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fazer renda CARTILHA PRINCÍPIOS BÁSICOS DA RENDA DE BILRO Histórico • Elementos da renda • Como fazer • Técnica básica • Pontos básicos da renda

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PrincíPios Básicos da renda de BilroHistórico • Elementos da renda • Como fazer •

Técnica básica • Pontos básicos da renda

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FICHA TÉCNICA

ProponenteInstituto da Arte – INSTARTE

Projeto culturalInstituto Sommos – Gestão de DesignContexto – Gestão de Projetos Conselho editorialElga MoraesMichele LaforgaUlisses Souza

Consultoria técnica – Mestre artesãMaria da Glória Viana Soares (Glorinha)

Coordenação pedagógicaDenise Soares Miguel

TextosDenise Soares Miguel (Texto técnico)Andréa Fischer (Apresentação e Histórico)Elga Moraes

Projeto gráfico, diagramação e capaRenata Hinnig

IlustraçãoMichele Laforga

FotografiaClaudia PinzElga Moraes

Revisão de textoDaise Ribeiro Pereira Carpes

[email protected]@[email protected]

C327 Cartilha me ensina a fazer renda : princípios básicos da renda de bilros : histórico, elementos da renda, como fazer técnica básica, pontos básicos da renda / HB Editora Valorizando o Tempo. − Florianópolis : HB Editora Valorizando o Tempo, 2015. 48 p. : il. color. ; 21x30 cm

Bibliografia: p. 48. ISBN 978-85-86864-88-9

1. Florianópolis – Artesanato. 2. Florianópolis – Renda de bilro. 3. Florianópolis – Cultura popular. I. HB Editora Valorizando o Tempo. II. Título.

CDD 745

Bibliotecária: Juliana Pitz – CRB 14/1362.

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Apoio: Realização: Correalização:Patrocínio:

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04Apresentação

06Histórico

10Elementos da renda

14Como fazer

18Técnica básica

2 2Pontos básicos

MEIO PONTO • 24

PONTOs TRANÇA E TORCIDO • 30

PONTO PANO • 36

PONTO PERNA-CHEIA • 42

48Referências

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A cartilha Me ensina a fazer renda nasceu da vontade de valorizar

a renda de bilro tradicional de Flo-rianópolis e facilitar o ensino de sua técnica. O repasse de conhecimen-to vem sendo feito pelas rendeiras, porém, acontece de maneira oral e informal. Foi a partir dessa cons-tatação, somada à escassez de pu-blicações específicas para essa fina-lidade, que o Instituto sommos e a Contexto Gestão de Projetos perce-beram a necessidade de elaborar um material didático com o passo a pas-so da renda de bilro. A ideia é que ele possa servir de apoio aos alunos e às mestras. Esse desejo virou realida-de com o projeto aprovado pelo Edi-tal Apoio ao Artesanato Brasileiro (2014), da Caixa Econômica Federal.

O principal objetivo da publicação é auxiliar no processo de ensino–aprendizagem da renda de bilro. seu papel não é substituir as aulas prá-ticas, mas complementá-las, servin-do de ferramenta para quem está aprendendo essa arte. Ela também busca contribuir com a preservação dessa importante manifestação cul-tural popular brasileira, deixando-a documentada para as futuras gera-ções. O material colabora ainda com a divulgação da renda de bilro den-tro e fora do país, visto que algumas rendeiras são convidadas a minis-trar cursos no exterior.

A cartilha está dividida em cinco ca-pítulos: Histórico, Elementos, Como fazer, Técnica básica e Pontos bási-cos. Devido à complexidade da ren-da de bilro, o projeto selecionou so-mente alguns dos pontos básicos utilizados pelas rendeiras de Flo-rianópolis. Os textos preservam o vocabulário regional, citando e ex-plicando expressões utilizadas por elas, como “armar a renda”, “fechar o ponto” e “picar o pique”. Para facili-tar o aprendizado, elas vêm acompa-nhadas de ilustrações e de links para vídeos produzidos para o projeto.

A publicação é resultado do cuida-doso trabalho de profissionais de di-versas áreas, incluindo gestores cul-turais, pesquisadoras de artesanato e cultura popular, designer e peda-goga, que reconhecem o valor cul-tural da renda de bilro e acreditam que ações nascidas a partir da real necessidade da comunidade podem contribuir para soluções coletivas. O projeto também teve a oportuni-dade de contar com a consultoria de Maria da Glória Viana soares, uma experiente e respeitada rendeira co-nhecida como Glorinha, além do apoio da ONG Instarte e da Associa-ção do Bairro de sambaqui.

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A renda de bilro é uma arte ma-nual muito apreciada por sua

beleza e faz parte da cultura popu-lar brasileira. O seu nome se deve aos instrumentos utilizados para tecer, os chamados bilros, hastes de madeira onde a linha é enrola-da. Ao longo de sua história no Bra-sil, ela aparece principalmente nas regiões litorâneas. Enquanto os homens se lançavam ao mar para pescar – atividade que geralmen-te durava meses –, as mulheres de-dicavam-se às rendas para ajudar no sustento da família, o que fez surgir o ditado popular “onde há rede, há renda”.

No Brasil, mais do que um artesa-nato que vem sendo preservado ao longo de gerações, a renda de bilro faz parte da herança cultural deixa-da pelos colonizadores açorianos.

chegada a santa catarinaA imigração açoriana no Sul do Brasil, no século XVIII, provocou profundas mudanças em Santa Ca-tarina. No período de 1748 a 1756,

cerca de 6 mil açorianos – morado-res do Arquipélago dos Açores, em Portugal – chegaram ao estado por incentivo do governo português, para povoá-lo. Cerca de 4,5 mil fi-xaram-se ao longo da costa, sen-do que desse total, em torno de 3 mil ficaram na vila Nossa Senho-ra do Desterro, atual Florianópolis. Além do aumento populacional – segundo historiadores, o número de habitantes dobrou –, outra con-sequência importante foi a influên-cia da cultura dos imigrantes no cotidiano local.

