações médias anuais em torno de 3.000 mm. O mesmo autor (Nimer, 1989) afi rma que o local mais chuvoso do Brasil está localizado no litoral norte de São Paulo, entre Paranapiacaba e Itapanhaú, onde os índices atingem 3.600 mm por ano. Nobre (1983) identifi cou três centros de altas precipitações na região Norte do Brasil, sendo identifi cado o noroeste do estado do Amazonas como o local mais chuvoso da região. Keller Filho et al. (2005) afi rmam que as precipitações no litoral norte de São Paulo atingem níveis entre 3.500 mm e 4.000 mm anuais.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Foram analisadas 425 estações na região Norte do Brasil (Tabela 1) e cinco estações no litoral norte do estado de São Paulo, no município de Ubatuba. As sé-ries temporais de precipitações diárias foram obtidas da ANA, através do Sistema HidroWeb. A análise de consistência dos dados envolveu a seleção das séries de maior duração e menor incidência de falhas ou dados duvidosos. Séries mensais com ocorrência de mais de três falhas de medição foram descartadas e as chuvas superiores a 150 mmdia-1 foram comparadas com a precipitação ocorrida nas estações vizinhas. A reposição de dados faltantes (falhas nas séries histó-ricas) foi feita pela substituição da chuva ocorrida na estação mais próxima. A utilização de 137 estações com durações das séries inferiores à 15 anos (Figura 1) teve como objetivo a redução de erros no processo interpolativo para espacialização das chuvas na região. Após a realização da análise de consistência das sé-ries, procedeu-se à determinação das médias mensais e anuais de precipitação e a espacialização das chuvas na região Norte do Brasil foi obtida pelo uso de inter-polação, por krigagem indicativa, com o objetivo de determinar a variabilidade das chuvas ao longo do ano e as regiões com os maiores índices de pluviosidade. As estações com precipitações médias similares foram comparadas pelas séries coincidentes. Após identifi car as áreas de maior pluviosidade na Amazônia brasilei-ra, comparou-se a distribuição mensal das chuvas com as observadas no litoral norte de São Paulo.

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EstadoNúmero

de estaçõesDuração

mínima (meses)Duração

máxima(meses)

Acre 17 148 334

Amapá 13 142 423

Amazonas 124 143 460

Pará 143 101 503

Rondônia 34 147 365

Roraima 29 149 388

Tocantins 65 154 426

Tabela 1: Relação das estações pluviométricas e duração das séries, por Unidade da Federação.

Figura 1: Distribuição de freqüência das estações pluviométricas em função da duração das séries históricas.

3. RESULTADOS

A espacialização da precipitação média anual na região Norte do Brasil (Figura 2) mostra a existência de três áreas de alta pluviosidade, localizadas no litoral do Amapá e no noroeste do estado do Amazonas, na região conhecida como Cabeça de Cachorro, no município de São Gabriel da Cachoeira. A terceira região de altos índices pluviométricos, identifi cada no centro-sul da região por Nobre (1989) e Rocha (2001), não pôde ser claramente identifi cada. Foram também identifi cadas duas áreas de baixo índice de precipitação, nos estados de Roraima e Tocantins.

As estações de Calçoene/AP, e Tunuí, em São Gabriel da Cachoeira/AM, apresentaram precipitações em torno de 4.200 mm ano-1, oito estações tiveram índices acima de 3.600 mm ano-1 (Tabela 2) e outras 22 estações registraram índices pluviométricos acima de 3.000 mm ano-1. Dentre as oito estações com maiores índices pluviométricos, quatro estão localizadas no Amapá, embora o estado tenha contribuído apenas com 13 estações. A comparação entre as estações de Calçoene/AP e Tunuí em São Gabriel da Cachoeira/AM tendo como base apenas nos períodos coincidentes, mostrou que Calçoene apresenta precipitação superior à verifi cada em Tunui e deve ser considerado o local de maior índice pluviométrico do Brasil. A duração da série superior a 30 anos de dados diários em Calçoene contribui para validar as normais pluviométricas determinadas para esta localidade. Curuçá, no norte do Pará apresentou, em abril de 2005, o maior registro de precipitação mensal das estações analisadas, com 2.327 mm. O segundo maior índice mensal registrado ocorreu em Calçoene em janeiro de 2001 com 1669 mm de chuva.

Esses resultados são muito inferiores aos registrados em Quibdó, na Colômbia, com 8.135 mm de chuvas por ano e considerado ofi cialmente o local mais chuvoso da América do Sul (Murillo et al., 2005). Tal fato pode estar relacionado à distribuição das estações pluviométricas na região Amazônica brasileira, as quais, em sua maioria, estão localizadas próximas aos cursos dos rios, para maior facilidade de acesso. Nesse caso, as variabilidades ocasionadas por fatores orográfi cos são minimizadas.

Figura 2: Precipitação média anual nos estados da região Norte do Brasil.

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Tabela 2: Distribuição mensal das chuvas nas estações com maiores índices pluviométricos na região Norte do Brasil.

Estação Calçoene Tunui Itaubal do Pará Curuçá Amapá Acangata São Pedro Cunani

Estado AP AM AP PA AP PA AM AP

janeiro 575 263 488 445 567 424 321 470

fevereiro 570 270 511 543 568 479 305 482

março 584 333 607 711 555 611 351 511

abril 651 472 612 626 552 555 397 537

maio 678 484 505 476 497 428 373 601

junho 385 449 321 312 298 265 310 288

julho 199 446 219 280 168 246 231 205

agosto 89 371 120 95 79 135 213 90

setembro 29 291 45 29 23 115 238 29

outubro 38 300 31 14 25 109 314 29

novembro 101 261 75 16 63 92 252 73

dezembro 304 283 226 116 255 161 296 271

Anual 4203 4223 3760 3663 3651 3621 3600 3600

As chuvas registradas no litoral norte do estado de São Paulo foram sempre inferiores a 3000 mm anuais, o que evidencia estar na região Amazônica as áreas de maior pluviosidade do Brasil. A estação de Mato Dentro, no município de Ubatuba/SP com índice médio anual de 2990 mm de chuva em 47 anos de registros diários. A comparação entre as precipitações de Calçoene/AP, Tunui e Mato Dentro em Ubatuba/SP (Figura 3) mostram as diferentes distribuições de chuva ao longo do ano. Calçoene apresenta uma estação seca bem defi nida variando entre os meses de agosto e outubro enquanto São Gabriel da Cachoeira (estação de Tunui) apresenta precipitações superiores a 250 mm em todos os meses do ano.

4 - CONCLUSÕES

A distribuição média das chuvas na região Norte do Brasil, a partir de séries históricas diárias de 425 estações pluviométricas, evidenciou a existência de duas áreas com precipitações em torno de 4200 mm por ano. Esses resultados são superiores aos índices anteriormente relatados que indicavam três áreas com

Figura 3: Distribuição das chuvas nos municípios de Calçoene, PA, São Gabriel da Cachoeira, AM e Ubatuba, SP.

precipitações médias anuais em torno de 3000 mm.

O litoral do Amapá apresenta a maior incidência de chuvas na região, sendo que quatro estações apresentaram precipitações médias anuais superiores a 3600 mm.

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Calçoene, no litoral do Amapá, refere-se ao local mais chuvoso do Brasil com uma precipitação média de 4.200 mm ano-1.

A região conhecida como Cabeça de Cachorro, no município de São Gabriel da Cachoeira, noroeste do estado do Amazonas também registra índices pluviométricos próximos a 4.200 mm ano-1.

O litoral do Amapá apresenta uma estação seca bem defi nida que se estende de agosto a outubro, enquanto São Gabriel da Cachoeira apresenta índices pluviométricos mensais superiores a 250 mm.

Nenhuma estação avaliada no litoral norte de São Paulo apresentou precipitação média anual superior a 3000 mm.

Os índices pluviométricos registrados no Brasil são muito inferiores aos verifi cados em Quibdó, na Colômbia. Sugere-se a instalação de postos pluviométricos em áreas sujeitas à incidência de chuvas orográfi cas, especialmente na região da Serra do Imeri.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSAD, E. D.; MACEDO, M. A.; CÂMARA, G.; OLIVEIRA, J. C.; BARBOSA, A. M. Avaliação de métodos para espacialização de índices de necessidade hídrica das culturas e sua aplicação em zoneamento agrícola. Revista Brasileira de Agrometeorologia, v. 9 p. 581-587, 2001.

GÖPFERT, H.; ROSSETTI, L.A.; SOUZA, J. Eventos generalizados e seguridade agrícola. Brasília: IPEA, 1993. 65p.

KELLER FILHO, T.; ASSAD, E. D.; LIMA, P. R. S.R. Regiões pluviometricamente homogêneas no Brasil. Pesq. Agropec. Bras., v.40, n0 4, p.311-322, 2005.

MURILLO, W.; PALOMINO, R.; CÓRDOBA, S.; ARAGÓN, G.; BANGUERO, E. El regimen diário de la precipitación em el município de Quibdó (Colômbia). Revista de Climatologia, 5: 1-7. 2005.

NIMER, E. Climatologia do Brasil. SUPREN/IBGE. Volume 4. 1979.

NIMER, E. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro, IBGE. 1989.

NOBRE, P. Variabilidade climática sobre o Atlântico Tropical. Parte II: Estudo de casos. In: Congresso Brasileiro de Meteorologia, 8:10-14. Belo Horizonte-MG. Anais II. 1994.

ROCHA, E.J.P. Balanço de umidade e infl uencia de condições de contorno superfi ciais sobre a precipitação da Amazônia. Tese de Doutorado em Meteorologia, Instituto Nacional de pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 2001. 210p. (INPE-10243- TDI/904).

SOMBROEK, W. Spatial and temporal patterns of Amazon rainfall: consequences for the planning of agricultural occupation and the protection of primary forests. Ambio, 30(7): 388-396. 2001.

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COMITÊ DE ASSESSORAMENTO DE CIÊNCIAS ATMOSFÉRICAS (CA-AT) DO CNPq:

UMA VISÃO INTERNATércio Ambrizzi -USP ([email protected])

Osvaldo Moraes -UFSM ([email protected]) Thais Scherrer – CNPq ([email protected])

1. BREVE HISTÓRICO

O Comitê de Assessoramento de Ciências Atmosféricas (CA-AT) do CNPq foi criado em 2006 e possui atualmente dois membros titulares e um suplente, sendo eles, os Profs. Drs. Tércio Ambrizzi (Universidade de São Paulo – IAG/USP), Osvaldo L. L. Moraes (Universidade Federal de Santa Maria - UFSM) e Pedro Vieira de Azevedo (Universidade Federal de Campina Grande - UFCG), respectivamente. Antes de sua criação, a área de ciências atmosféricas fazia parte do Comitê de Geociências: Geofísica, Meteorologia e Geodésia (GM), tendo apenas um representante de nossa área.

Ao longo dos últimos anos, com a crescente demanda por previsões de tempo e clima de alta qualidade; com a criação do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) em 1994, vinculados ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT); e com a expansão e melhoria dos cursos de graduação em Meteorologia ligados às universidades federais e estaduais, as pesquisas na área de Ciências Atmosféricas tiveram uma expansão extraordinária. Em pouco tempo, notou-se que a demanda da Meteorologia dentro do Comitê GM já representava em torno de metade das solicitações. Atenta a este fato, a representante de nossa área neste período, a Dra. Alice M. Grimm da Universidade Federal do Paraná, propôs ao órgão diretor do CNPq que houvesse a separação, com a criação de um comitê específi co para a Meteorologia. Com apoio de toda a comunidade científi ca, a Dra. Grimm elaborou uma justifi cativa detalhada das necessidades e importância da criação de uma área específi ca para as Ciências

Atmosféricas e em 2006 foi criado o Comitê CA-AT no CNPq.

2. BOLSAS E AUXÍLIOS DIVERSOS A PESQUISA

O Comitê CA-AT se reúne ofi cialmente duas vezes por ano, no fi nal do 1º e 2º semestres. No entanto, com a disponibilização da Plataforma Carlos Chagas (sistema via página Web), o Comitê pode ter acesso aos pedidos e eventualmente julgá-los sem a necessidade presencial em Brasília.

Existem vários tipos de auxílios e bolsa concedidos pelo CNPq como, por exemplo: doutorado e mestrado no Brasil e no exterior; bolsas de Iniciação Científi ca; apoio técnico em nível médio e superior; bolsa de pós-doutorado no Brasil e no exterior; professor visitante; apoio à realização de eventos científi cos; e algumas outras modalidades. No entanto, dois auxílios em particular têm um impacto mais direto na comunidade científi ca: a bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) e o auxílio à pesquisa por meio do Edital Universal. O primeiro tem como objetivo distinguir o pesquisador, valorizando sua produção científi ca segundo critérios normativos, estabelecidos pelo CNPq, e específi cos, pelos Comitês de Assessoramento – CAs. O segundo visa apoiar atividades de pesquisa científi ca, tecnológica e de inovação, mediante o fi nanciamento a projetos em todas as áreas do conhecimento. Vamos a seguir descrever brevemente a evolução das solicitações destes dois auxílios ao longo dos últimos 7 anos, onde uma breve explicação dos critérios utilizados em seus julgamentos será fornecida.

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2.1. Edital Universal

Considerando-se apenas as solicitações na área de Meteorologia, a Figura 1 mostra o número total de pedidos submetidos no Edital Universal, os recomendados e aqueles que foram efetivamente implementados ao longo dos últimos sete anos. Deve ser notado que não houve chamada do Edital Universal nos anos de 2003 e 2005. Outro fator interessante ocorreu no ano de 2002, onde o número de solicitações recomendadas pelo Comitê (na ocasião o GM) foi igual ao implementado. Isto ocorreu em função do Comitê ter sido previamente informado de todos os recursos que tinham para distribuir, e assim, apenas os processos que poderiam ser contemplados foram recomendados. É evidente também que a demanda qualifi cada praticamente se manteve entre 2002 e 2004, tendo um salto signifi cativo em 2006, em função provavelmente da não existência do Edital Universal em 2005, e um aumento ainda maior em 2007, tendo mais de 65 pedidos naquele ano.

Com relação ao Edital Universal 15/2007, dois pontos devem ser destacados: o primeiro é que o Edital permitia a submissão por parte de pesquisadores que possuíam outro auxílio por meio de algum Edital Universal anterior em andamento, o que incentivou pedidos de pesquisadores já contemplados; o segundo é que este foi o primeiro Edital Universal julgado pelo CA-AT.

Uma vez lançado o edital pelo CNPq, ele já defi ne os requisitos mínimos para o enquadramento, classifi cação e concessão das propostas. Em termos gerais, quando uma proposta é submetida eletronicamente ao CNPq dentro dos prazos previstos, ela é analisada pelo corpo técnico especializado do CNPq no que concerne aos requisitos mínimos exigidos pelo Edital. Estando enquadrada dentro das exigências, a proposta é submetida à, no mínimo, dois consultores ad-hoc em consonância ao tema do projeto. Estes são escolhidos dentre aqueles da própria comunidade científi ca e que possuam algum vínculo com o CNPq através de auxílios em andamento atualmente e ou obtidos no passado, em especial, os bolsistas PQ.

Assim, as solicitações são encaminhadas para julgamento de mérito pelo Comitê Assessor que leva em conta o parecer técnico, o mérito do projeto científi co propriamente dito, os pareceres dos consultores ad-hoc, o histórico do pesquisador junto ao CNPq e os dados atualizados no Currículo Lattes. Neste último item, leva-se em conta, além da produção científi ca, sua contribuição na formação de recursos humanos (quanto possível), suas atividades de extensão e engajamento institucional de forma geral. Levando-se todos estes critérios em consideração, o CA emite parecer de recomendação (favorável ou desfavorável), e faz uma priorização dos processos recomendados. Essa recomendação é encaminhada à Diretoria Executiva (DEX) do CNPq para aprovação, que depende da disponibilidade de recursos.

Com relação ao julgamento do Edital Universal 15/2007, os recursos disponíveis apenas pelo CNPq para o CA-AT, sem considerar a contribuição dos fundos setoriais, era na proporção aproximada de 1:10 em cada uma das faixas de fi nanciamento, ou seja, para cada 10 reais solicitados de auxílio, havia somente 1 real disponível para concessão. Desta forma, pouquíssimos projetos foram recomendados em primeira prioridade, embora vários tenham sido aprovados em seu mérito científi co. Os projetos considerados meritórios, mas que não havia recursos para concessão foram classifi cados como prioridade 2 e aguardando, assim, um aporte adicional de recursos. Deve ser notado que a DEX do CNPq concedeu, posteriormente, recursos extras provenientes do FNDCT, e outros projetos foram contemplados.

2.2. Bolsa de Produtividade em Pesquisa

Dentre todos os auxílios concedidos pelo CNPq, a bolsa de PQ é uma das mais concorridas e, porque não dizer, cobiçadas pelos membros da comunidade científi ca em todas as áreas. Conforme mencionado anteriormente, esta bolsa visa distinguir o pesquisador, valorizando sua produção científi ca segundo critérios normativos estabelecidos pelo CNPq, e específi cos defi nidos pelos Comitês de Assessoramento e disponíveis no website do CNPq (http://www.cnpq.br/normas/rn_06_016_anexo1.htm e http://www.cnpq.br/cas/ca-at.htm#criterios).

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Através da Figura 2, que mostra o número de solicitações de bolsa de PQ, os pedidos recomendados pelo Comitê e os efetivamente implementados, nota-se que existe uma grande variabilidade inter-anual ao longo do período analisado. Em particular, os anos de 2002 e 2003 tiveram uma demanda extremamente alta, enquanto que, apesar das bolsas recomendadas também terem sido elevadas, as implementadas mantiveram-se praticamente no mesmo nível. É importante frisar que ao longo dos anos, o CNPq alterou critérios em termos de períodos de inscrição e tempo de bolsa. Por exemplo, antigamente abriam-se inscrições duas vezes ao ano e o período de vigência da bolsa era de apenas dois anos. Atualmente, há somente um período de inscrição, que ocorre no primeiro semestre de cada ano, e a bolsa tem duração de 3 anos. Desta forma, algumas distorções notadas entre 2004 e 2005 podem estar refl etindo estas mudanças. Por outro lado, nota-se claramente que desde 2005 a demanda tem aumentado, mas o número de recomendações e implementações se manteve estável.

Desta forma, conforme mostra a Figura 2, a demanda pela bolsa PQ é sempre grande e o número de implementações se mantém relativamente estável.

Esta estabilidade pode ser apreciada através do número total de pesquisadores que o CNPq vem auxiliando de acordo com a Figura 3. Vê-se nesta fi gura que há uma tendência lenta de aumento no número de bolsistas PQ ao longo dos últimos sete anos, sendo que nos dois últimos (2007 e 2008) este número se manteve estável em 45. Deve ser notado que este valor representa o numero total de bolsistas no sistema, ou seja, todos aqueles que mantêm uma bolsa ao longo dos três anos. Desta forma, em realidade, entre 2001 e 2008 foram concedidos apenas 10 bolsas novas para a área de Meteorologia.

Figura 3: Número de pesquisadores com bolsa PQ mantidos pelo CNPq desde 2001 até 2008.

Figura 1: Número de solicitações do Edital Universal dos anos de 2002 a 2007. Barra preta representa todas as solicitações enviadas, a barra vermelha os pedidos recomendados pelos CA e as barras azuis, os pedidos efetivamente implementados.

Figura 2: Número de bolsas de PQ solicitadas entre o período de 2001 e 2007. Barra preta representa todas as solicitações enviadas, a barra vermelha os pedidos recomendados pelos CA e as barras azuis, os pedidos efetivamente implementados.

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A cada três anos, os CAs atualizam os critérios específi cos para suas áreas. Em particular o CA-AT elaborou alguns critérios mais gerais de seleção com vigência de 2006 à 2008. Os julgamentos de pedidos PQ de 2006 e 2007 foram realizados pelo atual Comitê de Ciências Atmosféricas, empregando totalmente esses critérios.

Dois pontos importantes permearam a avaliação e seleção dos bolsistas PQ em 2007. Primeiramente, as bolsas disponíveis para o CA-AT eram aquelas que estavam sendo fi nalizadas no período (de três anos atualmente), sendo que não houve nenhuma bolsa nova concedida para o Comitê. O segundo ponto é que não existe mais o conceito de renovação da bolsa e, portanto, todos os inscritos concorrem igualmente e são classifi cados baseados em diversos indicadores. Para uma classifi cação justa, o Comitê defi niu valores para vários itens como: os pareceres dos assessores ad-hoc, produção bibliográfi ca baseado na classifi cação Qualis da CAPES dos últimos 5 anos, formação de recursos humanos considerando graduação e pós-gradução, participação em eventos e outros fatores relacionados, como por exemplo, a administração, coordenação de projetos, ensino, etc. Todos esses indicadores forneceram uma pontuação bem objetiva de forma a representar da melhor forma possível todas as qualifi cações dos solicitantes. Em situações onde a diferença de pontuação entre dois pesquisadores não era signifi cativa, um critério subjetivo foi utilizado. Neste critério, analisaram-se as condições de trabalho da instituição como infra-estrutura, participação em projetos nacionais e internacionais, cooperação com outras instituições, etc. Existem regiões onde há carência de pesquisadores, portanto, aqueles que se destacaram mesmo nesta circunstância tiveram um adicional de pontuação.

Uma vez preparada a lista de classifi cação baseada na pontuação total, o Comitê separou aqueles que já possuíam uma bolsa PQ e analisou se o nível do pesquisador era compatível com a classifi cação alcançada na primeira fase e então promoveu, manteve ou rebaixou o nível do mesmo. Desta forma, foi feita uma reclassifi cação de níveis. Um ponto

relevante deve ser destacado: não existindo bolsas novas, para um pesquisador nível 2 subir para nível 1, necessariamente se consumiria uma cota de bolsa, ou seja, o CA perderia uma bolsa de nível 2. No entanto, se um pesquisador nível 1 baixar para nível 2, então se ganha uma bolsa nível 2. Na seleção de 2007, devido ao altíssimo nível de todos os solicitantes, não houve ocorrência de descenso nesta avaliação e, portanto, o número de bolsistas níveis 2 e 1 foram mantidos.

3. COMENTÁRIOS FINAIS

Esta matéria visa esclarecer de forma breve qual é a dinâmica de julgamento de solicitações de auxílio à pesquisa em suas diversas modalidades submetida ao CNPq. Em particular, deu-se uma maior ênfase nos pedidos referentes ao Edital Universal e as bolsas de Produtividade em Pesquisa ao longo dos últimos sete anos.

Apesar dos critérios de seleção estabelecidos ao longo dos últimos anos tenham sido direcionadas a minimizar subjetividades, elas podem existir eventualmente, e erros podem ocorrer. Desta forma, os pedidos de reconsideração de resultados são possíveis e devem ser feitos, caso se identifi quem possíveis enganos que tenham prejudicado a análise.

A criação do CA-AT foi uma grande conquista para a área de Meteorologia, e um reconhecimento de sua importância no contexto científi co brasileiro. Os critérios de seleção estabelecidos não são imutáveis e serão regularmente atualizados e melhorados. Os nomes e endereço eletrônico dos membros do Comitê são disponibilizados no website do CNPq, assim como todos os critérios de julgamento das várias solicitações e, em particular, das bolsas PQ. Desta forma, cabe a comunidade contribuir mantendo suas informações atualizadas no Currículo Lattes, analisando e respeitando os critérios e propondo modifi cações aos mesmos, de forma que as pesquisas na área de Ciências Atmosféricas no Brasil continuem crescendo e contribuindo para a nossa sociedade.

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SIMPOSIO DE ENSEÑANZA DE METEOROLOGÍA DEL MERCOSUR

Rio de Janeiro, 16 e 17 de agosto de 2007

PROGRAMACIÓN

Jueves, 16 de agosto de 2007

Lugar: Rio, Cidade Nova, Convention Center

09:00 Apertura Ronaldo Mota (SESu/MEC), Nelson Maculan Filho (SEERJ) Maria Gertrudes Justi da Silva (SBMET), Rafael Terra (CMM)

09:30 Pausa para café

Moderador: Ricardo Tenorio (CMM)10:00 Luiz Carlos Baldicero Molion (UFAL)10:30 Paulo Afonso Fischer Kuhn (UEA)11:00 Benjamín Grassi (UNA)11:30 Susana Bischoff (UBA)

12:00 -14:30 Almuerzo

Moderador: Osvaldo Moraes (CMM)14:30 José Ivaldo Barbosa de Brito (UFCG)15:00 João Batista Miranda Ribeiro (UFPA)15:30 Gilberto Barbosa Diniz (UFPel)

16:00 Pausa para café

Moderador: Benjamín Grassi (CMM)16:30 Marcelo Barreiro (UdelaR)17:00 Presentacion UFRJ17:30 Otávio Acevedo (UFSM)18:00 Amauri Pereira de Oliveira (USP)

18:30 Cierre de jornada

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Viernes, 17 de agosto de 2007

Lugar: Rio, Cidade Nova, Convention Center

09:00 Presentación: Resumen sobre la enseñanza de meteorología en el MERCOSUR Resumen de propuestas

Mesa Redonda: Discusión sobre las acciones sugeridas

09:15 Graduación Moderador: Maria Gertrudes Justi da Silva (SBMET) Rapporteur: Benjamín Grassi (CMM)

10:30 Pausa para el café

11:00 Post-graduación Moderador: Susana Bischoff (UBA) Rapporteur: Osvaldo Moraes (CMM)

12:15 Mecanismo de acreditación en el MERCOSUR (Sergio Franco, SESu/MEC)

12:45 Almuerzo

15:00 Redacción de documento

18:00 Cierre de Simposio

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II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CLIMATOLOGIA:DETECÇÃO E ATRIBUIÇÕES DE CAUSAS PARA AS

MUDANÇAS CLIMÁTICAS - AMÉRICA DO SUL 02 e 03 de novembro de 2008, São Paulo SP

Bourbon Convention Ibirapuera, Av. Ibirapuera, 2927, Moema, São Paulo, SP

PROGRAMAÇÃO

02 Novembro 2007

08h00 – 09h00 Credenciamento

09h00 – 09h30 Abertura e Apresentação da Estratégia e Objetivos da Reunião.09h30 – 10h10 Entendendo Atribuição de Causas das Mudanças Climáticas Segundo o IPCCAR4 WG1

Jose A. Marengo, CPTEC/INPE

10h10 – 10h30 Café

10h30 – 12h30 Variabilidade Natural do Clima10h30 – 11h10 Palestra I – O que a Paleoclimatologia nos Mostra sobre a América do Sul? Bruno Turcq, IRD/UFF11h10 – 11h50 Palestra II –Variability of Precipitation over South America: Seasonality and Linkages

with SST Alice Grimm, UFPR11h50 – 12h10 Aldo Montecinos, UCH

12h10 – 13h30 Almoço

13h30 – 18h00 Métodos Estatísticos e Estocásticos para Detecção de Mudanças Climáticas13h30 – 14h10 Palestra III – Atribuição das Tendências da precipitação regional Vicente Barros, UBA14h10 – 14h50 Palestra IV – La importancia de la información meteorológica para la detección

del cambio climático Matilde Rusticucci, UBA14h50 – 15h303 Palestra IV – Desafi os na detecção das mudanças climáticas Paulo Justiniano Ribeiro Jr., UFPR

15h30 – 15h50 Café

15h50 – 16h10 Teresinha Xavier, ACESI

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16h10 – 16h30 Paulo Sergio Lúcio, UFRN16h30 – 16h50 Hilton Silveira Pinto,CEPAGRI/UNICAMP (não foi apresentado)16h50 – 18h00 Discussão Geral e Recomendações18h00 – 19h00 Sessão de Pôsteres

03 Novembro 2007

08h30 – 12h30 Papel da Mudança de uso da Terra e Aerossóis

08h30 – 09h15 Palestra V – Efeitos dos Aerossóis Maria Assunção Faus da Silva Dias, CPTEC/INPE

09h15 – 10h00 Palestra VI – Impacto da Mudança de Uso da Terra Carlos Afonso Nobre, CPTEC/INPE

10h00 – 10h20 Café

10h20 – 10h40 Edmilson Dias de Freitas, IAG/USP

10h40 – 11h00 Aline Procópio, UFRJ

11h00 – 11h20 Marcos Heil Costa, UFV

11h20 – 11h40 Humberto Ribeiro da Rocha, IAG/USP

11h40 – 12h30 Discussão Geral e Recomendações

12h30 – 14h00 Almoço

14h00 – 18h00 Estudos de Detecção de Mudanças Climáticas e Atribuições de Causas na América do Sul

14h00 – 14h20 Edmo Campos, IO/USP

14h20 – 14h40 Patrício Aceituno, UCH

14h40 – 15h00 Walter Collischonn, IPH/UFRGS

15h00 – 15h20 Julián Baez, Paraguai

15h20 – 15h40 Aristides Ribeiro, UFV

15h40 – 16h00 Café

16h00 – 18h30 Mesa Redonda Final para Discussões e Recomendações Finais

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III CONFERÊNCIA REGIONAL SOBRE MUDANÇAS GLOBAIS:AMÉRICA DO SUL

04 a 08 novembro de 2007

Bourbon Convention Ibirapuera, Av. Ibirapuera, 2927, Moema, São Paulo, SPInformações: www.mudancasglobais.com.br

PROGRAMAÇÃO

04 de novembro

18h00 Abertura Ofi cial18h30 O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima Luiz Gylvan Meira Filho (IEA/USP, Brasil)19h30 Apresentação do Coral Infanto-Juvenil do Espaço Cultural Prelúdio

20h00 Coquetel de Confraternização

05 de novembro: A Ciência das Mudanças Globais

Coordenação: Holm Tiessen (IAI, Brasil)08h00 – 10h00 Inscrições e credenciamento com entrega de material10h00 – 10h40 Palestra 1 – José Galizia Tundisi (IIEGA, Brasil)

Mudanças Globais e Ecossistemas Aquáticos Continentais10h40 – 11h20 Palestra 2 – Paulo Artaxo (IF/USP, Brasil)

O Papel dos Aerossóis Atmosféricos no Sistema Climático Regional e Global11h20 – 12h00 Palestra 3 – Edmo Campos (IO/USP, Brasil) A Importância do Oceano nas Mudanças Globais

12h00 – 12h30 Debates

12h30 – 14h00 Almoço e plantão de pôsteres

14h00 – 16h20 Mesa Redonda 1 – Confi abilidade e Incertezas nos Resultados do IPCC/2007 Coordenação: Maria Assunção Faus da Silva Dias (INPE/CPTEC e IAG/USP, Brasil)

Antonio Divino Moura (INMET, Brasil) Carolina Susana Vera (CIMA/UBA, Argentina) Humberto Ribeiro Rocha (IAG/USP, Brasil) Ilana Wainer (IO/USP, Brasil) Marcos Heil Costa (DEA/UFV, Brasil)

16h20 – 16h40 Intervalo café

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16h40 – 19h00 Mesa Redonda 2 – Água e Mudanças ClimáticasCoordenação: Carlos Eduardo M. Tucci (IPH/UFRGS, Brasil)German Poveda Jaramillo (UNAL, Colômbia)José A. Marengo (INPE/CPTEC, Brasil)Luiz Cláudio Costa (UFV, Brasil) Reynaldo Victória (CENA/USP, Brasil)Vicente Barros (CIMA/UBA, Argentina)

06 de novembro, Impactos, Vulnerabilidade e Adaptação

Coordenação: Reynaldo Victória (CENA/USP, Brasil)10h00 – 10h40 Palestra 4 - Carlos Afonso Nobre (INPE/CPTEC e IGBP, Brasil)

Impactos das Mudanças Climáticas nos Biomas da América do Sul: uma Avaliação da Vulnerabilidade

10h40 – 11h20 Palestra 5 – Maria Carmen Lemos (Universidade de Michigan, EUA) Mudanças Climáticas, Adaptação e Gestão de Água no Brasil11h20 – 12h00 Palestra 6 – Roberto Rodrigues (GV Agro, FGV/EESP, Brasil) Agroenergia: o Novo Paradigma Mundial

12h00 – 12h30 Debates

12h30 – 14h00 Almoço e plantão de pôsteres

14h00 – 16h20 Mesa Redonda 3 – Ecossistemas Agrícolas e Naturais Coordenação: Márcio de Miranda Santos (CGEE, Brasil) Alejandro Leon (CEZA, Universidade do Chile, Chile) Carlos Alfredo Joly (IB/UNICAMP, Brasil) Eduardo Delgado Assad (EMBRAPA/CNPTIA, Brasil) Guilherme Leite da Silva Dias (FEA/USP, Brasil)

Luiz Antonio Martinelli, (CENA/USP, Brasil)

16h20 – 16h40 Intervalo café

16h40 – 19h00 Mesa Redonda 4 – Aspectos Urbanos Coordenação: Marcelo Khaled Poppe (CGEE, Brasil) Ana Maria Murgida (UBA, Argentina) Carlos Eduardo M. Tucci (IPH/UFRGS, Brasil) Helena Ribeiro (FSP/USP, Brasil) Hugo Ivan Romero (Universidade do Chile, Chile) Marcelo Furtado (Greenpeace, Brasil)

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07 de novembro, Evitando as Mudanças Climáticas

Coordenação: João Lima Sant’Anna Neto (FCT/UNESP, Brasil)10h00 – 10h40 Palestra 7 – Luiz Pinguelli Rosa (FBMC e COPPE/UFRJ, Brasil) O Brasil e as Mudanças Climáticas10h40 – 11h20 Palestra 8 – Enéas Salati (FBDS, Brasil)

Possíveis Ações para Diminuir a Responsabilidade Brasileira nas Mudanças Climáticas Globais

11h20 – 12h00 Palestra 9 – Sérgio Margulis (Banco Mundial, EUA)Proposta de uma Análise Econômica dos Impactos das Mudanças Climáticas no Brasil

12h00 – 12h30 Debates

12h30 – 14h00 Almoço e plantão de pôsteres

14h00 – 16h20 Mesa Redonda 5 – Mitigação de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Setor Industrial: o Potencial do Refl orestamento

Coordenação: Emilio Lebre La Rovere (Centro Clima/COPPE/UFRJ, Brasil) David Canassa (Grupo Votorantim, Brasil)

Demóstenes Barbosa Silva (AES Tietê, Brasil) Geraldo Moura (Plantar, Brasil) Jean-Pierre L. Birat (ArcelorMittal, França) Thelma Krug (MMA, Brasil)

16h20 – 16h40 Intervalo café

16h40 – 19h00 Mesa Redonda 6 – Mitigação de Emissões de Gases de Efeito Estufa nos Transportes: o Potencial dos BiocombustíveisCoordenação: Weber Amaral (Pólo Nacional de Biocombustíveis, ESALQ/USP, Brasil)

Carlos Augusto Feu A. Silva (Energia & Economia, Brasil)Ildo Luis Sauer (IEE/USP, Brasil)Laura Tetti (UNICA, Brasil)

Paulo Coutinho (Brasil Ecodiesel, Brasil) Suzana Kahn Ribeiro (COPPE/UFRJ, Brasil)

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08 de novembro, O Futuro do Regime Climático Global

Coordenação: Luiz Gylvan Meira Filho (IEA/USP, Brasil)10h00 – 10h40 Palestra 10 – Rubens Ricupero (FAAP, Brasil)

Haverá Vida Após Kyoto? Mais uma Oportunidade Perdida pelo Brasil?10h40 – 11h20 Palestra 11 – Virgílio Maurício Viana (SDS/AM, Brasil)

Ameaças e Oportunidades para a Amazônia no Contexto das Mudanças Climáticas11h20 – 12h00 Palestra 12 – Clemente de Lima Baena Soares (MRE, Brasil) A Cooperação Amazônica: Histórico e Perspectivas

12h00 – 12h30 Debates

12h30 – 13h30 Almoço e plantão de pôsteres

13h30 – 14h00 Sessão de Avaliação dos Pôsteres, Wagner Costa Ribeiro (FFLCH e PROCAM/USP, Brasil)

14h00 – 16h00 Mesa Redonda 7 – Articulação da Política Interna Brasileira Coordenação: Jose Goldemberg (IEE/USP, Brasil) Fernando Rei (CETESB, Brasil)

João Paulo Capobianco (MMA, Brasil) Marco Antonio Fujihara (Instituto Totum, Brasil)

Marcos Aurélio Vasconcelos de Freitas (IVIG-COPPE/UFRJ,Brazil)

16h00 – 16h20 Intervalo café

16h20 – 18h20 Mesa Redonda 8 – Negociações Internacionais Coordenação: Jacques Marcovitch (FEA/USP, Brasil) Eduardo Viola (UnB, Brasil)

Leonidas Osvaldo Girardin (Fundação Bariloche, Argentina) Luiz Alberto Figueiredo Machado (MRE, Brasil) Sergio Jauregui (PNUMA, Bolívia)

18h20 Conclusões e Recomendações, Jacques Marcovitch (FEA/USP, Brasil)

19h00 Encerramento

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007EXPEDIENTEda SBMET

SBMET PARTICIPA DA 60ª REUNIÃO ANUAL DA SBPCA SBMET marcou presença na 60ª Reunião Anual

da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento realizado todos os anos reúne membros de sociedades científi cas de todo o Brasil numa série de atividades. Este ano, membros da Diretoria da SBMET participaram de Conferências, Simpósios e Cursos, como podem ser conferidos abaixo. A 60ª Reunião da SBPC também contou com conferências de Carlos Nobre e Luiz Carlos Molion no núcleo de discussões sobre aquecimento global e meio ambiente.

