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PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

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Com a Lei n 8

Com a Lei n 8.213/91 foram institudos benefcios aos trabalhadores urbanos e rurais, sem qualquer distino.

1.3.3.3 Seletividade e Distributividade na Prestao de Benefcios e Servios

A seleo das prestaes vai ser feita de acordo com as possibilidades econmico-financeiras do sistema da seguridade social.

1.3.3.4 Irredutibilidade do Valor dos Benefcios

O poder aquisitivo dos benefcios no pode ser onerado. A forma de correo dos benefcios previdencirios vai ser feita de acordo com o preceituado na lei.

No seio da Assemblia Constituinte houve muita preocupao com a reduo dos benefcios previdencirios, pois no decorrer dos anos o beneficirio vinha perdendo o poder aquisitivo que tinha quando se aposentou. A legislao salarial, ou correo do salrio mnimo, nunca implicou a preservao real dos benefcios previdencirios. Nem a atual lei de benefcios (Lei n 8.213) ir proporcionar a manuteno do poder aquisitivo real dos benefcios, pois perdas salariais ocorrem costumeiramente.

1.3.3.5 Eqidade na Forma de Participao no Custeio

A Constituio no criou uma nica fonte de custeio, que facilitaria sobremaneira a fiscalizao.

Apenas aqueles que estiverem em iguais condies contributivas que tero que contribuir da mesma forma.

1.3.3.6 Diversidade da Base de Financiamento

A Constituio j prev diversas formas do financiamento da seguridade social, por meio da empresa, dos trabalhadores, dos entes pblicos e dos concursos de prognsticos (art. 195, I a III). Como menciona o art. 195, caput, da Lei Maior a seguridade social ser financiada por toda a sociedade.

1.3.3.7 Carter Democrtico e Descentralizado na Gesto Administrativa

A Constituio dispe que os trabalhadores, os empresrios e os aposentados participaro da gesto administrativa da seguridade social que ter carter democrtico e descentralizado.

Tal regra confirma o que j estava normatizado no art. 10 da Lei Fundamental, em qeu os trabalhadores e empregadores teriam participao nos colegiados dos rgos em que se discutam ou haja deliberao sobre questes previdencirias.

1.4 OUTROS PRINCPIOS

1.4.1 Trplice Forma de Custeio

O custeio da seguridade social ser feito de forma trplice: pelos entes pblicos (Unio, Estados-membros, Distrito Federal e Municpios), pelos empregadores e pelos trabalhadores (art. 195, I a III da Constituio). Todos, portanto, devem participar do custeio do sistema, de acordo com a forma preconizada em lei.

1.4.2 Preexistncia do Custeio em Relao ao Benefcio ou Servio

O princpio da precedncia do custeio em relao ao benefcio ou servio surge com a Emenda Constitucional n 11, fr f31-3-1965, ao acrescentar o 2 ao art. 157 da Constituio de 1946, com a seguinte redao "nenhuma prestao de servio de carter assistencial ou de benefcio compreendido na previdncia social poder ser criada, majorada ou estendida sem a correspondente fonte de custeio total". Nota-se que o dispositivo constitucional mencionava no s benefcio da previdncia social, mas tambm servio de carter assistencial. Assim, mesmo na assistncia social, para a prestao de um servio, havia necessidade da precedncia do custeio.

1. O que solidarismo?A solidariedade pode ser considerada como um postulado fundamental do Direito da Seguridade Social, encontrado inclusive na Constituio. No decorrer da histria da Seguridade Social certos grupos vinham se cotizando para cobrir determinadas contingncias sociais,como fome, doena, velhice, morte, etc., visando,mediante a contribuio de cada participante do grupo, prevenir futuras adversidades. Passados os tempos, essa cotizao foi aumentando, formando-se grupos por profissionais, por empresas etc.,que, por intermdio de esforos em comum, ou da criao de determinado fundo, vinham se preparando para quando no mais pudessem trabalhar. Da o surgimento de pequenos descontos no salrio pra cobrir futuras aposentadorias, principalmente quando a pessoa no mais tinha condies de trabalhar para seu sustento.A solidariedade consistiria na contribuio da maioria em benefcio da minoria.

