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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS UEMG CAMPUS DE FRUTAL CURSO DE BACHAREL EM DIREITO

PRINCPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL

ANDERSON DO NASCIMENTO SAMPAIOCLAUDINEI DE PAIVA MATOSFLVIA ALVES SILVALETCIA PEREIRA DE PAULAPAULO HENRIQUE SANTANA

Frutal (MG)2015

Anderson do Nascimento SampaioClaudinei de Paiva MatosFlvia Alves SilvaLetcia Pereira de PaulaPaulo Henrique Santana

PRINCPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL

Trabalho para a composio de nota na disciplina de Teoria Geral do Processo ao curso de Bacharel em Direito Universidade do Estado de Minas Gerais UEMG Campus de Frutal, sob a orientao da Professora Sinara Lacerda.

Frutal (MG)2015RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo a anlise dos princpios gerais do direito processual, para que assim possamos compreender melhor alguns dos preceitos que do forma e carter aos sistemas processuais. Alguns princpios so comuns a todos os sistemas e outros fazem parte somente em determinados ordenamentos. A seguir teremos os princpios de aplicao idntica em ambos os ramos do direito processual.

Palavras-chave: Direito. Processo. Princpios. Justia.

ABSTRACT

The present work aims at the analysis of the General principles of procedural law, so that we can better understand some of the principles that shape and character to the procedural systems. Some principles are common to all systems and others are part only in certain jurisdictions. Then we have the principles of application identical in both branches of the procedural law.

Keywords: Law. Process. Principles. Justice.

INTRODUO

Direito processual o ramo do direito pblico que regulamenta os procedimentos jurisdicionais, para assim administrar o direito. O conceito comum da palavra princpio compreendido como comeo, origem. Princpios jurdicos significam os temas bsicos que servem de ponto de partida ou de elementos vitais do prprio Direito. Tidos como normas gerais que exprimem valores, sendo assim ponto de referncia, modelo para as regras que as desdobram, os princpios podem ser definidos como a verdade bsica e incontestvel de uma cincia, ou normas criadoras do sistema jurdico.

Diz ALCIDES MENDONA LIMA (Processo de Conhecimento e Processo de Execuo, p.43) que todos os ramos jurdicos esto subordinados a princpios, que lhes servem de diretrizes, indispensveis elaborao, interpretao e aplicao de suas respectivas normas cogentes, esclarecendo ser evidente que, como trao comum a todas e a cada uma delas, dominam a base ideolgica do Estado em que tenham incidncia, segundo as estruturas sociais.

Entende-se ento por princpios como garantias constitucionais, que asseguram s partes o exerccio de suas faculdades e poderes processuais e, de outro, so indispensveis ao correto exerccio da jurisdio.

De acordo com Cintra et al. (2005, p.53) Alis, sobretudo nos princpios constitucionais que se embasam todas as disciplinas processuais, encontrando na Lei Maior a plataforma comum que permite a elaborao de uma teoria geral do processo.

1 PRINCPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZO princpio da imparcialidade vem a designar a proibio de qualquer conduta por parte do mediador que importe em qualquer favorecimento de tratamento a uma das partes. Portanto, a imparcialidade quer se referir atitude do mediador em relao s partes e no ao contedo em si do tema afeto mediao, questo essa que se abordar mais adiante quando se tratar da neutralidade do mediador.Tal a importncia desse princpio para a compreenso do instituto em foco, que se atreve a se aqui afirmar que, na realidade, ele um elemento intrnseco a seu conceito, dele fazendo inarredavelmente parte.Com isso, o que se quer dizer que, qualquer norma legal que vise a regulamentar a mediao em seus mais variados aspectos no poder dela se afastar, sob pena de restar completamente desnaturado esse mecanismo complementar de soluo de disputas.Assim, no possvel se conceber a regularidade de um processo de mediao, na qual, no reste invariavelmente observado este princpio.Isso significa dizer que onde no h imparcialidade do mediador, no existe um processo de mediao vlido, sendo essa uma regra de ouro que se deve observar a todo custo dentro de um processo de mediao.Pois o mediador devera evitar a tomar uma atitude que possa ser encarada por uma das partes, ainda que aparentemente, como uma tomada de posio em prol da outra.Isso poderia restar evidenciado com a aceitao por parte do mediador de presentes ou ddivas de uma das partes ou ainda com a exposio de seus preconceitos a determinadas caractersticas pessoais de uma das partes. Tais acontecimentos fatalmente acarretariam a perda de confiana das partes no mediador, o que resultaria na frustrao do processo de mediao.