15/07/07 - Reunião da Sociedade Brasileira de Meteorologia.Coordenadora: Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva.

17/07/07 – Simpósio “Os Benefícios Econômicos do Uso das Informações Meteorológicas”. Coordenador: Pedro Leite da Silva Dias; Participantes: Walter Collischonn (UFRGS), José Maria Brabo Alves (FUNCEME).

18/07/07 – Conferência “A Importância da tecnologia na determinação das mudanças climáticas e seus impactos”. Conferencista: Pedro Leite da Silva Dias; Apresentadora: Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva.

15 a 18/07/07 – Mini-curso “Meteorologia – Aplicações tecnológicas aos estudos ambientais”. Responsável: Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (UFRJ).

NOVO LAYOUT DOS INFORMES DA SBMET E CRIAÇÃO DO SETOR DE IMPRENSA E

COMUNICAÇÃO DA SBMET

Em 2007 foram divulgados 86 Informes da SBMET, através de e-mail, para uma mala direta de associados, instituições públicas e privadas, além de pessoas da comunidade não associadas à SBMET,

cadastradas no sistema. A distribuição mensal dos Informes da SBMET em 2007 é dada na tabela abaixo:

Meses QuantidadeJaneiro 3Fevereiro 12Março 14Abril 12Maio 17Junho 9Julho 5Agosto 9Setembro (*)Outubro (*)Novembro 5TOTAL 86

(*) Por um problema no hardware da máquina onde estava alocada a mala direta da SBMET, o serviço foi suspenso no período.

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

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A Diretora Administrativa da SBMET, Marley Moscati, idealizadora dessa modalidade de comunicação com os sócios e a comunidade em geral, foi responsável pela confecção e envio dos Informes da SBMET de janeiro de 2005 até outubro de 2007. Nesse período, a periodicidade do Informe foi quase diária e com a divulgação de 10 notícias, em média, por Informe.

A partir de outubro de 2007, a SBMET criou o Setor de Imprensa e Comunicação para otimizar as relações com jornalistas e ampliar a divulgação de eventos e notícias da entidade, tanto interna quanto externamente. A jornalista Mariana Oliveira é a responsável pelos trabalhos desenvolvidos nesse Setor. A Sra. Marley continua colaborando, enviando notícias para elaboração do Informe online.

Aproveitando a criação do Setor de Imprensa, os Informes on-line da SBMET passaram por modernizações na forma e na periodicidade (semanal) e em uma estrutura mais leve, que remete à página principal da SBMET por hiperlinks. Com isso, foi descontinuada a confecção do Informativo (disponível apenas online no Portal da SBMET). A

nova versão do Informe da SBMET entrou no ar em defi nitivo em novembro de 2007 e passaram a ser enviados pelo Setor de Suporte do Portal.

Se você não recebe o Informe da SBMET online, entre em contato com [email protected].

Vejam abaixo o novo layout do Informe da SBMET:

RBMET NO SciELO

Desde novembro de 2007, a Revista Brasileira de Meteorologia (RBMET) se encontra disponível no Scientifi c Electronic Library Online (SciELO). No site www.scielo.br/rbmet é possível consultar

edições e a lista de artigos publicados, bem como as versões em PDF.

Para visualizar exemplares da RBMET, visite também o website http://www.rbmet.org.br.

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

SBMET PROMOVE CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM METEOROLOGIA SINÓTICA PRÁTICA APLICADA À

PREVISÃO DE TEMPO

Dentro das atividades previstas no Projeto “Implantação da Rede de Meteorologia e Clima” realizado pelo MCT em parceria com a SBMET e a UFRJ, foi oferecido um Curso de Atualização em Meteorologia Sinótica Prática Aplicada à Previsão de Tempo. O Curso foi ministrado nas dependências do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no período de 3 a 8 de dezembro de 2007, com um total de 54 horas de aula. O objetivo foi o de fortalecer os conhecimentos de Meteorologia Sinótica aplicada à previsão de tempo através da utilização de ferramentas objetivas de prognóstico dos diferentes sistemas meteorológicos que infl uenciam o tempo no Brasil. O conteúdo das aulas conforme abordado no Curso está registrado nos arquivos constantes de um CD-ROOM, elaborado especifi camente para este Curso.

Ementa do Curso

1) Revisão de conceitos básicos de Meteorologia Sinótica

Identifi cação de sistemas frontais:Frentes frias- Frentes quentes- Frentes estacionárias- Frentes subtropicais- Cavados baroclínicos-

Jatos de altos níveis:Jato Subtropical (JST)- Jato Polar Norte (JPN)- Jato Polar Sul (JPS)-

Teoria de Desenvolvimento de sistemas de baixa e alta pressão (Equação de Sutcliffe):

Ondas frontais.- - Índices de instabilidade: K, LI, SH,

TT, CT, VT, SWEAT, CAPE

2) Uso do GempakVisualização de imagens de satélite.- Visualização de dados de superfície - (metar, synop) e de altitude (radiossondagem).Visualização de cartas sinóticas.- Geração de cartas sinóticas; traçado de - frentes, cavados, jatos e condição de tempo.

3) Elaboração da Previsão de Tempo:Análise das cartas sinóticas: superfície - e altitude (500 hPa e 250 hPa).Previsão de Tempo através da - utilização de ferramentas objetivas de prognóstico derivadas de modelos numéricos.Elaboração de boletins técnicos.-

Corpo Docente

O principal instrutor do Curso foi o Dr. Gustavo Carlos Juan Escobar, do INPE/CPTEC, que contou com o apoio dos professores Claudine Pereira Dereczynski, Alfredo Silveira da Silva e David Garrana Coelho, da UFRJ, e do suporte computacional de Luiz Rodrigo Lins Tozzi e monitores do Laboratório de Prognósticos de Mesosescala (LPM/UFRJ).

As aulas foram distribuídas ao longo de uma semana, no horário das 8:00 h às 18:00 horas, de segunda a sexta, e de 8:00 h às 12:00 horas, no sábado, totalizando 54 horas. As atividades incluíram a aplicação de uma prova, a avaliação do conteúdo das disciplinas, dos professores e da infra-estrutura oferecida.

EXPEDIENTEda SBMET

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

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Corpo Discente

Na Tabela 1 estão relacionados os alunos do Curso de Meteorologia Sinótica Prática Aplicada à Previsão de Tempo, discriminando-se o estado de origem e se foram ou não custeados com recursos do Projeto. Foram aceitos apenas 24 alunos, número limitado

pelas necessidades de infra-estrutura de computadores e software específi co. Participaram do Curso 24 profi ssionais, em sua maioria meteorologistas, oriundos de 19 diferentes estados brasileiros, sendo 17 deles custeados com recursos do projeto.

Inscritos Estado Formação Custeado

1 Alexandre M.T. de Medeiros Paraíba Meteorologista Sim2 Allysson Araújo Bahia Meteorologista Sim3 Carlos Marcio Eloi Maranhão Meteorologista Sim4 Edmir dos Santos Jesus Amapá Meteorologista Sim5 Emanuel Ramos Teixeira Alagoas Meteorologista Sim6 Fábio A. M. Saraiva Rondônia Meteorologista Sim7 Felipe Roque Rio de Janeiro Meteorologista Não8 Hailton Dias Pernambuco Meteorologista Sim9 José Geraldo Espírito Santo Engenheiro Não10 José Luiz Silva Júnior Tocantins Meteorologista Sim11 José Uéliton Pinheiro Rio Grande do Norte Meteorologista Sim12 Leni Andrade Sergipe Meteorologista Não13 Luís Alves dos Santos Neto Amazonas Meteorologista Não14 Marcos Vianna Alagoas Meteorologista Não15 Marilene de Lima Santa Catarina Meteorologista Sim16 Neri Ellen Nobrega Espirito Santo Meteorologista Sim17 Paulo Lima Guimarães Pará Meteorologista Sim18 Raimundo Mainar Piauí Meteorologista Sim19 Ricardo Marques Rio de Janeiro Meteorologista Não20 Rodrigo Mathias Rio de Janeiro Meteorologista Não21 Rosidalva L.F. da Paz Goiás Física Sim22 Sheila Radmann da Paz Paraná Meteorologista Sim23 Silvia Regina S. da Silva Rio de Janeiro Meteorologista Não24 Zilurdes Fonseca Lopes Ceará Meteorologista Sim

Tabela 1: Relação de alunos participantes do Curso de Meteorologia Sinótica Prática Aplicada à Previsão de Tempo.

Material Didático do Curso

As aulas ministradas foram gravadas em CD-ROOM, distribuído para os alunos e professores da UFRJ no último dia de aula e enviado ao Professor Dr. Gustavo Escobar, pelo correio.

Outras Atividades Relevantes

Ocorreu uma reunião com os Coordenadores dos Centros Estaduais de Meteorologia nos dias 6 e 7 de dezembro de 2007. Desta reunião participaram também a Presidente da Sociedade Brasileira de

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

Meteorologia, Maria Gertrudes A. Justi da Silva e a Coordenadora Geral de Meteorologia, Climatologia e Hidrologia do MCT, Darly Henriques da Silva. Nesta reunião foram apresentadas e discutidas as atividades do MCT em Meteorologia, as ações planejadas para o biênio 2008-2010 e o fortalecimento das parcerias com os Centros Estaduais com o CNPq, a FINEP, a SBMET e a CMCH. Os Coordenadores dos Centros puderam expor suas atividades e as difi culdades que enfrentam para o desenvolvimento de seus serviços. Desta reunião saiu a decisão de formar o Fórum Brasileiro de Meteorologia Regional, formado pelos Coordenadores dos Centros Estaduais

de Meteorologia, sendo escolhidas a representante de Goiás, Dra. Rosidalva Paz, como Presidente e a representante de Minas Gerias, Dra. Heloisa Moreira Torres Nunes, como Vice-Presidente do referido Fórum.

A empresa Hobeco ofereceu na noite do dia 5 dezembro um jantar para confraternização entre seus funcionários e os alunos e professores do Curso de Meteorologia Sinótica, assim como os Coordenadores dos Centros Estaduais de Meteorologia, que participaram das reuniões realizadas nos dias 6 e 7 de dezembro.

FOTOS DO CURSO

Foto 1: Dr. Gustavo Escobar. Foto 2 e 3: Alunos do Curso, em sala de aula.

RESULTADO DAS ELEIÇÕES PARA CONSELHOS DELIBERATIVO E FISCAL DA SBMET

A Assembléia Extraordinária para eleição dos membros dos Conselhos Deliberativo e Fiscal, realizada em 6 de dezembro de 2007, elegeu os seguintes sócios:

Conselho Deliberativo:Romisio Geraldo Bouhid André – INMETAdilson Wagner Gandu – IAG/USPJaci Maria Bilhalva Saraiva – SIPAM-AM

Suplentes:Rosane Rodrigues Chaves – UENFValdo da Silva Marques – UENFEdmilson Dias de Freitas – USP-IAG

Conselho Fiscal:Francisca Maria Alves Pinheiro – UENFMariana Palagano Ramalho Silva – UFRJVera Aldreida Malfa Pereira - Tropical

Foto 1: Comissão Eleitoral - SBMET, 06/12/200, composta pelo Presidente do Conselho Deliberativo e por membros da Diretoria Executiva.

EXPEDIENTEda SBMET

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ISSO FOINOTÍCIA

PRÊMIO NOBEL DA PAZ EM 2007 É DADO PARA AL GORE E PESQUISADORES DO IPCC

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (do inglês, Intergovernamental Panel for Climate Change – IPCC) e o ex-Vice-Presidente americano Al Gore foram os ganhadores do Prêmio Nobel da Paz de 2007. O grupo formado por cerca de 2 mil cientistas de todo mundo desenvolve pesquisas sobre clima e efeitos das mudanças climáticas. Al Gore foi o responsável por popularizar o trabalho do IPCC com o documentário “Uma Verdade Inconveniente”. Os organizadores do Prêmio Nobel elogiaram os esforços na divulgação das causas das mudanças climáticas e a disposição em traçar metas e planos que minimizem os efeitos desta crise.

Trechos da Carta Enviada pelo Presidente do IPCC aos Pesquisadores

“Estou certo de que você concorda comigo que todos nós devemos ser gratos pelo apoio e ajuda que temos recebido de todos os governos que fazem parte do IPCC. O fato do IPCC ter merecido o reconhecimento que este prêmio personifi ca é realmente uma homenagem ao seu conhecimento, trabalho árduo e aplicação. Na verdade, os co-Presidentes dos Grupos de Trabalho, as unidades associadas às diferentes alas do IPCC ter um grande valor na medida do nosso crédito”.

Rajendra PachauriPresidente do IPCC

Segue, abaixo, uma relação de pesquisadores e especialistas brasileiros que participaram do IPCC, como Coordenadores, autores e revisores dos Relatórios publicados de 1990 a 2007:

Antonio Rocha Magalhães Banco MundialArnaldo C. WalterBritaldo Silveira Soares Filho UFMGBranca Americano MCTCarlos A. Nobre INPECarlos Clemente Cerri Cena/USPCarlos Frederico Menezes ELETROBRÁS e EPECleber Galvão AES TietêDemóstenes Barbosa Silva AES TietêDiógenes Sala Alves INPEEmilio La Rovere COPPE/UFRJEnio Cordeiro ITAMARATIFrederico S. Duque Estrada Meyer ITAMARATIGilberto Januzzi UNICAMPGiulio Volpi WWF BrasilHeraldo Campos UnisinosHézio de Oliveira Alcoa BrasilTavares de LimaJefferson Cardia Simões FRGS

(continua)

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007ISSO FOINOTÍCIA

João Wagner Alves CETESBJosé D. G. Miguez PETROBRÁS e MCTJosé Goldemberg USPJosé Antonio Marengo Orsini INPEJosé Roberto Moreira USPLaura Tetti ÚNICALuiz Gylvan Meira Filho USP

Luiz Pinguelli Rosa Diretor da COPPE/UFRJ e Secretário Executivo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas

M. de Oliveira SantosM. Fujihara Price Waterhouse CoopersMarco Aurélio dos Santos COPPE/UFRJMagda Aparecida Lima EMBRAPAMarcos S. P. Gomes PUC/RJMaria Sylvia Muylaert COPPE/UFRJ e Secretaria do Meio Ambiente do RJMauricio Born Associação Brasileira de AlumínioMauricio Tiomo Tolmasquim COPPE/UFRJ e EPEMauro Santos MCTNewton Parcionik MCTNiro Higuchi INPAOdo Primavesi EMBRAPAOswaldo Lucon Secretaria de Meio Ambiente de SPPaulo Atarxo USPPedro Leite da Silva Dias USPPedro MachadoPedro Moura Costa EcosecurityPhilip M. Fearnside INPAPlínio Nastari ConsultorR. GualdaR. Monteiro LourençoRicardo Leonardo Rodrigues Vianna TNC BrasilRoberto Peixoto INTRoberto Schaeffer COPPE/UFRJRonaldo Seroa da Mota IPEASérgio Trindade ConsultorSônia Vieira CETESBSuzana Kahn Ribeiro COPPE/UFRJ e Secretaria do Meio Ambiente do RJThelma Krug INPE e Secretaria de Mudanças Climáticas do MMAUlisses Confalonieri FiocruzVolker Kirchoff INPEWarnick ManfrinatoY. D.P. Medeiros

(continuação)

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

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PEDRO LEITE DA SILVA DIAS É EMPOSSADO NOVO DIRETOR DO LNCC

O Pesquisador Pedro Leite da Silva Dias, Professor do IAG-USP, tomou posse como Diretor do Laboratório Nacional de Computação Científi ca (LNCC), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), em cerimônia realizada em 18 de outubro de 2007, às 11 horas, no Auditório do LNCC, em Petrópolis, RJ. O LNCC tem por fi nalidade promover e realizar atividades de pesquisa e desenvolvimento nos diversos campos da Computação Científi ca, com ênfase na criação e aplicação de modelos e métodos

matemáticos e computacionais para a solução de problemas científi cos e tecnológicos. Promove ainda a formação avançada de recursos humanos em suas áreas de atuação e o desenvolvimento, instalação e administração de recursos computacionais de alto desempenho acessíveis à comunidade científi ca e tecnológica nacional. Maiores informações sobre as atividades do LNCC estão disponíveis no link http://www.lncc.br/frame.html.

PESQUISADOR DR. PAULO ARTAXO, PROFESSOR DO INSTITUTO DE FÍSICA DA USP, RECEBE PRÊMIO

DO Council of the Academy of Sciences for the Developing World (TWAS)

O Council of the Academy of Sciences for the Developing World (TWAS), em Trieste, Itália, em sua Reunião de 12 de novembro de 2007, durante o XVIII TWAS General Meeting, decidiu conceder o TWAS Prize in Earth Sciences 2007 ao Professor do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da USP, Dr. Paulo Artaxo. O prêmio será entregue ao Prof. Artaxo em cerimônia especial a ser realizada durante o XIX TWAS General Meeting, a ser realizado no México em 2008.

Segue a tradução do texto transcrito da TWAS que acompanha o anúncio do prêmio (http://www.twas.org). “Professor Paulo Artaxo do IFUSP ganhou o Prêmio TWAS 2007 na área de Ciências da Terra pela sua notável contribuição, no nosso entendimento, do impacto que as partículas de aerosol, emitidas durante

a queima de biomassa, tem na formação de nuvem e no balanço de radiação na Bacia Amazônica. Ele conduziu também os primeiros estudos examinando como partículas naturais biogênicas de aerosol ajuda a manter a bioquímica do ecossistema amazônico afetando a condensação de nuvem e, consequentemente, a precipitação e o clima. Além disso, ele empreendeu estudos profundos sobre poluição urbana do ar em São Paulo, novamente com especial atenção na fonte e no impacto das partículas de aerosol. Artaxo serviu como membro do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) Working Group 1. O IPCC compartilhou o Prêmio Nobel da Paz com Al Gore pelo esforço combinado em aumentar o entendimento publico e a conscientização da mudança de clima.”

Fonte: http://www.twas.org.

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

Editoração Eletrônica Editoração Eletrônica LIVROS REVISTAS

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

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NORMAS eLEGISLAÇÃO

A METEOROLOGIA E A RESOLUÇÃO N0 1.010

Alfredo Silveira da SilvaDiretor Profi ssional SBMET

[email protected]

A RESOLUÇÃO 1.010 foi aprovada pelo Plenário do Confea em 22 de agosto de 2005 em substituição à Resolução 218 de 1973 e já está em vigor a partir de 10 de julho de 2007. Esta Resolução objetiva estabelecer normas estruturadas dentro de uma concepção matricial para a atribuição de títulos profi ssionais, atividades e competências no âmbito de atuação profi ssional, para efeito de fi scalização do exercício profi ssional das profi ssões inseridas no Sistema Confea/CREA.

A Resolução 218 de 1973 discriminava as atividades das diferentes modalidades profi ssionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Também, discriminava as competências dos profi ssionais de acordo com a sua área de formação e disciplinava no art.25 que as competências decorrem da graduação do profi ssional, assim como ensejam a extensão das atribuições desde que sejam na mesma modalidade, tudo em consonância com as disposições da Lei 5.194, de 24 de dezembro de 1966. A Meteorologia foi regulamentada em outubro de 1980 e não foi contemplada pela resolução 218. Da mesma forma, a Meteorologia, em relação às outras profi ssões, a extensão das atribuições deve estar em consonância com a Lei 6.835, de outubro de 1980.

A Resolução 1.010, adota o princípio da fl exibilização, que caracteriza as atuais diretrizes curriculares nacionais, no sentido de conceder título, atribuição e competência profi ssional. No caso da Meteorologia, até a presente data ainda não foram homologadas as Diretrizes Curriculares e a maioria dos cursos ainda não atualizaram seus currículos.

Teremos, então, a concessão das atribuições em função da competência adquirida. Isso será feito por meio de um currículo integralizado em consonância

com o projeto pedagógico do curso, que permitirá a defi nição do perfi l profi ssional do diplomado a ser indicado pela instituição de ensino ao Sistema Confea/CREA, de acordo com o dispositivo no artigo 10 da Lei 5.194, de 24 de dezembro de 1966, bem como a extensão das atribuições inicialmente concedidas por meio de cursos de pós-graduação lato sensu (aperfeiçoamento e especialização) e stritu sensu (mestrado e doutorado).

O novo normativo permite a extensão das atribuições iniciais dentro de cada categoria profi ssional (Engenharia, Arquitetura e Agronomia). A fl exibilização apresentada no normativo permite que dentro da categoria Engenharia a extensão das atribuições inicialmente concedidas possam ser estendida no âmbito das suas varias modalidades. No caso da Meteorologia, destaca-se que a fl exibilização está na Categoria Agronomia.

No art. 30 foram defi nidos os níveis de formação dos diplomados no âmbito das profi ssões inseridas no Sistema Confea/Crea. Para a atribuição de títulos profi ssionais, atividades e competências serão observadas as especifi cidades de cada campo de atuação profi ssional dentro destes níveis de formação, em conexão com os perfi s profi ssionais, estruturas curriculares e projetos pedagógicos, em consonância com as diretrizes curriculares nacionais dos cursos que levem à diplomação ou concessão de certifi cados nos vários níveis profi ssionais.

Outro ponto que merece destaque é o fato do projeto observar estritamente o dispositivo na legislação vigente atualmente para os técnicos, Lei 5.524 de novembro de 1968, e Decreto 90.922, de 6 de fevereiro de 1985, alterado pelo Decreto 4.560, de dezembro de 2002.

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

COMO OPERACIONALIZAR

Em 2007, foi defi nido como projeto estratégico o treinamento e divulgação da Resolução 1.010, de 2005. Uma das principais ações previstas foi a realização de treinamentos regionalizados com conselheiros regionais e agentes dos CREAs, Esses treinamentos incluíam parte teórica, exercício de concessão de atribuições e avaliação de desempenho e foram ministrados pelo consultor do Confea Prof. Ruy Vieira.

Foram realizados treinamentos, nos quais os CREAs foram divididos por região. Durante os treinamentos, foi notada a preocupação dos Regionais em relação à certa subjetividade quando da análise curricular, o que poderia gerar falta de uniformidade na concessão de atribuições nos diferentes CREAs. Ou seja, a preocupação era que um CREA de determinada região analisasse um curso de forma diferente de um de outra região.

Por isso foram reunidos os Coordenadores Nacionais de Câmaras Especializadas juntamente com outros representantes para se chegar a uma alternativa para facilitar e uniformizar a operacionalização da Resolução. Em reunião de 25 a 29 de junho, foi apresentada proposta da Coordenadoria de Engenharia Industrial que tratava da Matriz de Conhecimento.

MATRIZ DE CONHECIMENTO

Nada mais é que o detalhamento, para cada tópico dos Campos de Atuação do Anexo II da Resolução 1010, dos conteúdos básicos e profi ssionalizantes que o egresso deverá ter cursado durante sua vida acadêmica para poder receber, como atribuição, o tópico respectivo. Além disso, a Matriz estabelece cargas horárias mínimas para o respectivo tópico. Foi aprovada a criação de grupos de especialistas por categoria, ao longo dos anos de 2007 e 2008 para elaborarem as respectivas matrizes. A elaboração das matrizes seguiu na quase totalidade dos casos, as respectivas Diretrizes Curriculares como base do detalhamento dos conteúdos.

Atualmente, estão sendo realizadas reuniões com os especialistas para fi nalizar a elaboração das matrizes de conhecimento. Já foram realizadas do ano passado até junho de 2008 algumas reuniões. A Comissão de Educação e Atribuição Profi ssional (CEAP) defi niu como prazo para conclusão dessas matrizes até o fi nal do 10 semestre de 2008. Além da elaboração das matrizes por cada grupo de especialistas, está previsto uma reunião conjunta específi ca para harmonizar os conteúdos de tópicos comuns a mais de uma coordenadoria. Os Anexos I e II e o Anexo III da Resolução 1010, estão disponibilizadas no site da SBMET (www.sbmet.org.br).

NORMAS eLEGISLAÇÃO

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Boletim SBMET ago-nov 2006

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ABRIL 2007 MAIO 2007

AGENDA

JUNHO 2007

JULHO 2007

Special Session at the EGU General Assembly • AS1.15: Aerosol-Precipitation InteractionsPeríodo: 15 a 20 de abril de 2007Local: VienaWebsite: http://www.cosis.net/members/meetings/programme/overview_db.php?m_id=40

AGU-SBGf Joint Meeting• Período: 22 a 25 de maio 2007Local: Acapulco, MéxicoWebsite para informações: http://www.agu.org/meetings/ja07/

Summer School on Multiscale Modeling and • Simulation in ScienceLocal: Bosön, StockholmPeríodo: 4 a 15 de junho de 2007Website: http://user.it.uu.se/~ngssc/ngssc_home//S2M2S2/ http://www.atm.helsinki.fi /ILEAPSE-mail: [email protected]

II Encontro Sul-Brasileiro de Meteorologia/• IV Jornada de Palestras dos Estudantes de Meteorologia - UFPelPeríodo: 25 a 29 de junho de 2007Local: Florianópolis, SCInscrição e envio de trabalhos, online: www.cefetsc.edu.br/~meteoro/esbmInformações adicionais pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (48) 32210601

The 2007 World Congress in Computer Science, • Computer Engineering, and Applied Computing

(WORLDCOMP’07) (composto de 24 Conferências)Período: 25 a 28 de junho de 2007Local: Monte Carlo Resort Hotel, Las Vegas, Nevada, EUAContato por e-mail: H. R. Arabnia - [email protected]: http://www.worldacademyofscience.org/worldcomp07http://www.world-academy-of-science.org

XV Congresso Brasileiro de Agrometeorologia• Tema: “A AGROMETEOROLOGIA NO SÉCULO XXI”Período: 02 a 05 de julho de 2007Local: Centro de Convenções do Hotel Parque dos Coqueiros, situado à Rua Francisco Rabelo Leite, nº 1075, Bairro Atalaia, Aracaju, SEWebsite: www.cbagro2007.com.br

Conferência Internacional de Educação a Distância • com Apoio Computacional em Meteorologia e Hidrologia (CALMet) 2007Período: 2 a 7 de julho de 2007Local: Beijing, ChinaWebsite: http://calmet.comet.ucar.edu/Informações Adicionais: Patrick Parrish ([email protected]), Vesa Nietosvaara ([email protected] ), Fan Hong ([email protected]), Dr. Ednaldo Oliveira dos Santos ([email protected]).

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Boletim SBMET ago-nov 2006AGENDA

AGOSTO 2007

Joint conference of the International Association of • Meteorology and Atmospheric Sciences (IAMAS) and the International Union of Geodesy and

Geophysics (IUGG)

Local: University of Perugia, ItáliaPeríodo: 2 a 13 de julho de 2007Website: http://www.iugg2007perugia.itContato por E-mail: [email protected]

59ª Reunião Anual da SBPC• Período: de 8 a 13 de julho de 2007Local: campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém do ParáTema Central: Amazônia: desafi o nacionalInscrições: www.sbpcnet.org.br/eventos/59ra

11th World Multi-Conference on Systemics, • Cybernetics and Informatics: WMSCI 2007

Período: 8 a 11 de julho de 2007Local: Orlando, Florida, EUAWebsite: http://www.iiis-cyber.org/wmsci2007

S• ession "IWG02" - 4rd AOGS Annual Meeting: "Modelling and Simulation of

Dangerous Phenomena for Hazard Mapping"

Local: Bangkok, ThailandiaPeríodo: 30 de julho a 4 de agosto de 2007Website: http://www.asiaoceania.org/aogs2007/Contato por e-mail com Giulio Iovine: [email protected]; [email protected]; [email protected]

33rd International Conference on Radar • MeteorologyPeríodo: 6 a 10 de agosto de 2007Local: Cairns Convention Centre, Cairns, AustráliaWebsite: http://www.ametsoc.org/meet/index.htmlInformações adicionais: http://www.tropicalaustralia.com.au/

Simpósio de Ensino de Meteorologia e Ciências • Afi ns do MercosulPeríodo: 16 a 17 de agosto de 2007Local: Rio de Janeiro, RJInformações: www.sbmet.org.br

1º Ibero-Americano Workshop em Climatologia • Dinâmica, Mudanças Climáticas e Modelagem Regional do Clima (First Ibero-American Workshop on Climate Dynamics, Climate Change and Regional Climate Modeling)Período: 20 a 23 de agosto de 2007Local: São Paulo, SPInformações: Inscrições deverão ser feitas através do e-mail: [email protected]

Curso de Verão: "Land Surface - Atmosphere • Interactions in a Changing Climate"

Período: 26 a 31 de agosto de 2007Local: Grindelwald, SwitzerlandData limite para submissão: 20 de dezembro de 2006 (notifi cação de aceite em janeiro de 2007)Website: //www.nccr-climate.unibe.ch/summer_school/2007/

S• econd International Conference on Earth System Modeling Max Planck Institute for Meteorology

Período: 27 a 31 de agosto de 2007Inscrições online: outubro de 2006Website: http://www.mpimet.mpg.de/icesm

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Boletim SBMET ago-nov 2006

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SETEMBRO 2007

OUTUBRO 2007

NOVEMBRO 2007

DEZEMBRO 2007

Semana de Meteorologia da UFRJ – 2007: • Meteorologia aliada ao meio ambiente

Período: 17 a 20 de setembro de 2007Local: Departamento de Meteorologia UFRJ, RJContato por E-mail: [email protected]

Congresso Internacional "A Global Vision of • Forestry in the 21st Century"

Período: 30 de setembro a 3 de outubro de 2007Local: Toronto, CanadáWebsite: http://www.forestry.utoronto.ca/centennial/int_congress.htm

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia – 2007• Foi escolhido como lema para a Semana de 2007, Terra.Período: 01 a 07 de outubro de 2007

II Simpósio Internacional de Climatologia: “A • detecção das mudanças climáticas e a atribuição

de causas”

Período: 2 e 3 de novembro de 2007Local: São Paulo, SPWebsite: www.sbmet.org.br/sic

III Conferência Regional sobre Mudanças Globais• Período: 4 a 8 de novembro de 2007Local: São Paulo, SPInformações: http://www.mudancasglobais.com.br

IX International Symposium on Lightning • Protection (XIV SIPDA)

Período: 26 a 30 de novembro de 2007Local: Foz do Iguaçu - PRWebsite: http://www.iee.usp.br/sipdaE-mail da Secretaria do evento: [email protected]

IV Congresso Cubano de Meteorologia• Local: Ciudad de La HabanaPeríodo: 4 a 8 de dezembro de 2007O recebimento de abstracts e trabalhos deve ser feita por e-mail: [email protected]: http://www.insmet.cu/sometcuba/default.htm E-mail: [email protected]

2º Simpósio Brasileiro de Desastres Naturais e • Tecnológicos (2º SIBRADEN)

Período: 09 a 13 de dezembro de 2007Local: São Paulo, SPInformações: http://www.acquacon.com.br/2sibraden

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Boletim SBMET ago-nov 2006AGENDA

MARÇO 2008

V Workshop de Micrometeorologia• Período: 12 a 14 de dezembro de 2007Local: Universidade Federal de Santa Maria, RSInformações: http://www.gruma.ufsm.br/workshop/

Workshop Internacional sobre Clima e Recursos • Naturais nos países de língua portuguesaPeríodo: 02 a 07 de março de 2007Local: Cabo Verde, Ilha do SalInformações: http://www.cra08.com/[email protected]

III Conferência Estadual de Meio Ambiente• Período: 07 a 09 de março de 2008Local: Belém do Pará, PAInformações: http://www.sema.pa.gov.br/

Workshop Sobre Bioenergi• aPeríodo: 10 de março de 2008Local: São Paulo, SPInformações: http://www.pontocomm.com.br/fapesp/RU/convrsvp.asp

International Symposium on Weather Radar and • HydrologyPeríodo: 10 a 12 de março de 2008 (Grenoble, França)13 a 15 de março de 2008 (Autrans, França)Local: FrançaInformações: http://www.wrah-2008.com/news_us.php

I Encontro Acadêmico de Modelagem • Computacional Período: 10 e 11 de março de 2008Local: Petrópolis, RJInformações: http://www.lncc.br/

A• Gestão do Conhecimento Ambiental na Universidade Latino-Americana e o Desenvolvimento Sustentável: Necessidade ou Utopia?

Período: 11 de março de 2008Local: São Paulo, SPInformações: http://www.memorial.sp.gov.br/memorial/AgendaDetalhe.do?agendaId=1023

Dia Internacional Polar• Período: 12 de março de 2008Informações: Rhian Salmon pelo e-mail [email protected]

II Encontro Latino-Americano e Caribenho da Rede • de Governos Regionais para o Desenvolvimento Sustentável - Mudanças Climáticas: Discutir o Presente para Garantir o FuturoPeríodo: 14 de março de 2008Local: São Paulo, SPInformações: inscrições pelo telefone (11) 3133-3378 (CETESB)

Magna Conferência Sobre Clima• Período: 17 de março de 2008Local: Belo Horizonte, MGInformações: [email protected]

Dia Meteorológico Mundial 2008: IPMet• Período: 25 de março de 2008Local: Bauru, SPInformações: [email protected] ou telefone: 14-3103-6030 com Sandra até 19/03/2008.