Os imigrantes trouxeram mais do que bagagens nos navios: seus há-bitos e costumes, suas danças, suas músicas, suas comidas, suas mani-festações religiosas, seus modos de falar e de vestir. Naquela época, a renda de bilro já era bastante de-senvolvida em Portugal e nos Aço-res. Longe de sua terra natal e sem previsão de volta, as mulheres aço-rianas continuaram a fazer suas rendas e, com isso, mantiveram as tradições de seus antepassados.

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onde é Produzida na atualidadeA região sul é considerada por al-guns pesquisadores como uma das primeiras a ter renda de bilro no Brasil. Essa renda é encontrada em santa Catarina, com destaque para Florianópolis. Nessa cidade, a ativi-dade não se limita à Lagoa da Con-ceição, bairro turístico bastante co-nhecido que tem sua principal via batizada de Avenida das Rendeiras, onde se encontram pequenas lojas de rendeiras locais. A renda de bil-ro pode ser encontrada em várias outras áreas, com destaque para os bairros Barra da Lagoa, Costa da La-goa, Rio Tavares, Campeche, Pânta-no do sul, Ribeirão da Ilha, santo Antônio de Lisboa, Sambaqui, Ra-tones, Cacupé, Praia do Forte, Ponta das Canas, Jurerê e Estreito.

Uma característica marcante da ren-da de bilro de santa Catarina, que pode ser apontada como um diferen-cial daquela produzida em outras re-giões, é o ponto “tramoia”, conside-rado típico da capital catarinense. Ele é também conhecido como “sete pares”, por ser o único que é teci-do com sete pares de bilros. Doralé-cio soares, respeitado pesquisador e autor de diversos trabalhos sobre o

tema, aponta outras características das rendas catarinenses: “variedade de tamanhos e de formatos, esme-rados e de rara habilidade, reprodu-ções de piques modificados ou cria-dos para novos modelos.”

A renda de bilro não é exclusivida-de de santa Catarina. Embora esse estado se destaque no cenário na-cional, a renda de bilro pode ser en-contrada em todo o Brasil, predomi-nando nas cidades do litoral, mas também presente no interior. En-tre os estados que concentram sig-nificativa produção, além de san-ta Catarina, estão: Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, sergipe, Rio Grande do Norte, Piauí e Bahia (Nordeste); Pará (Norte); e Rio de Janeiro (Sudeste).

O Nordeste é conhecido como im-portante produtor, sendo o Ceará o seu maior representante. A origem do bilro nessa região é atribuída não apenas aos colonizadores portugue-ses, mas também à influência ho-landesa durante o século XVII. Essa constatação é reforçada pela varia-ção nos tipos de almofadas encon-tradas no Brasil, o que sugere mais de uma procedência.

No Brasil, mais do que um artesanato preservado ao longo de gerações, a renda de bilro faz parte da herança cultural deixada pelos colonizadores.

Florianópolis é destaque na produção de renda de bilro no Brasil, e a renda representa um dos principais elementos culturais da região.

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Outros países também produzem a renda de bilro. Em Portugal, a maior concentração está nas cidades bal-neárias Peniche e Vila do Conde. A Itália e a Bélgica, que disputam a in-venção dessa arte (ainda não há con-senso), também a produzem, além de Rússia e Espanha, entre outros.

a transmissão do saBerA renda de bilro vem se mantendo viva em Florianópolis há quase três séculos por meio da transmissão da técnica no seio familiar, de geração em geração. No passado, cabia às mulheres mais experientes – mães, tias, avós, primas, irmãs mais ve-lhas – a tarefa de ensinar a prática às mais novas. A iniciação acontecia de forma oral ainda na infância, por volta dos seis ou sete anos de idade, geralmente depois dos afazeres do-mésticos, quando se sentavam to-das juntas para tecer.

Além de manter a tradição, o objeti-vo era que as iniciantes logo pudes-sem fazer peças para vender e ajudar a pagar as contas da casa. Durante muito tempo, as rendas foram, jun-tamente com a pesca e a agricultura, as principais atividades econômicas da cidade. Nas famílias com melho-

res condições financeiras, as meni-nas aprendiam para fazer o seu pró-prio enxoval e impressionar o noivo e a sogra com seus dotes manuais.

Com o tempo, o ensino da renda de bilro modificou-se para se adap-tar às constantes mudanças sociais e econômicas dos novos tempos. O crescimento da presença das mulhe-res no mercado de trabalho fez di-minuir o interesse das novas gera-ções em aprender, seja como ofício ou passatempo. Por outro lado, per-cebe-se nos últimos anos um au-mento na procura pelos cursos. Os alunos são de várias idades e classes sociais, mulheres, crianças e até ho-mens, além de turistas brasileiros e estrangeiros. são pessoas que admi-ram a beleza e reconhecem o valor cultural da renda de bilro, buscan-do em sua confecção uma atividade de lazer.

a imPortância da Preservação A renda de bilro é, assim como ou-tras artes populares – cerâmica, bor-dado, cestaria, danças, cantigas fol-clóricas –, uma herança trazida para santa Catarina pelos imigrantes aço-rianos. Ela representa um importan-

Dos 6 mil açorianos que aportaram no

Brasil entre 1748 e 1756, em torno de

3 mil se fixaram na vila Nossa

Senhora do Desterro, atual

Florianópolis.

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Os novos usos para produtos tradicionais representam inovação, criatividade e visão empreendedora das rendeiras, que vêm dando fôlego comercial a essa atividade.

te elemento de identidade do povo catarinense. Preservá-la significa ga-rantir a continuidade dessa tradição. Para isso, é preciso que tanto o po-der público quanto as rendeiras co-loquem em prática ações que fortale-çam a atividade na região.

O governo pode colaborar através da implantação de políticas públicas de proteção e valorização cultural, além de ações de apoio, incentivo e orientação ao trabalho das rendei-ras. A oferta de cursos permanen-tes é fundamental para garantir que a técnica da renda de bilro seja pas-sada adiante.

O envolvimento e as iniciativas das rendeiras também são importantes. Muitas comunidades produtoras de renda de bilro na capital catarinen-se já vêm unindo forças, organizan-do-se coletivamente em associações e realizando parcerias, permitindo assim mais troca de experiências e informações.