2 PRINCPIO DA IGUALDADE

AConstituio Federalde 1988 dispe em seu artigo5,caput,sobre o princpio constitucional da igualdade, perante a lei, nos seguintes termos:

Artigo 5. Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes.O princpio da igualdade prev a igualdade de aptides e de possibilidades virtuais dos cidados de gozar de tratamento isonmico pela lei.Por meio desse princpio so vedadas as diferenciaes arbitrrias e absurdas, no justificveis pelos valores da Constituio Federal, e tem por finalidade limitar a atuao do legislador, do intrprete ou autoridade pblica e do particular.O princpio da igualdade naConstituio Federalde 1988 encontra-se representado, exemplificativamente, no artigo4, incisoVIII, que dispe sobre a igualdade racial; do artigo 5, I, que trata da igualdade entre os sexos; do artigo 5, inciso VIII, que versa sobre a igualdade de credo religioso; do artigo 5, inciso XXXVIII, que trata da igualdade jurisdicional; do artigo 7, inciso XXXII, que versa sobre a igualdade trabalhista; do artigo 14, que dispe sobre a igualdade poltica ou ainda do artigo 150, inciso III, que disciplina a igualdade tributria.O princpio da igualdade atua em duas vertentes: perante a lei e na lei. Por igualdade perante a lei compreende-se o dever de aplicar o direito no caso concreto; por sua vez, a igualdade na lei pressupe que as normas jurdicas no devem conhecer distines, exceto as constitucionalmente autorizadas.O princpio da igualdade consagrado pelaconstituioopera em dois planos distintos. De uma parte, frente ao legislador ou ao prprio Poder Executivo, na edio, respectivamente, de leis, atos normativos e medidas provisrias, impedindo que possam criar tratamentos abusivamente diferenciados a pessoas que se encontram em situao idntica. Em outro plano, na obrigatoriedade ao intrprete, basicamente, a autoridade pblica, de aplicar a lei e atos normativos de maneira igualitria, sem estabelecimento de diferenciaes em razo de sexo, religio, convices filosficas ou polticas, raa e classe social. (MORAES, 2002, p. 65)

3 PRINCPIO DO CONTRADITRIO E AMPLA DEFESA

o princpio estabelecido no art. 5, inciso LV, da CF, segundo o qual aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditrio e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Enfim, o princpio que garante s pessoas o direito de se defender. Caso no seja observado tal princpio, o processo ser declarado nulo.O contraditrio se efetiva assegurando-se os seguintes elementos:No conhecimento da demanda por meio de ato formal de citao; Oportunidade, em prazo razovel, de se contrariar o pedido inicial; Produo de prova e se manifestar sobre a prova produzida pelo adversrio; A oportunidade de estar presente a todos os atos processuais orais, fazendo consignar as observaes que desejar; A oportunidade de recorrer da deciso desfavorvel. o princpio constitucional que versa sobre a imparcialidade que imposta ao juiz, durante uma deciso judicial.O juiz coloca-se entre as partes, mas de forma equidistantes a elas, quando ouve uma, necessariamente deve ouvir a outra, somente assim se dar a ambas a possibilidade de expor suas razes e de apresentar a suas provas, influindo no convencimento do juiz.Surge, ento, como um de seus desdobramentos, o direito de defesa para o ru contraposto ao direito de ao para o autor. Estes direitos foram, a partir da analisados e cunhado um novo princpio, o princpio da Bilateralidade da Audincia.Este princpio tambm existe em outras legislaes, principalmente a portuguesa. J existia nas ordenaes do reino do sculo XVII.