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ABRIL 2008

Dia Meteorológico Mundial: IAG/USP• Período: 25 de março de 2008Local: São Paulo, SPInformações: Auditório G do IAG entre 16 e 18 horas no dia 25 de março

Dia Meteorológico Mundial: INMET, INPE, CPTEC, • SBMET, CHM, BECEA e ANAPeríodo: 25 de março de 2008Local: Brasília, DFInformações: Auditório do INMET

Dia Meteorológico Mundial - SIPAM• Período: 26 de março de 2008Local: Porto Velho, RO

II Seminário Brasileiro Sobre Seqüestro de • Carbono e Mudanças Climáticas

Período: 25 a 28 de março de 2008Local: Maceió, ALWebsite: http://www.ecoclima.org.br/programa_seminario.html

Dia Meteorológico Mundial• Período: 29 de março de 2008Local: Cidade do México/MEXInformações: 1252-7479 ou por e-mail: [email protected]

South American Emissions, Megacities and • Climate 2008Período: 2 a 4 de abril de 2008Local: Ubatuba, SPWebsite: http://www6.cptec.inpe.br/saemc/

IV Congresso Florestal Latino-americano• Período: 2 a 5 de abril de 2008Local: Cidade de Mérida, VenezuelaWebsite: http://www.confl at.org/index.php#aviso

Cerimônia Militar Comemorativa do Aniversário • de 120 anos da Criação da Repartição Central MeteorológicaData: 11 de abril de 2008Local: Niterói, RJInformações: http://www.mar.mil.br/dhn/chm/meteo/120anos/120anos.htm

I Simpósio sobre Mudanças Climáticas e • Desertifi cação no Semi-Árido BrasileiroPeríodo: 15 a 17 de abril de 2008Local: Petrolina, PEInformações: Francislene Angelotti (E-mail:[email protected])Fone: BR (87)3862-1711, ramal 262

Workshop Discute Criação de Rede de • Monitoramento de Eventos MeteorológicosData: 16 de abril de 2008Local: Curitiba, PRInformações: Auditório do Simepar Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná - UFPR, Jardim das Américas, Curitiba, PR

Lançamento Regional do Ano Internacional do • Planeta Terra para América Latina e CaribePeríodo: 23 de abril a 1º de maio de 2008Local: Brasília, DFWebsite: http://www.sbmet.org.br/eventos/Lancamento_Regional_Ano_Internacional_Planeta_Terra/image001.jpg

6º Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental• Período: 30 de abril a 3 de maio de 2008Local: Serra Negra, SPInformações: http://www.visbea.com.br/index.htm

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Boletim SBMET abril 2008

Secretaria da SBMET

E-mail Geral: [email protected] Administrativa: Dra. Marley C. L. Moscati Assistente de Secretária: Angela HaradaEmail: [email protected]: (0xx12) 3945-6653Fax: (0xx12) 3945-6666

Setor de Imprensa e Comunicação:

E-mail: [email protected]: Mariana Oliveira

Home-page:www.sbmet.org.br

Sobre Boletim da SBMET

Informações Gerais:[email protected]

Envio de artigos e matérias:Dra. Marley MoscatiE-mail: [email protected]: (+5512) 3945-6653Fax: (+5512) 3945-6666

Sobre Revista Brasileira de Meteorologia (RBMET)

InformaçõesGerais:E-mail: [email protected]

Envio de artigos e matérias:Dr. Manoel Gan – [email protected]: (+ 55 - 12) 3945-6650Fax: (+55 - 12) 3945-6666

ATENDIMENTO DA SBMET

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ANUNCIANTES

APOIO

www.hobeco.netE-mail: [email protected]

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

REDE ESTADUAL DE PREVISÃO CLIMÁTICA E HIDROMETEOROLÓGICA DO PARÁ − RPCH*

Everaldo B. de Souza1, Edson J.P. da Rocha1,2, José Raimundo A. de Sousa3, Paulo L. Guimarães4, Douglas B.S. Ferreira1, Marcio N.G. Lopes1,2, Daniel M. Santos1,2, Renato R. da Silva1,

José Ricardo S. de Souza1, Ronaldo S. Rodrigues1, Saulo P. de Carvalho1,3, Midori Makino1, Maria Aurora S. da Mota1, Galdino V. Mota1, Andressa G. Lima1, Jorge L.M. Lopes2, Pedro A.M. Rolim2,

Juliana P. Silva2, Rodrigo H.M. Braga2, Teresinha X. Bastos5, Andressa M. e Silva6

1UFPA – Universidade Federal do Pará, Faculdade de Meteorologia (FAMET) e Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA), Belém-PA

2SIPAM – Sistema de Proteção da Amazônia, CTO/Belém3INMET – Instituto Nacional de Meteorologia, 2º Distrito de Meteorologia

4SEMA – Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Diretoria de Recursos Hídricos5EMBRAPA Amazônia Oriental

6CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, Superintendência de BelémSite do projeto: www3.ufpa.br/rpch E-mail para contato: [email protected]

RESUMO

O Projeto Rede Estadual de Previsão Climática e Hidrometeorológica do Pará (RPCH) representou efetivamente um marco na meteorologia do Pará, pois o mesmo viabilizou a realização integrada de um trabalho interinstitucional entre as instituições de âmbito federal e estadual que desempenham atividades operacionais (INMET, SIPAM, SEMA e CPRM) e de pesquisa (UFPA e EMBRAPA), as quais antes trabalhavam individualmente e sem nenhuma articulação conjunta na área da meteorologia e climatologia. Neste trabalho apresentam-se alguns resultados, novo banco de dados, produtos, boletins e informações climatológicas inovadoras à região, que contribuem ao melhor entendimento científi co da climatologia dinâmica e variabilidade pluviométrica regional da Amazônia oriental, com ênfase ao Estado do Pará.Palavras-chave: Precipitação, Amazônia oriental, Variabilidade climática, RegCM3, Climatologia.

ABSTRACT

The Project entitled State Network on Climate and Hydrometeorology Prediction of Pará (RPCH) represented effectively a mark in Pará meteorology concerning the implementation of an integrated interinstitutional work between federal and state institutions with operational activities (INMET , SIPAM, SEMA and CPRM) and research (UFPA and EMBRAPA), which worked individually and without any articulation joint in meteorology and climatology. This paper presents some innovative results, new database, products, information and bulletins which contribute directly to the better scientifi c understanding on climate dynamics and regional precipitation variability of the eastern Amazon, with emphasis on Pará state.Key words: Precipitation, Eastern Amazon, Climate variability, RegCM3, Climatology.

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

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1. INTRODUÇÃO

A característica intrínseca do clima da Amazônia é a presença de um amplo espectro de variações no tempo e espaço da atividade convectiva tropical e da precipitação, as quais tornam-se as variáveis climáticas mais importantes da região. Cada vez mais na Amazônia atual, as diversas atividades econômicas (agricultura, agropecuária, recursos hídricos, geração de energia elétrica, indústria, planejamento urbano, ações governamentais, etc) são dependentes do comportamento e variabilidade do sistema climático, especialmente da distribuição regional da chuva. Ao longo dos séculos, eventos tais como secas ou estiagens prolongadas, enchentes devido vários dias chuvosos, precipitação rápida e intensa associada a tempo severo, entre outros fenômenos meteorológicos, ocasionam freqüentemente sérios impactos sócio-econômicos e ambientais. Portanto, estudos que visam o entendimento científi co das causas e conseqüências da variabilidade regional da precipitação na Amazônia são imprescindíveis para gerar informações e produtos climatológicos úteis ao benefício da sociedade e ao planejamento governamental. Nesse sentido, uma estratégia efi ciente é conduzir projetos de pesquisa com abordagens tanto de diagnósticos do clima regional via técnicas estatísticas de análises, como também de prognósticos e simulações via modelagem climática regional. Os modelos climáticos globais e regionais são reconhecidamente ferramentas chave, uma vez que os mesmos conseguem equacionar com boa aproximação o sistema climático e assim investigar vários detalhes dos mecanismos ou processos reguladores do clima e sua variabilidade espaço-temporal. Para a Amazônia, o uso da modelagem torna-se crucial, uma vez que a densidade da rede de observações é baixa em certas áreas de difícil acesso e logística muito cara.

O projeto, denominado de Rede Estadual de Previsão Climática e Hidrometeorológica do Pará (RPCH), fi nanciado pela FINEP/MCT, tem como objetivo a implementação e sistematização de uma

rede integrada de pesquisa e previsão climática no Estado do Pará. Esse Projeto focaliza a escala de tempo sazonal e intrasazonal, com vistas ao aprimoramento do conhecimento científi co sobre a climatologia dinâmica tropical e, conseqüentemente, tanto melhorar como aumentar a capacidade de desenvolvimento das previsões das condições do clima regional sobre a Amazônia oriental. As metas principais da RPCH consistem de estudos estatístico-observacionais do clima regional; desenvolvimento e aprimoramento da modelagem climática regional; análise e modelagem hidrometeorológica; implementação e consolidação das reuniões mensais de análise e previsão climática; e, estabelecimento de mecanismos de disseminação e aplicação da informação e previsão climática. O foco da RPCH é a Amazônia oriental com ênfase ao Estado do Pará. A RPCH apresentou inovações importantes no que concerne ao estreitamento das relações profi ssionais das várias instituições de âmbito federal e estadual que desempenham atividades operacionais (INMET, SIPAM, SEMA e CPRM) e de pesquisa (UFPA e EMBRAPA), as quais antes trabalhavam individualmente e sem nenhuma articulação integrada na área da meteorologia e climatologia. Portanto, a partir de janeiro de 2007, este projeto representou efetivamente um marco na meteorologia do Pará, pois o mesmo viabilizou a realização de um trabalho interinstitucional gerando boletins, produtos e informações climatológicas inovadoras à região. Neste trabalho apresentam-se alguns resultados que contribuem ao melhor entendimento científi co da climatologia dinâmica e variabilidade pluviométrica regional da Amazônia oriental.

2. NOVO BANCO DE DADOS DE PRECIPITAÇÃO

Uma vez que a RPCH congrega as instituições que gerenciam as diversas redes de estações pluviométricas do estado, primeiramente foi concebido um trabalho de integração da rede observacional. Este trabalho resultou no produto

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

denominado de precipitação RPCH que consiste num novo banco de dados integrados contendo o máximo possível de medições de precipitação registradas pelas estações meteorológicas espalhadas sobre a Amazônia oriental. Procedimentos de controle de qualidade foram aplicados para checar e verifi car a presença de dados errados ou faltantes, sendo que foram selecionadas apenas as estações contendo menos do que 5% de dados falhos. Essas eventuais falhas foram preenchidas por métodos de interpolação de dados das estações vizinhas. Ao fi nal foram selecionadas 150 estações pluviométricas com observações mensais ininterruptas entre 1970 e 2007, cujas localizações encontram-se na Figura 1. A fi m de obter um conjunto de dados de precipitação regional em pontos de grade no domínio da Amazônia oriental, foi empregada a interpolação espacial (utilizando o método do inverso das distâncias ao quadrado) dos dados de estações para uma grade regular com resolução de 0,27º x 0,27º de latitude e longitude.

Figura 1: Rede de estações pluviométricas usada para gerar a precipitação RPCH.

A precipitação RPCH foi comparada com outras bases de dados, a saber: o GPCP (ADLER et al., 2003), o CMAP (XIE e ARKIN, 1997, 1998) e o CPC-NCEP (SILVA et al., 2007) que possuem resoluções mais baixas. A Figura 2 mostra a média climatológica de 30 anos (1978-2007) para os períodos de verão (dezembro a fevereiro – DJF) e outono (março a maio – MAM), na qual se evidencia claramente que a precipitação RPCH consegue capturar vários aspectos regionais intrínsecos da distribuição pluviométrica regional. A ilha de Marajó, por exemplo, apresenta quatro novas classes de precipitação, enquanto que nas outras bases, são uma ou duas classes, no máximo. Durante o verão, nota-se o máximo pluviométrico entre 800 mm e 1000 mm no setor sul do Pará associado à ZCAS. Durante o outono, o máximo de chuva apresenta intensidade maior, entre 900 mm e 1300 mm, sobre o nordeste do Pará, Ilha de Marajó e centro-sul do Amapá, associado à ZCIT.

A metodologia dos percentis foi aplicada aos dados da precipitação RPCH com a fi nalidade de se estabelecer os aspectos climatológicos regionais e também investigar os padrões anômalos da variabilidade da chuva mensal e sazonal considerando as categorias acima/muito acima, normal, e abaixo/muito abaixo do normal. A Figura 3 mostra os mapas de precipitação climatológica obtidos pelo método dos percentis, somente para os meses de dezembro, março e junho, considerando que Q(p) são as ordens quantílicas para p=0,15; p=0,35; p=0,65; e p=0,85, conforme XAVIER et al. (2000). A grande vantagem deste método é permitir a representação objetiva da precipitação em termos quantitativos da sua categoria de ocorrência, a qual depende da localização geográfi ca, magnitude e mês de ocorrência.

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

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Figura 2: Precipitação climatológica (média 1979-2007) sazonal para DJF (painel superior) e MAM (painel inferior) referente à base de dados do CMAP, GPCP, CPC e RPCH. A escala de cores indica o volume pluviométrico em mm.

Figura 3: Distribuição espacial da precipitação RPCH obtida pelo método dos percentis considerando que Q(p) são as ordens quantílicas para p=0,15; p=0,35; p=0,65; e p=0,85. A escala de cores indica o volume pluviométrico em mm.

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

Com esse novo banco de dados de precipitação em domínio regional, foram re-investigadas as características pluviométricas regionais em resposta aos principais mecanismos climáticos de grande escala observados nos Oceanos Pacífi co e Atlântico. Essas análises consideram o sinal da chuva categorizada pelo método dos percentis nas escalas de variabilidade mensal, sazonal e interanual, as quais foram atualizadas até o ano de 2007, sendo que os resultados se encontram em fase de submissão de artigo em revista nacional.

3. MODELAGEM CLIMÁTICA REGIONAL

Utiliza-se a última versão do Regional Climate Model version 3 - RegCM3 (PAL et al., 2007) desenvolvido pelo International Centre for Theoretical Physics (ITCP). O RegCM3 é a terceira geração de um modelo climático regional originalmente desenvolvido no NCAR (GIORGI e BATES, 1989; DICKINSON et al., 1989) – o RegCM1, o qual foi sistematicamente aprimorado por GIORGI et al. (1993a, 1993b) – o RegCM2, e GIORGI e MEARNS (1999) – o RegCM2.5. Atualmente, o ITCP RegCM3 é um modelo de área limitada, em coordenada vertical sigma e grade horizontal de Arakawa-Lamb B, com as equações primitivas para fluido compressível e hidrostático. O RegCM3 usa o esquema de superfície Biosphere-Atmosphere Transfer Scheme (DICKINSON et al. 1993) para resolver, em cada ponto da grade, os processos de interação da superfície com a atmosfera, levando-se em consideração os processos de trocas turbulentas de momentum, energia e vapor de água. O transporte turbulento dessas quantidades dentro da camada limite da atmosfera é baseada no modelo de HOLTSLAG et al. (1990). Para a transferência radiativa utiliza-se o esquema do Community Climate Model 3 (KIEHL et al., 1996) que inclui os efeitos dos gases de efeito estufa, aerossóis atmosféricos e água de nuvem. Os esquemas de parametrização convectiva disponíveis são três: A parametrização Anthes-Kuo (ANTHES, 1977), a parametrização de Grell (GRELL, 1993) e MIT-Emanuel (EMANUEL, 1991; EMANUEL e ZIVKOVIC-ROTHMAN, 1999).

Além disso, dispõe-se também do SUB-grid EXplicit moisture scheme (SUBEX) (PAL et al., 2000) para representar a precipitação de grande escala resolvida pelo modelo. Nos estudos de modelagem climática, no âmbito da RPCH, considerou-se a dimensão da grade do RegCM3 confi gurada para a região da Amazônia oriental com 80 x 80 pontos em latitude x longitude (resolução horizontal de 30 km), centrado em 4°S/53°W com 18 níveis na vertical (sendo 7 níveis abaixo de 800 hPa) e usando projeção mercator normal. Foram realizadas simulações climatológicas usando diferentes parametrizações convectivas para o período de 1978 a 2007. As rodadas foram atualizadas (updated) a cada 6 horas com as condições iniciais e de contorno da reanálise NCEP/NCAR (KAYNAL et al., 1996) e usando os dados mensais observados de TSM de REYNOLDS et al. (2002). Análises de validação ou desempenho do RegCM3 são realizadas de forma qualitativa e quantitativa com referência a base de dados da RPCH, sendo que esses resultados encontram-se descritos em SOUZA et al. (2008).

4. ANÁLISE E MODELAGEM HIDROMETEOROLÓ-GICA

Nesta meta do Projeto, foram desenvolvidos modelos estatísticos baseados na relação empírica entre as forçantes de grande escala observadas nos Oceanos Pacífi co e Atlântico e a cota/vazão dos principais rios que compõem as bacias hidrográfi cas da Amazônia oriental: Rio Tapajós em Santarém, Rio Xingu em Altamira e Rio Tocantins em Marabá. Esses modelos usam o Método de Regressão Múltipla para previsão de níveis máximos de longo prazo, os quais encontram-se documentados em ROCHA et al. (2007). Como exemplo, mostra-se na Figura 4, a previsão (losangos azuis) feita em janeiro/2008 para a cota do Rio Tocantins em Marabá nos meses de fevereiro a maio de 2008. O modelo representou bem a cota observada (linhas com losangos verdes) principalmente nos meses de março e abril quando o nível fl uviométrico fi cou acima de 11 m, ultrapassando a cota de alerta estipulada pela Defesa Civil, situação crítica e com sérios problemas de enchentes naquela região.

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5. BOLETIM CLIMÁTICO ESTADUAL

Desde janeiro de 2007, a RPCH organiza a realização da reunião mensal de análise e previsão climática, quando se reúnem vários profi ssionais, estudantes e pesquisadores das instituições executoras e parceiras (UFPA, EMBRA-PA, SIPAM, SEMA, INMET, CPRM, DEFESA CIVIL) e outros órgãos de diferenciadas áreas, além da imprensa local. Nestas reuniões, apresentam-se os aspectos de análise e monitoramento dos dados ob-servados desde a grande esca-la (Oceanos Pacífi co e Atlânti-co), escala sinótica, intrasazo-nal e meso-escala, bem como os aspectos climatológicos e a previsão climática de consen-so para o Estado do Pará, para os próximos três meses. Os resultados da reunião são do-cumentados na forma de um boletim climático, o qual é di-vulgado amplamente no âmbi-to estadual. A Figura 5 ilustra o Boletim n° 16 com destaque para as análises da precipita-ção regional, valores mensais e anomalias categorizadas para o Estado do Pará, refe-rentes aos dados observados em março/2008, bem como a previsão climática sazonal para o trimestre maio, junho e julho/2008.

Figura 4: Previsão hidroclimática da cota do rio Tocantins em Marabá-PA para os meses de fevereiro a maio/2008. A linha verde com losangos verdes indicam a cota observada e os losangos azuis indicam a previsão realizada em janeiro/2008.

Figura 5: Trecho do Boletim Climático da RPCH.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A infra-estrutura computacional montada pelo projeto RPCH permitiu o desenvolvimento da modelagem regional, a qual era inviabilizada na UFPA pela falta de equipamentos adequados. As atividades da RPCH propiciaram signifi cativo avanço e melhoria das atividades acadêmicas aos estudantes de graduação e pós-graduação. O projeto encontra-se totalmente consolidado com resultados científi cos relevantes que contribuem diretamente ao pleno desenvolvimento regional do Estado do Pará.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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KIEHL, J.T., HACK, J.J., BONAN, G.B., et al. Description of the NCAR Community Climate

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8. AGRADECIMENTOS

À FINEP/MCT pelo fi nanciamento do projeto RPCH (convênio 3641/06). Ao CNPq pelas bolsas ATP e ITI, bolsa PIBIC e bolsa PQ – nível 2 (proc. 305390/2007-4). A FAPESPA pelas bolsas de mestrado. À equipe do ITCP, em particular a Dra. Rosmeri Rocha e Dr. Julio Pablo Fernandez pelo apoio no uso do RegCM3.

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PROGRESSOS NA DETECÇÃO E PREVISÃO DE EVENTOS METEOROLÓGICOS EXTREMOS NA AMAZÔNIA ORIENTAL

Renato Ramos da Silva1, Maria Aurora Mota1, Julia Clarinda Paiva Cohen1, Adilson Wagner Gandu2

1Faculdade de Meteorologia, Universidade Federal do ParáRua Augusto Correia, 1, Campus do Guamá, Belém-PA, CEP 66075-110

E-mail: [email protected] 2Departamento de Ciências Atmosféricas, Universidade de São Paulo (USP)/IAG

RESUMO

Importantes avanços têm sido obtidos recentemente no entendimento e previsão de eventos meteorológicos na região da Amazônia Oriental. Vários estudos têm sido executados através de análises meteorológicas de casos ocorridos no passado, e previsões numéricas tem sido obtidas através do uso do Modelo Regional BRAMS. Em suporte aos trabalhos de análise e modelagem, vários experimentos de campo foram executados recentemente. Neste trabalho, são relatados os recentes avanços obtidos na detecção e previsão dos eventos meteorológicos ocorridos nesta região e ainda sugerem-se os principais caminhos que devem ser seguidos com o objetivo de promover novos progressos nesta área.Palavras-chave: Amazônia Oriental, Previsão Numérica, BRAMS.

ABSTRACT

Important advances have been achieved recently on the understanding and forecasting of meteorological events at the Eastern Amazon region. Several studies have been performed through meteorological analysis from past events, and numerical predictions have been obtained using the BRAMS Regional Model. On support to the analysis and modeling, several fi eld campaigns were performed recently. In this article, are present the recent advances obtained on the detection and prediction of meteorological events occurred in this region and we further point out the major paths that should be taken to promote new progresses on the ongoing activities.Key words: Eastern Amazon, Numerical Prediction, BRAMS.

1. INTRODUÇÃO

A Amazônia Oriental é caracterizada por eventos meteorológicos de várias magnitudes. A sua localização tropical propicia altas taxas de absorção de energia da radiação solar e de altas concentrações de umidade provindas do Oceano Atlântico Tropical. Estes dois ingredientes (calor e umidade) são fundamentais na formação de fortes tempestades que causam rajadas de ventos, chuvas torrenciais e nuvens potencialmente eletrifi cadas.

Os fortes gradientes horizontais de temperatura

na interface entre o Oceano Atlântico e o continente causam circulações de brisa local que dão origem a profundas nuvens convectivas. A formação destas nuvens é altamente dependente da característica da superfície que são importantes na distribuição da ocorrência de precipitação. Por exemplo, enquanto cidades como Belém possui precipitação predominante no período da tarde e início da noite causada principalmente pela convecção, a cidade de Soure na Ilha de Marajó possui precipitação noturna causada pela confl uência dos ventos alísios

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com a brisa continental noturna (Kousky, 1980). A organização de aglomerados de nuvens profundas na região costeira dá origem a linhas de instabilidade que podem atingir dimensão espacial da ordem de mais de 1000 km de extensão e podem se propagar por toda a Bacia Amazônica (Cohen et al., 1995). No continente, a Amazônia caracteriza-se pela presença da fl oresta tropical e de alta densidade de rios. Grande parte de suas cidades desenvolveram-se próximo às margens destes rios, principalmente devido às facilidades do transporte fl uvial. Com o aumento populacional e urbanização muitas cidades tornaram-se mais suscetíveis á inundações. Chuvas torrenciais causam sérios dados à população destas cidades, pois podem causar danos materiais e também vítimas fatais.

O entendimento, monitoramento, e previsão de eventos meteorológicos extremos na Amazônia são de grande importância. O desenvolvimento recente de projetos de re-análise de campos meteorológicos tem propiciado inúmeras oportunidades de revisão de casos extremos pretéritos. Por outro lado, o desenvolvimento de computadores mais potentes e aprimoramento das técnicas numéricas de representação da dinâmica dos processos convectivos têm propiciado progressos tanto na simulação quando na previsão numérica destes eventos.

No presente trabalho são apresentados os recentes progressos obtidos pela Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) no estudo de eventos meteorológicos extremos ocorridos na Amazônia Oriental e o novo sistema de previsão numérica de tempo desenvolvido especialmente para prever tais eventos.

2. DETECÇÃO DE EVENTOS METEOROLÓGICOS EXTREMOS

A variabilidade da precipitação em uma cidade afeta a população, pois pode provocar sérios prejuízos. Grande quantidade de precipitação pode afetar vários setores, como a economia, a saúde, transportes, energia, etc. Portanto, pesquisar a variabilidade da ocorrência de tais fenômenos, como eles se desenvolvem e quais as regiões são mais afetadas, é importante para ajudar a sociedade de uma maneira geral. Considerando essa necessidade é que a Faculdade de Meteorologia está desenvolvendo pesquisa sobre eventos extremos que

ocorrem em Belém. O objetivo principal é analisar a variabilidade da precipitação na cidade de Belém e região metropolitana. Assim, em primeira instância a pesquisa tem como primeiro impacto a melhoria das ações da Defesa Civil junto à população mais atingida por fortes chuvas, além fornecer subsídios para planejamento e gerenciamento das atividades produtivas na região metropolitana.

2.1. Investigação Histórica de Eventos em Belém-PA

O levantamento histórico sobre eventos extremos que foram notícias é feito nos jornais locais dos últimos 30 anos, por alunos da Faculdade de Meteorologia. Esses jornais estão disponíveis, em microfi lme, no Arquivo Público da Biblioteca Arthur Vianna, em Belém. As notícias investigadas devem tratar de casos de eventos meteorológicos extremos, que mais causaram prejuízos e/ou transtornos à população e, portanto viraram notícias dos jornais, como interrupções no fornecimento de energia elétrica, alagamentos das vias públicas e casas, congestionamento do tráfego na cidade, queda das mangueiras centenárias, entre outros. Também está sendo feita consulta junto a Defesa Civil do Estado sobre pedidos de ajuda da população para caso de alagamento e destelhamento de casas, pessoas desabrigadas e mortes ocorridas devido aos eventos extremos.

2.2. Análise Termodinâmica de Eventos Signifi cativos

A idéia básica da análise termodinâmica é fazer uma avaliação sistemática da importância relativa das condições termodinâmicas do meio ambiente e o evento extremo de precipitação ocorrido em Belém durante o período estudado, a fi m de estabelecer um grau quantitativo de independência entre os parâmetros termodinâmicos e a convecção. Uma possível correspondência entre os eventos extremos de precipitação e a estrutura termodinâmica local observada é verifi cada. Ou seja, se os efeitos termodinâmicos locais associados com aquecimento da superfície, os quais permitem formação de células convectivas, são sufi cientes para a ocorrência do evento extremos, ou se fatores dinâmicos também contribuíram com a ocorrência da precipitação elevada.

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Esses dados são tratados e analisados quanto à sua consistência, e posteriormente são calculados os parâmetros termodinâmicos como: temperatura potencial (θ), temperatura potencial equivalente (θe) e temperatura potencial equivalente saturada (θes), utilizando as informações de pressão, temperatura e umidade, obtidas das radiossondagens disponíveis. As equações são as propostas por Betts (1974a) e posteriormente modifi cadas por Bolton (1980). Após esses cálculos as sondagens são classifi cadas utilizando os critérios propostos por Betts (1974b).

A Energia Potencial Disponível para Convecção (CAPE) é um parâmetro que pode ser usado para verifi car as condições de instabilidade da atmosfera ou o critério de equilíbrio da convecção. O cálculo desse parâmetro é feito através da diferença entre a temperatura potencial equivalente à superfície (θe) e o perfi l vertical da temperatura potencial equivalente saturada (θes). Caso a diferença seja positiva se considera que este valor é proporcional a CAPE, se for negativo será a Energia de Inibição da Convecção (CINE). A CINE pode representar uma barreira signifi cante para liberação da convecção da instabilidade condicional nos trópicos (Willians e Rennó, 1992). São calculados também os índices de instabilidades como Índice de Showalter (Is), K e Total Totals (TT), para verifi car se estes índices estão adequados para previsão de eventos extremos na Amazônia Oriental.

Além de dados meteorológicos obtidos para a cidade de Belém-PA, vários experimentos de campo foram executados nos últimos anos com objetivo de obter dados para investigar os processos termodinâmicos associados aos sistemas meteorológicos das regiões costeiras e continentais do leste da Amazônia. Entre estes destacamos os Experimentos DESMATA-LBA (Impacto do Desmatamento Junto ao Litoral Atlântico da Amazônia) e PECHULA (Período Chuvoso no Leste da Amazônia), realizados durante o período entre 8 a 22 de abril de 2002; o Experimento Circulação de Mesoescala no Leste da Amazônia (CiMeLA-LBA), realizado no período entre 27 de outubro a 15 de novembro de 2003; e o Experimento Caxiuanã Observações na Biosfera Rio e Atmosfera do Pará (COBRA-PARÁ), realizado no período entre 30 de outubro e 15 de novembro de 2006.

3. PROGRESSOS NA PREVISÃO DE EVENTOS METEOROLÓGICOS

Com objetivo de prever as condições meteorológicas para a região leste da Amazônia um modelo de previsão numérica de tempo foi implementado nos computadores da Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal do Pará para produzir previsões diárias.

3.1. O Modelo de Previsão Numérica de Tempo

O modelo adotado para as previsões foi o BRAMS (Brazilian Regional Atmospheric Modeling System), descrito por Cotton et al. (2004). Este modelo tem sido amplamente usado tanto em previsão numérica de tempo para várias regiões do Brasil (Ramos da Silva et al., 1996), quanto em estudos dos sistemas meteorológicos da Amazônia (Ramos da Silva et al., 2008; Gandu et al., 2004; Silva Dias et al., 2002 a). O modelo resolve as equações da dinâmica da convecção e possui uma série de sub-modelos que representam processos como a interação solo-vegetação-atmosfera, troca de fl uxos turbulentos, transferências radiativas, e micro-fi sica de nuvens, entre outros. Vários parâmetros usados no modelo, como características relacionadas ao solo e vegetação, foram ajustados baseados em dados coletados durante os recentes experimentos de campo como o ABRACOS (Gash e Nobre, 1991) e LBA (Silva Dias et al., 2002 b). Estes ajustes foram feitos para avaliar o modelo tanto na representação explícita de nuvens convectivas (Ramos da Silva e Avissar, 2006), como na representação do clima regional (Gandu et al., 2004).

Com objetivo de prever as condições meteorológicas para a região leste da Amazônia, o modelo foi confi gurado com um sistema de aninhamento de grades para permitir a interação entre várias escalas que afetam a formação de nuvens e tempestades. Atualmente o modelo possui quatro grades aninhadas cujas células possuem espaçamento horizontal de 81, 27, 9, e 3 km, respectivamente. A grade de maior domínio cobre uma área grande o sufi ciente para capturar as condições meteorológicas de larga escala, e a grade de maior resolução possui domínio centrado na região onde está situada a cidade de Belém-PA (Figura 1). Na vertical o modelo possui

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35 camadas atmosféricas e nove camadas de solo. O modelo é inicializado diariamente com as análises do modelo global do CPTEC-INPE e as previsões meteorológicas deste modelo são usadas como condição de fronteira lateral a cada seis horas durante a integração numérica que dura 48 horas. A Figura 1 apresenta o domínio das grades usado na previsão e um exemplo de campo inicial de vento próximo da superfície obtido do modelo global do CPTEC. Além das condições meteorológicas o modelo assimila dados iniciais de umidade do solo, e os campos de temperatura da superfície do mar (TSM) média semanal.

Figura 1: Domínio e topografi a (m) das grades usadas pelo Modelo BRAMS na previsão numérica. Os vetores representam a condição inicial dos ventos próximo da superfície obtidas do Modelo Global do CPTEC para o dia 15 de maio de 2008 (1200 UTC).

3.2. Previsão Numérica

A Figura 2 apresenta um exemplo de previsão numérica para a taxa de precipitação e ventos próximos da superfície, obtidas com o Modelo BRAMS para a região costeira para as grades três (Figura 2 a), e quatro (Figura 2 b). Estas previsões referem-se às 2300 UTC (20 horas local) do dia 13 de maio de 2008. A terceira grade é usada para avaliar a previsão meteorológica para a região costeira dos estados do Amapá, Pará e parte do Maranhão. A quarta grade que possui espaçamento horizontal de 3 km permite detalhada previsão para a região costeira próximo

da Ilha do Marajó incluindo a cidade de Belém-PA. As previsões mostram a formação de sistemas convectivos de mesoescala com fortes interações com os ventos de superfície.

Figura 2: Previsão da taxa de precipitação horária (mm h-1) e ventos à superfície (m s-1) obtidas com o Modelo BRAMS para o dia 13 de maio de 2008 às 20 horas local, para: a) grade 3, b) grade 4.

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A Figura 3 apresenta um exemplo de perfi l atmosférico previsto pelo Modelo BRAMS para o dia 13 de maio (0000 UTC), comparado com a sondagem obtida na estação de Belém-PA. Os resultados mostram que quando o modelo foi inicializado às 1200 UTC do dia anterior, ocorreu uma previsão de temperaturas mais frias do que as observadas nos níveis próximos da superfície. A fi gura mostra também que os ventos previstos foram erroneamente de nordeste e muito mais fortes do que aqueles obtidos pelas observações. Por outro lado, quando o modelo é inicializado com 30 horas de antecedência, ocorre uma grande melhora nos perfi s atmosféricos

previstos. Estes resultados sugerem que o modelo está se ajustando no primeiro dia de integração numérica e as previsões são muito melhores para o segundo dia. Estes ajustes e melhoria para o segundo dia provém do efeito da superfície que funciona como uma condição de fronteira e induz à formação dos sistemas circulatórios costeiros como as brisas de mar e continental que não são representados por modelos globais. Estes resultados revelam a grande importância dos ajustes feitos no modelo ao longo do tempo através dos parâmetros de vegetação obtidos durante os experimentos de campo, e da importância da melhoria da resolução espacial da grade.

Figura 3: Perfi s verticais previstos pelo Modelo BRAMS para o dia 13 de maio (0000 UTC) comparados com sondagem obtida na estação de Belém-PA, para temperatura (0C), umidade relativa (%), direção (graus) e velocidade do vento (m s-1).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS FUTURAS

da condição inicial do modelo. Atualmente as previsões do modelo são disponibilizadas no portal do Laboratório de Modelagem da Amazônia (LAMAZ) da UFPA (http://www.mileniolba.ufpa.br/previsaodetempo), e tornaram-se também parte integrante do processo de intercomparação de modelos de previsão de tempo coordenado pelo Laboratório MASTER do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (http://www.master.iag.usp). Além disso, avaliações sobre as parametrizações utilizadas no modelo também

A implementação do Modelo BRAMS para a previsão numérica de tempo tem propiciado muitos avanços tanto na detecção de eventos extremos como no melhor entendimento dos processos físicos que atuam na formação destes eventos meteorológicos. O erro obtido nas previsões para as primeiras 24 horas de integração sugerem que as condições iniciais do modelo precisam ser melhoradas. Estas melhorias devem ser alcançadas através de uma melhor rede de coleta de dados meteorológicos, e assimilação de dados de radar e satélite nos campos meteorológicos

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estão sendo executadas, para verifi car se os esquemas de parametrização de nuvens cumulus representam bem a precipitação observada na Amazônia Oriental.

Os avanços obtidos no entendimento e previsão dos processos meteorológicos da região leste da Amazônia propiciaram também oportunidades para a formação de novos pesquisadores da região. Este progresso culminou com a inauguração do Programa de Pós-graduação através do Curso de Mestrado em Ciências Ambientais, que teve início no ano de 2005. Este Programa tem formado anualmente vários jovens pesquisadores com fortes fundamentos interdisciplinares, que incluem a interação da meteorologia com outras áreas que envolvem os vários aspectos das ciências ambientais da Amazônia.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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6. AGRADECIMENTOS

O desenvolvimento deste trabalho teve o suporte dos Projetos Piatam-Mar (Potenciais Impactos Ambientais no Transporte de Petróleo e Derivados na Zona Costeira Amazônica); FINEP-REMAM (Rede de Monitoramento e Pesquisa de Fenômenos Meteorológicos Extremos na Amazônia, e Milenio LBA2 (Integração de abordagens do ambiente, uso da terra e dinâmica social na Amazônia: relações homem-ambiente e o desafi o da sustentabilidade). O Dr. Adilson W. Gandu agradece ao CNPq (Proc. 304648/2005-1) e o Dr. Renato R. da Silva, ao CNPq (Proc. 552622/2006-0).

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REDE AMAPAENSE DE METEOROLOGIA E RECURSOS HÍDRICOS (REMETAP) E A CONSOLIDAÇÃO DO

NÚCLEO DE HIDROMETEOROLOGIA E ENERGIAS RENOVÁVEIS (NHMET/IEPA)

Alan Cavalcanti da CunhaInstituto de Pesquisas Científi cas e Tecnológicas do Estado do Amapá - IEPA

Núcleo de Hidrometeorologia e Energia Renováveis – NHMETAv. Feliciano Coelho, 000 – Trem – Macapá, AP, 66040-170

E-mail: [email protected]

RESUMO

O Projeto REMETAP foi instituído no Estado do Amapá a partir da sua aprovação no Edital 13/2006 da FINEP, e inicializado efetivamente a partir de março de 2007. A Rede tem cumprido com o seu papel de promotora, articuladora e integradora de atividades de pesquisa e operação aplicados no setor da Meteorologia, unindo os principais Centros nacionais e contribuindo com o aumento da participação dos Estados na geração de conhecimento local aplicado às áreas afi ns no curto, médio e longo prazos. O objetivo principal da REMETAP tem sido a busca de uma melhor integração e articulação com os atores e instituições locais, regionais e com o restante do país. Esse trabalho apresenta uma descrição de algumas ações prioritárias realizadas durante o primeiro ano de sua implantação e funcionamento, de 2003 até 2008. Como conclusão fi cou evidenciado que a REMETAP tem sido a principal promotora do desenvolvimento da área da meteorologia no Estado do Amapá. Tais refl exos são notáveis pela qualidade e quantidade de atendimentos das demandas sociais por produtos e serviços da área, com destaque à formação acadêmica em nível de mestrado e doutorado. Observou-se que a REMETAP praticamente foi um divisor de águas da evolução do setor de meteorologia e recursos hídricos do NHMET/IEPA nos últimos dois anos. Tal contribuição demonstra claramente que investir no Núcleo Estadual é fundamental para a geração de informações e no desenvolvimento local.Palavras-chave: Rede estadual, núcleo, Meteorologia, recursos hídricos, Amapá.