A cartilha Me ensina a fazer renda busca contribuir com a preservação da renda de bilro, sendo uma ferra-menta de apoio ao seu ensino.

novos horizontesO futuro da renda de bilro em Flo-rianópolis está sendo construído no presente. A inovação, a criativida-de e a visão empreendedora de algu-mas rendeiras vêm dando novo fô-lego a essa atividade na região. são mulheres que acreditam no artesa-nato, mas perceberam que essa tra-dição precisa se adequar às moder-nidades para permanecer atraente.

As mudanças buscam dar visibilida-de ao produto e aumentar suas ven-das, porém, mantendo a originali-dade da técnica.

Ao encarar a renda de bilro como um produto, e não apenas um cos-tume de família, as rendeiras come-çaram a profissionalizar e diversifi-car sua produção. Além de toalhas e outros produtos de cama e mesa, passaram a tecer artigos de vestuá-rio e até acessórios. Esse movimento que vem sendo verificado em todo o Brasil ganhou o apoio do merca-do da moda. Hoje, já é possível ver rendas manuais nas passarelas e em coleções de importantes grifes e es-tilistas. Já a decisão de fazer peças menores permitiu que pessoas com menos poder aquisitivo pudessem adquiri-las, conquistando-se assim novos consumidores.

Outras iniciativas das rendeiras vêm proporcionando o fortalecimento dessa tradição. Entre as principais, estão: identificação de público inte-ressado em aprender; motivação de outras rendeiras a repassar seu co-nhecimento; mobilização e estímu-lo junto às antigas rendeiras para que voltem a produzir; realização de cursos abertos ao público em geral; criação de aulas diferenciadas para turistas, associando o ensino da téc-nica à experiência com a cantoria da ratoeira (forma antiga de as rendei-ras cantarem versos improvisados); busca de novos espaços de comer-cialização da renda, com destaque para a Casa das Rendeiras no Mer-cado Público de Florianópolis; e par-ticipação em feiras e exposições.

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Ser rendeira implica significados que vão além do fato de se ter

habilidade em trocar e cruzar pe-quenas hastes de madeira envolvi-das com linha e apoiadas em uma almofada de tecido florido. Por trás da figura poética de uma rendeira entoando as cantigas da “ratorei-ra”, existe um universo simbólico alimentado por processos rotinei-ros que mais parecem rituais.

Os instrumentos necessários para a produção da renda são muito es-pecíficos para essa atividade e pos-suem valor sentimental, que os transforma em herança de famí-lia. É muito comum, ao visitarmos uma rendeira, ela abrir suas caixas de recordações e nos mostrar bilros e piques marcados pelo tempo e pe-las lembranças de mães, tias e avós.

A ferramenta de trabalho mais co-nhecida quando se fala em renda de bilro é o próprio bilro, tão im-portante que empresta o seu nome a esse ofício centenário, diferen-ciando-o de todas as outras artes que transformam a linha em teci-do rendado.

Associados ao bilro, os elementos mais representativos da ativida-de são as almofadas e os cavaletes, que juntos compõem a estrutura fí-sica que possibilita ao desenho im-presso no pique poder, pelo tra-balho da rendeira, transformar a linha em uma estrutura rendada.

A descrição dos elementos neste capítulo ressalta a importância que cada um deles possui dentro desse sistema de produção artesanal.

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PiqueO pique é o desenho (gráfico ou molde) da ren-da feito em papel. Para facilitar sua fixação na almofada, ele é colado em um papelão mais firme (papel-sola ou papel-cartão). Na primei-ra vez que esse cartão for utilizado, deverá ser “picado”, ou seja, antes de dar início à execu-ção da renda, todos os pontos desenhados no papel deverão ser furados com alfinete. Des-sa forma, o pique se transforma em gabarito e poderá ser aplicado inúmeras vezes para a re-produção do mesmo desenho.

Pela dificuldade em adquirir novos desenhos de renda, a solução encontrada pelas rendei-ras é fotocopiar uma peça pronta, que será co-lada ao papelão e em seguida servirá de base para a renda. Infelizmente, esse processo ten-de a diminuir a qualidade técnica do produto final pela falta de padronização das medidas.

Desenho gráfico da renda estampado em papel e estruturado em papelão, o que possibilita sua fixação na almofada.

Principal ferramenta de trabalho da rendeira, o bilro é trabalhado aos pares e serve de apoio para linha.

Bilrossão pequenas hastes de madeira cilíndricas de 10 a 17 cm de comprimento que possuem uma esfera em uma das extremidades, que va-ria em formato e tamanho. A linha é enrolada na parte mais alongada do bilro.

O bilro é a ferramenta de trabalho da rendei-ra, e ele é trabalhado aos pares. O movimen-to alternado e contínuo da rendeira vai sen-do orientado pela troca de lugar dos alfinetes.

Até hoje, os bilros são feitos por artesãos que podem utilizar na sua confecção diferentes ti-pos de madeira, como canela, rabo-de-macaco, araçá e pau-vermelho.

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almofadaA almofada é a base de apoio para a produção da renda e onde se prende, com alfinetes, o pi-que (molde) da renda que vai ser construída.

O seu diâmetro determina o tamanho máxi-mo da peça a ser feita. Portanto, peças gran-des de renda precisam de almofadas maiores, ou deverão ser tecidas em partes e depois cos-turadas à mão.

Apresentando forma cilíndrica e estrutura firme, geralmente é confeccionada pelas pró-prias rendeiras.

enchimento: As almofadas precisam ser preenchidas com um material acolchoado, ne-cessário para espetar os alfinetes que pren-dem os piques.

Atualmente, utilizam-se para o enchimen-to das almofadas materiais industrializados, como espuma sintética, pela facilidade de aquisição, embora as rendeiras tradicionais deem preferência ao uso de diversas fibras na-turais, como palha de bananeira, capim-col-chão, barba-de-velho, entre outras.