4 PRINCPIO DA AO (PROCESSO INQUISITIVO E ACUSATRIO)

Princpio da ao, ou princpio da demanda, ou princpio da iniciativa das partes, indica que o Poder Judicirio, rgo incumbido de oferecer a jurisdio, regido por outro princpio (inrcia processual), para movimentar-se no sentido de dirimir os conflitos intersubjetivos, depende da provocao do titular da ao, instrumento processual destinado defesa do direito substancial litigioso.A experincia tem demonstrado que o juiz que instaura o processo por iniciativa prpria acaba ligado psicologicamente pretenso, colocando-se em posio propensa a julgar favoravelmente a ela. Esse seria o denominado processo inquisitivo, em que o juiz, via de regra, perde sua imparcialidade. Caractersticas do processo inquisitrio: secreto; no-contraditrio e escrito.O processo acusatrio: o sistema processual penal de partes, em que o acusador e acusado se encontram em p de igualdade; , ainda, um processo de ao, com garantias da imparcialidade do juiz, do contraditrio e da publicidade.Ao lado desses dois sistemas existe o processo penal misto, em que h somente algumas etapas secretas e no-contraditrias. Ex.: O CPP francs, prev um procedimento desenvolvido em trs fases: a investigao preliminar perante a polcia judiciria, a instruo preparatria e o julgamento. As duas primeiras so secretas e no-contraditrias.O Br. adota o sistema acusatrio. A fase prvia representada pelo inqurito policial constitui procedimento administrativo, sem exerccio da jurisdio, sem litigantes e mesmo acusado. Por isso, o fato de no ser contraditrio no contraria a exigncia constitucional do processo acusatrio.O princpio da ao , pois, adotado, quer na esfera penal (CPP, art. 24, 28 e 30), quer na esfera civil (CPC, art. 2, 128 e 262). Existem excees regra da inrcia dos rgos jurisdicionais: CLT - execuo trabalhista, art. 878; Lei de Falncias, art. 162); habeas corpus de ofcio.Como decorrncia do princpio da ao, o juiz que no pode instaurar o processo no pode, por conseguinte, tomar providncias que superem os limites do pedido (CPC, art. 459 e 460).No processo penal, o fenmeno semelhante (os casos dos arts. 383 e 384: em que a qualificao jurdica dada aos fatos juzo de valor que pertence preponderantemente ao rgo jurisdicional, no se caracteriza julgamento extra ou ultra petita e sim libre dico do direito). O que vincula o juiz, delimitando o seu poder de deciso, no o pedido de condenao por uma determinada infrao penal, mas a determinao do fato submetido sua indagao.

5 PRINCPIO DA DISPONIBILIDADE E DA INDISPONIBILIDADE Denomina-se poder dispositivo a liberdade que as pessoas tm de exercer ou no seus direitos. Em direito processual tal poder configurado pela disponibilidade de apresentar ou no sua pretenso em juzo, da maneira que melhor lhes aprouver e renunciar a ela ou a certas situaes processuais. Trata-se do princpio da disponibilidade processual. Esse poder de dispor das partes quase que absoluto no processo civil, merc da natureza do direito material que se visa fazer atuar. As limitaes a esse poder ocorrem quando o prprio direito material de natureza indisponvel, por prevalecer o interesse pblico sobre o privado.O inverso acontece no direito penal, em prevalece o princpio da indisponibilidade (ou da obrigatoriedade). O crime sempre considerado uma leso irreparvel ao interesse pblico e a pena realmente reclamada, para a restaurao da ordem jurdica violada. Excees: infraes penais de menor potencial ofensivo (art. 98, I, da CF).Exemplos:- Consequncias: nos crimes de ao penal pblica a Aut. Pol. sempre obrigada a proceder as investigaes preliminares (CPP, art. 5) e o rgo do MP deve necessariamente deduzir a pretenso punitiva. Arquivamento: risco de mitigao do princpio da obrigatoriedade, em benefcio, porm, do princpio da ao.- Outras limitaes: Ao penal privada e ao penal pblica condicionada.- Outras consequncias do princpio da indisponibilidade: a Aut. Pol. no pode deixar de prosseguir das investigaes instauradas ou arquivar o inqurito. O MP no pode desistir da ao e dos recursos interpostos. Pode, contudo, pedir a absolvio do ru.- Outra decorrncia da indisponibilidade do processo penal a regra pela qual os rgos da persecuo criminal devem ser estatais. Excees: Ao Penal Popular nos crimes de responsabilidade praticados pelo Procurador-Geral da Repblica e por Ministros do Supremo Tribunal Federal (lei 1.079/50). Ao Penal privada.