2. Existem princpios que so de Direito Constitucional e podem ser aplicados Seguridade Social?

O pargrafo nico do art. 194 do Estatuto Supremo determina ao Poder Pblico, no caso o federal, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base em objetivos, que poderamos dizer que so os verdadeiros princpios da Seguridade Social: universalidade da cobertura e do atendimento; uniformidade e equivalncia dos benefcios e servios s populaes urbanas e rurais;seletividade e distributividade na prestao dos benefcios e servios; irredutibilidade do valor de financiamento; carter democrtico e descentralizado da gesto administrativa, com a participao da comunidade, em especial dos trabalhadores, empresrios e aposentados.

http://www.angelfire.com/ar/rosa01/direito156.html EM 15.09.06 S 16:09Normas, Regras e Princpios: Conceitos e Distines - Luiz Flvio Gomes

17/10/2005-10:00Autor: Luiz Flvio Gomes; A cincia jurdica, como cincia do esprito (ou cultural), no matemtica (no uma cincia exata) mas mesmo assim no est isenta de fixar, sempre que possvel e com preciso, os seus conceitos. Embora introdutoriamente, vejamos os seguintes:(a) Regras e princpios ("conflito" versus "coliso"): o Direito se expressa por meio de normas. As normas se exprimem por meio de regras ou princpios. As regras disciplinam uma determinada situao; quando ocorre essa situao, a norma tem incidncia; quando no ocorre, no tem incidncia. Para as regras vale a lgica do tudo ou nada (Dworkin). Quando duas regras colidem, fala-se em "conflito"; ao caso concreto uma s ser aplicvel (uma afasta a aplicao da outra). O conflito entre regras deve ser resolvido pelos meios clssicos de interpretao: a lei especial derroga a lei geral, a lei posterior afasta a anterior etc.. Princpios so as diretrizes gerais de um ordenamento jurdico (ou de parte dele). Seu espectro de incidncia muito mais amplo que o das regras. Entre eles pode haver "coliso", no conflito. Quando colidem, no se excluem. Como "mandados de otimizao" que so (Alexy), sempre podem ter incidncia em casos concretos (s vezes, concomitantemente dois ou mais deles).

(b) Caso concreto versus multiplicidade de situaes: a diferena marcante entre as regras e os princpios, portanto, reside no seguinte: a regra cuida de casos concretos. Exemplo: o inqurito policial destina-se a apurar a infrao penal e sua autoria - CPP, art. 4. Os princpios norteiam uma multiplicidade de situaes. O princpio da presuno de inocncia, por exemplo, cuida da forma de tratamento do acusado bem como de uma srie de regras probatrias (o nus da prova cabe a quem faz a alegao, a responsabilidade do acusado s pode ser comprovada constitucional, legal e judicialmente etc.).

(c) Funes dos princpios: fundamentadora, interpretativa e supletiva ou integradora: por fora da funo fundamentadora dos princpios, certo que outras normas jurdicas neles encontram o seu fundamento de validade. O artigo 261 do CPP (que assegura a necessidade de defensor ao acusado) tem por fundamento os princpios constitucionais da ampla defesa, do contraditrio, da igualdade etc.. Os princpios, ademais, no s orientam a interpretao de todo o ordenamento jurdico, seno tambm cumprem o papel de suprir eventual lacuna do sistema (funo supletiva ou integradora). No momento da deciso o juiz pode valer-se da interpretao extensiva, da aplicao analgica bem como do suplemento dos princpios gerais de direito (CPP, art. 3). Considerando-se que a lei processual penal admite "interpretao extensiva, aplicao analgica bem como o suplemento dos princpios gerais de direito" (CPP, art. 3), no havendo regra especfica regente do caso torna-se possvel solucion-lo s com a invocao de um princpio.