ABSTRACT

The Project REMETAP was established in the State of Amapa from its approval in the announcement of 13/2006 FINEP, and effectively booted from March 2007. The Network has met with its role of facilitator, articulating and integrating the activities and search operation applied in the sector of Meteorology, uniting the main national Centers and contributing to the increased participation of States in the generation of local knowledge applied to related areas in short, medium and long term. The main objective of REMETAP has been to improve the integration and coordination with the actors and local, regional and national institutions and the rest of the country. This paper shows a description of some priority actions during the fi rst year of their deployment and operation from 2003 until 2008. In conclusion it was evident that the REMETAP has been the main promoter of development in the area of Meteorology in the state of Amapa. These refl ections are remarkable for the quality and quantity of care of social demands for products and services in the area, with emphasis on academic-level master’s and doctorate. It was observed that virtually REMETAP was a landmark of the development of the sector of meteorology and water resources of NHMET/IEPA in the last two years. This contribution clearly demonstrates that investing in Center State of meteorology and water resource is crucial for the generation of information and local development.Key words: State Center, Meteorology, water resources, Amapá.

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1. INTRODUÇÃO

É inestimável a importância e a atuação dos Núcleos Estaduais de Meteorologia e Recursos Hídricos na Região Amazônica. Ao mesmo passo, tem havido uma sensível integração, articulação e desenvolvimento da organização dos núcleos nos últimos anos. Esses fatores têm se intensifi cado ainda mais com o apoio de recursos fi nanceiros, especialmente aqueles concernentes aos Editais Públicos da FINEP e CNPq. O Estado do Amapá foi um desses benefi ciados.

De acordo com Nobre (2005) e Cunha (2005, 2008), na década de oitenta, havia muitas limitações ao deenvolvimento dos Núcleos Estaduais. Essa limitação induziu o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) a elaborar um Programa, em nível nacional, que descentralizasse as atividades de monitoramento, previsão e estudos do tempo, clima e recursos hídricos. Tal papel seria designado aos Estados da Federação, com ganhos signifi cativos na regionalização de produtos e serviços do setor, além de contribuir de forma mais efetiva para os Centros nacionais de previsão, como é o caso do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) e o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Posteriormente esse Programa seria implementado em nível nacional, em parceria com os Estados da Federação, e receberia o nome de Programa de Monitoramento de Tempo, Clima e Recursos Hídricos (PMTCRH).

A essência do PMTCRH, que preconizava a criação de Centros Estaduais de Meteorologia e Recursos Hídricos (CEMRH), hoje também denominados de Núcleos Estaduais, foi motivado pela experiência exitosa de parcerias entre o INPE e Centros Estaduais de outras regiões do país. No referido período o modelo de Centros Estaduais deveria contar com equipamentos e recursos humanos com titulação de mestre em meteorologia, recursos hídricos e informática em cada estado contemplado. Mas o programa, na prática, não ocorreu de forma homogênea e simultânea em todas as regiões do Brasil. Houve uma defasagem enorme, principalmente dos Estados periféricos da Amazônia, como é o caso do Amapá. A razão principal era que o Programa exigia

a efetivação de convênios e nem todos os estados respondiam de forma efetiva a esta exigência, por diversos motivos. Outra razão era porque havia estados que nem sequer tinham profi ssionais com a titulação e o perfi l exigido para implantar/operar um Núcleo ou Centro Estadual.

A parceria do PMTCRH com os estados disponibilizou uma série de benefícios, como equipamentos de computação e coleta de dados, bolsas do CNPq para a fi xação de recursos humanos nas áreas de concentração do Programa (Meteorologia, Recursos Hídricos e Informática), além de cursos de treinamentos específi cos nas áreas fi m. O objetivo era atender às necessidades de aperfeiçoamento e atualização.

A contrapartida dos Estados consistia em prover a infra-estrutura física, a contratação de mestres, doutores e profi ssionais inicialmente remunerados por intermédio de bolsas do CNPq, além de aporte de recursos fi nanceiros necessários à criação e funcionamento dos Centros de Meteorologia e Recursos Hídricos (CEMRHs), os quais foram implementados nas estruturas das Secretarias de Estado de Ciência e Tecnologia, Recursos Hídricos ou Agricultura de cada Estado (Nobre, 2005).

De acordo com Nobre (2005), Coordenador do PMTCRH à época, o sucesso do Programa nos estados foi variado, pois as realidades encontradas entre os Núcleos, em parte devido aos refl exos das disparidades econômicas e sociais prevalentes no Brasil, eram diversas. Além disso, em parte, devido ao desencontro de ações que levaram ao sucateamento de equipamentos e desmantelamento parcial de equipes desses Centros, especialmente pela incapacidade de fi xar competência técnica nos Núcleos.

Algumas razões foram apontadas como causadoras destes problemas. Inadequação dos sistemas de telecomunicações disponível à época, ausência de uma política agressiva de investimento em recursos humanos em vários Estados, etc. Até a data de 2005 no PMTCRH havia vinte e um estados conveniados, mais o Distrito Federal, incluindo-se o Estado do

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Amapá. Até então, o Amapá não fora atendido por nenhum dos benefícios acima descritos. Tal fato só ocorreu a partir do fi nal de 2005, com a chegada de três computadores, duas PCDs Agrometeorológicas e alguns cursos de capacitação em centros como CPTEC/INPE.

Em face deste contexto podemos imaginar quão signifi caiva foi o processo de implantação do Núcleo de Hidrometeorologia e Energias Renováveis do Estado do Amapá (NHMET/IEPA), com a aprovação do Projeto REMETAP/FINEP no Edital 13/2006, especialmente elaborado pelo MCT para a modernização e descentralização dos Centros Estaduais de Meteorologia e Recursos Hídricos. No contexto histórico daquela época a situação do NHMET passou de precária para a de um Centro emergente. Tal salto foi formidável, pois, promoveu uma marcante presença deste setor em praticamente todas as áreas da sociedade civil do Estado do Amapá. A REMETAP foi quem praticamente consolidou o NHMET/IEPA como um importante Centro de pesquisa e operação.

Para descrever os passos históricos dessa evolução, são descritos, a seguir, os principais momentos do NHMET/IEPA e o papel da REMETAP em sua consolidação, como novo núcleo de pesquisa do Amapá.

2. MATERIAIS E MÉTODOS: DESCRIÇÃO DAS PRINCIPAIS ETAPAS DE EVOLUÇÃO DO NHMET/IEPA

A metodologia apresentada se resumiu na descrição das etapas históricas mais importantes da evolução do NHMET/IEPA, desde 2003 até a atualidade. O período de estudo foi dividido em três fases principais, segundo Cunha (2008), consideradas para esta exposição, identifi cando alguns detalhes considerados expressivos à evolução do NHMET/IEPA, como indicado abaixo:

Período Iniciali) – implantação básica: 2003-2005. As principais etapas eram concernentes à criação de uma coordenação local do PMTCRH. Participação de recursos humanos em cursos de capacitação em instalação de

Plataformas de Coleta de Dados (PCDs). Duas PCDs Agrometeorológicas foram instaladas no Amapá em novembro de 2005. A primeira foi instalada em Macapá (no 14º BIS - Batalhão de Infantaria e Selva) e a segunda no Distrito de Pacuí (Escola Agrícola do Pacuí), distante cerca de 90 km de Macapá. Foram feitos os primeiros contatos e ações com o MCT e o CPTEC/INPE.Período de Consolidaçãoii) – Publicação do Primeiro Boletim de Previsão de Tempo por um Núcleo Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos da Amazônia. Etapa de Desenvolvimento. Até esse período não havia recursos específi cos para a Meteorologia.Período Atualiii) – Modernização da Rede Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos – REMETAP e REMAM (Editais 13 e 14/2006 da Finep/CNPq). Etapa de modernização: aprovação de projetos a partir de Editais Nacionais (Edital FINEP 13, 14 e Energias Renováveis /2006 – AERBOM/FINEP).

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A implantação da REMETAP infl uenciou dramaticamente a evolução e desenvolvimento do NHMET/IEPA, pois pode ser considerada como estratégica para o aprimoramento das redes de monitoramento de clima, tempo, recursos hídricos e condições do mar, os quais apresentam refl exos em todo o sistema brasileiro. Sua principal vantagem é que o Núcleo está focado em problemas e temas regionais e voltado aos interesses de usuários locais.

Numa breve análise, observando as informações históricas mostrada pela Tabela 1, foram registrados alguns dos refl exos positivos que a REMETAP proporcionou ao NHMET/IEPA.

Um aspecto importante é que a REMETAP tem incrementado o nível qualitativo e quantitativo das suas informações geradas pelo NHMET/IEPA, além de fazer parte de diversas redes de meteorologia e recursos hídricos. Um exemplo é a participação direta com REMAM (coordenada pelo SIPAM-AM), na qual a REMETAP está inserida juntamente com a RPCH

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do Pará. Desta forma, as redes estaduais mantêm um vínculo local, sem perder a visão regional e ou nacional do setor, com o fortalecimento institucional para ambos os lados.

Em conseqüência, as informações geradas pelas redes locais e regionais apresentaram, nos últimos anos, um salto imenso de conteúdo e qualidade científi co-tecnológico, com forte impacto em nas áreas de pesquisa científi ca básica e aplicada, bem como na operação de previsão (Cunha, 2008). Assim, torna-se aparente a importância do Estado como articulador e mantenedor do diálogo e cooperação entre outras instituições do país, apresentando um papel preponderante na busca da otimização das operações de coleta de dados, processamento e divulgação de informações. Por estas razões, é importante que a estratégia de formação das redes de pesquisa e operação na Amazônia devem se consolidar rapidamente, caso as condições favoráveis

de estímulo técnico, científi co e econômico se mantiverem por um período prolongado, de tal forma que os Núcleos possam se consolidar e tornarem-se sustentáveis fi nanceiramente. Neste aspecto, as principais etapas de evolução do NHMET/IEPA podem ser esquematicamente mostradas na Tabela 1, cuja ênfase se dá na fase atual, quando a REMETAP passa a se instituir. Na primeira coluna da Tabela 1 são especifi cadas as principais etapas da evolução do NHMET/IEPA. Na segunda coluna, são descritas as principais características institucionais à época de sua implantação ou evolução. Na terceira coluna são descritos os principais serviços e produtos gerados e o papel da REMETAP e outros projetos de importância. Na quarta coluna são indicados os principais impactos no âmbito científi co, tecnológico, social e econômico. É possível observar pela análise da Tabela 1 uma notável evolução do Núcleo do Estado do Amapá, tal como indicado pelos principais impactos científi cos e tecnológicos gerados em função de seu desenvolvimento como um todo.

Tabela 1: Principais etapas de evolução do NHMET/IEPA.

EtapaCaracterísticas Institucionais

Principais Serviços e Produtos

Impactos Científi cos, Tecnológicos e Sócio-econômicos no Estado do Amapá

Período Inicial (2003-2004)

Criação da Coordenação Local, indicada pelo MCT (PMTCRH e SETEC-AP), cujo responsável seria um Pesquisador Efetivo do IEPA. Sua função seria planejar, executar e implementar localmente o Centro ou o Núcleo Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos (CETEA). A coordenação local estava vinculada ao Centro de Pesquisas Aquáticas (CPAQ). Não havia pesquisadores além do coordenador.

Geração de um Dossiê Técnico, versão 26, jan, 91 p, 2004/2005. Relatório Técnico sobre a Implantação do Centro Tecnológico de Hidrometeorologia do Estado do Amapá CTHEA/CPAQ/ IEPA.

Publicações esparsas.

Preocupação com a situação das Plataforma Automáticas de Coleta de Dados (PCDs) no Estado do Amapá.

Participação do coordenador em reuniões de nível nacional:

São Paulo (CPTEC/INPE) e Brasília (MCT).

Primeiros contatos com coordenadores de centros de outros

Estados do Brasil.

Início da difusão e socialização de informações sobre a

importância dos Núcleos Estaduais para os usuários locais.

Visitas de campo às estações meteorológicas. Primeiras

manutenções de PCDs com participação de técnicos locais.

Início do entendimento local sobre informações

meteorológicas, funcionamento e importância das PCDs para

geração e difusão de dados e informações locais.

Submissão de pequenos projetos a Editais da SETEC-AP/

PIBIC. Foram admitidos 2 bolsistas graduandos (geografi a e

matemática) para atuarem nas áreas de climatologia básica e

recursos hídricos (hidrodinâmica).

Novos projetos de pesquisa começaram a inserir as variáveis

meteorológicas como essenciais nos estudos de exploração e

uso de recursos naturais no Estado (Um exemplo é o ZEE).

(continua)

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Período de Consolidação (2005-2006)

Implantação informal do LABHIDRO (Laboratório de Hidrometeorologia), ainda vinculado ao CPAQ/IEPA.

Contratação, por meio de cargo técnico, do primeiro mestre meteorologista do NHMET/IEPA, cuja prioridade era a operação de previsão em todo o Estado do Amapá.

Disponibilização dos primeiros boletins, produtos e serviços na página do IEPA: www.iepa.ap.gov.br/meteoro-logia.

Apoio à gestão do Estado na área de pesquisa e ensino em geral, (educação, infra-estrutura, agricultura, pecuária, saneamento, navegação, energia, turismo, etc).

Inserção temática da meteorologia e recursos hídricos em praticamente todos os estudos e pesquisas realizadas no Estado.

Em 04 de maio de 2006 ocorreu a primeira previsão do tempo realizada no Estado do Amapá – com o Modelo Eta (Regional 15km x 15km).

Início da “Fixação” de Pesquisadores em nível de graduação, especialização, mestrado e doutorado (Bolsas DTI, DCR do CNPq).

Emissões semanais dos Boletins de Previsão de Tempo. Estas

têm ocorrido em duas etapas: terças-feiras, com previsão até

sexta e sextas-feiras, com previsões até as segundas-feiras,

fechando o ciclo semanal.

Melhoria da operação informática. Em dezembro de 2005

houve a admissão de um bolsista na área em nível de

graduação /especialista (DTI – MCT/CNPq).

Implantação da sub-área Energias Renováveis. No início de

2006 houve a admissão de mais dois novos bolsistas em nível

de graduação: bolsas para matemática e física SETEC/CNPq

(Áreas de Meteorologia e Recursos Hídricos e Energias

Renováveis – fotovoltaicas e hidrocinética).

Novos Doutores. No início de 2006 houve a admissão de dois

novos bolsistas: bolsas DCR/CNPq (Áreas de Meteorologia e

Energias Renováveis).

Participação de doutores nos cursos de mestrado/doutorado

em Biodiversidade Tropical (PPGBio – UNIFAP / IEPA /

EMBRAPA-AP e IC) e Direito Ambiental e Políticas

Públicas (PPGDAPP – UNIFAP, UFAC e IEPA), em que

alguns projetos de dissertação / doutorado estão vinculados

total ou parcialmente com as principais temáticas do

LABHIDRO, com fortes impactos na aprovação de projetos

de pesquisa nas áreas de meteorologia, recursos hídricos e

energias renováveis, no ano seguinte.

Início de uma série de publicações tecno-científi cas em

eventos de nível local, regional, nacional e internacional

(CBMET, ECOLAB, ENCIT, etc).

Impacto no treinamento, capacitação e auxílio à formação de

diversos alunos de graduação em diversas áreas existentes no

Estado: matemática, física, biologia, sociologia, geografi a,

informática, direito, etc.

(continuação)

(continua)

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Período Atual Modernização (2007 - atual)

Implantação Ofi cial do NHMET/IEPA a partir da LEI 1975 de 02 de Janeiro de 2008 (DOE, 2008).

A LEI 1975 de 2008 (DOE) fecha defi nitivamente o ciclo de implantação do NHMET/IEPA. O LABHIDRO evolui da condição de Laboratório para Núcleo (Centro de Pesquisa) e consolida a Meteorologia e Energias Renováveis como as mais novas áreas de pesquisa do IEPA.

Reconhecimento governamental dos serviços e produtos científi cos e tecnológicos do NHMET prestados à sociedade.

Demandas por serviços e produtos pelo Governo do Estado, que considera o Núcleo como imprescindível ao desenvolvimento sócio-econômico, ambiental e científi co (DOE, 2008).

Implantação do Projeto Nacional “Pilotinho”, em que o MCT e a UFRJ apóiam os Estados na implantação do Modelo WRF (Weather Research and Forecasting) para previsão de tempo on line para até sete dias – em fase de teste regional.

Início da Implantação do Modelo Regional BRAMS para estudos científi cos do clima e impactos das mudanças globais sobre o Estado do Amapá.

Início dos estudos sobre a climatologia urbana. Aprovação de Projeto em Edital CNPq Universal, categoria C, com o tema Clima Urbano – Ilhas de Calor (coordenação da UFPA e Co-execução IEPA e outras instituições da Amazônia).

Hidrologia Rural. Aprovação de Projeto P&D em Edital MME / Eletronorte- UnB/IEPA. Sistema de Geração de Energia Hidrocinética aplicadas à comunidades rurais remotas. (Início previsto para março de 2008).

Aprovação de Projeto REMETAP da FINEP, Edital 13 (Centros Estaduais – Projeto Remetap, coordenado pelo NHMET/IEPA). A REMETAP tem sido o principal projeto da área em execução no Estado, o qual apóia a elaboração de serviços e produtos meteorológicos, bem como a geração de dados e informações estratégicas da área.

Aprovação de Projeto FINEP, Edital 14 (Centros Regionais Amazônia – Projeto Remam, coordenado pelo SIPAM-AM e NHMET/IEPA como co-executor). Integração com a REMETAP.

Aprovação de Projeto FINEP, Edital Energias Renováveis – Inovação (Projeto Aerbom) coordenado pelo NHMET/IEPA).Integração com a REMETAP (aquisição de uma PCD para monitorar vento – energia eólica).

Previsões do Tempo Semanais, com expansão de dados observados e inserção dos níveis de marés, modelagem de bacias hidrográfi cas e modelagem hidrológica.

Início das Reuniões Climáticas Trimestrais (Agosto de 2007). Figuras (1 e 2).

Início das Reuniões Climáticas Mensais (Novembro de 2007).Atualmente o REMETAP/NHMET-IEPA está na X edição da Reunião Climática do Estado do Amapá.

Atualmente o NHMET/IEPA, por intermédio de duas disciplinas dos cursos de mestrado PPGBio (modelagem de sistemas ecológicos) e PPGDAPP (desenvolvimento sustentável), está orientando seis alunos de mestrado/doutorado, cinco bolsistas em nível DTI, além de cinco alunos de graduação nas áreas de climatologia e cenários ambientais e riscos de eventos extremos, hidrometeorologia superfi cial e subterrânea, bioclimatologia, ecologia, modelagem da qualidade da água, análise de contingente para avaliar efi cácia de previsão do modelo operacional, valoração, sistemas de gestão ambiental, etc.

Um notável avanço foi o desenvolvimento de simulação numérica hidrodinâmcia aplicada a rios com infl uência de marés, como cita Pinheiro et al (2008). (Figura – 3).

Participação em diversos programas e eventos científi cos atuais: PPBiO (MCT- Museu Emílio Goeldi, grupo do clima para estudos da Grade da Flona Amapá na Bacia do Rio Araguari) e LBA (Modelagem de Sistemas Ecológicos), PROCAD (CAPES-ME) parcerias com o PEC do INPA.

Manutenção e crescimento das publicações tecno-científi cas em eventos de nível local, regional, nacional e internacional (ECOLAB, ENCIT, CBMET, SETEC-Governo do Amapá, etc). Início de elaboração de artigos para publicação em revistas qualis A e capítulos de livros (Programa Primeiros Projetos SETEC/IEPA.

Subsídios efetivos a diversos Estudos de Impactos Ambientais no Setor Hidrelétrico e Mineral.

(continuação)

Fonte: Cunha (2008).

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3.1. A Rede REMETAP: Produtos e Serviços

Abaixo estão relacionados alguns dos principais avanços implementados pela REMETAP, em especial à consolidação do NHMET/IEPA no Estado do Amapá. A REMETAP tem proporcionado uma imensa capilaridade das temáticas do setor Meteorologia e Recursos Hídricos, cujos produtos e serviços podem

Figura 2: II Reunião do Comitê Gestor do Projeto REMETAP e X Reunião Climática do Estado do Amapá – Prognóstico para JUL-AGO-SET.Fonte: www.iepa.ap.gov.br/meteorologia (2008).

ser observados nas Figuras 1, 2 e 3. Essas fi guras registram momentos do NHMET/IEPA desde a primeira reunião de previsão do tempo e climática do Estado do Amapá, com a presença de várias instituições usuárias da Rede, até a elaboração de produtos cientíicos como os campos hidrodinâmicos e de poluentes às margens do Rio Amazonas, próximos de Macapá e Santana (Figura 3).

Figura 1: Principais momentos, produtos e serviços do REMETAP no NHMET/IEPA: I Reunião Climática do Estado do Amapá.Fonte: www.iepa.ap.gov.br/meteorologia (2008).

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Fundamentalmente o processo de implantação do NHMET/IEPA apresenta três etapas importantes: a inicial, a de consolidação e a de modernização. As três etapas apresentam características distintas em função da dinâmica de cada processo histórico de sua evolução. Os saltos representativos, tanto em termos qualitativos quanto em termos quantitativos, apresentam o NHMET/IEPA como um centro emergente de meteorologia e recursos hídricos.

Contudo, para que se mantenha o nível de desenvolvimento, a contínua evolução e modernização do NHMET/IEPA, é necessário que o sistema como um todo supere difi culdades operacionais básicas. Algumas delas são as implementações de infra-estrutura mínima, avanço signifi cativo no

aporte e fi xação de recursos humanos e fi nanceiros (contratação ofi cial, além de atração e fi xação de mais bolsistas), maior apoio institucional, e que seja aumentado o nível de intercâmbio entre o governo do estado com o governo federal, representado pelo Instituto de Pesquisas Científi cas e Tecnológicas (IEPA).

Apesar dos avanços alcançados, há riscos e não são desprezíveis de retrocessos, pois muitos dos avanços são decorrentes de esforço da atual equipe do NHMET/IEPA e pela inserção de projetos dotados de recursos fi nanceiros e econômicos que causam impactos substanciais no NHMET/IEPA. Os projetos científi cos como REMETAP, REMAM e AERBOM são a garantia de sua sustentabilidade econômico-

Figura 3: Recursos hídricos e as cidades: modelagem hidrodinâmica e avaliação de dispersão de poluentes próximos à captação de água na orla de Macapá e Santana.Fonte: Pinheiro et al. (2008).

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fi nanceira no curto prazo. Mas no longo prazo há difi culdades quanto à manutenção de bolsistas do CNPq e SETEC-AP em diversos níveis (IC, DTI, DCR, etc) ao longo da vigência dos projetos. Contudo, é preciso que as instituições da Amazônia Legal se organizem para que tornem cada vez mais possível o horizonte de sustentabilidade institucional dos núcleos estaduais de meteorologia e recursos hídricos. E uma das soluções de médio prazo seria a instituição de novos editais nacionais direcionados para o desenvolvimento e sustentabilidade dos núcleos estaduais. O Amapá apresenta uma desvantagem que é a difi culdade de atrair pesquisadores da área para fomentar projetos que viabilizem esta estratégia.

Contudo, a importância deste registro está em reconhecer o esforço governamental para que a implantação do NHMET/IEPA seja duradoura e defi nitiva no Estado do Amapá. Como conclusão pode-se também afi rmar que a REMETAP foi e é a grande divisora de águas que mudou, defi nitivamente, a aparência e a efi ciência do setor no Estado do Amapá.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Nobre, P. Programa de Monitoramento de Tempo, Clima e Recursos Hídricos (PMTCRH) do MCT e Estados Brasileiros. Boletim da SBMET, vol. 29, p.43-45, jul. 2005.

NHMET/IEPA. www.iepa.ap.gov.br/meteorolo-gia. Núcleo de Hidrometeorologia e Energias Re-novávei do Instituto de Pesquisas Científi cas e Tec-nológicas do Amapá (IEPA). Boletins Semanais de Previsão do Tempo/Boletins Climáticos Mensais. Acessado em 30/06/2008.

Pinheiro, L. A. R.; Cunha, A. C.; Brito, D. C. Desenvolvimento de modelos numéricos aplicados à dispersão de poluentes na água sob infl uência de marés próximas de Macapá e Santana-AP. Projeto de Pesquisa – Iniciação Científi ca/SETEC-IEPA. I Relatório Parcial. 52 p., jun. 2008.

6. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem o apoio fi nanceiro do REMETAP/REMAM (CNPq/FINEP) e SETEC-AP e aos pesquisadores e bolsistas do (NHMET/IEPA).

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UMA EXPERIÊNCIA INTERDISCIPLINAR EM METEOROLOGIA APLICADA, ENGENHARIA E ENERGIA

RENOVÁVEL NO ESTADO DO AMAPÁDavid Mendes1, Alan Cavalcanti da Cunha2, Daniel Gonçalves das Neves2,

Edmir dos Santos Jesus2, Monica Cristina Damião Mendes1

1Universidade de Lisboa, Departamento de Física2Instituto de Pesquisa Cientifi ca e Tecnológica do Estado do Amapá (IEPA), Núcleo de Hidrometeorologia e

Energias Renováveis (NHMET), Laboratório de Hidrometeorologia (LabHidro), Campus Incubadora de Empresas

Bloco II, Rodovia JK km 02 – Macapá, AP, 68912-250

E-mails: [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected]

1. INTRODUÇÃO

O Estado do Amapá está em plena transição para a implementação defi nitiva de um Núcleo Estadual de Hidrometeorologia e Energias Renováveis – NHMET/IEPA, criada inclusive por decreto governamental em 12 de fevereiro de 2007. Tal idéia surgiu ainda com o antigo Programa de Monitoramento de Tempo, Clima e Recursos Hídricos (PMTCRH), atualmente desativado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). Trata-se de um avanço fundamental para o desenvolvimento da Meteorologia e de outras áreas científi cas estratégicas como as engenharias, a ecologia, entre outras.

Com os avanços do NHMET/IEPA algumas áreas tiveram destaque, a saber: a) hidrometeorologia aplicada (climatologia, previsão, monitoramento, etc.); b) modelagem e simulação em ecossistemas ecológicos (qualidade da água, hidrodinâmica computacional, mecânica dos fl uidos computacional, simulação, etc.); c) energias renováveis (hidrocinética, fotovoltaica e eólica). Neste aspecto, observa-se a nítida vinculação entre a identifi cação de fontes de geração de energia acopladas com o seu uso, notadamente pelas áreas de engenharia (hidráulica, elétrica, mecânica, etc).

Neste sentido, a implementação do NHMET como os seus respectivos novos laboratórios são

uma oportunidade de desenvolvimento científi co para esta região. Bons exemplos são os boletins de previsão do tempo e clima, os protótipos de sistemas independentes de geração de energia (fotovoltaica, eólico e hidrocinética implementados ou em implementação em diversas regiões do Estado, mesmo que em doses homeopáticas).

Então, qual seria a importância da meteorologia, hidrometeorologia, estudos climáticos, previsão e análise de tempo, etc., para o estado do Amapá? A resposta é que o Estado é conhecido pela sua grande riqueza natural, incluindo-se sua vasta composição faunística e fl orística características do Baixo Amazonas, mas muito pouco se sabe sobre estas riquezas e recursos naturais. Por outro lado, o Amapá é um Estado dotado de um regime climático muito particular, tanto pela sua posição geográfi ca quanto pela composição de relevo, proximidade do Rio Amazonas e do Oceano Atlântico, cujas informações técnico-científi cas também são escassas. Desta forma, até mesmo as outras áreas do conhecimento científi co que dependem das informações meteorológicas em séries históricas, análises, serviços e produtos no Estado, são extremamente carentes de informações básicas, o que justifi ca a sua urgente implementação, tanto em nível de ciência básica quanto para a tecnológica e aplicada.

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1.1 CARACTERÍSTICAS CLIMÁTICAS

Por se inserir na região Amazônica o Estado do Amapá apresenta um regime de precipitação média em torno de 2.400 mm ano-1 e temperatura média em torno de 26 ºC. O regime de precipitação elevado nesta região (noroeste da Amazônia) está diretamente ligado à atividade convectiva. No litoral da Amazônia, particularmente nos Estados do Pará e Amapá, o regime de precipitação também é bastante elevado e apresenta um período seco indefi nido, isso em função da infl uência das linhas de instabilidade que se formam ao longo da costa litorânea (Cohen et al., 1995).

A partir de dados climatológicos do Atlas Climatológicos da Amazônia Brasileira de 1984 é possível, ainda que de forma incipiente e parcial, apontar algumas das principais características climáticas do Estado do Amapá: temperatura média anual à leste encontra-se em torno de 27 ºC e à oeste 25 ºC, com níveis de precipitação média anual de 3.000 mm no litoral, região norte e sudeste e 2.500 mm no sul, regiões centrais e oeste do Estado e capital.

2. OBJETIVOS

O principal objetivo do NHMET/IEPA é ser o núcleo operacional e técnico-científi co responsável pelo monitoramento do tempo, clima e recursos hídricos e energias renováveis de todo o Estado do Amapá, tendo objetivos especifi cos:

1) Executar e analisar a Previsão do Tempo para todo o Estado com ênfase na Capital Macapá e demais capitais dos municípios; 2) Elaborar e executar projetos de pesquisa para o tempo, clima e recursos hídricos e energias renováveis com diversas aplicações do desenvolvimento social e econômico da população; 3) Estudos sobre o comportamento hidrológico e aspectos qualitativo dos corpos de água das Bacias; 4) Sensoriamento Remoto, ênfase a modelagem sobre défi cit hídrico aplicado à agricultura e atividades correlatas; 5) Coleta de dados básicos, tais estações hidrológicas, hidrometeorológicas, agrometeorológicas, além das obtidas por PCDs e observações remotas; e 6) Modelagem numérica aplicados aos estudos do tempo, clima, recursos hídricos e meio ambiente onde é utilizado o modelo regional ETA/CFX1 e em um futuro breve o modelo regional BRAMS e o modelo global CCM3.

3. ÁREA DE ATUAÇÃO E PESQUISA

a) Hidrometeorologia

Principal área de pesquisa e operação do NHMET-LabHidro/IEPA está diretamente ligada ao Monitoramento do Tempo, Clima e Recursos Hídricos. Para tanto, utiliza-se de ferramentas de modelagem numérica (Modelo Numérico de Meso Escala – ETA), imagens de satélite (a cada 30 minutos) e sensoriamento remoto, informações meteorológicas obtidas de estações convencionais e PCDs para geração de condições iniciais de contorno nos estudos e pesquisas sobre o tempo, o clima e os recursos hídricos, com amplas aplicações técnico-científi cas no seio do desenvolvimento das várias atividades humanas, tendo iniciada essas atividades em 2001, abrangendo todo o Estado (Figura 1).

b) Dinâmica dos fl uidos computacional ambiental

Esta linha de pesquisa emergente no LabHidro está sendo desenvolvida em parceria com o Laboratório de Escoamentos Ambientais e Energia (LEA) do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília (UnB), desde 2004. Dentre os principais destaques estão os escoamentos turbulentos de superfície livre em canais abertos naturais com ênfase na dispersão de plumas de poluentes, autodepuração de corpos de água e escoamentos multifásicos. As áreas mais atuantes são referentes às áreas urbanas e periurbanas de Macapá e Santana. Outros estudos estão sendo ampliados e desenvolvidos em áreas com a aplicação nos estudos de sedimentação e de passivos constituintes da água nos escoamentos naturais de rios da Amazônia. A aplicação pode ser direcionada para qualquer tipo de escoamento complexo 2D ou 3D, tanto em regime permanente quanto transiente, com fl uxo ou refl uxo de marés. (Figura 2). Pela análise da Figura 2 podem ser observados os pontos do domínio computacional (trecho do canal próximo ao obstáculo no fundo) onde há maior variação das velocidades, inclusive com recirculação na parte superior e após o obstáculo no fundo. Verifi ca-se um aumento intenso da velocidade logo após a passagem do obstáculo.

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Figura 1: a) Precipitação acumulada em 3 horas, prevista pelo modelo regional ETA, b) temperatura média também a cada 3 horas.

a)

b)

c) Modelagem da qualidade da água

A área de Modelagem de Qualidade da Água é a área de pesquisa mais antiga do NHMET/IEPA, executada em conjunto com o Centro de Pesquisas Aquáticas (CPAQ) e com o Laboratório de Análises Químicas da Secretaria de Estado do Meio Ambiente – LAQ/SEMA. Como parceiros externos, esta linha de pesquisa está sendo desenvolvida em parceria com a UnB e a Universidade Federal de Goiás (UFG), no intuito de desenvolver a capacidade instrumental na área de modelagem numérica aplicada à gestão de Recursos Hídricos em rios da Amazônia, cujos escoamentos sejam considerados sem a interferência signifi cativa de refl uxos de marés. Nesses casos, os escoamentos são considerados unidimensionais e em regime permanente durante uma etapa de simulação ou estudo. A aplicação se restringe para rios com escoamentos em uma única direção, como o Médio Rio Araguari ou rios interiores ou distantes da infl uência de marés (Figura 3).

Figura 3: a) Coleta de amostras de água no Rio Araguari, b) Análise da qualidade da água em laboratório do LabHidro/IEPA.

Figura 2: Campo de velocidade superfi cial turbulenta gerado pelo pós-processamento do CFX 5.7.

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d) Energias renováveis: hidrocinéticas, solar e eólica

Esta é a mais recente de todas as áreas de atuação do NHMET/IEPA. Teve seu início recente (2005) na área de geração de energia a partir da força da correnteza de rios, denominada de hidrocinética (parcerias com a UnB-LEA), aplicada aos sistemas rurais de pequeno porte e isolados no Estado do Amapá. O primeiro protótipo foi inicialmente instalado Comunidade Extrativista do Maracá Projeto Poraquê – Rio Caranã em 05 de novembro de 2006 (início do funcionamento da turbina operacional) – o qual foi desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Mecânica da UnB (LEA) e atualmente o LabHidro está compondo a estrutura de pesquisadores que está desenvolvendo a denominada 3ª geração de turbinas hidrocinéticas. Além dessa modaliadde, outros projetos de pesquisa foram aprovados: AERBOM – aerogeradores aplicados a bombeamento de água – em implementação (Projeto FINEP-CNPq-IEPA-IEL-ELETROVENTO e submetendo projetos em nível estadual para outras fontes renováveis, como a solar (exemplo do início do projeto Parazinho), as quais poderão ser difundidas em muitas outras comunidades isoladas do estado para fornecer energia segura e em quantidade nos mais longínquos e isoladas localidades do Amapá. Trata-se do desenvolvimento de tecnologias apropriadas com forte potencial de replicação para várias regiões da Amazônia. A intersecção de atividades entre a geração de energia e a hidrometeorologia é justamente o monitoramento contínuo e rigoroso de níveis dos rios, dos regimes hidrológicos e de precipitação, radiação, ventos e rajadas, para manter o funcionamento seguro e adequado do fornecimento de energia para as comunidades isoladas em áreas rurais.

Ao mesmo passo, esta linha de atuação voltada para as engenharias levam a identifi cação dos potenciais energéticos do Estado do Amapá a partir de dados atualizados e consistidos para o uso de fontes de energias hidrocinética, solar e eólica, as quais poderão brevemente ser introduzidas na matriz energética do Estado com a chegada de novos pesquisadores nesta área. Na sequência do uso de informações, o NHMET-LabHidro tem a responsabilidade de monitorar e aprofundar os níveis

de informações básicas hidrometeorológicas, como vazões, temperatura, umidade, velocidade e direção do vento, radiação solar, nos locais de implantação destas fontes energéticas, para efeito de melhor subsidiar o dimensionamento e uso de futuros equipamentos de geração de energias renováveis, tanto sendo como sistemas únicos quanto como sistemas híbridos. Na Figura-2 é possível observar a turbina hidrocinética (desenvolvida pela LEA-UnB e parceria com o NHMET/IEPA. Na Figura-4 é possível observar o local projetado para a instalação de um sistema solar para a Reserva Biológica do Parazinho (Foz do Amazonas – Ilha do Bailique – Macapá).

Figura 4: Turbina Hidrocinética a ser Instalada em um rio do Estado.

Figura 5: Sistema de Energia Solar Fotovoltaica para a geração de energia. Esquematização para o bombeamento de água.

