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Jornada de trabalho - Disposições gerais 22 de Agosto de 2011 Em face da publicação das Resoluções TST nº s 174 e 175/2011 - DJe 1º.06.2011 este procedimento foi atualizado. Tópicos atualizados: 4.2 Atividades insalubres - Prorrogação de horas, 4.3 Período de deslocamento entre a portaria e o local de trabalho - Tempo à disposição do empregador, 10.3 Bancários, 10.18 Telemarketing/Teleatendimento, 14.4 Pernoite no veículo. Jornada de trabalho - Disposições gerais Sumário 1. Jornada de trabalho - Duração - Limite máximo 2. Quadro de horário de trabalho - Afixação obrigatória - Marcação de ponto - Ficha de serviço externo 3. Cartão de ponto - Necessidade ou não da assinatura do empregado 4. Prorrogação da jornada - Compensação de horas 4.1 Trajeto de ida e volta - Tempo despendido (horas in itinere) - Cômputo na jornada de trabalho - Possibilidade 4.1.1 Microempresas e empresas de pequeno porte 4.2 Atividades insalubres - Prorrogação de horas 4.3 Período de deslocamento entre a portaria e o local de trabalho - Tempo à disposição do empregador 4.4 Cursos de treinamento e de aperfeiçoamento - Integração do período na jornada de trabalho 4.5 Troca de uniforme - Uso de maquiagem - Higiene pessoal - Cômputo na jornada de trabalho 5. Intervalos do trabalho 5.1 Intervalos interjornada (entre jornadas de trabalho) 5.2 Intervalos intrajornada (dentro da jornada de trabalho) 5.2.1 Trabalho contínuo por mais de 6 horas 5.2.1.1 Redução do intervalo intrajornada - Requisitos 5.2.1.2 Requerimento - Modelo 5.2.2 Trabalho contínuo não excedente de 6 e superior a 4 horas 5.2.3 Não-concessão de intervalo pelo empregador - Sanção 5.2.4 Concessão de intervalos não previstos em lei - Consequências 5.3 Repouso semanal remunerado 5.4 Intervalo para amamentação 6. Intervalos dentro da jornada - Casos especiais 7. Empregados não subordinados a horário de trabalho 7.1 Serviço externo 7.2 Cargos de confiança 8. Flexibilização das condições de trabalho 8.1 Legalidade da jornada flexível ou móvel 8.2 Cumprimento das demais obrigações relativas à jornada - Manutenção 8.3 Jurisprudência 9. Turnos ininterruptos de revezamento 9.1 Interpretação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) 9.2 Jurisprudência/Doutrina - Divergência 10. Jornada reduzida 10.1 Esclarecimentos 10.2 Serviços de telefonia, telegrafia submarina e subfluvial, radiotelegrafia e radiotelefonia 10.2.1 Jurisprudência 10.2.2 Horários variáveis http://www.iobonlineregulatorio.com.br/print/module/print.html?so... 1 de 54 22/08/2011 12:48

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Jornada de trabalho - Disposições gerais22 de Agosto de 2011

Em face da publicação das Resoluções TST nº s 174 e 175/2011 - DJe 1º.06.2011 esteprocedimento foi atualizado. Tópicos atualizados: 4.2 Atividades insalubres - Prorrogaçãode horas, 4.3 Período de deslocamento entre a portaria e o local de trabalho - Tempo àdisposição do empregador, 10.3 Bancários, 10.18 Telemarketing/Teleatendimento, 14.4Pernoite no veículo.

Jornada de trabalho - Disposições gerais

Sumário

1. Jornada de trabalho - Duração - Limite máximo

2. Quadro de horário de trabalho - Afixação obrigatória - Marcação de ponto - Ficha de serviço externo

3. Cartão de ponto - Necessidade ou não da assinatura do empregado

4. Prorrogação da jornada - Compensação de horas

4.1 Trajeto de ida e volta - Tempo despendido (horas in itinere) - Cômputo na jornada de trabalho - Possibilidade

4.1.1 Microempresas e empresas de pequeno porte

4.2 Atividades insalubres - Prorrogação de horas

4.3 Período de deslocamento entre a portaria e o local de trabalho - Tempo à disposição do empregador

4.4 Cursos de treinamento e de aperfeiçoamento - Integração do período na jornada de trabalho

4.5 Troca de uniforme - Uso de maquiagem - Higiene pessoal - Cômputo na jornada de trabalho

5. Intervalos do trabalho

5.1 Intervalos interjornada (entre jornadas de trabalho)

5.2 Intervalos intrajornada (dentro da jornada de trabalho)

5.2.1 Trabalho contínuo por mais de 6 horas

5.2.1.1 Redução do intervalo intrajornada - Requisitos

5.2.1.2 Requerimento - Modelo

5.2.2 Trabalho contínuo não excedente de 6 e superior a 4 horas

5.2.3 Não-concessão de intervalo pelo empregador - Sanção

5.2.4 Concessão de intervalos não previstos em lei - Consequências

5.3 Repouso semanal remunerado

5.4 Intervalo para amamentação

6. Intervalos dentro da jornada - Casos especiais

7. Empregados não subordinados a horário de trabalho

7.1 Serviço externo

7.2 Cargos de confiança

8. Flexibilização das condições de trabalho

8.1 Legalidade da jornada flexível ou móvel

8.2 Cumprimento das demais obrigações relativas à jornada - Manutenção

8.3 Jurisprudência

9. Turnos ininterruptos de revezamento

9.1 Interpretação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)

9.2 Jurisprudência/Doutrina - Divergência

10. Jornada reduzida

10.1 Esclarecimentos

10.2 Serviços de telefonia, telegrafia submarina e subfluvial, radiotelegrafia e radiotelefonia

10.2.1 Jurisprudência

10.2.2 Horários variáveis

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10.2.3 Operadores telegrafistas - Serviço ferroviário

10.2.4 Telefonista/recepcionista - Exercício simultâneo da atividade

10.3 Bancários

10.3.1 Empresas financeiras

10.3.2 Categorias diferenciadas

10.3.3 Distribuidoras e corretoras de títulos e valores mobiliários

10.4 Operadores cinematográficos e ajudantes

10.5 Trabalho em minas no subsolo

10.6 Jornalistas profissionais

10.7 Professores

10.7.1 Professores de cursos livres

10.8 Artistas e técnicos em espetáculos de diversões

10.9 Radialistas

10.10 Músicos

10.11 Médicos e auxiliares

10.12 Técnicos em radiologia (operadores de raios X)

10.13 Engenheiros, químicos, arquitetos, agrônomos e veterinários

10.14 Ascensoristas

10.15 Aeroviários

10.16 Fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

10.17 Processamento eletrônico de dados

10.18 Telemarketing/Teleatendimento

11. Jornada de trabalho 12 x 36

12. Controle da jornada de trabalho

12.1 Obrigatoriedade

12.1.1 Estabelecimento com até 10 trabalhadores

12.1.2 Microempresa e empresa de pequeno porte - Exceção

12.2 Formas de controle

12.3 Documento de controle da jornada - Elementos

12.3.1 Intervalo de repouso ou alimentação - Assinalação

12.4 Multiplicidade de documentos de controle de ponto

12.5 Período de abrangência do documento de controle da jornada

12.6 Assinatura do empregado - Exigência

12.7 Trabalho externo

12.8 Minutos que sucedem e antecedem a jornada normal

12.9 Sistemas alternativos de controle da jornada de trabalho

12.9.1 Sistemas alternativos eletrônicos

12.10 Dispensa do uso de quadro de horário

12.11 Jurisprudência

12.11.1 Cartão de ponto - Assinatura do empregado - Desnecessidade

12.11.2 Cartão de ponto - Assinatura - Ausência - Validade

12.11.3 Cartão de ponto - Ausência de assinatura - Valor probante - Exegese - Horas extras - Minutos que antecedem e sucedem ajornada regulamentar - Regra coletiva - Não-configuração

12.11.4 Jornada de trabalho - Minutos que antecedem ou sucedem o horário contratual - Enquadramento - Desconsideração

12.11.5 Justa causa - Abandono de emprego - Ausência do último cartão de ponto - Descaracterização - Dispensa imotivada -Ocorrência

12.11.6 Cartão de ponto - Controle magnético - Assinatura do empregado - Inexigibilidade

12.11.7 Horas extras - Cargo de confiança e atividade externa - Não-caracterização - Ausência de cartão de ponto - Pagamentodevido

12.11.8 Cartão de ponto - Assinatura de empregado - Substituição por impressão digital - Licitude

13. Registro eletrônico de ponto e Sistema de Registro Eletrônico de Ponto (SREP)

14. Motorista de caminhão - Jornada de trabalho

14.1 Atividade externa incompatível com o controle da jornada

14.2 Uso do tacógrafo ou Redac

14.3 Efetivo controle da jornada pela empresa

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14.4 Pernoite no veículo

15. Início da jornada em dia útil e término em feriado

16. Redução de jornada - Redução salarial - Pedido do trabalhador - Possibilidade

1. Jornada de trabalho - Duração - Limite máximo

Entende-se por jornada de trabalho a duração diária das atividades do empregado, ou seja, o lapso de tempo em que oempregado, por força do contrato de trabalho, fica à disposição do empregador, seja trabalhando efetivamente ouaguardando ordens. Durante esse período o trabalhador não pode dispor de seu tempo em proveito próprio.

A jornada máxima diária de trabalho, fixada pela Constituição Federal de 1988 (CF/1988), é de 8 horas, não podendoexceder a 44 horas semanais.

Podem as partes (empregado e empregador), no entanto, fixar limite inferior ao estabelecido legalmente.

A empresa deverá anotar, na ficha ou na folha do livro "Registro de Empregados", o horário de trabalho do empregado,indicando, ainda, os eventuais acordos ou contratos coletivos celebrados.

( CF/1988 , art. 7º , XIII e CLT , arts. 468 e 74, § 1º)

2. Quadro de horário de trabalho - Afixação obrigatória - Marcação de ponto - Ficha de serviço externo

Com a edição da Portaria MTb nº 3.162/1982 e até o advento da Portaria MTPS nº 3.626/1991 , facultava-se às empresase aos empregadores a adoção, também como modelo de quadros de horário de seus empregados, maiores e menores, dosregistros individuais, mecânicos ou não, de marcação de ponto, desde que o respectivo modelo - folhas, fichas ou cartõesindividuais - obedecesse às seguintes exigências:

I - registro dos seguintes dados, na parte superior do anverso, que deveria manter-se visível:

a) CNPJ, ou razão social da empresa ou nome do empregador;

b) endereço do local de trabalho;

c) número de ordem e nome do empregado, de acordo com a folha ou ficha do Registro de Empregados;

d) horário de trabalho do empregado;

II - espaço para anotações da hora de entrada e de saída e para indicação dos intervalos de repouso.

A Portaria MTPS nº 3.626/1991 , art. 13 , estabelece que a empresa que adotar registros manuais, mecânicos oueletrônicos individualizados de controle de horário de trabalho, que contenham a hora de entrada e de saída, bem como apré-assinalação do período de repouso ou alimentação, fica dispensada do uso de quadro de horário ( CLT , art. 74 ).

Notas(1) As microempresas são dispensadas da obrigação de afixar quadro de horário de trabalho - Lei Complementar nº123/2006 , art. 51.(2) Sobre o registro eletrônico do ponto, veja item 13 deste procedimento.

Para os estabelecimentos com mais de 10 empregados, é obrigatória a marcação de ponto com a anotação da hora deentrada e de saída, devendo ser pré-assinalados os intervalos para repouso. A pré-assinalação desses intervalos poderáser feita pelo próprio empregador, de forma impressa ou não.

Como já foi dito, a marcação de ponto pode ser feita em registros manuais, mecânicos ou eletrônicos, isto é, porintermédio de relógio de ponto, cartão magnético (ou assemelhado) ou manuscrita, em livro, cartão ou ficha de ponto.

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NotaSobre o registro eletrônico do ponto, veja item 13 deste procedimento.

Quando a jornada de trabalho for executada integralmente fora do estabelecimento do empregador, o horário de trabalhoconstará também de ficha, papeleta ou registro de ponto, que ficará em poder do empregado.

Determinou ainda a Portaria MTPS nº 3.626/1991 , art. 14 , que permanece como modelo único de quadro de horário detrabalho o aprovado pela Portaria MTb nº SCm-576/1941 .

( CLT , art. 74 , §§ 2º e 3º; Portaria MTPS nº 3.626/1991 , art. 13 , parágrafo único; Portaria MTE nº 1.510/2009 ; ePrecedentes Administrativos nºs 23 e 42, aprovados pelo Ato Declaratório Defit nº 4/2002 )

QUADRO DE HORÁRIO

FOLHA DE PONTO

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FOLHA DE PONTO - VERSO

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FICHA DE HORÁRIO DE TRABALHO EXTERNO

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FICHA DE HORÁRIO DE TRABALHO EXTERNO - VERSO

NotaVeja item 12.9 deste procedimento, sobre a possibilidade de adoção dos sistemas alternativos de controle da jornada detrabalho.

3. Cartão de ponto - Necessidade ou não da assinatura do empregado

Esta é, sem dúvida, uma das mais frequentes dúvidas existentes no departamento de pessoal das empresas. Afinal, é ounão obrigatório colher a assinatura do empregado no registro de ponto (cartão, livro ou registro eletrônico)?

O § 2º do art. 74 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) determina que, para os estabelecimentos com mais de 10trabalhadores, é obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída do empregado em registro manual, mecânico oueletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego, devendo haver pré-assinalaçãodo período de repouso.

Pode-se notar que o dispositivo em referência não determina a obrigatoriedade de os registros de ponto, tais comocartões, livros ou até mesmo o registro eletrônico, por meio do "espelho" do cartão, serem assinados pelo empregado.Todavia, é oportuno mencionar que uma das finalidades do controle de ponto é permitir que o próprio empregado registrediariamente o respectivo horário de entrada e de saída, de forma que evidencie seu comparecimento à empresa, bemcomo o efetivo tempo de permanência no exercício de suas atividades, a fim de ter as horas de trabalho corretamente

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remuneradas.

No âmbito jurisprudencial e doutrinário, a matéria comporta entendimentos controvertidos. Alguns doutos sustentam que,uma vez que a lei não exige a assinatura do trabalhador no cartão de ponto, não cabe ao intérprete exigi-la, portanto ocartão de ponto sem a assinatura do trabalhador goza de validade legal; outros, considerando a finalidade do mencionadodocumento, defendem que este somente será válido se ostentar o ciente do trabalhador, que ao assinar concordaria comas marcações efetuadas.

Entendemos que, muito embora a legislação trabalhista vigente não exija a assinatura do empregado no corpo do cartãode ponto, por medida preventiva e de boa política, é aconselhável que o empregador colha a assinatura do trabalhador nomencionado documento (cartão, livro ou espelho de ponto) visando, dessa forma, resguardar-se em eventuaisquestionamentos futuros.

A precaução justifica-se:

a) pela finalidade do documento em questão, a qual, conforme já dissemos, é comprovar a jornada de trabalhoefetivamente cumprida, devendo, portanto, espelhar a realidade, ou seja, o tempo efetivamente trabalhado, o qualdeterminará a apuração da remuneração devida ao trabalhador (salário básico, horas extras, adicional noturno etc.);

b) por constituir obrigação do empregador a guarda do citado registro, portanto, se nele não constar a assinatura dotrabalhador, este poderá futuramente impugnar o documento em eventual questionamento judicial.

Observa-se que várias decisões judiciais são no sentido de não aceitar como válido o documento quando dele não constara assinatura de seu titular, embasadas no entendimento de que somente com a concordância expressa do empregadoseriam dadas como verdadeiras as anotações nele contidas. Por outro lado, várias decisões, também, são no sentido deconsiderar válido o documento mesmo que não contenha a assinatura do trabalhador.

- Decisões favoráveis à necessidade da assinatura do trabalhador no cartão de ponto

Cartão - Ponto - Falta de assinatura - Exigindo o § 2º do art. 74 da CLT o registro da anotação dos horários deentrada e saída, nas empresas com mais de dez empregados, é dela a obrigação de constituir a prova da jornadatrabalhada. A falta da aposição de assinatura do empregado torna o documento apócrifo, cabendo à Reclamada o encargode comprovar que o mesmo é idôneo, encargo do qual se não desincumbiu. (TRT-4ª Região - RO00750-2007-020-04-00-9 - Rel. Luiz Alberto de Vargas - 22.10.2008)

Validade de cartão-ponto - Assinatura do empregado - Os espelhos de cartão-ponto sem a assinatura do empregadosão documentos confeccionados de maneira unilateral e sem o condão necessário para a comprovação da jornada detrabalho efetivamente cumprida. Exigindo o § 2º do art. 74 da CLT o registro da anotação dos horários de entrada esaída, nas empresas com mais de dez empregados, é dela a obrigação de constituir a prova da jornada trabalhada. Afalta da aposição de assinatura do empregado torna o documento apócrifo, cabendo à Reclamada o encargo de comprovarque o mesmo é idôneo, encargo que não se desincumbiu. (TRT-4ª Região - RO 01960-2005-202-04-00-7 - Rel. Juiz LuizAlberto de Vargas - 12.03.2008)

Cartão de ponto - Ausência de assinatura - Reza o Código Civil: "Art. 219 - As declarações constantes dedocumentos assinados presumem se verdadeiras em relação aos signatários". E ainda: "Art. 940-A quitação designará ovalor e a espécie da dívida quitada, o nome do devedor, ou quem por este pagou, o tempo e o lugar do pagamento, comassinatura do credor, ou do seu representante". Não podem, por conseguinte, ser considerados como válidos controles defreqüência sem a firma da parte reclamante, haja vista que tais documentos são unilateralmente produzidos pela partereclamada. (TRT-5ª Região - RO 01152-2006-025-05-00-2 - (8960/08) - 2ª Turma - Rel. Marcelo Prata - 05.06.2008)

Prova documental - Cartões de ponto - Validade - O mero apontamento do cartão de ponto por empregado que nãoo autor não tem o condão, por si só, de invalidá-lo. Existindo assinatura do obreiro manifestando concordância com asanotações, têm-se os cartões como válidos, salvo prova de que tenha havido fraude. Recolhimentos previdenciários....(TRT-14ª Região - RO 00374.2005.404.14.00-0 - Rel. Juiz Conv. Shikou Sadahiro - DOJT 13.01.2006)

Jornada de trabalho - Estabelecimento com mais de dez trabalhadores - Ônus da prova - É ônus do empregador amanutenção, fiscalização, conservação e apresentação, sempre que necessário, do controle da jornada de trabalho deseus empregados em estabelecimentos de mais de dez trabalhadores, de acordo com o art. 74, § 2º da CLT e Súmula nº338 do colendo TST. Trata-se, o cartão de ponto, portanto, de prova pré-constituída a cargo do empregador com vistas ademonstrar a jornada de trabalho. Tendo o reclamado, porém, trazido aos autos cartões de ponto eletrônicos semassinatura do empregado, presume-se verdadeira a jornada declinada na petição inicial e, por conseguinte, devidas ashoras extras e reflexos, com exceção do intervalo intrajornada, cuja condenação deve limitar-se ao período dejaneiro/2003 a abril/2007, porquanto o obreiro alegou na petição inicial ter gozado de 1 hora de intervalo após esseinsterstício. (TRT-23ª Região - RO 00399.2008.022.23.00-6 - Rel. Des. Roberto Benatar - J. 04.11.2008)

Cartão de ponto apócrifo - Acolhimento da jornada declinada na inicial - Ausência de prova - Impossibilidade - "Aausência da assinatura do trabalhador no cartão de ponto, quando impugnada, retira a força probante do documento,mas não autoriza, por si só, o acolhimento da jornada por ele descrita na inicial, que somente poderá ser acolhida se

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comprovada". (TRT-24ª Região - RO 1500/2000 - (590/2001) - Rel. Juiz Nicanor de Araújo Lima - DJMS 14.03.2001)

- Decisões desfavoráveis à necessidade da assinatura do trabalhador no cartão de ponto

Registros de ponto - Espelhos - Ausência de assinatura - Ônus da prova - A assinatura nos cartões de ponto nãoconstitui exigência legal, pois via de regra o empregado tem ciência dos horários registrados no momento em que efetuaa marcação. Contudo, os espelhos de ponto consistem em reprodução unilateral efetivada pelo empregador, quanto aosregistros efetuados pelo empregado por meio de cartão magnético, de forma que, em não reconhecida a autenticidade desua reprodução, cabe ao empregador a comprovação de que os mesmos são fidedignos. (TRT-2ª Região - RO01036-2006-241-02-00-5 - 2ª Turma - Relª Juíza Rosa Maria Zuccaro - DOE/SP 30.09.2008)

Cartão de ponto - Assinatura. A lei não exige que o cartão de ponto seja assinado para ter validade. Logo, é válido,mesmo não tendo assinatura, se não descaracterizado por outro meio de prova. (TRT-2ª Região - RO01144200107702007 - 2ª Turma - Rel. Juiz Sérgio Pinto Martins - DJSP 11.01.2005)

Cartão de ponto - Ausência de assinatura do empregado - Ônus da prova - A ausência de assinatura nos cartões deponto não transfere ao empregador o ônus de provar a jornada de trabalho do Autor. Incumbe à parte provar os fatosque alega, constitutivos do seu direito, a teor dos arts. 818 da CLT e 333, I, do CPC. Recurso de Revista conhecido eprovido. (TST - RR 1944/2001-223-01-00.8 - 3ª Turma - Relª Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi - DJU 02.02.2007)

A exigência da assinatura do empregado nos cartões de ponto é requisito formal de validade que não tem previsãolegal, e onde a lei não define não pode o intérprete fazê-lo, em observância ao princípio da legalidade. A hipótese é deinterpretação sistemática dos artigos 74, § 2º, da CLT e 13 da Portaria nº 3.626/91 do Ministério do Trabalho com osartigos 1º e 2º da referida Portaria que, ao regulamentar o registro de empregados na empresa, em atendimento àdeterminação do artigo 41 da CLT , estabelece a obrigatoriedade do registro do local e horário de trabalho do empregadocontratado e atribui ao empregador ou ao seu representante legal a obrigatoriedade pela autenticidade das informaçõesnele contidas. Isso porque a relação jurídica trabalhista fundamenta-se no princípio da boa-fé, razão pela qual apossibilidade de substituição dos cartões de ponto pelo empregador não pode ser presumida. Logo, a alegação nessesentido, por decorrer de atitude dolosa do empregador e macular a relação de emprego com vício de vontade, deve serprovada, nos termos do artigo 818 da CLT. Nesse contexto, o registro mecânico, por constituir documento que tem porfinalidade o controle da jornada de trabalho do empregado, integra o rol de documentos no qual constam suasinformações, evidenciada a desnecessidade de aposição da rubrica do empregado, de modo a conferir-lhe autenticidade.Recurso de embargos não provido. (TST-SBDI 1 - ERR 392267/97 - Rel. Min. Milton de Moura França - DJU 05.10.2001)

Não há no artigo 74, § 2º, da CLT nenhuma referência à necessidade de assinatura dos cartões de ponto peloempregado a fim de torná-los válidos. Assim sendo, o silêncio do Legislador não autoriza o Órgão Julgador a exigir talprocedimento por parte da empresa... (TST - RR 392267/97 - 2ª Turma - Rel. Min. Vantuil Abdala - DJU 09.02.2001)

NotaA informação publicada neste item traz o entendimento do Conselho Técnico IOB, levando em consideração osposicionamentos adotados pela doutrina e pela jurisprudência.

4. Prorrogação da jornada - Compensação de horas

A contar de 05.10.1988, data de promulgação e de publicação da Constituição Federal/1988 , conforme disposto no seuart. 7º, XIII, a duração do trabalho normal para os trabalhadores urbanos e rurais limita-se ao máximo de 8 horas diáriasou 44 horas semanais.

Embora a jornada máxima diária seja de 8 horas, é permitida a prorrogação até o máximo de 2 horas diárias, desde queremuneradas com valor superior ao da hora normal. Trata-se de trabalho extraordinário, para o qual prevê a CF/1988remuneração superior, no mínimo, em 50% à do trabalho normal.

Entretanto, nos termos da CLT , art. 59 , § 2º, será dispensado esse acréscimo salarial se, por força de acordo ouconvenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela respectiva diminuição em outro dia,de maneira que não exceda, no período máximo de 1 ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem sejaultrapassado o limite máximo de 10 horas diárias. Assim, por exemplo, pode-se adotar uma jornada diária de 8 horas e 48minutos, de segunda a sexta-feira, perfazendo 44 horas semanais, de forma que o sábado fique livre.

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NotaPor meio da Orientação Jurisprudencial nº 323, a Subseção I da Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI I), doTribunal Superior do Trabalho (TST), consubstanciou entendimento no sentido de que é válido o sistema de compensaçãode horário quando a jornada adotada é a denominada "semana espanhola", que alterna a prestação de 48 horas detrabalho em uma semana e 40 horas em outra. Tal prática, segundo a referida Subseção, não viola os citados arts. 59, §2º, da CLT e 7º, XIII, da CF/88 , se ajustadas mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.Oportuno lembrar que as Orientações Jurisprudenciais apenas sinalizam a linha de entendimento adotada pelo TST emseus jugados.