(d) Princpios constitucionais, infraconstitucionais e internacionais: de todos os princpios (que configuram as diretrizes gerais do ordenamento jurdico), gozam de supremacia (incontestvel) os constitucionais. Exemplos: princpio da ampla defesa (CF, art. 5, inc. LV), do contraditrio (CF, art. 5, inc. LV), da presuno de inocncia (CF, art. 5, inc. LVII) etc.. Mas isso no significa que no existam princpios infraconstitucionais (leia-se: emanados de regras legais). Por exemplo: princpio do tantum devolutum quantum apellatum, que est contemplado no art. 599 do CPP. Os princpios constitucionais contam com maior valor e eficcia e so vinculantes (para o intrprete, para o juiz e para o legislador). Tambm existem princpios que derivam de regras internacionais. Por exemplo: princpio do duplo grau de jurisdio, que est contemplado na Conveno Americana de Direitos Humanos (Pacto de San Jose), art. 8, II, "h". Todo o Direito internacional posto em vigncia no Direito interno fonte do Direito e deve ser considerado para a soluo de conflitos.

(e) As smulas vinculantes so regras? Sim, so regras criadas por fora de interpretao do Supremo Tribunal Federal. A interpretao eleita pelo STF passa a ser a regra do caso concreto, no podendo o juiz deixar de observ-la. Cabe reclamao ao STF em caso de descumprimento da smula vinculante.

http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20051014183913266 s 16:25

A partir do momento em que a Constituio de 1891 passou a se referir a princpios e o Cdigo Civil de 1916 a torn-los expressos em seu art. 7, a reflexo acerca do tema s tem avanado. Nesse contexto, o autor acolhe sem reservas as variaes tericas que renovam e fecundam o Direito no mbito dos princpios constitucionais, pois consegue demonstrar e explicar com maestria as transformaes que o Direito Constitucional j conheceu na contemporaneidade. Importante salientar que, por todo o trabalho, o rigor da lgica e o poder da reflexo de Srgio Srvulo da Cunha esto presentes, alm da exposio sistemtica e conjunta dos princpios constitucionais, que so hoje o alicerce do novo direito constitucional. Para conhecimento do leitor, so discorridos neste livro, dentre outros temas: princpios e valores em face de algumas concepes filosficas; princpio e sistema (sistemas naturais, materiais, convencionais etc.); princpios, regras e normas; revelao cientfica dos princpios jurdicos; princpios gerais do Direito; sistema constitucional; princpios constitucionais explcitos; funo dos princpios; processo constitucional; princpios e interpretao; conflitos de prescries. E para facilitar o manuseio da obra, encontram-se na sua parte final ndices terminolgico e onomstico.

Princpios Constitucionais

A Constituio Federal traa os fundamentos gerais da matria eleitoral em seu Ttulo III, Captulos IV e V, que tratam dos direitos polticos e dos partidos polticos.

CAPTULO IVDOS DIREITOS POLTICOSArt. 14. A soberania popular ser exercida pelo sufrgio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.

1 - O alistamento eleitoral e o voto so:

I - obrigatrios para os maiores de dezoito anos;

II - facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

2 - No podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o perodo

do servio militar obrigatrio, os conscritos.

3 - So condies de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exerccio dos direitos polticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domiclio eleitoral na circunscrio;

V - a filiao partidria;

VI - a idade mnima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da Repblica e Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

4 - So inelegveis os inalistveis e os analfabetos.

5 O Presidente da Repblica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido, ou substitudo no curso dos mandatos podero ser reeleitos para um nico perodo subseqente.

6 Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da Repblica, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos at seis meses antes do pleito.

7 So inelegveis, no territrio de jurisdio do titular, o cnjuge e os parentes consangneos ou afins, at o segundo grau ou por adoo, do Presidente da Repblica, de Governador de Estado ou Territrio, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substitudo dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se j titular de mandato eletivo e candidato reeleio.