6 PRINCPIO DA LIVRE INVESTIGAO E APRECIAO DAS PROVAS O princpio dispositivo consiste na regra de que o juiz depende da iniciativa das partes quanto a instaurao da causa e s provas, assim como s alegaes em que se fundamentar a deciso.A doutrina no discrepa do entendimento de que o mais slido fundamento do princpio dispositivo parece ser a necessidade de salvaguardar a imparcialidade do juiz. A cada um dos sujeitos envolvidos no conflito sub judice que deve caber o primeiro e mais relevante juzo de valor sobre a convenincia ou inconvenincia de demonstrar a veracidade dos fatos alegados. Em regra, o juiz deve deixar s partes o nus de provar o que alegam.Entrementes, em face da concepo publicista do processo, no mais possvel manter o juiz como mero espectador da batalha judicial. Afirmada a autonomia do direito processual em relao ao direito material e enquadrado como ramo do direito pblico, e verificada a sua finalidade preponderante scio-poltica, a funo jurisdicional evidencia-se como um poder-dever do Estado, em torno do qual se renem os interesses dos particulares e os do prprio Estado. Assim, paulatinamente, os poderes instrutrios foram aumentando, passando de espectador inerte posio ativa, cabendo-lhe no s impulsionar o andamento das causas, mas tambm determinar provas, conhecer de ofcio de circunstncias que at ento dependiam de alegaes das partes, dialogar com elas, reprimir-lhes eventuais condutas irregulares etc.No campo penal sempre predominou o sistema da livre investigao de provas. Mesmo quando, no processo cvel, se confiava exclusivamente no interesse das partes para o descobrimento da verdade, tal critrio no poderia ser seguido nos casos em que o interesse pblico limitasse ou exclusse a autonomia privada. Isso porque, enquanto no processo civil em princpio o juiz pode satisfazer-se com a verdade formal, no processo penal o juiz deve averiguar o descobrimento da verdade real, como fundamento da sentena.

7 PRINCPIO DO IMPULSO OFICIAL

Este princpio objetivaassegurar a continuidade dos atos processuais. De acordo com o art. 262 do Cdigo e Processo Civil: O processo civil comea por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial. Isto , assegurar a continuidade do processo, necessrio o que se denomina em nosso direito como princpio do impulso oficial.

No artigo 2, do Cdigo e Processo Civil, dispe que a funo jurisdicional deve ser exercida pelos juzes apenas quando h a manifestao de uma pretenso por parte do titular de um interesse, ou seja, a jurisdio exercida apenas quando h uma demanda.

Acerca deste, igualmente explicam-no Arajo Cintra, Grinover e Dinamarco: o princpio pelo qual compete ao juiz, uma vez instaurada a relao processual, mover o procedimento de fase em fase,at exaurir a funo jurisdicional.

Assim, o juiz, enquanto representante do poder do Estado, recebe esse princpio como um dos seus deveres essenciais, atinente funo que lhe foi atribuda, que de conduzir o processo at a efetiva prestao jurisdicional.

Conclui-se ento que o impulso oficial o incitamento para que a marcha processual continue e consiga atingir os seus fins. Em poucas palavras, pode-se afirmar que o processo nasce a partir do exerccio do direito de ao pela parte, mas somente se desenvolve ex officio.

8 PRINCPIO DA ORALIDADE

A oralidade a forma mais antiga de se estabelecer a comunicao entre as pessoas, introduzida no meio processual como tcnica adequada para solucionar os conflitos decorrentes do meio social. Ela d garantia de permitir a documentao mnima dosatos processuais, sendo registrados apenas aqueles atos tidos como essenciais.

O princpio da oralidade relaciona-se com base na produo de provas para o convencimento do magistrado em suas decises. Este princpio era considerado a regra na relao processual, porm, com o passar do tempo, novas manifestaes foram aceitas. Atualmente o sistema jurdico brasileiro adota o procedimento misto nas relaes, ou seja, forma oral e escrita.

O art. 336 Cdigo e Processo Civil dispe que a oralidade dentro da relao processual em audincia de instruo e julgamento tem como fator principal realizar os atos processuais em menor nmero, para que com isso o processo se torne mais clere.

Arajo Cintra, Grinover e Dinamarco, afirmam que: "a oralidade entre ns representa um complexo de idias e de caracteres que se traduzem em vrios princpios distintos, ainda que intimamente ligados entre si. Isso faz desse princpio um operador no sistema processual, pois sem a sua presena no h como se operar ou mesmo construir satisfatoriamente outros princpios processuais.