Ressalte-se, ainda, que as decisões judiciais têm-se firmado no sentido de validar o acordo individual de trabalho escritona compensação de horas, tendo o Tribunal Superior do Trabalho pacificado seu entendimento por meio da Súmula TST nº85 .

Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária,fará o trabalhador jus ao pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na datada rescisão ( CLT , art. 59 , § 3º).

Acrescente-se que o disposto na CLT , art. 59 , sobre prorrogação de horas, não se aplica aos empregados sob o regime detempo parcial, nos termos da Medida Provisória nº 2.164-41/2001 , em curso.

4.1 Trajeto de ida e volta - Tempo despendido (horas in itinere) - Cômputo na jornada de trabalho -Possibilidade

Esclareça-se, ainda, que na hipótese em que o local de trabalho seja de difícil acesso ou não servido por transporte regularpúblico, e a empresa forneça a condução, o tempo despendido pelo empregado, tanto na ida quanto na volta, serácomputado na jornada de trabalho - CLT , art. 58 , § 2º, na redação dada pela Lei nº 10.243/2001 . Referido período dedeslocamento é denominado, pela doutrina e pela jurisprudência, como horas in itinere.

Sobre o assunto, o TST ainda consubstanciou, por meio das Súmulas TST nºs 90 e 320 , os seguintes entendimentos:

a) a incompatibilidade entre os horários de início e de término da jornada do empregado e os do transporte públicoregular é circunstância que também gera o direito às horas in itinere;

b) a mera insuficiência de transporte público não enseja o pagamento de horas in itinere;

c) se houver transporte público regular em parte do trajeto percorrido em condução da empresa, as horas in itinereremuneradas limitam-se ao trecho não alcançado pelo transporte público;

d) considerando que as horas in itinere são computáveis na jornada de trabalho, o tempo que extrapola a jornadalegal é considerado como extraordinário e sobre ele deve incidir o adicional respectivo;

e) o fato de o empregador cobrar, parcialmente ou não, importância pelo transporte fornecido para local de difícilacesso ou não servido por transporte regular, não afasta o direito à percepção das horas in itinere.

4.1.1 Microempresas e empresas de pequeno porte

Ressaltamos que, para as microempresas e empresas de pequeno porte, poderão ser fixados, por meio de acordo ouconvenção coletiva, em caso de transporte fornecido pelo empregador, em local de difícil acesso ou não servido portransporte público, o tempo médio despendido pelo empregado, bem como a forma e a natureza da remuneração,conforme disposto na Lei Complementar nº 123/2006 , art. 84.

4.2 Atividades insalubres - Prorrogação de horas

De acordo com o disposto na CLT , art. 60 , nas atividades insalubres, qualquer acordo de prorrogação deve ser

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antecedido de licença prévia das autoridades competentes em matéria de medicina do trabalho, as quais, para esse efeito,procederão aos necessários exames locais e à verificação dos métodos e processos de trabalho, quer diretamente, querpor intermédio de autoridades sanitárias federais, estaduais e municipais, com quem entrarão em entendimento para talfim.

Notas(1) A duração do trabalho pode, ainda, ser prorrogada em casos especiais (necessidade imperiosa, força maior etc.) - CLT, art. 61.(2) Veja disposições específicas sobre a duração do trabalho da mulher e do trabalho do menor.

( CF/1988 , art. 7º , XIII e XVI; CLT , arts. 59 e 60; e Precedentes Administrativos nºs 30, 31 e 33, aprovados pelo AtoDeclaratório Defit nº 4/2002 )

4.3 Período de deslocamento entre a portaria e o local de trabalho - Tempo à disposição do empregador

O Tribunal Superior do Trabalho, por meio da Súmula TST nº 429, determinou que considera-se à disposição doempregador, na forma do art. 4º da CLT , o tempo necessário ao deslocamento do trabalhador entre a portaria daempresa e o local de trabalho, desde que supere o limite de 10 minutos diários.

Dessa forma, o tempo despendido nesta condição integra a jornada de trabalho.

4.4 Cursos de treinamento e de aperfeiçoamento - Integração do período na jornada de trabalho

Muitas empresas, no intuito de desenvolver profissionalmente os seus empregados, proporcionam-lhes a participação emcursos de aperfeiçoamento ou de capacitação. A dúvida que se impõe diz respeito ao tratamento a ser dado às horasdespendidas pelo trabalhador na frequência de tais cursos. Esse tempo será ou não computado na jornada de trabalho?

A legislação trabalhista define jornada de trabalho como sendo a duração diária das atividades do empregado. Em outraspalavras, é o lapso de tempo em que o trabalhador, por força do contrato de trabalho, fica à disposição do empregadorindependentemente de estar efetivamente trabalhando ou aguardando ordens. Durante esse período o empregado nãopode dispor do tempo em proveito próprio.

A CLT dispõe, em seu art. 4º, que é considerado como de serviço efetivo o tempo em que o empregado se encontra àdisposição do empregador, aguardando ou executando ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.

A Constituição Federal/1988 , em seu art. 7º, inciso XIII, e a CLT , em seu art. 58, estabelecem que a duração normal dotrabalho é de até 8 horas diárias e 44 horas semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada,mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. Não obstante tal determinação, a lei estabelece outros limites dejornada para determinadas atividades profissionais, consideradas as respectivas características.

Considerando-se que, em geral, os cursos de treinamento e capacitação têm por objetivo principal desenvolver otrabalhador no aspecto profissional, proporcionando condições para que a sua atividade seja desenvolvida com maiorqualidade e produtividade, conclui-se que o interesse direto desse desenvolvimento é do empregador, uma vez que aatividade desenvolvida com excelência reflete no bom andamento do negócio. Dessa forma, ainda que haja um interesseconcorrente do trabalhador, posto que este se desenvolve profissionalmente, o maior beneficiado é o empregador.

Com base na mencionada legislação e no objetivo principal da realização de tais cursos, entendemos que o tempodespendido pelo empregado em cursos de treinamento ou aperfeiçoamento ministrados na empresa ou em dependênciasde terceiros, cuja frequência seja exigida pelo empregador, constitui tempo à disposição da empresa e, assim sendo, deveser considerado no cômputo da jornada de trabalho; portanto, se o seu acréscimo resultar em prorrogação da jornadanormal de trabalho, o período excedente deverá ser remunerado como horas extraordinárias, com o adicional mínimo de50% sobre o valor da hora normal.

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Por outro lado, se a frequência do trabalhador aos cursos de treinamento ou aperfeiçoamento constituir ato volitivo deste,ou seja, o empregado livremente decide se participará ou não do curso, sem qualquer imposição do empregador, as horasrespectivas não serão remuneradas por não caracterizar tempo à disposição do empregador.

Se o curso for realizado durante a jornada normal de trabalho do empregado, ainda que a sua participação seja exigida,não há que falar em pagamento de horas extras, uma vez que não houve prorrogação da jornada normal e as horasdespendidas no curso já estão englobadas na remuneração normal do trabalhador.

Reproduzimos a seguir algumas decisões judiciais sobre o tema.

"Horas extras - Curso de aperfeiçoamento - Cláusula coletiva - Tempo à disposição do empregador - A participaçãodo reclamante em cursos de aperfeiçoamento fora do horário de trabalho gera o direito a horas extras, pois fica evidenteque o interesse maior era da própria reclamada. No caso, embora o aperfeiçoamento do trabalhador certamentebeneficiasse o reclamante, não era ele quem mais se beneficiava, visto que o curso servia de aperfeiçoamento apenas àatividade desempenhada por ele na empresa. Além disso, não era o reclamante quem estabelecia o período de tempo aser utilizado nos cursos, podendo-se falar em tempo à disposição do empregador. Inafastável, portanto, a naturezainterpretativa da decisão regional, ao concluir pelo pagamento das horas decorrentes de curso de aperfeiçoamento forado horário de trabalho, porquanto a cláusula normativa não tem o condão de afastar direito mais favorável ao empregadoe reconhecido por Lei, nos termos dos arts. 4º e o 9º, ambos da CLT. Inviável a revista por ofensa ao art. 611 da CLT , ateor do que dispõe a Súmula 221 do TST. Com efeito, o Regional aplicou corretamente os termos do art. 4º da CLT , queconsidera como de serviço efetivo o período em que o empregado esteja à disposição do empregador, hipótesereconhecida nos autos, haja vista o registro de que o curso de aperfeiçoamento atendia mais os interesses da reclamadae não do autor. Amparado nos fundamentos da decisão recorrida, torna-se insuscetível a flexibilização por meio deacordos ou convenções coletivas as horas extras decorrentes de curso de aperfeiçoamento fora do horário de trabalho,em relação à qual há de prevalecer o princípio da norma mais favorável ao empregado, não se podendo vislumbrarviolação do artigo 7º, inciso XXVI, da CF/88 , nos termos do que preconiza o artigo 896, alínea "c", da CLT. No tocante àdivergência jurisprudencial, o primeiro aresto de fls. 609, os dois primeiros de fls. 610, e o primeiro e último de fls. 611são inservíveis ao fim colimado, por serem oriundos de Turma do TST, ex VI da alínea "a" do art. 896 da CLT . Os demaisapresentam-se genéricos, uma vez que limitam-se a abordar a validade de norma coletiva do trabalho à luz do art. 7º ,XXXVI, da Constituição Federal de 1988 sem fazer o cotejo com os preceitos insertos nos arts. 4º e 9º, ambos da CLT. ORegional, ao conceder as horas extraordinárias, estatuiu que a participação do reclamante era obrigatória e o aprendizadofavorecia mais ao reclamado do que ao próprio empregado, ao passo que os arestos não abordam tais questões.Pertinência das Súmulas nos 23 e 296 do TST. Recurso não conhecido." (TST - RR 91683/2003-900-04-00.9 - 4ª Turma -Rel. Min. Barros Levenhagen - DJU 05.08.2005)

"Horas extras - Participação em cursos de aperfeiçoamento - A participação espontânea do reclamante em cursos deaperfeiçoamento fora do horário de trabalho (sem previsão contratual e sem imposição pela empresa) não gera o direitoa horas extras, pois fica evidente que o interesse maior era do próprio obreiro, a fim de tornar-se mais competitivo nomercado de trabalho. No caso, embora o aperfeiçoamento do trabalhador certamente beneficiasse a empresa, não era elaquem estabelecia o período de tempo a ser utilizado pelo reclamante nos cursos, não se podendo falar em tempo àdisposição do empregador. Recurso de revista conhecido e provido, no particular." (TST - RR 588938 - 5ª Turma - Rel.Min. Rider Nogueira de Brito - DJU 16.05.2003)

"... Recurso ordinário do reclamante - Horas extras e adicional noturno - Da ineficácia probatória dos controles dejornada colacionados pela reclamada, decorre o acolhimento da jornada de trabalho declinada pelo reclamante,corroborada pela prova testemunhal por ele produzida. Devidas, outrossim, horas extras pelos deslocamentos para oslocais em lhe foram ministrados cursos de aperfeiçoamento, porquanto destinados ao atendimento de interesse doreclamado, assumindo contornos de obrigação no contexto do contrato de trabalho, acrescidas de adicional noturnoquando havidas em horário assim considerado, consoante restar apurado em liquidação de sentença. Recursoparcialmente provido." (TRT 4ª Região - RO 01018.521/99-2 - 8ª Turma - Rel. Juiz Carlos Alberto Robinson - J.06.11.2003)

"Jornada de trabalho - Participação em curso de aperfeiçoamento profissional - Inexigibilidade de horas extras - Ashoras destinadas ao aprimoramento profissional do empregado, mormente quando se trata de matrícula em cursosuperior de administração e gerência, com a ajuda de seu empregador, não gera direito a horas extras. O fato de oempregado freqüentar o curso superior patrocinado pelo empregador, embora indique as evidentes vantagens em ter umempregado tecnicamente preparado, não implica, por si só, a existência de tempo à disposição ou direito a horas extrascorrespondentes." (TRT 12ª Região - RO 9.473/99 - 2ª Turma - Rel. Juiz Gilmar Cavalheri - DJ SC 03.05.2000)

"Horas extras - Cursos de aperfeiçoamento profissional - A participação do trabalhador, quando de cunhoobrigatório, em curso de formação ou aperfeiçoamento profissional patrocinado pela empresa, aos domingos, gera direitoa horas extras." (TRT 12ª Região - RO 02209-2003-037-12-00-0 - 1ª Turma - Rel. Juiz Geraldo José Balbinot - DJ SC30.09.2004)

Observe-se que, apesar do posicionamento adotado pelo Conselho Técnico da IOB, tendo em vista a inexistência dedispositivo legal expresso que discipline o assunto, o empregador deverá acautelar-se diante da ocorrência concreta da

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situação ora retratada, podendo, por medida preventiva, consultar o Ministério do Trabalho e Emprego ou, ainda, osindicato da respectiva categoria profissional acerca da questão, e lembrar que caberá à Justiça do Trabalho a decisão finalcaso seja proposta ação nesse sentido.

NotaAs informações publicadas neste subitem trazem o entendimento do Conselho Técnico IOB, que leva em consideração osposicionamentos adotados pela doutrina e pela jurisprudência, quando for o caso.

4.5 Troca de uniforme - Uso de maquiagem - Higiene pessoal - Cômputo na jornada de trabalho

De acordo com a atividade desenvolvida pela empresa, ou do serviço executado pelo empregado, ou ainda, pordeterminação legal, poderá o trabalhador necessitar de tempo para ações como troca de uniforme, higiene pessoal(especialmente em atividades insalubres), maquiagem etc.

Segundo entendimento majoritário, referidos períodos, sejam eles por determinação do empregador ou por força de normalegal, constituem tempo à disposição da empresa e, portanto, são computados na duração da jornada de trabalho.

A assertiva pode ser confirmada por alguns julgados proferidos pelos nossos tribunais, demonstrada a seguir:

"Horas extras - Troca de uniforme - Tempo à disposição do empregador - Os minutos gastos para as chamadasatividades preparatórias, dentre elas, a troca de uniforme nas dependências da reclamada, são considerados tempo àdisposição do empregador, mesmo que evidenciado que a troca de uniforme se dava antes da marcação do ponto naentrada e após o registro de saída. Precedentes. Não conhecido. (TST - RR 390/2006-037-03-00.1 - Rel. Min. EmmanoelPereira - DJe 01.10.2010)

"Minutos residuais - Tempo despendido com banho e troca de roupas - Pagamento de horas extras. Decisãorecorrida que consigna que o tempo despendido pelo reclamante, com banho e troca de roupas, decorre de exigência dareclamada, em face da natureza da atividade empresarial. Recurso de revista de que não se conhece." (TST - RR2156/2001-038-12-00 - Relª Min. Kátia Magalhães Arruda - DJe 29.05.2009)

"Troca de uniforme e maquiagem. Tempo à disposição do empregador. Quando a troca de uniforme e a utilização demaquiagem configuram uma obrigação contratual, o tempo consumido pela empregada nesse mister é considerado àdisposição do empregador e deve ser considerado como de serviço efetivo, a teor do disposto no art. 4º da CLT ." (TRT12ª Região - 2ª Turma - RO 05113-2004-036-12-00-8 - Relª Juíza Sandra Marcia Wambier - DJ SC 02.05.2006)

NotaAs informações publicadas neste subitem trazem o entendimento do Conselho Técnico IOB, que leva em consideração osposicionamentos adotados pela doutrina e pela jurisprudência, quando for o caso.

5. Intervalos do trabalho

5.1 Intervalos interjornada (entre jornadas de trabalho)

Entre duas jornadas de trabalho, haverá um período de, no mínimo, 11 horas consecutivas para descanso. Assim, porexemplo, se um empregado termina a sua jornada de trabalho às 21 horas de um dia, só poderá iniciar a jornada do diaseguinte às 8 horas.

Se, porventura, o empregado trabalha em duas ou mais empresas, este intervalo deve ser observado em relação a cadauma delas, individualmente.

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INTERVALO ENTRE JORNADAS DE TRABALHO - EXEMPLO

Se um empregado trabalha na empresa X das 8 às 12 horas e das 13 às 17 horas, e na empresa Y das 20 às 2 horas,teremos que a jornada do dia seguinte poderá ser iniciada:

a) na empresa X, às 4 horas (17 - 11= 4 horas); e

b) na empresa Y, às 13 horas (2 + 11=13 horas).

5.2 Intervalos intrajornada (dentro da jornada de trabalho)

5.2.1 Trabalho contínuo por mais de 6 horas

Nesta hipótese, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, não computado na duração dotrabalho, o qual será, no mínimo, de 1 hora e, salvo acordo escrito ou convenção coletiva em contrário, não poderáexceder de 2 horas.

A Fiscalização do Trabalho, a qualquer tempo, verificará in loco as condições em que o trabalho é exercido, principalmentesob o aspecto da segurança e saúde no trabalho e adotará as medidas legais pertinentes a cada situação encontrada.

5.2.1.1 Redução do intervalo intrajornada - Requisitos

A redução do intervalo intrajornada de que trata o art. 71, § 3º, da CLT poderá ser deferida por ato de autoridade do MTEquando prevista em convenção ou acordo coletivo de trabalho, desde que os estabelecimentos abrangidos pelo seu âmbitode incidência atendam integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivosempregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.

Fica delegada, privativamente, aos Superintendentes Regionais do Trabalho e Emprego a competência para decidir sobre opedido de redução de intervalo para repouso ou refeição.

Os instrumentos coletivos que estabeleçam a possibilidade de redução deverão especificar o período do intervalointrajornada.

Não será admitida a supressão, diluição ou indenização do intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de 30minutos.

O pedido de redução do intervalo intrajornada formulado pelas empresas com fulcro em instrumento coletivo far-se-ãoacompanhar de cópia deste e serão dirigidos ao Superintendente Regional do Trabalho e Emprego, com a individualizaçãodos estabelecimentos que atendam os requisitos indicados neste subitem, vedado o deferimento de pedido genérico.

Deverá também instruir o pedido, conforme modelo previsto no subitem 5.2.1.2, documentação que ateste ocumprimento, por cada estabelecimento, dos requisitos aqui previstos.

O Superintendente Regional do Trabalho e Emprego poderá deferir o pedido formulado, independentemente de inspeçãoprévia, após verificar a regularidade das condições de trabalho nos estabelecimentos pela análise da documentaçãoapresentada, e pela extração de dados do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho, da Relação Anual de InformaçõesSociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

O ato da autoridade do MTE mencionado no primeiro parágrafo deste subitem terá a vigência máxima de 2 anos e nãoafasta a competência dos agentes da Inspeção do Trabalho de verificar, a qualquer tempo, in loco, o cumprimento dosrequisitos legais.

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Notas(1) O descumprimento dos requisitos torna sem efeito a redução de intervalo, procedendo-se às autuações pordescumprimento do previsto no caput do art. 71 da CLT , bem como das outras infrações que forem constatadas.(2) Sobre redução do intervalo intrajornada, veja no subitem 5.2.2 deste procedimento o posicionamento da Subseção Ida Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI I), do Tribunal Superior do Trabalho (TST), expresso por meio daOrientação Jurisprudencial nº 342.

5.2.1.2 Requerimento - Modelo

Formulário de requerimento administrativo para redução de intervalo intrajornada nos termos do art. 71, § 3º, da CLT

Ao Senhor Superintendente Regional do Trabalho e Emprego,____________________________________________________________________________________________(IDENTIFICAÇÃO DO EMPREGADOR: NOME, CNPJ/CPF) vem solicitar, com fulcro no instrumento coletivo anexo,_______________________________________________________________________________________________(IDENTIFICAÇÃO DA CLÁUSULA QUE AUTORIZA EXPRESSAMENTE A REDUÇÃO DO INTERVALO INTRAJORNADA), sejadeferido o pedido de redução do intervalo intrajornada dos empregados que prestam serviços no estabelecimento__________________________________________________________________________________________________(IDENTIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO: NOME E ENDEREÇO COMPLETO).

Para tanto, a Requerente declara, sob as penas da lei, que o estabelecimento identificado atende as condições fixadas noart. 71, § 3º, da CLT , relativas ao atendimento integral das exigências concernentes à organização dos refeitórios e danão submissão dos empregados que ali prestam serviços a regime de trabalho prorrogado a horas suplementares,conforme documentação comprobatória acostada.

5.2.2 Trabalho contínuo não excedente de 6 e superior a 4 horas

Neste caso, deverá ser concedido um intervalo de 15 minutos, não computado na jornada de trabalho. Observe-se que sóse concede os 15 minutos quando a jornada diária não ultrapassa 6 horas.

5.2.3 Não-concessão de intervalo pelo empregador - Sanção

Quando o intervalo para repouso ou alimentação não for concedido pelo empregador, este ficará obrigado a remunerar operíodo correspondente com um acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal detrabalho.

Sobre o assunto, a Subseção I de Dissídios Individuais (SDI I) do Tribunal Superior do Trabalho (TST) consolidou, ainda,os seguintes entendimentos:

Orientação Jurisprudencial nº 307

"Intervalo intrajornada (para repouso e alimentação). Não concessão ou concessão parcial. Lei nº 8.923/1994 .

Após a edição da Lei nº 8.923/1994 , a não-concessão total ou parcial do intervalo intrajornada mínimo, pararepouso e alimentação, implica o pagamento total do período correspondente, com acréscimo de, no mínimo,50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT )."

Orientação Jurisprudencial nº 342

"Intervalo intrajornada para repouso e alimentação. Não concessão ou redução. Previsão em norma coletiva.Invalidade. Exceção aos condutores de veículos rodoviários, empregados em empresas de transporte coletivo

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urbano.

I - É inválida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a supressão ou redução dointervalo intrajornada porque este constitui medida de higiene, saúde e segurança do trabalho, garantido pornorma de ordem pública (art. 71 da CLT e art. 7º , XXII, da CF/1988 ), infenso à negociação coletiva.

II - Ante a natureza do serviço e em virtude das condições especiais de trabalho a que são submetidosestritamente os condutores e cobradores de veículos rodoviários, empregados em empresas de transportepúblico coletivo urbano, é válida cláusula de acordo ou convenção coletiva de trabalho contemplando a reduçãodo intervalo intrajornada, desde que garantida a redução da jornada para, no mínimo, sete horas diárias ouquarenta e duas semanais, não prorrogada, mantida a mesma remuneração e concedidos intervalos paradescanso menores e fracionados ao final de cada viagem, não descontados da jornada."

Orientação Jurisprudencial nº 354

"Intervalo intrajornada. Art. 71, § 4º, da CLT. Não concessão ou redução. Natureza jurídica salarial.

Possui natureza salarial a parcela prevista no art. 71, § 4º, da CLT , com redação introduzida pela Lei nº 8.923 ,de 27 de julho de 1994, quando não concedido ou reduzido pelo empregador o intervalo mínimo intrajornadapara repouso e alimentação, repercutindo, assim, no cálculo de outras parcelas salariais."

Orientação Jurisprudencial nº 355

"Intervalo interjornadas. Inobservância. Horas extras. Período pago como sobrejornada. Art. 66 da CLT .Aplicação analógica do § 4º do art. 71 da CLT .

O desrespeito ao intervalo mínimo interjornadas previsto no art. 66 da CLT acarreta, por analogia, os mesmosefeitos previstos no § 4º do art. 71 da CLT e na Súmula nº 110 do TST, devendo-se pagar a integralidade dashoras que foram subtraídas do intervalo, acrescidas do respectivo adicional."

Orientação Jurisprudencial nº 380

"Intervalo intrajornada. Jornada contratual de seis horas diárias. Prorrogação habitual. Aplicação do art. 71,"caput" e § 4º, da CLT .

Ultrapassada habitualmente a jornada de seis horas de trabalho, é devido o gozo do intervalo intrajornadamínimo de uma hora, obrigando o empregador a remunerar o período para descanso e alimentação nãousufruído como extra, acrescido do respectivo adicional, na forma prevista no art. 71, "caput" e § 4, da CLT."

Orientação Jurisprudencial nº 381

"Intervalo intrajornada. Rurícola. Lei nº 5.889 , de 08.06.1973. Supressão total ou parcial. Decreto nº 73.626 ,de 12.02.1974. Aplicação do art. 71, § 4º, da CLT .

A não concessão total ou parcial do intervalo mínimo intrajornada de uma hora ao trabalhador rural, fixado noDecreto nº 73.626 , de 12.02.1974, que regulamentou a Lei nº 5.889 , de 08.06.1973, acarreta o pagamentodo período total, acrescido do respectivo adicional, por aplicação subsidiária do art. 71, § 4º, da CLT."

5.2.4 Concessão de intervalos não previstos em lei - Consequências

O TST adota interessante diretriz no caso de concessão, pelo empregador, de intervalo(s) não previstos em lei, expressopor meio da Súmula nº 118:

"Jornada de trabalho. Horas extras

Os intervalos concedidos pelo empregador na jornada de trabalho, não previstos em lei, representam tempo àdisposição da empresa, remunerados como serviço extraordinário, se acrescidos ao final da jornada."

INTERVALOS NÃO PREVISTOS EM LEI - EXEMPLO

Um empregado contratado para trabalhar na empresa Z, de 2ª a 6ª feira, das 8 às 17 horas, usufrui dos seguintes

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intervalos:

a) para descanso e refeição, das 12 às 13 horas (obrigatório - CLT , art. 71 , caput - v. subitem 5.2.1);

b) dois descansos de 10 minutos cada um, sendo um na parte da manhã e outro na parte da tarde (concedidos porliberalidade do empregador).