8 - O militar alistvel elegvel, atendidas as seguintes condies:

I - se contar menos de dez anos de servio, dever afastar-se da atividade;

II - se contar mais de dez anos de servio, ser agregado pela autoridade superior e, se eleito, passar automaticamente, no ato da diplomao, para a inatividade.

9 Lei complementar estabelecer outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessao, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exerccio de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleies contra a influncia do poder econmico ou o abuso do exerccio de funo, cargo ou emprego na administrao direta ou indireta

10 - O mandato eletivo poder ser impugnado ante a Justia Eleitoral no prazo de quinze dias contados da diplomao, instruda a ao com provas de abuso do poder econmico, corrupo ou fraude.

11 A ao de impugnao de mandato tramitar em segredo de justia, respondendo o autor, na forma da lei, se temerria ou de manifesta m-f.

Art. 15. vedada a cassao de direitos polticos, cuja perda ou suspenso s se dar nos casos de:

I - cancelamento da naturalizao por sentena transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenao criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigao a todos imposta ou prestao alternativa, nos termos do art. 5, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, 4.

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrar em vigor na data de sua publicao, no se aplicando eleio que ocorra at um ano da data de sua vigncia.

CAPTULO VDOS PARTIDOS POLTICOSArt. 17. livre a criao, fuso, incorporao e extino de partidos polticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrtico, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:

I - carter nacional;

II - proibio de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinao a estes;

III - prestao de contas Justia Eleitoral;

IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.

1 assegurada aos partidos polticos autonomia para definir sua estrutura interna, Lei n. 9.096/95 organizao e funcionamento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidrias.

2 Os partidos polticos, aps adquirirem personalidade jurdica, na forma da lei civil, registraro seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.

3 Os partidos polticos tm direito a recursos do fundo partidrio e acesso gratuito ao rdio e televiso, na forma da lei.

4 vedada a utilizao pelos partidos polticos de organizao paramilitar.

http://eleitoral.pgr.mpf.gov.br/legislacao/principios-constitucionaisn as 16:41Home Escola Superior de Advocacia

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Comunicao - Artigos

Princpios Constitucionais e o Supremo Tribunal Federal

Autor: Luiz Carlos Forghieri Guimares 31/05/2006

Este trabalho tem a ambio de contribuir em alguma medida para que o Supremo Tribunal Federal, data maxima vnia, comece a entender e concretizar que os princpios constitucionais so normas jurdicas, e como tais, pretendem produzir efeitos positivos sobre a realidade.

Conforme se ver mais adiante, o Supremo Tribunal Federal, em sede de recurso extraordinrio, na opinio de alguns ministros, a ofensa a Constituio dever ser direta e frontal, conseqentemente, se a interposio do recurso for com base em principio constitucional, e como este demanda exame das normas ordinrias, logo, a ofensa seria indireta e reflexa, da a impossibilidade com fundamento em princpio.

No deixa de ser uma posio anti-principiolgica nas decises do Supremo Tribunal Federal

Veja alguns acrdos daquela Corte, nesse sentido:

AI-AGR 190912/sp So Paulo. AG.RE NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. Relator: Min. Maurcio Corra. Julgamento: 25/03/1997. rgo Julgador: Segunda Turma. Publicao: DJ. 23.05.1997 pp-21734 Ement vol-01870-04 pp 00801.Ementa: Agravo Regimental em Agravo de Instrumento. Ausncia de Prequestionamento. Smulas 282 e 356/stf. Ofensa a Princpios Constitucionais. Alegao a ser aferida a partir da interpretao de normas infraconstitucionais. Impossibilidade. 1 inadmissvel o recurso extraordinrio quando o tema constitucional suscitado no foi objeto do indispensvel prequestionamento. Incide o bice das smulas 282 e 356 desta corte. 2A violao norma constitucional, capaz de viabilizar a instncia extraordinria, h de ser direta e frontal e no aquela que demandaria, antes, o exame das normas ordinrias. Agravo Regimental a que se nega provimento.