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4. PROJETOS IMPLEMENTADOS E EM FASE DE IMPLEMENTAÇÃO

a) Uso de sistema de modelagem Qual2E-Uncas para estudo de impacto ambiental da qualidade da água causado por barragem e cidades ribeirinhas no Alto e Médio Araguari. Processso 479405/2006 - Universal. Valor R$50 mil em execução. Dois alunos de mestrado estão elaborando dissertações.

b) Infraestrutura do Projeto AERBOM/FINEP-CNPq voltado a aplicação de aerogeradores para comunidades remotas do Estado do Amapá, em especial no litoral, disponibilizará recursos fi nanceiros e ou econômicos para trabalhos de campo. Em execução (R$ 320 mil).

c) Infraestrutura do Projeto PILOTINHO/FASE 2 – SEPED-MCT voltado a sistemas estaduais de previsão de tempo, estudos climáticos e recursos hídricos em todo o estado do Amapá. Acrescentando-se à estrutura do AERBOM e REMETAP o cabedal de instrumentos e equipamentos necessários para elaboração e constituição de sistemas operacionais para atender aos usuários de todo o estado. Para tanto, o PILOTINHO AMAPÁ recém-aprovado pelo MCT tem como objetivo oferecer maior efi ciência, rapidez e qualidade aos serviços de meteorologia no Estado. A presente proposta de projeto DCR deverá se benefi ciar da infra-estrutura de processamento do segundo cluster (PILOTINHO AMAPÁ) no que tange aos produtos e serviços tecnológicos que necessitem de maior rapidez na disponibilização de serviços e produtos que exijam menor tempo e atender demandas menores do NHMET. Em implementação com o MCT.

d) Infraestrutura do Projeto REMETAP. No projeto Rede de Hidrometerologia do Estado do Amapá, envolvendo várias instituições de pesquisa e operação focadas na meteorologia aplicada,

em especial a climatologia ou modelagem climatológica. Para tanto, será instalada um cluster computacional na instituição, assim como a instalação de estações automáticas de coleta de dados (Edital Finep 13/2006); compra de softwares para compilação, execução de análise de dados, entre outros dispositivos para a boa execução das atividades de pesquisa operação (R$ 367 mil, em execução).

5. PORTAL LABHIDRO

Através do portal LabHidro (www.iepa.ap.gov.br/meteorologia) é disponibilizado diversos serviços e produtos técnico-científi cos, como as informações meteorológicas e hidrológicas, entre elas as condições do tempo nos municípios e capital do Estado do Amapá, assim como a previsão em forma de Boletim e campos. Até o momento já foram confeccionados pelo menos 120 boletins de previsão de tempo para o Estado sendo estes analisados por períodos (manhã-tarde-noite), sendo fornecido à Defesa Civil, imprensa e outras instituições, bem como quaisquer outros usuários interessados e que consultem a página.

Recentemente foi realizada a segunda Reunião Climática do Estado do Amapá, sendo feita a previsão para o trimestre junho/julho/agosto. Nesta reunião foi abordada e discutida as condições climáticas para o Estado do Amapá, assim como a elaboração da Previsão Climática trimestral. Essa reunião que teve a participação da Dra. Jaci Saraiva, Coordenadora do REMAM-SIMPAM-AM, da Dra. Helenilza F. A. Cunha, Coordenadora do Programa de Pós-graduação em Biodiversidade Tropical da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), do Dr. David Mendes, da Universidade de Lisboa – Portugal e da Dra. Monica C. D. Mendes da Universidade de Lisboa – Portugal. Entre as diversas entidades que participaram dessa reunião, citam-se: EMBRAPA, Corpo dos Bombeiros, Defesa Civil do Estado, ELETRONORTE, e a Secretaria de Meio Ambiente do Estado. No website do LabHidro está disponível o boletim contendo a previsão climática trimestral para o Estado do Amapá. (Figuras 6 e 7).

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Figura 6: Boletim meteorológico semanal de numero 53, de 2007.

Figura 7: Boletim climático trimestral maio-junho-julho de 2007.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O LabHidro através da Coordenadoria do Dr. Alan C. da Cunha, está estreitando relações a nível nacional e internacional, onde pode-se citar a participação da Universidade Federal do Pará (UFPa), UnB e da Universidade de Michigan/EUA, nas atividades de pesquisa realizadas no Laboratório. Além de ser um Laboratório operacional, o LabHidro também agrega e auxilia alunos de diversas entidades educacionais do Estado, tanto a nível de graduação como de pós-graduação (mestrado e doutorado – PPGDAPP, PPGBio).

Como uma das principais conclusões dessa matéria podemos apontar que tanto a evolução quanto a implementação do NHMET/IEPA é um dos principais avanços científi cos, tecnológicos e operacionais na área de Meteorologia, Recursos Hídricos e da própria engenharia aplicada aos usos dos recursos naturais na Amazônia. Neste aspecto,

o Amapá emerge como uma das forças importantes no contexto interdisciplinar da mais alta relevância para a Amazônia. Seu papel de desenvolvimento é primordial no desenvolvimento de outras ciências como a Geografi a Física, a Oceanografi a, Ecologia, Políticas Públicas, Defesa Civil, engenharias, Biologia, Saúde Pública, entre outras.

O NHMTE/IEPA tem sido solicitado por diversos setores da sociedade cujos desdobramentos têm sido avaliados e aprovados tanto pela academia quanto pelos seus diversos usuários, cidadão comum, até o pesquisador e ou empreendedor que deseja implementar projetos de desenvolvimento no Estado do Amapá. Eis sua principal função: um elo interdisciplinar de conhecimentos que geram informações, subsídios técnicos e desenvolvimento de qualidade de vida da população amapaense.

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CAPACITAÇÃO E MONITORAMENTO METEOROLÓGICOS NO AMBIENTE DA AMAZÔNIA:

UMA EXPERIÊNCIA NO ACREAlejandro Fonseca Duarte, Francisco Alves dos Santos, Camilo Lelis Gouveia,

Maria do Socorro D’ávila do Nascimento, Teresa da Silva CarneiroUniversidade Federal do Acre (UFAC), BR 364, CEP: 69.915-900, Rio Branco – AC, Brasil

E-mail: [email protected]

RESUMO

Este trabalho visa divulgar algumas das experiências do primeiro de quatro módulos do Curso de Capacitação em Hidrometria, como parte da execução do projeto de longa duração intitulado “Medições de vazão e pluviometria na bacia do rio Acre, amostragem e análise físico-química da água”, que se desenvolve em Rio Branco, com a participação de profi ssionais de organismos relacionados com serviços, gestão das águas e educação. O primeiro módulo dedicou atenção à pluviometria e à descrição de instrumentos e de sensores meteorológicos. O trabalho experimental de campo para coleta de dados e manutenção de estações pluviométricas foi concebido como ensino e pesquisa, vinculando conhecimentos teóricos e práticos ao uso de meios de informação, tratamento de conjuntos de dados e comunicação com auxílio da computação eletrônica. Este trabalho foi escrito considerando alguns aspectos dos Relatórios das Atividades cumpridos pelos alunos onde se destacaram habilidades operacionais e de acompanhamento do tempo e do clima.Palavras-chave: Pluviometria, meteorologia, Amazônia, Estado do Acre.

ABSTRACT

This work informs some of the experiences of the fi rst of four modules of qualifi cation in Hidrometry, as part of the execution of a long duration project intitled “Measurements of outfl ow and pluviometry in the basin of the river Acre, sampling and physicochemical analysis of the water”, in course in Rio Branco, with the participation of professionals of organisms related with services and management of waters and education. The fi rst module was dedicated to the pluviometry and the description of instruments and meteorological sensors. The experimental fi eld works for data logging and maintenance of pluviometric stations ware conceived as education and research, relating theory and practice with the use of means of information, treatment of data sets and communication assisted by electronic computation. This paper was written considering some aspects of the participant’s activity reports concerning operational and observational abilities of monitoring weather and climate. Key words: Pluviometry, meteorology, Amazonia, Acre State.

1. INTRODUÇÃO

Os objetivos deste trabalho envolvem dois propósitos complementares: capacitação profi ssional em Meteorologia e aperfeiçoamento do trabalho docente científi co-metodológico no Ensino Médio, centrado no tema ciclo hidrológico. O vínculo destas duas vertentes se dá a partir do desenvolvimento

de habilidades operacionais e teóricas, bem como de valores relacionados com as águas no ambiente amazônico.

O Ensino Médio em Rio Branco, como em outras partes do norte do Brasil carece de experimentação e

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dos nexos entre docência e pesquisa com a participação de professores e alunos. Por outro lado, Cursos de capacitação em Meteorologia e hidrometria não têm precedentes de realização no Acre. A capacitação previu: a) desenvolver habilidades operacionais em pluviometria no contexto do Acre, b) monitorar as chuvas mediante pluviômetros Ville de Paris e digitais para a organização de bancos de dados, c) descrever o comportamento sazonal das chuvas na bacia do Rio Acre, d) vincular os resultados do monitoramento com a interdisciplinaridade da área Ciências Naturais e suas Tecnologias no Ensino Médio. Esta capacitação está sendo desenvolvida mediante um curso de longa duração, entre 2007 e 2009, que compreende quatro módulos dedicados a: Pluviometria, Fluviometria, Hidrologia e Modelagem. No momento foi concluído o primeiro módulo, que tratou dos seguintes temas:

A Terra e sua atmosfera, clima e tempo.•

Observação do ritmo do tempo.•

Coordenadas geográfi cas e localização por • GPS.Climatologia das chuvas no Acre.•

Sítios pluviométricos na bacia do Rio Acre.•

Instrumentos de estações meteorológicas • convencionais.Plataforma de Coleta de Dados • agrometeorológica e seus sensores.Pluviômetros • Ville de Paris e de báscula (pluviômetro digital).Construção de pluviômetros e medição da • altura da chuva.Trabalho operacional com um pluviômetro de • garrafas.Coleta de dados de pluviômetros digitais • mediante comunicação serial.Erro das medições.•

Tabelas e gráfi cos.•

Uso da computação eletrônica para a busca e • elaboração de informações.

Dentre os resultados alcançados ao concluir o primeiro módulo do curso estão:

1. Atualização do banco de dados pluviométricos da região leste do Acre;

2. Análise comparativa do comportamento das chuvas, durante os últimos anos, na bacia do Rio Acre e áreas vizinhas, em relação com a climatologia da região;

3. Organização de unidades temáticas interdisciplinares do ensino de Ciências Naturais, Matemática e suas Tecnologias, a partir do eixo temático ciclo hidrológico, no contexto da Amazônia.

Esses resultados incluem o desenvolvimento de habilidades na coleta de dados em campo por métodos operacionais simples e mediante o uso da computação eletrônica, o emprego das tecnologias da informação para a busca, tratamento e organização de dados e informações.

2. METODOLOGIA

A metodologia de ensino e pesquisa utilizada durante o Curso de capacitação, também fundamenta, de maneira intuitiva, aquela que poderá ser utilizada pelo professor ou profi ssional capacitado, uma vez no exercício da aplicação das experiências. Em particular: o trabalho em grupo, a experimentação individual, as discussões temáticas e a independência nas manifestações. O contexto amazônico na sua diversidade física, ambiental, econômica e social deve ser entendido como a base da interdisciplinaridade.

É de importância destacar a relevância da aquisição de conhecimentos mediante a estruturação a partir da construção de meios, manutenção dos mesmos, realização de medições, organização de dados em bancos de dados sistematizados para a elaboração de análises sazonais de curto, médio e longo prazos, fundamentados nas teorias e procedimentos de cálculo apropriados e nas informações temáticas que servem de suporte bibliográfi co às interpretações.

Estes aspectos foram apoiados pela assimilação de conhecimentos e habilidades teóricas e experimentais em sala de aula e nas instalações de campo,

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disponibilizadas em pontos do leste do Acre, em áreas urbanas, rurais e de fl oresta, cuja localização também foi objeto de exercício com uso de uma unidade de posicionamento global (GPS).

No que diz respeito às medições, a assimilação metodológica provem do embasamento na teoria de erros e fundamentos da estatística descritiva. Aspectos simples que sendo aparentemente conhecidos se mostram ausentes da prática experimental, por exemplo, na realização de medições diretas da altura da chuva (DUARTE, 2007). Isto advém das difi culdades de profi ssionais, professores e alunos na sua atuação em relação ao processo de medição, como são: o ato de medir; o uso e o cuidado dos instrumentos de medição; a escala do instrumento e o valor atribuído à menor divisão da escala (erro absoluto); erro relativo; a expressão do valor medido junto ao erro absoluto e às unidades da grandeza física tendo em conta corretamente os algarismos signifi cativos; as cifras inteiras e decimais; a norma decimal adotada pelo Brasil e por outros países; as operações com algarismos signifi cativos e casas decimais; a expressão fi nal de uma operação usando as regras de arredondamento; o cálculo do valor médio (média) e da média compensada; a utilização de tabelas eletrônicas para a criação; manutenção e atualização de bancos de dados; a elaboração de textos e gráfi cos; as comparações, a interpolação e a extrapolação de valores, bem como a fundamentação das interpretações; discussões e utilização da informação gerada e assimilada da bibliografi a impressa e digital.

A utilização da computação eletrônica serve aos propósitos do ensino e da pesquisa de várias formas. Uma delas, durante a coleta de dados de campo mediante a comunicação serial entre um datalogger e um computador como um laptop ou outro dispositivo que possibilite a comunicação, por exemplo, outro datalogger ou um computador de bolso (palmtop). A comunicação utilizada durante os trabalhos de campo para coletar dados de pluviômetros digitais foi via cabo serial. Outra maneira de utilização da computação eletrônica foi para buscas de informações textuais, numéricas e em forma de imagens de satélites, tanto

relacionadas com a localização geográfi ca e cobertura do solo, quanto para a observação do estado da atmosfera, principalmente nuvens, tipos de nuvens e posicionamento de sistemas meteorológicos, suas características, propagação e dispersão.

Neste sentido um exercício didático metodológico chamado Olhando o tempo constituiu uma forma de apreciar o ritmo dos acontecimentos meteorológicos durante o dia e ao passo de semanas, durante meses. As informações derivadas dessas observações foram elaboradas também em formato digital, para com isso e os dados das coletas (em pluviômetros, estações meteorológicas convencionais e Plataformas de Coleta de Dados - PCDs), acompanhar o comportamento das principais variáveis meteorológicas e suas manifestações no contexto do clima local e regional.

Os registros fotográfi cos das visitas a campo tomadas durante o trabalho nos sítios de coleta de dados dão uma idéia dos procedimentos operacionais usados durante essas atividades.

O fato de que não existam hábitos culturais de cuidado aos equipamentos de monitoramento e de laboratório, tanto em escolas como em outras instituições, faz com que se percam muitos recursos, dados e continuidade no monitoramento ambiental.

Os instrumentos precisam de operadores, que é o que o Curso está formando. Numa recente entrevista à revista Ciência Hoje o Professor Cristovam Buarque dá um conceito interessante quanto à isto, dizendo “A economia está saindo do tempo do operário para o do operador, um usa as mãos com um pouco de habilidade, o outro usa os dedos com conhecimento.”

3. ÁREA DE ESTUDO E DADOS COLETADOS

A área de monitoramento meteorológico, em particular o pluviométrico, é apresentada na Figura 1, e corresponde à parte da bacia do Rio Acre, no leste do Estado do Acre. Na Tabela 1 é mostrado a localização de cada estação.

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Nome Lat. S (o) Lon. W (o)

Alfenas 9,95709 68,16510

Alto Alegre 9,91764 67,82155

Baixa Verde 10,02500 67,55722

Bosque 9,95764 67,80908

Capixaba 10,57889 67,68191

Catuaba 10,06070 67,60252

Eldorado 9,93594 67,08010

Espalha 10,19142 68,66213

João Eduardo 9,98086 67,82752

Limoeiro 9,86672 67,63430

Oriente 9,93417 68,74630

Tucandeira 9,82222 66,87663

UFAC 9,95331 67,86527

Xapuri 10,66195 68,48858

Figura 1: Área de monitoramento meteorológico no leste do Estado do Acre.

Tabela 1: Localização geográfi cas (lat., long.) das estações.

As instalações presentes no leste do Acre, são:

Na Campus da UFAC, em Rio Branco:Uma Plataforma de Coleta de Dados (INPE);• Uma estação meteorológica convencional • (INMET);Um pluviômetro digital;• Um pluviômetro Ville de Paris (de garrafas • plásticas).

Em outros pontos da cidade de Rio Branco:Um pluviômetro de garrafas plásticas no bairro • Bosque;Um pluviômetro de garrafas plásticas no bairro • João Eduardo;Um pluviômetro digital no bairro Alto Alegre;• Um pluviômetro digital no bairro Eldorado.•

Em fazendas e projetos de assentamento do INCRA:

Um pluviômetro digital na fazenda Catuaba;• Um pluviômetro digital na fazenda Alfenas • (Transacreana);Um pluviômetro digital no projeto de • assentamento Colibri (Limoeiro);Um pluviômetro digital no projeto de • assentamento Baixa Verde.

Em outros municípios:Um pluviômetro digital em Capixaba;• Um pluviômetro digital em Xapuri;• Um pluviômetro digital em Tucandeira • (Acrelândia).

Em áreas de fl oresta:Um pluviômetro digital no seringal Espalha;• Um pluviômetro digital no seringal São Pedro • do Icó (Oriente).

A PCD agrometeorológica foi instalada em 2004 pelo INPE. Está situada a 800 m da estação convencional do INMET, um avanço no monitoramento das variáveis meteorológicas, visto como uma transição para dotar de maior qualidade os bancos de dados existentes há trinta anos. O INMET tem planos de instalar outras 12 PCDs no Acre, segundo mostrado na Figura 2.

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Figura 2: Localização de PCDs a serem instaladas no Acre pelo INMET.

seringais São Pedro do Icó e Espalha, se atualizam uma vez por ano, devido ao inacessível desses lugares durante o período das chuvas.

A Figura 3 mostra alunos do Curso de capacitação durante trabalhos de coleta de dados e manutenção nas estações pluviométricas digitais em Tucandeira, Limoeiro, Catuaba e durante a instalação de um pluviômetro em Eldorado. A Tabela 2 mostra um exemplo de organização do banco de dados de chuvas, no bairro Bosque, para o ano de 2007.

A estação meteorológica convencional do INMET foi instalada em 1968, conta com um banco de dados de longo prazo, que tem permitido a realização de estudos climatológicos.

O banco de dados com informações das estações meteorológicas e pluviométricas se divulga na página: http://acrebioclima.pro.br. A atualização da PCD se faz em tempo (quase) real; as demais estações demoram em ser atualizadas, pois requerem de coletas mediante operadores. As estações mais distantes como as situadas em áreas de fl oresta, nos

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Tabela 2: Chuvas no bairro Bosque, ano 2007.

Estação pluviométrica G008Bairro Bosque, Rio Branco - AC

Lat: S 9° 57’ 27,5” Lon: W 67° 48’ 32,8 Chuvas (mm), ano 2007

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez1 0,3 1 0 10 0 0 0 0 0 0 3 0,32 3 48 0 0 1 0 0 0 0 6 4 123 0,3 19 0 0 14 0 0 0 0 0 2 04 3 0 69 15 0,3 0 0 0 0 0 0,3 15 0 33 0 5 0 0 0,3 0 0 0 0 376 12 0 8 51 0 0 0,3 0 0 0 0 47 0,3 0 6 4 55 0 0 0 0 4 42 08 9 0,3 0,5 37 0 0 0 0 0 0 17 219 70 2 16 0 76 0 0 0 0 0 0 5

10 28 0 0,3 6 0 0 0 0 0 15 0 911 0,3 0 33 2 0 0 0 0 0 7 0,3 2912 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 213 0 0 66 0 0 0 0 0 0 23 0,3 014 30 9 0 0 0 0,3 0 0 0 0 0 015 60 10 7 2 0 0 0 0 0 10 4 616 0 39 0 0 0 0 1 0 35 0,3 0,3 217 29 7 54 28 0,3 0 0 0 0 0 0 818 1 39 3 0,3 39 0 5 0 0 0 0 019 0 0,3 0 0,3 0 0 0 0 0 0,3 56 4820 23 16 0 1 0 0 0 0 13 0,3 0 021 70 39 0 0,3 0 0 0 0 48 0 60 022 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 023 0 0 0 0 0 0 0 0 0 21 0,3 1724 0 64 10 19 8 0 0,3 0 5 82 0 025 0,3 2 15 7 0 0 0 0 0 0 1 126 0 0 0,3 8 0 0 3 0 0 0 28 527 0 0 23 41 0 0 0 43 0 0,3 0 2928 0 0 0,3 0,3 0 0 0 0 0 11 11 029 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,3 030 0 0 0 0 0 0 0 0 0 8 1231 0 0,3 0 0 0 0 0

339 329 313 237 194 0 10 43 101 180 238 248

Figura 3: Alunos do Curso de capacitação durante trabalhos de c

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A observação qualita-tiva do tempo e sua des-crição no período diurno mediante um exercício de contemplação das mudan-ças visíveis do estado da atmosfera que acontecem a cada momento, possibi-litou prestar a atenção de-vida à dinâmica dos fenô-menos do ambiente próxi-mo e de outros ambientes, pois tal exercício motivou a curiosidade para o acompanhamento das informa-ções e noticias meteorológicas que a televisão e sítios de internet divulgam, para o Acre, o Brasil, a Améri-ca do Sul e o mundo todo.

A Figura 4, Olhando o tempo, é um exemplo de como se modifi cou o tempo entre as manhãs e as tardes, em Fevereiro de 2008, aos olhos de um observador situado no bairro João Eduardo de Rio Branco.

As imagens representam o estado ensolarado, chuvoso, nublado ou de sol entre nuvens durante todo o dia ou parte dele. Geralmente as chuvas intensas acontecem nas tardes por convecção, enquanto os sistemas de meso-escala e regionais provocam chuvas menos intensas a qualquer hora do dia ou da noite.

4. CHUVAS NO ACRE

Os valores médios de chuvas, que caracterizam a climatologia do leste do Acre, calculada para o

intervalo entre 1971 e 2000 (DUARTE, 2006), estão dados na Tabela 3, e os dias com chuvas para cada mês, na Tabela 4.

Nota-se que os valores medidos no primeiro quadrimestre de 2007 (Tabela 2), embora dentro do desvio padrão, são todos superiores aos correspondentes valores médios para cada mês. De janeiro a abril de 2007 a presença da Zona de

Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) foi persistente. Os acumulados de chuvas mais signifi cativos afetaram as regiões Nordeste, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil (INFOCLIMA, 2007). Entre março e abril a parte SW da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e a NW da ZCAS infl uenciaram simultaneamente as chuvas no Acre. Mas esta evidência válida para os primeiros quatro meses dos anos 2007 é mais geral e manifesta uma característica do comportamento das chuvas no Acre segundo a climatologia entre 1971 e 2000.

Com base nela se observa que:

O acumulado das chuvas durante os quatro i. primeiros meses do ano é maior que o caracterizado para antes de 1970, por outro lado o valor mínimo de chuva acontece em junho e não em agosto como antigamente.A seca chega abruptamente em maio.ii. O aumento das precipitações na transição da iii. seca para a estação chuvosa até dezembro acontece a uma taxa de 31 mm/mês, menor do

Domingo Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado

1 2

3 4 5 6 7 8 9

10 11 12 13 14 15 16

17 18 19 20 21 22 23

24 24 26 27 28 29

Fevereiro 2008

1971 - 2000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Média 293 301 252 182 93 33 43 50 104 154 204 249

Desvio P 96 80 91 76 52 29 39 34 57 66 63 65

1971 - 2000

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Dias 21 20 20 16 10 5 4 5 8 13 16 20

Desvio P 3 3 3 3 3 2 3 3 2 3 2 3

Tabela 3: Climatologia das chuvas (mm) no leste do Acre.

Tabela 4. Climatologia dos dias chuvosos no leste do Acre.

Figura 4. Observação das mudanças diurnas do tempo de manhã para a tarde.

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que o estabelecido para antes de 1970, que era de 37 mm/mês.As chuvas se estabelecem mais lentamente.iv. Na época das chuvas, entre outubro e abril, v. caem 83 % do volume das chuvas anuais.A distribuição das chuvas por trimestre vi. expressa que o acumulado de janeiro a março é 43 % do total anual, de abril a junho de 16 %, de julho a setembro de 10 % e de outubro a dezembro de 31 %. A distribuição das chuvas por quadrimestre vii. demonstra que o acumulado de janeiro a abril é de 53 % do total anual, de maio a agosto de 11 % e de setembro a dezembro de 36 %.

5. CONSIDERAÇÔES FINAIS

A necessidade da capacitação para a melhoria do ensino interdisciplinar, as operações de leitura e manutenção de instrumentos meteorológicos, a geração e assimilação de conceitos e conhecimentos sobre o comportamento do tempo e o clima a partir do monitoramento in-situ ganha atualmente uma maior importância na sua dimensão social. Enchentes e secas têm sido recorrentes no Acre, marcando uma sazonalidade anual que prejudica à população pelo exceso de chuvas nos primeiros quatro meses do ano, em particular de janeiro a março, e a falta de chuvas centrada no mês de junho. Mais chuvas nos primeiros quatro meses do ano, seguido de uma chegada abrupta da seca, que tem mudado do mês mais seco, agosto, para junho, e que poderia retrair para maio ou abril. Também, a lenta chegada da época das chuvas permite concluir que a seca aumenta em duração enquanto as chuvas se concentram em menos meses e o acumulado anual das chuvas diminui. Logicamente isto se refl ete no Rio Acre, que vem diminuindo anualmente seu nível mínimo durante as secas. Atualmente sobra água em vários meses e falta água durante outros, quando numerosos bairros fi cam sem o abastecimento, nesse momento não existe água nem para combater os incêndios urbanos; as queimadas fl orestais se apagam com as chuvas que demoram a vir. Sendo muito escasas as

instalações para o monitoramento em tempo real, o monitoramento das chuvas mediante pluviometros simples vem sendo útil, embora limitado. A futura instalação de 12 PCDs com uma distribuição espacial de abrangência uniforme em todo o Estado do Acre, benefi ciará a observação e divulgação, em internet quase instantaneamene, dos valores de chuvas e outros como temperaturas e umidade relativa, cujos extremos de anomalias positivas e negativas impactam a população. A capacitação em hidrometria continuará então sendo de utilidade junto à modernização.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS

BUARQUE C. Uma escola “redonda” para todos. Ciência Hoje, v. 42, n0 247, p.10-13, 2008.

DUARTE, A. F. Hidrometria no Acre: Clima, medições e informações meteorológicas. Vol.1. Edufac. Rio Branco, 2007, p.59 – 64.

DUARTE, A. F. Aspectos da climatologia do Acre, Brasil, com base no intervalo 1971 – 2000. Revista Brasileira de Meteorologia, v.21, n0 3, p.308 – 317, 2006.

INFOCLIMA Boletim de informações climáticas. Sistemas meteorológicos e ocorrências signifi cativas no Brasil. Anos 14 e 15; 2007 e 2008.

7. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científi co e Tecnológico (CNPq) através dos Projetos CNPq/MilenioLBA2 e CNPq/Proc.555413/ 2006-3 do Fundo Setorial de Recursos Hídricos, CT-Hidro, pelo apoio, incentivo e oportunidade.

Siglas:INPE – Instituto Nacional de Pesquisas EspaciaisINMET – Instituto Nacional de MeteorologiaINCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma AgráriaGPS – Global Positioning System

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PIATAM – UMA PARCERIA ENTRE A PETROBRÁS E INSTITUIÇÕES DE PESQUISA PARA O AUMENTO

DO ENTENDIMENTO DAS QUESTÕES AMBIENTAIS NA AMAZÔNIA

Audálio Rebelo Torres Júnior1, Mariana Palagano Ramalho Silva1,2, Ricardo Marcelo da Silva1,2, Fabio Rodrigues Hochleitner1,2, Hatsue Takanaka de Decco1,2,

Luiz Landau2, Luiz Paulo de Freitas Assad1,2, Manlio Mano2

1LAMCE - Av. Athos da Silveira Ramos, 149, Cidade Universitária – Rio de Janeiro.2LAMMA - Av. Brigadeiro Trompowski s/n, sala H2008, Ilha do Fundão

Cidade Universitária – Rio de Janeiro

RESUMO

Os grupos de modelagem computacional, atuantes nos Laboratórios LAMMA do Departamento de Meteorologia, e no LAMCE/COPPE, ambos situados na UFRJ, há alguns anos vêm mantendo cooperação nas áreas de modelagem computacional de fl uídos geofísicos, em especial trabalhando com modelos hidrodinâmicos e atmosféricos em plataformas computacionais de alto desempenho. Esta cooperação é mantida em diversos projetos interinstitucionais acadêmicos e/ou governamentais com objetivo na formação acadêmica e profi ssional, incluindo o desenvolvimento de dissertações de mestrado e teses de doutorado. Destaca-se neste trabalho a atuação destes grupos nos Projetos PIATAM (Inteligência Sócio-Ambiental Estratégica da Indústria do Petróleo na Amazônia) e PIATAM Mar (Potenciais Impactos Ambientais no Transporte de óleo e derivados na zona costeira Amazônica), através da qual vem ampliando sua experiência na área de simulações hidrodinâmicas (atmosfera, oceano e rios) e de dispersão de poluentes. O objetivo principal do núcleo de modelagem destes dois laboratórios é produzir informações necessárias ao atendimento das demandas para as regiões de interesse dos projetos PIATAM, e assim, gerar conhecimento e cenários ambientais em variadas escalas espaciais e temporais, que sirvam para minimizar possíveis impactos ambientais, permitindo com isso, o planejamento estratégico de órgãos ou institutições que atuem na região Amazônica a curto, médio e longo prazos.Palavras-chave: Região Amazônica, modelagem computacional ambiental, PIATAM.

ABSTRACT

Atmospheric and hydrodynamic models have been implemented and executed in different computational platforms for some years at UFRJ. This work is an effort of two laboratories: LAMMA (Marine and Atmospheric Processes Modeling Laboratory) and LAMCE (Computational Methods in Engineering Laboratory). These models have been applied in the sense of academic and governmental inter institution research projects. Most of them are associated with oil industry through academic and professional formation with development of Master dissertations and Doctorate thesis. The environmental computational modeling group of PIATAM and PIATAM Mar Projects has improved their experience on Geophysical Fluid Dynamic and pollutant dispersion simulations through this work. To minimize possible environmental impacts the group is working on the creation of computational systems that are able to produce environmental scenarios in different space and time scales. These systems are going to permit strategic planning in short, medium and long time by institutions that act on the Amazon region.Key words: Amazon region, environmental computational modeling, PIATAM.

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1. INTRODUÇÃO

A atividade de exploração e produção de petróleo no Brasil cresceu signifi cativamente nos últimos anos. A decisão por parte dos governos, objetivando tornar o país auto-sufi ciente na produção de petróleo até o ano de 2006, teve importância marcante no crescimento dessa atividade. Com o início da exploração dos campos localizados em regiões offshore na década de 70, o Brasil se posicionava internacionalmente como País produtor de petróleo.

A bacia hidrográfi ca do Rio Solimões é hoje de grande importância para a produção de petróleo e gás natural do Brasil. Partindo do Terminal Aquaviário do Solimões (TESOL), localizado a 16 km da cidade de Coari, o óleo produzido na região de Urucu, maior província petrolífera terrestre do país, é transportado até Manaus, onde está localizada a Refi naria Isaac Sabbá (REMAN). No entanto, a produção e o transporte de petróleo e refi nados, pode eventualmente ter consequências indesejáveis, como derramamentos e vazamentos de óleo. Apesar da maioria dos acidentes ser de pequeno porte, alguns são grandes o bastante para causar sérios impactos ao meio ambiente. Assim, o interesse em possíveis danos causados por derramamentos de óleo no meio marinho e rios de grandes extensões tem levado ao desenvolvimento de modelos computacionais capazes de simular a hidrodinâmica e o transporte de manchas de óleo na superfície da água (Mehdi, 2005).

Para a indústria do petróleo e gás, a necessidade de redução de riscos sócio-econômico-ambientais é uma realidade, principalmente em se tratando de uma região de muitos interesses nacionais e internacionais, como a Amazônia.

Ao longo dos últimos anos, diversos estudos vêm sendo realizados a fi m de avaliar os riscos ambientais causados pela exploração de petróleo e gás na região da fl oresta Amazônica, como é o caso do Projeto Inteligência Socio-ambiental Estratégica da Indústria do Petróleo e Gás na Amazônia (PIATAM) desenvolvido através da parceria entre a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e a PETROBRAS. Um

dos objetivos do Projeto é implementar a utilização de sistemas de monitoramento e modelagem ambiental através de recursos tecnológicos de última geração (PIATAM, 2008). O Projeto PIATAM conta com diversos grupos de pesquisa nas mais variadas áreas do conhecimento, como doenças tropicais, limnologia, sócio-economia, solos, fl ora, modelagem ambiental, entre outros, que além de estudar a região, contribuem ativamente no melhoramento da qualidade de vida da população ribeirinha que vive próxima às comunidades mapeadas, conhecidas como “marcos PIATAM” (Figura 1). No caso do grupo de modelagem ambiental, um dos desafi os é a criação de mecanismos que possam ser tanto utilizados em estudos ambientais, quanto em programas de atendimento à situações emergenciais de vazamentos de óleo na atracação e transbordo de navios, encalhes de balsas e etc, fazendo previsões numéricas da situação atmosférica (principalmente do regime de ventos), da hidrodinâmica do rio, da formação de ondas na região costeira e da dispersão de constituintes no meio aquoso.

2. HISTÓRICO

O Laboratório de Modelagem de Processos Marinhos e Atmosféricos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LAMMA/UFRJ), foi fundado em 1996 com o objetivo de estudar e modelar os diferentes processos físicos que ocorrem nos oceanos e na atmosfera, nas mais diversas escalas espaço-temporais. Neste período de atuação, o LAMMA encontrou nas suas atividades, o apoio e contribuição de diversas instituições de pesquisa, dentre os quais o Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (LAMCE/COPPE/UFRJ), também localizado na UFRJ, e estes mantêm forte cooperação há alguns anos. Dentre as principais cooperações mantidas entre estes laboratórios, destaca-se a atuação conjunta nos projetos da Família PIATAM (PIATAM - Inteligência Sócio-Ambiental Estratégica da Indústria do Petróleo

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na Amazônia e PIATAM Mar - Potenciais Impactos Ambientais no Transporte de óleo e derivados na zona costeira Amazônica), fi nanciados atualmente pela FINEP e pela PETROBRAS, na área de modelagem computacional ambiental.

O núcleo de modelagem computacional ambiental dos projetos PIATAM e PIATAM Mar vem ampliando sua experiência na área de simulações de fl uídos geofísicos (atmosfera, oceano e rios) e na área de modelagem computacional de dispersão de poluentes. Atualmente é composto por pesquisadores e profi ssionais de diferentes instituições de pesquisa além da UFRJ, como: Laboratório Nacional de Computação Científi ca (LNCC), Centro de Excelência Ambiental da PETROBRAS na Amazônia (CEAP) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

No âmbito do Projeto PIATAM, o LAMMA e o LAMCE participam ativamente de suas atividades desde 2000, com o desenvolvimento de simulações computacionais que representam o escoamento hidrodinâmico em toda a calha fl uvial do trecho do rio Solimões que se estende de Coari à Manaus (Figura 1). Além disso, também desenvolve modelagem atmosférica para a obtenção do campo de circulação e do desenvolvimento de modelos computacionais de dispersão de óleo.

Figura 1: Rio Solimões: trecho de interesse do projeto que se estende aproximadamente da cidade de Coari até Manaus e os “marcos PIATAM” (Fonte: Acervo PIATAM).

Já no âmbito do Projeto PIATAM Mar o núcleo de modelagem ambiental participa desde o ano de 2003 com o desenvolvimento de modelos de circulação oceânica que simulam as correntes marinhas em regiões da costa amazônica, plataforma continental e região oceânica adjacente. Na Figura 2, observam-se as áreas específi cas de interesse do Projeto. Neste contexto, simulações computacionais das circulações oceânicas e atmosféricas e de dispersão de óleo no mar já foram utilizadas em casos reais de emergência, como por exemplo, os relacionados ao encalhe de embarcações com intuito de apoiar operações de resgate das mesmas, minimizando os riscos envolvidos (Assad et al., 2005).

Figura 2: Mapa de localização das áreas de estudo do Projeto PIATAM Mar ilustrando os terminais da Petrobras (Itaqui - São Luís, Miramar - Belém, Santana - Macapá) e unidades de conservação a eles adjacentes (Ilha dos Caranguejos-MA, Soure-PA e Cabo Norte-AP).

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3. OBJETIVOS

O objetivo da área de modelagem computacional ambiental é permitir o planejamento ambiental estratégico da empresa a curto, médio e longo prazos. Para atingir tal propósito, o LAMMA e o LAMCE vêm procurando implementar diversos modelos computacionais dentro da fi losofi a de ambientes integrados, mantendo a visão na aplicação destas ferramentas e na sua validação em campo. Diversas excursões são realizadas anualmente, além de campanhas rotineiras e algumas estações fi xas, de onde são coletados dados para servirem à aferição destes modelos, compondo assim bases de dados observados pertencentes aos projetos da Família PIATAM.