Caso o empregador considere que os 20 minutos (soma dos intervalos mencionados na letra "b") não sejam computadosna duração do trabalho, e determine que eles sejam trabalhados ao final da jornada (no presente exemplo, ocasionando asaída às 17.20h), referidos minutos serão considerados como jornada extraordinária, gerando direito ao pagamentoadicional mencionado na Súmula nº 118 do TST.

5.3 Repouso semanal remunerado

Todo trabalhador urbano, rural ou doméstico faz jus ao repouso semanal remunerado (RSR), preferencialmente aosdomingos (CF, art. 7º, XV). Referido período de descanso será de 24 horas consecutivas.

NotaA fiscalização do trabalho esclarece, cristalinamente, que o referido RSR de 24 horas ( CLT , art. 67 e Lei nº 605/1949 )não se confunde com o intervalo interjornada de 11 horas ( CLT , art. 66 - veja subitem 5.1), totalizando, portanto, umdescanso mínimo de 35 horas consecutivas, conforme se depreende do teor do Precedente Administrativo nº 84, aprovadopelo Ato Declaratório SIT nº 10/2009 :"Jornada. Intervalo interjornadas de 11 horas e descanso semanal de 24 horas.O intervalo interjornada corresponde ao lapso temporal de 11 horas consecutivas que deve separar uma jornada e outrade trabalho.Tal intervalo não se confunde ou se compensa com o descanso semanal remunerado, de 24 horas consecutivas. Entremódulos semanais somam-se os dois intervalos: 11 horas (entre dias) e 24 horas (entre semanas), totalizando, pois, 35horas.Referência normativa: art. 66 e art. 67 da CLT ."

5.4 Intervalo para amamentação

A mulher tem direito, durante a jornada de trabalho, a dois descansos especiais de 30 minutos cada um para amamentar opróprio filho, até 6 meses de idade.

Este período poderá ser dilatado, a critério da autoridade competente, caso a saúde da criança o exija.

( CLT , arts. 66 , 67 , 71 e 396 ; Lei nº 8.923/1994 ; Portaria MTE nº 1.095/2010 ; e Precedentes Administrativos nºs 63,79, 81, 82 e 84, aprovados pelo Ato Declaratório SIT nº 10/2009 )

6. Intervalos dentro da jornada - Casos especiais

Em alguns serviços específicos existem peculiaridades para a concessão de intervalos dentro da jornada, quais sejam:

a) nos serviços permanentes de mecanografia (datilografia, escrituração ou cálculo), a cada período de 90 minutos detrabalho, deve ser concedido um intervalo de 10 minutos para repouso;

b) nos serviços subterrâneos, a cada período de 3 horas de trabalho, haverá um repouso de 15 minutos;

c) no trabalho realizado no interior de câmaras frigoríficas ou na hipótese de o empregado movimentar mercadoriasdo ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa, a cada período de 1 hora e 40 minutos, é assegurado umintervalo de 20 minutos.

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Ressalte-se que referidos intervalos são computados na jornada normal de trabalho.

Nas atividades de processamento eletrônico de dados, salvo o disposto em convenções e acordos coletivos de trabalho, otempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve exceder o limite máximo de 5 horas, devendo haver uma pausade, no mínimo 10 minutos para cada 50 minutos trabalhados, não deduzidos da jornada normal de trabalho, conformeestabelece a Norma Regulamentadora 17 (NR 17 ).

Notas(1) Em sentido diverso ao previsto na citada NR 17 , o Tribunal Superior do Trabalho, por meio da Súmula nº 346,entende:"Os digitadores, por aplicação analógica do art. 72 da CLT , equiparam-se aos trabalhadores nos serviços de mecanografia(datilografia, escrituração ou cálculo), razão pela qual têm direito a intervalos de descanso de 10 (dez) minutos a cada 90(noventa) de trabalho consecutivo."(2) Veja no subitem 10.17 deste procedimento, maiores detalhes sobre a jornada de trabalho nas atividades deprocessamento eletrônico de dados.

( CLT , arts. 72 , 253 e 298 ; NR 17 , item 17.6.4, letras "c" e "d", aprovado pela Portaria MTb nº 3.214/1978 , comredação da Portaria MTPS nº 3.751/1990 ; Precedente Administrativo nº 73, aprovado pelo Ato Declaratório SIT nº10/2009 )

7. Empregados não subordinados a horário de trabalho

A CLT , art. 62 , exclui do capítulo da duração do trabalho e, em consequência, dos itens anteriormente estudados nesteprocedimento:

a) os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo talcondição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados;

b) os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para este efeito, osdiretores e chefes de departamento ou filial, exceto quando o salário do cargo de confiança, compreendendo agratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40%.

7.1 Serviço externo

Os empregados mencionados na letra "a" do item 7, como motoristas que realizam longas viagens, vendedores, pracistase outros trabalhadores para os quais, em razão da natureza das atividades exercidas, não seja possível a fixação de umajornada de trabalho, poderão estar desobrigados de cumprir uma determinada jornada e, por conseguinte, de proceder àmarcação da hora de entrada e saída no trabalho, se a empresa, no momento da contratação, expressamente estabeleceuessa condição (não-subordinação a horário), tendo feito esta anotação na CTPS e no registro de empregado.

Caso contrário, ou seja, ainda que o empregado preste serviço integralmente fora do estabelecimento, mas, no momentoda contratação, tenha sido determinada uma jornada a ser observada ou a obrigatoriedade de seu comparecimento diárioà empresa, ele deverá marcar a sua jornada por meio da ficha ou papeleta de serviço externo, que ficará em seu poder.

NotaVeja, ainda, no item 14 deste procedimento, esclarecimentos sobre a jornada de trabalho do motorista de caminhãoempregado.

7.2 Cargos de confiança

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Não estão compreendidos na definição da letra "b" do subitem 7 deste procedimento, os empregados cujos salários docargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, sejam inferiores ao valor do respectivo salárioefetivo, acrescido de 40%. Observe-se que não há a obrigatoriedade de ser paga de forma discriminada determinadaquantia a título de gratificação de função, bastando, para tanto, que o salário do gerente ou chefe supere a remuneraçãodos que exercem o cargo efetivo em, no mínimo, 40%.

Lembra-se, ainda, que, por meio do Precedente Administrativo nº 90, aprovado pelo Ato Declaratório SIT nº 10/2009 ,ficou estabelecido que os gerentes ou ocupantes de cargos de confiança não estão dispensados do ponto, apesar de nãoterem direito à jornada de seis horas. Somente o gerente bancário com amplos poderes de mando e gestão- ogerente-geral - a quem todos os outros gerentes, direta ou indiretamente, estão subordinados, é que está dispensado doponto, por força do art. 62 , II, da CLT .

A legislação não define o que deve ser entendido por "cargo de confiança". Os doutrinadores defendem o entendimento deque exerce esse cargo o trabalhador que tem autonomia para tomada de importantes decisões na empresa, substituindo afigura do empregador.

Há quem entenda, entretanto, que a Lei nº 8.966/1994 seja inconstitucional, por infringir a Constituição Federal/1988 ,art. 7º , XIII, que estabelece a jornada máxima de 8 horas diárias e 44 horas semanais. Os defensores dessa teseargumentam que a CF/1988 não excepciona nenhum trabalhador do regime de trabalho máximo estabelecido nodispositivo em comento.

CONTRATAÇÃO DE EMPREGADO SUBORDINADO E NÃO SUBORDINADO A HORÁRIO DE TRABALHO - EXEMPLO

a) a hipótese de um gerente ou um ocupante de cargo de chefia com poder de mando na empresa (contrata, assalaria,demite etc.), na seguinte situação:

- salário efetivo = R$ 4.000,00

- acréscimo pelo exercício do cargo de confiança = R$ 2.500,00

- total = R$ 6.500,00

Nesse caso, o total da remuneração (R$ 6.500,00) é superior ao salário efetivo do cargo, acrescido de 40% (R$ 4.000,00+ 40% = R$ 5.600,00). Portanto, esse empregado atende aos requisitos previstos no mencionado na CLT , art. 62 , II,estando, assim, dispensado de marcação de jornada e, por conseqüência, sem direito a horas extraordinárias, adicionalnoturno, compensação de horário e períodos mínimos de repouso.

b) a hipótese de um gerente ou um ocupante de cargo de chefia com poder de mando na empresa (contrata, assalaria,demite etc.), na seguinte situação:

- salário efetivo = R$ 4.000,00

- acréscimo pelo exercício do cargo de confiança = R$ 1.000,00

- total = R$ 5.000,00

Nesse caso, o valor do salário total auferido (R$ 5.000,00) é inferior ao salário efetivo do cargo, acrescido de 40% (R$4.000,00 + 40% = R$ 5.600,00). Assim, esse empregado não está enquadrado na definição contida na CLT , art. 62 , II e,consequentemente, a ele se aplicam as regras de duração do trabalho, o que vale dizer, encontra-se obrigado à marcaçãoda jornada, pode firmar acordo de compensação de horas, tem direito aos períodos mínimos de repouso fixadoslegalmente, faz jus ao adicional noturno caso trabalhe no horário respectivo e, se extrapolar a jornada de trabalho legal oucontratualmente fixada, fará jus a horas extraordinárias.

Caso não ocorra a marcação do horário, ficará a empresa sujeita à autuação por parte da fiscalização do MTE, além dapossibilidade de o empregado pleitear judicialmente o pagamento das verbas decorrentes dessa situação.

Observe-se que a CLT , art. 62 , parágrafo único não obriga a empresa a pagar o adicional de função, uma vez que utilizaa expressão "se houver". Contudo, ainda que não haja a separação da gratificação de função, mas se o salário do gerente,no seu total, for superior em 40% do salário efetivo, aplicam-se às regras anteriormente referidas.

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Lembramos, por oportuno, que, conforme entendimento doutrinário e jurisprudencial, não é a qualquer gerente ou chefede departamento ou filial que se aplicam as regras contidas na CLT , art. 62 , II. Para tanto, é necessário que o aludidoempregado, independentemente da nomenclatura da função, exerça cargo de confiança com amplo poder de mando.

Veja também o procedimento Trabalhista - Contrato de trabalho - Cargo de confiança .

Notas(1) O Precedente Administrativo nº 90, aprovado pelo Ato Declaratório SIT nº 10/2009 , estabelece que os gerentes ouocupantes de cargos de confiança não estão dispensados do ponto, apesar de não terem direito à jornada de 6 horas.Somente o gerente bancário com amplos poderes de mando e gestão - o gerente-geral - a quem todos os outros gerentes,direta ou indiretamente, estão subordinados, é que está dispensado do ponto, por força do art. 62 , II, da CLT .(2) O Precedente Administrativo nº 49, aprovado pelo Ato Declaratório Defit nº 4/2002 , prevê que o empregador não estádesobrigado de controlar a jornada de empregado que detenha simples título de gerente, mas que não possua poderes degestão nem perceba gratificação de função superior a 40% do salário efetivo.

8. Flexibilização das condições de trabalho

As cláusulas relativas às condições de trabalho podem ser livremente estipuladas pelas partes, desde que não contrariemas normas de proteção ao trabalho, os documentos coletivos de trabalho aplicáveis às categorias respectivas e as decisõesdas autoridades competentes ( CLT , art. 444 ).

Assim, desde que observados os requisitos supracitados, as partes (empregado e empregador) podem adotar amaleabilidade das condições de trabalho. A flexibilização dessas condições constitui uma necessidade premente, pois tornamais fácil a administração das relações de trabalho, atendendo, assim, as peculiaridades e as exigências tanto empresariascomo profissionais.

As normas flexíveis de condições de trabalho geralmente são decorrentes de documento coletivo de trabalho, muitoembora possam defluir do próprio contrato ou de decisão do empregador, conforme o caso.

A Constituição Federal permitiu a flexibilização de algumas de suas normas de proteção ao trabalho ao autorizar a reduçãosalarial e a compensação de horário, bem como a prorrogação da jornada de 6 horas para trabalhadores submetidos aturnos ininterruptos de revezamento, desde que haja negociação coletiva ( CF/1988 , art. 7º , incisos VI, XIII e XIV,respectivamente).

Portanto, observa-se que, para proceder à alteração de tais normas, a participação sindical é condição essencial,constitucionalmente imposta.

8.1 Legalidade da jornada flexível ou móvel

Muitas empresas deixam de implantar a jornada de trabalho flexível ou móvel para os seus empregados em virtude dasdúvidas existentes acerca da sua legalidade, das consequências que ela pode acarretar, bem como das vantagens edesvantagens trazidas pela implantação.

Buscando a elucidação das mencionadas dúvidas, passamos a analisar a legislação relativa ao tema.

Entende-se por jornada de trabalho a duração diária das atividades do empregado, ou seja, o lapso de tempo em que oempregado, por força do contrato de trabalho, fica à disposição do empregador, seja trabalhando efetivamente ouaguardando ordens. Durante esse período, o trabalhador não pode dispor de seu tempo em proveito próprio.

A Constituição Federal estabelece, em seu art. 7º, inciso XIII, que a jornada normal de trabalho é de até 8 horas diárias e44 semanais, facultadas a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva detrabalho.

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A determinação da hora inicial e final da jornada de trabalho, normalmente, é o período em que o estabelecimentofunciona. A legislação trabalhista nada dispõe acerca do horário de trabalho, ficando a fixação deste na dependência davontade das partes ou do documento coletivo de trabalho (acordo, convenção ou sentença normativa) ou, ainda, doregulamento interno da empresa. Entretanto, o que normalmente ocorre é a sua fixação por decisão unilateral doempregador.

As cláusulas relativas às condições de trabalho podem ser livremente estipuladas pelas partes, desde que não contrariemas normas de proteção ao trabalho, os documentos coletivos de trabalho aplicáveis às categorias respectivas e as decisõesdas autoridades competentes ( Consolidação das Leis do Trabalho - CLT , art. 444 ).

Assim, desde que observados os requisitos supracitados, as partes (empregado e empregador) podem adotar amaleabilidade das condições de trabalho.

A flexibilização dessas condições constitui uma necessidade premente, pois torna mais fácil a administração das relaçõesde trabalho, atendendo, assim, as peculiaridades e as exigências tanto empresariais como profissionais.

As normas flexíveis de condições de trabalho geralmente são decorrentes de documento coletivo de trabalho, emborapossam defluir do próprio contrato ou de decisão do empregador, conforme o caso.

A Constituição Federal permitiu a flexibilização de algumas de suas normas de proteção ao trabalho ao autorizar a reduçãosalarial e a compensação de horário, bem como a prorrogação da jornada de 6 horas para trabalhadores submetidos aturnos ininterruptos de revezamento, desde que haja negociação coletiva ( CF/1988 , art. 7º , incisos VI, XIII e XIV,respectivamente).

Portanto, observa-se que, para proceder à alteração de tais normas, a participação sindical é condição essencial,constitucionalmente imposta.

Jornada de trabalho flexível ou móvel é aquela em que o empregador, previamente, estabelece um limite inicial e final dohorário de trabalho e os empregados, dentro deste limite, cumprem integralmente a sua jornada de trabalho. Porexemplo: o empregador determina que o horário de trabalho seja cumprido dentro do período das 8 às 20 horas. No citadoperíodo, o trabalhador cumprirá a sua jornada normal de até 8 horas diárias, podendo, em determinado dia, cumprir ajornada das 9 às 18 horas, com uma hora de intervalo para almoço; em outro dia, das 10 às 19 horas, e assimsucessivamente.

Não há na legislação dispositivo que discipline a implantação desse tipo de jornada (flexível). Dessa forma, entendemosque o empregador, desde que cumpra os requisitos legais, tais como obrigatoriedade de marcação da hora de entrada esaída, quando for o caso, observância ao limite máximo da jornada etc., poderá optar por implantá-la mediante negociaçãocom o sindicato representativo da respectiva categoria profissional, por meio de regulamento interno da empresa ou dopróprio contrato de trabalho. Assim, na contratação, o trabalhador já se submete às condições relativas ao cumprimentoda jornada estipuladas nos aludidos documentos.

Para os trabalhadores já contratados, por ocasião da implantação da jornada flexível, a empresa deverá proceder àalteração contratual, mediante aditamento ao contrato de trabalho, observados os requisitos de validade da alteraçãoprevistos no art. 468 da CLT , ou seja, aquiescência do empregado e ausência de prejuízos diretos ou indiretos a ele.

Várias são as vantagens, tanto para a empresa como para os empregados, trazidas pela adoção do horário flexível oumóvel. Dentre elas destacamos:

a) cumprimento da jornada dentro do horário escolhido pelo empregado, o que lhe possibilita atender, sem prejuízodo trabalho, às necessidades familiares e pessoais;

b) maior satisfação do trabalhador, o que gera melhor produtividade e, por consequência, maiores oportunidades delucros;

c) melhoria no relacionamento entre empregado, empregador e chefias;

d) acentuada diminuição de ausências ao trabalho, atrasos e saídas antecipadas.

Em contrapartida, a adoção desse tipo de flexibilização de jornada pode trazer para a empresa uma dificuldade maior naverificação do efetivo cumprimento da jornada por parte dos empregados.

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Reproduzimos a seguir algumas decisões judiciais relativas ao tema.

"...Jornada móvel e variável - Inválida - É inválida a 'jornada móvel e variável' implantada pelo .... porque sujeita aointeiro alvedrio da empresa a estipulação unilateral da quantidade de horas de labor diário que a ela interessa,inviabilizando a organização da vida particular do trabalhador. A ilegalidade não decorre da duração do trabalho, mas sim,da pactuação de condição leonina que deixa ao exclusivo arbítrio do empregador a modulação da jornada, transferindopara o empregado os custos de um sistema que só interessa à empresa, ao arrepio dos arts. 2º, 9º, 468 da CLT e art.115 do C. Civil de 1916 (art. 122 NCC). Admitido para uma jornada contratual básica reduzida, o excedente deve serconsiderado como extra, sendo todavia, devido apenas o adicional de horas extras por se tratar de empregado horista.Recurso a que se dá parcial provimento." (TRT 2ª Região - RO 00498-2004-054-02-00 - (20060689352) - 4ª Turma -Rel. Juiz Ricardo Artur Costa e Trigueiros - DOE SP 18.09.2006)

"Jornada de trabalho móvel - Validade - Inexistindo demonstração de vício de consentimento, no sentido de que oempregado foi coagido a assinar o contrato de trabalho, que prevê a jornada móvel, não se pode falar em nulidade. Ohorário móvel não contraria o inciso XIII do artigo 7º da Lei Maior. A Lei não veda a jornada móvel e variável. Asconvenções coletivas, de modo geral, não proíbem a jornada móvel e variável. Logo, aquilo que não é proibido, épermitido. Fraude não se presume, deve ser provada." (TRT 2ª Região - RO 11576 - (20040000529) - 3ª Turma - Rel.Juiz Sérgio Pinto Martins - DOE SP 20.01.2004)

"Quando inocorre vício volitivo no sentido de que o trabalhador não foi coagido a firmar contrato laboral comprevisão da chamada 'jornada móvel' (com horários variáveis), não se pode cogitar na nulidade prevista no art. 9ºconsolidado - Impossível cogitar em inconstitucionalidade ou ilicitude, à míngua de normas jurídicas (imperativosautorizantes) em tal senso, mormente quando existe amparo até em norma coletiva." (TRT 2ª Região - RO 24202 -(20030097252) - 7ª Turma - Rel. Juiz Ricardo Verta Luduvice - DOE SP 04.04.2003)

"Jornada de trabalho - Escala móvel e variável - É válida a cláusula do contrato de trabalho que prevê escala móvele variável, dentro do mesmo período, pois observados os limites diário, de oito horas, e o semanal, de quarenta e quatrohoras." (TRT 12ª Região - RO-V 03056/2001 - (08109/2002) - 1ª Turma - Rel. Juiz Garibaldi Tadeu Pereira Ferreira - J.19.07.2002)

"Horário variável - Licitude - É plenamente lícita a contratação em horário variável, pois não há proibição na leinesse sentido - O artigo 444 da CLT permite esse tipo de contratação - Inexistindo demonstração de vício deconsentimento, no sentido de que o empregado foi coagido a assinar o contrato de trabalho, que prevê a jornada móvel,não se pode falar em nulidade." (TRT 2ª Região - RO 20000291000 - (20010566770) - 3ª Turma - Rel. Juiz Sérgio PintoMartins - DOE SP 18.09.2001)

Apesar do posicionamento adotado pelo Conselho Técnico IOB, tendo em vista a inexistência de dispositivo legal expressosobre a jornada flexível ou móvel, o empregador deverá acautelar-se diante da ocorrência concreta da situação oraretratada, caso em que é aconselhável, por medida preventiva, consultar antecipadamente o Ministério do Trabalho eEmprego, bem como o sindicato da respectiva categoria profissional, e lembrar que caberá ao Poder Judiciário a decisãofinal da controvérsia, caso seja proposta ação nesse sentido.

NotaAs informações publicadas neste subitem trazem o entendimento do Conselho Técnico IOB, que leva em consideração osposicionamentos adotados pela doutrina e pela jurisprudência, quando for o caso.

8.2 Cumprimento das demais obrigações relativas à jornada - Manutenção

A implantação do horário móvel ou flexível, entre outras obrigações, não dispensa as empresas:

a) cujos estabelecimentos tenham mais de 10 trabalhadores, da manutenção de controle de horário de trabalho emregistros manuais, mecânicos ou eletrônicos, nos termos do disposto na CLT , art. 74 , § 2º;

b) do pagamento das horas extraordinárias e suas repercussões trabalhistas caso o empregado ultrapasse a suajornada normal, salvo se houver acordo de compensação de horas.

8.3 Jurisprudência

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"...Jornada móvel e variável - Inválida - É inválida a 'jornada móvel e variável' implantada pelo .... porque sujeita aointeiro alvedrio da empresa a estipulação unilateral da quantidade de horas de labor diário que a ela interessa,inviabilizando a organização da vida particular do trabalhador. A ilegalidade não decorre da duração do trabalho, mas sim,da pactuação de condição leonina que deixa ao exclusivo arbítrio do empregador a modulação da jornada, transferindopara o empregado os custos de um sistema que só interessa à empresa, ao arrepio dos arts. 2º, 9º, 468 da CLT e art. 115do C. Civil de 1916 (art. 122 NCC). Admitido para uma jornada contratual básica reduzida, o excedente deve serconsiderado como extra, sendo todavia, devido apenas o adicional de horas extras por se tratar de empregado horista.Recurso a que se dá parcial provimento." (TRT 2ª Região - RO 00498-2004-054-02-00 - (20060689352) - 4ª Turma - Rel.Juiz Ricardo Artur Costa e Trigueiros - DOE SP 18.09.2006)

"Jornada de trabalho móvel - Validade - Inexistindo demonstração de vício de consentimento, no sentido de que oempregado foi coagido a assinar o contrato de trabalho, que prevê a jornada móvel, não se pode falar em nulidade. Ohorário móvel não contraria o inciso XIII do artigo 7º da Lei Maior. A Lei não veda a jornada móvel e variável. Asconvenções coletivas, de modo geral, não proíbem a jornada móvel e variável. Logo, aquilo que não é proibido, épermitido. Fraude não se presume, deve ser provada." (TRT 2ª Região - RO 11576 - (20040000529) - 3ª Turma - Rel. JuizSérgio Pinto Martins - DOE SP 20.01.2004)

"Quando inocorre vício volitivo no sentido de que o trabalhador não foi coagido a firmar contrato laboral com previsãoda chamada 'jornada móvel' (com horários variáveis), não se pode cogitar na nulidade prevista no art. 9º consolidado -Impossível cogitar em inconstitucionalidade ou ilicitude, à míngua de normas jurídicas (imperativos autorizantes) em talsenso, mormente quando existe amparo até em norma coletiva." (TRT 2ª Região - RO 24202 - (20030097252) - 7ª Turma- Rel. Juiz Ricardo Verta Luduvice - DOE SP 04.04.2003)

"Jornada de trabalho - Escala móvel e variável - É válida a cláusula do contrato de trabalho que prevê escala móvel evariável, dentro do mesmo período, pois observados os limites diário, de oito horas, e o semanal, de quarenta e quatrohoras." (TRT 12ª Região - RO-V 03056/2001 - (08109/2002) - 1ª Turma - Rel. Juiz Garibaldi Tadeu Pereira Ferreira - J.19.07.2002)

"Horário variável - Licitude - É plenamente lícita a contratação em horário variável, pois não há proibição na lei nessesentido - O artigo 444 da CLT permite esse tipo de contratação - Inexistindo demonstração de vício de consentimento, nosentido de que o empregado foi coagido a assinar o contrato de trabalho, que prevê a jornada móvel, não se pode falar emnulidade." (TRT 2ª Região - RO 20000291000 - (20010566770) - 3ª Turma - Rel. Juiz Sérgio Pinto Martins - DOE SP18.09.2001)

9. Turnos ininterruptos de revezamento

A Constituição Federal/1988 , art. 7º , XIV, estabelece a jornada de 6 horas para os trabalhadores rurais e urbanos queexecutem seu labor em turnos ininterruptos de revezamento, ou seja, naquele tipo de trabalho em que entre uma jornadade trabalho e outra, não há intervalo de tempo, de modo que as atividades não sofrem interrupção entre a saída de umturno e a entrada de outro.