9 PRINCPIO DA PERSUASO RACIONAL DO JUIZ

No sculo XVI comeam a surgir os moldes do sistema intermedirio da persuaso racional do juiz, que veio a se consolidar com a Revoluo Francesa. De acordo com este princpio, cabe ao juiz decidir com base nas provas pelo seu livre convencimento e respeitando a aplicao das normas do ordenamento jurdico.

Este princpio se encontra entre o sistema de prova legal que significa atribuir os elementos probatrios valor inaltervel e prefixado, que o juiz aplica mecanicamente e o julgamento secundum conscientiam, neste o juiz pode decidir com base na prova dos autos, mas tambm sem provas e at mesmo contra a prova.

O artigo 131 do Cdigo de Processo Civil dispe: O juiz apreciar livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstncias constantes dos autos, ainda que no alegado pelas partes; mas dever indicar, na sentena, os motivos que lhe formaram o convencimento, ou seja,reclama a motivao do juiz, para demonstrar as razes e fundamentos de seu convencimento. A necessidade de fundamentao, inclusive, se encontra no art. 93, inciso IX da Constituio Federal.

Esta preocupao encontra respaldo na transformao do pensamento a respeito do exerccio da atividade jurisdicional, face ao interesse pblico na perfeita conduo e resoluo dos conflitos existentes na sociedade, ou seja, para que toda a sociedade possa fiscalizar a realizao dos princpios e normas que regem a relao jurdica processual.

10 PRINCPIO DA MOTIVAO DAS DECISES JUDICIAISComplementando o princpio do livre convencimento do juiz, surge a necessidade da motivao das decises judicirias. uma garantia das partes, com vista possibilidade de sua impugnao para efeito de reforma. S por isso as leis processuais comumente asseguravam a necessidade de motivao. Mais modernamente, foi sendo salientada afuno polticada motivao das decises judiciais, cujos destinatrios no so apenas as partes e o juiz competente para julgar eventual recurso, mas quaisquer do povo, com a finalidade de aferir-se em concreto a imparcialidade do juiz e a legalidade e justia das decises.

11 PRINCPIO DA PUBLICIDADEEste princpio constitui uma preciosa garantia do indivduo no tocante ao exerccio da jurisdio. A presena do pblico nas audincias e a possibilidade do exame dos autos por qualquer pessoa representam o mais seguro instrumento de fiscalizao popular sobre a obra dos magistrados, promotores pblicos e advogados. O povo o juiz dos juzes.

12 PRINCPIO DA LEALDADE PROCESSUAL

O processo um instrumento pblico onde no se tolera qualquer afronta de direito ou qualquer outra forma que facilite a ao de m f pelos envolvidos no processo. O princpio da lealdade processual parte da premissa de que todos os sujeitos envolvidos no processo atuem de forma condizente com a moral, sem comprometer seu andamento, para que se atinja o objetivo que a soluo da lide.

Segundo Carpena (2008), a lealdade compreende postura tica, honesta, franca, de boa-f, proba que se exige em um estado de direito; ser leal ser digno, proceder de forma correta, lisa, sem se valer de artimanhas, embustes ou artifcios.

Todos aqueles que esto envolvidos com a lide, incluindo o prprio rgo julgador, no se restringindo to somente as partes envolvidas no litgio so objetos do dever de lealdade. O ordenamento jurdico pune quem foge dos devidos preceitos.

Cintra et al. (2005, p.73) nos traz que O desrespeito ao dever de lealdade processual traduz-se em ilcito processual (compreendendo o dolo e a fraude processuais), ao qual correspondem sanes processuais.

No Cdigo de Processo Civil est disposto: Art. 14. So deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo: (Redao dada pela Lei n 10.358, de 27.12.2001)I - expor os fatos em juzo conforme a verdade;II - proceder com lealdade e boa-f;III - no formular pretenses, nem alegar defesa, cientes de que so destitudas de fundamento;IV - no produzir provas, nem praticar atos inteis ou desnecessrios declarao ou defesa do direito.V cumprir com exatido os provimentos mandamentais e no criar embaraos efetivao de provimentos judiciais, de natureza antecipatria ou final. (Includo pela Lei n 10.358, de 27.12.2001)Pargrafo nico. Ressalvados os advogados que se sujeitam exclusivamente aos estatutos da OAB, a violao do disposto no inciso V deste artigo constitui ato atentatrio ao exerccio da jurisdio, podendo o juiz, sem prejuzo das sanes criminais, civis e processuais cabveis, aplicar ao responsvel multa em montante a ser fixado de acordo com a gravidade da conduta e no superior a vinte por cento do valor da causa; no sendo paga no prazo estabelecido, contado do trnsito em julgado da deciso final da causa, a multa ser inscrita sempre como dvida ativa da Unio ou do Estado.