Peso: Para que a almofada tenha estabilida-de durante a produção da renda, é importante usar um peso, em torno de 1 kg, dentro dela. Uma pedra ou uma garrafa PET cheia de areia envolvida dentro da espuma estão entre as so-luções utilizadas pelas rendeiras.

Forro: O tecido que envolve a almofada é de algodão – em geral, usa-se chita ou chitão. A costura do forro pode ser feita à maquina ou à mão, sendo que neste caso recomenda-se o uso de linha mais resistente, a mesma que é empregada para fazer a renda.

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Base de apoio para a produção da renda, é na almofada que se prende o pique com alfinetes.

No que se refere ao uso da linha, ainda preva-lece o tradicional: fio de algodão na cor bran-ca. Embora não seja tão comum, também é possível empregar fios sintéticos e padrões co-loridos.

As marcas de linhas mais utilizadas são Cír-culo (linhas Clea) e Coats Corrente (linha Es-terlina no 5 e no 8).

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cavaleteEstrutura de madeira que funciona como su-porte e facilita o movimento da almofada quan-do o que está sendo produzido é de comprimen-to maior do que a circunferência dela.

Esse cavalete em geral pode ser ajustado à al-tura do trabalho da rendeira e é de construção simples, feito artesanalmente na própria comu-nidade.

Antigamente não se utilizava cavalete, a almo-fada ficava no chão, onde a rendeira se sentava, na janela e na porta de casa, para aproveitar a claridade do sol.

alfinetes A importância do alfinete para a renda de bil-ro vai além da utilidade de prender a peça na almofada. Ele serve como apoio e guia para onde a rendeira direciona a renda que está sendo tecida.

De forma prática, o alfinete prende o pique (desenho) na almofada ao mesmo tempo em que sustenta a linha que vai sendo rendada. O cuidado no posicionamento do alfinete vai ga-rantir uma renda com a tensão adequada do fio, ou seja, uma renda bem-feita.

Atualmente, o alfinete é encontrado em me-tal, geralmente aço niquelado, e cabeça de plástico, mas já houve um tempo em que a sua função era resolvida com espinhos da laranjei-ra ou de outras plantas.

Servem como apoio e guia para a rendeira direcionar a renda, além de garantir a tensão adequada do fio.

Estrutura de madeira construída de forma artesanal que apoia a almofada para a confecção da renda.

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Diferentemente do que aconte-ce com outras técnicas artesa-

nais, a renda de bilro não é atendi-da pela grande indústria no que se refere à produção de instrumentos necessários para a sua confecção.

Saber fazer uma almofada de bil-ros faz parte do aprendizado ini-cial de quem deseja ser aprendiz de rendeira, e o primeiro ensinamen-to passado pelas mestras rendeiras mostra o quanto é importante co-nhecer todos os processos que con-tribuem para a continuidade dessa tradição.

Complementar à almofada temos o cavalete de madeira como supor-te para a rendeira desenvolver seu trabalho. Segundo as lembranças mais remotas, o cavalete nem sem-

pre fez parte desse conjunto. Já houve um tempo em que a almo-fada era apoiada no chão, mas hoje existem vários modelos para dife-rentes necessidades. Na prática, e talvez instintivamente, a melho-ria permitiu que a ergonomia con-tribuísse como adequação de posto de trabalho, trazendo no mínimo um pouco mais de conforto para a rendeira.

As propostas apresentadas nes-te capítulo sugerem o passo a pas-so de um modelo de almofada feita com matéria-prima de fácil acesso e construção simples. Quanto ao cavalete, a sugestão segue o mes-mo propósito da almofada, tendo sido selecionado um modelo dobrá-vel e de fácil transporte.

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Esticar a espuma sobre uma mesa e colocar o peso centralizado numa das pontas (que tem a função de dar estabilidade e peso à almofada).

Enrolar a espuma no peso, apertando-a firmemente com as mãos para que vá formando um cilindro.

Ao chegar no final da espuma, cortá-la em diagonal na espessura, para que fique chanfrada.

Costurar as duas partes da espuma com uma agulha e linha dupla unida por um nó.

Para fazer uma almofada de tamanho pequeno são necessários os seguintes materiais:

� Espuma com 2 m de comprimento x 5 cm de espessura x 35 cm de largura;

� Linha 100% algodão;

� Agulha de costura;

� Tecido 100% algodão em quantidade sufi-ciente para revestir o cilindro de espuma;

� Um peso de 1 kg (uma pedra, por exemplo).

almofada

siga o Passo a Passo Para Fazer a almoFada:

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5 Costurar em ponto luva, da esquerda para a direita, unindo a ponta da espuma chanfrada ao cilindro. Nesse ponto a agulha transpassa inclinada (entre 1 e 2 cm) a ponta da espuma chanfrada e une-se à espuma do cilindro. O espaçamento é curto, com a mesma distância e um arremate no final.

Ponto luva

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cavalete

Depois de pronto o cilindro de espuma é hora de revesti-lo com o tecido de algodão. O tecido deve ser suficiente para cobrir o cilindro. Ajustar bem o tecido sobre a espuma, transpassar cerca de 4 cm e deixar mais 2 cm de tecido para virá-lo para dentro na hora da costura, a fim de não desfiá-lo. A medida do tecido para cobrir as laterais do cilindro deve ser: metade da circunferência do cilindro mais 1 cm para virar quando for costurar.

Unir as duas partes do tecido com agulha e linha dupla em ponto luva, deixando o tecido bem esticado no rolo. Depois de termina-da essa parte da costura, passar para o fechamento das laterais.

Nas laterais, dobrar cerca de 1 cm do tecido para dentro e costurar com ponto alinhavo. Passar a agulha por cima e por baixo do tecido, fazendo os pontos no direito do mesmo comprimento. Os pontos do avesso devem ser também do mesmo tamanho que os pontos do direito. Puxar para franzir e arrematar.

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Para finalizar a almofada, pregar um fuxico, um botão ou costurar um tecido para dar o acabamento na costura lateral.