Notas(1) Por meio da Portaria MTE nº 412/2007 , o Ministro de Estado do Trabalho e Emprego disciplina a alteração na jornadae no horário de trabalho dos empregados que trabalhem em regime de turnos ininterruptos de revezamento.De acordo com a referida Portaria considera-se ilícita a alteração da jornada e do horário de trabalho dos empregados quetrabalhem em regime de turnos ininterruptos de revezamento, salvo mediante convenção ou acordo coletivo de trabalho.(2) A Instrução Normativa SIT nº 64/2006 dispõe sobre a fiscalização do trabalho em empresas que operam com turnosininterruptos de revezamento.(3) O Precedente Administrativo nº 55, aprovado pelo Ato Declaratório Defit nº 6/2002 , estabelece que para acaracterização de trabalho em turnos ininterruptos de revezamento é necessária a constante alternância de horários detrabalho.

9.1 Interpretação do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)

A Instrução Normativa SRT/MTE nº 1/1988 (expedida para orientar a ação da fiscalização do trabalho em face daConstituição Federal) dispõe que a jornada de 6 horas para os turnos de revezamento depende da ocorrência concomitantedos seguintes fatores:

a) existência de turnos. Isso significa que a empresa mantém uma ordem ou alternação dos horários de trabalhoprestado em revezamento;

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b) que os turnos sejam em revezamento. Isso quer dizer que o empregado, ou turmas de empregados, trabalhaalternadamente para que se possibilite, em face da ininterrupção do trabalho, o descanso de outro empregado outurma;

c) que o revezamento seja ininterrupto, isto é, não sofra solução de continuidade no período de 24 horas,independentemente de haver, ou não, trabalho aos domingos.

Permite, ainda mediante negociação coletiva, a prorrogação da jornada de 6 horas. Nesse caso, admite-se o máximo de 2horas extras por dia.

9.2 Jurisprudência/Doutrina - Divergência

Não obstante a citada Instrução Normativa SRT nº 1/1988 , o dispositivo constitucional em comento (art. 7º, XIV) gerouentendimentos, doutrinário e jurisprudencial, divergentes.

Há decisões, na Justiça do Trabalho, no sentido de que o trabalho em turnos alternados em horários diurnos e noturnos,ainda que as jornadas de trabalho adotadas pela empresa não cubram as 24 horas do dia, caracteriza-se como turnoininterrupto de revezamento, já que o objetivo maior do preceito constitucional é a proteção do trabalhador diante dosefeitos nocivos à sua saúde e à sua vida familiar e social, decorrentes daquela alternância.

Há os que entendem que ininterrupta deve ser a jornada.

Notas(1) No entender do TST, é irrelevante o fato de a atividade desenvolvida pela empresa ser ininterrupta, conforme sedepreende do teor da Orientação Jurisprudencial SDI I nº 360:"Turno ininterrupto de revezamento. Dois turnos. horário diurno e noturno. Caracterização.Faz jus à jornada especial prevista no art. 7º , XIV, da CF/1988 o trabalhador que exerce suas atividades em sistema dealternância de turnos, ainda que em dois turnos de trabalho, que compreendam, no todo ou em parte, o horário diurno e onoturno, pois submetido à alternância de horário prejudicial à saúde, sendo irrelevante que a atividade da empresa sedesenvolva de forma ininterrupta."(2) O TST consubstanciou, também, posicionamento sobre a concessão de intervalos para o trabalho em turnos derevezamento, exarando esse entendimento por meio da Súmula TST nº 360:"Turnos ininterruptos de revezamento. Intervalos intrajornada e semanalA interrupção do trabalho destinada a repouso e alimentação, dentro de cada turno, ou o intervalo para repouso semanal,não descaracteriza o turno de revezamento com jornada de 6 (seis) horas previsto no art. 7º , XIV, da CF/1988 ."(3) Por fim, o TST considera, por meio da Súmula nº 423, que caso seja estabelecida jornada superior a 6 horas e limitadaa 8 horas por meio de regular negociação coletiva, os empregados submetidos a turnos ininterruptos de revezamento nãotêm direito ao pagamento da 7ª e da 8ª horas como extras.

10. Jornada reduzida

10.1 Esclarecimentos

Em geral, a duração normal do trabalho para os empregados em qualquer atividade privada é de até 8 horas diárias e 44horas semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva detrabalho ( CLT , art. 58 , e Constituição Federal/1988 , art. 7º , XIII).

Contudo, a lei estabelece outros limites a determinadas atividades profissionais, consideradas as condições específicas emque se realizam, como veremos adiante.

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Lembramos, por oportuno, que a relação de profissões mencionadas neste procedimento é meramente exemplificativa,devendo ser consultadas as demais legislações pertinentes a outras profissões, bem como recomendamos consultar odocumento coletivo de trabalho das categorias profissionais respectivas para saber se há condições mais favoráveis.

10.2 Serviços de telefonia, telegrafia submarina e subfluvial, radiotelegrafia e radiotelefonia

Nas empresas que exploram os serviços de telefonia, telegrafia submarina ou subfluvial, radiotelegrafia e radiotelefonia,vigora, para os respectivos operadores, a duração máxima de 6 horas contínuas de trabalho por dia ou 36 horas semanais( CLT , art. 227 ).

A Súmula TST nº 178 , do Tribunal Superior do Trabalho esclarece ser aplicável às telefonistas de mesa de empresas quenão explorem os serviços anteriormente mencionados a mesma jornada reduzida. Dessa forma, as telefonistas deempresas que não exploram serviço de telefonia, telegrafia submarina ou subfluvial, de radiotelegrafia ou de radiotelefoniatambém fazem jus a uma jornada de trabalho de até 6 horas diárias e 36 semanais.

Observe-se que a duração máxima da jornada do referido profissional é de 6 horas diárias e de 36 horas semanais, nãosendo contemplada, portanto, a possibilidade de celebração de acordo de compensação de horas.

Quando em caso de indeclinável necessidade, esses profissionais forem obrigados a permanecer em serviço além doperíodo normal de 6 horas diárias (prorrogação da jornada), a remuneração das horas excedentes deverá ser acrescida dorespectivo adicional de 50%, no mínimo; entretanto, a legislação em vigor não define os casos de indeclinável necessidade( CLT , art. 227 , § 1º).

A doutrina entende por indeclinável necessidade de serviço as hipóteses previstas na CLT , art. 61 , ou seja, em casos deforça maior, realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto.

Notas(1) Força maior é todo acontecimento inevitável, em relação à vontade do empregador, para cuja realização este nãoconcorreu, direta ou indiretamente.Convêm lembrar que:- a imprevidência do empregador exclui a razão de força maior;- à ocorrência do motivo de força maior que não afete substancialmente, nem seja suscetível de afetar, em tais condições,a situação econômica e financeira da empresa, não se aplicam as restrições dispostas na CLT a essa figura jurídica.( CLT ,art. 501 ).(2) O Precedente Administrativo nº 10, aprovado pelo Ato Declaratório Defit nº 4/2002 , estabelece que independente doramo de atividade do empregador, aplica-se o disposto no art. 227 da CLT , e seus parágrafos, ao exercente das funçõesde telefonista: jornada de seis horas diárias. Inteligência do Enunciado (atualmente denominado como Súmula) nº 178 doTST.

Nesse caso, havendo a prestação de serviços além da duração máxima permitida, caberá à fiscalização do trabalho aferir aexistência ou não daquela condição por parte da empresa e, conforme o caso, autuar se verificada a inexistência da realnecessidade.

10.2.1 Jurisprudência

"Telefonista - Jornada especial - Art. 227 da CLT - Enunciado nº 178/TST - Aplicabilidade. A jornada especial de 6h seaplica ao empregado de empresa que explore ou não atividade de telefonia, desde que o referido empregado desempenheexclusivamente a atividade de telefonista. Havendo cumulação de funções, não há direito à jornada especial, ainda que aprincipal atividade seja a de telefonista, eis que não havia a prestação do serviço em mesa telefônica. A jornada especialtem por finalidade proteger o empregado do desgaste físico e mental oriundo do exercício diário, contínuo, repetitivo eexaustivo inerente à atividade exclusiva de telefonista. Recurso de revista conhecido e provido." (TST - 5ª Turma - RR761226/2001 - Rel. Min. Rider Nogueira de Brito - DJU 24.10.2003)

"Telefonista/recepcionista - Jornada reduzida - Horas extras indevidas. Empregada contratada para exercer a funçãode recepcionista acumulada com a de telefonista não se beneficia da jornada reduzida prevista no art. 227 da CLT .

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Recurso de revista conhecido e provido." (TST - 4ª Turma - TST - RR 596107/1999 - Rel. Juiz convocado José AntonioPancotti - DJU 26.09.2003)

"Empregada telefonista. Não enquadramento no art. 227 da CLT . Se a Recorrente, além da função de telefonista,realizava as atividades de recepção de pessoas e arquivamento de documentos, não incide na espécie o art. 227 da CLT ,vez que a jornada especial prevista nesta norma é destinada à empregada que exerce a função de telefonista, em caráterde exclusividade. Conheço do recurso e nego provimento." (TST - 5ª Turma - RR 643178/2000 - Rel. Juiz Convocado JoãoCarlos Ribeiro de Souza - DJU 12.09.2003)

10.2.2 Horários variáveis

Nas empresas relacionadas no subitem 10.2, consideram-se empregados sujeitos a horários variáveis, além dosoperadores, cujas funções exijam classificação distinta, os que pertençam a seções de técnica, telefones, revisão,expedição, entrega e balcão ( CLT , art. 229 , § 1º). A duração máxima de trabalho desses empregados é de 7 horasdiárias e 17 horas de folga, deduzindo-se desse tempo 20 minutos para descanso, sempre que se verificar um esforçocontínuo de mais de 3 horas ( CLT , art. 229 , caput).

10.2.3 Operadores telegrafistas - Serviço ferroviário

O horário de trabalho dos operadores telegrafistas nas estações de tráfego intenso não excederá de 6 horas diárias ( CLT ,art. 246 ).

10.2.4 Telefonista/recepcionista - Exercício simultâneo da atividade

É comum a empresa contratar trabalhador para exercer, cumulativamente, as funções de telefonista e recepcionista. Daísurge a dúvida acerca da duração da jornada de trabalho a ser observada neste caso, uma vez que a telefonista tem, pordeterminação legal, jornada reduzida, e a recepcionista observa a jornada normal.

Estabelecem a Constituição Federal/1988 , art. 7º , XIII e a CLT , art. 58 , que a jornada normal de trabalho para osempregados, em qualquer atividade privada, não excederá 8 horas diárias e 44 horas semanais, desde que não seja fixadoexpressamente outro limite. A lei estabelece outros limites a determinadas atividades profissionais, consideradas ascondições específicas em que se realizam.

O caput do art. 227 da CLT dispõe que, nas empresas que exploram o serviço de telefonia, telegrafia submarina ousubfluvial, de radiotelegrafia ou de radiotelefonia, fica estabelecida para os respectivos operadores a duração máxima de 6horas contínuas de trabalho por dia ou 36 horas semanais.

A Súmula nº 178 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) esclarece ser aplicável às telefonistas de mesa de empresas quenão explorem os serviços anteriormente mencionados a mesma jornada reduzida. Dessa forma, as telefonistas deempresas que não exploram serviço de telefonia, telegrafia submarina ou subfluvial, de radiotelegrafia ou de radiotelefoniatambém fazem jus a uma jornada de trabalho de até 6 horas diárias e 36 semanais.

Observe-se que a duração máxima da jornada do profissional acima citado é de 6 horas diárias e de 36 horas semanais,não sendo contemplada, portanto, a possibilidade de celebração de acordo de compensação/prorrogação de horas.

Não há, porém, na legislação vigente, qualquer dispositivo disciplinando a jornada a ser observada quando a empregadaexerce, cumulativamente, as funções de telefonista e recepcionista. A doutrina e a jurisprudência trabalhista têm-seposicionado, embora de forma não pacífica, no sentido de que na hipótese do exercício cumulativo das duas atividades, ajornada de trabalho a ser observada deve ser a normal, ou seja, de até 8 horas diárias e 44 semanais.

Analisando os dispositivos legais anteriormente mencionados e considerando que o legislador ao fixar uma jornada detrabalho reduzida para a telefonista teve por objetivo minimizar o desgaste físico e mental decorrente da atividade,considerando ainda, que o exercício da função de telefonista expõe o trabalhador à condição de penosidade, uma vez quea sua concentração e seu aparelho auditivo são extremamente exigidos de forma contínua, sem interrupção, posto que

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durante a jornada não há outra atividade a realizar senão a de receber e transmitir ligações, o que torna a funçãomonótona e exaustiva, entendemos que a jornada reduzida de 6 horas diárias é aplicável apenas àqueles trabalhadoresque exercem de forma exclusiva a atividade de telefonista.

Quando há o exercício simultâneo das atividades de telefonista e recepcionista, o quadro se modifica, pois o trabalhadornão se encontra mais continuamente exposto ao ruído direto no ouvido, uma vez que outras atividades, tais como oatendimento a pessoas, são exercidas alternadamente, permitindo, portanto, um repouso na condição de penosidade emcomento, repouso este que a nosso ver, autoriza a não-aplicação da jornada reduzida ao trabalhador, pois se verifica umadiminuição do desgaste e da monotonia.

Dessa forma, entendemos que, havendo o exercício cumulativo das funções de telefonista e recepcionista, o trabalhadordeve observar a jornada normal diária, isto é, de até 8 horas diárias e 44 semanais, não lhe sendo aplicável o disposto naCLT , art. 227 , caput.

Não obstante o entendimento por nós esposado, ressaltamos que há quem entenda que o exercício cumulado das duasfunções não retira do trabalhador o direito à jornada de 6 horas diárias, sob o argumento de que, nesta situação, acondição de penosidade é a mesma observada quando do exercício exclusivo da função de telefonista.

NotaSobre operadores de telemarketing/teleatendimento, veja subitem 10.18 deste procedimento.

Para maior compreensão do tema, reproduzimos a seguir algumas decisões judiciais.

- Decisões favoráveis à aplicação da jornada normal à telefonista/recepcionista

"Horas extraordinárias. Atividade de telefonista cumulada com a de recepcionista. A previsão de jornada reduzidaaos telefonistas teve como finalidade evitar o desgaste físico e mental causado pelo labor desenvolvido nessa específicaatividade. No entanto, caso a empregada acumule o trabalho de telefonista, ainda que este seja preponderante, comoutras atividades, como a de recepcionista, não se aplica a ela a jornada de seis horas, pois descaracterizada a situaçãoque gera o direito à proteção contida no art. 227 da CLT . Recurso de Revista conhecido e não provido." (TST - 1ª Turma- RR 532.466/99.5-2ª R - Rel. Juiz Convocado Vieira de Mello Filho - DJU 06.12.2002)

"Jornada especial. Horas extras. Empregada exercente de função de telefonista cumulada com a de recepcionista,sem preponderância daquela sobre esta, razão de inexistência do direito à jornada reduzida de seis horas prevista nanorma inserta no artigo 227 do Estatuto Obreiro. Recurso da reclamada a que se dá provimento no aspecto." (TRT 4ªRegião - 1ª Turma - RO 96.017584-9 - Rel. Juiz Edir Inácio da Silva - DJ RS 09.02.1998)

"Atividade de telefonista cumulada com a de recepcionista - Jornada reduzida - Incidência da Súmula nº 333 do TST- Precedentes desta corte - O art. 227 da CLT se refere ao serviço de telefonista de mesa que dedica todo o tempo detrabalho ao recebimento e transmissão de mensagens por telefone. Mencionado preceito legal visa a resguardar osempregados que trabalham exclusivamente na função de telefonista, tendo em vista o desgaste físico e mentaldecorrente do exercício ininterrupto da atividade. Não há falar em direito à jornada especial de seis horas aostrabalhadores que exercem atividade de telefonista cumulada com outras funções. Recurso de revista não conhecido."(TST - RR 96.466/2003-900-04-00.5 - 1ª Turma - Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa - DJU 17.06.2005)

"Telefonista - Recepcionista - Jornada reduzida - Horas extras indevidas - Empregada contratada para exercer afunção de recepcionista acumulada com a de telefonista não se beneficia da jornada reduzida prevista no art. 227 da CLT. Recurso de revista conhecido e provido." (TST - RR 596107 - 4ª Turma - Rel. Min. Convocado José Antonio Pancotti -DJU 26.09.2003)

"Telefonista - Recepcionista - Jornada reduzida - Horas extras indevidas - Empregada contratada para exercer afunção de recepcionista acumulada com a de telefonista não se beneficia da jornada reduzida prevista no art. 227 da CLT, na medida em que não sofre o mesmo desgaste físico, sobretudo auditivo, do telefonista de mesa ou de empresas doramo da telefonia, ainda que, em face do acúmulo das funções, tenha uma sobrecarga de trabalho. Mas justamente essavariação é o fator que impede o desgaste maior da monotonia repetitiva do atendimento de ligações em volumeexcessivo. O fundamento que norteou esta Corte Superior, mediante a Súmula nº 178, a aplicar, por analogia, o art. 227da CLT , aos operadores de mesa de empresas que não exploram o serviço de telefonia, foi justamente o reconhecimentode que estes desempenham, com exclusividade, a tarefa de telefonista. Recurso de revista conhecido e não-provido."(TST - 4ª Turma - RR 461357 - Rel. Min. Ives Gandra Martins Filho - DJU 07.02.2003)

"Telefonista - Recepcionista - Não enquadramento no art. 227 da CLT - Se os afazeres da recorrente não serestringiam exclusivamente a efetivar e receber ligações ou transferi-las porquanto provado que também cuidava darecepção a clientes, dentre outras tarefas, não era telefonista típica, aquela que desempenha de forma permanente econtínua ligações e conexões telefônicas, a ponto de exigir o máximo de sua concentração e tornar seu serviçoextenuante. Assim, não pode beneficiar-se do enquadramento do art. 227 da CLT , caso contrário estar-se-ia ampliando oconceito de telefonista para garantir benefícios excepcionais. Recurso não provido." (TRT 15ª Região - 3ª Turma - RO

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02108-2002-122-15-00-0 - (05740/2005) - Rel. Juiz Lorival Ferreira dos Santos - DOESP 25.02.2005)

"Recepcionista - Jornada normal de oito horas. Art. 58 da CLT . Não pode ser tido por telefonista, o empregado queexecuta, dentre outras tarefas correlacionadas, também alguma ligada ao mero atendimento de chamadas telefônicas. Anorma contida no art. 227 da CLT tem como escopo a proteção de empregado que desempenha exclusivamente serviçosde telefonista, inserido em contexto laborativo mais prejudicial, em face de peculiaridades da atividade exercida, taiscomo postura, monotonia, repetitividade, ruído direto ao ouvido. São estes fatores nocivos que o preceito legal buscaminimizar mediante a redução da jornada para seis horas." (TRT 4ª Região - 4ª Turma - RO 01262.403/98-7 - Relª JuízaMaria Inês Cunha Dornelles - J. 22.08.2001)

- Decisões favoráveis à aplicação da jornada reduzida à telefonista/recepcionista

"Cumulação de funções - A jurisprudência majoritária pende no sentido de que o art. 227 da CLT aplica-se atrabalhadores de quaisquer empresas, ainda que não explorem diretamente a atividade de telefonia (Enunciado nº 178 daSúmula do TST), porquanto a proteção do dispositivo legal em comento é em relação ao empregado, não importando aatividade da empresa. Não se exige, outrossim, a exclusividade do labor nesse mister, porquanto a cumulação com outraatividade não retira do trabalhador o direito à jornada especial de trabalho de seis horas, desde que exerçapreponderantemente a função de telefonista. Na hipótese, prevalecendo a função de telefonista sobre a de recepcionista,tem, a obreira, direito à jornada diária de 6 horas. Recurso da reclamante a que se dá provimento." (TRT 23ª Região - TP- RO 1750/2000 - (3108/2000) - Rel. Juiz Roberto Benatar - J. 06.12.2000)

"Telefonista/recepcionista - Operadora de PABX - Jornada reduzida - Insere-se dentre as empresas a que alude oEnunciado 178 do C. TST aquelas possuidoras de mesas, cujo vocábulo designa contato com aparelho PABX ou conjuntode telefones que exigem, daquela que responsável por eles, o mesmo esforço despendido pela telefonista de empresa queexplore o ramo de telefonia." (TRT 9ª Região - 1ª Turma - ROPS 01050-2001 - (34137-2001) - Relª Juíza RosemarieDiedrichs Pimpão - DJ PR 07.12.2001)

"Telefonista - Acúmulo de funções - Recepcionista - O fato de a reclamante acumular funções de telefonista erecepcionista não afasta o direito a jornada especial, apenas agrava o desgaste provocado pelo exercício da atividade.Comprovado o exercício da função de telefonista, aplicável o artigo 227 consolidado." (TRT 9ª Região - RO 3.043/90 - 2ªTurma - Ac. 5.350/91 - Rel. Juiz Paulo Afonso Miranda Conti - DJ PR 23.08.1991)

"Telefonista - Direito à jornada prevista no art. 227 da CLT - Restando configurado nos autos que a funçãopreponderante da empregada era operar aparelho PABX com várias linhas e ramais, está caracterizado seu direito àjornada de seis horas. O contrato de trabalho é um contrato realidade, pouco importando que na CTPS conste anotada afunção de recepcionista, quando toda a prova pericial e oral convergem no sentido de que preponderavam as atividadesde telefonista. Patente tal prova, faz jus à jornada prevista no art. 227 da CLT ." (TRT 3ª Região - 4ª Turma - RO6.278/00 - Rel. Juiz Maurílio Brasil - D JMG 16.09.2000)

"Telefonista e recepcionista - Cumulatividade - 1. Exercendo, a reclamante, cumulativamente, as funções derecepcionista e telefonista, nesta última realizando ligações telefônicas e operando aparelho com 6 linhas e 20 ramais, fazjus ao tratamento reservado a esta categoria, nos termos do art. 227 , CLT , mesmo que a empregadora não exploreserviço de telefonia..." (TRT 21ª Região - Ac. 15.704 - RO 27-0877/96-2 - Relª Juíza Maria do Perpétuo SocorroWanderley de Castro - DOE RN 17.01.1998)

Observe-se que, apesar do posicionamento adotado pelo Conselho Técnico da IOB, tendo em vista a existência deentendimento diverso, o empregador deverá acautelar-se diante da ocorrência concreta da situação ora retratada,podendo, por medida preventiva, consultar o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ou, ainda, o sindicato da respectivacategoria profissional acerca da questão, e lembrar que caberá à Justiça do Trabalho a decisão final caso seja propostaação nesse sentido.

NotaAs informações publicadas neste item trazem o entendimento do Conselho Técnico IOB, que leva em consideração osposicionamentos adotados pela doutrina e pela jurisprudência, quando for o caso.

10.3 Bancários

É de 6 horas contínuas, de 2ª a 6ª feira, num total de 30 horas de trabalho por semana, a duração normal do trabalho dosempregados em bancos, casas bancárias e Caixa Econômica Federal, inclusive porteiros, telefonistas de mesa, contínuos eserventes ( CLT , arts. 224 e 226 ).

Não se beneficiam da jornada reduzida os que exercem funções de direção, gerência, fiscalização, chefia e equivalentes,

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ou que desempenhem outros cargos de confiança, desde que o valor da gratificação não seja inferior a 1/3 do salário docargo efetivo ( CLT , art. 224 , § 2º).

Notas(1) Entre outras disposições, a Súmula TST nº 102 preceitua que:- o bancário que exerce a função a que se refere o § 2º do art. 224 da CLT e recebe gratificação não inferior a um terço deseu salário já tem remuneradas as duas horas extraordinárias excedentes de seis;- ao bancário exercente de cargo de confiança previsto no art. 224, § 2º, da CLT são devidas as 7ª e 8ª horas, comoextras, no período em que se verificar o pagamento a menor da gratificação de 1/3;- o bancário sujeito à regra do art. 224, § 2º, da CLT cumpre jornada de trabalho de 8 horas, sendo extraordinárias astrabalhadas além da oitava;- o advogado empregado de banco, pelo simples exercício da advocacia, não exerce cargo de confiança, não seenquadrando, portanto, na hipótese do § 2º do art. 224 da CLT ;- o caixa bancário, ainda que caixa executivo, não exerce cargo de confiança. Se perceber gratificação igual ou superior aum terço do salário do posto efetivo, essa remunera apenas a maior responsabilidade do cargo e não as duas horasextraordinárias além da sexta;- o bancário exercente de função de confiança, que percebe a gratificação não inferior ao terço legal, ainda que normacoletiva contemple percentual superior, não tem direito às sétima e oitava horas como extras, mas tão somente àsdiferenças de gratificação de função, se postuladas.(2) No entender do TST (Súmula nº 287), a jornada de trabalho do empregado de banco gerente de agência é regida peloart. 224, § 2º, da CLT. Quanto ao gerente-geral de agência bancária, presume-se o exercício de encargo de gestão,aplicando-se-lhe o art. 62 da CLT (veja subitem 7.2 deste procedimento).

10.3.1 Empresas financeiras

As empresas de crédito, financiamento ou investimento, também denominadas "financeiras'', equiparam-se aosestabelecimentos bancários para os efeitos da CLT , art. 224. Dessa forma, seus empregados devem obedecer à mesmajornada dos que trabalham em estabelecimentos bancários ( Súmula TST nº 55 ).