Finda-se ento que o processo onde os sujeitos buscam pela verdade com respeito e colaborao. Este se trata de um princpio inegavelmente tico, permitindo que o procedimento tenha um andamento de forma mais clere e justa.

13 PRINCPIO DA ECONOMIA E INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS

Tendo como objetivo e finalidade a incumbncia social de eliminar conflitos e fazer justia, esse princpio dita que os atos processuais devem ser praticados com o menor prejuzo de dinheiro, recomendando-se ainda, resultados na ao do direito com o menor emprego de atividades processuais. Assim s partes tero acesso justia barata e rpida, obtendo maior resultado.

Apesar da importncia do princpio da economia processual, inegvel que deve ser sabiamente dosado. A majestade da Justia no se mede pelo valor econmico das causas e por isso andou bem o ordenamento brasileiro ao permitir que todas as pretenses e insatisfaes dos membros da sociedade, qualquer que seja seu valor, possam ser submetidas apreciao judiciria (Const., art. 5, inc. XXXV); e louvvel a orientao do Cdigo de Processo Civil, que permite a reviso das sentenas pelos rgos da denominada jurisdio superior, em grau de recurso, qualquer que seja o valor e natureza da causa ( v. n. seg. ). (CINTRA et al., 2005, p.75).

Unido ao princpio da economia, encontra-se o princpio da instrumentalidade das formas, para assim se efetivar uma melhor pratica do direito. Na instrumentalidade das formas os atos irregulares sero anulados to somente se incorrigveis ou se prejudicarem de maneira excessiva o processo.

14 PRINCPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIO

Dando a possibilidade da correo de possveis erros do judicirio cometidos em um primeiro julgamento (pelo juiz de primeira instncia), esse princpio prev a reviso de decises judiciais (pelo juiz de segunda instncia), afastando a possibilidade dos juzes cometerem erros substanciais ou formais, caso contrrio eles ficariam convictos de que suas decises so inquestionveis, promovendo a justia de uma maneira imparcial, contrariando a funo primordial do Direito, que de garantir os valores da sociedade. No entanto esse princpio s ocorre quando reclamante entra com recurso para a reanlise de seu processo contrrio a primeira deciso.

O princpio do duplo grau de jurisdio funda-se na possibilidade de a deciso de primeiro grau ser injusta ou errada, da decorrendo a necessidade de permitir sua reforma em grau de recurso. Apesar disso, ainda existe uma corrente doutrinria hoje reduzidssima que se manifesta contrariamente ao princpio. Para tanto, invoca trs principais circunstncias: a) no s os juzes de primeiro grau, mas tambm os da jurisdio superior poderiam cometer erros e injustias no julgamento, por vezes reformando at uma sentena consentnea com o direito e a justia; b) a deciso em grau de recurso intil quando confirma a sentena de primeiro grau, infringindo at o princpio da economia processual; c) a deciso que reforma a sentena da jurisdio inferior sempre nociva, pois aponta uma divergncia de interpretao que d margem a dvidas quanto correta aplicao do direito, produzindo a incerteza nas relaes jurdicas e o desprestigio do Poder Judicirio. (CINTRA et al., 2005, p.76).

De tema controverso, como percebe-se, este princpio alvo de prs e contras a respeito de sua real eficcia. Entre os prs de grande importncia podemos contar com uma maior segurana na deciso, j que os juzes de segunda instncia possuem maior experincia, assim as probabilidades de equvocos so menores. Em contramo, est o desprestigio da primeira instncia, o que pode levar at mesmo as partes litigantes a uma completa insegurana e desconfiana.

O duplo grau de jurisdio no est previsto expressamente no texto constitucional, no entanto, neste se encontram enunciados alguns recursos. Isso no quer dizer que esse princpio no encontra fundamento constitucional, o que no impede, contudo, a existncia de restries a esse direito. A necessidade de recursos previstas na Constituio, ainda que implcita admite e confirma a natureza constitucional do ao duplo grau de jurisdio.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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