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As dimensões para o cavalete proposto neste projeto são para uma peça com 70 cm de altura depois de pronta, mas essas dimensões podem ser alteradas de acordo com o desejado buscan-do uma altura confortável para o trabalho. A madeira sugerida é o pínus, e o projeto apre-senta ajustes que tornam a estrutura dobrá-vel, facilitando a forma de guardar o cavalete quando ele não estiver sendo usado e também o seu transporte.

Ponto alinhavo

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Com uma furadeira faça um furo exatamente no meio das ripas A. O tamanho do furo deve ser compatível com o parafuso barra 1/4”.

siga o Passo a Passo Para montar o cavalete:

1

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Para fazer o cavalete são necessários os seguintes materiais:

� A – 4 ripas de pínus aplainadas (2 cm x 4 cm x 70 cm)

� B – 2 ripas de pínus aplainadas (2 cm x 4 cm x 23 cm)

� 1 parafuso barra em inox (27 cm x 1/4”)

� 4 porcas sextavadas travantes (1/4”)

� 2 porcas borboleta zincadas (1/4”)

� 4 parafusos cabeça chata (4 cm)

Fazer três furos nas ripas B: um no meio e um em cada extremidade, conforme o desenho. Prender os parafusos de 4 cm nos furos das extremidades para fixar as ripas B nas ripas A.

Para dar acabamento, amarrar um barbante resistente nos furos do centro da ripa B. Regular a abertura máxima do cavalete pelo tamanho do barbante.

Encaixar o parafuso barra nos furos ajustan-do as porcas travantes na parte interna e as porcas borboleta na parte externa, conforme o encaixe do projeto ao lado.

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Para que a tecelagem da renda aconteça, é necessário que al-

gumas atividades sejam realizadas com antecedência. É preciso pre-parar o caminho para que a renda possa ser tecida.

Embora as técnicas de elaboração dos elementos de fabrico da ren-da tenham se alterado, se aperfei-çoado e se atualizado durante os anos e ainda que carreguem a es-pecificidade do local onde a renda é feita, as ações necessárias para te-cer a renda e o conjunto de mate-riais utilizados são praticamente os mesmos nos vários lugares em que a atividade é realizada.

Na tecelagem da renda é impor-tante observar: a maneira como se enchem os bilros com a linha para que o manuseio e a utilização dos fios sejam feitos de modo adequa-do; como se prende o pique na al-mofada para que fique bem firme e não se mova durante a tecelagem;

a escolha do pique e a organização necessária para o início dos traba-lhos de tecer a renda, projetando a quantidade de bilros a serem utili-zados; os movimentos executados com os bilros para a execução dos pontos e as suas especificidades; o ajuste dado à linha no momento da execução do ponto para que fique mais firme ou mais solto. Até para terminar o trabalho há um cuida-do especial com o arremate da peça e o momento de retirada da renda do pique.

Cada etapa que será descrita neste capítulo tem fundamental impor-tância para fazer a renda de bilro. As técnicas de execução das ativi-dades que serão apresentadas fa-zem parte do ritual das rendeiras são resultado de longa tradição lo-cal do seu fabrico. Contudo, é a prá-tica que vai levar à destreza e à ha-bilidade em manusear os bilros e fazer uma boa renda.

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Para enrolar a linha no bilro vamos seguir os seguintes passos:

como encher os bilros

1 segurar a linha entre o polegar e o indicador da mão esquerda e colocar a parte superior do bilro sobre a linha, que deve ficar direcionada para a direita.

segurar o bilro com a mão direita e prender a linha com o polegar direito, enrolando a linha da direita para a esquerda, em sentido horário.

Depois que a ponta da linha estiver bem presa, girar o bilro para enrolar a linha na haste. Fazer uma laçada para prender a linha. Com a laçada a linha fica esticada e não se solta do bilro no momento de tecer.

2

3

4 Para fazer a laçada, segurar a linha entre o polegar e o indicador da mão esquerda, de modo que a linha fique direcionada para a esquerda. Fazer um movimento, torcendo a linha, e passar o bilro por trás da laçada.

laçada

Medir umas 5 braçadas de linha (cerca de 5 m) e cortar com uma tesoura.

Com a ponta da linha fazer o mesmo processo: fixar a linha no bilro, enrolar e finalizar com uma laçada.

5

6

7 Deixar uns 25 cm de linha entre os dois bilros.

Os bilros devem ficar com o mesmo comprimento de linha pendente. Cada vez que precisar de linha para tecer, afrouxar a laçada torcendo o bilro para o lado esquerdo e puxar o tanto de linha que desejar.

se faltar linha no bilro e necessitar fazer uma emenda com outra linha, utilize o nó de rendeira para pren-der as duas pontas das linhas.

nó de rendeira

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como prender o pique na almofadaO pique (ou cartão) deve ser preso na almofada com alfinetes fixados com um pouco do tecido e enchimento da almofada, para que fique bem preso.

como “armar a renda”Esta é uma expressão utilizada pelas rendei-ras para dizer por onde serão começados os trabalhos de uma peça de renda. Cada renda tem um início, e é necessário pensar nessa composição inicial dos bilros, quantos e onde serão fixados no pique, para que a tecelagem seja desenvolvida até o final da peça.

Os alfinetes que serão usados para segurar os bilros devem ser colocados no pique de forma inclinada, para que as linhas fiquem bem presas e não se soltem no momento de ajustar os pontos.

sempre que necessário, colocar dois pares de bilro no mesmo alfinete: um par deve passar por cima do outro, como na figura ao lado.

movimentos básicos da rendaOs movimentos básicos executados com os bilros para tecer a renda são o de trocar e o de cruzar.

O movimento de trocar é executado da direita para a esquerda com os bilros da mesma mão: o bilro da direita passa por cima do da esquerda.

O movimento de cruzar é executado da esquerda para a direita com dois pares de bilros: o bilro interno da mão direita passa por baixo do bilro interno da mão esquerda.

movimento trocar e cruzar

Posição de dois Pares de Bilros no mesmo alFinete

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21“Fechar o ponto”Esta também é uma expressão utilizada pelas rendeiras para se referir a um conjunto de movimentos de tecelagem da renda que são executados para terminar uma carreira e iniciar a próxima.

como “conchar o ponto”Esta é outra expressão utilizada pelas rendeiras para se referir ao ajuste do ponto que está sendo executado, quando os bilros da mão direita devem ser puxados para a direita e os da mão esquerda para a esquerda. Esse ajuste terá intensidade leve, mo-derada ou forte, dependendo do ponto que está sendo executado.

como terminar a rendaPara terminar a renda, dê um nó de arremate duplo com cada par de bilros.