10.3.2 Categorias diferenciadas

Não se beneficiam do regime legal relativo aos bancários os empregados de estabelecimento de crédito pertencentes acategorias profissionais diferenciadas ( Súmula TST nº 117 ).

10.3.3 Distribuidoras e corretoras de títulos e valores mobiliários

Os empregados de empresas distribuidoras e corretoras de títulos e valores mobiliários não têm direito à jornada especialdos bancários ( Súmula TST nº 119 ).

10.4 Operadores cinematográficos e ajudantes

A jornada diária dos operadores cinematográficos e seus ajudantes é de 6 horas no máximo, assim distribuídas:

a) 5 horas consecutivas de trabalho em cabine, durante o funcionamento cinematográfico;

b) um período suplementar, até o máximo de 1 hora, para limpeza, lubrificação dos aparelhos de projeção, ou revisãode filmes ( CLT , art. 234 ).

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10.5 Trabalho em minas no subsolo

A jornada normal de trabalho efetivo dos empregados em minas no subsolo é de no máximo 6 horas diárias ou 36semanais ( CLT , art. 293 ). Pode ser inferior a esse limite por determinação de autoridade competente em medicina dotrabalho, em vista das condições locais de insalubridade e dos métodos e processos do trabalho adotados ( CLT , art. 295 ,parágrafo único).

Observar que a duração normal de trabalho efetivo no subsolo poderá ser elevada até 8 horas diárias e 44 horassemanais, mediante acordo escrito. Contudo, essa prorrogação fica sujeita à prévia licença da autoridade competente emmatéria de medicina do trabalho ( CF/1988 , art. 7º , XIII, e CLT , art. 295 , caput).

10.6 Jornalistas profissionais

Os que prestam serviços em empresas jornalísticas, na condição de jornalistas, revisores, fotógrafos ou na ilustração, comas exceções previstas na lei, têm a jornada diária fixada em 5 horas no máximo, tanto de dia como à noite, podendo serelevada, contudo, a 7 horas, mediante acordo escrito em que se estipule aumento de salário correspondente ao excesso dotempo de trabalho, e em que se fixe um intervalo destinado a repouso ou a refeição ( CLT , arts. 302 , 303 e 304 ).

Entende-se como jornalista o trabalhador intelectual cuja função se estende desde a busca de informações até a redaçãode notícias e artigos e à organização, orientação e direção desse trabalho.

Consideram-se funções desempenhadas pelos jornalistas profissionais, como empregados: redator, noticiarista, repórter,repórter de setor, radio-repórter, arquivista-pesquisador, revisor, ilustrador, repórter-fotográfico, repórter-cinematográficoe diagramador (Decreto nº 83.284/1979 , art. 11 ).

Observar que as limitações de jornada anteriormente citadas não se aplicam àqueles que exercem as funções de redator-chefe, secretário, subsecretário, chefe e subchefe de revisão, chefe de oficina, de ilustração e chefe de portaria, bem comoaos que se ocuparem unicamente em serviços externos ( CLT , art. 306 ).

São, ainda, privativas de jornalista as funções, entre outras, de editor, secretário, subsecretário, chefe de reportagem echefe de revisão (Decreto-lei nº 972/1969 , art. 6º , parágrafo único, e Decreto nº 83.284/1979 , art. 12 ).

10.7 Professores

Num mesmo estabelecimento de ensino não pode o professor dar, por dia, mais de 4 aulas consecutivas, nem mais de 6,intercaladas ( CLT , art. 318 ).

10.7.1 Professores de cursos livres

Em virtude da inexistência de dispositivo legal disciplinando o assunto, parte da doutrina e jurisprudência têm entendidoque se aplicam ao professor dos chamados cursos livres, tais como línguas, natação etc., as normas específicas da CLTpara a classe, uma vez que a lei não os distingue. Alertamos para que o documento coletivo de trabalho da respectivacategoria seja consultado, a fim de verificar cláusula específica sobre o assunto.

10.8 Artistas e técnicos em espetáculos de diversões

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Artista é o profissional que cria, interpreta ou executa obra de caráter cultural de qualquer natureza para efeito de exibiçãoou divulgação pública pelos meios de comunicação de massa ou em locais onde se realizam espetáculos de diversõespúblicas (Decreto nº 82.385/1978 , art. 2º , I).

Técnico em espetáculos de diversões é o profissional que, mesmo em caráter auxiliar, participa, individualmente ou emgrupo, de atividade profissional ligada diretamente a elaboração, registro, apresentação ou conservação de programas,espetáculos e produções (Decreto nº 82.385/1978 , art. 2º , II).

A jornada de trabalho desses profissionais terá, de acordo com o art. 44 do mesmo Decreto, nos setores e atividadesrespectivos, as seguintes durações:

a) radiodifusão, fotografia e gravação: 6 horas diárias, com limitação de 30 horas semanais;

b) cinema, inclusive publicitário, quando em estúdio: 6 horas diárias;

c) teatro: a partir da estréia do espetáculo tem a duração das sessões, com 8 sessões semanais;

d) circo e variedades: 6 horas diárias, com limitação de 36 horas semanais;

e) dublagem: 6 horas diárias com limitação de 40 horas semanais.

As demais denominações e descrições das funções em que se desdobram as atividades de artista e de técnico emespetáculo de diversões, bem como outras condições de trabalho inerentes aos citados profissionais devem ser verificadasno mencionado Decreto nº 82.385/1978 .

10.9 Radialistas

A duração normal do trabalho do radialista é de:

a) 5 horas para os setores de autoria e de locução;

b) 6 horas para os setores de produção, interpretação, dublagem, tratamento e registros sonoros e visuais,montagem e arquivamento, transmissão de sons e imagens, revelação e copiagem de filmes, artes plásticas eanimação de desenhos e objetos e manutenção técnica;

c) 7 horas para os setores de cenografia e caracterização, deduzindo-se desse tempo 20 minutos para descanso,sempre que se verificar um esforço contínuo de mais de 3 horas;

d) 8 horas para os demais setores (Decreto nº 84.134/1979 , art. 20 ).

10.10 Músicos

Não pode exceder de 5 horas a duração normal do trabalho dos músicos, exceto nos estabelecimentos de diversõespúblicas, tais como cabarés, boates, dancings, taxi-dancings, salões de danças e congêneres, onde atuem dois ou maisconjuntos, situação em que a jornada poderá ser elevada a 6 horas. Excepcionalmente, nos casos de força maior oufestejos populares e serviço reclamado pelo interesse nacional a duração normal pode ser elevada a 7 horas (Lei nº3.857/1960 , arts. 41 e 42 ).

Os músicos profissionais classificam-se em: compositores de música erudita ou popular; regentes de orquestras sinfônicas,óperas, bailados, operetas, orquestras mistas, de salão, ciganas, jazz, jazz-sinfônico, conjuntos corais e bandas demúsicas; diretores de orquestras ou conjuntos populares; instrumentistas e cantores de todos os gêneros eespecialidades; professores particulares de música; diretores de cena lírica; arranjadores e orquestradores; copistas demúsica (Lei nº 3.857/1960 , art. 29 ).

O músico das empresas nacionais de navegação possui horário especial de trabalho, devendo participar, obrigatoriamente,de orquestra ou como solista: nas horas do almoço ou jantar; das 21 às 22 horas; e nas entradas e saídas dos portos,desde que esse trabalho seja executado depois das 7 e antes das 22 horas (Lei nº 3.857/1960 , art. 45 ).

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10.11 Médicos e auxiliares

A legislação que rege o trabalho dos mencionados profissionais (Lei nº 3.268/1957 e seu regulamento, aprovado peloDecreto nº 44.045/1958 ) não fixa uma jornada especial de trabalho a ser observada. Entretanto, a Lei nº 3.999/1961 ,que alterou o salário mínimo dos médicos e cirurgiões-dentistas, dispôs, em seus arts. 8º e 12:

"Art. 8º - A duração normal do trabalho, salvo acordo escrito que não fira de modo algum o disposto no artigo12, será:

a) para médicos, no mínimo de duas horas e no máximo de quatro horas diárias;

b) para os auxiliares será de quatro horas diárias.

(...)

§ 2º - Aos médicos e auxiliares que contratarem com mais de um empregador, é vedado o trabalho além deseis horas diárias.

§ 3º - Mediante acordo escrito, ou por motivo de força maior, poderá ser o horário normal acrescido de horassuplementares, em número não excedente de duas.

(...)."

"Art. 12 - Na hipótese do ajuste ou contrato de trabalho ser incluído à base-hora, o total da remuneração devidanão poderá perfazer quantia inferior a vinte e cinco (25) vezes o valor da soma das duas (2) primeiras horas,conforme o valor horário calculado para a respectiva localidade."

A Norma Regulamentadora 4 (NR 4 ), que dispõe acerca dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança eMedicina do Trabalho (SESMT) , estabeleceu, em seu subitem 4.9, que o médico do trabalho deverá dedicar, no mínimo, 3horas (tempo parcial) ou 6 horas (tempo integral) por dia para as atividades do SESMT.

Baseados nos citados dispositivos legais, parte da doutrina e da jurisprudência passaram a defender o entendimento deque a duração do trabalho dos médicos, salvo acordo escrito, observa o limite mínimo de 2 e máximo de 4 horas diárias e,se contratarem com mais de um empregador, fica vedado o trabalho além de 6 horas diárias. Defendem ainda que,mediante acordo escrito, ou por motivo de força maior, o horário de trabalho pode ser acrescido de horas suplementaresem número não excedente de 2.

Para os que defendem o entendimento em questão, há divergência apenas no que diz respeito à expressão "salvo acordoescrito". Alguns alegam que a jornada de 4 horas pode ser estendida até 6 horas já compreendidas as 2 horasextraordinárias. Outros entendem que o limite máximo é de 6 horas, podendo haver acréscimo de 2 horas extraordinárias,perfazendo, portanto, o máximo de 8 horas de trabalho.

Contrariamente à corrente de entendimento anteriormente mencionada, parte da doutrina e da jurisprudência(majoritária) defende a posição de que a Lei no 3.999/1961 regula tão-somente a remuneração mínima a ser observadapara o médico e não a sua jornada de trabalho. Dessa forma, a mencionada lei apenas estabelece a remuneração mínimaa ser observada para uma jornada de 4 horas de trabalho. Portanto, a jornada de trabalho a ser aplicada ao médico é aconstitucionalmente assegurada, ou seja, até 8 horas diárias e 44 semanais.

O Tribunal Superior de Trabalho (TST) consubstanciou o seu entendimento acerca do tema por meio da Súmula nº 370, aqual dispõe:

"370 - Médico e engenheiro. Jornada de trabalho. Leis nºs 3.999/1961 e 4.950/1966

Tendo em vista que as Leis nºs 3999/1961 e 4950/1966 não estipulam jornada reduzida, mas apenasestabelecem o salário mínimo da categoria para uma jornada de 4 horas para os médicos e 6 de horas para osengenheiros, não há que se falar em horas extras, salvo as excedentes à oitava, desde que seja respeitado osalário mínimo/horário das categorias."

Ante o exposto e considerando que não há dispositivo legal que fixe jornada especial de trabalho para os médicos, umavez que a Lei nº 3.999/1961 , em sua ementa, já esclarece a sua finalidade, qual seja, a de apenas alterar o saláriomínimo dos médicos e cirurgiões-dentistas, entendemos que os médicos se submetem à jornada de trabalhoconstitucionalmente estabelecida, isto é, até 8 horas diárias e 44 horas semanais, salvo estipulação de jornada reduzidapor meio do próprio contrato de trabalho ou do documento coletivo de trabalho da categoria profissional respectiva.

Apesar do posicionamento adotado pelo Conselho Técnico IOB, considerando as divergências apontadas acerca do assunto,

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o empregador deverá acautelar-se diante da ocorrência concreta da situação ora retratada, caso em que é aconselhável,por medida preventiva, consultar antecipadamente o Ministério do Trabalho e Emprego, bem como o sindicato darespectiva categoria profissional, e lembrar que caberá ao Poder Judiciário a decisão final da controvérsia, caso sejaproposta ação nesse sentido.

10.12 Técnicos em radiologia (operadores de raios X)

A jornada de trabalho do técnico em radiologia é de 24 horas semanais (Lei nº 7.394/1985 , art. 14 ).

Consideram-se técnicos em radiologia todos os operadores de raios X que, profissionalmente, executam as técnicas:radiológica, no setor de diagnóstico; radioterápica, no setor de terapia; radioisotópica, no setor de radioisótopos;industrial, no setor industrial e de medicina nuclear.

10.13 Engenheiros, químicos, arquitetos, agrônomos e veterinários

A Lei nº 4.950-A/1966 , que dispõe sobre o salário mínimo dos engenheiros, químicos, arquitetos, agrônomos eveterinários, classifica as atividades ou tarefas desempenhadas pelos mencionados profissionais em:

a) atividades ou tarefas com exigência de 6 horas diárias de serviços;

b) atividades ou tarefas com exigência de mais de 6 horas diárias de serviço.

Estabelece, ainda, a mencionada lei, que a jornada de trabalho é a fixada no contrato ou determinação legal vigente.

O Tribunal Superior de Trabalho (TST), por meio da Súmula nº 370, reproduzida no subitem 10.11, esclarece que a Lei nº4.950/1966 não estipula jornada reduzida, mas apenas estabelece o salário mínimo da categoria para uma jornada de 6horas para os engenheiros. Assim, não há que falar em horas extras, salvo as excedentes à oitava, desde que sejarespeitado o salário mínimo/horário da categoria.

10.14 Ascensoristas

É fixado em 6 o número de horas de trabalho diário dos cabineiros de elevador, sendo vedado a empregador e empregadoqualquer acordo para aumentar esse limite (Lei nº 3.270/1957 , art. 1º ).

10.15 Aeroviários

A duração normal do trabalho dos aeroviários não excederá a 8 horas diárias e 44 horas semanais. Contudo, o aeroviárioque trabalhar, habitual e permanentemente, na execução ou direção em serviço de pista, terá a jornada normal fixada em6 horas (Decreto nº 1.232/1962 , arts. 10 e 20 ).

10.16 Fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais

Tais profissionais ficam sujeitos à prestação máxima de 30 horas semanais de trabalho (Lei nº 8.856/1994 , art. 1º ).

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10.17 Processamento eletrônico de dados

Inexiste na legislação previsão de jornada reduzida aplicável aos trabalhadores que atuam na área de processamento dedados (digitadores, operadores de telemarketing etc.). Assim, tais profissionais se sujeitam à jornada de trabalho aplicávelaos trabalhadores em geral, ou seja, até 8 horas diárias e 44 horas semanais, salvo previsão mais benéfica constante dedocumento coletivo de trabalho da categoria profissional respectiva.

Vale ressaltar, entretanto, que nos termos da Norma Regulamentadora 17 (NR 17 ), subitem 17.6.4, alínea "c", nasatividades de processamento eletrônico de dados, o tempo efetivo de trabalho na entrada de dados no sistema deprocessamento eletrônico não deve exceder o limite máximo de 5 horas. Então, no restante da jornada, o trabalhadorpoderá exercer outras atividades, desde que inerentes à sua função e que não exijam movimentos repetitivos nem esforçovisual.

Com relação ao intervalo para descanso, a Justiça do Trabalho, por intermédio da Súmula TST nº 346 , reproduzida noitem 6, pacificou entendimento no sentido de aplicar de forma analógica o art. 72 da CLT ao digitador, equiparando-o aostrabalhadores nos serviços de mecanografia, o que consequentemente confere-lhe o direito ao intervalo de descanso de 10minutos a cada 90 minutos de trabalho consecutivo.

Lembramos que devem ser cumpridas as normas estabelecidas sobre segurança e saúde no trabalho, que visam à garantiade condições ideais no que diz respeito ao caráter ambiental, de organização do trabalho e de ergonomia.

Nesse sentido, deve ser observado o disposto na NR 17 , item 17.6.4, alínea "d", o qual estabelece que empresas quepossuem empregados em processamento eletrônico de dados e que atuem nas atividades de entrada de dados, devemobservar a pausa de, no mínimo, 10 minutos para cada 50 minutos trabalhados, não deduzidos da jornada normal detrabalho.

Deve-se observar ainda a necessidade de se verificar a eventual existência de disposições mais benéficas para osdigitadores no documento coletivo da respectiva categoria, especialmente no que diz respeito à jornada menor e/ouintervalos maiores para descanso. Essas cláusulas, se mais favoráveis ao trabalhador, sobrepõem-se às normas vigentes.

Ante todo o exposto, entendemos que além do período de descanso de, no mínimo, 1 hora destinado à alimentação ourepouso, previsto no art. 71, caput da CLT , período este não computado na jornada de trabalho, o digitador tem direitoaos repousos de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados, sendo que estes últimos devem ser somados à jornada.

Reproduzimos a seguir algumas decisões judiciais acerca do tema.

"Recurso de revista - Jornada reduzida - Digitador - O Tribunal Regional, ao dar provimento parcial ao recursoordinário interposto pela reclamante, para deferir-lhe, como extras, a ausência do intervalo de 10 minutos a cada 50trabalhados, com os devidos reflexos em verbas de natureza salarial e indenizatória, decidiu em conformidade com aSúmula 346 do TST. Recurso não conhecido." (TST - 3ª Turma - RR 24960/2002-902-02-00.0 - Rel. Min. Carlos AlbertoReis de Paula - DJU 11.11.2005)

"Recurso de revista - Digitador - Jornada de trabalho - No art. 227 da CLT , está prevista jornada reduzida para osoperadores que trabalhem em empresas cuja atividade esteja relacionada aos serviços de telefonia, telegrafia submarinaou subfluvial, de radiotelegrafia ou de radiotelefonia. No presente caso, a Reclamante era digitadora, não se enquadrandoem nenhuma dessas hipóteses. Ademais, o estabelecido no item 17.6.4, da NR-17, com a redação conferida pela Portarianº 3.751/90, constitui-se em determinação louvável de caráter administrativo, quanto a aspectos ergonômicos, para asempresas que possuem em seus quadros funcionários que exercem a atividade de processamento eletrônico de dados,mas não obriga o pagamento das horas extras em comento, à falta de previsão legal ou convencional. Recurso de revistaa que se nega provimento." (TST - 5ª Turma - RR 547.262/1999.9 - Rel. Min. Gelson de Azevedo - DJU 10.12.2004)

"Hora extra - Digitador - Intervalo não gozado - Remuneração com o adicional de 50% (cinquenta por cento) -Independentemente de expressa previsão legal, o desrespeito ao intervalo de 10 (dez) minutos a cada 90 (noventa) detrabalho consecutivo, aplicável aos digitadores, implica o pagamento do período, como se efetivamente trabalhado. Issoporque, diferentemente do que ocorre no caso do art. 71 da CLT , o trabalhador não possui direito somente ao intervalopropriamente dito, mas ao tempo de descanso e à sua respectiva remuneração. Desse modo, o desrespeito não acarretasomente falha administrativa, pois o Reclamado, além de não conceder o intervalo, não cumpriu a disposição legal deremunerar o período de descanso que deveria ter sido gozado. Recurso conhecido e provido." (TST - 3ª Turma - RR747.756/2001.7 - Relª. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi - DJU 17.09.2004)

"Horas extras - Jornada de digitador - Empregado que exerce as funções de digitador não faz jus à jornada detrabalho especial, sendo a sua jornada de oito horas. Vale esclarecer que o art. 227 da CLT não se aplica ao digitador,posto que este é específico para os empregados envolvidos em serviços de telefonia, telegrafia submarina ou subfluvial,de radiotelegrafia ou de radiotelefonia, que não possuem qualquer semelhança com o serviço de digitador. Assim sendo,

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por inexistir norma legal que estabeleça expressamente a vantagem da jornada reduzida de seis horas para o digitador,conclui-se que a sua jornada de trabalho é a prevista no inciso XIII do art. 7º da Constituição Federal de 1988 . Recursode revista parcialmente conhecido e desprovido." (TST - 4ª Turma - RR 542230 - Rel. Juiz Convocado José AntônioPancotti - DJU 23.04.2004)

"Recurso de revista - Digitador - Jornada de trabalho - As funções desempenhadas pelo digitador não seassemelham à elencada no art. 227 da CLT , não cabendo a aplicabilidade da referida norma, e a conseqüente redução dejornada, a beneficiar, analogicamente, o reclamante. A jornada assegurada ao digitador é a prevista no art. 7º, inc. XIIda Constituição da República. Recurso de revista conhecido e desprovido." (TST - 5ª Turma - RR 639550 - Rel. Min.Convocado Marcus Pina Mugnaini - DJU 21.03.2003)

"Embargos - Digitador - Jornada de trabalho - Inexiste norma legal estabelecendo jornada reduzida de seis horas aodigitador. O artigo 227 da CLT destina-se a empresas que exploram serviços de telefonia, telegrafia submarina ousubfluvial, radiotelegrafia ou radiotelefonia, atividades que não se identificam com o serviço de digitação. Embargos nãoconhecidos." (TST - SBDI 1 - ERR 932 - Relª Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi - DJU 07.02.2003)

"Digitadora - Jornada de trabalho - O entendimento desta Corte Superior do Trabalho é no sentido de não fazer juso trabalhador que exerce funções de digitador à jornada de 6 horas. Tratando-se de jornada especial, prevista paradeterminadas categorias de trabalhadores, considera este Tribunal que precisaria de norma contemplando os empregadosque não estão expressamente amparados pela ordem jurídica com regime diverso da generalidade dos trabalhadores.Sendo assim, aplica-se a regra contida no artigo 7º , XIII da Constituição Federal a esses trabalhadores. Revistaconhecida e provida." (TST - 3ª Turma - RR 596244 - Relª Min. Convocada Eneida Melo - DJU 22.11.2002)

Apesar do posicionamento adotado pelo Conselho Técnico IOB, o empregador deverá acautelar-se diante da ocorrênciaconcreta da situação ora retratada, caso em que é aconselhável, por medida preventiva, consultar antecipadamente oMinistério do Trabalho e Emprego, bem como o sindicato da respectiva categoria profissional, e lembrar que caberá aoPoder Judiciário a decisão final da controvérsia, caso seja proposta ação nesse sentido.

NotaA informação publicada neste item traz o entendimento do Conselho Técnico IOB, que leva em consideração osposicionamentos adotados pela doutrina e pela jurisprudência, quando for o caso.

( CF/1988 , art. 7º , XIII; CLT , art. 72 ; Portaria MTb nº 3.214/1978 ; Norma Regulamentadora (NR 17 , item 17.6.4,alíneas "c" e "d") e Súmula TST nº 346 )

10.18 Telemarketing/Teleatendimento

No exercício da sua atividade, o operador de telemarketing utiliza-se basicamente do aparelho telefônico. Daí a questãoque se impõe é saber se, em virtude disso, o operador seria equiparado a telefonista, situação que determinaria aaplicação da jornada de trabalho de 6 horas diárias e 36 horas semanais prevista no art. 227 da Consolidação das Leis doTrabalho (CLT) para essa categoria. A matéria é controvertida, havendo entendimentos doutrinários e jurisprudenciaisfavoráveis e contrários à mencionada equiparação.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio do Precedente Administrativo nº 73, aprovado pelo Ato DeclaratórioSIT nº 10/2009 , orienta a ação dos Auditores-Fiscais do Trabalho, conforme o disposto a seguir:

"Precedente Administrativo nº 73

Jornada. Telefonista. Telemarketing. Revisão do Precedente Administrativo nº 26.

Estende-se ao operador de telemarketing a proteção prevista no art. 227 da CLT . O tempo de efetivo labor emteleatendimento deve ser de, no máximo, 6 horas diárias. Essa exigência não prejudica a existência de jornadasde duração superior, nos termos da legislação, desde que o restante da jornada seja ocupado com outrastarefas e que se respeitem as pausas obrigatórias diárias previstas no Anexo II da NR-17 e o limite semanal de36 horas de teleatendimento/telemarketing.

Referência normativa: art. 227 da CLT e itens 5.3 e 5.3.1 do Anexo II da NR -17 da Portaria nº 09 , de30.03.2007."

Ressalte-se que a Portaria SIT/DSST nº 9/2007 , a qual aprovou o Anexo II da NR 17 , não estabeleceu expressamentejornada de trabalho especial para tais profissionais, disciplinando, no tocante à jornada, tão-somente os períodos de

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7 Horas

6 Horas

5 Horas

4 Horas

Jornadasespeciais

- Empregados sujeitos ahorários variáveis dasseções de técnica,telefones, revisão,expedição, entrega e balcãodas empresas que exploramserviços de telefonia,telegrafia submarina esubfluvial, radiotelegrafia eradiotelefonia

- Aeroviários (execução oudireção em serviço de pista)- Artistas (radiodifusão,fotografia, gravação, cinema,circo e variedades, dublagem)

- Jornalistas profissionais:- arquivista-pesquisador- diagramador- editor- ilustrador- noticiarista- radio-repórter

- Técnicoemradiologia(operadorde raio X)

- Artistas etécnicos emespetáculosde diversões -Teatro- Músicos dasempresasnacionais denavegação- Professores- Professoresde cursoslivres

- Músicos (no caso de forçamaior ou festejos popularese serviço reclamado pelointeresse nacional).