Os modelos matemáticos implementados foram selecionados levando em consideração, além de seu desempenho no meio acadêmico, o conhecimento sobre eles já adquiridos pela equipe de desenvolvimento. Além da aplicação de modelos já conhecidos, alguns modelos e parametrizações foram desenvolvidos no decorrer do projeto (Saraiva, 2007; Decco, 2006). Os modelos vêm sendo integrados de forma a fechar o ciclo de alimentação entre atmosfera, oceano e rios. As interações entre os diversos sistemas modelados pela área de modelagem do Projeto podem ser observadas na Figura 3.

Figura 3: Macrofl uxo de informações da implementação e execução dos modelos computacionais.

Modelo Global Oceânico

Modelo Global Atmosférico

Modelagem atmosférica de área limitada

Modelo hidrodinâmico

fl uvial

Modelos de dispersão

óleo

Coleta de dados Ambientais Visualização Científi ca e Divulgação

Modelagem de dispersão atmosférica

Modelagem do clima de ondas

Modelo regional Oceânico

Modelos de alta resolução espacial

Modelo áreas alagáveis

Acoplamento

Acoplamento

Processamentos de Séries de

dados ambientais climatológicos

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4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

4.1. Modelagem hidrodinâmica fl uvial

Para o PIATAM, modelagens hidrodinâmicas fl uviais vêm sendo aplicadas no trecho do Rio Solimões, que se estende da cidade de Coari até Manaus, com o objetivo de se obter mapas de distribuição espaço-temporal de velocidade e nível fl uvial, além de servir como condição inicial e de contorno para os modelos de dispersão de poluentes nas águas do Rio. Para tal, modelos digitais de terreno foram obtidos a partir de dados batimétricos oriundos de cartas náuticas da Marinha do Brasil. Além disso, dados de vazão fl uvial oriundos em parte do banco de dados da Agência Nacional de Águas (ANA) e em parte de coletas hidrográfi cas realizadas pelo projeto PIATAM vêm sendo utilizados como condições iniciais para execução dos modelos hidrodinâmicos fl uviais.

No projeto PIATAM Mar, a área fl uvial de interesse compreende o Rio Amazonas, de sua foz até a cidade de Óbidos, limite espacial previamente conhecido pelo alcance da infl uência da onda de maré. Outros importantes rios, como o Pará, devem ser também estudados e incorporados às modelagens hidrodinâmicas uma vez que também constituem fontes de variabilidade para a dinâmica marinha costeira.

4.2. Modelagem hidrodinâmica marinha

Esta atividade vem sendo desenvolvida com o objetivo de simular a hidrodinâmica de regiões da costa norte do Brasil considerando-se a infl uência de processos marinhos e atmosféricos de diferentes escalas espaciais e temporais na dinâmica local. A modelagem realizada deve, portanto, contemplar variabilidades espaciais e temporais existentes na circulação oceânica sobre a Plataforma

Continental Amazônica (PCA), na vazão dos rios, nas marés e na circulação atmosférica. A estratégia utilizada envolve a utilização de três diferentes modelos hidrodinâmicos. A área total modelada pelo sistema pode ser observada na Figura 4. Para a modelagem da dinâmica marinha na região de interesse vem sendo utilizado um modelo oceânico global, que fornece condições de contorno para um modelo oceânico de escala regional. Este, por sua vez, fornece condições de contorno para o modelo de maior resolução espacial e sufi cientemente grande para representar os principais aspectos dinâmicos da circulação costeira nas regiões de interesse (Figura 2). Para os modelos regionais na escala espacial das regiões costeiras, pretende-se aplicar o algoritmo numérico de áreas alagáveis para obtenção mais precisa das áreas sensíveis à hidrodinâmica e consequentemente, a possíveis impactos. Além disso, pretende-se obter dados mais precisos relativos a tensão de cisalhamento do vento local a partir da utilização de modelos atmosféricos, os quais assegurarão uma distribuição espaço/temporal mais próxima do observado dessa e conseqüentemente, de sua infl uência na dinâmica dessas regiões.

Figure 4: Domínios de integração dos modelos hidrodinâmicos utilizados na modelagem da região costeira da Baía de São Marcos. Na fi gura estão representados os domínios (a) global e no detalhe para a região (b)da costa norte, (c) regional para a PCA e (d)de alta resolução para a região da Baía de São Marcos.

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4.3. Modelagem atmosférica

O objetivo desta atividade é produzir condições de contorno atmosféricas, tanto para modelos de ondas de gravidade superfi cial e de circulação marinha, quanto para os modelos de dispersão de óleo na água. Além disso, o Projeto pretende ainda, estudar e analisar, a fi m de compreender melhor a dinâmica dos fenômenos atmosféricos, nas mais diversas escalas espaço-temporais, que interagem entre si e afetam a região Amazônica.

A formação das ondas, assim como das correntes superfi ciais em regiões oceânicas e da plataforma continental, é diretamente infl uenciada pela intensidade e direção do vento que atua sobre a superfície do oceano. No caso das ondas de gravidade superfi ciais, estas são também dependentes da pista (fetch – dimensão da área em que o vento está atuando) e da persistência do vento em dada direção.

Além disso, diversos rios que compõem a bacia hidrográfi ca Amazônica têm sua hidrodinâmica superfi cial infl uenciada pelos ventos e tal fato pode ser, em parte, explicado em função das dimensões espaciais horizontais desses rios. Além disso, a própria presença de tais ambientes aquáticos pode constituir-se em possíveis fontes de variabilidade à circulação atmosférica da região. Dentro do projeto, está prevista ainda a instalação de estações meteorológicas automáticas, além da já instalada estação no TESOL (Figura 5), para monitoramento das condições atmosféricas da região. Estas estações serão fonte de dados para a aferição e verifi cação dos resultados das simulações atmosféricas e de dispersão de poluentes na água realizadas para a região. Servirão ainda para dar subsídios para ao maior entendimento dos fenômenos físicos de diversas escalas espaço-temporais que interagem e afetam a Amazônia, além de atender as demandas de operação local, como atracagem e transbordo de navios, dos terminais da PETROBRAS na região de estudo. Outras atividades relativas ao Projeto PIATAM vêm sendo desenvolvidas, na qual se pode citar, principalmente, a inclusão dos efeitos gerados pela infl uência dos fenômenos de meso e micro escala atmosférica nas

hidrodinâmica fl uvial e na dispersão de óleo nos rios, como é o caso das brisas de rio (Silva et al., 2007), assim como a melhoria da representação da biosfera nos modelos atmosféricos.

4.4. Modelagem de ondas

Esta atividade tem como objetivo principal a obtenção do clima de ondas de gravidade superfi cial nas regiões de interesse do Projeto e investigar possíveis relações com a alteração das linhas de costa. Para a

Figura 5: a) Vista aérea do Terminal do Solimões (TESOL) e b) foto da estação meteorológica automática instalada pelo PIATAM no TESOL.

a)

b)

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execução de tais modelos é necessária a aquisição de algumas variáveis ambientais fundamentais como velocidade e direção do vento sobre a superfície do oceano e informações batimétricas. Os modelos utilizados são capazes de capturar importantes aspectos dos processos associados a interação das ondas com o fundo marinho como: refração e difração. Tais processos são de enorme importância para o entendimento da dinâmica em regiões costeiras e estuarinas de águas rasas.

4.5. Modelagem de dispersão de poluentes na água

Esta atividade tem como objetivo principal o aprimoramento e a implementação de modelos computacionais capazes de simular a dispersão, concentração e trajetória de manchas de óleo sobre a superfície de ambientes fl uviais e marinhos. Neste contexto, dois tipos de abordagens vêm sendo adotadas no projeto: modelagem euleriana e lagrangeana. Desta forma, busca-se apoiar o gerenciamento ambiental e a tomada de decisões nas regiões de interesse do PIATAM e do PIATAM Mar em casos de acidente. Para a aplicação de tais modelos é fundamental o conhecimento de condições hidrodinâmicas e atmosféricas das regiões, que vêm sendo suprida através da coleta direta de dados ambientais oriundos de plataformas de coletas de dados instaladas ou de modelos de circulacão atmosféricos e oceânicos.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados preliminares obtidos vêm demonstrando a capacidade dos modelos utilizados pelos pesquisadores dos laboratórios LAMMA e LAMCE, em representar aspectos dinâmicos relativos à circulação marinha, fl uvial e atmosférica nas regiões de interesse dos projetos PIATAM e PIATAM Mar. Alguns aspectos importantes comuns a todos os modelos hidrodinâmicos ainda devem ser aperfeiçoados, e este é o atual estágio de desenvolvimento das pesquisas relacionadas ao Projeto.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Assad, L. P. de F.; Mehdi, N.; Torres Júnior, A. R.; Landau, L. Modelagem Hidrodinâmica e de Dispersão de Óleo na Plataforma Continental Amazônica e Região Oceânica Adjacente. In: 1°Congresso Internacional do PIATAM: Ambiente, Homem, Gás e Petróleo, Manaus. Anais. Dez. 2005.

Decco, H. T. Implementação do Esquema de áreas Alagáveis no Princeton Ocean Model. 2006. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, COPPE, Rio de Janeiro, 2007.

Mehdi, N.; Assad, L. P. de F.; Torres Júnior, A. R.; Landau L. Modelagem Hidrodinâmica no Rio Solimões. In: 1°Congresso Internacional do PIATAM: Ambiente, Homem, Gás e Petróleo, Manaus. Anais. Dez. 2005.

PIATAM, 2008: http://www.piatam.ufam.edu.br/.

Saraiva, B. A. Modelo hidrodinâmico para planícies de inundação da Região Amazônica. 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, COPPE, Rio de Janeiro, 2007.

Silva, M. P. R.; Torres JR, A. R.; da Silva, R.M. Estudo sobre a infl uência da circulação de brisa em modelo de transporte de poluentes no rio Solimões. In: 4º PDPETRO. Anais. 2007.

7. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a todos os integrantes do LAMMA e do LAMCE pelo apoio no desenvolvimento do Projeto. Os autores gostariam de agradecer ainda, a toda a equipe técnica/administrativa/científi ca do Projeto PIATAM, além da PETROBRAS e da FINEP pelo apoio fi nanceiro essencial do desenvolvimento da pesquisa.

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IDENTIFICAÇÃO DO LOCAL MAIS CHUVOSO DO BRASILDaniel Pereira Guimarães

Embrapa Milho e Sorgo Rodovia MG 424 km 45 - Caixa Postal 285

35701-970 Sete Lagoas, MGE-mail: [email protected]

RESUMO

A bacia amazônica brasileira ocupa uma área superior a 4,6 milhões de km2 e drena cerca de 80% dos recursos hídricos do país. Os altos índices de precipitação da região amazônica determinam a maior bacia hidrográfi ca e a maior fl oresta tropical do planeta. A criação da Agência Nacional de Águas (ANA) permitiu a formação de bancos de dados para o gerenciamento da Rede Hidrometeorológica Nacional. A análise de consistência de séries históricas de 425 estações pluviométricas instaladas na região Norte do Brasil permitiu a geração de mapas mais detalhados da precipitação de chuvas e a identifi cação de duas regiões com pluviosidade em torno de 4.200 mm ano-1. O litoral do Amapá foi identifi cado como a área de maior pluviosidade do Brasil e Calçoene, o município mais chuvoso, com uma média histórica de 4.200 mm/ano, em 30 anos de observações diárias. A segunda área identifi cada fi ca na região conhecida como Cabeça do Cachorro, localizada no noroeste do Estado do Amazonas, próximo à divisa com a Colômbia, sendo São Gabriel da Cachoeira o município de maior pluviosidade. Esses resultados são muito superiores às precipitações verifi cadas em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, cuja precipitação máxima situada em torno de 3.000 mm ano-1 é atualmente relatada como a maior do Brasil.Palavras-chave: Climatologia, pluviometria, precipitação, Amazônia.

ABSTRACT

The Brazilian Amazon basin occupies about 4.6 millions km2, and drains approximately 80% of this country hydric resources. This high rain assures the existence of the greatest hydrographic basin and major world tropical rainforest. The creation of the Water National Agency (Agência Nacional de Águas – ANA) allowed a data bank organization for the national hydrometeorological network management. The consistency analysis of historical series of 425 pluviometric stations installed in the North region of Brazil made possible to generate more detailed rain maps, and the identifi cation of the most rainy places in the country. Two places were recognized as the most rainy places in Brazil, both with historical average precipitation values of 4,200 mm year-1, considering a series of 30 years daily observations. One is the municipality of Calçoene, in the coast of Amapá State, and the other is the municipality of São Gabriel da Cachoeira, situated in a region known as “Cabeça do Cachorro”, in the Northwest part of the Amazonas State, near Colombia. The precipitation values registered is these places are very much higher than those previously identifi ed in Ubatuba, north coast of São Paulo, until now considered the most rainy place in Brazil, where the highest precipitation register is of about 3,000 mm year-1.Key words: Climatology, rain, precipitation, Amazon.

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1. INTRODUÇÃO

As atividades humanas são profundamente infl uenciadas pelas condições climáticas e a busca do conhecimento sobre fatores relacionados ao clima remonta aos primórdios da civilização. O Brasil, devido a suas enormes dimensões geográfi cas, apresenta alta diversidade climática, que contribui para a existência de biomas distintos. A coleta de informações climatológicas no país teve início ainda na fase colonial, quando, em 1781, uma missão chefi ada pelos astrônomos portugueses Bento Sanchez Dorta e Francisco de Oliveira Barbosa registrou as medições do Rio de Janeiro.

Dentre os elementos climáticos, a precipitação se destaca pela sua importância para as atividades humanas, defi nição dos ecossistemas e interação com outras variáveis climatológicas, como temperatura, umidade e vento. No caso da agricultura brasileira, Göpfert et al. (1993) atribuem à precipitação pluvial o principal fator de risco climático, uma vez que a seca e a chuva excessiva respondem pela maioria dos sinistros agrícolas. Os zoneamentos agrícolas de riscos climáticos baseiam-se principalmente no comportamento das culturas agrícolas em função da variabilidade regional das chuvas (Assad et al., 2001).

Sombroek (2001) chamou a atenção para o baixo nível de conhecimentos sobre as condições pluviométricas no Brasil, especialmente na região amazônica. Essas informações tiveram uma melhoria considerável a partir da criação da Agência Nacional de Águas (ANA) e da organização das bases de dados das estações pluviométricas (chuvas) e fl uviométricas (vazões dos rios), cujas séries históricas passaram a ser disponibilizadas pelo sistema HidroWeb. Um inventário divulgado pela ANA, em setembro de 2007, identifi cou 15.228 estações pluviométricas no Brasil e países vizinhos, as quais têm contribuído para análises mais detalhadas das distribuições temporais e espaciais das chuvas. No que se refere aos locais de maior pluviosidade no país, as informações são ainda contraditórias. Nimer (1979) identifi cou o litoral do Amapá como o local de maior pluviosidade no Brasil,

com precipitações médias anuais em torno de 3.000 mm. O mesmo autor (Nimer, 1989) afi rma que o local mais chuvoso do Brasil está localizado no litoral norte de São Paulo, entre Paranapiacaba e Itapanhaú, onde os índices atingem 3.600 mm por ano. Nobre (1983) identifi cou três centros de altas precipitações na região Norte do Brasil, sendo identifi cado o noroeste do estado do Amazonas como o local mais chuvoso da região. Keller Filho et al. (2005) afi rmam que as precipitações no litoral norte de São Paulo atingem níveis entre 3.500 mm e 4.000 mm anuais.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Foram analisadas 425 estações na região Norte do Brasil (Tabela 1) e cinco estações no litoral norte do estado de São Paulo, no município de Ubatuba. As sé-ries temporais de precipitações diárias foram obtidas da ANA, através do Sistema HidroWeb. A análise de consistência dos dados envolveu a seleção das séries de maior duração e menor incidência de falhas ou dados duvidosos. Séries mensais com ocorrência de mais de três falhas de medição foram descartadas e as chuvas superiores a 150 mmdia-1 foram comparadas com a precipitação ocorrida nas estações vizinhas. A reposição de dados faltantes (falhas nas séries histó-ricas) foi feita pela substituição da chuva ocorrida na estação mais próxima. A utilização de 137 estações com durações das séries inferiores à 15 anos (Figura 1) teve como objetivo a redução de erros no processo interpolativo para espacialização das chuvas na região. Após a realização da análise de consistência das sé-ries, procedeu-se à determinação das médias mensais e anuais de precipitação e a espacialização das chuvas na região Norte do Brasil foi obtida pelo uso de inter-polação, por krigagem indicativa, com o objetivo de determinar a variabilidade das chuvas ao longo do ano e as regiões com os maiores índices de pluviosidade. As estações com precipitações médias similares foram comparadas pelas séries coincidentes. Após identifi car as áreas de maior pluviosidade na Amazônia brasilei-ra, comparou-se a distribuição mensal das chuvas com as observadas no litoral norte de São Paulo.

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EstadoNúmero

de estaçõesDuração

mínima (meses)Duração

máxima(meses)

Acre 17 148 334

Amapá 13 142 423

Amazonas 124 143 460

Pará 143 101 503

Rondônia 34 147 365

Roraima 29 149 388

Tocantins 65 154 426

Tabela 1: Relação das estações pluviométricas e duração das séries, por Unidade da Federação.

Figura 1: Distribuição de freqüência das estações pluviométricas em função da duração das séries históricas.

3. RESULTADOS

A espacialização da precipitação média anual na região Norte do Brasil (Figura 2) mostra a existência de três áreas de alta pluviosidade, localizadas no litoral do Amapá e no noroeste do estado do Amazonas, na região conhecida como Cabeça de Cachorro, no município de São Gabriel da Cachoeira. A terceira região de altos índices pluviométricos, identifi cada no centro-sul da região por Nobre (1989) e Rocha (2001), não pôde ser claramente identifi cada. Foram também identifi cadas duas áreas de baixo índice de precipitação, nos estados de Roraima e Tocantins.

As estações de Calçoene/AP, e Tunuí, em São Gabriel da Cachoeira/AM, apresentaram precipitações em torno de 4.200 mm ano-1, oito estações tiveram índices acima de 3.600 mm ano-1 (Tabela 2) e outras 22 estações registraram índices pluviométricos acima de 3.000 mm ano-1. Dentre as oito estações com maiores índices pluviométricos, quatro estão localizadas no Amapá, embora o estado tenha contribuído apenas com 13 estações. A comparação entre as estações de Calçoene/AP e Tunuí em São Gabriel da Cachoeira/AM tendo como base apenas nos períodos coincidentes, mostrou que Calçoene apresenta precipitação superior à verifi cada em Tunui e deve ser considerado o local de maior índice pluviométrico do Brasil. A duração da série superior a 30 anos de dados diários em Calçoene contribui para validar as normais pluviométricas determinadas para esta localidade. Curuçá, no norte do Pará apresentou, em abril de 2005, o maior registro de precipitação mensal das estações analisadas, com 2.327 mm. O segundo maior índice mensal registrado ocorreu em Calçoene em janeiro de 2001 com 1669 mm de chuva.

Esses resultados são muito inferiores aos registrados em Quibdó, na Colômbia, com 8.135 mm de chuvas por ano e considerado ofi cialmente o local mais chuvoso da América do Sul (Murillo et al., 2005). Tal fato pode estar relacionado à distribuição das estações pluviométricas na região Amazônica brasileira, as quais, em sua maioria, estão localizadas próximas aos cursos dos rios, para maior facilidade de acesso. Nesse caso, as variabilidades ocasionadas por fatores orográfi cos são minimizadas.

Figura 2: Precipitação média anual nos estados da região Norte do Brasil.

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Tabela 2: Distribuição mensal das chuvas nas estações com maiores índices pluviométricos na região Norte do Brasil.

Estação Calçoene Tunui Itaubal do Pará Curuçá Amapá Acangata São Pedro Cunani

Estado AP AM AP PA AP PA AM AP

janeiro 575 263 488 445 567 424 321 470

fevereiro 570 270 511 543 568 479 305 482

março 584 333 607 711 555 611 351 511

abril 651 472 612 626 552 555 397 537

maio 678 484 505 476 497 428 373 601

junho 385 449 321 312 298 265 310 288

julho 199 446 219 280 168 246 231 205

agosto 89 371 120 95 79 135 213 90

setembro 29 291 45 29 23 115 238 29

outubro 38 300 31 14 25 109 314 29

novembro 101 261 75 16 63 92 252 73

dezembro 304 283 226 116 255 161 296 271

Anual 4203 4223 3760 3663 3651 3621 3600 3600

As chuvas registradas no litoral norte do estado de São Paulo foram sempre inferiores a 3000 mm anuais, o que evidencia estar na região Amazônica as áreas de maior pluviosidade do Brasil. A estação de Mato Dentro, no município de Ubatuba/SP com índice médio anual de 2990 mm de chuva em 47 anos de registros diários. A comparação entre as precipitações de Calçoene/AP, Tunui e Mato Dentro em Ubatuba/SP (Figura 3) mostram as diferentes distribuições de chuva ao longo do ano. Calçoene apresenta uma estação seca bem defi nida variando entre os meses de agosto e outubro enquanto São Gabriel da Cachoeira (estação de Tunui) apresenta precipitações superiores a 250 mm em todos os meses do ano.

4 - CONCLUSÕES

A distribuição média das chuvas na região Norte do Brasil, a partir de séries históricas diárias de 425 estações pluviométricas, evidenciou a existência de duas áreas com precipitações em torno de 4200 mm por ano. Esses resultados são superiores aos índices anteriormente relatados que indicavam três áreas com

Figura 3: Distribuição das chuvas nos municípios de Calçoene, PA, São Gabriel da Cachoeira, AM e Ubatuba, SP.

precipitações médias anuais em torno de 3000 mm.

O litoral do Amapá apresenta a maior incidência de chuvas na região, sendo que quatro estações apresentaram precipitações médias anuais superiores a 3600 mm.

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Calçoene, no litoral do Amapá, refere-se ao local mais chuvoso do Brasil com uma precipitação média de 4.200 mm ano-1.

A região conhecida como Cabeça de Cachorro, no município de São Gabriel da Cachoeira, noroeste do estado do Amazonas também registra índices pluviométricos próximos a 4.200 mm ano-1.

O litoral do Amapá apresenta uma estação seca bem defi nida que se estende de agosto a outubro, enquanto São Gabriel da Cachoeira apresenta índices pluviométricos mensais superiores a 250 mm.

Nenhuma estação avaliada no litoral norte de São Paulo apresentou precipitação média anual superior a 3000 mm.

Os índices pluviométricos registrados no Brasil são muito inferiores aos verifi cados em Quibdó, na Colômbia. Sugere-se a instalação de postos pluviométricos em áreas sujeitas à incidência de chuvas orográfi cas, especialmente na região da Serra do Imeri.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ASSAD, E. D.; MACEDO, M. A.; CÂMARA, G.; OLIVEIRA, J. C.; BARBOSA, A. M. Avaliação de métodos para espacialização de índices de necessidade hídrica das culturas e sua aplicação em zoneamento agrícola. Revista Brasileira de Agrometeorologia, v. 9 p. 581-587, 2001.

GÖPFERT, H.; ROSSETTI, L.A.; SOUZA, J. Eventos generalizados e seguridade agrícola. Brasília: IPEA, 1993. 65p.

KELLER FILHO, T.; ASSAD, E. D.; LIMA, P. R. S.R. Regiões pluviometricamente homogêneas no Brasil. Pesq. Agropec. Bras., v.40, n0 4, p.311-322, 2005.

MURILLO, W.; PALOMINO, R.; CÓRDOBA, S.; ARAGÓN, G.; BANGUERO, E. El regimen diário de la precipitación em el município de Quibdó (Colômbia). Revista de Climatologia, 5: 1-7. 2005.

NIMER, E. Climatologia do Brasil. SUPREN/IBGE. Volume 4. 1979.

NIMER, E. Climatologia do Brasil. Rio de Janeiro, IBGE. 1989.

NOBRE, P. Variabilidade climática sobre o Atlântico Tropical. Parte II: Estudo de casos. In: Congresso Brasileiro de Meteorologia, 8:10-14. Belo Horizonte-MG. Anais II. 1994.

ROCHA, E.J.P. Balanço de umidade e infl uencia de condições de contorno superfi ciais sobre a precipitação da Amazônia. Tese de Doutorado em Meteorologia, Instituto Nacional de pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 2001. 210p. (INPE-10243- TDI/904).

SOMBROEK, W. Spatial and temporal patterns of Amazon rainfall: consequences for the planning of agricultural occupation and the protection of primary forests. Ambio, 30(7): 388-396. 2001.

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COMITÊ DE ASSESSORAMENTO DE CIÊNCIAS ATMOSFÉRICAS (CA-AT) DO CNPq:

UMA VISÃO INTERNATércio Ambrizzi -USP ([email protected])

Osvaldo Moraes -UFSM ([email protected]) Thais Scherrer – CNPq ([email protected])

1. BREVE HISTÓRICO

O Comitê de Assessoramento de Ciências Atmosféricas (CA-AT) do CNPq foi criado em 2006 e possui atualmente dois membros titulares e um suplente, sendo eles, os Profs. Drs. Tércio Ambrizzi (Universidade de São Paulo – IAG/USP), Osvaldo L. L. Moraes (Universidade Federal de Santa Maria - UFSM) e Pedro Vieira de Azevedo (Universidade Federal de Campina Grande - UFCG), respectivamente. Antes de sua criação, a área de ciências atmosféricas fazia parte do Comitê de Geociências: Geofísica, Meteorologia e Geodésia (GM), tendo apenas um representante de nossa área.

Ao longo dos últimos anos, com a crescente demanda por previsões de tempo e clima de alta qualidade; com a criação do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) em 1994, vinculados ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT); e com a expansão e melhoria dos cursos de graduação em Meteorologia ligados às universidades federais e estaduais, as pesquisas na área de Ciências Atmosféricas tiveram uma expansão extraordinária. Em pouco tempo, notou-se que a demanda da Meteorologia dentro do Comitê GM já representava em torno de metade das solicitações. Atenta a este fato, a representante de nossa área neste período, a Dra. Alice M. Grimm da Universidade Federal do Paraná, propôs ao órgão diretor do CNPq que houvesse a separação, com a criação de um comitê específi co para a Meteorologia. Com apoio de toda a comunidade científi ca, a Dra. Grimm elaborou uma justifi cativa detalhada das necessidades e importância da criação de uma área específi ca para as Ciências

Atmosféricas e em 2006 foi criado o Comitê CA-AT no CNPq.

2. BOLSAS E AUXÍLIOS DIVERSOS A PESQUISA

O Comitê CA-AT se reúne ofi cialmente duas vezes por ano, no fi nal do 1º e 2º semestres. No entanto, com a disponibilização da Plataforma Carlos Chagas (sistema via página Web), o Comitê pode ter acesso aos pedidos e eventualmente julgá-los sem a necessidade presencial em Brasília.

Existem vários tipos de auxílios e bolsa concedidos pelo CNPq como, por exemplo: doutorado e mestrado no Brasil e no exterior; bolsas de Iniciação Científi ca; apoio técnico em nível médio e superior; bolsa de pós-doutorado no Brasil e no exterior; professor visitante; apoio à realização de eventos científi cos; e algumas outras modalidades. No entanto, dois auxílios em particular têm um impacto mais direto na comunidade científi ca: a bolsa de Produtividade em Pesquisa (PQ) e o auxílio à pesquisa por meio do Edital Universal. O primeiro tem como objetivo distinguir o pesquisador, valorizando sua produção científi ca segundo critérios normativos, estabelecidos pelo CNPq, e específi cos, pelos Comitês de Assessoramento – CAs. O segundo visa apoiar atividades de pesquisa científi ca, tecnológica e de inovação, mediante o fi nanciamento a projetos em todas as áreas do conhecimento. Vamos a seguir descrever brevemente a evolução das solicitações destes dois auxílios ao longo dos últimos 7 anos, onde uma breve explicação dos critérios utilizados em seus julgamentos será fornecida.

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2.1. Edital Universal

Considerando-se apenas as solicitações na área de Meteorologia, a Figura 1 mostra o número total de pedidos submetidos no Edital Universal, os recomendados e aqueles que foram efetivamente implementados ao longo dos últimos sete anos. Deve ser notado que não houve chamada do Edital Universal nos anos de 2003 e 2005. Outro fator interessante ocorreu no ano de 2002, onde o número de solicitações recomendadas pelo Comitê (na ocasião o GM) foi igual ao implementado. Isto ocorreu em função do Comitê ter sido previamente informado de todos os recursos que tinham para distribuir, e assim, apenas os processos que poderiam ser contemplados foram recomendados. É evidente também que a demanda qualifi cada praticamente se manteve entre 2002 e 2004, tendo um salto signifi cativo em 2006, em função provavelmente da não existência do Edital Universal em 2005, e um aumento ainda maior em 2007, tendo mais de 65 pedidos naquele ano.

Com relação ao Edital Universal 15/2007, dois pontos devem ser destacados: o primeiro é que o Edital permitia a submissão por parte de pesquisadores que possuíam outro auxílio por meio de algum Edital Universal anterior em andamento, o que incentivou pedidos de pesquisadores já contemplados; o segundo é que este foi o primeiro Edital Universal julgado pelo CA-AT.

Uma vez lançado o edital pelo CNPq, ele já defi ne os requisitos mínimos para o enquadramento, classifi cação e concessão das propostas. Em termos gerais, quando uma proposta é submetida eletronicamente ao CNPq dentro dos prazos previstos, ela é analisada pelo corpo técnico especializado do CNPq no que concerne aos requisitos mínimos exigidos pelo Edital. Estando enquadrada dentro das exigências, a proposta é submetida à, no mínimo, dois consultores ad-hoc em consonância ao tema do projeto. Estes são escolhidos dentre aqueles da própria comunidade científi ca e que possuam algum vínculo com o CNPq através de auxílios em andamento atualmente e ou obtidos no passado, em especial, os bolsistas PQ.

Assim, as solicitações são encaminhadas para julgamento de mérito pelo Comitê Assessor que leva em conta o parecer técnico, o mérito do projeto científi co propriamente dito, os pareceres dos consultores ad-hoc, o histórico do pesquisador junto ao CNPq e os dados atualizados no Currículo Lattes. Neste último item, leva-se em conta, além da produção científi ca, sua contribuição na formação de recursos humanos (quanto possível), suas atividades de extensão e engajamento institucional de forma geral. Levando-se todos estes critérios em consideração, o CA emite parecer de recomendação (favorável ou desfavorável), e faz uma priorização dos processos recomendados. Essa recomendação é encaminhada à Diretoria Executiva (DEX) do CNPq para aprovação, que depende da disponibilidade de recursos.

Com relação ao julgamento do Edital Universal 15/2007, os recursos disponíveis apenas pelo CNPq para o CA-AT, sem considerar a contribuição dos fundos setoriais, era na proporção aproximada de 1:10 em cada uma das faixas de fi nanciamento, ou seja, para cada 10 reais solicitados de auxílio, havia somente 1 real disponível para concessão. Desta forma, pouquíssimos projetos foram recomendados em primeira prioridade, embora vários tenham sido aprovados em seu mérito científi co. Os projetos considerados meritórios, mas que não havia recursos para concessão foram classifi cados como prioridade 2 e aguardando, assim, um aporte adicional de recursos. Deve ser notado que a DEX do CNPq concedeu, posteriormente, recursos extras provenientes do FNDCT, e outros projetos foram contemplados.

2.2. Bolsa de Produtividade em Pesquisa

Dentre todos os auxílios concedidos pelo CNPq, a bolsa de PQ é uma das mais concorridas e, porque não dizer, cobiçadas pelos membros da comunidade científi ca em todas as áreas. Conforme mencionado anteriormente, esta bolsa visa distinguir o pesquisador, valorizando sua produção científi ca segundo critérios normativos estabelecidos pelo CNPq, e específi cos defi nidos pelos Comitês de Assessoramento e disponíveis no website do CNPq (http://www.cnpq.br/normas/rn_06_016_anexo1.htm e http://www.cnpq.br/cas/ca-at.htm#criterios).

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

Através da Figura 2, que mostra o número de solicitações de bolsa de PQ, os pedidos recomendados pelo Comitê e os efetivamente implementados, nota-se que existe uma grande variabilidade inter-anual ao longo do período analisado. Em particular, os anos de 2002 e 2003 tiveram uma demanda extremamente alta, enquanto que, apesar das bolsas recomendadas também terem sido elevadas, as implementadas mantiveram-se praticamente no mesmo nível. É importante frisar que ao longo dos anos, o CNPq alterou critérios em termos de períodos de inscrição e tempo de bolsa. Por exemplo, antigamente abriam-se inscrições duas vezes ao ano e o período de vigência da bolsa era de apenas dois anos. Atualmente, há somente um período de inscrição, que ocorre no primeiro semestre de cada ano, e a bolsa tem duração de 3 anos. Desta forma, algumas distorções notadas entre 2004 e 2005 podem estar refl etindo estas mudanças. Por outro lado, nota-se claramente que desde 2005 a demanda tem aumentado, mas o número de recomendações e implementações se manteve estável.

Desta forma, conforme mostra a Figura 2, a demanda pela bolsa PQ é sempre grande e o número de implementações se mantém relativamente estável.

Esta estabilidade pode ser apreciada através do número total de pesquisadores que o CNPq vem auxiliando de acordo com a Figura 3. Vê-se nesta fi gura que há uma tendência lenta de aumento no número de bolsistas PQ ao longo dos últimos sete anos, sendo que nos dois últimos (2007 e 2008) este número se manteve estável em 45. Deve ser notado que este valor representa o numero total de bolsistas no sistema, ou seja, todos aqueles que mantêm uma bolsa ao longo dos três anos. Desta forma, em realidade, entre 2001 e 2008 foram concedidos apenas 10 bolsas novas para a área de Meteorologia.

Figura 3: Número de pesquisadores com bolsa PQ mantidos pelo CNPq desde 2001 até 2008.

Figura 1: Número de solicitações do Edital Universal dos anos de 2002 a 2007. Barra preta representa todas as solicitações enviadas, a barra vermelha os pedidos recomendados pelos CA e as barras azuis, os pedidos efetivamente implementados.

Figura 2: Número de bolsas de PQ solicitadas entre o período de 2001 e 2007. Barra preta representa todas as solicitações enviadas, a barra vermelha os pedidos recomendados pelos CA e as barras azuis, os pedidos efetivamente implementados.

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A cada três anos, os CAs atualizam os critérios específi cos para suas áreas. Em particular o CA-AT elaborou alguns critérios mais gerais de seleção com vigência de 2006 à 2008. Os julgamentos de pedidos PQ de 2006 e 2007 foram realizados pelo atual Comitê de Ciências Atmosféricas, empregando totalmente esses critérios.

Dois pontos importantes permearam a avaliação e seleção dos bolsistas PQ em 2007. Primeiramente, as bolsas disponíveis para o CA-AT eram aquelas que estavam sendo fi nalizadas no período (de três anos atualmente), sendo que não houve nenhuma bolsa nova concedida para o Comitê. O segundo ponto é que não existe mais o conceito de renovação da bolsa e, portanto, todos os inscritos concorrem igualmente e são classifi cados baseados em diversos indicadores. Para uma classifi cação justa, o Comitê defi niu valores para vários itens como: os pareceres dos assessores ad-hoc, produção bibliográfi ca baseado na classifi cação Qualis da CAPES dos últimos 5 anos, formação de recursos humanos considerando graduação e pós-gradução, participação em eventos e outros fatores relacionados, como por exemplo, a administração, coordenação de projetos, ensino, etc. Todos esses indicadores forneceram uma pontuação bem objetiva de forma a representar da melhor forma possível todas as qualifi cações dos solicitantes. Em situações onde a diferença de pontuação entre dois pesquisadores não era signifi cativa, um critério subjetivo foi utilizado. Neste critério, analisaram-se as condições de trabalho da instituição como infra-estrutura, participação em projetos nacionais e internacionais, cooperação com outras instituições, etc. Existem regiões onde há carência de pesquisadores, portanto, aqueles que se destacaram mesmo nesta circunstância tiveram um adicional de pontuação.

Uma vez preparada a lista de classifi cação baseada na pontuação total, o Comitê separou aqueles que já possuíam uma bolsa PQ e analisou se o nível do pesquisador era compatível com a classifi cação alcançada na primeira fase e então promoveu, manteve ou rebaixou o nível do mesmo. Desta forma, foi feita uma reclassifi cação de níveis. Um ponto

relevante deve ser destacado: não existindo bolsas novas, para um pesquisador nível 2 subir para nível 1, necessariamente se consumiria uma cota de bolsa, ou seja, o CA perderia uma bolsa de nível 2. No entanto, se um pesquisador nível 1 baixar para nível 2, então se ganha uma bolsa nível 2. Na seleção de 2007, devido ao altíssimo nível de todos os solicitantes, não houve ocorrência de descenso nesta avaliação e, portanto, o número de bolsistas níveis 2 e 1 foram mantidos.