Outra,

AI-AgR564079/RJ-RIO DE JANEIRO AG.REG.NO AGRAVO de INSTRUMENTORelator(a): Min.SEPLVEDA PERTENCE Julgamento: 21/02/2006 rgo Julgador: PrimeiraTurma Publicao: DJ 24-03-2006 PP-00030 EMENT VOL-02226-08 PP-01624 EMENTA: 1. Ampla defesa: no ofende o art. 5, LV, da Constituio, acrdo que mantm o indeferimento de diligencia probatria tida por desnecessria: precedente. 2. Recurso extraordinrio: descabimento: controvrsia decidida luz de legislao infraconstitucional: a alegada ofensa a dispositivos constitucionais, se ocorresse, seria reflexa ou indireta, de exame invivel no RE, incidncia do princpio da Smula 636. Ademais, ausente negativa de prestao jurisdicional ou violao dos princpios constitucionais apontados no recurso extraordinrio.

Na verdade, alguns ministros da mais alta Corte do pas, data maxima vnia, continuam com o pensamento de outrora, do positivismo, melhor dizendo, que o princpio no norma jurdica, fonte normativa secundria, meras pautas programticas, carncia de normatividade, princpios constitucionais genricos ofensa indireta, estabelecendo, portanto, a sua irrelevncia jurdica.

Alguns juristas no concordam com esse entendimento da Corte, inclusive o subscritor deste artigo. Veja, agora, alguns posicionamentos:

Recentemente, (17/5, quarta-feira) a procuradora mineira e futura ministra do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lcia Antunes Rocha, ao ser sabatinada durante duas horas na Comisso de Constituio, Justia e Cidadania do Senado, mencionou sobre os princpios:

No faltam leis no pas, falta aplicao coerente dos princpios que a Constituio estabeleceu.

Gustavo Zagrebelsky, ll Diritto Mite. Torino: Einaudi, pg. 149-150, menciona :.

se o ordenamento no contivesse princpios e fosse composto apenas por regras, seria vantajoso substituir todos os juzes por computadores, diante do automatismo do processo de aplicao do direito.

No mesmo sentido:

O constitucionalista norte-americano Bruce Ackerman, O Novo Constitucionalismo Mundial, In: Daniel Sarmento, Direitos Fundamentais e Relaes Privadas, pg. 88, assevera:que (...) a relutncia do Tribunal Constitucional em interpretar a Constituio de 1988 como uma constituio de princpios leva os advogados a duvidarem se a Constituio brasileira de fato um recomeo.

Esses dois acrdos da Corte Constitucional, e provavelmente h outros, data maxima vnia, alm de no encontrar guarida na boa doutrina, sequer h respaldo na Constituio, como se demonstrar, at porque, os princpios constitucionais so normas jurdicas e como tais, tm aplicabilidade imediata.

Para o esclarecimento da temtica que me proponho a debater, necessrio alguma digresso.

Outrora, os princpios no gozavam de normatividade suficiente para serem consideradas normas jurdicas.

Jos Joaquim Gomes Canotilho, o maior constitucionalista da lngua portuguesa, tambm no dava aos princpios a normatividade necessria para a sua concretude, conforme consignado em sua obra Direito Constitucional e Teoria da Constituio, 1.998, pg. 1045/5, onde apresentava um conjunto de critrios para a distino entre regras e princpios.

Para o estudo que nos interessa, veja, o que o mestre de Coimbra, mencionava sobre princpio:

(...) b Grau de determinabilidade na aplicao do caso concreto: os princpios, por serem vagos e indeterminados, carecem de mediaes concretizadoras (do legislador ? do Juiz ?), enquanto as regras so susceptveis de aplicao directa.