As linhas podem ser cortadas mais longas para fazer uma franja ou o suficiente para serem entrelaçadas com a agulha de costura na renda pronta a fim de arrematar a peça.

nó de arremate duPlo

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Existem muitos pontos de ren-da de bilro, assim como há uma

grande variedade de piques cujos nomes são antigos, tradicionais e designam semelhanças com ani-mais, objetos, flores, etc. Há pon-tos que são mais apropriados para as bordas da renda e outros para os bicos. Alguns são mais decorati-vos e outros, mais utilizados como pano de fundo da renda.

As rendas geralmente são tecidas como entremeios, bicos e aplica-ções. Os entremeios são costura-dos ao tecido pelos dois lados das bordas da renda: os bicos são utili-zados nas beiradas de tecidos como acabamentos; e as aplicações são rendas com formas definidas de

flores, corações, figuras humanas, entre outros, que servem para en-feitar um tecido. Também as ren-das são feitas em peças únicas (toa-lhas, almofadas, porta-copos, etc.); em quadros de tamanhos diversos, que depois de prontos são costura-dos um a um formando peças de vestuários; colchas; e como palas, tecidas numa peça única, para ser aplicadas em decotes de vestidos, blusas, etc.

Nesta cartilha, vamos apresentar quatro pontos de renda conside-rados básicos e que estão presen-tes no arranjo de praticamente to-das as rendas e como elementos de composição de vários outros pon-tos e desenhos.

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24meio Ponto

30Pontos trança e torcido

36Ponto Pano

42Ponto Perna-cheia

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meio Ponto

Este ponto, também conhecido como “pano aberto”, é empregado geralmente como pano de fundo na tecelagem da renda, assim como no centro e na estruturação das bordas.

se a trama for tecida mais fechada, o ponto ficará mais firme; se for tecida mais aberta, o ponto ficará mais flexível. Essa aparência do ponto depende da textura da linha utilizada e do ajuste do ponto no momento da tecelagem.

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Pique Meio Ponto

cópia em preto e branco:Pode ser feita cópia em preto e branco do pique ao lado para ser montado na almofada antes de iniciar o trabalho.

para saber mais acesse o canal do YoUtUbe:Projeto Me ensina a fazer renda

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como “armar a renda”

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No primeiro traçado horizontal do pique, colocar 6 alfinetes, um em cada furo.

No primeiro alfinete da direita pendurar 2 pares de bilros.

Para fazer este ponto, montar o pique com 7 pares de bilros.

Nos demais alfinetes pendurar 1 par. Com os bilros pendentes e paralelos, começar a tecer.

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execução do Ponto

No primeiro alfinete, cruzar os dois bilros internos formando um “x”, da seguinte maneira: o bilro interno da mão direita passa por baixo do bilro interno da mão esquerda.

Ainda com os mesmo pares de bilros, fazer os seguintes movimentos (trocar-trocar-cruzar):

a) Trocar os bilros da mão direita: passar o bilro externo por cima do bilro interno, esperar;

B) Trocar os bilros da mão esquerda: passar o bilro interno por cima do bilro externo, esperar;

c) Passar o bilro interno da mão direita por baixo do bilro interno da mão esquerda, cruzando o ponto.

2

Descansar o par de bilros da mão direita num alfinete fora do pique na almofada. Os alfinetes de descanso devem ficar na direção da carreira que está sendo executada e um pouco mais para baixo, colocados em diagonal, à medida que for sendo tecido cada ponto.

3

1

Todos os pontos devem ser conchados levemente.

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1a carreira (da direita para a esquerda)

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Passar o par de bilros da mão esquerda para a mão direita; pegar o próximo par de bilros da esquerda.

Repetir os movimentos a, B e c (trocar-trocar-cruzar) e descansar os pares de bilros da mão direita até chegar aos dois últimos pares.

5

6

Com os dois últimos pares de bilros executar duas vezes os movimentos a, B e c (trocar-trocar-cruzar + trocar-trocar-cruzar) para fechar o ponto.

7

Prender o ponto com um alfinete, colocado no furo logo abaixo, entre os dois pares de bilros.

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Passar o bilro interno da mão direita por baixo do bilro interno da mão esquerda formando um “x”, ou seja, cruzando o ponto.

Executar com esses mesmos pares de bilros os movimentos a, B e c (trocar-trocar-cruzar) para fechar o ponto.

Largar o par de bilros da mão esquerda no alfinete de descanso.

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2a carreira (da direita para a esquerda)

Repetir os movimentos a, B e c (trocar-trocar-cruzar) e descansar os pares de bilros da mão esquerda até chegar aos dois últimos pares de bilros, quando será fechado o ponto com os movimentos de trocar-trocar-cruzar + trocar-trocar-cruzar – colocar o alfinete no pique – cruzar-trocar-trocar-cruzar.

Fazer as demais carreiras do pique repetindo os passos acima.

Para finalizar a renda, dar um nó de arremate duplo com cada par de bilros.

Cortar as linhas com tesoura e retirar cuidadosamente os alfinetes que prendem a renda ao pique.

Passar o par de bilros da mão direita para a mão esquerda e pegar o próximo par de bilros da direita.

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Pontos trança e torcido

O ponto trança, também conhecido como “trancinha”, é utilizado em quase todos os desenhos de renda, porque serve como elemen-to decorativo, para unir partes da renda e, em alguns piques, é tecido como pano de fundo.

O ponto torcido, ou “torcidinho”, é de fácil execução e também está presente em muitas rendas. Ele serve basicamente para fazer a união com outros pontos do desenho e na tecelagem dos bicos da renda.