3. COMENTÁRIOS FINAIS

Esta matéria visa esclarecer de forma breve qual é a dinâmica de julgamento de solicitações de auxílio à pesquisa em suas diversas modalidades submetida ao CNPq. Em particular, deu-se uma maior ênfase nos pedidos referentes ao Edital Universal e as bolsas de Produtividade em Pesquisa ao longo dos últimos sete anos.

Apesar dos critérios de seleção estabelecidos ao longo dos últimos anos tenham sido direcionadas a minimizar subjetividades, elas podem existir eventualmente, e erros podem ocorrer. Desta forma, os pedidos de reconsideração de resultados são possíveis e devem ser feitos, caso se identifi quem possíveis enganos que tenham prejudicado a análise.

A criação do CA-AT foi uma grande conquista para a área de Meteorologia, e um reconhecimento de sua importância no contexto científi co brasileiro. Os critérios de seleção estabelecidos não são imutáveis e serão regularmente atualizados e melhorados. Os nomes e endereço eletrônico dos membros do Comitê são disponibilizados no website do CNPq, assim como todos os critérios de julgamento das várias solicitações e, em particular, das bolsas PQ. Desta forma, cabe a comunidade contribuir mantendo suas informações atualizadas no Currículo Lattes, analisando e respeitando os critérios e propondo modifi cações aos mesmos, de forma que as pesquisas na área de Ciências Atmosféricas no Brasil continuem crescendo e contribuindo para a nossa sociedade.

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SIMPOSIO DE ENSEÑANZA DE METEOROLOGÍA DEL MERCOSUR

Rio de Janeiro, 16 e 17 de agosto de 2007

PROGRAMACIÓN

Jueves, 16 de agosto de 2007

Lugar: Rio, Cidade Nova, Convention Center

09:00 Apertura Ronaldo Mota (SESu/MEC), Nelson Maculan Filho (SEERJ) Maria Gertrudes Justi da Silva (SBMET), Rafael Terra (CMM)

09:30 Pausa para café

Moderador: Ricardo Tenorio (CMM)10:00 Luiz Carlos Baldicero Molion (UFAL)10:30 Paulo Afonso Fischer Kuhn (UEA)11:00 Benjamín Grassi (UNA)11:30 Susana Bischoff (UBA)

12:00 -14:30 Almuerzo

Moderador: Osvaldo Moraes (CMM)14:30 José Ivaldo Barbosa de Brito (UFCG)15:00 João Batista Miranda Ribeiro (UFPA)15:30 Gilberto Barbosa Diniz (UFPel)

16:00 Pausa para café

Moderador: Benjamín Grassi (CMM)16:30 Marcelo Barreiro (UdelaR)17:00 Presentacion UFRJ17:30 Otávio Acevedo (UFSM)18:00 Amauri Pereira de Oliveira (USP)

18:30 Cierre de jornada

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Viernes, 17 de agosto de 2007

Lugar: Rio, Cidade Nova, Convention Center

09:00 Presentación: Resumen sobre la enseñanza de meteorología en el MERCOSUR Resumen de propuestas

Mesa Redonda: Discusión sobre las acciones sugeridas

09:15 Graduación Moderador: Maria Gertrudes Justi da Silva (SBMET) Rapporteur: Benjamín Grassi (CMM)

10:30 Pausa para el café

11:00 Post-graduación Moderador: Susana Bischoff (UBA) Rapporteur: Osvaldo Moraes (CMM)

12:15 Mecanismo de acreditación en el MERCOSUR (Sergio Franco, SESu/MEC)

12:45 Almuerzo

15:00 Redacción de documento

18:00 Cierre de Simposio

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

II SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CLIMATOLOGIA:DETECÇÃO E ATRIBUIÇÕES DE CAUSAS PARA AS

MUDANÇAS CLIMÁTICAS - AMÉRICA DO SUL 02 e 03 de novembro de 2008, São Paulo SP

Bourbon Convention Ibirapuera, Av. Ibirapuera, 2927, Moema, São Paulo, SP

PROGRAMAÇÃO

02 Novembro 2007

08h00 – 09h00 Credenciamento

09h00 – 09h30 Abertura e Apresentação da Estratégia e Objetivos da Reunião.09h30 – 10h10 Entendendo Atribuição de Causas das Mudanças Climáticas Segundo o IPCCAR4 WG1

Jose A. Marengo, CPTEC/INPE

10h10 – 10h30 Café

10h30 – 12h30 Variabilidade Natural do Clima10h30 – 11h10 Palestra I – O que a Paleoclimatologia nos Mostra sobre a América do Sul? Bruno Turcq, IRD/UFF11h10 – 11h50 Palestra II –Variability of Precipitation over South America: Seasonality and Linkages

with SST Alice Grimm, UFPR11h50 – 12h10 Aldo Montecinos, UCH

12h10 – 13h30 Almoço

13h30 – 18h00 Métodos Estatísticos e Estocásticos para Detecção de Mudanças Climáticas13h30 – 14h10 Palestra III – Atribuição das Tendências da precipitação regional Vicente Barros, UBA14h10 – 14h50 Palestra IV – La importancia de la información meteorológica para la detección

del cambio climático Matilde Rusticucci, UBA14h50 – 15h303 Palestra IV – Desafi os na detecção das mudanças climáticas Paulo Justiniano Ribeiro Jr., UFPR

15h30 – 15h50 Café

15h50 – 16h10 Teresinha Xavier, ACESI

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16h10 – 16h30 Paulo Sergio Lúcio, UFRN16h30 – 16h50 Hilton Silveira Pinto,CEPAGRI/UNICAMP (não foi apresentado)16h50 – 18h00 Discussão Geral e Recomendações18h00 – 19h00 Sessão de Pôsteres

03 Novembro 2007

08h30 – 12h30 Papel da Mudança de uso da Terra e Aerossóis

08h30 – 09h15 Palestra V – Efeitos dos Aerossóis Maria Assunção Faus da Silva Dias, CPTEC/INPE

09h15 – 10h00 Palestra VI – Impacto da Mudança de Uso da Terra Carlos Afonso Nobre, CPTEC/INPE

10h00 – 10h20 Café

10h20 – 10h40 Edmilson Dias de Freitas, IAG/USP

10h40 – 11h00 Aline Procópio, UFRJ

11h00 – 11h20 Marcos Heil Costa, UFV

11h20 – 11h40 Humberto Ribeiro da Rocha, IAG/USP

11h40 – 12h30 Discussão Geral e Recomendações

12h30 – 14h00 Almoço

14h00 – 18h00 Estudos de Detecção de Mudanças Climáticas e Atribuições de Causas na América do Sul

14h00 – 14h20 Edmo Campos, IO/USP

14h20 – 14h40 Patrício Aceituno, UCH

14h40 – 15h00 Walter Collischonn, IPH/UFRGS

15h00 – 15h20 Julián Baez, Paraguai

15h20 – 15h40 Aristides Ribeiro, UFV

15h40 – 16h00 Café

16h00 – 18h30 Mesa Redonda Final para Discussões e Recomendações Finais

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III CONFERÊNCIA REGIONAL SOBRE MUDANÇAS GLOBAIS:AMÉRICA DO SUL

04 a 08 novembro de 2007

Bourbon Convention Ibirapuera, Av. Ibirapuera, 2927, Moema, São Paulo, SPInformações: www.mudancasglobais.com.br

PROGRAMAÇÃO

04 de novembro

18h00 Abertura Ofi cial18h30 O Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima Luiz Gylvan Meira Filho (IEA/USP, Brasil)19h30 Apresentação do Coral Infanto-Juvenil do Espaço Cultural Prelúdio

20h00 Coquetel de Confraternização

05 de novembro: A Ciência das Mudanças Globais

Coordenação: Holm Tiessen (IAI, Brasil)08h00 – 10h00 Inscrições e credenciamento com entrega de material10h00 – 10h40 Palestra 1 – José Galizia Tundisi (IIEGA, Brasil)

Mudanças Globais e Ecossistemas Aquáticos Continentais10h40 – 11h20 Palestra 2 – Paulo Artaxo (IF/USP, Brasil)

O Papel dos Aerossóis Atmosféricos no Sistema Climático Regional e Global11h20 – 12h00 Palestra 3 – Edmo Campos (IO/USP, Brasil) A Importância do Oceano nas Mudanças Globais

12h00 – 12h30 Debates

12h30 – 14h00 Almoço e plantão de pôsteres

14h00 – 16h20 Mesa Redonda 1 – Confi abilidade e Incertezas nos Resultados do IPCC/2007 Coordenação: Maria Assunção Faus da Silva Dias (INPE/CPTEC e IAG/USP, Brasil)

Antonio Divino Moura (INMET, Brasil) Carolina Susana Vera (CIMA/UBA, Argentina) Humberto Ribeiro Rocha (IAG/USP, Brasil) Ilana Wainer (IO/USP, Brasil) Marcos Heil Costa (DEA/UFV, Brasil)

16h20 – 16h40 Intervalo café

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16h40 – 19h00 Mesa Redonda 2 – Água e Mudanças ClimáticasCoordenação: Carlos Eduardo M. Tucci (IPH/UFRGS, Brasil)German Poveda Jaramillo (UNAL, Colômbia)José A. Marengo (INPE/CPTEC, Brasil)Luiz Cláudio Costa (UFV, Brasil) Reynaldo Victória (CENA/USP, Brasil)Vicente Barros (CIMA/UBA, Argentina)

06 de novembro, Impactos, Vulnerabilidade e Adaptação

Coordenação: Reynaldo Victória (CENA/USP, Brasil)10h00 – 10h40 Palestra 4 - Carlos Afonso Nobre (INPE/CPTEC e IGBP, Brasil)

Impactos das Mudanças Climáticas nos Biomas da América do Sul: uma Avaliação da Vulnerabilidade

10h40 – 11h20 Palestra 5 – Maria Carmen Lemos (Universidade de Michigan, EUA) Mudanças Climáticas, Adaptação e Gestão de Água no Brasil11h20 – 12h00 Palestra 6 – Roberto Rodrigues (GV Agro, FGV/EESP, Brasil) Agroenergia: o Novo Paradigma Mundial

12h00 – 12h30 Debates

12h30 – 14h00 Almoço e plantão de pôsteres

14h00 – 16h20 Mesa Redonda 3 – Ecossistemas Agrícolas e Naturais Coordenação: Márcio de Miranda Santos (CGEE, Brasil) Alejandro Leon (CEZA, Universidade do Chile, Chile) Carlos Alfredo Joly (IB/UNICAMP, Brasil) Eduardo Delgado Assad (EMBRAPA/CNPTIA, Brasil) Guilherme Leite da Silva Dias (FEA/USP, Brasil)

Luiz Antonio Martinelli, (CENA/USP, Brasil)

16h20 – 16h40 Intervalo café

16h40 – 19h00 Mesa Redonda 4 – Aspectos Urbanos Coordenação: Marcelo Khaled Poppe (CGEE, Brasil) Ana Maria Murgida (UBA, Argentina) Carlos Eduardo M. Tucci (IPH/UFRGS, Brasil) Helena Ribeiro (FSP/USP, Brasil) Hugo Ivan Romero (Universidade do Chile, Chile) Marcelo Furtado (Greenpeace, Brasil)

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

07 de novembro, Evitando as Mudanças Climáticas

Coordenação: João Lima Sant’Anna Neto (FCT/UNESP, Brasil)10h00 – 10h40 Palestra 7 – Luiz Pinguelli Rosa (FBMC e COPPE/UFRJ, Brasil) O Brasil e as Mudanças Climáticas10h40 – 11h20 Palestra 8 – Enéas Salati (FBDS, Brasil)

Possíveis Ações para Diminuir a Responsabilidade Brasileira nas Mudanças Climáticas Globais

11h20 – 12h00 Palestra 9 – Sérgio Margulis (Banco Mundial, EUA)Proposta de uma Análise Econômica dos Impactos das Mudanças Climáticas no Brasil

12h00 – 12h30 Debates

12h30 – 14h00 Almoço e plantão de pôsteres

14h00 – 16h20 Mesa Redonda 5 – Mitigação de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Setor Industrial: o Potencial do Refl orestamento

Coordenação: Emilio Lebre La Rovere (Centro Clima/COPPE/UFRJ, Brasil) David Canassa (Grupo Votorantim, Brasil)

Demóstenes Barbosa Silva (AES Tietê, Brasil) Geraldo Moura (Plantar, Brasil) Jean-Pierre L. Birat (ArcelorMittal, França) Thelma Krug (MMA, Brasil)

16h20 – 16h40 Intervalo café

16h40 – 19h00 Mesa Redonda 6 – Mitigação de Emissões de Gases de Efeito Estufa nos Transportes: o Potencial dos BiocombustíveisCoordenação: Weber Amaral (Pólo Nacional de Biocombustíveis, ESALQ/USP, Brasil)

Carlos Augusto Feu A. Silva (Energia & Economia, Brasil)Ildo Luis Sauer (IEE/USP, Brasil)Laura Tetti (UNICA, Brasil)

Paulo Coutinho (Brasil Ecodiesel, Brasil) Suzana Kahn Ribeiro (COPPE/UFRJ, Brasil)

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08 de novembro, O Futuro do Regime Climático Global

Coordenação: Luiz Gylvan Meira Filho (IEA/USP, Brasil)10h00 – 10h40 Palestra 10 – Rubens Ricupero (FAAP, Brasil)

Haverá Vida Após Kyoto? Mais uma Oportunidade Perdida pelo Brasil?10h40 – 11h20 Palestra 11 – Virgílio Maurício Viana (SDS/AM, Brasil)

Ameaças e Oportunidades para a Amazônia no Contexto das Mudanças Climáticas11h20 – 12h00 Palestra 12 – Clemente de Lima Baena Soares (MRE, Brasil) A Cooperação Amazônica: Histórico e Perspectivas

12h00 – 12h30 Debates

12h30 – 13h30 Almoço e plantão de pôsteres

13h30 – 14h00 Sessão de Avaliação dos Pôsteres, Wagner Costa Ribeiro (FFLCH e PROCAM/USP, Brasil)

14h00 – 16h00 Mesa Redonda 7 – Articulação da Política Interna Brasileira Coordenação: Jose Goldemberg (IEE/USP, Brasil) Fernando Rei (CETESB, Brasil)

João Paulo Capobianco (MMA, Brasil) Marco Antonio Fujihara (Instituto Totum, Brasil)

Marcos Aurélio Vasconcelos de Freitas (IVIG-COPPE/UFRJ,Brazil)

16h00 – 16h20 Intervalo café

16h20 – 18h20 Mesa Redonda 8 – Negociações Internacionais Coordenação: Jacques Marcovitch (FEA/USP, Brasil) Eduardo Viola (UnB, Brasil)

Leonidas Osvaldo Girardin (Fundação Bariloche, Argentina) Luiz Alberto Figueiredo Machado (MRE, Brasil) Sergio Jauregui (PNUMA, Bolívia)

18h20 Conclusões e Recomendações, Jacques Marcovitch (FEA/USP, Brasil)

19h00 Encerramento

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007EXPEDIENTEda SBMET

SBMET PARTICIPA DA 60ª REUNIÃO ANUAL DA SBPCA SBMET marcou presença na 60ª Reunião Anual

da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). O evento realizado todos os anos reúne membros de sociedades científi cas de todo o Brasil numa série de atividades. Este ano, membros da Diretoria da SBMET participaram de Conferências, Simpósios e Cursos, como podem ser conferidos abaixo. A 60ª Reunião da SBPC também contou com conferências de Carlos Nobre e Luiz Carlos Molion no núcleo de discussões sobre aquecimento global e meio ambiente.

15/07/07 - Reunião da Sociedade Brasileira de Meteorologia.Coordenadora: Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva.

17/07/07 – Simpósio “Os Benefícios Econômicos do Uso das Informações Meteorológicas”. Coordenador: Pedro Leite da Silva Dias; Participantes: Walter Collischonn (UFRGS), José Maria Brabo Alves (FUNCEME).

18/07/07 – Conferência “A Importância da tecnologia na determinação das mudanças climáticas e seus impactos”. Conferencista: Pedro Leite da Silva Dias; Apresentadora: Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva.

15 a 18/07/07 – Mini-curso “Meteorologia – Aplicações tecnológicas aos estudos ambientais”. Responsável: Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (UFRJ).

NOVO LAYOUT DOS INFORMES DA SBMET E CRIAÇÃO DO SETOR DE IMPRENSA E

COMUNICAÇÃO DA SBMET

Em 2007 foram divulgados 86 Informes da SBMET, através de e-mail, para uma mala direta de associados, instituições públicas e privadas, além de pessoas da comunidade não associadas à SBMET,

cadastradas no sistema. A distribuição mensal dos Informes da SBMET em 2007 é dada na tabela abaixo:

Meses QuantidadeJaneiro 3Fevereiro 12Março 14Abril 12Maio 17Junho 9Julho 5Agosto 9Setembro (*)Outubro (*)Novembro 5TOTAL 86

(*) Por um problema no hardware da máquina onde estava alocada a mala direta da SBMET, o serviço foi suspenso no período.

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

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A Diretora Administrativa da SBMET, Marley Moscati, idealizadora dessa modalidade de comunicação com os sócios e a comunidade em geral, foi responsável pela confecção e envio dos Informes da SBMET de janeiro de 2005 até outubro de 2007. Nesse período, a periodicidade do Informe foi quase diária e com a divulgação de 10 notícias, em média, por Informe.

A partir de outubro de 2007, a SBMET criou o Setor de Imprensa e Comunicação para otimizar as relações com jornalistas e ampliar a divulgação de eventos e notícias da entidade, tanto interna quanto externamente. A jornalista Mariana Oliveira é a responsável pelos trabalhos desenvolvidos nesse Setor. A Sra. Marley continua colaborando, enviando notícias para elaboração do Informe online.

Aproveitando a criação do Setor de Imprensa, os Informes on-line da SBMET passaram por modernizações na forma e na periodicidade (semanal) e em uma estrutura mais leve, que remete à página principal da SBMET por hiperlinks. Com isso, foi descontinuada a confecção do Informativo (disponível apenas online no Portal da SBMET). A

nova versão do Informe da SBMET entrou no ar em defi nitivo em novembro de 2007 e passaram a ser enviados pelo Setor de Suporte do Portal.

Se você não recebe o Informe da SBMET online, entre em contato com [email protected].

Vejam abaixo o novo layout do Informe da SBMET:

RBMET NO SciELO

Desde novembro de 2007, a Revista Brasileira de Meteorologia (RBMET) se encontra disponível no Scientifi c Electronic Library Online (SciELO). No site www.scielo.br/rbmet é possível consultar

edições e a lista de artigos publicados, bem como as versões em PDF.

Para visualizar exemplares da RBMET, visite também o website http://www.rbmet.org.br.

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

SBMET PROMOVE CURSO DE ATUALIZAÇÃO EM METEOROLOGIA SINÓTICA PRÁTICA APLICADA À

PREVISÃO DE TEMPO

Dentro das atividades previstas no Projeto “Implantação da Rede de Meteorologia e Clima” realizado pelo MCT em parceria com a SBMET e a UFRJ, foi oferecido um Curso de Atualização em Meteorologia Sinótica Prática Aplicada à Previsão de Tempo. O Curso foi ministrado nas dependências do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no período de 3 a 8 de dezembro de 2007, com um total de 54 horas de aula. O objetivo foi o de fortalecer os conhecimentos de Meteorologia Sinótica aplicada à previsão de tempo através da utilização de ferramentas objetivas de prognóstico dos diferentes sistemas meteorológicos que infl uenciam o tempo no Brasil. O conteúdo das aulas conforme abordado no Curso está registrado nos arquivos constantes de um CD-ROOM, elaborado especifi camente para este Curso.

Ementa do Curso

1) Revisão de conceitos básicos de Meteorologia Sinótica

Identifi cação de sistemas frontais:Frentes frias- Frentes quentes- Frentes estacionárias- Frentes subtropicais- Cavados baroclínicos-

Jatos de altos níveis:Jato Subtropical (JST)- Jato Polar Norte (JPN)- Jato Polar Sul (JPS)-

Teoria de Desenvolvimento de sistemas de baixa e alta pressão (Equação de Sutcliffe):

Ondas frontais.- - Índices de instabilidade: K, LI, SH,

TT, CT, VT, SWEAT, CAPE

2) Uso do GempakVisualização de imagens de satélite.- Visualização de dados de superfície - (metar, synop) e de altitude (radiossondagem).Visualização de cartas sinóticas.- Geração de cartas sinóticas; traçado de - frentes, cavados, jatos e condição de tempo.

3) Elaboração da Previsão de Tempo:Análise das cartas sinóticas: superfície - e altitude (500 hPa e 250 hPa).Previsão de Tempo através da - utilização de ferramentas objetivas de prognóstico derivadas de modelos numéricos.Elaboração de boletins técnicos.-

Corpo Docente

O principal instrutor do Curso foi o Dr. Gustavo Carlos Juan Escobar, do INPE/CPTEC, que contou com o apoio dos professores Claudine Pereira Dereczynski, Alfredo Silveira da Silva e David Garrana Coelho, da UFRJ, e do suporte computacional de Luiz Rodrigo Lins Tozzi e monitores do Laboratório de Prognósticos de Mesosescala (LPM/UFRJ).

As aulas foram distribuídas ao longo de uma semana, no horário das 8:00 h às 18:00 horas, de segunda a sexta, e de 8:00 h às 12:00 horas, no sábado, totalizando 54 horas. As atividades incluíram a aplicação de uma prova, a avaliação do conteúdo das disciplinas, dos professores e da infra-estrutura oferecida.

EXPEDIENTEda SBMET

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

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Corpo Discente

Na Tabela 1 estão relacionados os alunos do Curso de Meteorologia Sinótica Prática Aplicada à Previsão de Tempo, discriminando-se o estado de origem e se foram ou não custeados com recursos do Projeto. Foram aceitos apenas 24 alunos, número limitado

pelas necessidades de infra-estrutura de computadores e software específi co. Participaram do Curso 24 profi ssionais, em sua maioria meteorologistas, oriundos de 19 diferentes estados brasileiros, sendo 17 deles custeados com recursos do projeto.

Inscritos Estado Formação Custeado

1 Alexandre M.T. de Medeiros Paraíba Meteorologista Sim2 Allysson Araújo Bahia Meteorologista Sim3 Carlos Marcio Eloi Maranhão Meteorologista Sim4 Edmir dos Santos Jesus Amapá Meteorologista Sim5 Emanuel Ramos Teixeira Alagoas Meteorologista Sim6 Fábio A. M. Saraiva Rondônia Meteorologista Sim7 Felipe Roque Rio de Janeiro Meteorologista Não8 Hailton Dias Pernambuco Meteorologista Sim9 José Geraldo Espírito Santo Engenheiro Não10 José Luiz Silva Júnior Tocantins Meteorologista Sim11 José Uéliton Pinheiro Rio Grande do Norte Meteorologista Sim12 Leni Andrade Sergipe Meteorologista Não13 Luís Alves dos Santos Neto Amazonas Meteorologista Não14 Marcos Vianna Alagoas Meteorologista Não15 Marilene de Lima Santa Catarina Meteorologista Sim16 Neri Ellen Nobrega Espirito Santo Meteorologista Sim17 Paulo Lima Guimarães Pará Meteorologista Sim18 Raimundo Mainar Piauí Meteorologista Sim19 Ricardo Marques Rio de Janeiro Meteorologista Não20 Rodrigo Mathias Rio de Janeiro Meteorologista Não21 Rosidalva L.F. da Paz Goiás Física Sim22 Sheila Radmann da Paz Paraná Meteorologista Sim23 Silvia Regina S. da Silva Rio de Janeiro Meteorologista Não24 Zilurdes Fonseca Lopes Ceará Meteorologista Sim

Tabela 1: Relação de alunos participantes do Curso de Meteorologia Sinótica Prática Aplicada à Previsão de Tempo.

Material Didático do Curso

As aulas ministradas foram gravadas em CD-ROOM, distribuído para os alunos e professores da UFRJ no último dia de aula e enviado ao Professor Dr. Gustavo Escobar, pelo correio.

Outras Atividades Relevantes

Ocorreu uma reunião com os Coordenadores dos Centros Estaduais de Meteorologia nos dias 6 e 7 de dezembro de 2007. Desta reunião participaram também a Presidente da Sociedade Brasileira de

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

Meteorologia, Maria Gertrudes A. Justi da Silva e a Coordenadora Geral de Meteorologia, Climatologia e Hidrologia do MCT, Darly Henriques da Silva. Nesta reunião foram apresentadas e discutidas as atividades do MCT em Meteorologia, as ações planejadas para o biênio 2008-2010 e o fortalecimento das parcerias com os Centros Estaduais com o CNPq, a FINEP, a SBMET e a CMCH. Os Coordenadores dos Centros puderam expor suas atividades e as difi culdades que enfrentam para o desenvolvimento de seus serviços. Desta reunião saiu a decisão de formar o Fórum Brasileiro de Meteorologia Regional, formado pelos Coordenadores dos Centros Estaduais

de Meteorologia, sendo escolhidas a representante de Goiás, Dra. Rosidalva Paz, como Presidente e a representante de Minas Gerias, Dra. Heloisa Moreira Torres Nunes, como Vice-Presidente do referido Fórum.

A empresa Hobeco ofereceu na noite do dia 5 dezembro um jantar para confraternização entre seus funcionários e os alunos e professores do Curso de Meteorologia Sinótica, assim como os Coordenadores dos Centros Estaduais de Meteorologia, que participaram das reuniões realizadas nos dias 6 e 7 de dezembro.

FOTOS DO CURSO

Foto 1: Dr. Gustavo Escobar. Foto 2 e 3: Alunos do Curso, em sala de aula.

RESULTADO DAS ELEIÇÕES PARA CONSELHOS DELIBERATIVO E FISCAL DA SBMET

A Assembléia Extraordinária para eleição dos membros dos Conselhos Deliberativo e Fiscal, realizada em 6 de dezembro de 2007, elegeu os seguintes sócios:

Conselho Deliberativo:Romisio Geraldo Bouhid André – INMETAdilson Wagner Gandu – IAG/USPJaci Maria Bilhalva Saraiva – SIPAM-AM

Suplentes:Rosane Rodrigues Chaves – UENFValdo da Silva Marques – UENFEdmilson Dias de Freitas – USP-IAG

Conselho Fiscal:Francisca Maria Alves Pinheiro – UENFMariana Palagano Ramalho Silva – UFRJVera Aldreida Malfa Pereira - Tropical

Foto 1: Comissão Eleitoral - SBMET, 06/12/200, composta pelo Presidente do Conselho Deliberativo e por membros da Diretoria Executiva.

EXPEDIENTEda SBMET

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

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ISSO FOINOTÍCIA

PRÊMIO NOBEL DA PAZ EM 2007 É DADO PARA AL GORE E PESQUISADORES DO IPCC

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (do inglês, Intergovernamental Panel for Climate Change – IPCC) e o ex-Vice-Presidente americano Al Gore foram os ganhadores do Prêmio Nobel da Paz de 2007. O grupo formado por cerca de 2 mil cientistas de todo mundo desenvolve pesquisas sobre clima e efeitos das mudanças climáticas. Al Gore foi o responsável por popularizar o trabalho do IPCC com o documentário “Uma Verdade Inconveniente”. Os organizadores do Prêmio Nobel elogiaram os esforços na divulgação das causas das mudanças climáticas e a disposição em traçar metas e planos que minimizem os efeitos desta crise.

Trechos da Carta Enviada pelo Presidente do IPCC aos Pesquisadores

“Estou certo de que você concorda comigo que todos nós devemos ser gratos pelo apoio e ajuda que temos recebido de todos os governos que fazem parte do IPCC. O fato do IPCC ter merecido o reconhecimento que este prêmio personifi ca é realmente uma homenagem ao seu conhecimento, trabalho árduo e aplicação. Na verdade, os co-Presidentes dos Grupos de Trabalho, as unidades associadas às diferentes alas do IPCC ter um grande valor na medida do nosso crédito”.

Rajendra PachauriPresidente do IPCC

Segue, abaixo, uma relação de pesquisadores e especialistas brasileiros que participaram do IPCC, como Coordenadores, autores e revisores dos Relatórios publicados de 1990 a 2007:

Antonio Rocha Magalhães Banco MundialArnaldo C. WalterBritaldo Silveira Soares Filho UFMGBranca Americano MCTCarlos A. Nobre INPECarlos Clemente Cerri Cena/USPCarlos Frederico Menezes ELETROBRÁS e EPECleber Galvão AES TietêDemóstenes Barbosa Silva AES TietêDiógenes Sala Alves INPEEmilio La Rovere COPPE/UFRJEnio Cordeiro ITAMARATIFrederico S. Duque Estrada Meyer ITAMARATIGilberto Januzzi UNICAMPGiulio Volpi WWF BrasilHeraldo Campos UnisinosHézio de Oliveira Alcoa BrasilTavares de LimaJefferson Cardia Simões FRGS

(continua)

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007ISSO FOINOTÍCIA

João Wagner Alves CETESBJosé D. G. Miguez PETROBRÁS e MCTJosé Goldemberg USPJosé Antonio Marengo Orsini INPEJosé Roberto Moreira USPLaura Tetti ÚNICALuiz Gylvan Meira Filho USP

Luiz Pinguelli Rosa Diretor da COPPE/UFRJ e Secretário Executivo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas

M. de Oliveira SantosM. Fujihara Price Waterhouse CoopersMarco Aurélio dos Santos COPPE/UFRJMagda Aparecida Lima EMBRAPAMarcos S. P. Gomes PUC/RJMaria Sylvia Muylaert COPPE/UFRJ e Secretaria do Meio Ambiente do RJMauricio Born Associação Brasileira de AlumínioMauricio Tiomo Tolmasquim COPPE/UFRJ e EPEMauro Santos MCTNewton Parcionik MCTNiro Higuchi INPAOdo Primavesi EMBRAPAOswaldo Lucon Secretaria de Meio Ambiente de SPPaulo Atarxo USPPedro Leite da Silva Dias USPPedro MachadoPedro Moura Costa EcosecurityPhilip M. Fearnside INPAPlínio Nastari ConsultorR. GualdaR. Monteiro LourençoRicardo Leonardo Rodrigues Vianna TNC BrasilRoberto Peixoto INTRoberto Schaeffer COPPE/UFRJRonaldo Seroa da Mota IPEASérgio Trindade ConsultorSônia Vieira CETESBSuzana Kahn Ribeiro COPPE/UFRJ e Secretaria do Meio Ambiente do RJThelma Krug INPE e Secretaria de Mudanças Climáticas do MMAUlisses Confalonieri FiocruzVolker Kirchoff INPEWarnick ManfrinatoY. D.P. Medeiros

(continuação)

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

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PEDRO LEITE DA SILVA DIAS É EMPOSSADO NOVO DIRETOR DO LNCC

O Pesquisador Pedro Leite da Silva Dias, Professor do IAG-USP, tomou posse como Diretor do Laboratório Nacional de Computação Científi ca (LNCC), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), em cerimônia realizada em 18 de outubro de 2007, às 11 horas, no Auditório do LNCC, em Petrópolis, RJ. O LNCC tem por fi nalidade promover e realizar atividades de pesquisa e desenvolvimento nos diversos campos da Computação Científi ca, com ênfase na criação e aplicação de modelos e métodos

matemáticos e computacionais para a solução de problemas científi cos e tecnológicos. Promove ainda a formação avançada de recursos humanos em suas áreas de atuação e o desenvolvimento, instalação e administração de recursos computacionais de alto desempenho acessíveis à comunidade científi ca e tecnológica nacional. Maiores informações sobre as atividades do LNCC estão disponíveis no link http://www.lncc.br/frame.html.

PESQUISADOR DR. PAULO ARTAXO, PROFESSOR DO INSTITUTO DE FÍSICA DA USP, RECEBE PRÊMIO

DO Council of the Academy of Sciences for the Developing World (TWAS)

O Council of the Academy of Sciences for the Developing World (TWAS), em Trieste, Itália, em sua Reunião de 12 de novembro de 2007, durante o XVIII TWAS General Meeting, decidiu conceder o TWAS Prize in Earth Sciences 2007 ao Professor do Departamento de Física Aplicada do Instituto de Física da USP, Dr. Paulo Artaxo. O prêmio será entregue ao Prof. Artaxo em cerimônia especial a ser realizada durante o XIX TWAS General Meeting, a ser realizado no México em 2008.

Segue a tradução do texto transcrito da TWAS que acompanha o anúncio do prêmio (http://www.twas.org). “Professor Paulo Artaxo do IFUSP ganhou o Prêmio TWAS 2007 na área de Ciências da Terra pela sua notável contribuição, no nosso entendimento, do impacto que as partículas de aerosol, emitidas durante

a queima de biomassa, tem na formação de nuvem e no balanço de radiação na Bacia Amazônica. Ele conduziu também os primeiros estudos examinando como partículas naturais biogênicas de aerosol ajuda a manter a bioquímica do ecossistema amazônico afetando a condensação de nuvem e, consequentemente, a precipitação e o clima. Além disso, ele empreendeu estudos profundos sobre poluição urbana do ar em São Paulo, novamente com especial atenção na fonte e no impacto das partículas de aerosol. Artaxo serviu como membro do Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) Working Group 1. O IPCC compartilhou o Prêmio Nobel da Paz com Al Gore pelo esforço combinado em aumentar o entendimento publico e a conscientização da mudança de clima.”

Fonte: http://www.twas.org.

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

Editoração Eletrônica Editoração Eletrônica LIVROS REVISTAS

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

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NORMAS eLEGISLAÇÃO

A METEOROLOGIA E A RESOLUÇÃO N0 1.010

Alfredo Silveira da SilvaDiretor Profi ssional SBMET

[email protected]

A RESOLUÇÃO 1.010 foi aprovada pelo Plenário do Confea em 22 de agosto de 2005 em substituição à Resolução 218 de 1973 e já está em vigor a partir de 10 de julho de 2007. Esta Resolução objetiva estabelecer normas estruturadas dentro de uma concepção matricial para a atribuição de títulos profi ssionais, atividades e competências no âmbito de atuação profi ssional, para efeito de fi scalização do exercício profi ssional das profi ssões inseridas no Sistema Confea/CREA.

A Resolução 218 de 1973 discriminava as atividades das diferentes modalidades profi ssionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Também, discriminava as competências dos profi ssionais de acordo com a sua área de formação e disciplinava no art.25 que as competências decorrem da graduação do profi ssional, assim como ensejam a extensão das atribuições desde que sejam na mesma modalidade, tudo em consonância com as disposições da Lei 5.194, de 24 de dezembro de 1966. A Meteorologia foi regulamentada em outubro de 1980 e não foi contemplada pela resolução 218. Da mesma forma, a Meteorologia, em relação às outras profi ssões, a extensão das atribuições deve estar em consonância com a Lei 6.835, de outubro de 1980.

A Resolução 1.010, adota o princípio da fl exibilização, que caracteriza as atuais diretrizes curriculares nacionais, no sentido de conceder título, atribuição e competência profi ssional. No caso da Meteorologia, até a presente data ainda não foram homologadas as Diretrizes Curriculares e a maioria dos cursos ainda não atualizaram seus currículos.

Teremos, então, a concessão das atribuições em função da competência adquirida. Isso será feito por meio de um currículo integralizado em consonância

com o projeto pedagógico do curso, que permitirá a defi nição do perfi l profi ssional do diplomado a ser indicado pela instituição de ensino ao Sistema Confea/CREA, de acordo com o dispositivo no artigo 10 da Lei 5.194, de 24 de dezembro de 1966, bem como a extensão das atribuições inicialmente concedidas por meio de cursos de pós-graduação lato sensu (aperfeiçoamento e especialização) e stritu sensu (mestrado e doutorado).

O novo normativo permite a extensão das atribuições iniciais dentro de cada categoria profi ssional (Engenharia, Arquitetura e Agronomia). A fl exibilização apresentada no normativo permite que dentro da categoria Engenharia a extensão das atribuições inicialmente concedidas possam ser estendida no âmbito das suas varias modalidades. No caso da Meteorologia, destaca-se que a fl exibilização está na Categoria Agronomia.