Continua o mestre:

enquanto um direito constitucional pode ser directamente invocado em tribunal como justificativo de um recurso de direito pblico, j a inobservncia de um princpio considerada insusceptvel de, por si s, fundamentar autonomamente um recurso contencioso. Seria, por exemplo, difcil fazer valer uma pretenso em tribunal invocando-se to somente o princpio da proporcionalidade. Os princpios fundamentais, fornecendo embora directivas jurdicas para uma correta anlise dos problemas constitucionais, no possuem normatividade individualizadora que os torne suscetveis de aplicao imediata e autnoma.

Entretanto, como tudo muda, o direito dinmico, preciso acompanhar a evoluo da sociedade, e graas ao bom Deus, o mestre de Coimbra tambm mudou.

Mais tarde, em edio atualizada de sua obra, que o mestre portugus passou a ter um posicionamento principialista, passando a reconhecer a fora normativa imediata dos princpios constitucionais, veja:

Hoje no h normas constitucionais programticas. claro que continuam a existir normas-fim, normas-tarefa, normas-programa que que impem uma actividade e dirigem materialmente a concretizao constitucional. Mas o sentido destas normas no o que lhes assinalava tradicionalmente a doutrina: simples programas, exortaes morais, declaraes, sentenas polticas, aforismos polticos, promessas, apelos ao legislador, programas futuros, juridicamente desprovidos de qualquer vinculatividade. s normas programticas reconhecido hoje um valor jurdico constitucionalmente idntico ao dos restantes preceitos da Constituio. Mais do que isso: a eventual mediao da instncia legiferante na concretizao das normas programticas no significa dependncia deste tipo de normas da interposio do legislador; a positividade das normas-fim e normas-tarefa (normas programticas) .

Uma parte da doutrina e da jurisprudncia brasileira ainda resiste a no reconhecer a fora normativa dos princpios constitucionais, ou quem sabe, no se aperceberam que o mestre de Coimbra mudou a sua posio, haja vista que, at ento, os juristas tinham em Canotilho como norte s suas inspiraes jurdicas.

De qualquer sorte, hodiernamente, se reconhece que as normas jurdicas, so compostas de regras e princpios, e no como outrora, apenas de regras. Ora, se os princpios so uma das espcies normativas, e se as normas jurdicas esto a para serem concretizadas no mundo dos fatos, no h razo nenhuma que justifique, com honestidade intelectual, que os princpios constitucionais no podem embasar uma pretenso em juzo. Entendimento diverso implica relegar inocuidade o conceito de normas jurdicas.

Tornou-se comum mencionar na boa doutrina que as normas jurdicas so compostas de normas-regras e normas- princpios, assim, sem embargos de j no subsistir a divergncia no que tange a noo de que princpios e regras so tipos de normas, ambos dotados de imperatividade.

Logo, afirmar que princpio constitucional norma jurdica imperativa, significa que o efeito por ele pretendido dever ser imposto coativamente pela ordem jurdica caso no se realize espontaneamente, como se passa com as demais normas jurdicas.

Ademais, muitos ainda no se aperceberam que j samos do positivismo, e agora, estamos no ps-positivismo, graas a Crisafulli, Dworkin e Alexy, dentre outros, logo, a norma conceitualmente elevada categoria de gnero, do qual as espcies vm a ser o princpio e a regra.

E o que significa ser uma norma jurdica, uma vez que, com a entrada do ps-positivismo, o princpio passou a ser uma das espcies de normas, melhor dizendo, o que significa para o princpio ser norma jurdica ? Significa a imperatividade de seus efeitos propostos, em outro dizer, pretendem produzir algum efeito no mundo dos fatos.

Para os princpios alcanarem o estgio atual de normas jurdicas foram necessrias vrias etapas.

Para clarificar a temtica com acuidade, nada melhor, invocar o mestre cearense, Paulo Bonavides, Curso de Direito Constitucional, 8 edio, 1.999, pg. 228 e ss, que menciona:

a normatividade dos princpios percorreu trs fases distintas: a jusnaturalista, a positivista e a ps-positivista.