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Pique Pontos Trança e Torcido

cópia em preto e branco:Pode ser feita cópia em preto e branco do pique ao lado para ser montado na almofada antes de iniciar o trabalho.

para saber mais acesse o canal do YoUtUbe:Projeto Me ensina a fazer renda

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como “armar a renda”

1 Para fazer estes pontos, montar um pique com 4 pares de bilros.

2 Colocar um alfinete no primeiro furo do pique (no alto, à esquerda) e dois alfinetes na almofada, um de cada lado de fora do pique, na mesma altura. Esses dois alfinetes servirão para descansar os bilros que não serão manuseados na carreira.

3 Pendurar, nesse primeiro alfinete, 3 pares de bilros: um par fica no centro e os outros dois ficam pendurados no centro e abertos nos alfinetes de descanso presos na almofada.

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33execução do Ponto

1 Fechar o ponto com os pares de bilros da esquerda e do centro:

2 Colocar o par de bilros da mão esquerda no alfinete de descanso.

Pegar os outros dois pares de bilros da direita e fechar o ponto. Executar os movimentos a, B, c e d (cruzar-trocar-trocar-cruzar) descritos no item 1.

3

4 Com os mesmos pares de bilros, tecer sete vezes com os movimentos B, c e d (trocar-trocar-cruzar) fazendo o ponto trança até o próximo furo do pique abaixo à direita.

5 Os pontos devem ser conchados de maneira firme, para isso, deve-se apertar a trancinha que se forma.

a) Cruzar os dois bilros internos, formando um “x”, da seguinte maneira: o bilro interno da mão direita passa por baixo do bilro interno da mão esquerda.

Ainda com esses mesmo pares de bilros fazer os seguintes movimen-tos de trocar-trocar-cruzar:

B) Trocar os bilros da mão direita: passar o bilro externo por cima do bilro interno, esperar;

c) Trocar os bilros da mão esquerda: passar o bilro interno por cima do bilro externo, esperar;

d) Passar o bilro interno da mão direita por baixo do bilro interno da mão esquerda, cruzando o ponto.

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9 Largar o par de bilros da mão direita.

10 Pegar o par de bilros que estava no alfinete de descanso da esquerda e fazer o ponto torcido: o bilro da direita passa por cima do bilro da esquerda.

Fazer esse movimento sete vezes. Arrumar o torcido.

Agora, com o par de bilros do ponto torcido, fechar o ponto com o par de bilros da direita, com os movimentos a, B, c e d (cruzar-trocar-trocar-cruzar).

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8 Fechar o ponto, com os dois pares de bilros do centro, com os movimentos a, B, c e d (cruzar-trocar-trocar-cruzar) e executar sete vezes o ponto trança, com os movimentos B, c e d (trocar-trocar-cruzar), até o próximo furo do pique abaixo, à esquerda.

7 Colocar o par de bilros da direita no alfinete de descanso.

6 Colocar um alfinete nesse furo e pendurar mais um par de bilros nesse mesmo alfinete, posicionando esse novo par no centro.

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35Pôr o alfinete para segurar o ponto e ainda com esses mesmos pares de bilros fechar o ponto com os movimentos a, B, c e d (cruzar-trocar-trocar-cruzar).

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Colocar o par de bilros da esquerda no alfinete de descanso.

Fechar o ponto, com os dois pares de bilros do centro, com os movi-mentos a, B, c e d (cruzar-trocar-trocar-cruzar) e fazer sete vezes o ponto trança até o próximo furo do pique abaixo, à direita.

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Colocar o alfinete no pique e fechar o ponto com os movimentos a, B, c e d (cruzar-trocar-trocar-cruzar).

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Largar o par de bilros da esquerda.

Pegar o par de bilros que estava no alfinete de descanso da direita e fazer sete vezes o ponto torcido: o bilro da direita passa por cima do bilro da esquerda. Arrume o torcido.

Fechar o ponto com o par de bilros da mão direita e do centro com os movimentos a, B, c e d (cruzar-trocar-trocar-cruzar).

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Fazer as demais carreiras do pique repetindo os passos acima.

Para finalizar a renda, dar um nó de arremate duplo com cada par de bilros.

Corte as linhas com tesoura e retire cuidadosamente os alfinetes que prendem a renda ao pique.

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Ponto Pano

Esse ponto, conhecido também como “pani-nho”, é utilizado geralmente em pequenas partes da renda para construir o desenho e alguns detalhes. Além disso, é empregado no acabamento da renda para que a borda tenha uma boa resistência ao ser costurada ao tecido.

A aparência do ponto pode ser mais fechada ou mais aberta, dependendo da textura da linha e do ajuste do ponto no momento da tecelagem.

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Pique Ponto Pano

cópia em preto e branco:Pode ser feita cópia em preto e branco do pique ao lado para ser montado na almofada antes de iniciar o trabalho.

para saber mais acesse o canal do YoUtUbe:Projeto Me ensina a fazer renda

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como “armar a renda”

1 Para fazer esta renda, montar um pique com 6 pares de bilros.

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Colocar um alfinete em cada furo da primeira carreira horizontal do pique.

Em cada alfinete pendurar um par de bilros; no primeiro alfinete da direita pendurar 2 pares.

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1 Fechar o ponto com os dois pares de bilros do primeiro alfinete da seguinte maneira:

a) Cruzar os dois bilros internos formando um “x”, assim: o bilro interno da mão direita passa por baixo do bilro interno da mão esquerda.

Ainda com esses mesmo pares de bilros fazer os seguintes movimentos de trocar- trocar-cruzar:

B) Trocar os bilros da mão direita: passar o bilro externo por cima do bilro interno, esperar;

c) Trocar os bilros da mão esquerda: passar o bilro interno por cima do bilro externo, esperar;

d) Passar o bilro interno da mão direita por baixo do bilro interno da mão esquerda para cruzar o ponto.

2 Descansar o par de bilros da mão direita num alfinete fora do pique na almofada. Os alfinetes de descanso devem ficar na direção da carreira que está sendo executada e um pouco mais para baixo, colocados em diagonal, na medida em que for sendo tecido cada ponto.