No art. 30 foram defi nidos os níveis de formação dos diplomados no âmbito das profi ssões inseridas no Sistema Confea/Crea. Para a atribuição de títulos profi ssionais, atividades e competências serão observadas as especifi cidades de cada campo de atuação profi ssional dentro destes níveis de formação, em conexão com os perfi s profi ssionais, estruturas curriculares e projetos pedagógicos, em consonância com as diretrizes curriculares nacionais dos cursos que levem à diplomação ou concessão de certifi cados nos vários níveis profi ssionais.

Outro ponto que merece destaque é o fato do projeto observar estritamente o dispositivo na legislação vigente atualmente para os técnicos, Lei 5.524 de novembro de 1968, e Decreto 90.922, de 6 de fevereiro de 1985, alterado pelo Decreto 4.560, de dezembro de 2002.

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Boletim SBMET ago.-dez. 2007

COMO OPERACIONALIZAR

Em 2007, foi defi nido como projeto estratégico o treinamento e divulgação da Resolução 1.010, de 2005. Uma das principais ações previstas foi a realização de treinamentos regionalizados com conselheiros regionais e agentes dos CREAs, Esses treinamentos incluíam parte teórica, exercício de concessão de atribuições e avaliação de desempenho e foram ministrados pelo consultor do Confea Prof. Ruy Vieira.

Foram realizados treinamentos, nos quais os CREAs foram divididos por região. Durante os treinamentos, foi notada a preocupação dos Regionais em relação à certa subjetividade quando da análise curricular, o que poderia gerar falta de uniformidade na concessão de atribuições nos diferentes CREAs. Ou seja, a preocupação era que um CREA de determinada região analisasse um curso de forma diferente de um de outra região.

Por isso foram reunidos os Coordenadores Nacionais de Câmaras Especializadas juntamente com outros representantes para se chegar a uma alternativa para facilitar e uniformizar a operacionalização da Resolução. Em reunião de 25 a 29 de junho, foi apresentada proposta da Coordenadoria de Engenharia Industrial que tratava da Matriz de Conhecimento.

MATRIZ DE CONHECIMENTO

Nada mais é que o detalhamento, para cada tópico dos Campos de Atuação do Anexo II da Resolução 1010, dos conteúdos básicos e profi ssionalizantes que o egresso deverá ter cursado durante sua vida acadêmica para poder receber, como atribuição, o tópico respectivo. Além disso, a Matriz estabelece cargas horárias mínimas para o respectivo tópico. Foi aprovada a criação de grupos de especialistas por categoria, ao longo dos anos de 2007 e 2008 para elaborarem as respectivas matrizes. A elaboração das matrizes seguiu na quase totalidade dos casos, as respectivas Diretrizes Curriculares como base do detalhamento dos conteúdos.

Atualmente, estão sendo realizadas reuniões com os especialistas para fi nalizar a elaboração das matrizes de conhecimento. Já foram realizadas do ano passado até junho de 2008 algumas reuniões. A Comissão de Educação e Atribuição Profi ssional (CEAP) defi niu como prazo para conclusão dessas matrizes até o fi nal do 10 semestre de 2008. Além da elaboração das matrizes por cada grupo de especialistas, está previsto uma reunião conjunta específi ca para harmonizar os conteúdos de tópicos comuns a mais de uma coordenadoria. Os Anexos I e II e o Anexo III da Resolução 1010, estão disponibilizadas no site da SBMET (www.sbmet.org.br).

NORMAS eLEGISLAÇÃO

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Boletim SBMET ago-nov 2006

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ABRIL 2007 MAIO 2007

AGENDA

JUNHO 2007

JULHO 2007

Special Session at the EGU General Assembly • AS1.15: Aerosol-Precipitation InteractionsPeríodo: 15 a 20 de abril de 2007Local: VienaWebsite: http://www.cosis.net/members/meetings/programme/overview_db.php?m_id=40

AGU-SBGf Joint Meeting• Período: 22 a 25 de maio 2007Local: Acapulco, MéxicoWebsite para informações: http://www.agu.org/meetings/ja07/

Summer School on Multiscale Modeling and • Simulation in ScienceLocal: Bosön, StockholmPeríodo: 4 a 15 de junho de 2007Website: http://user.it.uu.se/~ngssc/ngssc_home//S2M2S2/ http://www.atm.helsinki.fi /ILEAPSE-mail: [email protected]

II Encontro Sul-Brasileiro de Meteorologia/• IV Jornada de Palestras dos Estudantes de Meteorologia - UFPelPeríodo: 25 a 29 de junho de 2007Local: Florianópolis, SCInscrição e envio de trabalhos, online: www.cefetsc.edu.br/~meteoro/esbmInformações adicionais pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone (48) 32210601

The 2007 World Congress in Computer Science, • Computer Engineering, and Applied Computing

(WORLDCOMP’07) (composto de 24 Conferências)Período: 25 a 28 de junho de 2007Local: Monte Carlo Resort Hotel, Las Vegas, Nevada, EUAContato por e-mail: H. R. Arabnia - [email protected]: http://www.worldacademyofscience.org/worldcomp07http://www.world-academy-of-science.org

XV Congresso Brasileiro de Agrometeorologia• Tema: “A AGROMETEOROLOGIA NO SÉCULO XXI”Período: 02 a 05 de julho de 2007Local: Centro de Convenções do Hotel Parque dos Coqueiros, situado à Rua Francisco Rabelo Leite, nº 1075, Bairro Atalaia, Aracaju, SEWebsite: www.cbagro2007.com.br

Conferência Internacional de Educação a Distância • com Apoio Computacional em Meteorologia e Hidrologia (CALMet) 2007Período: 2 a 7 de julho de 2007Local: Beijing, ChinaWebsite: http://calmet.comet.ucar.edu/Informações Adicionais: Patrick Parrish ([email protected]), Vesa Nietosvaara ([email protected] ), Fan Hong ([email protected]), Dr. Ednaldo Oliveira dos Santos ([email protected]).

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Boletim SBMET ago-nov 2006AGENDA

AGOSTO 2007

Joint conference of the International Association of • Meteorology and Atmospheric Sciences (IAMAS) and the International Union of Geodesy and

Geophysics (IUGG)

Local: University of Perugia, ItáliaPeríodo: 2 a 13 de julho de 2007Website: http://www.iugg2007perugia.itContato por E-mail: [email protected]

59ª Reunião Anual da SBPC• Período: de 8 a 13 de julho de 2007Local: campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém do ParáTema Central: Amazônia: desafi o nacionalInscrições: www.sbpcnet.org.br/eventos/59ra

11th World Multi-Conference on Systemics, • Cybernetics and Informatics: WMSCI 2007

Período: 8 a 11 de julho de 2007Local: Orlando, Florida, EUAWebsite: http://www.iiis-cyber.org/wmsci2007

S• ession "IWG02" - 4rd AOGS Annual Meeting: "Modelling and Simulation of

Dangerous Phenomena for Hazard Mapping"

Local: Bangkok, ThailandiaPeríodo: 30 de julho a 4 de agosto de 2007Website: http://www.asiaoceania.org/aogs2007/Contato por e-mail com Giulio Iovine: [email protected]; [email protected]; [email protected]

33rd International Conference on Radar • MeteorologyPeríodo: 6 a 10 de agosto de 2007Local: Cairns Convention Centre, Cairns, AustráliaWebsite: http://www.ametsoc.org/meet/index.htmlInformações adicionais: http://www.tropicalaustralia.com.au/

Simpósio de Ensino de Meteorologia e Ciências • Afi ns do MercosulPeríodo: 16 a 17 de agosto de 2007Local: Rio de Janeiro, RJInformações: www.sbmet.org.br

1º Ibero-Americano Workshop em Climatologia • Dinâmica, Mudanças Climáticas e Modelagem Regional do Clima (First Ibero-American Workshop on Climate Dynamics, Climate Change and Regional Climate Modeling)Período: 20 a 23 de agosto de 2007Local: São Paulo, SPInformações: Inscrições deverão ser feitas através do e-mail: [email protected]

Curso de Verão: "Land Surface - Atmosphere • Interactions in a Changing Climate"

Período: 26 a 31 de agosto de 2007Local: Grindelwald, SwitzerlandData limite para submissão: 20 de dezembro de 2006 (notifi cação de aceite em janeiro de 2007)Website: //www.nccr-climate.unibe.ch/summer_school/2007/

S• econd International Conference on Earth System Modeling Max Planck Institute for Meteorology

Período: 27 a 31 de agosto de 2007Inscrições online: outubro de 2006Website: http://www.mpimet.mpg.de/icesm

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Boletim SBMET ago-nov 2006

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SETEMBRO 2007

OUTUBRO 2007

NOVEMBRO 2007

DEZEMBRO 2007

Semana de Meteorologia da UFRJ – 2007: • Meteorologia aliada ao meio ambiente

Período: 17 a 20 de setembro de 2007Local: Departamento de Meteorologia UFRJ, RJContato por E-mail: [email protected]

Congresso Internacional "A Global Vision of • Forestry in the 21st Century"

Período: 30 de setembro a 3 de outubro de 2007Local: Toronto, CanadáWebsite: http://www.forestry.utoronto.ca/centennial/int_congress.htm

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia – 2007• Foi escolhido como lema para a Semana de 2007, Terra.Período: 01 a 07 de outubro de 2007

II Simpósio Internacional de Climatologia: “A • detecção das mudanças climáticas e a atribuição

de causas”

Período: 2 e 3 de novembro de 2007Local: São Paulo, SPWebsite: www.sbmet.org.br/sic

III Conferência Regional sobre Mudanças Globais• Período: 4 a 8 de novembro de 2007Local: São Paulo, SPInformações: http://www.mudancasglobais.com.br

IX International Symposium on Lightning • Protection (XIV SIPDA)

Período: 26 a 30 de novembro de 2007Local: Foz do Iguaçu - PRWebsite: http://www.iee.usp.br/sipdaE-mail da Secretaria do evento: [email protected]

IV Congresso Cubano de Meteorologia• Local: Ciudad de La HabanaPeríodo: 4 a 8 de dezembro de 2007O recebimento de abstracts e trabalhos deve ser feita por e-mail: [email protected]: http://www.insmet.cu/sometcuba/default.htm E-mail: [email protected]

2º Simpósio Brasileiro de Desastres Naturais e • Tecnológicos (2º SIBRADEN)

Período: 09 a 13 de dezembro de 2007Local: São Paulo, SPInformações: http://www.acquacon.com.br/2sibraden

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Boletim SBMET ago-nov 2006AGENDA

MARÇO 2008

V Workshop de Micrometeorologia• Período: 12 a 14 de dezembro de 2007Local: Universidade Federal de Santa Maria, RSInformações: http://www.gruma.ufsm.br/workshop/

Workshop Internacional sobre Clima e Recursos • Naturais nos países de língua portuguesaPeríodo: 02 a 07 de março de 2007Local: Cabo Verde, Ilha do SalInformações: http://www.cra08.com/[email protected]

III Conferência Estadual de Meio Ambiente• Período: 07 a 09 de março de 2008Local: Belém do Pará, PAInformações: http://www.sema.pa.gov.br/

Workshop Sobre Bioenergi• aPeríodo: 10 de março de 2008Local: São Paulo, SPInformações: http://www.pontocomm.com.br/fapesp/RU/convrsvp.asp

International Symposium on Weather Radar and • HydrologyPeríodo: 10 a 12 de março de 2008 (Grenoble, França)13 a 15 de março de 2008 (Autrans, França)Local: FrançaInformações: http://www.wrah-2008.com/news_us.php

I Encontro Acadêmico de Modelagem • Computacional Período: 10 e 11 de março de 2008Local: Petrópolis, RJInformações: http://www.lncc.br/

A• Gestão do Conhecimento Ambiental na Universidade Latino-Americana e o Desenvolvimento Sustentável: Necessidade ou Utopia?

Período: 11 de março de 2008Local: São Paulo, SPInformações: http://www.memorial.sp.gov.br/memorial/AgendaDetalhe.do?agendaId=1023

Dia Internacional Polar• Período: 12 de março de 2008Informações: Rhian Salmon pelo e-mail [email protected]

II Encontro Latino-Americano e Caribenho da Rede • de Governos Regionais para o Desenvolvimento Sustentável - Mudanças Climáticas: Discutir o Presente para Garantir o FuturoPeríodo: 14 de março de 2008Local: São Paulo, SPInformações: inscrições pelo telefone (11) 3133-3378 (CETESB)

Magna Conferência Sobre Clima• Período: 17 de março de 2008Local: Belo Horizonte, MGInformações: [email protected]

Dia Meteorológico Mundial 2008: IPMet• Período: 25 de março de 2008Local: Bauru, SPInformações: [email protected] ou telefone: 14-3103-6030 com Sandra até 19/03/2008.

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Boletim SBMET ago-nov 2006

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ABRIL 2008

Dia Meteorológico Mundial: IAG/USP• Período: 25 de março de 2008Local: São Paulo, SPInformações: Auditório G do IAG entre 16 e 18 horas no dia 25 de março

Dia Meteorológico Mundial: INMET, INPE, CPTEC, • SBMET, CHM, BECEA e ANAPeríodo: 25 de março de 2008Local: Brasília, DFInformações: Auditório do INMET

Dia Meteorológico Mundial - SIPAM• Período: 26 de março de 2008Local: Porto Velho, RO

II Seminário Brasileiro Sobre Seqüestro de • Carbono e Mudanças Climáticas

Período: 25 a 28 de março de 2008Local: Maceió, ALWebsite: http://www.ecoclima.org.br/programa_seminario.html

Dia Meteorológico Mundial• Período: 29 de março de 2008Local: Cidade do México/MEXInformações: 1252-7479 ou por e-mail: [email protected]

South American Emissions, Megacities and • Climate 2008Período: 2 a 4 de abril de 2008Local: Ubatuba, SPWebsite: http://www6.cptec.inpe.br/saemc/

IV Congresso Florestal Latino-americano• Período: 2 a 5 de abril de 2008Local: Cidade de Mérida, VenezuelaWebsite: http://www.confl at.org/index.php#aviso

Cerimônia Militar Comemorativa do Aniversário • de 120 anos da Criação da Repartição Central MeteorológicaData: 11 de abril de 2008Local: Niterói, RJInformações: http://www.mar.mil.br/dhn/chm/meteo/120anos/120anos.htm

I Simpósio sobre Mudanças Climáticas e • Desertifi cação no Semi-Árido BrasileiroPeríodo: 15 a 17 de abril de 2008Local: Petrolina, PEInformações: Francislene Angelotti (E-mail:[email protected])Fone: BR (87)3862-1711, ramal 262

Workshop Discute Criação de Rede de • Monitoramento de Eventos MeteorológicosData: 16 de abril de 2008Local: Curitiba, PRInformações: Auditório do Simepar Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná - UFPR, Jardim das Américas, Curitiba, PR

Lançamento Regional do Ano Internacional do • Planeta Terra para América Latina e CaribePeríodo: 23 de abril a 1º de maio de 2008Local: Brasília, DFWebsite: http://www.sbmet.org.br/eventos/Lancamento_Regional_Ano_Internacional_Planeta_Terra/image001.jpg

6º Simpósio Brasileiro de Engenharia Ambiental• Período: 30 de abril a 3 de maio de 2008Local: Serra Negra, SPInformações: http://www.visbea.com.br/index.htm

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Boletim SBMET abril 2008

Secretaria da SBMET

E-mail Geral: [email protected] Administrativa: Dra. Marley C. L. Moscati Assistente de Secretária: Angela HaradaEmail: [email protected]: (0xx12) 3945-6653Fax: (0xx12) 3945-6666

Setor de Imprensa e Comunicação:

E-mail: [email protected]: Mariana Oliveira

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Sobre Boletim da SBMET

Informações Gerais:[email protected]

Envio de artigos e matérias:Dra. Marley MoscatiE-mail: [email protected]: (+5512) 3945-6653Fax: (+5512) 3945-6666

Sobre Revista Brasileira de Meteorologia (RBMET)

InformaçõesGerais:E-mail: [email protected]

Envio de artigos e matérias:Dr. Manoel Gan – [email protected]: (+ 55 - 12) 3945-6650Fax: (+55 - 12) 3945-6666

ATENDIMENTO DA SBMET

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ANUNCIANTES

APOIO

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Política Editorial do Boletim da Sociedade Brasileira de Meteorologia

Instruções aos Autores:

1) Serão aceitos para publicação no BSBMET, artigos originais na área de meteorologia e áreas correlatas, não publicados anteriormente, versando sobre conclusões e andamentos de Projetos, opiniões sobre pontos de relevância na meteorologia e problemas atuais da meteorologia e do clima, além de matérias técnicas e profissionais de interesse.

2) Os manuscritos submetidos deverão ser enviados ao Editor Responsável do BSBMET via e-mail.

3) Os trabalhos devem ser organizados,sempre que possível, com a seguinte estrutura: TÍTULO, nome completo dos autores, as Instituições a que pertencem e o endereço postal, RESUMO/palavras chaves, ABSTRACT/Key words, 1. INTRODUÇÃO, 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO, 3. CONCLUSÕES (ou CONSIDERAÇÕES FINAIS), 4. AGRADECIMENTOS, 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. As figuras e tabelas deverão estar posicionadas dentro do texto conforme estipulados pelos autores. As referências bibliográficas, as equações e as unidades devem seguir as normas adotadas pela Revista Brasileira de Meteorologia.

4) O texto deve ter, no máximo, dez (10) páginas e ser escrito em formato A4 (297 x 210 mm), usando-se o Editor Word 6.0 ou posterior, fonte Times New Roman 12, espaço 1,5 cm, todas as margens de 2,5 cm e espaçamento 1,5 cm entre parágrafos.

Padrões para confecção e envio de arquivos eletrônicos dos anúncios:

1. Especificação de formatos:1.1 Anúncio ¼ de página, 8x12 cm sem sangria.1.2 Anúncio 1/2 página, 20 x13,25 cm sem sangria.1.3 Anúncio de página inteira, 17,5 x 24 cm com 4 mm de sangria.

2. Programas disponíveis para recepção de arquivos:2.1 CorelDraw X3 ou inferior, nas plataformas PC.2.2 PDF 8.0 (em alta resolução) ou inferior, nas plataformas PC.

3. Mídias para envio:3.1 CDR ou CDR-W3.2 E-mail, para arquivos menores que 8MB

Obs: (1) Para enviar arquivos, favor gravar todos os links e fontes utilizadas na mesma mídia, lembrando que a qualidade de imagens e calibração de cores é de inteira responsabilidade do anunciante. É imprescindível o acompanhamento de uma impressão colorida que possa demonstrar a expectativa de reprodução de arquivo. (2) Todas as imagens (figuras, tabelas e fotos) devem ser enviadas em arquivos à parte, em JPG ou PDF, em alta resolução.

Endereço para envio: A/c Marley C. L. Moscati, INPE/CPTEC – Dept. Meteorologia, Sala 26, Av. dos Astronautas, 1758, Jd. Granja, São José dos Campos/ SP – 12227-010E-mail: [email protected], com cópia para [email protected].

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Segunda FasePrimeira Fase

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PORTANTE

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Se Aristóteles, Torricelli e Galileu deram suas contribuições à ciência há muitos séculos, o Brasil teve que esperar até a década de 1960 para ter os primeiros meteorologistas formados em solo nacional. O curso de graduação da Universidade do Brasil (atual UFRJ) foi criado em 1965 e, somente a partir daí, a Meteorologia ganhou impulso para se desenvolver.

Até então, os meteorologistas brasileiros eram formados ou especializados na área por universidades estrangeiras. Entre eles estão nomes como Jesus Marden, Diretor do INMET responsável pela criação do primeiro curso de graduação na UFRJ, e Fernando Pimenta Alves, primeiro presidente da SBMET.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia foi criada em 1958 para unir os meteorologistas e regulamentar a profissão. Estas foram palavras do primeiro presidente, que aos 97

anos, reitera que o objetivo primordial da Sociedade era fazer com que os meteorologistas fossem reconhecidos no Brasil.

A SBMET nasceu como uma sociedade técnico-científica para incentivar o desenvolvimento da Meteorologia e do pessoal especializado nacional, mas também como uma sociedade civil quando a maioria dos meteorologistas eram militares. Não havia estrutura ou mesmo muitos sócios. Apenas 10 colaboradores que cediam tempo entre as horas de trabalho e driblavam revezes como a falta de infra-estrutura ou a forte oposição feita por membros das Forças Armadas.

Aos poucos, os ideais se arrefeceram, os grupos se dispersaram e os objetivos perderam força. A SBMET foi desativada em 1962. Maurílio Cunha Campos de Moraes e Castro (in memorian) foi o último presidente da primeira fase.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia permaneceu desativada entre 1962 e 1976. Neste ínterim, a Organização Meteorológica Mundial implantou o primeiro curso de graduação na América do Sul, no Brasil.

Os primeiros meteorologistas se formaram e depois deles, mais meteorologistas. Muitos nem sabiam da existência anterior da SBMET. Pouco se sabe também sobre como a Sociedade foi redescoberta, mas à frente das pesquisas e das negociações estava o Professor José de Lima Filho. De acordo com relatos dos então colegas de departamento, a personalidade resoluta de Lima foi decisiva para que a sociedade fosse reativada. Ao lado de Francisco Raddi, chefe do departamento de Meteorologia, e com o apoio de um grupo de professores da UFRJ, a antiga diretoria foi contatada e iniciaram-se as negociações para que a SBMET voltasse à ativa.

A Meteorologia havia experimentado durante alguns anos uma certa estagnação. Os profissionais ainda eram poucos, não havia representati- vidade e tampouco incentivos significativos à pesquisa. O mesmo grupo

que lutou pela reativação, também promoveu a I Semana de Meteorologia da UFRJ. Tido para muitos como embrião dos congressos bienais da SBMET, o encontro reuniu estudantes, profissionais da área e entidades governamentais para palestras de pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Por ocasião da I Semana de Meteorologia também foi eleita uma nova diretoria que apresentava nomes de grande importância nesta transição. O grupo era formado por pessoas que tiveram participação significativa no estabelecimento desta nova fase da SBMET, que dura até os dias atuais.

Desde então, houve grande avanço nas relações institucionais entre órgãos de Meteorologia, além do número crescente de associados e da participação da comunidade nas propostas da instituição. Entre as conquistas desta nova fase estão a regulamentação da profissão de meteorologista (1980), aquisição de uma sede no centro comercial do Rio de Janeiro (2000), realização de Congressos Brasileiros de Meteorologia em anos pares (a partir de 1980) e de Simpósios Internacionais de Climatologia em anos ímpares (a partir de 2005).

Fernando Pimenta Alves (1959-1960)Maurílio C. C. de Moraes e Castro (1961-1962) Francisco Raddi Lourenço (1976) Dagoberto Sobreira de Moura (1978-1979) Ivan Pereira de Abreu (1980-1981)Jose Eugênio Ferreira Neiva (1982-1983) Fernando Pimenta Alves (1983-1984)Heloisa Moreira Torres Nunes (1985-1986)

Valdo da Silva Marques (1987-1988) Fernando Pimenta Alves (1989-1990)

Maria Assunção Faus da Silva Dias (1991-1992) Pedro Leite da Silva Dias (1993-1994) Fernando Pimenta Alves (1995-1996) Lucimar Luciano de Oliveira (1997-1998) Valdo da Silva Marques (1999-2000) Prakki Satyamurty (2001-2002) Francisco de Assis Diniz (2003-2004) Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (2005-2006)

Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (2007-2008)

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Se Aristóteles, Torricelli e Galileu deram suas contribuições à ciência há muitos séculos, o Brasil teve que esperar até a década de 1960 para ter os primeiros meteorologistas formados em solo nacional. O curso de graduação da Universidade do Brasil (atual UFRJ) foi criado em 1965 e, somente a partir daí, a Meteorologia ganhou impulso para se desenvolver.

Até então, os meteorologistas brasileiros eram formados ou especializados na área por universidades estrangeiras. Entre eles estão nomes como Jesus Marden, Diretor do INMET responsável pela criação do primeiro curso de graduação na UFRJ, e Fernando Pimenta Alves, primeiro presidente da SBMET.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia foi criada em 1958 para unir os meteorologistas e regulamentar a profissão. Estas foram palavras do primeiro presidente, que aos 97

anos, reitera que o objetivo primordial da Sociedade era fazer com que os meteorologistas fossem reconhecidos no Brasil.

A SBMET nasceu como uma sociedade técnico-científica para incentivar o desenvolvimento da Meteorologia e do pessoal especializado nacional, mas também como uma sociedade civil quando a maioria dos meteorologistas eram militares. Não havia estrutura ou mesmo muitos sócios. Apenas 10 colaboradores que cediam tempo entre as horas de trabalho e driblavam revezes como a falta de infra-estrutura ou a forte oposição feita por membros das Forças Armadas.

Aos poucos, os ideais se arrefeceram, os grupos se dispersaram e os objetivos perderam força. A SBMET foi desativada em 1962. Maurílio Cunha Campos de Moraes e Castro (in memorian) foi o último presidente da primeira fase.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia permaneceu desativada entre 1962 e 1976. Neste ínterim, a Organização Meteorológica Mundial implantou o primeiro curso de graduação na América do Sul, no Brasil.

Os primeiros meteorologistas se formaram e depois deles, mais meteorologistas. Muitos nem sabiam da existência anterior da SBMET. Pouco se sabe também sobre como a Sociedade foi redescoberta, mas à frente das pesquisas e das negociações estava o Professor José de Lima Filho. De acordo com relatos dos então colegas de departamento, a personalidade resoluta de Lima foi decisiva para que a sociedade fosse reativada. Ao lado de Francisco Raddi, chefe do departamento de Meteorologia, e com o apoio de um grupo de professores da UFRJ, a antiga diretoria foi contatada e iniciaram-se as negociações para que a SBMET voltasse à ativa.

A Meteorologia havia experimentado durante alguns anos uma certa estagnação. Os profissionais ainda eram poucos, não havia representati- vidade e tampouco incentivos significativos à pesquisa. O mesmo grupo

que lutou pela reativação, também promoveu a I Semana de Meteorologia da UFRJ. Tido para muitos como embrião dos congressos bienais da SBMET, o encontro reuniu estudantes, profissionais da área e entidades governamentais para palestras de pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Por ocasião da I Semana de Meteorologia também foi eleita uma nova diretoria que apresentava nomes de grande importância nesta transição. O grupo era formado por pessoas que tiveram participação significativa no estabelecimento desta nova fase da SBMET, que dura até os dias atuais.

Desde então, houve grande avanço nas relações institucionais entre órgãos de Meteorologia, além do número crescente de associados e da participação da comunidade nas propostas da instituição. Entre as conquistas desta nova fase estão a regulamentação da profissão de meteorologista (1980), aquisição de uma sede no centro comercial do Rio de Janeiro (2000), realização de Congressos Brasileiros de Meteorologia em anos pares (a partir de 1980) e de Simpósios Internacionais de Climatologia em anos ímpares (a partir de 2005).

Fernando Pimenta Alves (1959-1960)Maurílio C. C. de Moraes e Castro (1961-1962) Francisco Raddi Lourenço (1976) Dagoberto Sobreira de Moura (1978-1979) Ivan Pereira de Abreu (1980-1981)Jose Eugênio Ferreira Neiva (1982-1983) Fernando Pimenta Alves (1983-1984)Heloisa Moreira Torres Nunes (1985-1986)

Valdo da Silva Marques (1987-1988) Fernando Pimenta Alves (1989-1990)

Maria Assunção Faus da Silva Dias (1991-1992) Pedro Leite da Silva Dias (1993-1994) Fernando Pimenta Alves (1995-1996) Lucimar Luciano de Oliveira (1997-1998) Valdo da Silva Marques (1999-2000) Prakki Satyamurty (2001-2002) Francisco de Assis Diniz (2003-2004) Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (2005-2006)

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Se Aristóteles, Torricelli e Galileu deram suas contribuições à ciência há muitos séculos, o Brasil teve que esperar até a década de 1960 para ter os primeiros meteorologistas formados em solo nacional. O curso de graduação da Universidade do Brasil (atual UFRJ) foi criado em 1965 e, somente a partir daí, a Meteorologia ganhou impulso para se desenvolver.

Até então, os meteorologistas brasileiros eram formados ou especializados na área por universidades estrangeiras. Entre eles estão nomes como Jesus Marden, Diretor do INMET responsável pela criação do primeiro curso de graduação na UFRJ, e Fernando Pimenta Alves, primeiro presidente da SBMET.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia foi criada em 1958 para unir os meteorologistas e regulamentar a profissão. Estas foram palavras do primeiro presidente, que aos 97

anos, reitera que o objetivo primordial da Sociedade era fazer com que os meteorologistas fossem reconhecidos no Brasil.

A SBMET nasceu como uma sociedade técnico-científica para incentivar o desenvolvimento da Meteorologia e do pessoal especializado nacional, mas também como uma sociedade civil quando a maioria dos meteorologistas eram militares. Não havia estrutura ou mesmo muitos sócios. Apenas 10 colaboradores que cediam tempo entre as horas de trabalho e driblavam revezes como a falta de infra-estrutura ou a forte oposição feita por membros das Forças Armadas.

Aos poucos, os ideais se arrefeceram, os grupos se dispersaram e os objetivos perderam força. A SBMET foi desativada em 1962. Maurílio Cunha Campos de Moraes e Castro (in memorian) foi o último presidente da primeira fase.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia permaneceu desativada entre 1962 e 1976. Neste ínterim, a Organização Meteorológica Mundial implantou o primeiro curso de graduação na América do Sul, no Brasil.

Os primeiros meteorologistas se formaram e depois deles, mais meteorologistas. Muitos nem sabiam da existência anterior da SBMET. Pouco se sabe também sobre como a Sociedade foi redescoberta, mas à frente das pesquisas e das negociações estava o Professor José de Lima Filho. De acordo com relatos dos então colegas de departamento, a personalidade resoluta de Lima foi decisiva para que a sociedade fosse reativada. Ao lado de Francisco Raddi, chefe do departamento de Meteorologia, e com o apoio de um grupo de professores da UFRJ, a antiga diretoria foi contatada e iniciaram-se as negociações para que a SBMET voltasse à ativa.

A Meteorologia havia experimentado durante alguns anos uma certa estagnação. Os profissionais ainda eram poucos, não havia representati- vidade e tampouco incentivos significativos à pesquisa. O mesmo grupo

que lutou pela reativação, também promoveu a I Semana de Meteorologia da UFRJ. Tido para muitos como embrião dos congressos bienais da SBMET, o encontro reuniu estudantes, profissionais da área e entidades governamentais para palestras de pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Por ocasião da I Semana de Meteorologia também foi eleita uma nova diretoria que apresentava nomes de grande importância nesta transição. O grupo era formado por pessoas que tiveram participação significativa no estabelecimento desta nova fase da SBMET, que dura até os dias atuais.

Desde então, houve grande avanço nas relações institucionais entre órgãos de Meteorologia, além do número crescente de associados e da participação da comunidade nas propostas da instituição. Entre as conquistas desta nova fase estão a regulamentação da profissão de meteorologista (1980), aquisição de uma sede no centro comercial do Rio de Janeiro (2000), realização de Congressos Brasileiros de Meteorologia em anos pares (a partir de 1980) e de Simpósios Internacionais de Climatologia em anos ímpares (a partir de 2005).

Fernando Pimenta Alves (1959-1960)Maurílio C. C. de Moraes e Castro (1961-1962) Francisco Raddi Lourenço (1976) Dagoberto Sobreira de Moura (1978-1979) Ivan Pereira de Abreu (1980-1981)Jose Eugênio Ferreira Neiva (1982-1983) Fernando Pimenta Alves (1983-1984)Heloisa Moreira Torres Nunes (1985-1986)

Valdo da Silva Marques (1987-1988) Fernando Pimenta Alves (1989-1990)

Maria Assunção Faus da Silva Dias (1991-1992) Pedro Leite da Silva Dias (1993-1994) Fernando Pimenta Alves (1995-1996) Lucimar Luciano de Oliveira (1997-1998) Valdo da Silva Marques (1999-2000) Prakki Satyamurty (2001-2002) Francisco de Assis Diniz (2003-2004) Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (2005-2006)

Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (2007-2008)

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Se Aristóteles, Torricelli e Galileu deram suas contribuições à ciência há muitos séculos, o Brasil teve que esperar até a década de 1960 para ter os primeiros meteorologistas formados em solo nacional. O curso de graduação da Universidade do Brasil (atual UFRJ) foi criado em 1965 e, somente a partir daí, a Meteorologia ganhou impulso para se desenvolver.

Até então, os meteorologistas brasileiros eram formados ou especializados na área por universidades estrangeiras. Entre eles estão nomes como Jesus Marden, Diretor do INMET responsável pela criação do primeiro curso de graduação na UFRJ, e Fernando Pimenta Alves, primeiro presidente da SBMET.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia foi criada em 1958 para unir os meteorologistas e regulamentar a profissão. Estas foram palavras do primeiro presidente, que aos 97

anos, reitera que o objetivo primordial da Sociedade era fazer com que os meteorologistas fossem reconhecidos no Brasil.

A SBMET nasceu como uma sociedade técnico-científica para incentivar o desenvolvimento da Meteorologia e do pessoal especializado nacional, mas também como uma sociedade civil quando a maioria dos meteorologistas eram militares. Não havia estrutura ou mesmo muitos sócios. Apenas 10 colaboradores que cediam tempo entre as horas de trabalho e driblavam revezes como a falta de infra-estrutura ou a forte oposição feita por membros das Forças Armadas.

Aos poucos, os ideais se arrefeceram, os grupos se dispersaram e os objetivos perderam força. A SBMET foi desativada em 1962. Maurílio Cunha Campos de Moraes e Castro (in memorian) foi o último presidente da primeira fase.

A Sociedade Brasileira de Meteorologia permaneceu desativada entre 1962 e 1976. Neste ínterim, a Organização Meteorológica Mundial implantou o primeiro curso de graduação na América do Sul, no Brasil.

Os primeiros meteorologistas se formaram e depois deles, mais meteorologistas. Muitos nem sabiam da existência anterior da SBMET. Pouco se sabe também sobre como a Sociedade foi redescoberta, mas à frente das pesquisas e das negociações estava o Professor José de Lima Filho. De acordo com relatos dos então colegas de departamento, a personalidade resoluta de Lima foi decisiva para que a sociedade fosse reativada. Ao lado de Francisco Raddi, chefe do departamento de Meteorologia, e com o apoio de um grupo de professores da UFRJ, a antiga diretoria foi contatada e iniciaram-se as negociações para que a SBMET voltasse à ativa.

A Meteorologia havia experimentado durante alguns anos uma certa estagnação. Os profissionais ainda eram poucos, não havia representati- vidade e tampouco incentivos significativos à pesquisa. O mesmo grupo

que lutou pela reativação, também promoveu a I Semana de Meteorologia da UFRJ. Tido para muitos como embrião dos congressos bienais da SBMET, o encontro reuniu estudantes, profissionais da área e entidades governamentais para palestras de pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Por ocasião da I Semana de Meteorologia também foi eleita uma nova diretoria que apresentava nomes de grande importância nesta transição. O grupo era formado por pessoas que tiveram participação significativa no estabelecimento desta nova fase da SBMET, que dura até os dias atuais.

Desde então, houve grande avanço nas relações institucionais entre órgãos de Meteorologia, além do número crescente de associados e da participação da comunidade nas propostas da instituição. Entre as conquistas desta nova fase estão a regulamentação da profissão de meteorologista (1980), aquisição de uma sede no centro comercial do Rio de Janeiro (2000), realização de Congressos Brasileiros de Meteorologia em anos pares (a partir de 1980) e de Simpósios Internacionais de Climatologia em anos ímpares (a partir de 2005).

Fernando Pimenta Alves (1959-1960)Maurílio C. C. de Moraes e Castro (1961-1962) Francisco Raddi Lourenço (1976) Dagoberto Sobreira de Moura (1978-1979) Ivan Pereira de Abreu (1980-1981)Jose Eugênio Ferreira Neiva (1982-1983) Fernando Pimenta Alves (1983-1984)Heloisa Moreira Torres Nunes (1985-1986) Valdo da Silva Marques (1987-1988) Fernando Pimenta Alves (1989-1990)

Maria Assunção Faus da Silva Dias (1991-1992) Pedro Leite da Silva Dias (1993-1994) Fernando Pimenta Alves (1995-1996) Lucimar Luciano de Oliveira (1997-1998) Valdo da Silva Marques (1999-2000) Prakki Satyamurty (2001-2002) Francisco de Assis Diniz (2003-2004) Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (2005-2006)Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva (2007-2008)

PRESIDENTES

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2008

Boletim da Sociedade Brasileira de Meteorologia ISSN 1676-014X

vol.31, no 2-3, ago.-dez. 2007

A METEOROLOGIA SE ORGANIZA NA

AMAZÔNIA