Na primeira, os princpios estavam fora do direito, em um campo metafsico, associados dimenso tico-valorativa inspiradora do direito.Na fase positivista, os princpios ingressaram nos cdigos e leis como fonte normativa subsidiria com a funo de garantir a inteireza e coeso do sistema.

Por fim, a fase ps-positivista atual, na qual os princpios constitucionais tm um papel fundamental, consagra os princpios no apenas como direito, mas como pedestal normativo sobre o qual assenta todo o edifcio jurdico dos novos sistemas constitucionais.

Ainda, Bonavides, em seu livro, agora, 13 edio, pg. 294, menciona que o teoria dos princpios chega a fase ps-positivismo com os seguintes resultados j consagrados, veja:

A teoria dos princpios chega presente fase do ps-positivismo com os seguintes resultados j consolidados: a passagem dos princpios da especulao metafsica e abstrata para o campo concreto e positivo do Direito, com baixssimo teor de densidade normativa; a transio crucial da ordem jusprivatista (sua antiga insero nos Cdigos) para a rbita juspublicstica (seu ingresso nas Constituies); a suspenso da distino clssica entre princpios e normas; o deslocamento dos princpios da esfera da jusfilosofia para o domnio da Cincia Jurdica; a proclamao de sua normatividade; a perda de seu carter de normas programticas; o reconhecimento definitivo de sua positividade e concretude por obra sobretudo das Constituies; a distino entre regras e princpios como espcies diversificadas do gnero norma; e, finalmente, por expresso mxima de todo esse desdobramento doutrinrio, o mais significativo de seus efeitos: a total hegemonia e preeminncia dos princpios.

O Professor Eros Roberto Grau, atualmente, Ministro do Supremo Tribunal Federal, de sua monografia A Ordem Econmica na Constituio de 1988, pg. 125, no captulo intitulado Os princpios e as regras jurdicas, assevera:

Pois bem, quanto aos princpios positivos do Direito, evidentemente reproduzem a estrutura peculiar das normas jurdicas. Quem o contestasse, forosamente teria de admitir, tomando-se a Constituio, que nela divisa enunciados que no so normas jurdicas. Assim, p. ex. quem o fizesse haveria de admitir que o art. 5, caput, da Constituio de 1988, no enuncia norma jurdica ao afirmar que todos so iguais perante a lei (...).

Isso, no entanto, insustentvel, visto que temos a, nitidamente, tal como nos arts. 1, 2, 17, 18, 37, vg. autnticas espcies de norma jurdica.

Carmem Lcia, Antunes Rocha, futura ministra do STF, em sua obra Princpios Constitucionais da Administrao Pblica, Bela Horizonte, Del Rey, 1994, testifica :

A norma que dita um principio constitucional no se pe contemplao, (...) pe-se observncia do prprio Poder Pblico do Estado e de todos os que sua ordem se submetem e da qual participam.

Ana Paula de Barcellos, A Eficcia Jurdica dos Princpios Constitucionais, Renovar, 2002, pg. 82, testifica:

E por que os princpios no poderiam dispor da eficcia positiva tpica das regras?.Por que no se poderia extrair diretamente dos princpios pretenses - pleiteveis diante do Poder Judicirio capazes de implementar de forma direta os efeitos propostos pelo princpio e no cumpridos: a conseqncia jurdica perfeitamente simtrica ?Por que no seria possvel associar essa espcie de conseqncia jurdica aos princpios constitucionais? Quais os fundamentos para a afirmao corriqueira de que os princpios no podem apresentar a modalidade de eficcia positiva ou simtrica?Qual o caminho lgico para se chegar a tal concluso?No h nenhuma razo, a priori, que se imponha por sua evidncia ou obviedade, ou qualquer argumento geral e definitivo que impea a concluso de que os princpios podem tambm dispor da eficcia jurdica simtrica, na medida em que so igualmente normas jurdicas.