- Ascensoristas.- Bancários (inclusive porteiros,telefonistas de mesa, contínuose serventes).

- Repórter(cinematográfico,fotográfico e de setor)- Revisor (chefe derevisão)- Secretário

- Operadores em serviço detelefonia, telegrafiasubmarina e subfluvial,radiotelegrafia eradiotelefonia, sujeitos ahorários variáveis

- Empregados de empresas decrédito, financiamento ouinvestimento

- Subsecretário- Fisioterapeuta- Músicos:- arranjadores eorquestradores- cantores de todos osgêneros e especialidades

- Radialistas (setores decenografia e caracterização)

- Músicos de estabelecimentosde diversões públicas (cabarés,boates, dancings, taxis-dancings, salões de danças econgêneres), onde atuem doisou mais conjuntos

- Compositores de músicaerudita ou popular- Copistas de música- Diretores de cena lírica- Diretores de orquestrasou conjuntos populares

- Operadores cinematográficos eajudantes

- Instrumentistas detodos os gêneros eespecialidades

pausas remuneradas, RSR e período de trabalho efetivo em atividades de telemarketing e teleatendimento.

A mencionada Portaria estabelece que o tempo de trabalho em efetiva atividade de teleatendimento/telemarketing é de,no máximo, 6 horas diárias, nele incluídas as pausas, sem prejuízo da remuneração. A prorrogação do tempo previsto sóserá admissível nos termos da legislação, sem prejuízo das 2 pausas (10 minutos cada), respeitado o limite de 36 horassemanais de tempo efetivo em atividade de teleatendimento/telemarketing.

Para o cálculo do tempo efetivo em atividade de teleatendimento/telemarketing, devem ser computados os períodos emque o operador se encontra no posto de trabalho, os intervalos entre os ciclos laborais e os deslocamentos para solução dequestões relacionadas ao trabalho.

Dessa forma, constata-se que o operador de telemarketing tem jornada normal de trabalho, ou seja, até 8 horas diárias e44 horas semanais, salvo previsão mais vantajosa constante do documento coletivo de trabalho da sua categoriaprofissional. Entretanto, o tempo de trabalho em efetiva atividade de teleatendimento/telemarketing é de, no máximo, 6horas diárias.

Veja, se necessário, matéria completa acerca do tema em Produto Trabalhista/ Contratos especiais de trabalho/Operadores de teleatendimento/telemarketing .

QUADRO DEMONSTRATIVO DAS PROFISSÕES

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- Operadores em serviço detelefonia, telegrafia submarina esubfluvial, radiotelegrafia eradiotelefonia

- Professores particularesde música- Regentes de orquestrassinfônicas, óperas,bailados, operetas,orquestras mistas, desalão, ciganas,jazz-sinfônico, conjuntoscorais e bandas demúsicas

- Operadores telegrafistas doserviço ferroviário

- Radialistas (setores deautoria e locução)- Terapeuta ocupacional

- Radialistas (setores deprodução, interpretação,dublagem, tratamento eregistros sonoros e visuais,montagem e arquivamento,transmissão de sons e imagens,revelação e copiagem de filmes,artes plásticas e animação dedesenhos e objetos emanutenção técnica)

- Técnicos em espetáculos dediversões

- Telefonistas de mesa

- Trabalhadores em minas nosubsolo

11. Jornada de trabalho 12 x 36

A Constituição Federal/1988 estabelece em seu art. 7º, XIII, que a duração normal do trabalho não poderá ser superior a8 horas diárias e 44 semanais, entretanto permite a flexibilização de algumas normas de proteção ao trabalho, entre elas acompensação de horário, desde que haja negociação coletiva.

Observa-se que jornada de trabalho é a duração diária das atividades do empregado, ou seja, o lapso de tempo em que oempregado, por força do contrato de trabalho, fica à disposição do empregador, seja trabalhando efetivamente ouaguardando ordens. Durante esse período o trabalhador não pode dispor de seu tempo em proveito próprio.

O art. 58 da CLT estabelece que a duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, nãopoderá exceder de 8 horas diárias, desde que não seja expressamente fixado outro limite mais benéfico. Poderá,entretanto, haver um acréscimo de 2 horas à jornada diária de trabalho, a título de compensação ou prorrogação de horas.Tratando-se de horas extraordinárias, estas serão remuneradas com adicional de 50%, no mínimo, conforme disposto naCLT , art. 59 , combinado com a Constituição Federal/1988 , art. 7º , XVI.

Entre as jornadas de trabalho haverá um intervalo de 11 horas consecutivas, no mínimo, para repouso.

Nesse sentido, apesar da falta de previsão legal expressa autorizando a jornada de trabalho de 12 x 36, ou seja, 12 horasde trabalho por 36 horas de descanso, mas considerando a faculdade constitucionalmente assegurada às entidadessindicais de acordar a compensação da jornada de trabalho, algumas categorias profissionais e econômicas, por meio deconvenção e acordos coletivos de trabalho, vêm determinando a utilização da mencionada jornada por parte dos seusrepresentados.

Vale lembrar que, por meio do Precedente Administrativo nº 81, aprovado pelo Ato Declaratório SIT nº 10/2009 , ficouestabelecido que não obstante a limitação do art. 59, caput, da CLT , admite-se o regime de compensação 12 x 36,

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quando previsto em convenção coletiva e praticado em atividade que não exige esforço constante e intenso, devido àsvantagens que proporciona ao trabalhador: descanso de 36 horas entre as jornadas, menor número de deslocamentosresidência - trabalho - residência, duração do trabalho semanal inferior a 44 horas.

No âmbito jurisprudencial, o entendimento predominante é no sentido de considerar válida a referida jornada de trabalho(12 x 36), desde que haja documento coletivo de trabalho (convenção ou acordo) autorizando tal prática, conformedecisões judiciais a seguir reproduzidas.

"Recurso de embargos - Regime de compensação de horários 12 x 36 - Acordo tácito - Invalidade - A partir dapromulgação Constituição Federal de 1988 , consolidou-se a legalidade do regime de doze horas de trabalho por trinta eseis de descanso, desde que a avença seja celebrada por acordo ou convenção coletiva de trabalho. O artigo 59, caput,da CLT exige que o ajuste para o elastecimento da jornada normal de oito horas seja formalizado de forma escrita, o quenão ocorreu no caso dos autos, em que houve acordo tácito para a compensação de horários. Embargos não conhecidos."(TST - SBDI 1 - E-ED-RR 768.491/2001.1 - Rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga - DJU 08.09.2006)

"Recurso de revista - Horas extraordinárias - Regime de 12 x 36 - Previsão em norma coletiva - Legalidade - AConstituição República promulgada em 1988, prestigiou a representação sindical e seus instrumentos de atuação,reconhecendo em seu artigo 7º, XXVI, as convenções e acordos coletivos de trabalho, incentivando a tentativa denegociação coletiva no seu artigo 114, § 2º. Nesse intuito, o legislador constituinte ainda autorizou flexibilização denormas trabalhistas, por meio de instrumentos normativos, possibilitando no artigo 7º, XIII, a compensação horáriosmediante acordo ou convenção coletiva do trabalho, sem impor nenhuma restrição, dispositivo esse que não empolga aadmissibilidade da revista, porque dele não discrepa a decisão. Válida, portanto, é a compensação de horas nocumprimento de jornada 12 x 36, por força de ajuste coletivo, não havendo que se falar em horas extraordinárias pelolabor excedente à oitava hora diária. Recurso de revista não conhecido." (TST - 1ª Turma - RR 738803/2001.8 - Rel. Min.Vieira de Mello Filho - DJU 06.10.2006)

"Recurso de revista regime de 12 x 36 - Horas negociação coletiva - Validade - A parte final do inciso XIII do art. 7ºConstituição Federal permite que se negocie coletivamente jornada de trabalho de 12 horas por 36 de descanso, práticaesta, aliás, há muito encontrada na área da saúde. Por isso, quando o Eg. Regional nega validade ao ajuste coletivo queassim estabeleceu, perpetrou violação direta daquele preceito constitucional. Recurso de Revista conhecido e provido."(TST - 5ª Turma - RR 780.848/2001.0 - Rel. Juiz Convocado José Pedro de Camargo - DJU 25.08.2006)

"Horas extras - Jornada 12 x 36 estabelecida via negociação coletiva - Validade - I. Dessume-se do acórdãorecorrido que o Colegiado a quo, a despeito de noticiar a existência de acordo coletivo ajustando a adoção do regime 12 x36, reputou-o inválido, por acarretar extrapolação sistemática do limite de dez horas diárias fixado no art. 59 da CLT . II.O legislador constituinte, ao fixar jornada de 44 (quarenta e quatro) horas semanais de trabalho no art. 7º, XIII, do TextoConstitucional, ressalvou a possibilidade de negociação coletiva quanto à jornada, em observância ao contido no incisoXXVI do mesmo artigo. O sindicato, no uso da prerrogativa constitucional inscrita no art. 8º, inciso III, da Carta Política,atuando como legítimo representante da categoria na defesa de seus direitos e interesses, celebrou acordo, dentro de umcontexto de concessões mútuas, no pleno exercício de autonomia negocial coletiva, que não pode ser desconsiderada, sobpena de frustração da atuação sindical na tentativa de autocomposição dos interesses coletivos de trabalho. III. Aflexibilidade contida no Texto Constitucional autoriza que as partes disciplinem de modo diverso a jornada de trabalhosem que tal procedimento implique contraposição aos princípios básicos tutelares do Direito do Trabalho, visto que oelastecimento ou redução do período deverão ser equilibrados com determinados benefícios. IV. É imperiosa aconsideração de que a chancela sindical na celebração de um acordo coletivo pressupõe a negociação de condições emtroca de outros benefícios, ou até mesmo da própria preservação do emprego, criando situação global favorável a ambasas partes. Esta deve ser, em princípio, a essência inerente aos pactos coletivos de trabalho. V. A decisão regional, aodeixar de reconhecer validade ao ajuste coletivo que previu a adoção da jornada 12 x 36, violou o art. 7º, XXVI, da CartaPolítica. VI. Recurso provido." (TST - 4ª Turma - RR 209/2004-331-04-00.6 - Rel. Min. Barros Levenhagen - DJU23.06.2006)

"Recurso de revista - Regime de compensação - Jornada 12 x 36 - Norma coletiva - Validade - Provimento - É válidoo acordo de compensação de jornada para adoção do regime de 12 x 36 horas, mediante participação da entidadesindical, ainda que exceda a jornada limite de 10 (dez) horas de que trata o § 2º do artigo 59 da CLT , pois possibilita aoempregado, após uma jornada maior de trabalho, de doze horas, o descanso determinado, de trinta e seis horas, baseadona livre negociação havida entre as partes, salvo se prejudicial ao trabalhador, sendo indevido o pagamento do adicionalde horas extras para o trabalho realizado além da 10ª hora. Recurso de revista conhecido e provido." (TST - 6ª Turma -RR 32/2004-403-04-00.7 - Rel. Min. Aloysio Corrêa da Veiga - DJU 22.09.2006)

"Agravo de instrumento desprovimento - Regime de compensação 12 x 36 horas - Artigo 7º, XIII, da Constituiçãoda República - A adoção pela empresa do regime de 12 (doze) horas de trabalho por 36 (trinta e seis) de descanso,previsto em norma coletiva, não enseja o pagamento de horas extras, mas apenas do adicional referente à décimaprimeira e décima segunda horas trabalhadas. Precedente da c. SBDI-1. Agravo de Instrumento a que se negaprovimento." (TST - 3ª Turma - AIRR 1.246/2004-011-04-40.7 - Relª Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi - DJU01.06.2007)

"Recurso de revista - Regime de compensação 12 x 36 horas - Previsão em norma coletiva - Necessidade -Inexistindo expressa previsão em norma coletiva, como na hipótese, é inválido o regime de 12 (doze) horas de trabalhopor 36 (trinta e seis) de descanso, sendo devido o pagamento do adicional sobre as horas laboradas após a oitava diária.Precedente da c. SBDI-1. Recurso de Revista conhecido e provido." (TST - 3ª Turma - RR 1.487/2004-315-02-00.2 - Relª

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Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi - DJU 20.04.2007)

"Acordo de compensação jornada 12 x 36 horas - O regime de 12 x 36 horas de trabalho é válido, desde queprevisto em acordo ou convenção coletiva de trabalho (art. 7º , XIII, da Constituição Federal ), convertida na Súmula no85, II e observado o limite constitucional de 44 horas semanais. Na hipótese, o Regional deixa claro que não há acordopara compensação de jornada, e limita a condenação ao pagamento do adicional de horas extras excedentes da oitavadiária. Nesse contexto, o acórdão recorrido, ao não conhecer do recurso de revista sob o fundamento de que a decisão doRegional está em harmonia com a Súmula nº 85 do TST, não ofende os artigos 896 da CLT e 5º, II, da ConstituiçãoFederal. Recurso de embargos não conhecido." (TST - SBDI I - E-RR 533.357/99.5 - Rel. Juiz Convocado José AntonioPancotti - DJU 11.04.2006)

"Recurso de revista - Jornada de trabalho de 12 x 36 - Acordo de compensação - Validade - O art. 7º, inciso XIII, daConstituição da República permite a flexibilização da jornada de trabalho, sendo, portanto, válido o regime de trabalho de12 x 36 estabelecido em norma coletiva. Recurso de Revista de que se conhece e a que se dá provimento." (TST - 5ªTurma - RR 136.597/04.0 - Rel. Min. João Batista Brito Pereira - DJU 26.08.2005)

"Jornada de 12 x 36 horas - Artigo 7º , XIII, da Constituição Federal - Acordo tácito - Invalidade - Enunciado nº 85do TST - A jornada compensatória estabelecida pelo sistema de 12 (doze) horas de trabalho por 36 (trinta e seis) dedescanso tem validade quando a compensação estiver prevista em acordo coletivo ou individual escrito e não acarretarextrapolação do limite de 44 (quarenta e quatro) horas semanais de trabalho. Descumprido o primeiro requisito, poispactuada a compensação de forma tácita, é devido o adicional de 50 (cinqüenta por cento) sobre as horas excedentes daoitava diária, nos termos do Enunciado nº 85 do TST. Recurso de Revista conhecido e parcialmente provido." (TST - 3ªTurma - RR 739.025/2001.7 - Relª Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi - DJU 03.09.2004)

"[...] 3. Horas extras. Escala 12 x 36. A jornada de trabalho reconhecida na decisão guerreada é exatamente aquelaposta na inicial e confirmada pela agravante em depoimento pessoal. Assim, não havendo notícia de qualquer normacoletiva de trabalho que autorizasse a utilização do regime de 12 x 36, a condenação em horas extras encontra respaldona legislação vigente. De resto, no recurso de revista, a parte não indicou o preceito de Lei ou da Constituição oudissenso jurisprudencial. Agravo conhecido e desprovido." (TST - 3ª Turma - AIRR 1117 - Rel. Juiz Convocado CláudioCouce de Menezes - DJU 25.06.2004)

"Horas extras - Regime de escala de 12 x 36 - Acordo coletivo de trabalho - Prevendo acordo de compensação dehorário firmado em convenção coletiva jornada de trabalho de doze horas e descanso de trinta e seis horas, é impossíveldesconsiderá-lo, tendo em vista que convenções e acordos coletivos de trabalho são reconhecidos constitucionalmente,pelo art. 7º, inciso XXVI [...]" (TST - 1ª Turma - RR 361.842/97.8 - Rel. Min. Ronaldo Leal - J. 16.08.2000)

"Acordo de compensação de horário - Sistema de 12 x 36 horas - Inexistência - Não se considera válida aprorrogação de jornada no sistema de revezamento 12 horas de trabalho por 36 de descanso quando inexiste acordoentre as partes. Revista conhecida e parcialmente provida." (TST - 2ª Turma - RR 353624 - Rel. Min. José Luciano deCastilho Pereira - DJU 24.03.2000)

Nota-se ainda a aceitação da jornada de trabalho 12 x 36 pelos nossos Tribunais, ao se verificar que estes passaram aconsolidar entendimentos sobre situações específicas, a exemplo do disposto na Orientação Jurisprudencial SDI-I nº 388 ,que dispõe sobre os reflexos da execução da mencionada jornada no período noturno. De acordo com esta OJ, oempregado submetido à jornada 12 x 36, que compreenda a totalidade do período noturno, tem direito ao adicionalnoturno relativo às horas trabalhadas após as 5 horas da manhã.

Ante o exposto, apesar da falta de previsão legal expressa acerca do assunto, mas considerando a possibilidadeconstitucionalmente assegurada de flexibilização de algumas normas de proteção do trabalho por meio de negociaçãocoletiva, entendemos, salvo melhor juízo, que a jornada de trabalho de 12 x 36 tem validade, quando a compensaçãoestiver prevista em documento coletivo de trabalho.

Não obstante o posicionamento adotado, ressaltamos que há quem entenda que a possibilidade de compensação dehorário, por meio de acordo ou convenção coletiva, não autoriza a instituição de jornada de trabalho superior a 10 horasdiárias, devendo o período excedente a esse limite ser remunerado como hora extraordinária.

Apesar do posicionamento adotado pelo Conselho Técnico IOB, o empregador deverá acautelar-se diante da ocorrênciaconcreta da situação ora retratada, caso em que é aconselhável, por medida preventiva, consultar antecipadamente oMinistério do Trabalho e Emprego, bom como o sindicato da respectiva categoria profissional, e lembrar que caberá aoPoder Judiciário a decisão final da controvérsia, caso seja proposta ação nesse sentido.

12. Controle da jornada de trabalho

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O documento de controle de jornada de trabalho determina direitos e deveres para a empresa e os empregados, refletindoo cumprimento da jornada normal e das horas extraordinárias, se for o caso, por este último. Por essa razão, não deveráconter emendas, rasuras, borrões ou qualquer outro elemento que coloque em dúvida a sua autenticidade.

12.1 Obrigatoriedade

12.1.1 Estabelecimento com até 10 trabalhadores

Para os estabelecimentos que contarem com mais de 10 trabalhadores, é obrigatória a marcação da hora de entrada esaída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho eEmprego (MTE), devendo haver a pré-assinalação do período de repouso.

Notas(1) Sobre o registro eletrônico do ponto, veja item 13 deste procedimento.(2) A Súmula nº 338 do TST estabelece:"Jornada de trabalho. Registro. Ônus da prova.I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez) empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art.74, § 2º, da CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de frequência gera presunção relativa de veracidade dajornada de trabalho, a qual pode ser elidida por prova em contrário.II - A presunção de veracidade da jornada de trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida porprova em contrário.III - Os cartões de ponto que demonstram horários de entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova,invertendo-se o ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador, prevalecendo a jornada da inicialse dele não se desincumbir."

A marcação de ponto será observada por estabelecimento, e não por empresa, portanto, se uma empresa com váriosestabelecimentos contar, no total, com mais de 10 empregados, desde que nenhum deles isoladamente conte com aquelenúmero de trabalhadores, não estará obrigada a exigir dos seus empregados a marcação de ponto.

Não há, portanto, obrigatoriedade de um estabelecimento com até 10 empregados observar a marcação da hora deentrada e saída deles. Contudo, caso queira, poderá o empregador, muito embora não esteja obrigado, instituir amarcação do ponto, a fim de fazer prova da jornada efetuada por seus empregados em eventual questionamento judicial.

Contudo, vale destacar que, por meio do Precedente Administrativo nº 42, aprovado pelo Ato Declaratório Defit nº 4/2002, ficou estabelecido que os empregadores não sujeitos à obrigação legal de manter sistema de controle de jornada de seusempregados, mas que deles se utilizam de forma irregular, não são passíveis de autuação, uma vez ser impossível infringirnorma que não se está obrigado a cumprir. No entanto, caso o Auditor-Fiscal do Trabalho tenha acesso a tal controle,poderá dele extrair elementos de convicção para autuação por outras infrações, que não a de manter sistema de controlede jornada.

12.1.2 Microempresa e empresa de pequeno porte - Exceção

As microempresas e as empresas de pequeno porte não estão obrigadas a observar, entre outras, as disposições da CLT ,art. 74 , pois dispõem de tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido, conforme disposto no Estatuto daMicroempresa e das Empresas de Pequeno Porte.

Assim, mesmo tendo mais de 10 empregados, as microempresas e empresas de pequeno porte não estão obrigadas àefetivação da marcação da jornada de trabalho, embora, caso queiram, possam fazê-lo.

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12.2 Formas de controle

A maneira pela qual a jornada de trabalho será anotada dependerá exclusivamente do empregador, que poderá optar pelamarcação manual (folha ou livro de ponto), mecânica (cartão de ponto, o qual é marcado mecanicamente no relógio deponto) ou eletrônica (marcação computadorizada) e poderá, ainda, fixar um tipo de marcação para um setor da empresa eoutro para outro setor. Por exemplo: estabelecer para os setores de produção a marcação por meio mecânico (relógio deponto) e para os setores administrativos a marcação manual (folhas de ponto).

A qualquer momento, o empregador poderá mudar a forma de marcação do ponto, independentemente da anuência dotrabalhador, sem que tal fato caracterize alteração das condições de trabalho.

NotaSobre o registro eletrônico de ponto, veja item 13 deste procedimento.

12.3 Documento de controle da jornada - Elementos

Inexiste um modelo oficial de documento de controle de jornada de trabalho, bem como qualquer dispositivo legal quediscipline quais os elementos que esse controle deve conter. Entretanto, considerando que tal documento deve espelhar ajornada individualizada de cada trabalhador, é conveniente que contenha, no mínimo, os seguintes elementos:

a) identificação do empregador: razão social ou nome do empregador, Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ),Código de Atividade Econômica (CNAE) e endereço;

b) identificação do empregado: nome, função, número e série da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) enúmero de ordem no livro ou ficha de registro de empregado;

c) horário de trabalho do empregado, com indicação dos intervalos para repouso ou alimentação, bem como para osrepousos semanais remunerados;

d) espaços para as anotações da hora de entrada e saída na jornada diária, para assinatura do empregado e pararegistros das ocorrências que interessarem.

Muito embora inexista obrigatoriedade legal, é conveniente que a marcação no documento de controle de jornada sejaprocedida pelo próprio trabalhador. Entretanto, existem algumas decisões judiciais que consideram válidas as anotaçõesefetuadas por apontador (veja subitem 12.6 adiante).

12.3.1 Intervalo de repouso ou alimentação - Assinalação

No documento de controle de jornada deve haver a pré-assinalação do período de repouso ou alimentação. Portanto, nãohá necessidade de fazer a marcação do horário de intervalo para alimentação ou repouso, bastando que o empregadorproceda à anotação prévia do aludido intervalo na parte superior do anverso do documento de controle da jornada.

12.4 Multiplicidade de documentos de controle de ponto

A legislação não estabelece que se deva ter um só documento de controle de ponto, o que leva a concluir que poderáhaver, em um mesmo período, mais de um registro de ponto para o mesmo empregado. Assim, pode ocorrer que algumasempresas adotem dois cartões, um para jornada normal e outro para horas extraordinárias, porém, esse procedimento nãoé pacificamente aceito pela doutrina nem pela jurisprudência.

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12.5 Período de abrangência do documento de controle da jornada

O cartão, a ficha, o livro ou o controle eletrônico da jornada poderá abranger um só mês civil, como poderá conterperíodos de 2 meses. Por exemplo: a empresa poderá adotar o controle de jornada em um só documento, o qual abranja operíodo do dia 15 de um mês ao dia 14 do mês seguinte.

A data do fechamento do documento de controle de jornada observará as necessidades de cada empregador, porém, se aempresa, como no exemplo anterior, fechar o cartão de ponto no dia 14 do mês, deverá pagar o salário correspondente aomês integral, o que vale dizer que, se ocorrer falta injustificada do empregado após o dia de fechamento do documento decontrole de jornada, o salário do mês correspondente será pago integralmente e, no mês subsequente, aquela faltaocorrida poderá ser descontada da remuneração.

12.6 Assinatura do empregado - Exigência

Não há previsão legal quanto à necessidade de aposição da assinatura do empregado no documento de controle de ponto,ficando, portanto, essa formalidade na dependência do empregador, o qual poderá determiná-la por meio do RegulamentoInterno da Empresa, se houver, ou do próprio contrato de trabalho.

Muito embora não haja a exigência legal quanto a assinatura do trabalhador no documento de controle de jornada, éaconselhável que o empregador, no final do mês ou do período de apuração da jornada, a colha como medida de cautela.Tratando-se de controle eletrônico da jornada, é conveniente que se proceda à formalização do espelho de ponto, no qualdeverá ser aposta a assinatura do trabalhador.

NotaVeja maiores detalhes sobre o assunto no item 3 deste procedimento.

12.7 Trabalho externo

Se o trabalho for executado integralmente fora do estabelecimento, a marcação da jornada será efetuada em ficha oupapeleta de serviço externo, que ficará em poder do empregado.

Contudo, pode ocorrer de um trabalhador exercer suas funções interna e externamente e, em determinados dias, nãoestar presente na empresa no horário em que deveria proceder à marcação no seu controle de jornada. Nesse caso, poranalogia ao disposto na CLT , art. 74 , § 3º, entende-se que o trabalhador deverá utilizar, além do documento de controlede jornada normalmente observado, a papeleta de serviço externo, na qual serão feitas as anotações de entrada e saídaquando o trabalhador não se encontrar na empresa nos horários correspondentes. Nessa hipótese, o trabalhador terá 2controles de jornada.