3 Conchar todos os pontos levemente.

Passar o par de bilros da mão esquerda para a mão direita e pegar o próximo par de bilros da esquerda.

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execução do Ponto

1a carreira (da direita para a esquerda)

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Para iniciar a carreira, pegar os dois primeiros pares de bilros da esquerda para fechar o ponto com os movimentos a, B, c e d (cruzar-trocar-trocar-cruzar).

Colocar o par de bilros da esquerda no alfinete de descanso.

Passar o par de bilros da mão direita para a mão esquerda e repetir os movimentos a, B, c e d (cruzar-trocar-trocar-cruzar).

As demais carreiras do pique seguem a sequência acima.

Para finalizar a renda, dar um nó de arremate duplo com cada par de bilros.

Cortar as linhas com tesoura e retirar cuidadosamente os alfinetes que prendem a renda ao pique.

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Repetir os movimentos a, B, c e d (cruzar-trocar-trocar-cruzar) e descansar os bilros até o final da carreira.

Colocar um alfinete no furo do pique logo abaixo, à esquerda.

2a carreira (da direita para a esquerda)

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Ponto Perna-cheia

Este é um ponto que serve como elemento decorativo da renda. Por isso, é utilizado tanto no meio da renda quanto na borda, e pode ser executado em qualquer sentido.

A tecelagem deste ponto é feita no ar, sem auxílio de molde ou alfinete, pois os alfinetes são colocados apenas no início e no fim do trabalho. A aparência do ponto depende do tipo de linha utilizada e dos ajustes no momento da tecelagem, ou seja, se forem mais apertados, a peça terá aspecto engomado; se os pontos forem mais frouxos, o aspecto será mais flexível.

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Pique Ponto Perna-Cheia

cópia em preto e branco:Pode ser feita cópia em preto e branco do pique ao lado para ser montado na almofada antes de iniciar o trabalho.

para saber mais acesse o canal do YoUtUbe:Projeto Me ensina a fazer renda

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como “armar a renda”

1 Para fazer esta renda, montar um pique com 2 pares de bilros.

1 Fechar o ponto com os dois pares de bilros com os movimentos de cruzar-trocar-trocar-cruzar:

a) Cruzar os dois bilros internos formando um “x”, da seguin-te maneira: o bilro interno da mão direita passa por baixo do bilro interno da mão esquerda.

B) Trocar os bilros da mão direita: passar o bilro externo por cima do bilro interno, esperar;

c) Trocar os bilros da mão esquerda: passar o bilro interno por cima do bilro externo, esperar;

2 Colocar um alfinete no primeiro furo do pique no alto e pendurar 2 pares de bilros.

execução do Ponto

d) Passar o bilro interno da mão direita por baixo do bilro interno da mão esquerda para cruzar o ponto.

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452 Para fazer o ponto perna-cheia, o bilro interno da mão direita deve ficar com mais linha solta do que os demais, porque é esse bilro que vai tecer o ponto – nós o chamaremos de “trabalhador”.

3 Fazer a seguinte sequência para a execução do ponto:

a) Com os bilros da mão direita, passar o trabalhador por baixo e por cima do bilro externo.

B) Passar o trabalhador por baixo do bilro interno da mão esquerda.

c) Passar o trabalhador por cima e por baixo do bilro externo da mão esquerda.

d) Passar o trabalhador por cima do bilro interno da mão direita.

diagrama Perna-cheia

O segredo deste ponto está no ajuste da linha e em como conchar os 4 bilros juntos.

O ajuste só vai acontecer quando o trabalhador voltar para o lugar dele, ou seja, na posição de bilro interno da mão direita.

No momento de conchar o ponto, geralmente o trabalhador deve ficar neutro, ou seja, ele não participa do ajuste, mas fornece a linha necessária para tecer o ponto.

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Para conchar este ponto, segure os bilros pela parte mais grossa e estique levemente o bilro externo da direita e o bilro externo da esquerda, cada um para o seu lado, puxados para baixo.

O bilro interno da mão esquerda fica no centro do ponto e precisa também ser levemente ajustado quando necessário.

A parte do ponto que fica mais larga tem um ajuste mais leve, ou seja, tem mais linha.

Repita os movimentos de entrelaçamento com o bilro trabalha-dor (a, B, c e d) até chegar perto do furo do pique à direita.

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4711 Para terminar o ponto perna-cheia, conchar os quatro bilros juntos, inclusive o trabalhador, empurrando-o mais para trás.

Colocar um alfinete no pique, entre os pares de bilro.

Fechar o ponto com os movimentos a, B, c e d (cruzar-trocar-trocar-cruzar).

Voltar a tecer o ponto perna-cheia.

As demais carreiras do pique seguem a sequência acima.

Para finalizar a renda, dar um nó de arremate duplo com cada par de bilros.

Cortar as linhas com tesoura e retirar cuidadosamente os alfinetes que prendem a renda ao pique.

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A cartilha Me ensina a fazer renda apresenta de forma didática as técnicas básicas da renda

de bilro produzida em Florianópolis.

Patrocínio: Apoio: Realização: Correalização:

E sta cartilha ensina de forma didática o passo a passo da renda de bilro tradi-

cional de Florianópolis. Seu objetivo não é substituir as aulas práticas, mas servir como material de apoio para mestras e ini-ciantes nessa admirada arte popular. Para atingir esse objetivo, a publicação contou com o trabalho de uma pedagoga e a con-sultoria de uma experiente rendeira local. O resultado são textos claros e objetivos que demonstram de forma simples a técni-ca e os pontos básicos do rendado. As ex-

plicações são acompanhadas de ilustrações e links para vídeos produzidos pelo pro-jeto Me ensina a fazer renda. A publicação também revela os elementos dessa arte – bilros, linha, alfinete, almofada, cavalete e pique (desenho) – e ensina a fazer a almofa-da e o cavalete. Traz ainda um breve levanta-mento histórico que conta a origem da renda de bilro em Santa Catarina, revela os locais onde ela está presente no país e no mundo, incluindo reflexões sobre as mudanças pelas quais vem passando nas últimas décadas.

ISBN

: 978

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8686

4-88

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