Por outro lado, bom de se ver, que os demais ministros tm entendimento diferente, j entenderam que os princpios so normas jurdicas, embora essa questo ainda no esteja consolidada, mas j um bom comeo, creio, que agora s uma questo de tempo, veja;

Voto do Min. Celso de Mello, proferido na PET-1458/CE-Cear/Petio/Julgamento:26/02/1998. Publicao: DJ Data 04.03.98 P-00010 O respeito incondicional aos princpios constitucionais evidencia-se como dever inderrogvel do Poder Pblico. A ofensa do Estado a esses valores - que desempenham, enquanto categorias fundamentais que so, um papel subordinante na prpria configurao dos direitos individuais ou coletivos - introduz um perigoso fator de desequilbrio sistmico e rompe, por completo, a harmonia que deve presidir as relaes, sempre to estruturalmente desiguais, entre os indivduos e o Poder.

RE 158655/ PA Par - RECURSO EXTRAORDINRIO. Relator: Min. MARCO AURLIO. Julgamento: 20/08/1996 rgo Julgador: Segunda Turma Publicao: DJ 02.05.1997 PP-16567 EMENT VOL 01867-01 PP 00171 DEFESA DEVIDO PROCESSO LEGAL INCISO LV DO ROL DAS GARANTIAS CONSTITUCIONAIS EXAME LEGISLAO COMUM. A intangibilidade do preceito constitucional assegurador do devido processo legal direciona ao exame da legislao comum. Da a insubsistncia da tica segundo a qual a violncia Carta Poltica da Repblica, suficiente a ensejar o conhecimento de extraordinrio, h de ser direta e frontal. Caso a caso, compete ao Supremo Tribunal Federal exercer crivo sobre a matria, distinguindo os recursos protelatrios daqueles em que versada, com procedncia, a transgresso a texto constitucional, muito embora torne-se necessrio, at mesmo, partir-se do que previsto na legislao comum. Entendimento diverso implica relegar inocuidade dois princpios bsicos em um Estado Democrtico de Direito o da legalidade e do devido processo legal, com a garantia da ampla defesa, sempre a pressuporem a considerao de norma estritamente legal. (...)

E, finalmente,

ELLEN GRACIE. Julgamento: 08/10/2002. rgo Julgador> Primeira Turma. Publicao: DJ 06.12.2002 PP 00065 EMENT VOL 02094-02 PP 00391LEI N 8.030/90. EFEITOS RETROATIVOS SOBRE CONTRATOS ANTERIORES A SUA EDIO. ART. XXXVL DA CF/88. OFENSA DIRETA. 1 O controle de constitucionalidade exercido em hiptese de ofensa ao princpio da irretroatividade das leis (art. 5. XXXVl, da CF/88) pressupe a interpretao da lei ordinria, cuja validade se pretende questionar, no havendo que se falar em ofensa indireta. (...)

Ademais, a nossa Carta da Repblica, em seu artigo 102, lll, a, menciona que caber recurso extraordinrio quando a deciso recorrida contrariar dispositivo constitucional, assim, se a deciso recorrida contrariar princpio constitucional, configurado est o pressuposto para o cabimento do recurso extraordinrio.

Por outro lado, esclareo desde j, nem se argumente que, no caso, a contrariedade seria reflexa ou mediata, pelas seguintes razes:1. primeiro, porque a Constituio no exige que a contrariedade seja direta;

2. segundo, porque os princpios constitucionais so normas jurdicas e, por isso, sempre que a deciso contrariar o princpio estar contrariando a norma constitucional diretamente e na sua pior forma de violao, que a contrariedade a princpio.

Por derradeiro, quero convidar o operador do Direito a comear a gerir a sua funo social com base no princpio constitucional, pois a est a razo, as luzes que sero lanadas para bem interpretar as regras.

Luiz Carlos Forghieri Guimares mestre em Direito Constitucional/econmico e Coordenador e Professor do curso Reviso dos Contratos Bancrios luz da Constituio Federal da Escola Superior de Advocacia ESA/OABSP