12.8 Minutos que sucedem e antecedem a jornada normal

Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário no registro de ponto nãoexcedentes de 5 minutos, observado o limite máximo de 10 minutos diários ( CLT , art. 58 , § 1º).

Nesse sentido ainda, inclusive, os seguintes entendimentos do TST:

- Súmula TST nº 366 :

"Cartão de ponto. Registro. Horas extras. Minutos que antecedem e sucedem a jornada de trabalho.

Não serão descontadas nem computadas como jornada extraordinária as variações de horário do registro de

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ponto não excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez minutos diários. Se ultrapassadoesse limite, será considerada como extra a totalidade do tempo que exceder a jornada normal.

- Orientação Jurisprudencial SDI-I nº 372 :

"Minutos que antecedem e sucedem a jornada de trabalho. Lei nº 10.243 , de 27.06.2001. Norma coletiva.Flexibilização. Impossibilidade.

A partir da vigência da Lei nº 10.243 , de 27.06.2001, que acrescentou o § 1º ao art. 58 da CLT , não maisprevalece cláusula prevista em convenção ou acordo coletivo que elastece o limite de 5 minutos que antecedeme sucedem a jornada de trabalho para fins de apuração das horas extras."

12.9 Sistemas alternativos de controle da jornada de trabalho

O Ministro do Trabalho e Emprego, considerando a possibilidade de empregadores e empregados, em comum acordo,adotarem controle simplificado da jornada de trabalho que seja mais adequado à realidade do local de trabalho, baixou aPortaria MTE nº 373/2011 , que permite a adoção de sistemas alternativos de controle da jornada de trabalho, desde queautorizados por convenção ou acordo coletivo de trabalho.

Observar que o Precedente Administrativo nº 23, aprovado pelo Ato Declaratório Defit nº 4/2002 reforça que os sistemasalternativos de controle de jornada só podem ser utilizados quando autorizados por convenção ou acordo coletivo.

NotaA adoção facultativa dos mencionados sistemas em formato eletrônico somente poderá ser autorizada por meio de acordocoletivo de trabalho. Veja mais detalhes sobre essa modalidade de controle no subitem 12.9.1.

O sistema alternativo de controle da jornada de trabalho implica a presunção de cumprimento integral, pelo empregado,da jornada de trabalho contratual, convencionada ou acordada vigente no estabelecimento.

Adotado o sistema alternativo de controle do horário, deverão ser disponibilizadas informações ao empregado, até omomento do pagamento da remuneração referente ao período em que está sendo aferida a frequência, sobre qualquerocorrência que ocasione alteração de sua remuneração em virtude da adoção do sistema em questão.

(Portaria MTE n° 373/2011 , arts. 1º e 2º )

12.9.1 Sistemas alternativos eletrônicos

Os sistemas alternativos eletrônicos de controle da jornada de trabalho não devem admitir:

a) restrições à marcação do ponto;

b) marcação automática do ponto;

c) exigência de autorização prévia para marcação de sobrejornada; e

d) a alteração ou eliminação dos dados registrados pelo empregado.

Para fins de fiscalização, os sistemas alternativos eletrônicos deverão:

a) estar disponíveis no local de trabalho;

b) permitir a identificação de empregador e empregado; e

c) possibilitar, através da central de dados, a extração eletrônica e impressa do registro fiel das marcações realizadaspelo empregado.

(Portaria MTE n° 373/2011 , arts. 2º e 3º )

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12.10 Dispensa do uso de quadro de horário

A empresa que adotar registros manuais, mecânicos ou eletrônicos individualizados de controle de horário de trabalho, quecontenham a hora de entrada e saída, bem como a pré-assinalação do período destinado a repouso ou alimentação, ficadispensada do uso de quadro de horário.

12.11 Jurisprudência

12.11.1 Cartão de ponto - Assinatura do empregado - Desnecessidade

"Cartões de ponto. Necessidade de assinatura. A lei não exige como requisito para a validade do ato jurídico que oscartões de ponto estejam assinados. Determina a lei que a empresa tenha controle de ponto, se tiver mais de dezempregados." (TRT 2ª Região - 3ª Turma - RO 20010201593 - Rel. Juiz Sergio Pinto Martins - DO SP 05.02.2002)

12.11.2 Cartão de ponto - Assinatura - Ausência - Validade

"Cartão de ponto. Assinatura. A lei não exige que o cartão de ponto seja assinado para ter validade. Logo, é válido,mesmo não tendo assinatura, se não descaracterizado por outro meio de prova." (TRT 2ª Região - 2ª Turma - RO01144200107702007 - Rel. Juiz Sérgio Pinto Martins - DJ SP 11.01.2005)

12.11.3 Cartão de ponto - Ausência de assinatura - Valor probante - Exegese - Horas extras - Minutos queantecedem e sucedem a jornada regulamentar - Regra coletiva - Não-configuração

"Recurso de Revista. Cartão de ponto. Ausência de assinatura do empregado. Necessidade de comprovação peloempregado da jornada declinada na inicial. Recurso provido. Ainda que o Regional considere que o cartão de ponto não sepresta a comprovar a jornada, tendo em vista a falta de assinatura do Reclamante, há de se considerar a necessidade deque o Autor comprove as suas alegações de que trabalhava em horário extraordinário, de acordo com o disposto no art.818 da CLT , não havendo de se falar em presunção de veracidade da jornada declinada na inicial unicamente por conta daausência de assinatura do Reclamante nos cartões de ponto efetivamente trazidos aos autos. Horas extras - Minutosgastos com a troca de uniforme - Previsão em convenção coletiva. Validade. Há de se determinar que sejam excluídas dacondenação as horas extras relativas aos minutos excedentes destinados à troca de uniforme e preparação para otrabalho, até o limite de dez minutos diários, conforme estabelecido nas Convenções Coletivas, tendo em vista que inexistequalquer vedação à possibilidade de se estabelecer, de forma legítima, por meio de norma coletiva, prazos específicosdestinados ao desempenho das referidas atividades, atendendo-se às condições específicas de cada Empresa, medianteexpressa concordância das partes envolvidas. Recurso conhecido e provido." (TST - 1ª Turma - RR 792.381/01.5-12ª R -Rel. Juíza Convocada Maria de Assis Calsing - DJU 04.06.2004)

12.11.4 Jornada de trabalho - Minutos que antecedem ou sucedem o horário contratual - Enquadramento -Desconsideração

"Recurso de Revista. Minutos que antecedem e sucedem à jornada laboral. Registros nos cartões de ponto.Provimento. Consoante entendimento jurisprudencial dominante nesta Corte Superior não é devido o pagamento de horasextraordinárias relativamente aos dias em que o excesso de jornada não ultrapassa de cinco minutos antes e/ou após aduração normal do trabalho, sendo que ultrapassado o referido limite, como sobrelabor será considerado a totalidade dotempo excedente (Tema 23 da Orientação Jurisprudencial da SBDI-1). Atualmente, tal entendimento encontra-se

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consagrado em texto de lei, consoante se depreende o § 1º do art. 58 consolidado, acrescentado pela Lei nº 10.243/01 .Recurso de Revista conhecido e provido, no particular." (TST - 1ª Turma - RR 495.291/98.7 - Rel. Juiz ConvocadoGuilherme Bastos - DJU 22.08.2003)

12.11.5 Justa causa - Abandono de emprego - Ausência do último cartão de ponto - Descaracterização -Dispensa imotivada - Ocorrência

"Justa causa. Abandono. Ônus de prova. Omissão na juntada do último cartão de ponto. Dispensa imotivada que sepresume. Não é razoável que o empregado, que precisa do trabalho para sobreviver, abandone o emprego, pondo-se emcondição de indigência. Daí porque, qualquer alegação nesse sentido deve sempre ser vista com reservas. Para acaracterização do abandono, necessário é que estejam presentes, concomitantemente, o elemento objetivo, das ausênciasinjustificadas e consecutivas ao serviço, durante período que a jurisprudência fixou em 30 dias, e o elemento subjetivo, ouseja, a manifesta intenção do empregado de não mais querer retornar ao emprego. In casu, o ônus de prova era daempresa (art. 333 , II, CPC ; art. 818 , CLT ) e esta não produziu qualquer evidência, seja da intenção (animusdereliquendi) seja do fato (abandono). O reclamante tinha a presença controlada, e a reclamada juntou apenas algunscartões, omitindo justamente os derradeiros, que poderiam provar a ausência continuada por trinta dias. Assumiu,portanto, o risco da presunção que dimana dessa deliberada omissão. Recurso provido para afastar a justa causa." (TRT 2ªRegião - 3ª Turma - RO 37137200290202005 - Rel. Juiz Artur Costa E. Trigueiros - DJ SP 04.11.2003, pág. 43)

12.11.6 Cartão de ponto - Controle magnético - Assinatura do empregado - Inexigibilidade

"Recurso Ordinário - Horas extras. Não se há de exigir assinatura do empregado em cartão magnético de controle dehorário." (TRT 3ª Região - 1ª Turma - RO 648.97 - Rel. Juiz Fernando Procópio de Lima Netto - DJ MG 24.10.1997)

12.11.7 Horas extras - Cargo de confiança e atividade externa - Não-caracterização - Ausência de cartão deponto - Pagamento devido

"Horas extras. Controle de horário. Apenas os empregados mencionados no art. 62 da CLT não sofrem controle dehorário, porque não têm horário a cumprir. Os demais empregados sofrem o controle, formal ou informal, por isso deveser considerada tentativa de fraude a atitude do empregador que libera seus empregados da marcação do ponto, paradepois, nas lides envolvendo horas extras, invocar essa circunstância em seu favor, transferindo para o empregado o ônusde provar por testemunha aquilo que por lei deveria estar no papel. O juiz deve considerar essa circunstância contra oempregador, de acordo com o espírito protetor das leis trabalhistas." (TRT 2ª Região - 9ª Turma - RO20536200290202007 - Rel. Juiz Luiz Edgar Ferraz de Oliveira -DO SP 23.08.2002)

12.11.8 Cartão de ponto - Assinatura de empregado - Substituição por impressão digital - Licitude

"Lícita é a substituição da assinatura em cartões de ponto, assim como em outros documentos atinentes ao contratode trabalho, pelas impressões digitais do empregado." (TRT 2ª Região - 1ª Turma - RO 02950454334 - Rel. Juiz Braz JoséMollica - DJ SP II 04.06.1997)

13. Registro eletrônico de ponto e Sistema de Registro Eletrônico de Ponto (SREP)

Este assunto foi tratado no procedimento Registro eletrônico de ponto e Sistema de Registro Eletrônico de Ponto (SREP) ,que poderá ser encontrado em nossa Estrutura de Conteúdo Trabalhista em Jornada de trabalho.

14. Motorista de caminhão - Jornada de trabalho

A jornada de trabalho do empregado motorista é a constitucionalmente prevista, para os trabalhadores em geral, ou seja,

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com duração normal não superior a 8 horas diárias e 44 semanais, facultada a compensação de horários e a redução dajornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.

14.1 Atividade externa incompatível com o controle da jornada

Conforme a CLT , art. 62 , inciso I, os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horáriode trabalho não são abrangidos pelo regime previsto no Capítulo II do Título II desse mesmo diploma legal, o qualdisciplina a "Duração do Trabalho".

Assim, empregados contratados como motoristas, que realizam longas viagens, vendedores, pracistas e outrostrabalhadores para os quais, em razão da natureza das atividades exercidas, não seja possível a fixação de uma jornadade trabalho, poderão estar desobrigados de cumprir uma determinada jornada e, por conseguinte, de proceder à marcaçãoda hora de entrada e saída no trabalho se a empresa, no momento da contratação, expressamente estabeleceu estacondição (não subordinação a horário), tendo feito tal anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e noregistro do empregado.

Caso contrário, ou seja, ainda que o empregado preste serviço integralmente fora do estabelecimento, mas, no momentoda contratação, tenha sido estabelecida uma jornada a ser observada ou obrigatoriedade do seu comparecimento diário aempresa, ele deverá marcar a sua jornada por meio de ficha ou papeleta de serviço externo, que ficará em seu poder.

14.2 Uso do tacógrafo ou Redac

Tacógrafo é um registrador instantâneo e inalterável de velocidade, tempo e distância, que grava as informações emdiscos diagrama.

Registrador Eletrônico de Dados Automotivos (Redac), por seu turno, é um sistema avançado de coleta e análise dasinformações originárias da utilização dos veículos em relação ao condutor e aos meios de operação.

O Código de Trânsito Brasileiro , art. 105 , inciso II, instituído pela Lei nº 9.503/1997 , dispõe que os veículos detransporte e de condução escolar, os de transporte de passageiros com mais de 10 lugares e os de carga com peso brutototal superior a 4.536 quilogramas devem utilizar, obrigatoriamente, entre outros, registrador instantâneo inalterável develocidade e tempo.

Alegando existir possibilidade de controle da jornada de trabalho por meio do tacógrafo ou equipamento equivalente,muitos motoristas ajuizaram ações na Justiça do Trabalho requerendo o pagamento de horas extras. Muitas dessas ações,todavia, conforme decisões expostas adiante, não obtiveram sucesso, sob a fundamentação de que o tacógrafo, por si só,não permite que se apure o tempo efetivamente dedicado às atividades empresariais, sendo necessária a existência deoutros elementos caracterizadores do controle da jornada, a fim de concluir pelo direito pleiteado.

"Serviço externo - Ausência de controle de jornada - Motorista - Veículo equipado com tacógrafo - Tendo em vista afinalidade do equipamento denominado tacógrafo e a natureza das informações que registra, não se pode considerar queo fato de o veículo possuir o dispositivo seja motivo para que, por si só, se considere que o motorista possui jornadacontrolada. Além disso, o instrumento não permite que se apure o tempo efetivamente dedicado às atividadesempresariais. Interpretação que se dá aos termos do artigo 62, inciso I, da CLT. Recurso de Revista não conhecido, jáque a decisão recorrida alinha-se ao entendimento consagrado no Precedente no 332 da Orientação Jurisprudencial daSBDI1. Inteligência do § 4º do art. 896 da CLT . Revista não conhecida." (TST - 4ª Turma - RR 804.974/2001.0 - RelªJuíza Convocada Maria de Assis Calsing - DJU 12.08.2005)

"Horas extras motorista - Entregador controle de jornada uso dos aparelhos Redac e Tacógrafo - o TST - Tementendimento pacificado no sentido de que aparelhos como o tacógrafo e o Redac, por si sós, não servem ao controle dajornada de trabalho realizada externamente, sendo necessário que outros elementos sejam sopesados, a fim de concluirpela existência de controle da jornada de trabalho pelo empregador (Orientação Jurisprudencial no 332 da SBDI-1, emrelação ao tacógrafo, e precedentes da SBDI-1 e de Turmas, no concernente ao Redac). In casu, o Regional referiu afragilidade da prova da sobrejornada, calcada exclusivamente nos referidos instrumentos, o que afasta o direito às horasextras pleiteadas. Recurso de revista parcialmente conhecido e provido." (TST - 4ª Turma - RR 790.207/2001.2 - Rel.Min. Ives Gandra Martins Filho - DJU 05.08.2005)

"Horas extras - Motorista - Controle de jornada por meio de tacógrafo - impossibilidade - A decisão regionalencontra-se em harmonia com a OJ nº 332/SDI, segundo a qual, o tacógrafo, por si só, sem a existência de outros

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elementos, não serve para controlar a jornada de trabalho de empregado que exerce atividade externa. Recurso deRevista não conhecido." (TST - 2ª Turma - RR 01710/2000-003-18-00.6 - Rel. Juiz Convocado Josenildo dos SantosCarvalho - DJU 03.06.2005)

O posicionamento majoritário e contínuo dos tribunais no mesmo sentido resultou, inclusive, na elaboração da OrientaçãoJurisprudencial SDI-I nº 332 da :

"Motorista. Horas extras. Atividade externa. Controle de jornada por tacógrafo. Resolução nº 816/86 doContran.

O tacógrafo, por si só, sem a existência de outros elementos, não serve para controlar a jornada de trabalho deempregado que exerce atividade externa."

14.3 Efetivo controle da jornada pela empresa

Quando o empregado estiver sujeito ao controle da jornada de trabalho, fará jus às horas extras que excederem a 8ªdiária, conforme julgados adiante.

"Horas extras - Motorista de caminhão - Tacógrafo - Dispondo a empresa de condições para controlar o efetivohorário de trabalho do motorista de caminhão, que realiza trabalho externo, mediante disco de tacógrafo, rotaspré-determinadas, previsão inicial de chegada ao destino e relatórios de viagens, tornam-se-lhe devidas horas extras, nãose aplicando ao caso o art. 62 , I, da CLT ." (TRT 3ª Região - 3ª Turma - RO 9.677/99 - Relª Juíza Maria Cecilia AlvesPinto - DJU 08.02.2000)

"Hora extra - Jornada de trabalho - Trabalho externo - Horas extras - Trabalho externo - O fato de o empregado,motorista de caminhão, laborar externamente não é suficiente para eximir o empregador do pagamento de horas extras,ante a possibilidade de controle de horário decorrente das rotas preestabelecidas e horários predeterminados de entregadas mercadorias. recurso provido." (TRT 1ª Região - 9ª Turma - RO 02489-97 - Rel. Juiz Ideraldo Cosme de BarrosGonçalves - DO RJ 12.04.1999)

"Horas extras - Controle de horário - Ajudante de motorista - Havendo fixação de jornada no contrato de trabalho eregistro de empregado, afasta-se exceção prevista no art. 62 , I da CLT , mormente porque a empresa reconheceu quecontrolava o horário de saída e retorno do caminhão. Faz jus o reclamante às horas extras que excederam a 8ª diária apartir de anotações em tais registros." (TRT 10ª Região - 1ª Turma - RO 0857/99 - Rel. Juiz José Claudino RamosSobrinho - DJU 02.07.1999)

"Exceção do artigo 62, inciso I da CLT - Ajudante de motorista - Controle horário - Emergindo do conjuntoprobatório a condição de ajudante, subordinado ao motorista do caminhão de entregas com itinerário predeterminado,incabível a aplicação do artigo 62, inciso I da CLT - A incompatibilidade de que trata o sobredito artigo há de sermanifesta, onde a natureza do serviço do empregado seja incompatível com a possibilidade de controle horário por partedo empregador. Dessarte, ao ajudante de entregas, subordinado ao motorista e que comparecia ao estabelecimentoempresário no início e término da jornada laboral, agravado pela ausência de anotação da condição de trabalho em suaCTPS e registro de empregado, inaplicável a exceção do artigo epigrafado, fazendo jus às horas extras laboradas e seusconsectários legais." (TRT 3ª Região - 2ª Turma - RO 18016/97 - Relª Juíza Maria Auxiliadora Machado Lima - DJ MG24.07.1998)

14.4 Pernoite no veículo

Entre as dúvidas mais comuns verificadas no setor de pessoal de uma empresa que possui empregados motoristas decaminhão destaca-se a que diz respeito ao tratamento a ser dado ao período de pernoite de tais trabalhadores quandosujeitos ao controle de jornada de trabalho e que dormem na boléia do respectivo veículo. Esse período deve serconsiderado como destinado ao repouso entre jornadas ou pelo fato de o trabalhador também utilizar o veículo doempregador para dormir estaria caracterizado o tempo à disposição da empresa?

A solução da questão dependerá da análise de todas as nuanças constatadas na situação de fato. Assim, vejamos.

A CLT , art. 244 , § 2º, determina ser considerado de sobreaviso (tempo à disposição do empregador) o período em que oempregado permanece em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço e, ainda, que as

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horas de sobreaviso devem ser remuneradas à razão de 1/3 do valor do salário/hora normal. Embora o mencionado artigoseja aplicado aos trabalhadores do serviço ferroviário, é pacífico o entendimento tanto doutrinário como jurisprudencial deque o regime de sobreaviso pode ser estendido, por analogia, a outros empregados que permaneçam fora do local deatividade do empregador na expectativa de serem chamados ao serviço em horas destinadas ao descanso e lazer.

O Tribunal Superior do Trabalho, por meio da Súmula TST nº 428 determinou que o uso de aparelho de intercomunicação,a exemplo de BIP, pager ou aparelho celular, pelo empregado, por si só, não caracteriza o regime de sobreaviso, uma vezque o empregado não permanece em sua residência aguardando, a qualquer momento, convocação para o serviço.

Verifica-se atualmente, especialmente nas atividades de transporte de cargas para exportação por via marítima, que,muitas vezes, por deficiências dos portos, as quais ocasionam atrasos no recebimento das cargas, os motoristas se vêemobrigados a permanecer em seus caminhões em horários destinados ao descanso, sob pena de abandonar a cargatransportada, a qual ficaria exposta a perigos de perda, furtos etc. Nesta situação entendemos ser incontestável que oempregado, ainda que não tenha recebido ordem direta para permanecer no caminhão no horário destinado ao repouso, ofaz visando preservar o interesse do empregador, situação que caracteriza tempo à disposição deste.

Tratando-se de empregados motoristas de caminhão que fazem viagens estaduais, interestaduais ou até mesmointernacionais e que pelas distâncias a serem percorridas estão obrigados a pernoitar em trânsito e, na maioria das vezes,o fazem na própria boléia dos respectivos veículos, pode ocorrer a caracterização ou não do período de sobreaviso,conforme as condições em que este descanso é usufruído. Assim, vejamos:

a) se no período de repouso entre jornadas (no mínimo 11 horas), o motorista não se encontra obrigado a vigiar acarga nem sujeito a ser chamado ao trabalho em qualquer situação, podendo descansar tanto na boléia do caminhãocomo em alojamentos, entendemos que não há como caracterizar tempo à disposição do empregador, portanto, nãohá que se falar em regime de sobreaviso, uma vez que o trabalhador pode dispor livremente do seu tempo;

b) se no período destinado ao repouso entre jornadas, embora pernoitando na boléia do caminhão, o motoristaestiver obrigado a vigiar a carga, ou por qualquer razão estiver sujeito a ser chamado ao serviço, não podendo porconseguinte descansar em outro local senão na boléia, estará, no nosso entender, configurado o regime desobreaviso.

Uma vez configurado o regime de sobreaviso, as horas respectivas devem ser remuneradas à razão de 1/3 do valor dahora normal e, em havendo o chamado ao trabalho efetivo no período de descanso, as horas despendidas devem serremuneradas como extraordinárias.

Para maior compreensão do tema reproduzimos a seguir algumas decisões judiciais sobre o assunto.

"Caminhoneiro - Pernoite no veículo - Não havendo provas de que o empregado motorista, ao pernoitar emcaminhão, fique à disposição do empregador, obrigado a zelar pelo bem de sua propriedade, inexiste direito ao tempocorrespondente (arts. 818 da CLT e 333, I, do CPC)." (TRT 9ª Região - Proc. 00387-2004-068-09-00-1 - (13763-2005) -Rel. Juiz Ubirajara Carlos Mendes - DJ PR 10.06.2005)

"Motorista - Horas extras - Pernoite em caminhão - O pernoite do reclamante, motorista, na cabina do caminhão,quando em viagens, não caracteriza labor extraordinário, nem representa tempo à disposição do empregador. Hipóteseem que, ademais, não há prova de que, nesse período, tenha prestado serviço extra ou de que não pudesse se afastarpor ser responsável pela segurança e guarda do veículo." (TRT 4ª Região - 7ª Turma - RO 00707.016/99-1 - Relª JuízaMaria Inês Cunha Dornelles - J.18.09.2002)

"Horas à disposição - Caminhoneiro - Pernoite - Não se constitui em tempo à disposição o período de pernoitedespendido pelo caminhoneiro, dentro do caminhão. Trata de atribuição inerente ao contrato de trabalho." (TRT 9ª Região- RO 14596-2001 - (21128-2002) - Rel. Juiz Roberto Dala Barba - DJ PR 20.09.2002)

"Sobreaviso - Analogia - Pernoite obrigatório na cabina do caminhão - A obrigatoriedade de pernoitar na cabina docaminhão configura submissão a regime de sobreaviso, por aplicação analógica do art. 244, parágrafo 2º, da CLT." (TRT2ª Região - 8ª Turma - RO 19990621724 - (20010126095) - Relª Juíza Wilma Nogueira de Araújo Vaz da Silva - DOE SP10.04.2001)

"Horas extras - Motorista de caminhão - Pernoite na cabine - Se a empregadora não financiava o alojamentonoturno, é impositivo concluir que o motorista se encontrava à sua disposição ao pernoitar no caminhão, fazendo jus àshoras extras correspondentes. Pressupondo que o veículo - não raro ainda com a carga - é um bem valioso a serpreservado, obviamente tem a empresa todo o interesse em que o motorista nele permaneça à noite, ao longo daviagem, como vigilante confiável e gratuito. Com fulcro nesse aspecto de elementar percepção não se pode admitir, emsã consciência, que dormir dentro do veículo seja obrigação inerente ao contrato de trabalho." (TRT 2ª Região - 8ª Turma- RO 19990582451 - (20010111764) - Relª Juíza Wilma Nogueira de Araújo Vaz da Silva - DOE SP 10.04.2001)

"Prontidão - Motorista - Pernoite - Motorista obrigado a pernoitar no caminhão para zelar do veículo faz jus a auferirum terço do salário relativo a tais horas, por aplicação analógica do art. 244, § 2º, da CLT." (TRT 9ª Região - 3ª Turma -RO 4.692/95 - Ac. 15.200/96 - Rel. Juiz João Oreste Dalazen - DJ PR 02.08.1996)

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"Pernoite - Tempo à disposição do empregador (art. 4º da CLT ) - É certo que por força da lei o tempo no qual oempregado fica à disposição da empresa é considerado como de serviço efetivo (art. 4º, caput da CLT). Inequívoco que ocaminhoneiro, ao permanecer no veículo para repousar, presta serviço confiável de guarda e proteção do patrimônio doempregador, estando caracterizado o tempo à disposição. Portanto, somada a jornada propriamente dita ao período dopernoite e constatada a extrapolação do módulo diário, o excesso (inclusive o pernoite) configura trabalho suplementar, aser remunerado como tal." (TRT 2ª Região - 4ª Turma - RO01 00007/2003 - Rel. Min. Paulo Augusto Câmara - DOE SP05.03.2004)

"Horas extras - Carreteiro - Prontidão - Pernoites na cabina de carreta, a serviço - Remuneração pelo regime deprontidão, por analogia e nos termos do art. 244, par. 3º, da CLT. Seria ingenuidade ignorar que, sonegando aocarreteiro a necessária verba de hospedagem, não pretendesse a empresa forçá-lo a cumprir o repouso noturno nointerior do veículo, situação em que o empregado assume compulsoriamente a atribuição de velar, com os sofisticadossensores do seu próprio organismo, pela incolumidade do patrimônio da recda. e sua carga. Daí resultam pérfidasconseqüências, das quais o empregado estaria livre se repousasse no local apropriado (um quarto de dormir), quaissejam: colocar sua própria vida em risco acentuado [...]". (TRT 2ª Região - 8ª Turma - RO01 02950324740/1995 - Rel.Min. Wilma Nogueira de Araujo Vaz da Silva - DOE SP 28.11.1996)

"Horas extras - Motorista de caminhão - Pernoite na cabine - Se a empregadora não financiava o alojamentonoturno, é impositivo concluir que o motorista se encontrava à sua disposição ao pernoitar no caminhão, fazendo jus àshoras extras correspondentes. Pressupondo que o veículo - não raro ainda com a carga - é um bem valioso a serpreservado, obviamente tem a empresa todo o interesse em que o motorista nele permaneça à noite, ao longo daviagem, como vigilante confiável e gratuito. Com fulcro nesse aspecto de elementar percepção não se pode admitir, emsã consciência, que dormir dentro do veículo seja obrigação inerente ao contrato de trabalho." (TRT 2ª Região - 8ª Turma- RO01 1999058245/1999 - Rel. Min. Wilma Nogueira de Araujo Vaz da Silva - DOE SP 10.04.2001)

"Sobreaviso - Analogia - Pernoite obrigatório na cabina do caminhão - A obrigatoriedade de pernoitar na cabina docaminhão configura submissão a regime de sobreaviso, por aplicação analógica do art. 244, parágrafo 2º, da CLT." (TRT2ª Região - 8ª Turma - RO01 19990621724/1999 - Rel. Min. Wilma Nogueira de Araujo Vaz da Silva - DOE SP10.04.2001)

"Recurso de revista - Motorista - Horas extras - Período de pernoite na cabine do veículo - Inexistindo na decisãoregional registro no sentido de que o empregado estivesse aguardando ou executando ordens no período, não lhe sãodevidas horas extras em relação ao lapso de pernoite na cabine do caminhão. Recurso de revista a que se dáprovimento." (TST - 5ª Turma - RR 579085/1999 - Rel. Min. Gelson de Azevedo - DJ 21.11.2003)

"Sobreaviso - Requisitos - Configura-se o sobreaviso quando a obrigatoriedade de permanecer à espera de eventualchamado do empregador restringe a liberdade de locomoção do empregado." (TRT 15ª Região - 1ª Turma - RO01494-2001-015-15-00-6 - Rel. Juiz Eduardo Benedito de Oliveira Zanella - DO SP 22.11.2002)

"Recurso de revista - Horas extras - Adicional noturno - Motorista - A condenação ao pagamento das horas extras eadicional noturno não viola o disposto nos artigos 4º, 59 e 73 da CLT , relativos ao tempo disposição do empregador, àduração normal da jornada de trabalho ou, mesmo quanto à regulamentação do trabalho noturno, pois o Regionaldecidiu, com base no quadro fático-probatório, qual seja, de que o Reclamante ficava, no período noturno, das 20h às05h, aguardando, no caminhão, o carregamento para facilitar à saída para entregas, no período da manhã e, deixando dedescansar em sua residência ou mesmo em alojamento concedido pela empresa. Recurso de Revista não conhecido..."(TST - 3ª Turma - RR 356/2001-021-15-00.1 - Rel. Min. Carlos Alberto Reis de Paula - DJU 03.02.2006)

"...Horas de sobreaviso - O pernoite de motorista de caminhão em seu veículo de trabalho não traduz por si sóregime de sobreaviso, ensejador da aplicação analógica do art. 244, § 2º, da CLT , na ausência de registro, no acórdãoregional, de prova de que no aguardo, o trabalhador, de ordens de serviço no período correspondente. Recurso de revistade que se conhece no presente tópico e a que se nega provimento." (TST - 5ª Turma - RR 810.563/2001.1 - Relª JuízaConvocado Rosa Maria Weber Candiota da Rosa - DJU 05.08.2005)

"...2. Pernoite no caminhão. Adicional noturno. Horas de prontidão. O fato de o empregado motorista pernoitar nocaminhão não significa que esteja à disposição do empregador, tendo em vista não ser possível precisar-se, nesseperíodo, se o empregado encontra-se executando ou aguardando ordens. No caso dos autos, o Tribunal Regional concluiuinexistir prova da determinação do empregador no sentido de que o motorista pernoitasse no veículo. 3. Recurso derevista parcialmente conhecido e provido." (TST - 1ª Turma - RR 639700 - Rel. Min. Emmanoel Pereira - DJU 05.03.2004)

"Horas de pernoite - Sobreaviso - Para que se configure o regime de sobreaviso ou de prontidão é imprescindívelque o empregado tenha o seu direito de ir-e-vir cerceado. Suas obrigações contratuais, neste tipo de regime, vão além dajornada normal, de modo que esteja sempre disponível para atender as convocações emergenciais patronais. Dessaforma, não há que se confundir o pernoite no caminhão com horas à disposição ou sobreaviso. A mera utilização docaminhão para dormir não caracteriza a disponibilidade específica das horas à disposição, o que não autoriza oacolhimento do pleito de horas extras, ainda mais quando a norma convencional não permite este pernoite." (TRT 3ªRegião - 4ª Turma - RO 00547-2003-031-03-00-8 - Rel. Juiz Lucas Vanucci Lins - DJ MG 04.10.2003)

Apesar do posicionamento adotado pelo Conselho Técnico IOB, tendo em vista a divergência existente, o empregadordeverá acautelar-se diante da ocorrência concreta da situação ora retratada, caso em que é aconselhável, por medidapreventiva, consultar antecipadamente o Ministério do Trabalho e Emprego, bem como o sindicato da respectiva categoria

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profissional, e lembrar que caberá ao Poder Judiciário a decisão final da controvérsia, caso seja proposta ação nessesentido.

NotaAs informações publicadas neste subitem trazem o entendimento do Conselho Técnico IOB, levando em consideração osposicionamentos adotados pela doutrina e pela jurisprudência, quando for o caso.

15. Início da jornada em dia útil e término em feriado

É comum as empresas ficarem em dúvida sobre a forma de remunerar a jornada de trabalho iniciada em dia útil, mas cujotérmino atinge um dia destinado ao repouso do trabalhador.

A questão que se impõe é saber se as horas trabalhadas que avançaram para o dia destinado ao repouso devem ou nãoser remuneradas em dobro.

Para a solução da questão, é forçoso analisarmos a legislação atinente ao tema. Assim vejamos.

O art. 1º da Lei nº 605/1949 , que dispõe sobre o repouso semanal remunerado (RSR) e o pagamento de salário nos diasdeclarados feriados civis e religiosos, determina que todo empregado rural, urbano, inclusive o doméstico, tem direito aoRSR de 24 horas consecutivas, preferentemente aos domingos e, nos limites das exigências técnicas das empresas, nosferiados civis e religiosos, de acordo com a tradição local.

Observa-se, portanto, que são legalmente considerados dias de repouso não só o descanso semanal remunerado de 24horas consecutivas, o qual, dependendo da situação, pode recair em qualquer dia da semana, observadas asdeterminações legais, como também os dias de feriado, sejam eles municipais, nacionais ou estaduais.

O art. 8º do mesmo diploma legal, bem como o art. 6º do seu regulamento, aprovado pelo Decreto nº 27.048/1949 ,alterado pelo Decreto nº 7.421/2010 , determina que, excetuados os casos em que a execução dos serviços seja impostapor exigências técnicas das empresas, é vedado o trabalho nos dias de repouso, garantida, entretanto, a remuneraçãorespectiva.

O trabalho realizado em domingo e feriado, desde que não determinado outro dia de folga, é pago em dobro, conformeSúmula nº 146 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), transcrita a seguir para melhor entendimento.

"O trabalho prestado em domingos e feriados, não compensado, deve ser pago em dobro, sem prejuízo daremuneração relativa ao repouso semanal."

O Precedente Normativo nº 87 do TST dispõe no mesmo sentido:

"É devida a remuneração em dobro do trabalho em domingos e feriados não compensados, sem prejuízo dopagamento do repouso remunerado, desde que, para este, não seja estabelecido outro dia pelo empregador."

Assim sendo, a expressão "em dobro" significa o valor em dobro das horas trabalhadas no domingo ou feriado mais o valordesses dias incluso na remuneração do empregado, ou por cumprimento integral da jornada semanal, conforme o caso, oque equivale ao pagamento em triplo, ou seja, o pagamento do salário mensal mais 2 vezes o valor do dia do repouso.

Observe-se que a remuneração em dobro do RSR não se caracteriza como horário extraordinário e sim como uma formade compensar financeiramente o empregado por um trabalho realizado num dia consagrado ao seu descanso semanal.

O início da jornada de trabalho é que comanda a remuneração desse dia. Dessa forma, entendemos que a jornada iniciadaem dia não destinado ao repouso do trabalhador, mesmo que ultrapasse esse dia e atinja um dia declarado como feriado,continuará sendo remunerada como começou, ou seja, de forma simples.

Caso contrário, isto é, se o início da jornada se der em dia destinado ao repouso do trabalhador (descanso semanal ouferiado) e avançar para dia útil, independentemente do horário, também continuará sendo remunerada como começou

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(em dobro).

Assim sendo, se, por exemplo, a jornada de trabalho iniciou às 23 horas do domingo, feriado ou outro dia de folga dotrabalhador, este fará jus à remuneração em dobro relativamente a todas as horas trabalhadas naquela jornada, nãoimportando que seu término tenha recaído em dia útil.

Apesar do posicionamento adotado pelo Conselho Técnico IOB, tendo em vista a inexistência de dispositivo legal expressoque discipline o assunto, o empregador deverá acautelar-se diante da ocorrência concreta da situação ora retratada, casoem que é aconselhável, por medida preventiva, consultar antecipadamente o Ministério do Trabalho e Emprego, bem comoo sindicato da respectiva categoria profissional, e lembrar que caberá ao Poder Judiciário a decisão final da controvérsia,caso seja proposta ação nesse sentido.

NotaA informação publicada neste item traz o entendimento do Conselho Técnico IOB, que leva em consideração osposicionamentos adotados pela doutrina e pela jurisprudência, quando for o caso.

( CLT , arts. 57 a 75 ; Lei Complementar nº 123/2006 , arts. 51 , 52 e 84 ; Lei nº 10.243/2001 ; Portaria MTPS nº3.626/1991 e Portaria MTE nº 42/2007 )

16. Redução de jornada - Redução salarial - Pedido do trabalhador - Possibilidade

Por vezes o empregador é surpreendido com o pedido de redução de jornada de trabalho com a conseqüente reduçãosalarial, feita por seu empregado para atender a necessidade pessoal, tais como: realização de estágios, participação emcursos, prestar assistência a familiar doente etc.

Nessa hipótese, por gozar o salário de proteção constitucional, o empregador se vê em dúvida acerca da possibilidade legalde atender ao pedido do seu empregado. Para a solução da questão, é necessário proceder à análise da legislação aplicávelà matéria. Assim, vejamos.

A Constituição Federal (CF), em seu art. 7º, inciso VI, estabelece ser direito dos trabalhadores, além de outros que visemà melhoria de sua condição social, a irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo detrabalho. O inciso XIII do mesmo artigo faculta ao empregador compensar ou reduzir, mediante documento coletivo detrabalho (acordo ou convenção) a jornada normal diária.

Dessa forma, com base nos preceitos constitucionais, verifica-se que a redução de salário em função da redução dajornada de trabalho só poderá ocorrer por meio de acordo ou convenção coletiva de trabalho.

A Lei nº 4.923/1965 determina em seu art. 2º que a empresa que, em face da conjuntura econômica, devidamentecomprovada, se encontrar em condições que recomendem, transitoriamente, a redução da jornada normal ou do númerode dias de trabalho, poderá fazê-lo, mediante prévio acordo com a entidade sindical representativa dos seus empregados,homologado pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), por prazo certo, que não exceda 3 meses,prorrogável nas mesmas condições, se ainda indispensável, e sempre de modo que a redução do salário mensal resultantenão seja superior a 25% do salário contratual e reduzidos proporcionalmente a remuneração e as gratificações de gerentese diretores.

Com o advento da CF o entendimento doutrinário e jurisprudencial predominante é de que o disposto nos incisos VI e XIIIdo art. 7º da CF/1988 derrogou a Lei nº 4.923/1965 , no que diz respeito à redução de salário e jornada, em face daconjuntura econômica do País.

Dessa forma, desde 05.10.1988, data da promulgação da CF, somente na hipótese de haver negociação coletiva entre aempresa e o respectivo sindicato, ou entre o sindicato patronal e o profissional, é que o salário dos empregados poderá serreduzido, observadas as demais normas de proteção ao trabalho.

Não há na legislação qualquer dispositivo legal, disciplinando a redução de jornada e salário a pedido do empregado,entretanto, o art. 444 da CLT determina que as relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação daspartes interessadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos coletivos que

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lhe sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.

Considerando as disposições legais anteriormente mencionadas, entendemos que caso a redução da jornada de trabalhocom a conseqüente redução de salários seja solicitada pelo empregado em virtude de interesse particular, como, porexemplo, para estudo, doença de familiares etc., poderá o empregador, caso queira, atender à solicitação, uma vez que talaceitação não fere qualquer disposição de proteção ao trabalho, posto que não há imposição ou interesse do empregadorna alteração contratual, mas, sim, o interesse exclusivo do empregado.

Importante destacar que a empresa, caso aceite a solicitação do empregado, deverá requisitar deste a formalização dopedido, em que deverá expor os motivos que o levaram a fazê-lo, e pedir, nesse caso, por cautela, a assistência dosindicato representativo da categoria para a formalização da alteração.

Para maior compreensão do tema, reproduzimos adiante algumas decisões judiciais.

Artigo 468 da CLT - Redução salarial correlata à redução da jornada - Iniciativa do empregado a fim de viabilizardiversa atividade para outro empregador - Ausência de prejuízo material - Princípio da irredutibilidade salarial respeitado- Legalidade reconhecida - O princípio da inalterabilidade contratual lesiva, positivado no artigo 468 da CLT - Que nadamais é do que a aplicação, ao Direito do Trabalho, do princípio da força obrigatória dos contratos - Não é absoluto e nemproíbe, de forma peremptória, qualquer espécie de redução salarial. As alterações que a norma celetária buscaobstaculizar são aquelas efetivamente prejudiciais ao empregado, prejudicialidade cuja aquilatação não é feita a partir davisão subjetiva da parte que se sente lesada, mas a partir da análise objetiva das condições de trabalho anteriores eposteriores, bem assim, da postura adotada pelo empregado em face das alterações. Assim, não ultrapassa os limitesnormais do jus variandi e não vulnera o princípio da irredutibilidade salarial a redução de jornada com correlata reduçãosalarial solicitada pelo próprio empregado, a fim de viabilizar diversa atividade em prol de outro empregador. Ressalvada,obviamente, a hipótese de vício de vontade, a presunção, nesse caso, é de que a alteração é benéfica ao empregado, poiscaso contrário, não a teria pedido. A redução salarial, nesses termos, é adequada, não estando o empregador obrigado amanter o mesmo salário para menor período de trabalho, porquanto a alteração não partiu de sua iniciativa. Sentençamantida. (TRT 9ª Região - ACO 21961-2008-007-09-00-9 - 2ª SDI - Rela Sueli Gil El Rafihi - J. 18.09.2009)

Diferenças salariais - Supressão de jornada - Redução salarial - A redução salarial, se não autorizada em normacoletiva, a teor do art. 7º, VI, da CF, constitui alteração unila teral das condições estabelecidas no contrato de trabalho,causando prejuízo direto ao empregado, o que é defeso, consoante o disposto no caput do art. 468 da CLT . (TRT 4aRegião - RO 00396-2005-662-04-00-1 - Rel. Juiz Ricardo Tavares Gehling - J. 25.05.2006)

Redução salarial - Alteração contratual individual - Transferência do risco do negócio - Ainda que consentida peloempregado, é nula a alteração contratual que lhe resulte prejuízo ( CLT , art. 468 ). O empregador não pode transferir orisco do negócio aos seus empregados. A redução salarial somente pode ser pactuada por instrumento coletivo (Constituição Federal , art. 7º , VI). (TRT 2ª Região - 6ª Turma - RO 01638-2004-079-02-00 - (20050920000) - Rel. JuizRafael E. Pugliese Ribeiro - DOE SP 10.02.2006)

Redução de jornada e de salário - Acordo individual - Validade - 1 - O Tribunal Regional deu provimento ao recursoordinário da reclamada para absolvê-la do pagamento de diferenças salariais, em razão de não vislumbrar o prejuízoalegado, pois o próprio autor requereu a redução de jornada que importou em decréscimo salarial. Acentuou, ainda, quea ausência de prejuízo evidencia a desnecessidade de a redução de salário estar prevista em convenção ou acordocoletivo de trabalho. 2 - Embora o inciso XIII do art. 7º da Constituição da República autorize a redução de jornadamediante acordo individual conforme jurisprudência cristalizada no Enunciado nº 85/TST, com a nova redação dada pelaResolução nº 129, de 20/4/2005 -, não há como estender tal permissão à hipótese de redução salarial, já que o inciso VIdo mesmo dispositivo constitucional é claro ao salvaguardar a irredutibilidade salarial, salvo o disposto em 'convenção ouacordo coletivo' de trabalho. 3 - O fato de a diminuição dos salários provir de redução da carga horária cumprida peloautor não afeta a proteção constitucional, que visa, primordialmente, desestimular a celebração de ajustes individuais quenegociem a contraprestação do trabalho, diante da natureza alimentar que ostenta, enquanto fonte de sobrevivência dotrabalhador e de sua família. 4 - Recurso provido. (TST - 4a Turma - RR 81210/2003-900-04-00.3 - Rel. Min. BarrosLevenhagen - DJU 10.06.2005)

Adicional de transferência - Mudança de domicílio - Interesse pessoal - Transferência a pedido - Ciência da alteraçãode função e conseqüente redução salarial - Restando íntegro o documento que formalmente exterioriza a intenção doreclamante em transferir-se para outra agência da reclamada, por interesse pessoal e ciente da alteração de função comconseqüente redução salarial, há que se entender que a nova ordem jurídica interna, cujo foco incide sobre a valorizaçãodo ser humano e de suas relações sociais, especialmente no âmbito contratual, não mais admite a visão individualistapregada pelo liberalismo de outrora. Hodiernamente, o contrato, inclusive de trabalho, busca ideologicamente a justiçasocial e, nesse novo contexto, os princípios da eticidade, da boa-fé e da probidade, entre outros, devem nortear aconduta das partes. Nesse contexto, concluo que a pretensão do reclamante sobre diferenças decorrentes detransferência por ele mesmo requerida, no seu interesse pessoal, não encontra guarida na ordem jurídica brasileira,porquanto na hipótese não tem aplicabilidade a norma tutelar do art. 468 da CLT . Nego provimento ao recurso. (TRT 23ªRegião - RO 01074.2004.004.23.00-5 - Cuiabá - Rel. Juiz José Simioni - DJ MT 17.11.2005)

Alteração do contrato de trabalho - Redução salarial diminuição da carga horária - A redução salarial resultante depedido elaborado pelo próprio empregado, de diminuição da carga horária diária, não implica em inobservância dodisposto no art. 468 da CLT , desde que o salário auferido seja proporcional à nova jornada praticada, a fim de evitar-se

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prejuízos ao hipossuficiente. A alteração das condições iniciais pactuadas quando da celebração do contrato de trabalho,somente é lícita por mútuo consentimento entre as partes, devendo, ainda, não resultar direta ou indiretamente emprejuízos ao empregado, sob pena de nulidade (art. 468 da CLT ). Recurso a que se nega provimento. (TRT 9ª Região -Proc. 08621-2002 - (01517-2003) - Rel. Juiz Ubirajara Carlos Mendes - J. 24.01.2003)

Jornada de trabalho - Alteração contratual - Redução salarial - Não tendo a parte autora se desincumbido do ônusde demonstrar a existência de vício na manifestação da vontade, presume-se válida a opção pela redução da jornada detrabalho, com a conseqüente diminuição do valor mensal, tendo em vista a prova do pedido de alteração de horário e amanutenção do valor do salário-hora. Provimento negado. (TRT 4ª Região - 4a Turma - RO 01088.001/00-9 - Rel. JuizConvocado Ornélio Jacobi - J. 29.08.2002)

Pedido de redução da jornada - Inexistência de vício de consentimento - O requerimento expresso efetuado eassinado pelo empregado ao empregador, com intuito de reduzir sua jornada de trabalho e, em conseqüência, salários(de forma proporcional), isoladamente, não caracteriza a renúncia de direitos, sendo válido e eficaz, na medida em quenão se verificou a existência de nenhum vício de consentimento no documento em questão. Pressupõe-se elaborado efirmado de boa-fé, surtindo os efeitos desejados para ambas as partes. (TRT 12ª Região - 1ª Turma - RO-V 6136/2001 -(01759/2002) - Rel. Juiz Antônio Carlos Facioli Chedid - J. 14.02.2002)

Redução salarial proporcional à redução de jornada. Ilicitude. A ausência de prova contundente de que a redução dajornada e a conseqüente diminuição proporcional do salário ocorreu em atendimento a interesse da empregada impede oreconhecimento da licitude da alteração contratual, em face do disposto no art. 468 da CLT . (TRT 12ª Região - 3ª Turma- RO 00492-2002-027-12-00-7 - Rela Juíza Marli Eleda Migliorini - DJ SC 27.07.2004)

Apesar do posicionamento adotado pelo Conselho Técnico IOB, o empregador deverá acautelar-se diante da ocorrênciaconcreta da situação ora retratada, caso em que é aconselhável, por medida preventiva, consultar antecipadamente oMinistério do Trabalho e Emprego, bem como o sindicato da respectiva categoria profissional, e lembrar que caberá aoPoder Judiciário a decisão final da controvérsia, caso seja proposta ação nesse sentido.

NotaAs informações publicadas neste item trazem o entendimento do Conselho Técnico IOB, que leva em consideração osposicionamentos adotados pela doutrina e pela jurisprudência, quando for o caso.

Legislação Referenciada

Ato Declaratório Defit nº 4/2002

Ato Declaratório Defit nº 6/2002

Ato Declaratório SIT nº 10/2009

Constituição Federal de 1988

Decreto nº 1.232/1962

Decreto nº 27.048/1949

Decreto nº 44.045/1958

Decreto nº 73.626

Decreto nº 7.421/2010

Decreto nº 82.385/1978

Decreto nº 83.284/1979

Decreto nº 84.134/1979

CLT

Decreto-lei nº 972/1969

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ia nº 09

Instrução Normativa SIT nº 64/2006

Instrução Normativa SRT/MTE nº 1/1988

Lei Complementar nº 123/2006

Lei nº 10.243/2001

Lei nº 3.268/1957

Lei nº 3.270/1957

Lei nº 3.857/1960

Lei nº 3.999/1961

Lei nº 4.923/1965

Lei nº 4.950-A/1966

CPC

Lei nº 5.889

Lei nº 605/1949

Lei nº 7.394/1985

Lei nº 8.856/1994

Lei nº 8.923/1994

Lei nº 8.966/1994

Código de Trânsito Brasileiro

Medida Provisória nº 2.164-41/2001

Portaria MTb nº 3.162/1982

17

Portaria MTE nº 1.095/2010

Portaria MTE nº 1.510/2009

Portaria MTE nº 373/2011

Portaria MTE nº 412/2007

Portaria MTE nº 42/2007

Portaria MTPS nº 3.626/1991

Portaria MTPS nº 3.751/1990

Portaria MTb nº SCm-576/1941

Portaria SIT/DSST nº 9/2007

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